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Orgão de divulgação do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal www.crmdf.org.br - [email protected] Revista Ano VIII nº 3 mai./jun. de 2010 ISSN 1807-7285 Interdição do HRSam

Edição Mai./ Jun. de 2010

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Edição Mai./ Jun. de 2010

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Orgão de divulgação do ConselhoRegional de Medicina do Distrito Federalwww.crmdf.org.br - [email protected] Revista

Ano VIII nº 3 mai./jun. de 2010ISSN 1807-7285

Interdição do HRSam

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ÉTICA Revista - mai./jun. – 2010

ExpedienteÉtica RevistaISSN 1807-7285Ano VIII, n.º 3, mai./jun., 2010Órgão oficial de divulgação do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal

Diretor responsávelAntônio Carvalho da Silva - [email protected]

CONSELHO EDITORIALAlexandre Morales Castillo OlmedoAlexandre Cordeiro Duarte XavierAntônio Carvalho da SilvaDimitri Gabriel HomarEdna Márcia XavierIran Augusto Gonçalves Cardoso

Jornalista responsável - Viviane C. Viana - RP 3081 / SJP DFEditoração eletrônica - Cartaz Publicidade Arte e diagramação - Marcelo Rubartelly Fotolitos e impressão - Kako Gráfica e EditoraçãoPeriodicidade - BimestralTiragem - 10.000 exemplares

CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO DFDiretoriaPresidente - Alexandre Morales Castillo OlmedoVice-Presidente - Iran Augusto Gonçalves Cardoso1.º Secretário - Dimitri Gabriel Homar2.º secretário - Alexandre Cordeiro Duarte XavierTesoureira - Edna Márcia Xavier

Departamento de Fiscalização: Ely José de AguiarFelipe Dias Maciel DinizGustavo Bernardes

CorregedoriaDenise Prado AlvarengaMirza Maria Moreira Ramalho GomesRian Pascoal CampeloOuvidoriaÍcaro Alves Alcântara - Coordenador

Conselheiros ALAN ANTUNES PINTOALEX FABIANE CASTANHEIRA ALEXANDRE CORDEIRO DUARTE XAVIER ALEXANDRE MORALES CASTILLO OLMEDO ANTONIO CARVALHO DA SILVA CAMILO DE LELIS DE MELO CHAVES JUNIOR DANILO LIMA TORRESDAVI CELSO DE SOUZA CRUZ RODRIGUES DENISE PRADO DE ALVARENGA DIMITRI GABRIEL HOMAR EDNA MARCIA XAVIERELY JOSE DE AGUIARFABIO ZANFORLIN BUISSA FARID BUITRAGO SANCHEZFELIPE DIAS MACIEL DINIZGERIVAL AIRES NEGRE FILHOGUSTAVO BERNARDESICARO ALVES ALCANTARAIRAN AUGUSTO GONCALVES CARDOSOJAIME MIRANDA PARCAJAIR SHIGUEKI YAMAMOTOJOSE DA SILVA RODRIGUES DE OLIVEIRAJOSE NAVA RODRIGUES NETO JOSE RICARDO SIMOES JOSELIA LIMA NUNESLEONARDO RODOVALHO LEONILDA MARION LUCIA ELMARA MARTINS PARCA LUIZ ANTONIO RODRIGUES AGUILA MARCELA AUGUSTA MONTANDON GONCALVES MARCELO SALOMAO ROXO MARCIO SALOMAO ROXOMARCOS GUTEMBERG FIALHO DA COSTA MARIA DA CONCEICAO PINTO CORREA ALVESMIRZA MARIA MOREIRA RAMALHO GOMESPROCOPIO MIGUEL DOS SANTOSRENATO ALVES TEIXEIRA LIMARIAN PASCOAL CAMPELO RICARDO THEOTONIO NUNES DE ANDRADEROBERTO DE AZEVEDO NOGUEIRA ROGERIO NOBREGA RODRIGUES PEREIRATATIANA MIRANDA LEITE DE SIQUEIRA

ENDEREÇO

Conselho Regional de Medicina do Distrito FederalSRTVS Quadra 701 – Centro Empresarial Assis Chateaubriand, Bloco II, 3.º andar, salas 301-314, Brasília-DF- CEP 70340-906 Tel.: (61) 3322-0001 Fax: (61) 3226-1312E-mail: [email protected]

Publicação de interesse cultural e distribuição gratuita. Permitida a reprodução total ou parcial dos textos, desde que seja citada a fonte. As matérias e os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião da diretoria do CRM-DF. Os artigos para a Ética Revista devem ser enviados para o endereço do CRM-DF ([email protected]) ou para o endereço eletrônico da instituição ([email protected]). Caberá ao Conselho Editorial aprovar a publicação. A Ética Revista adota as normas oficiais do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da ABNT, do INMETRO e as normas de Vancouver (bibliografias).

Palavra do Presidente ......................................................................................................2oPinião do Conselheiro ...................................................................................................3ouvidoria ...........................................................................................................................5resolução CFM ................................................................................................................6notas ............................................................................................................................... 28

Sumário

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nova diretoria do CrM-dF

CrM ProMove Curso de étiCa MédiCa

artigo - PolítiCa brasileira de CoMbate ao CânCer

MédiCos reCebeM orientações sobre negóCios eM saúde

hrsaM éParCialMente interditado

artigo - PaCientes órFãos

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Palavra do Presidente

Alexandre Castillo

Presidente do CRM-DF

“O que é grande no homem, é que ele é uma ponte e não um fim”. Com essa frase Nietzsche, em “Assim falou Zaratustra”, de-fine nossa passagem. Digo isso porque hoje concluo o meu man-dato de presidente do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal, com a convicção do de-ver cumprido.

Sinto-me orgulhoso pelo pio-neirismo de ter liderado um grupo que revolucionou a men-talidade até então arraigada no CRM-DF: a de que esta autar-quia teria função meramente punitiva, a de que “o CRM não perdoa, processa!”.

Vejo realizado o meu pensa-mento de que expor o colega a um tribunal não é a melhor ma-neira de se resgatar a dignidade da medicina, de que o processo não é um meio de se resolver pi-cuinhas, nem de se combater ad-versários políticos, mas sim um

instrumento que deve ser reser-vado àqueles que manifestem dis-túrbios de conduta e de caráter.

É bem verdade que, nesse sen-tido, fui criticado por alguns, por aqueles poucos que gostam de ver o colega na frigideira, mas confesso que esse tipo de crítica me faz bem.

O CRM-DF hoje é uma institui-ção revigorada, uma autarquia que cumpre o seu papel previsto em lei, que defende a sociedade, que fiscaliza, que respeita o médi-co na iniciativa privada, que inter-dita hospital público por falta de condições de trabalho. É um órgão que incentiva a união da classe, que estimula a conciliação entre litigantes, que orienta e que, de forma pioneira, vai ao nascedouro do médico – a faculdade – para mi-nistrar cursos de ética.

Hoje passo o bastão para meu colega Iran Augusto Gonçalves Cardoso, um grande pediatra, le-gitimamente eleito, que a partir de

junho deste ano assume a respon-sabilidade de capitanear esta nau. O faço com a convicção de que en-trego o leme a um médico firme em seu ideal e comprometido com a saúde no Distrito Federal.

O mandato de presidente do CRM é um exercício ora solitário, ora atribulado. É uma posição alvo de muitas cobranças, é um cargo que, apesar da liturgia, não dá ao mandatário poder suficiente para a solução de todos os problemas, mas proporciona a oportunidade da livre expressão de sua convicção.

Fico à disposição do novo presi-dente, como seu conselheiro e cor-regedor, enquanto continuo minha caminhada a serviço da comunida-de e da classe médica, a quem agra-deço imensamente o companheiris-mo, o apoio e a amizade recebidos.

Muito obrigado.Alexandre CastilloPresidente do CRM DF

“O homem é uma ponte...”

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Opinião do Conselheiro

Antonio Carvalho da Silva

é médico formado pela Universidade de

Brasília, com “fellowship nell’Universitá

degli Studi di Roma “La Sapienza”, Itália,

é Doutor em Oftalmologia pela Universi-

dade de São Paulo – FMRP, é conselheiro

do CRM – DF e Editor da Ética Revista,

do CRM – DF.

