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Edifício Anchieta: formalizando memórias e patrimonializando a arquitetura moderna
REBECA DOMICIANO DE PAULA1
1.Introdução
Valorar um objeto, conformar sua preservação ou mesmo indicar seu possível valor de
patrimônio é uma forma de materializar o passado. No entanto, é também ressaltar sua
potencialidade moral e pedagógica perante o coletivo (RODRIGES, 2000). Desta forma, a
busca de um elemento que reside na história e levantar suas condições patrimoniais não
competem com a necessidade de demarcação museológica do objeto, e sim, considerar a
divulgação do passado atrelado à noção de pertencimento urbano e do coletivo.
O Edifício Anchieta é o recorte dado por parte importante da narrativa da história da
cidade de São Paulo e da arquitetura moderna, o qual carrega em sua imagem a carga do seu
tempo, que, somados às memórias daqueles que nele residem, possibilitou escrever as lacunas
da história para além das documentações existentes até a história presente, pontuando
importantes temas da cidade como o início da verticalização, a construção de moradias para
os trabalhadores, tais como aquelas vinculadas ao processo de financiamento da moradia por
meio do estado, além da disseminação do movimento moderno na arquitetura paulista.
Desta forma, o Edifício Anchieta é visto como elemento de busca da compreensão de
uma nova perspectiva da valoração de um bem, não trazendo o isolamento do objeto como
relíquias comprovatórias do passado, mas fazendo compreender o imaginário histórico com o
tempo e o espaço através da cronologia, desenhando assim, sua historicidade (acúmulo do
tempo). Compreende-se este estudo para ressaltar a importância histórica principalmente
configurando a lógica no contexto atual, ou seja, estabelecer considerações que traduzam a
necessidade do conhecimento da área estudada, visando a problematização da preservação do
patrimônio sob novas formas de contextualização.
Tendo como base o Inventário do Grupo de Pesquisa Pioneiros da Habitação Social no
Brasil, a pesquisa buscou investigar junto aos modelos de vivenda propagados pelo
movimento moderno sobre habitação mínima sua interpretação e apropriação no Brasil. É
considerável que esta pesquisa tenha levado a visualização do Anchieta como um modelo
dentre os diversos casos, mostrando como se deu as implantações habitacionais financiadas na
1 Arquiteta e urbanista graduada pela Escola da Cidade em 2017.
Pesquisa de Iniciação Científica desenvolvida com financiamento do Núcleo de Pesquisa da Escola da Cidade
(2013-2014) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) (2014-2015).
2
cidade de São Paulo. Buscou-se trazer para o centro dos debates a percepção e visão dos
moradores e usuários sobre as vivências com a moradia estatal.
Conceituar a pesquisa tomando como início esta fonte, condicionou o olhar para
melhor visualizar o espaço temporal que se estuda e o contexto habitacional em que está
inserido o objeto. Esta fonte possibilitou também dimensionar o contexto de
patrimonialização da habitação social fundamentada pelo modernismo, isso, através do estudo
das plantas e das tipologias de edificações habitacionais do mesmo período, criando um
campo para contextualização formal do edifício no âmbito a preservação.
A pesquisa organizou-se ainda na busca da própria arquitetura como fonte do estudo,
isso a partir da analise de desenhos existentes e no levantamento material do redesenho de
plantas (devido a defasagem das informações originais), isso com a finalidade de
entendimento não só espacial como também a do morar moderno nas condições temporais
propostas até os dias atuais.
O levantamento histórico do Edifício Anchieta levou em consideração também
pesquisas em acervos arquitetônicos, iconográficos e periódicos, e principalmente por uma
bibliografia pautada no desenvolvimento da moradia popular no Brasil e as questões
patrimoniais, que apresentam relevância para a preservação patrimonial atual do objeto,
inserindo o edifício no intenso debate sobre a preservação da arquitetura moderna atualmente.
No entanto, viu-se que o mais necessário era como instrumento e metodologia
principal, para além de todos os métodos citados, a realização de entrevistas com os primeiros
moradores do edifício, constituindo um acervo de história oral da edificação, de modo que a
história pudesse ser construída no presente. Desta forma, vê-se uma articulação precisa dos
fatos ocorridos e a condução da história para o presente, criando campo para discussão de
questões afetivas e de pertencimentos, sobre o campo do patrimônio atual.
Desta forma, é importante evidenciar que a concomitância história e memória estão
estabelecidas neste trabalho como elementos que buscam esclarecer as objetividades e as
subjetividades contidas na sucessão de fatos da história e nas vivências e apreensões dadas
pelas memórias, respectivamente. Ou seja, faz-se pensar o que é o ato de memorar e se
apropriar dessas memórias, frente à condição da marcação do tempo dado pelos objetos
históricos.
