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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES (UCAM) PLANEJAMENTO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL PROJETO A VEZ DO MESTRE ECOTURISMO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UM ESTUDO DE CASO por REGINA CELIA GAGLIARDO ORIENTADORA: MARIA ESTHER DE ARAÚJO OLIVEIRA Rio de Janeiro, 28 de Junho de 2003

ECOTURISMO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UM ESTUDO DE CASO CELIA GAGLIARDO.pdf · CAPÍTULO IV – ESTUDO DE CASO ... São Paulo: Editora SENAC, 2002, p. ... de 27 de Abril de 1999, que

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES (UCAM)

PLANEJAMENTO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL

PROJETO A VEZ DO MESTRE

ECOTURISMO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL:

UM ESTUDO DE CASO

por

REGINA CELIA GAGLIARDO

ORIENTADORA: MARIA ESTHER DE ARAÚJO OLIVEIRA

Rio de Janeiro, 28 de Junho de 2003

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES (UCAM)

PLANEJAMENTO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL

PROJETO A VEZ DO MESTRE

ECOTURISMO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL:

UM ESTUDO DE CASO

Monografia apresentada como requisito para a obtenção do grau de Especialista em Planejamento e Educação Ambiental.

Rio de Janeiro, 28 de junho de 2003

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AGRADECIMENTOS

A todo o corpo docente do Projeto ‘A Vez do Mestre’ e, em especial, aos professores Dr. Alexandre Pedrini e Maria Esther, por me ensinarem a caminhar.

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais por existirem e ao meu

amado, Luiz C. Ferreira, pela

paciência.

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“O importante não é o que fazem do homem, mas o que ele faz do que fizeram dele”.

Jean Paul Sartre.

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RESUMO

Através da Educação Ambiental é possível desenvolver na

população atitudes, habilidades e uma postura mais ética frente às

agressões ao meio ambiente. Assim, o interesse por temas relacionados ao

meio ambiente repercutiu de várias maneiras, particularmente no turismo,

devido a crescente procura por viagens a lugares, em busca de áreas ainda

preservadas, o que pode ser interpretado como um desejo contemporâneo

de “retorno à natureza”.

À medida que o turismo cria a necessidade de consumo de um

tempo de lazer a ser usufruído em atividades de afastamento do cotidiano,

vai se modificando para se adaptar às novas exigências dos consumidores

cada vez mais sofisticados.

Devido a crescente procura pelas atividades ecoturísticas,

selecionou-se uma empresa especializada neste setor com o objetivo de

identificar os discursos e práticas dos seus promotores e compará-los com

as Recomendações da Conferência de Tbilisi, por ser essa Conferência o

marco inicial em Educação .Ambiental, pois, do contrário, deixa-se de formar

cidadãos e melhorar a qualidade de vida.

A conclusão deste trabalho revelou que a empresa estudada

(TERRA BRASIL), exibiu valores éticos, com participação, educação

permanente, responsabilidade e interdisciplinaridade. Este trabalho, contudo,

não deve se esgotar por aqui, visto que há muitas empresas de ecoturismo

que também deveriam ser analisadas para avaliarmos se estão realmente

inserindo a Educação Ambiental no ecoturismo, como se propõem, ou se

estão se apropriando do nome apenas por interesses comerciais, visto que,

como estamos lidando com diferentes tipos de consumidores, existem

àqueles que não estão muito interessados em obter informações ou

conhecimentos acerca do mudo em que vive, mas apenas desejam

contemplá-lo ou apreciar suas belezas naturais.

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METODOLOGIA

Visando alcançar os objetivos propostos, utilizamos os recursos

da pesquisa bibliográfica e de estudo de caso.

O Ecoturismo visa atingir alguns objetivos principalmente através:

a) da disponibilização de informações, via Internet, sobre projetos e

atividades ecoturísticas; b) da disponibilização de informações, via boletins

informativos, sobre projetos e atividades ecoturísticas; c) da promoção da

participação de comunidades em projetos ecoturísticos; d) da criação de um

banco de dados sobre projetos, programas, estatísticas, material informativo

e de formação de recursos humanos; e) da formação profissional e da

capacitação técnica com a realização de cursos ou viabilizando

oportunidades para acesso a cursos nacionais e internacionais; f) da

avaliação, do monitoramento e da divulgação dos impactos positivos ou

negativos sociais, culturais e ambientais resultantes de atividades

ecoturísticas; g) da realização de pesquisas e debates em assuntos sobre

Ecoturismo ou sobre assuntos a ele relacionados; h) da participação em

projetos pioneiros (pilotos ou demonstrativos) de ecoturismo; e, i)

representando o ecoturismo brasileiro em grupos

multidisciplinares/internacionais.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................. 08

CAPÍTULO I – ECOTURISMO ..................................................................... 12

1.1 – Origem do termo .......................................................... 12

1.2 – Generalidades ..............................................................12

1.3 – Breve histórico do Ecoturismo ..................................... 13

1.4 – Características ............................................................. 16

1.4.1 – Viagens conscientizadas .................................. 17

1.4.2 – Áreas naturais que conservam o meio

ambiente .......................................................... 18

1.4.3 – Cooperam com o bem estar das comunidades

locais ................................................................18

1.5 – Ecoturismo no Brasil .................................................... 21

1.5.1 – Diretrizes do Ecoturismo .................................. 22

1.6 – Principais objetivos ...................................................... 23

CAPÍTULO II – EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ECOTURISMO ................... 24

CAPÍTULO III – TURISMO ...........................................................................28

3.1 – Breve Histórico sobre o Turismo...................................28

3.2 – Quem são os Ecoturistas e "Turistas Participantes"?... 31

3.3 – Turismo Participativo ....................................................32

CAPÍTULO IV – ESTUDO DE CASO ........................................................... 34

4.1 – Coleta de Dados .......................................................... 34

4.2 – Considerações Finais ...................................................38

CONCLUSÃO ...............................................................................................39

ANEXOS .......................................................................................................41

BIBLIOGRAFIA .............................................................................................49

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INTRODUÇÃO

De acordo com Pires1, designou-se ecoturismo um tipo de turismo

inserido no conjunto de alternativas turísticas. Desde a emergência do

“turismo alternativo” como proposta de transformação nos rumos do turismo

convencional até os dias atuais, o ecoturismo surge e se impõe como uma

rotulação ampla e indiscriminada utilizada para representar um consumo

variado e não bem definido de atividades e atitudes no campo das viagens

turísticas, que se posicionam na interface turismo-ambiente. O ambiente,

aqui, é compreendido como sendo os ambientes naturais pouco alterados e

culturas autóctones presentes no seu entorno.

Atualmente, os principais segmentos da sociedade com interesses

no desenvolvimento do ecoturismo são o trade turístico (operadoras

agências, promotores, empresas de viagens, guias, etc.), área

governamental e organismos oficiais, organizações não governamentais da

área ambiental e conservacionista articuladas as instituições de fomento e

financeiro as populações residentes nas destinações, o público turista, o

meio acadêmico e a mídia.

Como cada setor tende a conceber sua própria idéia de ecoturismo em função de sua relação e de seus interesses imediatos surgem, portanto, não só diferenças como divergências conceituais ou de enfoque.

