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Edição 21

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Geração Sustentável Inovação e Sustentabilidade

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

08 Editorial

09 Mundo Digital

10 Sustentando

13 Educando para o Futuro

49 Publicações e Eventos

32 Gestão Sustentável

38 Gestão Estratégica

43 Meio Ambiente

48 Ser Sustentável

Ano 4 • edição 21

A reciclagem é o destino final mais adequado para esta revista.Lembre-se: o seu papel é importante para o planeta!

Colu

nas

Mat

éria

s

16 Entrevista Victor Barbosa

22 Capa Tempo de rever conceitos e inovar

28 Visão Sustentável Dinâmica do tabuleiro

34 Responsabilidade Social Corporativa Sericultura gera cooperação e desenvolvimento sustentável no Paraná

40 Responsabilidade Ambiental Ecogaragem - Empresa de transporte coletivo se reinventa com a sustentabilidade

44 Desenvolvimento Local História e sustentabilidade no interior do Paraná

Anu

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ias

22Capa

3

02 a 07 Estação Business School

19 Unimed PR

21 Brinox

27 DFD

33 Consult

39 Civitas

47 IBF

49 Jornal Meio Ambiente

45 D&G

47 Civitas

49 Jornal Meio Ambiente

50 Vitrine Sustentável

51 Reciclação

FORMAÇÃO DE LÍDERES PREPARADOS

E INSERIDOS NA PRÁTICA DA

GESTÃO SUSTENTÁVEL

C O M O A AC A D E M I A P O D E F O R M A R A D M I N I S T R A D O R E S Q UA L I F I C A D O S PA R A O

G E R E N C I A M E N TO D O S D E S A F I O S DA AT UA L LÓ G I C A E M P R E S A R I A L

O QUE ESPERAR DOS FUTUROSPROFISSIONAIS

>>

>>

Alta competitividade, consumidores exigentes,

dificuldades enfrentadas nas áreas de infraestrutura,

tributos e recrutamento de profissionais, além da falta

de incentivos governamentais em pesquisa e

tecnologia compõem o quadro dos principais

desafios enfrentados pelas empresas nacionais. O

cenário é atual e inclui ainda previsões de

desdobramentos a médio prazo, com tendências

voltadas para o acirramento da concorrência e

implantação de tecnologias com objetivo de

reduzir custos. Diante dessa conjuntura, gestores

preparados, com foco em liderança e

competências interpessoais, são a aposta das

organizações frente à busca por diferenciais

competitivos. Mas como obter o preparo

necessário para o enfrentamento dos desafios da

lógica empresarial presente nos dias de hoje? A

resposta, segundo especialistas, está além da

aquisição de experiência profissional, mas

inicia-se na etapa da formação.

De acordo com a professora da Estação Business School,

Eunice Nascimento, o papel da academia nesse contexto

deve ir além do processo técnico de ensino, mas proporcionar

um espaço para reflexão e desenvolvimento das competên-

cias necessárias para o bom desempenho do aluno no

mercado de trabalho. “A academia é a porta que irá sensibi-

lizar os profissionais para o cenário em que as empresas

estão inseridas. O seu papel não é proporcionar discussões

fechadas, mas fomentar reflexões sobre o que está ocorrendo

no mundo, em termos de mercado e relações entre pessoas.

Com isso, o objetivo educacional é mais amplo e inclui tornar

o próprio aluno um agente modificador”, avalia.

Atenta a essas demandas, a Estação Business School está em

fase de consolidação do curso de Administração da institu-

ição, que oferece um modelo metodológico e infraestrutura

diferenciados com objetivo de proporcionar uma formação

com foco em negócios e espaço para o desenvolvimento de

gestores-líderes. “Liderança não é uma questão de nasci-

mento, mas sim, de aprendizagem. Pessoas comuns com

preparo adequado possuem plenas condições de tornarem-

se líderes inspiracionais. É nesse aspecto que os futuros

profissionais têm a necessidade de usufruir de uma boa

academia”, destaca o professor Dante Quadros, docente da

instituição.

Segundo o fundador e presidente da Estação, Judas Tadeu

Grassi Mendes, para produzir resultados efetivos ligados à

formação de líderes, as academias com foco em business

devem ser formadas por docentes preparados. “Sempre faço

a seguinte pergunta diante de alunos: qual a melhor escola de

negócios do mundo? A resposta está naquela que ensina hoje

com o menor gap (lacuna) com relação ao que acontece no

mundo real. Para isso, precisa de docentes que tenham além

de uma sólida formação acadêmica, estreitos vínculos com o

mundo real, aproximando-se das necessidades atuais das

empresas”, explica.

Com essa visão, a Estação Business busca, além da formação

de líderes preparados, a criação de agentes de mudança.

“Curitiba e região metropolitana reúnem mais de 50 institu-

ições de ensino, nosso objetivo é oferecer uma academia que

represente um legado para a capital, ajudando na formação e

na transformação de pessoas para que venham a fazer

mudanças e transformações positivas. Esse é o nosso desa-

fio”, destaca Mendes.

LIDERANÇA E SUSTENTABILIDADE

A gestão sustentável é uma prática essencial dentro da atual

lógica empresarial. Investimentos em projetos sustentáveis

nas mais diversas áreas das organizações passam a

representar uma ação não mais de caráter assistencial ou

filantrópico, mas de sobrevivência frente aos desafios do

mercado e até de crescimento da empresa.

Na academia, os conceitos de gestão pautada na

sustentabilidade ganham força e discussões em torno do

tema conquistam cada vez mais espaço. “São as pessoas em

formação acadêmica que irão ser os futuros CEO’s e líderes

das empresas, e para isso, eles terão que estar inspirando”,

ressalta Mendes. Pensando nesse desenvolvimento, a

disciplina “Sustentabilidade Corporativa” integra o currículo

da grade de graduação em Administração da Estação

Business School. O objetivo é aproximar líderes dos conceitos

de gestão sustentável e elucidar quais os desafios diante

dessa prática.

• Conhecimento das suas habilidades e aptidões;

• Profissional atento a tendências

• Boa formação e currículo; aquisição de conhecimento

e saber como contribuir para a organização.

• Ampla rede de relação; pessoas sozinhas não atingem

resultados, os esforços devem ser somados e

compartilhados.

• Equilíbrio; relações pessoais e profissionais devem ter

efetividade.

• Ousadia de aprender sempre e capacidade para mudar.

• Ter atitude, ou seja, acreditar naquilo que está

desempenhando, na organização e na implementação

de mudanças e traçar trajetórias viáveis para o

crescimento.

twkc

omun

icac

ao.c

om.b

r

Formato fechado : 21 x 28 cm | formato aberto: 42 x 28 cm

Informe Publicitário

FORMAÇÃO DE LÍDERES PREPARADOS

E INSERIDOS NA PRÁTICA DA

GESTÃO SUSTENTÁVEL

C O M O A AC A D E M I A P O D E F O R M A R A D M I N I S T R A D O R E S Q UA L I F I C A D O S PA R A O

G E R E N C I A M E N TO D O S D E S A F I O S DA AT UA L LÓ G I C A E M P R E S A R I A L

O QUE ESPERAR DOS FUTUROSPROFISSIONAIS

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Alta competitividade, consumidores exigentes,

dificuldades enfrentadas nas áreas de infraestrutura,

tributos e recrutamento de profissionais, além da falta

de incentivos governamentais em pesquisa e

tecnologia compõem o quadro dos principais

desafios enfrentados pelas empresas nacionais. O

cenário é atual e inclui ainda previsões de

desdobramentos a médio prazo, com tendências

voltadas para o acirramento da concorrência e

implantação de tecnologias com objetivo de

reduzir custos. Diante dessa conjuntura, gestores

preparados, com foco em liderança e

competências interpessoais, são a aposta das

organizações frente à busca por diferenciais

competitivos. Mas como obter o preparo

necessário para o enfrentamento dos desafios da

lógica empresarial presente nos dias de hoje? A

resposta, segundo especialistas, está além da

aquisição de experiência profissional, mas

inicia-se na etapa da formação.

De acordo com a professora da Estação Business School,

Eunice Nascimento, o papel da academia nesse contexto

deve ir além do processo técnico de ensino, mas proporcionar

um espaço para reflexão e desenvolvimento das competên-

cias necessárias para o bom desempenho do aluno no

mercado de trabalho. “A academia é a porta que irá sensibi-

lizar os profissionais para o cenário em que as empresas

estão inseridas. O seu papel não é proporcionar discussões

fechadas, mas fomentar reflexões sobre o que está ocorrendo

no mundo, em termos de mercado e relações entre pessoas.

Com isso, o objetivo educacional é mais amplo e inclui tornar

o próprio aluno um agente modificador”, avalia.

Atenta a essas demandas, a Estação Business School está em

fase de consolidação do curso de Administração da institu-

ição, que oferece um modelo metodológico e infraestrutura

diferenciados com objetivo de proporcionar uma formação

com foco em negócios e espaço para o desenvolvimento de

gestores-líderes. “Liderança não é uma questão de nasci-

mento, mas sim, de aprendizagem. Pessoas comuns com

preparo adequado possuem plenas condições de tornarem-

se líderes inspiracionais. É nesse aspecto que os futuros

profissionais têm a necessidade de usufruir de uma boa

academia”, destaca o professor Dante Quadros, docente da

instituição.

Segundo o fundador e presidente da Estação, Judas Tadeu

Grassi Mendes, para produzir resultados efetivos ligados à

formação de líderes, as academias com foco em business

devem ser formadas por docentes preparados. “Sempre faço

a seguinte pergunta diante de alunos: qual a melhor escola de

negócios do mundo? A resposta está naquela que ensina hoje

com o menor gap (lacuna) com relação ao que acontece no

mundo real. Para isso, precisa de docentes que tenham além

de uma sólida formação acadêmica, estreitos vínculos com o

mundo real, aproximando-se das necessidades atuais das

empresas”, explica.

Com essa visão, a Estação Business busca, além da formação

de líderes preparados, a criação de agentes de mudança.

“Curitiba e região metropolitana reúnem mais de 50 institu-

ições de ensino, nosso objetivo é oferecer uma academia que

represente um legado para a capital, ajudando na formação e

na transformação de pessoas para que venham a fazer

mudanças e transformações positivas. Esse é o nosso desa-

fio”, destaca Mendes.

LIDERANÇA E SUSTENTABILIDADE

A gestão sustentável é uma prática essencial dentro da atual

lógica empresarial. Investimentos em projetos sustentáveis

nas mais diversas áreas das organizações passam a

representar uma ação não mais de caráter assistencial ou

filantrópico, mas de sobrevivência frente aos desafios do

mercado e até de crescimento da empresa.

Na academia, os conceitos de gestão pautada na

sustentabilidade ganham força e discussões em torno do

tema conquistam cada vez mais espaço. “São as pessoas em

formação acadêmica que irão ser os futuros CEO’s e líderes

das empresas, e para isso, eles terão que estar inspirando”,

ressalta Mendes. Pensando nesse desenvolvimento, a

disciplina “Sustentabilidade Corporativa” integra o currículo

da grade de graduação em Administração da Estação

Business School. O objetivo é aproximar líderes dos conceitos

de gestão sustentável e elucidar quais os desafios diante

dessa prática.

• Conhecimento das suas habilidades e aptidões;

• Profissional atento a tendências

• Boa formação e currículo; aquisição de conhecimento

e saber como contribuir para a organização.

• Ampla rede de relação; pessoas sozinhas não atingem

resultados, os esforços devem ser somados e

compartilhados.

• Equilíbrio; relações pessoais e profissionais devem ter

efetividade.

• Ousadia de aprender sempre e capacidade para mudar.

• Ter atitude, ou seja, acreditar naquilo que está

desempenhando, na organização e na implementação

de mudanças e traçar trajetórias viáveis para o

crescimento.

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Editorial

8 GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Diretor Executivo Pedro Salanek Filho ([email protected]) • Diretora Administrativa e Relações Corporativas Giovanna de Paula ([email protected]) • Jornalista Responsável Juliana Sartori / MTB 4515-18-155-PR ([email protected]) • Projeto Gráfico e Direção de Arte Marcelo Winck ([email protected]) • Conselho Editorial Pedro Salanek Filho, Antenor Demeterco Neto, Ivan de Melo Dutra e Lenisse Isabel Buss • Colaboraram nesta edição Jornalistas:

Criselli Montipó, Lyane Martinelli e Fábio Cherubini ([email protected]) • Assinaturas [email protected] • Fale conosco [email protected] • Impressão Gráfica Capital • ISSN nº 1984-9699 • Tiragem da edição: 10.000 exemplares • 21ª Edição • novembro/dezembro • Ano 4 • 2010A impressão da revista é realizada dentro do conceito de desenvolvimento limpo. O sistema de revelação das chapas é feito com recirculação e tratamento de efluentes. O papel (miolo e capa) é produzido com matéria-prima certificada e foi o primeiro a ser credenciado pelo FSC - Forest Stewardship Council. O resíduo das tintas da impressora é retirado em pano industrial lavável, que é tratado por uma lavanderia especializada. As latas de tintas vazias e as aparas de papel são encaminhadas para a reciclagem. Em todas as etapas de produção existe uma preocupação com os resíduos gerados.

- Errata: Na matéria de capa (páginas 16 a 24) da edição 20 o nome correto da professora é Dulce de Meira Albach, graduada em Desenho Industrial pela UFPR e com mestrado em Gestão Ambiental.

Revista Geração Sustentável Publicada pela PSG Editora Ltda. CNPJ nº 08.290.966/0001-12 - Av. Sete de Setembro, 3815 - sala 15 - Curitiba - PR - Brasil - CEP: 80.250.210 - Fone: (41) 3346-4541 / Fax: (41) 3092-5141

www.geracaosustentavel.com.brA revista Geração Sustentável é uma publicação bimestral independente e não se responsabiliza pelas opini-ões emitidas em artigos ou colunas assinadas por entender que estes materiais são de responsabilidade de seus autores. A utilização, reprodução, apropriação, armazenamento de banco de dados, sob qualquer forma ou meio, dos textos, fotos e outras criações intelectuais da revista GERAÇÃO SUSTENTÁVEL são terminante-mente proibidos sem autorização escrita dos titulares dos direitos autorais, exceto para fins didáticos.

Precisamos inovar e não apenas renovarDesde os meus tempos de faculdade ouço falar que precisamos inovar constantemente. Buscar novos desafios, quebrar paradig-

mas, substituir modelos obsoletos, enfim, criar novas alternativas quando não conseguimos mais progredir nos formatos antigos. Esse discurso direciona a inovação para o momento exato em que já esgotamos todas as alternativas e recursos que podíamos.

A palavra inovação também ilustra os discursos de muitos consultores e profissionais que justificam seus resultados porque inovaram, ou pelo menos porque acham que inovaram. Um dos pontos que merece reflexão é se realmente inovamos ou apenas renovamos. Inovar é criar mudanças profundas e provocar atitudes/comportamentos diferentes, já renovar é apenas mudar a roupagem e manter o conteúdo.

Como o termo inovação sempre acompanha os gestores, nesse momento em que as estratégias são voltadas a sustentabilidade empresarial, isso fica ainda mais evidente. A inovação passa a caminhar de mãos dadas com a sustentabilidade dos negócios. Não criaremos soluções sustentáveis se não mudarmos os modelos de produção e de consumo. Uma inovação na indústria automobilística, por exemplo, terá que ir mais além do que mudar o tipo de combustível. Veículos movidos a energia elétrica é apenas um pequeno pas-so do que teremos (e seremos obrigados a ter) no futuro. Esse novo veículo terá que interagir com outras causas ambientais como, por exemplo, a mobilidade urbana. Veículos movidos a energia elétrica e nos tamanhos atuais não serão sustentáveis. Como diz o consultor Cleuton Carrijo em suas palestras, inovar é criar algo novo, inusitado e surpreendente. É mudar a direção do pensar, do viver e do ser.

