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SEXTA-FEIRA, 6 ABRIL 2012 | Diretor: Paulo Barriga Ano LXXX, N o 1563 (II Série) | Preço: 0,90 Candidatura do cante apenas em 2013 A Comissão Nacional da Unesco, por indi- cação de Paulo Portas, decidiu não entregar este ano a candidatura do cante alentejano a Património da Humanidade. pág. 10 Licenciatura chumba Caeiros no InAlentejo Filipe Palma é o novo vogal do Programa Operacional do Alentejo, proposto pelos municípios. Fernando Caeiros sai por não possuir qualquer grau académico. pág. 8 As rezas não fixam pessoas na aldeia de Sete Lá onde os resistentes rezam durante nove dias pela água da chuva, ainda não inven- taram uma oração para fixar os jovens à sua própria terra. págs. 4/5 Alta do cobre valoriza minas alentejanas Governo abriu concurso para novas prospeções pág. 9 JOSÉ FERROLHO JOSÉ SERRANO A Páscoa traz a Serpa as festas de N. Sra. de Guadalupe pág. 12 PUB Vito Carioca afirma que o IPBeja “transitou o ano” em equilíbrio financeiro. Isto apesar de reconhecer que os alunos são cada vez menos e que a saúde do instituto passa muito por fatores externos à própria instituição. Pelo que, refere, a aposta futura será na qualidade e na adequação dos cursos ao meio envolvente, na investigação e na internacionalização. págs. 6/7 PUB Vito Carioca em entrevista ao “Diário do Alentejo” Presidente do IPBeja avança para nova candidatura A Pásco o João Canijo O realizador que guarda Montes Velhos no seu argumento original Pág. 13 DR

Ediçao N.º 1563

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Diario do Alentejo

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SEXTA-FEIRA, 6 ABRIL 2012 | Diretor: Paulo BarrigaAno LXXX, No 1563 (II Série) | Preço: € 0,90

Candidatura do cante apenas em 2013A Comissão Nacional da Unesco, por indi-cação de Paulo Portas, decidiu não entregar este ano a candidatura do cante alentejano a Património da Humanidade. pág. 10

Licenciatura chumba Caeiros no InAlentejoFilipe Palma é o novo vogal do Programa Operacional do Alentejo, proposto pelos municípios. Fernando Caeiros sai por não possuir qualquer grau académico. pág. 8

As rezas não fi xampessoas na aldeia de Sete Lá onde os resistentes rezam durante nove dias pela água da chuva, ainda não inven-taram uma oração para fi xar os jovens à sua própria terra. págs. 4/5

Alta do cobre valoriza minas alentejanas

Governo abriu concurso para novas prospeções

pág. 9

JOSÉ

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A Páscoa traz a Serpa as festas de N. Sra. de Guadalupe pág. 12 PU

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Vito Carioca afi rma que o

IPBeja “transitou o ano” em

equilíbrio fi nanceiro. Isto apesar

de reconhecer que os alunos

são cada vez menos e que a

saúde do instituto passa muito

por fatores externos à própria

instituição. Pelo que, refere, a

aposta futura será na qualidade e

na adequação dos cursos ao meio

envolvente, na investigação e na

internacionalização. págs. 6/7

PUB

Vito Carioca em entrevista ao “Diário do Alentejo”

Presidente do IPBeja avança para nova candidatura

A Páscoo

João CanijoO realizador que guarda Montes Velhosno seu argumento original Pág. 13

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EditorialDoutoresPaulo Barriga

É mais fácil apanhar por aí um licenciado do que um coxo. Mesmo que sejam

mancas as licenciaturas que se vão deixando apanhar. A maio-ria delas, boa parte delas, perne-tas da cabeça aos pés. Como diria com humor um bem-humorado humorista. Mas não deixa de ser assinalável a destreza com que a tecnocracia lisboeta ba-niu esta semana do Programa Operacional do Alentejo um raro exemplar do animal aca-demicamente não graduado. E a ainda mais veloz eficiência com que os municípios do Alentejo cataram para o seu lugar um legítimo exemplar licenciado. Quase ao virar da esquina. De um dia para o outro. Ainda há nada de tempo, Fernando Caeiros, que governou com a efi-ciência que todos lhe reconhe-cem a Câmara Municipal de Castro Verde entre 1977 e 2008, fora reconduzido enquanto vo-gal executivo do InAlentejo. Cargo que, em representação dos municípios, desempenhou nos últimos anos com unânime reconhecimento, valor, com-petência, rigor, determinação e dedicação. Mas esta semana, por indicação do Governo, aos membros do qual não se aplica tal regulamento, nem aos depu-tados, como é óbvio, Caeiros foi enxotado por não possuir sequer uma licenciaturazinha daquelas da Universidade Independente. É incrível e insuperável a ten-dência para a galhofa que existe nesta comédia rasca a que ainda vamos chamando país. Numa altura em que em todos os graus de ensino – do primário ao pós - -graduado – são valorizadas as competências adquiridas na vida ativa em detrimento do estudo e das abonações científica e aca-démica, um gestor experimen-tado como Fernando Caeiros é reconduzido à condição de indi-gente em matéria de “cargos por nomeação política em organis-mos públicos”. Quando o prin-cipal problema orgânico do País reside precisamente na desuma-nização, extrema politização e tecnocratização radical desses mesmos cargos. Pelo que esta si-tuação não deixa de ser anedó-tica. Rasca, mas anedótica.

“Com certeza que não está devidamente informado (…) e revela algum desconhecimento. Tinha muito prazer que o senhor Michael Cawley visitasse o aeroporto e tivesse um encontro comigo para lhe explicar, de viva voz, o que estamos a fazer, quais são as nossas perspetivas de desenvolvimento e de que forma é que um dia poderemos ou não encontrar formas de cooperação”.

Pedro Beja Neves, diretor do aeroporto de Beja

Vladimir Serafim,

75 anos, reformadoOs meus tempos livres são ocu-pados numa pequena horta que tenho e em algum traba-lho que faço ainda como me-cânico, porque fui mecânico até ao ano passado. Quando posso fazer alguma coisa, ou dar um jeito a um amigo, faço. A minha vida agora é assim.

Aurélia Santinho,

71 anos, reformadaComo recebo tão pouco de re-forma ocupo o meu tempo tra-balhando. Fico com uma se-nhora durante a noite. Assim sempre ganho um bocadi-nho mais porque pago renda de casa e só a reforma não dá. Fico lá das seis da tarde às nove da manhã e durante o dia vou para casa. Faço o meu al-moço, porque estou sozinha, e vou-me entretendo assim.

Manuel Lampreia,

66 anos, reformadoNo meu caso tenho um pe-queno hortejo onde vou se-meando umas coisinhas para mim, como salsa, coentros e es-sas coisas. Como tenho um pro-blema na coluna tenho andado na fisioterapia e vou dar uns mergulhos na piscina. Também gosto de ir passear até à cidade e conversar um bocadinho.

António Joaquim Palminha,

80 anos, reformadoPasso o tempo aqui [portas de Mértola] com os outros, be-bemos uns copos de vinho e cantamos a moda. Noutros dias venho para ao pé dos re-formados jogar à carta. Já te-nho quase 81 anos, que mais hei de fazer? Vamos até ao Jardim do Bacalhau, con-versamos um bocadinho e pronto, está o dia passado.

Voz do povo Como ocupa os seus tempos livres desde que está reformado? Inquérito de Ângela Costa

Vice-versaO aeroporto de Beja “é muito longe de Lisboa” e, por isso, “não interessa” à companhia. Em Beja “não existe nada para além do aeroporto”. “Não deveria” ter sido construído.

Michael Cawley, vice-presidente da Ryanair

Fotonotícia Chuva. Já não era sem tempo, apesar de fora do tempo. A chuva chegou ao Alentejo, finalmente, durante a

última semana. Quando as reservas de água para a agricultura e para o consumo humano já começavam a fazer soar as campainhas de

alarme. Na imagem, uma forte chuvada abate-se sobre uma das albufeiras dos Álamos, a meio do circuito que a água faz desde a mãe-de -

-água Alqueva até às barragens situadas mais a sul. Um bom presságio, numa altura em que as pastagens para os animais começavam a ra-

rear e algumas culturas já estavam dadas como perdidas. A ver vamos se abril traz as tais águas mil. PB Foto de José Ferrolho

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Rede social

Qual é o balanço que faz de 60 anos

de vida empresarial, comemorados

recentemente?

Naturalmente é favorável. Criei muita coisa, fiz muita coisa para mim, fiz muita coisa para Beja. Ensinei cente-nas de pessoas a serem mecânicos, a serem pintores, a serem muito bons em contabilidade, etc., etc. De ma-neira que estou até orgulhoso do tra-balho que fiz.

Dedicou-se ao longo destes anos a

variados setores: automóveis, má-

quinas agrícolas, hotelaria e agricul-

tura. Quais são os seus projetos para

os tempos mais próximos?

Os meus projetos são poucos, por-que já tenho 86 anos. Mas tenho pro-jetos, não sei é se os vou realizar, por-que a situação atual do País não dá para fazer coisa nenhuma. Não há dinheiro a circular. Mas temos por exemplo em projeto fazer 40 bunga-lows, court de ténis, piscina, restau-rante e loja de venda de produtos re-gionais, num espaço de quase quatro hectares na Herdade do Monte Novo e Figueirinha, mesmo junto ao la-gar. Mas com o aeroporto parado não vou fazer uma coisa daquelas, porque custa cerca de 3,5 milhões de euros, não é algo que se faça de ânimo leve. E temos mais umas pequenas coisas, mas neste momento estou a tratar das partilhas. O meu filho vai ficar com os automóveis e com as máqui-nas agrícolas; eu e as minhas filhas ficamos com a hotelaria.

Que comentário lhe merece a atual

situação económica?

Estamos a atravessar uma fase que não é má, é péssima. Não há dinheiro em circulação portanto não há movi-mentos de natureza alguma. Já disse isso ao senhor primeiro-ministro, através de carta, e ao doutor Moedas, verbalmente. Quando posso faço ba-rulho, e eu posso fazer barulho por-que tenho obra feita e tenho ainda sa-nidade mental. Se não houver outras medidas, imediatas, em que se colo-que dinheiro em circulação, não da-mos a volta a isto. A banca também deve facilitar mais a vida ao empre-sário. Felizmente ainda vou tendo al-guma aceitação por parte da banca, porque é uma vida sempre a cum-prir religiosamente. Durante estes 60 anos tive períodos melhores, outros piores. Houve, por exemplo, um pro-blema com o petróleo em 73; a fase do 25 de Abril, em que as coisas para-ram um bocado; na década de oitenta também houve um problema ou ou-tro de falta de dinheiro no País. Mas como esta fase não me lembro. Estes últimos 10 anos têm sido péssimos.

Nélia Pedrosa

3 perguntasa Leonel

CameirinhaEmpresário

Semana passada

SEXTA-FEIRA, DIA 30 DE MARÇO

ALENTEJO CHEFE BRASILEIRO GRAVA SÉRIE TELEVISIVA SOBRE CULINÁRIA ALENTEJANA

A culinária alentejana será o tema de uma série de 10 episódios, que serão exibidos no Brasil ao longo deste mês, num programa televisivo brasileiro apresentado pelo chefe Edu Guedes, noticiou a Lusa. Para realizar a série, o apresentador e cozinheiro passou nove dias na região do Alentejo e do Algarve, onde preparou desde pães caseiros até ao tradicional queijo Serpa. “Acho muito especial poder ir a Portugal e ajudar a mostrar com o programa a comida, a história e a cultura do país”, declarou Edu Guedes, que não esconde o carinho que possui pela “terrinha” de origem do seu avô paterno. Entre as receitas preparadas, Guedes destaca o pão alentejano, que o surpreendeu pela facilidade do preparo. Na sua opinião, a simplicidade irá agradar aos brasileiros, que poderão reproduzir a tradicional receita nas suas casas. Guedes foi descobrir ainda os segredos do preparo do queijo Serpa e do presunto de porco preto.

SÁBADO, DIA 31 DE MARÇO

MÉRTOLA MERCADO MUNICIPAL RENOVADO FOI INAUGURADO

A Câmara de Mértola inaugurou o renovado mercado municipal, após um ano de obras de requalificação, que, juntamente com a reestruturação do eixo comercial da vila, implicaram um investimento global de 1,6 milhões de euros. Após a requalificação, “uma velha aspiração da população”, frisa o município, o renovado mercado “oferece à população e aos comerciantes condições de higiene e segurança compatíveis com a atual legislação e novos espaços comerciais”, como uma cafetaria e um talho.

TERÇA-FEIRA, DIA 3 DE ABRIL

ALENTEJO DELEGAÇÃO DE AUTARCAS FRANCESES VISITOU REGIÃO

Seis autarcas e seis técnicos e responsáveis da AFIP, uma entidade que apoia e promove o empreendedorismo em meio rural em França, estiveram durante três dias na região, tendo visitado Castro Verde, Aljustrel e Ferreira do Alentejo e participado numa reunião de trabalho com autarcas de Almodôvar, Aljustrel, Castro verde, Ferreira do Alentejo, Ourique e Odemira. A visita enquadra-se no âmbito de um projeto de cooperação promovido pela Esdime e pela Rota do Guadiana e teve como principal objetivo “permitir a troca de experiências entre políticas municipais de promoção do empreendedorismo e do desenvolvimento económico, sendo que os exemplos e iniciativas promovidas no Baixo Alentejo serão o ponto de partida, estando previstas visitas a França” ainda no decorrer de 2012. “Fortalecer a aprendizagem conjunta e a definição de modelos de intervenção ao nível autárquico, em rede e à escala europeia”, são igualmente os propósitos do projeto.

TERÇA-FEIRA DIA 3

BEJA DÍVIDAS DE 300 MIL EUROS FOI MOTIVO INVOCADO PELO TRIPLO HOMICIDA

Dívidas de 300 mil euros foi o motivo invocado pelo triplo homicida de Beja para assassinar mulher, filha e neta, na noite de 7 para 8 de fevereiro, cinco dias antes de os cadáveres terem sido encontrados. Segundo o processo, que está no Ministério Público de Beja e ao qual a Lusa teve acesso, o arguido, Francisco Esperança, de 59 anos, no 1.º interrogatório judicial, a 15 de fevereiro, justificou o triplo homicídio com a situação económica que a família vivia. De acordo com as declarações do arguido, que se suicidou dias depois na prisão, o casal e a filha tinham dívidas perante bancos, fornecedores e outros, “na ordem dos 300 mil euros” e que “não conseguiriam saldar”. No interrogatório, o arguido disse que cometeu o triplo homicídio enquanto as vítimas “dormiam” e esclareceu que utilizou uma catana “por ser um instrumento silencioso”. Esperança disse ainda que tinha intenção de pôr fim à própria vida depois dos crimes, o que não conseguiu fazer por “pura cobardia”. No interrogatório, “o arguido não demonstrou qualquer expressão genuína de arrependimento” e os contornos dos crimes demonstram “um total e abominável desprezo pela vida humana”, refere a magistrada do MP.

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Este que aqui está, senhor secretário de Estado, é do melhor!António Tereno recebe com licores os membros do Governo que, no passado fim de semana, tiveram a bondade de visitar a ExpoBarrancos. Uma feira de atividades económicas que começa a pedir contas à própria Feira de Agosto.

Somos barranquenhas mas sabemos dançar sevilhanasJosé Godinho, antigo presidente da Câmara Municipal de Aljustrel, apesar de reconhecido melómano, é que parece não ter dado conta nem da música flamenca, nem das bonitas meninas que rodopiavam estalando castanholas.

Na Madeira, a par do brinquinho, também tocamos bandolimNa última sexta-feira o Pax Julia Teatro Municipal de Beja recebeu um concerto muito especial pela Orquestra de Bandolins da Madeira. Tratou-se de uma bela versão do “Concerto de Aranjuez”, do espanhol Joaquin Rodrigo.

O tipo da boina é que escreveu o livroE chama-se António Murteira e acabou de lançar, no espaço Os Infantes, em Beja, a sua obra mais recente: Comeres com Poemas | para viver um grande amor. Com este título não haverá, certamente, quem lhe queira resistir. Ao livro, claro.

O minério está em alta, mas os mineiros continuam lá em baixoNo passado fim de semana decorreram, no anfiteatro da Biblioteca Municipal de Aljustrel, as Primeiras Jornadas Ibéricas de Resgate Mineiro. Não vá o diabo fazer das dele, como diria o povo, do fundo da sua sabedoria.

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SeteNão há rezas para a falta de pessoas

A terra onde quase todos emigraram

As estradas estão molhadas. Algo que não se via há largos meses. O alcatrão que tem estado resse-

quido e empoeirado acumula agora água que vai caindo dos céus. Os campos, de um verde renascido, salpicados de muitas outras cores, ganharam uma força reno-vada. E, com eles, os homens e as mulhe-res que lançaram as sementes à terra, an-siando que desse fruto. O ar está húmido e o céu cinzento, ameaçando desabar todo de uma só vez. A chuva está perto, nota-se. Já caiu e voltará a cair desde que a popu-lação da aldeia da Sete saiu à rua durante nove dias, no início de março, em procis-são, para rezar cantando a Santa Bárbara, intercedendo junto desta para que a chuva voltasse a cair. Foram as novenas.

A aldeia de Sete fica a escassos quatro quilómetros da sede de freguesia, Santa Bárbara de Padrões, no concelho de Castro Verde. Nesta terra de emigrantes, que é a povoação mais populosa da freguesia a que pertence, são poucas as pessoas que andam pelas ruas. Por ser dia de semana, a chuva ameaçar ou serem cada vez menos, são poucos os habitantes de Sete que vão apa-recendo nas ruas. Para Manuel Correia, de 71 anos, o ambiente em Sete é pacato, onde as pessoas “têm bom lidar, mesmo com as pessoas de fora”. O que faz falta, na sua opi-nião, é um posto médico que funcione mais vezes por semana. “O posto médico agora nem funciona, porque o consultório está em reparação, tem que se ir para Castro Verde. Mas ter o posto médico a funcio-nar duas vezes por semana era necessário”. Ainda para mais numa terra onde a popu-lação é, maioritariamente, envelhecida. “É tudo malta dos 60 para cima. Malta nova são os putos e mais uma dúzia de indiví-duos que há aí. O mais é tudo envelhecido. Um dia mais tarde, quando os velhos mor-rerem, estas casas cai tudo. Isto não tem futuro nenhum. O futuro é o quê? São as minas da Neves-Corvo, porque trabalhos

No concelho de Castro Verde, na freguesia de Santa Bárbara de Padrões,

fica a aldeia de Sete, ou o Monte da Sete, como lhe chamam os seus habi-

tantes. Há um mês fez notícia por se rezar a cantar, durante nove dias, pe-

dindo água dos céus a Santa Bárbara. Numa terra onde a falta de água pre-

ocupa, ainda não há rezas para a falta de pessoas.

Texto Marco Monteiro Cândido Fotos José Serrano

quando era mais novo. “Passei um bocadi-nho mal por esse mundo fora, porque isto aqui não dava nada, tínhamos que ir em-bora. Antigamente passava-se pior. Há 40 ou 50 anos era uma miséria acabada”. Para António Zeferino, se agora a aldeia está melhor, porque “antes era só lama e pedra e hoje está tudo arranjado”, hoje há menos gente para pisar esses caminhos em con-dições que não existiam na juventude de Zeferino. “Ainda há família pelo estran-geiro. Aqui não há futuro nenhum, que fu-turo é que há de haver?”.

A hora de almoço aproxima-se a pas-sos largos. Se pouca gente se vê pelas ruas durante a manhã, depois das 12 badala-das ainda menos pessoas se veem. Para os homens, o ponto de encontro é o Café Fatana, único na terra, depois de terem fe-chado outros dois. Dez, 15 homens convi-vem antes do almoço. Poucos bebem cer-veja, os copos de vinho ocupam e deslizam pelo balcão. Dizer que são de tinto é uma perfeita redundância, já que o vinho, em terras alentejanas, é sempre sinónimo de tinto. As vozes sobrepõem-se à televisão li-gada, que não merece grande atenção, até que surge uma harmónica.

O local foi batizado com o sobrenome do dono, de nome próprio Jacinto. O negócio, por estes dias, não corre bem, nem mal, diz o proprietário. Depois de 24 anos na Suíça, Jacinto Fatana regressou à sua terra e en-controu algo diferente do que estava à es-pera. “Eu vim para aqui enganado porque pensei que isto era uma coisa e saiu-me ou-tra. Se soubesse o que sei hoje, eu não ti-nha vindo, continuava na Suíça. Isto é um ambiente totalmente diferente do estran-geiro”. Enquanto Jacinto lamenta a falta de emprego para os seus conterrâneos, o que faz com que continuem a sair da aldeia, as conversas entre a clientela continuam, embaladas pelas imagens da televisão. E lá fora, apesar de ameaçar a manhã toda, ainda não começou a chover em Sete.

não há aí nenhuns, praticamente”. Bem perto, está a carrinha de venda

de peixe. Ana Maria, de 63 anos, é uma das duas clientes do peixeiro que vem de Almodôvar todas as terças-feiras. Peixe comprado e despedidas feitas, Ana Maria lá vai dizendo que em Sete vive-se bem e mal. “Há lugares onde se vive pior do que cá. Os mais novos vão abalando daqui para fora. Irão para terras mais vivas do que esta. Mas a malta que tem estudado e tem outros empregos trabalha e vive fora da-qui”. À porta da sua casa, na companhia das suas cadelas, Nancy e Cindy, lá vai di-zendo que a aldeia está muito diferente do que era há 30 ou 40 anos. “Temos mui-tas coisas que não tínhamos nessa altura. Tínhamos mais miséria, agora há mais um bocadinho de fartura em relação a tudo”.

Abrigados na paragem do autocarro es-tão três homens, todos eles já reformados, conversando e ouvindo o que sai do rádio a pilhas que lhes faz companhia. De boina na cabeça, e ar divertido, está João Chico, de 71 anos, natural de Sete. Como a grande maioria da população da aldeia, João Chico foi emigrante em busca de melhores con-dições de vida, numa época ainda pior do que a atual. Agora, os dias são passados de forma diferente. “Sentado nos bancos, varrendo os quintais, dando umas volti-nhas pelo campo. Já farto de andar por esse mundo fora, vim acolher-me aqui ao monte. Agora é tempo de descansar até que a gente vá lá para o outro mundo”. E se os dias são diferentes, também a aldeia está diferente, com mais casas e a paisa-gem transfigurada. E cada vez menos pes-soas. “Malta nova, poucos estão aqui. Vêm ao fim de semana. O futuro, daqui a 15 ou 20 anos, é as portas todas fechadas. Os no-vos vão-se embora e os velhos vão para o cemitério”.

Na mesma casinha de espera da camio-neta, como chamam ao abrigo, em frente a João Chico, está João Damas, de 79 anos.

Não emigrou definitivamente porque não se deu com o estrangeiro, mas esteve mui-tos anos fora da terra, entre Lisboa e o Algarve. Quando regressou, o que mais es-tranhou foi aquilo que não viu, o que não encontrou: uma aldeia cheia de gente como outrora. “O pessoal foi-se todo daqui em-bora para o estrangeiro. Tinha que abalar para ganhar mais qualquer coisa, isto aqui era mais escasso”. Os dias, esses, são passa-dos uns iguais aos outros, na mesma casi-nha de espera onde agora está. “Para onde é que hei de ir?”.

Avançando pela rua com o seu carrinho para transportar garrafas de gás, Francisco Zeferino, que faz 70 anos a 25 de abril, foi mais um natural de Sete que emigrou

A aldeia de Sete fica a escassos quatro quilómetros da sede de freguesia, Santa Bárbara de Padrões, no concelho de Castro Verde. Nesta terra de emigrantes, que é a povoação mais populosa da freguesia a que pertence, são poucas as pessoas que andam pelas ruas.

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O que é que faz falta a esta freguesia?

Das coisas que nos faziam mais falta, a câ-mara acabou de construir, que foi um lar para os idosos. Foi construído muito recentemente. Foi concluído em janeiro e agora estamos na-quela fase de apetrechamento. A câmara até já lançou o concurso e vai equipar o lar. Era das coisas que nos fazia mais falta porque temos uma população envelhecida, com muitas ca-rências e temos que ter um espaço para acu-dir a essa gente.

A evolução demográfica da freguesia traduz-

-se num envelhecimento da população?

A população está mais envelhecida e te-mos cada vez menos pessoal. Nos últimos Censos baixámos 25 por cento da população. Foi muita gente que abalou da nossa fregue-sia. Tínhamos 1 271 habitantes e neste mo-mento ficámos com 945. População envelhe-cida, poucos jovens, muita gente que partiu, principalmente para Castro Verde. Nós nota-mos que muita gente saiu para Castro, porque Castro aumentou e foi muito à base da popu-lação das freguesias limítrofes.

E como é que se pode modificar esse cenário?

É difícil dar a volta a isto porque as pessoas cons-troem as suas casas e, provavelmente, já cá não voltam. Estão cá os pais, os pais vão morrendo e vai ser difícil. Não acredito. Só se houvesse aqui um fenómeno que chamasse a população.

Como é que vê o futuro da sua freguesia?

Enquanto durar a mina estamos em crer que não vamos ter grandes problemas. A mina tem sido peça fundamental aqui no meio, tem mantido o pessoal a trabalhar. Perdemos po-pulação na freguesia, mas não perdemos no concelho. A população da freguesia pode es-tar em Castro mas está a trabalhar nas mi-nas. Se não fosse aquilo não sei bem o que fa-ríamos. Tirando isso, temos a agricultura que está limitada a meia dúzia de pessoas.

Apesar de Santa Bárbara de Padrões ser a

sede de freguesia, a aldeia de Sete é a locali-

dade com mais povoação…

É a aldeia de Sete, sim. Temos Sete, Lombador e Corvo, que aqui designamos por montes, a Santa Bárbara chamamos a aldeia, que são tudo montes com uma certa dimensão. Mas Sete é mesmo o maior.

E como é que caracteriza Sete?

É um monte que também sofreu um grande desenvolvimento nos últimos anos. Quase toda a população passou pelo estrangeiro, fo-ram emigrantes. Todos gostaram da sua terra e construíram ali. Nós vamos à Sete e vê-se que houve ali aquela preocupação das pessoas irem trabalhar para o estrangeiro mas regres-sarem à terra e construírem as suas habita-ções. Agora, muitos começam a regressar, já estão reformados, e ali vão ficando. Sete sem-pre foi a maior localidade da freguesia.

Manuel MarquesPresidente da Junta de Freguesia de Santa Bárbara de Padrões

De onde surgiu Sete

Não se sabe ao certo a origem do nome da aldeia de Sete, também desig-nada como Monte da Sete por muitos dos seus habitantes. A razão de cha-mar Sete perdeu-se na memória dos tempos, mas dizem os mais velhos que era o lugar onde sete herdades se encontravam, onde era feita a di-visão entre elas. Outra origem para o nome vem, segundo os mais velhos, da existência de sete montes em redor do local onde existe hoje a aldeia. Por haver esses sete montes, quando surgiu a aldeia o nome encontrado foi Sete.