O trade turístico se apropria do ecoturismo com a mesma plenitude que a expressão enseja. Valendo-se do prefixo eco associado ao turismo, visa promover atividades e desenvolver os produtos (eco) turísticos, cuja fidelidade ecologia, se posta à prova

1 PIRES, Paulo dos Santos. Dimensões do Ecoturismo. São Paulo: Editora SENAC, 2002, p.

272.

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em muitos casos não resistiria a esse embate. O trade utiliza os meios de comunicação, especialmente os impressos (jornais e revistas especializadas) para destacar os atrativos e qualidades do produto como um todo não atentando muito para o aspecto conceitual do correto sentido da terminologia. Utiliza-se do marketing ecológico, identificado pela expressão “ecoturismo”.

A área governamental e os organismos oficiais encarregados de

elaborar as políticas e ações no setor de turismo procuram associar o

ecoturismo com as estratégias nacionais de planejamento e área ambiental,

incorporando ao conceito um enfoque conservacionista.

As organizações não-governamentais, juntamente com os demais

órgãos que atuam na esfera governamental, vêem o ecoturismo como um

meio útil para se lograr o desenvolvimento conservacionista de regiões

marginalizadas do interior do país.

O público tende a emitir um conceito mais simplista e até mesmo emotivo sobre o ecoturismo, não deixando de ser legítimo e válido, até porque é através da captação do sentimento motivacional do ecoturista que o trade segmentará adequadamente seus serviços e produtos.

O mundo observou tantas modificações ambientais maléficas aos

próprios seres vivos, que surgiu a necessidade da população desenvolver,

através da educação, atitudes, habilidades e uma postura mais ética frente

às agressões no meio ambiente. A esta educação, convencionou-se chamar

de Educação Ambiental.2

Espera-se que Educação Ambiental (E.A.) no Brasil seja assumida

como obrigação nacional pela Constituição Federal promulgada em 1988 e

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pela Lei Federal no 9.795, de 27 de Abril de 1999, que institui a Política

Nacional de Educação Ambiental (PNEA) e determina que a educação

ambiental seja um componente essencial e permanente da educação

nacional devendo estar presente de forma articulada em todos os níveis e

modalidades de ensino de forma interdisciplinar.

Temos que identificar empresas e profissionais que de fato aplicam

Educação Ambiental nos discursos e na prática do ecoturismo.

Devemos Comparar as recomendações da Conferência de Tbilisi

com os discursos realizados pelas empresas de ecoturismo, através de

análise documental dos prospectos, observação e entrevista.

Escolheu-se uma Instituição, TERRA BRASIL, para estudo ou

pesquisa participativa, que se baseou num passeio guiado à Floresta da

Tijuca com um grupo de 20 pessoas. Foi analisado o discurso do guia junto

ao grupo com o objetivo de constatar se havia ou não a educação ambiental

inserida nesse contexto.

Pressupostos básicos da Conferência de Tbilisi:

Em 1977, Tbilisi (Geórgia, ex-União Soviética), foi organizada

uma conferência intergovernamental sobre E.A. Esta conferência

foi convocada pela UNESCO em cooperação com PNUMA,

discutindo os seguintes pontos fundamentais: principais

problemas ambientais da sociedade contemporânea,

pressupostos da educação para contribuir nas resoluções dos

problemas ambientais e atividades implementadas em níveis

nacional e internacional, com vistas ao desenvolvimento da

Educação Ambiental.

2 SILVEIRA, André Luís Barbosa Estefano da. Comparação entre as recomendações de

conferência de Tbilisi e projetos de Educação Ambiental. Estudo introdutório, monografia

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A conferência de Tbilisi foi um marco da Educação Ambiental. Dez

anos depois na conferência de Moscou, concluíram que a crise ambiental só

tivera aumentado. Quanto às estratégias foram reafirmados os objetivos e

princípios orientadores de 1997, considerados “alicerces” para o

desenvolvimento da educação ambiental em todos os níveis, dentro e fora

do sistema escolar.

Também foi confirmado que os objetivos da Educação Ambiental

não podem ser definidos sem que se levem em conta as realidades sociais

econômicas e ecológicas de cada sociedade ou os objetivos determinados

para o seu desenvolvimento. Não há uma receita para se elaborar um

programa de Educação Ambiental para uma escola ou comunidade, ela

dependerá das suas peculiaridades, do seu contexto sócio-ambiental-cultural

e político (...). A partir das orientações de Tbilisi, traçam-se as prioridades

nacionais, regionais e locais, desenham-se as suas estratégias e recursos

institucionais que deverão ser utilizados.3

As instituições são empresas ou guias de turismo.

Muitas empresas se apropriam do nome Educação Ambiental e o

insere no turismo apenas para atrair clientes (merchandise). Ao serem

investigados constata-se que, na prática, não estão fazendo Educação

Ambiental.

Queremos identificar os discursos dessas empresas ou guias e constatar se o discurso está de acordo com a prática, tomando como referência os pressupostos da conferência de Tbilisi.

do Curso de Graduação de Ciências Biológicas, Seropédica: UFRJ, 1998, p. 89.

3 MORIM, Edgar. “As bases internacionais para a Educação Ambiental” In Educação Ambiental no Brasil. Coordenação de Educação Ambiental do Ministério da Educação e do Desporto, Brasília, DF, 1998, p 33-34.

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CAPÍTULO I

ECOTURISMO

1.1 – Origem do Termo

A palavra ecoturismo é um neologismo usado pela primeira vez por

Hector Ceballos4 na década de 80 e se formou à partir do prefixo "eco" (do

grego Olkos = casa) + "turismo" (de origem francesa). Em outras palavras, o

ecoturismo é o turismo praticado em casa, leia-se, no meio (ambiente) onde

vivemos.

1.2 – Generalidades

O ecoturismo, conhecido igualmente como "turismo ecológico" é um

dos segmentos turísticos que mais cresce no mundo. Seu crescimento é

estimado em 20% ao ano, conforme resultados obtidos através de entrevista

com operadores de ecoturismo e peritos do setor.

Os motivos deste crescimento são muitos, e entre eles, com grande

relevância, está sua relação com o desenvolvimento sustentável, e por tal,

goza de grande simpatia do Poder Público. O ecoturismo é um sinônimo de

desenvolvimento sustentável.

4 CEBALLOS-LASCURÁIN, Hector. “O ecoturismo como fenômeno mundial”. Em

LINDBERG, G & HAWKINS, D. Ecoturismo, um guia para planejamento e gestão. São Paulo: Editora SENAC São Paulo, 1995, p. 78.

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O ecoturismo teve grande avanço institucional em países como o

Kênia, Costa Rica, Estados Unidos, Canadá e Austrália. Outros países como

Brasil, Peru, Equador, México e África do Sul o segmento ainda está se

organizando, embora seus recursos naturais sejam imensos.

