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O Encontro Fevereiro de 2011 A Luz no Caminho - Associação Espiritualista - Distribuição gratuita Bhagavan Sri Ramana Maharshi Mahashivaratri, que significa “a grande noite de Shiva” ou “a noite mais auspiciosa”, é um fes- tival destinado ao Senhor Shiva, o aspecto destruidor ou transfor- mador de Deus. A data é celebra- da no mês denominado paguna no calendário lunar indiano. Segundo o hinduísmo, a lua (chandra) é a deidade que rege a mente. Os antigos sábios observaram que os processos mentais huma- nos são afetados pelas fases da lua. Assim, durante a lua cheia, a atividade mental é máxima e, na lua nova, essa ela é mínima. Então, descobriram que, quando observavam o controle dos sen- tidos e a vigília nessa noite es- pecial, era mais fácil dominar a mente e seus caprichos. Há ainda outro aspecto mais singular nesta noite: diz-se que é o momento em que Shiva as- sume a forma do lingam, para benefício de seus devotos. Anti- gamente, nos templos destinados a Shiva, não havia imagens. O principal objeto do culto era o Shivalingam, para que os devo- tos se recordassem que o Senhor não tem somente uma, mas to- das as formas e, assim, não se prendessem a ela. A comemoração inclui absti- nência, jejum e o uso de vibhuti (cinzas sagradas). Nagamma era uma mulher sim- ples, com poucos estudos. Movida por problemas que lhe causaram solidão doméstica, estudou a tra- dição hindu e, ainda jovem, tomou a decisão de ir morar no asramam. Ali, dia após dia, permaneceu aos pés de Ramana. Com o passar do tempo, Na- gamma sentiu um comando irre- sistível de anotar as conversas que Bhagavan mantinha com os devo- tos. Resolveu fazê-lo sob a forma de cartas, que enviava ao seu irmão em Madras. Em uma linguagem bastante acessível, as cartas são uma fonte inesgotável de informação e sabedoria. Uma das 60 cartas que foram publicadas após a passagem de Sri Ramana Maharshi, sobre o início das comemorações do jayanthi (nascimento) de Venka- taraman, é reproduzida abaixo: Vasudeva Sastry se encarregava da rotina na época em que Bhaga- van habitava a caverna Virupaksha. Anos mais tarde, Vasudeva foi ao asramam e sentou-se aos pés do mestre. Um devoto perguntou en- tão a Ramana: “Mestre, foi Sastry que ficou com medo e foi se es- conder na caverna quando o tigre apareceu?”. “Foi”, respondeu o mes- tre. “Estávamos na varanda quando As cartas de Sri Ramanasramam Editorial apareceu um tigre. Imediatamente Sastry saiu correndo, trancou-se na caverna e de lá gritava: ‘Olha lá, tigre! Você não sabe com quem está brincando! Bhagavan está aqui! Cuidado!’. Então o tigre permane- ceu mais um pouco rondando e, em seguida, tomou seu caminho”. E Bhagavan completou, brincando: “Sastry é realmente muito valente”. Continuando, Ramana relatou que um dia voltava do banho por um atalho, quando sentiu cansaço e sentou-se em uma rocha, perma- necendo imóvel. Não se ouvia nem as batidas de seu coração. Sastry interrompeu o mestre e conti- nuou: “É verdade, todos os devotos choravam, pois pensavam que ti- nha morrido, mas não ousavam tocar em Ramana, mas eu corri e o abracei. Bha- gavan permaneceu assim por dez minutos. Recobrando a consciência, o Maharshi perguntou: ‘Quem está chorando? Vocês pensaram que eu estava morto? Se eu fosse morrer não os avisaria antes?’ Foi a segun- da vez que Bhagavan permaneceu em perfeito samadhi.” Vasudeva Sastry foi quem iniciou as comemorações do jayanthi de Venkataraman – Sri Ramana Mahar- shi –, no dia 30 de dezembro. Por Nelson Lara dos Reis, presidente de A Luz no Caminho - Associação Espiritualista A grande noite de Shiva Por Vera Carolina de Mello Agenda “Vocês pensaram que eu estava morto? Se eu fosse morrer não os avisaria antes?”

