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André T. Susin/O Caxiense Caxias do Sul, junho de 2010 | Ano I, Edição 29 | R$ 2,50 |S19 |D20 |S21 |T22 |Q23 |Q24 |S25 OLHOS NA ÁFRICA O herói negro da Suíça e a bola murcha do Brasil transformada em futebol-arte Roberto Hunoff: há 1,9 mil vagas nas empresas | Renato Henrichs: UCS regionaliza seu Conselho Diretor | Ficha Limpa: o que pensam os políticos locais | Fast Fashion: as grandes redes correm para Caxias POR UM FUTURO SEM PRECONCEITO Revisando sua história, aplicando novas leis e dando voz aos ativistas, Caxias tenta superar a discriminação ao negro

Edição 29

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Revisando sua história, aplicando novas leis e dando voz aos ativistas, Caxias tenta superar a discriminação ao negro

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Caxias do Sul, junho de 2010 | Ano I, Edição 29 | R$ 2,50|S19 |D20 |S21 |T22 |Q23 |Q24 |S25

OLHOS NA ÁFRICA

O herói negro da Suíça e a bola murcha

do Brasil transformada em futebol-arte

Roberto Hunoff: há 1,9 mil vagas nas empresas | Renato Henrichs: UCS regionaliza seu Conselho Diretor | Ficha Limpa: o que pensam os políticos locais | Fast Fashion: as grandes redes correm para Caxias

POR UM FUTURO SEMPRECONCEITORevisando sua história, aplicando novas leis e dando voz aos ativistas, Caxias tenta superar a discriminação ao negro

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2 19 a 25 de junho de 2010 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

Índice

Expediente

Assine

A Semana | 3As notícias que foram destaque no site

Roberto Hunoff | 4A indústria volta a crescer, mas ainda se ressente da falta de mão de obra qualificada

Futebol com as mãos | 5Como o jogo de botão sobreviveu em Caxias

Demandas do crescimento | 6O abastecimento de água acelera o passo para acompanhar o aumento da população

No escurinho do abandono | 8Cine Operário, que encantou por décadas em Galópolis, hoje serve apenas de cenário

A moda é vender | 9Gigantes do fast fashion desembarcam suas araras nos shoppings caxienses

Nova política | 10 Ficha Limpa não afeta candidatos locais

Admitir para combater | 12Ativismo, legislação e educação são as armas contra a discriminação

Artes | 15Franklin, Dumont e Armstrong

Guia de Cultura | 16Jim Carrey com menos caretas e mais amor

Temporada de praia | 18O Caxias ruma para o litoral catarinense, mas não para dar férias aos seus pés

Passado de glórias | 19A história de Everaldo, tricampeão da Copa de 70, com a camisa do Juventude

Guia de Esportes | 20Futebol em volta da mesa e uma partida que vai direto para os pênaltis

Copa 2010 | 21Heróis negros da Suíça e do Brasil

Copa em quadrinhos | 22O dia em que uma vuvuzela coreana desafinou nosso samba

Renato Henrichs | 23Mais uma candidatura de Caxias ao Senado: saiba o que pensa a comunista Abgail Pereira

Folha de S. Paulo + O Caxiense, par-ceria de peso, hein! Boa associação de marcas. Me orgulha ser assinante de O Caxiense!

Gustavo Cemin

www.OCAXIENSE.com.br

Redação: André Tiago Susin, Cíntia Hecher, Fabiano Provin, Felipe Boff (editor), Graziela Andreatta, José Eduardo Coutelle, Luciana Lain, Marcelo Aramis (editor assistente), Marcelo Mugnol, Paula Sperb (editora), Renato Henrichs, Roberto Hunoff e Valquíria Vita Comercial: Leandro Trintinaglia e Cláudia PahlCirculação/Assinaturas: Tatyany Rodrigues de OliveiraAdministrativo: Luiz Antônio BoffImpressão: Correio do Povo

Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para [email protected]. Trimestral: R$ 30 | Semestral: R$ 60 | Anual: 2x de R$ 60 ou 1x de R$ 120

Jornal O Caxiense Ltda.Rua Os 18 do Forte, 422, sala 1 | Lourdes | Caxias do Sul | 95020-471Fone 3027-5538 | E-mail [email protected]

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COMO O SEU

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Caxias do Sul, junho de 2010 | Ano I, Edição 28 | R$ 2,50|S12 |D13 |S14 |T15 |Q16 |Q17 |S18

Financiarte transforma migalhas do IPTU e do ISSQN em um bolo de meio milhão de reais – que pode dobrar de tamanho antes do � m do ano – para a classe artística

VÍTIMAS DO FRIO

Fim do outono dá início ao tormento

de moradores de rua e da periferia

@josemar_almeida @ocaxiense Parabéns pela qualidade de informações, sempre esbanjando cultura! Continuem sempre com este jornal informativo! #edição28

@marcioramostrip @ocaxiense Queria agradecer novamente, não só a matéria sobre a peça “Paranoia”, mas a qualidade do jornal para a cidade! Parabéns! #edição28

@FelipeGrivot @ocaxiense ‘Como o seu dinheiro vira cultura’ com caderno especial da Folha de São Paulo? Ok, me convenceram, vou assinar! #edição28

@julianadebrito Texto bem escrito e sem ser igual ao áudio. Fotos muito bem selecionadas. Multimídia mesmo. Parabéns pelo trabalho. #copamultimídia

Reportagem sobre o frio |Para os desprotegidos, o frio não tem nada de glamouroso...é

penoso.Sandra Maria de Oliveira

O Caxiense faz muito bem em colocar seus repórteres nas ruas, porque estão fazendo o papel de mostrar a realidade às autoridades. Parabéns.

Osni Carloni

França x México |Parabenizamos a equipe do Jornal O Caxiense pela reportagem

realizada com os intercambistas da UCS Anaïs e Hugo! Fixamos uma cópia em nosso setor.

Nei Alexandre Rech

Mario Michelon estreia a nova série multimídia “10 cenas da mi-nha vida”. O agora Cidadão Caxiense narra 10 momentos marcantes de sua trajetória. Para ver, ouvir e registrar a vida de pessoas importantes da cidade.

Cada etapa de uma nova ligação de água foi acompanhada pelo jorna-lista José Eduardo Coutelle. Em menos de 1 minuto, veja o processo que leva cerca de 2 horas.

Capa | Maria Eduarda da Silva Machado fotografada por André Tiago Susin.

Erramos | Os maçons devem utilizar terno preto e gravata branca durante as cerimônias, e não o contrário, como foi publicado na pági-na 6 da edição 26 (Os alicerces do poder).

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ComunicaçãoRádio da UCS passa para a UAB

O conteúdo vai mudar, mas a sintonia continua no dial 87.5FM. A Cidade Universitária, da Associação Pró-Campus, gerida pela UCS, será repassada à União das Associações de Bairro de Caxias (UAB). A rádio fun-cionava há cerca de 10 anos junto ao Cetel para aulas práticas de rádio dos alunos do curso de Comunicação. A rádio foi transferida pois a concessão comunitária não estava sendo utiliza-da para este fim. Repassar a conces-são para a UAB é uma decisão acer-tada. Em Caxias, a entidade é quem melhor fará uso das transmissões.

É no mês em que se comemora os 135 anos da imigração italiana que a Faculdade da Serra Gaúcha (FSG) se-

Origens de Caxias

Apae

Vestibular

120 anos de município

Economia

Negros, índios e portugueses em debate

Exposição tem fotos de alunos

UCS tem 3.893 candidatos

Bolo de 120 metros será servido na praça

Luz aumentará 4,85%

SEGUNDA | 14 de junho SEXTA | 18 de junho

QUARTA | 16 de junho

QUINTA | 17 de junho

TERÇA | 15 de junho

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Crianças da Apae fotografam durante oficina; o resultado será visto durante a feijoada beneficente de domingo

www.ocaxiense.com.br 319 a 25 de junho de 2010 O Caxiense

O olhar dos alunos da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) pode ser conferido em exposi-ção durante a 10ª feijoada beneficente da entidade, no domingo. Fotografias tiradas pelos jovens especiais em oficina ministrada por Mário André Coelho mostram mais do que a vista alcança. “Existem imagens surpre-endentes. Eles não tem dificuldades maiores de manusear uma câmera do que outras crianças. O objetivo do projeto é ensinar aos participantes que eles também podem ter um olhar sobre sua realidade”, explica Mário André. A oficina ocorreu em duas etapas: na primeira, os alunos confe-cionaram e usaram pinholes (câmeras artesanais de papelão) e um labora-tório de revelação foi improvisado. Na etapa final, utilizaram câmeras digitais para fotografar uma visita ao Parque Cinquentenário. “Viramos a escola de cabeça para baixo”, conta Mário. O ingresso para a feijoada cus-ta R$ 40 e pode ser adquirido na hora, no restaurante Tulipa, nos Pavilhões.

O vestibular de inverno da UCS, que ocorre às 9h de domingo, tem 3.893 candidatos inscritos para 2.660 vagas, em 52 opções de ingresso. As mulheres são maioria, 54,48%, e homens, 45,52%. Dados do levanta-mento socioeducacional realizado por meio de questionário respondido pelos candidatos no momento da ins-crição mostra que, dentre os candida-tos, 65,76% têm menos de 20 anos de idade e 82,25% residem no Nordeste do Estado, sendo 57,31% em Caxias e 24,94% em outras cidades da região.

Serão preciso muita gente na Praça Dante Alighieri para dar conta de comer o bolo de 120 metros que será oferecido em comemoração aos 120 anos de município de Caxias, neste sábado, às 16h. O doce deve ser prova-do depois de medir a pressão, cortar o cabelo, fazer a carteira de trabalho. O serviços fazem parte da 25ª Ação Co-munitária, que começa às 9h. Show do Alma Nova e apresentações de teatro são algumas das atrações do evento da prefeitura com apoio da Rádio São Francisco SAT e Rede Maisnova FM.

Prepare seu bolso. A partir de sábado, sua conta de luz ficará 4,85% mais cara. As indústrias pagarão, em média, 3,41% a mais. Em todas as categorias, o aumento médio é de 3,96%. O reajuste da RGE foi aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

A Semanaeditado por Paula Sperb [email protected]

diou o Seminário Integrado Origens de Caxias para tratar das culturas que colaboraram com a formação dA cidade. Iniciativa louvável que gera reflexão sobre uma sociedade que não tem origens apenas italianas. Na programação, a prefeitura promoveu a construção de duas ocas na Estação Férrea. Lá, índios divulgaram sua cul-tura. Causa estranheza. É preciso pre-servar o patrimônio e não destruí-lo para reconstruir de maneira artificial.

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Roberto [email protected]

O Simecs (Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Mate-rial Elétrico) revelou nesta semana que o setor, depois de 12 resultados mensais negativos, cresceu 3,48% em abril. A expectativa é de manutenção da tendência de alta até as eleições. Dependendo do resultado, admitem dirigentes da entidade, podem haver mudanças. Preocupação mesmo é com a falta de mão de obra: há 1,9 mil vagas em aberto nas empresas caxienses. Além disso, é preciso criar condições para manter os funcioná-rios, diariamente assediados por pro-postas de empresas de outras cidades. Uma delas é a elevação dos salários.

Em semana de negociação do dissí-dio coletivo o Simecs liberou estudo que mostra avanços nos salários dos trabalhadores por conta de reajustes reais nos últimos três anos. Tomando por base um vencimento de R$ 1,4 mil em junho de 2007, o valor atual é de R$ 1.803,12. Se houvesse apenas a correção pelo INPC o valor seria de R$ 1.728,99, uma diferença mensal de R$ 74,13. No acumulado em 36 meses algo como R$ 3.498,26. Os metalúrgicos reivindicam aumento real de 10%, além do INPC, neste dissídio. O índice já foi considerado inviável pelo presidente do Simecs, Oscar de Azevedo.

À frente do Grupo Cozinha e Ambientes, o empreendedor José Clóvis Accadrolli inaugura sua quarta loja em Caxias do Sul. A abertura ocorre na terça-feira (22) em solenidade para clientes e convidados. No espaço de 1,2 mil m² estarão distribuídos 39 ambientes para exposi-ção de produtos da Dell Anno Móveis, de Bento Gonçalves.

Ainda há estacionamento coberto no subsolo e o Espaço Cultural Dell Anno, destinado a even-tos culturais, gastronômicos, sociais, artísticos, mostras de artes, fotografias, lançamentos de livros e imobiliários, pocket show e workshops. Com os 300 m² deste espaço a loja torna-se a maior da Dell Anno no País.

Uma representação de 21 empresá-rios do setor de Tecnologia da Infor-mação (TI) de Caxias do Sul integrou comitiva gaúcha que visitou o Porto Digital de Recife, em Pernambuco. Para Márcio Biazus, presidente do Trino Polo de Caxias do Sul, a inicia-tiva abrirá oportunidades de futuros negócios e parcerias estratégicas. Comenta que o encontro propor-cionou o conhecimento de outros modelos de parques tecnológicos e a incorporação das boas práticas para o polo de Caxias. O parque tecnológico de Recife é o de maior faturamento no País, representando 3,5% do PIB de Pernambuco.

A Rio Grande Energia lança na segunda-feira (21), em Caxias do Sul, o projeto Caravana RGE – Educando para a eficiência. O projeto, inédito no País, integra o Programa de Eficiência Ener-gética da concessionária e prevê ações educativas envolvendo arte, eficiência, sustentabilidade, cultura, conhecimento, experimento, concurso educativo e interatividade com o público.

A estimativa é atingir público de 150 mil pessoas, com 250 apresentações em 80 muni-cípios gaúchos, atendendo 600 escolas e capa-citando dois mil professores. Os consumidores serão orientados para o consumo responsável e utilização segura da energia elétrica a partir de ações que podem fazer a diferença na vida dos cidadãos, como apagar uma lâmpada ao sair do ambiente, diminuir o tempo no banho ou programar o desligamento da televisão antes de pegar no sono.

O lançamento em Caxias do Sul será às 9h no Instituto Estadual de Educação Cristóvão de Mendoza.

Colaboradores da Agrale, de Caxias do Sul, e da Soprano, de Farroupilha, participam neste final de semana da Mostra Estadual de Grupos Participativos e da Mostra de Talentos da Associação Gaú-cha de Qualidade. Eles encenarão peças teatrais dirigidas pela Ueba Pró e montadas visando mostrar as etapas de implementação de ferramentas da qualidade den-tro do programa de Círculos de Controle da Qualidade. A mostra ocorre no sábado (19), a partir de 8h, no campus da Unisinos, em São Leopoldo.

Com objetivo de mostrar os trabalhos dos laboratórios de Análises e Pesquisas em Alimentos, de Química e Fertilidade do Solo e o de Sementes e Fitopatologia, a Universidade de Caxias do Sul (UCS) participa do 5° Agroshow, que ocorre em Nova Petrópolis, de 24 a 27 de junho.

A coordenadora Luciana Duarte Rotta explica que os diferenciais dos laboratórios da UCS são a qualidade e a agilidade do processo. O prazo de entrega dos laudos das análises feitos na universidade é de 15 dias úteis para produtores de toda a região.

Com programação musical e informações sobre os serviços internos nas 24 horas, o Bergson Executive Flat colocou em fun-cionamento a Rádio Bergson. Há também espaço para quem quer atingir os hóspedes do hotel. O projeto é realizado em parceria com a Núcleo Produtora, que utiliza programa instalado a um computador que é interligado ao sistema de som do local.

A Marelli Ambientes Racionais abriu na cidade de Goiânia, em Goiás, sua 36ª operação própria. A unidade atuará nos mercados privado e públi-co, com foco na Região Metropoli-tana e no Estado de Goiás. A Marelli tem atuação no Brasil e em países da América Latina.

A Inovar Acabamentos escolheu Caxias do Sul para abertura de sua primeira filial. Especializada em me-tais, louças, revestimentos e lamina-dos de alto padrão, a loja ocupa 400 m² no Villagio Iguatemi. Segundo o diretor Fernando Joner, a escolha de Caxias do Sul para sediar a primeira filial da empresa, que tem sede em Novo Hamburgo, considerou o fato de a cidade ser um dos mais promis-sores mercados do Estado, principal-mente no ramo da arquitetura e da construção.

Flores da Cunha espera 40 mil visitantes a partir deste sábado (19) com a 21ª Feira de Inverno. Iniciativa do Centro Empresarial e Prefeitura, a feira reúne expositores dos setores de móveis, malhas e confecções, vinícola e construção civil para a venda de produtos a preços de fábrica. Atração à parte é a gastronomia oferecida no Parque de Exposições, onde a feira se realizará nos finais de semana até 18 de julho. O Galito é o personagem promocional da feira, sem cobrança de ingresso nem estacionamento.

