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Jornal Regional Valor Local • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António Rodrigues • Edição nº 20 • 19 Dezembro 2014 • Preço 1 cêntimo Um ano depois União das Freguesias: Depois da Tempestade, o Entusiasmo Págs. 12, 13, 14, 15 Entrevista: Presidente da Câmara de Salvaterra quer reforçar apoio aos empresários ERSAR é cada vez mais um osso duro de roer para “Águas da Azambuja” Págs. 6 e 7 Pág. 2 Valor Local

Edicao 19 dez 2014

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Jornal Regional Valor Local • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António Rodrigues • Edição nº 20 • 19 Dezembro 2014 • Preço 1 cêntimo

Um ano depoisUnião das Freguesias:

Depois da Tempestade,o Entusiasmo

Págs. 12, 13, 14, 15

Entrevista: Presidente da Câmarade Salvaterra quer reforçar apoioaos empresários

ERSAR é cada vez mais umosso duro de roer para“Águas da Azambuja”Págs. 6 e 7 Pág. 2

Valor Local

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2 Valor LocalDossier Águas

ERSAR volta a chumbar revisão do contratoentre a Câmara e “Águas da Azambuja”

Câmara do Cartaxo e Cartágua em rota de colisão

OValor Local teve acesso aoparecer em que a Entidade

Reguladora dos Serviços deÁguas e Resíduos (ERSAR) voltaa colocar um mar de questões àCâmara e à concessionária. A ER-SAR não dá tréguas, e volta a di-zer que há questões mal esclare-cidas, e outras tantas sem funda-mento. Entre outras questões é explicitadoque o fim da cobrança dos consu-mos mínimos em 2012 pela Águasdo Oeste, poderia estar mais pre-sente no aditamento tendo emconta que o seu fim é um fator im-portante na definição do preço daágua, e com isso a desoneraçãodo consumidor. A “Águas da Azambuja” por outrolado continua a fazer uso do factode a Águas do Oeste não ter cum-prido com parte da obra previstaem alta, e de tal se traduzir “numasignificativa perda de clientes rela-tivamente ao caso base”, masmais uma vez a ERSAR não dárespaldo a esta justificação, ale-gando que não possui impacto noequilíbrio da concessão. O regulador refere ainda que faltainformação sobre a repartição dosgastos, e sobre a repartição decustos de cada atividade, e comisso apurar-se ou não de casos de

subsidiação cruzada, (porventurapor outras empresas do grupo)que “as partes referem ter elimina-do, mas sem apresentar informa-ção adicional”. A concessionária aceitou com estenovo contrato reduzir a Taxa deRentabilidade Interna, ou seja re-duzir os lucros, grosso modo, masnem isto a ERSAR vê com bonsolhos – “(…)presumindo que sepretende a recuperação do dife-rencial da taxa que a proposta derevisão em análise reflete, questio-nou-se da razoabilidade destepressuposto, dada a pressão deacréscimo que essa compensaçãoirá provocar nas tarifas futuramen-te”. Quanto aos aumentos propriamen-te ditos, a ERSAR continua a man-ter a mesma versão anterior, doparecer emitido em 2013– “O novotarifário representa um acréscimodos encargos com o serviço de sa-neamento, em que se verificaaproximadamente uma duplicaçãodos encargos para os vários perfisde consumo analisados”. Contudoa ERSAR salvaguarda que Azam-buja mesmo assim não entra na li-nha vermelha, o que vai ao encon-tro do que disse Jaime Melo Bap-tista, presidente da ERSAR, numainiciativa da Assembleia Municipal

de Azambuja ao referir que “umafamília não deve pagar mais doque três por cento do seu rendi-mento na despesa com as contasda água”, sendo que no caso des-te concelho, e tendo em linha deconta “o rendimento médio das fa-mílias do município esse item estásalvaguardado”. No entanto, nosutilizadores não domésticos e nosaneamento os novos preços sãobastante altos, e por isso é reco-mendado “um período de conver-gência para o novo tarifário quepermita um crescimento gradualdos encargos a suportar pelos uti-lizadores”.A ERSAR volta a colocar o acentotónico no facto de mais uma vez aCâmara e a concessionária não te-rem tido em linha de conta a reco-mendação que já tinha sido feitano anterior parecer relativa ao fac-to de as autarquias do concelhonão poderem ter o mesmo tarifárioespecial das IPSS’s e das coletivi-dades, mas as partes referem que“tal se trata de uma opção políticasolicitada pelo município e acatadapela concessionária”. Ou seja aCâmara quer usufruir dos mesmosbenefícios das coletividades eafins.Num dos últimos aspetos analisa-dos, a ERSAR também vê como

frágil o argumento para a reposi-ção de equilíbrio poder ser medidoa intervalos de cinco anos, “poisnão se considera admissível a re-visão do caso base só pelo decur-so do tempo sem que se tenhamverificado eventos justificativos doreequilíbrio”. Em cima da mesa para a revisão eaprovação do novo contrato daságuas, continuam muitos dadosantigos e verificados, mas tambémnovos como a verticalização do se-

tor. Azambuja numa convergênciaentre PS e Coligação Pelo Futuroda Nossa Terra aprovou a entradado município no novo sistema mul-timunicipal, com a condição de quea Águas do Oeste faça as obrasprometidas em alta. A entrada emfuncionamento de uma nova enti-dade de abastecimento e sanea-mento em alta, com os alegadospreços mais vantajosos de que sefala, poderá permitir à Águas daAzambuja que tem de comprar em

alta, poder embaratecer toda a li-nha do fornecedor ao consumidor.A Câmara e a concessionária já re-feriram que face à reestruturaçãodo setor em perspetiva e alteraçãotarifária a montante na Águas doOeste, as partes deverão acordaros termos em que o anexo da revi-são das tarifas será revisto”.A Câmara e a concessionária vãovoltar a responder à ERSAR tendoem vista finalmente um parecer fa-vorável.

As relações entre a Câmara doCartaxo e a Cartágua chega-

ram a um ponto de conflito. Sen-do que a Cartágua já ameaçoucolocar a Câmara em tribunal pornão aceitar a atualização de tari-fário. “Consideramos essa medi-da como infundada!”, deu conta opresidente do município.Pedro Ribeiro, numa resposta aquestões do vereador do PSD,Vasco Cunha, em reunião de Câ-mara, adiantou que, nesta altura,

a autarquia já tem nas suas mãosos relatórios preliminares de aná-lise do processo, em que foramcontratados os serviços da mes-mo consultor financeiro da Águasdo Ribatejo. Pedro Ribeiro referiuque segundo as análises levadasa efeito, o município está a serprejudicado, sendo que as mes-mas “dão respaldo às nossas dú-vidas quanto ao contrato adicio-nal”, que recorde-se prevê au-mentos na casa dos cinco por

cento ao ano durante seis anos. A empresa do grupo Lena eAqualia referiu ao presidente queperante a posição da Câmara vaiavançar para tribunal. Por outrolado, Pedro Ribeiro referiu aindaque se sente desiludido com aposição do Tribunal de Contas“que fez uma apreciação de nortea sul do país quanto às conces-sões mas sem mergulhar profun-damente em nenhuma delas”.“Tenho a certeza que se tivessesido dito à Assembleia Municipalquais os valores de aumento queestavam em causa que o adita-mento não tinha sido aprovado”.Face ao cenário atual em causa,Pedro Ribeiro vê poucas saídasquanto a negociações a não serdesacelerar o ritmo de investi-mentos, aumentando a retribui-ção das rendas à Câmara e nãoaumentando o tarifário. Resta sa-ber se a concessionária concor-daria com tal. Tentámos o contac-to com responsáveis da empresamas estes permanecem incontac-táveis.

ERSAR insta Cartágua acumprir com os objetivos

do contrato

Face às desconfianças geradasquanto ao aditamento ao contratocelebrado entre as duas entida-

des, o Valor Local teve acesso aoparecer da ERSAR que deu luzverde em 2013 ao mesmo masque salvaguarda, entre outrospontos, que a entidade gestora,Cartágua, deve “rever os valoresde partida bem como os expetá-veis para os anos futuros da con-cessão, devendo os mesmos se-rem estimados por ciclos de cincoanos e não apenas para 2045como apresentado”.A ERSAR recomenda ainda quedevem ser melhor especificadosos moldes em que vão ser leva-dos a cabo os investimentos que

dizem respeito aos sistemas doCartaxo/Vila Chã de Ourique, dePontével/Casais das Amendoei-ras/Casais da Lapa e deValada/Porto Muge/Reguengo porapresentarem desvios significati-vos. Permanecem dúvidas sobreuma quantidade de obras a fazer,e em que parcelas de responsa-bilidade serão financiadas pelaCartágua ou pela Câmara; e deque modo os fundos estruturaisvão entrar nesse financiamento,sendo que por outro lado a solu-ção de reequilíbrio assenta no au-mento do tarifário e na redução

da retribuição à Câmara em me-nos 6,9 milhões de euros. A ER-SAR deixa no ar que tais fatoresabonatórios para com a empresatêm de ser acompanhados poruma melhoria dos níveis de servi-ço, com a disponibilização à po-pulação das obras em falta.Por último, a entidade recomendaque as partes tenham em atençãoa atividade de limpeza das fossassépticas em locais onde não este-ja disponível a rede de sanea-mento. Como referido acima, oValor Local tentou o contato coma empresa mas sem sucesso.

Águas da Azambuja vai ter de dar mais explicações à ERSAR

ERSAR quer assegurar que os níveisdo serviço vão ser assegurados

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4 Valor LocalDesporto

¢ Miguel A. Rodrigues

OGrupo Desportivo de Azam-buja celebra em Janeiro do

próximo ano 65 anos de atividade.Nesse sentido é como tem vindo aser hábito nos últimos anos, o clu-be vai levar a cabo uma série deatividades para demostrar a sua vi-talidade e ao mesmo tempo home-nagear os sócios.Alexandre Grazina, presidente dadireção, salientou ao Valor Localque a coletividade nem sempre vêo seu trabalho reconhecido por ter-ceiros, mas reconhece que o queé importante “é honrar e dignificarquem nela trabalha, o seu conce-lho e a sua terra Natal”, salientan-do que este é um dos desígnios doGDA.Ao longo de quatro fins-de-sema-na, o clube vai desenvolver váriasiniciativas. O primeiro fim-de-se-mana de Janeiro será dedicado àscerimónias ditas oficiais, com a vi-sita às instalações e o hastear das

bandeiras, bem como a receçãodas entidades concelhias. O se-gundo fim-de-semana terá comohabitualmente a sua Gala. Esteano mais cedo, porque muitos dosatletas vão estar fora no final domês, daí que o presidente da dire-ção saliente que esta data possibi-lita que estejam todos presentes. AGala de 2015 conta com novida-des, pois terá “o apoio e uma par-ceria com o Jornal Valor Local, queem boa hora se associou ao even-to”. Segundo Alexandre Grazina,este será “um parceiro estratégicoem termos de divulgação do queserão as nossas comemorações”,e que se associa este ano à entre-ga do Galardão Excelência.Todavia o Grupo Desportivo deAzambuja assume uma falta deestratégia no que toca à comuni-cação. O presidente do clube vincaque ainda há muito a afinar, no-meadamente, no que toca à saídade informação das próprias sec-

ções para a direção e posterior-mente para os Órgãos de Comuni-cação Social e restante comunida-de.Na última assembleia geral, o clu-be registou uma afluência bastantereduzida, e isso também resultadessa falta de estratégia, mas Ale-xandre Grazina fala em falta demeios financeiros para agilizar me-lhor a sua comunicação. Ainda as-sim o responsável acredita quemuitas pessoas já não têm paciên-cia para olharem para cartazes deeventos. Todavia com mais de1500 sócios, muita dessa informa-ção já segue para os mesmos,sem passar por outros canais.Em termos de época desportiva, opresidente do clube salienta que aépoca passada “foi muito boa” eque tem havido um crescendo depraticantes em várias modalida-des. “Os resultados aparecem,mas não são o nosso grande obje-tivo que passa antes por trazer as

pessoas ao clube e fidelizá-las”.Alexandre Grazina vinca que naépoca passada, o clube teve a fe-licidade de ter novos campeõescom a obtenção de títulos nacio-nais e regionais nas modalidadesde pesca desportiva e taekwondo,bem como na ginástica.Destaque para a pesca desportiva,modalidade em que mais uma vezo atleta Miguel Rodrigues, se con-seguiu apurar para o campeonatode juniores de rio. “Pelo terceiroano consecutivo vai representarPortugal, o nosso concelho e oGDA, depois da Eslovénia e Ho-landa, agora irá à Sérvia”.Alexandre Grazina lamenta, no en-tanto, que não haja o devido reco-nhecimento por parte das entida-des oficiais a este atletas que pa-gam do seu bolso a maioria dasdespesas. No caso de Miguel Ro-drigues, viajará com o apoio da fe-deração, dos pais e de uma pe-quena parte do clube.

OAveiras de Cima Sport Clubetem somado, nos últimos me-

ses, uma série de resultados queo têm colocado nas estatísticascomo o clube com a defesa me-nos batida da temporada.O clube que tem tentado ultrapas-sar várias dificuldades passadas,em que o futebol e as outras mo-dalidades foram interrompidas,está agora a fazer um percursoquase a começar do zero. Há per-to de dois anos que uma nova co-missão administrativa tomou pos-se, e que deixou para trás o im-passe diretivo e desportivo. Agoracom uma nova direção, o clubetem somado mais êxitos desporti-vos, até porque de certa forma,com a tranquilidade diretiva, apa-

recem também os resultados des-portivos.Nuno Cláudio, treinador dos junio-res do Aveiras de Cima Sport Clu-be, lembrou ao Valor Local situa-ções passadas, mas garantiu quetodos os projetos levados a cabopela anterior direção “permitiramresolver problemas como a novabancada, a questão do bar oumesmo a dos balneários.”O treinador destacou que nestaépoca as diferenças notaram-se.Com uma direção nova, conse-guiu abstrair-se da gestão do clu-be, coisa que fez na época passa-da, e dedicar-se à equipa. “Tivetempo de contactar os jogadores ede acrescentar qualidade à quali-dade que já tínhamos e que tran-

sitou da época passada”. Agora oAveiras tem “uma equipa bastanteequilibrada, com bons valoresdesde a baliza até à frente de ata-que e com boas soluções para

cada uma das posições, “e o re-sultado está à vista”. A equipa deAveiras de Cima está então a fa-zer um bom campeonato “que tema ver com os jogadores, que para

além de terem valor, são homenscom “H” grande e caráter”.A equipa de Aveiras que está nasegunda divisão da Associação deFutebol de Lisboa, é atualmente oconjunto menos batido em casa,uma época de contraste completocom a do ano passado: “Fomosem crescendo. Tínhamos muitosobstáculos e resistimos. Por issosó o espirito de grupo muito forteque existia fez com que aguentás-semos”, lembrando que nestaépoca por já possuir a base doano anterior “os resultados surgi-ram mais cedo”.Nuno Cláudio que reafirma a ne-cessidade de manter os recordesda equipa, lembra também que “épreciso dar muito ao pedal para

isso”, evidenciando que esta éuma “equipa com valor”.O treinador diz que a equipa podeir muito mais longe, e que se noinício se pensava apenas jogo ajogo; “agora seria falta de ambiçãose disséssemos apenas isso. Estaequipa tem qualidade para ficarnum dos três primeiros lugares, eé para isso que nós lutamos”.Tiago Silva, capitão do Aveiras deCima Sport Clube, referiu ao ValorLocal que a equipa está sempremotivada – “Funcionamos comouma família, somos todos irmãos”.O capitão destaca o espirito de en-treajuda “dentro do campo ondenos ajudamos uns aos outros, nosmomentos bons e maus e assim éque tem de ser”.