3
A concomitância história e memória são questões distintas na disciplina do patrimônio
que desenha a problemática colocada através do Edifício Anchieta, busca-se então, na
alternância o que de fato fundamenta a preocupação da formação do presente, condicionado
ao passado, ainda vigente, como coloca Nora:
A história é reconstrução sempre problemática e incompleta do que não existe mais.
A memória é um fenômeno sempre atual, um elo vivido no eterno presente; a
história, uma representação do passado. Porque é afetiva e mágica, a memória não
se acomoda a detalhes que a confortam; ela se alimenta de lembranças vagas,
telescópicas, globais ou flutuantes, particulares ou simbólicas, sensível a todas as
transferências, cenas, censuras ou projeções. A história, porque operação
intelectual e laicizante, demanda análise e discurso crítico. [...] A memória se
enraíza no concreto, no espaço, no gesto, na imagem, no objeto. A história só se
liga às continuidades temporais, às evoluções e às relações das coisas. A memória é
um absoluto e a história só conhece o relativo. (NORA, 1993, p09).
A busca do relato subjetivo condiciona a veracidade da vivência e os sentimentos
encontrados pelo elemento edificado. O texto a seguir buscou dentro das fontes primárias e
secundárias em conjunto com todos os produtos levantados e produzidos, direcionar o
conhecimento minucioso da obra de forma real. O texto desenvolve uma análise geral do
objeto segundo as diferentes temáticas envolvidas por ele e sua temporalidade envolvente na
narrativa da cidade formalizando como o Edifício se faz presente para a cidade de São Paulo,
através da carga de significados até os dias de hoje.
2.Edifício Anchieta e o IAPI
O projeto do Edifício Anchieta foi elaborado em 1941 para o terreno de propriedade
do Município de São Paulo, visando sua localização na Avenida Paulista, entre a rua da
Consolação e a avenida Angélica. O Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários
(IAPI) conformou a capacidade de autoadministração de controle estatal sob o projeto do
edifício de apartamentos.
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O IAPI, órgão paraestatal, subordinado ao Ministério do Trabalho, Indústria e
Comércio2, foi um órgão que resultou do encontro de diferentes visões e debates sobre a vida
dos trabalhadores, elegidas a partir do Estado Novo, os quais originaram obras de qualidade
derivadas do processo político que pensava também cidade, arquitetura e habitação, caracterizado
pela lógica do financiamento (BOTAS, 2011).
Com objetivo principal de garantir aposentadorias e pensões à previdência social e
atendimento a saúde, o IAPI recebeu condições para atuação na habitação em 1937 sobre o
Decreto n. 1749, assinado pelo presidente Getúlio Vargas. Quatro planos, de A a D, se aplicavam
a lógica habitacional dos IAPs, sendo os planos A e B propostas voltadas à aluguel ou
financiamento da casa própria, destinados à associados e os planos C e D destinados aos técnicos e
as posições mais elevadas nos IAPs, para compra, aluguel ou financiamento. Fortalecia, assim, o
debate sobre habitação social, associada ao projeto nacional- desenvolvimentista, vista como a
reprodução da força de trabalho e constituinte do “homem novo” (BONDUKI, 2011). A
construção estatal de moradia respondia ao impulso econômico através da industrialização e a
personificação do trabalhador na imagem política.
A Divisão de Engenharia e a Carteira imobilíaria foram órgãos especializados do
Departamento de Inversões do IAPI, que promoveram as primeiras obras do instituto. A inversão
imobiliária estimulava a construção civil a promover projetos emblemáticos na paisagem das
cidades, onde de fato, foi colocado com grande inovação as propostas arquitetônicas do
modernismo, que resultou características pomissoras no urbanismo e na construção (BOTAS,
2011). A edição especial da Revista dos Inapiários ao 5º aniversário do IAPI, publicada em 1942,
trazia a listagem das obras finalizadas, em andamento e os projetos propostos, totalizando mais de
33 obras em todo o Brasil, em apenas cinco anos de exercíco do órgão. O Edifício Anchieta era
designado o sexto prédio de apartamentos a ser entregue nos próximo anos (Revista dos Inapiários
Nº56, 1942) e contava com uma descrição preservada até os dias atuais:
O edifício que o Instituto está construindo na Avenida Paulista, na Capital do Estado de
São Paulo, é um prédio destinado a renda, com 11 pavimentos. O programa do projeto
indica, no 1º pavimento , dois “halls” principais para os acessos aos apartamentos ; três
2 Nota: informação descrita no alvará original de construção com data de 1941 disponível no Sistema Municipal
de Processos de São Paulo.
