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1 EDNA DE SOUZA ALMEIDA R.A. 003200600779 DISCUSSÕES ACERCA DO EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E O DE PROTEÇÃO COLETIVA EM ACIDENTES DE TRABALHO São Paulo 2010

EDNA DE SOUZA ALMEIDA - lyceumonline.usf.edu.brlyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2002.pdf · o de Proteção Coletiva em Acidentes de Trabalho. 111 pp. Curso de Direito,

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EDNA DE SOUZA ALMEIDA

R.A. 003200600779

DISCUSSÕES ACERCA DO EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO

INDIVIDUAL E O DE PROTEÇÃO COLETIVA EM ACIDENTES DE

TRABALHO

São Paulo

2010

2

EDNA DE SOUZA ALMEIDA

R.A. 003200600779

DISCUSSÕES ACERCA DO EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO

INDIVIDUAL E O DE PROTEÇÃO COLETIVA EM ACIDENTES DE

TRABALHO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentando

à Coordenação do Curso de Direito da

Universidade São Francisco, como requisito

parcial para obtenção do Título de Bacharel

em Direito orientando pela Professora Dra

Eunice Aparecida de Jesus Prudente.

São Paulo

2010

3

A466a Almeida, Edna de Souza

Discussões acerca dos equipamentos de proteção

individual e os de proteção coletiva em acidentes de trabalho/ Edna de

Souza Almeida São Paulo, USF – 2010, 111 p

Monografia de Direito – Universidade São Francisco,

2010

Orientador: Eunice Aparecida de Jesus Prudente

1. Equipamento de proteção coletiva 2. Equipamento

de proteção individual 3. Acidente de trabalho 4. Meio ambiente I.

Título. II. Prudente, Eunice Aparecida de Jesus. III. Universidade São

Francisco

4

EDNA DE SOUZA ALMEIDA

R.A. 003200600779

DISCUSSÕES ACERCA DO EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO

INDIVIDUAL E O DE PROTEÇÃO COLETIVA EM ACIDENTES DE

TRABALHO

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado no

Curso de Direito da Universidade São

Francisco, como requisito parcial para

obtenção do Título de Bacharel em Direito.

Data da Aprovação: __/___/____.

Banca Examinadora

.......................................................................................................................................................

Professora Dra. Eunice Aparecida de Jesus Prudente

Universidade São Francisco

.......................................................................................................................................................

Professora Ma. Priscila Jorge Cruz Diacov

Universidade São Francisco

.......................................................................................................................................................

Professora Ma. Silmara Faro Ribeiro

Universidade São Francisco

5

Dedico este trabalho primeiramente a Deus,

pois sem Ele, nada seria possível e não

estaríamos aqui reunidos, desfrutando, juntos,

destes momentos que nos são tão importantes.

A minha mãe Maria de Lourdes, pelo esforço,

dedicação e compreensão, em todos os

momentos desta e de outras caminhadas.

E a todos os meus amigos por compreenderam

a minha ausência, durante a realização deste

trabalho.

6

Primeiramente a Deus por ter me dado força

para chegar tão longe, e nunca ter se afastado

de mim.

Agradeço aos meus pais, Maria de Lourdes e

Juarez (in memorian) por absolutamente tudo,

cada um dos seus atos foi uma oportunidade

que eu tive para crescer e me tornar o que sou.

Aos meus irmãos Eduardo e Reginaldo que

mesmo distante sei o quanto me apóiam

incondicionalmente.

Aos professores que passaram por minha vida

acadêmica e acrescentaram conhecimento

ímpar.

A professora Eunice Prudente pelo tempo e

paciência a mim dedicados durante o semestre.

As minhas queridas amigas Maristela, Luciana

e Talita, agradeço a todas os grandes

momentos de alegria e também de tristeza que

compartilhamos.

Por fim, agradeço também aos amigos José

Edson e Regina que para mim são muito mais

do que amigos, são parte da família que Deus

permitiu escolher.

7

“Só engrandecemos o nosso direito à vida cumprindo o nosso dever de cidadãos do mundo”.

(Mahatma Gandhi)

8

ALMEIDA, Edna de Souza. Discussões Acerca do Equipamento de Proteção Individual e

o de Proteção Coletiva em Acidentes de Trabalho. 111 pp. Curso de Direito, São Paulo:

USF, 2010.

RESUMO

O trabalho aborda a questão da sobreposição do uso do equipamento de proteção coletiva aos

de proteção individual no ambiente de trabalho, tendo por finalidade proporcionar aos

trabalhadores, rurais e urbanos, um ambiente saudável e adequado para suas atividades

laborativas do dia a dia, evitando assim os acidentes que por eventual não uso de referidos

equipamentos, possam ocorrer. Partindo de uma análise histórica que se inicia com a

Revolução Industrial na Europa e passando pelo Brasil, durante o século XX, ou seja, com

suas revoluções e reivindicações no âmbito trabalhista. Abarcando tal questão, também

interferirá uma breve análise dos princípios constitucionais bem como outras disposições

legais, tanto para uma visão conceitual assim como para uma visão disciplinar. O presente

também trata dos órgãos responsáveis por fiscalizar e punir o não uso de referidos

equipamentos, sendo estes o Ministério Público do Trabalho e as Superintendências Regionais

do Trabalho e Emprego. Não deixa a referida pesquisa omissa sua fala no que tange a

responsabilidade civil do empregador, tendo como base a Constituição Federal e a

Consolidação das Leis do Trabalho para afirmar que tal responsabilidade é objetiva, ou seja,

independe de culpa. Não menos importante também temos a posição jurisprudencial de que

basta o nexo causal para configurar o acidente de trabalho quando do não uso de

equipamentos de proteção no ambiente de trabalho. Diante de todo o exposto é possível

constatar através de fiscalização realizada pelos órgãos competentes o aumento do número de

autuações nas empresas em função da não observação do uso dos itens exigidos na legislação

trabalhista.

Palavras-Chaves: 1. Equipamento de proteção coletiva 2. Equipamento de proteção

individual 3. Acidente de trabalho 4. Meio ambiente

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LISTA DE SIGLAS

CA – Certifica de Aprovação

CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

CLT – Consolidação das Leis dos Trabalho

DEJT – Diário Estadual da Justiça do trabalho

DR – Doutor

DRT – Delegacia Regional do Trabalho

ECPI – Equipamento Conjugados de Proteção Individual

EPC – Equipamento de Proteção Coletiva

EPI – Equipamento de Proteção Individual

FUNDACENTRO – Fundação Centro

INSS – Instituto Nacional do Seguro Social

MPT – Ministério Público do Trabalho

MPTE – Ministério Público do Trabalho e Emprego

MTE – Ministério do Trabalho e Emprego

OIT – Organização Internacional do Trabalho

OMS – Organização Mundial da Saúde

ONU – Organização das Nações Unidas

RO – Recurso Ordinário

SESI – Serviço Social da Indústria

SESMT – Serviços Especializados em Segurança e Medicina do Trabalho

SRTE – Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego

SUS – Sistema Único de Saúde

TRT – Tribunal Regional do Trabalho

10

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

Seção 1- ASPECTOS HISTÓRICOS 12

1.1 Organização Internacional do Trabalho 12

1.2 Contexto Social 14

1.3 Legislações Anteriores 17

SEÇÃO 2 - CONCEITOS E DISPOSIÇÕES LEGAIS 18

2.1. Meio Ambiente de Trabalho 18

2.2. Equipamento de Proteção Individual 22

2.3. Equipamento de Proteção Coletiva 26

2.4. Acidente de Trabalho 27

SEÇÃO 3 - ASPECTOS CONSTITUCIONAIS 30

3.1. Princípios Constitucionais 30

3.1.1. Dignidade da Pessoa Humana 31

3.1.2. Direito à Vida 33

3.1.3. Direito à Saúde 34

3.1.4. Tutela Imediata do Meio Ambiente do Trabalho 35

SEÇÃO 4 - MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO E

SUPERINTENDÊNCIAS REGIONAIS DO TRABALHO E EMPREGO 38

SEÇÃO 5 - COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES 42

SEÇÃO 6 - EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO COLETIVA COMO REGRA 45

6.1 Natureza Jurídica 47

SEÇÃO 7 - RESPONSABILIDADE CIVIL DAS EMPRESAS E A

CONSTITUIÇÃO FEDERAL 49

CONCLUSÃO 51

Referências Bibliográficas 53

Anexos 55

11

Anexo I – Constituição da Organização Internacional do Trabalho (OIT)

e seu anexo 55

Anexo II - Declaração da OIT Sobre os Princípios e Direitos Fundamentais no

Trabalho e seu Seguimento 67

Anexo III - Convenção Coletiva dos Trabalhadores nas Indústrias

Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul – 2009/2010 71

Anexo IV – Acórdão do Processo nº 01079.2009.031.03.00-4 Recurso Ordinário 82

Anexo V – Acórdão do Processo nº 01407.2007.402.02.00-3 – Recurso Ordinário 95

Anexo VI – Norma Regulamentadora 06 105

INTRODUÇÃO

12

O tema central deste trabalho abarca a questão da sobreposição do Equipamento de

Proteção Coletivo (E.P.C.), em relação ao Equipamento de Proteção Individual (E.P.I.) e sua

correlação com os Acidentes de Trabalho, principal enfoque será na área do Direito

Ambiental, e tendo como objetivo a defesa do uso dos E.P.C. no ambiente de trabalho de

forma prioritária, ou seja, que a proteção de forma coletiva seja a regra e não a exceção, tal

como vem sendo adotada pela maior parte do empresariado brasileiro.

A princípio o estudo será voltado ao contexto histórico, abarcando a questão da

revolução industrial, o grande crescimento das indústrias no país e as suas conseqüências no

meio ambiente de trabalho, destacando a atuação histórica e política das associações

mutualistas que cominaram no surgimento dos sindicatos, bem como as greves de

determinado período.

Não deixando de aludir a relevância que teve tais atuações na criação de legislações

protetivas para o meio ambiente de trabalho, bem como a forte atuação de um organismo

internacional no cenário nacional, sendo este a OIT.

Os conceitos e disposições legislativas serão abordados de forma relacionada, para que

possam ser entendidos não apenas com uma visão doutrinária, mas também legal, ou seja,

dentro do que a própria legislação conceitua, ressalte-se cada um dos elementos, desde o que

são cada equipamento e inclusive, acidente de trabalho.

No que tange aos princípios constitucionais, esses também serão tratados na medida

em que eleve o tema ao conhecimento digno, elencando, inclusive, princípios como da vida,

saúde e tutela a saúde do trabalhador, princípios esses que estão disciplinados na Lei

Fundamental vigente.

Ressalte-se que o escopo de defender como regra o uso dos referidos equipamentos é

assegurar a saúde do trabalhador urbano e rural na forma prevista na Constituição Federal de

1988 e em outras legislações extravagantes como a Consolidação das Leis do Trabalho e

também normas regulamentadoras como as NR‟s emitidas através de portarias do Ministério

Público do Trabalho.

Afinal referido órgão, bem como as Superintendências Regionais do trabalho, também

serão tema de dissertação na presente pesquisa, uma vez que ambos são de extrema

importância no que se refere a preservação de um meio ambiente de trabalho saudável e

adequado ao trabalhador, urbano e rural, dada as suas atribuições.

A presente monografia não tem a intenção de incitar a não utilização dos diversos

E.P.I.‟s existentes para cada ocupação, os quais devem, sim, serem utilizados, porém como

medida complementar de segurança para o trabalhador durante seu labor, pois assim vem

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disciplinado na legislação trabalhista vigente e será cuidadosamente tratado, demonstrando

inclusive a sua relevância, e as responsabilidades atribuídas a cada envolvido na relação de

trabalho, ou seja, a responsabilidade do empregador frente ao trabalhador e vice-versa.

Afinal, equipamentos esses que geram responsabilidades para o empregador, quanto

ao seu fornecimento, mas também gera uma carga de responsabilidade para o trabalhador uma

vez que este está obrigado a usá-lo e conservá-lo.

Frise-se ainda, que essas medidas de ordem geral, aqui denominadas de E.P.C.‟s,

visam a coletividade, ou seja, a saúde e segurança de todos os trabalhadores de uma

determinada empresa ou repartição, evitando submeter ou comprometer desnecessariamente a

saúde de trabalhadores que por ventura, ainda que não exerçam funções diretamente

relacionadas com atividade fim, exercem suas atividades laborativas em ambientes insalubres

e periculosos.

A intenção de demonstrar quais as conseqüências que essas exposições podem causar

aos trabalhadores, não será insana, uma vez que a própria legislação se compromete e instruí o

uso e disciplina sobre a necessidade prioritária do uso de referidos equipamentos.

Vale aqui destacar que a questão de um meio ambiente saudável não deve ser

responsabilidade unicamente do Estado, mas também das empresas, que devem inclusive

manter, dentro das mesmas, Comissões Internas de Prevenção de Acidentes – CIPA‟s,

observado os requisitos para a sua constituição, todavia, o Estado, dentro da sua parcela de

responsabilidade, também mantém um órgão fiscalizador, denominado Ministério Público do

Trabalho – MPT, com o objetivo de tornar possíveis as atividades nas empresas com o menor

número possível de acidentes de trabalho, fazendo assim um trabalho de fiscalização e

prevenção.

Ou seja, a abordagem por ser de cunho social envolverá a sociedade como um todo,

desde sindicatos a órgãos do Estado.

O tema escolhido, como já dito, tem natureza eminentemente social, haja vista o

considerável aumento no número de acidentes que ocorrem no ambiente de trabalho em razão

da falta de medidas protetivas de cunho coletivo, destaque-se os E.P.C.‟s.

Podemos assim observar que desde o contexto histórico até a dissertação final da

referida pesquisa será possível a busca incessante por um meio ambiente de trabalho que

assegure a saúde, a dignidade, a higiene e todas as condições que permeiam um ambiente de

trabalho saudável e digno à esse trabalhador, seja ele rural ou urbano.

14

Assim, tem a referida pesquisa a intenção de contribuir de forma positiva ao

crescimento jurídico brasileiro, não necessariamente quanto à elaboração de leis, pois essas já

existem, mas para que estas sejam observadas e aplicadas no dia a dia.

SEÇÃO 1. ASPECTOS HISTÓRICOS

Com o escopo de introduzir o tema que se inicia, é de grande importância começarmos

pela sua evolução histórica, nesta senda tratando de seu surgimento na história geral e também

quanto a sua evolução no âmbito da Lei Fundamental, ou seja, a Constituição Federal.

15

1.1 Organização Internacional do Trabalho - OIT

Antes de adentrar no tema em questão, é relevante trazer a baila os motivos que

ensejaram a criação da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Nesse diapasão vejamos os ensinamentos do ilustre doutrinador Dr. Gustavo Filipe

Barbosa Garcia:

Até o início do século XVIII não se observa efetiva preocupação com a

saúde e a segurança do trabalhador. Após o surgimento da Revolução

Industrial, passou-se a verificar diversas doenças e acidentes ocupacionais,

chamando a atenção da sociedade e do Estado quanto ao problema. Com

isso, surgem normas pertinentes ao meio ambiente de trabalho, procurando

manter a saúde do trabalhador, prevenindo riscos, acidentes e doenças no

trabalho. (GARCIA, 2009, p.1004)

Está claro no dispositivo acima o motivo cabal que levou a criação da OIT, trata-se da

Revolução Industrial, que sobreveio em meados do século XVIII, na Inglaterra.

Durante a revolução as fábricas, a princípio não apresentavam o melhor dos ambientes

de trabalho. As condições eram precárias, o ambiente no qual os trabalhadores laboravam suas

atividades tinha péssima iluminação, não tinha ventilação e ainda eram deficitários quanto à

higiene de forma geral, ou seja, um ambiente sujo.

Expostas as motivações que levaram a criação da OIT, passemos a conhecer seu

surgimento e suas atribuições no cenário internacional e principalmente no cenário nacional.

A Organização Internacional do Trabalho foi estabelecida em 11 de abril de 1.919, pela

Conferência de Paz, logo após a I Guerra Mundial, quando seus estatutos foram aprovados

como a Parte XIII do Tratado de Versalhes.

Referida organização é a única agência do Sistema das Nações Unidas que tem estrutura

tripartite, ou seja, os representantes dos empregadores e dos trabalhadores têm os mesmos

direitos que os do governo.

Gustavo F. B. Garcia (2009, p. 1004) acrescenta que referido Tratado inclui na

competência da OIT a responsabilidade de proteger os trabalhadores quanto aos acidentes de

trabalho e as doenças profissionais, eliminando e neutralizando os riscos por meio de medidas

apropriadas da engenharia de segurança e da medicina do trabalho.

No ano de 1.944, com os efeitos da Grande Depressão, a da II Guerra Mundial, a O.I.T.

adotou a Declaração da Filadélfia como anexo da sua Constituição (anexo I), referida

16

Declaração serviu posteriormente de modelo para a Carta das Nações Unidas e para a

Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Já no ano de 1998, foi adotada a Declaração da OIT sobre os Princípios e Direitos

Fundamentais no Trabalho e seu Seguimento (anexo II). O documento é uma reafirmação

universal da obrigação de respeitar, promover e tornar realidade os princípios refletidos nas

Convenções fundamentais da OIT, ainda que não tenham sido ratificados pelos Estados

membros.

Desde 1999, a OIT vem trabalhando para manter seus valores e objetivos em prol de

uma agenda social que viabilize a continuidade do processo de globalização através de um

equilíbrio entre os objetivos de eficiência econômica e de equidade social.

Atualmente entre os objetivos estratégicos da OIT está o de promover os princípios

fundamentais e direitos no trabalho através de um sistema de supervisão e de aplicação de

normas. Entre as diversas atribuições da referida organização, está a de criar normas

internacionais do trabalho, promover o desenvolvimento e a interação das organizações de

empregadores e de trabalhadores e prestar cooperação técnica em diversas áreas entre as quais

é importante ressaltar: direito e relações do trabalho, condições de trabalho e segurança e

saúde ocupacional.

A fim de realizar os seus propósitos, a OIT reúne sua estrutura, tripartite, e faz suas

recomendações, tais como padrões internacionais mínimos e a redação de convenções

internacionais sobre o trabalho, incluindo diversos aspectos os quais podemos estacar

condições de trabalho para as várias categorias de trabalhadores, prevenção de acidentes e

fiscalização do trabalho.

A sede da OIT está fixada em Genebra, na Suíça, porém, a Organização tem atuação

efetiva no Brasil, a qual atua na promoção de objetivos estratégicos com atividades próprias e

em cooperação com outros escritórios em países vizinhos.

Dentro desse contexto o “Trabalho Seguro”, promove uma consciência mundial sobre as

consequências dos acidentes, lesões e doenças ocupacionais, bem como a criação de

programas nacionais de proteção básica para os trabalhadores e ainda sistemas integrados de

gestão de segurança e saúde no trabalho.

A OIT tem mantido parceria contínua e prestado apoio técnico e institucional ao

Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Fundação Centro (FUNDACENTRO) e ao

Serviço Social da Indústria (SESI) com o escopo, entre outros, de promover conscientização e

melhorias nos processos de gestão da prevenção de acidentes e riscos ocupacionais de

trabalho e discutir formas de melhorar a aplicação de Convenções sobre segurança e saúde no

17

trabalho, bem como tem disseminado no Brasil uma série de publicações e prestado apoio a

diversas entidades profissionais de segurança e saúde do trabalho para a realização de

congressos, seminários e cursos sobre a prevenção de acidentes e doenças ocupacionais.

Destarte, claro está que a OIT, a primeira agência a filiar-se a ONU, tem papel

importante no que tange a segurança no meio ambiente do trabalho, desenvolvendo atividades

preventivas que visam diminuir e até mesmo erradicar riscos a saúde dos trabalhadores, seja

de forma individual ou coletiva.

1.2 Contexto Social

Depois de instituída a OIT, organização que ganha força no cenário nacional e

internacional, começa então a luta dos trabalhadores brasileiros por leis que façam valer

direitos dantes não respeitados.