Grupo Desportivo de Azambuja quasea soprar as velas de mais um ano

Aveiras de Cima Sport Clubecom época acima da média

O presidente do GDA reconhece falhasna comunicação do clube

Uma equipa motivada

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6 Valor LocalEntrevista

¢ Sílvia AgostinhoValor Local – O Turismo pare-ce ser uma das suas grandesapostas. No último ano, esti-veram em Salvaterra as váriastelevisões, mas como catapul-tar ainda mais esta vertentepara além do clássico Mês daEnguia?Hélder Esménio – O ideal é ter-mos aqui três ou quatro eventosao longo do ano que captem tu-ristas e que os façam regressar.Para além do Mês da Enguia,começámos a colocar o ênfasena Feira de Maio/Feira de Ma-gos com a vertente do artesana-to e da mostra de produtos dosprodutores locais, bem como apromoção do cavalo e da festabrava. Depois temos as festasno concelho de junho a agosto enesse período inibimo-nos depromover eventos próprios. Mastemos também o “Arte e Sons”na Glória do Ribatejo, que pro-cura dar dimensão ao “Glória aoRock” com mais iniciativas e ar-tes. Temos também o aniversá-rio da falcoaria, com recriaçõeshistóricas e iniciativas culturais.Por último, promovemos o co-mércio local durante o Natal. Emconclusão, damos visibilidadeao concelho junto dos media edo público com estes eventos,mas depois temos de ter produ-to, que no nosso caso é o Tejo,a lezíria, a falcoaria, a tradição efesta brava. Criámos rotas náu-ticas, por exemplo, também deincremento do turismo. Estamosa agilizar junto do Instituto deConservação da Natureza e dasFlorestas no sentido da criaçãode rotas cicláveis e pedestresna Mata Nacional do Escarou-pim. Os eventos Juvemagos eEquimagos são, na sua opi-nião, modelos esgotados?Foram esgotados pelos própriosque os criaram. Não temos

Equimagos desde 2009, e porisso foi a própria gestão anteriorque acabou com o mesmo etambém com o Juvemagos. AEquimagos possivelmente nãotinha dimensão e mérito parasobreviver, por isso optámos porpromover a Feira de Magos coma vertente do cavalo da Equima-gos, juntando o sector agroin-dustrial. Vamos repeti-lo em2015.A oposição critica-o por nãoter nenhum grande evento de-dicado à juventude.Não é verdade, porque infeliz-mente a oposição teve poucotempo para participar nos even-tos da Câmara ou prefere usarda crítica não construtiva. Porvia indireta, nas festas do nossoconcelho, temos sempre a tendajovem, com música e animaçãopara os jovens. Por outro lado,temos o Arte e Sons da Glóriacom teatro, marionetes, música,entre outros, em dois fins-de-se-mana. O fato de o Plano de Ordena-mento da Barragem de Magosestar completamente em ba-nho-maria também está a trairas expetativas naturais da Câ-mara quanto à possibilidadede aquele poder vir a ser tam-bém um importante polo deatração?Contráriamente ao que os autar-cas têm procurado dizer, a Bar-ragem de Magos será sempreum polo de atração mas não emgrande escala. Porque é proibi-da por lei, a prática de desportosnáuticos motorizados naquelaalbufeira de águas paradas, emsentido contrário ao que se faziahá anos atrás. Por outro lado, osterrenos da albufeira são priva-dos, mas penso que o essencialque preconizamos, nesta com-ponente, está correto – com acriação de miradouros naturaisno Tejo, onde as pessoas po-

dem pescar, acedendo ao rio navertente de pesca, e de despor-tos náuticos. Sendo que na Bar-ragem de Magos, lançámos ahasta pública para dinamizaçãodo espaço e do restaurante.Confesso que isso não está acorrer bem por parte do privado.Temos de conversar e ver setem condições para continuar. Abarragem será sempre um localde contemplação, falta-nos con-ceber aquele espaço para per-cursos à sua volta a pé ou de bi-cicleta.Utilização que estava previstano plano emitido pelo Gover-no.Pois estava, mas terá de per-guntar ao Governo o motivo peloqual não cumpriu com isso. Es-tava também escrito que se pre-via a limpeza da barragem, mas

o Governo não conseguiu osfundos comunitários. Gostáva-mos que fosse duplicada a viade circulação automóvel, massão gastos muito onerosos. Nãovale a pena chorar sobre o leitederramado. Vamos continuandocom as limpezas da albufeira dabarragem, com o apoio da popu-lação, no próximo ano.A taxa de desemprego no con-celho de Salvaterra de Magostem sido das mais elevadasdo distrito de Santarém. O in-cremento empresarial e indus-trial do concelho tem sido vis-to como tábua de salvaçãopara essa realidade. No pas-sado, foi um forte crítico daanterior gestão camarária porpraticar taxas e licenças de-masiado elevadas, bem comodemais impostos municipais,

o que mudou desde já consi-go na Câmara nesta compo-nente?Ainda não queria divulgar, masposso dizer que a taxa de de-semprego no meu concelho di-minuíu neste último ano, e secalhar como já não acontecia hávários anos. Não quero valorizarexcessivamente este dado, por-que a dinâmica da Câmara é sómais um contributo. Mas possodizer que quando chegámos ha-via 1500 ou 1600 desemprega-dos e possivelmente agora ape-nas 1200. Fizemos um levanta-mento das empresas instaladas,que não existia. Sendo que nes-te momento, e com esta Câma-ra, criámos o gabinete de apoioao empreendedor, qualquer em-presário que nos contacte é ime-diatamente acompanhado por

um técnico municipal na visitaseja a terrenos do município,seja a privados. Temos tambémum protocolo com a AssociaçãoEmpresarial da Região de San-tarém (Nersant). Neste momen-to, sabemos quantas empresasexistem, quantas exportam, quevolume de dinheiro é exportado,quais as atividades económicas.Estes dados não estavam dispo-níveis anteriormente. Sabemostambém que neste momento hámais atividade agrícola, commais empresários, por aí tam-bém se pode explicar esta dinâ-mica. A nossa Feira de Magostambém poderá ter dado maisalguma visibilidade aos nossosprodutores e empresários.O médio ou grande empresá-rio que queira aqui instalaruma unidade, apesar de estar-mos em crise, já não esbarracom os elevados impostos etaxas que Salvaterra tinhafama de praticar há algunsanos atrás?Já não esbarra. Conseguimosbaixar a taxa de IMI de 0,7 para0,6, e entretanto a taxa máximaacabou. Temos das mais baixastaxas de IMI na região, a taxa deIRS é de 0,4 e não de 0,5. Naderrama criámos a taxa zeropara as pequenas empresas.Temos prestado um bom acom-panhamento aos empresários. Édito a esses empresários quechegam, o que existe em termosde terrenos, o que pretendemosem termos de ordenamento doterritório e tentamos também re-colher informação junto de ou-tros operadores sobre quais asvalências de que dispõem, des-de armazéns a outros terrenos,reunindo o máximo de informa-ção possível a quem deseje in-vestir.Numa recente entrevista quefizemos à diretora da Comis-são de Proteção de Crianças e

Desemprego está a descer em Salvaterra de Magos

Presidente da Câmara querreforçar apoio aos empresáriosEm entrevista ao Valor Local, o novo presidente da Câmara de Salvaterra de Magos, Hélder Esménio, afir-ma-se convicto em conseguir dar a volta ao texto nas questões que mais têm afligido o concelho, nos úl-timos anos, como o desemprego e os apoios sociais. Mas para 2015 esta autarquia, que foi gerida durantevários anos pelo Bloco de Esquerda, vai contar com um dos orçamentos mais baixos dos últimos 15 anos.

Esménio destaca quatro eventos turísticos principais

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“Águas do Ribatejo deve ser mais humilde”

7Valor Local EntrevistaJovens (CPCJ) do concelhofoi-nos dito que Salvaterraprecisava de contar naquelaestrutura com mais psicólo-gos, vistos os problemas so-ciais do concelho, o que podea Câmara fazer?Não temos facilidade em ajudar.Há um psicólogo por cada agru-pamento, o que é muito escas-so. Como sabe não podemoscontratar, por obrigação do Go-verno, nem ultrapassar os 35por cento do orçamento comdespesas de pessoal. Estamospara 2015 com o orçamentomais baixo dos últimos anos evamos ultrapassar esse rácioimposto pelo Governo. Manieta-dos como estamos torna-semais difícil responder a essetipo de necessidades. Mas que-ro dizer que inscrevemos pelaprimeira vez no orçamento daCâmara verbas para a CPCJ, oque nunca aconteceu. Direcio-námos um técnico superior daCâmara para aquela estrutura. Anossa divisão de ação social tra-balha em estreita harmonia coma CPCJ.Surpreendeu-o de alguma for-ma o que foi apresentado, re-centemente, no diagnósticosocial do concelho efetuadopela CPCJ, com a divulgaçãode dados tão preocupantes naárea social no concelho?Tivemos também esse mérito deorganizarmos essas jornadas dasaúde e do social, e tornar evi-dente o que alguns teimam emnão ver, ou porventura o que ou-tros não sabem de todo. Nesseaspeto das necessidades so-ciais, criámos comissões sociaisde freguesia na expetativa deque trabalhando mais perto daspessoas poderemos atuar noscasos mais gritantes. Mas vol-tando à sua questão não estra-nho demasiado os números,porque durante muitos anos ti-vemos a maior taxa de desem-prego da região. Toda a gentesabe que quando as pessoasnão ganham para o seu pão,acontece um conjunto de situa-ções colaterais que fazem comque a qualidade de vida das fa-mílias se degrade, com o adven-to de situações de delinquência,embora o nosso concelho nãoapresente casos de especialgravidade como nos grandescentros urbanos. Outra ilação

que se pode tirar é que cerca demetade das crianças do primeirociclo têm apoios da Câmara, edaí se pode atestar das dificul-dades das famílias.Por outro lado, já há muitosanos que Salvaterra espera edesespera por um novo quar-tel para os militares da GNR.Muitas têm sido as conversa-ções com os governantes, es-pera que algum dia se veja aluz ao fundo do túnel?Gostaria de ver um fim. Temostrês edifícios e um terreno afe-tos à GNR. Desde o quartel,passando pela falcoaria ondedormem os militares, mais a es-cola da avenida. Continuamos àespera que o Governo faça asobras de requalificação da esco-la adaptando-a a quartel, e seisto não fosse desde já o sufi-ciente ainda demos a conhecerum terreno junto ao quartel dosbombeiros. Acha que o Governo nãoavança na expetativa de queseja a Câmara a fazer essasobras?Se a Câmara fizer isso, está asubstituir-se ao Estado, e se for-mos por esse caminho qualquerdia também estamos a construirum tribunal! Uma obra de requa-lificação da escola da avenidacustaria entre 300 a 400 mil eu-ros. Não vou fazer isso, prejudi-cando o resto da população. Aatual solução para a GNR aindaestá longe de ser a ideal, masexiste e funciona. Os 400 mil eu-ros podem por exemplo ser apli-cados pela Câmara na constru-ção do Centro Escolar dos Fo-ros de Salvaterra, que essa simé nossa competência, se aUnião Europeia entretanto ga-rantir o restante financiamento.Mas também posso falar na ca-nalização dessas verbas paraarranjo de estradas do nossoconcelho. O Governo tem-se mostradodemasiadamente evasivo nes-ta questão do posto da GNR?Os secretários de Estado e osministros são evasivos e têmcaído de maduros. O ministro, osecretário de estado caíram, e odiretor geral de infraestruturas eequipamentos do Ministério daAdministração Interna pensoque foi preso ou detido, mas jánão faz parte do Governo. En-tretanto foi extinta uma direção

geral. Assim é difícil arranjarmosum interlocutor. Já pedimos umareunião à nova ministra.Que está a demorar?Pelos vistos (sorrisos)Falou há pouco no arranjo deestradas, e salta à vista a faltade alcatroamento das ruasque fazem parte do bairro per-to do depósito da água emMarinhais, só a título de exem-plo.Bondade sua só falar nessebairro, porque há outras ruas.Quando chegámos à Câmara, anossa rede viária encontrava-seem deficiente estado de conser-vação, algo até admitido pelagestão do Bloco de Esquerdaque preferiu em determinadasocasiões por fazer uma estradanova ao invés de conservar asque existiam. Temos de conti-nuar a combater esse cenário, eapostar na conservação das re-des viárias existentes, por outrolado os fundos comunitários nãoapoiam, neste momento, a exe-cução de novas estradas, e esteé também um dado novo, antesadquirido. Os milhões de eurosda UE neste momento não vêmpara as estradas.A Câmara também não podeassumir esse encargo.Não podemos pedir emprésti-mos para isso nem contratarpessoas para essas obras. Te-mos um conjunto de despesasobrigatórias, desde despesascom pessoal, pagamentos vá-rios, e facilmente se gastam os10 milhões de que a Câmaradispõe. Chegamos à conclusãode que sobram 200 mil euros,por exemplo, para investir. Esta-mos atentos às deficiências viá-rias. Em Marinhais, temos essecaso de que falou da Estrada daSerra, que ronda os 300 e tal mileuros.Ainda em Marinhais, as pes-soas falam da obra do Merca-do da Cultura, que não é total-mente consensual.Se estivermos à espera de con-sensos…Se calhar era mais fácil fazeralcatroamentos.Alcatroar a Estrada da Serra be-neficiaria a população que lávive, não as pessoas de Mari-nhais. Um investimento na Cul-tura beneficia uma população. Écurioso verificar que dantes secriticava bastante o estado a

que chegara o mercado de Ma-rinhais, localizado no centro davila. Começámos a recuperar omercado, e agora ouvimos dizer– “Que vergonha recuperarem omercado quando deveriam repa-rar a minha rua!”. Por aqui per-cebe que quem gere a Câmararecebe pressões de todas asfreguesias, veja só o caso dafreguesia de Foros de Salvater-ra que durante anos foi abando-nada pela Câmara de Salvaterraem vários aspetos, e some ain-da as ambições da Glória do Ri-batejo em ter mais ruas alca-troadas e recuperar o espaçoJackson, e pode ainda juntar aambição que Muge terá no quese refere ao núcleo museológicodos concheiros, entre outros. Te-mos de manter o bom senso. Erepare Marinhais é a maior po-voação do concelho e não temuma biblioteca nem um auditóriopara sentar 150 pessoas, e vaipassar a ter. Terá ainda serviçosde apoio ao cidadão se conse-guirmos negociar uma loja como secretário de estado da Mo-dernização Administrativa. Mari-nhais merece mais do que umaestrada alcatroada. Na questão das 40 horas se-manais, subsiste a ideia deque todos estão à espera paraver até onde conseguirá irneste braço de ferro instala-do.É curioso de ver que uma lei malfeita pelo PSD/CDS esteja a tereste tipo de repercussões numacâmara PS. Percebo que outrosautarcas optaram pelas 35 ho-ras, indo contra a lei. Temos pa-receres de várias entidades quedizem que tal é ilegal. Enviámosas moções da oposição para aAssociação de Municípios e Di-reção Geral das Autarquias Lo-cais que continuam a não nosdar razão.Vai continuar a manter a suaposição? Possivelmente seriamais fácil para si fazer o con-trário.Era mais fácil, mas sou um lega-lista. Possivelmente no futuropodem ter razões para me cons-tituírem como arguido num qual-quer processo, mas neste casonem sequer posso invocar des-conhecimento. Se tivesse apli-cado as 35 horas sem pedir pa-receres jurídicos ainda podiaalegar isso.