Achei muito interessante também um comentário feito pela superintendente de Desenvolvimento Sustentável, Linda Murasaka, do Banco Santander em uma palestra na Bienal de Design. Ela explorou aquele famoso ditado de que não devemos “dar o peixe e sim ensinar a pescar”. Mas ela evoluiu da seguinte forma: “Dar o peixe é filantropia; ensinar a pescar é responsabilidade social; inovação é ensinar a pescar, se preocupar com a qualidade da água, com o ecossistema e trabalhar continuamente para que nunca falte peixe naquele local”. Esse pensamento nos faz ampliar a visão e perceber que a inovação é trabalhar em questões bem mais profundas. Atuar na mudança de conceito e colocar em prática novas ideias, respeitando fatores socioambientais, são temas que você leitor en-contrará nessa edição.

Boa Leitura!Pedro Salanek Filho

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Maiores informações acesse nosso mídia kit: www.geracaosustentavel.com.br/sobre

Nós profissionais envolvidos com a produção da revista GERAÇÃO SUSTENTÁVEL, disponibilizamos novas formas de nos aproximar ainda mais de você leitor e envolvê-lo em debates sobre desenvol-vimento sustentável. Abaixo destacamos nossos espaços virtuais! Não deixe de participar e mostre como cada um de nós pode contribuir para criar um geração mais responsável e equilibrada

Mundo Digital

9 GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Conheça o mundo digital da Geração SuStentável

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Sustentando

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 10

Fim das pilhasSentar no seu sofá para assistir TV e surfar pelos canais pode se tornar uma atividade mais ecologicamente correta. Isso porque o fim do uso das poluidoras pilhas e baterias dos controles remotos pode estar muito próximo. Finalmente as empresas começaram a pensar em eletrônicos que utilizam outros tipos de tecnologia mais sustentáveis. A Philips, por exemplo, acaba de lançar um controle remoto que funciona a partir da energia solar. Ele vem com a TV Econova LED, lançada na Europa. O controle da Philips tem células na parte de trás que captam energia solar a partir da luz que vem pelas janelas da sala.

Alerta no saneamentoInfelizmente, apenas 47%, ou seja, nem metade da população brasileira tem acesso à rede geral de esgoto. E se for mantido o atual volume de investimentos, o saneamento para toda a população só vai acontecer quando o País completar 300 anos de independência, isto é, no ano de 2122. O alerta foi dado pela ONG Instituto Trata Brasil, que revelou em estudo que a rede de esgoto cresceu menos em comparação com outros serviços públicos, como água, coleta de lixo e eletricidade. E de acordo com a pesquisa, quanto menor o investimento, maior é a mortalidade de crianças até seis anos de idade, nos locais onde não há esgoto. E a falta de saneamento interfere não só na saúde, mas também na educação. Cerca de 34% das ausências de crianças até seis anos na pré-escola e na escola primaria se devem a doenças causadas pela contaminação da água, como a diarréia.

Sem donoSegundo levantamento realizado pelo Serviço Florestal Brasileiro, mais de um quinto das florestas no Brasil estão desprotegidas. São partes de florestas que não possuem assentamentos, terras indígenas ou unidades de conservação. No total, a área possui 64 milhões de hectares, que corresponde a duas vezes e meia o estado de São Paulo. Os números, que fazem parte do Cadastro Nacional de Florestas Públicas desse ano, mostram que o país já tem 290 milhões de hectares de florestas públicas cadastradas, sendo 21% maior do que o apresentado no último ano. O governo concorda com a ideia de fazer com que essas áreas tenham novos donos, para evitar a ocupação ilegal e a grilagem. No Estado do Amazonas está a maioria dessas terras sem dono, com mais de 43 milhões de hectares.

Sustentando

Essa premiação visa inspirar e reconhecer as empresas que efetivamente implementaram estratégias para o desenvol-vimento sustentável dos seus negócios, com base num novo olhar sistêmico que contemple todas as dimensões da susten-tabilidade, tendo a inovação como elo integrador e mola pro-pulsora.

Do grego Kaiños (ka-hee-nos), esta palavra tem o sentido e significado de algo inédito, inusitado, surpreendente; diz respeito à mudança para uma nova direção do pensar, viver e ser. Portanto, o Prêmio KAIÑOS tem o propósito de abraçar novas ideias para a mudança organizacional em busca desta transformação que a torne com-petitiva de forma continuada. O prêmio reconhecerá as em-presas nas três categorias men-ciondas abaixo: - Negócios Inovadores- Processos Eficientes- Produtos e Serviços

Maiores informações podem ser obtidas pelo email: [email protected]

Co-criação:

KAIÑOS Prêmio Inovação para a

Sustentabilidade Empresarial

Dinheiro na terraNo Pará, dinheiro vai parar debaixo da terra, para servir de comida para as plantas. As 11 toneladas de papel moeda retiradas de circulação todos os meses pelo Banco Central na Região Norte vão agora virar adubo. E quem vai receber o composto orgânico vão ser os pequenos produtores do estado do Pará. A iniciativa é resultado de convênio entre o Governo do Estado, Banco Central e a Universidade Rural da Amazônia. O composto orgânico é feito a partir da mistura as cédulas trituradas com de restos de alimentos que eram jogados fora pela Ceasa – mais nitrogênio e hidrogênio. O dinheiro inutilizado pode causar danos ao meio ambiente por ser constituído de metais pesados. Mas no composto orgânico a concentração de metais pesados acaba sendo baixa, por ser manuseado.

Sutiã recicladoA marca de lingerie italiana Intimissimi, que já era famosa pelo design sofisticado, agora ataca de empresa sustentável. Desde meados de outubro, quem levar um sutiã antigo de volta à qualquer loja da rede na Itália, ganha três euros de bônus para a próxima compra. Os sutiãs velhos são reciclados e transformados em matéria-prima para painéis na construção civil, que são à prova de som. Esta prática envolvendo meio ambiente e clientes, já é comum na Itália nos mercados de carro e eletrodomésticos. Mas a devolução de um sutiã é a grande novidade. Desde que a campanha começou, as vendas aumentaram 40% . Agora a empresa pretende investir em reaproveitamento de matéria-prima na fabricação dos próprios sutiãs da marca.

Relógio de papelÉ da Itália também o primeiro relógio biodegradável e comprometido com o meio ambiente. O relógio chamado Patch foi criado por uma tradicional grife local e é produzido em papel e tratado com uma espécie de revestimento protetor que o torna resistente à água e agressões externas.Com mostrador LED biodegradável com funções hora, data e contador dos segundos, o relógio de papel pesa apenas 11 gramas e, segundo a fabricante, se encaixa no pulso como uma segunda pele. Cada patch custa em média 24 euros, ou seja, cerca de R$ 57.

Sustentando

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 12

Pegada do downloadSe o uso da internet continuar crescendo de maneira estável nos próximos 20 anos, calcula-se que será preciso gerar 1,17 gigawatts de energia por ano só para dar conta da rede mundial de computadores. Para se ter uma ideia, isso equivale a toda a capacidade de energia gerada pela hidrelétrica de Furnas, no sul de Minas Gerais, que é uma das maiores do Brasil. A chamada ‘pegada do download’ foi calculada por pesquisadores da Universidade de Bristol, na Inglaterra. Os pesquisadores afirmam que os vilões da internet no futuro vão ser os sites de relacionamento, as ferramentas de download e os serviços de televisão pela internet. Os cientistas pretendem ampliar a pesquisa para verificar o aumento do consumo de energia relacionado à internet na utilização de dispositivos móveis e também o impacto da fabricação de computadores.

Planeta Vivo 2010O Relatório Planeta Vivo 2010, publicado pela organização não governamental WWF, mostra que os países tropicais, que também são os mais pobres do planeta, perderam 60% de flora e fauna nos últimos 40 anos. Já os países mais ricos são apontados no relatório como aqueles que mais consomem sem fazer a reposição necessária dos recursos naturais. Essa tendência de alto consumo e baixa reposição é mais forte em economias de nações mais desenvolvidas, seguidas pelos integrantes do Bric, do qual o Brasil faz parte ao lado de Rússia, Índia e China. Nesse ritmo, o mundo levaria um ano e meio para gerar os recursos consumidos e para absorver as emissões de dióxido de carbono (CO2).

Fogão sustentávelNo Ceará um projeto de um fogão ecoeficiente já beneficia cerca de 17 mil famílias de 65 municípios, que tiveram seus antigos fogões a lenha substituídos, sem custos, por outro mais eficiente e muito mais limpo. Criado pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Energias Renováveis, e desenvolvido em parceria com o Governo do Estado do Ceará, o fogão tem uma proposta simples, que é preservar o meio ambiente com a menor queima de lenha e melhorar a qualidade de vida nas comunidades rurais, que enfrentam diariamenta a fumaça dos fogões. O fogão ecoeficiente, feito de tijolo refratário e uma caixa de metal, reduz em até 40% o consumo de lenha. A meta principal é atender residências que tenham crianças e idosos, já que eles são os mais vulneráveis às doenças respiratórias. A Organização Mundial da Saúde estima que, todos os anos, 1,6 milhões de pessoas morram por doenças causadas pela fumaça da queima da lenha.

Educando para o Futuro

O s alunos das escolas situadas no Bairro Cajuru, em Curitiba tiveram um fechamen-to de bimestre um pouco diferente, com a oportunidade de participar do divertido

Programa Nosso Planeta, Nossa Casa. Esse programa é aplicado aos alunos da 4ª sé-

rie e tem como objetivo conscientizar os jovens so-bre a importância do desenvolvimento sustentável e do consumo consciente. Por meio de atividades aplicadas pelo professor, em sala de aula, os alu-nos aprendem sobre a importância da preservação do meio ambiente e o seu compromisso socioam-biental.Os alunos acompanham o projeto em uma apostila que conta no estilo história em quadrinhos a importância de cuidar da natureza e promover um desenvolvimento sustentável. Essa ação foi re-sultado de uma parceria com o Núcleo Regional de Educação do Cajuru, o qual que viabilizou a aplica-ção do projeto nas escolas da região. No total foram atendidas 17 escolas, beneficiando 1.844 alunos por meio do trabalho voluntário de 18 orientadores.

O diferencial desse projeto é a transformação que ele provoca tanto nos alunos quanto nos orien-tadores, que são desafiados a mudar suas atitudes

Aplicação em massa de projeto com tema sustentabilidade nas Escolas Municipais do Cajuru

e plantar a semente da sustentabilidade entre seus familiares e amigos. “O projeto foi muito gratificante tanto para nós professores e também para os alunos que se mostraram bem receptivos ao desenvolvimen-to do processo do começo ao fim. O tema foi muito relevante para todos nós e acredito que nos levou a uma reflexão de nossas atitudes. Percebi também um aprendizado mais consciente por parte dos alunos quanto ao que deve ser feito pelo nosso planeta”, disse a professora da Escola Municipal Prefeito Lin-neu Ferreira do Amaral, Adriana Alves de Lima.

divulgação

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Vida Urbana

Enchendo as cidades de boas ideias

É na época do verão, sempre acompanha-do de muita chuva, que ficam evidentes os problemas de saneamento e o despre-paro das cidades para abrigar a quantida-

de de pessoas que nelas existem. Notícias de en-chentes , gente desabrigada e casas destruídas são tantas que chega a ser comum o olhar indife-rente a este grave problema urbano. No entanto, em meio a tantos desastres, há projetos que ser-vem como exemplo de como é possível fazer da vida nas cidades um lugar seguro e de bem-estar.

A cidade de Northhamton, na Inglaterra, por exemplo, criou um Sistema de Drenagem Urbana Sustentável (Suds) em um bairro chamado Up-ton, baseado em áreas verdes inteligentes como forma de drenagem. E o sistema só foi pensado porque por volta de 1998 a cidade de Nothamp-ton passou por graves inundações.

No início dos anos 2000, um conselho muni-cipal estabeleceu as primeiras diretrizes para o desenvolvimento de um novo bairro que servisse como exemplo de desenvolvimento urbano sus-tentável. O planejamento da extensão urbana de Upton na periferia sudoeste de Northampton foi baseado em um modelo de paisagem com gestão eficiente de águas pluviais. A estratégia envolve a limitação e controle de águas superfi-ciais e escoamento na fonte. Isto é conseguido através de telhados verdes, um sistema de tu-bos e valas, lagoas conectadas e pavimentação permeável, que limitam o escoamento de águas pluviais pela rede pública de esgoto. A água de chuva colhida nos telhados de prédios de aparta-mentos e outros edifícios é utilizada para fins do-mésticos. Pontes foram construídas em todos os canais, em intervalos de, no máximo, 60 metros,

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 14

ligadas a faixas de pedestres. O projeto Upton também possui outras soluções ambientalmen-te amigáveis, como aquecimento de água solar, aquecimento geotermal, materiais de construção sustentáveis, triagem dos resíduos domésticos, limpeza de águas residuais e reciclagem da cha-mada água cinzenta, que são as águas residuais domésticas comuns.

O projeto deu tão certo que, em 2003, o governo britânico publicou um plano para o desenvolvimen-to das comunidades locais e destacou Upton como bom exemplo para ser levado a outras cidades.

No Brasil, um projeto simples também pare-ce estar funcionando muito bem no combate às enchentes. Trata-se da calçada ecológica que foi implantada na cidade de Jundiaí, no interior de São Paulo. A Secretaria Municipal de Obras colo-cou no centro da cidade calçadas que são feitas com uma espécie de tijolo intertravado. Este tipo de calçamento não utiliza nada entre as juntas, o que facilita a penetração da água. Além disso, o próprio tijolo ajuda a absorver a água. O calça-mento também conta com um material chamado de bica corrida, um subproduto da pedra britada, que é mais resistente e totalmente permeável.

Mas o plano de drenagem não está sozinho. Vem acompanhado do plantio de árvores, afinal, como sabe a Secretaria de Obras, elas ajudam no escoamento da água para o solo e também na per-meabilidade. Para que o plano funcione, a Prefeitu-ra disponibiliza serviço de orientação aos morado-res na hora de plantar e também cuidar das plantas.

Segundo a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), esse tipo de calçada pode vir a resolver ou minimizar o problema de enchentes nas cidades. A ideia seria trocar os revestimentos impermeáveis, como asfalto, cerâmica, rochas ou concreto, por sistemas drenantes revestidos por materiais porosos ou conjuntas de assentamento que permitam a percolação de água. A água su-perficial em contato com os pavimentos perme-áveis é absorvida e vai para solo, reabastecendo os lençóis freáticos, e ao mesmo tempo diminuin-do a quantidade de água que correria pela super-fície e que aumentaria o nível dos córregos e rios.

http://www.urbandesigncompendium.co.ukhttp://sustainablecities.dkhttp://www.solucoesparacidades.com.brhttp://www.cidadessustentaveis.org.br

Mais boas ideias para desafogar as cidades

Vida Rural

15

A

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

III AnB debate agronegócio no Brasil e marca reativação da Fazenda Canguiri

agenda de eventos da aeaPr-Curitiba 2011

Associação dos Engenheiros Agrôno-mos do Paraná – Curitiba (AEAPR-Curiti-ba) promoveu de 24 a 26 de novembro a III Agronegócio Brasil (AnB) no Centro de

Estações Experimentais - Fazenda Canguiri da Uni-versidade Federal do Paraná (UFPR), em Pinhais. Aproximadamente seis mil pessoas visitaram o evento em seus três dias de realização para partici-par dos eventos técnico-científicos e a feira técnica.

“A solução para grandes problemas, como da água e do lixo, está na agricultura, com a geração de produtos e subprodutos. Esta terceira edição trouxe os profissionais à Fazenda da UFPR e tam-bém o governador eleito, que recebeu propostas dentro do evento”, diz o engenheiro agrônomo Luiz Antonio Corrêa Lucchesi, presidente da Associação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná, regional Curitiba, entidade que promoveu o evento.

