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360 360 EDIÇÃO 38 • JANEIRO DE 2020 O que 2020 reserva para a saúde? Saiba o que esperar do setor nos cenários político e econômico IR PARA PÁGINA 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32

EDIÇÃO 38 • JANEIRO DE 2020 · 2020. 2. 4. · Embora representem 65,89% do PIB da Saúde, o estudo do IBPT mostra que as empresas privadas contribuíram, em 2018, com 95,11%

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360360EDIÇÃO 38 • JANEIRO DE 2020

O que 2020 reserva

para a saúde?Saiba o que esperar do setor nos cenários político e econômico

IR PARAPÁGINA 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32

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O Brasil é o país onde se gasta mais tempo calculando e pa-gando impostos em todo o mundo. A constatação é do Ban-co Mundial, que divulgou estudo sobre o tema há dois anos. O órgão calcula que as empresas brasileiras gastam, em mé-dia, 1.958 horas por ano apenas para cumprir todas as regras do Fisco. Com base nesses dados, o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) elaborou outro estudo, mos-trando que a estrutura de tecnologia e recursos humanos que as empresas precisam montar para lidar com a burocra-cia tributária consome cerca de 1,5% do faturamento anual, um gasto de aproximadamente R$ 65 bilhões anuais apenas para calcular e pagar impostos.

O anúncio do governo de que apresentará, em fevereiro, uma proposta para reforma tributária vem, portanto, em boa hora. Precisamos urgentemente simplificar o atual cipo-al legislativo que rege cerca de 65 tributos existentes no país (entre impostos, taxas e contribuições), além de quase cem obrigações acessórias. Além desses números exagerados, a burocracia brasileira parece não conhecer limites. Da Cons-tituição de 1988 até setembro de 2018 foram editadas 390 mil normas tributárias, sendo 31 mil federais, 123 mil esta-duais e 235 mil municipais. É insano, para qualquer empresa ou gestor, acompanhar tantas mudanças.

Nosso sistema tributário é muito criticado por especialis-tas por tributar excessivamente o consumo em detrimento da tributação sobre a renda e o patrimônio, como ocorre na maioria dos países desenvolvidos. 65% da arrecadação tributária do Brasil vêm de tributos que incidem direta ou indiretamente sobre o consumo, penalizando a população de baixa renda.

Enquanto o mercado aguarda a proposta de reforma tri-butária que será apresentada pelo Executivo, há duas pro-postas na área de impostos em discussão, uma na Câmara,

outra no Senado. Nenhuma, no entanto, atende aos anseios e necessidades do setor da saúde. A proposta de unificar PIS e COFINS e criar o Imposto sobre Valor Agregado (IVA) pode aumentar significativamente a carga tributária para as empresas de saúde, já que o governo fala em um imposto único de 25%.

O setor de prestação de serviços de saúde no Brasil é formado por entidades públicas, filantrópicas e privadas e cada um desses segmentos participa de forma diferente do Produto Interno Bruto (PIB) da Saúde, calculado em R$ 378,4 bilhões em 2018. Segundo o IBPT, no ano de 2018, a saúde pública representou 28,12% desse PIB (R$ 106,4 bi), enquan-to as empresas privadas com fins lucrativos representaram 65,89% (R$ 249,3 bi) e, as entidades filantrópicas, tiveram uma participação de 5,99% (R$ 22,6 bi) no PIB da Saúde.

Embora representem 65,89% do PIB da Saúde, o estudo do IBPT mostra que as empresas privadas contribuíram, em 2018, com 95,11% do total da arrecadação tributária do se-tor da saúde e a carga tributária incidente atualmente sobre elas é de 39,55%. Ou seja, um setor que desempenha pa-pel social tão relevante para a sociedade já arca com uma pesada carga tributária; não há espaço para que isso cresça ainda mais.

A FEHOESP e seus sindicatos filiados, como o SINDHOSP, estão atentos às negociações no Congresso Nacional e aguardam a proposta do Executivo. Defendemos uma refor-ma que gere um sistema tributário mais simples, mais justo, que diminua a burocracia, crie um ambiente saudável de ne-gócios, com segurança jurídica, que favoreça o investimento estrangeiro e, principalmente, que promova a justiça social.

Yussif Ali Mere JrPresidente

Reforma tributária e justiça social

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15

24

ÍNDICEÍNDICE05

06

08

CAPA 18

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10

Lideranças do setor de saúde falam sobre as perspectivas para 2020

FEHOESP 360 faz um balanço do Corujão da Saúde, em SP

Artigo fala sobre os diversos aspectos da desospitalização

Destaque on-line

Na seção de Notas, veja os principais acontecimentos do setor

Boletim Econômico da FEHOESP mostra queda de leitos no SUS

O presidente da APM, José Luiz Gomes do Amaral, faz um balanço da atividade médica e do sistema de saúde do país

Contrato de Trabalho Verde-Amarelo. Tire suas dúvidas

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DESTAQUE ON-LINE

05

Após muitas discussões no Congresso, a nova Previdência entrou em vigor no final de 2019. Visando orientar seus re-presentados, a FEHOESP apresenta, em seu portal, um compilado de informações com as principais mudanças do novo sistema.

A nova Previdência traz diferenças nos cálculos de apo-sentadoria por tempo de trabalho, por idade e em casos de aposentadorias especiais, além de mudar a alíquota de contribuição do trabalhador ao Instituto Nacional do Segu-ro Social (INSS).

Para quem já está aposentado, nada muda. O texto tam-bém não mexe nos direitos de quem já reuniu os requisitos para se aposentar. As novas regras valem para segurados

do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) e do Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) da União.

Portal FEHOESP traz as principais mudanças da Reforma Previdenciária

Os desafios econômicos e políticos pedem uma represen-tatividade eficiente. Atualmente, no Brasil, existem quase 17 mil sindicatos e aproximadamente cinco mil são de em-pregadores, segundo dados do jornal O Estado de S. Paulo. Desse total, milhares encerraram suas atividades por depen-der quase que na totalidade da contribuição sindical, que passou a ser facultativa em novembro de 2017.

O SINDHOSP, sindicato que defende os interesses dos seus associados desde 1938, foi criado antes mesmo da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em 1º de maio de 1943, sancionada pelo presidente Getúlio Vargas. “Somos o maior sindicato patronal da área da saúde na América Lati-na, com vários escritórios regionais espalhados pelo Estado de São Paulo. Atuamos em prol da categoria desde 1938, antes mesmo de existir a contribuição sindical”, esclarece Yussif Ali Mere Jr, presidente do SINDHOSP.

Em 2019, o SINDHOSP representou os prestadores de serviços da área da saúde frente às instabilidades econômi-

cas, principalmente após as reformas trabalhista e previden-ciária, e lutou pela categoria, conseguindo acordos coletivos condizentes à situação econômico-financeira da maioria das empresas do setor. São esperadas ainda outras mudan-ças importantes no atual governo, como um programa de privatizações e a reforma tributária. “Estamos acompanhan-do o avanço nas negociações da reforma tributária, para que nossos representados tenham suas atividades simplificadas e não sejam prejudicados com aumento de impostos. Em várias situações fomos decisivos e atuantes em negociações desse tipo, como por exemplo, quando ações do SINDHOSP frearam o aumento do PIS/COFINS para a saúde. Sempre fomos assertivos na tomada de decisões ao defender os in-teresses do setor, tanto em Brasília, quanto na articulação com outras entidades da saúde", afirma Yussif Ali Mere Jr, acrescentando que são ações como essas, contra o aumen-to de impostos, que mostram a importância de fazer parte de um sindicato forte e atuante.

Em 2020, tenha o SINDHOSP como forte aliado

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06

O SINDHOSP, por meio de suas Assembleias Gerais Extra-ordinárias (AGEs), começa a negociar os reajustes salariais, dissídios e outras cláusulas de negociações coletivas com algumas categorias profissionais. O objetivo é o de promo-ver o diálogo com o sindicato profissional, entender o mo-mento econômico-financeiro que os estabelecimentos de saúde de cada região se encontram e defender seus interes-ses nas negociações.

O calendário de AGEs, bem como as pautas de reivindi-cações e as credenciais de voto, estão disponíveis para consulta no site.

SINDHOSP começa a negociar salários pelo Estado

NOTAS

O presidente da República, Jair Bolsonaro, aprovou lei que estabelece prazo de 24 horas para que os prestadores de serviços de saúde públicos e privados comuniquem à po-lícia casos em que houver indício ou confirmação de vio-lência contra a mulher. O objetivo é que, com a entrada em vigor da nova lei, haja uma redução da subnotificação dos casos de violência e feminicídio. Anteriormente, as redes de saúde já eram obrigadas a notificar os episódios, mas não havia prazo para que essa comunicação fosse feita.

