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2 ALTO DA RAIA Alto da Raia FICHA TÉCNICA Director: Manuel Alcino Fernandes; Colaboradores: Luís Queirós; Hélio Bernardo Lopes; Jorge Carvalheira; António Lourenço André; João Borges Vieira; José Manuel F. Gonçalves; Carlos Barroco Esperança; Paulo J. Brito e Abreu; Domingos Lopes Cerqueira e Laura Brás Ramos. Fotografia: Samuel Fernandes; Paginação: Paulo Canelas - Casa Véritas - Guarda (Tel. 271 222 105); Impressão: Fábrica da Igreja Paroquial de S. Miguel da Sé. Tiragem: 1000 exemplares; Periodicidade: Bimestral; Depósito Legal: Nº. 107036/97; e-mail: [email protected]; Propriedade: Centro Social do Rio Seco * Largo da Capela Nº. 3 - 6355-160 S. Pedro de Rio Seco * Tel. 271 513 369 | 271 511 054 * NIB da conta corrente: 0035 0360 0006 1414 23044; * e-mail: [email protected] Actualidade As crianças capturadas em zonas de guer- ra são recrutadas para lutar, forçadas a atuar como bombistas suicidas e utilizadas como escudos humanos. Em 2017, a violação, o casamento forçado, o sequestro e a escravi- zação também se tornaram táticas padrão. De acordo com um relatório da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), em 2017 as partes em conflitos ignoraram flagrante- mente o direito internacional humanitário, sendo que as crianças estão a ser sistemati- camente atacadas. A violação, o casamento forçado, o sequestro e a escravização torna- ram-se táticas padrão em conflitos no Iraque, na Síria e no Iémen, bem como na Nigéria, Sudão do Sul e Myanmar. Algumas crianças, raptadas por grupos extremistas, são novamente violentadas pe- las forças de segurança quando são liberta- das. Outras são indiretamente afetadas pelos conflitos, sujeitas a situações de desnutrição e doença, dado que o acesso a alimentos, água RELATÓRIO DA UNICEF Crianças são cada vez mais utilizadas como armas de guerra e saneamento é negado ou restringido. De acordo com a agência das Nações Unidas, cerca de 27 milhões de crianças em zonas de conflito foram forçadas a sair da escola. “As crianças estão a ser alvo e expostas a ataques e violência brutais nas suas casas, escolas e locais de recreação”, afirmou Manuel Fon- taine, diretor geral do Programa de Emergên- cia da Unicef. “Uma vez que esses ataques continuam ano após ano, não podemos ficar entorpecidos. Essa brutalidade não pode ser o novo normal”, acrescentou. Em 2017, e somente na região de Kasai, na República Democrática do Congo, mais de 850 mil crianças foram expulsas das suas casas pela violência. Mais de 200 centros de saúde e 400 escolas foram atacadas delibe- radamente. A organização militante jihadis- ta Boko Haram, ativa na Nigéria, no Chade, no Níger e nos Camarões, forçou pelo me- nos 135 crianças a atuar como bombistas suicidas, um número quase cinco vezes maior «A organização internacional pede aos países mais poderosos que ‘exerçam a sua influência para proteger as crianças’ que sofrem directa e indirectamente com os conflitos» Num tempo em que a arte de manipular multidões vai tomando conta do quoti- diano, vale a pena atender a uma narrativa libertadora, que vai ao encontro dos mais ignotos lugares em permanente busca de espaços de renovação. É essa mensagem, sempre portadora duma melódica dimensão poética, que nos oferece o universo lite- rário de Jorge Carvalheira. Desta vez, é a Âncora Editora quem publica mais um Livro do autor de As Aves Levantam contra o Vento: «Ladrar à Lua». E, como sempre, Jorge Carvalheira não tem contemplações: «três quartos de Portugal não existem há muito. Criaram-se à lei da natureza, serviram de lastro às caravelas, formigaram como bichos na paisagem, e fugiram a salto para a Europa a ver se matavam a fome. Há uns tempos receberam carta de alforria, como se a vida inteira se resumisse a um milagre. Agora o orçamento é curto, a justiça ressona atrás das togas, a educação multiplica iletrados, e já nem a saúde faz fortunas. Um Portugal assim não tem sos- sego. Ou volta ao nada que já foi, durante cinco séculos, ou encontra o portão do V Império, que uns visionários lhe dão por garantido». Ou para ser mais explícito: «Falam-nos dum passado de marinheiros audazes, em que nos fomos ao mar, a descobrir novos mundos que demos ao mundo velho. Do mar trouxemos por junto uma epopeia de mitos, feita de deusas carnudas, e uns tantos he- róis pintados, e adamastores de papel. Arrenego um tal passado. Que ou não somos, agora, o que já fomos, ou nunca fomos o que nos dizem que somos. Levaram-nos, é do que o registado em 2016. Na República Centro-Africana, as crian- ças foram estupradas, mortas e recrutadas à força, após um aumento no conflito sectário desde o golpe de 2013. Na Somália, cerca de 1.800 crianças foram recrutadas para lutar nos primeiros 10 meses do ano, enquanto no Sudão do Sul mais de 19 mil crianças foram recrutadas para grupos armados desde 2013. No Iémen, três anos de luta deixaram pelo menos 5.000 crianças mortas ou feridas e 1.8 milhões estão a sofrer de desnutrição. “2017 foi um ano horrível para os filhos do Iémen”, alertou Meritxell Relaño, do Uni- cef, de Sanaa. As crianças do Iraque e da Síria têm sido usadas como escudos huma- nos, presas sob cerco e atacadas por atira- dores, enquanto no Afeganistão cerca de 700 crianças foram mortas nos primeiros nove meses do ano. As crianças Rohingya, em Myanmar, foram sujeitas a violência sistemática e fo- ram expulsas das suas casas. Cerca de 350 mil Rohingya foram empurrados para a fron- teira com o Bangladesh e têm menos de 18 anos. A organização internacional apela “a todas as partes do conflito” para que cum- pram as suas obrigações de acordo com a lei internacional e protejam as infraestru- turas onde estão civis, nomeadamente es- colas e hospitais, e pede aos países mais poderosos que “exerçam a sua influência para proteger as crianças” que sofrem direc- ta e indirectamente com os conflitos. EDITORIAL Um tributo à lucidez o mais certo, a fingir o que não fomos. Se assim foi, nunca seremos o que nos dizem que somos». Sobre O Mensário do Corvo, Fernando Venâncio escreveu no semanário Expres- so: «Trinta e um curtos textos – os dias de um mês, pois claro – passam em revista, com algum tumulto e a mais desarmante boa-consciência, um Portugal de que nós, simples cidadãos, só não pasmamos porque nos falta este olhar ferino e intranquilo». Também José Rentes de Carvalho, para sublinhar o essencial, disse o óbvio acerca de As Aves Levantam contra o Vento: «Jorge Carvalheira escreveu o melhor texto de prosa portuguesa que me foi dado ler em anos. Nele encontrei tudo: ritmo, música, vernaculidade, suspense, mistério, escuridões, desesperos, enfim… aquilo que o lei- tor espera quando abre um livro». E que dizer de Portugalmente – Peregrinação da Lapa a Riba-Côa, um trabalho notável de Jorge Carvalheira, igualmente editado pela Âncora? – Deixamos aqui um simples fragmento, como mero tributo à fulgência da lucidez: «Agora de longe veio, à procura dum país, sem o achar. Que Portugal nasceu do capricho dum príncipe. E dele nem os Portugueses fizeram um país, distraídos a vadiar por sertões a cavalo no vento, nem encontraram, no vasto mundo inteiro, quem por eles o fizesse. Ficaram com a paisagem, que povoaram de desespero. E acolheram-se à loucura, fatalista e mansa, que pastoreia as almas devolutas e ilude a realidade. Precariamente, sobrevi- vem nela». Manuel Alcino Fernandes «Um Portugal assim não tem sossego. Ou volta ao nada que já foi, durante cinco séculos, ou encontra o portão do V Império, que uns visionários lhe dão por garantido».

EDITORIAL Um tributo à lucidez - associacoes.beira.pt · F. Gonçalves; Carlos Barroco Esperança; Paulo J. Brito e Abreu; Domingos Lopes Cerqueira e Laura Brás Ramos. ... «Jorge

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22222ALTO DA RAIA

Alto da RaiaFICHA TÉCNICA

Director: Manuel Alcino Fernandes; Colaboradores: Luís Queirós; Hélio Bernardo Lopes; Jorge Carvalheira; António Lourenço André; João Borges Vieira; José ManuelF. Gonçalves; Carlos Barroco Esperança; Paulo J. Brito e Abreu; Domingos Lopes Cerqueira e Laura Brás Ramos. Fotografia: Samuel Fernandes; Paginação: Paulo Canelas- Casa Véritas - Guarda (Tel. 271 222 105); Impressão: Fábrica da Igreja Paroquial de S. Miguel da Sé. Tiragem: 1000 exemplares; Periodicidade: Bimestral; Depósito

Legal: Nº. 107036/97; e-mail: [email protected]; Propriedade: Centro Social do Rio Seco * Largo da Capela Nº. 3 - 6355-160 S. Pedro de Rio Seco * Tel. 271 513369 | 271 511 054 * NIB da conta corrente: 0035 0360 0006 1414 23044; * e-mail: [email protected]

Actualidade

As crianças capturadas em zonas de guer-ra são recrutadas para lutar, forçadas a atuarcomo bombistas suicidas e utilizadas comoescudos humanos. Em 2017, a violação, ocasamento forçado, o sequestro e a escravi-zação também se tornaram táticas padrão. Deacordo com um relatório da Unicef  (Fundodas Nações Unidas para a Infância), em 2017as partes em conflitos ignoraram flagrante-mente o direito internacional humanitário,sendo que as crianças estão a ser sistemati-camente atacadas. A violação, o casamentoforçado, o sequestro e a escravização torna-ram-se táticas padrão em conflitos no Iraque,na Síria e no Iémen, bem como na Nigéria,Sudão do Sul e Myanmar.

Algumas crianças, raptadas por gruposextremistas, são novamente violentadas pe-las forças de segurança quando são liberta-das. Outras são indiretamente afetadas pelosconflitos, sujeitas a situações de desnutriçãoe doença, dado que o acesso a alimentos, água

RELATÓRIO DA UNICEF

Crianças são cada vez mais utilizadascomo armas de guerra

e saneamento é negado ou restringido. Deacordo com a agência das Nações Unidas,cerca de 27 milhões de crianças em zonas deconflito foram forçadas a sair da escola. “Ascrianças estão a ser alvo e expostas a ataquese violência brutais nas suas casas, escolas elocais de recreação”, afirmou Manuel Fon-taine, diretor geral do Programa de Emergên-cia da Unicef. “Uma vez que esses ataquescontinuam ano após ano, não podemos ficarentorpecidos. Essa brutalidade não pode sero novo normal”, acrescentou.

Em 2017, e somente na região de Kasai,na República Democrática do Congo, maisde 850 mil crianças foram expulsas das suascasas pela violência. Mais de 200 centros desaúde e 400 escolas foram atacadas delibe-radamente. A organização militante jihadis-ta Boko Haram, ativa na Nigéria, no Chade,no Níger e nos Camarões, forçou pelo me-nos 135 crianças a atuar como bombistassuicidas, um número quase cinco vezes maior

«A organização internacional pede aos países

mais poderosos que ‘exerçam a sua influência

para proteger as crianças’ que sofrem directa e

indirectamente com os conflitos»

Num tempo em que a arte de manipular multidões vai tomando conta do quoti-diano, vale a pena atender a uma narrativa libertadora, que vai ao encontro dos maisignotos lugares em permanente busca de espaços de renovação. É essa mensagem,sempre portadora duma melódica dimensão poética, que nos oferece o universo lite-rário de Jorge Carvalheira.