Os quatro eventos promovidos dentro da III AnB na Fazenda Cangüiri da UFPR representam a reto-mada do espaço, que serviu para a formação de muitos ilustres engenheiros agrônomos do Paraná. A Fazenda ficou parcialmente desativada após o lo-cal ser declarado Área de Proteção Ambiental-APA. Segundo Lucchesi, a ideia é tornar o espaço uma área de excelência para ser mostrada ao restan-te do Brasil. Com o sucesso da terceira edição do evento e a primeira sendo realizada em formato ex-terno, a próxima edição já está sendo programada.

AEAPR-Curitiba sela 2010 com duas de-clarações de Entidade de Utilidade Pública • A Câmara Municipal de Curitiba aprovou – em dois turnos de votação – o Projeto de Lei nº 014.00045.2010 que declara a Associação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná - Curitiba (AEAPR – Curitiba) de Utilidade Pública. O PL foi apresentado pelo Vereador Omar Sabbag Filho, sócio-honorário da entidade, que é engenheiro e mestre em Engenharia da Construção Civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).

O Projeto de Lei Ordinária de Declaração de Uti-lidade Pública nº 014.00045.2010 foi apresentado por Sabbag Filho em 27 de agosto de 2010, sendo aprovada em segunda votação, dia 23 de novembro.

Vale lembrar que em outubro a AEAPR – Curi-tiba foi declarada Entidade de Utilidade Pública também pela Assembleia Legislativa do Estado do Paraná, conforme proposição dos deputados Ney Leprevost e Agostinho Zucchi, com, inclusive, pare-cer favorável da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab) do Paraná.

Segundo o presidente da AEAPR-Curitiba, Luiz Antonio Corrêa Lucchesi, a entidade assume o papel de esclarecedora da opinião pública sobre questões estratégicas para o país e para a própria sobrevivência humana no que tange à produção e distribuição de alimentos, além da proteção ambiental. “Este é o reconhecimento pelo traba-lho que vem sendo feito para a interação cidade--campo e o fortalecimento das Ciências Agrárias. Com isso, a AEAPR-Curitiba dará ainda mais contri-buição para Curitiba e Região Metropolitana, auxi-liando em temas estratégicos como destinação de resíduos, proteção do meio ambiente nas áreas de manancial, contribuindo com a produção e distri-buição de produtos agrícolas para o abastecimento seguro da cidade, ou seja, o desenvolvimento sus-tentável da população”, comenta.

Novo site • A AEAPR – Curitiba lançou, em no-vembro, sua nova página eletrônica que traz novi-dades: mais informações e interatividade. O novo site pode ser acessado no endereço www.aeaprcu-ritiba.com.br. A nova ferramenta de comunicação visa ampliar o contato com os engenheiros agrô-nomos e outros profissionais interessados em par-ticipar das atividades da associação. Vale lembrar que a área de atuação da AEAPR – Curitiba compre-ende todos os municípios da Região Metropolitana de Curitiba e outros municípios adjacentes que se manifestem para participar. A página eletrônica transcende os limites desta dimensão geográfica e amplia a democratização das informações e novi-dades sobre a engenharia agronômica.

Serviço: Acesse o novo site e confira as novidades: www.aeaprcuritiba.com.br. In-formações: (41) 3354-4745 ou [email protected].

• 18 a 20 de Fevereiro - Como Integrar Lavoura, Pecuária e Espécies Florestais em Sistemas Silvipastoris• 11 a 13 de Março - Restauração de Ambientes Ciliares

Com 31 anos de experiência empresarial e em ações de responsabilidade social, o empresário Victor Barbosa tornou-se em 2010 o presidente do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE) do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep). É alguém que sabe na prática a importân-cia e o valor da preocupação com o bem comum. Afinal, quando foi presidente do Grupo Novo Nordisk e Novozymes para a América Latina, entre 1977 e 2008, Barbosa desenvolveu uma série de atividades de responsabilidade social corporativa. Em sua gestão, a Novozymes foi considerada empresa líder no índice Dow Jones de Sustentabilidade.

Agora, o empresário está à frente de um órgão que conta com 330 integrantes de todos os setores da sociedade e atua para estimular boas práticas de responsabilidade social corporativa. O CPCE desenvolve uma série de ações que colaboram com o Pacto Global e com o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) no Paraná, além de influenciar políticas públicas que promovem o desenvolvimento sustentável. E é sobre esse trabalho que ele fala com exclusividade para a revista Geração Sustentável:

Entrevista

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Victor Barbosa

Histórias de cidadania empresarial para compartilhar

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

O presidente do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial, empresário Victor Barbosa, conta suas experiências de trabalho com a Responsabilidade Social Corporativa

divulgação

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ou nacionais nos dão conta que apesar dos pro-missores níveis de desenvolvimento industrial em um ambiente de pleno emprego os índices educacionais são pobres e figuram ainda entre os mais baixos do mundo pondo em risco a almejada sustentabilidade. Torna-se então necessário, diria fundamental, a interação da escola e da universi-dade com a empresa. Portanto, na minha visão atual, é necessário quebrar os paradigmas e desa-fiar o empresário moderno a enfrentar a formação acadêmica dos futuros profissionais do nosso país como uma verdadeira necessidade, sem a qual tudo o que dissemos anteriormente sobre a visão da liderança, do comportamento social, da sensi-bilidade com o meio ambiente e a justeza finan-ceira e econômica são pura utopia... Quimeras que nunca se realizarão.

No seu histórico constam mais de 30 anos de trabalhos na área da responsabilidade so-cial corporativa. Como começou o seu envol-vimento com o tema? Qual experiência foi a mais marcante em todo esse período?Trabalhei em uma empresa escandinava, Dina-marquesa, na área da saúde e da biotecnologia, líder mundial na sua especialidade. O meu traba-lho como presidente para a América Latina e Vice Presidente Corporativo me expôs a uma multitude de atividades. A Novozymes é tradicionalmente uma das melhores empresas para se trabalhar em qualquer parte do mundo, índice que lhe confere o cuidado que põe no comportamento social com o seu quadro social interno e a sociedade do seu en-torno através de campanhas de Responsabilidade Social Corporativa bem definidas que são relata-das à coletividade através do seu Relatório Social publicado anualmente, cuja divulgação começa a ser obrigatória para as empresas que se querem transparentes na causa da Responsabilidade So-cial Corporativa e sigam as indicações sugeridas pelo Pacto Global do qual a empresa é signatária. Aqui na matriz para a América Latina localizada na região metropolitana de Curitiba a empresa da qual me aposentei há dois anos desenvolve relevantes serviços junto à comunidade com destaque para o apoio dado aos agricultores mais necessitados da região um programa que, entre outros, já rece-beu reconhecimento internacional. Por outro lado a empresa é distinguida mundialmente, e todos os anos, como um exemplo de sustentabilidade pelo índice Dow Jones de Sustentabilidade. Foi com esse ambiente que convivi durante 33 anos. Estou feliz pelo que aprendi e estou mais feliz ainda por poder compartir com todos o que muito aprendi...Chegou a hora de fazer isso!. O CPCE tornou-se o

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Ao assumir a direção do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial, chegou a afirmar que gostaria de ajudar o empresário trocar a obrigação pelo compromisso com a sociedade. Acha que o empresariado paranaense ainda está muito longe dessa troca? Por quê? A FIEP na sua magnífica estrutura, com sua gente operosa, profissional e dedicada, têm dado provas de grande eficiência, sobretudo nos últimos anos graças a um modelo de Governança Corporativa inovador com sustentabilidade. No seu bojo, o Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial encontra o palco favorável para, em conjunto com os Núcleos, criar “Cases de Sucesso” de respon-sabilidade Social os quais adequadamente divul-gados às empresas paranaenses – e não só – per-mitirá que as empresas ou qualquer instituição se inspire e aplique o modelo que deu certo se assim o desejarem nas suas atividades sócio-filantrópi-cas ou mais adequadamente de Responsabilidade Social. Sabemos através de material estatístico, mas a informação está muito dispersa e confusa, da participação das empresas paranaenses em atividades sociais de grande significado e valor; sejam ligadas à proteção do meio ambiente, à ins-trução da camada mais jovem da nossa sociedade ou outras. Falta em minha opinião um movimen-to de valorização dessas atividades dispersas e o CPCE pode ser o parceiro e representar o mediador para que essas atividades tenham maior impac-to e maior retorno para os seus empreendedores e criadores. Queremos ser os parceiros desses empreendedores sociais oferecendo alternativas e parcerias desses projetos proporcionando mas-sa critica e divulgação. A empresa socialmente responsável conhecida e inserida obtém a prefe-rência dos consumidores, representando ganhos nos negócio. No Estado do Paraná o investimen-to social corporativo ainda é uma atividade muito recente, porém algumas empresas vêm investindo em projetos sociais nos moldes que devem ser reconhecidos, até internacionalmente. No mundo globalizado de hoje, não se pode deixar o Paraná e o Brasil sem as ferramentas adequadas ao bom exercício e defesa da cidadania para demonstra-ção de maturidade empresarial alcançada e para influir positivamente na imagem do Paraná peran-te o mercado. Estou absolutamente certo de que o Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial sabe como fazer isso.

Na sua opinião, qual é o perfil do empresário do terceiro milênio?Foco-me particularmente no Brasil de “agora”. As últimas estatísticas sobre o Brasil quer mundiais

meu palco de atuação e o meu anfiteatro de de-monstração de que “tudo vale a pena quando a alma não é pequena”!

Como funciona atualmente o trabalho do CPCE? Qual o principal objetivo?O CPCE foi criado em dezembro de 2004, durante o Congresso Paranaense da Indústria. O Conselho Superior é composto por 330 integrantes, entre indústrias, comércio e serviços, instituições de ensino e de saúde, organizações do terceiro setor, instituições associativas e sindicatos, cujas ações visam promover o desenvolvimento sustentável do Estado, organizados em Núcleos. Seu principal objetivo é congregar interesses e necessidades do segmento industrial para executar projetos sociais, culturais, ambientais e de voluntariado, disseminando a consciência social e ambiental no meio empresarial paranaense, tendo como desafio contribuir com o fortalecimento das instituições. Uma das principais iniciativas do CPCE foi a cria-ção do Movimento “Nós Podemos Paraná” que, desde 2006, trabalha para que o Paraná antecipe o alcance dos “Objetivos do Milênio”(ODM) para 2010, cinco anos antes do prazo estipulado pela ONU. Além do “Nós Podemos Paraná”, outro pro-jeto de grande sucesso do Conselho é o “Dia V” (Dia do Voluntário), evento realizado desde 2005 em homenagem aos voluntários e um estímulo à participação de mais pessoas em ações de res-ponsabilidade social. O CPCE também lidera programas na área de meio ambiente, cidadania e melhoria da qualidade de vida e é responsável pelo programa socioambien-tal “Valorizar é Preciso!”, que incentiva a coleta seletiva solidária. Não nos afastamos nem por um momento dos pensamentos dos nossos fundadores quanto aos princípios que devem reger a nossa conduta.

Na sua opinião, o empresário paranaense tem consciência do que é o Pacto Global e dos Objetivos do Milênio? Ele se sente inserido e

Entrevista

18 GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

responsável pelo meio onde vive?Não! Mas a culpa não é do empresário propria-mente dito, e não pretendo agradar-lhe particular-mente, neste caso. O empresário seja paranaense, ou de qualquer outra origem, precisa ser desperta-do e ao agir entenderá então - estou profundamen-te certo disso – que os temas do planeta, do bem social e da transparência econômico-financeira e agora da educação integrada e agregada, repre-sentam verdadeiras conveniências de negocio e garantem a sustentabilidade de todo um trabalho empresarial. Os formadores de opinião, a mídia, as instituições de classe, os sindicatos em particu-lar, as escolas em todos os seus graus, qualidades e níveis têm o seu grau de responsabilidade na “quebra do paradigma”... Eu tenho a minha parce-la de atuação nisso,- o CPCE tem quinhão de parti-cipação nessa pirâmide de informação e formação -, e faço o possível por discutir abertamente este assunto em todas as oportunidades. O “Business as usual” é coisa do passado, é coisa tacanha, é pensamento forreta de quem não está disposto a evoluir e a progredir! A alavanca do progresso denominasse empreendedorismo com inovação e, sobretudo com o forte desejo de mudança! O Paraná tem demonstrado através da sua história ser partidário do progresso. Sou um homem pa-ciente de forma geral, mas não tenho muita com-placência para planejar incertezas e administrar o desperdício. As sugestões inseridas tanto no Pacto Global quanto nos Objetivos do Milênio deveriam fazer parte da agenda do executivo da empresa di-nâmica e moderna, a tabuada da gestão presente e envolvida, a do Terceiro Milênio, para não perder de vista as necessidades da interatividade do so-cial, do meio ambiente, da economia e do conhe-cimento universal!

Qual mensagem gostaria de deixar para o lei-tor da revista Geração Sustentável?Existem ainda muitas criticas, aqui e acolá, sobre as atividades de Responsabilidade Social das em-presas. Existe muita confusão, infelizmente, pois muitos ainda confundem o conceito de Responsa-bilidade Social Corporativa com filantropia barata, com simples altruísmo, com beneficência pessoal, caridade até com esmola, mas as razões por trás desse estalão não interessam somente ao bem estar social, mas também e, sobretudo envolvem melhor desempenho nos empreendimentos. Entendo que existem razões históricas para isso e debato-me para levar até as pessoas com quem tenho a oportunidade de dialogar de que o Brasil merece mais esse voto de confiança e que todos nós brasileiros temos que fazer mais um esforço

“O uso da responsabilidade social como forma de obter benefícios é ao mesmo tempo uma oportunidade de promover o bem-estar da

sociedade e de agregar valor à empresa, não podendo ser relegado para segundo plano,

sob o risco de ocasionar problemas de ordem financeira e comprometer a existência e a

atuação da própria corporação.”

Está chegando um novo ano. Mas antes dele começar, aproveite as ocasiões

especiais e comemore com as pessoas amadas. É hora de celebrar, festejar, sonhar,

viajar, planejar e de ir além.

