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NOVEMBRO 2010 1ª EDIÇÃO om à letra EDITORA Irene Leite Colaboram nesta edição Ana Luísa Silva Maria João Coutinho Tiago Queirós Design Joana Quintela Diogo Machado Pink Floyd Eterno ópio Se há banda que ainda perdura, que foi passando de geração em geração, que nunca passou de moda (seja pelo seu modo irreverente ou pelo tom psicadélico) e que ainda faz mover multidões, são os aclamados Pink Floyd. PÁGINA 5 Álbum “The Wall” É um hall de hotel monótono, cinzento e robótico que nos PÁGINA 8 CRÍTICA The Dark Side of the Moon PÁGINA 10 ARTIGO Syd Barrett em “Wish you were here” PÁGINA 9 conduzirá ao que talvez tenha sido um dos melhores filmes com base musical alguma vez feito. DESTQUE Relexão semanal e a selecção do Som à Letra PÁGINA 2 referência da imagem referência da imagem referência da imagem

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Uma breve compilação da edição mensal do ciberjornal Som À Letra

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NOVEMBRO 20101ª EDIÇÃO

om à letraEDITORAIrene Leite

Colaboram nesta ediçãoAna Luísa SilvaMaria João CoutinhoTiago Queirós

DesignJoana QuintelaDiogo Machado

Pink Floyd Eterno ópioSe há banda que ainda perdura, que foi passando de geração em geração, que nunca passou de moda (seja pelo seu modo irreverente ou pelo tom psicadélico) e que ainda faz mover multidões, são os aclamados Pink Floyd.

PÁGINA 5

Álbum “The Wall”

É um hall de hotel monótono, cinzento e robótico que nos

PÁGINA 8

CRÍTICA

The Dark Side of the Moon

PÁGINA 10

ARTIGO

Syd Barrett em “Wish you were here”

PÁGINA 9

conduzirá ao que talvez tenha sido um dos melhores filmes com base musical alguma vez feito.

DESTQUE

Relexão semanal e a selecção do Som à Letra

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Another Brick in the Wall

Comfortably Numb

Goodbye Cruel World

Empty Spaces

Mother

One of My Turns

The Trial

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Jack Kerouac

All of life is a foreign country.Great things are not accomplished by those who yield to trends and fads and popular opinion. If moderation is a fault, then indifference is a crime. My fault, my failure, is not in the passions I have, but in my lack of control of them.

Write in recollection and amazement for yourself.

Reflexão Semanal

1 a 14 de Novembro de 2010

SOM À LETRA | 2

A Selecção do Som à

Letra

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Mahatma Gandhi

Você nunca sabe que resultados virão da sua ação. Mas se você não fizer nada, não existirão resultados.

Norman Vincent Peale

A ação é uma grande restauradora e construtora da confiança. A inatividade não só é o resultado, mas a causa do medo. Talvez a ação que você tome tenha êxito; talvez uma ação diferente ou ajustes terão de ser feitos. Mas qualquer ação é melhor que nenhuma.

Wayne Gretzky

Você perde 100% dos tiros que você nunca dá.

Stephen R. Covey

Se você é pró-ativo, você não tem quem esperar por circunstâncias ou outras pessoas para criar perspectiva expandindo experiências. Você pode conscientemente criar por você mesmo.

See Emily Play

Learning to Fly

Money

Wish You Were Here

The Dark Side of the Moon

15 a 31 de Novembro de 2010

SOM À LETRA | 3

Reflexão Semanal

A Selecção do Som à

Letra

EDITORIAL

“Caminante no hay camino, se hace camino al andar”. Esta é uma das minhas frases de eleição. Talvez porque transmite completamente o avanço do projecto Som à Letra.

Há precisamente um ano andava a publicar notícias diariamente, prestes a criar o face-book para o projecto. Nem pensava que dali a uns meses, o ciberjornal já teria publico fiel, equipa, juntamente com as primeiras experiências gráficas.

A evolução tem sido grande e contínua, sempre com os feedbacks do leitor, o nosso grande protagonista.

Neste contexto torna-se ainda mais pertinente entrar numa nova fase, mais coesa, com direito a editorial, artigo de fundo e ainda um programa de rádio.