Crise de mão de obra qualificada

A maior do paísIntercâmbio em TI

Conscientização Teatro empresarial

Feira agrícola

Rádio hoteleira

Expansão

Primeira filialFeira de compras

A América Latina programou três pales-tras para a próxima semana. Na terça-feira, 22, o professor Bruno Henz Biazetto falará sobre Dile-mas e oportunidades do mundo globalizado no sé-culo XXI. Na quinta-feira, 24, serão abordados os temas O novo mundo e as fronteira do ‘terroir’ pela professora Tatiana Zismann e Sucessão em empre-sas familiares por Ivandro Polidoro. As palestras têm início programado para às 19h30.

O secretário de Estado da Justiça e do Desenvolvimento Social, Fernando Schüller, será o palestrante da reunião-almoço de segunda-feira (21), da Câmara de Indústria, Comércio e Servi-ços de Caxias do Sul. Abordará o tema Rio Gran-de do Sul: a modernização necessária. O encontro também será em homenagem aos 40 anos da Pro-lar Imóveis.

Curtas

19 a 25 de junho de 2010 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

A Microempa (Associação das Empresas de Pequeno Porte da Região Nordeste do Rio Grande do Sul) recebe até 18 de agosto inscrições para o Troféu Empreende-dorismo Feminino. A ação busca incentivar, valorizar e destacar as empresárias que atuam em organizações da Região Nordeste do Estado. As inscrições são abertas para mulheres que têm uma história de empreendedoris-mo, luta e dedicação à frente de suas empresas. A premia-ção é dividida em quatro ca-

tegorias: indústria, comércio, serviços e cooperativas ou associações. A coordenado-ra do projeto, Vanice Dani (foto), argumenta que a rea-lização também reconhece o profissionalismo da mulher empreendedora. Um estu-do do Sebrae revela que as mulheres empreendem mais do que os homens e o fazem como forma de fugir da dis-criminação salarial. Dados do IBGE de março deste ano mostram que as mulheres re-cebem, em média, 30% me-nos do que os homens.

Empreendedorismo feminino

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a infância e juventude de parte dos meninos que nasceram antes da era da internet rápida, um futebol diferente era muito praticado. Os meiões e as chuteiras permaneciam guardados no armário, junto com a camiseta do clu-be do coração, enquanto times com-postos por pequenos jogadores eram retirados de caixas. Na maioria das ve-zes eram botões de plástico, chamados de panelinha, que faziam a diversão da gurizada. As pessoas que levavam o en-tretenimento mais a sério compravam os botões puxadores, vendidos indivi-dualmente em tamanho, altura e peso diferentes. Como campo bastava uma mesa lisa de madeira que permitisse aos botões deslizarem. Alguns mode-los bem simples podiam ser compra-dos até em supermercados. Parte das regras era estipulada pelos próprios jogadores como, por exemplo, o limi-te permitido de toques na bola. Mas o objetivo sempre era e continua sendo o mesmo: fazer o gol.

Alçado à condição de esporte, com federações e regras bem delimitadas, o então futebol de botão deixou de ser mera diversão de adolescentes e, ofi-cialmente, passou a ser chamado de fu-tebol de mesa. Em Caxias, um pequeno grupo formado por cerca de 25 pessoas mantém viva essa paixão e leva adian-te uma cultura que poderia ter sido perdida pela falta de novos adeptos. Em uma sala junto ao Ginásio Vasco da Gama, Daniel Maciel, sentado em frente a uma escrivaninha, manuseia os registros históricos da Associação Futebol de Mesa Caxias do Sul, da qual é presidente. “Temos guardada aqui a matéria que saiu no jornal quando foi fundada a associação ainda com o

nome de Liga Caxiense de Futebol de Mesa em 1965”, recorda.

Ao longo da sala comprida que abri-ga a sede estão dispostas 11 mesas para a prática do esporte. As que não estão sendo usadas ficam cobertas com plás-tico bolha para protegê-las do pó. É importante que as mesas estejam sem-pre bem limpas e lisas para que os bo-tões possam deslizar. Próximo das 21h da última terça-feira vários associados disputavam partidas amistosas. Apesar de serem concorrentes entre si é notá-vel o clima de camaradagem.

A sede da associação funcio-na quase como um segundo lar para Mário Vargas. Com 25 anos de idade, é um dos mais jovens membros da en-tidade. Do interior de um estojo preto, cuidadosamente ele retira o seu time de botões, um a um, e coloca-os sobre a mesa. “O jogo nem é tanto na bola. Não há a necessidade de acertá-la”, diz, enquanto realiza algumas tentativas de chute a gol. Essas pequenas preciosi-dades de acrílico foram fabricadas em Porto Alegre, e um time completo cus-ta, em média, R$ 300. No mesmo mo-mento em que fala sobre o esporte, ele parece esquecer de tudo o que acontece fora daquelas quatro paredes. “Existe uma estratégia de jogo. A parte técnica e a psicológica são muito importantes”, continua, após acertar um gol.

Sócio desde 2005, Mário explica que no seu primeiro ano praticava todos os dias. A persistência lhe rendeu frutos e títulos. Naquele ano foi campeão da segunda divisão do Campeonato Ca-xiense. Nos seguintes, já na categoria principal, acumulou três vice-campe-onatos e um terceiro lugar. Outro títu-lo importante foi a conquista da Taça APFM 2010, em maio, em Pelotas. “Atualmente sou o primeiro colocado

do ranking interno”, completa ele, com uma feição alegre e zombeteira dire-cionada aos mais experientes.

Quando não está em casa ou no trabalho, a possibilidade de encontrar Mário na associação é imensa. “Posso dizer que o esporte é um vício para mim. Sempre que tenho tempo livre venho para cá”, diz. Junto dele, Alexan-dre Prezzi explica algumas regras do jogo. “Cada jogador só pode dar um toque na bola. Quando ela estiver no campo defensivo do adversário você pode pedir para chutar a gol”, conta, simulando a movimentação na mesa.

Existem algumas exceções em que se pode efetuar dois toques seguidos. Entre elas, quando a bola sai pela li-nha lateral, quando um jogador atinge o adversário antes de tocar na bola ou quando a pequena pelota bate no cor-po do técnico, denominação da pessoa que comanda o time. Conforme o re-gulamento, as partidas são compostas por dois tempos de 25 minutos e o jo-gador tem 15 segundos para efetuar a sua jogada. Com alguns anos a mais de experiência do que Mário, Alexandre participa da associação desde 1999. O futebol de mesa é a sua principal diver-são quando não está nas aulas do curso de Ciências da Computação.

Em uma mesa ao lado, Daniel Pi-zzamiglio, 32 anos, termina sua última partida da noite. Sua maior conquista foi o título do Campeonato Estadual em 2008. Associado desde 1999, Daniel conheceu o esporte bem mais cedo por meio do pai, Luiz Ernesto. “Atualmente jogo pouco. Venho de duas a três vezes por semana.” Para ele, um bom jogador precisa ter qualidades técnicas, calma e perseverança. “O cara tenso não ganha uma partida”, completa. Ao seu redor estão Luciano Carraro, atual campeão da Copa Caxias, e Daniel Crosa, que

joga com as regras oficiais desde 1977. Já passam das 22h e, finalmente, to-dos os botões são guardados e as luzes apagadas. As mesas terão descanso até quinta, quando todos se reunirão no-vamente no último encontro antes do campeonato que se inicia no sábado.

Para comemorar seus 45 anos de atividades, a Associação sedia nes-te final de semana os Jogos Abertos de Futebol de Mesa. O presidente Daniel Maciel conta que o principal objetivo é homenagear as pessoas que elevaram o esporte ao status em que se encon-tra hoje. “Acredito que todos os pre-sidentes estarão presentes, inclusive o primeiro, Adauto Celso Sambaquy.” Este é um personagem importante na história do esporte em Caxias do Sul e no Brasil: foi um dos responsáveis por uniformizar as regras do futebol de mesa no País. Aos 73 anos, ele lembra que a associação foi criada porque a Federação Gaúcha não “amparava clu-bes individuais” que existiam na época, e os seus jogadores não podiam dispu-tar as competições estaduais.

Atualmente morando em Balneário Camboriú, Sambaquy conta que a ori-gem da atual regra brasileira nasceu da necessidade de padronizar o esporte e possibilitar jogos entre competidores de diversos estados. “Em 1965 fun-damos a Liga Caxiense de Futebol de Mesa sob as regras gaúchas. Disputa-mos o primeiro estadual e ficamos com o vice-campeonato. Em 1966, com o primeiro aniversário, fizemos um tor-neio com participantes de algumas ci-dades do Estado e convidamos associa-ções da Bahia. Elas trouxeram consigo a regra baiana, com os botões padro-nizados e a mesa do tamanho atual. A partir daí pegamos o bom de cada uma e fizemos a regra nacional”, explica.

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www.ocaxiense.com.br 519 a 25 de junho de 2010 O Caxiense

Um organizado grupo de praticantes cultiva a tradição do futebol de botão, que poderia ter sido esquecida por falta de novos adeptos

Atletas na mesa

CraquEs dEaCríliCoA Associação de Futebol de Mesa Caxias do Sul comemora, aos 45 anos, o prazer de manter viva uma paixão da infância

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6 19 a 25 de junho de 2010 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

por José Eduardo [email protected]

raticamente todas as civilizações da história da humanidade se formaram próximas a grandes mananciais de água doce. E isso se deve a um simples motivo: sem ela, toda a vida na terra não seria possível. Na sua concepção mais bruta, a água é estritamente ne-cessária para matar a sede e hidratar o corpo. Mas também é indispensável o seu uso para desenvolver a agricultura e a indústria. A grande questão é que, quanto mais se desenvolver a popula-ção em torno de um manancial, mais água será necessário para abastecê-la. Em grandes centros urbanos como Ca-xias, o sinal amarelo de atenção já foi

acionado. O uso crescente, impulsio-nado pelo crescimento demográfico, gera prognósticos preocupantes. Con-forme o diretor de Recursos Hídricos do Samae, Gerson Panarotto, neste ritmo de aumento populacional, em 2012 Caxias teria de fazer racionamen-to caso já não tivesse se antecipado ao problema – o que, felizmente, fez.

Essa previsão foi constituída com base em alguns números bem objeti-vos. Até 1980, havia em Caxias do Sul 48,7 mil economias (residências, co-mércios ou empresas) abastecidas. Em 2010, são 154 mil. O consumo de água triplicou em três décadas. As represas Faxinal, Maestra, Samuara e Dal Bó estão praticamente operando em sua capacidade máxima. Foi por isso que

o governo federal emprestou, via Pro-grama de Aceleração de Crescimento (PAC), R$ 104 milhões para a constru-ção da barragem que irá capturar água do arroio Marrecas. A obra, iniciada este ano, deve ficar pronta até o final de 2011. A prefeitura entrou com contra-partida de R$ 56 milhões.

Conforme Panarotto, com o represa-mento das águas do arroio Marrecas, o problema da água na cidade seria re-solvido por pelo menos 25 anos, tempo em que o aumento da população exi-giria novas fontes de captação. “Nossa previsão é que o Marrecas atenda pelo menos 250 mil pessoas”, adianta. Ou-tras opções de recursos hídricos que a cidade ainda dispõe são os arroios Mu-lada e Sepultura, e o rio Piaí.

Muitos são os dados que com-provam o aumento populacional na cidade e, com ele, o aumento da de-manda de água. Conforme os números da Secretaria de Urbanismo, 709 novos projetos de construção foram aprova-dos de janeiro até maio, entre residên-cias, comércios, indústrias e locações institucionais. Contabilizado em área, esse total chega perto de 480 mil me-tros quadrados, algo próximo a 75 campos de futebol. O Samae informa que todos os dias são feitas 15 novas instalações de água – uma a cada 30 minutos do horário de expediente da autarquia.

Independentemente da questão mi-gratória, Panarotto conta que o abas-tecimento da cidade está sob controle.

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A Barragem do Faxinal, assim como as represas da Maestra, Samuara e Dal Bó, já opera no limite de sua capacidade

Infraestrutura indispensável

a sEdE doProGrEsso Crescimento populacional acelera

cada vez mais a expansão da rede de abastecimento em Caxias

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“Toda a área urbana está sendo aten-dida. Há algumas pausas no abaste-cimento apenas por questões tempo-rárias de reformas. A represa Faxinal atende a 70 % da população, mas está chegando ao seu limite de retirada de água. A barragem Marrecas vem para suprir essa demanda futura”, tranquili-za. Nas áreas rurais – cerca de 92% do território do município, e que se en-contram apenas 7% da população –, as residências são abastecidas com a cap-tação direta das vertentes e nascentes, ou através de poços artesianos, feitos em parceria entre o Samae e a Secreta-ria de Agricultura.

Apesar de as medidas para garantir o abastecimento em Caxias já estarem sendo tomadas, Panarotto salienta que é indispensável o consumo consciente e o reaproveitamento da água. “Alguns dos novos projetos prediais já preveem o uso de cisternas, que captam a água das calhas, destinada para a lavagem de carros, calçadas e jardim. É importan-te o reaproveitamento da água. Nosso grande vilão é o desperdício”, afirma. Entretanto, a cultura do caxiense, mar-cada pelo trabalho intenso, não dá muito espaço para perdas desnecessá-rias. A média do consumo caseiro não chega a atingir 10 metros cúbicos por mês, valor inferior ao índice nacional. Outro recurso de economia de água que está sendo realizado pelo Samae é o Programa de Perdas. Ele visa encon-trar, identificar e restaurar redes com problemas de vazamento.

Acessível a todos ao abrir uma

torneira, a água muitas vezes atinge altos valores na conta mensal devido à manutenção do sistema de abasteci-mento. Parte do custo está na energia elétrica. “Como as barragens ficam em uma região mais baixa que a cidade, a água precisa ser bombeada. Nos horá-rios de pico, das 18h às 21h, o preço é mais caro. Gastamos cerca de R$ 10 milhões por ano com energia elétrica. Uma alternativa são os Centros de Ar-mazenagem, que mantêm a água tra-tada na cidade. Assim é possível ativar um número menor de bombas”, expli-ca Panarotto.

Outra despesa relacionada ao abaste-cimento, e paga individualmente pelo usuário, é a obtenção do hidrômetro.

Para sua instalação, o Samae precisa ligar a rede pública à entrada particu-lar. O fator que torna esta operação um pouco mais complicada e cara é que a rede normalmente está instalada sob as ruas, muitas vezes a mais de um metro de profundidade. Para isso, é neces-sário interromper temporariamente o fluxo da via, para que os operários pos-sam abrir uma vala e fazer a conexão. O valor final desse trabalho depende do tipo do calçamento da rua e da me-tragem aberta.

Neste momento entra em ação o fis-cal de ligação de água José Carlos de Cândido, que, com seus 35 anos de ex-periência no Samae, sabe com precisão onde se encontra boa parte dos canos dos 1.400 quilômetros de extensão da rede da Caxias do Sul – pouco mais que a distância em linha reta entre São Paulo (SP) e o Chuí (RS). Sob sua su-pervisão, os operários de empresa ter-ceirizada JK Ferreira realizam diversas novas instalações.

Na última quarta (16), a equipe de quatro homens liderada por Paulo Éverton Leicini realizou mais uma li-gação no bairro Kayser. Pelo fato de ser uma rua com pouco movimento e calçada com pedra, e não asfalto, o tra-balho foi feito rapidamente. Em pouco mais de duas horas, a mangueira que leva a água da rede pública para o hi-drômetro particular foi conectada e o calçamento da rua foi restabelecido. “Essa instalação foi tranquila”, avaliou José Carlos.

A conclusão de mais uma obra não significa descanso para esses operá-rios. Esta foi apenas a primeira instala-ção do dia. Para Leicini, porém, novas instalações significam mais trabalhos e, por consequência, uma renda maior no final do mês. Todos recebem por empreitada.

Apenas um fator é capaz de deixar esses homens parados e criar um novo acúmulo de serviços. As poucas gotas que caíam enquanto a equipe finali-zava o calçamento intensificaram-se, transformando-se em uma chuva fria. Assim, todos os operários da JK Fer-reira, juntamente com o experiente fiscal José Carlos, tiveram de aguardar até que a água parasse de cair do céu para que pudessem voltar a distribuí-la a partir por terra.

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Sistema Marrecas, em construção, deve assegurar abastecimento por 25 anos

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por CíNtia [email protected]

uando criança, Maria Lourdes Diligen-ti Comerlato ficava na primeira fila do Cine Operário Galópolis, com seu ca-chorro Pretinho ao lado, e arregalava os olhos diante da enorme tela à sua frente. “Não perdia um filme!” De pro-priedade do seu pai, Victório Diligenti, o cinema do então distrito de Caxias do Sul era ponto certo para diversão dos moradores.