A Unimed deseja que você aproveite esse momento e tenha um 2011 repleto de

esperanças e realizações.

extra não só na preservação da Amazônia e do meio ambiente pleno de leis de proteção ambien-tal, mas da outra grande floresta, esta menos pro-tegida por leis rígidas e que se devasta com maior rapidez e de que pouco se fala! A maravilhosa e lu-xuriante floresta das relações afetivas, a luxuriante floresta das organizações humanas e nós somos, e ninguém mais do que nós próprios, somos os me-lhores cuidadores dessa grande floresta. Semean-do a atitude, o bom caráter, o jeito nosso de fazer, os bons costumes, a transparência e a honestida-de no viver em sociedade. Semeemos então o res-peito pelo outros. Condena-se ainda no Brasil a utilização da respon-sabilidade social como ferramenta de promoção e publicidade ou como meio de auferir benefícios de interesse e honrarias pessoais. O uso da respon-sabilidade social como forma de obter benefícios é ao mesmo tempo uma oportunidade de promo-ver o bem-estar da sociedade e de agregar valor à empresa, não podendo ser relegado para segundo

plano, sob o risco de ocasionar problemas de ordem financeira e comprometer a existência e a atuação da própria corporação.Além disso, a responsabilidade social não se restringe à organi-zação, mas envolve toda a sua área de influencia e a cadeia produtiva, caracterizando-se como uma maneira da empre-sa ser competitiva, conquistar e ampliar o mercado, mesmo porque não pode ser destacada como uma ação caridosa ou de

filantropia isolada, mas sim alinhada com a Visão a Missão e os Objetivos da empresa. O plano de res-ponsabilidade social é parte integrante do planeja-mento estratégico de qualquer empresa moderna.A correta responsabilidade social pode melhorar, e melhora, o desempenho e a sustentabilidade a médio e a longo prazo da empresa; motiva o seu publico interno; posiciona favoravelmente a em-presa nas decisões de compra; traz-lhe vantagem competitivas; facilita acesso ao capital e aos fi-nanciamentos; influencia positivamente a cadeia produtiva; a sociedade reconhece os seus dirigen-tes como líderes empresariais favorecendo o clima organizacional da empresa ! E quem não gosta de trabalhar para uma empresa que é reconhecida e que oferece possibilidades de crescimento e con-sequentemente desenvolvimento profissional? O Instituto Ethos e o jornal Valor Econômico no ano de 2000 concluíram através de uma pesquisa que

a maioria dos consumidores brasileiros ainda não consideravam o grau de responsabilidade social de uma empresa na decisão das suas compras. Recentemente uma pesquisa muito similar, mas ainda não publicada dá-nos conta de uma grande melhoria nessa avaliação... Estamos indo na boa direção! A pesquisa demonstra que 50% dos lí-deres de opinião ouvidos “puniram” as empresas que não praticavam alguma forma de responsabi-lidade social.Portanto, a responsabilidade social é um compro-misso continuo com um comportamento ético nos negócios e que contribui para o desenvolvimento econômico, social e ambiental. Esta atitude em-presarial é de todos os seus atores envolvidos, este comportamento ético pressupõe decisões empresarias conjuntas resultantes de reflexões sobre os impactos na qualidade da vida atual de todos os que se relacionam e são afetados pelas operações de uma empresa. Aproximamo-nos do modelo formulado pelo Pacto Global que não é um instrumento regulatório nem um código de conduta obrigatório ou um fórum para policiar as políticas e prática gerenciais. É sim uma iniciativa voluntária que procura fornecer as diretrizes para a promoção do crescimento susten-tável e da cidadania através de lideranças corpora-tivas comprometidas e inovadoras.Carrego comigo permanentemente uma sacola cheia de otimismo e acredito que este Terceiro Milê-nio trará o forte comprometimento da humanidade como um todo com a sustentabilidade do planeta. As nossas empresas tornar-se-ão economicamen-te viáveis, ambientalmente corretas e socialmente justas. A empresa do Terceiro Milênio caminhará de mãos dadas com o progresso no desenvolvimen-to sustentável. E neste cenário ideológico global seguem-se as plataformas definidas e orientadas pelas cartas das Nações Unidas conhecidas como o Pacto Global e os Objetivos do Milênio. Sustenta-bilidade nada mais é senão suprir as necessidades atuais, das gerações presentes, sem afetar a habi-lidade das gerações futuras, as que hão de vir, de suprir as suas próprias necessidades.Da minha parte fico com o pensamento que me deixou Madre Tereza de Calcutá e que me encora-ja a prosseguir perante a enormidade da obra que ainda há de ser cumprida.“Sou um só, mas ainda assim, sou um! Não posso fazer tudo, mas posso fazer alguma coisa. E, por não poder fazer tudo, não me recusarei a fazer o pouco que posso fazer...o que eu faço é uma gota no meio do grande oceano, mas sem essa gota o oceano será menor”.

Entrevista

20 GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Capa

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lyane Martinelli

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

O relacionamento entre sustentabilidade e inovação mais estreito a cada dia

Tempo de rever conceitos e inovar

odo empresário da atualidade quer car-regar consigo as marcas da sustentabi-lidade e da inovação. A maioria já com-preendeu que elas simbolizam mais do

que uma boa imagem no mercado, mas também sobrevivência e, principalmente, competitivida-de. Para isso, muitas empresas passaram a pro-clamar a importância da responsabilidade socio-ambiental e da quebra de paradigmas em todos os aspectos da gestão. Todos debatem conceitos sustentáveis, mas a grande maioria ainda agarra--se a métodos e crenças tradicionais, que impe-dem a transformação do discurso na hora de arre-gaçar as mangas. No entanto, “inovação não é só ter novas ideias, mas sim converter essas ideias em resultados práticos”, afirma Filipe Cassapo, di-retor do Centro Internacional de Inovação (C2i), da Fiep PR, entidade que busca potencializar junto às indústrias o poder de inovação de cada uma.

A grande pedra no sapato do gestor é ter que encarar escolhas que envolvem duas pontas distintas: de um lado a lógica que diz que “em time que ganha não se mexe”; e do outro lado, a criatividade, a busca pelo novo e transformador. O consultor Jair Moggi, sócio-diretor da empresa paulista Adigo Consultores, além de fundador do Instituto Ecosocial, é enfático ao aconselhar os empresários que estão na dúvida na hora de in-vestir em inovação: “Se funciona, já está obsole-to”. Segundo Moggi, ele ouviu essa frase há mais de 30 anos, mas diz que até hoje é perfeita para impulsionar as grandes ações transformadoras corporativas.

“As organizações, em sua maioria, são muito conservadoras, pela sua própria natureza. A ten-tação de ficar repetindo o que está dando certo é muito grande. É quase natural para muitas lide-ranças repetir este comportamento e, pior, exigir isso das suas equipes. As empresas ainda pre-ferem ficar na base da melhoria contínua ou da simples inovação. Quando falamos em quebrar paradigmas, falamos em reinventar tudo, e isto assusta muitas lideranças acostumadas com o chinelo velho”, diz.

Para exemplificar o que realmente significa inovar e rever conceitos, Moggi usa sempre um exemplo clássico. “Em 1968, na feira tecnológi-ca de Paris, alguém apresentou um novo relógio. Era o relógio de quartzo, eletrônico, portanto. A invenção não atraiu ninguém porque aquilo não era relógio, pois o paradigma anterior dizia que relógio tem que ter eixo, engrenagens, corda etc. Para encurtar a história, os japoneses compraram a patente e o mundo da relojoaria nunca mais foi o mesmo, tudo teve que ser reinventado nes-

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T

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

te segmento. O paradoxo é que a empresa que apresentou a proposta era suíça, a pátria dos re-lógios”, conta.

De acordo com o consultor, a grande lição da reinvenção do relógio é que toda vez que um pa-radigma é quebrado tudo volta ao começo. Com uma nova situação instalada, é disparada uma sequência de transformações que só são possí-veis porque alguém deu início. Mas é claro que um novo cenário dá muito trabalho e assusta qualquer um, principalmente as lideranças. “Es-sas lideranças ainda estão presas ao paradigma da hierarquia rígida, onde manda quem pode e obedece quem tem juízo, segundo o ditado popu-lar. Essas lideranças criam ou sustentam culturas organizacionais que matam a criatividade indivi-dual e coletiva, alimentando o paradigma velho quanto à liderança, à estrutura organizacional e ao paradigma que criatividade para valer só pode vir daqueles que têm o poder de mando. Tenho observado que essa é a tônica nas pequenas e médias empresas brasileiras”, observa Moggi, em entrevista para a revista Vitrine do Varejo.

Inovação, meio ambiente e consumo • Segundo o consultor, esta é a fase em que o em-presário precisa aprender a pensar de forma dife-renciada, agregando ao tradicional pensamento lógico “um pensar imaginativo, inspirativo e intui-tivo”. De acordo com Moggi, aos poucos, os novos conceitos de sustentabilidade levam à mudança naturalmente, afinal há 20 anos não se falava numa visão sistêmica, assim como a natureza não era levada em consideração nas decisões em-presariais. “A ecologia nos ensina que qualquer ação, mesmo que tomada de forma racional e ló-gica, vai ter impactos em outras dimensões que o pensamento racional e lógico ainda não consegue captar, pois vivemos todos num grande sistema interligado por teias sutis. O limite do conheci-mento racional e lógico está nos conhecimentos atuais e nos instrumentos atuais. À medida que o conhecimento racional lógico se consolida e o imaginativo, inspirativo e intuitivo avança, novos instrumentos são desenvolvidos e novas realida-des começam a se descortinar”, comenta. Pen-sando dessa forma, é possível entender hoje que cuidar do planeta não é apenas um desejo das comunidades hippies, mas principalmente uma necessidade para os empresários da atualidade.

De acordo com Mario Barra, membro da dire-toria da Associação Nacional de Pesquisa e De-senvolvimento de Empresas Inovadoras (Anpei), “se estagnarmos as inovações e o desenvolvi-mento da tecnologia, fazendo mais do mesmo,

“Se estagnarmos as inovações e o

desenvolvimento da tecnologia, fazendo

mais do mesmo, só as emissões de gases efeito

estufa tornarão essa possibilidade inviável,

isso sem contar com o esgotamento das

reservas naturais”, Mário Barra, membro da

diretoria Anpei

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só as emissões de gases efeito estufa tornarão essa possibilidade inviável, isso sem contar com o esgotamento das reservas naturais. Colocado na forma de desafio, é preciso inovar, até pelo contexto socioambiental. Inovar não é só possí-vel, mas necessário para preservar o futuro do planeta e da humanidade”, garante.

Para Beatriz Carneiro, diretora-executiva do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desen-volvimento Sustentável (CEBDS), todas as áreas precisam passar por um processo de inovação. “Precisamos aprender a pensar no longo prazo, sempre partindo da premissa de que nossas ações - sejam na tomada de decisão em uma empresa, na formulação de políticas públicas, no lançamento de um produto no mercado - preci-sam atender de forma equilibrada as três dimen-sões da sustentabilidade - a econômica, a social e a ambiental”, explica Beatriz. Além disso, ela lembra que é necessário levar em conta a vonta-de do consumidor, que exige qualidade de vida. “Vamos precisar aprender a ver a vida de uma maneira diferente. Por isso, enfatizamos muito a questão da inovação cultural. Devemos ter como meta dois preceitos básicos: viver bem - defini-do como acesso à educação, saúde, mobilidade, alimento, água, energia, habitação e consumo de produtos e serviços; e viver nos limites do plane-ta - definido como padrão de vida que pode ser mantido com os recursos naturais disponíveis, sem degradar ainda mais a biodiversidade, o cli-ma e os ecossistemas” explica.

Na busca pelas soluções, uma questão é cer-ta: a inovação e a sustentabilidade devem estar atreladas. Esse processo, de acordo com Filipe Cassapo, é natural e óbvio. “Na busca pela efi-ciência de consumo e da transformação dos resí-duos gerados, entre outros objetivos, a inovação está atrelada a sustentabilidade, pois uma é o re-sultado da outra. Nesse processo ocorre a conver-são de conhecimento em resultado sustentável”, explica Cassapo.

Beatriz Carneiro também defende que os dois conceitos estão intimamente ligados. “Não have-rá futuro se não soubermos lidar com esses dois conceitos. Para atingirmos um grau satisfatório de sustentabilidade vamos precisar de inovação cultural para romper com o paradigma de hoje, no qual o crescimento da população e do consu-mo está aliado à inércia oriunda de políticas e de modelos de governança inadequados para lidar com tal crescimento. Precisamos igualmente de inovações tecnológicas que nos possibilitem che-gar à metade do século com uma produção agrí-cola 100% maior do que a atual (sem aumentar

a extensão de terras agricultáveis e o consumo de água); ou reduzir pela metade as emissões de carbono do planeta, tomando como base o ano de 2005; ou potencializar de quatro a dez vezes a utilização de recursos naturais renováveis”, ex-plica. Cassapo completa ainda que a inovação deve acontecer, em primeiro lugar, no setor pro-dutivo. “É lá que o ciclo começa, e onde há maior consumo de energia e desperdício. Então é nesse setor que deve acontecer a inovação sustentável, pois isso será levado a diante nos estágios se-guintes”, comenta Cassapo.

“Quando falamos em quebrar paradigmas, falamos em reinventar tudo, e isto assusta muitas lideranças acostumadas com o chinelo velho”, Jair Moggi, sócio-diretor da Adigo Consultores

25 GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

“Para atingirmos um grau satisfatório de sustentabilidade vamos precisar de inovação cultural para romper com o paradigma de hoje, no qual o crescimento da população e do consumo está aliado à inércia oriunda de políticas e de modelos de governança inadequados para lidar com tal crescimento”, Beatriz Carneiro, diretora executiva do CEBDS

Inovação para reduzir a poluição • Den-tro das mudanças necessárias na evolução do processo de produção, relacionado diretamente à sustentabilidade, está a diminuição da polui-ção. Decorrente da falta de preocupação com os resíduos dos processos industriais, a poluição é hoje um dos principais problemas enfrentados pelas sociedades e que precisa ser resolvido e combatido. “A inovação é a resposta para as questões de combate à poluição. Nela, busca-se então a eficiência de consumo e a transformação dos resíduos gerados. Na inovação dentro das

empresas, deve-se buscar converter os passi-vos ambientais em ativos econômicos”, explica Cassapo. Para Barra, “para atender a demanda em escala planetária é preciso não só usar bem os recursos disponíveis como também reduzir a poluição. Cabe aos gestores da inovação das em-presas conceberem produtos e serviços que não sejam poluidores, mas que também revertam o quadro de poluição”, complementa.

Para Beatriz, do CEBDS, já estão sendo apre-sentados vários avanços na área de combate à poluição. “Na área de energia, que é básica para movimentar a máquina da atividade econômica, temos observado o crescimento de fontes limpas e renováveis, como a energia eólica e a energia solar. O problema é que ainda estamos distantes de dar escala a essas fontes de energia. Elas ain-da são tratadas como alternativas”, afirma.

Um exemplo claro sobre inovação e revisão de conceitos está acontecendo na indústria au-tomobilística. Em 2010 o mercado deu grande destaque para os vários projetos de carros ver-des, evidenciado principalmente os automóveis elétricos. A necessidade de rever o conceito dos carros ficou evidente para o mercado, perceben-do que utilizar apenas o biocombustível no lugar da gasolina, por exemplo, seria pouco. Foi neces-

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sário rever todo o conceito do automóvel, a forma de fabricação e, em alguns casos, até mesmo sua funcionalidade como meio de transporte ou item de consumo de luxo.

A montadora Mercedes-Benz, por exemplo, resolveu investir na venda de um serviço para que as pessoas possam andam de carro, sem precisar comprar um. É o chamado Car Sharing, que funciona como uma espécie de locação de automóvel por hora. A ideia é uma forma de ten-tar resolver problemas de congestionamento, poluição e de mercado saturado de veículos. As experiências já funcionam na Alemanha e na ci-dade de Austin, no Estado do Texas, nos Estrados Unidos. O programa Car2Go funciona com um sis-tema de GPS, no qual é possível localizar um car-ro pelo telefone celular. Assim, basta verificar a disponibilidade e utilizar o carro pelo tempo que quiser. Depois é só deixar o automóvel à disposi-ção do próximo motorista. O sistema é pré-pago e a operação de tudo fica por conta da própria Mercedes-Benz.

Ecossistemas Industriais • Na busca por alternativas para implantar a inovação sustentá-vel nos processos produtivos, a adoção de ecos-sistemas industriais vem se mostrando uma das respostas mais adequadas às questões levanta-das. Para Beatriz Carneiro, o modelo que precisa ser utilizado é o cenário do chamado modelo fe-chado. “Esse sistema torna obsoleto o conceito de desperdício. Produtos e materiais podem ser retrabalhados para ter outras funções ou ser usa-dos como matérias-primas para produção de ou-tros bens”, explica Beatriz.

De acordo com Filipe Cassapo, a adoção des-se conceito pelo setor produtivo é fundamental

para o desenvolvimento sustentável das empre-sas. “Ao formar ciclos sistêmicos forma-se a ino-vação em rede, pois as empresas conseguem se relacionar em cadeia, uma complementando a outra. Dessa forma, o resíduo de um torna-se a matéria-prima do outro e as empresas não pre-cisam viver em um mundo de competição sadia. Elas passam a um outro estágio, da convivência simbiótica, o que lhes garante maior tempo de sobrevivência e resultados mais positivos e ver-dadeiros”, garante Cassapo.

