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Universidade do Estado do Pará Centro de Ciências Sociais e da Educação Departamento de Matemática, Estatística e Informática Curso de Licenciatura em Matemática Edmar Luiz Maia Fernandes Desempenho de estudantes do nível médio na resolução de situações problemas envolvendo as operações básicas Belém 2013

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Universidade do Estado do Pará Centro de Ciências Sociais e da Educação Departamento de Matemática, Estatística e Informática Curso de Licenciatura em Matemática

Edmar Luiz Maia Fernandes

Desempenho de estudantes do nível médio na resolução de situações problemas envolvendo as

operações básicas

Belém 2013

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Edmar Luiz Maia Fernandes

Desempenho de estudantes do nível médio na resolução de situações problemas envolvendo as operações básicas

Trabalho de conclusão de curso apresentado como

requisito para obtenção do Título de Licenciado

Pleno em Matemática, Universidade do Estado do

Pará.

Área de concentração: Ensino de Matemática

Orientador: Prof.º Doutor Natanael Freitas Cabral

Belém

2013

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Edmar Luiz Maia Fernandes

Desempenho de estudantes do nível médio na resolução de

situações problemas envolvendo as operações básicas

Trabalho de conclusão de curso apresentado como

requisito para obtenção do Título de Licenciado

Pleno em Matemática, Universidade do Estado do

Pará.

Área de concentração: Ensino de Matemática

Data de Aprovação:

Banca Examinadora

______________________________ - Orientador

Prof. Dr. Natanael Freitas Cabral

______________________________

Prof. Msc. Carlos Miranda

______________________________

Prof. Msc. Nayra Rossy

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Este trabalho é dedicado à memória de

Edvan Luiz Maia Fernandes

Eunice Dias Fernandes

Luís Fernandes Filho

Ana Chaves Alves

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais Onan Dias e Leila Suely pelo incentivo e apoio.

À Yara Nunes, noiva, pelo incentivo, apoio, tolerância e suporte nos

momentos difíceis.

Ao Prof. Dr. Natanael, meu orientador, que é meu professor desde a 5ª

série do ensino fundamental, passando pelo ensino médio e superior, que sempre

demostrou ser um profissional competente e dedicado.

A Tia Nelma por me incentivar.

À Nayara Sodré, prima, e aos meus primos Odilon Maia e Savio Murillo.

Ao professores Jessileia Eiró, Miguel Chaquiam, Rose Jucá, Acylena

Coelho, Carlos Miranda, Jeane Silva e Gloria Lima pelo aprendizado e exemplos de

profissionais que são.

Aos meus colegas de curso Bruno Dias, Lucival Junior, Elly Torres,

Benedito Lima, Maycon Alves, Cimara Freire, Janaina Dantas, Flavia Carvalho, Luma

Gaia, Gleida Conde, Breno Gomes, Flavio Bastos, Pamella Barros, Nayra Rossy,

Andreza Mesquita, Adriane Lopes, Deyvide Canuto, Brunna Soares, Bruno Amaral,

Silas Rafael Dias, João Gabriel Batista, Edir Amaral, Elizabeth Branches, Camila

Trindade e André Mosca, dentre outros.

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“O objetivo da escola não deve ser passar conteúdos, mas preparar –

todos – para a vida em uma sociedade moderna”.

Philippe Perrenoud

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RESUMO

FERNANDES, Edmar Luiz Maia. Desempenho de estudantes do nível médio na resolução de situações problemas envolvendo as operações básicas. 2013. 123 f. Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade do Estado do Pará (UEPA). 2013. Belém. Para.

RESUMO: O ensino aprendizagem de matemática tem sido um desafio que mobiliza as estruturas educacionais e suas metodologias. Nesta pesquisa as ferramentas utilizadas para esta discussão serão com bases no PISA (Programa Internacional de Avaliação do Estudante), os PCN (Parâmetros Curriculares Nacional), Teorias de Aprendizagem e o que apontam as pesquisas relacionadas a resolução de problemas. As dificuldades apontadas nas metodologia trabalhadas nos levam a perceber que o problema não consiste apenas no modo como se ensina matemática. Parte dos problemas se encontra nas bases da formação do futuro professor e na capacidade de relacionar a disciplina com a realidade em que existimos. Porem este tem o objetivo diagnosticar algumas dificuldades apresentadas pelos os estudantes do 1º ano do Ensino Médio ao resolver situação problemas envolvendo as operações básicas e os principais erros cometidos neste processo de aprendizagem. A sala de aula será o laboratório perfeito para a transformação no modo de ensinar e aprender. Discussões mobilizam um aperfeiçoamento dos métodos empregados idealizando novos horizontes do ensino aprendizagem de matemática.

Palavras - chave: Resolução de Problemas, Dificuldades, Operação Básicas.

.

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ABSTRACT

FERNANDES, Edmar Luiz Maia. Desempenho de estudantes do nível médio na resolução de situações problemas envolvendo as operações básicas. 2013. 123 f. Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade do Estado do Pará (UEPA). 2013. Belém. Para.

ABSTRACT: The teaching and learning of mathematics has been a challenge to mobilize the educational structures and their methodologies. In this research the tools used for this discussion will be with bases in PISA (Programme for International Student Assessment), PCN (National Curriculum Parameters), Learning Theories and research that link related problem solving. The difficulties mentioned in the methodology worked lead us to realize that the problem is not just in the way it teaches math. Part of the problem lies in the foundations of educating future teachers and the ability to relate the subject with the reality in which we exist. However, this is intended to diagnose some difficulties presented by the students of the 1st year of high school to solve problems involving state the basic operations and major mistakes in this learning process. The classroom is the perfect laboratory for the processing mode of teaching and learning. Discussions involve a refinement of the methods employed idealizing new horizons of teaching math learning.

Keywords: Problem Solving, Difficulty, Basic Operation

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Algoritmo da Adição ................................................................................... 61

Figura 2: Algoritmo da Subtração .............................................................................. 62

Figura 3: Algoritmo da Multiplicação ......................................................................... 63

Figura 4: Algoritmo da Divisão .................................................................................. 64

Figura 5: Estrutura Básica para problemas de Adição e Subtração .......................... 83

Figura 6: Estrutura Básica para problemas de Multiplicação e Divisão ..................... 84

Figura 7: Imagem questão 1 ..................................................................................... 94

Figura 8: Exemplo de dificuldade na Questão 1 ........................................................ 95

Figura 9: Exemplo de dificuldade na Questão 2 ........................................................ 96

Figura 10: Exemplo de dificuldade na Questão 9 ...................................................... 97

Figura 11: Exemplo de dificuldade na Questão 9 ...................................................... 98

Figura 12: Imagem da Questão 5 .............................................................................. 99

Figura 13: Exemplo de dificuldade na questão 5 ...................................................... 99

Figura 14: Exemplo de dificuldade de adição .......................................................... 100

Figura 15: Exemplo de dificuldade de adição .......................................................... 101

Figura 16: Exemplo de dificuldade na subtração .................................................... 101

Figura 17: Exemplo de dificuldade na subtração .................................................... 102

Figura 18: Exemplo de dificuldade na multiplicação................................................ 102

Figura 19: Exemplo de dificuldade na divisão ......................................................... 103

Figura 20: Exemplo de dificuldade na divisão ......................................................... 103

Figura 21: Dificuldade na questão 7 de Interpretação Parcial ................................. 104

Figura 22: Dificuldade na questão 3 de Interpretação Parcial ................................. 105

Figura 23: Dificuldade na questão 2 de Interpretação Parcial ................................. 106

Figura 24: Dificuldade na questão 4 de Interpretação Parcial ................................. 107

Figura 25: Dificuldade na questão 6 de Interpretação Parcial ................................. 108

Figura 26: Dificuldade de operação, Questão 1, item “c” ........................................ 109

Figura 27: Dificuldade de operação, Questão 3 ...................................................... 110

Figura 28: Dificuldade de operação, Questão 7 ...................................................... 110

Figura 29: Dificuldade de operação, Questão 6 ...................................................... 111

Figura 30: Dificuldade Conceitual, questão 8 .......................................................... 112

Figura 31: Dificuldade Conceitual, questão 4 .......................................................... 112

Figura 32: Dificuldade conceitual, Questão 6 .......................................................... 113

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Países e Economias Participantes do PISA 2009 .................................... 18

Quadro 2: Resumo das Áreas de Conhecimento em Matemática Avaliadas no PISA 2009 ......................................................................................................... 21

Quadro 3: Níveis de Proficiência em Matemática ..................................................... 21

Quadro 4: Tipos e exemplos de problemas de reunir................................................ 80

Quadro 5: Tipos e exemplos de problemas de separar ............................................. 81

Quadro 6: Tipos e exemplos de problemas de Parte-todo ........................................ 81

Quadro 7: Tipos e exemplos de problemas de Comparação .................................... 82

Quadro 8: Tipos e exemplos de problemas de Grupos Iguais .................................. 85

Quadro 9: Tipos e exemplos de problemas de Comparação Multiplicativa ............... 86

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Relação percentual das dificuldades apresentadas .................................. 92

Gráfico 2: Quantidade de Acertos, Erros e Questões em Branco ........................... 114

Gráfico 3: Quantidade de Acertos, Erros e Em Branco ........................................... 115

Gráfico 4: Percentual de Acertos, Erros e Questões em Branco ............................ 116

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Quadro comparativo dos resultados do Brasil no PISA desde 2000 ......... 22

Tabela 2: Desempenho dos Países em Matemática no PISA 2003 e no PISA 2009 23

Tabela 3: Quadro relativo à Grupo X Categoria ........................................................ 89

Tabela 4: Quantidade de dificuldade de Interpretação Incorreta. .............................. 93

Tabela 5: Quantidade total de dificuldade de tabuada ............................................ 100

Tabela 6: Quantidade de dificuldade de Interpretação Parcial ................................ 104

Tabela 7: Quantidade de dificuldade de operação por questão .............................. 108

Tabela 8: Dificuldade de conceito ........................................................................... 111

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SUMÁRIO

Considerações iniciais............................................................................................ 16

1 Dificuldades observadas no Ensino Aprendizagem de Matemática no Mundo

e no Brasil. ............................................................................................................... 17

1.1 O Programa Internacional de Avaliação de Estudantes e seus resultados ......... 17

1.2 Dificuldades relacionadas com a formação de professores de matemática ........ 24

1.2.1 A formação do conhecimento matemático do Futuro Professor ....................... 25

1.2.2 A formação pedagógica do Futuro Professor nas disciplinas matemáticas. ..... 28

1.2.3 A formação matemática do Futuro Professor nas disciplinas didático-

pedagógicas. ............................................................................................................. 30

1.3 Dificuldades Pedagógicas relacionadas ao ensino de matemática. .................... 31

1.3.1 O conceito pré-formado de que a “Matemática é difícil” ................................... 32

1.3.2 Falta de contextualização ................................................................................. 33

1.3.3 Metodologia tradicional com foco na tríade definição-exemplo-exercício......... 36

2 Reflexos das Dificuldades Pedagógicas no 6ª ano ........................................... 39

2.1 Conteúdos matemáticos que são recomendados no 6º ano ............................... 39

2.2 Organização dos conteúdos ................................................................................ 43

2.3 O aluno e o saber matemático ............................................................................ 44

2.4 As relações interpessoais em sala de aula ......................................................... 45

3 Em que consiste as Operações Básicas ............................................................ 49

3.1 Teorias da Aprendizagem ................................................................................... 49

3.1.1 Teoria Behaviorista........................................................................................... 50

3.1.2 Epistemologia Genética .................................................................................... 52

3.1.3 Teoria Sócio histórica ....................................................................................... 55

3.2 Algoritmos e Resolução de Problemas das Operações Básicas ......................... 59

3.2.1 Algoritmo .......................................................................................................... 59

3.2.2 Aplicações (Resolução de Problemas). ............................................................ 66

3.2.2.1 O que é um problema? .................................................................................. 68

3.2.2.2 Objetivo da Resolução de Problemas como metodologia de ensino ............. 70

3.2.2.3 Perspectivas da Resolução de Problemas .................................................... 72

3.2.2.3.1 Ensinar Sobre Resolução de Problemas .................................................... 73

3.2.2.3.2 Ensinar Para a Resolução de Problemas ................................................... 75

3.2.2.3.3 Ensinar Através da Resolução de Problemas ............................................ 76

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3.3 Desenvolvendo significados para as operações ................................................. 79

3.3.1 Problemas Aditivos e Subtrativos ..................................................................... 80

3.3.2 Problemas de Reunir ........................................................................................ 80

3.3.3 Problemas de Separar ...................................................................................... 80

3.3.4 Problemas de Parte-todo .................................................................................. 81

3.3.5 Problemas de Comparação .............................................................................. 81

3.4 Problemas de Multiplicação e Divisão ................................................................. 83

3.4.1 Tipos de Estrutura para problemas multiplicativos ........................................... 84

3.4.2 Problemas de Grupos Iguais ............................................................................ 85

3.4.3 Problemas de Comparação Multiplicativa ........................................................ 86

4 Metodologia .......................................................................................................... 87

4.1 Descrição do Teste ............................................................................................. 89

5 Analise dos resultados ........................................................................................ 92

5.1 Analise dos erros e dificuldades .......................................................................... 92

5.1.1 Dificuldade de Interpretação Incorreta da situação problema .......................... 93

5.1.1.1 Comentário da Questão 1 ............................................................................. 94

5.1.1.2 Comentário da Questão 2 ............................................................................. 96

5.2.1.3 Comentário da Questão 9 ............................................................................. 96

5.2.1.4 Comentário da Questão 5 ............................................................................. 98

5.2.2 Erro de Tabuada ............................................................................................ 100

5.2.2.1 Erro de Adição ............................................................................................. 100

5.2.2.2 Erro de Subtração ....................................................................................... 101

5.2.2.3 Erro de Multiplicação ................................................................................... 102

5.2.2.4 Erro de Divisão ............................................................................................ 103

5.2.3 Erro de Interpretação Parcial .......................................................................... 103

5.2.3.1 Comentário sobre a questão 7 .................................................................... 104

5.2.3.2 Comentário sobre a questão 3 .................................................................... 105

5.2.3.3 Comentário sobre a questão 2 .................................................................... 106

5.2.3.4 Comentário sobre a questão 4 .................................................................... 107

5.2.3.5 Comentário sobre a questão 6 .................................................................... 107

5.2.4 Erro de Operação ........................................................................................... 108

5.2.4.1 Comentário sobre a questão 1, item “c” ...................................................... 109

5.2.4.2 Comentário sobre a questão 3 .................................................................... 109

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5.2.4.3 Comentário sobre a questão 7 .................................................................... 110

5.2.4.4 Comentário sobre a questão 6 .................................................................... 111

5.2.5 Erro de Conceito ............................................................................................ 111

5.2.5.1 Comentário sobre a questão 8 .................................................................... 112

5.2.5.2 Comentário sobre a questão 4 .................................................................... 112

5.2.5.3 Comentário sobre a questão 10 .................................................................. 113

Considerações finais ............................................................................................ 114

Referencias ............................................................................................................ 117

Anexo ..................................................................................................................... 120

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16

Considerações iniciais

O Capitulo 1 aborda sobre o Programa Internacional de Avaliação de

Estudantes (PISA) e seus resultados. As relacionadas com a formação de professores

de matemática com ênfase na formação do conhecimento matemático do futuro

professor, a formação pedagógica do futuro professor nas disciplinas matemáticas e

na formação matemática do futuro professor nas disciplinas didático-pedagógicas.

Mostro as dificuldades pedagógicas relacionadas ao ensino de matemática com

ênfase no conceito pré-formado de que a “matemática é difícil”, falta de

contextualização e metodologia tradicional com foco na tríade definição-exemplo-

exercício.

O capitulo 2 é sobre as perspectivas das dificuldades apresentadas pelos

estudantes do 6º ano do Ensino Fundamental e também traz as discussões sobre as

recomendações dos Parâmetros Curriculares Nacionais, o saber matemático do

estudante e as relações interpessoais em sala de aula entre o Professor e Alunos e

No capítulo 3 faço reflexões sobre o Behaviorismo, Epistemologia Genética

e a Teoria Sócio histórica. Mostro o que as pesquisas afirmam sobre os algoritmos e

sua evolução histórica. Também abordo a evolução das concepções sobre a

resolução de problemas como metodologia de ensino e os significados para as

operações básicas.

No capítulo 4 mostro a metodologia utilizada pra realizar este trabalho.

No capítulo 5 são apresentados os resultados obtidos na pesquisa de

campo realizada.

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17

1 Dificuldades observadas no Ensino Aprendizagem de Matemática

no Mundo e no Brasil.

1.1 O Programa Internacional de Avaliação de Estudantes e seus resultados

De acordo com BRASIL (2012) o PISA, sigla do Programme for

International Student Assessment, traduzido em português como Programa

Internacional de Avaliação de Estudantes, é um projeto internacional de avaliação

comparada desenvolvido e coordenado internacionalmente pela Organização para

Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), havendo em cada país

participante uma coordenação nacional. No Brasil, o PISA é coordenado pelo Instituto

Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). O Brasil

participa desde a primeira edição.

O PISA, conforme BRASIL (2012), tem como objetivo avaliar se os

estudantes aos 15 anos adquiriram conhecimentos e habilidades essenciais para uma

participação plena em sociedades modernas. Uma de suas principais características

é a produção de indicadores que contribuam para a discussão da qualidade da

educação ministrada nos países participantes, de modo a subsidiar políticas de

melhoria da educação básica.

Com a propósito de verificar o desenvolvimento do entendimento do

estudante nos domínios de Leitura, Matemática e Ciências, aplicados em situações

do contexto social, o programa faz uma relação entre o desempenho dos alunos e as

políticas públicas aplicadas nos recursos educacionais. Seu compromisso é o de

avaliar periodicamente, a cada três anos, os estudantes, sendo em cada período dada

ênfase a um dos domínios verificados, para que estes possam demonstrar através

dos resultados obtidos o quão estão aptos a enfrentar os desafios do mundo

contemporâneo.

O PISA tem em seus objetivos o intuito de avaliar conhecimentos e

habilidades que tem relação direta com o cotidiano, lançando novas ideias sobre

questões governamentais de interesse em comum entre os países participantes tendo

o resultado do processo de escolarização colocado em pratica na realidade social.

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18

No Quadro 1: Países e Economias Participantes do PISA 2009, abaixo,

temos os países membros da OCDE e os Países e Economias Parceiras, no qual

participaram 65 países.

Quadro 1: Países e Economias Participantes do PISA 2009

Países da OCDE País e Economias parceiras

Alemanha Estônia México Albânia Dubai(EAU) Quirguistão

Austrália Finlândia Noruega Argentina China (Hong Kong)

Romênia

Áustria França Nova Zelândia

Azerbaijão Indonésia Rússia

Bélgica Grécia Polônia Brasil Jordânia Sérvia

Canadá Holanda Portugal Bulgária Letônia Tailândia

Chile Hungria Reino Unido

Catar Liechtenstein Trinidad e Tobago

Coreia Irlanda Rep. Tcheca

Cazaquistão

Lituânia Tunísia

Dinamarca Islândia Suécia China (Taiwan)

Macau Uruguai

Eslováquia Israel Suíça China (Xangai)

Macedônia

Eslovênia Itália Turquia Cingapura Montenegro

Espanha Japão Colômbia Panamá

Estados Unidos

Luxemburgo

Croácia Peru

Fonte: OCDE, 2010.

O modelo de avaliação do PISA implica em um método de ensino-

aprendizagem em constante transformação, os conhecimentos e habilidades

adquiridos, pelos estudantes, precisam estar caminhando paralelamente com um

mundo que sofre mutações a todo instante e o sistema educacional precisa

acompanhar tais mudanças em tempo real demonstrando capacidade para organizar

e administrar o modelo atual de ensino aprendizagem adquirido. Ao avaliar

conhecimentos e habilidades observa hábitos, motivações e preferencias, dos

estudantes, através de variados métodos desenvolvidos por meio de testes cognitivos

e questionários de natureza social e cultural em um determinado espaço demográfico.

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19

Com isso busca avaliar diversos aspectos do conhecimento apreendido

pelo estudante abrangendo os principais tópicos das disciplinas escolares. Sua

intenção é medir as habilidades e competências1 com que o estudante aplica

efetivamente esses conhecimentos desenvolvidos nos três domínios verificados,

separadamente em Leitura, Matemática e Ciências. Essas habilidades são definidas

com o termo “letramento”2 onde o estudante letrado sob certo aspecto adquiriu uma

determinada estrutura de conhecimento que vai utilizar em um dado processo que

será aplicado dentro do seu contexto social.

BRASIL (2000) afirma que,

As áreas avaliadas são definidas nos seguintes termos: o conteúdo ou estrutura de conhecimento que os alunos precisam adquirir; os processos que devem ser utilizados e os contextos nos quais o conhecimento e as habilidades são aplicados. (p. 20)

Essa verificação avaliativa não tem por objetivo colocar os estudantes em

uma escala classificatória e sim qualificá-los em um nível de proficiência nos três

domínios verificados e, para isso, cada área avaliada segue uma hierarquia contínua,

ou seja, as habilidades e competências aferidas posicionam o estudante em uma

determinada escala avaliativa na qual as aptidões dos estudantes são avaliadas e

distribuídas sendo representadas pela pontuação alcançada, pelos mesmos, através

dos questionários, provas e testes.

Julga-se que a escola não tem competência para socializar todo o

conhecimento necessário ao estudante para viver no mundo contemporâneo e estar

apto para o futuro mercado de trabalho durante sua vida adulta. Porém, segundo o

PISA, a escola tem a capacidade de desenvolver no estudante habilidades

1 D acordo com Perrenoud (apud AMORIM e MOREIRA, 2008, p. 4), competência é a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos para solucionar uma série de situações que muitas vezes vão exigir um esforço que há alguns anos atrás não seria necessário, mas que na atualidade pode extrapolar as expectativas do professor. 2 Segundo a Professora Magda Becker Soares, da UFMG, em seu Letramento, um tema em três gêneros (Belo Horizonte, Editora Autêntica, 1998), o termo "letramento" surgiu pela primeira vez no Brasil em 1986 como uma forma de distinguir um fenômeno diferente da alfabetização. Já na década de 90, tornou-se comum usar "letramento" para indicar "O resultado da ação de ensinar e aprender as práticas sociais de leitura e escrita. O estado ou condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita e de suas práticas sociais" (Magda B. Soares, ibidem). (INEP, 2008)

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20

fundamentais que irá capacita-lo a ser independente a ponto de gerenciar seu próprio

aprendizado, não só durante o processo de vivencia escolar como também fora dele

em sua vida em sociedade, além de que, espera-se que os mesmo sejam capazes

não só de manter-se atualizados em relação ao conhecimento, mas que possam

também desenvolver o aprendizado de maneira coletiva e individual através de

métodos adaptados para sua realidade social a fim de superar os eventuais desafios

que possam surgir no decorrer de sua vida após saírem da escola. Para isso é

necessário que tenham construído suas próprias opiniões e aprendam a elaborar suas

próprias estratégias de aprendizagem. Esses são os quesitos buscados pelo

questionário do PISA que objetiva estimular o estudante a descrever sua maneira

individual de assimilar esses conhecimentos.

O PISA considera o letramento em Matemática como sendo a habilidade

do indivíduo de discernir e perceber as representações matemáticas no mundo,

interno e externo aos muros escolares, de elaborar juízos apoiados nos arcabouços

da matemática e ainda de abarca-la de modo a prover as exigências de sua vida atual

e futura como indivíduo atuante na sociedade, sendo um cidadão fomentador,

perspicaz e pensante.

Por um lado, na avaliação do letramento em matemática o estudante deve

ser capaz de utilizar todas, ou grande parte, das habilidades e competências dos

conhecimentos matemáticos em vários níveis abarcando desde os conceitos mais

simples e as operações básicas até a resolução de problemas e raciocínios complexos

como também nas descobertas matemáticas.

Por outro lado, exige que o estudante tenha múltiplos conhecimentos

matemáticos e saiba aplica-los a uma grande diversidade de situações cotidianas ou

não, sendo esses conhecimentos “extraídos de áreas como: estimativa, mudança e

crescimento, espaço e forma, raciocínio quantitativo, incerteza, dependências e

relações.” (BRASIL, 2008, p. 34). Mostrados no Quadro 2: Resumo das Áreas de

Conhecimento em Matemática Avaliadas no PISA 2009 abaixo.

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Quadro 2: Resumo das Áreas de Conhecimento em Matemática Avaliadas no PISA 2009

Áreas de Conhecimento Matemática

Definição e Características distintas

A capacidade de um indivíduo de identificar e compreender o papel que a Matemática desempenha no mundo, para sustentar juízos fundamentados. O letramento matemático relaciona-se com o uso amplo e funcional da matemática; inclui a capacidade de reconhecer e formular problemas matemáticos em situações diversas.