Lei obriga serviços de saúde a comunicar violência contra a mulher em 24 horas

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) divulgou, no início de janeiro, dados do setor de planos de saúde re-lativos ao mês de novembro de 2019. No mês, o setor tota-lizou 47.223.963 beneficiários em planos de assistência mé-

ANS divulga dados da saúde suplementardica em todo o Brasil, mantendo estabilidade em relação ao mesmo mês de 2018 (47.236.459).

Já o segmento exclusivamente odontológico segue em sua trajetória de evolução nos últimos anos, contabilizando 25.777.679 usuários e crescimento de 1.557.859 em relação a novembro de 2018.

Entre os estados, no comparativo entre novembro de 2018 e novembro de 2019, o setor registrou crescimento de beneficiários em planos de assistência médica em 14 Unida-des Federativas, sendo Minas Gerais, Goiás e Rio de Janeiro as que tiveram o maior ganho de beneficiários.

A ANS ressalta que os números podem sofrer modifica-ções retroativas em função das revisões efetuadas mensal-mente pelas operadoras. A consulta dos dados e as tabelas de evolução de beneficiários podem ser conferidas no site www.fehoesp360.org.br.

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PORTAL FEHOESP 360

Confira no Portal:

As principais notícias do setor

Informações jurídicas, contábeis e tributárias

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Informativo Notícias Jurídicas

Versão eletrônica da Revista FEHOESP 360

Acesse www.fehoesp360.org.br

07

O governo anunciou novo reajuste do valor do salário mí-nimo para R$ 1.045, que será feito via Medida Provisória a partir do dia 1º de fevereiro. O valor corresponde ao reajuste da inflação do ano, que encerrou 2019 em 4,1%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O novo salário mínimo ficou mais alto do que o previs-to na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2020, aprovada pelo Congresso Nacional, que era de R$ 1.031. Isso porque a pre-visão anterior do governo federal para a inflação de 2019 era de 3,3%, mas o percentual acabou ficando em 4,1%, de acordo com a última estimativa medida pelo IBGE.

Em nota, o Ministério da Economia informou que o au-mento do valor da carne nos últimos meses pressionou o crescimento geral nos preços no final do ano, ampliando o percentual de inflação apurado. "Será necessária a realiza-ção de ajustes orçamentários, a fim de não comprometer o cumprimento da meta de resultado primário e do teto de gastos definido pela Emenda Constitucional nº 95", infor-mou a pasta da Economia.

TramitaçãoA MP 916/19 entra em vigor imediatamente, mas depende de confirmação do Congresso Nacional. Inicialmente, será examinada por uma comissão mista de deputados e sena-dores, fase em que serão apresentadas emendas e realiza-das audiências públicas. O texto aprovado por essa comis-são será votado posteriormente pelos plenários da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.

MP fixa salário mínimo em R$ 1.045

NOTAS

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BOLETIM ECONÔMICO

08

oitava edição do Boletim Econômico FEHOESP mostra que o Sistema Único de Saúde (SUS), até setembro de 2019, contabilizou 327.980 leitos no país, divididos entre leitos gerais e complementares. Em comparação com o mês de dezembro de 2018, nota-se o fechamento de 3.014 leitos do SUS, o que significa uma redução de 0,9% no número total de leitos, segundo o Cadastro Nacional de Estabelecimen-tos de Saúde (CNES). Já na saúde privada, foram registrados 164.736 leitos, totalizando a abertura de 4.837 novos leitos em relação a dezembro de 2018, o que aponta um cresci-mento de 3%. (Tabela 1)

SUS tem nova queda no número de leitos

Para o atendimento do sistema SUS no Estado de São Paulo, em setembro de 2019, foram contabilizados 60.035 leitos, o que representou o fechamento de 800 leitos, se comparados com o verificado em dezembro de 2018. Para o atendimento do sistema suplementar de saúde, ou não SUS, no mesmo Estado, também em setembro de 2019, foram contabilizados 46.797 leitos, representando a aber-tura de 254 leitos em relação a dezembro de 2018. O saldo decorre do fechamento de 33 leitos gerais e da abertura de 287 leitos complementares, onde estão incluídas as UTIs. (Tabela 2)

A

Leitos

SUS Não SUS

Saldo no ano Variação % Saldo no ano Variação %

Set19 Dez18 Set19/Dez18 Set19 Dez18 Set19/Dez18

Leitos gerais 296.406 300.280 -1,3% 136.399 132.508 2,9%

Cirúrgicos 74.387 74.744 -0,5% 42.677 41.926 1,8%

Clínicos 106.952 107.812 -0,8% 47.816 46.617 2,6%

Obstétricos 38.908 39.535 -1,6% 13.278 13.075 1,6%

Pediátricos 38.602 39.302 -1,8% 10.362 10.271 0,9%

Outras Especialidades 32.530 33.640 -3,3% 16.055 15.075 6,5%

Hospital/Dia 5.027 5.247 -4,2% 6.211 5.544 12,0%

Leitos complementares 31.574 30.714 2,8% 28.337 27.391 3,5%

Unidade intermediária 5.460 4.964 10,0% 3.547 3.711 -4,4%

Unidade intermediária neonatal 408 530 -23,0% 25 25 0,0%

Unidade isolamento 3.252 3.203 1,5% 1.137 1.088 4,5%

UTI adulto 14.610 14.371 1,7% 16.395 15.646 4,8%

UTI pediátrica 2.549 2.504 1,8% 2.262 2.036 11,1%

UTI neonatal 4.859 4.722 2,9% 4.250 4.209 1,0%

UTI de queimados 158 164 -3,7% 70 75 -6,7%

UTI coronariana tipo II e III 278 256 8,6% 651 601 8,3%

Total de leitos 327.980 330.994 -0,9% 164.736 159.899 3,0%

Tabela 1 - Brasil: Leitos hospitalares por especialidades e complementares - SUS e Não SUS

Fonte: Ministério da Saúde - Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde (CNES) - Consulta 23/10/2019

Saúde privada registra crescimento

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09

ÍNDICE DE INFLAÇÃO

Índice de Inflação dos Serviços de Saúde FEHOESP – IISSF – dezembro 2019

% Índice Indicador Cálculo

Salários e encargos 55,00 INPC-IBGE 1,2200% 0,6710%

Materiais médicos de uso do paciente 20,00 IPC-FIPE -0,4100% -0,0820%

Materiais de consumo geral 2,00 IPCA-FIPE 1,1500% 0,0230%

Serviços de nutrição e dietética 4,00 IPCA-FIPE Alimentação 2,9600% 0,1184%

Manutenção de edifício e equipamentos 4,00 IGPM-FGV 2,0900% 0,0836%

Limpeza 3,00 INPC-IBGE 1,2200% 0,0366%

Despesas gerais 12,00 IGPM-FGV 2,0900% 0,2508%

Total 1,1014%

Leitos

SUS Não SUS

Saldo no ano Variação % Saldo no ano Variação %

Set19 Dez18 Set19/Dez18 Set19 Dez18 Set19/Dez18

Leitos gerais 52.784 53.682 -1,7% 38.473 38.506 -0,1%

Cirúrgicos 13.151 13.156 0,0% 12.023 11.876 1,2%

Clínicos 16.259 16.494 -1,4% 13.638 13.810 -1,2%

Obstétricos 5.540 5.586 -0,8% 3.665 3.644 0,6%

Pediátricos 5.103 5.173 -1,4% 2.898 2.950 -1,8%

Outras Especialidades 10.979 11.478 -4,3% 4.289 4.423 -3,0%

Hospital/Dia 1.752 1.795 -2,4% 1.960 1.803 8,7%

Leitos complementares 7.251 7.153 1,4% 8.324 8.037 3,6%

Unidade intermediária 1.191 1.018 17,0% 961 1.104 -13,0%

Unidade intermediária neonatal 136 193 -29,5% 0 0 N/D

Unidade isolamento 512 507 1,0% 309 329 -6,1%

UTI adulto 3.438 3.477 -1,1% 4.744 4.406 7,7%

UTI pediátrica 727 733 -0,8% 792 732 8,2%

UTI neonatal 1.147 1.135 1,1% 1.289 1.233 4,5%

UTI de queimados 62 62 0,0% 18 30 -40,0%

UTI coronariana tipo II -UCO 38 28 35,7% 211 203 3,9%

Total de leitos 60.035 60.835 -1,3% 46.797 46.543 0,5%

Tabela 2 - São Paulo: Leitos hospitalares por especialidades e complementares - SUS e Não SUS

Fonte: Ministério da Saúde - Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde (CNES) - Consulta 23/10/2019

Edição nº 8 - novembro de 2019 Dados de janeiro a setembro de 2019

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tempo é um fator decisivo na saú-de. É o que ensina José Luiz Gomes do Amaral, presidente da Associação Paulista de Medicina (APM). Para ele, o tempo é fundamental na relação mé-dico-paciente: é por meio de uma boa conversa e paciência que as duas par-

tes podem se entender e obter bons resultados. Por outro turno, apenas o tempo não resolve os graves proble-mas de saúde no Brasil. De acordo com Amaral, ao contrário do que pregam al-guns gestores públicos e empresários, não basta, por exemplo, formar levas

e mais levas de médicos e esperar que com o decorrer dos dias eles se distri-buam pelo território brasileiro e preen-cham as lacunas existentes.