A importância da viola campaniça

Atualmente, quando se fala na aldeia de Sete é quase obrigatório falar--se da viola campaniça. Não porque fosse uma região onde o seu uso em tempos idos tenha sido mais notório do que em qualquer outra, mas por-que é onde reside o mais conhecido tocador e construtor da viola campa-niça: Pedro Mestre.Natural de Sete, o percurso de Pedro Meste sempre esteve ligado às ques-tões dos usos e costumes tradicionais do Baixo Alentejo, quer fosse atra-vés do cante alentejano, quer fosse da viola campaniça. Tendo apren-dido a tocar aos 12 anos com o mestre Chico Bailão, integrou, mais tarde, o grupo de violas campaniças, tocando ao lado de Manuel Bento. O in-teresse por saber cada vez mais sobre a viola campaniça levou-o a tor-nar-se construtor, tendo aprendido esta arte com Amílcar Silva, de Corte- -Malhão, concelho de Odemira.Hoje em dia, para além de cantador e ensaiador de grupos corais, de-dica-se à divulgação da viola campaniça, integrando diversos projetos musicais.

O movimento associativo

A aldeia de Sete, apesar do envelhecimento da sua população à seme-lhança da maioria das aldeias, mantém algum dinamismo associativo. O Grupo Desportivo e Cultural da Sete existe desde 1989, estando as suas instalações a sofrerem uma remodelação com vista à modernização das mesmas, algo muito aguardado pela população. No que diz respeito ao cante alentejano, a aldeia de Sete alberga desde 2001 o Grupo Coral e Etnográfico Os Cardadores, grupo masculino que foi buscar o nome a uma antiga função que quase toda a gente fazia na al-deia: cardar a lã. Três anos depois, em 2004, surgiu a Associação de Cante Alentejano Os Cardadores, a partir da iniciativa dos membros do grupo, com o objetivo de preservar e divulgar o cante alentejano, os usos e costumes da região. Esta associação deu cobertura a mais dois grupos da freguesia: o Grupo Coral Feminino As Papoilas e o grupo de Violas Campaniças.

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EntrevistaA um ano das eleições para a presidência do Instituto Politécnico de Beja

Carioca quer suceder a CariocaVito Carioca assume nova candidatura à presidência do IPBeja. Ao fim de três anos à frente

do politécnico, Carioca assegura que estão reunidas as condições e os apoios para “concluir

o atual projeto”. Mesmo em tempo de vacas magras, afirma que a instituição “transitou o

ano” em equilíbrio financeiro. Isto apesar de reconhecer que os alunos são cada vez menos

e que a saúde do instituto passa muito por fatores externos à própria instituição. Pelo que,

refere, a aposta futura será na qualidade e na adequação dos cursos ao meio envolvente,

na investigação e na internacionalização.

Texto Paulo Barriga Fotos José Serrano

Ainda há pouco tempo, na pre-

sença do ministro Nuno Crato, pro-

moveram a conferência “Impacto

das Instituições de Ensino Superior

Politécnico nas Cidades de Média

Dimensão”. Que impacto efetivo

tem o IPBeja na cidade e na região?

Esse seminário não aconteceu por acaso. Teve a ver com as questões que hoje se cruzam sobre a reorgani-zação do ensino superior e com pa-pel efetivo que os institutos politéc-nicos têm nas regiões do interior. E esta é uma questão que nos preocupa muito. Consideramos que, no todo, o ensino politécnico tem um papel muito importante nas zonas do in-terior. Aliás, existem vozes que se le-vantam para que, no interior, deva ser reforçado. No nosso caso, o que se verifica é que o saldo é qualita-tivo e não quantitativo. Efetivamente os nossos alunos diminuíram, ques-tão que não nos preocupa muito. Não queremos ter mais de 3 500 alunos, queremos é que a nossa oferta forma-tiva seja de excelência. No espaço de dois a três anos, 50 por cento dos nos-sos docentes serão doutorados em áreas criteriosas.

Mas que impacto tem esta institui-

ção na região?

Nos últimos anos temos feito mui-tos contactos e participado em fó-runs muito importantes, estamos à frente da rede de investigação, com a câmara e o Cebal, fizemos um inves-timento grande em investigação, no terreno, ligada às pessoas. Estamos a apoiar um núcleo muito forte de em-presas, com a criação do gabinete para o empreendedorismo. Penso que nos últimos anos houve um re-forço do papel do IPBeja junto da comunidade.

Muitas das vossas iniciativas e esfor-

ços passam ao lado da comunidade.

Concorda? Nomeadamente ao nível

da investigação…

Ao nível da investigação é possível! Razão pela qual nomeei, há pouco tempo, um pro-presidente para a in-vestigação e conhecimento. Temos muita investigação, se calhar não a temos associada aos contextos. Ou

Mas se esta linha de pensamento continuar, serei certamente candidato ao meu segundo e último mandato ao IPBeja”.

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então não temos um marketing bem estruturado sobre aquilo que fazemos e a ligação aos contextos. O nosso pro-blema é um problema de marketing. A imagem e a comunicação ainda não estão a funcionar bem, talvez.

Como classifica a imagem do IPBeja

junto da comunidade e junto de po-

tenciais novos alunos? Acha que

houve melhoramentos a este nível

durante o seu mandato?

Acho que temos uma boa ima-gem junto da comunidade. Nos três anos que presido ao IPBeja te-nho procurado ser sempre um ho-mem de bom senso e de equilíbrios. A nossa relação com todas as orga-nizações e estruturas, com todos os credos políticos e religiosos, é exce-lente. O instituto está ao serviço de todos. Tenho a certeza absoluta que

a relação do IPBeja com a comu-nidade é excelente. Há limitações, claro, que se prendem muitas vezes com os constrangimentos financei-ros. À hora do almoço, por exem-plo, toda a comunidade bejense aqui vem, os nossos anfiteatros es-tão sempre cheios de iniciativas de outras instituições… O nosso apoio é total. Este é um instituto aberto e enquanto eu for presidente assim se manterá. Outra questão tem a ver com as pessoas. Este é um perí-odo de imensas dificuldades. Para mim é ponto assente que tudo fare-mos para que as pessoas neste insti-tuto estejam bem e que vejam reno-vados os seus contratos e que sejam encontradas plataformas de enten-dimento, nomeadamente para que alguns docentes sejam deslocados para áreas de investigação.

Como é que está de saúde o IPBeja?

Quer a nível financeiro, quer a nível

de alunos?

Transitámos o ano em equilíbrio. O que não é muito comum no País. É um bom indicador. Graças ao traba-lho de todos, à gestão cuidada dos re-cursos… transitámos em equilíbrio e isso dá-nos confiança. Claro que não vamos disparar por aí a gastar di-nheiro. Tem existido uma excelente relação entre os benefícios, os custos e os gastos. O que quero é ter dinheiro para ter recursos humanos e recur-sos materiais para ter bons cursos de educação e comunicação multimé-dia, de artes plásticas, de gestão, com os materiais necessários. Agora vem a segunda fase da Escola Superior de Tecnologia e Gestão (Estig), que estará pronta até outubro, que será equipada com bons laboratórios para

fazer boas parcerias. Iremos ter o melhor laboratório de engenharia ci-vil da zona sul. O que preciso é de ter cursos com qualidade. Quantidade não é uma palavra que goste.

O IPBeja tem perto de 400 funcioná-

rios, entre docentes e não docentes,

o que gera necessariamente um peso

desmedido nas contas orçamentais.

A instituição ainda consegue dar res-

posta a esta despesa ou terão que

existir cortes e reajustes? Quais?

Como todas as organizações, o IPBeja terá que fazer reajustes su-cessivos em função do desenvolvi-mento. E isso tem muito a ver com as variáveis externas. Haverá ou não mais cativações? As questões colo-cam-se mais de fora do que de den-tro. Porque internamente somos um instituto equilibrado, racional, com pessoas ponderadas, com órgãos di-retivos ponderados, com docentes que partilham também das preocu-pações. Se não trabalharmos todos para o mesmo lado, poderá não haver renovações de contratos e as pessoas estão a acreditar no projeto. Agora, não dominamos as variáveis exter-nas. Em função disso, é possível que tenhamos que fazer alguns reajustes, mas acredito neste equilíbrio, nesta gestão equilibrada e acredito que as pessoas irão produzir mais e envol-ver-se nos projetos. Mas claro que os constrangimentos financeiros são enormes.

Tem havido desistências de alunos

devido à conjuntura económica e

social?

Para nós os alunos são a chave de tudo. Neste instituto tudo farei para que nenhum aluno desista por falta de dinheiro. A ação social está a fa-zer planos a 10, 12 meses, com pro-pinas repartidas. Se for necessário, criaremos um fundo para apoio ao estudante. Mas desistências, penso que não. Tem havido é dificuldades que são colocadas ao presidente, que manda para a ação social e deixamos que os alunos vão pagando de forma mais suave. Para nós é fundamental não haver desistência de alunos, por todas as razões: é uma questão social,

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Transitámos o ano em equilíbrio. O que não é muito comum no País. É um bom indicador. Graças ao trabalho de todos, à gestão cuidada dos recursos… transitámos em equilíbrio e issodá-nos confiança.

Para nós os alunos são chave de tudo. Neste instituto tudo farei para que nenhum aluno desista por falta de dinheiro. A ação social está a fazer planos a 10, 12 meses, com propinas repartidas.

O aeroporto de Beja implicaria que o IPBeja se posicionasse de uma forma diferente, que pensasse em cursos de logística, de aeronáutica, mas o facto é que não temos aeroporto de Beja.

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de valorização das pessoas. Quanto mais licenciados, mestres e doutores existirem em áreas diversificadas, mais culto é este país.

Considera que o IPBeja tem ade-

quado os cursos e os currículos às

novas necessidades da região?

Parcialmente. Considero que é neces-sário fazer reajustes. Neste momento está a ser feito um diagnóstico das ne-cessidades. Criámos uma equipa que já apresentou a primeira fase de um estudo sobre que cursos devemos ter em função do nosso contexto. Vamos também entrar em contactos com uma empresa da especialidade para termos uma visão externa sobre a matéria. As necessidades têm muito a ver com aquilo que nos circunda. O aeroporto de Beja implicaria que o IPBeja se posicionasse de uma forma diferente, que pensasse em cursos de logística, de aeronáutica, mas o facto é que não temos aeroporto de Beja. Então vamos posicionarmo-nos nessa matéria sem previamente co-nhecermos os desenvolvimentos? As necessidades têm que ser bem medi-das e definidas.

Mais parece a história do ovo e da

galinha… não era altura para existir

já algum curso nessas áreas?

Não é fácil. É tudo uma questão de recursos humanos. Não temos qua-dros, à exceção de uma equipa da Estig, coordenada pelo professor Henrique Oliveira, que é especialista e trabalha já com a ANA. De resto, tí-nhamos que formar quadros especí-ficos para essas áreas, que não temos. A orientação do IPBeja, até agora, foi diferente. Temos mais cursos ligados à gestão, à informática, à educação. É possível que deste estudo, desta vi-são externa, saia a necessidade im-periosa de o fazer. As questões do Alqueva, por exemplo, são premen-tes, são constantes, e aí fizemos adap-tações substâncias e substantivas na Escola Superior Agrária ao processo de transição do sequeiro para o rega-dio… Mas reconheço que essa área da aeronáutica seja uma lacuna.

E mesmo no campo da agricultura,

acha que os cursos e a investigação

estão virados e ao serviço na nova

realidade agrícola da região?

Está a ser feito um esforço grande para a reorientação da missão edu-cativa dos departamentos ligados à Escola Superior Agrária. Os con-dicionalismos financeiros também nos limitam. É necessário, e por ve-zes não é possível, comprar recursos materiais para fazer essas adaptações sucessivas. É necessário dinheiro. E isso está a ser feito de uma forma normal e em função da disponibili-dade financeira.

A Agrária é a escola do IPBeja

que mais tem sentido a perda de

alunos…

Sim! Penso que isso tem a ver como o sistema social vê, em termos na-cionais, a agricultura. Criou-se um certo estigma relativamente ao que é a agricultura, ao papel da agricul-tura e do agricultor. Mas posso dizer que na Futurália [Feira de Educação, Formação e Orientação Educativa], mais de 50 por cento dos alunos que foram ao nosso pavilhão procuraram os cursos de agricultura. Acredito que o nosso país tem que se virar para for-mas adaptadas e diferentes de culturas agrícolas. Tem que haver um investi-mento nessa área. E acredito que isso vai mudar a mentalidade instalada. E é bom para nós que isso aconteça.

Quem são os alunos que procuram

o IPBeja? Grande parte tem acesso

fora do concurso nacional. Esse fa-

cilitismo não desprestigia a própria

imagem da instituição?

Isso é uma questão nacional e interna-cional e não do IPBeja. As questões li-gadas à educação e formação ao longo da vida são questões da Comunidade Europeia. Falar em facilitismo é um termo arriscado. Porque há muitos indivíduos maiores de 23 anos que têm formações completas e estrutu-radas. Acredito que é necessário ha-ver, e nisto por vezes falhamos, um acompanhamento mais sistemático, tutorial, a certos grupos. Ao nível das matemáticas e das físicas, por exem-plo. As populações devem ter acesso ao longo da vida a uma cultura e a

um ensino constante. Existe, às ve-zes, fragilidade nas formações, mas essa fragilidade tem que ser compen-sada com esses apoios tutoriais de acompanhamento.

Mas quem são os alunos que pro-

curam o IPBeja? O instituto tem

uma verdadeira implementação

regional?

Temos uma colocação maior de alu-nos do nosso distrito e do Algarve. E uma parte também da zona de Setúbal e do litoral. Este ano, cerca de 22 por cento dos alunos do secun-dário do distrito ficaram cá. Já tive-mos muito mais. Mas a oferta forma-tiva noutras paragens também leva os jovens a quererem sair de casa… Se houver qualidade, os alunos do distrito vão ficar cada vez mais por cá e outros virão procurar-nos, certamente.

Como tem sido a colocação dos vos-

sos licenciados. Monitorizam a car-

reira dos antigos alunos? A região

tem capacidade para os absorver?

Há uma parte dos alunos, em certas áreas, que o distrito não absorve to-talmente. Saltam muito para fora. Mas existe um muito elevado nível de empregabilidade dos nossos alu-nos. Mas há alguns cursos que têm mais dificuldades.

Como por exemplo?

Ao nível do serviço social há mais di-ficuldades, ao nível de algumas áreas agrícolas. No desporto temos uma empregabilidade quase total, em edu-cação e comunicação multimédia também, na gestão, nas enfermagens. Em termos gerais, no espaço de cinco anos, os nossos alunos ficam empre-gados. Vamos criar um observatório de empregabilidade para acompanhar e apoiar esses percursos. As questões do IPBeja são questões genéricas. A ti-pologia dos públicos saídos e dos pú-blicos entrados é uma tipologia que diz respeito a todo o interior.

Uma das bandeiras da sua candida-

tura prendia-se com a internacio-

nalização da instituição. Isso está a

acontecer, efetivamente?

Neste momento, o gabinete de mo-bilidade e cooperação faz esse traba-lho. Em outubro irá ser publicado por mim e pela Cristina Palma uma refle-xão profunda sobre o conceito de in-ternacionalização. Vamos começar, muito prestes, a formação de cole-gas húngaros em animação sociocul-tural e turismo. Temos montado um mestrado em Moçambique e vamos a Nampula fazer formação pedagógica desses professores. As relações com o Brasil estão a intensificar-se. Foi criado um programa próprio, Bartolomeu de Gusmão, para o Brasil. As relações com a Europa são profundíssimas. Temos alunos em Macau, neste mo-mento. Vamos colocar mais três do-centes, que irão ser dispensados, para dossiês como o Processo de Bolonha, a mobilidade, a lusofonia. Portanto, é uma vertente que foi uma bandeira nossa e que continuará a ser se me tor-nar a candidatar.

Que balanço faz destes seus três

anos de mandato?

Para mim, o balanço é extrema-mente positivo. Há questões que fo-ram limitativas. E parece-me que a maior limitação tem sido este cons-trangimento financeiro. Mesmo as-sim temos feito muito. O estran-gulamento financeiro inviabiliza algumas questões.

Há algum aspeto do seu programa

que gostaria de concretizar e que

poderá estar, de alguma forma,

comprometido?

Há uma aposta que não conseguimos desenvolver muito até agora, o IPBeja Cultura. As limitações financeiras impossibilitam-nos de investimen-tos na área cultural. Na internaciona-lização isso também aconteceu. Não posso mandar 50 alunos para Macau. Não há dinheiro para tudo isso. Mas penso que tocámos em todos os aspe-tos. A linha editorial é a que está mais parada neste momento.

Vai tornar a candidatar-se à presi-

dência do IPBeja?

Estou numa fase de ouvir toda a gente. Gosto que as pessoas me digam se devo continuar ou não. Se a maior parte das pessoas me disser que não, que o meu trabalho não foi meritório, sou profes-sor coordenador da Escola Superior de Educação, e volto para o meu lugar. Já consultei as pessoas mais diretas. Até agora o balanço é positivo. As pessoas acham que faz sentido acabar este pro-jeto de trabalho, reajustar em algumas questões, como por exemplo colocar os estatutos à discussão. Mas se esta linha de pensamento continuar, serei certa-mente candidato ao meu segundo e úl-timo mandato ao IPBeja.

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Mudanças no cargo de vogal executivo do InAlentejo

Sai Caeiros entra PalmaFilipe Palma foi proposto pelos mu-nicípios para substituir Fernando Caeiros no cargo de vogal execu-tivo do InAlentejo. Palma ficará à frente do Programa Operacional do Alentejo e Caeiros colaborará com a Associação Nacional de Municípios Portugueses.

Texto Bruna Soares

Os municípios propuseram, na terça-feira, 3, numa reu-nião em Castro Verde, Filipe

Palma, técnico superior da Comissão da Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo (CDDR), para vogal executivo do InAlentejo – Programa Operacional do Alentejo, substituindo Fernando Caeiros, an-tigo presidente da Câmara Municipal de Castro Verde, no cargo.

Na reunião participaram 56 dos 58 municípios do Alentejo e da Lezíria do Tejo. Josué Caldeira foi o outro nome proposto pelos municípios, mas Filipe Palma acabou por ser o escolhido, no-meadamente com 29 votos, contra os 27 que recebeu o outro candidato proposto.

Filipe Palma, em declarações ao “Diário do Alentejo”, considerou que “este é mais um grande desafio” na sua vida profissional, que encara como “o cumprimento de um dever e com grande responsabilidade”, lembrando que “vai substituir Fernando Caeiros, um amigo”. “Sei que não será tarefa fácil, porque todos reconhecemos

08 Francisco Orelha, presidente da Câmara Municipal de Cuba, anunciou

que vai apoiar Pedro do Carmo, presidente da Câmara Municipal de

Ourique, na sua corrida às eleições da Federação do Baixo Alentejo

do Partido Socialista (PS), que acontecem em junho, entre os dias 15

e 16. Hélder Guerreiro, atual vice-presidente da Câmara Municipal

de Odemira, também está a disputar a liderança do PS na região.

FranciscoOrelha

apoia Pedro do Carmo

BE questiona Governo e município a propósito da Cultura em Beja

A deputada do Bloco de Esquerda (BE) Catarina Martins

questionou o secretário de Estado da Cultura sobre Beja,

“uma cidade onde não existe hoje nenhuma companhia

ou estrutura de criação artística apoiada pelo Estado”.

Também a câmara municipal foi interpelada a propósito

da falta de pagamentos ao pintor André Lança, e ao grupo

L’Endias de Encantar, e sobre a posição da autarquia face

à situação do Museu Regional. Estas iniciativas surgem na

sequência de uma visita da deputada ao Baixo Alentejo no

passado mês de março, onde reuniu com diversos agentes

culturais. Para Catarina Martins “os cortes da Direção

Geral das Artes e o desprezo do atual executivo da Câmara

Municipal de Beja pelas estruturas de criação e produção

artística e cultural colocam em risco a oferta cultural e

artística de Beja”. Por isso, a deputada do BE perguntou

por escrito a Francisco José Viegas o que pretende fazer

para permitir aos bejenses a “fruição e a criação cultural”

que a Constituição garante.

Partido Social Democrataaligeira corte nas freguesias

O PSD propôs à Associação Nacional de Freguesias (Anafre)

alterar o número mínimo de freguesias por município, a

partir do qual é obrigatório a agregação. Inicialmente, todos

os municípios com menos de três freguesias ficavam isentos

de qualquer mexida. Agora, os sociais-democratas subiram

a fasquia para quatro freguesias, e nos concelhos com cinco

apenas uma será agregada. Com este cenário, no distrito

de Beja, Barrancos, com uma freguesia, Alvito (2), Cuba

e Vidigueira (4) ficam de fora da reforma administrativa.

Castro Verde e Aljustrel, com cinco freguesias cada, irão,

segundo esta proposta, perder uma.

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“Um dos requisitos exigidos é a obrigatoriedade de uma licenciatura”.

Fernando Caeiros

“Todos reconhecemos a bondade que Caeiros teve no exercício da sua função”.

Filipe Palma

a bondade que teve no exercício da sua função e isso aumenta a minha responsabilidade”.

Fernando Caeiros, por sua vez, ex-plicou o motivo da sua saída do cargo. “Em julho terminou o período de três anos para o qual fui proposto para de-sempenhar a função, mas fui-me man-tendo, neste intervalo de tempo foram definidos os estatutos dos gestores pú-blicos e um dos requisitos exigidos é a obrigatoriedade dos gestores públicos serem portadores de uma licenciatura. Esta situação ficou clarificada, e asso-ciada a motivos pessoais ficaram defi-nidas as condições para minha saída”.

A proposta das autarquias terá agora de ser submetida a aprovação por parte do Conselho de Ministros e, segundo Filipe Palma, “a Associação Nacional de Municípios já tem em sua posse todos os dados necessários para avançar com o processo. Será breve esta nomeação efetiva. Entretanto, vou estar algum tempo com o Fernando Caeiros, que já mostrou toda a dispo-nibilidade para me passar os dossiês”.

Filipe Palma lembrou ainda que “há muito tempo” que trabalha “com fundos comunitários”, considerando que “estes têm, sobretudo, de ser bem aplicados e com grande isenção e sem-pre em prol da região”.

Fernando Caeiros continuará, agora, pela sua experiência a cola-borar com a Associação Nacional de Municípios Portugueses, nomeada-mente no que aos programas opera-cionais regionais diz respeito.

Agricultores do Baixo Alentejo alertam

Bolsa de terras só com emparcelamentos

A criação de uma bolsa de terras é encarada com “bons olhos” pelo presidente da Federação das

Associações de Agricultores do Baixo Alentejo (Faaba), que alerta, contudo, que a medida “só será eficiente” se fo-rem autorizados emparcelamentos.

O Governo aprovou na semana pas-sada a criação de uma bolsa de terras para fins agrícolas, florestais e silvopas-toris, a serem disponibilizadas de forma voluntária pelos privados, que terão como “estímulo positivo” a redução do imposto municipal sobre imóveis (IMI).

Com o objetivo de “facilitar o acesso à terra no total e absoluto respeito pela propriedade privada”, a nova bolsa de

terras, cuja proposta de lei foi aprovada em Conselho de Ministros, irá integrar, segundo o Governo, terras do Estado e de particulares e terras que estão sem uso agrícola e não têm dono conhecido.

“É uma medida positiva, a come-çar pelo levantamento das terras do Estado, que penso que algumas nem têm cadastro”, disse à Lusa o presi-dente da Faaba, Castro e Brito, ressal-vando que “a medida só será eficiente se houver a possibilidade de se fazer emparcelamentos”.

O dirigente associativo justificou esta posição pelo facto de existirem no país “muitas parcelas pequenas, tanto na área florestal, como na agrícola, que

têm uma grande indefinição sobre os seus proprietários”.

O Alentejo, segundo o responsável, tem o cadastro de terras “organizado, ao contrário de outras zonas do País”, e na região “não há terras abandonadas”.

“Aqui não há terras ao abandono. Há terras para a agricultura em exten-sivo e para o pastoreio de gado em ex-tensivo. Portanto, as terras estão a ser utilizadas”, disse.

Sobre a disponibilização de ter-ras por privados, Castro e Brito avi-sou “que existe propriedade privada em Portugal”, mas, por outro lado, defen-deu que “a terra também deve ter uma função social”.

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Cotação do cobre continua a subir

Minas alentejanas em altaRecentemente o governo português anunciou a abertura de novos con-cursos para a prospeção de minério. Algumas dessas concessões são no distrito de Beja, onde a tradição mi-neira é muito forte. As minas de São Domingos, Lousal, Aljustrel e Canal Caveira ocuparam milhares de traba-lhadores ao longo de séculos. Algumas destas minas já eram exploradas no tempo dos romanos. Texto Carlos Júlio Foto José Ferrolho

A Faixa Piritosa Ibérica é uma das zo-nas mais ricas de minérios metá-licos a nível mundial. Ocupa uma

faixa de 250 por 20 quilómetros no Sul do Baixo Alentejo e Andaluzia, entre Grândola e Sevilha. Muitas minas já estão esgota-das, mas do lado português mantêm-se em funcionamento as minas de Aljustrel e de Neves-Corvo, em Castro Verde, estas últi-mas ainda as maiores minas de cobre e de zinco de toda a Europa.

Os preços elevados que o cobre tem atin-gido nos últimos anos tem valorizado a ex-tração mineira, tornando rentáveis filões que ainda há pouco tempo tinham uma via-bilidade muito diminuta. Daí que as novas concessões para prospeções atraiam o inte-resse de várias empresas.

“Estes preços elevados devem-se man-ter nos próximos anos, pelo menos, relati-vamente ao cobre, que não tem uma grande reciclagem. A seguir a este boom que tive-mos de crescimento da China, e que tem feito os preços subirem, os analistas consi-deram que esse crescimento se vai estender para a Índia e, portanto, há a perspetiva de que estes metais continuem a ter muita pro-cura e necessariamente a sua cotação vai-se manter elevada”, diz ao “Diário do Alentejo” o geólogo Álvaro Pinto.

Profundo conhecedor da Faixa Piri-tosa Ibérica, Álvaro Pinto exerceu entre 1987 e 2001 as funções de mineralogista na Somincor, após o que foi professor na Facudade de Ciências de Lisboa. Atualmente ocupa o lugar de técnico superior de mine-ralogia e geologia no Museu Nacional de História Natural e da Ciência e considera que é esta “alta de preços” que faz com que

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se vejam “muitas empresas neste momento a deambular pela faixa piritosa para faze-rem as suas prospeções e para procurarem novos jazigos”.

