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ROUPA DE FESTA Exposição parcial dos vestidos das rainhas alerta para a necessidade de preservá-los Renato Henrichs analisa a disputa pela reitoria da UCS | Roberto Hunoff constata que as liquidações de verão entraram para a agenda dos caxienses | A psicologia da recuperação no Jaconi | Um líder abençoado no Centenário Caxias do Sul, março de 2010 | Ano I, Edição 14 | R$ 2,50 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet. |S6 |D7 |S8 |T9 |Q10 |Q11 |S12 Maicon Damasceno/O Caxiense O DESAFIO DA SUCESSÃO Décadas de êxito de uma empresa familiar podem se multiplicar ou ruir a partir de um momento decisivo: a passagem de comando para a geração seguinte

Edição 14

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Décadas de êxito de uma empresa familiar podem se multiplicar ou ruir a partir de um momento decisivo: a passagem de comando para a geração seguinte

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Page 1: Edição 14

ROUPA DE FESTA

Exposição parcial dos vestidos das rainhas

alerta para a necessidade de preservá-los

Renato Henrichs analisa a disputa pela reitoria da UCS | Roberto Hunoff constata que as liquidações de verão entraram para a agenda dos caxienses | A psicologia da recuperação no Jaconi | Um líder abençoado no Centenário

Caxias do Sul, março de 2010 | Ano I, Edição 14 | R$ 2,50 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.|S6 |D7 |S8 |T9 |Q10 |Q11 |S12

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O DESAFIODA SUCESSÃODécadas de êxito de uma empresa familiar podem se multiplicar ou ruir a partir de um momento decisivo: a passagem de comando para a geração seguinte

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Índice

Expediente

Assine

A Semana | 3Um resumo das notícias que foram destaque no site

Roberto Hunoff | 4O Sindicato dos Metalúrgicos equivocou-se: o lucro da Randon Inplementos caiu 57%

Sucessão | 5Como as empresas enfrentam a derradeira hora da troca de comando

Ideias interessantes | 8A areia vira painel de mensagens diárias para um salva-vidas de Arroio do Sal

Guia de Cultura | 10Um drama precioso no cinema e lamentos blueseiros lançados em CD

Festa da Uva | 12Exposição reúne parte dos vestidos das rainhas, enquanto os outrosaguardam um museu que os preserve

(Re)Descobertas musicais | 14Quem é Patrick Dimon, cantor de sucesso nos anos 80 que encerra a Festa da Uva

Guia da Festa | 15Último fim de semana para se divertir com música, dança e teatro nos Pavilhões e ver nossa festa passar pela Sinimbu

Artes | 16Imagem no espelho, uma vida rasgada e diferenças harmoniosas

Estrelas do tabuleiro | 17Caxias recebe os melhores enxadristas do país e um craque internacional

História de fé | 18Marcelo Costa, o líder que pretende condu-zir a nação grená à prometida Série B

Guia de Esportes | 20Tiro, bocha, vôlei, paddle, xadrez, futebol (profissional, amador e sete), capoeira e boxe

Motivação alviverde | 21Juventude treina a psicologia para se recuperar no 2º turno do Gauchão

Renato Henrichs | 23Três candidatos disputam a reitoria da Universidade de Caxias do Sul

TWITTER(Acompanhe em www.twitter.com/ocaxiense)

13ª edição |@marisirena @ocaxiense A capa desta edição está realmente bonita! Fiquei curiosa para conhecer mais da obra do Giacomin.

Mariana Sirena, às 9h02 de 1º de março

@viniciusbusatta @ocaxiense Parabéns pela reportagem sobre os prédios anti-gos, rica em informação, irei caminhar pelo centro com outros olhos.

Vinicius Busatta, às 8h54 de 1º de março

@danieldalsoto A capa do @ocaxiense é uma verdadeira obra de arte, daquelas de pôr em moldura. Qualidade do jornal está excelente.

Daniel Dalsoto, às 10h05 de 27 de fevereiro

@fran_becher @ocaxiense Linda a capa!! Caxias tem que começar a discutir suas políticas patrimoniais antes que os prédios “tombem” literalmente!!

Franciele Becher, às 19h16 de 27 de fevereiro

@gabi_marcon Expressionismo na capa d’@ocaxiense. É de encher os olhos, refletir sobre o que éramos e o que somos, de atiçar os sentidos e buscar conteúdo.

Gabriela Marcon, às 11h52 de 27 de fevereiro

@MartaDetanico @ocaxiense Realmente, a capa do jornal é uma obra de arte. Com certeza o conteúdo é muito além da expectativa.

Marta Detanico, às11h35 de 27 de fevereiro

Eleição para reitor da UCS |@RTommaso Parabéns a @ocaxiense pela cobertura da eleição para reitor. Sempre lançando as noticias em primeira mão.

Raphael Di Tommaso, às 22h48 de 2 de março

ORKUT13ª edição |

O povo precisa muito de cultura para alimentar sua alma. Parabéns à equipe do jornal.

Rejane Romani, em 2 de março

Vocês estão escrevendo uma nova história do jornalismo no Rio Grande do Sul. Parabéns para toda a equipe.

Éverton Rigatti, em 1º de março

FACEBOOK(Acompanhe em www.facebook.com/ocaxiense)13ª edição |

Tá muito linda a capa! O jornal está maravilhoso, com astral, com matérias interressantes e pertinentes. Parabéns!

Nika Ferronato , às 15h53 de 3 de março

Monet passou por Caxias. Esta foi a sensação quando admirei esta maravilhosa capa e por conseguinte a matéria bem elaborada e arti-culada em relação ao urbano de nossa Caxias. Tocando em frente.

Vereador Gustavo Toigo , às 22h22 de 27 de fevereiro

Capa | Diogo Mello da Rosa (vice-campeão brasileiro menor de marcha atlética 2009) e Pedro Olavo Pereira (campeão sul-americano de atletismo 2004), atletas da UCS/Sesi/Prefeitura de Caxias do Sul, fotografados por Maicon Damasceno na pista de atletismo do Sesi.

Agradecemos | Kenpo Sports (3035-8585), Sesi e Universidade de Caxias do Sul, em especial à supervisora do Departamento de Atletis-mo, Gisele Anália Nogueira Vieira.

Erramos | No Guia da Festa da última edição, publicamos equivo-cadamente as datas da semana anterior; os horários do espetáculo Tholl – Imagem e Sonho e do corso alegórico de quarta-feira também estavam incorretos. | No início do texto da página 20 da última edi-ção (Um sonho em jogo), faltou o seguinte trecho: No lado de fora do gramado, uma legião de pais acompanhava o teste dos filhos. Alguns, silenciosos, caminhavam de um lado ao outro, ora chutando uma pe-dra de cascalho, ora esfregando as mãos no rosto, em declarado sinal de ansiedade. Outros, como Euclides Preto, 56 anos, não conseguiam se conter. “Henrique, fecha o meio. Henrique, olha as costas. Henri-que, pega ele. Henriqueeee! Henriqueeeee! Henrique, não deixa ele sozinho, pega junto.”

www.OCAXIENSE.com.br

Redação: Cíntia Hecher, Fabiano Provin, Felipe Boff (editor), Graziela Andreatta, José Eduardo Coutelle, Maicon Damasceno, Marcelo Aramis, Marcelo Mugnol, Paula Sperb (editora do site), Renato Henrichs, Roberto Hunoff e Valquíria Vita Comercial: Leandro TrintinagliaCirculação/Assinaturas: Tatyany RodriguesAdministrativo: Luiz Antônio BoffImpressão: Correio do Povo

Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para [email protected]. Trimestral: R$ 30 | Semestral: R$ 60 | Anual: 2x de R$ 60 ou 1x de R$ 120

Jornal O Caxiense Ltda.Rua Os 18 do Forte, 422, sala 1 | Lourdes | Caxias do Sul | 95020-471Fone 3027-5538 | E-mail [email protected]

2 Semanalmente nas bancas , diar iamente na internet .6 a 12 de março de 2010O Caxiense

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Caxias do Sul, fevereiro de 2010 | Ano I, Edição 13 | R$ 2,50 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.|S27 |D28 |S1° |T2 |Q3 |Q4 |S5

NOVOpara a

VelhacaxiaSMascarados pela contemporaneidade, prédios antigos do Centro guardam a história da formação da cidade. A revelação dessa trajetória surge como alternativa para mantê-los de pé

Olhar

BriGa FerreNhaas razões (e versões) de cada um no conflitoSindicato x randon

Antônio Júlio Giacomin/O Caxiense

ROUPA DE FESTA

Exposição parcial dos vestidos das rainhas

alerta para a necessidade de preservá-los

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O DESAFIODA SUCESSÃODécadas de êxito de uma empresa familiar podem se multiplicar ou ruir a partir de um momento decisivo: a passagem de comando para a geração seguinte

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w w w . o c a x i e n s e . c o m . b r 36 a 12 de março de 2010 O Caxiense

A SemAnAUCS oferece bolsa para estudantes; Caxias pode ter sismógrafo permanente

SEGUNDA | 1° de março

TERÇA | 2 de março

Política

Supermercado

Tremores

Marrecas

Yeda palestra na CIC

Grupo Kastelão amplia rede

Caxias deve reivindicar sismógrafo permanente

Acordo para a construção é assinado

Palestrante da reunião-almoço da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC) a governadora Yeda Crusius defendeu uma “marcha sobre Brasília”. Yeda conclamou o empresariado a unir-se ao governo como única forma de derrubar a barreira da União que, para ela, impede a conclusão do trevo na RS-122, no acesso para Flores da Cunha. “Sozinha não conseguirei viabilizar esta obra. Temos a solução, que não adiantarei, mas preciso do apoio de vocês para marchar so-bre Brasília em nome de Caxias.”

Os últimos retoques na fachada do prédio não deixam dúvidas: o Grupo Kastelão Smart inaugura até o final do mês o quinto supermer-cado da rede na Serra. Já de olho nas vendas turbinadas pelas come-morações da Páscoa, o empreendi-mento chega em ponto mais do que estratégico: na Avenida Rio Branco, quase defronte à Igreja São Pelegri-no, parada obrigatória de turistas, e próximo ao futuro San Pelegrino Shopping Mall, previsto para abrir as portas no segundo semestre.

O novo supermercado soma-se às quatro lojas do grupo, três em Caxias do Sul (nos bairros Panazzolo e Bela Vista e no distrito de Fazenda Souza) e uma no município de Vale Real.

Foi entregue o pedido de recon-

Foi assinado o contrato que autoriza o início da construção da barragem do Sistema Marrecas. A obra será executada pelo consórcio formado pelas empreiteiras Sanenco e Fidens, empresas de Minas Gerais, e tem prazo de execução previsto em 18 meses, quando a barragem deve estar abastecendo parte da população de Caxias. O investimento será de mais de R$ 65 milhões. “O Marrecas, posso dizer seguramente, no fim de 2011 vai estar concluído, e é água para 250 mil pessoas”, disse o diretor-geral do Ser-viço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae), Marcus Vinicius Caberlon, em seu discurso, depois de assinar o contrato. A capacidade de

QUARTA | 3 de março

Educação

Samae

UCS oferece 4.268 bolsas

Comitiva insiste para MP investigar gasto

cidade para a instalação do equi-pamento. Além disso, a prefeitura aguarda a resposta do estudo reali-zado pelos técnicos do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UNB) sobre os tremores de terra que atingiram a cidade.

Caxias do Sul poderá ter um sismógrafo permanente. A proposta vem em resposta aos tremores de terra que assustaram moradores do bairro Jardim América no final de 2009 e começo de 2010. A Secretaria do Meio Ambiente está preparando um dossiê que será encaminhado ao Ministério de Ciência e Tecnologia, para que o órgão federal escolha a

Além das quase 3,5 mil bolsas do ProUni, programa do governo federal, a Universidade de Caxias do Sul (UCS) está oferecendo este ano a Bolsa UCS. Ao todo, 4.268 estudantes receberão o benefício. Essa medida se deve à Lei Federal n° 12.101, criada no dia 27 de novembro de 2009 e ainda não regulamentada, que obriga as universidades a oferecerem 20% da sua receita em gratuidades para que obtenham a isenção de contri-buições para a seguridade social.

Além disso, a instituição deve disponibilizar, no mínimo, uma bolsa de estudo integral para cada nove alunos pagantes. “Nós nos antecipa-mos à lei e já estamos preenchendo as vagas”, informa Isidoro Zorzi, reitor da UCS. “Para o aluno ter direito à bolsa integral ele precisa comprovar que a sua renda familiar é de até um salário mínimo e meio por pessoa. Para a bolsa parcial, este número tem de ser inferior a três salários mínimos”, explica o reitor.

QUINTA | 4 de março

SEXTA | 5 de março

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Yeda defende “marcha sobre Brasília”, Kastelão inaugura mercado e Caberlon assina contrato da barragem Marrecas

acumulação de água da nova barra-gem, que será de concreto, é de até 33 bilhões de litros, com previsão inicial de retirada de 900 litros de água bruta por segundo. A barragem terá 435m de extensão e 60m de altura.

sideração do processo de investiga-ção dos gastos da Samae, com um abaixo-assinado de cerca de 6 mil assinaturas anexado. Uma comiti-va que contava com as vereadoras do PT, Denise Pessôa e Ana Corso, e representantes do Sindicato dos Servidores Públicos de Caxias do Sul, da Central Única de Trabalhadores (CUT) e de diversas Associações de Moradores de Bairros da cidade en-tregou a documentação no Ministério Público Estadual, em Porto Alegre.

Page 4: Edição 14

Considerado um dos me-lhores sommelieres do mun-do, o presidente da Federação Italiana Sommelier Alber-gatori Ristoratori (FISAR), Roberto Rabachino, aprovou vinhos elaborados em Caxias do Sul. Condutor de uma de-gustação vertical de vinhos finos caxienses, em evento re-alizado pela Festa da Uva, deu destaque especial à variedade moscatel. E deu um recado certeiro e direto: “O único problema é que brasileiros não acreditam no próprio

vinho. E acabar com isto é uma das funções de um even-to como a Festa da Uva”. Os vinhos caxienses degustados foram o espumante cham-penoise rosé brut Piagentini, Chardonnay 2009 da Coope-rativa Aliança, Reserva tan-nat 2007 da Quinta Don Bo-nifácio e espumante moscatel Chateau Lacave. A degusta-ção teve o apoio da Escola de Gastronomia UCS–ICIF, do Instituto Brasileiro do Vinho e da Federação Sommelier In-ternacional do Brasil.

Alento

Roberto [email protected]

Na condição de diretor corporativo da Randon e de vice-presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul, Astor Schmitt, elencou quatro motivos para sustentar posição contrá-ria à Proposta de Emenda à Constituição em tramitação no Congresso Nacional que reduz a jornada de trabalho para 40 horas semanais. Tomando por base as experiências de outros pa-íses, garante que não haverá elevação na geração de empregos, mas promoverá o crescimento da informalidade, principalmente entre micro e pequenas empresas. Por onerar os custos e não agregar valor, a medida prejudicará a competiti-vidade. A decorrência será o aumento de preços dos produtos. Por fim, lembrou que em países onde a jornada é menor, como França, o cresci-mento do PIB é infinitamente inferior ao da Chi-na. Fez, no entanto, a ressalva que não defende o modelo chinês, mas usava apenas a comparação para mostrar que a redução de jornada não traz benefícios. Pelo contrário, tudo indica que quem pagará a conta será o consumidor.

AlertaO executivo da Randon também assinalou a

razão principal para que a diretoria do conglo-merado tenha visão conservadora e cautelosa em relação ao futuro do país. Para Astor Schmitt, em algum momento, certamente não neste ano por ser eleitoral, o descontrole das contas públicas, principalmente nas despesas de custeio e pessoal, exigirá mão firme do governo. Ele acredita que será preciso reduzir a velocidade atual de expansão das despesas para que não se repitam episódios recentes da história brasileira. Portanto, barbas de molho é o que recomenda o executivo.

O Sindicato das Indústrias de Material Plástico do Nordeste Gaú-cho firmou convênio com o Sebrae-RS para realizar o projeto Desenvol-ver o setor plástico da Serra Gaúcha, com o objetivo de aumentar o faturamento das micro e pequenas empresas por meio da melhoria na gestão, aprimoramento e amplia-ção da relação comercial em sua carteira de clientes. O projeto foi apresentado nesta sexta-feira. Após a adesão das empresas, que é gratuito, será feito um diagnóstico personalizado para que, a partir dos dados captados, seja realizado um levantamento do que cada uma necessita. O projeto inclui oito mu-nicípios da região de abrangência do Simplás e Simplavi (Sindicato das Indústrias de Material Plástico do Vale dos Vinhedos), onde estão localizadas mais de 400 empresas do setor e responsáveis por mais de 8 mil empregos diretos.

A recuperação da atividade produ-tiva de Caxias do Sul em janeiro con-firmou-se oficialmente nesta semana por meio da apresentação dos levan-tamentos realizados pela Câmara de Indústria, Comércio e Serviços e Câ-mara dos Dirigentes Lojistas. A eco-nomia em geral avançou 19% sobre janeiro do ano passado, mas declinou 6,7% na comparação com dezembro, algo absolutamente natural. O que chama atenção, no entanto, é que os históricos 40% de queda em janeiro

no comércio se limitaram a 20%. A avaliação é a de que as liquidações de início de ano, com a temática do ve-rão, começam a fazer parte das estra-tégias dos consumidores. Na indústria houve crescimento de 23% sobre ja-neiro passado e queda de 1,6% em re-lação a dezembro. Na área de serviços recuo de 8,4% para dezembro e alta de 18,6% sobre janeiro de 2009. Em 12 meses a economia acumula per-das de 3,3%, que devem ser recupe-radas até o final do terceiro trimestre.

Em recuperaçãoAs vendas externas apresentaram

alta de 45% em janeiro, somando US$ 54 milhões. Com isso, elevaram de 8% para 9% a participação na re-ceita total. Já as importações cede-ram 12,5%, para US$ 31 milhões.

Valorização do créditoA inadimplência cresceu 12% em ja-

neiro na comparação com dezembro, totalizando mais de R$ 1,2 milhão de dívidas adicionais, mas a recuperação de crédito subiu 27%. A quitação de va-lores em atraso chegou a R$ 1,7 milhão.