Simples operário do Lanifício São Pedro, mas de espírito empreendedor, Victório abriu em Galópolis áreas de lazer como um campo de futebol – “feito à base de carrinho de mão”, diz a filha – e até um ringue de boxe. Um dia, tomou coragem e pediu dinheiro emprestado a um amigo. Queria reali-zar um sonho.

Assim nasceu, em 1929, a primeira estrutura do cinema de Galópolis. De madeira, tinha dois andares e cama-rotes laterais. No primeiro, o assoalho era plano, e cadeiras de palha faziam as vezes de assentos para os espectadores. Na porta, vendia-se balas e doces. Uma abertura em forma de meia lua na pa-rede, com grades, constituía a bilhete-ria, com ingressos para as sessões das terças-feiras, sábados e domingos. O segundo abrigava a cabine de projeção, de onde a magia se lançava à tela.

“Já assistiu ao filme Cinema Para-diso? Então, era bem aquilo mesmo”, descreve Lourdes, 74 anos, referindo-se à famoso obra de Giuseppe Torna-tore. A paixão pela sétima arte era o que movia o Cine Operário, que era parceiro de outros cinemas da cidade, como o Central e o Guarany, na com-pra de rolos de filmes. Assim, exibia obras americanas, italianas, francesas e brasileiras. Lendas do cinema tiveram o rosto projetado em Galópolis.

Sem uma data precisa, o que era de madeira foi dando espaço à alvena-ria. Uma reforma que durou anos, feita

aos poucos, construiu ao redor do sa-lão de tábuas uma estrutura de mate-rial. Somente quando ela ficou pronta o antigo prédio foi derrubado, tudo para não deixar nenhum fã de cinema na mão. As cadeiras de palha deram espaço a poltronas de madeira, o asso-alho ganhou inclinação para melhorar a visibilidade e os camarotes foram ex-tintos. Um mezanino foi erguido pró-ximo à cabine de projeção, que recebeu dois novos aparelhos. A tela foi trocada para uma panorâmica.

Hoje em dia, pouco resta além das lembranças. A cortina empoeirada que cobre o palco revela, ao ser aberta, uma enorme tela rasgada. Atrás dela, entu-lhos. Cadeiras e escadas amontoam-se. Algumas das poltronas de madeira continuam lá, encostadas nas paredes. Um objeto que remete ao presente é um relógio branco e redondo que mar-ca a hora correta, pendurado no meza-nino desnivelado.

No início deste ano, o antigo cine-ma foi cenário para o documentário Al Cinema, de Lissandro Stallivieri, da Spaghetti Filmes. Nele, o italiano Gianfranco Sinico conta sua história relacionada a um cinema na Itália que já não existe. Nada mais adequado que filmar em uma sala abandonada.

De acordo com o padre João Ro-berto Masiero, pároco da comunidade desde fevereiro deste ano, o cinema hoje é utilizado para aulas de violão ou reuniões. “A estrutura está péssima, o assoalho, comprometido. Mais que grupos de 10, 15 pessoas, não pode.”

No andar de cima, um tesouro é res-guardado pela pesada porta de ferro da antiga sala de projeção. São relíquias dos tempos de ouro do cinema: proje-tores, toca-discos, negativos de filmes, uma estante com diversos LPs amon-toados, microfone, autorizações para projeção de filmes. A janela é tapada por um armário, por conta de tentati-vas de roubo. Ao dar uma espiada pela porta, cuja fresta aberta trazia breve iluminação ao quarto sem luz elétri-

ca, padre João foi categórico: “só serve para museu”.

No início da tarde de terça-feira (15), Maine Rosa Comerlato – que não é parente de Lourdes – aguardava do-ações de alimentos para posterior dis-tribuição a pessoas carentes. Com 61 anos, ela lembra da infância passada naquele espaço hoje reservado ao uso de pessoas relacionadas à Mitra Dioce-sana, proprietária do Cine desde 1967. “Sempre ia assistir, mas com a chegada da televisão o cinema foi morrendo”, recorda.

Esse é um dos mo-tivos apontados por Lourdes para que o negócio do pai não te-nha durado mais mui-to tempo. “Foi a crise mundial do cinema.” Outro razão foi, se-gundo ela, uma perse-guição promovida pela Igreja. A projeção de filmes com beijos, por exemplo, causou a ira das autoridades eclesiásticas da região. Diziam que o Cine Operário era a casa do diabo. “O padre na época conven-ceu o bispo que tinha que fechar”, diz Lourdes. Ironicamente, foram eles que adquiriram o cinema. “Aí não tinha mais Satanás nem diabo”, ri Lourdes.

Com essa compra, Victório Diligenti passou a ser gerente do antigo negócio, até adoecer. Quando ele morreu, a ge-rência passou para o antigo projecio-nista. E, em 1983, por ordem do bispo Dom Benedito Zorzi, o Cine Operário fechou as portas definitivamente. De acordo com o contador do cinema na época, João Nicoletti, a casa dava pre-juízo. Essa constatação, porém, ren-deu-lhe alguma hostilidade e críticas entre a comunidade. Nicoletti fizera um estudo de quantos ingressos o ci-nema tinha que vender por sessão para equilibrar as contas. E desse cálculo fez-se o fim. “Ele era economicamente

inviável. Criticar é fácil, mas faz parte. Só se joga pedra em árvore que dá fru-to. Quem reclama devia pegar e abrir um cinema pra ver como é”, desabafa Nicoletti, salientando que as divergên-cias do passado já não o incomodam. “Foi há muito tempo.”

Lourdes Comerlato já pensou em escrever um livro contando a his-tória do Cine Operário Galópolis, esti-mulada pela filha. Tem fotos guardadas e um programa do Festival de Inaugu-

ração do Palco, quando da reforma do cinema, datado de 9 de agosto de 1947. E tem, prin-cipalmente, as grandes recordações, reavivadas em jantas mensais com amigas que comparti-lham suas lembranças do cinema.

Lourdes ainda ri das molecagens dos jovens, como jogar chiclete do mezanino em quem es-tava no primeiro andar.

Esse mesmo lugar servia de refúgio aos casais, que aproveitavam o escurinho do cinema para seus beijos apaixona-dos. Isso até que algum problema com o filme acontecesse, o que provocava o acendimento das luzes e, consequen-temente, muitas bochechas vermelhas de vergonha. O romance estava sem-pre em cartaz. Dois alto-falantes posi-cionados na entrada do cinema eram usados para declarações e dedicatórias de amor.

Essas e outras memórias mantêm a aura do cinema de rua de Galópolis. Lourdes quer deixar a tristeza do fim para trás. “Teve muita alegria, muita diversão. Isso que deve ser lembrado”, afirma, para completar, emocionada: “Assim aproveito para matar a saudade do meu pai”. E, claro, daquele tempo em que o cinema deslumbrava, en-cantava. Era mesmo uma máquina de sonhos.

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Prédio do antigo Cine Operário, hoje pertencente à Mitra Diocesana, ainda abriga autorizações de exibição de filmes, LPs e projetores

Cenas inesquecíveis

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Interior de Caxias do Sul já teve o seu próprio Cinema Paradiso

“Já assistiu ao filme Cinema Paradiso? Então, era bem aquilo mesmo”, descreve Lourdes, neta do fundador do Cine Operário

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por rodriGo loPEs

ãs do filme da moda de quem gosta de moda, Sex and the City 2, podem não perceber, mas além de vestidos de grife internacional, como Balenciaga, Dior, Ralph Lauren e Gucci, a prota-gonista Carrie Bradshaw (Sarah Jessica Parker) também veste peças de preços populares, daquelas encontradas em grandes magazines. São da rede espa-nhola Zara, por exemplo, alguns dos itens desfilados pela personagem em suas andanças pelo deserto ao lado das companheiras Miranda, Charlotte e Samantha. O que isso significa? Que a produção de figurino do filme, atual-mente em cartaz nos cinemas, também voltou seus radares para o chamado fast fashion.

Em uma tradução livre, trata-se da moda para consumo rápido, de preço mais acessível e com inspiração na-quilo que é apresentado originalmen-te nas passarelas de grife e definido pelos grandes estilistas como tendên-cia. Também pode surgir a partir da disseminação por novelas, filmes e celebridades. Independentemente da fonte inspiradora, porém, o sistema fast-fashion pede coleções compactas, modelos novos o tempo todo nas vitri-nes e olho vivo para retirar das araras tudo aquilo que encalha e repor o que vende. Das empresas, requer agilidade, conhecimento do mercado e estoques enxutos, nem sempre com todas as nu-merações disponíveis. O segredo está em conquistar – e fidelizar – os consu-midores com peças adaptadas ao orça-mento e passíveis de compra imediata.

A pedagoga caxiense Leonor Santa-rém, 37 anos, é um exemplo do consu-midor-alvo do fast-fashion. No último final de semana, deixou um shopping local com duas sacolas recheadas de roupas e acessórios, incluindo bolsa, dois cintos, um cachecol, um par de

botas e três blusas de malha. “Sempre tem uma novidade, com um preço em conta. Não tem como sair dessas gran-des lojas de mãos abanando”, comenta ela, que no mínimo duas vezes por mês faz uma visita ao magazine em ques-tão. A “novidade” citada por Leonor é a ponta de todo um trabalho envolvendo equipes de pesquisa, consultoria, adap-tação, fabricação e, principalmente, barateamento do que estará à disposi-ção do público no mês, ou melhor, na semana seguinte. Rapidez, tanto para lojistas quanto para clientes, é funda-mental nesse processo.

Em Caxias do Sul, a confirmação de chegada da grife Luigi Bertolli ao San Pelegrino Shopping Mall e o pos-sível desembarque da Zara como uma das âncoras do empreendimento são um indicativo da demanda local por esse recente filão de consumo entre as grandes cadeias do varejo de moda. As duas devem somar-se ao time de gigantes do fast fashion instalado na cidade nos últimos 10 anos: Renner, Marisa, C&A, Hering e, a mais recente delas, Riachuelo, que debutou no Igua-temi em 22 de abril.

Destaque entre as grandes redes bra-sileiras que aderiram ao fast fashion, a Riachuelo pesquisa, desenvolve, fabri-ca e distribui moda para todo o Bra-sil – são 112 lojas no país. A agilidade na produção e no repasse das coleções (três por ano) garante a rapidez na di-vulgação de novas tendências e a gera-ção de valor agregado para cada uma delas. O diferencial, segundo o depar-tamento de marketing da empresa, é a integração com o Guararapes, maior grupo de confecção de roupas da Amé-rica Latina.

O Guararapes possui duas fábricas, uma em Natal (RN), que produz ma-lharia e tecido plano (de trama sim-ples), empregando 14 mil funcioná-

rios, e outra em Fortaleza (CE), que faz jeans e sarja, empregando 8 mil funcionários – e toda essa produção é comercializada pela rede.

Desde 2007, o departamento de es-tilo da Riachuelo faz parte da meto-dologia e dos processos criados para o atendimento a todos os fornecedores. A grande função dele é conciliar o que o varejo pede no momento com aqui-lo que a fábrica pode oferecer. Para garantir o sucesso de uma coleção, o processo é iniciado de seis meses a um ano antes de o produto estar nas lojas. O trabalho engloba pesquisas sobre as últimas tendências e temas em desfiles nacionais e internacionais, definição da cartela de cores, das peças mais im-portantes da coleção e das atitudes que estão ligadas a ela. Dessa forma, tudo o que é criado é feito para ser usado no dia a dia e respeitando tendências, mas levando em conta a realidade dos con-sumidores e do país.

A designer de moda Fabrícia Costa-nello, 29 anos, conhece bem essa situ-ação. Há três anos em Caxias do Sul, depois de uma temporada de estudos em Barcelona, na Espanha, ela reco-nhece o fast fashion de longe. “É uma realidade no mundo inteiro, não há como ficar indiferente. Se você passar férias na Europa durante uma estação, quando voltar vai enxergar por aqui muito daquilo que eles usaram seis meses, um ano atrás, com as devidas adaptações. Alguns se inspiram, outros copiam mesmo”, compara.

A padronização do estilo pa-rece ficar em segundo plano quando entram em cena os números. Uma das oito marcas integrantes do grupo Inditex, a Zara chegou ao Brasil em 1999. Dez anos depois, tem 25 unida-des espalhadas pelo país. No mundo, o Inditex conta hoje com 4.280 estabe-lecimentos em 73 países. Em 2008, o

faturamento chegou a 10,4 bilhões de euros, colocando a marca na posição de líder mundial em fast fashion. Não por acaso, muitas de suas companhei-ras de varejo turbinam os investimen-tos pelo Brasil.

Confirmada como uma das ânco-ras do San Pelegrino Shopping Mall, ao lado das Lojas Americanas e do Supermercado Nacional, a rede Luigi Bertolli está focada na moda casual e urbana, dando conta dos públicos fe-minino e masculino. Assim como a Riachuelo, está integrada a um gran-de grupo empresarial, o GEP, que re-úne 28 lojas próprias, localizadas nas cidades de São Paulo, Campinas (SP), Florianópolis, Santo André (SP), Porto Alegre, Curitiba, Brasília, Belo Hori-zonte e Salvador.

A unidade em Caxias do Sul, que deve abrir juntamente com a inaugu-ração do San Pelegrino, prevista para 30 de setembro, será a terceira no Es-tado e a primeira no interior – atual-mente, o grupo possui duas lojas em Porto Alegre, nos shoppings Praia de Belas e Barra Shopping Sul. Já a Zara está cotada para ser a possível quarta âncora do shopping, apesar de não es-tar oficialmente confirmada nem pela marca, nem pela direção do empreen-dimento. Se fincar bandeira na cidade, deve não apenas fomentar o conceito fast como fazer coro ao que propõe a aclamada consultora de moda Patricia Field, de Sex and the City e O Diabo Veste Prada: “Por que é preciso ficar só com roupas de estilistas? Gosto de misturar grandes assinaturas com rou-pas de varejo da H&M e Topshop, e a Zara é uma das que mais uso para esta segunda parte do filme”, revelou à épo-ca de lançamento do filme nos Estados Unidos.

Fãs de Carrie e consumidoras dos grandes magazines populares, com certeza, assinam embaixo.

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Tendências comerciais

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Tendências comerciais

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Chegada de grandes magazines ao Iguatemi e ao San Pelegrino Shopping Mall coloca Caxias do Sul na rota do fast fashion

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10 19 a 25 de junho de 2010 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

por GraZiEla [email protected]

s regras para ser candidato nas elei-ções de outubro deste ano mudaram. Estão mais rigorosas. A aprovação da lei complementar nº 135, de 4 de junho de 2010, instituiu um novo filtro para afastar da disputa candidatos condena-dos judicialmente por órgão colegiado, ou seja, em segunda instância. Até o pleito passado só não podia concorrer quem tivesse condenação transitada em julgado (aquela em que se esgotam as possibilidades de recurso).

A lista de condenações vetadas para possíveis candidatos inclui desde cri-mes contra o meio ambiente e o patri-mônio público até os praticados por motivo de racismo. Candidatos que tenham sido condenados por ter agido de má fé contra a economia popular, contra o sistema financeiro e a saúde pública também estão incluídos. Sem contar os crimes mais graves, como la-vagem de dinheiro, tráfico de drogas,

estupro, assassinato ou formação de quadrilha.

O candidato que tenha sido consi-derado culpado em segunda instância em qualquer um desses crimes citados pode até recorrer da decisão, em uma tentativa de garantir a vaga no pleito. Mas ele só conseguirá concorrer se ob-tiver uma liminar por órgão colegiado em terceira instância, o que deve acon-tecer apenas se houver sinais evidentes de inocência.

Também pela nova regra, esse tipo

de recurso receberá atenção especial. Será julgado em regime de urgência, fi-cando atrás apenas dos casos de habeas corpus e mandados de segurança. Com isso, pode haver uma sentença final an-tes mesmo da eleição ou da posse do candidato eleito, impedindo-o de assu-mir em caso de culpa. Se ele já tiver as-sumido, a pena é a perda do mandato.

A mudança não deve afetar di-retamente as candidaturas de políticos de Caxias do Sul. Ao menos por en-quanto, não há pré-candidatos da cida-de condenados em segunda instância nos crimes previstos pela lei da Ficha Limpa. Mas o deputado federal Pepe Vargas (PT), que irá concorrer nova-mente ao cargo, lembra que o novo re-gramento acabará atingindo também os eleitores caxienses, já que os deputa-dos e senadores eleitos legislam sobre todo o país e não apenas sobre a cidade onde nasceram.