Recentemente deu pelouros ao vereador do PSD, Francisco Naia,que tem agora a seu cargo o empreendedorismo, quando há unsmeses atrás o senhor presidente acusou-o de ser uma pessoa quefala mal pelas costas e sem caráter. Mudou de opinião?Não mudei de opinião. Tenho valores e acima de tudo o valor da gover-nação do município. Tinha intenção quando tomei posse de que podiagovernar em minoria. Isto foi possível fazer durante um ano. Entretanto,as forças de oposição uniram-se na matéria de fazer baixar as receitasda Câmara – quando temos um dos orçamentos mais baixos para 2015,e ainda houve gente no Bloco de Esquerda que entendeu que mesmodepois de termos baixado o IMI e a derrama, deveríamos baixar aindamais esses valores, furtando verbas ao orçamento municipal sem possi-bilidade de fazermos mais obras.Francisco Naia mostrou-se disponível para assumir esse papel defiel da balança, tornando-se mais “meigo” nas suas interpelaçõesà Câmara.A avaliação é sua. Mas retomando a minha explicação- o orçamento para2015 é 30 por cento mais baixo, e o mais baixo dos últimos 15 anos, emesmo assim a oposição queria que baixássemos ainda mais a possi-bilidade de gerarmos receitas. O vereador do PSD esteve com o execu-tivo num dos impostos, e no outro imposto, este vereador votou ao ladodo Bloco de Esquerda. Apenas conseguimos aprovar a nossa propostaporque o vereador da CDU não esteve presente. Por outro lado, com asaída do antigo vereador da CDU Orlando Garcia e a sua substituiçãopor João Pedro Caniço, percebi que houve um crescendo de confrontodestes dois partidos contra o PS. Fiquei apenas com o fiel da balança doPSD. Estamos em minoria como sabe.Então admite que foi um erro político ter dito o que disse de Fran-cisco Naia? Não está arrependido?Estou arrependido de o ter dito em sessão de Câmara, porque essa eraa visão que tinha, e como se comprovou na votação de um dos impostos,existia uma convergência entre PSD, CDU e BE, e isso preocupava-me,e nessa medida tentei dar um grito de alerta. O vereador do PSD mostroudisponibilidade para conversarmos e entendemos que face às suas preo-cupações na área do desenvolvimento económico e empreendedorismopoderíamos trabalhar juntos e conhecermo-nos melhor. Vamos, comodisse na sessão de Câmara, fazer esse namoro durante dois meses, ever se nos conseguirmos entender.Para já tem mostrado interesse, tem dado ideias?Tem corrido bem com a organização para já de um workshop sobre fun-dos comunitários que registou casa cheia.

Aquando da constituição daempresa intermunicipal de

águas e saneamento, em 2009,Hélder Esménio, na altura pelaprimeira vez candidato à Câma-ra, mostrou algumas reservasquanto ao futuro de Salvaterrauma vez sob a égide desta em-presa. Hoje, e um ano depois deter sido eleito presidente do mu-nicípio, refere que “foi o melhorque nos aconteceu”, pese em-

bora a empresa necessitar de li-mar algumas arestas e adotaruma postura “mais humilde” juntodos cidadãos. O autarca realça que só no seuconcelho foram investidos 15 mi-lhões de euros, através do recur-so aos fundos estruturais nas re-des de água e saneamento, como benefício de a “empresa prati-car hoje preços abaixo de algunsdos concelhos vizinhos”. “As pes-

soas não valorizam esses inves-timentos, mas valorizariam senão tratássemos os esgotos, seas redes rebentassem por todosos lados, se não fizéssemos otratamento do manganês”. Hélder Esménio não tem dúvi-das: “Hoje as pessoas pratica-mente pagam o preço devido porterem água nas suas casas”,quando anteriormente pagavam“um preço político”, tendo em

conta que antes da entrada emfuncionamento da empresa, o va-lor das faturas era praticamenteresidual. “A empresa não visa olucro e apoia as famílias caren-ciadas”, continua a destacar. Contudo, o autarca refere que aempresa tem de melhorar “o seumarketing” e tornar-se mais “hu-milde”, e prossegue: “É arroganteneste sentido: Por vezes está dis-tante dos seus parceiros como os

presidentes de junta, os presi-dentes de Câmara, ou até da po-pulação porque não explica devi-damente as questões, e mesmonesse aspeto deveria ser maishumilde. É necessário que se ve-rifique um evoluir do atendimentoàs pessoas”. Noutro sentido, “aempresa tem que garantir quefindas as obras não está mesesà espera de repor quatro pedrasde calçada”.

Para o futuro, Esménio refereque a AR tem pela frente umgrande desafio que se conjugaem manter bons níveis de servi-ço, e conseguir acudir às neces-sidades da população, e por ou-tro “a espada do aumento do ta-rifário”, sem que as pessoas serevoltem com os preços. “Vive-mos este dilema, porque seráimpossível subsidiar a águacomo no passado”.

“Vamos fazer um namorode dois meses como vereador do PSD”

Autarca conta como se uniu a Naia depoisde terem trocado argumentos no passado

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¢ Sílvia Agostinho

Foi a proposta mais votada doOrçamento Participativo de

Alenquer com 452 votos. Até finalde 2016 a construção de dois par-ques infantis no jardim-de-infânciae escola do primeiro ciclo na fre-guesia de Santana da Carnota, novalor de 50 mil euros deverá seruma realidade. O Valor Local faloucom os proponentes da proposta,um grupo de pais, que durantemeses, se empenhou e cativou apopulação da freguesia para estacausa. Este grupo mobilizou-se, e foi dealdeia em aldeia, não esquecendoos pequenos casais e lugares deCarnota, onde deu a conhecer queestava a decorrer uma votação naqual a freguesia também participa-va com um projeto para as crian-ças. Andaram a bater à porta dosmais velhos a explicar que Santa-na da Carnota podia conseguiruma obra que faz falta aos meni-nos e meninas: um parque infantilnovo para o jardim-de-infância, e asubstituição do velho parque naescola primária. Quando se lhes pergunta sobre osegredo do sucesso pelo fato de oprojeto ter sido o mais votado;Sandra Cruz, Cláudia Miranda, eLuís Fernandes respondem emuníssono –“Muito trabalho!” “Nove

pais que fazem parte deste projetoabandonaram as suas casas e fa-mílias nos tempos livres e fins-de-semana para se dedicarem de cor-po e alma a esta causa”, refereCláudia Miranda. “Tivemos muitoapoio de todas as terras da fregue-sia. Poucas ou nenhumas pessoasrecusaram votar”. Mandaram fazerflyers, e até conseguiram uma car-rinha depois decorada a preceitopara divulgarem de uma forma ain-da mais efusiva o projeto. Em al-gumas deslocações pela fregue-sia, também se fizeram acompa-nhar pelos futuros utilizadores dosparques infantis, as crianças. “Osmiúdos acharam muita piada aofato de terem andado de porta emporta, de megafone, e com músi-cas infantis a tocar na carrinha”,lembra Sandra Cruz.“Muitos idosos desconheciam queestava a decorrer um orçamentoparticipativo, e como não tinhamacesso à internet, tivemos de irporta-a-porta explicar-lhes, porquechegámos à conclusão de que en-tregar flyers e ficar à espera quevotassem não era o suficiente”, re-corda Luís Fernandes. “A maioriadas pessoas conhecem-nos e porisso confiaram em nós e não acha-ram estranha a nossa aborda-gem”, refere Cláudia Miranda querecorda que “muitos idosos fizeram

questão de votar.”“As pessoas diziam que esta esco-la também já tinha sido delas, epropusemos aos funcionários daCâmara para que colocassemcomputadores nas carrinhas daautarquia de modo a proporcionarque os idosos pudessem votar”, dáa conhecer Sandra Cruz. “Numadas terras, até debaixo de chuvase votou”, acrescenta Cláudia Mi-randa – “Foi muito gratificante!”.Mas nunca pensaram na possibili-dade de o projeto se tornar o maisvotado do concelho, contudo LuísFernandes confidencia que “tinhauma secreta esperança”. “O gros-so dos votos foi conseguido noporta-a-porta, entre os nossos ami-gos e vizinhos”, acrescenta. Re-ceavam mais concorrência de lo-calidades como Alenquer ou oCarregado, mas até uma marato-na de zumba estes pais organiza-ram para captar votos“Valeu a pena porque os miúdospassam muito tempo dentro dasala de aula, e depois não têmonde brincar, precisam de extrava-sar, e com um parque infantil pu-xam pela criatividade e ficam maisentretidos”, dá a conhecer SandraCruz. No primeiro ciclo há 37 crian-ças e no jardim-de-infância 20.Para o ano, esta comunidade vaivoltar a dedicar-se de corpo e alma

para conseguir incluir mais um pro-jeto de Santana da Carnota nafase final de votação do Orçamen-to Participativo de Alenquer, destafeita para melhoramentos na esco-la.No entanto, Luís Fernandes la-menta que este tipo de obras te-nha de passar por um processo deenvolvimento dos cidadãos quan-do as Câmaras e o Governo deve-riam ter “estado desde sempre nalinha da frente da sua execução”.

“A escola é da nossa responsabili-dade mas acima de tudo das enti-dades, que devem cuidar destesespaços”.Neste primeiro ano da iniciativa,Paulo Franco, vereador que coor-denou o Orçamento Participativode Alenquer, realça acima de tudoo dinamismo com que as pessoasdefenderam os seus projetos, in-dependentemente de serem oriun-dos de freguesias rurais ou urba-nas. “O projeto mais votado e os

seguintes refletem isso mesmo”,refere ao Valor Local.A Câmara dispõe de 300 mil eurospara estas obras todas, mas PauloFranco está ciente da possibilida-de de derrapagens, apesar dos es-tudos efetuados“Há um rigor nosvalores apresentados com basena análise técnica feita de junho asetembro”. Para o ano que vem vaiser lançado um novo orçamentoparticipativo com uma verba maior,no valor de 500 mil euros.

Orçamento Participativo de AlenquerCarnota cerrou fileiras pelos parques infantis

Grupo de Carnota que lutou pelos parques infantis

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¢ Sílvia Agostinho

Carina Alves, residente em Ma-nique do Intendente, deu voz

aos sentimentos de uma mãecom uma filha com uma doençarara: a osteogénese imperfeita.Patrícia, hoje com 18 anos, nas-ceu com a denominada doençados ossos de vidro, apesar dehoje ter uma vida normal.“No fundo é uma história escrita aduas mãos porque a Patrícia éminha afilhada (apesar de Carinaser apenas um pouco mais velha)e fala do processo de se estar àespera de um filho que nasça per-feito, o que não acontece, e comose lida com isso”.Uma das características destadoença, inscrita no grupo dasdoenças raras, manifesta-se poruma deficiência nos níveis de co-lagénio nos ossos, incidindo tam-bém no facto de os olhos apre-sentarem uma cor azulada. “Osossos são mais rendilhados doque os nossos, como se fosseuma osteoporose, com umamaior propensão a fraturas”. Ocaso da Patrícia não é dos mais

graves, e teve por isso um cresci-mento normal, apesar de algu-mas fraturas. “Anda normalmente,apesar de haver doentes que têmde recorrer à cadeira de rodas ouandarilho”, refere Carina Alves.“O livro tenta transmitir que porum filho nascer com uma doençarara – já que em cada 10 a 15 milbebés um tem osteogénese im-perfeita – não é preciso mudar omundo, mas apenas adaptar-se aele”. Há 18 anos atrás, a informa-ção sobre a doença era mais es-cassa, os tratamentos eram des-conhecidos. “A única associaçãovocacionada para esta doença si-tuava-se em França, e toda a in-formação escrita em francês. EmPortugal, havia um desconheci-mento. Durante três meses, pro-curaram um médico vocacionadopara esta doença”. Calcula-seque cerca de 600 pessoas te-nham este quadro, no nosso país,mas na Associação Portuguesade Osteogénese Imperfeita estãoinscritas 50 a 100 pessoas. “A mi-nha afilhada foi um dos membrosfundadores, promovem nesta as-

sociação congressos, estão pre-sentes em algumas feiras.” Para-lelamente, à sua atividade na as-sociação, a Patrícia está a estu-dar Ortóptica, frequentando o pri-meiro ano da faculdade. “Para Carina Alves, autora de(In)quebrável, lançado pela Chia-do Editora, esta experiência está

a ser “gratificante”, porque “aindana semana passada uma mãecom um filho com esta doençaqueria oferecer o livro a outramãe cujo bebé também nasceucom osteogénese imperfeita, por-que ainda está na fase da aceita-ção”.“Lidar com uma doença destas é

como metermo-nos num aviãocom destino a Itália e acabarmosem Marrocos, uma vez lá temos

de nos adaptar da melhor forma.Não queremos a doença, mas te-mos de aprender a viver com ela”.

A doença dos ossos de vidro em livro de jovem de Manique

¢ Sílvia Agostinho

Adenominada geração de ourodas danças de salão de Azam-

buja está de regresso. São hoje jo-vens com mais de 25 anos que hámeia dúzia ou mais de anos con-seguiram singrar a nível nacionalnesta modalidade, competindotaco a taco com os Alunos de Apo-lo, a mais popular e conhecidaacademia de danças de salão emPortugal. A grande maioria já nãodançava há uns anos, mas umevento promovido no passadomês de setembro, despertou-lhesnovamente o bichinho e hoje dedi-cam algumas horas da semana aensaiar os passos de dança quetão bem conhecem no ClubAzambujense, coletividade ondetudo começou há alguns anosatrás. Viviana Letra é uma das dançari-nas dessa geração que regressou.Ao Valor Local, e hoje com 30anos, conta que se iniciou nestaslides logo aos cinco anos. Parouquando soube que ia ser mãe hásete anos atrás. Viviana Letra con-ta no seu palmarés com participa-ções a nível nacional e internacio-nal nos diferentes campeonatos,tendo sido numa das ocasiõescampeã nacional. Na sua opinião,“o espírito de união” é um dos fa-tores que destaca no Club Azam-bujense. Competir para já não estános seus planos, apenas participarem algumas apresentações. “Jáhá muito que queria voltar, entre-tanto o Pedro Fragoso convidou-

nos e regressei com o meu maridoque é também meu par”. Nos últi-mos anos, os concursos de televi-são dedicados às danças de salãotêm-se constituído como um novofenómeno que a dançarina consi-dera positivo – “Com esses pro-gramas chamam mais gente paraas danças o que é muito bom”. Afilha de Viviana Letra também jáenveredou pelas danças e o ClubAzambujense tem conhecido umnovo fulgor trazido pela geraçãode ouro e por algumas criançasque se juntaram – “Acho espeta-cular o que está a acontecer!”.Rodrigo Martins também acreditaque os programas televisivos emcausa “apenas retratam a dançaem 70 por cento, o resto talvezseja show-off”. O dançarino entrouno club com 13 anos, mas nos úl-timos anos esteve nos Alunos deApolo. A passagem por esta co-nhecida escola não lhe traz as me-lhores recordações – “Lá somosmais um número, não há espíritode solidariedade e de grupo. Nãome consegui adaptar, lá é cadaum por si. Os professores não nosdedicam a mesma atenção e cari-nho”. Rodrigo Martins também es-teve em competições nacionais,“onde Azambuja era das três esco-las mais prestigiadas a par daApolo e da Capricho Moitense”. Odançarino explica os porquês des-te sucesso na altura – “Conse-guíamos colocar três a quatro pa-res numa final, tivemos um cam-peão nacional, o Pedro Pinto, que

motivou outras pessoas”. JoanaFerreira, 22 anos, o par de RodrigoMartins, está a encarar o regressocomo “positivo”, “embora estivessemuito nervosa no dia da apresen-tação em setembro”. Também co-meçou a dançar muito nova, aos11 anos, competiu durante trêsanos, e ganhou campeonatos nascategorias juventude e intermé-dios. Questionada sobre as possi-bilidades de Azambuja poder vol-tar ao esplendor dos velhos tem-pos, afirma sem receios – “Pode evai, porque estão a aparecer no-vas caras”. Parte destes dançarinos chegou acompetir além-fronteiras, e Rodri-go Martins recorda que ir ao es-trangeiro servia para se aprenderbastante. “Fui a uma das maiorescompetições mundiais na Alema-nha. Lá a formação é diferente,porque enquanto nós apenas te-mos a escola da dança de salãoem si, eles têm um percurso tam-bém feito com o ballet e dançacontemporânea. São muito tecni-cistas, possuem uma rotina muitocompetitiva, aprende-se bastante”. Hugo Pantaleão, 34 anos, possuitambém idêntica opinião – “No es-trangeiro, os níveis de exigênciasão muito superiores e aprende-semuito”. Com 34 anos, teve diver-sos pares no seu percurso pelasdanças de salão do Club Azambu-jense, mas tal como nos casosdos restantes dançarinos acaboupor se afastar. Atualmente com asua vida profissional mais estável,

conseguiu arranjar disponibilidade.“Sabe bem voltar e relembrar oque por aqui passámos”. Compe-tiu também em finais, sendo quealcançou algumas boas posições.Mas faz questão de realçar, queno país “há quem tenha por hábitoreferir que foi campeão, só que emmuitos desses casos estamos afalar de uma prova, não de umaépoca inteira.” Recorda ainda quena fase de ouro das danças de sa-lão de Azambuja, “os nossos dan-çarinos conseguiam fazer frenteaos Alunos de Apolo e com um or-çamento muito mais reduzido.”“Eles tinham acesso a professoresestrangeiros, e a campeonatos es-trangeiros. No nosso caso, só deirmos lá fora, mesmo que não fôs-semos dançar, aprendíamos imen-so só a observar esses pares es-trangeiros. Regressávamos cumuma ‘pica’ e uma mentalidade di-ferentes”. Quanto à rivalidade com

a Alunos de Apolo, “parecia queestávamos quase num ringue deboxe, tal era a competição”, mas“apenas na pista, cá fora dávamo-nos bem”, salvaguarda.Rita Vicente é a dançarina maisnova. Com 16 anos, foi integradaneste grupo. Começou nas sevi-lhanas, mas as danças de salãosão a sua principal paixão. “Vimpara cá há pouco tempo, vim parame divertir a dançar, e preferi estacomponente das apresentaçõesàs competições. Somos uma famí-lia, o espírito é fantástico”. TiagoRodrigues, par da Rita, iniciou-seno Club Azambujense aos cincoanos e acompanhou todas as es-colas. Estava há quatro anos semdançar, e saúda o ambiente da es-cola “muito familiar onde não so-mos apenas mais um número”.Competiu durante seis anos e re-corda: “representar Azambuja eratudo para mim”.