Neste mês os grandes protagonistas são os Pink Floyd , grupo que vai passando de geração em geração, que nunca passou de moda , sendo um ópio saudável e eterno.

Será que com o nosso ciberjornal o ópio será para sempre? Esperamos que sim!

Irene Leite

SOM À LETRA | 4

Pink Floyd Eterno ópio

Se há banda que ainda perdura, que foi passando de geração em geração, que nunca passou de moda (seja pelo seu modo irreverente ou pelo tom psicadélico) e que ainda faz mover multidões, são os aclamados Pink Floyd.

Texto de Ana Luísa Silva

Que lance a primeira pedra, quem nunca ouviu o mítico hino à anarquia escolar “Another Brick in The Wall” ou mesmo a simples “Learning To Fly”. Que lance a segunda, quem nunca ouviu falar nos sen-hores Roger Waters, David Gilmour, ou no fundador de toda esta grandeza, Syd Barrett.

Com berço em Inglaterra e famosos pelas suas composições de rock clássico harmónico, pelo seu estilo progressivo e pelos fantásticos espectáculos ao vivo o grupo deu muito que fazer à sociedade, habituada a um estilo melancólico e limpinho.

Barrett e a sua marca criativaBarrett desde logo começou a escrever as suas próprias composições. Sendo extremamente influ-enciado pelo rock psicadélico americano e britâni-co com excessiva extravagância, sarcasmo e humor, o músico contribuiu decisivamente para que o

Liderado então pelo lendário cantor e compositor Syd Barrett, a banda tinha já um humilde sucesso na segunda metade da década de 1960 produzindo o seu tão famoso rock psicadélico, intenso nas sig-nificações.

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Barrett e a sua relação ingrata com o LSD

consumo de LSD, chegando por fim o momento em que os outros membros da banda decidiram não in-cluir o músico nos concertos, sendo então substituído por David Gilmour (que curiosamente tinha sido o mentor de Barrett).

Inicialmente o papel de Syd passaria a ser apenas o de compositor, mas nem essa tarefa conseguia executar. Composições como “Have You Got It, Yet?”, continham progressões de acordes e melodias diferentes a cada take, o que fez com que a banda desistisse dessa ideia.

Barrett foi afastado da banda em finais dos 60, termi-nando a sociedade Blackhill Enterprises. Depois de gravar dois álbuns a solo em 1970, o músico afastou-se definitivamente do mundo musical, adoptando por fim o seu nome oficial de Roger Keith “Syd” Barrett, vivendo uma vida pacata em Cambridge, até falecer em Julho de 2006.

Fase pós- Barrett: em busca de novos horizontes

grupo depressa se tornasse o favorito dos aman-tes do movimento underground, começando a tocar em locais nocturnos como UFO Club e The Roundhouse.

Com o crescimento progressivo de popularidade da banda, os membros formaram uma sociedade chamada “Blackhill Enterprise” em Outubro de 1966, lançando os singles “Arnold Layne” e “See Emily Play” em 1967, que permitiram a entrada da banda no Top of The Pops.

“The Piper at the Gates of Dawn” foi o primeiro álbum da banda e é actualmente considerado como um óptimo exemplo de música psicadélica britânica. As faixas, maioritariamente escritas por Barrett, mostravam letras poéticas e uma grande mistura eclética de música, desde a faixa “Inter-stellar Overdrive” até canções assobiáveis como “The Scarecrow”.

O álbum foi um êxito no Reino Unido onde al-cançou o 6º lugar no top. Durante esse período, a banda acompanhou Jimi Hendrix, ajudando as-sim a aumentar a sua popularidade.

Enquanto a banda se tornava mais popular, o stress da vida na estrada e o consumo excessivo de drogas, deteriorou a saúde mental de Syd Bar-rett. Este foi-se tornando cada vez mais impre-visível e estranho, em parte devido ao elevado

Com a saída do principal compositor, passou a viver--se no seio da família Pink Floyd, um período de ex-perimentações musicais. Cada um dos membros – Gil-mour, Wright e Waters – contribuía com canções que tinham a sua própria sonoridade e voz. Geralmente Waters escrevia canções mais lentas com melodias de Jazz, linhas de baixo complexas e letras dominantes; Gilmour focava-se em “jams” de blues levados pela guitarra, enquanto Wright preferia melodias pesadas psicadélicas de teclado. De um modo diferente de

Roger Waters, os outros dois elementos preferiam faixas que tinham letras simples ou que simplesmente fossem instrumen-tais.

