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http://www.ebeji.com.br – Informativo de Jurisprudência Nº 54 – Novembro/2013 Este informativo é uma cortesia da Escola Brasileira de Ensino Jurídico na Internet - EBEJI. 1 Estudando para a AGU? Não deixe de conhecer o Curso Preparatório para as carreiras da Advocacia-Geral da União (AGU) Totalmente online e com todos os pontos do edital! www.ebeji.com.br Selecionado a partir dos informativos 718 a 721 do STF ADMINISTRATIVO 01. AG. REG. NO ARE N. 713.138-CE / RELATORA: MIN. ROSA WEBER / DIREITO ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. SOLDADO DA POLÍCIA CIVIL. CANDIDATO. ELIMINAÇÃO NA FASE DE INVESTIGAÇÃO SOCIAL. TRANSAÇÃO PENAL PACTUADA. AUSÊNCIA DE CARATER CONDENATÓRIO. PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA. AS RAZÕES DO AGRAVO REGIMENTAL NÃO SÃO APTAS A INFIRMAR OS FUNDAMENTOS QUE LASTREARAM A DECISÃO AGRAVADA. ACÓRDÃO RECORRIDO PUBLICADO EM 23.02.2012. A jurisprudência desta Corte firmou o entendimento de que viola o princípio da presunção de inocência a exclusão de certame público de candidato que responda a inquérito policial ou ação penal sem trânsito em julgado da sentença condenatória. Precedentes. As razões do agravo regimental não são aptas a infirmar os fundamentos que lastrearam a decisão agravada. Agravo regimental conhecido e não provido (i-718). 02. RE N. 589.998-PI / RELATOR: MIN. RICARDO LEWANDOWSKI / EMENTA: EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS ECT. DEMISSÃO IMOTIVADA DE SEUS EMPREGADOS. IMPOSSIBILIDADE. NECESSIDADE DE MOTIVAÇÃO DA DISPENSA. RE PARCIALEMENTE PROVIDO. I - Os empregados públicos não fazem jus à estabilidade prevista no art. 41 da CF, salvo aqueles admitidos em período anterior ao advento da EC 19/1998. Precedentes. II - Em atenção, no entanto, aos princípios da impessoalidade e isonomia, que regem a admissão por concurso publico, a dispensa do empregado de empresas públicas e sociedades de economia mista que prestam serviços públicos deve ser motivada, assegurando-se, assim, que tais princípios, observados no momento daquela admissão, sejam também respeitados por ocasião da dispensa. III A motivação do ato de dispensa, assim, visa a resguardar o empregado de uma possível quebra do postulado da impessoalidade por parte do agente estatal investido do poder de demitir. IV - Recurso extraordinário parcialmente provido para afastar a aplicação, ao caso, do art. 41 da CF, exigindo-se, entretanto, a motivação para legitimar a rescisão unilateral do contrato de trabalho (i-719). CIVIL E PROCESSO CIVIL 01. AG. REG. NO ARE N. 700.246-BA / RELATOR: MIN. ROBERTO BARROSO / EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. POLICIAL MILITAR DO ESTADO DA BAHIA. PROVENTOS POR INATIVIDADE CALCULADOS SOBRE O SOLDO ATRIBUÍDO À GRADUAÇÃO IMEDIATAMENTE SUPERIOR. AUSÊNCIA DE QUESTÃO CONSTITUCIONAL. O exame do recurso extraordinário permite constatar que, de fato, a hipótese envolveria alegadas violações à legislação infraconstitucional, sem que se discuta o seu sentido à luz da Constituição. O Plenário do Supremo Tribunal Federal já assentou o entendimento, quanto à alegação de ofensa ao art. 93, IX, da Constituição, de que as decisões judiciais não precisam ser necessariamente analíticas, bastando que contenham fundamentos suficientes para justificar suas conclusões. Agravo regimental a que se nega provimento (i- 720). 02. VIGÉSIMO SEGUNDO AG. REG. NA AP N. 470-MG / REDATOR P/ O ACÓRDÃO: MIN. TEORI ZAVASCKI / EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA. RISTF, ART. 337, § 1º. LITISCONSÓRCIO PASSIVO MULTITUDINÁRIO. APLICAÇÃO À HIPÓTESE, POR ANALOGIA, DO ART. 191 DO CPC. 1. É de cinco dias o prazo para a oposição de embargos de declaração contra acórdão proferido pelo STF em ação penal originária. Aplica-se à hipótese o art. 337, § 1º, do Regimento Interno, e não o art. 619 do Código de Processo Penal. 2. Todavia, conta-se em dobro o prazo recursal quando litisconsórcio passivo e os réus estejam representados por diferentes procuradores. Aplica-se a essa hipótese, por analogia, o art. 191 do CPC. 3. Agravo regimental parcialmente provido (i-721). CONSTITUCIONAL 01. Rcl N. 4.374-PE / RELATOR: MIN. GILMAR MENDES / Benefício assistencial de prestação continuada ao idoso e ao Dr. George Felício, advogado do Banco do Nordeste do Brasil S/A. Informativo de Jurisprudência Supremo Tribunal Federal

Ebeji Informativo 54 Novembro 2013

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Informativo 54 Novembro 2013decisões stf stj novembro de 2013direito penal const adm ppenal

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    Este informativo uma cortesia da Escola Brasileira de Ensino Jurdico na Internet - EBEJI. 1

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    www.ebeji.com.br

    Selecionado a partir dos informativos 718 a 721 do STF

    ADMINISTRATIVO 01. AG. REG. NO ARE N. 713.138-CE / RELATORA: MIN. ROSA WEBER / DIREITO ADMINISTRATIVO. CONCURSO PBLICO. SOLDADO DA POLCIA CIVIL. CANDIDATO. ELIMINAO NA FASE DE INVESTIGAO SOCIAL. TRANSAO PENAL PACTUADA. AUSNCIA DE CARATER CONDENATRIO. PRINCPIO DA PRESUNO DE INOCNCIA. AS RAZES DO AGRAVO REGIMENTAL NO SO APTAS A INFIRMAR OS FUNDAMENTOS QUE LASTREARAM A DECISO AGRAVADA. ACRDO RECORRIDO PUBLICADO EM 23.02.2012. A jurisprudncia desta Corte firmou o entendimento de que viola o princpio da presuno de inocncia a excluso de certame pblico de candidato que responda a inqurito policial ou ao penal sem trnsito em julgado da sentena condenatria. Precedentes. As razes do

    agravo regimental no so aptas a infirmar os fundamentos que lastrearam a deciso agravada. Agravo regimental conhecido e no provido (i-718). 02. RE N. 589.998-PI / RELATOR: MIN. RICARDO LEWANDOWSKI / EMENTA: EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELGRAFOS ECT. DEMISSO IMOTIVADA DE SEUS EMPREGADOS. IMPOSSIBILIDADE. NECESSIDADE DE MOTIVAO DA DISPENSA. RE PARCIALEMENTE PROVIDO. I - Os empregados pblicos no fazem jus estabilidade prevista no art. 41 da CF, salvo aqueles admitidos em perodo anterior ao advento da EC n 19/1998. Precedentes. II - Em ateno, no entanto, aos princpios da impessoalidade e isonomia, que regem a admisso por concurso publico, a dispensa do empregado de empresas pblicas e sociedades de economia mista que prestam servios pblicos deve ser motivada, assegurando-se, assim, que tais princpios, observados no momento daquela admisso, sejam tambm respeitados por ocasio da dispensa. III A motivao do ato de dispensa, assim, visa a resguardar o empregado de uma possvel quebra do postulado da impessoalidade por parte do agente estatal investido do poder de demitir. IV - Recurso extraordinrio parcialmente provido para afastar a aplicao, ao caso, do art.

    41 da CF, exigindo-se, entretanto, a motivao para legitimar a resciso unilateral do contrato de trabalho (i-719).

    CIVIL E PROCESSO CIVIL 01. AG. REG. NO ARE N. 700.246-BA / RELATOR: MIN. ROBERTO BARROSO / EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINRIO COM AGRAVO. POLICIAL MILITAR DO ESTADO DA BAHIA. PROVENTOS POR INATIVIDADE CALCULADOS SOBRE O SOLDO ATRIBUDO GRADUAO IMEDIATAMENTE SUPERIOR. AUSNCIA DE QUESTO CONSTITUCIONAL. O exame do recurso extraordinrio permite constatar que, de fato, a hiptese envolveria alegadas violaes legislao infraconstitucional,

    sem que se discuta o seu sentido luz da Constituio. O Plenrio do Supremo Tribunal Federal j

    assentou o entendimento, quanto alegao de ofensa ao art. 93, IX, da Constituio, de

    que as decises judiciais no precisam ser necessariamente analticas, bastando que contenham fundamentos suficientes para justificar suas concluses. Agravo

    regimental a que se nega provimento (i-720). 02. VIGSIMO SEGUNDO AG. REG. NA

    AP N. 470-MG / REDATOR P/ O ACRDO: MIN. TEORI ZAVASCKI /

    EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAO. AO PENAL ORIGINRIA. RISTF, ART. 337,

    1. LITISCONSRCIO PASSIVO MULTITUDINRIO. APLICAO HIPTESE, POR

    ANALOGIA, DO ART. 191 DO CPC. 1. de cinco dias o prazo para a oposio de embargos de declarao contra acrdo proferido pelo STF em ao penal originria.

    Aplica-se hiptese o art. 337, 1, do Regimento Interno, e no o art. 619 do Cdigo de Processo Penal. 2. Todavia, conta-se em dobro o prazo recursal quando h litisconsrcio passivo e os rus estejam representados por diferentes procuradores. Aplica-se a essa hiptese, por analogia, o art. 191 do CPC. 3. Agravo regimental

    parcialmente provido (i-721).

