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1 Agropecuária Catarinense, v.22, n.2, jul. 2009

Edição de julho de 2009

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1Agropecuária Catarinense, v.22, n.2, jul. 2009

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3Agropecuária Catarinense, v.22, n.2, jul. 2009

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4 Agropecuária Catarinense, v.22, n.2, jul. 2009

Sumário* Considerações sobre a produção e utilização do caldo de cana.................................................. 43* Manejo de plantas daninhas na cultura de milho ............................................................... 47

* Influência de fatores climáticos e de ácaros predadores na população de ácaros tetraniquídeos em citros ...................................... 50* Modelos de armadilhas contendo raiz de tajujá para a captura de vaquinhas em pomar de macieira .......................................................... 55* Produção de erva-mate consorciada com cinamomo e louro-pardo ...................................... 61* Produtividade e crescimento do tomateiro ‘Paron’ enxertado em diferentes porta-enxertos ...................................................... 67* Taxa de progresso da doença e resistência de cultivares de cevada à mancha-marrom ............. 72

* Produtividade de variedades de polinização aberta de milho em cultivo orgânico ................... 76* Eficiência de óleos vegetais e do fungo entomopatogênico Beauveria bassiana no controle do moleque-da-bananeira ...................... 81* Influência do fenômeno La Niña na precipitação pluvial na Região Oeste de Santa Catarina ........ 85* Comportamento da mamona em diferentes épocas de semeadura no Oeste Catarinense...... 88

* Normas para publicação na RAC ........................ 92

Opinião

Registro

Vida rural

Plantas bioativas

Reportagem

Conjuntura

* Editorial ............................................................... 3* Lançamentos editoriais........................................ 4

* Santa Catarina pode tornar-se produtora de azeitonas ......................................................... 5* Produção orgânica deve adequar-se a novas regras .................................................................. 6* Controle biológico de pragas ganha reforço com novo inimigo natural .................................... 6* Papel artesanal gera renda no campo ................ 7* Bagaço da uva é usado na produção de fertilizante ............................................................ 8* Dispositivo permite que árvores “avisem” quando estão sem água....................................... 8* Epagri desenvolve sensor de medição de molhamento foliar ................................................ 9* Sementes de batata orgânica estarão disponíveis em agosto ......................................... 10* Cientistas criam bactéria que produz etanol ....... 10* Frango caipira é alternativa de renda para famílias ................................................................ 11* Carboidrato – o verdadeiro biocombustível ........ 12* Vespa minúscula controla pragas da soja ........... 12

* Von Liebig, administração e o êxodo rural .......... 13

* Matérias-primas para biodiesel: desafios para o Planalto Norte Catarinense e Sudeste Paranaense .......................................................... 14* Melhoramento genético participativo em

goiabeira-serrana ................................................. 17

* Aprenda a fazer produtos de limpeza ecológicos ............................................................ 19* As soluções estão no quintal ............................... 20

* A arte que vem da natureza ................................ 21* Cor, sabor e saúde na mesa ............................... 27* Mãos dadas pela produtividade da lavoura ........ 31* Plantando um manejo mais consciente .............. 34

* Vetiver – aroma da terra...................................... 37

As matérias assinadas não expressam necessariamente a opinião da revista e são de inteira responsabilidade dos autores.A sua reprodução ou aproveitamento, mesmo que parcial, só será permitida mediante a citação da fonte e dos autores.

Artigo Científico

Informativo Técnico

Nota Científica

Normas para publicação

Page 5: Edição de julho de 2009

5Agropecuária Catarinense, v.22, n.2, jul. 20095 Agropec. Catarin., v.22, n.1, mar. 2009

FICHA CATALOGRÁFICA

Agropecuária Catarinense – v.1 (1988) –Florianópolis: Empresa Catarinense de PesquisaAgropecuária 1988 - 1991)

Editada pela Epagri (1991 – )TrimestralA partir de março/2000 a periodicidade passou a

ser quadrimestral1. Agropecuária – Brasil – SC – Periódicos. I.

Empresa Catarinense de Pesquisa Agropecuária,Florianópolis, SC. II. Empresa de PesquisaAgropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina,Florianópolis, SC.

CDD 630.5

Tiragem: 2.500 exemplaresImpressão: Floriprint Ind. Gráficae Etiquetas Ltda.

ISSN 0103-0779

INDEXAÇÃO: Agrobase e CAB International.

AGROPECUÁRIA CATARINENSE é uma publicaçãoda Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Ruralde Santa Catarina (Epagri), Rodovia Admar Gonzaga,1.347, Itacorubi, Caixa Postal 502, 88034-901Florianópolis, Santa Catarina, Brasil, fone: (48) 3239-5500, fax: (48) 3239-5597, internet: www.epagri.sc.gov.br,e-mail: [email protected]

DIRETORIA EXECUTIVA DA EPAGRI: Presidente:Luiz Ademir Hessmann, Diretores: Carlos Leomar Kreuz,Ditmar Alfonso Zimath, Edson Silva, Elisabete Silva deOliveira, Humberto Luiz Brighenti

EDITORAÇÃO:Editor-chefe: Roger Delmar FleschEditor técnico: Paulo Sergio Tagliari

JORNALISTA: Cinthia Andruchak Freitas (MTb SC02337)

ARTE: Vilton Jorge de Souza

DIAGRAMAÇÃO E ARTE-FINAL: Mariza T. Martins

PADRONIZAÇÃO: Daniel Pereira e Maria TeresinhaAndrade da Silva

REVISÃO DE PORTUGUÊS: João Batista LeonelGhizoni e Laertes Rebelo

REVISÃO DE INGLÊS: João Batista Leonel Ghizoni

CAPA: Artesanato de fibra de bananeira em Corupá,SC. Foto de Aires C. Mariga

DIGITAÇÃO: Neusa Maria dos Santos

REVISÃO TIPOGRÁFICA: Daniel Pereira

DOCUMENTAÇÃO: Ivete Teresinha Veit

ASSINATURA/EXPEDIÇÃO: Ivete Ana de Oliveira eZulma Maria Vasco Amorim – GMC/Epagri, C.P. 502,88034-901 Florianópolis, SC, fones: (48) 3239-5595 e3239-5535, fax: (48) 3239-5597 ou 3239-5628, e-mail:[email protected] anual (3 edições): R$ 22,00 à vista

PUBLICIDADE: GMC/Epagri – fone: (48) 3239-5682,fax: (48) 3239-5597

REVISTA QUADRIMESTRAL

15 DE JULHO DE 2009

As normas para publicação na Revista Agropecuária Catarinense estão disponíveis no site www.epagri.sc.gov.br.

A Epagri é uma empresa da Secretaria de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural de Santa Catarina.

Com as mudanças climá-ticas decorrentes do efei-to estufa no planeta Ter-

ra, a agricultura e a pecuária ne-cessitam adaptar-se a essa novarealidade, passando a utilizartécnicas ambientalmente corre-tas. Evitando a liberação dosgases metano, dióxido de carbo-no e óxido nitroso, principais res-ponsáveis pelo aquecimento glo-bal, novas tecnologias ambi-entais em desenvolvimento pelaEpagri estão protegendo o meioambiente, preservando a saúdedos seres humanos e, de quebra,trazendo renda ao agricultorcom produtos de qualidade e altovalor biológico.

A reciclagem de materiais éuma estratégia interessantepara aproveitar recursos da na-tureza, sem desperdício e polui-ção. Pois é o que apresentam as

matérias da seção Registro so-bre o papel artesanal e da seçãoReportagem sobre o uso das fi-bras da bananeira para artesa-nato, que valoriza o trabalho deagricultoras, aumentando aautoestima e gerando renda.Outras duas reportagens, umasobre o morango orgânico e ou-tra sobre a produção integradade tomate, apontam a necessi-dade e a importância da redu-ção do uso de agrotóxicos nocampo.

O Brasil está na corrida mun-dial para produzir combustíveisalternativos, menos poluentes eque não dependam de importa-ções caras. É o caso do biodiesel,sobre o qual a Epagri, assimcomo outras entidades nacionaisde ciência e tecnologia, desenvol-ve pesquisas para testar plantasmais promissoras para as con-dições edafoclimáticas do Esta-do. O leitor pode conferir esseassunto em matérias das seçõesConjuntura e Nota Científica.

No rastro das tecnologias combaixo impacto ambiental desta-cam-se as matérias sobre contro-le biológico de ácaros em citros euso de iscas com produtos natu-rais nas culturas da macieira ebananeira. Esses assuntos en-contram-se nas seções ArtigoCientífico e Nota Científica.

Como a questão climática éuma das preocupações científi-cas do momento, o leitor temuma informação bem atual noartigo sobre a influência do fe-nômeno La Niña nas chuvas daRegião Oeste de Santa Catarina,na seção Nota Científica. Fina-lizando, vale registrar o traba-lho, na mesma seção, com asvariedades de milho de poli-nização aberta sob cultivo orgâ-nico, mostrando que esse siste-ma elimina a maior parte dosagroquímicos poluentes, man-tendo uma boa produtividade equalidade.

Bom proveito, e ótima leitura!

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6 Agropecuária Catarinense, v.22, n.2, jul. 2009

Rizipiscicultura emSanta Catarina. 2009,21p. BT 144, R$ 8,00.

O Boletim Técnico trazinformações sobre arizipis-cicultura – culti-vo de arroz irrigado con-sorciado com a criação depeixe. A obra orienta so-bre o local ideal para ocultivo, variedades dearroz e espécies de peixesque podem ser utiliza-das, além dos passos

Agroecologia: a se-mente da sustenta-bilidade. 2009, 211p.Livro, R$ 23,00.

O livro resgata a históriada agricultura até chegarà produção agrícola sus-tentável, ou seja, a agri-cultura orgânica/agro-ecológica, que é praticadacom pouco revolvimentodo solo, usa adubos orgâ-nicos, não usa agrotóxicosnem sementes trans-

Cultive uma horta e umpomar orgânicos: sementese mudas para preservar abiodiversidade. 2009, 312p.Livro, R$ 25,00.

A publicação é voltada paraextensionistas e pessoas interes-sadas em implantar e produzirpequenas hortas e pomares nosistema orgânico, mas tambémpode ser útil para áreas empre-sariais. O livro traz informaçõessobre a produção de hortaliças,frutas e plantas medicinais deforma ecológica e sustentável,

para a implantação dos três sistemas utilizados em San-ta Catarina e os resultados esperados para cada um de-les. Uma das vantagens da rizipiscicultura é que ela éideal para a produção de arroz orgânico, pois não usaagroquímicos para o controle de pragas e doenças, o queevita a contaminação da água. O peixe atua nesse siste-ma como controlador biológico, pois consome as plantasdaninhas e os insetos existentes nos arrozais. Arizipiscicultura é um sistema de cultivo milenar que ini-ciou na China e se popularizou no sudeste da Ásia. EmSanta Catarina, as pesquisas com esse sistema come-çaram na década de 80.Contato: [email protected].

gênicas e preserva o solo e as fontes de água. A obratraz informações úteis para o desenvolvimento desse sis-tema, como manejo do solo, da biomassa e das plantasinvasoras, fertilização orgânica, adubação verde e con-trole biológico de agentes em desequilíbrio, entre ou-tras. O livro também propõe uma reflexão sobre o futu-ro e a sustentabilidade da agricultura, e apresenta da-dos sobre a conversão do manejo convencional para oorgânico. No final, o autor relata experiência da cria-ção e do desenvolvimento da Associação Ecológica Re-canto da Natureza, localizada em Vargem do Braço, nomunicípio de Santo Amaro da Imperatriz, SC.Contato: [email protected].

Receitas comt a n g e r i n a .2009, 21p. BD82, R$ 7,00.

Este Boletim Di-dático é resultadodo Concurso deReceitas à Base deTangerina reali-zado durante a 13a

Tangefest no mu-nicípio de Api-úna, SC. A publi-cação homenageiaas mulheres

baseada na preservação e no respeito à terra, ao meio ambien-te, à biodiversidade e ao homem. A obra apresenta dicas para oplanejamento da horta e do pomar incluindo a escolha e o ta-manho do local, a seleção das espécies, variedades e sementes,a consorciação de culturas, além das ferramentas e dos equipa-mentos necessários. O leitor encontra orientações para o culti-vo de 53 espécies de hortaliças e 43 espécies de fruteiras, infor-mações sobre as propriedades terapêuticas dos alimentos, alémde receitas e dicas para uma alimentação saudável.Contato: [email protected].

agricultoras que apresentaram receitas à base detangerina durante o evento. O concurso foi orga-nizado pela Epagri e Prefeitura Municipal deApiúna com o objetivo de promover o aproveita-mento da tangerina na culinária tradicional. OBD apresenta receitas variadas usando o frutono arroz, biscoito, bolo, brigadeiro, geleia, cuca,musse, pavê, pudim, tortas, trufas e bebidas.Contato: [email protected].

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7Agropecuária Catarinense, v.22, n.2, jul. 2009

Santa Catarina pode tornarSanta Catarina pode tornarSanta Catarina pode tornarSanta Catarina pode tornarSanta Catarina pode tornar-----se produtorase produtorase produtorase produtorase produtorade azeitonasde azeitonasde azeitonasde azeitonasde azeitonas

Uma pesquisa iniciada em2005 para viabilizar a produ-ção de azeitonas em terras

catarinenses já está dando os primei-ros frutos. “Apenas 2 anos e 4 mesesapós o plantio, unidades de São Lou-renço do Oeste, Campo Erê e Cam-pos Novos e as unidades demonstra-tivas de Caçador e Catanduvas fize-ram a primeira colheita”, comemorao coordenador do projeto de oliveirasda Epagri, engenheiro florestal DorliMário da Croce.

O objetivo do trabalho, realizadopela Epagri/Centro de Pesquisa paraa Agricultura Familiar (Cepaf), é en-contrar cultivares que possam ser cul-tivadas pelos pequenos agricultorespara a produção de conserva e azeitede oliva. “Há cultivares promissoras,com frutos de ótima qualidade, e osestudos com o azeite tiveram bonsresultados”, destaca Dorli, que visi-tou a Argentina, o Chile e a Itália paraconhecer de perto a olivicultura e po-der desenvolver e adaptar tecnologiasàs condições de Santa Catarina.

As oliveiras foram plantadas em18 unidades de pesquisa e duas uni-dades de observação distribuídas peloEstado. “Temos árvores em frutifi-cação em São Lourenço do Oeste,Campo Erê, Chapecó, Caçador, Cam-pos Novos, Ituporanga e Rio dos Ce-dros. Há outras regiões promissoras,com tendência para floração efrutificação mais tardias, comoCanoinhas e Urussanga”, conta o pes-quisador.

As 35 cultivares em teste são pro-venientes do Brasil e de países comoPortugal, Espanha e Itália. Algumasnão se adaptaram às condições doEstado pela ocorrência de geada, neveou umidade. De acordo com Dorli,onde as chuvas são bem distribuídasa chance de sucesso é maior. “Já emregiões onde há alta umidade do ar eprecipitações pluviais elevadas emalgumas épocas do ano, principal-

mente no período de floração, o resul-tado pode ser prejudicado”, conta.

Geração de renda

Há, basicamente, dois tipos de fru-tos: aqueles com alto teor de óleo, queservem para extração de azeite, e asazeitonas de mesa, ideais para con-serva. O caroço pode ser usado paraproduzir óleo, embora a concentraçãoseja pequena, e os resíduos podem serusados em fornos e caldeiras paragerar energia. Já as folhas servemcomo fertilizante e para uso medici-nal. A madeira é usada para a fabri-cação de esculturas ou entalhes emmóveis.

Com tantas possibilidades deaproveitamento, o Governo Estadualaposta financeiramente na ampliaçãoda pesquisa. “Com a aprovação doprojeto pela Fundação de Apoio à Pes-quisa Científica e Tecnológica de San-ta Catarina (Fapesc), serão firmadas

novas parcerias com a UniversidadeComunitária Regional de Chapecó(Unochapecó), a Universidade Fede-ral de Santa Catarina (UFSC) e oMinistério da Agricultura, Pecuáriae Abastecimento (Mapa) para dar con-tinuidade às avaliações em toda acadeia produtiva e, nos próximosanos, criar um programa deolivicultura no Estado”, prevê Dorli.

O Brasil gasta US$ 250 milhõespor ano com a importação de deriva-dos da oliveira, sendo US$ 150 mi-lhões em azeitonas e o restante naforma de azeite. Os pesquisadoresacreditam que, se a olivicultura forcomercialmente viável, o abasteci-mento do mercado interno pode tor-nar-se uma alternativa de renda paraas famílias rurais do Estado. “Apesardos resultados, ainda é cedo para indi-car uma cultivar para ser plantada naspropriedades. As avaliações das culti-vares devem levar de 2 a 3 anos paraser conclusivas”, diz Dorli.

Primeira colheita foi feita no início do ano

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8 Agropecuária Catarinense, v.22, n.2, jul. 2009

PPPPProdução orgânica deve adequarrodução orgânica deve adequarrodução orgânica deve adequarrodução orgânica deve adequarrodução orgânica deve adequar-----sesesesesea novas regrasa novas regrasa novas regrasa novas regrasa novas regras

Termina em dezembro o prazopara todos os segmentos darede de produção orgânica do

País se adaptarem às regras do De-creto nº 6.323, publicado em 2007 peloGoverno Federal. O Decreto regula-menta a Lei nº 10.831/2003, a LeiNacional da Produção Orgânica, e dánovas configurações à produção ecomercialização de orgânicos, inclu-indo armazenamento, rotulagem,transporte, certificação e fiscalização.

A expectativa é de que a regula-mentação impulsione o setor, poisdará ao consumidor a garantia dequalidade e autenticidade dos produ-tos por meio do selo oficial do Siste-ma Brasileiro de Avaliação da Con-formidade Orgânica (Sisorg).

O Sisorg é composto pelo Ministé-

rio da Agricultura, Pecuária e Abas-tecimento (Mapa), por órgãos de fis-calização dos Estados e pelascertificadoras que, de acordo com oDecreto, serão credenciadas, acompa-nhadas e fiscalizadas pelo Mapa.Além disso, deverão atualizar as in-formações dos produtores para ali-mentar um cadastro nacional. Porém,antes de serem habilitadas, ascertificadoras passarão por um pro-cesso de acreditação do Instituto Na-cional de Metrologia, Normalização eQualidade Industrial (Inmetro).

O Decreto permite a produção deorgânicos e não-orgânicos na mesmapropriedade, desde que os processossejam separados. Além disso, os agri-cultores familiares cadastrados noórgão fiscalizador poderão fazer ven-

da direta ao consumidor. A inspeçãoserá feita em unidades de produção,estabelecimentos comerciais e indus-triais e em qualquer ambiente envol-vido na cadeia produtiva. Quandohouver descumprimento da lei, serãoaplicadas punições e multas.

Regulamentação abrange todas asfases da cadeia produtiva

Controle biológico de pragas ganha reforçoControle biológico de pragas ganha reforçoControle biológico de pragas ganha reforçoControle biológico de pragas ganha reforçoControle biológico de pragas ganha reforçocom novo inimigo naturalcom novo inimigo naturalcom novo inimigo naturalcom novo inimigo naturalcom novo inimigo natural

Uma nova espécie de inseto capaz de agir como inimigo naturalno controle biológico de pragas na agricultura foi identificadapela equipe do pesquisador Ivan Cruz, da Embrapa Milho e

Sorgo, de Sete Lagoas, MG. “A identificação desse inimigo natural depragas é um exemplo que reforça quanto as pesquisas na área de contro-le biológico ainda devem avançar”, destaca Cruz. A espécie Unglaivancruzi recebeu esse nome em homenagem ao pesquisador.

O que difere a nova espécie de outras do gênero Ungla são manchasmarrom-claras na cabeça do inseto, ausentes nas espécies já identificadas.Pertencente à família dos crisopídeos, principais agentes de controle bio-lógico de pulgões, a Ungla ivancruzi deposita 20 a 30 ovos em cada pos-tura, enquanto outros crisopídeos põem apenas um ovo por vez.

A Ungla ivancruzi é predadora de pulgões, ácaros, pequenosartrópodes, da lagarta-do-cartucho, principal praga do milho, e da bro-ca-da-cana, a Diatrea saccharalis. O período predatório acontece na faselarval, quando o aparelho bucal é mastigador. Com as mandíbulas, aUngla ivancruzi perfura o corpo do inseto parasitado.

Segundo Cruz, a espécie consome mais de 200 pulgões por dia. “Elatem grande potencial para se tornar realidade na agricultura brasileira,já que pode ser criada e multiplicada em laboratório usando tecnologiasconhecidas”, adianta.

Fonte: Embrapa Milho e Sorgo.Espécie consome mais de 200pulgões por dia

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9Agropecuária Catarinense, v.22, n.2, jul. 2009

PPPPPapel artesanal gera renda no campoapel artesanal gera renda no campoapel artesanal gera renda no campoapel artesanal gera renda no campoapel artesanal gera renda no campo

F ibras de bagaço da cana- -de-açúcar estão trans- formando-se em papel

artesanal pelas mãos deagricultoras da Microbacia ArroioTateto Grápia, em Bandeirante, noextremo oeste catarinense. O gru-po Mulheres de Fibra MB2 é for-mado por 11 participantes queaprenderam uma atividade capazde aumentar a renda da família eainda proteger o meio ambiente. Aoficina está instalada em uma anti-ga escola, que foi reformada pelogrupo e por familiares na comuni-dade de Linha Gaspar.

O projeto foi implantado no anopassado pelo Projeto Microbacias 2e pela Epagri, com apoio da SouzaCruz, do Sistema de Cooperativasde Crédito do Brasil (Sicoob) e daPrefeitura de Bandeirante. Asagricultoras receberam capacitaçãoe, em dezembro, as primeiras folhascomeçaram a ser confeccionadas.

As mulheres tomam todas as decisõesem grupo e dividem o trabalho e osresultados.

O bagaço da cana, que antes eradescartado, vem do resíduo da fabri-cação artesanal de cachaça, melado eaçúcar nas propriedades e de umapequena indústria de álcool. Antes deserem usadas, as varas de cana sãoselecionadas e lavadas manualmen-te. Após a extração do caldo, as fibrasdo bagaço são separadas, lavadas ecozidas. Depois, são lavadas nova-mente e trituradas no liquidificador.“Há, então, uma terceira lavagem e,posteriormente, o processo é pareci-do com a confecção de papelreciclado”, conta José Clóvis Moreira,extensionista da Epagri/EscritórioMunicipal de Bandeirante. As fibrassão colocadas em vasilhas e, com o au-xílio de bastidores, o papel ganha for-ma. Por fim, ele é prensado e secadoà sombra.

O trabalho ainda está no início e

Atualmente são confeccionadas cerca de 500 folhas por mês

a Epagri e o Microbacias 2 apoiamo grupo na organização e na divul-gação do papel artesanal. Atual-mente, são confeccionadas cerca de500 folhas por mês. “Em tão poucotempo elas já estão produzindo umaquantidade considerável e comer-cializando”, comemora FelipeUberti, técnico facilitador doMicrobacias 2. A atividade não écontínua porque as mulheres tam-bém trabalham na lavoura e dãoconta dos afazeres domésticos.

O papel é vendido para a fabri-cação de cartões de visita, de Na-tal e de Páscoa e lembranças de ani-versário. “No futuro, queremos con-seguir um computador para fazercartões, convites e envelopes naprópria oficina”, conta LoreciDorneles, presidente da Associaçãoda Microbacia de Arroio TatetoGrápia.

O objetivo é que, com a evolu-ção do projeto, a atividade se torneuma alternativa para melhorar arenda e a qualidade de vida dasfamílias. “A demanda ainda é pe-quena, os pedidos são poucos, masestamos trabalhando para abrirnovos mercados”, diz a presidentedo grupo, Marli Wenning. Segun-do ela, as participantes tambémplanejam confeccionar capas deagendas, blocos de anotações, rótu-los de aguardente, convites, certi-ficados, entre outros.

O entusiasmo das Mulheres deFibra é visível. Depois que elas co-meçaram a produzir o papel e tra-balhar em equipe, até a autoestimado grupo melhorou. “É muito bomporque no interior a gente não temmuita alternativa. As mulheres es-tão felizes e satisfeitas com a ativi-dade”, diz Loreci.

Mais informações sobre o projeto comJosé Clóvis Moreira, extensionista daEpagri/Escritório Municipal de Bandei-rante, pelo e-mail: [email protected] ou pelo fone: (49)3626-0120.

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10 Agropecuária Catarinense, v.22, n.2, jul. 2009

Bagaço da uva é usado na produção de fertilizanteBagaço da uva é usado na produção de fertilizanteBagaço da uva é usado na produção de fertilizanteBagaço da uva é usado na produção de fertilizanteBagaço da uva é usado na produção de fertilizante

Após investir em pesquisa, uma empresa gaúcha de projetos de jardinagem des-cobriu que o resíduo da industriali-zação da uva pode ser útil para pro-duzir substratos e fertilizantes. “Per-cebemos que, na execução dos jardins,se ocupava bastante terra. Isso leva-va nossa atividade a consumir quan-tidades significativas de solo extraí-do de forma incorreta”, explica o só-cio da Beifiur, de Garibaldi, RS,Valdecir Ferrari.

Em 1996, a empresa iniciou umapesquisa para usar o bagaço da uva nafabricação de substratos que substi-tuíssem o solo. “A indústria vinícolagera uma grande quantidade de resí-duos e, com a pesquisa, achamos a sa-ída que soluciona o problema ambi-ental deles e o nosso também”, conta.

Usando sementes, cascas, parte da

polpa e o cacho da uva, a empresa pro-duz, por meio de um processo decompostagem, condicionador de solo,fertilizante e substrato certificadospara a produção orgânica, além de umfertilizante líquido. Os produtos podemser usados na floricultura e na agri-cultura. “No processo de compos-tagemoxidorredutor, os taninos da uva sãotransformados em ácidos húmicos, quefazem a bioativação do solo, ou seja,liberam os nutrientes da terra para quea planta possa absorvê-los”, explicaFerrari.

A descoberta fez a Beifiur crescer,mas os planos não param por aí. “Te-mos projeto para implantar parreiraisde produção orgânica. A ideia é ter-mos uma indústria de sucos orgâni-cos a partir de 2013”, diz Ferrari. Oobjetivo é aproveitar totalmente osresíduos dessa produção.

Produtos podem ser usados nafloricultura e na agricultura

Dispositivo permite que árvores “avisemDispositivo permite que árvores “avisemDispositivo permite que árvores “avisemDispositivo permite que árvores “avisemDispositivo permite que árvores “avisem” quando” quando” quando” quando” quandoestão sem águaestão sem águaestão sem águaestão sem águaestão sem água

Pesquisadores israelenses doInstituto Volcani de Agricul-tura desenvolveram um dispo-

sitivo que permite medir o nível deágua das plantas. Quando ele estáabaixo do necessário, o sistema avisao proprietário por e-mail ou acionaum sistema de irrigação.

O dispositivo é formado por son-das colocadas no tronco que medema condutividade elétrica dentro daárvore – um parâmetro para avaliaro estresse hídrico da planta. Segun-do os pesquisadores Eran Raveh eArieh Nadler, produtores de frutascítricas, manga, banana e vinicultoresjá manifestaram interesse natecnologia.

Raveh calcula que o sistema devaproporcionar uma economia de 30%a 40% de água na agricultura. “Temosuma crise de água aqui em Israel eprecisamos de uma forma para irri-gar com mais precisão”, afirma.

Segundo os pesquisadores, o me-canismo é barato, simples e preciso,mas ainda levará de 3 a 4 anos parachegar às prateleiras. Eles preveemque o custo será acessível para amaioria dos agricultores, já que ape-nas uma sonda será necessária parainformar sobre o teor de água em cada500 árvores.

A equipe vai continuar aperfeiço-ando o produto para aplicá-lo na pro-dução agrícola. “É possível trabalharem qualquer caule, não importa o tipode material vegetal. No momento,estamos trabalhando com grandesárvores, mas é uma questão de cali-brar o aparelho para adaptá-lo a plan-tas mais jovens e menores”, dizRaveh.

Fonte: Centro de Mídia Brasil-Israel.Tecnologia pode ser útil paraprodutores de frutas cítricas

Fonte: Agência Sebrae de Notícias.Mais informações: www.beigrupo.com.

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11Agropecuária Catarinense, v.22, n.2, jul. 2009

Epagri desenvolveEpagri desenvolveEpagri desenvolveEpagri desenvolveEpagri desenvolve sensor de medição sensor de medição sensor de medição sensor de medição sensor de mediçãode molhamento foliarde molhamento foliarde molhamento foliarde molhamento foliarde molhamento foliar

Na ultima década, os cientis-tas e a população mundialvêm discutindo os proble-

mas ambientais e suas conse-quências sobre o bem-estar e a saú-de das pessoas. Ações e tecnologiasde mitigação dos efeitos danosos aomeio ambiente e às pessoas têm re-cebido atenções e suporte financei-ro para incentivar o desenvolvimen-to, a adoção e a difusão desses co-nhecimentos. Na atualidade, desta-cam-se as tecnologias denominadasde Produção Integrada e Agricultu-ra Orgânica, com ações de redução,seleção e até eliminação deagrotóxicos, além de outras práti-cas culturais de proteção ao meioambiente e melhoria da qualidadede alimentos.

Ação semelhante foi utilizadapela França há algumas décadas econsistia na implantação datecnologia denominada de “estaçõesde avisos fitossanitários”. Essatecnologia previa a diminuição douso de agrotóxico com a utilizaçãode modelos de previsão do desenvol-vimento e infecção das plantas pe-los patógenos. As aplicações dosagrotóxicos são efetuadas somentequando da existência das condiçõesambientais para o desenvolvimen-to do patógeno e danos às plantas.

Esses modelos utilizavam a tem-peratura e umidade relativa do ar,precipitação pluviométrica e a du-ração do período em que a folha es-tava molhada. Para a estimativa do“molhamento foliar” foram desen-volvidos sensores denominados“placas de molhamento foliar”. Es-ses sensores, baseados em sistemaseletro-eletrônicos, eram, no início,complexos e onerosos, sendo fabri-cados somente fora do Brasil. Coma evolução das tecnologias agrome-teorológicas e o surgimento das es-tações meteorológicas automáticas,a utilização das estações de avisosfitossanitárias foi facilitada, porém,a importação das placas de molha-mento foliar ainda apresenta umcusto significativo.

Em 2002 os pesquisadores daEpagri/Ciram desenvolveram umsensor de molhamento foliar obje-tivando a viabilização econômica einstitucional em Santa Catarina. Fo-ram desenvolvidas três versões dosensor até o momento. O princípio defuncionamento desse sensor, denomi-nado Epagrimolha, é baseado na per-cepção da deposição da água em umasuperfície de cor e área semelhantesàs de uma folha, por meio dacondutividade elétrica. A principalinovação tecnológica da Epagri estána construção dos filamentos capazesde conduzir eletricidade a baixas re-sistências, sem sofrer oxidação. Atecnologia desenvolvida utiliza cama-das sobrepostas de diferentes metais,inclusive ouro.

A industrialização do sensor éterceirizada a uma empresa de basetecnológica catarinense, com exclusi-vidade de produção para a Epagri.

Dessa maneira, além de estimulara indústria de alta tecnologia local,o sensor é industrializado a um cus-to muito inferior aos similares im-portados (quase 100 vezes menor).

Atualmente, essa tecnologiaestá sendo utilizada principalmen-te para as culturas da batata, to-mate, videira, maçã e feijão. Osensor hoje está instalado em qua-se todas as estações meteorológicasda Epagri e integrado ao sistemade monitoramento automáticoPluviologger, e permitirá, assim, omonitoramento em mais de 50 pon-tos implantados e 150 em implan-tação no Estado de Santa Catarina.

Mais informações sobre esta inovaçãotecnológica podem ser obtidas com ostécnicos da Epagri/Ciram HamiltonJustino Vieira, Adriano Régis eGustavo B. Ventura, fone: (48) 3239-8051, e-mail: [email protected].

Última versão do sensor, já em processo de industrialização

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12 Agropecuária Catarinense, v.22, n.2, jul. 2009

cial para alavancar a renda nas pro-priedades, já que o sistema orgânicoagrega valor aos produtos.

Por ter alta porcentagem de ma-téria seca nos tubérculos e baixa taxade absorção de gordura, a cultivar éideal para o processamento na formade “chips”, batata palha e palitos pré--fritos. “O consumidor vai levar maisbatata e menos água pelo mesmo pre-ço”, afirma Antonio Carlos Ferreirada Silva, pesquisador recém-aposen-tado da Epagri/Estação Experimen-tal de Urussanga e responsável pelolançamento da cultivar. Enquanto amaioria das batatas do mercado pos-sui baixa percentagem de matéria

Sementes de batata orgânicaSementes de batata orgânicaSementes de batata orgânicaSementes de batata orgânicaSementes de batata orgânicaestarão disponíveis em agostoestarão disponíveis em agostoestarão disponíveis em agostoestarão disponíveis em agostoestarão disponíveis em agosto

ASCS365 Cota, primeira cul-tivar catarinense de batatadesenvolvida para o sistema

orgânico, será disponibilizada aosagricultores a partir de agosto. A cul-tivar, lançada pela Epagri, foi selecio-nada em uma população híbrida de944 genótipos gerados no programade melhoramento genético daEmbrapa Clima Temperado.

Essa batata tem maior resistên-cia a doenças foliares, menor custo deprodução e tubérculos de boa quali-dade pós-colheita. Outras vantagenssão: baixo custo com tratamentosfitossanitários e produtividade entre10,8 e 18,4t/ha. A ‘Cota’ tem poten-

A ‘Cota’ é ideal para o preparo naforma de “chips” e batata palha

Cientistas criam bactériaCientistas criam bactériaCientistas criam bactériaCientistas criam bactériaCientistas criam bactériaque produz etanolque produz etanolque produz etanolque produz etanolque produz etanol

Um grupo de cientistas dos Es-tados Unidos criou uma bac-téria capaz de se alimentar

de celulose e excretar etanol com altaprodutividade. Trata-se de uma ver-são modificada da bactéria Thermo-anaerobacterium saccharolyticum –uma criatura termofílica (que gostade altas temperaturas) e anaeróbica(que não usa oxigênio).

Os cientistas, liderados por JoeShaw e Lee Lynd, do DartmouthCollege, modificaram geneticamentea bactéria, rebatizada de ALK2, paraque ela produzisse mais etanol e commelhor qualidade. Como resultado, asubstância foi praticamente o únicoproduto gerado pelo microrganismo.O estudo foi publicado na PNAS, re-vista da Academia Nacional de Ciên-cias dos Estados Unidos, e traz novoalento à busca dos americanos por

uma forma mais eficiente de produ-zir etanol. Hoje, a única forma viá-vel no país é a partir da fermenta-ção do milho, uma alternativa combaixo rendimento e que contribuipara agravar a crise dos alimentos.

A celulose é um açúcar complexoque as plantas usam para fortalecersua estrutura. Se uma bactéria pu-der processá-la, praticamente qual-quer tipo de planta poderá ser usadopara produzir etanol. Ainda assim,pode levar anos até que o microrga-nismo seja utilizado com sucesso. “In-dependentemente das capacidadesnotáveis da linhagem ALK2, maistrabalho precisa ser feito antes queo organismo seja utilizável paraaplicação industrial”, escreveram oscientistas.

Fonte: www.g1.com.br.

Estudo traz perspectivas para aprodução de etanol de forma maiseficiente

seca (cerca de 15%) e alta quantida-de de água nos tubérculos, a ‘Cota’tem até 25,2% de matéria seca.

Mais informações com o pesquisadorZilmar da Silva Souza, da Epagri/Esta-ção Experimental de São Joaquim pelofone: (49) 3233-0324 ou pelo e-mail:[email protected]. Os pedidos de in-teressados serão atendidos em pequenasquantidades, pois o material está aindaem casa de vegetação.

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13Agropecuária Catarinense, v.22, n.2, jul. 2009

FFFFFrango caipira é alternativa de renda para famíliasrango caipira é alternativa de renda para famíliasrango caipira é alternativa de renda para famíliasrango caipira é alternativa de renda para famíliasrango caipira é alternativa de renda para famílias

Uma experiência com criaçãode frango caipira está trazen-do bons resultados para pro-

dutores da Microbacia Córrego dasFlores, em Canoinhas, SC. O projeto,que começou a ser implantado emmarço de 2008, envolve inicialmentequatro famílias que criam, no total,300 frangos. Os animais se destinamao consumo próprio e à venda nas co-munidades vizinhas. “Na aviculturacolonial se busca produzir alimentosmais naturais, de elevado valornutricional e livres de contami-nantes”, explica o engenheiro agrôno-mo Daniel Uba, extensionista daEpagri/Escritório Municipal deCanoinhas. A ação é da Epagri e doProjeto Microbacias 2 em parceriacom o Centro de Educação Profissio-nal Vidal Ramos e a Secretaria Mu-nicipal de Desenvolvimento Rural.

Uma das principais diferenças emrelação à avicultura convencional estána idade de abate: o frango colonial éabatido com pelo menos 85 dias. Já ofrango convencional recebe promoto-res de crescimento e outros medica-mentos para prevenir doenças e me-lhorar a produtividade, o que reduz aidade para cerca de 40 dias.

O frango caipira é criado em sis-tema de semiconfinamento. À noite,fica no aviário e recebe ração e du-rante o dia é mantido em piquetesonde recebe quirera e se alimenta depasto. Além disso, os animais não re-cebem promotores de crescimento eas raças devem ser específicas paraesse sistema de produção. “O bem--estar animal, respeitando aspectosfisiológicos do crescimento e do desen-volvimento natural do frango, se re-flete na qualidade da carne. Ademais,a probabilidade de doenças diminuidevido à menor concentração de ani-mais por metro quadrado”, explicaUba, que conta com a parceria damédica veterinária Giane Pontarolo.

O manejo sanitário é realizadodentro das exigências técnicas. Osmedicamentos são alopáticos, mastambém são usados produtos naturaiscom o objetivo de evoluir para o siste-

ma orgânico já no ano que vem. “Osalopáticos são ministrados conformea necessidade e não de forma rotinei-ra e preventiva. Para esses casos, usa-mos produtos naturais como própolis,vinagre e chás”, explica o agrônomo.

As vantagens para o produtor es-tão na autonomia de produção, no usode alimentação de origem vegetal, noconsumo próprio da carne e no maiorvalor agregado dos produtos. Enquan-to o frango convencional é vendido acerca de R$ 2,00 o quilo, os produto-res de Canoinhas vendem o caipiraentre R$ 4,50 e R$ 5,00 o quilo. Ocusto de produção varia entre R$ 2,80e R$ 3,20, mas já se busca diminuiresse valor com o uso de ração própria.

Na opinião dos consumidores, acarne do frango colonial é mais con-sistente e tem sabor mais acentuado.

“São informações subjetivas, masdeterminantes para a escolha do con-sumidor, que está buscando alimen-tos saudáveis e está disposto a pagarmais por um produto com diferencialde mercado”, destaca Uba.

Os produtores Lúcio dos Santos,José Pereira de Souza, Getúlio Flo-res e Jair e Salete Kwitschal estãosatisfeitos com os resultados. Eles al-cançam, em média, R$ 250,00 demargem bruta por lote de 75 animais.Segundo Daniel, já há outros produ-tores interessados, mas só será pos-sível ampliar a atividade quando hou-ver registro do Serviço de InspeçãoMunicipal. Além desse grupo, há ou-tros dois que produzem frango caipi-ra no município. Ao todo são 12 pro-dutores, todos com apoio do ProjetoMicrobacias 2.

Durante o dia, o frango é mantido em piquetes onde recebe quirera e sealimenta de pasto

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14 Agropecuária Catarinense, v.22, n.2, jul. 2009

Carboidrato – o verdadeiro biocombustívelCarboidrato – o verdadeiro biocombustívelCarboidrato – o verdadeiro biocombustívelCarboidrato – o verdadeiro biocombustívelCarboidrato – o verdadeiro biocombustível

Para atingir determinado pa-drão de beleza, as pessoas àsvezes excluem da dieta ali-

mentos essenciais à saúde. Oscarboidratos estão na lista negra dequem deseja perder peso, mas, antesde tirá-los do prato, é bom conhecer asua importância.

A dieta de um adulto varia de2.000 a 2.500 calorias por dia. Cercade 60% a 70% dessa energia vem doscarboidratos. Na digestão, eles são“quebrados” em moléculas de glicose,que são liberadas na corrente sanguí-nea para alimentar as células. O ex-cesso de glicose é estocado no fígado,nos músculos e no tecido adiposo soba forma de gordura. É aí que mora operigo, pois a boa forma depende dotipo de carboidrato ingerido.

Há dois tipos de carboidratos: ossimples e os complexos. Os simplessão formados por cadeias menores deaçúcares – os monossacarídeos – epodem ser encontrados no açúcar co-mum, em doces e massas. Como a es-

trutura é menor, eles são rapidamen-te absorvidos pelo intestino, elevan-do o nível de glicose no sangue. As-sim como sobe, esse nível cai rapida-mente e faz com que sinais de fomesejam enviados ao cérebro.

Já os carboidratos complexos sãoestruturas maiores e precisam ser“quebrados” em monossacarídeos nadigestão. O fornecimento de glicosepara o sangue é lento e equilibrado,mantendo a sensação de saciedadepor mais tempo. Eles são encontra-dos no arroz, nas batatas, nos grãosintegrais e nas fibras não digeríveis.Além de combater a prisão de ventre,esse carboidrato ajuda a baixar o teorde colesterol e triglicerídeos no sangue.

Sem carboidratos, o organismobusca energia em outras fontes, au-mentando a ocorrência de dores decabeça, tonturas e fraqueza. Substi-tuí-los por carnes pode elevar o con-sumo de gorduras saturadas ecolesterol, além de sobrecarregar osrins e prejudicar o maior consumidor

de glicose: o cérebro. Embora dimi-nuir o consumo de carboidratos sejaútil para emagrecer, reduzi-los radi-calmente não é a melhor solução.

Fonte: Paraná Online.