Dentro desse conceito, Mario Barra mostra um exemplo do sucesso dos ecossistemas in-dustriais. “Um exemplo dentro desse contexto é o caso das madeireiras e da indústria de móveis, esquadrias e artefatos de madeira de Rio Branco, no Acre. O processo começa no manejo florestal, uma técnica de seleção e corte de árvores de bai-xo impacto ambiental, terminando com o aprovei-tamento integral dos resíduos na produção de pe-quenos objetos ou na geração de energia. Antes somente 20% da extração da madeirada floresta era aproveitada e agora quase nada é refugado. Até a serragem, que era despejada nos igarapés e poluía as águas, virou fonte de energia para os fornos de padarias e cerâmicas. Exemplo desse sucesso é o consórcio formado por três empresas de pequeno porte: a Libra; a Jarina e a Umalte, empresas que se uniram para produzir um piso a partir da constatação de que cerca de metade das árvores cortadas é descartada dentro da floresta, pois a galhada e os restos de tronco com baixo va-lor comercial são descartados. O protótipo do piso produzido com a colagem de lâminas de madeira de galhos está sendo testado, o que inclui avalia-ções de densidade, resistência e outros quesitos indispensáveis de qualidade”, conta Barra.

26 GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

De acordo com o consultor Jair Moggi, uma forma de ajudar as empresas a mudarem a forma de enxergar seu próprio negócio está no que ele chama de caos organizado. É quando as lideranças empresariais conseguem instalar um clima de liberdade para ousar, porém com responsabilidade é pertinente neste momento. Ou seja, uma fase com gestão intuitiva e motivacional e com hierarquia horizontal. “São princípios que servem de balizadores para que os atores organizacionais (lideran-ças em todos os níveis, do presidente ao pessoal operacional) possam atuar balizados por esses conceitos que são criados coletivamente e, portanto, são seguidos ou respeitados por esses mesmos atores que se sentem donos de todo o processo de gestão. O paradigma a ser quebrado aqui é que eu posso ser o dono do capital, mas não sou o dono do pensar, do sentir e do agir das pessoas.”

Caos organizado

Dinâmica do tabuleiro

Alternativa para o treinamento e ensino da sustentabilidade, jogo de tabuleiro é ferramenta para o meio empresarial

28 GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Visão Sustentável

Fábio Cherubini

ivida o mundo em 12 grupos formados por países e continentes. Deste total, deixe seis territórios nas mãos de pes-soas conhecidas, ou escolha uma das

regiões para você e partilhe as demais com ou-tras cinco pessoas. Jogue os dados na mesa e deixe os participantes escolherem as cartas que indicarão as metas e objetivos de cada um. Mas tenha claras duas regras: nesse jogo não há só um ganhador e todos têm participação nas deci-sões que forem tomadas. Essa pode até parecer uma daquelas metáforas sobre as novas configu-rações da ordem política mundial, que ouvíamos nas aulas de Geopolítica, ou mesmo a descrição de um jogo de estratégia como o War, mas se trata de um método de treinamento empresarial, que usa o tabuleiro como campo de atividades e visa o incentivo da prática da sustentabilidade.

O Jogo se chama Negócio Sustentável (JNS) e a brincadeira é de gente grande. Assim como outras formas lúdicas de treinamento e avaliação corporativa, o JNS projeta o ambiente empresarial e busca incentivar outras formas de se compreen-der e lidar com a sustentabilidade. A premissa é a de que no século 21 não faz mais sentido jogar o “ganha-perde”, em que para um lucrar, outro tem que sair no prejuízo. Além disso, o recurso busca despertar uma visão mais ampla dos elementos que compõem os negócios sustentáveis por meio de cinco moedas: Tecnologia, Conhecimento, Pes-soas, Recursos Naturais e Talentos – o dinheiro.

De acordo com a criadora do Jogo, a consultora em Educação Financeira da Sinergia Consultores, Glória Pereira, a ideia é apresentar aos participan-tes todas as variáveis que envolvem os negócios sustentáveis. “A sustentabilidade só acontece de

D

29 GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Jogo projeta o ambiente corporativo

e incentiva a compreensão

e aplicação de conceitos sustentáveis

divulgação

fato se estiverem conectadas as cinco moedas do jogo: as pessoas, os recursos naturais e finan-ceiros, movidos à tecnologia, e o conhecimento. Saber o conceito é importante, mas a sustentabi-lidade não funciona se não estiver em rede”.

As bases do JNS foram lançadas em 2005, quando Glória foi procurada para desenvolver um jogo de tabuleiro para Educação Financeira, que seria apresentado no Congresso Internacional de Desenvolvedores de Jogos de Tabuleiro de 2006. Com o tempo, porém, o objetivo do JNS foi am-pliado para a sustentabilidade. A criadora conta que a inspiração veio da sua experiência com a andragogia – educação para adultos –, adquiri-da como consultora em Educação Financeira. “O jogo está associado à andragogia e à anatomia emocional, porque atua no cérebro e nas emo-ções dos jogadores, estimulando os hormônios do prazer através de negócios em que são empre-endedores, investidores, vendedores e compra-dores. Eles tomam decisões, avaliam os resulta-dos para si, para todos da mesa e para o Planeta – o tabuleiro –, podendo mudar suas jogadas para obter melhores resultados”.

Desde a sua criação, o JNS certificou 96 con-sultores em todo o Brasil, que o utilizam das mais diferentes formas. “No setor de planejamento es-tratégico o Jogo mostra aos colaboradores que a empresa tem um objetivo único. Além disso, ele pode avaliar o trabalho em equipe e ser usado na área de vendas, para a geração de mais negócios,

ou ser aplicado em processos de seleção”, enu-mera o consultor credenciado Yuri Beltramin, que afirmou existirem ao todo mais de 20 aplicações diferentes para o JNS.

Glória acrescenta: “O Jogo é apenas um instru-mento na mão do consultor. Por exemplo, na área comercial, trabalhamos os padrões que não são lucrativos. Já na área de sustentabilidade, am-pliamos o uso para o comportamento dos envol-vidos”. Essa maleabilidade do jogo conforme as necessidades do cliente é uma das características ressaltadas por Beltramin, assim como a capaci-dade de indicar perfis profissionais. “Ao final de cada rodada é feito um gráfico com os resultados dos jogadores, que mostra o conhecimento que eles possuem em sustentabilidade e em alguns casos a existência de uma maior preocupação com o dinheiro do que com as outras moedas”.

Valores e resultados • O uso de jogos de tabuleiro em treinamentos empresariais ainda é recente no Brasil, principalmente quando o as-sunto é a sustentabilidade. Com a mesma lógi-ca das dinâmicas de grupo – em que os partici-pantes desempenham tarefas coletivas – e a dos treinamentos ao ar livre – com desafios a serem transpostos, como escalar morros e cachoeiras –, a atividade exige a cooperação dos envolvidos e serve para avaliar as atitudes deles diante de diferentes situações, por meio da representação do dia a dia corporativo. Segundo o sócio da em-

30 GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Visão Sustentável

Segundo o consultor Yuri Beltramin, o recurso é eficiente para a identificação do perfil profissional

presa de jogos de tabuleiro SB Jogos, André Zatz, esse recurso possui ainda outras vantagens, como o envolvimento dos participantes e a ace-leração do aprendizado. “O envolvimento é fora do comum, e a quebra de resistências começa quando eles reconhecem que a atividade será um jogo. Além disso, o jogo de tabuleiro permite um trabalho sério voltado para o aprendizado de conceitos abstratos, passagem de mensagens--chave e retenção de informação”, salienta Zatz, cuja empresa possui mais de 10 anos de atuação no segmento e cerca de 100 produtos editados para treinamento corporativo.

Mas, como jogos como o JNS incentivam mu-danças de atitudes e valores, desenvolvidos ao longo de toda uma vida? Para a consultora do Jogo e diretora da empresa de seleção RH Nossa, Marilda Morschel, a resposta está na simulação da realidade e nos exemplos de atitude que são gerados. “Como o jogo faz com que haja uma interação entre os participantes, ele pode incen-tivá-los a mudar. Ver os outros agirem de uma determinada forma causa desconforto em quem não adota práticas sustentáveis. Mas o que traz a mudança é o uso prático do que é passado”. Zatz

tem opinião semelhante. “Alguns jogos são pen-sados para contribuir com essa mudança. São si-mulações com o objetivo de sensibilizar o partici-pante para um comportamento inadequado. Mas essa intervenção deve estar contextualizada com outras ações para o mesmo objetivo”.

Desde a sua criação, o Jogo Negócio Sustentá-vel foi utilizado pelos Correios, Petrobras e Sebrae, além de institutos e universidades. Segundo Glória, o retorno dos clientes é positivo, mas para fazer a venda das caixas deslanchar é preciso ter uma rede de distribuição de pelo menos mil lojas de brinque-dos em todo o país. Um longo caminho a ser percor-rido, mas sem medo de brincar em serviço.

31 GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

as atividades incentivam a mudança de

comportamento entre os

participantesSERVIÇO

JOgO NEgócIO SuStENtáVElMais informações: No site www.negociosustentavel.com ou na loja commit – Rua Oscar Freire, 1351, Jardim Paulista, São Paulotelefone: (11) 3285-1995

divulgação

epois de oito anos de mandato e uma popularidade beirando a casa dos 90% nos últimos meses, o pre-sidente Luís Inácio Lula da Silva

deixou o Governo Federal com a promessa de voltar algum dia, se o povo assim desejar. Deus ajude que isso seja apenas da “boca pra fora”, como se diz no jargão popular.

Em outras palavras, o Brasil precisa de menos discurso tipo stand up comedy e mais ação. Não alimento a ilusão de imaginar que o Programa Bolsa Família ou qualquer outro tipo de benefício concedido seja capaz de elevar o país ao status de primeiro mundo se a men-talidade política não sair do século passado.

Independentemente dos sinais positivos na economia, o Brasil ainda carrega proble-mas proporcionais ao seu tamanho geográ-fico, tais como a baixa taxa de inovação, a informalidade, a corrupção, a infraestrutura caótica e os altos índices de violência.

A menos de cinco anos da realização da Copa do Mundo no Brasil, sustentamos índices nada favoráveis para quem quer fazer parte do Conselho de Segurança da ONU e ainda capita-near o discurso mundial da sustentabilidade.

Em relação às oportunidades para os ini-ciantes nos negócios, somos apenas o 129º país recomendado pelo Banco Mundial, se-gundo o relatório Doing Business 2010. Nos-so IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) ocupa somente a 73ª posição dentre os 169 países pesquisados e a infraestrutura instala-da – portos, aeroportos e rodovias – não con-segue acompanhar o crescimento econômico.

Nossa infraestrutura precária acumula prejuízo anual de R$ 40 bilhões em perdas de negócios, acidentes, multas e outras formas de prejuízo, segundo reportagem publicada na Revista Época Negócios (Set/2009). O Bra-sil deveria investir por ano 2,5% do PIB em infraestrutura, entretanto, a média histórica é de 0,8%, insuficiente para um país de dimen-sões gigantescas como o nosso.

Não existe a menor dúvida de que o Bra-sil é a “bola da vez”, mas a dúvida crucial é saber se teremos condições de aproveitar as oportunidades que se abrirão nos próximos dez anos com o advento da Copa Mundial de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016.

O futuro do Brasil passa, necessariamente, pela reforma do Estado. Isso inclui a reforma política, a tributária, a previdenciária, o desin-chaço da máquina administrativa e a questão da segurança pública. Lamentavelmente, o Estado brasileiro custa caro, trabalha mal e não consegue encontrar a direção correta.

Apesar das incertezas em relação ao Go-verno Dilma Rousseff, prevalece no Brasil e no exterior um elevado índice de confiança nas perspectivas de longo prazo da economia brasileira. De acordo com o banco americano Goldman Sachs, o PIB do Brasil deve ultra-passar a US$ 2,6 trilhões em 2020, podendo superar a economia da Itália e representar em torno de 4% do PIB mundial.

O fato é que os números apresentados não resolvem todos os problemas do país e continuaremos muito distantes das nações desenvolvidas. Talvez tenhamos de nos con-tentar com a mediocridade, a despeito de to-das as oportunidades, dos recursos naturais disponíveis e da vontade popular à disposi-ção da classe política.

Se compararmos o Brasil com os demais países do BRIC, nossas vantagens ainda são maiores: não temos problemas de fronteira nem movimentos separatistas; não temos conflitos étnicos nem religiosos; falamos um único idioma; nossa diversidade cultural é imensa; nossa constituição é ampla e ao mesmo tempo democrática. Além do mais, você conhece algum outro país que realiza eleições e divulga o resultado em menos de 12 horas?

Assim sendo, penso que o problema do Bra-sil não é econômico nem financeiro. Vivemos uma profunda crise de valores éticos e morais onde os interesses de uma minoria prevalecem sobre os da maioria e isso não há dinheiro nem economia que dê jeito. O que o Brasil precisa de fato é menos discurso e mais ação.

Quanto aos valores éticos e morais, isso vem do berço. Não tenho a pretensão de ima-ginar que a geração atual consiga mudar a maneira de os políticos e governantes agirem. Nosso maior instrumento para mudar essa tendência está nas urnas e, aqui entre nós, elas ainda são os porta-vozes da imaturidade política nacional.

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O problema do Brasil não é econômico nem financeiro. Vivemos uma profunda crise de valores éticos e morais onde os interesses de uma minoria prevalecem sobre os da maioria e isso não há dinheiro nem economia que dê jeito

32 GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

jerÔnimo mendesAdministrador de

Empresas, Consultor,Escritor e Mestre em

Organizações eDesenvolvimento

Mais ação, menos discurso, Brasil!

GESTÃO

ÁSUS EN VEL

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Sericicultura gera cooperação e desenvolvimento sustentável no Paraná

Produtores paranaenses de bicho-da-seda atuam em conjunto com empresas e entidades visando ampliar o valor agregado nas atividades produtivas do Vale da Seda

Responsabilidade Socialc o r p o r a t i v a

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Criselli Montipó

D elicada, a seda é bastante usada na in-dústria têxtil pela leveza e charme que proporciona às peças de roupas, aces-sórios e demais produtos que pode ori-

ginar. Entretanto, ao ver aquele tecido de aparên-cia cintilante, muitos esquecem que ele é obtido a partir dos casulos do bicho-da-seda por um processo designado de sericicultura. Mas para se chegar a este resultado demorou um bocado de tempo, milênios, aliás. Afinal, a descoberta foi mantida em segredo por anos.

Conta a lenda que uma imperatriz chinesa descobriu a seda por acaso, cerca de 3 mil anos antes de Cristo. Ela notou que um casulo havia caído de uma amoreira na sua xícara de chá. Ao tentar retirá-lo, ela viu que soltava um delicado fio. Na antiguidade a seda só era produzida na China e qualquer pessoa que revelasse o segredo do bicho-da-seda era executada como traidora. Mas a técnica atravessou fronteiras e a sericicul-tura já é conhecida mundialmente. No Brasil é praticada desde o século 19.

O Paraná tem destaque como o maior produ-tor nacional de casulos verdes (bicho-da-seda vivo), há dez anos, de acordo com dados da Se-cretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab). Na safra 2009-2010, o Paraná foi responsável pela produção de 4.099 toneladas, ou seja, 92,34% da produção nacional, conforme o Relatório Takii Perfil da Sericicultura no estado do Paraná Safra 2009-2010, de Outubro de 2010, realizado pelo Departamento de Economia Ru-ral (Deral) da Seab, em parceria com o Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar (Cedraf) e a Câmara Técnica do Complexo da Seda do Estado do Paraná (CTCSE-PR).

Ainda de acordo com o relatório, o segmento agroindustrial da seda participou com mais de R$ 27 milhões na formação do Produto Interno Bruto Paranaense e gerou em torno de 20 mil empre-gos diretos e indiretos. O relatório apresentou uma pequena redução quanto aos municípios que possuem a sericicultura em atividade, mas os indicadores de produtividade média em quilo de casulos por hectare ao ano aumentaram em 4,63%, bem como o preço médio pago aos produ-tores, que apresentou um acréscimo de 2,78%. Dependendo da qualidade do casulo, os produ-tores chegam a receber R$ 9 pelo quilo do casulo verde.

