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M P iNâJ Central de Movimentos Populares Edição Especial Julho/1999 Marcha dos 100 mil sobre Brasília Fora FHC e o FMI! Em defesa do Brasil Por emprego, soberania e políticas públicas ABAIXO-ASSINADO EÉII MDE OO PR CCii Exmo. Sr. Michel Temer Presidente da Câmara dos Deputados Nós, abaixo-assinados, cidadãos e cidadãs brasileiros(as), vimos solicitar a instalação de CPI destinada a investigar todo o processo de privatização da Telebrás. Solicitamos também o enquadramento de Fernando Henrique Cardoso em crime de res- ponsabilidade, diante das denúncias que comprovam o envolvi- mento pessoal do presidente na tentativa de favorecer grupos pri- vados durante o processo de privatização da Telebrás. E, se com- provado, inicie o processo de impeachment de Fernando Henrique Cardoso e Marco Maciel. DO PRESIWÜVTt DA REPÚHJCA ABAIXO-ASSINADO 9Bn a «"!-"" saKii ssiascau-..,»»-.. A indignação toma conta do Brasil! Desmandos, corrupção... mais fome mais miséria mais sem-teto mais sem-saúde mais sem-emprego é necessário lutar, estamos em luta pela dignidade por cidadania pela moradia por alimento por trabalho por renda por justiça Pela vida, por emprego, por políticas públicas por soberania FORA FHC E O FMI! Edição Especial n 0 5 - Julho/1999

Edição Especial Julho/1999 Marcha dos 100 mil sobre Brasília · Marcha dos 100 mil sobre Brasília Fora FHC e o FMI! ... o empobrecimento da maioria da população. E, como o grosso

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Page 1: Edição Especial Julho/1999 Marcha dos 100 mil sobre Brasília · Marcha dos 100 mil sobre Brasília Fora FHC e o FMI! ... o empobrecimento da maioria da população. E, como o grosso

M P

iNâJ Jâ Central de

Movimentos Populares

Edição Especial Julho/1999

Marcha dos 100 mil sobre

Brasília

Fora FHC e o FMI! Em defesa do Brasil

Por emprego, soberania e políticas públicas

ABAIXO-ASSINADO

EÉII ■ MDE OO PR CCii

Exmo. Sr. Michel Temer Presidente da Câmara dos Deputados

Nós, abaixo-assinados, cidadãos e cidadãs brasileiros(as), vimos solicitar a instalação de CPI destinada a investigar todo o processo de privatização da Telebrás. Solicitamos também o enquadramento de Fernando Henrique Cardoso em crime de res- ponsabilidade, diante das denúncias que comprovam o envolvi- mento pessoal do presidente na tentativa de favorecer grupos pri- vados durante o processo de privatização da Telebrás. E, se com- provado, inicie o processo de impeachment de Fernando Henrique Cardoso e Marco Maciel.

DO PRESIWÜVTt DA REPÚHJCA

ABAIXO-ASSINADO

9Bn ■a «"!-""

saKii ssiascau-..,»»-..

A indignação toma conta do Brasil!

Desmandos, corrupção... mais fome mais miséria mais sem-teto mais sem-saúde mais sem-emprego

é necessário lutar, estamos em luta

pela dignidade por cidadania pela moradia por alimento por trabalho por renda por justiça

Pela vida, por emprego, por políticas públicas por soberania

FORA FHC E O FMI!

Edição Especial n0 5 - Julho/1999

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r BéxfoTui

o s telefones não falam. Não se consegue mais nem trabalhar ou conversar com amigos em

outras cidades, mas o governo diz que a culpa é dos brasileiros, que

; não sabem discar. Os apagões re- centes também não são culpa do go- verno, afinal "foi um raio que caiu em Bauru".

Estes são apenas dois exem- plos da destruição do País, que Fernando Henrique e sua tropa es- tão promovendo. Na verdade, eles estão doando todo o patrimônio do País para um punhado de multina- cionais, que sucateiam toda a estru- tura brasileira e demitem os traba- lhadores das ex-estatais. Toda a po-

, lítica econômica do governo é feita em função dos interesses dos ban- queiros e dos especuladores interna- cionais. O FMI dita as ordens e diz o que deve e o que não deve ser fei- to. O dinheiro público é, de diversas formas, transferido para os grandes empresários e financistas: juros de

1 dívidas, "privatizações", incentivos fiscais e tudo o mais a que "eles" dizem ter direito.

O caso recente da Ford é só mais um pedaço deste escândalo. O

1 governo vai destinar para uma das

maiores empresas do mundo mais de R$ 700 milhões, sob o pretexto de que a fábrica vai "gerar empregos". Pura balela. Se este dinheiro fosse aplica- do para fazer a reforma agrária ou para dar créditos a pequenos e mé- dios produtores e à construção de mo- radias populares, muito mais empre- gos seriam gerados e a riqueza seria muito mais distribuída.