E-mail: [email protected]

A fim de tratar da moribunda Saúde Pública Brasileira, que tem diagnóstico firmado e tratamento conhecido, é preciso vontade po-lítica. Não obstante sabermos que o Governo é sensível ao proble-ma, é necessário muito mais do que sensibilidade. É preciso QUE-RER – coisa que não temos visto!

O assunto não é novo e, ape-nas procurando ser mais atual, podemos dizer que o diagnósti-co foi firmado em 1988, quando da Promulgação da Constituição Federal. Ali, já havia a determi-nação da criação do Sistema Único de Saúde (SUS) e, em adi-tamento, mais tarde, foi encami-nhado ao Congresso Nacional, o projeto de Emenda Constitucio-nal número 29 (EC 29, que visa-va viabilizar as fontes de recur-sos para o sistema). A EC 29 até hoje “perambula” (não entendo que possa estar tramitando ain-da, após tantos anos) pelos cor-

redores do Congresso, à espera de aprovação.

Para driblar as dificuldades do financiamento da saúde, o artifício utilizado pelo governo anterior, foi a criação da CPMF, contribuição cujo montante arrecadado jamais foi integralmente utilizado para a finalidade para a qual fora cria-da. Sabe-se que a CPMF foi alvo de vergonhoso desvirtuamento de suas finalidades (financiamen-to da saúde) tendo sido criada e extinta sem melhorar em nada a assistência à saúde da população. Aliás, diga-se a bem da verdade, a CPMF, apesar de ter se constituído em mais um tributo, consoante a nobreza de objetivos e finalidade prevista para a sua aplicação foi, a priori, bem aceita pelo contribuin-te. Com a burla, sua extinção foi sentida como um alívio para o bra-sileiro cansado de pagar impostos.

Com a chegada ao Poder do Governo que ora termina, os pa-

Carreira de estado já!

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Opinião do Conselheiro

péis se inverteram e os mesmos que criaram a Contribuição Provisória (que se perenizou por muito tem-po), finda sua vigência, lhe negaram provimento sem, contudo, criar um fundo compensador, que poderia ser a própria regulamentação da EC 29. Com isso, a falta de recursos para a saúde é de tamanha gravidade que, decorridos mais de dois anos que a CPMF deixou de ser cobrada, ainda hoje o Presidente Lula lamenta sua perda, pois, à época de sua extinção, representava 40 bilhões de reais.

Desolados, na nossa maneira sim-plista de ver as coisas, questionamos por que o Governo nunca se empe-nhou pela aprovação da salvadora Emenda 29. Sabe-se (e talvez seja por isso mesmo que ninguém se move para aprová-la) que sua vigência es-tabelecerá os percentuais que cada esfera administrativa do Poder Públi-co (federal, estaduais e municipais) terá que desembolsar para cumprir as suas respectivas responsabilidades constitucionais, no interesse da saú-de do povo. Daí o “corpo mole” que governadores e prefeitos fazem, (es-pecialmente os primeiros) através de senadores e deputados para poster-garem sua aprovação.

Diante desse quadro desanimador é que o Conselho Federal de Medici-na (CFM), a Associação Médica Bra-sileira (AMB) e a Federação Nacional dos Médicos (FENAM) se reunirão em Brasília, nos dias 28 a 30 de julho, no XII Encontro Nacional das Entidades Médicas (ENEM), para traçarem os ru-

mos de uma nova política de valoriza-ção dos segmentos educação e saú-de, que interessam à população em geral, os estudantes de medicina e à Classe Médica.

Fruto desse encontro, o Ministro da Saúde deverá assinar portaria que cria um Grupo de Trabalho (GT) que irá estudar a viabilidade da criação da Carreira Nacional dos Médicos do SUS, que seria estrutura-da nos mesmos moldes do MPF e da magistratu-ra. Não se concebe como juízes, promotores, audi-tores fiscais, diplomatas e policiais federais sejam muito mais bem remu-nerados que os médicos. Afinal, se temos o mais longo currículo de for-mação, o mais concorri-do vestibular, a mais cara faculdade particular e exercemos uma atividade de alto risco, com impe-riosa necessidade de atualização, car-ga de trabalho estafante e cobrança social desmedida, porque ganhamos uma remuneração tão aviltante?

A criação dessa Carreira de Esta-do daria ao médico a oportunidade de ter uma remuneração mais digna e ascenção funcional por mérito e antiguidade. Mais ainda, permitiria a presença desses profissionais em todos os municípios do território brasileiro, com a garantia de poder, permanentemente, manter uma edu-cação continuada.

A CPMF foi alvo de vergonhoso desvirtuamento de suas finalidades (financiamento da saúde) tendo sido criada e extinta sem melhorar em nada a assistência à saúde da população.

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Ouvidoria

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Colegas médicos

Dr. Ícaro Alcântara, Conselheiro e Coordenador da Ouvidoria

Antes, um breve esclarecimento acerca da apu-ração de reclamações, denúncias, sindicâncias, processos e afins pelo CRM-DF, tudo em estrita obediência ao que o CFM nos determina e cobra cumprimento. A Ouvidoria informa e orienta o con-sulente, mas o CRM-DF somente toma qualquer atitude quando uma demanda é registrada junto ao conselho, transformando-se em um Protocolo Geral (PG). Desta forma, toda solicitação formal ao CRM-DF vira um PG, desde o pedido de registro à mais grave denúncia. Todo PG, que contenha uma denúncia ou pedido de consulta (esclarecimento de alguma questão) ao CRM-DF, será encaminhado para a Corregedoria, para que seja designado ao Conselheiro responsável por responder a consulta ou orientar a investigação da denúncia. Por orien-tação do CFM, entretanto, o CRM-DF tem que abrir sindicância para apurar todas as denúncias que recebe, qualquer que seja o seu teor, procedência aparente ou fundamentação inicial.

Em outras palavras, se o CRM-DF lhe solicitou es-clarecimentos por escrito em relação a uma deter-minada sindicância, isto não é uma “acusação” de qualquer espécie, não depõe contra a sua imagem ou carreira médica e não reflete qualquer opinião do CRM-DF acerca do mérito em questão. Mas tão somente visa respaldar o parecer do Conselheiro res-

ponsável à luz dos relatos por escrito de denuncia-dos, denunciantes e dados do prontuário médico.

Então, quando uma sindicância “transforma--se” em Processo Ético Profissional (PEP)? Quan-do ao final da etapa de sindicância o Conselheiro parecerista responsável e uma sessão de Câmara (composta por vários outros conselheiros) julgam que, efetivamente, ainda restam indícios sólidos de que tenha sido cometida infração ética por par-te de um ou mais denunciados. Nesta etapa da investigação também não há juízo definitivo for-mado pelo CRM-DF acerca de culpa ou culpados, mas o PEP permite ouvir testemunhas e, de várias formas, por meio de um maior aprofundamento da apuração da denúncia original.

Um Conselheiro Instrutor orienta a obtenção de evidências na fase de PEP. Uma vez concluída esta etapa, o PEP montado passa para análise final e emissão de pareceres por 2 Conselheiros, o Relator e o Revisor, pareceres estes que serão analisados por uma junta de no mínimo 11 Conselheiros em uma Plenária de julgamento, que somente nesta fase decidirá sobre culpa ou não, em que termos e fazendo jus a que penalidades (se aplicáveis).

Espero que agora tenham ficado mais claros al-guns dos aspectos inerentes ao tratamento de de-mandas gerais por este CRM-DF.

A partir de Agosto de 2010, a Ouvidoria do CRM-DF ficará sob a responsabilidade de outros Conselheiros da atual gestão. Dessa forma, através do presente artigo, objetivo complementar o que já foi abordado nesta coluna acerca do nobre e necessário propósito de desempenhar BEM a Medicina no cotidiano, assim evitando reclamações junto a este Conselho.

