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OutubrO 2015 - EDIÇÃO 17 E AINDA... – Aldeias Históricas – Geochurrascada – Ponto Zero – Leiriacoinfest 2015 – Além Fronteiras GC6 Um passeio pelo Pé de Cabril, numa cache totalmente natura e cheia de desafios EVENTO The d3vil is in the details Um evento carregado de sentimento e emoções SUp3rFM 10 anos de geocaching, muitas caches revistas e muitas histórias para contar pelo antigo Revisor! Tudo aqui, na Geomag!

Edição 17 - GeoMag

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O u t u b r O 2 0 1 5 - E D I Ç Ã O 1 7

E AINDA...

– Aldeias Históricas

– Geochurrascada

– Ponto Zero

– Leiriacoinfest 2015

– Além Fronteiras

GC6

Um passeio pelo Pé de Cabril,

numa cache totalmente

natura e cheia de desafios

EVENTO

The d3vil is in the detailsUm evento carregado de sentimento e emoções

SUp3rFM10 anos de geocaching, muitas caches revistas e muitas histórias para contar pelo antigo Revisor! Tudo aqui, na Geomag!

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GeoFOTO Setembro 2015Vencedor - rjpcordeiro

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Editorial................................................................. 04..

Aldeias.históricas.-.Castro.Laboreiro....... 06

Cruzilhadas.......................................................... 14

Urbex.-.Túnel.del.Panico................................. 20

Frente.a.Frente.................................................. 28

The.D3vil.Is.In.The.Details.............................. 36

International.Geocaching.Day...................... 44

Mandamentos..................................................... 48

Entrevista.de.Carreira..................................... 50

Waymarking.-.Time.Capsule.......................... 64

GC6.-.Pé.de.Cabril............................................. 66

GeoChurrascada.2015...................................... 74

Leiriacoinfest.2015........................................... 80

Além.Fronteiras.-.América.do.Sul............... 86

Cerimónia.Prémios.GPS.2014....................... 98

À.Descoberta.de.-.Olhos.de.Água............... 102

A.a.Z.-.Hugo.Pita................................................ 108

Ponto.Zero.-.Apagar.Registos.Online....... 112.

From.Geocaching.HQ.with.Love.................. 114

Conferência.Finlândia.-.Açores................... 118

Nota sobre Acordo Ortográfico:Foi deixado ao critério dos autores dos textos a escolha de escrever de acordo (ou não) com o AO90.

Annie LoveAntónio CruzBruno GomesCarlos M. SilvaCláudio CortezFilipe NobreFilipe SenaFlora CardosoGeocaching LeiriaGustavo VidalHugo PitaHugo SilvaIdílio LudovinoJosé SampaioJulio GomesLuís MachadoMarisa MachadoMiguel Alexandre SalgadoNuno XavierPedro AlmeidaPedro SalazarRui DuarteSónia FernandesTiago VelosoVitor Sergio

Com o apoio :

Créditos

Índice

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EDITORIALpor Rui Duarte

4 OutubrO 2015 - EDIÇÃO 17

Crónica de uma morte anunciada?

Temos vindo a assistir nos últimos anos ao cada vez mais evidente desinteresse para com aquela que me parecia a mais interessante ini-ciativa nacional relacio-nada com o geocaching, a criação da “Portuguese Geocoin” anual.Não “ando nisto” há assim tanto tempo e o tema nem me é parti-cularmente querido… compro, regra geral, as minhas geocoins quan-do alguém pretende di-vidir um lote ou quando faltam algumas para fa-zer o número necessário para as encomendas. O meu interesse esgota-se por aqui (ou perto) mas não deixo de ser da opinião de que é coisa que não deveríamos deixar cair!

Acho bastante interes-sante que a “organiza-ção” vá alternando entre os dois principais fóruns de geocaching nacio-nais mas o certo é que a vontade da realização de peças verdadeira-mente interessantes e representativas, quer do país, quer do panorama geocachiano actual, tem sido, no mínimo, fraca (este ano então…). Con-fesso que até me sinto surpreendido por ter visto sair cá para fora peças tão bonitas nes-tes últimos dois anos!Só que este ano está pior que nunca… pou-quíssimo interesse, pouquíssimas propos-tas, pouquíssima parti-cipação… pouquíssimo tudo. Ainda nem sequer me parece estar total-mente colocada de par-te a não existência da GC Portugal 2015.Vejo com apreensão o esforço do Filipe Sena

(parece-vos familiar o nome?! ahahah) em conseguir uma propos-ta credível e ao nível dos anos anteriores mas, 2015 aproxima-se a passos largos do seu fim e, espero estar muito errado, o fim da GC Portugal avizinha-se também.É, pelo menos, curioso o facto de que, em con-tra ciclo, vemos nascer cada vez mais geocoins pessoais, de grupos ou de eventos, geralmente muito bonitas e apete-cíveis! Seria de esperar que fosse motivo de orgulho para a comuni-dade em geral participar na criação daquela que pretendia de alguma forma ser a peça aglu-tinadora do esforço e das ideias e que melhor representasse o estado de espirito (ou do geo-caching) do ano e que, mesmo aqueles que como eu não são gran-

des fâs desta vertente do hobbie, tivessem prazer em possuir tal coisa na sua coleção (ou na gaveta das tralhas). Faço votos sinceros para que se consiga avançar com o projecto e que estas primeiras fases sejam esquecidas com a posterior colocação em metal da dita geocoin… que venha mais uma daquelas bem bonitas e que gere um bruaá de satisfação pelos aman-tes/colecionadores.Era deveras uma pena não termos o ano de 2015 registado desta forma tão indelével…

Um muito obrigado a todos os que, de ano para ano, têm contribuí-do com as suas ideias e participações para que existam hoje em dia as Portuguese Geocoins, pensadas e realizadas em Português!

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ALDEIAS HISTÓRICAS

Castro LaboreiroPOR LUSITANA PAIXÃO

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8 OutubrO 2015 - EDIÇÃO 17

Bem-vindos a Castro Laboreiro!Nesta edição regressa-mos ao Alto Minho para dar a conhecer uma das Aldeias mais emblemá-ticas desta região: Cas-tro Laboreiro!Uma freguesia onde estão bem vivas as tra-dições, os usos e costu-mes que perduraram ao longo dos tempos, fruto do isolamento de uma zona rural marcada pelo forte espírito comunitá-rio.O planalto do Castro Laboreiro situa-se no extremo norte do Alto Minho e de Portugal, pertencendo ao conce-lho de Melgaço e inte-grando o Parque Nacio-nal da Peneda-Gerês.Banhada pelas águas do rio Laboreiro, a mais de 1000 metros de al-titude, aqui perfilam-se elevadas montanhas, rochedos, penhascos e profundos vales toma-dos por densa vegeta-ção.A aldeia situa-se no alto no maciço montanho-so, assim os castrejos organizaram a sua vida ao ritmo das estações do ano num quotidiano ditado pela natureza das condições climatéricas e da fertilidade destas terras. As inverneiras e as brandas represen-tam porventura o traço mais genuíno deste estranho modo de vi-ver. Com a chegada do mês de dezembro, as temperaturas gélidas e os rigorosos nevões

que se abatem sobre a região, as populações reúnem os seus perten-ces, roupas, utensílios, ferramentas de lavoura, mantimentos e gado, abandonando proviso-riamente a branda até à próxima primavera. Migram em massa para o fundo dos vales, onde uma segunda casa, uma segunda aldeia e um novo quotidiano os es-pera, no acolhedor clima da inverneira.Um povo que aprendeu a ser nómada, sem re-ceio e sem complexos, e talvez por isso saiba tão bem receber quem vem de fora, com um espírito de partilha inigualável e a mais genuína genero-sidade.Era uma vez um caste-lo, erguido no alto de um monte. Os antigos dizem que se trata de uma obra dos mouros, e os entendidos afirmam que terá sido construí-dos pelos romanos… Certo é que que o Cas-telo de Castro Laboreiro é uma das mais emble-máticas e estratégicas construções militares do país, devido à sua localização privilegiada, aberta sobre os planal-tos galegos.De planta oval, o Caste-lo de Castro Laboreiro ou Laboredo apresenta dois núcleos principais: na elevação a norte, o centro militar integra a torre de menagem, a praça de armas e a cisterna. Na muralha abrem-se duas portas, a

leste a mais importante denominada Porta do Sol; a norte a Porta da Traição. A sul e num pa-tamar inferior, o acesso ao núcleo secundário é feito por uma ponte em arco cuja função princi-pal seria a recolha dos bens e do gado, em caso de ameaça. Um desenho curioso e único no país, que denota a importân-cia estratégica desta construção.Muito para além do valor histórico deste exemplar de património edificado, é acima de tudo a paisa-gem e a atmosfera única que nos prende a este lugar. Castro Laboreiro é uma visita obrigatória, e quem passa por aqui dificilmente deixará de eleger este local como um dos mais belos ce-nários naturais de Por-tugal.Mas, e caches, pergun-tarão os aficionados?São muitas, e de elevada qualidade, as propostas nesta região. Eventual-mente a coordenada do [GCV3TK] Castelo de Castro Laboreiro acaba-rá por ser a referência absoluta, uma cache de 2006 com a inconfun-dível assinatura dos Ri-fkindsss e com suporte do Pascoa. Certamente a melhor forma de vi-sitar o Castelo, pois a cache está estrategi-camente colocada no coração da muralha. De passagem, não deixe de visitar [GC5C5T6] Entre o Castro e o Laboreiro de jbcesar, que oferece

uma bonita perspetiva sobre toda a área cir-cundante. Para aqueles que dão preferência à antigui-dade das caches, não deixem de visitar duas propostas do zoom_bee aqui bem perto: os tra-dicionais moinhos de água na [GCPPXN] The Green Deep, e as vistas privilegiadas sobre a es-petacular Ponte da Cava da Velha, ex-libris da região, com a [GCPPXM] Rocky River. O joseceleiro aponta o caminho até ao fotogé-nico [GC1P9X5] Bico de Patelo, e é também aqui no Castro Laboreiro que está assinalado o ponto de partida daquela que pode ser considerada a mais exigente e es-pantosa aventura de Geocaching de Portugal: [GC3C7J6] Montanhas Nebulosas [PNPG], uma multi-cache de 75 km (se o plano correr de fei-ção…), desenhada pela team Valente Cruz.Não faltarão assim bons motivos para vir até Cas-tro Laboreiro: em famí-lia, entre amigos, numa expedição solitária ou à procura de paisagens únicas. Em todo o caso, será seguramente uma viagem proveitosa, um regresso às origens do nosso povo e da nossa cultura.Fica o convite à desco-berta!

Texto / Fotos:Flora Cardoso

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a perceção do riscoe os limites

C R U Z I L H A D A S

P O R V A L E N T E C R U Z

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Neste artigo irei diva-gar sobre desafios e limites. Faço-o numa perspetiva de refle-xão pessoal e não com a ambição de distribuir conselhos, até porque talvez não seja a pessoa mais indicada para o fazer. Todos temos limites e mais cedo ou mais tarde acabaremos por enfrentar situações complicadas. É certo que este passatempo pode servir para es-pevitar esse encontro. Dependendo do tipo de geocaching que praticamos, inevita-velmente acabaremos por ser confrontados com situações para as quais não estamos preparados, tanto a nível físico como men-tal.Antes de conhecer o geocaching, sempre que passava numa es-trada e olhava para um local aparentemente inacessível que ficas-se nas imediações, contentava por vê-lo. Nenhuma outra von-tade se insurgia. Com

o geocaching, à me-dida que nos vamos imiscuindo nos seus meandros, somos tentados e levados a passar as nossas barreiras do conforto. Aos poucos, o suor, os riscos e as feridas transformam-se em inevitabilidades, que podem inclusive tor-nar-se em estranhos desejos insuspeitos.Certo dia, ao passar pela Serra da Pene-da, fiz uma paragem natural Miradouro de Tibo para admi-rar a majestosa Fra-ga das Pastorinhas [GC2M30X], suspensa sobre um vale com cerca de 500 metros de profundidade. Quando dei por mim já estava enredado por vontades e nasceu en-tão o desejo de alcan-çar o seu topo fazendo a subida desde o Rio Peneda. O encontro ficou marcado para o ano seguinte, numa viagem de propósito único. Infelizmente, a minha companhia acabou por desmarcar

no último momento por indisponibilida-de, pelo que passou a ser uma aventura solitária. Deveria ter cancelado a investi-da, mas a vontade foi mais forte. Quando entrei no Parque Na-cional encontrei um nevoeiro sebastiânico, pelo que o plano pas-sou a ser vislumbrar a paisagem e lamentar o infortúnio. Ao revi-sitar o miradouro não se vislumbrava qual-quer ponta do desafio. Ainda assim, decidi descer até Tibo para ir procurar a Lagoa dos Druidas [GC2E5TY]. Quando cheguei ao rio apercebi-me que o nevoeiro estava con-finado à metade su-perior do vale. Assim, resolvi averiguar até onde conseguiria subir em segurança. Acabei por chegar ao topo, com algumas passa-gens mais técnicas pelo meio. Aos pou-cos, o nevoeiro foi-se também dissimulando na minha resiliência e acabou por desapare-

cer. As vistas ficaram libertas e tive então uma das melhores sensações de que te-nho memória. Contu-do, as dificuldades não terminaram com a as-censão. Descer reve-lou-se muito mais exi-gente e não demorei muito a ficar bastante cansado, com assina-láveis dificuldades de progressão. Ao refletir sobre aquele dia, sei que arrisquei dema-siado e não o voltaria a fazer. Foi talvez a minha aventura de su-peração mais insana.Uma das questões mais relevantes com a superação dos limites prende-se precisa-mente com a com-panhia, que nos pode ajudar a ultrapassar as dificuldades ou emprestar um pouco de clarividência na tomada de decisões. Recordo-me de estar a atravessar as Mon-tanhas Nebulosas [GC3C7J6]com o joom e, ao subirmos para a Serra Amarela, já ao anoitecer, começou a

“Ao refletir sobre aquele dia, sei que arrisquei demasiado e não o voltaria a fazer. Foi talvez a

minha aventura de superação mais insana.”

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trovejar. De imediato, ele referiu que deve-ríamos descer para fi-carmos em segurança. Tínhamos planeado a travessia ao pormenor e a vontade de con-tinuar era muita. Em todos os momentos de preparação jamais tinha considerado a desistência e aquelas palavras foram tão tonitruantes na mi-nha consciência como os raios da trovoada! Acabámos por descer e ainda bem que o fizemos. A aventura continuou no dia se-guinte, num grande esforço de superação da distância a percor-rer. Aquela decisão foi um atalho para a se-gurança!Num outro episódio em que a natureza se virou contra a nossa vontade, estava a fa-zer a ascensão Into the Wild [GC3ER8Y]da Serra da Estrela com

o Sphinx quando, ao chegarmos à Lagoa Comprida e já depois de termos suporta-do algumas horas de chuva, começou a ne-var. A temperatura ti-nha baixado bastante e, ao parar, comecei a entrar em hipotermia. Mesmo sabendo que não estava em condi-ções de continuar, dei por mim perdido em considerações que tal-vez ainda conseguisse andar mais um pouco, tal era a vontade de completar a experiên-cia. Valeu-me o dis-cernimento do Sphinx. Quando regressámos a Seia já estávamos a replanear a investida para o fim de semana seguinte. As oportuni-dades não se perdem, apenas se transfigu-ram.Mas nem sempre te-mos uma boa compa-nhia nos ajudar a deci-dir em situações mais

complexas. Recordo-me de ter problemas por ter feito uma má avaliação das minhas condições físicas e da quantidade de água que levei aquando de um percurso pela Ser-ra do Risco [GCH744]. Acabei por terminar o dia com uma sede do tamanho da falésia e em grande esforço. Nas inúmeras para-gens, em cada pedaço de sombra, comecei mesmo a ouvir mur-múrios ilusórios; os zumbidos dos mos-quitos pareciam-me vozes de pessoas que me poderiam ajudar. De facto, numa situa-ção crítica, é muito fá-cil sermos enganados pela nossa mente.Mudando de serra e de país, creio que a cache mais difícil que já encontrei foi a Despedida y Cierre [GC3PR09], situada no Pico Torrecerredo,

o cume dos Picos de Europa. Curiosamen-te, a avaliação dificul-dade/terreno fica-se pelos 2.5/4.5. Para chegar a este pico, que fica afastado das rotas turísticas, deve fazer-se um percurso de vários quilómetros (com algumas pas-sagens mais técnicas pelo meio), mas a verdadeira dificuldade surge quando se che-ga à base do desafio. O pico ergue-se de for-ma abrupta a cerca de 250 metros da nossa vontade. Não é estrei-tamente necessário fazer escalada, mas a ascensão passa em locais de grande expo-sição e é fundamental ter algum domínio das técnicas. Pode ainda ser complicado per-ceber qual é o melhor acesso (numa perspe-tiva de se subir apenas para locais de onde se consegue sair). A meio

PICOS.DA.EUROPA

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SERRA.DA.ESTRELA

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18 OutubrO 2015 - EDIÇÃO 17

SERRA.DO.MARÃO

ALDEIA.DA.PENA

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19OutubrO 2015 - EDIÇÃO 17

da ascensão em soli-tário, fui surpreendido pelo nevoeiro, o que veio a complicar ainda mais a situação. Para além das dificuldades do terreno já referidas, já no cume, encontrar o micro recipiente em tanta pedra solta é um verdadeiro teste de paciência. Como seria de esperar nestas cir-cunstâncias, a descida também não foi fácil, dado que se tem de enfrentar a vertigem de frente.

O trail running é um dos desafios de supe-ração mais marcantes que já vivenciei. Logo que fiquei a conhe-cer a prova Ultra Trail Serra da Freita fiquei fascinado e senti uma necessidade premen-te de fazer o percurso na sua globalidade. Duas semanas depois, na companhia do ma-filll, já estava a fazer o

percurso [GC3GVZB]. Tínhamos a esperança de o conseguir ter-minar num dia, mas acabámos por atingir o nosso limite (físico e mental) após cerca de 45 quilómetros em 16 horas de cami-nhada. A experiência acabou por servir de aprendizagem e um ano depois consegui terminar a prova, com cerca de 70 quilóme-tros, em menos de 16 horas. Creio que o que acabou por fazer a diferença foi o facto de, pelo pouco treino prévio e pela perceção da dimensão do desa-fio, ter uma esperança muito reduzida de su-cesso; assim, quando, numa fase avançada da prova, comecei a acreditar que conse-guiria acabar, a parte mental suplantou a dor física. Nunca irei esquecer aquela sen-

sação ao cruzar a meta depois de ter passado por tanta dificuldade. Foi, sem dúvida, um limite que muito pra-zer me deu superar. O facto de ter sido realizado durante uma prova oficial deu-me um conforto de segu-rança importante; se algo corresse terrivel-mente mal, sabia que alguém me haveria de ajudar.

Apesar de gostar de montanhas, sempre tive alguma apreen-são em praticar des-portos com cordas. Por incrível ou ridículo que possa parecer, jul-go até que sentia mais confiança em mim do que numa corda para vencer um desafio. Quando fiz a minha estreia no rapel esta-va numa vertigem de medo. Porém, o receio acabou por se diluir nos ensinamentos de

quem me acompa-nhou e num aumento natural da confiança. Algum tempo depois estreei-me no canyo-ning, desafio que nunca pensei vencer por não saber nadar. As dúvidas iniciais foram ultrapassadas pelo conhecimento e entreajuda dos ami-gos que me acompa-nharam. Foi mais uma experiência incrível de superação!

E assim termina esta viagem de reflexão pessoal sobre algu-mas situações de redescoberta e apren-dizagem, tanto a nível da perceção do risco de algumas aventuras, como na superação dos limites associa-dos.

Fotos e texto: António Cruz (Valente Cruz)

“Apesar de gostar de montanhas, sempre tive alguma apreensão

em praticar desportos com cordas. Por incrível ou ridículo que

possa parecer, julgo até que sentia mais confiança em mim do

que numa corda para vencer um desafio.”

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20 OutubrO 2015 - EDIÇÃO 17

U R B E X

P O R M Y S T I Q U E *

20 OutubrO 2015 - EDIÇÃO 17

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21OutubrO 2015 - EDIÇÃO 17

Desde 2013, que El Túnel Del Pánico [GC3AMAB] fazia par-te da minha wish list urbexiana. Ela e a sua irmã siamesa Medal Of Honor-Bunker 1 [GC44RMQ], ambas localizadas na Bateria de Artilharia Costeira J-4, junto ao cabo Si-leiro e a cerca de 5 Km de Baiona.O fator distância era principalmente o mais impeditivo, embora o fator companhia fosse também determinan-te, que, para um local como este, era obriga-tório.Desde essa altura, iniciei uma leitura ex-tensiva sobre a histó-ria do local, e apesar da curiosidade de ver o abandono do local, queria também fazer parte dum local cheio de acontecimentos históricos. Respira-lo com todos os senti-dos.Consegui alinhar os astros, para que o meu desejo se realizasse e o mês de Setembro

de 2015, foi a data escolhida. A contagem decrescente dos dias, fazia a ansiedade au-mentar.Uma troca de mails com o prestável Abraham (A3Sound), owner das caches, co-locou-me mais perto de concretizar esta visita, pois com uma simpatia flagrante, disponibilizou contac-tos e se fosse possí-vel, a companhia.Visualizava fotos, devorava todos os vídeos, que surgiam em pesquisas e, es-tranhamente a muitos kms de distância, pa-recia já lá ter estado.Vou tentar sintetizar um pouco a vida desta Bateria, enquanto ati-va até á altura do seu abandono total. Todos os documentos que encontrei foram em espanhol, existindo fontes contraditórias.Vulgarmente o local é chamado como Ba-teria do Cabo Sileiro, sendo o seu nome correto Bateria de Ar-

tilharia Costeira J-4, localizando-se a cer-ca de 540 metros do cabo Sileiro, sobran-ceiramente ao mar, e ocupa cerca de 70.000 metros quadrados.

Com uma localização estratégica, e uma posição defensiva do porto de Vigo, a Ba-teria nunca chegou a sofrer nenhum ataque inimigo.

Fontes relatam que terá sido construí-da em 1936, após o rebentamento da Guerra Civil, pelo exér-cito franquista mas outras dizem, ter sido construída, tal como a conhecemos, após o término da Guerra Civil, no ano de 1943, e operada pelo Regi-mento da Costa por mais de 3 décadas, como método pre-ventivo de uma nova guerra.

Existem relatos da tortura até à morte de presos republicanos, nos anos pós guerra. Mas não existem do-

cumentos que susten-tem estes relatos.Com o final do regime de Franco, o Regi-mento da Costa dis-solveu-se em 1979, e a Bateria tornou-se num quartel, onde era prestado o serviço mi-litar obrigatório.A extinção do serviço militar obrigatório, trouxe uma morte anunciada ao local. Durante alguns tem-pos, a Bateria era vigiada por um sar-gento e dois cabos, mas a partir de 1998, é abandonada defini-tivamente.Ao sairmos da estrada principal e fazendo o desvio, onde vamos passar junto ao fa-rol, se olharmos com atenção, identifica-mos de imediato os 4 canhões, inseridos nas suas estruturas, como se ainda fossem os guardiões de algo, ali se mantêm firmes. Espetacular ☺Mesmo por cima do farol, existe uma an-tiga instalação militar

“Existem relatos da tortura até à morte de presos republicanos, nos anos pós guerra.Mas não existem

documentos que sustentem estes relatos.”

