24
André T. Susin/O Caxiense Caxias do Sul, julho de 2010 | Ano I, Edição 31 | R$ 2,50 |S3 |D4 |S5 |T6 |Q7 |Q8 |S9 PASSOS DO GIGANTE Números, caminhos e estratégias do San Pelegrino Shopping Mall Padre Giordani: o sacerdote inabalável | Quadrinhos: histórias do Brasil na Copa, da euforia à tragédia | Roberto Hunoff: é tempo de inaugurações | Renato Henrichs: a campanha eleitoral e o Legislativo local AIDS: O RISCO DE CONTAR COM A SORTE Com o avanço da medicina, a epidemia da doença já não parece tão assustadora – e justamente por isso continua tão perigosa

Edição 31

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Com o avanço da medicina, a epidemia da doença já não parece tão assustadora – e justamente por isso continua tão perigosa

Citation preview

Page 1: Edição 31

And

ré T

. Sus

in/O

Cax

iens

e

Caxias do Sul, julho de 2010 | Ano I, Edição 31 | R$ 2,50|S3 |D4 |S5 |T6 |Q7 |Q8 |S9

PASSOS DO GIGANTE

Números, caminhos e estratégias

do San Pelegrino Shopping Mall

Padre Giordani: o sacerdote inabalável | Quadrinhos: histórias do Brasil na Copa, da euforia à tragédia |Roberto Hunoff: é tempo de inaugurações | Renato Henrichs: a campanha eleitoral e o Legislativo local

AIDS:O RISCODE CONTAR COM

A SORTECom o avanço da medicina, a epidemia da doença já não parece tão assustadora – e justamente por isso continua tão perigosa

Page 2: Edição 31

AIDS:O RISCODE CONTAR COM

A SORTE

2 3 a 9 de julho de 2010 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

Índice

Expediente

Assine

A Semana | 3As notícias que foram destaque no site

Roberto Hunoff | 4Temporada de inaugurações no comércio

Templo do consumo | 5Grupo israelense investe R$ 100 milhões no San Pelegrino, uma promessa de sofisticação

Alerta de saúde | 7O vírus da despreocupação enfraquece o combate à Aids

Razão social | 10Categoria de empreendedor individualviabiliza o trabalho formal

A Copa em Quadrinhos | 12O Brasil moleque e o fim da Era Dunga

Fé memorável | 14O centenário de nascimento do padre Giordani

Guia de Cultura | 16O cemitério colorido de Selister ea morte de Quincas no cinema

Artes | 18Uma canção em versos despedaçadose um traje de retalhos costurados

Volta da praia | 19O Caxias suou a camisa no litoral para revelar a Julinho pontos fracos e fortes

Copa 2010 | 20Sonhos de Elano e Natanael e travessuras de Blatter, Teixeira e Havelange

Guia de Esportes | 21Enquanto o Brasil se despede da África, o futebol amador movimenta campos e quadras de Caxias

Humor em Massa | 22O que o massagista do Juventude guarda dos seus 20 anos de clube

Renato Henrichs | 23Como fica a Câmara caxiense em tempos de campanha eleitoral

Sensacional a edição. O Caxiense cada vez se superando mais e mais. Parabéns mesmo. Isto é jornalismo

inteligente e com conteúdo.

Marta Detanico

www.OCAXIENSE.com.br

Redação: André Tiago Susin, Cíntia Hecher, Fabiano Provin, Felipe Boff (editor), Graziela Andreatta, José Eduardo Coutelle, Luciana Lain, Marcelo Aramis (editor assistente), Marcelo Mugnol, Paula Sperb (editora), Renato Henrichs, Roberto Hunoff e Valquíria Vita Comercial: Leandro Trintinaglia e Cláudia PahlCirculação/Assinaturas: Tatyany Rodrigues de OliveiraAdministrativo: Luiz Antônio BoffImpressão: Correio do Povo

Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para [email protected]. Trimestral: R$ 30 | Semestral: R$ 60 | Anual: 2x de R$ 60 ou 1x de R$ 120

Jornal O Caxiense Ltda.Rua Os 18 do Forte, 422, sala 1 | Lourdes | Caxias do Sul | 95020-471Fone 3027-5538 | E-mail [email protected]

And

ré T

. Sus

in/O

Cax

iens

e

And

ré T

. Sus

in/O

Cax

iens

e

Caxias do Sul, junho de 2010 | Ano I, Edição 30 | R$ 2,50|S26 |D27 |S28 |T29 |Q30 |Q1º |S2

ITTALA NANDI

Atriz caxiense lembra entrevista censurada

há 43 anos e avisa: ainda é uma mulher livre

Robe

rto

Hun

off:

o o

timism

o do

com

ércio

não

se ab

ala |

Ren

ato

Hen

rich

s: a

ques

tão

que d

ever

ia p

rend

er a

aten

ção

de Y

eda e

m

Cax

ias |

A C

opa

em Q

uadr

inho

s: o

s vilõ

es e

heró

is do

Mun

dial

| Im

igra

ção

afri

cana

: Cax

ias a

colh

e estu

dant

es e

espe

ranç

as

DA ÁFRICAPARA CAXIASA missão técnica enviada à Copa do Mundo voltou otimista: a cidade tem boas condições para ser subsede em 2014. E já sabe o que fazer para aumentar ainda mais suas chances

@cristiansr @ocaxiense Todos os caxienses deveriam ler a reportagem sobre maus-tratos aos animais. Edição nota 11, 10 é muito pouco. Parabéns #edição30

@thamigriebler @ocaxiense Parabéns pela matéria e fotos! me emocionei muito ao ver o audioslide. #maustratosdeanimais

@viniciusbusatta @ocaxiense Parabéns pela edição desse final de semana! #edição30

@danieldalsoto @ocaxiense Muitas capas acima da média! Difícil escolher, mas eu ficaria com a capa da 1ª edição, q marcou a chegada de um novo jornal! #enquete

@Calebeborges O @ocaxiense tem as melhores notícias, com os melhores assuntos e o melhor website em organização de informações. SIGAM!

Adega da Memória – Edição 3 | Cumprimentos ao editor. Não resido em Caxias há 40 anos, no

ano passado entrei na Adega dos Andreazza. Um marco vivo, sem igual, da história de uma das famílias que bravamente ajudaram a construir a nossa Caxias do Sul!

Jose Andreazza Sehbe

Confira em www.ocaxiense.com.br um vídeo com imagens raras do padre Giordani em diversas atividades nas décadas de 50 e 60 e nas comemorações de seu jubileu de prata, em 1964. Os filmes originais, em 16mm, foram disponibilizados pela Associação Arte e Cultura Aldo Locatelli e digitalizados pela Spaghetti Filmes.

Agradecemos | Andréia Lúcia Susin, Gélson Frosi (Magrão) e Sociedade Recreativa São Pelegrino.

NO SITE

Parabéns ao O Caxiense, o jornal que todos podem ler. Se todos tivessem consciência de participar de um projeto tão bom...

Osni Carloni

Ace

rvo

da Ig

reja

de

São

Pele

grin

o/O

Cax

iens

e

Page 3: Edição 31

Justiça

Espetáculo Som & Luz

MP busca solução rápida em inquéritos

Licitação é aberta pela terceira vez

A Justiça é cega, mas está sofren-do é com o excesso de processos sem solução que carrega nas cos-tas. Somente na Vara de Família de Caxias cada juiz tem 38 mil proces-sos. Para aliviar o peso desta carga, o Ministério Público atuou nesta semana no Projeto Conciliar, que promove audiências de uma hora para tentar resolver problemas sobre os quais o MP abriu inquéritos, mas não processos. Os promotores Adrio Rafael Paula Gelatti e Adria-na Chesani firmaram acordos ou Termos de Ajustamento de Conduta.

A Festa da Uva 2010, que teve redução de público, ocorreu sem uma das suas mais tradicionais atrações, apresentada desde 1995: o Som &Luz. As reformas não foram entregues no prazo necessário, dezembro de 2009, e turistas não puderam assistir ao espetáculo. Então, uma nova licitação foi feita. A obra, cujo prazo era junho de 2010, não aconteceu de novo, e

Vinte bailarinas e 14 coreogra-fias renderam 15 prêmios para o Ballet Margô Brusa no 8º Festival São Leopoldo em Dança. O elenco caxiense concorreu com mais de 3 mil bailarinos de 130 compa-nhias de dança do Brasil. Foram 10 primeiros lugares, 2 segundos (nestas categorias ninguém ganhou os primeiros) e um terceiro lugar. Jéssica Pistorello recebeu o prêmio de Bailarina Destaque do Festival.

São Leopoldo em Dança

Comunicação

Teatro

Ministério Público

Trabalho

Ballet Margô Brusa leva 15 prêmios

Caxias terá novo canal aberto de TV

Prêmio de R$ 60 mil tem só quatro inscritos

Adoções ilegais são mais comuns do que as legais

Prefeitura deve fazer concurso público

SEGUNDA | 28 de junho

QUARTA | 30 de junho

QUINTA | 1°de julho

SEXTA | 2 de julho

TERÇA | 29 de junho

Mai

ara

Cal

garo

, Div

ulga

ção/

O C

axie

nse

Dou

glas

Tra

ncos

o, D

ivul

gaçã

o/O

Cax

iens

e

Luiz

Cha

ves,

Div

ulga

ção/

O C

axie

nse

Três licitações para reforma do Som & Luz; 15 prêmios do Ballet Margô Brusa; um projeto que busca soluções para inquéritos

www.ocaxiense.com.br 33 a 9 de julho de 2010 O Caxiense

Alternativas têm surgido em Caxias do Sul. No segmento comercial, o San Pelegrino Shopping, que recepcionou os lojistas nesta quarta, oferecerá novas lojas e cinemas. Na comunica-ção, a cidade terá mais um canal de

Fica difícil reclamar das oportuni-dades na cultura em Caxias quando apenas quatro projetos concorrem ao prêmio de R$ 60 mil para mon-tagem teatral. O número de interes-sados é muito pequeno em relação aos grupos de teatro existentes, que deveriam abraçar todas as chances de produzir cultura. No ano passa-do, foram 15 projetos inscritos no

De acordo com a promotora de justiça especializada do Ministério Público Adriana Chesani, o volume de adoções ilegais é maior do que as feitas legalmente em Caxias do Sul. O tempo de espera dos cerca de 200 – número que envolve casais e pessoas solteiras – habilitados pela Justiça para adoção na cidade au-menta em função das ilegalidades. O MP firmou dois acordos para evitar adoções ilegais em uma audiência que fez parte do Projeto Conciliar.

Os aprovados nos concursos anteriores ainda estão sendo nome-ados, mas o Município abrirá novo concurso público dentro de 15 ou 30 dias. Profissionais de nível médio e superior disputarão vaga para cerca de 20 cargos, como pedreiro, arquiteto, professor e médico.

A Semanaeditado por Paula Sperb [email protected]

uma terceira licitação foi aberta. A verba do Ministério do Turismo está parada, aguardando solução.

televisão. A rede CNT, com sede em Curitiba (PR), deve começar a operar na cidade até o fim deste ano, trans-mitindo em sinal aberto (canal 31) e também pelo cabo. O investimento passa de R$ 4 milhões, e de início serão gerados entre 15 e 20 empregos. O extrato do contrato de concessão, válido por um período de 15 anos, foi publicado no Diário Oficial no dia 18. A assinatura ocorreu no dia 16, entre o ministro das Comuni-cações, José Artur Filardi Leite, e o sócio-gerente da Televisão Diaman-te Ltda. (afiliada da CNT), Sérgio Kunihiro Tokutsune. “Existe a ideia de expandir o sinal para todo o Rio Grande do Sul”, revelou o gerente de retransmissão da rede, Luiz Barcik.

prêmio. Que os vencedores, ou o vencedor, façam proveito. A comu-nidade certamente baterá palmas.

Page 4: Edição 31

4

Roberto [email protected]

A reunião-almoço de segunda-feira (5) da CIC de Caxias do Sul será festiva. As comemorações dos 109 anos da entidade terão como principal atrativo a entrega do Troféu Ítalo Victor Bersani às empresas dos segmentos da indústria, comércio e serviços que mais se destacaram, conforme opinião dos associados e sindicatos patronais registrada em votação. As indicadas são Agrale, Colombo e Codeca, que terão seus cases apresentados no encontro.

AgraleÚnica montadora com capital

100% nacional. Em sua história regis-tra a produção de 365 mil motores a diesel, 72 mil tratores, 100 mil motos e scooters e mais de 71 mil cami-nhões e chassis.

O bairro São José abriga desde esta semana duas novas operações comer-ciais. A Ferragens Triches inaugurou loja no final da Moreira César para venda aos segmentos industriais e de serviços, atendendo empresas e públi-

co final. Praticamente em frente está a segunda unidade da loja TaQi em Caxias. Ocupando espaço de 1,2 mil m² no Centro Comercial Alpha Cen-ter, a loja é especializada em material de construção e ferramentas.

Com o tema Origens, a 13ª edição da Sala de Visitas terá abertura oficial na quinta-feira (8). Neste ano a Associação Sala de Arquitetos, idealizadora do evento, resolveu inovar. Transferiu sua realização do Iguatemi Caxias para a Casa das Oficinas, na Estação Férrea, montou o Espaço Cultural e manteve o tradicional café para os visitantes. Por meio do slogan Você vai olhar para trás, para entender o que vem pela frente os profissionais da arquitetura fazem uma viagem no tempo e inspiram-se no passado para fazer criações para o futuro.

O Iguatemi Caxias anuncia duas novas opera-ções para o terceiro trimestre do ano. Em 1º de setembro começa a funcionar a Hope, uma das primeiras marcas de moda íntima do país. Será a 34ª unidade da rede, que atua no Brasil, Portugal e Israel. Também em setembro, mas ainda sem data definida, entra em operação uma loja da Le Lis Blanc, marca que representa uma das princi-pais empresas de vestuário e acessórios de moda feminina de alto padrão no Brasil. A loja de 280 m² também terá peças de decoração e roupas para meninas.

A Scasul, integrante do grupo Scapini Trans-porte e Logística, atua desde o final de junho como concessionária Suzuki Veículos em Caxias do Sul, segunda operação da montadora no Estado. Localizada na Avenida Ruben Bento Alves, no bairro Sanvitto, a loja comercializa os modelos Grand Vitara, Jimny e SX4 e oferece toda a estrutura de pós-venda aos clientes.

A Parceiros Voluntários realiza na segunda-feira (5) a segunda edição do jantar beneficente Temperando Par-cerias. A confraternização, marcada para o restaurante Di Paolo a partir das 19h30, reunirá empresários e voluntários da cidade. A organização não governamental existe em Caxias do Sul há 11 anos e atende 82 entida-des conveniadas por meio de 2 mil voluntários.

Já a Associação de Dirigentes Cris-tãos de Empresas lança na terça-feira

(6) a 8ª edição do evento gastronô-mico beneficente Tá na Mesa com a ADCE. No encontro, marcado para as 19h na Churrascaria Gaudério, serão apresentadas as entidades benefi-ciadas com os recursos obtidos pelo evento e as empresas e instituições que desenvolverão os 14 diferentes cardápios para os mais de 700 parti-cipantes.