A dívida intema já passa os R$ 500 bilhões e a externa, os US$ 230 bilhões. Para termos uma idéia do que isto representa, basta pensar que todo o PIB (Produto Interno Bruto), ou seja, toda a riqueza produzida no País du- rante um ano, é pouco mais de R$ 900 bilhões. Isto significa que grande par- te dos recursos arrecadados através dos impostos vai para pagar estas dívidas imensas, cujos donos (dos papéis) são justamente aqueles especuladores que enriquecem recebendo os juros altíssi- mos pagos pelo governo para rolar a dívida. É cpmo um grande cassino, onde o dinheiro de todos vai para ban- car as apostas e pagar os prêmios aos grandes apostadores. Fernando Hen- rique nada mais é do que o gerente da casa de jogos. E neste modelo de país- cassino não há espaço para crescimen- to econômico, geração de empregos ou

distribuição de renda e investimentos i nas políticas públicas.

Nunca o desemprego foi tão ! alto, já atingindo 20% nas grandes ; cidades. A recessão virou regra. A

miséria cresce a todo momento. É vi- sível o empobrecimento da maioria da população.

E, como o grosso do dinheiro i vai para os grandes tubarões, não há ; recursos para a educação, a saúde e a

habitação popular; os hospitais estão em frangalhos e não se consegue aten- dimento médico; a reforma agrária não é feita, as estradas estão esburaca- das. Não há mais a idéia de serviço público. No modelo de Fernando Hen- rique, todo é para o mercado, nada para a sociedade. Ter direitos ficou proibido. Não é à toa que o presiden- te chama os aposentados de vagabun- dos e desmonta a Previdência Social, junto com a legislação trabalhista.

Derrubar FHC e expulsar o : FMI! Não há alternativa, hoje. Ou os ■ movimentos populares, os partidos de i esquerda e progressistas, os sindica-

tos e o MST assumem a tarefa de mobilizar milhões de pessoas para pôr

i fim ao governo de Fernando Henrique ou ele continuará destruindo o País e

; empobrecendo, cada vez mais, o povo

brasileiro. Por isso, nossa palavra de ordem, no momento, é uma só: 'Fora daqui o FHC e o FMI! Eleições já!"

A Central de Movimentos Po- pulares está participando da Marcha Popular pelo Brasil, que tem início em 26 de julho, no Rio de Janeiro, e chegará á Brasília no início de outu- bro, e também está empenhada na or- ganização do 5° Grito dos Excluídos.

A Central também participa do Fórum Nacional de Lutas - por Trabalho, Terra, Cidadania e Sobe- rania. A próxima atividade do Fórum, estopim de grandes mobili- zações para derrotar FHC, será a Marcha dos 100 mil sobre Brasília, em 26 de agosto. Todas as entida- des e partidos do campo popular estão priorizando a tarefa de levar militantes à capital federal, para mostrarmos nossa indignação com este governo e exigirmos novas elei- ções, para que o povo possa enter- rar de vez o projeto dos poderosos.

A CMP convoca todos os movimentos populares a participa- rem deste calendário de mobiliza- ções, e que ele seja o começo de uma grande jornada de lutas em defesa

: da maioria dos brasileiros. E a CMP vai estar presente!

| Fórum N&cton&l í» Ref ormi (M&xâ !

A luta pela reforma urbana na frente institucional JL retomada da luta pela reforma

JpL urbana no Brasil, a partir do fi- « > nal da década de 80, tem tido duas importantes frentes: uma no âmbi- to da luta concreta dos movimentos po- pulares e outra institucional, em parti- cular no acompanhamento de projetos de lei que atentam para a questão urba- na, sendo os mais importantes deles o do Estatuto da Cidade e o do Fundo/ Conselho de Moradia Popular. Não é ocioso repetir que este último foi o pri- meiro de iniciativa popular apresentado no País, inaugurando esta nova via legislativa aberta pela Constituição de 1988. Detenhamo-nos, aqui, em apon- tar alguns passos na frente institucional.

SoteeoEstatutodaCidade-pro- jeto aprovado pelo Senado e remetido para a Câmara dos Deputados em 1990 -, sua finalidade é regulamentar os dis- positivos constitucionais incluídos no Capítulo de Política Urbana, o que am- plia muito os instrumentos de ação mu- nicipal no combate à especulação imo- biliária. Assim, a sua aprovação é de

fundamentai importância para fazer va- ler o direito à cidade.

Tendo sofrido uma longa obs- trução em sua tramitação, o Estatuto está pronto para ser votado pela Comissão de Desenvolvimento e Interior da Câ- mara dos Deputados, responsável pela análise do seu mérito. O relator é o de- putado Inácio Arruda (PCdoB/CE), que se comprometeu, em audiência pública realizada em 9 de junho , a acatar as sugestões apresentadas por entidades da sociedade civil participantes do evento, com destaque para o FNRU.

De acordo com o negociado, o relatório será apresentado no início de agosto,oquerevelaadisposição em con- cluir a tramitação do projeto na Câmara ainda em 1999, lembrando-se que tem de passar ainda pela Comissão de Cons- tituição e Justiça e voltar ao Senado para uma última apreciação antes de ser san- cionado (ou vetado) pelo presidente da República

O projeto do Fundo/Conselho de Moradia Popular foi aprovado em

1997 pela Comissão (fc Desenvolvimen- to Urbano e Interior da Câmara dos De- putados. Agora, se encontra na Comis- são de Finanças e Tributação da Câma- ra, que realizou audiência pública sobre o assunto em 10 de junho. Tal qual o Estatuto da Cidade, há a expectativa de que o projeto conclua sua tramitação na Câmara ainda em 1999, conforme en- tendimentos com o relator, deputado Evilásio Farias (PSB/SP).