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que seria o Posto de Comando, mas que se encontra fora do re-cinto.Continuando a estrada e depois de uma curva apertada, podemos destacar logo á pri-meira vista, o edifício mais elevado, que se-ria a Torre de Teleme-tria. E estendendo um pouco a visão numa cota inferior, vislum-bramos um conjunto generoso de ruínas que seriam as diversas instalações militares.Seguindo a estrada e num desvio próximo, encontramos o arco de acesso principal a todo o recinto. Junto a esse arco restam as ruínas das vivendas do capelão e do sargento.O arco em pedra, ain-da conserva o escudo franquista. Ao tres-passarmos o arco, o que vimos são pouco mais que escombros. Como se a Guerra tivesse sido após a construção da Bateria.Mas não…O que ve-mos é mesmo fruto da destruição de pes-soas. Vandalismo puro e duro.Existem alguns ma-pas, que mostram o exterior da bateria e o interior da mesma. Poderemos visuali-

za-los na listing da letterbox El Túnel Del Pánico. Ajuda-nos imenso a perceber, realmente, o que seria o quê. Principalmen-te o que nos leva nos acessos aos bunkers interiores e seus res-pectivos canhões.Após o arco, segundo o mapa encontrar-se--ia, à nossa esquerda a cantina dos oficiais e à nossa direita, as co-zinhas dos mesmos.À nossa frente, pas-sando as ruínas, existe um muro so-branceiro à colina, que, para além de ter a função de proteger a Bateria de tempes-tades atlânticas, tinha também como ainda se consegue ver, uns arcos, embora este-jam emparedados, a comunicação com os passadiços.Existe um “caminho” que permite o acesso à escuridão total, e onde podemos per-correr cerca de 200 metros em túneis que nos levam, debaixo de terra, aos 4 bunkers, ainda equipados com os canhões Vickers 152,4/50mm, fabri-cados no reino Unido. Deixo como curiosida-de, as características técnicas destas peças: Alcance de 21,600

metros, velocidade de 915 m/seg e peso por projétil disparado de 45 Kg. Os canhões disparavam 4 vezes por minuto e o tubo do canhão pesa 8738 Kg.A sala do motor, é nes-te momento, o ponto de acesso para tudo o resto. Era onde era efetuada a alimenta-ção do sistema de di-reção de tiro compos-to pelo equipamento Alza Directora Vickers e o telémetro Barr-S-tround.Ao passarmos a sala do motor, acede-se a um túnel de serviço (de onde também se pode aceder á Torre de Telemetria). E a partir daqui, temos um labi-rinto, cheio de recan-tos por explorar. Mas muito vandalizados. Se dissesse que o local não é sinistro, estaria a mentir com todos os dentinhos… É po-deroso, silencioso, um fantasma cheio de glamour. Uma exploração urba-na cheia de suspense, pois, o que poderemos encontrar, dentro dos túneis, é sempre um sobressalto no cora-ção.E o estacionamen-to junto ao arco foi o ponto de partida para

estas duas senhoras caixinhas ☺Ao passar o arco…tive uma pontinha de desi-lusão. Achei o espaço pequeno. Nos vídeos parecia tudo muito maior. Para ver ali…que nos enchesse os olhos só mesmo a vista para o mar e as ilhas Cies. O resto eram restos de paredes e instalações grafitadas, destruídas, aguentando-se ainda as estruturas princi-pais e que, só com o auxílio do mapa, se podia perceber o que tinha sido.Com facilidade, desco-bri a entrada, que nos levaria, aos tão alme-jados túneis e seus bunkers.Confesso que foi es-tranho lá entrar. Pas-sada a sala do motor…eis que a escuridão esperava por nós. Para a esquerda ou para a direita? O mapa ajudou-nos a colocar-mo-nos no caminho certo para o bunker 1, o único com um aces-so diferente de todos os outros. O mais es-petacular ☺Ao fim dos primeiros metros, o meu frontal, ficou sem pilhas, tal como a minha lanter-na.

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Restava-nos um fron-tal…e sangue frio. Não via nada a centímetros de mim, e a minha claustrofobia, come-çava a querer domi-nar-me. O poder da sugestão começou a toldar-me os sentidos. O frontal existente passou para a minha posse e as coisas me-lhoraram.

Num instante estáva-mos no acesso para o Bunker 1, após duas ou três tentativas goradas. Procura-va a porta de metal, existente nalguns relatos…mas não a vi. Para aceder-mos a este bunker, temos de subir 4 lances de escadas, ele encontra-se numa cota superior. É o canhão mais bem conservado de todos os 4.

O primeiro lance de escadas já não existe. Existe uma pedra a servir de ajuda, mas para o primeiro nível, precisamos mesmo

de dois braços que nos puxem.

Do segundo ao último lance de escada, o co-ração salta-nos pela boca, a cada investida. As escadas estão po-dres e soltas da pare-de em alguns pontos.

Lá em cima…temos alguma claridade. Para aceder ao canhão, um “poço” na porta de entrada requer muito cuidado, pela profun-didade que apresenta.

Aqui temos o cenário da cache mistério Me-dal Of Honor-Bunker 1 [GC44RMQ]. Está muito bem escondida e o container adequa-díssimo ao tema.

O regresso ao túnel mãe fez-se com todo o cuidado, e a partir daqui continua-se a recolher pistas para a letter El Túnel Del Pánico, que nos obri-ga a explorar todas aquelas catacumbas misteriosas e cheias de história.

A exploração aos res-tantes bunkers, surge por instinto. Chega-mos a um local, em que nos são apresen-tados dois caminhos. Ora primeiro por um, depois por outro.

Muitas escadas des-cemos, e fez-me al-guma confusão, como toda extensão do ta-pete que transporta-ria as munições, está totalmente destruído em ambos os pata-mares.

Estes 3 canhões, bem mais acessíveis, en-contram-se sobeja-mente garatujados, tais como os corre-dores de acesso aos mesmos.

Era tempo de regres-sar ao exterior. Saímos pelo acesso que nos permite sair na Torre de Telemetria e ter a perceção que estas “toupeiras” iam a todo o lado sem ter que vir ao exterior.

Faltava ainda encon-trar o container da letter, que tem um final muito apropriado e embora totalmente inserido no tema, é inesperado.

Foi uma das explo-rações urbanas que mais mexeu comigo. A adrenalina, o medo do que poderia encon-trar, o fascínio por ter a possibilidade de cir-cular ali, o suspense, a alegria, a escuridão total, o ar que se res-pirava que era estéril. Muito respeito.

Recomendo a quem lá quiser ir, não vá “só” fazer geocaching!

O geocaching irá to-mar outra dimensão, se entendermos as histórias das coisas e percebermos outras tantas.

Texto / Fotos:

Sónia Fernandes

(Mystique*)

“Foi uma das explorações urbanas que mais mexeu comigo. A adrenalina, o medo do que poderia encontrar, o fascínio

por ter a possibilidade de circular ali”

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GeoPT e Geocaching@PT, são claramente dois nomes conhecidos de qualquer geocacher internauta a nível na-cional. Pelo menos um destes dois sites de re-ferência sobre geoca-ching em Portugal, faz parte da vida de todos os geocachers que pas-seiam pela Internet em busca de informações sobre o seu hobbie, ou mesmo com vista à partilha das suas expe-riências ou discussão de assuntos relacionados com o mundo do Geoca-ching.Sendo a GeoMag uma revista de publicação online, faria sentido que, numa das suas edições, o Frente a Frente viajas-se até ao mundo virtual, promovendo esta reu-nião entre os dois prin-cipais fóruns nacionais geocachianos.

E assim foi. Endereçados e aceites os convites, teremos nesta edição um moderador do fó-rum Geopt frente a fren-te com um moderador do fórum Geocaching@PT, que irão responder às nossas perguntas, ajudando-nos a perce-ber um pouco melhor o trabalho destes cola-boradores que despen-dem do seu tempo livre (e muitas vezes da sua paciência!) para ajudar a

manter estes dois locais virtuais de convívio e discussão sobre geoca-ching em português.Assumindo o seu papel de moderador do fórum Geopt, teremos Idílio Ludovino, geocacher com o nickname de IDI-LIO49, 33 anos de ida-de, natural do Cercal do Alentejo, casado e com dois filhos, residente em Setúbal há 16 anos. Re-gistado no Geopt desde Dezembro de 2010, as-sumiu oficialmente as funções de moderador em Novembro de 2011, embora já tivesse an-teriormente funções de administrador na área de Badges, nalgumas áreas do IAAN e de tes-tes na APP GeoptTools, bem como nos convites para a Geopt.tv.Frente a Frente, estará Nuno Xavier, mais co-nhecido na comunidade como Alieri. Geocacher algarvio, já festejou 43 primaveras e reside em Faro. Define-se como alguém que “gosta de caches que envolvam caminhadas em plena natureza, de preferên-cia em grupos pequenos (com alguns bons amigos que fez graças ao geoca-ching).” Acrescenta ainda que “detesta powertrails e raramente resolve mis-térios” e que “muitas ve-zes as melhores cachadas são feitas sem sair do

restaurante”. Actualmen-te pouco activo na pro-cura de caches, é utili-zador do Geocaching@PT desde 2007, tendo passado a fazer parte do grupo de moderado-res no inicio do ano de 2009.

Como é que estes dois utilizadores se tornaram moderadores de cada um dos fóruns? Como veem o fórum no qual exercem funções de moderação? Que quali-dades e competências tem de ter um modera-dor? Nuno Xavier e Idílio Lu-dovino respondem-nos a estas e muitas outras questões, frente a fren-te!

1. Idílio e Nuno, gosta-ria de começar por vos agradecer terem acei-tado o convite para este Frente a Frente. E já que falamos de convites, impõe-se como primei-ra questão: Como sur-giu o convite para faze-rem parte de cada uma das equipas do fórum e assumir o papel de mo-derador?

Idílio: Começando um pouco mais atrás, des-de o início do Geopt que acompanhei o site, a evolução do mesmo, as funcionalidades e as

trocas de informação que aconteciam, mas inicialmente apenas de uma forma passiva sem qualquer intervenção. Apenas quando numa viagem de trabalho ao estrangeiro o resultado foi quase mais caches enterradas na neve do que founds e, tal curio-so facto veio à baila nas conversas do fórum, senti necessidade de participar activamente e daí em diante nunca mais parei.Tendo em conta que uma plataforma como esta apenas vive do resulta-do final da conjunção de esforços de todos, e não apenas dos Administra-dores ou Moderadores, e com algum tempo livre que tinha na altura foi de forma voluntária que ofereci os meus servi-ços para ajudar, e assim foi durante algum tem-po onde no background fazia andar tarefas tra-balhosas que ninguém acreditava virem a ser possíveis. Talvez como reconhecimento desse trabalho que já vinha a acontecer, ou quem sabe como estratégia da Administração preferin-do ter-me do lado de-les do que “contra” eles ☺, foi-me endereçado o convite. Foi aceite de forma natural, pois não me estava a ser pedido nada mais do que já fa-

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zia, por outro lado havia o reconhecimento públi-co desse trabalho, que não sendo essencial, mal também não faria.

Nuno: No meu caso, comecei a participar no fórum do geocaching--pt.net a meio de 2007. Nessa altura este era o único site sobre geoca-ching a nível nacional, com excepção de um grupo no yahoogroups, que aliás ainda existe, e que viria a evoluir para o site que hoje temos. Não havia grupos de fa-cebook (nem facebook!) e o núcleo de jogadores portugueses era relati-vamente reduzido. Mui-to pouca gente sabia o que era o geocaching, no nosso país. Quem chegava ao geocaching vinha aqui parar mais cedo ou mais tarde, e de alguma forma todos se “conheciam” e parti-cipavam. Havia um es-pírito de comunidade muito forte no fórum, boa disposição e mui-ta entre-ajuda, e estou seguro que essa era uma das razões porque algumas pessoas fica-vam no geocaching. Falo por mim. A maior parte das amizades que fiz no geocaching e que man-tenho, vêm desse tem-po.A determinada altura de 2008 o número de

participantes era cada vez maior, começaram a haver quezílias e ata-ques pessoais entre os utilizadores, a secção de classificados era uma confusão e havia neces-sidade de regular tudo isso. Eu participava bas-tante no fórum e já tinha conhecido pessoalmen-te alguns dos então ad-ministradores do site.No início de 2009 o MAntunes contactou-me, explicou os ob-jectivos e as ideias da equipa do site e fez-me o convite para integrar a equipa. Entrei para o grupo de moderadores juntamente com a Sil-vana, uma geocacher do Norte.

2. Falemos agora um pouco do fórum no qual são moderadores. Como o definem?

Idílio: O Geopt é muito mais que um fórum, é uma panóplia de funcio-nalidades que estão ao dispor da comunidade onde o fórum é apenas mais uma, uma peque-na parte, onde existe uma maior interacção entre os elementos da comunidade. Tem como principal objectivo o es-clarecimento da comu-nidade e a inter-ajuda entre elementos, assim como disponibilizar num só local, de fácil acesso,

informação que ajude e possa tirar dúvidas à comunidade. Só deixan-do a comunidade com livre participação pode haver ajuda mútua, fa-zendo assim com que os participantes se sintam em casa, claro que isso tem também o reverso da medalha levando a acesas discussões, mas isso não é nada mais nada menos que o viver em sociedade onde cada cabeça sua sentença. O moderador apenas tem como papel garantir que isso não descamba de vez.Nuno: Tal como disse antes, é um fórum sobre geocaching, mas onde também são debatidos vários temas relacio-nados, como fotogra-fia, viagens, tecnologia, BTT, entre outros. Acho que até de todo-o-ter-reno e astronomia se chegou a falar. Temos diversos tutoriais dispo-níveis para geocachers novatos e experientes, destaques para os logs mais interessantes, concursos de fotos. Pro-curamos que tenha uti-lidade quer para já tem muita experiência quer para quem se inicia nes-te hobbie, para quem quer escolher o equipa-mento ideal, e até para quem só queira saber se há caches em Lagos (piada muito velha). Teve

alturas de muita partici-pação com dezenas de utilizadores activos em simultâneo. Já não tem a participação de ou-tros tempos, é verdade, mas à data que escrevo estas linhas tem mais de 11500 membros re-gistados desde 2007. É obra! Há muita informa-ção útil acumulada nes-tes oito anos. E muito off-topic também. :)Aparentemente existe hoje uma procura muito grande pelas primeiras edições das geocoins portuguesas. Pois a apresentação das pro-postas dos primeiros desenhos, as votações para os decidir, as enco-mendas em grupo, tudo isso teve lugar neste fórum. Assim como as primeiras grandes “ca-chadas em grupo”.

3. Cada um dos fóruns está inserido num site de geocaching, que para além do próprio fórum, oferece outros recursos e ferramentas a quem o visita, tais como ar-tigos, estatísticas, ma-pas, etc... Se tivessem de destacar uma mais valia do site a que o “vosso” fórum perten-ce, qual seria?

Idílio: São todas “uma mais valia”, diferentes e com importâncias maio-res ou menores confor-

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me a forma de encarar o geocaching de cada um. No entanto ao ter de destacar uma penso que será sem sombra de dúvidas o IAAN pela revolução que foi e pela forma única de propor-cionar dados não exis-tentes em mais lugar nenhum. Dentro disto um especial destaque para as Badges que per-mitem agrupar caches com características se-melhantes que não se-riam possíveis agrupar de outra forma, permi-tindo assim a comuni-dade ter uma ferramen-ta para cachar de acordo com os seus gostos e preferências.

Nuno: O geocaching--pt.net engloba um site com diversos artigos, uma “geo”wiki, um fó-rum e uma secção de estatísticas, com mapas

e diversas ferramentas. Penso que esta secção, a par do fórum, ao ter informação dos primór-dios do geocaching em Portugal e da sua evo-lução, seja um dos gran-des trunfos do site. In-felizmente a secção das estatísticas não tem o grafismo mais apelativo ou intuitivo que encon-tramos hoje em muitos sites mais modernos, mas qualquer pessoa habituada a mexer num computador chegará ao que pretende.

4. Muitos dos utiliza-dores desconhecem a infraestrutura huma-na e material por trás de cada um dos fóruns. Quantas pessoas e que hardware é preciso para manter actualizado o vosso fórum?

Idílio: A infraestrutura

humana que mantém a actualização do fórum é toda a comunidade. Só com a participação de todos é possível man-ter uma plataforma ac-tualizada e fazer a coisa andar para a frente. O staff é apenas a “equi-pa das limpezas” que vai arrumando os can-tos à casa. Lembrando que ninguém vive disto, e que a vida pessoal e profissional é sempre mais importante, o fun-damental é que umas vezes uns outras vezes outros, quem vai tendo um tempinho livre vai dando o que pode e mais não se lhes pode pedir, portanto o essencial é a contribuição de quem pode, quando pode. Quanto à infraestrutura material, é tudo gerido pela Administração.

Nuno: Em relação ao

hardware não posso responder, pois o ser-viço está alojado em servidores contrata-dos a uma empresa, tal como qualquer um de nós pode ter. Neste mo-mento somos 4 mode-radores e dois adminis-tradores, que é o nome pomposo que damos a uns duendes fechados numa cave a marte-lar código num teclado. Volta e meia o site fica mais lento, então vamos à cave e damos umas chibatadas no duende de serviço e a coisa volta ao normal. Não é assim em todo o lado?

5. Falemos da vossa ex-periência. Existe algum momento ou situação especial, que vos tenha marcado enquanto mo-derador, seja pela posi-tiva ou pela negativa?

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Idílio: Penso que todos os momentos em que sentimos que fizemos algo que ajudou real-mente alguém nos dei-xa sempre uma marca bastante positiva. De resto, nenhum momen-to demasiado marcante, talvez pela minha acção praticamente desperce-bida como Moderador.

Nuno: Positivamente, marcou-me, desde logo, o convite para fazer par-te da equipa do geoca-ching-pt, onde passava tanto tempo e que me dizia tanto, por isso foi uma coisa que me or-gulhou muito, foi algo especial. Como utiliza-dor, todas as ajudas que recebi desde o primei-ro momento, de gente que não conhecia mas que se disponibilizava a explicar todas aquelas

coisas que o geocaching tem para apreenderes quando começas, cria-ram em mim a ideia de pertencer a um grupo especial de pessoas. Isso foi maravilhoso e não sei se hoje seria possível. Para teres uma ideia, em determinada altura - muito antes de ser moderador - disse no fórum que ia em via-gem para o Gerês, e que o meu GPS se tinha ava-riado. Houve logo quem, sem me conhecer de outro lado que não do fórum, simpaticamente se oferecesse para me emprestar o seu. Só tive que fazer um pequeno desvio na minha rota para o ir buscar. Isto foi completamente ines-perado! É um gesto ex-traordinário!!Voltando à pergunta, não posso dizer que

tenha havido alguma coisa que me marcas-se negativamente, em-bora admita que hou-ve um tempo, durante uma fase conturbada do fórum, em que havia provocações constan-tes entre utilizadores e em que tínhamos que intervir frequentemen-te como moderadores para pôr água na fervu-ra. Havia abusos de tal ordem que chegámos a ser contactados, por via privada, por pessoas que diziam que já não suportavam frequentar o fórum e que o aban-donavam. Tínhamos que fazer alguma coisa acerca disso, e fizemos, e então chegámos a ser acusados de censura e sei lá que mais. Fomos muitas vezes postos em causa por uns e elogia-dos por outros. A verda-

de é que, apesar de todo o teu esforço, de dares o teu melhor, não é pos-sível agradar a todos. Além disso, se gostas do que fazes, vais ficar a pensar se a tua conduta foi a melhor face àque-la situação concreta. E tendo em conta que houve situações com pessoas que conhecia pessoalmente, houve algum desgaste, obvia-mente. Se tivesse que destacar algo negativo, seria o fim da participa-ção no fórum de muitas pessoas que aportavam um valor muito grande aos conteúdos e aos te-mas debatidos.

6. A verdade é que, como se costuma di-zer, “isto não é a vossa vida!”. De quanto tempo pessoal despende um moderador?

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Idílio: Penso que essa expressão resume bem o papel do Moderador. Há que haver um pou-co de Moderador em cada um de nós. É difícil quantificar o tempo pes-soal que se despende visto que é isso mesmo, é tempo livre que é rea-proveitado em usufruto da comunidade, quando há mais tempo inves-te-se mais, quando o tempo não surge tem de se aguentar apenas as pontas esperando que haja alguém com maior disponibilidade naquele momento.

Nuno: Acho que varia muito com a tua dispo-nibilidade momentânea, com as funções que te-nhas e também depen-de do que se passa em determinado momento no fórum, assim como das políticas de ges-tão do mesmo e do teu estilo de participação. Se trabalhas frente ao computador e conse-gues ir acompanhando o fórum, nem sentes que estás a gastar tempo li-vre.

7. Na vossa opinião, que qualidades e competên-cias tem de ter um mo-derador de um fórum?

Idílio: O Moderador de um fórum tem de man-

ter a serenidade, res-peitar opiniões e fazer respeitar, mantendo um papel de isenção do que ao Moderador diz respeito, lembrando no entanto que qualquer Moderador tem tam-bém o direito à sua par-ticipação e opinião como vulgar utilizador.

Nuno: Um moderador é uma espécie de árbitro. Tal como no futebol, de-verá saber quando deve intervir e quando deve deixar a participação dos utilizadores correr livremente. Se não se der por ele, tanto me-lhor, é sinal que o sis-tema está bem oleado, os temas debatidos têm participação, os novos utilizadores são bem encaminhados nas suas dúvidas, etc., etc.

8. A vida de um fórum depende em grande parte da actividade dos seus utilizadores. Nos tempos que correm, são inúmeros os grupos na-cionais de geocaching que se podem encon-trar no Facebook. De que forma as redes so-ciais vierem modificar os fóruns?

Idílio: Há que diferenciar actividades que trazem mais-valias de activida-des que apenas fazem a coisa mexer. Para um

fórum o essencial são as actividades que trazem mais valias no momento mas essencialmente de consulta futura a longo termo e em relação a isso não houve grande alteração. No Facebook a actividade é mais efé-mera, discutem-se coi-sas do momento e com relevância mínima, no-meadamente ao fim de pouco tempo. Essas dis-cussões caíram portan-to um pouco nos fóruns deixando de atrair visi-tantes em massa para discussões calorosas, no entanto em termos úteis nada se perde. Os grupos e grupinhos no Facebook são mais que muitos e sobrepõem-se uns aos outros sem qualquer objectivo con-creto resultando em as-suntos iguais discutidos simultaneamente em vários locais, culminan-do com informação re-petitiva e falta de aglu-tinação para ouvir todas as partes e onde não existe um local centrali-zado onde seja possível pesquisar por informa-ção relevante a pequeno ou longo termo.

Nuno: Não sei se vie-ram modificar. Pen-so que vieram diluir os participantes por todas essas áreas. Acho que os novos jogadores tal-vez nem se lembrem de

ir ao Google pesquisar por fóruns. Entram no facebook, pesquisam e encontram logo deze-nas de geo-grupos , que aliás são usados como mini-fóruns. Aí é pos-sível a um novato obter algum apoio, até de pes-soas geograficamen-te mais próximas de si. Isso pode ser (é) impor-tante, mas ao mesmo tempo acho que daí de-corre que vai haver uma tendência para limitação do âmbito geográfico do que os jogadores co-nhecem e as zonas onde se movem. Quero dizer, se só frequento o grupo da zona y, só conheço os nomes (nem são os nicks) dos geocachers dessa zona e as caches dessa e das zonas mais próximas. É a regionali-zação do geocaching.Já nos fóruns normal-mente usam-se os mesmos nicks do geo-caching e rapidamente ganhas uma percepção mais abrangente quer do jogo quer da sua rea-lidade nacional. (Sendo certo que, como sabe-mos, há centenas de jo-gadores que não estão nem no facebook nem nos fóruns)Por outro lado, acho que assistimos hoje a uma perda de qualidade quer da informação, que fica assim dispersa, quer dos próprios partici-

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pantes. Nos fóruns tens conteúdos muito ricos, sistematizados e fa-cilmente pesquisáveis, tudo num mesmo espa-ço. No facebook é muito mais complicado fazer essa pesquisa e a dada altura o jogador terá que ir onde as suas dúvidas encontrem respostas. Por essa razão acho que os fóruns e sites de geo-caching vão continuar a ter o seu lugar e a sua importância.

9. Um mesmo hobbie, dois sites, dois fóruns, duas equipas. Conside-ram que a existência de dois fóruns nacionais de geocaching divide a co-munidade ou cada um tem o seu público alvo?

Idílio: Tal como em qual-

quer sociedade actual é a própria comunidade que se divide e em fun-ção disso é necessário existirem alternativas. Dessa forma os fóruns respondem às necessi-dades da comunidade. Se é o ideal? Não. Mas é o ideal para a comu-nidade que temos! Claro que não faz sentido ter funções replicadas em locais distintos, mais valia conjugar esforços e torná-las melhores em vez do esforço du-plicado para as manter; funções diferentes em locais diferentes só por si valem o que valem, mas se se integrassem em conjunto poderiam ser mais valias com um melhor aproveitamen-to. Mas deixemo-nos de idealismos, nem todos

remam com os mesmos objectivos e há que dei-xar caminho para os vá-rios rumos.

Nuno: Acho que divi-de, tal como decorre da questão anterior. Havendo mais polos de interesse, o público irá diluir-se por eles. É natural que um fórum onde exista mais parti-cipação e actualização cative mais pessoas do que outro que aparente ser menos movimenta-do. Mas noto que mes-mo no geopt é frequen-te fazerem referências aos conteúdos do geo-caching-pt.net. Muitas vezes reportam-se a temas do nosso históri-co, que é muito anterior ao surgimento do outro fórum. Não iria tão longe

como dizer que cada um tem o seu público, mas é um facto que o nosso por vezes é procurado por pessoas em busca de informação muito es-pecífica.

10. Existe alguma no-vidade ou iniciativa do GeoPT ou do Geoca-ching@PT que possam partilhar com os nos-sos leitores em primeira mão?Idílio: Novidades? San-tos da casa não fazem milagres…Nuno: Nota do Editor – “Não sabe / não respon-de”

Texto: Bruno Gomes / Idílio Ludovino / Nuno

XavierFotos: Idílio Ludovino /

Nuno Xavier

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GEOMAG.