Segundo informações do Deral, o Paraná possui cerca de 4 mil criadores com mais de 4,3 mil barracões e área de amoreiral em hectare de 10.067,2. A produção está concentrada no Vale da Seda, composto por cerca de 30 municípios

o Paraná possui cerca de 4 mil

criadores de bicho-da-seda que

são responsáveis por 92,34% da

produção nacional

35 GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

no noroeste do Estado, situados na Bacia do Rio Pirapó. A área média de amoreiras e a média de produção de casulos do Vale da Seda é o triplo da média paranaense, ou seja, 3.149,8 hectares e 1.163.860,33 quilos de casulos produzidos.

O maior município produtor de casulos verdes do Paraná, na safra 2009-2010, foi Nova Esperan-ça, com 632 mil quilos de casulo verde, represen-tando 15,41% da produção paranaense. Afinal, o município possui a Vila Esperança, maior vila rural do Paraná com cerca de 150 famílias. A vila, criada há cerca de dez anos, tem como foco a sericicultu-ra, como conta uma das moradoras, Dirce Gonçal-ves dos Santos. Ela produz bichos-da-seda antes mesmo de morar na Vila Esperança, há quase 30 anos, e explica que mais da metade das famílias se dedicam à sericicultura. Os demais moradores plantam verduras, feijão e café. A Vila Esperança fica a cinco quilômetros do centro de Nova Espe-rança, município a 40 quilômetros de Maringá.

O pólo produtivo de Nova Esperança é um dos atendidos pelas estratégias de Desenvolvimento Regional Sustentável - DRS do Banco do Brasil que incentivam atividades econômicas em comu-nidades onde o banco atua. A ideia é potenciali-zar o que as comunidades têm de bom, incremen-tando o negócio, como conta o gerente de DRS da Superintendência do Paraná do Banco do Brasil, Ney Augusto Resmer Vieira.

As estratégias de DRS vêem oportunidade de melhoria em determinada atividade produ-tiva, como viabilidade econômica, preservação ou recuperação ambiental, observando sempre a questão social com o aumento de renda e do número de empregos. Também respeita a diversi-dade cultural daquela comunidade.

Copraseda: seda literalmente justa • Dona Dirce preside a Cooperativa de Produto-res de Artesanato de Seda (Copraseda) que tem alavancado os negócios na região desde 2009, quando foi criada com o apoio do Programa Uni-versidade Sem Fronteira da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Governo do Paraná (Seti). Cerca de 40 mulheres são cooperadas, produzindo ca-checóis e echarpes que já estão sendo vendidos no exterior sob a marca de Artisan Brasil. O em-preendimento coletivo está inserido no modelo de comércio justo, como explica João Berdu, um dos coordenadores do projeto Seda Justa, que visa ampliar o valor agregado nas atividades pro-dutivas do Vale da Seda. Entretanto, já em 2007, antes da criação da cooperativa, as mulheres já produziam as peças organizadas na Associação dos Produtores da Vila Rural Esperança.

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Responsabilidade Socialc o r p o r a t i v a

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Berdu explica que o comércio justo já está maduro na Europa, por isso, a cooperativa iniciou a venda de produtos junto à Artisans Du Monde, associação francesa que tem este princípio. Vale ressaltar que o comércio justo, entendido pela Ar-tisans Brasil, é uma parceria comercial baseada em diálogo, transparência e respeito, que busca uma melhor distribuição da riqueza gerada pelo comércio internacional, contribuindo para o de-senvolvimento sustentável por meio de melhores condições de troca e a garantia dos direitos para produtores e trabalhadores marginalizados, em sua maioria localizados no hemisfério sul.

Segundo João Berdu, os cachecóis produzi-dos pelas artesãs são exportados diretamente para lojas da rede Artisans du Monde, na Fran-ça (que conta com mais de 150 lojas e trabalha somente com artigos do comércio justo). Com o valor arrecadado, as artesãs e demais parceiros envolvidos são pagos. “Iniciamos a produção

com casulo de qualidade inferior, que era vendi-do a R$ 1,7 o quilo. Com a iniciativa, as artesãs passaram a receber 12 euros por cachecol, uma renda de 59% da receita bruta desta exportacao, ou seja, cada artesã fica com R$ 17 reais de cada cachecol, o que multiplicou por dez a renda com o mesmo quilo de casulo”, conta.

Logo, o casulo de primeira qualidade foi in-corporado ao projeto e novas parcerias foram firmadas como a realizada com a Incubadora Téc-nológica de Maringá que conta com a assessoria técnica de docentes e discentes da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e do Centro Universi-tário de Maringá (Cesumar).

“Visamos a incorporação de novos empreen-dimentos, toda uma economia baseada na pro-dução”, ressalta Berdu. Atualmente, o projeto ga-nha forças graças a uma ampla rede de parceiros que reúne empresas, sindicatos, cooperativas, órgãos públicos (Emater, Prefeitura de Nova Es-perança), além das universidades e do Banco do Brasil. “As artesãs conseguem produzir até dois cachecóis por dia”, comenta Berdu, proprietário da empresa Bisa Overseas, que trabalha com o beneficiamento do fio. “Por isso pretendemos trabalhar com uma linha artesanal e outra linha com produtos da região fabricados sob a identi-dade do Vale da Seda”, salienta.

Entre as novidades do projeto estão a possi-bilidade de venda dos cachecóis pelo site da Arti-sans Brasil (www.artisansbrasil.com.br), prevista para o início de 2011. Na Loja da Sustentabilidade do Banco do Brasil (www.bb.com.br/sustentabi-lidade) os pontos do cartão de crédito já podem ser trocados por produtos do Vale da Seda. Além disso, os produtos da Artisans Brasil serão vendi-dos em cada uma das 12 cidades sedes da Copa do Mundo de 2014 por meio do Projeto Talentos Brasil Rural do Sebrae do Rio Grande do Sul. A venda dos produtos também será incrementada com a realização da 1ª Feira Nacional do Vale da Seda, que deve ocorrer de 12 a 20 de novembro de 2011. “Para que possamos fazer a diferença, uma mudança de foco com base na identidade regional e do desenvolvimento sustentável, com uma remuneração justa para as artesãs, de 800 a 900 reais por mês”, esclarece Berdu.

Sericicultura: cooperação na produção e no artesanato • Dona Dirce conheceu a serici-cultura quando tinha 14 anos, no sítio de um des-cendente de japoneses. “Andei mais de dez quilô-metros para conhecer o bicho-da-seda em Floraí”, recorda. A curiosidade foi tamanha e a vontade de trabalhar maior ainda. Com trinta anos de ex-

a sericicultura brasileira está concentrada no vale da Seda, composto por cerca de 30 municípios no noroeste do Paraná

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Cerca de 40 mulheres paranaenses integram

a Copraseda e produzem cachecóis e echarpes que já estão

sendo vendidos no exterior sob a marca

de artisan Brasil, inserida no modelo de

comércio justo

periência no ramo, as respostas estão na ponta da língua da presidente da Copraseda quando o assunto é sericicultura. O trabalho é árduo, a produção ocorre durante oito meses do ano – só não é possível produzir bicho-da-seda no inverno (maio, junho, julho, agosto) porque não tem folha de amoreira, alimento dos bichinhos.

As folhas de amoreira são oferecidas como alimento de acordo com o ciclo de vida do bicho--da-seda. A plantação deve ser renovada, em média, a cada sete anos. “Na primeira idade o bicho-da-seda come folhas pequenas, já na úl-tima fase, a quinta, come bastante”, conta. Em condições normais o ciclo até a entrega do casulo é concluído em 23 dias, mas em épocas mais frias pode chegar a 45 dias. Em geral, as empresas for-necem as larvas e compram os casulos. O traba-lho é feito de forma cooperada nas famílias: em geral, os homens são responsáveis pelo corte e transporte dos ramos de amoreira e as mulheres pela alimentação dos casulos. Segundo dona Dir-ce, a atividade não agride o ambiente, pois são usados apenas fertilizantes.

O artesanato também é produzido de forma cooperativa: as vizinhas se reúnem para traba-lhar e tricotam os cachecóis. “As mulheres atuam na costura, no tricô e nos acabamentos ou tingi-mentos. É o gênero com mais necessidades de al-ternativas de renda na área rural”, salienta Berdu.

Ele explica que o intuito do projeto é chegar numa situação em que as mulheres tenham con-dição de produzir artesanato no período entre-sa-fra, pois terão mais tempo para se dedicarem às atividades. Dona Dirce esclarece que atualmente as artesãs trabalham de acordo com pedidos re-cebidos. “Desde 2007 já produzimos cerca de 600 cachecóis e lenços, que foram vendidos em feiras e para países como França, Japão e Itália”, conta.

Dona Alice Liberato Gargaro é uma das coope-radas, ela atua como artesã quando recebe pe-didos. “É bom porque posso fazer em casa, não precisa sair. A cooperativa foi uma iniciativa mui-to boa pois trabalhamos em conjunto”, comenta.

Difusão da sericicultura • Dona Dirce co-menta que uma das atribuições da Copraseda e do projeto Seda Justa é difundir a sericicultura que não é muito conhecida. “Recebemos estu-dantes que nunca tinham visto o bicho-da-seda”, ressalta. O pólo produtivo, com todos os parcei-ros, também visa ampliar o número de produto-res, como lembra dona Dirce.

Afinal, como destaca o gerente da agência do Banco do Brasil de Nova Esperança, Diomar José dos Santos, a estratégia de DRS no Vale da Seda

37 GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

surgiu m 2007 justamente porque houve um de-clínio no número de sericicultores. “A iniciativa visa o aumento da produção de casulos do bicho--da-seda, a conscientização sobre os problemas ambientais, com o estímulo à adoção de práticas de conservação do solo, além de capacitar os agentes envolvidos, manter as famílias no campo e democratizar o acesso ao crédito”.

Para isso, o Banco do Brasil oferece finan-ciamentos pelo Programa Nacional de Fortaleci-mento da Agricultura Familiar (Pronaf) Custeio e Investimento, com juros que variam de 2 a 5% ao ano, dependendo da linha de crédito. “O intuito é oferecer um incremento na renda de pequenas propriedades”, comenta.

O analista de DRS do Banco do Brasil, Arilson Cesar Lorensini dos Santos, ressalta que as estra-tégias de DRS transformam a ação individual em forma coletiva de trabalho. “É a união de diversas entidades que transforma”, enfatiza.

SERVIÇO A venda de cachecóis da Artisans Brasil será realizada pelo site www.artisansbrasil.com.br a partir de 2011. Na loja da Sustentabili-dade do Banco do Brasil (www.bb.com.br/sustentabilidade) os pontos do cartão de crédito já podem ser trocados por produtos do Vale da Seda.

João Berdu, um dos coordenadores do projeto Seda Justa, Alice liberato gargaro é coo-perada da copraseda e Dirce gonçalves dos Santos, presidente da copraseda.

divulgação

neY augusto resmer vieira

Gerente DRS da Superintendência de

Negócios Varejo e Governo do Paraná do

Banco do Brasil

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Do limão à limonada

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

o princípio - por volta de 1980, te-mas como ecologia, necessidade de ser politicamente correto, e si-milares, incomodava muita gente.

Parece até que atrapalhava o “crescimento” das empresas, do país e assim por diante.

As instituições financeiras, por exemplo, se limitavam a exigir a licença ambiental do empreendedor, apenas para cumprir determi-nação de lei da co-responsabilidade. O em-preendedor apresentava a licença e estava tudo resolvido; ainda que ficasse apenas no papel. Os tempos mudaram. Mudou também o clima, e suas consequências se mostraram preocupantes também para as instituições fi-nanceiras. Como a administração de riscos é a essência do negócio financeiro, a incorpo-ração da análise socioambiental como ferra-menta de redução de incertezas começou a tomar contornos de um segmento dentro das instituições financeiras. A razão é simples: os desafios representados pelo aumento da inci-dência de desastres naturais, em sua maioria devido às mudanças climáticas globais, têm impacto financeiro direto para elas.

No restante do setor financeiro, sobretu-do nos bancos comerciais, o processo de in-corporação da sustentabilidade é em grande parte estimulado por pressões da sociedade civil ou por perdas associadas a questões so-cioambientais. Em paralelo, os bancos grada-tivamente começaram a acreditar que o que é bom para o meio ambiente também é bom para os negócios. Nesse sentido, finanças sustentáveis é um movimento que busca pro-mover uma atuação do sistema financeiro de forma economicamente viável, socialmente justa e ambientalmente correta.

O apelo sustentável ou uma empresa que atue com responsabilidade socioambiental, já não são mais termos a serem explorados como posicionamento de comunicação e ma-rketing. Mesmo quem inicialmente pensava em apenas “parecer” responsável, está con-cluindo que vale a pena ser e ter responsa-bilidade socioambiental nos seus empreendi-mentos. Faz bem pra saúde. Aliás, os projetos socioambientais elevam em até 4% o valor

de mercado das empresas, segundo levanta-mento da consultoria espanhola Management & Excellence.

Há, hoje, um interesse muito maior do que simplesmente parecer bonzinho, ou como se dizia, ecologicamente correto. Por quê? Bu-siness! Exemplificando: há tempos a base da pirâmide social vem mostrando um enorme universo de oportunidades empreendedoras, despertando o interesse notadamente das grandes corporações. A cada dia temos no-tícias de novos produtos lançados para esse segmento. Nas instituições financeiras, a ban-carização é o tema que instiga o lançamento de produtos e serviços com atributos socio-ambientais. Na outra ponta, onde a renda está mais concentrada, as oportunidades de acesso aos recursos internacionais passam necessariamente pela condicionante gestão de riscos socioambientais. Traduzindo: os in-vestidores estão privilegiando empresas com práticas avançadas de governança corporati-va e de responsabilidade socioambiental. As pessoas e o meio ambiente estão no foco. O desenvolvimento versus crescimento a qual-quer preço.

A população mundial hoje é de 6,9 bi-lhões de habitantes. A previsão é de que no ano de 2.020, nosso planeta azul terá que acomodar (e deveria suprir as necessidades) de 7,7 bilhões de pessoas (fonte Instituto Aka-tu). Em 2.040, 8,8 bilhões. Dá pra imaginar? A grande parcela desse número estará na base da pirâmide.

No Brasil de hoje, 49 milhões recebem até meio salário mínimo. Outros 54 milhões de brasileiros não possuem rendimento; são po-bres. Com renda per capta de US$8.020, o bra-sileiro pena para alcançar nossos hermanos argentinos com seus 12.460 dólares de renda por habitante, segundo dados do FMI e Banco Mundial. Pode ser cruel, mas não dá pra negar que existe um mar de oportunidades em ne-gócios, diante desses números. Escala existe.

Para reflexão: empreender para atender as necessidades e contribuir para a melhoria da qualidade de vida dessas pessoas, além de nobre pode ser um grande negócio.

Como a administração de riscos é a essência do negócio financeiro, a incorporação da análise socioambiental como ferramenta de redução de incertezas começou a tomar contornos de um segmento dentro das instituições financeiras

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HJuliana Sartori

Responsabilidade Ambiental

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Nossa Senhora da Piedade transforma sede da empresa em projeto inovador de respeito ao meio ambiente

ECOGARAGEMEmpresa de transporte coletivo se reinventa com a sustentabilidade

á empresas que fazem parte da his-tória de uma cidade, já outras são capazes de transformar a narrativa de um lugar. A empresa de Transportes

Coletivos Nossa Senhora da Piedade (TRANSPIE-DADE), localizada em Campo Largo, na região Metropolitana de Curitiba, faz parte do seleto grupo de empresas transformadoras. Integrante do Grupo Empresarial Melissatur, a Piedade com-pletou 36 anos de existência em 2010 reescre-vendo sua própria história e também a dos locais onde atua. Isso porque há alguns anos percebeu que seu dever era muito maior do que o transpor-te de pessoas, realizado com competência pelo Grupo em várias cidades do Paraná.

