78
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA RAÇA JERSEY DE DIFERENTES FAIXAS ETÁRIAS Carla Amorim Neves Orientadora: Prof.ª Dr.ª Naida Cristina Borges GOIÂNIA 2018

ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA

RAÇA JERSEY DE DIFERENTES FAIXAS ETÁRIAS

Carla Amorim Neves

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Naida Cristina Borges

GOIÂNIA

2018

Page 2: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

ii

Page 3: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

iii

CARLA AMORIM NEVES

ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA

RAÇA JERSEY DE DIFERENTES FAIXAS ETÁRIAS

Dissertação apresentada para obtenção do título

de Mestre em Ciência Animal junto à Escola de

Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal

de Goiás

Área de concentração:

Cirurgia, Patologia animal e Clínica médica

Linha de pesquisa:

Clínica, diagnóstico por imagem e patologia

clínica na saúde de animais de companhia e

selvagens

Orientadora:

Prof.ª Dr.ª Naida Cristina Borges – EVZ/UFG

Comitê de Orientação:

Prof.ª Dr.ª Aline Maria V. Lima – EVZ/UFG

Prof. Dr. Luiz A. Franco Silva – EVZ/UFG

GOIÂNIA

2018

Page 4: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

iv

Page 5: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

v

Page 6: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

vi

Page 7: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

vii

Dedico a todos aqueles que sempre acreditaram

em mim e me apoiaram para chegar até essa

etapa.

Page 8: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

viii

AGRADECIMENTOS

O trabalho com amor e dedicação é a forma mais leal de se viver. Escolhi me

aperfeiçoar com o que me faz feliz, tendo a oportunidade de conviver lado a lado com pessoas

que proporcionaram diversos ensinamentos sobre o profissionalismo e a vida. Ao estar

vencendo mais uma etapa de aprendizagem, quero agradecer a todos que me ajudaram, de

alguma forma, a essa conquista.

Agradeço a Deus, por estar presente em minha vida, pela saúde, força nos

momentos difíceis e sabedoria para chegar até o final.

À minha família, em especial à minha mãe, Dulce Helena Amorim, responsável

pelo meu crescimento na vida acadêmica e profissional, sempre se esforçando e aconselhando

para que eu pudesse ir mais além. Pelos valores que me passou, por suportar a distância entre

nós durante a graduação, especialização e a pós-graduação e pelo amor incondicional.

Agradeço infinitamente a você, mamãe, que acreditou em mim e sempre me incentivou a ir

em busca de novos conhecimentos, esta vitória também é sua!

Ao meu pai Haroldo Neves do Nascimento e meu irmão Bruno Amorim Neves,

que sempre torceram muito pelo meu sucesso. Agradeço pelo carinho e o apoio nesta etapa

tão importante para mim. À minha cunhada Katiuscia Marques Pereira Amorim e meu

sobrinho/afilhado querido, Miguel Marques Amorim que veio para trazer muita alegria para

nossa família! Agradeço também, à minha cadela Maria Cecília, companheira dos momentos

de desespero na escrita dos seminários e dissertação.

Agradeço ao meu namorado, Murillo Queiroz de Almeida Melo, por todo o apoio,

conselhos, pela preocupação e dedicação em me ajudar. Obrigada pelo companheirismo,

carinho, amizade, atenção e por acreditar em mim. Sou muito grata a você.

À Universidade Federal de Goiás, ao Programa de Pós-Graduação em Ciência

Animal e ao Hospital Veterinário da Escola de Veterinária e Zootecnia, serei muito grata pela

oportunidade de realização do Mestrado em Ciência Animal.

À minha querida orientadora Prof.ª Dr.ª Naida Cristina Borges, a principal

responsável pelo meu crescimento acadêmico e profissional. Obrigada pela confiança e

presteza da orientação sempre que solicitada. Graças à senhora, compreendi muito sobre a

área acadêmica e de pesquisa e aprendo a cada dia a escrever e apresentar com menos

nervosismo, ansiedade e vícios de linguagem. Agradeço de coração o apoio e amizade nos

dois anos de especialização, dois anos de mestrado e pelos próximos anos de doutorado.

Page 9: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

ix

Aos membros do comitê de orientação, Prof.ª Dr.ª Aline Maria Vasconcelos

Lima e Prof. Dr. Luiz Antônio Franco da Silva, agradeço aos auxílios na escrita do projeto de

pesquisa, nos seminários, nas fases de execução do experimento e na conclusão do trabalho.

Obrigada por sempre estarem presentes, dando opiniões e me ensinando sobre a área de

Oftalmologia Veterinária e Clínica de Grandes Animais, respectivamente. À Prof.ª Aline, por

me apresentar a área de Ultrassonografia Ocular, a qual me dedico tanto, por me dar a

oportunidade de realizar os exames ultrassonográficos oculares do Hospital Veterinário

(HV/EVZ/UFG) e por estar sempre me auxiliando na realização dos laudos.

Agradeço aos demais professores e funcionários do HV, especialmente aqueles

que tenho um grande carinho e admiração: Prof. Dr. Emmanuel Arnohld, Prof.ª Dr.ª Danieli

Martins, Prof. Dr. Leandro Franco, Prof. Dr. Júlio Cardoso, Prof. Dr. Marcelo Seixo, Prof. Dr.

Paulo Henrique Cunha e Dr. Apóstolo Martins, aos funcionários Kelly, Nayanne, Edvalson,

Marcelo, Leila, Dona Vilda e Dr.ª Severiana e a todos os residentes e ex-residentes. Ao Prof.

Dr. João Antonio Pigatto da Universidade Federal do Rio Grande do Sul pelo aceite em

participar da banca de defesa da minha dissertação, o meu muito obrigada.

A todos os meus amigos, de longas datas e, em especial, aos amigos de caminhada

na EVZ, aqueles que convivi durante a maior parte dos meus dias de faculdade, residência e

pós-graduação, a minha segunda família, que vou levar para sempre no meu coração, Isabela

Bittar, Gladsthon Filho e Fernanda Carvalho, que fizeram a minha vida mais feliz. Aos

queridos pós-graduandos, Evelyn Oliveira, Paulo José Queiroz e Leandro Arévalo e aos

estagiários Wanessa Rodrigues, Yasmim Pazini, Adalberto Vilela, Daianny Pires, muito

obrigada pela ajuda durante a realização do experimento e escrita da dissertação. Aos colegas

de mestrado, que fizeram parte dessa jornada dividindo momentos bons e ruins.

Um agradecimento especial aos proprietários e funcionários da Fazenda Capão

Grande do Bicudo, que disponibilizaram os animais e proporcionaram a execução do projeto

de pesquisa. Agradeço de coração ao Fernando Barros e Sr. Valdemar Barros, proprietários e

à médica veterinária responsável pela propriedade, Dra. Maria Ivete de Moura. E por último,

agradeço aos animais utilizados no projeto de pesquisa, as Jersey: Brahma, Catharina, Danna,

Dafini, Estela, Emma, Evelyn, Eduarda, Elenice, Euvira, Eliana, Estrela, Francine, Filomena,

Fernanda, Florinda, Francielli, Flávia, Frida, Fátima, Francis, Fabiely, Felícia, Fran, Flora,

Fortuna, Fada, Flor, Fany, Geralda, Gilda, Gorethi, Grazi, Georgia, Geni, Gaby, Gisele,

Guida, Gaia, Generosa, Garota, Greicy, Grecia, Gardenia, Gláucia, Hebe e Helô.

Page 10: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

x

“A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém

viu, mas pensar o que ninguém ainda pensou

sobre aquilo que todo mundo vê.”

Arthur Schopenhauer

Page 11: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

xi

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS ....................................................................... 1

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 1

2. REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................................. 3

2.1 Características anatômicas do olho de mamíferos ................................................................ 3

2.2. Ultrassonografia ocular........................................................................................................ 4

2.2.1 Particularidades do exame ultrassonográfico ocular ......................................................... 6

2.2.2 Anatomia ultrassonográfica ............................................................................................... 9

2.2.3 Biometria ocular .............................................................................................................. 11

2.3. Conformação craniana ....................................................................................................... 14

2.4. Relação da biometria ocular e morfometria craniana ........................................................ 18

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 21

CAPÍTULO 2 – DESENVOLVIMENTO OCULAR E CRANIANO EM BOVINOS JERSEY

EM DIFERENTES IDADES ................................................................................................... 25

CAPÍTULO 3 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 52

ANEXOS .................................................................................................................................. 53

Page 12: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

xii

LISTA DE FIGURAS

Capítulo 1

FIGURA 1 - Diagrama das estruturas que compõem o olho do mamífero: córnea,

câmara anterior preenchida pelo humor aquoso, íris, corpo ciliar, lente,

câmara vítrea preenchida por humor vítreo, esclera, coroide, retina, disco

óptico e nervo óptico. ............................................................................................ 4

FIGURA 2 – Ultrassonografia do olho de cães com transdutores de frequências de

18MHz (A), 7,5MHz (B) e 50MHz (C). A - Evidenciação das estruturas

intraoculares (entre cursores). B - Visualização pouco definida das

estruturas superficiais do olho (entre cursores). C - Distância da membrana

de Descemet e camada endotelial da córnea à cápsula anterior lenticular

(seta). ..................................................................................................................... 5

FIGURA 3 - Posicionamento do transdutor em exames ultrassonográficos do olho de

um equino. A - Técnica transcorneal aplicando-se o transdutor sobre a

superfície da córnea. B - Técnica transpalpebral aplicando-se o transdutor

sobre as pálpebras fechadas. .................................................................................. 7

FIGURA 4 – Cortes axiais horizontais (AXH) (A e A’) e verticais (AXV) (B e B’) do

olho de um bovino. A - Posicionamento do transdutor em AXH

evidenciando marcação voltada para região nasal (seta). A’ - Imagem

ultrassonográfica obtida neste corte. B - Posicionamento do transdutor em

AXV evidenciando marcação voltada para região dorsal (seta). B’ -

Imagem ultrassonográfica identificada neste corte. Frequência de 12MHz. ........ 8

FIGURA 5 – Corte transversal do olho de um bovino. A - Posicionamento do transdutor

no limbo do olho evidenciando marcação voltada para a região dorsal (seta

vermelha). B - Imagem ultrassonográfica transversal evidenciando a

câmara vítrea (CV) e parede posterior (seta branca). Frequência de

12MHz. .................................................................................................................. 9

FIGURA 6 – Ultrassonografia em corte axial horizontal do olho esquerdo de um coelho.

Camadas hiperecoicas da córnea (seta sólida), câmara anterior, lente e

câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior da

lente vistas como linhas curvilíneas com perda dos ecos periféricos (setas

traçadas), íris e corpo ciliar hiperecoicas (asteriscos), parede posterior

hiperecoica (seta larga) e nervo óptico hipoecogênico (NO) circundado

pelos tecidos orbitários de ecogenicidades variadas (TA). Frequência de

18MHz. ................................................................................................................ 10

FIGURA 7 – Ultrassonografia em corte axial horizontal do olho de um cão (A), bovino

(B) e equino (C). A - Visualização da íris de espessura fina e

ecogenicidade moderada juntamente com o corpo ciliar (seta). B - Íris com

maior espessura e irregularidade (seta). C – Identificação da corpora nigra

hiperecoica (seta). Frequências de 18MHz (A) e 12MHz (B e C). ..................... 11

Page 13: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

xiii

FIGURA 8 – Ultrassonografia em corte axial horizontal do olho direito de um equino.

Medidas do comprimento axial (1), profundidade da câmara anterior (2),

espessura da lente (3) e profundidade da câmara vítrea (4). Frequência de

12 MHz. ............................................................................................................... 12

FIGURA 9 – Ultrassonografia em modo B do olho de diferentes espécies de animais.

Biometria ocular de cão (A), gato (B), coelho (C), bovino (D), bubalino

(E) e equino (F), empregando transdutores de frequências selecionadas em

18MHz (A, B e C) e 12 MHz (D, E e F). Identificação de medidas do

comprimento axial (D1: A, B e C; e 1L: D, E e F), profundidade da câmara

anterior (D2: A, B e C; e 2L: D, E e F), espessura da lente (D3: A, B e C; e

3L: D, E e F) e profundidade da câmara vítrea (D4: A, B e C; e 4L: D, E e

F). ........................................................................................................................ 13

FIGURA 10 – Ilustração fotográfica da execução de medidas do crânio de um cão da

raça Cavalier King Charlies Spaniel. A - Distância bizigomática. B -

Distância fronto-occipital. C - Distância fronto-nasal. ..................................... 16

FIGURA 11 – Formato do crânio em vista dorsal, lateral e rostral de cão braquicefálico

(primeira fileira), lobo (segunda fileira) e cão dolicocefálico (terceira

fileira). Cães braquicefálicos com regiãofronto-nasal curta (ros), arcos

zigomáticos largos (za) e região fronto-occipital arredondada (nc). Cães

dolicocefálicos com região fronto-nasal larga, arcos zigomáticos reduzidos

e inclinação da região nasal em relação à região fronto-occipital. ...................... 16

FIGURA 12 – Mensurações do crânio de um equino em vista lateral (A) e em vista

dorsal (B). A - Medidas de comprimento do crânio (skull lenght),

subdividido em comprimento cranial (cranial skull) e comprimento nasal

(nasal skull), e profundidade mandibular (mandibular depth). B - Medidas

de largura do crânio (zygomatic width) e largura máxima do neurocrânio

(neurocranium width). ......................................................................................... 17

Capítulo 2

FIGURA 1 - Ultrassonografia em modo B, corte axial horizontal do olho esquerdo de

bovinos da raça Jersey. A: Camadas hiperecoicas separadas por camada

anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea

anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior da lente vistas como

linhas curvilíneas (setas traçadas), íris e corpo ciliar hiperecoicos e

espessos (asteriscos), parede posterior hiperecoica (seta). B, C e D: As

linhas pontilhadas indicam a biometria ocular realizada em bovinos de

idades entre 1 e 58 meses, divididos em grupo I (B), II (C) e III (D),

evidenciando medidas do comprimento axial (1), profundidade da câmara

anterior (2), espessura da lente (3) e profundidade da câmara vítrea (4).

Frequência de 12MHz. ........................................................................................ 33

Page 14: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

xiv

FIGURA 2 - Representação gráfica do crescimento ocular de acordo com a idade de

bovinos Jersey. Comparações com as medidas de comprimento axial (A),

profundidade da câmara anterior (B), espessura da lente (C) e

profundidade da câmara vítrea (D). ..................................................................... 37

FIGURA 3 - Representação gráfica do crescimento craniano de acordo com a idade de

bovinos Jersey. Comparações com as medidas de comprimento (A) e

largura (B) dos crânios. ....................................................................................... 38

FIGURA 4 - Representação gráfica comparativa do pico de crescimento atingindo um

platô das medidas do olho de comprimento axial (A), profundidade da

câmara anterior (B), espessura da lente (C), profundidade da câmara vítrea

(D) e das medidas do crânio de largura (E) e comprimento (F) de bovinos

da raça Jersey em diferentes idades. .................................................................... 39

LISTA DE TABELAS

Capítulo 1

TABELA 1 – Comparação in vivo da biometria ocular por ultrassonografia em modo B

em corte axial horizontal de diferentes espécies e raças. .................................... 15

TABELA 2 - Comparação das medidas de comprimento e largura do crânio de

diferentes espécies e raças. .................................................................................. 18

Capítulo 2

TABELA 1 - Distribuição de bovinos Jersey (número de animais) de acordo com a

idade avaliada de 1 a 11 meses (Grupo I), 16 a 24 meses (Grupo II) e 25 a

58 meses (Grupo III). .......................................................................................... 31

TABELA 2 – Médias e desvios-padrão (DP), valores máximos e mínimos das variáveis

do comprimento axial (CAx), espessura da córnea (CO), profundidade da

câmara anterior (CA), espessura da lente (EL) e profundidade da câmara

vítrea (CV) do olho esquerdo e direito de bovinos Jersey com idade entre 1

a 11 meses (Grupo I), 16 a 24 meses (Grupo II) e 25 a 58 meses (Grupo

III). ....................................................................................................................... 34

TABELA 3 – Médias e desvios-padrão (DP), valores máximos e mínimos das variáveis

do comprimento total, comprimento cranial, comprimento nasal, largura

do crânio e índice cefálico dos crânios de bovinos Jersey com idade entre 1

a 11 meses (Grupo I), 16 a 24 meses (Grupo II) e 25 a 58 meses (Grupo

III). ....................................................................................................................... 35

Page 15: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

xv

RESUMO

A biometria ocular por ultrassonografia em modo B é uma ferramenta eficiente para a

realização de medidas intraoculares em animais domésticos e outras espécies de animais. A

relação das mensurações oculares e do crânio de bovinos Jersey promove informações

relevantes para a padronização das medidas para a raça e para a espécie bovina. A

inexistência de tais dados em animais de mesma raça e idades distintas favorece a realização

do estudo. Esta pesquisa teve como objetivo empregar a ultrassonografia para avaliar a

biometria ocular de bovinos da raça Jersey. Foram utilizados 48 bovinos hígidos, fêmeas, da

raça Jersey, distribuídos em três grupos, considerando a faixa etária: grupo I (1 a 11 meses),

grupo II (16 a 24 meses) e grupo III (25 a 58 meses). Os animais foram contidos fisicamente e

a ultrassonografia realizada em abordagem transcorneal, após instilação de colírio anestésico.

