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360 EDIÇÃO 28 • JANEIRO/FEVEREIRO DE 2019 Leila Navarro defende: confiança é a nova marca da gestão Pesquisa salarial FEHOESP contribui para o planejamento das empresas Retomada à vista Mercado sinaliza melhorias e 2019 promete ser um ano de recuperação para a saúde

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360EDIÇÃO 28 • JANEIRO/FEVEREIRO DE 2019

Leila Navarro defende: confiança é a nova marca da gestão

Pesquisa salarial FEHOESP contribui para o planejamento das empresas

Retomada à vista Mercado sinaliza melhorias e 2019 promete

ser um ano de recuperação para a saúde

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Dois mil e dezenove, não há dúvidas, será um ano desafiador para todos nós. Ao mesmo tempo em que o novo governo e a renovação no Congresso Nacional nos trazem boas ex-pectativas, sabemos que há grandes passos a serem dados, intrinsecamente ntrinsicamente ligados à nossa maneira de levar adiante as contas públicas e o desenvolvimento.

A despeito de mudanças realizadas nos últimos dois anos a fim de que o país retomasse o crescimento, as me-lhores projeções do mercado ainda são tímidas, e chegam a 2,5% de elevação do Produto Interno Bruto (PIB) para 2019. Enquanto isso, o último índice de desemprego medido e divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de outubro de 2018, ultrapassa a desconfortável mar-ca dos 10%, chegando a 12,4% da população. Neste cálculo, não estão as pessoas que desistiram de buscar uma vaga, os chamados desalentados. Dados mais recentes sobre o desemprego seriam divulgados no último dia 31 de janeiro, após o fechamento desta edição, mas não havia expectati-vas de melhora significativa.

Os que os especialistas afirmam é que o PIB precisa cres-cer mais que 3% para que um impacto, de fato, seja senti-do na geração de emprego. Porém, estudo divulgado em janeiro deste ano pelo BTG Pactual estimou que o Brasil deverá diminuir sua taxa de desempregados para um dígito somente em 2021, isso se mantiver o ritmo de crescimento esperado.

Se por um lado o crescimento da economia é urgente para a retomada, por outro temos nas mãos uma bomba- relógio chamada Previdência Social, cujo rombo não para de crescer. Se colocarmos uma lupa sobre as contas públi-cas, veremos que déficit do governo central, em 2018 (dados acumulados até novembro), somou R$ 88,5 bilhões, resul-tado um pouco melhor do que em 2017, mas ainda assim preocupante. Nesta conta, o Tesouro Nacional conseguiu ter um saldo positivo de R$ 98,7 bilhões, devido ao aumento das arrecadações. Por outro lado, a Previdência registrou saldo negativo de impressionantes R$ 186,3 bilhões, junto com o do Banco Central, de R$ 913 milhões, também ne-gativos. Os números são evidentes e nos apontam para o caminho de mão única: precisamos promover a reforma da Previdência.

Rearranjar a economia e realizar a reforma da Previdên-cia são duas tarefas complexas e suficientemente desafiado-ras, que devem tomar o tempo precioso tanto do governo quanto do Congresso Nacional. A responsabilidade dos par-lamentares é gigantesca em relação a isso, especialmente no que diz respeito à reforma. Sob esta perspectiva, que é real e mais dramática, todo o resto fica menor. A responsabi-lidade é de todos nós.

Yussif Ali Mere JrPresidente

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ÍNDICE05

06

0809

Com novo governo e mais oportunidades, setor acredita

em recuperação e crescimento

CAPA 16

Resolução modifica contratualização e índices de reajuste

Novo serviço da FEHOESP auxilia no planejamento das empresas

Resenha: uma nova maneira de encarar o câncer

Luiz Felipe Costamilan comenta os próximos passos da ética na saúde

22

10

26

12

O que foi destaque no Portal FEHOESP 360 e o Índice de Inflação dos Serviços de Saúde

Confira os principais eventos do setor na seção de Notas

A disponibilidade de leitos no país no Boletim Econômico FEHOESP

As novidades do IEPAS para 2019

Entidades reúnem associados e líderes da saúde em confraternizações

Leila Navarro fala sobre gestão, liderança, motivação e sucesso empresarial

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DESTAQUES ON-LINE

Governador veta PL que reduza jornada da enfermagemO veto feito pelo governador João Doria (PSDB) ao projeto de lei es-tadual que fixava em 30 horas a jornada de trabalho para enfermei-ros, técnicos e auxiliares em enfermagem foi o destaque do Portal www.fehoesp360.org.br no último mês.

Dentre as fundamentações para a negativa à sanção, Doria ale-gou ser esta uma matéria ligada à União por se tratar de regulação de jornada de trabalho de categoria profissional, ligada ao regime criado pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Também de caracterizar tema inerente à administração pública, que se insere na competência legislativa privativa do governador do Estado.

O projeto de lei nº 347, de autoria da deputada estadual Analice Fernandes (PSDB), começou a tramitar em maio de 2018 e passou com rapidez incomum por diversas comissões da Assembleia Le-gislativa de São Paulo (Alesp) até ser aprovado em 12 de dezembro, após um acordo de lideranças.

Durante sua tramitação, a FEHOESP e seus sindicatos filiados atuaram em várias frentes no sentido de levar ao conhecimento de governo, gestores e da opinião pública as implicações – sobretudo financeiras – da medida. O departamento Jurídico da Federação elaborou um parecer sobre o tema, inclu-sive. Nesse sentido, foram promovi-dos encontros com autoridades, com a Confederação Nacional de Municípios e o secretário estadual de Saúde. Além dis-so, foi encaminhado um ma-nifesto a todos os deputados estaduais, demonstrando os riscos e impactos que a apro-vação do projeto poderia gerar ao setor de saúde.

PORTAL FEHOESP 360

Confira no Portal:

As principais notícias do setor

Informações jurídicas, contábeis e tributárias

Convenções coletivas

Informativo Notícias Jurídicas

Versão eletrônica da Revista FEHOESP 360

Acesse www.fehoesp360.org.br

Índice de Inflação dos Serviços de Saúde FEHOESP – IISSF – dezembro 2018

% Índice Indicador Cálculo

Salários e encargos 55,00 INPC-IBGE 0,1400% 0,00077

Materiais médicos de uso do paciente 20,00 IPC-FIPE -0,1246% -0,0002492

Materiais de consumo geral 2,00 IPCA-IBGE 0,1500% 0,00003

Serviços de nutrição e dietética 4,00 IPC-FIPE Alimentação 0,8420% 0,0003368

Manutenção de edifício e equipamentos 4,00 IGPM-FGV -1,0800% -0,000432

Limpeza 3,00 INPC-IBGE 0,1400% 0,000042

Despesas gerais 12,00 IGPM-FGV -1,0800% -0,001296

Total -0,0798%

ÍNDICE DE INFLAÇÃO

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06

NOTAS

A FEHOESP, o IEPAS e o plantão de dúvidas contábeis IN$truir, com apoio do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, In-formações e Pesquisas no Estado de São Paulo (Sescon-SP), promoveram, em 29 de novembro de 2018, na sede da Fede-ração, a palestra "Os impactos contábeis do eSocial na área da saúde". Direcionado para os profissionais de contabilida-de que prestam serviços para empresas de saúde, o evento apresentou os impactos da medida para os estabelecimen-tos. "A implantação do eSocial tem exigido muitas mudan-ças para os nossos representados, daí a importância de re-conhecer o trabalho que os contadores fazem de orientá-los, porque essa atividade traz um aprimoramento grande para o setor", destacou Marcelo Gratão, CEO das entidades.

IN$truir esclarece dúvidas sobre eSocial

A palestra foi ministrada pelo diretor administrativo da Associação das Empresas de Serviços Contábeis do Estado de São Paulo (Aescon-SP), Alexandre de Carvalho, e pelo vice-presidente financeiro do Sescon-SP, Carlos Alberto Baptistão. Entre várias implicações aborda-das, eles comentaram as novas formas de se relacionar dos departamentos envolvidos na implantação do eSocial e os empregados, os principais pontos de atenção no cumpri-mento das novas exigências, os riscos de multas em caso de execução inadequada, além de dicas e sugestões.

Encontro discute cenário econômico para 2019A Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para Saúde (Abimed) realizou, no último dia 5 de dezembro, mais uma edição de seu Encontro Anual. Com a presença de especialistas, autoridades e representantes da indústria e do setor da saúde, o evento contou com a pales-tra do economista Ricardo Amorim. Ele previu o crescimento da economia em 2019, abordou as transformações, oportu-nidades e desafios para a área da saúde e se mostrou oti-mista em relação ao aumento de investimentos e empregos nos próximos meses, o que tende a impactar positivamente o financiamento do setor.

Carlos Goulart, presidente-executivo da Abimed, apre-

sentou os números do setor. No acumulado de janeiro a se-tembro de 2018, o índice de consumo aparente – que reflete o comportamento do mercado de produtos para a saúde – cresceu 14,8% na comparação com o mesmo período de 2017. “Dois mil e dezoito foi atípico, sobretudo, de análise e reflexão. Esperamos, com este novo cenário, que haja o retorno de um crescimento mais robusto do país e da saúde.”

Carlos Goulart, presidente-executivo da Abimed

Dirigentes dos principais hospitais, operadoras de planos de saúde, laboratórios, indústrias e associações de todo o

país compareceram na avant-première Portfólio Saúde, no Instituto To-

mie Ohtake, no último dia 5 de dezembro, para o lançamen-

to da Hospitalar 2019 e toda

Hospitalar apresenta novo portfólio da saúde a coleção de trabalhos da UBM Brazil para o setor, intitulada Healthcare Business Unit.