O jantar organizado pela associação ocorrerá no dia 7 de agosto, no Salão dos Capuchinhos.

A Universidade de Caxias do Sul e o PMI-RS (Project Management Ins-titute - Capítulo Rio Grande do Sul), firmam na segunda-feira (5) parceria para a realização do curso de pós-graduação em Gerência de Projetos de Tecnologia da Informação. O ato

também marcará a instalação da sub-seção Serra Gaúcha do PMI-RS junto ao Bloco 71 da UCS. O PMI, fundado em 1969, é a principal associação internacional em gerenciamento de projetos, contando com mais de 240 mil associados em mais de 160 países.

Especializada em massas e lanches, a Pasta & Cia passou por alterações visuais e adequações nas instalações elétrica, hidráulica, de ilumi-nação e segurança. Com o investimento, os empreendedores Fabrício Zanella e Saul Ama-rante projetam incremento de 30% no negócio localizado no Prataviera Shopping.

Fundada em 30 de novembro de 1959, em Farroupilha, é hoje uma das maiores organizações do varejo bra-sileiro de eletrodomésticos e móveis. Possui 342 filiais no RS, SC, PR, SP e MG. Com 6 mil colaboradores diretos e 30 mil indiretos, tem carteira supe-rior a 2 milhões de clientes ativos.

A Companhia de Desenvolvimen-to de Caxias do Sul foi fundada em 1975 com o objetivo de acelerar o progresso no município. Atualmente emprega 1.058 colaboradores e opera nas áreas de limpeza urbana (com coleta de lixo, varrição e capina), pavimentação e obras.

Comemorações e homenagens

São José

Arquitetura

Para mulheres

Concessionária

Cardápios beneficentes

Parceria

Visual renovado

A economia de Caxias do Sul cresceu 26% em maio sobre igual perío-do do ano passado, mas apresentou que-da de 2,8% na comparação com abril, resultado do efeito sazonal no segmen-to de serviços. No acumulado do ano o avanço é de 18,8% e, nos últimos 12 me-ses, 5,1%. Os dados são da CIC.

A indústria de alimentos Tondo investirá R$ 20 milhões na construção de fábrica para elaboração de biscoitos e na ampliação de sua capacidade de pro-dução de misturas de bolo e panificação. O resultado será a abertura de 40 novos empregos. Em 2010 a empresa projeta faturamento de R$ 220 milhões, em alta

de 10% sobre o ano anterior.

A Marcopolo anunciou inves-timento de R$ 60 milhões. Erguerá unidade específica para a produção de componentes plásticos em Ana Rech e modernizará a área de pintura na fábrica da Ciferal, no Rio de Janeiro.

Curtas

3 a 9 de julho de 2010 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

Júli

o, O

bjet

iva,

Div

ulga

ção/

O C

axie

nse

Past

a &

Cia

., D

ivul

gaçã

o/O

Cax

iens

eC

láud

ia P

onte

l, D

ivul

gaçã

o/O

Cax

iens

e

Gil

mar

Gom

es, D

ivul

gaçã

o/O

Cax

iens

e

Colombo Codeca

O empresário Getúlio da Silva Fonseca assumiu a presidência do Sindicato das Indústrias Metalúrgi-cas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul para o período 2010-2013. Diretor da Perfilline Componentes Metálicos, ele substi-tui a Oscar de Azevedo, que presidiu a entidade em dois mandatos. Sua diretoria executiva ainda contará com Carlos Zignani, Reomar Slavie-ro, Marcos Guerra, Norberto Fabris e Edson D’Arrigo (foto abaixo).

O empresário Orlando Marin foi reeleito para seu terceiro mandato à frente do Sindicato das Indústrias de Material Plástico do Nordeste Gaúcho. A chapa única ainda traz como vice-presidentes os empre-sários Victor Borkoski e Eugenio Razzera.

Mudanças

Repeteco

Page 5: Edição 31

por PAULA [email protected]

movimento sincronizado de degraus e corrimões de 16 escadas rolantes con-duzirá caxienses entre os andares S2, S1, PT, P1, P2 e P3 do San Pelegrino Shopping Mall, no dia 30 de setem-bro, quando seus 115 espaços estarão abertos ao público. Para sair do esta-cionamento subsolo de 600 vagas e ir ao último andar, onde ficarão seis salas de cinema – duas serão 3D, da rede Ci-népolis, que inaugurará 1,2 mil lugares no shopping em dezembro –, não será preciso necessariamente deslizar pelos cerca de 190 metros de degraus móveis que se cruzarão conduzindo consumi-dores para cima e para baixo. Para che-gar lá, uma alternativa é avançar por cada um dos 96 degraus, queimando aproximadamente 100 calorias, 20% do total de um BigMac, lanche mais vendido da multinacional de fast food McDonald’s, que também estará ins-talada na praça de alimentação do San Pelegrino junto com Maxiburger, Doce Docê, Mini Kalzone, Sorvelândia, Pas-tine e outros.

O tapete vermelho que recepcio-nou os lojistas na última quarta-feira (30) ficou com pegadas brancas de sa-patos levemente sujos por cimento em pó. “Vocês têm que saber que estamos em obras ainda. Último dia de obras é 28 de setembro”, anunciou Luis Felipe Tavares, superintendente do shopping. Tavares, que pretende “virar caxiense” assim que a família puder se mudar para Caxias, está otimista com os re-sultados. “Em nenhum shopping do mundo só o empreendedor se sai bem. Vamos fazer uma administração muito transparente”, prometeu. Segundo ele, foram feitas pesquisas rigorosas na re-gião para estabelecer o perfil do con-sumidor. No bairro São Pelegrino, es-tima-se que 63% dos moradores sejam de classe A e B. As lojas do shopping pretendem atender esta demanda di-vidida em áreas feminina e masculina. “Tem muita ciência, não é só vontade de empreender”, justifica o superinten-dente. Para que o shopping seja inau-gurado na data anunciada, chegará a ter 700 operários trabalhando na área de 47mil m². Destes, 171 se dedicarão exclusivamente à obra do supermerca-do Nacional, uma das âncoras do San Pelegrino, junto a Renner, Americanas e Luigi Bertolli, que ocuparão cerca de 1,5 mil m² cada. Marcas renomadas, como Osklen, Carlos Miele e Kevings-ton, estarão lado a lado com as empre-sas locais.

“Associar nossa marca com as de-

mais nos agrada muito”, diz Ivonei Pio-ner, sócio-proprietário da tradicional ótica e relojoaria que leva seu sobreno-me. Para Ivonei, o segredo do negócio, que se mantém há mais de 40 anos, é acreditar no mercado caxiense e per-ceber que ele está se abrindo. “Basta notar pelos empreendimentos aqui no shopping, são totalmente novos”, observa. Financeiramente falando, as perspectivas também são boas para o negócio. “Imaginamos que tenha au-tossuficiência desde o primeiro mês, acreditamos no empreendimento”, conclui Ivonei. No largo corredor cir-cular do térreo, próximo da Pioner, a Kenpo Sports também inaugurará seu espaço. “A loja vai seguir o perfil das outras, porém mais moderna. Preten-demos atingir um público que hoje não se consegue. Vai ser requintado, sofis-ticado, diferente do comércio de rua”, afirma o gerente Leandro Lazzari.

A atmosfera auspiciosa animou os empresários como a claridade pro-porcionada pelas cúpulas de vidro da edificação. “Temos um shopping ma-ravilhoso. Vamos abrir totalmente lo-cado, faltam apenas seis lojas”, contou o superintendente Luis Felipe Tavares. Conforme Tavares, o San Pelegrino tem certificação do Green Building Council. A entidade certifica “prédios verdes” que, principalmente, respei-tam normas de eficiência enérgica. “Será o primeiro shopping do Brasil a ter certificação internacional”, afirmou Daniel Bernd, presidente do grupo Ga-zit no Brasil. Um shopping verde, mas que eliminou três ligustros da calçada. O trio de árvores, antigas conhecidas dos transeuntes assíduos da Aveni-da Rio Branco, foi cortado no mês de maio. Entretanto, os reflexos no vidro da fachada do prédio são convidati-vos, distraem; a ausência não é sentida. Porém, a mudança não é a única na familiar avenida. A rua será alargada, o corredor de ônibus revitalizado, a Rua Machado de Assis terá mão úni-ca e quem sair de carro da garagem do shopping não voltará para a Rio Bran-co. Todas as mudanças serão custeadas pelo shopping, que quer reduzir os impactos que causará no trânsito da região, calculados a partir de um estu-do encaminhado para a Secretaria de Trânsito, Transporte e Mobilidade. Os contatos entre Gazit e prefeitura de Ca-xias do Sul foram mediados pela Secre-taria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Emprego. “Acompanhamos o San Pelegrino e buscamos as libera-ções necessárias. Nossa secretaria arti-cula junto aos outros órgãos”, explicou o secretário Guilherme Sebben, que

OA

ndré

T. S

usin

/O C

axie

nse

Apenas 30% da antiga estrutura do Italian foi aproveitada, em uma área de 47 mil m²

Investimento de peso

GIGANTE SOFISTICADOCom inauguração marcada para 30 de setembro, shopping San Pelegrino movimenta a economia local

www.ocaxiense.com.br 53 a 9 de julho de 2010 O Caxiense

Page 6: Edição 31

comemorava o fomento econômico gerado pelo San Pelegrino: “Entre 1 mil e 1,5 mil empregos diretos e indire-tos serão gerados com o funcionamen-to do shopping”.

Um empreendimento deste porte não gera apenas desenvolvimento da economia de uma cidade cada vez mais próspera como Caxias. Pelo menos é nisso que o empresário Felipe Meu-rer, sócio-gerente da Livraria Nobel, acredita. “É o caminho para o país mudar, para a educação”, diz, ao ex-plicar o porquê de in-vestir em livros. “Gosto muito do mercado ca-xiense, educado, culto, com grande potencial”, acrescenta, citando qualidades que nem sempre a comunidade reconhece em si. A li-vraria Nobel terá um espaço de 236m² com livros, jogos eletrôni-cos, papelaria de alto nível, revistaria e área infantil. O investimento girou em torno de R$ 400 mil e R$ 500 mil, entre franquia e construção, e Felipe espera faturar R$ 80 mil por mês.

A sofisticação do San Pelegrino atrai lojas e consumidores. “Nossa propos-ta para Caxias é agregar valor. Na loja premium, os produtos têm os mes-mos preços, as mesmas condições de pagamento, mas se mostra uma linha de maior valor, se proporciona algo

mais”, explica Thiago Baisch, diretor de marketing e vendas da Colombo, que abrirá um estabelecimento focado em tecnologia e games.

Antes de ser San Pelegrino, o shop-ping foi, ou deveria ter sido, Italian. Há mais de 15 anos um grupo de lojistas caxienses iniciou o empreendimento, mas não o concluiu. O projeto foi ad-quirido por R$ 35 milhões pelo Gazit, grupo israelense que tem mais de 600 negócios em 20 países. Atualmente, o

investimento no sho-pping se aproxima de R$ 100 milhões, já que apenas cerca de 30% do que havia sido cons-truído foi aproveitado. De todos negócios da Gazit, 90% são shop-ping centers ancorados em supermercados. O restante são residen-ciais para a terceira idade, prédios para consultórios médicos e empresas de energia

e construção civil. A Gazit tem ações negociadas nas bolsas de Nova Iorque, nos Estados Unidos, em Toronto, no Canadá, em Helsinque, na Finlândia, e em Tel Aviv, em Israel. A atenção da Gazit, agora, está voltada para Ca-xias. Além do San Pelegrino Shopping Mall, mais investimentos milionários poderão ocorrer na cidade. “Estamos avaliando outras oportunidades em Caxias do Sul”, revelou o presidente Daniel Bernd.

6 3 a 9 de julho de 2010 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

Foto

s: A

ndré

T. S

usin

/O C

axie

nse

O superintendente Tavares vai “virar caxiense”; escadas rolantes somam 190 metros

“Temos um shopping maravilhoso. Vamos abrir totalmente locado, faltam apenas seis lojas”, projeta Tavares

Page 7: Edição 31

por VALQUÍRIA [email protected]

meu amor agora está perigoso. Mas não faz mal, eu morro mas eu morro amando.” Cazuza disse essa frase em uma de suas turnês, em 1987, quando descobriu que tinha Aids, a doença mais aterrorizante da década de 80. De lá para cá, algumas coisas mudaram em relação à Aids (sigla, em inglês, para síndrome da imunodeficiência adquirida). Os seus infectados, se antes eram rapidamente associados – como no caso de Cazuza – a homens que fa-ziam sexo com vários parceiros, eram bi ou homossexuais e usavam drogas, hoje são em sua maioria heterossexu-ais (divididos igualmente entre ho-mens e mulheres) com parceiros fixos.

Outra mudança é que agora a Aids não soa mais como uma condenação à morte. Graças ao avanço dos medi-camentos, alguns médicos arriscam a dizer que é possível levar uma vida normal, desde que a doença seja des-coberta o quanto antes. Mas a ideia de que hoje a Aids tem tratamento fez com que se parasse de falar tanto no assun-to e que o mal não parecesse mais tão grave quanto nos anos 80 de Cazuza. E, junto com um certo calar sobre o tema, há uma falta de prevenção. As pessoas insistem em não usar preservativo nas relações sexuais, expondo-se ao risco. Provas concretas disso são os números nacionais e regionais da Aids, que não têm crescido, mas também não têm di-minuído.

O Centro Especializado de Saúde (CES) de Caxias do Sul atende 2.339 pessoas com Aids. Este dado corresponde a pacientes das 48 cida-des atendidas pelo CES na região, mas estima-se que o número de caxienses com a doença seja o equivalente a 60% deste total. E esta é a quantidade de pessoas em tratamento, pois o número de infectados pelo HIV não é notifica-do, nem nacionalmente. Sabe-se ape-nas que, atualmente, cerca de 180 mil pessoas recebem tratamento de Aids fornecido pelo Ministério da Saúde no país.

No último boletim epidemiológi-co apresentado pelo ministério, o Rio Grande do Sul aparece como o Estado com a maior taxa de incidência de ca-sos notificados da doença. Em 2008, para cada 100 mil habitantes havia 41,2 casos de Aids. E, segundo a Secretaria Estadual da Saúde, de janeiro a junho deste ano foram registrados 655 no-vos casos no Estado. “No Rio Grande do Sul está aumentando. Caxias segue o mesmo patamar. Pode ser que uma

das causas seja o maior número de diagnósticos”, afirma a diretora técnica do Serviço Municipal de Infectologia, Nicole Alberti Golin. “Somos o Estado que mais notifica, e notificar é um pro-blema no Brasil inteiro. Às vezes, ou-tros estados não têm condições, então não quer dizer que temos mais casos”, completa Lessandra Michelim, infec-tologista e coordenadora do serviço de infectologia da UCS, ressaltando que, mesmo assim, o número de pessoas com Aids em Caxias é alto e preocu-pante.

O grupo de risco de Aids, como ex-plica Nicole, não é mais composto por homossexuais, prostitutas ou usuários de drogas. “Esse perfil caiu por terra há muito tempo. A grande população infectada hoje é de heterossexuais. E a doença feminilizou. Um problema é que a mulher tem menos autonomia para exigir preservativo. Deixa ainda muito na mão do homem”, diz Nico-le, completando: “Para fazer parte do grupo de risco basta ser sexualmente ativo”.