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lojas tendo, respectivamente, 69, 98 e 75 m²; um apartamento para zelador, hall de
serviço e uma grande garage. No paviemento intermediário, entre o 1º e o 2º, existem três
sobre-lojas em correspondência com as lojas do 1º pavimento. Fora do corpo do edifício
e sobre a cobertura da garage há um play-ground. Nos pavimentos 2º ao 11º , estão
localizados os apartamentos em número de 72 e, sobre o 11º, há um grande terraço.
Os apartamentos obedecem a quatro tipos diferentes, que podem ser descritos da seguinte
forma:
Tipo A: 50 apartamentos com sala, 3 quartos, corredor, banheiro, cozinha, quarto e W.C.
de empregados e varanda de seviço, tendo 99,72 m² de área útil cada apartamento.
Tipo A1: 10 apartamentos com sala, 3 quartos, corredor, varanda, banheiro, cozinha,
quarto e W.C. de empregados e varanda de serviço, tendo 101,02 m² cada apartamento
de área útil.
Tipo B: 10 apartamentos “DUPLEX” , tendo no 1º pavimento: entrada, sala, cozinha,
quarto e W.C. de empregados com 58,80 m² de área útil e no 2º pavimento, corredor, 3
quartos, banheiro e varanda de serviço com 49,80 m² de área útil.
Tipo B1: 2 apartamentos “DUPLEX”, tendo no 1º pavimento entrada, sala, cozinha e
quarto de empregados, com 50,00 m² de área útil e no 2º pavimento, corredor, 3 quartos,
banheiro, varanda de serviço e W.C de empregados, com 47,80 m² de área útil. (Revista
dos Inapiários, 1942, p.101)
Embora o Edifício Anchieta se colocasse na catergoria A de planos habitacionais como
descrito no periódico (posisão dada aos associados), o edificío chamava atenção pelo grande
investimento recebido, por estar situado em uma região nobre da cidade de São Paulo e
conformado entre duas avenidas importantes (Paulista e Consolação), ele torna-se ambíguo na
lógica do IAPI (BONDUKI, 2011). Comparando a produção habitacional em São Paulo do
período, como o Conjunto Residencial da Várzea do Carmo (1938), Vila Guiomar (1942),
Conjunto Residencial Japurá (1942) e Conjunto Residencial da Mooca (1946), é clara a
notoriedade que o IAPI desejava na cidade de São Paulo como afirma Nilce Botas:
...justifica-se por resultar em sólido patrimônio para o Instituto.Em local bastante
valorizado, foi o primeiro edifício vertical da Avenida Paulista. Assinada por arquitetos
já reconhecidos nacionalmente por sua veia inovadora, a obra foi uma forma acertada de
dar visibilidade ao IAPI na capital paulista, que já era o maior pólo industrial do país.
(BOTAS, 2011. p.166)
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Segundo a memória tomada pelos moradores que ainda residem no edifício, comprova que,
de fato, ele não foi destinado somente ao trabalhador industriário, havia moradores de diversas
categorias trabalhistas como médicos, comerciantes e trabalhadores de serviços públicos, por
exemplo, como “proprietários” dos imóveis, maioria destes alugados ou financiados. O padrão
distinto das habitações promovidas pelo IAPI e dos moradores encontrado no Anchieta, comprova
que “o caráter corporativo dos IAP’s permitia atender aos associados de diferentes níveis sociais”
como afirma Nabil Bonduki (2011 v2).
Os primeiros meios de moradia foram dados por aluguel ou financiamento e em alguns
casos, não identificados, foi estabalecido a venda e a quitação dos imóveis. Em outro período, na
transformação dos IAP’s em INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) foi consolidada a
propriedade aos que mantinham financiamentos através da venda definitiva, dado como
prioridade àqueles que nele já residiam. Este caso estimulou também a revenda das habitações
que resultam até os dias de hoje.
3.Edifício Anchieta e os Irmãos Roberto
O IAPI possibilitou novas maneiras de realização arquitetônica como elemento
organizador do espaço urbano, visando o uso coletivo com economia e qualidade (BOTAS,
2011) através da construção habitacional sobre uma política de capitalização de recursos.
O pensamento moderno brasileiro foi impulsionado pelos IAP’s, dialogando com as
questões internacionais de transformação do raciocínio arquitetônico do início do século XX e
junto ao crescimento das cidades brasileiras. Tais importâncias são concretizadas não só pela
proposta do pensamento formal do IAPI, mas também pela determinação dos projetos
arquitetônicos realizados por profissionais de destaque, muitos dos quais ligados ao
pensamento do movimento moderno.
Feita a ressalva, deve ser destacada a importância arquitetônica e urbanística dos
projetos dos Irmãos Roberto, arquitetos cariocas do escritório MM Roberto. Milton, Marcelo
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e Maurício Roberto3, responsáveis pelo projeto do Edifício Anchieta, somavam diversos
projetos narrativos da história da arquitetura moderna e escreviam o futuro de grandes obras.