Cerca de 60% a 70% da energiaingerida por um adulto vem doscarboidratos

VVVVVespa minúscula controla pragas da sojaespa minúscula controla pragas da sojaespa minúscula controla pragas da sojaespa minúscula controla pragas da sojaespa minúscula controla pragas da soja

Uma vespinha microscópica, aTrichogramma prestiosum,já pode ser considerada a sal-

vação das lavouras de soja atacadaspor dois tipos de lagarta no Centro-Oeste do Brasil. A novidade é resul-tado de um estudo da bolsista daEmbrapa Soja, de Londrina, PR,Regiane de Freitas Bueno.

No trabalho, iniciado no programade doutorado na Escola Superior deAgricultura Luiz de Queiroz, ela apon-ta a estratégia do manejo biológico doinseto no controle das lagartasPseudoplusia includens (falsa medi-deira) e Anticarsia gemmatalis (lagar-ta da soja). Essas espécies se alimen-tam das folhas da planta, enfraquecen-do-a e impedindo o grão de crescer.

Adulto da lagarta da soja, que éatacada pela vespinha

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A pesquisadora testou o desempe-nho de 17 linhagens de vespas capa-zes de controlar as pragas até chegarà Trichogramma prestiosum, cuja fê-mea mata a lagarta ainda no ovo. “Emvez de nascerem novas lagartas, nas-cem novas vespas. A Trichogrammaprestiosum impede a lagarta de sedesenvolver”, comemora.

Segundo Regiane, a equipe daEmbrapa Soja está criando em labo-ratório uma linhagem da vespa cole-tada no Paraná. “Isso comprova aexistência desses insetos também nosul do País. Vamos iniciar novos expe-rimentos para estudar melhor a utili-zação das vespinhas por aqui”, afirma.

Fonte: Embrapa

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15Agropecuária Catarinense, v.22, n.2, jul. 2009

VVVVVon Liebigon Liebigon Liebigon Liebigon Liebig, administração, administração, administração, administração, administraçãoe o êxe o êxe o êxe o êxe o êxodo ruralodo ruralodo ruralodo ruralodo rural

Os agrônomos conhecem bem acontribuição do cientista ale-mão Justus von Liebig para

a agricultura. Em resumo, ele defen-deu a tese que a produtividade agrí-cola é limitada pelo fator de produ-ção presente em menor quantidade nosolo. Simbolicamente Liebig usavaum barril construído a partir de tá-buas, tendo cada uma delas tamanhosdiferentes. No caso, cada tábua repre-sentava um nutriente presente nosolo. Dessa forma, a capacidade de ar-mazenagem do barril era limitadapela tábua mais curta. Na agricultu-ra, a produtividade de determinadacultura seria limitada pelo nutrientepresente em menor quantidade naterra, o qual seria a “ripa mais cur-ta”. Exemplificando: de nada adian-ta adubar com fósforo quando o nu-triente limitante é o potássio.

A teoria de Liebig evoluiu para ateoria dos gargalos e pode represen-tar, também, a renda obtida em ati-vidades agrícolas. Diz-se, popular-mente, que o agricultor sabe produ-zir, mas não sabe vender a produção.Na verdade, o que ocorre é que hojese dispõe de tecnologia para produ-zir, mas não se dominam técnicas degestão. Independentemente da alter-nativa agrícola que o produtor ruralquiser desenvolver, existem técnicasapropriadas que ele deveria utilizar.Basta, na maioria dos casos, que oprodutor consulte o técnico da Epagrilotado no seu município.

Por outro lado, indiscutivelmente,

o problema é de administração dapropriedade rural. O agricultor, porvia de regra, nem sequer faz o regis-tro de seus desembolsos para a ade-quada contabilidade da atividade de-senvolvida. Que dirá um planejamen-to adequado de sua propriedade noque diz respeito à relação risco/retor-no ou implantação de programas dequalidade ou de sustentabilidade, as-pectos que até mesmo boa parte dosprofissionais da área não dominam.O fato é que as propriedades ruraissão administradas de forma intuiti-va, onde o uso de ferramentas de ges-tão praticamente inexiste. A conse-quência disso é uma baixa renda

oriunda da agricultura, o que explicao farto número de fracassos no setor,impulsionando o êxodo rural.

Aliás, o que ocorre na agriculturanão é diferente do que se observa nomeio urbano. As estatísticas mostramque 80% dos negócios urbanos queiniciam suas atividades não duram 5anos. A causa dos fracassos, em ge-ral, são os problemas associados a suagestão. Normalmente o iniciante abreo novo negócio tendo vasto conheci-mento sobre o componente da produ-ção (ou engenharia), desconhecendoa forma adequada de administração.Dessa forma, os problemas logo apa-recem, sendo a principal causa daefemeridade desses empreendimen-tos. A principal diferença entre negó-cios rurais e urbanos parece estar nofato de que nos últimos inexiste oêxodo rural, amenizando a questãosocial envolvida.

Portanto, os fracassos nos negóci-os agrícolas tendem a ter uma serie-dade superior aos urbanos. Urge, en-tão, que nossos agricultores e nossostécnicos passem a dominar técnicasde gestão. Para isso, é fundamentalque os órgãos públicos com atuaçãono meio rural priorizem a atuaçãonessa área. Do contrário, o que vonLiebig nos ensinou terá pequena va-lia, tendo continuidade a migração docampo para os centros urbanos.

1Eng. agr., Dr., Diretor de Planejamento da Epagri, C.P. 502, 88034-901 Florianópolis, SC, fone: (48) 3239-5603, e-mail:[email protected].

Apesar de conhecerem tecnologias de produção, os agricultores precisamdominar as técnicas de gestão da propriedade

Carlos Leomar Kreuz1

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16 Agropecuária Catarinense, v.22, n.2, jul. 2009

MatériasMatériasMatériasMatériasMatérias-primas para biodiesel: desafios para o-primas para biodiesel: desafios para o-primas para biodiesel: desafios para o-primas para biodiesel: desafios para o-primas para biodiesel: desafios para oPlanalto Norte Catarinense e Sudeste PPlanalto Norte Catarinense e Sudeste PPlanalto Norte Catarinense e Sudeste PPlanalto Norte Catarinense e Sudeste PPlanalto Norte Catarinense e Sudeste Paranaensearanaensearanaensearanaensearanaense

Adriano Martinho de Souza1, Alvadi Antonio Balbinot Junior2, Rogério Luiz Backes3, José Alfredo da Fonseca4,Gilson José Marcinichen Gallotti5, Ana Lucia Hanisch6 e Gilcimar Adriano Vogt7

Ocenário energético mundial,que tem como matriz o petró-leo, encontra-se em mudança.

Isso ocorre principalmente devido à ne-cessidade de mitigação dos gases cau-sadores de efeito estufa e ao esgota-mento das reservas de petróleo, comojá previra a teoria do pico do petróleoou pico de Hubbert. O pico de Hubberté o momento em que há máxima pro-dução de petróleo e, a partir desse pon-to, sua respectiva redução.

As reservas de petróleo se esgota-rão. Para os otimistas, daqui a 80 a100 anos e para os pessimistas daquia 30 a 40 anos. É certo que se cami-nha para o esgotamento das reservas,mas não sem oscilações de preços nes-te provável longo período de declínio.É bom salientar que as crises do pe-tróleo que causaram a elevação depreços também tornaram competiti-vas novas regiões produtoras.

Superar a crise energética que seavizinha está na agenda mundial.Estudos recentes, como o RelatórioHirsch de 2005 e de 2006, têm mos-trado a urgência dessa superação e atransição para uma nova realidadeenergética (Hirsch et al., 2005; Hirschet al., 2006). Os efeitos do esgotamen-to do petróleo se mostram especial-

1Eng. agr., M.Sc., Epagri/Estação Experimental de Canoinhas, C.P. 216, 89460-000 Canoinhas, SC, fone: (47) 3624-1144, e-mail:[email protected]. agr., Dr., Epagri/Estação Experimental de Canoinhas, e-mail: [email protected]. agr., Dr., Epagri/Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar (Cepaf), C.P. 791, 89801-970 Chapecó, SC, fone: (49) 3361-0638, e-mail: [email protected]. agr., M.Sc., Epagri/Estação Experimental de Canoinhas, e-mail: [email protected]. agr., M.Sc., Epagri/Estação Experimental de Canoinhas, e-mail: [email protected]. agr., M.Sc., Epagri/Estação Experimental de Canoinhas, e-mail: [email protected]. agr., M.Sc., Epagri/Estação Experimental de Canoinhas, e-mail: [email protected].

mente graves e problemáticos no casodos combustíveis líquidos usados nostransportes, que têm no petróleo aquase totalidade de sua origem. Alémdos biocombustíveis, praticamentenenhuma das novas fontes ener-géticas oferece uma alternativa con-sistente para o petróleo.

De maneira geral, os países vêmgestando e implementando políticasde conservação de energia e de subs-tituição de petróleo por combustíveislíquidos renováveis, como o biodiesel.A União Europeia fixou a meta desubstituir 5,75% do diesel até 2010.Na maioria dos países estão em estu-do e em implantação programas des-ta ordem, sejam esforços de estímuloà produção interna, seja atendimentopara a demanda mundial crescente.

No Brasil, desde a primeira crisedo petróleo, em 1973, vêm sendo de-senvolvidos programas de substitui-ção dessa fonte energética. Um casoemblemático foi o Programa Nacio-nal do Álcool (PNA), um programaexitoso que teve metas de produçãomuito ambiciosas e que foram atin-gidas e superadas (Parente, 2006),mas não sem sofrer críticas bem fun-damentadas na realidade agráriaque produziu.

O Plano Nacional de Produção deBiodiesel (PNPB), lançado em 2005,além dos óbvios interesses de substi-tuição parcial do diesel na matrizenergética brasileira, que corres-ponde a mais de 17% do total, estabe-leceu vários incentivos para que aagricultura familiar participe (Brasil,2005). As empresas produtoras debiodiesel que venham a adquirir ma-térias-primas de agricultores famili-ares, em nível mínimo de 30%, rece-bem do Governo Federal o Selo Com-bustível Social. Isso lhes permite par-ticipar dos leilões de compra debiodiesel pela Petrobras, além de re-duzir a carga tributária e favoreceras empresas na obtenção de créditos.Em contrapartida, os agricultores te-riam, na forma de contratos negocia-dos entre as entidades representan-tes dos agricultores e as empresas, ga-rantias de assistência técnica, de pre-ços e de compra da produção.

A partir de 2008, pelo marco jurí-dico que instituiu o programa debiodiesel, ficou obrigatória a adição de2% de biodiesel puro ao dieselcomercializado no Brasil. Essa por-centagem atingirá 5% em 2013. As-sim, a adição de biodiesel não depen-de de seu preço frente ao preço do óleo

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diesel, mas sim da força da legisla-ção. Entretanto, o preço do biodieseldeve ser remunerador para garantirsua disponibilidade. Isso quer dizerque o biodiesel para mistura pode serconsiderado como um aditivo e queseu preço dependerá de seus custos.As empresas ofertantes do biodieselprocurarão diferentes óleos e resí-duos gordurosos para cumprir seuscontratos de venda, que devem ser re-muneradores, seja para compradores,seja para vendedores, caso contrário,o mercado não se forma. Os preços dobiodiesel nos leilões refletem isso, poisoscilam de acordo com o preço dos óle-os. Nos 12 leilões realizados entredezembro de 2005 e novembro de2008, os contratos foram fechados apreços entre R$ 1,70 e R$ 2,61 porlitro, refletindo as oscilações do pre-ço da soja, que responde até o momen-to por mais de 90% do óleo utilizadopara a fabricação de biodiesel. No ní-vel macro, o preço do petróleo refleti-rá na maior ou menor compe-titividade do biodiesel podendo au-mentar a adição de óleos ao biodiesel,mas os limites mínimos já estão de-terminados. Nesse sentido, os futuroscontratos devem ser remuneradoresdos custos de produção, sob pena denão ocorrerem.

Biodiesel e agriculturafamiliar

A estrutura produtiva da agrope-cuária brasileira é diversificada, enela convivem desde uma agricul-tura de base familiar até uma agri-cultura patronal, de alta escala deprodução. Existem ganhos consolida-dos para a agricultura familiar noPNPB e existe uma ação crescente deresponsabilidade social e ambientalque as empresas deverão buscar eaprimorar. O espaço para a agricul-tura familiar na produção de biodieseldeve ser buscado também na sinergiade interesses comuns da estruturaprodutiva brasileira onde essasinergia é possível e necessária paraa existência de projetos. Soma-se aisso a possibilidade do consumo dastortas (resíduo da prensagem do ve-getal) e a necessidade de prensagempróxima aos centros de produção.

No Planalto Norte Catarinense eno Sudeste Paranaense têm sido rea-lizadas, desde dezembro de 2004, dis-cussões sobre a temática biodiesel e oespaço para a agricultura familiar. Asações tiveram como ponto de partidaa elaboração conjunta de um projetopiloto de produção de biodiesel de

iniciativa da Petrobras em SãoMateus do Sul, município lindeiro aoPlanalto Norte Catarinense. Esse pro-jeto, se viabilizado, poderia ter fortesimpactos produtivos para os agricul-tores. Estava elencada no projeto umaagenda mínima para pesquisa dematérias-primas para biodiesel eações de animação, estruturação econsolidação de um projeto em que aagricultura familiar teria um papel dedestaque.

O projeto da Petrobras na RegiãoSudeste Paranaense ainda passa porindefinições. Entretanto, desde aque-la data, e com o apoio de várias insti-tuições dos dois Estados, têm sidodesenvolvidos seminários, reuniõestécnicas e oficinas que resultaram noamadurecimento de alguns projetosde pesquisa em matérias-primas parabiodiesel, de modelos de organizaçãoe desenvolvimento da cadeia produ-tiva mais próximos da agricultura fa-miliar que necessitariam ser “experi-mentados”, precisando, para tanto,financiamento.

O Nobel de economia KennethArrow lembra que todas as escolhassão uma interação entre preferênciase oportunidades (Arrow, 2001), ouseja, aquilo que é praticável ou queexiste para se escolher. Em extensão,

Experimento com culturas de inverno para produção de biodiesel. Epagri/Campo Experimental de Papanduva daEstação Experimental de Canoinhas

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18 Agropecuária Catarinense, v.22, n.2, jul. 2009

as culturas para matérias-primaspara biodiesel só podem ser escolhi-das quando existirem e estiverem dis-poníveis aos agricultores. Esse seconstitui no maior desafio para o pro-jeto de biodiesel, em que cerca de 80%dos custos das matérias-primas e asopções, além da soja, não estão aindasuficientemente conhecidas. Dentreas opções estão as culturas perenes eas culturas anuais. Sobre culturas pe-renes a Epagri/Estação Experimen-tal de Canoinhas (EECan) realiza ob-servações iniciais com o tungue(Aleurites fordii).

Com o objetivo de encaixe de cul-turas anuais para produção debiodiesel, elas podem ocorrer no Pla-nalto Norte Catarinense e SudesteParanaense sob três estratégias: noinverno, com o intuito de semear ou-tras culturas estivais em sequência,maximizando o uso econômico dasáreas e das máquinas; no período deprimavera, substituindo o cultivo deespécies estivais; e, por último, nasafrinha, nos meses de janeiro e feve-reiro, após a colheita das espéciesestivais.

Atualmente não há culturasestivais para produção de biodieselque concorram eficientemente com omilho, a soja, o feijão e o fumo. Asculturas para produção no invernotêm as mais claras vantagens no de-senvolvimento de alternativas compe-titivas. Elas podem incorporar econo-micamente extensas áreas agrícolasque, além de não afetar a produçãode alimentos, podem aumentá-la pelaprodução de tortas para a alimenta-ção animal. Soma-se a isso a utiliza-ção das tortas como alternativa de fer-tilização além das possíveis sinergiasprodutivas das rotações de culturas.

No inverno, as áreas agrícolas nãotêm sido utilizadas em larga escala.Uma das causas é a falta de experi-mentação de opções que possam serincorporadas aos sistemas em que asculturas de verão (soja, milho, feijãoe fumo) são as principais. No Planal-to Norte Catarinense, em 2006, eramocupados com essas lavouras de ve-rão 209.847 hectares. Desses, foramocupados com lavouras de invernosomente 14.501 hectares. Parte dasáreas remanescentes é ocupada com

pastagens de inverno, para a criaçãode bovinos de corte e de leite, masuma grande parte dos outros 195.346hectares não encontra utilizaçãoagrícola nesse período. Somando asáreas lindeiras paranaenses (SudesteParanaense mais as Microrregiões deRio Negro, Lapa e Ponta Grossa), essaárea atinge 1.092.000 hectares, só nes-ta delimitação geográfica. No Sul doBrasil, usando-se o mesmo raciocínio,seriam 11 milhões de hectares.

Para a utilização nas áreas dispo-níveis no inverno, têm sido experi-mentados pela Epagri/EECan acanola (Brassica napus), o nabo--forrageiro (Raphanus sativus), o li-nho (Linum usitatissimum) e ocrambe (Crambe abssynica). Obser-va-se que a canola exibe adequadaprodutividade, porém ela poderia serencaixada somente nas áreas que se-rão ocupadas com soja de plantio tar-dio, pois a colheita ocorre no final denovembro. O nabo-forrageiro, queapresenta benefícios de ser uma plan-ta de cobertura e de ter ótima quali-dade do óleo para biodiesel, ainda nãoapresenta precocidade e produtivida-de mínimas para ser incorporado aossistemas como cultura de inverno. Olinho se apresenta bastante rústico ejá fez parte dos sistemas de produçãona região com o objetivo de produçãode fibra. Apresenta mais um ponto po-sitivo que é a qualidade da torta paraa alimentação animal e humana. En-tretanto, a produtividade de grãos ea colheita tardia limitam seu uso.

Uma nova possibilidade é ocrambe. A cultura apresenta elevadaprecocidade, permitindo a sucessãocom milho dentro do período recomen-dado de cultivo e uma produtividadeao redor de 1,2 mil quilogramas porhectare, similar aos cultivos realiza-dos nos Estados Unidos. Cita-se 38%como teor de óleo. Com essa produti-vidade de crambe, o óleo produzidocorresponderia a 42 sacos de soja porhectare. Entretanto, há a necessida-de de mais experimentação para de-limitar o potencial e os desafios.

Existem muitas lacunas no conhe-cimento sobre matérias-primas parabiodiesel no Planalto Norte Cata-rinense e no Sudeste Paranaense.Nesse sentido, a continuidade e o

aprofundamento das pesquisas notema podem colocar, além do Planal-to Norte Catarinense e SudesteParanaense, expressivas áreas do Suldo País na produção competitiva dematérias-primas para biodiesel. Aestrutura produtiva da agropecuáriado Sul do País, fortemente marcadapela agricultura de base familiar,pode ter, então, a possibilidade de ocu-par o espaço garantido pelo PNPB.

Literatura citada

1. ARROW, K. Responsabilidade indivi-dual, por si mesmo e pelos outros.Revista Econômica, Niterói, v.3, n.2,p.163-172, dez. 2001. Disponível em:<http://www.uff.br/revistaeconomica/v3n2/2-arrow.pdf>. Acesso em: 12 set.2008.

2. BRASIL. Ministério da Agricultura,Pecuária e Abastecimento. Plano Na-cional de Agroenergia 2006-2011.Brasília, 2005. 118p.

3. LIMA FILHO, D. de O.; SOGABE,V.P.; CALARGE, T.C.C. Mercado debiodiesel: um panorama mundial.Espacios, Caracas, v.29, n.1, p.5-27,abr. 2008. Disponível em: <www.scielo.org.ve/scielo.php?pid=S0798-10152008000100002&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em: 15 set. 2008.

4. HIRSCH, R.L.; BEZDEK, R.;WENDLING, R. Peaking of world oilproduction: impacts, mitigation, andrisk management. Pittsburgh: U.S.Department of Energy/NationalEnergy Technology Laboratory, 2005.91p. Disponível em: <www.netl.doe.g o v / p u b l i c a t i o n s / o t h e r s / p d f /Oil_Peaking_NETL.pdf>. Acesso em:12 maio 2008.

5. HIRSCH, R.L.; BEZDEK, R.;WENDLING, R. Economic impacts ofliquid fuel mitigation options .Pittsburgh U.S. Department ofEnergy/National Energy TechnologyLaboratory, 2006. 11p. Disponível em:<www.netl.doe.gov/publications/others/pdf/Hirsch042506.pdf>. Acessoem: 12 maio 2008.

6. PARENTE, E.J.S. Biodiesel no plural.In: FERREIRA, J.R.; CRISTO,C.M.P.N. (coord.). O futuro da indús-tria: biodiesel: coletânea de artigos.Brasília: Ministério do Desenvolvimen-to, Indústria e Comércio Exterior/Se-cretaria de Tecnologia Industrial/Ins-tituto Euvaldo Lodi, 2006. p.91-104.

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19Agropecuária Catarinense, v.22, n.2, jul. 2009

Melhoramento genético participativo emMelhoramento genético participativo emMelhoramento genético participativo emMelhoramento genético participativo emMelhoramento genético participativo emgoiabeira-goiabeira-goiabeira-goiabeira-goiabeira-serranaserranaserranaserranaserrana

Karine Louise dos Santos1, Nivaldo Peroni2 e Rubens Onofre Nodari3

Este texto discute a integraçãoentre o conhecimento científi-co e o local, associados às es-

tratégias de melhoramento genéticoda Acca sellowiana, com vistas a con-tribuir para a valorização da espéciee a promoção do seu uso. Estaintegração justifica-se pelo fato de queo conhecimento local pode ser de gran-de auxílio nas estratégias de seleçãoe conservação (Leakey & Akinnifesi,2008), e a espécie apresentar-se comopotencial alternativa de renda aosagricultores familiares.

A. sellowiana, conhecida por goi-abeira-serrana, ou feijoa, é nativa dosul do Brasil e nordeste do Uruguaie, em virtude de seu potencialorganoléptico e sua adaptação às con-dições edafoclimáticas do Estado deSanta Catarina, tem sido alvo de in-vestigação multidisciplinar promovi-da desde 1986 pela Empresa de Pes-quisa Agropecuária e Extensão Ru-ral de Santa Catarina (Epagri), emparceria com a Universidade Federalde Santa Catarina (UFSC) desde1996.

Neste contexto, existem hoje li-nhas de pesquisa que têm por objeti-vo avançar no conhecimento sobre aespécie. Porém, ainda existe carênciaem estudos relacionados ao levanta-mento do conhecimento local asso-ciado aos processos de conservação eseleção “on-farm”. Assim, com vistasa diminuir esta carência serão discu-tidas as potencialidades e desafios as-sociados ao Melhoramento Genético

Participativo (MGP) da goiabeira--serrana.

Para que agricultores adotem no-vas espécies (cultivos) eles precisamter acesso às plantas com desempe-nho que permita maximizar os bene-fícios obtidos com o seu cultivo. A an-terior indisponibilidade de cultivaresmelhoradas também colaborou paraque a goiabeira-serrana não fosse re-conhecida pelas comunidades presen-tes nas áreas de ocorrência naturalcomo uma fonte de renda complemen-tar. Porém, com a disponibilidade decultivares lançadas em 2007 e 2008espera-se que o interesse pela espé-cie cresça, assim como a organizaçãoda cadeia produtiva seja aperfeiçoada.

Para que esses objetivos sejam al-cançados, ações de MGP devem serimplementadas com vistas a adequarpráticas de manejo e cultivares àscondições locais, bem como tornar osagricultores cada vez mais familiari-zados com o manejo e seleção de plan-tas. Para a goiabeira-serrana essafamiliarização tem extrema impor-tância, visto que o manejo da espécieainda apresenta uma série de garga-los, em especial os associados à qua-lidade do fruto e à conservação pós--colheita. Assim, em havendo um pro-cesso de avaliação e a condução doprograma de MGP em conjunto, queinicialmente pode ser baseado na se-leção varietal participativa, agricul-tores e pesquisadores podem adqui-rir ou acumular maior habilidade naprodução de A. sellowiana, garantin-

do o desenvolvimento e a utilizaçãode cultivares melhores e mais adap-tadas aos diferentes ambientes, bemcomo um incremento na produção co-mercial da espécie.

A potencialidade de associar osagricultores às ações de pesquisa, emparticular no melhoramento genéti-co da espécie, apoia-se no fato de que:a) as características de seleção e omanejo das comunidades locais nãosão antagônicos ao programa de me-lhoramento genético já estabelecidopara a espécie, pois ambos visam àmelhor qualidade de fruto; b) existediversidade genética e fenotípica “on--farm” passível de uso em programasde melhoramento genético _ segundoJamnadass et al. (2009), esse é umdos atributos fundamentais para aeficácia de um programa de MGP;

1Eng. agr., Epagri/Estação Experimental de São Joaquim, C.P. 81, 88600-000 São Joaquim, SC, fone: (49) 3233-0324, e-mail:[email protected]. agr., Dr., UFSC/CCA, Rod. Admar Gonzaga, 1.346, 88340-900 Florianópolis, SC, fone: (48) 3721-5337, e-mail:[email protected]. agr., Dr., UFSC/CCA, fone: (48) 3721-5332, e-mail: [email protected].

Goiabeira-serrana (Acca sellowiana)

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c) o conhecimento local mantido pe-los informantes pode auxiliar na or-ganização de estratégias de conserva-ção e promoção da goiabeira-serrana;e d) o fato de a espécie atender a re-quisitos básicos como adaptaçãoambiental, potencial produtivo, valorsocioeconômico e cultural e amplavariabilidade genética. Enfatiza-seque o propósito desta abordagem nãoé substituir nenhum modelo de pes-quisa, mas incorporar novas estraté-gias de trabalho complementares nasquais o conhecimento local seja reco-nhecido e enriquecido.

Fundamentos e desafiospara o melhoramentogenético participativo(MPG)

O MGP é composto por um con-junto de métodos que envolvem a co-laboração, principalmente, entre pes-quisadores, extensionistas e agricul-tores, com o objetivo de melhorar odesempenho da(s) cultura(s)-alvo(Morris & Bellon, 2004). Tem por pe-culiaridades: a) o fato de a seleção serconduzida, em sua maioria, “on-farm”, permitindo a seleção degenótipos adaptados a diferentesambientes; b) a tomada de decisõesser em parceria com os agricultores,que, por conhecerem o ambiente e ascondições de cultivo, podem ajudar aselecionar genótipos e definir crité-rios de seleção; c) o processo ser inde-pendentemente implementado em di-ferentes localidades; d) a presença deagricultores e comunidades locais re-forçar a criação de programas volta-dos às espécies autóctones (Simons &Leakey, 2004); e) facilitar a adoçãodas técnicas e cultivares desenvolvi-das (Jamnadass et al. 2009); e f) per-mitir o progressivo apoderamento dosagricultores.

Todavia, o grande desafio dos pro-gramas de MGP está no entendimen-to sobre os diferentes critérios de se-leção, que devem levar em conta ocontexto ambiental e social em que osgenótipos estão inseridos (Clevelandet al. 2000; Cleveland & Soleri, 2007).

Além dos desafios na imple-mentação das ações junto aos agricul-tores, restam aqueles relacionados aoreconhecimento da credibilidade dosdados gerados. Algumas linhas mais

conservadoras consideram que méto-dos de pesquisa participativa (a exem-plo do MGP) são muito informais eque os dados não são adequados a ri-gorosas análises quantitativas. Con-tudo, propostas de análise desses da-dos já estão disponíveis (Bellon &Reeves, 2002).

Adicionalmente, é preciso estaratento para o fato de que respostaspara as principais questões associa-das a programas de MGP, como o re-conhecimento dos dados gerados eapoderamento dos atores envolvidosainda são escassas e muitas vezes con-traditórias (Morris & Bellon, 2004).Essas controvérsias têm tornado di-fícil aceitar a colaboração entre agri-cultores e pesquisadores no sentido deum mútuo compartilhamento deideias. Essa dificuldade está frequen-temente na inabilidade de reconhe-cer práticas ou recursos tradicionais/locais como complementares ao co-nhecimento científico e vice-versa(Dawson & Goldberger, 2008).

Existem também limitações deentendimento no estabelecimento darelação custo/benefício dos programasde MGP; afinal, não está envolvidoapenas o ganho em produtividade,mas também o resultado socialadvindo do projeto. Ainda há de seconsiderar os custos para as institui-ções de pesquisa, visto que muitasvezes a descentralização do progra-ma e a necessidade de capacitaçãoelevam custos (Morris & Bellon,2004).

Porém, há de se considerar, tam-bém, que tanto as estratégias de tra-balho baseadas exclusivamente no co-nhecimento científico quanto aquelasque incorporam o conhecimento localtêm suas limitações. Uma tentativade minimizar as dificuldades é aban-donar a ideia de que o conhecimentolocal e o científico são entidades ho-mogêneas e contrapostas (Guivant,1997). Deve-se, sim, considerar as re-lações de complementaridade que umexerce sobre o outro.

Todas essas necessidades e preo-cupações abordadas exigem qualifica-ção no sentido de promover adequa-ção, planejamento, diálogo emonitoramento constante das açõesrealizadas. A caracterização do conhe-cimento local associado, dos padrõesde seleção, das preocupações e dasdemandas dos agricultores se consti-

tuiu no primeiro passo para a adap-tação das teorias e práticas de melho-ramento convencional ao contexto lo-cal (Santos et al., 2009). Os próximospassos devem consistir de ações prá-ticas para a implementação de pes-quisas participativas complementa-res, tendo em mente suas limitações,mas mais importante que isso, suaspotencialidades.

Literatura citada

1. BELLON, M.R.; REEVES, J. (Eds).Quantitative analysis of data fromparticipatory methods in plantbreeding. Mexico: Cimmyt, 2002. 143p.

2. CLEVELAND, D.A., SOLERI, D.;Extending Darwin’s analogy: bridgingdifferences in concepts of selectionbetween farmers, biologists, and plantbreeders. Economic Botany, v.51, n.2.p.121-136, 2007.

3. DAWSON, J.C.; GOLDBERGER, J.R.Assessing farmer interest inparticipatory plant breeding: Whowants to work with scientists?Renewable Agriculture and FoodSystems, v.23, n.3, p.177-187, 2008.

4. JAMNADASS, R.; LOWE, A.;DAWSON, I.K. Molecular Markersand the Management of TropicalTrees: the Case of Indigenous Fruits.Tropical Plant Biology, v.2, n.1, p.1-12, mar. 2009. Disponível em: <http://www.springerlink.com/content/k7431231126g4577/fultext.pdf>.Acesso em: 2 jun. 2009.

5. LEAKEY, R.R.B.; AKINNIFESI, F.K.Towards a domestication strategy forindigenous fruit trees in the tropics.In: AKINNIFESI, F.K.; LEAKEY,R.R.B; AJAYI, O.C. et al. Indigenousfruit trees in the tropics: domestica-tion, utilization and commerciali-zation. Wallingford, Oxfordshire, UK:CAB International, 2008. p.28-49.

6. MORRIS, M.L.; BELLON, M.R.Participatory plant breeding research:opportunities and challenges for theinternational crop improvementsystem. Euphytica, v.136, p.21-35,2004.

7. SANTOS, K.L.; PERONI, N.;GURIES, R.P. et al. TraditionalKnowledge and Management of Feijoa(Acca sellowiana) in southern Brazil.Economic Botany, v.63, n.2, p.204-214,jun. 2009. Disponível em: <http://www.springerlink.com/content/6v01k06424020prk/fultext.pdf>.Acesso em: 19 jun. 2009.

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21Agropecuária Catarinense, v.22, n.2, jul. 2009

Aprenda a fazer produtos de limpeza ecológicosAprenda a fazer produtos de limpeza ecológicosAprenda a fazer produtos de limpeza ecológicosAprenda a fazer produtos de limpeza ecológicosAprenda a fazer produtos de limpeza ecológicos

É possível deixar a casa limpasem gastar muito e, ainda,evitar o uso de substâncias

que prejudicam a saúde e a nature-za. Uma boa opção é substituir os pro-dutos de limpeza industrializadospelos caseiros, que apresentam me-nor risco de intoxicação e menor im-pacto ao meio ambiente. A dica é daextensionista social Dirce VolpatoSandrini, da Epagri/Escritório Muni-cipal de Orleans. Ela apresenta umareceita de sabão de álcool que é bara-ta e ecológica. “O sabão tem como in-gredientes óleo de cozinha usado esebo. São produtos que boa parte dasfamílias rurais tem em casa”, conta.A extensionista alerta que 1L de óleopode contaminar cerca de 1 milhão delitros de água, o equivalente ao con-sumo de uma pessoa por 14 anos.

Segundo Dirce, as agricultoras daregião de Orleans aprovaram o sabãoporque ele é fácil de fazer. “As mu-lheres adoram a receita porque ela érápida, não dá trabalho e não vai ao

fogo. Além disso, o sabão é firme, nãose dissolve facilmente, dá brilho aoalumínio e é excelente para lavar rou-pa”, conta. A receita rende 15kg desabão a um custo de R$ 1,41 por qui-lo, enquanto o sabão comprado no

mercado custa cerca de R$ 4,00 o qui-lo. Em oficinas realizadas na região,as agricultoras também aprenderama fazer outros produtos de limpezabaratos e ecológicos, como desinfetan-te para banheiro.

Ingredientes

4kg de sebo derretido e frio4L de água4L de álcool200ml de desinfetante Pinho Sol

ou 100g de sabão em pó2 latas de azeite (se for usado,

precisa ser coado)1kg de soda cáustica

Modo de preparo

Dissolva a soda na água e váacrescentando o sebo derretido, oóleo, o sabão em pó e o álcool. Mexaaté acontecer a reação química (fi-car transparente ou em ponto de fio).Coloque a mistura em uma formaplástica e corte no dia seguinte. É

importante deixar o sabão curar du-rante 1 mês antes de usá-lo.

Dicas

• Cuidado no manuseio da sodacáustica: ela é corrosiva. Use luvase óculos de proteção para evitar aci-dentes.

• Utilize vasilha de plástico e páde madeira para misturar os ingredi-entes.

• Dissolva a soda na água paraevitar que ela fique petrificada.

• Use álcool de cozinha 92o e nun-ca o combustível, que é tóxico.

• Armazene as barras em sacosplásticos para evitar que elas res-sequem.

Sabão de álcool em barra

• Para fazer sabão medicinal ouaromático, deixe as ervas no álcoolpor 3 a 4 dias ou faça um chá e use-o na receita, substituindo a água.Alecrim, calêndula, eucalipto e limasão algumas sugestões daextensionista Dirce.

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• Para limpar o banheiro, use escova com bicarbonatode sódio e água quente. Na pia e no vaso sanitário, despe-je vinagre, deixe durante a noite e enxágue pela manhã.

• Para limpar vidros, janelas e espelhos, dilua 3 colhe-res de vinagre em 1L de água quente. Se o vidro estivermuito sujo, limpe-o antes com água e sabão.

• Sal e solução de bicarbonato de sódio limpam e per-fumam o interior da geladeira com a vantagem de nãoarranhar o esmalte, como fazem alguns produtos maisfortes.

• As roupas ficarão mais macias se você adicionar ½copo de vinagre durante o enxágue.

• Na limpeza do forno, faça uma solução de água quentecom bicarbonato de sódio e passe com um pano fino.

• Use jornais velhos ou tecido de algodão reutilizadopara secar superfícies.

• Para limpar panelas e formas queimadas, cubra aárea com uma fina camada de bicarbonato de sódio e águae deixe descansar por algumas horas antes de lavar.

Tudo limpo sem gastar muito

• É fácil desentupir a pia jogando no ralo um pu-nhado de bicarbonato de sódio, algumas colheres de vi-nagre e água fervente.Fonte: Greenpeace.

ArrudaArbusto bas-

tante cultivadonos jardins porconta das folhasaromáticas que,segundo a crendi-ce popular, afastamau-olhado, a

Cravo-de-defuntoQuando plantado em hortas,

jardins ou pomares, o cravo-de-de-funto repele insetos e mantém o

As soluções estão no quintalAs soluções estão no quintalAs soluções estão no quintalAs soluções estão no quintalAs soluções estão no quintalPlantas comuns nas

propriedades ajudam acontrolar pragas edoenças em hortas elavouras de forma

natural

arruda é um eficiente inseticida con-tra pulgões. É só ferver as folhas poralguns minutos, deixar esfriar e pul-verizar sobre as plantas.

solo livrede nema-tóides. Al-mofadas deflores emcamas decães e gatosafugentampulgas.

HortelãPara afastar ratos, formigas e

outros insetos, a hortelã pode serplantada ao redor de canteiros e em

TomateiroO extrato das folhas e do caule é

eficiente para o controle de pulgõese outros pequenos insetos. Ferva fo-

Fontes:• GUERRA, M. de S. Receituário caseiro: al-

ternativas para o controle de pragas e do-enças de plantas cultivadas e seus produ-tos. Brasília: Embrater, 1985.

• Revista Natureza.

volta de pai-óis. O chá émuito útilpara as plan-tas em geral,protegendo-as e desinfe-tando-as.

lhas e caules emágua e deixe es-friar ou coloqueas folhas de mo-lho em água friapor 24 horas. De-pois, pulverize amistura sobre asplantas.

CinamomoO chá das fo-

lhas é um eficien-te inseticida con-tra gafanhotos. Osfrutos, em soluçãode água e álcool,combatem os pul-gões. Outra dica é

colher ramos ou folhas verdes e es-palhar pelo chão para controlar pul-gas ou pendurar na parede para evi-tar moscas.

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23Agropecuária Catarinense, v.22, n.2, jul. 2009

A arte que vemA arte que vemA arte que vemA arte que vemA arte que vemda naturezada naturezada naturezada naturezada natureza

Artesanato de fibra de bananeiravaloriza o trabalho dasagricultoras e gerarenda no campo

Cinthia Andruchak Freitas1

A arte que vemA arte que vemA arte que vemA arte que vemA arte que vemda naturezada naturezada naturezada naturezada natureza

1Bacharel em Jornalismo, Epagri, C.P. 502, 88034-901 Florianópolis, SC, fone: (48) 3239-5682, e-mail: [email protected].

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Pelas mãos habilidosas de Sandra Conrad, a fibra de bana-neira se transforma em chapéus, cestas, bolsas, chinelos,arranjos e uma série de outras peças. “Sempre fiz trabalhos

manuais como costura, crochê e tricô. Quando conheci o artesana-to com a fibra, me apaixonei e comecei a fazer”, conta a artesã deCorupá, SC.

Sandra, que vivia em São Bento do Sul, SC, onde trabalhavacomo costureira, voltou para o meio rural há quase 2 anos e agoramora perto dos pais. O trabalho com o artesanato ajuda a comple-mentar a renda. “É o que eu mais gosto de fazer. Só não faço maisporque não sobra tempo”, conta ela, que também divide as tarefasda casa com o cuidado de um bebê que adotou recentemente.

A artesã trabalha todas as manhãs e, quando sobra tempo, tam-bém produz à noite. No final do mês, ela consegue obter entre R$250,00 e R$ 300,00. Além de ajudar o bolso, o artesanato tem ou-tras vantagens. “É um trabalho muito gratificante. No verão, leveium chapéu para minha tia e ela usou na praia. Não tinha quemnão ficasse admirando”, lembra, com orgulho. O chapéu, que é apeça mais procurada, é vendido a preços que variam entre R$ 20,00e R$ 25,00 e leva aproximadamente meio dia para ficar pronto.

Sandra é a coordenadora de um grupo de seis artesãs que sereúnem para trabalhar na Unidade de extração, tratamento e se-cagem da fibra de bananeira da comunidade de Rio Novo. O espa-ço foi construído com verba do Projeto Microbacias 2 e conta comtanques para a lavagem da fibra e uma estufa para secagem nosdias mais úmidos.

“Aqui todas se ajudam e ensinam a atividade umas para asoutras. Somos um grupo bem unido, que busca criar coisas novas”,revela Sandra. Além do artesanato, as agricultoras também ven-dem a fibra preparada e embalada para uma empresa do Rio Gran-de do Sul que reveste móveis. São vendidos, em média, 50kg defibra por mês a aproximadamente R$ 25,00 o quilo. As tarefas sãofeitas em equipe e o lucro é dividido de acordo com o número dehoras que cada uma trabalhou.

A artesã do grupo que tem mais experiência é Renita Conrad.Ela fez um curso há 5 anos, gostou e não parou mais. Renita é mãede Sandra e foi a responsável por passar a atividade para a filha.Hoje, a agricultora divide o tempo entre o trabalho na roça – umalavoura de 4 mil pés de banana –, o restaurante, a área de cam-ping da família e as tarefas de casa.

Mesmo com tanta atividade, ela vai à Unidade duas ou trêstardes por semana para trabalhar e ainda faz artesanato em casaquando sobra um tempinho. “Aqui eu relaxo, fico entretida, inven-to de tudo um pouco. Gosto de fazer revestimentos e trabalhar nosdetalhes das peças”, revela, cheia de disposição. Para Renita, osegredo do trabalho é ter muita paciência e delicadeza. “Tudo quea gente faz com prazer e põe amor, dá certo”, declara.

Inclusão

O projeto de artesanato com fibra de bananeira em Corupá co-meçou a tomar forma em 2000, quando as extensionistas da EpagriMaria Depin e Lucileide Possamai foram a São Paulo aprender atécnica de extração em um curso realizado na Escola Superior deAgricultura Luiz de Queiroz (USP/Esalq). “Corupá é a capitalcatarinense da banana, então começamos a pensar formas de apro-veitar o pseudocaule da bananeira, resultante do descarte do péapós a colheita do fruto, desenvolvendo alternativas de uso em ar-tesanato”, conta Maria Depin, extensionista social da Epagri/Es-critório Municipal de Corupá. A partir da capacitação, começaramF

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os testes com o material e, em 2001, foi feito o primeiro curso comum grupo de agricultores, incluindo extração, secagem e artesa-nato.