Realizaram-se as medidas oculares em corte axial horizontal e axial vertical, sendo

mensurados o comprimento axial (CAx), espessura corneana (CO), profundidade da câmara

anterior (CA), espessura da lente (EL) e profundidade da câmara vítrea (CV). Os parâmetros

morfométricos do crânio obtidos foram o comprimento total, cranial, nasal, largura cranianos

e o índice cefálico. Os resultados da ecobiometria foram apresentados em forma de médias e

desvios-padrão, valores máximo e mínimo e compararam-se as medidas dos olhos de bovinos

de diferentes faixas etárias por meio da análise de variância (ANOVA) e teste de Tukey. A

correlação de Pearson foi empregada para correlacionar as variáveis do CAx e craniometria, e

as curvas de crescimento e gráficos bisegmentados do olho e do crânio foram confeccionados

utilizando um modelo logístico. As medidas intraoculares de CAx, CA, EL e CV cresceram

conforme o aumento da idade e as medidas da córnea não apresentaram alterações. O CAx

correlacionou-se positivamente com o comprimento e largura cranianos e, negativamente com

o índice cefálico. As curvas de crescimento das estruturas oculares e do crânio foram

semelhantes. Concluindo, a biometria ocular de bovinos da raça Jersey correlaciona-se com as

medidas do crânio nas diferentes idades. Com o aumento da idade, os olhos e o crânio

crescem estabelecendo curvas de crescimento semelhantes à de outros mamíferos.

Palavras-chave: medidas, olho, ultrassonografia, craniometria, padronização.

Page 16: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

xvi

ABSTRACT

B-mode ultrasonography ocular biometry is an efficient tool for performing intraocular

measurements in domestic animals and other animal species. The relationship between ocular

measurements and skull of Jersey bovine promotes relevant informations to the

standardization of measures for the breed and for the bovine species. The lack of such data in

animals of the same breed and different ages suports the study. This research aimed to use

ultrasonography to evaluate the ocular biometry of Jersey bovine. Fourty-eight healthy,

female, Jersey bovine were divided into three groups, considering the age group: group I (1 to

11 months), group II (16 to 24 months) and group III (25 to 58 months). The animals were

physically restrained and the ultrasonography performed in a transcorneal technical, after

instillation of anesthetic in the eye. The axial length (CAx), corneal thickness (CO), depth of

the anterior chamber (CA), thickness of the lens (EL) and depth of the vitreous chamber (CV)

were measured. The morphometric parameters of the skull obtained were total length, cranial,

nasal, cranial width and cephalic index. The results of the ecobiometry were presented as

means and standard deviations, maximum and minimum values and the measurements of the

eyes of bovines of different age groups were analyzed by ANOVA and Tukey's test. Pearson's

correlation was used to correlate the CAx and craniometry variables, and the growth curves

and bisegmented graphs of the eye and skull were made using a logistic model. The

intraocular measurements of CAx, CA, EL and CV increased as age increased and corneal

measurements did not change. The CAx correlated positively with cranial length and width

and, negatively, with cephalic index. Growth curves of ocular structures and skull were

similar. In conclusion, the ocular biometry of Jersey cattle correlates with measurements of

the skull at different ages. With increasing age, the eyes and skull grow by establishing

growth curves similar to those of other mammals.

Key words: measurements, eye, ultrasonography, craniometry, standardization.

Page 17: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS

1. INTRODUÇÃO

A biometria ocular é o estudo das medidas das estruturas oculares para

identificação de enfermidades que cursam com alteração dos tamanhos das câmaras e para

auxílio em procedimentos cirúrgicos oftálmicos1,2

. A ultrassonografia ocular em modo B pode

ser utilizada para a realização da biometria das estruturas oftálmicas, por mensurações

executadas in vivo, sem necessidade de sedação prévia do indivíduo, na maioria das

espécies3,4

.

A ultrassonografia ocular em modo B é um exame complementar importante para

a avaliação semiológica oftálmica, especialmente quando os meios ópticos se encontram

opacos2,4-6

. É uma técnica de exame rápido, pouco invasivo e de baixo custo, promovendo

informações relevantes a respeito das estruturas e dimensões intraoculares7,8

.

O conhecimento das medidas do olho em animais jovens e adultos é necessário

para estimativa da normalidade e identificação de alterações clínicas que cursam com

variação no tamanho, forma e posição do olho2,9,10

. Em seres humanos11

, cães3 e cabras

12 as

mensurações ultrassonográficas oculares de jovens até a idade adulta foram realizadas para a

avaliação do crescimento do olho. Em bovinos, são escassos os estudos sobre a oftalmologia,

especialmente pesquisas relacionadas às dimensões intraoculares1.

A aparência ultrassonográfica e a biometria ocular de bovinos adultos das raças

Jersey e Holandesa1

e de olhos extraídos de animais adultos da raça Angus13

já foram

descritas. Tais estudos mostraram a importância de se conhecer os valores normais de

medidas intraoculares na espécie bovina, devido à ocorrência de afecções oculares nesses

animais, como a ceratoconjuntivite infecciosa, que acarreta perdas econômicas1,13

.

Estudos sobre o crescimento ocular em seres humanos11

, cães3,5,14

e gatos4,8

relataram ainda que existe correlação entre a conformação craniana e a biometria ocular, o

que diferencia as medidas oculares entre diferentes espécies e diferentes raças. Em bovinos, a

relação entre as medidas do olho e do crânio nas fases juvenil e adulta ainda não foi descrita.

A relação da biometria ocular com a morfometria craniana pode auxiliar no

diagnóstico precoce de enfermidades oculares, além de possibilitar o monitoramento destas4.

A padronização dessas medidas em diferentes espécies e raças contribui também em

procedimentos cirúrgicos oftálmicos e no desenvolvimento de pesquisas sobre doenças em

seres humanos nas quais os animais podem atuar como modelo experimental5,14

.

Page 18: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

2

Dessa forma, esse trabalho tem como proposta revisar a aparência

ultrassonográfica e as medidas intraoculares normais em diferentes espécies, além do estudo

da conformação craniana, para demonstrar a relação entre a biometria ocular e do crânio.

Adicionalmente, serão estudados os parâmetros oftalmológicos e a craniometria de bovinos da

raça Jersey para a análise do desenvolvimento normal do olho e do crânio nas fases juvenil e

adulta.

Page 19: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

3

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Características anatômicas do olho de mamíferos

Os olhos são órgãos sensitivos complexos cuja função primária é receber e

focalizar a luz sobre a retina fotossensível15

. São protegidos por uma estrutura óssea, muscular

e cutânea e são compostos por três túnicas, a fibrosa, túnica mais externa, que compreende a

córnea e a esclera, a túnica vascular ou úvea, formada pela íris, corpo ciliar e coroide e a

túnica interna ou nervosa, constituída pela retina e disco óptico16

(Figura 1).

A c rnea dos mamíferos não primatas é uma estrutura transparente não

pigmentada e avascular que possui de quatro a cinco camadas, dependendo da espécie, o

epitélio anterior e sua membrana basal, a camada de Bowman’s (raramente presente), o

estroma, a membrana de Descemet e o endotélio16,17

. Possui forma elíptica e diâmetro

horizontal maior que o vertical, sendo pequena a diferença entre esses diâmetros em cães e

gatos. Nesses animais, a espessura da córnea é desuniforme, sendo mais fina em região central

no cão e, no felino, tem menor espessura ao longo do quadrante superior nasal16

. A esclera é a

porção branca do olho, composta por fibras colágenas e elásticas e é pobremente

vascularizada. Entre a córnea e a esclera existe uma zona de transição chamada limbo15

.

A ris é constitu da por uma rede de vasos sangu neos tecido conjuntivo fibras

musculares e nervos. Sua função é o controle da passagem da luz pelo espaço pupilar16.

Animais herbívoros como equinos e bovinos, possuem os grânulos iridais ou corpora nigra,

uma extensão proliferativa e vascularizada do estroma irídico e do epitélio pigmentar. A

corpora nigra está presente ao longo da borda da pupila e tem a função de aumentar a eficácia

da constrição pupilar18,19

.

O corpo ciliar é uma estrutura caudal à íris, formada por um espessamento da

túnica vascular que possui processos ciliares que dão sustentação e possibilitam a

acomodação da lente. A estrutura também é responsável pela produção de humor aquoso,

presente nas câmaras anterior e posterior do olho, entre córnea, íris e lente17

. A coroide é uma

camada intermediária compreendida entre a esclera e a retina, localizada na parte posterior da

túnica vascular, sendo altamente vascularizada e possuindo múltiplas camadas17

.

A lente é uma estrutura biconvexa formada por lâminas celulares concêntricas

composta por conteúdo lenticular. Localiza-se entre a câmara posterior e câmara vítrea15

. O

diâmetro da lente é bastante variável, sendo proporcionalmente maior em animais quando

Page 20: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

4

comparados aos seres humanos16

. O humor vítreo é um gel pouco celular que preenche a

câmara vítrea.

A retina possui formato côncavo e reveste a coroide, inicia-se na ora ciliares

retinae e termina no local de penetração do nervo óptico, sendo constituída por dez camadas

de células nervosas10

. O disco óptico é uma estrutura formada pela confluência das fibras

nervosas da retina e tem formato e tamanho variado15

. As estruturas anatômicas do olho,

citadas nesta revisão, podem ser visualizadas pela ultrassonografia ocular em modo B12

.

FIGURA 1 - Diagrama das estruturas que compõem o olho do mamífero: córnea, câmara

anterior preenchida pelo humor aquoso, íris, corpo ciliar, lente, câmara vítrea

preenchida por humor vítreo, esclera, coroide, retina, disco óptico e nervo óptico.

Fonte: Adaptado de http://www.glaucoma.org/glaucoma/anatomy-of-the-

eye.php20.

2.2. Ultrassonografia ocular

A ultrassonografia em modo B é usada rotineiramente como diagnóstico

complementar de doenças oftálmicas em seres humanos e têm se tornado cada vez mais

importante na medicina veterinária21,22

. O exame possibilita a visualização das estruturas

internas do olho mesmo com a perda de transparência de meios ópticos, fator que restringe a

realização do exame clínico oftalmológico2,4-6,23

. É um procedimento rápido, pouco invasivo,

de baixo custo e que não necessita de sedação prévia para sua realização, exceto em algumas

espécies de animais silvestres em que a contenção química é indispensável24

.

Page 21: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

5

Exames ultrassonográficos oculares já foram descritos em seres humanos11,25,26

,

cães3,5,10,14,27,28

, gatos4,8,23

, cabras12

, bovinos1, bubalinos

7,29, equinos

18,30,31, asininos

6, coelhos

2,

elefantes asiáticos (Elephas maximus)32

, furões (Mustela putorius furo)9, capivaras

(Hydrochaeris hydrochaeris)33

e corujas (Megascops asio)24

.

Em todas as espécies são avaliados a córnea, as câmaras anterior e posterior, íris,

corpo ciliar, lente, câmara vítrea, parede posterior, nervo óptico e espaço orbitário. No

entanto, para maior qualidade de avaliação é essencial a utilização de aparelhos modernos que

possuem transdutores com frequências específicas e técnicas adequadas de realização do

exame para a identificação das estruturas mais superficiais2,12

.

A utilização de transdutores lineares com frequências entre 10MHz e 20MHz é

indicada, pois promovem menor penetração tecidual, conferindo imagens das estruturas

superficiais do olho em alta qualidade2,5,6,10,12,25,30

(Figura 2A).

Frequências menores que 10MHz impedem a avaliação da córnea e da

profundidade da câmara anterior, proporcionando menor acurácia das medidas do olho1. A

frequência de 8MHz foi empregada para realização da biometria ocular3, porém, a definição

de imagem não evidenciou as estruturas superficiais (Figura 2B). Estudos em cães

empregando altas frequências (50MHz) permitiram a obtenção de imagens com qualidade

microscópica para a avaliação do segmento anterior do olho, sendo denominado

biomicroscopia ultrassônica34

(Figura 2C).

FIGURA 2 – Ultrassonografia do olho de cães com transdutores de frequências de 18MHz (A),

7,5MHz (B) e 50MHz (C). A - Evidenciação das estruturas intraoculares (entre

cursores). B - Visualização pouco definida das estruturas superficiais do olho (entre

cursores). C - Distância da membrana de Descemet e camada endotelial da córnea à

cápsula anterior lenticular (seta).

Fonte: A- Setor de Diagnóstico por Imagem HV/EVZ/UFG; B- Squarzoni3; C- Galego

et al.34

.

Page 22: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

6

2.2.1 Particularidades do exame ultrassonográfico ocular

Para a avaliação adequada do olho é essencial que o examinador tenha

conhecimento da técnica ultrassonográfica a ser empregada e dos cortes de varredura a serem

realizados4. Primeiramente, o animal deve estar bem contido . Pequenos animais como cães

10,

gatos8 e coelhos

2 podem ser contidos manualmente e posicionados em decúbito esternal com

o rosto de frente ao examinador. Estudos em animais de grande porte como bovinos1,

bubalinos7 equinos

30 e elefantes asiáticos

32 foram realizados apenas com contenção física.

Porém, alguns animais silvestres como furões9, capivaras

33 e corujas

24 necessitaram de

contenção química.

O posicionamento do transdutor define a técnica ultrassonográfica a ser

empregada, podendo ser transcorneal ou transpalpebral. A técnica de eleição para

ultrassonografia ocular é a transcorneal, na qual o transdutor é posicionado sobre a superfície

da córnea após a dessensibilização com colírio anestésico. Esse método possibilita melhor

visualização das câmaras intraoculares e formação de imagens nítidas do olho29,31

(Figura

3A). Porém, existe possibilidade de dano corneal, o qual pode ser evitado por realização

rápida e delicada do exame. Para evitar irritações ou infecções oculares, é preconizado o uso

de gel acústico estéril como meio de contato entre a córnea e o transdutor, promovendo uma

camada de separação entre os dois24

. Por fim, deve ser realizada a limpeza do olho com

solução fisiológica estéril após o término do exame3.

A técnica transpalpebral é utilizada em casos de complicações no pós-operatório

de cirurgias oftálmicas, para menores danos à superfície ocular2 (Figura 3B). Porém, em

animais, o ar presente entre a superfície de contato dos pelos das pálpebras e o transdutor

favorece o surgimento de artefatos de imagem, como reverberação externa. Para minimizar é

necessário que se faça a tricotomia regional e uso de gel acústico. A limpeza após o exame

com solução fisiológica e papel absorvente é imprescindível31

.

Page 23: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

7

FIGURA 3 - Posicionamento do transdutor em exames ultrassonográficos do olho de um equino. A -

Técnica transcorneal aplicando-se o transdutor sobre a superfície da córnea. B - Técnica

transpalpebral aplicando-se o transdutor sobre as pálpebras fechadas.