Pepe, que participou dos debates no Congresso Nacional a respeito do

tema e votou favorável à lei, explica que antes os candidatos com pendên-cias sérias na Justiça podiam se eleger facilmente inúmeras vezes, sem impe-dimentos. “Os processos em terceira instância demoram para ser julgados, porque se acumula a demanda de todo o país. Um político com um bom advo-gado ia protelando o processo infinita-mente. Às vezes ele se elegia e reelegia sem nunca ter o processo julgado”, ex-plica.

“É uma lei mais dura para quem pre-

tende concorrer, o que eu acho abso-lutamente correto. Talvez seja uma das primeiras vezes na história do Brasil que o Congresso faz isso. Normal-mente, os deputados criam leis para se beneficiar”, acrescenta Pepe.

Os dois pré-candida-tos do PT à Assembleia Legislativa, vereador Marcos Daneluz e de-putada estadual Marisa Formolo, entendem que a lei poderia ter sido ainda mais rigorosa. Daneluz acredita que a mudança não deve mu-dar o comportamento dos políticos. “Os ho-mens sérios não serão atingidos porque con-tinuarão sendo sérios e os desonestos continuarão encontrando uma manei-ra de fazer sem-vergonhices.”

Na opinião de Marisa, seria neces-sário muito mais rigor para moralizar

a política. “Mais do que a ficha limpa, uma pessoa pública não deveria ter ficha nenhuma, porque os interesses públicos deveriam estar acima dos pes-soais para quem decide assumir uma vida pública. Mas, infelizmente, não é assim que acontece, e não é essa lei que vai mudar. É um começo, mas não é a solução.”

Ainda não está definido de que maneira a lei da Ficha Limpa será apli-cada. Por enquanto, o Tribunal Supe-

rior Eleitoral (TSE) anunciou que fará as regras valerem já para esse pleito e que estarão sujeitos a elas políticos considerados culpados em segunda instância antes e depois da aprovação

do projeto. Significa que políticos já conhe-cidos pelos brasileiros por envolvimento em casos de corrupção, como Paulo Maluf (PP-SP), condena-do por improbidade administrativa, e o ex-governador José Roberto Arruda, que renunciou ao mandato para evitar a cassação, ficariam de fora da disputa em 2010.

O deputado federal Ruy Pauletti (PSDB), que irá concor-rer à reeleição, considerou positivos os pronunciamentos do TSE. Assim como Pepe Vargas, ele também, parti-cipou das discussões em torno do pro-

jeto no Congresso e votou favorável a ele. “Só espero que os partidos agora acatem essa lei, sem tentar contestá-la judicialmente. Ela é importante para a política brasileira e também para a de-mocracia.”

Os Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) ainda aguardam pelas orien-tações oficiais do TSE, que deve emitir um documento aos órgãos respon-sáveis explicando os procedimentos da Justiça Eleitoral. “O que temos de concreto por enquanto é que a lei está

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mais dura. Mas, para termos segurança sobre como isso vai se dar na prática, precisamos aguardar alguns dias ainda para saber”, explica o chefe de cartório da Zona Eleitoral 169, de Caxias do Sul, Edson Borowski.

Ele adianta apenas que cada candi-dato deverá apresentar um documen-to chamado Certidão de Pé, fornecido pelas justiças estadual e federal. Nesse papel constará se existem processos contra o candidato e em que pé eles estão. “A análise da situação de cada candidato será feita a partir dessa cer-tidão.”

O vice-prefeito Alceu Barbosa Velho (PDT), pré-candidato a deputa-do estadual e advogado, diz que sem-pre defendeu o direito das pessoas de serem consideradas culpadas somente ao final do processo, quando não cabe mais nenhuma contestação de deci-sões. Mas no caso da Ficha Limpa ele concorda com a exceção.

Em seu perfil no Orkut, chegou a postar a frase “Ficha Limpa já, ficha suja nem pensar”. Ao jornal O CA-XIENSE, manteve a opinião: “O ho-mem público tem que ser exemplo de conduta. Ele não pode ser devedor, es-telionatário”.

Essa postura, aliás, é uma das poucas unanimidades dentro do PDT caxiense no momento. O partido vive dias tur-bulentos: além de Alceu, os vereadores Vinicius de Tomasi Ribeiro e Gustavo Toigo disputam internamente – ou nem tanto, já que Alceu tem usado ca-nais de internet como o Twitter para

alfinetar os companheiros – a possibi-lidade de participar da disputa para a Assembleia.

Toigo, que também é formado em Direito, concorda com Alceu sobre a presunção de inocência até a condena-ção em última instância, mas também defende que os políticos precisam de tratamento diferenciado. Ele acredita que a lei poderá forçar uma mudança dentro dos partidos. “Os partidos pre-cisarão ter um cuidado muito maior quando forem selecionar seus candi-

datos.” Vinicius avalia que regras como essa

expõem a realidade brasileira. “É uma pena ter que fazer uma lei para melho-rar a dignidade do polí-tico. O que deveria estar no dicionário da política virou virtude.”

O deputado estadual Kalil Sehbe Neto (PDT), que deve concorrer a deputado federal no próximo pleito e tem 21 anos de mandatos inin-terruptos, acredita que a lei servirá para que os eleitores conheçam me-lhor as pessoas em quem votam. “Acho excelente a mudança, porque sepa-ra o joio do trigo e começa a valorizar os aptos a serem candidatos, pois são aqueles que não têm nada abalando sua conduta moral e judicial.”

O único caso em Caxias do Sul que pode ter alguma repercussão de-vido à mudança legal é o do vereador Mauro Pereira (PMDB), que pretende concorrer a uma vaga na Câmara de Deputados. O pré-candidato responde a um processo de improbidade admi-nistrativa por ter autorizado a execu-ção de obras em uma estrada da lo-calidade do Juá, em São Francisco de Paula, quando era secretário municipal de Obras em Caxias.

Mauro autorizou as obras porque a estrada ficava na divisa com Caxias e era usada pelos caxienses que mora-

vam naquela região. Porém, foi denun-ciado pelo Ministério Público porque não poderia ter usado verba pública de um município em território de outro.

O vereador foi absolvido no julga-mento em primeira instância. O Mi-nistério Público recorreu, e o recurso aguarda apenas o despacho de um juiz local para ser remetido à segunda ins-tância, onde o processo será julgado por órgão colegiado, o que, em caso de condenação, poderia prejudicar o pré-candidato.

O promotor Adrio Rafael Pau-la Gelatti não acredita que o caso do Juá possa prejudicar Mauro, por dois motivos. Primeiro: dificilmente haverá

julgamento até 5 de julho (data final para os partidos registra-rem seus candidatos na Justiça Eleitoral). Segundo: mesmo que haja o julgamento, o promotor não está pedindo a inelegibili-dade do ex-secretário. “Eu peço apenas a declaração de ilegali-dade do ato praticado por ele e o pagamento de uma multa como sanção”, explica.

Gelatti diz que não solicitou a pena de inelegibilidade pois entende que a obra era de interesse público, embora fosse ilegal. “Precisamos ser razoáveis.Não posso ignorar o ato do ex-secre-tário, porque daqui a pouco vai estar todo mundo fazendo o que bem en-tende.” Mauro Pereira garante que não chegou a se assustar com a possibilida-de do impedimento de sua candidatu-ra. Ele não critica as novas regras para inscrição de candidatos. “O fato de eu responder a um processo judicial não tira a importância da lei. A lei existe e ao mesmo tempo existe a Justiça”.

Pré-candidata a deputada es-tadual pelo PMDB caxiense, Maria Helena Sartori interpreta que, embora os candidatos de Caxias não devam ser

atingidos pela lei da Ficha Limpa, no país podem ocorrer mudanças. “É um passo importante para um processo de moralização política e também de mu-dança da mentalidade dos eleitores que pensam que todo político é corrupto.”

Germano Rigotto, pré-candidato ao Senado pelo PMDB, vai um pou-co além. Para ele, a lei aprovada agora pode ser o começo de uma reforma po-lítica, objetivo que defende desde que era deputado.“É um passo importante, mas é apenas um. Precisamos ir além.

Tem que mudar o sistema de financia-mento das campanhas eleitorais; as su-plências no Senado devem ser revistas, pois há casos em que os suplentes são pessoas completamente desprepara-das, às vezes estão ali porque financia-ram a campanha do senador; tem que rever a representatividade dos estados no Congresso Nacional”, enumera.

Rigotto lembra que a mudança ocor-rida agora é resultado da mobilização da sociedade e da imprensa, que vem cobrando mais ética na política. O projeto de lei que deu origem à Ficha Limpa foi elaborado pelo Movimen-to de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), que entregou a proposta ao Congresso em setembro do ano passa-do já com uma sugestão de texto para a lei e 1,6 milhão de assinaturas. A pro-posta foi ganhando adesão e, quando aprovada pelo Senado, em 19 de maio deste ano, já tinha mais de 2 milhões de assinaturas.

A pré-candidata ao Senado pelo PC do B Abgail Pereira interpreta a aprovação da lei como uma grande vitória de quem leva a política a sério, mas também dos eleitores. “Ser hones-to é um princípio básico para qualquer cidadão. No caso dos políticos, isso de-veria ser ainda mais exigido, porque é o mínimo que se espera de alguém com a pretensão de representar a sociedade, ou pelo menos uma parte dela.”

Pré-candidato comunista a deputa-do estadual, Guiomar Vidor entende que o Ficha Limpa deve ser apenas um começo. “Essa lei veio tarde, mas

foi importante. Agora, precisamos de mobilização para finalmente fazer uma reforma política profunda no país.”

O vereador do PC do B Assis Melo, que pretende concorrer a deputado federal, diz que respeito ao eleitor de-veria ser a base de qualquer político. Mas também lembra do papel de quem vota. “O eleitor precisa conhecer o can-didato. Tem que procurar saber como ele trabalha, se é honesto ou não. A Justiça pode fazer uma parte. Mas o principal quem faz é o eleitor.”

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“A lei está mais dura. Como isso vai se dar na prática, precisamos aguardar ainda para saber”, diz Edson, do Cartório Eleitoral

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Acima (E para D): os comunistas Abgail Pereira, que concorre ao Senado, o verea-dor Assis Melo, a deputado federal, e Guiomar Vidor, a estadual; a petista Marisa Formolo, que busca reeleição à Assembleia Legislativa; o vereador peemedebista Mauro Pereira concorre a deputado federal; o tucano Ruy Pauletti quer renovar o mandato na Câmara; o petista Pepe Vargas, também atrás da reeleição como depu-tado federal; e o peemedebista Germano Rigotto, na disputa pelo Senado. Abaixo (E para D): o vice-prefeito Alceu Barbosa Velho, único confirmado pelo PDT local para concorrer à Assembleia; o vereador petista Marcos Daneluz vai a deputado estadu-al; o pedetista Kalil Sehbe Neto quer trocar a Assembleia pela Câmara; a primeira-dama Maria Helena Sartori tenta a Câmara; e os vereadores pedetistas Gustavo Toigo e Vinicius Ribeiro, que lutam para confirmar seus nomes à Assembleia

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por Valquíria [email protected]

oão Heitor espera na fila do lado de fora do banco para poder receber seu salário. A polícia aparece e, de todos que estão na fila, ele é o único a ser co-locado na parede, revistado e interro-gado sobre o que está fazendo lá.

Diógenes está num restaurante lota-do. É chamado por um senhor que lhe conta que seu carro havia sido roubado naquele dia. Em seguida, o homem lhe oferece R$ 5 mil para que diga o para-deiro do veículo.

Quando Juçara abre a porta do ga-binete onde trabalha, algumas pessoas não acreditam que ela é a assessora de uma deputada, e pedem para falar com o responsável do local.

Se foi fácil perceber o que essas três pessoas têm em comum, isso é preo-cupante. Simplesmente confirma que em Caxias do Sul há um preconceito velado: todo mundo sabe que existe, poucos falam abertamente, mas, em determinadas situações, ele aparece. João Heitor, Diógenes e Juçara são ne-gros. Negros que mesmo já tendo visto muita discriminação não têm medo de se dizerem negros, e até desprezam o termo “pardo”, palavra que só usam para se referir a papel. Negros que vi-vem numa cidade com a quinta maior população negra do Estado, mas que insiste na hegemonia da cultura italia-na. Negros que todos os dias sentem vontade de gritar “eu sou negro”, “esta cidade é formada por negros também”.

Enquanto os afrodescendentes de Caxias lutam para serem ouvidos, o restante da população prefere muitas vezes ignorá-los ou seguir reproduzin-do um antigo pensamento preconcei-tuoso.

“Eu não sou racista. Só não gosto de negro.”

A escravidão – apontada, de forma geral, como marco inicial do preconceito racial e da ideia de que os negros são inferiores no Brasil – não passou por Caxias. Quando os imi-grantes chegaram, Caxias era colônia, onde, por causa da Lei de Terras de 1850, não era permitido ter escravos. “Como já se vislumbrava que a escra-vidão ia aos poucos se encerrar, era necessário que a lógica dessas colônias destinadas a imigração não possuísse escravidão, e sim a mão de obra livre, que posteriormente auxiliasse o pro-cesso de industrialização”, explica o historiador Lucas Caregnato, autor de A outra face: afrodescendentes no município de Caxias do Sul 1900 a 1950, contemplado pelo Financiarte, que deve ser lançado na Feira do Livro.

O primeiros negros que aparecem em Caxias, segundo a historiadora da Universidade de Caxias do Sul (UCS) Loraine Slomp Giron, são negros fu-gidos, da região dos Campos de Cima da Serra e de Fazenda Souza, que pas-savam por aqui e tentavam se salvar. “Mas, como eram negros e chamavam muito a atenção, eles acabavam sendo presos e remetidos aos seus senhores. O maior número de negros vêm para cá depois da abolição, em 1888. Porque aqui era uma colônia que havia cres-cido, com muitas pequenas empresas,

precisando de mão de obra”, explica. Os negros vêm para Caxias para

trabalhar nas fábricas, nas serrarias e, principalmente, nas obras públicas, como na construção da estrada de fer-ro que ligou Porto Alegre a Caxias, no início do século 20. “Nas fotos de Do-mingos Mancuso se vê negros”, conta Loraine, autora de A presença negra na Serra Gaúcha – Subsídios. “Os li-vros sobre isso são escassos porque são tão poucos negros, e geralmente as mi-norias são esquecidas”, completa.

“Meu pai dizia que negro não presta-va, e passei anos dizendo que ele esta-va errado, que todo mundo era igual. Mas hoje eu penso a mesma coisa.”

A falta de bibliografia sobre o tema foi o que impulsionou Careg-nato a dar início ao livro. Com a pes-quisa, ele conta ter descoberto que os negros que chegaram em Caxias não se instalaram no Centro da cidade, mas em locais afastados: “Percebi a localização dos afrodescendentes nos primeiros núcleos de sub-habitação, o Beltrão de Queiroz (Zona do Cemi-tério) e o Complexo Jardelino Ramos (Burgo), desde a década de 1910. Ape-nas os imigrantes eram beneficiados com o recebimento de lotes e colônias, e aos negros cabiam os locais que so-bravam. Foi assim que se formaram os primeiros bairros periféricos da cida-de”, diz Caregnato.

Loraine sustenta que os italianos não tinham preconceito com os negros, porque os consideravam simplesmen-te seres sujeitos ao trabalho pesado, como eles. “Eram dois grupos, neri e coloni. Houve miscigenação muito grande entre italianos e negras, não entre italianas e negros. O preconceito inicia muitos anos depois, na medida em que começa a vir o enriquecimen-to. Enquanto está todo mundo pobre e colono é todo mundo igual. Depois, quando se dividem em pobres e ricos, o preconceito fica muito mais sério”, afirma a historiadora, ressaltando que o primeiro intendente (o que hoje se-ria o prefeito) eleito, José Cândido de Campos Júnior (1895-1902), era negro – até hoje, o único negro entre os 34 prefeitos da história de Caxias.

Segundo Caregnato, em Caxias, os negros sofriam com o racismo nos jornais da primeira metade do século XX. “Praticamente não existem afro-descendentes nos jornais de 1900 a 1950, mesmo sabendo que sempre houve presença de negros na cidade. Eram noticiados apenas em colunas policiais, com adjetivos pejorativos”, ressalta o historiador.

O movimento negro em Caxias surge em resposta a essa discriminação, com as associações negras, como o Clube das Margaridas, em 1933, que um ano depois se tornou o Clube Gaúcho. O espaço surgiu porque os negros eram proibidos de frequentar clubes tradi-cionais da cidade, como Juventude e Juvenil. “E no Gaúcho eles proibiam a entrada de brancos. Só com o tempo é que foi abrindo. Eu lembro que me criei dentro do clube, e quando a gente levava as primeiras pessoas brancas era muito estranho. Era uma pessoa bran-ca no meio de toda aquela negrada. Uma mosca no leite, mas ao contrário”,

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Brazil aponta raízes do racismo: “O processo de educação dentro de casa falhou”

Consciência social

PrECoNCEitodEsVEladoNa cidade com a 5ª maior população negra do Estado, a discriminação não pode mais ser ignorada. A hora é de combatê-la

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recorda a coordenadora estadual do Movimento Negro Unificado, Juçara de Quadros.