A classe operária brasileira começa a se desenvolver no final do século XIX, o que

resulta em transformações inesperadas e de grande impacto no contexto social, político e

econômico da época. O início do século XX foi marcado por diversas reivindicações dos

trabalhadores brasileiros, o ano de 1917 recebeu o nome de Greves Operárias, pois foi nesse

período que trabalhadores de duas fábricas têxteis em São Paulo promoveram uma greve que

tinha como objetivo a luta por melhores condições de trabalho e salários, além de garantias

trabalhistas.

Everardo Dias, em Histórias das Lutas Sociais no Brasil, relata dessa forma os

acontecimentos de referido ato:

“São Paulo é uma cidade morta: sua população está alarmada, os rostos

denotam apreensão e pânico, porque tudo está fechado, sem o menor

movimento. Pelas ruas, afora alguns transeuntes apressados, só circulavam

veículos militares, requisitados pela Cia. Antártica e demais indústrias, com

tropas armadas de fuzis e metralhadoras. Há ordem de atirar para quem fique

parado na rua. Nos bairros fabris do Brás, Moóca, Barra Funda, Lapa,

sucederam-se tiroteios com grupos de populares; em certas ruas já

começaram fazer barricadas com pedras, madeiras velhas, carroças viradas.

A polícia não se atreve a passar por lá, porque dos telhados e cantos partem

tiros certeiros. Os jornais saem cheios de notícias sem comentários quase,

mas o que se sabe é sumamente grave, prenunciando dramáticos

acontecimentos". (DIAS, 1977, p. 238)

Apenas a título de um sucinto conhecimento, o escritor do texto acima foi um dos

líderes anarquista e anarco-sindicalista dos anos 20, era operário gráfico e editor do jornal “O

Livre Pensador”.

18

Ressalte-se de que já em 1907, trabalhadores metalúrgicos, da construção civil e das

indústrias de alimentos promoveram uma greve na qual reivindicavam a jornada de oito horas

de trabalho, tal greve paralisou a cidade de São Paulo e interior.

Dados historicamente importantes, pois foi em razão dos mesmos que surgem as classes

sindicais no Brasil, porém, não como sindicatos, mas como associações mutualistas e de

socorro mútuo, essas tinham por finalidade: “obras assistenciais e de ajuda recíprocas nos

problemas de saúde, acidentes, etc. Foram as primeiras formas de organização da classe

operária, a exemplo da Sociedade de Oficiais e Empregados da Marinha (1833)etc.”. Somente

nos primeiros anos do século XX, as associações de resistência evoluíram e deram origem aos

sindicatos.

Amauri Mascaro do Nascimento traz em uma de suas obras qual o posicionamento da

OIT sobre os movimentos sindicais, que aqui merece ser transcrito:

O principal valor defendido pela OIT nas atividades que desenvolve tendo

em vista o movimento sindical dos países é a liberdade sindical, condição

que considera essencial para a defesa dos direitos dos trabalhadores.

O princípio da liberdade sindical foi afirmado em 1919 nos textos do

Tratado de Versailles como “direito de associação tendo em vista todos os

objetivos não contrários às leis, tanto para os assalariados como para os

empresários.”. (NASCIMENTO, 2007, p. 1109)

Não menos importante razão pela qual aqui merece destaque, no ano de 1937, durante o

Estado Novo, foi criado o Sindicato dos Trabalhadores, muito embora este fosse vinculado

diretamente com o governo deixando os empregados e empregadores sem voz ativa.

A atuação sindical no cenário brasileiro tem importância ímpar, uma vez que a nossa

Constituição já prevê em seu artigo 225, caput, a responsabilidade destes, quando trata da

responsabilidade coletiva em defender o meio ambiente, ou seja, neste diapasão a mesma se

refere à sociedade organizada, o que significa dizer que no âmbito do direito do trabalho, em

primeiro lugar estão os sindicatos, os quais têm o dever de defender os interesses e direitos

coletivos e difusos de cada categoria, dever este reafirmado no mesmo diploma legal, em seu

artigo 8º, inciso III, in verbis:

Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:

III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou

individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas;

(VADE MECUM, CF/88, 2009, p. 12)

19

Muito embora haja legislação farta, não é essa a realidade de todas as categorias

profissionais quando o assunto é defesa dos direitos dos trabalhadores, vejamos, por exemplo,

a atuação do Sindicato dos Metalúrgicos em todo o país, sim, é extremamente forte, mas é

possível verificar na convenção coletiva 2009/2010 do SINDICATO DOS

TRABALHADORES NAS INDÚSTRIAS METALÚRGICAS, MECÂNICAS E DE

MATERIAL ELÉTRICO DE CAXIAS DO SUL, que as cláusulas 22 e 23 que disciplina

Equipamento de Proteção do Trabalhador (anexo III), tratam apenas de proteção individual, e

em nenhuma outra cláusula é possível constatar o tema proteção coletiva dos trabalhadores e

não é difícil constatar qual insalubre e periculosa são as atividades desenvolvidas por essa

classe.

Em relação ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais, como gênero e especificamente os

trabalhadores que laboram em canaviais, essa situação é mais crítica, pois é clara a situação

dos mesmos que nem mesmo equipamentos de proteção individual lhe são fornecidos,

saliente-se que o motivo não é falta de regulamentação legal, pois a NR 31 disciplina de

forma minuciosa e rigorosa no item 31.3.3 quais as responsabilidades do empregador rural ou

equiparado.

No item acima referido também, preocupou-se o legislador em deixar claro a quem

compete as fiscalizações e participações para desenvolvimento e manutenção de um ambiente

de trabalho adequado e saudável aos trabalhadores dessa categoria.

Diante desse cenário atual e embora intrigante da atuação tímida dos sindicatos foi a

reunião desses fatores, greves, sindicatos etc, que impulsionaram a criação do direito do

trabalho no Brasil.

Uma das maiores conquistas foi a aprovação do Decreto – Lei nº 5.452 de 01 de maio

de 1943, a CLT, pelo então presidente da República Getúlio Vargas em referido governo,

ainda no ano de 1930 foi criado o Ministério do Trabalho, em 1934 a Constituição Federal

previa benefício para o trabalhador tais como: jornada de trabalho, salário mínimo, férias

remuneradas, entre outros.

1.3 Legislações Anteriores

No contexto atual, a Constituição Federal de 1988, no Título VIII (Da Ordem Social),

em seu Capítulo VI trata do Meio Ambiente, especificamente no artigo 200, inciso VIII

estatui a respeito do meio ambiente do trabalho, assim dispondo:

20

Art.200 - Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições,

nos termos da lei: (...), inciso VIII - VIII - colaborar na proteção do meio

ambiente, nele compreendido o do trabalho.(VADE MECUM, CF/88, 2009

p.64)

Constituições anteriores também previam a respeito da saúde do trabalhador da seguinte

forma:

A Constituição Federal de 1934 referia como direito do trabalhador em seu artigo 121, §

1º, alínea h, a assistência médica e sanitária, Constituição que também previa benefícios para

o trabalhador tais como: jornada de trabalho, salário mínimo, férias remuneradas entre outros,

com o advento de uma nova Constituição Federal, sendo está a de 1937, estabeleceu-se em

seu artigo 137, alínea l, que a norma deveria observar a assistência médica e higiênica ao

trabalhador, ou seja, houve uma substituição da palavra sanitária por higiênica, demonstrando

um enfoque apenas na saúde do trabalhador. Em 1946, uma nova Constituição garantia a

higiene e segurança do trabalho, em seu artigo 157, inciso VIII, a mesma também criou a

Previdência Social, incluiu a Justiça do Trabalho como órgão do Poder Judiciário e entre

outros, reconheceu o direito de greve. A Constituição Federal de 1967 reconheceu em seu

artigo 158, inciso IX, o direito à higiene e segurança do trabalho, o que foi repetido pela

Emenda Constitucional 1/1969, artigo 165, inciso IX.

Embora diversas tenham sido as mudanças quanto aos textos constitucionais, é de

extrema importância salientar que, o mais importante não foi esquecido, a saúde do

trabalhador, que também está balizado entre os princípios constitucionais, ou seja, direito à

saúde.

SEÇÃO 2. CONCEITOS E DISPOSIÇÕES LEGAIS

Conforme o dicionário Aurélio (1994, p. 166) diversos são os significados de conceito,

entre eles: conceito é filosoficamente a representação dum objeto pelo pensamento, por meio

de suas características gerais; Ação de formular uma idéia por meio de palavras; definição,

caracterização. Não mais necessários outras definições para a seguir iniciar alguns conceitos

do tema em foco.

2.1 Meio Ambiente de Trabalho

21

Atualmente a Constituição Federal de 1.988, trata em seu artigo 225, caput, sobre o

meio ambiente, in verbis:

Art.225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,

bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-

se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para

as presentes e futuras gerações. (VADE MECUM, CF/88, 2009, p. 69)

Referido artigo trata do meio ambiente de forma genérica, ou seja, de todas as formas de

meio ambiente existentes, são eles: natural, cultura, artificial e do trabalho. O trabalho em

questão irá dá enfoque especificamente ao meio ambiente do trabalho, que está inserido no

que hoje é denominado em direitos de terceira geração.

Segundo Paulo Bonavides (2000 – p. 523) são direitos dotados de alto teor de

humanismo, pois visam como prioridade o gênero humano e não os interesses de um grupo

ou determinado Estado especificamente.

A Lei 6.938 de 31 de agosto de 1981 (Lei de Política Nacional do Meio Ambiente),

recepcionada pela Constituição Federal de 1988, conceitua meio ambiente, em seu artigo 3º.,

inciso I da seguinte forma:

Art.3º. Para fins previstos nesta Lei, entende-se por:

I – meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de

ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas

as suas formas; (VADE MECUM, 2009, p. 1128)

Embora haja diversos conceitos para meio ambiente, todos cominam no mesmo

objetivo, a defesa do bem comum do povo, de forma geral, todavia a norma ápice não foi

omissa quanto ao meio ambiente do trabalho, pois estatui em seu artigo 200, inciso VIII:

Art.200. Ao Sistema Único de Saúde compete, além de outras atribuições,

nos termos da lei:

VIII – colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do

trabalho. (VADE MECUM, CF/88, 2009, p.64)

Por não serem menos importantes, devem ser ressaltados, também, outros artigos da

Constituição Federal, como por exemplo, o artigo 7º, incisos XXII e XIII, porém por se tratar

se princípios constitucionais, serão tratados mais adiante.

22

O ilustríssimo Mestre Celso Antonio Pacheco Fiorillo conceitua meio ambiente do

trabalho com as seguintes palavras:

Constitui meio ambiente do trabalho o local onde as pessoas desempenham

suas atividades laborais relacionadas à saúde, sejam remuneradas ou não,

cujo equilíbrio está baseado na salubridade do meio e na ausência de agentes

que comprometam a incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores,

independente da condição que ostentem (homens ou mulheres, maiores ou

menores de idade, celetistas, servidores públicos, autônomos etc.).

(FIORILLO, 2010, p.73)

Conceito amplo, pois o mesmo não distingue quais atividades abarcam assegurar um

ambiente de trabalho salubre, bastando que seja o local no qual as pessoas desempenham suas

atividades laborais, não importando, inclusive, se tais atividades serão ou não remuneradas,

ou seja, podemos englobar atividades de cunho voluntário e estágios não remunerados, nem

mesmo faz distinção de gênero, legislação que os regem em suas atividades laborais ou

mesmo faixa etária.

No que tange a incolumidade físico-psíquica, fica lúcido que a preocupação não é

apenas de proteger a saúde física do trabalhador, não busca apenas a proteção contra acidentes

físicos, danos visíveis, mas também busca assegurar a saúde psíquica do mesmo, ou seja,

relativo à alma, o espírito e a mente, vejamos que nesse sentido estamos adentrando a moral

do trabalhar, a proteção de danos contra a sua moral e honra.

Importante deixar claro que não se trata de situação que cause dano diretamente a sua

moral, mas um ambiente de trabalho que por não estar em conformidade com normas que

assegurem a saúde do trabalhador lhe causem acidentes provenientes da não observância de

normas de segurança e como conseqüência comprometa o emocional, o psíquico do

trabalhador.

Neste diapasão o Dr. João Manoel Grott nos presenteia com seu rico conceito de meio

ambiente do trabalho, fazendo uma pequena junção do dispositivo legal da Lei 6.938/81 e o

artigo 225 da Carta Magna, vejamos:

Entendendo-se meio ambiente do trabalho como um conjunto de fatores

físicos, climáticos ou quaisquer outros interligados, ou não, estão presentes e

envolvem o local de trabalho do indivíduo, é natural admitir que o homem

passou a integrar plenamente o meio ambiente no caminho para o

desenvolvimento sustentável preconizado pela nova ordem ambiental

mundial. Também, pode-se afirmar que o meio ambiente do trabalho faz

parte do conceito mais amplo de ambiente, de forma que deve ser

considerado como bem a ser protegido pelas legislações para que o

23

trabalhador possa usufruir de uma melhor qualidade de vida. (GROTT, 2003,

p. 81).

Perfeita colocação do Dr. Grott, sua análise só nos leva a uma reflexão mais humana

possível, bem como não nos deixa passar despercebido que existe uma nova ordem ambiental

mundial, vez que, a sustentabilidade é tema que vem sendo tratado de forma exaustiva.

Muito embora, meio ambiente do trabalho seja tema atual, historicamente a doutrina

trabalhista, aproveitando a conceituação legal, sempre utilizou a expressão higiene e

segurança do trabalho para tratar do assunto, o festejado estudioso do Direito do Trabalho

Amauri Mascaro Nascimento, apresentou interessante classificação a respeito já na década de

70, que merece transcrição:

A segurança e higiene do trabalho tem um objeto próprio, que pode ser

resumido seguindo-se Simonin ( Medicina Del Trabajo, Barcelona, 1959,

pags. 23 e 24), da seguinte maneira: a) complexo homem-máquina, em face

das modificações constantes desta última, acarretando toda sorte de estragos

nos que as manejam, impondo-se um corretivo de ordem fisiológica,

biológica, psicológica e técnica; b) complexo trabalhador-ambiente, tendo-se

em conta que o local de trabalho é fonte de riscos e perigos diversos, que

devem ser evitados, tanto no que tange à edificação do estabelecimento em

seu aspecto material, como também em relação à implantação de meios

técnicos sanitários a cargo de engenheiros, químicos e toxicológicos;(o grifo

é nosso) c) equipe obreiro-médica, que abrange a proteção sanitária em toda

sua plenitude; d) equipe obreiro-patronal, compreendendo fatores

psicológicos de produtividade, pertinentes à esfera das relações humanas na

empresa e a consideração do trabalhador como um ser dotado de

necessidades e ao mesmo tempo sujeito a fatores de ordem ética, moral e

espiritual; e) complexo obreiro- comunidade, que entra no campo da

previdência social, dada a necessidade de suprimir ou diminuir no

trabalhador a incerteza quanto a determinadas contingências que o afetam,

sobre o futuro e os riscos do trabalho.(NASCIMENTO apud SANCHEZ,

2009, p.33)

Na sua obra, José Afonso da Silva (2010, p. 05) define meio ambiente do trabalho

como: “local em que se desenrola boa parte da vida do trabalhador, cuja qualidade de vida

está, por isso, em íntima dependência da qualidade daquele ambiente”.

O ilustre professor traz a baila questão de suma importância, lembrando o tempo que

cada trabalhador desprende de sua vida para as suas atividades de seu trabalho é maior,

inclusive, do tempo que este passa com sua família, amigos etc., justificando nesta senda, a

necessidade e não a opção de um ambiente de trabalho saudável e digno para o trabalhador.

Por sua vez, Júlio César de Sá da Rocha conceituou meio ambiente da seguinte forma:

24

O meio ambiente do trabalho representa todos os elementos, inter-relações e

condições que influenciam o trabalhador em sua saúde física e mental,

comportamento e valores reunidos no lócus do trabalho, caracterizando-se,

pois, como a soma das influências que afetam diretamente o ser humano,

desempenhando aspecto chave na prestação e performance do

trabalho.(ROCHA, 1997, p. 127)

Mais uma vez o conceito de meio ambiente vem abarcando a saúde física e mental do

trabalhador, razão para não deixar qualquer rastro de dúvidas do quanto à saúde metal

também é objeto de estudo e defesa dos doutrinadores.

No que tange a legislação infraconstitucional, há também robusta preocupação do

legislador quanto à tutela do trabalhador. Os artigos 154 e seguintes da Consolidação das Leis

do Trabalho (CLT) prevêem a tutela ambiental em Capítulo à parte, relativo à Segurança e

Medicina do Trabalho que na sábia opinião do nobre doutrinador Raimundo Simão de Melo

(2008, p. 34) traz disposições de suma importância, que se fossem efetivamente cumpridas,

representaria grande avanço na prevenção do meio ambiente do trabalho.

Diante de todo o exposto, fica evidente que para qualquer trabalhador, seja ele rural ou

urbano, é indispensável um ambiente de trabalho saudável, sem riscos à sua saúde, ou que os

mesmos sejam ao menos minimizados, a fim de se evitar dano a sua saúde física e mental, de

modo a proporcionar a este trabalhador maior qualidade de vida, como aqui já citado é objeto

da legislação constitucional e infraconstitucional.

2.2 Equipamento de Proteção Individual

De acordo com GARCIA (2009, p.1016) “Considera-se Equipamento de Proteção

Individual (EPI) todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador,

destinado a proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho”.

As regras que disciplinam sobre os EPIs encontram-se detalhadas na Norma

Regulamentadora (NR) 06 da Portaria 3.214/1978.(anexo IV)

Referida NR conceitua em seu texto o que é o EPI, com as seguintes palavras:

Para os fins de aplicação desta Norma Regulamentadora – NR, considera-se

Equipamento de Proteção Individual – EPI, todo dispositivo ou produto, de

uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos

suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. (NR – 6)

25

A mesma Norma Regulamentadora também conceitua, no mesmo diapasão, o que são

os Equipamentos Conjugados de Proteção Individual - ECPI‟s vejamos:

Entende-se como Equipamento Conjugado de Proteção Individual, todo

aquele composto por vários dispositivos, que o fabricante tenha associado

contra um ou mais riscos que possam ocorrer simultaneamente e que sejam

suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. (NR – 6)

Independente de qual seja o Equipamento de Proteção Individual, ambos tem a mesma

finalidade, ou seja, a proteção pessoal e individualizada do trabalhador durante suas tarefas

laborais no ambiente do trabalho.

Já o ilustre doutrinador Edwar Abreu Gonçalves define em sua obra, Equipamento de

Proteção Individual como:

Todo equipamento de uso pessoal cuja finalidade é proteger a saúde ou a

integridade física do trabalhador da exposição de agentes físicos, químicos,

mecânicos ou biológicos porventura presentes no ambiente de trabalho.

(GONÇALVES, 2000, p.136)

No conceito acima, o autor defende que a finalidade do uso do Equipamento de

Proteção Individual - EPI é para proteger a saúde ou a integridade física, ora, não discordando

de conceituado autor, mas apenas a fim de reforçar seu entendimento, é possível dizer que a

finalidade é a de proteger ambas, a saúde bem como a integridade física do trabalhador no

ambiente de trabalho.

A fim de um entendimento mais profundo, é de suma importância conceituar alguns

elementos presentes no conceito acima, sendo eles: agentes físicos, agentes químicos e

agentes biológicos.

Os conceitos que se seguem estão previstos na NR-09:

Consideram-se agentes físicos as diversas formas de energia a que possam

estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pressões

anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações ionizantes,

bem como o infra-som e o ultra-som.

Consideram-se agentes químicos as substâncias, compostos ou produtos que

possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras,

fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da

atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvido pelo organismo

através da pele ou por ingestão.

Consideram-se agentes biológicos as bactérias, fungos, bacilos, parasitas,

protozoários, vírus, entre outros. (NR - 09)

Apresentado os conceitos, mais fácil compreensão da necessidade do uso de

Equipamentos de Proteção Individual pelos trabalhadores, afinal todos esses agentes

26

provocam lesões que podem comprometem, em vezes, de forma irreversível a saúde física e

psíquica do trabalhador.

Não apenas a NR 06, mas também a CLT, traz em seu bojo, quanto ao EPI, as

responsabilidades das partes a quem os compete, ou seja, empregado e empregador.