Desta vez, é a Âncora Editora quem publica mais um Livro do autor de As AvesLevantam contra o Vento: «Ladrar à Lua». E, como sempre, Jorge Carvalheira nãotem contemplações: «três quartos de Portugal não existem há muito. Criaram-se à leida natureza, serviram de lastro às caravelas, formigaram como bichos na paisagem,e fugiram a salto para a Europa a ver se matavam a fome.

Há uns tempos receberam carta de alforria, como se a vida inteira se resumisse aum milagre. Agora o orçamento é curto, a justiça ressona atrás das togas, a educaçãomultiplica iletrados, e já nem a saúde faz fortunas. Um Portugal assim não tem sos-sego. Ou volta ao nada que já foi, durante cinco séculos, ou encontra o portão do VImpério, que uns visionários lhe dão por garantido».

Ou para ser mais explícito: «Falam-nos dum passado de marinheiros audazes, emque nos fomos ao mar, a descobrir novos mundos que demos ao mundo velho. Do martrouxemos por junto uma epopeia de mitos, feita de deusas carnudas, e uns tantos he-róis pintados, e adamastores de papel. Arrenego um tal passado. Que ou não somos,agora, o que já fomos, ou nunca fomos o que nos dizem que somos. Levaram-nos, é

do que o registado em 2016.Na República Centro-Africana, as crian-

ças foram estupradas, mortas e recrutadas àforça, após um aumento no conflito sectáriodesde o golpe de 2013. Na Somália, cerca de1.800 crianças foram recrutadas para lutar nosprimeiros 10 meses do ano, enquanto noSudão do Sul mais de 19 mil crianças foramrecrutadas para grupos armados desde 2013.No Iémen, três anos de luta deixaram pelomenos 5.000 crianças mortas ou feridas e1.8 milhões estão a sofrer de desnutrição.“2017 foi um ano horrível para os filhos doIémen”, alertou Meritxell Relaño, do Uni-cef, de Sanaa. As crianças do Iraque e daSíria têm sido usadas como escudos huma-nos, presas sob cerco e atacadas por atira-

dores, enquanto no Afeganistão cerca de 700crianças foram mortas nos primeiros novemeses do ano.

As crianças Rohingya, em Myanmar,foram sujeitas a violência sistemática e fo-ram expulsas das suas casas. Cerca de 350mil Rohingya foram empurrados para a fron-teira com o Bangladesh e têm menos de 18anos. A organização internacional apela “atodas as partes do conflito” para que cum-pram as suas obrigações de acordo com alei internacional  e protejam as infraestru-turas onde estão civis, nomeadamente es-colas e hospitais, e pede aos países maispoderosos que “exerçam a sua influênciapara proteger as crianças” que sofrem direc-ta e indirectamente com os conflitos.

EDITORIAL

Um tributo à lucidez

o mais certo, a fingir o que não fomos. Se assim foi, nunca seremos o que nos dizemque somos».

Sobre O Mensário do Corvo, Fernando Venâncio escreveu no semanário Expres-so: «Trinta e um curtos textos – os dias de um mês, pois claro – passam em revista,com algum tumulto e a mais desarmante boa-consciência, um Portugal de que nós,simples cidadãos, só não pasmamos porque nos falta este olhar ferino e intranquilo».

Também José Rentes de Carvalho, para sublinhar o essencial, disse o óbvio acercade As Aves Levantam contra o Vento: «Jorge Carvalheira escreveu o melhor texto deprosa portuguesa que me foi dado ler em anos. Nele encontrei tudo: ritmo, música,vernaculidade, suspense, mistério, escuridões, desesperos, enfim… aquilo que o lei-tor espera quando abre um livro».

E que dizer de Portugalmente – Peregrinação da Lapa a Riba-Côa, um trabalhonotável de Jorge Carvalheira, igualmente editado pela Âncora? – Deixamos aqui umsimples fragmento, como mero tributo à fulgência da lucidez: «Agora de longe veio,à procura dum país, sem o achar. Que Portugal nasceu do capricho dum príncipe. Edele nem os Portugueses fizeram um país, distraídos a vadiar por sertões a cavalo novento, nem encontraram, no vasto mundo inteiro, quem por eles o fizesse. Ficaramcom a paisagem, que povoaram de desespero. E acolheram-se à loucura, fatalista emansa, que pastoreia as almas devolutas e ilude a realidade. Precariamente, sobrevi-vem nela».

Manuel Alcino Fernandes

«Um Portugal assim não tem sossego. Ou volta ao nada que já foi, durante

cinco séculos, ou encontra o portão do V Império, que uns visionários lhe dão

por garantido».

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33333ALTO DA RAIAGeral

No âmbito da sua acção huma-nitária a delegação de Vilar For-moso levou a efeito no dia 16 deDezembro o terceiro curso base eTAS “tripulante ambulância detransporte”, cuja certificação éfeita pelo INEM, tendo assumidoo seu compromisso de honra noveelementos, salientando-se o factode sete serem do sexo feminino.

O curso agora ministrado inse-re-se na estratégia de recomposi-ção do corpo de voluntários, cujanecessidade se vinha verificando,fruto da deslocalização de algunselementos e ainda pela necessida-

Acção Humanitária da Cruz VermelhaPortuguesa de Vilar Formoso

de de definir com outros parâme-tros a prestação de serviços, o qualexige uma constante e eficaz ac-tualização, para dar resposta cabalàs tarefas que nos são solicitadas.

Finda a cerimónia de compro-misso, os novos voluntários fize-ram no largo defronte da sede dafreguesia uma demonstração doque tinham aprendido, verifican-do os presentes nos quais se encon-travam autoridades civis e milita-res, a aptidão adquirida para aexecução das tarefas a que no fu-turo serão chamados. Bem hajamestes novos colaboradores por te-

rem respondido a mais esta chama-da. A sua incorporação vai permi-tir aos que já se encontravam noactivo um pouco mais de descan-so, pois o ano que agora terminafoi tremendo em termos de socor-ro e assistência, que começou navisita do Papa Francisco e culmi-nou nos terríveis incêndios dePedrogão, Mação, Mangualde eSertã, que tanto fustigaram a zonaCentro. A par disto, não se descui-dou outras habituais permanênci-as em encerros, garraiadas, des-porto, etc…

Para se ter uma pequena ideia

do movimento das nossas oito vi-aturas, deixamos como meroexemplo a resposta a 580 chama-das INEM, emergência social ver-sus violência doméstica, 2200pessoas transportadas nas quais seincluíram as inseridas num proto-colo celebrado com o IPO de Co-imbra, que no total fizeram420.000 Km.

Já no final do ano, correspon-demos a uma iniciativa de âmbitonacional com a colaboração dacadeia Intermarché, organizandouma Ceia de Natal Solidária parapessoas carenciadas, que local-mente teve a prestimosa participa-ção do senhor Francisco Andradeda escola EB 2+3, onde a mesmafoi servida pelos alunos do cursode hotelaria e confecionada pelopessoal de cozinha da mesma. Atodos deixamos uma palavra desincero agradecimento.

Para finalizar e a exemplo de

«Deixamos como mero exemplo a resposta a 580 chama-

das INEM, emergência social versus violência doméstica,

2200 pessoas transportadas nas quais se incluíram as inse-

ridas num protocolo celebrado com o IPO de Coimbra, que

no total fizeram 420.000 Km»

anos transactos, fizemos o tradi-cional jantar para os colaborado-res e seus familiares, bem comoalguns convidados que individu-almente ou em exercício de fun-ções públicas, têm prestado cola-boração à instituição. Assim,durante o decorrer do mesmo, ajunta de freguesia, na pessoa doseu presidente, entregou um che-que, cuja verba se destinou aobolo com que se enfrentam asdificuldades do dia a dia.

Por fim, deseja esta direcçãoque o ano de dois mil e dezoito sejabem mais pacífico em termos ca-tastróficos que o ano que termina.Duma outra forma, estaremossempre presentes às chamadas desocorro e apoio. Esta é a nossamissão, tudo faremos para bem adesempenhar.

A Direcção

A recente decisão de DonaldTrump, no sentido de reconhecerJerusalém como capital de Israel,para aqui vindo a transferir, nofuturo, a embaixada norte-ameri-cana, não constituiu para mim umagrande surpresa. Não a esperavapara este dia recente, mas sabia quetal viria a ser uma realidade, a curtoou médio prazo, na política norte-americana.

Claro está que Donald Trumpsabia que as reações do mundo,para lá das palavras frouxas docostume e da correspondente in-consequência, nunca seriam umobstáculo. E mesmo pelo lado dagrande comunicação social, a ver-dade é que Donald sabe bem quea mesma, de um modo muito ge-ral, se limitará a noticiar o facto,nada fazendo que possa mostrar aomundo o nefando papel nele exer-cido pelos Estados Unidos.

A propósito desta minha refe-rência, claramente evidente, ain-da se mostra útil voltar a expor aspalavras de Marcelo Caetano noseu DEPOIMENTO, ao redor doimperativo de pôr em vigor uma leide imprensa, dada a má imagemtransmitida pela censura que vigo-rava: mandei chamar os banquei-ros à minha presença, salientando-lhes o imperativo de adquirirem osjornais, porque precisava de pôrum fim na censura aos mesmos,pondo em vigor uma lei de impren-sa. Tudo é claro...

ANÁLISE

Os Pigmeus da Política Internacional

Como se sabe e eu mesmo es-crevi antes, as reações dos diver-sos Estados do Mundo, desde oPrimeiro aos que quase deixaramde ser Estados, mostrar-se-iamapenas por meras e inconsequen-tes palavras. Palavras que logopassam ao esquecimento em umou dois dias. Uma realidade quetem duas causas. Por um lado, acabalíssima dependência políticados Estados do Primeiro Mundoem face dos Estados Unidos, comas notáveis exceções da Rússia eda China. E, por outro lado, a re-alidade que subjaz, por parte dosEstados da Europa em face do casoentre a Palestina e Israel: no fun-do, já todos perceberam que oEstado da Palestina tende hoje,assintoticamente, para zero, aca-bando por ficar-se por algo do tipode um principado.

Há muito que Israel não parade expandir a sua soberania parao território da Palestina, tal comofoi definido pelas Nações Unidas.

Não sendo uma política oficial deIsrael, a verdade é que tal meca-nismo se vem desenvolvendo nabase de sucessivos factos consu-mados, sem que a ComunidadeInternacional, ou qualquer Esta-do do Primeiro Mundo, vão maislonge do que meras palavras decircunstância. Precisamente o queestá já a ter lugar, com as coisasa correrem ao ritmo ora definidopor Donald Trump e pelos Esta-dos Unidos. Tudo, com todos, sefica por meras palavras inconse-quentes.

Assim, da parte do PresidenteMarcelo Rebelo de Sousa o que noschegou foi que Portugal acompa-nha a situação relativamente aoPróximo e ao Médio Oriente ePortugal, em especial, tendo jámanifestado já a nível de Governoa sua preocupação por gestos quepossam ser considerados contra-producentes para o clima de diálo-go – mas qual diálogo, perguntoeu?!...–, de entendimento e de paz

numa área sensível do globo. Umafrase extraordinária que bem pode-ria ser galardoada com um qualquerPrémio do Tudo em Nada.

Ao mesmo tempo, AugustoSantos Silva, Ministro dos Negó-cios Estrangeiros, disse esperar queo reconhecimento pelos EstadosUnidos de Jerusalém como capitalde Israel não desperte nenhumaescalada de tensão e violência – seassim for, como me parece, estar-se-á, afinal, perante um não proble-ma –, salientando que Portugal nãopode acompanhar essa decisão.Como se fosse necessário Portugalacompanhar os Estados Unidosnesta sua decisão! E completou: anossa representação diplomáticaestá em Telavive e temos outra emRamallah, na Palestina, e entende-mos que o estatuto futuro da cida-de de Jerusalém é um dos temas aser discutido e resolvido no quadromais geral de solução para o con-flito israelo-palestiniano. De resto,mesmo com o Estado da Palestinareduzido a uma espécie de princi-

pado, lá continuará Portugal amanter a sua representação diplo-mática em Ramallah. Se esta loca-lidade não tiver, no entretanto, sidotambém absolvida pela soberaniade Israel.