Pedro Fragoso, responsável tam-bém por este regresso, não quisdeixar de enfatizar à nossa repor-tagem a importância do nome deDaniel Claro, ligado no passado aesta escola de dança, “que conse-guiu dinamizar as danças durantemuitos anos, catapultando o ClubAzambujense e a modalidade parao topo”.Nos tempos atuais, a ideia é dina-mizar a dança, mas “com muitascautelas quanto a participaçõesem competições”. “É um desportomuito caro, para já somos um gru-po de amigos que atua, mas émuito difícil irmos além disso. Em-bora tenhamos pares que gostas-sem de arriscar, a dança estásempre a evoluir, e como estaspessoas estiveram algum tempoparadas, têm de se atualizar, epara irmos mais longe temos deatingir um outro nível de qualida-de”.

O Regresso da Geração de Ourodas Danças de Salão de Azambuja

Carina Alves escreveu o seu primeiro livro

Alguns dos elementos da chamada geração de ouro

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¢ Sílvia Agostinho

Acrise ainda está muito presen-te nas vidas dos cidadãos, e

as Câmaras Municipais nos últi-mos anos têm preferido não apos-tar para além da conta na progra-mação e iluminação de Natal.Sendo certo que neste ano volta-se a reencontrar um pouco do es-pírito de Natal nas nossas vilas ecidades. A principal exceção vaipara Azambuja. Fomos saber oque está a acontecer na regiãonesta altura do ano no que respei-ta a iniciativas dos municípios.Assim e em Alenquer, a Câmaracabimentou 19 mil euros para oevento “Alenquer, Presépio dePortugal 2014”, “o que representaum aumento em relação ao inves-timento feito no ano anterior”. “Im-porta contudo destacar que nopresente ano, a União de Fregue-sias de Alenquer assumiu um pa-pel muito importante na organiza-ção do evento, pois teve um papeldecisivo na iluminação de parte davila e uma colaboração estreitanoutras iniciativas, assim como asrestantes freguesias do concelhoque apoiaram a outros níveis: di-vulgação, transportes de criançaspara diversas iniciativas”, refere

Rui Costa, vice-presidente da au-tarquia, que fala ainda do contribu-to de outros parceiros, nomeada-mente, da Caixa Agrícola de Alen-quer.Para já, o lançamento desta novamarca do município possibilitou,entre outros, a criação de um Mer-cado de Rua de Natal, “ainda quesimples por ser o primeiro desteestilo, tem trazido outro movimen-to à baixa de Alenquer e acredita-mos que poderá passar a ser umaimagem de marca da vila no futu-ro.” Por outro lado, vários espaçosgastronómicos na vila “têm sur-preendido pela qualidade e inova-ção, assim como a própria restau-ração, no âmbito da iniciativa ‘Pre-sépio de Portugal à Mesa’.” Para além disso, Alenquer esteverecentemente na televisão no pro-grama “Somos Portugal”, num dosúltimos fins-de-semana tendo emconta a forte aposta na programa-ção de Natal. Em Alenquer, as ce-lebrações de Natal incluem even-tos diversificados desde o Alen-quer Crib Parade em articulaçãocom as IPSS’s; o Alenquer XmasTrail; o espaço lúdico para crian-ças e jovens “Uma Aventura noPresépio” e a maior concentração

de reis magos solidários. Desta-que ainda para um jantar solidárioque teve lugar neste mês e quecontou com a presença de “muitosalenquerenses que quiseram par-tilhar a noite e contribuir para osprojetos sociais da Irmandade dosPassos de Alenquer.” A Câmara tem sido criticada porconcentrar em Alenquer a maioriados eventos, mas Rui Costa de-fende que “se atentarmos à histó-ria e à tradição, a ‘Vila Presépio’ foisempre Alenquer e não propria-mente o seu concelho. Sendo queoutras freguesias são abrangidasigualmente pelas várias iniciativasde Natal”, como o concurso depresépios nas montras; a concen-tração de reis magos, o concursode fotografia “Presépio de Portu-gal”, entre outros. Salvaterra é outro dos concelhosonde a programação de Natal éigualmente recheada. Desde o iní-cio de dezembro que o calendáriotem sido muito preenchido em es-pecial por eventos dedicados àscrianças, mas até aos Reis, o es-pírito da época vai andar bem àsolta por este concelho, que tem adecorrer exposições em vários es-paços. Quanto a eventos, assim e

no dia 20 de dezembro, o Pai Na-tal vai estar no mercado municipal.Nesse mesmo dia vai ter lugar aapresentação de livros para crian-ças na biblioteca, e no Centro Es-colar de Marinhais, um espetáculode variedades intitulado “BatuqueSolidário”, bem como um concertode Natal na Igreja de Muge pelas21 horas. No dia 21 de dezembro,pelas 15 horas, leitura de contosde Natal no Cais da Vala em Sal-vaterra, e a apresentação do con-to “Natal dos Super Heróis” naCasa do Povo da Glória do Riba-tejo. No dia seis de janeiro,“Rock2Night” no Salão Nobre doClube Desportivo do Salvaterren-se. Já em Benavente, a Câmara Mu-nicipal refere que não despendeude qualquer verba para iniciativascontratadas para o Natal. “Tudo oque está na programação é feitointernamente, com os meios daprópria autarquia, à semelhançado que aconteceu no ano passa-do.” Entre as poucas atividadesdesta autarquia, encontra-se ateatralização de uma história denatal no Museu Municipal de Be-navente “que muito tem agradadoàs crianças”, refere a Câmara.

Um dos grandes destaques daquadra a nível da região vai parao fato de o cine-teatro de Bena-vente receber o Lago dos Cisnesde Tchaikovky – Petipa pelo BalletEstatal Russo no dia 5 de Janeirosàs 21h e 30m.Uma oportunidadeinvulgar para os amantes dosgrandes espetáculos deste géne-ro, normalmente não acessíveisfora dos grandes centros urbanos.Em Benavente, ainda, o concertode ano novo com Johann StraussOrchestra com ballet – o verdadei-ro espírito vienense no dia 12 deJaneiro. “Propostas que foram

bem acolhidas pela Câmara queapoia a nível material e de outrosrecursos”. A Câmara Municipal de Vila Fran-ca de Xira apostou forte este ano:Cerca de 55 mil euros em ilumina-ção de Natal. Segundo o presi-dente do município ao Valor Local,esta medida, entre outras, surgena necessidade de revitalizar o co-mércio local do concelho, e aomesmo tempo ajudar a “esquecer”os danos causados à economia eàs famílias pelo recente surto delegionella. Alberto Mesquita refere mesmo

Espírito de Natal mais presentenos concelhos da região

As ruas da baixa de Alenquer têmconhecido uma boa animação

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11Valor Local Sociedadeque tais “fatores extraordinários fi-zeram-nos avançar para este tipode iluminação de Natal”. O presi-dente da Câmara salientou ao Va-lor Local que houve a necessida-de de encontrar medidas para queo comércio local, nomeadamente,a restauração que foi prejudicadacom este surto pudesse reerguer-se. O presidente da Câmara falana necessidade de dar sinais parao exterior de que “Vila Franca deXira tem motivos de muito interes-

se e que as pessoas podem vir cásem receios de espécie alguma”.Com efeito, a Câmara decidiu-sepelo prolongamento durante omês de dezembro da campanha:“Gastronomia em Novembro”,bem como pela aposta na ilumina-ção de Natal nas cidades de VilaFranca de Xira, Alverca e Póvoa.Para além destas iniciativas, enuma altura em que o comércioda cidade de Vila Franca não con-ta com o “Vila Franca Centro” pela

segunda vez, a edilidade anunciouuma parceria com a Associaçãode Comércio, Indústria e Serviços(ACIS) e com as juntas de Fregue-sia de Vila Franca de Xira, daUnião de Freguesias de Alverca eSobralinho, da Póvoa de SantaIria e Forte da Casa, bem como,com as instituições locais no sen-tido de levar a cabo diversas ani-mações de rua próprias do Natal. No que se refere ao Cartaxo, o or-çamento da Câmara Municipal

para a programação de natal éidêntico ao do ano passado. “Oúnico custo será com a iluminaçãode natal, uma vez que todo o pro-grama de animação é feito com oapoio das associações e IPSS doconcelho e, por isso, totalmentegratuito”, dá conta a autarquia.A Câmara destaca o Mercadinhode Natal que tem estado a decor-rer todos os sábados de manhã,de 29 de novembro a 20 de de-zembro, no Mercado Municipal do

Cartaxo, e onde os produtores eartesãos locais ocupam as bancasdo mercado ao lado dos comer-ciantes que ali oferecem os seusprodutos ao longo do ano. No dia21 de dezembro, destaque para arealização de um concerto solidá-rio no Ateneu Artístico Cartaxensee cinema de Natal para as crian-ças no Centro Cultural do Cartaxo.No dia 22 de dezembro, as aten-ções focam-se na “Corrida de PaisNatal” na Praça 15 de dezembro

pelas 21 horas.Em Azambuja, a Câmara este anorenegou por completo o espíritoda quadra, e parece que voltoumesmo as costas ao Pai Natal,apesar de a situação financeira seencontrar melhor do que no anopassado. Segundo informação degabinete de comunicação nadaestá planeado, sendo que até àdata algumas atividades que tive-ram lugar no concelho foram orga-nizadas por associações locais.

Arecente instituição do CanteAlentejano como Património

Cultural e Imaterial da Humanida-de numa consagração da Unescoserviu de mote ao encontro donosso jornal com um simpático ebem-disposto grupo de alenteja-nos que fazem parte do “GrupoCoral Alentejanos no Cartaxo”.Trajados a rigor apresentaram-senesta entrevista com as suas pro-núncias características apesar deresidirem no concelho do Cartaxohá décadas. Este grupo constituído na sua tota-lidade por 16 alentejanos iniciou-senas cantorias há cerca de um anoe meio. Formações destas há umpouco por todo o país, onde osalentejanos migrantes buscam nocante uma forma de sentir maisfortemente as suas raízes e home-nagear a sua terra. No Ribatejo,este grupo é o único, e por entrecomes e bebes e encontros deci-diram lançar-se nesta aventuramusical.“Não há almoços de alentejanossem uma cantoria”, reforça JoséPimpão, oriundo de Évora. “Tudocomeçou na brincadeira mas hojeestá a tornar-se em algo muito de-licado e sério”, não tem dúvidas. A maioria destes alentejanos lem-

bra a infância a cantarolar por en-tre a paisagem do seu Alentejo ounos tascos das aldeias, “mas ne-nhum de nós é cantador a sério,aliás o cante alentejano é feito sópor amadores”. Começaram porensaiar na garagem de José Pim-pão mas hoje estão enquadradosna Sociedade Filarmónica Carta-xense, onde também ensaiam.A pronúncia do Baixo Alentejo, daAmareleja, ainda sobrevive e estáem forma na boca do porta-voz dogrupo, António Quintiliano, quemora no Cartaxo há 40 anos, e re-força a ligação entre a comida e ocante – “Dois alentejanos e umcopo de vinho é o suficiente parase começar a cantar”. Neste grupoa veia poética anda à solta – “Osenhor Borralho é um bocadinhopoeta!”, dá a conhecer AntónioQuintiliano. “Fez uma moda cha-mada ‘Nós Somos Alentejanos’muito bonita”. Quanto à distinção da Unesco,não constituíu surpresa. “O cantealentejano tem muito a ver com apassagem dos árabes pelo territó-rio. Cada grupo tem um solista quesai com uma cantiga; depois o ou-tro com o alto, e mais tarde o restodo coro composto por vozes bai-xas. Essa maneira de cantar com

séculos é que possibilitou chegar-mos a esta distinção, e é curiosode ver que os alentejanos perten-centes a uma vila, ou aldeia, oumesmo cidade cantam todos damesma maneira, existe um pa-drão”. Mas Quintiliano faz questãode referir que o prémio não é sópara os alentejanos mas para todoo país.Em conversa com alentejanos nãose podia deixar de falar de anedo-tas, e até houve espaço para secontar uma das muitas do repertó-rio do grupo. “Quando os Malucosdo Riso na SIC apresentavam asanedotas dos alentejanos aquilo ti-nha um pouco de realidade masnão nos sentimos ofendidos, bempelo contrário”, acrescenta um doselementos do grupo. “Dizem queos alentejanos são indolentes evagarosos, mas este pessoal doCartaxo quando está 30 e tal grausjá anda de asa aberta como as ga-linhas, agora imagine se estives-sem na minha terra com mais de45 graus”, brinca Quintiliano. Quanto a diferenças entre alente-janos e ribatejanos não encontramdiferenças – “Há boa e má genteem todo o lado, se bem que nosalgarvios é mais complicado. Atéporque há um ditado que diz que a

ciganos e a algarvios não se lhesdê uma arma porque vão para cor-rentios ou tambores”, graceja An-tónio Quintiliano.No concelho do Cartaxo residem,numa suposição dos elementosdeste grupo, cerca de 400 alente-janos. Mas não atribuem a tal fe-

nómeno qualquer fator, pois todosdesempenharam profissões dife-renciadas no passado. Quanto aum dia voltarem para as suas ter-ras isso não está nos horizontesda maioria porque os filhos e osnetos já nasceram no Cartaxo. Quanto à renovação do cante

alentejano, Quintiliano diz que estábem entregue com as novas gera-ções alentejanas a iniciar-se nes-tas lides, quanto aos grupos dealentejanos fora daquela região, écomplicado porque os filhos e ne-tos de alentejanos já não estão tãovoltados para isso.