Hoje o município conta com 12 agricultoras artesãs, divididasem três grupos, que trabalham com uma produção criativa,diversificada e mercado garantido. Além disso, há uma pequenaindústria familiar que reveste móveis, emprega 16 pessoas e gerarenda para outras nove artesãs que fazem tranças com a fibra.“As mulheres trabalham nas lavouras, cuidam da casa, dos ani-mais e, nas horas de folga, fazem o artesanato”, conta Maria. Otrabalho também envolve homens que ajudam na extração dopseudocaule e jovens que têm no artesanato mais uma opção derenda.

Os participantes ganham, em média, R$ 5,00 por hora e atéR$ 300,00 por mês com a venda da fibra preparada, além de bol-sas, chapéus, cachepôs, flores, cestarias, chinelos, jogos america-nos, tapetes, arranjos e até presépios. As melhores épocas paravenda são a Páscoa e o Natal, quando a produção praticamentedobra.

A Epagri, buscando abrir o mercado, dá apoio nas vendas e nadivulgação do trabalho. As peças são vendidas principalmente naregião, em feiras e exposições, em algumas lojas de Blumenau,SC, e também sob encomenda. “O pessoal vem conhecer o traba-lho, e quem conhece sempre compra. Em um futuro próximo, esseprojeto vai ser um sucesso”, prevê Maria. Além do apoio da Epagri,o projeto recebe recursos do Projeto Microbacias 2 da Secreta-ria de Desenvolvimento Regional (SDR) de Jaraguá do Sul eda Prefeitura.

Criatividade

Por ser uma atividade de inclusão, valorização e geração derenda, o artesanato de fibra de bananeira é mais uma oportuni-dade para manter as famílias no campo. Foi o que aconteceu comAzenilda Kuhl, de 36 anos. Ela trabalhava em uma fábrica demóveis em São Bento do Sul, voltou para o campo e iniciou a ati-vidade há poucos meses. “É uma verdadeira terapia, gosto muitodo que faço. É bom trabalhar em grupo e com liberdade para criar.Quanto mais a gente faz, mais quer fazer, porque já fica pensandocomo será a próxima peça, como vai fazer cada detalhe”, conta.

Azenilda é uma das seis integrantes do grupo coordenado porSandra Conrad em Corupá. A artesã aprendeu a atividade comas colegas e hoje trabalha de 6 a 7 horas por dia. “É interessantefazer as peças sem saber para onde elas vão, quem vai usá-las.Tem que fazer com capricho, como se fosse para você”, revela.

A oportunidade de aprender uma nova atividade melhorou aautoestima das participantes. Apaixonada pelo trabalho,Margarete da Silva, 29 anos, sente-se valorizada e tem orgulho doque faz. Ela é casada, tem três filhos, trabalha na plantação debanana, cuida dos animais e todas as manhãs dá um jeitinho de irà Unidade para trabalhar com a fibra. “Estou adorando. É umserviço bom, que não cansa, e que exige concentração para saircerto. Além disso, o dinheiro sempre ajuda no final do mês”, ani-ma-se a agricultora.

O uso de diferentes tipos de bananeiras dá tonalidades varia-das às fibras e permite às artesãs soltar a imaginação. “Algumassão mais claras, outras escuras. Aproveitamos tudo que vem danatureza”, diz Maria Depin. A bananeira mais usada é a branca,também conhecida como prata, que rende mais e é boa para re-vestir móveis.

Azenilda e Margarete aprenderam aatividade com as colegas e se apaixonarampelo trabalho

Sandra é coordenadora do grupo de artesãsde Rio Novo, em Corupá, SC

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Segundo a extensionista, o gran-de potencial desse projeto está na pro-cura dos consumidores por novidades.“As indústrias fazem tudo igual e,aqui, as artesãs produzem peças di-ferentes, com um toque pessoal”, con-ta. Exatamente por isso, não há umcatálogo fixo de produtos. As artesãssão desafiadas a inovar de acordo como que vende mais. “Depois que apren-dem a técnica, elas fazem as peças,criam detalhes, laços, flores, mudamos modelos, alternam as cores de fibras.Elas são as artistas”, resume Maria.

Oportunidade

A partir do trabalho pioneiro deCorupá, outros grupos se multiplica-ram pela região. No Litoral Norte de

Santa Catarina, 60 agricultores pro-duzem artesanato a partir da fibra debananeira. Eles estão divididos em dezgrupos, inseridos nas Associações deDesenvolvimento do Microbacias 2.

São sete municípios envolvidos:Corupá, Jaraguá do Sul, Joinville,São João do Itaperiú, Garuva, BarraVelha e São Francisco do Sul. Cadaum deles tem uma dinâmica própriade trabalho, de acordo com as habili-dades dos associados. Por meio doMicrobacias 2 foram destinados re-cursos para a construção de duas uni-dades de extração, tratamento e se-cagem da fibra – uma em Corupá eoutra em Jaraguá do Sul – e paracursos de formação e capacitação deagricultores. A divulgação ecomercialização dos produtos é feita

em feiras, congressos e outros eventos.A matéria-prima é abundante na

região, que tem na produção de ba-nana a principal atividade econômi-ca. O Litoral Norte possui uma áreaplantada de 15,55 mil hectares,totalizando 24,41 milhões de pés. Aatividade envolve cerca de 2 mil fa-mílias. “Para minimizar os efeitos dasazonalidade da agricultura, a extra-ção da fibra é uma alternativa deemprego e renda complementar paraos bananicultores”, afirma TerezinhaCechet Hartmann, líder do projeto deatividades não-agrícolas da Epagri/Unidade de Gestão Técnica 6.

Devido à demanda, a Epagri vemoferecendo cursos profissionalizantesde capacitação para extração, seca-gem, tratamento e armazenagem dafibra, buscando fortalecer a ativida-de. “Além de incentivar o aproveita-mento de produtos obtidos na propri-edade, a atividade é sustentável. Asfibras naturais têm importânciaambiental significativa, pois são re-cursos renováveis e não demandamprocessos agressivos ao ambiente”,destaca Terezinha.

Atualmente, o foco do trabalhoestá centrado no fornecimento de fi-bra padronizada e de alta qualidade.Para isso, pesquisas participativasestão avaliando o teor de umidadeideal da fibra, quanto rende cadapseudocaule e os custos de produção.Além disso, há projetos para produ-zir papel com o miolo do pseudocaule.“Queremos melhorar a qualidade dafibra, aprimorar o artesanato e tra-zer mais gente para trabalhar, por-que temos matéria-prima à vontade”,ressalta a extensionista Maria Depin,de Corupá.

Valorização

O artesanato também gera rendapara famílias rurais de Sombrio, nosul do Estado, desde 2006. As agri-cultoras fizeram cursos decapacitação em extração da fibra edesenvolvimento das peças, oficinasde custos e receberam assistência téc-nica na produção e comercialização doartesanato. O trabalho foi implemen-tado pela Epagri e pelo ProjetoMicrobacias 2 com participação doServiço Brasileiro de Apoio às Microe Pequenas Empresas (Sebrae) e daPrefeitura.

Unidade de extração, tratamento e secagem de Rio Novo beneficia seisfamílias

Para a extensionista Maria Depin (3ª da foto), a atividade melhora aautoestima das artesãs

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Hoje são três mulheres que pro-duzem tapetes, mas há perspectiva demais duas entrarem no grupo. As par-ticipantes trabalham, em média, 3horas por dia. Elas extraem a fibranas propriedades e tecem os tapetesem casa, em teares comprados comrecursos do Microbacias 2.

O grupo produz, em média, 60metros de tapetes por mês que ren-dem cerca de R$ 360,00 para cadaartesã. As peças são vendidas na lojado Sebrae de Criciúma, em uma lojade tapetes de Araranguá, em feiras eeventos do Estado e também sob en-comenda. “Agora, elas estão fazendopeças para estocar para o verão,quando as vendas aumentam”, contaTelma Paes, extensionista da Epagri/Escritório Municipal de Sombrio.

Além do dinheiro que entra napropriedade, a atividade dá às mulhe-res a satisfação de produzir peçasbonitas e melhora a autoestima, poiselas se sentem valorizadas como pro-fissionais. “Elas são entusiasmadas egostam do que fazem. Além disso, ten-do uma renda extra é possível morarno meio rural com melhor qualidadede vida”, explica Telma.

Segundo ela, a maior dificuldadedo grupo ainda é a venda. “Nosso pro-

Na 1a Oficina de avaliação e planejamento do Pro-jeto Fibra da Bananeira, realizada em Joinville no anopassado, artesãos, agricultores, técnicos e pesquisado-res da região discutiram problemas e traçaram estra-tégias para a atividade. Uma das demandas do eventofoi a criação do Comitê Gestor da Fibra da Bananeira,formado por pesquisadores universitários, técnicos dasSDRs de Jaraguá do Sul e Joinville e de diversas áreasda Epagri. O comitê se reúne periodicamente paradiscutir ações que dinamizem a atividade nas áreasde extensão e pesquisa. O objetivo é aprimorar aqualidade da matéria-prima, buscar um mercado re-gular para os produtos, aumentar a renda e melho-rar a autoestima dos agricultores.

Uma das pesquisas em andamento na Universida-de do Estado de Santa Catarina (Udesc) de Joinvillebusca desenvolver equipamentos para extração da fi-bra que humanizem e aumentem a produtividade dotrabalho. Outro projeto é sobre o controle de fungos ebrocas, desenvolvido pela Faculdade Jangada deJaraguá do Sul. O objetivo é identificar o fungo causa-dor da degradação da fibra e desenvolver técnicas para

aumentar a viabilidade do material. Também está emandamento uma pesquisa envolvendo a SociedadeEducacional de Santa Catarina (Sociesc) e a Epagripara identificar embalagens adequadas para as fibras.

Pesquisa e extensão a serviço do projeto

duto é pouco divulgado e o fato de nãotermos registros, que têm custo mui-to alto, dificulta colocarmos em lojase supermercados. Mas quando tomamconhecimento do nosso trabalho, aspessoas ficam entusiasmadas”. Alémde melhorar a comercialização das

peças, os planos da Epagri são forta-lecer o grupo, promover capacitaçõese ampliar a produção. “As mulheressabem produzir, são criativas e têmmatéria-prima abundante. Elas sóprecisam de segurança para a venda”,destaca Telma.

Em Sombrio, a Epagri apoia artesãs na confecção de tapetes

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Do pseudocaule da bananeira podem ser extraídas cinco texturasdiferentes de fibras naturais: capa, renda, seda, filé e contrafilé. Apósa colheita do cacho de banana, o primeiro passo é escolher umpseudocaule de qualidade. “Ele não pode ter doenças, que deixam asfibras manchadas, e precisa ter um diâmetro uniforme, sem muitadiferença entre a parte superior e a base”, explica a extensionistaMaria Depin.

O caule é cortado a cerca de 10cm do chão e na altura onde come-çam a sair as folhas. Depois, ele é limpo e começa a abertura para aseparação das bainhas foliares. Cada pseudocaule rende, em média,de 15 a 20 bainhas. “Elas são tiradas manualmente até chegar aomiolo”, explica Maria.

Com as bainhas separadas, começa a extração das fibras. A primei-ra parte retirada é o filé, uma espécie de fita que fica nas laterais. Ospróximos dois dedos de largura após o filé são o contrafilé. Do restanteda bainha, a camada interna é chamada de seda, a intermediária é arenda e a parte de fora é a capa. Trabalhando em duas pessoas, esseprocesso leva, em média, 1 hora.

Depois de extraídas, as fibras são lavadas e colocadas para secar.No sol, a secagem geralmente leva 1 dia no verão e 2 dias no inverno.Esse processo não pode ser lento porque as fibras mancham. Por isso,em dias úmidos, as artesãs da comunidade de Rio Novo, de Corupá,usam um secador a lenha que foi construído na Unidade.

Após a secagem, as fibras estão prontas para se transformar emartesanato. Com o filé, é possível fazer crochê, tricô, tranças e alçaspara bolsas. O contrafilé, mais resistente e rústico, é útil para a confec-ção de cestas. A capa, mais lisa, é usada para chapéus e revestimentode móveis. Com a seda, que é fina e delicada, as artesãs fazem flores,colagens e detalhes das peças. A renda também é usada para fazerchapéus, laços e acabamentos. Depois de prontas, as peças recebemuma camada de verniz à base de água.

Da lavoura à delicadezado artesanato

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CorCorCorCorCor, sabor e saúde na mesa, sabor e saúde na mesa, sabor e saúde na mesa, sabor e saúde na mesa, sabor e saúde na mesaCinthia Andruchak Freitas1

Em uma propriedade familiar de Rancho Queimado,agricultores produzem morango de forma ecológica ecolhem lucros e qualidade de vida

1Bacharel em Jornalismo, Epagri, C.P. 502, 88034-901 Florianópolis, SC, fone: (48) 3239-5682, e-mail: [email protected].

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Há 6 anos, Letícia Weigertfez o caminho inverso demuitos agricultores que dei-

xam o campo em busca de uma opor-tunidade na cidade. A publicitáriabem-sucedida tinha uma agência emFlorianópolis, mas queria fazer outraatividade. Foi quando um produtor demorangos orgânicos de Rancho Quei-mado a procurou para desenvolverum rótulo. Em visita ao sítio do clien-te, na localidade de Taquaras, Letícia,a mãe e o irmão se apaixonaram peloque viram. O encontro virou uma ne-gociação e, em poucos dias, a famíliatrocou a casa na Capital pela vida nocampo. “Eu nunca tinha ouvido falarem morango orgânico, mas em 21 diasfechei a agência e fiz uma mudançaradical na minha vida”, conta Letícia.

A propriedade de 22ha fazia par-te da Companhia do Morango, umaassociação de produtores que conta-va com outros cinco sócios. Ao longodo tempo, os sócios foram saindo ehoje a propriedade se chama RanchoEcofrutícola e é administrada porLetícia e pelo marido, Samuel Weiss,que é agricultor e trabalha com orgâ-nicos desde 1990. Lá, eles produzemem média 20 toneladas de morangopor ano, 2 toneladas de amora, 500quilogramas de framboesa, 200 qui-logramas de fisales, 4 toneladas de to-mate e estão começando a produzirmirtilo. A propriedade tem certi-

ficação internacional para os merca-dos do Brasil, da Europa e dos Esta-dos Unidos.

Manejo agroecológico

O morango, carro-chefe da propri-edade, ocupa uma área de 1,5 hecta-re. O plantio começa em maio com apreparação da terra, que é adubadacom um composto orgânico. Pronto osolo, os canteiros são feitos e se insta-la uma rede de água para a fertir-

rigação por gotejamento. Sobre a ter-ra e as mangueiras de irrigação é co-locada uma lona plástica. A lona éfurada e cada furo recebe uma muda.O plástico evita o contato da fruta coma terra para que o morango não apo-dreça com a umidade, previne o apa-recimento de fungos e mantém a ter-ra protegida.

Dois meses depois do plantio, sãoinstalados túneis de lona sobre asplantas. O objetivo do cultivo prote-gido é abrigar as plantas do sol, dachuva, do granizo, do frio e do calor.Ele também elimina a umidade dasfolhas, evitando a proliferação de fun-gos e bactérias. “Quando é muitoquente, levantamos a lona para o arcircular e quando dá geada fechamosbem para o pé não abortar a flor”,explica Letícia.

Na fertirrigação, os agricultoresusam um produto certificado para aprodução orgânica à base de estercode peru. “Diluímos o produto na cai-xa d’água e ele é levado pelas man-gueiras até as plantas”, diz Samuel.Somando o composto orgânico usadona preparação do solo e o produto dafertirrigação, são usadas 10 toneladasde adubo por hectare. A colheita domorango vai de setembro a fevereiro.Cada pé dá duas safras e os canteirossão refeitos de 2 em 2 anos.

Os problemas com pragas e doen-ças são poucos porque a propriedadeproduz alimentos orgânicos há anos.Para afastar lagartas, percevejos efungos, os produtores usam um repe-lente natural, o óleo de nim. E paraespantar pragas como pulgão e ácaro,Samuel conta que pulverizar águasobre as plantas tem funcionado bem.Apenas em alguns casos a planta do-ente precisa ser arrancada. “Após 9anos de práticas agroecológicas, a ter-ra tornou-se forte e equilibrada, porisso a ação de pragas é bem menor.Nossa terra é viva e a própria plantacria resistências naturais”, explica oprodutor.

De acordo com os agricultores,além de ser mais saudável e saboro-so, o morango orgânico dura maisapós a colheita. “O morango conven-cional recebe muito estímulo químicodesde o início da formação. Após a co-lheita, o estímulo acaba e o fruto sedeteriora rapidamente. Já o moran-go orgânico é colhido com coloração,

Morangos são colhidos com formato, coloração, sabor e nutrientes vindos daterra saudável

A agroindústria emprega pessoas dacomunidade

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sabor e nutrientes vindos da terrasaudável, o que torna o fruto muitomais saboroso e resistente”, destacaLetícia. A empresária lembra que,apesar do equilíbrio atingido em suapropriedade, a necessidade de conhe-cer novas técnicas é uma constante eapela para que a pesquisa e a exten-são rural continuem investindo nosorgânicos.

Trabalho de equipe

Toda a produção vai para umapequena agroindústria familiar loca-lizada no Rancho Ecofrutícola queemprega pessoas da própria comuni-dade. A capacidade de processamentoé de até 2 toneladas de frutas por dia.Os morangos são embalados e vendi-dos para supermercados da GrandeFlorianópolis e em pequenas feiras deprodutos orgânicos.

O padrão de qualidade é rigoroso.Nas caixas, não se colocam mais detrês camadas de frutas para nãoamassá-las. Os frutos menores ou comalgum defeito são limpos, embalados,congelados e vendidos para doceirase indústrias de sucos, geleias e sorve-tes. Já os clientes que querem sabo-rear os moranguinhos no sítio podemparticipar do Colha e Pague, um pro-jeto que os agricultores criaram paraestimular o turismo rural na propri-edade. Basta agendar uma visita paracolher e provar os frutos na lavoura,tomar banho de rio e fazer passeios acavalo e de trator.

Tudo é comercializado e distribuí-do pelos próprios agricultores. Cercade 15% da produção de morango daagroindústria vem de famílias parcei-ras da região. Os frutos são embala-dos separadamente e, no fim do mês,os produtores recebem o dinheiro davenda.

Frutificando resultados

Para saber se a atividade vale apena, basta olhar para a lavoura. Há6 anos, a propriedade tinha 3 mil pésde morango e hoje já são 40 mil. “Cres-cemos muito e temos potencial para

crescer mais. O mercado está bom,mas ainda faltam parceiros, produto-res orgânicos”, afirma Letícia. O mo-rango orgânico tem mais valor agre-gado e custa de 30% a 40% mais queo convencional. Além disso, sem o usode produtos químicos, o custo da pro-dução é menor. “A única coisa que agente compra na agropecuária é oplástico”, diz Samuel.

Mas os agricultores pretendem irmais longe. Com recursos do Progra-ma Mais Alimento, do Ministério doDesenvolvimento Agrário (MDA),Samuel e Letícia financiaram asobras de ampliação da indústria, queagora vai começar a processar tam-

Frutos são embalados e vendidos para supermercados da GrandeFlorianópolis e em pequenas feiras de orgânicos

Os frutos menores ou com algum defeito são congelados e vendidos para doceiras e indústrias de sucos,geleias e sorvetes

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bém geleias orgânicas. “Fizemos umacordo com a empresa Fazenda &Casa, de Itajaí. Nós temos experiên-cia para fabricar geleia e eles, paracomercializar”, conta Samuel.

O espaço, com capacidade paraprocessar 100 quilogramas de frutaspor dia, será usado para a produçãode geleias de morango, com frutas dopróprio rancho, além de goiaba, ba-nana e maracujá, que serão compra-das de outros fornecedores. “Se o ne-gócio corresponder às expectativas,em 2010 queremos duplicar a produ-ção”, planeja Letícia. E os planos nãoparam por aí. “No futuro queremosentrar no mercado com uma marcaprópria para vender geleia e tomateseco orgânicos”, acrescenta Samuel.O casal também está buscando par-ceiros para ampliar a produção emanter a clientela.

Carinho com a natureza

A não-utilização de produtos quí-micos, preservando o solo e a água dacontaminação, é apenas uma das prá-ticas agroecológicas realizadas napropriedade. Os produtores estão noprocesso de criação de uma ReservaParticular do Patrimônio Natural(RPPN) na área de mata nativa. Alémdisso, eles recuperam a mata ciliar

A fértil Capital Catarinense do Morango

com o plantio de árvores eimplementam ações para protegerfontes de água. “Para os próximosanos, estamos estudando o uso deenergia limpa”, afirma Letícia.

Graças a todo esse cuidado com anatureza, os filhos pequenos deLetícia e Samuel podem brincar àvontade pelo Rancho. “O produto or-gânico é mais saudável não só paraquem o consome; a prática agroe-cológica é saudável social, econômica

e ambientalmente. Socialmente por-que a família do agricultor não vaiadoecer pelo uso contínuo de produ-tos químicos. Economicamente por-que o produto orgânico tem maiorvalor no mercado, o que incentiva aagricultura familiar e ajuda a inibiro êxodo rural. E ambientalmente por-que preserva e recupera o solo e aságuas. São resultados a longo prazo,mas cuidar do Planeta é uma obriga-ção de todos”, destaca Letícia.

Rancho Queimado, a cerca de 60 quilômetros deFlorianópolis, é o maior produtor de morangos de San-ta Catarina, respondendo por 59,6% da produção esta-dual. Das 320 famílias agricultoras do município, 166colhem 2,2 mil toneladas da fruta por ano em uma áreade 55 hectares. Dessas, seis famílias produzem orgâni-cos.

Lá se colhe morango durante o ano todo e o pico daprodução vai de novembro a janeiro. “A altitude e oclima ameno, com noites mais frescas, favorecem a pro-dução”, explica a engenheira agrônoma Kelly Besen,extensionista da Epagri/Escritório Municipal de Ran-cho Queimado. Já a proximidade com a Capital, prin-cipal mercado consumidor dos frutos, facilita acomercialização.

A produção do município está nas mãos de agricul-tores familiares. “O trabalho envolve todos os membrosda família no manejo da cultura, desde o plantio até aembalagem”, conta Kelly.

Com o objetivo de reduzir o uso de agroquímicos, a

Epagri, o Projeto Microbacias 2 e a Secretaria de Agri-cultura do município trabalham para melhorar o mane-jo nas lavouras. “Já fizemos campanhas para incentivara produção orgânica, mas a transição de quem trabalhacom agroquímicos para outro sistema não é tão simples.Por isso, estamos caminhando aos poucos, estimulandoa produção integrada”, declara a extensionista. Entreoutras práticas, a produção integrada prevê o uso ade-quado dos insumos, sem exageros, o manejo dos túneisde lona e do plástico sobre o solo, além da aplicação deprodutos próprios para a agricultura orgânica como óleode nim, calda bordalesa e calda sulfocálcica.

O trabalho é feito por meio de oficinas com grupos deprodutores. “Estamos construindo conhecimento com osagricultores para produzir morangos de mais qualidadee com menor custo de produção. Estamos estudando umaadubação mais equilibrada por meio da fertirrigação,além de outros aspectos do manejo e do período pós-colheita, para oferecer ao consumidor um morango commais qualidade”, revela Kelly.

Cultivo agroecológico permite que as crianças brinquem à vontade napropriedade

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Mãos dadas pelaMãos dadas pelaMãos dadas pelaMãos dadas pelaMãos dadas pelaprodutividade da lavouraprodutividade da lavouraprodutividade da lavouraprodutividade da lavouraprodutividade da lavouraCinthia Andruchak Freitas1

Um grupo de agricultores deForquilhinha, no sul cata-rinense, se orgulha de dizer

que construiu com as próprias mãosum canal de irrigação que conduzágua do Rio São Bento para as lavou-ras de arroz de 219 famílias. O proje-to é resultado de uma parceria entrea Epagri, a Prefeitura e os produto-res rurais que, muito mais do queágua, levaram para casa uma lição decooperação e trabalho em equipe.

Tudo começou em 1991, quando aprodução de arroz irrigado da regiãopassou a crescer de forma mais ex-pressiva. As dimensões do canal an-

1Bacharel em Jornalismo, Epagri, C.P. 502, 88034-901 Florianópolis, SC, fone: (48) 3239-5682, e-mail: [email protected].

Mãos dadas pelaMãos dadas pelaMãos dadas pelaMãos dadas pelaMãos dadas pelaprodutividade da lavouraprodutividade da lavouraprodutividade da lavouraprodutividade da lavouraprodutividade da lavoura

tigo, construído há mais de 60 anospara levar água do Rio São Bentopara as lavouras dos membros da As-sociação de Irrigação São Miguel, fi-caram pequenas diante da demanda.Os pontos de captação por bombe-amento localizados no Rio Mãe Luziatambém não davam mais conta danecessidade dos agricultores.

Muitas vezes faltava água e osrizicultores tinham prejuízo. Os pro-blemas com pragas e doenças eramfrequentes. Os bombeamentos gasta-vam muita energia elétrica e o recur-so era poluído por resíduos da explo-ração de carvão.

Diante dos problemas, os mem-bros da Associação, que abrange oitocomunidades, pediram ajuda à Pre-feitura. Eles buscavam uma parceriapara a construção de um segundo tú-nel a partir do Rio São Bento, onde,pouco tempo antes, havia sido inau-gurada uma barragem para abaste-cimento humano, irrigação de lavou-ras, controle de cheias e desenvolvi-mento do turismo. Essa alternativa,além de criar a possibilidade de libe-ração de mais água para as plantaçõesde arroz, também forneceria o recursocom mais qualidade, já que o Rio SãoBento não recebe resíduos de carvão.

Canal de irrigação construído por agricultores deForquilhinha resolveu o problema de falta d’águanos arrozais

Canal de irrigação construído por agricultores deForquilhinha resolveu o problema de falta d’águanos arrozais

Foto de Aires C. Mariga

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Trabalho em equipe

Em 2006, a Epagri elaborou o pro-jeto do canal. A obra, que custariacerca de R$ 236 mil, começou a to-mar forma no ano seguinte. A Prefei-tura forneceu o material de constru-ção e as máquinas, arcando com cer-ca de 95% dos custos, e a mão de obrae o licenciamento ambiental ficarama cargo da Associação.

Graças a esse apoio, somado aosuor dos agricultores, um túnel com300 metros de extensão e 1,5 metrode diâmetro foi construído na LinhaEyng. Durante 3 meses, 62 rizicul-tores se dedicaram ao projeto e, comacompanhamento diário da Epagri ede um engenheiro da Prefeitura, exe-cutaram a obra.

Com espírito empreendedor,Ludomir Westrup, que presidia a As-sociação na época, foi incansável naorganização dos “agricultores-operá-rios”. “Fiquei muito contente com aparticipação dos produtores, o apoioda Prefeitura e a parceria da Epagri,que esteve aqui todos os dias. Nuncavou esquecer isso”, conta. Ele lembraque os problemas foram superadoscom empenho porque as pessoas es-tavam dedicadas a um projeto para obem de todos. “Com esse envol-vimento da equipe, se fosse pelo futu-ro da agricultura, eu faria tudo denovo”, completa.

O trabalho foi cercado de cuida-dos ambientais. Durante as escava-ções, a parte superior do solo, rica emmaterial vegetal, foi separada paraser colocada na superfície do aterro.

Assim que o aterro foi concluído, avegetação natural da área se recom-pôs e houve a reconstituição da pai-sagem anterior.

O novo canal, com capacidadepara conduzir até 2.770 litros por se-gundo, abastece 2.513 hectares dearroz nas comunidades de LinhaEyng, Faxinal, Forquilhinha, Sangado Café, São Gabriel, SantaTeresinha, São Pedro e São Jorge. “Oprojeto incluiu a construção de umacomporta para regular a entrada deágua no canal. Ela chega às proprie-dades pela ação da gravidade, sem ouso de bombas”, conta DonatoLucietti, coordenador do Projeto deArroz e Recursos Hídricos da Epagri/Gerência Regional de Criciúma.

Água limpa e abundante

Desde a conclusão do canal, nãohouve mais problemas com água naspropriedades dos membros da Asso-ciação. “Não faltou para ninguém nosúltimos 2 anos. A obra resolveu o pro-blema de imediato e os agricultoresestão muito satisfeitos”, conta o atu-al presidente da Associação,Vanderlei Moretto.

A propriedade de Salézio Serafim,na comunidade de São Jorge, era umadas últimas atendidas pela água. Elejá cansou de contabilizar os prejuízoscom a falta do recurso. “Antes, a águaera escassa. A gente puxava do MãeLuzia com bomba, mas chegava até asecar o rio. Quando faltava água logo

Associativismo: com ajuda da Epagri e da Prefeitura, rizicultores da região executaram a obra

Agora, Salézio Serafim (segundo da esquerda) e os filhos têm maissegurança para investir na produção

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Fotos de Donato Lucietti

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após a semeadura, muitas vezes euperdia a lavoura”, lembra.

Hoje, o agricultor, que participouda construção do canal, olha para oarrozal com a sensação de missãocumprida. “Estou satisfeito porqueessa obra trouxe segurança para agente plantar e investir na produção.Mesmo que outros fatores atrapa-lhem, a água está garantida”. Saléziotem três filhos que ajudam na lida. Afamília colhe cerca de 17 mil sacas porano em uma área de 100 hectares,parte própria e parte arrendada.

A obra também trouxe economia.Há 2 anos, a Associação gastava R$80 mil com energia elétrica por anopor conta do uso das bombas que pu-xavam água. No primeiro ano após aconstrução do canal, os gastos caírampara R$ 35 mil e agora estão em R$33 mil. Isso resultou em queda nocusto de produção dos agricultores. Seantes eles pagavam para a Associa-ção o equivalente a 5 sacas de arrozpor hectare plantado pelo fornecimen-to da água, agora são pouco mais de2,5 sacas. “Em cerca de 5 anos, a obrase paga com a economia gerada pelaredução do consumo de energia elé-trica”, comenta Donato.

Segurança para plantar

A segurança no fornecimento deágua melhorou o rendimento e tam-bém a qualidade das lavouras, já quea falta desse recurso deixa as plantasestressadas e mais vulneráveis a pra-gas e doenças. “Além disso, quandofalta água na lavoura, o agricultorprecisa reaplicar os herbicidas. Man-ter a área alagada é importante por-que a própria água tem efeitoherbicida, inibindo o aparecimento deespécies indesejadas, principalmentearroz vermelho, canevão e pelunco”,explica Donato.

A melhora da produção de arrozna área beneficiada pelo canal é visí-vel. Antes da obra, a produtividademédia era de 150 sacas por hectare.Para o ano agrícola 2008/09, a expec-tativa é de que os produtores da As-sociação alcancem 160 sacas por hec-tare, num total de 20.400 toneladas.

A garantia da água foi um incen-tivo para manter os agricultores nocampo, na avaliação do secretário daAgricultura de Forquilhinha, Dimas

Kammer. Para o secretário de Obras,Edésio Loch, a participação da Asso-ciação foi fundamental. “Houve umempenho grande dos agricultorespara conseguir os recursos e fornecera mão de obra”, conta. O prefeito,Vanderlei Alexandre, relata que es-ses investimentos sempre têm acontrapartida do agricultor, que évender os produtos com nota fiscal.“Com o aumento da produção de ar-roz, o comércio e empresas ligadas aosetor também se beneficiam. Alémdisso, há um aumento na arrecada-ção de impostos”, explica ele, o quegarante que outras obras como essaserão feitas em Forquilhinha.

Agora os agricultores têm outramissão pela frente: preservar a água.Estima-se que sejam usados de 6 mila 8 mil metros cúbicos por hectare emcada safra e, para garantir que esserecurso seja suficiente e de qualida-de, é preciso tomar alguns cuidados.Com esse objetivo, a Epagri realizareuniões e visitas para orientar osprodutores sobre o manejo correto daslavouras para evitar a contaminaçãoe o desperdício da água. “Orientamosos rizicultores para que deixem fecha-das as saídas de água das lavouras,mantenham as taipas das quadrascom altura de 30 a 50 centímetros ebase de 80 centímetros para evitarvazamentos e a contaminação do meioambiente. Com essa prática, a qua-dra também armazena água da chu-

Produção de peso

Santa Catarina é o segundomaior produtor de arroz do País,com 1.018.115 toneladas colhidas

no ano agrícola 2007/08 eparticipação de 8,1% no totalnacional, de acordo com dados

da Epagri/Centro deSocioeconomia e Planejamento

Agrícola (Cepa). O SulCatarinense é o maior produtor

do Estado. Em uma área de93.515 hectares, foram colhidas646.806 toneladas de arroz no

ano agrícola 2007/08. A região deCriciúma é responsável por

146.811 toneladas desse total.Em Forquilhinha, na mesma

safra, 600 produtores colheram70.688 toneladas em

9.750 hectares.

Vanderlei Moretto, presidente da Associação, Salézio Serafim, agricultor,Donato Lucietti, da Epagri, e Ludomir Westrup, ex-presidente daAssociação, estão satisfeitos com o resultado

va. Outra orientação é o armaze-namento em açudes”, conta Donato.

A preservação da mata ciliar e aaplicação adequada de insumos quí-micos, usando produtos menos tóxi-cos, também fazem parte das orien-tações. Mais uma vez, o trabalho en-volve o comprometimento de cada umpara que todos sejam beneficiados.

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36 Agropecuária Catarinense, v.22, n.2, jul. 2009

Plantando um manejoPlantando um manejoPlantando um manejoPlantando um manejoPlantando um manejomais conscientemais conscientemais conscientemais conscientemais conscienteReportagem de Cinthia Andruchak Freitas1

Fotos de Walter Ferreira Becker

Éde Santa Catarina a primei-ra experiência brasileira deProdução Integrada (PI) de

tomate de mesa. A novidade vem deCaçador, no Alto Vale do Rio do Pei-xe. Lá, pesquisadores trabalham parasubstituir práticas como o uso abusivode agroquímicos e o manejo inadequa-do do solo por métodos científicos quereduzem os insumos poluentes e ga-rantem uma produção sustentável. “API é uma fase intermediária entre aagricultura convencional e a orgâni-ca. Ela utiliza mecanismos respeito-sos com o produtor e o meio ambientepara gerar alimentos seguros e dequalidade”, explica Walter FerreiraBecker, coordenador do projeto e pes-quisador da Epagri/Estação Experi-mental de Caçador.

O projeto começou oficialmente noano agrícola 2007/08 com o objetivode viabilizar o sistema na região e

1Bacharel em Jornalismo, Epagri, C.P. 502, 88034-901 Florianópolis, SC, fone: (48) 3239-5682, e-mail: [email protected].

Plantando um manejoPlantando um manejoPlantando um manejoPlantando um manejoPlantando um manejomais conscientemais conscientemais conscientemais conscientemais consciente

servir de base para a produção emoutras áreas do País. O trabalho éuma parceria entre Epagri, Univer-sidade do Contestado (UnC), Compa-nhia Integrada de DesenvolvimentoAgrícola de Santa Catarina (Cidasc),Associação de Tomaticultores de Ca-çador e Sindicatos Rural e dos Tra-balhadores Rurais. “Em 2005, fizemosuma reunião e vimos que os produto-res estavam tomando um rumo com-plicado; havia até denúncia de uso deagroquímicos proibidos. Era necessá-rio apresentar uma alternativa combaixo custo e que estimulasse oassociativismo dos agricultores”, lem-bra Becker.

Desde então os pesquisadores vêmadaptando tecnologias conhecidas deProdução Integrada e desenvolvendooutras que se adequem para o toma-te e a região. O trabalho está em fasede implantação e é desenvolvido em

uma unidade-piloto na Estação Expe-rimental e em duas unidades de ob-servação em propriedades rurais. Osresultados são comparados ao siste-ma convencional e já surpreendem.

Foi o que aconteceu na proprieda-de de Sidnei Bertotto. A família pro-duz tomate no sistema convencionalhá cerca de 25 anos, mas decidiu tes-tar a Produção Integrada depois departicipar de um dia de campo. Nofinal do ano passado, começou o tes-te: Sidnei plantou 1 hectare de toma-te, metade no sistema convencional emetade na Produção Integrada.

A primeira diferença que ele per-cebeu foi no uso de insumos quími-cos. “Eu achava que as plantas preci-savam de algum produto e aplicava.Não sabia a hora certa e nem a quan-tidade, então acabava usando em ex-cesso”, destaca. Agora a lavoura émonitorada e o produtor aplica ferti-

Agricultores já colhem os resultados de experiênciapioneira com Produção Integrada de tomate no EstadoAgricultores já colhem os resultados de experiênciapioneira com Produção Integrada de tomate no Estado

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lizantes e agrotóxicos apenas quandoé necessário e na quantidade certa.

Herbicida ele não usa mais. Na PISidnei faz plantio direto sobre a pa-lha de aveia e não precisa aplicar oproduto. “A camada de palha evita osurgimento de plantas espontâneas eprotege a terra, deixando o solo maisfértil”, conta.

Quando começou a colher os pri-meiros tomates, o agricultor teve ou-tra surpresa: “Os frutos são mais sau-dáveis e graúdos”, comemora. A pro-dutividade também foi maior: na PI,ele colheu 425 caixas por mil pés, en-quanto no sistema convencional cadamil pés renderam 395 caixas de to-mate. Sidnei aprovou a experiência epretende apostar na PI daqui para afrente. Na próxima safra, metade dalavoura será em Produção Integrada.

Na medida certa

Essa transformação na lavoura deSidnei tem base em uma série de es-tudos. Na PI, há uma racionalizaçãono uso de insumos químicos para queeles sejam usados na medida e naépoca certas, sem exageros. “Nas pes-quisas, monitoramos as característi-cas físico-químicas do solo e da nutri-ção da planta e determinamos as do-sagens de nitrogênio, fósforo e potás-sio a serem aplicadas durante o cicloda planta, proporcionando uma

adubação equilibrada”, conta Becker.Os pesquisadores também determina-ram as doses corretas de adubo orgâ-nico que podem ser usadas para com-plementar o adubo químico.

Os estudos permitiram adaptar edesenvolver sistemas de moni-toramento e alerta para as principaisdoenças do tomateiro, como a requei-ma e a mancha bacteriana. Acompa-nhando a temperatura, o período demolhamento foliar, a umidade do are a quantidade de chuva, é possívelverificar as condições que predispõemo ataque das pragas. A combinaçãodessas variáveis é que determina omomento certo para aplicar os defen-sivos para um combate eficaz das do-enças. Segundo o pesquisador, o sis-tema de alerta para o controle da re-queima reduziu em 54% o uso defungicidas e a pesquisa com a man-cha bacteriana já indica uma redu-ção de 50% na quantidade deagrotóxicos aplicados em comparaçãocom a produção convencional.

Além disso, os inseticidas efungicidas utilizados são menos tóxi-cos que os tradicionais e os períodosde carência são criteriosamente res-peitados para evitar que fiquem resí-duos no tomate. “Fizemos um levan-tamento com os tomaticultores e des-cobrimos que eles fazem 30 a 60

Novidade nalavoura

O conceito da ProduçãoIntegrada surgiu na Europa nos

anos 1970. No Brasil, a PI demaçãs foi pioneira, a partir de1996, preconizando a produçãocom métodos ecologicamenteseguros e a racionalização do

uso de agroquímicos. Hojetambém existem normastécnicas de produção e

comercialização para a ProduçãoIntegrada de frutas como

pêssego, manga, mamão, melão,caju e uva. No entanto, aindanão há no País um sistema na

cadeia de hortaliças.

pulverizações por ciclo. Na PI, isso sereduz drasticamente. O produtor se-gue uma tabela de agroquímicos que,com base no monitoramento das pra-gas e doenças, determina o que podeser aplicado e o momento certo paraisso”, afirma Becker.

Técnicas alternativas

O sistema desenvolvido em Caça-dor também usa métodos alternativospara o controle de pragas. Armadilhasde feromônios (atrativos sexuais) sãousadas para monitorar e capturar abroca-grande, a broca-pequena e atraça do tomateiro. Os feromôniosatraem os machos para a armadilhae, dessa forma, o produtor podemonitorar a quantidade deles e veri-ficar se há necessidade de fazer con-trole químico. “A própria captura já éum controle porque o macho fica pre-so na armadilha”, destaca Becker.

Outra técnica é o uso de espéciescomo o girassol, que é plantado aoredor da lavoura para atrair insetoscomo burrinhos e vaquinhas. Quan-do as pragas se instalam nos giras-sóis, o produtor pulveriza essas plan-tas, preservando os tomateiros. Porser muito sensível ao oídio, o girassoltambém serve como indicador para oalerta dessa doença no tomateiro.

Sidnei Bertotto aprovou a experiência: “Os frutos são mais saudáveis egraúdos”

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Os estudos permitiram determi-nar o sistema de condução mais ade-quado para a PI de tomate na região.“O mais recomendado é o apoio verti-cal com bambu, ou fitilho, que temmais arejamento, o que reduz o perí-odo de molhamento foliar e não favo-rece doenças”, aponta Becker. Já oespaço entre as plantas reduziu de 60para 45cm, com aumento de 22,2% a34% na produtividade em relação aosistema convencional, sem compro-meter a qualidade dos frutos.

O projeto também prevê a implan-tação do sistema de rastreabilidade.O processo começa no agricultor, queregistra em um caderno de campotudo o que é feito na lavoura. A pro-dução passa por uma auditoria, queavalia as etapas e faz uma análise deresíduos de agrotóxicos. Se estiverdentro das normas, o produto recebeum selo de qualidade com um códigode barras que identifica o agricultor.“Esse código possibilitará identificartudo o que foi feito com o tomate, des-de o plantio até a prateleira, para queo consumidor tenha um produto se-guro”, explica Becker.

Antônio Dal Bosco, um grandeprodutor de tomate de Lebon Régis,SC, já está no segundo ano de Produ-ção Integrada. Na última safra eleplantou 12 mil pés no sistema e sen-tiu a diferença no bolso. “Percebi umaqueda de 40% nos custos da produ-ção com a redução de agroquímicos”,aponta. De acordo com dados daEpagri, o uso de adubo químico nes-sa lavoura caiu de 5 para 2 sacas pormil pés, o equivalente a 30 sacas amenos por hectare. “No sistema con-vencional eu aplicava ‘de olho’, deacordo com a experiência. Hoje é tudomonitorado e a gente usa só o queprecisa”, diz o produtor.