1.3 – Breve histórico do Ecoturismo

Existe um farto número de

definições para ecoturismo. Lascuráin apresenta três definições:

“Ecoturismo ou turismo ecológico consiste em viagens ambientalmente responsáveis com visitas a áreas naturais relativamente sem distúrbios, para desfrutar e apreciar a natureza – juntamente com as manifestações do passado ou do presente que possam existir-, e que ao mesmo tempo promove a conservação, proporciona baixo impacto pelos visitantes e contribui positivamente ao envolvimento sócio econômico ativo das populações locais”.5

“Ecoturismo é a realização de uma viagem a áreas naturais que se encontram relativamente sem distúrbios ou contaminação com o objetivo específico de estudar, admirar e desfrutar a paisagem juntamente com a suas plantas e animais silvestres, assim como qualquer manifestação cultural (passada ou presente) que ocorre nesta área”.6

“O ecoturismo é uma forma de ecodesenvolvimento que representa um meio prático e efetivo de atrair melhorias sociais e econômicas para todos os países, e é um poderoso instrumento para a conservação das heranças naturais e culturais pelo mundo. O turismo ecológico supõe abordagens científicas, estéticas e filosóficas, embora o turista ecológico não precise ser um profissional cientista, artista ou filósofo.”7

Diante de tantos significados que envolve a “terminologia”

ecoturística, devemos destacar que as concepções ecoturísticas, enquanto

elementos formadores de sua base discursiva, sofrem um processo de

“ajustamento” pela noção de “desenvolvimento sustentável” cujo sentido

predominante se situa no econômico, que se impõe como idéia reguladora

5 CEBALLOS-LASCURÁIN, Hector apud Pires, 1998, p. 190. 6 Idem ibidem.

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destas concepções. O aspecto mais relevante está em se “produzir um

discurso cuja enunciação seja capaz de produzir mudanças nos discursos

alheios”,8 situação consignada pelo “desenvolvimento sustentável”,

reguladora na disputa de hegemonia na construção das concepções

ecoturísticas.

O ecoturismo surgiu entre os anos de 1960 e 1970, quando os

grandes temas ambientais já estavam suficientemente defendidos pelas

instituições de pesquisas e por personalidades do mundo científico, onde

havia grande mobilização em defesa do meio ambiente, de proteção dos

ecossistemas naturais e dos processos ecológicos do planeta.

A partir do ano de 1980, os formadores das primeiras entidades

(organizações ambientais) passaram a promover a expansão do ecoturismo

e a utilizá-lo como alternativa de instrumentalização de suas ações voltadas

para a proteção dos recursos naturais e para o desenvolvimento de regiões

economicamente definidas.

Por outro lado, surge nos países desenvolvidos uma crescente

atração pelas áreas naturais remanescentes do planeta, entre elas as

regiões tropicais. A partir de 1980 ocorre a crescente demanda por novos

destinos turísticos de todo o mundo. Na reconhecida emergência do

ecoturismo verificou-se a figura itinerante “mochileiro” oriundo de países

desenvolvidos que por opção, investe sem tempo de lazer em viagens para

regiões longínquas e exóticas do mundo à procura de descobertas e de

experiências inéditas. Pode-se afirmar que o “mochileiro” foi um dos

principais responsáveis para o desenvolvimento da fase inicial do

ecoturismo, pois a medida que difundia seus relatos sobre seus destinos

visitados à amigos e parentes disseminava neste a expectativa por

experiências semelhantes.

7 Idem ibidem, p. 191.

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O pionerismo dos mochileiros, dá início a fase de novos

contingentes de viajantes que passam a ser organizados por operadoras de

turismo por meio de “pacotes ecológicos”, originando-se a primeira estrutura

de operação para o ecoturismo em escala comercial.

Antes de receber a denominação de “ecoturismo”, assumiu-se

diversas denominações como: “turismo verde”, “turismo ecológico”, “turismo

de descoberta”, “turismo de aventura”, “turismo suave”, “turismo

responsável” e “turismo participativo”, que tentavam designar ora o turismo

praticado em ambientes naturais, inclusive habitados por populações

tradicionais, ora a utilização ecologicamente equilibrada do meio ambiente

pelo turismo de massa.

O termo ecoturismo obteve maior receptividade, inicialmente, junto a

organizações e entidades ambientalistas, porque já se embutia uma

mensagem conservacionista, defendida por todas elas, até de ser uma forma

“telegráfica” de expressar conjuntamente a idéia do turismo associado à

ecologia.

Apesar destas qualidades, o termo ecoturismo só conseguiu ter sua

assimilação e disseminação efetuadas após a década de 90.

De acordo com Gomes9, o “turismo na natureza” ou ecoturismo é

identificado como uma “ética conservacionista” e é reconhecido como

instrumento viável de “utilização sustentável” do meio natural e de

valorização das culturas autóctones, sendo aceito e proposto como atividade

modelo, preconizado para o “desenvolvimento sustentável” de certas regiões

subdesenvolvidas.

8 ROITMAN, Ari; BERNARDO, Gustavo & ORLANDI, Erei. Leitura e Interpretação. Rio de

Janeiro: Prole, 1995, In (ECO)Turismo: uma (Re) Leitura dos Discursos, p. 63. 9 GOMES, Patrício Melo. (Eco)Turismo; uma (Re)Leitura dos discursos. Dissertação de

Mestrado, Brasília, DF: UnB, 2000, p. 39.

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No Brasil o ecoturismo surgiu a partir dos vínculos que se

estabeleceram entre o “turismo” e o “ambientalismo”. O ecoturismo brasileiro

sofreu forte influência estrangeira. Pires10 identificou três vertentes, como

antecessores do ecoturismo no Brasil: “os estudos do meio exprimem os

aspectos interpretativo e educativo do ecoturismo”; a experiência hippie

conduz ao aspecto contemplativo, o excursionismo denota o “aspecto

aventureiro da atividade”. Esses são os “elementos” estruturadores do

nascimento do ecoturismo no mundo.

Como agentes intervenientes na atividade ecoturística se destacam

o Governo Federal que atua como condutor da política de ecoturismo, as

Agências Multilaterais de Financiamento (Banco Mundial e Banco

Interamericano de Desenvolvimento), as Organizações não Governamentais

(agindo no desenvolvimento de metodologias de assessoria técnica e de

capacitação profissional ecoturística), os empreendedores (donos de

“lodges”, hotéis de selva, pousadas) e as Agências e Operadoras localizadas

no circuito Rio-São Paulo, com maior concentração na última cidade. A

Amazônia integra o destino ecoturista que mais recebe o público estrangeiro,

e o Pantanal, onde predomina uma clientela nacional, especialmente em

Bonito no Mato Grosso do Sul.

1.4 – Características

Em linhas gerais o ecoturismo é entendido internacionalmente como:

"Viagens conscientizadas" a "áreas naturais que conservam o meio

ambiente" e "cooperam para o bem estar das comunidades locais".

Os trechos destacados a seguir resumem as características do

ecoturismo:

10 PIRES, Paulo dos Santos. Op. Cit., p. 207.

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1.4.1 – Viagens conscientizadas

O grande motivo do ecoturista é o conhecimento – educação. A

melhor forma de conhecer sobre um lugar é visitando-o. Conhecendo suas

belezas e mazelas.

A base desta característica é a informação. O ecoturista interessa-se

pelo destino que pretende visitar e pesquisa sobre ele. Não só com relação

aos pacotes turísticos existentes (guias, transporte, hospedagem,

alimentação, etc.), mas sobre outros aspectos ligados ao meio ambiente

como geografia, clima, ciclos da chuva, população, etc. A conscientização do

viajante em relação à região (destino) que pretende viajar é muito

importante.