As 2.339 pessoas com Aids na região, segundo ela, estão divididas quase igualmente entre homens e mulheres. “Há um ano eram 60% homens, 40% mulheres. Agora igualou. E a média de idade é entre 20 e 40 anos. São adultos jovens”, revela. “Há 10 anos a propor-ção era de nove homens para uma mu-lher. Hoje, está um para um”, confirma Lessandra.

Nicole destaca o aumento de pesso-as casadas que contraem a doença. “A Aids está aparecendo em monogamias agora. As mulheres são menos promís-cuas, quando são casadas não usam preservativo. Mas os maridos não usam fora.”

Conforme Lessandra, os jovens, como os adolescentes que estão come-çando a ter vida sexual ativa aos 12, 13 anos, são hoje o grande foco das campanhas. “Tive uma paciente que estudava num colégio particular da cidade, era de família rica. Era o pri-meiro namorado dela e ela achava que, como o menino era da turma dela e o conhecia há muito tempo, não precisa-va se cuidar. Daí o menino pegou Aids, e ela também. Focamos tanto nas es-colas públicas, que não têm condição social muito boa, nem estrutura. Mas temos que lembrar que a Aids não tem classe social, não tem rosto, não tem como saber se a pessoa que está do nosso lado tem ou não tem”, ressalta. “Mesmo com todas as campanhas de prevenção temos incidência bem alta de casos novos em Caxias. Dá para di-zer que na região quase todos os dias temos um caso novo. E as vezes é de

“OA

ndré

T. S

usin

/O C

axie

nse

A conscientização sobre a doença dá sinais de enfraquecimento

A ameaça da Aids

DESCUIDO PERIGOSOO tratamento avança, mas as notificações de casos de Aids em Caxias não diminuem, chamando atenção para a falta de prevenção

www.ocaxiense.com.br 73 a 9 de julho de 2010 O Caxiense

Page 8: Edição 31

gente muito nova, de 18, 20 anos. Ado-lescentes a partir dos 16 anos temos diagnosticado com frequência maior do que gostaríamos. E isso tem doído muito. Porque eles têm toda uma vida pela frente.”

Lessandra diz que outros grupos mui-to atingidos na região são os idosos – que por causa do Viagra e da reposição hormo-nal voltaram a ter vida sexual, mas não usam preservativo – e, ain-da, os usuários de dro-gas, principalmente de crack, que embora não injetável, muitas vezess leva à prostituição e ao sexo sem proteção. “O aumento de cra-ck é o aumento de Aids.”

Além deles, há uma atenção espe-cial às gestantes que, se descobrirem que têm a doença no exame pré-natal, iniciam o tratamento ainda na ges-tação, continuando durante o parto e nas primeiras semanas de vida do bebê (medicado preventivamente). Dessa forma as chances de que a doença pas-se para o recém-nascido são pratica-mente nulas hoje em dia. “Estimativas do Ministério da Saúde, em um estudo realizado em 2006, apontam prevalên-cia de infecção por HIV em 0,42% das mulheres no momento do parto. Em Caxias, a taxa de transmissão da mãe para o bebê é de 0%, o que demonstra a eficácia do pré-natal na região”, expli-ca Rosa Dea Sperhacke, coordenadora do Laboratório de Pesquisa em HIV/AIDS da UCS. “O importante é que quando a mãe faça o pré-natal o par-ceiro faça também. Já teve situações de mães que pegaram Aids no final da gravidez, contaminadas pelos parcei-ros. Eles não sabiam, a mãe amamen-tou e o bebê pegou. Então a testagem deve ser do casal”, salienta a infectolo-gista Nicole.

Suzana contraiu Aids do mari-do, que há anos se tratava e não havia contado a ela. No dia em que ela des-cobriu que tinha Aids, sumiu. Desligou

o telefone e ficou vagando pelo Centro, sem perspectiva de voltar para casa. A sensação era de que aquilo não estava acontecendo. “Ouvir falar da Aids é uma coisa, ter Aids é completamente

diferente”, diz Suzana, hoje com 58 anos.

Ela conta que não há parte do corpo que já não tenha doído por causa da fragilidade que a doença causa, e que o maior proble-ma é a falta de contato com as outras pessoas. “A vida muda. Não se leva uma vida normal”, afirma, contrariando os médicos. “A gente sente falta do abraço,

do carinho. Tudo é limitado.” Suzana não teve outros relacionamentos de-pois que se descobriu portadora do HIV. “A gente foge das outras pessoas para não precisar dizer que tem a do-ença. Mesmo achando a pessoa ideal, a gente não fala. Mas acho que a pri-meira coisa quando se entra num rela-cionamento tem que ser contar. E en-quanto eu não tiver coragem para fazer isso, prefiro ficar sozinha.”

Além da dificuldade de se relacionar, o preconceito é o que mais machuca: “Tem gente que é capaz de atravessar a rua quando vê um soropositivo. Já ouvi dizerem ‘descobri que fulano tem Aids. E quantas vezes já tomei chimarrão com ele!’. Até eu tive preconceito de mim. Teve uma época em que eu não queria nem pegar alface com a mão porque era eu que ia comer. Era tudo de garfo e faca debaixo da torneira”, conta.

Os “inquilinos”, que é como Suzana costuma se referir ao vírus que carre-ga no sangue, são para a vida toda. E ela tem consciência disso. “Hoje estou com a imunidade boa, vou levando a vida, aprendendo a cada dia. Hoje me amo mais do que nunca, mas preciso esquecer que os inquilinos existem.”

O marido de Luiza, 50 anos, era caminhoneiro. Dias antes de morrer de pneumonia no hospital, em 1998,

os médicos descobriram que ele tinha Aids. Como Luiza sabia que por causa disso estaria contaminada também, se desesperou. Ela lembra de ter recebido a notícia do médico, em Vacaria, ci-dade onde morava, na porta da UTI. “Achei que ia morrer no outro mês.”

Entre outros problemas, com o cho-que da notícia, Luiza perdeu os cabelos e nunca mais menstruou. Ela e o mari-do eram casados há 15 anos, mas “ele andava por uns caminhos suspeitos”. “Ele não acreditava em Aids, acha-va que era uma gonorreia trocada de nome. Ele mudava de canal quando surgia este assunto, não falava disso”, relembra.

No dia do velório do marido nin-guém sequer deu a mão para Luiza, que viu a própria família lhe abando-nar depois de saber que ela estava com o vírus. “Naquela época era muita ig-norância. E eu tinha uma filha, com 12 anos, e todo mundo dizia que ela tinha Aids também.”

Com o tempo, muitas pessoas de Vacaria acabaram sabendo da notícia – “minha mãe contou para todo mundo”, conta –, e Luiza se mudou para Caxias três anos depois. “As pessoas atravessa-vam a rua quando me viam. Ninguém mais ia na minha casa, entrei em de-pressão.”

Aqui, Luiza conseguiu um emprego e tentava se ocupar o máximo possível para esquecer da do-ença. “Mas eu estava sempre mal, com as de-fesas baixas.” Para onde ia, levava uma pochete com remédios. Chegou a tomar 35 comprimi-dos por dia, o que a fazia vomitar algumas vezes. “De 1998 a 2007 estive com o pé na cova.”

Luiza já nem lembra quantas doenças teve por causa da baixa imu-nidade. Bronquite, hepatite, diabetes – nesta última, quase perdeu a visão. O caminho até o Hospital Geral era o mais conhecido por ela, que ia até lá de ônibus, sozinha, e se internava por

conta. “No hospital passei Natal, passei primeiro do ano. Meus amigos eram os médicos”, conta.

Diferente de Suzana, Luiza teve ou-tros relacionamentos depois que des-cobriu a doença. “Sempre com cami-sinha.” Mas ela prefere não contar aos parceiros que tem Aids, e para o último alguém se encarregou de fazer isso. Ele nunca mais apareceu na casa dela de-pois que soube.

Hoje, a quantidade de remédios que Luiza precisa tomar diminuiu muito. São cinco comprimidos pela manhã e seis à noite. Mais duro do que ter en-frentado tantas doenças, diz ela, foi ter encarado o abandono. “Eu tive que dei-xar a minha casa. Eles falavam: ‘aquela aidética foi embora para Caxias’”. Ape-sar disso, agora ela se sente melhor. “Os bichinhos estão dormindo”, explica.

Aos 30 anos, Márcia, hoje com 51, ficou sabendo que tinha Aids. Ela é a prova de que a doença não significa mais sentença de morte, já que convive com o vírus há 20 anos. A diferença é que, dos 75 quilos que pesava, hoje não consegue passar dos 51.

Márcia contraiu o vírus de um par-ceiro. “Ele nunca me contou e a gente não se preveniu.” O casal se separou quando ela descobriu, e os dois só se reencontraram há pouco tempo, na fila de retirada de remédios do CES. Não

se falaram. Quando recebeu o

teste de HIV com re-sultado positivo, Már-cia teve vontade de sair na rua e se atirar na frente do primeiro car-ro que passasse. Pen-sou no filho, na época adolescente, e diz que só por ele não fez isso. O que a manteve de pé foi o apoio do pai, que a obrigou a tomar os remédios quando ela

não queria. “Eu só chorava. Queria morrer de uma vez.” Com a ajuda dos três tipos de medicação que toma hoje, Márcia diz que só tem a agradecer a Deus por mais um dia.

8 3 a 9 de julho de 2010 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

Foto

s: A

ndré

T. S

usin

/O C

axie

nse

Soropositivos buscam conforto na Casa Madre Teresa; Neusa, diagnosticada em 2003, luta corajosamente contra a doença e o preconceito: “Na hora de pegar, ninguém teve vergonha”

“A Aids não tem classe social, não tem rosto, não tem como saber se a pessoa do nosso lado tem ou não tem”, diz a infectologista Lessandra

“A gente foge das outras pessoas para não precisardizer que tem a doença”, diz Suzana, que não teve mais relacionamentos após a Aids

Page 9: Edição 31

“Meus Deus, como isso foi acon-tecer comigo?”, perguntava-se Neusa Jarduzin Gonçalves, 53 anos, quando recebeu a notícia que era soropositi-va. Por um mês ficou fechada em um quarto, chorando e gritando. Ela diz ter se contaminado com o homem com quem vivia há oito anos, que não gostava de usar preservativo – ele já fa-leceu, por causa da do-ença. “Lembro que no dia em que fiz o exame, em 2003, vieram duas enfermeiras e um mé-dico para me dar a no-tícia. Disseram ‘a não ser que a gente esteja enganado, tu estás com HIV’.”

Neusa pensou em dar um fim na pró-pria vida, fazer com que ela e os outros parassem de sofrer. “Entrei em pânico para contar para meus três filhos. Con-tei para o mais velho, que disse: ‘a se-nhora nos criou sem pai, nós vamos te ajudar’.” Hoje, ela concorda que a vida de quem tem Aids não é normal: “Por-que um dia dá isso, em outro dá outra coisa, não dá nem para pegar frio”.

A discriminação também faz a roti-na mais difícil depois da doença. Neusa trabalhou no setor de limpeza de uma empresa de Caxias, e, um dia, contou para a secretária que tinha Aids. A se-cretária acabou contando para a chefe. “Ela não aceitou, porque era eu que limpava os banheiros. E eu disse que eu limpava com luva. Daí ela me colo-cou na rua, até os filhos ela não deixou mais chegarem perto de mim”, relata.

Segundo a advogada Maribel Lannes Silva, casos de demissão porque a em-presa descobriu que o funcionário tem Aids são muito comuns, e é possível pedir indenização por danos morais e reintegração ao emprego. “Via de regra não pode demitir. Quando a empresa toma conhecimento e demite é discri-minação. Assim como não pode deixar de empregar, mas sabemos que aconte-ce. A empresa pode alegar que não quis a pessoa porque ela não se adequou ao perfil”, explica.

Com isso, Neusa aprendeu que para

algumas pessoas é melhor não con-tar. Ainda toma um remédio para de-pressão, um para dormir e o coquetel para a Aids. Agitada, ela não para em casa. “Aonde vou levo minha sacola de

crochê para vender.” Atualmente está namo-rando, mas tem vergo-nha de dizer ao com-panheiro que tem Aids. Não teme, porém, que esta reportagem possa lhe atrapalhar: “Assim vai ficar até mais fácil de contar”. Neusa foi a única das quatro entre-vistadas que concordou em aparecer na foto e ser identificada (Suza-na, Luiza e Márcia são

nomes fictícios). “Na hora de pegar, ninguém teve vergonha.”

As quatro mulheres frequentam o mesmo grupo de apoio para portado-res do vírus. Grupo que não poderia ter outro nome: Esperança. Uma vez por semana, elas e mais seis pessoas – incluindo homens – se reúnem numa salinha na Casa Madre Teresa, entida-de de assistência social ligada à Cate-dral, para conversar e fazer trabalhos manuais. A voluntária e coordenadora do Grupo Esperança, Maria Elizabe-the Doncatto, conta que os partici-pantes sentem que, com o grupo, não estão sozinhos. “É um confessionário, eu brinco. A doença é muito difícil. Eu faço o possível para levantar a au-toestima deles. Eu nunca os vi como soropositivos. Não tenho esse precon-ceito. Eles são pessoas. Só”, diz ela. “Já ouvi de alguns que quando vêm para cá lavam as mãos. Mas conhecendo não tem isso. Existe um pré-julgamen-to. Ter Aids é ligado ao fato de que a pessoa foi imoral, desregrada, de vida desonesta. É quase como colocar um sinal naquela pessoa: ‘Esse aí deve ter aprontado’”, explica a colaboradora do grupo Lorena Basso.

Uma só relação sexual sem ca-misinha é suficiente para pegar Aids se uma das pessoas tiver a doença. É possível não pegar, o que depende da carga viral do infectado. “Mas é uma

roleta-russa. A chance de pegar é mui-to maior”, alerta Nicole. As três formas de relação sexual – oral, vaginal e anal – podem transmitir o vírus. A infecto-logista afirma que no CES de Caxias há pacientes que contraíram das três for-mas. “O contato mucosa com mucosa tem risco real. Por isso que o preserva-tivo tem que ser usado na relação in-teira. Com o beijo, a saliva sozinha não transmite, mas com sangue tem risco. Então, beijar e dividir o copo não tem risco, desde que não haja lesão”, escla-rece.

O único meio para que uma pessoa descubra se está com Aids é fazer o teste HIV. Há, segundo Nicole, muita gente que procura o Hemocentro de Caxias não apenas para doar sangue, mas para saber se tem o vírus. O que é um grave erro. “A coleta para a doa-ção de sangue é para ver como o san-gue está. Dão a certeza que o sangue é limpo ou não, se não for, não vão usar. Para diagnóstico de Aids o banco de sangue não é o local.”

O teste específico pode ser feito gra-tuitamente no CES – que até alguns dias atrás estava localizado no final da Pinheiro Machado e hoje está na Sinimbu, próximo ao Camelódromo. Não é preciso marcar horário e o exa-me é sigiloso. Depois de uma orienta-ção o paciente passa por uma coleta de sangue e em 15 ou 20 dias recebe o re-sultado. As Unidades Básicas de Saúde (UBSs) também fazem o teste.

