12
para tais condicionantes, mostrou ser apenas uma pequena barreira à aceitação unânime da experiência como positiva, muito embora a maioria dos alunos tenha revelado o desejo de repetir. Gostava ainda de sublinhar a importância que, de facto, experiências como estas aulas têm, o poder de nos tirarem da zona de conforto que, à partida, até podemos considerar desinteressante mas que pode mudar de forma positiva a nossa visão sobre diversas atividades e temas. Cabe-me, por fim, agradecer aos professores que, mesmo nas atuais circunstâncias, fizeram grandes esforços para que pudéssemos levar a cabo as saídas de campo desta UC. Como aluno da licenciatura em Biologia, é sempre um prazer ter a possibilidade de experienciar, na prática, as técnicas e conhecimentos apresentados nas aulas teóricas, e é este o papel da Unidade Curricular (UC) Biologia de Campo. Esta UC permite aos alunos que pretendem ingressar em áreas mais práticas, ligadas ao trabalho de campo, ir para o meio natural. No entanto, todos os alunos ganham com esta experiência, adquirindo valências para a produção de trabalhos científicos de cariz essencialmente prático. A minha experiência com a UC foi bastante positiva, o que se deveu, certamente, ao meu gosto pelo campo, mas também à oportunidade de observar e trabalhar com organismos que até então eram conhecidos apenas através de fotografias e vídeos apresentados nas aulas teóricas. A separação dos vários temas da UC por cada saída de campo, ajuda também a uma melhor compreensão por parte dos alunos, sendo que cada saída é preparada de acordo com o tema a tratar, apresentando as técnicas mais indicadas para cada ecossistema a visitar. Este ano letivo tivemos a oportunidade de visitar um ecossistema de interior (serrano) na Serra da Lousã e dois ecossistemas litorais, o litoral rochoso na Figueira da Foz e o litoral móvel na Ria de Aveiro. Quando comparamos a possibilidade de fazer estas aulas práticas, com as aulas ministradas online via plataforma zoom, a escolha recai, sem qualquer dúvida, sobre as práticas, sendo esta uma opinião partilhada pela maioria dos alunos, mesmo nos casos das saídas mais desafiantes – em terreno acidentado e meteorologia adversa. O facto de nem todos os alunos estarem preparados Número 11 Julho 2021 Editorial B OLETIM I NFORMATIVO DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA UNIVERSIDADE DE AVEIRO O valor da Biologia de Campo na licenciatura em Biologia Neste número: Docente do DBio eleito Coordenador do CESAM 2 Sessões de divulgação dos mestrados DBio 2 Docente do DBio ilustra novo manual escolar do 10º ano 2 Método de reprodução raro entre cobras e lagartos pode levar à extinção das espécies 2 Made in DBio Por mares nunca dantes navegados 3 Investigação de Ponta, Investigação que Conta Projeto AquaHeal - Modulação microbiana em aquaculturas com sistema de recirculação 4 Mestrado, Mestre e Mestria O meu mestrado em Microbiologia na UA 5 Espaço NEB-AAUAv Acabei o 3º ano… E agora? 6 NORM - Curso avançado internacional sobre impacte de materiais radioativos 7 Formação pioneira em Ilustração Científica abre candidaturas 7 Urso-pardo: O que sabe sobre este animal? 7 Candidaturas a cursos de pós-graduação ano letivo 2021 | 2022 7 Provas de Doutoramento 8 Biologia de Campo (álbum fotográfico) 8 Gonçalo Fino aluno nº 100072 [email protected]

Editorial O valor da Biologia de Campo na licenciatura em

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

para tais condicionantes, mostrou ser apenas uma pequena barreira à aceitação unânime da experiência como positiva, muito embora a maioria dos alunos tenha revelado o desejo de repetir.

Gostava ainda de sublinhar a importância que, de facto, experiências como estas aulas têm, o poder de nos tirarem da zona de conforto que, à partida, até podemos considerar desinteressante mas que pode mudar de forma positiva a nossa visão sobre diversas atividades e temas.

Cabe-me, por fim, agradecer aos professores que, mesmo nas atuais circunstâncias, fizeram grandes esforços para que pudéssemos levar a cabo as saídas de campo desta UC.

Como aluno da licenciatura em Biologia, é sempre um prazer ter a possibilidade de experienciar, na prática, as técnicas e conhecimentos apresentados nas aulas teóricas, e é este o papel da Unidade Curricular (UC) Biologia de Campo.

Esta UC permite aos alunos que pretendem ingressar em áreas mais práticas, ligadas ao trabalho de campo, ir para o meio natural. No entanto, todos os alunos ganham com esta experiência, adquirindo valências para a produção de trabalhos científicos de cariz essencialmente prático.

A minha experiência com a UC foi bastante positiva, o que se deveu, certamente, ao meu gosto pelo campo, mas também à oportunidade de observar e trabalhar com organismos que até então eram conhecidos apenas através de fotografias e vídeos apresentados nas aulas teóricas.

A separação dos vários temas da UC por cada saída de campo, ajuda também a uma melhor compreensão por parte dos alunos, sendo que cada saída é preparada de acordo com o tema a tratar, apresentando as técnicas mais indicadas para cada ecossistema a visitar. Este ano letivo tivemos a oportunidade de visitar um ecossistema de interior (serrano) na Serra da Lousã e dois ecossistemas litorais, o litoral rochoso na Figueira da Foz e o litoral móvel na Ria de Aveiro.