A internet apresenta-se como uma grande ferramenta para a

obtenção de informações. Além de ser um processo interativo, a internet não

polui e é democrática. Não raro as pessoas vem obtendo informações

preciosas quanto a atingir determinado destino no planeta.

A Internet por sua vez é outro fenômeno. Não tão recente quanto o

ecoturismo mas com expressão de crescimento semelhante. Muitos

ecoturistas são igualmente "Internautas". O que ambos têm em comum? A

sede por informação. O ecoturista quer conhecer física e teoricamente

determinado destino antes de visitá-lo e busca informações (imagens,

estatísticas, contatos, etc.) previamente à sua visita e in loco.

Chegando ao destino o ecoturista confere as informações obtidas.

Faz parte do desafio da viagem. Naturalmente as informações obtidas

previamente são complementadas com a vivência in loco.

Portanto, informação é uma das chaves do ecoturismo, sendo a

internet hoje, uma grande ferramenta para o segmento, pois permite um

volume fabuloso de troca de informações (e imagens) em tempo pequeno e

a custos irrelevantes.

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1.4.2 – Áreas naturais que conservam o meio ambiente

Neste ponto o ecoturismo se dedica – por essência – às áreas de

preservação, por exemplo as Unidades de Conservação (U.C's.) onde a

visitação é prevista no plano diretor, por exemplo, Parques, Reservas,

APA's, etc... Isto se dá porque são justamente nestas áreas, por seu nível de

conservação, que permite a maior e mais original interação com o meio

ambiente desejada pelo ecoturista. Naturalmente quanto maior a U.C. tanto

mais selvagem poderá ser, e permitir uma interação mais intensa com a

natureza.

O ecoturismo não se restringe às U.C.'s. Existe um grande número

de áreas e ecossistemas, importantes, com atributos turísticos relevantes,

mas que não são uma U.C. e ainda assim não estão fora do abrigo de lei

ordinária. De qualquer forma, os grandes interessados e maiores parceiros

na preservação destas áreas são justamente os operadores de ecoturismo,

ou à rigor, todos aqueles que se beneficiam de alguma forma da

preservação destas áreas. Daí, a grande afinidade com o desenvolvimento

sustentável, pois a atividade estará organizada, e gerando lucro quanto mais

preservada estiver a área em questão.

1.4.3 – Cooperam com o bem estar das comunidades locais

Esta é talvez a característica mais importante do ecoturismo. A

atividade ecoturística deve valorizar ao máximo as comunidades locais do

entorno de alguma região com atributos ecoturísticos. Para os ecoturistas é

muito importante o nível de envolvimento da comunidade local nas

atividades ligadas à sua visita. O que se quer é que os habitantes do entorno

ou residentes em determinada área com atributos ecoturísticos sejam os

mais beneficiados com a atividade.

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O que se busca é que os habitantes locais tenham na atividade uma

forma de sustento e preferencialmente complementar às já existentes.

Sejam como guias, como proprietários de pousadas, donos de restaurantes,

cozinheiros, motoristas, artesãos, etc..., enfim, a mão-de-obra utilizada na

infra-estrutura de determinado destino ou produto ecoturístico, deverá

absorver ao máximo a mão-de-obra local, e, de preferência, de tal forma que

esta seja uma atividade complementar às já existentes. Em outras palavras,

não é interessante que o agricultor, ou o pescador, ou o garimpeiro

abandonem suas atividades tradicionais em substituição a um trabalho numa

pousada ou numa atividade ligada ao ecoturismo. Idealmente se deseja, que

a oferta de trabalho na infra-estrutura ecoturística seja complementar.

O ecoturista deseja interagir, trocar experiências com as pessoas

locais. Não serve para o ecoturista, chegar a uma determinada região, ali

permanecer alguns dias ou semanas, sem que a comunidade local esteja

envolvida intensamente em sua visitação.

Geralmente quando uma área é decretada U.C. ou tem outras

restrições legais quanto à utilização dos recursos naturais, nota-se que a

população local sente-se prejudicada pela iniciativa de preservação

ambiental, uma vez que vê diminuído seu leque de opções de sobrevivência.

Ao sentir-se prejudicada, a população muitas vezes se volta contra a

Unidade, atuando e intensificando a degradação.

Nem sempre as atividades econômicas tradicionais praticadas no

interior de áreas decretadas U.C.'s ou outras áreas de preservação

ambiental são sustentáveis, portanto, é necessário, por parte da iniciativa

privada e do poder público, a reavaliação destas atividades, proibindo ou

limitando-as, para conter uma degradação que pode estar se acumulando a

décadas, haja visto a extração de madeira, palmito, ou a caça de animais

silvestres, por exemplo.

Comprovadamente um dos melhores caminhos para a

conscientização das comunidades do entorno de áreas de preservação é a

educação ambiental, cujos projetos e programas, podem ser facilmente

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implantados nas escolas locais, por conta do poder público que é obrigado

constitucionalmente, conforme o art. 225, parágrafo primeiro, inciso VI, da

Constituição Federal, ou subsidiariamente pela iniciativa privada, ONG's,

Empresas, etc.

A interrupção de uma atividade econômica (ainda que não

sustentável) acarreta um impacto na população, como perda de receita. Para

minimizar o impacto da perda de receita e ao mesmo tempo conter o avanço

da degradação ambiental, o ecoturismo se apresenta como uma das

alternativas mais viáveis.

A mão-de-obra da população pode ser integralmente utilizada nos

diferentes postos de trabalhos que o ecoturismo pode fomentar. Mateiros e

caçadores, profundos conhecedores da região integram o batalhão de frente

dos novos profissionais: os guias mateiros ou guias locais.

A visitação de uma U.C. deve ser acompanhada por um guia local,

ainda que o visitante conheça muito bem a U.C. Esta medida, além de uma

postura ética, visa fomentar a profissão do guia local, valorizando sua figura.

Ao mesmo tempo que complementa sua receita, o guia estará

freqüentemente circulando pela U.C., atuando como vigilante, reportando à

autoridade competente quaisquer ilícitos. Esta é uma das grandes parcerias

entre a iniciativa privada e o poder público.

Os guias locais são os primeiros a observar que a preservação

ambiental estimula o fluxo de visitantes, de forma sustentável, e que seu

trabalho bem desempenhado contribui bastante para a consolidação do

segmento.

Pousadas, transportadores, restaurantes, lojas de souvenirs, etc.

representam uma outra parcela de pessoas que se beneficiam direta ou

indiretamente da preservação ambiental, numa teia de serviços e produtos

que fazem circular recursos, com benefícios estendidos para cada vez mais

pessoas, quanto maior for o fluxo de visitantes.

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1.5 – Ecoturismo no Brasil

O Brasil é um país de muitos recursos naturais e com enorme

potencial para todas as modalidades de turismo, porém, muitos de seus

ecossistemas estão ameaçados e – em virtude da péssima fase que nossa

indústria do turismo sofre pela má imagem do Brasil no exterior – a prática

de um Ecoturismo irresponsável em nosso meio ambiente poderá vir a

agravar esta situação.

No Brasil, muitos operadores de turismo, ambientalistas e

comunidades tradicionais estão começando a descobrir o potencial do

Ecoturismo como alternativa de conservação e como fonte de renda e foi

pensando nisto que um grupo de profissionais ligados ao Ecoturismo

fundaram em 1993 a EcoBrasil, com a proposta de canalizar esforços

fragmentados para promover o Ecoturismo Sustentável no Brasil, de maneira

que conservação, comunidades locais e turismo possam se beneficiar agora

e no futuro.