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Seções

O CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, no uso das atribuições que lhe confere a Lei nº 3.268, de 30 de setembro de 1957, regulamentada pelo Decreto nº 44.045, de 19 de julho de 1958, alterada pela Lei nº 11.000, de 15 de dezembro de 2004, e

CONSIDERANDO que cabe ao Conselho Federal de Medicina a normatização e a fiscalização do exercício da medicina;

CONSIDERANDO o papel institucional fiscalizatório dos Conselhos de Medicina, lastreado no poder de po-lícia que lhes foi legalmente outorgado;

CONSIDERANDO o disposto no § 2º do artigo 18 da Lei nº 3.268, de 30 de setembro de 1957, que determi-na “Se o médico inscrito no Conselho Regional de um Estado passar a exercer, de modo permanente, ativida-de em outra região, assim se entendendo o exercício da profissão por mais de 90 (noventa) dias, na nova juris-dição, ficará obrigado a requerer inscrição secundária no quadro respectivo, ou para ele se transferir, sujeito, em ambos os casos, à jurisdição do Conselho local pe-los atos praticados em qualquer jurisdição”;

CONSIDERANDO o disposto na Resolução CFM nº 1.651, de 6 de novembro de 2002, que adota o Manu-al de Procedimentos Administrativos para os Conselhos de Medicina e dá outras providências;

CONSIDERANDO, finalmente, o decidido em sessão plenária do dia 10 de junho de 2010,

RESOLVE:Art. 1º O médico que venha a exercer a medicina

em outra jurisdição, temporariamente e por período inferior a 90 (noventa) dias, deverá requerer visto pro-visório ao presidente do Conselho Regional de Medici-na daquela localidade, apresentando a carteira profis-sional de médico para o assentamento e assinatura da autorização na mesma.

§1º O período de 90 (noventa) dias referido no ca-put do artigo fica limitado ao exercício financeiro anu-al, com início em março e validade até o mesmo mês do ano seguinte.

§2º A concessão do visto provisório será para o pe-ríodo de 90 (noventa) dias corridos, de forma contínua e em uma única vez, salvo nos casos estabelecidos no artigo 2º desta resolução.

Art. 2º Aos médicos peritos, auditores, integrantes de equipes de transplante e aqueles integrantes de equipes médicas de ajuda humanitária em caráter beneficente, pertencentes a entes públicos, empresas de âmbito na-cional ou ainda aqueles contratados como assistentes técnicos em perícias cíveis e criminais, de modo tempo-rário e excepcional, poderá ser concedido o visto provi-sório de forma fracionada, respeitado o período total de 90 (noventa) dias em um mesmo ano.

§ 1º No caso do caput deste artigo a comunicação deverá ser feita por escrito (carta ou ofício), fax ou e--mail, pelo ente público ou privado, ao Conselho Regio-nal de Medicina da base onde o médico trabalhe.

§ 2º Quando a atividade for como assistente técnico o próprio médico fará a comunicação.

§ 3º O Conselho Regional de Medicina da base comuni-cará ao Conselho destinatário o deslocamento do médico.

§ 4º O Conselho Regional de Medicina destinatário dará a autorização e informará ao Conselho de origem este feito.

§ 5º O Conselho de origem informará ao ente interes-sado ou assistente pericial a confirmação da autorização.

§ 6º Este trâmite será registrado no prontuário do médico em ambos os Conselhos.

§ 7º Deverá haver rigorosa fiscalização do cumpri-mento do prazo requerido, sendo proibido ao médico executar qualquer outra atividade que não a constante no requerimento.

§ 8º É vedada a realização de perícias e auditorias por intermédio de quaisquer meios eletrônicos.

Art. 3º O médico que exerça a medicina de forma habitual em mais de um estado da Federação deverá requerer inscrição secundária, ainda que o somatório anual descontínuo não ultrapasse o período de 90 (no-venta) dias.

Art. 4º Esta resolução entra em vigor no prazo de 60 (sessenta dias) a partir da data de sua publicação.

Brasília-DF, 10 de junho de 2010

Roberto Luiz D’Ávila Presidente Henrique Batista e SilvaSecretário-geral

Regulamenta a concessão de visto provisório para exercício temporário por até 90 (noventa) dias para médico que, sem caráter habitual e vínculo de emprego local, venha a atuar em outro estado.

Resolução CFM nº 1948/2010

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Notícias

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O Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF) possui nova diretoria, eleita por unanimidade, pelos conselheiros da autarquia. Veja quem passou a responder pelos departamentos e Comissões do CRM-DF, a partir de 01 de junho de 2010:

Nova diretoria do CRM-DF

Presidente: Dr. Iran Augusto Gonçalves CardosoVice-Presidente: Dr. Dimitri Gabriel Homar1º Secretário: Dr. Farid Buitrago Sánchez2º Secretário: Dra. Josélia Lima NunesTesoureiro: Dr. Ricardo Theotônio Nunes de Andrade.

DIRETORIA

Dr. Antônio Carvalho da SilvaDr. Procópio Miguel dos Santos

OUVIDORIA

Dr. Alexandre Morales Castillo OlmedoDr. Denise Prado de AlvarengaDr. Procópio Miguel dos Santos Dr. Icaro Alves Alcântara (Suplente)

CORREGEDORIA

Dr. Alexandre Cordeiro Duarte XavierDr. Ely José de AguiarDr. Marcela Augusta Montandon GonçalvesDr. Gustavo Bernardes (Suplente)

COMISSÃO DE FISCALIZAÇÃO:

Conseheiros do CRM-DF escolhem, por unanimidade, representantes para a nova diretoria.

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Notícias

Dr. Farid Buitrago SánchezDr. Josélia Lima Nunes

COMISSÃO DE ENSINO MÉDICO

Dr. Gustavo BernardesDr. Ricardo Theotônio Nunes de AndradeDr. Denise Prado de AlvarengaDr. Procópio Miguel dos Santos

COORDENAÇÃO DAS COMISSÕES DE ÉTICA MÉDICA:

Dr. Dimitri Gabriel HomarDr. Iran Augusto Gonçalves CardosoDr. Ricardo Theotônio Nunes de Andrade

COMISSÃO DE ANÁLISE DE TÍTULOS DE ESPECIALISTAS:

Dr. Alexandre Cordeiro Duarte XavierDr. Edna Márcia XavierDr. Marcela Augusta Montandon Gonçalves

COMISSÃO DE DIVULGAÇÃO DE ASSUNTOS MÉDICOS:

Dr. José da Silva Rodrigues de OliveiraDr. José Nava Rodrigues NetoDr. Marcela Augusta Montandon Gonçalves

COMISSÃO DE TOMADA DE CONTAS:

CONSELHO EDITORIAL

Dr. Alexandre Morales Castillo OlmedoDr. Alexandre Cordeiro Duarte XavierDr. Antônio Carvalho da SilvaDr. Dimitri Gabriel HomarDr. Edna Márcia XavierDr. Iran Augusto Gonçalves Cardoso

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Notícias

Orientados apenas a salvar pa-cientes e a auxiliá-los na busca por qualidade de vida, os profissionais de saúde, muitas vezes, sentem-se perdidos diante de questões que envolvem o gerenciamento de uma clínica ou consultório. Para sanar as dúvidas dos médicos, o Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF) con-vidou profissionais, conceituados no setor de gestão empresarial, para esclarecer dúvidas e ensinar técnicas que facilitem a vida dos futuros empreendedores no ramo de saúde. “O médico sai da facul-dade orientado a cuidar de um paciente por meio de tratamen-to de saúde, mas não sabe como abrir um negócio”, afirma Farid Buitrago, conselheiro e organiza-dor do evento.

O workshop, intitulado “Ges-tão de Negócios em Saúde”, foi

realizado na manhã e tarde do dia 22 de maio, no auditório do Parlamundi. Na ocasião, os profis-sionais Mauro Castro e Iuri Costa, especialistas em consultoria e trei-namento empresarial, orientaram os participantes sobre os fatores de sucesso de um negócio, ferra-mentas de controle, qualidade, planejamento estratégico, me-todologia de desenvolvimento, marketing, entre outros temas, todos fundamentados em con-ceitos da Master of Business Ad-ministration (MBA). É importante ressaltar que os conceitos trans-mitidos, durante o evento, respei-taram o Código de Ética Médica, fundamental para o exercício da medicina e para a construção de uma carreira consolidada.

Na ocasião, os palestrantes enfatizaram que a habilitação, o crescimento e a capacidade de

Grande parte da classe médica desconhece o ramo do empreendedorismo. Com o intuito de orientar esse grupo, o CRM-DF realizou um Wokshop com técnicas importantes sobre gestão de clínicas e consultórios.