Quando comparamos a possibilidade de fazer estas aulas práticas, com as aulas ministradas online via plataforma zoom, a escolha recai, sem qualquer dúvida, sobre as práticas, sendo esta uma opinião partilhada pela maioria dos alunos, mesmo nos casos das saídas mais desafiantes – em terreno acidentado e meteorologia adversa. O facto de nem todos os alunos estarem preparados

Número 11

Julho 2021

Editorial

BOLETIM INFORMATIVO DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA

UNIVERSIDADE DE AVEIRO

O valor da Biologia de Campo na licenciatura em Biologia

Neste número:

Docente do DBio eleito

Coordenador do CESAM 2

Sessões de divulgação dos

mestrados DBio 2

Docente do DBio ilustra

novo manual escolar do

10º ano

2

Método de reprodução

raro entre cobras e

lagartos pode levar à

extinção das espécies

2

Made in DBio

Por mares nunca dantes

navegados

3

Investigação de Ponta,

Investigação que

Conta

Projeto AquaHeal -

Modulação microbiana em

aquaculturas com sistema

de recirculação

4

Mestrado, Mestre e

Mestria

O meu mestrado em

Microbiologia na UA

5

Espaço NEB-AAUAv

Acabei o 3º ano… E

agora?

6

NORM - Curso avançado

internacional sobre

impacte de materiais

radioativos

7

Formação pioneira em

Ilustração Científica abre

candidaturas

7

Urso-pardo: O que sabe

sobre este animal? 7

Candidaturas a cursos de

pós-graduação ano letivo

2021 | 2022

7

Provas de Doutoramento 8

Biologia de Campo (álbum

fotográfico) 8

Gonçalo Fino aluno nº 100072

[email protected]

e reduzir incertezas que

podem limitar o investimento

em novas tecnologias.

globais, o tópico principal

deste programa doutoral, este

estudo torna-se ainda mais

importante, na medida em que

estas espécies serão, à partida,

mais vulneráveis ao acelerar

das alterações ambientais”,

diz.

inicialmente projetados para

um ciclo de vida de seis anos

(após a 1º adoção pelos

professores/escolas), mas que

ultrapassavam mais de uma

década de uso e denotavam já

desatualização.

Página 2

BOLETIM INFORMATIVO

O docente Fernando Correia,

responsável pelo Laboratório

de Ilustração Científica (LIC)

do Departamento de Biologia

(DBio) da Universidade de

Aveiro (UA), foi ilustrador do

manual escolar para o 10º

ano, organizado em dois

volumes, o BioFoco (Biologia)

e o GeoFoco (Geologia),

lançado pela Areal Editores.

Fernando Correia, biólogo e

um dos mais reconhecidos

ilustradores científicos

portugueses, foi pioneiro, em

2015, na introdução da

ilustração científica enquanto

recurso didático em manuais

escolares. Esta experiência

levou ao reconhecimento

editorial do valor da ilustração

científica, quer dos seus

autores, quer da UA, que, em

Portugal, deu o primeiro

passo no ensino formal desta

área. O ano de 2015 marcou

assim o ponto de viragem no

paradigma do uso da imagem

em manuais escolares, para uma imagem funcional,

construída, estratégica e

cientificamente correta.

A oportunidade de ilustrar

mais um manual escolar foi a

resposta diferenciadora

encontrada para uma

necessária renovação dos

manuais em uso no 10º ano,

Mónica Amorim, investigadora

do Departamento de Biologia

e do Centro de Estudos do

Ambiente e do Mar (CESAM),

da Universidade de Aveiro

(UA), acaba de publicar na

prestigiada revista Nature

Nanotechnology. O trabalho

chama a atenção para a

importância de reunir

esforços para a avaliação dos

riscos de nanomateriais a nível

mundial.

O artigo de Mónica Amorim,

Coordenadora do

Laboratório de

Ecotoxicogenómica,

desenvolvido em coautoria, na

área da “saúde, ambiente e

segurança de nanomateriais”,

permite que a informação

produzida por investigadores

possa ser utilizada

diretamente em sistemas de regulamentação e, portanto,

apoiar a previsibilidade e

coerência de decisões

políticas, responder a

questões do público em geral,

Chama-se partenogénese, é

um modo de reprodução

muito raro no reino animal e,

a longo prazo, pode levar à

extinção das espécies que a

utilizam. A conclusão é de um

estudo de uma equipa de

biólogos da Universidade de

Aveiro (UA).

“A partenogénese é um modo

de reprodução assexuada em

que não ocorre fertilização

masculina”, explica Matthew

Moreira, investigador do

Departamento de Biologia e

do Centro de Estudos do

Ambiente e do Mar (CESAM)

da UA. Assim, “as espécies

partenogenéticas formam-se

através de um processo de

hibridização por duas espécies

sexuadas distintas, e originam

populações compostas

unicamente por indivíduos do

sexo feminino”, aponta o

autor do estudo, a par com os

biólogos Carlos Fonseca e

Danny Rojas, publicado em

maio na revista Biology Letters.

O estudo faz parte do

doutoramento de Matthew

Moreira no Programa

Doutoral em Biologia e

Ecologia das Alterações

Globais no Departamento de

Biologia e no CESAM. “Face

ao cenário das alterações

O Professor Doutor

Amadeu Soares, docente do

Departamento de Biologia

(DBio), foi eleito

Coordenador Científico do

Centro de Estudos do

Ambiente e do Mar

(CESAM), por um período

de 4 anos, tendo sido

nomeado formalmente no

dia 10 de maio de 2021, pelo

Despacho n.º 29 –

REIT/2021.

O CESAM é uma das

unidades de investigação da

Universidade de Aveiro,

tendo obtido o estatuto de

Laboratório Associado em

2005. Nas suas avaliações

regulares, a Fundação para a

Ciência e a Tecnologia

(FCT) tem avaliado o

CESAM como "Excelente".

Durante os meses de maio e

junho, os diretores de curso dos

mestrados oferecidos pelo

DBio , desenvolveram ações de

divulgação dos respetivos

cursos, em sessões organizadas

pelo Núcleo de Estudantes de

Biologia (NEB) e no âmbito do

Xperimenta.

Os participantes tiveram

oportunidade de conhecer os

planos de estudo, os temas

oferecidos para

desenvolvimento de dissertação

e os apoios disponibilizados pela

Universidade de Aveiro.