A produtividade também melho-rou. No sistema convencional ele co-lhia 428 caixas por mil pés e na PIcolheu 434, com custos menores. E aqualidade dos frutos é melhor. “Semexcesso de agroquímicos, a fruta émais lisa, limpa, resistente e temmelhor aparência”, explica Becker.Antônio está tão satisfeito que, a cadaano, pretende aumentar mais a áreade PI. Na próxima safra já serão 50mil pés. “Estou muito feliz com essesistema. Ele reduz os custos, além denão agredir a saúde e o meio ambien-te”, comemora.

Armadilhas de feromônios sãousadas para monitorar e capturarinsetos

O girassol atrai insetos,preservando os tomateiros

Pesquisas determinaram asdosagens de adubo adequadas paraa PI de tomate

Tomate em números

Caçador é o maior produtor de tomates do Estado,responsável por 36% do total cultivado em terras catarinenses.

A atividade gera renda para 560 famílias que colhem anualmentecerca de 42 mil toneladas em uma área de 750 hectares.

Próximos passos

Para atingir as metas da Produ-ção Integrada, o trabalho está focadonas áreas de solos e nutrição de plan-tas, fitotecnia, entomologia, fitopa-tologia, climatologia, irrigação, aná-lise de água, meio ambiente, cadeiaprodutiva e assistência técnica. Dasquatro fases para a implantação deum sistema de PI, o projeto está nasegunda. A próxima, que começa noano que vem, é a formação de um gru-po de agricultores interessados emproduzir tomate no sistema, e de téc-nicos e extensionistas para receberemtreinamento. São 17 cursos que vãode primeiros socorros a operação demáquinas. Em 2011, com o grupo for-mado e treinado, começa o processode certificação.

Enquanto isso, os pesquisadoresainda desenvolvem estudos, como oque busca a melhor alternativa parao uso da terra após a colheita do to-mate. “Fizemos testes com a cebola e,no solo da PI, sem colocar adubo, aprodução já foi maior que em umaárea no sistema convencional que re-cebeu adubo”, conta Becker. Outroestudo é a avaliação em laboratóriode fatores como maturação, conser-vação pós-colheita, grau Brix (quan-tidade de sólidos solúveis presentesna polpa) e teor de sais minerais dostomates da PI. No ano que vem serápesquisado um método para o usoracional da água.

Para Becker, a perspectiva decrescimento da produção integrada detomate em Santa Catarina a partirda experiência de Caçador é promis-sora. “A agricultura convencional, porforça de exigências ambientais, dasociedade e do poder público, está fa-dada a não ser mais viável. Não vejooutra opção a não ser a PI e, no futu-ro, a produção orgânica. O tomate éum vilão no uso de agrotóxicos e háuma demanda crescente por alimen-tos seguros, o que traz ótimas pers-pectivas de mercado”, aponta.

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39Agropecuária Catarinense, v.22, n.2, jul. 2009

O vetiver (Vetiveria zizanioides(L.) Nash. ex Small) é origi-nário do norte da Índia e

pertence à família Poaceae(Graminae). É uma planta herbácea,rizomatosa, com folhas longas e es-treitas. Apesar de ser uma plantaaromática, não possui aroma nas fo-lhas. Isso se deve à não-existência deestruturas secretoras ou arma-zenadoras de óleos nas partes aére-as, mas sim no rizoma e nas raízes,variando sua concentração de óleo es-sencial entre 1,5% e 2,0%. Esse óleo

Andrey Martinez Rebelo1 e Antônio Amaury Silva Júnior2

VVVVVetiver – aroma da terraetiver – aroma da terraetiver – aroma da terraetiver – aroma da terraetiver – aroma da terraVVVVVetiver – aroma da terraetiver – aroma da terraetiver – aroma da terraetiver – aroma da terraetiver – aroma da terra

1Eng. agr., M.Sc., Epagri/Estação Experimental de Itajaí, C.P. 277, 88301-970 Itajaí, SC, fone: (47) 3341-5244, e-mail:[email protected]. agr., M.Sc., Epagri/Estação Experimental de Itajaí, e-mail: [email protected].

é viscoso, amarelo-âmbar e de aro-ma amadeirado.

Popularmente o vetiver possuioutras denominações, entre elas: gra-ma-das-índias, raiz-de-cheiro, capim--batata, khus-khus ou khas-khas (Ín-dia) e patcholi, o que pode levar a con-fusão com outra espécie aromática, oPogostemon cablin, da família dasLamiaceae. Por isso, ainda recebe adenominação de falso-patcholi. Ovetiver possui ainda outrareclassificação científica: Chryso-pogon zizanioides (L.) Roberty.

Indicações popularesde uso

Normalmente o vetiver é empre-gado na medicina por possuir açãoantitérmica, anti-hipertensiva leve,diurética, anti-helmíntica infantil e éindicado no tratamento de queda decabelo. Diversas comunidades da Ín-dia utilizam essa planta em furúncu-los, queimaduras, epilepsia, ferroadade escorpião, picada de cobra, ulcera-ções na boca, dor de dente, doenças

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sexuais, diarreia, malária e reuma-tismo.

Na aromoterapia é indicado pararelaxar e para combater o estresse.

Além das ações bioativas relacio-nadas aos seus constituintes quími-cos, as folhas servem de matéria-pri-ma para a confecção de tapetes e ces-tos, entre outros artesanatos, e cober-turas de telhado. As telas formadascom esse material são muito deman-dadas no verão, pois quando borrifa-das com água trazem uma sensaçãode frescor no ar. Associando-se ovetiver a varas de bambu, obtém-seuma espécie de estrado com ação

Raízes de vetiver – Vetiveria zizanioides

Folhas de vetiver – Vetiveria zizanioides

arrefecente, tanto que compõe a cons-trução do revestimento de salasfrigoríficas.

Identificação da espécie

A planta é uma herbácea perene,cespitosa, de rizomas lenhosos, espon-josos, pardacentos, flexíveis, forte-mente aromáticos, compridos e mui-to finos, revestidos de epiderme ama-relo-pálida. Suas folhas são mais oumenos basilares, invaginantes no cau-le, estreitas, lineares, agudas, eretas,às vezes dobradas, com até 70cm decomprimento, lisas, inodoras, glabras,

escabrosas e serradas na margem.Possui inflorescência em panículaampla, terminal, ereta, cônica, de 13a 30cm, esverdeada, composta de nu-merosos rácimos espiciformes, oito a12 verticilados, tendo os inferioresmais de 20 raios. As espigas são for-madas por espiguetas violáceas com-postas de duas flores e reunidas emgrupos de duas ou três. Produzglumas coriáceas, espinescentes sobreuma das palhas e ciliadas sobre a ou-tra. O fruto é uma cariopse oblonga,livre entre as glumelas. As raízes sãoaromáticas, esponjosas e castanhas.

Agrotecnologia

• Cultivares: Híbrido-7, Híbrido-8, Sugandha, ODV-13, K3-1, K3-2,Kesari, Gulabi, Dharini e Sunshine.

• Solo: embora a planta prefira so-los humosos e úmidos, também cres-ce em solos arenosos e até em dunas,porém o rendimento de óleo nestes émenor. Tolera uma faixa de pH de 4 a10, embora se desenvolva melhorentre pH 5,5 e 7. A planta apresentatolerância a metais pesados, ao fogoe à salinidade.

• Clima: a espécie é tipicamentetropical e heliófita, embora cresçabem em regiões subtropicais de bai-xa altitude. Desenvolve-se melhor emtemperaturas de 22 a 28oC, podendosuportar temperaturas de até 45oC.Apresenta uma ampla faixa de adap-tação pluviométrica, resistindo bem avariações de 300 a 5.000mm anuais.

• Espaçamento: 0,5m x 0,3m, paraa produção de óleo essencial, e sãoadotadas populações de 75 mil plan-tas por hectare. Quando se utiliza ovetiver para controlar a erosão, oespaçamento entre as plantas podeser de 15 a 20cm.

• Propagação: dá-se por sementese por divisão de rizomas. As mudasobtidas a partir do rizoma devem teras folhas cortadas para evitar atranspiração excessiva. Os segmentosde rizoma, ou perfilhos, podem serplantados diretamente no campo. Nãotem sido observada a produção desementes viáveis para as condiçõescatarinenses.

• Adubação: utiliza-se fostato na-tural (100g/planta) adicionado a um

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Rizomas de vetiver – Vetiveria zizanioides

adubo orgânico (1kg/planta).

• Plantio: é feito no outono e naprimavera.

• Colheita: acontece 18 meses apóso plantio. A colheita em períodos compouca chuva favorece a produção deóleo. Após arrancadas, as raízes sãolavadas e postas a secar, antes de serdestiladas.

• Rendimento: obtém-se em média3 a 4 toneladas de raízes por hectare,com um rendimento de óleo ao redorde 1%.

Fitoquímica

Seus constituintes químicos majo-ritários são o β-vetiveno (zero a0,25%), β-vetivona (9,98% a 29,52%),khusimol (18,02% a 27,05%), α--vetivona (zero a 0,55%), o iso-valencenol e o ácido zizanoico, sendoseus marcadores de identificação edeterminação qualitativa o bici-clovetivenol (11,61% a 19,02%) e ossesquiterpenos (2,55% a 5,54%). Naextração por hidrodestilação, apesardo menor rendimento, tem-se maiorquantidade de substâncias químicasdiferentes. No caso da extração porCO2 supercrítico o rendimento é mai-or, porém a composição é mais pobresendo rico em β-vetivona e isento deα-vetivona. O rendimento médio deóleo essencial de plantas cultivadasna Estação Experimental de Itajaídurante o verão é de 1,64%, utilizan-do-se o sistema de destilaçãoClevenger, com 2 horas de extração.

Uso comprovado

• O óleo essencial das raízes naconcentração de 400ppm apresentaatividade fungicida sobre Micros-porum gypseum, Trichophytonequinum e Trichophyton rubrum.

• O óleo essencial das raízes inibeo crescimento de Alternaria solani,Fusarium equisetii e Curvularialunata em cerca de 29%, 32% e 34%,respectivamente.

• O óleo essencial de vetiver temcomo função principal a fixação de ou-tros aromas presentes em cosméticosou como flavorizante em alimentos.

• O kusimol, um fitoquímico queocorre nas raízes, inibe competitiva-Touceira de vetiver – Vetiveria zizanioides

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mente as ligações da vasopressina areceptores (V1a) do fígado de rato.

• • • • • Estudos têm comprovado suaação antimicrobiana, repelente deinsetos e antitumoral.

Outros usos

• O vetiver é empregado tambémna fixação de solos propensos à ero-são em regiões de clima quente porformar raízes quase que exclusiva-mente verticais, capazes de criar bar-reiras contra enxurradas. Em associ-ação com a cultura do arroz irrigado,o vetiver serve de fixador de tapumes,pois não forma estolões, não se trans-formando em planta invasora. Asraízes são altamente fixadoras dedunas e barrancos à beira-rio.

• Essa planta é um agentefitoextrator de metais pesados emsolos contaminados por chumbo gra-ças a sua alta tolerância a esse metalatravés de mecanismos de translo-cação dele para as folhas, e de nitro-gênio em águas, pois pode ser coloca-do em açudes de decantação de águascontaminadas, tanto nas bordas comoem sistemas de boias, onde parte dasraízes ficam imersas.

• A planta é utilizada no controlede pulgas. É, também, excelenteinsetífuga de pragas domésticas (ba-ratas e traças).

• As folhas são utilizadas para afabricação de artesanatos diversos(esteiras, leques, toldos, biombos, cha-péus, cestos).

• O rizoma seco da planta é utili-zado preso ao cabelo para perfumarou em sachês, para perfumar roupas.

• O óleo de vetiver é usado paraaromatizar dentifrícios e sorvetes epara preparar perfumes.

• As folhas são forrageiras, quan-do novas.

• As raízes de Vetiveria nigritanasão comestíveis.

Toxicologia

Não foram encontrados estudos detoxicidade do vetiver. O óleo essen-cial, no entanto, como na maioria dosóleos essenciais, não deve ser aplica-do diretamente sobre a pele ou outrostecidos, pois pode ser cancerígeno.Além do mais, por possuir proprieda-de de adsorver metais pesados, comoo chumbo, sugere-se não ingerir essa

planta quando não se sabe sua proce-dência, principalmente as folhas, poisé nesse local que ela armazena os me-tais.

Para maior segurança, estudosmais aprofundados devem ser feitospara empregá-la como medicamento.Os estudos podem determinar a plan-ta como insumo para a agriculturaorgânica ou testes farmacológicos pre-liminares.

Literatura consultada

1. ALVES, J. do C.; SOUZA, A.P. de;PÔRTO, M.L. et al. Absorção e distri-buição de chumbo em plantas devetiver, jureminha e algaroba. Revis-ta Brasileira de Ciência do Solo, Vi-çosa, v.32, n.3, p.1329-1336, maio/jun.2008.

2. COSTA, T.S.; PELAIS, A.C.A.;CORRÊA, N.C.F. Avaliação da extra-ção de óleos essenciais de vetiver(Vetiveria zizanoides) com CO2supercrítico. Revista Brasileira dePlantas Medicinais, Botucatu, v.8,n.4, p.100-103, 2006.

3. SINGH, S.; MELO, J.S.; EAPEN, S.et al. Potential of vetiver (Vetiveriazizanoides L. Nash) for phyto-remediation of phenol. Ecotoxicologyand Environmental Safety, v.71, n.3,p.671-676, nov. 2008.

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43Agropecuária Catarinense, v.22, n.2, jul. 2009

Seção Técnico-científicacatarinense

OEpagriEpagri

* Considerações sobre a produção e utilização do caldo de cana ................................................................ 43 Herberto Hentschel

* Manejo de plantas daninhas na cultura de milho.......................................................................................... 47 Alvadi Antonio Balbinot Junior

* Influência de fatores climáticos e de ácaros predadores na população de ácaros tetraniquídeos em citros ............................................................................................................................................................ 50 Luís Antônio Chiaradia, José Maria Milanez e Cristiano Nunes Nesi

* Modelos de armadilhas contendo raiz de tajujá para a captura de vaquinhas em pomar de macieira ... 55 Janaína Pereira dos Santos e Anderson Fernando Wamser

* Produção de erva-mate consorciada com cinamomo e louro-pardo .......................................................... 61 Paulo Alfonso Floss, Dorli Mário Da Croce e Cristiano Nunes Nesi

* Produtividade e crescimento do tomateiro ‘Paron’ enxertado em diferentes porta-enxertos.................. 67 Rafael Ricardo Cantu, Richard Willian Junglaus e Rumy Goto

* Taxa de progresso da doença e resistência de cultivares de cevada à mancha-marrom......................... 72 João Américo Wordell Filho, Francisco X. Ribeiro do Vale, Ariano M. Prestes e Laércio Zambolim

* Produtividade de variedades de polinização aberta de milho em cultivo orgânico.................................. 76 Gilcimar Adriano Vogt, Silmar Hemp, Waldir Nicknich, Juliana Bernardi Ogliari, Antonio Carlos Alves

* Eficiência de óleos vegetais e do fungo entomopatogênico Beauveria bassiana no controle do moleque-da-bananeira ...................................................................................................................................... 81 José Maria Milanez, Robert Harri Hinz e Cristiane Maria da Silva

* Influência do fenômeno La Niña na precipitação pluvial na Região Oeste de Santa Catarina ................ 85 Gilsânia de Souza Cruz e Rosandro Boligon Minuzzi

* Comportamento da mamona em diferentes épocas de semeadura no Oeste Catarinense ...................... 88 Gilcimar Adriano Vogt, Giseli Valentini, Sérgio Delmar dos Anjos e Silva

* Normas para publicação na RAC .................................................................................................................... 92

Nota Científica

Artigo Científico

Informativo Técnico

Normas para publicação

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44 Agropecuária Catarinense, v.22, n.2, jul. 2009Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

ISSN 0103-0779

Indexada à Agrobase e à CAB International

catarinenseO

EpagriEpagri

Conselho Editorial/Editorial Board

Ademir Calegari, M.Sc. – Iapar – Londrina, PRAnísio Pedro Camilo, Ph.D. – Embrapa – Florianópolis, SCBonifácio Hideyuki Nakasu, Ph.D. – Embrapa – Pelotas, RSCésar José Fanton, Dr. – Incaper – Vitória, ESEduardo Humeres Flores, Dr. – Universidade da Califórnia – Riverside, USAFernando Mendes Pereira, Dr. – Unesp – Jaboticabal, SPFlávio Zanetti, Dr. – UFPR – Curitiba, PRHamilton Justino Vieira, Dr. – Epagri – Florianópolis, SCLuís Sangoi, Ph.D. – Udesc/CAV – Lages, SCManoel Guedes Correa Gondim Júnior, Dr. – UFRPE – Recife, PEMário Ângelo Vidor, Dr. – Epagri – Florianópolis, SCMichael Thung, Ph.D. – Embrapa – CNPAF – Goiânia, GOMiguel Pedro Guerra, Dr. – UFSC – Florianópolis, SCMoacir Pasqual, Dr. – UFL – Lavras, MGRicardo Silveiro Balardin, Ph.D. – UFSM – Santa Maria, RSRoberto Hauagge, Ph.D. – Iapar – Londrina, PRRoger Delmar Flesch, Ph.D. – Epagri – Florianópolis, SCSami Jorge Michereff, Dr. – UFRPE – Recife, PESérgio Leite G. Pinheiro, Ph.D. – Epagri – Florianópolis, SC

Alvadi Antonio Balbinot Júnior, Dr. – EpagriCristiano Nunes Nesi, M.Sc. – EpagriHenri Stuker, Dr. – EpagriJanaina Pereira dos Santos, M.Sc. – EpagriJefferson Araújo Flaresso, M.Sc. – EpagriJosé Ângelo Rebelo, Dr. – EpagriLuiz Augusto Martins Peruch, Dr. – EpagriPaulo Sergio Tagliari, M.Sc. – Epagri (Presidente)Valdir Bonin, M.Sc. – Epagri

Comitê de Publicações/Publication Committee

COLABORARAM COMO REVISORES TÉCNICOS-CIENTÍFICOS NESTA EDIÇÃO: Alvimar Bavaresco, Anderson Fernando Wamser, AnísioPedro Camilo, Cristiano Nunes Nesi, Eduardo Hodrigues Hickel, Eliseo Soprano, Gilcimar Adriano Vogt, Gilson José Marcinichen Gallotti, HenriStuker, Hugo José Braga, Jack Eliseu Crispim, Janaína Pereira dos Santos, José Alberto Noldin, José Maria Milanez, Luís Antônio Chiaradia,Márcia Mondardo, Márcio Sônego, Milton da Veiga, Milton Geraldo Ramos, Paulo Sergio Tagliari, Pedro Boff, Rogerio Luiz Backes, WalterFerreira Becker e Yoshinori Katsurayama.

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Considerações sobre a produção e utilizaçãoConsiderações sobre a produção e utilizaçãoConsiderações sobre a produção e utilizaçãoConsiderações sobre a produção e utilizaçãoConsiderações sobre a produção e utilizaçãodo caldo de canado caldo de canado caldo de canado caldo de canado caldo de cana

Herberto Hentschel1

Ocaldo de cana é uma bebidaconstituída pelo líquido extra-ído dos colmos limpos, sadios

e maduros. O caldo de cana está sem-pre presente, quer nas praias em ple-no verão, ou no caminho delas, querem centros comerciais urbanos ou emlocais onde haja movimentação depessoas que viajam ou nas paradasjunto às rodovias. Muitas pessoasapreciam o caldo de cana, que normal-mente é servido gelado e às vezes re-cebe um pouco de sumo de limão ousucos naturais de frutas tropicais,como, por exemplo, o abacaxi. Alémde conferir o sabor cítrico e mascarara doçura, o limão atua comoestabilizante e alvejante.

Também conhecido como garapanos engenhos de açúcar do Brasil co-lonial, o caldo de cana foi bebidaenergética dos escravos e o responsá-vel por proporcionar energia ao orga-nismo para as extenuantes tarefasexercidas de sol a sol durante a co-lheita da cana-de-açúcar. Acima detudo, ele é um poderoso energéticonatural e conserva em sua constitui-ção os nutrientes contidos no colmoda cana. O colmo da cana-de-açúcaré composto de 10,5% a 11,5% de fibra(bagaço) e 88,5% a 89,5% de caldoabsoluto (Fernandes, 2003). O caldoobtido contém aproximadamente 80%a 85% de água e entre 15% e 20% deaçúcares, sendo o principal deles asacarose, além de glicose e frutoseentre 0,2% e 1% do total, dependen-do do estágio de maturação. Contém,ainda, minerais (Tabela 1) e traços devitaminas A, B1 e B6.

O caldo de cana presta-se perfei-tamente para a reposição de energiaconsumida durante competições poratletas ou de pessoas após exercíciofísico ou trabalho braçal intenso.

Em Santa Catarina, em março de2005, o incidente de contaminação decaldo de cana pelo protozoárioTrypanossoma cruzi, causador do malde Chagas, transmitido pelo insetoconhecido como “barbeiro”, provocoua redução do consumo e prejudicou acadeia produtiva. Na época, foramconfirmados 24 casos de contamina-ção pelo mal de Chagas e três óbitos(Anvisa, 2005) pelo consumo de caldode cana em um local específico. O“barbeiro” não é um inseto associadoà cultura da cana-de-açúcar, e a prin-cipal constatação na época foi de quea contaminação ocorreu provavel-mente devido à falta de cuidados coma higiene. Para evitar novos casos, aAssociação Nacional de VigilânciaSanitária (Anvisa) publicou um regu-

lamento específico com normas dehigiene para pequenos estabelecimen-tos comerciais (Anvisa, 2005) quemanipulam bebidas e alimentos àbase de vegetais, e a Vigilância Sani-tária Estadual realizou um trabalhode orientação aos proprietários.

Novas aplicações e usos

Um estudo coordenado pela pro-fessora Denise Vaz de Macedo, doDepartamento de Bioquímica do Ins-tituto de Biologia da UniversidadeEstadual de Campinas (Unicamp),teve como propósito investigações ci-entíficas com caldo de cana-de-açúcar.O estudo pretendeu comprovar suaeficácia quanto ao rendimento físicoe na recuperação significativa damassa muscular de atletas, em espe-cial jogadores de futebol. Resultadospráticos são relatados com a equipeda Ponte Preta (Campinas, SP) em

Aceito para publicação em 15/5/09.1Eng. agr., Epagri, C.P. 502, 88034-901 Florianópolis, SC, fone: (48) 3239-5560, e-mail: [email protected].

Tabela 1. Concentração de nutrientes no caldo de cana (cultivar CB 41-76,ciclo de cana planta aos 14 meses de idade)

Nutriente % Nutriente ppmNitrogênio 0,33 Boro 10Fósforo 0,05 Cobre 9Potássio 0,42 Ferro 150Cálcio 0,30 Manganês 55Magnésio 0,17 Zinco 17Enxofre 0,09

Nota: ppm = partes por milhão.Fonte: Adaptado de Orlando Filho, citado por Haag et al. (1987).

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2001 e com a Associação AtléticaCaldense em 2002 (Atletas..., 2004).Esse tipo de aplicação sugere o uso docaldo de cana natural como alterna-tiva aos isotônicos industrializadoscom aditivos conservantes e estabi-lizantes para atletas nos diversos ti-pos de competição, como futebol, ci-clismo, natação e para as maratonas,a exemplo do Iron Man disputado emFlorianópolis, SC.

A Unicamp desenvolve trabalho deestabilização da garapa para suacomercialização. Devido à importân-cia do caldo de cana na forma de be-bida “longa vida”, já existe junto aoInstituto Nacional de PropriedadeIndustrial (Inpi) o registro de paten-te referente ao processo. É um pro-duto com apelo mercadológico nãototalmente explorado, segundo o pro-fessor Cláudio Hartkopf Lopes, daUniversidade Federal de São Carlos(UFSCar) (IEL, 2005). Esse produtoé extraído por moagem, filtrado, pas-teurizado e estabilizado pela adiçãode substâncias químicas para aumen-tar seu prazo de validade em 2 mesessob refrigeração e em 1 mês em tem-peratura ambiente. A bebida pode ounão ser adicionada a sucos de frutase utilizada na linha de isotônicos comelevado teor energético devido ao

carboidrato e potássio presentes. NaIlha de Martinica, a garapa é trata-da e embalada em caixas do tipo lon-ga vida para exportação (Lopes et al.,2008).

Importância econômicada atividade

O caldo de cana, como bebida,apresenta uma elevada agregação devalor no produto final em relação àmatéria-prima de origem. Uma tone-lada de cana no campo ao valor de R$80,00 pode facilmente render R$3.200,00, ou seja, uma agregação de40 vezes o valor, considerando 500Lde caldo extraídos por tonelada e olitro vendido a R$ 6,00. Nessa cadeiade produção há alta incidência de mãode obra, que envolve a limpeza doscolmos, transporte, armazenagem,moagem, e investimentos eminfraestrutura mínima no ponto co-mercial.

Independentemente da tendênciamundial de consumo de produtos na-turais com valor alimentício eenergético agregado, sempre existiuum forte apelo de consumo popularpor um contingente de consumidorescativos da garapa de cana. Em março

de 2005, a vigilância sanitária fis-calizou só na região litorânea deSanta Catarina, 581 estabelecimen-tos produtores de caldo de cana, es-timando-se, então, a existência demuito mais de mil produtores degarapa que dependem economica-mente desse comércio no Estado,sem considerar o número de produ-tores que fornecem a cana (SantaCatarina, 03/2005).

Cultivares de cana paraprodução de caldo

Em função de suas característicasagroindustriais e da presença no cal-do, em diferentes concentrações, deenzimas e polifenóis, as cultivares decana-de-açúcar apresentam variaçõesem relação à sua qualidade e aptidãopara produção de garapa para con-sumo in natura. Assim, por exemplo,é desejável que o caldo se apresenteclaro e sem turbidez. As cultivaresricas em polifenóis e enzima polifeno-loxidase oxidam com facilidade napresença do ar e formam substânciascoloridas. Uma concentração elevadade açúcar no caldo tende a deixá-locom o gosto enjoativo, e quando mui-to baixa pode dar noção de aguada.

Tabela 2. Leitura de características de colmos e caldo de 16 cultivares de cana-de-açúcar. Epagri/Centro de Treina-mento de Florianópolis, 2007

Cultivar DMC GB pH AV CC SCHavaiana 33,6 18,5 5,37 Adequado Amarelo “mel” NormalRB72454 32,3 20,2 5,54 Adequado Am. lev. escuro NormalRB855113 23,3 21,2 5,72 Adequado Lev. esverd. NormalRB855036 27,0 16,2 5,61 Adequado Marrom claro Lev. ag.RB825336 22,0 19,4 5,60 Impróprio Marrom esc. NormalRB835089 25,0 20,6 5,43 Adequado Amarelo claro NormalSP 80-1842 24,3 19,5 5,44 Adequado Amarelo claro NormalRB765418 29,0 19,4 5,17 Aceitável Marrom claro NormalSP 80-1816 29,0 20,5 5,49 Aceitável Amarelo “mel” Muito bomRB867515 29,3 19,4 5,20 Adequado Amarelo “mel” Muito bomRB835054 25,3 20,0 5,29 Adequado Amarelo “mel” NormalRB928064 28,3 20,8 5,37 Adequado Am. lev. escuro Muito bomRB855536 28,0 17,8 5,65 Adequado Amarelo claro Lev. ag.RB955970 31,0 21,0 5,65 Aceitável Amarelo “mel” NormalRB946903 29,5 20,0 5,36 Adequado Amarelo claro NormalRB925345 29,3 20,0 5,48 Adequado Amarelo claro Normal

Notas: DMC = diâmetro médio dos colmos em mm; GB = teor de graus Brix; pH = leitura do valor do pH; AV = aspecto visualdo caldo; CC = cor do caldo: am. lev. escuro = amarelado levemente escuro; lev. esverd. = levemente esverdeado; marrom esc. =marrom escuro; SC = sabor do caldo: lev. ag. = sabor levemente aguado.

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Figura 1. Equipamento utilizado pelo senhor Samuel Guimarães naprodução de garapa

Com o objetivo de avaliar a aptidãode cultivares de cana-de-açúcar paraprodução de garapa, 16 cultivares fo-ram avaliadas em Florianópolis, SC,em março de 2007 (Tabela 2).

As canas para a avaliação foramcolhidas, secionadas em três partes eraspadas com uma escova de açorotativa no mesmo dia após o corte.Os testes foram realizados a uma tem-peratura ambiente de 33,5oC e paraa moagem das canas foi utilizada umamoenda da marca Maqtron com rolosinoxidáveis (Figura 1).

A leitura e avaliação de itens comoaspecto visual (AV), cor do caldo (CC)e sabor (SC) foram realizadas com ocaldo in natura de forma subjetiva porprodutor da garapa em função de suaexperiência profissional com o públi-co apreciador do produto.

A emissão de panícula ou flor éuma característica presente em algu-mas cultivares e a intensidade deemissão também é variável. É dese-jável que as canas para caldo não flo-resçam, pois o fenômeno pode provo-car perdas de suculência em final deciclo e a inversão da sacarose ebrotação lateral nos colmos. As dife-renças na cor do caldo entre as diver-sas cultivares, que vão desde tonali-dades esverdeadas até tons de mar-rom, lembrando ferrugem, podem servisualizadas na Figura 2.

Os caldos nos copos, da esquerdapara à direita, correspondem às cul-tivares Havaiana, RB72454,RB855113, RB855036, RB825336,RB835089, SP 80-1842, RB765418,SP 80-1816, RB867515, RB835054,RB928064, RB855536, RB955970,RB946903 e RB925345, respectiva-mente.

Cultivares com bonsresultados para garapa

Na presença de oxigênio, algumascultivares mudam de cor mais rapi-damente que outras, porém as culti-vares que apresentaram cores maisescuras e consideradas de apresenta-ção inadequada logo após a moagem

foram: RB855113 e RB825336. Ascultivares com melhor aptidão paraa produção de caldo de cana para con-sumo in natura nas condições do pre-sente trabalho foram: RB72454, SP80-1842, RB756418, SP 80-1816,RB928064 e RB955970 (Tabela 2).Esses genótipos são amplamente cul-tivados nas regiões tradicionais pro-dutoras de cana-de-açúcar do País e

Figura 2. Caldo extraído das cultivares testadas

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têm suas características agroin-dustriais conhecidas, permitindo boaprodutividade na lavoura, com o tra-dicional corte raso, isto é, não há ne-cessidade de se fazer colheita seleti-va de colmos adultos. Na região lito-rânea de Santa Catarina, a práticade corte seletivo é muito difundidaentre os produtores de cana paragarapa. Essa prática tem como justi-ficativa o baixo teor de açúcar doscolmos mais novos e a morte dasoqueira da cultivar Havaiana quan-do colhida nos meses mais frios eúmidos do ano.

Alguns cuidados com aqualidade

A presença do complexo podridãovermelha, Colletotrichum falcatum, eda broca-da-cana-de-açúcar, Diatraeasaccharalis, provoca descartes doscolmos para produção de caldo paraconsumo in natura. Rachaduras nacasca podem eventualmente causar omesmo efeito de podridão no tecidointerno, dependendo da resistênciadas cultivares ao ataque dos micror-ganismos. Colmos com esses tipos dedanos devem ser descartados (Figu-ra 3).

Para o consumo direto, o caldo decana deve apresentar cor clara e sema presença de turbidez e essas carac-terísticas dependem da cultivar, doseu estágio de maturação e da higie-ne no processo de moagem. A garapaé um produto altamente perecível emvirtude de seu elevado teor de água eaçúcar, isto é, fermenta fácil e rapi-damente em condições de temperatu-ra ambiente. Mesmo com ahigienização da moenda, ela fica ex-posta ao ambiente e, além disso, aprópria cana traz consigo levedurasdo campo. A garapa armazenada emgeladeira ainda continua a fermentar,e apenas com o congelamento o pro-cesso fermentativo é interrompido.

A moenda deve ter os componen-tes internos que entram em contatocom o caldo em aço inox, pois a pre-sença do ferro pode conferir cor escu-ra ao caldo. Para manter um padrãode sabor, o teor de açúcar do caldopode ser aferido com refratômetro ouareômetro para avaliar graus Brix.

Figura 3. Dano causado aos colmos pela broca-da-cana e podridão vermelha

Cabe lembrar que é importante, nomomento da moagem, que o caldopasse por uma peneira de malha finapara reter sólidos eventuais e partí-culas do bagaço.

Agradecimento

O autor agradece aos senhoresJoel Guimarães e Samuel Guimarães,produtores de cana e proprietários debox no Direto do Campo Baía Sul, emFlorianópolis, SC, por ceder gentil-mente as instalações e auxiliar nasavaliações realizadas.

Bibliografia citada

1. ANVISA. Plantando Saúde: resoluçãoestabelece normas de higiene para ali-mentos e bebidas à base de vegetais.Revista de Saúde Pública, v.39, n.5,São Paulo, 2005.

2. ATLETAS ingerem garapa para reporenergia. Jornal da Unicamp, Campi-nas., n.250, 3 a 9 maio 2004.

3. FERNANDES, A.C. Cálculos na

agroindústria da cana-de-açúcar.2.ed. Piracicaba: STAB _ Sociedadedos Técnicos Açucareiros e Alcooleirosdo Brasil, 2003. 240p.

4. HAAG, H.P.; DECHEN, A.R.;CARMELLO, Q.A. de C. Nutrição Mi-neral da Cana-de-açúcar. In:PARANHOS, S.B. (Coord.). Cana-de--açúcar cultivo e utilização. Campinas:Fundação Cargill, 1987. p.88-162.

5. INSTITUTO EUVALDO LODI_IEL.O Novo Ciclo da Cana: estudo sobre acompetitividade do sistema agroin-dustrial da cana-de-açúcar e aprospecção de novos empreendimen-tos. Brasília, DF: IEL/NC; Sebrae,2005. p.189-190.

6. LOPES, C.H.; BORGES, M.T.M.R.;POIANI, L.M. Workshop sobre diver-sificação produtiva da cana-de-açú-car: Novos processos, produtos e ne-gócios. São Carlos, SP: UFSCar;Brasília, DF: IEL/NC; Sebrae. Dispo-nível em: http:www.ufscar.br/~diver-sicana/palestras/ProdTradicio-nais.ppt. Acesso em: 17 jul. 2008.

7. SANTA CATARINA: Secretaria de Es-tado da Saúde. Diretoria de Vigilân-cia Sanitária. Operação caldo de cana.Mar. 2005. (não publicado).

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Manejo de plantas daninhas naManejo de plantas daninhas naManejo de plantas daninhas naManejo de plantas daninhas naManejo de plantas daninhas nacultura de milhocultura de milhocultura de milhocultura de milhocultura de milho

Alvadi Antonio Balbinot Junior1

Ainterferência de plantas da-ninhas na cultura de milhopode reduzir significativa-

mente a produtividade de grãos, alémde dificultar a colheita e reduzir, emmuitos casos, a qualidade do produ-to. Atualmente, o método de manejode plantas daninhas mais emprega-do é o químico, por meio do uso deherbicidas. Inegavelmente, osherbicidas se constituem em ferra-mentas importantes para o manejo deplantas daninhas e obtenção de ele-vadas produtividades de grãos demilho.

Contudo, quando há uso frequen-te de herbicidas sem o devido acom-panhamento técnico, podem ocorrerproblemas relacionados à intoxicaçãohumana, contaminação do ambiente,aumento do custo de produção e apa-recimento de plantas daninhas resis-tentes (Radosevich et al., 1997). Nes-te sentido, formas alternativas demanejo de plantas daninhas devemser pesquisadas, discutidas e difun-didas para que haja redução da de-pendência de herbicidas para obten-ção de elevadas produtividades degrãos de milho, com viabilidade eco-nômica e ambiental. Certamente, osmanejos cultural, preventivo e mecâ-nico são as alternativas que apresen-tam potencial para redução da depen-dência de herbicidas.

O manejo cultural de plantas da-ninhas se constitui em práticas quealteram as relações de interferênciamútua entre plantas cultivadas e da-ninhas em favor das culturas. Issopode ocorrer por meio de melhoria nas

Aceito para publicação em 23/4/09.1Eng. agr., Dr., Epagri/Estação Experimental de Canoinhas, C.P. 216, 89460-000 Canoinhas, SC, fone: (47) 3624-1144, e-mail:[email protected].

condições de ambiente para o cresci-mento e o desenvolvimento das cul-turas ou pela imposição de condiçõesde ambiente menos favoráveis àemergência e/ou crescimento de plan-tas daninhas. O objetivo deste infor-mativo técnico é apresentar e discu-tir as principais práticas de manejocultural de plantas daninhas na cul-tura de milho.

Principais práticas

Rotação planejada de culturas

A alternância de cultivo de dife-rentes espécies na mesma área reduza incidência de plantas daninhas de-vido a três razões: 1) reduçãopopulacional de espécies daninhasque possuem vantagem competitivaem relação a uma determinada espé-cie cultivada, como, por exemplo,papuã em cultivos repetidos de milho;2) alternância de herbicidas impostapela rotação de culturas; e 3) melhoriada qualidade do solo, favorecendo asplantas cultivadas em detrimento dasdaninhas.

Em trabalho desenvolvido emCruz Alta, RS, constatou-se que a ro-tação de culturas, associada ao plan-tio direto, após 6 anos de avaliação,reduziu a densidade de plantas dani-nhas em relação à ausência de rota-ção (Ruedell, 1995). Segundo esseautor, esquemas de rotação de cultu-ras que forneçam elevada quantida-de de palha são mais eficientes nasupressão de plantas daninhas.

No sul do Brasil, espécies como omilho, a soja, o feijão e o fumo po-dem compor esquemas de rotação deculturas estivais. No inverno, essasáreas podem ser cultivadas com pas-tagens (aveia preta ou branca,azevém, centeio, ervilhacas e trevos),coberturas do solo (mesmas espéciesusadas na formação de pastagens) ecereais de estação fria (trigo, ceva-da, aveia branca, triticale e centeio).Nesse contexto, recomenda-se quehaja uma safra de milho a cada 3 anos.

Cobertura do solo

O cultivo de espécies destinadas àcobertura viva do solo e à produçãode palha em sistema plantio direto éuma prática que apresenta efeitosexpressivos na supressão de plantasdaninhas (Rizzardi & Silva, 2006). Acobertura viva suprime a emergênciae/ou crescimento de plantas daninhaspelo efeito de competição e, em algunscasos, alelopatia. Por outro lado, acobertura com palha dificulta a emer-gência de várias espécies daninhasdevido ao efeito físico de sombre-amento e consequente redução daamplitude térmica do solo (Severino& Christoffoleti, 2001). Várias plan-tas daninhas possuem sementesfotoblásticas positivas, ou seja, depen-dem da presença de luz para desen-cadear o processo germinativo(Radosevich et al., 1997). Adicional-mente, a palha em decomposição podeliberar aleloquímicos que, por sua vez,podem reduzir a emergência e/oucrescimento de plantas daninhas em

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razão do efeito alelopático (Souza etal., 2006). Dados de pesquisa compro-vam a correlação negativa entrequantidade de palha sobre o solo einfestação de plantas daninhas(Balbinot Jr. et al., 2003).

Nos sistemas agropecuários daRegião Sul do Brasil, o cultivo de es-pécies para cobertura do solo duran-te o inverno pode proporcionar altaprodução de palha, que manterá osolo coberto durante o verão. Na cul-tura de milho, Balbinot Jr. et al.(2005) verificaram que o azevém e oconsórcio de azevém + aveia preta +centeio + ervilhaca comum + naboforrageiro reduziram a massa acumu-lada pelas plantas daninhas em apro-ximadamente cinco e três vezes emrelação ao nabo forrageiro solteiro,respectivamente (Figura 1). O consór-cio de espécies de inverno permiteincrementar a produção de fitomassa,manter a cobertura do solo por maistempo e reduzir a imobilização de Npor microrganismos do solo, efeitocomum em coberturas mortas comelevada relação C/N.

Em sistema integração lavoura--pecuária, em que há na mesma áreacultivo de grãos no verão e pastagemanual no inverno, o consumo deforrageiras invernais pelos animaispode reduzir a quantidade remanes-cente de palha para proteção do solodurante o verão, resultando em au-mento de infestação de plantas dani-nhas (Balbinot Jr., 2007). Todavia,esse aparente entrave do sistemapode ser resolvido por meio do mane-jo correto da pastagem, em especialno que tange à fertilização da mesmae à altura correta de pastejo, respei-tando altura mínima para que a pas-

tagem exiba adequado Índice de ÁreaFoliar (IAF) e, consequentemente, ele-vada taxa fotossintética. Sabe-se quea altura adequada para as duas prin-cipais forrageiras de inverno (aveiapreta e azevém) é cerca de 14cm nocaso de pastejo contínuo (Lustosa,1998). Além disso, outra prática quepode ser utilizada é a retirada dosanimais 20 a 30 dias antes dadessecação da fitomassa a fim de per-mitir rebrotação da pastagem e for-mação de adequada cobertura do solo.

Época de manejo da coberturavegetal em relação à semeadurada cultura

Em geral, a fitomassa degramíneas apresenta elevada relaçãoC/N. Por isso, recomenda-se interva-lo mínimo de 20 dias entre o manejoda cobertura e a semeadura do milhopara evitar a coincidência entre o picode imobilização de N pela palha emdecomposição e o pico de requerimen-to de N pela cultura. Ainda, em situ-ações em que há elevada quantidadede palha, ela pode exercer efeito desombreamento sobre as plantas cul-tivadas recém-emergidas.No entanto, muitas vezes esse maiorintervalo entre o manejo da cobertu-ra e a semeadura provoca aumentoda infestação de plantas daninhas,pois elas conseguem se estabelecerantes da cultura e utilizam precoce-mente os recursos do meio (água, luze nutrientes). Então, quanto maior aantecedência de manejo da cobertu-ra vegetal em relação à semeadurado milho, maior a infestação de plan-tas daninhas. Nesse sentido, quan-do o manejo químico ou mecânico

da cobertura for realizado vários diasantes da semeadura do milho e o solopossuir elevado banco de sementes deplantas daninhas, é necessário reali-zar dessecação adicional, próximo àsemeadura da cultura. Outra opção émanejar a cobertura vegetal imedia-tamente antes da semeadura da cul-tura, o que pode resultar em proble-mas de imobilização de nitrogênio dosolo e redução do estande da espéciecultivada.