Fonte: Arquivo pessoal.

O emprego de diferentes cortes de varredura no olho é necessário para obtenção

do máximo de informações. A marcação do transdutor referente à região dorsal e medial

(nasal) deve ser identificada pelo examinador para a realização exata dos planos de cortes e

identificação da topografia de possíveis alterações31

. A avaliação ampla é realizada fazendo-

se uma analogia com a forma de um relógio, assim todas as regiões oculares poderão ser

visualizadas3.

Cortes axiais são realizados com a centralização do transdutor na superfície

corneana, sendo que o corte axial horizontal aponta a marcação para as nove horas, no olho

esquerdo e as três horas, no olho direito (Figura 4A). O corte axial vertical é realizado com a

marcação do transdutor apontada para as 12 horas, em ambos os olhos (Figura 4B). Esses

cortes possibilitam a identificação de todas as estruturas oculares, como córnea, câmaras

anterior e posterior, lente, íris e corpo ciliar, câmara vítrea, parede posterior e nervo óptico, e

parte do espaço orbitário, além da realização da biometria ocular3.

Page 24: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

8

FIGURA 4 – Cortes axiais horizontais (AXH) (A e A’) e verticais (AXV) (B e B’) do

olho de um bovino. A - Posicionamento do transdutor em AXH

evidenciando marcação voltada para região nasal (seta). A’ - Imagem

ultrassonográfica obtida neste corte. B - Posicionamento do transdutor em

AXV evidenciando marcação voltada para região dorsal (seta). B’ -

Imagem ultrassonográfica identificada neste corte. Frequência de 12MHz.

Fonte: Setor de Diagnóstico por Imagem HV/EVZ/UFG.

Cortes transversais e oblíquos são importantes para a identificação e delineamento

de alterações, sendo realizados para a avaliação da câmara vítrea, parede posterior e espaço

orbitário, incluindo regiões periorbital e retro-orbital. Para a realização do corte transversal, o

transdutor é posicionado paralelamente ao limbo do olho e os feixes apontados para às três

horas, seis horas, nove horas e 12 horas, sempre com a marcação em região dorsal (três e nove

horas) e medial (seis e 12 horas)35

(Figura 5). Os cortes de varredura realizados no espaço

orbitário identificam a integridade dos músculos retrobulbares, além de estruturas como as

glândulas lacrimal e zigomática3.

Após saber sobre o equipamento, frequência do transdutor e planos de cortes, o

examinador deve avaliar a aparência ultrassonográfica do olho. O conhecimento detalhado da

anatomia ultrassonográfica do órgão é essencial para a identificação e caracterização de

alterações3.

Page 25: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

9

FIGURA 5 – Corte transversal do olho de um bovino. A - Posicionamento do transdutor no

limbo do olho evidenciando marcação voltada para a região dorsal (seta

vermelha). B - Imagem ultrassonográfica transversal evidenciando a câmara

vítrea (CV) e parede posterior (seta branca). Frequência de 12MHz.

Fonte: Setor de Diagnóstico por Imagem HV/EVZ/UFG.

2.2.2 Anatomia ultrassonográfica

A anatomia ultrassonográfica do olho de mamíferos e aves são bastante similares,

porém existem particularidades de cada espécie7,8

. Dessa forma é necessário a padronização

da aparência ultrassonográfica ocular normal para a identificação da integridade do órgão e,

em caso de enfermidades, a identificação das alterações de ecogenicidade, tamanho, forma e

posição do olho para que assim se alcance o diagnóstico preciso1,3,12,29

.

A aparência ultrassonográfica da córnea baseia-se em duas linhas hiperecoicas,

sendo a primeira correspondente ao epitélio e a segunda, à membrana de Descemet e camada

endotelial, separadas por uma camada anecoica que corresponde ao estroma corneano8.

Posterior à córnea encontram-se as câmaras anterior e posterior com aparência anecoica

(Figura 6).

A lente é caracterizada por duas interfaces hiperecoicas curvilíneas: a cápsula

anterior, de formato convexo e a cápsula posterior, de formato côncavo, separadas por

conteúdo lenticular anecoico2,29

. A imagem ultrassonográfica das cápsulas lenticulares inteiras

é difícil de ser obtida, pois suas superfícies curvilíneas causam perda dos ecos periféricos,

devido à refração e reflexão das ondas sonoras3.

A íris é identificada superficial à cápsula lenticular anterior, nos dois polos, de

ecogenicidade moderada. Adjacente a ela é visualizado o corpo ciliar, de ecotextura

Page 26: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

10

hiperecoica, simetricamente posicionado em cada um dos polos da lente. Em condições

normais, a íris, corpo ciliar e câmara posterior são difíceis de serem diferenciados3.

Posterior à lente encontra-se a câmara vítrea, de ecogenicidade anecoica e

homogênea, como a câmara anterior e o conteúdo lenticular. Ao final da câmara vítrea,

visualiza-se a parede posterior ocular formada por uma camada curvilínea, lisa, fina e

hiperecoica, correspondente à retina, coroide e esclera. Em casos de normalidade, as três

camadas não são diferenciadas pela ultrassonografia, pois possuem íntima união1,12

. Por fim, o

nervo óptico é identificado como uma estrutura em formato de funil, de ecogenicidade

hipoecoica à anecoica, localizado posteriormente e circundado por tecido orbitário de

ecogenicidades variadas7.

FIGURA 6 – Ultrassonografia em corte axial horizontal do olho

esquerdo de um coelho. Camadas hiperecoicas da

córnea (seta sólida), câmara anterior, lente e câmara

vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e

posterior da lente vistas como linhas curvilíneas com

perda dos ecos periféricos (setas traçadas), íris e corpo

ciliar hiperecoicas (asteriscos), parede posterior

hiperecoica (seta larga) e nervo óptico hipoecogênico

(NO) circundado pelos tecidos orbitários de

ecogenicidades variadas (TA). Frequência de 18MHz.

Fonte: Setor de Diagnóstico por Imagem HV/EVZ/UFG.

Page 27: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

11

As diferenças anatômicas das estruturas oculares, entre espécies, identificadas

pelo exame ultrassonográfico são visualizadas na íris. A estrutura possui espessura fina e

ecogenicidade moderada em seres humanos25

e cães5. Em equinos

18,31, asininos

6, bovinos

1 e

bubalinos29

a íris tem maior espessura e irregularidade, estando presente a corpora nigra,

identificada no exame ultrassonográfico como uma projeção hiperecoica da íris sobre a

câmara anterior, sendo mais proeminente em alguns indivíduos18,31

(Figura 7, A, B e C).

FIGURA 7 – Ultrassonografia em corte axial horizontal do olho de um cão (A), bovino (B) e equino

(C). A - Visualização da íris de espessura fina e ecogenicidade moderada juntamente

com o corpo ciliar (seta). B - Íris com maior espessura e irregularidade (seta). C –

Identificação da corpora nigra hiperecoica (seta). Frequências de 18MHz (A) e 12MHz

(B e C).

Fonte: Setor de Diagnóstico por Imagem HV/EVZ/UFG.

Após a avaliação da ecogenicidade, forma e posição das estruturas do olho e

espaço orbitário, as câmaras intraoculares são mensuradas para identificação do tamanho e

avaliação completa do órgão. Ressalta-se que a biometria ocular é realizada a partir das

imagens obidas com os cortes axiais3.

2.2.3 Biometria ocular

A biometria ocular é o estudo das medidas das estruturas oculares para

identificação de enfermidades congênitas e adquiridas como anoftalmia, microftalmia,

macroftalmia, pseudoexoftalmia, phthisis bulbi, ectasia escleral, glaucoma, estafiloma e

coloboma7,9,14

, que cursam com alteração de tamanho das câmaras, e auxílio em

procedimentos cirúrgicos oftálmicos e reconstruções de próteses oculares1,2,4,11,12,22

.

Page 28: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

12

A avaliação pré-operatória do olho pela ultrassonografia é considerada técnica

indispensável em cirurgias de catarata, pois é por meio desta que descarta-se alterações que

impedem o procedimento cirúrgico, como descolamentos de retina4. Ademais, são

estabelecidas as medidas das câmaras intraoculares para realização do poder dióptrico da lente

a ser implantada na facectomia e posterior monitoração do paciente com complicações no

pós-operatório12,22

.

Após a obtenção da imagem ultrassonográfica em corte axial são realizadas as

medidas das câmaras intraoculares alinhando-se os ecos da córnea, cápsulas anterior e

posterior da lente com o eco da parede posterior3,7,8

(Figura 8). O comprimento axial, a

espessura da córnea, câmara anterior, lente, e câmara vítrea são compreendidos da seguinte

forma: comprimento axial (CAx) - distância da camada epitelial da córnea à parede posterior

do olho; profundidade da câmara anterior - distância da membrana de Descemet e camada

endotelial corneanas à cápsula lenticular anterior; espessura da lente - distância entre a

cápsula lenticular anterior e posterior; profundidade da câmara vítrea - distância entre a

cápsula lenticular posterior e a parede posterior do fundo ocular.

FIGURA 8 – Ultrassonografia em corte axial horizontal do olho

direito de um equino. Medidas do comprimento axial

(1), profundidade da câmara anterior (2), espessura da

lente (3) e profundidade da câmara vítrea (4).

Frequência de 12 MHz. Fonte: Setor de Diagnóstico por Imagem HV/EVZ/UFG.

Page 29: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

13

Apesar da grande semelhança na anatomia e aparência ultrassonográfica, as

medidas dos olhos de cães3,10,14,27

, gatos4,8,23

, cabras12

, bovinos1, bubalinos

7,29, equinos

30

asininos6, coelhos

2, elefantes

32, furões

9, capivaras

33 e corujas

24 variam muito entre as espécies

(Figura 9, A, B, C, D, E e F).

FIGURA 9 – Ultrassonografia em modo B do olho de diferentes espécies de animais.

Biometria ocular de cão (A), gato (B), coelho (C), bovino (D), bubalino (E) e

equino (F), empregando transdutores de frequências selecionadas em 18MHz

(A, B e C) e 12 MHz (D, E e F). Identificação de medidas do comprimento

axial (D1: A, B e C; e 1L: D, E e F), profundidade da câmara anterior (D2:

A, B e C; e 2L: D, E e F), espessura da lente (D3: A, B e C; e 3L: D, E e F) e

profundidade da câmara vítrea (D4: A, B e C; e 4L: D, E e F).

Fonte: Setor de Diagnóstico por Imagem HV/EVZ/UFG.

A padronização de valores normais para as medidas oculares em mamíferos e aves

é dificultada pela diversificação do tamanho do olho nas espécies e raças. Sendo assim, foram

realizados estudos de padronização de biometria ocular em raças específicas de cães3,10,28

,

gatos8, cabras

12, bovinos

1, coelhos

2, algumas espécies silvestres

9,33 e os resultados estão

dispostos na Tabela 1.

Page 30: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

14

Animais adultos foram avaliados em diversos estudos quanto à biometria ocular.

A média do CAx em cães de raça cruzada foi de 19,52mm27

, enquanto que em cães da raça

Cavalier King Charlies Spaniel (CKCS) foi de 17,95mm3. Felinos de raça cruzada obtiveram

uma média do CAx de 18,61mm23

e, em felinos da raça Persa o CAx médio do olho foi de

20,7mm8.

Comparando-se com medidas do olho de bovinos, a média do CAx de vacas

Holandesas foi de 34,6mm, significativamente maior que o valores de vacas Jersey com

média de 32,7mm1. Em coelhos, os valores encontrados foram cerca de 17,12mm

2, em

corujas, 20,3mm24

e as medidas em furões foram as menores encontradas, sendo

aproximadamente 7mm9.

A biometria ocular também foi comparada entre raças de diferentes conformações

cranianas, sendo encontrados estudos em duas raças bovinas1, cães

5,14 e felinos

4. Diante disso,

observou-se que o CAx e a profundidade das câmaras intraoculares correlacionam-se

basicamente com o formato do crânio.

2.3. Conformação craniana

Pesquisas relatam que existe correlação entre o tamanho do crânio e as medidas

do olho, como também se relacionam com desempenho e visão desses indivíduos3-5,14,36,37

. O

estudo da conformação craniana de diferentes espécies tem sido realizado para determinar

valores de padronização comparativos entre raças e o conhecimento da morfologia craniana,

bem como sua implicação em diversos fatores, como o comportamento36,37-39

.

A morfometria craniana foi realizada em várias espécies domésticas, como

caninos3,14,36

, felinos4, equinos

38 e bovinos

39, comparando-se principalmente, o índice cefálico

de diferentes raças. A obtenção desse índice ocorre pela relação da largura do crânio

mensurada entre os ápices dos arcos zigomáticos com o comprimento craniano medindo a

crista nucal até a extremidade rostral da sutura interincisiva ou a soma da distância fronto-

occipital com a fronto-nasal (fórmula: largura do crânio/comprimento do crânio x 100)3,36

(Figura 10, A, B e C). Outros estudos utilizam a relação entre os diâmetros fronto-occipital e

bizigomático4,14

.

Page 31: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

15

TABELA 1 – Comparação in vivo da biometria ocular por ultrassonografia em modo B em corte axial horizontal de diferentes espécies e raças.

Espécie Raça/Espécie

silvestre

Idade

(meses) CAx (mm) CA (mm) EL (mm) CV (mm)

Transdutor e

frequência empregados Autores

CÃES

CKCS 18 17,55 ± 0,39 2,10 ± 0,34 6,70 ± 0,20 8,80 ± 0,29 Microconvexo 8MHz Squarzoni3

CSI + de 96 20,14 ± 1,09 3,49 ± 1,10 7,17 ± 0,46 9,48 ± 0,71 Linear 10MHz Silva et al.28

Terrier Brasileiro 19,2 18,73 ± 0,66 3,49 ± 0,33 6,52 ± 0,28 8,71 ± 0,39

Linear 20MHz Guimarães10

Beagle 15,6 19,70 ± 0,91 4,26 ± 0,50 6,40 ±0,61 9,06 ± 0,74

GATOS

Persa 13 a 72 20,70 ± 1,00 4,10 ± 0,70 7,70 ± 0,50 8,20 ± 0,40 Linear 8MHz Mirshahi et al.8

Raça cruzada 67 a 86 19,22 ± 0,84 3,65 ± 0,43 7,63 ± 0,60 7,78 ± 0,60 Microlinear 9MHz Ferreira et al.4

CABRAS Saanen 18 24,37 ± 1,16 3,28 ± 0,42 8,65 ± 0,61 12,03 ± 0,83 Linear 20MHz Ribeiro et al.12

BOVINOS

Holandesa 61 34,60 ± 0,90 3,30 ± 0,50 13,50 ± 0,80 14,60 ± 0,90

Linear 10MHz Potter et al.1

Jersey 64 32,70 ± 1,90 3,60 ± 0,70 12,40 ± 0,40 16,20 ± 0,40

BUBALINOS - 50 32,94 ± 0,37 2,89 ± 0,15 11,33 ± 0,52 16,73 ± 0,40 Linear 6-8MHz Assadnassab e

Fartashvand7

ASININOS - 24 a 228 34,59 ± 1,50 2,58 ± 0,58 11,78 ± 0,83 20,53 ± 1,67 Convexo 13MHz Laus et al.6

COELHOS NZW 10 17,12 ± 0,41 2,70 ± 0,22 7,32 ± 0,40 7,10 ± 0,45 Linear 20MHz Toni et al.2

CAPIVARAS Hydrochaeris

hydrochaeris 12 a 48 22,20 ± 1,71 4,60 ± 1,35 7,41 ± 0,70 10,13 ± 0,88 Linear 7,5MHz

Montiani-Ferreira

et al.33

FURÕES Mustela putorius

furo + de 12 7,00 ± 0,24 1,31 ± 0,16 3,42 ± 0,15 2,26 ± 0,11 Linear 10MHz

Hernández-Guerra

et al.9

CKCS: Cavalier King Charlies Spaniel; CSI: Cocker Spaniel Inglês; NZW: New Zealand White; CAx: Comprimento axial; CA: Profundidade da câmara

anterior; EL: espessura da lente; CV: Profundidade da câmara vítrea.