O problema, aqui, é que o go- verno já manifestou opinião contraria ao projeto, o que nos faz crer que seja veta- do por FHC, mesmo destino do projeto de lei 199, para instituir um SistemaNa-

I Expediente

oenirai ae Movimentos Populares CMP

cional de Saneamento. O importante a se destacaré o

fato destes projetos terem finalmente, rompido o marasmo no Congresso Na- cional. A sanção dos mesmos trará im- portantes ganhos políticos para a causa da reforma urbana.

Todavia, uma eventual denota - total ou parcial - deve ser encarada com altivez. Afinal, o aprendizado, neste longo processo de negociação política, táo pode ser conáderado propriamente uma deno- ta Há pelo maios algo a comemorar: os atores da refcxma urbam têm sido impor- tantes protagonistas neste curso histórico, o que não é pouco.

Publicação de responsabilidade da Direção Nacional da Central de Movimentos Populares - CMP

Edição Especial n0 5 - Julho/1999

Edição: Antônio C. de Moura (MTb 12256-SP) Projeto Gráfico/Diagramação: Maurício S. Moura

Rua Fiação da Saúde, 335-Saúde-São Paulo/SP-CEP 04144-020 Fone/fax: (OU) 5583.8051

Jornal <& CMP

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III Congresso

Movimentos populares definem plano de lutas

Definindo ura plano de lutas que tem como eixo central as políticas públicas com

participação popular, a Central de Movimentos Populares (CMP) realizou seu II Congresso Nacio- nal de 13 a 16 de maio último, no SESC Venda Nova, em Belo Ho- rizonte (MG), com a participação de 489 delegados e delegadas dos movimentos de moradia, saúde, educação, criança e adolescente, portadores de deficiências, mulhe- res, negros e negras, homossexu- ais, associações de moradores e comunitários, além de trinta con- vidados e observadores. Na fase preparatória do Congresso, cerca de 12 mil pessoas participaram das diversas atividades e debates.

Os participantes debate- ram, analisaram e aprovaram o balanço político das atividades da Central nos últimos três anos e também aprovaram o plano de lu- tas, além de eleger a Direção Na- cional, com nova estrutura, para o próximo triênio.

Em seus debates e delibe- rações, o Congresso definiu que, para as políticas públicas - com participação popular - terem efetividade, é fundamental o não pagamento da dívida externa; a moratória da dívida pública; a suspensão e revisão das privati- zações; a anulação dos incentivos fiscais a grandes empresas; a co-

brança de impos- to sobre grandes fortunas; a ampli- ação dos gastos com saúde, educa- ção, habitação, atendimento às crianças e adoles- centes, idosos, portadores de ne- cessidades especi- ais e populações indígenas e imple- mentação das re- formas agrária e urbana.

O Congres- so decidiu ainda que a CMP deve continuar lutando, com outros seto- res da sociedade, pelo fim do projeto neoliberal e pela construção de um projeto de- mocrático e popular, com justiça social e cidadania para todos. Nesta perspectiva, deve participar e fortalecer o movimento Brasil: 500 anos de resistência indígena, negra e popular, o 5° Grito dos Excluídos e, também, investir na capacitação de lideranças dos movimentos populares e na organicidade da CMP, especial- mente nos municípios e estados.

Com relação à estrutura da Central, a Direção Nacional ficou com 17 membros, entre os

quais são eleitos sete para a Exe- cutiva Nacional. O Congresso, como instância máxima, vai se reunir a cada três anos e, anual- mente, a Plenária de Represen- tantes, composta por represen- tantes dos estados, movimentos e setoriais nacionais.

De acordo com José Albino, membro da Direção Na- cional da CMP, "os movimentos populares estão firmes na tarefa de articular as lutas e unificar as ações contra a política excludente do governo FHC e a agiotagem in- ternacional articulada pelo FMI".

"É vergonhoso - enfatiza ele - constatar que nestes quase 500 anos de Brasil nada temos a co- memorar. Temos é que denunciar o massacre dos povos indígenas, a poluição dos rios, o desmata- mento de nossas reservas, a ex- tração do nosso ouro. Temos que denunciar esta elite brasileira, que acumulou terras e concentrou em suas mãos a riqueza nacional, em prejuízo e abandono de crianças e adolescentes, dos idosos, dos sem- teto, dos sem-saúde e dos 30 mi- lhões de brasileiros obrigados a sobreviver com um real por dia."

NOVA DIREÇÃO NACIONAL DA CMP Ane Carrion Benedito Roberto Barbosa Claudinéia Apolinário Eloísa Gabriel dos Santos José Albino de Melo José Apolinário da Silva José Cláudio dos Santos José Geraldo dos Santos Luís Gonzaga da Silva (Gegê) Maria de Fátima Costa Nelson Cardoso Ozório Borges Neto Raimundo Vieira Bonfim Rosália Oliveira da Costa

Simone Leite Usânia Aparecida Gomes Valdir Bohn Gass

Suplentes:

Abraão Nunes da Silva Carlos Alberto Donizete Fernandes de Oliveira Eloísio Godinho Felída Mendes Dias José Wellington Fontes Nascimento Ronaldo José Lacerda Valter Cruz de Oliveira

Jornal & CMP Edição Especial n0 5 - Julho/1999

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Msircha. <los fOD mil

TODOS A BRASÍLIA PARA DERROTAR FHC!