    CONSTITUCIONAL 01. Rcl N. 4.374-PE / RELATOR: MIN. GILMAR MENDES / Benefcio assistencial de prestao continuada ao idoso e ao

    Dr. George Felcio, advogado do Banco do Nordeste do Brasil S/A.

    Informativo de Jurisprudncia

    Supremo Tribunal Federal

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    deficiente. Art. 203, V, da Constituio. A Lei de Organizao da Assistncia Social (LOAS), ao regulamentar o art. 203, V, da Constituio da Repblica, estabeleceu critrios para que o benefcio mensal de um salrio mnimo fosse concedido aos portadores de deficincia e aos idosos que comprovassem no possuir meios de prover a prpria manuteno ou de t-la provida por sua famlia. 2. Art. 20, 3 da Lei 8.742/1993 e a declarao de constitucionalidade da norma pelo Supremo Tribunal Federal na ADI 1.232. Dispe o art. 20, 3, da Lei 8.742/93 que considera-se incapaz de prover a manuteno da pessoa portadora de deficincia ou idosa a famlia cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salrio mnimo. O requisito financeiro estabelecido pela lei teve sua constitucionalidade contestada, ao fundamento de que permitiria que situaes de patente miserabilidade social fossem consideradas fora do alcance do benefcio assistencial previsto constitucionalmente. Ao apreciar a Ao Direta de Inconstitucionalidade 1.232-1/DF, o Supremo Tribunal Federal declarou a constitucionalidade do art. 20, 3, da LOAS. 3. Reclamao como instrumento de (re)interpretao da deciso proferida em controle de constitucionalidade abstrato. Preliminarmente, arguido o prejuzo da reclamao,

    em virtude do prvio julgamento dos recursos extraordinrios 580.963 e 567.985, o Tribunal, por maioria de votos, conheceu da reclamao. O STF, no exerccio da competncia geral de fiscalizar a compatibilidade formal e material de qualquer ato normativo com a Constituio, pode declarar a inconstitucionalidade, incidentalmente, de normas tidas como fundamento da deciso ou do ato que impugnado na reclamao. Isso decorre da prpria competncia atribuda ao STF para exercer o denominado controle difuso da constitucionalidade das leis e dos atos normativos. A oportunidade de reapreciao das decises tomadas em sede de controle abstrato de normas tende a surgir com mais naturalidade e de forma mais recorrente no mbito das reclamaes. no juzo hermenutico tpico da reclamao no balanar de olhos entre objeto e parmetro da reclamao que surgir com maior nitidez a oportunidade para evoluo interpretativa no controle de constitucionalidade. Com base na alegao de afronta a determinada deciso do STF, o Tribunal poder reapreciar e redefinir o contedo e o alcance de sua prpria deciso. E, inclusive, poder ir alm, superando total ou parcialmente a deciso-parmetro da reclamao, se entender que, em virtude de evoluo hermenutica, tal deciso no se coaduna mais com a interpretao atual da Constituio. 4. Decises judiciais contrrias aos critrios

    objetivos preestabelecidos e Processo de inconstitucionalizao dos critrios definidos pela Lei 8.742/1993. A deciso do Supremo Tribunal Federal, entretanto, no ps termo controvrsia quanto aplicao em concreto do critrio da renda familiar per capita estabelecido pela LOAS. Como a lei permaneceu inalterada, elaboraram-se maneiras de contornar o critrio objetivo e nico estipulado pela LOAS e avaliar o real estado de miserabilidade social das famlias com entes idosos ou deficientes. Paralelamente, foram editadas leis que estabeleceram critrios mais elsticos para concesso de outros benefcios assistenciais, tais como: a Lei 10.836/2004, que criou o Bolsa Famlia; a Lei 10.689/2003, que instituiu o Programa Nacional de Acesso Alimentao; a Lei 10.219/01, que criou o Bolsa Escola; a Lei 9.533/97, que autoriza o Poder Executivo a

    conceder apoio financeiro a municpios que institurem programas de garantia de renda mnima associados a aes socioeducativas. O Supremo Tribunal Federal, em decises monocrticas, passou a rever anteriores posicionamentos acerca da intransponibilidade do critrios objetivos. Verificou-se a ocorrncia do processo de inconstitucionalizao decorrente de notrias mudanas fticas (polticas, econmicas e sociais) e jurdicas (sucessivas modificaes legislativas dos patamares econmicos utilizados como critrios de concesso de outros benefcios assistenciais por parte do Estado brasileiro). 5. Declarao de inconstitucionalidade parcial, sem pronncia de nulidade, do art. 20, 3, da Lei 8.742/1993. 6. Reclamao constitucional julgada improcedente (i-718).

    ELEITORAL 01. ADI N. 4.430-DF / RELATOR: MIN. DIAS TOFFOLI / Aes diretas de inconstitucionalidade. Julgamento conjunto da ADI n 4.430 e da ADI n 4.795. Artigo 45, 6, e art. 47, incisos I e II, da Lei n 9.504/97 (Lei das Eleies). Conhecimento. Possibilidade jurdica do pedido. Propaganda eleitoral no rdio e na televiso. Inconstitucionalidade da excluso dos partidos polticos sem representao na Cmara dos Deputados. Violao do art. 17, 3, da Constituio Federal. Critrios de repartio do tempo de rdio e TV. Diviso igualitria entre todos os partidos que lanam candidatos ou diviso proporcional ao nmero de parlamentares eleitos para a Cmara dos Deputados. Possibilidade constitucional de discriminao entre partidos com e sem representao na Cmara dos Deputados. Constitucionalidade da diviso do tempo de rdio e de televiso proporcionalmente representatividade dos partidos na Cmara Federal. Participao de candidatos ou militantes de partidos integrantes de coligao nacional nas campanhas regionais. Constitucionalidade. Criao de novos partidos polticos e as alteraes de representatividade na Cmara dos Deputados. Acesso das novas legendas ao rdio e TV proporcionalmente ao nmero de representantes na Cmara dos Deputados (inciso II do 2 do art. 47 da Lei n 9.504/97), considerada a representao dos deputados federais que tenham migrado diretamente dos partidos pelos quais foram eleitos para a nova legenda no momento de sua criao. Momento de aferio do nmero de representantes na Cmara Federal. No aplicao do 3 do art. 47 da Lei 9.504/97, segundo o qual, a representao de cada partido na Cmara Federal a resultante da ltima eleio para deputados federais. Critrio inaplicvel aos novos partidos. Liberdade de criao, fuso e incorporao de partidos polticos (art. 17, caput, CF/88). Equiparao constitucional. Interpretao conforme. 1. O no conhecimento da ADI n 1.822/DF, Relator o Ministro Moreira Alves, por impossibilidade jurdica do pedido, no constitui bice ao presente juzo de (in)constitucionalidade, em razo da ausncia de apreciao de mrito no processo objetivo anterior, bem como em face da falta de juzo definitivo sobre a compatibilidade ou no dos dispositivos atacados com a Constituio Federal. A despeito de o pedido estampado na ADI n 4.430 se assemelhar com o contido na ao anterior, na atual dimenso da jurisdio constitucional, a soluo ali apontada no mais guarda sintonia com o papel de tutela da Lei Fundamental exercido por esta Corte. O Supremo Tribunal Federal est autorizado a apreciar a inconstitucionalidade de

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    dada norma, ainda que seja para dela extrair interpretao conforme Constituio Federal, com a finalidade de fazer incidir contedo normativo constitucional dotado de carga cogente cuja produo de efeitos independa de intermediao legislativa. 2. A excluso da propaganda eleitoral gratuita no rdio e na televiso das agremiaes partidrias que no tenham representao na Cmara Federal representa atentado ao direito assegurado, expressamente, no 3 do art. 17 da Lei Maior, direito esse indispensvel existncia e ao desenvolvimento desses entes plurais e, sem o qual, fica cerceado o seu direito de voz nas eleies, que deve ser acessvel a todos os candidatos e partidos polticos. 3. A soluo interpretativa pela repartio do horrio da propaganda eleitoral gratuita de forma igualitria entre todos os partidos partcipes da disputa no suficiente para espelhar a multiplicidade de fatores que influenciam o processo eleitoral. No h igualdade material entre agremiaes partidrias que contam com representantes na Cmara Federal e legendas que, submetidas ao voto popular, no lograram eleger representantes para a Casa do Povo. Embora iguais no plano da legalidade, no so iguais quanto legitimidade poltica. Os incisos I e II do 2 do art. 47 da Lei n 9.504/97, em consonncia com o princpio da democracia e com o sistema proporcional, estabelecem regra de equidade, resguardando o direito de acesso propaganda eleitoral das minorias partidrias e pondo em situao de privilgio no odioso aquelas agremiaes mais lastreadas na legitimidade popular. O critrio de diviso adotado proporcionalidade representao eleita para a Cmara dos Deputados adqua-se finalidade colimada de diviso proporcional e tem respaldo na prpria Constituio Federal, que faz a distino entre os partidos com e sem representao no Congresso Nacional, concedendo certas prerrogativas, exclusivamente, s agremiaes que gozam de representatividade nacional (art. 5, LXX, a; art. 103, VIII; art. 53, 3; art. 55, 2 e 3; art. 58, 1). 4. O contedo do art. 45, 6, da Lei n 9.504/97