Vejamos o texto legal da CLT, o qual disciplina o uso do EPI, in verbis:

A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente,

equipamento de proteção individual adequado ao risco e em perfeito estado

de conservação e funcionamento, (o grifo é nosso), sempre que as medidas

de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes

e danos à saúde dos empregados. (VADE MECUM, CLT, 2009, p.805)

O dispositivo acima é cristalino em seu caput, pois afirma que é de responsabilidade do

empregador o fornecimento de equipamento que proteja individualmente cada empregado,

devendo estes equipamentos atender perfeitamente a proteção quanto aos riscos que a

atividade exercida pelo empregado possa lhe causar, não ficando silente ainda referida norma

que os equipamentos devem estar em perfeito estado de conservação e funcionamento, o que

não nos leva a qualquer erro de interpretação, pois é clara a colocação do legislador.

Ainda sobre o uso dos equipamentos de proteção individual, a legislação prevê que

esses só podem ser utilizados ou colocados a venda após aprovação pelo Ministério do

Trabalho através de certificação, artigo 167 da CLT.

Reforçando a necessidade do fornecimento de equipamento de proteção aos

trabalhadores a legislação que disciplina sobre a Previdência Social, Lei 8.213 de 24 de julho

de 1991, em seu artigo 19 §1º dispõe o que: “A empresa é responsável pela adoção e uso das

medidas coletivas e individuais de proteção e segurança da saúde do trabalhador.”

A NR 06 também traz em seu bojo, quanto à circunstância plausível para a adoção do

EPI, ou seja, a empresa é obrigada fornecê-lo sempre que as medidas de ordem geral não

ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes do trabalho ou de doenças

profissionais e do trabalho, enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo

implantadas e para atender a situações de emergência.

Sendo assim, está claro que fora essas situações não haverá a obrigatoriedade de

fornecimento dos equipamentos de proteção individual.

A Norma Regulamentadora – NR 06 disciplina também sobre a responsabilidade do

empregador assim dispondo:

6.6 Cabe ao empregador

6.6.1 Cabe ao empregador quanto ao EPI :

27

a) adquirir o adequado ao risco de cada atividade;

b) exigir seu uso;

c) fornecer ao trabalhador somente o aprovado pelo órgão nacional

competente em matéria de segurança e saúde no trabalho;

d) orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e

conservação;

e) substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado;

f) responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica; e,

g) comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada. (NR – 06)

Vejamos que a NR acima em seu item 06 ao disciplinar a responsabilidade do

empregador elenca sete exigências para a adoção do uso do equipamento, não mais

importante do que as outras, mas o item de letra “d” destaca que o empregador deve não

apenas fornecer, mas também orientar e treinar o empregado como utilizar o equipamento,

item que ganhará mais importância quando aqui forem expostas as obrigações do empregado

quanto ao uso do EPI.

Em sentido jurisprudencial, vejamos abaixo decisão do Tribunal Regional do Trabalho

da 3ª Região (anexo V):

EMENTA: ACIDENTE DE TRABALHO. DANOS MORAIS. VÍTIMA

FATAL. CULPA COMPROVADA. A simples comprovação de que o

empregado não utilizava cinto de proteção ou qualquer outro equipamento

de proteção quando sofreu acidente, ao cair no fosso do elevador, na

execução de suas atividades laborais, já seria suficiente para responsabilizar

o empregador pela satisfação dos danos vindicados, uma vez que a este cabia

tomar todas as medidas para que houvesse o seu efetivo uso. Trata-se de

culpa in vigilando, pelo não fornecimento de EPI ao obreiro. Contudo, no

caso dos autos, tendo restado provada a total indiferença da empresa com a

segurança do empregado, sua culpa afigura-se ainda mais latente. Logo,

presentes os elementos necessários à exigibilidade da indenização, quais

sejam, o dano sofrido, o nexo de causalidade e a culpa do empregador pelo

evento danoso, mantém-se a condenação ao pagamento da indenização

compensatória dos danos morais. Recorrente(s): Silas Campos Moreira e

outra (1) Sky Brasil Serviços Ltda. (2) Mundo Digital Telecomunicações e

Serviços Ltda. (3) -Recorrido(s): os mesmos. (TRT R.O. nº. 01079-2009-

031-03-00-4, Relator: Fernando Luiz Gonçalvez Rios Neto, DEJT

21.09.2010, p.127).

Não diferente dos doutrinadores aqui já citados, é o posicionamento do Tribunal, ou

seja, suas decisões também prezam pelo uso do Equipamento de Proteção Coletiva – EPI,

devendo este, obrigatoriamente, ser fornecido pelo empregador. Não resta qualquer dúvida

que a decisão acima foi acertada, sendo provido o recurso da parte que é reclamante nos

autos, responsabilizando a reclamada e condenando-a pagamento de indenização, frise-se

28

majorando os valores. Ressalte-se que no caso acima exposto, o empregado veio a óbito pelo

não uso do EPI (cinto de segurança) que deveria ter sido fornecido pela empresa.

O que se pode concluir da situação trazida à baila é que, o uso do EPI é indispensável,

de acordo com cada atividade laboral, sendo assim necessário o seu fornecimento pela

empresa.

No que tange a responsabilidade do empregado a NR 06 disciplina da seguinte forma:

6.7 Cabe ao empregado

6.7.1 Cabe ao empregado quanto ao EPI:

a) usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina;

b) responsabilizar-se pela guarda e conservação;

c) comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para

uso; e,

d) cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado. (NR- 06)

Não foi omisso o legislador quanto aos trabalhadores rurais, pois atualmente

prevalecem as disposições da NR 31, item 31.20 da Portaria 86/2005, referente às medidas de

proteção pessoal.

Vale aqui salientar dois pontos importantes sobre os Equipamentos de Proteção

Individual, primeiro que ambas NR‟s aludem quais são os equipamentos de proteção os quais

elas se referem, segundo que o uso de referidos equipamentos não trazem benefícios apenas

para o trabalhador, ou seja, não visa apenas a manutenção de sua saúde física e proteção

contra riscos de acidentes de trabalho ou doenças profissionais e do trabalho, também é

possível o empregador se beneficiar quando de sua adoção, pois nestas circunstâncias poderá

proporcionar redução de custos, custos estes pagos a título de adicional de insalubridade, que

via de regra é pago em percentual que varia de 10% a 40% de acordo com o grau a ser

enquadrado.

Gonçalves em sua obra aqui já citada instruí de forma sábia como empresa deve agir no

momento da entrega do EPI, in verbis:

Embora não haja orientação legal específica, é por demais salutar que a

empresa, ao fornecer equipamento de proteção individual a seus

empregados, o faça mediante Termo de Responsabilidade através do qual

seja consignado o tipo de EPI fornecido, inclusive com a indicação do

correspondente número do Certificado de Aprovação – CA, orientações e

recomendações de uso, conforme o caso, advertências quanto aos

procedimentos punitivos que a empresa adotará caso o trabalhador, sem justo

motivo, se recuse a utilizá-los, além da data de entrega e assinatura do

trabalhador confirmando o recebimento e o seu compromisso na utilização

do EPI. (GONÇALVES, 2000, p. 137)

29

Como antes já exposto essas são apenas orientações que o ilustre doutrinador transmite

e que tem o condão de municiar a empresa com provas documentais, todavia tal procedimento

não exime a mesma na sua responsabilidade de fiscalização junto ao empregado.

2.3 Equipamento de Proteção Coletiva

O Equipamento de Proteção Coletiva é tratado na legislação trabalhista como medida de

ordem geral, veja o disposto no artigo 166 da CLT:

Art. 166 - A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente,

equipamento de proteção individual adequado ao risco e em perfeito estado

de conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral (o

grifo é nosso) não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes

e danos à saúde dos empregados. (VADE MECUM, CLT, 2009, p. 805)

Podemos então definir EPC, como medidas gerais, que envolvem equipamentos,

métodos e tecnologias, que devem ser providenciadas pelo empregador com a finalidade de

preservar a integridade física e a saúde do trabalhador e terceiros, contra exposições de

agentes insalubres e/ou periculosos.

As Normas Regulamentadoras também não silenciaram quando o tema em questão foi o

EPC, pois nesta senda institui-se a NR 04 que dispõe sobre Serviços Especializados em

Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho.

Suma importância o inteiro teor da Norma supracitada, porém vale o destaque do item

4.1:

4.1. As empresas privadas e públicas, os órgãos públicos da administração

direta e indireta e dos poderes Legislativo e Judiciário, que possuam

empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT,

manterão, obrigatoriamente, Serviços Especializados em Engenharia de

Segurança e em Medicina do Trabalho, com a finalidade de promover a

saúde e proteger a integridade do trabalhador no local de trabalho. (NR. 04)

Este pequeno, porém importante dispositivo merece comentários indispensáveis, como

por exemplo, no que tange aos trabalhadores, não importa qual empresa ou órgão esses

desempenham suas atividades, basta que os mesmos sejam regidos pela CLT. Outro ponto

importante é ressaltar que a implantação de medidas de segurança e medicina do trabalho não

é facultativa, mas obrigatória.

Dentre algumas atribuições conferidas na NR 04 está a do SESMT de aplicar os

conhecimentos de engenharia de segurança e medicina do trabalho ao ambiente de trabalho e

30

a todos os seus componentes, inclusive máquinas e equipamentos, de modo a reduzir ou até

eliminar os riscos ali existentes à saúde do trabalhador, consideram-se essa uma das mais

importantes disposições por abranger todo o ambiente de trabalho com a finalidade de atingir

todas as dimensões possíveis, desde pequenos componentes até equipamentos e maquinários.

Quando do uso do EPC também é possível obter vantagens que nesta seara dignifica-se

realçar, vejamos: menor custo a médio e em longo prazo, atinge a todos os funcionários

expostos direta ou indiretamente, independe da vontade do pessoal exposto em utilizar ou não,

maior facilidade de controle da manutenção, menor taxa de INSS e Seguro, redução de

processos trabalhistas e reclamações judiciais, aumento da produção com redução do tempo

em treinamentos e exames, redução do número de acidentes (em consequência, de

afastamentos).

Ou seja, os benefícios versus os custos que estes podem trazer são equivalentes, muito

embora não seja assim que o empresariado brasileiro tem enxergado a questão.

2.4 Acidente de Trabalho

As razões que deram azo aos acidentes de trabalho, já foram de alguma forma aqui

expostas, mas nada custa rememorá-las, são elas as péssimas condições de trabalho advindas

com o crescimento econômico, no período da Revolução Industrial na Europa, e não menos

importante as Revoluções e períodos de greves no Brasil, sendo este último no início do

Século XX.

A Lei nº 8.213 de 1991, que dispõe sobre os Planos de Benefício da Previdência Social,

assim conceitua Acidente de Trabalho em seu artigo 19:

Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a

serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no

inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação

funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou

temporária, da capacidade para o trabalho.(VADE MECUM, 2009, p. 1227)

Nenhum outro conceito, a princípio, nos é necessário, pois este já traz em seu bojo

amplitude suficiente para elucidar qualquer questão sobre o que é o acidente de trabalho,

quando há a sua caracterização e quais suas consequências.

Vejamos que o conceito legal disciplina que para caracterizar acidente de trabalho o fato

deve ocorrer no âmbito da empresa e haver o nexo causal, uma ligação direta entre o resultado

e o trabalho realizado, porém, houve um descuido do legislador, pois neste conceito acabaram

31

por excluir os empregados domésticos, os contribuintes individuais e facultativos, os quais, na

necessidade, não serão amparados pelo benefício de auxílio-acidente.

No que tange ao nexo causal e o resultado vejamos decisão do Tribunal Regional do

Trabalho da 2ª Região (anexo VI):

EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR

DANO MATERIAL E MORAL DECORRENTE DE ACIDENTE DO

TRABALHO. NEXO CAUSAL ENTRE O TRABALHO E A DOENÇA (o

grifo é nosso). CONCAUSA. CLASSIFICAÇÃO DA DOENÇA NA

CATEGORIA III DA CLASSIFICAÇÃO DE SCHILLING.

A classificação proposta por Schilling é adotada no manual de

procedimentos para as doenças relacionadas ao trabalho, elaborado pelo

Ministério da Saúde. Na categoria III da referida classificação o trabalho

aparece como provocador de um distúrbio latente, ou agravador de doença já

estabelecida. O trabalho é uma concausa de certas moléstias. Isso significa

que o trabalho em conjunto com outros fatores – concausas – contribuiu

diretamente para produzir certas lesões. A legislação brasileira não exige que

o trabalho seja causa única para a caracterização do acidente ou doença do

trabalho. Nosso ordenamento apenas exige que o trabalho haja contribuído

diretamente para a morte do segurado, redução ou perda da sua capacidade

para caracterizar a doença ou acidente de trabalho, conforme inciso I do art.

21 da Lei nº 8.213/1991. (TRT. R.O. 01407.2007.402.02.00-3,

Desembargador Relator Marcelo Freire Gonçalves)

De Acordo com o artigo 20 do mesmo diploma legal acima citado, mesmo também trata

do acidente de trabalho equiparado, são eles:

a) doença profissional, produzida pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade;

b) doença do trabalho, adquirida em função de condições especiais em que o trabalho é

realizado e com ele se relacione diretamente;

c) a doença do trabalho adquirida na vigência do contrato de trabalho, ainda que posterior a

este contrato, desde que comprovada através de avaliação médico-pericial.

A mesma legislação também deixa cristalinas situações que não podem ser consideradas

acidentes de trabalho:

a. a doença degenerativa

b. a inerente a grupo etário

c. a que não produz incapacidade laborativa.

d. a doença endêmica, em regiões onde ela se desenvolve.

Muito embora, como acima já relatado houve uma omissão na lei quanto aos

trabalhadores que a mesma não abarca, não podemos deixar de mencionar também que em

32

diversas situações a mesma foi bastante detalhista para resguardar o direito pelos que por ela

são amparados.

SEÇÃO 3 ASPECTOS CONSTITUCIONAIS

Na seção que se inicia, trataremos dos aspectos constitucionais, mas precisamente os

princípios, que norteiam os direitos inerentes aos trabalhadores, sejam eles urbanos ou rurais.

3.1 Princípios Constitucionais

Princípio é o início, é o nascimento, é a estrutura sobre a qual se constrói algo, são

ensinamentos básicos e gerais,

O dicionário de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira define princípio em várias

acepções:

Princípio: 1. Momento ou local ou trecho em que algo tem origem [...] 2.

Causa primária. 3. Elemento predominante na Constituição de um corpo

orgânico. 4. Preceito, regra, lei. 5. P. ext. Base; germe [...]. 6. Filos. Fonte

ou causa de uma ação. 7. Filos. Proposição que se põe no início de uma

dedução, e que não é deduzida de nenhuma outra dentro do sistema

considerado, sendo admitida, provisoriamente, como inquestionável. São

33

princípios os axiomas, os postulados, os teoremas etc. (FERREIRA, 1994, p.

529)

Quando trazemos conceitos de um dicionário, estamos tratando de algo genérico,

todavia aplicável, porém, não suficiente para o tema em questão e abordagem que lhe é digna.

De acordo, em parte com o significado do Aurélio, é o posicionamento, que merece

atenção, do ilustríssimo professor José Afonso da Silva, quanto a palavra princípio:

A palavra princípio é equívoca. Aparece com sentidos diversos. Apresenta a

acepção de começo, de início. Norma de princípio (ou disposição de

princípio), por exemplo, significa norma que contém o início ou esquema de

um órgão, entidade ou de programa, como são as normas de princípios

institutivo e as de princípio programático. Não é nesse sentido que se acha a

palavra princípios da expressão princípios fundamentais do Título I da

Constituição. Princípio aí exprime a noção de “mandamento nuclear de um

sistema”. (SILVA, 2003, p. 91)

Transcendendo o conceito genérico, chegando a um conceito específico, o ilustríssimo

professor, traz em poucas palavras o que de fato nos é relevante, ou seja, como a Constituição

Federal trata os princípios, nesta senda, como mandamento nuclear de um sistema.

Destarte, está de fácil a compreensão, estamos então falando de essência, os princípios

constitucionais são essenciais a aplicabilidade do direito, sendo mister o seu tratamento

relacionado com a idéia de princípio no Direito, tendo em vista que os princípios

constitucionais, além de princípios jurídicos, são princípios que esgota a sua força teórica e

normativa do Direito enquanto ciência e ordem jurídica.

Apenas com o intuito de afixar a idéia de princípios, é de bom tom trazer a baila o rico

conceito e visão do louvável jurista Plácido e Silva, in verbis:

Princípios, no plural, significam as normas elementares ou os requisitos

primordiais instituídos como base, como alicerce de alguma coisa [...]

revelam o conjunto de regras ou preceitos, que se fixam para servir de norma

a toda espécie e ação jurídica, traçando, assim, a conduta a ser tida em

qualquer operação jurídica [...] exprimem sentido mais relevante que o da

própria norma ou regra jurídica [...] mostram-se a própria razão fundamental

de ser das coisas jurídicas, convertendo-as em perfeitos axiomas [...]

significam os pontos básicos, que servem de ponto de partida ou de

elementos vitais do próprio Direito. (SILVA, 2001, p. 639).

De fato, conceito louvável, possível de contemplar a essência dos princípios, conforme

o nobre jurista assim descreve, trata-se de algo que exprime sentido mais relevante do que a

própria regra jurídica, ou seja, deve ser usado antes mesmo da aplicação da lei, simplesmente.

34

No trabalho em questão o sentido dos princípios fundamentais não foge ao seu caráter

de essencialidade, seu caráter angular, muito pelo contrário, deve ser observado com mais

veemência, as razões que justificam a afirmativa supra, veremos a seguir quando serão

tratados separadamente os princípios mais relevantes relacionados ao tema da presente

monografia.

3.1.1 Dignidade da Pessoa Humana

Ser digno é o mesmo que ser merecedor.

Pequeno parecer, mas que pode nos elevar uma grande reflexão quando tratamos da

dignidade da pessoa humana, pois neste sentido falamos de respeito, de decência à pessoa

humana.

O princípio fundamental da Dignidade da Pessoa Humana está disposto na Constituição

Federal, Título I, artigo 1º, inciso III, in verbis:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel

dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado

Democrático de Direito e tem como fundamentos:

III - a dignidade da pessoa humana; (VADE MECUM, CF/88, 2009, p.7)

A República Federativa do Brasil, estamos então falando na nação brasileira, tem como

fundamento de sua formação o respeito à pessoa humana, ter uma vida, em todos os sentidos

digna, focando no tema central aqui dissertado, estamos falando em condições de trabalho

dignas, com respeito à saúde física e psíquica do trabalhador, seja ele urbano ou rural, com

condições laborativas que não interfiram na sua qualidade de vida.

José Cretella tece pequeno comentário sobre ser humano e dignidade da pessoa humana,

porém merece atenção:

O ser humano, o homem, seja de qual origem for, sem discriminação de raça,

sexo, religião, convicção política ou filosófica, tem direito a ser tratado pelos

semelhantes como “pessoa humana”, fundando-se, o atual Estado de direito,

em vários atributos, entre os quais se inclui a “dignidade” do homem,

repelido, assim, como aviltante e merecedor de combate qualquer tipo de

comportamento que atente contra esse apanágio do homem. (JUNIOR, 1994,

p. 139)

Como já citado, o conceito aqui exposto é simples, mas denota o que abarca e o que é a

dignidade da pessoa humana. Não cabe qualquer discriminação para ser respeitado, inclusive

35

com o intuito de evitar contradições, uma vez que discriminar também é faltar com o respeito

ao ser humano.

Posicionamento que merece ser citado é o do ilustre Dr. Raimundo Simão Melo, pois

segundo o mesmo a dignidade da pessoa humana é:

[...] um valor moral e espiritual inerente à pessoa humana, o qual se

manifesta na autodeterminação consciente e responsável da própria vida.

Consubstancia-se o princípio da dignidade da pessoa humana na pretensão

ao respeito por parte dos demais indivíduos da coletividade aos direitos

fundamentais da pessoa como integrante de uma coletividade. Apresenta-se

esse princípio em dupla concepção: como direito individual protetivo, em

relação ao Estado e aos demais indivíduos, e como dever fundamental de

tratamento igualitário dos homens entre si na sociedade. (MELO, 2008, p.