A Direção Nacional da Cen- JBL trai de Movimentos Popula- » \ res (CMP), reunida em Contagem (MG) nos dias 19 e 20 de junho, decidiu jogar todos os seus esforços e capacidade de mobilização na realização da Mar- cha dos 100 mil sobre Brasília, convocada pelo Fórum Nacional de Luta - por Trabalho, Terra, Cida- dania e Soberania - e pela Frente Democrática e Popular (PT, PCdoB, PCB, PSB, PDT).

Além de denunciar as polí- ticas neoliberais do governo Fer- nando Henrique Cardoso, a cor- rupção e a sua total submissão ao Fundo Monetário Internacional (FMI), a Marcha tem por objetivo a entrega ao presidente da Câma- ra dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP) de abaixo-assinado com um milhão de assinaturas, pedindo a instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para "investigar todo o processo de

privatização da Telebrás" e enqua- drar FHC "em crime de responsa- bilidade, diante das denúncias que comprovam o envolvimento pesso- al do presidente na tentativa de fa- vorecer grupos privados durante o processo de privatização da Telebrás. E, se comprovado, inici- ar o processo de impeachment de Fernando Henrique Cardoso e Marco Maciel".

Em relação ao abaixo-as- sinado, a Direção Nacional da CMP estabeleceu como sua meta a coleta de 100 mil assinaturas. Além disso, fixou como palavra de ordem da entidade o Fora FHC e FMI e como eixo de mobilizarão a luta por emprego, reforma agrária, soberania e políticas públicas.

Por outro lado, a Direção Nacional da CMP, seguindo reso- lução do II Congresso da entida- de, reafirma a prioridade de sua participação na Coordenação do

Fórum Nacional de Lu- tas, como um importante espaço de articulação e unidade nas mobilizações contra o projeto neolibe- ral e pelo fim do governo FHC, designando os com- panheiros Raimundo Bonfim, Dito e Gegê para representarem a Central junto ao Fórum.

A orientação da CMP aos movimentos populares e seus militan- tes é para que seja repro- duzido massivamente o texto do abaixo-assinado (no quadro abaixo) e, de- pois de coletadas as as- sinaturas, preferencial- mente em atividades pú- blicas, sejam enviadas para a sede da Central, na Rua Fiação da Saú- de, 335 - São Paulo - CEP 04144-020.

Jovens dos movimentos populares estudam em Cuba ^E^t e 5 a 7 de setembro pró- m m ximo, a CMP vai estar ^^ participando da inaugu- ração oficial da Universidade Latino-Americana de Ciências Médicas, em Havana (Cuba), juntamente com outras organi- zações brasileiras e latino-ame- ricanas. A solenidade será pre- sidida pelo comandante Fidel Castro, presidente do Conselho de Estado de Cuba.

A nova universidade está inserida num projeto de solida- riedade entre os povos e ofere- ce, inicialmente, o curso de Me- dicina. Sua primeira turma está constituída por aproximadamen- te 1.200 estudantes de países da América Latina e Caribe, dos quais 160 são brasileiros, que estão participando, desde o iní- cio de junho, de um curso pre-

paratório (Pré-Médico). As au- las de Medicina têm início em setembro. A CMP indicou 16

jovens dos movimentos popula- res para participarem deste pri- meiro grupo.

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GUEVARA

No início deste mês de julho, Aleidita Guevara (filha do Che) esteve em visita a vá- rias organizações populares brasileiras, entre as quais a CMP. No dia 7, a convite do Setorial de Mulheres, partici- pou de encontro, na sede da Central, com cerca de 50 mu- lheres e visitou movimentos po- pulares nas regiões Centro e Norte da capital de São Paulo.

Na CMP, Aleidita fez um histórico da luta revolucio- nária do povo cubano, conde- nou o bloqueio econômico nor- te-americano a Cuba, que cau- sa enormes dificuldades a seu povo, e destacou as principais conquistas, especialmente nas áreas de saúde e educação.

Edição Especial n0 5 - Julho/1999 Jornal <&CMP

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| Grito «los Excioúbs

A afirmação do valor da vida lt Jto calendário de lutas deste |p\» segundo semestre, a CMP * W também está fortemente engajada no 5° Grito dos Excluídos, cujo lema é Brasil: um filho teu não foge à luta. A coordenação geral das atividades é das Pastorais Sociais da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e da Pastoral da Juventude, em parceria com a CMP, CUT, MST, CNTE (Confe- deração Nacional dos Trabalhado- res na Educação), Contag (Confe- deração Nacional dos Trabalhado- res na Agricultura) e MPA (Movi- mento dos Pequenos Agricultores).

Diante da realidade vivida pelo País, sem emprego, sem distri- buição de renda, sem reforma agrá- ria, com baixa escolaridade, com vi- olência e impunidade, com um salá- rio mínimo que é uma vergonha e com uma dívida externa eterna, o Grito dos Excluídos é, acima de tudo, um grito em favor da vida, um grito em favor do País que queremos.

A meta deste ano é superar, em muito, os 1.200 municípios que desenvolveram atividades em 1998. Para isso, é fundamental que cada um assuma a tarefa de construir o Grito com o outro, coletivamente, na sua quadra, na sua rua, no seu bairro, na sua cidade, desde já até a grande manifestação em Aparecida (SP), em 7 de setembro.