A UBM aproveitou a ocasião para informar que a empresa agora é parte do Grupo Informa PLC, responsável pelos even-tos Hospitalar, Saúde Business Forum e Healthcare Business.

O tema central, que será o fio condutor ao longo de 2019 no novo portfólio da saúde, é “Engajamento e experiência do paciente: uma abordagem de negócio”.

A Hospitalar 2019 será realizada de 21 a 24 de maio de 2019, no Expo Center Norte, em SP.

O SINDHOSP é um dos apoiadores institucionais da Feira e realizará, por meio do IEPAS, os Congressos Brasileiros de Gestão em Saúde.

Carlos Baptistão, do Sescon-SP, falou sobre os impactos do novo sistema para as empresas

A partir da esq. os presidentes Yussif Ali Mere

Junior, da FEHOESP e do SINDHOSP; Marco Basso,

do Grupo Informa PLC; e Waleska Santos, da Hospitalar

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Ministro da Saúde apresenta perspectivas para o setor Na Faculdade de Medicina da USP, em 13 de dezembro úl-timo, foi realizado um encontro com o novo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e algumas das principais lideranças da saúde, incluindo o setor produtivo e membros da universidade, para discutir ideias e posições para a pasta.

Mandetta, que foi deputado federal pelo DEM, é médico ortopedista nascido no Mato Grosso do Sul e ex-secretário de Saúde de Campo Grande. No encontro, que foi promo-vido pelo Instituto Coalizão Saúde (Icos), defendeu o SUS, informou que a atenção básica será o foco do Ministério da Saúde, o qual prometeu ser reorganizado a fim de otimizar recursos para a assistência, e defendeu a união entre os seg-mentos da saúde. “Somos um setor com uma megaforça

Para celebrar as três décadas dos Sistema Único de Saúde (SUS), foi lançado, no dia 5 de dezembro de 2018, pelo Gru-po Mídia, o livro “SUS 30 Anos”.

A obra apresenta uma linha do tempo com os avanços e as inovações do sistema, como a criação do Sistema Nacional de Transplantes, Estratégia da Saúde da Famí-lia, vigilância sanitária, prevenção e trata-mento do HIV/aids, programa nacional de imunização, entre outros.

Um dos capítulos do livro traz a opinião de autoridades, líderes e personalidades

SUS ganha livro em comemoração aos seus 30 anos

política. Quando os políticos perceberem que temos uma unidade formada entre indústria, hospitais, academia e pro-fissionais (biólogos, médicos, enfermeiros, administradores hospitalares etc.), podem ter certeza que vai se mudar o financiamento, e a saúde será pauta de grande importância. Façam o máximo possível para unir forças, pois a partir daí a saúde não vai depender mais de ministro, não vai depender de nada.”

do setor sobre os desafios e perspectivas do SUS. O presi-dente da FEHOESP e do SINDHOSP, Yussif Ali Mere Junior, participa da publicação com o artigo “Avanços e retroces-sos”, no qual destaca os números impressionantes do siste-ma público de saúde, como as 12 milhões de internações e os 4,3 bilhões de procedimentos ambulatoriais, anual-mente, os avanços obtidos com a assistência farmacêutica e o financiamento para transplantes. Mas, lembra também que o subfinanciamento é uma das barreiras para o seu de-senvolvimento. “Para que o SUS se desenvolva, paradigmas precisam ser rompidos, sejam eles ideológicos ou corporati-vos. Precisamos fomentar maior integração entre público e privado, utilizando a melhor expertise de ambos.”

07

Evento debate desafios e rumos para o paísA Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL) pro-moveu, no último dia 6 de dezembro, um evento para dis-

cutir os rumos do país e do setor de saúde a partir de 2019.

O encontro “O novo governo e os impactos na saúde: o que es-

perar?” foi realizado na sede do Grupo Fleury, na capital pau-

lista, e reuniu dirigentes e líderes de entidades do setor.O economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos

(Febraban), Rubens Sardenberg, proferiu uma palestra so-bre o possível cenário para a economia do Brasil em 2019. Ao falar da necessidade de recuperação do setor, afirmou que “a retomada será consistente, apesar de mais lenta e moderada do que se esperava”.

Também estiveram presentes Rodrigo de Aguiar e Simo-ne Freire, da ANS, e Renato Porto, da Anvisa, que finalizaram o evento com um debate, que teve mediação do médico e ex-presidente da Anvisa, Gonzalo Vecina.

Rubens Sardenberg, economista-chefe da Febraban

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Obra traz os avanços e as inovações do Sistema Único de Saúde

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Luiz Mandetta (2º à esq.) defendeu a união entre os atores da saúde

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Disponibilidade de leitos hospitalares e complementares no Brasil

Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro, em setembro de 2018, contabilizou 331.455 leitos di-vididos entre gerais e complementares. Ao com-parar setembro de 2018 com dezembro de 2017, nota-se o fechamento de 1.741 leitos do SUS, o

que significa uma redução de 0,5% no número total de leitos, segundo o CNES.

Quanto aos leitos não SUS no país, nota-se a abertura de 4.472 novos, com crescimento de 2,8%, na disponibilidade no período em questão.

O

BOLETIM ECONÔMICO

Edição nº 4 – novembro de 2018 Dados de janeiro a setembro de 201808

Leitos

SUS Não SUS

Saldo no ano Variação % Saldo no ano Variação %

Set18 Dez17 Set18/Dez17 Set18 Dez17 Set18/Dez17

Leitos gerais 301.082 303.183 -0,7% 136.253 133.629 2%

Cirúrgicos 74.689 74.601 0,1% 43.117 42.020 2,6%

Clínicos 107.795 107.776 0% 47.886 46.167 3,7%

Obstétricos 39.756 40.019 -0,7% 13.525 13.459 0,5%

Pediátricos 39.492 40.255 -1,9% 10.772 11.038 -2,4%

Outras Especialidades 34.134 35.211 -3,1% 15.204 15.572 -2,4%

Hospital/Dia 5.216 5.321 -2% 5.749 5.373 7%

Leitos complementares 30.373 30.013 1,2% 28.254 26.406 7%

Unidade intermediária 4.776 4.665 2,4% 4.001 3.678 8,8%

Unidade intermediária neonatal 606 775 -21,8% 23 24 -4,2%

Unidade isolamento 3.199 3.137 2% 1.139 1.059 7,6%

UTI adulto 14.176 13.869 2,2% 16.071 14.993 7,2%

UTI pediátrica 2.499 2.476 0,9% 2.021 1.965 2,8%

UTI neonatal 4.693 4.677 0,3% 4.336 4.089 6%

UTI de queimados 167 181 -7,7% 72 60 20%

UTI coronariana tipo II e III 257 233 10,3% 591 538 9,9%

Total de leitos 331.455 333.196 -0,5% 164.507 160.035 2,8%

Tabela 6 - Brasil: Leitos hospitalares por especialidades e complementares - SUS e Não SUS

Fonte: Ministério da Saúde - Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde do Brasil (CNES)

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regionais do SINDHOSP e os outros cinco Sindicatos filiados à Federação.

Os temas dos cursos são variados e visam qualificar os profissionais das empresas de saúde para as atividades do setor. Os assuntos sempre procuram atender às necessida-des apresentadas pela categoria. No ano passado, os des-taques foram para a área de atendimento presencial telefô-nico e digital, auditoria em contas médicas, entendendo os códigos de glosas, estratégias de retenção e talentos, lide-rança assertiva, prevenção e controle de infecções, seguran-ça do paciente, entre outros.

Outra modalidade que ganhou espaço foi a de cursos in company, cuja ideia foi adaptar os conteúdos dos treina-mentos realizados na sede do Instituto, nas regionais e nos demais Sindicatos no interior do Estado para serem traba-lhados dentro das empresas de saúde (hospitais, clínicas e laboratórios), levando em conta a dificuldade dos gestores em dispor de seus colaboradores durante um período longo do dia de trabalho.

“As pessoas são o ativo de uma empresa. Investir na ca-pacitação dos colaboradores garante ainda uma vantagem competitiva mesmo durante uma crise. O dinamismo do mercado não para, porém, o foco em aprendizado ainda traz como benefício à empresa menos rotatividade de colabora-dores e maior retenção de clientes, além de estimular novos comportamentos e atitudes que aumentam a produtividade e o resultado”, explica Marizilda Angioni, gestora do Instituto.

O IEPAS é especializado em desenvolver programas de treinamentos customizados e elaborados sob medida

para cada organização e, para isso, faz uso de mo-dernos recursos didáticos, sempre com o cuidado de reconhecer e preservar a história e a cultura das em-

presas. O portfólio de cursos possui 107 temas, en-volvendo as diversas áreas do conhecimento.

Mais informações no site www.iepas.org.br.

m tempos de crise buscar se manter atualizado com as novidades do mercado tornou-se mais do que um diferen-cial para gestores e colaboradores. Organizações passaram a enxergar novos cursos e treinamentos, que aprimoram as habilidades do colaborador, como uma questão de sobrevi-vência ou até mesmo um segredo para o sucesso.

Foi pensando nesta nova demanda que, em 2011, surgiu o Instituto de Ensino e Pesquisa na Área da Saúde (IEPAS), instituição mantida pela FEHOESP e pelo SINDHOSP, cujo objetivo é promover a qualificação e capacitação dos profis-sionais do setor da saúde.