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A entrega do ônibus mil da Geração 7 da Marcopolo para o Expresso Caxiense foi motivo de comemoração nos Pavilhões da Festa da Uva. Para Caxias do Sul veio Nenê Constantino, presidente do grupo controlador da Gol e de um conjunto de empresas de trans-porte de passageiros com mais de 6 mil veículos. Recebeu uma chave que simbolizou a entrega do ônibus e a Marcopolo doou uma miniatura do veículo para o Mini-mundo de Gramado. Até abril o Expresso Caxiense espera receber mais três ônibus Geração 7 modelo Paradiso 1200, top de linha, que farão o trajeto Caxias do Sul-Porto Alegre. A empresa ainda vai ad-quirir, em seu processo de reno-vação de frota, mais dois ônibus para fretamento. Já a Marcopolo tem em carteira mais 500 pedidos de modelos da Geração 7 para entregar nos próximos três meses. A empresa tem produzido atual-mente média diária de 15 unidades destes veículos.

As tendências da moda para as coleções Primavera-Verão 2010/2011 e Preview do Inverno 2011 serão o centro das atenções nos dias 8 e 9 de março. O Núcleo de Moda do Sindicato da Indústria do Vestuário e o Comitê de Estilo do Sindicato das Indústrias da Fiação e Tecelagem realizam a 6ª edição do Integra Moda

Serra Gaúcha, que se firma como a primeira confirmação de tendências do estado do Rio Grande do Sul. A base do trabalho foi coletada pelas estilistas Cecília Seibel e Thais Neves em viagens pela Inglaterra, Suécia, Itália e França. As atividades ocorre-rão na Câmara de Indústria, Comér-cio e Serviços de Caxias do Sul.

A greve de 14 dias da Randon Implementos passou ao largo na apresentação do desempenho das Empresas Randon na quinta-feira, em Porto Alegre. As conversas ficaram no âmbito reser-vado, até porque a empresa assim o quer. Mas é certo que o assunto não está encerrado. Virão novos capítulos por aí, que poderão envolver inclusive a Justiça Comum. Já a avaliação do balanço mostra claramente que o Sindicato dos Metalúrgicos equivocou-se. O lucro líquido da Randon Implementos caiu quase 57% no ano passado, para menos de R$ 62 milhões. Ou seja, a distribuição dos valores, seguindo as regras estabelecidas em comum acordo, cairia na mes-ma proporção. A Suspensys foi a que deu maior lucro: R$ 65 milhões. Na Randon Implementos a divisão se dá entre mais de 3 mil funcionários e, na Suspensys, entre pouco mais de 1 mil. É lógico que as diferenças são gritantes, mas fazem parte das regras estabelecidas. Se há descon-tentamento ou visão de injustiça que se inicie agora um processo de diálogo para criar novos parâmetros para os exercícios futuros.

Expansão

Moda 2011

Polêmico PPR

Informações fornecidas pelo SPCFonte: CIC

Jan./2010Dez./2009Nov./2009

SPC Ligcheque TOTAL

A jornalista Tânia Carvalho será a palestrante desta segunda-feira, dia 8, na reunião-almoço da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul. O evento, realizado em parceria com o Conselho da Mulher Empresária/Executiva da CIC, será alusivo ao Dia Internacional da Mu-lher.

Vai até o dia 12 o prazo de inscrições ao projeto Vocação para o Sucesso realizado pelo Departamento de Jovens Empresários da CIC. A ini-ciativa, destinada aos formandos de Administração de Empresas na UCS, concede 50% de uma bolsa de estudo de pós-graduação a quem inscrever trabalhos no projeto.

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por ROBERTO [email protected]

eza o dito popular que a primeira ge-ração constroi, a segunda usufrui e a terceira acaba com o empreendimento. Exemplos a confirmar essa teoria exis-tem aos milhares no mundo e Caxias afora. Basta recuar um pouco no tem-po. São empresas que fecharam, foram vendidas ou fragmentadas porque a sucessão dos fundadores acabou mal conduzida ou sequer realizada.

Em Caxias do Sul pode-se citar a Eberle, empresa que deu origem ao segmento metal-mecânico da cida-de, que terminou vendida. Hoje nem marca mais é, substituída por Mun-dial na área de utilidades domésticas e aviamentos e Voges na de motores. Kalil Sehbe, que cerrou suas portas, e Gazola, hoje controlada por empresá-rios de fora da cidade, são dois outros exemplos.

A boa notícia é que esta realidade parece ter ficado no passado, embora ainda existam informações de verda-deiros desastres sucessórios que leva-ram ao fim de um projeto. Atualmente a regra mais comum tem sido preparar, com tempo, a sucessão do comando com objetivo claro de perenizar a com-panhia, sonho e luta de muitos anos de

um ou mais empreendedores.

Especialista nesta área, o ad-vogado caxiense Zulmar Neves, com atuação ramificada por vários estados brasileiros, sustenta que a sucessão deixou de ser um mito nas organiza-ções, um assunto que desencadeie con-flitos familiares ou de amizades. “Hoje o fundador tem a consciência de que precisa desenvolver a cultura da suces-são bem mais cedo.”

Isto porque, segundo o advogado, o empreendedor tem outra visão de vida e se deu conta de que precisa usufruir do capital que acumulou ao longo de seu trabalho. “Ele sabe que não pode trabalhar sempre, que deve se aposen-tar como um trabalhador comum e gozar a vida. Mas só é possível mudar o seu modelo de vida se ele formar su-cessores.”

Além do mais, acidentes estão mui-to mais próximos do que se imagina. Um empreendedor dificilmente aceita essa tese, mas ela é real. O advogado lembra o caso da Medabil, empresa de Nova Bassano, que perdeu seu diretor-presidente Attilio Bilibio no acidente com o avião da TAM, em São Paulo, em julho de 2007. Desde então a orga-nização é administrada com auxílio de consultores que estão preparando um

novo comando. “Nenhum empresário admite que um acidente o vá tirá-lo do cargo. Mas esta realidade é muito for-te. Por isso, deixar o processo encami-nhado, senão consolidado, definindo e preparando substitutos, é muito im-portante.”

Zulmar Neves reco-nhece que o processo de sucessão é dolorido e mexe com as pessoas. Por isso os envolvidos precisam estar madu-ros para participar des-ta mudança. Normal-mente a iniciativa é do fundador, preocupado em dar continuidade à companhia. Por conta dessa visão, é próprio dele querer interferir na escolha, indicando como sucessor aquele que entende es-tar mais preparado. “Este é um primei-ro erro”, afirma o advogado.

Nem sempre a condução futura da empresa se dá pelas mãos de alguém mais técnico. Zulmar Neves afirma que é preciso encontrar no escolhido um perfil conciliador, que consiga harmo-nizar a família em torno da empresa. Para clarear essa situação é importante a visão externa por meio de uma con-

sultoria. “A indicação precisa levar em conta uma série de competências, téc-nicas e de personalidade.”

De acordo com o advogado, o processo sucessório não pode ser feito de forma intempestiva, mas trabalha-

do por no mínimo um ano. Antes disso, as famílias precisam ser preparadas para a mu-dança, a fim de que se evite aquilo que é al-tamente prejudicial à organização. “Permitir que a família invada a empresa de forma de-sorganizada e pense que ela é uma continui-dade do lar é sinônimo de confusão. A compa-nhia precisa ser vista

como um organismo independente e a família deve diferenciar muito bem o que é ser dono e o que é ser sócio.”

Zulmar Neves destaca que neste ponto também tem papel fundamental a consultoria. Por meio dela os fami-liares precisam compreender e separar propriedade, sociedade e gestão. “Tudo deve ser feito com o objetivo de preser-var a empresa da família. Apossar-se como donos e não como sócios muito

Desafios empresariais

“O empresário sabe que não pode trabalharsempre, que deve se aposentar como um trabalhador comum e gozar a vida”, diz Zulmar

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Não há regra para uma sucessão sem traumas. Mas é prudente preservar a empresa da própria família para perpetuar o negócio

Gemir com os filhos Wilian, Wagner e Diego: troca de comando precoce para sustentar crescimento da Sumig

DOLORIDA,MAS VITAL

Page 6: Edição 14

provavelmente prejudicará a empresa, e por decorrência a família, que poderá ficar sem o negócio.”

O advogado destaca que todo o processo precisa ser concretizado com a elaboração de um acordo de sócios, onde se disciplina tudo, como se dá a integração e formação dos her-deiros e como eles podem participar dos vários organismos da governança corporativa, cada qual dentro do seu perfil. Alguns poderão ser executivos, outros somente acionistas ou então membros do Conselho de Administra-ção. Para chegar a esse estágio é feita a análise do Plano de Desenvolvimento Individual para ver as competências de cada um e como pode contribuir ou não com a sociedade.

Não há, segundo Zulmar Neves, uma regra única para a sucessão. Varia não apenas de empresa para empresa, mas de pessoa para pessoa. O fundamental é que haja diálogo, transparência e humildade em reco-nhecer e apoiar aquele indicado para o cargo. Para o advogado, a su-cessão nas Empresas Randon é um bom exemplo a ser seguido. Ele destaca que o fun-dador Raul Randon conseguiu delegar o poder e as tarefas de comando sem brigas, conflitos ou dis-putas, sequer com genros e noras. “A harmonia construída foi espetacular. Todos entenderam que David, diretor-presidente desde abril do ano passado, era o ideal para o pós-Raul Randon. Pode ser que no futuro isso mude, e ele (David) está preparado para isto, porque o sucessor também precisa ser educado para entender que ele não é dono, é um gestor, é provisório no car-go, depende de desempenho e do cum-primento de metas para ficar no cargo.”

O advogado reconhece que o proces-so é mais fácil de ser consumado sem problemas quando há apenas um em-preendedor. Quando há dois ou mais fundadores a tendência é de que haja embate. Neste caso se fortalece ainda mais a necessidade da escolha a partir de uma série de competências, e não somente técnicas.

Outra preocupação de Zulmar Ne-ves é que o processo sucessório seja do conhecimento do mercado e da socie-

dade, para que todos percebam que a escolha a ser feita é a mais correta e que o eleito é realmente aquele com capa-cidade de liderar e dar continuidade. “O público precisa reconhecer no novo líder alguém capaz, e não imposto por questões pessoais.” Agindo dessa for-ma ele entende que o mercado não mudará a visão que tem da empresa, porque o perfil do eleito é exatamente aquele que melhor permite a percep-ção de que se mudou com o objetivo de melhorar.

Não há regra única para se ini-ciar a sucessão, mas a recomendação é que o processo se instale alguns anos antes do empreendedor se aposentar, o que deveria ocorrer, no máximo, aos 70 anos. De acordo com Zulmar, se houver a decisão de procurar alguém no mercado, este tempo nunca será

inferior a dois anos. O mesmo vale para a su-cessão interna.

O advogado também defende que o funda-dor continue na em-presa, atuando como estrategista, mas dele-gando todas as funções operacionais. “Esta tem sido a nova realidade do empresariado. Ele precisa gozar a vida, senão nada terá valido a pena.”

Um caso raro de su-cessão, pode-se dizer precoce, acaba de ser concretizado na Sumig, empre-sa caxiense com 30 anos de atividades e especializada em tochas e máqui-nas para solda e corte. Seu fundador, Gemir Susin, aos 58 anos, repassou o comando e as operações para os três filhos: Wilian, 29 anos; Wagner, 27; e Diego, 26. “Foi uma solução tão tran-quila que ao escritório sobrou tão so-mente colocar no papel o acordo de sócios,” recorda Zulmar.

A tranquilidade pode ser atri-buída, neste caso, ao fato de que os três filhos têm vínculo profissional com a empresa desde os 14 anos, exercendo atividades nas diferentes áreas até en-contrar aquela que melhor atendesse às suas aptidões. O processo desencade-ado e concluído no ano passado atri-bui 33% da sociedade para cada filho, cabendo ao fundador apenas 1%, mas também a importante tarefa de fazer a política institucional de promoção da

“O sucessor precisa ser educado para entender que ele não é dono, é um gestor, depende do cumprimento de metas”, destaca advogado

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Zulmar cita como exemplar a passagem de cargo de Raul para David Randon

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companhia junto aos mercados e de-senvolvimento de produtos e parcerias.

O gerente-geral Wilian Susin obser-va que o principal objetivo da mudan-ça é profissionalizar a empresa para dar sustentação ao seu crescimento. “Não dava mais para continuar tocando este negócio sozinho. Preci-sava de tempo para me dedicar às estratégias, mas também para cur-tir um pouco mais da vida”, reconhece Gemir Susin.

Com 200 funcioná-rios, a Sumig atua em todo o país e no Exte-rior. Tem área cons-truída de 8 mil metros quadrados e prepara investimento de mais 2 mil.

A mudança também repercutirá for-temente na gestão do negócio. A meta é consolidar algumas ferramentas, como o planejamento estratégico e orçamen-tário, até agora praticados timidamen-te. Na sequência deve vir o Conselho de Administração. “Quero consolidar a marca Sumig no Brasil e no mundo como referência no segmento de solda e corte. Por isso, preciso do esforço e do empenho ainda maior dos meus su-cessores.”

Gemir Susin salienta que não sentiu qualquer reação negativa do mercado. Ao contrário, houve satisfação porque os novos controladores são conhecidos de longa data dos clientes e fornecedo-res. “Eles estão aqui há mais de uma década. Em alguns casos mais familia-rizados do que eu mesmo.”

Ele destaca que pretende aproveitar melhor a vida, curtindo pescarias, um de seus hobbys, e viagens, mas princi-palmente visitar feiras para entender ainda mais sobre o negócio da Sumig. A carga de trabalho é que tende a ser reduzida: “Não mais de sete horas”.

Primogênito de uma família de cinco irmãos, David Randon sucedeu o pai, Raul Randon, na função de pre-sidente da diretoria executiva da Ran-don, conglomerado de oito empresas, com atuação no segmento de imple-mentos rodoviários, autopeças e servi-ços. Sua principal meta é tornar o gru-po ainda mais internacional por meio de associações, aquisições de negócios e incremento das vendas externas.

Para chegar a esta condição, no en-tanto, David Randon, juntamente

com os irmãos Alexandre e Daniel, montou há uma década um projeto, com conhecimento do então diretor-presidente Raul Randon, que entendia como ideal para o crescimento da em-presa. Foi o passo inicial da sucessão, que se consolidou em abril de 2009.

O projeto criou um modelo administrativo por times, já olhando para o futuro. Neste meio tempo ocorreram ajustes, mas o modelo é o mesmo, igual ao exe-cutado pelo fundador.

David Randon reco-nhece que o start foi dado por Raul. “Ele sabia que tinha um le-gado, construído com o irmão Hercílio, já falecido, que precisa de

continuidade. Ele ergueu uma organi-zação de sucesso ao longo de 60 anos e entendeu que chegara o momento de passar o bastão adiante, até porque es-tava se aproximando dos 80 anos.”

David relata que Raul Randon percebeu que a empresa, sua equipe e familiares estavam amadurecidos para a sucessão. Tanto que foi claro ao afirmar que queria alguém da família na operação executiva. “A partir daí os irmãos começaram a dialogar para encontrar a melhor fórmula. Cada um dos sócios expôs o que entendia ser necessário para alguém assumir o car-go de presidente, suas atitudes, papel, habilidades e formação.” Por consenso, a família chegou ao nome de David Randon.

O diretor-presidente argumenta que clientes e fornecedores tomaram co-nhecimento das mudanças na medida em que eram consolidadas, demons-trando que haveria continuidade. “Não houve ruptura de modelo, porque a transição da primeira para a segun-da geração foi pensada e resolvida no âmbito da holding familiar. Houve um trabalho e um acordo entre os con-troladores da DRAMD, que responde pelo controle da empresa.”

David Randon argumenta que todos os irmãos têm capacidade para assumir este cargo, mas a sua escolha deu-se porque entendiam que neste momento ele era o mais indicado. “Isto é impor-tante porque primeiro acertamos no âmbito familiar e depois levamos aos executivos da empresa. E, nestes oito anos, fui me preparando para exercer

esta função e dar continuidade normal ao projeto maior.”

A continuidade de David à frente da empresa dependerá exclusivamente do seu desempenho e da transparência junto aos acionistas e familiares. Ele lembra que agora é um executivo, que deve explicações das suas atitudes e de toda a operação para um órgão maior, que é o Conselho de Administração.

Como deu certo o modelo do primeiro processo sucessório, a Ran-don já alinhava o próximo passo, que inclui a terceira geração. Mensalmente os controladores têm se reunido para discutir o presente e o futuro. “Há dois anos começamos a debater o en-volvimento da terceira geração com a empresa. Com apoio de consultoria es-tamos fazendo trabalho individual de cada um dos integrantes, avaliando as qualidades e analisando o desempenho no futuro. Cada um terá sua profissão e seus interesses, mas queremos que também se preocupem com a empresa no futuro.”

David Randon admite que uma das razões para que a sucessão tenha se dado sem conflitos é o fato de ser ape-nas uma família, situação diferente de muitas organizações. Para ele, Raul Randon, antes de sair da presidência, teve o discernimento de dar o pontapé inicial para a mudança. “Em segundo lugar, como irmãos e irmãs, precisa-mos separar muito bem o problema familiar dos societários. Uma coisa é o indivíduo como parente, outra é a fun-ção na empresa. E todos precisam en-tender isto e estar abertos para tal. Por fim, é preciso harmo-nia para ter um bom trabalho.”

David Randon re-conhece que há sim muitas diferenças en-tre a sua forma de ad-ministrar e a de Raul Randon. “Ele é um empreendedor, que vê uma oportunidade e, por sua sensibilidade, se lança no negócio sem saber se dará re-sultado ou não. Eu e meus irmãos somos mais investidores, mais frios e criteriosos na análise do negócio. Isto é natural.”

Além de Randon e Sumig, casos consolidados de sucessão, há outros processos em andamento. Um deles é

o da Marcopolo, maior encarroçado-ra de ônibus do mundo. A mudança, que deve ocorrer ao longo deste ano, se dará no âmbito do Conselho de Ad-ministração, pois há quase uma déca-da toda a diretoria executiva é formada por profissionais do mercado.