Domínio de conhecimento

Conjunto de áreas e conceitos matemáticos:

Quantidade

Espaço e forma

Mudança e relações

• Probabilidade

Competências envolvidas

Processos que definem as competências necessárias na Matemática:

Reprodução

Conexões

Reflexão

Situação e Contexto

Área de aplicação da Matemática, com foco em seu uso em relação às configurações pessoais, sociais e globais, tais como:

Pessoal

Educacional e

Ocupacional

Público

Científico

Fonte: OCDE, 2010.

O PISA qualifica os estudantes em seis níveis de proficiência, descritos

abaixo, segundo o relatório do PISA 2006 (BRASIL, 2008).

Quadro 3: Níveis de Proficiência em Matemática (CONTINUA...)

Nível Limite Inferior

O que os estudantes em geral podem fazer em cada nível

6 669,3

No nível 6, os estudantes são capazes de conceituar, generalizar e utilizar informação baseadas em suas investigações e na modelagem de problemas complexos. Podem relacionar diferentes fontes de informação e representação e traduzi-las entre si de maneira flexível. São capazes de demonstrar pensamento e raciocínio matemático avançado. Além disso, podem aplicar essa compreensão e conhecimento juntamente com a destreza para as operações matemáticas formais e simbólicas para desenvolver novos enfoques e estratégias para enfrentar situações novas. Podem formular e comunicar com precisão suas ações e reflexões RESPECTO de descobertas, interpretações e argumentações e adequá-las a novas situações.

5 607,0

No nível 5, os estudantes podem desenvolver e trabalhar com modelos de situações complexas; identificar limites e especificar suposições. Podem selecionar, comparar e avaliar estratégias apropriadas de solução de problemas para abordar problemas complexos relacionados com esses modelos. Podem trabalhar de maneira estratégica ao utilizar amplamente capacidades de pensamento e raciocínio bem desenvolvidas; representações por associação;

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caracterizações simbólicas e formais; e a compreensão dessas situações. Podem formular e comunicar suas interpretações e raciocínios.

4 544,7

No nível 4, os estudantes são capazes de trabalhar efetivamente com modelos explícitos para situações concretas complexas que podem implicar em limitações ou exigir a realização de suposições. Podem selecionar e integrar diferentes representações, incluindo símbolos ou associa-los diretamente a situações do mundo real. Podem usar habilidades bem desenvolvidas e raciocinar com certa compreensão nesses contextos. Podem construir e comunicar explicações e argumentos baseados em suas interpretações e ações.

3 482,4

No nível 3, os estudantes são capazes de efetuar procedimentos descritos claramente, incluindo aqueles que requerem decisões sequenciais. Podem selecionar e aplicar estratégias simples de solução de problemas. Os estudantes neste nível podem interpretar e utilizar representações baseadas em diferentes fontes de informações, assim como raciocinar diretamente a partir delas. Podem gerar comunicações breves reportando suas interpretações, resultados e raciocínios.

2 420,1

No nível 2, os estudantes podem interpretar e reconhecer situações em contextos que exigem apenas inferências direta. Podem extrair informações relevantes de uma única fonte e fazer uso de apenas um tipo de representação. Podem empregar algoritmos, fórmulas, convenções ou procedimentos básicos. São capazes de raciocinar diretamente e fazer interpretações literais dos resultados.

1 357,8

No nível 1, os estudantes são capazes apenas de responder perguntas que apresentam contextos familiares na qual toda a informação relevante está presente e as perguntas estão claramente definidas. São capazes de identificar informações e desenvolver procedimentos rotineiros conforme instruções diretas em situações explícitas. Podem realizar ações que sejam óbvias e segui-las imediatamente a partir de um estimulo dado

Fonte: INEP – Relatório PISA 2006

Através da Tabela 1: Quadro comparativo dos resultados do Brasil no PISA

desde 2000, abaixo, se constata que o Brasil evoluiu durante o período compreendido

entre 2000 e 2009 e com isso obteve um significativo crescimento. Porém ainda está

distante do nível proficiência ideal.

Tabela 1: Quadro comparativo dos resultados do Brasil no PISA desde 2000

Pisa 2000 Pisa 2003 Pisa 2006 Pisa 2009

Número de alunos participantes 4.893 4.452 9.295 20.127

Leitura 396 403 393 412

Matemática 334 356 370 386

Ciências 375 390 390 405 Fonte: http://portal.inep.gov.br/internacional-novo-pisa-resultados

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Devido à metodologia aplicada no PISA o resultado obtido em matemática

só passa a ser equiparável caso seja comparado com o resultado obtido em 2003,

pois nesse ano a ênfase avaliativa do PISA recaiu sobre o domínio de matemática e

com isso temos dados mais precisos sobre esse domínio.

Observando a Tabela 2: Desempenho dos Países em Matemática no PISA

2003 e no PISA 2009 percebe-se que o Brasil apresenta resultados semelhantes aos

dos países latino-americanos, Peru, Argentina, Colômbia e México, entretanto se

compararmos o desempenho brasileiro com a dos países com alto desempenho,

como por exemplo, Coreia e Finlândia, observamos que ainda precisamos melhorar

muito, apesar de se notar uma diferença positiva de 30 pontos.

Tabela 2: Desempenho dos Países em Matemática no PISA 2003 e no PISA 2009

Países 2003 2009 Diferença

COREIA 542 546 4

FINLÂNDIA 544 541 -3

ESTADOS UNIDOS 483 487 4

PORTUGAL 466 487 21

ESPANHA 485 483 -2

CHILE --- 421 ---

URUGUAI 422 427 5

MÉXICO 385 419 34

COLÔMBIA --- 381 ---

BRASIL 356 386 30

ARGENTINA --- 388 ---

PANAMÁ --- 360 ---

PERU --- 365 ---

Fonte: OCDE, Inep, 2010

Comparando Quadro 3: Níveis de Proficiência em Matemática em conjunto

com a Tabela 2: Desempenho dos Países em Matemática no PISA 2003 e no PISA

2009 verificamos que o Brasil saiu do nível “Abaixo do Nível 1” (356 pontos) para o

“Nível 1” (386 pontos), ou seja, nossos estudantes tem as habilidades e competências

para somente responder questões dadas em um ambiente que já foi trabalhado em

sala de aula e que as informações pertinentes estão presentes de maneira explicita e

as perguntas são feitas de forma direta no texto do problema proposto. Eles estão

aptos a discernir informações simples e desenvolver algoritmos simples e diretos em

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conformidade com instruções diretas em problemas explícitos. Eles ainda são

capazes de realizar ações que pode ser captadas intuitivamente.

Vale ressaltar também que mesmo os países com alto desempenho, como

é o caso de Finlândia e Coreia, que obtiveram 541 e 546 pontos, respectivamente, no

PISA 2009, encontram-se escalonados nos níveis 3 e 4, sendo o nível 6 o nível

máximo a todos os participantes do PISA, e o nível 5 que ainda não foi alcançado, em

média, pelos países avaliados pela OCDE, podemos afirmar que em sua maiorias

esses estudantes não são capazes de

desenvolver e trabalhar com modelos de situações complexas; identificar limites e especificar suposições. Podem selecionar, comparar e avaliar estratégias apropriadas de solução de problemas para abordar problemas complexos relacionados com esses modelos. Podem trabalhar de maneira estratégica ao utilizar amplamente capacidades de pensamento e raciocínio bem desenvolvidas; representações por associação; caracterizações simbólicas e formais; e a compreensão dessas situações. Podem formular e comunicar suas interpretações e raciocínios. (BRASIL, 2008, p. 40)

Podemos concluir, a partir da análise dos relatórios oficiais apresentados

fornecidos pela OCDE, no qual é feita a análise do nível de proficiência dos estudantes

ao redor do mundo e dos brasileiros, em particular, que o ensino de matemática

apresenta grandes desafios a serem superados para que nossos estudantes possam

ser considerados aptos a participar da vida em sociedade de forma crítica e autônoma.

E ainda os resultados dos países participantes demonstram que há uma longa

caminhada para se chegar ao ideal esperado.

1.2 Dificuldades relacionadas com a formação de professores de matemática

As dificuldades identificadas são as mais complexas possíveis, porem para

dar início à discussão foi necessário demonstrar as bases que precisam ser

remodeladas assim tornando-se possível problematizar o ensino da disciplina de

matemática no que tange a formação docente do futuro professor de matemática. É

preciso analisar os aspectos do discente da graduação em sala de aula e o

conhecimento escolar que o mesmo carrega consigo antes de adentrar na graduação

de licenciatura em matemática. Uma vez que um dos objetivos na educação é

trabalhar o conhecimento em parceira com a vida cotidiana.

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Dentro dessas considerações se espera que o futuro professor seja um

pesquisador que dotado das devidas habilidades seja capaz de desenvolver, dentre

as metodologias que conhece, o caminho mais pertinente para o desenvolvimento dos

conteúdos em sala de aula. Tal objetivo poderá ser alcançado com o desenvolvimento

deste professor em formação, atuando no objetivo de identificar o problema no ensino

aprendizagem para em seguida desenvolver o método mais adequado àquela

realidade escolar.

Para o aluno superar sua dificuldade na disciplina de matemática se fazem

necessários docentes devidamente preparados para modificar ou transformar seus

métodos empregados, sendo possível assim elevar o nível de aprendizagem do aluno.

Pressupomos um professor autônomo que detêm um determinado conhecimento que

o possibilita fazer as alterações metodológicas que julgar necessárias para um maior

aproveitamento de todas as ferramentas de ensino aprendizagem, assim como,

também consiga fazer a relação dos conceitos matemáticos inseridos no cotidiano dos

estudantes.

Com relação à Formação de Professores existem muitos pesquisadores

que estudam esse assunto, porem neste trabalho será centralizado em três aspectos:

A formação do conhecimento matemático do Futuro Professor, A formação

pedagógica do Futuro Professor nas disciplinas matemáticas e A formação

matemática do Futuro Professor nas disciplinas didático-pedagógicas.

1.2.1 A formação do conhecimento matemático do Futuro Professor

O futuro professor em sua formação inicial tem acesso ao conhecimento,

conceitos e metodologias que estão prontas para seres colocadas em pratica, porem

o PISA deixou claro que esses processos precisam ser revisados. Portanto, esses

conhecimentos desenvolvidos dentro da academia se mostram insuficientes para que

se tenha um ensino-aprendizagem eficiente. Sobre o conhecimento matemático do

docente FIORENTINI (2005) assegura que,

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pode ser focalizado a partir de três diferentes perspectivas: da prática científica ou acadêmica; da prática escolar; e das práticas cotidianas não-formais. Todas essas perspectivas interessam à formação do professor, pois a matemática escolar se constitui com feição própria mediante um processo de interlocução com a matemática científica e com a matemática produzida/mobilizada nas diferentes práticas cotidianas. (p. 108)

Os cursos de Licenciatura em Matemática devem fornecer, aos futuros

professores destes, situações propicias, no desenvolvimento dos conteúdos

matemáticos, para que os mesmos possam ser imersos em um ambiente rico de

situações de aprendizagem que sejam facilitadoras de experiências prosperas e

relevantes que futuramente possam ser aplicadas com seus alunos em sala de aula.

É evidente que em seu cerne a matemática possui situações problemas

que podem ser utilizados para edificar seus conceitos, definições e teoremas, etc.,

porem nesse sentido a matemática não seria vista como um costume cotidiano, e sim

como uma ciência, teórica, fechada e consolidada. Olhando-a sob outra perspectiva

ela emerge como uma construção relacionada a situações-problemas do cotidiano,

assim como, também em outros campos científicos, como por exemplo, a física,

química, biologia, etc. Assim “o fazer” matemática estaria diretamente relacionado

com as “descobertas” das relações surgidas da vivencia diária dos estudantes.

FIORENTINI (2005) afirma que,

O professor precisa conhecer o processo de como se deu historicamente a produção e a negociação de significados em Matemática, bem como isso também acontece, guardadas as devidas proporções, em sala de aula. Além disso, precisa conhecer e avaliar potencialidades educativas do saber matemático; isso o ajudará a problematizá-lo e mobilizá-lo da forma que seja mais adequada, tendo em vista a realidade escolar onde atua e os objetivos pedagógicos relativos à formação dos estudantes tanto no que respeita ao desenvolvimento intelectual e à possibilidade compreender e atuar melhor no mundo. (p. 109-110)

Durante a formação acadêmica, dos futuros professores, são trabalhadas

as disciplinas de cunho científico matemático, conteúdos a se ensinar e necessários

à ampliação do conhecimento matemático do professor, e também disciplinas de

conhecimentos pedagógicos: concepções, leis, teorias e as aplicações pratica, como

se ensinar determinados conteúdos, assim essas disciplinas são inter-relacionadas

somente no ambiente da graduação e de forma teórica. Esses conhecimentos teóricos

profissional são desenvolvidos em um ambiente único, normalmente a própria sala de

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aula da graduação e destoam da sua aplicação na pratica. Tais ambientes simulados

divergem da realidade escolar e das características comumente encontradas nessa

realidade ou ambiente. De acordo com FIORENTINI (2005) que assegura,

ser professor de Matemática não basta ter um domínio conceitual e procedimental da Matemática produzida historicamente. Sobretudo, necessita conhecer seus fundamentos epistemológicos, sua evolução histórica, a relação da Matemática com a realidade, seus usos sociais e as diferentes linguagens com as quais se pode representar ou expressar um conceito matemático. (p. 110)

As pesquisas apontam que aos futuros professores deve ser proporcionado

um ambiente em que os mesmos desenvolvam um aprendizado em matemática que

seja capaz de habilitar e desenvolver competências que percorram esses

conhecimentos em uma perspectiva que possa ser aplica em sala de aula com seus

alunos. Conforme PAVANELLO ( apud CABRAL 2010):

A formação inicial deve proporcionar ao futuro professor as condições necessárias para que aprenda Matemática numa dimensão que o possibilite proporcionar, posteriormente, aos seus alunos, experiências enriquecedoras e significativas com essa disciplina. Evidentemente que isso só será possível se a perspectiva da formação inicial assumir uma educação para pensamento e não para a mera reprodução de informações. (p. 58)

Contudo afirmamos que a formação inicial também deve favorecer o estudo

da matemática formal, não apenas dando ênfase as regras, conceito e algoritmos, ou

seja, uma abordagem mais rigorosa da matemática e sim beneficiar uma abordagem

mais significativa e compreensiva, na perspectiva de orientar o futuro professor a

compreender os diversos aspectos da matemática, como um campo científico

aplicado. FIORENTINI (2005) comenta sobre o domínio compreensivo da matemática,

afirmando que,

é fundamental para que o professor tenha autonomia intelectual para produzir o seu próprio currículo, constituindo-se efetivamente como mediador entre o conhecimento historicamente produzido e aquele – o escolar reelaborado e relevante socioculturalmente – a ser apropriado e construído interativamente pelos alunos em sala de aula. (p. 110)

Nesse domínio compreensivo da matemática inserem-se também os

conhecimentos das variadas formas de concebê-la tanto na matemática cientifica

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quanto na desenvolvida no ambiente escolar. Essa concepção mais cientifica da

matemática tem consequências pedagógicas na pratica escolar, pois dificulta o

desenvolvimento da autonomia do pensamento do estudante, pois essa concepção

enfatiza o conhecimento pronto e acabado distante dos objetivos idealizados pelos

Parâmetros Curriculares Nacionais e o PISA, ou seja, a educação para a vida.

1.2.2 A formação pedagógica do Futuro Professor nas disciplinas matemáticas.

Vale ressaltar que enquanto discente, o futuro professor, além do

conhecimento matemático que vai adquirindo ao longo do curso de licenciatura, o

mesmo também sofre influência considerável em relação ao professor formador, que

de certo modo é um modelo que serve de base a esse jovem professor em formação.

FIORENTINI (2005) reafirma essa ideia, pois, “O futuro professor não aprende dele

apenas uma Matemática, internaliza também um modo de concebê-la e de tratá-la e

avaliar sua aprendizagem”.

Com isso percebemos que durante as aulas especificas de conteúdos

matemáticos esses futuros professores além de aprender a forma mais rigorosa da

matemática, também “aprendem” a como conceber a sua atuação durante as futuras

aulas dessa disciplina.

As disciplinas especificamente matemáticas têm grande influência em

como o futuro professor irá ministrar suas aulas em detrimento das disciplinas

pedagógicas. Pois elas reforçam “como” ministrar aulas de matemática, de maneira

inconsciente, enquanto as disciplinas didático-pedagógicas ensinam apenas modelos

teóricos, treinados apenas em sala de aula, na academia, que mostram como ensinar

determinados conteúdos, perdendo assim a aplicabilidade pratica que nesse caso

reforçaria a teoria pedagógica. FIORENTINI (2005) explica que,

Uma das razões disso é o fato de as disciplinas didático-pedagógicas, muitas vezes, serem fortemente prescritivas – dizendo como o professor deve ensinar, de acordo com um modelo ideal de ensino - ou limitarem-se a promover críticas de práticas vigentes sem que os futuros professores tenham oportunidade de experienciá-las e problematizá-las em contextos de prática. Assim, na hora de iniciar a docência na escola, tendem a mobilizar aqueles modos de ensinar e aprender Matemática que foi internalizado durante a formação escolar ou acadêmica do futuro professor. (p. 111)

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Isto se deve ao fato de todo futuro professor passar, no mínimo, 12 anos

no ensino fundamental e médio, em média, e mais 4 anos no ensino superior, ou seja,

durante 16 anos de sua formação como estudantes o mesmo fica exposto a uma

metodologia de ensino-aprendizagem e com isso acaba incorporando

inconscientemente e que futuramente será utilizado como metodologia de ensino,

conforme afirma TARDIF (apud FIORENTINI, 2005).

Esse costume pedagógico, ao qual o futuro professor é submetido,

influencia-o de forma inconsciente, pois os mesmo acabam sendo expostos a uma

forma de ensinar e aprender durante um longo período de tempo e isso faz com que

os futuros professores obtenham crenças e certezas sobre como se deve dar aula.

Segundo FIORENTINI (2005, p. 111), “esse saber da tradição escolar, herdado da

experiência escolar anterior, é muito forte e persiste através do tempo e a formação

universitária não tem conseguido transformá-lo e nem abalá-lo”.

O professor das disciplinas de matemática, durante a graduação, deve

estar consciente dessa sua influência que é exercida sobre os futuros professores e

com isso deverá ser capaz de efetivar outros métodos de ensino-aprendizagem

nessas disciplinas, favorecendo assim uma aprendizagem mais rica e significativa. As

pesquisas sugerem que essas ideias matemáticas quando compreendidas pelo futuro

professor sofrem uma ressignificação e os mesmos acabam incorporando e

transferindo aos seus alunos. SZTAJN (apud CABRAL, 2010) afirma que,

(...) inicialmente, o professor deve compreender a disciplina que irá ensinar. Mais, ainda, deve compreendê-la de diversos modos, a partir de diferentes perspectivas, estabelecendo relações entre vários tópicos e entre sua disciplina e as demais. O professor, entretanto, deve ser capaz de transformar esse seu conhecimento em algo pedagogicamente útil e adaptável aos diversos níveis de habilidade, conhecimento e formação dos seus alunos. (p. 69)

Essa forma de vivenciar o ensino-aprendizagem de matemática transforma

a visão do estudante da graduação e faz com que o mesmo se aproprie de uma

matemática mais compreensiva e ainda o auxilia a absorver uma forma didático-

pedagógica diferenciada, que terá influência em como ele ministrara suas aulas.

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1.2.3 A formação matemática do Futuro Professor nas disciplinas didático-

pedagógicas.

As disciplinas pedagógicas têm como principal objetivo o estudo das

práticas de ensino-aprendizagem dos conteúdos, especialmente sobre os processos

de ensinar e aprender matemática nos mais variados âmbitos do cotidiano escolar,

isso colabora com a formação didática pedagógica do futuro professor. Essas

disciplinas podem auxiliar o enriquecimento dos significados sociais dos entes

matemáticos e também contribuir para a mudança da maneira a qual os estudantes

concebem a matemática. Pois de acordo com FIORENTINI (2005, p. 112) “o saber

matemático passa a ser visto como um saber sociocultural que é produzido nas

relações e práticas sociais, e pode expressar-se de múltiplas formas, sendo uma delas

a forma acadêmica formal”.

É possível que essas disciplinas pedagógicas sejam capazes de contribuir

para a ressignificação dos conceitos e procedimentos matemáticos que os estudantes

aprenderam durante o período de sua formação escolar, no qual foi aplicada a

metodologia tradicional de ensino. Essa ressignificação é fortalecida quando se utiliza

metodologias de ensino-aprendizagem capaz de fazer com que o futuro docente

consiga aprender a ter múltiplos olhares sobre os objetos matemáticos estudados, e

que futuramente serão ensinados no seu trabalho como professor, partindo de

situações problemas, onde os conceitos e procedimentos são redescobertos através

dessa metodologia, ou seja, o futuro docente romperá com aquela matemática formal,

cheio de procedimentos, regras e teoremas, a qual foi submetido ao longo da

formação escolar. FIORENTINI (2005) assegura que,

É a apropriação dessa dimensão relacional do saber matemático que pode tornar o futuro professor um profissional bem sucedido ou competente nos diversos contextos escolares, e falo especialmente naqueles relativos às escolas públicas de periferia. Realidade para a qual não há uma receita de como formar o professor. Nestes casos, para cada contexto de prática, o professor é desafiado a construir uma metodologia de ensino que melhor se adapte àquele contexto. Isso exige que a Licenciatura forme o professor com autonomia e competência para produzir e mobilizar saberes matemáticos adequados e possíveis a estes contextos. Isso exige a formação de um profissional reflexivo e pesquisador de sua própria prática. (p. 113)

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Portanto o curso de graduação tem necessidade de ser concebido como

um ponto de partida para o futuro professor, uma vez que o mesmo inicia o processo

de investigação de sua própria pratica pedagógica. Nos conteúdos de matemática,

terá oportunidade de diligenciar sua própria autonomia profissional como também sua

evolução enquanto profissional da educação no decorrer de sua carreira. FIORENTINI

(2005) resume essa ideia, pois,

(...) a problemática aqui abordada aponta para a necessidade do formador de professores de Matemática constituir-se um profissional com características de formador-pesquisador que assume a docência como função principal de seu trabalho na universidade e busque desenvolver pesquisas que dêem o suporte necessário para a realização e desenvolvimento dessa função. (p. 114)

Portanto é necessário que o futuro professor adquira um conhecimento

capaz de abranger as suas atitudes enquanto profissional. Ele não deve conhecer

apenas os conteúdos trabalhados em sala de aula, pois os mesmo podem se mostrar

insuficientes. Por isso o professor deve aprender o máximo possível e ter um

conhecimento bastante amplo, pois assim ele vai ser capaz de dar mais sentido e

amplitude ao que ensina.

1.3 Dificuldades Pedagógicas relacionadas ao ensino de matemática.

Diversos pesquisadores desenvolvem estudos buscando compreender

mais profundamente as nuances relacionadas ao ensino aprendizagem de

matemática. Esses autores apontam possíveis caminhos para superar essas

dificuldades apresentadas, conforme mostrarei mais adiante.

Portanto tópico irei discutir sobre as dificuldades pedagógicas relacionadas

ao ensino aprendizagem de matemática: O conceito pré-formado de que a

“Matemática é difícil”, Falta de contextualização, Metodologia tradicional com foco na

tríade definição-exemplo-exercício.

1.3.1 O conceito pré-formado de que a “Matemática é difícil”

O estudo da disciplina de matemática provoca diversos sentimentos

desagradáveis nos alunos, adiciona-se a isso a dificuldade de compreender a sua

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linguagem, puramente simbólica e que não faz sentindo algum aos estudantes. O fato

destes não conseguirem alcançar o entendimento dos conteúdos gera um sentimento

de aversão, desprezo e até mesmo ódio pela matemática. A partir disso cresce a ideia

de que a mesma é difícil, complicada, inacessível, inalcançável, etc.

Pois de acordo com SILVEIRA (apud SILVA, 2005),

(...) existe um sentido pré-constituído evidenciado na fala dos alunos de que a matemática é difícil. A autora realizou um levantamento junto a professores de Matemática, no qual verificou que para estes essa disciplina precisa tornar-se fácil, o que pressupõe que ela seja difícil. Estes identificam na voz do aluno que ela é considerada chata e misteriosa, que assusta e causa pavor, e por consequência, o aluno sente medo da sua dificuldade e vergonha por não aprendê-la. (p. 3)

No ambiente escolar apresentam-se discursos de professores que alegam

que “a matemática precisa torna-se fácil” inferindo-se que ela é de difícil compreensão.