Se o paciente tiver o vírus, ele vai aparecer no exame. “O vírus pode ficar latente (es-tar lá mas não aparecer no teste). Mas isso dura um mês, no máximo. Com os exames de hoje em dia já se detecta mais rápido”, diz Ni-cole, enfatizando que todo o tratamento para Aids é gratuito e os re-médios são retirados no CES.

Além da exatidão no diagnóstico, as pesquisas relacionadas à Aids estão avançando. Um projeto do Laboratório de Pesquisa em HIV/Aids da UCS, em

parceria com o Ministério da Saúde, será pioneiro no país a realizar a meto-dologia de coleta de amostra de sangue em papel-filtro para diagnosticar HIV e Sífilis. O projeto, chamado de Senti-nela Parturientes, pretende descobrir a prevalência das duas doenças em ges-tantes. Participarão da pesquisa 219 maternidades em todo o Brasil, que ao todo coletarão amostras de sangue de cerca de 44 mil gestantes. Rosa Dea, a coordenadora do laboratório, expli-ca que a coleta de amostra de sangue ocorre através de uma punção digital; em seguida, o sangue é gotejado em um cartão de coleta contendo papel-filtro; após a coleta, os cartões são en-viados para a universidade, onde são feitos os testes laboratoriais. “O papel-filtro requer pouco volume de sangue, não necessita refrigeração e não é con-siderado material infeccioso. Permite a ampliação do acesso ao diagnóstico, pois as coletas podem ser realizadas em locais que não possuam infraestru-tura laboratorial, como em zonas ru-rais e lugares de difícil acesso”, afirma.

O papel-filtro, de acordo com ela, veio contribuir com o aumento da tes-tagem no Brasil. “Atualmente, o Minis-tério da Saúde estima em 630 mil as pessoas infectadas pelo HIV no país, sendo que aproximadamente 255 mil não sabem ainda, pois não fizeram o exame.”

A infectologista Nicole gosta de di-zer para seus pacientes que eles devem pensar em formatura, casa-mento, filhos e netos, pois a Aids deixou de ser uma doença termi-nal para se tornar uma doença crônica. “Tem como viver anos com a doença, combatendo o vírus, mantendo-o sem agredir o organismo. A expectativa de vida para quem tem Aids hoje é muito boa.”

Na Casa Madre Teresa, quando o flash da foto tirada para esta repor-tagem disparou, Neusa resumiu isso tudo em uma frase: “Uma foto para a posteridade”.

Foto

s: A

ndré

T. S

usin

/O C

axie

nse

“A grande população infectada hoje são os heterossexuais. E a doença feminilizou”, diz a infectologista Nicole; “É um confessionário”, diz Maria Elizabethe, voluntária que coordena o grupo de apoio

“As pessoas atravessavam a rua quando me viam. Ninguém mais ia na minha casa, entrei em depressão”, conta Luiza

“Quando a empresa demite é discriminação. Assim como não pode deixar de empregar, mas sabemos que acontece”, diz Maribel

www.ocaxiense.com.br 93 a 9 de julho de 2010 O Caxiense

Page 10: Edição 31

10 3 a 9 de julho de 2010 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

por GRAZIELA [email protected]

m uma peça construída nos fundos de uma garagem no bairro Santa Fé, Raquel de Fátima da Costa, 33 anos, costura. “Era para ser outra garagem, mas eu expulsei o carro e coloquei a máquina de costura”, diverte-se. To-mou essa decisão há seis anos, depois de desistir da carreira de metalúrgica. “Quando resolvi ser costureira, não sa-bia costurar. Comecei a ir de firma em firma até encontrar uma que aceitasse me ensinar e passar serviço pra eu fa-zer em casa.”

Raquel complementou a renda fa-zendo consertos e peças simples de roupas para a vizinhança e continuou procurando fábricas que pudessem contratar seus serviços. No mesmo ritmo que ela costurava, buscava al-ternativas para ampliar o negócio, até que passou a ser fornecedora de peças como camisetas e jaquetas para seis empresas. “Graças a Deus, trabalho eu tenho.”

Como ninguém exigiu de Raquel o fornecimento de nota fiscal, ela tam-bém nunca se interessou em abrir uma empresa. Atuando na informalidade, a costureira não precisava se preocupar

com o pagamento de encargos sociais e impostos, que poderiam até inviabi-lizar seu negócio. Este ano, estimulada pelo proprietário de uma das fábricas para a qual presta serviço, ela final-mente decidiu entrar para o mercado formal de trabalho. Assim, desde mar-ço, Raquel deixou de ser apenas costu-reira para se tornar empreendedora.

Ela optou pela modalidade chamada empreendedor individual, categoria de contribuinte criada pelo governo federal no ano passado. Ela serve para definir pessoas que traba-lham por conta própria, em casa, na rua ou em outro estabelecimento, mas não possuem uma renda mensal que justifique a constituição de uma em-presa, o que tornaria o empreendimen-to economicamente inviável.

É o caso de profissões como as de costureira, pedreiro, manicure e ele-tricista. No total, são mais de 400 ca-tegorias profissionais que podem ser enquadradas – quase todas aquelas atividades que podem optar pelo Sim-ples Nacional para se regularizarem. O governo exige apenas que a renda não ultrapasse os R$ 36 mil anuais e que o empreendedor tenha no máximo um funcionário e não seja sócio ou titular

de outra empresa. As vantagens, em contrapartida, são muitas.

O presidente da Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis, Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas (Fenacon), Renato Fran-cisco Toigo, explica que os benefícios do trabalhador que adere à categoria de empreendedor individual são os mesmos de um pequeno empresário, porém, com gastos bem menores. Ele passa a contribuir com o Instituto Na-cional de Seguridade Social (INSS) e imediatamente a ter os direitos relacio-nados à contribuição, como aposen-tadoria, auxílio-doença e licença-ma-ternidade. Além disso, pode fornecer nota fiscal, o que lhe permite prestar serviço também a grandes empresas, onde o comprovante é uma exigência. “Ele não tem gasto nenhum com essa nota. Não há cobrança de impostos so-bre ela.”

Segundo Toigo, o empreendedor individual tem no máximo três inves-timentos com a formalidade: R$ 56,10 de INSS – 11% sobre o valor de um salário mínimo, que atualmente é de R$ 510 –, R$ 5 de Imposto Sobre Ser-viços de Qualquer Natureza (ISSQN), caso ele seja prestador de serviços, e

R$ 1 de Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), para quem trabalha com comercialização de produtos. Uma pessoa que tiver to-dos esses gastos desembolsará cerca de R$ 62 por mês.

O empreendedor individual que ti-ver um funcionário terá também ou-tros dois encargos com o empregado. Além do salário, ele precisará pagar 11% de INSS mais 8% de Fundo de Ga-rantia por Tempo de Serviço (FGTS) sobre a remuneração. Mas todos esses valores devem estar incluídos no limite de R$ 36 mil anuais de renda.

Toigo explica que o governo federal criou a nova classificação ainda em 2009, após constatar a grande quan-tidade de trabalhadores informais no país. São cerca de 10 milhões de pesso-as, o que representa aproximadamente 10 % de toda a força de trabalho brasi-leira. “O objetivo foi incluir esse gran-de número de pessoas em um sistema que lhes garanta no mínimo os benefí-cios básicos, como o INSS.”

Não existe um levantamento que indique o número de trabalha-dores informais em Caxias do Sul. O Observatório do Trabalho da Univer-sidade de Caxias do Sul (UCS) está

EA

ndré

T. S

usin

/O C

axie

nse

A costureira Raquel de Fátima da Costa, que trabalha em uma sala improvisada na garagem de casa, tem agora os mesmos benefícios de um pequeno empresário

Benefícios formais

TRABALhOLEGAL Registro como empreendedor individual permite

que mais de 400 categorias profissionais saiam da informalidade com baixo custo

Page 11: Edição 31

negociando com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) a realização da Pesquisa de Emprego e Desemprego em Caxias. O levantamento contabili-za as vagas formais e também as infor-mais, mas atualmente é feito apenas em algumas regiões metropolitanas.

Apesar da ausência de dados, o pro-fessor e pesquisador do Observatório do Trabalho Moisés Waismann diz que a maior parte dos trabalhadores infor-mais está na área de serviços. “É o setor mais fácil porque a pessoa não precisa de máquinas, como na indústria. Para comprar maquinário é necessária uma certa formalidade.” O prejuízo de quem não tem os benefícios do registro legal é o mesmo em qualquer área de atua-ção, destaca Waismann. “Vamos pegar o exemplo da costureira. Pagando o INSS, ela vai ter pelo menos uma ga-rantia caso fique doente, engravide ou queira se aposentar.”

O prestador de serviços Darci Rech, 57 anos, que já foi funcionário de uma fábrica, trabalhador informal e proprietário de uma pequena empre-sa, diz que o novo sistema de contri-buição foi o melhor que encontrou até hoje. Há 30 anos, ele realiza montagem e manutenção de máquinas utilizadas na fabricação de calçados, e este ano decidiu que seria um empreendedor individual. “Para quem não tem uma renda muito alta é muito vantajoso.” Darci chegou a ficar na informalidade por algum tempo. Mas, para ampliar o número de clientes e prestar serviço para grandes empresas, teve que regu-larizar a sua. Os custos eram elevados, mas não havia outra alternativa. No ano passado, a filha de Darci, a relações públicas Caroline Rech, chegou em casa com a novidade: apresentou ao pai um folder com informações sobre o funcionamento da contribuição indi-vidual. “Nós procuramos um contador para ter certeza de que a opção era vi-ável e, quando recebemos a confirma-ção, meu pai aderiu imediatamente ao sistema.”

Caroline não trabalha com o pai, mas o ajuda sempre que pode nos negócios. Ela garante que esse tipo de contribui-ção foi a melhor alternativa para Darci, que trabalha sozinho e não possui uma renda alta. “Em um mercado repleto de grandes empresas, custos elevados, entre outros entraves, é preciso achar meios para tornar-se competitivo. Por isso a escolha por menores impostos, menos custos fixos e perspectiva de maiores lucros.”

Apesar das vantagens de con-tribuir como empreendedor indivi-dual, o número de adeptos ao sistema ainda é pequeno. A possibilidade exis-te desde 1º de julho de 2009, mas em Caxias há apenas 814 inscritos. Dois dos motivos apontados para justificar a baixa adesão: a desinformação e a difi-culdade das pessoas em regularizar sua situação conforme as exigências legais da prefeitura.

Por causa disso foi criado na cidade o Comitê do Empreendedor Individu-al. O grupo conta com representantes de cinco entidades (Microempa, Fena-con, Sescon, Sincontec e Sebrae), além da prefeitura. O objetivo da comissão é

divulgar as vantagens da formalização do trabalho e encontrar soluções que facilitem o acesso dos trabalhadores ao novo sistema de contribuição.

Três secretarias municipais estão envolvidas no Comitê: a do Desen-volvimento, Trabalho e Emprego, a de Urbanismo e a da Receita. “São essas pastas que cuidam da concessão de al-varás, da fiscalização e do cadastro dos novos empreendimentos na cidade. Então, acredito que juntas elas podem contribuir muito na busca de uma so-lução para os entraves atuais”, explica o secretário de Desenvolvimento, Gui-lherme Sebben.

Uma das primeiras medidas desse grupo foi criar regras para desburocra-tizar os processos dos empreendedores individuais. Além de um alvará provi-sório de 180 dias, enquanto o local de trabalho é avaliado pelo município, as pessoas que procuram a prefeitura para aderir ao novo sistema de contri-buição recebem atendimento especial. “Não queremos que elas desistam de se inscrever por causa da dificuldade de vencer os trâmites burocráticos.”

Sebben ainda não tem uma solução para os casos de atividades de alimen-tação, por exemplo, que são as que enfrentam maior dificuldade para con-seguir o alvará devido à grande quan-tidade de exigências, como fornos e refrigeradores especiais, normalmente muito caros para quem vive da infor-malidade. “Sabemos das dificuldades dessas pessoas, mas é algo que precisa-mos cuidar muito porque essas pessoas lidam com comida, e isso é sério.”

Apesar disso, ele não descarta a pos-sibilidade de convidar a Secretaria da Saúde para participar das discussões e estudar regras mais flexíveis para os empreendedores individuais. “É possí-vel chegarmos a um consenso, pois te-mos a consciência de que essas pesso-as que atuam informalmente não vão abandonar seu ganha-pão só porque não conseguiram o alvará. Elas vão de-sistir de legalizar sua situação.”

Apesar das dificuldades que podem ocorrer na formalização, a di-retora financeira do Banco da Mulher, Neiva Nora, aconselha os trabalhado-res a aderirem à contribuição como empreendedor individual. O Banco da Mulher é uma organização não go-vernamental que empresta pequenas quantias em dinheiro – até R$ 4 mil – para pequenos empreendedores. Neiva relata que as dificuldades de cresci-mento para quem não tem o negócio legalizado são muito maiores do que as enfrentadas para conseguir um alvará, por exemplo. “Um trabalhador infor-mal não tem como comprovar renda, portanto ele não pode conseguir em-préstimo bancário para comprar uma máquina ou financiar um imóvel, itens que são importantíssimos para quem busca viver de um negócio próprio.” Neiva compara o registro de uma em-presa a um documento de identidade. “O registro da empresa é a prova de que ela existe, dá credibilidade. Fica mais fácil para comprar, para vender e para ter o produto aceito no merca-do. Assim como nós precisamos de um documento de identidade, a empre-sa também precisa do seu, que, nesse caso, é o registro formal, o CNPJ.”

And

ré T

. Sus

in/O

Cax

iens

e

Como empreendedor individual, o mecânico Darci Rech reduziu custos da sua empresa

www.ocaxiense.com.br 113 a 9 de julho de 2010 O Caxiense

Page 12: Edição 31

12 3 a 9 de julho de 2010 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

Page 13: Edição 31

www.ocaxiense.com.br 133 a 9 de julho de 2010 O Caxiense

Page 14: Edição 31

14 3 a 9 de julho de 2010 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

por RODRIGO LOPES

uando Elda Fochesato, 87 anos, mu-dou-se para o casarão de número 192 da Avenida Itália, quase esquina com a Rua La Salle, em 1947, São Pelegrino era um bairro ainda acanhado. Simpló-rias casas de madeira, poucas ruas com calçamento, carroças dividindo espaço com passantes, raros veículos transi-tando, comércio e serviços em vias de desenvolvimento, a religião católica e o trabalho comunitário como principal elo entre as famílias da paróquia. Nesse cenário, um personagem já começava a escrever uma história que se integraria de tal forma à memória do lugar que hoje é impossível falar nele e não asso-ciá-lo a Eugênio Ângelo Giordani, ou simplesmente padre Giordani.

E essa presença não está relacionada apenas à edificação do templo adorna-do pelas pinturas de Aldo Locatelli e à estátua de bronze que nomeia o largo defronte à igreja. No próximo final de semana, dia 9 de julho, quando se completam 100 anos do nascimento do pároco, na cidade de Encantado, mui-tos fiéis devem fazer coro a uma de-claração proferida por Elda na última terça-feira (29). Durante um breve café no atual apartamento da moradora – não por acaso, quase em frente à igreja que frequenta desde a década de 40, quando funcionava junto a um casarão de madeira no entrocamento da Rua Feijó Júnior com a Avenida Rio Branco –, ela não titubeou: “Foi o padre mais atuante de Caxias até hoje, o que mais fez pelas pessoas”.