52)

Está cristalino que todo esse conceito do ilustre professor, nos remete à idéia de respeito

ao outro, conforme assegura a própria Constituição Federal tanto em seu artigo 1º, outrora

aqui já transcrito, bem como o artigo 225 caput, do mesmo diploma legal, coadunando a idéia

de respeito moral, espiritual e físico.

Sem mais delongas, passaremos a ver o direito à vida, também garantido na

Constituição Federal Democrática.

3.1.2 Direito à Vida

Sem entrar no mérito da origem da vida, mas muito se equivalendo de sua manutenção é

dessa forma que trataremos o referido princípio que vem disciplinado na Constituição Federal

de 1988, no Título II, Capítulo I, em seu artigo 5º, caput, in verbis:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,

garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a

inviolabilidade do direito à vida,(o grifo é nosso) à liberdade, à igualdade, à

segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (VADE MECUM, CF/88,

2009, p. 7)

A Constituição Federal trata do direito à vida como o mais fundamental dos direitos,

pois uma vez este garantido impõe-se pré-requisito à existência e exercício dos demais

direitos.

Diante do que nos é posto pela Lei Fundamental, é possível concluirmos que referido

direito deve ser assegurado pelo Estado em dupla acepção, sendo a primeira relacionada ao

36

direito de continuar vivo e a segunda de ter vida digna quanto à subsistência, sendo assim

entendido como direito a um nível de vida adequado com a condição humana.

Sem mais, adentramos no contexto do tema em foco, quando tratamos de meio ambiente

de trabalho saudável e uso dos Equipamentos de Proteção Coletiva como regra, impossível

não vermos a questão como uma forma de preservação da vida humana do trabalhador,

ressalte-se direito constitucionalmente assegurado pela Carta Magna de 1988.

A agressão ao corpo humano é sem dúvidas desintegração física, ou seja, fere-se a

integridade física do ser humano, independente da forma que ela ocorre, seja ela causada por

outrem ou mesmo por inobservância de regras de segurança do trabalho. Não podemos deixar

de ressaltar que agredir o corpo humano é também uma forma de agredir a vida humana, uma

vez que esta se realiza nele. Nas sábias palavras de José Afonso da Silva (2003, p. 198) “a

integridade físico-corporal constitui, por isso, um bem vital e revela um direito fundamental

do indivíduo.”

Cabe interpretação de forma extensiva nesse contexto, estendendo-se referido

entendimento supra mencionado, também a integridade moral do ser humano, do trabalhador.

Quando tratamos deste assunto podemos perceber que é de extrema relevância fazermos

uma conexão constitucional entre o direito à vida e a qualidade de vida saudável.

O caput do artigo 5º trata do direito a vida, já o direito a qualidade de vida saudável está

disciplinado no artigo 225 do mesmo diploma legal. O que podemos de tão simples concluir é

que não apenas os Estado, mas também toda a sociedade tem a obrigação de assegurar de

alguma forma o direito à vida de cada ser humano.

Adentrando mais especificamente no tema em questão, veremos que a premissa será que

as empresas têm uma parcela de responsabilidade considerável, uma vez que cabe a elas a

proteção aos seus trabalhadores, e mais uma vez, sem a intenção ser exaustivo na afirmativa,

proteção está que deve ser como regra os Equipamentos de Proteção Coletiva, ou seja, as

Medidas de Ordem Gerala.

3.1.3 Do Direito à Saúde

O direito à saúde está disciplinado na Constituição Federal em seu artigo 196, assim

descrito:

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante

políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de

outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua

promoção, proteção e recuperação. (VADE MECUM, CF/88, 2009, p.63)

37

Vejamos que o direito à saúde, bem como o direito à vida e a dignidade da pessoa

humana, estes últimos aqui já tratados, são inerentes a todos, sem qualquer distinção. O

aludido artigo estabelece uma definição genérica, possível dela partir, em conformidade com

cada área jurídica a ser estudada, neste caso partiremos para os posicionamentos do direito do

trabalho e o meio ambiente.

De suma importância o posicionamento do Dr. FIORILLO, quanto à saúde no meio

ambiente do trabalho, transcreva-se:

[...] as regras acerca da prevenção e da medicina do trabalho não são

somente aplicadas a relações laborais, conforme preceitua a Consolidação

das Leis do Trabalho. Na verdade, toda vez que existir qualquer trabalho,

ofício ou profissão relacionada à ordem econômica capitalista, haverá a

incidência das normas destinadas a garantir um meio ambiente do trabalho

saudável e, por consequencia, a incolumidade física e psíquica do

trabalhador. (FIORILLO, 2010, p. 501).

O posicionamento acima muito enobrece, uma vez que afirma com veemência que não

se deve a proteção apenas aos trabalhadores celetistas ou a necessidade de uma relação

laboral, ou seja, aqueles que laboram no regime da Consolidação das Leis do Trabalho, mas

sim qualquer que trabalhe, e esse trabalho, atividade vise uma ordem econômica, mesmo que

indireta, neste caso, mesmo quando trabalhos voluntários e estágios.

No que tange ainda ao meio ambiente de trabalho, a Carta Magna de 1988 atribuiu

responsabilidade ao SUS – Sistema Único de Saúde, disciplinada no artigo 200, inciso VIII:

Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições,

nos termos da lei:

VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do

trabalho. (VADE MECUM, CF/88, 2009, p. 64)

Importante comentar referido artigo e inciso, pois não se trata de responsabilidade

exclusiva do SUS, apenas solidária, é competência do sistema único de saúde, além de outras,

e mais, saliente-se que o mesmo deve colaborar, ou seja, trata-se de ajuda, auxílio, um

trabalho que deve ser desenvolvido em conjunto, nesta senda envolvendo Estado,

empresariado e o próprio trabalhador, este último, por exemplo, observando suas obrigações

no que se refere a sua própria proteção no meio ambiente de trabalho, voltando a questão aqui

já tratada, uso do Equipamento de Proteção Individual e sua conservação.

Em vias de contexto histórico, Afonso da Silva nos ensina:

38

Cremos que foi a Constituição italiana a primeira a reconhecer a saúde como

fundamental direito do indivíduo e interesse da coletividade (art.32). Depois,

a Constituição portuguesa lhe deu uma formulação universal mais precisa

(art.64), melhor do que a espanhola (art. 43) e a da Guatemala (arts. 93-100).

O importante é que essas quatro constituições o relacionam com a

seguridade social. (SILVA, 2003, p. 308)

As Constituições acima citadas ensejaram a concepção da nossa Constituição Federal de

1988.

3.1.4 Tutela Imediata do Meio Ambiente do Trabalho

Tutelar é o mesmo que proteger, amparar, e quando nos referimos ao meio ambiente do

trabalho o conceito não é diferente. O tema a ser desenvolvido nas próximas linhas tem

efetivamente esse intento, elucidar qual a proteção que merece o trabalhador em seu ambiente

de trabalho.

O dispositivo específico do qual emana a tutela ambiental exercida pelo Estado, vem

disciplinada no artigo 7º, inciso XXII da Constituição Federal do Brasil, dessa forma disposto:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que

visem à melhoria de sua condição social:

XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de

saúde, higiene e segurança; (VADE MECUM, CF/88, 2009, p.11)

O dispositivo acima está corroborado com o artigo 225, caput, do mesmo diploma legal,

artigo este aqui já citado diversas vezes.

Através de uma análise conjunta é possível observar que a legislação maior

definitivamente busca um meio ambiente de trabalho saudável para os trabalhadores, no

dispositivo acima citado o direito a que deve ser resguardado está na redução dos riscos,

importante aqui ressaltar que no mínimo se devem reduzir os riscos inerentes ao trabalho,

todavia, nada obsta que estes sejam completamente eliminados, o que de fato seria o mais

ideal para a proteção da saúde física e psíquica do trabalhador.

Como forma de consolidar o entendimento acima já transcrito, trago a baila o

ensinamento de Laura Martins Maia de Andrade, assim esclarecendo:

„‟Deduzimos, pois, que na proteção do meio ambiente do trabalho é de rigor

observar o contido no art. 7º, inciso XXII, que determina a redução dos

riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e

39

segurança, coibindo-se, desta forma, a degradação das condições ambientais,

desde que efetivamente observando o quanto resta estabelecido tanto na

Consolidação das Leis do Trabalho, como na Portaria n. 3.214/1978, do

Ministério do Trabalho, e, também, nas Constituições e leis estaduais e

municipais, além, das convenções e acordos coletivos do trabalho, no que

respeita à preservação da saúde dos trabalhadores. É direito fundamental da

pessoa humana ter assegurada sua vida (art. 5°, caput, da CF) e saúde (art.

6°, da CF), no meio em que desenvolve suas atividades laborais.

(ANDRADE, 2003, p. 143-44).

Podemos concluir como perfeito o posicionamento da ilustre doutrinadora acima, pois a

redução dos riscos necessariamente irá implicar sim em uma proteção maior da pessoa

humana, aqui tratamos do trabalhador, seja ele rural ou urbano, e, como consequencia,

inclusive, podemos falar em crescimento de produtividade laborativa, em tese.

Se o legislador levar em conta de fato a segurança e higiene do trabalhador, será este

fator determinante para que o empregador tome providências para a proteção do trabalhador,

afinal normas desse gênero podem ser causas diretas e determinantes da redução dos riscos

inerentes ao trabalho.

Outro dispositivo legal que garante a tutela imediata ao trabalhador, referente ao

ambiente de trabalho, está na CLT artigo 160, o mesmo estabelece inspeção prévia de forma

obrigatória, antes de seu funcionamento das atividades, como a forma mais importante de

prevenção dos agravos à saúde do trabalhador que irá executar as atividades in locu, muito

embora, na prática, isso seja pouco cumprido.

Vejamos então o dispositivo legal:

Art. 160: Nenhum estabelecimento poderá iniciar suas atividades sem prévia

inspeção e aprovação das respectivas instalações pela autoridade regional

competente em matéria de segurança e medicina do trabalho. (VADE

MECUM, CLT, 2009, p. 804).

Importantes comentários a fazer em relação ao artigo supracitado vejam que mesmo que

a doutrina entenda como obrigatória a inspeção prévia, não é assim que a legislação

compreende, pois se utiliza do verbo poderá e não deverá, e a autoridade competente nesses

casos, será a Superintendência Regional do Trabalho, ou mais conhecida como Delegacias

Regionais do Trabalho.

40

SEÇÃO 4 MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO E SUPERINTENDÊNCIAS

REGIONAIS DO TRABALHO E EMPREGO

Com o intuito de demonstrar as atribuições de alguns órgãos responsáveis por fiscalizar

e administrar, bem como punir as empresas que fogem as regras e normas legislativas, é que

abriremos esta seção que se inicia.

O MPT – Ministério Público do Trabalho é órgão criado e garantido

constitucionalmente, vejamos o que disciplina a Constituição Federal no Capítulo IV, em seu

artigo 127:

Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função

jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do

regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.

§ 1º - São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a

indivisibilidade e a independência funcional. (VADE MECUM, CF/88,

2009, p. 46)

O sitio de respeitável órgão, nos trás sua história, sobre a qual cabe transcrição:

41

De acordo com publicação do Ministro Ives Gandra Martins Filho, a história

da origem do Ministério Público do Trabalho se confunde com a da Justiça

do Trabalho, que surgiu no Conselho Nacional do Trabalho (Decreto nº

16.027/23), órgão de caráter administrativo instituído no âmbito do

Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. Nesta viagem histórica

registram-se os principais acontecimentos:

1937 - Junto ao Conselho passou a funcionar um Procurador-Geral e

Procuradores Adjuntos, que emitiam pareceres nos processos em trâmite. Em

1937, uma nova organização da Justiça do Trabalho criou o cargo de

Procurador-Geral do Trabalho.

Em seguida foram instaladas, junto a cada Conselho Regional do Trabalho,

as Procuradorias Regionais, sendo Arnaldo Süssekind o primeiro Procurador

Regional de São Paulo e o Professor Evaristo de Moraes Filho o primeiro

Procurador Regional da Bahia.

1940 - A Procuradoria do Trabalho passou a denominar-se Procuradoria da

Justiça do Trabalho, assumindo o cargo de Procurador-Geral da Justiça do

Trabalho, em 1941, o Dr. Américo Ferreira Lopes (Decreto-lei 2.852).

A Procuradoria do Trabalho tinha, desde suas origens, feições de Ministério

Público, na medida em que seu objetivo era a defesa do interesse público.

Além disso, possuía outra função de natureza administrativa, de órgão

consultivo para o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, em matéria

laboral.

1942 - Participação da Procuradoria do Trabalho na elaboração da CLT; na

reforma do MPT por meio da Lei Orgânica de 1951, que o enquadrou dentro

do Ministério Público da União, embora ainda vinculado ao Ministério do

Trabalho, Indústria e Comércio.

1961 - Criados, pelo Procurador-Geral da Justiça do Trabalho, Arnaldo

Süssekind, núcleos de atendimento que funcionavam como verdadeiras

curadorias de menores; a representação anual na reunião internacional da

OIT, como Membro da Comissão Permanente de Direito Social do

Ministério do Trabalho.

1965 - Criação do Centro de Estudos do MPT.

1972 - Transferência da Procuradoria Geral para Brasília.

1988 - Independência institucional, obtida com a Constituição Federal de 88.

1993 - Criação da Lei Orgânica do Ministério Público da União (Lei

Complementar 75/93).

2003 - Na busca da plena concretização dos direitos e deveres da Instituição,

foram instituídas o que hoje conhecemos por metas institucionais do MPT:

Erradicação do trabalho infantil e regularização do trabalho do

adolescente

Erradicação do trabalho forçado

Preservação da saúde e segurança do trabalhador

Combate a todas as formas de discriminação

Formalização dos contratos de trabalho (fonte:

http://www.prt23.mpt.gov.br/texto/mpt.php)

Possível verificar que a partir de 2003 algumas metas foram instituídas pelo MPT, entre

elas a principal que é a de garantia de um meio ambiente do trabalho seguro e saudável. Nessa

área de atuação o MPT baseia-se no conceito de segurança e saúde adotado pela OMS –

Organização Mundial da Saúde, em normas da OIT, da CLT e até mesmo da Constituição

Federal, bem como em portarias e normas regulamentadoras do MPTE.

42

O escopo central da atuação do MPT é efetivamente prevenir os acidentes no meio

ambiente de trabalho, para dar reais condições de saúde e segurança ao trabalhador.

A ação de referido organismo se dá através de recebimento de denúncia ou ter notícias

de desrespeito as normas de segurança e saúde, ou seja, este órgão está adstrito à denúncia,

que poderá ser elaborada, por exemplo, pelas Superintendências Regionais do Trabalho e

Emprego e sindicatos. O trabalho do MPT será no sentido de adotar providências necessárias

e eficazes para afastar, minimizar ou eliminar os riscos à saúde e à integridade física dos

trabalhadores, obrigando o cumprimento das normas referentes ao meio ambiente de trabalho.

A CLT trata em seu Título IX sobre o Ministério Público do Trabalho e seus órgãos

integrantes, e no artigo 155 do mesmo diploma legal também elenca atribuições que aqui

cabem destaques e comentários:

Art. 155 - Incumbe ao órgão de âmbito nacional competente em matéria de

segurança e medicina do trabalho:

I - estabelecer, nos limites de sua competência, normas sobre a aplicação

dos preceitos deste Capítulo, especialmente os referidos no art. 200;

II - coordenar, orientar, controlar e supervisionar a fiscalização e as demais

atividades relacionadas com a segurança e a medicina do trabalho em todo o

território nacional, inclusive a Campanha Nacional de Prevenção de

Acidentes do Trabalho;

III - conhecer, em última instância, dos recursos, voluntários ou de ofício,

das decisões proferidas pelos Delegados Regionais do Trabalho, em matéria

de segurança e medicina do trabalho. (VADE MECUM, CLT, 2009, p. 803)

Vejamos que a CLT trata do MPT no caput do artigo 155 como órgão de âmbito

nacional.

Outras funções institucionais do MPT também estão disciplinadas no artigo 129 inciso

III da Constituição Federal de 1988 e na Lei Complementar 75/93 em seus artigos 6º, inciso

VII, alíneas “c” e “d” e artigo 83, inciso III e artigo 84, inciso II.

No que se refere as Delegacias Regionais do Trabalho, atualmente denominadas de

Superintendências Regionais de Trabalho e Emprego,alteração introduzida pelo Decreto nº.

6.341 de 3 de janeiro de 2008, esse órgão trabalha em conjunto com o MPT, sendo atualmente

unidades descentralizadas e diretamente subordinadas ao Ministro de Estado, e tem suas

atribuições também disciplinadas na CLT, no artigo 156 do diploma supra, vejamos:

Art. 156 - Compete especialmente às Delegacias Regionais do Trabalho, nos

limites de sua jurisdição:

43

I - promover a fiscalização do cumprimento das normas de segurança e

medicina do trabalho;

II - adotar as medidas que se tornem exigíveis, em virtude das disposições

deste Capítulo, determinando as obras e reparos que, em qualquer local de

trabalho, se façam necessárias;

III - impor as penalidades cabíveis por descumprimento das normas

constantes deste Capítulo, nos termos do art. 201 (VADE MECUM, CLT,

2009, p. 803)

Através do referido dispositivo é possível verificar que há sim um trabalho conjunto das

Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego com o Ministério Público do Trabalho,

uma vez que ambos visam o mesmo fim, conforme dispõe o inciso I acima transcrito,

principalmente no que tange a fiscalização e cumprimento das normas de segurança e

medicina do trabalho, ou seja, a esta é atribuída a competência de execução, supervisão e

monitoramento de ações que tenha relação a políticas públicas ligadas ao TEM em sua área de

jurisdição.

Dispositivo não menos importante, razão pela qual aqui merece destaque é o artigo 160

da CLT que trata de inspeção prévia e interdição de estabelecimento, in verbis:

Art. 160 - Nenhum estabelecimento poderá iniciar suas atividades sem

prévia inspeção e aprovação das respectivas instalações pela autoridade

regional competente em matéria de segurança e medicina do trabalho.

§ 1º - Nova inspeção deverá ser feita quando ocorrer modificação substancial

nas instalações, inclusive equipamentos, que a empresa fica obrigada a

comunicar, prontamente, à Delegacia Regional do Trabalho.

§ 2º - É facultado às empresas solicitar prévia aprovação, pela Delegacia

Regional do Trabalho, dos projetos de construção e respectivas instalações.

(VADE MECUM, CLT, 2009, p.804)

O artigo supra elenca umas das atividades de extrema importância que as

Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego exercem, trata-se de interdição e

embargo de obras e maquinários que não estão em conformidade com as condições adequadas

para a execução do labor diário.

O professor FIORILLO, defende a importância de interdição e embargo da seguinte

forma:

A interdição de estabelecimento, setor de serviço, máquina ou equipamento

e o embargo da obra são instrumentos protetivos que têm por finalidade

eliminar a insalubridade do meio ambiente do trabalho. Interessante verificar

44

que a interdição pode recair sobre a empresa como um todo, com a

interdição do próprio estabelecimento, ou, de forma minimizada, sobre um

único equipamento. (FIORILLO, 2010, p. 502)

O que o professor nos transmite nesse pequeno dispositivo é tratado de forma

pormenorizada na NR 02 (anexo X) – Norma Regulamentadora, que trata da inspeção prévia.

Destarte, resta comprovada o trabalho que deve ser realizado em conjunto entre

empresariado, Ministério Público do Trabalho e Emprego, sindicato de trabalhadores e

Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego.

SEÇÃO 5 CIPA – COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES

O tema em desenvolvimento irá tratar de uma comissão prevencionista, conforme é

possível constatar na própria nomenclatura.

A criação da CIPA se deve a OIT, vejamos nos ensinamentos de Edwar Abreu:

A Organização Internacional do Trabalho – OIT, demonstrando crescente

preocupação com o tema da infortunística acidentária do trabalho, aprovou,

no ano de 1921, recomendação no sentido de que todos os estabelecimentos

industriais que empreguem regularmente pelo menos vinte e cinco

trabalhadores deveriam possuir um comitê de segurança. No Brasil, mesmo

antes da absorção de tal recomendação internacional em nosso ordenamento

jurídico, foi observado, por algumas empresas, o cumprimento espontâneo

da citada recomendação prevencionista da OIT; a literatura especializada

destaca a concessionária de energia elétrica, São Paulo Ligth and Power.