Este ano, o Grito quer apon- tar "para a necessidade e urgência

de se construir um novo projeto para o País, um país com trabalho para todos e em que sejam resgatados va- lores como a dignidade da pessoa humana, a ética, a justiça e a soli- dariedade. Um país onde a econo- mia seja regida pela política e pela

ética. O Grito quer reafirmar os di- reitos civis, sociais e econômicos a que todos os cidadãos devem ter acesso e aponta para a necessidade urgente de políticas públicas que atendam aos mínimos vitais e que garantam vida digna para toda a po-

o pm

pulação do País". O Grito quer também ser

um momento claro de denúncia do modelo de desenvolvimento que atenta contra a soberania nacional; contra o pagamento da dívida ex- terna, que tira recursos da saúde, educação, moradia e reforma agrá- ria; contra a política entreguista das privatizações; contra os gover- nantes, representantes das elites, que governam de costas para a Nação, seguindo passivamente a cartilha do FMI.

Ao mesmo tempo, o Grito dos Excluídos vem sendo construído em articulação com uma série de outras iniciativas nacionais e inter- nacionais, como o Tribunal da Dí- vida Externa, a Campanha Jubileu 2000 pelo cancelamento da dívida externa do países de baixa renda, o movimento Brasil: 500 anos de re- sistência indígena, negra e popu- lar e também com o 1° Grito Lati- no-Americano dos Excluídos - por Trabalho, Justiça e Vida, que será realizado em 12 de outubro, em to- dos os países da América Latina e Caribe.

O Grito Latino-Americano tem por objetivos denunciar o mo- delo neoliberal excludente e perver- so, que ameaça e destrói a vida e o meio ambiente; fortalecer a sobera- nia dos povos e a defesa da vida; res- gatar as dívidas sociais; e lutar pelo não-pagamento da dívida externa.

I f\f^>*«i*

• Sem desemprego, sem fome, sem violência e sem miséria; onde a vida esteja colocada acima do lucro e do capital • Onde a reforma agrária, a política agrícola e a agricultura familiar sejam prioridades • Que priorize a geração de emprego, distribuição de renda e dos meios de produção

• Que reduza a jornada de trabalho, sem redução de salários, e ponha fim às horas-extras e erradique o trabalho infantil Que garanta o acesso à educação, à saúde e à moradia de qualidade, com base nos valores da justiça e da solidariedade

• Onde a administração pública seja transparente e participativa • Onde o respeito à vida determine o fim do trabalho escravo, da corrupção e da impunidade

• Independente e soberano, com políticas próprias voltadas ao atendimento das necessidades básicas do seu povo e onde cada cidadão tenha garantido o seu direito de ir e vir, sem ser forçado a migrar

• Livre dos mandos e desmandos do capital especulativo internacional e das intromissões do FMI, e onde aconteça a globalização dos direitos, da justiça e da solidariedade.

Jornd <UCMP Edição Especial n0 5 - Julho/1999

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Í AAârcha Popular pelo Brasil

Denunciando o projeto neoliberal

| fl/Urchâ AAtn\<liâi «Ias AAulheres

Contra a pobre e a violência

Começa neste 26 de julho, com um ato público em frente à sede da Petrobrás,

no Rio de Janeiro, a Marcha Po- pular pelo Brasil, promovida pela CMP, CUT, MST, MPA, Movi- mento de Mulheres Trabalhadoras Rurais (MMTR) e Setor Social da CNBB. A Marcha segue por Juiz de Fora e Uberlândia, tendo a che- gada a Brasília prevista para o iní- cio de outubro.

A Marcha tem como ob- jetivos gerais a derrota da políti- ca do governo FHC; a elevação do nível de consciência social das massas, despertando a sociedade para a grave crise que o País vive e estimulando para que se mani- feste; e obter mudanças concre- tas na política econômica e soci- al em benefício do povo. De modo específico, os militantes da CMP vão estar debatendo, com a po-

pulação dos municípios por onde a Marcha passar, o projeto neo- liberal e sua incidência nas polí- ticas públicas.

Durante o mês de setembro, as organizações populares e sindi- cais de cada estado realizarão mar- chas estaduais, com os mesmos ob- jetivos e procurando atingir a mai- oria dos municípios. Todas as mar- chas, tanto a nacional quanto as es- taduais, realizarão atos públicos, manifestações, debates e atividades culturais com a população, sempre com uma perspectiva pedagógica.

Ainda em setembro, será montado um acampamento em Brasília, a partir do qual os mili- tantes realizarão as mesmas ativi- dades das marchas, especialmente nas cidades-satélites e municípios do Entorno, procurando envolver a sociedade para a recepção aos caminhantes.

Organizações de mulheres de 1 vários países já iniciaram a

preparação da Marcha Mun- dial das Mulheres, programada para ser realizada de 8 de março (Dia In- ternacional da Mulher) a 17 de ou- tubro de 2000, com uma intensa campanha de educação popular, em que serão.desenvolvidas reflexões sobre a pobreza e a violência contra a mulher, entre outras questões, e coletados apoios a um abaixo-assi- nado mundial contra todas as formas de opressão, violência e discrimina- ção, especialmente contra a mulher.