Page 32: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

16

FIGURA 10 – Ilustração fotográfica da execução de medidas do crânio de um cão da raça Cavalier

King Charlies Spaniel. A - Distância bizigomática. B - Distância fronto-occipital.

C - Distância fronto-nasal.

Fonte: Squarzoni3.

Em cães, a grande variação no formato e tamanho do crânio é baseada na raça, na

idade e na conformação do indivíduo. Nesses animais, os termos correspondentes aos crânios

de formas diferentes são baseados no índice cefálico, sendo os braquicefálicos, com índice

cefálico alto (aproximadamente 90), mesocefálicos, com índice médio (aproximadamente 70)

e os dolicocefálicos, com baixo índice cefálico (aproximadamente 50)3,40,41

(Figura 11).

FIGURA 11 – Formato do crânio em vista dorsal, lateral e rostral de cão

braquicefálico (primeira fileira), lobo (segunda fileira) e cão

dolicocefálico (terceira fileira). Cães braquicefálicos com

regiãofronto-nasal curta (ros), arcos zigomáticos largos (za) e

região fronto-occipital arredondada (nc). Cães dolicocefálicos

com região fronto-nasal larga, arcos zigomáticos reduzidos e

inclinação da região nasal em relação à região fronto-occipital.

Fonte: Schoenebeck e Ostrander41

.

Page 33: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

17

Em felinos, as denominações são semelhantes a caninos, sendo que a raça Persa

representada pelo padrão anatômico do braquicefálico, com o comprimento do crânio largo e

curto4. Em grandes animais, pesquisas realizadas em crânios de equinos e bovinos post-

mortem definiram-se inúmeras medições e obtenções de índices, dentre eles o índice cefálico,

para a padronização em diferentes raças38,39

(Figura 12, A e B). Os valores obtidos nos

estudos permitem comparações entre as raças de diferentes regiões geográficas como também

podem ser utilizados como valores de referências para futuras pesquisas baseadas em

morfologia craniana de animais in vivo e materiais ósseos e no dimorfismo sexual38,39

.

FIGURA 12 – Mensurações do crânio de um equino em vista lateral (A) e em vista dorsal (B). A -

Medidas de comprimento do crânio (skull lenght), subdividido em comprimento cranial

(cranial skull) e comprimento nasal (nasal skull), e profundidade mandibular

(mandibular depth). B - Medidas de largura do crânio (zygomatic width) e largura

máxima do neurocrânio (neurocranium width).

Fonte: Evans e McGreevy38

.

Page 34: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

18

Os parâmetros morfométricos do crânio de seres humanos, cães, bovinos e

equinos adultos estão dispostos na Tabela 2.

TABELA 2 - Comparação das medidas de comprimento e largura do crânio de diferentes espécies e

raças.

Espécie Raça Idade

(anos) Medidas do crânio Autores

SERES HUMANOS Comprimento (mm) Largura (mm)

HOMEM - 26,4 195,2 ± 0,99 153,0 ± 0,73 Larsen

11

MULHER - 24,7 186,7 ± 0,55 150,9 ± 0,56

CÃES CKCS 1,5 103,0 ± 0,72 145,0 ± 1,35 Squarzoni3

BOVINOS BP + de 2,5 170,40 ± 2,04 227,90 ± 1,24 Parés42

EQUINOS Variadas* 3 a 26 263,1 ± 21,27 163,7 ± 14,20 Evans e

McGreevy38

CKCS: Cavalier King Charlies Spaniel; BP: Bruna dos Pirineus;

*Raças equinas: Puro-Sangue Inglês, Standardbred, Pôneis, Árabes, Anglo-Árabe, Quarto de Milha,

Warmblood e Appaloosa.

A morfometria craniana pode influenciar sobre o funcionamento do cérebro e

comportamento do cão, sendo que a redução no comprimento do crânio correlaciona-se com

uma redução no tamanho do lobo olfativo40

. Ainda assim, é relatado que existe uma

correlação da conformação craniana com o formato da órbita. O menor comprimento craniano

e a maior largura do arco zigomático em cães braquicefálicos influenciam na conformação das

órbitas, sendo relativamente grandes, porém rasas41

. A relação existente entre o tamanho do

olho e as medidas do crânio foi analisada em outros estudos3-5,14,36,37

.

2.4. Relação da biometria ocular e morfometria craniana

A morfometria craniana promove informações adicionais sobre a biometria

ocular, sendo importante em casos de cirurgias oftálmicas como enucleações e má formações

congênitas bilaterais para confecção de próteses oculares14

. O auxílio no diagnóstico precoce

de enfermidades oculares também pode ser possível com a definição dos parâmetros

morfométricos do olho e do crânio de animais de determinadas raças, além de possibilitar a

monitoração de tais enfermidades4. Ainda assim, estudos com animais de experimentação são

realizados para desenvolvimento em pesquisas na oftalmologia humana e veterinária2.

Page 35: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

19

A relação da biometria ocular e a conformação craniana foi primeiramente,

analisada em seres humanos e identificou-se forte correlação entre o CAx do olho e o

diâmetro, largura e comprimento cranianos11

.

Cães de raça cruzada e não braquicefálicos foram avaliados quanto às medidas do

olho e crânio verificando que a profundidade da câmara anterior e vítrea e o CAx do olho são

influenciados pelo diâmetro bizigomático e distância fronto-occipital14

. Nessa espécie, os cães

dolicocefálicos possuem maior CAx, comparado com os mesocefálicos5.

Em felinos, o estudo comparando raças braquicefálicas com raças cruzadas não

braquicefálicas demonstrou que a câmara anterior está correlacionada com o comprimento do

crânio, de modo que quanto mais longo o crânio dos felinos, maior a profundidade da câmara

anterior. Concluíram ainda que, quanto maior a largura do crânio destes animais, maior as

medidas de câmara vítrea e CAx4. Portanto, finda-se que existe uma forte relação entre as

medidas do olho e formatos de crânios diferentes em seres humanos e em outros

animais5,11,14,36

.

Um estudo foi realizado em cães avaliando o tamanho do crânio com o

comprimento do raio ocular e correlacionando as medidas com a distribuição das células

ganglionares da retina, uma das responsáveis pela visão. Os cães braquicefálicos possuem

uma distribuição central de células ganglionares gigantes na retina. Tal arranjo correlaciona-

se com a área retiniana responsável por maior acuidade visual, sugerindo que cães com índice

cefálico alto podem responder mais à estímulos visuais olhando com foco para frente. Já os

cães dolicocefálicos não possuem essa centralização de células ganglionares na retina, sendo

mais facilmente perturbados por estímulos visuais no campo periférico36

.

A diferença na morfologia celular da retina em cães com tamanhos de olhos e

conformações cranianas variadas, relaciona-se com o desempenho do animal37

, fatores que

podem ocorrer em outras espécies ainda não estudadas. O conhecimento da relação das

medidas do olho com o crânio em diferentes espécies e raças, forneceram informações

relevantes sobre a visão nos animais37

.

Além disso, visando a diversificação racial da espécie canina e sua importância

como modelo experimental para pesquisas em seres humanos, como também a evolução da

área de oftalmologia veterinária e o aumento do número de cirurgias oftálmicas, tornam-se

importantes os dados das medidas oculares e cranianas em diferentes raças caninas5.

Percebe-se com esta revisão bibliográfica que ainda são escassas as pesquisas

referentes à ultrassonografia e biometria ocular correlacionadas com a morfometria craniana

Page 36: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

20

nas diferentes espécies. Acredita-se que mais estudos, considerando diferentes espécies e

raças auxiliarão na identificação de relação entre as medidas e na padronização destas para

pesquisas futuras em animais e seres humanos.

Dessa forma, visando contribuir com pesquisas nestas áreas, a segunda parte desta

dissertação refere-se às medidas oculares e cranianas de bovinos da raça Jersey em diferentes

faixas etárias. Os animais foram escolhidos pela homogeneidade fenotípica, além de serem

considerados animais notáveis para produção de leite, conversão alimentar, precocidade,

longevidade e adaptação.

Durante a fase experimental foram realizados a biometria ocular e os parâmetros

morfométricos do crânio de bovinos durante a fase juvenil até a idade adulta, separados por

grupos de diferentes faixas etárias, para análise da curva de crescimento ocular e cranianos,

além da demonstração da correlação entre o tamanho do olho e do crânio e os resultados serão

apresentados no Capítulo 2 desta dissertação.

Page 37: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

21

REFERÊNCIAS

1. Potter TJ, Hallowell GD, Bowen IM. Ultrasonographic anatomy of the bovine eye. Vet

Radiol Ultrasound. 2008;49(2):172-5.

2. Toni MC, Meirelles AÉWB, Gava FN, Camacho AA, Laus JL, Canola JC. Rabbits’ eye

globe sonographic biometry. Vet Ophthalmol. 2010;13(6):384-6.

3. Squarzoni R. Biometria ocular e sua relação com sexo, idade, tamanho e peso em cães da

raça Cavalier King Charles Spaniel. [Tese]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2011.

4. Ferreira MA, Allemann N, Dias LGGG, Honsho CdS. Relation between opfthalmic

ultrasound biometry and the morphometric parameters of the skull, age, weight and gender

in domestic cats. Pesqui Vet Bras. 2014;34(2):192-8.

5. Toni MC, Meirelles AÉWB, Laus JL, Canola JC. Ophthalmic ultrasound of dogs with

different skull conformations. Rev Bras Cienc Agr. 2013;8(2):331-5.

6. Laus F, Paggi E, Faillace V, Marchegiani A, Spaziante D, Certella M, Tesei B.

Ultrasonographic biometry and relationship with gender, age and weight in healthy donkeys.

J Anim Vet Adv. 2013;12(7):803-6.

7. Assadnassab G, Fartashvand M. Ultrasonographic evaluation of buffalo eyes. Turk J Vet

Anim Sci. 2013;37(4):395-8.

8. Mirshahi A, Shafigh SH, Azizzadeh M. Ultrasonographic biometry of the normal eye of the

Persian cat. Aust Vet J. 2014;92(7):246-9.

9. Hernández‐Guerra AM, Rodilla V, López‐Murcia MM. Ocular biometry in the adult

anesthetized ferret (Mustela putorius furo). Vet Ophthalmol. 2007;10(1):50-2.

10. Guimarães PJ. Padronização e comparação dos valores ecobiométricos e eletrorretinográficos

em cães hígidos das raças Terrier Brasileiro e Beagle [Dissertação]. São Paulo: Universidade

Estadual Paulista; 2011.

11. Larsen JS. Axial length of the emmetropic eye and its relation to the head size. Acta

Ophthalmol. 1979;57(1):76-83.

12. Ribeiro AP, Silva ML, Rosa JP, Souza SF, Teixeira IAMA, Laus JL. Ultrasonographic and

echobiometric findings in the eyes of Saanen goats of different ages. Vet Ophthalmol.

2009;12(5):313-7.

13. El-Maghraby HM, Nyland TG, Bellhorn RW. Ultrasonographic and biometric evaluation of

sheep and cattle eyes. Vet Radiol Ultrasound. 1995;36(2):148-151.

14. Beserra PS, Sales GA, Santana EJM, Miranda SA, Brito AB, Nickolak E, Domingues SFS.

Relação entre a biometria ultra-sonográfica em modo B do bulbo ocular e os diâmetros

fronto occiptal e bizigomático em Canis familiaris. Pesqui Vet Bras. 2009;29(4):286-90.

Page 38: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

22

15. Leite AGB, Oliveira D, Baraldi-Artoni SM. Morphology of ocular system of domestic

animals. Ars Veterinária. 2013;29(1):42-51.

16. Samuelson DA. Ophthalmic Anatomy. In: Gelatt, KN, Gilger BC, Kern TJ, editors. Vet

Ophthalmol. 2. 5th ed. Iowa: Wiley-Blackwell; 2013. p. 39-154.

17. Cunha OD. Manual de Oftalmologia Veterinária. Palotina: UFPR. 2008. p. 1-12.

18. Whitcomb MB. How to diagnose ocular abnormalities with ultrasound. In: Annual

Convention of the AAEP, 48th. 2002; Orlando, Estados Unidos. 2002;48:272-5.

19. Townsend WM. Examination techniques and therapeutic regimens for the ruminant and

camelid eye. Vet Clin North Am Food Anim Pract. 2010;26(3):437-58.

20. Eye anatomy. São Francisco: Glaucoma research foundation online, 2016. Apresenta

informações sobre medicina oftalmológica, com ênfase em glaucoma em humanos. [acesso

18 nov 2016]. Disponível em http://www.glaucoma.org/glaucoma/anatomy-of-the-eye.php.

21. Paunksnis A, Svaldeniene E, Paunksniene M, Babrauskiene V. Ultrasonographic evaluation

of the eye parameters in dogs of different age. Ultragarsas. 2001;39(2):1-4.

22. Meister U, Ohnesorge B, Körner D, Boevé MH. Evaluation of ultrasound velocity in

enucleated equine aqueous humor, lens and vitreous body. BMC Vet Res. 2014;10(1):250.

23. Gonçalves GF, Leme MC, Romagnolli P, Eurides D, Pippi NL. Biometria ultrassonográfica

bidimensional em tempo real de bulbo ocular de gatos domésticos. Cien Anim Bras.

2009;10(3):829-34.

24. Harris MC, Schorling JJ, Herring IP, Elvinger F, Bright PR, Pickett JP. Ophthalmic

examination findings in a colony of Screech owls (Megascops asio). Vet Ophthalmol.

2008;11(3):186-92.

25. Silva CT, Brockley CR, Crum A, Mandelstam A. Pediatric ocular sonography. Semin

Ultrasound CT MRI. 2011;32(1):14–27.

26. Lorente-Ramos RM, Armán JA, Muñoz-Hernández A, Gómez JMG, Torre SBdl. US of the

eye made easy: a comprehensive how-to review with ophthalmoscopic correlation.

RadioGraphics. 2012;32:175-200.

27. Tuntivanich N, Petersen‐Jones SM, Steibel JP, Johnson C, Forcier JQ. Postnatal

development of canine axial globe length measured by B‐scan ultrasonography. Vet

Ophthalmol. 2007;10(1):2-5.

28. Silva ML, Martins BC, Ribeiro AP, Souza ALGd, Laus JL. A- and B-modes echobiometry

in cataractous and noncataractous eyes of English Cocker Spaniel dogs. Arq Bras Med Vet

Zootec. 2010;62(5):1080-5.

29. Kassab A. Ultrasonographic and macroscopic anatomy of the enucleated eyes of the buffalo

(Bos bubalis) and the one-humped camel (Camelus dromedarius) of different ages. Anat

Histol Embryol. 2012;41(1):7-11.

Page 39: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

23

30. McMullen RJ, Gilger BC. Keratometry, biometry and prediction of intraocular lens power

in the equine eye. Vet Ophthalmol. 2006;9(5):357-60.

31. Scotty NC. Ocular ultrasonography in horses. Clin Tech Equine Pract. 2005;4(1):106–13.

32. Nunnery CM, Barrie KP, Wiedner EB, Gelatt-Nicholson KJ, Plummer CE, Brooks DE.

Ocular ultrasound findings in the Asian elephant, Elephas maximus. In: Annual Meeting of

American College of Veterinary Ophthalmologists, 39th; 2008; Boston, Estados Unidos.

Vet Ophthalmol. 2008;11(6):419.

33. Montiani‐Ferreira F, Truppel J, Tramontin MH, Vilani RGD'O, Lange RR. The capybara

eye: clincial tests, anatomic and biometric features. Vet Ophthalmol. 2008;11(6):386-94.

34. Galego MP, Safatle AMV, Otsuki D, Hvenegaard AP, Castanheira VR, Barros PSM.

Comparison of anterior ocular segment structures in healthy dogs, with diabetic or no

diabetic cataract, by ultrasound biomicroscopy. Pesqui Vet Bras. 2012;32(1):66-71.

35. Walsh A, Biancardi AL. Métodos e Técnicas de Exame. In: Abreu G, editors.

Ultrassonografia ocular: Atlas e Texto. 10. 4 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2015.

p. 79-86.