Página 3

Ano 2, Número 11

A viagem começou no ano 2000,

quando entrei pela primeira vez no

edifício 23, conhecido na academia

aveirense por “caloiródromo”, onde os

“aluviões”1 se concentravam para as

aulas do primeiro ano comum das

ciências e engenharias. Começava assim

a Licenciatura em Biologia, num

ambiente diverso e estimulante, de

alunos vindos de todos os cantos do

país para a minha cidade natal.

A multi e interdisciplinaridade foram

características constantes do meu

percurso académico na área da ecologia

e evolução marinha. Do estudo do

desenvolvimento e distribuição larvar

de gastrópodes na Ria de Aveio à

reconstrução de paleoambientes com

conchas de bivalves, os temas

desenvolvidos no Projeto (4º ano) e

Estágio (5º ano) permitiram-me

aprender e desenvolver conceitos,

métodos e técnicas tão variadas como a

microscopia, modelação física e

geoquímica.

A q u a l i d a d e d e e n s i n o , a

internacionalização dos docentes e a

participação da Universidade de Aveiro

(UA) em programas de mobilidade para

estudantes foram uma das muitas mais-

valias da formação no Departamento de

Biologia (DBio), que, aliadas à vontade

in tr ín seca de exp lo rar novos

horizontes, permitiram abrir portas

a lém-fronteiras. No âmbito do

programa Leonardo da Vinci, a

Universidade de Bangor (País de Gales)

foi o porto de abrigo para o estágio

científico, linguístico e cultural, que

impulsionou o “embarque”, em 2006, na

Universidade de Leeds (Inglaterra),

onde iniciei o Doutoramento em

Ciências da Terra e do Ambiente. Ali

pude expandir a aquisição de métodos

de trabalho e técnicas laboratoriais para

investigar a colonização de ambientes

quimiossintéticos no mar profundo,

com recurso ao registo fóssil e relógios

moleculares, mantendo uma estreita

ligação à UA através da coorientação da

tese de Doutoramento.

De regresso ao DBio, e após a minha

primeira expedição oceanográfica nos

vulcões de lama do Golfo de Cádiz

( E spanha) , se gu i r am - se v á r i a s expedições na plataforma continental

Europeia e Americana, para estudos de

biodiversidade e conectividade de

comunidades de invertebrados

marinhos associados a fontes frias,

montes submarinos e corais de

profundidade. Os mergulhos, em

submarinos, ou com veículos

r e m o t o s , e o u t r o s

instrumentos de observação

e amostragem, em diferentes

ambientes do mar profundo,

combinados com o contínuo

d e s e n v o l v i m e n t o d e

metodologias experimentais

e a n a l í t i c a s , f o r a m

determinantes para a

execução do meu cargo atual

de analista ambiental no

secretariado da Autoridade

Internacional dos Fundos

Marinhos (a Autoridade).

E s t a o r g a n i z a ç ã o ,

estabelecida pela Convenção

das Nações Unidas sobre o

D i r e i t o do Ma r , é

responsável pela governança

dos recursos da Área – o

leito do mar, os fundos

marinhos e o seu subsolo

além dos limites da jurisdição

nacional – que representa

cerca de 55% dos fundos

oceânicos.

A rede de contactos e

sinergias estabelecidas no

âmbito de projetos nacionais

e internacionais, enquanto

investigadora em pós-doutoramento no

DBio e no Centro de Estudos do

Ambiente e do Mar (CESAM),

permitiram-me adquirir know-how e soft

skills essenciais para estabelecer

parcerias e incentivar a cooperação

internacional, que é hoje o veículo da

atividade que exerço como membro do

secretariado da Autoridade. A

promoção da investigação científica

marinha na Área, sobretudo através da

inovação e padronização de práticas de

amostragem, e da interligação de bases

de dados que permitem avançar o

conhecimento científico, estabelecendo

baselines e tomando decisões políticas

para a gestão e planeamento ambiental,

são um dos principais focos do meu

trabalho.

O percurso no DBio ao longo de quase duas décadas foi marcado por inúmeras

amizades, com professores, colegas,

alunos e funcionários, que, além de

contribuírem para a minha formação

profissional, tiveram, sobretudo,

impacto no meu desenvolvimento

pessoal. Sem eles e, especialmente, sem

o LEME2 não me teria sido possível

traçar esta rota e continuar a

aprofundar os limites da investigação

científica marinha, essenciais para o

desenvolvimento sustentável das

atividades nos oceanos.

O meu sincero obrigada à UA, ao DBio

e ao CESAM, por me acompanharem

nesta viagem.

Luciana Génio

Environmental analyst, International

Seabed Authority, Jamaica

POR MARES NUNCA DANTES

NAVEGADOS

1 Nome dado aos alunos do primeiro ano

(caloiros) segundo o código da Faina Académica(praxe)

2 Laboratório de Ecologia Marinha e Estuarina do

Departamento de Biologia

Página 4

BOLETIM INFORMATIVO

No projeto AquaHeal, o conceito de modulação do microbioma, com base em métodos químicos e/ou celulares, foi aplicado para o desenvolvimento de soluções que permitam a supressão de doenças em aquaculturas intensivas com sistema de recirculação (RAS).

Apesar das vantagens da produção de peixes em RAS, as elevadas densidades populacionais adotadas nestes sistemas podem resultar numa rápida propagação de surtos de doenças e no desenvolvimento de agentes patogénicos. Na produção intensiva, em contraste com o ambiente natural, os peixes estão mais suscetíveis e apresentam maior risco de exposição a agentes patogénicos existentes na água. De facto, a produção de peixes em altas densidades pode favorecer o aparecimento de patogénicos mais agressivos, assim como, o surgimento e propagação de uma variedade de doenças. Atualmente, os surtos de doenças são considerados fatores limitantes para o desenvolvimento da aquacultura a nível mundial, podendo ser agravados num futuro próximo devido às alterações climáticas em curso (Jansen et al., 2012; Leung e Bates, 2013). Além disso, a utilidade dos antibióticos para travar o desenvolvimento de doenças no setor, especialmente como medida preventiva, tem sido questionada devido à capacidade dos agentes patogénicos de desenvolverem resistência através da transferência horizontal de genes (ex. plasmídeos, transposões, integrões e fagos) (Huddleston, 2014).