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O EncontroFevereiro de 2011A Luz no Caminho - Associação Espiritualista - Distribuição gratuita

Bhagavan Sri Ramana Maharshi

Mahashivaratri, que significa “a grande noite de Shiva” ou “a noite mais auspiciosa”, é um fes-tival destinado ao Senhor Shiva, o aspecto destruidor ou transfor-mador de Deus. A data é celebra-da no mês denominado paguna no calendário lunar indiano. Segundo o hinduísmo, a lua (chandra) é a deidade que rege a mente.

Os antigos sábios observaram que os processos mentais huma-nos são afetados pelas fases da lua. Assim, durante a lua cheia, a atividade mental é máxima e, na lua nova, essa ela é mínima. Então, descobriram que, quando observavam o controle dos sen-tidos e a vigília nessa noite es-pecial, era mais fácil dominar a mente e seus caprichos.

Há ainda outro aspecto mais singular nesta noite: diz-se que é o momento em que Shiva as-sume a forma do lingam, para benefício de seus devotos. Anti-gamente, nos templos destinados a Shiva, não havia imagens. O principal objeto do culto era o Shivalingam, para que os devo-tos se recordassem que o Senhor não tem somente uma, mas to-das as formas e, assim, não se prendessem a ela.

A comemoração inclui absti-nência, jejum e o uso de vibhuti (cinzas sagradas).

Nagamma era uma mulher sim-ples, com poucos estudos. Movida por problemas que lhe causaram solidão doméstica, estudou a tra-dição hindu e, ainda jovem, tomou a decisão de ir morar no asramam. Ali, dia após dia, permaneceu aos pés de Ramana.

Com o passar do tempo, Na-gamma sentiu um comando irre-sistível de anotar as conversas que Bhagavan mantinha com os devo-tos. Resolveu fazê-lo sob a forma de cartas, que enviava ao seu irmão em Madras. Em uma linguagem bastante acessível, as cartas são uma fonte inesgotável de informação e sabedoria.

Uma das 60 cartas que foram publicadas após a passagem de Sri Ramana Maharshi, sobre o início das comemorações do jayanthi (nascimento) de Venka-taraman, é reproduzida abaixo:

Vasudeva Sastry se encarregava da rotina na época em que Bhaga-van habitava a caverna Virupaksha. Anos mais tarde, Vasudeva foi ao asramam e sentou-se aos pés do mestre. Um devoto perguntou en-tão a Ramana: “Mestre, foi Sastry que ficou com medo e foi se es-conder na caverna quando o tigre apareceu?”. “Foi”, respondeu o mes-tre. “Estávamos na varanda quando

As cartas de Sri RamanasramamEditorial

apareceu um tigre. Imediatamente Sastry saiu correndo, trancou-se na caverna e de lá gritava: ‘Olha lá, tigre! Você não sabe com quem está brincando! Bhagavan está aqui! Cuidado!’. Então o tigre permane-ceu mais um pouco rondando e, em seguida, tomou seu caminho”. E Bhagavan completou, brincando: “Sastry é realmente muito valente”.

Continuando, Ramana relatou que um dia voltava do banho por um atalho, quando sentiu cansaço e sentou-se em uma rocha, perma-necendo imóvel. Não se ouvia nem

as batidas de seu coração. Sastry interrompeu o mestre e conti-nuou: “É verdade, todos os devotos choravam, pois pensavam que ti-nha morrido, mas

não ousavam tocar em Ramana, mas eu corri e o abracei. Bha-gavan permaneceu assim por dez minutos. Recobrando a consciência, o Maharshi perguntou: ‘Quem está chorando? Vocês pensaram que eu estava morto? Se eu fosse morrer não os avisaria antes?’ Foi a segun-da vez que Bhagavan permaneceu em perfeito samadhi.”

Vasudeva Sastry foi quem iniciou as comemorações do jayanthi de Venkataraman – Sri Ramana Mahar-shi –, no dia 30 de dezembro.

Por Nelson Lara dos Reis, presidente de A Luz no Caminho - Associação Espiritualista

A grande noite de Shiva

Por Vera Carolina de Mello

Agenda

“Vocês pensaram que eu estava morto? Se eu fosse morrer não os avisaria antes?”