    no afronta a exigncia de observncia do carter nacional pelos partidos polticos, reforando, ao contrrio, as diretrizes de tal exigncia constitucional, ao possibilitar ao partido poltico que se utilize, na propaganda eleitoral em mbito regional, da imagem e da voz de candidato ou militante de partido poltico que integre a sua coligao em mbito nacional. Cabe Justia Eleitoral ponderar sobre eventuais abusos e excessos na participao de figuras nacionais nas propagandas locais. 5. A histria dos partidos polticos no Brasil e a adoo do sistema proporcional de listas abertas demonstram, mais uma vez, a importncia do permanente debate entre elites locais e elites nacionais no desenvolvimento de nossas instituies. O sistema eleitoral brasileiro de representao proporcional de lista aberta surgiu, exatamente, desse embate, resultado que foi da conjugao de nossa ausncia de tradio partidria com a fora das nossas bases eleitorais regionais. 6. Extrai-se do princpio da liberdade de criao e transformao de partidos polticos contido no caput do art. 17 da Constituio da Repblica o fundamento constitucional para reputar como legtimo o entendimento de que, na

    hiptese de criao de um novo partido, a novel legenda, para fins de acesso proporcional ao rdio e televiso, leva consigo a representatividade dos deputados federais que, quando de sua criao, para ela migrarem diretamente dos partidos pelos quais foram eleitos. No h razo para se conferir s hipteses de criao de nova legenda tratamento diverso daquele conferido aos casos de fuso e incorporao de partidos (art. 47, 4, Lei das Eleies), j que todas essas hipteses detm o mesmo patamar constitucional (art. 17, caput, CF/88), cabendo lei, e tambm ao seu intrprete, preservar o sistema. Se se entende que a criao de partido poltico autoriza a migrao dos parlamentares para a novel legenda, sem que se possa falar em infidelidade partidria ou em perda do mandato parlamentar, essa mudana resulta, de igual forma, na alterao da representao poltica da legenda originria. Note-se que a Lei das Eleies, ao adotar o marco da ltima eleio para deputados federais para fins de verificao da representao do partido (art. 47, 3, da Lei 9.504/97), no considerou a hiptese de criao de nova legenda. Nesse caso, o que deve prevalecer no o

    desempenho do partido nas eleies (critrio inaplicvel aos novos partidos), mas, sim, a

    representatividade poltica conferida aos parlamentares que deixaram seus partidos

    de origem para se filiarem ao novo partido poltico, recm criado. Essa interpretao prestigia, por um lado, a liberdade constitucional de criao de partidos polticos (art. 17, caput, CF/88) e, por outro, a representatividade do partido que j nasce com representantes parlamentares, tudo em

    consonncia com o sistema de representao proporcional brasileiro. 7.

    Continncia entre os pedidos da ADI n 4.430 e da ADI n 4.795. Uma vez que se assenta a

    constitucionalidade do 6 do art. 45 da Lei 9.504/97 e que o pedido maior, veiculado na ADI n

    4.430, autoriza o juzo de constitucionalidade sobre os vrios sentidos do texto impugnado, inclusive aquele referido na ADI n 4.795, julga-se parcialmente procedente o pedido da ADI n 4.430, no sentido de i) declarar a inconstitucionalidade da expresso e representao na Cmara dos Deputados contida na cabea do 2 do art. 47 da Lei n 9.504/97 e ii) dar interpretao conforme Constituio Federal ao inciso II do 2 do art. 47 da mesma lei, para assegurar aos partidos novos, criados aps a realizao de eleies para a Cmara dos Deputados, o direito de acesso proporcional aos dois teros do tempo destinado propaganda eleitoral gratuita no rdio e na televiso, considerada a representao dos deputados federais que migrarem diretamente dos partidos pelos quais foram eleitos para a nova legenda no momento de sua criao. Por conseguinte, fica prejudicado o pedido contido na ADI n 4.795 (i-720).

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    PENAL E PROCESSO PENAL

    01. Transferncia para presdio federal de segurana mxima e

    prvia oitiva de preso: A transferncia de preso para presdio

    federal de segurana mxima sem a sua prvia oitiva,

    desde que fundamentada em fatos caracterizadores de

    situao emergencial, no configura ofensa aos princpios

    do devido processo legal, da ampla defesa, da

    individualizao da pena e da dignidade da pessoa

    humana. Com base nesse entendimento, a 1 Turma denegou

    habeas corpus em que se pleiteava a anulao de

    transferncia de preso recolhido em penitenciria estadual para

    estabelecimento federal por suposta inobservncia de

    requisitos legais. Aludiu-se ao que contido no 6 do art. 5 da

    Lei 11.671/2008, que dispe sobre a transferncia e incluso

    de presos em estabelecimentos penais federais de segurana

    mxima e d outras providncias ( 6o Havendo extrema

    necessidade, o juiz federal poder autorizar a imediata

    transferncia do preso e, aps a instruo dos autos, na forma

    do 2o deste artigo, decidir pela manuteno ou revogao da

    medida adotada). Consignou-se a possibilidade de

    postergao da oitiva dos agentes envolvidos no processo de

    transferncia, cuja formalidade estaria prevista no 2 do

    mesmo preceito [Instrudos os autos do processo de

    transferncia, sero ouvidos, no prazo de 5 (cinco) dias cada,

    quando no requerentes, a autoridade administrativa, o

    Ministrio Pblico e a defesa, bem com o Departamento

    Penitencirio Nacional - DEPEN, a quem facultado indicar o

    estabelecimento penal mais adequado]. Aduziu-se que, no

    caso, estariam demonstrados os fatos ensejadores da situao

    emergencial: a) rebelies ocorridas em determinado perodo,

    com a morte de vrios detentos; b) julgamento, pela Corte

    Interamericana de Direitos Humanos, do Brasil e do estado-

    membro em que localizada a penitenciria na qual inicialmente

    recluso o paciente; c) interdio do presdio; e d) periculosidade

    do paciente. Ressaltou-se, ademais, a inexistncia de direito

    subjetivo do reeducando de cumprir a pena em penitenciria

    especfica (HC 115539/RO / i-718). 02. HC N. 113.845-SP / RELATOR: MIN. TEORI ZAVASCKI / EMENTA: PROCESSO PENAL E CONSTITUCIONAL. AO PENAL. CONTRABANDO DE ARMA DE FOGO (CP, ART. 334, 1, C). DESCLASSIFICAO PARA RECEPTAO (CP, ART. 180). PRORROGAO DA COMPETNCIA DA JUSTIA FEDERAL. IMPOSSIBILIDADE. 1. A norma do art. 81, caput, do CPP, ainda que busque privilegiar a celeridade, a economia e a efetividade processuais, no possui aptido para modificar competncia absoluta constitucionalmente estabelecida, como o caso da competncia da Justia Federal. 2. Ausente qualquer das hipteses previstas no art.

    109, IV, da CF, ainda que isso somente tenha sido constatado aps a realizao da instruo, os autos devem ser remetidos ao Juzo competente, nos termos do 2 do art. 383 do CPP. 3. Ordem concedida (i-718).

    03. RHC N. 116.085-RS / RELATORA: MIN. CRMEN LCIA / EMENTA: RECURSO ORDINRIO EM HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. IMPUTAO DE TENTATIVA DE HOMICDIO QUALIFICADO POR DUAS VEZES. 1. FUGA DO RU CAPTURADO POSTERIORMENTE. PRISO PREVENTIVA PARA RESGUARDAR A APLICAO DA LEI PENAL. FUNDAMENTO IDNEO. 2. ALEGAO DE EXCESSO DE PRAZO PARA A FORMAO DA CULPA. IMPROCEDNCIA. COMPLEXIDADE DO FEITO. INTERFERNCIA DA FUGA DO RECORRENTE NA TRAMITAO DA AO PENAL. 1. A inteno de se furtar aplicao da lei penal razo suficiente para a manuteno do decreto de priso preventiva. Fundamento idneo apresentado para a constrio da liberdade. Precedentes. 2.

    Alegao de excesso de prazo para a formao da culpa. Feito complexo e fuga a justificar o tempo para a tramitao da ao penal contra o ora Recorrente. 3. Recurso ao qual se nega provimento (i-718). 04. RHC N. 116.173-RS / RELATORA : MIN. CRMEN LCIA / EMENTA: RECURSO ORDINRIO EM HABEAS CORPUS. HOMICDIO QUALIFICADO. 1. INEXISTNCIA DE PEDIDO DE SUSTENTAO ORAL. DESNECESSIDADE DE INTIMAO PARA A SESSO DE JULGAMENTO DE HABEAS CORPUS NO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIA. 2. PROVA ORAL COLHIDA POR MEIO AUDIOVISUAL. ALEGAO DE NECESSIDADE DE DEGRAVAO SOB PENA DE CERCEAMENTO DE DEFESA. AUSNCIA DE PEDIDO DE DEGRAVAO DA DEFESA. PRECLUSO DA MATRIA. DISPONIBILIZAO DA CPIA DO REGISTRO ORIGINAL DO DEPOIMENTO COLHIDO EM AUDINCIA. PREJUZO NO DEMONSTRADO. PRESCINDIBILIDADE DA DEGRAVAO, NOS TERMOS DO ART. 405, 2, DO CDIGO DE PROCESSO PENAL. 1. No havendo pedido de sustentao oral da Defensoria Pblica, a falta de intimao para a sesso de julgamento no suprime o direito da defesa do Recorrente de comparecer para efetivar essa sustentao. Precedentes. 2. Ausncia de pedido da defesa de degravao da prova oral colhida por meio audiovisual. Matria preclusa. 3. Registro na ata da audincia de que a cpia do registro original do depoimento colhido, nos termos do art. 405 do Cdigo de Processo Penal, est disponvel nos autos. O princpio do pas de nullit sans grief exige, sempre que possvel, a demonstrao de prejuzo concreto pela parte que suscita o vcio. Precedentes. Prejuzo no demonstrado pela defesa. 4. Nos termos do art. 405, 2, do Cdigo de Processo Penal, desnecessria a degravao da audincia realizada por meio audiovisual, sendo obrigatria apenas a disponibilizao da cpia do que registrado nesse ato. A ausncia de transcrio no impede o acesso prova. 5.