36. McGreevy P, Grassi TD, Harman AM. A strong correlation exists between the distribution

of retinal ganglion cells and nose length in the dog. Brain Behav Evol. 2004;63(1):13-22.

37. Gácsi M, McGreevy P, Kara E, Miklósi Á. Effects of selection for cooperation and

attention in dogs. Behav Brain Funct. 2009;5(1):31.

38. Evans KE, McGreevy PD. Conformation of the equine skull: A morphometric study. Anat

Histol Embryol. 2006;35(4):221-7.

39. Parés P-MC, Jordi VJ. Zoometric measurements of cephalic conformation in adult bovine

males and females (Bos taurus). Vet Zoot. 2008;43(65):73-7.

40. Georgevsky D, Carrasco JJ, Valenzuela M, McGreevy PD. Domestic dog skull diversity

across breeds, breed groupings, and genetic clusters. J Vet Behav. 2014.

41. Schoenebeck JJ, Ostrander EA. The genetics of canine skull shape variation. Genetics.

2013;193(2):317-25.

42. Parés P-MC. Medidas e índices cefálicos en la raza bovina "Bruna dels Pirineus". Rev Elect

Vet. 2006;VII(9):1-9.

Page 40: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

24

CAPÍTULO 2 – MANUSCRITO

Os resultados desta dissertação estão apresentados na forma de manuscrito

científico. A formatação deste capítulo está de acordo com as orientações da revista que será

encaminhado.

A realização deste estudo foi aprovada pela Comissão de Ética no Uso de

Animais da Universidade Federal de Goiás (CEUA/UFG), sob o nº 056/2016 (Anexo A).

Page 41: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

25

CAPÍTULO 2 – ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA

RAÇA JERSEY DE DIFERENTES FAIXAS ETÁRIAS

Manuscrito redigido de acordo com as normas da revista Veterinary

Ophthalmology (Anexo B).

Page 42: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

26

Resumo

Objetivo: Acompanhar o desenvolvimento do olho de bovinos da raça Jersey, por meio de

ultrassonografia em modo B e relacionar com a morfometria craniana.

Animais estudados: 48 bovinos hígidos da raça Jersey com idade entre 1 a 58 meses.

Procedimentos: Exames oftalmológicos foram realizados para identificação de bovinos

hígidos para compor os grupos: GI (1 a 11 meses), GII (16 a 24 meses) e GIII (25 a 58

meses). Os animais foram contidos fisicamente e examinados pela ultrassonografia

transcorneal de ambos os olhos, avaliando-se comprimento axial (CAx), espessura corneana

(CO) e lenticular (EL), profundidade da câmara anterior (CA) e vítrea (CV). As medidas

cranianas foram o comprimento total, cranial, nasal e largura, após calculou-se o índice

cefálico (IC).

Resultados: As medidas de CAx (GI: 2,83cm; GII: 3,16cm; GIII: 3,24cm), CA (GI: 0,44cm;

GII: 0,53cm; GIII: 0,53cm), EL (GI: 0,88cm; GII: 1,01cm; GIII: 1,04cm) e CV (GI: 1,44cm;

GII: 1,55cm; GIII: 1,59cm) aumentaram (P = < 0,001) conforme a idade, à exceção de CO

(GI: 0,07cm; GII: 0,08cm; GIII: 0,08cm) (P > 0,05). As medidas cranianas de comprimento

total (GI: 30,83cm; GII: 43,29cm; GIII: 44,15cm), cranial (GI: 18,11cm; GII: 23,82cm; GIII:

22,69cm), nasal (GI: 12,72cm; GII: 19,47cm; GIII: 21,46cm) e largura (GI: 26,22cm; GII:

33,82cm; GIII: 34,00cm) aumentaram (P < 0,001), e IC (GI: 85,66cm; GII: 78,15cm; GIII:

77,02cm) diminuiu (P < 0,001). O CAx correlacionou-se positivamente (P < 0,001) com o

comprimento e largura cranianos e, negativamente com o IC (P > 0,05).

Conclusões: A biometria ocular de bovinos da raça Jersey correlaciona-se com as medidas do

crânio nas diferentes idades. Com o aumento da idade, os olhos e o crânio crescem

estabelecendo curvas de crescimento semelhantes à de outros mamíferos.

Palavras-chave: olho, ultrassonografia, craniometria, crescimento, ruminante.

Page 43: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

27

INTRODUÇÃO

A oftalmologia em bovinos possui importância significativa frente às

enfermidades oculares que promovem perdas econômicas por meio de surtos, tais como a

ceratoconjuntivite infecciosa1. Além disso, outras doenças oculares como microftalmia,

carcinoma de células escamosas, luxação lenticular e catarata foram relatadas em ruminantes,

sendo enfermidades de ocorrência comum e que podem diagnosticadas a campo2.

Desse modo, estudos relacionados ao padrão de normalidade do órgão em

ruminantes são essenciais para o conhecimento e acompanhamento das afecções3,4

, bem

como o tratamento dessas enfermidades2. O exame oftálmico de rotina acompanhado pela

ultrassonografia em modo B tornou-se fundamental para a avaliação do olho, bem como para

a realização da biometria ocular em diferentes espécies, como cães5-10

, gatos11-13

, cabras14

,

bovinos1, bubalinos

15,16, equinos

17,18, asininos

19, coelhos

20, elefantes asiáticos

21, furões

22,

porquinhos-da-Índia23

, capivaras24

, corujas25,26

, pinguins27

e jacarés28

.

A biometria ocular, correlacionada com a craniometria, fornece informações

importantes em casos de cirurgias oftálmicas como enucleações e má formações congênitas

bilaterais, para confecção de próteses oculares5,11,12,29

. O auxílio no diagnóstico precoce de

enfermidades oculares também pode ser possível com a craniometria e ecobiometria de

diferentes raças, além de possibilitar a monitoração de enfermidades9. Além disso, estudos

com a espécie bovina são realizados para desenvolvimento em pesquisas oftalmológicas em

humanos e animais30

.

A aparência ultrassonográfica e a biometria ocular foram descritas apenas em

bovinos adultos das raças Jersey e Holandesa in vivo1

e em olhos extraídos de Angus31

.

Estudos na espécie bovina acompanhando o desenvolvimento do olho e do crânio nas fases

juvenil e adulta ainda não foram descritos. Desta forma, propõe-se com o presente estudo

Page 44: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

28

caracterizar as estruturas oculares por meio do exame ultrassonográfico, determinar os

valores de referência da biometria ocular e relacionar com parâmetros morfométricos do

crânio, gerando as curvas de crescimento oculares e cranianas de bovinos da raça Jersey de

diferentes idades.

MATERIAIS E MÉTODOS

O experimento ocorreu entre novembro de 2016 e fevereiro de 2017 em uma

propriedade rural no município de Anápolis, Goiás. O projeto foi aprovado pela Comissão de

Ética no uso de Animais (CEUA) da Universidade Federal de Goiás (UFG), protocolo

número 056/16 e o estudo foi conduzido de acordo com as diretrizes da Association for

Research in Vision and Ophthalmology (ARVO - National Institutes of Health, Publications

85–23, revised 1985).

Foram examinados 48 bovinos, fêmeas, da raça Jersey, sendo animais puros de

origem registrados, com idade variando entre um (1) mês a 58 meses. Após o exame clínico

propôs-se a distribuição dos animais hígidos em três grupos, considerando a faixa etária:

grupo I (1 a 11 meses), grupo II (16 a 24 meses) e grupo III (25 a 58 meses).

Em um único momento, foram realizados sequencialmente os exames clínicos e

ultrassonográficos de ambos os olhos, além de mensurações dos crânios de cada animal,

todos executados no período matutino. Os bovinos jovens foram contidos manualmente com

auxílio de cordas e, os adultos em tronco de contenção. A cabeça foi posicionada por um

auxiliar para facilitar a centralização do olho e minimizar eventuais movimentos bruscos.

Após um mês da realização dos exames ultrassonográficos, os bovinos foram reavaliados

clinicamente para identificação de possíveis lesões oculares.

Page 45: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

29

As avaliações oftálmicas realizadas foram: testes de reflexos oculares, teste

lacrimal de Schirmer (Drogavet®, Curitiba, PR, Brasil), teste de fluoresceína (Fluoresceína

sódica 1%®

, Allergan Inc®, Guarulhos, SP, Brasil), fonte de luz para exame de pálpebras,

conjuntiva, córnea, humor aquoso e íris. A tonometria de aplanação (Tono-Pen AVIA vet®,

Reichert Technologies, Nova York, NY, Estados Unidos) foi realizada após instilação de

colírio anestésico (Anestalcon®, Alcon, São Paulo, SP, Brasil). A avaliação da lente e

oftalmoscopia indireta foram realizadas com transiluminador de Finoff (Welch Allyn®, Nova

York, NY, Estados Unidos) e lente de 20 dioptrias (Volk®, Ohio, OH, Estados Unidos).

A ultrassonografia ocular em abordagem transcorneal foi executada por um único

examinador e iniciou-se após a instilação de três gotas de colírio anestésico e, aguardado um

minuto da aplicação. Os exames foram realizados com aparelho Logic E (GE Healtchare®,

Waukesha, WI, Estados Unidos) acoplado a um transdutor linear com frequência selecionada

em 12 MHz. Foi preconizada a utilização de gel acústico (Carbogel®, São Paulo, SP, Brasil)

sobre a córnea e, sobre o transdutor foi distribuída uma camada de gel recoberta por película

aderente (Lusafilm R 105®, Guarulhos, SP, Brasil), a qual funcionou como uma almofada de

recuo quando em contato com a córnea. O exame foi realizado com o máximo de delicadeza,

sem pressionar o transdutor contra a superfície ocular, a fim de evitar danos à córnea e não

interferir com o tamanho das estruturas anteriores do olho. Ao término do exame realizou-se

a limpeza dos olhos do animal com solução fisiológica 0,9% (Equiplex®

, Aparecida de

Goiânia, GO, Brasil).

As medidas oculares foram realizadas em cortes axiais horizontal e vertical,

com o transdutor posicionado no centro da córnea. Após a obtenção da imagem alinhando-se

os ecos da córnea, cápsulas anterior e posterior da lente com o eco da parede posterior foi

determinada a biometria de: comprimento axial (CAx - distância da camada epitelial da

Page 46: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

30

córnea à parede posterior do olho), profundidade da câmara anterior (CA - distância da

membrana de Descemet e camada endotelial corneanas à cápsula lenticular anterior),

espessura da lente (EL - distância entre a cápsula lenticular anterior e posterior) e

profundidade da câmara vítrea (CV - distância entre a cápsula lenticular posterior e a parede

posterior do fundo ocular). Posteriormente, estimou-se a espessura corneana pela diferença

do CAx com a somatória do CA, EL e CV.

Os parâmetros morfométricos do crânio foram obtidos após o exame

ultrassonográfico e foi composto pelas medidas de comprimento total do crânio (distância da

crista nucal até a extremidade rostral da sutura interincisiva), comprimento cranial (distância

fronto-occiptal) e comprimento nasal (distância fronto-nasal), medidos ao nível dos cantos

mediais oculares, e a largura do crânio (distância entre os ápices dos arcos zigomáticos).

Após a obtenção desses dados foi calculado o índice cefálico pela relação da largura e o

comprimento total do crânio.

Os resultados das medidas de cada corte do olho esquerdo e direito e de cada grupo de

animais foram apresentados em forma de médias e desvios-padrão, valores máximo e

mínimo. Para a comparação entre as medidas dos olhos dos bovinos em diferentes faixas

etárias foram utilizados a análise de variância (ANOVA) e teste de Tukey. A correlação de

Pearson foi empregada para estabelecer a relação entre as variáveis do comprimento axial e

comprimento total do crânio, largura e índice cefálico. Utilizou-se ainda um modelo logístico

para confecção de curvas de crescimento para a comparação da idade com as variáveis do

olho e idade comparada à morfometria craniana. As diferenças estatísticas foram

consideradas quando o valor de probabilidade foi menor que 0,05 (P < 0,05) na tabela

ANOVA. Para a análise dos dados utilizou-se o programa estatístico R (Versão 3.3.1 – 2016

– The R Foundation for Statistical Computing).

Page 47: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

31

RESULTADOS

Quarenta e oito bovinos da raça Jersey, com diferentes idades, foram avaliados

pelo exame clínico oftalmológico e a ultrassonografia ocular e as medidas do crânio foram

realizadas em todos os animais e, a distribuição dos grupos estudados, em função da idade,

encontra-se detalhada na Tabela 1. Estes mesmos animais foram reavaliados por meio de

exame oftalmológico e não foram encontradas lesões na córnea, consequentes do exame

ultrassonográfico e manipulação.

TABELA 1 - Distribuição de bovinos Jersey (número de animais) de acordo com a idade

avaliada de 1 a 11 meses (Grupo I), 16 a 24 meses (Grupo II) e 25 a 58 meses (Grupo III).

*Idade média ± desvio padrão em cada grupo; # Número total de animais por grupo

Os valores obtidos durante a realização do teste lacrimal de Schirmer dos bovinos

nos grupos I (28,30mm/min ± 4,90), II (30,50mm/min ± 4,36) e III (30,61mm/min ± 4,64) e

tonometria de aplanação dos grupos I (19,25mmHg ± 2,74), II (20,12mmHg ± 2,67) e III

(20,89mmHg ± 2,43) não apresentaram diferenças estatísticas (P>0,05).

Grupo I Média*/Total

#

Idade (meses) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 11 5,6 ± 3,20

Número de

animais 3 3 2 2 2 1 1 1 1 2 18

Grupo II

Idade (meses) 16 17 18 19 20 21 22 24

19,63 ± 2,67

Número de

animais 2 1 1 2 3 3 4 1

17

Grupo III

Idade (meses) 25 26 27 29 31 39 58

33,57 ± 11,75

Número de

animais 1 4 1 2 1 2 2

13

Page 48: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

32

A ultrassonografia ocular foi realizada em 96 olhos, considerando os antímeros

direito e esquerdo. A imagem ultrassonográfica do olho foi semelhante em todos os animais,

sendo que a córnea apareceu como duas linhas convexas, paralelas e hiperecoicas (camada

epitelial e membrana de Descemet, juntamente com camada endotelial), separadas por uma

linha anecoica correspondente ao estroma corneano (Figura 1). Abaixo da córnea

visualizaram-se as câmaras anterior e posterior com aparência anecoica. A lente apareceu

como duas linhas hiperecoicas, sendo uma convexa (cápsula anterior) e uma côncava

(cápsula posterior), separadas pelo conteúdo lenticular anecoico. Adjacente à cápsula anterior

da lente foram observadas a íris e o corpo ciliar, ambos de ecogenicidade moderada, sendo a

íris mais espessa e irregular. A câmara vítrea apareceu como uma região anecoica e a parede

posterior do olho apresentou-se como uma linha hiperecoica regular e côncava.

A biometria ocular (Figura 1) foi obtida em três imagens de corte axial horizontal

e três de corte axial vertical, de cada olho obtendo-se a média dos valores para cada animal e

a partir destes dados a média do grupo (Tabela 2).

Page 49: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

33

FIGURA 1 - Ultrassonografia em modo B, corte axial horizontal do olho esquerdo de bovinos da raça Jersey. A: Camadas hiperecoicas

separadas por camada anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e

posterior da lente vistas como linhas curvilíneas (setas traçadas), íris e corpo ciliar hiperecoicos e espessos (asteriscos), parede posterior

hiperecoica (seta). B, C e D: As linhas pontilhadas indicam a biometria ocular realizada em bovinos de idades entre 1 e 58 meses, divididos em

grupo I (B), II (C) e III (D), evidenciando medidas do comprimento axial (1), profundidade da câmara anterior (2), espessura da lente (3) e

profundidade da câmara vítrea (4). Frequência de 12MHz.