A banda foi recrutada pelo director Barbet Schroeder para produzir uma banda so-nora para um filme seu, chamada “More”, que teve a sua estreia em 1969. O seguinte álbum da banda, o quadruplo “Ummagum-ma”, foi uma mistura de gravações ao vivo e experimentações de estúdio dos membros, em que cada um gravou metade do lado do vinil como um projecto a solo. O título é uma gíria sexual de Cambridge e reflecte a atitude da banda naquela época.

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Foi durante este período que os Pink Floyd se dis-tanciaram da cena psicadélica e se tornaram uma verdadeira banda distinta, sendo bastante difícil de classificar. Os estilos antagónicos de Gilmour, Wright e Waters, acabaram por criar uma sonoridade única. Esta era, denominada como “Era do Estouro”, contém o que muitos consideram os dois melhores álbuns da carreira da banda, “The Dark Side of The Moon” e “Wish You Were Here”. O som tornou-se mais trabalhado e com colabo-ração de todos, incluindo letras filosóficas e linhas de baixos típicos de Waters, estilo único de guitarra de blues de Gilmour e assustadoras melodias de te-clados de Wright. Gimour passou a ser o vocalista principal deste período da banda, incluindo tam-bém contribuições de corais femininos.

Novos desentendimentos

O som destrutivo que marcava o estilo da banda no seu início, havia aberto caminho para um som mais suave e calmo, que chegou ao seu máximo com “Echoes”. E é este álbum que marca o fim da boa confraternização na banda. Waters, depois de 1973, passa a ter um maior domínio musical e nas composições. Os créditos de letra de Gilmour di-minuíram gradualmente até à saída de Waters em 1985, embora tenha continuado a participar na banda. Os últimos laços com Syd Barrett estão pre-sentes em “Wish You Were Here”, cuja canção prin-cipal “Shine On You Crazy Diamond”, foi escrita em tributo a Barrett.

“Echoes” é uma leve canção de rock progressivo com longos solos de guitarra e teclado, e uma longa sessão de música meramente sintetizada produzida por guitarras, órgãos e sintetizadores. O lançamen-to com sucesso em massa de 1973, “The Dark Side Of The Moon” foi o ápice de popularidade da banda,

chegando ao Top 20 nos EUA, com “Money”.

Em 1985, Waters anunciou que ia sair dos Pink Floys e descreveu a banda como sendo “uma força criativa desgastada”, embora em 1986 Gilmour e Mason começassem a gravar um novo álbum. Entretanto, Roger Waters começava também a trabalhar num projecto a solo, chamado “Radio K.A.O.S.”

Para agravar a situação uma disputa legal foi ini-ciada por Waters, reivindicando que o nome “Pink Floyd” deveria ser colocado de lado, uma vez que não estavam presentes todos os elementos ini-ciais, mas Gilmour e Mason tinham direitos legais para continuar com o nome.

Em 1996, a banda foi indicada ao “Hall of Fame” pelo líder dos Smashing Pumpkins, Billy Corgan. Waters não compareceu, ainda estando em con-fronto com os seus antigos parceiros musicais.

A reunião improvável no Live 8

Em 2 de Julho de 2005, a banda reuniu-se para actuar em Londres no Live 8. Desta vez, Waters juntou-se aos restantes elementos após 24 anos de total separação.

A banda tocou um set de quatro canções, com Gil-mour e Waters a dividir os vocais. No fim Gilmour agradeceu e abandonou o palco, sendo rapida-mente chamado por Waters e todos deram um abraço colectivo, imagem bastante famosa do Live 8. Nas semanas que sucederam o Live 8, as vendas de material Pink Floyd aumentaram sub-stancialmente.