Há 350 milhões de ano, quando se for-mou a Faixa Piritosa Ibérica, toda a zona sul da Península Ibérica “era um oceano pouco profundo, e todos estes minérios for-maram-se no fundo do mar. Na altura vi-via-se uma situação semelhante à que hoje existe no Japão. Teríamos um oceano pouco profundo com uma zona de subducção, ou seja, a crosta oceânica, que estava por baixo desse mar, estava a mergulhar por baixo daquilo que é toda a parte norte da penín-sula ibérica. E é esse ambiente geológico que proporciona a formação deste tipo de jazi-gos”, explica Álvaro Pinto.

Na atualidade existem apenas duas mi-nas em exploração em Portugal e uma ou-tra em Espanha. Neves-Corvo está em ex-ploração comercial desde 1989 e Aljustrel tem tido um funcionamento intermitente devido a um processo de alteração do tipo de lavra.

“No passado Aljustrel era uma mina de pirite, de que se retirava o enxofre e com isso produzia-se ácido sulfúrico, que servia para fazer adubos, e essa era também a caracterís-tica da mina do Lousal. Aliás, em toda esta faixa a pirite é o mineral mais abundante e é aquele a que outros minerais se associam. Como o preço do cobre disparou nos últi-mos anos, e é muito menos volátil do que o do zinco, que tem uma maior reciclagem, a própria mina de Aljustrel, que atualmente é explorada pela Almina, fez uma inflexão na estratégia que estava a ser pensada, deixando para segundo plano o zinco e extraindo o co-bre e isso faz com que a mina esteja a traba-lhar com muita saúde e viabilidade”, refere o antigo geólogo da Somincor.

“O maior jazigo desta faixa, em termos de quantidade, continua a ser um jazigo es-panhol já exaurido que é Rio Tinto. A seguir é Neves-Corvo, que foi a maior descoberta, em termos de riqueza e de teor, desde sem-pre. Os teores de Neves-Corvo, sobretudo de cobre, são completamente anómalos, mesmo em termos mundiais”, refere Álvaro Pinto, acrescentando que “é possível que ainda sur-jam novas descobertas importantes” no lado português da Faixa Piritosa.

“A geometria das rochas, a posição como elas se encontram, faz com que no lado de cá os jazigos sejam sempre mais profun-dos, mais enterrados, do que no lado espa-nhol, onde estão mais próximos da super-fície. É como se as rochas estivessem mais inclinadas a partir de Espanha e no sentido do Atlântico, o que faz com que o nível onde ocorrem este tipo de jazigos esteja mais fundo do lado português e mais próximo da superfície do lado espanhol, onde há muitas minas a céu aberto, já inativas”, refere.

O Lousal, que fechou em 1988, foi du-rante muitos anos a mina mais profunda da Faixa Piritosa Ibérica com 560 metros, ul-trapassada depois com Neves-Corvo que ultrapassa os 600 metros. “A mina de São Domingos era a céu aberto e pouco pro-funda, mas situa-se junto à fronteira com Espanha”, diz este especialista.

Mas novos recursos têm sido descober-tos nos últimos anos, sobretudo devido ao trabalho efetuado pela Somincor e de que a mina de Neves-Corvo é um bom exem-plo. Neste momento as reservas conheci-das são idênticas às que existiam quando a mina entrou em atividade há mais de 20 anos.“Isso assenta no facto do jazigo ser muito rico e, por outro lado, da empresa ter uma estratégia de prospeção e de avaliação

constante dos recursos e isso permite ir encontrando acumulações que compen-sam tudo o que já foi extraído e o que faz com que a mina vá tendo ao longo dos anos este balanço, ou seja, vai explorando, ex-plorando, mas continua a ter praticamente as mesmas reservas de quando arrancou”, explica Álvaro Pinto.

O geólogo considera ainda que “quando se avança para a prospeção no terreno” é porque já existem “indícios fortes de qual-quer anomalia” e corresponde a uma fase de trabalho já final. “O primeiro trabalho que se faz é a recolha de documentação his-tórica sobre aquele local; depois há o traba-lho de campo feito pelo geólogo que consiste no levantamento do terreno e na perce-ção de que aquela formação geológica pode ser indiciadora de algum potencial; depois faz-se alguma prospeção indireta, através de métodos eletromagnéticos ou gravíticos para identificar o que está debaixo da terra. Todas estas informações são cruzadas e só se tudo for minimamente favorável é que se avança para o furo e para a prospeção em profundidade, que é a fase mais cara. Mas a prospeção de novas reservas é muito im-portante porque também dinamiza, não só a atividade da geologia, mas muitas vezes as próprias economias locais”.

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Por decisão unilateral, a Comissão Nacional da Unesco, por indicação expressa do ministro dos Negócios

Estrangeiros, decidiu não entregar este ano a candidatura do cante alentejano a Património Cultural Imaterial da Humanidade. O que ape-nas acontecerá em 2013, segundo o porta-voz do ministério de Paulo Portas, “para que o cante seja aprovado e que não seja apenas candidato”.

Esta resolução deixou desagradados todos os intervenientes na candidatura que foi con-cluída “com grande qualidade e celeridade”, segundo fonte da sua comissão executiva. Os principais entraves a esta pretensão – que na opinião do antropólogo Paulo Lima, “tinha, em

termos de investigação, um ano de avanço em relação à do fado” – resultaram das críticas pú-blicas e dúvidas levantadas por alguns mem-bros da comissão científica, nomeadamente Ruy Vieira Nery, Salwa Castelo-Branco e José Rodrigues dos Santos. Numa espécie de batalha entre universidades pelo controlo científico da candidatura.

O “Diário do Alentejo” sabe que o próprio Rui Vieira Nery, já depois da decisão governa-mental de adiar a candidatura do cante, tor-nou a disponibilizar-se para “amadurecer” o dossiê. Já o presidente da Câmara Municipal de Serpa, uma das entidades que mais se em-penhou em levar o cante até à Unesco em 2012,

desvalorizou por completo este adiamento, que rotulou de “mero atraso”, salientando ainda que os promotores “vão continuar a traba-lhar para que o cante alentejano seja classifi-cado como Património Cultural Imaterial da Humanidade”.

Certo é que nunca como agora, e apesar das diferentes peripécias que aconteceram pelo ca-minho, os agentes do cante estiveram tão en-volvidos em torno desta que é a mais genuína das expressões culturais do Alentejo. E, por isso, Ceia da Silva, presidente da Entidade Regional de Turismo, exige que a Comissão Nacional da Unesco se responsabilize pelo sucesso da entrega em 2013: “Eles têm que se responsabilizar” e que

garantir que “este trabalho será premiado com a entrega da candidatura em 2013”.

Já o presidente da Câmara Municipal de Beja, o único município onde existem grupos corais que não aderiu formalmente à candida-tura, considerou “acertado” o adiamento para 2013, uma vez que o dossiê “não reunia con-dições para ser aceite”. E adianta mesmo que “houve uma teimosia e uma tentativa de iso-lar os que consideravam que era um risco des-necessário avançar agora com a candidatura e houve também algum oportunismo político de quem quis forçar a apresentação da candida-tura, no sentido de tirar daqui alguns proveitos políticos”. PB com Lusa

Candidatura do cante a Património da Humanidade

Adeus e até para o ano

Comunicado final

Tal como programado, o dossiê de Candidatura do Cante Alentejano a Património Cultural Imaterial da Humanidade foi entregue na Comissão Nacional da Unesco, no passado dia 28 de março.

Apesar da decisão do Governo de adiar a entrega da candidatura na Unesco, em Paris, para março de 2013, assumimos que, agora e mais do que nunca, é necessário demonstrar a força do cante alentejano e tudo o que esta expressão cultural representa para os alentejanos e para a histó-ria social e cultural do Alentejo.

O adiamento da entrega da candidatura impõe que o trabalho já realizado tenha continui-dade. Consideramos, por isso, que as ações já concretizadas devem prosseguir, sem que haja a tentação de desbaratar a qualidade das peças científicas e culturais produzidas. O trabalho a rea-lizar até março de 2013 e a partir daí deve ter essencialmente uma perspetiva incremental.

Vamos, pois, continuar este processo, aprofundando o trabalho feito, fomentando ainda mais o envolvimento de todos e continuando a demonstrar que o cante alentejano reúne todas as con-dições para obter o reconhecimento da Unesco e integrar a Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade.

Reafirmamos que este trabalho tem que continuar a ser feito por todos – grupos, autarquias, instituições e pessoas singulares – porque o que nos deve unir é um objetivo comum: a salva-guarda do cante alentejano.

O apoio já declarado pela grande maioria dos grupos corais em atividade e dos municípios e freguesias em que eles estão sedeados leva-nos a ter a certeza de que estamos certos e todos do mesmo lado.

O trabalho até agora concretizado contribui inequivocamente para a estratégia de salva-guarda do cante alentejano, objetivo fundamental que nos une. Deram-se passos fundamentais, como o primeiro pedido de inscrição do cante alentejano no Inventário Nacional do Património Imaterial, foram feitos novos estudos e recolhas documentais, filmes, reportagens fotográficas e um conjunto de outras ações de que sairá beneficiado não apenas o cante alentejano e os seus in-térpretes mas todo o Alentejo, a sua cultura e a sua gente.

A comissão executiva agradece a todos os que manifestaram o seu apoio e que expressaram, das mais diversas formas, a sua cooperação e boa vontade, nomeadamente os municípios e fre-guesias que assinaram declarações de apoio, as associações e casas do Alentejo, os 1 727 amigos do cante alentejano que também enviaram declarações de apoio à candidatura, com um muito especial agradecimento a todos os grupos de cante alentejano, porque é através deles que o cante vive, se mantém e vai continuar nas próximas gerações.

Por fim, a comissão executiva agradece às diversas instituições que connosco desenvolveram protocolos, bem como o trabalho feito pela equipa técnica, agradecendo, ainda, aos membros da comissão científica que contribuíram para que a candidatura fosse apresentada à Comissão Nacional da Unesco.

Um último agradecimento é devido a sua excelência o Presidente da República, que desde a primeira hora soube compreender e apoiar as nossas intenções e anseios.

Os promotores “vão continuar a trabalhar para

que o cante alentejano seja classificado como

Património Cultural Imaterial da Humanidade”.

João Rocha, presidente da Câmara de Serpa

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Movimento associativo de Aljustrel já tem gabinete de apoio A Câmara Municipal de Aljustrel criou recentemente o Gabinete de Apoio ao Movimento Associativo de Aljustrel (GAMA-Aljustrel). Trata-se “de um organismo que tem como objetivo principal fortale-cer a intervenção social, cultural, recreativa e desportiva

do associativismo de raiz popular com sede no concelho de Aljustrel”, esclarece a autarquia. O Gama pretende ainda, entre outros objetivos, “favorecer e incentivar um maior envolvimento das populações na vivência comuni-tária, promovendo o diálogo e o intercâmbio institucio-nal entre a autarquia e os órgãos sociais das associações

e coletividades do concelho, estimulando e valorizando o empenho e a dedicação dos dirigentes associativos que, a título voluntário, dedicam parte das suas vidas e do seu tempo livre às atividades públicas e ao bem co-mum”. O GAMA está instalado num gabinete das Oficinas de Formação e Animação Cultural.

A Câmara Municipal de Ferreira do Alentejo vai organizar

durante o presente ano, que elegeu como “o ano de promoção do

empreendedorismo local”, um ciclo de conferências, onde as temáticas

da empregabilidade, do crescimento económico e do desenvolvimento

regional serão as grandes questões em reflexão. A primeira

conferência, a realizar este mês, será dedicada ao aeroporto de Beja

e contará com a presença de responsáveis por companhias aéreas

e operadores turísticos, entre outras individualidades, esclarece a

autarquia. As próximas sessões realizam-se em junho (olivicultura/

/oleícultura), em setembro (empreendedorismo Jovem), em

novembro (fruticultura) e em dezembro (energias renováveis). Para

além da discussão em torno de temas como o empreendedorismo

e oportunidades de negócio, “estas sessões pretendem divulgar

o futuro ninho de empresas de Ferreira do Alentejo”.

Câmara de Ferreira

promove empreendedorismo

local

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Uma delegação sindical e a em-presa Metalomecânica Projetos Industriais (MPI), de Beja, acor-

daram na segunda-feira um plano de pa-gamento dos salários em atraso, o que vai permitir “desconvocar definitivamente” a greve dos trabalhadores, que está suspensa.

Numa reunião, que decorreu na segunda--feira de manhã, a administração da MPI e uma delegação do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Sul chegaram a acordo em relação ao pagamento dos salários em atraso na empresa, disse à Lusa o sindicalista Eduardo Florindo.

No âmbito do acordo, explicou, a

administração da empresa comprometeu-se a pagar o salário de março até ontem, quarta-feira, e uma parte ou a totalidade do que falta do salá-rio de janeiro até ao final da próxima semana.

A empresa compromete-se ainda a pagar o subsídio de Natal de 2011 em três prestações, a primeira a liquidar em maio, a segunda em junho e a terceira em julho, acrescentou o sindicalista.

Segundo Eduardo Florindo, os trabalhado-res da MPI, num plenário, que irá decorrer na próxima segunda-feira, vão ratificar o acordo e, posteriormente, “desconvocar definitivamente a greve”, que atualmente está suspensa.

A greve por tempo indeterminado dos traba-lhadores da MPI, que começou no passado dia 20 de março, foi suspensa três dias depois.

Sindicato e empresa chegam a acordo

MPI acorda plano de pagamentos

O PS diz que o primeiro-ministro “não estudou o dossiê” da alta velocidade e substituiu o TGV por uma alternativa

que pode ser só uma “ilusão”, exigindo os so-cialistas que a questão seja negociada na pró-xima cimeira ibérica.

“O caso revelado de que a anunciada troca da ligação de alta velocidade entre Lisboa e Madrid por uma linha de mercadorias entre Sines e a Europa é uma impossibilidade por não haver, por enquanto, nenhum compro-misso do Governo espanhol em fazer essa liga-ção em bitola europeia, é algo de muito grave que mostra que o primeiro-ministro não es-tudou o dossiê”, afirmou o líder parlamen-tar do PS, Carlos Zorrinho, em conferência de

imprensa no Parlamento.O jornal “Público” noticiou na segunda-

-feira que “a linha de bitola europeia para Badajoz que o Governo quer construir não tem continuidade assegurada no outro lado da fronteira nem os operadores ferroviários a desejam”.

Zorrinho quis “deixar claro que o PS não está contra essa hipótese” anunciada pelo Governo, acrescentando que os socialistas esperam “por isso que na próxima cimeira luso-espanhola o primeiro-ministro colo-que essa questão e consiga garantias do lado de Espanha de que essa linha será feita e que será possível ligar Sines à Europa em bitola europeia”.

PS diz que Governo não estudou dossiê

Ligação ferroviária a Sines não passa de ilusão

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Mais de 50 mil pessoas, en-tre forasteiros e filhos da terra, são esperadas a par-

tir de amanhã, sexta-feira, e até dia 10, em Serpa, para as tradicionais fes-tas em honra de Nossa Senhora da Guadalupe, a padroeira, e cujos pon-tos altos terão lugar no domingo, dia de Páscoa, com a realização do cortejo histórico-etnográfico de Serpa, em que participam mais de mil figuran-tes, e da procissão anual “que ‘arrasta’ outros milhares da cidade até ao ponto mais alto da localidade”, o Altinho.

As procissões do Altinho para a igreja do Salvador conduzindo a ima-gem de Nossa Senhora de Guadalupe e a da igreja do Salvador ao encon-tro da que vem do Altinho, na Cruz

Nova, terão lugar pelas 15 horas. O cortejo histórico-etnográfico, que é coordenado pela Câmara Municipal de Serpa e “que atrai inúmeros visi-tantes”, segundo a autarquia, terá iní-cio uma hora depois.

“O cortejo é de facto o grande em-blema das festas de Serpa, e este ano vamos ter praticamente todos os gru-pos corais do concelho a cantarem, como que em uníssono, em defesa do reconhecimento do cante alente-jano como Património Imaterial da Humanidade, um cante que é único no mundo”, adianta Carlos Carvalho, da Comissão de Festas de Serpa, lem-brando que as festividades espe-lham “a ligação que existe à Pascoa no Alentejo”. “Pelo menos nesta parte

do distrito de Beja as famílias juntam - -se e têm uma ligação muito grande à quadra pascal. Assiste-se ao retorno de quem foi obrigado a migrar, a estar ausente, e as pessoas tentam reunir-se, muitas vezes até mais que no Natal”.

Na escolha do cartaz musical, “apesar de humilde, sem grandes ideias megalómanas, que não há di-nheiro”, diz o responsável, pesou também “o envolvimento” a que se assistiu “no Alentejo, em geral, e em particular em Serpa, relativamente à definição do cante como Património”. Carlos Carvalho destaca a atuação, no sábado, na praça da República, pelas 22 horas, do grupo Os Alentejanos & Amigos, “um autêntico cartão--de-visita”. Já no domingo, também

na praça, e à mesma hora, é apre-sentado o espetáculo “Memorial”, de Fernando Tordo, Carlos Mendes e Filipa Pais. Na segunda-feira será a vez de subir ao mesmo palco, também pelas 22 horas, Dinho Zamorano, que para além “de cantar originais seus faz covers de grandes músicos brasileiros”.

“No fundo isto vem no segui-mento do que tem sido a estratégia de Serpa, de ligar a música não só ao cante mas também aos vínculos que temos com os vizinhos de Espanha e com os países de expressão portu-guesa”, acrescenta o responsável.

Para além das atuações na praça da República, o programa musi-cal reserva “animação durante o dia

e a noite”, a pensar nos mais jovens, com a instalação do palco 2 no largo da Corredoura e pelo qual vão pas-sar os Dj Mira e G-Luft with MrSaxc (dia 6, 24 horas), Banda Low Cost e BrainStorm (dia 7, 17 e 18 horas), Amigos da Pinguinha (dia 8, 18 e 30 horas), Dj Christian F (dia 8, 24 ho-ras), Rockustico e Ruben Baião (dia 9, às 18 e 30 e às 00 e 30 horas). No plano religioso terá lugar a Celebração da Paixão do Senhor e a Procissão do Enterro do Senhor (sexta-feira), uma vigília pascal (sá-bado), missa do Dia de Páscoa (do-mingo), procissão solene da festa (segunda-feira) e procissão para acompanhar a imagem da padroeira para a sua capela (terça-feira). NP

Em honra de Nossa Senhora de Guadalupe

Festas de Serpa aguardam 50 mil

Agricultores isentos

de pagamento à Segurança Social

Os agricultores vão ter uma redução de seis meses

nos pagamentos à Segurança Social, uma medida

inscrita no pacote de decisões para mitigar os

efeitos da seca, disse na segunda-feira a ministra

da Agricultura, Assunção Cristas. Segundo uma

apresentação feita no Ministério da Agricultura, a

redução temporária de pagamentos de contribuições

à Segurança Social está inscrita no Orçamento

Retificativo, sob o registo de seis milhões de euros.

Dos cofres do Estado vão sair, no âmbito das

iniciativas motivadas pela seca, 40 milhões de euros,

referiu a ministra, destacando que a medida mais

“onerosa” será a da ajuda direta aos produtores

de animais, num total de 20 milhões de euros.

Cordão humano em Beja em defesa do ser-viço nacional de saúde O Movimento de Utentes dos Serviços Públicos promove no próximo dia 14, pelas 15 ho-ras, em Beja, um cordão humano entre a Casa da Cultura e o Hospital de Beja, em “defesa do serviço nacional de saúde”. O Movimento de Utentes dos Serviços Públicos do distrito

de Beja adianta, em comunicado de imprensa, que “a grave situação em que se encontra o acesso das populações aos cuidados médicos no nosso distrito, o aumento das taxas moderadoras, o fim do apoio ao transporte de doentes não urgentes para milhares de portugueses, os medicamentos mais caros e o encerramento de serviços de proximidade”

são “algumas das causas para uma redução preocupante no acesso aos cuidados de saúde”.“Não podíamos deixar de es-tar conscientes que enquanto utentes do serviço nacional de saúde temos a obrigação de o defender na forma como é consagrado na constituição da república portuguesa, uni-versal, gratuito e de qualidade”, conclui.

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Perfil

Passava sempre as férias em Montes Velhos, na casa

dos meus avós” (...). “O interior e a periferia das

grandes cidades continuam a ser o país real”.

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Regressar a Montes Velhos com João Canijo

Sangue do nosso sangueT

udo começou quando um médico nascido em Armamar, na região do Douro, foi destacado para a vila de

Ervidel. Ali conheceu uma alentejana de Montes Velhos, casaram, tiveram filhos e ne-tos. Um deles é o realizador João Canijo, au-tor de filmes como “Ganhar a Vida”, “Mal Nascida” e “Sangue do Meu Sangue”. Este último venceu há poucas semanas o Grande Prémio do Júri, no Festival de Cinema de Miami. Antes tinha sido galardoado com o Prémio da Crítica Internacional, no Festival de San Sebastián, o de Melhor Filme no fes-tival francês de Pau e o Prémio Autores 2012, atribuído pela Sociedade Portuguesa de Autores e pela RTP. Além disso, “Sangue do Meu Sangue” foi o filme português mais visto em 2011, com um número acima dos 22 mil espetadores.

João Canijo, de 55 anos, nasceu no Porto, cidade onde o seu pai, o médico neurofisio-logista Manuel Canijo, se radicou para traba-lhar com outro alentejano, o cientista Corino de Andrade. Embora vivesse no Porto, “passava sempre as férias em Montes Velhos”, na casa dos seus avós, conta João Canijo ao “Diário do Alentejo”. Desses tempos guarda “as melhores memórias” da sua infância e, quem sabe, o inte-resse pelo “país real” que muitos dos seus filmes documentam. “Mal Nascida” (2007), “Noite Escura” (2004) ou “Sapatos Pretos” (1998) an-coram em zonas do interior do País – Trás-os-Montes, Alentejo –, onde vidas aparentemente banais escondem segredos que despoletam grandes tragédias.

Neto de uma alentejana de

Montes Velhos, o realizador

João Canijo venceu recente-

mente o Grande Prémio do

Júri do Festival de Cinema de

Miami, com a longa-metra-

gem “Sangue do Meu Sangue”.

Voltado sobretudo para o país

profundo, o do interior e da pe-

riferia das grandes cidades,

Canijo é um dos mais premia-

dos cineastas portugueses da

atualidade.

Texto Alberto Franco

Alguns filmes partiram de fait-divers, de histórias do dia-a-dia trazidas ao de cima pela imprensa. “Sapatos Pretos”, por exem-plo, teve por base um caso ocorrido na pa-cata localidade alentejana de Reguengos de Monsaraz, que parece copiar o enredo do clássico “O Carteiro Toca Sempre Duas Vezes”: uma mulher quer ver-se livre do ma-rido e instiga o amante a matá-lo. Por sua vez, “Noite Escura” retrata os bastidores de uma casa de alterne, algures no norte do País, que será o epicentro de uma tragédia familiar.

“O interior e a periferia das grandes ci-dades continuam a ser o país real”, diz João Canijo. A vida no Portugal profundo, tantas vezes claustrofóbica, dominada por rígidos conceitos de “honra” e “vergonha”, puxará mais à violência do que a vida nos grandes centros? João Canijo crê que existe uma vio-lência latente, que pode num minuto des-cambar em dramas inomináveis – veja-se o recente caso de Beja –, mas ela existe “tam-bém nas novas grandes zonas de exclusão, as zonas suburbanas das grandes cidades”. O relacionamento entre uma família que habita numa zona suburbana de Lisboa, o bairro Padre Cruz, é justamente o tema de “Sangue do Meu Sangue”, o seu muito premiado filme em que sobressai a atriz Rita Blanco.

Para João Canijo, os prémios têm “uma importância muito grande, principalmente numa altura em que o cinema em Portugal foi morto. Sendo que os fundos do cinema não saem do Orçamento Geral do Estado, por-tanto não vêm do dinheiro dos contribuintes,

João Canijo está a preparar um documentário nos moldes de “Fantasia Lusitana” com imagens dos dias de hoje. “Chamar-se-á ‘Guia de Portugal’, será baseado no roteiro fornecido pelos antigos ‘Guias de Portugal’ da Biblioteca Nacional e da Fundação Gulbenkian, criados por Raul Proença e continuados por Santana Dionísio”, diz.

vêm de uma taxa de quatro por cento sobre os valores da publicidade exibida em televi-são. Mas esses fundos perdem-se nas priori-dades do Ministério das Finanças. Até 2011, os fundos do cinema eram consagrados ao cinema. Conseguia-se sobreviver com uma produção muito limitada mas estabilizada. Agora, mesmo essa produção limitada foi cortada”. Daí que, em resposta à questão “por

onde passa o futuro do cinema português”, João Canijo seja lacónico: “Neste momento, não passa”.

Nas tentativas do realizador para per-ceber e explicar o Portugal contemporâ-neo incluir-se-á também o documentário “Fantasia Lusitana” (2010). Aqui, a substân-cia é o Portugal dos anos 40, a imagem que a propaganda salazarista dele transmitia e as imagens colhidas na mesma altura por es-trangeiros. Portugal é o “paraíso triste” de que falava o escritor Saint-Exupéry, livre da guerra mas tolhido pela falta de liberdade e assombrado pelo mito dum passado politica-mente explorado pela propaganda.

João Canijo está a preparar um docu-mentário nos moldes de “Fantasia Lusitana” com imagens dos dias de hoje. “Chamar-se-á ‘Guia de Portugal’, será baseado no roteiro fornecido pelos antigos ‘Guias de Portugal’ da Biblioteca Nacional e da Fundação Gulbenkian, criados por Raul Proença e con-tinuados por Santana Dionísio”, diz

Um documentário que já está concluído e será brevemente apresentado no festival IndieLisboa chama-se “Raul Brandão era um Grande Escritor…”. Segundo João Canijo, trata-se de uma obra sobre “a memória que perdura de Raul Brandão, e essa memória, como tudo em Portugal, é vaga e mitificada”. Quanto a longas-metragens, o realizador ti-nha “o projeto de um filme sobre uma pere-grinação a Fátima a pé, mas nas condições atuais não passa de um projeto cada vez mais distante”.

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OpiniãoA dar músicaà UnescoBruno Ferreira Humorista

O património português clas-sificado pela Unesco tem dado que falar nos últimos tempos. O ex-autarca-mi-nistro-primeiro-ministro-presidente-desportivo-pro-vedor-etc.-etc., e marialva Santana Lopes lançou bases para o Fado ser aceite pela Organização da ONU para

a Educação, Ciência e Cultura, como Património Imaterial da Humanidade.

A proposta da mesma distinção para o cante alente-jano vive dias atribulados depois da demissão do musi-cólogo Rui Vieira Nery da presidência da comissão cien-tífica da candidatura. E agora surgem desafinações sobre a data da entrega dessa mesma candidatura em Paris.