O último movimento na sucessão da Marcopolo deu-se há dois anos, quando Paulo Bellini, fundador e pre-sidente, José Antônio Fernandes Mar-tins, vice-presidente, e Valter Gomes Pinto, diretor, firmaram acordo de sócios. Por meio dele, Martins abriu mão das ações ordinárias que detinha na empresa, garantindo que o controle decisório ficasse com Bellini e Gomes Pinto. O atual vice-presidente recebeu em troca ações preferenciais da com-panhia.

Desde então há um trabalho com parentes dos majoritários para definir a sucessão. Participam os dois filhos de Paulo Bellini, James e Mauro, e a filha e o genro de Valter Gomes Pinto. “As mudanças serão graduais, e não de uma única vez”, afirmou o presidente da Marcopolo em entrevista à Revista AutoData em 2008. Garantiu, no en-tanto, que o conceito de gestão profis-sional será mantido.

Também estão em andamento mudanças na Agrale, empresa funda-da por Francisco Stedile, já falecido, e hoje comandada pelo genro Hugo Zattera, casado com a herdeira Véra. As informações oficiosas indicam a formação de uma comissão, com par-ticipação de representante de cada um dos cinco herdeiros, para discutir o

futuro da companhia. A decisão, certamente, vai demorar algum tempo.

Um estudo feito pela Family Business Con-sulting Group Interna-tional, rede que con-grega especialistas em empresas familiares, aponta que 65% das organizações sob esta classificação tendem a desaparecer. O dado é assustador, pois 40% das empresas listadas

na Fortune 500 são controladas por fa-mílias ou são de propriedade familiar, e cerca de 65% a 80% das companhias do mundo são familiares. No Brasil são mais de 80% as organizações controla-das por famílias e que respondem por até 70% do PIB da América Latina.

“Não houve ruptura de modelo, porque a transição foi pensada e resolvida no âmbito da holding familiar”, diz David

Na Marcopolo, o processo sucessório está encaminhado desde 2008, e deve ser consumado no decorrer deste ano

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por VALQUÍRIA [email protected]

alavras na areia são rapidamente apa-gadas. Senão pela maré, pelo vento, pela chuva ou pelos passos apressa-dos dos desatentos. Com a ajuda de um graveto, uma pá, o cabo de um guarda-sol ou com o próprio dedo, não importa como e o quê você escre-veu. As palavras não resistirão ao dia seguinte. Podem ser nomes próprios ou declarações de apaixonados. Ou podem servir para afastar a solidão de um salva-vidas, que encontrou nas efê-meras palavras na areia uma maneira de ser notado.

Às 9h da manhã de um domingo, o céu está fechado em Arroio do Sal, praia conhecida pela grande quanti-dade de veranistas caxienses. Poucos trouxeram seu guarda-sol para a beira do mar, e o agito do dia anterior dá lu-gar a casais passeando e crianças brin-cando.

Atraídos por grandes letras na areia, quase todos que passam pela guarita de salva-vidas nº 41 inter-rompem a caminhada, a corrida, a conversa. Mesmo sem sol, o ca-lor é quase sufocante. E a lembrança de dias ainda mais quentes fez com que as letras maiúsculas que davam forma a uma frase sim-ples, porém preocu-pante, se encaixassem perfeitamente: BOM DIA SERRA GAÚ-CHA. AQUECIMEN-TO GLOBAL. VOCÊ AINDA NÃO VIU NADA. AINDA HÁ TEMPO.

Grande parte dos veranistas de Ar-roio do Sal já está habituada a ver fra-ses como essa na beira da praia, bem cedinho da manhã ou durante a tarde. Costuma ver também o autor delas, Luiz Carlos de Medeiros, 46 anos, que sempre está lá, orgulhoso, próximo de suas criações diárias. Desde 1991, data de sua primeira Operação Golfinho, o salva-vidas Medeiros escreve na areia com uma pá, em frente à sua guarita, para conscientizar os veranistas. Os temas vão desde cuidados no trânsito até uso da camisinha e preservação do meio ambiente. E variam de acordo com a inspiração de Medeiros, já que na mesma semana em que escreveu “SONHOS EGOÍSTAS JAMAIS TOR-NAR-SE-ÃO REALIDADE” também rabiscou, talvez para dar uma indireta

em alguém, “SER POBRE OU RICO NÃO É DEFEITO. MAS SER MAL EDUCADO É. E DOS GRANDES”.

Na maioria das vezes, as frases surgem para Medeiros quando ele está lendo notícias ou assistindo telejor-nais, o tipo de programa pelo qual é aficionado. “As frases são informações baseadas no dia a dia. Acredito que grandes ideias têm que ser repassadas, e eu vejo grandes ideias.”

Muitas delas dizem respeito ao Có-digo de Trânsito Brasileiro, forma que Medeiros encontrou de fazer sua parte na tentativa de diminuir os acidentes. “MENOR DE 10 ANOS SÓ NO BAN-CO DE TRÁS E COM CINTO” e “ CAPACETE FOI FEITO PARA SER USADO NA CABEÇA E NÃO NO BRAÇO” são algumas das mensagens que frequentaram as areias de Arroio do Sal neste verão. O mar e suas arma-dilhas também são temas constantes de Medeiros. “Porque, independente-mente da bandeira, os perigos estão sempre lá. Só porque a bandeira está

verde (que indica mar sem ondas) não quer dizer que tem que en-trar lá pra África. Os buracos continuam”, explica, acrescentando:

“Tem gente que não sabe como é o mar. Vejo pessoas que en-tram nadando que nem aqueles cachorrinhos, os chiuauas.”

Os alertas aos ba-nhistas são, para Tânia Maria de Almeida, 62

anos, veranista de Arroio do Sal há 30, as frases mais marcantes que Medei-ros costuma escrever. Mesmo assim, ela diz que não sabe até que ponto as mensagens têm impacto em quem as lê. “Ele sempre escreve que as pessoas devem se divertir mas, ao mesmo tem-po, ter muito cuidado com o mar. Mas acho que não ajuda muito. Para os jo-vens não adianta falar, eles vão para a arrebentação. E os velhos não vão mui-to para o fundo. As palavras são lindas, mas pouca gente as põem em prática”, lamenta.

Medeiros sabe que muitos dos vera-nistas só leem as frases e seguem seu caminho. Mas não deixa de acredi-tar que, de alguma forma, conseguiu transmitir uma mensagem a eles. O objetivo, afinal, nem sempre é só cons-cientizar. Às vésperas de um caloroso Gre-Nal, por exemplo, o salva-vidas

Personagens do verão

“As frases são informaçõesbaseadas no dia a dia. Acredito que grandes ideias têm que ser repassadas”,explica Medeiros

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Um salva-vidas descobriu que escrever mensagens na areia pode ser uma boa forma de chamar a atenção dos veranistas

Medeiros busca conscientizar sobre questões relevantes, como trânsito e meio ambiente

LIÇÕES À BEIRA-MAR

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ousou desenhar na areia o símbolo do seu time, o Internacional. A cobrança dos gremistas foi tanta que desde en-tão ele prefere desenhar apenas a bandeira do Brasil.

Ao mesmo tempo que fala com qualquer um, Medeiros mantém os olhos fixos no ocea-no. Olhos estes que são dotados de muitos e compridos cílios. E que não são protegidos por óculos de sol. Durante o expediente na praia, Medeiros veste apenas chinelos, sunga preta, cinto laranja e regata vermelha e ama-rela, das cores da Operação Golfinho. De adereços, carrega só uma aliança na mão esquerda, um colar com a ima-gem de Jesus dentro de um pequeno coração e um apito, que balança pen-durado em seu pescoço.

Agora que entramos em março, Me-deiros troca a sunga pela farda e volta a atuar como policial no pequeno mu-nicípio de Vale Verde, próximo a Santa Cruz do Sul, sua cidade natal. Lá é co-nhecido como Sargento Medeiros.

A ideia de escrever na areia veio de repente, segundo o salva-vidas. “Como uma forma de os banhistas se ligarem ao salva-vidas, porque estamos aqui só para trabalhar para eles”, expli-ca. “Acho bem humano e bacana esse trabalho que ele faz. Ele passa mais se-gurança para quem é veranista, porque a gente sabe que tem um amigo ali, e não só um profissional”, apóia Helena Panvenhagen, 64 anos, frequentadora da praia há 12 anos.

A solidão de observar as pessoas no mar, porém, pode ser deprimente. O expediente de um salva-vidas é in-

dividual e dura quatro horas por manhã e seis horas por tarde – tra-balha-se um dia pela manhã e outro pela tarde, de novembro até o final de fevereiro. Além de atuar sozinho, um salva-vidas, pelo menos em Arroio do Sal, não vive momen-tos de ação todos os dias. De 1991 para cá, Medeiros resgatou 70 pessoas da água. Ou

seja, não foram todas as semanas que ele precisou desbravar as ondas do mar para salvar uma alma de afogamento.

Por causa das frases, a guarita 41 de Arroio do Sal não é igual às outras. É a mais movimentada, e reúne, de acor-do com Medeiros, veranistas de outros balneários que passam por lá só para ver o que ele escreveu. “Eles dizem que se sentem em casa comigo.”

A quantidade de pessoas que para em frente à guarita não é exagero do salva-vidas. A areia é tão boa vitrine que seria uma ideia lucrativa fazer nela propagandas de pizzarias, por exem-plo. “Mas o capitão não deixa”, brinca ele.

Mas quem tem um grande público tem também uma grande responsabili-dade. Medeiros conta que ouve comen-tários de pessoas ansiosas, dizendo que querem voltar à guarita no dia seguinte só para ver o que ele vai escrever. “É uma expectativa. Eu tento me esmerar mais por causa disso. Mas bah, cara, é uma responsa.”

A preocupação é dividida com a es-posa, Ivani, que apareceu na praia no meio da entrevista com uma garrafa de suco para o marido. Casados há quatro anos, os dois se conheceram em Santa Cruz, enquanto ele fazia o policiamen-to do banco onde ela trabalha. Ele elo-giava os olhos verdes de Ivani e sempre a convidava para comer peixe. “Até que um dia eu intimei ele. Estamos os dois com mais de 40, não temos mais tempo para ficar de flerte.” Depois da intima-ção e do peixe, que finalmente saiu, o namoro começou.

Medeiros é católico, mas não tem restrições a outras religiões. Tanto que vai na igreja protestante com Ivani, já que acredita que “Deus é um só”. E, quando o tema é a fé, ele não escreve apenas na areia. Há frases gravadas nas paredes da guarita vermelha: “Tudo posso naquele que me fortalece” e “Je-sus Cristo é o Senhor”. E, num banqui-nho de madeira, palavras pequenas que só podem ser lidas de perto: “Não te deixes vencer com o mal. Mas vence o mal com o bem”.

Medeiros só co-nhece o mar há 19 anos. Foi à praia pela primeira vez achando que se contentaria ape-nas em olhar e ir embo-ra. Enganou-se. “Entrei no mar e pensei ‘puxa, isso aqui é o meu mun-do, a minha outra que-rência’”, diz, acrescen-tando que a primeira continua sendo Santa Cruz, cidade que, para ele, tem o céu mais azul e até cheiro diferente.

Foi logo depois de ver o mar que ele

decidiu fazer um teste para ser salva-vidas em Torres e passou. Não teve dificuldade para ser aprovado, pois se criou nadando nos rios santa-cruzen-ses. Entretanto, não deixa de ressaltar que “a diferença entre um rio e o mar é de um fusquinha para um caminhão”.

Medeiros diz que nunca presenciou uma morte trabalhando como salva-vidas nos verões, na maioria deles em Arroio do Sal. Ainda assim, critica as pessoas que acham que as fatalidades só vão acontecer com os outros.

Para ele, o pequeno número de afo-gamentos que ocorre hoje se deve, em grande parte, ao método de prevenção implantado pela Operação Golfinho, que avisa o banhista muito antes de alguma coisa acontecer. Por exemplo: dias atrás Medeiros viu no mar um homem com o filho pequeno na garu-pa. Os dois estavam sobre um banco de areia, muito próximo a perigosos buracos e grandes ondas. Ele nadou até lá e disse ao homem: “Você não ama o seu filho”. Foi o jeito peculiar

de Medeiros chamar a atenção daquele pai e impedir um acidente. Mas, de forma geral, é isso que os salva-vidas consideram método de prevenção.

Prevenir é melhor do que remediar, ali-ás, poderia ser o lema de Medeiros, já que muitas das frases que cria têm a intenção de evitar algum tipo de acidente e valorizar a

vida. “A VIDA É BELA. BASTA VIVÊ-LA COM DIGNIDADE”, resumiu ele certo dia.

“Ele passa mais segurança para quem é veranista, porque a gente sabe que tem um amigo ali, e não só um profissional”, elogia Helena

“Entrei no mar e pensei ‘puxa, isso aqui é o meu mundo, a minha outra querência”,lembra Medeiros, que só viu o mar depois de adulto

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O salva-vidas aprecia a atenção dos banhistas que param em frente à guarita 41: “Eles dizem que se sentem em casa comigo”

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10 6 a 12 de março de 2010 Semanalmente nas bancas , diar iamente na internet .O Caxiense

CINEMAl Cheri | Drama. De quinta a do-mingo, 20h | Ordovás

Cortesã aposentada se apaixona por jovem. Tudo corre bem até a mãe do rapaz tramar um casamento arranjado para ele. Dirigido por Stephen Frears. Com Michelle Pfeiffer e Katty Bates.

l Idas e vindas do amor | Comé-dia Romântica. De sábado a quinta, 14h10, 16h40, 19h30 e 22h | Iguatemi

Casais e solteiros vivenciam al-tos e baixos de encontrar, manter ou terminar relacionamento no dia dos namorados. Dirigido por Garry Mar-shall. Com Julia Roberts, Jessica Alba e Ashton Kutcher. 12 anos, 125 min., leg..

l Nine | Musical. De sábado a quin-ta, 19h e 21h45 | Iguatemi

Enquanto enfrenta crise de meia idade, cineasta tenta harmonizar sua vida profissional e pessoal, às voltas com esposa, amante, musa, amiga, jornalista, prostituta e sua mãe. Diri-gido por Rob Marshall. Com Daniel Day-Lewis, Penelope Cruz e Nicole Kidman. 14 anos, 119 min., leg..

l O amor acontece | Comédia Ro-mântica. De sábado a quinta, 13h50, 16h30, 19h10 e 21h50 | Iguatemi

Escritor viúvo é autor de livro sobre como lidar com perdas. Em viagem, se apaixona por jovem que, ao assisti-lo em um seminário, percebe que ele ainda não superou a morte da esposa. Dirigido por Brandon Camp. Com Jennifer Aniston e Aaron Eckhart. 12 anos, 106 min., leg..

l Simplesmente complicado | Comédia romântica. De sábado a

quinta, 14h20, 16h50, 19h20 e 21h40 | Iguatemi

Mulher mantém relação amigável com ex-marido, de quem se separou há 10 anos, mas acaba tendo um caso com ele. No meio disso, aparece um novo pretendente. De Nancy Meyers. Com Meryl Streep, Alec Baldwin e Steve Martin. 14 anos, 118 min., leg..

l Um olhar no paraíso | Drama. De sábado a quinta, 16h10 | Iguatemi

Menina de 14 anos é assassinada e acompanha do céu como sua família e amigos vão seguindo a vida. Dirigido por Peter Jackson. Com Mark Wahl-berg e Rachel Weisz. 14 anos, 135 min., leg..

AINDA EM CARTAZ - Alvin e os Esquilos 2. Comédia. De sábado a quinta, 14h e 16h. Iguatemi | Avatar. Ficção científica. De sábado a quinta, 18h (dub.) e 21h20 (leg.). Iguatemi. De sábado a quinta, 20h (dub.) UCS | Xuxa e o Mistério da Feiurinha. In-fantil. De sábado à quinta, 16h. UCS | Zumbilândia. Comédia. De sábado a quinta, 21h30. Iguatemi | O Carteiro e o Poeta. Romance. Quinta, dia 11, às 15h. Entrada franca. Ordovás| Percy Jackson: o ladrão de raios. Aventura. De sábado a quinta, 13h40, 16h20 e 18h50. Iguatemi

INGRESSOS - Pepsi GNC Iguatemi: Segunda e quarta-feira (exceto feria-dos): R$ 11 (inteira), R$ 7,50 (Movie Club Preferencial) e R$ 5,50 (meia en-trada, crianças menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos). Terça-feira: R$ 6,50 (promocional). Sexta-feira, sábado, domingo e feriados: R$ 13 (inteira), R$ 10 (Movie Club Pre-ferencial) e R$ 6,50 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos). RSC-453, 2.780,

Distrito Industrial. 3209-5910 | UCS Cinema: R$ 10 e R$ 5 (para estudan-tes em geral, sênior, professores e fun-cionários da UCS). Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Galeria Universitária | Sala de Cinema Ulysses Geremia – Centro Municipal de Cultura Dr. Or-dovás Filho: R$ 5, R$ 2 (meia entrada) e entrada franca no projeto Matinê às 3. Luiz Antunes, 312, Panazzolo. 3901-1316

l Decididas | De segunda a sexta, das 8h às 20h |

Ensaio fotográfico de mulheres com câncer de mama, atendidas pela Asso-ciação de Apoio a Pessoas com Câncer (Aapecan) de Caxias do Sul.Jardim de Inverno – Sesc Entrada franca | Moreira César, 2462, Centro | 3221-5233

l Mulheres nos trilhos da his-tória de Caxias do Sul | Segunda, dia 8, 19h30 |Lançamento da exposição de gravu-ras e textos de 25 artistas e escritoras caxienses, que integram a Agenda Feminina 2010 da Coordenadoria da Mulher da Prefeitura Municipal, em homenagem ao Dia Mundial da Mu-lher.Sala de Exposições do Centro Muni-cipal de Cultura Dr. Henrique Ordo-vás Filho Entrada franca | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901-1316

l Simbiose | De segunda a sexta, das 8h30 às 18h, e sábados, das 10h às 16h |

Obras de Arlete Santarosa e Lana Lanna, que consistem em sequência de xilogravuras e gravuras de metal representando conexão de ideias, de

[email protected] de Cultura

Cinema | PreCiosa

Diamante bruto

EXPOSIÇÕES

Atormentada pela violência e pelo desprezo, Precious Jones encontra amizade e conforto na professora Ms. Rain

por CÍNTIA HECHER

A sensação é tão forte que ao levantar da cadeira do cinema, antes de dar o pri-meiro passo em direção à saída, é preciso dar uma daquelas respiradas fundas. É um soco no estômago. Não. É um tapa na cara. Mais humilhante. Porque Preciosa – Uma história de esperança, dirigido por Lee Daniels e concorrente ao Oscar em seis categorias - inclusive de melhor filme -, não é alerta para uma sociedade em frangalhos ou mensagem para uma nação. É um relato cruel que não consegue fazer uma ponte com a realidade, mas isso porque não se quer acreditar que algo assim seja possível.