    Recurso ao qual se nega provimento (i-719). 05. HC N. 115.015-SP / RELATOR: MIN. TEORI ZAVASCKI / EMENTA: HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. CRIME CONTRA ORDEM TRIBUTRIA. REQUISIO DE INDICIAMENTO PELO MAGISTRADO APS O RECEBIMENTO DENNCIA. MEDIDA INCOMPATVEL COM O SISTEMA ACUSATRIO IMPOSTO PELA CONSTITUIO DE 1988. INTELIGNCIA DA LEI 12.830/2013. CONSTRANGIMENTO ILEGAL CARACTERIZADO. SUPERAO DO BICE CONSTANTE NA SMULA 691. ORDEM CONCEDIDA. 1. Sendo o ato de indiciamento de

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    atribuio exclusiva da autoridade policial, no existe fundamento jurdico que autorize o magistrado, aps receber a denncia, requisitar ao Delegado de Polcia o indiciamento de determinada pessoa. A rigor, requisio dessa natureza incompatvel com o sistema acusatrio, que impe a separao orgnica das funes concernentes persecuo penal, de modo a impedir que o juiz adote qualquer postura inerente funo investigatria. Doutrina. Lei 12.830/2013. 2. Ordem concedida

    (i-719). 06. RHC N. 117.095-SP / RELATOR: MIN. RICARDO LEWANDOWSKI / EMENTA: RECURSO ORDINRIO EM HABEAS CORPUS. PENAL. PROCESSUAL PENAL. ATIPICIDADE DA CONDUTA EM FACE DA APLICAO DO PRINCPIO DA INSIGNIFICNCIA. DELITO COMETIDO CONTRA A PREVIDNCIA SOCIAL. PRETENSO INSUBSISTENTE. AUSNCIA DE INTIMAO DO PACIENTE/ IMPETRANTE PARA COMPARECER SESSO DE JULGAMENTO DO WRIT. NULIDADE. INEXISTNCIA. DOSIMETRIA DA PENA. FIXAO DA PENA-BASE ACIMA DO MNIMO LEGAL. MAUS ANTECEDENTES, ASSIM CONSIDERADOS EM RAZO DE INQURITO POLICIAL E AES PENAIS EM CURSO. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. RECURSO ORDINRIO PARCIALMENTE PROVIDO. I - Nulidade do julgamento proferido pelo Superior Tribunal de Justia, pois o paciente/impetrante no fora intimado para comparecer sesso em que apreciado o writ. Inexistncia. O julgamento de habeas corpus independe de pauta ou de qualquer tipo de comunicao, cumprindo ao advogado, se no apresentou requerimento no sentido de ser informado da sesso designada, acompanhar a apresentao do processo em mesa.

    Precedente. II Atipicidade material da conduta do agente em face da aplicao do princpio da insignificncia. Inaplicabilidade. No h falar em reduzido grau de reprovabilidade da conduta, uma vez que a prtica do estelionato atingiu bem jurdico de carter supraindividual - o patrimnio da previdncia social ou a sua subsistncia financeira na medida em que se fez incluir no clculo de liquidao de sentena valores indevidos e supostamente relacionados com direito de beneficiria falecida no curso do processo de conhecimento. Precedentes. III Dosimetria da pena. Fixao da pena-base acima do mnimo legal, considerando-se como maus antecedentes a existncia de inquritos policiais e aes penais em curso. No cabimento. IV - O Juzo da causa deixou expresso: a culpabilidade a comum ao delito; quanto personalidade do ru, no h elementos para aferi-la; os motivos do crime foram descritos como uma sanha desarrazoada pela acumulao de riquezas, mvel que se encontra imbricado com a conduta do agente estelionatrio; as circunstncia e as consequncias do crime foram tidas como as comuns ao delito perpetrado; e o comportamento da vtima no foi decisivo para a prtica delituosa. Objetivamente, como elemento decisivo para a fixao da pena-base em 2 (dois) anos de recluso, acima do mnimo legal de 1 (um) ano previsto no caput do art. 171 do

    Cdigo Penal, teve-se em conta os maus antecedentes e a conduta social indesejvel, vista da existncia de inqurito e aes penais em tramitao. V Recurso ordinrio conhecido e parcialmente provido para, afastada a majorao da pena-base acima do mnimo legal, determinar ao Juzo da Execuo Criminal, ao qual foi delegada a execuo da sentena condenatria do paciente, que proceda nova dosimetria da sano penal (i-719). 07. HC N. 115.715-CE / RED. P/ O ACRDO: MIN. MARCO AURLIO / HABEAS CORPUS JULGAMENTO POR TRIBUNAL SU-PERIOR IMPUGNAO. A teor do disposto no artigo 102, inciso II, alnea a, da Constituio Federal, contra deciso, proferida em processo revelador de habeas corpus, a implicar a no concesso da ordem, cabvel o recurso ordinrio. Evoluo quanto admissibilidade irrestrita do substitutivo do habeas corpus. HABEAS CORPUS ATO IMPUGNADO ADEQUAO DE RECURSO. Excetuado o caso de o recurso pertinente ser o ordinrio constitucional, porque julgada impetrao na origem, descabe vislumbrar bice presente a recorribilidade. HABEAS CORPUS COISA JULGADA. A coisa julgada no obstculo ao manuseio do

    habeas corpus (i-719).

    08. HC N. 115.582-MG / RELATOR: MIN.

    RICARDO LEWANDOWSKI / EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. DECISO TERMINATIVA QUE APRECIA O MRITO PROFERIDA MONOCRATICAMENTE PELO MINISTRO RELATOR DO WRIT NO STJ. INADMISSIBILIDADE. DEVIDO PROCESSO LEGAL. INOBSERVNCIA. ORDEM CONCEDIDA. I O habeas

    corpus deve ser apresentado ao colegiado aps seu regular processamento, sendo

    indevida a deciso monocrtica terminativa que examina o mrito da causa. Hiptese de

    violao ao princpio da colegialidade.

    Precedentes. II Ordem concedida para anular a deciso atacada e determinar a apreciao do mrito pelo colegiado competente. Prejudicado o exame do pedido de liberdade provisria (i-720).

    PREVIDENCIRIO 01. AG. REG. NO RE N. 731.203-MG / RELATOR: MIN. MARCO AURLIO / APOSENTADORIA INTEGRAL X PROPORCIONAL INVALIDEZ MOLSTIA GRAVE ESPECIFICADA EM LEI PRECEDENTES. A aposentadoria por invalidez decorrente de molstia grave especificada em lei implica o direito integralidade dos proventos (i-720).

    02. MS N. 25.565-DF / REDATOR P/ O ACRDO: MIN. MARCO AURLIO / CONTRADITRIO ADEQUAO. O contraditrio pressupe o envolvimento de litigante ou de acusado artigo 5, inciso LV, da Constituio Federal. APOSENTADORIA APERFEIOAMENTO ATOS SEQUENCIAIS. Envolvendo a aposentadoria atos sequenciais, o aperfeioamento fica vinculado prtica do ltimo a ser implementado. APOSENTADORIA JUIZ

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    CLASSISTA DOENA GRAVE CONSTATAO CONTINUIDADE NO SERVIO EXTINO DO BENEFCIO NEUTRALIDADE. Mostra-se neutro o fato de o benefcio ter sido afastado por lei uma vez constatada a existncia de doena grave em data pretrita (i-721).

    TRIBUTRIO 01. Art. 150, VI, c, da CF: ITBI e finalidades essenciais: A destinao do imvel s finalidades essenciais da entidade deve ser pressuposta no caso do Imposto de Transmisso Inter Vivos de Bens Imveis - ITBI, sob pena de no haver imunidade para esse tributo [CF: Art. 150. Sem prejuzo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, vedado Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios: ... VI - instituir impostos sobre: ... c) patrimnio, renda ou servios dos partidos polticos, inclusive suas fundaes, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituies de educao e de assistncia social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; ... 4 - As vedaes expressas no inciso VI, alneas b e c, compreendem somente o patrimnio, a renda e os servios, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas]. Com base nesse entendimento, a 1 Turma proveu recurso extraordinrio para reconhecer a imunidade para ITBI relativamente aquisio do terreno objeto da impetrao. Inicialmente, afastou-se alegao de que o caso comportaria revolvimento de fatos e provas, porquanto o tribunal de origem deixara de reconhecer o benefcio constitucional da citada imunidade sob o fundamento de que o Servio Nacional de Aprendizagem - Senac teria que aguardar a realizao objetiva do seu projeto construo de edifcio que se destinaria aos fins prprios da entidade para, s ento, evitar a ao defensiva do Poder Pblico. Consignou-se inexistir controvrsia de fato, mas sim valorao dele. Observou-se que, na espcie, remanesceria apenas questo de direito sobre a condicionante constitucional da vinculao s finalidades essenciais da entidade, que, conforme assentado pelas instncias ordinrias, preencheria os requisitos legais para usufruto da imunidade. Acentuou-se que o fato gerador do ITBI seria a transmisso jurdica do imvel e no fatos supervenientes. Registrou-se que, quanto ao benefcio do art. 150, VI, c, da CF, o nus de elidir a presuno de vinculao s atividades essenciais seria do Fisco. No mais, reportou-se ao que decidido no julgamento do RE 385091/DF (acrdo pendente de publicao, v. Informativo 714). O Ministro Marco Aurlio, ao acompanhar o relator, distinguiu a presente situao daquela referida no precedente em que se teria, de forma projetada no tempo, um imvel desocupado. Enfatizou, ainda, que o prprio tribunal recorrido teria apontado existir, ao menos, ideia de se construir no imvel prdio que seria destinado s finalidades do Senac (RE 470520/SP / i-720).