O que este caso mostra, já des-de há muito, é que os Estados doPrimeiro Mundo vivem completa-mente dependentes da ação políti-ca dos Estados Unidos. Uma rea-lidade que, ao nosso nível, teve umfantástico acréscimo ao longo danossa III República. Uma realida-de que nos surgiu de um modoextremamente impressivo quandoDonald Trump referiu sua posiçãoem face da OTAN, mesmo quenunca tenha dito que da mesmasairia.

Dizia muitíssimo bem o Presi-dente Marcelo Rebelo de Sousa,num dos seus comentários domini-cais da TVI, que desde o seu segun-do ano de Direito que aprendera queo Direito Internacional Público é odos mais fortes, ao redor do homi-cídio de Muamar Kadafi, depois deter este contado ao mundo que fi-nanciara a campanha eleitoral deNicolas Sarkozy. E é o que se deusempre com Israel, que nunca cum-priu as determinações das NaçõesUnidas, sempre suportada pelosEstados Unidos, hoje com a vidamuito facilitada em face dos mil eum pigmeus políticos dos Estadosdo Primeiro Mundo. Coitados dospalestinianos...

Hélio Bernardo Lopes

«O que este caso mostra, já

desde há muito, é que os Es-

tados do Primeiro Mundo

vivem completamente depen-

dentes da ação política dos

Estados Unidos da América»

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44444ALTO DA RAIA Geral

No início do mês de Dezem-bro a Associação Sócio Tera-pêutica de Almeida (ASTA),editou mais um número da Re-vista «Eu Amai ati». Uma publi-cação anual apoiada numa visãoHolística do Ser Humano, quenos dá a conhecer os momentosmais relevantes da vida associ-ativa da ASTA no ano de 2017.

Neste número os seus Leito-res podem deliciar-se, mais umavez, com um conjunto de exce-lentes artigos, com destaquepara temas como a «FormaçãoCampânula: encerramento docurso de pedagogia curativa esocioterapia», no âmbito da An-troposofia – filosofia orientado-ra da ASTA; Aniversário, com«Maclet (Macbet) de Shakespe-are»; «Apologia do Silêncio»,«Voluntários do Montepio» e

REGIONAL

Revista «EU AMAI ATI»saiu em Dezembro

«Mais um Abraço da Alsácia-França».

Deixamos aos Leitores doAlto da Raia dois textos destabrilhante Revista anual e felici-tamos a sua Directora, MariaJosé Dinis, e restantes Colabo-radores, por este magnífico tra-balho dedicado, sobretudo, àsGentes de Ribacôa.

As nossas

«FELICIDADES»

Todos, ou quase todos, cor-remos na busca de algo a que seconsignou chamar de Felicida-de. Procuramos coisas, fórmu-las, receitas, filosofias, encon-tros, religiões, seitas, máqui-nas… susceptíveis de nos dize-rem: é por aqui! - Mas, por aqui,

Diferente, único, alegre, especial, libertador, feliz eoutros tantos, são adjetivos que caracterizaram o nosso dia,num local absolutamente fantástico, que mudou os pensa-mentos e mentalidades de todos nós, jovens adolescentes,que tínhamos ideias completamente contrárias àquilo querealmente é a ASTA.

Todos, ou pelo menos quase todos, entrámos no auto-carro a pensar que era um local com um certo grau de in-felicidade e tristeza, mas acabámos por sair de lá com acerteza de que a Associação é um absoluto poço de felici-dade e luz. Entrámos naquele lugar de uma maneira e sa-ímos de outra completamente diferente. Saímos pessoasmelhores, mais cheias, mais maduras e mais capazes deencarar a vida de um modo mais positivo.

Apesar de todos os problemas e dificuldades envolven-tes, porque lidar com deficiências mentais é tudo menosfácil, a verdade é que os rostos dos companheiros, colabo-

do na procura, nas procuras darealização enquanto viventeshumanos? Muitos nos perde-mos, nos iludimos e nos deses-peramos nessa procura, porque,sabemos, todas as “coisas” ter-renas têm, antes ou depois, o seucontrário e a sua descontinuida-de - claro que a tal pretensa Fe-licidade também.

Eu prefiro pensar em felici-dades, sejam elas grandes, pe-quenas, vagarosas, intermiten-tes… sonho pegar nelas e nosreveses intercalares e, entre asombra e a luz do contentamen-to, compor um colorido bouquet,arregalar os olhos de espanto egratidão e chamar-lhes VIDA!

É de felicidades e/ou conten-tamentos que falamos ao longoda revista deste ano. Das nossasfelicidades e das dos outros, por-

VISITA DE ESTUDO

Alunos do Agrupamento de Escolas de Pinhel- Turmas 12º. Ano – visitam a ASTA

radores e voluntários são marcados por um verdadeiro einesquecível sorriso, que inevitavelmente contagia quemcom eles convive. Inerente a tudo isto, é a incrível MariaJosé (fundadora e diretora), uma força da natureza e umgrande exemplo de ser humano, que decidiu dedicar a vidaàqueles que, sendo ainda excluídos de uma sociedade tãopreconceituosa, mais precisam de apoio e afeto. Uma pes-soa com “muitas cores” e com um enorme coração queabriga tanta gente quanta consegue.

Percorrer os caminhos que compõem a ASTA e obser-var os ateliês e os trabalhos executados por todos aquelesque, apesar de condicionados, tanto se esforçam, fez-nosentender que tudo é possível, que querer é poder e que comesforço e perseverança somos capazes de tudo, até das coi-sas aparentemente impossíveis. Observar toda a arte rea-lizada pelos companheiros é ver os verdadeiros significa-dos de força de vontade e cooperação.

A Associação levou-nos ainda a perceber que perde-mos demasiado tempo a queixar-nos dos nossos proble-mas, que, quando comparados aos dos companheiros, sãouma mera gota no oceano. No entanto, ainda que eles te-nham problemas irresolúveis, são mais felizes e estão maisgratos do que nós, que temos tudo. Eles fizeram-nos enten-der que as dificuldades podem ser suplantadas e que, aindaque haja algumas condicionantes, a felicidade é possívele alcançável, basta querê-la e lutar por ela.

Por fim, estar na ASTA é sentirmo-nos numa casa deamor e carinho que não é nossa, mas que tanto nos ensina.Assim que a conhecemos, deixamos nela uma parte do nossoser e levamos dela uma lição sobre o verdadeiro valor esignificado da vida.

A ASTA é como uma escola que, em vez de nos ensinara ler e a contar, nos ensina a viver!

Raquel Pinheiro - 12º D

«Depois da visita saímos pessoas melhores, mais maduras e mais capazes

de encarar a vida de um modo mais positivo»

Maria José Dinis

por onde?! - A minha distânciaa percorrer, os meus sapatos, aminha ambição, o alcance daminha vista… são diferentes dosteus, do outro e do outro…. -Então, como encontrar o cami-nho, como definir Felicidade?Será um vislumbre, um desejoem estado latente, que cada umtransporta em si e o vai impelin-

que umas não poderiam existirsem as outras. São também de-poimentos que falam de encon-tros, caminhos, novos olhares,“olhares outros”*; são testemu-nhos generosos e elogiantes dealguns “desses outros” que vãopassando por nós e que insistemem não ver as sombras, que tam-bém temos. Eles saberão porquê.

Desejamos que a leitura da“EU AMAI ATI” seja leve e vosdeixe com um sorriso contentee esperançoso. É sempre tempo,mas este parece-me ainda maistempo, para olharmos dentro denós e percebermos que a vida fazmais sentido quando a revemosamorosamente nos olhos dos ou-tros.

Auspicioso tempo de encon-tro e encontros para vós, queri-dos amigos!

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55555ALTO DA RAIARegional

Numa entrevista à RádioFronteira, o Presidente da Câ-mara de Almeida, António JoséMachado, afirmou que «o novoQuartel para o DestacamentoTerritorial e Comando da GNRem Vilar Formoso, no antigoedifício da Alfândega e daGuarda Fiscal, já tem luz ver-de do governo para avançar».Segundo o autarca, «o anúnciofoi feito pela Secretária de Es-tado Adjunta e da Administra-ção Interna, Isabel Oneto,aquando da recente visita aAlmeida para a celebração doDia da Unidade do ComandoTerritorial da GNR».

António Machado recor-

O Convívio Natalício das IPSS do concelho de Almeida decor-reu no dia 16 de Dezembro, no pavilhão multiusos de Vilar Formo-so. Tratou-se, mais uma vez, duma louvável iniciativa da Área daAcção Social do Município de Almeida que congrega anualmentecerca de duas dezenas de Instituições Particulares de SolidariedadeSocial (IPSS) do nosso concelho.

À semelhança dos anos anteriores, os Lares da Santa Casa da Mi-sericórdia de Almeida, da Associação Desportiva, Cultural e Socialde Aldeia de S. Sebastião, do Centro Cultural e Social de S. Antó-nio, de Nave de Haver, e do Centro de Bem-Estar Social de MalhadaSorda brindaram a numerosa assistência com interessantes encena-ções teatrais alusivas à Quadra Natalícia. O evento contou ainda coma participação do Coro Infantil do Conservatório de S. José, da ci-dade da Guarda, que despertou, de igual modo, o interesse do au-ditório, pela qualidade das suas interpretações.

No final, o Presidente da Câmara Municipal de Almeida, Antó-nio José Machado, e o Vice-Presidente, José Alberto Morgado, sau-daram os presentes neste Convívio e realçaram o importante papelque as IPSS desempenham no contexto da economia social do nossoconcelho.

Como vem sendo habitual, aqueles autarcas entregaram aos re-presentantes das Instituições presentes um cheque do Município deAlmeida, com um valor correspondente ao número de pessoas ins-titucionalizadas, ou, de alguma forma, apoiadas pelas Associaçõesque participaram nesta afectuosa e cordial confraternização Nata-lícia.

Por último, foi servido um jantar – oferecido pela Câmara Mu-nicipal de Almeida – no amplo espaço daquele moderno equipamentoda vila de Vilar Formoso.

VILAR FORMOSO

Antigo Edifício da Alfândega e daGuarda Fiscal vai ser recuperado

dou que no passado Verão «aantiga Ministra da Administra-ção Interna, Constança Urba-no de Sousa, teve uma reuniãocom o anterior Presidente daCâmara de Almeida, AntónioBaptista Ribeiro, acerca desteassunto, onde lhe foi apresen-tado o projeto elaborado háalguns anos atrás pela Câmarade Almeida, com vista a insta-lar o Quartel da GNR no edifí-cio da Alfandega».

Contudo, o novo projeto doMinistério da AdministraçãoInterna «será muito mais redu-zido em relação ao projeto ini-cial do Município», adiantouAntónio José Machado, acres-

«Imóvel vai acolher o novo Quartel do Comando da

GNR e Destacamento Territorial de Vilar Formoso»

centando que «falta só agora aassinatura de um protocoloentre o Ministério da Adminis-tração Interna e a autarquia deAlmeida para o financiamentodo projeto».

Aquele espaço histórico, si-tuado no Largo da Estação, iráfuturamente acolher o novoQuartel do Comando da GNRe Destacamento Territorial deVilar Formoso. De acordo como Presidente da Câmara deAlmeida, «o processo está bemencaminhado por parte doMinistério da AdministraçãoInterna, que já deu luz verdepara que o projeto tenha meiosfinanceiros para avançar».