36 OutubrO 2015 - EDIÇÃO 17

Por Valente Cruz

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37OutubrO 2015 - EDIÇÃO 17

Pelo seu contexto, este foi o evento ao qual ninguém dese-jaria ter vindo. Con-tudo, paradoxalmen-te, sendo certo que não se pode alterar o passado, este foi também o evento ao qual todos os que se sentiram tocados pela partida prematura do Roberto “d3vil” Costa gostariam de ter ido. O local escolhido para o evento/homenagem foi as Velas Brancas, próximo das Fichinhas [GC1MB2Y], no cora-ção do Gerês. A esco-lha prendeu-se com o facto de este ser um dos próximos locais a ser visitado pelo Ro-berto.Os participantes se-guiram à risca a hora de chegada ao local de estacionamento, perto da Cascata do Arado [GC110G4], de onde sairia a ca-minhada. Ninguém queria ficar para trás, tanto por respeito ao Gerês como à home-nagem. Após algumas indicações iniciais dadas pelo Dragao88,

os mais de 60 parti-cipantes dividiram-se em vários grupos e iniciaram o percur-so. A passagem pela cascata serviu para um primeiro deleite das vistas. Subindo pelo trilho, alguns participantes fizeram um pequeno desvio para aceder ao prado [GC5Q3FH] e à lagoa [GC3TRVT] do Arado, local onde decorreu o primeiro banho do dia na tentativa para al-cançar a cache. Pros-seguindo pelo vale, os geocachers apro-veitaram a chegada ao curral da Teixeira [GC1BR8X] para des-cansar e reagrupar. Ao redor, as encostas iam-se agigantando. Para quem desconhe-cia o percurso, tudo era novidade. Os que já sabiam do esforço que teriam pela frente iam resfriando o âni-mo com a visão das dificuldades.Logo de seguida, a subida para a desco-berta d’O Santo Graal [GC1HZYT] marcou o primeiro teste físi-

co do dia. Contudo, o verdadeiro desafio estava um pouco mais à frente, com a as-censão para a base da Roca Negra. Como se-ria de esperar, o grupo acabou por se esticar de forma natural. Do alto da encosta, os ca-minhantes formavam uma fila de intenções na imensidão geresia-na. Pareciam formigas num rumo determina-do. Entretanto, alguns participantes resol-veram fazer um pe-queno desvio ao Bor-rageiro e ao seu arco [GC49VTX]. Subiu-se depois à Roca Negra para completar a mí-tica Heart of Darkness [GC1471Q], numa ascensão ao píncaro geresiano. Este é um dos locais mais fan-tásticos desta serra! Talvez seja mesmo o mais fantástico. A vis-ta para o vale e para a Rocalva, o rochedo mais icónico do Gerês, é memorável! Contu-do, uma imagem não vale meia contem-plação. É necessário estar lá para se per-

ceber de facto o quão incrível é conquistar a Roca Negra.Depois de uma pas-sagem pelo vale da Rocalva, o grupo se-guiu para as Velas Brancas. Esta parte do percurso fez-se sem grandes sobres-saltos. Chegados ao local, é impossível fi-car indiferente às vis-tas para as Fichinhas [GC1MB2Y], Porta Ruivas [GC487F4], Sombrosas [GC1W-GQ5] e para o vale do rio Touça [GC4FD0J]. Parece que se está no céu geresiano, com um mundo aos nossos pés. Enquanto o gru-po aproveitava para descansar e reforçar o estômago, juntaram-se os restantes parti-cipantes que tinham saído da Portela de Leonte [GCWDDE] e/ou que tinham vindo por outros percursos. A conversa e as me-mórias iam deambu-lando no alto da serra, enquanto o cansaço se ia esfumando na vivência de um mo-mento especial.

“Com um sorriso no rosto, restam as lembranças e os bons momentos, multiplicados pela memória em

homenagens como esta.”

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As Velas Brancas er-guem-se de forma abrupta das Fichinhas e o rio Touça fura pelo vale assombroso numa pressa cristali-na. Existe por ali algo que ficou perdido no tempo; uma natu-reza primeva que se manteve fiel a um compromisso indó-mito e pouco dado a humanismos. Parece um castelo de sonhos protegido pelas fra-gas, que o muralha-ram de pretensões inaturais.Surgiu então a sur-presa de uma nova cache a ser colocada na Serra do Gerês, Wish You Were Here [GC631HC]. Para além de se tratar de um recipiente individuali-zado e de ter também e um logbook per-sonalizado, a cache contém ainda o arti-go escrito por alguns amigos do Roberto e publicado na GeoMa-gazine #15, aquando da homenagem pres-tada. Por certo, todos aqueles que vierem a descobrir esta cache ficarão mais perto de saber quem foi o d3vil e algumas das aventuras que viveu. Depois de uma foto de grupo seguiu-se a co-locação do recipiente. A escolha acabou por

ser mais ou menos evidente, com uma vista triunfante sobre o vale do rio Touça. Houve ainda tempo para construir uma mariola de memórias perto do esconderijo.O grupo seguiu depois na direção da Rocalva [GC1DC15], com um desvio para aceder ao Coucão [GC484V7]. Já no prado da Rocalva, os diferentes grupos criados voltaram a juntar-se e a dividir-se posteriormente. Uns seguiram para o Cute-lo de Pias em busca d’O Regresso do Rei [GC49ZBF] e outros para o prado do Vi-doeirinho [GC53B14]. Acabariam por se en-contrar mais abaixo, descendo então o vale do rio Conho. Pelo meio fez-se mais uma paragem estratégica e inevitável no fantás-tico Poço Azul [GC-3Q6AE], onde os mais intrépidos e caloren-tos aproveitaram para tomar um banho. A caminhada até ao final do percurso também não levantou grandes problemas, com mais algumas paragens/desvios para aceder à cache My Blue Lagoon [GC1D9PG], à Cabana do Velho [GC5EED7], no Curral da Malha-doura, e à Fonte das

Letras [GC1WFRW]. Para além do inevi-tável cansaço, foi ex-traordinário notar o sorriso de superação nos rostos dos parti-cipantes. É ainda de realçar a satisfação e o espanto daqueles que estiveram pela primeira vez no Gerês profundo! Certamen-te, muitos regres-sarão. Para o final, alguns participantes trouxeram bebidas para saciar a sede de todos. Com a chega-da do grupo restante ficámos a saber que havia mais uma sur-presa: a Clamie e o SurFreeMan tinham trazido um bolo para a comemoração de milestones. Os mais de 23 quilómetros (incluindo os desvios) concluíram-se em cerca de 12 horas. Este é sem dúvida um dos percursos mais emblemáticos do Ge-rês. O track pode ser consultado na página do evento [GC5YX0K] ou aqui (http://pt.wiki-loc.com/wikiloc/view.do?id=4698093).Gerês rima com soli-tude. Normalmente, os grupos que por lá deambulam são pou-co numerosos. Contu-do, esta não foi uma caminhada normal. Neste dia, mais de 60

caminheiros, a custo de um longo e duro percurso, desloca-ram-se ao Gerês pro-fundo para celebrar a vida e a memória do Roberto, que, através de todos, também lá esteve! Não é fácil en-contrar palavras sobre a sua partida prema-tura. Foi naturalmente um choque que abalou a comunidade de geo-caching, os amigos e sobretudo os familia-res. Uma lembrança atroz da Natureza que, de um momen-to para o outro, tudo pode mudar. Podemos levantar perguntas e tentar perceber o fio da meada, largando gritos ao vento, mas ficaremos na mesma. A vida, já se sabe, não se compraz com o nosso ideal de jus-tiça. Com um sorriso no rosto, restam as lembranças e os bons momentos, multipli-cados pela memó-ria em homenagens como esta. Foi um prazer reencontrá-lo em todos nós no co-ração do Gerês!

Texto e fotos:António Cruz

(Valente Cruz)

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International Earthcache Dayou A Arte De Bem Receber..

another event cache by DanielOliveira!p o r r u i j s d u a r t e

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Este passeio/evento, The Guincho-Oitavos Dune Field [GC5TMHC], estava prometido desde Janeiro de 2013, aquan-do da comemoração dos 10 anos das EC´s, num outro evento e, desde que a oportunidade se proporcionasse, não po-dia de maneira nenhu-ma faltar!

Chegado ao ponto de encontro com meros dez minutinhos de atraso e já nem estacionamento arranjei... não há muitos Owners que, mesmo debaixo da promessa de muita chuva e até de um furacão/tempestade (o tal de Joaquim), consi-gam arrancar do con-forto do lar tanta gente como a que se reuniu no alpendre da Dona Cres-mina esta manhã.

A explicação? Há várias, parece-me... o sorriso desarmante do Daniel; a paixão despretensio-sa que coloca nas suas explicações; a disponibi-

lidade para partilhar um pouco de si e dos seus locais preferidos com a comunidade, etc..

A verdade é que, do que fui apurando durante as duas horas que durou o evento, vários (muitos?) já tinham inclusive en-contrado a grande maio-ria das caches da zona e não eram, portanto, o motivo da deslocação matinal até ao Litoral do Guincho.

Uns breves minutos de briefing iniciais (Bilin-gues!!! Fruto da com-parência de um compa-nheiro estrangeiro que teve desta forma direito às respectivas explica-ções, ao longo de todo o percurso, no idioma de Sua Majestade!) e iniciou-se a caminhada! Passadiço abaixo, pas-sadiço acima... Parando aqui e acolá para beber mais um pouco de co-nhecimentos geológicos e ir-se tirando as medi-das ao enorme volume

de areia que se vai des-locando das praias para os oitavos (e de volta ao mar).

O creme de la creme das explicações e da visita estava reservado para próximo do local onde nasceu a nova The Wentworth Scale - DP/EC78 [GC62XBQ], bem a propósito para mais um souvenir (e onde o Jasa-fara foi colocado à prova pelo Prof., passando com distinção, à primei-ra e “sem espinhas”). Ora, nesta zona o corpo dunar atinge uma altura verdadeiramente digna de registo e fez desa-parecer debaixo de si o passadiço! Desaparecer por completo! Não há como cumprir o tal de “Proibida a circulação (...) fora dos passadi-ços”! Já por ali andei um par de vezes em busca das caches residentes e a diferença impres-siona... os responsáveis pelo espaço fazem o que podem para manter

o caminho visível, uti-lizando algumas canas à laia de cerca improvi-sada e tentando que os utentes não se afastem muito do trilho previsto.

A restante caminhada fez-se a bom ritmo, com algumas paragens para observação dos fenó-menos que dão nome e vida a outras das EC´s residentes (a visita às amigas Orbitulinas não podia faltar!), e para constatar uma e outra vez as péssimas opções tomadas pelas auto-ridades, ditas compe-tentes, para lidar com o dinamismo da massa de areia.

Mais um Evento com letra grande, a provar, mais que tudo, que o EarthCaching goza de muita saúde e tem uma boa franja de adeptos (Hoje presentes cerca de cinquenta!)...

Texto / Fotos: Rui Duarte (RuiJSDuarte)

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Faz o trabalho de casa

M a N d a M e N t o s

p o r t i a g o V e l o s o

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As disciplinas mais chatas eram as que mandavam TPC com-plicados que rouba-vam preciosos minu-tos ao Batatoon... e atrasavam as com-plexas construções de Lego... Professores maus!!! Muito maus!E quem é que nunca teve uma falta de pre-sença porque o “cão comeu o caderno”? A aversão aos “trabalhos para casa”, “trabalhos para totós”, “tortura para crianças”, “todos para casa”, é universal e vem desde sempre.Digam lá, quem é que nunca copiou pelas soluções aqueles exercícios indecifrá-veis de matemática? E depois o professor

chamava-nos ao qua-dro e não sabíamos resolver nada?! Bons velhos tempos...

Mais tarde, muito mais tarde, aprendi que os TPC até tinham a sua importância no mundo dos estudos... e do Geocaching.

Quantas vezes dedi-quei preciosos minu-tos a procurar uma cache que não estava lá? (e essa informação era clara pelo elevado número de DNF...).

Quantas vezes che-guei a uma cache complexa que não pude logar, por faltar algum instrumento? (e havia referencia nos atributos...).

E aquele ribeiro cheio

de água? E eu sem calçado adequado...Ou a luz UV em falta...Ou as coordenadas que mudaram há 4 dias, mas a minha pocket era da semana passada...E aquele owner que nunca cria caches acessíveis? Se eu ti-vesse visto que era dele, tinha tirado uma folga de mais dias...Quantos metros de “abrir mato” fiz para chegar a uma ca-che que até estava num trilho? Porque não olhei para os waypoints?E se eu tivesse lido os logs que referem um erro de 38 metros?E quanto podia ter

poupado se tivesse reparado que a lis-ting dizia que o único acesso era num TT? Agora tenho o tubo de escape ao pendurão, maldito buraco!Fiquei mal habituado pelos TPC escolares... mas estes geocachia-nos raramente me es-capam. Os 4 minutos de leitura da listing e de visualização dos atributos, pode ajudar a poupar uns euros e alguns minutos de buscas.Agora, obrigo os meus miúdos a fazer os TPC todos os dias. Os es-colares.

Texto / Fotos:Tiago Veloso

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ENTREVISTA DE CARREIRA

SUP3RFMPor Rui Duarte

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Olá Hugo! Sê (final-mente) muito bem-vindo às páginas da GeoMag... Há já imen-so tempo que tens o “teu espaço” aqui re-servado e é para mim um enorme prazer poder ser mesmo eu a abordar-te para esta entrevista!Vamos lá revisitar es-tes teus dez anos de geocaching, neste que foi o teu último ano enquanto Revisor! E sim, já lá vão dez anos! :)Ups...sim, já não és Revisor... ...calma caros leitores, calma...já lá iremos!! :)

GM - Então, onde an-davas tu nos idos anos de 2005 e qual o papel do Geocaching nesse teu Verão? Onde co-meça a história dos SUp3rFM & Cruella?SP - A história começa um pouco antes, em 2004. Na altura, um amigo contava-nos que andava à procura de caixas com a ajuda de um GPS.Falava-se disso no IRC e gozava-se com a situação nos almo-ços entre amigos. A oportunidade de ex-perimentar, de nos mostrar como era, só surgiu no início de 2005. Foi nessa al-tura que procurámos as primeiras caches.

Procurámos, mas não as encontrámos. Fo-ram dois DNFs, uma no Pego do Inferno e outra junto à praia do Barril, em Tavira. Apesar de não as en-contramos, o bichinho ficou. Encontrei um GPS porreiro, um Ma-gellan Sportrak Pro no eBay que nos chega no verão de 2005. Após algumas sema-nas, surge a oportu-nidade para encontrar as primeiras caches com o novo username. A partir daí, a história continua, agora não tanto no geocaching, mas felizmente conti-nua fora dele.GM - Hum... A minha pesquisa não conse-guiu alcançar esse hiato temporal, pré SUp3rFM & Cruella... Registaste de alguma maneira esses pri-meiros DNF´s ou na altura não te pareceu ser necessário? Cal-culo que te estejas a referir à (já arquivada) Multicache Pego do Inferno [GCKRCB]do ppinheiro e à Armação do Barril [GCGTWC] do NCarvalho, cer-to? Esta última onde acabaste por vingar o DNF, já em finais de 2005. Está correcto?SP - Desse período não há registo online. Foi apenas uma intro-dução, para vermos como era. E, sim, fo-ram essas as caches.

Não as encontrámos, mas a emoção da procura motivou-nos a continuar. Afinal, a coisa tinha piada, mesmo quando se fica de mãos a abanar. O convívio, a descoberta, as piadas, acabam por ofuscar a frustração. O registo no geocaching.com só surge após a chegada do GPS. A partir daí, está tudo online.GM - Ok, voltemos então aos meus apon-tamentos [risos]! Es-tavam em Setembro de 2005 quando, já de Magellan em punho, encontraram o boni-to Jardim da Estrela e a cache alusiva ao mesmo, uma criação do Bargao_Henriques (curiosamente entre-vistado para o número anterior da GeoMag), de nome BH06 Es-trela Garden [Lisboa] [GCKH20]. Tiveram mais sorte que muitos outros geocachers... Esperamos o dia em que requalifiquem o miradouro para que a dita seja finalmente reactivada (e já lá vão muitos, muitos me-ses)! Conta-nos um pouco dessa desco-berta...foi um “Olha, afinal é verdade!” ou mais para o “A culpa foi do GPS” (ou me-lhor, da falta dele)?SP - Já não me recor-do muito bem. O GPS apontava para o local,

tinha lido a página da cache, não vi a dica (na altura dava direito a ser excomungado). Apareceu e assim re-descobri o jardim. Foi uma procura prag-mática. Apontava, procurei, encontrei. Sorte, talvez. Fiquei contente, claro! Des-cobri a cache e um local interessante. Sei que o espaço ao redor já foi melhorado, mas o local onde a cache está, parece condena-do. GM - Vemos também pelo vosso perfil que foram uns dias cheios decaches encontradas, esses da recta final de Setembro! Relem-bras alguma dessas buscas como algo de realmente especial ou andavas/am numa de revisitar Lisboa e ar-redores?SP - Foi um escape. O meu avô havia fa-lecido nos dias ante-riores e precisava de espairecer. Inclusive a Ana (Cruella) esta-va a trabalhar e eu tirei uns dias para ir apanhar umas ondas e umas caches. Com as crianças na escola, estava sozinho com a prancha e com o GPS. Ganhou o GPS/Geocaching. Foi uma excelente alternativa, como quase sempre o é. Ficamos com a ca-

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beça preenchida das possibilidades onde possa estar a cache e não nos sobra espa-ço para outras coisas menos positivas. Foi também uma redes-coberta. O geocaching revela-nos novos lo-cais, possam ser eles no topo de um monte ou no fim da nossa rua, sem que nunca tenhamos passado por lá.GM - Tens toda a ra-zão... consegue mes-mo ser um excelente escape! Ainda há pou-cos dias o usei como desculpa para uma voltinha de bike e dois “Found It”! Estava a sofrer da síndrome “Filho de férias com os Sogros” e precisa-va de pensar noutra coisa! E, mesmo a propósito, falemos de Família!

Tens uma “Team Fa-miliar”, certo? É/era costume as vossas saídasconjuntas ou nem por isso? Aproveitam/avam para fazer al-gum tipo especial de caches e passeios quando todos juntos (Jardins, etc.)?SP - Sim, o nick é da família. As crianças acharam piada, mas nunca ficaram parti-cularmente motiva-das para encontrar caches. Se fosse pelo caminho, numa saí-da para um jardim, eram capazes de falar no assunto, apenas nessas ocasiões. Não se criou o hábito, por uma razão ou outra, de vamos passar um dia inteiro a fazer geo-caching. Entre mim e a Ana, sim, já houve.

GM - Ora aí está algo que, até ver, nunca consegui fazer, um diainteiro dedicado ao Geocaching, nem com a minha mulher nem com o meu filho (ele ainda é pequeno, te-nho esperança). Têm algum desses périplos geocachianos como referência especial de “Olha que dia bem passado!”? Onde?SP - Uma das primei-ras aventuras conjun-tas foi a ida ao buraco da agulha, na Arrábida, à Six Feet Under [Arrá-bida][GCH618]. Para além da cache, do de-safio para se lá chegar, o grupo acabou por se juntar à mesa, ou seja, foi um dia bem passado! Tenho ainda como referência as idas em conjunto a Sintra à noite, no Dia das Bruxas, também

conhecido como o dia que o Vítor Sérgioencontra croquetes numa cache, a volti-nha 4x4 na região de Tomar, a ida à Serra da Estrela, dias de praia que depois acabam com toda a gente a procurar caches, etc. São muitos e difíceis de isolar, já que cada um teve sempre algo especial que o torna diferente, de uma for-ma positiva.Não digo que só em conjunto é que se vi-vem momentos úni-cos. Tenho também aventuras sozinho ou com a minha mulher com muito boas recor-dações!GM – Ok, falemos dos Amigos! Acabaste, obviamente, por criar laços de amizade com outros praticantes... “Cachadas conjuntas”

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são/eram um habitué do teu léxico ou nem por isso?SP - Se me pedissem para encontrar, numa só palavra, aquilo que o geocaching me deu, diria: Amigos. Sem dúvida alguma. Sim, estive (estarei?) em muitas aventuras, caches épicas, conví-vio, grupos, locais do além, mas os amigos que encontrei foram a melhor coisa que o geocaching me deu. Com eles e não só, já tivemos cachadas fantásticas, muitas histórias para contar...GM - Conta...conta! Podes começar por esse “Meetup” na Ar-rábida (como lhe cha-maram os Rifkindsss) e que foi bem concor-rido como podemos atestar numa foto de grupo disponibilizada

pelo btrodrigues num dos seus logs!Como se junta tan-to Geocacher em 2005?!? Eram já teus conhecidosmuitos dos compa-nheiros desse dia?SP - Honestamente, não me recordo com exactidão como tudo foi organizado. Teria sido num dos meetups em Lisboa? No fórum do geoca-ching-pt? Já não me lembro. Sei que era uma turma de pes-soal “boa onda” que estava ali para se di-vertir. Como era acon-selhado o uso de um capacete, lembro-me de ter ido na noite an-terior à procura de um à Decathlon. Achei en-graçado alguém estar a fazer exatamente a mesma pergunta ao

empregado da secção. No dia seguinte, des-fez-se o mistério. Era o Páscoa, do Porto! Não o conhecia, nem dos logs, nem das fotografias. Quais as probabilidades daquilo acontecer em 2005? Não comprei um capa-cete, fui com um das obras e sobrevivi. Já conhecia algumas das pessoas, não todas. Perdi o contacto com alguns, outros ficaram para a vida.GM - Falemos agora um pouco da tua face-ta de Owner. Alguma investigação revela que te iniciaste com um par de Multica-ches, ainda em 2005. As Let’s Play! [Lisboa] [GCR8WX] e A walk in the Park [Lisboa] [GCRH8W]. Duas boas caches (na minha opi-nião) em duas zonas

bem emblemáticas da cidade de Lisboa (a localizada no Parque das Nações goza por estes dias de “nova roupagem”! Leia-se “novos instrumen-tos”). Porquê este tipo, tens um especial apreço por Multica-ches? Julgo que seria/será mais habitual co-meçar-se pelas “sim-ples” Tradicionais.SP - Não tenho qual-quer preferência sobre determinado tipo de cache. Lembro-me de discutirmos como seriam as caches e a ideia comum: Mostrar os locais. Levar os geocachers do ponto A para o ponto B. É um conceito relativamen-te simples. Na “Let´s Play” mostra-se os instrumentos musi-cais, na “Walk in the Park”, uma parte do

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Parque Eduardo VII e o Pavilhão Carlos Lopes. Depois dessas surgi-ram as tradicionais e outras, apenas porqueachámos que se ajus-tavam melhor. A colo-cação das primeiras, fruto da nossa inexpe-riência, criou algumas dores de cabeças aos geocachers e algum impacto negativo nos locais onde estavam. Soubesse o que sei hoje e seriam diferen-tes. Sempre a apren-der... GM - Não tens prefe-rências sobre o tipo de cache em si...então e sobre as tuas “cria-ções” propriamente ditas? Colocaste duas dezenas de caches...reconheço, pessoal-mente, pelo menos meia dúzia delas como muito boas ca-ches e entre elas um trio que está no meu TOP! Destaco sem dú-vida as duas Navarone e a do Museu do Traje. Todas muito perto dos 40% de Favoritos, não obstante irem a cami-nho dos dez anos de existência.Tens algumas preferi-das entre aquelas que colocaste?SP - A escolher uma, seria a Guns of Nava-rone [Trafaria] [GCR-QT1]. Conheço aquele local desde criança, já

abandonado, e acho toda aquela envolven-te totalmente fora da realidade. Artilharia pesada, às portas de Lisboa, com uma vis-ta fantástica sobre a costa. Achámos que seria o local perfeito para uma cache. Não era preciso complicar. Coordenadas e cai-xa. O resto deixámos p ro p o s i tad am ent e para descobrirem. A Dress Code [Lisboa] [GCTYTF] foi uma ca-che que nos deu mui-to prazer em colocar e acompanhar o seu dia-a-dia. Foi uma preparação “by the book”. Contactámos a direção do espaço, propusemos o percur-so, os locais e fomos muito bem recebidos. Em pouco tempo con-seguimos o apoio do arquitecto responsá-vel pelo espaço e pela equipa de jardineiros. Aliados de força… que se riam com as buscas infrutíferas de alguns geocachers.Outra, por ser com-pletamente diferente das outras, que apre-ciamos bastante, foi a eMula. O desafio, o local, a página. Tudo bate certo, acredita-mos nós.GM - A eMula... essa “maldita”... [risos]! Ainda está na “To Do List”, hei-de perceber o que é para fazer! Outra cache vossa

que me parecia bas-tante diferente era a Stargate P38009 TB Cache [GC13TRB], uma das mais interes-santes de Monsanto, já arquivada. O que podes contar sobre a sua idealização e con-ceito?SP - As caches Star-gate são um conceito único. Um conjunto degeocachers, um pouco por todo o mundo, en-carregava-se de fazer passar os trackables depositados e envia-vam-nos por correio para outras caches da rede, as melhores ajudavam a cumprir os seus objetivos. Há quem não goste, na-turalmente, da ideia, já que os trackables não circulam de forma “legítima”. Creio ter visto a ideia a ser dis-cutida nos fóruns da Groundpseak e propus a criação de uma em Portugal. Foi interes-sante, mas algo dis-pendioso. Funcionou durante algum tempo e depois teve o seufim.Estava localizada no Parque do Monsanto por três razões: Ser razoavelmente perto da cidade, estar num local seguro, pelo que no meio da mata pareceu-nos o locar indicado e ter um ta-manho razoável, uma Ammo Box.