“Sabemos que a saúde representa 9,1% do PIB e gera mais de 4 milhões de empregos diretos no país. Temos como responsabilidade atender aos anseios da coletivida-de de hospitais, clínicas e laboratórios, oferecendo os mais diversos cursos para os trabalhadores dessas áreas. Ajudar esse contingente a se aperfeiçoar no mercado de trabalho é mais do que um objetivo, é contribuir para aprimorar seu desempenho e favorecer a instituição que os acolhe”, afirma José Carlos Barbério, presidente do IEPAS.

Em 2018, o Instituto organizou e realizou, aproximada-mente, 180 cursos, workshops e eventos, ministrados por palestrantes das mais diversas áreas. Foram treinamentos promovidos na sede do IEPAS, em São Paulo, e nas cidades do interior do Estado, onde estão localizados os escritórios

FORMAÇÃO

09

E

Aliado em capacitação

IEPAS busca atender às demandas do mercado com cursos, workshops e eventos

POR REBECA SALGADO

José Carlos Barbério, presidente do IEPAS

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Associados, parceiros e líderes da saúde marcaram presença em eventos que encerraram 2018

A

Esta foi a tônica da confraternização promovi-da pela FEHOESP, pelo SINDHOSP e pelo IEPAS, no café da manhã oferecido à categoria, no últi-mo dia 5 de dezembro, no L’Hotel Porto Bay, em São Paulo. Na oportunidade, o presidente da Federação e do Sindicato, Yussif Ali Mere Junior, destacou as expectativas que o setor acumula para 2019. “A saúde vem sofrendo muito nos úl-timos anos, mas estamos caminhando para me-lhorar o panorama, uma vez que o novo governo promete ações concretas, como, por exemplo, a nomeação do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que realmente conhece o setor, foi de-putado federal e secretário de Saúde em Campo Grande (MS). Pelo retrospecto dele, devemos es-perar um diálogo mais aberto não só do ministé-rio, como das agências reguladoras correlatas”, ressaltou.

Como destaque em 2018, ano em que o SINDHOSP completou 80 anos de fundação rece-bendo homenagens na Câmara Municipal de São Paulo e na Feira Hospitalar, o Sindicato deixou como legado o Memória Saúde – um site dedi-cado à história da saúde, que reúne acervos histó-ricos e culturais de relevância para a categoria e a

#EVENTOS

Entidades celebram mais um ano de atividades

pós um ano marcado por forte disputa po-lítica em que a polarização foi ainda mais acir-rada que em anos anteriores, 2018 se encerrou em um clima de alívio e esperança elevada para 2019 com o novo governo, que chega anunciando ações para renovar o país e fazê-lo crescer nova-mente.

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população em geral – para receber contribuições das histórias dos estabelecimentos de saúde.

Sem parar sua história e já pensando no fu-turo, a Federação vem atuando na ampliação de seu portfólio de serviços, como as diversas parcerias em tecnologia e educação e os cursos in company, promovidos pelo IEPAS. Além disso, para melhor atender aos associados, inaugurou novos escritórios regionais em São José do Rio Preto e em Sorocaba. “São muitos os desafios para 2019, mas os principais são que a sociedade e as empresas continuem vigilantes para fazer a economia crescer e mostrar que nós, como sindi-cato, estamos ao lado das empresas para defen-der os interesses do setor e oferecer mais e mais serviços”, destacou Yussif.

O evento reuniu associados, autoridades, líde-res do setor e parceiros e brindou os convidados com canecas personalizadas com caricaturas.

Estiveram presentes Antonio Carlos de Carva-lho, Carlos Eduardo Lichtenberger, Luiz Fernando Ferrari Neto, Luiza Watanabe Dal Ben e Ricardo Mendes, diretores do SINDHOSP e da FEHOESP; José Carlos Barbério, presidente do IEPAS; Marce-lo Gratão, CEO das entidades; Roberto Muranaga, presidente do SINDISUZANO; Angelica Correa, do Grupo Fleury; Bruno Boldrin Bezerra, vice-pre-sidente da Associação Brasileira de Importa-dores e Distribuidores de Produtos para Saúde (Abraidi); Carlos Alberto Ballarati, da Innovation to Health; Carlos Alberto Gourlart, presidente- executivo da Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para a Saúde (Abimed); Claudia Cohn, presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Me-dicina Diagnóstica (Abramed); Elizabeth Tanabe Inazaki, gerente-geral do Centro Clínico Santa Maria; Francisco Santos, presidente da Couromo-

da; Liliana Chiodo Cherfen, presidente da Fede-ração Brasileira de Administradores Hospitalares (FBAH); Marcos Azevedo, da Rede D’Or; Maria Lú-cia Pontes Capelo Vides, superintendente do Hos-pital Edmundo Vasconcellos; Paulo Frange (PTB), vereador paulistano; Reinaldo Camargo Scheibe, presidente da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge); entre outros.

No dia 7 de dezembro foi a vez do almoço de confraternização do SINDJUNDIAI, que reuniu 50 pessoas entre diretores, associados e parceiros. O presidente da entidade, Marcelo Soares de Camargo, desejou sucesso a todos e um ano de mudanças positivas, especialmente para a área da saúde. (Por Eleni Trindade)

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12

Para alcançar o sucesso, Leila Navarro defende que

as empresas e os gestores precisam evoluir com

novos modelos motivacionais, investir em talentos

e em novas estruturas organizacionais

onfiança é a chave. O que transfor-ma o ambiente de trabalho é a percep-ção que o colaborador tem da empre-sa, e isso é construído pela confiança no líder, nas diretrizes da organização e nas pessoas com quem trabalha.” Quem afirma é Leila Navarro: empresá-ria, conferencista, palestrante motiva-

cional e autora de 16 livros. O mais re-cente é “Virar o jogo – Como agir num mundo de incertezas”. Com mais de 20 anos de carreira internacional, já teve as suas palestras assistidas por mais de 2 milhões de pessoas e hoje integra o ranking dos 20 maiores palestrantes do Brasil.

Formada em fisioterapia pela Uni-versidade de São Paulo (USP) e espe-cialista em medicina comportamental pela Universidade Federal de São Pau-lo (Unifesp), Leila, há mais de 30 anos, após ter trabalhado no Hospital Sírio- Libanês, ter sua própria clínica e ser empresária, mudou de área. Irreveren-

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ENTREVISTA

POR FABIANE DE SÁ

Confiançaé a nova marca da gestãoG

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te e com seu conhecimento de neu-rolinguística, passou a palestrar sobre qualidade de vida e não parou mais. “Falo que felicidade é uma escolha, porque não cai do céu. É uma con-quista que passa pelo trabalho, pela capacidade de empreender. E as em-presas também precisam agir assim: ofertar qualidade de vida, oferecendo o melhor ao colaborador, que será um profissional, um ser humano melhor para si mesmo e para a sociedade. O empresário, inclusive o da saúde, tem de valorizar as pessoas porque todo mundo ganha com isso.”

Nesta entrevista ela fala sobre a importância da motivação, de se des-cobrir os talentos e retê-los, das orga-nizações em inspirar e impulsionar as pessoas para a evolução dos colabora-dores e o sucesso do negócio. Confira:

360: Você já palestrou em vários países e para públicos distintos. Dá para tra-çar um perfil do profissional e do gestor brasileiros? Há muitas diferenças entre os colaboradores e o mundo corporati-vo brasileiros do resto do mundo?

LN: Tem alguns lugares do mundo que valorizam mais as pessoas do que nós aqui. Tem uma coisa que no Brasil nunca vai acontecer e que é lei na Eu-ropa que é o consenso. Lá se concilia a vida pessoal com a profissional. Se eu disser isso para um empresário bra-sileiro ele vai dizer: mas como eu vou fazer isso? Eu tenho responsabilidade e o funcionário também. É uma troca. Tem de se respeitar a disponibilidade do colaborador para ele trabalhar me-lhor. Aqui a gente se adapta à organiza-ção, mas ela não se adapta a gente. Se o funcionário tem um problema com horário, por exemplo, e precisa chegar mais tarde, como ele é um profissional que interessa à empresa, entra-se num acordo que seja bom para os dois la-dos, porque o que adianta a pessoa trabalhar aflita com um problema. O resultado não será bom para nin-guém. Na Europa eles acham que é um direito das pessoas, que têm de se achar o melhor para todo mun-do. Isso é ótimo, é uma questão de sensibilidade. O gestor deve ajudar as pessoas a administrar a própria carreira, a ver seus limites, princi-palmente na saúde, em que muitos acumulam empregos. Lá fora eu vi muito mais humanização hospitalar do que aqui. Pelo fato de as pessoas serem mais escolarizadas, a sociedade cobra muito mais. E, embora cobra-se mais, também se dialoga mais porque têm autoconfiança para exigir o que é melhor para todo mundo.

360: Falta de motivação, de compro-metimento, resistência a mudanças e profissionais estressados são queixas cada vez mais frequentes dos gestores sobre seus colaboradores, inclusive na área da saúde. O que fazer para mudar este cenário?LN: Quem faz a equipe é o gestor. Ela é o retrato dele. O gestor hoje tem que trabalhar, estudar e se preparar muito como ser humano. Não é só técnica, é ter percepção e sensibilidade. Começar a olhar as pessoas que estão à sua vol-ta, percebendo, observando e conver-sando. Tem gestor que não sabe nem o nome das pessoas, se tem sonho, se tem filho, se a mãe morreu. A pessoa da equipe é um ser humano completo e não só uma parte da empresa. A ges-tão por confiança é fundamental para dar motivação. Onde tem confiança, não tem medo e não tem mentira. Al-guns comportamentos de confiança do gestor são valorizar a competência profissional; ter consciência das pesso-as, percebendo-as e escutando-as; cla-reza; cumprimento do que é prometido e saber dizer não; coerência; e consis-tência com valores e princípios.