SOLIDARIEDADE

IPSS confraternizamno pavilhãomultiusos deVilar Formoso

Almeida, Figueira de Cas-telo Rodrigo, Mêda, Vila Novade Foz Côa, Sabugal, Mantei-gas, Belmonte e Celorico daBeira foram os municípios dodistrito da Guarda distinguidoscom o “Selo de qualidadeexemplar de água para consu-mo humano”, no âmbito daatribuição dos Selos de Quali-

ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO

Município de Almeida distinguidocom Selo de Qualidade do Serviço

dade do Serviço – ERSAR2017, durante a 12ª Expo Con-ferência da Água que decorreua 7 e 8 de Novembro em Lis-boa.

Os Selos de Qualidade doserviço ERSAR 2017 (verten-te águas) inserem-se na inicia-tiva da Entidade ReguladoraPrémios e Selos de Qualidadedos Serviços de Águas e Resí-duos - ERSAR 2017, organiza-da em parceria com o jornalÁgua &Ambiente.

A iniciativa, integrada nosobjetivos estatutários da ER-

SAR, visa identificar, distin-guir e divulgar casos portugue-ses de referência relativos àprestação dos serviços de abas-tecimento público de água,saneamento de águas residuaisurbanas e gestão de resíduosurbanos, avaliada nos termosdos vários ciclos de regulaçãoda ERSAR.

É a 3ª vez consecutiva quea Câmara Municipal de Almei-da é distinguida com este pré-mio de qualidade de serviçoexemplar de água para consu-mo humano.

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66666ALTO DA RAIA Regional

Tribunal de Contas revela queEstado português gastou 1823 mi-lhões de euros em juros de emprés-timos contraído para ajudar o siste-ma financeiro entre 2008 e 2016.Valor total do empréstimo ultrapas-sa os 14 mil milhões de euros. “Oesforço financeiro resultante dasintervenções públicas, destinadas aapoiar o sistema financeiro nacio-nal no seguimento da crise finan-ceira internacional, iniciada em2007, constituiu um encargo eleva-do para o erário público num con-texto de finanças públicas deficitá-rias”, lê-se no parecer do Tribunalde Contas à Conta Geral do Estado2016 (CGE 2016), divulgado estasegunda-feira.

Segundo o Tribunal de Contas,nesse período, o apoio direto doEstado ao setor financeiro repre-sentou 0,4% das necessidades definanciamento em 2016, sendo queesse peso no endividamento variouentre 0,1% em 2011 e um máximode 6,3% em 2012. “Além disso, asnecessidades adicionais de finan-ciamento têm implícitos custoscom juros da dívida pública que seestimam em 1.823 milhões de

CARTAS

Caro Diretor e AmigoAqui estou a escrever-lhe nesta quadra, como sempre tem

tido lugar desde que nos conhecemos pelo modo que sabemos.Como se tem podido ver, um conhecimento bastante provei-toso para mim, por ele podendo ter o gosto de escrever numjornal como o ALTO DA RAIA.

Sabemos todos bem que o nosso jornal se pauta por crité-rios de ampla liberdade de expressão, por aqui se mostrandoum excelente exemplo no seio da vasta rede de comunicaçãosocial dos nossos dias. Também por isso, é muito agradável ehonroso poder nele ter uma presença. (…)

Num tempo complexo e perigoso como o destes dias, oALTO DA RAIA ajuda a marcar pontos no importante domí-nio da defesa da liberdade. De quanto conheço, trata-se, emmui ampla medida, de uma singularidade, pelo que se impõemantê-lo bem vivo e sempre melhor.

(…)

Hélio Bernardo Lopes

Lisboa, 21 dezembro 2017

Foi assinado, no início domês de novembro, um acordode cooperação entre o Ayunta-miento de Aras de los Olmos,Gemeente Borger-Odoorn(Nederland) e o Município deFigueira de Castelo Rodrigo. Oprotocolo abrange um conjun-to de compromissos a desen-volver e promover com a cola-boração de todos os interveni-entes:

· Implementar ações, proje-tos e iniciativas para inspirar,capacitar e envolver os cida-dãos - desde crianças em idadeescolar até aos mais idosos -utilizando a ciência, a tecnolo-gia, a inovação e o patrimónionatural e cultural como ferra-mentas para o desenvolvimen-to sustentável e a abordagem dequestões inerentes à comunida-

A Câmara Municipal de Pi-nhel foi distinguida, pelo quar-to ano consecutivo, com a ban-deira de «Autarquia Familiar-mente Responsável». A entre-ga oficial da bandeira peloObservatório das «AutarquiasFamiliarmente Responsáveis»decorreu em Dezembro, na ci-

ORÇAMENTO

Ajudar a banca custouaos contribuintes 1800milhões só em juros

euros [tendo em conta a taxa dejuro implícita da dívida pública,calculada pelo IGCP], no período2008-2016”.  Nestes oito anos, oapoio financeiro totalizou14.606,4 milhões de euros, dosquais 258 milhões de euros em2016, uma redução face aos 2.525milhões de euros verificados em2015 (na sua grande maioria rela-tivos à capitalização do Banif).

Neste período, a maior ‘fatia’do apoio à banca foi dirigida parao BES/Novo Banco (4.614,7 mi-lhões de euros), seguido do BPN(3.702,3 milhões de euros) e daCaixa Geral de Depósitos (3.035,2milhões de euros). O Banif custou2.978 milhões de euros e o BPP659,9 milhões de euros. Aindaassim, o Tribunal de Contas admiteque o valor dos apoios possa sersuperior, uma vez que ao défice doBPN e das sociedades-veículoParups e Parvalorem pode acres-cer capitais próprios negativosdestas entidades em 2.033 milhõesde euros e existem ainda garantiasde 2.714 milhões de euros a estassociedades veículos e de 1.800milhões de euros ao Novo Banco.

FIGUEIRA DE CASTELO RODRIGO

Assinatura de acordo de cooperação noâmbito da rede «Open Science Hub»

de local;· Utilizar das Plataformas de

Ciência Aberta como espaçoscomunitários onde possam serpromovidas e estabelecidas co-laborações entre instituições deensino, universidades, institu-tos de investigação, governoslocais e regionais, empresas esociedade civil (por exemplo,ONGs e Associações) nos cam-pos da ciência, da tecnologia eda inovação;

· Promover a cooperaçãoentre culturas e comunidades,impulsionando o envolvimen-to para além das fronteiras so-ciais, económicas e geográfi-cas da Europa;

· Compartilhar oportunida-des, estratégias, boas práticas,recursos, orientações e outrasexperiências relevantes pela

rede internacional Open Scien-ce Hub através de uma platafor-ma digital de acesso aberta eatravés de um encontro anual;

· Procurar, em conjunto,oportunidades de financiamen-to por parte de órgãos governa-mentais locais, regionais, naci-onais e europeus, agências definanciamento e empresas,para apoiar estruturalmente oscompromissos mencionadosanteriormente.

Este acordo agora estabele-cido foi fruto de diversos con-tactos que têm vindo a ser es-tabelecidos e alimentados aolongo do ano de 2017 e que mo-tivaram a realização deste pri-meiro encontro internacionalda rede Open Science Hub, queocorreu em Figueira de Caste-lo Rodrigo.

PINHEL

Câmara distinguidacom bandeira de «AutarquiaFamiliarmente Responsável»

dade de Coimbra, numa ceri-mónia presidida pelo Secretá-rio de Estado das AutarquiasLocais.

Presente nesta cerimóniaesteve a Vice-Presidente daCâmara Municipal de Pinhel,Daniela Capelo, a quem coubereceber a bandeira (com pal-

ma), «testemunho do esforçoque a autarquia pinhelense temvindo a desenvolver no senti-do de estar ao lado das famíli-as do concelho e também pelasboas práticas para com os seusfuncionários em matéria deconciliação entre trabalho efamília».

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77777ALTO DA RAIARegional

Há trinta anos, o dia 18 de Dezembro nasceu com umcéu carregado e frio, tempo próprio da época. Desde hámeses, a esta parte, umas quantas grandes freguesias dePortugal tinham-se aglutinado, para junto do poder cen-tral reivindicarem a elevação a um estatuto superior e seremconsideradas vilas.

Numa retrospecção, passados estes anos podemos con-siderar que este processo nem sequer foi de grande difi-culdade e se nalguns casos ela existiu, foi tão somente peloreceio de algumas sedes de concelho recearem vir a per-der a sua influência.

No que concerne a Vilar Formoso, atendendo à pujan-ça que localmente se verificava, tudo indiciava ser fácila tarefa e em boa verdade foi. Mas ainda assim, receava-se que chegado o dia a Assembleia da República, porqualquer motivo, poderia proceder a algumas exclusõesde última hora e que nas mesmas a nossa freguesia fosseincluída. Contudo, tal não se verificou e não é demais re-

EFEMÉRIDE

Vilar Formoso comemorou30 anos de elevação a Vila

«A Junta de Freguesia primou pela excelência,

no auditório do multiusos de Vilar Formoso, e o

prof. José Manuel Gonçalves fez uma resenha

histórica da Vila, desde os últimos anos da mo-

narquia até ao presente»

gistar que o poder autárquico naquele momento, desde aCâmara Municipal à Junta de Freguesia, tudo fizeram paraque assim sucedesse.

Para além do estatuto, um pensamento comum ao mes-mo subsistiu, o qual passava pela aspiração de vermos umaumento substancial do FEF (fundo estrutural das fregue-sias), desejo que jamais foi satisfeito, prevalecendo até hojesem ser alterado.

Ao longo destes três decénios, todos os executivos quepresidiram aos destinos da Vila comemoraram, à sua ma-neira, esta efeméride. Em 2017, o actual executivo pri-mou pela excelência, pois trinta anos são sempre trintaanos, e com a colaboração do professor José ManuelFernandes Gonçalves, este, no auditório do pavilhãomultiusos, fez uma resenha histórica da Vila a partir dosúltimos anos da monarquia até aos nossos dias, socorren-do-se da projecção dum inestimável documentário foto-gráfico, projectando imagens, que a maioria dos presen-

tes desconhecia.Na oportunidade, o executivo procedeu à entrega dos

prémios aos melhores alunos da escola EB 2+3, referen-tes ao ano lectivo 2016/2017. A cerimónia finalizou comuma sessão de fados pelo Grupo de Fados da Guarda, quedeliciou os presentes com a sua prestação.

18 de Dezembro de 1987:Quando de Lisboa chegou a informação da passagem

de Vilar Formoso a Vila, houve foguetes e champanhe.Nós, os autarcas da época, ficámos imbuídos de um enor-me regozijo e ninguém se foi deitar sem que fizéssemosa recepção ao grupo que tinha ido à capital assistir à efe-méride na Assembleia da República. Era tarde quando re-colhemos a casa. Àquela hora já ninguém se lembrava queo dia anterior tinha nascido cinzento e frio. O calor da almae do sentimento era o que prevalecia.

D. L .C.

O Conselho de Admi-nistração da ADIF aprovoua electrificação da linha fér-rea que liga Salamanca coma fronteira portuguesa emFuentes de Oñoro. De acor-do com o jornal Tribuna deSalamanca, este projectoestá avaliado em 66 mi-lhões de euros e engloba aelectrificação e a manuten-ção da linha, a partir deMedina del Campo, cuja

FRONTEIRA

Governo de Espanha aprovaelectrificação da linha férreaSalamanca-Fuentes de Oñoro

No final de Setembro, o serviço me-teorológico russo mediu a poluição deum isótopo radioativo nos MontesUrais e encontrou os níveis quase milvezes acima do normal. Estes dadosoficiais reforçam a tese de acidente nu-clear na região e corroboram o relató-rio do Instituto francês de Radioprote-ção e Segurança Nuclear divulgado emNovembro.

São os primeiros dados oficiais rus-sos a reforçar os relatórios que davamconta da ocorrência de um acidente ra-dioativo nesta região. Tudo aponta parauma fuga no tratamento de lixo radio-ativo e não a explosão de um reator ouarmas nucleares, segundo o jornalbritânico The Guardian. A empresaque gere um dos complexos nuclearesem causa nega que tenha existido umacidente.