(GONÇALVES, 2000, p.88).

Como é possível verificar, essa situação acima citada, ou seja, o posicionamento sobre a

necessidade da criação de um comitê interno dentro das empresas que estudassem e

trabalhassem as questões de prevenção à acidentes de trabalho é criação antiga, estamos

45

falado no ano de 1921, porém, com o decurso de tempo o ordenamento jurídico brasileiro

sofreu mutações nesse sentido.

No ano de 1944 nova legislação, sendo está o Decreto-Lei 7.036 e3 1944, instituía a

obrigatoriedade que as empresas brasileiras tivessem esses organismos internos, todavia,

embora houvesse a obrigatoriedade não havia a efetiva cobrança.

A mudança só ocorre no ano de 1977 com a Lei nº. 6.514, através da Portaria do

Ministério Público nº 3.214 de 1978, que além de exigir a obrigatoriedade da criação de uma

comissão prevencionista, também passou a exigir de forma mais sistemática e consistente,

nessa senda o número de funcionários para sua exigência, passou a ser de cinqüenta, e esses

organismos poderiam ser estadual e regional. Situação que foi vedada no ano de 1983 com

nova Portaria, SSMT/MTb nº. 33, sendo necessária a constituição de uma comissão por

estabelecimento.

Atualmente vigora a Portaria nº. 08 de 1999 da Secretaria de Segurança e Saúde no

Ministério do Trabalho e Emprego que regula por inteiro a NR 05 trata-se de nova

regulamentadora para a CIPA, o objetivo desse organismo está disciplinado no item 5.1,

segue:

A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA - tem como objetivo

a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a

tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e

a promoção da saúde do trabalhador. (NR. 05)

Importante destacar neste dispositivo a observância de princípios constitucionais nele

descrito, sendo o princípio do direito à vida e as saúde.

Ressalte-se que ao tratar de prevenção, nada obsta que este organismo possa criar

mecanismos que vá além da prevenção, ou seja, medidas assecuratórias que excluam por

completo os riscos de acidentes oriundos da relação de trabalho.

No tocante a constituição e organização, vejamos o destaque do ilustre Dr. Edwar

Abreu:

Quanto à constituição da comissão prevencionista, deve ser dito que deve ser

organizada e mantida em funcionamento nos estabelecimentos públicos e

privados que possuam empregados contratados sob a égide da Consolidação

das Leis do Trabalho, sendo que, quando a empresa possuir, em um mesmo

município, dois ou mais estabelecimentos, deverá garantir a integração das

CIPA e dos designados, conforme o caso, objetivando harmonizar as

políticas de segurança e saúde no trabalho. (GONÇALVES, 2000, p. 90).

46

Vejamos no que se refere a competência territorial, é necessário a integração das CIPA

quando a empresa possuir mais de uma estabelecimento em um mesmo município, e quanto a

sua atuação, importante também frisar, em estabelecimentos públicos e privados.

Legislação atual, CLT, também não é silente nesse aspecto, trata do assunto de forma

genérica, ou que podemos denominar de lei em branco em seu artigo 163, “Será obrigatória a

constituição de Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), de conformidade com

instruções expedidas pelo Ministério do Trabalho, nos estabelecimentos ou locais de obra

nelas especificadas.”

As instruções das quais trata o referido dispositivo legal, atualmente são as NR‟s –

Normas Regulamentadoras, a que disciplina a CIPA, como já dito anteriormente é a NR 05.

Não é possível, dentro desta pesquisa falar de CIPA e deixar passar sem qualquer

observação e comentário as atribuições de referido organismo. O item 5.16 da NR 05 elenca

essas atribuições, segue algumas que merece maior destaque:

identificar os riscos do processo de trabalho, e elaborar o mapa de

riscos, com a participação do maior número de trabalhadores, com assessoria

do SESMT, onde houver;

elaborar plano de trabalho que possibilite a ação preventiva na

solução de problemas de segurança e saúde no trabalho;

realizar, periodicamente, verificações nos ambientes e condições de

trabalho visando a identificação de situações que venham a trazer riscos para

a segurança e saúde dos trabalhadores;

divulgar aos trabalhadores informações relativas à segurança e saúde

no trabalho;

requerer ao SESMT, quando houver, ou ao empregador, a

paralisação de máquina ou setor onde considere haver risco grave e iminente

à segurança e saúde dos trabalhadores;

divulgar e promover o cumprimento das Normas Regulamentadoras,

bem como cláusulas de acordos e convenções coletivas de trabalho, relativas

à segurança e saúde no trabalho;

participar, em conjunto com o SESMT, onde houver, ou com o

empregador, da análise das causas das doenças e acidentes de trabalho e

propor medidas de solução dos problemas identificados; (NR – 05)

Os itens supracitados só reforçam a idéia da necessidade de um organismo dentro das

empresas, atendido os requisitos imprescindíveis, com a finalidade de prevenir acidentes no

meio ambiente de trabalho, assegurando assim a saúde e segurança dos trabalhadores.

Vale aqui também uma observação de suma importância, não existe dentro da CIPA

responsabilidade apenas de seus membros, ou seja, presidente, vice-presidente, representantes

entre outros, os funcionários das empresas que tem internamente esse organismo em suas

47

instalações, a eles também lhe são conferidas responsabilidades, que estão disciplinadas no

item 5.18 da NR 05, entre elas a de colaborar com a gestão da CIPA e participar das eleições

de seus representantes.

Por fim a CIPA não é um organismo independente, não deve existir por independência,

e sim para trabalhar em conjunto com os trabalhadores, até por que são eles formados e para

trabalhar em prol deles, melhor, por sua saúde e segurança no meio ambiente do trabalho.

SEÇÃO 6 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO COLETIVA COMO REGRA

A seção que se inicia é o objetivo central do tema em estudo, a tese aqui defendida

nada mais é do que a legislação propriamente dita veja o artigo 166 da CLT:

Art. 166 - A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente,

equipamento de proteção individual adequado ao risco e em perfeito estado

de conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral não

ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde

dos empregados. (o grifo é nosso) (VADE MECUM, CLT, 2009, p.805)

Em conformidade com o texto legal acima, está claro que o EPI é equipamento

obrigatório, leia-se, necessário inclusive em muitas atividades desenvolvidas, porém, sempre

que as medidas de ordem geral, ou seja, os equipamentos de proteção coletiva, não oferecer a

completa proteção à saúde dos empregados, dos trabalhadores, sempre que houver um risco

de acidente que cause dano à saúde física, psíquica dos trabalhadores, estamos então falando

em EPC como regra e não como exceção.

Vejamos nesse sentido o sábio parecer do Procurador Raimundo Melo:

48

O Estado, por meio do Ministério do Trabalho e Emprego e de outros

órgãos governamentais, é responsável pelo estabelecimento de normas de

segurança, higiene e medicina do trabalho e pela fiscalização do seu

cumprimento. Mas não obstante existam normas legais a respeito do assunto

– em alguns aspectos até em demasia –, na prática, tais normas não são

efetivamente cumpridas, como mostram as estatísticas de acidentes, porque,

se, de um lado, existe a cultura atrasada e perversa por parte do

empresariado, de outro, as multas aplicadas administrativamente pelos

órgãos fiscalizadores são insuficientes para forçar os responsáveis a manter

ambientes de trabalho seguros e salubres. Isto se agrava mais ainda quando

as soluções dependem da implantação de medidas coletivas, que são mais

caras do que o simples fornecimento de equipamentos individuais, embora

mais eficientes na prevenção dos riscos ambientais. (o grifo é nosso)

(MELO, 2008, p.27)

O grifo acima é mais do que necessário, pois é o tema central e tese defensiva da

pesquisa em tela, posicionamento de extrema importância, uma vez que demonstra a não

preocupação do empresariado brasileiro com a saúde e segurança do seu trabalhador, a ponto

de ter como prioridade o custo do equipamento e não a sua efetiva proteção, visando por fim,

apenas o lucro de sua empresa, pouco se importando com quem os gera.

Ainda nesse sentido o ilustre doutrinador nos trás a reflexão a questão da impunidade

por parte dos órgãos responsáveis por fiscalizar e punir, deixando cristalino que a punição não

tem de fato esse caráter, ou seja, é extremamente branda dada as circunstâncias em que elas

deveriam ser aplicadas.

A omissão do Estado em cumprir seu papel na esfera administrativa, leva o trabalhador

a buscar seu direito, ora não respeitado, através de um pleito na esfera judiciária, ou seja, o

mesmo busca de forma individualizada amparo por meio do Poder Judiciário através de ações

que visam adicionais de insalubridade e periculosidade e mais, reparações por danos morais,

materiais e até mesmo estéticos. Muito embora pareça contraditório a essa realidade, o direito

ao meio ambiente de trabalho seguro e adequado é uma dos primeiros a constituir o conteúdo

do contrato de trabalho, seja individual ou coletivamente pelos sindicatos, Ministério Público

e demais entidades autorizadas de acordo com o dispositivo legal da Constituição Federal ou

Lei 7.347 de 1985.

Com o advento da Constituição Federal de 1988, houve uma prioridade ao incentivo a

prevenção dos acidentes de trabalho, e, substancialmente, as novas atribuições do Ministério

Público, as Ações Civis Públicas, passaram a ser ajuizadas com o escopo de obrigar o

empregador a cumprir as normas de segurança e higiene e prevenir, de forma efetiva, o meio

ambiente do trabalho dos riscos à saúde e integridade do trabalhador.

49

Muito embora medidas sejam tomadas, no sentido de incentivar a prevenção de

referidos acidentes, claro é, que não bastam. Legislações existem, até como já citado, de

forma demasiada, porém, resta a sua aplicabilidade de forma efetiva, ou seja, por mais

simples que pareça, é necessário uma cultura em todas as esferas sociais voltadas à prevenção

dos riscos no ambiente de trabalho, se faz necessário a visão de prioridade a coletividade. A

preocupação deve permear todos os trabalhadores de determinada repartição ou empresa, não

apenas um.

Não se deve tratar o meio ambiente de trabalho, muito menos seus trabalhadores de

forma subjetivamente e meramente individual, essa deve ser uma preocupação sim, mas,

secundária, a priori deve ser uma preocupação objetivamente coletiva, todos os trabalhadores

devem ter assegurada sua saúde dentro do ambiente de trabalho, saudável, adequado. Tutela

coletiva latu sensu.

Ainda no que se refere a legislações e a proteção coletiva como regra, a própria CLT

tutela esse direito em seus artigos 170 a 223, ao disciplinar sobre iluminação, conforto

térmico, edificações, instalações elétricas, máquinas e equipamentos, caldeiras, fornos e

recipientes sob pressão entre outros.

Além da CLT existem ainda as NR – Normas Reguladoras - que são estabelecidas pelo

Ministério Público e que também disciplinam sobre o meio ambiente de trabalho saudável,

visando a coletividade, como por exemplo, a NR 21 trata do trabalho a céu aberto, a NR 12

que disciplina sobre máquinas e equipamentos, a NR 13 que trata de caldeiras e recipientes

sob pressão, os fornos por sua vez são regulados pela NR 14.

Ora, isso apenas confirma o que o ilustre doutrinador acima nos ensinou, que

legislações há, até em demasia, sim, mas de fato, a aplicação das mesmas não acontece como

deveriam se assim fossem os números autuações, em função de itens trabalhistas irregulares,

reduziram e não aumentariam como demonstra claramente dados do MTE, vejamos:

No período compreendido de janeiro a setembro de 2009 no estado de São Paulo,

foram fiscalizadas 42.944 (quarenta e duas mil e novecentas e quarenta e quatro) empresas,

sendo que 8.746 (oito mil, setecentos e quarenta e seis) delas foram autuadas. No mesmo

período do ano de 2010, o número de empresas fiscalizadas foi de 31.928 (trinta e um mil,

novecentos e vinte oito) empresas sendo que dessas 7.544 (sete mil, quinhentas e quarenta e

quatro) foram autuadas.

Aparentemente o número de autuações diminuíram, sim é verdade, o número de autos

lavrados diminuíram, todavia, o número de empresas fiscalizadas também, mas basta um

50

simples cálculo de proporção para chegarmos a conclusão que em verdade esse número

aumentou, sendo este um aumento de 4% (quatro por cento).

6.1 Natureza Jurídica

No que diz respeito a natureza jurídica do meio ambiente do trabalho, está é difusa,

vejamos nos ensinamentos de Melo:

O meio ambiente do trabalho adequado e seguro é um direito fundamental

do cidadão trabalhador (lato sensu). Não é um mero direito trabalhista

vinculado ao contrato de trabalho, pois a proteção daquele é distinta da

assegurada ao meio ambiente do trabalho, porquanto este última busca

salvaguardar a saúde e a segurança do trabalhador no ambiente em que

desenvolve as suas atividades. (MELO, 2008, p. 28)

De acordo com a Constituição Federal vigente, a proteção ao meio ambiente de trabalho

saudável e seguro está vinculada diretamente à saúde do trabalhador enquanto cidadão, razão

pela qual se trata de um direito de todos, ou seja, direito difuso, estando estes ligados por um

fato comum, fato este que é a relação empregado e trabalhador, e mais, seu objeto é

naturalmente indivisível.

Compartilhando essa linha de raciocínio, manifesta-se Júlio César de Sá da Rocha, in

verbis:

Decerto que o requisito dos efeitos de possíveis danos podem atingir uma

determinada categoria (coletivo) ou uma massa indefinida de diversas

categorias (difuso). Entretanto, o meio ambiente de trabalho deve ser sempre

tomado como um bem difuso a ser tutelado. Em suma, o Direito Ambiental

do Trabalho, quanto à sua natureza jurídica, nasce como disciplina que

integra essa categoria de direitos; não se funda na titularidade de situação

subjetiva meramente individual.[...]. Com efeito, não é supérfluo mencionar

que não se ambiciona a realização de um interesse particular; ao contrário,

reconhece-se que existe necessidade de uma proteção metaindividual (tutela

coletiva lato sensu). (ROCHA apud MELO, 2008, p. 29)

O sentido expresso de coletivo pelo autor ora citado, de pronto pode até parecer se tratar

de uma visão imediatista, todavia, se levarmos em conta que difusamente inúmeros

trabalhadores já foram atingidos por uma certa lesão ambiental e outros, que são trabalhadores

indeterminados, ou seja, não se sabe exatamente quem, certamente serão prejudicados

enquanto não eliminada a causa da degradação, sendo assim, a natureza de referido direito só

pode ser difusa.

51

Ainda diante do exposto pelo ilustre doutrinador, conclui-se então que a natureza

jurídica do meio ambiente do trabalho é direito difuso fundamental, inerentes às normas

sanitárias e de saúde do trabalhador, merecendo nesta senda proteção dos Poderes Públicos e

da sociedade organizada.

Apenas com o intuito de ressaltar o que aqui já foi plenamente explanado e colocado,

fica e ensinamento de Venosa sobre Direito Ambiental e direito difuso:

Nesse quadro do Direito Ambiental, despontam os chamados direitos difusos

porque a proteção não cabe a um titular exclusivo nem em um interesse

individual, mas estende-se difusamente sobre a coletividade e cada um de

seus integrantes. Assim o Direito Ambiental não cabe na divisão entre o

direito público e privado. Trata-se de um terceiro gênero que a doutrina

denomina de direito social, como ocorre com o direito de proteção ao

consumidor. (VENOSA apud MELO, 2008, p. 29)

Desta forma, não resta dúvida que a natureza jurídica do meio ambiente do trabalho é a

tutela difusa.

SEÇÃO 7 - RESPONSABILIDADE CIVIL DAS EMPRESAS E A CONSTITUIÇÃO

FEDERAL

Mesmo sendo assunto já tratado, vale retomar que durante a Revolução Industrial

ocorrida na Europa em meados do séc. XVIII nasce ainda que forma tímida a

responsabilidade civil objetiva, despontando em função do desenvolvimento industrial, da

substituição do ferro pelo aço. Grandes escalas de produção e a mecanização dos sistemas

produtivos, aumentando a produtividade, a circulação de riquezas, e conseqüentemente houve

o crescimento do número de acidentes de trabalho nas fábricas. Surgiu então, a necessidade de

reparar esses danos sofridos pelos trabalhadores.

Dentro desse contexto histórico, a responsabilidade civil objetiva tomou forma e foi

ganhando corpo, quando o homem foi levado a uma situação de permanente risco com o seu

trabalho, fruto do excessivo crescimento industrial na época, sujeitando-o aos riscos, sem que

pudesse obter a reparação merecida, por não serem adequados os meios legais para se

proteger.

A reparação civil é fruto gerado pela responsabilidade civil, que é a obrigação de

reparar dano injustamente causado a outrem, tendo dupla destinação a preventiva e a

reparatória, sendo a preventiva de maior relevância no direito ambiental.

52

Existem duas principais teorias da responsabilidade civil: a subjetiva e a objetiva. A

teoria subjetiva assentava-se na culpa do agente como pressuposto indispensável na obrigação

de reparar o dano, entretanto, como essa teoria não era mais capaz de resolver os conflitos

existentes, uma vez que provar a culpa era de extrema dificuldade, originou-se a Teoria

Objetiva, fundada nos princípios da equidade, justiça e moralidade, independendo da

comprovação de culpa por parte do agente causador do dano.

Para dá ênfase a responsabilidade que de fato aqui nos tem importância, analisaremos a

priori o que é empregador e a responsabilidade quanto aos riscos do negócio, vejamos o

disposto no artigo 2º e § 1º da CLT:

Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que,

assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a

prestação pessoal de serviço.

§ 1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de

emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as

associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que

admitirem trabalhadores como empregados.(VADE MECUM, CLT, 2009,

p.291)

A legislação vigente considera ser empregador a empresa, seja ela coletiva ou

individual, desde que a mesma assuma os riscos da atividade econômica, e os riscos aqui

citado inclui a questão ambiental, pois assim assegura a Constituição Federal em seu artigo

170, in verbis:

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e

na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme

os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:

VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado

conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos

de elaboração e prestação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42,

de 19.12.2003). (VADE MECUM, CF/88, 2009, p.59)

O artigo supra apenas vem coadunar com o artigo central que trata de um meio

ambiente saudável, o u seja, o artigo 225 da Constituição Federal, já citado, ou seja, uma vez

que o empresário assim se torna, ele assume todos, sem exceção, os riscos de seu negócio.

Sendo assim concluímos que a responsabilidade civil tem cada vez mais, se moldado

com o passar do tempo, seja pelas inúmeras modificações tecnológicas que surgem, seja pela

grande capacidade que o homem tem de desenvolver novos produtos, serviços e formas de

trabalho, resultando num crescimento muitas vezes desordenado, fazendo com que o

53

empresariado esqueça suas reais responsabilidades e cuidado com o meio ambiente de

trabalho, frise-se local no qual são desenvolvidas as atividades laborativas.

CONCLUSÃO

Diante do tema exposto e das pesquisas realizadas através de conteúdos bibliográficos

que envolveram doutrinas, jurisprudências e legislações, bem como o meio eletrônico, foi

possível de alguma forma demonstrar o quão relevante e necessário é o estudo do tema e a sua

essencialidade para o nosso ordenamento jurídico.

As questões que levaram a sociedade a uma busca incessante por um meio ambiente de

trabalho cada vez mais saudável e adequado sempre foram de cunho social uma vez que essas

envolviam um crescimento acelerado das empresas têxteis no país e a preocupação com o

local no qual as atividades eram desenvolvidas eram extremamente insalubres e periculosas.

Com as lutas das classes sindicais, advieram as conquistas, a elaboração de legislações

que defendem desde a criação até a manutenção de um ambiente de trabalho adequado,

obviamente que não de forma tão simples, as mudanças foram acontecendo lenta e

timidamente, mas ocorreram. Atualmente a legislação brasileira é farta quando o assunto é

meio ambiente de trabalho saudável e não omissa quando tratamos de equipamento de

proteção coletiva, ou seja, de medidas de ordem geral, se sobrepondo as medidas de proteção

individual.