Cante Alentejano no Cartaxo faz sucesso

Os elementos do grupo residem há várias décadas no Cartaxo

Balanço do OrçamentoParticipativo de AlcoentreAJunta de Freguesia de Alcoentre foi a pioneira na região no que toca à constituição de um Orçamento Par-

ticipativo (OP). Ao todo, a junta local guardou uma fatia de três mil euros, para projetos que beneficiem eenvolvam as populações.Segundo o presidente da Junta de Freguesia de Alcoentre, António Loureiro, em declarações ao Valor Local,o balanço “é francamente positivo, tendo em atenção que se trata de uma primeira iniciativa dirigida ao espíritode cidadania e participação ativas”.Sobre as propostas apresentadas, o autarca esclarece que estas revelam na sua maioria ”preocupações como bem-estar coletivo, melhoria de condições de vida”. Todavia, existiu também uma proposta relacionada coma ecologia, através da instalação de painéis solares para geração de energia. De acordo com António Loureiro, algumas das propostas apresentadas foram bem fundamentadas, o que nasua opinião revela “na sua maioria, apoio à iniciativa”. Ao todo, chegaram à junta sete participações individuais,“que em vários casos apresentavam uma pluralidade de propostas”.O autarca sublinha que muitas das propostas recebidas, “dirigiam-se a obras que ultrapassam as competênciase capacidades da Junta, mas tal situação é reconhecida pelos próprios proponentes, que referiram a neces-sidade de uma cooperação com a Câmara Municipal de Azambuja”. Em causa está a recuperação de espaçosurbanos e desportivos “que implicam intervenções com alguma envergadura”.António Loureiro que enaltece a participação da população garante também que a “iniciativa do executivo épara continuar até ao fim do mandato” e anuncia a “introdução de possíveis melhorias decorrentes da avaliaçãoque vai, necessariamente, ser feita no final da execução orçamental de 2015”.Segundo o autarca, essa avaliação irá determinar o eventual aumento das verbas, em causa, “porquanto éobjetivo primordial do executivo da Junta aplicar o melhor possível os recursos postos sob nossa administra-ção”.António Loureiro destaca, por outro lado, que algumas das propostas vão ter seguimento quase imediato. Opresidente da Junta vinca que “o executivo já deliberou, conforme constava do edital de lançamento e tendoem atenção o número de propostas apresentadas nesse sentido e o valor disponível, a instalação de equipa-mentos destinados a exercício físico bio-saudáveis em espaços públicos que sejam adequados”.

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12 Valor LocalDestaque

¢ Sílvia Agostinho

OGoverno escolheu as três fre-guesias mais a norte do con-

celho de Azambuja para levar acabo a agregação. Manique do In-tendente ficou com a sede, e aesta juntaram-se as freguesias daMaçussa e de Vila Nova de SãoPedro. Num dos tradicionais locaisonde as gentes da Maçussa tro-cam dois dedos de conversa porentre uns cafés e convivem umpouco, o café da bomba de gaso-lina, o Valor Local esteve à conver-sa com a população. “Por todos os motivos, esta junçãoé pior. A delegação da junta nemsempre está aberta e parece quefalam que é mesmo para acabar.Mesmo ao nível das limpezas no-tamos que já conheceu melhoresdias, apesar de o presidente viraqui com alguma frequência”, con-cordam neste ponto José Coelhoe Armando Brás

“Logicamente que as pessoas fi-caram revoltadas. Temos bastantepena” é a conclusão de todos.“Embora o José Avelino (novo pre-sidente da junta) seja uma exce-lente pessoa, quando tínhamos cáa nossa junta dispúnhamos de to-das as possibilidades ao nosso al-cance. Era outra coisa! E já sesabe quando precisamos de umalimpeza, eles demoram a vir resol-ver porque é trabalhoso acudir atrês freguesias ao mesmo tempo”,refere Joaquim Luís.Nesta localidade a populaçãoaproveitou também para se quei-xar do facto de o centro de conví-vio, uma espécie de centro de dia,colocado a funcionar no ano pas-sado, entretanto ter fechado asportas, tudo porque a Câmara nãopodendo contratar mais funcioná-rios não ter conseguido, ainda, su-primir a vaga através de um técni-co recrutado ao IEFP.

“Estava lá uma rapariga a tomarconta dos idosos, mas até tínha-mos de ser nós a levar a comidade casa. Depois acabou o contratodessa pessoa, e entretanto ouvidizer que será admitida uma novatécnica para que aquilo possa rea-brir”, dá conta a dona Gracinda, de80 anos.Já em Vila Nova de São Pedro,ouvimos Leonor Catarino que dáconta do estado de alma da aldeia–“As pessoas estão tristes, dizemque agora vai tudo para Maniquee nada para Vila Nova de São Pe-dro ou para os Casais de Além”.Quanto a visitas do novo presiden-te da freguesia, Leonor Catarinodiz que há muito tempo que não ovê, mas uma vizinha acrescentaque ainda na semana passada en-controu o presidente a inspecionaruma obra nos Casais de Além.José Avelino, presidente da Uniãode Freguesias de Manique do In-

tendente, Maçussa, e Vila Novade São Pedro numa resposta àscríticas da população da Maçussadiz não as compreender e assegu-ra que a delegação da junta estáa funcionar durante todas as ma-

nhãs. Também não concorda econsidera injusta a afirmação deque esteja a descurar as necessi-dades da Maçussa a nível das lim-pezas.Passado um ano da entrada em

vigor da nova lei, refere que o ba-lanço é positivo, e que foi bem re-cebido em todas as freguesias,mas confessa que tem sentido“falta de tempo para as acompa-nhar”. Avelino aufere o ordenado

Nova Lei das Freguesias:

Depois da tempestade,o entusiasmo do desafioPassado pouco mais de um ano desde a implementação da nova reforma das freguesias, o Valor Local ouviu po-pulações e as novas juntas ou uniões de freguesias. Escolhemos uma união de freguesias por cada concelho ondeestamos presentes. O sentimento que de início foi de grande revolta, hoje passou a ser de nostalgia e de penaentre a generalidade das populações, mas os novos presidentes de junta confessam que souberam ‘desenrascar-se’, e embora discordando da reforma estão a encarar o novo exercício como algo desafiador e até gratificante.

Na Maçussa a população queixa-se da limpeza

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13Valor Local Destaquede 274,77 euros e confessa que averba é muito pequena e insufi-ciente para a responsabilidade.“Com esta verba é impossível quealguém possa estar só como pre-sidente da junta, e se tiver de tra-balhar fora, deverá apostar emmanter pessoas de muita confian-ça para conseguir levar a junta abom porto, porque o território évasto”.No total e com a agregação, estepresidente gere agora um territóriode 60 km2, e 2000 eleitores. Tam-bém é novo neste cargo, emborajá fizesse parte do executivo ante-rior. No início da agregação, estajunta sentiu dificuldades, nomea-

damente, com despesas a nívelda implementação de software co-mum para as freguesias. “Tivemosde andar a carregar tudo no siste-ma de novo, e essa parte da ope-racionalização deveria ter sido fei-to antes das eleições de setembrodo ano passado, e penso que teriasido melhor que cada uma dasjuntas antigas tivesse agora assuas próprias contas”. Por outrolado, “também se gastou verba aocolocar as cinco viaturas das jun-tas extintas no nome da nova au-tarquia, cerca de 400 euros”, re-corda. Quanto às máquinas etransportes, assegura que não re-tirou material de nenhuma fregue-

sia, e que manteve o transportedas populações ao médico na Ma-çussa, tendo agora alargado esteserviço, no seu mandato, às res-tantes freguesias.A população da freguesia de Ma-çussa também se assume comomais reivindicativa porque sabeque parte das verbas conseguidascom a exploração da bomba degasolina local vão para a nova jun-ta, mas José Avelino diz que esta-mos a falar de uma média de 500euros por mês. “Antigamente ajunta da Maçussa recebia 1500 a2000 euros”. Nesta nova junta, o presidente viu-se na necessidade com a nova lei

de reforçar o pessoal com recursoa elementos inscritos no centro deemprego para as várias fregue-sias. Na Maçussa trabalha agoramais uma pessoa; bem como emVila Nova de São Pedro. O presi-dente da junta refere ainda quepresta atendimento à populaçãonas outras freguesias, e diz mes-mo que todos os dias dá uma vol-ta inteira ao novo território. No concelho de Azambuja váriasvozes se levantaram contra aagregação, mas também nestemunicípio ninguém quis tomar adianteira quanto a opções pró-prias, e por isso o Governo optoupelos territórios do norte do conce-

lho. José Avelino é um crítico daforma como tudo foi feito – “Já sa-bíamos que a Maçussa não tinhamuitas hipóteses, trata-se de umterritório pequeno, até sem cemi-tério local que já partilhava comManique, mas podiam ter negocia-do outros territórios de outra for-ma. Não fazia sentido a agrega-ção com Vila Nova de São Pedro”e dá outras sugestões – “Gostomuito de Vale Paraíso e do seupresidente mas possivelmenteesta freguesia é muito pequenapara estar sozinha, o mesmo paraVila Nova da Rainha. Aveiras deCima e de Baixo que são tão pertouma da outra podiam ser só uma,

e por outro lado não faz sentidoque as juntas localizadas na sedede concelho continuem a existir, eposso falar não só de Azambujacomo do Cartaxo ou Santarém epor aí adiante. Fazia mais falta ajunta da Maçussa do que a deAzambuja”. O presidente da junta tambémestá atento ao centro de convívioda Maçussa que se encontra en-cerrado há vários meses. “Sei queestão a tentar encontrar uma novafuncionária para o equipamento,embora a Câmara não possa con-tratar. Sei que tentaram uma par-ceria com Manique mas não con-seguiram”.

António Pires, presidente daUnião de Freguesias de Abri-

gada e Cabanas de Torres, com4000 eleitores no total, começa porreferir que com a reforma manteveos funcionários da junta antiga deCabanas, mas o coveiro teve dese dividir para as duas freguesias.Entretanto a junta vai também ad-mitir um funcionário para trabalharcom a retroescavadora, “alguémque perceba deste trabalho, masnão especializado porque não te-mos dinheiro para isso”. “No início, aplicou-se muito dinhei-ro para se fazer a junção, verbasque poderiam ter sido canalizadaspara outras necessidades”, referea primeira secretária da junta,Rosa Brandão.Praticamente a tempo inteiro, An-tónio Pires refere que não neces-sita de ir todos os dias a Cabanasde Torres, porque o tesoureiro dajunta reside na localidade e comose dá a circunstância de o mesmoter sido o anterior presidente antesda extinção, considera que temum interlocutor privilegiado no lo-cal. “Temos reuniões todas as ter-ças-feiras e na segunda terça decada mês estou em Cabanas deTorres para ouvir a população”. Aantiga junta mantem-se de portasabertas agora como delegação.Os dois autarcas referem que aproximidade também se faz com aida “às festas das duas povoa-ções” numa lógica de se estreitaros laços de comunhão. No início, não foi fácil lidar com o

desapontamento da população porse ter visto desfalcada da junta,mas hoje “as coisas estão bem en-caminhadas” até porque já era co-nhecido das gentes de Cabanas.“Mas para mim a reforma foi feitaao contrário, deveria ter sido orga-nizada de outra maneira, até por-que se fez a junção e o Governoainda nos cortou as verbas dosfundos para as freguesias”. Esteautarca também critica a formacomo agora as autarquias podemrecrutar funcionários, apenas coma possibilidade de recorrerem aosdesempregados do IEFP – “Masnão seria melhor empregarmos aspessoas e com isso fazermos osdescontos para a Segurança So-cial? Não seria isso mais vantajosopara todos? Se é para consegui-rem disfarçar que dessa forma vãodiminuindo o desemprego com es-ses inscritos no IEFP, tambémacho que não vale a pena porqueainda no outro dia foram desmen-tidos pelo Tribunal de Contas”, re-fere o presidente.As duas freguesias sobrevivemcom muitos problemas sociais, emque o desemprego afeta muitas fa-mílias. A indústria dos aviários quefoi dos principais empregadorestem vindo a desacelerar com o fe-cho de muitos aviários. 80 pes-soas tomam as refeições diaria-mente na cantina social – “Emboraperceba que muitos fazem refei-ções nesses locais, alguns se ca-lhar não precisavam assim tanto,porque fora disso fazem uma vida

melhor do que a minha”, não temdúvidas em apontar António Pires.Na gestão de Cabanas de Torres,os dois autarcas salientam que agestão torna-se complicada noque toca ao arranjo dos caminhosvicinais, cerca de 70 km2. “Não énenhuma brincadeira”, reforça opresidente. No resto do mandato, António Pi-res gostava que fosse construídoum parque de estacionamento emAbrigada dada a exiguidade dasruas da localidade. “Fazemos umtrabalho quase de voluntariadoporque o que se recebe não écompensatório”, finaliza RosaBrandão.Na freguesia de Cabanas de Tor-res, onde ouvimos duas freguesaso clima não é totalmente pacíficopara com a nova junta. “Ficámoscom muita pena de perdermos oestatuto de junta, agora pertence-mos à terra dos outros”, diz MariaBaptista. No caso de Vitória Rosa,esposa do coveiro, a mesma refe-re que a nova agregação só trouxeainda mais trabalho – “O meu ma-rido trabalha mais horas, apenasfazia os funerais de Cabanas e dePaúla e agora tem de estar emAbrigada. Chega a não ter fins-de-semana nem folgas. Chega a terum funeral de manhã nas Caba-nas e outro à tarde em Abrigada”,dá conta. “Quando cá estavam osanteriores responsáveis da junta éque estávamos bem, agora comos novos, enfim”, desdenha MariaBaptista

“O novo presidente da junta nãoestá presente na vida da nossafreguesia. Não quer dizer que eleseja mau, mas parece que ficámosaqui num canto mais esquecido”,reforça Vitória Rosa. “Raramentepodemos dizer que ele está cá emdeterminado dia”, acrescenta a vi-zinha. “Dizem que atende de vezem quando na junta, (porque paranós será sempre a nossa junta)mas estamos desagradados, piordo que isto só se fôssemos paraVila Verde dos Francos, como che-garam a dizer”, diz Maria Baptista.Aproveitando a presença da nossareportagem também não quiseramdeixar escapar que uma das maio-

res queixas prende-se com o ele-vado preço da água – “Está muitocara, até mais do que a eletricida-de. Vou pagar 100 euros de doismeses de luz este mês, quandome chegou há dias uma faturamensal da água no valor de 60 eu-ros. Não percebo porquê, quandonos outros meses andava a pagar45, o que mesmo assim é um exa-gero”.A juntar às lamentações acimadescritas, as freguesas referemque a nova junta retirou o serviçode uma carrinha que estava desti-nada ao transporte das criançasao jardim-de-infância local, e auma clínica de fisioterapia em

Abrigada para os mais idosos. An-tónio Pires refere que “a junta nãotem de possuir a obrigação detransporte dos idosos para umaclínica que é privada, nesse aspe-to deveria ser essa empresa a pro-videnciar isso”. No que toca aotransporte das crianças tambémconsidera que não se justifica por-que “estamos a falar de miúdosque viviam na sua maioria a umadistância muito curta do jardim-de-infância, para além de que a Câ-mara que tem de fazer esse servi-ço não paga o transporte aos quevivem na mesma localidade ondese situa o equipamento em cau-sa”.