A afirmação vem acompanhada de lembranças de um tempo em que a então dona de casa e costureira en-xergava, do “lote” da antiga moradia, o pároco trabalhando ao lado dos pe-ões, carregando madeiras, capinando, auxiliando na construção da igreja, orientando fiéis, organizando quer-messes, entre uma série de outras fun-ções. “Não tinha o que ele não fizesse. Tinha vezes que ele voltava de visitas a bairros carentes sem peças de roupa, pois tirava e dava para os pobres”, re-corda Elda, que auxiliava na paróquia ora elaborando tortas, ora forrando os botões da batina do pároco.

Essa série de atividades de Giordani, aliás, é que contribuiu para a mitifica-ção da figura do sacerdote. De organi-zador de rifas a presidente do Aero-clube de Caxias do Sul, pode-se dizer que o fundador da freguesia (um ter-mo usado na época) de São Pelegrino atuou em todas as frentes possíveis, um workaholic pioneiro. Uma trajetória que teve início oficial em 1º de janeiro de 1940, quando o jovem de 29 anos foi

apresentado pelo então bispo da Dio-cese de Caxias do Sul, Dom José Baréa, como o futuro pároco da comunidade de São Pelegrino – Giordani assumiu a paróquia em 1942 e permaneceu atu-ante pelos 43 anos seguintes.

Para o atual pároco, Mario Benvenu-to Pedrotti, que neste sábado completa 50 anos de ordenação religiosa, Gior-dani encontrou no bairro um terreno fértil para seu espírito empreendedor e zelo sacerdotal. “Da pequena igreja de madeira para o majestoso templo que ele mesmo idealizou, passando pelas obras de Locatelli, as portas de bronze de Augusto Murer, a réplica da Pietá, a construção do convento das Irmãs Carmelitas, as campanhas de coleta de alimentos e roupas, a criação do primeiro loteamento de casas popula-res, junto ao bairro Euzébio Beltrão de Queiróz, tudo passou pelo comando dele”, recorda.

Pedrotti, que já atuava na pa-róquia quando Giordani morreu, em 6 de março de 1985, devido a um câncer no estômago, sucedeu-o de forma gra-dual: no dia 18 de março daquele ano assumiu como administrador paro-quial; em 14 de dezembro foi nomeado pároco, e um dia depois, em 15 de de-zembro, foi empossado no cargo, onde se mantém até hoje. Embora Giordani não privilegiasse segmentos de atua-ção, Pedrotti atenta para a importância que ele sempre conferiu à educação. Apoiou a presença das irmãs carlistas, com quem trabalhou na construção do Colégio São Carlos e do Instituto São Carlos, no bairro Marechal Flo-riano, próximo ao Estádio Centenário. “Também interessou-se pela vinda dos irmãos lassalistas para o bairro São Pelegrino e ajudou na construção das escolas municipais Madre Joana de Camargo, Ana Fadanelli e Dom Vital, hoje sob a tutela do Estado”, lembra.

O sacerdote ficou bastante conhe-cido também por algumas peculiari-dades, tanto durante as celebrações quanto nas atividades paroquiais. Uma das mais lembradas era o uso de uma moto para se deslocar entre um tra-balho e outro nos bairros. Com uma canoa acoplada ao velocípede, Gior-dani transportava doentes, materiais de construção e tudo mais que fosse possível. “Vez por outra, aparecia para rezar as missas de tipoia no braço, re-sultado das quedas e pequenos aciden-tes com ela”, recorda o escritor e atual 1º secretário da Associação de Arte e Cultura Aldo Locatelli, Alvino Melqui-des Brugalli. Já à época da construção da igreja, pilotou um avião rumo a Pelotas, onde o pintor Aldo Locatelli trabalhava nas pinturas da Catedral do

QA

ndré

T. S

usin

/O C

axie

nse

Estátua em homenagem ao pároco foi feita pelo adversário político Bruno Segalla

Fé monumentalO LEGADO DE QUEMACREDITOUEvolução de São Pelegrino (e de Caxias) esteve diretamente ligada à atuação do padre Giordani, cujo centenário de nascimento é comemorado em 9 de julho

Page 15: Edição 31

município. “Firmou um contrato para a pintura da Última Ceia escrevendo num papel de embrulho”, conta Bru-galli em seu livro Portas de Bronze – Fé, Arte e História.

Ferrenho defensor da moral, Giordani proibia as mulheres de entrar na igreja sem o véu, repudiava compor-tamentos mais íntimos dentro da igreja (entenda-se por isso pessoas com a ca-beça encostada no ombro do cônjuge ou namorado durante as missas), rou-pas decotadas e outras liberdades hoje perfeitamente toleráveis, mas que nas décadas de 50 a 70 eram uma afronta aos bons costumes. “Certa vez, vindo da rua, entrei na igreja sem o véu para me confessar e ele disse que eu estava dando mau exemplo”, recorda Elda.

O pároco também opunha-se feroz-mente a certas “evoluções” da socie-dade. Em seus sermões dominicais, condenava o aborto, o divórcio e a li-berdade sexual, não comungava com as ideias da ala progressista da Igreja, a esquerda e a ideologia marxista, muito menos aceitava algumas das reformas

da Igreja Romana, como a dispensa do uso da batina – por sinal, utilizou-a até o final. Família, recato e solidariedade eram temas sempre obrigatórios nos discursos.

A vida política mes-clou-se ao sacerdócio entre os anos de 1956 e 1963, quando Giordani integrou o Legislati-vo pelo então Partido Democrata Cristão (PDC) por duas vezes, com votação recorde – 3.497 votos em 1955 e 2.824 votos em 1960.

Dessa passagem fi-cou o hábito bastante comum entre diversos políticos e autoridades da época – e também das décadas se-guintes – de se reunir com o pároco aos finais de semana para aconselhamento e discussões partidárias. “Ovídio Dei-tos, Victor Faccioni, Valmir Susin, todos buscaram apoio nele. Mesmo tendo abandonado a vida política tem-pos depois, atuava nela nos bastidores”,

recorda Brugalli.

Vereador da atual legislatura pelo PSDB, Daniel Guerra também con-

viveu com Giordani, porém bem distante do viés político. Guerra auxiliava-o nas missas como coroinha – foi o último a atuar com o pároco. Conforme rela-tou ao escritor Ampère Maximino Giordani, sobrinho do pároco e autor de um livro sobre sua trajetória, “quando realizava os casamen-tos, padre Giordani uti-lizava um paramento todo festivo, com uma

imponente e pesada capa. Para que eu conseguisse colocá-la em suas costas, subia em uma cadeira. Depois, num gesto de gratidão, ele agradecia com um disfarçado ‘tapa’ na face”.

Falando em política, os embates ide-ológicos, principalmente com o sindi-calista e artista plástico Bruno Segalla,

renderam histórias muitas vezes dis-torcidas. Conforme Brugalli, Giordani costumava defender que os princípios filosóficos de uma política sadia são se-melhantes à doutrina cristã, pois visam ao bem comum, à igualdade e à pro-moção social. “Giordani e Segalla não concordavam em certos pontos, mas respeitavam-se e admiravam-se. Esse era o diferencial daqueles tempos”, destaca. Tanto que Segalla foi o res-ponsável pelo monumento ao amigo, inaugurado em 30 de abril de 1994, de-fronte ao templo. É lá dentro, aliás, aos pés da imagem de Nossa Senhora da Pietá, que o corpo do pároco repousa há 25 anos. “Sacerdos Credidit”, o epi-táfio em latim sugerido pelo próprio no leito de morte, confirma o lema de uma vida: “o sacerdote que acreditou”.

Ace

rvo

da Ig

reja

de

São

Pele

grin

o/O

Cax

iens

e

Arq

uivo

pes

soal

de

Alv

ino

Brug

alli

/O C

axie

nse

Stud

io T

omaz

oni C

axia

s, A

cerv

o da

Igre

ja d

e Sã

o Pe

legr

ino/

O C

axie

nse

Stud

io G

erem

ia, A

cerv

o da

Igre

ja d

e Sã

o Pe

legr

ino/

O C

axie

nse

1.

3.

4.

2.

“Foi o padre mais atuante de Caxias até hoje, o que mais fez pelas pessoas”, diz Elda, moradora de São Pelegrino

www.ocaxiense.com.br 153 a 9 de julho de 2010 O Caxiense

1. Cena ilustrativa de duas características do padre: trabalhar muito, fazendo de tudo, e nunca tirar a batina; 2. Em missão religiosa, Gior-dani discursa na saída do avião; 3. Sermões do pároco de São Pelegrino eram famo-sos pela rigidez. Ele conde-nava o aborto, o divórcio e a liberdade sexual, e era contra a ala de esquerda da Igreja; 4. Retrato do padre Eugênio Giordani em 22 de outubro de 1939

Online | Confira em www.ocaxiense.com.br um vídeo com imagens raras do padre Giordani em diversas ativida-des nas décadas de 50 e 60 e nas come-morações de seu jubileu de prata, em 1964. Os filmes originais, em 16mm, foram disponibilizados pela Associação Arte e Cultura Aldo Locatelli e digitali-zados pela Spaghetti Filmes.

Page 16: Edição 31

l Do começo ao fim | Drama. Quinta (8) a domingo, 20h | Ordovás

Polêmico, é a visão delicada de uma história de amor homossexual entre dois irmãos. Assista sem preconceito, do começo ao fim. Dirigido por Alui-zio Abranches. Com Júlia Lemmertz e Fábio Assunção. 18 anos, 90 min..

l Kirikou – Os Animais Selva-gens | Animação. Quinta (8), 14h e 18h30 | Sesc

Cheio de cultura africana, o filme conta as aventuras de um garoto de aldeia ao enfrentar uma feiticeira má que roubou a água e o ouro da sua ter-ra. Livre, 74 min..

l Marmaduke | Aventura. 15h | UCSCão adolescente pula dos quadri-

nhos para o cinema numa história onde ele se muda com seus donos para a Califórnia, tem que aprender a con-viver com um gato e se apaixona por uma linda cachorra de raça. Dirigido por Tom Dey. Com Lee Pace e Judy Greer. Livre, 87 min., dub..

l O Pequeno Narigudo | Anima-ção. Terça (6), 14h e 18h30 | Sesc

Mais um garoto que enfrenta uma bruxa. Sob um feitiço que o transfor-mou em anão com um nariz enorme, ele se une a princesa, transformada em ganso, para quebrar os encantos. De 2003, é o primeiro longa-metragem de animação produzido na Rússia depois de 40 anos. Livre, 82 min., dub..

l Shrek Para Sempre | Animação. Pré-estreia. Quinta (8), 14h20, 16h40, 19h20 e 21h40 | Iguatemi

O ogro verde passa por uma crise de identidade e, ao assinar um pacto com um duende, ele passa a viver em uma realidade completamente diferente da sua. Dirigido por Mike Mitchell. Com vozes de Mike Mayers e Eddie Mur-phy. Livre, 93 min., dub..

AINDA EM CARTAZ - Amor nos tempos do cólera. Drama. Quinta (8), 15h. Ordovás. Matinê às 3 | Car-tas para Julieta. Romance. 14h20, 16h40, 19h20 e 21h40. Quinta (8), 18h40. Iguatemi | Eclipse. Aventura.

13h30, 16h10, 18h50 e 21h30 (dub.) e 13h50, 16h30, 19h10 e 21h50 (leg.). Iguatemi | Mary & Max. Animação. Sábado (3) e domingo (4), 20h. Ordo-vás | Plano B. Comédia romântica. 16h20 e 21h10. Iguatemi | Príncipe da Pérsia: As areias do tempo. Aventura. 13h40 e 18h40. Quinta (8), 13h40. Iguatemi | Robin Hood. Aven-tura. 17h e 20h. UCS | Toy Story 3. Animação. 14h, 14h30, 16h30, 17h, 19h, 19h30, 21h20 e 22h. Iguatemi

INGRESSOS - Iguatemi: Segunda e quarta-feira (exceto feriados): R$ 12 (inteira), R$ 10 (Movie Club Preferen-cial) e R$ 6 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos). Terça-feira: R$ 6,50 (pro-mocional). Sexta-feira, sábado, do-mingo e feriados: R$ 14 (inteira), R$ 12 (Movie Club Preferencial) e R$ 7 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos). Ho-rários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. RSC-453, 2.780, Distrito Indus-trial. 3209-5910 | UCS: R$ 10 e R$ 5 (para estudantes em geral, sênior, pro-fessores e funcionários da UCS). Ho-rários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Galeria Universitária. 3218-2255. | Or-dovás: R$ 5, meia entrada R$ 2. Luiz Antunes, 312, Panazzolo. 3901-1316 | Sesc: Entrada franca. Moreira César, 2.462, Centro. 3221-5233.

l As Aventuras de uma Viúva Alucinada | Domingo, 16h |

Grupo Mundaréu, do Paraná, apre-senta espetáculo inspirado no mamu-lengo, um estilo popular de teatro de bonecos. A história é sobre uma viúva cheia de dificuldades e dona de tama-nha alegria que fez com que o próprio diabo a levasse para o inferno.Parque dos MacaquinhosEntrada franca | Dom José Barea, s/n°

l 21ª Feira de Inverno | Até 18 de julho |

Comprar roupas de inverno, trocar

[email protected] Cíntia Hecher | editado por Marcelo Aramis

Guia de Cultura

Buen

a Vi

sta

Inte

rnat

iona

l, D

ivul

gaçã

o/O

Cax

iens

e

16 3 a 9 de julho de 2010 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

CINEMA

TEATRO

FESTAS

Quincas Berro D'Água, de Jorge Amado, morre no cinema, mas sobrevive no livro

Page 17: Edição 31

os móveis, saborear a farta gastrono-mia italiana. Quer mais motivos para visitar a Feira de Inverno? O evento tem programação cultural e um telão com os jogos da Copa.Sábado: Almoço no Restaurante Polenta, Formaio e Vin. 12h. | Hora do Galito. 14h e 17h | Domingo: Al-moço no Restaurante Polenta, For-maio e Vin. 12h. | Hora do Galito. 11h30, 14h e 16h. | Show da São Fran-cisco Sat: Beto Mayer, Tchê Sarandeio e Banda Portal da Serra. 14h.Parque da Vindima – Flores da CunhaEntrada e estacionamento gratuitos

l Festa do Vinho Novo | Até 18 de julho |

Comunidade forquetense apresenta produtos de agroindústrias e artesa-nais. Também traz amostra da gastro-nomia, do turismo e da cultura local.Palco Principal – Sábado: I Encon-tro de Jipeiros da Festa do Vinho Novo. 10h. Coração Italiano. 11h30. Due Amicci. 12h30. Grupo Felice Personne. 13h30. Irmãos Ramos. 15h. Jeison Reis. 17h. | Pertille & Cia. 18h30. | Dirceu Pastori. 20h | Domin-go: Coração Italiano. 11h. | Grupo Felice Personne. 12h. | Everson Ca-sagrande. 13h30. | Desfile Temático. 14h45. | Coral Anima D'Itália. 16h30. | Coral Stella Alpina. 17h30. | Gru-po de danças folclóricas Famiglia Trentina. 18h30. | Estação de Caxias. 19h30. Coreto – Sábado: Orquestra Mu-nicipal de Sopros de Caxias do Sul. 14h30. | Due Amicci. 17h30. Coral São Carlos. 19h. | Coração Italiano. 20h | Domingo: Coração Italiano. 14h. | Everson Casagrande. 16h30. | Coro do Samae e Coral da RGE. 17h30. | Anima D'Itália. 18h30. Coral Stella Alpina. 19h30. Palco Alternativo – Sábado: Irmãos Ramos. Nativista. 14h. | Raiz Galpo-neira. Nativista. 15h30. | Zé da Mata. Nativista. 17h. | Carla Cristine. Serta-nejo universitário. 18h30. | Overkiss. Pop rock. 20h | Domingo: Albino Paulo e Alcides Machado. Sertanejo. 14h. | Zé da Mata. Nativista. 16h. | Ge-túlio de Castilhos e Grupo. Nativista. 17h30. | Antares. Pop rock. 18h30. | Ampex. Rock. 19h30.