Uma adolescente de 16 anos violentada repetidamente pelo pai, grávida do segundo filho dele e que sofre humilhações inomi-náveis da própria mãe. Clareece Precious Jones (Gabourey Sidibe) vive nisso. Em uma casa escura com a mãe (Mo’Nique), que a chama de gorda e burra tantas ve-zes que acaba por convencê-la de que ela não serve para nada. Tudo se revela ciúme doentio de uma mulher que vê a filha como rival e não como carne da própria carne.

Com a visão distorcida por achar que Precious roubara “seu homem”, a mãe já não enxergava abuso sexual, mas sim uma competição pelo namorado. Vê-se isso na maneira como a primeira filha de Precious, portadora da Síndrome de Down, é tratada. A mãe a enxerga como um animal que serve somente como meio de conseguir dinheiro do governo para não precisar trabalhar.

Precious nunca reage, só se conforma. Em dado momento, ela desaba em sala de aula ao dizer que o amor nunca fez nada por ela - só batia, violentava, fazia ela se sentir sem valor. Para fugir desses momentos de pura violência e terror, a adolescente apela para a fantasia, onde é desejada, glamourosa e famosa.

Ela encontra apoio e conhece afeto de-pois de entrar em uma escola alternativa, onde começa a tomar as rédeas de sua vida. Com ajuda da professora Blu Rain (Paula Patton), aprende finalmente a ler e escrever e passa a se abrir mais, o que revela o mundo perturbador em que vive.

As luzes se acendem na sala de cinema e as pessoas ao redor não levantam. Ficam pasmas e se pegam torcendo para que aquela persona-gem fictícia se cure de todo o mal que a cerca. Porque os comentários imediatos são algo como “e pensar que isso acontece de verda-de”. E ela acaba não sendo tão fictícia assim.

Tudo o que Precious quer é ser normal, mas isso ela nunca será. Não espere um filme fácil de digerir, mas não deixe de se encantar por uma menina que consegue ser ela mesma depois de tantos tombos. E isso é muito melhor que ser normal.

l Preciosa – Uma história de espe-rança | Drama. De sábado a quinta, 14h | Iguatemi

Jovem com vida difícil e experiências trau-máticas muda para nova escola, onde ima-ginação é seu refúgio. De Lee Daniels. Com Gabourey Sidibe e Mariah Carey. 16 anos, 110 min., leg..

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pensamento e de criação. O resultado foi obtido após diversas experiências com materiais, o que proporcionou um conjunto de imagens que se justa-põem e se completam.Galeria Municipal de Arte Gerd Bor-nheim – Casa da Cultura Percy Var-gas de Abreu e LimaEntrada franca | Dr. Montaury, 1333, Centro | 3221-3697

AINDA EM EXPOSIÇÃO - Corina, elegância e tradição nos figurinos da Festa da Uva. De segunda a sexta, das 9h às 17h | Museu Municipal | 3221-2423

l Quase Amor | Sábado, das 10h às 12h |

Lançamento do primeiro romance do jornalista e professor Rodrigo de Oliveira Santos. O autor aborda temas polêmicos, como a participação do ne-gro na formação de Caxias do Sul. No texto, um romance interracial é usado para mostrar as mazelas do amor em si. A ambientação parte da época da colonização da cidade por imigrantes e chega até os dias de hoje. O livro é ficcional, mas os cenários são reais e bem conhecidos.Livraria Do Arco da VelhaR$ 15 | Os Dezoito do Forte, 1.690, Centro | 3028-1744

l Elvis in Concert | Rock. Sábado, 21h30 |

Banda se apresenta na Festa Rock, um baile de casais organizado pelo Clube Ballroom. Depois do show, a festa continua com seleção de sucessos

do estilo.BallroomR$ 15 (feminino), R$ 20 (masculino) e R$ 30 (casal) | Coronel Flores, 810, sala 107, São Pelegrino | 3223-2159

l Contramão Especial de Ani-versário | Rock. Segunda, dia 8, 21h |

O Vagão Bar comemora seu terceiro aniversário no mês de março e as festividades já têm início na segunda-feira, com uma edição especial do festival Contramão. A partir das 21h, algumas das bandas já conside-radas “da casa” se apresentam. Pelo palco, passarão o rock da Revólver, sucessos dos anos 70 e 80 com a Disco, o rock gaúcho da Ligante Anfetamínico (com um dos donos do bar, Marcelo Pedroso, o Pubby, na guitarra), o pop rock da Ton e os Karas e o power rock da Zava.

Entre músicas próprias e covers competentes, o bar se mantém ba-seado no cenário rock & roll não só da cidade, mas do Estado. Já foram iluminados pelos canhões de luz do palco nomes como os hard rockers da Rosa Tattoada, o psicodélico Júpiter Maçã, o rockeiro Alemão Ronal-do, o infame Edu K, do De Falla, e o punk rock da Tequila Baby.

Renascido das cinzas pelas mãos de Pubby e de César Casara, o Vagão sofreu no início do ano uma refor-ma que retirou paredes e renovou seu visual, que não lembra em quase nada o Galleria Estação Cultural, espaço que funcionou lá de 1999 a 2006. O Galleria era o espaço ofi-cial do alternativo, com shows que iam de bandas de death metal com malucos se cortando no palco até singelos shows de chorinho e saraus onde poemas, músicas e peças de teatro se encontravam mensalmente.

No decorrer deste mês, outras atrações figurarão na lista de shows a comemorar o aniversário. Den-tre elas, a Graforréia Xilarmônica e seu rock gaúcho bem humorado, a Pública e seu rock de inspiração britânica e a Astafix, capitaneada pelo ex-guitarrista do CPM 22 e influenciada por metal e hardcore. Vagão BarEntrada franca (com nome na lista) | Coronel Flores, 789, São Pelegrino | 3223-0007 | www.vagaobar.com.br

TAMBÉM TOCANDO - Sábado: Declarasamba. Pagode. 22h30. Ex-presso Pub Café. 3025-4474 | Grupo Freak. Música eletrônica. 23h. Nox Versus. 3027.1351 | Garoto Verão 2010. Música eletrônica. 23h. Studio-54Mix. 9104-3160 | Hard Rock Night. Hard rock. 23h30. Roxx Rock Bar. 3021-3597 | Jack Brown. Pop rock. 23h. Portal Bowling – Martcenter. 3220-5758 | Libertá. Nativista e ou-tros gêneros. 22h30. Libertá Dance-teria. 3222-2002 | Mayron de Carva-lho. MPB e pop rock. 22h30. Badulê American Pub. 3419-5269 | Mersey Trio. Rock. 22h30. Mississippi Delta Blues Bar. 3028-6149 | Retrato Fala-do. Rock. 23h. Pepsi Club. 3419-0900 | Taxi Free. Rock. 23h. Vagão Bar. 3223-0007 | There’s a killer on the dancefloor. Música eletrônica. 22h. Havana Café. 3215-6619 | Domingo: 37 Não é Febre. Pagode. 20h. Europa Lounge Garden. 3536-2914 ou 8401-2029 | Atitude.Com. Samba. 16h. Ex-presso Pub Café. 3025-4474 | Terça (9) e quarta (10): Los Infernales. Blues/latino. 22h. Mississippi. 3028-6149 | Quinta (11): Salib, Hunger e Feijão. Blues. 22h. Mississippi. 3028-6149 | Sexta (12): Rafa Gubert e Tita Sachet. Blues/rock. 22h30. Mississip-pi. 3028-6149

músiCa | the Blues Beers

Força e delicadeza

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LITERATURA

MÚSICA

Banda caxiense lança CD pelo Fundoprocultura domingo na Casa da Cultura

por CÍNTIA HECHER

Um contratempo atrasou as gravações do CD Gambling and living, da banda caxiense The Blues Beers, mas o resultado foi recompensador. A saída do vocalista anterior, substituído pela cantora Cami-la Dengo, provocou toda uma adaptação técnica, mas o recado da banda continua o mesmo: blues, antes de tocar, é preciso sentir.

Acompanhada pelo guitarrista Cristian Rigon, o baixista Josué Baciquet, o baterista Leonardo Reis e o harmonicista Rafael Reis, Camila trouxe um diferencial para a banda: a suavidade. Em seu um ano e alguns meses como integrante, de acordo com o guitarrista Cristian Rigon, a vocalista acabou mudan-do o foco da The Blues Beers – mas de uma maneira positiva. Agora, a preocupação para os shows e futuras composições são referên-cias femininas do blues, como Koko Taylor e Etta James, grandes nomes do gênero.

Ao ouvir Left my heart away, primeira faixa do disco, já deparamos com uma voz convidativa e delicada. Para Rigon, esse elemento feminino dá uma amaciada no blues, tirando o peso e a sujeira masculina da jogada. Sensual por natureza, o blues atinge mais ainda esse objetivo quando uma mulher assume os vocais. É um daqueles blues arrastados que lembram Janis Joplin cantando as dores de um amor abandonado.

Agraciado pelo Fundoprocultura, o álbum possui composições que são, ba-sicamente, criações da mente de Rigon apresentadas ao grande grupo, que trabalha em cima e põe as letras, em inglês – me-nos nas duas instrumentais, Dark wine e Blues and Beers, exclusivas do guitarrista. As 10 faixas tratam daqueles assuntos já clássicos do gênero (amor, desejo e la-mentos), como em I’m done with you, que fala de como as coisas mudarão depois do fim de um caso que só trouxe tristeza.

A maior mudança quem sofreu foi a faixa 10, Special Woman. Composta pelo baterista Leonardo Reis, ela tem uma letra considera-da “sacana”. Enfim, perfeita para um homem apaixonado cantar para sua musa. Mas como fazer? Uma menina cantando let me be your man não soa verossímil ou tentador. O baterista, então, foi para os vocais. Para compensar qualquer eventual falta de fami-liaridade com o microfone, o vocal ganhou um efeito, e parece que a amada de Léozão o escuta cantando em sua secretária eletrônica.

Gambling and living é forte como o blues e delicado como só uma mulher poderia fazê-lo. As apostas estão na mesa, e a The Blues Beers tem ótimas cartas.

l The Blues Beers | Blues. Domingo, 20h |

Lançamento do CD Gambling and living. Teatro Municipal Pedro Parenti – Casa da Cultura Percy Vargas de Abreu e LimaR$ 10 | Dr. Montaury, 1.333, Centro | 3221-3697

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por VALQUÍRIA [email protected]

traje de uma rainha da Festa da Uva costura tantos significados importan-tes que é quase tão representativo para uma soberana quanto a própria coroa. Por isso, preservar os vestidos significa dar valor à história da festa, à história de um povo. Na prática, porém, com o passar dos anos e a falta de um lu-gar que abrigasse os vestidos das 24 rainhas que a Festa da Uva já teve, os trajes encontram-se espalhados em di-ferentes lugares. Alguns estão escondi-dos em caixas ou guardados em salas fechadas de museus. Outros não resis-tiram às idas e vindas das exposições a que foram submetidos e se perderam.

Uma das grande tristezas de Marga-reth Trevisan, rainha de 1972, foi ter emprestado coroa e vestido à Festa da Uva há cerca de 20 anos. Na época, a comissão organizadora havia monta-do nos Pavilhões uma espécie de mu-seu para as rainhas. Como morava em Joinville, Santa Catarina, Margareth autorizou que a mãe e a irmã empres-tassem o traje para a exposição.

Tempos depois, já em Caxias, quando foi buscar o vestido e a coroa, Marga-reth recebeu apenas a camisa de renda e o bolero dentro de uma caixa. Nada do restante do vestido. Nada de coroa. “Procurei, procurei. Pedi que alguém

procurasse pra mim, passei todos os meus contatos e nunca me deram re-torno. O museu foi demolido, disseram que o vestido ficou não sei com quem e ninguém sabia de nada. Eu sou uma rainha sem coroa”, diz Margareth, por telefone, de São José (SC).

Quando decidiu emprestar o traje, ela não imaginou que poderia perdê-lo. “O que se pensa de um museu? Ainda mais de uma festa tão badalada? Ingenuamente doei, achando que ia ser legal. Nunca teria doado se soubesse. Achei que a comissão ia ter cuidado.”

Mesmo sem vê-lo há anos, Margare-th tem a imagem do vestido bem clara na mente. “Era cor de uva, com uma saia longa e uma faixa com bordados em alto relevo de cachos de uva, com-binando com o bolero. Era super boni-to. Usei ele demais”, diz a rainha, que só pode resgatá-lo nas fotografias. O que sobrou da peça ela guarda em casa como relíquia.

No mês passado, a pesquisadora e especialista em indumentária da Uni-versidade de Caxias do Sul Véra Stedile Zattera e a diretora do Departamento de Memória e Patrimônio Cultural, Li-liana Henrichs, conseguiram o feito de juntar 12 vestidos de rainhas da Festa da Uva – ou partes deles – no Museu Municipal. As peças, todas feitas pela costureira Corina Wainstein, com-

põem a exposição Corina, elegância e tradição nos figurinos da Festa da Uva, aberta ao público até o dia 10 de abril.

Os trajes estão protegidos por pare-des de vidro com frestas, para evitar que bactérias se desenvolvam. “É um acervo valioso que dificilmente vai se reunir de novo. É iné-dito tantos vestidos no mesmo lugar”, comen-ta Liliana. “O que está aqui é o que consegui-mos, mas pretendemos mostrar mais. Está mais do que madura a ideia de fazer um mu-seu da parte do vestuá-rio para que eles sejam vistos sempre. Eu mes-ma luto por isso desde 1984”, diz Véra.

Olhando para a saia do vestido de Zila Turra, rainha de 1958, a pesquisadora explica que, com o tempo e o uso, algumas peças não resistiram – como a parte de cima daquele traje. “Alguns se romperam, pelo próprio suor da pessoa que o ves-tiu tantas vezes, mas não se pensa em refazer essas peças, porque o momento já foi.”

“É uma honra ter o vestido aqui”, diz, sorrindo, a rainha de 1989,

Deliz De Zorzi. O vestido saiu da casa dela – onde fica protegido dentro de uma caixa, enrolado em um papel para não amarelar – especialmente para a exposição. Diferente de Margareth, ela conta que já emprestou o traje à Festa da Uva e a outros eventos diversas ve-zes e nunca teve problemas. Mas mar-

ca em cima. Recomen-da todos os cuidados possíveis e, de vez em quando, telefona para ver quando o vestido volta. Tirando as expo-sições, o vestido só saiu dos cuidados de Deliz quando ela foi morar em Florianópolis, perí-odo em que ficou cui-dadosamente guardado na casa da mãe. Quan-do a exposição de Co-rina terminar, a rainha

diz que vai levá-lo de volta para casa. “Tenho o maior carinho por ele.”

Deliz relembra que foi com o vestido que hoje está à mostra no museu que conheceu cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Curitiba na época de seu reinado. “Usava todos os dias, não tinha outro jeito.” Como o traje era branco, o cuidado tinha que ser re-dobrado para que não sujasse. “Agora ficou bege”, explica, olhando com sau-dades para a vestimenta e para a foto

Festa da Uva

“O museu foi demolido, disseram que o vestido ficou não sei com quem. Sou uma rainha sem coroa”, dizMargareth

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A falta de um museu para os trajes das rainhas expõe parte importante da memória da Festa aos efeitos do tempo – entre eles, o esquecimento e o descaso

Andressa Grillo Lovato, rainha de 2008: “A gente fica com uma dorzinha na hora de emprestar. Tem que ver que exposição é, quanto tempo dura”

VESTIDOS ENTREACHADOS & PERDIDOS

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em que aparece com ela, aos 20 anos.“Era uma emoção usar um traje des-

ses. Cada vestido é uma obra, não deve ficar escondido”, explica a rainha de 1984, Marisa Dotti, cujo vestido está exposto quase ao lado do de Deliz. Marisa apoia a ideia de criar um local para to-dos os trajes. “Se tiver um museu, o meu com certeza vai para lá.”

Foi com a ajuda desta reportagem que a rainha da Festa da Uva de 1975, Roxane Torelli, descobriu onde está seu vestido hoje. Para ela, o destino dele era até en-tão uma incógnita. Há muitos anos, entregara a peça ao museu e nunca mais soube-ra dela. Na época, foi alertada por Ane Marie Brugger, rainha de 1978 – as duas eram amigas próximas, tinham representado o mesmo clube, o Juven-tude. “A Brugger me ligou e pediu: ‘Ro-xane, tu doou o vestido? Porque já me falaram que sumiu tudo do meu’. Mas daí eu já tinha dado e não quis pedir de volta. Só que nunca mais o vi”, conta.

O vestido de Roxane, composto por uma saia de cetim azul calipso e uma blusa rosa clara com mangas compri-das, está hoje na exposição de Corina. “Foi um alívio saber que ele está no museu. Achava que estava perdido. Sempre fiquei com a consciência pesa-da por causa disso”, afirma.

Roxane não tem o vestido, mas guar-da ainda a coroa de ouro, que não quis entregar para o museu. “Ela está guar-dada e vai ficar para os meus filhos, mesmo eu tendo dois homens.” O ade-reço é uma lembrança de luxo de uma festa que não foi muito glamourosa. “A festa de 75 não aconteceu numa épo-ca de grandes gastos, tanto que o carro

em que desfilei era uma carrocinha pu-xada por dois cavalos”, relembra.

Numa salinha nos fundos do Museu Municipal, o vestido da já fa-lecida Adélia Eberle descansa ao lado

do vestido de Olivia Terezinha Morganti. Adélia, filha do empre-sário Abramo Eberle, e nascida, portanto, em berço de ouro, foi a primeira rainha que a Festa da Uva teve, em 1933. Olivia, soberana em 1950, não era de fa-mília nobre e também não era de Caxias, mas de Bento Gonçalves. Por causa da rivalidade entre as cidades, Olivia

nunca foi aceita pelo povo caxiense. Seis décadas depois, nada disso pa-

rece importar. Os vestidos da primeira rainha da festa e da rainha bento-gon-çalvense estão dividindo a mesma cai-xa, que só é aberta em ocasiões muito especiais na Oficina de Conservação do museu. Pela idade, ambas as peças não podem pegar pó, calor e luz.