“Ficou claro que era necessário transpor os mu-ros da empresa para continuar a nossa história”, resume a diretora-presidente da empresa, Marli Corleto, ao explicar os motivos que a levaram a caminhar para a sustentabilidade. Tínhamos ideia do que queríamos, faltava organizar. Há cerca de cinco anos é que a questão socioambiental pas-sou a nortear efetivamente nossa gestão e a fazer

parte das estratégias da empresa para a conquista do desenvolvimento sustentável”, explica.

O principal destaque dessa transformação pela qual passou a TRANSPIEDADE foi a constru-ção da Ecogaragem, onde hoje funciona a nova sede da empresa, inaugurada em 2009, durante o aniversário de 35 anos. Situada em um terre-no de 17.780 metros quadrados e com capaci-dade para 150 veículos, a empresa tornou-se, sem dúvida, uma das mais modernas do Brasil, segundo afirma o consultor da área de Respon-sabilidade Social, Juvenal Correia Filho. Para tor-nar a Ecogaragem uma realidade, foram neces-sários muita pesquisa e planejamento de ações e procedimentos, todos com uso de tecnologia avançada para que os serviços realizados dentro da garagem pudessem trazer economia e princi-palmente tivessem impacto ambiental reduzido. As inovações vão desde o monitoramento e con-trole de consumo de energia elétrica, por meio da implantação de vários sensores em todas as partes da empresa, como também um programa completo de reuso de água.

“a nossa empresa está em pleno desenvolvimento e junto com ela toda a comunidade ao seu redor”, comenta a diretora-presidente, Marli Corleto

divulgação

41 GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

o projeto Passageiro do

Futuro promove a educação, cidadania e

respeito entre crianças das

escolas públicas nas dependências

da empresa

De acordo com o consultor, na Ecogaragem, a Piedade desenvolveu com tecnologia inovadora o aproveitamento e reciclagem total da água que utiliza, tornando-se assim a primeira empresa de transportes coletivos do Paraná a operar um sistema como este. Outro destaque na Ecogara-gem é que lá acontece a integral reciclagem de matérias e insumos utilizados e também é feito o tratamento completo dos efluentes.

Gestão de economia de água e luz • En-quanto muita gente ainda pensa qual a melhor solução para evitar a falta de água, a Piedade já conta com um sistema que serve como exemplo para resolver o problema. Com a meta de reduzir o consumo, a diretoria da empresa resolveu reci-clar a água utilizada e repor ao meio ambiente em proporções equivalentes. O projeto, supervisio-nado pelo engenheiro e diretor superintendente da empresa, Rodrigo Corleto Hoelzl, contou com a implantação de um sistema ecologicamente re-comendado para uso de água, que começou com a perfuração de um poço artesiano. Ele explica que a água limpa vinda do subsolo é utilizada em pias, cozinhas, banheiros e chuveiros para o consumo humano. No descarte, que chega a cer-ca de três mil litros por dia, começa a economia. A água utilizada em vez de cair na rede de esgo-to, entra em um processo de reciclagem, via fil-tros especiais, seguindo para cisternas de reuso, onde se mistura a água utilizada nos processos operacionais de higienização e lavagem dos ôni-bus da empresa. Nesta etapa, toda a água uti-lizada segue para nova reciclagem. Também faz parte do programa de reuso da água um sistema de captação de água da chuva, que é utilizada na lavagem dos ônibus e destinada à limpeza, irrigação e higiene das instalações da empresa. Toda a água utilizada na empresa é reciclada na Estação de Tratamento de Efluentes e reaprovei-tada. “No final, não resta sequer uma gota para a rede de esgoto da cidade de Campo Largo”, ga-

rante o superintendente. Os resíduos oriundos deste tratamento, ba-

sicamente lodo e óleo, são corretamente desti-nados. O lodo vai para as indústrias de cimento, para servir de matéria-prima. E o óleo segue para empresas especializadas na reciclagem deste produto. Os resíduos sólidos gerados por todos os processos da empresa são devidamente sepa-rados, armazenados e destinados à reciclagem.

Para economizar energia elétrica, a Ecogara-gem conta também com sistema informatizado e automatizado de monitoramento, todo controla-do por sensores nos quadros de distribuição de energia. Além disso, o projeto arquitetônico do empreendimento foi desenhado para aproveitar ao máximo a luz do sol.

A preocupação ambiental rendeu à TRANS-PIEDADE a certificação ISO 14001. Todas as ou-tras empresas do Grupo também são certificadas pela ISO 9001:2000.

Gente transportando gente para um mundo melhor • Atualmente a TRANSPIEDADE conta com cerca de 160 funcionários, em Campo Largo, e opera com 86 ônibus, que fazem trans-porte urbano e escolar. Em 2003, passou a atuar em União da Vitória, onde conta com 46 ônibus e emprega 104 funcionários. Junto com as outras empresas do Grupo Melissatur, cerca de 130 mil pessoas por dia ou 45 milhões de pessoas por ano utilizam os serviços do Grupo para se deslo-carem de casa para o trabalho ou para a escola.

E foi pensando em cada um desses passagei-ros que Marli conta que percebeu que a TRANS-PIEDADE deveria ter uma função além do trans-porte. “Tudo começou com um simples panfleto que distribuímos para recolher donativos para o Natal”, lembra a presidente com orgulho. Essa ação ainda é feita até hoje, mas se tornou ape-nas uma dos vários projetos desenvolvidos na empresa Nossa Senhora da Piedade.

Vale destacar, por exemplo, o programa Ex-

criado em 2005 como operador de serviços de transportes, o grupo Empresarial Melissatur participa da vida das cidades, com as seguintes empresas: transportes coletivos Nossa Senhora da Piedade ltda, matriz em campo largo; transportes coletivos Nossa Senhora da Piedade ltda, matriz em união da Vitória; Empresa de Ônibus campo largo ltda, de campo largo; Melissatur transportes e turismo ltda, de curitiba; Viação tamandaré ltda, de Almi-rante tamandaré e curitiba; e Auto Viação Antonina, de Almirante tamandaré e curitiba. As empresas contam com 1500 funcionários e uma frota de mais de 400 veículos em operação.

Grupo empresarial Melissatur

presso Saúde, que conta com um ônibus devidamente equipado e cedido pela TRANSPIEDADE para re-alizar em parceria com a Secretaria de Saúde de Campo Largo serviços ambulatoriais e odontológicos gra-tuitos à comunidade de baixa renda. O projeto também foi levado pelo Grupo para as cidades de União da Vitória e Almirante Tamandaré. Ou-tro destaque é o projeto Expresso Ambiental, que também conta com um ônibus, mas esse é todo equipa-do para oferecer aulas sobre preser-vação do meio ambiente. O progra-ma também é realizado em parceria

com a Prefeitura da cidade. Outro projeto do Grupo é o Passageiro do Fu-

turo, que promove educação, cidadania e respeito entre crianças das escolas públicas nas dependên-cias da própria empresa TRANSPIEDADE. Em par-ceria com a Secretaria de Educação do município, as crianças são acompanhadas por professores e pedagogos da escola e recebidas na empresa pela equipe responsável pelo projeto. Lá elas partici-pam de atividades e palestras sobre como cada um pode contribuir com o desenvolvimento da cidade e de um mundo melhor para as futuras gerações.

“A grande satisfação é ver que hoje somos agentes de transformação”, afirma Marli Corleto. Para ela, tudo funciona a partir do momento em que são realizadas as parcerias, seja com o po-der público, com os próprios colaboradores da empresa, ou outras instituições. Segundo a pre-sidente, a construção da Ecogaragem, por exem-plo, chamou a atenção das instituições de ensi-no, como a Faculdade Cenecista de Campo Largo (Facecla), que acompanhou toda a obra e tem as portas abertas para a realização de projetos dos

Responsabilidade Ambiental

estudantis na área ambiental. “A TRANSPIEDADE está em pleno desenvolvimento e junto com ela toda a comunidade ao seu redor”, observa Marli.

Pacto com o planeta • Tanta preocupação social e ambiental levou a diretora-presidente do Grupo Empresarial Melissatur, Marli Corleto, a se comprometer oficialmente com o Pacto Glo-bal, coordenado pela Organização das Nações Unidas (ONU), desde março de 2008. O Pacto serve para mobilizar a comunidade empresarial internacional para a adoção, em suas práticas de negócios, de valores fundamentais e internacio-nalmente aceitos nas áreas de direitos humanos, relações de trabalho, meio ambiente e combate à corrupção refletidos em dez princípios. Essa iniciativa conta com a participação de agências das Nações Unidas, empresas, sindicatos, orga-nizações não-governamentais e demais parcei-ros necessários para a construção de um merca-do global mais inclusivo e igualitário. Hoje já são mais de 5.200 organizações signatárias articula-das por 150 redes ao redor do mundo.

O Grupo, com suas cinco empresas, Viação Tamandaré, Transpiedade, Viação Antonina, Em-presa de Ônibus Campo largo e Melissa Transpor-tes e Turismo, foi um dos primeiros da área de transportes coletivos do Brasil a assinar o Pacto Global das Nações Unidas. Para a presidente, a assinatura reafirma seu compromisso em busca da sustentabilidade. “O requisito principal para a participação dessa iniciativa é o registro anual que descreve os esforços da empresa para imple-mentar os 10 princípios da ONU. O primeiro COP (Communications On Progress) da empresa é vali-dado depois de dois anos de participação do Pac-to Global e, a seguir, a cada ano. Esta medida é o parâmetro essencial para a empresa continuar ou não filiada ao programa”, explica Marli.

42 GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Marli Corleto e rodrigo Corleto Hoelz comprometem-se oficialmente com o Pacto Global em 2008

Em 2010, o grupo Empresarial Melissatur foi convidado a participar da cúpula de líderes do Pacto global da ONu, o uN global compact leaders Summit

2010. O evento que acontece a cada três anos reúne cerca de mil líderes de empresas e organizações do mundo todo que aderiram ao compromisso. Durante a cúpula, os participantes trocam experiências e discutem os ru-mos futuros do Pacto global, que em 2010 completou dez anos de existên-

cia. Marli corleto representou o grupo e o país neste pequeno grupo de empresários comprometidos com o futuro do planeta durante o evento, que aconteceu em Nova Iorque, no mês de junho.

Mr. georg Kell, Diretor Executivo da uN global compact Office, nos 10 anos do global compact, em junho de 2010.

divulgação

divulgação

rosimerY defátima oliveiraEspecialista em diagnóstico e planejamento sistêmico

Meio

Ambiente

asseando nas ruas próximas ao Par-que Barigui em Curitiba eu achei em baixo de alguns arbustos, caído no chão, um ninho de passarinho. Con-

siderando que existem pássaros em todos os biomas da Terra você pode pensar que achar um ninho abandonado já aconteceu com vá-rias pessoas, em vários locais do mundo. Mas esse ninho tinha uma particularidade: havia sido construído em sua base com pequenas tiras de sacola plástica. Isso mesmo. Um pás-saro havia construído um ninho com finas tiras das famigeradas sacolas plásticas que ento-pem bueiros, diminuem a vida útil de aterros e que deixam bruxuleante e lúgubre a paisagem depois de enchentes.

As sacolas plásticas passaram a ser utiliza-das no comércio varejista mundial na década de 70 e rapidamente se tornaram muito po-pulares pela distribuição gratuita nos super-mercados e outras lojas. Para o comerciante, ver a estampa de sua loja impressa na sacola e passeando despreocupadamente nas ruas da cidade virou uma forma rápida e barata de publicidade. Para a dona-de-casa o acondicio-namento dos resíduos doméstico nas sacolas tornou-se uma opção prática e barata. Para o meio ambiente virou um pesadelo. Para o pás-saro anônimo que construiu aquele ninho uma forma de retrofit que nenhum livro de arquite-tura ambiental lhe ensinou.

Sempre achei a forma de construção de ninhos engenhosa. Fora a criativa forma de construção da sua base, no mais o ninho que eu encontrei era exatamente o esperado para sua função: em baixo e nas laterais, palha seca mais graúda para dar mais resistência a estrutura. Na parte superior e no miolo - onde seriam depositados os ovos - palhas finas e confortáveis. Ou seja, o instinto construtor per-manece o mesmo, porém com inovações.

Trouxe o ninho para casa e fiquei muito tempo olhando para ele. Muitas coisas passa-ram pela minha cabeça de bióloga e profissio-

nal que versa pelos dramas da sustentabilida-de humana na Terra.

Como foi que um pássaro considerou a possibilidade de utilizar sacolas plásticas na construção de seu ninho? Não podia ser fal-ta de palha pois tivemos um inverno seco em Curitiba e o material original de construção podia ser facilmente encontrado. Não sei se o pássaro encontrou as tiras de plástico pron-tas. Podiam ser o resíduo da rabiola de uma pipa abandonada. Mas faz muito tempo que não vejo crianças no meu bairro brincando de soltar pipa. Só se for pipa virtual nos games de computador. Pensar que o próprio pássaro produziu as tiras talvez seja excesso de imagi-nação da minha parte. Só posso afirmar que o ninho é autêntico, que as fibras de palha seca foram trançadas com maestria e que a estru-tura foi reforçada por tiras de sacola plástica. Ficou bonito, resistente e com a base mais impermeável as intempéries. Será um reca-do para a incapacidade dos brilhantes e es-peciais seres humanos em gerenciarem seus próprios resíduos?

Fiquei empolgada com o achado. Entrei em contato com uma instituição paranaense que possui em seu quadro de colaboradores al-guns dos mais famosos ornitólogos do Brasil. Eles não estavam lá. Expliquei o ocorrido, dei-xei recado, mas ninguém retornou. Entrei em contato com alguns fotógrafos profissionais, entre eles um dos mais famosos profissionais de fotografia ambiental do Paraná. Achei que seria importante registrar o achado para futu-ros estudos de adaptação ambiental. Nenhum deles se interessou. Talvez ninhos reciclados não sejam tão raros assim...

Já que ninguém se interessou passei a me-ditar sobre o ninho de forma mais individual. Talvez as poderosas e tênues conexões que equilibram a natureza já estejam fazendo sua parte. Convém-me aprender esta lição. Que os plásticos do caminho sejam utilizados como material para fortalecer meu ninho pessoal.

Achei um ninho de passarinho reciclado...

P

Para a dona-de-casa o acondicionamento dos

resíduos doméstico nas sacolas tornou-se uma

opção prática e barata. Para o meio ambiente

virou um pesadelo. Para o pássaro anônimo

que construiu aquele ninho uma forma de retrofit que nenhum livro de arquitetura

ambiental lhe ensinou

43 GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

44

Desenvolvimento Local

ma forma de manter viva a história, com bons usos dos materiais à disposição. Esse é um dos objetivos do Parque His-tórico de Carambeí, localizado na re-

gião dos Campos Gerais do Paraná e que será um dos marcos mais importante nas comemorações ao centenário da imigração holandesa na região. Um espaço marcado pelo caráter multiuso e pelo objetivo de proporcionar um espaço destinado à educação e ao lazer para a população de Caram-beí. De acordo com Fabio Silvestre, curador exe-

cutivo do Parque, “o projeto também pretende desenvolver pesquisa patrimonial cultural, como um centro de divulgação e inteligência em seu ramo de atividades, com continuidade e susten-tabilidade”. Multifacetado, o espaço busca dar nova cara a história em Carambeí, mostrando que a preservação histórica está junto com a susten-tabilidade e a preservação ambiental.

O parque e a sustentabilidade • Com o ob-jetivo de mostrar a todos a trajetória e promover a presença do público dentro da história da colônia holandesa no Paraná, o projeto também procura apresentar aos visitantes um espaço que forma um organismo interdependente, ligado à susten-tabilidade. De acordo com Dick de Geus, diretor-

UParque Histórico de Carambeí busca manter vivas as origens da região e construir uma gestão sustentável da história

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

lyane Martinelli

História e sustentabilidade no interior do Paraná

Vila Histórica em construção

divulgação

-presidente do Parque, o projeto “é uma forma de apresentar a todos a contribuição da comunida-de holandesa na história do Paraná e também na aplicação da sustentabilidade em suas ações”.