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    Selecionado a partir dos informativos 527 e 528 do STJ

    ADMINISTRATIVO 01. Direito administrativo. Remoo para acompanhar cnjuge aprovado em concurso de remoo: O servidor pblico federal no tem direito de ser removido a pedido, independentemente do interesse da Administrao, para acompanhar seu cnjuge, tambm servidor pblico, que fora removido em razo de aprovao em concurso de remoo. Isso porque o art. 36, pargrafo nico, III, a, da Lei 8.112/1990, que prev a possibilidade de remoo para acompanhar cnjuge ou companheiro, no ampara a referida pretenso, tendo em vista que, na hiptese, a remoo do cnjuge no se deu ex officio, mas voluntariamente (AgRg no REsp 1.290.031-PE / i-

    527). 02. Direito administrativo. Cobrana de laudmio na hiptese de desapropriao do domnio til de imvel aforado da unio: A transferncia, para fins de desapropriao, do domnio til de imvel aforado da Unio constitui operao apta a gerar o recolhimento de laudmio. Isso porque, nessa situao, existe uma transferncia onerosa entre vivos, de modo a possibilitar a incidncia do disposto no art. 3 do Decreto-lei 2.398/1987, cujo teor estabelece ser devido o laudmio no caso de transferncia onerosa, entre vivos, de domnio til de terreno aforado da Unio ou de direitos sobre benfeitorias neles construdas, bem assim a cesso de direito a eles relativos. Nesse contexto, ainda que a transferncia ocorra compulsoriamente, possvel identificar a onerosidade de que trata a referida lei, uma vez que h a obrigao de indenizar o preo do imvel desapropriado quele que se sujeita ao imprio do interesse do Estado (REsp 1.296.044-

    RN / i-528).

    CIVIL E PROCESSO CIVIL 01. Direito processual civil. Inaplicabilidade do art. 20 da lei 10.522/2002 s execues fiscais propostas por conselhos regionais de fiscalizao profissional. Recurso repetitivo (art. 543-C do CPC e Res. 8/2008-STJ). Nas execues fiscais

    propostas por Conselhos Regionais de Fiscalizao Profissional, no possvel a aplicao do art. 20 da Lei 10.522/2002, cujo teor determina o arquivamento, sem baixa das execues fiscais referentes aos dbitos com valor inferior a dez mil reais. Isso porque, da leitura do

    referido artigo, extrai-se que este se destina exclusivamente aos dbitos inscritos como Dvida Ativa da Unio pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional ou por ela cobrados. Nos casos de execues propostas por Conselhos de Fiscalizao Profissional, h regra especfica para disciplinar o tema, prevista no art. 8 da Lei 12.514/2011. Os Conselhos no executaro judicialmente dvidas referentes a anuidades inferiores a 4 (quatro) vezes o valor cobrado anualmente da pessoa fsica ou jurdica inadimplente, que deve ser aplicada com base no princpio da especialidade, sem necessidade de

    emprego de analogia. Ademais, a submisso das referidas entidades autrquicas ao regramento do art. 20 da

    Lei 10.522/2002 configuraria, em ltima anlise, embarao ao exerccio do direito de acesso ao

    Poder Judicirio e obteno da tutela jurisdicional adequada, assegurados constitucionalmente, uma vez que haveria a criao de obstculo desarrazoado para que os conselhos em questo efetuassem as cobranas de valores aos quais tm direito (REsp 1.363.163-SP / i-527). 02. Direito civil. Prazo de prescrio da

    pretenso de cobrana de cotas condominiais: Prescreve em cinco anos,

    contados do vencimento de cada parcela, a pretenso, nascida sob a vigncia do

    CC/2002, de cobrana de cotas condominiais.

    Isso porque a pretenso, tratando-se de dvida lquida desde sua definio em assembleia geral de condminos e lastreada em documentos fsicos, adequa-se previso do art. 206, 5, I, do CC/2002, segundo a qual prescreve em cinco anos a pretenso de cobrana de dvidas lquidas constantes de instrumento pblico ou particular. Ressalte-se que, sob a gide do CC/1916, o STJ entendia aplicvel o prazo de prescrio de vinte anos pretenso de cobrana de encargos condominiais, tendo em vista a natureza pessoal da ao e consoante o disposto no art. 177 do referido cdigo. Isso ocorria porque os prazos especiais de prescrio previstos no CC/1916 abrangiam uma variedade bastante inferior de hipteses, restando s demais o prazo geral, conforme a natureza da pretenso real ou pessoal. O CC/2002, afastando a diferena de prazos aplicveis conforme a natureza jurdica das pretenses, unificou o prazo geral,

    Dr. George Felcio, advogado do Banco do Nordeste do Brasil S/A.

    Informativo de Jurisprudncia

    Superior Tribunal de Justia

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    reduzindo-o para dez anos. Ademais, ampliou as hipteses de incidncia de prazos especficos de prescrio, reduzindo sensivelmente a aplicao da prescrio decenal ordinria. Nesse contexto, o julgador, ao se deparar com pretenses nascidas sob a vigncia do CC/2002, no pode, simplesmente, transpor a situao jurdica e proceder aplicao do novo prazo prescricional ordinrio, conquanto fosse o prazo geral o aplicvel sob a gide do CC/1916. Assim, deve-se observar, em conformidade com a regra do art. 206, 5, I, do CC/2002, que, para a pretenso submeter-se ao prazo prescricional de cinco anos, so necessrios dois requisitos, quais sejam: que a dvida seja lquida e esteja definida em instrumento pblico ou particular. A expresso dvida lquida deve ser compreendida como obrigao certa, com prestao determinada, enquanto o conceito de instrumento pressupe a existncia de documentos, sejam eles pblicos ou privados, que materializem a obrigao, identificando-se a prestao, seu credor e seu devedor. Vale ressaltar que o instrumento referido pelo art. 206, 5, I, do CC/2002 no se refere a documento do qual se origine a obrigao, mas a documento que a expresse. Nessa perspectiva hermenutica, conclui-se que o prazo quinquenal incide nas hipteses de obrigaes lquidas independentemente do fato jurdico que deu origem relao obrigacional , definidas em instrumento pblico ou particular, o que abrange a pretenso de cobrana de cotas condominiais (REsp 1.366.175-SP / i-527).

    03. Direito processual civil. Apreciao de dispositivo constitucional no julgamento de recurso especial: O STJ, no julgamento de recurso especial, pode buscar na prpria CF o fundamento para acolher ou rejeitar alegao de violao do direito infraconstitucional ou para conferir lei a interpretao que melhor se ajuste ao texto constitucional, sem que isso importe em usurpao de competncia do STF. No atual estgio de desenvolvimento do direito,

    inconcebvel a anlise encapsulada dos litgios, de forma estanque, como se os diversos ramos jurdicos pudessem ser compartimentados, no sofrendo, assim, ingerncias do direito constitucional. Assim, no parece possvel ao STJ analisar as demandas que lhe so submetidas sem considerar a prpria CF, sob pena de ser entregue ao jurisdicionado um direito desatualizado e sem lastro na Constituio. Nesse contexto, aumenta a responsabilidade do STJ em demandas que exijam soluo transversal, interdisciplinar e que abranjam, necessariamente, uma controvrsia constitucional oblqua, antecedente. Com efeito, a partir da EC 45/2004, o cenrio tornou-se objetivamente diverso daquele que antes circunscrevia a interposio de recursos especial e extraordinrio, pois, se anteriormente todos os fundamentos constitucionais utilizados nos acrdos eram impugnveis e deviam ser, nos termos da Smula 126 do STJ mediante recurso extraordinrio, agora, somente as questes que, efetivamente, ostentarem repercusso geral (art. 102, 3, da CF) que podem ascender ao STF (art. 543-A, 1, do CPC) (REsp 1.335.153-RJ / i-527). 04. Direito civil. Direito ao esquecimento: A exibio no autorizada de uma nica imagem da vtima de crime amplamente noticiado poca dos fatos no gera, por si s, direito de compensao por danos morais aos seus familiares. O direito ao esquecimento surge na discusso