Gilmour lançou o seu 3º álbum a solo, “On An Island” em 2006, começando uma pequena di-gressão pela Europa, Canadá e EUA. Waters e Wright trabalharam em álbuns a solo, até à morte do último em 2008, após uma curta batalha contra o cancro.

Aconselhável dos 8 aos 80, sem interrupções nem desculpas pelo meio. É necessário consumir esta banda que inspirou e marcou o caminho para o desenvolvimento do rock progressivo. O ópio é eterno e recomenda-se...

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Álbum “The Wall”

É um hall de hotel monótono, cinzento e robótico que nos conduzirá ao que talvez tenha sido um dos melhores filmes com base musical alguma vez feito.

Texto de Ana Luísa Silva In Som à Letra, 15/09/10

http://somaletra.blogspot.com/2010/09/filme-wall-no-momento-classic-rock.html

“The Wall” leva-nos à Inglaterra oprimida dos anos 50/60 onde um Bob Geldof mais novo e menos mediáti-co, dá vida a um jovem rapaz de nome Pink.

Conduzidos pelas músicas do álbum dos Pink Floyd, “The Wall”, e com os poucos diálogos, o realizador Alan Marshall conseguiu transmitir toda uma opressão e humilhação vividas pela população inglesa desde muito cedo.

Pink vive num quarto de hotel escuro e sujo, após ter caído na rede das drogas trazidas pela fama do rock n’ roll. A apatia e solidão que sentia, levam-no a lembranças longínquas e esquecidas, que nos retratam a sua vida desde muito novo, havendo um jogo de saltos entre o passado e o presente, o que também torna o filme apetecível.

Após a morte do pai na Segunda Guerra Mundial, passamos a seguir a sua infância nos anos 50, onde é arduamente humilhado por escrever poemas e na qual é possível ver o seu sofrimento por ter uma mãe viúva sempre protectora.

É então que o nosso protagonista cresce, se torna uma estrela de rock e cai numa depressão profunda que o leva à loucura e a alucinar que era um ditador.

Tudo isto é magicamente envolvido e representado pelas músicas dos Pink Floyd , que assentam que nem uma luva em toda a vida de Pink. Esta magnificência cinematográfica, foi escrita por Roger Waters, o grande mentor da banda mais acla-mada de todos os tempos.

Senhoras e senhores: “The Wall”.

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Syd Barrett em “Wish you were here”

Esta semana, no Momento Classic Rock, propusemo-nos escrever sobre os Pink Floyd, a propósito de “Wish You Were Here”, a música. Acontece que, por vezes, a matéria tem uma “vontade própria” que se sobrepõe à do cronista, e este acaba a dar por si a escrever sobre “Wish You Were Here”, o álbum…

Texto de Maria João Coutinho In Som à Letra 13/10/10

http://somaletra.blogspot.com/2010/10/momento-classic-rock.html

E depois há um ponto em que percebe que não pode escrev-er sobre a música ou o álbum sem dissertar acerca de Syd Barrett, o elemento da banda mais presente neste trabalho, apesar de ser o único que não escreveu, nem compôs, nem tocou , nem cantou no mesmo.

Quem conhece a história do grupo sabe do que estamos a falar. Syd Barrett foi um dos fundadores da mítica banda in-glesa em 1965, e seu principal mentor, autor/compositor, e virtuoso guitarrista, nos curtos anos em que dela fez parte…

Até ser obrigado a afastar-se quando a espiral do uso e abuso de drogas (LSD e medicamentos hipnóticos, principal-mente), e da doença psiquiátrica conver-giu, intensificou-se, afundando o músico.

Wish You Were Here, o álbum, e a balada que lhe dá o título, são da era pós-Barrett (1975) e resultam de uma perfeita siner-gia entre a composição de David Gilmour e as letras de Roger Waters. Gravado nos estúdios da Abbey Road Records, todo o álbum circula em torno do tema das nos-talgias, ausências e distâncias…

E é a ausência de Barrett que a banda lamenta, e a quem presta o seu tributo de forma tão evidente quanto literalmente o mostram as letras das músicas “Wish You Were Here” (gostava que estivesses aqui) e “Shine On You Crazy Diamond” (contin-ua a brilhar, diamante louco).