Médicos recebem orientações sobre negócios em saúde

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Notícias

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competir são características neces-sárias ao empresário. Para eles, a habilitação deve ser técnica, hu-mana e conceitual, essa última deve crescer com qualidade e re-ferência. Destacaram também o papel da mídia, que pode ser alia-do ou concorrente em um mundo globalizado. Eles citaram alguns mecanismos de publicidade, entre eles, a distribuição de material grá-fico, jornais, revistas e investimen-tos em mídias eletrônicas, como sites e newsletter. Embora a verba destinada ao marketing seja consi-derada despesa pela MBA, os pa-lestrantes a consideraram um in-vestimento importante, que pode ter um bom retorno.

A necessidade de controle do quadro de pessoal e a realização

constante de planejamentos or-ganizacionais também foram ci-tadas no workshop. Segundo os profissionais de gestão, as con-dições de mercado devem ser avaliadas sempre, assim como o cenário do empreendimento. Eles defenderam ainda a exis-tência de investimentos em sis-temas de informação adequados à administração; prognósticos de situações variadas; análise do objetivo e implementação de plano, além de controlar e ava-liar a sua eficácia. “O empresá-rio não deve apenas recuperar os investimentos, é importante que o mesmo facilite o cum-primento de metas e mante-nha os seus ganhos”, defendeu Mauro Castro.

Na oportunidade, foram ex-plicados também os tipos de controle necessários ao setor empreendedor e as táticas que visam à sustentabilidade de um negócio. De acordo com os es-pecialistas, o empresário deve, entre outras ações, acompanhar constantemente tendências e o fluxo de caixa do seu estabe-lecimento. Após as relevantes elucidações, o conselheiro Fa-rid Buitrago congratulou os pa-lestrantes pelo seu trabalho e afirmou que para o CRM-DF é fundamental investir na carreira do médico e no futuro da clas-se médica. “Pretendemos repetir esse curso no segundo semes-tre, provavelmente em setem- bro”, acrescentou.

Mauro Castro (à direita) e Iuri Costa, especialistas em consultoria e treinamento empresarial, ministram curso promovido pelo CRM-DF.

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Notícias

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Disposto a resgatar os concei-tos éticos e a responsabilidade do exercício médico na socieda-de contemporânea, o Conselho Regional de Medicina do Distri-to Federal (CRM-DF) promoveu o XXXV Curso de Ética Médica, durante o mês de maio, no au-ditório da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (FEPECS), em Brasília. Foi aplica-da ainda uma avaliação, no dia 26 de maio, para mais de 150 médicos residentes sobre normas e regras de conduta, relacionadas ao atual Código de Ética Médi-ca. Tamanha a importância desse curso, que o mesmo é realizado duas vezes ao ano, e tornou-se uma extensão da formação do médico, pois a sua conclusão é pré-requisito para o recebimento do certificado de residência.

Ministrado por profissionais renomados, o curso tratou sobre eutanásia, distanásia, ortotanásia, ética e saúde suplementar, res-ponsabilidade profissional e civil do médico, responsabilidade do

residente, relação com pacientes e familiares, prontuário e perícia médica, atestado e boletim mé-dico, segredo e erro médico, en-tre outros temas relacionados ao exercício da medicina. Diante do conteúdo exposto, constatou-se a preocupação da Comissão de Ensi-no Médico do CRM-DF em oferecer uma programação que trate sobre os direitos, deveres e proibições na

medicina e que ainda apresente di-retrizes básicas para se consolidar uma carreira médica.

A forma de convívio entre mé-dicos e pacientes também foi bas-tante enfatizada pelas autoridades médicas presentes na solenidade de abertura do curso, realizada no dia três de maio. “Queremos formar médicos competentes, ge-nerosos e prudentes. Por isso, es-

CRM-DF promove Curso de Ética MédicaMais de 150 participantes têm acesso a orientações sobre ética e responsabilidades do exercício médico, temas ministrados por profissionais renomados de Brasília.

Dr. Procópio Miguel, conselheiro e membro da Comissão de Ensino Médico do CRM-DF, discursa na abertura do XXXV Curso de Ética Médica.

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Noticias

timulamos a ética na medicina perante a formação técnica e o avanço tecnológico existente nos dias de hoje”, afirmou Farid Buitrago, conselheiro do CRM--DF e membro da Comissão de Ensino Médico. A relação médi-co-paciente foi também citada pela doutora e professora Mari-sa Pacini, coordenadora do Pro-grama de Humanização do SUS no DF, ao ilustrar os modelos de atendimento biomédico e biop-sicossocial, o primeiro é centra-do na doença e tecnologia e o

outro é baseado em evidências e no paciente.

Durante a aula inaugural, os con-vidados parabenizaram o CRM-DF pela realização das aulas relaciona-das à ética médica, que segundo o professor Paulo Roberto Silva, co-ordenador do curso de Medicina da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS), “ressalta a importân-cia da ética, princípio basilar na re-lação de confiança entre médico e paciente”. Entre os demais presen-tes, estavam: o Dr. Francisco Pinhei-ro da Rocha (conselheiro titular da

FEPECS), a Dra. Maria Terezinha Oli-veira Cardoso (supervisora do pro-grama de residência em genética médica), o Dr. Lineu da Costa Filho (diretor de assuntos acadêmicos do Sindicato do Médico), o Dr. Lairson Vilar Rabelo (presidente da Associa-ção Médica de Brasília), o Dr. José Rubens Iglesias (diretor executivo da FEPECS), o Dr. Alexandre Cas-tillo (presidente do CRM-DF), os conselheiros Farid Buitrago, Josélia Lima e Procópio Miguel dos Santos, membros da Comissão de Ensino Médico do Conselho.

Todos os participantes foram prestigiados com a belíssima apresentação da banda Bicuda na solenidade de abertura do curso. A bateria Bicuda foi criada em 2002, por estudantes da ESCS (Curso de Medicina da FEPECS), com intuito de interação entre os membros. Atualmente, possui em média 70 integrantes, com representantes do 1º ao 6º ano, distribuídos em sete diferentes grupos de instrumentos. Ao longo de sete anos de existência, a banda faz história nos eventos médicos e estudantis (Intermed), dos quais participa, sendo reconhecida e admirada por todo o Centro-Oeste e por vários estados do Brasil.

BANDA BICUDA

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Marisa Pacini, doutora e professora, discursa sobre os modelos de atendimento biomédico e biopisicossocial.

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A equipe de fiscalização do CRM-DF realizou nova vistoria no Hospital Regional de Planal-tina, em 23 de junho, no intuito de averiguar se as irregularidades identificadas nas fiscalizações an-teriores permaneciam ou se as mesmas já estavam sanadas. In-felizmente, o hospital ainda apre-sentava problemas em diferentes setores. Os fiscais do CRM-DF ave-riguaram, por exemplo, que ha-via superlotação de pacientes na emergência, o que gerava sobre-carga de trabalho para as equipes

médicas do setor e uma longa es-pera por parte dos pacientes.

Contatou-se também que a insuficiência de acomodações ocasionava a internação de pa-cientes, quando necessário, nos corredores de atendimento. O déficit de profissionais de saú-de, médicos e enfermeiros, tam-bém gerava graves problemas na composição das escalas. No mo-mento da fiscalização, havia dois pediatras no plantão vespertino, mas o plantão matutino funcio-nou com apenas um médico.

Pacientes acomodadosno corredor doPronto-Socorro.

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Fiscalização

Hospital Regional de Planaltina - HRP

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mento de monitorização, além de um DEA. O setor possui também um apa-relho para aspirar secreções e quatro pontos de saída para gases (oxigênio, ar comprimido, entre outros). Já o box de emergência da clínica médi-ca possuía um oxímetro, mas infeliz-mente não havia monitores. Apenas dois respiradores funcionam efetiva-mente no local e a maca reservada para a admissão de emergência era baixa, o que dificultava o atendimen-to, tais como intubação orotraqueal, acessos venosos e outros procedi-mentos vitais. O box de emergência também apresentava falta de insu-mos, como sondas, cateteres, e me-dicações como antibióticos.

A situação do centro cirúrgico da unidade também era preocupante. Das três salas existentes no local, uma apre-sentava-se desativada, a outra era des-tinada à pequenas cirurgias e a terceira era utilizada para cirurgia e ortopedia.

A mesma situação ocorria com a clí-nica médica, que funcionava com apenas dois plantonistas, número in-suficiente para atender a demanda.