Médico formado pela Escola Paulis-ta de Medicina (EPM), onde começou a carreira e hoje é professor titular de

O

ENTREVISTA

Diálogo, ação Diálogo, ação

10

POR ELENI TRINDADE

Para José Luiz Gomes do Amaral,

presidente da APM, é preciso saber administrar

o tempo para colher bons resultados em saúde

e organização

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Anestesiologia, Dor e Terapia Intensiva do Departamento de Cirurgia, Amaral está pela segunda vez no cargo máxi-mo da APM, antes exercido entre 1999 e 2005; já foi presidente da Associação Médica Mundial (WMA, na sigla em in-glês) entre 2011 e 2012 e presidente da Associação Médica Brasileira entre 2005 e 2011. É membro das Academias Nacional de Medicina, Cristã de Letras e da Academia de Medicina de São Paulo. Confira, na entrevista exclusiva à Revista FEHOESP 360, a opinião do dirigente sobre o excesso de escolas de medicina, a saúde no Brasil e a forma-ção médica. Boa leitura!

REVISTA FEHOESP 360: Com mui-tas faculdades de Medicina instaladas no Brasil e fora do país, o número de recém-formados é cada vez mais ex-pressivo e, para os médicos, segundo pesquisa da APM, o exame probatório é fundamental para colaborar na qua-lidade da saúde. Qual a importância dessa medida? José Luiz Gomes do Amaral: Essa

questão tem raízes históricas. O Brasil, no final do século 18, tinha um núme-ro exíguo de médicos. Estima-se que eram 12 no país inteiro com qualifica-ção abaixo dos padrões europeus daquele tempo. Com a vinda da fa-mília real para o país, Dom João VI criou duas faculdades: a de Medicina da Bahia e a de Medicina do Rio de Janeiro. Então começamos a ter os primeiros médicos graduados aqui. Esse processo continuou durante muito tempo até o surgimento de uma terceira faculdade de Medi-cina no Rio Grande do Sul. Assim, nós tínhamos no começo do século passado um número pequeno de fa-culdades de Medicina. Em São Pau-lo nenhuma até então. A Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo foi criada em 1910. Um pouco depois houve a Revolução Constitucio-nalista e a Escola Paulista de Medicina surgiu. Pelos anos 60, o número de faculdades de medicina no Brasil era muito baixo para formar os médicos que o nosso sistema de saúde exigia e começou a primeira onda de criação de novas faculdades de medicina. Ao começar essa expansão, percebeu-se que a qualificação não era adequada. Houve perda de padrão e, nos anos 70, houve uma interrupção de abertu-ra desses cursos quando a Associação Médica Brasileira alertou o governo da época, ainda ditadura militar, pois en-tendeu-se que para a criação de esco-las era preciso ter estrutura de atenção, que não existia. Na volta dos governos

civis, houve também a exploração de uma nova vertente da educação supe-rior: a introdução das escolas médicas no ensino privado. Até então raríssimas eram as privadas, nós só tínhamos es-colas públicas. O ensino médico tem um custo elevado e tem que estar asso-ciado a hospitais-escolas ou outras es-truturas desse tipo. Abriu-se a guarda e os interesses, sobretudo comerciais, prevaleceram e nós tivemos outra ex-pansão de escolas médicas que não foi interrompida nunca mais. Por isso é importante avaliar os profissionais.

FEHOESP 360: Havia e há demanda para formação de médicos? José Luiz Gomes do Amaral: Todos os anos éramos escandalizados com a abertura de novas escolas onde não havia estrutura assistencial. Que ainda precisa ser complementada com um programa educacional e instalações adequadas. Um programa educacio-nal pode ser baseado nos já existentes, bastando analisar e adequar à reali-dade do local. As instalações físicas, como laboratórios, não é algo que seja muito complicado para montar, nem custoso. O que é difícil é ter professores fixados na escola em vez de docentes itinerantes, que vêm, dão aula e vão embora. Mas ter estrutura assistencial vinculada à escola é realmente mais complicado. A demanda por atenção

11

Não vai ser apenas

com médicos que

vamos aumentar ou

melhorar o sistema

de saúde brasileiro"

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ENTREVISTA

e para continuar aprendendo porque o mundo se transforma rapidamente e, se ele ficar isolado, não vai adiante, se torna obsoleto. Novamente dando um exemplo estrangeiro: existem ações temporárias e o médico passa dois me-ses numa região mais remota, mas sem se desvincular de sua base. Os médicos vão, atendem e voltam quando preci-sam atender emergencialmente, mas não é necessário que o médico more ali. A abertura de mais e mais vagas em escolas de medicina simplesmente de-sorganiza a profissão.

FEHOESP 360: Por que mesmo com tantos alertas das entidades médicas a situação não muda? José Luiz Gomes do Amaral: Não é complicado de resolver. É simples. Quando colocamos nosso ponto de vista para alguém, precisamos ter re-ceptividade e que queiram ouvir. Acre-dito que a maior parte dos gestores seja suficientemente inteligente e qua-

à saúde sempre existiu e vai continuar existindo. Mas a demanda por médicos é diferente. Não vai ser apenas com médicos que vamos aumentar o aces-so ao sistema de saúde brasileiro. Exis-te um raciocínio equivocado de que é preciso calcular o número de médicos pelo número de habitantes de um país, mas não é bem assim. O que realmente precisamos é ter médicos em quanti-dade suficiente para responder às de-mandas do sistema. Por exemplo: em outros países, como França e Taiwan, primeiro eles planejam o que querem fazer na saúde, quais doenças que-rem combater, quais as prioridades. Daí estimam o que será preciso fazer e quais os profissionais, não só mé-dicos, precisarão para os projetos e em quanto tempo isso será feito. Pró-xima etapa é estipular o prazo para formar os profissionais. No Brasil, em pouquíssimo tempo duplicamos os médicos em atividade e hoje temos mais de 450 mil. Mas não duplicamos o espaço profissional nem a estrutu-ra. Há uma ideia equivocada de que se resolvem todos os problemas de saúde com médicos. Outro erro foi a distribuição deles. No Brasil, como em outros lugares, há uma distribui-ção desigual, inclusive de recursos. Há lugares onde temos excesso de profissionais e outros onde eles não existem, mas em vez de tentar en-contrar resposta para isso, qual foi o raciocínio usado? "Vamos produ-zir mais porque eles se distribuem". Como se as pessoas fossem água em vasos comunicantes. Não é assim. As pessoas vão onde elas têm possibili-dade de se desenvolver em três cami-nhos. Primeiro: pessoal e familiar, por-que o médico não é só médico, ele tem família e vai querer dar tudo o que ela precisa. Segundo: social, pois ele pre-cisa de locais e espaços para interação e distração. Terceiro: desenvolvimento profissional para fazer o que aprendeu

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No Brasil, em

pouquíssimo

tempo, duplicamos

os médicos em

atividade e hoje

temos mais de

450 mil. Mas

não duplicamos o

espaço profissional

nem a estrutura"

lificada para entender o que nós tenta-mos explicar. Talvez muitos conheçam melhor que nós esse problema, o que falta é a receptividade para uma solu-ção adequada. Existem duas pressões acerca de tudo isso. A nossa pressão é dizer que os recursos estão sendo mal investidos e que não estão planejando as ações adequadamente. Mas existe outra pressão: a econômica. Empre-sários da educação chegam a cidades pequenas e propõem a construção de faculdades, explicam os benefícios que ela pode trazer e que um aluno

que paga mensalidade cara de, em média, R$ 8 mil, vai também pagar outras despesas como moradia, ali-mentação, etc. Eles conversam com vereadores, com políticos e estes veem que essas mudanças podem representar votos nas eleições. É uma pressão político-eleitoreira. É isso.