Os arquitetos lutavam pela valorização do arquiteto nas transformações do período, tendo
grande pioneirismo no movimento moderno carioca. Até a década de 40, tinham como
realização a sede da ABI (Associação Brasileira de Imprensa) no Rio de Janeiro, o edifício-
sede do Instituto Resseguros e o Aeroporto Santos Dumont, projetados e construídos no
mesmo período do Anchieta.
O Edifício Anchieta, descreve o primeiro edifício da Avenida Paulista, e um dos mais
importantes implantados em São Paulo na década de 40, revela o pioneirismo do IAPI,
representando questões de nacionalidade e identidade.
Os Irmãos Roberto assumem com maestria a oportunidade, adotam elementos
característicos da concepção corbusiana, como pilotis, teto jardim, fachadas livres e janelas
horizontais. “O equacionamento dos usos, a diferenciação dos espaços e o minucioso
detalhamento com jogos de cores representam as características marcantes do trabalho dos
Irmãos Roberto” (BRITO, 1994). No Edifício Anchieta o volume determinante junto à uma
pequena angulação, indicando a quebra da ortogonalidade relacionada à sua massa em
contrapartida ao desenho do terreno, que traduz também uma simbologia no trabalho dos
irmãos, visto em alguns edifícios como o Marquês de Herval (1952), Residencial Dona
Fátima e Finúsia (1951) e Edifício-Sede da Companhia Seguradoras (1949).
A massa do edifício compõe uma relação de característica marcante no tecido urbano
existente, convida a ocupação do térreo com o uso das sobrelojas e condiciona o convívio
coletivo dado através dos afastamentos consideráveis, propiciando jardins que muito
favoreciam sua implantação (Revista: A construção São Paulo, 1979). Para os irmãos, o
desenho do edifício era de grande responsabilidade do arquiteto, assim como o caráter social
da profissão, que deveria vir a responder as necessidades das pessoas na cidade.
Assim, parece haver certo abandono do conceito do edifício composto como uma
figura estática e surge, em seu lugar, a noção do dinamismo. O edifício deveria
3 Nota: Maurício Roberto entrou para o escritório no período da construção do Edifício Anchieta, quando era
estudante da Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro (ENBA), só a partir de sua formação o escritório
passou a chamar MMM Roberto.
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dialogar de maneira mais intensa com o cidadão, que o observaria por ângulos
diversos de acordo com seu caminhar, a provocar sensações, a emocionar.
(SOUZA. L, 2014. p.90)
A notoriedade do edifício se deu antes mesmo da construção, por meio do anúncio
publicado na Revista dos Inapiários de fevereiro de 1942, dando honras aos arquitetos, a
publicidade enfatizava a autoria do projeto – “Marcelo Roberto e Milton Roberto – arquitetos;
Maurício Roberto – ENBA”-, e sublinhava-o como “propriedade do IAPI” (Revista dos
Inapiário nº42, 1942). O desenho do periódico com a perspectiva já assinalava as dinâmicas
das fachadas pela mudança de planos, a diversidade das esquadrias e a marcação da estrutura.
A importância dos arquitetos foi reportada também sobre a vinda de Marcelo Roberto no
periódico Correio Paulistano de agosto de 1941, o qual anunciava a chegada do arquiteto na
capital paulista e reportava a construção de um “moderníssimo” prédio de apartamentos na
região da Avenida Paulista (Revista Correio Paulistano, 1941).
Os primeiros contratos profissionais dos Irmãos Roberto foram efetuados após vitória
em concursos públicos como a Sede do ABI e o Aeroporto Santos Dumont, isso caracterizava
o empenho e a competência dos profissionais. Os clientes públicos e privados cresceram, visto
as realizações públicas, influenciando administrações governamentais, simpatizantes da
arquitetura moderna, interessados em obras de valor simbólico para o país ou realizar lucros
financeiros (SOUZA. L, 2014). Fica claro que a qualidade proposta pelo Edifício Anchieta,
sendo ele proposto como habitação social, não era inferior ao que se construía para o privado,
era de caráter dos arquitetos a não distinção da qualidade da obra, independente do cliente4.
A aspiração plástica dada pelos irmãos arquitetos é ponto fundamental da história do
Edifício Anchieta, onde motivou e motiva até os dias de hoje a vontade de residir no edifício,
como colocou a moradora de 36 anos de residência, em relação a memória da imagem do
Edifício Anchieta na década de 70. “...eu ia de bonde para o centro da cidade estudar e já
namorava esse prédio! Então eu passa em frente e dizia: ‘Ah que bonito esse prédio!’. Ele era
tão diferente.” E a moradora não hesitou em comprar quando surgiu a primeira placa de
“vende-se.”