Foi verificado ainda que a falta de segurança era outro problema viven-ciado pelos funcionários do HRP, exis-tiam relatos de agressão a médicos e a outros funcionários do setor de emer-gência. Outro fator preocupante era o déficit de aparelhos de suporte básico à vida, entre eles, o manguito pediá-trico, instrumento próprio para aferir a pressão arterial das crianças. Todo o pronto-socorro da pediatria possuía apenas um oxímetro. Vale destacar também que todos os sete leitos de internação existentes na enfermaria da pediatria estavam ocupados no momento da vistoria, o que refletia o espaço físico inadequado do local.

Por outro lado, a pediatria tam-bém passou por um avanço, o setor agora possui desfibrilador e equipa-

Fiação elétrica exposta no box de emergênciada pediatria.

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DEPARTAMENTOS MARÇO / ABRIL

Fiscalizações 199

Ouvidoria 89

REGISTROS

• Médico

• Especialidade

• Empresa

87

198

36

Consultas apreciadas 2

Sindicâncias apreciadas 63

Processos Éticos julgados 7

Verifique a atuação do CRM-DF nos meses de maio a junho de 2010

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Fiscalização

Já a Sala de Recuperação Pós-Anes-tésica (SRPA) possuía apenas três leitos com oximetria, sem monito-res cardíacos e o funcionamento do desfibrilador era precário, não havia cardioversor. O módulo para pres-são invasiva, o marcapasso cardíaco e a máscara laríngea também não estavam disponíveis no centro cirúr-gico. Outros problemas estruturais permaneciam no local, tais como: infiltrações, falta de expurgo e per-manência de materiais próximos à sala de cirurgia. E a área de circula-ção de materiais limpos e sujos divi-diam o mesmo espaço.

A maternidade apresentava problemas quanto à climatiza-ção, o ar-condicionado do local gerava tanto ruído que dificulta-va a comunicação entre a equi-pe. O setor também apresentava infiltração e tinha déficit de ma-

teriais para intubação pediátrica e de medicamentos, como o ae-rolin e ocitocina, considerados de uso frequentes.

Os fiscais do CRM-DF averi-guaram também que o HRP não apresentava serviço de anatomia patológica, existiam inúmeras peças aguardando há mais de 12 meses para serem encaminhadas para preparação e análise. Se-gundo a assistente de direção, cerca de 1.700 peças seriam en-caminhadas para o Hospital Re-gional de Sobradinho ou para Hospital Regional da Asa Norte. E o laboratório de patologia clí-nica, por sua vez, apresentava-se limitado, pois não realizava exa-mes como os de microbiologia (culturas), além de manter recla-mações quanto à confiabilidade dos resultados.

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Notícias

O Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF) realizou uma in-terdição ética parcial no pronto-socorro da unidade do Hospital Regional de Samam-baia, junto aos setores de Clínica Médica e Pediatria, no dia 08 de junho. O intuito da ação era sanar as irregularidades que gera-vam riscos à saúde e à vida dos pacientes e dos profissionais vinculados à unidade. Após a medida, os médicos ficaram impe-didos de atuar nessas especialidades, até que a situação do hospital melhorasse e houvesse condições mínimas de trabalho para o exercício da medicina. A interdição

foi decida pelos conselheiros após a análise do relatório da última fiscalização do CRM na unidade, realizada em abril, onde foram constatadas irregularidades graves que prejudicavam diretamente a prática segura do exercício médico.

Tanto a diretoria do Hospital Regional de Samambaia como a Secretaria de Saú-de do Distrito Federal estavam cientes das deficiências da unidade. Ambos receberam um ofício do Conselho, em 20 de maio, o qual solicitava providências imediatas para sanar as irregularidades do hospital, observadas pelo setor de fiscalização do

Hospital de Samambaia é interditado parcialmenteA falta de equipamentos, a precária estrutura e o déficit de médicos no Hospital Regional de Samambaia inviabilizam o atendimento da população e prejudicam o exercício médico.

Dr. Ely Aguiar juntamente com a equipe de fiscalização do CRM-DF vistoriam o HRSam.

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Notícias

trabalhavam no quadro ficavam sobrecarregados, chegavam a rea-lizar plantões sucessivos e acumu-lavam uma carga horária desuma-na de até 48 horas ininterruptas, o que normalmente é restrito a 12 horas. Não havia também cardio-logista e nefrologista na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), o que contrariava a determinação do CFM. A falta de leitos e a precária estrutura do hospital eram outros fatores que prejudicavam o aten-dimento. O box de emergência da pediatria, por exemplo, atendia apenas um paciente com instabi-lidade respiratória, devido a única saída de oxigênio e ar comprimi-do do local. A mesma situação era encontrada no box de emergência da Clínica Médica, que apesar de já possuir a tubulação necessá-ria, a mesma ainda não estava em funcionamento.

Conselho neste ano e em 2009. Infelizmente não houve solução para os casos denunciados du-rante esse período, mesmo após o prazo final de 15 dias, estipula-do pelo CRM-DF. Na realidade, a Secretaria e a diretoria da unida-de de saúde realizaram pequenas alterações, como a instalação, por exemplo, de apenas um apa-relho de RX convencional, o que não solucionava o quadro precá-rio do hospital. Houve também a promessa de contratação de 10 médicos para o setor de pediatra e clínica médica, o que ainda se-ria insuficiente para o hospital.

Vale ressaltar que a unidade sofria um sério déficit de mé-dicos, os plantões chegavam a funcionar com apenas um médi-co e já ocorreu de alguns setores atenderem sem nenhum planto-nista na escala. Os médicos que

Havia também um déficit de equipamentos e insumos no lo-cal, sem contar a ausência de manutenção dos poucos apare-lhos que restavam no hospital. As enfermarias não possuíam ao menos um desfibrilador e um monitor cardíaco (carrinho de parada), essencial ao aten-dimento emergencial e de in-ternação. Não havia também respirador/ventilador mecânico no pronto-socorro, o único apa-relho disponível encontrava-se na Unidade de Terapia Inten-siva (UTI). Dos três elevadores existentes no local, apenas um estava em funcionamento e o mesmo transporta pacientes, ca-dáveres, alimentação e até lixo.

O CRM-DF averiguou ainda que a obra existente nas salas de radiologia e tomografia, ini-ciada em 2009, não havia sido concluída. O atraso impedia a instalação de novos aparelhos, adquiridos há dez meses e que se encontravam encaixotados nos corredores do hospital. O Con-selho constatou também que to-dos os médicos empossados, nos dois últimos concursos públicos, já haviam pedido exoneração do cargo, devido às péssimas condi-ções de trabalho e a sobrecarga de serviço existente na unidade. Vale ressaltar que o CRM-DF in-formou também o Ministério Pú-blico e o Sindicato dos Médicos do Distrito Federal sobre todas as irregularidades descritas.

HRSam

Aparelho de radiologia e tomografia encaixotados há meses nos corredores da unidade.

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Notícias

O CRM-DF decidiu em 16 de junho, em reunião de plenária, que suspenderia a interdição ética profissional no setor de pediatria do pronto-socorro do Hospital Regional de Samambaia (HRSAM), tendo em vista que o atendimento médico e a segu-rança dos pacientes e dos profis-sionais tornaram-se satisfatórios neste setor.

A Secretaria de Saúde atendeu determinadas solicitações emer-genciais requisitadas pelo CRM--DF. Foram realizadas, por exem-plo, a instalação de pontos de oxigênio, a aquisição de equipa-mentos de suporte básico à vida nos Box de Emergência, além da lotação de novos sete médicos

para a pediatria, sendo que um deles realizaria 40 horas semanais. Dessa forma, o quantitativo de profissionais passou a atender a demanda da unidade.

No entanto, o setor de fiscali-zação do Conselho de Medicina constatou, na vistoria realizada em 15 de junho, que o déficit de médicos ainda permanecia na Clí-nica Médica do pronto-socorro da unidade. Havia sido lotados, até o momento da vistoria, apenas dois novos clínicos, quantitativo insuficiente para fechar a escala de atendimento do setor. Na oca-sião, o CRM-DF alertou novamen-te a Secretaria de Saúde sobre a necessidade de contratação de novos profissionais.