Page 50: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

34

TABELA 2 – Médias e desvios-padrão (DP), valores máximos e mínimos das variáveis do

comprimento axial (CAx), espessura da córnea (CO), profundidade da câmara anterior (CA),

espessura da lente (EL) e profundidade da câmara vítrea (CV) do olho esquerdo e direito de

bovinos Jersey com idade entre 1 a 11 meses (Grupo I), 16 a 24 meses (Grupo II) e 25 a 58

meses (Grupo III).

Variáveis Grupos Médias (cm) DP P* Máximo (cm) Mínimo (cm)

Olho esquerdo

CAx

I 2,83a

0,15

<0,001

3,12 2,61

II 3,16b

0,04 3,22 3,07

III 3,24c

0,06 3,35 3,11

CO

I 0,08a

0,01

0,8239

0,09 0,06

II 0,08a

0,01 0,09 0,06

III 0,08a

0,01 0,09 0,05

CA

I 0,44a

0,05

<0,001

0,53 0,36

II 0,53b

0,02 0,57 0,49

III 0,54b

0,03 0,61 0,48

EL

I 0,88a

0,06

<0,001

1,01 0,78

II 1,01b

0,02 1,04 0,97

III 1,04c

0,03 1,10 1,00

CV

I 1,44a

0,07

<0,001

1,60 1,33

II 1,55b 0,04 1,60 1,48

III 1,60c

0,05 1,69 1,49

Olho direito

CAx

I 2,83a 0,14

<0,001

3,10 2,61

II 3,16b 0,04 3,22 3,06

III 3,24c 0,06 3,34 3,12

CO

I 0,07a 0,01

0,0011

0,09 0,05

II 0,08b 0,01 0,09 0,06

III 0,08b 0,01 0,09 0,07

CA

I 0,44a 0,05

<0,001

0,56 0,36

II 0,53b 0,02 0,57 0,49

III 0,53b 0,03 0,61 0,47

EL

I 0,88a 0,05

<0,001

0,99 0,79

II 1,01b 0,02 1,04 0,95

III 1,04c 0,03 1,11 1,00

CV

I 1,44a 0,06

<0,001

1,58 1,35

II 1,55b 0,04 1,62 1,47

III 1,59c 0,04 1,67 1,53

* P < 0,05: diferença entre as médias (Teste Tukey) das variáveis nas diferentes idades.

Page 51: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

35

Analisando-se os valores médios alcançados para as variáveis ultrassonográficas

dos CAx, CA, EL e Cv dos olhos esquerdo e direito notou-se que houve aumento no tamanho

das medidas do grupo I para os grupos II e III (P < 0,001). Apenas a espessura da córnea em

ambos os olhos não variou com o crescimento dos animais (POE = 0,8239; POD = 0,0011).

As variáveis da morfometria craniana estão descritas na Tabela 3. Tais variáveis

sofreram diferença estatística nos diferentes grupos. As medidas de comprimento total,

comprimento cranial, comprimento nasal e largura do crânio aumentaram progressivamente

(P < 0,001) do grupo I para o grupo III, com exceção do índice cefálico, que diminuiu com o

aumento das demais variáveis.

TABELA 3 – Médias e desvios-padrão (DP), valores máximos e mínimos das variáveis do

comprimento total, comprimento cranial, comprimento nasal, largura do crânio e índice

cefálico dos crânios de bovinos Jersey com idade entre 1 a 11 meses (Grupo I), 16 a 24 meses

(Grupo II) e 25 a 58 meses (Grupo III).

Variáveis Grupos Médias (cm) DP P* Máximo (cm) Mínimo (cm)

Comprimento total

I 30,83a 5,48

<0,001

39,00 21,00

II 43,29b 1,76 46,00 40,00

III 44,15b 1,34 46,00 42,00

Comprimento cranial

I 18,11a 2,40

<0,001

21,00 13,00

II 23,82b 2,01 27,00 21,00

III 22,69b 0,95 24,00 21,00

Comprimento nasal

I 12,72a 3,46

<0,001

19,00 8,00

II 19,47b 1,28 21,00 17,00

III 21,46c 1,20 23,00 19,00

Largura do crânio

I 26,22a 3,98

<0,001

34,00 20,00

II 33,82b 1,78 37,00 31,00

III 34,00b 1,53 37,00 32,00

Índice cefálico

I 85,66a

6,13 <0,001 93,46 74,19

II 78,15b 2,50

81,82 74,42

III 77,02b 3,11 82,22 72,73

* P < 0,05: diferença entre as médias (Teste Tukey) das variáveis nas diferentes idades.

Page 52: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

36

As correlações de Pearson foram positivas (P < 0,001) comparando-se o

comprimento axial com o comprimento total craniano (rOE = 0,95 e rOD = 0,94) e largura do

crânio (rOE = 0,93 e rOD = 0,92). Para o índice cefálico observou-se correlações negativas

(rOE,OD = -0,67) com o comprimento axial.

Para a composição do modelo logístico das curvas de crescimento decidiu-se por

calcular a média total do CAx (soma dos comprimentos axiais, olhos direito e esquerdo,

dividido por dois) pois não se verificou diferença (P > 0,05) entre as medidas de

comprimento dos olhos direito e esquerdo, descritas na Tabela 2.

As curvas de crescimento referentes às comparações entre as idades e as variáveis

do olho (CAx, CA, EL, CV) estão dispostas na Figura 2, sendo “y” o valor médio estimado

da equação para a variável no final do crescimento e o valor elevado (ex) significa a taxa de

crescimento da variável em questão. Observando-se os gráficos de CAx, EL e CV, é possível

identificar um crescimento rápido seguido de um crescimento lento até os 58 meses. No

gráfico de CA observa-se um crescimento rápido precoce seguido de estabilidade no

crescimento até os 58 meses.

Page 53: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

37

FIGURA 2 - Representação gráfica do crescimento ocular de acordo com a idade de bovinos

Jersey. Comparações com as medidas de comprimento axial (A), profundidade da câmara

anterior (B), espessura da lente (C) e profundidade da câmara vítrea (D).

As curvas de crescimento referentes às comparações entre as idades e as variáveis

de morfometria craniana (comprimento e largura) estão dispostas na Figura 3. Observa-se em

ambas as curvas um crescimento rápido precoce seguido de crescimento estável até os 58

meses, semelhante à curva de crescimento da variável CA do olho.

Page 54: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

38

FIGURA 3 - Representação gráfica do crescimento craniano de acordo com a idade de

bovinos Jersey. Comparações com as medidas de comprimento (A) e largura (B) dos crânios.

Analisou-se ainda o crescimento do olho e do crânio por um modelo logístico de

gráfico linear com platô para identificação da idade em que cada variável possui seu pico de

crescimento aproximado. Os gráficos estão dispostos na Figura 4, sendo que a primeira reta

representa o crescimento rápido e a segunda reta representa o crescimento lento ou estável

(platô). Observa-se nos gráficos de CAx, EL do olho e comprimento do crânio, um pico de

crescimento com, aproximadamente, 13 meses, demonstrado pelo valor “x”. Nas variáveis

CA e largura craniana, observa-se um pico de crescimento mais precoce, com cerca de 11

meses. E na variável CV o pico de crescimento apresenta-se mais tardio, com

aproximadamente 28 meses de idade.

Page 55: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

39

FIGURA 4 - Representação gráfica comparativa do pico de crescimento atingindo um platô

das medidas do olho de comprimento axial (A), profundidade da câmara anterior (B),

espessura da lente (C), profundidade da câmara vítrea (D) e das medidas do crânio de largura

(E) e comprimento (F) de bovinos da raça Jersey em diferentes idades.

Page 56: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

40

DISCUSSÃO

A pesquisa foi realizada em bovinos Jersey, escolhidos pela homogeneidade

fenotípica, além de serem considerados animais notáveis para produção de leite, conversão

alimentar, precocidade, longevidade e adaptação. Visando o acompanhamento do

desenvolvimento normal do olho durante as fases juvenil e adulta, os animais foram avaliados

com idades entre 1 mês a 58 meses. Estudos similares foram realizados em cães5,8,10

, cabras14

e elefantes asiáticos21

utilizando a biometria ocular por ultrassonografia em mobo B e

demonstraram que o olho cresce com o aumento da idade.

As estruturas oculares como a córnea, câmara anterior, cápsulas lenticulares

anterior e posterior, câmara vítrea e a parede posterior apresentaram ecogenicidade e

ecotextura semelhantes aos demais mamíferos1,5-19

e silvestres20-26,28

. A íris e o corpo ciliar

nos bovinos estudados apresentaram-se, à ultrassonografia, espessos e irregulares quando

comparado às de outras espécies como cães5

e seres humanos32,33

. Tal particularidade foi

descrita em bovinos1, asininos

19, bubalinos

16 e equinos

34, sendo explicada pelo fato dos

animais herbívoros possuírem a corpora nigra, a qual tem variação de tamanho nas diferentes

espécies34

.

Os exames oftalmológicos foram semelhantes entre os bovinos da raça Jersey de

diferentes idades. Os resultados da avaliação lacrimal foram semelhantes entre os grupos I

(28,30mm/min ± 4,90), II (30,50mm/min ± 4,36) e III (30,61mm/min ± 4,64), assim como

estudos anteriores em bovinos adultos da Holandesa e Austrian Spotted Mountain (34,15 ± 20,47

mm/min) utilizando o mesmo método de avaliação35

. Os valores médios de pressão intraocular (PIO)

foram semelhantes entre os olhos esquerdo e direito e entre os grupos I (19,25mmHg ± 2,74), II

(20,12mmHg ± 2,67) e III (20,89mmHg ± 2,43), utilizando tonômetro de aplanação Tono-Pen

AVIA vet. Estudos em bovinos adultos da raça Jersey e Holandesa obtiveram a média de 26,9 ± 6,7

Page 57: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

41

mmHg da PIO com o tonômetro Tono-Pen XL e identificaram semelhanças significativas entre as

médias de ambos os olhos e raças36

.

Neste estudo, não foram identificadas diferenças (P > 0,05) entre as medidas do

olho esquerdo e direito de nenhum animal avaliado, o que corrobora com pesquisas em

humanos29

e animais1,5-18,20,21,23,24,28

. Da mesma forma, não foram identificadas diferenças

entre os cortes axiais horizontais e verticais, concordando com estudos que realizaram os dois

cortes para a finalidade de biometria12,21

. Assim, verificou-se que os olhos de bovinos Jersey,

jovens e adultos, possuem tamanhos ipisilaterais idênticos.

Os olhos de bovinos Jersey jovens, da faixa etária de 1 a 11 meses, se mostraram

menores comparados às faixas etárias subsequentes, no presente estudo. Porém, não foi

possível discutir os resultados com outros estudos anteriores de animais com esta faixa etária

pelo fato da inexistência de dados de biometria ocular por ultrassonografia em modo B em

bovinos e bubalinos inferiores a 12 meses. Dessa forma, estes resultados são valores de

referência importantes para estudos futuros com bovinos nesta faixa etária.

Nos bovinos com a faixa etária de 16 a 24 meses, as medidas de comprimento

axial (CAx), profundidade da câmara anterior (CA), espessura lenticular (EL) e profundidade

da câmara vítrea (CV) foram maiores comparadas com estudo de olhos extraídos de

cadáveres de bubalinos com cerca de 12 meses de idade16

. Tal fato pode ter ocorrido pela

diferença de espécie, pois analisando estudos em animais de grande porte como bovinos1,3,31

,

bubalinos15

, equinos18

, asininos

19 e elefantes asiáticos

21 observa-se uma diversidade entre os

valores de biometria ocular. Além disso, as mensurações em olhos extraídos de cadáveres

podem ser imprecisas, devido às alterações pós-mortem3.

No entanto, com idades entre 25 e 58 meses, os CAx (3,24cm) dos bovinos Jersey

deste estudo foram similares às mensurações dos bovinos da mesma raça e idade de 74 meses

Page 58: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

42

(3,27cm)1 e às de bubalinos de 50 meses (3,24cm)

15 e 120 meses (3,21cm)

16. Por outro lado,

foram menores que as medidas constatadas em bovinos Holandeses de 61 meses (3,46cm)1

e

maiores que os valores notados em bovinos da raça Angus de 24 meses (3,13cm)31

.

Justifica-se estas diferenças do CAx entre as raças e espécies, pela técnica

ultrassonográfica, frequência e ao modelo do transdutor. Neste estudo, empregou-se

transdutor linear com frequência de 12MHz e optou-se pela técnica transcorneal com uso de

película aderente e gel acústico para simulação de almofada de recuo, evitando-se ao máximo

o contato do transdutor com a córnea. Comparativamente, outros estudos empregaram

frequências e técnicas distintas: 10MHz/transpalpebral1, 6 a 8MHz/transpalpebral

15,

10MHz/transpalpebral e transcorneal16

, 10MHz/ técnica de imersão em solução salina31

.

Os valores médios da CA (0,53cm) para os bovinos Jersey com idade entre 25 e

58 meses foram maiores que os de outros Jersey (0,36cm)1, Holandês (0,33cm)

1 e bubalinos

(0,29cm15

; 0,43cm16

). Acredita-se que a diminuição da profundidade da CA seja causada pela

pressão do transdutor sobre a pálpebra e a depressão corneana sendo este, um aspecto

importante a ser considerado no momento do exame ultrassonográfico ocular. Tais

observações foram constatadas em exames de bovinos1, elefantes asiáticos

21 e cães

5,10 e da

mesma forma destacaram-se a importância de se executar a ultrassonografia com a mínima

pressão sobre a córnea.

As medidas de EL nos bovinos da raça Jersey com idade superior a 25 meses foi

de 1,04cm. Esta medida foi inferior a encontrada em animais da mesma raça com 74 meses

(1,24cm)1, em Holandeses de 61 meses (1,35cm)

1 e bubalinos de 50 meses (1,13cm)

15. Sabe-

se que a espessura lenticular aumenta com a idade, fato descrito em seres humanos37

,

macacos Rhesus38

, cães10

, pôneis17

e elefantes asiáticos21

, tal fato justifica os valores

Page 59: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

43

inferiores encontrados neste estudo com Jersey, pois os animais foram mais jovens que os dos

artigos citados comparativamente.

As medidas de CV em bovinos adultos foram semelhantes em animais de mesma

raça (1,62cm)1, superiores às raças Holandesa (1,46cm)

1 e Angus (1,37cm)

31 e inferiores aos

bubalinos (1,67cm15

; 1,75cm16

). A diversidade racial foi sugerida como causa para as

diferenças observadas em exames de biometria ocular em estudos com bovinos1 e caninos

6,9.

Logo, pode-se creditar as semelhanças e diferenças interraciais aos valores discrepantes da

medida da CV, CAx, CA e EL. A maior semelhança das mensurações de CV do presente

estudo com os animais de mesma raça avaliados por Potter et al.1, evidencia esse fato.

No presente estudo, a espessura corneana foi calculada a partir da diferença do

CAx com a somatória do CA, EL e CV, não sendo observadas alterações à medida que os

animais cresceram. Em estudo com pôneis de diferentes idades (1,5 a 264 meses), a espessura

da córnea foi avaliada por paquimetria ultrassônica, método preciso e específico, e não

identificaram correlação da espessura com o aumento da idade17

. Entretanto, empregando

diferentes frequências ultrassonográficas, foi sugerido que as medidas da córnea aumentam

com a idade em cabras (20MHz)14

, bubalinos e camelos (10MHz)16

e elefantes aisáticos (4-

7MHz)21

.

As medidas do crânio apresentaram aumento significativo a partir de 1 mês até 58

meses de idade. Em estudo com carcaças de crânios de camelos jovens (24 a 36 meses) e

adultos (72 a 84 meses) identificou-se que as medidas cranianas aumentam

consideravelmente com a idade39

. O mesmo foi encontrado em medidas de carcaças cranianas

de cães da raça Pastor Alemão com idade entre 45 dias e 105 dias40

e mensurações em cães

da raça Cavalier King Charles Spaniel com idade entre 15 dias e 36 meses5.