Semeadura do milho em épocasde baixa emergência de plantasdaninhas

As principais espécies de plantas da-ninhas que infestam lavouras de mi-lho na Região Sul do Brasil possuemmaior germinação no período de no-vembro a janeiro, caso do papuã, damilhã, do picão-preto e da leiteira.Isso ocorre porque nestes meses atemperatura do solo atinge valoresrequeridos para a germinação de se-mentes dessas espécies.

Por meio deste conhecimentoecofisiológico é possível afirmar que,em semeadura da cultura de milho nocedo, obedecendo ao zoneamento agrí-cola para cada região, haverá baixonível de interferência de plantas da-ninhas no período crítico de preven-ção de interferência, pois quando háelevada germinação de plantas dani-nhas, as plantas de milho já atingi-ram estádio fenológico avançado. Nes-se caso, a própria cultura do milho setorna agente de inibição de emergên-cia de plantas daninhas, devido, emespecial, ao sombreamento impostopela cultura.

Figura 1. Infestação de plantas daninhas na cultura de milho semeada após (A) azevém, (B) consórcio deazevém + aveia preta + centeio + ervilhaca comum + nabo forrageiro e (C) após nabo forrageiro

(A) (B) (C)

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Uso de sementes de milho comelevada massa

Germinação precoce e elevada ve-locidade de crescimento no início dociclo de desenvolvimento são atribu-tos cruciais para que as plantas cul-tivadas exibam elevada capacidadeem competir com plantas daninhas(Radosevich et al., 1997). Sangoi etal. (2003) verificaram que sementesde milho de elevada massa origina-ram plantas que exibiram elevadavelocidade de crescimento inicial, in-dependentemente da profundidade eda época de semeadura. Em estudorealizado em vasos com a cultura demilho, constatou-se que a massa desementes conferiu vantagem compe-titiva com planta simuladora de plan-ta daninha (no caso, a soja) emgenótipos que apresentaram reduzi-da velocidade de crescimento(Balbinot Jr. & Backes, 2004).

A escolha de sementes de milhocom maior massa geralmente nãoimplica maiores custos com a suaaquisição já que, atualmente, acomercialização da maioria dosgenótipos híbridos ocorre por núme-ro de sementes e não por massa. Adi-cionalmente, a escolha de sementesmaiores também pode se refletir emmaior capacidade de emergência emcondições de impedimentos físicos àemissão do coleóptilo e da radícula.

Espaçamento reduzido entrefileiras

A redução do espaçamento entrefileiras propicia aumento da capaci-dade de interceptação de luz pelodossel das plantas cultivadas. Dessaforma, a cultura ocupa o espaço deforma mais rápida, diminuindo a dis-ponibilidade de recursos ao cresci-mento e desenvolvimento de plantasdaninhas (Balbinot Jr. & Fleck, 2005).

Espaçamentos reduzidos entre fi-leiras de milho (0,4 a 0,5m) podemfacilitar o controle químico das plan-tas daninhas. Pesquisas têm demons-trado que a adoção de práticas demanejo que aumentem a compe-titividade da cultura, associadas comaplicações de herbicidas, pode resul-tar em melhor controle de plantasdaninhas (Swanton & Weise, 1991).De outro modo, quando as fileiras es-

tão muito afastadas entre si, a maiorproximidade de plantas da culturanas fileiras pode prejudicar ainterceptação do herbicida pelas plan-tas daninhas que ocorrem junto às fi-leiras, reduzindo o controle.

Enfatiza-se, por outro lado, quealguns estudos não indicam vantagemem alterar o arranjo espacial dasplantas na competitividade da cultu-ra, em especial quando são utilizadosgenótipos com elevada estatura e fo-lhas decumbentes e quando há eleva-do revolvimento do solo nas linhas desemeadura, o que estimula a emer-gência de plantas daninhas próximoàs plantas de milho.

Atualmente, a redução doespaçamento entre fileiras pode serutilizada em grandes áreas, onde osganhos com a redução de espa-çamento pagam a mudança de plata-forma das colhedoras, ou em peque-nas áreas, onde a colheita é realiza-da manualmente.

Considerações finais

A adoção integrada e contínua depráticas de manejo que favoreçam acultura de milho e reduzam a emer-gência e/ou crescimento de plantasdaninhas pode reduzir o uso deherbicidas para obtenção de elevadasprodutividades de grãos de milho.

Literatura citada

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Influência de fatores climáticos e deInfluência de fatores climáticos e deInfluência de fatores climáticos e deInfluência de fatores climáticos e deInfluência de fatores climáticos e deácaros predadores na população de ácarosácaros predadores na população de ácarosácaros predadores na população de ácarosácaros predadores na população de ácarosácaros predadores na população de ácaros

tetraniquídeos em citrostetraniquídeos em citrostetraniquídeos em citrostetraniquídeos em citrostetraniquídeos em citros

Luís Antônio Chiaradia1, José Maria Milanez2 e Cristiano Nunes Nesi3

Resumo – O ácaro-texano Eutetranychus banksi (McGregor), o ácaro-purpúreo Panonychus citri (McGregor) e oácaro-mexicano Tetranychus mexicanus (McGregor) (todos Acari: Tetranychidae) são pragas dos citros que cau-sam manchas cloróticas nas folhas, provocam queda de folhas e de frutas e secam as brotações das plantas. Paraconhecer a flutuação populacional e aspectos da ecologia dessas pragas foi conduzido um estudo, no período dejulho de 2003 a junho de 2006, em um pomar de laranjeiras ‘Valência’ situado em Chapecó, SC. Cada 15 dias, ainfestação desses ácaros foi avaliada em 20 plantas, contando o número de espécimes existentes sobre trêsporções de suas localizações preferenciais, mediante o uso de lentes com aumento de dez vezes e 1cm2 de campofixo. Os resultados mostram que a infestação dos ácaros tetraniquídeos diminui em períodos chuvosos e commaior incidência de ácaros predadores e aumenta com o incremento da temperatura.

Termos para indexação: Eutetranychus banksi, Panonychus citri, Tetranychus mexicanus, Tetranychidae.

Climatic factors and mite predators influence on the tetranichidsmite population in citrus

Abstract – Texas citrus mite Eutetranychus banksi (McGregor), citrus red mite Panonychus citri (McGregor)and spider mite Tetranychus mexicanus (McGregor) (all Acari: Tetranychidae) are citrus pests that cause chloroticspots on the leaves, provoke shoots’ death and make leaves and fruits fall. To know the population fluctuationand ecological aspects of these pests a study was conducted from July 2003 to June 2006 in a ‘Valencia’ citrusorchard situated in Chapecó, Santa Catarina State, Brazil. Biweekly the infestation of these mites was evaluatedin 20 trees counting the number of these mites on three portions of their preferred locations by the use of lenseswith increase by ten times and 1cm2 of the fixed field. The results showed that the infestation of the tetranichidsmite decreases during periods with more rainfall and high predatory mite incidence, and increases with highertemperature.

Index terms: Eutetranychus banksi, Panonychus citri, Tetranychus mexicanus, Tetranychidae.

Aceito para publicação em 16/3/09.¹Eng. agr., M.Sc., Epagri/Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar (Cepaf), C.P. 791, 89801-970 Chapecó, SC, fone: (49) 3361-0638, e-mail: [email protected].²Eng. agr., Dr., Epagri/Estação Experimental de Itajaí, C.P. 277, 88301-970 Itajaí, SC, fone: (47) 3341-5244, e-mail:[email protected].³Eng. agr., M.Sc., Epagri/Cepaf, e-mail: [email protected].

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Introdução

São conhecidas 36 espécies deácaros fitófagos que incidem em plan-tas cítricas (Citrus spp.), das quais dezocorrem no Brasil (Chiavegato, 1991).O ácaro-da-leprose Brevipalpusphoenicis (Geijskes) (Acari:Tenuipalpidae) e o ácaro-da-falsa-fer-rugem Phyllocoptruta oleivora(Ashmead) (Acari: Eriophyidae) sãoespécies que frequentemente provo-cam danos expressivos nos pomaresnacionais (Chiaradia et al., 2000;Chiaradia, 2001). Os ácaros perten-centes à família Tetranychidae sãoconsiderados pragas secundárias dacultura dos citros porque, normal-mente, causam danos esporádicos emperíodos de estiagem e temperaturaelevada (Flechtmann, 1985;Chiavegato, 1991).

Os ácaros tetraniquídeos causamo aparecimento de manchas cloróticasnas folhas das plantas cítricas, sinto-ma conhecido por mosqueamento ouprateamento. Elevadas infestaçõesdessas pragas provocam queda de fo-lhas e de frutas e secam as brotaçõesdas plantas (Parra et al., 2003;Chiaradia & Milanez, 2006).

O ácaro-texano Eutetranychusbanksi (McGregor) (Acari:Tetranychidae) tem ampla distribui-ção geográfica e hábito polífago, sen-do uma importante praga dos citrosna Flórida e na Califórnia(Chiavegato, 1991). Nas plantas cítri-cas, localiza-se preferencialmente emáreas próximas da nervura central daface superior de folhas maduras, mastambém pode ser encontrado nopedúnculo das frutas. As fêmeas adul-tas medem cerca de 0,4mm de com-primento, têm o corpo arredondado,apresentam colorações variando davermelha-clara à verde-escura e pos-suem pontuações pretas no dorso. Osmachos são de cor avermelhada, pos-suem pernas longas e têm o corpo tri-angular (Chiavegato, 1991; Parra etal., 2003).

O ácaro-purpúreo Panonychuscitri (McGregor) (Acari:Tetranychidae) incide nas plantas cí-tricas, no cafeeiro (Coffea arabica L.),na pereira (Pyrus communis L.), no

cinamomo (Melia azedarch L.) e emdiversas espécies de gramíneas(Flechtmann, 1985). Nos citros, tempreferência por se localizar na facesuperior de folhas novas e na cascade frutas verdes. Esse ácaro é umaimportante praga dos citros naCalifórnia (EUA), África do Sul e Ja-pão (Chiavegato, 1991). Na fase adul-ta tem coloração purpúrea e apresen-ta cerdas de cor branca-rosada nodorso, emergindo de tubérculos. A fê-mea, na fase adulta, mede em tornode 0,5mm de comprimento e possui ocorpo com formato oval, enquanto omacho é menor e tem a região poste-rior do corpo mais afilada (Parra etal., 2003).

O ácaro-mexicano Tetranychusmexicanus (McGregor) (Acari:Tetranychidae) ocorre em diversospaíses das Américas. Apresenta há-bito polífago, incidindo em diversasespécies de plantas cultivadas(Flechtmann, 1985). Nos citros, podeser encontrado na face inferior dasfolhas novas, onde tece fios de sedapara proteger os ovos e os ácaros jo-vens. As folhas atacadas se curvampara baixo e escurecem a face adaxial.As fêmeas adultas medem aproxima-damente 0,5mm de comprimento etêm colorações que variam da ama-relada à vermelha. O macho e os in-divíduos jovens são de coloração ama-rela-esverdeada (Chiavegato, 1991;Parra et al., 2003).

Dentre os inimigos naturais queatuam no controle dos ácaros fitófagosna cultura dos citros destacam-se asjoaninhas (Coleoptera: Coccinellidae)e os ácaros-maçã Iphiseiodes spp.,ácaros-pera Amblyseius spp. eEuseius spp. (todos Acari:Phytoseiidae), ácaros-morangoAgistemus spp. (Acari: Stigmaeidae),além de outros ácaros pertencentesàs famílias Ascidae, Trombidiidae,Cheyletidae, Cunaxidae, Tydeidae eAnystidae (Chiavegato, 1991; Olivei-ra, 1994). Gallo et al. (2002) e Parraet al. (2003) comentam que os ácarospredadores são importantes inimigosnaturais de ácaros fitófagos, pois es-ses artrópodes consomem várias pre-sas em um mesmo dia.

Apesar dos danos que os ácaros

tetraniquídeos causam em citros, ain-da são poucos os estudos realizadossobre essas pragas. Por isso, esta pes-quisa teve por objetivo conhecer aflutuação populacional desses ácarosnos pomares de citros do OesteCatarinense e avaliar influências defatores climáticos e de inimigos natu-rais sobre as suas populações.

Material e métodos

O experimento foi conduzido emum pomar de laranjeiras ‘Valência’Citrus sinensis (L.), enxertadas sobrePoncirus trifoliata (L.), situado emChapecó, SC (27o07’58” latitude sul,52o38’40” longitude oeste e com 660mde altitude). O pomar, com área apro-ximada de 3ha, possuía plantas com10 anos, arranjadas no espaçamentode 4 x 6m. Durante os estudos foramaplicados fertilizantes em coberturana projeção da copa das plantas erealizadas roçadas periódicas na ve-getação espontânea intercalar.

A incidência dos ácaros E. banksi,P. citri, e T. mexicanus foi aferida cada15 dias, no período de julho de 2003 ajunho de 2006, adotando a me-todologia proposta por Chiavegato(1991) e Gallo et al. (2002), que con-siste na contagem do número deácaros de cada espécie em três por-ções de 1cm2 de 20 plantas. As amos-tras foram tomadas em áreas prefe-renciais de localização de cada espé-cie, mediante o emprego de lentes comaumento de dez vezes e 1cm2 de cam-po fixo (Figura 1). As amostragensiniciaram por plantas da periferia eseguiram em círculos para o centrodo pomar, respeitando 40 a 50m dedistância entre as plantas. Nessasmesmas amostragens foi registradotambém o número de ácaros preda-dores.

O número de ácaros tetrani-quídeos visualizados nas duasamostragens mensais foi somado esubmetido à análise de correlação li-near com o número mensal de ácarospredadores, com as médias mensaisde temperatura média (oC) e com ototal mensal de precipitaçãopluviométrica (mm), cujos dados fo-ram obtidos na Estação Meteorológica

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1992; Mingoti, 2005).Os coeficientes de correlação (r)

obtidos nas análises estatísticas fo-ram classificados de acordo comBarbetta et al. (2004), que utilizamos termos positiva e negativa paradesignar o sentido da correlação, eforte, moderada e fraca para caracte-rizar a força da correlação.

Resultados e discussão

Nos 3 anos de avaliação, foramobservados 1.833 ácaros tetrani-quídeos, sendo 166 de P. citri, 684 deT. mexicanus e 983 espécimes de E.banski, o que representa, em média,25,45 ácaros em cada data deamostragem. Esse nível de infestaçãoé considerado baixo quando compa-rado com outras espécies de ácarosque incidem em plantas cítricas(Chiaradia & Milanez, 2006), embo-ra ocorresse sintoma de mosquea-mento nas folhas das laranjeiras,principalmente no verão e no outonode cada ano, o que permite caracteri-

zar esses ácaros como pragas secun-dárias dos citros, corroborando as in-formações de Chiavegato (1991) eParra et al. (2003). Durante o estu-do, as três espécies de ácarostetraniquídeos apresentaram flutu-ações populacionais semelhantes(Figura 2).

Na análise dos componentes prin-cipais, os dois primeiros eixos fatoriaisexplicam 70,81% da variação dos da-dos, o que retrata a maior parte davariabilidade conjunta das combina-ções lineares existentes entre as va-riáveis. Na representação geométri-ca dessa análise (Figura 3), a direçãodos vetores representativos da popu-lação de ácaros tetraniquídeos e daprecipitação pluviométrica tem sen-tidos contrários que formam entre sium ângulo com cerca de 120o (cosseno= -0,5), o que caracteriza uma corre-lação negativa moderada entre asvariáveis. Utilizando-se esse mesmocritério, o ângulo de 60o (cosseno = 0,5)formado pelo vetor das pragas e aque-le da temperatura média mensal in-dica que ocorre correlação positivamoderada entre as variáveis. Da mes-ma forma, o ângulo formado pelovetor dos ácaros tetraniquídeos e ovetor dos ácaros predadores, que tam-bém tem cerca de 60o, expressa mo-derada correlação positiva entre asvariáveis.

A análise de correlação linear ca-racterizou moderado efeito adverso dovolume mensal de chuva sobre a po-pulação de ácaros tetraniquídeos (r =-0,50; P < 0,001), pois houve reduçãodo número de ácaros nos meses commaior incidência de precipitaçãopluviométrica (Figura 4). A influên-cia da temperatura sobre a popula-ção dos ácaros tetraniquídeos foi po-sitiva, mas menos expressiva (r =0,31; P < 0,06), evidenciando fracaassociação entre a população dosácaros e a temperatura (Figura 5).Esses resultados corroboram as infor-mações de Silveira Neto et al. (1976)e Haddad & Parra (1984).

O número de ácaros predadores,nas 72 datas de avaliação, totalizou357 espécimes, o que representa, emmédia, 4,95 ácaros no total das 180amostras realizadas para aferir a

Figura 1. Amostragem de ácaros tetraniquídeos em citros utilizandolupa de bolso. No detalhe, macho do ácaro-texano Eutetranychus banksi

da Epagri/Cepaf (27o05’27” latitudesul, 52o38’ 03” longitude oeste e 670mde altitude).

Uma análise de componentes prin-cipais foi aplicada para avaliar, simul-taneamente, as correlações existentesentre todas as variáveis. Este méto-do resume as variáveis iniciais em umnúmero menor de componentes esta-tisticamente independentes, conside-rando cada componente como umasíntese de um grupo de variáveis.Para este procedimento foram retira-das as influências das escalas de me-dida das variáveis, padronizando-aspela relação y = (x - x)/s, em que y éo valor padronizado (média nula evariância um), x é o valor observado,x e s são, respectivamente, a médiageral e o desvio padrão de cada vari-ável. A análise de componentes prin-cipais expressa geometricamente asvariáveis por meio de vetores comnormal igual à unidade e caracterizaas correlações entre as variáveis pelocosseno do ângulo que os vetoresformam entre si (Escofier & Pagès,

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Panonychus citri Eutetranychus banksi Tetranychus mexicanus

Figura 2. Flutuação populacional de ácaros tetraniquídeos (Panonychuscitri, Eutetranychus banksi e Tetranychus mexicanus) em um pomar delaranjeiras ‘Valência’. Chapecó, SC

Figura 3. Representação geométrica da análise de componentesprincipais para o número de ácaros tetraniquídeos, precipitaçãopluviométrica, temperatura média e ácaros predadores em um pomarde laranjeiras ‘Valência’. Chapecó, SC, julho de 2003 a junho de 2006

infestação dos ácaros tetraniquídeosem cada data de avaliação. A análisede correlação linear realizada entreo número mensal de ácaros predado-res e ácaros tetraniquídeos expressour = 0,27 (P < 0,11), o que caracterizafraca associação entre os ácaros pre-dadores e a população dos ácaros pra-gas. Apesar de essa correlação ser fra-ca e não significativa, a infestação deácaros tetraniquídeos foi, em média,apenas 5,13 vezes maior do que a po-pulação de ácaros predadores (Figu-ra 6). Assim, a população dessesartrópodes possivelmente se mante-ve no pomar predando ácarostetraniquídeos e outros ácarosfitófagos que incidem nos citros(Chiavegato, 1991; Parra et al., 2003).

Pela análise de componentes prin-cipais, que considera simultaneamen-te as influências que as variáveis exer-cem entre si, a temperatura, a preci-pitação pluviométrica e a incidênciade ácaros predadores mostraram efei-tos semelhantes na dinâmicapopulacional dos ácaros tetrani-quídeos nos pomares de citros, o quedifere dos resultados obtidos nasanálises de correlação linear, quan-do as variáveis são analisadas iso-ladamente.

Conclusões

Os períodos quentes e secos favo-recem o incremento populacional deácaros tetraniquídeos nos pomares decitros.

A incidência de ácaros predadorestem influência direta na redução dapopulação de ácaros tetraniquídeosna cultura de citros.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao senhorCamilo Donadello por disponibilizaro pomar para a condução dos traba-lhos e aos estagiários e acadêmicosdos cursos de Agronomia e CiênciasBiológicas da Unochapecó: DayanaVön Müller Pereira, Étel CarmemBertollo, Marcelo Bridi e MárcioRoberto Furlan Davila, que auxilia-ram nas amostragens dos acarinos.

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Figura 4. Flutuação populacional de ácaros tetraniquídeos (Panonychuscitri, Eutetranychus banksi e Tetranychus mexicanus) em um pomar delaranjeiras ‘Valência’ e volume mensal de precipitação pluviométrica(mm). Chapecó, SC

Figura 5. Flutuação populacional de ácaros tetraniquídeos (Panonychuscitri, Eutetranychus banksi e Tetranychus mexicanus) em um pomar delaranjeiras ‘Valência’ e temperatura média mensal (oC). Chapecó, SC

Figura 6. Flutuação populacional de ácaros tetraniquídeos (Panonychuscitri, Eutetranychus banksi e Tetranychus mexicanus) e incidência deácaros predadores em um pomar de laranjeiras ‘Valência’. Chapecó, SC

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Resumo – Testaram-se quatro modelos de armadilhas contendo como atrativo suplementar raiz de tajujá(Cayaponia tayuya), com o objetivo de verificar o modelo mais eficaz na captura de vaquinhas (Coleoptera,Chrysomelidae: Galerucinae). O estudo foi conduzido em um pomar de produção orgânica de maçãs na Epagri/Estação Experimental de Caçador, em Santa Catarina, durante as floradas dos anos agrícolas 2005/06 e 2006/07.O delineamento utilizado foi o de blocos ao acaso, com oito repetições e quatro tratamentos, totalizando 32armadilhas. Nas quatro armadilhas foram capturadas 16.404 vaquinhas, sendo a maioria do gênero Diabrotica.A armadilha de solo, confeccionada com lata de óleo para motor, colorida de amarelo na parte interior e cortadaao meio longitudinalmente, proporciona maior captura de vaquinhas em pomar de macieira.

Termos para indexação: Cayaponia tayuya, controle mecânico, Malus domestica.

Trap models containing roots of tayuya to capture cornrootworms in apple orchards

Abstract – In the present study, four models of traps containing roots of tayuya (Cayaponia tayuya) were testedto identify which of them could be the most effective to capture corn rootworms (Coleoptera, Chrysomelidae:Galerucinae). The study was carried out in an organic apple orchard at Epagri/Caçador Experiment Stationduring the blooming stage of 2005/06 and 2006/07 seasons. The study used the completely randomized blockdesign, with eight repetitions and four treatments, totaling 32 traps. A total of 16,404 corn rootworms, mostlyincluded in the genus Diabrotica, were captured in the four trap models in both periods. The soil trap was madeof an oil can cut in halves longitudinally and painted yellow inside. It was considered the most appropriate forcapturing corn rootworms in an apple orchard.

Index terms: Cayaponia tayuya, mechanical control, Malus domestica.

Modelos de armadilhas contendoModelos de armadilhas contendoModelos de armadilhas contendoModelos de armadilhas contendoModelos de armadilhas contendoraiz de tajujá para a captura de vaquinhasraiz de tajujá para a captura de vaquinhasraiz de tajujá para a captura de vaquinhasraiz de tajujá para a captura de vaquinhasraiz de tajujá para a captura de vaquinhas

em pomar de macieiraem pomar de macieiraem pomar de macieiraem pomar de macieiraem pomar de macieira

Janaína Pereira dos Santos1 e Anderson Fernando Wamser2

Aceito para publicação em 15/5/09.1Eng. agr., M.Sc., Epagri/Estação Experimental de Caçador, C.P. 591, 89500-000 Caçador, SC, fone: (49) 3561-2035, e-mail:[email protected]. agr., M.Sc., Epagri/Estação Experimental de Caçador, e-mail: [email protected].

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58 Agropecuária Catarinense, v.22, n.2, jul. 2009

Introdução

Os besouros polífagos conhecidosvulgarmente como vaquinhas(Coleoptera, Chrysomelidae:Galerucinae) ocorrem praticamenteem todo o Brasil. Tanto os adultoscomo as larvas causam danos nos cul-tivos, podendo proporcionar prejuízosàs plantas se medidas de controle nãoforem tomadas (Santos, 2006). Deacordo com Lorenzato (1984), as prin-cipais espécies encontradas no Bra-sil são do gênero Diabrotica, sendo D.speciosa (Germar, 1824) a mais co-mum.

Em várias regiões produtoras demaçã no Sul do Brasil, as vaquinhassão prejudiciais no período da florada,ou seja, de setembro ao final de outu-bro. Os adultos incidem nas flores embusca de pólen, porém danificam aspétalas e as anteras, prejudicando apolinização. Atacam também os bro-tos novos, destruindo a gema apical eparalisando o crescimento de ramos.Esses insetos se encontram frequen-temente associados às flores demaria-mole (Senecio brasiliensis(Spreng.) Less., 1831) e de ervilhaca(Vicia sativa L., 1753), localizadas emáreas próximas aos pomares (Santos,2005; Santos 2006). Roberto et al.(2001) relataram pela primeira vezem 2000, a presença de D. speciosaem pomares de videira no noroeste doParaná, danificando cachos emflorescimento, sendo que em áreascom altas populações do inseto os ca-chos ficaram inviáveis para acomercialização devido à formação deum baixo número de bagas.

No Brasil, o controle da espéciemais frequente, a D. speciosa, é feitoquase que exclusivamente com inse-ticidas sintéticos. Por ser polífago, oinseto se dispersa com facilidade paraoutros cultivos, proporcionando fre-quentes reinfestações, principalmen-te quando as condições ambientaisfavorecem o aumento populacional dapraga (Lorenzato, 1984). Além disso,a utilização de inseticidas durante aflorada deve ser evitada por ser pre-judicial aos insetos polinizadores(Santos, 2006).

Uma alternativa de controle é a

utilização de “plantas-armadilhas”,que podem ser cultivadas nas bordasou próximas da cultura principal. Deacordo com Metcalf et al. (1982), asplantas produzem metabólitos secun-dários, chamados aleloquímicos, queatuam na atração de insetos ou na suarepelência. As cucurbitáceas são mui-to atrativas para as vaquinhas da tri-bo Luperini (Chrysomelidae:Galerucinae), as quais evoluíram comessas plantas. Substâncias químicasvoláteis, as cucurbitacinas são detec-tadas por esses besouros comocairomônios, que promovem a seleçãodo hospedeiro e o comportamentocompulsivo de alimentação (Metcalfet al., 1980; Metcalf et al., 1982).

Arruda et al. (2005) avaliaram oconsumo de adultos de D. speciosa porfolhas de feijão não tratadas e trata-das com diferentes dosagens decucurbitacina. Os autores verificaramque as formulações contendocucurbitacina apresentam efeito es-timulante e atrativo na alimentaçãodos insetos, sendo que a maior captu-ra foi observada nas parcelas trata-das com a maior dosagem decucurbitacina (3.000g/ha).

Uma cucurbitácea importante é aCayaponia tayuya (Vell.) Cogn., 1881,conhecida vulgarmente como tajujá,taiuiá ou melancia brava, cujas se-mentes, ramos, folhas e raízes sãograndes atrativos às vaquinhas. Alémdessa espécie, Sanches & Ishimura(2001) comentaram que outrascucurbitáceas, como a Apodantheralaciniosa (Schlechtd.) Cogn., e aCeratosanthes hilariana Cogn., tam-bém podem ser utilizadas no controledesses insetos.

Diversos trabalhos de pesquisademonstraram que iscas de tajujá eoutras cucurbitáceas de mesmo nomevulgar podem ser utilizadas em vá-rias culturas, aliadas a outros méto-dos de controle. Em programas demanejo integrado, as iscas podem serusadas isoladamente (Sanches &Ishimura, 2001) ou associadas afungos entomopatogênicos paraincrementar o controle biológico(Daoust & Pereira, 1986; Lorenzato,1984; Magalhães et al., 1986). Deacordo com Milanez (2002), o contro-

le de vaquinhas com iscas é recomen-dado para pequenas áreas de cultivo,devendo-se ter o cuidado de distribuiras iscas nas adjacências dos cultivos.Pode-se, ainda, utilizar as iscas asso-ciadas a alguns inseticidas(Lorenzato, 1984; Magalhães et al.,1986; Milanez, 2002) e no controlemecânico em armadilhas (Lorenzato,1984; Santos, 2005).

No presente trabalho foram testa-dos quatro modelos de armadilhasamarelas contendo como atrativo su-plementar a raiz de tajujá, com o ob-jetivo de verificar qual modelo de ar-madilha é mais eficaz na captura devaquinhas em pomar de macieira.

Material e métodos

O estudo foi desenvolvido no po-mar de produção orgânica de maçãsna Epagri/Estação Experimental deCaçador, em Santa Catarina. O po-mar, situado a 1.000m de altitude,possui área aproximada de 0,6ha, complantas de 4 anos, distribuídas em dezfilas no espaçamento de 4,5m entrelinhas e 1,5m entre plantas. As sele-ções de macieira M-9/00, M-2/01, M-13/00, M-11/00, MRC-11/95 (grupo‘Gala’) e MR-11/90 (grupo ‘Fuji’), e ascultivares Suprema, Royal Gala eCatarina compõem o pomar.

No ciclo de 2005/06, as armadilhasforam testadas de 3/11 a 15/12/05, eno ano agrícola de 2006/07 foram tes-tadas de 31/10 a 12/12/06. Devido àscondições ambientais desfavoráveis,houve um atraso na floração nos doisciclos de estudo, estendendo-se atémeados de dezembro.

Quatro modelos de armadilha,sendo três suspensas e uma de solo,foram confeccionados e testados paraa captura de vaquinhas, conforme adescrição a seguir:

• • • • • Modelo A: recipiente plásticodescartável incolor, tipo garrafa PET,com capacidade para 2L, cortada noterço superior a 20cm de altura dabase. Neste recipiente foram feitosdois pequenos furos opostos na extre-midade superior, para transpassar oarame de sustentação do frasco naárvore e fixar o atrativo. O diâmetrodos furos depende do diâmetro do ara-

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59Agropecuária Catarinense, v.22, n.2, jul. 2009

me utilizado na confecção da armadi-lha (Figura 1A).

• • • • • Modelo B: dois potes plásticoscom 15cm de diâmetro e capacidadepara 1L cada um, sobrepostos e pre-sos “boca a boca” com fios de arame.Entre os potes deixou-se uma aber-tura de aproximadamente 2cm paraa entrada dos insetos. Na parte su-perior central transpassou-se umfio de arame para fixar o atrativo ependurar a armadilha na árvore(Figura 1B).

• • • • • Modelo C: recipiente plásticodescartável incolor, tipo garrafa PET,com capacidade para 2L, com quatroorifícios de 2cm de diâmetro no terçosuperior da embalagem, para a en-trada dos insetos. Ao redor da tampada garrafa foi fixado um arame parapendurar a armadilha na árvore, e nocentro da tampa colocou-se outro ara-me para afixar o atrativo (Figura 1C).

• • • • • Modelo D: lata de óleo com ca-pacidade para 20L, cortada ao meiolongitudinalmente, resultando emduas armadilhas de 38 x 27cm. Nosquatro cantos da armadilha foramfeitos orifícios para transpassar o ara-me de fixação do atrativo (Figura 1D).

Para tornar as armadilhas atrati-vas, todas foram pintadas de amare-lo, com tinta a óleo, tonalidade “ouro”(código 53405064). As armadilhasmodelos A e B foram totalmentepintadas, na armadilha modelo Cpintou-se uma faixa de 10cm de lar-gura circundando os orifícios de en-trada dos insetos, a 12cm acima dabase, e a modelo D foi pintada somen-te na parte interior (Figura 1).

As armadilhas foram instaladasna borda do pomar. As suspensas fo-ram penduradas na porção interna dacopa das árvores, numa altura apro-ximada de 1m do solo, junto ao tron-co das árvores, na entrelinha dasplantas. A armadilha de solo foi colo-cada próximo às plantas de macieira,também na entrelinha.

Nas armadilhas suspensas foramcolocados 400ml de água misturadacom 10ml de detergente, e na arma-dilha do solo, por ser maior a áreasuperficial, foram colocados 2L deágua misturados com 50ml de deter-

(A) (B)

(C) (D)

gente. O detergente reduz a tensãosuperficial da água; assim, os insetoscapturados afundam e morrem, faci-litando a coleta.

Como atrativo suplementar utili-zou-se um pedaço de 10cm de com-primento por 2 a 5cm de largura deraiz tuberosa de tajujá (Cayaponiatayuya) colocado dentro de cada ar-

madilha, preso a um arame acima dalâmina d’água. As inspeções, a trocado atrativo e a renovação da água dasarmadilhas foram realizadas sema-nalmente. Os insetos capturados fo-ram colocados em potes plásticos elevados ao laboratório para contageme separação das diferentes espécies devaquinhas.

Figura 1. Modelos de armadilhas:(A) vista frontal de armadilhasuspensa confeccionada comgarrafa PET, modelo A; (B) vistafrontal de armadilha suspensaconfeccionada com potes plásticossobrepostos, modelo B; (C) vistafrontal de armadilha suspensaconfeccionada com garrafa PET,modelo C; e (D) vista superior dearmadilha de solo confeccionadacom lata de óleo para motor,modelo D

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Os registros de precipitação plu-vial foram obtidos no postometeorológico da Epagri/Estação Ex-perimental de Caçador.

As armadilhas foram testadas emdelineamento em blocos ao acaso, comoito repetições e quatro tratamentos,totalizando 32 armadilhas. A análisedos 2 anos foi feita conjuntamente. Ascontagens de insetos foram submeti-das ao teste F, sendo as médias dostratamentos comparadas pelo tes-te de Tukey a 5%. Os dados foramtransformados em log(x) para efei-to de análise.

Resultados e discussão

Pela análise conjunta dos anos,verificou-se que o fator ano foi signi-ficativo pela análise de variância. Poressa razão, os anos foram discutidosseparadamente.

Ano agrícola 2005/06

Realizaram-se sete coletas duran-te o período de 3/11 a 15/12/05. Dogênero Diabrotica foram coletadastrês espécies: D. speciosa, D. viridansBaly, 1889 e D. limitata (Sahlberg,1823). Do gênero Paranapiacaba fo-ram coletadas as espécies P.duodecemmaculata (Klug, 1829), P.subirregularis (Bechyné & Bechyné,1962) e ainda uma terceira que nãofoi determinada. Foram capturadas6.632 vaquinhas do gêneroDiabrotica, o que representou 50,07%das vaquinhas capturadas. Desse to-tal, 48,88% eram de D. speciosa. Ogênero Paranapiacaba representou49,93% das vaquinhas capturadas,com predominância para P. duode-cemmaculata (47,89%) (Tabela 1).

De acordo com os dados apresen-tados na Tabela 2, verificou-se que omodelo de armadilha mais eficaz foia suspensa modelo A, porém sua efi-ciência de captura não diferiu da ar-madilha de solo modelo D. Nesses doismodelos a armadilha fica totalmenteaberta, deixando os atrativos maisexpostos, teoricamente facilitando adispersão do cairomônio cucur-bitacina, que é um dos responsáveispela atratividade a insetos. Por

época de coleta, verificou-se que so-mente nas duas primeiras ocasiõeshouve diferença na captura de vaqui-nhas, em que o modelo A proporcio-nou maior captura que as demais.Nas outras cinco épocas de coleta nãohouve diferença de captura entre asarmadilhas (Figura 2).

A maior captura de insetos ocor-reu entre a primeira e a quarta épo-cas de coleta, período em que se re-gistrou maior precipitação pluvial.Somando a captura de vaquinhas emtodas as armadilhas, observou-se quena quarta época de coleta foi captu-rado o maior número de insetos(1.500) (Figura 2).

Nas três últimas coletas o núme-ro de insetos capturados diminuiu,provavelmente devido à baixa preci-pitação pluvial daquele período (Fi-gura 2), o que fez com que as iscas detajujá ficassem mais ressecadas, di-minuindo a atratividade. Esse fatotambém foi observado por Milanez(2002), que verificou que as arma-

dilhas de iscas de tajujá mantive-ram-se mais atrativas em períodos demaior precipitação pluvial. Sanches& Ishimura (2001) verificaram que aalta temperatura e a alta umidaderelativa do ar também favorecem oaumento da atratividade da isca detajujá. Além disso, no presente estu-do, a florada diminuiu nas últimasépocas de coleta, fato que tambémpode ter contribuído para a menorcaptura de insetos no final do perío-do amostral.

Ano agrícola 2006/07

Durante o período de 31/10 a 12/12/06, em sete épocas de coleta, fo-ram capturadas 9.772 vaquinhas, dasquais 70,51% eram de Diabrotica e29,49% de Paranapiacaba. A espécieD. speciosa representou 65,26% doscoleópteros capturados. Além das es-pécies de Diabrotica e deParanapiacaba observadas no ciclo2005/06, no ano agrícola 2006/07

Figura 2. Número de vaquinhas capturadas em diferentes modelos dearmadilhas e média dos valores de precipitação pluvial registrados noperíodo de 27/10 a 15/12/2005 em Caçador, SC

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61Agropecuária Catarinense, v.22, n.2, jul. 2009

também foram registradas as espéci-es D. emorsitans (Baly, 1890) e D.viridula (Fabricius, 1801) (Tabela 1).

O modelo de armadilha mais efi-

caz na captura total de vaquinhas foia de solo, modelo D; os demais mode-los de armadilha não diferiram entresi na captura de insetos (Tabela 2).

Verificou-se que, em quatro coletas, asarmadilhas não diferiram estatistica-mente na captura de vaquinhas. En-tretanto, entre a quarta e a quinta épo-ca de coleta, a armadilha modelo Dproporcionou maior captura de vaqui-nhas em relação às demais. Já na sex-ta coleta os modelos A, B e D não fo-ram diferentes na captura (Figura 3).

A maior captura de insetos ocor-reu na quinta coleta (2.411), a qualfoi antecedida por chuvas (Figura 3).Da mesma maneira que no ciclo an-terior, verificou-se que o número deinsetos capturados diminuiu nas úl-timas épocas de coleta, provavelmen-te pela diminuição da floração.

Observou-se que, apesar de asarmadilhas modelos A e D não diferi-rem significativamente na captura deinsetos no primeiro ciclo, no segundociclo a tendência não foi a mesma paraa armadilha A, pois não houve incre-mento na captura de insetos nessaarmadilha. Ventura et al. (2005) es-tudaram a influência de diferentesarmadilhas contendo diferentes atra-tivos na captura de D. speciosa emfeijoeiro e verificaram que quantida-des similares de insetos foram captu-radas em armadilhas feitas com gar-rafa PET (2L) “vazadas” e “furadas”,ambos os modelos contendocucurbitacina.

Figura 3. Número de vaquinhas capturadas por ocasião da época de coletaem diferentes modelos de armadilhas e média dos valores de precipitaçãopluvial registrados no período de 24/10 a 12/12/2006 em Caçador, SC

Tabela 1. Número, percentagem por ciclo da cultura e total de vaquinhas capturadas em diferentes armadilhas empomar orgânico de macieira. Caçador, SC (anos agrícolas 2005/06 e 2006/07)

Ano agrícola 2005/06 Ano agrícola 2006/07 Total deEspécie Vaquinhas Vaquinhas Vaquinhas Vaquinhas vaquinhas

capturadas capturadas capturadas capturadas capturadas

No % No % %Diabrotica speciosa 3.242 48,88 6.377 65,26 58,64Diabrotica emorsitans 0 0 416 4,25 2,54Diabrotica viridans 67 1,01 52 0,53 0,73Diabrotica limitata 12 0,18 23 0,24 0,21Diabrotica viridula 0 0 22 0,23 0,13Paranapiacabaduodecemmaculata 3.176 47,89 2723 27,86 35,96Paranapiacaba sp. 108 1,63 136 1,39 1,49Paranapiacabasubirregularis 27 0,41 23 0,24 0,30Total 6.632 100 9.772 100 100

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A altura da armadilha tambémpode influenciar na captura dos inse-tos, principalmente quando se tratade vaquinhas, pois a fase larval ocor-re no solo. De acordo com essa pre-missa, Ventura et al. (2001) estuda-ram a atração de machos em armadi-lhas contendo fêmeas em área de fei-jão e verificaram que a altura dasarmadilhas influencia na captura devaquinhas. Os autores observaramque armadilhas colocadas a 0,25m dealtura capturaram cerca de 3,5 vezesmais do que a 0,5, 0,75 e a 1m.

No presente estudo verificou-seque no segundo ciclo, na armadilhamodelo D, o número de insetos cap-turados foi mais que o dobro em rela-ção ao primeiro ciclo. Isso pode terocorrido devido a essa armadilha teruma área de exposição do atrativomaior que as demais armadilhas.Além disso, por ser totalmente aber-ta promove a liberação do cairomôniocucurbitacina, e por ficar mais próxi-ma ao solo facilita a entrada dos in-setos, fato observado por Ventura etal. (2001).

Conclusão

A armadilha de solo confecciona-da com lata de óleo para motor corta-da ao meio longitudinalmente pro-porciona maior captura de vaquinhasem pomar de macieira.

Literatura citada

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13. VENTURA, M.U.; RESTA, C.C.M.;NUNES, D.H. et al. Trap attributesinfluencing capture of Diabroticaspeciosa (Coleoptera: Chrysomelidae)on common bean fields. ScientiaAgricola, v.62, n.4, p.351-356, 2005.

Tabela 2. Número médio de vaquinhas capturadas, em diferentes modelosde armadilhas contendo raiz de tajujá como atrativo. Caçador, SC (anosagrícolas 2005/06 e 2006/07)

Ano agrícolaModelo de armadilha 2005/06 2006/07

A 302,4 Aa 236,0 BaB 150,3 Ba 231,3 BaC 143,5 Bb 261,4 BaD 232,9 ABb 492,9 AaMédia 256,6CV (%) 8,0F = 4,69*

(1)Médias seguidas de mesma letra maiúscula na coluna e mesma letra minúsculana linha não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5%. Dadostransformados para log(x).*Valor de F significativo a 1% de probabilidade.Nota: CV = coeficiente de variação.