Fim de Interdição no Setor de pediatria do HRSAM

Secretária de Saúde, conselheiros do CRM-DF, representantes da OAB-DF e do MPDFT discutem situação do HRSam.

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dico para a próxima escala. Na oportunidade, Bernardes afirmou que a enfermaria do hospital per-manecerá fechada até que haja médicos suficientes para atender o respectivo setor e os plantões realizados na unidade. O diretor mencionou que os pacientes que necessitassem de atendimento na enfermaria seriam atendidos no Hospital de Santa Maria.

Durante a audiência, a ma-gistrada elogiou os relatórios de fiscalização desenvolvidos pelo CRM-DF. Ela afirmou que tais do-cumentos foram essenciais para a sua decisão, de apoiar a interdição ética no Hospital de Samambaia e de mantê-la até que a situação da unidade obtivesse melhoras. Diante dos documentos expostos, a Dra. Emília Maria Velano reco-nheceu o sério trabalho desenvol-vido pelo Conselho de Medicina e afirmou que a interdição, desem-penhada pela autarquia, foi res-paldada na segurança da popula-ção e do exercício médico.

HRSam

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Notícias

A audiência de conciliação, realizada em 01 de julho, na 4ª Vara Federal, viabilizou a reaber-tura do setor de Clínica Médica do pronto-socorro do Hospital Regional de Samambaia. Na oca-sião, a Secretária de Saúde do Distrito Federal, Fabíola Nunes, e o diretor da unidade, Claudio Ber-nardes, comprometeram-se em manter, no mínimo, dois médi-cos durante os plantões da Clíni-ca Médica do HRSam. O diretor do hospital apresentou as no-vas escalas no dia 06 de julho, data que o CRM-DF finalizou a interdição.

A juíza Emília Maria Velano, que realizou a audiência, deter-minou que os médicos poderão deixar o hospital após cumprirem

a sua carga horária de plantão, estipulada pela diretoria da uni-dade, mesmo que não haja outro profissional para substituí-los. Se-gundo a determinação da juíza, o médico que abandonar o seu pos-to, após o cumprimento de sua escala, não poderá mais sofrer penalidades administrativas apli-cadas pelo GDF. Os médicos tam-bém não serão obrigados a reali-zarem horas-extras. Dessa forma, a magistrada pretendeu evitar a sobrecarga desumana de traba-lho dos médicos na unidade de saúde de Samambaia.

Foi acordado também que o di-retor do HRSam será o responsá-vel pela transferência dos pacien-tes internados durante o plantão, se não houver, porventura, mé-

Fim de Interdição no Setor de Clínica Médica do HRSAM

A Juíza Federal ouve as partes (Secretaria de Saúde e CRM-DF) durante audiência de conciliação.

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Artigo

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No Brasil, o paciente portador de câncer sofre severas dificulda-des e restrições consequentes de um grave cenário. Fazemos essa afirmação em função dos limita-dos resultados obtidos até hoje e do descompasso entre a relevân-cia do tema e a tímida determi-nação política para sua atenuação ou solução. Ao longo das últimas décadas temos acompanhado a ação centralizadora dos órgãos competentes, sem os avanços e melhorias que a situação exige. Portanto, cabe uma reflexão mo-tivadora e renovadora, que possa sugerir atitudes corajosas e ousa-das, sem quaisquer outros inte-resses que não sejam o de acolher

condignamente o paciente com câncer. Para tanto, se faz necessá-rio o rompimento de vícios, que a história já demonstrou serem os responsáveis pelos limitados resultados na luta para vencer ta-manho desafio.

Vale ressaltar que esta luta deve ser abraçada por quantos se pre-ocupam em atenuar o sofrimento desses pacientes, potencialmente, todos nós! Segundo a Constitui-ção Federal, a saúde é dever do Estado e direito do cidadão. Re-ferida conquista impõe à inserção de políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e também o acesso uni-versal às ações e serviços para sua

Política brasileira de combate ao câncer, uma reflexão

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promoção, assegurada a priorida-de para as atividades preventivas.

No âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), compete ao Ins-tituto Nacional de Câncer (INCA), órgão do Ministério da Saúde (MS), estabelecer a política Onco-lógica Nacional em todas as suas fases como, prevenção, diagnós-tico e tratamento médico-assis-tencial de neoplasias malignas e afecções correlatas. Os serviços vinculados ao SUS são cadastra-dos pelo MS como Centros de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (CACON). O tra-balho desenvolvido pelo INCA é de extrema complexidade, pois engloba monitoração de indi-cadores, projeções, prioridades, custos, novas tecnologias, qui-mioterapia e radioterapia para toda população brasileira. A filo-sofia de integralidade, na abor-dagem ao paciente com câncer, não se limita apenas a assistên-cia, mas ao sistema, com todas as suas particularidades e hetero-geneidades regionais em um país continental, cuja demanda cresce permanentemente. A tarefa do INCA é gigantesca e árdua.

Em linhas gerais, o combate ao câncer começa na educação preventiva e no envolvimento da população em todos os seus seg-mentos. O trabalho preventivo é aceito por todos como arma efi-ciente e extremamente necessária, que deve ser iniciado nas escolas

e demais segmentos da socieda-de organizada, com alvos priori-zados em função da faixa etária a ser sensibilizada. Essa missão, em harmonia com o Ministério da Saúde precisa ter a participação ativa da sociedade em geral e das especialidades médicas em parti-cular. A acessibilidade ao sistema, com o objetivo do diagnóstico precoce, desdobrando em trata-mento com reais chances cura-tivas, é ponto importante, que também depende da ação das especialidades médicas. Portanto, os médicos especialistas em dife-rentes áreas são participantes na-turais deste cenário e, por coerên-cia, devem fazer parte nos planos e estratégia desta política. Enten-demos que é na ausência desse segmento que residem as maiores vulnerabilidades e descompassos na execução dos programas, para os quais acreditamos haver a ne-cessidade de incluir outros agen-tes e instituições.

A aproximação do Ministério da Saúde, INCA e especialidades médicas é fundamental!

Desejável é um sistema que possa garantir a acessibilidade, com exames e protocolos nacio-nais padronizados, que propicie o diagnóstico o mais precocemente possível e cujo tratamento pro-mova a cura e não apenas algo paliativo. Um sistema que ofereça de forma cronológica, estatísticas fidedignas de mortes e novos ca-

sos, para todo tipo de câncer, nas diferentes regiões do Brasil, isso é o que se espera.

Dentre tantos outros exemplos citamos alguns que promovem ruptura, descontentamento e desconfiança, quando as institui-ções oficiais preconizam o ras-treamento ativo ou populacional para a detecção precoce do cân-cer de mama e não disponibilizam a mamografia; quando sugerem o oportuno rastreamento dos ho-mens acima de 45 anos, no sen-tido de detectar, precocemente, o câncer de próstata e não dis-ponibilizam a biópsia trans-retal da glândula prostática; quando se preconiza a colonoscopia pre-ventiva no câncer intestinal e nos deparamos com a extrema dificul-dade de acesso ao exame; quan-do acompanhamos médicos es-pecialistas com dificuldades para a prescrição de medicamentos oncológicos, hoje restritos ao uni-verso da Oncologia Clínica.

Esta realidade reflete a moro-sidade e barreiras ao diagnóstico precoce. A literatura médica está repleta de trabalhos que sinalizam para a grave mudança de estadia-mento e pior prognóstico, quan-do o tratamento é postergado. Há tumores cuja espera de 60 a 90 dias pode ser decisiva, perdendo--se a chance de cura ou compro-metendo a sobrevida específica. Vale ressaltar que o retardo no diagnóstico refletirá também no

Política brasileira de combate ao câncer, uma reflexão

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aumento do custo. Os estudos revelam grandes discrepâncias de custos quando o dinheiro é gas-to em diferentes fases da doença. Uma projeção baseada em dados de usuários de um plano de saúde privado estimou que, entre 2008 e 2010, o tratamento do câncer em estágios avançados, será qua-se oito vezes mais caro do que seria se esses pacientes tivessem detectado a doença na fase ini-cial. Para o mesmo período, as projeções indicam que os custos do tratamento serão sete vezes maiores do que as despesas com ações de prevenção. Por conta dis-so, algumas operadoras de saúde começaram a adotar programas de educação para a saúde e para detecção nos estágios iniciais de alguns tipos de câncer, inclusive com o apoio da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Reconhecemos que a integra-lidade na abordagem ao pacien-te oncológico é importante pilar conceitual. Essa política está mui-to bem representada nos CACON e UNACON, em suas diversas es-tratificações e codificações espe-cíficas, em função do serviço e dos recursos oferecidos. Temos hoje, no Brasil, em torno de 240 CACON. Teoricamente, a propor-ção ideal seria um CACON para cada grupo de 715 mil habitan-tes. Porém, existe um grande viés

de dificuldades nessa proporcio-nalidade, determinando uma dis-tribuição desigual desses centros Brasil afora, ficando muito longe de atender a demanda exigida. O paciente que não tem a sorte de acesso ao CACON fica potencial-mente desprotegido.