“No interior de Vila Ipê, nos anos 40, os brancos criaram uma música para cantar para os negros quando eles passavam. ‘Os negros não vão pro céu, nem que seja um rezador, porque têm muita catinga, perto de Deus nosso Senhor’.”

Analisando os censos da dé-cada de 20, 30 e 40, de acordo com Loraine, a população negra caxiense era de cerca de 2%. Hoje, a situação é muito diferente. Um artigo publicado por Marcelo Paixão, professor da Uni-versidade Federal do Rio de Janeiro, na revista Conexão Negra, em 2003, ex-põe as cidades gaúchas com maior po-pulação negra: Porto Alegre, Pelotas, Viamão, Alvorada e Caxias do Sul. A contagem da população negra abrange quem se autodeclarou preto e pardo no censo demográfico do IBGE de 2000. Caxias ocupa a quinta posição porque naquele ano havia 37.366 negros, o que correspondia a pouco mais de 10% da população da época, que era de 360.419

pessoas. Em todo o Rio Grande do Sul, eram 1,3 milhão de negros, e no Brasil, 37,3 milhões. Neste dado, vale ressaltar que 50% dos negros brasileiros eram enquadrados como pobres.

Para o professor da Faculdade da Serra Gaúcha (FSG) João Heitor Silva Macedo, a imigração italiana ainda é muito enfatizada na cidade, mas hoje se entende que Caxias é muito mais do que isso. “A presença de pessoas de cultura italiana hoje é menor do que qualquer outra etnia em Caxias. A po-pulação negra é bem expressiva. Mas é um número que a gente não conse-gue ver. A comunidade negra está na cidade, mas ela está muito aquém”, diz

Macedo. “Anulam que isso aqui é uma cidade que era um campo de bugres, e bugre é negro”, afirma Juçara, que se envolveu no movimento a partir da morte do líder comunitário negro José Maria Martins, pela Brigada Militar, no ano 2000. “Ele foi morto porque estava dirigindo uma Santana Quantum. Eles acharam que era rouba-da”, conta ela.

O preconceito em Caxias, onde, para João Heitor Macedo, a força da tradição europeia é muito mais relevante do que em qualquer outra parte do Estado, ainda é muito velado. “Há uma limitação de espaço. Na cabeça daquele policial que me parou na fila do banco, eu tenho o perfil de ser uma pessoa perigosa. Ele não ia dizer na minha frente ‘porque tu é negro’. Mas dentro do que ele apren-deu, o indivíduo suspeito não era o adolescente que estava do meu lado, por exemplo. Não se ouve um discurso xenofóbico na frente de todo mundo,

mas aparece nessas coisas.”Uma certa dificuldade em falar a pa-

lavra “negro”, e preferir a nomenclatura “afrodescendente”, ou o pejorativo “de cor”, também é problema de todo o Brasil, como afirma o professor. “Du-rante a Constituição de 1988 se rotu-lou isso, que quem usasse o termo pe-jorativo ‘negro’ poderia ser penalizado. Então até hoje as pessoas têm medo de falar isso. Mas eu não tenho qualquer problema que um dos meus colegas aqui me chame de negro. Quem é ne-gro se reconhece como negro”, diz.

“Era comum escutar crianças falando ao único menino negro na escola onde

eu estudava coisas do tipo ‘isso é bem coisa de negro mesmo’, ‘tem que ma-tar’, ‘se não tivesse negro, o Brasil ia pra frente’.”

“Não existe negro que não sofra preconceito. O elemento negro é es-

tranho fora do con-tinente africano. Ele vai ser sempre estran-geiro para o resto do mundo”, resume Sér-gio Ubirajara da Silva Rosa, presidente do Conselho Municipal da Comunidade Ne-gra (Comune).

Por lei, o racismo é crime, mas, segundo Sérgio Ubirajara, al-gumas ações, como as da polícia, que abor-dam um menino ne-

gro de uma forma diferente da aborda-gem a um menino branco, vão contra isso. “O Estado deveria ser o principal cumpridor da lei, mas vemos precon-ceito”, aponta. Atualmente, há quatro processos de racismo em andamento na cidade, segundo levantamento do

Fórum de Caxias.Diógenes Brazil, coordenador da

Coordenadoria da Promoção da Igual-dade Racial – também conhecido por Mestre Brazil, líder do grupo de ca-poeira Conquistador da Liberdade –, conta que quando sofreu a discrimina-ção no restaurante preferiu educar do que denunciar. “Depois que ele disse que me daria R$ 5 mil para eu dizer onde estava o carro, eu disse ‘está lo-tado de gente aqui, e casualmente o se-nhor me chamou, porque pensou que eu fosse um ladrão, ou que conheceria o ladrão?’. Daí ele percebeu o que tinha feito e começou a ficar com medo. Eu não quis denunciar, porque ele ia me

odiar e odiar toda a população afro-descendente. Mas dói saber que as pessoas pensam esse tipo de coisa”, diz Brazil, que acredita que a capoeira é o maior meio de integração que existe, pois brancos e negros jogam juntos. “Acreditamos que o processo de edu-cação dentro de casa falhou, por isso há preconceito. Nós estamos ainda aprendendo a sair do processo de es-cravidão. Tem pessoas negras que não entram em restaurantes porque acham que não sabem comer”, afirma ele.

Brazil discorre com facilidade sobre Nelson Mandela, o Apartheid, a escra-vidão no Brasil, os discursos da época da libertação dos escravos, quando “algumas pessoas até concordavam em abolir, mas não achavam que aquele era um bom momento”. De tão absur-da essa afirmação, Brazil chega a rir ao contá-la. Ele nem precisa pensar duas vezes ao citar suas referências negras: Paulo Paim, senador, Abdias Nasci-mento, defensor da população afrodes-cendente no Brasil, e Candinho, filho do líder da Revolta da Chibata, João Felisberto Cândido – que lutou pelo fim dos castigos aos negros na Mari-nha em 1910.

Mestre Brazil acredita que o precon-ceito pode ser facilmente mapeado em Caxias do Sul: “Tem aquela ideia de que o bairro da negrada é o Burgo, e o dos brancos, o Panazzolo, coisas as-sim”. Na cidade, a discriminação con-tra os negros, segundo ele, é 40% mal-dade e 60% ignorância. “A maldade é daqueles que impedem que os negros trabalhem, que os prejudicariam se pudessem. A ignorância é dos que não sabem, não se aproximam.” Mesmo assim, ele acha que Caxias já discrimi-nou muito mais: “Quando nasceu a co-ordenadoria, diziam que era ‘a negrada que queria um espaço público’. Hoje já somos aceitos”.

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Fotos de Domingos Mancuso, no início do século passado, são umas das poucas a registrar a presença dos negros (ao centro). Ao lado o intendente José Cândido de Campos Júnior

“Não existe negro que não sofra preconceito. O negro é estranho fora do continente africano. Vai ser sempre estrangeiro”,diz Sérgio

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Além de uma maior receptivida-de, o mestre de capoeira considera a aprovação da lei das cotas para o ser-viço público um marco. Desde que foi sancionada pelo prefeito José Ivo Sartori (PMDB), em 2005, a lei obriga que 10% das vagas de aprovados em concursos públicos da prefeitura sejam para negros.

Na quarta-feira (16), após 10 anos de tramitação no Congresso Nacional, o Estatuto da Igualdade Racial, uma das maiores lutas do movimento negro, foi aprovado no Senado. Entre outras mudanças, a capoeira passa a ter reco-nhecimento como esporte, os crimes de racismo na internet são multados e o livre exercício dos cultos religiosos de origem africana é reiterado. Porém, reformulações no estatuto retiraram a política de cotas das universidades federais, “uma grande perda”, como afirmou o presidente do Comune na quinta-feira (17). O texto vai agora para sanção presidencial.

“Quando eu era criança, costumava brincar de Barbie com uma amiga. E ela tinha uma Barbie negra, que um tio missionário na África havia trazi-do de presente. Nas nossas brincadei-ras, essa boneca era sempre a empre-gada.”

Quantos negros você vê na sua faculdade? “Devido ao poder aquisi-tivo e ao sucateamento do ensino pú-blico em detrimento ao particular, há pouquíssimos negros”, esclarece Sérgio Ubirajara, do Comune. “Se a UCS as-sumisse a política de cotas, ela teria um impulso social muito grande”, acredita Brazil.

Existe uma espécie de sistema de cotas na UCS. Quando os alunos se inscrevem no Programa Universidade para Todos (ProUni) para concorrer à bolsa do governo federal, se for ne-gro, pardo, índio ou deficiente físico, o candidato pode concorrer por esse sistema. Para o segundo semestre, o ProUni da UCS está disponibilizando 680 vagas. Destas, 55 serão para as co-

tas. “Não é uma ampla concorrência. Eles concorrem entre eles”, diz Adal-mir Borges Antunes, coordenador do ProUni da UCS, ressaltando que para receber bolsa de estudos integral ou de 50%, além de ser negro, por exemplo, o aluno precisa atender a alguns requisi-tos econômicos.

A universidade não sabe quantos ne-gros estudam na instituição. Só divul-ga que do total de 3.266 matriculados no último vestibular de verão, apenas 66 se disseram negros e 174 pardos. “Depois da ma-trícula não se tem mais acompanhamento. Na inscrição pela internet, é pedido o dado ‘cor’, só para ter um dado de ingresso”, explica a supervisora de reco-nhecimento de cursos, Enoema Wilbert.

Se no ensino superior se vê poucos rostos ne-gros, no mercado de trabalho há uma clara separação. Mesmo que o Sistema Nacional de Empregos (Sine) não saiba informar em números quais os setores que mais empregam negros – pois a cor não é mais identificada nos currí-culos –, para o presidente do Comune os negros hoje ainda estão nos mesmos lugares onde Loraine disse que eles es-tavam no começo do século XX, quan-do vieram a Caxias: na construção civil e nas indústrias. “Só quem é negro e procura o mercado de trabalho sente a negritude. É aquela coisa de ‘tu é meu amigo, mas não quer me dar um em-prego’. Hoje, na administração de em-presas não se vê negros. No comércio também não. Existem meninas negras bonitas, novinhas, preparadas, que não conseguem vaga no comércio. É a polí-tica da boa aparência, que não é negra”, aponta.

Juçara destaca que para quem, além de negro, é mulher, a situação é ainda mais complicada: “Ela termina sendo a empregada doméstica, que está lá para servir. A diferença no mercado de

trabalho em Caxias é gritante. Não só para mulheres. Se tu vier de São Pele-grino até o Imigrante, contando quan-tos negros encontra no comércio, vai ver que é meio por cento. É mais nas fábricas, onde o trabalho é braçal”, diz a coordenadora do Movimento Negro Unificado.

Além do mercado de trabalho, o espaço que o negro recebe na mídia ainda é muito pequeno, de acordo com

Juçara. “Se tu abrir o jornal todo o dia tu não vê imagens de negros. Mas vê a au-toafirmação do branco todos os dias. Porque o jornal, né, ele é bran-quinho”, analisa.

Os livros didáticos de História, que tam-bém sempre foram muito branquinhos, estão começando a mudar. Por causa da Lei 10.639, de 2003, o

estudo da cultura negra e indígena pas-sou a ser obrigatório nas escolas. “Essa é uma lei que daqui a uns anos vai ba-nir a ignorância”, acredita Brazil. Con-forme João Heitor Macedo, antes da lei os livros não traziam figuras de negros heróis – só imagens de negros levando chibatadas. “Não só pela dor da escra-vidão o negro deve ser avaliado”, opina.

Até a evasão escolar, segundo Juçara, tem diminuído depois da aplicação da lei, pois os alunos negros começaram a se ver. “Com essa lei, o aluno abre o livro e vai ver que existem famílias que sentam na mesa, que não são só bran-cas. Veem que não é ruim ser negro, como até então era. A sociedade já pas-sa a vida inteira dizendo para eles que tudo o que é ruim é negro. Não querem nem se ver no espelho. Dizem até que o cabelo do negro é ruim, então nem os cabelos os negros querem ter, daí pro-curam alisar”, explica Juçara, que exibe com orgulho os cabelos crespos.

“Quando a minha filha namorou um negro, eu morria de medo que ela en-

gravidasse. Já pensou ter um netinho café-com-leite?”

Os professores têm se engajado à causa negra com a Lei 10.639, con-forme o secretário municipal da Edu-cação, Edson da Rosa. “Eu brigo muito com isso porque não tem que estudar o negro só em algumas datas.” O secre-tário salienta que se as mesmas opor-tunidades dadas a uma criança branca forem dadas a uma negra, elas vão che-gar na fase adulta em iguais condições. “Por isso que eu acho que o preconcei-to é mais de condição social do que de cor da pele.” Edson, de pai negro e mãe branca, prefere não separar as pessoas entre brancas e negras, mas dividi-las entre aquelas que reparam nas diferen-tes cores de pele e as que não se im-portam com isso – como é o caso dele. “Não é Edson um homem negro, não é Sartori um homem branco. Humano é humano. És pó e ao pó voltarás. Isso é bíblico até”, reflete. Muita gente, porém, ainda presta aten-ção à cor da pele. Prova disso é o setor de adoção de crianças do Fórum, onde 90% dos casais que têm interesse em adotar optam por uma criança bran-ca, como explica a assistente social do Judiciário Maria do Carmo da Silva Mattana Relosi. “As pessoas escolhem. E como. Querem crianças brancas ou, no máximo, morenas claras.”

As frases destacadas que você leu ao longo desta reportagem são de moradores de Caxias. Foram selecio-nadas apenas como uma amostra da dimensão do preconceito com que convivemos. São palavras que podem ter lhe incomodado, ou pode ser que você as tenha achado normais – talvez até tenha se identificado com algumas delas. Não importa quem as disse, e por isso elas aparecem anonimamente. São registros do preconceito velado de Caxias, ainda muito longe de ser su-perado. O que essas frases realmente pretendem dizer, neste texto, é que o primeiro passo para não perpetuar o preconceito é reconhecê-lo.

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Juçara engajou-se no movimento após o assassinato do líder negro José Maria Martins: “Ele foi morto porque estava dirigindo uma Santana Quantum. Acharam que era roubada”

“A maldade é daqueles que impedem que os negros trabalhem. A ignorância é dos que não se aproximam”,afirmaDiógenes Brazil

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Lídia Abel Stangherlin| Sem título |

A intensa prática e o exercício da técnica milenar da xilogravura nas aulas do Núcleo de Artes Visuais de Caxias do Sul (NAVI), resultou em uma série de gatos e mandalas da artista Lídia Abel Stangherlin. A motivação é aquela comum aos ta-lentosos: a inspiração subjetiva.

tEMPEstadEsC

por MarCElo Moura

ontinue caçando suas tempestades, enfrente os raios, sinta a chuva, olhe bem para as nu-vens escuras que pairam sobre você, elas não duram para sempre, são apenas alguns ins-tantes de anormalidade, é o momento em que não faz tempo bom, é a chance de escapar do trivial. Torne-se um louco, desenvolva uma surdez, não ouça o que dizem, não faça o que fazem. Eles fogem, você enfrenta, eles igno-ram, você quer saber, eles permanecem secos, você se encharca, eles não morrem, você vive.

Pise na lua, caminhe no ar, voe pelas estre-las. Vista o traje de astronauta, faça a contagem regressiva do foguete, prepare-se para ater-rissar. Construa o seu mundo, este não basta, ele não está certo, não é um lugar justo. Você

é o lunático, um sonhador desatento, alguém que não tem chance nessa realidade, preci-sa se salvar! Continue sendo o que sempre foi, não fuja do abrigo, não esqueça do autismo, conteste o que vê e ouve, é sua única chance.

Benjamin Franklin e sua pipa enfrentaram a tempestade, desafiaram as ameaçadoras nu-vens negras, domaram os raios. Santos Du-mont embarcou em seu 14 bis e provou que o homem podia voar. A bordo do Sputnik, Yuri Gagarin foi além do horizonte, viajou pelas estrelas, o céu deixou de ser o limite. No dia vinte de julho de 1969, Neil Armstrong anun-ciou estar caminhando pela humanidade, nes-te momento ele pisava no solo arenoso da Lua pela primeira vez. Estes homens existiram no mundo de qualquer um, enfrentaram as tem-pestades, promoveram as mudanças no tempo.