360: Os líderes são elementos-chave em qualquer empresa. Como prepará- los, se hoje há tanta deficiência na for-mação desses profissionais?LN: Hoje já existe preparação para a li-derança até na pré-escola para ser uma criança resiliente e ter capacidade de li-

Uma boa liderança

tem boa equipe e,

por consequência,

um bom trabalho"

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ENTREVISTA

360: A mutação constante nas carrei-ras também inclui adaptar-se a novos modelos de trabalho. Após um ano de entrada em vigor da reforma trabalhis-ta, quais as mudanças perceptíveis até agora? LN: Cada vez mais vamos ter mudan-ças nas relações de trabalho. Quanto mais as pessoas estudarem, mais au-tonomia e autoconfiança elas terão e vão se posicionar melhor. Estamos no caminho certo, mas ainda há grandes passos a serem dados. É uma necessi-dade de o trabalhador ter outros tipos de modalidade de contratação e de convivência. Não sei o caminho certo, mas este é um começo.

360: Em seu trabalho você diz de for-ma prática e direta que é possível uma pessoa ser bem-sucedida e feliz na vida pessoal e profissional. Hoje é comum as pessoas trabalharem exercendo suas funções mecanicamente e de-monstrarem insatisfação. Qual é a fórmula para encontrar a felicidade no trabalho?LN: Tem que ter espaços de qua-lidade de vida para as pessoas re-laxarem. Hoje em dia a meditação ganha mais espaço. Ela já é muito estudada e vista como importante. Seria preciso criar condições de en-sinar, motivar e inspirar as pessoas para perceberem a importância dela

para o equilíbrio mental. É algo rápi-do que não necessita de várias horas de dedicação, mas é um momento de consciência e de retomada de forças. A felicidade depende de au-toconhecimento, de autodisciplina, de autocuidado. Não cai do céu. É uma conquista. Sugiro para os pro-fissionais da saúde que façam medi-tação porque ela traz evolução para o ser humano.

360: Existe um dilema que paira sobre os gestores: a questão da ca-

pacitação do profissional. Treinar o colaborador para tentar retê-lo ou não o capacitar e correr o risco de perdê-lo para o mercado? A capacitação ainda é vista como um benefício pelo profissio-nal? Quais os mecanismos hoje neces-sários para atrair e reter talentos?LN: Se não tiver plano de carreira fica difícil reter talentos. É preciso uma abordagem de equipe em que a pes-soa se sinta parte, com autonomia e valorização, onde possa criar e se desenvolver. A maioria das pessoas que muda de emprego o faz por falta de respeito, de atenção, consciência, de oportunidade de crescer. Lógico que uma boa remuneração é espera-da, mas as pessoas querem ser per-cebidas. As empresas que oferecem incentivos ou ao menos facilitam de alguma maneira que o colaborador se aperfeiçoe, ajudam-no a desenvolver

dar com mudanças de forma rápida. A tendência é ter cabeça de Waze (aplicativo de trânsito e navegação por GPS): saber onde está, saber mais ou menos onde quer chegar e, entre uma coisa e outra, refazer a rota se necessário. Para ter essa au-tonomia e essa inteligência exige-se mais competência dos profissionais. Inclusive competência para dar li-berdade para sua equipe conseguir trabalhar. Quando se confia mais, pode-se delegar mais. Onde tem confiança tem menos controle. A gestão por confiança é uma das melho-res coisas para lidar com o ser humano.

360: A velocidade da tecnologia torna obsoletas funções e atividades huma-nas. Estar em constante mutação é a única forma de sobreviver em um mun-do cada vez mais competitivo? Reinven-tar-se profissionalmente deixou de ser uma opção?LN: É verdade. Vou dar um exemplo: estudando a cultura digital, descobri que o país mais digital do mundo é a Estônia. Lá tem um milhão e trezentos mil habitantes. Digitalizaram todo o Es-tado e lá não tem cartório e não é pre-ciso reconhecer firma. Eles até votam de casa. Só precisam estar presentes para assinar escritura de imóveis, para casar e divorciar. Digitalizaram a saúde e ao ir ao médico, usa-se um cartão que tem todo o histórico de exames, consultas e até dentista e remédios. As pessoas lá ganham tempo e uma semana na sua vida por evitar burocra-cia. Eles querem ser o Uber dos países. O mundo de fato está nessa velocida-de e vivendo essa mudança toda, e nem sempre é possível. Por isso, pre-cisamos estudar sempre e viajar muito para saber o que acontece no exterior e, se possível, vivenciar ao máximo as experiências nos outros países. São novas culturas, novos mundos visita-dos. Esse é um exercício de inovação.

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Quando se confia

mais, pode-se

delegar mais. Onde

tem confiança tem

menos controle"

A tendência hoje é

saber onde está,

onde quer chegar

e refazer a rota

se necessário"

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um sentido maior de comunidade, de fazer parte. Para reter um talento, tem que ter respeito pelo talento do indivíduo e pela pessoa.

360: O quanto as redes socias mu-daram o processo de recrutamento e seleção de profissionais? LN: As pessoas ainda não entendem isso muito bem, mas hoje está tudo conectado. Tem que se pensar no que vai se fazer por causa da res-ponsabilidade com o papel exercido na sua função e nas redes sociais. Para emitir opinião, tem de saber o que quer e pensar no longo prazo, porque na internet nada some e fica de algu-ma forma armazenado. Cada post que você publica pode ser visto de um jeito ou de outro, assim como opiniões emi-tidas no dia a dia podem ser interpreta-das de jeitos diferentes. É o preço a se pagar tanto na vida como na internet.

360: Atualmente diversas gerações compõem os quadros de funcionários das empresas. Um dos grandes desa-fios é unir suas competências, expe-riências, visões e diferenciais em prol do crescimento da companhia e dos próprios profissionais. Como unir essas gerações sem que haja conflito?LN: Existe um grande problema de ego. A gente não faz nada sozinho. Faço uma dinâmica nas minhas palestras que consiste em uma dança das cadei-ras diferente. Se antes um ganhava e a maioria perdia, agora é um jogo de ga-nha-ganha com quatro cadeiras ape-nas e cada pessoa que senta permite que mais duas sentem no seu colo e assim sucessivamente até a formação de uma mandala. Hoje todos estão conectados e essa performance é para mostrar que na nova dança das cadeiras as pessoas precisam con-fiar umas nas outras para que juntas possam formar essa mandala. Hoje é todo mundo dando o seu melhor

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para que receba algo bom do outro. É uma integração contínua de ajuda mú-tua. As pessoas que estão no modelo anterior não chegaram ao século 21.

360: Conforme a tecnologia avança, tornando mais complexas as organiza-

Para reter um

talento, tem que

ter respeito pelo

talento do indivíduo

e pela pessoa"

ções e trazendo a automação para vários segmentos da economia, mais urgente se faz encontrar uma nova forma de gerir pessoas dos mais va-riados perfis. E como deve ser esse novo conceito de gestão de pessoas? LN: Deve ser a gestão crítica. Uma boa liderança tem uma boa equipe e, por consequência, um bom traba-lho. É preciso gente que converse, que tenha transparência. Onde não precisa de gente, com funções ape-nas repetitivas, coloca automação. São três coisas que a organização

precisa nessa nova gestão de pessoas: uma marca que seja modelo e inspira-ção, uma liderança que motive os co-laboradores e a equipe e um propósito para impulsionar as pessoas a avançar, mudar e evoluir. (Colaborou Eleni Trindade)

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Em ano de novo governo e oportunidades renovadas para o país, setor da saúde busca a recuperação

POR RICARDO BALEGO

Para voltar a crescer

radicionalmente, em todo ano que se inicia tam-bém se renovam as esperanças e expectativas em relação a tudo aquilo que ainda não foi alcança-do. Com o fim de 2018 não foi diferente, após um período que muitos preferem esquecer, já que im-pactou a todos com um leque de dificuldades que perpassou pelos mais variados setores do país.

Dos obstáculos no campo econômico às in-certezas na esfera política, desgastada com mais denúncias de corrupção e uma disputa eleitoral bastante atípica, chegar a 2019 representa a pos-sibilidade de novas ideias e uma mudança neces-sária na forma de se conduzir um país tão grande, diverso e que precisa se renovar em muitos senti-dos. “Há uma expectativa muito grande, porque nós saímos de governos que tinham uma linha ao longo do tempo e agora há uma guinada do país para a direita e uma renovação do Congresso em praticamente metade dos seus membros, o que é importante”, analisa Paulo Frange, médico e vere-ador do município de São Paulo pelo PTB.

A economia também parece dar bons indícios de recuperação, como destaca o economista Ri-cardo Amorim. “Se as coisas andarem dentro das expectativas, teremos a retomada da economia e dos empregos. Após afundar por quase seis anos, o Brasil começou o processo de recuperação e isso pode ser comprovado pelo PIB que vem crescendo e registrou aumento nos últimos três trimestres”, afirma.

Concorda com essa visão Rubens Sardenberg, economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), para quem o país está sim em um processo de retomada, só que mais gradual. “É uma retomada do crescimento mais fraca do que a gente tinha imaginado inicialmente, mas

T temos uma boa perspectiva de eventualmente isso se consolidar e crescer mais.”