Podemos captar nas vozes dos alunos que é uma disciplina chata, sem importância,

sem sentido, etc. Como consequência se tem dificuldades em chamar a atenção do

estudante para a importância da matemática não só no contexto da vida escolar como

também na vida social. E, com efeito, o estudante não aprende o mínimo necessário

para continuar seus estudos de maneira satisfatória assim sendo o educando tem

receio, medo e vergonha em mostrar que não consegue aprende-la de maneira

simples. SILVEIRA (apud SILVA, 2005) revela que,

a insatisfação dos alunos é expressa por “Matemática é chata”, que é uma derivação de “não gosto de matemática”, como efeito de sentido do pré-construído “matemática é difícil”. “Matemática é difícil”, no sentido de que é “complicado”, foi reconhecido não apenas pelos alunos, como também no contexto histórico da disciplina, bem como, identificado nas atitudes de profissionais de educação que “Para despertar o prazer de aprender Matemática” propõem “a Matemática des-com-pli-ca-da”. (p. 4)

Em consequência dessa diversidade de sentimentos desagradáveis que a

disciplina de matemática desperta nesses estudantes, ela é caracterizada como algo

incompreensível, distante da realidade cotidiana e que só pessoas inteligentes são

capazes de aprendê-la, isto constrói impressões e concepções que influenciarão o

estudante no decorrer de seus estudos. Se o ensino aprendizagem desta disciplina se

desse de forma a priorizar sua relação com o cotidiano do aluno seria provável que

estes demonstrassem mais interesse pela disciplina e assim deixando de teme-la, pois

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o estudo teria mais significado com sua realidade e eles conseguiriam estabelecer

conexões entre o que é ensinado na escola e seu dia-a-dia.

1.3.2 Falta de contextualização

No mundo atual é comum nos depararmos com situações-problemas no

qual existe uma variedade de opções para a sua resolução e que demanda

conhecimentos matemáticos, dentre outros. É necessário que o estudante consiga

reconhecer as informações contidas na situação-problema e os conceitos

matemáticos inseridos nela, pois os mesmos serão necessários a fim de que seja

possível encontrar uma solução plausível dentro do ambiente no qual o problema está

inserido e ainda assim está solução não deverá ser fechada, única e definida.

Segundo BRASIL (2001)

No ensino da Matemática, destacam-se dois aspectos básicos: um consiste em relacionar observações do mundo real com representações (esquemas, tabelas, figuras); outro consiste em relacionar essas representações com princípios e conceitos matemáticos. (p.19)

O termo “contextualizar” sempre foi amplamente discutido nos cursos de

formação de professores de matemática, porém muitos admitem que não conseguem

adequar os conteúdos matemáticos com o cotidiano dos estudantes. De fato muitos

confundem o significado desse termo, pois não se trata simplesmente de adaptar os

conteúdos matemáticos ao cotidiano dos alunos e sim fazer com que os conceitos

tenham significado prático dentro da realidade a qual ele está imerso assim como das

outras ciências. De acordo com SILVA (2005)

A Matemática dissociada da realidade é uma ciência isolada, sem sentido. Dessa forma ela carece de estímulos para o seu aprendizado. Uma das grandes preocupações de todo professor de Matemática deve ser com relação à escolha dos conteúdos a serem ministrados, proporcionando uma prioridade para o seu aluno dentro do vasto currículo de Matemática, e como torná-los significativos. Uma alternativa que tem se mostrado bastante interessante e que tem despertado a curiosidade do aluno é a da contextualização, onde os conteúdos da Matemática aparecem vinculados a outras áreas de conhecimento e a situações do cotidiano dos alunos. (p.8)

Com a devida compreensão do significado de contextualizar, impossibilita-

se querer relacionar todos os conteúdos de matemática com o cotidiano do aluno, pois

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na maioria das vezes em que se busca essa relação, alguns conteúdos são

priorizados e outros não explorados. Percebe-se não ser possível contextualizar todos

os conteúdos, entretanto o professor deve saber discernir em quais casos isto seria

possível adequando assim sua metodologia de ensino. Cabe ao docente orientar o

estudante para que tenha um melhor entendimento dos conceitos matemáticos,

instigando-o a buscar variadas soluções para as situações-problemas que serão

propostas. Sendo primordial que o professor trabalhe a matemática relacionada com

a vivência diária do aluno e não apenas centrada dentro dos muros da escola e sala

de aula. Pois segundo BRASIL (2001)

(...) um conhecimento só é pleno se for mobilizado em situações diferentes daquelas que serviram para lhe dar origem. [...] espera-se que o conhecimento aprendido não fique indissoluvelmente vinculado a um contexto concreto e único, mas possa ser generalizado, transferido a outros contextos. (p.39)

A simbologia, algoritmos e técnicas da matemática também deverão ser

agraciados, pois são necessários ao desenvolvimento dos cálculos, porém não deverá

ser o foco principal do ensino desta disciplina. Com o desenvolvimento tecnológico,

em especifico do computador pessoal e calculadora, que possibilitam explorar com

mais profundidade os conceitos matemáticos agregados ao cotidiano em detrimento

aos procedimentos matemáticos mais mecânicos. SILVA (2005), comenta que,

A contextualização é necessária uma vez que o aluno possa ser motivado por outros elementos tais como: meio de comunicação, a cultura, problemas sociais e econômicos, dentre outros; e ainda, tudo misturado, muitas vezes. Para cumprir adequadamente sua função, o docente deveria saber como esses aspectos refletem no estudante. A defasagem entre o que o docente tem para transmitir e o que o estudante espera receber gera um desinteresse que interfere no aprendizado. (p. 8 )

Entretanto vemos que os professores sentem dificuldade em contextualizar

os conteúdos matemáticos, colocando-se um obstáculo entre o planejamento de aula

e os procedimentos de ensino e aprendizagem. É essencial que o professor

reconheça todas às nuances da matemática, características, aplicações e métodos,

pois assim conseguirá fazer uma adaptação melhor no conteúdo ministrado durante

as aulas à realidade do aluno, valorizando assim seu conhecimento informal.

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Pois segundo D’AMBRÓSIO (apud SALVAN, 2004),

A preocupação maior no ensino da Matemática está em levar ao conhecimento do aluno uma série de algoritmos, fórmulas e símbolos, sem que fique explícito para que servem, onde serão usados e como serão usados. Não há, pois uma preocupação maior de integrar os conteúdos matemáticos com outras áreas do conhecimento. (p. 18)

Constatamos que há vários problemas a se enfrentar, pois percebemos

uma grande desmotivação por parte dos estudantes e professores, sendo assim o

ensino de matemática se torna mais adequado quando é centrado na realidade

humana, de forma contextualizada ao ambiente em que vivemos em detrimento

daquela matemática “robotizada”, cheia de procedimentos repetitivos e mecânicos, a

qual os estudantes estão acostumados a ver em sala de aula. Contudo é necessário

que os objetivos e métodos, assim como também os conteúdos, sejam repensados.

A aprendizagem só é possível se os procedimentos lógicos e a linguagem matemática

estiverem inseridos em situações culturais que façam sentido ao educando.

SALLES (apud LIMA, 2006) discorre sobre isso,

Sinto que a escola atravessa uma crise e que tem pela frente um grande desafio. Um desafio que consiste em realizar um trabalho relevante à formação do homem nos novos tempos. No que diz respeito ao ensino da Matemática, conteúdos deveriam estar mais próximos ao cotidiano dos alunos. Assim como a Matemática surgiu das necessidades humanas, hoje temos como desafio fazer com que esses conteúdos sejam significativos para os alunos (p. 29)

Ficou claro que o problema consiste na dificuldade dos professores em

ensinar matemática, de forma contextualizada, no ambiente sócio cultural do aluno,

assim como, também demonstra-se a dificuldade do estudante em assimilar e

compreender não só dessa ciência mas também o seu sentido em sua vida enquanto

ser existente.

1.3.3 Metodologia tradicional com foco na tríade definição-exemplo-exercício.

A metodologia tradicional de ensino está dividida, basicamente, em três

etapas, sendo Definição do objeto matemático, Exemplos envolvendo esses objetos

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e Exercícios referentes ao conteúdo que foi mostrado anteriormente. A primeira etapa

é a definição na qual é dada através de aulas expositiva, onde o professor apresenta

as definições, teoremas, proposições e fórmulas, eventualmente deduzidas e faz uma

ligação direta com os conteúdos estudados pelos alunos. Finalizando a exposição das

definições segue-se aos exemplos, onde o aluno vê a “aplicação” do objeto

matemático e visualiza como este objeto será utilizado para resolver as questões que

serão propostas. Na etapa de aplicação o estudante irá utilizar toda a teoria mostrada

anteriormente, resolvendo questões diretas e fechadas, na qual serão aplicados

procedimentos rotineiros e mecânicos sem nenhuma conexão com realidade do

estudante. CARVALHO (apud SILVA, 2006) comenta,

a adoção dessa metodologia não tem apresentado bons resultados. Isso se deve ao fato de o material teórico ser memorizado pelos alunos, por meio de exercícios repetitivos, ser apresentado como simples lista de fatos e fórmulas. Além disso, as aplicações, em grande maioria, não são relacionadas à realidade dos alunos. (p. 6 )

No ensino tradicional de matemática percebe-se uma ideia predominante

em que se valoriza mais os cálculos e procedimentos rotineiros. É evidente que os

cálculos são intrínsecos a esta ciência, porém não podemos reduzi-la somente a isso,

pois o mais importante são seus raciocínios e a capacidade desenvolvida no que tange

a resolução de problemas. Uma vez que hoje possuímos computadores pessoais que

realizam bilhões de cálculos por segundo. O mais importante nos cálculos é saber

onde usa-los adequadamente e interpretar corretamente seus resultados.

A ênfase excessiva no cálculo, como se não existisse mais nada além disto,

dificulta que os estudantes adquiram outras capacidades. Apesar dessa ênfase no

cálculo, percebemos que ainda assim os estudantes demonstram incapacidade em

resolvê-los. Uma possível saída para esse problema seria deslocar a atenção que o

cálculo detém para um método matemático mais significativo associado ao dia-a-dia.

Essa dificuldade está no fato da matemática ser uma ciência em que há muita

abstração isso faz com que ela acabe se distanciando da realidade, tanto para o

professor como para os estudantes.

Hoje contamos com vários materiais a disposição de alunos e professores

como livros paradidáticos, revistas especializadas e a própria internet, que trazem

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muitos artigos e reportagens sobre os grandes desafios da matemática. Com esses

recursos podemos fazer com que o estudante adquira uma compreensão mais

envolvente sobre a ciência matemática, fugindo, assim, da metodologia tradicional

aplicada em sala de aula.

No decorrer da história da humanidade a matemática acumulou diversos

conhecimentos, com uma metodologia muito rígida e abstrata. O estudante concebe

esses conhecimentos como pronto e acabado, pois veem isso nos livros didáticos,

apostilas e outros materiais disponibilizados durante as aulas. Mediante isso o

professor deve afastar-se, na medida do possível, desse modelo puramente

expositivo, em que o estudante fica com o papel de simples expectador passivo,

reproduzindo a fala do professor. O educador deve conduzir suas aulas utilizando uma

metodologia expositiva dialogada, na qual o estudante deverá assumir um papel mais

ativo, assim, ele será estimulado a indagar, pensar, criticar, raciocinar, etc. levando o

estudante à redescoberta da matemática num âmbito mais interessante e instigante.

A mediação do professor é de extrema importância, pois assim estará fomentando

uma aprendizagem mais significativa e menos mecânica, com isso despertando assim

o interesse dos estudantes.

Lima (2006) discorre que,

Os argumentos a favor de mudanças têm sido fervorosos, por conta dos que acreditam nela. Esses argumentos apontam os constantes fracassos do ensino tradicional, apresentados nos testes nacionais; consideram as mudanças sociais e a presente realidade dos alunos, que exigem uma nova escola e uma relação diferente entre professores e alunos. Tais argumentos destacam, também, defeitos no ensino tradicional, principalmente a prioridade numa Matemática abstrata, formal, mecanizada, expositiva, descontextualizada e apontam, ainda, para virtudes no novo ensino, que seria mais dinâmico, concretizável, participativo e socialmente significativo. Apontam que a Matemática tradicional seria uma Matemática pronta, enquanto o novo ensino teria um caráter de descoberta e construção. Ao contrário o ensino tradicional, mantém seu discurso pobre e sem muitos argumentos. “Matemática é difícil mesmo, o programa é extenso, não dá tempo de ficar inventando coisas para fazer, foi sempre assim”. (p.38)

Os Parâmetros Curriculares Nacionais, as propostas programáticas, os

novos livros didáticos, livros paradidáticos, os planejamentos e discursões entre

professores e educadores em geral no mostram que mudanças estão chegando,

embora sejam lentas. A escola precisa mudar sua dinâmica e ter suas relações

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internas readaptadas às novas demandas da sociedade e dos estudantes, uma vez

que a conduta atual não satisfaz a educação da atualidade.

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2 Reflexos das Dificuldades Pedagógicas no 6ª ano

A disciplina de matemática sempre se encontrou entre as mais

problemáticas, com relação ao ensino e aprendizagem, percebe-se essa dificuldade

no decorrer da vida escolar, assim como, também, após ela. Esses problemas de

ensino e aprendizagem vão aumentando conforme os estudantes vão avançando as

series. Um ponto de grandes mudanças na vida escolar, do estudante, é a transição

do 5º para o 6º ano, pois o estudante passa a ter um professor distinto para cada

disciplina, o que antes era apenas um que lecionava todas as disciplinas.

Devido ao fato dos conteúdos de matemática serem estudados do mais

simples ao mais complexo os estudantes sentem uma diferença nessa nova etapa

escolar, pois os mesmos não tem uma boa formação básica. O aprendizado de forma

efetiva desses conteúdos poderá facilitar o desenvolvimento desses estudantes. Com

isso afirma-se que a transição do 5º para o 6º ano é muito importante. Devido às

alterações ocorridas durante essa transição, os estudantes apresentam uma série de

dificuldades no decorrer de sua vida estudantil, durante o 6º ano.

Compreende-se que todos são capazes de aprender, entretanto cada

indivíduo apresenta sua própria forma de compreender e interagir com o

conhecimento. No que tange o ensino e aprendizagem de matemática cada estudante

tem sua “velocidade” de aprendizado, concerne ao professor elaborar um estratégia

metodológica capaz de abranger todas as formas de aprendizado de seus alunos.

2.1 Conteúdos matemáticos que são recomendados no 6º ano

Um obstáculo pertinente que se apresenta na seleção dos conteúdos do 6º

ano do Ensino fundamental é o de identificar, dentre o extenso domínio dos conteúdos

matemáticos quais tem relação e são relevantes ao aprendizado do estudante. Esses

conteúdos devem ser capazes de prover o desenvolvimento intelectual do estudante,

pois segundo BRASIL (1998) esses conhecimentos devem contribuir para,

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a construção e coordenação do pensamento lógico-matemático, para o desenvolvimento da criatividade, da intuição, da capacidade de análise e de crítica, que constituem esquemas lógicos de referência para interpretar fatos e fenômenos. Embora nestes Parâmetros a Lógica não se constitua como um assunto a ser tratado explicitamente, alguns de seus princípios podem e devem ser integrados aos conteúdos, desde os ciclos iniciais, uma vez que ela é inerente à Matemática. (p. 49)

Neste cenário da estruturação do conhecimento matemático é onde se

oportuniza a abrangência dos conceitos e processos do pensamento logico

matemático o que também provoca o aprimoramento da eficiência de criar

argumentos, conjecturar e fazer generalizações e ainda criar aptidão de esclarecer

seus procedimentos através de uma demonstração mais formal. Sobre a seleção dos

conteúdos BRASIL (1998) recomendam que,

A seleção dos conteúdos a serem trabalhados pode se dar numa perspectiva mais ampla, ao procurar identificá-los como formas e saberes culturais cuja assimilação é essencial para que produza novos conhecimentos. Dessa forma, pode-se considerar que os conteúdos envolvem explicações, formas de raciocínio, linguagens, valores, sentimentos, interesses e condutas. Assim, nesses parâmetros os conteúdos estão dimensionados não só em conceitos, mas também em procedimentos e atitudes. Conceitos permitem interpretar fatos e dados e são generalizações úteis que permitem organizar a realidade, interpretá-la e predizê-la. Sua aprendizagem desenvolve-se de forma gradual e em diferentes níveis e supõe o estabelecimento de relações com conceitos anteriores. (p. 49)

Os conteúdos de matemática são divididos em 4 blocos, Números e

Operações, Espaço e Forma, Grandezas e Medidas e Tratamento de Informações.

Segundo BRASIL (1998) os conhecimentos sobre os Números são

desenvolvidos,

Ao longo do ensino fundamental o conhecimento sobre os números é construído e assimilado pelo aluno num processo em que tais números aparecem como instrumento eficaz para resolver determinados problemas, e também como objeto de estudo em si mesmos, considerando-se, nesta dimensão, suas propriedades, suas inter-relações e o modo como historicamente foram constituídos. (p.50)

E sobre as Operações BRASIL (1998) afirmam que,

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Com relação às operações, o trabalho a ser realizado se concentrará na compreensão dos diferentes significados de cada uma delas, nas relações existentes entre elas e no estudo do cálculo, contemplando diferentes tipos, exato e aproximado, mental e escrito. Com relação às operações, o trabalho a ser realizado se concentrará na compreensão dos diferentes significados de cada uma delas, nas relações existentes entre elas e no estudo do cálculo, contemplando diferentes tipos, exato e aproximado, mental e escrito. (p.50)

Neste período de estudo o estudante compreenderá que existe uma

diversidade de números, como por exemplo, números naturais, inteiros, negativos,

racionais e irracionais, e também os mais variados significados, conforme ele se

defronte com os mais variados tipos de situações problemas.

No que diz respeito às Operações o ensino e aprendizagem convergirá no

entendimento dos diversos significados de cada uma delas, nas suas relações e no

aprendizado dos algoritmos, no qual contemplará variados tipos: exato e aproximação,

mental e escrito. Através da análise de diversas situações problemas, o estudante

distinguirá as diferentes aplicabilidades da aritmética e da álgebra e desenvolverá

situações problemas através de equações e inequações.

Sobre o segundo bloco conteúdos, Espaço e Forma, BRASIL (1998) afirma

que,

Os conceitos geométricos constituem parte importante do currículo de Matemática no ensino fundamental, porque, por meio deles, o aluno desenvolve um tipo especial de pensamento que lhe permite compreender, descrever e representar, de forma organizada, o mundo em que vive. O estudo da Geometria é um campo fértil para trabalhar com situações-problema e é um tema pelo qual os alunos costumam se interessar naturalmente. O trabalho com noções geométricas contribui para a aprendizagem de números e medidas, pois estimula o aluno a observar, perceber semelhanças e diferenças, identificar regularidades etc. O trabalho com espaço e forma pressupõe que o professor de Matemática explore situações em que sejam necessárias algumas construções geométricas com régua e compasso, como visualização e aplicação de propriedades das figuras, além da construção de outras relações. Este bloco de conteúdos contempla não apenas o estudo das formas, mas também as noções relativas a posição, localização de figuras e deslocamentos no plano e sistemas de coordenadas. (p.51)

No estudo de Espaço e Forma é de extrema importância que se utilize

situações do cotidiano que tenham como foco de exploração as obras de arte,

pinturas, desenhos, esculturas, artesanato dentre as mais diversas formas de

materialização das formas geométricas presentes no dia-a-dia, pois assim será

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possível consolidar as ligações entre a matemática e as outras áreas do

conhecimento.

Com relação ao terceiro bloco de conteúdos, Grandezas e Medidas,

BRASIL (1998) afirma que,

Este bloco caracteriza-se por sua forte relevância social devido a seu caráter prático e utilitário, e pela possibilidade de variadas conexões com outras áreas do conhecimento. Na vida em sociedade, as grandezas e as medidas estão presentes em quase todas as atividades realizadas. Desse modo, desempenham papel importante no currículo, pois mostram claramente ao aluno a utilidade do conhecimento matemático no cotidiano. As atividades em que as noções de grandezas e medidas são exploradas proporcionam melhor compreensão de conceitos relativos ao espaço e às formas. São contextos muito ricos para o trabalho com os significados dos números e das operações, da idéia de proporcionalidade e um campo fértil para uma abordagem histórica. (p. 51-52)

Nele são desenvolvidos conteúdos que abrangem as variadas grandezas,

tais como: comprimento, massa, tempo, capacidade, temperatura etc, abrangendo

também suas relações, como por exemplo, velocidade, energia elétrica, densidade

demográfica dentre outras.

O quarto bloco de conteúdos, Tratamento de Informação, decorre de uma

busca da sociedade em aprimorar as tomadas de decisões, apoiadas na matemática.

Devido a isso esse bloco ganha destaque e BRASIL (1998) recomenda o seguinte,

Integrarão este bloco estudos relativos a noções de Estatística e de probabilidade, além dos problemas de contagem que envolvem o princípio multiplicativo. Evidentemente, o que se pretende não é o desenvolvimento de um trabalho baseado na definição de termos ou de fórmulas envolvendo tais assuntos. Com relação à Estatística, a finalidade é fazer com que o aluno venha a construir procedimentos para coletar, organizar, comunicar dados, utilizando tabelas, gráficos e representações que aparecem freqüentemente em seu dia-a-dia. Além disso, calcular algumas medidas estatísticas como média, mediana e moda com o objetivo de fornecer novos elementos para interpretar dados estatísticos. Com relação à probabilidade, a principal finalidade é a de que o aluno compreenda que muitos dos acontecimentos do cotidiano são de natureza aleatória e que se podem identificar possíveis resultados desses acontecimentos e até estimar o grau da possibilidade acerca do resultado de um deles. As noções de acaso e incerteza, que se manifestam intuitivamente, podem ser exploradas na escola, em situações em que o aluno realiza experimentos e observa eventos (em espaços equiprováveis). (p.52)

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O estudo do Tratamento de Informações tem como finalidade fazer com

que o estudante seja capaz de analisar e julgar diferentes situações problemas e

tomar decisões.

2.2 Organização dos conteúdos

Visto que os conteúdos já foram escolhidos, o professor deve separa-los

em níveis de proficiência, no qual o estudante deve aprender. E que serão estudados

no decorrer do ano letivo. Segundo BRASIL (1998) esses conteúdos pressupõem que

alguns pontos sejam analisados.

a variedade de conexões que podem ser estabelecidas entre os diferentes blocos, ou seja, ao planejar suas atividades, o professor procurará articular múltiplos aspectos dos diferentes conteúdos, visando a possibilitar a compreensão mais ampla que o aluno possa atingir a respeito dos princípios e métodos básicos do corpo de conhecimentos matemáticos (proporcionalidade, equivalência, indução, dedução etc.); além disso, buscará estabelecer ligações entre a Matemática, as situações cotidianas dos alunos e as outras áreas do conhecimento;

as possibilidades de seqüenciar os conteúdos são múltiplas e decorrem mais das conexões que se estabelecem e dos conhecimentos já construídos pelos alunos do que da idéia de pré-requisito ou de uma sucessão de tópicos estabelecida a priori. Embora existam conhecimentos que precedam outros, a hierarquização entre eles não é tão rígida como tradicionalmente é apresentada;

os conteúdos organizados em função de uma conexão não precisam ser esgotados necessariamente de uma única vez, embora deva-se chegar a algum nível de sistematização para que possam ser aplicados em novas situações. Alguns desses conteúdos serão aprofundados, posteriormente em outras conexões, ampliando dessa forma a compreensão dos conceitos e procedimentos envolvidos;

os níveis de aprofundamento dos conteúdos em função das possibilidades de compreensão dos alunos, isto é, levando em conta que um mesmo tema será explorado em diferentes momentos da aprendizagem e que sua consolidação se dará pelo número cada vez maior de relações estabelecidas;

a ênfase maior ou menor que deve ser dada a cada item, ou seja, que pontos merecem mais atenção e que pontos não são tão essenciais; assim, por exemplo, o estudo da representação decimal dos números racionais é fundamental devido à disseminação das calculadoras e de outros instrumentos que a utilizam. (p. 53)

É de grande importância destacar que esses conteúdos devem ser

reinterpretados de acordo com o ambiente ao qual o estudante está inserido, pois os

mesmo devem agregar os elementos específicos de cada ambiente social. E devem

ser dispostos de forma encadeada e adaptada ao projeto pedagógico de cada escola.

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Esse trabalho tem ênfase exclusiva nas quatro operações básicas, portanto será

analisado somente nesse aspecto.

2.3 O aluno e o saber matemático

Na vivencia diária, os estudantes se deparam com situações nas quais eles

precisam desenvolver de forma empírica suas capacidades matemáticas, pois os

mesmos têm necessidades no qual precisam explorar problemas cotidianos e, por

consequência buscar e selecionar dados para decidir o que fazer, mediante o

problema que se apresenta, ou seja, eles lidam com matemática diariamente. Nos

casos em que essas capacidades são exploradas durante as aulas o estudante

apresenta uma compreensão melhor dos entes matemáticos. Devido a isso é de

extrema importância explorar, o máximo possível, essa potencialidade matemática

que os estudantes trazem do seu dia-a-dia. Segundo CARRAHER (apud LIMA. 2006)

A aprendizagem da matemática na sala de aula é um momento de interação entre a matemática organizada pela comunidade científica, ou seja, a matemática formal, e a matemática como atividade humana. A sala de aula é um momento em que o aluno aprimorará o seu conhecimento informal. (p.16)

Entretanto o ensino de matemática, no modelo tradicional de ensino, não

leva em consideração o conhecimento que ele traz consigo de casa, ainda que seja

reconhecido que os estudantes aprendem matemática mesmo fora do ambiente

escolar, não levamos em consideração o conhecimento que os mesmo têm sobre os

tópicos ainda não ensinados na escola.