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63Agropecuária Catarinense, v.22, n.2, jul. 2009

PPPPProdução de erva-mate consorciada comrodução de erva-mate consorciada comrodução de erva-mate consorciada comrodução de erva-mate consorciada comrodução de erva-mate consorciada comcinamomo e lourocinamomo e lourocinamomo e lourocinamomo e lourocinamomo e louro-pardo-pardo-pardo-pardo-pardo

Paulo Alfonso Floss1, Dorli Mário Da Croce2 e Cristiano Nunes Nesi3

Resumo – O objetivo do trabalho foi avaliar a produtividade da erva-mate (Ilex paraguariensis St. Hil.) planta-da em diferentes densidades em dois consórcios: um com cinamomo (Melia azedarach L.), e outro com louro-pardo(Cordia trichotoma Vellozo Arrabida ex Steudel.). Foram utilizados seis espaçamentos no plantio do cinamomoe louro-pardo, sendo que a erva-mate foi plantada com duas, três ou quatro mudas entre as plantas de cinamomoe louro-pardo, na linha de plantio. A erva-mate foi avaliada em agosto de 2002 e dezembro de 2003, medindo-sea produção total das parcelas, e na avaliação de junho de 2005 foi realizada a avaliação individual para todas asplantas da parcela. O cinamomo e o louro-pardo foram avaliados apenas uma vez (junho de 2005), medindo-se odiâmetro à altura do peito, altura e diâmetro de copa das plantas. Observou-se que o sombreamento provocadopelo cinamomo reduz a produção de erva-mate. Independentemente da espécie em consórcio, a produtividade deerva-mate cresce com o aumento na sua densidade de plantio, com menor incremento no consórcio com cinamomo.Nas condições do experimento, obtém-se a maior produtividade de erva-mate no consórcio com louro-pardo noespaçamento de 8,5 x 5m entre plantas, com erva-mate na densidade de 941 plantas/ha.

Termos para indexação: Ilex paraguariensis, Melia azedarach, Cordia trichotoma, sistemas agroflorestais.

Paraguay tea in intercrop with chinaberry tree and “louro-pardo”

Abstract – The objective of this research was to evaluate the yield of Paraguay tea (Ilex paraguariensis St. Hil.),a South American native tree of the Aquifoliaceae family, planted in different intercropping densities withchinaberry tree (Melia azedarach L.) and “louro-pardo” (Cordia trichotoma Vellozo Arrabida ex Steudel.). Sixdifferent plant spacing arrangements were used for chinaberry tree and “louro-pardo”, while he Paraguay teawas planted in the rows by using two, three or four seedlings depending on the inter-row space. The Paraguaytea was evaluated in August 2002 and December 2003 by quantifying the total plots production. In July 2005 anindividual evaluation of all plants in the plots was carried out. The chinaberry tree and the “louro-pardo” wereevaluated only once (July 2005) by taking measures of the diameter at breast height (DBH), height and diameterof plant canopy. It was possible to observe that the shade produced by the chinaberry tree affected the productionof Paraguay tea. The spacing for the plantation of chinaberry tree and “louro-pardo” affected the yield of Paraguaytea due to the variation of its population. The highest yield of Paraguay tea was obtained with “louro-pardo” inthe density of 941 plants/ha.

Index terms: Ilex paraguariensis, Melia azedarach, Cordia trichotoma, agroforestry systems.

Aceito para publicação em 23/4/08.1Eng. agr., M.Sc., Epagri/Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar (Cepaf), C.P. 791, 89801-970 Chapecó, SC, fone: (49) 3361-0600, e-mail: [email protected]. florestal, M.Sc., Epagri/Cepaf, e-mail: [email protected]. agr., M.Sc., Epagri/Cepaf, e-mail: [email protected].

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Introdução

Os sistemas agroflorestais e/ousilvipastoris são formas racionais emais eficientes do uso da terra e po-dem ser formados por uma ou maisespécies de árvores, consorciadas comculturas anuais e/ou animais (Medra-do et al., 2005). Esses sistemas nor-malmente propiciam melhoria da fer-tilidade do solo, com maior controlede ervas invasoras, minimizando oimpacto ambiental e aumentando orendimento do conjunto das culturascomponentes (Da Croce & Floss,1999).

Com a erva-mate (Ilex paragua-riensis St. Hil.), geralmente os siste-mas agroflorestais mais utilizados sãoformados a partir do plantio de cul-turas anuais nas entrelinhas, quan-do implantada em espaçamentos mai-ores (Da Croce et al., 1997). Outrassituações são os sistemasagroflorestais formados a partir deervais nativos dentro de matas secun-dárias que, segundo Reitz et al.(1979), ao desbastar o estratoarbustivo e parcialmente a submatade pinhais e imbuiais, constata-sepaulatinamente o crescimento de umgrande número de plantas novas deerva-mate, podendo se transformarem densos ervais.

Muitos industriais brasileiros dãopreferência à erva-mate sombreadae/ou nativa, pois a caracterizam comomais suave e, com isso, mais aceitapelo consumidor, quando comparadaàquela cultivada a pleno sol. Em de-corrência, a erva-mate obtida em con-dições de sombreamento tem os me-

lhores preços para o produtor. Comisso, alguns produtores de erva-mateque a cultivam a céu aberto estãobuscando informações para plantio deárvores em meio a seus ervais,objetivando aproximar-se das carac-terísticas que o setor industrial daerva-mate prefere (Mazuchowski etal., 2003). No entanto, existem pou-cas informações sobre as melhoresformas de realizar o sombreamentopara que se tenha boa produção deerva-mate aliada à sustentabilidadedo sistema agroflorestal ousilvipastoril escolhido.

Nesse sentido, o cinamomo (Meliaazedarach L.) e o louro-pardo (Cordiatrichotoma Vellozo Arrabida exSteudel.) são espécies com potencialpara utilização nesses sistemas pois,além de sombra para as erveiras, po-dem agregar valor através da produ-ção de madeira.

O cinamomo é considerado umaespécie pioneira, de grande porte,caducifólia e de crescimento a plenosol (Veiga et al., 2003; Lorenzi et al.,2003). Já o louro-pardo é uma árvorede grande porte, também de folhascaducas e classificada como secundá-ria inicial com tendência a pioneira.Isso lhe confere a necessidade de de-senvolvimento inicial à sombra e re-quer maior quantidade de luz à me-dida que atinge a maturidade (Car-valho, 1994). A erva-mate (Ilexparaguariensis St. Hil.) é uma árvo-re de pequeno porte (quando cultiva-da), fuste curto, copa densa eperenifólia (Backes & Irgang, 2002).Apesar de ser considerada uma espé-cie climácica, que se caracteriza por

desenvolver-se na sombra, é ampla-mente cultivada a céu aberto.

O objetivo deste trabalho foi ava-liar a produtividade da erva-mateconsorciada com cinamomo e louro--pardo em diferentes densidades deplantio.

Material e métodos

Foram implantados dois experi-mentos: um para avaliar o consórciocinamomo e erva-mate e outro paraavaliar o consórcio louro-pardo e erva--mate, os dois com diferentesespaçamentos para o cinamomo epara o louro-pardo. Os experimentosforam implantados na localidade deRodeio do Erval, Distrito de MarechalBormann, Chapecó, SC. A altitude dolocal é de 686m, latitude de 27o14’ sule longitude de 52o36’ oeste. O deline-amento utilizado em ambos os expe-rimentos foi blocos ao acaso com seistratamentos e quatro repetições. Ascombinações de espaçamentos, núme-ro de plantas e área por planta decinamomo, louro-pardo e erva-matesão descritas na Tabela 1.

O plantio do cinamomo, do louro--pardo e da erva-mate foi feito na mes-ma época (julho de 1997). As mudasdo cinamomo e do louro-pardo apre-sentavam, em média, 40cm de alturano momento do plantio e as de erva--mate tinham em média 15cm. Em se-tembro de 1999 foi realizado corteraso do cinamomo devido à total per-da de dominância apical, o que con-duziu a uma melhor rebrotação paraformar a nova árvore. Com isso, nosprimeiros anos, a erva-mate não fi-

Tabela 1. Densidades de plantas e área por planta de cinamomo, louro-pardo e erva-mate, nos diferentesespaçamentos avaliados

Espaçamento para Área por planta Área por cinamomo ou de cinamomo planta de louro-pardo ou louro-pardo erva-mate

m Plantas/ha m2 Plantas/ha m2

E1 = 5,5 x 7,0 260 38,5 519 19,3 E2 = 7,0 x 7,0 204 49,0 612 16,3 E3 = 8,5 x 7,0 168 59,5 672 14,9 E4 = 5,5 x 5,0 363 27,5 727 13,7 E5 = 7,0 x 5,0 285 35,0 857 11,7 E6 = 8,5 x 5,0 235 42,5 941 10,6

Cinamomo oulouro-pardo

Erva- mate

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65Agropecuária Catarinense, v.22, n.2, jul. 2009

cou sombreada por nenhuma das es-pécies, uma vez que o louro-pardoapresenta crescimento inicial muitolento. Um sombreamento mais signi-ficativo foi provocado pelo cinamomoa partir de 2001. Na Figura 1 estárepresentado o esquema dos arran-jos de plantas de erva-mate em fun-ção do espaçamento do cinamomo edo louro-pardo. As mudas decinamomo e louro-pardo foram im-plantadas com distâncias de 5,5, 7 e8,5m entre eles e nesses intervalosforam plantadas duas, três e quatromudas de erva-mate, respectivamen-te, espaçadas de 2m do cinamomo oulouro-pardo e 1,5m entre si. Osespaçamentos entre as fileiras foramde 5 e 7m, em que foram implanta-das culturas anuais até o sétimo ano.

As plantas de cinamomo e louro--pardo foram adubadas apenas umavez, com 70g/planta da fórmula 5-20-10 (N - P2O5 - K2O), 2 meses após oplantio. Já a erva-mate, além de re-ceber a mesma adubação químicaapós o plantio, foi adubada a cada 2anos com 3kg/planta de cama de avi-ário. De acordo com Sociedade...(2004), a concentração média (mas-sa/massa) de nutrientes em cama deaviário (5 a 6 lotes), é de 3,5% de N,3,8% de P2O5, 3,0% de K2O, 4,2% deCa, 0,9% de Mg e 75% de matéria seca.

O cinamomo e o louro-pardo foramdesramados para obtenção de madei-ra livre de nós. O cinamomo foidesramado nos meses de agosto de2001, 2002 e 2003, com fuste totaldesramado de 4 a 5m. Já o louro-par-do foi desramado em agosto de 2002e agosto de 2004 e, devido à maiordesuniformidade das plantas, o fustedesramado foi muito variável (entre1,5 e 3m). Para ambas as espécies adesrama máxima foi de 50% da copaviva.

A erva-mate foi avaliada em agos-to de 2002 (aos 61 meses) e dezembrode 2003 (aos 77 meses), medindo-se aprodução total das parcelas e, na ava-liação de junho de 2005 (aos 95 me-ses), foi realizada a avaliação indivi-dual para todas as plantas da parce-la. O cinamomo e o louro-pardo foramavaliados apenas uma vez, em junhode 2005 (aos 95 meses), medindo-se o

diâmetro à altura do peito (DAP), al-tura das plantas e diâmetro de copa(DC). Em ambos os experimentos asáreas úteis das parcelas foram com-postas por 12, 18 e 24 plantas de erva--mate nos espaçamentos E1 e E4, E2e E5 e E3 e E6, respectivamente (Fi-gura 1). Os dados de produtividadeda erva-mate, DAP, altura das plan-tas e DC do cinamomo e louro-pardoforam submetidos à análise devariância, e as médias foram compa-radas pelo teste de Duncan a 5% deprobabilidade de erro. Além disso, emcada experimento foram ajustadasequações de regressão para produti-vidade de erva-mate do último ano,em função da densidade de plantas.

Resultados e discussão

A diferença da produção da erva--mate entre os espaçamentos, tantono experimento com cinamomo comocom louro-pardo, está diretamente

relacionada ao número de plantas deerva-mate por hectare. Dessa forma,na terceira poda (aos 95 meses), paracada erveira a mais (entre 519 e 941plantas/ha), houve incremento de 7,1e 9,9kg/planta na produção de erva--mate para o consórcio com cinamomoe louro-pardo, respectivamente (Figu-ra 2).

Não foi verificada diferença signi-ficativa na produção individual daserveiras quando considerada a posi-ção das plantas, ou seja, as erveirasmais próximas das plantas docinamomo ou do louro-pardo não di-feriram em termos de produtividadedas erveiras mais afastadas (dadosnão apresentados). A produçãokg/planta de erva-mate no experi-mento em consórcio com o louro--pardo está dentro da média da obti-da em plantios solteiros (Da Croce &Floss, 2003), comprovando a peque-na influência do louro-pardo sobre aprodutividade da erva-mate.

Figura 1. Diferentes arranjos para plantas de erva-mate nosexperimentos com cinamomo e louro-pardo. E1, E2 e E3 representam,respectivamente, 5,5, 7 e 8,5m entre plantas e 7m entre as fileiras decinamomo ou louro-pardo. E4, E5 e E6 representam, respectivamente,5,5, 7 e 8,5m entre plantas e 5m entre as fileiras de cinamomo oulouro-pardo

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Também é possível observar quea produção de erva-mate consorcia-da com o cinamomo cresceu pouco dasegunda para a terceira poda, ao con-trário do consórcio com louro-pardo,no qual a produção de erva-mate tevebom aumento nesse período (Tabela2). Esse comportamento possivelmen-te foi provocado pelo maiorsombreamento ocasionado pelocinamomo, tendo em vista queLorenzi et al. (2003) descrevem ocinamomo como uma árvore com ra-magem disposta de maneira a formarcopa aberta.

Na Tabela 3 são apresentados osresultados da avaliação das caracte-rísticas de crescimento do cinamomoe do louro-pardo. Para todas as ca-racterísticas o crescimento docinamomo foi maior que o do louro--pardo, devido às características daespécie (Carvalho, 1994; Veiga et al.,2003; Lorenzi et al., 2003). Esse fatofoi determinante para a menor pro-dução da erva-mate quando consor-ciada com o cinamomo. Entretanto, amenor produção da erva-mate poderá

Figura 2. Equações de regressão para a produtividade de erva-mateaos 95 meses de idade, em função da densidade de plantio no consórciocom louro-pardo e cinamomo

YCinamomo = 7,1x - 687 R2 = 0,90

YLouro-pardo= 9,9x - 666 R2 = 0,95

0

2.000

4.000

6.000

8.000

1.0000

500 600 700 800 900 1.000

Plantas de Erva-Mate/ha

Erv

a-M

ate

(kg/h

a)

Erv

a-m

ate

(k

g/h

a)

Plantas de erva-mate/ha

Tabela 2. Produtividade da erva-mate por planta e por hectare de acordo com o experimento (cinamomo ou louro--pardo) em três avaliações(1). Distrito de Marechal Bormann, Chapecó, SC

Espaçamento para Erva-matecinamomo ou 61 meses 77 meses 95 meseslouro-pardo kg/planta kg/ha kg/planta kg/ha kg/planta kg/ha

no Consórcio com cinamomoE1 = 5,5 x 7,0 519 1,8 935 a 4,6 2.361 c 5,0 2.612 cE2 = 7,0 x 7,0 612 2,1 1.310 a 4,6 2.835 bc 6,0 3.667 bcE3 = 8,5 x 7,0 672 2,3 1.511 a 5,2 3.515 abc 7,0 4.700 abE4 = 5,5 x 5,0 727 1,7 1.234 a 4,1 2.982 5,9 4.307 abE5 = 7,0 x 5,0 857 2,0 1.675 a 4,2 3.620 ab 6,3 5.427 aE6 = 8,5 x 5,0 941 2,0 1.886 a 5,1 4.835 a 6,1 5.749 aCV (%) 24,6 1.9,3 17,2 13,7 26,7 12,3

Consórcio com louro-pardoE1 = 5,5 x 7,0 519 3,2 1.649 c 7,1 3.689 c 8,8 4.589 dE2 = 7,0 x 7,0 612 2,9 1.768 c 6,0 3.701 c 8,4 5.129 dE3 = 8,5 x 7,0 672 3,4 2.289 bc 7,2 4.865 b 8,9 5.983 cE4 = 5,5 x 5,0 727 3,2 2.287 bc 6,5 4.687 b 9,0 6.576 cE5 = 7,0 x 5,0 857 3,1 2.627 ab 7,1 6.061 a 9,1 7.777 bE6 = 8,5 x 5,0 941 3,4 3.150 a 6,7 6.311 a 9,2 8.628 aCV (%) 20,7 23,7 14,5 15,3 13,4 26,7

(1)Médias seguidas por letras distintas nas colunas diferem significativamente entre si pelo teste de Duncan a 5%.Notas: E1, E2, E3, E4, E5 e E6 = espaçamentos utilizados para o cinamomo e o louro-pardo.CV = coeficiente de variação.

Plantas/ha

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Figura 3. Consórcio erva-mate e cinamomo

Figura 4. Consórcio erva-mate e louro-pardo

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68 Agropecuária Catarinense, v.22, n.2, jul. 2009

ser compensada no futuro. A estima-tiva é que o DAP do cinamomo seráde aproximadamente 35cm aos 15anos, resultando em bom rendimen-to de toras de qualidade, já que fo-ram realizadas desramas para obten-ção de madeira livre de nós. Conside-rando o incremento atual do louro--pardo, essas dimensões somente po-deriam ser obtidas após os 30 anosde idade.

Tanto para o cinamomo como parao louro-pardo praticamente não hou-ve efeito significativo dos espa-çamentos nas características avalia-das. Para a altura do cinamomo hou-ve diferença apenas entre osespaçamentos E3 (8,5 x 7m) e E4 (5,5x 5m), mostrando que para menoresespaçamentos existe tendência dasárvores a apresentar maiores alturas.Já para o louro-pardo, houve diferen-ça significativa somente para o diâ-metro de copa, entre os espaçamentosE4 (5,5 x 5m) e E5 (7 x 5m).

Conclusões

Independentemente da espécie emconsórcio avaliada, a produtividadede erva-mate cresce com o aumentona sua densidade de plantio.

Nas condições do experimento,obtém-se a maior produtividade deerva-mate no consórcio com louro--pardo no espaçamento de 8,5 x 5mentre plantas, com erva-mate na den-sidade de 941 plantas/ha.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao senhorDomingos Tormen, proprietário daárea experimental, pelo apoio duran-te o desenvolvimento do projeto.

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Tabela 3. Diâmetro à altura do peito (DAP), altura das plantas e diâmetro de copa (DC) para o cinamomo e louro--pardo em diferentes espaçamentos no consórcio com erva-mate, avaliados aos 95 meses de idade. Distrito de Mare-chal Bormann, Chapecó, SC

Cinamomo(1) Louro-pardo(1)

DAP Altura DC DAP Altura DCm cm ............ m ........... cm ............. m ............

E1 = 5,5 x 7,0 15,3 a 8,2 ab 4,1 a 10,9 a 5,2 a 2,3 abE2 = 7,0 x 7,0 16,0 a 8,3 ab 4,2 a 10,4 a 5,0 a 2,3 abE3 = 8,5 x 7,0 15,1 a 8,0 b 3,7 a 10,5 a 5,1 a 2,1 abE4 = 5,5 x 5,0 15,9 a 9,1 a 4,1 a 11,7 a 5,4 a 2,0 bE5 = 7,0 x 5,0 16,2 a 8,7 ab 4,0 a 11,5 a 5,5 a 2,4 aE6 = 8,5 x 5,0 16,0 a 8,4 ab 3,9 a 10,9 a 5,1 a 2,1 ab

(1)Médias seguidas por letras distintas na coluna diferem significativamente entre si pelo teste de Duncan a 5%.Nota: E1, E2, E3, E4, E5 e E6 = espaçamentos utilizados para o cinamomo e o louro-pardo.

Espaçamento

Média 15,8 8,5 4,0 11,0 5,2 2,2

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PPPPProdutividade e crescimento do tomateiro ‘Produtividade e crescimento do tomateiro ‘Produtividade e crescimento do tomateiro ‘Produtividade e crescimento do tomateiro ‘Produtividade e crescimento do tomateiro ‘Paronaronaronaronaron’’’’’enxenxenxenxenxertado em diferentes porta-ertado em diferentes porta-ertado em diferentes porta-ertado em diferentes porta-ertado em diferentes porta-enxenxenxenxenxertosertosertosertosertos

Rafael Ricardo Cantu1, Richard Willian Junglaus2 e Rumy Goto3

Resumo – A enxertia em tomateiro é uma prática que cresce em importância para contornar problemas comfitopatógenos, salinização do solo, excessos e deficiências hídricas, plantio em épocas mais frias, entre outros. Oobjetivo deste trabalho foi avaliar a produtividade e o crescimento do tomateiro ‘Paron’ quando enxertado emporta-enxertos com diferentes especificidades agronômicas, cultivados em solos sem os referidos problemas,para averiguar o efeito do enxerto e do porta-enxerto nas características avaliadas. O experimento foi conduzidode setembro de 2006 a março de 2007 em abrigo de cultivo no município de São Manuel, SP. O delineamentoutilizado foi o de blocos ao acaso com nove tratamentos (pé-franco e enxerto em oito porta-enxertos) e quatrorepetições. Avaliaram-se o número e peso de frutos totais, peso da produção comercial, número de frutos comdiâmetro maior que 70mm, perda da produção e comprimento de entrenós das plantas. A enxertia não interferiuna produção e qualidade dos frutos, mas provocou o encurtamento de entrenós da cultivar copa.

Termos para indexação: Solanum lycopersicum, Lycopersicon esculentum, cultivo protegido, enxertia, tomate.

Production and growth of tomato Paron cultivargrafted in different rootstocks

Abstract – Grafting in tomato plants is a practice which has had growing importance in order to overcomeproblems with pathogens, soil salinity, excess or lack of water, planting in colder periods, among others. Theaim of this study was to evaluate the yield and growth of tomato Paron cultivar when grafted in rootstocks withdifferent agronomic specificities, grown in soils free from the above-mentioned problems in order to analyze theeffect of the grafting and the rootstock in the evaluated characteristics. The experiment was carried out fromSeptember 2006 to March 2007 in protected cultivation in São Miguel, São Paulo state, Brazil. The experimentaldesign was randomized complete blocks with nine treatments (plants grafted in eight rootstocks and the ungraftedone) and four replications. The evaluation involved the number and weight of total fruits, the weight of thecommercial production, the number of fruits bigger than 70mm, loss of production and length of internodes.The grafting did not interfere with the production or quality of the fruits, but caused shortening of the internodesin the copa cultivar.

Index terms: Solanum lycopersicum, Lycopersicon esculentum, protected cultivation, grafting, tomato.

Aceito para publicação em 18/5/09.1Eng. agr., M.Sc., Epagri/Estação Experimental de Itajaí, C.P. 277, 88301-970 Itajaí, SC, fone: (48) 3341-5223, e-mail:[email protected]. agr., M.Sc., Epagri/Escritório Municipal de Flor do Sertão, Av. Flor do Sertão, 515, 89878-000 Flor do Sertão, SC, e-mail:[email protected]. agr., Dr., Unesp/Faculdade de Ciências Agronômicas, C.P. 237, 18610-307 Botucatu, SP, fone: (14) 3811-7100, e-mail:[email protected].

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70 Agropecuária Catarinense, v.22, n.2, jul. 2009

Introdução

De acordo com a FAO (2005), otomateiro é uma das hortaliças demaior importância econômica nomundo. O Brasil é o nono produtormundial de tomates e o sétimo emprocessamento. A área brasileira cul-tivada com tomateiros é de 62 milhectares, com uma produção de 3,3milhões de toneladas e produtivida-de média de 58t/ha. Os maiores pro-dutores nacionais são Goiás, MinasGerais e São Paulo, com 23,7%, 20,6%e 20,5% da produção nacional, respec-tivamente (IBGE, 2007).

A tomaticultura apresenta uso in-tensivo do solo com a mesma espécie,principalmente em abrigos de culti-vo. O manejo incorreto do cultivo pro-porciona gradativamente a sali-nização e infestação de fitopatógenosno solo (Carvalho & Tessarioli, 2005).

No tomateiro a enxertia tem sidopreconizada por diversos autores(Lopes, 2000; Goto et al., 2003; Car-doso et al., 2007; Cantu, 2008) comosolução para suprimir problemas re-lacionados a fitopatógenos esalinidade. A técnica também éindicada em locais sujeitos a inunda-ções, seca e baixas temperaturas dosolo (Peil, 2003). Existem no merca-do diferentes grupos de porta-enxer-

tos indicados para atenuar adversi-dades no cultivo do tomateiro. Gotoet al. (2003) recomendam que, antesde se empregar a enxertia, deve-seescolher o porta-enxerto apropriadopara cada problema a ser evitado eque seja compatível com a planta-ca-valeiro.

A enxertia em hortaliças é ampla-mente utilizada em países como oJapão, Espanha e Holanda, onde aprodução de hortaliças apresenta umcaráter mais intensivo. A técnica nes-ses países é adotada por uma partesignificativa dos olericultores e pro-dutores de mudas (Lopes, 2000; Peil,2003). No Brasil, conforme Goto et al.(2003), é praticada desde o início dosanos 80, principalmente no Estado deSão Paulo, nas culturas do tomatei-ro, pepineiro e pimentão.

Atualmente, são raros os traba-lhos como o de Lopes (2000), que ava-liou, especificamente, característicasde produtividade e crescimento detomateiro enxertado. Para recomen-dar a enxertia com vista a superarproblemas de cultivo, é necessário quese determine o efeito da técnica so-bre o crescimento e a produtividadeda cultivar cavaleiro.

Ainda não existem trabalhos queavaliem os efeitos da enxertia quan-to à produtividade e crescimento do

tomateiro Paron, cultivar, segundoAcato (2008), muito utilizada pelosprodutores, principalmente os de San-ta Catarina. A cultivar Paron, apesarde resistente ao Fusarium raças 1 e2 e ao Verticillium raça 1, como tan-tas outras, não apresenta resistênciaou tolerância a adversidades de cul-tivo, como solos infestados porRalstonia solanacearum, Meloido-gyne incognita, M. javanica,Fusarium oxysporum f. sp. lycopersici(Fol.) raça 3 e salinos.

Tem-se por hipótese que a enxertiaem tomateiro não interfere no poten-cial produtivo da cultivar copa.

Este trabalho objetivou avaliar oefeito da enxertia quanto à produti-vidade e ao crescimento da cultivarParon enxertada em porta-enxertosde diferentes especificidades de inte-resse agronômico, cultivados em soloapropriado ao cultivo de tomates.

Material e métodos

O trabalho foi conduzido em abri-go de cultivo na Fazenda Experimen-tal São Manuel, em São Manuel, SP,pertencente à Universidade Estadu-al Paulista (Unesp), Botucatu, SP, desetembro de 2006 a março de 2007.As coordenadas geográficas do localsão 22o 44' latitude sul e 48o 34' longi-tude oeste, com altitude média de750m. O clima, segundo a classifica-ção de Köppen-Geiger, é do tipomesotérmico Cwa, subtropical úmidocom estiagem no período de inverno.A precipitação pluviométrica médiaanual é de 1.534mm com temperatu-ra média anual de 21oC. A tempera-tura média do mês mais quente é23,8oC e a do mês mais frio 17,5oC(Espíndola et al., 1974). O solo é clas-sificado como Latossolo VermelhoAmarelo, fase arenosa (Santos, 2006).

O experimento foi instalado comnove tratamentos em plantas de to-mateiros enxertadas em oito porta--enxertos, mais o pé-franco. Os por-ta-enxertos de tomateiro foram He-Man, Guardião, Kagemusha, Helper-M, Dr. K, Anchor-T, Magnet e Block,com diferentes especificidades de re-sistência a fatores bióticos e abióticos(Tabela 1). A cultivar Paron foi utili-zada como planta-cavaleiro e como pé--franco. O espaçamento utilizado foide 1m entre filas e 0,5m entre plan-

Mudas de tomateiro ‘Paron’ enxertadas em diferentes porta-enxertos eprontas para o plantio. Unesp/FCA, Botucatu, SP, 2007

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tas. Cada fila constituiu-se de um blo-co distribuído ao acaso, em quatro re-petições. Para formar a parcela foramutilizadas seis plantas, sendo quatroúteis. Duas filas externas com a cul-tivar Paron formavam a bordadura doexperimento, que tinha 168m2 totais.

A semeadura dos porta-enxertosfoi feita em 13/9/06 e a da planta-ca-valeiro uma semana após, emsubstrato Plantmax HT em bandejasde 128 células. A enxertia foi feita aos24 e 33 dias da semeadura da planta--cavaleiro e do porta-enxerto, respec-tivamente. Para enxertar utilizou-seo método da fenda simples, manten-do-se uma folha no porta-enxerto etrês folhas na planta-cavaleiro, con-forme Goto et al. (2003). Os enxertosforam fixados por clipe de enxertia etutorados com um palito de bambu.As plantas enxertadas foram acondi-cionadas em câmara úmida saturada,coberta por filme polietileno de baixadensidade (PEBD) e tela desombreamento de 75%, durante 7dias. Após esse período, as mudas fo-ram retiradas da câmara úmida eaclimatadas sob tela termorrefletorapor 3 dias antes do plantio. Oresfriamento interno da câmara úmi-da foi feito duas a três vezes ao diapor meio da sua abertura até que atemperatura interna se igualasse à doambiente externo.

A condução do experimento foi emabrigo de cultivo com 7m de largura,40m de comprimento e 3m de pé-di-

Tabela 1. Comportamento de resistência e tolerância de tomateiros porta--enxertos a condições bióticas e abióticas adversas. Unesp/FCA, Botucatu,SP, 2007

Porta-enxerto Resistência(1) Tolerância(2)

Guardião R, F1, F2, F3, N -Helper-M R, F1, F2, N, V -Magnet R, F1, F2, N, TMV, E SDr. K F1, F2, N -Kagemusha R, F1, F2, N, V B, SBlock F1, F2, F3, N -He-man R, F1, F2, N SAnchor-T R, F1, F2, N, V, TMV -

(1) R = Ralstonia solanacearum; F1 = Fusarium oxysporum f. sp. lycopersici raça 1;F2 = raça 2, F3 = raça 3; V = Verticillium; N = Meloidogyne incognita e M. javanica;E = Erwinia carotovora subs. carotovora; TMV = vírus do mosaico do fumo.(2) B = baixa temperatura; S = salinidade.Fonte: Peil (2003); Matsubara (2005); Wu et al. (2006); Martorana et al. (2007);Cantu (2008).

reito. A cobertura foi em arco,revestida de PEBD de 0,1mm. Utili-zou-se tela de sombreamento 50% naslaterais. A irrigação e fertirrigação fo-ram feitas por meio de tubosgotejadores. A condução das plantasfoi na vertical por meio de fitilhos,conduzidas com haste única até o oi-tavo cacho, quando foram desponta-das com três folhas acima deste últi-mo cacho. A adubação de base foi

realizada 4 dias antes do plantio, con-forme a análise do solo, utilizando-sea recomendação de adubação para otomateiro de Trani et al. (1997). Aaplicação do adubo foi na linha deplantio, em camalhões com altura de0,25m e largura de 0,30m. As aduba-ções de cobertura foram realizadasconforme Alvarenga (2004) viafertirrigação, uma vez por semana,com nitrato de potássio (13% de N e44% de K2O) e cloreto de potássio(58% K2O). Por ocasião da emissão doterceiro cacho floral, a aplicação daadubação foi suspensa durante duassemanas em função do vigor apresen-tado pelas plantas, conforme orienta-ção da SBCS (2004).

A colheita dos frutos maduros foisemanal, num total de dez, por oca-sião do seu avermelhamento. Avalia-ram-se frutos totais (maiores que50mm), frutos com diâmetro maiorque 70mm (Extra AA), peso da pro-dução total e da comercial, perda daprodução (frutos menores que 50mm,e avariados) e comprimento médio deentrenós por planta.

Os valores foram submetidos àanálise da variância e as médias com-paradas pelo teste de Tukey a 5%,utilizando-se o programa compu-tacional Sisvar.

Plantas de tomateiro ‘Paron’ enxertadas em diferentes porta-enxertos,plantadas no local de cultivo. Unesp/FCA, Botucatu, SP, 2007

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Resultados e discussão

A enxertia do tomateiro ‘Paron’não interferiu na produção do núme-ro total de frutos nem de frutos comdiâmetro maior que 70mm, exceto noporta-enxerto He-Man, com valoresmaiores que o tratamento pé-franco(Tabela 2).

A enxertia do tomateiro ‘Paron’nos diferentes porta-enxertos não in-terferiu no peso da produção total oucomercial nem na perda da produção,quando comparada ao tratamento pé--franco (Tabela 2).

Apenas no porta-enxertoAnchor-T a enxertia não interferiu nocomprimento dos entrenós das plantas.Nos demais porta-enxertos a técnicaocasionou encurtamento de entrenós(Tabela 2), corroborando o trabalho deCardoso et al. (2007), que enxertaramdiversas cultivares de tomateiro noporta-enxerto Hawaii 7996.

Os resultados da produção de fru-tos estão próximos aos encontradospor Lopes (2000), que obteve 4,27;5,06 e 4,85kg de frutos/planta, com otomateiro ‘Momotaro’ pé-franco e en-xertado nos porta-enxertos Anchor-Te Kagemusha, respectivamente. Paraos autores, a enxertia também nãoinfluencia negativamente na produ-ção e crescimento do tomateiro. Bran-co et al. (2007), trabalhando com acultivar Débora Max enxertada noporta-enxerto Anchor-T, também não

encontraram diferenças de produçãode frutos entre planta enxertada e opé-franco. Quanto às perdas da pro-dução (frutos menores que 50mm),Caliman et al. (2005), avaliando o de-sempenho de genótipos de tomatei-ros em abrigo de cultivo na RegiãoSudeste do Brasil, no período do ve-rão, encontraram valores maiores doque o deste trabalho.

A cultivar Paron não reúne as ca-racterísticas de resistência e tolerân-cia dos porta-enxertos estudados. Vis-to que a enxertia não interfere na pro-dução desta cultivar, pode-se reco-mendar os porta-enxertos estudados

neste trabalho para cultivo daqueletomateiro em solos infestados porRalstonia solanacearum, Meloido-gyne incognita, M. javanica,Fusarium oxysporum f. sp. lycopersici(Fol.) raça 3 e salinos, conforme apre-sentados na Tabela 1.

A redução do tamanho dosentrenós diminui a altura da planta.Essa alteração é interessante paracultivos em abrigos. De acordo comLopes (2000), em abrigo de cultivo aplanta tende a estiolar em face daluminosidade difusa do ambiente, oque é impedido parcialmente pelaenxertia.

Local da união entre enxerto e porta-enxerto em planta de tomateiro, durantea fase de desenvolvimento. Unesp/FCA, Botucatu, SP, 2007

Tratamento(cultivar/porta-enxerto)

Frutostotais/planta

Produçãocomercial

Comprimentomédio dosentrenós

Produçãototal

Perdas naprodução(2)

Frutos comdiâmetro maior

que 70mm/planta

Tabela 2. Produção de frutos do tomateiro ‘Paron’ pé-franco e enxertado em diferentes porta-enxertos e comprimentode entrenós. Unesp/FCA, Botucatu, SP, 2007

................... No .................... .......... kg/planta ........ cmParon / He-man 50,7 a(1) 29,00 a(1) 5,66 a(1) 5,43 a(1) 0,198(2) ab(1) 5,31 a(1)

Paron/Dr. K 45,2 ab 24,75 ab 4,86 ab 4,67 ab 0,198 ab 6,02 abParon/Kagemusha 41,0 ab 24,50 ab 4,96 ab 4,81 ab 0,179 ab 6,00 abParon/Guardião 40,7 ab 24,50 ab 4,13 ab 3,89 ab 0,208 ab 5,81 abParon/Helper-M 40,5 ab 23,75 ab 4,16 ab 3,94 ab 0,257 b 5,97 abParon/Anchor-T 38,7 ab 20,50 ab 4,61 ab 4,45 ab 0,187 ab 6,20 bcParon/Magnet 37,7 b 19,25 b 4,56 ab 4,45 ab 0,167 a 5,57 abParon 36,5 b 18,60 b 4,26 ab 4,12 ab 0,177 ab 6,88 cParon/Block 36,2 b 18,20 b 3,82 b 3,70 b 0,162 a 6,01 abCV(%) 14,11 17,85 15,23 14,73 19,19 5,18

(1) Medias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si, pelo teste de Tukey (5%).(2) Dados transformados pela fórmula = arcsen Vx/100.Nota: CV = coeficiente de variação.

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73Agropecuária Catarinense, v.22, n.2, jul. 2009

Conclusão

A enxertia não interfere no poten-cial produtivo e tampouco na quali-dade dos frutos da cultivar Paron detomateiro.

A enxertia reduz o tamanho daplanta da cultivar Paron de tomatei-ro sem comprometer a produção.

Os porta-enxertos estudados po-dem ser recomendados para aenxertia do tomateiro ‘Paron’ quan-do cultivado em condições limitantesà cultivar, como solos infestados porRalstonia solanacearum, Meloi-dogyne incognita, M. javanica,Fusarium oxysporum f. sp. lycopersici(Fol.) raça 3 e salinos.

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Plantas de tomateiro ‘Paron’ enxertadas em diferentes porta-enxertos, nafase de desenvolvimento. Unesp/FCA, Botucatu, SP,2007

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TTTTTaxa de progresso da doença e resistência deaxa de progresso da doença e resistência deaxa de progresso da doença e resistência deaxa de progresso da doença e resistência deaxa de progresso da doença e resistência decultivares de cevada à mancha-marromcultivares de cevada à mancha-marromcultivares de cevada à mancha-marromcultivares de cevada à mancha-marromcultivares de cevada à mancha-marrom

João Américo Wordell Filho1, Francisco X. Ribeiro do Vale2, Ariano M. Prestes3 e Laércio Zambolim4

Resumo – Foi avaliado o progresso da doença e a resistência de cultivares de cevada à Bipolaris sorokiniana. Oensaio foi realizado no campo experimental da Embrapa Trigo em Coxilha, RS. Comparou-se, na taxa de pro-gresso da doença, resistência e severidade de ponta-preta nos grãos, baseando-se estas na escalas de Fetch &Steffeson (1999) e Anderson & Banttari (1976), respectivamente. As cultivares BR 2, MN 698, Embrapa 128,Embrapa 129 e CI 9539 diferiram quanto à taxa de progresso da doença, graus de doença e severidade de ponta--preta nos grãos. As cultivares BR 2, Embrapa 128, Embrapa 129 e MN 698 apresentaram as maiores taxas deprogresso da doença, variando de 2,92 a 3,62 quando comparadas com o acesso CI 9539, mas não diferiram entresi pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. O acesso CI 9539 apresentou a menor taxa de progresso dadoença (1,17).

Termos para indexação: Bipolaris sorokiniana, Hordeum vulgare, cultivares, severidade.

Disease progress rate and resistance of barleycultivars to brown leaf spot

Abstract – The disease progress rate and the level of resistance to brown spot was evaluated in barley cultivars.The field experiment was carried out at Embrapa Trigo Experimental Station in Coxilha, Rio Grande do Sul,Brazil. Cultivars BR 2, MN 698, Embrapa 128, Embrapa 129, and CI 9539 showed statistical differences fromone another regarding reaction to and severity of seed infection by brown spot, based on the scales of Fetch &Steffeson (1999) and Anderson & Banttari (1976), respectively. Cultivars BR 2, Embrapa 128, Embrapa 129, andMN 698 showed the greatest increase in the rate of the disease progress, which varied from 2.92 to 3.62 comparedto access CI 9539, even though there was no statistical difference (P > 0.05) among those cultivars. Access CI9539 showed the lowest rate of disease progress (1.17).

Index terms: Bipolaris sorokiniana, Hordeum vulgare, cultivars, severity.

Introdução

A cevada (Hordeum vulgare L.) écultivada nos três Estados da RegiãoSul do Brasil. As doenças fúngicas de-nominadas de manchas foliares estãoentre os principais problemas

fitossanitários dessa gramínea, redu-zindo a produtividade e comprome-tendo a qualidade industrial dos grãos(Reis & Casa, 2001). A principal man-cha foliar é a mancha-marrom, cau-sada por Bipolaris sorokiniana (Sacc.In sorok.) Schomaker (Mathre, 1982).

O nível de resistência genética nascultivares de cevada não é satis-fatório, sendo atualmente indispensá-vel a aplicação de fungicidas na par-te aérea, o que contribui para elevaro custo de produção.

Hayes & Stakman (1921) relata-

Aceito para publicação em 22/7/08.1Eng. agr., Dr., Epagri/Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar (Cepaf), C.P. 791, 89801-970 Chapecó, SC, fone/fax: (49)3361-0600, e-mail: [email protected]. agr., Dr., UFV/Departamento de Fitopatologia, 36570-000 Viçosa, MG, fone: (31) 3899-2620.3Eng. agr., Ph.D., Embrapa Trigo, C.P. 451, 99001-970 Passo Fundo, RS.4Eng. agr. Dr., UFV/Departamento de Fitopatologia, fone: (31) 3899-2620.

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ram diferenças de suscetibilidade àmancha-marrom em cultivares decevada, ressaltando a importância daresistência no controle da doença e doestudo dos danos causados.

A mancha-marrom reduz a produ-tividade e diminui o tamanho dosgrãos (Mathre, 1982), causando per-das de 16% a 33% em cultivares sus-cetíveis (Clark, 1979; Wilcoxson et al.,1990), embora danos maiores possamacontecer quando a doença ocorreantes do estádio de emborrachamento(Nutter et al., 1985). Anderson &Banttari (1976), estudando o efeito deB. sorokiniana sobre a produtivida-de, peso de grãos e incidência de pon-ta-preta no grão, que é a manifesta-ção da doença no grão, concluíramque a incidência foi diferenciada emrelação às cultivares estudadas.