A Áustria foi o primeiro país a de-tetar níveis anormais de radioactivida-de. Em seguida foi a Alemanha e, noinício de novembro, foi tornado públi-co o relatório do Instituto francês de Ra-dioproteção e Segurança Nuclear(IRSN), que deu conta de que havia

AMBIENTE

Nuvem de poluiçãoradioativa na Europa teráorigem russa

uma nuvem de poluição radioativa naEuropa e que esta teria origem num aci-dente numa instalação nuclear na Rús-sia ou no Cazaquistão, na última sema-na de Setembro. Porém, não há regis-tos de impacto na saúde humana ou nomeio ambiente na Europa, diz o IRSN.

Até agora, nem a Rússia nem o Ca-zaquistão reconhecem qualquer aci-dente. Segundo o The Guardian, a pró-pria Agência Nuclear Russa nega osdados do relatório da agência france-sa. O Instituto de Física Nuclear no Ca-zaquistão, próximo dos Montes Urais,disse que não houve acidentes no seureator de pesquisa científica nem en-controu ruténio 106 nas duas áreas deteste desativadas na zona oeste do país.

ligação a Salamanca já estáem funcionamento há doisanos. A electrificação des-te troço – Medina del Cam-po a Fuentes de Oñoro –«favorecerá o aumento dotráfego internacional demercadorias pelo corredorAtlântico, impulsionadopela União Europeia», foisalientado no final da reu-nião que aprovou este avul-tado investimento.

O porta-voz do Ayunta-miento, Carlos Garcia Car-bayo, referiu que a aprova-ção deste projeto, por partedo Governo, «é uma boanotícia para a região e resul-tou de um conjunto de reu-niões efectuadas entre oAlcalde de Salamanca, Al-fonso Fernández Mañueco,e representantes do Gover-no de Espanha».

García Carbayo disse,também, que o Conselho deMinistros aprovou em 15 deDezembro a declaração detroço de alta velocidadeMadrid-Salamanca como«obrigação de serviço pú-blico», iniciativa que per-mite a uma franja significa-tiva de passageiros pouparaté 65 por cento sobre opreço normal do bilhete. Otrajecto poderá realizar-se,assim, a partir de 14,15 eu-ros, «uma medida que be-neficia directamente os Sa-lamantinos e que favorecea mobilidade e a chegada devisitantes à capital destaprovíncia».

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1010101010ALTO DA RAIA Geral

Donativos para o Alto da Raia:

Vítor Manuel Ramos Ferreira ........................................ 10.00€José Manuel Clemente ................................................... 20.00€Maria Teresa Lourenço Marques .................................. 20.00€Luís Afonso Freire ......................................................... 30.00€Norberto Geraldes Moreira ........................................... 20.00€Abel Francisco Paulo .................................................... 20.00€José Manuel Cabral Coelho ........................................... 20.00€«Lindo Sorriso», Clínica MédicaDentária (V. Formoso) .................................................. 20.00€Ana Mendes Marques .................................................... 15.00€

Donativos diversos:

Maria Teresa Lourenço Marques ................................ 100.00€Maria Estrela Gonzalez (V. Formoso) ......................... 500.00€C.M.A. (Convívio das IPSS/Concelho de Almeida) ... 587.50€

Centro Social

do Rio Seco

No dia 26 de Novembro tevelugar uma reunião da Assem-bleia-geral do Centro Social doRio Seco, para apreciação do Or-çamento e do Plano de Activida-des alusivos ao ano de 2018, do-cumentos que viriam a ser apro-vados por unanimidade de votospelos sócios presentes na reu-nião.

Foi igualmente incluída naOrdem de Trabalhos a Eleição dedois Vogais para preenchimen-to de vagas na Direcção e noConselho Fiscal da Associação.Após votação por escrutínio se-creto, João Alberto Lourenço eJosé António Reinas Trigueiroforam os associados que obtive-ram maior número de votos,passando, deste modo, a integraros referidos órgãos sociais des-ta Instituição de Solidariedade

CENTRO SOCIAL DO RIO SECO

Assembleia Geralaprova Orçamentoe Plano de Actividades

Social.No contexto Legislativo, fo-

ram abordados diversos assun-tos, merecendo particular desta-que a reformulação das normasde funcionamento das IPSS, porparte do Ministério da Solidari-edade e Segurança Social, comespecial relevo para as alteraçõesobrigatórias introduzidas aosEstatutos destas Instituições.

Nesse sentido, foi lida umaDeclaração da Direcção-Geralda Segurança Social, datada de27.08.2017, com o seguinteteor: «(…) Declara-se que emconformidade com o dispostonos Estatutos das InstituiçõesParticulares de SolidariedadeSocial, se procedeu ao registodefinitivo da alteração dos Es-tatutos do Centro Social do RioSeco, Instituição Particular de

Solidariedade Social reconhe-cida como pessoa colectiva deutilidade pública. O registo foilavrado pelo averbamento nº. 3à inscrição nº. 60/96, a fls. 136do Livro nº. 6 das Associaçõesde Solidariedade Social e con-sidera-se efectuado em23.06.2017, nos termos do nº.4 do artigo 9º. do Regulamentoacima citado».

Nessa conformidade e paradar cumprimento ao preceitua-do no Decreto-Lei nº. 172/A-2014, de 14 de Novembro, oCentro Social do Rio Seco jáhavia procedido à alteração dosseus Estatutos no ano de 2015,documento que foi aprovado,por unanimidade de votos, nareunião da Assembleia-geralrealizada em 25 de Outubro domencionado ano.

A Organização Mundial deSaúde (OMS) recomendou quecriadores de gado e indústria ali-mentar parem de dar antibióticosa animais de consumo humanopara estimular o seu crescimen-to e prevenir doenças não diag-nosticadas, noticia a agênciaLusa. Esta nova recomendaçãoda OMS procura “ajudar a pre-servar a eficácia dos antibióticosque são importantes para a me-dicina humana, reduzindo o usodesnecessário em animais”. Autilização excessiva e indevidade antibióticos em animais e pes-soas contribui para a “ameaçacrescente da resistência” dasbactérias a antibióticos.

Segundo a OrganizaçãoMundial de Saúde, alguns tiposde bactérias que causam infe-ções graves em humanos “já de-senvolveram resistência à mai-oria ou mesmo a todos os trata-mentos disponíveis”, havendo“poucas opções promissoras”em termos de terapêuticas alter-nativas. Para a organização, ouso de antibióticos em animaissaudáveis só deve ser conside-rado para prevenir doenças que

SAÚDE

OMS recomenda fimde uso de antibióticosna indústria alimentar

tenham sido diagnosticadas nou-tros animais da mesma espéciee, sempre que possível, deve serverificado nos animais doentesqual o antibiótico mais eficazpara tratar a infeção.

Em alternativa à utilização deantibióticos em animais, e comomedidas de prevenção de doen-ças, a OMS aconselha, designa-

José AlbinoLourenço dos Santos

1958 - 2017

A família de  José Albino  vem por este meioagradecer a todos os que estiveram presentes nascerimónias fúnebres e  no último adeus ao nossoquerido Zé. Agradecemos ainda as inúmeras men-sagens e palavras de consolo que recebemos naque-las que foram horas difíceis para a  família.

Uma vez mais, muito obrigada a todos pela amizade, carinho e apoio  demonstrados à famíliae ao nosso ente querido, que  tantos amigos verda-deiros deixou.

“Não me choreis. Recordai-me  como era antese viverei sempre nos vossos corações”

damente, o reforço da higiene emudanças nas práticas de cria-ção de gado. Apesar da recomen-dação, o uso de antibióticos paraestimular o crescimento de ani-mais para consumo humano já éproibido na União Europeia des-de 2006, sendo que algumas ca-deias alimentares adotaram a po-lítica de fornecer carne sem an-tibióticos.

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1111111111ALTO DA RAIALocal

Interrompemos o nosso último passeio na 45ª. Casa, deCeleste Antunes (Mendonça). Continuamos com:

46ª. Casa: Voltando à rua, em direcção à Praça, encon-tramos a casa onde José Baptista e de de Miquelina

Antunes criaram vários filhos.1. José Baptista: O Assento de Casamento de José

Baptista com Miquelina Antunes, em 09.05.1927, apenasregista o nome da mãe – Maria da Nazareth;

2. Miquelina Antunes 00.00.1907/24.01.1993;a) Filha de Joaquim Fernandes Sardinha, 14.11.1865/

05.09.1928 casou em 26.11.1891 com Mariana Antunes.b) Neta paterna de Francisco Fernandes Sardinha e

Maria Dionísia Rica, e materna de António RodriguesMendonça, natural de Cerejo, e de Delfina Alves Antunes.

c) Bisneta paterna de Miguel Fernandes Sardinha e deMaria Fernandes

d) Trineta paterna de José Fernandes Sardinha e MariaMonteira Sairinha, esta filha de Luísa Gonçalves Rocha ede Miguel Monteiro Sairinho e neta materna de ManoelÁlvares Rocha, o Velho e de Teresa Gonçalves

47ª. Casa: Alfeu da Fonseca:Filho de António Joaquim da Fonseca e de Ana Rodri-

gues, ele das Cinco Vilas e ela de Castelo Bom, e DulceMonteiro Cordeiro, de quem não tenho elementos. Não vejoqualquer ligação a Manoel Álvares Rocha, o Velho. Noentanto, a fiha Ana Maria Cordeiro da Fonseca casou comCarlos Alberto Rodrigues Forte, este sim, com ligação aManoel Álvares Rocha, o Velho.

48ª. Casa: José Amaral Casimiro e Elsa da AssunçãoSilva Morais.

Apenas José Amaral Casimiro tem ligação a ManoelÁlvares Rocha, o Velho, via Maria Queirós Amaral, viaAmália Queirós, ligação já analisada em outros números.

MEMÓRIAS

Em Busca dos Antepassados (VI)

António André

(Continuação)

49º. Casa: Augusto Limão e Araci Varanda Reinas:1. Augusto Limão:a) filho de António Joaquim Limão e de Cândida da

Purificação Limão Martins.b) neto paterno de José Limão e de Ana Lourenço.c) bisneto materno de Miguel Lourenço e Maria Lou-

renço Sardinhad) trineto via materna de Francisco Fernandes Sardi-

nha e de Felícia Lourençoe) tetraneto, via materna, de José Fernandes Sardi-

nha e Maria Monteira Sairinha ( ver 46ª. casa, alínea a)2. Araci Varanda Reinasa) filha de José Ferreira Reinas e de Isabel Varanda;b) neta paterna de Francisco António Ferreira Rico e

de Ana Reinas;c) bisneta paterna de António Sardinha Ruivo e Ma-

ria Reinas;d) trineta paterna de Francisco Fernandes Sardinha e

Ana Monteira (Alves)Ruiva;e) tetraneta de José Fernandes Sardinha e Leonor

Ferreira;f) pentaneta de José Fernandes Sardinha e de Maria

Monteira Sairinha; (ver “Augusto Limão, alínea e

Nota: Por sua vez, Araci Varanda Reinas é hexanetade André Fernandes Sardinha e de Maria Morgada (Nu-nes ou Fernandes), pais de José Fernandes Sardinha ca-sado com Maria Monteiro Sairinha.

50ª. Casa: Eliseu Afonso Ramos e Maria de JesusVaranda Reinas

1 Eliseu Afonso Ramos:a) filho de Álvaro Ramos e de Ana dos Anjos Afon-

so;b) neto paterno de António Ramos e Beatriz Rocha;c) bisneto paterno de José Ramos e Maria Adelaide

Rocha;d) trineto paterno de Miguel Ramos Sairinho e de

Maria Umbelina da Cunha;e) tetraneto paterno de Manoel Monteiro Ramos e de

Margarida Fernandes;f) pentaneto de Miguel Monteiro Sairinho e de Luísa

Gonçalves Rochag) hexaneto de Manoel Álvares Rocha, o Velho e de

Teresa Gonçalves2 Maria de Jesus Varanda Reinas – ver casa 49-2,

Araci Varanda Reinas

Caros leitores, hoje ficamos por aqui. Peço desculpapor este “massacre” de nomes, avós paternos, avós ma-ternos, etc. É a única forma de demonstrar que a grandemaioria das actuais famílias de S. Pedro descendem deManuel Álvares Rocha, o Velho, e de Teresa Gonçalves.