Ecoturismo, um neologismo "ecologicamente correto" criado por

Hector Ceballos no início da década de 80 e simpático às Ongs, segundo um

grupo multidiciplinar formado por representantes de entidades

governamentais e não-governamentais, que, em agosto de 1994, a convite

dos Ministérios do Meio Ambiente e da Indústria, Comércio e Turismo,

analisou e estabeleceu bases para um decreto para orientar a política e o

programa brasileiro de Ecoturismo.

Ecoturismo é também compreendido popularmente como turismo

"natural", indo além da simples observação, propiciando ao viajante um

entendimento ecológico do meio ambiente natural.

O Ecoturismo deve:

• promover e desenvolver o turismo com bases cultural e

ecologicamente sustentáveis;

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• promover e incentivar investimentos em conservação dos

recursos culturais e naturais utilizados;

• fazer com que a conservação beneficie materialmente

comunidades envolvidas, pois somente servindo de fonte de

renda alternativa estas se tornarão aliadas de ações

conservacionistas;

• ser operado de acordo com critérios de mínimo impacto para ser

uma ferramenta de proteção e conservação ambiental e cultural;

educar e motivar pessoas através da participação e atividades a

perceber a importância de áreas natural e culturalmente

conservadas.

No Brasil, várias ações como organização de Congressos e

Seminários foram levadas à cabo, quer pela iniciativa privada ou pelo

Estado. Destacamos uma delas:

1.5.1 – Diretrizes do Ecoturismo

A EMBRATUR conceitua o ecoturismo como sendo:

"Um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem estar das populações envolvidas".11

O mercado brasileiro define o ecoturismo como:

“Toda atividade realizada em área natural com o objetivo de observação e conhecimento da flora, fauna e aspectos

11 Em 1994, por iniciativa da EMBRATUR foram elaboradas as DIRETRIZES PARA UMA

POLÍTICA NACIONAL DE ECOTURISMO, documento este viabilizado por um grupo Interministerial (MICT, MMA).

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cênicos (com ou sem o sentido de aventura); prática de esportes e realização de pesquisas científicas".

1.6 – Principais objetivos

Os principais objetivos da Associação Brasileira de Ecoturismo são:

1. Criar uma rede nacional para troca de informações,

conhecimento e técnicas, unindo Ecoturismo, profissionais,

entidades ambientalistas e comunidades por meio da publicação

de boletins informativos, criação de banco de dados com

informações relevantes para o Ecoturismo, organização de

oficinas, encontros, grupos de trabalho, treinamento e prestação

de serviços.

2. Promover a criação de infraestrutura de mínimo impacto

ambiental através da difusão de conhecimento e de tecnologias

adequadas e limpas, obtenção de fundos para pesquisa e

projetos pioneiros.

3. Levantar e analisar dados para a promoção de monitoramento e

avaliação de impactos positivos e negativos ambientais,

financeiros e sociais advindos da prática do Ecoturismo.

4. Representar operadores ecoturísticos brasileiros nacional e

internacionalmente.

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CAPÍTULO II

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ECOTURISMO

O ambientalismo, que se coloca na interface com o ecoturismo, tem seu conceito estendido para além das ONG`s de índole ambientalista, originadas de movimentos de cidadãos ou movimentos de base, seja em países desenvolvidos, seja em periféricos. Ele atinge todo o movimento e todas as ações relacionadas com a proteção e administração do meio ambiente natural e humano, o que leva a incluir os organismos governamentais, no âmbito dos países e suas representações internacionais, assim como todo o conjunto de instituições legalmente constituídas com a mesma finalidade.

As ONGs ambientalistas que atuam na linha de frente do ecoturismo

estão se revelando o núcleo essencial dessa interface, pois cabe a elas a

conexão entre os paradigmas ambientalistas capitaneados pelo imperativo

da sustentabilidade, que se disseminam nos distintos setores da sociedade,

com as potencialidades do ecoturismo postas à prova por meio de

programas, projetos e experiências pelo mundo.

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A atividade das ONGs traduz em essência a atuação do

ambientalismo em seu papel mediador dos interesses que convergem para o

ecoturismo.

Na trajetória que levou ao atual envolvimento das ONGs com o ecoturismo, consta desde o início um traço identificador de sua índole “preservacionista”, claramente exposto na atuação voltada para a proteção de áreas naturais consideradas valiosas como detentoras de elevada biodiversidade, de processos ecológicos essenciais ou, ainda, de espécies da fauna e da flora ameaçadas, sem que, no entanto, a presença de comunidades tradicionais dentro ou no seu entorno fossem necessariamente levadas em consideração.

Temos a necessidade de buscar alternativas para o enfrentamento

do duplo problema: a necessidade de proteger o patrimônio representado

pelos recursos existentes nas áreas naturais protegidas, como também as

áreas integrantes do sistema de unidades de conservação instituídas e

administradas pelo poder público; a necessidade de gerar alternativas à

utilização, pelas populações tradicionais, dos mesmos recursos pleiteados

para a proteção e, geralmente, única alternativa à sua própria sobrevivência.

Daí então, surge o ecoturismo como atividade considerada não-

predatória da sua base principal de recursos que é a natureza, capaz de

colocar-se como alternativa para a geração de renda às comunidades que

dependem da exploração direta desses recursos.

Atualmente, tem-se por consenso que as ONGs são fundamentais

no resguardo da aplicação de princípios éticos nos projetos e ações

empreendidos pela sociedade em nome do ecoturismo.

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A Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, já citada anteriormente,

procura definir parâmetros gerais para a Política Nacional de Educação

Ambiental.

Miguel Reale comenta:

"Não são apenas razões éticas e sociais que justificam a não-aplicação da norma legal em manifesto desuso, mas é a estrutura tridimensional mesma da regra jurídica que exige que esta, além da vigência, tenha uma mínimo de eficácia".12

Conforme o art.1º, da Lei nº 9.795/99:

“Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constróem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.”

A educação ambiental é vista como uma modalidade de educação,

tal como o é a educação sexual, a educação para o trânsito e a educação

para idosos, entre outras. No entanto, a educação ambiental não é uma

modalidade de educação, mas sim um novo paradigma. Ela surge na

década de 1960, em meio aos movimentos de contracultura que resultaram

no movimento filosófico denominado pós-modernismo.13

A educação ambiental é esse paradigma radical que embasa a idéia

de que toda educação deve ser voltada ao ambiente, ou seja, à

representação que as comunidade têm sobre as condições que lhes

proporcionam a melhor qualidade de vida e, por conseguinte, a sua plena

cidadania. Como nos ensina a eminente educadora ambiental Michèle Sato:

"A educação ambiental... representa uma resposta às necessidades de mudanças, de inovações e esperanças para que o sistema educativo consiga cumprir, pelo menos em

12 REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. São Paulo: Ed. Saraiva, 2000, p. 122. 13 LYOTARD, J-F. A condição pós-moderna. São Paulo: José Olympio Editora, 2000, p. 27.