Abrigada/Cabanas de TorresPopulação triste com a retirada do transporte de crianças

Freguesas de Cabanas de Torres apontam o dedo ao novo presidente

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14 Valor LocalDestaque

Com 35,80 km2, a super ex-tensa freguesia de Foros de

Salvaterra foi agregada à maisconcentrada freguesia de Salva-terra de Magos, localizada nasede de concelho. E num dospontos centrais de Foros de Sal-vaterra, localidade em causa, fo-mos encontrar também um grupomais ou menos alheado da novarealidade administrativo-autárqui-ca, até porque o atual presidenteda junta é dos Foros, é cara co-nhecida, e pouco se tem dadopela mudança.“Não tem sido mau, mas no meucaso como também vou muitasvezes a Salvaterra fazer compraspenso que se calhar foi positivo”,destaca o freguês Carlos Feijão.Quanto às necessidades da fre-guesia destaca que mesmo as-sim têm sido levadas a cabo algu-

mas obras. “Vê-se que têm vindoarranjar algumas ruas e espaços”,realça José Alberto. “Este presi-dente novo mal ou bem ainda temfeito alguma coisita, mas a ante-rior presidente não fez nada”, re-fere João Pereira. Outro freguêsatirou – “O novo presidente da jun-ta anda sempre aí a circular ondeé preciso!”.Manuel Bolieiro é o novo presi-dente da junta, também eleito pelaprimeira vez em 2013, exerce afunção a tempo inteiro, até porquecom a extensão do território quetem para gerir entende que nãopodia ser de outra maneira. O ba-lanço para já é “muito positivo”.“Embora a dimensão de Forosseja complicada, a que acresce oelevado número de estradas deterra batia ainda existentes”. “Pas-samos com a motoniveladora,

mas se chove temos de voltar afazer tudo de novo”, enfatiza.A rotina deste autarca começalogo de manhã, às 7h45m, no es-taleiro em Foros para divisão dastarefas. “Por norma mantenho-mede manhã nos Foros, e à tarde es-tou em Salvaterra”. Também nosForos, a delegação local mantem-se de portas abertas, sendo que aCâmara Municipal de Salvaterratambém deslocou um funcionáriopara aquele serviço na localidade. Manuel Bolieiro refere que nuncasentiu qualquer animosidade porparte da população dos Foros atéporque a coincidência de residirnaquela freguesia o pode ter aju-dado nisso. Sempre muito solicita-do pelos fregueses tendo em con-ta os problemas das freguesias,refere que muitas vezes faz oatendimento nas ruas e nos cafés,

porque há sempre queixas.As carências da população dasduas freguesias é uma das preo-cupações da junta que todos osmeses contribui com bens para aloja social. “Sempre tive a ideia de um dia po-der prestar um serviço à freguesia0onde resido, Foros de Salvaterra,mas em resumo estou contentepor também gerir Salvaterra, por-que tem sido uma aprendizagem”.Contudo não esconde que a agre-gação foi algo “mal feito”, porqueForos de Salvaterra é demasiadovasto. “No meu caso, ainda consi-go gerir o meu dia-a-dia, e organi-zar as coisas para estar perto dosfregueses, mas outros presidentesde junta não conseguem, e com10 mil cidadãos era impossível es-tar só a meio tempo”. Quanto apoupanças refere – “Poupou-se

no ordenado de um presidente, ede mais alguns membros do exe-cutivo, mas gastou-se muito di-nheiro para colocar isto tudo a fun-

cionar inicialmente”, explica e en-fatiza – “Não foi por terem feitoesta reforma que o país tirou o péda poça!”.

Foros de Salvaterra/Salvaterra de Magos“Não foi por terem feito esta reforma que o país tirou o pé da poça!”

Aindustrial freguesia de Alhan-dra, no concelho de Vila Fran-

ca de Xira, foi emparelhada comas rurais de São João dos Montese Calhandriz no último ano. O pre-sidente da união de freguesias emcausa, Mário Cantiga, pela primei-ra vez presidente em 2013, nãotem dúvidas: “Tem sido difícil gerirtrês freguesias muito grandes,com povoamento muito disperso erealidades díspares. “Posso dizerque só para ir daqui até à Calhan-driz em termos de acessibilidadesé uma tortura. Temos de ir dar avolta pela freguesia de Sobrali-nho/Alverca”.Também no caso desta autarquia,o tempo tem sido o melhor amigoquanto a ganhar a confiança dosfregueses que se viram despoja-dos da sua junta. “Inicialmenteeram muito frios, referiam-se amim como ‘aquele tipo lá de baixo’e como alguém que lhes tiraraalgo”.Esta junta mantém as delegaçõesdas anteriores juntas a funcionarbem como a delegação dos Coto-vios. “Ainda hoje há quem se des-loque a Alhandra para tratar de as-suntos, mas não é necessário poisas delegações estão a funcionar,embora atendamos todos. Sendoque criámos dias de atendimentoà população pelo presidente dajunta, e não vamos descurar isso.No início tinha sempre casa cheia.Notou-se muito aquele espírito nasfreguesias agregadas de ‘vamos ládefender o que é nosso’, emboraagora seja mais ténue”, dá conta.“Queriam conhecer o presidenteda junta, e dizer que estavam con-tra a lei, mas também lhes diziaque era contra, sempre contestá-mos, porque o PCP, o meu partido,sempre teve essa posição”. Mas

Mário Cantiga admite ao mesmotempo que tem sido “aliciante” em-barcar nesta aventura. “Estamos adesbravar caminho ao mesmotempo”. Para complicar ainda mais a tare-fa, “até os eleitos do nosso partidona assembleia de freguesia vin-cam bastante bem a defesa dassuas terras”. “São reivindicativosmas ainda bem que isso acontece,pois antes havia a tendência natu-ral de se deixar as coisas arrefe-cer.”, remata. Como tal a juntacriou a figura informal de um ges-tor da freguesia para ajudar nessetrabalho.Mário Cantiga ficou também sur-preendido com as realidades dasfreguesias rurais, apesar de serdesde há muitos anos uma figuraque já esteve em vários órgãospolíticos e autárquicos do conce-lho. “Esta união das freguesias écomo um comboio a passar a altavelocidade, temos de chegar atudo e em toda a parte, ou porqueuma árvore está caída, ou porqueuma sargeta ficou entupida, e ain-da temos o apoio às escolas e àfamília”. Mas até na própria fre-guesia de Alhandra, os problemasda população avolumam-se – “Odesemprego atingiu muitas famí-lias, pessoas choraram à minhafrente e eu chorei com elas porqueaqui vieram pedir-nos ajuda. Hojeos habitués da praça central deAlhandra são as pessoas desem-pregadas, quando antes eram osreformados”.Por outro lado, a nova lei não per-mitiu fazer poupanças a nível dostrabalhadores, até porque a juntatem vindo a abrir vagas, e em bre-ve vão ser admitidas três novaspessoas. “Indiretamente a lei redu-ziu eleitos, e aumentou mais pos-

tos de trabalho”. Este presidentedivide os 1600 euros de ordenadoa que tinha direito caso estivessea tempo inteiro com a secretária,visto que está a meio tempo. Os novos trabalhadores da juntaforam recrutados com recurso aosprogramas de ocupação do IEFP:“Embora como dirigente sindicalseja contra esse expediente, tal éa única solução de que dispomos”.Quanto a gastos, não tem dúvidas– “Aumentaram muito porque te-nho de ir várias vezes por dia àsrestantes freguesias”. A escolha das freguesias a agre-gar foi feita no caso do concelhode Vila Franca de Xira pelo Gover-no, pois também aqui os eleitos lo-cais mantendo-se irredutíveis nãousaram da possibilidade de esco-lherem quais as junções a efetuar,agora Mário Cantiga atira – “Estivemuito tempo na área da contrata-ção coletiva. Sou um homem quegosta de negociar e sei que emdeterminadas matérias não possoter uma posição rígida, devemostal como um jogador de póquer fa-zer o nosso bluff para ver até ondepodemos ir, mas quando se perce-be que o elástico vai partir não po-demos deixar que isso aconteça”,ilustra, e acrescenta – “Sempredisse que era contra, mas tambémargumentei que devíamos tentarnegociar, mas os partidos políticosassim não o entenderam, porqueera mais fácil dizer que não que-riam, e deixarem-se levar pelosacontecimentos à posteriori”.Em conclusão, o autarca resumeassim a sua posição: “Hoje possodizer que apesar de tudo, estoucontente com a agregação, as coi-sas estão a correr muito bem, es-tamos a entrar nos eixos”. Masnão tem dúvidas quanto à escolha

da Calhandriz para esta agrega-ção: “Não faz sentido, pois por na-tureza as pessoas daquela zonafazem vida em Alverca, mas nãohouve vontade política no conce-lho para se sugerir essa ligação, epor outro sugerir a junção deAlhandra a Sobralinho, que tam-bém fazia mais sentido”. O Valor Local esteve em A-dos-Loucos onde junto ao café destaaldeia da outrora junta de fregue-sia de São João dos Montes, umgrupo tentava aproveitar da me-lhor forma os últimos raios de solde uma tarde. Sobre a agregaçãodas freguesias, pouco sabem.Subsiste apenas uma vaga ideiade que já não há presidente dejunta. A população está mais inte-ressada na resolução dos seusproblemas, e António Mourão, re-sidente nesta pequena aldeia, nãotem dúvidas – “Há 23 anos quepeço para que alcatroem a entra-da de uma propriedade minha.Conheço bem o novo presidente

da junta. Apenas lamento pagar asminhas contribuições, e mesmoassim não conseguir que colo-quem meia dúzia de centímetrosde alcatrão no caminho para a mi-nha quinta!”Já na Calhandriz fomos encontrarOtília Campos, residente em Tran-coso, São João dos Montes, masnascida na Calhandriz. Esta fre-guesa da nova união, desloca-semuitas vezes à freguesia mais anorte em causa, e não tem dúvi-das: “As pessoas ficaram tristes,estão a tirar-nos tudo. É uma po-breza aqui para este lugar.” Nas instalações da antiga juntaagora delegação de Calhandriz, afuncionária, Dora Loura, reforçaque a população ressentiu-se coma agregação. “As pessoas recea-ram que encerrássemos, mas apopulação pode continuar a resol-ver aqui os seus assuntos”, desta-ca. Nesta delegação, é efetuado oserviço de entrega das reformasdos mais velhos, “e que na altura,

ficaram muito receosos, mas de-pressa perceberam que não ía-mos fechar, e compreenderam,pois assim escusam de ir paraAlhandra num carro de praça, queé assim que se referem ao táxi, ecorrerem o risco de serem assalta-dos como já aconteceu em Alvercapor exemplo”.Também nesta freguesia, todosacham que mal por mal seria pre-ferível que Calhandriz tivesse sidoagregada a Alverca – “Fizeram alei a régua e esquadro nos gabine-tes, não vieram visitar a zona. A lo-calidade aqui em frente à nossa jápertence a Alverca, se tivesse sidoessa a opção tínhamos mantido omesmo código postal e os indica-tivos de telefone”.Dora Loura fala ainda do senti-mento de proximidade da popula-ção neste local onde vivem entre700 a 800 pessoas – “Estão sem-pre a vir aqui perguntar se precisa-mos de alguma coisa, até vêmperguntar se já almoçámos”.

Alhandra/São João dos Montes/Calhandriz“Esta união de freguesias é comoum comboio a passar a alta velocidade”

Em A-dos-Loucos a população não deu por muitas diferenças

População de Foros reconhece trabalhoda nova junta

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15Valor Local Destaque

OValor Local ouviu o secretáriode Estado da Administração

Local, António Leitão Amaro, quecomeça por afirmar que um dosobjetivos da reorganização territo-rial das freguesias que vem escritano memorando da Troika, consistiaem “dar mais escala e maior capa-cidade de intervenção e de exercí-cio de competências por parte da-quelas autarquias”. Contrariamente à posição comumdos presidentes de junta ouvidosnesta reportagem, António LeitãoAmaro refere-nos que a reformapermitiu gerar poupanças diretasque “serão cerca de 9 milhões deeuros por ano, que resultam da di-minuição dos custos de funciona-mento das estruturas políticas eadministrativas”. “Não se pode fa-lar na parte da agregação territorialsem referir o aumento de compe-tências e meios: é que a agrega-ção criou freguesias com mais es-cala e capacidade de ação, para

que se pudesse dotá-las de maisresponsabilidades de intervenção,como a gestão e manutenção deespaços verdes, a limpeza dasvias e espaços públicos e sarjetas,a manutenção do mobiliário urba-no e a manutenção corrente de fei-ras e mercados”, enumera.“Por outro lado, há um potencialainda maior de poupanças atravésdo aproveitamento otimizado dosrecursos humanos e materiais dasfreguesias que se agregaram, bemcomo da obtenção de preços me-lhores quando as compras e con-tratações se fazem com maior es-cala”, consubstancia, e acrescen-ta: “Gostaria de sublinhar que areorganização de freguesias foiacompanhada de um reforço decompetências própria e de delega-ção legal que ficou prevista na Lei75/2013, mas também um reforçodos meios financeiros, materiais ehumanos das freguesias” Por ou-tro lado, este reforço “vem dos

acordos de execução das delega-ções legais”, sendo que atualmen-te as freguesias recebem impostosprovenientes “do IMI rústico e 1%do IMI urbano, o que significa mais10 por cento de receita.”O secretário de Estado entendeque a nova reorganização ocorreude forma tranquila, e eficaz semque tivesse sido diminuído o servi-ço prestado às populações. O Go-verno refere que tem estado atentoà evolução e colocação em práticados pressupostos da nova lei, eque por isso mesmo há poucomais de um ano, num conjunto desessões de informação e sensibili-zação com a Associação Nacionaldas Freguesias e com as CCDR’stentou limar arestas da transiçãocom a criação de uma lei específi-ca.Sobre a forma como decorreu todoo processo que levaria às agrega-ções verificadas no país, o secre-tário de Estado reforça que foram

dados prazos suficientes para queos atores autárquicos pudessemfazer as suas escolhas: “Em quaseum terço dos municípios foram osórgãos autárquicos que definiramo mapa das suas freguesias. Ondeisso não aconteceu foi porque osórgãos autárquicos escolheram, li-

vremente, não fazer a sua propos-ta de reorganização tal como a Leiprevia”. Quanto ao fantasma, para muitos,de um dia esta nova reorganiza-ção calhar na rifa dos municípios,António Leitão Amaro especifica –“A situação dos municípios é dife-rentes da das freguesias. Desdelogo, porque em Portugal o mapade municípios é muito menos frag-mentado: somos dos países euro-peus e da OCDE com menos mu-nicípios por habitante e, estamosna média considerando o númerode municípios por área de territó-rio.” Acresce ainda que no caso dosmunicípios, “porque têm uma orga-nização e estrutura muito maior emais complexa; a prioridade da re-forma foi não para a reorganizaçãoterritorial, mas para o seu ajusta-mento de estrutura e financeiro. Asreformas que fizemos determina-ram uma redução significativa no

número de empresas municipais,de fundações, de dirigentes muni-cipais, dos gabinetes de apoio po-lítico e de recursos humanos. Mastambém um forte ajustamento fi-nanceiro com uma redução da dí-vida em cerca de 25% e dos paga-mentos em atraso em 66% e porconsequência nos últimos trêsanos os municípios passaram a terexcedentes orçamentais relevan-tes”. Sendo que por outro lado, “asleis orçamentais e a lei dos com-promissos vieram também imporobrigações exigentes de equilíbriofinanceiro na gestão municipal”.Em resumo, relativamente aosmunicípios foi feito “um grande tra-balho de ajustamento estrutural efinanceiro nestes últimos três anos.Acreditamos que deve aumentar acooperação intermunicipal e a par-tilha de serviços entre os municí-pios, e é nisso que estamos a tra-balhar com alterações legislativase reforço dos incentivos”, conclui.