FEHOESP 360: A formação dos mé-dicos hoje em dia está acompanhan-do toda a evolução tecnológica e so-cial da sociedade? José Luiz Gomes do Amaral: Isso não vai acontecer nunca se o estu-dante não tiver contato com o cená-rio de prática. Nunca vai entender se o curso se resumir a cadeiras, qua-dro negro e laboratório se não tiver prática. Medicina exige prática e as diretrizes do Ministério da Educa-ção a exigem logo no primeiro ano. Então como fazer isso se não há um sistema de saúde? O médico não

vai conseguir fazer o básico e muito menos terá a possiblidade de acompa-nhar o desenvolvimento social, cien-tífico e tecnológico. Antes, as grandes instituições de ensino eram as públi-cas, mas agora até elas estão cada vez mais degradadas, sem equipamentos de ponta, exceto centros de excelência como o Hospital das Clínicas e o Incor, mas a maior parte não tem.

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FEHOESP 360: Qual sua opinião sobre o programa Mais Médicos? (*) Nota no fim da matériaJosé Luiz Gomes do Amaral: O Mais Médicos tinha três grandes erros. Pri-meiro: abrir vagas em faculdades de medicina em número desproporcional ao sistema de saúde. Segundo: impor-tação de médicos do Exterior sem a avaliação da sua competência. Tercei-ro: introdução de uma série de meca-nismos que interferiam na formação do médico a partir da sua aceitação neste programa. Exemplo: após a graduação, se o médico quer fazer uma especiali-zação, precisa de uma pontuação. Para ter acesso é preciso passar por uma se-leção. Mas muitos, para ter acesso a es-ses programas, vão para áreas remotas, ficam um ano e voltam com uma espé-cie de “vantagem” em pontos e passam na frente de outros. Isso desorganiza o sistema, porque as pessoas deveriam ser escolhidas pela sua qualificação e não por outros atributos. Mas a dis-cussão do programa como um todo ficou centrada nos cubanos, sobre os quais ninguém sabia muito sobre a qualificação e ainda havia o fato de eles estarem aqui numa situação de trabalho escravo, com família presa lá. Era uma situação degradante. O programa foi um engano e uma ca-tástrofe porque abriu as portas para profissionais sem qualificação.

FEHOESP 360: Como o sr. analisa a saúde no Brasil hoje? Qual a sua opi-nião sobre a intenção do governo de dar prioridade à atenção primária, conforme comunicado do Ministério da Saúde? José Luiz Gomes do Amaral: Priori-zar a atenção primária faz todo senti-do. O que o Brasil precisa é informação para trabalhar baseado em dados. As informações são necessárias porque os gestores precisam saber o que está acontecendo e necessitam de metas

para definir ações, para resolver inves-timentos, definir caminhos, evitar des-perdícios - já que se estima que cerca de 20% do custo da saúde inclua des-perdício. Com dados e planejamento também se consegue coibir fraudes. Depois, parte-se para outras questões, como estabelecer uma lógica na incor-poração de tecnologia, uma melhor distribuição de recursos humanos e fi-nanceiros e até para mais investimento em saúde. O Brasil investe muito pou-co em saúde, 9% do PIB, mas apenas cerca de 3,5% ou 4% são distribuídos para 210 milhões de pessoas. O restan-te vai para a saúde suplementar. Isso é uma desigualdade imensa dentro do sistema de saúde. O financiamento da saúde pública evidentemente é insu-ficiente. Investir na atenção primária, considerando o pouco que o governo dispõe, é o que resta a ser feito mesmo. É a forma mais eficiente em termos de impacto para que se vejam resultados em médio e longo prazo.

FEHOESP 360: A relação médico-pa-ciente hoje é bastante discutida e cada vez mais as pessoas dão valor à qua-lidade do atendimento. Como o sr. vê essa dinâmica hoje em dia? José Luiz Gomes do Amaral: Antes, a atenção médica se resumia a um

médico e um paciente e eles se bas-tavam. Não tinha ninguém entre eles, mas a demanda por atenção à saúde se tornou mais complexa. Quando a pessoa procura atendimento, procura um médico que vai resolver um proble-ma específico. Um médico que domine um determinado campo. Mas como permitir o acesso de todas as pessoas a esses médicos? É preciso reorganizar a assistência porque para um paciente, às vezes, não basta um médico, mas um conjunto de médicos que, por sua vez, se reorganizam e essa nova estru-tura deveria permitir o acesso; mas essa estrutura demanda investimento e é cara. Os médicos começaram a se concentrar em hospitais e em com-plexos. Isso é uma maneira boa para aumentar o acesso, mas torna a ques-tão mais complexa e mais passível de problemas. Para estabelecer uma rela-ção médico-paciente é preciso conver-sar, perguntar o nome e conhecer um pouco a pessoa. Isso demanda tempo

e atenção. Mas essa relação é preju-dicada a partir do momento que há uma limitação do tempo. A falta de tempo é o principal fator que preju-dica essa dinâmica.

FEHOESP 360: Como é a relação do médico com os demais profissionais de saúde? Ela vem mudando com o tempo? José Luiz Gomes do Amaral: Pas-samos de um tempo em que o mé-dico executava mais funções para um período em que elas foram sen-do delegadas. Essas novas funções exigem uma integração do médi-co com vários profissionais, pois o

atendimento se tornou mais comple-xo. Nos anos 80, por exemplo, se fosse preciso estruturar uma enfermaria de cuidados intensivos, contratavam-se médicos e enfermeiros. Hoje são vários outros profissionais envolvidos, pois as equipes precisam de pessoas que

A abertura de mais

e mais vagas em

escolas de medicina

simplesmente

desorganiza a

profissão"

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se dediquem a cada especialidade com mais profundidade. Eu não do-mino o que um fisioterapeuta domi-na, porque o campo de atuação dele se alargou. Quando eles começaram anos atrás, o médico dizia o que fa-zer, mas houve estudos e avanços e hoje eles dizem o que tem que ser feito nos tratamentos. Houve gran-de progresso. Existe uma certa hie-rarquização técnica, mas tem que haver um equilíbrio em tudo. Mais ou menos como na aviação: piloto, comissários e mecânicos têm suas funções e não se pode querer que um ocupe o lugar do outro.

FEHOESP 360: Uma decisão recente do Ministério da Saúde permitirá que enfermeiros possam solicitar exames e prescrever remédios. Qual a posi-ção da APM?José Luiz Gomes do Amaral: Tem que ver em quais casos, pois pres-crever um medicamento exige um diagnóstico. Quando se faz uma prescrição, temos que saber lidar com os efeitos esperados e os adver-sos e saber controlá-los ou quando é preciso mudar a prescrição. A pres-crição é uma coisa dinâmica que exi-ge responsabilidade. O outro lado da questão é que essa decisão será apli-cada em uma região remota, onde não existem médicos, e na Avenida Paulis-ta. Não se pode estabelecer um duplo padrão de atendimento, pois assim não se corrige o problema. É inaceitá-vel uma medicina pobre para pobres e uma medicina de qualidade para os ricos. Costumamos ver com muita re-serva esse tipo de transferência de res-ponsabilidade.

* Em substituição ao Mais Médicos, o presidente Jair Bolsonaro sancio-nou, no dia 18/12/2019, o Programa Médicos Pelo Brasil, que consiste no envio de médicos a locais de difícil acesso e alta vulnerabilidade so-cial. Entre outras medidas, o pro-grama prevê formar médicos em saúde da família pelo SUS. Haverá 18 mil vagas com foco em saúde primária; bolsa de R$ 12 mil mais gratificação de R$ 3 mil para locais mais afastados e R$ 6 mil para co-munidades indígenas, ribeirinhas e fluviais.

Investir na

atenção primária,

considerando o

pouco que o

governo dispõe,

é o que resta a ser

feito mesmo. É a

forma mais eficiente

em termos de

impacto para que se

vejam resultados

em médio e

longo prazo"

ENTREVISTA

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O

SERVIÇOS

Em 1º de janeiro de 2020, entrou em vigor a Medida Provisória n° 905/2020, referente ao Contrato de

Trabalho Verde e Amarelo. O programa surgiu como incentivo para que empregadores possam

contratar jovens entre 18 a 29 anos, que nunca tiveram emprego formal, pagando menos tributos

Contrato de Trabalho

Verde e Amarelo:

tudo o que sua empresa

precisa saber

Verde e Amarelo é uma modalidade de con-trato que visa estimular a contratação de empre-gados com idade entre 18 a 29 anos que nunca trabalharam com registro em carteira de trabalho (CTPS) e com limite de salário base mensal de até

um salário mínimo e meio. O objetivo, segundo o governo, é gerar 1,8 milhão de empregos até 2022.