A sala, silenciosa e fresca, abriga os mais variados objetos doados pela comunidade, muitos resgatados em porões e sótãos pelos próprios funcio-nários. O vestido de Adélia, segundo a restauradora Denise Brosina Spiando-rello, chegou em 1998. “No momento em que a Festa não consegue guardar, o museu é parceiro e se dispõe a fazer isso. Mas ele já veio em estado de de-gradação apurado”, explica Denise.

Poucas pessoas sabem – pois as fo-tos que retratam Adélia são em preto e branco –, mas o vestido da rainha de 1933 é verde e amarelo, com detalhes de cetim e veludo italiano preto. Ape-sar dos esforços do museu para conser-vá-lo, o vestido apresenta um grande

rasgo. A saia é feita de seda pura, se-gundo Denise, e materiais assim são difíceis de preservar. “Não daria para costurar, porque se enfiar uma agulha o tecido se abre de tão frágil que está”, diz a restauradora.

Na última Festa da Uva o vestido de Adélia chegou a ser exposto, mas De-nise duvida que isso volte a acontecer, já que a fragilidade do traje mais antigo do evento não permite mais nem que ele seja pendurado em manequins.

Uma enorme caixa decorada com desenhos da Hello Kity protege o vestido da rainha de 2008, Andressa Grillo Lovato, dentro do armário do seu quarto. Hoje, aos 23 anos, Andres-sa suspira quando pensa em quão rápi-do o tempo passou. Quando recebeu O Caxiense em sua casa, a rainha acom-panhava pela televisão uma reprise do segundo corso alegórico da Festa deste ano, pois ainda não tinha conseguido assisti-lo pessoalmente. “Ela está boni-ta”, afirmou ao ver a rainha atual, Ta-tiane Frizzo.

Andressa não pensa-va que vestiria seu traje novamente depois que passou o título a Ta-tiane no ano passado, mas voltou a usá-lo em fevereiro para fazer as fotos que estamparão seu rosto na galeria das soberanas, nos Pavi-lhões. “Até vesti erra-do”, revela.

Olhar para o vestido que está guardado em casa ajuda, segundo ela, a lembrar dos dois anos em que esteve no lugar onde Tatiane está hoje. “Para mim representa uma conquista, minha e da minha família. Tem toda uma história por trás. Não é só um vestido, um pano bordado. É uma re-

líquia.” O vestido, bordô com detalhes em

pérolas, tem uma saia de armação com um “segredinho”: um bolso feito espe-cialmente para carregar maquiagem e celular. O traje chegou a passar por reformas, pois tinha um fecho na late-ral, nada prático para a rainha que ti-nha sempre que se vestir às pressas em banheiros ou ônibus. Andressa conta que insistiu para que a costureira co-locasse o fecho atrás. Com isso, ficou tudo quase perfeito. A única coisa que Andressa não gostava no vestido era o peso. Quase seis quilos de pano e péro-las que chegavam a deixá-la corcunda com o passar das horas.

O traje sempre foi carinhosamente lavado a mão, pois é preciso ter “todo um cuidado especial”. Andressa só o emprestou uma vez, à CIC, onde ficou exposto durante um mês. “Eles de-volveram e não aconteceu nada com o vestido. Mas a gente fica com uma dorzinha na hora de emprestar. Tem que ver que exposição é, quanto tempo dura. A minha mãe fica com mais ciú-

mes do que eu.” Ela afirma que é a

favor da ideia dos or-ganizadores da Festa da Uva: criar um me-morial do vestuário que ficará em exposição permanente nos Pavi-lhões. Além das ima-gens que hoje estão à disposição só durante a Festa da Uva, este espa-ço abrigaria também os vestidos das soberanas. “Seria muito melhor

se pudéssemos ver os vestidos em um memorial do que ver ele ficar mofando numa caixa em casa. Se quiserem que eu doe, vou doar, mas só quando esti-ver tudo pronto pra isso”, diz Andressa, prevenida.

“Está mais do que madura a ideia de fazer um museu para que eles (os vestidos) sejam vistos sempre”, defende Véra

“Foi um alívio saber que está no museu. Achava que estava perdido. Sempre fiquei com a consciência pesada por causa disso”, diz Roxane

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Deliz De Zorzi, rainha de 1989: “É uma honra ter o vestido aqui. Tenho o maior carinho por ele”; a saia foi tudo que restou do traje de Zila Turra, rainha de 1958

EDITAL DE CITAÇÃO - CÍVEL4a Vara Cível – Comarca de Caxias do Sul

Prazo de: 20 (VINTE) dias. Natureza: Ação Monitória Processo: 010 / 1.05.0014410 – 1. Autor: Aravel Ararangua Veículos Ltda. Réu: Alexandro Ceconi de Souza e outros. Objeto: CITAÇÃO de ALEXANDRO CECONI DE SOUZA, atualmente em lugar incerto e não sabido, para, no PRAZO de QUINZE (15) dias, a contar do término do presente edital (art. 232, IV, CPC), efetuar pagamento da soma em dinheiro, além das cominações le-gais, ou, querendo, no mesmo prazo oferecer embargos, sem prévia segurança do Juízo. Efetuando o réu o cumprimento do objeto da ação ficará isento de custas e honorários. Caso não opostos embargos constituir-se-ão em Título Executivo Judicial, convertendo-se o mandado em executivo, com prosseguimento na forma do processo de execução (entrega de coisa ou quantia certa contra devedor solvente), e, presumir-se-ão como verdadeiros os fatos articulados na inicial.

Caxias do Sul, 13 de Janeiro de 2010.SERVIDOR: Claudiomiro Agustini da Silva.

JUÍZA DE DIREITO: Keila Lisiane Kloeckner Catta-Preta.

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por PAULA [email protected]

nflamado pelo calor de 40 graus do verão grego na ilha de Corfu, cogno-minada de Kerkyra, o chão foi atingido com 7.500 pratos que eram quebrados pelo magnata Aristóteles Onassis em uma casa noturna ao ar livre. A opu-lenta atitude mostrava o apreço do mi-lionário pelo jovem cantor que se apre-sentava. Acompanhado de sua mulher, Jaqueline Kennedy Onassis, e dos hollywoodianos Elizabeth Taylor, Ri-chard Burton, Ursula Andress, Onassis havia desembarcado do magnificente iate Christina – com oitenta cabines, duas piscinas e salão de festas para mais de 300 pessoas. Estava gostando tanto do show do soprano ligeiro que lhe dava uma gorjeta de 500 dólares a cada música cantada. Anos depois do esfuziante encontro, o cantor grego nascido na ilha de Samos, a mesma do matemático e filósofo Pitágoras, ven-

deria mais de 5 milhões de discos em 180 países com seu sucesso Pigeon Wi-thout a Dove, gravado em 1979.

Adorado por muitos, mas um ilus-tre desconhecido para boa parte dos visitantes da Festa da Uva, Patrick Dimon se apresentará em Caxias do Sul nes-te domingo, às 20h, no show de encerramento do evento. “Como eu canto em sete idio-mas, farei uma volta ao mundo musical, mas sempre com su-cessos italianos”, conta Patrick, que cantará acompanhado de cin-co músicos. Poliglota e naturalizado brasileiro, Patrick Dimon morou em diversos países acompanhando o pai, que foi vice-cônsul da Grécia na Argentina e Brasil. A música, que “pacifica, acalma e reabastece nos mo-mentos difíceis da vida” – um lema do cantor –, está presente no cotidiano de

Patrick desde os oito anos, quando en-toava canções religiosas bizantinas. Foi num festival em Punta Del Este, Uru-guai, onde representava seu país natal, que Patrick foi descoberto por Antô-nio Paladino, responsável pelas trilhas sonoras das novelas da Globo na gra-vadora Som Livre. Pigeon Without a Dove tocava nas cenas do personagem André Cajarana, representado pelo ator Tony Ramos, na novela Pai Herói. “Esta música foi adaptada do Guarani, de Carlos Gomes, um clássico”, explica, cantarolando a trilha de abertura do programa de rádio Voz do Brasil.

Patrick Dimon foi lançado na televisão pelo apresentador Chacrinha, mas também se apresentou nos pro-gramas do Bolinha e de Raul Gil, numa época em que cantores não tinham suas músicas baixadas na internet e que os fãs precisavam comprar os dis-cos. “Não existia jabá, como hoje existe. Hoje você tem que pagar para aparecer,

para cantar e até para gravar. Eu nunca entrei por essa linha porque o valor do artista não é pelo que paga. Você vê na televisão e escuta na rádio coisas que não quer. Porque pagam, sou obriga-do a ver e ouvir esse tipo de coisa”, diz

Patrick, garantindo que nunca cedeu aos mo-dismos musicais, que considera decadentes. Ao cantar músicas de décadas atrás, Patrick Dimon questiona o que vai restar de frutífero, musicalmente falando, para as gerações futu-ras: “Tem alguma coisa que marque que está fazendo sucesso? Não tem. Este momento é o do descartável, do con-

sumo. Temos que ter cuidado, porque a vida continua. Nossos filhos, a nova geração que está vindo, eles querem ver alguma coisa de qualidade. Como vai ser?”

Não é das cordas vocais que o tim-

bre ressonante e claro da voz de Patrick Dimon surge. Basta observar o cantor que leva a mão ao peito, se curva leve-mente para frente e abraça espectado-res. A voz que comunica na linguagem da sensação irrompe daquele músculo que bombeia sangue e irradia vitalidade. Foi com essas vibrações sonoras e emotivas que Patrick conquistou um fã em Caxias do Sul.

O advogado Gue-rino Pisoni Neto já conhecia suas músi-cas quando assistiu ao show do cantor num jantar do Instituto Vê-neto. “Ele sentou na minha mesa, conversa-mos. Tínhamos muita afinidade. Gos-to de todas as músicas, mas as italianas ele canta com o coração”, atesta. Ciente da preferência de Pisoni, ao preparar

sua festa de aniversário de 50 anos, em julho de 2009, sua mulher convi-dou Patrick Dimon para cantar aos 354 convidados da comemoração be-neficente, que recolheu fraldões para o Lar da Velhice e para Fundação de Assistência Social (FAS), no salão da Igreja Nossa Senhora da Salete. Na festa também estavam o prefeito José Ivo Sartori (PMDB) e o secretário de Cultura, Antonio Feldmann. O cantor marcou peremptoriamente os convi-dados. Tanto que retorna para encerrar a Festa da Uva, show que também deve ser inolvidável para os que escutarem as músicas com uma percepção que vai além da membrana timpânica. “Eu não canto para mim, eu canto para o públi-co. Envolvo as pessoas, o público canta comigo. Sei que vou cantar em cima de um palco, mas vou tentar o máximo que as pessoas venham comigo”, diz Patrick, que costuma cantar em meio ao público e raramente no palco. “De-testo esse distanciamento.”

No Brasil, no mínimo duas

crianças (que já devem ser adultas) fo-ram registradas com o nome de Patrick Dimon em homenagem ao cantor. E os pelos do antebraço do músico eriçam quando ele conta histórias de seu auge. Uma delas, nos anos 80, é a de um fã

paraplégico que ficou aguardando o ídolo do lado de fora de uma boate, no Paraná, pois não tivera autorização para entrar e assistir ao show. Patrick Dimon insistiu e ameaçou não cantar se o rapaz não entrasse. Por falta de espaço mais adequado para cadeirantes, teve de ficar na pista, mas entrou. “Todo meu show dediquei para

esse ser humano, para essa criatura, ignorei as pessoas. Tinha muita gente, mas falei para todo mundo para dar alegria, esperança e paz para aquela

pessoa”, conta Patrick. O cantor já se apresentou em Caxias

outras vezes, no Clube Guarany e no Recreio da Juventude. Daqui, gosta do galeto al primo canto, “ algo sensacio-nal que se come em Caxias”, e afirma: “é uma cidade modelo do Brasil”.

Até semana passada, as principais lojas musicais caxienses não tinham nada da obra de Patrick Dimon para vender. Nem Guerino Pisoni Neto ti-nha mais o seu CD. “Mandei lavar a caminhonete e voltou sem”, lamentava. Mas, no show de domingo, três CDs do cantor estarão à venda: um de músicas italianas, outro cantado em espanhol e uma coletânea de sucessos. Ao vivo ou em compact disc, Patrick Dimon dei-xará sua contribuição multicultural a Caxias. Após o show, porém, o sociável artista deverá se isolar no camarim ou no quarto do hotel. Cumprirá seu ritu-al particular: “Faço uma retrospectiva para evoluir. Analise o que você fez, para que isso te traga benefícios, para que você progrida e cresça. Nunca um show é igual ao outro”.

Música nos Pavilhões

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Patrick Dimon, grego naturalizado brasileiro que canta em italiano, espanhol e outros cinco idiomas, faz o show de encerramento da Festa da Uva

Pigeon whitout a dove (numa tradução livre, “pombinho sem uma pombinha”) é o maior sucesso do artista, famoso na época dos LPs, que animou o aniversário de Pisoni (C)

A VOZMULTICULTURAL

“Farei uma volta ao mundo musical, mas sempre com sucessos italianos”, promete Patrick para a noite de domingo

“Não existia jabá, como hoje existe. Hoje você tem que pagar para aparecer, para cantar e até para gravar”, compara o cantor, falando dos anos 80

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INGRESSOS NOS PAVILHÕES - Parque de Eventos: Geral, R$ 10. Melhor idade, R$ 5. Camarotes para shows: Área Vip, R$ 20. Camarote Prata, R$ 20. Camarote Ouro, R$ 25. Venda na Casa da Cultura Percy Var-gas de Abreu e Lima e nos Pavilhões.

Músical César Menotti & Fabiano | Sertanejo. 22h |

Vencedora em 2008 do prêmio Grammy Latino de Melhor Álbum Romântico, a dupla apresentará suces-sos como Ciumenta e Caso Marcado.Estação da Música – Palco Principal

TAMBÉM SE APRESENTANDO - Quinteto de Sopros da Orquestra Municipal. 10h e 12h. Estação das Soberanas | Ciro Zé. 11h. Estação da Convivência | Grupo Família Potter. 12h e 14h. Estação da Colônia | Cadu Magalhães. 12h. Restaurante Tulipa | Caixa Azul. MPB. 12h. Estação da Convivência | Grupo Vozes da Terra. 12h. Salão da Igreja | As Prince-sinhas. Nativista. 13h. Estação do Gaúcho | Os Oitavos. Indie rock. 13h. Estação da Convivência | Sertanejo Show. 14h. Estação da Música - Palco Auxiliar | Estrela Pampeana. Nativista. 14h. Estação do Gaúcho | Linha de Frente. Rap. 14h. Estação da Convivência | Coral da Universidade da Terceira Idade. 15h e 17h. Estação das Soberanas | Programa Abelino. 15h. Estação do Gaúcho | ToolBox. Rock. 15h. Estação da Convivência | Grupo A Festa Chegou. 16h. Estação da Colônia | Júlio Cesar. 16h, 18h e 20h. Estação das Soberanas | Prenda Catarinense. Nativista. 17h. Estação do Gaúcho | Mr. Medley. Rock. 16h. Estação da Convivência | TB e Ban-da. 17h. Estação da Convivência | Tia Maria e Feliz Benato. Nativista. 18h. Estação do Gaúcho | Coral São Brás. 18h. Estação da Colônia | Yari’s. Mú-sica peruana. 12h. Restaurante Tulipa

| Acorda. Música latina. 20h. Estação da Convivência |

RecitalQuerência da Poesia Chucra | 20h | Estação do Gaúcho

DançaCTG Rincão da Lealdade. Tradicio-nalista. 18h, 19h e 20h. Estação da Serra | JUPEM. Dança polonesa. 15h e 17h. Estação da Serra | Grupo de Dança Compacto Espaço Cultural. 18h30. Estação da Convivência | Ta-blado Andaluz. Flamenco. 20h. Esta-ção da Convivência

Teatro C.I.A. Uerê. 10h. Estação do Abraço | Tem gente teatrando. 10h. Réplica | Grupo Aprontação Experimental. Das 13h às 18h. Alameda em frente aos parreirais | Grupo EDZ. Das 14h às 18h. Estação da Convivência

Músical Lennon Z e The Sickboys Trio | Rockabilly. 11h |

Banda caxiense toca rockabilly de raiz, nascido nos anos 50, incorpo-rando ao show performances, roupas e acessórios da época.Estação da Convivência

l Bob ShuT | Indie rock. 14h |Show com músicas próprias lança-

das no primeiro CD da banda caxien-se, como Tua chave, O dia mais bonito e Por isso, e covers de Weezer, Franz Ferdinand e Placebo, entre outros.Estação da Convivência

l Festa da Rádio Mais Nova | 14h |

A dupla sertaneja Hugo e Tiago apresenta sucessos como Vira-lata, Inesquecível e Pirataria. A festa tam-bém conta com a animação de Tchê Garotos, Fat Duo, Grupo Rhaas, Luigi Mangini e MC Jean Paul.Estação da Música

l Patrick Dimon | 20h |

Encerramento da Festa da Uva. Showman grego apresenta repertório diversificado, com sucessos mundiais que marcaram época. Cantando em várias línguas, Patrick interpretará, entre outros, hits da língua espanhola como Besame mucho, Solamente una vez e Quizás, quizás, quizás. A abertu-ra fica por conta da cantora caxiense Patrícia Vianna.Estação da Música

TAMBÉM SE APRESENTANDO - Elio Beaux. 10h, 12h e 14h. Estação das Soberanas | Coral Ana Rech. Tí-pica italiana. 11h e 13h. Estação das Soberanas | Toco e Buja. Samba rock. 12h. Salão da Igreja | H5N1. Pop rock. 12h. Estação da Convivência | José Vermar. Nativista. 14h. Estação do Gaúcho | William Pontes Leite. 15h. Estação do Gaúcho | Airton Arruda. Nativista. 16h. Estação do Gaúcho | Cissa Mazzochini. Música italiana. 16h. Estação da Convivência | Paulo Johann. MPB. 16h e 18h. Estação das Soberanas | Programa Sabiazinho. 18h. Estação do Gaúcho | Coral Ex-pressões RGE. 18h e 20h. Estação da Serra

DançaCTG Paixão Cortes. Tradicionalista. 12h, 14h e 16h. Estação da Serra | Fare Amicci. 15h e 17h. Estação da Serra | Atlantics. 15h. Estação da Convivên-cia | Estrela do Oriente. Dança do ventre. 15h30. Estação da Convivência | Família Hip Hop. 17h. Estação da Convivência | CTG Lanceiros Negros. Tradicionalista. 19h. Estação da Serra

Teatrol Molhados na Chuva | 14h, 15h e 16h |

Espetáculo Pérola das Colônias.Estação da Colônia

TAMBÉM SE APRESENTANDO - C.I.A. Uerê. 10h. Estação do Abraço | Tem gente teatrando. 10h. Réplica | Grupo Aprontação Experimental. Das 13h às 18h. Alameda

Guia da FestaFesta da Uva | Corso aleGóriCo

Uma sutil transgressão

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Corso alegórico investe no profissionalismo artístico, inova nos figurinos e alegorias e dá show de criatividade na Sinimbu

por MARCELO ARAMIS

Estranho e inovador este Corso Alegóri-co da Festa da Uva 2010. Os organizadores renovaram conceitos e deram um tombo no senso comum. O trabalho dos artistas foi uma revolução discreta. Mas o desfile logo quebrou o silêncio e os paradigmas. Quem queria ver colonos abrindo trilhas à foice ou as nonas fazendo pão, voltou para casa decepcionado, confuso e com uma pulga atrás da orelha. A ousadia cumpriu o seu papel. Quem esperava que, finalmente, a Festa da Uva cedesse ao luxo e à extrava-gância das alegorias cariocas, frustrou-se novamente. A essência da festa foi mantida e derrubou a utopia do Carnaval da Uva.