Aproveito a oportunidades para desejar que tenhamtido um óptimo Natal, e que entrem com o “pé direito” noano de 1918.

[email protected]

Mais de três mil pessoas já subscre-veram a petição para alterar a Lei deBases no sentido de melhorar e valo-rizar o SNS. Os promotores da petiçãopara a revisão da Lei de Bases da Saú-de, que está disponível para subscriçãoonline, defendem que a nova lei do SNSdeverá incluir aspetos como a promo-ção da saúde, a prevenção da doença,ou o melhor acesso, com a “aboliçãodos obstáculos financeiros e geográfi-cos à prestação de cuidados”.

A par da regulação do sector priva-do, a melhoria do planeamento, finan-

SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE

Petição pela Revisão da Lei de Basesda Saúde entregue no Parlamento

ciamento e organização do SNS sãooutros dos objetivos a atingir com arevisão da Lei de Bases da Saúde pre-tendida pelos peticionários. A petiçãosurgiu após o anúncio, por parte deAntónio Arnaut e João Semedo, do tra-balho conjunto que desenvolverampara apresentarem uma proposta de al-teração à Lei de Bases em vigor. A obra,intitulada “Salvar o SNS – Uma novaLei de Bases da Saúde para defender aDemocracia”, será apresentada por D.Januário Torgal Ferreira, Bispo emé-rito das Forças Armadas, e Manuel Ale-gre, na Antiga Igreja do Convento SãoFrancisco, em Santa Clara (Av daGuarda Inglesa, nº 1 A), em Coimbra. Entre as propostas avançadas está o fimdas Parcerias Público-Privadas na saú-de, justificada por Semedo “por razõesde poupança” e por “razões de coerên-cia na gestão do SNS”, que está “umamanta de retalhos”.

A petição, já entregue na Assem-bleia da República, saúda os contribu-tos para o debate e foi promovida porAdelino Fortunato, Aguinaldo Cabral,Ana Matos Pires, Ana Prata, AndréBarata, António Avelãs, António Fa-

ria-Vaz, António Rodrigues, Arman-do Brito de Sá, Augusta Sousa, CarlosRamalhão, Cipriano Justo, CoráliaVicente, Daniel Adrião, David Barrei-ra, Elísio Estanque, Fernando Gomes,Fernando Martinho, Gregória vonAmann, Guadalupe Simões, HelenaRoseta, Heloísa Santos, Jaime Correiade Sousa, Jaime Mendes, João Lavi-nha, João Proença, Joaquim LopesPinheiro, José Aranda da Silva, JoséCarlos Martins, José Manuel Boavida,José Manuel Calheiros, José MariaCastro Caldas, José Munhoz Frade,Jorge Espírito Santo, José Reis, LuísGamito, Luísa d’Espiney, ManuelAlegre, Maria Antónia Lavinha, Ma-ria Deolinda Barata, Maria João An-drade, Maria Manuel Deveza, Maria-na Neto, Mário Jorge Neves, MarisaMatias, Nídia Zózimo, Paulo Fidalgo,Pedro Lopes Ferreira, Ricardo Sá Fer-nandes, Sérgio Esperança, SérgioManso Pinheiro, Sofia Crisóstomo eTeresa Gago.

Caso reúna pelo menos quatro milassinaturas, o documento será discuti-do em plenário na Assembleia da Re-pública.

Museus espanhóisbatem recordede visitantes

Os 16 museus espanhóis dependentes doMinistério de Educação, Cultura e Desporto re-gistaram, em 2017, um aumento do número de vi-sitantes, na ordem dos 5,4%, relativamente ao anoanterior. O mesmo se verificou no que diz respei-to ao número de visitas registado nos palácios emosteiros do Património Nacional, um aumentona ordem dos 3,18% relativamente a 2016.

Segundo um comunicado emitido pelo Minis-tério, o Museu Nacional de Artes Decorativas e oMuseu Sorolla foram os museus onde o aumentode visitantes foi mais significativo.

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1212121212ALTO DA RAIA Geral

Uma coisa tenho por garanti-da: ninguém fica indiferente aAlmeida. Eu, que calcorreio assuas ruas há algumas boas déca-das, ponho-me por vezes a pensarem qual será a sensação de alguémque entre pela primeira vez asportas das suas belíssimas mura-lhas e dê de caras, de forma ines-perada, com o casario, as ruas, osmonumentos ou os seus poucos,mas resistentes e acolhedoreshabitantes. E tenho pena de, àforça da rotina, não poder já sen-tir o fascínio que, decerto, o turis-ta surpreendido não deixará deregistar.

A localização de Almeidamoldou o seu destino, a sua for-ma e o caráter das suas gentes. Odestino, porque, vila fronteiriçaem tempos de instabilidades rai-anas e disputas territoriais, se eri-giu como primeiro obstáculo àimpetuosidade guerreira de estra-nhos. Tal posicionamento fezcrescer à sua volta uma muralhaem forma de estrela em cujas dozepontas se depositou a esperançade inexpugnabilidade. A sua gen-te, que sofreu ataques, assédios,

OPINIÃO

Almeida, ou quando a memória é de granito

bombardeamentos e destruição, éo que tinha que ser, dura, resisten-te, mas também sabedora dosbenefícios da paz, o que a leva areceber com genuína simpatiaquem quer que venha por bem.

Almeida não tem monumen-tos: Almeida é um monumento. Ogranito que deu forma às mura-lhas, aos quartéis, às igrejas, àscasamatas, foi arrancado às encos-tas que descem até ao Côa, o rioque serpenteia os termos da Vila,logo ali a três quilómetros. Essegranito omnipresente consubstan-cia, torna concreta e palpável amemória do seu povo. Com essaspedras ele se defendeu, construiuas muralhas, albergou santos emigrejas e conventos, deu guaridaaos militares que o serviram, cons-truiu as suas humildes casas oupaços senhoriais ou vivendasburguesas, pavimentou as ruas.Foi também de pedra a chuva quese abateu sobre os habitantesquando, num trágico dia de agos-to de 1810, uma explosão fez irpelos ares os grossos muros depedra do seu castelo medieval eda Igreja matriz, episódio para

sempre marcado na memória co-letiva dos almeidenses como sefosse gravado em…. granito.

Nessas pedras deixaram osmestres canteiros as suas identi-tárias marcas e os pedreiros assuas fortes e certeiras cinzeladas.Hoje não se ouve o pedreiro apercutir a pedra, nem o bulício dosmilitares, em serviço ou de licen-ça, e são poucas as crianças quealegram e dão vida às ruas cadavez mais desertas. Mas os que porcá andam, como eu, têm a firmeconvicção de que o futuro de Al-meida só pode ser risonho.

Aquilo que tem para oferecer,

«A sua gente, que sofreu ataques,

assédios, bombardeamentos e destrui-

ção, é resistente, mas também sabedo-

ra dos benefícios da paz, o que a leva a

receber com genuína simpatia quem

quer que venha por bem»

e sejamos justos, cada vez maisprocurado, é único. O patrimónioedificado, como ficou dito, é ím-par. A arquitetura militar tem aquiuma das suas pérolas mais bri-lhantes e marcantes, com a sua for-taleza abaluartada, muito bempreservada, não ficando nada aperder, antes pelo contrário, emcomparação com outras que exis-tem por essa Europa fora.

Seria preciso mais para aguçaro apetite de potenciais visitantes?Não era, mas aqui vai:

- Uma gastronomia que abre oapetite a qualquer frugal comedor,pontificando os saborosos enchi-

A partir de um projeto coorde-nado pelo historiador FernandoRosas, a exposição traz a público,pela primeira vez, o debate cien-tífico sobre as centenas de traba-lhadores forçados portuguesesapanhados nas malhas do regime

MEMÓRIA

Portugueses sujeitos a trabalho forçadona Alemanha nazi evocados em exposição

alemão.A exposição “Os Trabalhado-

res Forçados Portugueses no IIIReich”, no Centro Cultural deBelém, em Lisboa, poderá servisitada até ao dia 22 de janeirode 2018. A entrada é livre. A ex-

posição culmina o projeto de in-vestigação do Instituto de Histó-ria Contemporânea (IHC) da Fa-culdade de Ciências Sociais eHumanas da Universidade Novade Lisboa, apoiado pela fundaçãoalemã EVZ – Erinnerung, Veran-twortung, Zukunft (Memória,Responsabilidade, Futuro), peloGoethe-Institut e pela AssociaçãoCIVICA (França).  O projeto foidirigido pelo historiador Fernan-do Rosas que coordenou umaequipa de investigadores de vári-os países europeus.

Resgatando a memória

Trata-se da primeira exposi-ção que aborda o tema dos portu-gueses de todas as origens e con-dições que foram sujeitos a traba-lhos forçados no âmbito do siste-ma concentracionário do III Rei-

ch, nomeadamente durante a IIGuerra Mundial.

Em declarações à Lusa, Cláu-dia Ninhos, membro da equipa deinvestigadores, destacou que “omais interessante da exposiçãosão as pessoas, as imagens daspessoas, porque estas são vítimasesquecidas”. Na exposição, estãopatentes fotografias, objetos pes-soais e documentação, sobretudodo International Tracing Service,da Alemanha, que mostram ospercursos individuais destes cida-dãos portugueses apanhados nasmalhas do regime nazi alemão.

Fruto do trabalho de investi-gação do projeto, foi identifica-da a obra “A morte Lenta: memó-rias dum sobrevivente de Bu-chenwald”, da autoria de ÉmileHenry, o primeiro e único livropublicado originalmente em por-

dos, os pratos de caça, o cabrito,o mel, o queijo, etc.;

- Umas paisagens deslum-brantes, onde o pôr-do-sol podeser o ponto alto do deslumbramen-to de quem assiste;

- Uma gente acolhedora, sim-pática e que gosta de receber.

Fico-me por aqui, com o de-safio aos leitores para que venhamdescobrir outras particularidadesdesta estrela de granito que nãocabem neste, nem em qualqueroutro texto que se debruce sobreesta magnífica Vila.

Aristides Sampaio Rodrigues

tuguês, na primeira pessoa, sobreuma história de vida nos camposde concentração do III Reich.Este livro foi agora oferecido àBiblioteca Nacional de Portugal,pela filha do autor, ChristineHenry, e está em destaque nainstituição.

O projeto de investigação ini-ciou-se há cerca de três anos etermina, assim, “com uma açãode resgate da memória e de res-ponsabilidade social”, lê-seno site do IHC. Fazem parte daequipa do projeto Ansgar Scha-efer, Cláudia Ninhos, AntónioCarvalho, Cristina Clímaco eAntónio Muñoz.

Já em Maio, o IHC e o Minis-tério dos Negócios Estrangeirostinham homenageado, em Mau-thausen (Áustria), as vítimas por-tuguesas do terror nazi.

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1313131313ALTO DA RAIAGeral

Viver é uma arte, um ofícioque requer consciência, aten-ção, entrega, amor, humildade,vontade de aprendizagem con-tínua, longanimidade e tantasoutras atitudes essenciais.Aprendemos a caminhar, a as-sear-nos, a ler e a escrever,desenvolvemos habilidadesmentais complexas, como ocálculo ou a álgebra, mas para-doxalmente, como bem obser-va Álex Rovira Celma,empresário, escritor, econo-mista, conferencista internaci-onal e consultor espanhol, sãotão poucos os ensinamentossobre o ofício de viver bem.