Page 60: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

44

A análise do índice cefálico (IC) em bovinos Jersey com idade variando entre 1 e

58 meses demonstrou que os valores diminuíram à medida que os animais cresceram, o que

também foi encontrado em camelos39

e cães40

. Isso se deve à diferença de tamanho entre a

largura e o comprimento cranianos que acontece com o crescimento do animal39

. Em bovinos

Jersey avaliados no estudo, a diferença entre as mensurações de comprimento e largura foi de

apenas 4,61cm, quando jovem (1 e 11 meses) e, à medida que os animais foram avalidos na

idade adulta, as diferenças aumentaram para 9,47cm (16 a 24 meses) e 10,15cm (25 e 58

meses).

O IC de bovinos Jersey com idade entre 25 e 58 meses demonstrou valores

maiores (77,02) comparado à fêmeas de raças taurinas francesas com idades superiores a 30

meses, como Bruna dels Pireneus (BP) (44,23), Holandesa (FR) (42,00), Limousin (LI)

(43,34), Charolesa (CH) (44,68) e Blonde de Aquitania (BA) (41,86)41

. Estes resultados,

expressando o alto IC de bovinos Jersey, confirmam o fenótipo destes animais cujo crânio

apresentou medidas maiores de largura (L: 34cm) e menores de comprimento total (CT:

44,15cm), comparados às medidas de outras raças (BP – L: 23,5cm, CT: 53,2cm; FR – L:

23,5cm, CT: 56,0cm; LI – L: 23cm, CT: 53cm; CH – L: 24cm, CT: 53,7cm; BA – L: 22,7cm,

CT: 54,2cm)41

.

Além da utilização do IC para avaliação dos diferentes formatos cranianos, outras

pesquisas classificaram os perfis frontonasais de bovinos por meio do formato côncavo ou

convexo42

. Assim, crânios com depressão nitidamente marcada e, consequentemente, olhos

mais salientes e órbitas rasas, são considerados perfis côncavos, como os animais da raça

Jersey empregados nesse estudo.

Dentre as relações de biometria e craniometria estudadas, observou-se correlação

positiva entre CAx vs comprimento total e largura do crânio. Estudos em seres humanos29

,

Page 61: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

45

cães6,9

e gatos11

relataram informações semelhantes sobre a relação existente entre o CAx do

olho e as medidas do crânio. Demonstrou-se também correlação positiva entre o raio ocular e

o desempenho, visão e comportamento de cães43,44

. Por outro lado, o CAx correlacionou

negativamente com o IC. Credita-se este achado à diminuição da relação entre a largura e o

comprimento do crânio à medida que os bovinos cresceram, como discutido anteriormente

em camelos39

.

Em análise comparativa entre as curvas de crescimento do olho e do crânio

verificou-se semelhança entre as curvas. O modelo logístico das mensurações de CAx e EL

em bovinos Jersey demonstrou curvas com rápido crescimento inicial, até cerca de 13 meses

de idade, e um crescimento lento até aos 58 meses, idade máxima analisada no estudo. Tais

curvas de crescimento do olho do bovino foram semelhantes à pesquisas em cães5,10

, cabras14

,

pôneis17

, macacos Rhesus38

e seres humanos45

.

A CA alcançou o pico de crescimento rápido aos 11 meses de idade, enquanto

que a CV mostrou pico de crescimento tardio, com 28 meses. Comparando as curvas de

crescimento dos olhos de macacos e humanos38

observaram que a CA se desenvolve mais

rápido que a CV como observado no estudo com os bovinos Jersey. Além disso,

demonstraram uma curva rápida de CA até os 12 meses e crescimento lento até os 60 meses

em olhos de macacos38

, informações que se assemelham aos resultados deste estudo.

As curvas de crescimento do comprimento e largura cranianos dos bovinos

estudados se mostraram semelhantes com o crescimento da CA do olho, sendo constatato um

pico rápido, seguido de um crescimento lento e constante até 58 meses. Isso pode ser

explicado pelo crescimento ósseo rápido no primeiro ano de vida e início de fechamento das

suturas cranianas dos bovinos próximo ao segundo ano de vida, fase em que ossos do crânio

cessam o desenvolvimento46,47

.

Page 62: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

46

Por fim, as medidas das estruturas oculares divergiram muito entre os estudos

revisados, devido a utilização de animais vivos ou cadáveres31

, diferença de frequência do

transdutor1,15,16,31

, a técnica ultrassonográfica utilizada1,15,16,31

, pressão do transdutor sobre a

superfície corneana1, diversidades raciais e entre espécies

1,15,16,31.

A dificuldade de comparação com estudos sobre a ultrassonografia ocular e

craniometria na espécie bovina, exprime a necessidade de mais pesquisas referentes ao

assunto na espécie em questão, visando à análise do desenvolvimento ocular nas fases juvenil

e adulta de bovinos de diferentes raças. Consideramos, além disso, que as informações

geradas serão importantes para a melhor compreensão de doenças oculares em bovinos.

CONCLUSÃO

A biometria ocular de bovinos fêmeas da raça Jersey correlaciona-se com as

medidas do crânio nas diferentes idades, sendo que com o aumento da idade, os olhos e o

crânio crescem estabelecendo curvas de crescimento semelhantes à de outros mamíferos.

O crescimento do crânio e dos olhos estabiliza aos 11 meses (comprimento do

crânio, comprimento axial do olho e espessura lenticular) e 13 meses (largura do crânio e da

câmara anterior), exceto a câmara vítrea que cresce até 28 meses de idade.

Page 63: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

47

REFERÊNCIAS

1.Potter TJ, Hallowell GD, Bowen IM. Ultrasonographic anatomy of the bovine eye. Vet

Radiol Ultrasound. 2008; 49(2): 172-175.

2.Ali MM, Sadan MA, Ibrahim A. Ocular field surgery in ruminants. Int J Vet Med: Res Rep.

2015; 1-8. ID 709104, DOI: 10.5171/2015.709104.

3.Corrêa LBNS Santa’anna Junior LP Souza Junior P. Biometric evaluation of Nellore cattle

eyes. Cienc Anim Bras. 2014; 15(2): 207-212.

4.El-Tookhy O, Tharwat M. Clinical and ultrasonographic findings of some ocular conditions

in sheep and goats. Open Vet J. 2013; 3(1): 11-16.

5. Squarzoni R. Ocular biometry and its relation with gender, age, size, weight and

dimensions of the head in Cavalier King Charles Spaniels. [Thesis]. São Paulo:

University of São Paulo; 2011.

6. Beserra PS, Sales GA, Santana EJM, et al. B-mode ultrasound biometry of the ocular

globe related with fronto-occiptal and bizigomatic diameters in Canis familiaris. Pesqui

Vet Bras. 2009; 29(4): 286-290.

7. Silva ML, Martins BC, Ribeiro AP, Souza ALG, Laus JL. A- and B-modes echobiometry

in cataractous and noncataractous eyes of English Cocker Spaniel dogs. Arq Bras Med

Vet Zootec. 2010; 62(5): 1080-1085.

8. Tuntivanich N, Petersen‐Jones SM, Steibel JP, Johnson C, Forcier J. Postnatal

development of canine axial globe length measured by B‐scan ultrasonography. Vet

Ophthalmol. 2007; 10(1): 2-5.

9. Toni MC, Meirelles AÉWB, Laus JL, Canola JC. Ophthalmic ultrasound of dogs with

different skull conformations. Rev Bras Cienc Agr. 2013; 8(2): 331-335.

Page 64: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

48

10. Ekesten B, Torrang I. Age-related changes in ocular distances in normal eyes of

Samoyeds. Am J Vet Res. 1995; 56(1): 127-133.

11. Ferreira MA, Allemann N, Dias LGGG, Honsho CS. Relation between opfthalmic

ultrasound biometry and the morphometric parameters of the skull, age, weight and

gender in domestic cats. Pesqui Vet Bras. 2014; 34(2): 192-198.

12. Mirshahi A, Shafigh SH, Azizzadeh M. Ultrasonographic biometry of the normal eye of

the Persian cat. Aust Vet J. 2014; 92(7): 246-249.

13. Gonçalves GF, Leme MC, Romagnolli P, Eurides D, Pippi NL. Two-dimensional real-

time ultrasonic biometry of ocular globe of domestic cats. Cienc Anim Bras. 2009; 10(3):

829-834.

14. Ribeiro AP, Silva ML, Rosa JP, Souza SF, Teixeira IAMA, Laus JL. Ultrasonographic

and echobiometric findings in the eyes of Saanen goats of different ages. Vet Ophthalmol.

2009; 12(5): 313-317.

15. Assadnassab G, Fartashvand M. Ultrasonographic evaluation of buffalo eyes. Turk J Vet

Anim Sci. 2013; 37(4): 395-398.

16. Kassab A. Ultrasonographic and macroscopic anatomy of the enucleated eyes of the

buffalo (Bos bubalis) and the one-humped camel (Camelus dromedarius) of different

ages. Anat Histol Embryol. 2012; 41(1): 7-11.

17. Plummer CE, Ramsey DT, Hauptman JG. Assessment of corneal thickness, intraocular

pressure, optical corneal diameter, and axial globe dimensions in Miniature Horses. Am J

Vet Res. 2003; 64: 661-665.

18. McMullen RJ, Gilger BC. Keratometry, biometry and prediction of intraocular lens power

in the equine eye. Vet Ophthalmol. 2006; 9(5): 357-360.

Page 65: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

49

19. Laus F, Paggi E, Faillace V et al. Ultrasonographic biometry and relationship with

gender, age and weight in healthy donkeys. J Anim Vet Adv. 2013; 12(7): 803-806.

20. Toni MC, Meirelles AÉWB, Gava FN, Camacho AA, Laus JL, Canola JC. Rabbits’ eye

globe sonographic biometry. Vet Ophthalmol. 2010; 13(6): 384-386.

21. Bapodra P, Bouts T, Mahoney P, Turner S, Silva-Fletcher A, Waters M. Ultrasonographic

anatomy of the asian elephant (Elephas maximus) eye. J Zoo Wildl Med. 2010; 41(3):

409-417.

22. Hernández‐Guerra AM, Rodilla V, López‐Murcia MM. Ocular biometry in the adult

anesthetized ferret (Mustela putorius furo). Vet Ophthalmol. 2007; 10(1): 50-52.

23. Rajaei SM, Mood MA, Sadjadi R, Azizi F. Intraocular pressure, tear production, and

ocular echobiometry in guinea pigs (Cavia porcellus). J Am Assoc Lab Anim Sci. 2016;

55(4): 475-479.

24. Montiani‐Ferreira F, Truppel J, Tramontin MH, Vilani GDO, Lange RR. The capybara

eye: clincial tests, anatomic and biometric features. Vet Ophthalmol. 2008; 11(6): 386-

394.

25. Harris MC, Schorling JJ, Herring IP, Elvinger F, Bright PR, Pickett JP. Ophthalmic

examination findings in a colony of screech owls (Megascops asio). Vet Ophthalmol.

2008; 11(3): 186-192.

26. Squarzoni R, Perlmann E, Antunes A, Milanelo L, Barros PSM. Ultrassonographic

aspects and biometry of striped owl’s eyes (Rhinoptynx clamator). Vet Ophthalmol. 2010;

13(1): 86-90.

27. Bliss CD, Aquino S, Woodhouse S. Ocular findings and reference values for selected

ophthalmic diagnostic tests in the macaroni penguin (Eudyptes chrysolophus) and

Page 66: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

50

southern rockhopper penguin (Eudyptes chrysocome). Vet Ophthalmol. 2015; 18(1): 86-

93.

28. Ruiz T, Campos WNS, Peres TPS, et al. Intraocular pressure, ultrassonographic and

echobiometric findings of juvenile yacare caiman (Caiman yacare) eye. Vet Ophthalmol.

2014; 1-6.

29. Larsen JS. Axial length of the emmetropic eye and its relation to the head size. Acta

Ophthalmol. 1979; 57(1): 76-83.

30.Tektas OY, Hammer CM, Danias J et al. Morphologic changes in the outflow pathways

of bovine eyes treated with corticosteroids. Invest Ophthalmol Vis Sci. 2010; 51(8): 4060–

4066.

31. El-Maghraby HM, Nyland TG, Bellhorn RW. Ultrasonographic and biometric evaluation

of sheep and cattle eyes. Vet Radiol Ultrasound. 1995; 36(2): 148-151.

32. Lorente-Ramos RM, Armán JA, Muñoz-Hernández A, Gomes JMG, Torre SB. US of the

eye made easy: A comprehensive how-to review with ophthalmoscopic correlation.

RadioGraphics. 2012; 32: 175-200.

33. Silva CT, Brockley CR, Crum A, Mandelstam SA. Pediatric ocular sonography. Semin

Ultrasound CT MR. 2011;32(1):14–27.

34. Scotty NC. Ocular ultrasonography in horses. Clin Tech Equine Pract. 2005; 4(1): 106–

113.

35.Wieser B, Tichy A, Nell B. Correlation between corneal sensitivity and quantity of reflex

tearing in cows, horses, goats, sheep, dogs, cats, rabbits, and guinea pigs. Vet Ophthalmol.

2013; 16(4): 251-262.

36.Gum GG, Gelatt KN, Miller DN, Mackay EO. Intraocular pressure in normal dairy cattle.

Vet. Ophthalmol. 1998; 1: 159-161.

Page 67: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

51

37. Pereira GC, Alleman N. Ocular biometry, refractive error and correlation with height,

age, gender and years of formal education. Arq Bras Oftalmol. 2007; 70(3): 487-493.

38. Qiao-Grider Y, Hung LF, Kee C, Ramamirtham R, Smith EL. Normal ocular

development in young rhesus monkeys (Macaca mulatta). Vision Res. 2007; 47: 1424-

1444.

39. Al-Sagair O, ElMougy SA. Post-natal development in the linear and tric morphometrics

of the camelidae skull. Anat Histol Embryol. 2002; 31: 232-236.

40. Onar V. A morphometric study on the skull of the German Shepherd dog (Alsatian). Anat

Histol Embryol. 1999; 28: 253-256.

41.Páres-Casanova PM, Vidal JJ. Zoometric measurements of cephalic conformation in adult

bovine males and females. Comechingonia. 2007; (2): 71-83.

42. Páres-Casanova PM. Morphometric evaluation of the skull in several bovine breeds:

geometric analysis according to their profiles. Ces Med Vet Zootec. 2014; 9(1): 58-67.

43. McGreevy P, Grassi TD, Harman AM. A strong correlation exists between the

distribution of retinal ganglion cells and nose length in the dog. Brain Behav Evol. 2004;

63(1): 13-22.

44. Gácsi M, McGreevy P, Kara E, Miklósi A. Effects of selection for cooperation and

attention in dogs. Behav Brain Funct. 2009; 5(31): 1-8.

45. Fledelius HC, Christensen AC. Reappraisal of the human ocular growth curve in fetal life,

infancy, and early childhood. Br J Ophthalmol. 1996; 80: 918-921.

46. Grigson C. The craniology and relationships of four species of bos 1. Basic craniology:

Bos taurus L. and its absolute size. J Archaeol Sci1974; 1: 353-379.

47. Sisson S. Ruminant osteology. In: Getty R, ed. The Anatomy of the Domestic Animals. 5rd

ed. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan; 1998: 713–725.

Page 68: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

52

CAPÍTULO 3 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

As mensurações dos olhos por ultrassonografia foram realizadas, primeiramente,

em seres humanos, sendo utilizado apenas o exame em modo A, de amplitude. Atualmente,

sabe-se que a ultrassonografia em modo B, bidimensional, é uma técnica segura, de baixo

custo, fácil interpretação e indispensável na complementação do exame oftalmológico. O

exame em modo B, além de ser útil para a realização de medidas das câmaras intraoculares,

examina a aparência ultrassonográfica e possíveis alterações nas estruturas oftálmicas.

A biometria ocular por ultrassonografia em modo B é de suma importância para o

diagnóstico precoce de enfermidades oculares. A correlação das medidas do olho e a

morfometria craniana promove informações relevantes para a realização de procedimentos

cirúrgicos. As medidas do olho e crânio em diferentes espécies e raças podem auxiliar no

desenvolvimento de pesquisas em seres humanos nas quais os animais atuam como modelo

experimental.