Um problema recorrente nas escolas é que os professores adotam uma

atitude no ensino de matemática na qual se resume a simples transmissão dos

conteúdos que estão presente no livro didático, sem fazer qualquer tipo de correlação

com o cotidiano dos estudantes. Portanto, dessa maneira, o ensino de matemática faz

com que os estudantes não a percebam como parte de sua realidade e assim não

atribuem valor e esses conhecimentos. Mediante as dificuldades apresentadas é

necessário desenvolver novos métodos que abarquem a maior quantidade de

estudantes e que estimule a curiosidade e o sentimento agradável que os mesmo têm

em aprender coisas novas e como consequência o desenvolvimento do raciocínio

logico matemático. Segundo BRASIL (1998, p 37) “O significado da atividade

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matemática para o aluno também resulta das conexões que ele estabelece entre os

diferentes temas matemáticos e também entre estes e as demais áreas do

conhecimento e as situações do cotidiano”. Segundo MACHADO (apud SALVAN,

2004) diversos autores afirmam que,

Os alunos se dispersam quando o ensino da Matemática se faz rotineiro, ocultando consciente e inconscientemente sua verdadeira força e beleza, complicando-a inutilmente com fórmulas que não sabem de onde vem. O ensino tem que alcançar uma investigação em que o aluno sinta a sensação de estar fazendo algo com isso, em que se sinta mais confiante colocando em prática o seu trabalho efetivo e com isso, faça-o perceber o seu próprio rendimento. (p.17)

O desenvolvimento de significados é importante uma vez que o estudante

necessita compreender de maneira eficaz os conteúdos matemáticos, no entanto, se

desenvolvidos de maneira isolada acabam não sendo uma ferramenta eficiente para

se utilizar na resolução de seus problemas cotidianos e escolares, como também para

o aprendizado e/ou construção de novos conceitos matemáticos.

2.4 As relações interpessoais em sala de aula

A prática de ensino que é frequentemente utilizada em sala de aula é o

chamado Ensino Tradicional. Essa prática é aquela que se dá por meio de aula

expositiva e que o professor parte das definições do objeto matemático, seguido de

demonstrações, caso aja necessidade, em seguida exemplifica-se esse objeto e

finaliza com exercícios de fixação, aplicações e imagina-se que o estudante aprenderá

se conseguir reproduzir o conhecimento estudado. E será avaliado através de

problemas modelo, caso o estudante reproduza corretamente considerará que o

mesmo aprendeu, caso contrário não. De acordo com BRASIL (1998)

Essa prática de ensino tem se mostrado ineficaz, pois a reprodução correta pode ser apenas uma simples indicação de que o aluno aprendeu a reproduzir alguns procedimentos mecânicos, mas não apreendeu o conteúdo e não sabe utilizá-lo em outros contextos. (p. 37)

Esse processo de transmissão e recepção do conhecimento matemático,

desenvolvido através da mera repetição mecanizada dos procedimentos algorítmicos

e exercícios desconsidera o estudante como um agente construtor do próprio

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conhecimento. Nessa perspectiva, na qual o estudante constrói seu próprio

conhecimento, pode-se estabelecer interligações com conhecimento que o estudante

traz consigo pra sala de aula e a resolução de problemas. Conforme o papel dele é

redefinido diante do próprio aprendizado, é necessário, também, redefinir o papel do

professor de matemática em sala de aula. BRASIL (1998) afirma que,

Numa perspectiva de trabalho em que se considere o aluno como protagonista da construção de sua aprendizagem, o papel do professor ganha novas dimensões. Uma faceta desse papel é a de organizador da aprendizagem; para desempenhá-la, além de conhecer as condições socioculturais, expectativas e competência cognitiva dos alunos, precisará escolher os problemas que possibilitam a construção de conceitos e procedimentos e alimentar os processos de resolução que surgirem, sempre tendo em vista os objetivos a que se propõe atingir. (p. 38)

Entendemos que o professor assume uma importância essencial, pois o

mesmo é responsável por organizar os conteúdos, assim como, um facilitador do

processo de ensino aprendizagem. Deixando de lado seu antigo papel de simples

expositor de conteúdos, que ministrava os objetos matemáticos necessários, uma vez

que o estudante não era capaz de aprender por conta própria. Para GOLDBERG

(apud CHAGAS, 2004),

Educar é transformar; é despertar aptidões e orientá-las para o melhor uso dentro da sociedade em que vive o educando;” é desenvolver estruturas cognitivas que permitam ao indivíduo não somente ler e compreender o mundo em que vive, mas atuar e, se possível, gerar progresso na sociedade como um todo. (p. 242)

O professor pode, também, assumir a postura de um mediador, uma vez

que o mesmo pode diligenciar as respostas dos estudantes e promover uma

discussão em sala de aula, tendo o cuidado de gerenciar o modo como cada estudante

poderá expor sua resolução, fazer questionamentos e discutir a resolução de outros

colegas. Sobre essa postura BRASIL (1998) afirma que,

O professor é responsável por arrolar os procedimentos empregados e as diferenças encontradas, promover o debate sobre resultados e métodos, orientar as reformulações e valorizar as soluções mais adequadas. Ele também decide se é necessário prosseguir o trabalho de pesquisa de um dado tema ou se é o momento de elaborar uma síntese, em função das expectativas de aprendizagem previamente estabelecidas em seu planejamento. (p. 38)

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Cabe ao professor incentivar o diálogo entre os estudantes, além da própria

interação deles consigo, pois ao se deparar com as ideias dos colegas de classe e do

seu professor, eles vivem uma nova perspectiva sobre o ensino aprendizagem à qual

estão sendo submetidos, uma vez que se admite a necessidade de confrontar suas

soluções com a dos colegas e criar argumentos e/ou demonstrações que possam

convencê-los e ainda validar sua resolução satisfazendo a resposta à situação

problema proposta. BRASIL (1998) reforçam essa ideia, pois,

Além da interação entre professor-aluno, a interação entre alunos desempenha papel fundamental no desenvolvimento das capacidades cognitivas, afetivas e de inserção social. Em geral, explora-se mais o aspecto afetivo dessas interações e menos sua potencialidade em termos de construção de conhecimento. Ao tentar compreender outras formas de resolver uma situação, o aluno poderá ampliar o grau de compreensão das noções matemáticas nela envolvidas. (p. 38-39) [...] Assim, trabalhar coletivamente, por sua vez, favorece o desenvolvimento de capacidades como:

. perceber que além de buscar a solução para uma situação proposta devem cooperar para resolvê-la e chegar a um consenso;

. saber explicitar o próprio pensamento e procurar compreender o pensamento do outro;

. discutir as dúvidas, supor que as soluções dos outros podem fazer sentido e persistir na tentativa de construir suas próprias idéias;

. incorporar soluções alternativas, reestruturar e ampliar a compreensão acerca dos conceitos envolvidos nas situações e, desse modo, aprender. (p. 39)

Essa interação interpessoal em sala de aula se tornará possível caso o

professor proporcione um ambiente de estudo no qual o estudante seja incentivado a

buscar soluções, discutir seu pensamento, comparar resultados, analisar sua

resolução, fazer questionamentos e amplificar suas ideias. Segundo BRASIL (1998)

É importante atentar para o fato de que a explicitação clara de papéis e de responsabilidades é fundamental para nortear as interações que ocorrem na sala de aula. entre professor e aluno ou entre alunos. Também é necessário avaliar em conjunto essas relações em função dos papéis e responsabilidades definidas para redirecionar os rumos do processo de ensino e aprendizagem. (p. 39)

Um ponto importante é o professor desenvolver um método avaliativo que

contemple todo o processo educativo em sala de aula. Ele deve buscar reconhecer e

analisar como os estudantes estão desenvolvendo suas atividades, identificando se

eles estão desenvolvendo as competências e habilidades planejadas. Cabe ao

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professor determinar se o planejamento de ensino está tendo o resultado esperado,

caso encontre algum indicio de o objetivo não estar sendo alcançado, ou ainda, esteja

sendo parcialmente satisfeito, deverá reorganizar suas estratégias pedagógicas, a fim

de adaptar-se ao modo de aprender dos estudantes.

Ao desenvolver esse ambiente de diálogo com os estudantes, o professor

necessita considerar que eles agem em grupos e não somente de modo individual,

por isso ao se estabelecer esse diálogo o professor precisa ter o respeito dos

estudantes. Portanto o ensino de matemática deve se apoiar no desenvolvimento de

experiências agradáveis, nas quais o estudante possa desenvolver uma conduta

positiva, que como consequência levarão a uma melhor aprendizagem.

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3 Em que consiste as Operações Básicas

Ao pensarmos no ensino e aprendizagem das operações básicas emerge

a pergunta: Quando podemos afirmar que ocorreu aprendizagem do conteúdo

abordado?

De acordo com Ferreira (apud BESSA, 2008, p. 10), “a aprendizagem é

definida como: Aprendizado; ato ou efeito de aprender; tomar conhecimento de; reter

na memória mediante o estudo, a observação ou a experiência; tornar-se apto ou

capaz de alguma coisa em consequência de estudo [...]”.

BESSA (2008) acrescenta quatro elementos no processo de

aprendizagem. A Memória que é tratada como a capacidade de armazenamento de

informações ou dados. A Atenção que é considerada como um processo de

concentração, que pode ser através de estímulos internos, como vontade de conhecer

algo, e externos como a necessidade de aprender algo que nos desperta algum

interesse. O Interesse pode ser definido como uma relação entre o sujeito e o objeto,

na qual o primeiro sente-se atraído pelo segundo por meio de algum estímulo

produzido pelo segundo em relação ao primeiro. E a Inteligência que consiste na

capacidade de uma pessoa compreender facilmente as informações que lhe são

transmitidas.

Mediante a exposição acima podemos compreender que o ato de

aprendizagem é um processo complexo, pois envolve diversos fatores. Devido a esse

fato foram desenvolvidas teorias para tentar explicar como se desenvolve a

aprendizagem em criança, jovens e adultos.

3.1 Teorias da Aprendizagem

As teorias da aprendizagem se dividem em quatro concepções sobre o

desenvolvimento humano. São elas as Teorias Inatistas, Ambientalistas,

Interacionistas e Sócio interacionistas.

Conforme BESSA (2008,) As teorias inatistas são aquelas que acreditam

em ideias ou princípios, independentes da experiência, ou seja, a aprendizagem

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independe da vivencia do sujeito, independe das experiências cotidianas, estando o

aprendizado relacionado com a capacidade congênita do indivíduo desempenhar

tarefas que lhe são atribuídas. As teorias ambientalistas em que o ambiente é

responsável pelo que a indivíduo aprende segundo para essa teoria a criança é uma

tabua rasa, tal qual a filosofia de John Locke. Onde o aprendizado acontece de

ambiente externo ao ambiente interno, ou seja de fora para dentro. As teorias

interacionistas compreendem a aprendizagem como um processo de inter-relação

entre o sujeito e o objeto, segundo essa teoria é a inter-relação entre sujeito e objeto

que causa a aprendizagem. E as teorias sociointeracionista que explicam que a

aprendizagem ocorre a partir das interações sociais realizadas pelo sujeito que

aprende, ou seja, leva em consideração também as relações estabelecidas pelo

sujeito durante o seu processo de aprendizagem. Podemos destacar três dentre essas

teorias da aprendizagem, são elas a Teoria Behaviorista, a Teoria Construtivista de

Jean Piaget e a Teoria Sócio-histórico-cultural de Lev Vygotsky.

3.1.1 Teoria Behaviorista

A teoria behaviorista tem como principais teóricos de John Watson, Ivan

Pavlov e Burrhus Frederic Skinner. Conforme BESSA (2008,) o fisiologista Ivan Pavlov

desenvolveu as bases do compormentalismo de Watson e Skinner. Através de

pesquisas e estudos sobre o condicionamento em cães, mostrou mediante

experimentos científicos, que poderia evidenciar princípios da aprendizagem das

espécies, as quais também poderiam ser aplicadas ao homem, e também como esta

poderia ser estudada em termos objetivos. Através desses fundamentos de Pavlov,

Watson acrescenta a ideia de que a Psicologia Cientifica não deve se esforçar para

compreender o ser humano por intermédio da introspecção e nem dar conceitos ao

que foge da compreensão. A ciência tem que ter como objetivo o estudo do que pode

ser observado e descrito em termos elementares, deixando de lado a subjetividade.

Podemos inferir dessa teoria que o homem só pode ser estudado através

da observação e descrição rigorosa da manifestação do seu comportamento, através

de experimentos científicos. Levando em consideração os Estímulos (E) dados e

observar e descrever a Resposta (R) indicada pelo indivíduo.

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Skinner sustenta que o processo de ensino aprendizagem é uma

associação entre Estímulos e Respostas acrescentando que essa organização não é

constante. Nesse âmbito as associações E-R e R-E, constatou-se que o

condicionamento acontece no momento em que a resposta é imediata após um

estimulo reforçador. Portanto o comportamento está associado ao meio no qual o

indivíduo está imerso e as mudanças no comportamento são causadas por ele.

Conforme o behaviorismo o processo de aprendizagem se desenvolve

progressivamente em função da pratica (repetição), sendo assim que se formam as

relações entre determinadas situações e suas respostas, assim as situações que não

nos fornecem respostas satisfatórias serão esquecidas ou “apagadas” da memória e

não são mais consultadas na ocorrência de situação iguais. A aprendizagem, segundo

GOLÇALVES (2007).

tinham a característica de se referirem a tarefas de resolução de problemas. O mecanismo de condicionamento instrumental indica, então, que as respostas dadas pelo organismo são condições necessárias, e por isso instrumentais (daí a designação de condicionamento instrumental), para atingir o objectivo (resolver o problema). No fim, este processo traduz-se num equilíbrio interno e na satisfação do organismo. Depois, outras situações mais complexas colocam novos problemas e originam novas aprendizagens, em função da repetição de acções, dos efeitos obtidos e da maturidade do organismo para estabelecer as necessárias conexões. (p. 40)

Essa proposta de aprendizagem se baseava em três leis, conforme expõe

GOLÇALVES (2007),

A lei do Efeito, esta lei afirma que as conexões entre uma situação e uma resposta são fortalecidas quando acompanhadas ou seguidas de satisfação e são enfraquecidas quando são acompanhadas ou seguidas de insatisfação; A lei do exercício ou da frequência – segundo esta lei a prática ou repetição fortalece as conexões enquanto a falta de prática ou repetição as enfraquece; A lei da disposição ou da maturidade específica – esta lei refere-se à existência de capacidades do organismo e de condições necessárias para que determinadas conexões possam ser estabelecidas. De acordo com a lei da maturidade específica a aprendizagem só pode ocorrer desde que se verifiquem determinadas disposições (grau de desenvolvimento, capacidade de atenção, motivação) que indiquem que o organismo está preparado para estabelecer uma dada conexão situação-resposta. Neste caso, a conexão pode estabelecer-se e o resultado será agradável; caso contrário, a conexão não se verifica e o resultado será desagradável ou insatisfatório. (p. 40)

Diante desta concepção de ensino aprendizagem a Escola deve valorizar

a formação de hábitos adequando, cabendo ao professor desenvolver esses hábitos

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nos estudantes, ensinando-os como se deve empregar o conhecimento e as

habilidades que vão adquirindo em conjunto com os conteúdos abordados no currículo

escolar. O currículo escolar deve ser organizado de maneira sequencial e propostas

aos estudantes assim que possam ser estudados, ou seja, os estudantes possuem

capacidade de aprendê-los, ou ainda, quando o nível de dificuldade dos conteúdos for

compatível com o nível de habilidades dos estudantes. Os conteúdos propostos

devem ser articulados.

Essa teoria se mostrou ineficiente e não foi capaz de elucidar todos os

problemas referentes a aprendizagem, dentre vários estudos surge a teoria da

epistemologia genética, proposta por Jean Piaget.

3.1.2 Epistemologia Genética

Jean Piaget chama esta teoria de Epistemologia Genética ou teoria

psicogenética, porem ela é mais conhecida como Construtivismo, Segundo BESSA

(2008) o termo que dá nome a essa teoria tem como significado o Estudo da origem

do conhecimento, portanto fica fácil entender o motivo pelo qual Piaget foi estudar o

desenvolvimento do conhecimento nas crianças. Desse modo Piaget procura explicar

como o indivíduo edifica seus conhecimentos desde seu nascimento até a fase adulta.

Tentando entender como ocorre à aprendizagem, Piaget estudou as

relações interativas entre sujeito e objetos. Sendo o sujeito aquele que busca apender

e o objeto é aquilo que se deseja conhecer e as relações interativas é a ação do sujeito

sobre o objeto.

A Equilibrarão Majorante, conforme BESSA (2008, p. 45) explica, são as

etapas que integram o ato de aprender: desequilíbrio, assimilação, acomodação e

equilíbrio. Portanto, podemos compreender a equilibrarão majorante como sendo o

processo pelo qual o sujeito passa de um grau de menor conhecimento para outro de

maior conhecimento. Percorrendo do desequilíbrio ao equilíbrio, mediante

assimilações e acomodações continuas.

De acordo com BESSA (2008) Piaget propôs quatro estágios de

desenvolvimento:

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Estagio sensório-motor (0 – 2 anos), nesse estágio o bebe interage

com o mundo de modo involuntário, isto é, a partir de reflexos neurológicos básicos

que ele começa a desenvolver os esquemas para assimilar o meio.

Estagio pré-operatório (2 – 7 anos), esse estágio é caracterizado pelos

esquemas de ação desenvolvidos no estágio anterior. Esses esquemas são seguidos

por meio das sequencias de assimilações e acomodações realizadas pela criança

durante suas diversas interações com o meio.

Durante esses dois estágio de desenvolvimento é onde se formam as

estruturas que são as bases fundamentais do pensamento logico e conceitual.

Estagio operatório-concreto (7 – 12 anos), nesse estágio a criança

desenvolve as noções de tempo, espaço, velocidade, ordem e casualidade. Ela já é

capaz de associar diferentes características e abstrair dados da realidade, apesar de

ainda depender do modo concreto para chegar à abstração. Desenvolve a habilidade

de operar uma ação em seu caminho de ida e que marca a passagem do estágio pré-

operatório para o estágio operatório-concreto.

Estagio operatório-formal ou lógico-formal (a partir de 12 anos),

nesse estágio a criança já é capaz de abstração total, não se limitando mais a

representação imediata e nem as relações previamente existentes, agora é apto a

pensar em todas as relações possíveis logicamente, investigando desde a hipótese e

não apenas observando a realidade.

Nesses dois estágios de desenvolvimento a criança/adolescente já possui

competência para realizar pensamentos e reflexões de ordem hipotético dedutivas.

Conforme COLLARES (apud RIZZON 2009),

Piaget define que há critérios para a construção dos estágios, ou seja, uma série de características mínimas, assim como a existência de fatores que influenciam no desenvolvimento mental. Quanto aos critérios de construção dos estágios, esses são em número de cinco e são assim definidos e explicitados: (1) a ordem de sucessão, que é constante e inalterada, mas que pode ocorrer variação na idade cronológica de ingresso a cada período, devido a características do indivíduo e do meio social; (2) as estruturas de conjunto, que se caracterizam pelas principais reações que ocorrem em cada estágio; (3) o caráter integrativo dessas estruturas, em que as estruturas não se substituem, mas são integrativas, isto é, uma estrutura de nível superior integra um de nível inferior; (4) os níveis de constituição das estruturas, nível de preparação e acabamento de cada estágio; (5) os processos de formação e as formas de equilíbrio finais dos estágios que, segundo Piaget39, se constituem pela “diferenciação das estruturas anteriores e preparação da seguinte”. (43 - 44) (grifo nosso)

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Conforme BESSA (2008) existem quatro fatores básicos na mudança de

um estágio de desenvolvimento mental para o próximo: a maturidade e o sistema

nervoso, responsáveis pelo amadurecimento das estruturas biológicas

imprescindíveis para que ocorra a aprendizagem; a interação social, responsável pela

diluição do egocentrismo e perceber o outro nas nossas relações e também para

assimilação das regras sociais; a experiência física com o objeto, responsável pela

aprendizagem, mediante as interações entre sujeito e objeto; e a equilibração, que

regula o processo de aprendizagem. Dentre esses quatro fatores, Piaget não atribuía

grande importância as interações sociais.

Para Piaget Desenvolvimento Cognitivo e Aprendizagem possuem

conceitos distintos, sendo o primeiro um processo natural, que tem suporte da

maturação biológica e o segundo é um processo mais especifico, que mantem uma

subordinação entre os processos de equilibração e maturação.

Ao desenvolver a Epistemologia genética Piaget buscava compreender a

funcionamento da aprendizagem humana, apesar dessa teoria não ter como foco a

educação, suas ideias tiveram profunda influência e ressonância na área educacional.

O construtivismo piagetiano não elucida questões sobre o que e como

ensinar, porem permite entender de que maneira a criança aprende. Essa teoria

fornece um conjunto de elementos que formam um sistema de referência que nos

permitem apontar as possibilidades e limitação das crianças.

Nessa perspectiva, a apreensão do conhecimento é desenvolvida mediante

a interação entre o sujeito e o objeto, portanto o estudante deixa o papel de agente

passivo e passa a ser agente ativo na construção do seu próprio conhecimento. É

nesse contexto que o papel do professor se torna importante, pois o mesmo tem que

gerir e promover as situações de aprendizagem.

A Epistemologia Genética de Piaget centraliza o estudo do

desenvolvimento da aprendizagem humana sobre o desenvolvimento biológico e

atribui pouco valor as interações sociais. Vygotsky, por outro lado, afirma que esse

desenvolvimento se constrói a partir das relações sociais as quais o indivíduo esta

submerso.

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3.1.3 Teoria Sócio histórica

A teoria sócio histórica ou sociointeracionista, desenvolvida por Vygotsky,

“tem como objetivo central caracterizar os aspectos tipicamente humanos do

comportamento e elaborar hipóteses de como essas características se formam ao

longo da história humana e de como se desenvolvem durante a vida do indivíduo”

(Vygotsky apud REGO, 2011. p. 38).

Segundo REGO (2011) este projeto busca responder três questões

fundamentais: Entender a relação entre os seres humanos e o seu ambiente físico

cultural; Identificar as formas novas de atividade que fizeram com que o trabalho fosse

o meio de relacionamento do homem com a natureza; Analisar a natureza das

relações do uso de instrumentos e o desenvolvimento da linguagem.

As funções psicológicas superiores, segundo REGO (2011) foi o foco de

estudo de Vygotsky, pois elas são constituintes do modo de funcionamento do

psicológico tipicamente humano. Esses processos mentais são sofisticados e

“superiores”, pois se referem aos mecanismos intencionais, ação consciente

controlada, processos voluntários que concedem ao ser a possibilidade de

independência no que diz respeito às características do momento e espaço presente.

Esses processos não são inatos e se distinguem dos processos psicológicos

elementares.

Com o propósito de investigar as origens das características psicológicas

tipicamente humanas Vygotsky se envolveu no estudo do comportamento e

psiquismos dos animais. Ele tinha o intento de identificar as principais diferenças e

presumíveis semelhanças com o ser humano. Essa comparação entre os processos

mentais entre humano e animais é frequente ao longo de seus estudos.

De acordo com REGO (2011) Vygotsky e seus seguidores apontaram três

traços característicos do comportamento animal que o diferenciam do psiquismo

humano, são eles: o primeiro é o comportamento animal que preserva suas ligações

com os motivos biológicos, ao contrário do humano, pois a atividade animal é instintiva

e circunscrita pelas necessidades biológicas; o segundo, o comportamento humano

não é impreterivelmente determinado por estímulos imediatamente perceptíveis ou

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pela experiência passada, pois ao contrário do animal, o ser humano não se orienta

pela impressão imediata e pela experiência anterior, uma vez que é capaz de abstrair,

fazer relações, reconhecer as causa, fazer previsões, sobre acontecimentos, e depois

refletir e interpretar e ainda tomar decisões. O terceiro traço assinalado é as diferentes

fontes de comportamento humano e animal, as fontes do comportamento animal são

limitadas, sendo uma a experiência da espécie que é hereditário e outra é a

experiência imediata e individual. A principal característica que diferencia o homem

do animal é que o homem possui uma terceira fonte que é a assimilação de toda a

experiência da humanidade, responsável pela grande maioria dos conhecimentos,

habilidades e procedimentos comportamentais.

Vygotsky, segundo REGO (2011) procurou examinar a gênese do

psiquismo humano nas condições sociais da vida historicamente formada, estando

ligadas ao trabalho social, ao emprego dos instrumentos e ao surgimento da

linguagem. Essa foram as “ferramentas” que a humanidade construiu e aperfeiçoou

ao longa de sua evolução, fazendo a mediação entre o homem e a natureza.