Edital dE intErdição1a Vara de Família – Comarca de Caxias do Sul.

Natureza: Interdição. Processo: 010/1.09.0024604-1. ( CNJ:. 0246041 – 40.2009.8.21.0010 ). Requerente: Manoel José Souza Marrachinho. Requerido: Gabriela Bastiani Marrachinho. Objeto: Ciência a quem interessar possa de que foi decretada a INTERDIÇÃO do REQUERI-DO (A): Gabriela Bastiani Marrachinho, por sentença proferida em 16/10/2009. LIMITES DA INTERDIÇÃO: alcance total. CAUSA DA INTERDIÇÃO: incapacidade total e permanente da parte interditanda para reger sua pessoa e administrar seus bens, por sofrer de doença codificada na classificação internacional de doenças sob nº Cid 10 G40.9; G84; F84; F72. PRAZO DA INTERDIÇÃO: ilimitado. CURADOR (A) NOMEADO (A): Manoel José Souza Marrachinho. O prazo deste edital é o do art. 1.184 do CPC.

Caxias do Sul, 28 de maio de 2010. SERVIDOR: Geovana Zamperetti nicoletto.

JUIZ: Antônio Claret Flôres Ceccato.

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l Caxias do Sul: Tradição e Ino-vação de um Povo | Sexta (25), 20h |

Lançamento do trailer do polêmico filme que contará a história de Caxias do Sul e que teve aquela ajuda esperta de R$ 100 mil da prefeitura.Estação FérreaEntrada franca | Dr. Augusto Pestana, s/n° | 3901-1381

l Mary e Max | Animação. Quinta (24) a domingo, 20h | Ordovás

A amizade ultrapassa fronteiras. Mary, australiana de 8 anos, troca cor-respondência com Max, americano de 44 e sem habilidade para interação so-cial. As conversas superam os 36 anos e os quilômetros de distância. Dirigi-

do por Adam Elliot. 92 min., leg..

l Toy Story 3 | Animação. 13h30, 14h, 16h, 16h30, 18h30, 19h, 21h e 21h30. Domingo, 18h30, 19h, 21h e 21h30 | Iguatemi

Doados para uma creche, o caubói de brinquedo e seu amigo astronauta são governados por um autoritário urso cor-de-rosa com cheiro de mo-rango e planejam voltar para casa. Li-vre, 113 min., dub..

AINDA EM CARTAZ - Alice no País das Maravilhas. Aventura. 16h. UCS | Esquadrão Classe A. Aventura. 21h40. Iguatemi | Fúria de Titãs. Aventura. 14h10, 16h50 e 19h10; domingo, 19h10 (dub.). 18h e 20h15 (leg.). UCS | Plano B. Comédia romântica. 14h20, 16h40, 19h20 e 21h50. Domingo, 19h20 e

21h50. Iguatemi | Príncipe da Pérsia: As areias do tempo. Aventura. 14h30, 17h10, 19h30 e 22h. Domingo, 19h30 e 22h. Iguatemi | Proposta Indecente. Drama. Quinta (24), 15h. Matinê às 3. Ordovás | Vidas que se cruzam. Dra-ma. Sábado e domungo. 20h. Ordovás.

INGRESSOS - Iguatemi: Segunda e quarta-feira (exceto feriados): R$ 12 (inteira), R$ 10 (Movie Club Prefe-rencial) e R$ 6 (meia entrada, meno-res de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos). Terça-feira: R$ 6,50. Sexta-feira, sábado, domingo e feriados: R$ 14 (inteira), R$ 12 (Movie Club Prefe-rencial) e R$ 7 (meia entrada, menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos). Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. RSC-453, 2.780, Dis-

trito Industrial. 3209-5910 | UCS: R$ 10 e R$ 5 (para estudantes, sênior, pro-fessores e funcionários da UCS). Ho-rários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Galeria Universitária. 3218-2255. | Or-dovás: R$ 5, meia entrada R$ 2. Luiz Antunes, 312, Panazzolo. 3901-1316

l Los Funestos Esponsales de Don Cristóbal | Quarta (23), 20h |

A Cia. Pelele Marionettes, de tea-tro de bonecos, de origem espanhola e francesa, apresenta espetáculo com bonecos de luva. Na peça só para maiores de 14 anos, um velho rico e solitário se vê fascinado por uma mu-

[email protected] Cíntia Hecher | editado por Marcelo Aramis

Guia de Cultura

O Golpista do Ano, com mais sentido no título original I love you Phillip Morris, é um filme de amor, Leva para a tela um Jim Carrey sem caretas e um Santoro sem sotaque

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TEATRO

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lher que enfeitiça seus sonhos Palco dos Trilhos – Estação FérreaR$ 10 (público em geral) e R$ 5 (estu-dante e sênior) | Dr. Augusto Pestana, s/n° | 3901-1381

l Para Luis Melo | Quarta (23), 20h |

A personagem da atriz Rosana Sta-vis vai a um jantar em homenagem ao ator Luis Melo e, durante a longa e irritante espera pelo ilustre, dispa-ra críticas ao meio artístico. Marcos Damasceno é diretor da peça e autor do texto que classifica como “franco atirador”. Para assistir sem escudos e vestir carapuças.Teatro do SescEntrada franca | Moreira César, 2462 | 3221-5233

l Show de Improvisos | Sábado, 20h |

Neste espetáculo você é o diretor. No espaço da Tem Gente Teatrando, cinco atores fazem comédia com as di-cas da plateia. Acesse o canal do gru-po In Peça no You Tube (http://www.youtube.com/grupoinpeca) e prepare o seu roteiro.Casa de TeatroR$ 20 (público em geral) e R$ 10 (ante-cipados, estudantes, sênior e classe ar-tística) | Olavo Bilac, 300, esquina com Regente Feijó | 3221-3130

l 21ª Feira de Inverno | Até 18 de julho |

Feira de malhas, móveis, vinhos, gastronomia italiana e artesanato terá atrações artísticas e um telão para transmitir os jogos da Copa. Para aquecer as vendas e a estação.Sábado: Abertura. 11h. Almoço. 12h. Hora do Galito. 14h e 17h. | Do-mingo: Almoço. 12h. Hora do Galito. 11h30, 14h, 16h. Esquete teatral Lost na Feira de Inverno e show com a ban-da Torrones. 14h.Parque da Vindima – Flores da CunhaEntrada e estacionamento gratuitos

l Caxias do Sul, um olhar alvi-verde | A partir de quinta (24), das 8h às 18h |

Fotografias relembram fatos histó-ricos dos 97 anos do Esporte Clube Juventude.Câmara de VereadoresEntrada franca | Alfredo Chaves, 1323 | 3218-1600

l Olhos para Caxias | De segunda (21) a quarta (30), das 10h às 16h |

Retratos de Caxias pelo olhar de alunos da Oficina de Fotografia das Ações Educativas Complementares, da Secretaria Municipal de Educação. Galeria da SmedEntrada franca | Antonio Prado, 339 | 3901-2323

l Caxias 1910 | De segunda à sába-do, das 9h às 17h |

O Museu Municipal mudou os mó-veis de lugar para lembrar o centená-rio da cidade. Antiguidades e fotos de

Domingos Mancuso recriam o cená-rio da época da chegada do trem.Museu MunicipalEntrada franca | Rua Visconde de Pelo-tas, 586 | 3221.2423

AINDA EM EXPOSIÇÃO – XXVI Bienal de Arte Fotográfica Brasileira em Preto e Branco. De segunda a sex-ta, das 8h30 às 18h, e sábado, das 10h às 16h. Galeria Municipal – Casa da Cultura. 3221-3697 | Exposição Andi-na. Sábado, das 10h às 22h e domingo, das 14h às 20h | No tempo dos trilhos. De terça a sábado, das 17h às 21h. Ga-leria em Transição – Teatro Moinho da Estação. 8404-1713 |

l Das fronteiras do império – A publicidade norte-americana no Brasil dos anos 1920 | Terça (22), 19h |

O desejo de dirigir um Hupmobile ou um Gordini, nos anos 20 e 60, pode ter surgido apenas pela influência da publicidade. Doutor em Ciências So-ciais, Rafael José dos Santos lança o li-vro, parte da sua tese sobre as mudan-ças do Brasil através da publicidade. Saguão do Bloco MEntrada franca | Francisco Getúlio Vargas, 1.130 | 3218-2309

l Pessuelos da Leitura | Terça (22), 20h |

Lançamento do projeto que valo-riza a literatura regionalista. Serão disponibilizados 50 pessuelos (aque-les alforjes com duas bolsas de couro unidas, que leva-se no ombro) com 10 livros cada. Depois da solenidade, show com Luis Marenco. Ingressos so-mente antecipados, mediante retirada na Secretaria Municipal de Cultura.Palco dos Trilhos – Estação FérreaEntrada franca | Dr. Augusto Pestana, s/n° | 3901-1288 ou 3901-1388

l Rodas de Leitura | Terça (22), 13h30 |

A pedidos, dessa vez quem está na berlinda é o escritor Uili Bergamin, o próprio organizador. A apresentação será de um conto chamado A ilha má-gica e um poema.Biblioteca Pública MunicipalEntrada franca | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697

l XIV Canta Caxias | Sábado, 19h |Abertura do evento, que promove o

intercâmbio cultural dos corais da ci-dade. Às 20h, jantar por adesão no sa-lão da igreja dos Capuchinhos a R$ 18. Apresentações: Domingo: 20h | Segunda (21): 20h | Sábado (26): 16h e 20h | Domingo (27): 16h e 20h | Segun-da (28): 20h.Palco dos Trilhos – Estação FérreaEntrada franca | Dr. Augusto Pestana, s/n° | 3901-1288 ou 3901-1388

l Cecune | Sábado, 20h |Espetáculo do Coral Ecumênico de

Cultura Negra resgata a musicalidade das culturas africanas.Palco dos Trilhos – Estação Férrea

Entrada franca | Dr. Augusto Pestana, s/n° | 3901-1288 ou 3901-1388

l Grandes Nomes | Quinta (24), 21h |Juliano Moreira, acompanhado por

Ismael Conceição, Lázaro Nascimen-to, Marcelinho Silva, Diego Andra-de e Tianinho, homenageia a obra de Djavan, o Grande Nome. O espetáculo tem as participações especiais de Gus-tavo Viegas, Iuri Silva, Dan Ferretti e Fran Duarte. Grandes nomes.Zarabatana CaféEntrada franca | Luiz Antunes, 312 | 3901-1316

l La Soleá | Terça (22), 20h30 |Parte do projeto Ordovás Acústico,

o show tem covers de nomes popula-res da música latina, como os ciganos Gipsy Kings, Tito Puente e Santana. Ênfase aos cubanos Célia Cruz, Glória Stefan e Buena Vista Social Club.Cinema - OrdovásEntrada franca | Luiz Antunes, 312 | 3901-1316

l Mixtu | Quinta (24), 20h |A ordem é misturar. Astistas dos

bairros caxienses cantam, dançam e atuam em esquetes teatrais no espetá-culo que dá espaço à multiplicidade da cultura caxiense.Palco dos Trilhos – Estação FérreaEntrada franca | Dr. Augusto Pestana, s/n° | 3901-1381

TAMBÉM TOCANDO - Sábado: Dan Ferretti e Banda. Pop. 23h. Por-tal Bowling – Martcenter. 3220-5758 | Di Bobeira. Pagode. 23h. Move. 9198-3592 | Drink Party. Música eletrôni-ca. 23h. Studio 54 Mix. 9104-3160 | Electric Blues Explosion. Blues/rock. 22h30. Mississippi Delta Blues Bar. 3028-6149 | H5N1. Pop rock. 23h. Pepsi Club. 3419-0900 | Hard Ro-ckers e Blue Label. Rock. Roxx Rock Bar. 3021-3597 | Izequiel Carraro. Pop/música eletrônica. 23h. La Boom Snooker. 3221-6364 | Jeison Reis. Mú-sica campeira. 21h30. Zarabatana Café. 3901-1316 | Killer on the dance floor. Música eletrônica. 22h. Havana Café. 3215-6619 | Libertá. Nativista e outros gêneros. 22h30. Libertá Danceteria. 3222-2002 | Pata de Elefante e Maha-bharata. Rock instrumental. 23h. Va-gão Bar. 3223-0007 | Pietro Ferretti e Bico Fino. Rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Sopros e Acordes. Pop rock. 22h. Badulê American Pub. 3419-5269 | Domingo: DJ Zé Beto. Música ele-trônica. 17h. Zarabatana Café. 3901-1316 | Terça (22): Ton Rock and Roll e Robledo Rock. Pop rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Quarta (23): Andy Boy e Tiago Dandrea. Blues. 22h30. Mississippi Delta Blues Bar. 3028-6149 | Bahqsambafunk. Samba funk. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Quinta (24): Emerson Caruso. Blues. 22h30. Mis-sissippi Delta Blues Bar. 3028-6149 | Ton e Trio. Pop tock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Sexta (25): Ana Paula Chedid e Trio. MPB. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Blackbirds – Tributo a Beatles. Rock. 22h30. Mississippi Del-ta Blues Bar. 3028-6149 | Império da Lã. Rock. 23h. Vagão Bar. 3223-0007.

FESTA

LITERATURA

Cinema | O GOlpista dO anO

Adoro um amor inventadopor CÍNTIA HECHER

Primeiro de tudo, O Golpista do Ano é um filme de amor. Segundo, você só perce-be quando vê o título em inglês: I love you Phillip Morris. Terceiro: novamente, a versão nacional para títulos surpreende e fascina. Deixando as ironias e inabilidades de tradução à parte, esse é sim um filme sobre amor, mas de uma maneira escrachada e levemente doen-tia. Steven Jay Russell é interpretado por Jim Carrey, sem aquelas caretas peculiares, mas com todo seu bom humor. Mas para entender o comportamento do personagem, deve-se conhecer um pouco da figura real. Sim, é tudo verdade. A primeira legenda do filme já avisa. E ao assistir percebe-se por que uma advertência dessas se faz necessária: Russell realmente faz coisas fora de série. O filme é baseado em um livro que, por sua vez, conta a história deste golpista. Eu te amo, Phillip Morris foi escrito por outro Steven, o McVi-cker, um jornalista interessado nos causos de um dos condenados mais fascinantes do sistema prisional americano. Mestre em esca-par da cadeia, Russell ganhou apelidos como Houdini e King Con (esse último, trocadilho com a palavra convicted, ou seja, condenado por um crime). Mas onde entra o amor? Ora meus caros, em tudo. Desde o começo da sua vida, o que o move é o amor. O amor que falta, o de mãe, pois é adotado e, ao encontrar a mãe biológica, ela o rejeita. O amor pela mulher e filha, com o casamento movido a Jesus Cristo. Tudo isso escondendo a sua verdade: ele é gay. Segundo ele, gay gay gay desde criancinha. Depois de um acidente de carro que o faz encarar a brevidade da vida, resolve que chega de mentiras. Assume-se gay, pede divórcio e vai para a Flórida. Lá, vivendo a plenitude da sua homossexualidade, com dois cachorrinhos e um belo exemplar de namorado (persona-gem do brasileiro Rodrigo Santoro, com um inglês admiravelmente sem sotaque e em mais uma ótima atuação), descobre que ser gay custa caro. Nisso começam seus golpes. Ele sobrevive de alguns relativamente singelos, como se jogar “acidentalmente” de uma escada rolante para receber indenização do shop-ping center, a outros como fraudar cartões de crédito e identidade. Claro que ele não poderia ficar impune. Na sua primeira ida à prisão, encanta-se por um outro detento: Phillip Morris. Aí vem mais e mais amor: apaixona-se e continua mentindo para poder viver esse romance. Ewan McGregor, que passa longe de ser caricato, é Morris, que mal desconfia das tramoias e grandes planos do amado para, de seu jeito peculiar, mantê-lo feliz e ao seu lado.

Enfim, não é um filme ativista, nem mere-ceu os meses e meses de atraso para estreia. Senhor, livrai-nos dos puritanos. Amém! É um filme sobre o amor e sobre o que ele é capaz de fazer com você. Ou o que você pode fazer por ele. E como uma paixão intensa pode fazer com que você se sinta invencível.

l O Golpista do Ano | Comédia. 13h40, 16h20, 18h50 e 21h10. Domingo, 18h50 e 21h10 | Iguatemi

Homem que sobrevive de golpes se apai-xona por colega de cela e faz de tudo para manter o namorado. Dirigido por Glenn Fi-carra e John Requa. Com Jim Carrey e Ewan McGregor e Rodrigo Santoro. 16 anos, 97 min., leg..