Empresas com até dez empregados poderão contratar nessa modalidade até dois emprega-dos. Já empresas com mais de 10 empregados

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POR VIVIAN MARTINS

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poderão contratar com limite de 20% do quadro de empregados da empresa na folha de paga-mento do mês anterior. A empresa não poderá rescindir contrato de trabalho em vigor para re-contratação nesta modalidade e o empregado demitido só poderá ser recontratado após trans-corrido o prazo de 180 dias.

SERVIÇOS

Para que as empresas da área da saúde pos-sam tirar todas as dúvidas sobre essa modalidade de contratação, a Revista FEHOESP 360 conver-sou com o departamento Jurídico do SINDHOSP e identificou quais são as principais dúvidas so-bre o Contrato de Trabalho Verde e Amarelo. Leia a seguir:

O que caracteriza o primeiro

emprego?

O primeiro registro na carteira de trabalho, exce-ção feita ao registro de: menor aprendiz, contrato de experiência, trabalho intermitente e trabalho avulso.

Qual o prazo de contratação?

O prazo de contratação é de 24 meses. Ultrapas-sado o prazo, o contrato é transformado em inde-terminado.

Quais os requisitos para a

contratação?

O empregado deverá ter entre 18 a 29 anos de idade e comprovar, mediante apresentação de sua carteira, que nunca trabalhou com registro.

Quais são os direitos do

trabalhador?

O empregado tem garantido todos os direitos constitucionais: remuneração; férias acrescidas de 1/3; 13º salário; descanso semanal; limitação de jornada diária; adicional de periculosidade quando o trabalhador estiver exposto por no mí-nimo 50% de sua jornada (poderá ser reduzido a 5% incidente sobre o salário base, quando o empregador contratar seguro de acidentes pes-soais). A diferença entre os demais trabalhadores é em relação ao recolhimento do Fundo de Ga-rantia (FGTS), cuja alíquota passa de 8% para 2% e multa na rescisão contratual, que será de 20%.

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O que as empresas precisam saber

antes de contratar por essa moda-

lidade?

A empresa deve estar atenta a todos os detalhes da lei, uma vez que o descumprimento invalida o contrato, transformando-o em prazo indetermi-nado.

Quais os prós e contras do Contra-

to Verde e Amarelo?

A vantagem para a empresa é a redução de custos em “encargos sociais”. A desvantagem é que essa modalidade de contratação foi inserida através de Medida Provisória, cujo prazo de vigência é de 120 dias. No caso de não ser convertida em lei, a contratação se transforma em contrato com pra-zo indeterminado. Além disso, tramita no Supre-mo Tribunal Federal (STF) algumas ações ques-tionando a constitucionalidade da MP 905/19, o que traz insegurança jurídica para as empresas.

É válido a partir de quando?

Essa modalidade de contratação está em vigor desde 1º de janeiro de 2020 e expira em 31 de de-zembro de 2022.

Como ficam: jornada de trabalho

e rescisão contratual?

Jornada de Trabalho: A jornada de trabalho é li-mitada a 8 horas diárias, 44 horas semanais, 220 horas mensais. O empregado poderá realizar ho-ras extras com limite de duas por dia. A empresa

poderá trabalhar com o sistema de compensação de jornada e banco de horas. Rescisão contratual: Por ser contrato com prazo determinado, ocorrendo a rescisão contratual não haverá aviso prévio. As demais verbas resci-sórias serão devidas caso a empresa não tenha feito a opção de quitação mensal e a multa do FGTS será de 20%. O departamento Jurídico da FEHOESP/SINDHOSP ressalta a importância de a empresa verificar se há multa assecuratória por rescisão antecipada, mesmo tendo conhecimen-to de que a maioria dos contratos não estabelece essa cláusula. Quais são os benefícios econômicos

para as empresas?

O benefício econômico é a desoneração da fo-lha de salários e redução, já que terá isenção da contribuição patronal do INSS (de 20% sobre os salários), das alíquotas do sistema "S“ (5,8%) e do salário educação (2,5%). Além disso, a contribui-ção para o FGTS será de 2%, e a indenização sobre o saldo do FGTS será de 20%.

A FEHOESP e seus sindicatos filiados, como o SINDHOSP, possuem um departamento Jurídico especializado, que oferece suporte a todos os as-sociados. Caso ainda não seja um representado, clique aqui:

PRECISO SER REPRESENTADO

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Players da saúde definem 2020 como ano de oportunidades. Expectativas de entidades de saúde é de

muito trabalho e mudanças positivas

POR ELENI TRINDADE

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Desafios, reformas, efervescência política e ajus-tes econômicos marcaram o ano de 2019. Para gestores e profissionais da saúde tudo isso ser-ve de aprendizado e, passado o primeiro ano do governo Bolsonaro, o setor inicia 2020 com es-perança de mais alterações positivas e oportuni-dades de negócios. As palavras de ordem entre os executivos e tomadores de decisão são mirar o futuro e agir.

Todas as iniciativas são vistas como importan-tes, começando pelas grandes reformas que o país precisa e passando pelo investimento mais específico em saúde. Os esforços visando a reor-ganização do país são fundamentais, de acordo com Yussif Ali Mere Jr, presidente da FEHOESP. “O atual momento do Brasil exige reformas impor-tantes, como a tributária, que deve ser feita em

2020. A reforma da Previdência ocupou praticamente todo o ano de 2019 e as

grandes discussões em torno dos impostos prometem ser ainda

mais acaloradas, já que muitos

interesses estão em jogo”, alerta ele. Os investimentos ganham destaque, pois são

eles que impulsionam os avanços. De acordo com o Ministério da Saúde, o Projeto de Lei Orçamen-tária Anual (PLOA) para 2020 prevê orçamento de R$ 134,8 bilhões para a Saúde - R$ 5,2 bilhões a mais que a proposta de 2019 e R$ 920 milhões aci-ma do piso constitucional.

De acordo com a Pasta, a prioridade para este ano é fazer a reestruturação da atenção primária e garantir mais acesso aos serviços. “A primeira medida foi a criação da Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS), que reforça a área como prioridade política e orçamentária. Também foi lançado o programa Médicos pelo Brasil, que prioriza as regiões de difícil provimento e alta vulnerabilidade, e visa melhorar acesso e a qua-lidade da atenção primária à saúde”, destaca o Ministério em nota oficial. O governo lançou, ain-da, o Programa Saúde na Hora, que consiste em oferecer incentivo financeiro para Unidades de Saúde da Família (USF) que implementarem no-vas equipes e ampliarem o horário de atendimen-to. De acordo com o Ministério, até o fechamento desta edição, 1.387 USF já aderiram.

Um novo ano, amplas possibilidades

Yussif Ali Mere Jr, presidente da FEHOESP e do SINDHOSP

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2019: Os problemas Se houve movimentos no sentido de implantar reformas, também houve muitas situações nega-tivas na saúde brasileira no ano passado. Mauro Luiz de Britto Ribeiro, presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), recorda o retorno de doenças erradicadas ou que estavam sob contro-le no país, como o sarampo. “Essa é uma conse-quência da repercussão do movimento antivaci-na, que tem levado as famílias a não manterem em dia as doses obrigatórias para seus filhos. Isso demonstra a necessidade de rever as estra-tégias para manter os índices de imunização em níveis adequados”, lamenta ele.

Já na opinião de Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), o país está atra-sado quando o assunto é incorporação tecnológi-ca e uso de procedimentos de alta tecnologia. “O primeiro passo deve ser em infraestrutura, para as inovações poderem chegar na ponta, com aces-so mais fácil, no desfecho do paciente, que deve estar sempre no centro dessas decisões”, destaca.

Para a diretora da Abramed, outra melhoria necessária é a mudança de foco da assis-

tência, que deve passar a priorizar a promoção de saúde e prevenção de

doenças e o investimento em pes-quisa e inovação. “Com a evolução da inteligência artificial, por exem-plo, o sistema de saúde ganha em

otimização de recursos, contribuin-

do para a sustentabilidade do setor; o paciente ganha com a garantia de resultados mais asserti-vos dos seus exames de diagnóstico; e o Brasil ga-nha em eficiência e reconhecimento por oferecer, de forma universal e indiscriminada, uma saúde de qualidade a todos os seus cidadãos”, afirma, destacando que para 2020 um dos propósitos da entidade é seguir em luta contra o desperdício em todos os pontos da cadeia.