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parte, suas obrigações para a construção de uma sociedade utopicamente possível de ser idealizada".14

O IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos

Naturais Renováveis) vem nos últimos anos promovendo ações ambientais,

com componente educativo, nas áreas naturais protegidas, em uma louvável

atuação em educação ambiental não-formal. Os meios de comunicação

raramente contam com profissionais jornalistas que efetivamente conheçam

a matéria ambiental, com raras e importantes exceções como é o caso do

jornalista Washington Novaes.

No parágrafo único, do artigo 13, afirma que o Poder Público em níveis federal, estadual e municipal incentivara o ecoturismo, pois entende-se por Educação Ambiental não-formal as ações e práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente.

A coordenação da Política Nacional de Educação Ambiental ficará a

cargo de um órgão gestor, na forma definida pela regulamentação desta Lei.

Os programas de assistência técnica e financeira relativos a meio

ambiente, em níveis federal, estadual e municipal, devem alocar recursos às

ações de educação ambiental.

14 SATO, M. “A contribuição da biologia à educação ambiental”. In: Programa e Resumos

do 12º Encontro de Biólogos, UFMS, 2001, p. 25-26.

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CAPÍTULO III

TURISMO

3.1 – Breve Histórico sobre o Turismo Para situar o turismo, façamos uma retrospectiva histórica ao contexto surgido após o fim da Segunda Guerra Mundial, com a incorporação, pela sociedade civil, dos progressos tecnológicos nas comunicações e nos transportes. A partir daí deram-se as condições para a emergência de amplos segmentos sociais, que passaram a ter, também, acesso aos bens de consumo (entre eles as viagens) que começavam a ser proporcionados pelo desenvolvimento econômico de larga escala.

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As décadas de 1950 e 1960 representaram um período de grande

expansão desenvolvimentista e de enorme incremento mundial nas viagens

com o conseqüente crescimento do turismo. Foi nesse contexto que a

atuação nas sociedades mais desenvolvidas do Primeiro Mundo contribui

para a “massificação” do turismo, o que, de certa forma, também se

reproduziu nos países periféricos em relação às camadas sociais

economicamente dominantes.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, em meio ao

restabelecimento do equilíbrio geopolítico, ao desenvolvimento da infra-

estrutura pública e aos avanços tecnológicos advindos da indústria bélica,

então incorporados pela sociedade civil nas diversas áreas, destacam-se

dois importantes fatores para o turismo e que explicam sua importância a

partir daí.

Um deles é o notável desenvolvimento dos transportes e da

comunicação, ambos beneficiados pela incorporação de novos avanços

tecnológicos e científicos. Em particular, os transportes – aviação civil, com o

advento de viagens a jato, ampliam a possibilidade de locomoção e na oferta

de padrões de segurança e qualidade, antes inexistentes ou muito precárias.

Novas conquistas na área de telecomunicações possibilitaram a ampla

difusão de informações e conhecimentos até então limitados.

A expansão da economia mundial é outro fator, e com ela a

emergência de segmentos sociais beneficiários do processo

desenvolvimentista imprimido pelas nações ocidentais ao Primeiro Mundo,

além das conquistas trabalhistas que ocorreram na época. Tais segmentos

foram beneficiados e passaram a ter condições para o consumo de bens e

serviços, antes privilégio das elites.

Todos esse fatores, determinaram o crescimento do turismo, escala

mundial, como negócio organizado com fins comerciais em meio a outros

segmentos florescentes da atividade industrial. O notável crescimento

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mercadológico do turismo o tornou um fenômeno de grande repercussão

social e econômica alcançando na década de 1950, níveis de pré-

massificação.

A partir de 1960, o processo desenfreado de implantação de centros

turísticos se alastram pela Europa, como exemplo o litoral da Bulgária e

Romênia. Vivia-se “social dominante”, onde os valores materiais

proporcionados pelo “progresso” e “prosperidade” advinda do crescimento

econômico se sobrepunham às questões ambientais, não se reconhecendo

limites para o crescimento e aceitando-se os riscos dele decorrentes.

O auge desse processo ocorreu a partir de 1970, com o “turismo de

massas”. Começam, então, a se evidenciar os problemas por ele

desencadeados, com suas conseqüências negativas e danosas, recaindo

sobre a estrutura social e econômica das populações anfitriãs, assim como

sobre a qualidade ambiental dos destinos consagrados por esse modelo de

turismo.

Serve de exemplo um conjunto de fatos e acontecimentos gerados

pela massificação do turismo: expropriação e ocupação violenta do território

por parte das forças e agentes turísticos; especulação imobiliária e de terra;

expulsão e marginalização de populações locais; ruptura dos valores

culturais e desequilíbrio da economia local; degradação de culturas

tradicionais; manipulação da memória de herança coletiva; violação de

lugares sagrados; segregação étnica; formação de “guetos” turísticos;

desvios de comportamento e prostituição de mulheres e adolescentes;

comportamento grosseiro e insensível de turistas nos destinos estrangeiros;

poluição e destruição do meio natural; imperialismo econômico de

corporações transnacionais, neocolonialismo; evasão de divisas para o

exterior.

A partir da percepção deste quadro, iniciou-se as primeiras críticas

contrárias a esse desenvolvimento desordenado do turismo. Apareceram os

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grupos de estudos interessados no fenômeno turístico, culminando no

desencadeamento de manifestações de descontentamento e com questões

de custos e benefícios do turismo para a economia, a sociedade e o

ambiente, antes negligenciados, começam a ser tratados por organizações

internacionais e a se constituir em temas de eventos internacionais e

regionais, tornam-se também objeto de pesquisa e divulgação por

publicações especializadas, atingindo um nível que não podia ser ignorado

pela mídia.

A crescente sensibilização diante das questões relacionadas aos impactos socioeconômicos, culturais e ambientais do turismo, conduziu a reorientação da atividade em nova ordem ética originando novos modelos de turismo alternativo.15

3.2 – Quem são os Ecoturistas e "Turistas Participantes"?

Participantes destas viagens em geral são pessoas adultas ou da

terceira-idade, adolescentes e crianças (integrantes de grupos familiares ou

escolares).

São pessoas com espírito de aventura, curiosas e que adoram

sobretudo compartilhar experiências.

Suas viagens não são necessariamente difíceis e raramente eles

são submetidos a desafios e a testes de habilidades especiais ou prévia

experiência. Eles viajam em grupos pequenos, em geral não mais de 15, em

média de 8 e, às vezes, só 4 por grupo, e têm como característica o trabalho

de equipe e o companheirismo.

O que Ecoturistas e os "Turistas Participantes" gostam em suas

viagens? Basicamente, ecoturistas e turistas participantes gostam de

atividades em contato com a natureza. Da beleza de uma área natural e

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preservada. Do prazer de observar a fauna em seu habitat natural. Da

ansiedade do explorar e descobrir.

Eles gostam de atividades tais como cruzeiros costeiros, acampamentos em parques nacionais e locais conservados, montanhismo e escaladas, caminhar em áreas de alimentação e cria de aves migratórias, explorar e aprender sobre a flora e a fauna de ecossistemas. Adoram descobrir como é fácil ler um mapa, navegar um rio e até mesmo aprender técnicas de escalar, mergulhar, orientação em campo, canoagem, cavalgar, arrumar e portar uma mochila, acampar.