Nesta obra-prima do rock progressivo o público reconhece um trabalho de génio: rapidamente chega ao nº 1 da tabela da Billboard , muitos fãs consideram-no o melhor álbum da banda, e vendeu, em todo o mundo, mais de 13 milhões de cópias.

Reza a lenda (vários elementos da banda citaram este episó-dio em entrevistas e documentários) que quando “Shine On…” estava a ser gravado/mixado em estúdio, uma estra-nha personagem que ninguém reconheceu, de cabeça e so-brancelhas rapadas e olhar distante, deambulava por ali…

Até que alguém reconheceu nesse “fantasma” o velho amigo e mentor, Syd. Foi uma experiência perturbadora para todos, e tanto mais que, depois de tal episódio, incapaz de lidar com o mundo tal como é, o guitarrista se “recolheu” para sempre na sua terra natal, Cambridge, cortando todos os laços com o mundo exterior, até à sua morte, em 2006.

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ARTIGO

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CRÍTICA

Álbum “The Dark Side of the moon” (1973)

Por Tiago Queirós

Pink Floyd é sinónimo de qualidade, de distinção, de megalomania, de ino-vação e de originalidade.

Numa palavra eu diria únicos. Será sempre um risco elaborar tabelas quali-tativas pois serão eternamente subjectivas, mas se me perguntassem qual a melhor banda de todos os tempos eu responderia o seu nome.

A sua impressionante discografia e invejável carreira ditam isso mesmo. Os números não mentem. Este é simplesmente o 2º álbum mais vendido da história, apenas ultrapassado pelo recordista de vendas Thriller do rei da pop.

Mais impressionante (se isso é possível) é o facto de este ter permanecido nos «charts» qualquer coisa como 741 semanas. Desde 1973 a 1988!. Resultado? Uns impressionantes 45 000 000 discos vendidos!

Dos estúdios de Abbey Road, eternamente ligados ao quarteto fantástico de Liverpool, os Beatles, saiu este pico na história dos Pink Floyd de David Guil-mor, Roger Waters, Rick Wright e e Nick Manson.

Posterior ao muito progressivo Meddle, que ex-plorou caminhos ainda hoje algo confusos mas eternamente fascinantes, Roger Waters sentiu que algo devia mudar. As palavras tinham de chegar às pessoas de uma forma mais directa.

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«Speak to Me» é uma espécie de introdução ao ál-bum passando, através de pequenos pormenores e efeitos sonoros, por certos pontos do álbum. O toque psicadélico e progressivo é facilmente perceptível logo à primeira audição.

O efeito transe é resultado da mestria demonstrada pelo falecido Rick Wright nas teclas e no uso divinal que os Pink Floyd deram aos sintetizadores.

Provando que a música não tem barreiras, e que a sua mensagem vai para além do empreendorismo hippie, atravessando momentos de autêntica Filoso-fia, este tema com duas frases apenas anuncia uma epopeia de outro Universo.

«I’ve been mad for fucking years, abso-lutely years. I’ve been over the edge of yonks. Been working me buns off, ‘till i went crazy...I’ve always been mad, I know I’ve been mad, like the most of us are. It’s very hard to explain why you’re mad, even if you’re not mad».

Dá-se o primeiro suspiro e entra-se na nova dimen-são. Na dimensão do abstracto mundo dos Pink Floyd.

O uso do slide guitar envolve-nos de forma a cair num mundo de dormência total... o cérebro é bom-bardeado por sons e efeitos que estes criam na sua audição. O background psicadélico deu lugar a um sentimento algo budista, chegamos ao Nirvana!

Muito rapidamente esse sentimento muda ao som do compasso apressado de «On the Run». Esquizof-rénico no mínimo, é como se pode descrever este tema que poderia ser incluído num filme de Stanley Kubrick.

Mais uma vez os efeitos sonoros criam uma en-volvência total dentro do álbum. The Dark Side of the Moon é uma novela abstracta que não se escuta mas que se vive, que se sente.

Os compassos e os tempos não são habituais, mas nada nestes senhores é simplesmente «habitual» ou comum.