A maior inovação está nos figurinos e carros alegóricos. O corso é um espetáculo de sutilezas. Com vestidos de caudas torcidas e braceletes que lembram raízes, mulheres germinam as conquistas dos imigrantes. Carregam cestos de vime inacabados: um convite para continuar as tramas; asas surgem de troncos e fazem referência à gralha azul. A coreografia dos figurantes faz tremular bandeiras que eles carregam nas costas. É o voo da gralha, que semeou pinhões e a base do desenvolvimento de Caxias; lambrequins, rendas em madeira, migram para lapelas de paletós, na forma de prendedores de roupa; a uva, eixo simbólico da festa, aparece em adereços móveis que montam um grande parreiral na Sinimbu.

Um dos pontos altos do desfile é também o que mais choca a expectativa acomo-dada. O carro – uma bandeira do Brasil desconstruída – representa o desrespeito às origens, a ditadura militar e a guerra. Vestidos de preto, atores encenam a claus-trofobia e a dor da repressão. O público faz cara feia. A festa não é para celebrar os bons momentos? É, mas não só.

A pluralidade étnica de Caxias desfila com naturalidade. Do gaúcho, aproveitou-se a boa postura para conduzir a prenda. Sem bom-bachas e vestidos armados, casais de CTGs surpreendem na delicadeza poética das co-reografias. Das bailarinas do flamenco e da dança do ventre, restou a consciência corpo-ral. Sem os trajes típicos, elas se vestiram de história. Negros, pardos e brancos desfilaram em todos os quadros, trajados de caxienses.

O desfile precisa consolidar a atuação profissional dos artistas e os técnicos terão que limitar a criatividade à viabilidade de execução, dissonância evidente em algumas alegorias. É cedo para dizer se o corso 2010 será um marco. No entanto, é impossível ignorá-lo como um desfile que se preocu-pou mais em formar do que atrair plateia.

l Corso Alegórico | Sábado, 18h |

Último desfile da Festa da Uva 2010, é di-vidido em 10 quadros que contam a história de Caxias do Sul.Rua SinimbuR$ 15 (arquibancada promocional – coberta em pé ou descoberta sentados) e R$ 25 (arqui-bancada coberta) | Venda: Casa da Cultura Percy Vargas de Abreu e Lima | Dr. Mon-taury, 1.333, Centro | 3221-3697

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Arlete Santarosa e Lana Lanna| Fusões |

Personalidades distintas fundem-se nos três painéis de xi-logravura e metal intercalados com decoupage. Há harmo-nia na diferença proposta pelas artistas plásticas.

por MARCELO MOURA

lguém se levantou às oito da ma-nhã do dia dezenove de novem-bro, bocejou longamente e foi di-reto para o banheiro. Ao se olhar no acusador, ele constatou que não havia necessidade de fazer a barba, também viu uma pequena espinha no alto da testa, quase onde nasciam seus cabelos es-curos, mas nada grave. Estava li-geiramente atrasado, pelo menos era isso que indicava seu algoz, marcando oito horas e oito minu-tos. Rapidamente ele vestiu suas decências, abotoou seu emprego, pôs suas visões nos olhos, reco-locou o noivado no anelar e saiu.

Ao mesmo tempo, do ou-tro lado da cidade, alguém guiava na auto-estrada. Cabelo impecável, unhas bem feitas e pintadas de vermelho, de suas orelhas pendiam pequenos e belos satélites, naquela manhã ela usava seu espírito preto, leve e sensual, o que mais gostava.

Quando estava na metade do caminho, ela ouviu o imortal tocar, sem pestanejar inclinou-se para trás e, com uma das mãos, pegou sua vida no banco traseiro, abriu-a, retirou o apa-relho e atendeu a inconveniente ligação. Era seu chefe, precisa-vam urgentemente dela na cruz, automaticamente ela acelerou.

Às oito e quinze do dia de-zenove de novembro, um jovem apressado atravessava a rua em direção ao seu novo emprego, e uma mulher preocupada voava baixo pela auto-estrada. Ele gi-rava o noivado no dedo, costu-mava fazer isso quando estava nervoso, ela ouvia o imortal to-car pela segunda vez, precisava atender... Um instante, um aci-dente, o algoz do jovem havia feito seu trabalho, seus ponteiros pararam às oito dezesseis, a mu-lher acabou morrendo pela cruz. No asfalto morno da estrada restaram, lado a lado, um noiva-do partido e uma vida rasgada.

FABRICANDO DESTINOS

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por JOSÉ EDUARDO [email protected]

o feudo de um tabuleiro, manejando um exército de cavalos e soldados, tor-res de guarda e bispos aliados ao poder de monarcas e suas esposas, jogado-res simulam guerras intelectuais entre duas nações de igual poderio, simples-mente denominadas brancas e pretas. Sobre o campo de batalha, esquadri-nhado em 64 casas, só há um objetivo: derrubar o rei adversário.

Entretanto, uma saída mal elabora-da, um movimento irrefletido ou até um simples peão de desvantagem já podem decretar a derrota. Da mesma forma que um texto deve ter um come-ço atraente para conquistar o leitor, as primeiras jogadas de uma partida de xadrez devem seguir uma estratégia

que permita o seu desenvolvimento ao longo do jogo. Ainda mais quando a disputa envolve enxadristas de alto ní-vel técnico, que são capazes de projetar mentalmente mais de 15 jogadas e suas diversas variações.

Neste fim de semana, os apreciadores do xa-drez terão uma opor-tunidade única: não apenas ver os grandes generais desse jogo em ação, mas poder desa-fiá-los. O 11º Torneio Aberto Internacional de Xadrez Festa da Uva 2010 reunirá alguns dos melhores enxadris-tas brasileiros e gran-des nomes internacio-nais num campeonato em que qualquer pessoa que pagar a taxa de inscrição (R$ 100 antecipada-mente ou R$ 120 na hora) poderá par-ticipar. Os confrontos acontecerão no

Salão Verde da sede campestre do Re-creio da Juventude, no sábado (a partir das 9h30) e no domingo (8h), em 150 mesas instaladas uma ao lado da ou-tra. Imagine ter a chance de jogar uma partida contra Henrique Mecking, o Mequinho, considerado o maior enxa-drista brasileiro de todos os tempos.

Seria como enfrentar Robinho ou Ronaldinho Gaúcho num campo de futebol.

Além da presença dos Grandes Mestres (título dado os jogadores que atingem 2.500 pontos do rating da Fe-deração Internacional de Xadrez) bra-sileiros e de países como a Argentina, Paraguai, Uruguai, Suécia e Sérvia, o evento contará com a participação do número 11 do mundo, o ucraniano Vasyl Ivanchuk. O enxadrista chegou

a Caxias ainda na segunda-feira, dia 1º, comunicando-se com uma mistura de espanhol, ucraniano e português. Poucos jogadores de seu nível aceitam participar de campeonatos abertos, porém isto não é problema para ele.

“Nesta forma de com-petição não consigo me preparar, pois desco-nheço os adversários. Me impressionei com o número de bons jo-gadores que estarão presentes. Vai ser um torneio interessante”, conta Ivanchuk.

Convidado para dar maior visibilidade ao campeonato, o ucra-niano é favorito indis-cutível, e tratado como

estrela. É, também, um investimento: vem a Caxias recebendo cachê e com todos os custos de transporte, alimen-tação e hospedagem pagos, para ele e

sua mulher, além de um passeio turís-tico pela região.

O organizador do torneio, André Ricardo Boff, espera que o número de inscritos chegue perto de 300. Os 13 melhores colocados receberão prêmio em dinheiro, sendo que o campeão embolsará R$ 4 mil. Em 2008, o evento reu-niu 224 enxadristas. O vencedor foi o Grande Mestre brasileiro Rafael Leitão. Boff conta que esta edição será o maior torneio aberto de xa-drez realizado no Brasil este ano. “Pelo menos 21 Grandes Mestres e Mestres Inter-nacionais já confirmaram presença. De

todas as edições, esta é a que atingirá o maior nível técnico de competidores e o maior número de inscritos.”

O método utilizado para os jogos no campeonato é o sistema suíço. To-dos os enxadristas terão nove partidas, mesmo os que forem derrotados nas primeiras rodadas. Os inscritos estarão inseridos em uma tabela por ordem de rating. Ela será, inicialmente, dividida em duas. O primeiro da tabela 1 en-frenta o primeiro da tabela 2, e assim por diante. A segunda rodada contará com três grupos: os vencedores, os per-dedores e os que empataram. O mesmo processo se repete até a nona rodada. Os jogadores são sempre “emparceira-dos” com os adversários que tenham a mesma pontuação. Não há final. Quem somar mais pontos é o campeão. Este processo permite que os competidores joguem a maioria das partidas com ou-tros jogadores do mesmo nível técnico. Nesta forma de torneio, um menino de 12 anos com uma breve noção de xa-

drez poderá ter na sua primeira rodada Ivanchuk como adversário. Todos esta-rão mesclados, jovens, crianças, idosos e Grandes Mestres. Nove é a pontuação

máxima, sendo que a vitória vale um, o em-pate meio e a derrota zero.

Mesmo sendo um campeonato no qual o título provavelmente será de um enxadrista profissional, alguns caxienses entusiastas do esporte participa-rão com um objetivo à parte: ser o represen-tante da cidade melhor

colocado. O médico e enxadrista Da-niel Panarotto, 40 anos, é um partici-

pante assíduo das competições em Ca-xias e, claro, também estará nesta. Ele começou a jogar xadrez aos 13 anos, e deixou-o de lado apenas durante o cur-so de Medicina. Na última edição do torneio, Panarotto ficou na 45ª coloca-ção, somando seis pontos. Outro que aguardava com ansiedade a chegada dos mestres do xadrez é Paulo Callia-ri. Aos 59 anos, ele já participou de diversos campeonatos representando Caxias. Iniciou no xadrez aos 21, com o intuito de aumentar a capacidade de concentração, característica exigida durante o curso de engenharia mecâni-ca. Calliari concorda que poder assistir aos Grandes Mestres será uma oportu-nidade ímpar. E esta será realmente a sua posição: espectador. “Minha rela-ção com o Ivanchuk seria semelhante a jogar tênis contra o Guga nos seus tempos de campeão de Roland Garros. Certamente, seremos coadjuvantes dos Grandes Mestres brasileiros e interna-cionais.”

Esporte intelectual

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Caxias recebe neste fim de semana alguns dos melhores enxadristas brasileiros, além do número 11 do mundo, em um torneio aberto

O organizador, André Ricardo Boff, espera reunir 300 participantes, boa parte deles atraídos pela presença do ucraniano Vasyl Ivanchuk (D)

REIS ENTREPEÕES

“Minha relação com o Ivanchuk seria semelhante a jogar tênis contra o Guga nos tempos de campeão de Roland Garros”,diz Calliari

“Nesta forma de competição não consigo me preparar, pois desconheço os adversários. Vai ser um torneio interessante”, prevê Ivanchuk

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por MARCELO [email protected]

s mãos que hoje ostentam uma alian-ça dourada já carregaram pedra, já fizeram cimento, já ergueram muros. Aquelas paredes pareciam trancafiar no ostracismo um jovem e talentoso jogador de futebol. Marcelo Costa es-tava fadado a encarar a triste sina de um dos personagens de Amarcord, fil-me do italiano Federico Fellini, que di-zia: “Meu avô era pedreiro, meu pai era pedreiro, eu sou pedreiro, e não tenho a minha casa para morar”. Euclides Costa, pai de Marcelo, era um pedrei-ro sem casa própria. Veio de Campi-nas do Sul, próximo de Erechim, para Caxias do Sul, em 1993, trabalhar na construção civil.

O pai veio para Caxias abrir caminho para uma nova vida. Uma esperança renovada, em uma terra fértil, cheia de oportunidades. Assim que pôde se estabelecer mandou vir a família. Em 1994, Marcelo veio para a Serra, com a mãe Nelci e o irmão Márcio. Aquele moleque que passava as tardes chutan-do uma bola em algum campinho de Campinas do Sul teve de amadurecer depressa. Aos 14 anos já trabalhava com o pai. A bola, ele só reencontrava

quando tivesse tempo de despir-se da tarefa de pedreiro.

Aos 29 anos, Marcelo Costa é o destaque do time do Caxias. “O Mar-celo é o nosso principal jogador. Mas eu, como comandante do vestiário, nunca vou deixar que ele ou outro atle-ta se sintam mais importantes do que o outro”, avisa o treinador Julinho Ca-margo. Marcelo chegou no Centenário com a missão de ser a voz da experi-ência, dentro e fora de campo. “Gosto não só do jeito que ele joga, mas da conduta dele, por isso é o meu capitão”, revela Julinho.

“O Julinho foi muito feliz na decla-ração dele. Porque vou te dizer uma coisa, o Caxias não tem problema ne-nhum de vestiário. E se tivesse eu te diria, sempre fui muito transparente. Aqui no Caxias, do Sidivan (terceiro goleiro, de 17 anos) ao Marcelo Costa é todo mundo igual”, referenda o asses-sor de futebol Vanderlei Bersaghi, o Pé.

“Nós sempre quisemos trazer o Mar-celo Costa pra jogar aqui no Caxias. Agora, por que ele não deu certo lá no Juventude e está dando certo aqui, não sei te dizer. Trouxemos o Gil Baiano, desacreditado no Juventude, e virou herói no Caxias. O Luciano, a mesma

coisa. Mas quando sai alguém do Ca-xias e vai pro Juventude não dá certo. O futebol tem dessas coisas que não se entende”, ensina Pé, abrindo os braços como se dissesse: quer que eu te diga mais o quê?

Marcelo, como um bom homem de Cristo, tem conduzido o time grená por um caminho de esperança, com fé. “Passei mo-mentos bem difíceis na minha vida, como em 2009, em que não joguei, não fiz gol ne-nhum, não cheguei em casa pra ver a minha esposa feliz porque tinha feito uma boa partida. Mas eu sempre pensava: ‘Procura em Deus o teu refúgio’. E quando ninguém mais acreditava em mim, tudo mudou. Por isso confio tanto na palavra “restitui-ção”, que diz a Bíblia. Acredito que tudo isso que vem acontecendo na mi-nha vida é obra de Deus”, conforta-se Marcelo, emocionado.

Lendo a Bíblia, no livro de Jó, é pos-sível entender uma das faces da resti-tuição tão desejada pelo atleta. No ca-

pítulo 33, é narrada a história de uma pessoa que, por mostrar-se submissa a Deus, voltou a ter saúde e alegria. Nos versículos 25 e 26 está escrito: “Sua car-ne se robustecerá com o vigor da sua

infância, e ele tornará os dias da sua juven-tude. Deveras, orará a Deus, que lhe será pro-pício; ele, com júbilo, verá a face de Deus, e este lhe restituirá a sua justiça”.

Deus não entra em campo. Não assopra pra bola entrar, ou faz o goleiro adversário es-corregar diante do pê-nalti. Mas Deus, como diz em Jó, “restituirá a

sua justiça”. E justiça seja feita, o Caxias merece. Seja através dos pés ou da fé de Marcelo e tantos outros jogadores do elenco. Mas é visível a influência do capitão. “Ele nos passa muita tranqui-lidade em campo. Sabe quando a gente precisa acalmar o jogo, ou quando pre-cisa acelerar”, reconhece Edenilson, o jovem volante de 20 anos formado no clube.

Experiência mesclada à juven-

Capitão grená

“O Marcelo é o nosso principal jogador. Mas eununca vou deixar que ele ou outro atleta se sintam mais importantes do que o outro”, avisa Julinho

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Abençoado por Deus, Marcelo Costa conduz o Caxias por uma estrada de esperança

Fortalecido depois de superar algumas decepções nas andanças da carreira, meio-campo voltou a brilhar no Centenário

CHEGA DE CAMINHARPELO DESERTO

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tude. Esse Marcelo Costa, que passou por tantos clubes, do Juventude ao Grêmio (aquele da Batalha dos Afli-tos), ao Palmeiras, passando pelo Na-cional da Ilha da Madeira, de Portugal, conquistou a maturidade bem cedo. “Quando eu fazia teste em algum clu-be, sempre dizia que ia precisar de uma ajuda de custo, porque era o único jeito de jogar bola e continuar ajudando o meu pai”, recorda Marcelo. O meia do Caxias também teve a porta fechada, e quase abandonou o futebol por causa da necessidade de levar sustento para dentro de casa.