O terceiro setor, representado por instituições diversas é ou-tro motivo de reflexão, quando acompanhamos a fragilização e li-mitação na sua missão de auxiliar a política de combate ao câncer. Muitas instituições, sejam fun-dações, organizações nãogover-namentais (ONG), organizações sociais civis de interesse público (OSCIP) ou de utilidade pública federal (UPF), auxiliam segmentos de pacientes ao longo do perío-do de tratamento. Recentemente verificamos, constrangidos, o en-cerramento das atividades da As-sociação Brasileira de Combate ao Câncer. Outro incontestável sinal da fragilidade e da fragmentação da sociedade civil organizada.

A gravidade desta situação também é demonstrada quando a sociedade em geral, ao encon-trar barreiras para solucionar a questão por meios convencionais busca socorro no Poder Judiciário. Temos acompanhado uma avalan-che de instrumentos judiciais, os quais impõem a aplicação dos di-reitos constitucionais. O questio-

“Desejável é um sistema que possa garantir a acessibilidade, com exames e protocolos nacionais padronizados, que propicie o diagnóstico o mais precocemente possível e cujo tratamento promova a cura e não apenas algo paliativo.”

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namento judicial é uma demons-tração inconteste da fragilidade da política oncológica brasileira.

Infelizmente, as especialidades médicas, que diuturnamente tra-balham com pacientes portadores de neoplasias malignas, não têm o desejável espaço, nem fazem parte de uma política decisória, junto ao INCA e, menos ainda, do MS. Não existe, em nível de MS, nenhum canal de comunicação com as especialidades médicas, no sentido de ampliar o debate e integrar tão importante segmen-to, que vivencia e conhece a re-alidade do paciente portador de câncer no Brasil. Não há como centralizar o diagnóstico, trata-mento e complicações do câncer somente entre os Oncologistas Clínicos e Cirurgiões Oncológicos brasileiros. As diversas especiali-dades médicas e seus especialis-tas também estão aptos a tratar o câncer, nas suas diferentes for-mas de apresentação e dentro das suas específicas áreas de atuação.

Sem qualquer dúvida, a rea-lidade atual merece importante reflexão e a situação impõe no-vas propostas para o Governo e a sociedade, em geral, vencerem a luta contra o câncer. Temos a convicção de que nosso sistema apresenta grandes limitações e barreiras para firmar o diagnós-tico precoce, refletindo isso em

altos custos com o tratamento radio e quimioterápico, muitas vezes paliativos, sem quaisquer impactos na sobrevida. Estamos gastando muito, sem o retorno desejado. A estratégia para en-frentar o aumento de incidência do câncer na população idosa, requer um esforço vigoroso e a união de diferentes institui-ções e segmentos sociais. Não nos parece que o INCA de for-ma isolada, tenha capacidade de se sair vitorioso neste enfren-tamento. Neste esforço multi--institucional será salutar a cria-ção de um setor específico no âmbito ministerial, que possa oferecer a oportunidade de in-cluir as especialidades médicas, as instituições acadêmicas e as instituições modelares em saú-de nas decisões e estratégias da Política Nacional de Combate ao Câncer.

Esta medida propiciará a chan-ce de dividir responsabilidades nos diversos setores e áreas. Cada especialidade médica tem suas prioridades e particularidades, que nem sempre são contempladas na centralizada política atual. Os gran-des desafios exigem o caminho do compartilhamento decisório. A Po-lítica Nacional de Combate ao Cân-cer é um destes desafios e para o qual todo esforço, união e dedica-ção serão sempre bem-vindos.

Dr. José Carlos de Almeida

Ex-Presidente da Sociedade

Brasileira de Urologia

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Há alguns anos, li um texto de um pesquisador, onde o mesmo levantava a questão de que, para inúmeras doenças que tinham suas fisiopatologias conhecidas, não havia tratamento e, a essas, deno-minou-as de doenças órfãs. Essas doenças, em geral neurológicas, incidem sobre um pequeno número pessoas. Acontece que, para elas, os grandes labora-tórios farmacêuticos (que são os grandes financiado-res das pesquisas de novos medicamentos), não têm interesses econômicos, uma vez que representam um pequeno nicho comercial que não dá retorno, portanto, sem perspectivas de lucros. Nesse cenário, mesmo os estudiosos das universidades dos países ricos, encontram dificuldades para conseguir patro-cínio para as suas pesquisas.

Trago esse fato, para correlacioná-lo com um fenô-meno que vivenciamos em todo o Brasil, principalmen-te nas grandes cidades, não sendo diferente no Distrito Federal. Sabemos da peregrinação de pacientes em ins-tituições públicas e privadas, à procura de tratamento, sendo encaminhados para vários especialistas, os quais pedem exames cada vez mais sofisticados, até encami-

Pacientes

Órfãos

É cada vez mais comum médicos silenciosamente “escolherem” pacientes com doenças mais simples, para fugir de eventuais ações judiciais em caso de complicações no tratamento.

Por: Getúlio Coelho

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nhá-los para outro centro, com o argumento de que são mais bem aparelhados ou, ainda, que este ou aquele colega é mais experiente na-quela patologia.

Na verdade, percebemos um mecanismo inconsciente de auto defesa de alguns médicos que, de forma silenciosa e não con-fessada, escolhem os pacientes que conseguem tratar, descar-tando aqueles com patologias complexas ou passíveis de com-plicações, que são previamente evitados, pelo medo de eventuais questionamentos judiciais. A es-ses pacientes se denominou de órfãos, pois, apesar de serem por-tadores de doenças conhecidas e bem estudadas têm dificuldades em encontrar quem os trate.

A razão dessas deploráveis ati-tudes decorre, com certeza, como prevenção dos médicos contra a grande quantidade de processos de que são vítimas, que vêm tran-sitando na justiça, nos últimos anos. Tem sido demasiadamente crescente, em todo território na-cional, a quantidade de casos que vão parar na justiça, sem sequer receberem uma apreciação pré-via dos órgãos disciplinadores da Classe Médica (CRM e CFM). Acre-ditamos que uma avaliação técni-ca prévia não só evitaria grande parte dessas demandas como, ainda, não sobrecarregariam o já moroso Judiciário.

Outro fato que nos chama a atenção, aliás, constatado pelos advogados especialistas em de-

fesa de casos médicos, é que em muitos desses pedidos de repa-ração civil, os advogados do de-mandante pedem o benefício da Justiça Gratuita. Com esse expe-diente, transferem a custa judicial da ação para o acusado, inverten-do o ônus da prova e jogando o custo das perícias e demais provas contra o espoliado médico. Os es-pecialistas têm denominado essas querelas de verdadeiras aventuras judiciais, nas quais, o denuncian-te (que nada têm a perder e só a ganhar), sem o menor respaldo técnico-científico ou cerimônia, se protege sob o nobre e valioso manto da proteção ao cidadão pobre – o direito a gratuidade ju-diciária, assegurando assim o seu acesso à Justiça, à custa do even-tual réu. Esses aventureiros vêm, com frequência, requerendo in-denizações astronômicas, criando assim um mecanismo terrorista de

coação irresistível contra os médi-cos que, apavorados e algumas vezes mal orientados, acabam por aceitar acordos, alimentando a in-dústria dos processos.