4 Nota: Afirmação dada por Márcio Roberto, filho de Maurício Roberto, em entrevista particular realizada em
dezembro de 2014.
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De fato, ele era diferente, não só pelo dinamismo que ocorria e seu térreo ou pelo jogo
de esquadrias que era dado por sua fachada. A disposição interna generosa agrada os
moradores há mais de 30 anos.
Os 72 apartamentos de tipologias duplex e de piso único, desenhado pelo pé direito de
3,20 metros determinam o bem estar da moradia. Quartos amplos, ventilados e bem
iluminados são resultados dos estudos que fortaleceram os conceitos do modernismo
ressaltando a qualidade das obras dos irmãos. A disposição da área social interna da habitação
é generosa, assim como a disposição da área de serviços, partilhada em três zonas, cozinha,
área de serviços e quarto e banheiro de empregado, muito bem integradas. Todo o
apartamento recebe também a cuidadosa atenção da projeção de armários, maleiros e
bancadas. Sob o aspecto social interno, o edifício recebeu um grande terraço jardim,
contemplando a vista completa para a Avenida Paulista, bairro do Pacaembu e o centro da
cidade de São Paulo.
O cuidado do projeto se resume além da expressividade e de sua funcionalidade, deve-
se considerar o trabalho dos arquitetos a carga do rigor construtivo, combinado com
profissionais habilitados às técnicas e materiais fornecidos por uma indústria civil ainda em
processo de desenvolvimento (SOUZA. L, 2014). As questões construtiva, plástica, funcional
e social valoram ainda mais os projetos dos Irmãos Roberto, logo do Edifício Anchieta na
escala da cidade.
4.Edifício Anchieta e a cidade
A cidade de São Paulo vira metrópole em meados dos anos 40, tornando-se assim o
maior centro industrial da América Latina. A grande ascensão da industrialização no país
dado pelos planos de investimentos do governo de Getúlio Vargas estruturavam novos índices
populacionais e incentivos políticos, reestruturando o plano urbano de cidade que
impulsionaram a verticalização (SOUZA. M, 1994).
Essa tendência em São Paulo dá-se como símbolo do desenvolvimento urbano,
mudando a configuração da cidade ao longo dos anos, os principais símbolos dessas
alterações são: expansões dos loteamentos, implantações de vias e proposições de novos usos,
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colocando na cidade de São Paulo novas oportunidades de desenvolvimento bancário,
comercial e industrial.
O desenvolvimento das cidades industriais conduz à sobreposição das atividades nas
regiões centrais e à contínua substituição das áreas residências por atividades comerciais e de
serviços (FRUGOLI JR, 2000). A expansão da cidade se configura através do pensamento
empreendedor, que vai buscar apoio no poder público para ocupar novos espaços ou
readequar os antigos às novas relações de produção, no sentido de renovar o potencial de
investimento imobiliário e de negócios nas metrópoles, estes, estabelecido em um certo
período da história de São Paulo, por companhias privadas (FRUGOLI JR, 2000).
Em aproximação, a Avenida Paulista é um exemplo das rápidas transformações
geradas pelo desenvolvimento da cidade. A abertura da avenida, datada em 1891 reporta o
citado a cima. A expansão da cidade com anseios habitacionais é marcada pela construção de
imponentes casarões da elite paulistana, com isso, recebeu grandes investimentos públicos de
infraestrutura como a circulação do bonde elétrico e a implantação do sistema de iluminação
elétrica, determinando novas infraestruturas da cidade.
O Edifício Anchieta, construído em 1941, assistiu a crescente redefinição espacial
colocada pelas transformações dos padrões produtivos. Embora seu habite-se tenha saído em
19485, ainda é claro a indicação do local valorizado de sua implantação, que é justificada na
decisão tomada pelo IAPI, dentro da produção habitacional. A primeira verticalização da
Avenida Paulista deu visibilidade as transformações espaciais e políticas da capital.
A Lei Municipal que definia a Avenida Paulista como “Zona estritamente residencial”
perdurou por quinze anos e determinou a verticalização de dois edifícios residenciais
(SOUZA. E, 2011) nesse período. A massificação da verticalização deu-se após 1952 com a
Lei Municipal que permitiu a construção e instalações de prédios institucionais e de serviços.
A partir da mudança residencial para comercial e de negócios, vê-se a Avenida Paulista como
espaço simbólico na cidade. A verticalização a partir do modernismo e a valorização do
automóvel direcionava essa potencialidade (FRUGOLI JR, 2000). (imagem 2)
5 Nota: informação descrita na documentação do habite-se original da construção com data de 1948, disponível
no Sistema Municipal de Processos de São Paulo.