l Ártico | Até 11 de julho. De segun-da a sábado, das 10h às 22h e domingo das 14h às 20h |

Nei Maldaner registrou costumes locais e fenômenos da natureza do continente gelado ao extremo norte do planeta. Um dos exemplos expostos é a Aurora Boreal.Iguatemi CaxiasEntrada franca | Rodovia RSC, 2.780, Km 3,5 | 3289-9292

l Felicidade | Quinta (8), 20h |

Abertura da exposição de Leandro Selister, inspirada em imagens do Ce-mitério da Recoleta, em Buenos Aires. São 11 imagens de portas de mauso-léus e suas versões nas telas do artista, em desenhos multicoloridos. É visão otimista da finitude da vida, cuja cer-

teza, segundo Salister, é motivo para sermos felizes agora. De segunda a sexta, das 8h30 às 18h e sábados, das 10h às 16h.Galeria Municipal de ArteEntrada franca | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697

AINDA EM EXPOSIÇÃO – Caxias do Sul, um olhar alviverde. De segun-da a sexta, das 8h às 18h. Câmara de Vereadores. 3218-1600 | Caxias 1910. De segunda à sábado, das 9h às 17h. Museu Municipal. 3221.2423 | Retra-tos na Lona. De segunda a sexta, das 9h às 21h. Sábados, domingos e feria-dos, das 15h às 21h. Saguão do Ordo-vás. 3901-1316.

l Rodas de Leitura | Segunda (6) e terça (7), 13h30 |

Coordenada pelo escritor Uili Ber-gamin, debate será sobre poemas de Mário Quintana e crônicas de Martha Medeiros. Encontrar a relação entre os dois autores, é um bom motivo para participar.Biblioteca Pública MunicipalEntrada franca | Dr. Montaury, 1.333 | 3214-5937

l Cenografia | Sábados (3 e 10), das 13h30 às 19h30 e domingos (4 e 11), das 10h às 12h e das 13h30 às 17h30 |

A Unidade de Teatro disponibiliza 20 vagas para essa atividade, que faz parte do projeto Semear e Colher. A oficina será ministrada pelo cenógrafo Rodrigo Lopes, de Porto Alegre. Ins-crições pelo telefone. Prefeitura – Sala de TreinamentoEntrada franca | Alfredo Chaves, 1.333 | 3901-1316

l O coro, o corpo e a cena | Sába-do, das 14h às 17h |

Direcionada para cantores e atores, a atividade traz experimentos cênicos para coro, ministrada por Ana Fuchs. É o exercício da arte de cantar e atuar em conjunto. Ainda restam poucas va-gas, mas você pode arriscar e aparecer lá para pleitear uma delas.Unidade de Música - OrdovásEntrada franca | Luiz Antunes, 312 | 3901-1316

l Vivência em Performance Arte | Sábado e domingo, das 15h às 19h |

A oficina começou na sexta, mas se você quiser muito participar mande e-mail com currículo para a atriz An-dressa Cantergiani, que ministra a ofi-cina. Ela promete estudar cada caso e responder em seguida. O email é [email protected] do SescEntrada franca | Moreira César, 2.462 | 3221-5233

l Diego Max Giles | Sábado, 20h30 |Lançamento do álbum Alquimia La-

tino Brasileira. Diego é filho do com-

positor e instrumentista Lucio Yanel.Teatro Municipal R$ 5 e peça de roupa de inverno | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697

l Guitar Clinic | Sábado, 16h |Workshop dos guitarristas Carlos

Lichman e CJ, da banda de hard rock Réus Anjos. Ambos vêm de Porto Ale-gre para conversar sobre técnicas de guitarra e aproveitam para lançar seus mais novos CDs. O de Lichman, Ge-nocide, e o de CJ, Rebel Son.Escola AllegroEntrada franca | Guia Lopes, 172 | 3225-7163 l Lázaro Nascimento | Domingo, 20h30 |

O espetáculo Simplicidade traz 12 músicas que recheiam o álbum de mesmo nome, primeiro autoral de Lázaro. Na banda que o acompanha estão Juliano Moreira no violão e ca-vaco, Gustavo Viegas no baixo acús-tico, Vaney Bertotto na bateria, Mar-celinho Silva na percussão e Luizinho Corrêa no acordeon. CDs estarão a venda por R$ 15. As músicas também estão disponíveis no site www.lazaro-nascimento.com.br.Zarabatana CaféEntrada franca | Luiz Antunes, 312 | 3901-1316

l Mariko Nakahira | Quarta (7), 20h |

Japonesa canta em português, ita-liano, espanhol, francês e inglês. No Brasil, ela interpreta canções como Garota de Ipanema, Mas Que Nada e uma versão em japonês de Lua Branca.Teatro MunicipalEntrada franca | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697

TAMBÉM TOCANDO - Sábado: Blackout. Música eletrônica. 23h. Studio 54 Mix. 9104-3160 | Cabaret. Música eletrônica e latina. Pepsi Club. 3419-0900 | Cleber More. Pop rock. 22h. Badulê American Pub. 3419-5269 | Flashback. Pop rock. 23h. Por-tal Bowling – Martcenter. 3220-5758 | Izequiel Carraro. Pop/eletrônico. 23h. La Boom Snooker. 3221-6364 | Janis Project e DJ Jorgeeenho. Rock. 23h. Vagão Bar. 3223-0007 | Libertá. Nativista. 22h30. Libertá Danceteria. 3222-2002 | Swing Natural. Pagode. 23h. Move. 9198-3592 | The Headcut-ters. Blues. 22h30. Mississippi Delta Blues Bar. 3028-6149 | Velho Hippie. Rock. 22h. Zarabatana Café. 3901-1316 | Vini e Isack. Pop rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Domingo: DJ Negada Lucas. Música eletrônica. 17h. Zarabatana Café. 3901-1316 | Quarta (7): Alexandre Slide. Blues. 22h30. Mississippi Delta Blues Bar. 3028-6149 | Quinta (8): Andy Boy e Tiago Dan-drea. Blues. 22h30. Mississippi Delta Blues Bar. 3028-6149 | Sexta (9): A Célula e Mahabarata. Alternativo. 17h. Zarabatana Café. 3901-1316 | Baú do Rock com DJ Jaime Rocha e Cre-edence Cover. Rock. 23h. Vagão Bar. 3223-0007 | Bete Balanço. Pop rock. 23h. Portal Bowling – Martcenter. 3220-5758 | Rafa Gubert e Tita Sa-chett. Rock. 22h30. Mississippi Delta Blues Bar. 3028-6149.

Cinema | QuinCas Berro D'água

A morte e a morte de um filmepor PAULA SPERB

“Que beleza, Jorge Amado! Que história linda para um lindo filme! O filme que talvez fosse a redenção do cinema pátrio, vítima do pitoresco, do samba, do rádio...”, escreveu o jornalista Sérgio Porto para o autor de A morte e a morte de Quincas Berro D'Água, em 1959, quan-do o livro foi lançado. O colunista da revista Manchete tinha toda razão. A adaptação virou o belo filme dirigido por Sérgio Machado, o mesmo de Cidade Baixa (2005), que também tem Walter Salles na produção executiva e onde o geografismo das ruas de Salvador são coad-juvantes da estória. No livro e no filme de 2010 as cores do Pelourinho, o Mercado Modelo, a Ladeira do Tabuão e o mar, terra de Iemanjá, são o retrato de uma porção do Brasil registra-da por Jorge Amado. Como indaga a pesquisa-dora Ilana Seltzer Goldstein, em Uma leitura antropológica de Jorge Amado: dinâmicas e representações da identidade nacional, “Jorge Amado criou a Bahia ou a Bahia criou Jorge Amado?”. Responderia que as duas coisas. E tudo no filme é ambíguo assim. Joaquim Soares da Cunha, funcionário público aposentado, respeitável pai de família de classe média é Quincas Berro D'água, “o cachaceiro-mor de Salvador, o filósofo esfarrapado da rampa do Mercado, o senador das gafieiras, o vagabundo por excelência”. Quincas é interpretado genial-mente por Paulo José que consegue dar vida a um morto e voz àquele que narra sem movi-mentar os lábios. Este, sem dúvida, o principal desafio da adaptação do livro amadiano para o cinema. A tarefa de caracterizar um morto que está vivo ou simplesmente morto– o resto é por conta da imaginação do leitor... – , junto da trupe formada por Curió, Pé-de-vento e Cabo Martim foi cumprida com êxito.

O Quincas de Paulo José é a concretização da ilustração do artista e amigo de Jorge Amado, Calasans Neto. Na obra, o personagem tem dois perfis, um de terno alinhado e vívido, outro de roupa esfarrapada, garrafa na mão, em cores etéreas de uma morte que se aproxima. Quincas tem a morte de um burocrata comum e depois a morte de um homem aventureiro do mar, com o requinte sonhado. O surgimento do apelido de Joaquim aparece em uma cena de realismo fantástico, que poderia muito bem estar em Cem Anos de Solidão, de Gabriel Garcia Márquez, livro publicado quase uma década depois. Vanda (Mariana Ximenes), filha de Quincas, incorpora o sincretismo e a miscigenação. É católica, mas após entrar em um terreiro de umbanda se rende a cultu-ra que lhe era estranha. Branca e casada, se envolve com um homem negro. Justo ela que condenava a vida do pai em meio ao povo.

Exibido na semana passada no cinema GNC, Quincas Berro D'Água “morreu” quando a projeção ficou fora de foco por cerca de 15 minutos e precisou ser reiniciada para uma plateia de 8 pessoas. Depois a película “mor-reu” novamente quando saiu de cartaz antes da chance encantar o público. A não ser que entre em cartaz novamente em algum ou-tro cinema como os do Ordovás e da UCS, o filme, diferente do personagem Quincas, não terá a morte que merece: as luzes se acendendo, sala lotada e espectadores satis-feitos. Enquanto isto não ocorre, a solução é ler o sucinto e genial livro de Jorge Amado.

www.ocaxiense.com.br 173 a 9 de julho de 2010 O Caxiense

EXPOSIÇÕES

MÚSICA

OFICINAS

LITERATURA

Online | Assista aos trailers dos filmes em cartaz – infelizmente, Quincas Berro D'Água já não está entre eles – em www.ocaxiense.com.br.

Page 18: Edição 31

[email protected]

18 3 a 9 de julho de 2010 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

[email protected]

Fábio Balen| Gato em traje de festa |

Da pintura lúdica de Balen, onde a multiplicidade de cores é a marca estética, surge um gato branco sob fundo preto. Monocromáticos, cenário e personagem cedem destaque à roupa, onde o artista explora a sua fantástica paleta de cores. Nesse acrílico sobre tela, um traje de retalhos e costuras em bold assume o pro-tagonismo da obra. A festa é das cores, o gato pop é convidado especial e o traje é de gala.

Estética minha, crua tal do pouco.Dizeres de prazer, por prazer de silenciar-se.História minha, tão minha, todo meu o crime.Ditos de afogar-se, entre adjetivos.

Ecos do miado, do grunhido no céu da boca.Cacos do rugido, pedaços de pecado na língua,Artéria possuída de posse, de apóstrofe,De apóstolos em ceia sem assunto.

Riscos do perdão no tecido da culpa.Venenos borrifados entre os gestos,Angústias, coloridas percorrendo sorrisoLigeiro a escorrer-se de si, e fugir pelo canto.

Dói, a alma quando espera, em desespero,Cai o coração, apodrecido sobre as horas lentas,Desassossegos das linhas poéticas do gemidoInstantâneo a instalar-se entre pausas da prosódia.

Nem mesmo diabos comparam suas forçasNa medida em que pela cara escorre toda vida,A saber, quem levaria, ao acaso, o desinteressante,Esquecido nos embalos d’ um berço, e sem poder sonhar.

CANÇÃO DESPEDAÇADApor JÔNATAS LUIZ MARIA

Page 19: Edição 31

por JOSÉ EDUARDO [email protected]

raia nem sempre significa férias e des-canso. Pelo menos não para os joga-dores e a comissão técnica do Caxias. Nestes 10 dias de intertemporada em Balneário Camboriú, o time coman-dado por Julinho Camargo fez três im-portantes amistosos – sendo dois deles contra adversários teoricamente mais fortes. E o futebol realmente prega pe-ças nos analistas que se arriscam a pre-ver resultados. Contra o Atlético-PR, o Furacão, da elite do futebol brasileiro, e o Paraná, líder da disputadíssima Sé-rie B, a equipe grená não se intimidou. Conquistou dois empates: o primeiro em 1 a 1, o segundo em 0 a 0. Contra o modesto Marcílio Dias, porém, o im-provável aconteceu: 3 a 0 para o time catarinense.

Apesar da derrota como última re-cordação, Julinho se mostra satisfeito com a jornada no litoral: “Estou bem contente pelo trabalho que realizamos. Ele nos forneceu subsídios para apon-tarmos algumas falhas e acertos”. Entre os pontos positivos, talvez o mais im-portante nem seja relacionado estrita-

mente ao futebol. Um grupo vencedor precisa, entre outras coisas, ser unido. A proximidade fora de campo antecede a harmonia dentro dos gramados. E a oportunidade para isso foi criada, jun-tando os nove reforços e os jogadores remanescentes do primeiro semestre em um hotel. “Ganhamos em termos de amizade e companheirismo”, revela o treinador. “Além disso, por termos o jogador conosco 24 horas por dia, fi-cou mais fácil controlar a alimentação e também pequenas lesões dos atletas.”

Restando apenas duas semanas para a estreia na Série C, consoante que ainda amargura grande parte da torcida e dirigentes grenás, há indefi-nições sobre o time que deve iniciar a partida contra o Brasil de Pelotas, no Estádio Bento Freitas. Nos três jogos-treino, Julinho experimentou diversas formações táticas, com dois e com três zagueiros. “Trabalhamos muito em cima da mescla do elenco. Nossa pre-ocupação era que o jogo fluísse através do treinamento”, conta o técnico. Essa dificuldade de estabelecer uma esca-lação inicial, porém, procede de algo bom: os diversos reforços que chega-

ram. As novidades para este segundo semestre são o goleiro Matheus, os zagueiros Marcelo Oliveira e Cláudio Luiz, os laterais Tiaguinho e Edu Silva, o meia Marcelo Labarthe e os atacantes Rafael Grampola, Maiquel e Balthazar, quase um time completo. Mesmo com todas essas contratações, Julinho não nega a possibilidade de receber novos jogadores. “Estamos com o elenco fechado. Mas o nosso clu-be nunca pode estar de portas fechadas.”