“Tem uma pessoa que é fundamental na minha vida, que me levou ao fute-bol, a quem eu agradeço muito, que é o preparador físico Luiz Paim”, revela Marcelo. “Ele foi me buscar três vezes, porque eu sempre acabava abandonan-do o futebol porque não tinha salário pra ajudar em casa.” O primeiro teste, e o primeiro não, Marcelo teve no Ca-xias. “Vim fazer teste quando tinha 14, 15 anos. Todos os meus amigos eram do Caxias e disseram pra fazer teste aqui, porque assim poderiam torcer por mim. E esses caras hoje estão mui-to felizes de me ver vestindo a camisa do Caxias”, diz, sorrindo.

Depois de uma semana de testes, Marcelo acabou dispensado. E assim foi, tentando aqui e ali, até ser aceito no Juventude, em meados de 1996, 1997. “Eu ganhava R$ 190 mais vale trans-porte. Era bom, porque era mais ou menos a mesma quantia que eu ganha-va ajudando meu pai como pedreiro. Já no último ano de juvenil me passaram aos juniores. E no segundo ano de ju-niores me passaram ao profissional.”

Se Marcelo Costa é o cara que hoje fala em nome do grupo, que tem habilidade para cobrar dos cole-gas uma postura diferente em campo, mas com respeito e educação, tudo isso é fruto de uma comunhão de fatores, todos ligados à família. “Aprendi com meu pai que para você ser respeitado você tem de respeitar.” Marcelo deixou de ser um menino, que só via prazer na sua relação com a bola, aos 19 anos.

“Eu conheci minha esposa em 1998. Namorei 15 dias e depois já fui morar com ela, porque era dureza morar na concentração”, diverte-se.

“No ano seguinte, minha mulher engravidou. Não foi sem querer, pla-nejamos o filho. Meu pai teve filhos muito cedo e hoje isso é bom, porque podemos fazer muitas coisas juntos, ele é jovem ainda, tem 49 anos só. E queria a mesma coisa com os meus filhos. Mas aí me dei conta de que o futebol não seria mais só um sonho pra mim, mas virou uma obriga-ção, porque meu filho ia depender de mim, do meu trabalho. Eu olhava em casa e pensava: ‘vou ter de comprar leite, fral-das, colocar na escola, levar no médi-co... aquela vida, aquela criança precisa de você’. Desde lá fiquei bem mais de-pendente do futebol”, reconhece.

Marcelo e a esposa Michele, 27 anos, têm dois filhos: Michel, 9, e Miguel, 6. “Cada um deles trouxe uma bênção. Quando nasceu o Michel, o Juventu-de aumentou meu salário e me deram um apartamento. Aí quando o Miguel nasceu, fui vendido para Portugal, com um excelente salário.” Pena que a ida para a Europa, em 2004, não foi como ele desejava. Talvez, mesmo sem en-tender, Marcelo passaria pela primeira provação de Deus, recebida logo após seu batismo na igreja evangélica Alian-ça Bíblica.

“A gente pensa que vai para um clube da Europa e vai ser melhor do que no Brasil. Mas o Nacional, da Ilha da Madeira, não tinha estrutura nenhuma. Se tu deixasse a chuteira embarrada lá no vestiário, no outro dia ainda estaria toda suja. Não ti-nham nem roupeiro. Quatro dos atle-tas que foram comigo voltaram depois de quatro meses. Eu tinha contrato de cinco anos, mas não aguentaria todo esse tempo. Fui falar com o presidente

e, como vi que ele estava muito triste por perder quatro jogadores, disse que ficaria até o final daquela temporada. Por ter sido fiel ao clube, no final da-quele ano, o presidente me ligou dizen-do: ‘Conversa lá com o Grêmio, porque

pela gente tá tudo cer-to’. E vim para o Grê-mio”, recorda Marcelo.

Esse é o tipo de ho-mem que virou capitão do Caxias. Homem de caráter, de palavra, que cumpre o que diz. Esse é o cara que deixa feliz do preparador físico ao mais corneteiro torce-dor da geral do Cente-nário. Homens de pou-ca fé, que desconfiavam do Marcelo, hoje têm

de dar o braço a torcer. Marcelo é um predestinado. Não fala nesses termos, pelo menos não em uma reportagem, mas reconhece que depois de aceitar Jesus tudo mudou em sua vida.

Mesmo depois do banho de água fria, em terras lusitanas, Marcelo teve outra decepção. Emprestado ao Pal-meiras, foi mais um jogador da recente história do clube paulista a ser lançado à cova dos leões. “O problema do Pal-meiras é que quando um dirigente as-sume a presidência, os outros, do gru-po contrário, vão lá e ficam malhando as contratações do treinador, compram torcedores para fazer baderna no está-dio. É difícil jogar lá. Eu vinha de uma boa sequência no Grêmio, vencemos a Série B, fomos campeões gaúchos em cima do Inter, que todo mundo chama-va de Time de Diamante, e fui deixado de lado no Palmeiras”, justifica.

Amarrado ao Palmeiras, Mar-celo veio parar no Juventude por em-préstimo. “O Juventude me pagava 30% do salário e o Palmeiras 70%. De-veriam pagar, porque não recebi quase nada do Palmeiras. Eles não pagavam pra me forçar a quebrar o contrato” Marcelo aguentou. Passou por mais uma provação de Deus. E não é só a torcida do Caxias que pressente um

novo e bom momento do clube. Mar-celo também. A fé do jogador permite ainda mais um paralelo com as escritu-ras bíblicas.

Antes das referências à Palavra de Deus, leia, recorte e guarde o objeti-vo de Marcelo como camisa 10 grená: “Quero ser reconhecido como um dos grandes jogadores que entraram aqui no Centenário. Fazer gols bonitos, fa-zer boas apresentações não basta. Pra entrar na história do Caxias é preciso ter títulos. E é isso que busco aqui no Caxias”. A palavra “título” sempre soa estranha ao torcedor do Caxias. Por-que ou ela traz à tona uma certa nos-talgia de um tempo que parece cada vez mais distante, ou faz parte de um futuro ainda muito obscuro e espi-nhoso. Mas é preciso sonhar. E sonhar com os pés no chão, de olho no Cam-peonato da Série C. Voltar à Série B é o sonho de muitos grenás espalhados por esse Brasil. E houve tantos Moisés que quase conduziram o time à terra prometida que chega a dar um nó no peito só de imaginar passar mais um ano vagando pelo deserto da Série C sem achar o rumo para a B.

Mas quem lê a Bíblia sabe que, no meio do caminho, Deus apresentou Jo-sué a Moisés. Com a morte de Moisés, coube a Josué a glória de conduzir o povo judeu para dentro da terra pro-metida. As qualidades de Josué eram a fé, a coragem, a obediência e a devoção à Lei de Deus. Era também um exce-lente guerreiro. E não mediu esforços para varrer da terra a brutalidade e a corrupção do povo de Canaã. No livro de Josué, capítulo 11, versículo 23, está escrito: “Assim, tomou Josué toda esta terra, segundo tudo o que o Senhor tinha dito a Moisés; e Josué a deu em herança aos filhos de Israel, conforme as suas divisões e tribos; e a terra re-pousou da guerra”.

Se Marcelo Costa vai cumprir no Ca-xias a missão que Josué teve, de condu-zir seu povo à terra prometida, só Deus sabe. Certo é afirmar que o guerreiro Marcelo Costa está pronto para liderar o exército grená em muitas vitórias. Que assim seja. Amém.

“Fazer gols bonitos não basta. Pra entrar na história do Caxias é preciso ter títulos. E é isso que busco aqui”, afirma o capitão

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Guia de esportes

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Juventude joga a primeira do returno em casa contra o Ypiranga; Caxias tenta engatar sequência de vitórias jogando no Estádio dos Plátanos

20 6 a 12 de março de 2010 Semanalmente nas bancas , diar iamente na internet .O Caxiense

l Campeonato Brasileiro e Gaúcho de Tiro | Sábado e domin-go, 8h |

Serão disputadas duas modalidades de tiro: fossa olímpica e skeet. As pro-vas fazem parte da 1ª etapa do Cam-peonato Gaúcho e 2ª etapa do Cam-peonato Brasileiro de Tiro. Os jogos começaram sexta-feira, com a moda-lidade fossa duble.Clube Caxiense de Caça e TiroEntrada gratuita | Estrada de Ana Rech, em direção à Barragem do Faxi-nal (seguindo as bifurcações sinaliza-das)

l Torneio Brasileiro de Bocha Ponto Rafa e Tiro Masculino | Sábado e domingo, 8h15 |

O torneio masculino reúne 28 equi-pes, todas com média de cinco inte-grantes, divididos em quatro grupos. As três primeiras classificadas de cada grupo passam para a rodada seguinte. Os jogos devem se estender até domin-go à tarde, quando serão realizadas as finais.Cancha de Bocha do Clube S.E.R. Medianeira, Sociedade Recreativa Santa Lúcia (Cohab), Ás de Ouro, Carmo Campo Clube, Grêmio Es-portivo Gianella e ASCEEntrada gratuita | Informações: 9986-1376, com Aléssio Jr. Rombaldi

l Campeonato Sesi Vôlei de Praia | Sábado, 8h45 |

Neste sábado ocorre a 2ª rodada do campeonato de vôlei de praia em trios que faz parte dos jogos do Sesi. Ao todo, 10 equipes femininas e 11 mas-culinas disputam vagas para a fase fi-nal, que ocorrerá no dia 13 de março.Sede Campestre da VogesEntrada gratuita | Grercio Reis, s/n, km 72 da Rota do Sol, Desvio RizzoPlacar - 1ª rodada masculina: Mar-copolo 2 x 1 Randon A; Agrale A 2 x 1 Mundial; Voges A 2 x 1 Agrale B;

Randon C 2 x 1 Invensys; Agrale B 1 x 2 Marcopolo; Randon B 2 x 1 Fras-le; Invensys 1 x 2 Agrale A | 1ª rodada feminina : Randon A 1 x 2 Marcopolo B; Fras-le 1 x 2 Mundial; Agrale 1 x 2 Randon B; Tecbril 1 x 2 Invensys; Vo-ges 2 x 1 Fras-le; Invensys 2 x 1 Ran-don A.

l Superliga de Vôlei Masculino | Sábado, 19h |

A equipe da UCS joga contra o Blu-menau pela 10ª rodada do campeona-to neste sábado, no Ginásio Poliespor-tivo da universidade. O time treinado por Jorginho Schmidt, que venceu seis jogos no returno, busca se manter en-tre os primeiros colocados do campe-onato.Ginásio Poliesportivo da UCSIngressos a R$ 8 e R$ 4 (funcionários da UCS e estudantes, mediante identi-ficação) | Francisco Getúlio Vargas, s/n, Vila Olímpica da UCS, Petrópolis

l 7ª Kviva Festa da Uva Paddle Open | Sábado e domingo, 9h |

O campeonato deve reunir de 50 a 60 duplas entre os naipes feminino e masculino. No sábado, os competido-res serão divididos em grupos. Os me-lhores passam para fase eliminatória, no domingo. Kviva Academia EscolaEntrada gratuita | Tenente Alvarenga Souto Mayor, 680C, Pioneiro

l 11° Torneio Aberto Interna-cional de Xadrez | Sábado, 9h30, e domingo, 8h |

O torneio é aberto, qualquer pes-soa pode participar. Grandes nomes nacionais e internacionais do xadrez - entre eles o número 11 do mundo, o ucraniano Vasyl Ivanchuk – já confir-maram presença. As incrições custam R$ 120 na hora, e podem ser realizadas no local até as 9h.Sede Campestre do Clube Recreio da JuventudeEntrada gratuita | Atílio Andreazza, 3.525, Sagrada Família

l Santa Cruz x Caxias | Domingo, 19h30 |

O Caxias deve começar a partida com uma formação parecida a que co-meçou o jogo contra o Universidade, com a volta de Itaqui. No gol, Fernan-do Wellington; na lateral direita Alis-son (ou Edenílson); na zaga, Anderson Bill e Neto; na lateral esquerda, Edu Silva deve começar; no meio campo, Marcos Rogério, Itaqui, Edenilson e Rodrigo Antonio (Marcelo Costa sen-tiu lesão e deve ser poupado); na fren-te, Cristian Borja e Everton.Estádio dos PlátanosIngressos a R$ 20 e R$ 10 (estudantes – com requerimento de matrícula ou his-tórico escolar – e pessoas acima de 60 anos | Gaspar Silveira Martins, 1.448, Centro, Santa Cruz do Sul

l Juventude x Ypiranga | Segun-da (8), 20h30 |

Para este confronto o técnico Osmar Loss deve definir no treino da manhã de domingo o esquema de jogo – se com três ou dois zagueiros. A tendên-cia é repetir a formação que venceu em Santa Maria (3-5-2), com possibilida-de de retorno do lateral direito Luiz Felipe.Estádio Alfredo Jaconi Ingressos: R$ 15 (arquibancadas), R$ 7 (idosos e estudantes com comprovan-te), R$ 40 (cadeira para não sócio), R$ 30 (cadeira para sócio), R$ 12 (cadeira para menores de 12 anos) e R$ 15 (tor-cida adversária). Menores de 12 anos e associados com a mensalidade em dia não pagam | Hércules Galló, 1.547, Centro | Informações: 3027-8700 |

l Copa União | Sábado, a partir das 13h30 |

A 22ª Copa União de Clubes terá sua abertura neste sábado, com as catego-rias sênior e juvenil, nos campos dos times mandantes. Entrada gratuitaJogos - Categoria juvenil, 13h30: São Francisco x São Cristóvão; Bevilacqua x Pedancino; Botafogo x Forquetense | Categoria sênior, 15h30: Bevilacqua x Juvenil; Diamantino x São Virgílio; São Francisco x São Cristóvão; Cana-

rinho x Pedancino; Botafogo x For-quetense

l Futebol Sete Série A | Sábado, 14h15 |

Esta é a 1ª etapa do campeonato que faz parte da agenda dos jogos do Sesi. Ao todo, 11 equipes disputam o tor-neio, que seguirá até 15 de maio.Fras-le, Agrale e MarcopoloEntrada gratuita | Fras-le: RS 122, Km 66, 10.945, Forqueta | Agrale: BR-116, Km 145, 15.104 | Marcopolo: Rota do Sol, Km 73, Linha São Giácomo, em frente à Euro TelhasJogos - 14h15: Agrale x Madal; Mar-copolo x Agritech Lavrale | 15h15: Fras-le x Mundial; Agrale x Pisani; Randon x Guerra

l 1° Festival Internacional Es-portivo e Turístico de Capoeira Esquiva de Oxóssi | Sábado, 15h, e domingo, 16h |

O evento reunirá delegações do Brasil e do Uruguai. A abertura está programada para as 15h, no Giná-sio Enxutão. No domingo, às 16h, o campeonato artístico será realizado no Parque Getúlio Vargas (Macaqui-nhos). A organização espera a presen-ça de 50 a 60 participantes. Duas mo-dalidades serão disputadas: acrobacia e jogos de duplas, nos naipes masculi-nos e femininos.Ginásio do Enxutão e Parque dos MacaquinhosEntrada gratuita | Enxutão: Luiz Co-volan, 1.560, Bairro Santa Catarina, próximo à casa de Pedra |

l 3° Grande Prêmio de Boxe Olímpico Festa da Uva 2010 | Sá-bado, 20h |

Pugilistas de SC, PR e de diversas ci-dades gaúchas participam do campe-onato, com mais de 10 categorias di-ferentes. Além disso, serão realizados desafios de muay thai e kickboxing. Ginásio MFIngressos a R$ 15 | Professor Vieiro, 160, Madureira

TIRO

BOCHA

VÔLEI DE PRAIA

PADDLE

XADREZ

FUTEBOL

CAPOEIRA

BOXE

[email protected]

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por FABIANO [email protected]

Juventude não ganhava um jogo há mais de um mês. Havia entrado em campo nas últimas oito vezes, e nada. Foi derrotado nos dois jogos pela Copa do Brasil. No Gauchão, havia con-quistado apenas uma vitória, contra o Universidade, no dia 23 de janeiro. Antes da estreia no segundo turno do Estadual, diante do Inter-SM, em San-ta Maria, na quarta-feira (3), jogadores e o técnico Osmar Loss estavam dife-rentes. Os discursos estavam afinados, mas Loss resumiu a bronca: “Eles estão colocando um peso muito grande nos erros. Eles acertam 10, mas erram uma bola. E esses erros têm pesado porque os resultados não estão aparecendo. É natural errar. Não é o caso de mudar o tipo de treino, mas sim o sentimen-to dentro do jogo.” As palavras exatas usadas para mobilizar o grupo ele não contou, mas deram resultado. O Ju fez 4 a 2 na casa do adversário, a primeira vitória fora do Estádio Alfredo Jaconi, a segunda na competição. Vitória que

deu novo ânimo ao grupo.O resultado positivo não é a salvação

de um Juventude que tenta se reestru-turar, mas sem dúvida um indício de que as coisas podem estar mudando. Podem, pelo menos na cabeça do gru-po. Loss não é psicólogo, mas é compe-tente, e seu currículo prova isso – tem mais de 30 títulos comandando times das categorias de base do Inter. Aceitou o desafio de treinar o primeiro grupo profissional sabendo, ou melhor, ima-ginando, o que poderia enfrentar. “O Loss trabalha cerca de 15 horas por dia, é dedicado. A gente vê isso”, corrobora o presidente do clube, Milton Scola. Entretanto, aos olhos do torcedor, de-cepcionado com o time rebaixado na temporada passada, isso pode não im-portar. O verdadeiro juventudista quer ver sua equipe vencendo.

Depois da derrota para o Co-rinthians-PR por 1 a 0, que culminou com a eliminação na Copa do Brasil, na noite de 24 de fevereiro, Loss estava bravo. Muito. Entrou rápido na sala de imprensa, foi quase monossilábico nas

respostas. Não baixou a guarda e falou firme. “A perspectiva no 2º turno do Gauchão é classificar entre os quatro primeiros da chave. Vamos lutar por isso. Temos de atuar com competência e treinar para aprimorar nosso esque-ma de jogo. Pedir compreensão nesse momento é complica-do, mas quem acom-panha nosso trabalho sabe que estamos lu-tando para melhorar a situação”, disse. Duran-te o jogo, foi xingado e vaiado pela torcida. De-pois das entrevistas, um suspiro e uma passada de mão nos cabelos. De cabeça baixa, ele deixou a bancada e retornou para o vestiário.