Os abaixo-assinados serão entregues, em 17 de outubro, à Or- ganização das Nações Unidas (ONU) e seus organismos (como a Unesco, a FAO, o Alto Comissariado para os Refugiados), ao Fundo Mo- netário Internacional (FMI) e outros organismos internacionais, tanto em suas sedes quanto nas subsedes e es-

| AAârchà pela. BÁociçlo

Pela dignidade e cidadania A CNTE - Confederação Nacio-

dBL nai dos Trabalhadores em Edu- • \ cação está realizando, desde maio, atividades preparatórias para a Marcha Nacional em Defesa e Promoção da Educação Pública, cujo ponto alto vai ocorrer em 6 de outubro, quando as caravanas dos estados deverão se encontrar no gra- mado em frente ao Congresso Nacio- nal, em Brasília.

Segundo a direção da CNTE, a Marcha é um movimento

"que conclama toda a sociedade para resgatar a'importância de uma das mais decisivas formas de promover dignidade e cidadania: a educação".

Os objetivos da Marcha são a ampliação dos recursos da educa- ção para 10% do PIB na próxima década; a divulgação de experiên- cias pedagógicas e educacionais mais significativas para assegurar a educação como direito universal; garantia de vagas nas escolas pú- blicas para todos, erradicando o

analfabetismo; rei- vindicação de em- prego para todos os trabalhadores; e defesa da sobera- nia nacional.

Na busca desses objetivos, a CNTE definiu co- mo estratégias uti- lizar a tribuna po- pular nas Câmaras de Vereadores; tra- balhar a cartilha do Plano Nacional de Educação da Soci-

edade Brasileira, do II Coned, no Congresso Nacional, Assembléias Legislativas e Câmaras Municipais; organizar reuniões e assembléias nas escolas, para elaborar documento contendo denúncias, problemas e rei- vindicações em forma de dossiê; e articular as organizações da socie- dade civil voltadas para a defesa da cidadania, o combate à exclusão so- cial e a promoção dos direitos hu- manos; além de promover aulas pú- blicas de cidadania.

Entre as metas estabelecidas pelo Plano Nacional de Educação da Sociedade Brasileira está a abertura e preenchimento de vagas na educa- ção pública que eliminem, na totali- dade, os déficits de matrículas em todos os níveis e modalidades de en- sino, como educação especial, indí- gena, de jovens e adultos, desde as creches até as universidades, inclu- indo a formação profissional e téc- nica e erradicando o analfabetismo. E isso só é possível com o financia- mento estatal, ampliando a aplica- ção dos recursos do PIB de 3,7% para 10% na próxima década.

critórios nos países que se engajarem na Marcha.

No Brasil, o Comitê de Co- ordenação da Marcha está constitu- ído pelo Setorial de Mulheres da CMP, a Comissão Nacional de Mu- lheres da CUT, a Secretaria Nacio- nal de Mulheres do PT, a SOE - Sempreviva Organização Feminista, a União Brasileira de Mulheres e a organização Católicas pelo Direito de Decidir.

Edição Especial n0 5 - Julho/1999 Jornal & CMP

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KÍTÍÇO

Rádios comunitárias: congresso em Porto Alegre No momento em que se con-

solida como a entidade re- , presentativa das emissoras

de radiodifusão comunitária (rá- dios e TV) identificadas com os in- teresses das camadas populares, organizando-se em praticamente todos os estados, a Abraço - As- sociação Brasileira de Radiodifu- são Comunitária chama o seu III Congresso Nacional.

Este encontro será realiza- do na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, em Porto Ale- gre, de 10 a 12 de setembro. Os

Dinheiro do povo - I

Intensificando a entrega do País às grandes corporações mul- tinacionais, agora o governo FHC vai repassar à Ford - a segunda maior montadora de veículos do mundo - R$ 700 milhões para a instalação de uma fábrica na Bahia. Isso num momento em que o mesmo governo diz que o Esta- do brasileiro está falido e reduz ou elimina investimentos sociais e quebra conquistas históricas e direitos básicos dos trabalhado- res, como Previdência, saúde, educação, habitação e alimentos. Só do Programa de Renda Míni- ma, dos R$ 50 milhões previstos no Orçamento, nenhum centavo foi liberado até o mês de junho.

Essa mesma fá- brica seria instalada no Rio Grande do Sul, mas o governador Olívio Dutra (que assumiu no início deste ano) se re- cusou a continuar entre- gando o dinheiro do povo a uma riquíssima multinacional e preferiu usar os recursos em programas sociais.

Dinheiro do povo - li

Segundo dados levantados pelo jorna- lista Aloysio Biondi, e que constam em seu li- vro O Brasil Privatiza-

Jornd <t& CMP

delegados estão sendo tirados em congressos ou plenárias estaduais, que ocorrem desde o final de ju- nho até meados de agosto, na pro- porção de um para cada rádio ou TV presente ao encontro estadu- al. E há, ainda, a expectativa da presença de um grande número de observadores.

Também vão participar, como convidados, os representan- tes de rádios comunitárias da Ar- gentina, Bolívia, Chile, Paraguai e Uruguai que estarão no I Encontro de Rádios e TV Comunitárias do

do, lançado recentemente, no pro- cesso de divisão do Sistema Telebrás, e preparando a privati- zação, o governo FHC, em dois anos e meio, investiu nas empre- sas telefônicas R$ 21 bilhões. Isso e mais todo o resto do patrimônio público dessas empresas foi ven- dido por uma "entrada" de dinhei- ro nos cofres do Tesouro Nacio- nal de R$ 8,8 bilhões.