54

Destaque que inclusive a Constituição Federal trata do assunto em seus princípios mais

importantes e fundamentais, defendendo a dignidade da pessoa humana, a vida, bem maior e a

até mesmo a saúde, atribuindo uma responsabilidade solidária ao sistema de saúde do estado,

ou seja, divide a responsabilidade entre empregado e estado.

O uso do equipamento de proteção coletiva é sim mais importante e deve se sobrepor

ao uso dos equipamentos de proteção individual uma vez que a segurança que aqueles

oferecem são muito mais eficazes e visam a coletividade, afinal do que adianta um simples

protetor auricular ou até mesmo um fone concha quando a atividade que os trabalhadores

desenvolvem está ligada diretamente à ruídos excessivamente auto, ou seja, os mesmos estão

em contato direto à uma máquina que emite um ruído acima do permitido, o fone e o protetor

não fornecem a proteção adequada, o mais grave é que, normalmente estarão submetidos a

esses ruídos todos os trabalhadores de referida empresa ou repartição, mas apenas alguns

farão uso efetivo dessa máquina, vejamos que nessa situação o uso dos equipamentos de

proteção individual não devem ser dispensados, todavia, se visar a proteção do coletivo a

máquina em questão deveria estar em uma sala de isolamento acústico, e esse tipo de

fiscalização é de responsabilidade das Superintendências Regionais do Trabalho, cabendo

inclusive embargo de referido maquinário.

Importante ressaltar, que conforme ficou claramente demonstrado durante a pesquisa, a

não observação dos itens trabalhistas, tanto nas empresas rurais quanto nas urbanas, foi objeto

de aumento no número de autuações realizadas pelo Ministério do Trabalho em Emprego, sim

consideráveis quatro por cento.

Se não houvesse qualquer importância um ambiente de trabalho adequado, ou seja, com

o menor número possível de acidentes ou até mesmo a sua não ocorrência, não haveria

qualquer motivo para a criação de leis, e até mesmo órgãos responsáveis por criar normas e

fiscalizar e ainda punir as empresas que não as observam e as aplicam.

Podemos então concluir que a falta de aplicabilidade, a observação efetiva da legislação

trabalhista no que se refere ao uso dos equipamentos de proteção coletiva como regra é

também uma questão de cultura, falta de informação muitas vezes por parte do empregador e

também falta do querer do trabalhador, ora por não saber da importância do seu uso bem

como ora por achar que não é necessário.

A questão que nesta pesquisa foi colocada, obviamente merece mais atenção e maior

tempo e riqueza de detalhes para mensurar a importância dos equipamentos de proteção

coletiva. Pois em momento algum a mesma teve o condão de esgotar o tema, muito pelo

contrário, fui sucinta e introdutória.

55

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Portuguesa. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira S.A., 1994.

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GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de Direito do Trabalho. 3ª. ed. São Paulo: Editora

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56

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Trabalhador. 1ª. ed. Curitiba: Juruá Editora, 2003.

JUNIOR. José Cretella. Comentários à Constituição Brasileira de 1988. 3ª ed., Vol. I, Rio

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MELO, Raimundo Simão de. Direito Ambiental do Trabalho e a Saúde do Trabalhador.

3ª ed. São Paulo: Editora LTR, 2008.

NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 22ª. ed. São Paulo:

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ROCHA, Júlio César de Sá da. Direito Ambiental e Meio Ambiente do Trabalho: Dano,

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SANCHEZ, Adilson. A Contribuição Social Ambiental – Direito Ambiental do Trabalho.

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em 20 de outubro de 2010.

Fiscalização Ministério do Trabalho e Emprego de janeiro a setembro de 2010

<http://www.mte.gov.br/fisca_trab/resultados_fiscalizacao_jan_setembro_2010.pdf> Acesso

em 20 de outubro de 2010.

História do Ministério Público do Trabalho <http://www.prt23.mpt.gov.br/texto/mpt.php>

Acesso em 19 de outubro de 2010.

OIT <http://www.oitbrasil.org.br/inst/hist/index.php > Acesso em 15 de agosto de 2010.

57

ANEXO I - CONSTITUIÇÃO DA ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO (OIT) E

SEU ANEXO

(Declaração de Filadélfia)

58

CONSTITUIÇÃO DA ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL

DO TRABALHO (OIT) E SEU ANEXO

(Declaração de Filadélfia)

O texto em vigor da Constituição da Organização Internacional do Trabalho foi aprovado na 29ª reunião da

Conferência Internacional do Trabalho (Montreal -1946) e tem, como anexo, a Declaração referente aos fins e

objetivos da Organização, que fora aprovada na 26ª reunião da Conferência (Filadélfia -- 1944).

A Constituição, assim revista, substituiu a adotada em 1919 e que fora emendada em 1922, 1934 e 1945. Sua

vigência teve início em 20 de abril de 1948.

O Brasil ratificou o instrumento de emenda da Constituição da OIT em 13 de abril de 1948, conforme Decreto de

Promulgação n. 25.696, de 20 de outubro de 1948. O texto constitucional que reproduzimos neste livro

corresponde à revisão de 1946, com as emendas de 1953, 1962 e 1972, todas em vigor no âmbito internacional e

ratificadas pelo Brasil. Em 1964 foi aprovada uma emenda ao art. 35, que, todavia, ainda não obteve o número

de ratificações necessário para gerar sua vigência. E, em 1986, a 72ª reunião da Conferência, realizada em

Genebra, aprovou ampla revisão da Constituição (arts. 1, 3, 6, 7, 8, 13, 16, 17, 19, 21 e 36), que também não

entrou em vigor, pois o instrumento de emenda ainda não foi ratificado por dois terços dos Estados- Membros da

OIT, incluídos, entre estes, cinco dos dez países de maior importância industrial (o Brasil é um deles), tal como

exige o art. 36 do texto vigente.

INSTRUMENTO PARA A EMENDA DA CONSTITUIÇÃO DA ORGANIZAÇÃO

INTERNACIONAL DO TRABALHO

"A Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho, Convocada pelo Conselho de Administração

da Repartição Internacional do Trabalho e reunida em Montreal a 19 de setembro de 1946, em sua vigésima nona

sessão. Após haver decidido adotar determinadas propostas para a emenda da Constituição da Organização

Internacional do Trabalho, questão compreendida no segundo item da ordem do dia da sessão, Adota, aos nove

de outubro de mil novecentos e quarenta e seis, o instrumento seguinte para a emenda da Constituição da

Organização Internacional do Trabalho, instrumento que será denominado: Instrumento para a Emenda da

Constituição da Organização Internacional do Trabalho, 1946.

Artigo 1º

A partir da data da entrada em vigor do presente instrumento, a Constituição da Organização Internacional do

Trabalho, cujo texto se encontra reproduzido na primeira coluna do anexo ao citado instrumento, vigorará na

forma emendada que consta da segunda coluna.

59

Artigo 2º

Dois exemplares autênticos do presente instrumento serão assinados pelo Presidente da Conferência e pelo

Diretor-Geral da Repartição Internacional do Trabalho. Um destes exemplares será depositado no arquivo da

Repartição Internacional do Trabalho e o outro será entregue ao Secretário-Geral das Nações Unidas para fins de

registro, de acordo com o art. 102 da Carta das Nações Unidas. O Diretor-Geral transmitirá uma cópia,

devidamente autenticada, desse instrumento a cada um dos Estados-Membros da Organização Internacional do

Trabalho.

Artigo 3º

1. As ratificações ou aceitações formais do presente instrumento serão comunicadas ao Diretor-Geral da

Repartição Internacional do Trabalho, que dará das mesmas conhecimento aos Estados-Membros da

Organização.

2. O presente instrumento entrará em vigor nas condições previstas pelo art. 36 da Constituição da Organização

Internacional do Trabalho.

3. Assim que o presente instrumento entrar em vigor, tal fato será comunicado, pelo Diretor-Geral da Repartição

Internacional do Trabalho, a todos os Estados-Membros da referida Organização, ao Secretário-Geral das Nações

Unidas e a todos os Estados signatários da Carta das Nações Unidas."

CONSTITUIÇÃO DA ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO

Preâmbulo

"Considerando que a paz para ser universal e duradoura deve assentar sobre a justiça social;

Considerando que existem condições de trabalho que implicam, para grande número de indivíduos, miséria e

privações, e que o descontentamento que daí decorre põe em perigo a paz e a harmonia universais, e

considerando que é urgente melhorar essas condições no que se refere, por exemplo, à regulamentação das horas

de trabalho, à fixação de uma duração máxima do dia e da semana de trabalho, ao recrutamento da mão-de-obra,

à luta contra o desemprego, à garantia de um salário que assegure condições de existência convenientes, à

proteção dos trabalhadores contra as moléstias graves ou profissionais e os acidentes do trabalho, à proteção das

crianças, dos adolescentes e das mulheres, às pensões de velhice e de invalidez, à defesa dos interesses dos

trabalhadores empregados no estrangeiro, à afirmação do princípio "para igual trabalho, mesmo salário", à

afirmação do princípio de liberdade sindical, à organização do ensino profissional e técnico, e outras medidas

análogas;

Considerando que a não adoção por qualquer nação de um regime de trabalho realmente humano cria obstáculos

aos esforços das outras nações desejosas de melhorar a sorte dos trabalhadores nos seus próprios territórios.

AS ALTAS PARTES CONTRATANTES, movidas por sentimentos de justiça e humanidade e pelo desejo de

assegurar uma paz mundial duradoura, visando os fins enunciados neste preâmbulo, aprovam a presente

Constituição da Organização Internacional do Trabalho:

CAPÍTULO I

ORGANIZAÇÃO

Artigo 1

1. É criada uma Organização permanente, encarregada de promover a realização do programa exposto no

preâmbulo da presente Constituição e na Declaração referente aos fins e objetivos da Organização Internacional

do Trabalho, adotada em Filadélfia a 10 de maio de 1944 e cujo texto figura em anexo à presente Constituição.

2. Serão Membros da Organização Internacional do Trabalho os Estados que já o eram a 1º de novembro de

1945, assim como quaisquer outros que o venham a ser, de acordo com os dispositivos dos parágrafos 3º e 4º do

presente artigo.

3. Todo Estado-Membro das Nações Unidas, desde a criação desta instituição e todo Estado que for a ela

admitido, na qualidade de Membro, de acordo com as disposições da Carta, por decisão da Assembléia Geral,

podem tornar-se Membros da Organização Internacional do Trabalho, comunicando ao Diretor-Geral da

Repartição Internacional do Trabalho que aceitou, integralmente as obrigações decorrentes da Constituição da

Organização Internacional do Trabalho.

4. A Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho tem igualmente poderes para conferir a

qualidade de Membro da Organização, por maioria de dois terços do conjunto dos votos presentes, se a mesma

maioria prevalecer entre os votos dos delegados governamentais. A admissão do novo Estado-Membro tornar-se-

á efetiva quando ele houver comunicado ao Diretor-Geral da Repartição Internacional do Trabalho que aceita

integralmente as obrigações decorrentes da Constituição da Organização.

5. Nenhum Estado-Membro da Organização Internacional do Trabalho poderá dela retirar-se sem aviso prévio ao

Diretor-Geral da Repartição Internacional do Trabalho. A retirada tornar-se-á efetiva dois anos depois que este

aviso prévio houver sido recebido pelo Diretor-Geral, sob condição de que o Estado-Membro haja, nesta data,

60

preenchido todas as obrigações financeiras que decorrem da qualidade de Membro. Esta retirada não afetará,

para o Estado-Membro que houver ratificado uma convenção, a validez das obrigações desta decorrentes, ou a

ela relativas, durante o pedido previsto pela mesma convenção.

6. Quando um Estado houver deixado de ser Membro da Organização, sua readmissão nesta qualidade, far-se-á

de acordo com os dispositivos dos parágrafos 3º e 4º do presente artigo.

Artigo 2

A Organização permanente compreenderá:

a) uma Conferência geral constituída pelos Representantes dos Estados-Membros;

b) um Conselho de Administração composto como indicado no art. 7º;

c) uma Repartição Internacional do Trabalho sob a direção de um Conselho de Administração.

Artigo 3

1. A Conferência geral dos representantes dos Estados-Membros realizará sessões sempre que for necessário, e,

pelo menos, uma vez por ano. Será composta de quatro representantes de cada um dos Membros, dos quais dois

serão Delegados do Governo e os outros dois representarão, respectivamente, os empregados e empregadores.

2. Cada Delegado poderá ser acompanhado por consultores técnicos, cujo número será de dois no máximo, para

cada uma das matérias inscritas na ordem do dia da sessão. Quando a Conferência discutir questões que

interessem particularmente às mulheres, uma ao menos das pessoas designadas como consultores técnicos deverá

ser mulher.

3. Todo Estado-Membro responsável pelas relações internacionais de territórios não metropolitanos poderá

designar, a mais, como consultores técnicos suplementares de cada um de seus delegados:

a) pessoas, por ele escolhidas, como representantes do território, em relação às matérias que entram na

competência das autoridades do mesmo território;

b) pessoas por ele escolhidas como assistentes de seus delegados em relação às questões de interesse dos

territórios que não se governam a si mesmos.

4. Tratando-se de um território colocado sob a autoridade conjunta de dois ou mais Estados-Membros, poder-se-

á nomear assistentes para os delegados dos referidos Membros.

5. Os Estados-Membros comprometem-se a designar os delegados e consultores técnicos não governamentais de

acordo com as organizações profissionais mais representativas, tanto dos empregadores como dos empregados,

se essas organizações existirem.

6. Os consultores técnicos não serão autorizados a tomar a palavra senão por pedido feito pelo delegado a que

são adidos e com a autorização especial do Presidente da Conferência. Não poderão votar.

7. Qualquer delegado poderá, por nota escrita dirigida ao Presidente, designar um de seus consultores técnicos

como seu substituto, e este, nesta qualidade, poderá tomar parte nas deliberações e votar.

8. Os nomes dos delegados e de seus consultores técnicos serão comunicados à Repartição Internacional do

Trabalho pelo Governo de cada Estado-Membro.

9. Os poderes dos delegados e de seus consultores técnicos serão submetidos à verificação da Conferência, que

poderá, por dois terços, ou mais, dos votos presentes, recusar admitir qualquer delegado ou consultor técnico que

julgue não ter sido designado conforme os termos deste artigo.

Artigo 4

1. Cada delegado terá o direito de votar individualmente em todas as questões submetidas às deliberações da

Conferência.

2. No caso em que um dos Estados-Membros não haja designado um dos delegados não governamentais a que

tiver direito, cabe ao outro delegado não governamental o direito de tomar parte nas discussões da Conferência,

mas não o de votar.

3. Caso a Conferência, em virtude dos poderes que lhe confere o art. 3º, recuse admitir um dos delegados de um

dos Estados-Membros, as estipulações deste artigo serão aplicadas como se o dito delegado não tivesse sido

designado.

Artigo 5

As sessões da Conferência realizar-se-ão no lugar determinado pelo Conselho de Administração, respeitadas

quaisquer decisões que possam haver sido tomadas pela Conferência no decurso de uma sessão anterior.

Artigo 6

Qualquer mudança da sede da Repartição Internacional do Trabalho será decidida pela Conferência por uma

maioria de dois terços dos sufrágios dos delegados presentes.

Artigo 7

1. O Conselho de Administração será composto de 56 pessoas:

28 representantes dos Governos, 4 representantes dos empregadores e 14 representantes dos empregados.

2. Dos vinte e oito representantes dos Governos, dez serão nomeados pelos Estados-Membros de maior

importância industrial e dezoito serão nomeados pelos Estados-Membros designados para esse fim pelos

delegados governamentais da Conferência, excluídos os delegados dos dez Membros acima mencionados.

61

3. O Conselho de Administração indicará, sempre que julgar oportuno, quais os Estados-Membros de maior

importância industrial, e, antes de tal indicação, estabelecerá regras para garantir o exame, por uma comissão

imparcial, de todas as questões relativas à referida indicação. Qualquer apelo formulado por um Estado-Membro

contra a resolução do Conselho de Administração quanto aos Membros de maior importância industrial, será

julgado pela Conferência, sem contudo suspender os efeitos desta resolução, enquanto a Conferência não se

houver pronunciado.

4. Os representantes dos empregadores e os dos empregados serão, respectivamente, eleitos pelos delegados dos

empregadores e pelos delegados dos trabalhadores à Conferência.

5. O Conselho será renovado de três em três anos. Se, por qualquer motivo, as eleições para o Conselho de

Administração não se realizarem ao expirar este prazo, será mantido o mesmo Conselho de Administração até

que se realizem tais eleições.

6. O processo de preencher as vagas, de designar os suplentes, e outras questões da mesma natureza, poderão ser

resolvidas pelo Conselho de Administração, sob ressalva da aprovação da Conferência.

7. O Conselho de Administração elegerá entre os seus membros um presidente e dois vice-presidentes. Dentre os

três eleitos, um representará um Governo e os dois outros, empregadores e empregados, respectivamente.

8. O Conselho de Administração estabelecerá o seu próprio regulamento e reunir-se á nas épocas que determinar.

Deverá realizar uma sessão especial, sempre que dezesseis dos seus Membros, pelo menos, formularem pedido

por escrito para esse fim.

Artigo 8

1. A Repartição Internacional do Trabalho terá um Diretor-Geral, designado pelo

Conselho de Administração, responsável, perante este, pelo bom funcionamento da

Repartição e pela realização de todos os trabalhos que lhe forem confiados.

2. O Diretor-Geral ou o seu suplente assistirão a todas as sessões do Conselho de

Administração.

Artigo 9

1. O pessoal da Repartição Internacional do Trabalho será escolhido pelo Diretor- Geral de acordo com as regras

aprovadas pelo Conselho de Administração.

2. A escolha deverá ser feita, pelo Diretor-Geral, sempre que possível, entre pessoas de nacionalidades diversas,

visando a maior eficiência no trabalho da Repartição.

3. Dentre essas pessoas deverá existir um certo número de mulheres.

4. O Diretor-Geral e o pessoal, no exercício de suas funções, não solicitarão nem aceitarão instruções de

qualquer Governo ou autoridade estranha à Organização. Absterse-ão de qualquer ato incompatível com sua

situação de funcionários internacionais, responsáveis unicamente perante a Organização.

5. Os Estados-Membros da Organização comprometem-se a respeitar o caráter exclusivamente internacional das

funções do Diretor-Geral e do pessoal e a não procurar influenciá-los quanto ao modo de exercê-las.

Artigo 10

1. A Repartição Internacional do Trabalho terá por funções a centralização e a distribuição de todas as

informações referentes à regulamentação internacional da condição dos trabalhadores e do regime do trabalho e,

em particular, o estudo das questões que lhe compete submeter às discussões da Conferência para conclusão das

convenções internacionais assim como a realização de todos os inquéritos especiais prescritos pela Conferência,

ou pelo Conselho de Administração.

2. A Repartição, de acordo com as diretrizes que possa receber do Conselho de Administração:

a) preparará a documentação sobre os diversos assuntos inscritos na ordem do dia das sessões da Conferência;

b) fornecerá, na medida de seus recursos, aos Governos que o pedirem, todo o auxílio adequado à elaboração de

leis, consoante as decisões da Conferência, e, também, ao aperfeiçoamento da prática administrativa e dos

sistemas de inspeção;

c) cumprirá, de acordo com o prescrito na presente Constituição, os deveres que lhe incumbem no que diz

respeito à fiel observância das convenções;

d) redigirá e trará a lume, nas línguas que o Conselho de Administração julgar conveniente, publicações de

interesse internacional sobre assuntos relativos à indústria e ao trabalho.

3. De um modo geral, terá quaisquer outros poderes e funções que a Conferência ou o Conselho de

Administração julgarem acertado atribuir-lhe.

Artigo 11

Os Ministérios dos Estados-Membros, encarregados de questões relativas aos trabalhadores, poderão comunicar-

se com o Diretor-Geral por intermédio do representante do seu Governo no Conselho de Administração da

Repartição Internacional do Trabalho, ou, na falta desse representante, por intermédio de qualquer outro

funcionário devidamente qualificado e designado para esse fim pelo Governo interessado.

Artigo 12

1. A Organização Internacional do Trabalho cooperará, dentro da presente Constituição, com qualquer

organização internacional de caráter geral encarregada de coordenar as atividades de organizações de direito

62

internacional público de funções especializadas, e também, com aquelas dentre estas últimas organizações, cujas

funções se relacionem com as suas próprias.