Conforme REGO (2011) afirma, Vygotsky especifica dois elementos

imprescindíveis responsáveis por essa mediação: o instrumento, que comanda as

ações sobre os objetos e o signo, que regula as ações na psique humana. O

desenvolvimento desses elementos significou um grande avanço na evolução

humana. O signo serve de meio para o homem controlar voluntariamente sua

atividade psicológica e ampliar seu potencial de atenção, memoria e quantidade de

informações retidas, ou seja, torna-se capaz de aprender.

As particularidades das definições biológica humanas não são

desconsideradas por Vygotsky, entretanto a dimensão social, que provem os

instrumentos e símbolos que fazem a mediação entre as relações dos indivíduos com

o mundo recebem grande importância e atenção.

Segundo Vygotsky (apud REGO, 2011, p. 71), “o aprendizado pressupõe

uma natureza social especifica e um processo através do qual as crianças penetram

na vida intelectual daqueles que as cercam”, portanto o aprendizado é uma

perspectiva necessária e universal.

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De acordo com REGO (2011) Vygotsky distingui o aprendizado em dois

níveis. O primeiro é o nível de desenvolvimento real ou efetivo, ou seja, o

conhecimento já consolidado na criança, sendo aquelas funções ou capacidades que

ela já aprendeu e domina, portanto não necessita do auxílio de um adulto ou alguém

mais experiente para realiza-lo. O segundo é o nível de desenvolvimento potencial,

ou seja, são aquelas funções ou capacidades que ainda não se consolidaram na

criança, mas que com a mediação de um adulto ou alguém mais experiente ela será

capaz de fazer. A distância entre o nível real e o potencial é chamada, por Vygotsky,

de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), ou seja, são as funções ou capacidades

que ainda não amadureceram, mas que com o auxílio de um adulto ou alguém mais

experiente, essas funções ou capacidades serão amadurecidas, tornando-se assim

um nível de desenvolvimento real ou efetivo.

Segundo Vygotsky (apud REGO, 2011),

Cada matéria escolar tem uma relação própria com o curso do desenvolvimento da criança, relação que muda com a passagem da criança de uma etapa para outra. Isto obriga a reexaminar todo o problema das disciplinas formais, ou seja, do papel e da importância de cada matéria no posterior desenvolvimento psicointelectual geral da criança. (p. 75)

O processo de formação dos conceitos e o papel que o ensino escolar

desempenha são temas muitos importantes nas proposições de Vygotsky. Conceitos

são entendidos por ele como sendo um sistema de relações e generalizações contidas

nas palavras e determinados por um processo histórico cultural, conforme explica

REGO (2011) e acrescenta que o desenvolvimento e a aprendizagem mantem uma

interação desde o nascimento da criança. Portanto muito antes de conhecer o

ambiente escolar, as crianças, já possuem uma serie de conhecimentos sobre o

mundo ao seu redor, entretanto, ao adentrar nesse novo ambiente ela entra em

contato com novos tipos de conhecimentos.

Buscando esclarecer as atribuições da escola no processo de

desenvolvimento do indivíduo Vygotsky distingui os dois tipos de conhecimento

estruturados na vivencia pessoal da criança; os conhecimentos cotidianos ou

espontâneos são aqueles formados na observação, manipulação e vivencia direta da

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criança; e os conhecimentos científicos são aqueles formados na sistematização

cientifica e os que são obtidos nas interações escolares.

REGO (2011) ressalta que, de acordo com Vygotsky, se o meio ambiente

não conseguir desafiar, exigir ou estimular o intelecto do adolescente, o processo de

aprendizagem poderá sofrer um atraso ou ainda poderá não se completar. Portanto a

escola fornece as crianças um conhecimento científico sistematizado sobre as

perspectivas que não estão à vista ou inseridos em sua vivencia cotidiana. Podemos

fazer a seguinte conclusão, o aprendizado escolar desempenha uma relevante

influencia na desenvolvimento das funções psicológicas superiores, pois é nessa fase

que as crianças estão em pleno amadurecimento.

É devido ao fato do estudante já possuir um determinado conhecimento

antes de chegar no ambiente escolar que se torna necessário fazer uso do

conhecimento em sala de aula inter-relacionado com a realidade, onde o aluno vai se

encontrar, identificar com o novo conhecimento adquirido.

O aprendizado segundo os teóricos citados se dá por etapas com

influencias tanto biológicas quanto sociais, o estudante ao chegar no ambiente

escolar, não chega de “mãos vazias”, traz conhecimentos que podem ser

aprimorados, esclarecidos e compreendidos. Seria o entendimento do porque é

necessário todo esse aprendizado e sua aplicabilidade na realidade do estudante.

O ambiente escolar é uma representação da vida em sociedade, onde o

estudante se prepara para estar apto a se conduzir de maneira independente durante

sua existência.

3.2 Algoritmos e Resolução de Problemas das Operações Básicas

3.2.1 Algoritmo

Em sua dissertação de mestrado GONÇALVES (2010) fez reflexões sobra

a história dos algoritmos. Ele afirma que tendemos a acreditar que a forma que hoje

conhecemos dos algoritmos, simples e eficaz, nem sempre foi vista assim e sua

construção foi desenvolvida durante séculos. Esses algoritmos que utilizamos para

resolver as operações de adição, subtração, multiplicação e divisão, como qualquer

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outro objeto matemático, sofreram modificações devido as necessidades histórico-

sociais e que começaram a ser desenvolvidos a partir de técnicas primitivas de

contagem e registro baseados na relação biunívoca.

Ao longo do desenvolvimento da humanidade vários povos utilizavam

diversas técnicas de cálculo para solucionar problemas. Segundo GONÇALVES

(2010) os egípcios, aproximadamente no ano 2000 a.C. recorriam ao processo de

duplicação para determinar da multiplicação e divisão de uma valor por outro. Ainda

hoje encontramos indícios de que na Índia, Síria e norte da África se utilizava os dedos

das mãos para efetuar cálculos, esse fato pode ter sido um dos fatores determinante

para a universalização do sistema de numeração de base 10, isso pode ter sido

possível com a invenção do número zero, 0, pelos povos babilônicos e maias, porem

foram os hindus que utilizaram com mais sucesso a invenção desse novo número.

Conforme IFRAH (apud GONÇALVES, 2010) os hindus desenvolveram

técnicas operatórias baseadas no sistema posicional juntamente com o conceito do

zero e devido a eles a evolução da notação dos números e do cálculo finalmente se

encontraram e evoluíram para os algoritmos que conhecemos atualmente.

Neste cenário os árabes foram importantes, pois os mesmo estudaram e

traduziram a ciência hindu e como consequência acabaram adotando o sistema

numérico deles. Segundo IFRAH (apud GONÇALVES, 2010),

Com um admirável espírito de síntese, eles conseguiram aliar o rigor da sistematização dos matemáticos e filósofos gregos ao aspecto essencialmente prático da ciência hindu, levando a um progresso admirável a aritmética, a álgebra, a geometria, a trigonometria e a astronomia. (p. 38)

Um dos matemáticos árabes que mais contribuíram para a disseminação

das técnicas de cálculo e procedimentos algébricos foi Mohamed Ibn Mussa al-

Khowarismi através de suas obras “A Aritmética” e a “Aljabr”, traduzida em latim por

álgebra, “Latinizando o nome de al-Khowarismi transformou-se em Achoarismi,

Algorismi, Algorismus, Algorismo e, por fim, em Algoritmo, que, durante muito tempo

na Europa designou o cálculo inventado pelos árabes”, conforme explica

GONÇALVES (2010, p. 39).

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O desenvolvimento histórico dos algoritmos nos indicam que os mesmo

foram desenvolvidos para fazer com que os cálculos se tornassem um processo mais

simples e eficaz na realização das operação aritméticas. Esses algoritmos evoluíram

ao longo dos anos e atingimos o que conhecemos hoje e que ensinamos nas escolas.

NETO ET AL (apud GONÇALVES, 2010) define algoritmo como o “conjunto

de regras e técnicas gráficas utilizadas em cálculos. Temos o algoritmo da adição, o

algoritmo da subtração, da multiplicação, da divisão, do mínimo múltiplo comum, etc”,

que foram apresentados em um livro destinado a estudantes de Magistério e

professores das primeiras séries do 1º grau (atual ensino fundamental)

Na sequência eles mostram os algoritmos das quatro operações básicas,

algoritmo da adição, subtração, multiplicação e divisão.

O algoritmo da adição, Figura 1: Algoritmo da Adição é apresentado

partindo de um exemplo que busca demostrar a técnica do “vai um” mediante a

decomposição e uso de barras que foi chamado de quadro lugar. O quadro lugar é a

técnica que os professores das series iniciais utilizam para explicar o transporte de

uma ordem para a próxima, ou seja, busca justificar o “vai um” das unidades para as

dezenas, das dezenas para as centenas e assim por diante.

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Fonte: GONÇALVES, 2010, p. 42

A subtração, Figura 2: Algoritmo da Subtração é mostrada como um passo-

a-passo, no qual o autor explica o procedimento da subtração, utilizando a técnica do

“empresta um” e em seguida o autor mostra outra técnica na qual ao invés de “tirarmos

um” do minuendo, acrescentamos um ao subtraendo, respeitando as respectivas

ordem posicional.

Figura 1: Algoritmo da Adição

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Fonte: GONÇALVES, 2010, p. 43

Os algoritmo da adição e a subtração são apresentados com a utilização

do quadro lugar e também a decomposição dos valores conforme sua ordem de

grandeza.

A mesma ideia é utilizada para apresentar a multiplicação. Conforme a

Figura 3: Algoritmo da Multiplicação podemos perceber que é justificado o motivo pelo

qual se multiplica as unidades de cada ordem do multiplicador pelas unidades do

multiplicando.

Figura 2: Algoritmo da Subtração

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Fonte: GONÇALVES, 2010, p. 45

Em seguida é apresentado o algoritmo da divisão, Figura 4: Algoritmo da

Divisão inicialmente mostra-se os procedimentos no qual é utilizado as ordens de

grandeza, centenas, dezenas e unidades e barras verticais com o intuito de separar

as unidades, sendo explicado passo-a-passo como resolver a divisão; na sequência

é feito o algoritmo sem explicitar as ordens de grandeza e por fim e mostrado a forma

“compacta” da divisão com resto.

Figura 3: Algoritmo da Multiplicação

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Fonte: GONÇALVES, 2010, p. 47.

O desenvolvimentos desses algoritmos ganharam espaço devido a sua

praticidade e seu poder de generalização, pois eles apresentam um “caminho” mais

rápido e eficaz para se efetuar cálculos com as operações básicas, desde que os

procedimentos sejam efetuados de maneira correta.

LOUREIRO (apud GONÇALVES, 2010) afirma que as particularidades do

nosso sistema de numeração destacam-se na decomposição dos números que

Figura 4: Algoritmo da Divisão

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aparecem no cálculo com os algoritmos convencionais quando na obrigação de

trabalhar ordem a ordem e na recomposição ou reagrupamento das unidades de uma

determinada ordem.

GOLÇALVES (2010) cita várias pesquisas sobre as operações básicas.

Uma delas é a de SIGNORINI (2007) que desenvolveu uma pesquisa na qual

entrevistou vinte crianças da terceira e quinta series, atuais 4º e 6º ano, verificando

que os estudantes não percebiam os princípios e as propriedades do sistema de

numeração decimal implícitos ao usar os algoritmos formais da adição e subtração e

sua análise de resultados indicaram que os estudantes destas duas series

reproduzem mecanicamente os procedimentos operatórias convencionais, portanto,

os mesmo não compreenderam as ações que realizavam.

Uma outra pesquisa citada por GONÇALVES (2010) é a de SOUZA (2009)

sobre as concepções dos professores do ensino fundamental primeiro ciclo sobre os

algoritmos das operações básicas. SOUZA constatou que muitas vezes os

professores acreditam que as técnicas algorítmicas são necessárias e naturais e que

devem ser ensinadas e seguidas de forma rigorosa não sendo possível ensina-las de

outra maneira, pois os cálculos só poderiam ser desenvolvidos desta forma, através

dos algoritmos.

MINOTTO (2006), desenvolveu uma pesquisa com professoras do ensino

fundamental primeiro e segundo ciclo, de uma escola municipal de Curitiba/PR, em

uma parceria entre a pesquisadora e as professoras, formando um equipe de reflexão,

sobre as concepções dessas professoras acerca do ensino dos procedimentos

matemáticos envolvidos nos algoritmos convencionais da adição e da subtração com

reagrupamento. A autora constatou, através de tarefas especificas, de que forma

essas professoras exprimem suas concepções segundo o ensino das técnicas

operatórias dos algoritmos envolvidos e de que forma elas se comunicam com os

estudantes ao ensinarem os algoritmos da adição e subtração. A autora concluiu que

os professores possuem uma compreensão parcial dos procedimentos relacionados

com os algoritmos usuais e utilizavam uma linguagem verbal que comprometia o

ensino desses algoritmos em sala de aula.

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Essas pesquisas evidenciam a importância que é dada na escola aos

procedimentos convencionais de resolução das operações básicas. Muitos autores

afirmam que é possível, antes de ensinar os algoritmos das operação básicas,

incentivar os estudantes a empregar métodos próprios para resolver os problemas

propostos. Entretanto afirmam que isso não exclui o ensino dos algoritmos, portanto

ao fazer com que eles reflitam sobre as técnicas envolvidas eles podem perceber que

as técnicas algorítmicas são mais eficazes e que também “encurtam” o caminho para

a resposta.

Diante deste contexto a resolução de problemas se mostra importante, pois

a partir dela o estudante pode construir os conhecimentos matemáticos sob a

orientação do professor.

3.2.2 Aplicações (Resolução de Problemas).

De acordo com STANIC e KILPATRICK (1989) onde afirmam que os

problemas sempre estiveram presentes na história da humanidade, porem a resolução

de problemas é novidade. O interesse dos educadores pelo desenvolvimento da

habilidades de resolver problemas também é recente. O termo Resolução de

Problemas transformou-se num slogan no qual engloba uma diversidade de diferentes

visões sobre o que é educação, escolaridade, a Matemática e os motivos pelo quais

devemos ensinar matemática, no geral, e a resolução de problemas, em particular.

Essa imprecisão é ilustrada na Agenda para a acção do National Council

of Teachers of Mathematics (1980) (NCTM) que o foca da educação matemática é a

resolução de problemas. A agenda acolhe a ideia de que a resolução de problemas,

na aulas de matemática e a resolução de problemas em outras partes da vida

cotidiana estão interligadas, entretanto não é clara quanto ao seu papel sobre o que

é resolução de problemas, por qual motivo devemos faze-la ou, ainda, que posição

assume no contexto histórico, conforme discorrem STANIC e KILPATRICK (1989).

Vários exemplos podem ilustrar os problemas na história da matemática,

por exemplo, o Papiro Ahmes ou Rhind, copiado pelo escriba Ahmes, por volta de

1650 a.C, que consistia em uma coleção de problemas, um outro exemplo é o Nine

Sections, documento chinês datado de cerca de 1000 a.C.

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A resolução de problemas teve uma mudança de papel, principalmente no

último século. Os debates sobre o ensino da resolução de problemas alterou-se da

alegação de que aos estudantes devem ser apresentado problemas ou regras para a

resolução de problemas singulares para o desenvolvimento de perspectivas mais

amplas acerca da resolução de problemas.

STANIC e KILPATRICK (1989) apresentam três temas para a resolução de

problemas nos currículos escolares, são eles: resolução de problemas como contexto,

resolução de problemas como capacidade e resolução de problemas como arte.

Deste três nos interessa o terceiro tema, a resolução de problemas como

arte, pois conforme afirmam STANIC e KILPATRICK (1989) este tema apresenta uma

visão mais profunda e compreensiva da resolução de problemas nos currículos

escolares de matemática que surgiu a partir do trabalho de George Polya, que fez

ressurgir a heurística, em nosso tempo. Essa experiência de Polya, como matemático,

fez com que concluísse que essa característica rigorosa da matemática não fazia jus

a este assunto, portanto a matemática pronta e acabada requer raciocínio

demonstrativo, entretanto “o fazer” matemática exige um pensamento plausível e se

os estudante necessitam aprender o raciocínio plausível, então é este que deve ser

ensinado.

Partindo desta perspectiva de Polya a matemática baseia-se em

informações e saber fazer. Entretanto é o contrário disto que as escolas ensinam aos

estudantes. Portanto se elas não ensinarem aos estudantes a utilizar essas

informações, os mesmo irão esquece-las, ou ainda, ignora-las.

Buscando estabelecer uma correspondência entre o desenvolvimento do

pensamento cientifico e a resolução de problemas no ensino de matemática, BRASIL

(apud ALLEVATO, 2005) afirma que,

Tradicionalmente o problema é empregado, pelos professores, na verificação e na fixação da aprendizagem. Atentando, porém, para a historia das ciências, notamos que o problema antecede invariavelmente as descobertas, é o provocador dos estudos e o orientador das construções teóricas. Por que no ensino da Matemática especialmente, invertemos a ordem natural das coisas? (p. 38)

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Sob a ótica do construtivismo SANTOS (apud ALLEVATO, 2005, p. 38)

indaga sobre as atuais tendências de ensino sobre a resolução de problemas ao

afirmar que “de uma certa maneira, a ideia construtivista se apoia no próprio processo

histórico de construção do conhecimento cientifico, cujos objetos foram sendo

construídos como respostas a problemas específicos”.

É evidente que a resolução de problemas matemáticos demandam

determinados conhecimentos da linguagem matemática e de estruturas e relações

que dão suporte a matemática como área do conhecimento humano.

PONTES (apud ALLEVATO, 2005) reitera a visão das pesquisas em

educação matemática quando afirma que a resolução de problemas compõem-se num

importante foco de pesquisa, pois ela envolve processos que são inerentes a atividade

matemática.

BASSANEZI (apud ALLEVATO, 2005, p. 39) ressalta que durante o

processo de desenvolvimento da educação matemática, a inserção da resolução de

problemas e da modelagem matemática vem sendo defendida por vários

pesquisadores e eles argumentam que elas "fornecem ao estudante um rico arsenal

para entender e interpretar a própria Matemática em todas as suas facetas."

Ante ao que foi dito compete aos educadores de matemática investigar

sobre de que forma deve ser inserida a resolução de problemas nas aulas de

matemática para que a mesma faça sentido ao cotidiano dos estudantes.

3.2.2.1 O que é um problema?

Pesquisas afirma que a resolução de problemas vem sendo inserida no

currículo de matemática, entretanto o termo problema que se faz bastante presente

no cotidiano dos professores de matemática nem sempre tem seu significado

compreendido.

THOMPSON (apud PAGLIARINI 2007) realizou uma pesquisa com

professores de matemática a fim de investigar duas concepção sobre o que é

problema. A primeira concepção investigada apresenta o problema como sendo a

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"descrição de uma situação envolvendo quantidades estabelecidas, seguida de uma

pergunta sobre alguma relação entre as quantidades cuja resposta pede a aplicação

de uma ou mais operações aritméticas". Nesta concepção podemos inferir que um

problema seria uma situação com objetivo de obter uma resposta e que para resolver

esses problemas teríamos, apenas, que lembrar qual técnica é utilizada na sua

resolução. A segunda concepção investigada define problema como uma coleção de

situação que inclui quebra-cabeças, labirintos e jogos e considera que os problemas

necessitam de uma variedade de estratégias para a sua resolução, mas não

dependem de elementos conhecidos, e sim conduzem a investigação e descoberta

de novas estratégias. De modo geral contem desafios.

De acordo com POLYA (apud PAGLIARINI, 2007, p.25) "ter um problema

significa: buscar conscientemente por alguma ação apropriada para atingir um objetivo

claramente definido, mas não imediatamente atingível".

WAGNER (apud ALLEVATO, 2005) considera que um problema é

composto por duas características, a primeira é uma necessidade não satisfeita e a

segunda é que são descobertos caminhos não óbvios para a sua resolução e ainda

afirma que a situação na qual se tem controle não corresponde a um problema.

Partindo da perspectiva que assume a resolução de problemas como ponto

de partida para o ensino e aprendizagem, VAN DE WALLE (apud ALLEVATO, 2005,

p. 40) um problema é considerado como "qualquer tarefa ou atividade para a qual os

estudantes não têm regras ou métodos prescritos ou memorizados, nem há um

sentimento por parte dos estudantes de que há um método “correto” específico de

solução".

ONUCHIC (apud ALLEVATO, 2005, p. 41) evidencia sua perspectiva sobre

o que é um problema afirmando que "[...] é tudo aquilo que não se sabe fazer mas que

se está interessado em resolver". E ainda esclarece que "o problema não é um

exercício no qual o aluno aplica, de forma quase mecânica, uma fórmula ou uma

determinada técnica operatória [...]"

Assumimos essa última concepção de problemas como foco desta

pesquisa. Na qual um problema é definido como sendo aquela situação na qual o

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estudante não conhece os caminhos para sua resolução, mas que busca uma maneira

de resolve-la.

As pesquisas apontam diversas concepções sobre o que é um problema

mas há também uma preocupação destes pesquisadores em explicitar as concepções

sobre qual é o objetivo da resolução de problemas como metodologia de ensino e

aprendizagem de matemática. A seguir apresentarei algumas dessas concepções.

3.2.2.2 Objetivo da Resolução de Problemas como metodologia de ensino

Diversas pesquisas foram e continuam sendo desenvolvidas com o intuito

de compreender mais a fundo as implicações e finalidades da resolução de problemas

no ensino e aprendizagem de matemática. STANIC e KILPATRICK (1989)

desenvolveram um estudo no qual revelam as perspectivas históricas da resolução de

problemas no currículo de matemática e concluíram que essa mudanças ocorrem com

o objetivo de ajustar as diferentes visões sobre o porquê de se ensinar matemática,

de maneira geral, e resolução de problemas de maneira particular.

De acordo com ALLEVATO (2005), POLYA (1980) expôs uma série de

argumentos para o trabalho com resolução de problemas no ensino e aprendizagem

em matemática. Considera como inerente a natureza humana a capacidade de

resolver problemas e ainda afirma que ela é fundamental para o desenvolvimento da

inteligência e que compõe um dos objetivos da educação.

PAGLIARINI (2007) afirma que DANTE (2000) apresenta alguns objetivos

para a resolução de problemas, são eles: “levar o estudante a pensar produtivamente

e desenvolver o raciocínio; muni-lo de estratégias para solucionar Situações-

Problema; dar-lhe oportunidade de se envolver com aplicações da Matemática, de

enfrentar situações novas e de adquirir uma boa base matemática”. Ele ainda

categoriza os problemas em seis tipos e atribui a cada um deles um objetivo

especifico.

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Exercícios de reconhecimento: levar o estudante a identificar ou lembrar um conceito, uma definição, um fato específico, uma propriedade. Exercícios de algoritmos: treinar a habilidade de execução de um algoritmo e reforçar conhecimentos anteriores. Problemas-padrão: fixar fatos básicos e algoritmos vinculando seu emprego a situações do cotidiano; onde é preciso transformar linguagem usual em linguagem matemática. Problemas-processo ou heurísticos (ou simplesmente problemas): levar o estudante a pensar em um plano de ação e elaborar uma estratégia para chegar à solução. Estes problemas não podem ser diretamente transformados para a linguagem matemática ou solucionados por aplicação automática de um algoritmo. Iniciam o estudante no desenvolvimento de estratégias e procedimentos para solucionar Situações-Problema. Problemas de aplicação ou Situações-Problema: levar o estudante a coletar e organizar dados, “matematizar” uma situação real vivenciada diariamente e solucionar o problema utilizando a Matemática. Problemas de quebra-cabeça: através da chamada Matemática Recreativa, desenvolver no estudante a percepção, motivá-lo e desafiá-lo. (27-28) (grifo nosso)

De acordo com SCHROEDER e LESTER (apud ALLEVATO, 2005) a

resolução de problemas tem como atribuição o desenvolvimento da compreensão dos

objetos matemáticos no estudantes. Eles também defendem que indícios sobre a

compreensão, ou qualquer dificuldade relacionada com a compreensão, de objetos

matemáticos surgem quando os estudantes resolvem um problema.

Ao exporem suas considerações acerca das atribuições da resolução de

problemas, os autores evidenciam que essas atribuições são determinada pela forma

que se configura as atividades de ensino do professor de matemática, ou seja, ensinar

sobre resolução de problemas, para a resolução de problemas ou através da

resolução de problemas.

Diversas pesquisas tem sido desenvolvidas a fim de melhor compreender

e discriminar o papel que os professores de matemática conferem à resolução de

problemas no ensino de matemática, admitimos que essa compreensão se forma a

partir das perspectivas aprendidas sobre o ensino e aprendizagem de matemática

durante sua formação inicial.