Com isso, na área da saúde, as expectativas acabam sendo igualmente grandes, já que o se-tor, além de lidar com uma atividade essencial à população, também costuma ser um importante termômetro de como anda a situação do país como um todo. Mas ainda há muito por se fazer.

Aceleração em meio a dificuldadesEnquanto grande parte das empresas do país ain-da amarga um ano de dificuldades, alguns seg-mentos da saúde já pensam em continuidade de crescimento para 2019. É o caso do Grupo Fleury, que atua no segmento de análises clínicas e está em fase de franca expansão. “Em 2019 a gente continua aceleramento o crescimento, tanto do ponto de vista orgânico, com o crescimento e abertura de novas unidades, assim como novas aquisições”, confirma Angelica Correa Dente, ge-rente de Remuneração, Benefícios e Relações Tra-balhistas.

Em dezembro passado, o grupo anunciou a compra da Newscan, dona do Lafe Laboratório de Análises Clínicas, em uma transação avaliada em R$ 170 milhões. A rede possui 32 unidades e atua na região metropolitana do Rio de Janeiro. Além disso, adquiriu também no fim do ano a SantéCorp, empresa de gestão de saúde e medi-cina assistencial, dessa vez por R$ 15,5 milhões. “Na medida do possível, ponderando sim, mas é uma expectativa positiva de continuar o cres-cimento, assim como foi o ano de 2018. Temos boas expectativas”, indica a gerente.

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Também vê um bom ambiente para a retoma-da dos negócios o presidente-executivo da Asso-ciação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para Saúde (Abimed), Carlos Alber-to Goulart, mesmo apesar de certa apreensão por conta do momento de transição política no país. “Na área da saúde é interessante porque a demanda existe, então o potencial sem dúvida é enorme. O Brasil ainda tem demandas reprimi-das e crescentes não só para a cura de doenças, como também para qualidade de vida. O que a gente está sentindo agora com esse novo governo é que, em uma análise geral do mercado, as pers-pectivas são muito positivas.”

No entanto, diante da possibilidade de cresci-mento, ressurgem também questões importantes para o setor que precisam avançar, amparadas na tecnologia e em novos modelos assistenciais e de remuneração. “Se você tem um ambiente positivo, é hora de se construir novos modelos, aproveitando esse momento. Isso sem contar a chamada indústria 4.0, que já está atingindo for-temente o nosso setor, com inteligência artificial, robótica, internet das coisas. É um fato no setor da saúde e isso muda tudo. Muda o sistema de ensino, o sistema assistencial e a gestão da saú-de”, pontua Goulart.

Desafios e alternativas de gestãoAlguns segmentos da prestação de serviços em saúde também vêm se preparando para atender às novas demandas, pensando conjuntamente em fatores importantes como o custo da assistên-cia e o envelhecimento da população.

As empresas de home care, por exemplo, se encaixam neste caso. “O papel da atenção domi-ciliar para o nosso sistema de saúde é muito im-portante, por estar contribuindo também para a desospitalização, que deve sempre ser realizada de uma forma correta, no tempo e lugar certos e com os profissionais capacitados”, destaca Luiza Watanabe Dal Ben, diretora da FEHOESP e do SINDHOSP.

Essa atuação pontual também melhora a ofer-ta e o custo dos serviços disponíveis, organizando

melhor o sistema, e isso deve se confir-mar cada vez mais em 2019. “Por isso que o home care precisa estar sendo muito mais parceiro do sistema, da atenção hospitalar e também desse cuidado de transição”, aponta Dal Ben.

Antonio Carlos de Carvalho, também diretor das entidades, espera bons resultados neste ano para o setor de laboratórios. “Nós estamos com uma grande expectativa e esperamos que o mer-cado retome todo o seu volume anterior”, diz. Ele cita como possível alternativa de negócios os serviços que adotam a lógica das clínicas popu-lares, funcionando como “convênios diretamente da população com os laboratórios, por meio de cartões e de outras empresas investindo nesse segmento”.

Este formato, que se baseia na relação direta entre pacientes e serviços de saúde, tem aumen-tado sua fatia no mercado. “A gente chama isso de pagamento no balcão. O paciente passa pela consulta médica ou em clínica popular e vem di-reto para o laboratório, a um preço justo e base-ado na tabela que os convênios pagam”, afirma Carvalho. A diferença neste caso é que os valores são pagos à vista, enquanto os planos de saúde têm um prazo contratual de pagamento mais lon-go. “Isso pra gente é muito mais interessante.”

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Luiza Dal Ben, diretora da Federação e do Sindicato

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William Dib, presidente da Anvisa

A questão da qualidade nos serviços de saúde também continua sendo um desafio para muitas empresas. Ainda é baixa, por exemplo, a quanti-dade de clínicas de saúde que buscam melhorar sua gestão da qualidade, mesmo com as medidas criadas pela Agência Nacional de Saúde Suple-mentar (ANS). “Infelizmente, o percentual de clí-nicas que tem buscado uma gestão da qualidade ainda é pequeno, mas é uma sementinha que já está brotando, contando com os incentivos da ANS”, acredita Elizabeth Tanabe Inazaki, gerente do Centro Clínico Santa Maria. A agência regula-dora dos planos privados de saúde promoveu, no fim de 2018, a atualização dos critérios de seu fa-tor de qualidade, por meio do qual os serviços de saúde que se qualificarem podem ser beneficia-dos com índices maiores de reajuste em alguns casos (veja matéria na pág. 22).

Outro órgão regulador, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), também reserva para 2019 grandes expectativas e possibilidades de mudanças. “Estamos mudando a forma de criar normas para que tenham menor impacto re-gulatório e também causem menos custos admi-nistrativos para o setor. Precisamos desburocrati-zar sem deixar de regular”, afirma o presidente da agência, William Dib. Também há um esforço do

órgão para se modernizar, especialmente em relação aos sistemas de informação e a

concessão de autorização para fun-cionamento de novas empresas.

“Com isso queremos melhorar a aceitação dos nossos produtos fora do país”, justifica.

Reforma trabalhista e negociaçõesCom apenas pouco mais de um ano desde a en-trada em vigor da reforma trabalhista, o ano de 2018 terminou mostrando-se ter sido de adapta-ções com relação à questão.

Para a gerente do Grupo Fleury Angelica Cor-rea Dente, o impacto da reforma tem sido até aqui positivo e vem valorizando ainda mais as relações entre sindicatos e empresas. “A reforma trabalhista trouxe a liberdade da negociação. É um momento de fortalecimento, porque quanto mais os sindicatos estiverem fortalecidos e bem colocados, mais a gente vai ter negociações pro-dutivas, tanto de um lado quanto do outro, que é o ‘ganha-ganha’ que a gente tanto almeja em uma negociação.”

Com isso, vem se confirmando cada vez mais a importância dos sindicatos – inclusive os patro-nais – nesse aspecto, enquanto instituições fun-damentais para o processo de representação tra-balhista. “Tem uma boa perspectiva de que esse vai ser um ano de fortes negociações, em que a gente vai ter que ter os sindicatos muito bem co-locados e fortalecidos, para nos ajudar e ajudar o setor.”

Como todo período de adaptações, no entan-to, o ano passado acabou apresentando muitas vezes situações complexas no âmbito das nego-ciações. “A gente sentiu mudanças e até alguns entraves em relação a fechamento de várias con-venções, o que se deu justamente pela reforma, pela insegurança de alguns sindicatos profis-sionais”, afirma Marcus Azevedo, da Rede D’Or. A tendência para este ano, no entanto, é que as

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CAPA

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relações já tragam contornos diferentes. “Todas as negociações vão estar num nível diferente do que foram e a gente espera realmente que isso melhore o nosso dia a dia com relação ao aspecto sindical”, acredita.

“Nós temos no setor sindical neste ano um de-safio a mais, além de melhorar a saúde, que é o de mostrar para o nosso setor como um todo a importância do sindicato patronal, e que ele deve decidir se é importante ou não ter essa represen-tação. Se decidirem que não, as empresas não terão mais os serviços do sindicato. E se não tiver o serviço, o prejuízo pode ser maior. Esse é um desafio que nós já tivemos em 2018 e vai ser apro-fundado neste ano”, prevê Yussif Ali Mere Junior, presidente da FEHOESP e do SINDHOSP.

Oportunidades de retomadaA melhoria da economia do país como um todo favorece, consequentemente, setores estratégi-cos, como é o caso da saúde. E isso representa a possibilidade de retomada de crescimento

que o segmento tanto precisa. “As perspectivas são realmente

boas. Se a nossa economia andar, com as reformas necessárias, temos

tudo para deslanchar e responder rapi-damente. O Brasil tem que deixar de ser um país caro e pesado para o empresário”, afirma Luiz Fer-nando Ferrari Neto, vice-presidente do Sindicato e diretor da Federação.

Segundo a presidente do Conselho de Admi-nistração da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), Claudia Cohn, “a saúde é um setor que investe mesmo durante a crise, ele tende a retrair um pouco, mas ainda inves-te. Agora, nós temos uma perspectiva, uma mu-dança, mesmo que lenta, mas com crescimento econômico, mais empregabilidade. Certamente com menos pessoas dependendo do SUS, a rede privada de serviços, de planos de saúde, pode se organizar melhor. Esse é um ponto positivo para o Brasil”.

Por outro lado, Cohn alerta para a necessida-de de avanços estruturais. “O Brasil está atrasado quando a gente fala em incorporação tecnológi-ca, no uso de procedimentos de alta tecnologia avançados, precisamos inovar mais. O primeiro passo deve ser em infraestrutura, para as inova-ções poderem chegar na ponta, com acesso mais fácil, no desfecho do paciente. Ele tem que estar no centro dessas decisões. Eu sou otimista de que o país vai ter condições políticas e econômi-cas de olhar para isso.”