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02

O Encontro fevereiro, 2011

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du que 108 são os nomes de Deus. E como chegar a este total? Nove é um número poderoso no misti-cismo (é a manifestação do plano divino). Doze é outro número de poder (temos exemplos deste nú-mero nos apóstolos de Jesus, nos meses do ano, nas legiões de an-

jos). Deste modo, se observar-mos, 108 é o resultado de

nove vezes doze.

É perceber seu trato com os homens (vide a história “Dê-me to-dos os seus pecados”), com os ani-mais e, sobretudo, a percepção que possuía de cada um daqueles que dele se aproximavam em busca de conhecimento ou de ajuda.

Japa mala: O “terço” dos hindusCertamente você já viu alguns se-

guidores de religiões orientais com uma espécie de “terço” nas mãos. Este objeto, chamado mala, tem, guardadas as devidas proporções, a mesma função dos terços ocidentais.

O japa mala, mais especifica-mente, é um cordão de 108 contas feito dos mais diversos materiais. O importante, na verdade, é que aquele que possui um mala possa imantá-lo com a sua vibração. As-sim, todas as vezes que for usá-lo, poderá entrar em um campo ener-gético que favorecerá o seu estado meditativo.

O significado da expressão japa mala tem suas raízes no sânscrito: a palavra japa está ligada ao ver-bo jap (sussurrar) e mala significa cordão.

Para usar o mala, você deverá escolher um mantra que não deve-rá ser revelado a ninguém e repeti-lo mentalmente ou em tom muito

baixo (de sussurro) as 108 vezes que as contas forem passando pe-los seus dedos.

Segure o seu japa mala com a mão direita, coloque o cordão entre os dedos indicador e médio e, com o polegar, vá puxando para bai-xo cada conta. Segurando uma conta recite o seu mantra, de-pois puxe com o polegar a próxima con-ta e torne a repetir o mantra até que passe todo o cordão.

Você pode-rá se perguntar “por que são 108 contas?”. Vamos a uma sucinta explica-ção: em primei-ro lugar, diz-se na tradição hin-

Símbolos

Por Daniel Soares Filho

Ramana Amor Supremo - Conhecendo Bhagavan

Falar de Ramana é a coisa mais deliciosa que existe. Imagine escre-ver sobre ele! A ideia principal des-te livro é trazer à tona as diversas nuances daquele que, mesmo não tendo ego, coloca-se lindamente à altura dos nossos frágeis egos!

Estante

Este livro pode ser adquirido em A Luz no Caminho – Associação Espiritualista. Também está disponível para consulta em sua biblioteca. Informe-se na secretaria.

Título: Ramana Amor Supremo – Conhecendo Bhagavan Autora: Vera Carolina de Mello Editora: A Luz no Caminho – Associação Espiritualista

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O Encontrofevereiro, 2011

03

O filho é grato ao pai

Traduzido por José Stefanino VegaDo Livro Cartas do Sri Ramanasraman, de Suri Nagama

Irmão, você me pediu que lhe escrevesse de vez em quando con-tando o que acontecesse de notá-vel na presença de Sri Bhagavan, e o que Sri Bhagavan diz nessas ocasiões. Mas serei eu capaz de fazê-lo? De qualquer modo, farei uma tentativa e estou começando hoje. A tentativa só terá sucesso se a Graça de Bhagavan estiver nela.

Anteontem foi lua cheia, e foi celebrado o usual Deepotsava (fes-tival de luzes) em grande esca-la. Esta manhã, a imagem de Sri Arunachaleswara saiu em giri pra-dakshina (caminhada ao redor da colina) com o séquito usual de de-votos e com acompanhamento de

música. Quando a procissão alcan-çou o portão do asramam, Sri Ni-ranjanananda Swami, presidente do asramam, saiu com os devotos, ofe-receu côcos e cânfora a Sri Aruna-chaleswara e prestou homenagem. A procissão parou e os sacerdotes executaram arati (balanço de luzes) em homenagem a divindade.