2. A Organização Internacional do Trabalho poderá tomar as medidas que se impuserem para que os

representantes das organizações de direito internacional público participem, sem direito de voto, de suas próprias

deliberações.

3. A Organização Internacional do Trabalho poderá tomar todas as medidas necessárias para consultar, a seu

alvitre, organizações Internacionais não governamentais reconhecidas, inclusive organizações internacionais de

empregadores, empregados, agricultores e cooperativistas.

Artigo 13

1. A Organização Internacional do Trabalho poderá concluir com as Nações Unidas quaisquer acordos

financeiros e orçamentários que pareçam convenientes.

2. Antes da conclusão de tais acordos, ou, se, em dado momento, não os houver em vigor:

a) cada Membro pagará as despesas de viagem e de estada dos seus delegados, consultores técnicos ou

representantes, que tomarem parte, seja nas sessões da Conferência, seja nas do Conselho de Administração;

b) quaisquer outras despesas da Repartição Internacional do Trabalho, ou provenientes das sessões da

Conferência ou do Conselho de Administração, serão debitadas pelo Diretor-Geral da Repartição Internacional

do Trabalho no orçamento da Organização Internacional do Trabalho;

c) as regras relativas à aprovação do orçamento da Organização Internacional do

Trabalho, à distribuição das contribuições entre os Estados-Membros, assim como à arrecadação destas, serão

estabelecidas pela Conferência por uma maioria de dois terços dos votos presentes. Tais regras estipularão que o

orçamento e os acordos relativos à distribuição das despesas entre os Membros da Organização deverão ser

aprovados por uma comissão constituída por representantes governamentais.

3. As despesas da Organização Internacional do Trabalho serão custeadas pelos Estados-Membros, segundo os

acordos vigentes em virtude do parágrafo 1 ou do parágrafo 2 letra c do presente artigo.

4. Qualquer Estado-Membro da Organização, cuja dívida em relação a esta seja, em qualquer ocasião, igual ou

superior ao total da contribuição que deveria ter pago nos dois anos completos anteriores, não poderá tomar parte

nas votações da Conferência, do Conselho de Administração ou de qualquer comissão, ou nas eleições para o

Conselho de Administração. A Conferência pode, entretanto, por maioria dos dois terços dos votos presentes,

autorizar o Estado em questão a tomar parte na votação, ao verificar que o atraso é devido a motivo de força

maior.

5. O Diretor-Geral da Repartição Internacional do Trabalho será responsável perante o Conselho de

Administração pelo emprego dos fundos da Organização Internacional do Trabalho.

CAPÍTULO II

FUNCIONAMENTO

Artigo 14

1. O Conselho de Administração elaborará a ordem do dia das sessões da Conferência, depois de ter examinado

todas as propostas feitas pelos Governos de quaisquer dos Membros, por qualquer organização representativa

indicada no artigo 3º, ou por qualquer organização de direito internacional público, sobre as matérias a incluir

nessa ordem do dia.

2. O Conselho de Administração elaborará diretrizes para que a adoção pela Conferência de uma convenção ou

de uma recomendação seja, por meio de uma conferência técnica preparatória ou por qualquer outro meio,

precedida de um aprofundado preparo técnico e de uma consulta adequada dos Membros principalmente

interessados.

Artigo 15

1. O Diretor-Geral exercerá as funções de Secretário-Geral da Conferência e deverá fazer com que cada Estado-

Membro receba a ordem do dia, quatro meses antes da abertura da sessão. Deverá, também, por intermédio dos

referidos Estados Membros, enviá-la, com essa antecedência, aos delegados não governamentais já nomeados e,

ainda, àqueles que o forem dentro desse prazo.

2. Os relatórios sobre cada assunto inscrito na ordem do dia deverão ser comunicados aos Membros de modo a

dar-lhes tempo de estudá-los convenientemente, antes da reunião da Conferência. O Conselho de Administração

formulará diretrizes para execução deste dispositivo.

Artigo 16

1. Cada Estado-Membro terá o direito de impugnar a inscrição, na ordem do dia da sessão, de um, ou diversos

dos assuntos previstos. Os motivos justificativos dessa oposição deverão ser expostos numa memória dirigida ao

Diretor-Geral, que deverá comunicá-la aos Estados-Membros da Organização.

2. Os assuntos impugnados ficarão, não obstante, incluídos na ordem do dia, se assim a Conferência o decidir

por dois terços dos votos presentes.

63

3. Toda questão, que a Conferência decidir, pelos mesmos dois terços, seja examinada (diversamente do previsto

no parágrafo precedente), será incluída na ordem do dia da sessão seguinte.

Artigo 17

1. A Conferência elegerá um presidente e três vice-presidentes. Os três vice-presidentes serão, respectivamente,

um delegado governamental, um delegado dos empregadores e um delegado dos trabalhadores. A Conferência

formulará as regras do seu funcionamento; poderá instituir comissões encarregadas de dar parecer sobre todas as

questões que ela julgar conveniente sejam estudadas.

2. As decisões serão tomadas por simples maioria dos votos presentes, exceto nos casos em que outra fórmula

não for prescrita pela presente Constituição, por qualquer convenção ou instrumento que confira poderes à

Conferência, ou, ainda, pelos acordos financeiros e orçamentários adotados em virtude do artigo 13.

3. Nenhuma votação será válida, se o número dos votos reunidos for inferior à metade do dos delegados

presentes à sessão.

Artigo 18

A Conferência poderá adir às suas comissões consultores técnicos, sem direito de voto.

Artigo 19

1. Se a Conferência pronunciar-se pela aceitação de propostas relativas a um assunto na sua ordem do dia, deverá

decidir se essas propostas tomarão a forma: a) de uma convenção internacional; b) de uma recomendação,

quando o assunto tratado, ou um de seus aspectos não permitir a adoção imediata de uma convenção.

2. Em ambos os casos, para que uma convenção ou uma recomendação seja aceita em votação final pela

Conferência, são necessários dois terços dos votos presentes.

3. A Conferência deverá, ao elaborar uma convenção ou uma recomendação de aplicação geral, levar em conta

os países que se distinguem pelo clima, pelo desenvolvimento incompleto da organização industrial ou por

outras circunstâncias especiais relativas à indústria, e deverá sugerir as modificações que correspondem, a seu

ver, às condições particulares desses países.

4. Dois exemplares da convenção ou da recomendação serão assinados pelo Presidente da Conferência e pelo

Diretor-Geral. Um destes exemplares será depositado nos arquivos da Repartição Internacional do Trabalho e o

outro entregue ao Secretário- Geral das Nações Unidas. O Diretor-Geral remeterá a cada um dos Estados-

Membros uma cópia autêntica da convenção ou da recomendação.

5. Tratando-se de uma convenção:

a) será dado a todos os Estados-Membros conhecimento da convenção para fins de ratificação;

b) cada um dos Estados-Membros compromete-se a submeter, dentro do prazo de um ano, a partir do

encerramento da sessão da Conferência (ou, quando, em razão de circunstâncias excepcionais, tal não for

possível, logo que o seja, sem nunca exceder o prazo de 18 meses após o referido encerramento), a convenção à

autoridade ou autoridades em cuja competência entre a matéria, a fim de que estas a transformem em lei ou

tomem medidas de outra natureza;

c) os Estados-Membros darão conhecimento ao Diretor-Geral da Repartição Internacional do Trabalho das

medidas tomadas, em virtude do presente artigo, para submeter a convenção à autoridade ou autoridades

competentes, comunicando-lhe, também, todas as informações sobre as mesmas autoridades e sobre as decisões

que estas houverem tomado;

d) o Estado-Membro que tiver obtido o consentimento da autoridade, ou autoridades competentes, comunicará

ao Diretor-Geral a ratificação formal da convenção e tomará as medidas necessárias para efetivar as disposições

da dita convenção;

e) quando a autoridade competente não der seu assentimento a uma convenção, nenhuma obrigação terá o

Estado-Membro a não ser a de informar o Diretor-Geral da Repartição Internacional do Trabalho -- nas épocas

que o Conselho de Administração julgar convenientes -- sobre a sua legislação e prática observada relativamente

ao assunto de que trata a convenção. Deverá, também, precisar nestas informações até que ponto aplicou, ou

pretende aplicar, dispositivos da convenção, por intermédio de leis, por meios administrativos, por força de

contratos coletivos, ou, ainda, por qualquer outro processo, expondo, outrossim, as dificuldades que impedem ou

retardam a ratificação da convenção.

6. Em se tratando de uma recomendação:

a) será dado conhecimento da recomendação a todos os Estados-Membros, a fim de que estes a considerem,

atendendo à sua efetivação por meio de lei nacional ou por outra qualquer forma;

b) cada um dos Estados-Membros compromete-se a submeter, dentro do prazo de um ano a partir do

encerramento da sessão da Conferência (ou, quando, em razão de circunstâncias excepcionais, tal não for

possível, logo que o seja, sem nunca exceder o prazo de 18 meses após o referido encerramento), a

recomendação à autoridade ou autoridades em cuja competência entre a matéria, a fim de que estas a

transformem em lei ou tomem medidas de outra natureza;

c) os Estados-Membros darão conhecimento ao Diretor-Geral da Repartição Internacional do Trabalho das

medidas tomadas, em virtude do presente artigo, para submeter a recomendação à autoridade ou autoridades

competentes, comunicando lhe, também as decisões que estas houverem tomado;

64

d) além da obrigação de submeter a recomendação à autoridade ou autoridades competentes, o Membro só terá a

de informar o Diretor-Geral da Repartição Internacional do Trabalho -- nas épocas que o Conselho de

Administração julgar conveniente sobre a sua legislação e prática observada relativamente ao assunto de que

trata a recomendação. Deverá também precisar nestas informações até que ponto aplicou ou pretende aplicar

dispositivos da recomendação, e indicar as modificações destes dispositivos que sejam ou venham a ser

necessárias para adotá-los ou aplicá-los.

7. No caso de um Estado federado serão aplicados os dispositivos seguintes:

a) as obrigações do Estado federado serão as mesmas que as dos Membros que o não forem, no tocante às

convenções e às recomendações para as quais o Governo Federal considere que, de acordo com o seu sistema

constitucional, é adequada uma ação federal;

b) no que disser respeito às convenções e recomendações para as quais o Governo Federal considere que, de

acordo com o seu sistema constitucional, uma ação da parte dos Estados, das províncias ou dos cantões que o

compõem, é – relativamente a alguns ou a todos os pontos -- mais adequada do que uma ação federal, o referido

Governo deverá:

I) concluir, segundo a sua própria constituição e as dos Estados componentes, províncias ou cantões

interessados, acordos efetivos para que tais convenções ou recomendações sejam, no prazo máximo de 18 meses

após o encerramento da sessão da Conferência, submetidas às devidas autoridades federais ou às dos Estados

competentes, províncias ou cantões, para fins de uma ação legislativa ou outra de qualquer natureza;

II) tomar as necessárias medidas -- sob reserva do consentimento dos Governos dos Estados componentes,

províncias ou cantões interessados -- para que, periodicamente, as autoridades federais, de um lado e de outro, a

dos Estados componentes, províncias ou cantões, se consultem reciprocamente, a fim de empreenderem uma

ação coordenada no sentido de tornarem efetivos, em todo o país, os dispositivos destas convenções e

recomendações;

III) informar o Diretor-Geral da Repartição Internacional do Trabalho das medidas tomadas, em virtude do

presente artigo, para submeter tais convenções e recomendações às devidas autoridades federais, às dos Estados

componentes, províncias ou cantões, comunicando-lhe todas as informações sobre as autoridades consideradas

como legítimas e sobre as decisões que estas houverem tomado;

IV) relativamente a uma convenção não ratificada, informar o Diretor-Geral da Repartição Internacional do

Trabalho, nas épocas que o Conselho de Administração julgar convenientes, sobre a legislação da federação, dos

Estados constituintes, das províncias ou dos cantões, e sobre a prática, por umas e outros, observada,

relativamente ao assunto de que trata essa convenção. Deverá, também, precisar até que ponto deu-se ou se

pretende dar aplicação a dispositivos da mesma convenção, por intermédio de leis, por meios administrativos,

por força de contratos coletivos, ou, ainda por qualquer outro processo;

V) relativamente a uma recomendação, informar o Diretor-Geral da Repartição Internacional do Trabalho, nas

épocas que o Conselho de Administração julgar convenientes, sobre a legislação da federação, dos Estados

constituintes, das províncias ou dos cantões, e sobre a prática, por umas e outros, observada relativamente ao

assunto de que trata essa recomendação. Deverá, também, precisar, nestas informações, até que ponto deu-se ou

se pretende dar aplicação a dispositivos da recomendação, indicando as modificações destes dispositivos que

sejam ou venham a ser necessárias para adotá-los ou aplicá-los.

8. Em caso algum, a adoção, pela Conferência, de uma convenção ou recomendação, ou a ratificação, por um

Estado-Membro, de uma convenção, deverão ser consideradas como afetando qualquer lei, sentença, costumes

ou acordos que assegurem aos trabalhadores interessados condições mais favoráveis que as previstas pela

convenção ou recomendação.

Artigo 20

Qualquer convenção assim ratificada será comunicada pelo Diretor-Geral da Repartição Internacional do

Trabalho ao Secretário-Geral das Nações Unidas, para fins de registro, de acordo com o art. 102 da Carta das

Nações Unidas, obrigando apenas os Estados-Membros que a tiverem ratificado.

Artigo 21

1. Todo projeto que, no escrutínio final, não obtiver dois terços dos votos presentes, poderá ser objeto de uma

convenção particular entre os Membros da Organização que o desejarem.

2. Toda convenção, assim concluída, será comunicada pelos Governos interessados ao Diretor-Geral da

Repartição Internacional do Trabalho e ao Secretário- Geral das Nações Unidas para fins de registro, de acordo

com os termos do art. 102 da Carta das Nações Unidas.

Artigo 22

Os Estados-Membros comprometem-se a apresentar à Repartição Internacional do Trabalho um relatório anual

sobre as medidas por eles tomadas para execução das convenções a que aderiram. Esses relatórios serão

redigidos na forma indicada pelo Conselho de Administração e deverão conter as informações pedidas por este

Conselho.

Artigo 23

65

1. O Diretor-Geral apresentará à Conferência, na sessão seguinte, um resumo das informações e dos relatórios

que, de acordo com os artigos 19 e 22, lhe houverem sido transmitidos.

2. Os Estados-Membros remeterão às organizações representativas, reconhecidas como tais, para os fins

mencionados no art. 3º, cópia das informações e dos relatórios transmitidos ao Diretor-Geral, de acordo com os

arts. 19 e 22.

Artigo 24

Toda reclamação, dirigida à Repartição Internacional do Trabalho, por uma organização profissional de

empregados ou de empregadores, e segundo a qual um dos Estados-Membros não tenha assegurado

satisfatoriamente a execução de uma convenção a que o dito Estado haja aderido, poderá ser transmitida pelo

Conselho de Administração ao Governo em questão e este poderá ser convidado a fazer, sobre a matéria, a

declaração que julgar conveniente.

Artigo 25

Se nenhuma declaração for enviada pelo Governo em questão, num prazo razoável, ou se a declaração recebida

não parecer satisfatória ao Conselho de Administração, este último terá o direito de tornar pública a referida

reclamação e, segundo o caso, a resposta dada.

Artigo 26

1. Cada Estado-Membro poderá enviar uma queixa à Repartição Internacional do Trabalho contra outro Estado-

Membro que, na sua opinião, não houver assegurado satisfatoriamente a execução de uma convenção que um e

outro tiverem ratificado em virtude dos artigos precedentes.

2. O Conselho de Administração poderá, se achar conveniente, antes de enviar a questão a uma comissão de

inquérito, segundo o processo indicado adiante, pôr-se em comunicação com o Governo visado pela queixa, do

modo indicado no art. 24.

3. Se o Conselho de Administração não julgar necessário comunicar a queixa ao Governo em questão, ou, se essa

comunicação, havendo sido feita, nenhuma resposta que satisfaça o referido Conselho, tiver sido recebida dentro

de um prazo razoável, o Conselho poderá constituir uma comissão de inquérito que terá a missão de estudar a

reclamação e apresentar parecer a respeito.

4. O Conselho também poderá tomar as medidas supramencionadas, quer ex officio, quer baseado na queixa de

um delegado à Conferência.

5. Quando uma questão suscitada nos termos dos arts. 25 ou 26, for levada ao Conselho de Administração, o

Governo em causa, se não tiver representante junto àquele, terá o direito de designar um delegado para tomar

parte nas deliberações do mesmo, relativas ao caso. A data de tais deliberações será comunicada em tempo

oportuno ao Governo em questão.

Artigo 27

No caso de ser enviada uma queixa em virtude do art. 26, a uma Comissão de Inquérito, todo Estado-Membro,

nela diretamente interessado ou não, comprometer-se-a pôr à disposição da Comissão todas as informações que

se acharem em seu poder relativas ao objeto da queixa.

Artigo 28

A Comissão de Inquérito, após exame aprofundado da queixa, redigirá um relatório do qual constarão não só

suas verificações sobre todos os pontos que permitam bem medir o valor da contestação, como, também, as

medidas que recomenda para dar satisfação ao Governo queixoso e os prazos, dentro dos quais, as mesmas

medidas devam ser postas em execução.

Artigo 29

1. O Diretor-Geral da Repartição Internacional do Trabalho transmitirá o relatório da Comissão de Inquérito ao

Conselho de Administração e a cada Governo interessado no litígio, assegurando a sua publicação.

2. Cada Governo interessado deverá comunicar ao Diretor-Geral da Repartição Internacional do Trabalho, dentro

do prazo de três meses, se aceita ou não as recomendações contidas no relatório da Comissão, e, em caso

contrário , se deseja que a divergência seja submetida à Corte Internacional de Justiça.

Artigo 30

Caso um dos Estados-Membros não tome, relativamente a uma convenção ou a uma recomendação, as medidas

prescritas nos parágrafos 5 b, 6 b, ou 7 b, I do art. 19, qualquer outro Estado-Membro terá o direito de levar a

questão ao Conselho de Administração. O Conselho de Administração submeterá o assunto à Conferência, na

hipótese de julgar que o Membro não tomou as medidas prescritas.

Artigo 31

Será inapelável a decisão da Corte Internacional de Justiça sobre uma queixa ou questão que lhe tenha sido

submetida, conforme o art. 29.

Artigo 32

As conclusões ou recomendações eventuais da Comissão de Inquérito poderão ser confirmadas, alteradas ou

anuladas pela Corte Internacional de Justiça.

Artigo 33

66

Se um Estado-Membro não se conformar, no prazo prescrito, com as recomendações eventualmente contidas no

relatório da Comissão de Inquérito, ou na decisão da Corte Internacional de Justiça, o Conselho de

Administração poderá recomendar à Conferência a adoção de qualquer medida que lhe pareça conveniente para

assegurar a execução das mesmas recomendações.

Artigo 34

O Governo culpado poderá, em qualquer ocasião, informar o Conselho de Administração que tomou as medidas

necessárias a fim de se conformar com as recomendações da Comissão de Inquérito ou com as da decisão da

Corte Internacional de Justiça. Poderá, também, pedir ao Conselho que nomeie uma Comissão de Inquérito para

verificar suas afirmações. Neste caso, aplicar-se-ão as estipulações dos arts. 27, 28, 29, 31 e 32, e, se o relatório

da Comissão de Inquérito ou a decisão da Corte Internacional de Justiça, for favorável ao referido Governo, o

Conselho de Administração deverá imediatamente recomendar que as medidas tomadas de acordo com o art. 33

sejam revogadas.

CAPÍTULO III

DISPOSIÇÕES GERAIS

Artigo 35

1. Excetuados os casos em que os assuntos tratados na convenção não se enquadrem na competência das

autoridades do território e aqueles em que a convenção for aplicável, dadas as condições locais, os Estados-

Membros comprometem-se a aplicar as convenções que -- de acordo com os dispositivos da presente

Constituição houverem ratificado aos territórios não metropolitanos, por cujas relações internacionais forem

responsáveis, inclusive aos territórios sob tutela cuja administração lhes competir, admitindo-se reserva quanto

às modificações necessárias para se adaptarem tais convenções às condições locais.