    acerca da possibilidade de algum impedir a divulgao de informaes que, apesar de verdicas, no sejam contemporneas e lhe causem transtornos das mais diversas ordens. Sobre o tema, o Enunciado 531 da VI Jornada de Direito Civil do CJF preconiza que a tutela da dignidade da pessoa humana na sociedade da informao inclui o direito ao esquecimento. Na abordagem do assunto sob o aspecto sociolgico, o antigo conflito entre o pblico e o privado ganha uma nova roupagem na modernidade: a inundao do espao pblico com questes estritamente privadas decorre, a um s tempo, da expropriao da intimidade (ou privacidade) por terceiros, mas tambm da voluntria entrega desses bens arena pblica. Acrescente-se a essa reflexo o sentimento, difundido por indita "filosofia tecnolgica" do tempo atual pautada na permissividade, segundo o qual ser devassado ou espionado , em alguma medida, tornar-se importante e popular, invertendo-se valores e tornando a vida privada um prazer ilegtimo e excntrico, seguro sinal de atraso e de mediocridade. Sob outro aspecto, referente censura liberdade de imprensa, o novo cenrio jurdico apoia-se no fato de que a CF, ao proclamar a liberdade de informao e de manifestao do pensamento, assim o faz traando as diretrizes principiolgicas de acordo com as quais essa liberdade ser exercida, reafirmando, como a doutrina sempre afirmou, que os direitos e garantias protegidos pela Constituio, em regra, no so absolutos. Assim, no se pode hipertrofiar a liberdade de informao custa do atrofiamento dos valores que apontam para a pessoa humana. A explcita conteno constitucional liberdade de informao, fundada na inviolabilidade da vida privada, intimidade, honra, imagem e, de resto, nos valores da pessoa e da famlia prevista no 1 do art. 220, no art. 221 e no 3 do art. 222 da CF , parece sinalizar que, no conflito aparente entre esses bens jurdicos de especialssima grandeza, h, de regra, uma inclinao ou predileo constitucional para solues protetivas da pessoa humana, embora o melhor equacionamento deva sempre observar as particularidades do caso concreto. Essa constatao se mostra consentnea com o fato de que, a despeito de o direito informao livre de censura ter sido inserida no seleto grupo dos direitos fundamentais (art. 5, IX), a CF mostrou sua vocao antropocntrica ao gravar, j no art. 1, III, a dignidade da pessoa humana como mais que um direito um fundamento da repblica, uma lente pela qual devem ser interpretados os demais direitos. A clusula constitucional da dignidade da pessoa humana garante que o homem seja tratado como sujeito cujo valor supera ao de todas as coisas criadas por ele prprio, como o mercado, a imprensa e, at mesmo, o Estado, edificando um ncleo intangvel de proteo oponvel erga omnes, circunstncia que legitima, em uma ponderao de valores constitucionalmente protegidos, tendo sempre em vista os parmetros da proporcionalidade e da razoabilidade, que algum sacrifcio possa ser suportado, caso a caso, pelos titulares de outros bens e direitos. Ademais, a permisso ampla e irrestrita de que um fato e pessoas nele envolvidas sejam retratados indefinidamente no tempo a pretexto da historicidade do evento pode significar permisso de um segundo abuso dignidade humana, simplesmente porque o primeiro j fora cometido no passado. Nesses casos, admitir-se o direito ao esquecimento pode significar um corretivo tardio, mas possvel das vicissitudes do passado, seja de inquritos policiais ou processos judiciais pirotcnicos e injustos, seja da explorao populista da mdia. Alm disso,

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    dizer que sempre o interesse pblico na divulgao de casos judiciais dever prevalecer sobre a privacidade ou intimidade dos envolvidos, pode violar o prprio texto da Constituio, que prev soluo exatamente contrria, ou seja, de sacrifcio da publicidade (art. 5, LX). A soluo que harmoniza esses dois interesses em conflito a preservao da pessoa, com a restrio publicidade do processo, tornando pblica apenas a resposta estatal aos conflitos a ele submetidos, dando-se publicidade da sentena ou do julgamento, nos termos do art. 155 do Cdigo de Processo Civil e art. 93, IX, da Constituio Federal. Por fim, a assertiva de que uma notcia lcita no se transforma em ilcita com o simples passar do tempo no tem nenhuma base jurdica. O ordenamento repleto de previses em que a significao conferida pelo direito passagem do tempo exatamente o esquecimento e a estabilizao do passado, mostrando-se ilcito reagitar o que a lei pretende sepultar. Isso vale at mesmo para notcias cujo contedo seja totalmente verdico, pois, embora a notcia inverdica seja um obstculo liberdade de informao, a veracidade da notcia no confere a ela inquestionvel licitude, nem transforma a liberdade de imprensa em direito absoluto e ilimitado. Nesse contexto, as vtimas de crimes e seus familiares tm direito ao esquecimento, se assim desejarem, consistente em no se submeterem a desnecessrias lembranas de fatos passados que lhes causaram, por si, inesquecveis feridas. Caso contrrio, chegar-se-ia antiptica e desumana soluo de reconhecer esse direito ao ofensor o que est relacionado com sua ressocializao e retir-lo dos ofendidos, permitindo que os canais de informao se enriqueam mediante a indefinida explorao das desgraas privadas pelas quais passaram. Todavia, no caso de familiares de vtimas de crimes passados, que s querem esquecer a dor pela qual passaram em determinado momento da vida, h uma infeliz constatao: na medida em que o tempo passa e se vai adquirindo um direito ao esquecimento, na contramo, a dor vai diminuindo, de modo que, relembrar o fato trgico da vida, a depender do tempo transcorrido, embora possa gerar desconforto, no causa o mesmo abalo de antes. Nesse contexto, deve-se analisar, em cada caso concreto, como foi utilizada a imagem da vtima, para que se verifique se houve, efetivamente, alguma violao aos direitos dos familiares. Isso porque nem toda veiculao no consentida da imagem indevida ou digna de reparao, sendo frequentes os casos em que a imagem da pessoa publicada de forma respeitosa e sem nenhum vis comercial ou econmico. Assim, quando a imagem no for, em si, o cerne da publicao, e tambm no revele situao vexatria ou degradante, a soluo dada pelo STJ ser o reconhecimento da inexistncia do dever de indenizar (REsp 1.335.153-RJ / i-527).

    05. Direito civil. Direito ao esquecimento: Gera dano moral a veiculao de programa televisivo sobre fatos ocorridos h longa data, com ostensiva identificao de pessoa que tenha sido investigada, denunciada e, posteriormente, inocentada em processo criminal. O direito ao esquecimento

    surge na discusso acerca da possibilidade de algum impedir

    a divulgao de informaes que, apesar de verdicas, no sejam contemporneas e lhe causem transtornos das mais diversas ordens. Sobre o tema, o Enunciado 531 da VI Jornada de Direito Civil do CJF preconiza que a tutela da dignidade da pessoa humana na sociedade da informao inclui o direito ao esquecimento. O interesse pblico que orbita o fenmeno criminal tende a desaparecer na medida em que tambm se esgota a resposta penal conferida ao fato criminoso, a qual, certamente, encontra seu ltimo suspiro com a extino da pena ou com a absolvio, ambas irreversivelmente consumadas. Se os condenados que j cumpriram a pena tm direito ao sigilo da folha de antecedentes assim tambm a excluso dos registros da condenao no Instituto de Identificao , por maiores e melhores razes aqueles que foram absolvidos no podem permanecer com esse estigma, conferindo-lhes a lei o mesmo direito de serem esquecidos. Cabe destacar que, embora a notcia inverdica seja um obstculo liberdade de informao, a veracidade da notcia no confere a ela inquestionvel licitude, nem transforma a liberdade de imprensa em direito absoluto e ilimitado. Com efeito, o reconhecimento do direito ao esquecimento dos condenados que cumpriram integralmente a pena e,

    sobretudo, dos que foram absolvidos em processo criminal, alm de sinalizar uma evoluo

    humanitria e cultural da sociedade, confere concretude a um ordenamento jurdico que,

    entre a memria conexo do presente com o passado e a esperana vnculo do futuro com o presente , fez clara opo pela segunda. E por essa tica que o direito ao esquecimento revela sua maior nobreza, afirmando-se, na verdade, como um direito esperana, em absoluta sintonia com a presuno legal e constitucional de regenerabilidade

    da pessoa humana (REsp 1.334.097-RJ / i-

    527).

    06. Direito civil. Qurum para a modificao de regimento interno de condomnio edilcio: A

    alterao de regimento interno de condomnio edilcio depende de votao com observncia do qurum estipulado na conveno condominial. certo que o art.

    1.351 do CC, em sua redao original, previa qurum qualificado de dois teros dos condminos para a modificao do regimento interno do condomnio. Ocorre que o mencionado dispositivo teve sua redao alterada pela Lei 10.931/2004, a qual deixou de exigir para tanto a observncia de qurum qualificado. Assim, conclui-se que, com a Lei 10.931/2004, foi ampliada a autonomia privada dos condminos, os quais passaram a ter maior liberdade para definir o nmero mnimo de votos necessrios para a alterao do regimento interno. Nesse sentido , inclusive, o entendimento consagrado no Enunciado 248 da III Jornada de Direito Civil do CJF, que dispe que o qurum para alterao do regimento interno do condomnio edilcio pode ser livremente fixado em conveno. Todavia, deve-se ressaltar que, apesar da nova redao do art. 1.351 do CC, no configura ilegalidade a exigncia de qurum qualificado para votao na hiptese em que este tenha sido estipulado em conveno condominial aprovada ainda na vigncia da redao original do art. 1.351 do CC (REsp 1.169.865-DF / i-527).

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    07. Direito civil. Prevalncia da usucapio sobre a hipoteca judicial de imvel: A deciso que reconhece a aquisio da propriedade de bem imvel por usucapio prevalece sobre a hipoteca judicial que anteriormente tenha gravado o referido bem. Isso porque, com a declarao de aquisio de domnio por usucapio, deve desaparecer o gravame real constitudo sobre o imvel, antes ou depois do incio da posse ad usucapionem, seja porque a sentena apenas declara a usucapio com efeitos ex tunc, seja porque a usucapio forma originria de aquisio de propriedade, no decorrente da antiga e no guardando com ela relao de continuidade (REsp 620.610-DF / i-527).

    08. Direito processual civil. Teoria da causa madura: No exame de apelao interposta contra sentena que tenha julgado o processo sem resoluo de mrito, o Tribunal pode julgar desde logo a lide, mediante a aplicao do procedimento previsto no art. 515, 3, do CPC, na hiptese em que no houver necessidade de produo de provas (causa madura), ainda que, para a anlise do recurso, seja inevitvel a apreciao do acervo probatrio contido nos autos. De fato, o art. 515, 3, do CPC

    estabelece, como requisito indispensvel para que o Tribunal julgue diretamente a lide, que a causa verse questo exclusivamente de direito. Entretanto, a regra do art. 515, 3, deve ser interpretada em consonncia com a preconizada pelo art. 330, I, cujo teor autoriza o julgamento antecipado da lide quando a questo de mrito for unicamente de direito, ou, sendo de direito e de fato, no houver necessidade de produzir prova em audincia. Desse modo, se no h necessidade de produo de provas, ainda que a questo seja de direito e de fato, poder o Tribunal julgar a lide no exame da apelao interposta contra a sentena que julgara extinto o processo sem resoluo de mrito. Registre-se, a propsito, que configura questo de direito, e no de fato, aquela em que o Tribunal to somente extrai o direito aplicvel de provas incontroversas, perfeitamente delineadas, construdas com observncia do devido processo legal, caso em que no h bice para que incida a regra do art. 515, 3, porquanto discute, em ltima anlise, a qualificao jurdica dos fatos ou suas consequncias legais (EREsp 874.507-SC / i-528).