Outro problema a considerar, deve-se ao facto de que o tratamento com antibióticos pode influenciar a diversidade das comunidades microbianas, afetando adversamente micróbios com funções essenciais no intestino e muco da pele dos peixes. Adicionalmente, mudanças na estrutura das comunidades microbianas podem facilitar o crescimento e

proliferação de microrganismos oportunistas que podem ocupar nichos ecológicos que previamente não estavam disponíveis (Romero et al., 2012). Portanto, pelas razões referidas anteriormente, o sector da aquacultura necessita urgentemente de tratamentos inovadores ou medidas profiláticas para substituir (ou utilizar em alternância) os antibióticos de modo a maximizar o tratamento ou melhorar a saúde dos peixes durante a produção.

Existe hoje uma crescente consciencialização de que o microbioma das aquaculturas deverá ser uma prioridade no desenvolvimento tecnológico e na expansão sustentável do setor. Em linha com a importância das interações ecológicas entre os micróbios na produção de peixes e a modulação das comunidades microbianas dos sistemas de produção (aquacultura como um todo) pode ser crucial no controle de infeções e até mesmo contribuir para a melhoria da qualidade química (ex. melhor reciclagem de nutrientes) da água. De facto, a modulação de comunidades microbianas em sistemas complexos é uma área em rápido desenvolvimento. As estratégias de modulação microbiana baseiam-se em princípios ecológicos (ex. interações competitivas e antagonísticas) combinados com os avanços em biologia molecular. Podem, por sua vez, ser definidos como métodos baseados em ADN (ex. fagos), químicos (ex. prebióticos e outros compostos químicos) e celulares (ex. células microbianas). De facto, os efeitos das estratégias de modulação de comunidades microbianas na aquacultura podem estender-se a todo o sistema de produção, inclusive à modulação do microbioma de biofilmes (biofiltros) e dos peixes (muco da pele e aparelho digestivo). A longo prazo, a utilização de estratégias e tecnologias para favorecer o desenvolvimento de um microbioma capaz de suprimir a invasão de agentes patogénicos no sistema de produção pode ser a forma mais eficaz, “amiga do

ambiente” e com uma boa relação custo/benefício para controlar doenças de peixes. Além disso, a modulação microbiana pode contribuir significativamente para a redução da utilização de antibióticos na aquacultura e promover a sustentabilidade do setor.

Atualmente os resultados do projeto AquaHeal (MAR-02.01.01-FEAMP-0031) indicam que a manipulação química da água dos sistemas de produção é uma estratégia eficaz na modulação do microbioma da água, peixes e biofiltros do RAS e supressão de potenciais agentes patogénicos. Depois de várias etapas de investigação e validação, está em fase final de desenvolvimento uma nova tecnologia para aplicação do conhecimento gerado no projeto AquaHeal na modulação do microbioma de RAS.

O projeto decorreu no Laboratório de Estudos Moleculares e Ambientes Marinhos (LEMAM) localizado no Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) - Universidade de Aveiro (UA). O projeto foi coordenado pelo investigador Newton Gomes, do Departamentos de Biologia (DBio) e do CESAM/UA, e conta com uma equipa multidisciplinar que envolve investigadores do CESAM e DBio da UA, do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) e também da empresa Riasearch, Lda.

O Projeto foi financiado pelo Programa MAR2020, Portugal 2020 e União Europeia através do FEAMP (Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e das Pescas), com um orçamento total de

358.129,00€, tendo como período de execução de 2018/01/01 a 2021/07/31.

Mais informação: http://aquaheal.web.ua.pt

Newton Gomes investigador CESAM & DBio

PROJETO AQUAHEAL Modulação microbiana em aquaculturas com sistema de recirculação: na procura de um sistema de produção supressor de doenças

Investigador Newton Gomes, coordenador do projeto AquaHeal.

Testes em escala experimental (realizados no Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental - CIIMAR) para avaliar o efeito de métodos químicos na

modulação do microbioma de RAS.

Avaliação em escala piloto (realizada na empresa Riasearch Lda) dos efeitos da modulação química do

microbioma em RAS.

Página 5

Ano 2, Número 11

Iniciei o meu percurso académico na Universidade do Porto, onde me licenciei em Biologia. Após a licenciatura, ingressei no programa Erasmus+, onde pude contactar diretamente com o mundo da investigação e onde ganhei interesse na área da microbiologia. Para aprofundar os meus conhecimentos e seguir os meus estudos nesta área, escolhi a Universidade de Aveiro. Deparei-me com uma instituição dinâmica e acolhedora, com um programa interessante e com professores dedicados.

O primeiro ano foi um ano de aprendizagem de diferentes conteúdos e também de contacto com diferentes grupos de investigação relacionados com microbiologia, contacto esse facilitado pela disponibilidade de professores e investigadores que aproximam e incentivam os alunos. O segundo ano consistiu, maioritariamente, na dissertação.

Eu escolhi fazer a minha dissertação no LBM - Laboratório Biotecnologia Molecular, que tem uma linha de investigação com organismos pertencentes ao domínio Archaea, que foi a área que me despertou mais interesse, por ser pouco explorada.

A dissertação permitiu-me explorar várias técnicas de biologia molecular, desde PCR, PCR quantitativo (qPCR), manipulação genética como transformação, knock-out de genes, e construção de plasmídeos, assim como técnicas de microbiologia mais clássica como ensaios fenotípicos de bioatividade. Também tive a oportunidade de aprofundar o meu conhecimento de genética, recorrendo a ferramentas de bioinformática.