Entre os dois episódios chegou a notícia, da parte da mesma Unesco, de que a região do Alto Douro Vinhateiro, também distinguida como Património Mundial da Humanidade, está agora em risco de ser desclassificada pela organização por causa da construção da barragem de Foz Tua.

Alegam os peritos internacionais que a barragem pro-vocará um impacto irreversível na paisagem que esteve na base da atribuição da distinção. O que, parece-me, só descredibiliza os senhores da Unesco. Senão, veja-se: o que está na base da classificação desta região como de Paisagem de Património da Humanidade são vinhas. E o que eu é que vem das vinhas? O vinho - conclui o leitor com naturalidade. E com pouco esforço concluirá tam-bém que com vinhas a perder de vista se beberá ainda mais vinho. Ora é evidente que a imprudência na atribui-ção da responsabilidade da conservação de uma região regada por tanto garrafão de tinto só podia dar nisto. Como diz o provérbio, “onde entra o vinho, sai a razão”. Seria o mesmo que classificar a cultura do povo portu-guês e logo a seguir desclassificá-la porque os portugue-ses cospem para o chão. Mas quem deve ser chamado à razão? Os responsáveis do anterior governo, que iniciou o projeto, e os do atual, que lhe deram continuidade, dis-param insofismáveis argumentos no âmbito do processo: “A responsabilidade da barragem de Foz Tua não é mi-nha, é tua!”

No seio do Governo as responsabilidades repartiram--se languidamente pelo Ministério da Agricultura e pela Secretaria de Estado da Cultura. Acrescente-se que neste particular a ministra da Agricultura, Assunção Cristas, tem um enorme ponto a seu favor. É fofinha. Já o secre-tário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas não possui argumentos dentro dessa esfera, pelo que tende-rei sempre a simpatizar muito mais com o que a ministra disser. Pelo menos antes de pensar no que está a dizer.

Importa ainda acrescentar que a desclassificação de Património Mundial pela Unesco não é virgem. Em 2010 também o Emirado de Omã perdeu a sua menção hon-rosa atribuída a uma região natural. Diga-se que nesse caso o processo foi mais escorreito uma vez que foi o pró-prio Estado Árabe a solicitar a sua saída à Unesco para poder fazer exploração de petróleo. No caso português não se trata de escolher entre uma bucólica paisagem vi-nhateira e um poço petrolífero – imagino que nesse caso a matéria fosse mais consensual – mas de decidir o que é

mais importante para o País e para a região: água, ou vi-nho. Se repararmos bem, em todos os casos trata-se sem-pre de decidir entre líquidos. Vinho, água ou petróleo.

A resposta seria fácil, por exemplo, para o Nuno Leocádio, o moço de Serpa recordista nacional da taxa de alcoolemia (4,97 g/l): tintol. Ou para o comendador Joe Berardo: petroil. No meio disto não sei quem se levanta-ria para defender a água da barragem, mas pelo sim, pelo não, parece-me que votava ao lado do Leocádio. A pai-sagem é bonita e o vinho também mata a sede. E com a vantagem de se convencer facilmente quem já despachou meia garrafa de que o que tem já não é sede, é sono.

Depois de ver classificado o fado como Património Imaterial da Humanidade, e com candidatura idêntica por parte do cante alentejano, será que vamos conseguir continuar a dar música à Unesco? É esperar para ver. Até porque como diz outro provérbio, “com o tempo madu-ram as uvas”.

A depressãonacionalRuy Ventura Poeta e ensaísta

Sou um leitor compulsivo, embora com bico doce. Ao contrário de al-guns amigos e confrades meus, que se preocupam sobretudo com a es-crita das suas “coisas”, ao longo dos anos tenho-me preocupado sobre-tudo em ler, ler bastante – e nunca achei, até hoje, que tenha lido de-mais. Como diria o escritor ar-gentino Jorge Luis Borges, a única

angústia de quem tem uma biblioteca é saber que nunca poderá lê-la por inteiro. Um dos hábitos que mantenho desde a adolescência consiste na transcrição, em cadernos pautados de humilde fatura, de excertos que me vão esti-mulando nos textos lidos. É uma forma discreta de lhes manifestar a minha amizade. Há dias, folheando um des-ses “diários de leituras”, veio ao meu encontro um trecho de Georges Bernanos, escritor católico francês, admirável na sua verticalidade. No seu romance intitulado Diário de Um Pároco de Aldeia escreve a dado passo:

“[…] o Estado principia por mostrar boa cara diante dos infelizes. Toma conta dos garotos, cuida dos estropia-dos, lava as camisas e faz a sopa dos mendigos, esfrega os escarradores dos velhos senis, mas tudo isto sem deixar de olhar para o relógio e perguntar a si mesmo se irá ter tempo para se ocupar dos seus próprios negócios”.

Acolhi-o como foco luminoso numa época como aquela que atravessamos no mundo, mas sobretudo em Portugal. Ajudou-me a confirmar a convicção de que o fundamento principal da depressão crónica em que mergulharam os portugueses está num forte sentimento de abandono. O Estado português, entidade abstrata tornada física em todos quantos lhe dão corpo e movimento, tem abando-nado os cidadãos deste país em boa parte da sua história. Tivemos momentos de esperança, mas sempre que avis-támos raios de luz – naquelas parcelas de tempo em que a democracia se aproximava da realidade –, a inércia, a hipocrisia e a corrupção foram fazendo o seu trabalho. Nomeadamente, colocando (em lugares-chave da gestão pública e da administração) pessoas cuja competência se concretizou e concretiza apenas no momento em que os seus interesses e os da sua clientela política e social foram

e são satisfeitos, institucionalizando (usando a justiça e a fiscalidade, por exemplo) oligarquias corruptas que, em vários períodos, transformaram o governo numa autên-tica plutocracia.

É difícil não se pensar assim quando se é cidadão por-tuguês e não se tem a barriga cheia. Existem, em Portugal, exemplos de boa conduta, de exigência social, de devo-ção abnegada ao bem comum? Claro que sim. Não tran-quilizam, contudo, os portugueses que ainda têm honra (essa palavra infelizmente em desuso). Quem poderá es-tar descansado quando tem sobre a cabeça a ameaça de um Estado abusador e negligente? A fiscalidade sobrecar-rega a classe média para aliviar os poderosos e aquietar os ociosos. Por todo o lado é promovida gente sem currí-culo nem competência, mas com mal-disfarçada vontade de “subir”. O mérito é desvalorizado, premiando-se an-tes a obediência à iniquidade. Várias escolas e muitos pais tentam camuflar o insucesso educativo. Os direitos e an-siedades dos cidadãos são desprezados. A gestão do terri-tório em termos ambientais, urbanísticos, económicos e culturais facilita o tráfico de influências. Há empresários que impunemente exploram o trabalho com chantagens e com atrasos no pagamento dos merecidos salários, que fe-cham ou mudam a localização das suas empresas. Setores estratégicos da vida nacional são colocados em mãos pri-vadas ou estrangeiras. O Governo tenta diminuir a des-pesa pública indo pelas vias mais fáceis, mas menos jus-tas, evitando afrontar os que verdadeiramente são poder em Portugal.

Os exemplos são múltiplos e variados. Claro que exis-tem muito boas práticas nalguns locais – mas chegará tão curto lenço para cobrir a larga face de tão grande ne-grume? Além disso, a nossa miopia e a nossa falta de me-mória obriga-nos a fugir de um verdadeiro exame de cons-ciência como o diabo da cruz. Preferimos antes aceitar passivamente a manipulação televisiva ou internética e es-quecer quanto fomos e somos enganados pela mania das grandezas, pelas seduções do consumismo, pela inveja e pela ambição desmedida.

O autor da letra do hino nacional escreveu em 1890: “Levantai hoje de novo o esplendor de Portugal...” Deveríamos dirigir-nos assim aos que nos governam neste momento difícil, exigindo-lhes um saneamento profundo do Estado português e exigindo a nós pró-prios uma rigorosa moralização da vivência social, no âmbito de uma ética democrática fundada na responsa-bilidade. Os canhões contra os quais devemos marchar são hoje a irresponsabilidade, a mediocridade, a chan-tagem, a incompetência e a corrupção. E só com auto-crítica, coragem e frontalidade os podemos enfrentar. Pergunto-me tantas vezes: teriam fugido os vendilhões do Templo de Jerusalém se Jesus Cristo lhes tivesse fa-lado com brandura?

Será talvez verdade: “uma vez que os costumes es-tão estabelecidos e os preconceitos enraizados, é uma empresa perigosa e vã querer reformá-los – o povo não pode mesmo suportar que toquem nos seus males para os destruir, tal como os doentes estúpidos e sem cora-gem, que estremecem à vista do médico”, como escre-veu Jean-Jacques Rousseau. Serão também verdadeiras as palavras, proféticas e assustadoras, de Raul Brandão (escritas, vejam só, há quase cem anos): “O rico explora o desgraçado, já não há homem nenhum que não se sinta afrontado e que no íntimo não deseje que isto desabe… Só falta um passo. O que falta é exteriorizar a nossa alma. Essa sociedade anticristã, que aí está, não merece ser poupada: não só não crê em Deus como só crê na ma-téria e no gozo”. Mas, como diz o nosso povo, o povo hu-milde que salvou sempre este país, a esperança é a última virtude a morrer.

14 O BARRANQUENHO, dentro de alguns anos, pode vir a ser considerado uma língua oficial minoritária em

Portugal. Seria o segundo caso, a seguir ao Mirandês. Para tanto, autarquia e linguistas estão a desenvolver um inédito trabalho de salvaguarda. Falta agora dar-lhe um suporte escrito, ensiná-lo nas escolas e fixar-lhe uma ortografia e um vocabulário. Viva a fala di Barrancu. PB

A ideia da Ryanair é desvalorizar o aeroporto de Beja, porque quer operar a partir de Lisboa, que é o bolo mais apetitoso (…) a Ryanair voa para aeroportos periféricos e alguns estão mais distantes dos grandes centros urbanos aos quais estão ligados do que o aeroporto de Beja está a Lisboa (…) não devemos levar muito a sério a po-sição de Michael Cawley [vice-presidente da Ryanair]. Jorge Pulido Valente, Lusa, 2 de março de 2012

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15A chegada da Páscoa é sinónimo de festa rija em Serpa. Em honra de NOSSA SENHORA DE GUADALUPE,

espera-se que durante os próximos dias mais de 50 mil pessoas invadam a Cidade Branca. Para além da procissão do Altinho e dos muitos espetáculos e animações um pouco por toda a localidade, o momento alto dos festejos continua a ser o cortejo histórico-etnográfico, no próximo domingo. PB

Com a cotação do cobre a subir nos mercados a cada dia que passa, as MINAS DO ALENTEJO estão num período de

grande alta. Pelo que, recentemente, o Governo decidiu abrir novos concursos para a prospeção de minério. Algumas dessas concessões são no Baixo Alentejo, onde já existem em funcionamento as minas de Aljustrel e de Neves-Corvo, Castro Verde. Estas últimas as maiores de toda a Europa em cobre e zinco. PB

Ervidel, maio de 1974. Dia de festa. Pela liberdade recente, pela homenagem a um ilustre filho

da terra, o coronel Alexandre Mourão, republicano dos sete costados, mentor de uma escola “primária e elementar agrícola”, com frases nas paredes das salas de aula que “exaltavam o valor do estudo, do trabalho e da democra-cia”. Algo que a ditadura não permiti-ria, pintando essas paredes, apeando o obelisco que homenageava a Criança e arrancando o painel de azulejos com o nome do patrono da escola.

Ervidel estava feliz e orgulhosa. Nesse dia de maio, outro filho da terra, que se vira forçado ao exílio na Bélgica, o Heduíno Gomes, mili-tante do PCP desde os anos 60 (ainda jovem), também estava de regresso. Um verdadeiro “regresso do herói”.

É então que, durante a festa, que re-batizava a escola com o nome do coro-nel Mourão, começam a ser distribuí-dos uns folhetos, com um título que deixa a maioria dos presentes espan-tados e indignados: “Soares e Cunhal, lacaios da burguesia”. Assinava essa “provocação”, um tal PCP-ml (mar-xista-leninista), cujo líder era, nem mais, nem menos, que o Heduíno (ou Vilar, nome da clandestinidade).

Como era possível, perguntava--se, que, nesse dia de unidade, em que se festejava a democracia e a li-berdade, alguém lançar sobre esses dois símbolos da resistência ao fas-cismo, também eles recém chegados do exílio, palavras tão insultuosas?

Heduíno começa, então, um tra-balho de doutrinação política, pro-movendo nas casas do povo da sua terra e de outras vizinhas cursos de marxismo-leninismo, aliciando os futuros militantes com viagens à República Popular da China. Sim, porque, numa época em que prolife-ravam os movimentos e partidos ma-oistas, o PCP-ml era o único reco-nhecido oficialmente pelo governo

chinês, o que deixava roídos de in-veja os inimigos do “renegado Vilar”.

Heduíno visita a China, em maio de 1975, sendo recebido com honras de estado. No verão de 1978, quando ainda não há relações diplomáticas entre Portugal e esse país, uma asso-ciação de amizade ligada ao PCP-ml, organiza uma digressão da equipa de futebol do Sporting, que defronta a seleção nacional, em Pequim, pe-rante 80 mil espectadores.

Para concorrer às “eleições bur-guesas”, Heduíno funda a AOC- -Aliança Operário-Camponesa e, um ano depois do seu regresso, em maio de 1975, organiza um comício em Ervidel. Famosa é a expressão “Um voto na AOC é uma espinha cravada na garganta do Cunhal” mas, pelos resultados obtidos nas eleições de 1976 (557 votos no distrito de Beja), é mesmo caso para dizer que “santos de casa não fazem milagres”. Ou, por outras palavras, um herói… com pés de barro.

Nos anos 80 opera-se uma revira-volta na vida de Heduíno Gomes: con-verte-se ao cristianismo e adere ao PSD (assumindo-se como o “militante n.º 7 210”), onde desempenha funções importantes, com Mota Pinto.

Hoje em dia luta para “defender a civilização ocidental dos bárba-ros contemporâneos”. Acusa Pedro Passos Coelho de ser “integral-mente inimigo dos valores da civi-lização e da coesão nacional”. E não perdoa a Cavaco que “promulga sem tossir as leis abjetas contra os va-lores da família natural e da vida – aborto e chamados ‘casamentos’ en-tre invertidos”.

Distante está o dia em que re-gressou a Ervidel como um herói. No tempo e nas ideias. Para ele, esse dia ocorreu “no ano da desgraça de 1974”.

Como cantou o Poeta, “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”.

José Filipe Murteira

Cartas ao diretor

PáscoaJosé Ramos Monte da Caparica

Qualquer dicionário nos informa que Páscoa era a festa anual que os judeus, povo de Israel, celebravam em memória da sua saída do Egito, acrescentando que é também a celebração anual dos cristãos (católicos ou evangélicos) em memória da crucifica-ção e ressurreição de Cristo. Do nome vem o verbo pascoar, festejar a Páscoa.

Como podemos saber, ou lembrar, este povo comemorava esta importante festa no mês de Abibe (abril), o mês do êxodo (sa-ída) daquele país norte-africano, sendo o primeiro mês do ano civil e religioso. Começava no décimo quarto dia desse mês, entre o nascimento do Sol e o seu ocaso, em que os israelitas deviam matar um cordeiro (ou cabrito) pascal, que devia ter menos de um ano, macho, sem defeito algum e sem lhe quebrarem os ossos. Deviam abster-se de pão levedado ou fermentado. No dia se-guinte principiava a grande festa da Páscoa que durava sempre sete dias, mas só o pri-meiro e o sétimo dias eram solenes, com todas as formalidades exigidas. As portas das casas dos judeus deviam ser aspergidas (molhadas) com o sangue dos animais.

Mais tarde, nesta comemoração da li-bertação do Egito, o sangue era aspergido sobre o altar e a gordura queimada. O dia 21 desse mês, o último dia da festa, seria de “santa convocação”. Devia prevalecer em to-dos um ânimo alegre e confiante durante os dias festivos, podendo só efetuar-se na ci-dade de Jerusalém.

No tempo de Jesus Cristo, os judeus con-tinuavam a comemorar a Páscoa. Os ani-mais eram sacrificados no templo (sem derramamento de sangue não podia haver remissão ou perdão dos erros ou pecados) e depois eram levados às casas para comerem numa ceia especial, com pão sem fermento, ervas amargas e vinho. Recitavam salmos e oravam.

O profeta João Batista ao apresentar Jesus, o filho de Deus, disse: “Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Nos tempos anteriores a Ele, o cordeiro sacri-ficado na Páscoa já simbolizava o Cristo, o Messias já anunciado pelos profetas séculos antes Dele. E Ele veio, nasceu de uma mu-lher virgem, ensinou, fez maravilhas e vo-luntariamente foi à cruz, derramando Seu sangue por amor à humanidade. Assim, a pessoa que aceita sua obra expiatória aceita-O como redentor, salvador, mestre, o Senhor que dá uma nova vida de Esperança.

Também está escrito que Ele ressuscitou e voltará à Terra para, como Rei e Deus, im-plantar seu reino de paz, compreensão, justiça e amor, depois de prender o Diabo, origem de todo o mal. Assim o verdadeiro cristão deve dizer: “Venha a nós o vosso Reino”.

Os meiosconstroem os finsJosé Carlos Albino Messejana

Foi na minha juventude, já envolvido na vida sociopolítica, que me colocaram a questão se “os fins justificam os meios”. Desde logo tendi a responder que não. Entre outros fac-tos e posturas, a invasão das tropas soviéti-cas à Checoslováquia, vivendo a sua “prima-vera política”, clarificaram que nem pensar nessa máxima. Impor o “socialismo real” a um território e a um povo é um absurdo e um contrassenso.

Com o andar dos meus tempos de ati-vista na procura duma democracia progres-sista, ao invés da máxima rejeitada, concluí e escrevi que são “os meios que constroem os fins”. E hoje, décadas passadas, reforço a ideia e considero-a da maior atualidade.

De facto, tirando exceções aberrantes, os atores e agentes políticos são coinciden-tes nos “fins” que proclamam. Todos, cada um à sua maneira, querem caminhar para o “bem-estar social”. Mas, a questão encon-tra-se no como o fazer.

Seguindo o poeta José Régio, vamos ao “sei que não vou por aí!”. Não podemos pro-meter liberdade, cerceando a livre inicia-tiva. Não podemos anunciar igualdade, pra-ticando prepotências sociais e políticas. Não devemos fazer espetáculo, quando o que se anuncia é alegria séria. Não será com autori-tarismo que se ergue a democracia. Não po-demos proclamar a solidariedade, promo-vendo o aumento de clivagens sociais. As palavras não podem ser desmentidas pelas práticas. Para a coesão social e territorial, não podemos ignorar ricos e pobres. Para o “bem-estar social”, nunca podemos aban-donar a ética.

Lembrando a minha vida sociopro-fissional no Movimento Cooperativo e do Desenvolvimento Local, considero que os “meios” têm que assentar na cooperação profícua, mesmo que conflitual, na inter-venção local de proximidade, geradora de participação dos cidadãos, na busca perma-nente da igualdade de oportunidades, no gradualismo de conquistas sociais sustentá-veis e na responsabilidade e verdade de to-dos os “homens de boa vontade”.

Praticando estes “meios” conseguire-mos, passo a passo, ir-nos aproximando das possíveis felicidades terrenas para todos.

Que estes “Meios” sejam abraçados pela grande maioria dos atores, agentes e dirigen-tes políticos, económicos, sociais, culturais e territoriais são hoje condição básica para ir-mos superando as crises que nos assolam.

Abandonando a postura de “treinado-res-comentaristas de bancada, e todos nos assumindo como “jogadores ativos”, po-deremos irmos construindo os “fins” dum mundo melhor.

Participação ativa, exige-se!

Histórias de Abril(1) O regresso do herói

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Reportagem

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Barranquenho faz caminho para o estatuto de “língua oficial”

“Não somos espanhóis, somos portugueses diferentes”

Praça da Liberdade É por aqui que os homens se reúnem à conversa. Em barranquenho, puro e duro, claro está.

“Língua nova”, produto do con-

tacto, durante séculos, de dois ou-

tros idiomas latinos, o português e

o espanhol, o barranquenho é um

património cuja fonte ainda está

viva e fervilhante. Falta dar-lhe

um suporte escrito, fixar-lhe a or-

tografia e o vocabulário, preparar

o terreno para que um dia possa

ser ensinada nas escolas. É nisso

que está a trabalhar o município

de Barrancos através de um pro-

jeto de salvaguarda que, a médio

prazo, poderá culminar no esta-

tuto de língua oficial minoritária.

A segunda a seguir ao mirandês.

Texto Carla Ferreira Fotos José Serrano

O barranquenho não precisa ser reconhecido como dialeto, porque já é um dialeto, isto é,

uma fala ou variedade que se caracteriza por possuir características próprias. O que está em

causa, num futuro mais ou menos próximo, é o seu reconhecimento com o estatuto de língua

oficial minoritária, como sucedeu ao mirandês a partir de 1999”. Isabel Sabino, vereadora

José Escoval ainda hoje está convencido de que foi por causa da sua “fala” que reprovou naquela fatídica prova oral

quando frequentava o quinto ano no liceu de Beja. “Provavelmente devo ter dito uma ‘barranquenhada’ que toda a gente riu e daí entrei num complexo tal que não fui capaz de abrir a boca”, lembra, a rir, na distância que lhe dão os seus 70 anos. A atitude en-tretanto mudou e hoje, manifestamente “or-gulhoso” do dialeto que bebeu com o leite materno, já se entretém a teorizar e a dis-cutir expressões e vocábulos próprios deste falar da raia baixo-alentejana. Encostados à fachada da Sociedade União Barranquense, a dita “sociedade dos ricos” do antiga-mente, os homens evocam aquele que pri-meiro o identificou e estudou, o linguista e etnógrafo Leite de Vasconcelos, na célebre Filologia Barranquenha, publicada postu-mamente, em 1955, e que hoje figura na lista de edições do município. “Acho que ele não defendia isto como um dialeto. Parece-me

que não”, aventa. “É um dialeto sim, por-que há muitas palavras que não têm nada a ver, nem com Espanha, nem com Portugal”, contrapõe Francisco Mendes, 64 anos, que vive fora da vila raiana há mais de 40 mas vai regressando em cada festa de família ou comunitária, como a ExpoBarrancos, que terminou há dias. “Sinto-me absolutamente orgulhoso de ter uma língua própria”, diz, inchado, e vai lançando expressões para o ar, das quais, em muitos casos, desconhece a origem. “Por exemplo, o abati, que signi-fica quase – Abati me caio – quando em es-panhol é casi. Ou Te paha a ti?, que signi-fica qualquer coisa como Já viste isto; o que te parece isto?”.

Num país que globalmente fala a uma só voz, soará estranho o conceito de dialeto ou fala. Mas é disso que se trata, sem tirar nem pôr. A câmara municipal local, com o apoio científico da Universidade de Évora (professoras Ana Paula Banza e Filomena Gonçalves) e do Centro de Linguística da

Universidade de Lisboa (professora María Victoria Navas), uma parceria já longa que, em 2008, resultou na declaração do bar-ranquenho como Património Cultural Imaterial de Interesse Municipal, confirma--o, perentória. “O barranquenho não pre-cisa ser reconhecido como dialeto, porque já é um dialeto, isto é, uma fala ou varie-dade que se caracteriza por possuir carac-terísticas próprias”, explica Isabel Sabino, vereadora do município. E acrescenta que o que está em causa, “num futuro mais ou menos próximo”, é o seu reconhecimento com o estatuto de “língua oficial minoritá-ria”, como sucedeu ao mirandês a partir de 1999, quebrando a monocromia linguística lusa. Um processo que se adivinha “longo” mas cujos primeiros passos já começaram a ser dados, através do projeto de Preservação e Valorização do Barranquenho, aprovado em outubro último no âmbito de uma me-dida do Programa de Desenvolvimento Rural (Proder). Em 24 meses, pretende-se

proceder à “normalização” do barranque-nho, variedade que não possui tradição es-crita e que, como tal, carece de ser fixada. Quer através de uma convenção ortográfica que “represente os seus traços gerais”, regu-lamentando as correspondências próprias entre o plano fónico e o plano gráfico, quer através de um dicionário Barranquenho- -Português e Português-Barranquenho, que estabeleça o seu “inventário de vocábulos exclusivos”.

Além das medidas de normalização, sem as quais não será possível “registar a tradição oral barranquenha, nem utilizar o barranquenho como veículo de ensino e promoção dos valores culturais da comu-nidade”, prossegue a vereadora, está ainda prevista uma nova edição melhorada da obra El barranqueño – Un modelo de len-guas en contacto. Um livro que recolhe os estudos científicos mais recentes sobre a língua barranquenha e que resulta de um trabalho de campo realizado, entre 1987 e

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Nem português nem espanhol: barranquenho

“Língua mista, nova, pro-duto do contato, du-rante séculos, entre as

variedades meridionais portugue-sas e espanholas” – alentejano no primeiro caso, e estremenho e an-daluz, no segundo. É deste modo que a investigadora María Victoria Navas, do Centro de Linguística da Universidade de Lisboa, de-fine o barranquenho, fala que es-tudou intensamente entre 1987 e 1990, em estâncias prolongadas na vila raiana, resultando daí a obra El barranqueño: un modelo de lenguas en contacto, editado recentemente pela Universidade Complutense de Madrid. Não é, como erradamente se poderá su-por, dada a condição fronteiriça do território, o resultado da “in-fluência de uma língua sobre ou-tra”, mas a criação de um “código novo”, produto de duas línguas ro-mânicas, garante a estudiosa, con-siderando tratar-se de um caso único na Europa latina. “Só há um caso semelhante entre a fronteira linguística brasileira e uruguaia, o chamado ‘fronterizo’, na América do Sul”, adianta.

Duas décadas passadas so-bre o trabalho de campo, o pro-jeto Preservação e Valorização do Barranquenho, promovido pelo município local, propõe-se rever e ampliar esta monografia. E além de dados novos do ponto de vista científico, a investigadora respon-sável veio encontrar transforma-ções ao nível da própria popula-ção falante, que se mantém como “fonte viva” deste património. “Tenho vindo a notar uma maior autoestima em relação ao fenó-meno linguístico. Ou seja, as pes-soas que tiveram a oportunidade de adquirir uma escolarização em português, inclusivamente estu-dos médios ou superiores, sabem distinguir perfeitamente quando falam português e quando o fa-zem em barranquenho. No pri-meiro caso, em situações formais, no segundo, em situações infor-mais, em família ou com amigos”.