    09. Direito processual civil. Sucesso processual em mandado de segurana: No possvel a sucesso de partes em processo de mandado de segurana. Isso porque o direito lquido e certo postulado no mandado de segurana tem carter personalssimo e intransfervel (EDcl no MS 11.581-

    DF / i-528). 10. Direito civil e processual civil. Impossibilidade de que autor e ru realizem compensao que envolva crdito objeto de penhora no rosto dos autos: A penhora de crdito pleiteado em juzo anotada no rosto dos autos e de cuja constituio tenham sido as partes intimadas impede que autor e ru realizem posterior compensao que envolva o referido crdito. Aplica-se, nessa hiptese, a regra contida no art. 380 do CC, que dispe ser inadmissvel a compensao em prejuzo de direito de terceiro. Afirma ainda o referido dispositivo que o devedor que se torne credor do seu credor, depois de penhorado o crdito deste, no pode opor ao exequente a compensao, de que contra o

    prprio credor disporia. Busca-se, dessa forma, evitar leso a direito de terceiro diretamente interessado na constrio. Deve-se observar, portanto, que o art. 380 do CC tem por escopo coibir a utilizao da compensao como forma de esvaziar penhora anterior. Trata-se, assim, de norma de carter protetivo e de realce na busca de um processo de resultado. Ademais, segundo os arts. 673 e 674 do CPC, a penhora no rosto dos autos altera subjetivamente a figura a quem dever ser efetuado o pagamento, conferindo a esta os bens que forem adjudicados ou que couberem ao devedor. Ressalte-se que a impossibilidade de compensao nessas circunstncias decorre tambm do princpio da boa-f objetiva, valor comportamental que impe s partes o dever de cooperao e de lealdade na relao processual (REsp

    1.208.858-SP / i-528). 11. Direito civil. Responsabilidade civil do titular de blog pelos danos decorrentes da publicao em seu site de artigo de autoria de terceiro: O titular de blog responsvel pela reparao dos danos morais decorrentes da insero, em seu site, por sua conta e risco, de artigo escrito por terceiro. Isso porque o entendimento consagrado na Smula 221 do STJ, que afirma serem civilmente responsveis pelo ressarcimento de dano, decorrente de publicao pela imprensa, tanto o autor do escrito quanto o proprietrio do veculo de divulgao, aplicvel em relao a todas as formas de imprensa, alcanado, assim, tambm o servio de informao prestado por meio da internet. Nesse contexto, cabe ao titular do blog exercer o controle editorial das matrias a serem postadas, de modo a evitar a propagao de opinies pessoais que contenham ofensivos dignidade pessoal e profissional de outras pessoas (REsp 1.381.610-RS / i-528).

    12. Direito processual civil. Recebimento de embargos do devedor como impugnao ao cumprimento de sentena: Em execues de sentena iniciadas antes da vigncia da Lei 11.232/2005, que instituiu a fase de cumprimento de sentena e estabeleceu a impugnao como meio de defesa do executado, os embargos do devedor opostos aps o incio da vigncia da referida lei devem ser recebidos como impugnao ao cumprimento de sentena na hiptese em que o juiz, com o advento do novo diploma, no tenha convertido expressamente o procedimento, alertando as partes de que a execuo de sentena passou a ser cumprimento de sentena. De fato, no direito brasileiro,

    no se reconhece a existncia de direito adquirido aplicao das regras de determinado procedimento. Por isso, a lei se aplica imediatamente ao processo em curso. Vale a regra do tempus regit actum e, nesse sentido, seria impreciso afirmar que a execuo da sentena, uma vez iniciada, imune a mudanas procedimentais. Ocorre que a aplicao cega da regra geral de direito intertemporal poderia ter consequncias verdadeiramente desastrosas e, diante disso, temperamentos so necessrios. Observe-se que o processo civil muito comumente vem sendo distorcido de forma a prestar enorme desservio ao estado democrtico de direito, deixando de ser instrumento da justia para se tornar terreno incerto, repleto de arapucas e percalos, em que s se aventuram aqueles que no tm mais nada a perder. Todavia, o direito processual no pode ser utilizado como elemento surpresa, a cercear injusta e

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    Prepare-se para o concurso da Defensoria Pblica da

    Unio com

    GEDPU Resoluo de questes

    objetivas, peas, pareceres e dissertaes

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    despropositadamente uma soluo de mrito. A razoabilidade deve ser aliada do Poder Judicirio nessa tarefa, de forma que se alcance efetiva distribuio de justia. No se deve, portanto, impor surpresas processuais, pois essas s prejudicam a parte que tem razo no mrito da disputa. O processo civil dos bices e das armadilhas o processo civil dos rbulas. Mesmo os advogados mais competentes e estudiosos esto sujeitos ao esquecimento, ao lapso, e no se pode exigir que todos tenham conhecimento das mais recnditas nuances criadas pela jurisprudncia. O direito das partes no pode depender de to pouco. Nas questes controvertidas, convm que se adote, sempre que possvel, a opo que aumente a viabilidade do processo e as chances de julgamento do mrito da lide. Nesse contexto, transpondo o quanto exposto at aqui para a hiptese em discusso na qual patente a existncia de dvida em relao ao procedimento cabvel , conclui-se, em respeito ao princpio da segurana jurdica, serem os embargos do devedor cabveis caso inexista a expressa converso do procedimento (REsp 1.185.390-SP / i-528). 13. Direito civil. Notificao prvia para a incluso do nome do devedor em cadastro de proteo ao crdito: rgo de proteo ao crdito no tem o dever de indenizar devedor pela incluso do nome deste, sem prvia notificao, em cadastro desabonador mantido por aquele na hiptese em que as informaes que derem ensejo ao registro tenham sido coletadas em bancos de dados pblicos, como os pertencentes a cartrios de protesto de ttulos e de distribuio judicial. Isso porque no h, nesses casos, o dever de notificao prvia do devedor no tocante ao registro desabonador, haja vista que as informaes constantes em bancos de dados pblicos acerca da inadimplncia de devedor j possuem notoriedade pblica (REsp 1.124.709-TO / i-

    528).

    COMERCIAL/EMPRESARIAL

    01. Direito empresarial e processual civil. Exequibilidade de cdula de crdito bancrio. Recurso repetitivo (Art. 543-C do CPC e Res. 8/2008-STJ): A Cdula de Crdito Bancrio, ttulo executivo extrajudicial, representativo de operaes de crdito de qualquer natureza, quando acompanhada de claro demonstrativo dos valores utilizados pelo cliente, meio apto a documentar a abertura de crdito em conta-corrente nas modalidades de crdito rotativo ou cheque especial. Com efeito, a partir da Lei 10.931/2004, em

    superao jurisprudncia firmada pelo STJ, a Cdula de Crdito Bancrio passou a ser ttulo executivo extrajudicial representativo de operaes de crdito de qualquer natureza, podendo, assim, ser emitida para documentar a abertura de crdito em conta-corrente. Ressalte-se, contudo, que, para ostentar exequibilidade, o ttulo deve atender s exigncias taxativamente elencadas nos incisos do 2 do art. 28 do mencionado diploma legal. Tese firmada para fins do art. 543-C do CPC: "A Cdula de Crdito Bancrio ttulo executivo

    extrajudicial, representativo de operaes de crdito de qualquer natureza, circunstncia que autoriza sua emisso para documentar a abertura de crdito em conta corrente, nas modalidades de crdito rotativo ou cheque especial. O ttulo de crdito deve vir acompanhado de claro demonstrativo acerca dos valores utilizados pelo cliente, trazendo o diploma legal, de maneira taxativa, a relao de exigncias que o credor dever cumprir, de modo a conferir liquidez e exequibilidade Cdula (art. 28, 2, incisos I e II, da Lei n. 10.931/2004)" (REsp 1.291.575-PR / i-527). 02. Direito empresarial. Protesto de cheque nominal ordem por endossatrio terceiro de boa-f: possvel o protesto de cheque nominal ordem, por endossatrio terceiro de boa-f, aps o decurso do prazo de apresentao, mas antes da expirao do prazo para ao cambial de execuo, ainda que, em momento anterior, o ttulo tenha sido sustado pelo emitente em razo do inadimplemento do negcio jurdico subjacente emisso da crtula. Isso porque o cheque,

    sendo ttulo de crdito, submete-se aos princpios da literalidade, da abstrao, da autonomia das obrigaes cambiais e da inoponibilidade das excees pessoais a terceiros de boa-f. Alm disso, caracterizando o cheque

    levado a protesto como ttulo executivo extrajudicial, dotado de inequvoca certeza e exigibilidade, no se

    concebe que o credor de boa-f possa ser tolhido de seu direito de se resguardar quanto

    prescrio, tanto no que tange ao devedor principal, quanto em relao aos demais coobrigados, haja vista que, conforme o disposto no art. 202, III, do CC, o protesto cambial interrompe o prazo prescricional para ajuizamento de ao cambial de execuo ficando, nesse contexto, superada, com a vigncia do CC, a Smula

    153 do STF. Alm do mais, tem-se que o protesto meio extrajudicial mediante o qual o

    devedor intimado pelo tabelio para que pague ou providencie a sustao do protesto,

    antes que venha a ser lavrado representa medida bem menos severa ao emitente se comparada a outra

    medida cabvel em considerao executividade do cheque levado a protesto: a execuo do ttulo de crdito na via judicial. Isso porque, alm de o protesto no envolver atos de agresso ao patrimnio do executado, a publicidade negativa ao demandado em execuo to ou mais ampla do que a decorrente do protesto, haja vista que, alm de ser possvel a consulta do processo mediante simples acesso aos sites de tribunais, os rgos de proteo ao crdito tambm fazem uso de dados de carter pblico da distribuio do Judicirio, referentes a aes executivas para negativao do nome dos executados. Ademais, como o art. 1 da Lei 9.492/1997, em clusula aberta, admite o protesto de outros "documentos de dvida" entenda-se: prova escrita a demonstrar a existncia de obrigao pecuniria, lquida, certa e exigvel, no h razoabilidade em entender que o protesto, instituto desde a sua origem concebido para protesto cambial, seja imprestvel para o protesto facultativo de ttulo de crdito dotado de executividade (REsp 1.124.709-TO / i-528).