Estudos em seres humanos e animais estão sendo realizados, porém ainda são

escassos os dados sobre a relação da biometria ocular e craniana, especialmente em animais

com raças de diferentes formatos cranianos. Além disso, pesquisas referentes ao

acompanhamento do crescimento ocular e cranianos em animais jovens e adultos visam a

padronização de dados de normalidade em diferentes faixas etárias.

A espécie bovina foi escolhida para estudo longitudinal do crescimento ocular e

craniano devido à escassez de trabalhos, especialmente a respeito da oftalmologia veterinária

nesses animais. A avaliação dos bovinos vivos contidos fisicamente foi bem excecutada a

campo, se mostrando um exame que pode ser facilmente adicionado à rotina da oftalmologia

em grandes animais.

Acredita-se que a pesquisa relacionada ao desenvolvimento do olho e crânio

normais em bovinos de mesma raça complementarão valores já encontrados em estudos,

como também facilitarão experimentos futuros. Ainda assim, espera-se que trabalhos sobre a

biometria ocular e craniana utilizando a mesma espécie e raça sejam executados para melhor

avaliação das curvas de crescimento ao longo da vida do animal.

Page 69: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

53

ANEXOS

Anexo A – PARECER CONSUBSTANCIADO REFERENTE AO PROJETO

DE PESQUISA DO PROTOCOLO N. 056/16

Page 70: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

54

Page 71: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

55

Page 72: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

56

Anexo B – Normas Revista Veterinary Ophthalmology

Author Guidelines

Veterinary Ophthalmology publishes original material relating to all aspects of clinical and

investigational veterinary and comparative ophthalmology. The following types of material

will be published:

Original articles including clinical (prospective and retrospective clinical studies) and

investigational studies. Research studies involving animals must have the approval of the

institution's animal care and use committee and be acceptable to the Editor.

Review articles (including papers which clarify, summarize and critically evaluate the current

literature). These will be invited by the Editor or a member of the editorial board.

Case reports (patient-based studies; either single or multiple animals). Authors of case

reports rejected by our journal will be offered the option of having their manuscript,

along with any related peer review comments, automatically transferred for

consideration by the editorial team of Clinical Case Reports, an open access journal.

Viewpoint articles (papers which challenge existing concepts or present an alternative

interpretation of available information) are usually invited by the Editor or a member

of the editorial board.

Short communications: Brief research and clinical communications (limited to 6 pages

and 12 references).

Letters to the editor.

All original research and review articles will be peer reviewed by at least two independent

referees.

Online publication from 2017

Veterinary Ophthalmology will be published in online-only format effective with the 2017

volume. This is a proactive move towards reducing the environmental impact caused by the

production and distribution of printed journal copies and will allow the journal to invest in

further digital development. Published articles will continue to be disseminated quickly

through the journal's broad network of indexing ISI, MEDLINE and Scopus. Articles will also

continue to be discoverable through popular search engines such as Google.

EarlyView

Veterinary Ophthalmology is part of the Wiley-Blackwell Early View service. All articles are

published online in advance of their appearance in a print issue. These articles are fully peer

reviewed, edited and complete – they only lack page numbers and volume/issue details – and

are considered fully published from the date they first appear online. This date is shown with

the article in the online table of contents. Because Early View articles are considered fully

complete, please bear in mind that changes cannot be made to an article after the online

publication date even if it has not yet appeared in print.

Page 73: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

57

Veterinary Ophthalmology only accepts manuscripts through our submission website. To

submit a manuscript, please follow the instructions below:

Getting Started

1. Launch your web browser and go to the Veterinary Ophthalmology ScholarOne

Manuscripts homepage http://mc.manuscriptcentral.com/vop

2. Log-in or click the 'Create Account' option if you are a first-time user of ScholarOne

Manuscripts.

3. If you are creating a new account:

- After clicking on 'Create Account' enter your name and e-mail information and click

'Next'. Your e-mail information is very important.

- Enter your institution and address information as prompted then click 'Next.'

- Enter a user ID and password of your choice (we recommend using your e-mail

address as your user ID) and then select your area of expertise.

- Click 'Finish' when done.

4. Log-in and select 'Author Center.'

Submitting Your Manuscript

1. After you have logged in, click the 'Submit a Manuscript' link on the Author Center

screen.

2. Enter data and answer questions as prompted.

3. Click on the 'Next' button on each screen to save your work and advance to the next

screen.

4. You will be prompted to upload your files:

- Click on the 'Browse' button and locate the file on your computer.

- Select the description of the file in the drop down next to the Browse button.

- When you have selected all files you wish to upload, click the 'Upload' button.

5. Review your submission (in both PDF and HTML formats) before sending to the

Editors. Click the 'Submit' button when you are done reviewing.

You may stop a submission at any phase and save it to submit later. After submission, you

will receive a confirmation via e-mail. You can also log-on to ScholarOne Manuscripts at any

time to check the status of your manuscript. The Editors will send you information via e-mail

once a decision has been made. A covering letter, signed by all authors, must be included.

This should state that the work has not been published and is not being considered for

publication elsewhere, and that all authors meet the journal's criteria for authorship (see

below). Information on any financial or other conflict of interest which may have biased the

work should be provided (even if precautions were taken and authors are satisfied that bias

was avoided).

Copyright Transfer Agreement

If your paper is accepted, the author identified as the formal corresponding author for the

paper will receive an email prompting them to login into Author Services; where via the

Page 74: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

58

Wiley Author Licensing Service (WALS) they will be able to complete the license agreement

on behalf of all authors on the paper.

For authors signing the copyright transfer agrément

If the OnlineOpen option is not selected the corresponding author will be presented with the

copyright transfer agreement (CTA) to sign. The terms and conditions of the CTA can be

previewed in the samples associated with the Copyright FAQs below:

CTA Terms and Conditions http://authorservices.wiley.com/bauthor/faqs_copyright.asp

For authors choosing OnlineOpen

If the OnlineOpen option is selected the corresponding author will have a choice of the

following Creative Commons License Open Access Agreements (OAA):

Creative Commons Attribution License OAA

Creative Commons Attribution Non-Commercial License OAA

Creative Commons Attribution Non-Commercial -NoDerivs License OAA

To preview the terms and conditions of these open access agreements please visit the

Copyright FAQs hosted on Wiley Author Services

http://authorservices.wiley.com/bauthor/faqs_copyright.asp and visit

http://www.wileyopenaccess.com/details/content/12f25db4c87/Copyright--License.html.

If you select the OnlineOpen option and your research is funded by The Wellcome Trust and

members of the Research Councils UK (RCUK) or the Austrian Science Fund (FWF) you will

be given the opportunity to publish your article under a CC-BY license supporting you in

complying with your Funder requirements. For more information on this policy and the

Journal‟s compliant self-archiving policy please visit:

http://www.wiley.com/go/funderstatement.

Manuscript Style

The manuscripts must be in Microsoft Word format (.doc or .docx). The manuscript

(including footnotes, references, figure legends, and tables) must be double-space typed, using

12-point Times New Roman font, 1-inch margins, and left justification. Original Research

papers and Review Articles should usually not be longer than 5000 words. Viewpoint articles

will not normally exceed 2000 words, and reviews of books and information materials should

be less than 1000 words long.

Title Page

The title page should include a descriptive title for the article, the names [first name, initials

of middle name(s), surnames], qualifications and affiliations of all authors, and the full postal

address, fax, e-mail (if available), and telephone number of the author to whom

correspondence should be addressed. A suggested running title of not more than 50 characters

including spaces should be included.

Abstract and Keywords

Page 75: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

59

The abstract should be on a separate page and should not exceed 250 words. Where possible,

the abstract should be structured. Suggested headings for abstracts of primary research are:

Objective; Animal studied, Procedure(s), Results, and Conclusions.

Key words are used by indexes and electronic search engines, and should appear after the

abstract. Use the heading „Key words‟, typed in bold and followed by a colon, and then the

key words separated by commas. Include up to six key words. Also enter the key words where

prompted during the submission process.

Main Text

This should begin on a separate page. Sections within the main text should be appropriately

sub-headed: Introduction; Materials and methods, Results, and Discussion. Abbreviations and

footnotes should be avoided where possible.

References

These should be in the Vancouver style. References should be numbered sequentially as they

occur in the text and identified in the main text by arabic numbers in brackets after the

punctuation. The reference list should be typed on a separate sheet from the main text, and

references should be listed numerically. The following are examples of the style. All authors

should be listed and journal titles and page ranges should not be abbreviated. If there are more

than 3 more, please list the first 3 authors, followed by et al.

1. Bagley LH, Lavach JD. Comparison of postoperative phacoemulsification results in dogs

with and without diabetes mellitus: 153 cases (1991-1992). Journal of the American

Veterinary Medical Association 1994; 205: 1165-1169.

2. Barnett KC. Color Atlas of Veterinary Ophthalmology. Williams and Wilkins, Baltimore,

1990.

3. Davidson MG. Equine ophthalmology. In: Veterinary Ophthalmology 2nd edition (ed.

Gelatt KN). Lea and Febiger: Philadelphia, 1991; 576-610

4. Maggs DJ, Nasisse MP. Effects of oral L-lysine supplementation on the ocular shedding

rate of feline herpesvirus (FHV-1) in cats (abstract). 28th Annual Meeting of the American

College of Veterinary Ophthalmologists 1997; 101: 67-78.

Please note that work that has not been accepted for publication and personal communications

should not appear in the reference list, but may be referred to in the text (e.g. M. van der

Burgh, personal communication). Also, it is the authors‟ responsibility to obtain permission

from colleagues to include their work as a personal communication.

Electronic Artwork

Figures must be uploaded as separate files and not be embedded in the main text file. Please

save vector graphics (e.g. line artwork) in Encapsulated Postscript Format (EPS), and bitmap

files (e.g. half-tones) in Tagged Image File format (TIFF). Detailed information on our digital

illustration standards is available on the Wiley Homepage at:

http://media.wiley.com/assets/7323/92/electronic_artwork_guidelines.pdf

Page 76: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

60

The figures should be referred to as „Fig.‟ and numbered consecutively in the order in which

they are referred to in the text. Captions to figures, giving the appropriate figure number,

should be typed on a separate page at the end of the manuscript; captions should not be

written on the original drawing or photograph. In the fulltext online edition of the journal,

figure legends may be truncated in abbreviated links to the full screen version. Therefore, the

first 100 characters of any legend should inform the reader of key aspects of the figure.

Further guidelines regarding the submission of artwork can be found

at http://authorservices.wiley.com/bauthor/illustration.asp

Video Files

The journal will consider up to 2 video files to accompany articles. For video files to be

accepted, they must clearly show a dynamic condition that can not be adequately captured in

still images. The Editor and/or Associate Editors will scrutinize all video submissions very

carefully to assure they meet the intent of providing unique information. Video files of routine

imaging findings will not be accepted. Up to 2 video files will be considered for each paper.

Video files must be submitted in Quicktime format and each file must be less than 5MB in

size. The video files will accompany the online version of the manuscript only; reference to

the video file should be made in the print version of the paper.

Tables

Clear tables which contain essential data are welcome. Format tables with the table function

in a word processor, such as MS Word, on a separate page with the legend typed above.

Column headings should be brief, with units of measurement in parentheses. All abbreviations

must be defined in footnotes to the table. Number tables consecutively in the order they occur

in the text, with Arabic numerals.

Acknowledgements

Acknowledgements should be brief and must include reference to sources of financial and

logistical support. Author(s) should clear the copyright of material they wish to reproduce

from other sources and this should be acknowledged.

Author Editing Services

Authors for whom English is a second language may choose to have their manuscript

professionally edited before submission or during the review process. Authors wishing to

pursue a professional English-language editing service should make contact and arrange

payment with the editing service of their choice. For more details regarding the recommended

services, please refer to http://authorservices.wiley.com/bauthor/english_language.asp .

Japanese authors can also find a list of local English improvement services

at http://www.wiley.co.jp/journals/editcontribute.html. All services are paid for and arranged

by the author, and use of one of these services does not guarantee acceptance or preference for

publication.

Page 77: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

61

Peer Review

All articles submitted for consideration as original clinical and investigational papers or

review articles will be peer reviewed by at least two independent referees, one of which is an

editorial board member, and a statistician, if appropriate. We aim to give authors a decision

(rejection, rejection with encouragement to rework and resubmit, or acceptance subject to

revision/copy editing) within three months of manuscript submission.

Page Proofs and Offprints

Proofs will be sent via e-mail as an Acrobat PDF (portable document format) file. The e-mail

server must be able to accept attachments up to 4 MB in size. Acrobat Reader will be required

in order to read this file. This software can be downloaded (free of charge) from the following

Web site: http://www.adobe.com/products/acrobat/readstep2.html

This will enable the file to be opened, read on screen, and printed out in order for any

corrections to be added. Further instructions will be sent with the proof. Proofs will be posted

if no e-mail address is available; in your absence, please arrange for a colleague to access

your e-mail to retrieve the proofs.

Page proofs must be returned to Wiley Periodicals within 3 days of receipt, by fax if

international or convenient, and by express mail: only typographical errors can be corrected at

this stage.

Authors will be provided with electronic offprints of their paper. Electronic offprints are sent

to the first author at his or her first email address on the title page of the paper, unless advised

otherwise. Consequently, please ensure that the name, address and email of the receiving

author are clearly indicated on the manuscript title page if he or she is not the first author of

the paper. Paper offprints may be purchased using the order form supplied with proofs.

Further Information

If you wish to discuss prospective submissions or to clarify the guidance outlined above,

please contact Dr. David A Wilkie at the editorial office (Tel: 1-614-292-8664; Fax 1-614-

292-7667; email:[email protected]).

Further details about the peer review process and arrangements for the final submission of

accepted articles and proofs will be sent to authors of accepted manuscripts and are available

from the editorial office.

Author Services

Veterinary Ophthalmology currently offers article tracking for authors. This is a reminder to

our authors to enroll in Wiley-Blackwell‟s Author Services production tracking service

You need to register in order to add your article to the article tracking system and be able to

track your article online. As well as tracking the production of your article online, as a

registered author you can also:

choose to receive e-mail alerts on article status

get free access to your article when it is published online (both HTML and PDF

versions)

Page 78: ECOBIOMETRIA OCULAR E CRANIOMETRIA EM BOVINOS DA … · anecoica da córnea (seta curta), câmara anterior, lente e câmara vítrea anecoicas (CA, L e CV), cápsulas anterior e posterior

62

Authors, Editors and Contributors can receive a 25% discount on all Wiley books

(including Wiley-Blackwell titles previously published by Blackwell Publishing)

nominate up to 10 colleagues to be notified upon publication and also receive free

access

invite your co-authors to also track the article production

keep a list of favorite journals with quick links to Author Guidelines and submission

information

You can also register and choose not to receive e-mails, but simply check progress online at

your own convenience.

NIH Policy

Wiley-Blackwell supports authors by posting the accepted version of articles by NIH grant-

holders to PubMed Central. The accepted version is the version that incorporates all

amendments made during peer review, but prior to the publisher's copyediting and

typesetting. This accepted version will be made publicly available 12 months after publication

in the journal. The NIH mandate applies to all articles based on research that has been wholly

or partially funded by the NIH and that are accepted for publication on or after April 7, 2008.

For more information about the NIH's Public Access Policy, visit http://publicaccess.nih.gov

OnlineOpen

Available to authors of primary research articles who wish to make their article available to

non-subscribers on publication, or whose funding agency requires grantees to archive the final

version of their article. With OnlineOpen, the author, the author's funding agency, or the

author's institution pays a fee to ensure that the article is made available to non-subscribers

upon publication via Wiley Online Open, as well as deposited in the funding agency's

preferred archive.

Prior to acceptance there is no requirement to inform an Editorial Office that you intend to

publish your paper OnlineOpen if you do not wish to. All OnlineOpen articles are treated in

the same way as any other article. They go through the journal's standard peer-review process

and will be accepted or rejected based on their own merit.

For the full list of terms and conditions,

see http://wileyonlinelibrary.com/onlineopen#OnlineOpen_Terms

Any authors wishing to send their paper OnlineOpen will be required to complete the

payment form available from our website at:

https://authorservices.wiley.com/bauthor/onlineopen_order.asp.