O cenário do emprego, que ainda impacta for-temente o setor, foi outro destaque negativo no ano que passou, na visão de Reinaldo Scheibe, presidente da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge). Ele cita como exemplo a queda no número de beneficiários de planos de assis-tência médico-hospitalar: cerca de três milhões de pessoas. Ao mesmo tempo, a população de idosos com 60 anos ou mais continua crescendo, o que abre oportunidades de negócios. “É preciso alterar a dinâmica do setor de saúde suplementar concentrando esforços para tornar o acesso à saú-de mais racional, consciente e eficiente”, afirma.

Segundo Scheibe, em 2019, ano em que a lei dos planos de saúde (nº 9.656/1998) completou 21 anos, houve novidades mesmo em meio a al-gumas adversidades. “A Abramge acredita que é o momento de se debater democraticamente com o devido equilíbrio a formulação de um novo marco legal e regulatório para trazer as obriga-ções do setor para a realidade atual do Brasil. O que outros países, como Itália e Espanha, durante recente crise econômica, já o fizeram”, explica.

Vera Valente, diretora executiva da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), concorda que a questão macroeconômica atin-ge diretamente o âmbito de atuação dos planos.

Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Abramed

CAPA

Reinaldo Scheibe, presidente da Abramge

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“Embora tenhamos mantido o trabalho em 2019 para ampliar o acesso de mais pessoas à saúde suplementar e tendo atuado na defesa de me-didas que aumentem a oferta de produtos à dis-posição dos beneficiários, o setor enfrentou de-safios de ordem macroeconômica, sobretudo, a persistência do desemprego, que atinge cerca de 12,5 milhões de pessoas, da previsão ainda tími-da de crescimento do PIB e da queda da renda do brasileiro”, destaca.

Em 2020, o número de beneficiários em planos privados de assistência médica deve ficar próxi-mo dos 47,2 milhões registrados em 2018, segun-do cálculos da entidade. “Mesmo estando muito longe do ideal, tal fato indica um princípio de re-ação ou, pelo menos, a reversão da tendência de queda que vinha sendo registrada desde 2015”, acredita Vera Valente.

Do ponto de vista médico, Florisval Meinão, diretor administrativo da Associação Paulista de Medicina (APM), analisa que faltam também avanços para a questão do financiamento do Sis-tema Único de Saúde (SUS). “A crise econômica ainda persiste no país. Os recursos são insuficien-tes para garantir assistência médica. Vemos isso com grande preocupação, principalmente levan-do-se em conta que essa crise levou milhões de pessoas ao desemprego, ou seja, milhões que perderam seus planos de saúde. Isso trouxe, con-

sequentemente, para o SUS, aumento de demanda. E o SUS não está estrutu-

rado nem tem recursos suficientes para garantir assistência médica

a toda a população”, conclui.

2020: novas chances Apesar dos percalços que todos os brasileiros vivenciaram, os representantes da saúde proje-tam um 2020 positivo, propositivo e repleto de oportunidades de desenvolvimento e negócios. O presidente da FEHOESP e do SINDHOSP, Yussif Ali Mere Jr, é um dos líderes que demonstra oti-mismo com o novo ano. “A aprovação da reforma da Previdência nos enche de esperanças de que outras reformas importantes para o crescimento e desenvolvimento do país possam, enfim, ser também aprovadas. Cito, por exemplo, a reforma tributária, que precisa simplificar os processos e diminuir a carga tributária da Saúde. Além dela, uma reforma administrativa do Estado, maior in-tegração entre os setores público e privado e um ambiente de negócios com segurança jurídica para atrair os investimentos necessários”, defen-de Yussif Ali Mere Jr.

A Abramed também tem uma visão positiva sobre 2020, ressalvando que muito ainda precisa ser feito. De acordo com Priscilla Franklim Mar-tins, diretora-executiva da entidade, o segmento da saúde manteve o ritmo de expansão mes-mo diante da perda de dinamismo da atividade econômica e do arrefecimento do mercado de trabalho. Segundo ela, o segmento de medicina diagnóstica, que movimenta entre R$ 42 bilhões e R$ 43 bi por ano, se beneficiou com o aumento do número de beneficiários de planos de assistência médica entre os anos de 2003 e 2008. “Agora, nós temos uma perspectiva de mudança, mesmo que lenta, com crescimento econômico e maior em-pregabilidade. Certamente com menos pessoas dependendo do SUS, a rede privada de serviços e de planos de saúde pode se organizar melhor.

Vera Valente, diretora executiva da FenaSaúde

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CAPA

Esse é um ponto positivo para o Brasil. Mas ainda há a necessidade de avanços estruturais”, afirma Priscilla Martins.

Na opinião de Reinaldo Scheibe, presidente da Abramge, há desafios marcantes no ano de 2020, mas eles são, também, fonte de oportunidades. “Diversos setores brasileiros têm enfrentado este debate democrático e equilibrado, no sentido de modernizar suas leis e normas – vide a reforma tri-butária, previdenciária e trabalhista, e as moder-nizações dos marcos regulatórios concluídas ou em andamento pelas suas respectivas agências reguladoras, como saneamento básico, elétrico e telecomunicações, além do próprio Código Civil. Por que então a modernização dos serviços e do sistema de saúde, uma área de vital importância para a vida e para a economia do país, é tão criti-cada quando abordada?”, questiona ele.

Scheibe salienta que a modernização é im-prescindível para ampliar o acesso, o equilíbrio e diversificar os modelos de planos de saúde. “Os planos de saúde atuais não mudarão. Continua-rão disponíveis e em oferta pelas operadoras. Os que surgem são novas opções para que a popula-ção tenha maior poder de escolha. Não podemos esquecer que o desemprego no Brasil persiste, e o número de empregos sem carteira assinada e trabalho por conta própria segue em patamares recordes. Novos planos, mais baratos, poderão fazer a diferença no cuidado e atenção à saúde dessas pessoas”, acredita, salientando que essas novas opções têm espaço para surgir porque o acesso a um plano de saúde é o terceiro maior desejo da população, atrás apenas de moradia própria e educação, de acordo com pesquisa Ibo-pe realizada a pedido do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS).

Seguindo essa linha, Vera Valente, diretora executiva da FenaSaúde, acredita que as refor-mas previstas para 2020 realmente farão diferen-ça. “Temos expectativa de que as reformas pro-movidas pelo governo comecem a surtir efeito na economia, com aumento da atividade, redução do desemprego e recuperação da renda. Isto im-pactaria positivamente toda a área da saúde. Na FenaSaúde, pretendemos aprofundar o debate em torno dos aprimoramentos que entendemos serem necessários nos marcos legais do setor. Consideramos que é preciso mudar para que mais brasileiros possam ter acesso à saúde de qualidade, oferecida pelos planos e seguros de saúde privados, com efeitos positivos também para aqueles que só têm o sistema público como opção de atendimento. A ênfase da FenaSaúde será no Congresso Nacional, onde esperamos que esse debate democrático avance”, crê Vera Valente.

No setor laboratorial, as apostas são igual-mente positivas. De acordo com Carlos Eduardo dos Santos Ferreira, presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Labo-ratorial (SBPC/ML), ao promover as reformas o governo sinaliza a vontade de realmente mudar as relações econômicas e comerciais, para fazer o país andar para a frente. “Esperamos que em 2020 a economia continue seu crescimento para que ocorra a retomada do emprego e, como con-sequência, um maior número de pessoas possa ter acesso aos planos de saúde”, acredita. Ferreira analisa que no setor público é importante uma forte atuação na medicina preventiva, permitindo maior acesso da população aos exames básicos preventivos. “Esses exames permitem o diagnós-tico precoce de algumas patologias. Com isso, a

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Mauro Luiz de Britto Ribeiro, presidente do CFM

terapia pode ser implantada de imediato, impedindo complica-

ções futuras e reduzindo custos para o sistema. A diabetes melitus

é uma patologia que exemplifica bem esta questão”, enumera ele.

Outro destaque para 2020, no âmbito de atu-ação da SBPC/ML, é a oficialização pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) da in-corporação dos novos procedimentos ao rol de exames. “Participamos do processo de indicação destes novos procedimentos para o rol, avaliando com critério técnico e científico todas as evidên-cias que possam justificar estas incorporações. Es-tes novos procedimentos agregarão valor para a melhoria tanto no diagnóstico quanto no segmen-to de diferentes patologias que acometem a nossa população”, finaliza o presidente da SBPC/ML.