Este importante aspecto também é destacado pelo economista Ricardo Amorim. “Nunca houve uma transformação tecnológica tão intensa e sig-nificativa, mas a falta de inovação no Brasil ainda é um grande desafio que precisa ser enfrentado.”

Para Renato Carvalho, presidente do Conselho de Administração da Abimed, o maior problema em relação às novas tecnologias no Brasil é o acesso. “A saúde vive um momento muito espe-cial, com a rápida transformação que está sendo promovida pelas inovações tecnológicas e pela

Para Yussif, "os sindicatos terão um desafio a mais este ano: mostrar sua importância

para as empresas"

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digitalização. O desafio será agilizar sua incorpo-ração, aproveitarmos todo o potencial que elas nos trazem para ampliar o acesso da população e aumentar a produtividade do sistema de saúde. O problema do país não é dispor de tecnologia de ponta, mas fazer com que a população tenha acesso a ela”, afirma.

Melhor assistência para todosA expectativa por melhorias na saúde brasileira também passa necessariamente pela melho-ria do sistema público, uma área que apresenta muitos desafios. “Estou otimista em relação ao crescimento de investimentos e empregos já em 2019, o que tende a impactar positivamente no financiamento da saúde, hoje prejudicado pela situação precária dos Estados e municípios e pela perda de usuários de planos de saúde”, avalia Ri-cardo Amorim.

Alguns temas importantes de destaque em 2018, inclusive, precisarão ser retomados neste ano, como lembra o vereador paulistano Paulo Frange. “A interiorização do médico no Brasil tem de ser um programa de política de saúde. Nós temos médicos o suficiente para que se possa contemplar esses rincões tão distantes e abandonados.”

Para mudar a forma de lidar com o problema, Frange sugere investir em medidas durante a for-mação dos novos profissionais, “para que eles possam compreender seu papel dentro da socie-dade como médicos, e a partir daí a parte técni-

ca, para que depois de formados te-nham segurança que vão fazer parte de um programa onde um pedaço de suas vidas, de um a dois anos, eles vão ter de dedicar aos brasileiros”, propõe.

Contrário ao programa que contava com médicos cubanos e foi redesenhado no fim de 2018, o presidente da Associação Paulista de Me-dicina (APM), José Luiz Gomes do Amaral, espera para este ano “o encerramento do Programa Mais Médicos e a criação imediata de políticas efetivas de provimento de profissionais às regiões estra-tégicas”. A expectativa da entidade para a rede pública também passa pela “aprovação de uma carreira de Estado para os médicos, assim como o fim da precarização do trabalho médico e ga-rantias de condições adequadas ao ético e com-petente exercício profissional”.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), Reinal-do Camargo Scheibe, a relação entre a assistên-cia pública e a privada precisa ser cada vez mais colaborativa, agindo em prol dos cidadãos. Ele espera por “um governo novo, mais organizado, pensando no brasileiro independentemente se ele está na iniciativa privada ou no SUS. Nessa entrada do governo a gente vai ter que pro-jetar isso tudo num crescimento, numa troca de informações para facilitar a vida do paciente entre público e priva-do, quando ele está em um ou outro, e fazer essa interação”.

Renato Carvalho, presidente do Conselho de Administração da Abimed

Ricardo Amorim, economista

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José Luiz Gomes do Amaral, presidente da APM

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o início de ano as pessoas costumam fazer balanços e estabelecer novas metas. Com as empresas não é diferente. No setor da saúde é o momento em que muitos acordos e reajustes devem ser revistos. Pelas regras da Agência Nacio-nal de Saúde Suplementar (ANS), nos contratos em que está estabelecida a livre negociação entre operadoras de planos de saúde e prestadores de serviços, essa medida deve ser implementada sempre nos primeiros 90 dias do ano.

Em 2019, ano cheio de expectativas com o novo gover-no federal, não será diferente nas negociações. A resolução normativa (RN) 436, de dezembro de 2018, traz mudanças importantes em normas anteriores que tratam de regras para a celebração de contratos firmados entre operadoras e prestadores de serviços (RN 363) e sobre a definição dos índices de reajustes a serem aplicados pelos planos aos prestadores (RN 364). Em nota enviada à reportagem, a ANS

LEGISLAÇÃO

N

RN 436 modifica contratualização e índices de correção do Fator de Qualidade

destaca que “as alterações ocorreram pela necessidade de aprimoramento do instituto para que seu objetivo regulató-rio fosse melhor alcançado: o incremento da qualidade na prestação dos serviços de saúde”.

A RN nº 363, que dispõe sobre as regras para celebração de contratos escritos com operadoras de planos, teve seu artigo 12 alterado pela nova resolução e agora enfatiza que os acordos devem ser expressos de modo claro e objetivo. Também inclui a utilização dos critérios de qualidade na composição da remuneração dos serviços de saúde para contratos novos e não apenas para negociação de reajustes.

Outra mudança trazida pela RN 436 foi a alteração do artigo 8º da RN 364, estabelecendo novos percentuais para aplicação do Fator de Qualidade: 115% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para os prestado-res que se enquadram nos critérios do nível A; 110% para

Atualizadas as regras para

reajustes de contratos

POR ELENI TRINDADE

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os prestadores que forem qualificados como nível B; 105% do IPCA aos de nível C; e 100% do índice para os prestado-res que não atenderem os atributos de qualidade nos níveis mencionados. Os critérios de cada nível variam conforme o tipo de estabelecimento.

Na opinião de Yussif Ali Mere Junior, presidente da FEHOESP, o cenário ainda não é o ideal, mas caminha para melhorias. “A iniciativa deve incentivar a busca pela quali-dade. A revogação do deflator já é um indicativo de que o órgão regulador percebeu que a norma como estava não ge-rou o incentivo esperado na melhora da qualidade dos ser-viços de saúde e mostra que ele ouviu nossas solicitações como representantes, visando à sustentabilidade de toda a cadeia de prestação de serviços”, explica.

Pela nova regra, a verificação do cumprimento dos crité-rios para aplicação do Fator de Qualidade deverá ser feita a qualquer tempo no ano-base a ser considerado diretamente pela operadora junto aos prestadores.

Segundo a agência, o objetivo de todas essas mudanças é estimular a qualificação dos prestadores (médicos, dentis-tas, fisioterapeutas, hospitais, laboratórios etc.) que, por sua vez, induzem a melhoria da qualidade dos serviços. “As alte-rações proporcionam maior segurança jurídica e transparên-cia, já que os critérios deixam de ser estabelecidos ano a ano e passam a constar de maneira definitiva na norma. Além disso, a necessidade de consideração de atributos de qua-lidade e desempenho na remuneração dos prestadores de serviços contribui para a redução dos desperdícios e garante a sustentabilidade do setor”, informa o comunicado da ANS.

Negociação

Os serviços de saúde precisam de muita atenção e cuidado no momento da negociação. Levando em conta todos os detalhes que envolvem esse tipo de tratativa, é fundamental que o prestador fique atento ao teor dos contratos com as operadoras de planos de saúde, devendo lê-los deta-lhadamente e submetê-los a advogados de confian-ça, mesmo sendo comum que o rodapé de cada página avise que o “contrato é pre-viamente aprovado pela gerência jurídica de saúde, dispensada chancela do jurídico”.

“Para melhorar o nível das negociações, torna-se extremamente importante co-nhecer as regulamentações que envolvem as obrigações contratuais, entre elas, as regras para aplicação do Fator de Qualida-de. Todo esse processo demanda um olhar sistêmico e uma parceria com as áreas envol-

vidas para avaliar os pontos críticos da negociação e evitar conflitos e perdas”, destaca Katia Kaiser, do departamento de Assis-tência à Saúde da Federação.

Outro cuidado fundamental é ficar atento aos prazos para não perder a oportunidade de reajustar os valores. “Um levantamento feito pela FEHOESP em 2017 mostrou que grande parte dos hospitais que possuíam contratos com previsão de livre negociação entre as partes como úni-ca forma de reajuste, e que não chegaram a um acordo após a negociação nos primeiros 90 dias do ano, não obtiveram reajuste contratual de acordo com o Fator de Qualidade conforme é estipulado pelo órgão regulador”, lembra Katia.

Histórico

De acordo com a ANS, a criação do índice de reajuste para cumprir o que determinou a lei 13.003/2014, levou em con-ta a alegação dos prestadores de que seu poder de barga-nha para negociar seria limitado frente às operadoras de planos de saúde, assim como as observações das opera-doras sobre a necessidade de estabelecimento de sanções por descumprimento de contrato para os prestadores de serviços. Após discussões e análises em Câmaras e Grupos Técnicos criados, compostos por representantes de todo o setor, chegou-se à conclusão de que o IPCA global seria a melhor opção para atender ao que foi estabelecido na Lei da Contratualização.

Para Yussif, "a iniciativa deve incentivar a busca pela qualidade"

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ma empresa sozinha dá oportunidades, cres- ce e inova, mas quando se une a outras organiza-ções tem a chance de ir além. A troca de experiên-cias e a possiblidade de criar uma rede constru-tiva de informações contribuem para um melhor planejamento e ainda podem impulsionar os negócios. Seguindo este princípio, a FEHOESP implantou mais um serviço para beneficiar os as-sociados dos seus seis Sindicatos filiados: pesqui-sas salariais e de benefícios.