O meu trabalho de investigação consistiu no estudo de halocinas e lantipéptidos na haloarchaea, Haloferax mediterranei, que foi feito em duas partes: uma primeira mais descritiva,

onde a revisão da literatura aliada à genómica comparativa permitiu elucidar o que são halocinas, a sua possível função antimicrobiana em haloarchaeas e a sua distribuição filogenética; e uma segunda mais prática, onde foram criados mutantes de H. mediterranei sem os genes que codificam as enzimas LanM, essenciais à síntese de lantipéptidos, para demonstrar, recorrendo a bioensaios, se a atividade antimicrobiana se alterava e se era possível estabelecer uma correlação entre os supostos lantipéptidos presentes e a sua atividade microbiana.

O que retive de mais significativo do mestrado, foi superar os desafios que advêm do trabalho de laboratório, contribuir com ideias e soluções para os obstáculos e também a ganhar autonomia no desenvolvimento de trabalho científico, tanto a nível prático como a nível de escrita.

Mestre Inês de Castro

ex-estudante do Mestrado em Microbiologia

O MEU MESTRADO EM

MICROBIOLOGIA NA UA

A Mestre Inês de Castro concluiu o Mestrado em Microbiologia (MM) em dezembro de 2020. Foi contemplada com uma bolsa de mérito da Direção-Geral do Ensino Superior pela sua prestação na parte curricular deste curso. A dissertação da Inês destacou-se por envolver o estudo de microrganismos extremófilos, do domínio Archaea, que exigem condições de crescimento particulares, distintas daquelas que são usadas pela grande maioria dos microrganismos, e para os quais a implementação de protocolos de biologia molecular são um grande desafio. A Inês, com a sua imensa perseverança, desenvolveu e implementou pela primeira vez com sucesso esses protocolos, tendo o seu trabalho de mestrado resultado em duas publicações em revistas WoS de índice Q1.

Prof. Doutora Sónia Mendo,

Diretora do Mestrado em Microbiologia

Um dos objetivos do LBM - Laboratório de Biologia Molecular é a capacitação dos estudantes com ferramentas científicas e técnicas na área. Uma das linhas de investigação foca-se na biossíntese de compostos com aplicação biotecnológica, produzidos por microrganismos. Nesta temática, a investigação até aqui desenvolvida tem-se focado maioritariamente em bactérias. Mais recentemente, alargámos a nossa pesquisa às haloarquea. A dissertação de mestrado da Inês focou-se nestas últimas, e envolveu a implementação e otimização de protocolos de manipulação genética de haloarquea. O trabalho desenvolvido contou com a colaboração de investigadores da Universidade de Tel Aviv, Israel. Esta experiência foi certamente determinante para a Inês adquirir e melhorar competências que lhe permitiram ingressar num Programa Doutoral, que era um dos seus objetivos profissionais e pessoais.

Doutora Tânia Caetano,

Bioensaio da atividade antimicrobiana de Haloferax mediterranei:

A) Triplo mutante ΔM1ΔM2ΔM3 (sem as enzimas modificadoras LanM);

B) Wild-type (ATCC).

Cultivo em meio sólido de diferentes haloarchaea.

Assim que finalizei a licenciatura na

Universidade do Porto, a procura por

mestrados que me proporcionassem

oportunidades enriquecedoras levava

-me constantemente a um destino: a

UA. Sendo assim, apesar da cidade

Invicta me ter providenciado 3 anos

de experiências e histórias que

guardarei sempre comigo, estes

mesmos motivos impulsionaram esta

opção de sair da minha zona de

conforto e experienciar “novos ares”

numa nova fase da minha vida e

estudos. Além das recomendações

pessoais de amigos que frequentam

esta universidade, o incentivo por

alunos do mestrado que frequento e

pela própria diretora facilitaram a

minha escolha. Com todos estes

fatores na mesa, não houve grandes

dilemas na minha escolha.

E foi essa mesma segurança que

levei comigo durante todo o processo

que se seguiu, de que o destino que

escolhi é o mais acertado, tanto

pessoal como profissionalmente, e

de que todas as práticas, técnicas,

conhecimento e vivências que irei

experienciar serão de grande valor

para o resto da minha vida.

Gonçalo Vasconcelos

[email protected]

Página 6

BOLETIM INFORMATIVO

Quando estas seis palavras se juntam, forma-se, por vezes, um

motivo de apreensão e ansiedade. Os três testemunhos aqui

apresentados, prestados por atuais estudantes do DBio,

provam que existem caminhos distintos, que a formação

académica de cada um é algo dinâmico e singular...

Acabei o 3º ano… E agora?

A resposta natural a esta pergunta

seria “continuar o percurso para

mestrado” ou “tentar a sorte no

mercado de trabalho”. Porém, senti

que não estava totalmente seguro

daquilo que queria estudar no futuro

para optar pela primeira opção, nem

tinha a experiência para arriscar a

segunda. Por isso, decidi apostar

numa terceira via - um quarto ano

de estágio. Não tendo sido fácil, após

várias tentativas, consegui encontrar

uma oportunidade de estágio na

Bélgica. Agora, já licenciado, posso

dizer que foi a melhor decisão que

tomei. Não só reforcei todo o

conhecimento que tinha assimilado

ao longo dos três anos anteriores,

como adquiri um novo método de

trabalho num contexto profissional.

Para além disso, este estágio

permitiu-me entender que as

fronteiras da Biologia ultrapassavam

os limites que tipicamente

associamos às ciências naturais,

podendo estender-se e interligar-se

com campos como as ciências

sociais. O meu caso é diferente do de

alguns alunos e igual ao de tantos

outros. Aconselho a que não se

cinjam a estas duas opções, e que

procurem alternativas como a minha,

caso as outras não vos satisfaçam.

Ricardo Dantas Pereira

[email protected]

Quando terminei a licenciatura no

Porto, em 2018, senti alguma

pressão em dar continuidade aos

meus estudos, e por isso ingressei,

logo nesse ano, num mestrado em

Lisboa. Contudo, este não

correspondeu às minhas expectativas

e não me sentia entusiasmada com

aquilo que estava a aprender. Apesar

de querer muito fazer um mestrado

e especializar-me numa determinada

área, decidi anular a matrícula e

começar a trabalhar, sempre com a

ideia de que iria voltar a estudar. No

ano seguinte ainda estava um pouco

confusa e não me sentia atraída por

nenhum mestrado em particular.