A partir desta semana, já de volta à intimidade do Centenário, o Caxias começa a trabalhar com mais intensidade na defi-nição da equipe que deve ser titular no Brasileiro. Julinho terá a missão de repetir as boas atuações do primeiro semestre sem a presença do meia-atacante Everton, emprestado ao Internacional. Conforme o treina-dor, Everton foi um dos responsáveis por conferir o “equilíbrio” à equipe na primeira parte do ano. Mas, se Everton está longe, outros ficaram. Alguns dos

mais importantes são o meia Marcelo Costa, escolhido o melhor jogador do Campeonato Gaúcho, e Itaqui, eleito um dos melhores volantes da compe-tição. Julinho não antecipa uma pro-vável escalação, mas já observou des-taques nos primeiros testes e considera que a equipe atingiu um nível satisfa-

tório na parte tática. “Ainda precisamos melhorar algumas coisas. Acredito que até a estreia (dia 17 de julho) estejamos com o time pronto.”

É bom mesmo que esteja. O xará ro-mano do treinador grená, que guiava legiões em vez de jogadores e usava o segundo nome Cé-sar, diria que “a sorte

está lançada”. Com essa sentença o cé-lebre imperador conquistou a Europa e boa parte do mundo civilizado há mais de 2 mil anos. Julinho quer um pouco menos: uma vaga na Série B de 2011. Mas sabe que terá de insuflar o mesmo espírito guerreiro em seus atletas.

PM

aurí

cio

Man

o, A

tlét

ico-

PR, D

ivul

gaçã

o/O

Cax

iens

e

No primeiro amistoso, o Caxias conseguiu uma surpresa boa – empate com o Atlético-PR –, que se repetiu contra o Paraná. Depois, veio a surpresa ruim: levou 3 do Marcílio Dias

Trabalho na praia

FORTALECIMENTO GRENÁTime do técnico Julinho volta da intertemporada com resultados

interessantes dentro e fora de campo

“Estamos com o elenco fechado. Mas o nosso clube nunca pode estar de portas fechadas”,diz Julinho,sobre reforços

www.ocaxiense.com.br 193 a 9 de julho de 2010 O Caxiense

Page 20: Edição 31

e um lado um garoto desejando um pai e uma mãe. De outro, um choro de menino que parece não entender por que a vida lhe pregou uma peça dessas, em plena Copa do Mundo. Um olhar de esperança que sonha mover montanhas. Ou-tro, desolado, como se reconheces-se que o seu destino é assistir ao êxito dos colegas. Um pede espaço para virar protagonista. O outro sai de cena como o herói que mor-re antes do apito final. Vidas e des-tinos que se cruzam nesse mundo da bola.

Elano não é gênio. Não nasceu com uma habilidade incomum. Nunca foi unanimidade nem no time do bairro. Nunca foi visto ba-tendo na mulher, nem dançando funk agarrado numa metralhado-ra e cercado de mulatas vibrantes. Elano sempre pensou primeiro na família. Por um futuro melhor a eles, agarrou o primeiro malote de dinheiro que lhe jogaram como isca e foi parar na Ucrânia.

Como a maioria dos garotos de 10 anos, Natanael adora chutar uma bola. No último domingo (27), passou a tarde correndo atrás de uma pelota de gomos azuis e brancos. Não era uma Jabulani, a bola da Copa, mas Natanael tinha a sede de vitória de Elano. “Tio, sabe que eu cansei menos depois que joguei mais com a cabeça e

menos com os pés?” Natanael pen-sa muito numa família, mesmo que ainda não tenha uma.

Elano sentiu a mesma dor da in-fância quando o marfinense qua-se quebrou-lhe a perna. Quase a mesma incapacidade de ver a bata-lha da família que ganhava a vida cortando cana e não poder mudar aquilo num piscar de olhos. Nem por isso deixava de sorrir. Mesmo que não soubesse como seria o dia seguinte. Pelo menos ele via nos olhos dos pais uma estranha for-ça que os conduzia juntos, ladeira acima.

Natanael nunca tinha visto esse olhar. Não pelo menos até a última terça-feira (29), quando en-fim conheceu o casal que decidiu adotá-lo. A Copa do Mundo nem terminou e Natanael já encontrou uma razão para esquecê-la. En-quanto Elano sonha em jogar, nem que seja com meia perna, pelo me-nos mais uma partidinha, Nata-nael até torce pelo Brasil erguer o caneco, mas sonha de olhos acor-dados o dia em que poderá segurar as mãos do pai e da mãe que resol-veram dar-lhe uma família.

Entre a bola e o abraço apertado desses novos pais, Natanael prefe-re a sua Copa do Mundo. Porque esse jogo entre a família é pra vida inteira. Entendeu, Elano?

A COPA DO MUNDODE CADA UM

Copa2010

[email protected]

[email protected]

Marcelo Mugnol

Fabiano Provin

D

Brincadeiras à parte, dizem na África do Sul que, terminada a participação de Portugal na Copa, o atacante Cristiano Ronaldo poderá se dedicar ao que mais gosta: ele mesmo. Em cada jogo a estatís-tica do gajo era mais ou menos a mesma: passes certos, 12; chutes a gol, 5; olhadas no telão do estádio, 382. Após ser elimina-do pela Espanha, enquanto saía do grama-do, Cristiano disparou uma cusparada em direção a um cinegrafi sta. Ao retornarem para a terra do pastel de Belém, o craque levou mijada até do técnico. “Nenhum jogador está acima da seleção”, discursou Carlos Queiroz, ora pois.

Quer conhecer todas as bolas já usadas em Mundiais, desde 1930 até a odiada Jabulani? Dê uma espiada no infográfi co especial do jornal americano Th e New York Times (digite assim mesmo: http://migre.me/TDus).

Aliás, o presidente da Fifa, Joseph Blat-ter, afi rmou que a entidade está aberta a discutir sobre a Jabulani, bola que recebe críticas desde o fi nal de maio, quando as seleções iniciaram a preparação para a competição. Alguma medida deverá ser tomada em breve, afi rmou o dirigente. Provavelmente depois da Copa (!).

Como os tequileiros mexicanos não conseguiram despachar a Argentina, se-gundo meu palpite da última edição, cabe agora aos alemães a façanha. Baita jogo, principalmente porque a Argentina quer vingar a eliminação na Copa de 2006, ocorrida nos pênaltis.

Pelé, em entrevista ao jornal alemão Der Tagesspiegel, disse que considera o argentino Diego Maradona um treina-dor ruim. “Não tenho problema com ele. Apenas não o acho um técnico bom. Ele tem uma vida incomum, e isso raramente é positivo para uma equipe”, discursou o Rei. Porém, temos de concordar que os hermanos estão jogando bem, seja mérito de Maradona ou não.

Blatter também disse que o uso da tecnologia a serviço da arbitragem deverá ser rediscutido em julho. A declaração foi dada após os erros que comprometeram os resultados das partidas entre México x Argentina e Alemanha x Inglaterra, pelas oitavas de fi nal. Inclusive, pediu descul-pas às federações mexicana e inglesa, que voltaram para casa mais cedo. Ah, as mu-danças também serão discutidas depois da Copa. Antes eles contarão o dinheiro arrecadado com a competição.

O árbitro gaúcho Carlos Eugênio Simon, 44 anos, que está na 3ª Copa, revelou que prepara um livro sobre as suas participações em 2002, 2006 e 2010. Ele ainda não sabe se irá se aposentar ao término do torneio ou no fi nal do ano.

Nós, brasileiros, estamos tristes, incon-formados com a eliminação da Seleção Brasileira. Não cabe, agora, tentar achar culpados. O mérito é do time holandês, que levou um chocolate no 1º tempo, se arrumou, voltou e deu um banho tático na equipe de Dunga no 2º. Está feita a re-vanche da Holanda após três Copas. Resta assistir os demais jogos este ano e torcer para que, em 2014, tudo seja diferente.

Aliás, por falar em Fifa, fugindo um pouco da Copa, a edição da revista Carta Capital que chegou às bancas no fi nal de junho traz uma entrevista com o jornalista esportivo inglês Andrew Jennings. Ele é autor do livro (em tradução livre) Falta! O Mundo Secreto da Fifa: Subornos, Compra de Votos e Escândalos com Ingressos. A obra é de 2006, mas reper-cute até hoje, pois compara a Fifa à máfi a.

Na entrevista, ele acusa o francês Joseph Blatter, atual presidente da entidade, e o brasileiro João Havelange, ex-presidente, de manterem um esquema de suborno envolvendo milhões de dólares. Havelange e Ricardo Teixeira, da CBF, seriam sócios em uma empresa para onde parte do di-nheiro seria desviado. Jennings afi rma ter provas como documentos e depoimentos de ex-dirigentes do alto escalão da Fifa.

A Fifa declarou antes da Copa do Mun-do da África do Sul que teve lucro de US$ 196 milhões em 2009 (R$ 356 milhões) e que suas reservas já ultrapassaram US$ 1 bilhão. O argumento para tanto dinheiro é que, caso um Mundial seja suspenso, a entidade terá de devolver o dinheiro inves-tido aos parceiros comerciais. Este ano, até o início de junho, o lucro com ações era de US$ 1,06 bilhão, valor que, segundo comunicado no site da Fifa, cobrirá “ape-

nas” os custos da entidade nos próximos 18 meses.

Pelo menos uma parte dessa grana toda não fi cará em Zurique, na Suíça, sede da Fifa. Parte dos lucros será repassada às confederações continentais (US$ 2,5 milhões para cada uma) e às associações nacionais associadas (US$ 200 mil cada; a CBF é uma delas). Isso sem contabilizar prêmios por colocação de cada seleção no torneio.

Agora, a Alemanha

Ruim

Tecnologia

Livro

Decepção

Denúncia!

Mal educado

As bolas

Money, money, money

2010

Adi

das,

Div

ulga

ção/

O C

axie

nse

COPA MULTIMÍDIA | Jornalismo multimídia é oferecer conteúdo exclusivo, sem repetir o que se lê no jornal. No nosso site, cada jogo ganha um tratamento diferente de tudo o que se vê na web. Imagens dos jogos do Brasil são comentadas em áudio, e uma HQ é contada em versão animada. Acesse: www.ocaxiense.com.br

20 3 a 9 de julho de 2010 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

Page 21: Edição 31

l 3° Tennis Cup Indoor | Sábado, 8h às 20h, e domingo, 9h e 11h |

Ao abrigo do frio – isto é, se o in-verno realmente chegar –, a pequena bola amarela atrai todos os olhares no campeonato indoor a partir da manhã de sábado. No domingo, os competi-dores fazem as finais, em diversas ca-tegorias.Academia BohrerEntrada gratuita | Antônio Ribeiro Mendes, 2.800, Santa Catarina

l Rústica Rural | Sábado, 14h |Este será um final de semana corri-

do, quero dizer, de corrida. Os atletas participam da Rústica Rural, de apro-ximadamente 6,7 quilômetros. A lar-gada e a chegada ocorrerão em frente ao Colégio Murialdo, em Ana Rech. Para os pequenos, de 10 a 13 anos, será disputada a Minirrústica, prova com metade da distância. Corredores de fora da cidade ganham uma canja: po-dem se inscrever até 30 minutos antes da largada, no local. Colégio MurialdoInscrição gratuita | Rio Branco, 1.595, Ana Rech

l Circuito da Serra de Volei-bol | Sábado, a partir das 8h |

A Serra entra em quadra – ou me-lhor, nas duas quadras do ginásio do RJ – neste sábado. Meninas da cate-goria infantil e meninos da mirim de times de Antônio Prado, Flores da Cunha, Gramado e Caxias disputam o campeonato regional. Os jogos devem seguir até as 18h, com a definição dos campeões. Recreio da JuventudeEntrada gratuita | Atílio Andreazza, 3.525

l Campeonato Municipal Femi-nino | Domingo, a partir das 8h30 |

As cortadas e as defesas voltam a agitar o ginásio do Sesc pelo Muni-cipal. Um dos destaques entre as 18 equipes é a Dakota, que antecipou al-guns jogos e também a classificação: em 5 partidas, teve 4 vitórias e 1 der-rota. Disputando a liderança da Chave A, as meninas da UCS enfrentam as da Associação Atlética Veranópolis, às 9h45.Domingo, 8h30: Santa Lúcia x CEEF | 9h45: Associação Atlética Veranó-polis x Sincontec | 11h: AMSM x Ma-ragatas | 12h15: Associação Atlética Veranópolis x UCS | 13h30: Flores da Cunha x AMSM | 14h45: Drogaria Bem de Vida x Associação Atlética Veranópolis | 16h: Maragatas x Flores da Cunha | 17h15: Uaná x Recreio da Juventude.Ginásio do Sesc Entrada gratuita | Moreira César, 2.462, Pio X

l Jogos Escolares de Basquete | Quinta (8) e sexta (9), horário a de-finir |

Os primeiros jogos do campeona-to, que reúne alunos de 16 escolas da cidade, iniciam quinta-feira, na cate-goria mirim, masculino e feminino. Horários e locais dos jogos ainda estão sendo definidos pelas direções dos co-légios. Ginásios do Sesi, UCS, Enxutão e Ju-venilEntrada gratuita

l Jogos Escolares de Xadrez | De domingo a terça (6), horário a de-finir |

Técnicas de abertura e ataque serão postas à prova por cerca de 484 alunos de 20 escolas inscritas nos Jogos Esco-lares de Xadrez. No domingo, os estu-dantes da categoria juvenil masculino e feminino tentarão o xeque-mate. A programação segue até terça, com dis-putas entre as categorias infantil mas-culino e mirim e infantil feminino.