E por isso e muito mais que a CMP e outras entidades da sociedade civil, junto com os par- tidos da Frente das Oposições, estão realizando a campanha de abaixo-assinados pedindo a insta- lação de processo por crime de responsabilidade contra o presi- dente Fernando Henrique Cardo- so e todo o seu governo.

Mercosul, organizado pela Abra- ço e pela Agraço (Associação Ga- úcha de Radiodifusão Comunitá- ria) e ocorre, em Porto Alegre, nos dias 9 e 10 de setembro.

A Direção Nacional da CMP considera de grande impor- tância o empenho dos militantes dos movimentos populares em par- ticiparem dos encontros estaduais e, especialmente, do Congresso Na- cional da Abraço, além da efetiva inserção nas rádios comunitárias, tanto na programação quanto na gestão.

Dívida Externa

No primeiro governo FHC, a dívida externa brasileira cresceu US$ 87 bilhões, passando de US$ 148 bilhões para US$ 235 bilhões. Além disso, no mesmo período (1995/98), só de juros e amortiza- ção da dívida o Brasil pagou US$ 141 bilhões.

No último 19 de junho, o di- rigente nacional da CMP José Albino participou, em Colônia, na Alemanha, de ato em que foi apre- sentado um abaixo-assinado mundial contra a dívida externa dos países do Terceiro Mundo, com 17 milhões de assinaturas, sendo 700 mil do Brasil. A manifestação ocorreu em paralelo à conferência do G8 (os sete países mais ricos e a Rússia).

Desenvolvimento humano

No Relatório de Desenvol- vimento Humano 1999, apresenta- do pela ONU - Organização das Na- ções Unidas - recentemente, sobre as condições de vida no mundo, o Brasil foi rebaixado do 62° lugar para o 79°

É o resultado da política de transferência de riquezas (para os mais ricos, deixando-os ainda mais ricos) e desinvestimento nas áreas sociais do governo FHC.

Participação popular

A Prefeitura de Belo Hori- zonte, a Assembléia Legislativa de Minas Gerais e o Fórum Nacional de Participação Popular promove- ram, de 15 a 17 de julho,

na capital mineira, o 1° Congresso Brasileiro de Controle Social do Orça- mento Público.

Participaram do encontro os principais agentes sociais que, nos últimos dez anos, princi- palmente, vêm incenti- vando a participação po- pular nas discussões dos orçamentos públicos.

Raimundo Bonfim, da Direção Na- cional da CMP, coorde- nou o painel Conselhos e conselheiros de orça- mento participativo: o controle a partir da so- ciedade civil.

Edição Especial n0 5 - Julho/1999

Page 8: Edição Especial Julho/1999 Marcha dos 100 mil sobre Brasília · Marcha dos 100 mil sobre Brasília Fora FHC e o FMI! ... o empobrecimento da maioria da população. E, como o grosso

Trikínaj «b. t>mé& Externa

Endividamento é causa de miséria « s entidades promotoras do Tri-

JJV bunal da Dívida Externa, entre JM^ as quais a CMP, MST e Setor Pastoral Social da CNBB, estiveram reu- nidas em 30 de junho e 1° de julho, em Brasília, para avaliar a Campanha Inter- nadonalconlraaDívidaExtBníaeos pró- ximos desdobramentos no País.

Comomesmocaráterde análise e denúnda, vão ser organizados e realiza- dos ao longo do ano Tribunais Regionais sobreadívidaextenaeas dívidas especí- ficas de cada estado e, no Rio de Janeiro, em data ainda a SCT definida, o Tribunal das Privatizações, que teia per finalidade o levantamento e sistematização dos da- dos solxe o verdadeiro assalto aos cofies públicos praticado pdo próprio governo federal - e muitos governos estaduais -, oomaenlregadeemptesas estatais as gran- des eexporações multinacionais, principal- mente financeiras. Tambémfoidefinidaa realização de umpletriscãtosobreadívida extema brasileira, entre 22 de abril e 1° de maio do próximo ano.

Todas estas atividades estão ar-

ticuladas com a campanha Jubileu 2000 -por um milênio sem dívidas, que trata o tema dívida extema e dívidas sociais sob o lema/i vida acima da dívida, e tem por objetivoocancelamento da dívidados pa- íses de baixa renda e mais endividados.

O Tribunal da Dívida Extema ocorreu no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, de 26 a 28 de abril, com a participação de aproximadamente 1.200 pessoas de todo o Brasil e de outros paí- ses. Durante as sessões foram apresentar dos depoimentos e testemunhos brasüd- rosede especialistas de outros países, além de ampla documentação, tratando do sis- tema financeiro mfemaciaQal,oendivida- mento brasileiro, casos exemplares de en- dividamento de outros países e as pers- pectivas de ação para enfientare superar acrise do endividamento brasileiro.

Oobjetivoprindpal do Tribunal fdidentificararelação entre dívidaextar- na e a situação de injustiça e nrisóia nos países endividados, bem como os fatores que originam, constituem e agigantam a dívida extema e seus responsáveis.

Veredicto Na sentença, os integrantes

do Tribunal da Dívida Externa de- cidiram que a "dívida externa brasileira

• por ter sido constituída fora dos marcos legais, nacionais e internacionais, e sem consulta à sociedade,

• por ter favorecido quase ex- clusivamente as elites em detrimen- to da'maioria da população,

• e por ferir a soberania nacional,

é injusta e insustentável, ética, jurídica e politicamente.