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EXPOSIÇÕES

CORAL

MÚSICA

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18 19 a 25 de junho de 2010 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

por MarCElo [email protected]

ão há quem vislumbre o mar que avan-ça horizonte adentro e não se sinta a menor das criaturas. A tímida espuma da onda minúscula que se esparrama pela areia é só uma pequena porção da volúpia dessa paisagem. Ainda mais quando se trata da sinuosa e sedutora costa de Santa Catarina. Talvez por isso há quem defenda a tese de que Santa Catarina não combina com trabalho. Serve apenas para curtir os prazeres da vida. É como se o Estado todo fosse um grande parque de diversões para crian-ças, jovens e adultos. Mas o esquadrão grená vai provar que Santa Catarina é o cenário ideal para o Caxias plantar a semente do maior sonho de 2010.

O Caxias decidiu fazer uma viagem de negócios. Afinal de contas, nada mais de acordo com um clube que tem a mentalidade de empresa do que en-carar uma temporada de treinamentos como uma viagem de negócios. Em vez de reuniões exaustivas, os atletas vão enfrentar demorados ensaios tá-ticos. Quem depara pela primeira vez

com Julinho Camargo, o treinador do Caxias, nem imagina quão exigente ele é. O Julinho é daqueles caras tranqui-los, bem-humorados, atenciosos. Mas dentro de campo, trabalhando com os atletas, o jeito manso de falar desapa-rece. Entra em cena um sujeito deter-minado, que sabe muito bem aonde deseja chegar.

Julinho é daqueles que interrompem um ataque cinco, seis vezes se for pre-ciso. E manda repetir, sem pena. Faça chuva ou sol. Ao mesmo tempo, Juli-nho é um treinador que enxerga na união do grupo uma arma imbatível pra contra-atacar qualquer adversida-de. Foi assim no Gauchão. “Nunca es-condi isso, nosso time tinha limitações. Mas nunca faltou à nossa equipe a for-ça do grupo, a união, a responsabilida-de, o profissionalismo. Nunca faltou entrega ao nosso grupo.” Mesmo que o negócio seja a bola rolando, a armação das jogadas, a integração no gramado dos novos atletas que chegaram, Ju-linho ainda entende que os jogadores precisam conviver mais juntos.

Antes de mais nada é bom que

se repita que o Caxias vai a Santa Cata-rina, na sua temporada em Camboriú, entre os dias 22 de junho (terça-feira) e 4 de julho, a trabalho. Lembrem: é uma viagem de negócios. Até para estancar de uma vez as piadinhas de que o pes-soal vai lá fazer turismo. Senão vai ficar complicado para Osvaldo Voges expli-car às esposas e namoradas dos atletas o que seria inexplicável. Brincadeiras à parte, Julinho explica direitinho os motivos da intertemporada em Cam-boriú.

“Um dos objetivos é tirar o jogador daqui. A convivência do grupo em ho-tel, viagem, vai fazer bem a eles. Vai ser uma oportunidade de se conhece-rem melhor, de se integrarem, já que tem gente nova no elenco”, sintetiza o técnico, pensando bem no que dizer – afinal de contas, para quem não per-cebeu ainda, o Caxias vai se preparar dentro da casa dos inimigos. Chapecó, terra da Chapecoense, e Criciúma, lar do clube homônimo, se alguém fal-tou às aulas de geografia, são cidades catarinenses. “Pode ser até que a gen-te consiga ver algum jogo dos nossos adversários (que estão jogando a Copa

SC), mas o principal objetivo é a nossa preparação. Decidimos ficar em Cam-boriú porque é uma cidade estratégica. Fica perto de Florianópolis, de Itajaí, ou mesmo se quisermos jogar algum amistoso no Paraná, é mais fácil sair dali do que sair de Caxias”, argumenta.

O Caxias já tem acertados dois jo-gos, com o Marcílio Dias, em Itajaí, dia 26 de junho, e com o Metropolitano, a princípio no dia 1º de julho, em Blu-menau, mas essa data pode mudar. A intenção de Julinho é que o clube pos-sa jogar ainda com algum dos times grandes do Paraná: Coritiba, Atlético ou Paraná. A escolha por Camboriú, defende Julinho, não tem nada a ver com a beleza da praia, mas sim com a localização e os bons campos de trei-namento. O Caxias deve usar o estádio municipal e mais um gramado parti-cular para os treinos de “lapidação das ideias táticas”, que é como Julinho cha-ma o estágio da preparação em Santa Catarina.

Mas, se depender do sinuoso e se-dutor recorte da costa catarinense, o Caxias voltará inspiradíssimo para o início da Série C.

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Na intertemporada grená, o técnico Julinho não deve dar descanso aos atletas. Continuará mandando repetir jogadas cinco, seis vezes se preciso for

Viagem de negócios

EsforÇo À bEira-Mar

Elenco grená não irá a Camboriú (SC) curtir a praia, mas a bela paisagem deve servir de inspiração

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por fabiaNo [email protected]

orcedores do Juventude com menos de 45 anos só ouviram falar dele. Quem viu jogar, diz que teve uma passagem marcante pelo clube caxiense. Tão marcante que, além de estrear como jogador de futebol profissional, ajudou o time então treinado por Pastelão a ser vice-campeão gaúcho em 1965 (o título ficou com o Grêmio). O time: Negri; Bugre, Almir, Mauro e Everal-do; Hermes e Nezito; Babá, Luís César, Bira e Parobé. O presidente do clube era Willy Victor Sanvitto. Em 1967, Everaldo Marques da Silva foi convo-cado para a Seleção Brasileira pela pri-meira vez. Três anos depois, sagrou-se tricampeão mundial na Copa do Mun-do do México. Para marcar definitiva-mente sua passagem pelo Ju, dentro do calendário de eventos alusivo aos 97 anos de fundação do clube, a direção promoverá na noite de segunda-feira (21) a incorporação da camisa de Eve-raldo no Memorial esmeraldino, junto ao Estádio Alfredo Jaconi.

Guardada por 43 anos pelo torcedor Floriano Ártico Correa, ex-diretor de

propaganda do Ju, a camisa foi doa-da por ele ao clube em maio de 2008. Mesmo costurada, devido à idade e ao uso em bailes de Carnaval, é conside-rada uma relíquia. Correa ganhou-a diretamente das mãos do ídolo quando tinha 15 anos, depois de uma vitória por 2 a 1 sobre o Farroupilha, de Pelo-tas, em 1965. Como recompensa pela doação da peça, Correa ganhou uma camisa comemorativa aos 500 jogos do volante Lauro pelo Juventude. Ainda em 2008, uma camisa retrô, inspirada no modelo do século passado, foi con-feccionada e até hoje é comercializada na loja oficial da Rua Hércules Galló.

Everaldo Marques da Silva, nascido em Porto Alegre em 11 de se-tembro de 1944, foi o primeiro atleta de um clube gaúcho a conquistar uma Copa do Mundo. Formado nas catego-rias de base do Grêmio, foi empresta-do ao Juventude em 1964, onde ficou até 1966. Ao retornar para o Grêmio conquistou seu espaço e tornou-se ti-tular. Foi o dono da lateral esquerda do tricolor até sua morte precoce, aos 30 anos, em um acidente de trânsito em 1974. No documentário Everaldo,

A Estrela Dourada, lançado em 2009 pelo universitário Bruno Luce, o irmão Ariovaldo Marques da Silva, o Dico, e a filha do craque, Denise Silva da Silva – a única sobrevivente do desastre – contam um pouco do homem de vida simples. “Ele adorava ficar no sítio que tinha comprado, andava a cavalo... Ele sempre foi a mesma pessoa”, resume a filha.

O irmão de Everaldo lembra de quando eles eram crianças e ficavam olhando os adultos jogarem futebol. Com as chuteiras embaixo do bra-ço, aguardavam um “furo” nos times. “Foi assim que ele começou a jogar. Na base do Grêmio, como não tinha es-paço para mostrar seu talento, acabou emprestado ao Juventude, onde des-pontou. Voltou para o Grêmio e, em 1966, sentado ao meu lado em casa, no bairro da Glória, depois do Brasil perder para Portugal e ser eliminado, ele me disse: ‘Dico, em 1970 eu estarei na Copa e nós vamos ganhar’”, conta Ariovaldo no documentário. Uma có-pia do filme está com o departamento de marketing do Ju, que pretende fazer um vídeo sobre a atuação de Everaldo em Caxias do Sul.

No documentário, o jornalista Ruy Carlos Ostermann conta que co-nheceu Everaldo quando este come-çou a jogar pelo alviverde da Serra. “Ele atuava no meio-campo e tinha qualidades dos atuais laterais. Sóbrio e aplicado, um cumpridor de tarefas.” Para o irmão, o ídolo – que morreu após seu Dodge Dart, presente de uma concessionária porto-alegrense pelo tricampeonato, ser atingido por um caminhão na BR-290 – era lateral es-querdo, meio-campo, centro-médio e até centroavante.

Para o vice-presidente de marketing do Ju, Mauro Trojan, a colocação ofi-cial da camisa do ídolo no Memorial fará não só os torcedores mais antigos, mas também os mais novos lembra-rem sempre de Everaldo, que ganhou o apelido de Estrela Dourada ao retornar da Copa do Mundo do México. Seis dias após a conquista do tri, Everaldo foi homenageado pelo Grêmio com a colocação de uma estrela dourada na bandeira oficial do clube. Hoje, boa parte dos gremistas não conhece essa história. Mas no Alfredo Jaconi todos sabem que a estrela brilhou primeiro no Juventude.

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Lateral da Seleção, Everaldo (agachado, o segundo da esquerda para a direita) foi vice-campeão estadual com o Juventude em 1965; sua camisa inspirou o modelo retrô lançado recentemente

97 anos de história

a EstrEla brilHou PriMEiro No Ju

Everaldo Marques da Silva, tricampeão mundial em 1970, jogou dois anos com a camisa do alviverde

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l Jogos Abertos de Futebol de Mesa | Sábado e domingo, a partir das 9h |

O campeonato deve reunir pelo me-nos 20 aficionados pelos pequenos bo-tões. Todos os jogos iniciam às 9h com 50min de duração. A competição é co-memorativa aos 45 anos da associação.Associação de Futebol de MesaEntrada gratuita | José Soares de Oli-veira, nº 2.557, Pio X

l Jogos Abertos de Vôlei | Sábado e domingo, 13h30 e 10h |

Começa a primeira fase do campe-onato no naipe feminino. A competi-ção tem 10 equipes que jogam entre si. Entre os homens, os jogos ocorrem no domingo pela manhã. Ginásio 2 da UCS e EnxutãoEntrada gratuita | Francisco Getúlio Vargas, s/n°, Petrópolis – Vila Olímpica e Luiz Covolan, 1.560, Santa Catarina

l 4ª Etapa do Campeonato Ser-rano de Arrancadas | Domingo, 8h às 18h |

Com as mais variadas potências, os motociclistas usarão habilidade para chegar à frente dos adversários na pista de areia de 200 metros. O desta-que desta etapa serão a participação de duas supermotos: uma R1 da Yamaha e uma CBR 600 da Honda, ambas dis-putando na categoria força livre. Parque de Rodeios Vila OlivaEntrada R$ 5 | Rodovia BR 116, km 145, nº 1410, distrito de Vila Oliva |

l 3º Passeio Ciclístico | Domingo, 9h30 |

O percurso inicia em frente à pre-feitura, e a chegada será no largo da Estação Férrea, onde será realizado sorteio de bicicletas e materiais espor-tivos. A organização espera pelo me-nos 300 ciclistas. Em caso de chuva, o evento será transferido para o dia 27

de junho.Prefeitura de Caxias do SulInscrições gratuitas | Alfredo Chaves, 1.333, Exposição

l Campeonato Artístico de Ca-poeira | Domingo, 14h30 |

Toda a habilidade dos meninos e meninas das categorias infantil e juve-nil será posta à prova no campeonato neste domingo, a partir das 14h30. Se-rão disputados jogos de duplas e mo-dalidades acrobáticas. A organização espera pelo menos 30 participantes. Qualquer capoeirista pode participar. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas até as 14h no local. Centro Comunitário Vila IpirangaEntrada gratuita | Rua Nereu Prestes Pinto, 519

l Liga Nacional Feminina | Quin-ta (24), 20h |

A equipe feminina da UCS estreia na Liga Nacional na próxima quinta. As meninas caxienses enfrentam o Blumenau/Furb no Ginásio Poliespor-tivo da UCS. Vale a pena conferir. A entrada é gratuita e os portões estarão abertos a partir das 19h.Ginásio Poliesportivo da UCSEntrada gratuita | Francisco Getúlio Vargas, s/n°, Petrópolis – Vila Olímpica

l 24h Correndo | Sexta (25), 20h |O preparo físico dos atletas será exi-

gido ao máximo na próxima sexta. Ao todo, 15 esteiras estarão em constante movimento com os corredores que se revezarão por 24 horas ininterruptas. Cada equipe terá no mínimo 12 par-ticipantes e no máximo 24. E acredi-te: três esteiras serão destinadas para competidores individuais, que tenta-rão ficar um dia correndo. Além dis-so, uma outra esteira, especialmente desenvolvida, será ocupada por um cadeirante, que tentará quebrar o re-corde nacional. As inscrições ainda estão abertas, e podem ser feitas pelo site correndo24horas.com. A equipe

vencedora é aquela que somar maior quilometragem.Centro de Eventos dos Pavilhões da Festa da UvaEntrada gratuita | Ludovico Cavinatto, 1.431, Nossa Senhora da Saúde

l Jogos comemorativos ao ani-versário de Caxias do Sul | Sába-do, 15h30 |

Neste sábado haverá um confronto diferente na cidade. Uma equipe de índios Kaingang irá provar que, além das atividades próprias da sua cultu-ra, são bons de bola. Vindos da cidade de Cacique Doble, eles irão enfrentar a equipe do Centro de Preparação de Atletas.Campo Municipal 2Entrada gratuita | Av. Circular Pedro Mocelim, s/n°, Cinquentenário

l Juventude x Cruzeiro | Sábado, 15h |

O time alviverde iniciou a segun-da fase do Campeonato Gaúcho Sub-20 empatando de um a um contra o Estância Velha. Neste sábado, os meninos do Ju poderão conquistar a primeira vitória diante do Cruzeiro, resultado que o coloca entre as duas equipes que avançam para a fase se-guinte competição.Centro de Formação de Atletas e Ci-dadãos (CFAC)Entrada gratuita | Atílio Andreazza, Parque Oásis

l Caxias x Estância Velha | Ter-ça, 15h |

A equipe do Caxias sub-20, que go-leou o Cruzeiro por 4 a 0 no primeiro jogo da segunda fase de grupos, busca vencer o Estância Velha para se man-ter na liderança.Estádio Homero SoldatelliEntrada gratuita | Rua Barros Cassal, 377, Flores da Cunha

l Futebol Sete Master | Sábado, 9h45 e 10h45 |

O campeonato iniciou com força total. Na primeira rodada, a equipe da Madal goleou a Guerra por 6 a 0, e as-sumiu a ponta na chave A. O time da Randon também estreou colocando muitas bolas na rede da equipe Voges

– ao todo, 7. Quadras do Sesi e VogesEntrada gratuita | Cyro de Lavra Pin-to, s/nº, Nossa Senhora de Fátima e Grercio Reis, s/n°, km 72 da Rota do Sol, Desvio Rizzo

l Campeonato Municipal | Sába-do, 13h15, 14h, 15h15 e 15h30 |

As maiores emoções ficam por parte da Série suplente. A partir das 13h15, as semifinais entre Hawaí e Cristal, e Águia Negra e Kayser definem quem segue em busca do título.Entrada gratuita

l 8ª Copa Ipam de Futsal Femini-no | Sábado, 19h, 20h e 21h e domin-go, 9h, 10h e 11h |

As jogadoras do Santa Catarina e da ACBF disputam a melhor posição geral no campeonato. As duas equipes são líderes de seus grupos com três vitórias em três jogos. Contudo, a efi-ciência do ataque do Santa Catarina a coloca um passo à frente nessa dispu-ta. Ao todo, foram 17 gols marcados, seis a mais que a sua rival.Ginásio Escola Santa Catarina e UCSEntrada gratuita | Matheo Gianella, 1.160, Santa Catarina e Francisco Ge-túlio Vargas, s/n°, Petrópolis – Vila Olímpica

l Campeonato Citadino Adulto | Terça (22) e quinta (24), às 19h45 e 20h45 |

Mesmo com um jogo a menos, o Torino se mantém em 2º do grupo F, na segunda fase de grupos do campe-onato. A vitória contra o seu próximo adversário, Os Deva, pode colocá-lo como líder isolado.EnxutãoEntrada gratuita | Luiz Covolan, 1.560, Santa Catarina

l Copa União | Sábado, 15h30 |São Virgílio e Pedancino se reen-

contram neste sábado só para cobrar pênaltis. É isso mesmo! No fim de se-mana passado, após empate em 2 a 2 na final dos sêniors, a decisão não foi para a marca da cal por falta de ilumi-nação – e devido ao atraso no início da partida. É o que eles farão neste sába-do. Na categoria juvenil, o Pedancino já está com a taça no armário.Campo do São VirgílioEntrada gratuita