Ginásio do SesiEntrada gratuita | Cyro de Lavra Pinto, s/nº, Fátima

l Futebol Sete Master | Sábado, 9h45 e 10h45 |

As chuteiras permaneceram no ar-mário no último sábado. Há duas se-manas consecutivas os jogos são adia-dos devido às chuvas. Neste sábado espera-se que o clima ajude, com mui-to sol e temperatura amena. Sábado, 9h45: Guerra x Marcopo-lo (Sesi), Gpaniz x Randon (Voges), Agrale x Master (Sesi) | 10h45: Fras-le x Madal (Sesi), Voges x Pisani (Voges), Lavrale x Neobus (Sesi).Quadras do Sesi e VogesEntrada gratuita | Sesi: Cyro de La-vra Pinto, s/nº, Fátima; Voges: Grercio Reis, s/n°, Desvio Rizzo

l 8ª Copa Ipam de Futsal Femini-no | Sábado, 19h, 20h e 21h e domin-go, 9h, 10h e 11h |

O União, líder da Segunda Divisão, que sofreu apenas um gol nas primei-ras três rodadas, enfrenta o último colocado, o Camisa 10, que marcou somente um gol. Na categoria Princi-pal, a última vaga do Grupo C ainda está aberta para a rodada seguinte. As meninas do Juventus, que ainda não conseguiram marcar no campeonato, precisam operar um verdadeiro mila-gre: vencer a equipe do BGF por pelo menos nove gols de diferença.Sábado, 19h: FZ Futsal x Primavera (Enxutão) | 20h: Camisa 10 x União (Enxutão) | 21h: BGF Futsal x Juven-tus (Enxutão) | Domingo, 9h: Força Pôr do Sol x UCS B (UCS) | 10h: ACBF x Sindicato dos Metalúrgicos (UCS) | 11h: 1° Grupo C x Santa Catarina (UCS)Enxutão e UCSEntrada gratuita | Enxutão: Luiz Covo-lan, 1.560, Santa Catarina; UCS: Fran-cisco Getúlio Vargas, s/n°, Vila Olímpi-ca, Petrópolis

l Campeonato Municipal | Sába-do e domingo, 13h15 e 15h15 |

As equipes Águia Negra e Hawaí disputam a grande final do campeo-nato na categoria Suplente. O Kayser venceu a disputa pelo 3° lugar contra o Cristal sem entrar em campo – o adversário foi desclassificado pois sua equipe na categoria principal perdeu por WO. Já na Série Prata, faltando apenas um jogo para o fim da primei-ra fase, Esperança e Hawaí são as duas únicas já classificadas para a semifi-nal, em 1° (24 pontos) e 2° (22 pontos) lugares, respectivamente. Elas reser-vam para a última rodada o clássico que deve definir a primeira colocação. Mas a emoção maior fica por parte da disputa das outras duas vagas. Kayser, Bom Pastor, R. Unidos da Esperança e Águia Negra ainda brigam pela per-manência no campeonato. SÉRIE SUPLENTE - Sábado, 13h15: Águia Negra x Hawaí (Muni-cipal 2) | SÉRIE OURO - Sábado, 13h15: União de Zorzi x União Indus-trial (Municipal 2) | 15h15: Fiorentina x Goiás (Enxutão), Guarani x União Reolon (Municipal 1) | Domingo, 15h15: Cristal x Fonte Nova (Enxu-tão), Vindima x XV de Novembro (Municipal 1), Az de Ouro x Londrina (Sagrada Família), Século XX x São Victor Cohab (Sta. Corona) | SÉRIE PRATA - Sábado 13h15: Uruguai x R. Unidos da Esperança (Enxutão), Vera Cruz x Mundo Novo (Munici-pal 1) | Domingo, 13h15: Unidos x Kayser (Enxutão), Ouro Verde x Bom Pastor (Municipal 1), Hawaí x Espe-rança (Sagrada Família), Águia Negra x Atlético (Sta. Corona)Entrada gratuita

l Campeonato Citadino Adulto | Terça (6), às 19h45 e 20h45 |

O Águia Negra concluiu o último jogo da 2ª fase vencendo o Planalto, lanterna da Chave E, e segue na frente. Mas o 1º lugar do grupo pode ser ame-açado pelas equipes São Vicente e SER Real, que dependem somente das suas forças para se classificar à semifinal.Terça, 19h45: Puma x Torino | 20h45: SER Real x Planalto |EnxutãoEntrada gratuita | Luiz Covolan, 1.560, Santa Catarina

Guia de Esportes

BASQUETE

XADREZ

RÚSTICA

VÔLEI

FUTEBOL

TÊNIS

[email protected] José Eduardo Coutelle

O Colégio Murialdo, em Ana Rech, será o ponto de partida e chegada da Rústica Rural – que inclui uma versão para as crianças – neste sábado à tarde

Rafa

ela

Con

te, D

ivul

gaçã

o/O

Cax

iens

e

www.ocaxiense.com.br 213 a 9 de julho de 2010 O Caxiense

Page 22: Edição 31

22 3 a 9 de julho de 2010 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

por FABIANO [email protected]

contando piadas para descontrair o ambiente que ele se sente bem. Há 20 anos e seis meses trabalhando no Ju-ventude, integra a seleta lista dos fun-cionários com mais de duas décadas de casa. Édson de Camargo, o popular Massa, está quase sempre de bom hu-mor. Atento aos lances dos treinos, dá uma paradinha e conta: “Tu-tu-tu co-nhece aquela do por-por-português?” Ao contar a anedota, a gagueira some. Mas volta logo, e é motivo de brinca-deira dos funcionários mais antigos e do pessoal da imprensa, que têm con-tato diário com ele. Hoje com 51 anos, Massa não esconde que seu começo no Ju foi engraçado. Prefere omitir mo-mentos de tristeza.

Massa trabalhava São Paulo de Rio Grande quando veio para Caxias aju-dar o cunhado João Antônio Borges, o Vacaria, que cuidou durante anos do gramado do Jaconi. “Comecei cor-tando e pintando a grama. Além disso, fazia serviços gerais.” Antes de retornar para casa, o trabalho braçal era recom-pensado com uma boa conversa no antigo bar do estádio. “Ali nós tomáva-mos uns aperitivos, geralmente ‘limão-zinhos’. O Seu Adão Pereira, que trei-nava os juniores, também frequentava o bar. Certo dia escutei que ele estava precisando de um massagista. Pensei, ‘essa é minha chance’. No outro dia falei com ele no estacionamento do estádio”, relata Massa.

Marcos Cunha Lima, presiden-te do Juventude em sete temporadas, comandava, no final de 1989, as cate-gorias de base. Foi ele quem liberou Massa para fazer um teste, depois de falar com Pereira. Aprovado, Massa foi contratado no ano seguinte e come-çou nos juniores. Conversando com o doutor Iran Cercato (o funcionário alviverde mais antigo, com 32 anos de casa), aprendeu muitas coisas. “Se exis-te uma pessoa à qual tenho gratidão é o doutor Iran. Ele me passou vários ensinamentos que levarei por toda a vida”, agradece Massa. Em 1991 surgiu a oportunidade de fazer um estágio com o grupo profissional de jogadores. O técnico era Hélio dos Anjos. “Ele gostou do meu trabalho e me efetivou. No final do ano ele foi embora, para o Vitória-BA, e, por sorte do destino, fi-quei até hoje”, comemora.

Natural de Vacaria e residente em

Caxias desde os 14 anos, o massagis-ta, depois de efetivado, se especiali-zou. É formado em massoterapia e tem cursos de primeiros socorros e de instrumentação de aparelhos de fisio-terapia. Massa, além das piadas, con-ta histórias engraçadas presenciadas dentro e fora do Jaconi. Mas a maioria delas ele diz que não dá para contar. A mais “interessante” ocorreu em 1999, quando o Ju viajou para enfrentar o Bahia pelas quartas de final da Copa do Brasil. O grupo se preparava para entrar no campo e Massa estava à frente. “Na saída do túnel havia uma macumba com uma galinha viva, que estava com as pernas amarradas. Eu já tinha visto despacho com galinha morta, agora, viva, foi a primeira vez. Era uma completa, com pipoca, mel, velas, cachaça... Sabe o que eu fiz? Dei um chute no meio de tudo aquilo e en-tramos no gramado. E o feitiço virou contra o feiticeiro: empatamos o jogo e seguimos adiante na competição”, diverte-se. Outra história engraçada contada por Massa ocorreu em 1998 e envolve o técnico Cláudio Duarte. Era a primeira vez que Claudião treinava o Juventude e, ao chegar no estádio, to-dos o avisaram para se precaver com o massagista, que imitava todo mundo (outro dom de Massa). “Ele chegou e pediu se era verdade”, recorda Massa, que respondeu nervoso, “Nã-nã-não, é-é-é mentira deles”. Duarte, também gago, respondeu: “E-eu nem cheguei e-e tu já tá me-me imitando, ô seu...”. “Hoje posso rir disso, mas na época, até explicar que eu também sou gago...”, lembra o massagista do Ju.

Massa confere aos títulos do clu-be as suas maiores alegrias – Série B em 1994, Gauchão em 1998 e Copa do Brasil em 1999. “Antes de traba-lhar com os jogadores eu vivia fora do campo, via tudo das arquibancadas”, observa. Mas nem todas as suas histó-rias tiveram final feliz. Massa prefere esconder na memória o que aconteceu nos últimos anos. Primeiro, 2007, a queda para a Segunda Divisão. E prin-cipalmente o dia do rebaixamento para a Série C, 28 de novembro de 2009, após derrota por 2 a 1 para o Guarani: esse é considerado o pior da sua vida. “Foi muito ruim, um clima de velório no vestiário”, diz, interrompendo a fala para tirar os óculos e secar as lágrimas. Massa espera um futuro melhor para o Ju e não se importa em chorar, desde que seja de alegria, como fez em 1994, 1998 e 1999.

É

And

ré T

. Sus

in/O

Cax

iens

e

O bem-humorado Massa é reconhecido por contar piadas e imitar os colegas

Bastidores alviverdes

COMÉDIAS E DRAMAS

DE MASSAHá 20 anos no Jaconi, o massagista Édson de Camargo começou cortando grama

Page 23: Edição 31

Renato [email protected]

A partir desta terça-feira (6), não haverá transmissões ao vivo da sessões ordinárias da Câmara de Vereadores de Caxias. Elas serão gravadas e somente depois de retocadas (se for o caso de excessos nas manifestações dos parla-mentares) irão ao ar, pelo canal 16 da televisão a cabo.

A Mesa Diretora quer evitar o que aconteceu em 2002, quando a Câmara foi multada em R$ 21 mil. A Justiça Eleitoral alegou à época que vereadores estavam fazendo campanha para os telespectadores.

O plenário da Câmara também estará livre este ano de propaganda eleitoral até as eleições de outubro.

Por força de resolução da Mesa Diretora da Casa, amparada na legisla-ção, está proibida a afixação de material publicitário, cartazes, faixas – enfim, nada que lembre a campanha eleitoral. A TV Câmara serve para divulgar as atividades dos vereadores – não de candidaturas.

Agora que houve acerto entre o vice-prefeito Alceu Barbosa Velho e o vereador Vinicius Ribeiro, surge uma questão nas rodas políticas da cidade: qual dos dois fará mais votos para uma vaga na Assembleia Legislativa pelo PDT caxiense?

Se não houvesse desconfiança de que ambos poderão ser vítimas de canibalis-mo partidário, a pergunta seria: quem será eleito?

“Vocês não são gaúchos?”, pergun-tava a vereadora Geni Peteffi (PMDB) a todos os que consideravam absoluta perda de tempo a discussão e a votação, na Câmara de Vereadores, de moção de repúdio ao ex-jogador Sócrates por ele ter chamado os nativos do Rio Grande do Sul de “reacionários” em entrevista ao jornal inglês The Guardian.

Geni diz que a moção – aprovada por unanimidade na sessão de quarta-feira (30), foi inspirada pelo silêncio da governadora Yeda Crusius (PSDB). “Ela não saiu em defesa do Rio Grande. Claro, ela é paulista”, alfinetou.

A líder do governo na Câmara de Ve-readores, Geni Peteffi, garante que não vai apoiar a candidatura Dilma Rousseff só porque o vice da afilhada de Lula é do PMDB.

“Michel Temer nem é do PMDB. Ele é um desvio de rota, como o Jader, o Sarney, o Renan. O PMDB não fez coligação com o PT. Eles é que fizeram”, diz Geni.

Aprovada pelos vereadores, foi san-cionada esta semana pelo prefeito José Ivo Sartori lei que cria o cargo de che-fe do setor de transportes na Câmara. Um setor que tem dois servidores agora terá também um chefe.

Tramandaí vai ter ainda este ano um campus avançado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Continua em estudo a criação de um campus avançado da região da Serra, cujo projeto é anterior ao movimento local por uma extensão da UFRGS em Caxias do Sul. A sede desse campus tanto pode ser na cidade como em Bento Gonçalves ou Far-roupilha. Aliás, esta última pode levar vantagem na escolha por não ter um instituto técnico do governo federal.

Causou surpresa na cidade a notícia de que o Hotel Villa Michelon, do Vale dos Vinhedos, teria fechado contrato com a FIFA para a Copa do Mundo 2014. O hotel do principal distrito vinícola de Bento Gonçalves já estaria reservado no período de 15 de maio a 15 de agosto daquele ano.

A se confirmar a informação, mais uma vez ficaria comprovado que turis-mo se faz com ações práticas, às vezes silenciosas, com produtos adequados e sem badalações antecipadas.

A inauguração do ramal ferroviário há 100 anos representou a conquista de um sonho para os caxienses que viam, naquele veloz transporte de 40 km/h, o definitivo rumo em direção à continuidade do progresso. Foi resultado de uma eficiente articula-ção político-comunitária no âmbito municipal, que teve eco nas instâncias estadual e nacional.

Pena não se anunciar em 2010 outras auspiciosas obras, identifica-das com os tempos de agora, como a definição do novo aeroporto e/ou a implantação do trem regional.

Para comemorar os 109 anos de fundação, a CIC concede nesta segunda-feira o Troféu Ítalo Victor Bersani a empresas do setor indus-trial, comercial e de serviços. Em que pese a importância da Agrale e de Lojas Colombo, as duas agraciadas da iniciativa privada, uma menção especial à Companhia de Desenvol-vimento de Caxias do Sul (Codeca).

É raro uma entidade empresarial reconhecer o trabalho de uma em-presa de economia mista, controlada pela prefeitura, dirigida com segu-rança por Adiló Didomênico.

Ao vivo não

Tudo limpo

Dois candidatos

Orgulho ferido

Um certo PMDB

Superestrutura

Campus avançado

Um exemplo

Oportunidade perdida

Sucesso mistoLu

iz C

have

s, D

ivul

gaçã

o/O

Cax

iens

e

www.ocaxiense.com.br 233 a 9 de julho de 2010 O Caxiense

Tenho simpatia pela Dilma. Tenho simpatia pelo Serra. Tenho simpatia pela Marina.

Eu sou muito simpático.

Senador caxiense Pedro Simon (PMDB), ao ser cobrado por sua simpatia à candidatura Dilma Rousseff para presidente da República.

O mais recente discurso de Pedro Simon não foi na tribuna do Senado, e sim em sua terra natal, na manhã de segunda-feira (28). Longa, mas recheada de histórias bem humoradas e afetivas, a fala de Simon foi a voz dos homenageados com a Medalha da Casa da Moeda do Brasil – Centenário da Cidade de Caxias do Sul.

A distinção foi concedida a 17 per-sonalidades e instituições que repre-sentam simbolicamente o conjunto da sociedade caxiense. Um patrimônio de cidadania que merece ser lembrado e relembrado.

A denominação Baile Municipal foi apropriada ao evento realizado sábado passado (26) no Clube Juvenil (na foto, o prefeito José Ivo Sartori dança com a primeira-dama Maria Helena Sartori). Des-tacando o centenário da elevação

da sede de Caxias à categoria de ci-dade, o baile comemorou também os 105 anos do clube social que se-diou à época o histórico momento. Uma feliz coincidência de datas e cenários de vida, lembrados com delicadeza e respeito.

Patrimônio de cidadania

Delicadeza e respeito

Cri

stof

er G

iaco

met

, Div

ulga

ção/

O C

axie

nse

Page 24: Edição 31