Em um texto intitulado “Ensino pela resolução de problemas” VAN DE

WALLE (2001) aborda a resolução de problemas como estratégia de ensino. A partir

desta perspectiva ele afirma que os problemas devem ser propostos a fim de fazer

com que os estudantes se envolvam em atividades para refletir sobre e para

desenvolver a matemática que eles precisam aprender. E consonância com outros

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autores, VAN DE WALLE (2001) reitera a potencialidade avaliativa que a resolução

de problemas tem, pois, segundo ele, essa metodologia fornece dados contínuos para

a avaliação que podem e devem ser utilizados para tomadas de decisões

educacionais, assim como, também, ajudar os estudantes a se desenvolverem e

avaliar seu progresso.

Concordo com VAN DE WALLE (apud ALLEVATO, 2005) quando atribui à

resolução de problemas a significativa atribuição dada a avaliação no ensino.

Compreende-se avaliação no sentido mais amplo, ou seja, como instrumento que

indica a real compreensão sobre determinados objetos matemáticos, para percepção

da presença de princípios errôneas; para detecção de falhas no conhecimento; de

necessidades específicas e oportunidades de aprender; etc. este processo avaliativo

gera um reflexão por parte do professor e o mesmo pode redirecionar, as suas

condutas de ensino e aprendizagem como um todo.

Partindo das diversas pesquisas que tem como referência os pontos de

convergência entre os objetivos e as linhas gerais é possível evidenciar as diferentes

perspectivas que a resolução de problemas assume, não obstante estudiosos e

pesquisadores nem sempre evidenciam de forma explicita a forma como

compreendem a resolução de problemas como metodologia de ensino de matemática.

Essas diferentes perspectivas não são categoria isoladas, de forma que, em alguns

trabalhos percebe-se particularidades de uma em outra, muito menos essas

particularidades entre essas perspectivas são tão evidentes.

3.2.2.3 Perspectivas da Resolução de Problemas

Três perspectiva são apresentadas no trabalhos de SCHROEDER e

LESTER (apud ALLEVATO, 2005), utilizo-as por considera que são mais amplas,

abrangentes e evidentes. Levando em consideração os objetivos e linhas que

orientam a resolução de problemas, elas se referem a: ensinar sobre resolução de

problemas, ensinar para a resolução de problemas, ensinar através da resolução de

problemas.

Ao mostrar e evidenciar as particularidades de cada uma delas,

separadamente, creio que ficarão evidentes as diferenças entre essas perspectivas.

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3.2.2.3.1 Ensinar Sobre Resolução de Problemas

As diversas formar de interpretar a resolução de problemas estão aliadas a

uma ideologia ampla assumida com respeito ao ensino e aprendizagem de

matemática. Ensinar sobre resolução de problemas adequa-se a considera-la como

um novo conteúdo que tem sido associada as novas opções de ensino e

aprendizagem de matemática desenvolvidas após o Movimento da Matemática

Moderna.

LIMA (apud ALLEVATO, 2005) afirma que o ensino de matemática deve

abarcar três componentes fundamentais os quais chama de conceituação,

manipulação e aplicações. Ele explica que ao longo do período da Matemática

Moderna, nas décadas de 60 e 70, o ensino de matemática dava-se uma grande

ênfase a conceituação, em prejuízo dos outros dois componentes, sob essa

perspectiva a matemática que era ensinada nas escolas era repetição de

procedimentos e técnicas mecânicas, com pouco significado, o que hoje chamamos

de Ensino Tradicional.

O insucesso no ensino durante esse período deixou claro que o ensino de

matemática nos moldes basicamente conceitual e caracterizado pelo formalismo não

atingiu o resultado esperado. O ensino, durante o período em que se assumiu a

Matemática Moderna, preocupava-se excessivamente com as abstrações

matemáticas e apresentava uma linguagem matemática universal que, embora

concisa e precisa, caracterizava-se por adotar uma terminologia complexa que

comprometia o aprendizado, no sentido de que os alunos não conseguiam lhe atribuir

significado (ONUCHIC apud ALLEVATO, 2005)

Então os pesquisadores partiram em busca de alternativas para o ensino

de matemática. Eles voltaram-se para a resolução de problemas, em virtude da

heurística, que ganhou espaço e constituiu-se como novas estratégias e sugestões.

Durante esse período iniciou-se um processo de ensino e aprendizagem onde are

preciso ensinar os estudantes sobre resolução de problemas.

PAGLIARINI (2007) afirma que POLYA (1945) foi um dos autores que se

tornou referência nessa temática. Ele defende que para atender as particularidades

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presentes na atividade de resolver problemas é essencial adotar estratégias que

sirvam como orientação sobre como resolver problemas.

POLYA (2006) considera que resolver problemas é um dos “conteúdos” que

o professor deve ensinar aos seus alunos ou que seus alunos devem aprender. O

autor evidencia que a habilidade e a competência em resolver problemas não é uma

consequência natural do ensino e aprendizagem dos conteúdos matemáticos.

Acredita que a resolução de problemas é algo especifico a ser ensinado em sala de

aula. Segundo o autor “um dos mais importantes deveres do professor é o de auxiliar

os seus alunos” (p.1) na aprendizagem de resolução de problemas.

PAGLIARINI (2007) afirma que um dos problemas que se destaca nesse

tipo de metodologia de ensino, onde a resolução de problemas são embasadas no

domínio de passos, algoritmos para a resolução de determinada situação é o fato de

que muitos entendem que esse domínio deve ser atingido através da repetição.

ONUCHIC (apud ALLEVATO, 2005) complementam essa ideia afirmando que

No ensino por repetição o aluno era submetido a longas listas de problemas, semelhantes uns aos outros, através dos quais o aluno treinava uma determinada técnica ou estratégia de resolução. Tais listas, constituídas de problemas do mesmo tipo e que podiam ser resolvidos de modo semelhante, visavam promover a fixação do caminho adotado para se chegar à solução. Ademais, se o aluno repetisse, nas avaliações, o que o professor havia feito, concluía-se que o aluno tinha aprendido. (p. 52)

No que tange essa particularidade, vale ressaltar que a repetição de uma

estratégia ou técnica operatória, ainda que executada de forma correta, não implica

na compreensão do conceito ou objeto matemático envolvido. Portanto apesar de ter

representado uma oposição ao que se praticava com a Matemática Moderna, as

estratégias ensinadas a partir desta concepção, apresentam um caráter mecânico e

repetitivo, que muito foi criticado na Matemática Moderna. À medida que essa tinha

como finalidade estruturar o ensino de matemática a partir da teoria dos conjuntos, no

ensino sobre a resolução de problemas o ensino foi estruturado em atividades

matemática com fundamentos na estratégia e também manteve as generalidades,

desconsiderando as aplicações e desvinculando os problemas de seu contexto

específico. Os conteúdos continuaram fazendo pouco sentido para o estudante,

conforme elucida ALLEVATO (2005)

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3.2.2.3.2 Ensinar Para a Resolução de Problemas

ALLEVATO (2005) afirma que sob esta perspectiva a matemática é

considerada como utilitária, ainda que a obtenção do conhecimento matemático seja

de extrema importância, o proposito principal do ensino é ser capaz de utiliza-lo. Nesta

perspectiva o professor da ênfase no modo como a matemática que está sendo

ensinada pode ser aplicada a resolução de problemas.

Portanto percebe-se uma preocupação com o desenvolvimento da

capacidade do estudante aplicar esses conhecimentos que adquiriram em um

ambiente de resolução de problemas em outros ambientes, ou seja, ele ensina para

resolver problemas.

PENTEADO SILVA (apud ALLEVATO, 2005) desenvolveu um estudo com

professores de 5ª serie, atual 6º ano, no qual revelou que a maioria dos professores

apresenta os problemas após ensinar a parte teórica do conteúdo.

Essa visão pode fazer com que a resolução de problemas seja configurada

como uma atividade na qual os estudantes só possam realizar após a introdução de

um novo conteúdo matemático, ou ainda, somente após o exercício de alguma

habilidade algorítmica, conforme salientam SCHROEDER e LESTER e GAZIRE (apud

ALLEVATO, 2005). A vista disso a matemática é ensinada desconectada de suas

aplicações.

ALLEVATO (2005) afirma que é possível perceber que a perspectiva que é

descrita se refere à tendência que CONTRERAS e CARRILLO (1998) denominaram

tendência tecnológica na resolução de problemas. Portanto os problemas são

apresentados como questões propostas no final do conteúdo e com a aplicação da

teoria desenvolvida e exemplificada, ou seja, a resolução de problemas é utilizada

apenas para exemplificar a teoria. Neste contexto o estudante recebe o conteúdo

pronto e imita a resolução, o professor expõe e contextualiza a situação problema e

corrige as respostas dos alunos, fornecendo a forma de resolução correta. A avaliação

é um recurso utilizado para confirmar os processos considerados corretos ou

incorretos, conforme o que foi desenvolvido pelo professor.

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SANTOS (apud ALLEVATO 2005) declara que nessa abordagem, o

professor inicia o novo conteúdo através de aula expositiva, mostrando na sequência

algumas aplicações através de exemplos. Segue-se então, uma bateria de exercícios

em que o estudante deverá aplicar o novo conhecimento; são os chamados exercícios

de fixação. Para ONUCHIC (apud ALLEVATO, 2005)

Com certeza, os usos e aplicações da Matemática merecem a atenção do professor e alunos, entretanto, a Matemática não pode ser ensinada como um acessório, subordinada a seus campos de aplicação. Os conceitos, as relações entre eles e os princípios que os unificam devem ser compreendidos. (p. 54)

Compreendo que esta perspectiva da resolução de problemas contribua

para que o ensino aprendizagem de matemática seja mais interessante e munido de

significado para os estudantes, entretanto pode fazer com que os estudantes criem

uma concepção limitada da matemática, de que ela é apenas “utilitária”, ou seja, ela

sempre terá uma aplicação imediata. Esta perspectiva determina limites ao ensino e

aprendizagem da matemática, pois os problemas passam a exigir que o estudante

saiba os conteúdos matemáticos antes de aplica-los e também desconsidera o

potencial formador da matemática, pois esta perspectiva poderia ser utilizada para

desenvolver raciocínios, a capacidade de abstrair, relacionar, representar e tomar

decisões.

3.2.2.3.3 Ensinar Através da Resolução de Problemas

Dentre as ideias que foram desenvolvidas na década de 80, acerca da

resolução de problemas, não ocasionou a melhora esperada. Isso se deve à falta de

concordância que se deu através das diferentes concepções que as pessoas e grupos

tinham sobre o significado de “resolução de problemas como metodologia de ensino”.

Dentro deste contexto surgem ideias sobre a possibilidade de conceber a

resolução de problemas como ponto de partida para o ensino e aprendizagem de

matemática. Neste período foram retomadas as ideias do construtivismo, conforme as

quais os estudantes não eram mais vistos como recipientes vazios a serem

“completados” com conhecimentos, através do ensino. Antes, são indivíduos dotados

de inteligência aos quais deve-se proporcionar, através do ensino, oportunidades de

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interpretar situações ou problemas e de relembrar conhecimentos anteriores com o

intuito de construir novos conhecimentos. (ONUCHIC,1999, 2003a; ONUCHIC;

ALLEVATO, 2004; SANTOS, 2002 apud ALLEVATO (2005)

SCHOENFELD (apud ALLEVATO, 2005) defende que o ambiente da sala

de aula de matemática deve proporcionar aprendizagem significativa. Portanto o fazer

matemática deve ser considerado como um ato de fazer sentido, aliás os fatos e

procedimentos que os estudantes aprendem no ensino e aprendizagem de

matemática devem ser um meio para um fim e não um fim em si mesmo.

PAGLIARINI (2007) assegura que um exemplo encontrado em sala de aula

que comprova o que propicia o ensino aprendizagem de matemática como um fim em

si mesmo é o das longas lista de problemas sobre um determinado objeto matemático.

Verifica-se muitas vezes que os estudante aprendem de forma mecânica os

procedimentos e que se em um determinado problema necessitar de um procedimento

um pouco diferente os mesmo não são capazes de perceber, eles meramente repetem

e não fazem uma reflexão sobre o problema, ou seja, não atribuem significado aos

conceitos matemáticos envolvidos nos problemas que resolveram anteriormente.

Este exemplo nos mostra que ter o domínio de técnicas e procedimentos

formais dos objetos matemáticos não significa que o estudante realmente aprendeu

matemática que, por sua vez, é diferente de pensar matematicamente. Da forma como

compreende SCHOENFELD (apud ALLEVATO, 2005), os estudantes devem ser

levados a essa terceira atitude, ou seja, a de pensar matematicamente. Ele ainda

evidencia que aprender a pensar matematicamente engloba tanto o domínio dos fatos

e procedimentos matemáticos e desenvolver assim como compreensão de que a

matemática é ação de significação das coisas, quanto o costume de utiliza-la desta

maneira.

Em seus estudos NODDINGS (apud ALLEVATO, 2005) assinalou que falta

da sub-habilidade de operar os algoritmos era um dos aspectos que dificultavam o

aprendizado na resolução de problemas. Entretanto ele argumenta que essa sub-

habilidade não justifica o uso de extensas lista de exercícios repetitivos. Exercícios

prévios podem ser realizados com o intuito de fazer com que os estudantes

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desenvolvam essas habilidades e competências indispensáveis à compreensão de

determinados conteúdos.

Conforme NODDINGS (apud ALLEVATO, 2005) explica a percepção desta

sub-habilidade um olhar a diante, uma diagnostico das dificuldades e dos novos

conceitos a serem ensinados, de modo que estas sub-habilidades possam ser

determinadas e ensinadas ou revisadas.

SANTOS (apud ALLEVATO, 2005) afirma que a aprendizagem de novos

conhecimentos está intimamente interligada com o processo de interação entre sujeito

e objeto de estudo, e que em educação matemática estamos acostumados a falar que

o estudante aprende pela resolução de problemas e não apenas ouvindo o professor

discorrer sobre o objeto matemático em sala de aula.

SANTOS apresenta o seguinte esquema:

Fonte: ALLEVATO (2005, p. 59)

Através do esquema acima podemos perceber que o estudante é colocado

em uma situação, na qual se encontra um obstáculo que produzirá um conflito

cognitivo. Esse conflito é gerado na constatação de insuficiência ou contradições entre

os conhecimentos antigos e a situação que lhe é apresentada, a qual chamamos de

situação problema. Portanto o estudante será compelido a desenvolver novos

mecanismos e assim produzir conhecimentos para solucionar a situação problema.

Assim sendo o estudante se torna responsável pela construção de novos

conhecimentos, conforma explica SANTOS (apud ALLEVATO, 2005)

Entendo que as ideias de CAMPBELL (apud ALLEVATO, 2005) sobre o

construtivismo e a educação matemática está em conformidade com essa concepção,

pois de acordo com a autora, os objetos matemáticos devem ser investigados em

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termos da resolução de problemas a fim de que sejam significativos, levando em

consideração que a matemática é parte descoberta e parte convenção. E além disso

afirma que mesmo os problemas abstratos podem ter significado para o estudante,

desde que o mesmo compreenda o problema e se empenhe na sua resolução.

CONTRERAS e CARRILLO (apud ALLEVATO, 2005) expressam essa

perspectiva investigativa na qual o estudante aborda uma situação problema como

uma investigação. O problema passa a ter uma característica instauradora da

aprendizagem, pois são resolvidos problemas durante todo o processo de

aprendizagem em um ambiente flexível de obtenção de conhecimentos conceituais e

procedimentais. Este ambiente favorece o estudante através da construção autônoma

do conhecimento mediante situação na qual o estudante é estimulado a criar e ampliar

suas habilidades e competência através da resolução de problemas

Vale ressaltar que as demais perspectivas sobre resolução de problemas

como metodologia de ensino, não excluem as outras. Isso significa dizer que os

estudantes podem tanto aprender sobre a resolução de problemas, quando aprendem

para resolver novos problemas e à medida que aprendem através da resolução de

problemas. Podemos ainda afirmar que ao aprender através da resolução de

problemas o professor reforça as outras perspectivas.

3.3 Desenvolvendo significados para as operações

Anteriormente discorri sobre pesquisas que discutiram a evolução dos

algoritmos das operações básicas e logo após descrevi as concepções acerca da

resolução de problemas baseadas nas pesquisas desenvolvidas por diversos autores,

neste tópico irei tecer comentários sobre as estruturas dessas operação básicas com

base no que diz o autor VAN DE WALLE (2001).

VAN DE WALLE (2001) afirma que propor situações problemas

contextualizado é um método significativo de desenvolver significado para as

operações básicas.

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3.3.1 Problemas Aditivos e Subtrativos

Diversos pesquisadores estruturaram os problemas de adição e subtração

em categorias fundamentadas nos tipos de relações envolvidas. Esses problemas são

estruturados em Problemas de Reunir, Problemas de Separar, Problemas Parte-todo

e Problemas de Comparar (CARPENTER, CAREY E KOUBA, 1990; CARPENTER,

FENNEMA, FRANKE, LEVI E EMPSON, 1999; GUTSTEIN E ROMBERG, 1995 apud

VAN DE WALLE 2001, p.168)

3.3.2 Problemas de Reunir

Para ato de reunir ou acrescentar, existem três quantidades envolvidas, são

elas: a quantidade inicial ou de partida, uma quantidade de mudança, ou parte

acrescentada e a quantidade resultante ou a quantidade final após a ação ser

realizada. Qualquer uma dessas três quantidade podem ser desconhecidas, como

mostra os exemplos abaixo. (VAN DE WALLE, 2001)

Quadro 4: Tipos e exemplos de problemas de reunir

Problemas de Reunir

Resultado Desconhecido

Sandra tinha 8 reais. Jorge lhe deu mais 4, com quantos reais Sandra ficou?

Mudança Desconhecida

Sandra tinha. Jorge lhe deu um pouco mais. Agora Sandra tem 12 reais. Quanto Jorge lhe deu?

Valor Inicial Desconhecido

Sandra tinha alguns reais. Jorge lhe deu mais 4. Agora Sandra tem 12 reais. Quantos reais Sandra tinha no início?

Fonte: VAN DE WALLE, 2001, p.169

3.3.3 Problemas de Separar

Para a ação de separar, a quantidade inicial é o todo ou a maior parte,

enquanto nos problemas de reunir o resultado era o todo. Neste tipo de problema,

existem três quantidades envolvidas, são elas: a quantidade inicial ou de partida, uma

quantidade de mudança ou parte separada e a quantidade resultante ou a quantidade

final após a ação ser realizada. Qualquer uma dessas três quantidades podem ser

desconhecidas, como mostra os exemplos abaixo

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Quadro 5: Tipos e exemplos de problemas de separar

Problemas de Separar

Resultado Desconhecido

Sandra tinha 12 reais. Ela deu 4 reais para Jorge. Quantos reais Sandra tem agora?

Mudança Desconhecida

Sandra tinha 12 reais. Deu alguns reais para Jorge. Agora tem 8 reais. Quantos reais ela deu a Jorge?

Valor Inicial Desconhecido

Sandra tinha alguns reais. Ela deu 4 a Jorge. Agora Sandra tem 8 reais. Quantos reais Sandra tinha no início?

Fonte: VAN DE WALLE, 2001, p.169-170

3.3.4 Problemas de Parte-todo

Os problemas de Parte-todo possuem duas partes que são combinadas em

um todo. Essa combinação pode ser um ação física ou metal onde as partes não são

fisicamente combinadas. Não existe distinção significativa entre as partes um uma

situação parte-todo. Para as possibilidades, todo desconhecido e parte desconhecida,

serão mostrados em dois exemplos.

Quadro 6: Tipos e exemplos de problemas de Parte-todo

Problemas de Parte-todo

Todo Desconhecido

Sandra tem 4 bolas azuis e 8 bolas vermelhas. Quantas bolas ela tem?

Jorge tem 4 reais e Sandra tem 8 reais. Eles colocaram seu dinheiro em um cofrinho. Quantos reais eles guardaram no cofrinho?

Parte Desconhecida

Sandra tem 12 bolas. Oito de sua bolas são azuis e as restantes vermelhas. Quantas bolas vermelhas Sandra tem?

Jorge e Sandra colocaram 12 reais no cofrinho. Jorge colocou 4 reais. Quantos reais Sandra colocou?

Fonte: VAN DE WALLE, 2001, p.170

3.3.5 Problemas de Comparação

Os problemas de comparação envolvem comparar duas quantidades. A

terceira quantidade não existe realmente, entretanto é a diferença entre as outras

duas. Esses problemas são divididos em três tipos que corresponde a quantidade

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desconhecida, a menos, a maior ou a diferença. Serão apresentados dois exemplos

para cada um dos três tipo. Um problema onde a diferença é declarada a partir da

maior e outra da menor.

Quadro 7: Tipos e exemplos de problemas de Comparação

Problemas de Comparação

Diferença Desconhecida

Jorge tem 12 reais e Sandra tem 8 reais. Quantos reais a mais tem Sandra?

Jorge tem 12 reais. Sandra tem 8 reais. Quantos reais a menos Sandra tem de Jorge?

Maior Valor Desconhecido

Jorge tem 4 reais a mais que Sandra. Sandra tem 8 reais. Quantos reais Jorge possui?

Sandra tem 4 reais a menos que Jorge. Sandra tem 8 reais. Quantos reais Jorge possui?

Manor Valor Desconhecido

Jorge tem 4 reais a mais que Sandra. Jorge tem 12 reais. Quantos reais Sandra possui?

Sandra tem 4 reais a menos que Jorge. Jorge tem 12 reais. Quantos reais Sandra possui?

Fonte: VAN DE WALLE, 2001, p. 170

A Figura 5: Estrutura Básica para problemas de Adição e Subtração

apresenta a estrutura básica para os problemas de adição e subtração.

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Fonte: VAN DE WALLE, 2001, p. 169

De acordo com VAN DE WALLE (2001) os vários tipos de problemas

apresentados não possuem os mesmo níveis de dificuldades para os estudantes.

Dentre esses problemas os de mudança, na qual a parte inicial é desconhecida estão

entre os mais difíceis, presumivelmente porque ao tentar resolver o problema, os

estudantes não saibam com quantos contadores começar. Os problemas em que as

quantidades de mudança são desconhecidas também são difíceis.

Muitos estudantes terão a tendência de resolver os problemas de

comparação como se fossem problemas “parte-todo” sem formar conjuntos separados

de contadores para as duas quantidades, afirma VAN DE WALLE (2001)

3.4 Problemas de Multiplicação e Divisão

Assim como os problemas de adição e subtração, os problemas de

multiplicação e divisão, também possuem uma estrutura básica. Os pesquisadores

Figura 5: Estrutura Básica para problemas de Adição e Subtração

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assinalam quatro classes diferentes para as estruturas multiplicativas3, são elas

grupos iguais, adição repetida e taxas, e comparação multiplicativa. (GREER apud

VAN DE WALLE, 2001).

VAN DE WALLE (2001) afirma que esses tipos de problemas são

enquadrados nessas estruturas, pois podem ser modelados com conjuntos de

contadores, retas numéricas ou arranjos. E que esse tipo de problemas são

encontrados em maior quantidade no mundo real.

3.4.1 Tipos de Estrutura para problemas multiplicativos

VAN DE WALLE (2001) diz que em problemas multiplicativos os fatos

enumera quantos conjuntos, grupos ou partes de mesmo tamanho são

compreendidos. O outro fator determina o tamanho de cada conjunto ou parte.

Chamamos tradicionalmente esses dois fatores de multiplicador, número de partes, e

multiplicando, tamanho de cada parte. O terceiro valor em cada uma dessas duas

estruturas é o produto e o total das partes. Ao estabelecer uma conexão entre as

partes e o todo tona-se útil quando se fala em adição.

Fonte: VAN DE WALLE, 2001, p. 177

3 O termo Multiplicativo é utilizado, aqui, para descrever todos os problemas que envolvam estruturas de multiplicação e divisão. VAN DE WALLE (2001, p. 177)

Figura 6: Estrutura Básica para problemas de Multiplicação e Divisão

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3.4.2 Problemas de Grupos Iguais

VAN DE WALLE (2001) afirma que nesse tipo de problema quando a

quantidade e o tamanho dos grupos são conhecidos é um problema de multiplicação,

e que quando a quantidade de conjuntos ou o tamanho dos conjuntos é desconhecida

caracteriza uma divisão. Observa-se que estas duas situações são diferentes. Os

problemas em que o tamanho do conjunto é desconhecido são chamados de

problemas de partição ou de compartilhar. Já quando a quantidade de conjuntos é

desconhecida, porem o tamanho dos conjuntos iguais é conhecido, os problemas são

chamados de problemas de medida ou, as vezes, de problemas de subtração

repetida.

Quadro 8: Tipos e exemplos de problemas de Grupos Iguais

Problemas de Grupos Iguais

Todo Desconhecido

(Multiplicação)

Marcos tem 4 sacos de maças. Existem 6 maçãs em cada saco. Quantas maçãs Marcos tem ao todo?

Se Cada maça custa 7 centavos, quanto Jill terá que pagar por 5 maças? (Taxa)

Pedro caminhou durante 3 horas a 4 quilômetros por hora. Que distância ele caminhou?

Tamanho dos grupos

desconhecidos

(Divisão-Partição)

Marcos tem 24 maçãs. Ele quer distribui-las igualmente entre seus 4 amigos. Quantas maças cada amigo receberá?