Wildermuth et al. (1992) relatamdanos no rendimento de 6,8% a 13,6%em cultivares resistentes e de 13,9%a 23,9% em cultivares suscetíveis.Nutter et al. (1985), em experimen-tos de campo, demonstraram que orendimento e a qualidade de grãosforam mais afetados quando a infec-ção de B. sorokiniana ocorreu no es-tádio de emborrachamento ou naantese, em relação à infecção no es-tádio de grão leitoso. Esses autoresatribuem a queda no rendimento àdiminuição do peso dos grãos, queocorre em epidemias de mancha-mar-rom. Além disso, cevada com ponta--preta tem menor índice de germina-ção, causa escurecimento do mosto eaumento do teor de nitrogênio solú-vel e de proteína total, influenciandodiretamente na qualidade do malte(Vieira, 1985). Por essas razões, tor-na-se importante selecionar cultiva-res com menores índices demanchamento de grãos, além de es-tudar a relação entre a severidade dadoença no campo com a manifestaçãodos sintomas nos grãos.

Na caracterização da resistênciade cultivares de cevada visando en-contrar fonte de resistência à doençasão imprescindíveis estudos epide-miológicos de campo a fim de dar su-porte aos programas de melhoramen-to. O objetivo deste estudo foi avaliara reação de alguns genótipos de ce-vada quanto à resistência a B.sorokiniana em ensaios de campo.

Material e métodos

A pesquisa foi executada no Labo-ratório de Fitopatologia da EmbrapaTrigo em Passo Fundo, RS, na áreaexperimental do município deCoxilha (28o09’20” latidute sul e52o18’00” longitude oeste, 720m de al-titude) no ano 2000. Foram avaliadasas seguintes cultivares: BR 2,Embrapa 128, Embrapa 129 e MN698, originárias do programa de me-lhoramento de cevada da EmbrapaTrigo, e o acesso CI 9539, oriundo dobanco de germoplasma internacional.

O experimento foi instalado no dia23/6/2000. A profundidade de semea-dura foi de 5cm, utilizando oespaçamento de 20cm entre linhas,em parcelas de 1,20 x 5m , com 250sementes viáveis/m2. Foi utilizado umespaçamento de 5m entre parcelaslivres de qualquer cultura ou plantadaninha e de 10m entre blocos, utili-zando faixas com centeio comobordadura do experimento. Uma adu-bação de base com 350kg/ha da fór-mula 5-25-25 foi adicionada ao solo,tendo como base os resultados de aná-lise de solo (54% de argila; 5,8 de pHem água; 5,5mg/dm3 de fósforo; 56mg/dm3 de potássio; 32g/dm3 de matériaorgânica; 36,2mmolc/dm3 de cálcio e30,2mmolc/dm3 de magnésio). Vinte eum dias após a emergência dasplântulas foi realizada a adubação decobertura, com 172kg/ha de ureia. Odelineamento experimental adotadofoi em blocos casualizados, com qua-tro repetições por cultivar para asparcelas inoculadas e para as parce-las não inoculadas de cada cultivar.As parcelas não inoculadas (infecçãonatural) foram utilizadas somente nacomparação dos tratamentos quantoaos graus de severidade de ponta--preta em grãos, com as parcelasinoculadas.

O isolado monospórico Bs 9952 foiutilizado nos testes de campo. Esseisolado foi obtido de sementes de ce-vada cultivada no município de Va-caria, RS, sendo mantido comoconídios dessecados, armazenados a5oC. A inoculação ocorreu pela trans-ferência asséptica dos conídios paraerlermeyers (capacidade 2L) conten-do 200g de grãos de sorgo (Sorghumbicolor) previamente autoclavados.Os frascos foram incubados a 22oC ±

1oC, adotando 12h de fotofase (lâm-padas fluorescentes de 20W emitin-do 260 a 280uEm-2s-1) por 15 a 20 dias.A substância foi preparada equantificada para ser inoculada nasplantas seguindo o protocolo de Tuite(1969). O surfactante “Tween 20”(po lyoxyethylene-20-sorb i tanmonolaurate) foi adicionado (100µl/L)à suspensão de conídios para facili-tar a dispersão do inóculo sobre a su-perfície foliar.

Para avaliar a viabilidade dosconídios foi adotado o seguinte pro-cedimento: antes da inoculação nocampo, os conídios foram transferi-dos para béqueres contendo 10ml deágua destilada e esterilizada, sendoagitados e a suspensão distribuídaem quatro placas de Petri, contendoo meio água-ágar. As placas foramincubadas por 12h sob temperaturade 22oC ± 1oC. Após esse período, asplacas foram visualizadas sob micros-cópio estereoscópico para quantificara germinação dos conídios, realizan-do-se leitura de 100 conídios/placa deforma aleatória. Foram consideradosconídios viáveis aqueles em que o tubogerminativo (pró-micélio) apresenta-va diâmetro maior do que o do conídio.As plantas foram inoculadas nos se-guintes estádios: cultivar BR 2 no es-tádio 49; CI 9539 no estádio 51;Embrapa 128 no estádio 49; Embrapa129 no estádio 47 e MN 698 no está-dio 48 (Zadoks et al., 1976). Os dife-rentes estádios devem-se às diferen-ças no ciclo vegetativo de cada genó-tipo. Para a inoculação utilizou-se umatomizador costal, contendo suspen-sões de conídios viáveis nas densida-des de 1,6 x 104 conídios viáveis/ml,inoculando-se as plantas no horárioentre as 18 e as 19 horas, na dose de1,5L por parcela.

Foram feitas cinco avaliações se-manais nas parcelas inoculadas, uti-lizando-se dez plantas por parcela,com início 7 dias após a inoculação.Foram usadas a escala de severidadefoliar de James (1971) e a escala denotas de reação à doença de Fetch &Steffenson (1999) para plantas adul-tas, variando de zero a 4 em que zero= altamente resistente ou com ausên-cia de sintomas (AR); 1 = resistente,lesões necróticas < 2mm, sem clorose(R); 2 = moderadamente resistente,lesões necróticas de 2 a 4mm, sem

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clorose ou clorose nas bordas das le-sões (MR); 3 = moderadamente sus-cetível, lesões necróticas de 4 a 6mm,clorose bem definida na forma de anel(MS) e 4 = suscetível, lesões necróticas> 6mm, com alta extensão clorótica(S). Para avaliação da severidade dadoença em grãos, foi utilizada a esca-la de Anderson & Banttari (1976), quevaria de zero a 5, em que zero = au-sência de sintomas (AR); 1 = área commenos de 20% de escurecimento (R);2 = áreas com 21% a 40% deescurecimento (MR); 3 = áreas com41% a 60% de escurecimento (MS); 4= grandes áreas com 60% a 80% deescurecimento (S) e 5 = grandes áre-as manchadas, em toda a semente, emtorno de 95% (AS), em uma amostrade 250g de sementes de cada parce-la. Após a colheita, os grãos foramsecos, limpos e pesados.

A taxa de progresso da doença emplantas (r) foi calculada pela estima-tiva do coeficiente angular (b) daequação de regressão linear, entre aseveridade foliar (y) (escala de James,1971) em função do tempo (t).

Resultados e discussão

As cultivares testadas diferiramquanto à taxa de progresso da doen-ça (Tabela 1). Nenhuma cultivar mos-trou alta resistência, indicando tra-tar-se de resistência do tipo parcial(Tabela 2). Vários autores constata-ram diferenças no grau desuscetibilidade de cultivares de ceva-da, inoculadas com isolados proveni-entes de folhas e de sementes de ce-vada (Banttari et al., 1975; Wilcoxson

et al., 1980 e Miles et al.,1987).As cultivares BR 2, Embrapa 128,

Embrapa 129 e MN 698 apresenta-ram as maiores taxas de progresso dadoença, com média de 3,36, sem dife-rença significativa entre si, mas su-periores à CI 9539, esta com taxa deprogresso da doença de 1,17 (Tabela1). É interessante comentar que, emtestes de avaliação de resistência, oacesso CI 9539 mostrou-se suscetívelà mancha-marrom no estádio deplântula (Wordell Filho et al., 2005),porém na fase adulta essa cultivarapresentou resistência moderada, di-ferindo das demais cultivares testa-das em campo. Isso abre perspectivaspara a incorporação dessa resistên-cia em cultivares recomendadas parasemeadura no Sul do Brasil.

Com a escala de Fetch &Steffenson (1999), as cultivares foramdiferenciadas quanto à reação à B.sorokiniana (Tabela 2). Todas as cul-tivares manifestaram aumento dasuscetibilidade (reação) ao patógeno

à medida que avançou seu ciclo dedesenvolvimento. Resultados seme-lhantes foram obtidos por WordellFilho et al. (2005), que avaliaram 59genótipos de cevada em telado na fasede planta adulta e concluíram quehouve diferença na severidade da do-ença, na incidência de B. sorokiniananos grãos e na severidade entre osestádios estudados.

As cultivares BR 2, MN 698,Embrapa 128 e Embrapa 129 com-portaram-se da mesma maneira, ecom o avanço do ciclo reprodutivo dacultura tornaram-se cada vez maissuscetíveis à doença. Esse comporta-mento, de aumento da severidade dadoença com a proximidade do final dociclo da cultura, foi menos pronunci-ado no acesso CI 9539, que manteveo nível de resistência mesmo após teralcançado a maturação fisiológica,quando vários ciclos do fungo já ha-viam ocorrido, mostrando capacidadegenética para evitar novas penetraçõese o crescimento das lesões existentes.

Tabela 2. Graus de resistência à Bipolaris sorokiniana em cultivares de cevada em diferentes estádios de desenvol-vimento (ED)

AvaliaçõesCultivar

1a 2a 3a 4a 5a

ED(1) Grau(2) ED Grau ED Grau ED Grau ED GrauBR 2 56 R 60 R 68 MS 76 S 86 SEmbrapa 128 53 R 58 MR 68 MS 75 MS 85 SEmbrapa 129 47 R 49 MR 56 MS 65 MS 74 MSCI 9539 59 R 65 R 72 R 82 MR 93 MRMN 698 55 R 58 MR 65 MS 73 MS 84 S

(1)Estádios fenológicos segundo Zadoks et al. (1976), proposto em função do número de dias.(2)Escala de notas proposta por Fetch & Steffenson (1999), em que R = resistente; MR = moderadamente resistente; MS =moderadamente suscetível e S = suscetível.

Tabela 1. Taxa de progresso da doença de Bipolaris sorokiniana em cincocultivares de cevada. Passo Fundo, RS, 2000

Taxa/dia(1)

Embrapa 128 3,62 a2

MM 698 3,46 aBR 3,44 aEmbrapa 129 2,92 aCI 9539 1,17 b

(1)Taxa baseada na percentagem de severidade ao longo do tempo.(2)Médias seguidas das mesmas letras não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%de probabilidade (CV = 8,8).

Cultivar Média

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As cultivares diferiram quanto àseveridade de ponta-preta em grãos(Tabela 3). A cultivar BR 2 destacou--se como uma das mais afetadas, in-dicando suscetibilidade à colonizaçãodo fungo, tanto sobre infecção natu-ral como inoculada. Sob inoculaçãoessa cultivar mostrou-se moderada-mente suscetível à colonização por B.sorokiniana. Nas parcelas testemu-nhas (infecção natural), as cultivaresapresentaram notas que variaramentre 1 e 2, notas essas, semelhantesàs encontradas nas cultivares inocu-ladas, sendo consideradas entre resis-tentes a moderadamente resistentesà colonização pelo fungo. O acesso CI9539 apresentou as menores notas deseveridade entre as cultivares, sendoconsiderada resistente à colonizaçãopelo fungo tanto sobre infecção natu-ral como quando inoculada. Follstad& Christensen (1962), Banttari et al.(1975), Harper & Lynck (1981) eVieira (1985) relatam a importânciada seleção de cultivares que tenhamresistência na planta adulta, e origi-nem grãos sadios. Esses autores re-latam a importância da seleção decultivares que possuam resistência degrão à colonização por B. sorokiniana,evitando, assim a queda de germina-ção, alterações na qualidade do mos-to e aumento do teor de nitrogêniosolúvel e de proteína, fatores impor-tantes na cevada cervejeira. Assim, oacesso CI 9539 apresenta caracterís-ticas que o habilitam para ser utili-zado como fonte de resistência, visan-do à resistência de planta adulta e àresistência de grãos à colonização deB. sorokiniana.

Tabela 3. Graus de severidade de ponta-preta em grãos em cinco cultivaresde cevada. Passo Fundo, RS, 2000

Cultivar Infecção natural(1) Inoculado(2)

Embrapa 128 2 2MN 698 2 2BR 2 2 3Embrapa 129 2 2CI 9539 1 1

(1)Escala de notas proposta por Anderson & Banttari (1976), em que 0 = ausência desintomas; 1 = áreas com menos de 20% de escurecimento; 2 = áreas com 21% a 40%de escurecimento; 3 = áreas com 41% a 60% de escurecimento; 4 = grandes áreascom 60% a 80% de escurecimento e 5 = grandes áreas manchadas, em toda a se-mente, em torno de 95%.(2)Plantas inoculadas com uma suspensão de esporos de 1,6 x 104 conídios/ml.

Conclusões

• As cultivares de cevada diferemquanto à taxa de progresso, grau deseveridade nos diferentes estádios ava-liados e severidade de ponta-preta.

• O acesso CI 9539 tem potencialpara ser utilizado nos programas demelhoramento de cevada na RegiãoSul do Brasil.

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Nota Científica

PPPPProdutividade de variedades de polinização abertarodutividade de variedades de polinização abertarodutividade de variedades de polinização abertarodutividade de variedades de polinização abertarodutividade de variedades de polinização abertade milho em cultivo orgânicode milho em cultivo orgânicode milho em cultivo orgânicode milho em cultivo orgânicode milho em cultivo orgânico

Gilcimar Adriano Vogt1, Silmar Hemp2, Waldir Nicknich3,Juliana Bernardi Ogliari4 e Antonio Carlos Alves5

Resumo – O objetivo deste trabalho foi avaliar a produtividade de grãos de variedades de polinização aberta demilho em sistema orgânico. Os ensaios de campo foram conduzidos em Chapecó, SC, nos anos agrícolas 2005/06e 2006/07. Os genótipos avaliados foram obtidos de agricultores familiares do Oeste Catarinense, incluindo-setrês cultivares melhoradas pela Epagri. Os resultados obtidos demonstram variedades com produtividade degrãos superior a 6.000kg/ha.

Termos para indexação: variedades locais, Zea mays, milho crioulo.

Yield of open pollinated varieties of maize in organic cultivation

Abstract – The objective of this study was to evaluate grain yield of local varieties (landraces) obtained fromfamily farms from the Western region of Santa Catarina, including three improved cultivars from Epagri underorganic cultivation. The field experiments were carried out in the experimental area at Epagri/Cepaf in Chapecó,Santa Catarina State, Brazil, in the agricultural years of 2005/06 and 2006/07. Some local varieties yielded morethan 6,000kg/ha.

Index terms: local varieties, Zea mays, crioule maize, landrace.

A cultura do milho é uma das prin-cipais atividades agrícolas do Estadode Santa Catarina, envolvendo maisde 150 mil famílias rurais, além deser importante insumo parasuinocultura, avicultura e gado leitei-ro (Brugnago Neto, 2008).

Apesar da expressiva área plan-tada e dos satisfatórios níveis de pro-

Aceito para publicação em 16/12/08.1Eng. agr., M.Sc., Epagri/Estação Experimental Canoinhas, C.P. 216, 89460-000 Canoinhas, SC, fone: (47) 3624-114, e-mail:[email protected]. agr., M.Sc., Epagri/Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar (Cepaf), C.P. 791, 89801-970 Chapecó, SC, fone: (49) 3361-0600, e-mail: [email protected]. agr., B.Sc., Epagri/Cepaf, e-mail: [email protected]. agr., D.Sc., UFSC/Centro de Ciências Agrárias (CCA), C.P. 476, 88040-900 Florianópolis, SC, fone: (48) 3721-5404, e-mail:[email protected]. agr., D.Sc., UFSC/CCA, e-mail: [email protected].

dutividade, diversos setores da socie-dade discutem a produção sustentá-vel de alimentos. Neste tocante, asvariedades de polinização aberta(VPA), incluindo as variedades locais,são opções viáveis para inserirem-seem sistemas de cultivo de baixo im-pacto ambiental (Araújo & Nass,2002). Essas variedades, mesmo sen-

do menos produtivas que os híbridos,apresentam rusticidade, variabilida-de genética e adaptabilidade aos sis-temas com baixo uso de insumos,além de permitirem a produção pró-pria de semente (Sandri & Tofanelli,2008).

Além disso, produtos derivados demilho crioulo, dada sua procedência

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e cuidados com o manejo dos recur-sos naturais, inserem-se em merca-dos diferenciados, sendo opção estra-tégica para produção orgânica de ali-mentos.

O presente trabalho teve comoobjetivo avaliar a produtividade devariedades de polinização aberta demilho em 2 anos agrícolas, 2005/06 e2006/07, em sistema orgânico de pro-dução.

Ambos os ensaios (2005/06 e 2006/07) foram conduzidos na área experi-mental da Epagri/Centro de Pesqui-sa para Agricultura Familiar (Cepaf)em Chapecó, a 27o07’ de latitude sule 52o37’ de longitude oeste, e com al-titude de 679m, em área exclusivapara experimentação em sistema or-gânico.

O ensaio 2005/06 foi composto de18 tratamentos, dos quais três sãocultivares melhoradas da Epagri(SCS 153 (Esperança), SCS 154 (For-tuna) e SCS 155 (Catarina)) e 15 sãovariedades locais6 coletadas junto aosagricultores da Região OesteCatarinense. O delineamento utiliza-do foi blocos completos casualizados,com quatro repetições. As parcelasconsistiram de duas linhas de 5m decomprimento e espaçamento de0,90m entre linhas, sendo a área útilpara determinação do rendimento for-mada de 9m2.

No ano agrícola 2006/07 foramimplantados dois ensaios (épocas 1 e2), ambos compostos de 15 tratamen-tos, dos quais duas cultivares melho-radas da Epagri (SCS 154 (Fortuna)e SCS 153 (Esperança)) e 13 varieda-des locais. O delineamento utilizadofoi blocos completos casualizados comquatro repetições. As parcelas consis-

tiram de três linhas de 5m de com-primento e espaçamento de 0,90mentre linhas, sendo a área útil paradeterminação do rendimento forma-da por 13,5m2, contendo todas asplantas da parcela.

A cobertura de inverno que ante-cedeu ao milho foi aveia com ervilhacano primeiro ano e centeio no segundoano, manejados com rolo-faca. O mi-lho foi semeado três semanas após ouso do rolo, em sistema de plantio di-reto com semeadora tratorizada, em24/10/2005 e 10/10/2006. Em 9/11/2006 foi realizada a semeadura dasegunda época, com saraquá/matra-ca, em área contígua ao ensaio da pri-meira época. A densidade foi de 54 milplantas/ha, densidade recomendadapara cultivo de variedades depolinização aberta em condições fa-voráveis de cultivo e visando àmaximização da produtividade(Balbinot Jr. et al., 2007). No estádiofenológico V3, fez-se adubação de co-bertura com cama de aviário em tor-no de 4t/ha, aplicada a lanço ao longodas fileiras. A mesma quantidade deadubo orgânico foi aplicada nas plan-tas de cobertura que antecederam aomilho, segundo interpretação do lau-do de análise de solo e recomendaçãopara a cultura estival. Durante o de-senvolvimento da cultura foram rea-lizadas uma capina e duas aplicaçõesde óleo de nim para controle das plan-tas invasoras e da lagarta do cartu-cho, respectivamente.

Na primeira época do ano agríco-la 2006/07 foram avaliadas as variá-veis florescimento masculino (FM) efeminino (FF), medido em dias, entrea emergência e o florescimento de50% das plantas da parcela. No ano

agrícola 2005/06 e primeira época de2006/07 foi avaliada a seguinte vari-ável:

• Porcentagem de plantasacamadas e quebradas (T+A): deter-minada pela contagem de plantasacamadas e quebradas na parcela, naocasião da colheita.

Nos anos agrícolas 2005/06 e 2006/07, foram avaliadas as seguintes va-riáveis:

• Produtividade de grãos (PRO):determinada pela colheita das plan-tas da parcela útil, as quais foram tri-lhadas e os grãos pesados. Os dadosforam corrigidos para 13% de umida-de e expressos em kg/ha.

• Altura de planta (AP): medidana ocasião da colheita, a qualcorrespondeu à distância entre a su-perfície do solo e o ápice do pendão,medida em dez plantas por parcela.

• Altura de inserção da espiga(AE): medida na colheita, a qualcorrespondeu à distância entre a su-perfície do solo e a inserção da espi-ga, medida em dez plantas por par-cela.

A análise estatística foi feita paratodas as variáveis e as médias foramagrupadas pelo teste de Scott-Knott,ao nível de 5% de probabilidade doerro.

No ano agrícola 2005/06 as varie-dades locais mais produtivas foramMPA 1, ARC 5884, Branco Gigante,Asteca, Cateto, Estrela e Amarelão,apresentando PRO igual ou superiora 4.388kg/ha (Tabela 1), não diferin-do das cultivares comerciais SCS 154(Fortuna) e SCS 155 (Catarina).Hemp et al. (2006), Hemp et al.(2007), Machado et al. (2006) e Araú-jo & Nass (2002), avaliando varieda-

6Notas dos autores:• • • • • Uma dúvida frequente é a diferenciação entre variedades locais e cultivares locais melhoradas. Ambas são de polinização

aberta (VPA), e por essa razão o agricultor pode reutilizar a semente colhida para semeadura na próxima safra.• • • • • O termo “variedade local” é muito amplo e apresenta vários sinônimos. Os mais usuais são: variedades crioulas, landraces,

variedades tradicionais, variedades primitivas ou variedades dos agricultores, apresentando pequenas diferenças peculiares acada denominação.

• • • • • Variedades locais podem ser definidas como populações cultivadas por agricultores e que não sofreram o processo convencio-nal de melhoramento genético, sendo comum o fato de serem denominadas, selecionadas e mantidas pelos agricultores tradicio-nais para atender as suas necessidades sociais, econômicas e culturais.

• • • • • Cultivares melhoradas são definidas como sendo populações que passaram pelo processo formal de melhoramento genéticoem instituição pública ou privada, estando registradas junto ao Registro Nacional de Cultivares (RNC) do Ministério da Agricultu-ra, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Os serviços nacionais de pesquisa, incluindo a Embrapa e a Epagri, adotam o nome oficial decultivar para designar estes genótipos.

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des locais de milho, também consta-taram que algumas apresentaramprodutividade de grãos equivalentesou superiores às cultivares comer-ciais. Machado et al. (2006) salien-tam que tal superioridade confirmaa importância das variedades locais,sobretudo como fonte de ger-moplasma. Sandri & Tofanelli (2008)demonstram que, pelo fato da não-ne-cessidade de altos níveis de investi-mento em insumos e o alcance de pro-dutividades superiores a 4.700kg/ha,o milho crioulo apresenta-se como al-ternativa viável para a agricultura or-gânica. As variedades Milho 005 e Solda Manhã apresentaram PRO inferi-or a 3.214kg/ha (Tabela 1), represen-tando, segundo Araújo & Nass (2002),alguma limitação de utilização dire-ta para a produção de grãos nas con-dições edafoclimáticas de Chapecó.

Entretanto, essas variedades podemapresentar alguma característica pe-culiar desejável para uso direto oupara utilização em programas de me-lhoramento.

Na primeira época do ano agríco-la 2006/07, as variedades locais ARC5884, SJC 5886, DS 0212, MPA 1 ePixurum 06 tiveram PRO de 6.142kg/ha ou superior, não diferindo de ‘SCS154 (Fortuna)’ (Tabela 2), o que re-presenta boa adaptabilidade ao sis-tema orgânico e satisfatória produti-vidade de grãos. Nove variedades,entre elas a cultivar melhorada SCS153 (Esperança) obtiveram PRO re-duzida, demonstrando menor adap-tabilidade para a produção de grãosno sistema orgânico, como citado porAraújo & Nass (2002).

Na segunda época, os genótiposSJC 5886 e CVA mostraram-se supe-

riores em PRO, superando a culti-var SCS 154 (Fortuna), indicandobom potencial de uso em sistemasorgânicos.

Quanto à estatura das plantas(AP) e altura de inserção da espiga(AE), houve variação significativaentre os genótipos (Tabelas 1 e 2). Avariedade local ARC 5884, que obte-ve boa produtividade, apresentou APe AE semelhantes às da cultivar me-lhorada SCS 154 (Fortuna) nos 2 anosagrícolas, exceto na segunda época doano agrícola 2006/07, mostrando-sesuperior em relação à AE.

Quanto à porcentagem de plantasacamadas e tombadas (T+A), as cul-tivares melhoradas apresentarambaixa T+A porém não diferindo signi-ficativamente das variedades locaisMPA1, ARC 5884, Cateto, Estrela,Iapar 52, Pixurum 05 e Sol da Ma-nhã no ano agrícola 2005/06 (Tabela1) e de ‘SJC 5886’, ‘Pixurum 05 GBA’,‘Estrela’ e ‘Pixurum 05 DC’ no anoagrícola 2006/07 (Tabela 2).

O florescimento masculino (FM),avaliado apenas na primeira época de2006/07, mostrou diferença significa-tiva entre os genótipos avaliados (Ta-bela 2). As variedades mais precocesforam SCS 154 (Fortuna), Pixurum05 GBA, Pixurum 06, Pixurum 05 DCe ARC 5884. Quanto ao florescimentofeminino (FF), não houve diferençassignificativas.

Avaliando de forma conjunta osresultados, ressalta-se o comporta-mento agronômico da variedade localARC 5884, que obteve PRO, AP, AE,FM, FF e T+A semelhantes à cultivarmelhorada SCS 154 (Fortuna), queapresenta, segundo Hemp et al.(2006) e Hemp et al. (2007) boa adap-tabilidade ao sistema de cultivo orgâ-nico nas condições do oeste de SantaCatarina. Vale destacar também ocomportamento da variedade localSJC 5886 e da cultivar melhoradaSCS 155 (Catarina), que, avaliadaapenas em 1 ano agrícola, apresen-tou desempenho produtivo semelhan-te à cultivar SCS 154 (Fortuna).

A produtividade das variedades doano agrícola 2005/06 foi inferior à doano agrícola 2006/07 devido à esti-agem, coincidente com a floração e

Tabela 1. Produtividade de grãos (PRO), altura de planta (AP), altura deinserção de espiga (AE) e porcentagem de plantas tombadas + acamadas(T+A) das variedades de milho em cultivo orgânico no ano agrícola 2005/06. Epagri/Chapecó, SC

Variedade PRO(1) AP(1) AE(1) T+A(2)

kg/ha ............ cm ........... %MPA 1 5.332 a 201 b 114 b 2,3 aSCS 155 (Catarina) 5.112 a 175 c 101 c 1,5 aSCS 154 (Fortuna) 5.093 a 179 c 96 c 2,5 aARC 5884 5.027 a 188 c 91 c 2,8 aBranco Gigante 4.846 a 233 a 138 a 13,8 bAsteca 4.787 a 216 a 114 b 9,0 bCateto 4.438 a 236 a 149 a 3,0 aEstrela 4.412 a 189 c 106 b 7,3 aAmarelão 4.388 a 226 a 136 a 21,5 bCateto Sabugo Fino 4.169 b 235 a 138 a 15,8 bComum 4.089 b 220 a 149 a 11,0 bIapar 52 4.058 b 205 b 118 b 6,3 aPalha Roxa 3.964 b 221 a 120 b 16,0 bPixurum 05 3.961 b 176 c 90 c 6,5 aComp. 8 Carreiras 3.873 b 219 a 139 a 14,0 bSCS 153 (Esperança) 3.680 b 198 b 116 b 4,50 aMilho 005 3.214 c 179 c 89 c 12,3 bSol da Manhã 3.109 c 190 c 111 b 5,8 aMédia 4.308 205 117 8,6CV (%) 13,2 6,7 12,2 49,8

1Valores seguidos pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste deScott & Knott ao nível de 5% de probabilidade.2Valores apresentados sem transformação, porém para fins de análise estatísticaos valores foram transformados utilizando a fórmula: arc sen √x/100.

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Detalhe da parcelade experimentocom variedade depolinização aberta

Vista geral deexperimento com

variedade depolinização

aberta

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enchimento de grãos da cultura. Nosmeses de novembro, dezembro, janei-ro e fevereiro a média histórica deprecipitação em Chapecó é de 167,171, 188 e 190mm, respectivamente.Porém, nos meses de novembro, de-zembro e fevereiro do ano agrícola2005/06 as precipitações foram deapenas 72, 48 e 88mm, respectiva-mente. No mês de janeiro ocorreramprecipitações de 286mm. Entretanto,devido às características de solo(Latossolo Vermelho Distroférrico tí-pico), não foram suficientes paraminimizar os prejuízos.

Em ambos os anos agrícolas, ne-nhuma variedade local obteve desem-penho inferior na maioria das variá-veis avaliadas em relação às varieda-des melhoradas (as SCSs), o que in-dica segundo Araújo & Nass (2002),bom potencial genético para utiliza-ção direta e/ou uso em programas demelhoramento.

As variedades locais apresenta-

ram produtividade, ciclo, altura deplanta e de inserção de espiga seme-lhantes às cultivares melhoradas,mostrando-se adaptadas ao sistemaorgânico nas condições edafocli-máticas do Oeste Catarinense, sendopassíveis de cultivo, principalmentepara os agricultores familiares quepraticam sistemas de baixo investi-mento em insumos.

Literatura citada

1. ARAÚJO, P.M.; NASS, L.L. Caracte-rização e avaliação de populações demilho crioulo. Scientia Agricola,Piracicaba, v.59, n.3, p. 589-593, 2002.

2. BALBINOT JR.; ALVES, A.C.; FON-SECA, J.A. da et al. Densidade deplantas em variedades de polinizaçãoaberta de milho. Revista de CiênciasAgroveterinárias, Lages, v.6, n.2,p.114-124, 2007.

3. BRUGNAGO NETO, S. Milho. Sínte-se Anual da Agricultura de SantaCatarina 2006/2007. Florianópolis:

Epagri/Cepa, 2007. p.100-108. Dispo-nível em: <http://cepa.epagri.sc.gov.br>. Acesso em: 11 abril 2008.

4. HEMP, S.; NICKNICH, W.; VOGT,G.A. et al. Avaliação de variedades demilho em cultivo orgânico _ safra2006/07. Revista Brasileira deAgroecologia, Porto Alegre, v.2, n.2,p.1328-1331, out. 2007.

5. HEMP, S.; NICKNICH, V.; VOGT,G.A. et al. Avaliação de variedades demilho em cultivo orgânico _ safras2004/05 e 2005/06. In: CONGRESSOBRASILEIRO DE AGROECOLOGIA,4., 2006, Belo Horizonte, MG. Anais…Belo Horizonte, 2006. CD-ROM.

6. MACHADO, A.T.; NUNES, J. A.; MA-CHADO, C.T. de T. et al. Mejo-ramiento participativo em maíz: sucontribución en el empoderamientocomunitario en el municipio deMuqui, Brasil. Agronomía Mesoame-ricana, v.17, n.3, p. 393-405, 2006.

7. SANDRI, C.A.; TOFANELLI, M.B.D.Milho Crioulo: uma alternativa pararentabilidade no campo. PesquisaAgropecuária Tropical, v.16, n.1, p.59-61, mar. 2008.

Tabela 2. Produtividade de grãos (PRO), altura de planta (AP), altura de inserção de espiga (AE), florescimentomasculino (FM), florescimento feminino (FF) e porcentagem de plantas tombadas + acamadas (T+A) das varieda-des de milho em cultivo orgânico no ano agrícola 2006/07. Epagri/Chapecó, SC

1ª Época 2ª ÉpocaVariedade PRO(1) AP(1) AE(1) FM(1) FF(1) T+A(2) PRO(1) AP(1) AE(1)

kg/ha ...... cm ...... ..... dias .... % kg/ha ........... cm ............ARC 5884 7.077 a 271 b 146 c 64 a 68 a 6,2 b 4.964 b 281 b 151 bSJC 5886 7.019 a 270 b 156 b 65 b 66 a 4,0 a 6.243 a 261 b 144 cSCS 154 (Fortuna) 6.558 a 251 b 136 c 63 a 67 a 4,9 a 4.944 b 254 b 128 dDS 0212 6.247 a 290 a 158 b 66 b 69 a 8,8 b 4.557 b 298 a 153 bMPA 1 6.244 a 276 b 150 b 66 b 69 a 6,9 b 4.583 b 298 a 157 bPixurum 06 6.142 a 284 a 154 b 63 a 68 a 7,2 b 4.410 b 279 b 152 bPixurum 05 GBA 5.617 b 267 b 149 b 63 a 68 a 2,4 a 4.341 b 273 b 149 bAmarelão 7 5.587 b 314 a 188 a 66 b 68 a 12,7 b 4.421 b 298 a 178 aEstrela 5.555 b 258 b 138 c 65 b 66 a 2,4 a 4.834 b 269 b 140 cCVA 5.414 b 256 b 140 c 65 b 69 a 6,5 b 6.062 a 281 b 151 bSCS 153 (Esperança) 5.263 b 278 b 157 b 66 b 70 a 4,6 a 3.889 b 277 b 156 bPixurum 05 DC 5.078 b 262 b 138 c 64 a 68 a 2,7 a 4.817 b 266 b 147 bPalha Roxa 5.046 b 308 a 190 a 66 b 70 a 9,2 b 4.149 b 310 a 184 aCateto 4.798 b 289 a 157 b 65 b 70 a 15,8 b 3.991 b 309 a 183 aCunha 4.592 b 286 a 159 b 66 b 69 a 6,1 b 4.000 b 296 a 161 bMédia 5.749 277 154 65 68 6,7 4.680 283 155CV (%) 15,3 6,8 7,6 1,3 3,5 39,9 14,6 5,2 6,4

1Valores seguidos pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Scott & Knott ao nível de 5% de probabilidade.2Valores apresentados sem transformação, porém para fins de análise estatística os valores foram transformados utilizando aseguinte fórmula: arc sen √x/100.

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Nota Científica

Eficiência de óleos vegetais e do fungoEficiência de óleos vegetais e do fungoEficiência de óleos vegetais e do fungoEficiência de óleos vegetais e do fungoEficiência de óleos vegetais e do fungoentomopatogênico entomopatogênico entomopatogênico entomopatogênico entomopatogênico Beauveria bassiana Beauveria bassiana Beauveria bassiana Beauveria bassiana Beauveria bassiana no controleno controleno controleno controleno controle

do molequedo molequedo molequedo molequedo moleque-----da-bananeirada-bananeirada-bananeirada-bananeirada-bananeira

José Maria Milanez1, Robert Harri Hinz2 e Cristiane Maria da Silva3

Resumo – Avaliaram-se as eficiências dos óleos vegetais de soja e de nim e do fungo entomopatogênico Beauveriabassiana no controle de adultos de Cosmopolites sordidus (Coleoptera: Curculionidae). O experimento foi reali-zado no Laboratório de Entomologia da Epagri/Estação Experimental de Itajaí, Santa Catarina. Utilizou-se odelineamento experimental inteiramente casualizado com seis tratamentos e cinco repetições. As avaliaçõesforam realizadas 1, 3, 7, 14, 21 e 26 dias após a aplicação e a mortalidade corrigida pela fórmula de Abbott. Ostratamentos à base de óleo de soja foram eficientes no controle da praga, destacando-se o tratamento com óleo desoja + B. bassiana + farinha de trigo, que, após 7 dias, alcançou 100% de eficiência, enquanto os tratamentos commassa fúngica de B. bassiana e óleo de soja, aplicados isoladamente, alcançaram 100% de eficiência após 26dias.

Termos para indexação: moleque-da-bananeira, controle biológico, formulação.

Efficiency of vegetal oils and entomophatogenous fungusBeauveria bassiana in the control of Cosmopolites sordidus

Abstract – The efficiency of vegetal oils from soy and neem, and of entomophatogenous fungus Beauveriabassiana was assayed against adults of the banana weevil Cosmopolites sordidus. The experiment was carriedout at the Entomology Laboratory of Epagri/Experiment Station of Itajaí, Santa Catarina. The experimentaldesign used was completely randomized with six treatments and five repetitions. The evaluations were carriedout 1, 3, 7, 14, 21 and 26 days after application. The mortality corrected was calculated by Abbott’s formula. Thestudy concluded that all the treatments based on the soy oil were efficient in the control of the banana weevil, inwhich the soy oil + B. bassiana + wheat flour, after seven days, reached 100% of efficiency, while the treatmentswith B. Bassiana and soy oil applied isolatedly reached 100% of efficiency after 26 days.

Index terms: banana borer, biological control, formulation.

Aceito para punblicação em 1o/6/09.1Eng. agr., Dr., Epagri/Estação Experimental de Itajaí, C.P. 277, 88301-970 Itajaí, SC, fone: (47) 3341-5244, e-mail:[email protected]. agr., M.Sc., Epagri/Estação Experimental de Itajaí, e-mail: [email protected] mestranda do Curso de Recursos Genéticos da Universidade Federal de Santa Catarina.

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A espécie Cosmopolites sordidus(Germar, 1824) (Coleoptera:Curculionidae), conhecida vulgar-mente como moleque-da-bananeira, éconsiderada a principal praga nasregiões produtoras de banana domundo. As larvas se alimentam dorizoma da planta e são responsáveispelas perdas na produção, que podemvariar de 20% a 50% (Gallo et al.,2002).

O uso de agrotóxicos granuladosde alta toxicidade, comumente utili-zados no controle do moleque-da-ba-naneira, tem sofrido fortes restrições,principalmente por parte de algunspaíses importadores da fruta devidoà possibilidade de deixar resíduos deinseticidas nos frutos e aos problemasque causam ao meio ambiente e à saú-de dos produtores.

No Brasil, o fungo entomo-patogênico Beauveria bassiana(Bals), associado a iscas confecciona-das com pseudocaule de bananeira,tem sido empregado no controle de C.sordidus. Assim, Batista Filho et al.(1991) verificaram que iscas confec-cionadas com pseudocaule associadasao fungo B. bassiana reduziram apopulação de C. sordidus em 61,17%.Tavares et al. (1994) relataram que aaplicação do fungo B. bassiana asso-ciada a iscas atrativas (pseudocaule)tipo “telha” provocaram 100% de mor-talidade de adultos desse inseto. Ba-tista Filho et al. (1995) constataramque, em condições de laboratório, aassociação de óleo mineral com o fun-go B. bassiana aplicada na forma depasta apresentou 100% de eficiênciano controle de adultos de C. sordidus.

Batista Filho et al. (1995) obser-varam que a associação de óleo mine-ral 3% e B. bassiana aplicados empedaços de pseudocaule teve um efei-to sinergético, alcançando 88% demortalidade aos 8 dias da aplicação,enquanto o óleo mineral e o fungo iso-lados tiveram 16% e 14% de mortali-dade, respectivamente. Um efeitoaditivo da mistura do fungo e do óleomineral foi observado aos 20 dias,quando a mortalidade causada pelamistura foi de 98% em comparação com70% para B. bassiana e 33% para oóleo mineral aplicados isoladamente.

Prior et al. (1988) verificaram quea LD50 (dose letal para 50% da popu-lação) de B. bassiana em solução ole-

osa (óleo de coco) foi cerca de 36 ve-zes maior quando comparada com aLD50 de B. bassiana em solução aquo-sa no controle de Pantorhytes plutus(Coleoptera: Curculionidae). Os auto-res concluíram que a solução oleosafacilitava a penetração da suspensãoconidial pela cutícula do inseto. Poroutro lado, o óleo de nim em alta con-centração inibiu totalmente aconidiogênese e a germinação deconídios do fungo Metarhiziumanisopliae (Aguda et al., 1986). Emcondições de campo, Leite et al. (1992)observaram 100% de mortalidade dogorgulho-aquático-do-arroz quandoaplicaram a mistura de B. bassianae óleo de soja.

O objetivo deste trabalho foi tes-tar, em condições de laboratório, oefeito do extrato de óleo vegetal emmistura com B. bassiana e isolada-mente no controle de C. sordidus. Oexperimento foi realizado no Labora-tório de Entomologia da Epagri/Es-tação Experimental de Itajaí em salade criação (temperatura 25 ± 2oC;umidade relativa 70 ± 10). O fungoentomopatogênico B. bassiana é pro-veniente da cepa Epagri 01, desenvol-vida em substrato de arroz da marcacomercial Urbano®.

Utilizou-se o delineamento expe-rimental inteiramente casualizadocom seis tratamentos e cinco repeti-ções. Cada parcela constitui uma gai-ola (caixa de gerbox), onde foram co-locados dez adultos para se alimen-tar em cinco pedaços de rizoma (cul-tivar Nanicão) tratados. A mortalida-

de foi observada 1, 3, 7, 14, 21 e 26dias após a aplicação dos tratamen-tos. Os tratamentos foram: 1) Mistu-ra de óleo de soja Coamo® (2,7L) + B.bassiana (600g de massa fúngica de-senvolvida em arroz _ concentração3,9 x 108 conídios/ml) + farinha de tri-go do tipo 1 (1kg); 2) Mistura de óleode soja Coamo® (2,7L) + B. bassiana(600g de massa fúngica desenvolvidaem arroz _ concentração 3,9 x 108

conídios/ml) + farinha de arrozMaizena® (1kg); 3) Massa fúngica deB. bassiana desenvolvida em arroz(600g _ concentração 3,9 x 108

conídios/ml); 4) Óleo de soja Coamo®

(2,7L); 5) Óleo de nim (Root Nim® 1%)e 6) Testemunha (rizoma de bananei-ra). Para efeito de análise estatísticaos dados foram transformados em (x+ 0,5)1/2 e as médias comparadas peloteste de Tukey 5%. A mortalidade foicalculada pela fórmula de Abbott(1925).