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A evolução da Avenida Paulista tencionava o centro tradicional, as mudança dos
bancos do centro, comércios, serviços e logo cinemas e museus determinaram a região como
um novo polo de centralidade (idem).
O Edifício Anchieta protagonizou as principais mudanças de mobilidade da cidade
pontuado pela esquina da Avenida Paulista com a rua da Consolação. A remoção do recuo
frontal do edifício dado como jardim, que contemplou por mais de vinte anos a frente do
edifício e o final da Avenida Paulista, foi considerada a maior perda do projeto original. O
espaço foi dado para abertura do Complexo Viário Doutor Antônio Bias da Costa Bueno,
mais conhecido como “buraco da paulista”, em 1971, que liga a Avenida Paulista a Avenida
Doutor Arnaldo atualmente. O jardim contemplava a entrada do edifício com uma marquise e
destacava o final da Avenida Paulista. (imagem 3) No entanto, a boa disposição dada pelo
alargamento das vias, a implementação das duas linhas do metrô (Linha 2 verde e Linha 4
amarela), o corredor de ônibus que ainda carrega alguns itinerários do antigo bonde e a nova
ciclovia, determinam a especulação do Edifício Anchieta na cidade atual, como destaca
Rosângela, moradora que optou pela facilidade cotidiana: “foi uma escolha mesmo, assim,
você quase não precisar de carro, e tem acesso a tudo que você precisa até hoje...”
A metropolização das décadas anteriores condicionou a cidade na formação cultural,
que atrelada à atmosfera do modernismo definia a pluralidade paulista que se construía a
partir na década de 50. A cidade que recebeu o experimentalismo vanguardista, a constituição
das organizações de cultura e a institucionalização da vida universitária impulsionaram o
conjunto de novas produções nos campos artístico, literário, arquitetônico, teatral,
cinematográfico e também nas ciências sociais (ARRUMADA, 2001).
A verticalização da esquina da Rua da Consolação com a Avenida Paulista foi ativa na
consolidação social presente do espaço. A motivação do polo cultural dado pela inauguração
do Masp em 1968, que determinou o polo de atração social na cidade de São Paulo, somada
com o funcionamento propiciado pela sofisticação do Bar Riviera e o funcionamento do
cinema Belas Artes constituiu a importante esquina da região e da cidade.
O Edifício Anchieta deu expressão ao Bar Riviera, a posição muito bem estratégica
pontuando uma das esquinas mais importantes da cidade, rendeu boas histórias. Inaugurado
em 1949, o bar recebia frequentemente famílias que moravam na vizinhança e exercia,
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inicialmente, a função de salão de chá, logo as transformações eminentes da cidade deram
vista ao bar que incorporou o imaginário paulistano por suas vivências.
A rua da Consolação ainda estreita e com trilhos de bonde, privilegiava a calçada
bastante espaçosa, por onde se espalhavam mesas e cadeiras, e que contemplava o antigo
jardim (Isabela Romano, 2010). As transformações da cidade elevaram o bairro que era
pacato aos movimentos surgidos pelos cinemas Ritz e Belas Artes, na rua da Consolação, e o
Magestic, na Rua Augusta. O bar assistiu conversas e calorosas discussões políticas e
estudantis, alianças de partido e ouviu música, presenciou fatos como a festa de Chico
Buarque de Holanda, que comemorou a vitória de “A Banda” no festival da canção de 1966.
O Riviera virou musica de Sá, Rodrix e Guarabira, e dizem que a caminho do bar
Jorge Mautner e Gil inventaram o Maracatu atômico. Seus tijolos de vidro
denunciavam o amanhecer aos últimos clientes que contornavam os grandes pilotis
centrais, com a escada curva que levava ao escuro mezanino, um espetáculo à
parte. O bar, foi espaço cênicos de alguns dos melhores dramas e comédias da noite
paulistana. (PERRONE, 2004)
A anarquia cultural sob o rigor estrutural do Edifício Anchieta, recebeu cartunistas,
artistas, autores, autores teatrais, cantores, compositores, professores, arquitetos, jornalistas,
cineastas, curadores, tropicalistas e sambistas, cidadãos todos do início de uma metrópole.
(PERRONE, 2004).
Desta forma, o Edifício Anchieta transcreve uma narrativa de vivências e memórias na
cidade, sua notoriedade perante a história urbana e social é imprescindível na formação do
caráter paulistano que recebeu as transformações do tempo e conformam a pluralidade existe
até os dias de hoje.
5. Usos da memória
O Edifício Anchieta expressa importância em diferentes escalas da vida urbana da
cidade de São Paulo. O seu desenvolvimento como moradia, a expressividade plástica da
representação do modernismo e a vivência social, do morar e do frequentar, são razões
relevantes na narrativa historiográfica do próprio edifício. No entanto, o elemento moderno é
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hoje pautado timidamente na história contemporânea em processo na cidade e confecciona as
duras marcas do tempo.