Quanto ao vocabulário, dão--se a conhecer alguns arcaísmos portugueses e certos emprésti-mos espanhóis, alguns meridio-nais, como “pantorrilla” (bar-riga da perna), “hipo” (soluço), ou “laganha” (“leganha”, em es-panhol e “ramela”, em portu-guês), ilustra María Victoria Navas. Também se inclui um ca-pítulo teórico sobre as línguas em contacto e a situação linguís-tica do barranquenho face às lín-guas vizinhas, além de um cor-pus de literatura oral tradicional narrada em espanhol meridio-nal na comunidade. CF

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Feira O grupo de teatro mostra num expositor as várias produções que já fez, todas faladas na língua local

“Como todas as línguas, o barranquenho se não se falar vai morrer. O barranquenho não se estuda e fala-se mais do que o latim, mas falta-lhe o suporte institucional , o reconhecimento oficial”.

Francisco Oliveira

“Quando vêm pessoas de fora, usamos as palavras de outra

maneira. A gente inventa as palavras, é uma língua misturada.

Não aplicamos o l em certas palavras e o s também não. Mel

dizemos mé e Isabel dizemos Isabé”. Maria Isabel Amaro

1990, pela investigadora espanhola María Victoria Navas (ver caixa).

Um povo com repixuxe Mesmo não estando ainda disponível em Barrancos, Francisco Mendes já o tem, porque é um “interessado” nestas matérias e não hesitou em mandá-lo vir de Madrid. Já Maria Isabel Amaro, que surpreendemos em plena amena cava-queira com uma conhecida à saída da mer-cearia, rapidamente muda a “frequência” linguística para nos explicar, em portu-guês e com vaidade, que “temos um livro e tudo com o dialeto barranquenho; está lá no posto de turismo e é muito giro de se ler”. Imaginamos que seja o velhinho Filologia Barranquenha. A “reprogramação” é tão automática que Maria Isabel nem se dá conta. “Eu não consigo falar de outra ma-neira, só consigo falar em barranquenho”, confessa, alheia às diferenças, óbvias, entre o discurso de há pouco, praticamente inde-cifrável para um leigo, e este agora com que se nos dirige. À nossa observação, responde com um sorriso infantil e argumenta, des-pachada: “Quando vêm pessoas de fora, usa-mos as palavras de outra maneira. A gente inventa as palavras, é uma língua mistu-rada. Não aplicamos o l em certas palavras e o s também não. Mel dizemos mé e Isabel dizemos Isabé”.

À entrada do recinto da ExpoBarrancos, o grupo de teatro local mostra aos visitan-tes num pequeno expositor as produções

postas em cena em apenas um ano e três meses de existência. Ana Rico, de 22 anos, é uma das atrizes e, também ela, não destoa da forte consciência identitária que distin-gue Barrancos. “Sinto-me orgulhosa, gosto de ser barranquenha, gosto deste dialeto único. Muitas vezes, quando saímos daqui, dizem que somos espanhóis. Mas nós não somos espanhóis, somos portugueses só que somos diferentes”, sentencia, com ge-nica, valentia. Ou, como se diz em barran-quenho, com repixuxe.

“É como se fosse parte do nosso pró-prio ADN enquanto povo”, refere-se-lhe Francisco Oliveira, diretor do coletivo te-atral que, tanto quanto possível, procura

adaptar os guiões, escritos em português, para a fala barranquenha, já na fase de en-cenação. “Temos a consciência de que te-mos um papel cultural, de preservação das tradições e, neste caso, promover o dialeto é o nosso pequeno contributo”, descreve o responsável, consciente, nos seus 38 anos, de que talvez a sua geração tenha sido a úl-tima a começar a falar o “espanhol” (o que muitos chamam ao dialeto próprio) an-tes mesmo de aprender o português oficial. Uma realidade que está a mudar, mercê da uniformização provocada pelos meios de comunicação social e novas tecnologias de informação, e que exige uma intervenção urgente. “Como todas as línguas, o barran-quenho se não se falar vai morrer. O barran-quenho não se estuda e fala-se mais do que o latim, mas falta-lhe o suporte institucio-nal, o reconhecimento oficial, e isso é uma mais-valia que este projeto pode trazer, fo-mentando a língua junto das novas gera-ções”, defende Francisco Oliveira.

É essa também a meta da câmara muni-cipal local, conhecedora da natureza “dinâ-mica” da linguagem e do risco de desapare-cimento perante a ausência de um suporte físico. “Este projeto permitirá que o bar-ranquenho possa ser escrito e, como tal, que mais facilmente perdure no tempo. Atingido este objetivo, pode então pensar--se em outros mais ambiciosos, que culmi-nariam na possibilidade de que seja ensi-nado na escola”, conclui Isabel Sabino.

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Campeonato Nacional de Juniores (fase de descida) Série D (4.ª jornada): Oeiras-Des-pertar, 2-2; Lusitano Évora-Atlético, 0-0; União Montemor-Desportivo Portugal, 2-2; Farense --Imortal, 2-0. Classificação: 1.º Atlético, 32 pon-tos. 2.º Oeiras, 26. 3.º Farense, 21. 4.º Lusitano Évora, 17. 5.º Despertar, 13. 6.º Imortal, 12. 7.º Desportivo Portugal, 12. 8.º União Montemor, nove. Próxima jornada (14/4): Oeiras-Lusitano Évora; Atlético União Montemor; Desportivo Portugal-Farense; Despertar-Imortal.

Campeonato Distrital de Juniores (16.ª jor-nada): Amarelejense-Almodôvar (adiado 21/4); Aljustrelense-Castrense, 1-3; Vasco da Gama --Pi ense, 3-2; São Domingos-Desportivo Beja, 4-1; Odemirense-Moura, 0-3. Classificação: 1.º Moura, 40 pontos. 2.º Castrense, 37. 3.º Odemirense, 33. 4.º Desportivo Beja, 25. 5.º São Domingos, 20. 6.º Piense, 20. 7.º Vasco Gama, 16. 8.º Aljustrelense, 15. 9.º Almodôvar, 10. 10.º Amarelejense, nove. Próxima jornada (14/4): Odemirense-Amarelejense; Almodôvar-Al-justrelense; Castrense-Vasco Gama; Piense-São Domingos; Moura-Desportivo Beja.

Campeonato Distrital de Juvenis (12.ª jornada): Desportivo Beja-Sporting Cuba, 3-0; Aljustrelense-Moura, 0-5; Aldenovense - -Des pertar, 0-5; Castrense-Boavista, 5-1. Classificação: 1.º Despertar, 36. 2.º Desportivo Beja, 27. 3.º Moura, 24. 4.º Castrense, 18. 5.º Aldenovense, 14. 6.º Aljustrelense, 9. 7.º Sporting Cuba, 7. 8.º Boavista, 7. Próxima jornada (15/4): Castrense-Desportivo Beja; Sporting Cuba-Al-jus trelense; Moura-Aldenovense; Boavista --Despertar.

Campeonato Distrital de Iniciados (22.ª jornada): Amarelejense-Odemirense, 1-4; Serpa-Desportivo Beja, 1-2; Ourique-Despertar, 0-3; Bairro Conceição-Almodôvar, 2-0; Ferreirense-Milfontes, 1-0; Moura-Negrilhos, 8-0. Classificação: 1.º Desportivo Beja, 58 pon-tos. 2.º Odemirense, 52. 3.º Moura, 46. 4.º Serpa, 41. 5.º Despertar, 33. 6.º Guadiana, 26. 7.º Amarelejense, 26. 8.º Almodôvar, 25. 9.º Milfontes, 22. 10.º Ferreirense, 19. 11.º Bairro da Conceição, 18. 12.º Ourique, oito. 13.º Negrilhos, seis. Próxima jornada (15/4): Odemirense-Serpa; Desportivo Beja-Ourique; Despertar --Bairro Conceição; Almodôvar-Ferreirense; Milfontes-Moura; Negrilhos-Guadiana.

Campeonato Distrital de Infantis 2.ª fase (2.ª jornada): Despertar A-Odemirense, 3-0; Guadiana-Moura, 2-2; Vasco Gama-Rio de Moinhos, 4-1. Classificação: 1.º Despertar, seis pontos. 2.º Odemirense, três. 3.º Vasco Gama, três. 4.º Rio Moinhos, três. 5.º Moura, um. 6.º Guadiana, um. Próxima jornada (14/4): Rio de Moinhos-Despertar A; Odemirense-Moura; Guadiana-Vasco Gama.

Taça Dr. Covas Lima – Infantis (2.ª jor-nada) Série A: Despertar B-Beringelense, 6-2; Sporting Cuba-Sporting Beja, 1-5; Alvito-Santo Aleixo, 1-11. Classificação: 1.º Sporting Beja, seis pontos. 2.º Despertar, seis. 3.º Santo Aleixo, três. 4.º Sporting Cuba, três. 5.º Aldenovense, zero. 6.º Beringelense, zero. 6.º Alvito, zero. Próxima jornada (14/4): Sporting Beja-Despertar B; Beringelense-Aldenovense, Santo Aleixo-Sporting Cuba.Série B: Bairro da Conceição - -Ou rique, 2-3; Aljustrelense-Almodôvar, 3-3; Milfontes-Castrense, 3-8. Classificação: 1.º Castrense, seis pontos. 2.º Ourique, seis. 3.º Almodôvar, quatro. 4.º Aljustrelense, um. 5.º Milfontes, zero. 6.º Bairro Conceição, zero. Próxima jornada (14/4): Castrense-Bairro da Conceição; Ourique-Almodôvar; Aljustrelense--Milfontes.

Campeonato Distrital de Benjamins 2.ª fase (2.ª jornada): Castrense-Renascente, 8-3; Sporting Cuba-Aldenovense, 11-3; Ferreirense --Des pertar B, 2-2. Classificação: 1.º Ferreirense, quatro. 2.º Despertar, quatro. 3.º Sporting Cuba, três. 4.º Aldenovense, três. 5.º Castrense, três. 6.º Renascente, zero. Próxima jornada (14/4): Despertar B-Castrense; Renascente-Alde-novense; Sporting Cuba-Ferreirense.

Taça Joaquim Branco – Benjamins (2.ª jor-nada): Série A: Sporting Beja-Beringelense, 6-0; Vasco Gama-Bairro Conceição, 0-4; Serpa-Alvito, 4-6; Desportivo Beja-Moura, 2-3. Classificação: 1.º Bairro da Conceição, seis pontos. 2.º Sporting Beja, seis. 3.º Alvito, seis. 4.º Moura, três. 5.º Vasco Gama, três. 6.º Benfica Beja, zero. 7.º Desportivo Beja, zero. 8.º Serpa, zero. 9.º Beringelense, zero. Próxima jor-nada (14/4): Bairro Conceição-Sporting Beja; Beringelense-Benfica Beja; Alvito-Vasco Gama; Moura-Serpa. Série B: Milfontes-Guadiana, 5-3; Ourique-Figueirense, 6-0; Odemirense --Des pertar A, 1-1; Almodôvar-Aljustrelense, 1-3. Classificação: 1.º Aljustrelense, seis pon-tos. 2.º Milfontes, seis. 3.º Odemirense, qua-tro. 4.º Despertar, quatro. 5.º Ourique, três. 6.º Almodôvar, zero. 7.º Guadiana, zero. 8.º Figueirense, zero. Próxima jornada (14/4): Despertar A-Milfontes; Guadiana-Figueirense; Aljustrelense-Odemirense; Ourique-Almo-dôvar.

Campeonato Distrital de Seniores Femininos (14.ª jornada): Benfica Castro Verde-Serpa, 8-0; Benfica Almodôvar-Ou rique, 1-1; Aljustrelense-Odemirense, 4-3. Classi-ficação: 1.º Aljustrelense, 37 pontos. 2.º Benfica Castro Verde, 28. 3.º Serpa, 28. 4.º Odemirense, 22. 5.º Ourique, sete. 6.º Benfica Almodôvar, um. Próxima jornada (21/4): Odemirense-Ben-fica Castro Verde; Serpa-Almodôvar; Ourique --Aljustrelense.

Futebol juvenil

Moura ainda está na luta

Louletano é para vencer

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Desporto

Nacional 2.ª Divisão

26.ª jornada

Monsanto-Juventude Évora .............................................3-1Louletano-Fátima ...............................................................1-2At. Reguengos-Pinhalnovense ........................................1-2Carregado-Mafra ................................................................ 0-0Sertanense-Caldas............................................................. 4-0Torreense-Est. Vendas Novas ...........................................1-2Tourizense-1.º Dezembro ................................................. 0-0Oriental-Moura ................................................................... 1-0

J V E D G P

Oriental 26 15 5 6 47-17 50Torreense 26 13 10 3 41-21 49Pinhalnovense 26 15 3 8 42-27 48Fátima 26 14 6 6 39-28 48Carregado 26 13 8 5 49-33 47Mafra 26 9 13 4 28-18 40Sertanense 26 11 7 8 33-27 40E. Vendas Novas 26 11 4 11 34-28 37Louletano 26 10 7 9 23-28 37Juventude Évora 26 8 4 14 25-35 281.º Dezembro 26 6 8 12 24-28 26Tourizense 26 5 11 10 20-32 26Monsanto 26 5 10 11 22-34 25At. Reguengos 26 5 10 11 26-40 25Moura 26 6 4 16 22-50 22

Caldas 26 3 8 15 15-44 17

Próxima jornada (7/4/2012): Moura-Louletano, Fátima-At. Re-

guengos, Pinhalnovense-Monsanto, Juventude Évora-Carre-

gado, Mafra-Sertanense, Caldas-Torreense, Estrela Vendas No-

vas-Tourizense, 1.º Dezembro-Oriental.

Nacional 3.ª Divisão – Subida

2.ª jornada

Quarteirense-Messinense .................................................3-1 Aljustrelense-Sesimbra .................................................... 2-0 Farense-Esp. Lagos ............................................................ 1-0

J V E D G P Farense 2 2 0 0 5-0 34 Aljustrelense 2 1 1 0 2-0 21 Quarteirense 2 1 0 1 3-2 21 Sesimbra 2 1 0 1 1-2 21 Esp. Lagos 2 0 1 1 0-1 20Messinense 2 0 0 2 1-7 17

Próxima jornada (7/4/2012): Quarteirense-Aljustrelense, Se-

simbra-Farense, Messinense-Esp. Lagos.

Nacional 3.ª Divisão – Manutenção

2.ª jornada

Fabril Barreiro-Lagoa .........................................................2-1 Redondense-U. Montemor .............................................. 0-0 Pescadores-Despertar SC..................................................2-1

J V E D G P

Fabril Barreiro 20 2 1 0 1 4-5 U. Montemor 19 2 1 1 0 4-2 Lagoa 18 2 1 0 1 3-3 Pescadores 15 2 1 0 1 3-3 Redondense 11 2 0 1 1 0-1 Despertar SC 5 2 1 0 1 2-2

Próxima jornada (7/4/2012): Fabril Barreiro-Redondense, U.

Montemor-Pescadores, Lagoa-Despertar.

Distrital 1.ª Divisão

23.ª jornada

Castrense-Ferreirense........................................................4-1Sp.Cuba-Almodôvar .......................................................... 0-5Panoias-Desp.Beja ..............................................................2-2Rosairense-Odemirense .....................................................?-?Milfontes-FCSerpa ............................................................. 6-0Vasco da Gama-S.Marcos ..................................................8-1Guadiana-Aldenovense .....................................................1-1

J V E D G P Castrense 23 19 4 0 61-10 61Milfontes 23 17 2 4 48-20 53Ferreirense 23 12 5 6 42-38 41Vasco da Gama 23 12 1 10 58-35 37Aldenovense 23 12 1 10 40-26 37FCSerpa 23 9 6 8 30-33 33Odemirense 22 10 2 10 33-32 32Almodôvar 23 9 5 9 47-36 32Rosairense 22 9 4 9 36-34 31Panoias 23 8 5 10 28-41 29Desp.Beja 23 6 5 12 26-37 23S.Marcos 23 6 4 13 26-62 22Guadiana 23 5 3 15 23-56 18Sp.Cuba 23 2 1 20 17-55 7

Próxima jornada (15/4/2012): Rosairense-Sp.Cuba, Odemi-

rense-Castrense, Ferreirense-Panoias, S.Marcos-Milfontes, Al-

denovense-Vasco da Gama, Desp.Beja-Guadiana, FCSerpa -

-Almodôvar.

O Mineiro Aljustrelense joga sábado em Quarteira frente à equipa local e com o objetivo de defender o atual segundo lu-

gar que ocupa na tabela da fase de subida de divi-são, logo atrás do forte candidato que é o Farense, mas com menos 13 pontos que os algarvios. A verdade é que depois de ter assegurado a manu-tenção durante a primeira fase da prova, a equipa tricolor ainda não perdeu. Ao empate conquis-tado em Lagos juntou um triunfo sobre a forma-ção do Sesimbra (2-0, golos de Nelson Raposo, g.p. e José Luís Estebaínha) e ameaça posicionar - -se em lugar de acesso à segunda divisão nacio-nal. É verdade que nos lugares imediatos, e com a mesma pontuação do mineiro, estão as equi-pas do Quarteirense e do Sesimbra, mas um re-sultado positivo consolidaria o excelente traba-lho que o técnico Eduardo Rodrigues, de 33 anos, tem vindo a fazer à frente da equipa. A conquista do objetivo de manutenção logo durante a fase preliminar da prova calou mesmo algumas vo-zes discordantes que se faziam ouvir em redor na equipa, que em campo tem mostrado vontade e determinação para vencer, não obstante algu-mas dificuldades com que o clube se vem deba-

Depois da derrota tangencial no ter-reno do Oriental, o Moura regressa ao seu estádio para receber a equipa

do Louletano, formação melhor posicio-nada que os alentejanos, tem mais 15 pon-tos e a manutenção praticamente assegu-rada. É mais um jogo difícil para a equipa

orientada por Joaquim Mendes, de 52 anos, na luta pela sobrevivência na segunda divi-são nacional.

Estão 12 pontos ainda em jogo e a dife-rença dos mourenses para a primeira equipa acima de zona de despromoção é que qua-tro. Assim, enquanto há vida há esperança,

e será com esse provérbio popular no pen-samento que os jogadores do Moura devem encarar mais esta final. Sobretudo porque os resultados dos rivais mais diretos tam-bém vão ajudando. Vamos lá ganhar, para já, ao Louletano.

Firmino Paixão

Aljustrelense joga sábado em Quarteira

E se o Mineiro subisse de divisão...tendo. Para além do Quarteirense-Aljustrelense, a jornada de sábado terá ainda os jogos Sesimbra-Farense e Messinense-Esperança de Lagos.

Despertar viaja para Lagoa apenas a cumprir ca-

lendário No segundo jogo consecutivo fora do seu reduto, o Despertar viaja sábado para Lagoa, para cumprir a terceira jornada da segunda fase (manutenção) do Nacional da 3.ª Divisão. Mais um jogo difícil, se atendermos que esta época o Despertar ainda não conseguiu arrebatar qual-quer ponto àquela equipa algarvia, onde ali-nham os bem conhecidos Márcio Candeias e Juelson, uma dupla que só por si pode fazer es-tragos no coletivo alentejano. O Despertar re-gressou da Caparica com uma derrota tangencial por 2-1 e mantém-se no último lugar da tabela, com cinco pontos, menos 13 que o Lagos, que é a primeira equipa acima da linha de despromo-ção. O Redondense e o União de Montemor em-pataram sem golos na última jornada, desfecho que agradou aos montemorenses, que assumi-ram o segundo lugar atrás do Fabril. No sábado o Redondense joga no Barreiro e o Montemor re-cebe os Pescadores. Firmino PaixãoAljustrelense Derrotou o Sesimbra e ficou em 2.º

A Associação de Futebol de Beja

marcou para o próximo dia 1 de junho

a realização da XX Gala dos Campeões,

evento em que premeia os agentes

desportivos que mais se distinguiram

na época desportiva 2011/2012.

XX Gala dos Campeões

2012 em junho

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Conhecemo-nos ainda moçoilos de escola. Estreitávamos a relação quando, sazonalmente, eu ia às

compras na loja do comércio tradicional onde tu foste modelo de atendimento personalizado e exemplo de bom comunicador.

Corria a década de sessenta, ainda não se falava nesse novo fenómeno desportivo que se chama futsal, abreviatura de futebol de salão. Mas os torneios de futebol de 5 do jardim público eram célebres.De meias com a rapaziada do “arrabalde da Graça” fundámos o Santo Amaro Futebol Clube. Camisolas brancas oferecidas pelos Armazéns Teixeira, uma lista diagonal em vermelho, calção preto e emblemas sabiamente bordados pela irmã do Luís “Pelé”. Tu eras o guarda-redes, eu o ponta de lança, mas o “Tói Julião” arrebatou-me o troféu de melhor marcador porque a equipa dele seguiu para a segunda fase da prova. Comungámos sempre o mesmo gosto pelo desporto e apetência pela comunicação. Foste um dos bons intérpretes daquela fabulosa equipa do “Desportivamente”, que através das ondas da Rádio Pax espalhava as notícias desportivas pela planície. O José Garrochinho fabricava milagrosas antenas de rádio amador, que me ajudavas a pendurar nos postes do José Agostinho de Matos, para os relatos do Ferrobico. Ambos fomos discípulos do Delmiro Palma naquela deliciosa aventura que foi o jornal desportivo “O Ás”, que produzíamos, dobrávamos e expedíamos com quase tanto amor como se tem a um filho, numa cúmplice relação de amizade que, sem darmos por isso, íamos aprofundando. Não há muito tempo que me levaste ao teu pequeno museu onde guardas as recordações desse tempo e penduras os símbolos desse muito digno percurso pela comunicação.Veio a Rádio Castrense e mobilizou o teu saber e arte de comunicar. Cresceste como radialista, os teus comentários e opiniões tornaram-se sentenças.Reencontramo-nos muitas vezes, como tu costumas dizer, “num qualquer campo deste Alentejo que é uma paixão”, onde perdura o nosso cumprimento sempre cordial e amigo “então companheiro …”. A doença traiçoeira retirou-te, momentaneamente, dos campos de futebol, onde todos queremos que voltes rapidamente, a tempo de relatares com emoção a festa do título do Castrense e de festejares mais uma provável subida de divisão do teu querido Ferrobico.Vamos lá, companheiro Zé…Arranja forças para te reunires a nós, brindando ao que tem sido uma saudável vivência no desporto e pelo desporto, através da comunicação.Bem-haja pela tua amizade.

Força companheiro...

Firmino Paixão

O campeonato vai entrar nas últimas três jornadas. O Castrense pode feste-jar o título em Odemira se conseguir, pelo menos, um ponto. O Sporting de Cuba já desceu de divisão.

Texto e foto Firmino Paixão

Festejar o título no dia em que assina-lava o 59.º aniversário teria sido a “ce-reja no topo do bolo”. E o Castrense

cumpriu, derrotando o Ferreirense, mas a celebração dependia de terceiros, estava

condicionada ao resultado do jogo entre o Milfontes e o Serpa, que terminou com uma goleada dos homens do mar. Festa adiada até ao próximo dia 14, porque em tempo de Páscoa os campeonatos serão interrompidos.

No rescaldo da jornada, que a chuva dei-xou incompleta porque foi impiedosa sobre o pelado do Rosairense, não permitindo o seu jogo com a equipa de Odemira, sobres-sai o elevado número de golos marcados e, desde logo, a pesada derrota sofrida pelo São Marcos em Vidigueira. Marcaram-se 31 golos em seis jogos, uma média de mais de

cinco por cada partida. É obra. Cuba e Serpa ficaram de jejum, o Vasco

da Gama foi a equipa mais realizadora. Se na entrega do título 2012 ao Castrense te-remos que esperar por mais alguns minu-tos de jogo, já no rodapé da tabela, com o Sporting de Cuba já despromovido, falta co-nhecer a outra equipa que irá descer ao es-calão secundário.

Guadiana ou São Marcos lutam entre si separados por quatro pontos e o Desportivo de Beja está a cinco, mas recebe a equipa de Mértola na próxima jornada.

Bairro da Conceição em 2.º lugar

Uma prova histórica na AFBeja

A seis jornadas do termo do campeo-nato nada está decidido. O Cabeça Gorda lidera e, diz o povo, “candeia

que vai na frente ilumina duas vezes”, mas os três pontos de vantagem sobre o segundo são escassos para dar alguma tranquilidade ao líder. O Bairro da Conceição entrou para a zona de promoção com vantagem mínima sobre o Amarelejense e Piense. Um grande campeonato, sem dúvida uma das provas deste escalão de maior competitividade, comprovando que o modelo de duas sérias que até aqui se utilizava nesta prova era de-sajustado e comprometia a verdade des-

portiva. Esperemos que este figurino tenha vindo para ficar.

Recorda-se que entre as primeiras seis equipas todos podem ainda ser campeões ou subir de divisão. A jornada do fim de se-mana teve um jogo grande em Saboia, onde o Amarelejense empatou sem golos; o Bairro ganhou em Montes Velhos e foi a única equipa a vencer fora de casa. Barrancos e Sanluizense conseguiram ganhar a adver-sários teoricamente mais cotados.

Resultados da 20.ª jornada: Sanluizense-Vale de Vargo, 2-0; Barrancos-Messeja-nense, 4-2; Cabeça Gorda-Alvorada, 4-1;

Sa boia-Amarelejense, 0-0; Negrilhos --Bairro da Conceição, 1-2; Piense-Ourique, 3-1. Classificação: 1.º Cabeça Gorda, 42 pontos. 2.º Bairro da Conceição, 39. 3.º Amarelejense, 38. 4.º Piense, 37. 5.º Saboia, 35. 6.º Renascente, 32. 7.º Ourique, 24. 8.º Sanluizense, 20. 9.º Alvorada, 20. 10.º Messejanense, 18. 11.º Vale de Vargo, 17. 12.º Barrancos, 16. 13.º Negrilhos, quatro.

Próxima jornada (14/4): Vale de Vargo --Bar rancos; Messejanense-Cabeça Gorda; Alvorada-Saboia; Amarelejense-Negrilhos; Bairro da Conceição-Piense; Ourique-Re-nas cente. Firmino Paixão

Chuva trouxe abundância de golos

O campeão viu a festa adiada

Distrital 1.ª Divisão Castrense ganhou ao Ferreirense e ficou a um pequeno passo do título

As meias-finais da Taça Distrito de

Beja estão marcadas para os próximos

dias 11 e 13 com o seguinte calendário:

Politécnico de Beja-Almodovarense

(11/4, às 21 e 30 horas); V.N.S.Bento -

-Sporting de Moura (13/4, às 21 horas).

Meias-finais da Taça de Beja

em Futsal

Alcácer do Sal – Realiza-se na manhã de amanhã, sexta-feira, em Alcácer do Sal, o 16.º Grande Prémio da Páscoa, uma prova de ca-minhada e corrida com a extensão de 7 300 metros, em que se prevê a presença de meio milhar de participantes. A concentração será junto ao parque desportivo, pelas 9 horas. A iniciativa é organizada pela câmara municipal local.