A eMula é simples. Está tudo, ou melhor estava, no eMule/a!GM - A outra “ver-tente” de ser Owner, promover eventos...olhando para o teu historial vemos que não é coisa em que tenhas sido muito profícuo.Não é/era a tua praia? Já como participante, mais de seis dezenas de attends... activos participantes mas não como organizadores, certo?SP - Não consigo iso-lar uma razão para tal. Acho que nunca nos moveu verdadei-ramente a criação de eventos, sem conse-guir explicar o porquê.No entanto, não dei-xamos de aparecer, e agradecer, em even-tos organizados pela comunidade.GM -Por falar em co-munidade, fala-nos um pouco sobre uma célebrereportagem para SIC, em Maio de 2007. Revela-nos os bas-tidores de uma coi-sa destas! Como se viram confrontados com tal mediatismo, o que acharam, como correu, etc.. Tudo, vá.SP - A reportagem já foi há alguns quilos atrás. Ainda tinha ca-belo!

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Creio que foi um con-tacto encaminhado por um geocacher, não me lembro de quem. A SIC gostava de mos-trar o que era o geoca-ching e nós aceitámos o desafio.Reunimos os mais pequenos e fomos para Monsanto. Mos-trámos uma cache do Regalla que havíamos adotado. À semelhan-ça de outras, creio que foi um bom retrato do que é o geocaching. Hoje serve para não só mostrar como é o geocaching, mas tam-bém para os miúdos brincarem uns com os outros pelas figuras que fizeram. Na rea-lidade, não há nada a apontar-lhes, estive-ram muito bem.GM - E as participa-ções na rádio? Confir-ma-me, duas? Ante-na3 e TSF? A da TSF julgo que também de Maio de 2007 mas em relação à outra não sei. Que tal?SP - Na TSF, o assun-to parecia ser mais sério. A rádio tinha um programa sobre curiosidades depois do almoço, durante a semana, e gostavam

de saber mais sobre geocaching. Aceitei o convite. É um mundo que me é familiar, mas a responsabilidade de representar algo tão fervorosamente aca-rinhado por muitos, num programa em direto, para uma lar-ga audiência, fez-me pensar várias vezes sobre ir ou não ir. Lá estive e não fui ape-drejado à saída. Pare-ce que correu bem.A reportagem na An-tena 3 foi uma peque-na participação. O João Lopes (Lopesco) e o Afonso Loureiro é que foram os responsáveis pelos contactos.Também foi em direto e, curiosamente, em duas caches nossas, na Guns of Navarone [Trafaria] [GCRQT1] e na Log it! [Pela Falésia à Lagoa #1] [GCY008]. Aliás, esse contacto acabou depois por ori-ginar uma reportagem na RTP1 com o João Lopes, também. Mais outro bom veículo de divulgação da ativi-dade, mesmo com o Lopesco a aparecer.GM - Entretanto foram “dando” as vossas ca-ches para adopção.

Uma opção natural com o abrandar da ac-tividade?SP - Sim, natural. Já o deveríamos ter feito mais cedo. Não é cor-reto deixar as caches abandonadas, sem a atenção devida, não obstante haver outras razões, como a vida fora do geocaching, que por vezes se in-tromete neste nosso passatempo. Por essa razão, as nossas des-culpas. Agora estão todas com novos do-nos, algumas arqui-vadas, prontamente substituídas por me-lhores experiências, certamente.GM - Hahaha [ups] Desculpa. Saiu-me uma gargalhada sem querer! Vou aprovei-tar esta tua primeira piada cáustica para fazer a transição para o SUp3rFM, o temível (ex)Revisor! Pode ser?SP - Temível? No trân-sito chamam-me, por vezes, coisas piores. Vou tomar temível como um elogio. Obri-gado.GM -E era, e era! [Ri-sos]

Ora, sensivelmente um ano depois do vosso registo no Geo-caching.com aparece o Reviewer SUp3r-FM... como é que isso aconteceu? Como é que se passa do “joga-dor” para o “revisor”! Tenho presente que antes de ti as caches eram revistas pelo re-visor Garri, espanhol, certo?SP - Sim, quando começámos, a revi-são estava a cargo do Garri, catalão, boa gente, genuinamente interessado em Por-tugal. Tanto que ficou motivado a aprender a falar e a escrever português! Eu estava interessado em saber mais e por isso fre-quentava o fórum da Groundspeak. Na altu-ra, Portugal não tinha um fórum dedicado, os poucos assuntos eram tratados num grupo genérico. Pedi a criação do espaço e em agosto de 2006, lá apareceu. O meu nick aparece assim ligado à função de moderador, partilhada com o Bru-no Rodrigues. Só em junho 2009 é que a Groundspeak me con-

“Se me pedissem para encontrar, numa só palavra, aquilo que o geocaching me deu, diria:

Amigos. Sem dúvida alguma.”

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siderou como revisor. Creio que esse convite surge da ligação que já tinha com a Grounds-peak e com os laços que mantinha com o Luís Garrido (Garri).Era necessário alguém local, mais presente, mais disponível, para fazer a revisão das caches em Portugal, Brasil, Cabo Verde e São Tomé. Aceitei, por muito avassalador que a função parecia ser nessa altura (e ainda o é).Por consequência, Espanha ia também perder o único revi-sor, pelo que durante muito tempo também assegurava a revisão das caches em Espa-nha, com a ajuda de um revisor americano. Tempos engraçados.GM - Não fazia mes-mo ideia! Pensava que tínhamos revisor “de-dicado” há bastante mais tempo... Por pouco não entrei no Geocaching.com ain-da no tempo do Garri.“Tempos engraça-dos.”, acredito! Um revisor Americano a publicar caches em Português e Espanhol devia ser bem inte-ressante de ver! Des-ses primeiros tempos, de que te recordas?!Lembras-te da pri-meira cache publicada

por ti? Do primeiro evento? SP - Antes do Garri, as caches em Portu-gal caiam numa pool de revisores que se ocupavam com “ou-tros territórios”, ou seja, países ainda sem grande expressão e

que facilmente, ape-sar da barreira da lín-gua, conseguiam rever e publicar caches. É uma estratégia que ainda hoje faz senti-do com países onde o geocaching ainda está pouco ativo. Com o alargar da equipa de revisão numa escala mais global, procu-ravam-se encontrar pessoas que ficassem com territórios com mais afinidade, Por-tugal e Brasil são um exemplo disso. Calhou ser eu.Recordo-me do receio. Principalmente isso, do receio, das dúvidas. Conversámos muito sobre essa responsa-bilidade, se aceitava ou não o convite. Era e continua a ser uma responsabilidade con-siderável, apesar de

estarmos a falar de um passatempo. Lembro-me da quantidade de informação que foi ne-cessário absorver, dos passos a tomar. Prin-cipalmente isso, sem contundo esquecer as boas reações que tive da esmagadora maio-ria da comunidade.

A primeira cache que publiquei foi a do Fi-lipe MightyReek, Dá-me asas... (Sesimbra) [GC1V1FX]. Calhou, mas creio que foi um excelente começo. O primeiro evento não me lembro, mas a res-posta está no IAAN, certamente.GM - E da primeira “confusão”? [risos]SP - Que confusão? Não me lembro de nenhuma. Lembro-me das dezenas (posso dizer centenas?) de emails, de cumpri-mentos, de abraços, de telefonemas, de até postais de para-béns e votos de força (não confundir com forca) para a função que desempenhava. As confusões, das quais não me recordo,

são todas esquecidas. As atitudes positi-vas, um obrigado, um cumprimento, acabam por fazer esquecer qualquer tipo de si-tuação mais desagra-dável que possa ter eventualmente acon-tecido...GM - Olha, olha... o po-liticamente correcto! [risos]! Não me lem-bro bem do SUp3rFM assim... recordo-me mais de ver referên-cias ao Opencaching (que me parece ter fechado portas), site usualmente citado como alternativa para os descontentes com os serviços da GS! Lembro-me de al-guém mais ao género do btrodrigues do que do vsergios! Já agora, qual o elemento da equipa actual achas que “herdou o teu estilo” (o que quer que isto queira dizer)? Mesmo na máxima “todos diferentes to-dos iguais” há alguns mais iguais do que outros!SP - Mau feitio, não creio. Pragmático, sim. Muito. As referências ao Opencaching ou a outro qualquer pas-satempo fora do geo-caching.com surgiam quando alguém dizia que era a última vez que fazia uma cache por qualquer razão. Nesses casos, ajudava a pessoa no sentido

“A primeira cache que publiquei foi a do Filipe

MightyReek, Dá-me asas... (Sesimbra) [GC1V1FX]”

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de eliminar essa frus-tração e encontrar uma alternativa. Não faz sentido insistir em algo de que não se gosta. Não somos todos iguais, mas ne-nhum é cáustico por natureza. Como já re-feri inúmeras vezes, nenhum revisor, em Portugal e no mundo, quer bloquear uma ca-che ou um geocacher porque sim. São de-masiadas caches, de-masiados geocachers para conseguirmos de forma racional, fria, calculista, dizer que A não vai publicar mais nenhuma cache, ou que no local Y não va-mos publicar nenhu-ma, só porque sim. Todas as questões levantadas no proces-so de revisão de uma cache visam a publica-ção de uma cache de

acordo com as linhas de orientação. O pro-cesso é falível e é bom todos tomarem cons-ciência disso mesmo. Não partam é do prin-cípio que o revisor, que todos os dias passa, pelo menos, uma hora a olhar para as caches do outro, vos esco-lheu para atormentar os vossos planos. É absurdo! Colaborem. Mesmo se acharem que a pergunta é es-tranha, ridícula, parva, colaborem. E, se por algum motivo aque-le vosso projeto não pode serpublicado, utilizem o que aprenderam com isso, a fazer um ainda melhor. Se o revisor está errado, ajudem-no a perceber o erro.Não acho que tenha um estilo particular e muito menos que

algum dos revisores tenha herdado algo. À semelhança do que acontece com os no-vos que entram, her-dam conhecimento, mas isso é desasso-ciado da personalida-de.Todos trabalham para que as vossas caches sejam publicadas. To-dos.GM - Vá, damos o benefício da dúvida e não insistimos muito no teu mau feitio...até porque, ninguém duvidará de que tens uma grande cota parte no desenvolvi-mento do geocaching por cá. Lembro-me perfeitamente de ler o teu nome vezes sem conta aquando da iniciativa da GS em eleger o Geocacher da Década, e respec-tivo paralelismo em

Portugal! Lembro-me também de ter visto a tua recusa em partici-par e/ou ser proposto.Lembraste disso? Podes partilhar as tuas opiniões sobre o assunto, a eleição em si e o porquê de não quereres ser envolvi-do?SP - Já disse que não tenho mau feito, se voltas a insistir, lem-bra-te que sei onde moras. Creio que a iniciativa foi do GeoPT. Gosto de actos públi-cos de reconhecimen-to. Acho que é assim que se motivam as pessoas a fazer mais e melhor, seja num pas-satempo, seja na vida profissional, etc.Recusei participar por achar que o processo de nomeação e par-ticipação não foi im-

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parcial, nem objetivo. Apenas por isso. Agra-deci as referências e nomeações de todos que o fizeram, mas achei melhor sair do processo. Mas, mais uma vez, reforço que iniciativas como os Prémios GPS, Geoca-cher do mês/ano/dé-cada são importantes. Motivam quem ganha, quem é nomeado, quem nomeia. No fi-nal, ganha a comuni-dade.GM - Vamos então à “grande questão”! Essa de seres o pri-meiro EX-Revisor Nacional... O que nos podes revelar sobre o assunto? Renuncias-te? Foste arquivado [muhahaha]? Deixas-te de ter a disponibili-dade necessária para essa tal hora despen-dida a tentar levar a bom porto a publica-ção de caches e afins?SP - Tirei uma espécie de ano sabático. Tinha muita coisa a aconte-cer ao mesmo tempo na vida profissional e já sobrava pouco tempo para a vida familiar. Por conse-quência, menos ainda para o geocaching e para a revisão. Deixei de ter disponibilidade e desfez-se a ligação. Amigos como sempre. É apenas mais um ca-pítulo da minha vida. Nesta altura, só tenho que louvar, agrade-

cer, erguer estátuas à equipa de revisão que teve queaguentar com a so-brecarga de trabalho. É uma equipa feno-menal, que dá muito para que milhares se possam divertir. Estou com uma dívida difícil de pagar para com todos. Só gente boa é que podia aguentar a situação sem pesta-nejar.GM - E nesse quebrar de laços, tiveste tem-po ou discernimento para dizer “Vou pu-blicar esta última ca-che!”? Lembras-te do último “Publish”? Foi ponderado/escolhi-do?SP - Não me lembro. Nem sequer foi sim-bólico. Curiosamen-te, esse é um mal de praticamente todos os revisores. Como pas-samos os olhos por centenas, milhares de submissões, acaba-mos por esquecê-las rapidamente. Um dos meus receios era de passar a saber onde e como estavam escon-didas as caches.Assim, o geocaching perderia interesse rapidamente, porque, afinal, já sabia onde elas estavam. Não podia estar mais en-ganado. Em minutos, já não me recordava onde era a cache X ou Y, se estava escondida

nos arbustos ou pen-durada numa árvore.É mais fácil de com-preender este fenó-meno se pensarem que os geocachers só estão a ver parte do trabalho de um revi-sor. As caches que são publicadas são a parte visível. O que não se vê ou sabe, e que por isso é difícil de contabilizar, são a quantidade de projetos que por uma razão ou outra nãosão publicadas.Naquele dia à noite em que recebemos uma Reviewer Note ou a publicação, pen-sem que esse é só um acto, das dezenas que o revisor já fez e fará de seguida. Não é fácil.GM - E estamos a falar de que altura? Quando cessaste es-sas funções? Como te sentes agora, que já tiveste algum tempo para “respirar”?SP - Creio que foi no final de 2013, início de 2014. Fui deixando e acabou-se a ligação. Esse momento, o de “respirar” começa assim que parei. No entanto, esse espaço acabou por ser ocu-pado pela vida profis-sional e familiar. São tempos vividos com outro prazer.GM - Do que consigo depreender, a visita (e “praxadela” à minha

pessoa) à minha de-funta Letter de Lou-res foi um dos teus últimos actos oficiais como Reviewer [ri-sos]! Digam-me lá o que vos passou na cabeça e que despole-tou essa brincadeira! Lembro-me que es-távamos numa altura em que se discutia muito as guidelines e algumas alterações (como sempre) e vo-cês “venderam-me” que tinham de rever “in loco a cache”, deri-vado de ser diferente do habitual. Algo até arriscado já que não conhecia nenhum de vós (SUp3rFM, Lopes-co e Btrodrigues).SP - Essa, entre outras, foi um dos momentos mais épicos da minha vida como revisor. A ideia surgiu numa das várias conversas que vamos tendo ao longo do dia sobre as caches em revisão. Achámos que era a partida ideal.Foi épico. A prepara-ção, a chegada ao lo-cal, a tua reação, tudo. Foi particularmente interessante quando a partilhámos com a restante comunidade de revisores e com a Groundspeak. Ficaram todos espantados pela forma como “montá-mos” a partida.Serve também esta história para sustentar a ideia de, apesar de

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parecer contraditório, os revisores são aque-les que mais relevam e que menos levam a atividade a sério, de forma sisuda, zanga-da. Encontramos, em qualquer situação, sempre algo para nos fazer rir, mesmo na-quelas mais críticas.Há quem goste dema-siado de geocaching, tanto que turvam a vi-são e a capacidade de análise. Relaxem, é só um passatempo.GM - Épico mesmo! Ainda mais com a chegada daquele gru-po armado, liderado por um Superinten-dente de uma das forças policias (que não chegou a tempo de nos ver)! Aprovei-to para te agradecer não teres “passado cartucho” ao Bruno, que queria arquivar a cache on the spot por causa dos “tro-pas” e teres servido de interlocutor entre a comunidade geo-cachiana, que ali era eu, e os responsáveis pelo espaço. Entrada de leão no campo das Letters, naquela que me parecia ser uma excelente cache (mo-déstia à parte). [risos]Só mais uma pergun-ta relacionada com os tempos de revisão...como foste vendo a entradas dos restan-tes elementos? Podes

revelar alguma coisa do processo que adi-ciona novos elemen-tos à equipa? São vo-cês, voluntários, que pedem reforços com o evoluir da actividade ou são os “patrões” que notando o incre-mento de publicações se chegam à frente?SP - Onde é que já se viu um grupo de adul-tos a brincarem com réplicas de armas ver-dadeiras que disparam bolinhas de plástico? Que criancice… Se ao menos usassem equi-pamentos GPS para encontrarem caixas de plástico!A entrada de novas pessoas é sempre positiva. Para além da capacidade aumentar, sempre é mais uma pessoa para ajudar no processo de deci-são. Os revisores não sabem tudo na ponta dos dedos. É por vezes necessário debater as ideias apresentadas, até porque muito do fascínio da atividade nasce da imaginação dos participantes, sempre na procura de novos conceitos. Quanto ao processo, não posso revelar. É um procedimento in-terno da Groundspeak. Eles aparecem quan-do se acha necessário aparecerem.GM - Afinal eram duas perguntas. E o au-

mento exponencial de caches para rever?Chegavas ao PC e “*%&%&&$! Mais du-zentas?!?!”? Alguma vez houve um dia em que não caísse qual-quer coisa na queue?SP - Exactamente: “*%&%&&$! Ainda há uma hora se limpou a fila de entrada e já lá estão mais 50?!”. Sim, aconteceu muitas ve-zes. Nunca houve um dia sem uma cache nova para rever, nem um email ou Reviewer Note para responder. É um emprego a tempo inteiro, todos os dias. É uma atividade que não respeita qualquer feriado.GM - Hum... Esqueci-me de perguntar pela origem do teu avatar! Na Geochurrascada do ano passado fui apresentado a um gigantesco cone (com chapa de TB e lo-gbook), “igual” ao que te serve de chapéu no avatar de revisor...está relacionado?SP - Na primeira Geo-churrascada que fui, o travel bug [TBK3T0] do Bruno Rodrigues andava a circular de cabeça em cabeça. Modéstia à parte, achei que a foto me favorecia. Adotei-a como meu avatar. Curiosamente, no princípio da “carrei-ra”, houve muitos ar-

quivamentos devido a situações que se prolongaram durante muito tempo. Achei uma coincidência inte-ressante.Assim ficou.GM - Do que depreen-do pelo vosso perfil, a última grande jornadageocachiana foi por terras do Tio Sam, uma barrigada de ca-ches antigas (virtuais) em Fevereiro de 2012.Confirmas ou tens uma daquelas páginas de “notas de campo” carregada de Founds (ou DNFs) por regis-tar? Foi propositado ou “atravessam-se no teu caminho”, como é usual dizer por estes dias?SP - Quando viajamos, e porque o interesse principal não é o geo-caching, selecciono caches que estão ao longo do caminho de dificuldade baixa, acesso rápido, tradi-cionais, virtuais, we-bcams e earthcaches. Tudo o resto é ignora-do. Tenho field notes desde então, entre as quais um found na GC23. Ainda não as registei, mas vou fa-zê-lo um dia.GM - Tens acompa-nhado, neste último ano e meio, de alguma maneira a evolução do panorama geoca-chiano ou esse “ano

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sabático” ainda não terminou?

SP - Tenho acompa-nhado de longe. Não sei como está, mas imagino que tenha melhorado. O balanço geral é sempre para melhor numa ativi-dade que depende da imaginação dos seus participantes. As más ideias serão sempre ofuscadas por novas e brilhantes ideias.

GM - E agora? É pro-vável encontrarmos em breve assinatu-ras dos SUp3rFM & Cruella por aí ou será mais simples darmos contigo à mesa de um qualquer estabele-cimento, em amena cavaqueira com um

grupo de “incógnitos” geocachers?

SP - É possível. Cos-tumo frequentemen-te estar à mesa com geocachers, grandes amigos que são… Incógnitos, é relati-vamente frequente encontrar alguns pela cidade quando cami-nho, quando corro, etc. Há sempre algo que nos denuncia entre nós. A partir daí, é fá-cil meter conversa. O gelo quebra-se assim que se diz “Precisam de uma dica?”.

GM - Muito obrigado Hugo pela disponibi-lidade e simpatia com que

abraçaste mais este desafio na tua já lon-

ga “carreira” de geo-cacher!

Aqui, nos bastidores da GeoMag, espera-mos sinceramente que tenhas (pelo me-nos) outros tantos anos envolvido neste nosso hobbie! Um último pedido, para darmos por encerra-das as hostilidades... Recomenda-nos um par de caches que te encham as medidas para que possamos “aguentar” melhor este intervalo que nos separa da próxima re-vista!

SP - Por natureza, sempre achei mui-to difícil encontrar o top absoluto entre as coisas que gostamos

como a melhor mú-sica, o melhor livro, melhor filme. Aconte-ce o mesmo com as caches. Que caches recomendo? Difícil, muito difícil. Aliás, não o consigo fazer. Descubram-nas vo-cês. Pode ser uma no fundo da vossa rua ou no topo de uma serra. Nunca se sabe. É a beleza da coisa. Divirtam-se, sozinhos ou com amigos, não levem isto demasiado a sério. Agradeçam a todos, owners e revi-sores.

Texto: Rui Duarte / Hugo Silva

Fotos: Hugo Silva

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Time capsulew a y M a r k i N g

p o r r a z a l a s

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Nesta edição da Geo-Mag decidi destacar um Waymark da categoria “Time Capsules”, a “Caixa do Tempo” [WMN980] que se encontra em Ma-tosinhos, no jardim do Palacete do Visconde de Trevões (nas traseiras da Câmara Municipal). Encontrei-a por acaso durante o percurso de uma Wherigo cache que existe na zona.

Uma “Time capsule” é, como diz a descrição da categoria, uma forma de enviar informação acer-ca de uma determinada época para o futuro. A forma como isso se processa é colocando mensagens e/ou obje-tos representativos do espírito desse tempo dentro de um contentor, selá-lo da melhor forma

possível e assinalar a sua localização com um pequeno monumento ou placa (com as indica-ções de quando foi colo-cada e de quando deve ser reaberta).

A razão pela qual des-taco esta categoria é porque considero as “Time Capsule” uma forma rudimentar das tão desejadas viagens no tempo, uma vez que põem em contacto pessoas de diferentes épocas. Deve ser incrível abrir uma destas coisas, pois é como se alguém de uma época passada, com a qual nunca terias oportunidade de te cru-zares, te descrevesse as certezas e incertezas do seu tempo.

Há cerca de um ano atrás foram abertas duas nos

Estados Unidos. Tinham sido seladas há mais de duzentos anos e den-tro das mesmas foram encontradas moedas, jornais do dia em que foram seladas, livros, mensagens, entre ou-tras coisas.

Contudo, a que consi-dero mais fascinante, é a “Detroit Century Box”, que, apesar de ter es-tado fechada “apenas” 100 anos (de 1900 a 2000), continha 100 cartas de personali-dades relevantes da época com comentários e dados acerca da vida em 1900, bem como as suas curiosas previsões de como a cidade seria em 2000. Um exemplo dessas previsões é a dos Comissários da Polícia de Detroit que previam

que no futuro os prisio-neiros fossem transpor-tados para a esquadra da polícia por meio de tubos pneumáticos.

Infelizmente a criação de “time capsules” ain-da é uma prática muito americana e em Portu-gal não tinha conheci-mento da existência de nenhuma, até me cruzar com a do Waymark re-ferido no início do texto, selada e enterrada em 2010 e que será aberta em 2035. Segundo os seus criadores, esta contém previsões de como será a Europa nesse ano e, apesar de ser uma curta “viagem no tempo”, gostaria de estar presente aquando da sua abertura.

Texto / Fotos: Pedro Salazar (Razalas)

Ícone da categoria Time Capsules

Caixa do Tempo [WMN980] http://tinyurl.com/otzy7yp

Detroit Century Boxhttp://tinyurl.com/pd526uo

Time capsule com 220 anoshttp://tiny.cc/10oc4x

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GC6

PÉ DE CABRILGCZBTH

Por ZéSampa

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O Gerês ou o Parque Na-cional da Peneda-Gerês, na sua expressão mais lata, permanecerá para todo o sempre asso-ciado à prosa e poesia de Miguel Torga, exímio mestre alquimista, hábil no acto de transformar em palavras a inefável beleza das imensas serranias destas monta-nhas. O encantamento e deslumbre não será difí-cil de entender, pois todo aquele que, tal como o mestre, ouse cirandar pelos seus intemporais trilhos, certamente per-der-se-á em palavras de arrebatadoras visões e indiscritíveis sensações.

Divagando pelas suas entranhas, deixando-nos levar pela brisa do vento, a alma parece reencontrar o corpo simples e despido por entre o nu da rocha cal-

va característica destes granitos. Na dureza das suas quase que in-findáveis expressões, dominando a linha do horizonte erguem-se ca-prichosas formas da ero-são, afirmando-se em incontáveis picos, entre os quais, a 1238 metros de altitude, eleva-se o imponente Pé de Cabril, a “pétrea majestade” de Torga.