Otimizar o tempo, alcançar desempenho e pro-dutividade satisfatórios e reduzir custos desneces-sários são objetivos que estão no topo do plane-jamento das organizações. No entanto, muitos gestores acabam deixando de lado informações sobre as práticas de remuneração do mercado de

GESTÃO DE PESSOAS

U

Pesquisa salarial, novo serviço da FEHOESP, contribui para o planejamento dos estabelecimentos de saúde

trabalho e gerando uma gestão de cargos e salá-rios inadequada.

Empresas modernas querem no time pessoas proativas, inovadoras e capazes de empreender. Mas nem sempre encontrar esse perfil é fácil. A importância da pesquisa salarial está no fato de que essa é uma importante ferramenta de apoio para a definição das estratégias de remuneração, levando a uma competitividade de mercado.

E isso já vinha sendo sentido, de acordo com Marizilda Angioni, gerente de Gestão de Pessoas da Federação, pelos representantes das institui-ções, que passaram a trazer o tema para as reu-niões das Comissões de Recursos Humanos do SINDHOSP. “Era frequente o questionamento en- tre as empresas para saber se os benefícios que

Solução para empresas

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elas ofereciam estavam de acordo com que ou-tras do mesmo segmento praticavam, uma vez que havia muita rotatividade de funcionários e elas não entendiam os motivos para isso”, conta. Com base nessas e em outras dúvidas, a FEHOESP começou a fazer as pesquisas incluindo os temas de mais interesse dos prestadores de serviços em saúde.

Para Marcelo Gratão, CEO das entidades, os associados em dia com as contribuições dos sin-dicatos da Federação ganham mais um serviço diferenciado. “Os sindicatos aglutinam milhares de representados e, por iniciativa própria, estão conseguindo fazer regionalmente um mapa dos níveis salariais. Após as pesquisas, o departamen-to de Gestão de Pessoas da Federação realiza um feedback para todos os participantes, garantindo a confidencialidade dos dados”, explica.

Outro fator fundamental, lembrado por Gra-tão, é que os associados têm acesso exclusivo e gratuito aos resultados do levantamento, um ser-viço que normalmente tem custo elevado no mer-cado. “É mais um exemplo de reciprocidade que temos com as empresas associadas: entregamos um serviço útil e de qualidade ao nosso represen-tado pela contribuição que ele faz às entidades.”

Os primeiros questionários foram feitos com base nas discussões dos grupos de RH e na experi-ência do setor de Gestão de Pessoas da equipe de Marizilda, e foram enviados para um grupo menor formado por hospitais, laboratórios, clínicas e ou-tros serviços de saúde. “Esses levantamentos pro-curaram saber mais sobre quais eram as aflições das empresas sobre remuneração e benefícios e foram totalmente direcionados de acordo com a área de atuação e, principalmente, a região em que esses estabelecimentos estão localizados.”

De acordo com a gerente da Federação, em muitos casos, o conteúdo do estudo é adequado às necessidades dos participantes do levanta-mento. A pesquisa pode ser respondida de for-ma sigilosa, o que confere mais transparência e confiança ao estudo, já que muitas empresas não se sentem à vontade em divulgar seus dados. Ao responder as questões é criado um banco de da-dos que situa de maneira mais realista a empresa em seu contexto de atuação. “É importante para eles ter essa percepção deles mesmos inseridos em seus segmentos com dados seguros”, destaca.

E os benefícios com as pesquisas são grandes para as empresas. Por exem-plo, se a instituição está perdendo muito colaborador e precisa ter um norte, terá in-formações sobre valores de vale-alimentação, vale-refeição, seguro de vida, previdência privada e outros serviços praticados por outras organi-zações. Desta forma, fica mais fácil saber se está perdendo talentos por causa de uma defasagem nos benefícios ou não. “Ao participar das pesqui-sas salariais de mercado, o empreendedor passa a se valer de uma série de dados e informações que levem a avaliar e a analisar o nível de com-petitividade dos salários e benefícios oferecidos, assim como comparar as diversas práticas de ges-tão de pessoas”, ressalta Marizilda.

Além disso, segundo a gerente, o levamen-to também aponta quais as maiores causas de afastamento de funcionários na região em que os estabelecimentos estão inseridos. “Se for algo em comum, eles podem se unir para propor progra-mas, reduzir custos e resolver a questão.”

Algumas empresas já têm dado retorno po-sitivo sobre o uso dos dados das pesquisas à FEHOESP. “Fomos informados que conteúdo de alguns estudos tem sido utilizado na reunião de planejamento estratégico anual das instituições. Isso é muito positivo, por isso introduzimos ino-vações no formato de como disponibilizamos este material. Trocamos o envio da pesquisa em cadernos impressos por acesso exclusivo aos es-tudos em nosso site”, explicou Gratão.

No primeiro semestre deste ano, segundo Marizilda, a ideia é que todas as regiões de abrangência dos Sindicatos filiados à Federação tenham pesquisas salarias e de benefícios em andamento para que seja feita uma radiografia do Estado. Este trabalho terá início pela região do ABC Paulista. Para saber mais, procu-re o representa regional dos Sindica-tos ou entre em contato pelo e-mail [email protected]. (Por Eleni Trindade)

Marcelo Gratão, CEO da FEHOESP, SINDHOSP e IEPAS

Marizilda Angioni, gerente de Gestão de Pessoas da FEHOESP

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inguém pode prever o curso de um câncer com precisão. Nem os mais renomados médicos, nem os videntes, nem os pacientes, muito menos as famílias ou quem já passou pela doença. O que existem são curvas que determinam as mé-dias de sobrevida. Afinal, ter câncer é uma sentença de mor-te? E como superar as expectativas de quanto tempo ainda resta? O livro “Anticâncer – Prevenir e vencer usando nossas defesas naturais” é uma inspiração para qualquer pessoa que esteja disposta a preparar o terreno – o próprio corpo – a fim de evitar que um câncer se desenvolva, ou para lutar com todas as armas contra um já instalado.

Escrita pelo médico francês David Servan-Schreiber, a obra se mescla com a história do autor, diagnosticado com um tumor no cérebro aos 31 anos, durante uma ressonância a que ele se submetera apenas para cobrir a falta de um vo-

RESENHA

A cauda direita da curva

N

POR ALINE MOURA

luntário de seus próprios estudos relacionados a atividade cerebral, na Universidade de Pittsburgh (EUA). “Havia, sem nenhuma ambiguidade, na região do córtex pré-frontal di-reito, uma bola redonda do tamanho de uma noz”, descreve o psiquiatra, já no primeiro capítulo. “Impossível me iludir sobre a gravidade do que acabáramos de descobrir. Em es-tágio avançado, um câncer no cérebro sem tratamento ge-ralmente mata em seis semanas; com tratamento, em seis meses”, continua.

Obstinado, Servan-Schreiber não se conforma com as respostas dos médicos que passam a atendê-lo. Embora se submeta a todos os tratamentos convencionais que lhe são oferecidos, ele também sai em busca de informações sobre como fugir das estatísticas e sobreviver além do que lhe es-tava sendo posto. Sua primeira inspiração foi Stephen Jay

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Anticâncer – Prevenir e vencer usando nossas defesas naturaisAutor: David Servan-SchreiberEditora: FontanarPáginas: 284 Preço médio: R$ 40

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Gould, professor de zoologia da Universidade Harvard, um dos cientistas mais influentes de sua geração, que descobriu um mesotelioma do abdome – um câncer grave e raro atri-buído à exposição ao amianto –, aos 40 anos, em 1982. Con-siderada incurável, a doença apresentava uma sobrevida média de oito meses depois de confirmado o diagnóstico. No entanto, observou Gould, todas as curvas de sobrevida têm a mesma forma assimétrica: do lado esquerdo está me-tade dos casos, aqueles cujos pacientes sobrevivem entre o zero e a média. Na outra metade, à direita, estão os além da média, e existe sempre uma longa cauda direita, que pode se prolongar consideravelmente.

É sobre esta cauda direita que trata o livro “Anticâncer”. E sobre o fato de que a sobrevivência nada tem a ver com sorte ou destino. Tanto Jay Gould quanto Servan-Schreiber, ambos em épocas distintas, sobreviveram por longos pe-ríodos a cânceres considerados incuráveis, desafiando os melhores prognósticos. Gould, a quem Servan-Schreiber dedica um capítulo inteiro, morreu vinte anos depois de descobrir a doença, de outra enfermidade. Teve tempo de concluir “uma das mais admiráveis carreiras científicas de seu tempo”, vivendo trinta vezes mais do que os oncologis-tas haviam previsto. David Servan-Schreiber, por sua vez, também viveu por vinte anos com seu câncer de cérebro, tendo a oportunidade de reaprender a ser médico, casar e descasar, ter três filhos, escrever um best-seller e a se pre-parar para a morte, em julho de 2011, anos depois de ter escrito “Anticâncer” e meses após lançar o tam-bém bem-sucedido “Podemos dizer adeus mais uma vez”.

O segredo dos que passam para a cauda di-reita da curva está descrito, de diversas manei-ras, em “Anticâncer”. Segundo o autor, “não exis-te abordagem natural capaz de sozinha curar o câncer. Mas também não existe destino fechado”. Confrontando o que a medicina sabe sobre a doen-ça, o livro descreve, um a um, os aspectos mais rele-vantes para uma mudança de atitude e para o que o autor chama de “ativação” do sistema imunológico. Entram neste conjunto as questões ambientais e as mudanças na forma como os alimentos passaram a ser cultivados na contempo-raneidade; a maneira como lidamos com nossos sentimen-tos e a importância da mente, do equilíbrio e até da oração para potencializar os efeitos de uma quimioterapia; e os exercícios físicos regulares, obrigatoriamente necessários.