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A Piscina Municipal de Beja recebeu no pretérito fim de semana a 1.ª Fase do Campeonato Nacional de Kayak Polo. À laia de desfrutar o rótulo da minha curiosidade fui, afinal, um daqueles visitantes que ao longo de dois dias usufruíram da possibilidade de apreciar uma modalidade que paulatinamente se tem afirmado no meio desportivo nacional. A ação ativa dos homens do kayak junto a jovens candidatos assenta numa perspicaz prospeção de novos praticantes. Doze equipas de diversos locais do País disputaram a prova e a piscina afirmou-se como um local privilegiado a sul para os atletas desfrutarem entre si de um espaço que na generalidade se apresenta como exímio nas suas envolventes. De facto quem conheceu, e conhece, as potências físicas das suas infraestruturas, reconhece que o contexto geral do equipamento permite tirar dele evidentes proveitos desportivos. Relembro o eco que aquele espaço lúdico sempre incutiu em jovens fixados longe da orla marítima que despertavam, e despertam, para os prazeres da natação sob um sol abrasador de um mês de agosto em solo alentejano. A piscina, com o timbre de olímpica, foi sempre palco de excelentes provas competitivas, sendo certo que o público jamais faltou aos testemunhos em causa. No capítulo do lazer fica-me, também, a saudade de um espaço que outrora marcou o quotidiano bejense. Lembro, por exemplo, a presença de um excelente restaurante que recebia uma corte de gentes que se deparavam com os prazeres dos sabores alentejanos. Hoje está descativado. Deserto. Revejo-me, agora, a apreciar o magnífico espaço e as suas contíguas opções desportivas. Na verdade fiquei pasmado com todo o movimento que os atletas proporcionaram na piscina de Beja nesta prova do campeonato de kayak polo. Aliás, dentro e fora de água houve competição e convívio. Viveram-se momentos de entrega, amizade e competição. As águas do equipamento voltaram, justamente, à liça!

Kayak polo

José Saúde

Depois da conquista da Taça Distrito de Beja, a equipa femi-nina do Mineiro Aljustrelense assegurou o título de campeã distrital e segue para a dis-puta da Supertaça com o pen-samento na vitória.

Texto e fotos Firmino Paixão

Uma temporada bem su-cedida com a conquista do campeonato e da taça,

considera a treinadora da equipa, Vera Costa, de 27 anos: “Estamos felizes, qualquer equipa esta-ria. Lutámos por objetivos, jogo após jogo, no início não colo-cámos qualquer tipo de pres-são sobre a equipa, pensávamos apenas no jogo seguinte e essa estratégia acabou por dar frutos. Conseguimos ganhar a taça, ga-nhámos o campeonato, portanto, os objetivos foram alcançados”.

Questionada sobre o valor da equipa mineira, que nas duas competições realizadas mostrou ser a mais regular em prova, a téc-nica tricolor disse: “Não me ca-berá muito a mim fazer essa ava-liação, mas acho que sim. Mas o Serpa e a Casa do Benfica de Castro Verde são duas boas equi-pas, foram as nossas maiores ri-vais, principalmente a formação de Castro Verde. O Serpa foi cam-peão na época passada, perdeu al-gumas jogadoras, e não conseguiu

revalidar o título. O Castro Verde bateu-se sempre muito bem, dis-cutiu a taça connosco até à última jornada. Os melhores jogos foram sempre entre estas duas equipas, num deles estivemos a perder por 3-0 e conseguimos dar a volta ga-nhando por 5-4”.

Um sucesso que terá muito a ver com a experiência de Vera Costa e de algumas atletas que integram o plantel, algumas com presenças em seleções na-cionais, mas a treinadora rejeita a ideia de ser a única respon-sável pelo êxito: “A receita foi a unidade do grupo, todas nós contribuímos, porque somos uma equipa, todas lutámos pe-los mesmos objetivos, não gos-távamos de perder, nunca baixá-vamos os braços, temos um bom coletivo, jogadoras que gostam de cá estar a jogar futebol e uma direção que nos apoia. Estamos aqui para nos divertir, damos sempre o máximo, a receita é

mesmo essa”. Quanto à Supertaça, compe-

tição que fechará a época oficial, Vera Costa só pensa na vitória: “Esse é mais um dos nossos ob-jetivos, ainda não sabemos quem será o nosso adversário, mas va-mos trabalhar para isso e traba-lharemos, também, para que o futebol feminino não morra no nosso distrito. É preciso que apa-reçam novas equipas, por isso, estamos a pensar organizar tor-neios no final da época, para que isto não acabe”.

Constatando a presença de uma seleção sub/17 do dis-trito no Torneio Nacional Interassociações, Vera Costa re-alça o estímulo que esta partici-pação pode ter no incremento do futebol feminino: “Temos que começar pelas camadas mais jo-vens, será o nosso espelho, é pena que se aposte pouco na forma-ção, seja no masculino, seja no feminino. No masculino aposta-se também muito pouco na for-mação, nem juvenis, nem junio-res, e quando chegam a seniores têm que ir ‘à loja buscá-los’”.

“A seleção sub/17 feminina é uma janela que se abre para que o futebol feminino não morra, porque é um projeto que vai cha-mar miúdas do desporto escolar, será um bom incentivo, esta sele-ção é um bom estímulo para que isso aconteça”, conclui a técnica.

Hóquei em patins Jornada de amanhã tem dois derbysUm derby no litoral alentejano na

agenda da 20.ª jornada do Nacional

da 3.ª Divisão. O Hóquei de Grândola

recebe amanhã, sexta-feira, pelas

18 horas, o seu vizinho de Santiago

do Cacém, e ganhando faz a festa

da subida à 2.ª Divisão Nacional.

Mais a sul outro derby. Castrense

e Aljustrelense reencontram-se

também amanhã, sexta-feira, pelas

18 horas, no Pavilhão Municipal

de Castro Verde, com franco

favoritismo para os visitantes. Em

Estremoz a equipa local joga com

o Lisbonense. Da jornada anterior

sublinha-se a vitória tangencial

dos “mineiros” sobre Os Lobinhos

(10/9), a derrota pesada do Castrense

em Boliqueime (12/2) e o triunfo do

Grândola no recinto do Lisbonense

(4/3). Na 2.ª Divisão, o Hóquei

Vasco da Gama, vindo de pesada

derrota caseira com o Santa Cita

(2/6), desloca-se amanhã ao recinto

do Turquel. Outros resultados:

Nacional de Infantis (6.ª jornada):

Paço d’Arcos-Grândola, 7-0.

Sporting-Estremoz, 14-4. Nacional

de Juvenis (6.ª jornada): Sesimbra -

-C.P.Beja, 0-2. Estas provas serão

retomadas nos próximos dias 14 e 15.

Interassociações de hóquei em patinsA seleção de iniciados do

Alentejo obteve o 5.º lugar

no Interassociações de 2012,

disputado no Estoril e ganho pela

seleção de Lisboa. O conjunto

alentejano venceu Coimbra (7/3)

e perdeu com o Minho (6/1) e

o Porto (5/0), depois ganhou a

Leiria (5/1) e ao Ribatejo (4-0).

Andebol Zona Azul não teve uma “boa hora”No regresso do Nacional da 3.ª Divisão de Andebol, a formação da Zona Azul entrou mal da fase de qualificação, permitindo que o Boa Hora vencesse no Pavilhão de Santa Maria, em Beja, pela marca categórica de 17/24. Face a este insucesso, a equipa ficou em sexto, e último lugar, com um ponto. Na próxima ronda (14/4) os bejenses jogam de novo em casa (às 17 horas) mas com a equipa do Ílhavo. Na fase de manutenção o Andebol Clube de Sines perdeu em casa com o Almada por 23-36 e mantém-se no último lugar. O Redondo venceu em Lagoa 27/26.

A Federação Portuguesa de Futebol

promove entre os próximos dias

11 e 15, em Lisboa, um torneio de

futebol 7 feminino de sub/17 com

a participação de 18 associações

distritais. A representação de Beja

é orientada por Ruben Lança.

Seleção sub-17

feminina em torneio

Equipa feminina ganha taça e campeonato

Uma dobradinha à moda das Minas

Vera Costa, treinadora/jogadora

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O Clube Náutico de Arcos de Valdevez venceu a pri-meira etapa do Campeonato Nacional de Kayak Polo 2012, realizado nas Piscinas Municipais de Beja, com or-ganização da Associação Juvenil Pagaia Sul de Beja.

Texto e foto Firmino Paixão

Estiveram em Beja as me-lhores equipas nacionais da modalidade, incluindo

o Clube de Canoagem de Setúbal, campeões nacionais em título, afastados das finais pela forma-ção bejense. O campeonato na-cional prosseguirá em Coimbra nos próximos dias 21 e 22. O tempo chuvoso afastou o público da competição, mas a competiti-vidade esteve sempre presente.

Paulo Jorge Remechido, di-rigente da Associação Juvenil Pagaia Sul de Beja, em decla-rações ao “Diário do Alentejo”, disse: “Estamos no início de uma nova temporada, tivemos a pre-sença de 12 equipas, a Pagaia Sul tinha apresentado a candi-datura porque temos boas con-dições, o plano de água está bom. Estão aqui apenas equipas de

seniores de norte a sul do País, três equipas alentejanas, de Beja, Ferreira do Alentejo e Fronteira, depois temos equipas de Setúbal, Coimbra, de Arcos de Valdevez”.

Quanto aos resultados da equipa bejense, sexta posição entre as 12 equipas em prova, Remechido con-siderou: “Foram bons, em cinco jo-gos conseguimos ganhar quatro, um deles aos campeões nacionais, tivemos depois um percalço com uma equipa teoricamente mais fraca, perdemos esse jogo que nos daria acesso à final, assim disputá-mos o quinto e sexto lugar”. E ex-plicou os próximos compromissos da Pagaia Sul: “O campeonato na-cional, este ano, terá quatro fases, a primeira foi esta de Beja, depois vai para Coimbra no mês de abril, em maio teremos a Taça de Portugal em Ferreira do Alentejo e em junho estaremos em Fronteira. Iremos depois para Arcos de Valdevez e em setembro teremos o campeo-nato do mundo, onde a Pagaia Sul quer, também, estar presente”.

“Estamos felizes por estarmos a dinamizar um espaço que parece perdido, com poucas condições de segurança para utilizadores, por isso sentimo-nos um pouco responsá-veis por darmos vida a esta piscina”,

realçou o dirigente bejense. Sublinhando as excelentes con-

dições do tanque, não deixou, po-rém, de apontar outras carências da infraestrutura: “Falta água quente, os balneários estão degradados, as estruturas exteriores também es-tão em estado de degradação e reti-ram muita qualidade a este espaço. O tanque é realmente bom, o espaço envolvente é agradável, mas o resto das infraestruturas deixam muito a desejar, sobretudo ao nível de balne-ários e casas de banho”.

Paulo Remechido acentuou a presença de atletas do clube em estágios das seleções nacionais, lembrando: “Alguns deles po-dem estar no mundial deste ano na Polónia. Temos jovens com ta-lento, mas em termos de clube te-mos que crescer mais, em ter-mos de equipa estamos bem, mas o clube tem que crescer mais um bocadinho. No panorama nacio-nal do kayak polo, o Pagaia Sul é um dos clubes mais representa-tivos e onde se veem mais jovens a frequentar os estágios das sele-ções nacionais”.

Mérito do trabalho de for-mação feito pelo clube, acen-tuou: “Nós, em Beja, temos que aproveitar bem as coisas em

que somos bons. Somos bons no kayak polo, podemos não ser os melhores, mas, no entanto, no panorama nacional da modali-dade temos muita qualidade que deve ser aproveitada. As pes-soas responsáveis devem olhar para o kayak polo em Beja como um caso de sucesso no desporto. Conseguimos ter bons resultados como equipa que somos e a nível individual conseguimos projetar atletas nas seleções nacionais”.

Um projeto bem sucedido mas que a associação pretende conso-lidar, pelo que os maiores anseios do momento, referiu Remechido, são “adquirir uma nova frota de barcos” para poderem dar inicio à formação.

“Há dois ou três anos que apostamos na formação e está a dar os resultados que se veem, no entanto, por falta de mate-rial parámos um pouco essa ver-tente. Essa aquisição dependerá da nossa única fonte de rendi-mento que é o Cais da Planície, no Parque da Cidade. Esperamos ter em breve uma nova frota que permitirá assegurar uma nova equipa de sub/16 e novos valores para a Associação Pagaia Sul”, concluiu.

Futsal Independentes golearam em ÉvoraTriunfo folgado dos Independentes

de Sines no recinto do Évora Futsal

na jornada número 20 do Nacional

da 3.ª Divisão. Uma ronda em quem

o Baronia se deixou derrotar (1/3)

em casa pelo vizinho Sporting de

Viana. A equipa do litoral alentejano

mantém o terceiro lugar, a 13 pontos

do líder Portela, e o Baronia (14

pontos) está na zona de despromoção

ao escalão regional. O campeonato

regressa no dia 14. Outros resultados

– Distrital de Futsal (14.ª jornada):

Almodovarense-Sporting Moura,

3-5; Alcoforado-Alfundão, 5-3;

Vila Ruiva-Advnsbento, 3-6;

Politécnico Beja-A.Surdos Beja, 15-1.

Classificação 1.ª fase: 1.º Politécnico

Beja, 31 pontos. 2.º Alcoforado,

29. 3.º Sporting Moura, 26. 4.º

Almodovarense, 25. 5.º Advnsbento,

25. 6.º Alfundão, 17. 7.º Vila Ruiva,

nove. 8.º A.Surdos Beja, zero.

Atletismo Diogo Luz (Neves) bateu recorde no pesoA pista de atletismo do Complexo Desportivo Fernando Mamede, em Beja, foi palco para a realização da fase distrital do Torneio Atleta Completo e Campeonato Distrital de Provas Combinadas, competições destinadas aos atletas infantis, iniciados e juvenis. Reunião em que foram também apurados iniciados e juvenis que participarão na final nacional da zona sul do Torneio Atleta Completo. A competição reuniu cerca de meia centena de atletas (277 participações) em representação da Zona Azul, Beja A.Clube, Bairro da Conceição, Castrense, JDNeves, Messejana e Entradense. No plano individual regista-se a marca do juvenil Diogo Luz (Neves), que bateu o seu próprio recorde distrital de lançamento de peso (cinco quilos), com 14,87 metros. Coletivamente venceu o CCD do Bairro da

Conceição, com 11 167 pontos.

Taça de portugal hóquei em patinsO Hóquei Clube de Grândola, única equipa alentejana em prova, vai jogar em casa com o Sporting de Tomar (2.ª Divisão), em partida a contar para a 3.ª eliminatória da Taça de Portugal. O jogo está marcado para o próximo dia 11, pelas 21 horas.

O Atlético Aldenovense organiza no

sábado o 2.º Torneio de Páscoa na

categoria de juvenis, evento que conta

com a participação das equipas do

Real Massamá, Desportivo de Belas,

Aldenovense e seleção sub/14 da AFBeja.

Aldenovense organiza

2.º Torneio de Páscoa

Nacional de Kayak Polo começou em Beja

Pagaia Sul aposta na formação

1.º C.N.Arcos Valdevez. 2.º C.D.Paço d’Arcos. 3.º C.C. Setúbal. 4.º C.C. Amora.

Classificação final:

5.º C.F.Coimbra. 6.º A.Pagaia Sul Beja. 7.º A.C.Fronteirense. 8.º C.D.Paço Arcos B.

9.º C.C. Amora B. 10.º A.Pagaia Sul B. 11.º Ferreira Ativa. 12.º C.F.Coimbra B.

Page 22: Ediçao N.º 1563

Diário do Alentejo6 abril 2012

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7800-544 Beja

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do Coração,

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Page 23: Ediçao N.º 1563

Diário do Alentejo6 abril 2012

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e Castro – Jaime Cruz Maurício

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Dr. Sidónio de Souza – Pneumologia/Alergologia/

Desabituação tabágica – H. Pulido Valente

Dr. Fernando Pimentel – Reumatologia – Medicina

Desportiva – Instituto Português de Reumatologia de

Lisboa

Dr.ª Verónica Túbal – Nutricionismo – H. de Beja

Dr.ª Sandra Martins – Terapia da Fala – H. de Beja

Dr. Francisco Barrocas – Psicologia Clínica/Terapia

Familiar – Membro Efectivo da Soc. Port. Terapia

Familiar e da Assoc. Port. Terapias Comportamental

e Cognitiva (Lisboa) – Assistente Principal – Centro

Hospitalar do Baixo Alentejo.

Dr. Rogério Guerreiro – Medicina preventiva –

Tratamento inovador para deixar de fumar

Dr. Gaspar Cano – Clínica Geral/ Medicina

Familiar

Dr.ª Nídia Amorim – Psicomotricidade/Educação

Especial e Reabilitação (difi culdades específi cas de

aprendizagem/dislexias)

Dr. Sérgio Barroso – Oncologia – H. de Beja

Drª Margarida Loureiro – Endocrinologia/

Diabetes/Obesidade – Instituto Português de

Oncologia de Lisboa

Dr. Francisco Fino Correia – Urologia – Rins e

Vias Urinárias – H. Beja

Dr. Daniel Barrocas – Médico Interno de Psiquiatria

– Hospital de Santa Maria

Dr. Carlos Monteverde – Chefe de Serviço de

Medicina Interna, doenças de estômago, fígado,

rins, endoscopia digestiva.

Dr.ª Ana Cristina Duarte – Pneumologia/

Alergologia Respiratória/Apneia do Sono – Assistente

Hospitalar Graduada – Consultora de Pneumologia

no Hospital de Beja

Dr.ª Isabel Martins – Chefe de Serviço de Psiquiatria

de Infância e Adolescência/Terapeuta familiar –

Centro Hospitalar do Baixo Alentejo

Dr.ª Paula Rodrigues – Psicologia Clínica – Hospital

de Beja

Dr.ª Luísa Guerreiro – Ginecologia/Obstetrícia

Dr.ª Ana Montalvão – Hematologia Clínica /

Doenças do Sangue – Assistente Hospitalar –

Hospital de Beja

Dr.ª Ana Cristina Charraz – Psicologia Clínica –

Hospital de Beja

Dr. Diogo Matos – Dermatologia. Médico interno

do Hospital Garcia da Orta.

Dr.ª Joana Freitas – Cavitação, Lipoaspiração não

invasiva,indolor e não invasivo, acção imediata,

redução do tecido adiposo e redução da celulite

Dr.ª Ana Margarida Soares – Terapia da Fala

- Habilitação/Reabilitação da linguagem e fala.

Perturbação da leitura e escrita específi ca e não

específi ca. Voz/Fluência.

Dr.ª Maria João Dores – Técnica Superior de

Educação Especial e Reabilitação/Psicomotricidade.

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Especial; Reabilitação; Gerontomotricidade.

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Page 24: Ediçao N.º 1563

Diário do Alentejo6 abril 2012

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Diário do Alentejo nº 1563 de 06/04/2012 Única Publicação

CÂMARA MUNICIPAL DE ALMODÔVAR

EDITAL N.°65/2012LOTEAMENTO INDUSTRIAL DE ALMODÔVAR

ALIENAÇÃO DE SEIS LOTESAntónio José Messias do Rosário Sebastião, Presidente da Câmara Municipal

de Almodôvar. TORNA PÚBLICO, que, em cumprimento da deliberação de 20.Mar.12, da

Câmara Municipal, no dia 03 de Maio de 2012, pelas 16 horas, na sala de reuniões no edifício-sede do Município, realizará uma hasta pública para arrematação de seis lotes, conforme consta na planta de síntese, os quais, respetivamente, apresentam seguintes áreas:

1.º – Ao presente procedimento, poderão concorrer quaisquer pessoas singulares ou coletivas, nacionais ou estrangeiras – desde que cumpram as normas e a legislação nacional em vigor residentes ou não no Município de Almodôvar;

2.º – Os concorrentes devem possuir capacidade legal para o exercício da ativi-dade económica e ou fi nanceira que pretendem Instalar no(s) lote(s) a adquirir;

3.º – Os lotes destinam-se à construção de edifícios para instalação de unidades industriais, ofi cinas, armazéns, serviços, comércio e outras atividades similares que, pelas suas características não se adequem a serem inseridas num contexto urbano, agrícolas ou de proteção ambiental;

4.º – Para as atividades que necessitem, para o seu desenvolvimento, de áreas de construção superiores, às previstas para cada lote, poder-se-ão agregar lotes contíguos, à exceção do n.° 3 e 8;

5.º – O preço base de licitação é de €20,00, por cada metro quadrado, não sendo admitidas licitações em lances inferiores a €0,50, por cada metro quadrado, sendo obrigatoriamente um lance, caso surja um só concorrente;

6.º – No ato de licitação o licitante que oferecer o preço mais elevado tem de proceder à liquidação de pelo menos 25% do preço total do(s) Lote(s), sendo o valor remanescente pago no acto da outorga da escritura de compra e venda;

7.º – A escritura de compra e venda será celebrada no prazo máximo de 60 dias;

8.º – A não celebração da Escritura de compra e venda referida no número anterior, por qualquer facto que de alguma forma possa ser imputável ao licitante, implica a perda do sinal e dos direitos que advenham da deliberação de alienação – em especial, e caducidade do direito à aquisição do lote pretendido;

9.º – Todas as despesas relativas à aquisição dos lotes são da única e exclusiva responsabilidade dos adquirentes;

10.º – As áreas de construção e de implantação são as defi nidas na planta de síntese anexa ao Regulamento e respetivo Plano de Pormenor do Espaço Industrial da Vila de Almodôvar;

11.º – A instalação de qualquer atividade está sujeita às normas urbanísticas resultantes do Plano de Pormenor do Espaço Industrial da Vila de Almodôvar, bem como às demais normas legais e regulamentares aplicáveis;

12.º – No prazo máximo de 180 dias a contar da data da outorga da escritura de compra e venda, o adquirente deve apresentar à Câmara Municipal pedido para autorização da edifi cação e a sua conclusão deve operar-se em conformidade com a calendarização proposta e anexa ao projeto de arquitetura;

13.º – Em caso algum, incluindo eventuais prorrogações, poderá o prazo de execução das obras ultrapassar os três anos, sob pena de reversão do(s) lote(s);

14.º – Os adquirentes obrigam-se a edifi car no lote alienado o projeto aprovado pela Câmara;

15.º – A identifi cação do lote, Implantação do imóvel e cumprimento das demais determinações constantes no Plano de Pormenor do Espaço Industrial da vila de Almodôvar serão necessariamente confi rmadas no local pelos serviços Municipais;

16.º – Qualquer alteração à fi nalidade para que forem adquiridos os lotes, carece obrigatoriamente de autorização expressa da Câmara Municipal, sob pena da aplicação no disposto ao artigo 17.° do Regulamento;

17.º – A Câmara goza do direito de preferência na transmissão do direito do adquirente, a qualquer título, sobre o lote, construções nele edifi cadas ou qualquer benfeitoria nele implantado;

18.º – Em tudo o omisso, no presente Edital, observar-se-á o disposto no Plano de Pormenor do Espaço Industrial proposto da Vila de Almodôvar – ampliação 1, e Regula-mento de Venda de Lotes na Zona Industrial de Almodôvar, que poderão ser consultados todos os dias úteis, durante as horas normais de expediente, no Serviço d Património da Câmara Municipal de Almodôvar, ou no site do Município de Almodôvar na Internet (www.cm-almodovar.pt). Para que não se alegue desconhecimento, mandei publicar este e outros de igual teor que vão ser afi xados nos lugares públicos do costume.

Município de Almodôvar, aos 6 de Março de 2012

O Presidente da Câmara,António José Messias do Rosário Sebastião

Diário do Alentejo nº 1563 de 06/04/2012 1.ª Publicação

PEDRO BRANDÃO

Agente de Execução

C.P. 3877

ANÚNCIOTribunal Judicial de Almodôvar – Secção ÚnicaAcção ExecutivaProcesso n.° 152/07.9TBADVExequente: Sociedade Industrial Alentejo e Sado, S.A.Executados: Mário Pereira Inácio

FAZEM-SE SABER que nos autos acima identifi cados se encontra

designado o dia 16 de Abril de 2012, pelas 11:00 horas, no Tribunal

acima identifi cado, para abertura de propostas que sejam entregues

até esse momento na Secretaria do mesmo, pelos interessados na

compra do seguinte bem:

Direito inscrito (usufruto) a favor do executado, no prédio urba-

no, descrito sob a inscrição 1632/20010228, da freguesia de Santa

Cruz, concelho Almodôvar, com o artigo matricial n° 1440, situado

em Dogueno.

O bem pertence ao Executado:

MÁRIO PEREIRA INÁCIO, NIF: 193133890, residente em Dogue-

no, em Santa Cruz, Almodôvar.

VALOR BASE: 7.500,00 €

Será aceite a proposta de melhor preço acima do valor de

5.250,00€, correspondente a 70% do Valor Base.

Nos termos do artigo 897° n.° 1 do CPC, os proponentes devem

juntar à sua proposta, como caução, cheque visado à ordem do agente

de execução, no montante correspondente a 20% do valor base do

bem, ou garantia bancária, no mesmo valor.

É Fiel Depositário que o mostrará a pedido o executado Mário

Pereira Inácio.

O Agente de Execução, Céd Prof. 3877

Pedro Brandão

Diário do Alentejo nº 1563 de 06/04/2012 1.ª Publicação

PEDRO BRANDÃO

Agente de Execução

C.P. 3877

ANÚNCIOTribunal Judicial de Moura – Secção ÚnicaAcção ExecutivaProcesso n.° 176/06.3TBMRAExequente: Banco Bilbao Vizcaya Argentaria Portugal, S.A.Executados: Ana Luísa Valério Pato Infante e outros

FAZEM-SE SABER que nos autos acima identifi cados se encontra

designado o dia 29 de Abril de 2012, pelas 09:45 horas, no Tribunal

acima identifi cado, para abertura de propostas que sejam entregues

até esse momento na Secretaria do mesmo, pelos interessados na

compra do seguinte bem:

Prédio urbano, propriedade horizontal, descrito sob a inscrição

2224/20090811 fracção B, da freguesia de Moura (S. João Baptista),

concelho Moura, com o artigo matricial n° 2484 - B, sito na Rua Eira

dos Caeiros, n.° 37-B.

O bem pertence aos Executados:

JOAQUIM JOSÉ PATO, NIF: 174760841 e MARIA JOSÉ VALÉRIA,

NIF: 174760833.

VALOR BASE: 66.000,00€

Será aceite a proposta de melhor preço acima do valor de

46.200,00€, correspondente a 70% do Valor Base.

Nos termos do artigo 897° n.° 1 do CPC, os proponentes devem

juntar à sua proposta, como caução, cheque visado à ordem do agente

de execução, no montante correspondente a 20% do valor base do

bem, ou garantia bancária, no mesmo valor.