O emblemático rochedo desde há muito que se assume como “local de peregrinação” de vultos de renome da cultura nacional, arrogando des-taque na literatura de Torga ou na pintura natu-ralista de Artur Loureiro. O desejo de dominar as suas formas desde sem-pre seduziu o homem que na sua insignificante e efémera existência al-mejava conquistar o seu

topo. Assim, não é de estranhar que este te-nha sido um dos berços da escalada em Portu-gal, modalidade que nos anos 30 deu alguns dos seus primeiros passos na parede oriental deste icónico colosso.

Inevitavelmente o fas-cínio da indelével obra da natureza, prorrogar-se-ia até ao nosso dias, clamando por contínuas conquistas, mais que não fosse pelo alcançar dum cobiçado plástico, simples contentor de ex-periências e superações plantado num cenário de transcendente beleza. Todavia, não seria antes do agora longínquo Ou-tubro de 2006 que, pelas mãos da lendária equipa d’Os Cacheiros Viajantes (Cache-a-lote, Cacha-pim, Ouriços Cacheiros e Robin da Mata), surgiria

o tesouro que assinalaria no panorama do Geoca-ching nacional o domo granítico do Pé de Cabril.

A equipa, muito antes de se estrear no Geo-caching, cedo deu início ao contacto próximo com a montanha. No caso do Cache-a-lote e do Cachapim, principais responsáveis pela colo-cação da cache, a prática da caminhada e do cam-pismo selvagem teve início no seu tempo de estudantes algures na Serra da Freita e Arouca, a sua “praia iniciática de montanha”. Todavia, não obstante o grupo ter feito anteriormente uma ou outra incursão pelo PNPG, como foi o caso da Fenda da Calcedónia [GCGZCK], foi só com a descoberta de vários locais dados a conhecer pelo Geocaching – entre

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Há sítios do Mundo que são como certas existências humanas: tudo se conjuga para que nada falte à sua grandeza e perfeição. Este Gerês é um deles. Acumulam-

se e harmonizam-se aqui tais forças e contraste, tão

variados elementos de beleza e de expressão, que

o resultado lembra-me sempre uma espécie de

genialidade da natureza.”

Miguel Torga, Diário VII

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os quais se destaca a ca-che Stairway to Heaven [GC640F] dos GreenSha-des – que surgiria a ideia de assinalarem a sua presença na imensidão geresiana.

E assim, tendo como missão primordial a “(…) partilha de lugares que podíamos fazer chegar a outros, na exacta medi-da em que também nós ambos (Cache-a-lote e Cachapim), recém-che-gados a essa actividade, nos víamos a agradecer por alguns lugares que outros nos deram a ver (…)”, nascia a ideia de assinalar o topo do Pé de Cabril.

O local seria descober-to pelo Cachapim cuja “(…) primeira referência surgiu numa pesquisa que referia os poucos degraus metálicos cra-vados na parede como exemplo de via ferrata em Portugal (…)”. Depois, naturalmente, surgiram as demais referências à escalada e ao fascínio que o afloramento ro-choso exercera sobre al-guns artistas nacionais, circunstâncias a que se aliava um irresistível

chamamento de con-quista.

Porém, a demanda, tal como qualquer grande aventura por entre vales e encostas montanho-sas, começa bem antes de se alcançar o alme-jado topo, sendo que as alternativas para aí se chegar são diversas.

Assim, de entre as várias opções, possivelmente a forma mais fácil e directa de aceder à base do gi-gante é aquela que parte desde a Portela de Leon-te [GC4W2EP], seguindo o trilho que sobe em direcção à encosta, com início junto à antiga casa do guarda. O percurso com cerca de 2,5 quiló-metros marcado por al-gumas mariolas, apesar do declive acumulado, não apresenta dificul-dades de maior e em pouco mais de uma hora conduz-nos ao início da ascensão propriamen-te dita. Em alternativa, poderá iniciar-se a cami-nhada na casa do guarda da Junceda, num per-curso cujos quilómetros iniciais acompanham de perto a pequena rota do Trilho Interpretativo

das Silhas dos Ursos [GCYHJ1], seguindo depois em direcção ao apelidado planalto do “Planeta dos Macacos” até atingir o Covelo, num total aproximado de cer-ca de 5 quilómetros.

Foi precisamente este último trajecto o esco-lhido pela equipa (repre-sentada pelo Cachapim e o Cache-a-lote) para, numa primeira aborda-gem, visitarem o local. Visita que apesar de lon-gínqua não foi esqueci-da, permanecendo bem gravada na mente des-tes expedicionários. Tal como refere o Cache-a--lote: “ainda lembro que para a colocarmos, eu e o Miguel/Cachapim, que não conhecíamos o local, tomamos o caminho que não mais repetimos, o caminho no qual se vê o Pé de Cabril, não de frente mas por trás, sen-do difícil imaginar aquilo que da estrada se vê ao longe, cuja lenta apro-ximação foi sendo um lento deslumbramento pela geologia e paisagem daquela zona.”

De qualquer modo, in-dependentemente do

caminho que se escolha, esse deslumbramento estará sempre presente nestes trilhos. Percor-rê-los é, quiçá, o maior dos encantos destas pa-ragens. Aqui cada passo significa muito mais do que simples centíme-tros, metros ou quiló-metros. Cada passada é uma decisão! Uma mani-festação do livre arbítrio. Um encontro rumo à liberdade apenas alcan-çável na natureza bruta destas paisagens.

Ainda assim, não obstan-te cada recanto reservar uma infindável panóplia de visões e sentimentos, a experiência, tal como a paisagem, ver-se-á para sempre dominada pelas formas austeras daquele pico. Este, na sua eterna perenidade, quebrando a serenidade daquelas encostas, assume-se como rei e senhor do ho-rizonte, alto e imponente como que gritando: “Es-tou aqui! Venerem-me! Curvem-se a meus pés em submissa glória!”. Mandamentos que, após a chegada às raízes do seu corpo, ganham uma nova expressão. Aí, a

“Porém, a demanda, tal como qualquer grande aventura por entre vales e encostas montanhosas, começa bem antes de se alcançar o almejado topo, sendo que as alternativas

para aí se chegar são diversas. ”

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submissão, perante a imensa verticalidade da sua figura, será imedia-ta, esmagando-nos em dúvidas e incertezas, le-vando-nos a questionar se existirá forma possí-vel de domar o seu ego. Felizmente, seguindo o rasto das pisadas indi-cadas pelos owners, eis que se revela o sinuoso trilho, abrindo caminho rumo à conquista da (quase) impenetrável fortaleza.

Passo a passo, percor-rendo as acidentadas rugas da criatura, com alguma determinação, rapidamente chegamos à profundeza das suas entranhas. Aí, eis che-gada a hora da devida vénia, rastejando pelo âmago da sua robustez disforme em busca da ténue luz que do outro lado espera à sombra do moribundo carvalho. Ultrapassada a escura fenda, seguindo pela ro-cha, o caminho torna-se cada vez mais evidente conduzindo-nos com

relativa segurança até à outra margem, onde, num só golpe, esten-dendo-se em inúmeros vales ofuscados pelo cintilante espelho d’água da albufeira da Caniçada [GC31B13], a magnitude da paisagem anuncia-se em todo o seu esplendor.

Neste ponto, com o topo à distância de três delicados e vertiginosos passos, o ferrugento metal cravado na rocha, assume-se como o ob-jectivo final da ascensão, “la pièce de résistance” da sublime obra (cfr. log do prodrive). Porém, ainda que os singelos passos rodeados pelo abismo abrupto não se avizinhem fáceis, o hip-notizante apelo de con-quista falará mais alto, seduzindo--nos num inexplicável assomo de força e coragem que, tal qual chamamento abso-luto, rasgará os céus em odes de glória, clamando a hercúlea conquista do incrível colosso!

Chegados ao topo, na transcendência ine-briante do momento, a sensação de conquista, emoldurada pelo singu-lar quadro natural, com-pensará todo e qualquer receio. Desde o cume, contemplando o hori-zonte, na vastidão de al-tos e baixos da paisagem é possível avistar outros emblemáticos picos destas paragens. Assim, entre os relevos, tendo como pano de fundo o casario de Covide e do Campo do Gerês, ergue-se a Calcedónia e o Tonel [GC4TYKJ], isto enquan-to, na outra encosta, acima do verdejante vale dominado pela Mata de Albergaria [GC1Q4DP], assoma-se o Borrageiro [GC1471Q], senhor do coração geresiano. Como se tal não bastasse, como que desafiando a esguia figura da albufeira da Caniçada, e por entre as formações rochosas, dum inconfundível azul, irrompem os contornos da albufeira de Vilarinho

das Furnas [GC34ZRP] delimitada pelas encos-tas da Serra Amarela, eterna guardiã da aldeia subaquática [GC1220J].

No fundo, a sublime visão aliada ao senti-mento de conquista e superação, será o gran-de tesouro deste caixo-te, cuja lenda perdurará no tempo, lado a lado, com a intemporal beleza destas montanhas, rei-no mágico de mil e uma formas graníticas. Cir-cunstâncias que tornam o secular tesouro num dos mais carismáticos deste Parque, ao qual a comunidade atribuiu o privilégio de figurar entre as caches nomeadas aos Prémios GPS da Década. Agora, desafiem-se e deixem-se levar até ao topo desta desmedida necessidade de ir mais além, conquistando o imenso colosso de pedra que, “na margem de lá, (…) solene,” parece espe-rar “(…) o abraço duma ascensão.” (Miguel Torga, Portugal)

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1 - Como descobriram o Pé de Cabril?

Todos nós, os membros d’Os Cacheiros Viajantes, conhecíamos já zonas do PNPG, mas não muito. No meu caso e do Miguel/Cachapim a nossa ‘praia iniciática de montanha’ em tempos de estudante, e falo de caminhada e de campismo selvagem (mas já cumprindo, na altura, a regra de nada deixar para trás, lixo incluído) não fora o Gerês, antes a Serra da Freita e Arouca. Claro que já fizéramos uma ou outra incursão – e falo dos anos 80, no tempo comum a todos nós, da faculdade – como foi o caso da Fenda da Calcedónia, mas sem-pre em modo de caminha-da para piquenique, e um ou outro passeio de carro que depois e em conjunto fizémos.

Efectivamente foi só de-pois do Miguel nos/me iniciar no Geocaching, em 2005 que retomámos quase em conjunto o pra-zer da caminhada, que todos, creio, ainda man-temos, algumas vezes em conjunto, e para as quais, ocasionalmente, nos de-safiamos mutuamente.

O caso do Pé de Cabril – e confesso: tive de abrir o site para saber que talvez tenha sido a nossa 2ª ou 3ª cache – a ideia foi do Miguel, quando após colo-carmos a nossa 1ª na Ser-ra d’Arga – nos desafiou a colocarmos uma no Gerês que já nos chamava sem que soubessemos ainda como.

De facto mal lembro mas ainda lembro que para a colocarmos, eu e o Miguel, que não conhecíamos o local, tomamos o caminho que não mais repetimos, o caminho no qual se vê o Pé-de-Cabril, não de fren-te mas por trás, sendo di-fícil imaginar aquilo que da Estrada se vê ao longe. Te-nho algumas fotos, poucas é certo, dessa caminhada, e de facto, a lenta apro-ximação que fizémos foi sendo um lento deslum-bramento pelo geologia e paisagem daquela zona, incluindo algumas que as poucas fotos que ilustram a cache mostram.

Portanto e indo directo à tua pergunta, penso que o Miguel quando pensou no local, respondeu a um chamamento, e que eu, com ele, partilhei, de partilha de lugares que podíamos fazer chegar a outros, na exacta medida em que também nós am-bos, recentes chegados a essa actividade, nos víamos a agradecer por alguns lugares que outros nos deram a ver; e aqui te-nho de facto, de referir, as primeiras caches que eu e ele fizeramos na Peneda-Gerês, nesse mesmo ano, da autoria de uns senho-res chamados ‘GreenSha-des’, como sucedeu com a ‘Stairway-to-Heaven’. Conclusão: há sempre al-guém, atrás, que motivou outros, à frente, a promo-ver esse tipo de partilha. Ainda bem que assim é.

2 - De que mais gostas no local e que recordações te traz o momento em que esconderam a cache?

Começo por dizer uma coisa: decerto quase todos nós temos um pouco de celta, povo que por cá ha-bitou e construíu, na maio-ria dos casos, uns castros, visíveis e alguns ainda em bom estado, no topo de montes como sucede tan-to no litoral como até no Douro, nas arribas.

Sucede que agora ‘nós’ (nós no sentido geral, de pessoas) não estamos propriamente virados para a construção; é mais para o lazer, mas mesmo assim, parece que é sina, querer-se chegar ao topo, a qualquer topo, olhar, e talvez vigiar a aproxima-ção de quem quer se apro-xime ‘sem amizade’. Claro que brinco com isto mas não deixa de ser engraça-do e curioso este vício de conseguirmos ultrapassar as limitações que essa maldita ‘senhora’ de nome ‘gravidade’ impõe

Mais a sério: quem viajar em direcção ao Gerês, por Póvoa de Lanhoso e vilas/aldeias seguintes, depressa repara naquele promontório, vigiando essa entrada para a Vila. Na altura em que a colo-cámos não existia nenhum azulejo com o que agora está, desde o ano seguinte à sua colocação. Para nós a ‘ascensão’ sempre foi e é de outro tipo. Mas colo-cá-la lá, zona que na altura nem sabíamos já ter sido usada para escalada, não posso dizer que tenhamos sofrido da bebedeira de altitude, não, é o caso, que ambos não sofremos de vertigens, mas é sempre o chegar ao topo, mesmo

que haja outros topos mais altos. No entanto lembro uma coisa: dessa ascensão a dois, e já de-pois de subir as escadas, creio que, na altura um ‘pouco mais elegante’, ten-tei e acho ter conseguido passar por uma fenda e imaginarão os outros o que é sempre passar por uma fenda!!! (sorrisos, e não falo da ‘fenda-gruta’, na base), para chegar ao plano onde decidimos colocá-la. E confesso: agora, e contra todas as expectativas, legítimas, que o tempo permite, a dita fenda que na nossa última incursão voltei a tentar, parece estar mais aconchegada, sinal que os tempos são definitiva-mente outros e parecem não perdoar. Mas aceita-se que o tempo corra con-tra nós; mas também nós contra ele.

3 - Há algum log que te/vos tenha marcado de al-guma forma diferente ou especial?

Confesso que embora re-ceba notificações não abro o log da cache para ler a maioria, embora de vez em quando vá lá espreitar. Sei que foi sempre nosso objectivo recolher fisica-mente o logbook quando necessário substituí-lo por outro.

Não recordo nenhum es-pecial, excepto aqueles primeiros, antes de visão assombrosa (que lá em cima se tem) se espalhar. Esse deslumbramento passado a palavras por muitos desses primeiros que lá foram – e decerto muitos que ainda agora lá

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vão pela 1ª vez com a re-petição desse deslumbra-mento – palavras desses que ascenderam, todos, que exigiram bem mais que meros ‘fenomenal’, ‘maravilhoso’, ‘que espan-to’, a esses posso dizer e será comum a todos os membros do grupo, que conseguimos que falas-sem e se maravilhassem pelo que o espaço em volta permite ver. Esses e são bastantes, recordarei e recordaremos.

Talvez um ou outro log, não sei se nesta ou nou-tra, em que um pai e uma mãe, inicia um filho/a de poucos anos a calcorrear em descoberta. Se nesta cache há algum assim, certamente é um daqueles que devolve um pouco de emoção a todos nós que a colocamos.

Uma nota final: em todas as caches, poucas, que colocámos, nunca fizémos questão de lhe dar um esconderijo difícil de en-contrar. O objectivo nunca foi esse ultimo passo mas antes o percurso de che-gar lá, e chegando lá, dar a satisfação minima de a encontrar. Sei que a alguns chateará percorrer um tri-lho e nada encontrar, mas o nosso objectivo, mesmo que não seja encontrada, mas estando lá, foi pri-mordialmente cumprido: levar as pessoas até lá; foi assim com esta como com todas as outras.

4 - Algum dia pensaste que a cache pudesse so-breviver durante tantos anos após a sua coloca-ção?

Confesso (e aqui repito-me mas não estou em contrição) que não; julgo que nenhum de nós dirá que esperava que tal su-cedesse, embora o seu desaparecimento pontual não seja algo a menospre-zar.

Não faço ideia se há ainda caches activas dos pri-mórdios do Geocaching (e esta nem das primeiras), e activas pelos mesmos que as colocaram. Decerto que haverá, e decerto até bas-tantes. Mas permanecer lá e servir de iman para que outros gozem o espaço que a caminhada e o local permitem, tenho de reco-nhecer que também isso dá um gozo e uma satis-fação especiais pela pere-nidade das poucas caches que colocamos, e poucas porque a cada uma demos um especial significado.

Portanto, a resposta é não e não deixa de ser in-teressante perguntar até quando, mesmo que não imaginemos a resposta.

5 - Como encaras o suces-so da cache após quase 10 anos de existência?

Eu pessoalmente não encaro as coisas, estas coisas, nesse prisma de sucesso, embora entenda o sentido da pergunta. E no prisma com que a fa-zes, só tenho a resposta que atrás dei: algo, e algo definido, no ser huma-no, chama pela natureza bruta, mesmo que seja apenas ao fim de semana. E a natureza bruta coloca sempre desafios a que o Homem se entrega e, pelo menos, achar que ven-

ceu. Decerto haverá logs em que alguns desses caminhantes pensaram não conseguir, mas tendo conseguido, deu-lhes algo que queriam mas talvez não esperassem, Mais uma vez, se tal sucedeu com algum dos que lá foi, só podemos dizer: ‘Ópti-mo. Bem vindo. Olha daqui ..e tent aver mais além.’.

6 - Como foi revisitar recentemente a cache e ver pela primeira vez um dos elementos da equipa conquistar o topo da for-mação rochosa (refiro-me à nota de 24/06/2015)?

Foi óptimo, até porque foi um percurso novo que fizemos, escolhido pel’Os Ouriços Cacheiros’. No meu caso, até foi a 3ª vez que lá fui, duas delas com o Miguel/Cachapim, e das três vezes, sempre por percurso diferente. E interessante até porque, sendo o PNPG uma zona natural mas humaniza-da, e isso é bom ninguém esquecer - não é propria-mente um ‘Wild Noroeste’ – percorremos zonas onde encontrei bem mais orquí-deas, entre outras plantas do que foi possível das outras vezes e nos outros percursos, sinal que, vas-to que é aquele espaço, e apesar disso bastante visitado, há ainda muito por calcorrear e descobrir e com isso encontrar o tal deslumbramento pai-sagístico com tudo o que uma zona semi-selvagem pode dar.

Quanto ao facto do ‘Fer-não/Ouriço Cacheiro «Alfa»’ ter ascendido e pela 1ª vez, ao topo, ul-

trapassando o ‘mal dos planos inclinados e da profundidade do que está lá em baixo’, confesso que terá sido algo que ele(s) terá decidido fazer, mes-mo não sabendo se o faria, e sem que nós soubesse-mos antecipadamente.

Não lhe perguntamos se-quer quanto tempo terá durado o processo de decisão: aconteceu e de certeza ele, bem mais que qualquer um de nós, terá dito: ‘Ora bem: assunto fe-chado’, pese embora saiba que não dirá: ‘Ora bolas: se era só isto ..já o podia ter feito antes’; Isso, sei, ele não dirá.

Se alguns de nós, por mera questão de oportunidade, tem uma ou outra cache, das que colocamos, e que nunca visitamos, no caso desta e só desta, ele es-tava em falta. O facto de já crescidos ‘Os Ouriços juvenis’ serem capazes de fazer a ascensão sem problema algum terá dado uma contribuição mas não o empurrão, pelo que só podemos, todos nós, estarmos satisfeitos. E satisfeitos, e mais uma vez me repito, é como se houvesse uma lacuna na nossa existência (exage-ro!) sendo certo que a vida de cada um de nós está empedrada de lacunas.

Mais uma vez obrigado pela colaboração!

Texto: José Sampaio (ZéSampa), Carlos M. Silva

(Cache-a-lote) e Miguel Alexandre Salgado (Cacha-

pim)

Fotografia: José Sampaio (ZéSampa)

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GEOCHURRASCADA 2015e V e N t o

p o r r u i j s d u a r t e & H o M e N s d a l u t a

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O objectivo inicial da presença na GeoChur-rascada deste ano era comemorar o seu déci-mo aniversário fazendo uma retrospectiva das suas já 11 edições…

Afinal não há assim tan-tos eventos regulares que consigam perdurar no tempo, de forma ininterrupta, de modo a poderem comemorar os dez anos de existên-cia (são tão poucos que este é mesmo o único). Acontece que essa re-trospectiva já foi feita!

Na extinta Gz Portugal saiu uma peça do gé-nero pelo que não nos pareceu relevante vol-tar a fazer tal coisa... O foco mudou então para: primeiro, uma reporta-gem in loco, ver com os nossos próprios olhos o que continua a fazer da GeoChurrascada um dos eventos de referência do Geocaching Nacional e que, como apregoam os seus organizadores, marca a rentrée anual deste nosso hobbie e, segundo, saber da boca dos seus actuais or-ganizadores, os HdLG, algumas opiniões sobre a história, passada e presente do Evento (his-tória e estórias).

Foi com isto em mente que ainda antes das dez da manhã já me encon-

trava no interior do fa-moso Parque Municipal do Cabeço de Montachi-que, em busca daquele que, segundo me disse-ram, foi o local onde se realizou a primeira das edições... E não foi fácil! Tive mesmo de recorrer à app da GS para localizar o gz, tal a forma como está escondido aquele pedaço do parque. Não desfazendo do restante espaço, ali é, parece-me, o sítio ideal para a realização deste evento! Calmo, recôndito, acon-chegante, íntimo... Ad-jectivos que certamente passaram pelas mentes dos que puderam estar ali presentes a 20 de Setembro.

À nossa chegada apenas dois companheiros já lá estavam, dois Homens da verdadeira Luta: o Vsergios e o Jinunes! E o grosso do trabalho já estava feito... Não sei a que horas é que o co-nhecido por “Homem da grelha Nunes” terá che-gado mas uma pilha da melhor lenha já se ali-nhava para proporcionar calor à muita carninha que marcou presença neste dia. O homem em si, deixou tudo prepa-rado e depois de uma breve sessão fotográfi-ca com o seu pequeno discípulo (meu filho), ru-mou a outras comezai-

nas, deixando atrás de si um rol de queixumes de quem ia chegando e não o encontrava!

Os companheiros de luta iam chegando aos pou-cos... Primeiro aqueles que não podendo ficar para o almoço vinham dizer olá e trocar uns de-dos de conversa (desta-que aqui para a chegada triunfal do geo_duarte e buxahs que apareceram literalmente do meio do bosque, verdadeira-mente à Geocacher!) e, já mais a horas de utili-zar o braseiro, o grosso do pessoal!

Desenganem-se aque-les que, olhando aos attends do evento, jul-guem que terão sido pouco mais de um par de dúzias os que deci-diram dizer “Presente” a mais uma jornada dos Homens da Luta! Contei cerca de 70 a 80 partici-pantes, entre singulares, teams, filhos e enteados entre outros, que vieram antes, durante e depois da Churrascada propria-mente dita! :)

Para um evento que vive apenas do salutar convívio, sem adereços ou maquiagem, é Obra. Ainda por cima, povoado de verdadeiros dinos-sauros do Geocaching Nacional!

Tenho o prazer de

acompanhar um pouco da preparação deste evento há já quatro ve-rões, as primeiras duas vezes na qualidade de “tipo que manda bitaites e não aparece” e no ano passado com uma fugaz presença depois do dilú-vio que se abateu. Este ano estava apostado em tomar verdadeira-mente o pulso à mística da coisa e acompanhar a chegada dos comensais ao recinto! Confesso que a explicação do tal sucesso do evento é por demais simples... o que nos foi dado a assistir foi a um rol de sorrisos, abraços e beijinhos de amigos que se reencon-traram depois de um ano afastados!

A chegada de mais um companheiro vinha, in-variavelmente acompa-nhada de um “Olha ali o não sei quem!” ou um “O coise já chegou” e etc., sempre com um rasgado sorriso e a promessa de mais um valente cum-primento! E claro, com isto chegava também o rol de peças carnudas que iriam ao longo de várias horas parar em cima das grelhas! “Coisa bonita pá!”, como diriam os Camaradas!

Neste particular, o do almoço propriamente dito, não se pode deixar em claro o momento em

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que a shalmai e o para-grama tiram do interior da sua geleira uma gar-rafinha de tinto e um par de copos a preceito! “Piquenique mas com estilo” (ou algo parecido) foi a desculpa que de-ram para tais preparos! :) Mais uma prova (se ainda fosse necessário) de que este é verdadei-ramente um “Evento Caseiro”.

As horas passaram depressa, demasiado depressa, parece-me...quase à mesma veloci-dade com que o Costa (Lamas) debitava, para deleite dos que iam ficando para o fim, as suas GeoEstórias, e, en-tre os “Até para o Ano” o recinto ficou vazio... acabámos por sermos nós “a apagar a luz” já que tinha prometido ao meu pequeno geocacher que iriamos procurar “uma caixinha” e apro-veitei para revisitar a Passeio pelo Parque de Montachique [ Loures ] [GCXB38], praticamente pelas 19:30.