As estatísticas de inúmeros estudos, desenvolvidos em universidades mundo afora, misturam-se às memórias do médico, repletas de enfrentamento, autoconhecimento e comoção. Servan-Schreiber descreve um sem-número de

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ção

pesquisas, realizadas com pacientes de todos os cantos do planeta e também com cobaias, que desvendam os efeitos benéficos do poderoso chá verde, das frutas vermelhas, da cúrcuma e da meditação, para citar alguns, na luta pelo for-talecimento do sistema imunológico, o grande responsável por combater o cavaleiro negro do câncer, o NF-kappaB. Ao mesmo tempo, delimita os inimigos da boa saúde, como os açúcares, a farinha branca, os enlatados, as substâncias quí-micas presentes nos cosméticos e nos produtos de limpeza, as carnes vermelhas provenientes de animais criados em confinamento, entre outros. O livro traz listas detalhadas so-bre o que ajuda e o que impede o crescimento dos cânceres, auxiliando o leitor a aderir aos novos hábitos.

Uma das grandes apostas de Servan-Schreiber, que es-creveu o livro 14 anos após seu primeiro diagnóstico, é mos-trar que as células cancerosas permanecem adormecidas em todos nós, e que todos devemos cuidar do terreno em que elas vivem para que não cresçam. O tom não é alarmista nem apocalítico. Embora deixe claro que há em curso uma epidemia de câncer no Ocidente, deflagrada já nos anos de 1940, há razão, ciência e sobriedade nas palavras do psi-quiatra, que alerta: “Paralelamente às intervenções estrita-mente médicas, todos nós podemos estimular os recursos do próprio organismo. O preço a pagar é o de levar uma vida mais consciente, mais equilibrada e mais bonita.”

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implementação de ferramentas de governança, como o compliance, tem apoiado as organizações ao promover melhores práticas éticas.

Banir do setor de saúde essas práticas é um caminho longo e árduo, mas é uma jornada já iniciada. Temos cada vez mais líderes compro-metidos com o tema da ética e mais profissionais capacitados a implementar sistemas sólidos de compliance em organizações de saúde – algo para o qual o Cbexs tem a honra de contribuir.

O papel do executivo de saúde, porém, não se esgota aí. Precisamos dar mais passos. Todos os que, em algum momento, passaram por uma posição de liderança, sabem que a realidade nem sempre se conforma às regras previamente esta-belecidas e que nem sempre as questões éticas se apresentam com a clareza da santidade, ou a escuridão das fraudes e propinas. Entre os com-

POR LUIZ FELIPE COSTAMILAN

ARTIGO

m 1919, Max Weber publicou o seu ensaio “Política como vocação”. No texto, há algumas lições valiosas sobre liderança – principalmente focadas nas questões ligadas ao Estado, mas que possuem importantes paralelos com os desafios que os gestores vivem nas organizações.

Talvez uma das ideias mais aplicáveis à refle-xão daqueles que se veem em uma posição de liderança – e à do gestor da saúde mais especi-ficamente – é a diferenciação que Max Weber fez entre as duas éticas que vivem em conflito nas ações do líder: a da convicção e a da responsa-bilidade. Sem entrar em rigores de definições fi-losóficas, a ética da convicção é a do ideal e a da norma abstrata e a da responsabilidade é a ética da vida prática e das consequências das ações.

Não nos enganemos – nem todas as decisões colocam ambas em conflito. Em muitos casos, há decisões que violam ambas as éticas. O médico que recebe propina do fabricante de dispositivos médicos, o hospital que inclui na conta itens não utilizados e a operadora que glosa uma conta que sabe ser correta, simplesmente para adiar o pagamento, agem de forma inexcusável. Nos úl-timos anos, no setor de saúde – e no Brasil como um todo –, temos visto um avanço importante nas discussões em torno de ética corporativa. A

Os próximos passos da

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A implementação de

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possível com reflexão sobre o seu papel – na sua organização e também em relação ao sistema de saúde. Em um mundo no qual o tempo é cada vez mais escasso, porém, pode parecer utópico exigir do gestor um espaço para reflexão filosófica sobre as suas decisões.

Há que se considerar, no entanto, que os con-flitos éticos estão entre aqueles que impõem o maior fardo emocional ao gestor. São as decisões necessárias que ninguém quer tomar: a demis-são do funcionário antigo e querido que não tem mais espaço na nova organização; a escolha clíni-ca que sabe-se não ser a ideal, mas que é a única que é possível fazer de forma sustentável no atual sistema; a quebra de uma relação estabelecida de confiança com um parceiro pelo surgimento de uma nova oportunidade.

A reflexão ética pode trazer-lhe, porém, uma certa paz de espírito – a consciência de que não há outra decisão a ser tomada. Nas palavras de Max Weber: “[...]é profundamente comovente quando um homem maduro – não importa se ve-lho ou jovem em anos – tem consciência de uma responsabilidade pelas consequências de sua conduta e realmente sente essa responsabilidade no coração e na alma. Age, então, segundo uma ética de responsabilidade e num determinado momento chega ao ponto em que diz: ‘Eis-me aqui; não posso fazer de outro modo’".

*Luiz Felipe Costamilan é formado em administra-ção pela PUC-Rio e, desde abril de 2018, é CEO do Cbexs

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portamentos claramente éticos e os claramente antiéticos há uma imensa zona cinzenta, que é onde a maior parte das decisões acontece.

A ética da convicção diria, por exemplo, que devemos evitar fazer negócios com pessoas e em-presas envolvidas em práticas ilícitas ou imorais. Temos o dever de conhecer e cobrar os nossos parceiros de negócio em relação às suas práticas éticas. Se uma dessas empresas, porém, é a única fornecedora de um produto indispensável para o cuidado do paciente, temos, pela ética da respon-sabilidade, o dever negociar com ela para criar as condições para o melhor cuidado possível.

Como solucionar esse conflito? Não há “proto-colo”. O líder que traz consigo somente a ética da convicção tem os fins, mas não os meios para rea-lizá-los; aquele que só tem a da responsabilidade, tem os meios, mas sacrifica os fins por eles. O ges-tor só se realiza enquanto líder ético na comple-mentariedade de ambos – quando age com res-ponsabilidade na mente e convicção no coração.

Mas talvez o exercício mais relevante para o gestor da saúde seja justamente o de explicitar esses conflitos para si próprio e conscientemente assumir responsabilidade pelas consequências das decisões. As posições de liderança exigem esse encargo. Um dilema ético coloca valores em oposição e ter de escolher um sobre o outro é sempre difícil. Como seres humanos, não alcan-çaremos em momento algum a perfeição ética, mas é nosso dever estarmos plenamente cons-cientes da nossa imperfeição.

A filósofa Hannah Arendt, ao reportar de Je-rusalém sobre o julgamento de Adolf Eichmann, um dos perpetradores do Holocausto, falou sobre a banalidade do mal. Ao falar sobre o réu, Aren-dt disse que era evidente para todos que ele não era um monstro – mas que era difícil não suspei-tar que ele fosse um palhaço. Eichmann era um burocrata, motivado por ascensão na carreira, não um fanático motivado por ideologia. Ele dis-se que, pessoalmente, não tinha nada contra os judeus. A banalidade do mal está justamente no fato de que a monstruosidade do Holocausto – o assassinato, em escala industrial, de milhões de pessoas – foi causada por uma estupidez que é bastante comum.

Exigir-se-á cada vez mais, portanto, do líder na saúde, um grau de consciência ética que só é

Temos o dever de

conhecer e cobrar os

nossos parceiros de

negócio em relação às

suas práticas éticas"

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CHARGE

A Revista FEHOESP 360 é uma publicação da FEHOESP, SINDHOSP,

SINDHOSPRU, SINDJUNDIAÍ, SINDMOGIDASCRUZES, SINDRIBEIRÃO, SINDSUZANO e IEPAS

Periodicidade: mensal

Correspondência: Rua 24 de Maio, 208, 9º andar - República - São Paulo - SP - [email protected]

Coordenadora de Comunicação Aline Moura

Editora responsávelFabiane de Sá (MTB 27806)

RedaçãoEleni Trindade, Rebeca Salgado e Ricardo Balego

Projeto gráfico/diagramação - Thiago Alexandre

Fotografia - Leandro Godoi

Publicidade: [email protected]

Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da revista.

Diretoria FEHOESP

Presidente - Yussif Ali Mere Junior

1º Vice-Presidente - Marcelo Soares de Camargo

2º Vice-Presidente - Roberto Muranaga

1º Diretor Secretário - Rodrigo de Frei-tas Nóbrega

2º Diretor Secretário - Luiz Augusto Te-nório de Siqueira

1º Diretor Tesoureiro - Luiz Fernando Ferrari Neto

2º Diretor Tesoureiro - Paulo Roberto Grimaldi Oliveira

Diretores Suplentes - Elucir Gir, Hugo Ale-xandre Zanchetta Buani, Carlos Eduardo Lich-tenberger, Armando de Domenico Junior, Lui-za Watanabe Dal Ben, Jorge Eid Filho e Michel Toufik Awad

Conselheiros Fiscais Efetivos - Antonio Car-los de Carvalho, Ricardo Nascimento Teixeira Mendes e João Paulo Bampa da Silveira

Conselheiros Fiscais Suplentes - Maria He-lena Cerávolo Lemos, Fernando Henriques Pin-to Júnior e Marcelo Rodrigo Aparecido Netto

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