Jill pagou 35 centavos por 5 maças. Quanto custa 1 maça? (Taxa)

Pedro caminhou 12 quilômetros em 3 horas. Quantos quilômetros por hora (rapidez) ele caminhou? (Taxa)

Número de grupos desconhecidos

(Divisão - Medida)

Marcos tem 24 maças. Ele as colocou em sacos contendo 6 maças cada. Quantos sacos marcos usou?

Jill comprou cada maçã a 7 centavos. O total de suas maçãs foi 35 centavos. Quantas maças Jill comprou? (Taxa)

Pedro caminhou 12 quilômetros a um ritmo de 4 quilômetros por hora. Quantas horas Pedro demorou para caminhar os 12 quilômetros? (Taxa)

Fonte: VAN DE WALLE, 2001, p. 178

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3.4.3 Problemas de Comparação Multiplicativa

Assim como no problemas de adição e subtração, nos problemas de

comparação multiplicativa existem dois conjuntos diferentes. Um desses conjuntos

equivale a múltiplas cópias dos outros. Nos problemas aditivos e subtrativos a

comparação é uma diferença, em problemas multiplicativos, a comparação baseia-se

em um conjunto sendo o múltiplo do outro.

Quadro 9: Tipos e exemplos de problemas de Comparação Multiplicativa

Problemas de Comparação Multiplicativa

Produto Desconhecido

(Multiplicação)

Jill pegou 6 maçãs. Marcos pegou 4 vezes tantas maçãs quanto Jill. Quantas maças arco pegou?

Este mês, marcos economizou 5 vezes a quantidade de dinheiro que no mês passado. Se no mês passado ele economizou R$7,00. Quanto dinheiro marcos economizou este mês?

Tamanho do conjunto

desconhecido

(Divisão-Partição)

Marcos colheu 24 maçãs. Ele colher 4 vezes a quantidade de maçãs que Jill colheu. Quantas maçãs Jill colheu?

Este mês marcos economizou 5 vezes a quantidade de dinheiro que ele conseguiu no mês passado. Se ele economizou R$35,00 neste mês, quanto ele economizou no mês passado?

Multiplicador desconhecido

(Divisão - Medida)

Marcos colheu 24 maçãs e Jill apenas 6. Marcos colheu quantas vezes a quantidade que Jill colheu?

Neste mês marcos economizou R$35,00. No mês passado ele economizou R$7,00. Quantas vezes a quantidade do mês passado ele economizou este mês?

Fonte: VAN DE WALLE, 2001, p. 178

VAN DE WALLE (2001) alerta para a forma como muitos professores

abordam o ensino da multiplicação e divisão. Essas duas operação são normalmente

ensinadas de maneira separadas, primeiro a multiplicação e logo após a divisão. O

autor afirma que é importante combinar o ensino dessas duas operações. Uma vez

que a divisão pode ser ensinada logo após a introdução da multiplicação e isso

colabora para que os estudantes percebam como elas são relacionadas.

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4 Metodologia

Durante minha trajetória no Curso de Licenciatura Plena em Matemática,

pela Universidade do Estado do Pará, mais precisamente ao final do 1º ano de curso,

tive a oportunidade de participar no Projeto Mais Educação, do Governo Federal, em

uma Escola Público Estadual de Ensino Fundamental. Participei desse projeto por

aproximadamente dois anos e meio e no decorrer do mesmo, trabalhei ministrando

aulas de Reforço e, eventualmente, substituía professores que por algum motivo

deixavam de ir ministrar as suas aulas, mas sempre tralhando as dificuldades que os

estudantes demonstravam.

Eram as turmas do 6º e 9º ano que frequentemente eu ministrava aulas,

mas também trabalhei com turmas das outras series. Durante essas aulas percebi que

os estudantes apresentavam diversas dificuldades na resolução de situações

problemas envolvendo as quatro operações básicas ou que não conseguiam

desenvolver determinados conteúdos, pois os mesmo apresentavam dificuldades

nessas operações.

A princípio essas questões me levaram a suscitar sobre o quanto desse

conteúdo os estudantes retinham até o 1º ano do ensino médio? A partir desse

questionamento decidi investigar essa questão, com o objetivo geral de diagnosticar

algumas dificuldades que os estudantes do 1º ano do ensino médio apresentam

ao resolver situações problemas envolvendo as operações básicas. Pois

supunha que ao transcorrer o ensino fundamental o estudante superaria as

dificuldades em operar os algoritmos e resolver situação problemas da adição,

subtração, multiplicação e divisão e ainda que no decorrer dos estudos no ensino

médio, as operações básicas serviriam de suporte para os demais conteúdos.

Portanto dentro dessa temática, decidi investigar alguns objetivos

específicos, sendo eles: elaborar e propor questões problemas visando identificar

algumas dificuldades apresentadas por esses estudantes ao resolver situações

problemas envolvendo as operações básicas e, ainda, quais as principais

dificuldades apresentadas durante a resolução de situações problemas

envolvendo as operações básicas.

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Em consequência da natureza dessa pesquisa optei fazer uma pesquisa

de campo com uma abordagem quantitativa.

Foram escolhidos para o desenvolvimento desta pesquisa estudantes do

1º ano do Ensino médio. E se desenvolveu em três escolas distintas, escolhidas de

forma aleatória, pois necessitava abranger uma quantidade significativa de

estudantes, na maior diversidade possível, a fim de conhecer a variedade de

dificuldade e erros possíveis, cometidos pelos estudantes. Em cada escola foi

escolhida uma turma. As Escolas escolhidas se distribuem em duas escolas público

estadual, que chamarei de A e B e uma pública federal, que chamarei de C, da rede

em ensino da cidade de Belém, no estado do Pará.

Com o intuito de aferir quais são as dificuldades abrangendo todas as

operações básicas, e ainda, determinar essas dificuldades a partir da operação

isolada até as situações problemas que envolvessem uma combinação, mais de duas,

dessas operações, dividi as situações problemas em três grupos:

Grupo A: operações isoladas, ou seja, somente adição ou subtração ou

multiplicação ou divisão.

Grupo B: operação combinada com e sua “inversa”, ou seja, adição e

subtração e multiplicação e divisão.

Grupo C: mais de duas operações combinadas, ou seja, a situação

problemas poderia conter três ou mais operações.

Partindo da determinação desses três grupos, decidi organizar as

operações básicas em sete categorias, relativo às operações envolvida na, possível,

resolução das situações problemas, sendo:

Categoria 1 (C1), somente Adição;

Categoria 2 (C2), somente Subtração;

Categoria 3 (C3), somente Multiplicação;

Categoria 4 (C4), somente Divisão;

Categoria 5 (C5), combinação de Adição (C1) e Subtração (C2);

Categoria 6 (C6), combinação de Multiplicação (C3) e Divisão(C4);

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Categoria 7 (C7), formada a partir da combinação das Categorias 1

e/ou 2 e 3 e/ou 4.

Tabela 3: Quadro relativo à Grupo X Categoria

Grupo Categoria

A C1, C2, C3 e C4

B C5 e C6

C C7

Foram selecionadas uma questão das categorias C1, C2, C3, C4, duas da

C5, duas da C6 e duas da C7, totalizando 10 situações problemas.

Ao todo foram aplicados 81 testes. Sendo na Escola Estadual A, 34 testes,

na escola estadual B, 13 testes e 34, na escola C. Os estudantes dispuseram de 60

minutos para realizar a tarefa. Que foi aplicado no segundo semestre de 2012.

4.1 Descrição do Teste

As questões de 1 a 4 estão inseridas no Grupo A e subdivididas em 4

categorias, citadas acima. De modo geral essas questões abordam somente uma

operação básica em sua resolução, ainda que apresentem algumas diferenças entre

si. Todas possuem como objetivo de avaliar o domínio da operação em questão, com

algumas diferenças entre si.

Na questão 1, que aborda o conteúdo de adição, a dificuldade adicional é

avaliar se o estudante é capaz de orientar-se, no sentido horário e anti-horário e se

trata de um problema com estrutura do tipo parte-todo com o todo desconhecido.

Já a questão 2, que aborda o conteúdo de subtração, exige que o estudante

seja capaz de, utilizando um recurso gráfico, modelar o problema exposto no texto, a

resolução deste problema possui duas etapas para a sua resolução, são dois

problemas estruturados como um problema de comparação do tipo diferença

desconhecida.

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A questão 3, que aborda a conteúdo de multiplicação, o estudante terá que

perceber as duas relação presente no problema, essas duas relação são estruturadas

em problema de comparação multiplicativa do tipo grupos iguais e todo desconhecido.

E por último, no grupo A, a questão 4, que aborda o conteúdo de divisão

com resto, o estudante deverá perceber a relação entre as duas grandezas presente

no texto do problemas, e ainda, perceber que o resto dessa divisão também faz parte

da pergunta, portanto é parte integrante da solução e é um problema de grupos iguais

do tipo número de grupos desconhecidos, divisão medida.

As situações problemas de 5 a 8, estão inseridas no Grupo B.

As questões 5 e 6, que abordam os conteúdos de adição e subtração,

simultaneamente, têm como objetivo avaliar a capacidade do estudante em perceber

as relações soma de adição e subtração contidas nas situações problemas e

apresentar sua solução. Na questão 5 o subitem “a” é um problemas aditivo,

estruturado em problemas do tipo Parte-todo com o todo desconhecido. O item “b”,

que possui duas etapas em sua resolução, é estruturado em problemas de comparar

do tipo diferença desconhecida, primeira etapa, e problemas parte-todo do tipo todo

desconhecido, na segunda etapa. O item “c” é um problema de comparar do tipo parte

todo. A resolução da questão 6 é dividida em duas etapas, a primeira, é um problema

de parte-todo do tipo todo desconhecido e a segunda é um problema de separar com

resultado desconhecido.

As questões 7 e 8, que abordam o conteúdo de multiplicação e divisão,

simultaneamente, e tem como objetivo avaliar se o estudante é capaz de perceber as

relações do problema e que seria utilizado as operações de multiplicação e divisão

para solucionar o problema. A questão 7 tem sua resolução dividida em duas etapas,

sendo a primeira, um problema de comparação multiplicativa do tipo todo

desconhecido e a segunda problema de grupos iguais do tipo número de grupos

desconhecidos (divisão-medida). Já a questão 8 também possui duas etapas em sua

resolução, a primeira é um problema de grupos iguais do tipo número de grupos

desconhecidos (divisão-medida) e a segunda problemas de comparação multiplicativa

do tipo produto desconhecido.

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O Grupo C é formado pelas questões 9 e 10. Essas situações problemas

abordam o conteúdo de adição, subtração e multiplicação simultaneamente.

A questão 9 tem como objetivo avalizar se o estudante é capaz de compor

o valor salário de um funcionário. Nesta questão o estudante teria que compor o

salário de um vendedor. Este salario é subdividido em três valores, sendo a parte fixa

(PF), recebida independentemente da quantidade de revistas vendidas, e duas partes

variáveis, relacionada com o total de assinaturas vendidas, a primeira parte variável

(PV1), é referente as primeiras 50 assinaturas vendidas, e a segunda parte variável

(PV2) se refere a quantidade vendida acima das 50 primeiras. Portanto o salário

mensal do vendedor era composto desta forma: Salário = 𝑃𝐹 + 𝑃𝑉1 + 𝑃𝑉2. Este

problema pode ser subdividido em quatro partes. A primeira seria calcular a

quantidade de revistas vendidas acima das 50 primeiras, portanto um problema de

comparar do tipo diferença desconhecida. A segunda é calcular PV2, que é um

problema de grupos iguais do tipo todo desconhecido (multiplicação). A terceira etapa

é calcular PV1, e em um problema de grupos iguais do tipo todo desconhecido

(multiplicação). A quarta, e última, etapa é um problema de adição do tipo parte-todo

com o todo desconhecido.

A questão 10 tem como objetivo avaliar a capacidade do estudante em

perceber a relação entre Receita, Custo e Lucro. Esta questão pode ser dividida e três

etapas, calcular a receita (R), calcular a despesas (D) e, por último o lucro (L). O

cálculo da receita pode ser classificado como um problema de comparação

multiplicativa do tipo produto desconhecido. A despesa é subdividida em 2 etapas, a

primeira calcular o custo variável (CV), problema de comparação multiplicativa do tipo

produto desconhecido, e adicionar as custo fixo (CF), problema de adição parte-todo,

do tipo todo desconhecido. O cálculo do lucro pode sem entendido como um problema

subtrativo de comparar do tipo diferença desconhecida.

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5 Analise dos resultados

Os dados serão analisados segundo as principais dificuldades cometidos

durante a resolução de situações problemas e juntamente será feita o comentário das

dificuldades apresentadas pelos estudantes ao resolver situações problemas

envolvendo as operações básicas.

5.1 Analise dos erros e dificuldades

A análise das dificuldades apresentadas pelos estudantes tem como

finalidade buscar através das situações problema resolvidas o entendimento de quais

são as dificuldades apresentadas pelos estudantes, assim como, destacar os erros

cometidos.

Durante a aplicação do teste foram encontrados 5 tipos de dificuldades, a

dizer: Dificuldade de interpretação incorreta da questão, dificuldade de tabuada,

questão incompleta, dificuldade de operação e dificuldade conceitual.

O gráfico abaixo mostra a totalidade das dificuldades apresentadas pelos

estudantes.

Fonte: Dados da Pesquisa

Através do gráfico acima, podemos perceber que 56% das dificuldades

apresentadas foram que os estudantes não conseguiram interpretar corretamente o

comando da situação problema proposta. Esse tipo de dificuldade está presente em

todas as questões. O segundo tipo de dificuldade mais frequente foi a de falta de

Interpretação Incorreta

56%

215%

Interpretação Parcial

12%

49%

58%

Gráfico 1: Relação percentual das dificuldades apresentadas

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domínio em Tabuada, 15% das dificuldades apresentadas, presente em nove das dez

questões propostas. O terceiro tipo de dificuldade foi devido ao fato de o estudante

não completar a resolução da questão, que denominei de “Questão incompleta”, 12%,

essa dificuldade está presente em seis dentre todos os problemas propostos. A quarta

dificuldade apresentada de operação, 9 %, encontrado em seis questões e, por último,

a dificuldade encontrada, em menor quantidade, foi o de tabuada, 8%, frequente em

nove problemas.

5.1.1 Dificuldade de Interpretação Incorreta da situação problema

Esse tipo de dificuldade é caracterizada como sendo proveniente da

interpretação inadequada da situação problema proposta, ou seja, o estudante não

conseguiu relacionar o texto escrito com os conceitos matemáticos envolvidos na

situação problema, em consequência disso efetuou procedimentos incorretos para

responder a pergunta do problema.

Tabela 4: Quantidade de dificuldade de Interpretação Incorreta.

Questão 1

2 3 4 5

6 7 8 9 10 a) b) c) d) a) b) c)

Quant. de Erros 24 29 25 29 24 3 4 10 15 14 2 4 2 24 4

Fonte: Dados da Pesquisa

Através da Tabela 4: Quantidade de dificuldade de Interpretação Incorreta,

acima, se percebe grande incidência deste tipo de dificuldade nas questões 1, em

todos os itens, 2, 5, em todos os itens e 9.

Vejamos abaixo alguns exemplos que mostram a dificuldade de

interpretação da situação problema cometido durante a resolução das situações

problemas.

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5.1.1.1 Comentário da Questão 1

A Questão 1, possui uma imagem (Figura 7: Imagem questão 1), na qual

um pentágono irregular em que cada vértice representa cinco cidades e que indica

qual a distância em cada trecho e pede para se determinar a distância que um carro

percorre entre dois ou mais trechos. Nessa questão o estudante precisaria de duas

habilidades, a primeira consistiria em orientar-se com relação ao ponto de partida e

destino, pois necessita obrigatoriamente percorrer os trechos indicados, a segunda

seria operar a adição. Essa questão possui quatro itens. Esta questão, em todos os

seus subitens, é classificada como um problema do tipo parte-todo com o todo

desconhecido.

Fonte: Dados da Pesquisa

O item “a” pergunta-se a distância de A até D passando por B e C, neste

item espera-se que o estudante calcule, utilizando a operação de adição, a da

distância entre os trechos AB + BC + CD, são as partes, e o resultado da soma destas

parte é 1.005 Km, que representa o todo.

No item “b” pergunta-se a distância de A até D passando por E, neste item

espera-se que o estudante calcule, utilizando a operação de adição, a distância entre

os trechos AE + ED, são as partes, e o resultado da soma destas parte é 955 Km, que

representa o todo. Observa-se que os itens “a” e “b”, possuem a mesma pergunta, ir

de A até D, porém em sentidos contrários, portanto, espera-se que o estudante faça

essa distinção.

No item “c” pergunta-se a distância de A até D passando por B e voltando

até C, neste item espera-se que o estudante calcule, utilizando a operação de adição,

a adição da distância entre os trechos AB + BC + CD + DC, são as partes, esse item

possui uma dificuldade adicional, pois o estudante precisa perceber que a distância

Figura 7: Imagem questão 1

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entre C e D é a mesma que D e C, portanto este trecho seria somado duas vezes, o

resultado da soma das parte é 1.397 Km, que representa o todo.

No item “d” pergunta-se a distância de B até E passando por D, neste item

espera-se que o estudante calcule, utilizando a operação de adição, a adição da

distância entre os trechos BC + CD + DE, esse item possui uma diferença dentre os

demais, pois nesse caso parte-se de “B”, anteriormente o ponto de partida era o ponto

“A”, este item seria solucionado caso o estudante operasse a adição entre os trechos

BC + CD + DE e o resultado da soma destas parte é 1.237 Km, que representa o todo.

Figura 8: Exemplo de dificuldade na Questão 1

Fonte: Dados da Pesquisa

Nessa questão o estudante interpretou, no item a, que os valores, 406, 207,

392 e 638, representariam os “pontos” A, B, C e D, respectivamente, e fez a adição

desses pontos, chegando à resposta de 1643 km. A dificuldade encontrada neste

subitem pelo estudante, foi que ele não percebeu que esses valores representavam a

distância entre duas cidades e não um valor dado para cada cidade, ponto, portanto

sua interpretação foi incorreta.

Aplicando o mesmo raciocínio que o estudante apresentou outros itens,

podemos identificar seu modo de “pensar”. Pois no item “b” efetuou a soma, 𝐴 + 𝐸 +

𝐷 = 406 + 317 + 638 = 1.361 𝑘𝑚, no item “c”, 𝐴 + 𝐵 + 𝐶 + 𝐷 + 𝐶 = 406 + 207 +

392 + 638 + 392 = 2.033 𝑘𝑚 e no item “d”, 𝐵 + 𝐶 + 𝐷 + 𝐸 + 𝐷 = 207 + 392 + 638 +

317 + 638 = 2.192 𝑘𝑚.

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5.1.1.2 Comentário da Questão 2

A Questão 2, esta descreve quatro cidades disposta em linha, A, B, C e D,

nessa ordem, ao longo de uma rodovia. Informavam-se as distâncias entre as cidades

A e C, B e D e A e D, perguntava-se a distância entre as cidades B e C. Nesta questão,

dentre as respostas possíveis, o estudante precisa resolver dois problemas de

comparação, do tipo diferença. A primeira seria calcular a diferença entre as distâncias

das cidades C e D, conjunto menor, e a distância das cidades A e D, conjunto maior,

encontrando a distância entre C e D, diferença, que resulta em 30 km. Após isso

efetuaria uma nova comparação entre a distância das cidades B e D, conjunto maior,

e C e D, conjunto menor, teria como resposta a distância entre as cidades B e C, 15

km, diferença.

Figura 9: Exemplo de dificuldade na Questão 2

Fonte: Dados da Pesquisa

Nessa questão a dificuldade de interpretação ficou evidente, pois no

comando da questão foi apresentado o texto: “As quatro cidades A, B, C e D foram

construídas à beira de uma rodovia reta”. A imagem mostra que o mesmo teve

dificuldade em compreender o texto da situação problema, portanto devido a isso

interpretou de maneira inadequada o problema o que ocasionou a resolução incorreta.

5.2.1.3 Comentário da Questão 9

Este salario é subdividido em três valores, sendo a parte fixa (PF), no valor

de R$ 600,00, recebida independentemente da quantidade de revistas vendidas, e

duas partes variáveis, relacionada com o total de assinaturas vendidas, a primeira

parte variável (PV1), é referente as primeiras 50 assinaturas vendidas e seria pago R$

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15,00 por cada assinatura, e a segunda parte variável (PV2) se refere a quantidade

vendida acima das 50 primeiras vendidas e seria pago R$ 20,00 por cada assinatura.

Portanto o salário mensal do vendedor é composto desta forma: Salário = 𝑃𝐹 + 𝑃𝑉1 +

𝑃𝑉2.

Este problema pode ser subdividido em quatro partes. A primeira seria

calcular a quantidade de revistas vendidas acima das 50 primeiras, sendo 82 o

conjunto maior e 50 o conjunto menor e a diferença seria 32, portanto um problema

de comparar do tipo diferença desconhecida. A segunda é calcular PV2, que é um

problema de grupos iguais do tipo todo desconhecido (multiplicação). Sendo o

“número de conjuntos” o valor 32 e os “conjuntos iguais” o valor pago por assinatura

vendida, R$ 20,00. A terceira etapa é calcular PV1, um problema de grupos iguais do

tipo todo desconhecido (multiplicação), sendo o “número de conjuntos” o valor 50 e os

“conjuntos iguais” o valor pago por assinatura vendida, R$ 15,00. A quarta, e última,

etapa é um problema de adição do tipo parte-todo com o todo desconhecido, sendo

PF, PV1 e PV2 as partes e o salário o todo.

A Figura 10: Exemplo de dificuldade na Questão 9 e a Figura 11: Exemplo

de dificuldade na Questão 9 representam formas diferentes do mesmo erro cometido.

Figura 10: Exemplo de dificuldade na Questão 9

Fonte: Dados da Pesquisa

O estudante interpretou que o salário era composto através da soma da

parte fixa (𝑅$ 600,00) com a parte variável (82 × 𝑅$ 20,00 = 𝑅$1.640,00). Ele não

interpretou que a parte variável era composta por duas partes, a primeira é referente

às 50 primeiras assinaturas (50 × 𝑅$ 15,00 = 𝑅$ 750,00) e a segunda é sobre a

quantidade adicional de assinaturas vendidas (82 − 50) × 𝑅$20,00 = 𝑅$ 640,00.

Totalizando 𝑅$ 2.240,00

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Figura 11: Exemplo de dificuldade na Questão 9

Fonte: Dados da Pesquisa

Esta dificuldade é semelhante à anterior, em ambas foi interpretado que a

parte variável era composta de uma única forma, e não de duas maneiras como a

interpretação adequada da questão indicava. Podemos perceber que o estudante

interpretou da seguinte maneira o salário é igual à parte fixa, (𝑅$ 600,00) somada com

a parte variável, 82 × 𝑅$20,00 = 𝑅$1. 640,00, totalizando 𝑅$ 2.990,00

Em ambos os erros o estudante não teve dificuldade em perceber que o

salário era composto através da soma das partes, fixa e variável, entretanto não

conseguiu perceber que a parte variável era composta em duas etapas, uma para as

50 primeiras assinaturas vendida e outra para as assinaturas adicionais vendidas.

5.2.1.4 Comentário da Questão 5

A questão 5 apresenta uma esquema (Figura 12: Imagem da Questão 5)

que representa uma estrada, na qual estão dispostas 5 cidades. Posiciona-se a cidade

B no Km 98, desta estrada e afirma que partindo de B e andando 127 km, chega-se a

D e voltando 49 km, chega-se a C. e pergunta-se a distância entre as cidades A e D,

item “a”, A e C, item “b” e B e C, no item “c”.

Figura 12: Imagem da Questão 5

Fonte: Dados da Pesquisa

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Essa questão exige do estudante a habilidade de:

No item “a”, que aborda um problema do tipo parte-todo com o todo

desconhecido, ele teria que perceber a distância entre as cidades A e D, todo, é dado

pela soma das distância entre as cidades A e B, parte, e a distância entre B e D, parte,

𝐴𝐵 + 𝐵𝐷 = 98 + 127 = 225 𝑘𝑚.

O item “b”, que aborda um problema do tipo comparação com a diferença

desconhecida, a distância entre as cidades A e D representa o conjunto maior, que foi

calculada no item “a”, já a distância entre as cidades C e D representa o conjunto

menor e a diferença é dada ela subtração do conjunto maior pelo menor.

Resumidamente a operação ficaria assim: 𝐴𝐷 − 𝐶𝐷 = 225 − 49 = 176 𝑘𝑚

O item “c”, também aborda um problema do tipo comparação com a

diferença desconhecida, a distância entre as cidades B e D representa o conjunto

maior, já a distância entre as cidades C e D representa o conjunto menor e a diferença

é dada ela subtração do conjunto maior pelo menor. Resumidamente a operação

ficaria assim: 𝐵𝐷 − 𝐶𝐷 = 127 − 49 = 78 𝑘𝑚

Figura 13: Exemplo de dificuldade na questão 5

Fonte: Dados da Pesquisa

Nesse item o estudante considerou que o conjunto maior seria a distância

entre as cidades A e C, 176 km, e o conjunto menor a distância entre as cidades C e

D, 49 km, e efetuou a diferença entre esses conjuntos e chegou ao valor 127 km como

resposta. A dificuldade geradora do erro consistiu em não perceber que a distância

entre as cidades B e D representa o conjunto maior.