Creio que muitos magistrados ao concederem a gratuidade ju-diciária, o fazem com o mais no-bre dos sentimentos, que seria o de dar acesso ao Judiciário a uma pessoa carente. Entretanto, é ne-cessário que essas autoridades atentem para o drama criado por advogados inescrupulosos, que vêm abusando desse artifício. Com isso asseguram-se de que o médico, revertendo o processo, exija reparação por danos mo-rais e/ou materiais. Desse modo, também se livram dos honorários de sucumbência que recai sobre a parte perdedora. Como muitos destes processos são oriundos de clínicas privadas, nas quais os pa-cientes usam planos e seguros de saúde ou pagam os honorários de forma particular, sabendo-se que esses planos atendem a uma parcela da população de maior poder aquisitivo, fica claro que não se trata de pessoas carentes do benefício.

Na cirurgia plástica, área onde militamos, temos observado inú-meras ações movidas por ques-tões previsíveis e largamente relatadas como complicações naturais, na literatura médica. Es-tatisticamente, apesar de toda a perícia do cirurgião, fatores ale-atórios, como, por exemplo, não respeitar o repouso ou não se-

A atitude desmesurada de processar os médicos, pelo motivo torpe do ganho fácil, levará a todos a pagar um preço muito alto, pela permissividade da perseguição à Classe Médica.

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guir as recomendações médicas, pode provocar dissabores. São exemplos disso as cicatrizes que-loidianas, o alargamento de cica-trizes, o escurecimento da área operada, pequenas parestesias e anestesias em áreas operadas ou próximas delas e até mesmo os casos de mera insatisfação com o resultado obtido que, na maioria das vezes, era o possível para o caso. Cito aqui o Professor Ivo Pi-tanguy, que sabiamente disse em uma de suas preleções: “Plástica não deve ser confundida com salvação para as insatisfações da mente humana”.

É importante saber, que a ati-tude desmesurada de processar os médicos, pelo motivo torpe do ganho fácil, levará a todos a pagar um preço muito alto, pela permissividade da perseguição à Classe Médica. A atitude de au-topreservação, adotada de forma inconsciente e preventiva pelo médico, só tem aumentado o so-frimento de alguns pacientes. Es-ses, quando atendidos, são alvo de todo um corolário de cuida-dos “jurídicos” que o médico usa, tentando se proteger de uma fu-tura demanda judicial. Com cer-teza essa atitude compromete a relação médico-paciente, que de-veria ser cordial, amiga e respei-tosa e, em alguns casos até, de profunda compaixão, transfor-mando-a numa relação distante e fria de mera prestação de ser-

viço. Parafraseando um paciente que atendi há alguns anos posso afirmar: “Só sabemos o verdadei-ro valor de um médico quando precisamos de um”.

Precisamos todos, Órgãos de Classe, Poder Judiciário, OAB e de-mais seguimentos da sociedade, refletir se não está passando da hora de termos um diálogo am-plo, desenvolvido em audiências públicas, nas quais se discutam os mecanismos de apreciação das querelas a fim de evitarmos que demandas sejam levadas aos tri-bunais sem um respaldo técnico dos órgãos fiscalizadores, CRM e CFM. A Medicina Brasileira, atra-vés do seu Órgão de Classe maior – o CFM – tem prestado relevantes serviços à sociedade, não medindo o sacrifício dos seus componen-tes. Esses abnegados médicos, in-vestidos no cargo de Conselheiros Federais, vêm a Brasília para parti-cipar de julgamentos no Conselho Federal, abandonando seus afa-zeres remunerados, o aconchego da família e o lazer para, ao final, serem taxados de casuístas ou de praticarem o espírito de corpo, no sentido de protegerem colegas. A sociedade, ao não compreen-der os detalhes técnicos que en-volvem o julgamento de um mal resultado ou de uma fatalidade, entende que os julgamentos são passionais e que servem, na rea-lidade, para encobrir o erro médi-co, a ponto de nos nominar, pejo-

rativamente de “máfia de branco”. Acredito que tal fato ocorra de-

vido ao caráter sigiloso, imposto pela lei, em que ocorrem as apura-ções. A denúncia nem sempre tem fundamento para se transformar em sindicância ou em processo ético-profissional. A estrutura dos conselhos, que são autarquias fe-derais, não permite outra forma de recurso que não seja aquela oriun-da da arrecadação das anuidades pagas pelos médicos e onde seus conselheiros não recebem nenhum honorário para a prestação de tão relevante serviço à sociedade.

Dr. Getúlio Coelho de Oliveira é

cirurgião plástico, Mestre em

Medicina – UnB, Membro Titular

do Colégio Brasileiro de Cirurgi-

ões – TCBC, Membro Especialista

da SBCP e Membro Fundador do

Capítulo de Vídeo-Cirurgia

da SBCP.

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Campanha de Esclarecimento

ÉTICA Revista - mai./jun. – 2010

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Uma série de 30 “joggers” necrop-siados que corriam de 7 a 105 milhas por semana, inclusive dois maratonistas, mostrou 16 (53%) com história de Pressão Alta, Colesterol Alto e história fami-liar de Doença Coronariana Ateroscleró-tica (DCA), informou o Dr. Virmani, em artigo publicado no The American Journal of Medicine.

Dezenove morreram enquanto corriam, seis após correr e três apresentaram Dor Torácica logo após correr e dois morreram na cama. Vin-te e dois, o que representam 73%, apresentam severa DCA, sendo que 14 mostraram infarto do miocárdio, agudo ou cicatrizado. Prolápso de vál-vula Mitral foi diagnosticado em um caso e sete não tiveram a causa mortis determinada. Salien-ta-se que severa DCA foi achada mais frequente na necropsia.

Observe-se que 73% dos “joggers” tinham

severa coronariopatia e corriam de 7 a 105 milhas

por semana. “A doença co-ronariana ainda é a principal

causa de óbito entre os homens e mulheres no mundo industrializado”,

avaliou o professor E. Braunwald, do Bri-gham & Women’s Hospital.

O infarto do miocárdio continua sendo uma causa líder de mortalidade no mundo ocidental, de acordo com a publicação “Arquivos Brasileiros de Cardiolo-gia, vol 74, suplemento II”. “Ser assintomático nunca foi garantia de ausência de cardiopatia. O coração é o órgão que mais mata. Precisamos atuar intensa-mente na Cardiologia Preventiva”.

Orientamos a todos que tenham mais de 40 anos de idade e principalmente àqueles com histórico fa-miliar de cardiopatia, para realizarem um teste er-gométrico por computador anualmente.

Pesquisa revela infarto em joggers

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ÉTICA Revista - mai./jun. – 2010

Notas

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Seja noSSo Colaborador!A Ética Revista está aberta à sua participação. Artigos e cartas podem ser enviados para o Conselho Editorial

([email protected] ou [email protected]), que analisará a viabilidade de publicá-los. Os artigos devem

ser, no máximo, de duas páginas em formato A4, acompanhados de fotos.

A programação científica terá quatro vertentes: Repro-dução Assistida / Medicina Fetal / Endoscopia (laparosco-pia e histeroscopia) / Contracepção, Climatério e Mama, funcionando ao mesmo tempo. Haverá também dois au-ditórios independentes para realização tipo “Hands-on”, como manipulação de gametas e etc. Ainda na parte prática cada um dos setores programará procedimentos com transmissão ao vivo para os auditórios (exemplo: biópsia embionária ao vivo / laparoscopia em endome-triose severa ao vivo / biópsia do vilo corial ao vivo / ciclo completo de fertilização in vitro ao vivo).

Cidade: Goiânia (GO) - BrasilData: 24/11/2010 27/11/2010Local: Centro de Convenções de Goiânia Tipo: PresencialSite: http://www.sbrhcongresso2010.org.brDemais informações junto à Secretaria Executiva: Av. Cel. Joaquim Bastos, 243 - Setor Marista - CEP 74175-150 - Goiânia - GO Tel./FAX: (62) 3092-5407 [email protected]ção: Sociedade Brasileira de Reprodução Humana - [email protected]

XXIV Congresso Brasileiro de Reprodução Humana Teórico e Prático

A CIPE participará das comemorações do bicentenário dos cursos médicos no país realizando em Salvador, de 16 a 20 de novembro de 2008, o Estado da Arte da Cirurgia da Criança

• XXIX Congresso Brasileiro de Cirurgia Pediátrica• XI Congresso Brasileiro de Urologia Pediátrica• I Congresso Brasileiro de Cirurgia Pediátrica Vídeo-assistida

• IV Jornada Luso-brasileira de Cirurgia PediátricaInscrições: www.congressocipe.com.br/inscricoes.asp

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