Como não queria voltar a ter a

experiência de fazer um mestrado

“apenas porque sim”, continuei a

trabalhar e a juntar dinheiro para as

propinas, enquanto investigava sobre

os cursos e tentava perceber aquilo

que queria mesmo fazer. Senti que

2020 era o ano, e que Biologia

Marinha Aplicada era o mestrado

que queria.

Os 2 anos de pausa fizeram-me ter

ainda mais vontade de estudar e

apreciar muito mais este mestrado.

Senti que realmente valeu a pena.

Maria Helena Barbosa

[email protected]

nacional e internacional, oriundos de vários países europeus e do Japão.

organizado no âmbito do projeto Europeu RadoNorm (www.radonorm.eu), com a colaboração do Departamento de Biologia e CESAM (Universidade de Aveiro) e GreenUPorto e Faculdade de Ciências (Universidade do Porto).

Será um curso centrado na aquisição de conhecimentos teóricos e práticos sobre técnicas laboratoriais, ensaios padronizados e sua aplicação em cenários contaminados por NORM.

Será ministrado em inglês por cientistas de renome

A Universidade de Aveiro (UA) está a coorganizar um curso avançado internacional, que se centra na avaliação do impacte da contaminação por Materiais Radioativos de Ocorrência Natural (NORM). O curso terá lugar entre 30 de agosto e 10 de setembro de 2021, no Departamento de Biologia da UA e no Centro de Investigação em Produção Agroalimentar Sustentável (GreenUPorto).

O curso avançado, intitulado "NORM impact assessment toolkit: from microorganisms to human cells", está a ser

novo desafio e tenha a motivação para aprender o máximo possível dentro das variadas vertentes do desenho biológico, arqueológico e/ou paleontológico

O CFIC, sob a coordenação do docente Fernando Correia, é um curso de formação profissionalizante que tem como objetivo formar alunos, especializando-os no domínio da Ilustração Científica. As unidades comunicacionais (ilustrações) criadas por ilustradores científicos contribuem para a eficaz disseminação e/ou divulgação do conhecimento científico entre cientistas e o grande público.

Este curso, que habitualmente se realiza de outubro a junho, é dirigido a quem, licenciado ou não, queira abraçar um

O Curso de Formação em Ilustração Científica (CFIC), no Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro (UA), é um curso único e diversificado e uma formação certificada, com a duração de um ano letivo. O CFIC capacita os formandos com treino intensivo na área da Comunicação de Ciência e, mais especificamente, no âmbito da Ilustração Científica. As candidaturas prolongam-se até dia 30 de julho. Os formados têm desenvolvido trabalho de âmbito nacional e internacional, premiado em vários casos.

Página 7

Ano 2, Número 11

comunicações para

conferências.

Participe!

A UVS (Unidade de Vida

Selvagem), um dos

laboratórios de investigação

do Departamento de Biologia,

quer conhecer o que pensam

os portugueses de um possível

regresso do urso-pardo a

Portugal. Para isso, elaborou

um pequeno questionário

(máximo 10 minutos).

Esta investigação respeita a

privacidade dos entrevistados,

garantindo o anonimato, a

segurança e a

confidencialidade das

informações prestadas, em

conformidade com o

Regulamento Geral de

Proteção de Dados (RGPD)

(Regulamento UE 2016/679).

O acesso e o tratamento dos

dados são autorizados apenas

aos investigadores associados,

de acordo com a finalidade

descrita.

Os resultados obtidos no

âmbito deste projeto serão

utilizados apenas para fins

académicos, bem como outras

publicações científicas e

19 de julho a 04 de agosto

(2ª fase)

PROVAS DE

DOUTORAMENTO

• Ana Raquel Fernandes Pires Lopes, Programa

Doutoral em Biologia, “Árvores Monumentais

de Portugal: da

compreensão pública a uma literacia científica”,

em 05/05/2021

• Maria da Luz Bandeira

Rodrigues Fernandes, Programa Doutoral em

Ciência, Tecnologia e Gestão do Mar,

“Modelos de padrões espaciais como apoio

ao ordenamento do

espaço marítimo português”, em

05/05/2021

• Ana Paula Mónica

Simões Ré, Programa Doutoral em Biologia,

“Efeitos tóxicos dos fogos florestais nos

sistemas aquáticos”, em 07/06/2021

• Hermenegildo Ribeiro

da Costa, Programa Doutoral em Biologia,

“As pteridófitas de

Timor, com especial

ênfase para Timor-Leste”, em 24/06/2021

• Ana Bárbara Abreu Gonçalves, Programa

Doutoral em Biologia e

Ecologia das Alterações Globais, “2010 - 2020:

A década da biodiversidade: uma

perspetiva geral”, em 28/06/2021

Página 8

BOLETIM INFORMATIVO

Diretor: Fernando Gonçalves

Equipa Editorial: Fernando Cozinheiro, Mário Pacheco, Susana Galante -Oliveira, Victor Bandeira | Contacto: [email protected]

Colaboraram: Fábio Chen, Fernando Correia, Gonçalo Fino, Gonçalo Vasconcelos, Inês de Castro, Luciana Génio, Maria Helena Barbosa, Newton

Gomes, Paulo Silveira, Ricardo Dantas Pereira, Rita Ferreira (NEB), Rosa Freitas, Sónia Mendo, Tânia Caetano, Ulisses M. Azeiteiro, Victor Quintino

BIOLOGIA DE CAMPO

1. Lagarto-de-água (Lacerta

schreiberi), na Serra da Lousã

2. Tritão-marmoreado (Triturus

marmoratus), na Serra da Lousã

3. Saída de campo ao litoral móvel,

na Ria de Aveiro

4. Saída de campo a um ecossistema

de interior serrano, na Serra da

Lousã

5. Saída de campo ao litoral móvel,

na Ria de Aveiro

6. Polinizadores, na Serra da Lousã

7. Sapo-comum (Bufo spinosus), na

Serra da Lousã

8. Saída de campo ao litoral rochoso,

na Figueira da Foz

Monitorização ambiental: avaliação da estrutura de comunidades bentónicas

Toxicologia: avaliação de alterações bioquímicas e fisiológicas em invertebrados marinhos sujeitos a diferentes pressões naturais e antropogénicas

Avaliação, conservação e valorização dos biorecursos marinhos

SERVIÇOS

ENCARTE - página i

Ano 2, Número 11

Sala 8.2.09 | Departamento de Biologia (DBio) | Universidade de Aveiro

No Laboratório de Alterações Globais em Sistemas

Marinhos interagem duas equipas de investigação

que, pelas suas valências científicas e interfaces de

atuação, sinergizam a sua atuação.