Sobre o parque, Silvestre comenta ainda que “hoje o espaço do Parque Histórico de Carambeí tem várias alas novas sendo construídas, mas está sempre pronto como espaço museal com-pleto. Isso porque cada ala disponibilizada, inde-pendentemente do que ainda está em desenvol-vimento, contempla os aspectos integrais do que se pretende oferecer”.

Hoje, no parque, é possível classificar de três formas a questão da sustentabilidade dentro do seu projeto. A primeira, de acordo com Fábio Sil-vestre, é a questão social. “O parque tem o objeti-vo de ser sustentável em relação ao ser humano, e por isso investe em projetos de comunicação para a sociedade”, afirma. Nessa área, o parque desen-volve o projeto ‘Vamos Ler’, que trabalha com 1200 crianças da 5ª a 7ª série do ensino fundamental e faz um trabalho de incentivo à leitura. O trabalho também tem o objetivo formar um público cons-ciente em relação aos objetivos do projeto. “Soli-tários não somos sustentáveis, por isso é interes-sante formar um público consciente sobre a causa e que replique esse conhecimento entre os demais membros da sociedade”, sintetiza Silvestre.

Outro aspecto da sustentabilidade está na questão da infraestrutura. Através de uma par-ceria com a APRE (Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal), toda a madeira utili-zada nas construções do parque tem origem cer-tificada, ou seja, é madeira oriunda de florestas

“o projeto também pretende

desenvolver pesquisa patrimonial cultural,

como um centro de divulgação e

inteligência em seu ramo de atividades, com continuidade e sustentabilidade”,

Fábio Silvestre, curador executivo

do parque

plantadas. “Assim evitamos que florestas nativas sejam desmatadas e temos controle sobre a qua-lidade da madeira, seu sequestro de carbono no ambiente e sua origem”, explica Silvestre. Outra questão ligada à infraestrutura está na captação de água das chuvas. O parque está em processo de implantação de cisternas e sistemas de cole-tas de água da chuva, que serão utilizadas para serviços brutos e decorativos. Ao final, toda a água que não precisar de tratamento irá correr para o “Parque das Águas”, um dos espaços que tem como objetivo reconstruir aos visitantes os famosos os canais holandeses. De acordo com Fábio, o sistema de águas deve entrar em uso ainda no ano de 2011. Outro projeto que está em processo de estudos no Parque Histórico de Ca-rambeí é a implantação do uso de energia solar para a iluminação pública no parque.

O terceiro ponto em que o conceito está presen-te no parque são os apoios aos projetos dos parcei-ros ligados à sustentabilidade. Um dos principais pontos é a reciclagem e para Fábio, “esse é o pro-cesso dentro dos 5 Rs (reduzir, reutilizar, reciclar, reeducar e replanejar) em que é possível aplicar a tecnologia, por isso recebe investimentos altos. Um exemplo é o programa de reciclagem de uma das parceiras do projeto, que investe na reciclagem de embalagens longa-vida de leite”. Além do apoio a esses projetos, o Parque Histórico de Carambeí desenvolve sua própria coleta seletiva de lixo e o projeto de descarte ordenado dos resíduos.

Toda essa preocupação tem um motivo: a re-gião tem um histórico relevante em relação à sus-tentabilidade. Lá, há pelo menos 30 anos, já se

45 GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

casa da Memória de carambeí

divulgação

46 GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

fala em ação sustentável. Os moradores da região de Carambeí são os responsáveis pela técnica de plantio direto na palha, que previne assoreamen-to dos rios e lagos. A técnica, hoje utilizada em todo o Brasil, nasceu na região em busca de solu-ções que diminuíam os efeitos contra o meio am-biente. Além do cooperativismo, uma ação econô-mica sustentável em seu modelo, resultando em organização como a Batavo Cooperativa Agroin-dustrial, neste ano completando seus 85 anos.

O parque e a educação • A Casa da Memó-ria, que se encontra dentro do Parque Histórico de Carambeí, já está completa para o atendimento à população. Hoje estão à disposição na casa seis coleções completas de itens, com destaque para o Museu dos Tratores. “Indo à Casa da Memória hoje os alunos das escolas públicas de toda a re-gião (que são a maioria dos usuários visitantes) podem conhecer o traçado da história da região e das famílias holandesas”, conta Silvestre.

O parque investe também na educação con-tinuada, ligada diretamente à sustentabilidade. “Por se tratar de um centro cultural, a continui-dade das atividades pode ser relacionada com pedagogias de sustentabilidade, pois existe tem-po disponível para o desenvolvimento de relacio-namento estável e biunívoco com a sociedade”, explica Fábio. Ele afirma ainda que “o mais im-portante na pedagogia do Parque Histórico de Ca-rambeí, é que se trata de um espaço museal que retrata a história da agroindustria nos Campos Gerais do Paraná, onde o cooperativismo, o plan-tio direto na palha, a reciclagem e a economia da cultura são interligados para dar contornos aos temas de sustentabilidade”, confirma.

Desenvolvimento Local

A criação • Os primeiros passos para a criação do Parque Histórico de Carambeí foram dados em 1991, nas comemorações dos 80 anos de imigração holandesa ao Paraná. Foi quando alguns dos descendentes diretos das primeiras famílias que chegaram à região perceberam que não havia nenhuma iniciativa para preservar a história e recuperar os símbolos da luta daque-les que escolheram a região de Carambeí para iniciar uma nova etapa em suas vidas. Desde a chegada das famílias em 1911, até a fundação da Batavo Cooperativa Agroindustrial em 1925 (na época chamada de Sociedade Cooperativa Holandesa), os acervos históricos não estavam sendo preservados. Por isso, no ano de 1991, fo-ram estabelecidas as bases da Casa da Memória de Carambeí.

Nos últimos quatro anos, já pensando nas celebrações pelo centenário da imigração holan-desa ao Paraná, foi estruturado um plano diretor para dar suporte ao Programa de Patrimônio Cul-tural do Parque Histórico de Carambeí. Hoje, os projetos construtivo-arquitetônicos de expansão das alas do parque são desenvolvidos por con-ta e capital da Associação mantenedora com o Patrocínio Institucional da Batavo Cooperativa Agroindustrial. Hoje, o parque conta com um rol de patrocinadores, que tem ideologias afins dian-te das questões históricas e ambientais. O par-que e todo o projeto que o envolve estão abertos aos novos parceiros que se identifiquem com a ideologia local. Novos patrocinadores podem in-tegrar o projeto, que possui estratégia de incen-tivo fiscal com amplo retorno de imagem corpo-rativa, em função dos valores socioculturais que congrega.

2011: ano da Holanda no BrasilOs senadores aprovaram, no final de 2010, que 2011 seja o “Ano da Holanda no Brasil”. O projeto aprovado tem como objetivo come-morar o centenário da imigração holandesa e fazer uma homenagem aos descendentes das primeiras famílias que chegaram ao país, como reconhecimento de todos os brasilei-ros ao importante legado das comunidades holandesas ao Brasil. A confirmação do ano da Holanda no Brasil abre também espaço para mais negociações entre os países e a consolidação das relações comerciais para os próximos anos.

“É uma forma de apresentar a todos a contribuição da comunidade holandesa na história do Paraná e também na aplicação da sustentabilidade em suas ações”, Dick de Geus, diretor-presidente do parque

recém-encerrada Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Cli-máticas, realizada em Cancun – Cop 16, foi marcada pela firmeza do Bra-

sil com relação aos compromissos assumidos nas “Cops” anteriores. A ministra do meio am-biente foi enfática ao registrar publicamente os cumprimentos que o Brasil recebeu de ou-tros participantes pela assinatura, durante o período da Conferência de Cancun, do decreto que regulamenta a Política Nacional de Mu-danças Climáticas. Por este decreto, o Brasil se compromete a reduzir entre 36,1% e 38,9% a emissão de gases que provocam o efeito es-tufa, até 2020.

Descontando a jogada de marketing do governo brasileiro, nosso país tem se portado com muita seriedade, tanto na elaboração de metas vinculadas a um modelo de desenvolvi-mento mais sustentável, quanto na persegui-ção e superação a essas metas. Já se sabe que superaremos, com bastante antecedência, o compromisso assumido com a redução em 80% do desmatamento da Região Amazônica até 2020. Já, há dois anos, a área desmatada na Amazônia brasileira equivale àquela do fi-nal da década de 1970, quando o país estava economicamente estagnado e vivia os refle-xos da crise de energia mundial provocada pela Revolução Islâmica do Irã e pela guerra Irã-Iraque.

...e outra na ferradura!

É bem verdade que, no caso do Brasil, alguns fatores muito específicos contribuem para o alcance das metas propostas, tais como a íntima relação entre as queimadas das áre-as desmatadas e o grande volume de CO2 que emitimos na atmosfera. Evidentemente que quando se ataca um lado, o outro se beneficia

Política Nacional de Mudanças do Clima: uma no cravo...

A

não tenho a visão purista dos ambientalistas mais radicais e nem pretendo interromper discursos do nosso vice-presidente, mas esse movimento é estranho. tem algo de contraditório em nossas política energética

ivan de melo dutraArquiteto e Urbanista e

Mestre em Organizações e Desenvolvimento

SUSTENTÁVELS

diretamente. Outro aspecto importante é que o grande vilão na emissão de GEE no nosso caso, não é a queima de combustíveis fósseis, tão como ocorre nos países desenvolvidos e sim, as queimadas de atividades ligadas à agricultura e à pecuária. Em parte, isto se deve ao atraso nos processos agropecuários, mas uma parcela resulta da nossa conquista da tecnologia dos motores de automóveis movi-dos a etanol.

Seria lógico pensarmos, então, que nosso programa de biocombustíveis, reconhecido in-ternacionalmente como sendo avançado, de-veria receber maior atenção e divulgação, por parte das políticas públicas brasileiras. Esse é um grande guerreiro no processo de descarbo-nização da atmosfera. Mas já deveríamos ter, há muito tempo, rodando nas ruas e estradas brasileiras, veículos de transporte coletivo e de cargas movidos a biocombustível.

Deveríamos, também, ter massificado – até mesmo subsidiado – a utilização da ener-gia solar na construção civil, tão aquecida nos últimos anos. Deveríamos investir mais em energia eólica, já que somos um dos países com maior incidência de ventos no planeta.

Entretanto, todos os principais focos dos governos brasileiros continuam voltados para a exploração do petróleo sob a camada de pré-sal do litoral brasileira. Não tenho a visão purista dos ambientalistas mais radicais e nem pretendo interromper discursos do nosso vice-presidente, mas esse movimento é estra-nho. Tem algo de contraditório em nossas po-lítica energética.

Enfim, resta-nos esperar que o aumento da produção de petróleo no Brasil, pela explo-ração da camada de pré-sal, não signifique o atraso ou mesmo abandono de políticas de biocombustíveis e do desenvolvimento de fontes alternativas de energia. E que os “deu-ses” iluminem nossos representantes nos governos para que, nem de longe, se cogite a redução interna do preço da gasolina.

48 GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

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� o porque ainda não existe um consenso universal sobre o real sig-

ni� cado do termo e os assuntos que estão inseridos no conceito ainda

estão em construção. De fato, nós da ISO temos dado uma contribui-

ção a este debate por meio do grupo de trabalho sobre Responsabili-

dade Social que desenvolve a futura norma ISO 26000 para orientar

esse tema tão variado, complexo e quase sempre controverso.

Se a abordagem usada pelos autores é muito abrangente, na in-

tenção de re� etir sua complexidade, corre-se o risco de tratar o

tema com super� cialidade. Se os autores focam demais em uma

questão ou em um grupo pequeno de temas, � ca difícil transmitir

uma visão geral da ampla gama de conceitos envolvidos. Entretan-

to, os autores deste livro foram hábeis em evitar essas duas armadi-

lhas e conseguiram comunicar toda a riqueza que o verdadeiro

entendimento do conceito de responsabilidade social requer, tanto

na profundidade quanto na abrangência.

• ALAN BRYDEN Secretário-geral da ISO – International Organization for Standardization

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José Carlos Barbieri

Jorge Emanuel Reis C

ajazeira

José Carlos Barbieri é mestre e doutor em Administração, é professor do Departamento de Administração da Produção e Operações da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV/EA-ESP-POI) desde 1992. Foi professor em reno-madas instituições de ensino superior, como a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul e a Pontifícia Universidade Católica de São Pau-lo. Foi pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT). É professor do programa de pós-graduação stricto sensu da EAESP, da linha de pesquisa em gestão ética, socioambiental e de saúde. Pesquisador e coordenador de diversos projetos de pesquisa nas áreas de gestão da inovação, do meio am-biente e da responsabilidade social. Coor de na-dor do Centro de Estudos de Gestão Empresa-rial e Meio Ambiente da FGV/EAESP. Membro do Fórum de Inovação da FGV/EAESP. Parti-cipou da comissão do INMETRO para criação de normas sobre certi� cação de sistemas de responsabilidade social. Participa de comitês cientí� cos de diversas revistas e congressos cientí� cos, nacionais e internacionais, e de vá-rias agências de fomento.CONTATO COM O AUTOR: [email protected]

Jorge Emanuel dos Reis Cajazeira. Enge-nheiro mecânico pela Universidade Federal da Bahia,mestre e doutor pela FGV/EAESP. Exe-cutivo da área de competitividade da Suzano Papel e Celulose, onde trabalha desde 1992. Elei-to pela revista Exame, em 2005, como um dos quatro executivos mais inovadores do Brasil. Foi expert nomeado pela ABNT para a redação das normas ISO 9001 e ISO 14001 (1995-2004), coordenou os trabalhos para a criação da nor-ma NBR 16001 – Responsabilidade Social e pre-sidiu a comissão do INMETRO para criação de um sistema nacional para certi� cação socioam-biental. Em 2004, foi eleito o primeiro brasileiro a presidir um comitê internacional da ISO, o Working Group on Social Responsibility (ISO 26000). É membro do comitê de critérios da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), coordenador do comitê de inovação e ativos intangíveis (FNQ) e ex-presidente do Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre).CONTATO COM O AUTOR: [email protected]

Duas matérias da Geração SuStentável recebem Prêmio Sangue Bom 2010

A jornalista criselli Montipó, colaboradora da revista gERAÇãO SuStENtáVEl, teve duas matérias premiadas na quinta edição do Prêmio Sangue Bom promovido pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (Sindijor-PR). As matérias de capa da edição 9 (Paraná – Em busca da sustentabilidade do agronegócio) e da edição 13 (Pequenos gestos de consumo promovem grandes mudança) mudança foram as finalistas na categoria jornalismo impresso e receberam o troféu de segundo lugar.

Vale lembrar que em quatro anos de circulação, a revista já recebeu vários prêmios de reportagem. Em 2009, a jornalista Juliana Sartori foi a vencedora, na categoria Jornalismo Impresso, do VI Prêmio Ocepar de Jornalismo. Em 2008, criselli Montipó recebeu o terceiro lugar na edição do V Prêmio Ocepar de Jornalismo. A revista acumula também premiações na área e gestão, sendo um deles o prêmio MPE Brasil 2010 onde o projeto da revista foi um dos 150 projetos nacionais que foram premiados em Brasília. Para o Diretor Executivo, Pedro Salanek Filho, “esses reconhecimentos são indicativos de que estamos no caminho certo. A revista vem conseguindo atingir o seu objetivo, que é a disseminação do tema sustentabilidade corporativa”.

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Publicações e Eventos

O diretor executivo Pedro Salanek e a jornalista criselli Montipó durante a premiação do 5o Prêmio Sangue Bom, do Sindijor-PR

Vitrine Sustentável

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