Não há receitas para viverbem. Há, como muito, adiantao jornalista espanhol GasparHernández, galardoado com oprémio Ciutat de Barcelona eautor da recente novela “El Si-lencio”, êxito de público e crí-tica, ferramentas que podemser-nos úteis para conseguir ummaior bem-estar emocional,mais saúde emocional, uma dasmatérias bem deficitárias nomodelo civilizacional do oci-dente.

Em 2020, segundo a Orga-nização Mundial de Saúde, adepressão será a segunda doen-ça mais disseminada, superadasó por doenças cardiovascula-

Museus portuguesescandidatos a MuseuEuropeu do Ano

EDUCAÇÃO

A Revolução Interior

res. O problema da má saúdeemocional afigura-se, pois,muito grave. Um veneno quenão se vê e que faz com que adepressão seja a doença domundo desenvolvido. O suicí-dio aparece na linha da frentedas causas de morte entre osjovens. A falta de educaçãoemocional está na base de mui-tas condutas agressivas, desig-nadamente da violência de gé-nero. Mais de 25% das consul-tas em ambulatório estão rela-cionadas com transtornos psi-cológicos. Por todo o lado,constatamos o impacto da ansi-edade e do stresse. São das pri-meiras causas de baixas labo-rais.

Como diz a filósofa espa-nhola, Elsa Punset, no modelocivilizacional ocidental fixá-mo-nos no desenvolvimentointeletual das pessoas, no bem-estar físico, mas não demos

importância alguma ao desen-volvimento emocional. Mas,dada a plasticidade do cérebro,nunca é tarde para mudar osnossos padrões emocionais,para compreender as nossasvidas e transformá-las. De quemaneira? Porque não com ovelho «conhece-te a ti mesmo»dos gregos.

Trata-se de conhecer e geriros nossos mecanismos emoci-onais, a bem dizer, fazer o con-trário do que temos feito atéagora, que foi exercer a repres-são emocional. Como nãotransportamos a felicidade nosgenes, esta é uma conquista,que tem de ser levada a caboatravés de um trabalho pessoal.

No nosso modelo civilizaci-onal do Ocidente é necessáriouma mudança profunda, radi-cal, que vai muito além de qual-quer revolução cultural ou so-

cial. Urge uma «revolução in-terior». Sermos nós a mudançaque queremos ver no mundo.Esta revolução interior pode serum bom caminho para modifi-car estruturas de uma socieda-de que sofre de uma doençacrónica grave.

O modo de enfrentar este de-safio, mais do que soluções po-líticas, exige uma mudança aonível da educação. A educação,mais do que ser uma instituiçãoreprodutora da sociedade quetemos, devia ser uma instituiçãode fomento da evolução. Deviadeixar de se usar a educaçãocomo sistema de doutrinamen-to ou de recrutamento paramanter a sociedade. Devíamos,pois, usar a educação para for-mar seres completos.

A educação atual, na perspe-tiva do psiquiatra chileno, Clau-dio Naranjo, só se ocupa da

«A educação teima em dirigir-se ao cultivo

exclusivo do ego. O ego é uma prisão. Um teci-

do de emoções destrutivas e carenciais. Por

isso, a inveja e o orgulho movem a maioria das

pessoas durante grande parte das suas vidas».José Manuel

F. Gonçalves

mente racional, prática, instru-mental, como se fossemos sóisso! A escola tende a formarseres egoístas e práticos, quenão têm uma dimensão de frui-ção plena da vida. Não parecelegítimo educar para a felicida-de. Se se calculasse o preço dainfelicidade que cria, ver-se-iacomo é antieconómico o siste-ma educativo. Cria gente infe-liz, que desenvolve neuroses edoenças psicossomáticas, quenão funciona bem no seu localde trabalho.

Um ser completo não é sóum ser inteligente. Também éum ser amoroso e que tem umasabedoria instintiva. Não obs-tante, a educação teima em di-rigir-se ao cultivo exclusivo doego. O ego é uma prisão. Umtecido de emoções destrutivase carenciais. Por isso, a invejae o orgulho movem a maioriadas pessoas durante grandeparte das suas vidas. As pesso-as procuram o ser geralmenteonde não está: no prazer, naintensidade, no ter. Quase todasas suas vidas são deficitárias,porque não sabem que são.

A educação devia ter emconta que a felicidade é o equi-líbrio entre o pensar, o sentir eo querer. É, sobretudo, realizaro potencial do nosso ser.

O Museu Nacional dosCoches, em Lisboa, e oMuseu Nacional Ferroviá-rio, no Entroncamento, sãoas instituições portuguesasincluídas na lista dos 40 fi-nalistas, candidatos ao Pré-mio Museu Europeu doAno 2018, anunciada peloFórum Europeu dos Mu-seus.

Criado pelo Conselhoda Europa, o Fórum Euro-peu dos Museus atribui oPrémio Museu Europeu doAno (European Museum ofthe Year Award, EMYA, nasigla original) desde 1977,ano da sua fundação.

O Prémio Museu Euro-peu do Ano 2017 foi atribu-ído, em maio passado, aoMuseu de Etnografia deGenebra, na Suíça, e oMuseu de Leiria venceu oPrémio The Silletto, outro

dos galardões do conjuntoatribuído anualmente peloFórum Europeu dos Mu-seus.

Na área da museologia,o Prémio Museu Europeudo Ano é o principal e omais antigo dos galardõesatribuídos pelo Fórum Eu-ropeu dos Museus e tam-bém o mais prestigiado naEuropa, criado para reco-nhecer a excelência no se-tor museológico europeia epromover processos inova-dores.

Duas obras de Rafael, um dos maiores pintores desempre, foram descobertas durante um trabalho de lim-peza e de restauro numa das salas do Museu do Vatica-no, de acordo com a CNN. Os especialistas adiantamque estes poderão ser os dois últimos trabalhos de Ra-fael. Um dos grandes mestres do Renascimento morreucedo, em 1520, quando teria 37 anos.

As obras mostram duas figuras femininas, uma queretrata a Justiça e a outra a Amizade. Fariam parte de umtrabalho mais extenso numa das salas do Vaticano. Masa morte de Rafael impediu-o de concluir a sala. Umatarefa que coube a outros pintores. O restauro das duaspinturas e do Corredor de Constantino deverá ficarconcluída em 2022 e vai custar 2,7 milhões de euros.

ARTE

Obras de Rafael descobertas

500 anos depois

Comboiosda Beira Alta emexposição no Museuda Eletricidade

O Museu Natural da Eletricidade, em Seia, aco-lhe, até ao dia 15 de março, a exposição temporá-ria “Comboios na Beira Alta”. A exposição, rea-lizada pela Câmara Municipal de Seia com a co-laboração do Museu Nacional Ferroviário, apre-senta 40 objetos, “que contam histórias de uma ca-minhada iniciada no último quartel de 1800, quan-do o comboio ligou a Figueira da Foz a VilarFormoso”.

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1414141414ALTO DA RAIA Geral

O Bartolomeu não sabe expli-car por que tomou a decisão desubir ao chiado, naquele dia à tar-de. Certo está apenas de já nãoguardar esperanças no peito, àmedida que ia subindo a rua novado almada. Dormia há três mesesnas arcadas do ministério das fi-nanças, que os pombos ainda res-peitavam. Esmolava no sul e su-este, quotidianamente posto emrisco pelas avalanches de pernasque desaguavam de cacilhas, eaventurava-se a um almoço naeconómica dos anjos quando asforças lhe deixavam subir a ave-nida, o que era raro. Nesse diatrepou ao chiado como quem vaide férias.

Olhai as aves do céu, que nãosemeiam nem colhem! Soletrou ocartaz pendurado ao cimo das

CRÓNICA

Mensárioescadas da igreja dos mártires, queno íntimo sentiu como sua, porémsem cogitar o milagre que ali es-tava à espera. Atravessou o guar-da-vento, tacteou ao longo daparede e lançou os dedos à pia deágua benta, num gesto que desen-terrou duma memória antiga. E foiquando a mão direita lhe transita-va, canhestra, entre o pai e o espí-rito santo, que os olhos se afize-ram à obscuridade e decifraram opeixe picotado no lioz da coluna,mesmo por cima do tanque.

Pouco dado a leituras cabalís-ticas, o bartolomeu ficou surpre-endido. Mas logo saltou da surpre-sa para o espanto, quando viu opeixe desprender-se da  pedra emergulhar na água benta, numencarpado perfeito. Arqueou assobrancelhas, roçou um punho

nos olhos, não queria acreditar.Procurou assento num dos bancoscorridos, e ali ficou, de queixo nasmãos, enquanto a fresca atmosfe-ra da nave central lhe assentavalentamente na cumeada dosombros. À saída foi espreitar aconcha da água benta. O pequenodorso do peixe evolucionava ládentro, a lavrar, cuidadoso, aslodagens do fundo.

Oito dias depois regressou à

Jorge Carvalheira

«Foi à igreja de são roque e saiu-lhe uma

carpa enorme. Na Sé teve direito a salmão.

Nos jerónimos ia-se empanturrando de besu-

gos, de linguados, de azevias. O bartolomeu

tem o futuro assegurado»

igreja, e lá encontrou o vulto es-curo a remexer as águas. Mas oque via agora eram dois palmos delombada sólida e carnuda, de bar-batana inchada, abrindo as guel-ras ávidas ao maná da água benta.Logo ali capturou o robalo a mãosambas, fê-lo desaparecer no bol-so e foi tratar do jantar.

No dia seguinte foi à igreja desão roque e saiu-lhe uma carpaenorme. Na Sé teve direito a sal-

mão. Nos jerónimos ia-se empan-turrando de besugos, de lingua-dos, de azevias. O bartolomeu temo futuro assegurado. Levará mui-tos anos a percorrer as pias de águabenta de lisboa. Depois há-deviro porto, santarém, a idolátricabraga... E o bartolomeu olharásem cobiça os pássaros do céu,enquanto for correndo as capelasdo minho, à espera duma lam-preia.

Às 23H15 de 18 de Fevereirode 1968, a noite estava quente. Demanhã eu tinha recebido 500$00(quinhentos escudos) que o velho-te enviara e àquela hora vinha dosector dos cabos especialistas,onde, na companhia do meu ami-go Godinho esmifrámos umascervejas, dando sumiço a partedaquela verba.

O ataque foi iniciado à mortei-rada, seguido de rajadas de Ka-lashnikov (costureirinhas), à mis-tura com roquetes. É convicção dealguns ex-combatentes que vive-ram este acontecimento que tam-bém houve fogo de canhão semrecuo, mas por mim esta tese nãotem fundamento pelo facto de estaarma não ser a mais aconselhável

MEMÓRIAS DO ULTRAMAR

Ataque à Base de Bissalanca/Aeroporto

para uma retirada rápida como aque se deve ter verificado.

Quando rebentou, já me en-contrava próximo da camarata, naqual não cheguei a entrar, impe-dido pela saída dos camaradas queem catadupa a abandonavam.«Estão a atacar a Base! Estão aatacar a Base!», gritavam. E quetropa mais fandanga para fazerface à situação. Em realidade, nofinal de cada operação, éramosobrigados a entregar as muniçõese com excepção do pessoal depiquete todos estávamos desar-mados. Uns em calções, outros emcuecas, quase todos de sapatilhas– «agarrem os sabres, agarrem ossabres» –, parecia a noite dos tar-zans.

Um grupo de colegas dirigiu-se à arrecadação de material deguerra, arrombou a porta, distri-bui o armamento, arrancando osprimeiros homens em direcção àzona donde procedia o ataque.Outros, dirigiram-se para as posi-ções das antiaéreas que os solda-dos dessas armas tentavam fazerfuncionar sem êxito. Nenhumadeu tiro.