Justamente neste momento, Sri Bhagavan estava vindo em direção ao estábulo e, vendo a grande-za do momento, sentou perto da torneira, ao lado do depósito de livros. A bandeja do arati ofereci-do a Arunachaleswara foi trazida a Bhagavan pelos devotos e Sri Bha-gavan tomou um pouco de vibhuti (cinzas sagradas) e o colocou em sua testa, dizendo em voz baixa “appakku pillai adakkam” – “o filho é obediente ao pai”. Sua voz pare-cia tomada de emoção ao falar. A

expressão do seu rosto provou o antigo provérbio “a culminância da devoção é o conhecimento”.

Sri Bhagavan é filho do Senhor Shiva. A afirmação do Senhor Ga-napati Muni, de que ele é Skanda encarnado, foi confirmada. Ocor-reu-nos que Bhagavan estava nos ensinando que, desde que todas as criaturas são filhas de Ishwara (Deus), até um sábio deve ser grato a Ishwara.

Nunca poderemos aquilatar quão cheias de significado são as pala-vras dos mahatmas (grandes almas, como o Maharshi). Você me pede que escreva de algum modo, mas como poderei transmitir a extraordinária beleza de suas declarações? Como posso descrevê-las adequadamente? Escrevi em um poema recente que cada palavra que sai dos lábios de Sri Bhagavan é escritura. Por que falar apenas das palavras? Se tiver-mos habilidade para compreender, mesmo seu olhar e seu jeito de andar, sua ação ou inação, inalação e exalação, tudo nele está cheio de significado. Terei capacidade de interpretar tudo? Com plena fé na graça de Sri Bhagavan escreverei para você tudo que me ocorrer servindo a Bhagavan com a devoção do esquilo para com Sri Rama.

Com estima,

Irmã

Nota: Por pura devoção, os es-quilos auxiliaram Rama na constru-ção de uma ponte, molhando seus diminutos corpos, rolando na areia e correndo até a obra para sacu-dir a areia. Por este motivo, foram motivo de chacota de todos os que trabalhavam na construção, menos do Senhor Rama, que reconheceu neles uma profunda devoção.

Filosofia

• A entrada principal para o templo de Arunachaleswara, no lado leste.

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04

O Encontro fevereiro, 2011

A Luz no Caminho - Associação Espiritualista | Rua Maxwell, 145 - Vila Isabel - Rio de Janeiro, RJ - CEP 20541-100 | (21) 2208 5196 | Horário de funcionamento (inclusive dias santos e feriados): segundas e quartas, das 14h30 às 20h30 - terças e quintas, das 14h30 às 21h00 - sábados, das 14h00 às 20h00 | Mais informações no site: www.aluznocaminho.org.br | Site da Casa de Ramana: www.casaderamana.org.br | Notícias da Casa: www.casaderamana.blogspot.com

Dentro da lei Oportunidade

Em janeiro, diretores e voluntá-rios da Casa de Ramana prepara-ram o relatório anual das atividades assistenciais e da movimentação fi-nanceira da obra social. Ele é exi-gido pelos órgãos governamentais para autorização do funcionamen-to de instituições filantrópicas. É necessário, ainda, para renovar os títulos de utilidade pública e as isenções fiscais concedidas pelo município, estado e federação. Os conselhos regionais dos profissio-nais que atendem a Casa, como enfermeiros, médicos e assistentes sociais, também requisitam tais do-cumentos.

Participação – No ano passado, foram distribuídas nove toneladas de alimentos. Essa marca é resul-tado da participação de pessoas e empresas, cujas doações continuam necessárias para a manutenção da obra social.

Das 27 idosas não asiladas, atendidas pela Casa de Ramana, três recuperaram sua capacidade fi-nanceira e adquiriram condições de sobreviver sem ajuda da instituição. Por isso, serão convidadas para re-ceber o auxílio outras senhoras, que aguardam a oportunidade em lista de espera. Todas devem ter mais de 65 anos, apresentar documento de identidade e passar por uma entrevista com a assistente social da Casa.

Recadastramento - As informa-ções sobre as senhoras que re-cebem atendimento externo estão sendo atualizadas, através de reca-dastramento. O objetivo é verificar endereços, número de dependen-tes, regularidade do benefício de previdência e passe de transporte público. Elas são orientadas a exer-cer os direitos sociais que as leis concedem.

Casa de Ramana

Por Lucíola Ferreira Por Lucíola Ferreira casa deramana.blogspot.com

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www.