Secretário da Administração Localfala em reforma tranquila e eficaz

No concelho do Cartaxo, umadas uniões escolhidas foi a

de Ereira/Lapa. O clima político nafreguesia também não tem ajuda-do nesta transição, com muitosestados de alma a serem esgrimi-dos entre autarcas, e com o presi-dente de junta eleito a ter feito uminterregno de vários meses no seumandato em apenas um ano. Fer-

nando Ribeiro foi contatado peloValor Local e mostrou um total de-sinteresse em poder ser ouvidonesta reportagem.O nosso jornal esteve na Ereiraonde falámos com a população,visto que a sede da nova junta fi-cou na Lapa. “Acho que a agrega-ção foi mal feita, ninguém passa‘cartucho’ à Ereira. Discordo total-

mente dessa lei que parece que foifeita pelo senhor Relvas”, dá contaFrancisco, um dos residentes nalocalidade.Num dos cafés da Ereira, Fernan-da Correia, a proprietária, apesarde afirmar que a população ficouressentida, “as pessoas já seadaptaram, embora tenham estra-nhado, mas a delegação continua

a funcionar pelo que podem conti-nuar a dirigir-se à nossa antiga jun-ta”. Já quanto à junção com Lapa:“Uma freguesia não tem nada aver com a outra”. “Não tenho notado grandes dife-renças, raramente vejo o presiden-te da junta novo, mas tambémpenso que pouca coisa se alterou”,concorda Palmira Varanda

Ereira/LapaPopulação indiferente

Fernanda Correia Palmira Varanda

António Amaro

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16 Valor LocalEconomia

“Portugal é um dos primeirospaíses a ver aprovado o

seu Plano de DesenvolvimentoRural”. O anúncio foi feito em pri-meira mão pelo secretário de Es-tado da Agricultura, José DiogoAlbuquerque, durante o debatesobre o QREN, promovido nopassado dia 6 de dezembro peloValor Local. Esta foi uma iniciati-va que decorreu no auditório doPáteo do Valverde em Azambujae que juntou perto de centena emeia de participantes. O seminário debateu as perspe-tivas do novo Quadro de Refe-rência Estratégica Nacional, ejuntou, ainda, para além do go-vernante, António Costa da Silva,da CCDR – IN Alentejo, Francis-co João Silva, presidente do Cre-dito Agrícola e da FENACAM,que apoiou a iniciativa, bemcomo o presidente da Câmara deAzambuja Luís de Sousa.Esta foi de resto uma iniciativamoderada por Daniel Claro emrepresentação da ACISMA, comos contributos dos técnicos daCONFAGRI, que demonstraramas diversas potencialidades des-te novo QREN.Foi também neste encontro, queo secretário de Estado, José Dio-go Albuquerque, aproveitou pararealçar então a boa notícia deque o nosso país tinha sido umdos primeiros quatro países a ver

aprovado o seu PDR “em toda aUnião Europeia”. José Diogo Al-buquerque lembrou este feito,realçando que ao todo foram 118os programas e PDR apresenta-dos, sendo que até ao fim doano, apenas nove seriam apro-vados, entre os quais o de Portu-gal. Para o governante “trata-sedo inverso verificado na situaçãodo quadro anterior, em que Por-tugal foi o último país a ter o pro-grama aprovado”.Já António Costa Silva da CCDRAlentejo, um dos convidadospelo Valor Local para esta inicia-tiva, aproveitou o momento paraesclarecer alguns dos desafiosdeste novo Quadro Comunitáriode Apoio, destacando que ossectores da agricultura e da ali-mentação estão bem representa-dos neste QREN.A economia de recursos mine-rais, é outra das áreas chave,bem como a do património, noqual se insere o turismo. A juntara isto aparecem ainda as áreasda tecnologia e os serviços espe-cializados em economia social.Coube a Francisco João Silva,presidente do Credito Agrícola deAzambuja e da Federação Na-cional das Caixas de CreditoAgrícolas (FENACAM), a explica-ção de que o Credito Agrícolanão é um banco exclusivo paraagricultores e que dispõe de mui-

tos outros produtos destinadosaos variados sectores de ativida-de. E isso mesmo ficou patentena explicação dada pelos dife-rentes técnicos da Confagri, queestiveram presentes no segundopainel do debate, onde se faloude apoios e ajudas agrícolas enão só.Francisco João Silva que apre-sentou em primeira mão a novacampanha nacional dedicada atodo o país lembrou que o Crédi-to Agrícola é um banco de proxi-midade: “Conhecemos as pes-soas, os nossos responsáveisconhecem os seus clientes, só-cios e não sócios, portanto aquestão da proximidade é umaquestão fundamental na nossaatividade”.Luís de Sousa, presidente da Câ-mara Municipal de Azambujaenalteceu a iniciativa do Valor Lo-cal, focando a sua intervençãonas apostas do próximo ano. Ocapital humano, o ambiente e acaptação ao máximo de fundosdisponíveis para a realização deobras no município, fazem partedas metas traçadas pelo autarca,referindo a necessidade de se“trabalhar muito”. E nesse senti-do anunciou que em conjuntocom a ACISMA, a Câmara Muni-cipal está a desenvolver umabase protocolar “para criar umaestrutura de apoio técnico e com

caráter informativo para ajudaras empresas, empresários e ins-tituições do concelho a concorre-rem aos fundos disponíveis” refe-riu o edil.Esta iniciativa teve de resto umbalanço positivo, segundo o por-ta-Voz da ACISMA, Daniel Claro,que não enjeitou a realização deoutras ações do género. Já o di-retor do jornal, Miguel AntónioRodrigues, destacou a participa-ção do público neste encontro.Para o responsável editorial doValor Local, a presença de maisde centena e meia de pessoasnuma tarde solarenga de sábado

e com mais iniciativas a decorrerno concelho de Azambuja, reve-lou que o assunto em causa “éimportante e que há ainda muitoa esclarecer sobre o novoQREN.”O diretor do jornal lamentou, noentanto, a ausência da maioriados deputados municipais, quetendo sido convidados “preferi-ram fazer gazeta nesta iniciativaque foi de resto a primeira e úni-ca no concelho”. Por outro lado,realçou as presenças de LuísVasconcelos, responsável peloGabinete de Apoio ao Investidorda Câmara Municipal de Vila

Franca de Xira, bem como dopresidente da Câmara de Alen-quer, Pedro Folgado e do presi-dente da Comissão Parlamentarde Agricultura, Vasco Cunha “oque prova que em ano e meio oValor Local, tem sabido posicio-nar-se na região, no que toca àprestação de um serviço públicoa bem da cultura e do desenvol-vimento local”.Esta foi apenas uma das primei-ras iniciativas em conjunto com oCrédito Agrícola. Para 2015, am-bas as entidades deverão pro-mover outras, noutros pontos daregião.

Anunciada aprovação do Plano e Desenvolvimento Rural no debatedo Valor Local

Numa altura em que está aser fechado o Orçamento de

Estado para 2015, e em que onovo QREN se aproxima, multi-plicam-se as ações de esclareci-mento aos empresários nos di-versos municípios.Foi o caso do concelho de VilaFranca de Xira, que através doGabinete de Apoio ao Investidor,levou a cabo com o Banco BPI,e a Deloitte, uma sessão de es-clarecimento no Fórum Chasaem Alverca, destinada aos em-presários.A iniciativa decorreu no dia 12de dezembro, e contou com apresença de cerca de três deze-nas de empresários, que apro-veitaram o momento para colo-car algumas dúvidas aos técni-cos.Para além de se falar do impactodo OE para 2015, o semináriodebateu ainda assuntos sobre aFiscalidade Verde, ou a reformado IRS.

Alberto Mesquita, presidente daCâmara Municipal de Vila Fran-ca de Xira, referiu ao Valor Localque para a autarquia, este OEnão é muito positivo. No quetoca ao concelho em questão“traz mesmo algumas dificulda-des”. Para o autarca, só o factode obrigar os municípios a con-tribuir para o Fundo de ApoioMunicipal, tal acarreta uma fatiado orçamento municipal obriga-tória, “e que poderia ser aplicadaem obras importantes no municí-pio vilafranquense”.Segundo Alberto Mesquita, omunicípio de Vila Franca de Xiravai ter de disponibilizar nos pró-ximos sete anos “cerca de doismilhões e oitocentos mil euros”.O autarca diz que ainda não sesabe quais os termos desse fun-do e em que medida vai funcio-nar, mas o que é certo é que “to-dos os anos vamos ter de darcerca de 452 mil euros, que éuma fatia importante num orça-

mento já tão restritivo”.Em causa podem ficar algumasobras no concelho de Vila Fran-ca de Xira, mas Alberto Mesquitasalienta a necessidade “de nosrecompormos da perda dessesvalores”. Todavia o novo OE temoutro tipo de exigências, que ajuntar às obrigações financeiras,traz consigo para este municípioainda mais dificuldades.Alberto Mesquita vinca que esteorçamento vai obrigar ao au-mento da fatura da água, no-meadamente no que toca aosresíduos. Assim, e a partir de2015, os vilafranquenses vãopagar um aumento gradual nafatura dos SMAS.De acordo com o presidente daCâmara Municipal de Vila Fran-ca de Xira, o novo OE tambémtem o ónus de não facilitar acontratação de pessoal. AlbertoMesquita salienta que há neces-sidade de pessoal técnico e ope-rários não especializados “para

nos equilibrarmos e resolvermosuma série de situações e de ma-térias que ao longo do temposão necessárias”, nomeadamen-te no que toca à higiene urbana.

Posto isto, o autarca diz-se ex-pectante, sobretudo no que tocaà evolução da economia local enacional, vincando que o municí-pio terá de fomentar ainda mais

as potencialidades do concelhopara a atração de empresas,mas conclui: “Penso que tere-mos um ano de 2015 complica-do”.

Presidente da Câmara de Vila Francapreocupado com as contribuições para o FAM

Vila Franca também promoveu sessão sobre o QREN

O debate deu a conhecer as potencialidades do novo QREN

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18 Opinião Valor Local

Asituação a que o país foi con-duzido, pelos sucessivos go-

vernos, não pode deixar de seralvo de uma reflexão crítica porparte de qualquer cidadão comum.É nesta perspetiva que surge apresente crónica, que é necessa-riamente, uma opinião subjetiva.1. A “ditadura” capitalista que nosestrangula, consubstanciada naausteridade imposta pelos nossoscredores (troika) e protagonizadapelos nossos governantes, estáasfixiando o nosso crescimentoeconómico e, como consequência,destruindo o nosso tecido empre-sarial que, como sabeis, é maiori-tariamente constituído por peque-nas e médias empresas (PME)que são as que geram mais em-pregabilidade no nosso país. Tam-bém as famílias são duramenteatingidas, com graves consequên-cias psíquicas e sociais.A par da austeridade, são tambémresponsáveis pelo estado a que opaís chegou, os lobbies: financei-ros e corporativos. Os casos BPN,BPP e mais recentemente o BES,são casos paradigmáticos do quesão capazes os lobbies financei-ros, pelas tropelias que fizeramcom os depósitos dos depositan-tes. De entre as atitudes abusivase lesivas, saliente-se as aplicaçõesfinanceiras de alto risco, sem o ca-bal esclarecimento ou mesmo des-conhecimento dos investidores/de-positantes. No caso do BES, nãosabemos ainda, quais as repercus-sões que irá atingir e, se ainda teráde ser o erário público a suportaralguns custos derivados dos des-mandos dos senhores do capital.De entre os lobbies corporativistas,há um que assume especial rele-vância. É o lobby dos advogados,porque são estes os principais, se-não os primeiros, interessados naprodução de leis dúbias, por vezes

até indecifráveis pelo cidadão co-mum, que obrigam estes, a con-sultá-los, o que constitui uma ótimafonte de rendimentos. Também asempresas contratam advogadosde renome, para que estes influen-ciem o poder político. Isto é públicoe notório!Contudo, que me perdoem os ad-vogados, ética e deontologicamen-te honestos!Obviamente, existem outros lob-bies, nomeadamente os sindicais(classes profissionais), cujas in-fluências têm necessariamente im-plicações na economia e, de quesão exemplo, as greves inapro-priadas com graves prejuízos eco-nómicos e sociais.Assim, e face ao estado da justiçano nosso país, com leis confusasque regem os conflitos judiciais,quer ao nível laboral (já escreve-mos sobre o novo Código do Tra-balho) quer ao nível criminal, creioque, dificilmente, qualquer empre-sário nacional ou estrangeiro pre-tenderá investir em novos em-preendimentos criadores de de-senvolvimento para o país (maisvalias) e de novos postos de traba-lho. O problema aparentemente pare-ce insolúvel; não há governo ougovernante (faltam-nos verdadei-ros estadistas – homens de Esta-do) que, se apresente capaz deafrontar e confrontar os lobbiesinstalados e alterar o “status quo”,reformulando as leis (códigos civile do trabalho) simplificando-as deforma que o cidadão comum asentenda. Por outro lado, a subordinação re-verencial dos nossos governantes,às regras e exigências impostaspelos credores (troika), demons-trando total insensibilidade socialcortes nos salários e nas pensõesde reforma) ineficaz combate à

economia paralela (fraude e eva-são fiscais) incompetência paradelinear uma estratégia e aplicaruma verdadeira reforma do Estadocapaz de relançar a economia, li-mitando-se a leis avulsas e ao bru-tal aumento de impostos que em-pobreceram a classe média, su-porte económico de todas as so-ciedades, levou-nos ao presenteestado que, denomino, subjetiva-mente, de pseudodemocracia.

2. E porquê pseudodemocracia?Porque os cidadãos são confron-tados com situações de promes-sas de campanha eleitoral, siste-maticamente não cumpridas, compermanentes violações dos seusdireitos adquiridos (anticonstitucio-nais) com falácias e, sobretudo, acorrupção política, peculato, tráficode influências, nepotismo e pro-miscuidade entre o poder políticoe os poderes capitalistas, em uma

clara tendência para proteger o ca-pitalismo, como são exemplos asParcerias Públicas e Privadas(PPP) e a baixa do IRC (Impostosobre as empresas) e a recapitali-zação de bancos privados.Estes não são, definitivamente, osfundamentos e os valores da de-mocracia! Lanço um repto aos economistas.Será exequível a aplicação do IRCàs empresas como se faz com oIRS para as famílias, i.e. quemmais rendimento aufere, mais des-conta, em uma fórmula (escalões)progressiva e equitativa? Não es-queçamos que o nosso tecido em-presarial é constituído na suamaioria por PME´s (onde se in-cluem as familiares). E porque ra-zão pagam as PME em percenta-gem de IRC o mesmo que asgrandes multinacionais? Evitar-se-iam falências com esta regra? Também no âmbito da pseudode-mocracia, perguntar-se-á: Quemnos representa na Assembleia daRepública (AR)? Algum dos leito-res conhece o deputado que o re-presenta? Eu não!Outra questão que se coloca é:Quais as qualificações comporta-mentais (éticas, sociais e de hono-rabilidade) académicas e de expe-riências profissionais que possuema maioria dos nossos políticos,para exercerem cargos públicos?Haverão, com certeza, exceções,como em tudo! 3. Como resultado da conjugaçãodas variáveis anteriores, surge, nomeu ponto de vista, a cleptocracia(termo grego que significa literal-mente “Estado governado por la-drões”) i.e., em nome da salvaçãodo país, verificou-se um verdadeiroassalto ao bolso dos portugueses.O que é isto senão um “roubo” pro-tagonizado por um Estado cleptó-mano e incapaz de impor-se face

aos credores? Compreendo que opaís estava a beira da bancarrota!Mas não haveria alternativa a estapolítica de saque aos mais desfa-vorecidos? Penso que sim! A co-meçar pela reestruturação da dívi-da entre outras politicas. Nuncacompreendi porque se diz, que pe-dir uma reestruturação da dívida(aumento das maturidades e dimi-nuição de taxas) e não um perdãoda mesma, era prejudicial pelaperda de credibilidade e, por con-sequência, os credores não nos fi-nanciariam mais. Não entendo! Sea economia está de rastos devidoà excessiva austeridade, comocriar riqueza para pagar aos credo-res? Por outro lado, quando umdevedor pretende reestruturar asua dívida, porque não a pode pa-gar no timing exigido, está a serhonesto para com o credor e adar-lhe um sinal claro e inequívocode que pretende cumprir com oscompromissos assumidos. Para ocredor, é o garante de que vai re-ceber o capital emprestado. Esta-rei a divagar? Talvez! Não sendoeconomista de formação, não dei-xo contudo de expressar a minhaperceção como cidadão comum,mas atento. Acrescento que, souum cidadão livre, não arregimenta-do a qualquer filiação partidária. Muito mais haveria a escrever so-bre esta matéria, mas já está longaesta crónica e não pretendo mas-sacrar os nossos estimados leito-res. Para terminar, espero que fi-nalmente, a justiça neste país atuede forma célere, exemplar e nãodiscriminatória!Para todos os leitores votos de umSanto e Feliz Natal e um Ano Novocheio de esperança e saúde. Até à próxima crónica e boas leitu-ras.