Após 24 horas já houve diferençana eficiência de controle dos adultospara os tratamentos com mistura deBeauveria bassiana + farinha de tri-go + óleo de soja (BFO), mistura B.bassiana + farinha de arroz + óleo desoja (BAO) e óleo de soja (OS), haven-do excelente desenvolvimento do fun-go nos tratamentos em que forammisturadas as farinhas de trigo e ar-roz testadas (Figura 1). Após 7 dias,a eficiência dos tratamentos BFO,BAO e OS alcançou 100%, 86% e 80%,respectivamente. Salienta-se que aeficiência do tratamento com B.bassiana (BE) foi de 54%, 80% e 100%

Figura 1. Aspecto do desenvolvimento da mistura Beauveria bassiana+ farinha de trigo + óleo de soja (tratamento BFO) sobre rizoma debananeira

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85Agropecuária Catarinense, v.22, n.2, jul. 2009

aos 14, 21 e 26 dias, respectivamente(Tabela 1). Esses resultados confir-mam observações em campo de queadultos de C. sordidus demoram duasa três semanas para morrer. Os re-sultados obtidos estão coerentescom àqueles de Leite et al. (1992), queobservaram 100% de mortalidade dogorgulho-aquático-do-arroz com aaplicação da mistura B. bassiana +óleo de soja. Os resultados de BatistaFilho et al. (1995) corroboram os re-sultados obtidos, pois também obser-varam que a associação de óleo mine-ral 3% e B. bassiana aplicados empedaços de pseudocaule teve um efei-to sinérgico, alcançando 88% de mor-talidade 8 dias após a aplicação. Noentanto, o efeito do óleo mineral e dofungo B. bassiana aplicados isolada-mente tiveram apenas 16% e 14% demortalidade, respectivamente.

Portanto, os resultados mostramum efeito sinérgico do óleo de soja emmistura com B. bassiana na mortali-dade dos adultos (Figura 2). Ressal-ta-se, ainda, que o óleo de nim testa-do isoladamente não foi eficiente nocontrole dos adultos da praga.

Tabela 1. Número de adultos vivos de Cosmopolites sordidus e eficiência (%) dos produtos testados, após 1, 3, 7, 14, 21e 26 dias de observação. Itajaí, SC

Dias(1)/eficiênciaTratamento

1 E 3 E 7 E 14 E 21 E 26 E

No % No % No % No % No % No %

Testemunha 50 a - 50 a - 50 a - 50 a - 50 a - 50 a -

BFO(2) 27 b 46 12 b 76 0 c 100 0 b 100 0 b 100 0 b 100

BAO(3) 27 b 46 14 b 72 7 b 86 3 b 94 2 b 96 2 b 96

OS(4) 32 b 36 16 b 68 10 b 80 3 b 94 2 b 96 0 b 100

BE(5) 50 a 0 50 a 0 48 a 4 23 b 54 10 b 80 0 b 100

NE(6) 50 a 0 50 a 0 50 a 0 48 a 4 48 a 4 48 a 4

CV (%) 18,70 12,76 15,95 43,66 39,79 37,60

(1)Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey 5%.(2)BFO = mistura de Beauveria bassiana + farinha de trigo + óleo de soja.(3)BAO = mistura de Beauveria bassiana + farinha de arroz + óleo de soja.(4)OS = óleo de soja.(5)BE = Beauveria bassiana.(6)NE = óleo de nim.Notas: E = eficiência; CV = coeficiente de variação.

Figura 2. Adultomorto pela açãosinérgica do fungoBeuaveria bassiana+ óleo de soja

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86 Agropecuária Catarinense, v.22, n.2, jul. 2009

Misturas pastosas contendo o fun-go B. bassiana, óleo de soja, farinhade trigo e farinha de arroz foram efi-cientes no controle de C. sordidus,revelando uma ação sinérgica aoabreviar o tempo de ação na infecçãoe mortalidade dos adultos.

Literatura citada

1. ABBOTT´FORMULA. Disponível emhttp://www.ehabsoft.com/ldpline/Habbott.htm. Acesso em: 28 de jul.2008.

2. AGUDA, R.M.; ROMBACH, M.C.SHEPARD, B.M. Effect of neem oil ongermination of entomogenous fungusMetarhizium anisopliae. Interna-tional Institute of Rice Research.Newsletter, v.11, n.2, p.34-35, 1986.

3. BATISTA FILHO, A.; LEITE, L.G.;

RAGA, A. et al. Enhanced activity ofBeauveria bassiana (Bals.) Vuill.associated with mineral oil againstCosmopolites sordidus (Germar)adults. Anais da SociedadeEntomológica do Brasil, Londrina.v.24, n.2, p. 405-408, 1995.

4. BATISTA FILHO, A.; SATO, M.E.;LEITE, L.G. et al. Utilização deBeauveria bassiana (Bals.) Vuill. nocontrole do moleque da bananeiraCosmopolites sordidus Germar, 1824(Coleoptera: Curculionidae). RevistaBrasileira de Fruticultura, v.13, n.4,p. 35-40, 1991.

5. GALLO, D.; NAKANO, O.; SILVEIRANETO, S. et al. Entomologia agríco-la. Piracicaba: Fealq, 2002. 920p.

6. LEITE, L.G.; CAMARGO, M.P.C. A.;BATISTA FILHO, A. et al. Controlede adultos de gorgulho aquático do

arroz pela aplicação da mistura dofungo Beauveria bassiana com óleo desoja em campos irrigados. SociedadeEntomológica do Brasil, Jaboticabal,v.21, n.1, p. 83-94, 1992.

7. PRIOR, C.; JOLLANDS, P.; LEPATORE, G. Infectivity oil and waterformulations of Beauveria bassiana(Deutoromycotina: Hyphomycetes) tothe Cocoa weevil pest Pantorhytesplutus (Coleoptera: Curculionidae).Journal of Invertebrate Pathology,Amsterdan, v.52, n.1, p.66-72, 1988.

8. TAVARES, S.C.C de H.; ASSUNÇÃO,I. P.; HAJI, F.N.P. Beauveria bassianano controle do moleque da bananeiraem Pernambuco. II – Comportamentona região semi-árida. In: SIMPÓSIODE CONTROLE BIOLÓGICO, 4.,1994, Gramado, RS. Anais... Grama-do, RS: Embrapa-CPACT, 1994. p.22.(Embrapa – CPACT. Documentos, 5).

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87Agropecuária Catarinense, v.22, n.2, jul. 2009

Nota Científica

Influência do fenômeno La Niña na precipitaçãoInfluência do fenômeno La Niña na precipitaçãoInfluência do fenômeno La Niña na precipitaçãoInfluência do fenômeno La Niña na precipitaçãoInfluência do fenômeno La Niña na precipitaçãopluvial na Rpluvial na Rpluvial na Rpluvial na Rpluvial na Região Oeste de Santa Catarinaegião Oeste de Santa Catarinaegião Oeste de Santa Catarinaegião Oeste de Santa Catarinaegião Oeste de Santa Catarina

Gilsânia de Souza Cruz1 e Rosandro Boligon Minuzzi2

Resumo – Dados de estações hidrológicas e de temperatura da superfície do mar (TSM) foram utilizados com oobjetivo de avaliar o comportamento da precipitação pluvial no Oeste de Santa Catarina durante alguns anos dofenômeno La Niña. Com a utilização de metodologias estatísticas, constatou-se que nos bimestres outubro-novembro e fevereiro-março há tendência que as chuvas fiquem abaixo da média climática, as quais estãocorrelacionadas com o comportamento da temperatura da superfície do Pacífico Equatorial.

Termos para indexação: Precipitação, clima, La Niña.

Influence of La Niña on the rainfallof Western Santa Catarina State, Brazil

Abstract – Data from hydrological stations and sea surface temperature (SST) were used to evaluate the behaviorof the precipitation in Western Santa Catarina State, Brazil, during the La Niña phenomenon. By the use ofstatistical methodologies, it was possible to verify that in the October-November and February-March periods,there is a trend of rainfall below the climatic average, which is correlated with the behavior of sea surfacetemperature of the Equatorial Pacific.

Index terms: Rainfall, climate, La Niña.

Algumas anomalias climáticastêm sido associadas a variações nosrendimentos agrícolas de várias re-giões do mundo. Dentre os fenôme-nos climáticos que resultam em taisanomalias destaca-se o El Niño Osci-lação Sul (ENOS), sendo uma de suasduas fases representada pelas condi-ções do La Niña, quando se verificaum resfriamento das águas superfi-ciais do Pacífico Equatorial (Figura 1)simultaneamente com o aumento dapressão atmosférica na região leste doPacífico (também denominada fasefria ou fase positiva).

A extensão da região onde ocorremas anomalias da temperatura da su-

Aceito para publicação em 6/10/08.1Meteorologista, M.Sc., Epagri/Ciram, C.P. 502, 88034-901 Florianópolis, SC, fone: (48) 3239-8067, e-mail: [email protected], Dr., Epagri/Ciram, fone: (48) 3239-8062, e-mail: [email protected].

perfície do mar (TSM), somada àgrande capacidade de um fluido, comoa água, de transportar energia, faz comque o La Niña provoque variações nopadrão normal de circulação atmosfé-rica, em especial na precipitação.

Na agricultura, as consequênciasdos efeitos do ENOS exigem estudominucioso, tendo em vista que o im-pacto no rendimento de cada culturadepende do período de ocorrência daanomalia climática e respectiva exi-gência da cultura. Em estudo reali-zado em Queensland, Austrália,Clewett et al. (1990) mostraram quea diferença média na produção degrãos observada entre as fases do

ENOS foi de 135t, havendo maior pro-dução em anos do La Niña, com 264t.Ávila & Pezzi (1999) analisaram ocultivo de verão de 1998/99, em quealguns municípios de Santa Catarinaforam afetados pela estiagem de no-vembro/98 e março/99, enquanto noRio Grande do Sul a soja teve umaperda de 26.273t em decorrência dafalta de chuvas durante o seu ciclo. Oprincipal fator apontado por tais ad-versidades foi a ocorrência do fenô-meno climático La Niña.

Assim, com o objetivo de analisaro comportamento da precipitação plu-vial durante eventos do La Niña deintensidade moderada e forte, no

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88 Agropecuária Catarinense, v.22, n.2, jul. 2009

tamento oposto no bimestre dezem-bro-janeiro (Tabela 1). Porém, as ten-dências ‘chuvosa’ e ‘de seca’ não sãointensas, ocorrendo chuvas abaixo damédia no último bimestre. Na análi-se por evento La Niña, percebe-se quealgumas exceções podem ocorrer nocomportamento da precipitação nosbimestres supracitados. Como exem-plos, a precipitação registrada nos

bimestres fevereiro-março e outubro--novembro, respectivamente, em LaNiña de 1970/71 (período chuvoso) ede 1975/76 (período chuvoso). Obimestre janeiro-fevereiro, mesmotendo uma condição normal da preci-pitação, não deixa de ser um períodocom comportamento incerto da pre-cipitação devido às classificações, orachuvosas, ora secas (Tabela 1).

Figura 2. Localização geográfica das estações meteorológicas ehidrológicas no Oeste de Santa Catarina utilizadas no estudo

Figura 1. Anomalia da temperatura da superfície do mar emdezembro de 1988, exemplificando uma situação do La Niña.Plotados somente valores menores que -1oC

Fonte: Oliveira (1999).

período que envolve os principais cul-tivos de verão no Oeste Catarinense,foram utilizados dados de estaçõeshidrológicas pertencentes à AgênciaNacional de Águas (ANA), do perío-do de 1960 a 2004 (Figura 2), e deTSM, do período de 1982 a 2004, ob-tidos da base de dados doInternational Research Institute forClimate and Society (IRI, 2008).

A influência do La Niña na chuvabimestral (outubro-novembro e feve-reiro-março) do Oeste de SantaCatarina foi baseada na distribuiçãodos desvios normalizados (D), inserin-do os períodos temporais nas seguin-tes classificações: muito chuvoso(MC): D > 40%; chuvoso (C): 40% > D> 20%; levemente chuvoso (LC): 20%> D > 10%; normal (N): 10% > D >-10%; levemente seco (S): -10% > D >-20%; seco (S): -20% > D > -40%; emuito seco (MS): D < -40%. Igualmen-te, fez-se o uso da técnica dos quantis(Qp) delimitando as ordens quantílicas0,15, 0,35, 0,65 e 0,85, nas seguintesclasses para a precipitação bimestral(Xavier, 2001): muito seca (MS - Xi <Q0,15), seca (S - Q0,15 < Xi < Q0,35), nor-mal (N - Q0,35 < Xi < Q0,65), chuvosa (C -Q0,65 < Xi < Q0,85) e muito chuvosa (MC- Xi > Q0,85).

A correlação entre a precipitaçãona área em estudo com a TSM de trêsáreas oceânicas – o Pacífico Equato-rial, o Atlântico e ambas áreas emconjunto (Pac+Atl) – foi definida pe-los coeficientes de Correlação dePearson e o primeiro modo da Corre-lação Canônica (Mingoti, 2005) paradiferentes intervalos de tempo (lags),sendo k = 1, 2 e 3 meses de TSM, an-tes da precipitação de cada bimestre,tendo em vista possíveis demoras notempo de resposta da circulação daatmosfera em relação às oscilaçõesnos oceanos. As regressões foram tes-tadas ao nível de 5% de significânciautilizando o ‘valor-p’. Tais análisesestatísticas foram determinadas coma utilização do software ClimatePredictability Tool (CPT), desenvolvi-do pelo IRI.

Dentre os bimestres analisadosem anos do La Niña, a precipitaçãomostra uma tendência de chuvasabaixo da média nos bimestres deinício (outubro-novembro e novem-bro-dezembro) e final (fevereiro-mar-ço) do período em análise e compor-

Estações pluviométricas (ANA)

Região Oeste de Santa Catarina

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89Agropecuária Catarinense, v.22, n.2, jul. 2009

Considerando que, eventualmen-te, o conjunto dos fenômenosmeteorológicos é responsável por os-cilações no clima, a correlação exis-tente entre a precipitação dosbimestres em estudo e a temperatu-ra da superfície do mar (TSM) de três

áreas oceânicas no período de 1982 a2004 é mostrada na Tabela 2. As cor-relações significativas mostram queo comportamento das chuvas nosbimestres outubro-novembro, janeiro--fevereiro e fevereiro-março, possuemuma maior resposta às oscilações do

Pacífico Equatorial, ou seja, as con-dições de seca observadas em outu-bro-novembro e fevereiro-março po-dem ser decorrentes dos eventos LaNiña. Não se pode afirmar o mesmoquanto à correlação entre a chuva daregião e a temperatura da superfíciedo mar do Atlântico, tendo em vistaque não houve nenhum valor signifi-cativo. Assim, mesmo com as correla-ções significativas obtidas entre a chu-va de outubro-novembro e a tempe-ratura da superfície do mar conjuntado Pacífico e Atlântico (Pac+Atl), elasse devem em sua maioria, às condi-ções do Pacífico.

Diante dos resultados expostos,pode-se inferir, para o Oeste de San-ta Catarina, que, durante eventos LaNiña de intensidades moderada e for-te, há tendência de seca nos bimestresoutubro-novembro e fevereiro-março,a qual, está relacionada com o com-portamento da temperatura da super-fície do Pacífico Equatorial.

Literatura citada

1. ÁVILA, A.H.; PEZZI, L.P. Estimativade rendimento e comportamento daLa Niña 1998/99 para a região Sul doBrasil. In: CONGRESSO BRASILEI-RO DE AGROMETEOROLOGIA, 11,1999, Florianópolis, SC Anais...Florianópolis: SBA, 1999. CD-ROM.

2. CLEWETT, J.F.; HOWDEN, S.M.;McKEON, G.M. et. al. Optimisingfarm dam irrigation in response toclimatic risk. In: MUCHOW, R.C.;BELLAMY, J.A. (Eds.) Climatic riskin crop production: Models andmanagement for the semiarid tropicsand subtropics. [S.I.: s.n], 1990. 548p.

3. INTERNATIONAL RESEARCH INS-TITUTE FOR CLIMATE AND SO-CIETY _ IRI. Air - Sea Interface Datain the IRI Data Library. Disponívelem: <http://iridl.ldeo.columbia.edu/docfind/databrief/cat-airsea.html>.Acesso em: mar. 2008.

4. MINGOTI, S.A. Análise de dadosatravés de métodos de estatísticamulti-variada: uma abordagem apli-cada. Belo Horizonte: Editora UFMG,2005. 297p.

5. OLIVEIRA, G.S. de. El Niño e você: ofenômeno climático. São José dosCampos, SP: Transtec, 1999. 116p.

6. XAVIER, T.M.B.S. Tempo de chuva –estudos climáticos e de previsão parao Ceará e Nordeste Setentrional. For-taleza: ABC Editora, 2001. 478p.

Tabela 1. Classificação para cada evento La Niña de moderada e forte in-tensidade, obtida por quantis e da precipitação de cada bimestre que abrangeo cultivo de verão obtida pelos desvios normalizados (D)

Ano Classificação por bimestreagrícola Out.-nov. Nov.-dez. Dez.-jan. Jan.-fev. Fev.-mar.1964/65 MS S MS MS S1970/71 MS C MC C C1973/74 S N C N S1975/76 C C MC N S1988/89 N MS C C N1989/99 N MS N S MS1999/00 S MS S S ND S LS C N S

Nota: MC = muito chuvoso; C = chuvoso; LC = levemente chuvoso; N = normal;LS = levemente seco; S = seco; MS = muito seco.

Tabela 2. Coeficientes de Correlação Canônica (primeiro modo) e de Pearsonentre a precipitação bimestral do Oeste Catarinense e a temperatura da su-perfície do mar (TSM) de três regiões oceânicas defasadas em até 3 meses

Nota: Valores em destaque são significantes.

TSM mensal Correlação Canônica/Pearson Pacífico Atlântico Pac+Atl

Chuva outubro-novembroTSM set. 0,77 0,55 0,38 0,04 0,65 0,44TSM ago. 0,61 0,41 0,55 0,28 0,61 0,42TSM jul. 0,48 0,25 0,54 0,19 0,45 0,21

Chuva novembro-dezembroTSM out. 0,40 0,09 0,34 -0,11 0,33 0,05TSM set. 0,42 0,16 0,45 -0,13 0,24 -0,21TSM ago. 0,37 0,16 0,65 -0,22 0,27 -0,03

Chuva dezembro-janeiroTSM nov. 0,21 -0,04 0,28 -0,09 0,41 0,06TSM out. 0,19 -0,10 0,46 0,00 0,50 0,01TSM set. 0,17 -0,21 0,28 -0,39 0,46 -0,32

Chuva janeiro-fevereiroTSM dez. 0,64 0,44 0,47 -0,25 0,33 0,07TSM nov. 0,62 0,36 0,25 -0,23 0,30 -0,06TSM out. 0,52 0,17 0,28 -0,02 0,25 -0,19

Chuva fevereiro-marçoTSM jan. 0,67 0,53 0,35 -0,36 0,56 0,31TSM dez. 0,71 0,52 0,58 0,05 0,40 0,11TSM nov. 0,70 0,50 0,24 -0,24 0,38 0,00

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90 Agropecuária Catarinense, v.22, n.2, jul. 2009

Nota Científica

Comportamento da mamona em diferentes épocasComportamento da mamona em diferentes épocasComportamento da mamona em diferentes épocasComportamento da mamona em diferentes épocasComportamento da mamona em diferentes épocasde semeadura no Oeste Catarinensede semeadura no Oeste Catarinensede semeadura no Oeste Catarinensede semeadura no Oeste Catarinensede semeadura no Oeste Catarinense

Gilcimar Adriano Vogt1, Giseli Valentini2 e Sérgio Delmar dos Anjos e Silva3

Resumo – Este trabalho teve por objetivo avaliar o comportamento de cultivares de mamona em diferentesépocas de semeadura. As semeaduras foram realizadas em três épocas (1o/11/2006, 21/11/2006 e 11/12/2006),sendo avaliadas as cultivares AL Guarany 2002, IAC 80, Mara e Lyra. Os experimentos foram instalados emChapecó no ano agrícola 2006/07. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados, com duas repetições.Pelos dados de produtividade obtidos nos ensaios, constata-se baixo potencial agronômico para semeaduras emdezembro. Para as semeaduras realizadas em novembro, as produtividades foram satisfatórias,comparativamente às obtidas em outras regiões do País.

Termos para indexação: Ricinus communis, produtividade de frutos.

Behavior of castor bean cultivars in different sowing periodsin Western Santa Catarina State

Abstract – This study was carried out to evaluate the behavior of castor beans cultivars (AL Guarany 2002,IAC 80, Mara and Lyra) at different sowing periods. The seeds were sowed in November (1/11/2006 and 21/11/2006) and December (11/12/2006). The experiments were conducted in Chapecó, SC, Brazil, during the agriculturalyear of 2006/07. The experimental design was in randomized blocks, with two replications. The yields in theassays indicate low agronomic potential for delayed sowings (December). For the sowings in November, theyields were satisfactory in relation to other Brazilian regions.

Index terms: Ricinus communis, yield.

Aceito para publicação em 15/5/09.1Eng. agr., M.Sc., Epagri/Estação Experimental de Canoinhas, C.P. 216, 89460-00, Canoinhas, SC, fone: (47) 3624-1144, e-mail:[email protected] de Agronomia/Unochapecó.3Eng. agr., D.Sc., Embrapa Clima Temperado, C.P. 403, 96.001-970 Pelotas, RS.

A mamoneira (Ricinus communisL.) é uma oleaginosa de grande im-portância socioeconômica por seruma planta que se adapta bem ao cli-ma tropical brasileiro e por apresen-tar boa produtividade e elevado teorde óleo nos grãos, o que a torna umacultura potencial para a produção debiodiesel (Costa et al., 2006).

É uma espécie de origem tropical,mas que tem mostrado boa adapta-ção às diferentes condições edafocli-máticas do Brasil. Na Região Sul, a

ocorrência de geadas ou temperatu-ras muito baixas é o principal fatorlimitante à cultura. A ocorrência detemperaturas próximas a 25oC, asso-ciada à alta umidade, é condição fa-vorável à ocorrência de Amphobotrysricini, fungo causador do mofo-cin-zento, que é considerada a doençamais importante da cultura (MassolaJr. & Bedendo, 1995; Melhorança &Staut, 2005).

A realização de cultivo no períodomais favorável ao crescimento e de-

senvolvimento da mamoneira e o es-tabelecimento da época favorável àsemeadura, em termos de disponibi-lidade hídrica, de calor e lumino-sidade, pode assegurar menor riscoà cultura (Amorim Neto et al., 2001).

Para que sejam definidos siste-mas de produção adequados ao Es-tado de Santa Catarina, é necessá-ria a realização de pesquisa visandoidentificar genótipos adaptados, alémda definição de práticas de manejo,como a época de semeadura

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91Agropecuária Catarinense, v.22, n.2, jul. 2009

(Chitarra et al., 2004).Portanto, para atender a deman-

da de informações de genótipos demamona para Santa Catarina, a par-tir do ano agrícola 2006/07, a Epagri,em parceria com a Embrapa ClimaTemperado, instalou ensaios de ava-liação de cultivares e épocas de se-meadura. O objetivo deste trabalho foiavaliar o comportamento agronômicode diferentes cultivares de mamona emChapecó, Região Oeste Catarinense,em três épocas de semeaduras.

Foram conduzidos três experi-mentos na área experimental daEpagri/Centro de Pesquisa paraAgricultura Familiar (Cepaf), emChapecó, SC, a 27o07’ de latitude sule 52o37’ de longitude oeste, numa al-titude de 679m, em solo classifica-do como Latossolo Vermelhodistroférrico típico, em climasubtropical úmido com verão quen-te, do tipo Cfa. O delineamento utili-zado foi o de blocos casualizados, comduas repetições. As unidades experi-mentais foram constituídas por trêsfileiras de oito metros, sendo a par-cela útil constituída de 38,4m². Fo-ram avaliados quatro genótipos demamona, duas variedades depolinização aberta (AL Guarany 2002e IAC 80) e dois híbridos (Mara eLyra). O espaçamento foi de 1,6m en-tre fileiras e 0,6m entre covas, à ex-ceção das cultivares AL Guarany2002, em que as covas foram espaça-das em 0,8m, e IAC 80, em 1,5m porpossuírem porte médio/alto e as de-mais, porte baixo.

A semeadura dos experimentos foirealizada em três épocas, em inter-valos de 20 dias, todos em covas, sobresteva de aveia preta. As semeadu-ras ocorreram nos dias 1o/11/2006,21/11/2006 e 11/12/2006 para a pri-meira, segunda e terceira épocas, res-pectivamente. A adubação de base foide 300kg/ha de NPK na formulação04-20-20. O controle de plantas da-ninhas foi realizado por meio de ca-pina manual. A adubação de cober-tura foi de 67kg/ha de ureia, aplica-da a lanço em volta das plantas 30dias após a emergência.

Foram realizadas as seguintesavaliações: número de dias da seme-adura para 1a, 2a e 3a florações; altu-ra da planta em cm; número médiode cachos por planta; produtividadede frutos secos em kg/ha, e propor-

ção de grãos/baga (relação massa/massa). A colheita foi realizada ma-nualmente em três etapas, à medidaque os frutos atingiam a maturação.

Foi realizada a análise devariância conjunta entre épocas uti-lizando-se o seguinte modelo: Yijk = µ+ Ai + B(A)ij + Gk + AGik + εijk. Asmédias foram comparadas pelo testede Tukey a 5% de probabilidade.

Para floração inicial não houvevariância residual entre os dadosanalisados. Os genótipos do tipo va-riedades de polinização aberta (IAC80 e AL Guarany 2002) foram maistardios do que os genótipos híbridos(Lyra e Mara), florescendo entre 57e 75 dias, enquanto os híbridos tive-ram sua floração inicial entre os 45 e57 dias após a semeadura (Tabela 1).Na floração secundária houve efeitosignificativo apenas entre as cultiva-res, não apresentando efeito signifi-cativo para a interação épocas xgenótipos e épocas. A cultivar IAC 80foi o genótipo mais tardio, apresen-tando florescimento secundário aos

94 dias após a semeadura. Os genó-tipos Lyra e Mara foram os mais pre-coces, florescendo aos 63 e 66 dias,respectivamente. Quanto à floraçãoterciária, houve efeito significativo dainteração entre épocas e genótipos.Na primeira e terceira épocas de se-meadura os genótipos híbridos Marae Lyra foram os mais precoces (Tabe-la 1), ao passo que na segunda épocaapenas o genótipo Mara foi mais pre-coce. Para IAC 80, semeaduras maistardias para este genótipo provocamalongamento do período de floração,porquanto que para os demais houveredução.

A época de semeadura e ainteração entre épocas x genótipos(AG) não influenciaram significativa-mente a altura de planta (Tabela 2).Houve efeito significativo apenaspara genótipos. As cultivares híbri-das Lyra e Mara apresentaram me-nor porte comparativamente às va-riedades de polinização aberta ALGuarany 2002 e IAC 80 (Tabela 2). Aaltura média de planta da IAC 80

Tabela 1. Floração inicial, secundária e terciária em genótipos de mamonaem três épocas de semeadura. Ano agrícola 2006/07, Chapecó, SC

Época de semeaduraGenótipo 1/11/2006 21/11/2006 11/12/2006 Média

Floração inicial(¹)

......................... Dias .........................AL Guarany 2002 57 60 64IAC 80 77 74 75Lyra 57 45 46Mara 55 48 49

Floração secundária(²)

..................................... Dias ...................................AL Guarany 2002 70 84 72 75 bIAC 80 89 94 99 94 aLyra 65 62 61 63 cMara 68 66 65 66 bc

Floração terciária(²)

......................... Dias ...........................AL Guarany 2002 104 Aa 98 ABa 96 BbIAC 80 111 Ba 102 Ca 123 AaLyra 95 Ab 99 Aa 78 BcMara 94 Ab 74 Bb 79 Bc

(1)Não houve variância residual entre os dados (QMR = 0).(2)Médias seguidas pela mesma letra minúscula, na coluna, e maiúscula, na linha,não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%.

CV (%) 8,48

CV (%) 2,34

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92 Agropecuária Catarinense, v.22, n.2, jul. 2009

(206cm) foi inferior ao relatado porCosta et al. (2006), no município deAreia, PB, que obteve 270cm. Ramoset al. (2008), avaliando o híbrido Lyraem experimento conduzido nasafrinha em Pindorama, SP (semea-dura em 24/2/2006), obtiveram altu-ra média de planta de 85cm, inferiorà obtida neste ensaio.

Em média, os genótipos apresen-taram 7,6 cachos por planta, não sen-do significativas as diferenças entreas cultivares e a interação épocas xcultivares em relação a essa variá-vel. A época de semeadura influen-ciou significativamente o número decachos por planta (Tabela 2). Houveredução significativa no número decachos na última época de semeadu-ra (11/12/2006). Coimbra et al. (2007)relatam a tendência de redução donúmero de cachos por planta em cul-tivos mais tardios. O número médiode cachos por planta foi inferior aoobtido por Costa et al. (2006), queobteve 12 cachos por planta na culti-var IAC 80, enquanto neste experi-mento foram obtidos 6,9 cachos porplanta da mesma cultivar.

A época de semeadura e osgenótipos influenciaram significati-vamente a proporção grãos/baga, nãosendo significativa a interação épo-cas x genótipos para essa variável. Acultivar IAC 80 apresentou a menorproporção grãos/baga (0,53) (Tabela2), indicando que apenas 53% do pesobruto correspondem à produtividadede grãos. Houve redução da propor-ção grãos/baga na terceira época desemeadura, reduzindo de 0,67 e0,66 na primeira e segunda épocas,respectivamente, para 0,60 na ter-ceira época (Tabela 2).

A produtividade de frutos varioude 1.316 a 1.681kg/ha na primeiraépoca de semeadura, de 718 a1.606kg/ha na segunda e 96 a692kg/ha na terceira época (Tabela2). A interação épocas x genótipos foisignificativa para esta variável. Naprimeira época, não houve diferençasignificativa entre os genótipos. Nasegunda e terceira épocas, a cultivarIAC 80 foi a menos produtiva, com718 e 96kg/ha, respectivamente (Ta-bela 2). A produção de frutos para osgenótipos, na primeira e segundaépocas, foi semelhante às obtidas porCosta et al. (2006), que, avaliandonove genótipos em Areia, PB, verifi-

caram produtividades entre 800 e2.299kg/ha.

Houve diferença significativa naprodutividade de frutos entre as épo-cas de semeadura para todas as cul-tivares avaliadas. Na terceira épocade semeadura (11/12/2006), devido àalta precipitação pluvial coincidentecom a fase de floração (Figura 1), hou-ve alta incidência de mofo-cinzento(dados não quantificados). A ocorrên-cia de temperaturas próximas a 25oC,associada à alta umidade, é condiçãofavorável à ocorrência de Ampho-botrys ricini (Massola Jr. & Bedendo,1995; Melhorança & Staut, 2005).

Quando essas condições ocorrem nafase de floração e formação dos fru-tos, o mofo-cinzento pode causar per-das significativas de produtividade.Para a cultivar IAC 80, tardia em re-lação às demais, ainda na segundaépoca de semeadura, houve reduçãosignificativa na produção de frutos.

Semeaduras em dezembro provo-cam o alongamento do período deflorescimento para o genótipo IAC 80e encurtamento para as cultivares ALGuarany 2002, Lyra e Mara. A épocade semeadura não influenciou signi-ficativamente a altura da planta, masreduziu o número de cachos por plan-

Tabela 2. Altura de planta, número de cachos por planta, proporção grãos/baga e produtividade de grãos de genótipos de mamona em três épocas desemeadura. Ano agrícola 2006/07, Chapecó, SC

Época de semeaduraGenótipo 1/11/2006 21/11/2006 11/12/2006 Média

Altura de planta(¹)

.................................... cm ......................................AL Guarany 2002 205 181 183 190 aIAC 80 226 198 194 206 aLyra 115 127 117 119 bMara 130 149 151 143 bCV (%) 8,27

Cachos por planta(¹)

..................... No ........................AL Guarany 2002 8,1 7,5 5,1IAC 80 8,7 9,1 2,8Lyra 9,7 9,1 5,9Mara 9,9 8,9 6,8Média 9,1 A 8,6 A 5,2 BCV (%) 25,01

Proporção grãos/baga(¹)

................................... % ....................................AL Guarany 2002 0,67 0,66 0,61 0,65 bIAC 80 0,57 0,54 0,48 0,53 cLyra 0,72 0,72 0,65 0,70 abMara 0,71 0,72 0,66 0,70 aMédia 0,67 A 0,66 A 0,60 BCV (%) 4,25

Produção de frutos secos(¹)

....................... kg/ha ......................AL Guarany 2002 1.612 Aa 1.272 Aa 348 BabIAC 80 1.681 Aa 718 Bb 96 CbLyra 1.393 Aa 1.606 Aa 691 BaMara 1.316 Aa 1.280 Aa 643 BaCV (%) 11,56

(1)Médias seguidas pela mesma letra minúscula, na coluna, e maiúscula, na linha, nãodiferem entre si pelo teste de Tukey a 5%.

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93Agropecuária Catarinense, v.22, n.2, jul. 2009

ta e a proporção grãos/baga. Quantoà produtividade de grãos, houveinteração significativa entre épocasx genótipos, e os resultados apontampara um baixo potencial agronômicopara cultivo da mamona no Oeste deSanta Catarina quando realizadassemeaduras em dezembro, principal-mente para cultivares tardias, devi-do ao período de alta precipitaçãopluvial coincidente com os períodosde floração e colheita.

Literatura citada

1. AMORIN NETO, M. da. S.; ARAÚ-JO, A.E. de; BELTRÃO, N.E. de M.Zoneamento agroecológico e época desemeadura para a mamoneira na Re-gião Nordeste do Brasil. Revista Bra-sileira de Agrometeorologia, PassoFundo, v.9, n.3, p.551-556, 2003.

2. CHITARRA, L.G.; MENDES, M.C.;ALMEIDA, V.M. et al. Competição decultivares de mamona em Mato Gros-so. In: CONGRESSO BRASILEIRODE MAMONA, I., 2004, CampinaGrande, PB. Anais... Campina Gran-de: Embrapa, 2004. CD-ROM.

3. COIMBRA, R.R.; NAOE, K,N; CAR-DOSO, E.A. et al. Épocas de semea-dura de cultivares de mamona emPalmas – TO. In: CONGRESSO DAREDE BRASILEIRA DE TECNO-LOGIA DO BIODIESEL, 2., 2007,Brasília, DF. Anais... Brasília: Abipti,2007. Disponível em: <http://www.biodiesel .gov.br>. Acesso em: 13mai. 2008.

4. COSTA, M.N.; PEREIRA, W.E.; BRU-NO, R.L.A. et al. Divergência gené-tica entre acessos e cultivares demamoneira por meio de estatísticamultivariada. Pesquisa AgropecuáriaBrasileira, v.41, n.11, p.1617-1622,nov. 2006.

5. MASSOLA JUNIOR, N.S; BE-DENDO, I.P. Doenças da mamoneira(Ricinus communis). In: BERGAMINFILHO, A. (Ed.). Manual de fitopato-logia: princípios e conceitos. 3.ed. SãoPaulo: Ceres, 1995. p.496-500.

6. MELHORANÇA, A.L.; STAUT, L.A.Indicações técnicas para a cultura damamona em Mato Grosso do Sul.Dourados: Embrapa AgropecuáriaOeste, 2005. 62p.

7. RAMOS, N.P.; GALLI, J.A.;AMORIM, E.P. et al. Semeadura dohíbrido Lyra de mamona (Ricinuscommunis L.) sob plantio direto. Ci-ência e Agrotecnologia, v.32, n.2,p.481-486, mar./abr. 2008.

Figura 1. Registros meteorológicos de precipitação pluvial mensal esérie histórica avaliados na estação meteorológica da Epagri/Cepaf,ano agrícola 2006/07. Chapecó, SC

Vista parcial do experimento de mamona. Epagri/Cepaf, 2007.Chapecó, SC

Aspecto geral da planta de mamona com destaque à inflorescência.Epagri/Cepaf, 2007. Chapecó, SC

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Meses

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Normas para publicação na revista Agropecuária Catarinense – RACNormas para publicação na revista Agropecuária Catarinense – RACNormas para publicação na revista Agropecuária Catarinense – RACNormas para publicação na revista Agropecuária Catarinense – RACNormas para publicação na revista Agropecuária Catarinense – RAC

A revista Agropecuária Catari-nense aceita para publicação matériasligadas à agropecuária e à pesca, des-de que se enquadrem nas seguintesnormas:

1. As matérias para as seções ArtigoCientífico, Germoplasma e Lança-mento de Cultivares e Nota Científi-ca devem ser originais e vir acompa-nhadas de uma carta afirmando quea matéria é exclusiva à RAC.

2. O Artigo Científico deve ser conclusi-vo, oriundo de uma pesquisa já encer-rada. Deve estar organizado em Tí-tulo, Nome completo dos autores (semabreviação), Resumo (máximo de 15linhas, incluindo Termos paraindexação), Título em inglês, Abstracte Index terms, Introdução, Materiale métodos, Resultados e discussão,Conclusão, Agradecimentos (opcio-nal), Literatura citada, tabelas e fi-guras. Os termos para indexação nãodevem conter palavras já existentes notítulo e devem ter no mínimo três e nomáximo cinco palavras. Nomes cientí-ficos no título não devem conter o nomedo identificador da espécie. Há um li-mite de 15 páginas para Artigo Cien-tífico, incluindo tabelas e figuras.

3. A Nota Científica refere-se a pesqui-sa científica inédita e recente com re-sultados importantes e de interessepara uma rápida divulgação, porémcom volume de informações insufici-ente para constituir um artigo cientí-fico completo. Pode ser também a des-crição de nova doença ou inseto-pra-ga. Deve ter no máximo oito páginas(incluídas as tabelas e figuras). Deveestar organizada em Título, Nomecompleto dos autores (sem abrevia-ção), Resumo (máximo de 12 linhas,incluindo Termos para indexação), Tí-tulo em inglês, Abstract e Indexterms, o texto corrido, Agradecimen-tos (opcional), Literatura citada, ta-belas e figuras. Não deve ultrapassardez referência bibliográficas.

4. A seção Germoplasma e Lançamentode Cultivares deve conter Título,Nome completo dos autores, Resumo(máximo de 15 linhas, incluindo Ter-mos para indexação), Título em in-

glês, Abstract e Index terms, Intro-dução, Origem (incluindo pedigree),Descrição (planta, brotação, floração,fruto, folha, sistema radicular, tabe-la com dados comparativos), Perspec-tivas e problemas da nova cultivar ougermoplasma, Disponibilidade de ma-terial e Literatura citada. Há um li-mite de 12 páginas para cada maté-ria, incluindo tabelas e figuras.

5. Devem constar no rodapé da primei-ra página: formação profissional doautor e do(s) coautor(es), título de gra-duação e pós-graduação (Especializa-ção, M.Sc., Dr., Ph.D.), nome e ende-reço da instituição em que trabalha,telefone para contato e endereço ele-trônico.

Obs.: No caso de funcionários daEpagri, os dados relativos à forma-ção profissional devem respeitar oenquadramento na instituição. Even-tuais informações publicadas que nãoestejam de acordo com o enqua-dramento oficial não significam queelas sejam reconhecidas pela Em-presa.

6. As citações de autores no texto devemser feitas por sobrenome e ano, comapenas a primeira letra maiúscula.Quando houver dois autores, separarpor “&”; se houver mais de dois, citaro primeiro seguido por “et al.” (semitálico).

7. Tabelas e figuras geradas no Wordnão devem estar inseridas no texto edevem vir numeradas, ao final damatéria, em ordem de apresentação,com as devidas legendas. Gráficos ge-rados no Excel devem ser enviados,com as respectivas planilhas, em ar-quivos separados do texto. As tabelase as figuras (fotos e gráficos) devemter título claro e objetivo e ser auto-explicativas. O título da tabela deveestar acima da mesma, enquanto queo título da figura, abaixo. As tabelasdevem ser abertas à esquerda e à di-reita, sem linhas verticais e horizon-tais, com exceção daquelas para se-paração do cabeçalho e do fechamen-to, evitando-se o uso de linhas duplas.As abreviaturas devem ser explicadasao aparecerem pela primeira vez. Aschamadas devem ser feitas em alga-

rismos arábicos sobrescritos, entre pa-rênteses e em ordem crescente (vermodelo).

8. As fotografias devem estar em papelfotográfico ou em diapositivo, acompa-nhadas das respectivas legendas. Se-rão aceitas fotos digitalizadas, em for-mato JPG ou TIF, em arquivo sepa-rado do texto, com resolução mínimade 200dpi.

9. As matérias apresentadas para asseções Opinião, Conjuntura e Infor-mativo Técnico devem se orientarpelas normas do item 10.

9.1 Opinião – deve discorrer sobre assun-tos que expressam a opinião do autorsobre o fato em foco e não deve termais que três páginas.

9.2 Conjuntura – matérias que enfocamfatos atuais com base em análise eco-nômica, social ou política, cuja divul-gação é oportuna. Não devem ter maisque seis páginas.

9.3 Informativo Técnico – refere-se à des-crição de uma técnica, uma tecno-logia, doenças, insetos-praga, e ou-tras recomendações técnicas de cu-nho prático. Não deve ter mais do queoito páginas, incluídas as figuras etabelas.

10. Os trabalhos devem ser encaminha-dos em quatro vias, impressos empapel A4, letra arial, tamanho 12,espaço duplo, sendo três vias sem o(s)nome(s) do(s) autor(es) para seremutilizadas pelos consultores e uma viacompleta para arquivo. As cópias empapel devem possuir margem superi-or, inferior e laterais de 2,5cm, estarpaginadas e com as linhas numera-das. Apenas a versão final deve viracompanhada de disquete ou CD,usando o programa “Word forWindows”.

11. Literatura citada _ as referências bi-bliográficas devem estar restritas àLiteratura citada no texto, de acordocom a ABNT e em ordem alfabética.Não são aceitas citações de dados nãopublicados e publicações no prelo.Quando houver mais de três autores,citam-se apenas os três primeiros, se-guidos de “et al.”.

Mais informações sobre as normas estão disponíveis no site www.epagri.sc.gov.br

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