É Fiel depositário que o mostrará a pedido os executados Joaquim

José Pato e Maria José Valéria, residentes na Rua Eira dos Caeiros,

n.° 37-A.

O Agente de Execução, Céd Prof. 3877

Pedro Brandão

Diário do Alentejo nº 1563 de 06/04/2012 1.ª Publicação

TRIBUNAL JUDICIAL DE CUBASecção Única

ANÚNCIO

Processo: 92-A/2001Divórcio Sem Consentimento do Outro CônjugeAutor: Etelvina Maria Correia SacristãoRéu: Vitor Manuel Janeiro Guerra

Nos autos acima identifi cados, correm éditos de 30 dias, contados

da data da segunda e última publicação do anúncio, citando o réu Vitor

Manuel Janeiro Guerra, com última residência conhecida em domicílio:

Rua da Parreira, N° 4, 7920-000 Alvito, para no prazo de 30 dias, decor-

rido que seja o dos éditos, contestar, querendo, a presente acção, com

a indicação de que a falta de contestação não importa a confi ssão dos

factos articulados pela autora e que em substância o pedido consiste

tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encontra

nesta Secretaria, à disposição do citando.

Fica advertido de que é obrigatória a constituição de mandatário

judicial.

Cuba, 30-03-2012

N/Referência: 553607

A Juiz de Direito,

Dr(a). Celine Alves

A Ofi cial de Justiça,

Ana Maria N. Sota C. Ildefonso

Diário do Alentejo nº 1563 de 06/04/2012 Única Publicação

ASSOCIAÇÃO DE SOLIDARIEDADE SOCIAL

“SEARA DE ABRIL”

CONVOCATÓRIA

Manuel Fernandes Guerreiro, Presidente da Assembleia-

Geral da Associação de Solidariedade Social “Seara de Abril”,

vem convocar todos os Associados desta Associação para

uma Assembleia-Geral extraordinária a realizar no próximo

dia 9 de abril de 2012, (segunda-feira), pelas 17:00 horas, no

Centro Cultural de Santa Bárbara de Padrões, com a seguinte

ordem de trabalhos.

Ordem de Trabalhos:

1. Alteração de Estatutos, art.° 3°, alínea a), d) e e); art.°

27°, n° 4.

Nota: Se à hora marcada não estiverem presentes o

número legal de sócios, a Assembleia-Geral reunirá 1 hora

depois com qualquer número de sócios.

Santa Bárbara de Padrões, 23 de Março de 2012.

O Presidente da Assembleia-Geral

Manuel Fernandes Guerreiro

ARRENDA-SEApartamento com 3 quartos, 2 casas de banho,

sala, cozinha, arrecadação, marquise e varanda,

todo mobilado.

Contactar pelo tel. 962484130

ASSINATURAPraça da República, 12 – 7800-427 BEJA • Tel 284 310 164 • E-mail [email protected]

Redacção: Tel 284 310 165 • E-mail [email protected] assinar o Diário do Alentejo, com início em _____________, na modalidade que abaixo assinalo:

Assinatura Anual (52 edições): País: € 28,62 Estrangeiro: € 30,32 Assinatura Semestral (26 edições): País: € 19,08 Estrangeiro: € 20,21

Envio Cheque/Vale Nº __________________ do Banco _____________________________________________

Efectuei transferência Bancária para o NIB 0010 00001832 8230002 78 no dia ________________

Pretendo receber uma factura pagável em qualquer Caixa Multibanco, ou banco online

Nome _______________________________________________________________________________________________

Morada _____________________________________________________________________________________________

Localidade _________________________________________________________________________________________

Código Postal _____________________________________________________________________________________

Nº Contribuinte ___________________ Telefone/Telemóvel _______________________________________

E-mail ______________________________________________________________________________________________

Para melhor conhecermos os nossos assinantes, seria útil termos a seguinte informação complementar:

Data de Nascimento ____________ Profissão _____________________________________________________

* A assinatura será renovada automaticamente, salvo vontade expressa em contrário * Cheques ou Vales Postais deverão ser endossados a:

AMBAAL – Associação de Municípios do Baixo Alentejo e Alentejo Litoral

Page 25: Ediçao N.º 1563

Diário do Alentejo6 abril 2012

institucional diversos 25

* Jóias da Beira – Arganil, Piódão,

Coja, Góis, Lousã, Arouce, Candal, Cas-

tanheira de Pêra, Pedrógão, Sertã, Dor-

mes – Dias 14 e 15 de Abril

* Visita a Mérida – Dia 15 de Abril

*”JUDY GARLAND – FIM DO ARCO-

ÍRIS” – Dia 15 de Abril – Teatro

Politeama

* ORA VIRA € TROIKA O PASSOS! –

Dia 15 de Abril – Teatro Maria Vitória

* Astúrias, Cantábria e Picos da Eu-

ropa – 21 a 25 de Abril

* Madeira – FESTA DA FLOR – De 21

a 25 de Abril

* Excursão ao Santuário de Fátima –

Dia 22 de Abril

* Barcelona – Capital do Mediterrâ-

neo – De 25 a 29 de Abril – Autocarro

* Feira de Sevilha – Dia 28 de Abril

* Nordeste Transmontano, Lagos de

Senábria com Cruzeiro Ambiental

no Rio Douro – De 28/4 a 1/5

* Arouca e São Macário – Dias 5 e 6

de Maio

* Sintra Monumental – Com visita

ao Palácio da Pena – Dia 6 de Maio

* Turquia – Visitando: Istambul;

Ankara, Capadócia, Pamukkale e

Éfeso – De 6 a 13 de Maio

* Lourdes, Andorra e Zaragoza – Por

ocasião da Peregrinação Militar – De

10 a 15 de Maio

* Feira do Cavalo de Jerez de La

Frontera – Dias 12 e 13 de Maio

* Celebração do 13 de Maio em Fá-

tima – Dias 12 e 13 de Maio

* Galiza – 17 a 20 de Maio - Visitando:

Sanxenxo - Grove - La Toja - Santiago

de Compostela - Corunha - Ponteve-

dra – Vigo

* CRUZEIRO “FIORDES DO NORTE” –

De 18 a 26 de Maio

* Rota dos Judeus em Portugal – 19 a

20 de Maio - Visitando: Castelo de Vide

- Sortelha - Sabugal - Serra da Malcata -

Belmonte – Guarda

* Cruzeiro no Alqueva – Dia 20 de

Maio

* Peñiscola e Gandia – De 26 a 31 de

Maio - Visitando: Peñiscola – Morella -

Benicássim - Oropesa del Mar -Valên-

cia - Gândia – Denia

* MONTE SELVAGEM E FLUVIÁRIO

DE MORA – Dia 27 de Maio

* Cruzeiros no Douro – VÁRIOS

PROGRAMAS DISPONÍVEIS TODO O

VERÃO!

* MOSCOVO E SÃO PETERSBURGO –

De 13 a 20 de Julho

* CRUZEIRO “LENDAS DO MEDITER-

RÂNEO” – De 28 de Setembro a 06 de

Outubro

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Diário do Alentejo nº 1563 de 06/04/2012 Única Publicação

CÂMARA MUNICIPAL DE BEJA

EDITALCONCESSÃO DE DUAS FRACÇÕES

NO PAVILHÃO DAS MICRO-EMPRESASNos termos das condições de cedência, sob a forma

de concessão, das Fracções nºs 4 e 11 do Pavilhão das

Micro-Empresas, no Parque Industrial de Beja, informam-

se os interessados que estão abertas as inscrições para

apresentação de candidaturas por um período de trinta

dias úteis após a publicação deste edital.

Para mais informações e consulta de documentos

com as condições de cedência e entrega das candida-

turas - 9h-12h30m / 14h – 17h30m

Gabinete de Planeamento e Desenvolvimento

Edifício dos Paços do Concelho

Praça da República

7800-427 Beja

Paços do Concelho do Município de Beja, 19 de

Março de 2012.

O Presidente da Câmara Municipal de Beja

Jorge Pulido Valente

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Diário do Alentejo nº 1563 de 06/04/2012 Única Publicação

COOPCASTRENSE – COOPERATIVA DE

CONSUMO POPULAR CASTRENSE, CRL

CONVOCATÓRIANos termos estipulados nos Estatutos e no Código

Cooperativo, convoco a Assembleia Geral da COOPCAS-TRENSE – Cooperativa de Consumo Popular Castrense, CRL, para reunir em sessão extraordinária, no dia 19 de Abril de 2012 (sexta-feira), pelas 21:00 horas, na sua sede, sita na Rua Alexandre Herculano, 11, em Castro Verde, com a seguinte ordem de trabalhos:

PRIMEIRO – Apreciação e votação de proposta da Direcção quanto ao futuro da Cooperativa, designadamente para a constituição de uma sociedade por quotas, nos termos do art.° 8.°. n.° 1 do Código Cooperativo.

SEGUNDO – Outros assuntos de interesse.NOTA: A Assembleia encontra-se legalmente constitu-

ída, quando se encontrarem presentes à hora marcada, o número legal de cooperadores estatutariamente previsto, ou trinta minutos depois, com a presença de qualquer número de cooperadores.

Castro Verde, 4 de Abril de 2012O Presidente da Mesa da Assembleia-Geral

Sebastião Colaço Canário

Page 26: Ediçao N.º 1563

Diário do Alentejo5 abril 2012

Funerária Central de Serpa, Lda.Rua Nova 31 A 7830-364 Serpa Tlm. 919983299 - 963145467

Cabeça Gorda

É com enorme pesar e soli-

dários na dor da família que

participamos o falecimento

do Sr. Mariano da Silva

Gonçalves de 68 anos.

O funeral a cargo desta

Funerária realizou-se no pas-

sado dia 30 de Março da

Casa mortuária de Cabeça

Gorda para o Cemitério local.

À família enlutada expres-

samos os nossos sentidos

pêsames.

necrologia26

CAMPAS E JAZIGOS

DECORAÇÃO

Rua de Lisboa, 35 / 37Beja

Estrada do Bairroda Esperança Lote 2

Beja (novo) Telef. 284 323 996 – Tm.914525342

[email protected]

DESLOCAÇÕES POR TODO O PAÍS

CONSTRUÇÃO CIVIL

“DESDE 1800”

AGRADECIMENTO

José Alves LealFaleceu em 04.03.2012

Esposa, fi lhos, noras, genro e

netos, na impossibilidade de o

fazer pessoalmente agradecem

por este meio a todas as pes-

soas que os acompanharam

neste momento de dor e partida

ou que de qualquer forma ma-

nifestaram o seu pesar.

Mais expressam o seu profun-

do reconhecimento ao pesso-

al de enfermagem do Serviço

de Medicina II do Hospital

de Beja, e Serviço de Apoio

Domiciliário da Fundação

Nobre Freire pelo apoio e aju-

da prestados durante a sua

doença e internamento.

Aldeia dos Elvas

Messejana

MISSA

Isabel do Rosário

Encarnação1º Ano de Eterna Saudade

Marido e fi lho participam a

todas as pessoas de suas

relações e amizade que será

celebrada missa pelo eter-

no descanso da sua ente

querida no dia 10/04/2012,

terça-feira, às 16.30 horas na

Capela de Santo António em

Aldeia dos Elvas, agradecen-

do desde já a todos os que

nela participem.

PARTICIPAÇÃO, AGRADECIMENTO

E MISSA DE 30.º DIA

Bernardino Simões dos SantosEsposa, fi lho e restante família participam o falecimento do

seu ente querido ocorrido no dia 09/03/2012, e agradecem re-

conhecidamente a todos os que o acompanharam à sua última

morada ou manifestaram o seu pesar.

Mais expressam o seu profundo agradecimento a todo o pes-

soal do Lar Nobre Freire em Beja pela maneira carinhosa como

sempre o trataram. Agradecem também a todo o pessoal do

Hospital de Dia em Beja, em especial ao Dr. Pedro Costa, Dra.

Cristina Galvão e toda a equipa dos Serviços Paliativos pelo

apoio e ajuda prestados durante a sua doença.

Será celebrada missa pelo seu eterno descanso no dia

09/04/2010, segunda-feira, às 18.30 horas na Igreja da Sé

em Beja, desde já agradecendo a todas as pessoas que nela

participem.

AGRADECIMENTO

E MISSA 30.º DIA

Evangelista

Leuquício MarquesFaleceu em 12/03/2012

Esposa e fi lhas na impossibi-

lidade de o fazer pessoalmen-

te agradecem por este meio a

todas as pessoas que acom-

panharam o seu ente querido

à sua última morada ou que

de outro modo manifestaram

o seu pesar.

Será celebrada missa pelo

seu eterno descanso no

dia 13/04/2012, sexta-feira,

às 18.30 horas na Igreja do

Carmo em Beja, agradecen-

do desde já a todos os que

se dignarem comparecer.

Serpa

PARTICIPAÇÃO

Manuel António Mestre

Faleceu a 02.04.2012

É com pesar que participamos

o falecimento do Sr. Manuel

António Mestre, de 73 anos,

natural de Serpa, solteiro. O

funeral a cargo desta Agência

realizou-se no dia 03/04/2012

pelas 12.15 horas, da Casa

Mortuária de Serpa para o

cemitério local.

Apresentamos à família as

cordiais condolências.

Serpa

PARTICIPAÇÃO

Maria Isabel Bentes Biscoito

Faleceu a 30.03.2012

É com pesar que participamos

o falecimento da Sra. D. Maria

Isabel Bentes Biscoito, de 52

anos, natural de Serpa, sol-

teira. O funeral a cargo desta

Agência realizou-se no dia

31/03/2012 pelas 12.00 horas,

da Casa Mortuária de Serpa

para o cemitério local.

Apresentamos à família as

cordiais condolências.

AGÊNCIA FUNERÁRIA SERPENSE, LDAGerência: António Coelho | Tm. 963 085 442 – Tel. 284 549 315 |

Rua das Cruzes, 14-A – 7830-344 SERPA

Olga Maria Martins32º Ano de Eterna Saudade

Querida mãe! Deixaste no

coração de cada um de nós

uma lembrança viva, e uma

afeição que jamais se apa-

gará das nossas vidas, e por

mais que o tempo passe não

vamos esquecer-te.

Dos teus fi lhos e netos

que te recordam

com muita saudade.

BEJA / BALEIZÃO

†. Faleceu o Exmo. Sr. FRANCISCO DA SILVA FERREIRA, de 83 anos, natural de Baleizão - Beja, casado com a Exma. Sra. D. Isilda dos Santos Caracóis. O funeral a cargo desta Agência realizou-se no passado dia 29 de Março, da Casa Mortuária de Baleizão, para o cemitério local.

BEJA

†. Faleceu o Exmo. Sr. FLORIVAL FERNANDO LANÇA, de 78 anos, natural de Salvador - Beja, casado com a Exma. Sra. D. Maria Antonieta Serra Martins Lança. O funeral a cargo desta Agência realizou-se no passado dia 30 de Março, da Igreja Paroquial do Carmo, para o cemitério de Beja.

CABEÇA GORDA

†. Faleceu o Exmo. Sr. MANUEL ANTÓNIO DA SILVA, de 84 anos, natural de Quintos - Beja, solteiro. O funeral a cargo desta Agência realizou-se no passado dia 30 de Março, da Casa Mortuária de Cabeça Gorda, para o cemitério local.

BEJA / SANTA CLARA DE LOUREDO

†. Faleceu o Exmo. Sr. ADRIANO DA SILVA ESPÍRITO SANTO, de 76 anos, natural de Santa Clara de Louredo - Beja, casado com a Exma. Sra. D. Maria Gertrudes Gonçalves. O funeral a cargo desta Agência realizou-se no passado dia 31 de Março, das Casas Mortuárias de Beja, para o cemitério de Santa Clara de Louredo.

NOSSA SENHORA DAS NEVES

†. Faleceu o Exmo. Sr. JOAQUIM ANTÓNIO PEREIRA RUAS, de 56 anos, natural de Nossa Senhora das Neves - Beja, casado com a Exma. Sra. D. Mariana Teresa Cascalheira Rosa Ruas. O funeral a cargo desta Agência realizou-se no passado dia 31 de Março, da Casa Mortuária de Nossa Senhora das Neves, para o cemitério local.

NOSSA SENHORA DAS

NEVES

†. Faleceu a Exma. Sra. D. CUSTÓDIA MARIA CORREIA, de 84 anos, natural de Nossa Senhora das Neves - Beja, casada com o Exmo. Sr. José Maria Luís. O funeral a cargo desta Agência realizou-se no passado dia 31 de Março, da Casa Mortuária de Nossa Senhora das Neves, para o cemitério local.

ALBERNÔA

†. Faleceu o Exmo. Sr. ANTÓNIO SILVA ALMEIDA, de 75 anos, natural de Entradas - Castro Verde, casado com a Exma. Sra. D. Maria Olinda Lampreia Almeida. O funeral a cargo desta Agência realizou-se no passado dia 31 de Março, da Casa Mortuária de Albernôa, para o cemitério local.

BERINGEL

†. Faleceu a Exma. Sra. D. MARIANA DA CONCEIÇÃO SEMPÃO, de 87 anos, natural de São João Baptista - Moura, viúva. O funeral a cargo desta Agência realizou-se no passado dia 31 de Março, da Casa Mortuária de Beringel, para o cemitério local.

BEJA

†. Faleceu o Exmo. Sr. ÂNGELO NICOLAU GALRITO DA SILVA, de 80 anos, natural de Salvador - Beja, viúvo. O funeral a cargo desta Agência realizou-se no passado dia 01 , da Igreja Paroquial do Carmo, para o cemitério de Beja.

SANTA VITÓRIA

†. Faleceu a Exma. Sra. D. ZIZINA DOS SANTOS JANEIRO MARQUES, de 77 anos, natural de Santa Vitória - Beja, casada com o Exmo. Sr. José Catarina Marques. O funeral a cargo desta Agência realizou-se no passado dia 2, da Casa Mortuária de Santa Vitória, para o cemitério de Ferreira do Alentejo, onde foi cremada.

BEJA

†. Faleceu a Exma. Sra. D. JUDITE D`ASSUNÇÃO ROSA, de 83 anos, natural de Cabeça Gorda - Beja, viúva. O funeral a cargo desta Agência realizou-se no passado dia 02, das Casas Mortuárias de Beja, para o cemitério desta cidade.

BEJA

†. Faleceu o Exmo. Sr. MANUEL JOAQUIM CAEIRO, de 79 anos, natural de Vila Nova da Baronia - Alvito, viúvo. O funeral a cargo desta Agência realizou-se no passado dia 02, das Casas Mortuárias de Beja, para o cemitério desta cidade.

CABEÇA GORDA

†. Faleceu a Exma. Sra. D. EMÍLIA MANCIOS COLAÇO, de 100 anos, natural de Salvada - Beja, viúva. O funeral a cargo desta Agência realizou-se no passado dia 03, da Casa Mortuária de Cabeça Gorda, para o cemitério local.

BEJA

†. Faleceu o Exmo. Sr. JOAQUIM MANUEL PICADO, de 91 anos, natural de Salvador - Beja, casado com a Exma. Sra. D. Maria Alice Rolim Picado. O funeral a cargo desta Agência realizou-se no passado dia 05, da Igreja Paroquial do Carmo, para o cemitério de Beja.

BERINGEL

†. Faleceu o Exmo. Sr. MANUEL ANTÓNIO DOS REIS, de 91 anos, natural de Beringel - Beja, casado com a Exma. Sra. D. Maria José Santana Brissos. O funeral a cargo desta Agência realizou-se no passado dia 05, da Casa Mortuária de Beringel, para o cemitério local.

Às famílias enlutadas apresentamos as nossas mais sinceras condolências.

Consulte esta secção em www.funerariapax-julia.pt

Rua da Cadeia Velha, 16-22 - 7800-143 BEJA Telefone: 284311300 * Telefax: 284311309

www.funerariapaxjulia.pt E-mail: [email protected]

Funerais – Cremações – Trasladações - Exumações – Artigos Religiosos

Page 27: Ediçao N.º 1563

Diá

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012

27A Biblioteca de Sines continua as suas leituras nas escolas, desta feita com a história “O

Conto dos Contos”, incluída no livro Histórias para Contar Consigo. Este livro de Margarida

Fonseca Santos e Rita Vilela “encerra episódios que falam sobre realidades e problemas

que conhecemos bem”, adiantam os responsáveis. A iniciativa “Conta-me histórias daquilo

que eu não li” destina-se a alunos dos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico e ensino secundário.

Mediante marcação.

“Conta-me histórias

daquilo que eu não li”em Sines

A página do Vitória já tinha falado deste

livro, mas como foi o grande vencedor

do prémio Ilustrarte 2012 com as ilustrações

de Valério Vidali, nós propomos-te um

jogo que consiste em descobrir em cada

imagem por onde anda o guarda-chuva

que um senhor deixou no autocarro.

Olhos bem atentos.

Dica da semanaNesta altura em que somos inundados por ovos de choco-late resolvemos dar-te uma dica para decorares os teus ovos. Vais precisar de ovos, um pincel pequeno, folhas ou pequenas ervas que tenham um recorte bonito, corante ali-mentar, vinagre e uma meia de nylon.Começas por esvaziar o ovo fazendo dois pequenos orifí-cios, depois basta soprar por um dos buracos e vais ver o conteúdo a sair pelo outro orifício. Lava bem e deixa secar. Com um pouco da clara que saiu do ovo, pincela as folhas que queres que decorem o teu ovo. A clara vai funcionar com uma espécie de cola. Coloca o ovo com cuidado den-tro da meia de nylon e mergulha num preparado com duas colheres de vinagre e uma colher de corante por cerca de cinco minutos. Deixa secar e depois é só retirar a folha.

A páginas tantas ...Sobe e Desce é mais um livro de Oliver Je-ffers que a Orfeu Mini publica, depois de O incrível rapaz que comia livros, O coração e a garrafa e Perdido e achado, que é um pouco o antecessor deste novo livro.Sobe e Desce oferece-nos uma vez mais este mundo mágico criado à volta daquelas duas personagens, o menino e o pinguim.A história conta-nos como partilhavam as horas, os minutos e os segundos juntos, mas chegou um momento em que o pinguim quis estender as asas e voar. Assim começa a aventura dos dois amigos, estendendo-se por locais pouco prováveis como o aeroporto e um espectáculo de circo ambulante. Entra tu também nesta aventura.

Page 28: Ediçao N.º 1563

Diá

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012

Boa vidaComer Bacalhau frito com migas de couve-florIngredientes para 4 pessoas:800 gr. de lombos de bacalhau graúdo demolhado,100 gr. de farinha de trigo,q.b. de azeite,4 dentes de alho,200gr. de couve flor,400 gr. de miolo de pão do dia anterior,2 dentes de alho,1 gema de ovo,q.b. de sal,q.b, de pimenta branca,1 molho de coentros picados.

Confeção:Corte o bacalhau em quadra-dos e enxugue em papel de cozi-nha. Passe pela farinha e frite em azeite bem quente com os alhos inteiros.Leve ao lume um tacho com água e quando começar a ferver junte a couve-f lor. Deixe cozer. Retire e pique. Reserve a água da cozedura.Coloque o pão numa tigela e hu-medeça com um pouco de água da cozedura da couve-f lor. Desfaça com as mãos.Num tacho aloure em azeite os alhos picados. Junte o pão hu-medecido e a couve-f lor picada. Envolva tudo com a gema e os coentros picados. Retifique o tempero.Bom apetite….

António Nobre Chefe executivo de cozinha – Hotéis M’AR De AR, Évora

LetrasO que nós vemos, o que nos olha

O que nós vemos, o que nos olha, publicado ori-ginalmente em França

em 1992, foi alvo de tradu-ção cuidada por Golgona e João Pedro Cachopo e de uma belís-sima edição – a primeira feita em Portugal de uma obra de Didi-Huberman – pela Dafne, no âmbito do projecto Imago.

Quanto à obra, aborda a Arte Minimal procurando en-tender o “dilema do visível” disposto por objectos específi-cos. Freud, Merleau-Ponty, Aby Warburg, Walter Benjamin, Carl Eistein, são alguns dos autores que Huberman con-voca para a contestação da tra-dição iconográfica que preten-deu dar conta do visível através de uma abordagem cientifista da obra de arte. A análise de-senvolve-se a partir de duas constatações: a de que as ima-gens são ambivalentes e isso é inquietante; e a de que o acto de ver cria um vazio insuperá-vel. Perante esse vazio, o autor detecta duas atitudes: a do ho-mem da crença; que quer ver sempre coisas para além do que vê e a do homem da tauto-logia, que “não vê” nada além do que vê. É a partir destas ati-tudes que o autor analisa as abordagens que construíram o saber sobre as obras de arte.

Historiador de arte, f iló-sofo, professor de antropo-logia visual, Georges Didi-Huberman é um dos mais importantes pensadores con-temporâneos sobre a imagem e defende uma atitude interpre-tativa que integre a complexi-dade da imagem mas também a sua natureza ética e política.

Maria do Carmo Piçarra

FilateliaDia do Estudante em Coimbra

No dia 24 de março comemo-rou-se o Dia do Estudante, instituído para homenagear

os estudantes portugueses. Este ano comemorou-se o cinquentenário so-bre a crise académica de 1962, que teve um grande impacto nas universi-dades de Lisboa e Coimbra.

Esta iniciativa surgiu no seio do movimento associativo, que sentiu necessidade de celebrar esta impor-tante data e conquista que foi o 24 de março de 1962, tanto para os estudan-tes como para o País.

As celebrações foram organizadas pela comissão organizadora, consti-tuída pela AAC, Federação Académica do Porto, AA Universidade do Minho, AAUAveiro, AAUTrás-os-Montes e Alto Douro, AAUÉvora, Associação de Estudantes do Instituto Superior Técnico – Universidade Técnica de Lisboa, Federação Nacional das Associações de Estudantes do Ensino Superior Politécnico e Federação Nac iona l do E nsi no Super ior Particular e Cooperativo, que preten-deu fazer um reencontro de gerações que, apesar de viverem tempos dife-rentes, lutaram sempre por uma causa comum: os estudantes.

Foi usado nesse dia um carimbo comemorativo da efeméride, em Coimbra, editado pelos CTT, que fun-cionou num posto de correio tempo-rário no edifício da AAC.

Este posto de correio contou com a organização dos CTT – Correios de Portugal, secção filatélica da AAC e direção geral da AAC. A primeira obliteração do carimbo foi feita pelo presidente da AAC, Ricardo Morgado, e por vários outros dirigentes associa-tivos das academias do País, que en-dereçaram uma carta ao senhor mi-nistro da Educação e da Ciência, Nuno Crato, fazendo um convite para que conhecesse as debilidades de fun-cionamento das instituições de ensino superior em Portugal, comparando algumas dificuldades hoje sentidas com as de 1962. Essa carta seguiu en-tão com o carimbo comemorativo em causa.