Compreender a arquitetura moderna através da degradação que atualmente se instaura
através do tempo, é contraditório quando pensado as premissas que objetivaram tais efeitos
(NASCIMENTO, 2011). No entanto é claro compreender o Edifício Anchieta além das
questões materiais, buscou-se a partir do recorte dado por este, aproximar a valoração do
contexto marcado por sua implantação e pelas vivências que foram proporcionadas ao longo
do tempo, onde as marcas são os sinais mais notórios da historicidade.
O envelhecimento e as modificações físicas expuseram o distanciamento de um
período e propôs a reelaboração da história a partir das memórias, para além da documentação
existente. Desta forma, considerou-se relevante problematizar a preservação do objeto
arquitetônico, articulando as questões da memória e história urbana, com um esforço de
pesquisa para discutir sua preservação e as condições patrimonial dos órgãos governamentais.
Neste sentido, ao contextualizar as práticas patrimoniais atuais viu-se a necessidade de
discussão das políticas adotadas atualmente no Brasil, as quais, pouco se exerceram a
decodificação subjetiva. De acordo com a historiografia do patrimônio11 é perceptível
momentos diversos da trajetória do órgão que instaurava como objetivo principal a intenção
da construção de identidade nacional. Pautadas basicamente em contextos estéticos-
estilísticos, a historiografia comprova a própria problemática ainda vigente.
Como pode-se entender, a trajetória do patrimônio no Brasil é institucionalizada nos
anos 1930, dado pelo cenário do Estado Novo sob o movimento cultural renovador dos
movimentos modernistas e o governo autoritário a ser instaurado como representante legítimo
dos interesses da nação, sob logos como “indivíduos coletivos” e “homem novo”. Nesse
sentido, o SPHAN é criado em 1937 exclusivamente por arquitetos modernistas com a
finalidade de constituição de uma identidade nacional por meio de edificações como observa
Cecilia Fonseca:
Pelo valor que lhes é atribuído, enquanto manifestações culturais enquanto
símbolos da nação, esses bens passam a ser merecedores de proteção, visando à sua
transmissão para as gerações futuras. Nesse sentido, as políticas de preservação se
propõem a atuar, basicamente, no nível simbólico, tendo como objetivo reforçar
14
uma identidade coletiva, a educação e a formação de cidadãos. Esse é, pelo menos
o discurso que costuma justificar a constituição desses patrimônios e o
desenvolvimento de políticas públicas de preservação. (FONSECA, 2004. p.35)
Ainda assim, é considerável o pensamento sobre a democratização dos processos de
preservações e tombamentos, principalmente pelo enraizamento das normativas e técnicas
ainda empregadas nos dias de hoje, distanciando a participação social. E no caso da
arquitetura moderna é possível verificar ainda que:
A arquitetura moderna brasileira enquanto patrimônio está diretamente envolvida
nos posicionamentos teóricos nacionais da história da preservação, cujo
protagonistas eram os mesmos. Os processos seletivos e de atribuição de valor são
tributários das práticas patrimoniais, fundadas em critérios estéticos- estilísticos
estabelecidos pela narrativa arquitetônica. A preservação do moderno edificado
desde os primeiros momentos do Iphan foi guiada e respaldada pela história da
arquitetura dita canônica, cuja afirmação assumiu sentido de batalha intelectual.
(NASCIMENTO,2011. p.71)
A questão evidenciada atinge diretamente as habitações sociais e de caráter
modernista, objetos pouco contemplados, até então, por ações patrimoniais. O Edifício
Anchieta se enquadra na problemática, mesmo que a discussão do modernismo tenha se
instaurado pelo contexto cultural e econômico histórico. Ao verificar a esfera habitacional e a
defasagem no campo do patrimônio quanto à sua preservação física pode-se compreender que
de fato os “valores nacionais impressos na materialidade são ressignifcantes e os critérios
maramente estético-estilístico não endereçam com propriedade as aspirações de memória e
identidade demandadas pela sociedade” (NASCIMENTO, 2011, p.211) e que o valor é
encontrado no que é representado e não pelo valor mentido em si.
Tratar o objeto como patrimônio reforça a “construção dos sentidos da habitação
social no âmbito da história da arquitetura nacional e valorar a produção habitacional é meio
de atribuir significado ao modo de vida do trabalhador na cidade, o qual ganhou seu espaço
também pela sociabilidade, somado ao modo de morar, constituindo por si possibilidades de
memória, os quais constroem fortemente as narrativas atreladas à vida urbana (idem).