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    PENAL E PROCESSO PENAL

    01. Direito processual penal. Competncia para o julgamento de aes penais relativas a desvio de verbas originrias do SUS: Compete Justia Federal processar e julgar as aes penais relativas a desvio de verbas originrias do Sistema nico de Sade (SUS), independentemente de se tratar de valores repassados aos Estados ou Municpios por meio da modalidade de transferncia fundo a fundo ou mediante realizao de convnio. Isso porque h interesse

    da Unio na regularidade do repasse e na correta aplicao desses recursos, que, conforme o art. 33, 4, da Lei 8.080/1990, esto sujeitos fiscalizao federal, por meio do Ministrio da Sade e de seu sistema de auditoria. Dessa forma, tem aplicao hiptese o disposto no art. 109, IV, da CF, segundo o qual aos juzes federais compete processar e julgar os crimes polticos e as infraes penais praticadas em detrimento de bens, servios ou interesse da Unio ou de suas entidades autrquicas ou empresas pblicas, excludas as contravenes e ressalvada a competncia da Justia Militar e da Justia Eleitoral. Incide, ademais, o entendimento contido na Smula 208 do STJ, de acordo com a qual compete Justia Federal processar e julgar prefeito municipal por desvio de verba sujeita a prestao de contas perante rgo federal. Cabe ressaltar, a propsito, que o fato de os Estados e Municpios terem autonomia para gerenciar a verba destinada ao SUS no elide a necessidade de prestao de contas ao TCU, tampouco exclui o interesse da Unio na regularidade do repasse e na correta aplicao desses recursos (AgRg no CC 122.555-RJ / i-527). 02. Direito penal. Subsidiariedade do tipo do art. 37 em relao ao do art. 35 da Lei 11.343/2006: Responder apenas pelo crime de associao do art. 35 da Lei 11.343/2006 e no pelo mencionado crime em concurso com o de colaborao como informante, previsto no art. 37 da mesma lei o agente que, j integrando associao que se destine prtica do trfico de drogas, passar, em determinado momento, a colaborar com esta especificamente na condio de informante. A configurao

    do crime de associao para o trfico exige a prtica, reiterada ou no, de condutas que visem facilitar a consumao dos crimes descritos nos arts. 33, caput e 1, e 34 da Lei 11.343/2006, sendo necessrio que fique demonstrado o nimo associativo, um ajuste prvio referente formao de vnculo permanente e estvel. Por sua vez, o crime de colaborao como informante constitui delito autnomo, destinado a punir especfica forma de participao na empreitada criminosa, caracterizando-se como colaborador aquele que transmite informao relevante para o xito das atividades do grupo, associao ou organizao criminosa destinados prtica de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e 1, e 34 da Lei 11.343/2006. O tipo penal do art. 37 da referida lei (colaborao como informante) reveste-se de verdadeiro carter de subsidiariedade, s ficando preenchida a tipicidade quando no se comprovar a prtica de crime mais grave. De fato, cuidando-se de agente que participe do prprio delito de trfico ou de associao, a conduta consistente em colaborar com informaes j ser inerente aos mencionados tipos. A referida norma incriminadora tem como destinatrio o agente que colabora como informante com grupo, organizao criminosa ou

    associao, desde que no tenha ele qualquer envolvimento ou relao com atividades daquele grupo, organizao criminosa ou associao em relao ao qual atue como informante. Se a prova indica que o agente mantm vnculo ou envolvimento com esses grupos, conhecendo e participando de sua rotina, bem como cumprindo sua tarefa na empreitada comum, a conduta no se subsume ao tipo do art. 37, podendo configurar outros crimes, como o trfico ou a associao, nas modalidades autoria e participao. Com efeito, o exerccio da funo de informante dentro da associao prprio do tipo do art. 35 da Lei 11.343/2006 (associao), no qual a diviso de tarefas uma realidade para consecuo do objetivo principal. Portanto, se a prova dos autos no revela

    situao em que a conduta do paciente seja especfica e restrita a prestar informaes ao grupo criminoso, sem qualquer outro envolvimento ou relao com as atividades de associao, a conduta estar inserida no crime de associao, o qual mais abrangente e engloba a mencionada atividade. Dessa forma, conclui-se que s pode ser considerado informante, para fins de incidncia do art. 37 da Lei 11.343/2006, aquele que no integre a associao, nem seja coautor ou partcipe do delito de trfico. Nesse contexto, considerar que o informante possa ser punido duplamente pela associao e pela colaborao com a prpria associao da qual faa parte , alm de contrariar o princpio da subsidiariedade, revela indevido bis in idem, punindo-se, de forma extremamente severa, aquele que exerce funo que no pode ser entendida como a mais relevante na diviso de tarefas do mundo do trfico (HC 224.849-RJ / i-527). 03. Direito processual penal. Competncia para o julgamento de ao penal referente prtica de crime contra o sistema financeiro nacional por meio de sociedade que desenvolva a atividade de factoring: Compete Justia Federal processar e julgar a conduta daquele que, por meio de pessoa jurdica instituda para a prestao de servio de factoring, realize, sem autorizao legal, a captao, intermediao e aplicao de recursos financeiros de terceiros, sob a promessa de que estes receberiam, em contrapartida, rendimentos superiores aos aplicados no mercado. Isso

    porque a referida conduta se subsume, em princpio, ao tipo do art. 16 da Lei 7.492/1986 (Lei dos Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional), consistente em fazer operar, sem a devida autorizao, ou com autorizao obtida mediante declarao falsa, instituio financeira, inclusive de distribuio de valores mobilirios ou de cmbio. Ademais, nessa hiptese, apesar de o delito haver sido praticado por meio de pessoa jurdica criada para a realizao de atividade de factoring, deve-se considerar ter esta operado como verdadeira instituio financeira, justificando-se, assim, a fixao da competncia na Justia Federal (CC 115.338-PR / i-528). 04. Direito processual penal. Determinao, em lei estadual, de competncia do juzo da infncia e da juventude para a ao penal decorrente da prtica de crime contra criana ou adolescente: O maior de 18 anos acusado da prtica de estupro de vulnervel (art. 217-A, caput, do CP) pode, por esse fato, ser submetido a julgamento perante juzo da infncia e da juventude na hiptese em que lei estadual, de iniciativa do tribunal de justia, estabelea a competncia do referido juzo para processar e julgar ao penal

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    decorrente da prtica de crime que tenha como vtima criana ou adolescente. A jurisprudncia do STJ havia se

    pacificado no sentido de que a atribuio conferida pela CF aos tribunais de justia estaduais de disciplinar a organizao judiciria no implicaria autorizao para revogar, ampliar ou modificar disposies sobre competncia previstas em lei federal. Nesse contexto, em diversos julgados no STJ, entendeu-se que, como o art. 148 da Lei 8.069/90 (ECA) disciplina exaustivamente a competncia das varas especializadas da infncia e juventude, lei estadual no poderia ampliar esse rol, conferindo-lhes atribuio para o julgamento de processos criminais, que so completamente alheios finalidade do ECA, ainda que sejam vtimas crianas e adolescentes. Todavia, em recente julgado, decidiu-se no STF que tribunal de justia pode atribuir a competncia para o julgamento de crimes sexuais contra crianas e adolescentes ao juzo da vara da Infncia e juventude, por agregao, ou a qualquer outro juzo que entender adequado, ao estabelecer a organizao e diviso judiciria. Precedente citado do STF: HC 113.102-RS, Primeira Turma, DJe 15/2/2013 (HC 219.218-RS / i-528).

    PREVIDENCIRIO 01. Direito previdencirio. Clculo da renda mensal inicial no caso de converso do auxlio-doena em aposentadoria por invalidez: No caso de benefcio de aposentadoria por invalidez precedido de auxlio-doena, a renda mensal inicial ser calculada de acordo com o disposto no art. 36, 7, do Dec. 3.048/1999, exceto quando o perodo de afastamento tenha sido intercalado com perodos de atividade laborativa, hiptese em que incidir o art. 29, 5, da Lei 8.213/1991 (AgRg nos EREsp 909.274-MG / i-527).

    02. Direito previdencirio. Comprovao da unio estvel para efeito de concesso de penso por morte: Para a concesso de penso por morte, possvel a comprovao da unio estvel por meio de prova exclusivamente testemunhal.

    Ressalte-se, inicialmente, que a prova testemunhal sempre admissvel caso a legislao no disponha em sentido contrrio. Ademais, a Lei 8.213/1991 somente exige prova documental quando se tratar de comprovao do tempo de servio (AR 3.905-PE / i-527).

    TRIBUTRIO 01. Direito tributrio. No incidncia de ir sobre verba indenizatria decorrente de demisso sem justa causa no perodo de estabilidade provisria: No incide imposto de renda sobre o valor da indenizao paga ao empregado demitido sem justa causa no perodo de estabilidade provisria (AgRg no REsp 1.215.211-RJ / i-528).