Para a conservação e gestão sustentável dos

biorrecursos marinhos é fundamental a

compreensão dos drivers de alteração e atuação

dos fatores de stress antropogénicos (perturbação).

Nesse sentido, a investigação sobre o impacto da

variabilidade climática na estrutura, função e

processos de ecossistema no plâncton,

suprabentos, bentos e necton, em ecossistemas

estuarinos e marinhos e serviços de ecossistema,

constitui-se como uma valência fundamental deste

laboratório.

A investigação na área da ecotoxicologia vai mais

além e debruça-se nos impactos e acumulação de

poluentes em invertebrados marinhos com

O Laboratório e a Investigação

[email protected]

[email protected]

+351 234 247 189

22753 (extensão UA)

interesse económico (entre outros, ameijoas,

mexilhão, berbigão, poliquetas). Ao longo do tempo,

a avaliação de alterações biológicas passou a incluir

poluentes emergentes, tais como elementos

derivados de lixo eletrónico, fármacos, surfactantes,

filtros UV, nanomateriais, entre outros. Ainda neste

contexto, tem sido avaliada a influência de

diferentes cenários de alterações climáticas na

toxicidade dos vários poluentes e na sensibilidade

de diferentes espécies. Mais recentemente, a

potencial toxicidade de águas descontaminadas

recorrendo a diferentes metodologias

(nanotecnologia, biossorção) tem sido alvo de

especial atenção.

CONTACTOS

ENCARTE - página ii

BOLETIM INFORMATIVO

Análise de base de dados (multi)

decadais (abundâncias

populacionais, distribuição,

diversidade e parâmetros locais -

temperatura, oxigénio, salinidade,

pH, turbidez -, marés, parâmetros

regionais e parâmetros de larga

escala) que permitam analisar os

padrões de resposta às alterações

globais (Ictioplâncton, Zooplâncton

Gelatinoso, Misidáceos, Peixes

Diádromos). Nesta temática,

desenvolveu investigação a Mestre

Marta Monteiro (candidata a bolsa

de doutoramento FCT).

Colaborou ainda a Mestre Ana

Filipa Oliveira.

Departamento de Física,

Universidade de Aveiro; MARE |

Centro de Ciências do Mar e do

Ambiente, Politécnico de Leiria;

CFE | Centro de Ecologia

Funcional, Departamento de

Ciências da Vida, Universidade de

Coimbra.

BIOLOGIA E ECOLOGIA DAS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS EM MEIO MARINHO

PUBLICAÇÕES RELEVANTES

investigação tem evoluído para uma atuação ao nível da gestão, valorização e uso sustentável de recursos biológicos seguindo processos participativos.

COLABORAÇÕES Departamento de Física da Universidade de Aveiro; CIIMAR | Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental, Universidade do Porto; Universidade de Santiago de Compostela (Espanha); IPMA | Instituto Português do Mar e da Atmosfera; Universidade de Bordéus (França), IFREMER | Institut Français de Recherche pour l'Exploitation de la Mer (França).

Os bivalves são recursos biológicos muito importantes tanto a nível ecológico, pelo seu papel no funcionamento do ecossistema, como do ponto de vista socioeconómico. O surgimento de novos agentes patogénicos e a intensificação dos surtos de doença têm vindo a tornar-se cada vez mais frequentes e severos. Estas doenças ameaçam o equilíbrio da cadeia alimentar e podem conduzir ao declínio de bancos naturais, resultando em perdas económicas e ecológicas significativas. Neste sentido, os estudos que temos vindo a desenvolver visam identificar agentes patogénicos que infetam bivalves com elevada importância socioeconómica, com foco em macroparasitas marinhos. Com reconhecimento da diversidade, dinâmica e efeitos destes parasitas nas populações hospedeiras, pretende-se detetar zonas críticas e prever surtos, de forma a otimizar a gestão dos stocks de bivalves e dotar as partes interessadas de ferramentas científicas para combater estas doenças. Nesta linha de investigação, desenvolve atualmente doutoramento o Mestre Simão Correia. Mais recentemente, o trabalho desenvolvido nesta linha de

PARASITAS E PATOLOGIAS DE BIVALVES

LIXO ELETRÓNICO

PUBLICAÇÕES RELEVANTES

Evaluación de los efectos de los

contaminantes emergentes en

organismos acuáticos y sobre la salud

humana

BIvalves under Polluted Environment and

ClImate change

PROJETOS DE

INVESTIGAÇÃO

EM CURSO (e terminados em 2021)

Os equipamentos elétricos e eletrónicos tornaram-se uma parte

essencial do nosso quotidiano. A par do desenvolvimento de

equipamentos e aplicações elétricas e eletrónicas, os potenciais riscos

ambientais e para a saúde humana resultantes do descarte inadequado

ENCARTE - página iii

Ano 2, Número 11

e da gestão ambientalmente

incorreta dos resíduos gerados têm sido alvo de crescente

atenção. A informação sobre de que forma o lixo eletrónico está a

afetar o ambiente ainda é limitada, nomeadamente no que diz respeito

aos sistemas costeiros marinhos e às espécies que aí habitam. Neste

sentido, os trabalhos que temos desenvolvido visam avaliar a

toxicidade de elementos associados ao lixo eletrónico,

nomeadamente elementos de terras raras e lítio, comummente

utilizados em equipamento eletrónico e aplicações

relacionadas com energias renováveis. Ao mesmo tempo,

avaliamos a influência dos fatores relacionados com alterações

climáticas nas respostas dos organismos e na toxicidade dos

elementos em estudo. Nesta linha de investigação desenvolvem

atualmente doutoramento os mestres Carla Leite, Madalena

Andrade e João Pinto.