Eles gostam da auto-confiança que adquirem, mesmo quando, sob

um "sol de rachar" ou um "frio de trincar", na aridez do deserto ou sob

chuvas torrenciais, aturando com entusiasmo solavancos, roupa

encharcada, arranhões e contusões. Não que gostem de desconforto, é

apenas uma questão de superar obstáculos e sentir o prazer de superá-los.

Sempre buscam ser recompensados com a beleza de um lugar inóspito, ver o panorama do topo de uma montanha, acampar junto a um lago de águas plácidas e cristalinas, observar um albatroz plainando ao sabor do vento ou jacarés às margens de uma lagoa. E sobretudo adoram o prazer de compartilhar experiências com amigos e familiares.

3.3 – Turismo Participativo

É o reflexo da tendência mundial de especialização profissional e

industrial onde os clientes (usuário, ecoturista, visitante), a cada dia se

tornam mais exigentes e seguros na medida em que são tratados como

especiais, fora da massa consumista e anônima, a indústria do turismo, que

15 PIRES, Paulo dos Santos. Op. cit., p. 200.

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com certeza será a maior em futuro próximo, também se segmentou e se

especializou no que "traduzimos" da expressão Special Interest Travel

(Viagem de Interesse Especial) como Turismo Participativo.

Mais completo que o Turismo de Massa ou "Clássico" onde o envolvimento dos turistas normalmente é limitado a interesses intelectuais e/ou sentimentais, sendo estes turistas levados a comer, ver, comprar, conhecer, passivamente (viaja-se a Paris por que gosta-se da atmosfera da cidade ou porque sente-se atraído intelectualmente por seus museus).

No Turismo Participativo, além dos interesses sentimentais e

intelectuais, temos também o envolvimento físico das pessoas.

Exemplificando: num programa onde o interesse principal é observar aves,

geralmente estão incluídos acampamentos, caminhadas ou talvez travessias

de barco, ou seja, o viajante se compromete fisicamente. O relacionamento

clássico turista-destino-interesse é em geral passivo e contemplativo. Já o

relacionamento ecoturista-destino-interesse é, além de sentimental e

intelectual, sobretudo ativo, físico, mais completo.

O ideal é combinar turismo com lazer, viagens de estudos ou de negócios e assim teremos uma nova maneira e motivação para viajar com vários tipos de atividades participativas relacionadas com o meio ambiente natural ou urbano, incluindo atividades como caminhadas, mergulho, cruzeiros em barcos regionais ou veleiros, canoagem, observação de vida animal, folclore, gastronomia, história, espeleologia , etc.

Os programas de Turismo Participativo (Special Interest Travel), com

modalidades e atividades diversas, podem tornar interessantes e produtivas

viagens de férias, negócios ou estudos e só alguns programas requerem

certa prévia experiência.

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É importante entender que a principal característica do Turismo

Participativo é enfatizar o conteúdo, ou seja, o interesse principal da viagem:

a informação, a compreensão e a experiência que atinjam as expectativas

do viajante.

Não se trata simplesmente de colocar um produto no mercado, o

importante é atender as expectativas e buscar o interesse do usuário.

CAPÍTULO IV

ESTUDO DE CASO

O estudo de caso, a seguir relatado, é do tipo observação

participante, isto é, o observador se incorpora no grupo ou comunidade

pesquisados. A pesquisa ocorreu no Parque Nacional da Tijuca.

4.1 – Coleta de dados

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A partir de leituras sobre ecoturismo e outros trabalhos sobre o

tema, foi compreendido a necessidade de se escolher uma empresa atuante

no Rio de Janeiro, visando a coleta de material discursivo e de propaganda

para uma prévia análise documental. O objetivo deste trabalho foi verificar

se, de fato, existe a realização da educação ambiental nos discursos e

práticas dos promotores de ecoturismo.

O público-alvo envolvido foram os participantes da caminhada que

eram jovens e idosos, homens e mulheres.

Inicialmente foram realizadas várias consultas à Internet a fim de se

escolher a instituição/empresa mais acessível como objeto de coleta de

dados.

Consultou-se o site (www.terrabrasil.org.br) e observou-se que esta

é uma instituição sem fins lucrativos, fundada em 1990, na cidade do Rio de

Janeiro, com atividades voltadas, à preservação do meio ambiente, à

educação ambiental e ao ecoturismo. O site tem por objetivo a educação

ambiental do Parque Nacional da Tijuca (PNT). Neste, se encontra

informações sobre ecossistema, ecoturismo, educação ambiental, cultura e

atividades desenvolvidas nesta Unidade de Conservação, administrada pelo

Ministério do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (IBAMA) e pela

Prefeitura do Rio de Janeiro.

Coletou-se no PNT folhetos informativos e de propaganda para

análise documental. (Anexos 1)

Optou-se pela pesquisa do tipo observação de uma única instituição

devido à falta de tempo e de investimentos pessoais, uma vez que a maioria

das empresas cobram pelos seus eventos.

O PNT é composto pela Floresta da Tijuca, Pedra da Gávea, Pedra

Bonita, Paineiras e Corcovado. É considerado um verdadeiro oásis dentro da

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cidade do Rio de Janeiro; é a maior floresta tropical urbana já conhecida,

graças a D. Pedro II, que em 1869 tomou a iniciativa de despropriar e

reflorestar esta belíssima área. O tombamento do Parque pela UNESCO o

elevou ao status de “Reserva da Biosfera” e, agora, está aguardando o

recebimento do título de “Patrimônio da Humanidade”. (Mapa em Anexo 1)

O PNT é o mais procurado do país, sendo visitado por cerca de dois

milhões de pessoas que visitam o Corcovado e outros pontos do parque.

Além disso, é um parque urbano reflorestado, constituindo-se importante

fragmento da Mata Atlântica. Possui importante posição estratégica para o

equilíbrio ambiental da cidade, sendo um grande reservatório de água, que

abastece os bairros vizinhos (Usina e Tijuca) e também possui uma grande

área vegetal, responsável pelo equilíbrio térmico e pelo sistema de chuvas.

O PNT possui a Sociedade dos Amigos do Parque Nacional da

Tijuca, uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, criada com a

finalidade de assegurar a adequada preservação deste enorme patrimônio

com a representação da sociedade civil junto aos órgãos públicos

responsáveis pela administração do PNT de modo a fiscalizar e colaborar

com sua conservação: coordenação de trabalho voluntário de pessoas

físicas e das diversas Ong’s que atuam no PNT; idealização, planejamento e

coordenação de projetos de interesse do PNT, a serem executados e

mantidos com contribuições, doações e patrocínios da sociedade civil,

pessoas físicas ou empresas.

Diante de tantas informações optou-se por uma caminhada guiada,

por trilha, que durou cerca de duas horas. O grupo formado continha vinte

pessoas (homens, mulheres, jovens e idosos). (Anexo 2, Foto nº 1)

Antes de iniciar a caminhada foram dadas instruções gerais como

por exemplo: uso de filtro solar, uso de repelentes, roupas e tênis

apropriados e mochila nas costas para carregar frutas, água... É importante

deixar as mãos livres durante a caminhada.