Eu, o Bacalhau e mais trêscorremos para a posição de segu-rança, na zona do paiol, onde ocolega de sentinela estava pelashoras da amargura! Espalhámo-nos pelo largo parapeito de terraque servia de protecção e ali nosmantivemos por algum tempo, jáo ataque tinha terminado, sendo

estas posições reforçadas commais dois homens para o resto danoite.

Havia algum tempo que umacompanhia de naturais da Guinéestava no nosso Batalhão a rece-ber instrução; comia connosco edormia em tendas de campanha nosector junto à antena. O seu co-mandante (António), tambémnatural, assim como alguns outroselementos tinham participadoconnosco em duas ou três opera-ções, tendo numa delas e debaixoduma emboscada de enorme du-reza, demonstrado pouca audácia;alguns, dada a brutalidade damesma, pura e simplesmente seencolheram, o que levou a partirde então a um franzir de sobrolhopor parte de alguns colegas, pas-sando a não se ver com muitavontade a presença destes elemen-tos. É que entre nós começou apersistir a dúvida se não estariamfeitos com o inimigo ou simples-mente se acobardavam.

Quando o ataque rebentoumuitos especialistas correramesbaforidos para o nosso sector àprocura de protecção e aos quais

«Quando rebentou, já me

encontrava próximo da cama-

rata, na qual não cheguei a

entrar, impedido pela saída dos

camaradas que em catadupa a

abandonavam»

gritávamos para se deitarem nasvaletas e para que não se mexes-sem enquanto não estivessem ar-mados. O Godinho, com os cal-ções sebentos de óleo, e outrocabo especialista (pertencente àmanutenção das avionetas Dorni-er) não quiseram saber da ordem,não me largavam, estavam lívidose pareciam desenterrados. Esteselementos, de certeza que naque-la noite passaram a valorar deoutra forma o sacrifício de milha-res de outros homens espalhadospelo mato em toda a província daGuiné.

Duas granadas rebentaram nosector, junto à antena, tendo umadelas provocado oito feridos gra-ves, mais três mortos nos instru-endos que se encontravam deita-dos nas tendas de campanha.Outras duas rebentaram frente aobar dos oficiais da Base e umaterceira no beiral da cabina eléc-trica. Outra, rebentou junto dodepósito da água e outra, ainda,entre a minha camarata e os bal-neários. As restantes caíram emlocais onde não causaram qual-quer gravidade.

Domingos Cerqueira

Fórum de Desenvolvimento Económicoda EUROCITIES em Portugal

Um dos eventos europeus mais relevantes sobre o desenvolvimento das cidades vai ter lugar em Braga, entreos dias 26 e 28 de março de 2018, numa iniciativa que está a ser promovida pela InvestBraga e pela Câmara Municipaldesta cidade, adiantou o jornal O Minho. Braga foi assim a cidade escolhida para a realização da edição da pri-mavera do Fórum de Desenvolvimento Económico da EUROCITIES – uma rede que junta as grandes cidadeseuropeias e que pretende promover as melhores práticas e políticas europeias com o objetivo de impulsionar oinvestimento das cidades e a melhoria de qualidade dos seus habitantes.

O Fórum da EUROCITIES vai ter como tema central “O papel das cidades na economia do conhecimento” edeverá contar com a presença de cerca de 150 participantes, entre técnicos municipais e políticos de toda a Europa.

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1515151515ALTO DA RAIAGeral

Os últimos anos de vida do artista Fer-nando Relvas foram de carência financeiraagravada por problemas de saúde. O pedidode atribuição do subsídio de mérito cultural,criado em 1982 para estas situações, nuncateve resposta. Deixamos um resumo da car-ta de Viriato Teles, enviada ao ministro daCultura em 29 de Novembro de 2017.

«Exmo Senhor Ministro da CulturaDr. Luís Filipe de Castro MendesTomei conhecimento do voto de pesar

emitido por V.Exa. e difundido pelo seugabinete a propósito do falecimento do ar-tista Fernando Relvas, meu Amigo de quase40 anos, razão pela qual me sinto obrigadoa dirigir-lhe algumas palavras.

É com muita satisfação que constato queV.Exa. reconhece Relvas como «um dosmais criativos autores contemporâneos debanda desenhada» e «uma referência en-quanto artista visual». Apraz-me verificarque V.Exa se deu conta de que o trabalho deRelvas se destacou «pela inquietude e pelaoriginalidade ao longo de mais de quatrodécadas de percurso artístico». Gosto de sa-ber que V.Exa tem a noção de que «Fernan-do Relvas encontrou uma expressividadeúnica e, simultaneamente, experimental emtodas as suas obras e acções». Que «na cri-ação ou na circulação, explorava novas téc-nicas e suportes, arriscava temas e génerosmenos convencionais e procurava semprenovas formas de produção». Que «esse per-curso original que o caracterizava fazia-sedestacar a cada projeto e em cada traço, coma certeza de que o processo criativo era emsi mesmo uma inesgotável fonte de inspira-ção.» (…)

Acontece que, por circunstâncias diver-sas (que seria fastidioso e inútil descrever,mas que, como V.Exa decerto saberá – ain-da que não por experiência própria – severificam com alguma frequência na his-tória da Arte) Relvas entrou na fase final davida mais pobre do que sempre viveu, numasituação de extrema carência económicaagravada pela doença de Parkinson que

CULTURA

O pesar do ministro e a morte do artista

entretanto lhe foi diagnosticada.Acontece também que, em 2015, nos

tempos finais do governo PPD/CDS, Fer-nando Relvas, no limiar do desespero eco-nómico, venceu o seu natural orgulho deartista e homem livre e candidatou-se aosubsídio de mérito atribuído pelo Fundo deFomento Cultural. Logo a seguir o gover-no mudou, a Cultura voltou a ser ministé-rio, o novo ministro não aqueceu o lugar,chegou V.Exa. O processo do Relvas (coma referência 2.4.4. - 2912/15), esse, conti-nuou parado. (…)

O decreto, redigido aliás com invulgarclareza para um texto legal, é inequívocoquanto às intenções do legislador, expres-sas logo no primeiro parágrafo: «Pretende-se com este diploma possibilitar a atribui-ção a alguns artistas e autores de reconhe-cido mérito cultural de subsídios que os aju-dem a ultrapassar situações de, por vezes,pungente carência económica.» Uma prá-tica que, até então, lê-se mais adiante, acon-tecia apenas «em casos pontuais», pelo quea lei vinha «definir o regime jurídico rela-tivo à concessão de subsídios a artistas e a

autores carecidos economicamente e quepela sua obra revelem mérito cultural».

Da aplicação da lei ficou incumbido oministro da Cultura a quem, através doFundo de Fomento Cultural, competiriaanalisar e decidir sobre os subsídios a atri-buir. (…) Mas acontece também que essacandidatura ficou perdida nas gavetas, sub-metida com certeza aos trâmites sempreinsondáveis da burocracia. De um certoponto de vista, até se entende: os funcioná-rios de V.Exa – e mesmo V.Exa – terão lidomuitos livros e visitado muitos museus epanteões, conhecerão todos os festivais li-terários d’aquém e d’além-mar, mas nãosabem ao certo o significado da expressão«carência económica». É natural, pois nãoé fácil definir uma coisa que de todo se des-conhece.

E assim o tempo foi passando, sem quenunca o Relvas tenha tido, sequer, uma res-posta do FFC. De uma das últimas vezesque falámos, o Relvas, com o sentido dehumor ácido que nunca perdeu, dizia-me:«Devem estar à espera que eu morra.» Ti-nha razão. (…)

Há mais de um ano, em Outubro de 2016,perante o agravamento da situação (física eeconómica) do Relvas, e alertado para a can-didatura ao subsídio que, mais de um anodepois, continuava sem resposta, algunsamigos que também eram, simultaneamen-te, do círculo de conhecimentos de V.Exa edo Fernando Relvas, tentaram sensibilizarV.Exa. e os serviços de V.Exa. para a urgên-cia da situação. Não se tratava de contornara lei por via de qualquer tráfico de influên-cias – que comprovadamente não tenho. Pelocontrário: tratava-se apenas de tentar fazercom que a lei fosse cumprida, na letra e noespírito. Esses contactos foram feitos, emvárias ocasiões, mas o certo é que entretantooutro ano se passou, e nada aconteceu. (…).

Assim foi, até que o Relvas morreu. E estafoi a única altura em que os serviços queV.Exa superiormente dirige funcionaramcom celeridade, na modalidade do supra-citado voto de pesar. É bonito, as palavrassão simpáticas, mas chega tarde e não servepara nada. Deste modo, na qualidade deAmigo que fui, que sou, do Fernando Rel-vas, agradeço, por boa educação, mas decli-no, por indignação, o voto de pesar expressopor V.Exa. Do ministro da Cultura de Por-tugal, exige-se que esteja atento em tempoútil aos artistas e autores do seu país. Pala-vras amáveis quando morrem de pouco ser-vem, se quem as profere deles não fez casoenquanto vivos.

Por delicadeza e decoro, escuso-me areproduzir aqui o que, estou certo, o Fernan-do Relvas diria, se pudesse, ao receber ospêsames e o profundo lamento de V.Exa.Mas V.Exa., vate medalhado, não terá difi-culdade em chegar lá, mesmo tratando-se devocábulos que não fazem parte do léxicoculto de V.Exa.

Queira pois V.Exa meter o voto de pesaronde melhor lhe aprouver.

Ao Relvas não serve nem para papel derascunho.

Com os melhores cumprimentos,Viriato Teles (Cidadão nacional nº

5962413)»

OPINIÃO

Arre…, que é demais!«Marcelo, sabendo que não havia

alternativa a um governo do PS, com

o apoio do PCP, BE e PEV, promo-

veu, na defesa dos interesses nacio-

nais, a solidariedade internacional» Carlos Esperança

Marcelo estava destinado a ser um PR popular. Depoisdo antecessor, qualquer um seria melhor e mais estimado.Marcelo acrescentou à sua empatia, a inteligência, a cul-tura e o brilho académico. Depois da patética e ressentidaposição de Cavaco Silva contra um Governo legítimo, aque não pôde recusar a posse; depois de, na sua falta decultura democrática e cívica, ter vacilado, ameaçado e di-famado os partidos que legitimamente o sustentavam;depois de procurar assustar os mercados internacionais comdiatribes anticomunistas, herdadas do salazarismo, Mar-

celo foi a lufada de ar fresco que pôs termo à crispação doPaís.

No início do seu mandato, este PR, não podendo fazerdiferente, fez o que devia, e fê-lo com verticalidade e in-teligência. Todos lhe devemos a conduta exemplar. Foi essecapital que fez do PR um caso ímpar de popularidade e sim-patia, capital que exigiria muito para ser delapidado, em-bora esteja a esforçar-se.

Marcelo, sabendo que não havia alternativa a um gover-no do PS, com o apoio do PCP, BE e PEV, promoveu, na

defesa dos interesses nacionais, a solidariedade internacio-nal. Agora, temendo pela irrelevância ou desaparecimentodo seu partido, por cada êxito do Governo, regressa às ca-tástrofes e parece tornar-se mais agreste à medida que prevê,na futura liderança do PSD, quem seja mais sóbrio nos afe-tos, sobretudo para com ele.

Não tem uma só palavra para com o caso Tecnoforma,que seria reaberto e contribuiria para a seriedade da utiliza-ção das verbas europeias; mantém o silêncio sobre os autar-cas venais do PSD, que a revista Visão acusou; nunca refe-riu a incúria dos municípios nos incêndios cuja responsabi-lidade só é atribuída ao Governo; cala-se e nada diz sobre osincendiários que foram filmados pela PJ. Nem, sequer, di-vulga os resultados da auditoria que pediu (e anunciou) àgestão dos dinheiros da PR, nos mandatos anteriores.

O comentador semanal de um canal televisivo tornou-se comentador de todos os dias e horas, em todos os canais,de forma seletiva, e, à semelhança do que sucedia na TVI,sem contraditório.

Arre…, que é demais.

BD de Fernando Relvas