Florisval Meinão, diretor administrativo da APM, acredita que os avanços científicos evoluí-ram de forma significativa refletindo aumento de vida média, com melhor qualidade, e os médicos brasileiros têm conseguido usar tudo isso a seu

favor. “Outro ponto positivo foi o cancelamen-to do contrato com os cubanos. Talvez a gente nunca consiga dimensionar exatamente não só o risco, mas o agravamento de saúde que algu-mas pessoas tiveram por erros de diagnósticos e terapêuticos. A proposta do ministro da Saúde de criar uma carreira profissional do médico, prin-cipalmente nas áreas de atenção básica, é boa. Essa carreira tenderia a fixar médicos nas regiões mais remotas”, acredita Meinão.

Já Mauro Luiz de Britto Ribeiro, presidente do CFM, também analisa o programa de médicos como positivo, destacando a implementação do Programa Médicos pelo Brasil que, segundo ele, tem caráter estruturante para o SUS, em especial no que se refere à atenção básica. “Se executado conforme planejado, ele tem condições de ser uma ferramenta capaz de facilitar o acesso à as-sistência em áreas carentes, distantes e de difícil provimento. Seu diferencial repousa na criação de parâmetros mínimos para a contratação de médicos, lançando as bases de uma carreira fede-ral para a categoria”, acredita ele. Para Ribeiro, a proposta do governo de trazer uma remuneração adequada para esses profissionais, a possibilida-de de progressão funcional e a seleção por meio de processo eliminatório e classificatório são dife-renciais que podem contribuir para atrair e fixar o médico na rede pública. “Mas chama a atenção a lógica da distribuição dos 18 mil postos que serão abertos, que passarão a ser alocados nos vazios assistenciais. Somente as regiões Norte e Nordes-te receberão 55% dessas vagas. Evidentemente, entre a proposta e a execução existe um espaço grande. Por isso, a população e as entidades mé-dicas, como o CFM, devem ficar atentas e cobrar o cumprimento do que foi anunciado”, diz.

Além das questões específicas da categoria, as expectativas para a saúde em 2020 são boas no Brasil, com a esperança de que o atual e os próximos governos desenvolvam uma linha de ação que toque nesses e em outros problemas de modo efetivo. “O SUS coleciona elogios onde é apresentado, pois é um marco teórico focado em parâmetros desejados por qualquer sociedade: a universalidade, a integralidade e a equidade. Po-rém, sabe-se que esse modelo enfrenta grandes desafios no mundo real”, finaliza Mauro Luiz de Britto Ribeiro, do CFM.

Carlos Eduardo dos Santos Ferreira, presidente da SBPC/ML

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PÚBLICO-PRIVADO

D

Corujão da Saúde:

parceria que deu certo

ividido em etapas para atender diferentes re-giões do Estado de São Paulo, o Programa Coru-jão da Saúde registrou bons resultados em 2019, de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES). Criado para zerar a demanda reprimida acumulada em 2018 de exames de endoscopia, mamografia e ultrassonografia, a iniciativa reali-zou cerca de 200 mil agendamentos e mais de 115 mil exames diagnósticos. A FEHOESP é parceira da SES na divulgação do Corujão junto aos servi-ços de saúde do Estado.

Os exames são feitos em horários estendidos (até as 23 horas) em parceria com estabelecimen-

Programa estadual para zerar filas de exames também é oportunidade para serviços privados

tos privados e com a ampliação da oferta nos ser-viços da rede própria estadual, como hospitais e Ambulatórios Médicos de Especialidades (AME). Segundo a SES, a contratação dos parceiros pri-vados é feita por chamamento público com pu-blicações em Diário Oficial. Os exames realizados são pagos com base na tabela SUS, com fonte de financiamento do Tesouro do Estado, e a defini-ção das agendas é do prestador.

Até o momento, o programa foi realizado em várias fases em todo o Estado. A primeira foi im-plantada nas regiões da Grande São Paulo, Cam-pinas e Vale do Paraíba e os exames foram feitos

POR ELENI TRINDADE

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em unidades referência como o Sírio-Libanês, Hospital do Coração (HCor) e Albert Einstein, além da expansão da agenda nos serviços pró-prios do Governo do Estado, como hospitais es-taduais e AMEs. Na segunda etapa, em abril de 2019, o programa foi implantado nas regiões da Baixada Santista, São José do Rio Preto, Bauru e Presidente Prudente.

Um dos hospitais participantes foi o Vera Cruz, de Campinas, com a realização de exames de ma-mografia e ultrassonografia de abdômen, entre 1º de abril e 15 de setembro de 2019. De acordo com Catarina Pauleti Baia, da coordenação admi-nistrativa das Unidades Avançadas do Vera Cruz, foram 562 ultrassonografias e 399 mamografias, totalizando 961 exames. Segundo ela, a dinâmica para a prestação do atendimento não interferiu nos horários ou nos atendimentos dos pacientes habituais. “Fizemos um direcionamento interno desses pacientes com organização apenas dos horários de agendamento e não foi necessária a abertura da unidade fora do horário normal, sen-do possível a realização dos exames juntamente com o fluxo normal sem qualquer dificuldade”, relata ela.

De acordo com Catarina Baia, o Vera Cruz re-cebeu moradores não só de Campinas, mas

também de cidades próximas. “Algumas prefeituras disponibilizaram ônibus ou

vans para transportar os pacientes, que passavam a tarde na unidade avança-da de Medicina Diagnóstica e Preven-tiva e foram atendidos pela mesma

equipe e com a mesma estrutura da nossa uni-dade. Os municípios mais representados foram Vinhedo (251 exames), Santa Bárbara D´Oeste (231), Campinas (190), Hortolândia (91) e Pedreira (78)”, conta ela.

Na opinião da gestora, o balanço foi positivo para o hospital. “A meta interna do Hospital Vera Cruz foi cumprida. Ficamos muito satisfeitos em contribuir na solução dos problemas de muitas pessoas, não só aos pacientes, mas também aos seus familiares, principalmente no aspecto de resolutividade”, acredita ela, completando que o estabelecimento já realizou outras parcerias com o SUS: entre 2017 e 2019, a equipe de cardiolo-gia e enfermeiros voluntários promoveram cam-panhas em menção ao Dia Mundial do Coração (29 de setembro), realizando exames gratuitos no Centro de Campinas.

Na terceira etapa do Corujão, lançada em ju-nho do ano passado, o programa foi estendido para as regiões de Araçatuba, Araraquara, Barre-tos, Franca, Marília, Piracicaba, Registro, Ribeirão Preto, São João da Boa Vista e Sorocaba. Com isso, todas as regionais de saúde do Estado foram cobertas pelo programa. Também em junho foi realizado o Corujão da Catarata para zerar a de-manda de cirurgias de catarata no Estado, tota-lizando 6,3 mil cirurgias extras de catarata entre maio e julho.

Para auxiliar os prestadores, o Governo do Estado criou um guia para os prestadores de ser-viços. Nele, podem ser consultados a documen-tação exigida e um checklist direcionado às em-presas interessadas em participar do Corujão. O portal da FEHOESP tem todas essas informações.Catarina Pauleti Baia, coordenadora

administrativa das Unidades Avançadas do Vera Cruz para saber mais clique aqui

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No Brasil, a situação ganha contornos ainda mais agudos pela dificuldade de manter a sustentabi-lidade da saúde suplementar e pela demanda da sociedade por serviços eficientes de saúde públi-ca, em meio às oscilações cíclicas da economia.

O aumento de idosos hospitalizados traz um dilema atual entre diminuir as reinternações hos-pitalares e evitar complicações relacionadas à in-ternação prolongada. As pesquisas mostram que quanto maior o tempo de internação hospitalar, mais intensa é a diminuição da capacidade fun-cional.

A internação prolongada pode acelerar a perda muscular, devido à diminuição da atividade física, e piora o estado nutricional. As consequências principais são piora da mobilidade e aumento de dependência. Entre os idosos, os preditores clíni-cos de internação prolongada são: desnutrição, depressão, dependência para atividades da vida

LUCIANO RODRIGUES DE OLIVEIRA

ARTIGO

Introdução

A elevação dos custos da atenção hospitalar está relacionada com as altas taxas de internação, decorrentes da mudança no padrão das doen-ças, muito relacionadas ao envelhecimento da população e consequente aumento das doenças crônicas, respaldadas na hegemonia do modelo hospitalocêntrico, e com os gastos decorrentes do uso crescente de alta tecnologia.

Desospitalização consiste em transferir o pa-ciente do hospital para continuidade do trata-mento em ambiente extra-hospitalar, o que cha-mamos de “Transição de Cuidados”, sendo estes em clínicas de transição ou cuidados domiciliares (home care), tudo isso incorporando os saberes reinantes nas famílias e nas comunidades, asso-ciados às tecnologias implementadas, ou seja, ações sobre toda a linha de cuidado. Entre os ser-viços que compõem a rede de cuidados de tran-sição estão a assistência domiciliar, hospitais e clínicas de retaguarda e reabilitação, hospice, am-bulatórios e instituições de longa permanência.