Será isto “O” Geoca-ching?! Fazer amigos e poder almoçar juntos uma vez por ano, num espaço que é também deles, partilhando his-tórias, passadas e pre-sentes, ver o quanto a descendência cresceu (em número e tamanho) e ao fim do dia partir

com a certeza que para o ano há mais?! Pelo que pude assistir, SIM, sem dúvida! Um obrigado a todos os Homens da Luta que, de uma forma ou de outra, permitem manter a chama acesa e marcam assim o início de mais um ano caça aos Tupperwares!

Texto: Rui Duarte (Rui-JSDuarte)

Fotos: Rui Duarte (RuiJSDuarte)/Bruno

Rodrigues(BTRodrigues)

A Geochurrascada vista pelos organizadores, Homens da Luta do Geocaching

A Geochurrascada é o evento de Geocaching regular (anual) mais an-tigo do nosso país, vai na 11ª edição! Desde 2005 que se realiza inin-terruptamente, sempre no final do Verão, e é considerado por muitos como a “reentré oficial” da época de Geocaching, depois da maioria de nós ter gozado umas merecidas férias.

Começou por se realizar no parque de Montemor (entretanto desativado) em Loures, local esco-lhido pela qualidade dos equipamentos, pela vis-ta, mas essencialmente porque tinha duas ca-ches dos 2Cotas, o que

permitia fazer TRÊS ca-ches de uma vez só. Sim, fazer três caches numa tarde era algo que na altura era uma rarida-de, dada a escassez das ditas. A organização foi iniciativa do geocacher PPinheiro que de uma forma completamente altruísta se lembrou de juntar uma larga fatia dos geocachers activos na altura à volta de um grelhador em amena ca-vaqueira e convívio.

No ano seguinte a es-colha do local recaiu no Parque do Cabeço de Montachique (onde se realiza desde então), também no concelho de Loures, porque oferecia melhores condições, nomeadamente som-bras, e mais espaço para todos. Mais uma vez foi iniciativa do PPinheiro, impulsionado pelo fee-dback do ano anterior e pela ajuda dos restan-tes geocachers. Dessa edição fica a memória da presença do revisor ibérico da altura, o garri (sim, nessa altura só ha-via um revisor que tinha Portugal e Espanha). Nessa edição houve um aumento substancial de participantes, quer porque o Geocaching aumentava de forma exponencial quer pela publicidade feita atra-vés do (único) fórum de Geocaching que havia na

altura, local onde a larga maioria dos geocachers nacionais se encontrava. Passou de 18 Attends em 2005 para 32 em 2006, o que era um fe-nómeno na altura.

Em 2007 o nº de geo-cachers presentes pra-ticamente duplicou, e tornou-se evidente que era “o” evento do ano, o momento em que geocachers de todo o país se juntavam para confraternizar e até se conhecer pessoalmente. Estávamos na “época de ouro” do Geocaching em Portugal, quando se registou o maior cres-cimento e com mais caches (e geocachers) de qualidade. Mais um evento organizado pelo PPinheiro.

Para 2008 a fasquia foi aumentada: a pedido de várias famílias ten-tou-se o primeiro Mega em Portugal! A fasquia ficou 208 geocachers abaixo, mas ainda as-sim responderam em massa e estiveram em Montachique quase 300 geocachers, algo impen-sável até então. T-shirts, autocolantes, cartazes, jipes carregados até ao teto, uma logística sem igual que teve neste ano a ajuda de mais alguns geocachers (Rifkinds-ss, BTRodrigues, Kelux, Playmobil, entre outros) pois o PPinheiro já não

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conseguia gerir sozinho a “máquina” que se tinha tornado este evento.

Em 2009 mais um ano a tentar chegar ao Mega e agora foram quase 400 geocachers, já sem o PPinheiro na organiza-ção (substituído pelos Riffkindsss), mas infe-lizmente não se chegou à marca esperada. Mas imaginem 400 pessoas à volta de um churrasco gigantesco, e imaginem toda a logística!

Em 2010, mais uma Geochurrascada e outra tentativa de chegar ao Mega. Desta vez foram 431 geocachers no Par-que Municipal do Cabe-ço de Montachique e foi o último ano em que os Rifkindsss estiveram à frente a organização, tal como foi o último ano em que se contabi-lizaram os presentes (e que se tentou chegar ao Mega). 2010 foi ano de mudança no geopano-rama nacional, algumas cisões ditaram a aber-tura de um novo Portal de Geocaching e termi-nava a unidade entre os geocachers. Aumentava

o fosso entre o Geoca-ching dito de “qualidade” e o geocaching de “beira da estrada”, e isso tam-bém se sentiu aqui. Com a falta de motivação de alguns surgiu o empe-nhamento de outros e em 2011 com a ameaça de não se realizar este evento foram os Ho-mens da Luta do Geo-caching que pegaram na organização do mesmo e (com a ajuda de outros) tudo fizeram para que o mesmo não sucumbisse e continuasse a ser “o” evento de referência na-cional.

2011 marca assim a viragem na Geochurras-cada, mudando os orga-nizadores e os moldes da mesma. Deixou de ser “pay & eat” e cada um passou a levar as suas próprias febras e bebidas, deixou de se tentar chegar ao Mega e deixou de ser o evento mais participado a nível nacional, com outros eventos a chegarem ao Mega logo na sua primeira edição (os 10 Anos de Geocaching, na Malveira, em 2010) e a

superarem os Attends da Geochurrascada.

É desde 2011 portanto que os Homens da Luta do Geocaching orga-nizam e mantêm vivo este evento, que tem amadurecido em cada ano que passa e se “re-fina”, tornando-o quase como um evento de “elites”, onde é possível encontrar os geocachers mais antigos, onde há uma identidade e uma sequência. Aqui, o Geo-caching até passa para 2º plano, e valoriza-se a amizade e a cama-radagem. O feedback recebido cada edição que passa faz com que não se esmoreça e não se pense em terminar o que já considerado uma tradição e que continua a ser para muitos a tal “reentré oficial” no novo ano Geocachiano.

5 Edições volvidas desde que os HdLG pegaram no evento e penso que o balanço é francamente positivo. Não existe pa-ralelo no panorama de eventos a nível nacio-nal (apesar dos muitos eventos que pegaram e

adaptaram este modelo para si) e não está nos planos deixar de o reali-zar. É muitas vezes difícil de conciliar a vida pes-soal com o Geocaching mas tudo faremos para que continue a ser este “o” evento, não deixan-do vagas aquelas mesas do Parque Municipal do Cabeço de Montachique que todos os 3ºs domin-gos de Setembro está à nossa espera!

Gostaríamos de conti-nuar a contar convosco e com todos os geo-cachers que se revêm neste modelo de evento, sem PTs de 100 caches à mistura, sem pressa para ir fazer caches, sem fanatismos nem rivalidades, sem medi-ção de comprimentos de aparelhos reprodu-tores masculinos mas sim com camaradagem, amizade, boa disposição e alegria.

Contamos convosco em 2016! Até lá!

Kirikiri kiri kirikiriki!

Texto: Homens da Luta

“Não existe paralelo no panorama de eventos a nível nacional (apesar dos muitos eventos que pegaram e

adaptaram este modelo para si) e não está nos planos deixar de o realizar. ”

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EVENTO

LE IR IACOINFEST2015

Por Geocaching Leiria

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Realizou-se no passado mês de Setembro (fim de semana de 11 a 13) o Leiriacoinfest 2015 [GC5QWV4], um evento de mostra de Geocoins (e outras actividades/eventos pararelos) des-tinada à partilha de ex-periências e da paixão que estas bonitas peças despertam em muitos geocachers. Foi este o mote que levou a Geo-Mag ao contacto com os “Geocaching Leiria” para sabermos mais, não apenas sobre o evento mas também sobre a própria team e os seus planos para o futuro de geocaching n”O tal dis-trito...”.

A Equipa

Este foi um projecto idealizado e criado em 2012 pelos Romeu&-Dina. Actualmente está a ser coordenado por uma equipa composta por sete geocachers, designadamente pelos: capitao77, Let_LRA (2), Nocturnosbike, Reis &Reis (2) e SmirMan.

Desde há cerca de um ano que a equipa Geoca-ching Leiria tem tentado dinamizar o geocaching no distrito através de várias iniciativas, no-meadamente o Geocon-celhos, com o intuito de dar a conhecer um pou-co mais dos concelhos do distrito bem como o

de aproximar os geoca-chers.

Estes eventos, apesar de criados/preparados pelo Geocaching Leiria, contam sempre com o apoio e colaboração de geocachers locais, que se tornam os anfitriões destes eventos. São iniciativas com uma ver-tente mais cultural, ou seja, cada evento tem como principal objec-tivo conhecer locais de interesse, quer a nível cultural, ambiental ou até gastronómico.

Neste âmbito, já visi-támos os mosteiros da Batalha e de Alcobaça, assim como a zona his-tórica de Peniche. Em Junho realizámos uma caminhada na zona das Fragas de S. Simão, acompanhada de um jantar gastronómico em Alvaiázere, considerada a Capital do Chícharo.

Aos dias 22 de cada mês, realizamos os nos-sos Meetup´s. Eventos que têm como finalida-de o convívio e a troca de experiências entre geocachers. Tentamos ainda estar atentos a datas comemorativas, tanto para o “mundo do geocaching” como para a “sociedade em geral”, de forma a não só pro-mover o convívio (ex: o magusto, o natal, etc.) como também propor-

cionar a hipótese de se receber alguns souve-nirs (o dia internacional relativo às Earthcaches ou ao CITO).

Em 2014 organizámos ainda um fim de sema-na com vários eventos, dos quais destacamos alguns pequenos wor-kshops, que serviram para trocar opiniões no que diz respeito a al-gumas aplicações gra-tuitas para Android ou pequenos truques para facilitar a gestão de “ca-chadas”.

Recentemente, e a con-vite do jornal Região de Leiria, o Geocaching Leiria esteve presente na festa do despor-to, tendo com vista a promoção desta nossa actividade. Esta iniciati-va estava direccionada essencialmente para não praticantes de geo-caching mas no entanto contou com a presença de muito iniciantes na modalidade. Estiveram presentes aproximada-mente 35 pessoas.

Em Dezembro 2014 surgiu um novo sím-bolo, necessário para que fosse autorizado pela Groundspeak para futuro merchandising. Começou a ser utilizado também o slogan, Leiria “O tal distrito…”. Algo que começou em tom de brincadeira mas que

tem vindo a permanecer e serve já para identi-ficar os geocachers do distrito.

Os meios de comuni-cação utilizados pelo grupo são o site (www.geocachingleiria.pt) e o facebook (grupo e pá-gina).

O Evento

O LeiriaCoinFest [GC5Q-WV4] foi o maior evento organizado pela nossa team… a ideia surgiu num evento com um dos maiores coleciona-dores de geocoins de Portugal, o nosso colega paulohercules.

A ideia foi amadurecen-do e na altura, com uma equipa de 5 pessoas, colocámos mãos à obra. Procurar um local, pro-gramar actividades e contactar os colecciona-dores (alguns dos quais se mostraram logo disponíveis para expo-rem as suas colecções), deram-nos a motivação necessária para a con-cretização deste evento.

Depois do projecto de-lineado apresentámo-lo à Câmara Municipal de Leiria, que se prontificou de imediato em cola-borar com esta nossa iniciativa, propondo desde logo a utilização do estádio municipal (com excelentes condi-ções). Foi uma parceria

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fundamental para que este evento tivesse o sucesso que teve. Apro-veitamos assim para fazer um agradecimento especial à CMLeiria por toda a colaboração.

Resumo do programa:

Leiria Photopapper [GC5RXYQ] (6ª feira, dia 11)

Este evento teve como objectivo levar os par-ticipantes a visitar 10 dos locais emblemáti-cos da cidade de Leiria. Sorteámos as equipas e propusemos em cada ponto um pequeno de-safio. Por exemplo, num dos locais escolhidos, a fonte luminosa, o desa-fio era entrarem dentro da fonte e tirarem uma fotografia com o castelo como tema de fundo.

As fotos foram expostas durante o dia de sábado e votadas pelos geoca-chers que iam visitando a exposição das geo-coins.

LeriaCoinFest [GC5Q-WV4] (sábado, dia 12)

Durante a tarde de sábado tivemos 13 ex-positores com cerca de 950 coins expostas e a presença de 3 lojas rela-cionadas. Foi um espaço onde se promoveu a exposição, o convívio e a partilha do gosto por geocoins.

Para terminar este evento contámos com a parceria do Geopt, que organizou a 4th Traveller Race, de onde partiram 56 TB’s.

Geocaminhada [GC5R-XX0] (domingo, dia 13)

A manhã de Domin-go foi dedicada a uma caminhada pela Mata dos Marrazes, onde se promoveu o contacto com a natureza, o con-vívio e a diversão, não esquecendo de procurar umas caches ao longo do percurso e com um picnic para terminar em beleza.

Durante todo o fim de semana, foi possível visitar os museus de Leiria de forma gratuita. Mais uma das parcerias que a CMLeiria nos pro-porcionou.

Ao longo dos três dias registou-se a passagem de 126 nicks, perfazen-do um total de 180 pes-soas, incluindo alguns muggles.

A Geocoin

A ideia de criar uma geocoin alusiva à cidade de Leiria já era há muito falada entre a comuni-dade de geocacheres locais. Decidimos pois avançar com a ideia...

Desde logo ficou deci-dido que uma das faces

seria o símbolo do Geo-caching Leiria. Em rela-ção à outra face e após ouvir várias opiniões (unânimes), optou-se por colocar o ex-libris da cidade, ou seja, o Caste-lo. Com a ideia definida e com a ajuda de um geocacher (Felipe Whi-te) chegámos então ao resultado final!

Demos seguimento à abertura da fase de pré-venda, com a edição re-gular (Nickel) e a edição limitada (1Gold+2 Nic-kel), superando as nos-sas expectativas! A edi-ção limitada esgotou em apenas 4 dias pelo que se entendeu criar uma nova versão (Copper). Desta forma, a edição limitada passou a ser constituída por 1 Gold + 1 Copper + 1 Nickel. Continuamos (à data do artigo) a ter disponíveis para venda as versões Nickel e Copper.

Gostaríamos de agra-decer a alguns geoca-chers colecionadores pelas suas sugestões e opiniões no decorrer do processo de elaboração deste projeto.

O futuro

Na continuidade dos projectos delineado pelo grupo Geocaching Leiria temos em vista: o Geoconcelhos , embora

sem uma periodicidade definida (os próximos que estão programa-dos são os concelhos de Caldas da Rainha, Pombal e Porto de Mós); continuar a pro-mover o convívio entre os geocachers que já se conhecem e integrar novos membros através dos nossos meetup’s (uma das mais-valias destes eventos é que para além da partilha de experiências e conheci-mento se criam novas amizades); organizar mais workshops, com a colaboração de geoca-chers mais experientes, nomeadamente em al-gumas aplicações (para optimizar a forma como nos preparamos para as nossas aventuras no terreno).

E claro, a segunda edição do LeiriaCoinFest não será esquecida, apro-veitando a experiência adquirida na primeira e trabalhando ainda mais no sentido de se propor-cionar um Evento com maior sucesso, de forma a conquistar a vontade de todos os geocachers em visitarem Leiria!

Texto: Geocaching Leiria

Fotos: Geocaching Leiria / Matrixamp

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A m é r i c a d o S u lA L É M F R O N T E I R A S

P O R J Ú L I O G O M E S

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Quando 12 portugueses se juntam para uma via-gem de 3 semanas pela América do Sul, o resul-tado só podia ser… uma Tour Tuga!Originalmente (e isto quer dizer em Setem-bro de 2014, quase um ano antes da viagem propriamente dita) o objetivo era visitar o Peru. Mas rapidamente se concluiu que era um desperdício fazer tantos quilómetros para visitar apenas um país, e logo se acrescentaram o Equador e Bolívia como destinos. Para satisfazer o vício do geocaching, ainda deu para marcar passagem (rápida) pela Venezuela e Brasil, e até pelos EUA (por Miami e as suas “beaches”)!Verdade seja dita, e pese embora o vício em comum, as caches só foram aparecendo no programa da viagem de acordo com o percurso que (lentamente) se foi desenhando ao longo de quase um ano de planeamento, ou seja, nunca foram a priorida-de. Optamos, e foi sem dúvida uma excelente decisão, por sermos nós próprios a tratar de toda a logística relaciona-da com a marcação de voos, estadias, trans-portes nos vários locais, etc. Não foi tarefa fácil e requereu muito esforço e tempo mas, compen-sou muito em termos financeiros e na flexibili-dade que naturalmente resulta de não estarmos presos a um qualquer

programa de uma agên-cia de viagens.As palavras-chave fo-ram mesmo “planear” e “antecipar”! Inúmeras vezes, durante as férias, comprovamos as van-tagens de ter estudado bem os locais e trajetos por onde íamos passar, os constrangimentos de horários de comboios, autocarros, custos de estadias e alimentação, e até os requisitos para visitar locais como as icónicas ruínas de Ma-chu Picchu. Ter estes as-petos bem tratados foi um enorme passo para que, apesar de algumas surpresas que natural-mente vão aparecendo em viagens deste gé-nero, as férias tenham sucedido de forma bas-tante positiva. Claro que o ADN português foi muito útil (leia-se “Arte do Desenrasque Nacio-nal”).A viagem decorreu du-rante as 3 primeiras semanas de Agosto de 2015, e no grupo es-tavam elementos bem conhecidos (ou não!) da comunidade geoca-chiana: Silvana (enorme contributo para a orga-nização e sucesso da viagem, e fotógrafa de serviço), MitoriGeikos (Luísa e Zé, os nossos ágeis desportistas), OverdoseNesquik (Pau-la e Carlos, música e boa disposição sempre pre-sentes), btt (Ana e Au-rélio, os nossos médicos sem fronteiras), Nó-mada (Miguel, o nosso chef de serviço), Nandini

(Fernando R., o nosso flautista, não de Pan, mas de costela de lama), Helena C. e Fernando C. (os nossos geocachers anónimos, rápidos nas caminhadas e no “gati-lho” fotográfico), e Weed Hunter (Júlio, o tipo que escreveu este texto).Nos parágrafos que se seguem, vão ler uma descrição muito sumária (e ver algumas fotos) de alguns dos principais lo-cais por onde passamos, não necessariamente na ordem cronológica por que foram visitados, e claro das caches que fizemos (ou tentamos fazer!). Uma narração mais pormenorizada da viagem, tipo diário, fica para um livro a editar no futuro… Not!Agora a sério: espero que se um dia visitarem estes países, para geo-caching ou apenas para turismo, vos possa ser útil a informação que se segue. Caso contrá-rio, ao menos que vos entretenha durante uns minutos!O Peru…O Peru é uma república, cuja capital é a cidade de Lima, e conta com cerca de 30 milhões de ha-bitantes. Os principais idiomas são o espanhol e o quéchua (não, não tem nada a ver com a Decathlon).Este país abrigou o anti-go Império Inca, e ainda hoje é possível observar vestígios dessa civiliza-ção, quer através dos imensos monumentos

arqueológicos, quer nos costumes dos habitan-tes, principalmente em zonas menos citadinas. Desertos, montanhas, florestas, mar, a Amazó-nia, paisagens deslum-brantes e uma enorme variedade de flora e fau-na, tudo isto é possível observar neste país.Em relação à gastrono-mia, tivemos algumas experiências interes-santes. De uma forma geral, todos gostamos da comida peruana, muito à base de milho e batata, mas há alguns pratos para os quais é preciso algum “estô-mago”. Desde logo o cuy (ou porquinho da índia, sim, aqueles fofinhos) é uma prova de fogo, pelo aspeto “a la ratazana” que apresenta após ser cozinhado. Depois o ceviche (ou cebiche), que é uma marinada de peixe cru, com um sabor fortemente cítrico. Algo que nos deixou mara-vilhados foi a enorme variedade de frutos que é possível encontrar por todo o lado.Uma das dificuldades que sentimos no país foi a adaptação à altitude. Cansaço, falta de fôlego, tontura e dor de cabeça, foram apenas alguns dos sintomas que todos sentimos, uns mais que outros. Valeu-nos a sa-bedoria local, já que em quase todo o lado era possível encontrar com grande facilidade umas folhas de coca para mascar, ou então tomar um retemperante chá

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(mate) daquela planta. Fazia milagres!Em termos de geoca-ching, este e na verdade também os restantes países, deixam algo a desejar, mas talvez fos-se de esperar que assim fosse. Como há poucas caches (à volta de 300 no conjunto dos princi-pais países que visita-mos), haverá com cer-teza poucos geocachers. E sendo assim, significa que grande parte das poucas caches foram co-locadas por geocachers viajantes que tentaram de alguma forma assi-nalar pontos marcantes das suas expedições. O que acontece é que não há quem faça manu-tenção, e desta forma elas vão lentamente desaparecendo. Ainda conseguimos ajudar à sobrevivência de algu-mas, pelo menos por mais algum tempo, mas noutras tivemos mes-mo de deixar um DNF, e não foram poucos… Também nós deixamos

algumas caches para os geocachers seguintes, e assim tentar ajudar a di-namizar a atividade por aquelas bandas, tarefa que não se vislumbra nada fácil.Lima e PachacámacCapital e maior cidade do Peru, cujo centro histórico foi reconhecido como Património da Hu-manidade pela UNESCO. A Praça de Armas, a Catedral, o Convento de São Francisco ou o Pa-lácio do Governo são al-guns dos muitos ícones desta cidade.Tal como noutras cida-des de maior dimensão do Peru, o trânsito é absolutamente caótico e barulhento (não se passam 6 segundos sem que algum dos con-dutores à nossa volta buzine, acreditem, nós testamos!). Para viajar dentro do Peru, opta-mos por alugar carros, e digo-vos, não é fácil conduzir nas cidades! Não há qualquer respei-

to pelas regras mais bá-sicas de trânsito, é como nos disse um taxista, “quem tem prioridade é quem é mais vivo”. E sobre os táxis, basta colocar uns autocolan-tes no carro, e siga, já és taxista! E quando digo carro, também pode ser uma “moto-táxi”, uma espécie de tuk-tuk lá do sítio, verdadeiros en-xames destas “coisas” circulam pelas estradas atravessando-se cons-tantemente no nosso caminho.E, já que menciono o trânsito, nunca vimos país com tantas lombas como o Peru, um ver-dadeiro oásis para as oficinas especializadas em suspensões (quando alguns de nós se encon-traram já em Portugal, e passamos por uma lomba, estas passaram a ser carinhosamente apelidadas de “perua-nas”). De PMR - interco-municadores - na mão, para manter o contato entre os vários carros da

nossa “caravana”, não raras vezes vinha o grito de alerta “LOMBA”!Próximo da cidade de Lima visitamos o fan-tástico local arqueo-lógico de Pachacámac (ou Pacha Kamaq, que em quéchua significa “alma da terra”). Este era um santuário visi-tado anualmente por milhares de peregrinos, e cujo início de constru-ção ocorreu entre 1300 e 1400 d.C.. Um local fantástico, cheio de pi-râmides ainda num im-pressionante estado de conservação.Reserva Nacional de ParacasA reserva é uma área nacional protegida, com quase 3.500km2, onde existem muitos pontos de interesse. Os prin-cipais serão provavel-mente o Candelabro (um geoglifo com uma ex-tensão de 120m, tam-bém conhecido como Tridente, e que se crê ter ligação com os geoglifos