A ditadura capitalista,a pseudodemocraciae a cleptocracia

Augusto MoitaLic. Recursos Humanos

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19Valor Local Opinião

Quando em Março de 2010Paulo Caldas, eleito pelo PS,

anunciava a assinatura do contra-to de concessão das águas doCartaxo, ninguém, a não ser oseleitos dos partidos da oposiçãonos órgãos autárquicos, levantouum dedo para se opor ao que aí vi-nha.E o que aí vinha, e vem, tal comonas parcerias público privadas deque tanto se fala, é um negóciocompletamente viciado em queapenas um dos parceiros é bene-ficiado, o parceiro privadoA Cartágua soube, com a conivên-cia de Paulo Caldas, blindar o con-trato de modo a sair sempre porcima no negócio.Alguém acredita que os donos daCartágua se deixassem enganarpelas ideias fantasiosas de Cal-das, quando este garantiu umacréscimo de consumidores noCartaxo para atingir cerca de 40000 durante a vigência do contra-to, ou seja, 35 anos?A Cartágua colocou no contratouma fórmula onde existe um deter-minado fator “Z”, que mais não éque uma variável que lhes permitea qualquer tempo usar, de modo agarantir a permanente sustentabi-lidade e rentabilidade do negócio.Foi com base nessa fórmula e nofacto de ter “descoberto” que osconsumidores nunca chegariamaos números apresentados porPaulo Caldas, que a Cartáguaapresentou à autarquia um adicio-nal de contrato extremamente lesi-vo quer para a Câmara Municipal,quer para os bolsos de todos osmunícipes.Esse adicional votado favoravel-mente pelos eleitos do PS, que odefenderam com unhas e dentescontra os argumentos apresenta-

dos por toda a oposição, continhaa decisão de um aumento, paraalém da taxa anual de inflação, demais 5% ao ano, durante oitoanos, e uma redução nas rendas apagar à autarquia de cerca de 8,5milhões de euros.Os agora eleitos do PS deste man-dato autárquico, verificando a gra-vidade deste contrato adicional,querem a todo o custo tapar o solcom a peneira, repetindo inúmeras

vezes para outras tantas audiên-cias, que os coitados dos eleitosdo PS do mandato anterior nadasabiam do quão danoso o mesmoera, e tinham votado a favor domesmo enganados.Devemos todos perguntar-nos quegente é esta que foi eleita para de-fender o interesse público e quevotou contra o mesmo sem qual-quer parcimónia, de forma acinto-sa e reiterada.É grave o que estes senhores elei-tos pelo PS fizeram à populaçãodo Cartaxo, é ainda mais graveque, agitando palavras de bran-queamento, os atuais eleitos ten-tem a todo o custo enganar umavez mais a população, fazendocrer que os antecessores colegas

de partido não tinham feito pormal, estavam era mal esclareci-dos, coitados, e por isso votaram afavor de um documento que per-mite à Cartágua, sugar ainda maisos já parcos recursos da autarquiae dos cartaxeiros.Nunca é demais referir que apesardo PS ter votado a favor na suamaioria, o documento só foi apro-vado, porque o presidente de Jun-ta da Ereira, do PSD, se absteve,

justificando que o fazia para defen-der a população da sua freguesia.Ainda hoje todos estamos para sa-ber que tipo de defesa era. Entre-tanto acho que a população soubever a falsidade do argumento e,por isso, não o reelegeu. Essaabstenção conduziu ao voto dequalidade do então presidente damesa de Assembleia Municipal,que reforçou o seu voto a favor.São necessários eleitos de corpointeiro, eleitos que defendam quemneles votou e não que viabilizemarranjinhos de bastidores, eleitosque saibam o que fazem quandoaprovam ou vetam documentos.Em suma, seriedade e integridadeprecisam-se para quem se candi-date a cargos políticos.

Políticos que,como nódoas,deixam manchasimpossíveisde limpar

Segredosda JustiçaA prisãopreventivaSem prejuízo do princípio da presunção da inocência do argui-

do até ao trânsito em julgado de sentença condenatória, onosso Código de Processo Penal (CPP) estabelece um conjunto de medidas de coação, de naturezameramente cautelar e condicionadoras de liberdade do arguido, que se destinam a garantir a con-tactabilidade deste, a não repetição da actividade criminosa e a produção de certos efeitos proces-suais (por exemplo, eficácia de comunicações, mesmo não pessoais).Estas medidas de coação encontram-se claramente tipificadas no CPP e são as seguintes: Termode identidade e residência (artigo 196.º), Caução (artigo 197.º), Obrigação de apresentação perió-dica perante entidade judiciária ou a um certo órgão de polícia criminal (artigo 198.º), Suspensãodo exercício de profissão, de função, de actividade e de direitos (artigo 199.º), Proibição e imposiçãode condutas (artigo 200.º), Obrigação de permanência na habitação (artigo 201.º) e Prisão Preven-tiva (artigo 202.º). São só estas, não podem ser outras, dependem da prévia constituição como ar-guido da pessoa que delas for objecto e não podem ser aplicadas quando houver fundados motivospara crer na existência de causas de isenção da responsabilidade ou de extinção do procedimentocriminal.Tratando-se de matéria sensível em que estão em causa direitos, liberdades e garantias do arguido,há uma definição rigorosa e clara dos pressupostos das várias medidas de coação. A aplicaçãopelo juíz de qualquer medida de coação tem de respeitar os princípios da necessidade, adequaçãoe proporcionalidade, isto é, a medida a aplicar em concreto deve ser necessária e adequada às exi-gências cautelares que o caso requerer e proporcional à gravidade do crime e às sanções que pre-visivelmente venham a ser aplicadas, sendo que nenhuma medida de coacção (com excepção doTermo de Identidade e Residência) pode ser aplicada se em concreto não se verificar, no momentoda aplicação da medida: (i) Fuga ou perigo de fuga; (ii) Perigo de perturbação do decurso do in-quérito ou da instrução do processo e, nomeadamente, perigo para a aquisição, conservação ouveracidade da prova; ou (iii) Perigo, em razão da natureza e das circunstâncias do crime ou da per-sonalidade do arguido, de que este continue a actividade criminosa ou perturbe gravemente a ordeme a tranquilidade públicas.A medida de coação mais gravosa é, sem dúvida, a prisão preventiva, a qual só pode ser decretadaquando se revelarem inadequadas ou insuficientes todas as outras medidas de coação. Além destelimite, o artigo 202.º do CPP discrimina taxativamente as situações em que o juíz pode impor aoarguido a prisão preventiva. Assim, esta medida só pode ser aplicada quando houver (i) fortes in-dícios de prática de crime doloso punível com pena de prisão de máximo superior a 5 anos, (ii)fortes indícios de prática de crime doloso que corresponda a criminalidade violenta, (iii) fortes indí-cios de prática de crime doloso de terrorismo ou que corresponda a criminalidade altamente orga-nizada punível com pena de prisão de máximo superior a 3 anos, (iv) fortes indícios de prática decrime doloso de ofensa à integridade física qualificada, furto qualificado, dano qualificado, burla in-formática e nas comunicações, receptação, falsificação ou contrafacção de documento, atentado àsegurança de transporte rodoviário, puníveis com pena de prisão de máximo superior a 3 anos, (v)fortes indícios da prática de crime doloso de detenção de arma proibida, detenção de armas e outrosdispositivos, produtos ou substâncias em locais proibidos ou crime cometido com arma, nos termosdo regime jurídico das armas e suas munições, puníveis com pena de prisão de máximo superiora 3 anos e (vi) se se tratar de pessoa que tiver penetrado ou permaneça irregularmente em territórionacional, ou contra a qual estiver em curso processo de extradição ou de expulsão. Como se vê,são situações que revestem uma especial gravidade em termos penais e merecem elevada censurasocial.A sua aplicação depende sempre de decisão do juíz, mediante requerimento apresentado pelo Mi-nistério Público durante a fase de inquérito e após a conclusão do inquérito também pode ser de-terminada oficiosamente pelo juíz. E é sempre precedida de audição do arguido, podendo ter lugarno acto de primeiro interrogatório judicial. Se não existir esta audição prévia do arguido, a prisãopreventiva é nula.O despacho judicial de aplicação da prisão preventiva tem de ser devidamente fundamentado, no-meadamente deve conter a descrição dos factos concretamente imputados ao arguido, a enuncia-ção dos elementos do processo que indiciam os factos imputados, qualificação jurídica dos factosimputados e a referência aos factos concretos que preenchem os pressupostos de aplicação da pri-são preventiva.Após a imposição da prisão preventiva, nos termos do artigo 213.º do CPP, o juíz está obrigado areexaminar periodicamente os pressupostos que conduziram à aplicação desta medida de coação,decidindo se esta se deve manter ou se deve ser substituída ou revogada. O primeiro reexame deveser efetuado pelo juíz no prazo máximo de três meses a contar da data da aplicação da prisão pre-ventiva.A par da obrigatoriedade do reexame periódico, a duração da prisão preventiva tem limites. Nãodura nem pode durar para sempre! Assim, a prisão preventiva extingue-se quando, desde o seu iní-cio, tiverem decorrido (i) 4 meses sem que tenha sido deduzida acusação, (ii) 8 meses sem que,havendo lugar a instrução, tenha sido proferida decisão instrutória, (iii) 1 ano e 2 meses sem quetenha havido condenação em 1.ª instância, e (iv) 1 ano e 6 meses sem que tenha havido condena-ção com trânsito em julgado. Estes prazos podem ser elevados quer em função do tipo de crime,quer em função da excepcional complexidade do crime em causa (por exemplo, por causa do nú-mero de arguidos ou de ofendidos ou devido ao carácter altamente organizado do crime).À guisa de conlusão: nunca nos esqueçamos que a prisão preventiva é uma medida excecional,que é facultativa, está limitada no tempo e não pode ser usada para fins punitivos.

António Jorge LopesAdvogado

[email protected] Odete Cosme

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23Valor Local Negócios com Valor

Aprova de que o comércio tra-dicional vai sobrevivendo às

grandes superfícies, está bem pa-tente em Benavente. Sem cartõesde desconto, grande corredoresou mesmo grandes promoções,há mais de cinquenta anos queRosa Maria e o marido CarlosSantos abrem quase todos osdias a pequena mercearia de Be-navente que tem conseguido re-sistir à feroz concorrência naqueleconcelho e é a única mercearia davila de Benavente.Com a porta aberta ao públicodesde 28 de Março de 1959, aMercearia Tradicional de Bena-vente, optou por apostar nos pro-dutos ditos gourmet. Logo à entra-da, estão expostas dezenas decaixas de bombons que nos fa-zem crescer água na boca, e dei-

xam antever a restante qualidadedos produtos que são oferecidospelo estabelecimento.“Não são feitos cá. São de com-pra”, salienta a proprietária que re-cebeu a equipa do Valor Local,com o mesmo sorriso e simpatiacom que recebe os seus fiéisclientes, que vão sendo cada vezmais.Embora o preço, que ronda os 50euros ao quilo, seja efetivamenteum pouco pesado à primeira vista,o que é certo é que existem clien-tes fieis àquela gama de bombonsgourmet, que são habitualmentevistos, não numa vila da província,mas nas antigas casas de Lisboa,centros comerciais ou fora dissoem algumas grandes cidades. Aliás, segundo a proprietária, há“muitos clientes de fora, mas tam-

bém de Benavente” e a procuratem vindo a aumentar. Amêndoas,rebuçados e muitas outras igua-rias, fazem parte, ainda, do lequede ofertas que este espaço dispo-nibiliza. A juntar à doçaria, a tradi-cional mercearia de Benaventeaposta também numa vasta gamade bebidas, que são escolhidas adedo, para uma gama de clientesmais exigentes e de gosto maisapurado.Rosa Maria refere, entretanto, quea aposta neste tipo de produtos,tem sido uma mais-valia para amanutenção da casa, salientandoque para além dos produtos maisselecionados, também ainda vaivendendo as mercearias mais tra-dicionais “não tanto como antesde existirem os hipermercados”.Os dias de hoje são forçosamente

diferentes num estabelecimentotradicional deste género mas o li-vro do fiado ainda existe, mastambém “há menos clientes a pe-dir” desabafa.Rosa Maria e o marido CarlosSantos, nunca tiraram férias e mo-ram numa casa encostada à mer-cearia. É por isso que o maridoabre a loja todos os dias. “Isto é anossa vida”, refere Rosa Maria,que evidencia que o marido temmais de 60 anos de balcão. Todavia e para acompanhar asnovas exigências, a MerceariaTradicional de Benavente tambémapostou nas novas formas de co-municação. O espaço possui umsite na Internet e no facebook,sendo possível por exemplo saberum pouco mais desta casa emwww.mercearia-tradicional.com.

Mercearia de Benavente deu a voltacom negócios de bombons gourmet

Com sede em Santarém, hásete anos que a empresa

“Sem Ir” aposta nas energias reno-váveis. A empresa que é proprie-dade de antigos quadros médios esuperiores da General Motors, temdado provas de competitividadenum sector cada vez mais procu-rado.Segundo José Eduardo, um dosresponsáveis da “Sem Ir”, a em-presa tem-se afirmado nestes últi-mos anos junto do cliente particu-lar e no “tecido industrial ou agrí-cola, com predominância na in-dústria transformadora do setorprimário”.Todavia, e embora o atual momen-to vivido no país não seja o melhor,José Eduardo salienta que a em-presa tem conseguido ultrapassar

as dificuldades, destacando quehá uma crescente aposta “no seuconhecimento e no potencial hu-mano” que “desenvolve essascompetências sempre viradaspara a inovação”. A empresa tenta“contornar as dificuldades na bus-ca por antecipação das reais ne-cessidades do mercado”.A prova desse crescimento eviden-cia-se na faturação, que segundoo responsável “tem sido crescente,e este ano também com aumentodos postos de trabalho”.Contudo a empresa não está sóno mercado nacional. De acordocom o responsável, também apos-ta na internacionalização. JoséEduardo vinca que já foi feita umaprimeira abordagem “num projetoindustrial da indústria automóvel

na Rússia, em São Petersburgo” eque já há planos para o próximoano, nomeadamente, com solu-ções de Energias Renováveis Au-tónomas, sobretudo nos Países deLíngua Oficial Portuguesa (PA-LOP’s), e anuncia as parceriascom duas grandes empresas por-tuguesas e internacionais.Atualmente a “Sem Ir” aposta emprodutos de alta Engenharia naárea das Energias Renováveis “nasua maioria europeus em áreascomo soltar térmico, fotovoltaico eeólico, iluminação, biomassa,bombas submersíveis solares en-tre outros”.Com as energias renováveis acrescer em Portugal, era espectá-vel que o nosso país já estivessena linha da frente, todavia este é

um segmento que ainda tem muitopara dar. José Eduardo salienta que Portu-gal ainda está longe de ser autos-suficiente, e explica que “ o novoprograma de autoconsumo, cominício em janeiro de 2015 , em que

os particulares e as empresas po-dem produzir a sua própria energiarecorrendo a tecnologia fotovoltai-ca e eólica vai autonomizar o mer-cado, que estava refém dos tradi-cionais fornecedores, que nos im-põe preços proibitivos”. “A eletrici-dade em 2015 vai subir 3,3%,num país quase com inflação de0,5%”, salienta.Contudo os novos microproduto-res podem beneficiar deste negó-cio que embora esteja numa fasetímida, evidencia crescimento.Basta para isso que instalem siste-mas de autoconsumo pois “compequenos investimentos pode-sediminuir a fatura energética”, mos-trando-se a empresa disponívelpara ajudar nesses passos. Nessesentido José Eduardo esclarece

que toda a informação está dispo-nível no site da empresa emwww.semir.pt.Quanto ao futuro da “Sem Ir”, JoséEduardo informa que até 2020 “es-taremos no top dez das empresasna área das Energias Renováveis,a nível nacional”. Outra das metaspassa por fabricar um produto Ino-vador “ já desenvolvido pela “SemIr” na área das Energias Renová-veis, objeto de uma candidatura aprogramas europeus no próximoquadro comunitário.Na área da formação, a empresaquer levar a cabo a assinatura deprotocolos com o ensino profissio-nal, tendo em conta a oferta de tra-balho aos jovens formados nestastecnologias, tendo admitido já oprimeiro licenciado este ano.

“Sem Ir” conquista mercado nas energias renováveisCarlos Santos e Rosa Maria

Responsáveis da empresa

Page 24: Edicao 19 dez 2014

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