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Contudo é necessário o reconhecimento do sujeito – habitante - como formador de
memória. É urgente também manter uma atitude crítica em relação as premissas que orientam
a atividade no campo do patrimônio, “que acaba por se desgastar, se banalizar ou se perder”
(MENESES, 2009)
Desta forma, citar o contexto dos órgãos patrimoniais, não é negar os valores por eles
já propostos, de fato, existe a partilha e ela deve continuar existindo, como disseminação de
conhecimento, o qual, sem isso não seria possível escrever a história do Edificio Anchieta, por
exemplo. No entanto, não se deve, em contraponto às práticas cotidianas dos habitantes,
substituir as condições de produção e reprodução das práticas locais esvaziando seus originais
sentidos. A discussão sobre as condições patrimoniais no contexto da trajetória do Iphan,
versos as condições que justificam a importância da subjetividade confirmam que o
comportamento no espaço e no tempo, descontínuo ou em regra, não vivem excluídos do
cotidiano e do trabalho, contextos que determinam o ser e sua existência quando habitantes de
um lugar.
O cidadão é produtor de história todo o tempo. Cabe assim, questionar como
reconhecer, se possível guardar e documentar, novas histórias e memórias sob uma camada já
decodificada, o lugar tombado ou preservado ou qualquer outro que esteja em vias de ser
tombado.
Acredita-se que o potencial de mediação dá-se somente por interlocutores locais, do
qual há a necessidade de compreender a urgência de um equilíbrio entre tempo, patrimônio e
cotidiano. A memória é então, uma intimidade, que, no espaço público comum e partilhado é
capaz de traduzir o encontro do espaço edificado com as relações sociais. O ato de rememorar
algo e partilhá-lo é uma forma de estabelecer laços de pertencimento para além da história.
A atribuição de valor ao Edifício Anchieta nesse esforço de pesquisa foi dada pelas
diversas vertentes (formal, cognitiva e afetiva) (NASCIMENTO, 2011), no entanto, é
importante ressaltar que sem a documentação do relato oral dos residentes, o qual comprova a
confiabilidade da cronologia do objeto estudado, consegue principalmente costurar valores
além da materialidade e das documentações empregadas para a construção do raciocínio.
E conclui-se que a urbanidade dá-se também dentro do objeto edificado e
principalmente nas conformações da vivência do mesmo. Com isso, é certo que o espaço é
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passível de um passado a ser atribuído em sua materialidade, constituindo-o como um
possível lugar de memória na cidade de São Paulo atualmente.
6.Considerações Finais
O trabalho conformou caminhos para diferentes áreas do conhecimento da arquitetura,
assuntos conhecidos ou pouco debatidos, mas que, a partir de uma metodologia de coleta de
dados e a documentação do registro oral, condicionou para um modelo de estudo que
possibilita a réplica do ponto de vista aqui estudado para outros objetos isolados ou não da
arquitetura, de modo a identificar reconhecimentos quanto às afetividades e as noções de
pertencimento na cidade.
O objetivo principal da pesquisa foi estruturar um estudo histórico do Edifício
Anchieta, contemplando a produção arquitetônica moderna do período, organizando as
importâncias e desdobramentos que a arquitetura do edifício caracterizou no desenvolvimento
da cidade de São Paulo e a contribuição para a bibliografia dos trabalhos dos arquitetos
Irmãos Roberto6.
O estudo fez referência à história cronológica, mas principalmente remete-se a história
em curso, dado o anseio em discutir um objeto não preservado por uma instituição
governamental, objetivando novos contextos às condições pré-determinadas dos meios
institucionais atuais.
A visualização prática desse objeto sob aproximação além da bibliografia temática ou
mesmo do levantamento de documentações, periódicos e iconografias, efetivou-se no desejo
de objetivar também a aproximação com os moradores, onde as entrevistas visaram a
aproximação com a memória, visto que, esta, se dá no tempo presente.
E por razões cooperativas, buscou-se traçar o inicio de uma história atrelada ao
imaginário e às memórias, construindo o ideal da cidade do amanhã que será contado como
história urbana e social, em antecipação aos órgãos institucionais de preservação,
possibilitando o reconhecimento da história recente da cidade de São Paulo.
Pode-se compreender no exercício estipulado que os habitantes se reconhecem como
peças importantes da narrativa urbana, e, para, além disso, concordam com a condição afetiva
6 Nota: No desenvolvimento da pesquisa notou-se a inexistência da bibliografia dos arquitetos.
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criada ao longo dos mais de trinta anos de vivência e que embora as instituições ainda não
salvaguardam o edifício e a narrativa histórica deste, eles sentem-se responsáveis pelo ato de
preservação em divulgação do conhecimento e da experiência vivida, como exposto neste
trabalho.
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