Guia de Esportes

VÔLEI

MOTOVELOCIDADE

CICLISMO

CAPOEIRA

HANDEBOL

ATLETISMO

FUTEBOL

FUTEBOL DE MESA

[email protected] José Eduardo Coutelle

O jogo de botão está de aniversário: a Associação Caxiense de Futebol de Mesa comemora seus 45 anos com um campeonato especial neste final de semana

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Nelson Rubens é o pai da fofoca. Não lê Saramago nem sob tortura. Mas sabe com quem a Preta Gil dormiu ontem à noite. Nelson só não descobriu ainda se as rusgas entre Maradona e Pelé escondem um amor clandestino, recheado de salsa e merengue. A Sônia Abrão me contou que a Luciana Gime-nez estará em Buenos Aires para gravar com o Maradona pelado, ao lado do Obelisco, quando os hermanos voltarem pra casa com a taça na mão. Enquanto isso, Gil-berto Gil tenta convencer Caetano a compor uma opereta pra Preta Gil cantar antes que o mundo aca-be.A Copa nem engrenou ainda e teve muito espanhol afogando a tristeza dentro de um copo. A Fúria, seleção da Terra do Nun-ca, considerada uma das favoritas para erguer o caneco (só se for de chope), tropeçou na Suíça, terra das vaquinhas leiteiras, do relógio e de Roger Federer. Lá na Espanha tem gente com saudades do Messi. Aqui no Brasil, ninguém reconhe-ce que falta um Messi para espan-tar o tédio. Tivéssemos Messi, nin-guém saberia se Robinho é nome de jogador de futebol ou de filho de socialite.Ninguém conhecia Gelson Fer-nandes até a última quarta-feira (16). Talvez nem o Robinho se lem-bre dele. Os dois jogaram juntos no Manchester City, da Inglaterra. Robinho sorri até debaixo d’água. Fernandes é um cara sisudo, mas sorriu depois do gol marcado con-tra a Espanha. Parecia não acre-ditar e talvez vibrasse porque do outro lado, lá na Suíça, sua mãe estava chorando. Por felicidade e desabafo, porque na Suíça os ne-gros – mesmo os que têm regis-tro oficial – não são reconhecidos como suíços.Fernandes é negro. Nasceu em Cabo Verde e aos cinco anos mudou-se com a mãe para Sit-

ten, onde o pai havia conseguido trabalho. Fernandes talvez seja o herói de um jogo só. Volantes não costumam ser heróis de uma nação em tempo integral. Ain-da mais um negro na Suíça, onde apenas 0,6% da população carrega na pele o legado africano. O gol de Fernandes, que atualmente joga no Saint-Etienne, da França, será esquecido com a mesma velocida-de que a Preta Gil troca de namo-rado. Levando-se em conta, é cla-ro, a estatística do Nelson Rubens.Na Suíça, Preta Gil provavel-mente não seria muito bem vista. Não porque ela se diverte com os homens errados enquanto não encontra o certo. Mas porque na Suíça, conforme pesquisa da Co-missão Suíça contra o Racismo, homens negros são associados à marginalidade e mulheres negras à prostituição. Entrevistados pela Comissão revelam: “Me olham como se fosse um estrangeiro”, ou ainda: “observam de tal modo que parece que pensam que você vai cometer um delito em qualquer momento”. Tivesse pensado nisso tudo, Fernandes teria chutado a bola pra fora.Fernandes tem um olhar cravado no horizonte como quem ainda procura um oásis. Seu maior tro-féu da carreira, por enquanto, foi ter sido o primeiro capitão negro da seleção sub-21 da Suíça. E olha que já foi pior a situação dos negros por lá, sobretudo quando Chris-topher Blocher, líder da União Democrática do Centro (UDC), partido de extrema direita, con-trolava o Departamento Federal de Justiça, órgão responsável pela imigração. Mas seu legado é ainda tão forte por lá que atos de hero-ísmo como o de Fernandes, diante da Fúria, não têm vez na história suíça. Morasse no Brasil, Nelson Rubens já teria descoberto algu-ma fofoca vexatória do Sr. Blocher. Atrasado esse povo suíço, não?

FERNANDES:HERÓI SEM PÁTRIA

Copa2010

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Marcelo Mugnol

Fabiano Provin

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Dizem que o futebol evoluiu nas últi-mas décadas. A primeira Copa de que me lembro é a de 1986, quando Zico perdeu aquele pênalti contra a França no tempo normal. Depois, 1990, e o maldito Cani-ggia que marcou aquele gol. Sem muito brilho, 1994. O fi asco de 1998, o penta do Felipão em 2002 e a França novamente no caminho em 2006. Nesses 24 anos, a liber-dade dos jogadores talentosos foi deixada de lado, e a prioridade virou tática, 3-5-2, 4-4-2, 3-6-1...

Resultado: jogos burocráticos (como o da Seleção contra a Coreia do Norte) e poucos gols. Tão poucos que a primeira rodada já entrou para a história: em 16 jo-gos, 25 gols, ou média de 1,56 por partida, a pior desde 1930.

No início da segunda rodada a rede já balançou um pouco mais (foram 10 gols em três jogos), mas acredito que a média pode melhorar. Passada a tensão da es-treia, vamos ver se a Copa 2010 realmente irá começar.

O lateral direito Maicon, autor do primeiro gol na vitória de 2 a 1 sobre a Coreia do Norte, teve o surpreendente aproveitamento de 84% nos passes – acer-tou 92 dos 110 feitos na partida. Excelente no ataque, o jogador da Inter de Milão, somente neste ano, já é campeão italiano, da Copa da Itália e da Liga dos Campeões. Neste domingo (20), contra a Costa do Marfi m, pode ter ainda mais liberdade

no ataque, pelo fato de o time africano não ter o mesmo estilo dos retranqueiros norte-coreanos.

É bom Dunga abrir o olho (e isso ele deve ter feito), pois os marfi nenses meteram uma pressão em Portugal na estreia e por pouco não conquistaram três pontos. Uma vitória no jogo das 15h30 de domingo praticamente garante a Seleção nas oitavas de fi nal.

O uso contínuo e indiscriminado das vuvuzelas favoreceu o comércio de outro item, os tampões de ouvido (os shu-shu-zelas). Em farmácias próximas aos está-dios o produto não existe mais. Jogadores de Portugal e o volante hermano Mas-cherano já pediram que uma medida seja tomada. Convenhamos, é chato assistir a uma partida com aquelas – como disse Lula – “varejeiras” dentro da televisão. Ou que se criasse uma regra: vuvuzelas libera-das apenas nos jogos da Argentina.

A jabulani, a bola da Copa, é tão impor-tante que tem nome. E já fez três vítimas: os goleiros Green (Inglaterra) e Chaouchi (Argélia), que sofreram penosos galináce-os, e Enyeama (Nigéria) que falhou (por culpa da jabiraca) no 2 a 1 para a Grécia.

Ah, se Nelson Mandela pudesse defen-der a África do Sul também em campo... Na criação de Valter Oliveira, porém, o nome do grande líder negro reforça a camiseta dos Bafana Bafana, a título de homenagem. Dois novos assinantes do jornal O Caxiense – Nacarino Corti Mac Lean e Rachel Zilio – ganharam a camisa de presente. Também quer uma? Então encomende logo a sua ao Valter: 9145-0336.

Arrogante, o treinador francês Ray-mond Domenech virou chacota da imprensa francesa pelo fato de avaliar o mapa astral dos jogadores antes de escalá-los. Na derrota para o México, Henry nem entrou. A volta para Paris está mais próxima do que nunca. Isso é bem feito por terem conseguido a vaga para a Copa na repescagem, com aquele gol feito por Gallas após receber passe de Henry, que dominou a bola descaradamente com a mão – todo mundo viu, só o árbitro não.

A Alemanha, de futebol talentoso na es-treia, se complicou contra a Sérvia. Faltou criatividade ao enfrentar um adversário mais retrancado. Podolski (que perdeu um pênalti) e Schweinsteiger produziram pouco, e Klose foi expulso. Segue favorita?

Está faltando futebol. E gols

Ah, o Brasil

Contra as vuvuzelas

Vítimas

Camisetas

Bem feito

Adversário complicou

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COPA MULTIMÍDIA | Jornalismo multimídia é oferecer conteúdo exclusivo, sem repetir o que se lê no jornal. No nosso site, cada jogo ganha um tratamento diferente de tudo o que se vê na web. Imagens dos jogos do Brasil são comentadas em áudio, e uma HQ é contada em versão animada. Acesse: www.ocaxiense.com.br

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A sra. entrou na convenção partidária como cotada para ser suplente do candidato ao Senado Paulo Paim e saiu como candidata ao Senado, pelo PC do B. O que essa candidatura – de uma mulher, caxiense, sindicalista, filiada ao PC do B – significa?

O PC do B, antes de definir o nome do candidato, já havia definido concorrer a uma das vagas ao Senado, em discussões com os partidos que compõem a Frente Ampla. Em nenhum mo-mento discutiu-se a suplência, de forma que a convenção já analisou e definiu a minha candidatura como parceira de chapa do senador Paulo Paim. É natural que minha expe-riência como sindicalista, como militante do movimento feminista e político-partidário foram fatores de-terminantes para a indicação. Nesse sentido, minha candidatura significa a determinação, vontade, garra e sensibilidade para representar os interesses do Rio Grande e de seu povo, bem como a renovação que o país cobra no Senado.

Quais as suas propostas para o possível mandato?

Com a ousadia que é marca das mulheres do meu partido, quero contribuir com o desenvolvimento do Estado, com o olhar feminino, que valoriza as pessoas, honran-do a tradição dos comunistas em incentivar a participação política das mulheres. Em parceria com o senador Paim, vamos manter o olhar destacado para o trabalhador,

os aposentados, os negros, e, claro, terei um olhar determinado para as mulheres trabalhadoras – urbanas e rurais. Tenho convicção de meu pa-pel como senadora da República – é

lutar para trazer inves-timentos que permitam melhorar a infraestrutu-ra de nosso Estado e, por conseguinte, a qualidade de vida de nosso povo. Precisamos recolocar o nosso Estado em sintonia com o desenvol-vimento que vivemos no Brasil. Promover a inte-

gração regional como fundamental para o desenvolvimento do Brasil e da América Latina, porém lutando por compensações que garantam a competitividade de nossos produ-tos, como, por exemplo, reduzir os impostos do setor vitivinícola. É a nossa região sendo representada. Precisamos também modernizar e diversificar as cadeias produtivas.

A sra. desempenhou papel im-portante na campanha municipal passada, como vice na chapa da Frente Popular. Uma candidatura ao Senado agora, seja qual for o resultado dela, terá ressonância na próxima eleição para a prefeitura?

A política é dinâmica... Nesse momento estamos empenhados em eleger o projeto da Frente Ampla, bem como garantir a continuida-de das mudanças em nosso país, com a eleição de Dilma. O PC do B tem clara a importância ímpar do momento que vivemos e não medirá esforços na luta pela liberdade, pela democracia e pelo progresso social em nosso querido Rio Grande.

Renato [email protected]

Vou voltar às minhas origens

Dom Alessandro Ruffinoni, italiano de nascimento, ao ser anunciado bispo coadjutor da Diocese de Caxias do Sul

A sindicalista caxiense vê como grande responsabilidade pessoal e par-tidária sua candidatura ao Senado pelo PC do B

perguntas paraAbgail Pereira

Será dia 8 de agosto – Dia dos Pais – a pos-se do bispo coadjutor de Caxias do Sul, Dom Alessandro Ruffinoni. Atual bispo auxiliar de Porto Alegre, Dom Alessandro (à esquerda na foto) foi escolhido pelo Papa para substi-tuir Dom Paulo Moretto (à direita) na Dioce-se local. Dom Paulo vai se aposentar na me-tade do ano que vem, quando completar 75 anos. A data limite é estabelecida pela Igreja. O que significa dizer que Dom Alessandro, hoje com 66 anos, deverá permanecer apenas nove anos como bispo de Caxias do Sul.

Nas entrevistas que concedeu a respeito de sua aposentadoria, Dom Paulo Moretto mos-trou preocupação com o crescente fluxo de migrantes para Caxias do Sul. “A cidade não tem estrutura suficiente para receber a todos”, reconheceu o bispo.

Embora declare que ainda não tem qual-quer projeto para a nova tarefa, o italiano Dom Alessandro Ruffinoni – nascido em Piazza Brembana, na província de Bérgamo – também revelou sua intenção de discutir e encaminhar alternativas para esse problema.

Coube ao novo vice-reitor José Carlos Köche, ao assumir o cargo nesta sexta-feira, dar a notícia: o Conselho Diretor da Fundação Universidade de Caxias do Sul aprovou a inclusão de mais dois integrantes no grupo: um da Fundação Educacional da Região dos Vinhedos (Fervi), de Bento Gonçalves, e outro da Associação Pró-Ensino Superior dos Campos de Cima da Serra (Apesc), de Vacaria. Trata-se de uma decisão considerada importante para conso-lidar o processo de regionalização da universidade.

Em reunião esta semana, os con-selheiros da Fundação Universidade de Caxias do Sul decidiram também conceder igualdade de condições às entidades representadas no Conselho Diretor. Todos elas passam a ter dois votos, privilégio restrito até então ao Ministério da Educação (MEC) e à Câ-mara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Caxias do Sul.

As novas integrantes – Fervi e Apesc – ficarão com um voto apenas, por serem comodatárias (não entraram com patrimônio para a formação da fundação).

Está anunciada para a próxima quin-ta-feira (24) a divulgação dos resultados da pesquisa feita pela Associação dos Usuários do Transporte Coletivo sobre o serviços prestados pela concessionária Visate.

Menos de 5% (5.440 caxienses) dos usuários dos ônibus urbanos responde-ram às questões sobre passe livre e ou-tras gratuidades, sobre estrutura viária e, de uma forma mais ampla, a respeito da atuação da concessionária, a Viação Santa Tereza (Visate).

O problema será o que fazer com os dados levantados.

Coordenação regional da campanha do Partido dos Trabalhadores buscou sugestões ao pré-candidato ao gover-no do Estado, Tarso Genro. Entre os pontos elencados, a instalação do futuro aeroporto regional em... Monte Bérico, município de Farroupilha.

A proposta vai na contramão do que prega, por exemplo, a CIC de Caxias do Sul, defensora da região de Vila Oliva para sediar o substituto do Aeroporto Hugo Cantergiani.

A convenção estadual petista, na próxima semana, vai oficializar as can-didaturas do PT local, entre elas a do vereador Marcos Daneluz. Ele pretende disputar uma vaga na Assembleia Legis-lativa ao lado de Marisa Formolo, que busca a reeleição.

Daneluz confia que a candidatura dele vai ajudar na construção do pro-cesso democrático interno, engrande-cendo o partido.

Há quem diga que a concorrência de dois petistas ao mesmo cargo enfraque-ce Marisa, embora o trabalho atento que realizou assegure a ela uma boa votação.

O verdadeiro arsenal – facas, tesou-ras, estiletes, celulares, além de pedras de crack, maconha e cocaína – reco-lhido quinta-feira (17) na vistoria feita na Penitenciária Industrial pela Briga-da Militar impõe medidas urgentes.

De remoção de agentes da Susepe a reforço nas revistas feitas durante visitas.

Ao contrário do que prega a imensa maioria de Detrans do país, o diretor de trânsito da Secretaria Municipal de Trânsito, Transporte e Mobilidade, Carlos Noll, apoia a proposta que pre-vê parcelamento de multas, aprovada esta semana na Comissão de Consti-tuição e Justiça do Senado.

Para Carlos Noll, a medida deverá “facilitar a vida dos infratores que não têm recursos para pagar as multas” e “garantirá o recebimento dos valo-res devidos”. Ou seja, a arrecadação com multas de trânsito estará mais garantida.

Salvo melhor juízo, não se fala mais em demissão coletiva entre os profis-sionais da rede municipal de saúde. A intenção havia sido anunciada pelo presidente do Sindicato dos Médicos, Marlonei dos Santos, em represália ao fracasso das negociações salariais com a prefeitura.

Por nove anos Sem estrutura

Bento e Vacaria

Votos iguais

Questionário

Na contramão

Por sinal

Arsenal

Arrecadação

Bravata

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