As atividades da secção filatélica podem ser seguidas em http://sfaac-f ilatelia.blogspot.com/ ou na pá-gina http://filatelica.aac.uc.pt/

Geada de Sousa

Georges Didi-HubermanDafne EditoraPVP: 32 euros255 págs.

28 O Gizmo é um cão de porte pequeno, com cerca de cinco quilos. É muito

simpático e sociável com pessoas e cães. É ainda jovem, com menos de dois anos.

Parece não ter problemas de saúde, exceto o facto de coxear um pouco de uma

patinha de trás, devendo-se isso a uma fratura antiga já solidificada. Venham

conhecer este amigo de quatro patas ao Cantinho dos Animais de Beja.

Será vacinado e desparasitado antes da adoção. Contactos: 962432844;

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O mundo do vinho em 10 artigos

A guarda do vinho

5Há muitas analogias entre o envelhecimento hu-mano e o envelhecimento de um vinho. Há corpos com debilidades estruturais que sucumbem em pou-

cos anos; outros há que atingem o fulgor numa idade média e depois têm um declínio acelerado. A todos impressiona aquele idoso cuja vida foi merecedora do respeito e admi-ração de uma comunidade; ou aqueles seniores cuja juven-tude interior perpetua a sua presença. Também a evolução de um vinho está relacionada com a sua elaboração, educa-ção e “sorte” durante a guarda. Ao nível visual o efeito da

micro-oxidação dos pigmentos corantes sugere a junção cumulativa de capas da cor amarela, resultando na evolução do vermelho azulado dos tintos, para o cas-tanho de tijolo. Nos brancos, os esverde-ados darão lugar aos âmbares dourados.

Quem tiver o gosto de criar uma gar-rafeira, seja ela o espaço esconso do vão da escada ou uma cave labiríntica, deve lançar-se ao projeto com regras e disci-plina. Mantenha um registo, desde a pri-meira garrafa, com a identificação mí-nima do produto. O local e a data de compra podem vir a ser importantes na eventualidade de surgir uma garrafa de-feituosa. A luz deve estar continuamente ausente da sua cave, visto que existem in-terações fisico-químicas entre os raios so-lares e o vinho em garrafa. Curiosamente a poeira tem um papel protetor. É comum falar-se da bondade da guarda horizontal da garrafa. É certo que a manutenção de um equilíbrio entre as humidades exte-rior e interior numa rolha de cortiça, con-tribui para a existência de uma troca ga-sosa mais homogénea entre o vinho e o pouco ar que com ele contacta através da abertura da garrafa. É necessário, porém, que no momento da rolhagem da garrafa, esta operação não tenha deixado vincos longitudinais na cortiça e, ainda, que o produtor tenha deixado, por um perí-odo generoso, a garrafa na vertical para que a rolha recupere da compressão for-çada a que é sujeita durante a sua coloca-ção. Também há quem aponte que a inte-gridade da rolha diminui com o contacto prolongado com o líquido. Outro facto ainda não provado cientificamente é que a evolução sensorial do vinho seja dife-rente em função da posição da garrafa durante a guarda.

Deixo para o final o fator mais im-portante para a boa longevidade da guarda: garanta uma temperatura es-tável ao longo de todo o ano, se possível natural, entre 11ºC e 13ºC. Para não se preocupar mais com humidade, coloque um recipiente com água na sua garra-feira e vá preenchendo o volume gasto.

Aníbal Coutinho

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Um dos vinhos

que mais me

impressionou na

recente prova cega

que deu origem ao

meu “Guia Popular de

Vinhos, edição 2012”,

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Cetera, de 2010.

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Petiscos

A Páscoa

A Páscoa é tempo de renovação. Celebra-se a ressurreição de Cristo, o Filho de Deus que perde na cruz, finalmente, a sua identidade

humana. Com tremendo sofrimento, martirizado toda a noite com um chicote romano, de pontas metálicas, mais uma coroa de espinhos rudemente cravada, olhando moribundo a Cidade Santa de Jerusalém, entrega o seu corpo e alma ao Criador.

Até há pouco duvidou – “Senhor, Senhor, por que me abandonaste?” – mas agora o espí-rito apaga-se. Já não é um homem, agora é Deus. Para quem acredita este é um momento único, está presente o fundamento da crença num Deus único, omnipotente e misericordioso. Eterno, ele e cada um dos frágeis e efémeros mortais que todos nós somos.

A geração a que pertenço, na minha famí-lia, ia à cerimónia que antecedia o ressuscitar de Jesus, sábado à noite. As igrejas, por dentro, es-tavam tapadas com panos roxos, imensos e on-dulantes, tapando as capelas das naves laterais, o altar-mor, o Sacrário e tudo quanto pudesse ref letir um dourado, por ténue que fosse.

Cheirava a cera. Nós assistimos às solenida-des fúnebres dos mortos da nossa família desde muito cedo. Achava-se, ao tempo, que assim de-veria ser. O convívio com os defuntos valorizava a vida. Sabíamos portanto que o cheiro destes enormes cirios, entrosava com o fim, a morte.

À meia-noite tocavam as campainhas, muitas e com desmedido alvoroço. Ressuscitou. Caíam os panos, apagavam-se as velas e sobrenadava um nuvem de fumo. A Ana – a Ana do Quirino Sioga, que saudade – inclinava-se sobre mim e sussurrava-me ao ouvido: “Menino, se a sua mãe o vê a brincar com a cera derretida dá-lhe uma sova”. Eu insistia em fazer uma cascata com um fio da estearina mole, enquanto os senhores pa-dres, bispo, diáconos, seminaristas e f iéis em geral cantavam desalmadamente hinos e cânti-cos que, confesso, há muito esqueci.

No dia seguinte era o almoço. Aquilo fun-cionava mais ou menos como um relógio suíço. Era ensopado de borrego, dito borrego à pastora, com ervilhas guisadas, à parte, e salada de al-face cortada muito fina em juliana. O ensopado tinha também as cabeças e os nossos primos que vinham de Lisboa ficavam bastante impressio-nados, sobretudo, claro, com os olhos.

O borrego era arranjado, tirando-se-lhe bas-tante gordura e partia-se em pequenos troços. Deitava-se, em panela de ferro, azeite, dentes in-teiros de alho, um por quilo de carne limpa, e louro. Fritava um pouco, não muito. Juntava-se a carne que passava por um primeiro aqueci-mento forte. Seguidamente punha-se-lhe uns golos de água, não muita, e deixava-se cozinhar em lume médio. Espumava-se com frequência, quanto mais gordura se tivesse tirado ao princí-pio, menos precisa de ser espumado agora. É im-possível ser mais simples.

Era a Páscoa, Deus existe.

António Almodôvar

À meia-noite tocavam as campainhas, muitas e com desmedido alvoroço. Ressuscitou. Caíam os panos, apagavam-se as velas e sobrenadava um nuvem de fumo. A Ana – a Ana do Quirino Sioga, que saudade – inclinava-se sobre mim e sussurrava-me ao ouvido: “Menino, se a sua mãe o vê a brincar com a cera derretida dá-lhe uma sova”.

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Fernando Tordo, Carlos Mendese Filipa Pais, em Serpa, no domingo

Trio emblemático reinterpreta

temas de sempre

História do jazz no espaço Oficinas Arranca hoje, sexta-feira, no espaço Oficinas, em Aljustrel, o curso livre de iniciação à história do jazz “Jazz de A a Z”. A ação, que decorrerá até 4 de maio estruturada em oito sessões, sempre às sextas-feiras, é mi-nistrada por António Branco, dinamizador do Clube de Jazz do Conservatório Regional do Baixo Alentejo. A primeira sessão, pelas 21 e 30 horas, abordará o tema “Dos campos de algodão a Nova Orleães”.

“Um homem, uma guitarra, uma voz”. É o que promete o escritor, poeta, músico e compositor Alexandre

Dale no espetáculo agendado para a noite de hoje, quinta-feira, a partir das 22 horas, no Cineteatro

Grandolense. O concerto, que tem por título “A canção vem da alma”, inaugura uma espécie de novo ciclo

“na forma de ver, de sentir e de dar a sentir o palco”, como declara o artista, que exalta o mesmo objetivo

de sempre: “alcançar um ponto de celebração semelhante a uma liturgia da beleza”, através da “partilha

direta, sem pose, sem falácias”, dando primazia à música, “o mais pura que for possível”. O espetáculo

tem entrada livre e surge integrado no programa das comemorações do 25 de Abril em Grândola.

Cançõesde Alexandre

Dale em Grândola

30

Fim de semana

Noite Retro n’Os Infantes Em Sábado de Aleluia, dia 7, o espaço

Os Infantes regressa outra vez no tempo

para mais uma Noite Retro, desta feita

conduzida pelo “passador de música”

Tó Ramela. Rock alternativo, hits

pop dos anos 80 e 90, rock tuga, hard

rock, disco sound, funky e soul são as

sonoridades propostas a quem quiser

passar a Páscoa a dançar. A iniciativa

é da companhia Lendias d’Encantar,

que dinamiza o espaço bejense.

“Memorial” é um novo espetáculo que junta em palco três vozes emblemáticas de duas diferentes gerações: Fernando

Tordo, Carlos Mendes e Filipa Pais. No palco da praça da República, em Serpa, num concerto agendado para as 22 horas de domingo, 8, o trio vai percorrer canções que fazem parte da memória coletiva dos portugueses e que aqui se cantam de “uma forma única”, além dos iné-ditos criados propositadamente para o espetáculo. “Os Biombos Namban”, composto por Fernando Tordo sobre um poema de Sofia de Mello Breyner, e “Parlami d amore Mariù”, canção celebrizada por Vittorio de Sica nos anos 30, são apenas alguns dos temas que fazem parte do ali-nhamento, além de “O Troikas”, inédito dedicado à atu-alidade nacional, e “Nasceu assim, cresceu assim”, fado composto por Fernando Tordo a partir de um poema de Vasco Graça Moura. “Memorial” tem ainda a parti-cularidade de oferecer, pela primeira vez em palco, um Fernando Tordo que se desdobra nos acompanhamentos à guitarra, harpa e ukulele, instrumento que terá sido levado por um português da Madeira para o Hawai, em meados do século XIX.

“Surpreendente, tanto musical como cenicamente”, este concerto promete ser um dos momentos altos das festas em honra de Nossa Senhora de Guadalupe, que ar-rancam amanhã, 6, e terminam no dia 10.

Exposição“Luz e sombras” em Ourique De “Luz e sombras” se faz o trabalho

pictórico de José Goulão de Oliveira,

uma primeira mostra inaugurada

recentemente na Biblioteca Municipal

de Ourique e patente até ao próximo

dia 27. A exposição é uma das

iniciativas previstas no âmbito das

celebrações do segundo aniversário

daquele equipamento, e pretende

mostrar publicamente o que faz nos

seus tempos livres este professor de

Educação Física, de 54 anos e “sem

estudos específicos na área”, que elege

como referências maiores Maluda, Júlio

Pomar, Paula Rego ou Júlio Resende.

Para visitar na sala polivalente.

Eduardo Santos Nevesno Fórum Municipal de Castro Patente até terça-feira, dia 10, no Fórum

Municipal de Castro Verde, a exposição

“Narrativa do Nosso Universo Pintado”,

de Eduardo Santos Neves, é uma boa

sugestão para o fim de semana pascal.

“Naturezas mortas, frutos, paisagens,

objetos de uso, um corpo despido,

morfologias do homem e mulher, os

animais, uns sapatos vermelhos, a

expressão corpórea do amor, mãos que

se multiplicam, mãos magoadas em

pintura, uma simples cadeira vazia”,

são os registos oferecidos pelo artista

plástico nestas telas “impregnadas de

metáforas”, precisamente para que

daí floresçam “novas narrativas”.

De segunda a sexta, entre as 9 e as 12

e 30 horas e das 14 às 19 e 30 horas;

aos sábados, das 9 às 13 horas.

Tertúlia sobre poesia contemporânea na biblioteca Percorrer os “Caminhos da poesia

contemporânea portuguesa” é o desafio

que é lançado hoje, quinta-feira, a

partir das 21 e 30 horas, pela Biblioteca

Municipal de Beja, no âmbito da

programação Abril – Mês do Livro e da

Leitura. Para a tertúlia, dinamizada por

António Carlos Cortez, convidam-se

os poetas Gastão Cruz e Maria Teresa

Horta, ambos autores do movimento

poético Poesia 61, nome que saiu de

uma revista efémera publicada em Faro

por cinco jovens nos idos anos 60.

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facebook.com/naoconfirmonemdesminto

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cÂmara de beja

atribuirÁ

medalhas de mÉrito

atravÉs de sorteio

de rifas

Com o objetivo de evitar polémicas como a do ano passado, a Câmara de Beja decidiu atribuir as medalhas de mérito da cidade atra-vés de um método aleatório: o sorteio de rifas. Ao que apurámos, qualquer um pode comprar uma rifa e habilita-se a uma medalha de mérito como primeiro prémio. O segundo prémio é uma inesquecível viagem de expresso até ao Pulo do Lobo, sendo que o ven-cedor terá de pagar o bilhete de volta, e o terceiro é um pacote de amêndoas com recheio de chocolate. Para fazer face à crise de te-souraria, a autarquia está a equacionar ainda vender as medalhas do ano que vem no eBay.

Pais proíbem música infantil com referência ao Despertar e ao Desportivo de Beja pois os miúdos nunca os viram ganhar

Na Ericeira uma professora ensinou os alunos a cantar uma nova versão da

música “Atirei o pau ao gato”, que terminava com a rima “batata frita/viva

o Benfica”, o que indignou muitos portistas não só pelo conteúdo, mas tam-

bém pela métrica. Ao que a nossa página conseguiu apurar, professoras da ci-

dade de Beja também fizeram uma versão da música “Doidas andam as gali-

nhas”, com referências ao Desportivo de Beja e ao Despertar, o que indignou

muito alguns pais: “Achamos isto uma pouca-vergonha! Músicas infantis com

referências a clubes que lutam para ficar a meio da tabela? Por amor de Deus!

Ainda se fosse com referências a outros clubes alentejanos como a Zona Azul,

o Barcelona ou a Juventus, ainda se aceitava… Muitos dos miúdos nunca os

viram ganhar, sequer”. Revelamos aqui os versos da música da polémica:

“Doidos, doidos, doidos andam os adeptos

Dos clubes da nossa linda região…

Pagam, pagam, pagam, as quotas na sede

Para, para, para, descer d’escalão.

Arrebita a crista o rival garboso,

Com Despertar e Desportivo pelo chão,

E todo emproado acha-se estiloso,

Apanha nas ventas pr’a não s’armar em cão”.

Grupo Cameirinha celebra décadas de existência e relembra o primeiro negócio: a venda de pedras para o Castelo de Beja

O grupo Cameirinha celebrou no passado dia 1 mais um aniversário da

sua atividade empresarial. Ao que apurámos, o grupo liderado pelo co-

mendador Cameirinha tem prevista uma série de atividades que per-

mitirão conhecer um pouco mais

da sua história – destaque para

uma exposição que incluirá tape-

çarias com imagens que revelam

a venda de pedras para a constru-

ção do Castelo de Beja (que esteve

para se chamar Castelo Melius),

negociadas pelo próprio Leonel

Cameirinha. Serão também dispo-

nibilizadas para consulta as fatu-

ras de ovos vendidos ao Convento

da Conceição, assinadas pelo pró-

prio comendador e pelo Infante D.

Fernando, fundador do convento –

segundo consta, Cameirinha, que

sempre teve olho para o negócio, terá aproveitado o surto de peste ne-

gra que afetou as galinhas do reino para se tornar importador de ovos do

Extremo Oriente.

Inquérito Fez jejum durante esta Páscoa?

RAIMUNDO PENTECOSTES, 93 ANOS

Construtor de crucifixos com fósforos usados

Fiz jejum durante a Páscoa, sim senhor. E também fiz sem ser na

Páscoa, em janeiro e em maio… Também em setembro, outubro,

novembro e dezembro… E houve ali alturas, no resto do ano, em

que jejuava dia sim, dia não. Se sou muito religioso? Nem por isso,

não há é muito dinheiro para comprar comida. No talho costumam

vender borrego inteiro ou metade, mas este ano só consegui com-

prar os cascos… sempre dá para fazer um ensopado com cheiro a

borrego, porque carne nem vê-la. Mas também é melhor assim por-

que a placa partiu-se e já não tenho cola bostik para a arranjar.

HERMÍNIA OVOS DA PÁSCOA, 71 ANOS

Pessoa que acha que Gomes Aires

é a localidade gémea de Buenos Aires

Como crente, é claro que jejuei. É muito simples jejuar, as pessoas

fazem disso um bicho de sete cabeças, mas na realidade é muito fá-

cil: de manhã levanto-me e tomo o pequeno-almoço. Depois é só je-

juar até à uma da tarde. Almoço e jejuo até ao lanche. De noite, uma

torrada e jejuo a noite todinha. Pronto, custa um bocado, mas o que

tem de ser tem muita força!

XAVIER SEXTA-FEIRA SANTA, 18 ANOS

Coelho da Páscoa suicida e promotor da petição

que pretende banir o programa “BBC, Vida Selvagem”

Costumo jejuar mas este ano estou-me nas tintas. Estou farto disto

tudo e do desrespeito que há pelos coelhos!! Lá pelo facto do ape-

lido do primeiro-ministro ser Coelho, não metam todos no mesmo

saco… E deixem-se de trocadilhos do tipo “Oh coelho, sai da toca”…

Isso é um estereótipo completamente ultrapassado. Um coelho de

classe média já consegue viver numa cave espaçosa. É hora da vin-

gança! Já comi os ovos da Páscoa e vou lutar pela dignidade dos coe-

lhos do mundo inteiro. Esta é pelo meu primo Ernesto que está em-

balsamado no retiro de caçadores de Santa Vitória.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros recusou a candidatura do

cante, em detrimento da candidatura da dieta mediterrânica – como

vingança, já corre no Facebook um movimento que aconselha os alen-

tejanos a comer comida do McDonald’s e pizzas congeladas, enquanto

a candidatura do cante não avançar, como forma de protesto. Após me-

ses de trabalho, a candidatura vê o seu esforço ir por água abaixo pou-

cos dias antes da entrega da documentação necessária. Fonte ligada

ao processo relatou o sentimento que impera no seio da candidatura:

“Isto para nós é, sem dúvida, uma reminiscência dos tempos de escola.

Faz lembrar aqueles professores que desmarcavam um teste à última

da hora só porque não tinham preparado a prova convenientemente.

Só é pena é que, ao contrário do meio escolar, em que é possível furar

os pneus do carro do professor ou mesmo incendiar o docente, os res-

ponsáveis da candidatura do cante não queiram entrar em atitudes

vingativas. Ainda houve quem tivesse espalhado o boato de que que-

ríamos colocar uma bomba no carro do MNE ou roubar a coleção de bo-

nés que Portas usa quando visita feiras agrícolas e mostra os pelos do

peito com uma camisa Ermenegildo Zegna estrategicamente desabo-

toada, mas somos demasiado pacíficos para pensar em retaliações...”.

Fonte do MNE relatou-nos, contudo, que Portas não está convencido

da boa vontade da candidatura alentejana e já colocou o segurança a

ligar o carro, receando a existência de um engenho explosivo, e a co-

mer em primeiro lugar um chouriço de porco preto de Barrancos pare-

cido com um terrorista da Al-Qaeda.

Negócios Estrangeiros chumbam candidatura do cante:Paulo Portas já pôs um segurança a ligar o carro

Candidatura do cante

desmente

categoricamente

qualquer

espírito de vingança.

Antepassados do comendador

terão sido responsáveis

pelo transporte de materiais

para a construção

da Torre de Babel.

Page 32: Ediçao N.º 1563

Nº 1563 (II Série) | 6 abril 2012

RIbanho POR LUCA

FUNDADO A 1/6/1932 POR CARLOS DAS DORES MARQUES E MANUEL ANTÓNIO ENGANA PROPRIEDADE DA AMBAAL – ASSOCIAÇÃO DE MUNICÍPIOS DO BAIXO

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Impressão Empresa Gráfica Funchalense, SA | Distribuição VASP

www.diariodoalentejo.pt

Para hoje, sexta-feira, estão previstos aguaceiros em toda a região. A temperatura vai oscilar entre os cinco e os 13 graus centígrados. Amanhã, sábado, o céu deverá estar pouco nublado e no domingo são esperadas nuvens.

António Zambujo apresentou novo álbum em LisboaO fadista bejense António Zambujo apresentou na segunda-feira, em Lisboa, o álbum “Quinto”, que definiu como a “confirmação dos caminhos musicais já trilhados”. Em declarações à Lusa, Zambujo afirmou que, neste álbum, “sente-se uma ligeira aproximação ao fado”. António Zambujo garantiu que o triângulo musical formado pelo Alentejo, Brasil e o Fado “é para manter” e, neste sentido, este CD “é uma confirmação de caminhos trilhados”, mas “em termos de influências haverá sempre adições e nunca subtrações”. O álbum, com a chancela da Universal Music, mantém na equipa autoral nomes que anteriormente colaboraram com o músico como Maria do Rosário Pedreira, João Monge, Ricardo Cruz, Rodrigo Maranhão, Márcio Faraco, José Eduardo Agualusa e um estreante, Pedro da Silva Martins, membro dos Deolinda, que assina “Queria conhecer-te um dia” e “Algo estranho aconteceu”. Referindo-se aos autores habituais, Zambujo disse: “Temos todos uma relação saudável, eles conhecem bem a minha maneira de cantar e as temáticas que eu gosto”. António Zambujo, por seu turno, assina a música de “Flagrante”, com letra de Rosário Pedreira, e “Noite estrelada”, de João Monge. “Quinto” – porque é o quinto álbum do intérprete, que conta já no seu palmarés com um Prémio Amália para Melhor Fadista – integra 14 temas, metade deles gravados

ao vivo em janeiro, no Centro de Artes de Sines.

Alentejo adere à Semana Gastronómica do BorregoMais de uma centena de restaurantes do Alentejo

participam numa semana gastronómica dedicada

aos pratos de borrego, numa tentativa de combater

as dificuldades sentidas pelo setor da restauração.

Trata-se de uma iniciativa da Turismo do Alentejo,

a decorrer durante a quadra festiva da Páscoa,

até dia 9, para divulgar a restauração da região, a

qualidade gastronómica e a excelência dos produtos

endógenos. “Aproveitando o facto de o borrego ser

tradicionalmente consumido na quadra da Páscoa,

esta é uma oportunidade para os restaurantes

aderentes darem a provar a excelência deste

produto gastronómico, não só aos residentes, mas

também aos visitantes que se deslocam ao Alentejo

nesta época”, explicou Ceia da Silva, da ERT.

Ao celebrar um quarto de século de trabalho de palco, o ator Paulo Duarte, há vários anos a residir

em Beja, abalança-se no desafio de pôr em palco “Ode Marítima”, um dos poe-mas mais marcantes do heterónimo pes-soano Álvaro de Campos. A estreia é já na próxima quarta-feira, 11, na Biblioteca Municipal de Beja, a partir das 21 e 30 ho-ras, e promete dar corpo à “aventura inte-rior” do engenheiro naval, viajante e cos-mopolita, quase como se de “um ritual xamânico” se tratasse.

Está a preparar uma encenação da

“Ode Marítima”, de Álvaro de Campos

(Fernando Pessoa). Porquê este texto; há

nele alguma mensagem em concreto que

queira transmitir?

Porque quero contribuir para a divulga-ção da obra de um dos maiores poetas do século XX e que para além disso é portu-guês. E considerei que, ao celebrar 25 anos de profissão, reunia a experiência neces-sária para levar a cabo este desafio que as-senta num grande domínio da palavra em palco. E também porque o tema do poema é o mar, que me é caro (nasci e cresci entre o Tejo e o Atlântico), com todo o seu uni-verso mítico e fabuloso, paisagístico e so-ciológico e o drama humano que aí se de-senrola. Num estilo torrencial, que nos assalta com toda uma série de imagens, perceções de coisas marítimas (cais, bar-cos, brinquedos de infância, praias, por-tos, continentes, marinheiros, piratas, etc.). Não há, no entanto, nenhuma men-sagem concreta. Apenas a crença em que o teatro é mais eficaz a levantar questões que a dar respostas e é capaz de estimular a reflexão.

Quais são as dificuldades e os desafios

que se apresentam a um ator que decide

Paulo Duarte 44 anos, natural de Almada

Formado pela Escola de Atores da Companhia de Teatro de Almada, dirigida por Joaquim Benite, faz a sua estreia como ator profissional em 1986. Trabalhou também como encenador, dramaturgo, professor, produtor, cenógrafo e figurinista, tendo passado por companhias como O Bando, Teatro da Rainha, Teatro da Politécnica, Teatro Nacional D. Maria II, Baal 17, Lendias d’Encantar, Arte Publica, Flying Fish (Amsterdão), Grupo Harém Teatro (Brasil) e Teatro Extremo, do qual foi fundador e codiretor artístico até 2001. Entre os muitos autores que interpretou destacam-se Bertolt Brecht, Samuel Beckett, Moliére, Pirandelo, Óscar Wilde e Dario Fo.

pôr em cena um texto desta natureza e

ainda mais sozinho em palco?

A primeira dificuldade reside no facto de não ser um texto dramático, e que procura no “teatro do êxtase” de Pessoa – onde a ação é de facto interior e o texto vive ape-nas da intensidade e do rigor com que a sua linguagem está entretecida – a fór-mula encantatória que abra as asas à fala numa despersonalização dionisíaca e ins-tintiva. Materializando o poema, apenas um ator – fonte de energia que dinamiza a palavra – dá corpo à aventura interior do engenheiro Álvaro de Campos, quase como um ritual xamânico através do mis-tério de falar, “porque o ser tem uma lon-gínqua centelha divina que pode, às vezes, incandescer”.

A propósito do Dia Mundial do Teatro, que

se celebrou recentemente, há alguma re-

flexão que queira partilhar, na sua perspe-

tiva de ator independente a trabalhar fora

dos grandes centros urbanos?

Encontrei em Beja uma tranquilidade que é benéfica para a criação. No entanto o ar-tista tem de ir onde o público estiver e fe-lizmente adoro viajar. E partilho as pa-lavras de John Malkovich na mensagem dirigida aos colegas: “Que o vosso trabalho seja convincente e genuíno. Que seja pro-fundo, tocante, comunicativo e incompa-rável. Que nos ajude a refletir sobre a ques-tão do que significa ser humano e que essa reflexão seja conduzida pelo coração, pela sinceridade e pela bondade. Que superem a adversidade, a censura e a escassez algo que, na verdade, muitos de vocês são força-dos a confrontar. E que seja o vosso melhor – porque o melhor que derem, mesmo as-sim, só acontecerá nos momentos únicos e efémeros – em consonância com a per-gunta mais elementar de todas: ‘Porque vi-vemos?’”. Carla Ferreira

Paulo Duarte põe em cena “Ode Marítima”

Um homem sozinho num palco-cais

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