O mercado de saúde, em todo o mundo, vive um momento de intensa transformação, com de-safios e oportunidades que colocam em xeque os modelos de negócios consolidados no setor.

Desospitalização:Suporte para a alta hospitalar

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O mercado de saúde

vive um momento de

intensa transformação,

com desafios e

oportunidades que

colocam em xeque os

modelos de negócios"

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ciente se tornou dependente, necessita de um cuidador em tempo integral e de adaptações am-bientais no domicílio.

As pesquisas vêm aumentando e muitos hos-pitais passaram a adotar intervenções para di-minuir o tempo de internação, especialmente dos idosos. De acordo com uma revisão siste-mática da Cochrane de 2017, realizada por Gon-çalves-Bradley e cols., é fundamental que todo hospital realize um plano de alta assim que o paciente interna. Deve ter o envolvimento de toda a equipe multidisciplinar, estabelecer uma boa comunicação entre o paciente, a família e a equipe. Mostra ainda a importância das decisões compartilhadas, do estímulo ao autocuidado ou ao treinamento precoce do cuidador. A comuni-cação precoce com a equipe que vai dar sequên-cia ao tratamento após a alta ou mesmo com a assistente social melhora também a transição de cuidados e diminui eventuais inseguranças. Essa revisão mostrou uma diminuição do tempo de internação e das reinternações, além da melhora da satisfação entre os pacientes e profissionais.

Um dos aspectos recomendados é uma abor-dagem multidimensional precoce do idoso que interna no hospital. A Avaliação Geriátrica Ampla é uma abordagem multifacetada que se concentra em entender os domínios físicos, cognitivos, psi-cológicos e sociais. É uma avaliação abrangente da capacidade funcional e das síndromes geriá- tricas. Além de fazer diagnósticos das doenças, mapeia as vulnerabilidades de saúde e auxilia no planejamento das condutas.

PlanejamentoO processo da alta hospitalar deve ser iniciado o mais breve possível. A internação hospitalar deve ser entendida como a transição:

diária, dificuldade para caminhar, comprometi-mento cognitivo, úlceras de decúbito e delirium.

Observa-se que mesmo após a estabilização clínica, existem algumas barreiras para a desos-pitalização, como a falta de cuidador, dificulda-des relacionadas a assistência domiciliar, falta de uma adequada assistência de reabilitação e inse-gurança dos familiares ou da equipe de saúde.

A necessidade de reabilitação motora, respi-ratória, nutricional ou da deglutição revela uma dificuldade de fazer a transição para uma equipe fora do hospital. O médico e a família podem ficar inseguros com a possibilidade de perder alguns progressos conseguidos durante a internação. Mesmo quando é possível dispor de uma assis-tência domiciliar, existe muitas vezes um atraso no pedido por escrito, que deve ser realizado pelo médico assistente. Frequente também é o atraso da liberação pela operadora de saúde, que mui-tas vezes nega o pedido quando entende que foi solicitado mais do que o paciente precisaria ou quando acredita que a internação domiciliar será muito prolongada.

A família geralmente coloca barreiras para a alta hospitalar, em geral nos casos em que o pa-

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As pesquisas vêm

aumentando e muitos

hospitais passaram a

adotar intervenções

para diminuir o

tempo de internação"

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esta crença é corroborada pela exigência de cuidados mais especializados, recursos humanos, recursos materiais, tec-nológicos, entre outros.

No Brasil, seguindo tendência internacional, a principal opção de desospitalização no sistema suplementar, sobre-tudo de pacientes idosos, é o home care. Nota-se pouca opção de desospitalização para leitos de reabilitação em hospitais de menor complexidade, principalmente por ser esta modalidade pouco explorada e geralmente indisponí-vel aos usuários de planos de saúde por seus convênios. Se analisado o custo de internação em hospital de alta com-plexidade comparado a outras modalidades de atenção à saúde, o custo da internação pode variar de 10% a 90%, se-gundo dados da Associação Nacional de Hospitais Privados (ANAHP).

ARTIGO

Equipe multidisciplinar deve fornecer constantemente orientações sobre o plano de cuidados durante a internação para que o paciente, seus familiares e cuidadores tenham conhecimento sobre o que fazer após deixar o hospital an-tes mesmo do processo de alta hospitalar estar finalizado.

O planejamento da alta hospitalar baseado em pro-gramas de transferência de cuidados do ambiente de alta complexidade para serviços de transição de cuidados, ou ambiente domiciliar de forma segura, é benéfico para o paciente idoso e interfere significativamente nas reinterna-ções, diminuindo-as. O fundamental é a troca de informa-ções entre os profissionais de saúde, pacientes, familiares e seus cuidadores. Esta “quebra de paradigma” é difícil. Quase a totalidade das pessoas acredita que seu familiar estará melhor cuidado no hospital, sentindo-se mais seguras. E

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descompensação

melhora

restabelecimento em casa(quando possível)

Idoso

Fluxos HSL (Portas de entrada

e portas de saída)

Programas de atendimento ao

paciente idoso

Pré-Hospitalar Intra-Hospitalar Pós-Hospitalar

• Internação

• PA

• CDI

• Ambulatório

• Núcleo de especialidades

• Consultório médico

• Instituição para idosos

• Home care

• Domicílio

• Transferências externas

• Home care

• Transferência hospitalar

• Instituição de longa permanência

• Domicílio

• Prevenção primária

• Detecção precoce

• Promoção de saúde e qualidade de vida

• Análise e acompanhamento da funcionalidade durante a internação

• Hospital de crônicos

• Home care

• e-Care

• Consutoria / Acompanha-mento / Avaliação multi- profissional pré e pós-alta

• Procedimentos e exames na residência

• Formação / Capacitação / Supervisão de cuidadores

• Hospital-dia

• Prevenção primária

• Detecção precoce

• Promoção de saúde e qualidade de vida

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ConclusõesO planejamento para a alta hospitalar é uma ati-vidade interdisciplinar com a finalidade de pro-mover o preparo e os recursos necessários para a continuidade dos cuidados no ambiente domi-ciliar ou ainda em serviços de cuidados continu-ados, como home care, hospitais de transição/reabilitação ou de longa permanência, hospices, entre outros.

Planejar este processo reflete a qualidade da assistência prestada (não só preocupada com o intra-hospitalar), confere segurança ao paciente, otimiza o fluxo de pacientes dentro da instituição e evita readmissões.

Existem claros benefícios para o paciente, pois a desospitalização no tempo correto proporcio-na maior envolvimento familiar, diminuição de riscos e maior estímulo à continuidade de trata-mentos. Há benefícios para o hospital, pois me-lhora a gestão dos leitos, com maior utilização da capacidade operacional. Para serviços de cuida-dos continuados, o benefício é a melhor gestão do fluxo de paciente (sustentabilidade) com baixa ou nenhuma necessidade de reinternações em centros de alta complexidade. Já para as fontes pagadoras, melhor gestão das despesas assisten-ciais e otimização de custos.

*Luciano Rodrigues de Oliveira – Enfermeiro es-pecialista em Geriatria e Gerontologia, mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e diretor na Ingroup – Inteli-gência em Transição de Cuidados

Pontos-chaves da alta hospitalar

• Estabilidade clínica• Adequado planejamento da alta• Familiares e cuidadores treinados• Equipe multiprofissional comprometida com as orientações ao paciente e sua família• Educação e orientação em saúde (Ex: folder, im-pressos)• Acompanhamento pós-alta quando necessário (garantia da continuidade)• Discussão sobre melhores práticas de cuidados

• Internação social• Plano multidisciplinar de cuidado mal elaborado • Alta postergada sem piora clínica• Familiar médico opinando• Família disfuncional

Obstáculos para a desospitalização• Família resistente• Médico em concordância com “vontades” da fa-mília• Suporte social ruim• Complexidade clínica do paciente• Sentimento que o paciente vai melhorar no hos-pital• Sentimento que não consegue cuidar no domi-cílio• Falta de estrutura para desospitalização• Recursos financeiros insuficientes

Fatores facilitadores para a alta hospitalar• Processo de alta precoce (desde internação)• Equipe de desospitalização• Auditoria de convênios• Paciente particular• Paciente quer ir embora• Família quer a alta e levar para casa• Médico empenhado na alta• Paciente já acompanhado por home care

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Fatores que dificultam a alta hospitalar

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CHARGE

A Revista FEHOESP 360 é uma publicação da FEHOESP, SINDHOSP,

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