LIMA.-.CONVENTO.DE.SÃO.FRANCISCO

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LIMA.-.PACHACÁMAC

COPACABANA.-.PORTO

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PAILON.DEL.DIABLO

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de Nazca e Pampas) e a Catedral (uma formação rochosa que por ação erosiva da água e ven-to assumiu uma forma côncava que lembra as cúpulas das catedrais – infelizmente, e resulta-do de um sismo ocorrido em 2007, hoje em dia já não é possível observar toda a grandiosidade deste monumento na-tural).A reserva conta ainda com um Museu e um Centro de Interpretação, onde é possível conhe-cer toda a fauna e flora que habitam este local. Grande parte da área está no entanto inter-dita, para proteção das espécies, o que dificulta um pouco a observação, mas ainda assim vale a pena visitar a reserva.Machu PicchuConhecida como a ci-dade perdida dos Incas (“montanha velha” em quéchua), está locali-zada a cerca de 2400m de altitude, no vale do rio Urubamba, e ape-nas foi descoberta em 1911. É Património da Humanidade e uma das Sete Novas Maravilhas do Mundo. Para lá che-gar há duas hipóteses: viagem de comboio desde Cusco até Aguas Calientes (uma localida-de completamente tu-rística, uma espécie de Ibiza peruana), de onde se pode apanhar um au-tocarro até às ruínas; ou em alternativa, seguir o caminho Inca, basica-mente uma caminhada pela natureza que dura

entre 3 a 4 dias, e que te leva às ruínas pela en-trada da Porta do Sol. A inexistência de estradas públicas para o local é intencional, para limitar e controlar o acesso de turistas. Aliás, existe um número limite de visitas diário, razão pela qual convém comprar os bi-lhetes com antecedên-cia.Em Aguas Calientes fizemos dois DNFs (na GC3JKH8 “Aguas Ca-lientes Train Station”e na GC41C9D “Aquas Ca-lientes Hot Springs Ca-che”), o que nos deixou algo desgostosos, pois era a “porta de entrada” de Machu Picchu, e ado-raríamos ter marcado a localidade com um sor-riso no mapa…O estado de conserva-ção da antiga cidade de Machu Picchu é fabu-loso, e foi sem dúvida o ponto alto de toda a viagem. Existe a possi-bilidade de subir às duas montanhas que ladeiam a cidade, e foi o que fize-mos, metade do grupo para cada lado (também há limitação para o nú-mero de pessoas que as podem subir diariamen-te, pelo que novamente é melhor reservar antes, o que se consegue fazer em simultâneo com a reserva da entrada em Machu Picchu).A subida do Monte Pic-chu é difícil por causa da altitude e pela distância ao topo, a altitude má-xima atinge os 3.000m, são quase 2h para lá chegar, mas vale a pena

pois as vistas são de cortar a respiração. Do outro lado, temos o Hay-na Picchu, uma subida um pouco mais peque-na, mas mais “radical” e desaconselhada a quem sofre de vertigens.Passamos quase um dia inteiro a visitar as ruínas e os seus recan-tos, a ouvir os guias que faziam visitas a grupos turísticos e, claro, a fa-zer as caches que foi possível encontrar (GC-2Q1TG “Machu Picchu Fault Line Earthcache” e GC19941 “Para Emmy--n-Sapphie”).Pelo caminho encontra-mos um grupo da Goo-gle a fazer mapeamento dos trilhos para o Street View! Será que ficamos “gravados” para a pos-teridade? Este encontro imediato foi perto do In-tipunku, a Porta do Sol, onde havia mais uma cache (GC3JJ56 “Inti-punku”).De salientar o evento de geocaching que ocorreu no dia em que lá estive-mos (GC5YZ3R “Lost in Machu Picchu!”), marca-do obviamente por nós, com o objetivo de tentar conhecer praticantes desta modalidade, fos-sem eles locais ou es-trangeiros. Infelizmente, apesar de algumas no-tas no evento de outros geocachers, mais nin-guém apareceu, a não ser uns lamas!Pisco (bebida nacional) em Ica e os seus vinhe-dosA cidade de Ica vale mui-

to pelo oásis de Huaca-china, onde se pode ex-perimentar o sandboard (uma espécie de surf em areia), ou fazer passeios nas dunas em veículos em tudo iguais aos do filme Mad Max. E vale muito mais pelo Pisco, uma aguardente de uva, típica do Peru, e que ti-vemos oportunidade de provar num dos muitos vinhedos que existem nas redondezas. O vi-nhedo que visitamos chama-se Tacama, e foi uma visita muito di-vertida e bem “regada” com prova de pisco e de vários vinhos!Perto de Ica registamos mais um DNF, numa cache tradicional (GC-2FY6W “Pto. Inca”). Uma espécie de cemité-rio antigo, perto do qual foi construído um resort para turistas.Cemitério de ChauchillaImpressionante este lugar, onde é possí-vel ver uma autêntica necrópole. As múmias expostas no local criam uma atmosfera muito mórbida… Há ossos por todo o lado… A famosa múmia de Chauchilla pode aqui ser visitada, num pequeno museu que existe no local.Nazca e as suas linhasOs famosos geoglifos de Nazca são mais uma oferta do Peru para Património da Humani-dade. Não é conhecido o propósito destas re-presentações, que têm

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mais de dois mil anos, mas crê-se que tinham algum objetivo religioso ou astronómico.Não tivemos muita sorte na visita a estas obras de arte, pois quando che-gamos a um miradouro, de onde se podem ver dois dos desenhos, já estava a anoitecer e a visibilidade era reduzida.No dia seguinte, alguns de nós ainda tentaram ir fazer um passeio de avião para sobrevoar e fotografar os principais desenhos, mas alguma neblina matinal impediu a descolagem de todos. Sempre existe o amigo Google para nos ajudar a imaginar como seria…Ilha de Amantaní e os seus costumesEsta ilha fica no lado pe-ruano do Lago Titicaca. É uma verdadeira beleza, e sentimos que imergi-mos na cultura peruana.Fomos brindados com uma festa de casamento que decorria no preciso momento em que visi-tamos a ilha, e tivemos oportunidade de assistir a parte das festividades que decorreram na pra-ça principal da povoação. Completamente inespe-rado, e absolutamente delicioso!Aqui encontramos uma das caches mais difíceis de fazer, novamente de-vido aos problemas de altitude (GC3VRP0 “Pa-chatata”). Mas uma vez lá em cima, a sensação de comquista é dupla-mente fantástica!

SillustaniMais uma necrópole absolutamente mo-numental, desta vez constituída por torreões circulares de pedras (chullpas), onde eram enterrados os falecidos. Chamam-lhes as “casas dos mortos”.Do topo da colina onde se situam as chullpas é possível observar a La-goa de Umayo.LlachonA estadia nesta pequena povoação veio a revelar-se uma verdadeira imer-são na vivência peruana, no que diz respeito às zonas rurais. Ficamos alojados em espaços que seriam extensões autênticas da casa da família proprietária, que primava pelo empreen-dedorismo e iniciativa. Nada fácil atrair visitan-tes para o local, dada a distância a que esta pequena aldeia se situa dos normais trajetos tu-rísticos.Desde as refeições à base de tubérculos, com pequenas porções de “lomo” e “trucha”, cria-dos ali bem perto junto ao Lago Titicaca, em ter-mos gastronómicos fo-ram vários os momen-tos em que desafiámos os nossos sentidos.Os alojamentos eram do mais modesto que se possa imaginar, e com direito a horário para dormir. Sim, às 21h30 os geradores desliga-vam-se e tínhamos apenas as estrelas e a

lua a iluminar os nossos movimentos.Aliás, uma das coisas que mais nos maravi-lhou no Peru foram os céus espetacularmente estrelados!Os Condores no Cañon del Colca e as aldeias perdidas nas montanhasÉ difícil descrever por palavras algumas das maravilhas que vimos durante a nossa viagem, e talvez a passagem pelo Cañon del Colca seja um desses momentos.A espetacularidade das paisagens naturais, a simplicidade das povoa-ções e simpatia dos seus habitantes, e o deslum-brante e imponente voo dos condores, fizeram deste dia um marco nas férias.A subida à Cruz del Con-dor foi mágica, de onde pudemos observar os condores deslizando sem esforço pelo ar, aproveitando as corren-tes de ar térmicas que sobem desde o fundo do Cañon del Colca, o mais profundo do mundo. É um cenário fascinante!Aqui fizemos uma earth-cache (GC1HKWF “Colca Canyon”) que deixará boas memórias.Arequipa e o Convento de Santa CatalinaMais uma cidade, mais um contributo peruano para o Património da Humanidade. Também conhecida como a “Ci-dade Branca”, são bem visíveis os sinais da passagem espanhola

por esta lindíssima loca-lidade.O Convento de Santa Catalina é um dos locais mais importantes da cidade. Localizado bem no centro da cidade, foi fundado no século XVI, e era onde as filhas das famílias mais ricas da cidade (únicas capazes de pagar o ingresso no convento) recebiam a educação necessária para se tornarem espo-sas dignas (a partir dos 12 anos de idade já se podiam casar!). O Con-vento foi crescendo ao longo dos anos, e tem hoje mais de 20.000m2. Ainda lá habitam algu-mas freiras residentes, cerca de 12, que conti-nuam a viver como anti-gamente.Também marcante nes-ta visita a Arequipa foi a Igreja da Companhia de Jesus. Um local tão belo quanto discreto, e que visitamos em con-dições verdadeiramente especiais. Chegamos já em cima da hora do en-cerramento do horário de visita, mas a simpatia da senhora que nos re-cebeu foi tremenda, pelo que tivemos direito a um rápido tour personaliza-do aos pontos mais im-portantes do complexo.A Praça de Armas, o bairro de San Lázaro, ou o mercado de San Cami-lo, são outros locais da cidade que sem dúvida merecem uma visita!Em Arequipa fizemos uma cache bastante engraçada, situada no

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CANON.DEL.COLCA

PISAC

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MITAD.DEL.MUNDO

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jardim privado de uma espécie de ATL para crianças, propriedade do owner da cache. Na lis-ting dizia que podíamos entrar no jardim, e as-sim lá fomos, conhece-mos o owner (Bjohn, ou algo do género, não era peruano!) que nos rece-beu com muita simpatia (GC56GPP “El Colibri”).Nos arredores de Are-quipa, fizemos duas ou-tras caches tradicionais com sucesso, coisa rara nesta viagem (GC49BHT “YARETA- SHORT BOTANICAL STOP” e GC54V95 “Bosque de Piedra”). Mas claro não podia faltar o DNF, pre-sença constante nestas férias (GC2F7KE “Pata-pampa”).Centro histórico de Cus-co e arredoresA caminho de Cusco ti-vemos a oportunidade de fazer manutenção a uma cache de um geocacher português, algo que não foi fácil devido à presença de muitos comerciantes no gz (GC5BPX9 “La Raya Pass”). Um local estranho, basicamente um “espaço” ao lado da estrada, onde comer-ciantes montam os seus expositores. A questão é que em volta não há, aparentemente, nada… Também tivemos opor-tunidade para registar outro DNF (GC5N4ZH “Tunupa”) por ali perto.Há muito para conhecer em Cusco, e uma das primeiras coisas que fizemos foi comprar o

“boleto turístico”, que permite acesso a uma dúzia de locais turísticos com um grande descon-to. Na cidade é obriga-tório visitar: a Praça de Armas, o Museu Inca, o mercado de San Pedro e assistir a um espetá-culo de música e trajes tipicamente peruanos no Centro Qosqo de Arte Nativa.Bem próximo da cidade há muitos locais ar-queológicos belíssimos. A fortificação de Saq-saywaman (GC2Q45T “Striated Extrusion of Sacsayhuamán”), os labirintos de sangue de Qenqo (GC34J5A “Quen-qo Chico”), o forte militar de Puka Pukara, os ca-nais de Tambomachay, ou a pitoresca Chinchero (GC2Q3X1 “Chincheros-Qoricocha Surface Rup-ture”).A imensidão de PisacLocalizado no Vale Sa-grado dos Incas, Pisac é um dos locais arqueoló-gicos mais importantes da zona.O ponto alto de Pisac é o Templo do Sol, que servia como observa-tório astronómico, e de onde se podem obser-var os imensos terraços agrícolas que os Incas ali construíram. Um dos mais belos locais que visitamos!Ollantaytambo e os ca-nais de águaTambém chamada de “Fortaleza”, era uma cidade-alojamento que dominava estrategica-

mente a região do Vale Sagrado.Ficamos impressiona-dos com os gigantescos monólitos que foram usados para construir esta cidade, muitos de-les colocados bem alto nas encostas. As téc-nicas (ainda não total-mente descobertas) que os incas utilizavam para cortar e encaixar estas gigantescas pedras comprovam ser muito eficientes, ainda hoje, na resistência aos muitos sismos que assolam o território peruano.Além de um Templo do Sol, também ali existe um Templo da Água, e foi impressionante obser-var o intricado sistema de canais que os Incas elaboraram para levar água a toda a cidade.Os laboratórios agríco-las de MorayO fantástico de Moray são os magníficos ter-raços circulares, e sobre a existência dos quais há algumas possíveis explicações. A principal finalidade seria a de tes-tar a cultura de diferen-tes tipos de tubérculos e cereais, mas também se crê que os terraços, verdadeiros anfiteatros, fossem utilizados para cerimónias de devoção.Ao fazer a letter que lá se encontrava (GC5H-KM6 “Moray”), depara-mo-nos com algumas pessoas em plena medi-tação, o que talvez ates-te da finalidade mística do local.

RaqchiRaqchi é um imen-so e impressionante parque arqueológico, onde se destaca a gi-gantesca muralha inca que o protege. Existem aquedutos, túmulos subterrâneos e recintos da cultura pré-inca, e sobressaem os restos do que em tempos teria sido o imponente Tem-plo Wiracocha.Sobre o EquadorTambém uma república, o principal idioma é o espanhol, mas ainda há uma importante parte da população que fala quéchua. A população ronda os 15 milhões de pessoas, e a capital é Quito, cujo centro histó-rico foi também decla-rado Património da Hu-manidade pela UNESCO.Em termos gastronó-micos, a parecença com a comida peruana é evidente. Não notamos diferenças significativas a esse nível. O que nos impressionou positi-vamente, foi o estado de desenvolvimento do país, incomparável face ao Peru. Curiosamente, a moeda adotada é o dólar americano.Embora com uma ofer-ta menor, em termos arqueológicos, quando comparado com o Peru, o Equador tem muito a oferecer em termos de beleza e diversidade natural.Aqui, a atividade de geocaching foi ainda mais reduzida, a falta de

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oportunidades não dava para mais. Ainda assim, visitamos alguns locais absolutamente extraor-dinários e icónicos!Centro histórico de Qui-toUma visita pedonal pelo centro histórico é obrigatória, tal a beleza dessa zona, o que inclui a Praça de São Francis-co. Ao deambular pelas ruas, facilmente nos apercebemos da gran-diosidade desta cidade. Inúmeras igrejas, mos-teiros e até mesmo ca-tedrais fazem parte do roteiro turístico.Esta cidade existe lado a lado com um vulcão ativo, o Pichincha, e é possível observar os es-tragos causados pelas recorrentes erupções. Enquanto lá estivemos, o vulcão insistia em sol-tar fumo e cinzas, e che-gamos a temer o encer-ramento do aeroporto…

Numa das saídas no-turnas para jantar, tentamos fazer uma cache num dos muitos parques da cidade, mas fomos brindados com mais um dnf nesta via-gem (GC591W3 “Pista Atlética Parque La Caro-lina [TREADMILL]”).Mitad del MundoTirar uma foto com um pé no Hemisfério Norte e o outro no Hemisfério Sul, no Parque Mitad del Mundo. Não podíamos falhar!Aqui fizemos uma ca-che virtual de 4 dígitos, que deixará muito boas recordações (GC934A “The Fake Equator”).A tradição dos merca-dos como o famoso de OtavaloA caminho de Otavalo, fizemos duas earth-caches (GC2DHJA “Co-chasqui Fold”, GC20FQZ “San Pablo + Imbabu-ra”).

Otavalo é uma localida-de não muito longe de Quito, e que merece uma visita pelo seu impres-sionante e diversificado mercado indígena, com dezenas (centenas?) de quiosques e bancas de comerciantes. As cores e odores variados exis-tentes no local são um verdadeiro desafio aos sentidos.Aqui conseguimos encontrar uma cache tradicional (GC1ZP5P “Otavalo”).Banõs - paraíso dos desportos radicais – e passeio pela rota das cascatasRafting, kayaking, canyoning, escalada, bungee jumping, pas-seios a cavalo, caminha-das ecológicas, canopy (o nosso slide), ciclismo de montanha, ufa! Uma canseira esta localida-de. Podias fazer tudo o que quisesses e imagi-

nasses, tal a oferta de desportos radicais que ali existe.Fizemos um passeio pela rota das cascatas (uma das cascatas pa-rece que faz crescer o cabelo, vamos a ver se resulta!), uma rota entre os Andes e a Amazónia. Ainda experimentamos alguns (mas poucos) dos desportos radicais que ofereciam.Entre a passagem pelo “Rosto de Cristo” (uma saliência, supostamente natural, na encosta da montanha que parecia de facto o rosto que todos conhecemos de Cristo) e a cascata do Véu da Noiva, ficamos maravilhados com a be-leza natural desta zona do Equador.Pelo caminho, tentamos fazer uma cache, mas ti-vemos de registar outro dnf (GC2MW20 “Ruta de las Cascadas: Río Verde,

MISAHUALLI

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Devil’s Cauldron”).

Durante esse passeio visitamos também o Pailon del Diablo. Não há palavras que des-crevam a grandiosidade deste local, a imponên-cia e força da natureza. Por muitas fotos que tirássemos, nenhuma substitui a que fica na nossa memória.

Puerto de Misahualli - a porta para a Amazónia

Misahualli não tem nada de relevante, a não ser a possibilidade de expe-rimentar um pouco da sensação da Amazónia.

Fizemos um passeio de barco (uma espécie de canoa, embora mais re-sistente, movida a mo-tor) por um dos afluen-tes do Amazonas, para ir visitar um santuário de proteção animal, bem no coração da selva. Foi uma oportunidade única de observar a fauna e flora locais, num estado mais selvagem.

Pelas margens do Rio Napo, foi com frequên-cia que observamos famílias de garimpeiros a tentar a sua sorte. E também imensa oferta turística, na forma de variadíssimas formas de hospedagem, o que de alguma forma des-caracteriza a paisagem natural.

Sobre a BolíviaA República da Bolívia tem cerca de 10 mi-lhões de habitantes, e fala-se maioritariamen-te o espanhol. Tem a curiosidade de ser um dos dois únicos países da América do Sul, sem costa marítima. A capital constitucional é Sucre, mas a sede do Governo fica em La Paz.A nossa passagem pela Bolívia foi curta, pois o nosso objetivo era ape-nas o de visitar a Isla del Sol. Por isso mesmo, a nossa experiência da gastronomia local foi reduzida, assim como a prática do geocaching. Embora nos tenhamos esforçado (e muito!) para conseguir deixar um sorriso no mapa da Bolívia.Copacabana e Lago Titi-cacaCidade fronteiriça, vizi-nha do Peru, e por onde passamos com o obje-tivo de apanhar o barco que nos levaria pelo Lago Titicaca até à Isla del Sol, numa viagem de cerca de 1 hora.De assinalar nesta cida-de é o curioso ritual da bênção de automóveis e respetivos proprietários, que consiste em deco-rar de forma bastante folclórica e colorida os veículos, e levá-los até à Catedral de Nossa Se-nhora de Copacabana, onde vários padres fa-ziam o ritual de bênção. A reza que os padres

dizem durante o ritual é a Challa.Outro ponto importan-te da cidade é o Cerro Calvário, onde rumam imensos devotos que percorrem a Via Crucis de 14 estações, uma subida bem difícil a mais de 4.000m de altitude. Aqui deixamos o nosso sorriso no mapa de geo-caching boliviano (GC-1ZRAZ “CALVARIO de COPACABANA”), a muito custo, num verdadeiro desafio aos sentidos dos mais aventureiros.Isla del SolEra uma ilha sagrada para os Incas, e nela é possível visitar vários santuários. A ilha fica a mais de 4.000m de al-titude, e impressiona a beleza natural e a tran-quilidade que ali se vive.Fizemos um trilho que atravessa praticamente toda a ilha, o das “Cre-tas”, aproveitando para visitar a Roca Sagrada, a Mesa do Sacrifício, o Templo del Inca, e o Templo Chincana. De-moramos muito tempo, entre 4 e 5 horas (ou talvez mais, perdemos a noção do tempo com o cansaço), a completar o trilho, devido às difi-culdades que a altitude provoca, foi talvez a al-tura em toda a viagem em que todos sentimos mais a diferença de estar a estes níveis de altitude.Passamos uma noite nesta ilha, num local

deslumbrantemente típico, e foi maravilhoso acordar de manhã e, da janela, ver a imensidão do Titicaca…

Resta desejar que se tenham divertido pelo menos um pouco a ler esta breve descrição da nossa viagem, e que as fotos vos ajudem a ima-ginar os cenários que tivemos oportunidade de visitar.

Em geral, a nossa opi-nião do Peru e da Bolívia foi positiva em relação aos locais arqueológicos e beleza natural, e sim-patia do povo, a que se contrapôs a desorgani-zação e pouca limpeza das zonas urbanas. Já o Equador, nota-se bem que está num estádio de desenvolvimento mais avançado, com zonas urbanas muito bem tratadas e ordenadas, a que se juntam cenários naturais deslumbrantes, perdendo na compara-ção com o Peru apenas no que diz respeito à oferta de locais arqueo-lógicos.

Se um dia forem a al-guns destes países, digam-nos o que acha-ram, adoraríamos trocar impressões e relembrar as muitas aventuras que vivemos!

Texto: Júlio Gomes

Fotos: Júlio Gomes / Silvana

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CERIMÓNIA DE ENTREGAPRÉMIOS GPS 2014

E V E N T O

P O R L U S I T A N A P A I X Ã O & P R O D R I V E

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A noite de 5 de setem-bro de 2015 foi a data escolhida para cele-brarmos o Geocaching com a quinta edição da Cerimónia dos Pré-mios GPS.

O Jorge_53 demons-trou o seu interesse em acolher este even-to em terras trans-montanas, avançando com uma candidatura oficial no início do ano 2014, há mais de um ano e meio, portanto.

A persistência, a vontade e o enorme entusiasmo do Jorge fizeram-nos acreditar firmemente que Mi-randela seria o palco de uma edição de ouro, com um sólido apoio logístico num cenário de rara beleza. Expectativas não só alcançadas como lar-gamente superadas, graças à dedicação dos Transmontanos e à disponibilidade da autarquia que colo-cou ao nosso alcance todos os meios ne-cessários à realização deste Evento.

Mas voltemos um pouco atrás na máqui-na do tempo!

A plataforma de vota-ções dos Prémios GPS 2014 foi aberta no dia 20 de fevereiro de

2015, com 370 caches nomeadas a concurso. Um lote de caches par-ticularmente apete-cíveis com propostas arrojadas, divertidas, divulgando paisagens incríveis, património natural ou edificado, proporcionando ainda aventuras de cortar a respiração.

Durante cerca de seis meses, os geocachers tiveram oportunidade de programar as suas visitas às caches no-meadas e demonstrar as suas preferências, utilizando um boletim de voto on-line.

As votações encerra-ram à meia-noite do dia 24 de Agosto, com 1166 inscritos e 902 votantes, registan-do-se assim a maior participação de sem-pre. As 5 geocaches finalistas de cada dis-trito foram divulgadas na noite do dia 26 de Agosto 2014, encer-rando assim o ciclo de votações.

Apurados os finalistas e vencedores nos 20 distritos e nas 3 ca-tegorias a concurso, tempo de operacio-nalizar a realização da cerimónia, a logística, os conteúdos e a pro-dução do Evento. Um contra-relógio desen-

freado que foi possível levar a cabo graças à energia de uma equi-pa incansável e à boa vontade de todos os intervenientes.

E por fim, o relógio marca as 20h30 da noite de 5 de Setem-bro de 2015.

Abrem-se as portas do Auditório dos Sa-lesianos, e o nosso coração bate um pou-co mais forte ao ver dezenas, centenas de pessoas, vindas dos quatro cantos de Portugal continental e Ilhas, entrarem-nos pela “casa” dentro, com sorrisos nos lá-bios, brilho nos olhos e a expectativa de uma noite um pouco mais especial do que todas as outras dedicadas ao geocaching, ao lon-go do ano.

E são estes sorrisos, estas palavras de ami-zade, de entusiasmo e de apoio, que fazem tudo valer a pena!

A Cerimónia de Entre-ga dos Prémios GPS resume-se a 3 horas e meia de emoções fortes, de música, de risos, de aplausos, de consagração, de festa, de memórias, de soli-dariedade e de amiza-de.

É este o espírito que nos move e é este o combustível que nos faz acreditar nesta ini-ciativa!

Mirandela 2015 foi uma escolha fantásti-ca e uma aposta total-mente ganha.

Devo dizer que me senti em casa, rodea-da de amigos e apoia-da por uma equipa que me enche de orgulho.

No que respeita aos Prémios, os meus parabéns a todas as caches nomeadas, fi-nalistas e vencedoras. Parabéns e obrigada aos Owners destas fantásticas caches que nos proporcionam momentos de alegria sem igual.

Obrigada a todos aqueles que se deslo-caram até Mirandela, e também àqueles que acompanharam a Cerimónia à distân-cia, através da nossa emissão em directo.

Ainda com o calor de Mirandela no coração, e já de olhos postos na Figueira da Foz 2016!

Mal posso esperar por vos reencontrar a to-dos, amigos!

Texto: Flora Cardoso (Lusitana Paixão)

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100 OutubrO 2015 - EDIÇÃO 17

Pelo 5º ano consecu-tivo que se realiza a Cerimónia de Entrega dos Prémios GPS. De-pois de dois anos em Mondim de Basto, um em Esposende e outro em Lagoa (S. Miguel - Açores), foi tempo de regressar ao con-tinente e a Trás-Os-Montes.

São vários meses de preparação para que aquelas três horas e meia decorram de forma fluída, alegre, divertida e entusias-mante. Este ano bate-mos vários recordes: recorde de votantes (902), de espectado-res na sala (cerca de 300), de espectadores através da Geopt.TV e de vencedores pre-senciais que subiram ao palco para levantar o prémio (21 dos 24), sintoma que a inicia-tiva está mais viva do que nunca e que des-perta o interesse de muita gente.

O maior prazer que po-deremos ter é receber, no auditório, amigos

dos quatro cantos de Portugal continental e das ilhas dos Açores e da Madeira. Essa é uma das maiores virtudes desta inicia-tiva, juntar no mesmo espaço, Geocachers de todas as regiões, que têm contribuído de forma notável para o desenvolvimento e para a excelência des-ta actividade.