Ao longe ouve-se os ponteiros do relógio...

«Time» apresenta um grande momento de cria-tividade de David Guilmor na sua famosa Fender. Sem medo atira-se para um dos melhores solos do álbum. A sequência introdutória é simples-mente um golpe de génio. A simples percepção dos sons mais comuns e familiares demonstra a genialidade da composição.

O alarme fora activado: abram os olhos para a vida!

«And then one day you find ten years have got behind youNo one told you when to run, you missed the starting gun»

A mensagem nunca fora tão directa em toda a sua carreira. As palavras de Roger Waters caem na perfeição no mundo apoteótico de sintetiza-dores e de efeitos nunca antes assimilados pelo público geral.

A mensagem é alarmista mas de certa forma cria um efeito «flutuante»... somos mais uma vez embalados no slide de David Guilmor que ante-cede um dos melhores instrumentais de todos os tempos e uma autentica celebração da vida e dos sentimentos que a compõem.

«The Great Gig in the Sky» é um privilégio á audição. Simplesmente maravilhoso do prin-cipio ao fim.

Um dos mais conseguidos da banda em toda a sua incrivél carreira.

Ao som de moedas a cair, de slot-machines tipi-camente relacionadas aos casinos e uma referên-cia à sociedade de consumo, «Money» é o abrir de muitas portas no caminho ao mega-sucesso dentro do rock mainstream. A critica é mais do que óbvia. Tudo gira à volta dele. Resume os ob-jectivos de vida e a criatividade humana.

A sequência da guitarra ritmo é viciante, o delay e o efeito resonancia é incrível, dando um tom muito mais jazzy e ritmico. O compasso é algo invulgar, uma sequência de 7/4.

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Numa onda mais Blues e menos psicadélica, este tema é incontornável na escadaria do sucesso dos Pink Floyd. Possivelmente o tema mais reconhecido comercialmente a par de Another Brick pt.2 .

O seu solo é apresenta uma composição genial, e a contribuição do saxofone é brilhante.

Este foi o primeiro single deste álbum e facilmente se atribui grande parte do sucesso de vendas a ele próprio. Começava aqui a politização dos Pink Floyd perante o mundo e a sociedade que os rodeava.Por incrível que pareça este é o único tema do álbum a fazer parte dos top 20 de singles nos EUA.

«Us and Them». O momento mais introspectivo do álbum. É suave e melancólico e prime pela harmonia de sons e de ecos vocais de David Guilmor. «...we’re all ordinary man» resume-se nas suas palavras.

É o momento mais prolongado do álbum, mantendo uma estrutura estável com picos pelo meio de onde se destacam os back vocals que criam grande parte do ambiente para o qual os Pink Floyd nos tentam enviar. É de facto um ponto a destacar. Os efeitos vocais não ficam nada atrás aos dos sintetizadores que parecem não ter barreiras. Sem dúvida um tema belíssimo.

«Any Colour You Want» é uma das metáforas apre-sentadas, desta vez sem o contributo de Roger Wa-ters, habitualmente digno dos créditos da banda.Uma contribuição que quase se poderia dizer que se-ria Guitarra vs Sintetizador, mas a conjugação é per-feita. Repare-se num fade-out a relembrar «Breath»...

«Brain Damage» volta a brincar com os ecos de fun-do, num registo mais profundo ao qual parece haver algumas referências ao falecido companheiro Syd Barret, o possível “Lunatic”. Este tema que dá nome ao álbum ( “ see you on the dark side of the moon”) é das primeiras provas da capacidade vocal de Rogers Waters, que mais tarde iria levar a cabo o histórico concerto em Berlim em 90 num pós-queda do muro.

«Eclipse» dá seguimento à composição chegando à recta final.Ao fim da audição de Dark Side of the Moon sente-se que se emoldurassem estes temas, teriamos um Museu Guggenheim na cabeça. The Dark Side of the Moon é um pedaço de arte, de história e de simples magia.

1- Speak to Me2- Breath3- On the Run4- Time5- The Great Gig in the Sky6- Money7- Us and Them8- Any Colour You Want9- Brain Damage10-Eclipse

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