Antes dele, o volante Lauro se apresentou para dar explica-ções. Falou que estava triste, frustrado. “Estamos tentando recolocar o clube nos trilhos. Não temos vencido jogos. Uma vitória nos daria um novo âni-mo. Particularmente, fico triste com

isso porque sempre atuei em equipes vencedoras aqui no Juventude”, lem-brou. Para o Baixinho, o nervosismo é a principal dificuldade para se jogar fu-tebol. “É difícil colocar a culpa no tra-balho de uma só pessoa. O Loss é um cara acostumado a vencer. Vamos para

cada jogo motivados, mas sempre acontece a mesma história. É complicado”, disse, an-tes de pegar sua bolsa e ir para casa.

O sentimento ex-pressado por Lauro, as cobranças da torcida e as próprias exigências fizeram Loss analisar a situação. “Repensei muitas coisas depois do jogo contra o Co-rinthians-PR. Fiz tudo

o que estava ao meu alcance com as pe-ças que tinha. Digo para vocês: quan-do parava o carro numa sinaleira, por exemplo, sentia vergonha. Mas espera aí, eu sou um cara vencedor, não pos-so ficar nessa situação. Nem eu nem o

Ju reanimado

“Quando parava o carro numa sinaleira, sentia vergonha. Mas sou um cara vencedor, não posso ficar nessa situação. Nem o grupo”, diz Loss

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Técnico alviverde investe na conversa e no apoio dos mais experientes aos mais jovens para motivar o time

O clube esmeraldino tem atualmente 33 jogadores profissionais. Entre eles, apenas cinco tem 30 anos ou mais, como é o caso do lateral esquerdo Calisto (C)

UMA VITÓRIAPSICOLÓGICA

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grupo. Foi aí que os motivei. E se eu perceber que perdi o controle da situ-ação, pedirei para sair”, argumentou o treinador um dia antes do jogo contra o Inter-SM, referindo-se, na última frase, a comentários de torcedores e de parte da imprensa sobre seu suposto desligamento devido à fraca campa-nha.

Loss conversa bastante com o grupo. Antes, durante e depois dos treinos e jogos. Como estrategista que é, repensou o modo de atuar da equipe para iniciar o 2º turno do Gauchão, após observar o grupo nos cinco dias que teve disponíveis para treinar. “Além de termos um espírito di-ferente, mais vencedor, precisamos nos agrupar mais rapida-mente dentro de campo. Dessa forma evitaremos que o adversário aproveite espaços. O projeto do segundo turno começa nesse jogo contra o Inter-SM”, prometeu na terça-feira (2). E cum-priu, para alívio da papada. Depois dos 4 a 2, veio o desabafo. “Essa vitória veio para tirar um peso das costas de todos do clube. É óbvio que temos de corrigir erros, mas parece que algumas coisas viraram hoje. Esse resultado positivo, fora de casa, é fundamental para os jo-gadores apostarem no nosso projeto”, resumiu à rádio Caxias, rouco de tanto gritar na beira do gramado do Estádio Presidente Vargas, em Santa Maria.

Para repassar ao grupo seus pensa-mentos e propostas Loss conta com o apoio dos jogadores mais experientes. Dos 33 atletas do elenco profissional, apenas cinco têm 30 anos ou mais: os volantes Lauro (36) e Umberto (30), o lateral esquerdo Calisto (34), o goleiro Silvio Luiz (32) e o atacante Marcos Denner (33). Ou seja, 85% dos atletas são jovens. Do total, 12 são formados nas categorias de base. Um dos que contribuem para dar tranquilidade aos mais novos é o lateral esquerdo Orlan-do Calisto Souza. Para ele, os garotos do Ju sabem ouvir. “Isso é bom, por-que hoje em dia os jovens não escutam tanto os mais velhos. Eles acham que viveram muito. Quando fui jovem, me cobraram, e muito”, recorda o carioca de Duque de Caxias.

Formado na base do América-RJ, Calisto foi titular em todos os jo-gos do Ju neste ano. É a primeira vez que ele atua no futebol do Sul do país – teve passagens por CRB-AL, Anapo-lina-GO, Bahia, Vasco, Atlético-MG e Rubin Kazan, da Rússia, entre outros clubes. “A pressão é grande, não só da

torcida, da diretoria e da comissão técni-ca. Nós nos cobramos também. Somente com resultados posi-tivos vamos trazer o torcedor para o nosso lado”, projeta o lateral esquerdo do Ju. O pri-meiro passo foi dado em Santa Maria – aliás, dois passos: Calisto fez o segundo gol e cruzou a bola certinha na ca-beça de Fred, que mar-cou o terceiro.

Entre os que mais escutam – e pe-dem conselhos – está um dos des-taques do Ju na Copa São Paulo de Futebol Júnior: Hiago de Oliveira Ramiro. O jovem de 18 anos, nascido em Ariquemes (RO), está no alviverde desde julho de 2009. Antes, jogou por três anos no Rio Branco de Americana (SP), onde se formou nas categorias de base. “Tenho conversado mais com o Denner, pois estou atuando no ataque ao seu lado. Mas o Calisto e o Silvio Luiz, além do Lauro, têm me orienta-do bastante. Após retornar da Copinha fui promovido ao profissional. Desde então, a comissão técnica tem cobrado, principalmente, responsabilidade”, fala o garoto, que mora nos alojamentos do Jaconi.

Hiago conversa como adulto. Tal-vez sua maturidade tenha chamado a atenção da comissão e dos dirigentes da base para lhe darem a oportunidade de mostrar serviço no grupo principal. Seu futebol também tem apresentado amadurecimento desde que estreou com a camisa verde e branca, no dia 13 de fevereiro, contra o São Luiz (empate em 3 a 3 no Jaconi). Na época, ele disse que não esperava a hora de começar a partida, num misto de agonia e ansie-dade. “Agora está tudo certo”, brinca. O jovem marcou seis gols na Copa SP – cinco de pênalti – e praticamente já conquistou o lugar deixado por Zezi-nho, emprestado ao Santos por dois anos.

Ao lado de Hiago, os zagueiros Bressan, 17 anos, e Victor, 20 anos, o volante Goiano, 18 anos, o goleiro Foll-mann, 17 anos, e mais recentemente o volante e zagueiro Marquinhos, 18 anos, deixaram as equipes juvenil e júnior para trabalhar com os profis-sionais. A proposta da atual direção do clube (devido à realidade financeira) também objetiva colocar esses garotos na vitrine. Segundo o vice-presidente de futebol, Juarez Ártico, o clube já recebeu propostas por um dos cita-dos acima, mesmo sem ele ter atuado. “Uma das maneiras de fazermos caixa é vender jogadores. Não escondemos isso”, anuncia o presidente Milton Sco-la.

Para formar jogadores e tentar dei-xá-los preparados para o disputado mundo do futebol o Juventude conta com o trabalho de uma psicóloga jun-to às categorias de base. E não pense que suas ações se resumem a palestras motivacionais. “Também faço isso, quando solicitado, mas desenvolvemos várias técnicas com os 80 meninos que moram aqui no estádio. Meu objetivo é desenvolver habilidades mentais, ou seja, faço um treino cognitivo, ou neu-rofeedback. Não consigo com todos devido à quantidade de garotos, mas o foco é performance”, conta Evanea Scopel, 32 anos, há dois no Ju.

Especialista no assunto, ela já traba-lhou com esportistas de hóquei na gra-ma, tênis, surfe, triatlo e, é claro, fute-bol. Entre as instituições que utilizam o método estão os clu-bes Flamengo e Milan, da Itália, a companhia Gol (para os pilotos de avião) e multinacionais (para executivos). “São trabalhadas a tomada de decisão e a concen-tração. Por meio de um aparelho é possí-vel registrar e analisar a atividade elétrica do cérebro e definir pa-drões de atuação. No futebol, isso é muito importante. Se o atleta pensa e age rá-pido, surpreende o adversário”, explica Evanea. O Ju não tem esse equipamen-to – a psicóloga tem, e pediu ao clube que adquira um também.

Além disso, Evanea promove a integração dos garotos com o clube e a

cidade. “A maioria vem de fora. Se está aqui, precisa gostar, principalmente de vestir a camisa do Ju. Todos eles têm seus direitos e deveres”, explica. Ela acompanha as equipes sub-15, sub-17 e sub-20, e avalia o desempenho com as comissões técnicas. “Um time can-sado fisicamente não produz. Um erro de passe pode ter relação com emoções e pensamentos. Também trabalho com os preparadores físicos. A cada sema-na tenho 160 avaliações feitas, duas (uma antes e outra depois do treino) para cada jogador”, especifica. Sobre o trabalho motivacional, na verdade ela apresenta subsídios para os técnicos argumentarem com os jovens. “São eles (treinadores) que comandam e convivem diariamente com os jogado-res. Acima de tudo, somos educadores, pois esses meninos estão em desenvol-vimento”, aponta a psicóloga.

No departamento profissional o as-sunto é diferente. Sem o apoio de uma especialista, sobra para a comissão técnica administrar todos os proble-mas que aparecerem. Entre os mais re-centes estão a eliminação da Copa do Brasil e o baixo desempenho do time no Estadual, apesar da classificação às quartas de final da primeira fase. Mesmo com a vitória fora de casa os números continuam desfavoráveis ao treinador do Ju: em 12 jogos são sete derrotas, três empates e duas vitórias. Como já foi citado, Osmar Loss não é psicólogo, mas, às vezes, tem atuado como tal. Afinal, como ele mesmo dis-

se, “o grupo estava ins-tável emocionalmente, principalmente pela falta de resultados”.

O próximo desa-fio será segunda-feira (8), às 20h30, no Es-tádio Alfredo Jaconi, contra o Ypiranga, de Erechim, que bateu o Esportivo por 3 a 2 e tem o mesmo número de pontos que o Ju – 3. Como o segundo tur-no é mais curto (tem

sete partidas, uma a menos que a Taça Fernando Carvalho), e trata-se de um jogo em casa, vencer novamente será fundamental para elevar a moral da papada. Afinal, a torcida espera um outro Juventude nesta fase do Gau-chão. Talvez o mesmo que venceu o Inter de Santa Maria.

“Hoje os jovens não escutam os mais velhos. Acham que viveram muito. Quando jovem, me cobraram, e muito”, lembra Calisto

“São trabalhadas a tomada de decisão e a concentração. Se o atleta pensa e age rápido, surpreende o adversário”, explica Evanea

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Qual é o significado que a Festa da Uva tem para o senhor?

A Festa da Uva significa para mim a mais importante das ocasiões para mostrar a pujança de Caxias no Sul no cenário brasileiro e interna-cional e de valorizar todas aquelas pessoas que aqui vivem, a maioria descendentes daqueles italianos que aqui chegaram em 1875.

Qual é o seu sentimento em relação a essa homenagem, prestada pela prefeitura, pela comissão e pela direção da empresa, nomeando-o “embaixador” da Festa da Uva?

Foi muito gratificante receber a homenagem de todos companheiros, autoridades e soberanas de várias Festas da Uva. Minha colaboração nestes últimos anos tem sido sempre com a intenção de retribuir um pouco a acolhida que sempre recebi, desde 1964, de todos os setores da socieda-de local. Creio que contribuí com as últimas diretorias, principalmente nas áreas de divulgação em diversas cida-

des regionais e brasileiras, programas de adesão de grandes patrocinadores e

organização geral dos eventos.

Apesar do sucesso do evento deste ano, fica no ar uma sensação de que o “modelo” atual da festa precisa ser mudado. Que mudanças o senhor acredita que se fazem necessárias?

Considero o mode-lo do evento vitorioso,

que só é possível realizar com o entu-siasmo e a participação de centenas de colaboradores voluntários e a cessão do tempo de tantos executivos que se dedicam à Festa. Entretanto, os tempos mudaram e o resultados das pesqui-sas que são realizadas durante a Festa apontam muitas sugestões – que serão analisadas – para aperfeiçoar o modelo atual. Talvez a principal seja encontrar um novo local para os desfiles de carros alegóricos, já que o Centro de Eventos já atende as principais demandas dos visitantes e turistas.

Renato [email protected]

Transparência sempre é bem-vinda

Vereador Daniel Guerra (PSDB), ao mostrar-se favorável às resoluções do Tribunal Superior Eleitoral que obrigam candidatos a apresentarem

suas fichas criminais e os partidos a mostrar as doações para campanhas

O empresário, diretor do Conselho de Administração da Marcopolo, é considerado uma figura emblemática da Festa da Uva, com a qual colabora há várias edições (independentemente de quem ocupa a pre-feitura ou preside a empresa)

perguntas paraValter Gomes Pinto

O delegado Bolívar Llantada, que teve rica passagem por Caxias e hoje é titular da Delegacia de Homicídios da Capital, brilhou nas investigações do assassinato do secretário de Saúde de Porto Alegre, Eliseu Santos.

Com o auxílio do Instituto Geral de Perícias, Llantada aplicou modernos recursos da tecnologia (como exames de DNA) na investigação policial. A polícia chegou ao suposto assassino a partir do sangue coletado no local do crime e de exames de materiais genéticos.

A construção do tão aguardado futuro Aeroporto Regional de Caxias do Sul vai demorar tanto quanto a definição de seu local?

Na segunda-feira, em reunião na CIC, em vez de anunciar a área escolhida, a governadora Yeda Crusius preferiu falar a respeito da responsabilidade de o governo do Estado fazer a escolha certa. Boa nas frases desde que assumiu a condição de candidata à reeleição, ela simplesmente proferiu:

“Não há atraso. Há cautela.”

Do professor e escritor José Clemente Pozenato, ao justificar a desistência de concorrer à reitoria da Universidade de Caxias do Sul:

“Analisando as implicações pessoais e institucionais, entendi que, mesmo levando em conta a solicitação de colegas professores, vi que não era possível. O calendário eleitoral esta-belecido pelo Conselho Universitário é falho. Um dos objetivos era ampliar o debate, mas como debater em qua-tro dias de campanha? Lamento que, mais uma vez, as coisas aconteçam assim, no afogadilho.”

Encerrado o prazo para inscrições, no final da tarde desta sexta-feira, três candidatos oficializaram suas candidaturas à reitoria da Universi-dade de Caxias do Sul: o atual reitor Isidoro Zorzi, que busca a reeleição; a ex-pró-reitora de Graduação, Nilva Rech Stédile, e o professor do Centro de Ciências da Administração, Nestor Basso.

O escritor José Clemente Pozenato anunciou sua desistência ainda na quinta-feira (leia abaixo) e a diretora do Centro de Ciências da Comuni-cação, Marliva Gonçalves, sequer cogitou se candidatar ao cargo, apesar de o seu nome ter sido lançado por dirigentes do Diretório Central de Estudantes.

Nesta segunda-feira (8) o Conselho Diretor da Fundação Universidade de Caxias do Sul encaminhará ao Con-selho Universitário (Consuni) a lista indicativa de candidatos.

De acordo com o calendário eleito-ral, o período de 9 a 14 de março será dedicado à campanha eleitoral (apre-sentação das candidaturas e divulga-ção das respectivas propostas). De 15 a 20 de março será realizada a votação junto a professores, estudantes e funcionários. A lista indicativa deverá ser encaminhada ao Conselho Diretor até o dia 23. O que significa dizer que, antes do fim do mês, será conhecido o reitor da UCS para 2010-2014.

O presidente da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC) e vice-presidente da comissão social da Festa da Uva, Milton Corlatti, entende que a vinda do governador José Serra, prevista para a tarde deste sábado, valoriza a festa e a cidade.

O mesmo deve valer para a presen-ça do ex-ministro da Justiça e pré-candidato ao governo do Estado pelo PT, Tarso Genro. Ele também estará na festa neste sábado à tarde. Quem sabe os dois não tomam um suco de uva juntos?

Cinco meses depois de uma contur-bada assembleia, cujo resultado acabou contestado por força judicial, o conse-lho fiscal da Unimed-Nordeste volta à carga.

Vai promover no próximo dia 15, no auditório da CIC, assembléia geral extraordinária cuja pauta, agora oficia-lizada, é deliberar sobre a destituição do conselho de administração e da direto-ria executiva da cooperativa médica.

A convocação dos 1.083 sócios da Unimed vem assinada pelos médicos André Leite, coordenador do conselho fiscal, e Jordão Chaves de Andrande, membro efetivo.

Nem tudo é festa com a indicação do deputado Pepe Vargas (PT) à presidên-cia da Comissão de Finanças e Tribu-tação da Câmara Federal. O jornalista Flavio Pereira, de O Sul, por exemplo, diz o seguinte:

“O governo premiou o deputado Pepe Vargas que, como relator, protelou o projeto que põe fim ao fator previdenci-ário, prolongando a agonia dos aposen-tados.”

Pré-candidato do PMDB gaúcho ao Senado, o ex-governador Germano Rigotto utilizou a sexta-feira (5) para uma peregri-nação por redações de jornais e emissoras de rádio da cidade. Há tempos não realizava esse tipo de visita, muito comum no início de sua trajetória política, nos anos 70. Nas entrevistas, Rigotto não se furtou a falar a respeito das contradições patrocinadas pelo PMDB nacional, da falta de reconhecimento da governadora Yeda Crusius ao trabalho desenvolvido por ele no Piratini e também de sua frustração diante da proposta de reforma tributária. Veja no site d’O Caxien-se (www.ocaxiense.com.br) a entrevista com Rigotto.

A Brigada Militar utilizou uma vio-lência descabida. E a Câmara dos Depu-tados, com o patrocínio dos deputados Manuela d’Ávila e Pepe Vargas, também exagera. Vai realizar uma audiência publica para discutir a violência da Brigada no episódio patrocinado por sindicalistas da empresa Randon Imple-mentos que culminou com a prisão, por pouco mais de uma hora, do vereador Assis Melo PC do B), presidente do Sindicato dos Metalúrgicos.

Segundo o deputado caxiense, o objetivo da audiência é evitar que a BM criminalize os movimentos sociais.

No ano passado, 71% dos contribuin-tes caxienses pagaram em cota única o Imposto Predial e Territorial Urbano, o IPTU. Este ano, o índice caiu para 68%. Mesmo assim, a prefeitura arrecadou de uma vez só R$ 37 milhões – de um total previsto de R$ 55 milhões. São 145 mil contribuintes – ou domicílios devidamente legalizados que pagam esse imposto. TecnopolicialCautelosa

Justificativa

Três candidatos

Calendário

Encontro

Destituição

Prêmio

Em campanha

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