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5.2.2 Dificuldade de Tabuada

Este tipo de dificuldade ficou caracterizado como sendo o proveniente de

algum erro no algoritmo das operações de adição, subtração, multiplicação e divisão

no desenvolvimento dessas operações.

Tabela 5: Quantidade total de dificuldade de tabuada

Questão 1

3 4 5

6 7 8 9 10 a) b) c) d) a) b) c)

Quant. de Erros 0 3 1 4 4 11 5 8 4 4 1 3 3 7

Fonte: Dados da Pesquisa

Percebemos através da Tabela 5: Quantidade total de dificuldade de

tabuada uma grande ocorrência deste tipo de erros nas questões 4, 5, item “b”, 10, 5,

item “a”.

Comentaremos algumas das dificuldade de tabuada encontradas.

5.2.2.1 Dificuldade na Adição

Figura 14: Exemplo de dificuldade de adição

Fonte: Dados da Pesquisa

Durante a resolução desse algoritmo o estudante “esqueceu” de adicionar

o um que foi na soma de 6 + 6 e em virtude disso não somou o um que foi com o um

da casa do milhar, caracterizando assim a dificuldade de tabuada. Esse erro pode ter

sido cometido devido a falta de atenção do estudante.

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Figura 15: Exemplo de dificuldade de adição

Fonte: Dados da Pesquisa

Nesse caso o estudante “esqueceu” de somar o “um” que foi da soma de

8 + 7, apesar de tê-lo representado em seu algoritmo, portanto ele deveria ter feito à

soma 9 + 2 + 1 = 12.

5.2.2.2 Dificuldade na Subtração

Figura 16: Exemplo de dificuldade na subtração

Fonte: Dados da Pesquisa

Ao efetuar a subtração acima, em destaque, o estudante efetuou a

subtração de 5 − 0 = 5, cada das unidades, corretamente, mas não fez a subtração

da casa das dezenas 9 − 8 = 1, de forma correta. Observa-se ao lado a subtração de

“50 − 45” efetuada de forma correta, inclusive a operações de reserva, “empresta um”,

como é comumente chamada. Portanto um falta de atenção pode ter causado o

equívoco do estudante.

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Figura 17: Exemplo de dificuldade na subtração

Fonte: Dados da Pesquisa

Neste caso o estudante efetuou a subtração da seguinte forma: 8 − 7 = 1

e 2 − 9 = 7 e compôs o resultado 171. Fica evidente que esse estudante não tem o

domínio do algoritmo da subtração, assim como o de seu conceito, pois ao efetuarmos

uma subtração, obrigatoriamente, o resultado é um número menor do que o inicial.

5.2.2.3 Dificuldade na multiplicação

Figura 18: Exemplo de dificuldade na multiplicação

Fonte: Dados da Pesquisa

Normalmente ao efetuarmos uma multiplicação fazemos a produto do fator

“de baixo” pelo fator “de cima”, porem ao efetuar essa multiplicação o estudante usou

um método diferente de resolver a multiplicação, fez justamente o contrário do

tradicional, multiplicou o fato “de cima” pelo fator “de baixo”. No desenvolvimento desta

multiplicação ao efetuar 5 × 2 = 10 baixou o zero e “guardou” um e depois efetuou 5 ×

1 = 5 e em seguida fez depois 5 + 1 = 7 e ainda ao somar 7 + 4 = 12 e segundo erro

de tabuada na mesma operação e que gerou a dificuldade na operação.

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5.2.2.4 Dificuldade na Divisão

Figura 19: Exemplo de dificuldade na divisão

Fonte: Dados da Pesquisa

Ao efetuar essa divisão o estudante errou ao dividir 13 ÷ 5 = 1 e resto 3,

apresentou a dificuldade de tabuada, confundindo 2 com 1.

Figura 20: Exemplo de dificuldade na divisão

Fonte: Dados da Pesquisa

Neste caso o estudante dividiu 70 ÷ 8 = 8 e resto 6, imagina-se que ele

pode ter feito 8 × 8 = 64 e depois 70 − 64 = 6, baixou o 6 e colocou o zero do 70 após

o 8, encontrando o valor 80, infere-se que o mesmo não prestou atenção no resultado,

por 80 > 70 e que, neste caso, a operação de divisão teria um resultado menos que

70.

5.2.3 Dificuldade de Interpretação Parcial

Esse tipo de dificuldade ficou caracterizada como sendo proveniente da

interpretação parcial da situação problema proposto, ou seja, o estudante não

conseguiu relacionar o texto escrito com os conceitos matemáticos envolvidos na

situação problema de forma completa, em consequência disso efetuou procedimentos

parciais para responder a pergunta do problema, ou seja, o estudante não efetuou

todos os cálculos necessários para a resolução da questão.

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Tabela 6: Quantidade de dificuldade de Interpretação Parcial

Questão 2 3 4 6 7 8

Quant. de Erros 8 12 7 1 15 1

Fonte: Dados da Pesquisa

Observando a

Tabela 6: Quantidade de dificuldade de Interpretação Parcial percebemos

a grande incidência deste tipo de erro não questões 7, 3, 2 e 4. Será feito comentários

dos principais erros cometidos.

5.2.3.1 Comentário sobre a questão 7

A questão 7 tem sua resolução dividida em duas etapas.

A primeira etapa consiste em um problema de comparação multiplicativa

do tipo todo desconhecido, onde o total de cana produzida por hectare corresponde

ao conjunto referência, o total de hectares do sitio ao multiplicador e o total de cana

produzida no sitio ao produto, valor desconhecido.

A segunda etapa consiste em um problema de grupos iguais do tipo número

de grupos desconhecidos (divisão-medida), onde o total de cana produzida no sitio

corresponde ao produto (todo), a quantidade que o caminhão transporta por viagem

ao conjuntos iguais e o número de conjuntos ao total de viagens necessária para

transportar a cana, valor desconhecido e resposta da questão.

Figura 21: Dificuldade na questão 7 de Interpretação Parcial

Fonte Dados da Pesquisa

Nesta questão o estudante utilizou uma estratégia diferente ao tentar

resolver o problema. Através da imagem podemos inferir que ele efetuou a divisão

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entre o total de cana produzida por hectare, que podemos entender como produto, e

a quantidade de cana transportada em cada viagem, que seria o número de conjuntos,

o que resulta no total de viagens dadas por cada hectares colhido, multiplicador, o que

caracteriza um problema de grupos iguais do tipo número de grupos desconhecidos

(divisão-medida). A partir desta estratégia utilizada faltou ao estudante efetuar o

produto entre o total de hectares plantados, que entendemos como multiplicador, pelo

total de viagens por cada hectares colhido, conjunto referência, com isso ele

encontraria o total de viagens dada pelo sitiante, produto e valor desconhecido.

Mediante a analise desta estratégia podemos inferir que o estudante teve

dificuldades em compreender o significado de cada grandeza e suas relações.

5.2.3.2 Comentário sobre a questão 3

A questão 3 possui duas etapas para a sua resolução, ambas as etapas

envolvem um problema de comparação multiplicativa do tipo grupos iguais e todo

desconhecido. Na primeira etapa o total de toneladas de cada produzida por hectare

corresponde ao conjunto referência, o total de hectares plantados ao multiplicador e o

total de cana plantada ao produto (valor desconhecido). Na segunda etapa o total de

cana plantada representa o conjunto referência, o total de litros de álcool produzidor

por tonelada de cana o multiplicador e o total de litros de álcool produzidos ao produto

(valor desconhecido).

Figura 22: Dificuldade na questão 3 de Interpretação Parcial

Fonte: Dados da Pesquisa

Nessa questão o estudante desenvolveu a primeira etapa do problemas,

fazendo o produto entre o total de hectares plantados, conjunto referência, pelo total

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de cana produzido por hectares plantado, multiplicador, que resulta no total de cana

plantado, produto (valor desconhecido). Entretanto não foi dada continuidade na

resolução do problema, pois não foi estabelecida a relação entre o total de cana

plantada e o total de litros de álcool produzidor por tonelada de cana, o que

caracterizou a interpretação parcial da questão.

5.2.3.3 Comentário sobre a questão 2

A Questão 2, descreve quatro cidades disposta em linha, A, B, C e D, nessa

ordem, ao longo de uma rodovia. Informava-se as distâncias entre as cidades A e C,

B e D e A e D, perguntava-se a distância entre as cidades B e C. Nesta questão,

dentre as respostas possíveis, o estudante precisaria resolver dois problemas de

comparação, do tipo diferença desconhecida. A primeira seria calcular a diferença

entre as distâncias das cidades C e D, conjunto menor, e a distância das cidades A e

D, conjunto maior, encontrando a distância entre C e D, diferença (valor

desconhecido), que resulta em 30 km. Após isso efetuaria uma nova comparação

entre a distância das cidades B e D, conjunto maior, e C e D, conjunto menor, teria

como resposta a distância entre as cidades B e C, 15 km, diferença (valor

desconhecido).

Figura 23: Dificuldade na questão 2 de Interpretação Parcial

Fonte: Dados da Pesquisa

O estudante interpretou corretamente o texto da questão, modelou a figura

corretamente e colocou os valores nos lugares correspondentes. Este erro nos sugere

que houve dificuldade em estabelecer as relações entre as distâncias envolvidas.

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5.2.3.4 Comentário sobre a questão 4

Esta questão aborda o conteúdo de divisão com resto, o estudante deverá

perceber a relação entre as duas grandezas presente no texto do problema, e ainda,

perceber que o resto dessa divisão também faz parte da pergunta, portanto é parte

integrante da solução este é um problema de grupos iguais do tipo número de grupos

desconhecidos, divisão medida, em que o total de figurinhas corresponde ao todo

(produto), a relação de 5 balas para cada figurinha ao conjuntos iguais, o total de balas

ao número de conjuntos e o resto da divisão é a “sobra”.

Figura 24: Dificuldade na questão 4 de Interpretação Parcial

Fonte: Dados da Pesquisa

A questão tinha como objetivo calcular o total de balas, número de

conjuntos, que poderiam ser trocada e a quantidade de figurinhas restante, sobra, o

estudante fez o cálculo corretamente e descobriu o total de balas, porém não

completou sua resposta afirmando que restariam 4 figurinhas. Portando a dificuldade

apresentada é não perceber que o problema envolvia divisão com resto e o resto

compunha a resposta do problema.

5.2.3.5 Comentário sobre a questão 6

A resolução da questão 6 é dividida em duas etapas, a primeira, é um

problema de parte-todo do tipo todo desconhecido, onde a quantidade de alunos que

obtiveram notas 5 ou 10 compõem as partes e a soma dessas partes corresponde ao

total de alunos que não obtiveram 0 (valor desconhecido), ou seja, obtiveram notar 5

ou 10. A segunda é um problema de separar com resultado desconhecido, onde a

quantidade inicial corresponde ao total de alunos que fizeram a prova, a mudança é a

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quantidade de alunos que não obtiveram 0 e o resultado (valor desconhecido) é o total

de alunos que obtiveram 0 na prova.

Figura 25: Dificuldade na questão 6 de Interpretação Parcial

Fonte: Dados da Pesquisa

Nesta questão o estudante compreendeu e desenvolveu a primeira etapa

do problemas, ou seja, efetuou a soma dos estudantes que obtiveram nota 5 ou 10,

portanto resolve o problema parte-todo, entretanto ele não percebeu a relação entre

o valor achado anteriormente e o total de alunos que fizeram a prova ou seja, a

diferença entre o número de alunos que obtiveram notas 5 e 10 e o total de alunos.

5.2.4 Dificuldade de Operação

Esse tipo de dificuldade ficou caracterizada como sendo proveniente do

cálculo em que o estudante efetuou a operação diferente da que poderia ser utilizada

para solucionar a situação problema.

Tabela 7: Quantidade de dificuldade de operação por questão

Questão 1

3 4 6 7 8 c)

Quant. de Erros 14 9 1 3 4 1 Fonte: Dados da Pesquisa

Através da Tabela 7: Quantidade de dificuldade de operação por questão

percebemos que houve uma grande incidência deste tipo de erro nas questões 1, item

“c”, 3, 6 e 7. Abaixo serão feitos comentários sobre esses erros e as dificuldades

apresentadas.

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5.2.4.1 Comentário sobre a questão 1, item “c”

A questão 1, subitem “c” aborda o conteúdo de adição é estruturada em um

problema com estrutura do tipo parte-todo com o todo desconhecido, aa distâncias

entre as cidades são as partes e a distância percorrida pelo carro é o todo (valor

desconhecido).

Figura 26: Dificuldade de operação, Questão 1, item “c”

Fonte: Dados da Pesquisa

Como este item possui a estrutura de um problema aditivo de parte-todo,

cada trecho percorrido pelo carro é uma parcela, portanto essa questão seria

solucionada efetuando-se a soma 406 + 207 + 392 + 302 = 1.397 𝑘𝑚, entretanto a

palavra-chave “voltando” foi interpretada como uma subtração, conforme percebemos

pela imagem acima.

5.2.4.2 Comentário sobre a questão 3

A questão 3 possui duas etapas para a sua resolução, ambas as etapas

envolvem um problema de comparação multiplicativa do tipo grupos iguais e todo

desconhecido. Na primeira etapa o total de toneladas de cada produzida por hectare

corresponde ao conjunto referência, o total de hectares plantados ao multiplicador e o

total de cana plantada ao produto (valor desconhecido). Na segunda etapa o total de

cana plantada representa o conjunto referência, o total de litros de álcool produzidor

por tonelada de cana o multiplicador e o total de litros de álcool produzidos ao produto

(valor desconhecido).

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Figura 27: Dificuldade de operação, Questão 3

Fonte: Dados da Pesquisa

Nessa questão o estudante teve dificuldade em perceber que as

grandezas, total de toneladas de cada produzida por hectare e o total de hectares

plantados, são diretamente proporcionais e efetuou a divisão. Infere-se que o

estudante interpretou este problema como sendo problema de grupos iguais com

número de grupos desconhecidos (divisão-medida).

5.2.4.3 Comentário sobre a questão 7

Como já foi mencionado anteriormente, esta questão pode ser subdividida

em dois problemas. A primeiro consiste em um problema de comparação multiplicativa

do tipo todo desconhecido e o segundo consiste em um problema de grupos iguais do

tipo número de grupos desconhecidos (divisão-medida).

Figura 28: Dificuldade de operação, Questão 7

Fonte: Dados da Pesquisa

Nesta questão o estudante efetuou a operação de adição de todos dados

contido no problema, ele não compreendeu as relações entre as grandezas

quantidade de hectares do sitio e toneladas de cana produzida por hectares plantados,

assim como, a quantidade total de cana produzida e o total de cana transportada a

cada viagem.

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5.2.4.4 Comentário sobre a questão 6

Como foi descrito anteriormente a resolução desta questão é dividida em

duas etapas, a primeira, é um problema de parte-todo do tipo todo desconhecido, e a

segunda, é um problema de separar com resultado desconhecido.

Figura 29: Dificuldade de operação, Questão 6

Fonte: Dados da Pesquisa

Nessa questão o estudante subtraiu o total de estudante que obtiveram

nota 5 na prova do total de que obtiveram 10 nesta prova. Portanto o estudante não

compreendeu que a quantidade de alunos que obtiveram notas 5 ou 10 compõem as

partes e a soma dessas partes corresponde ao total de alunos que não obtiveram 0

(valor desconhecido). Pode-se concluir que o estudante teve dificuldade em perceber

as relações entre as grandezas envolvidas na situação problema, e que,

provavelmente, ele efetuou a primeira operação que pensou.

5.2.5 Dificuldade de Conceito

Esse tipo de dificuldade ficou caracterizada como a não compreensão dos

conceitos envolvidos na questão. Envolve erros conceituais de grandezas, valores

discretos ou contínuos, dentre outros.

Tabela 8: Dificuldade de conceito

Questão 3 4 6 7 8 10

Quant. de Erros 4 9 1 4 11 7 Fonte: Dados da Pesquisa

Através da Tabela 8: Dificuldade de conceito percebemos uma grande

incidência deste tipo de erro nas questões 8, 4 e 10. Abaixo serão feitos comentários

sobre esses erros.

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Fonte: Dados da Pesquisa

Fonte: Dados da Pesquisa

5.2.5.1 Comentário sobre a questão 8

Figura 30: Dificuldade Conceitual, questão 8

Nessa questão o estudante considerou a grandeza quantidade de Laranjas

com a grandeza Quilometro (km), unidade de medida de distância. Ele pode ter

cometido esse erro por não ter prestado atenção no texto da situação problema.

5.2.5.2 Comentário sobre a questão 4

Figura 31: Dificuldade Conceitual, questão 4

O estudante considerou que a grandeza Balas, consistia uma grandeza

continua e portando efetuou a divisão até as casas decimais. Porém nesta questão a

Grandeza Balas é discreta e não assume valores decimais.

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5.2.5.3 Comentário sobre a questão 10

Figura 32: Dificuldade conceitual, Questão 6

Fonte: Dados da Pesquisa

A imagem deixa evidente que o estudante considerou a grandeza Lucro

como sendo a grandeza Receita. Com isso percebe-se uma dificuldade conceitual na

interpretação das grandezas envolvidas.

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Considerações finais

A análise das dificuldades apresentadas pelos estudantes mostrou que

dificuldades encontradas são relacionadas a cinco tipos de erros, a dizer: Erro de

interpretação incorreta da questão, erro de tabuada, interpretação parcial da situação

problema, erro de operação e erro conceitual.

A partir dos resultado evidenciado pelo PISA, podemos afirmar que nosso

estudantes, em sua maioria, possuem a capacidade de responder as perguntas que

são apresentadas em contextos trabalhados em sala de aula e na qual toda a

informação relevante está presente na situação problema e com perguntas claramente

definidas. Eles conseguem identificar informações e desenvolver procedimentos

rotineiros conforme instruções diretas em situações problemas explícitas. Entretanto

os dados da pesquisa mostraram que apenas houve 43% de acertos, conforme indica

o Gráfico 2: Quantidade de Acertos, Erros e Questões em Branco. Portanto em 57%

das situações problemas proposta os estudante erraram ou não conseguiram resolver

as questões. O que nos indica que quase um terço dos estudante do 1º ano do Ensino

Média ainda não desenvolveram as habilidades e competências referentes as

operações básicas.

Gráfico 2: Quantidade de Acertos, Erros e Questões em Branco

Fonte: Dados da Pesquisa

Acertos43%

Errado31%

Em Branco26%

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As dificuldades apresentadas pelos estudantes nos levam a refletir sobre a

formação do futuro professor, uma vez que as pesquisa nos mostram que os eles

ainda reproduzem as concepções dos professores formadores, pois enfatizam o

ensino de matemática formal.

Observando as linhas de tendência do Gráfico 3: Quantidade de Acertos,

Erros e Em Branco podemos perceber que à medida que o grau de dificuldade das

situações problemas aumentam, os estudante demostram mais dificuldades em

resolve-las.

A linha de tendência de Acertos e Erros diminuem conforme as situações

problemas são mais complexas, pois envolvem mais de uma operação em sua

resolução. Isso nos leva a supor que os mesmo não estão conseguindo fazer as

devidas conexões entre os conceitos das operação e sua aplicação na situação

problema e que quanto mais complexa a situação problema menor é a compreensão

da mesma. A linha de tendência Questões em Branco segue uma direção contraria,

partindo próxima a zero e chegando próximo a 40 questões em branco, portando

podemos inferir que os estudantes não estão compreendendo a situação problema e

com isso não esboçam nenhum tipo de resolução.

Gráfico 3: Quantidade de Acertos, Erros e Em Branco

Fonte Dados da Pesquisa

0

10

20

30

40

50

60

Qu

anti

dad

e d

e A

cert

os,

Err

os

e Em

Bra

nco

CERTAS ERRADAS EM BRANCO

Linear (CERTAS) Linear (ERRADAS) Linear (EM BRANCO)

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A teoria sócio histórica de Vygotsky distingui dois níveis de aprendizado o

nível de desenvolvimento real ou efetivo, aquilo que o estudante consegue realizar

por conta própria, e o nível de desenvolvimento potencial, aquilo que o estudante

consegue fazer com o auxílio de um professor. Dentro desses dois níveis de

aprendizado emerge o conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP).

Analisando o Gráfico 4: Percentual de Acertos, Erros e Questões em

Branco sob a perspectiva da teoria sócio histórica podemos perceber que a parte em

cinza escuro do gráfico é análoga ao nível de desenvolvimento real, uma vez que o

estudantes conseguiram solucionar as situações problemas sem auxílio. A parte em

cinza claro é análoga ao nível de desenvolvimento potencial já que os estudantes

erraram as questões, mas tentaram resolve-las, o que nos indica que com o auxílio

do professor os mesmo seriam capazes de soluciona-las, onde está inserida a ZDP.

Gráfico 4: Percentual de Acertos, Erros e Questões em Branco

Fonte Dados da Pesquisa

A partir deste pesquisa podemos afirmar que os estudantes não estão

desenvolvendo os conhecimentos matemáticos necessário a sua formação como

cidadão. Portanto sugerimos que sejam feitas pesquisas afim de superar esses

problemas.

5345

33 35 31 28

4336

2732

54

3328

23 23

2432

40 3332

32

29

1523

18

11

24

18 2518

4 4 813

18 21

9

30 31 31

1624

35 3340

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

CERTAS ERRADAS EM BRANCO

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Anexo

Teste resolução de problemas das quatro operações básicas.

Local: ______________________________________ Id.: ________

Data:____/____/____

Nome:___________________________________________________

Questão 1 A figura abaixo representa trechos de estradas de rodagem. Os números indicam quantos quilômetros tem cada trecho. Quantos quilômetros percorrerá um carro que:

a) Vai de A até D passando por B e C? b) Vai de A até D passando por E? c) Vai de A até D passando por B e voltando até C? d) Vai de B até E passando por D?

Questão 2 As quatro cidades A, B, C e D foram construídas à beira de uma rodovia reta. A distância entra A e C é de 50km e a distância entre B e D é de 45km. Além disso, sabe-se que a distância entre a primeira e a última cidade é de 80km. Qual é a distância, em quilômetros, entre as cidades B e C? Questão 3 Um hectare de terra produz 75 toneladas de cana e cada tonelada de cana produz 85 litros de álcool. Então, quantos litros de álcool serão produzidos com a cana plantada em 1500 hectares de terra?

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Questão 4 Alessandro troca 5 figurinhas por uma bala. Como ele tem 134 figurinhas, pergunta-se: quantas balas ele poderá obter e quantas figurinhas lhe restarão? Questão 5 O esquema representa uma estrada:

B E

D

A C

A cidade B está localizada no quilometro 98. Um carro parte de B, anda 127 quilômetros e chega em D. volta 49 quilômetros e chega em C. Pergunta-se: a) A quantos quilômetros de A está a cidade D? b) A quantos quilômetros de A está a cidade C? c) A quantos quilômetros de B está a cidade C?

Questão 6 Participaram de uma prova de Matemática 320 alunos. A prova tinha 2 questões, e o professor estabeleceu que não consideraria respostas meio certas. Assim, a cada prova só poderiam ser atribuídas notas zero, 5 e 10. Dos alunos, 87 obtiveram nota 10, e 218 obtiveram nota 5. Quantos alunos obtiveram nota zero na prova? Questão 7 Um sitio tem 8 hectares. Cada hectare produz 70 toneladas de cana. O sitiante tem apenas um caminhão, que transporta 7 toneladas. Quantas viagens deverão ser realizadas para o transporte de toda a cana?

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Questão 8 Um quitandeiro dá uma dúzia de bananas em troca de quatro laranjas. Com 1 116 bananas, quantas laranjas ele obterá? Questão 9 Um vendedor de assinaturas de uma revista de informática tem ganho fixo de 600 reais por mês. Além desse salário fixo, ele recebe uma parte variável da seguinte forma: pelas primeiras 50 assinaturas vendidas no mês, ele ganha 15 reais por assinatura, e, se vender mais de 50 assinaturas no mês, passa a ganhar 20 reais por assinatura adicional. Quanto ele receberá no mês que vender 82 assinaturas?

Questão 10 Para produzir um objeto, uma empresa gasta 12 reais por unidade, tendo também mais uma despesa fixa de 4000 reais, independentemente da quantidade produzida. Essa empresa produziu 250 desses objetos e vendeu todos por 40 reais a unidade. Qual foi o lucro da empresa nessa venda?

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Universidade do Estado do Pará Centro de Ciências Sociais e da Educação

Departamento de Matemática, Estatística e Informática Curso de Licenciatura em Matemática

Av. Djalma Dutra s/n 66030-010 Belém - PA