Em termos substantivos, ela já foi paga e persiste apenas como um mecanismo de submissão e es- cravização da sociedade ao poder financeiro da usura e da globalização do capital, e de transferência de ri- quezas para os credores.

Por isso, este Tribunal con- dena o processo de endividamento brasileiro, que implica a subordina- ção aos interesses do capital finan- ceiro internacional e dos países ri- cos, apoiados pelos organismos mul- tilaterais, como iníquo e ilegítimo. Responsabiliza as elites dominantes pelo endividamento excessivo e por abdicarem de um projeto próprio de desenvolvimento para o Brasil. Res- ponsabiliza os governos e políticos que apoiam e promovem o projeto de inserção subordinada do Brasil à economia globalizada. Responsabi- liza os economistas, juristas, artis- tas e intelectuais que lhes dão em- basamento técnico e ideológico. Res- ponsabiliza a ditadura dos grandes meios de comunicação, que tentam legitimar a dívida e bloqueiam o de- bate sobre alternativas".

Compromissos e estratégias de ação "Assumindo a esperança pre-

sente nas lutas populares por alterna- tivas de vida, de relações sociais e de organização da economia e da socie- dade, o Tribunal propõe a todos os brasileiros e brasileiras os seguintes compromissos e estratégias de ação:

• Pela união de todos os po- vos em favor do cancelamento geral e irrestrito das dívidas externas dos pa- íses de baixa renda mais endividados e devolução das riquezas que lhes fo- ram pilhadas, sem imposição de ou- tras condições senão a da aplicação dos recursos poupados no resgate das dívidas sociais sob o controle da pró- pria sociedade e do pleno respeito aos direitos humanos de todos os cidadãos;

• Pela auditoria da dívida pu- blica extema e de todo o processo de endividamento brasileiro, com a par- ticipação ativa da sociedade civil, a fim de verificar contábil e juridicamen- te se ainda existe dívida a pagar, de quem ela deve ser cobrada e de esta- belecer normas democráticas de con- trole sobre o endividamento;

• Por uma moratória sobera- na, pelo rompimento do acordo com o FMI e pela redefinição das dívidas

com base nos resultados da auditoria e na afirmação da soberania nacional;

• Por uma política de desen- volvimento centrada nos direitos da pessoa e da sociedade e apoiada, prin- cipalmente, nos recursos materiais e humanos do País, superando a lógica e a prática do endividamento irrespon- sável que vigora atualmente;

• Pelo firme controle do câm- bio, que instrumente o governo para frear a especulação e reestimular o in- vestimento produtivo, incluindo meca- nismos efetivos de controle e fiscali- zação de toda forma de entrada e saí- da ilegal de moedas (nacional e estran- geiras) e mercadorias em geral;

• Pela renacionalização e democratização de empresas estratégicas;

• Pela renegociação das dí- vidas dos estados e municípios, vin- culando os recursos poupados ao resgate das dívidas sociais e am bientais, e refundando o pacto fede- rativo numa perspectiva democráti- ca e participativa;

• Pelo reforço das mobiliza- ções e campanhas como o ATTAC, que exigem o estabelecimento de me-

canismos de regulação e de taxação da circulação do capital especulativo internacional, visando a criação de um fundo destinado ao resgate da vida dig- na dos mais empobrecidos;

• Pela participação da Cam- panha Jubileu 2000, do Conselho Mundial de Igrejas e outras institui- ções nacionais e internacionais, numa mobilização que leve Estados demo- cráticos a proporem à Assembléia Geral da ONU uma ação junto ao Tri- bunal Internacional de Haia para jul- gar os processos que originaram e

hipertrofiaram a dívida extema dos países empobrecidos e altamente endividados e os seus responsáveis.

O presente Tribunal é o mar- co simbólico de uma longa caminha- da. Conclama, por isso, os brasileiros e brasileiras a participarem com espe- rança e destemor das iniciativas que dele irão brotar e continuarem de pé, nas mas e praças, até conseguirmos que o Brasil seja de verdade uma pá- tria para todos e que todos tenham condições de vida digna e de plena re- alização da cidadania."

CAMPANHA INTERNACIONAL Em junho, foram realizados

dois grandes eventos, articulados en- tre si, em tomo da causa da dívida extema, um em Londres, na Inglater- ra, e outro em Colônia, na Alemanha.

Em Londres, em 13 de junho, a manifestação, organizada pela Co- alizão Jubileu 2000, reuniu cerca de 50 mil pessoas, segundo a imprensa inglesa, numa corrente humana de aproximadamente seis quilômetros, em um abraço ao rio Tâmisa.

Em Colônia, de 18 a 21, reu-

niram-se lideranças (inclusive a CMP) das campanhas contra a dívida exter- na que vêm sendo desenvolvidas nos diversos continentes, paralelamente à conferência de cúpula do grupo dos sete países mais ricos e a Rússia, co- nhecido por G8. No sábado, 19, di- versas organizações européias e os re- presentantes intemadonais realizaram um significativo ato público, em que foi apresentado um abaixo-assinado com 17 milhões de assinaturas, entre- gue ao G8.

8 Edição Especial n0 5 - Julho/1999 Jornal <tâ CMP

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