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Iniciou-se a caminhada e, vinte minutos depois, ocorreu a primeira

parada no Parque do Tai Chi chuan, local usado por pessoas para esta

prática. Neste espaço, o guia falou sobre o replantio de cerca de sessenta

mil mudas de espécies nativas da Mata Atlântica, pelo Major Manoel Gomes,

em 1850. Para exemplificar, o guia apontou no local para a jaboticabeira. Foi

comentado que a segunda parte do replantio objetivou o embelezamento e o

lazer, apontando para o chafariz, bicas de água, banheiros. (Anexo 2, Foto

nº 2)

Também houve o plantio de plantas exóticas, como o eucalipto, que

competem com plantas nativas. Foi informado que o eucalipto e a jaqueira

foram plantados para fazer a contenção de encostas. A jaqueira tornou-se

uma praga no parque, porque, sendo resistente aos fungos se reproduz

muito e vive anos, esse processo de crescimento impede que outras

espécies cresçam ao seu redor.

Para controlar o crescimento exagerado das jaqueiras, o Parque

está fazendo anelamento (corte da casca em torno da árvore) para impedir

que a seiva bruta circule nos seus troncos. Com o passar do tempo, as

espécies que se alimentam desta planta começarão a procurar outras frutas

e, assim, quando acabarem as jaqueiras do parque e os animais não

sentirão a sua falta.

A segunda parada foi nos jardins dos Manacás. Este é um arbusto

que floresce margaridas amarelas. Em seguida, apontou-se para a fonte

Wallace, símbolo das quatro virtudes do ser humano: bondade, caridade,

sobriedade e simplicidade, do autor Charles Auguste Lebony.

A terceira parada foi no restaurante Esquilos, onde ocorreu o

segundo reflorestamento. Neste momento voava um tucano e o guia disse

que o tucano é um animal predador.

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Na quarta parada, obtivemos a vista da Pedra do Conde (850

metros).

A quinta parada ocorreu na Gruta do Hermitão. (Anexo 2, Foto nº 3).

O guia informou que neste local vivia um modesto homem que cansado da

vida da cidade resolver viver o resto de sua vida na caverna, onde também

trabalhava tirando fotos dos turistas. Após a sua morte deu-se o nome da

gruta em sua homenagem.

A sexta parada ocorreu no bosque dos eucaliptos, que recebeu esse

nome devido ao replantio desta espécie. A seguir, passou-se pela cova da

onça (Anexo 2, Foto nº 4), onde há uma ponte de madeira. Neste local,

foram vistas muitas samambaias gigantes (samambaias-açú). Foi

comentado que o uso desta planta para a confecção de xaxim causa

prejuízo para a recuperação da espécie, uma vez que é necessário arrancar

toda a planta do solo (matando-a). A samambaia serve de abrigo para outras

espécies menores crescerem.

Todos admiraram a beleza da quaresmeira, nativa da Mata atlântica.

(Anexo 2, Foto nº 5).

No caminho, o guia apontou para o palmito Jussara, que o PNT está

recuperando o plantio, pois é uma espécie em extinção, devido ao seu

exagerado consumo. Foi informado de que o palmito Jussara é semelhante

ao açaí, em termos energéticos, com a diferença que este se recupera e

aquele não.

4.2 – Considerações pessoais

De tudo que foi observado, pode-se concluir que o PNT possui uma

instituição realmente engajada e preocupada com as questões ambientais,

procurando desenvolver um ecoturismo não predatório associado à

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educação ambiental. Seus guias destacam os atrativos da natureza através

dos seus aspectos ecológicos, biológicos, bem como a historicidade do

Parque, fazendo-nos refletir sobre a importância da conservação das

espécies e seu equilíbrio na natureza.

Em todos os lugares do Parque observa-se a consciência ecológica

voltada para a preservação. Há vários pontos de coleta seletiva de lixo,

programas de voluntários do Parque para fazer a limpeza. As pessoas

participam dos programas ativamente e demonstram expressão de felicidade

por ajudarem.

CONCLUSÃO

O contato com a natureza tem se tornado bastante popular

ultimamente, talvez como um antídoto para as pressões da vida moderna

potencializado pela velocidade e poder da informação e da mídia. Hoje, mais

do que nunca, mais pessoas têm sido introduzidas às atividades ao ar livre,

por escolas, organizações, empresas e é importante ressaltar que ainda há

muito espaço para todos, contanto que se entenda o meio ambiente,

devendo sempre respeitá-lo, preservando-o e, sobretudo, mantendo uma

consciência ambientalista.

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Considerando que o Ecoturismo é uma tendência em termos de

turismo mundial que aponta para o uso sustentável de atrativos no meio

ambiente e nas manifestações culturais, devemos ter em conta que somente

teremos condições de sustentabilidade caso haja harmonia e equilíbrio no

"diálogo" entre os seguintes fatores: resultado econômico, mínimos impactos

ambientais e culturais, satisfação do ecoturista (visitante, cliente, usuário) e

da comunidade (visitada).

A qualidade de um programa turístico não está só na qualidade do

atrativo ou destino e seu entorno, mas está sobretudo na forma de combinar

e dosar as atividades que o constituem.

Também, em virtude do rigor da "ética" ecoturística, os produtos

devem ser descritos de forma clara e só prometendo o que realmente é

possível fornecer. Deve-se fugir de descritivos e textos exagerados e falsos,

comuns no turismo de massa, "preferindo" usar predicados a adjetivos no

estilo descritivo.

Entenda-se que ser ambientalista ou "ecologista" não é participar de

ações e atos públicos contra empresas poluidoras, usinas nucleares ou

desmatamentos, mas é possuir espírito construtivo e colaborativo e é muito

mais simples e próximo de nosso dia a dia. Ser ambientalista é saber como

agir de forma a reduzir, reutilizar e reciclar nossos recursos naturais. É

fechar a torneira enquanto se escova os dentes ou se faz a barba, é utilizar

detergentes biodegradáveis, é escolher produtos cuja produção utilize

tecnologia limpa, é buscar alternativas energéticas aos combustíveis sólidos,

como a energia solar, eólica ou a proveniente de biomassa.

É vital que o Meio Ambiente seja protegido e conservado para as

gerações futuras. Para que o Ecoturismo não provoque ou sofra impactos

negativos, devemos promovê-lo com critérios de mínimo impacto ambiental

e cultural, uma vez que impactos, negativos ou positivos, sempre ocorrerão

pois todas atividades humanas tem um custo ambiental e/ou cultural.

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A N E X O S

ANEXO 1

FOLHETOS INFORMATIVOS E PROPAGANDAS DO

PARQUE NACIONAL DA TIJUCA

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MAPA DO PARQUE NACIONAL DA TIJUCA (PNT)

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ANEXO 2

FOTOS DO PASSEIO AO PARQUE NACIONAL DA TIJUCA

FOTO nº 1 – Caminhada na Trilha

FOTO nº 2 – Embelezamento

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FOTO nº 3 – Gruta do Hermitão

FOTO nº 4 – Cova da Onça

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FOTO nº 5 - Quaresmeira

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES (UCAM)

PLANEJAMENTO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL

PROJETO A VEZ DO MESTRE

ECOTURISMO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL:

UM ESTUDO DE CASO

REGINA CELIA GAGLIARDO

ORIENTADORA: MARIA ESTHER DE ARAUJO OLIVEIRA

Aprovada por:

Prof. ___________________________________ (orientadora)

Nome da professora

Examinada em:

Nota:

Recomendações:

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