Tudo isto só foi possí-vel com o empenha-mento dos Transmon-tanos, o grupo de elite que o Jorge53 reuniu para montar toda a logística que nos re-cebeu, desde o audi-tório, ao dormitório, passando por todas as actividades lúdicas que decorreram nos vários dias de Even-to. Para todos eles, a nossa enorme vénia, pelo esforço e resulta-dos alcançados.

Um enorme agrade-cimento ao Sr. Padre Manuel Mendes e aos Salesianos de Mirandela pela dispo-nibilidade do auditório

que se veio a revelar mesmo à medida das nossas necessidades. A capacidade de 300 pessoas foi perfei-ta para termos casa cheia.

Também a Câmara Municipal de Miran-dela presidida pelo Dr. António Almor Branco foi determinante para o sucesso da iniciativa. Todo o apoio prestado quer logístico quer na disponibilização das infra-estruras de aco-lhimento foram indis-pensáveis durante o desenrolar das várias actividades. Um gran-de abraço para todo o pessoal que sempre nos recebeu de braços abertos e sorriso nos lábios, desde o Sr. Pre-sidente, vereadores e restantes funcioná-rios.

Um obrigado muito especial a todo o Staff da Geopt que volun-tariamente participou na montagem da Ceri-mónia: Cláudio Cortez; Óscar Migueis; Peter; Hulkman; Lusitana

Paixão; AKTeam (Car-los e Andreia); Limão; T!xa; Pintinho e não menos importante, a Maria!!!

Muito obrigado a to-dos os finalistas (ven-cedores e não vence-dores) que fizeram um enorme esforço para estarem presentes. Sem eles, não teria tido a mesma aura.

Muito obrigado tam-bém aos que subiram ao palco para home-nagear os três Geo-cachers que este ano nos deixaram. Foram momentos de gran-de emoção, de muita partilha e que muito nos honraram a to-dos. Uma comunidade grande e unida, tanto nos bons como nos maus momentos!

Para o ano há mais, na Figueira da Foz. Fica já o encontro marcado.

Texto: Gustavo Vidal (Prodrive)

Fotos: Bravellir

“(...) juntar no mesmo espaço, Geocachers de todas as regiões, que têm contribuído de forma notável para o

desenvolvimento e para a excelência desta actividade.”

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101OutubrO 2015 - EDIÇÃO 17 101OutubrO 2015 - EDIÇÃO 17

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p o r r u i J s d u a r t e

À D E S C O B E R T A

P E Q U E N A R O T A

“ O L H O S D E Á G U A D O A LV I E L A”( P R 1 - A C N )

102 OutubrO 2015 - EDIÇÃO 17

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103OutubrO 2015 - EDIÇÃO 17

Já tinha vindo passear e tomar umas banho-cas à praia fluvial vizi-nha um par de vezes mas ainda não tinha tido a oportunidade de vir explorar o, diga-se, lindíssimo percurso que existe ali na orla do Maciço de Porto de Mós, naquela que é a região cársica mais importante do nosso País.

O passeio pretende mostrar-nos uma série de fenómenos relacionados com a erosão provocada pela passagem de água ao longo de milhares de anos, e consegue-o na perfeição... Somos guiados ao longo de pouco mais de um quilómetro entre o ar-voredo e as escarpas calcárias, para obser-varmos a forma como a ribeira dos Amiais desaparece (e reapa-rece) no interior das rochas.

Esta “visita guiada” tem como grande

tema aquela que é “a mais importante nas-cente do nosso país”, a Nascente do Alviela, e mostra-nos a zona de onde sai, desde 1880, a água para o consumo público de Lisboa. Esta nascente é alimentada em grande parte pela água da chuva que se infiltra no Planalto de Santo António e que viaja através de um complexo sistema de galerias subterrâneas até à base da escarpa (local conhecido por Olhos de Água).

Mas o que nos inte-ressa mesmo é a ri-beira dos Amiais, um pequeno afluente do Alviela que é palco de um “dos mais interes-santes fenómenos flú-vio-cársicos do nosso país”, ao longo do qual se desenrola o PR1 e onde nos é dado a ver uma Perda (passagem da ribeira de curso de água de superfície para subterrâneo) e uma Ressurgência (o

inverso, claro), além de uma enorme Jane-la cársica de permeio (uma depressão pelo abatimento do tecto da gruta, sobre o leito da ribeira) e diversas pequenas grutas.

Este conjunto é local de abrigo de várias espécies de morcegos (mais de 10 diferen-tes), pelo que está interdito o acesso às grutas. No entanto não vi sinal algum a indicar esta proibição, apenas as vedações... e estas parecem-me estar implementadas para evitar um descui-do e uma queda feia, não para impedir a passagem.

O Percurso Pedestre propriamente dito é, apesar do desnível anunciado, acessível à maioria de nós e co-meça junto da estra-da alcatroada que dá acesso ao parque de campismo.

Temos aí um placard com as principais

indicações do pas-seio e que tem como complemento várias “mesas” informativas (cinco se não me en-gano) ao longo do tri-lho, nos pontos mais interessantes e com explicações dedicadas aos locais, bonitos e apelativos, como se quer! Até o meu filho, com apenas cinco anos, se divertiu bas-tante a identificar nos pequenos mapas os locais por onde íamos passando! :)

As autoridades com-petentes dedicaram um bom esforço a criar degraus por grande parte do tri-lho de forma a ajudar a vencer as subidas, mas principalmente as descidas já que, a caminhada, de verão, faz-se realmente bem mas deve cobrar umas boas escorregadelas com o terreno húmi-do, em especial numa zona onde a descida se faz “destrepando”

“O Percurso Pedestre propriamente dito é, apesar do desnível anunciado, acessível à maioria de nós e começa junto da estrada

alcatroada que dá acesso ao parque de campismo.”

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104 OutubrO 2015 - EDIÇÃO 17

uma zona de rocha (não é muito inclinada mas mesmo assim...).

Toda a zona atraves-sada é lindíssima, um misto de vegetação endémica e de (peque-nas) escarpas abrup-tas e com uma mão cheia de paragens obrigatórias! Tais fac-tos, aliados ao troço ser realmente peque-no e se percorrer, nas calmas, num par de horas (ida e regresso), fazem deste PR1 um verdadeiro must para os amantes de pas-seios/caminhadas em família (leia-se, com miúdos pequenos)!

Este nosso regresso ao local (tinha estado na praia fluvial na se-mana anterior) tinha como grande motivo, além dos “naturais” já referidos, uma Earth-cache idealizada pela Salprata em 2009, A Perda [GC1Y1R9], por estes dias a cargo dos Go&Mi Team. Temos na listing desta inte-ressante EC todo o complemento ao aci-ma (d)escrito! Reco-menda-se uma leitura atenta, claro! :)

Confesso que ia tão emerso no passeio e nas respostas às questões da Earth-cache que, apesar do

meu filho me ter dito VÁRIAS vezes “deve haver aqui uma cai-xinha” (ainda não lhe consegui explicar o conceito das ECs), não me lembrei sequer de ver na app da GS se haveriam mais caches na zona... e há mes-mos, várias até!

Mesmo sem ter bem a noção dos seus GZ, recomendo sem dúvida as duas que ficam em pleno PR, Projecto GeoRibate-jo - Concelho de Al-canena [GC37R7C] e Percurso pedestre dos Olhos d’agua do Al-viela. [GC39JKY], além de uma outra que nos

apresenta um local de passagem “obrigató-ria” para quem queira aprender mais sobre a zona, a do Centro Ciência Viva do Alvie-la - CARSOSCÓPIO [GC45N60].

Fica o convite a uma pequena caminhada por um lugar bastante bonito e invulgar, pra-ticamente às portas de Lisboa.

Mais informação em http://www.icnf.pt/portal/turnatur/visit--ap/pn/pnsac/pr1-o-lhos

Texto / Fotos: Rui Duarte (RuiJSDuarte)

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105OutubrO 2015 - EDIÇÃO 17

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106 OutubrO 2015 - EDIÇÃO 17

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p o r t e a M M a r r e t a s

108 OutubrO 2015 - EDIÇÃO 17

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109OutubrO 2015 - EDIÇÃO 17

Nesta edição apro-veitámos o que ainda restava das férias e re-solvemos deixar para trás Portugal Conti-nental, viajando pelo Atlântico e escolhendo a bela ilha da Madeira como destino.

O geocacher insular que nesta edição da GeoMag nos vai dar a conhecer o seu Geo-caching de A a Z é Hugo Pita, geocacher de 33 anos cujo nick é precisamente “Hugo Pita”. Dono de várias caches espalhadas pela ilha de Madeira, é conhecido localmente pelos seus containers originais e, a nível na-cional, pelas caches “Halloween Adven-ture” [GC5D1YV] e “Aventura Nocturna / Night Adventure” [GC45ECW], que lhe valeram o Prémios GPS 2014 e 2013, respectivamente, a ní-vel do Arquipélago da Madeira.

Registado desde Ou-

tubro de 2011, conta com mais de 1400 founds nas suas con-tas, não só em terri-tório madeirense, mas também no Arquipé-lago dos Açores e em Portugal Continental, às quais se somam as suas 48 caches es-condidas.

Criativo, disponível e bem disposto, o que significará o nosso hobbie para este geo-cacher madeirense? Para que esta per-gunta não fique sem resposta, não perca-mos mais tempo e co-nheçamos pelas suas próprias palavras, o Geocaching de Hugo Pita, de A a Z.

A de Amigos - Em todo este tempo de geocaching fiz gran-des amizades que com certeza me vão acompanhar pela vida fora. Não é por acaso que fundei há 3 anos o grupo “Amigos do Geocaching”.

B de Betatester – Já fui convidado para fazer alguns e é com muito gosto que ajudo em tudo o que está ao meu alcance.

C de Cláudia – É a mi-nha esposa, que tem muita paciência, pelo tempo que passo au-sente a trabalhar em novos projetos.

D de DisneyGui – Nick name do meu filho que foi criado há pou-co tempo, só tem 4 aninhos mas já vibra com o Geocaching e fica muito feliz com a descoberta de novos tesouros.

E de Enigmas – São as caches que menos gosto de fazer, porque não quero ficar com cabelos brancos.

F de Found – É a pa-lavra que mais gosto de ouvir, após largos minutos de procura.

G de GeoPT – É sem dúvida uma mais valia para todos os prati-cantes de Geocaching,

são uma grande equi-pa, que faz um traba-lho incrível.

H de Hoje – Hoje a minha vida é muito diferente, porque um dia alguém me falou do Geocaching

I de Imaginação – É a capacidade que precisamos para ela-boração de grandes caches.

J de Jipe – É o ‘compa-nheiro’ das cachadas por trilhos mais difí-ceis.

K de Kit de Geocaching – Muitos esquecem, mas na hora H faz sempre muita falta.

L de Los Cabaneros GeoMáfia – Grande grupo de amigos, al-guns conheci nos Aço-res, já nos visitaram na Madeira e já foram visitados por nós em Setúbal.

M de Madcreacions – Projeto que trará mui-tas surpresas a todos os Geoacachers.

“H de Hoje: Hoje a minha vida é muito diferente, porque um dia alguém me falou do Geocaching”

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N de Novatos – Es-tou sempre pronto a ajudar todos os princi-piantes do Geocaching que me pedem ajuda.

O de Objectos – In-felizmente muitos geocachers esquecem esta regra do Geoca-ching. Se tirar algo da cache, deixe outro ob-jeto de valor igual ou superior.

P de Pica7 – Grande amigo é um maluco, conhecemos o Pica7 e a Vanessa quando vie-ram à Madeira para a prática de Geocaching, claro… Retribuímos a visita e conhecemos

a pequena MaryJane de quatro patas. De vez em quando rece-bo umas chamadas estranhas de alguém que tem saudades do sotaque madeirense.

Q de Qualidade – É a palavra de ordem para todos os novos proje-tos.

R de Reconhecimento – Foi ter ganho dois anos consecutivos o prémio de melhor cache do Distrito da Madeira.

S de Serafim Sau-dade – Foi o revisor que publicou a minha

primeira cache, já o conheci pessoalmen-te no Mega Evento de Mafra 2015.

T de Trabalho – Tra-balhosos são todos os meus projetos, mas quando estão con-cluídos dão-me muito gozo.

U de Únicos – São os momentos que o Geo-caching nos propor-ciona.

V de Viajar – Quando vou de férias, conheço os melhores locais a fazer Geocaching.

W de Write Note – É uma ajuda preciosa

para percebermos se as nossas caches es-tão bem de saúde.

X de XPTO – São as caches de Ilha da Ma-deira que aguardam a vossa visita.

Y de Yes – É expres-são de contentamento quando deciframos mistérios.

Z de Zarolho – Foi como fiquei ao chegar à vigésima sexta letra do alfabeto português.

Texto: Bruno Gomes / Hugo Pita

Foto: Hugo Pita

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111OutubrO 2015 - EDIÇÃO 17

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Apagar registos online

P O N T O Z E R O- B Í T A R O & M I G H T Y R E V -

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113OutubrO 2015 - EDIÇÃO 17

Uma das tarefas dos Ow-ners é garantir a “qualida-de” dos registos na página das suas caches, e para tal, têm o poder de apagar registos.

Essa opção deve ser, con-tudo, utilizada com cuida-do, pois os registos online fazem parte da história tanto das caches e dos trackables, como dos geo-cachers, e não podem ser apagados sem que para isso haja uma razão bas-tante forte.

Na maioria das vezes os registos são apagados por questões de spoiler, ou seja, registos que de-nunciam de imediato aos geocachers aquilo que o owner pretende que seja surpresa na sua cache. Mas, para este tipo de si-tuação, existe uma outra opção, a de se encriptar o registo. Ou seja, se o geocacher colocou algum spoiler no registo e se o owner entender que é demasiado óbvio, pode simplesmente encriptar o registo. Assim os restan-tes geocachers saberão que existe ali algo que lhes pode estragar a surpresa e ao lê-lo estarão conscien-tes disso.

Pode também aconte-cer que alguns registos sejam simples erros de principiante ou feitos por distração. Será que é um geocacher novato e sem experiência e está a co-locar repetidos registos de “Found it” para conse-quentes visitas à cache? Será que o geocacher está a registar a sua aventura

na página da cache erra-da? O owner tem que ter bom senso ao lidar com estas situações, preferen-cialmente de uma maneira simpática e cordial.

Se, efetivamente, por uma razão ou outra, o geoca-cher não foi ao encontro dos requisitos normais dos registos online, o ow-ner deverá agir em con-formidade. E será de bom tom fazê-lo de um modo delicado e simpático, en-viando um email através do perfil do geocacher a esclarecer o porquê do re-gisto ter sido apagado (ou ir ser apagado).

Se o registo contem spoilers, ou fotos spoilers, o owner deve pedir ao geocacher que o edite, ou, se o mesmo já foi apaga-do, convida-lo a escrever o registo de novo, desta vez sem os ditos spoilers.

Claro que não apetece ser muito simpático ou politi-camente correto quando um owner recebe na pági-na da sua cache um regis-to com linguagem obscena ou ameaçadora. E, neste caso, apagar o registo de imediato pode ser mesmo o mais acertado. Estar a responder é estar a dar re-levância e motivação para que a discussão se pro-longue, no local que não é o apropriado: a página da cache. A página de uma cache não é um fórum de discussão… E nestes casos é mesmo aconse-lhável que se submeta um pedido de assistência à Groundspeak (através do formulário www.geoca-

ching.com/help), uma vez que estas atitudes menos corretas são claramente contra os Termos de Uso do site Geocaching.com.

Apagar um registo re-move-o do histórico do geocacher e do seu perfil. E nem o geocacher, res-ponsável original pelo mesmo, o poderá voltar a ver ou ter-lhe acesso. A ação é irreversível, não sendo possível ao owner da cache repor o registo. No entanto, e em casos de erro, o owner pode sempre pedir a um elemento da equipa de revisão local que reponha a normalidade.

Um geocacher que se sin-ta lesado ao ver os seus registos serem apagados indevidamente também pode pedir auxílio a um revisor, se bem que qual-quer ação de reposição desses registos terá que passar obrigatoriamente por um administrador do site Geocaching.com, e o revisor reencaminhará sempre o geocacher para a página de ajuda mencio-nada acima.

Portanto, e antes de qualquer precipitação, há que ponderar muito bem antes de tomar a decisão de apagar registos, até porque apagar uma nota de movimentação de um trackable, apesar de não afetar o histórico do mesmo, pode muito bem afetar a felicidade do geo-cacher que o registou; é natural que um geocacher possa valorizar bastante os seus registos de DNF, as notes ou mesmo os

pedidos de manutenção, portanto o owner de uma cache não deverá assumir que estará tudo bem em apagar registos “sem mais nem menos”.

Também para clarificar, os registos de Needs Archived (requerer arqui-vamento) são automati-camente reencaminhados para os revisores, e não será a remoção destes das listings que impedirão os revisores de os receber.

Por fim, e porque é natural que este tipo de questões sejam sempre controver-sas, desagradáveis e in-desejadas (principalmente quando a outra parte envolvida está a mostrar-se menos tolerante), será sempre melhor pergun-tarmo-nos: “Esta disputa vale realmente o meu tempo?”. Temos que ser superiores e fazer um es-forço para não sofrer com estas situações e deitá-las para trás das costas… Acabaremos por descobrir que nos sentimos melhor ao fazê-lo.

Espero ter ajudado a clarificar este aspeto do geocaching online, e es-pero acima de tudo que tomemos consciência de que não praticamos geo-caching sozinhos e que nos devemos respeitar mutuamente, tendo assim atenção ao que escreve-mos e contermo-nos um pouco perante os peque-nos poderes que temos sobre as nossas listings.

Filipe Nobre / Vitor Sérgio (MightRev / Bítaro)

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FROM GEOCACHING HQ

WITH LOVE

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“Já fiz um monte de caminhadas ao longo da vida e tenho de dizer que, é muito raro encontrar locais em que se vendam snacks, água ou mesmo cerveja a meio

da caminhada!”

Tinha ouvido que Agosto é a pior altu-ra do ano para viajar para o Japão. Então o que fiz? Marquei as minhas duas sema-nas de férias no Japão para o final de Agosto. Naturalmente, a única razão pela qual faria algo tão tolo seria o geocaching. Também queria escalar o Mon-te Fiji e o período para fazê-lo em segurança termina mais ou me-nos nessa altura. Depois de trocar mi-lhas de voo por um bilhete gratuito para Tóquio, comecei a pla-near a minha grande aventura. Sabia que precisaria de ajuda de alguns locais, por isso procurei todos os contactos que conhe-cia no Japão. Depois de alguns meses de planeamento, decidi-me juntar a um grupo de geocachers locais no evento GC5VHCG – um evento CITO que teria lugar no Monte Fuji. Todos os anos um grupo de geocachers japoneses fazem a caminhada com o ob-

jectivo de limpar o lixo na montanha. Embora se possa subir ao topo e voltar num dia de viagem, o grupo queria desfrutar do nascer do sol no topo da montanha, por isso seria uma aventura com direito a pernoita para nós. Deixámos Tóquio às 8 da manhã e às 11 estávamos no início do trilho. Éramos 11 no total. Embora apenas 3 de nós falassem Inglês e eu conhecesse apenas quatro palavras de Japonês, tivemos mui-tos poucos problemas em nos entendermos ao longo do caminho. Começámos a cami-nhada e fomos rece-bidos pela saudação de “Konnichiwa” de cada montanhista por quem passámos ao longo da caminhada. Como a temporada de subida ao Monte Fuji é muito curta, existiam muitos montanhistas a subir e a descer a montanha. As nuvens estavam baixas e caía uma névoa, e por isso

não fomos agraciados com grandes vistas nas primeiras horas do passeio.A subida ao Monte Fiji é dividida em es-tações, que natural-mente fornecem bons pontos de descanso a cada 45 minutos. Começámos na 5ª es-tação (2400 metros) no Trilho Fujinomiya e tinha reservado uma cabana na estação 9,5 para passar a noite. O objectivo era alcançar esta estação cerca das cinco da tarde, jantar e ir para a cama cedo. Tínhamos de nos levantar antes do amanhecer e acabar a última meia hora de caminhada até ao cume para ver o nas-cer do sol no topo.Já fiz um monte de ca-minhadas ao longo da vida e tenho de dizer que, é muito raro en-contrar locais em que se vendam snacks, água ou mesmo cer-veja a meio da cami-nhada! Cada estação no Monte Fiji tem isso mesmo, bem como

equipamento de mon-tanhismo, lembranças ou mesmo apenas um lugar quente e seco para descansar. Por 200 ienes (€1,50), po-des até usar uma casa de banho. A maior parte da su-bida faz-te sentir como se estivesses a caminhar numa pai-sagem marciana. Para onde quer que olhes, existem belas rochas vulcânicas, bem como solo, vermelhas e ne-gras. Fizemos a rota mais curta e mais ín-greme da montanha. Alguns consideram este como sendo o percurso mais fácil pois, como aprendi, as outras rotas tendem a estar cheias de tantas pedras soltas e casca-lho que a cada passo que dás, deslizas pela encosta abaixo. Por volta da 8ª esta-ção, as nuvens mais altas levantaram e isso revelou uma vista espectacular de um dos lados do Monte Fuji, com um mar in-terminável de nuvens.

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Estes são os tipos de vistas que fazem com que tudo valha a pena.

Chegámos à estação 9.5 (elevação 3250 metros) como progra-mado por volta das cinco da tarde. Daqui, conseguíamos ver o Torii (portão tradicio-nal japonês) no topo. Quase que o conse-guia alcançar e tocar, estávamos tão perto! Depois de nos insta-larmos na nossa caba-na e termos um comi-do uma bela refeição quente com cerveja, acomodámo-nos para a noite.

Acordei a meio da noite com sons de vento e chuva do lado de fora da cabana. Preocupava-me que a tempestade não se fosse embora até à al-tura em que fôssemos fazer a nossa tentati-va de chegar ao cume.As minhas preocu-pações tornaram-se realidade quando as pesadas rajadas de vento e chuva ainda se mantinham às 5 da manhã. Os traba-lhadores na cabana avisaram-nos que as condições estavam ainda piores no topo e que não seria seguro

para nós tentarmos chegar ao cume. O meu coração afundou. Tínhamo-nos esforça-do tanto e estávamos tão perto. Com todo o planeamento e es-forço para fazer esta viagem e subida pos-síveis, ser obrigado a dar meia volta por causa do mau tempo foi difícil de aceitar. Mas a segurança deve estar sempre em pri-meiro lugar.Às vezes, numa aven-tura, não ganhas o “prémio” que tinhas definido originalmen-te, mas isso não é um problema. A viagem

que fazes, bem como os amigos, e as me-mórias que guardas fazem tudo valer a pena. Agora só preci-so de descobrir como poderei voltar e tentar atingir o topo nova-mente. Eu disse aos meus novos amigos geocachers que vol-taria um dia. Afinal, as geocaches no cume ainda lá estão à minha espera!

Texto: Annie Love- G Love (Lackey)

Tradução por Bruno Gomes

(Team Marretas)

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GEOCACHING NO GEOPARQUE DOS AÇORESUma ferramenta para explorar e proteger a

nossa “herança geológica”

c o N f e r ê N c i a

p o r p a l H o c o s M a c H a d o & p e d r o . b . a l M e i d a

118 OutubrO 2015 - EDIÇÃO 17

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119OutubrO 2015 - EDIÇÃO 17

Durante a 13ª Confe-rência Europeia de Geo-parques (http://www.egnconference2015.com/), realizada durante o Congresso EGN 2015, entre os dias 3 e 5 de se-tembro, no Rokua Geo-park (Oulu, Finlândia), foi apresentado um artigo científico sobre Geoca-ching e os Geoparques. Artigo desenvolvido através de uma parce-ria entre os geocachers Dr. Luis Filipe Machado, antigo investigador e docente na Universida-de dos Açores durante mais de uma década (aka Palhocosmachado) e o Dr. Pedro Almeida

(aka Pedro.b.almeida) e o Geoparque dos Açores (sedeado na Universida-de dos Açores), através das Dras. Marisa Ma-chado, Eva Lima e Carla Silva.

A apresentar o dito, neste Congresso In-ternacional, esteve a Dra. Carla Silva, corres-ponsável pela Área de Educação Ambiental do geoparque, licenciada em Biologia e Biologia-Geologia.

Durante a exposição foi apresentado um Power-Point sobre Geocaching e a sua vertente de pre-servação de trilhos (que

nos Açores são muitos e de alta qualidade…) e de proteção e respeito pelo meio-ambiente (como provam os, muitos e variados, eventos CITO realizados por todo o Açores e, como é apaná-gio e caraterístico deste “Jogo de Aventuras” que é o Geocaching).

Registe-se, muito a pro-pósito, que existe uma conexão muito próxima entre o Geocaching (em particular na Região Au-tónoma dos Açores), os Parques Naturais das várias ilhas (tutelados pela Secretaria do Am-biente) e o Geoparque dos Açores. Claro que

este fato relaciona-se com a existência, nos Açores, de inúmeras Zonas Protegidas, bem como de várias reser-vas. De notar que esta colaboração e trabalho em conjunto tem sido muito profícua para to-das as partes.

A apresentação deste artigo resulta da par-ceria existente entre a GeoTour Ilha Verde/Green Island e o Geo-parque dos Açores.

Texto : Luis Filipe Ma-chado, Pedro Almeida e

Marisa Machado

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