COLABORAÇÕES Departamento de Química, Universidade de Aveiro;

Universidade de Pisa (Itália); CSIC | Consejo Superior de Investigaciones

Científicas (Espanha).

COLABORAÇÕES Departamento de Química, Universidade de Aveiro; Universidade de Pisa (Itália); Universidade de Nápoles (Itália); CSIC, Espanha.

FÁRMACOS, PRODUTOS DE HIGIENE PESSOAL E SURFACTANTES

PUBLICAÇÕES RELEVANTES

Nas últimas décadas, os

fármacos e produtos de higiene pessoal foram responsáveis por

salvar milhões de vidas e contribuir para o bem-estar da

população. No entanto, a sua crescente utilização fez destes

compostos uma nova classe de

poluentes ambientais, sendo

cada vez mais relatados em quase todas as matrizes

ambientais, incluindo em zonas costeiras. Evidências recentes

têm destacado o potencial destes poluentes para causarem

impactos nefastos nos organismos que habitam estes

locais. Neste sentido, a investigação que temos

desenvolvido tem focado os impactos ecotoxicológicos

induzidos por diferentes fármacos, incluindo citotóxicos,

filtros UV e surfactantes. Para melhor avaliar os impactos

destes poluentes no ambiente, os nossos estudos têm

considerado diferentes cenários de alterações climáticas,

incluindo diferentes temperaturas, salinidades e

níveis de acidificação. Nesta linha de investigação

desenvolvem atualmente doutoramento as mestres

Ângela Almeida, Vanessa Queirós e Alessia Cuccaro, e

mestrado a Licenciada Diana Bordalo. É investigadora auxiliar

nesta área a Doutora Lucia de Marchi.

PUBLICAÇÕES RELEVANTES

Nos últimos anos, o uso de nanomateriais (NMs) tem

aumentado, com uma grande variedade de aplicações incluindo

remediação de água contaminada. Embora um número crescente de

estudos já tenha demonstrado a toxicidade potencial de NMs para

os sistemas aquáticos e organismos que aí habitam, ainda há pouca

informação sobre o risco potencial da água remediada usando NMs.

Mais recentemente uma abordagem promissora para a

descontaminação da água tem sido a utilização de macroalgas,

nomeadamente de Ulva lactuca que já se revelou um biossorvente

eficiente para vários elementos

químicos, área em que a Doutora Julieta Lompré desenvolve o seu

trabalho de investigação. Contudo, a informação sobre a toxicidade da

água remediada por bissorção é ainda muito escassa.

TOXICIDADE DE ÁGUA REMEDIADA

COACH - COoperative approACH

applied to conservation and

management of cockles

NIPOGES - Current status of the

Manila clam populations of the Ria

de Aveiro, lagoon of Óbidos and

estuaries of Tagus and Sado -

scientific bases for a sustainable

management of the resource

COOPERMINHO - Valorização da

Produção Piscatória do Rio Minho –

Contribuição para a Gestão e

Valorização de

Produtos da

Pesca do Rio

Minho

Endógenos Marinhos, Literacia

Oceânica e Biologia da Conservação em Meio Marinho

num Clima em Mudança. Nesta temática de investigação trabalham

o Doutor Heitor Oliveira Braga e a Doutora Sara Carvalho e, ainda, os

estudantes de mestrado, licenciados Beatriz Vieite e Joana

Pereira.

COLABORAÇÕES (na definição de metodologias e redação de outputs científicos)

Universidade Federal do Espírito Santo | UFES Departamento de Ciências Agrárias e Biológicas DCAB/ CEUNES; Universidade Federal de Santa Maria, Departamento de Ecologia e Evolução; Universidade Estadual de Santa Cruz, Departamento de Ciências Agrárias e Ambientais (DCAA); Health, Safety, Environment & Quality - Enel Green Power Brasil, Niterói, Brasil; Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Feira de Santana, Brasil & CAPES Foundation, Ministério da Educação Brasileiro, Brasília, DF, Brasil; Instituto de Biociências, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Brasil.

ENCARTE - página iv

BOLETIM INFORMATIVO

Nesta linha de investigação desenvolvem trabalhos de doutoramento, atualmente, a Mestre Francesca Coppola, e os alunos Marta Cunha, Sofia Torres e Ricardo Rosas desenvolvem o projeto final da Licenciatura em Ciências do Mar.

COLABORAÇÕES Departamento de Química, Universidade de Aveiro; Departamento de Engenharia Mecânica, Universidade de Aveiro; Universidade de Nápoles (Itália).

PUBLICAÇÕES RELEVANTES

PUBLICAÇÕES RELEVANTES

Influência de diferentes cenários de alterações climáticas nos efeitos

ecotoxicológicos causados por poluentes clássicos (ex. metais) e

emergentes (ex. fármacos, filtros UV, elementos de terras raras) em

invertebrados marinhos (bivalves, poliquetas, gastrópodes)

Dinâmica de populações em bivalves; gestão e valorização de recursos

marinhos

Biologia e ecologia das alterações climáticas em meio marinho (long-term

time-series datasets for assessing marine population dynamics)

Gestão, valorização e sustentabilidade dos biorrecursos marinhos

(avaliação, conservação, conhecimentos ecológicos locais e literacia

estuarina e oceânica)

ROSA FREITAS

ULISSES M. AZEITEIRO

Etnobiologia, Conhecimentos Ecológicos Locais e Tradicionais na

Valorização dos Recursos

PUBLICAÇÕES RELEVANTES

SUPORTE

LABORATORIAL