2. Todo Estado-Membro deve, no mais breve prazo, após haver ratificado uma convenção, declarar ao Diretor-

Geral da Repartição Internacional do Trabalho até que ponto se compromete a aplicá-la aos territórios não

visados pelos parágrafos 4 e 5 abaixo, e fornecer-lhe, também, todas as informações que possam ser prescritas

pela mesma convenção.

3. Todo Estado-Membro, que tiver formulado uma declaração como previsto no parágrafo precedente, poderá, de

acordo com os artigos da convenção, fazer, periodicamente, nova declaração que modifique os termos

mencionados no parágrafo precedente.

4. Quando os assuntos tratados na convenção forem da competência das autoridades de um território não

metropolitano, o Estado-Membro responsável pelas relações internacionais deste território deverá, no mais breve

prazo possível, comunicar a convenção ao Governo do mesmo, para que este Governo promulgue leis ou tome

outras medidas. Em seguida poderá o Estado-Membro, de acordo com o mencionado Governo, declarar ao

Diretor-Geral da Repartição Internacional do Trabalho que aceita as obrigações da convenção em nome do

território.

5. Uma declaração de aceitação das obrigações de uma convenção poderá ser comunicada ao Diretor-Geral da

Repartição Internacional do Trabalho:

a) por dois ou mais Estados-Membros da Organização, em se tratando de um território sob sua autoridade

conjunta;

b) por qualquer autoridade internacional responsável pela administração de um território por força dos

dispositivos da Carta das Nações Unidas, ou de qualquer outro dispositivo em vigor que se aplique ao mesmo

território.

6. A aceitação das obrigações de uma convenção, segundo os parágrafos 4 e 5, acarretará a aceitação, em nome

do território interessado, das obrigações que resultam dos termos da convenção, e, também, daquelas que, de

acordo com a Constituição da Organização, decorrem da ratificação. Qualquer declaração de aceitação pode

especificar as modificações dos dispositivos da convenção que seriam necessárias para adaptá-las às condições

locais.

7. Todo Estado-Membro ou autoridade internacional, que houver feito uma declaração na forma prevista pelos

parágrafos 4 e 5 do presente artigo, poderá, de acordo com os artigos da convenção, formular periodicamente

nova declaração que modifique os termos de qualquer das anteriores ou que torne sem efeito a aceitação da

convenção em nome do território interessado.

8. Se as obrigações decorrentes de uma convenção não forem aceitas quanto a um dos territórios visados pelos

parágrafos 4 ou 5 do presente artigo, o Membro, os Membros, ou a autoridade internacional transmitirão ao

Diretor-Geral da Repartição Internacional do Trabalho, um relatório sobre a legislação do mesmo território e

sobre a prática nele observada, relativamente ao assunto de que trata a convenção. O relatório indicará até que

ponto se aplicaram ou se pretendem aplicar dispositivos da convenção, por intermédio de leis, por meios

administrativos, por força de contratos coletivos, ou por qualquer outro processo, expondo, outrossim, as

dificuldades que impedem ou retardam a ratificação da dita convenção.

Artigo 36

67

As emendas à presente Constituição, aceitas pela Conferência por dois terços dos votos presentes, entrarão em

vigor quando forem ratificadas por dois terços dos Estados-Membros da Organização, incluindo cinco dentre os

dez representados no Conselho de Administração como sendo os de maior importância industrial, de acordo com

o disposto no artigo 7, parágrafo 3, da presente Constituição.

Artigo 37

1. Quaisquer questões ou dificuldades relativas à interpretação da presente Constituição e das convenções

ulteriores concluídas pelos Estados-Membros, em virtude da mesma, serão submetidas à apreciação da Corte

Internacional de Justiça.

2. O Conselho de Administração poderá, não obstante o disposto no parágrafo 1 do presente artigo, formular e

submeter à aprovação da Conferência, regras destinadas a instituir um tribunal para resolver com presteza

qualquer questão ou dificuldade relativa à interpretação de uma convenção que a ele seja levada pelo Conselho

de Administração, ou, segundo o prescrito na referida convenção. O Tribunal instituído, em virtude do presente

parágrafo, regulará seus atos pelas decisões ou pareceres da Corte Internacional de Justiça. Qualquer sentença

pronunciada pelo referido tribunal ser comunicada aos Estados-Membros da Organização, cujas observações, a

ela relativas, serão transmitidas à Conferência.

Artigo 38

1. A Organização Internacional do Trabalho poderá convocar conferências regionais e criar instituições do

mesmo caráter, quando julgar que umas e outras serão úteis aos seus fins e objetivos.

2. Os poderes, as funções e o regulamento das conferências regionais obedecerão às normas formuladas pelo

Conselho de Administração e por ele apresentadas à Conferência Geral para fins de confirmação.

CAPÍTULO IV

DISPOSIÇÕES DIVERSAS

Artigo 39

A Organização Internacional do Trabalho deve ter personalidade jurídica, e, precipuamente, capacidade para:

a) adquirir bens, móveis e imóveis, e dispor dos mesmos;

b) contratar;

c) intentar ações.

Artigo 40

1. A Organização Internacional do Trabalho gozará, nos territórios de seus Membros, dos privilégios e das

imunidades necessárias a consecução dos seus fins.

2. Os delegados à Conferência, os membros do Conselho de Administração, bem como o Diretor-Geral e os

funcionários da Repartição, gozarão, igualmente, dos privilégios e imunidades necessárias para exercerem, com

inteira independência, as funções que lhes competem, relativamente à Organização.

3. Tais privilégios serão especificados por um acordo em separado, que será elaborado pela Organização para

fins de aceitação pelos Estados-Membros.

ANEXO

DECLARAÇÃO REFERENTE AOS FINS E OBJETIVOS DA ORGANIZAÇÃO

INTERNACIONAL DO TRABALHO

A Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho, reunida em Filadélfia em sua vigésima sexta

sessão, adota, aos dez de maio de mil novecentos e quarenta e quatro, a presente Declaração, quanto aos itens e

objetivos da Organização Internacional do Trabalho e aos princípios que devem inspirar a política dos seus

Membros.

I

A Conferência reafirma os princípios fundamentais sobre os quais repousa a Organização, principalmente os

seguintes:

a) o trabalho não é uma mercadoria;

b) a liberdade de expressão e de associação é uma condição indispensável a um progresso ininterrupto;

c) a penúria, seja onde for, constitui um perigo para a prosperidade geral;

d) a luta contra a carência, em qualquer nação, deve ser conduzida com infatigável energia, e por um esforço

internacional contínuo e conjugado, no qual os representantes dos empregadores e dos empregados discutam, em

igualdade, com os dos Governos, e tomem com eles decisões de caráter democrático, visando o bem comum.

II

A Conferência, convencida de ter a experiência plenamente demonstrado a verdade da declaração contida na

Constituição da Organização Internacional do Trabalho, que a paz, para ser duradoura, deve assentar sobre a

justiça social, afirma que:

68

a) todos os seres humanos de qualquer raça, crença ou sexo, têm o direito de assegurar o bem-estar material e o

desenvolvimento espiritual dentro da liberdade e da dignidade, da tranqüilidade econômica e com as mesmas

possibilidades;

b) a realização de condições que permitam o exercício de tal direito deve constituir o principal objetivo de

qualquer política nacional ou internacional;

c) quaisquer planos ou medidas, no terreno nacional ou internacional, máxime os de caráter econômico e

financeiro, devem ser considerados sob esse ponto de vista e somente aceitos, quando favorecerem, e não

entravarem, a realização desse objetivo principal;

d) compete à Organização Internacional do Trabalho apreciar, no domínio internacional, tendo em vista tal

objetivo, todos os programas de ação e medidas de caráter econômico e financeiro;

e) no desempenho das funções que lhe são confiadas, a Organização Internacional do Trabalho tem capacidade

para incluir em suas decisões e recomendações quaisquer disposições que julgar convenientes, após levar em

conta todos os fatores econômicos e financeiros de interesse.

III

A Conferência proclama solenemente que a Organização Internacional do Trabalho tem a obrigação de auxiliar

as Nações do Mundo na execução de programas que visem:

a) proporcionar emprego integral para todos e elevar os níveis de vida;

b) dar a cada trabalhador uma ocupação na qual ele tenha a satisfação de utilizar, plenamente, sua habilidade e

seus conhecimentos e de contribuir para o bem geral;

c) favorecer, para atingir o fim mencionado no parágrafo precedente, as possibilidades de formação profissional

e facilitar as transferências e migrações de trabalhadores e de colonos, dando as devidas garantias a todos os

interessados;

d) adotar normas referentes aos salários e às remunerações, ao horário e às outras condições de trabalho, a fim de

permitir que todos usufruam do progresso e, também, que todos os assalariados, que ainda não o tenham,

percebam, no mínimo, um salário vital;

e) assegurar o direito de ajustes coletivos, incentivar a cooperação entre empregadores e trabalhadores para

melhoria contínua da organização da produção e a colaboração de uns e outros na elaboração e na aplicação da

política social e econômica;

f) ampliar as medidas de segurança social, a fim de assegurar tanto uma renda mínima e essencial a todos a quem

tal proteção é necessária, como assistência médica completa;

g) assegurar uma proteção adequada da vida e da saúde dos trabalhadores em todas as ocupações;

h) garantir a proteção da infância e da maternidade;

i) obter um nível adequado de alimentação, de alojamento, de recreação e de cultura;

j) assegurar as mesmas oportunidades para todos em matéria educativa e profissional.

IV

A Conferência -- convencida de que uma utilização mais ampla e completa dos recursos da terra é necessária

para a realização dos objetivos enumerados na presente Declaração, e pode ser assegurada por uma ação eficaz

nos domínios internacional e nacional, em particular mediante medidas tendentes a promover a expansão da

produção e do consumo, a evitar flutuações econômicas graves, a realizar o progresso econômico e social das

regiões menos desenvolvidas, a obter maior estabilidade nos preços mundiais de matérias-primas e de produtos,

e a favorecer um comércio internacional de volume elevado e constante -- promete a inteira colaboração da

Organização Internacional do Trabalho a todos os organismos internacionais aos quais possa ser atribuída uma

parcela de responsabilidade nesta grande missão, como na melhoria da saúde, no aperfeiçoamento da educação e

do bem-estar de todos os povos.

V

A Conferência afirma que os princípios contidos na presente Declaração convêm integralmente a todos os povos

e que sua aplicação progressiva, tanto àqueles que são ainda dependentes, como aos que já se podem governar a

si próprios, interessa o conjunto do mundo civilizado, embora deva-se levar em conta, nas variedades dessa

69

ANEXO II - DECLARAÇÃO DA OIT SOBRE OS PRINCÍPIOS E DIREITOS FUNDAMENTAIS NO

TRABALHO E SEU SEGUIMENTO

70

Declaração da OIT sobre os princípios e direitos fundamentais no trabalho e

seu seguimento

86ª. Sessão, Genebra, junho de 1998

Considerando que a criação da OIT procede da convicção de que a justiça social é essencial para garantir uma

paz universal e permanente; Considerando que o crescimento econômico é essencial, mas não suficiente, para

assegurar a eqüidade, o progresso social e a erradicação da pobreza, o que confirma a necessidade de que a OIT

promova políticas sociais sólidas, justiça e instituições democráticas; Considerando, portanto, que a OIT deve

hoje, mais do que nunca, mobilizar o conjunto de seus meios de ação normativa, de cooperação técnica e de

pesquisa em todas as áreas de sua competência e, em particular, no emprego, a formação profissional e as

condições de trabalho, para garantir que no âmbito de uma estratégia global de desenvolvimento econômico e

social, as políticas econômicas e sociais se reforcem mutuamente para a criação de um desenvolvimento

sustentável de ampla base; Considerando que a OIT deveria prestar especial atenção aos problemas de pessoas

com necessidades sociais especiais, em particular os desempregados e os trabalhadores migrantes, mobilizar e

estimular os esforços internacionais, regionais e nacionais, encaminhados à solução de seus problemas, e

promover políticas eficazes destinadas à criação de emprego; Considerando que, com o objetivo de manter o

vínculo entre progresso social e crescimento econômico, a garantia dos princípios e direitos fundamentais no

trabalho reveste-se de especial significado ao assegurar aos próprios interessados a possibilidade de reivindicar

livremente e em igualdade de oportunidades uma participação justa na riqueza para a qual têm contribuído para

gerar, assim como a de desenvolver plenamente seu potencial humano; Considerando que a OIT é a organização

internacional com mandato constitucional e o órgão competente para estabelecer Normas Internacionais do

Trabalho e ocupar-se delas, e que conta com apoio e reconhecimento universais na promoção dos direitos

fundamentais no trabalho como expressão de seus princípios constitucionais; Considerando que, em uma

situação de crescente interdependência econômica, é urgente reafirmar a natureza imutável dos princípios e

direitos fundamentais contidos na Constituição da Organização, assim como promover sua aplicação universal;

A Conferência Internacional do Trabalho,

1. Lembra:

71

a) que ao incorporar-se livremente à OIT, todos os Membros aceitaram os princípios e direitos enunciados em

sua Constituição e na Declaração de Filadélfia, e se comprometeram a esforçar-se para atingir os objetivos gerais

da Organização com o melhor de seus recursos e de acordo com suas condições específicas;

b) que esses princípios e direitos se expressam e desenvolvem na forma de direitos e obrigações específicos em

Convenções reconhecidas como fundamentais dentro e fora da Organização.

2. Declara que todos os Membros, ainda que não tenham ratificado as Convenções, têm um compromisso

derivado do simples fato de pertencer à Organização de respeitar, promover e tornar realidade, de boa fé e de

conformidade com a Constituição, os princípios relativos aos direitos fundamentais que são objeto dessas

Convenções, isto é:

(a) a liberdade sindical e o reconhecimento efetivo do direito de negociação coletiva;

(b) a eliminação de todas as formas de trabalho forçado ou obrigatório;

(c) a efetiva abolição do trabalho infantil; e

(d) a eliminação da discriminação em matéria de emprego e ocupação.

3. Reconhece a obrigação da Organização de ajudar seus Membros, em resposta a necessidades que tenham

estabelecido e expressado, a alcançar esses objetivos fazendo pleno uso de seus recursos constitucionais,

operacionais e orçamentários, incluída a mobilização de recursos e apoio externos, assim como estimulando

outras organizações internacionais com as quais a OIT tenha estabelecido relações, de conformidade com o

artigo 12 de sua Constituição, a apoiar esses esforços:

(a) oferecendo cooperação técnica e serviços de assessoramento destinados a promover a ratificação e aplicação

das convenções fundamentais;

(b) assistindo aos Membros que ainda não estão em condições de ratificar todas ou algumas dessas convenções

em seus esforços por respeitar, promover e tornar realidade os princípios relativos aos direitos fundamentais que

são objeto dessas convenções; e

(c) ajudando aos Membros em seus esforços por criar um ambiente favorável ao desenvolvimento econômico e

social.

4. Decide que, para tornar plenamente efetiva a presente Declaração, implementar-se- á um seguimento para sua

promoção, que seja crível e eficaz, de acordo com as modalidades que se estabelecem no anexo que será

considerado parte integrante da Declaração.

5. Ressalta que as normas do trabalho não deveriam ser utilizadas para fins de protecionismo comercial e que

nada na presente Declaração e seu seguimento poderá ser invocado ou utilizado de outro modo para tais fins;

ainda, não deveria de modo algum colocar-se em questão a vantagem comparativa de qualquer país com base na

presente Declaração e seu seguimento.

Seguimento da Declaração

I. OBJETIVO GERAL

1. O objetivo do seguimento descrito a continuação é estimular os esforços desenvolvidos pelos Membros da

Organização para promover os princípios e direitos fundamentais consagrados na Constituição da OIT e na

Declaração de Filadélfia, e reafirmados nesta Declaração.

2. De acordo com este objetivo, de natureza estritamente de promoção, o presente seguimento permitirá a

identificação de áreas nas quais a assistência da Organização, por meio de suas atividades de cooperação técnica,

possa ser útil a seus Membros para ajudá-los a tornar efetivos esses princípios e direitos fundamentais. Não

poderá substituir os mecanismos de controle estabelecidos nem impedir seu funcionamento; por conseguinte,

situações particulares próprias ao âmbito desses mecanismos não poderão discutir-se ou rediscutir-se no âmbito

deste seguimento.

3. Os dois aspectos do presente seguimento, descritos a seguir, estão baseados em procedimentos existentes: o

seguimento anual relativo às Convenções não ratificadas somente envolverá certos ajustes nas atuais

modalidades de aplicação do artigo 19, parágrafo 5(e) da Constituição; e o Relatório Global permitirá otimizar os

resultados dos procedimentos realizados no cumprimento da Constituição.

II. SEGUIMENTO ANUAL RELATIVO ÀS CONVENÇÕES FUNDAMENTAIS NÃO RATIFICADAS

A. Objetivo e âmbito de aplicação

1. Seu objetivo é proporcionar uma oportunidade de rever, a cada ano, por meio de um procedimento

simplificado que substituirá o procedimento quadrienal introduzido em 1995 pelo Conselho de Administração,

72

os esforços desenvolvidos de acordo com a Declaração pelos Membros que ainda não ratificaram todas as

convenções fundamentais.

2. O seguimento abrangerá, a cada ano, as quatro áreas de princípios e direitos fundamentais enumerados na

Declaração.

B. Modalidades

1. O seguimento será baseado em relatórios solicitados aos Membros em virtude do artigo 19, parágrafo 5(e) da

Constituição. Os formulários dos relatórios serão redigidos com a finalidade de obter, dos governos que não

tiverem ratificado alguma das convenções fundamentais, informação sobre quaisquer mudanças que ocorreram

em sua legislação e sua prática, levando devidamente em conta o artigo 23 da Constituição e a prática

estabelecida.

2. Esses relatórios, compilados pelo Secretariado, serão revisados pelo Conselho de Administração.

3. Com vistas a apresentar uma introdução aos relatórios assim compilados, que permita chamar a atenção sobre

os aspectos que possam merecer uma discussão mais detalhada, o Secretariado poderá recorrer a um grupo de

peritos nomeados para este fim pelo Conselho de Administração.

4. Os ajustes aos procedimentos em vigor do Conselho de Administração deverão ser examinados para permitir

que os Membros que não estejam nele representados possam proporcionar, da maneira mais adequada, os

esclarecimentos que possam resultar necessários ou úteis nas discussões do Conselho de Administração para

completar a informação contida em seus relatórios.

III. RELATÓRIO GLOBAL

A. Objetivo e âmbito de aplicação

1. O objetivo deste relatório é fornecer uma imagem global e dinâmica de cada uma das categorias de princípios

e direitos fundamentais observada no período quadrienal anterior, servir de base para a avaliação da eficácia da

assistência prestada pela Organização e estabelecer as prioridades para o período seguinte na forma de

programas de ação para cooperação técnica destinados a mobilizar os recursos internos e externos necessários a

respeito.

2. O relatório tratará, a cada ano, uma das quatro categorias de princípios e direitos fundamentais.

B. Modalidades

1. O relatório será elaborado sob a responsabilidade do Diretor-Geral com base em informações oficiais ou

informações reunidas e avaliadas de acordo com os procedimentos estabelecidos. Em relação aos Estados que

ainda não ratificaram as Convenções fundamentais, será baseado, em particular, nos resultados do seguimento

anual já mencionado. No caso dos Membros que tenham ratificado as referidas Convenções, estas informações

terão como base, em particular, os relatórios tal como são apresentados e tratados em virtude do artigo 22 da

Constituição.

2. Este relatório será submetido à Conferência como um relatório do Diretor-Geral para ser objeto de uma

discussão tripartite. A Conferência poderá tratá-lo de um modo distinto daquele previsto para os relatórios a que

se refere o artigo 12 de seu Regulamento, e poderá fazê-lo em uma sessão dedicada exclusivamente a esse

informe ou de qualquer outro modo apropriado. Posteriormente, corresponderá ao Conselho de Administração,

durante uma de suas reuniões subseqüentes mais próximas, tirar as conclusões de referido debate no que se

refere às prioridades e aos programas de ação para cooperação técnica a serem implementados no período

quadrienal seguinte.

IV.FICA ENTENDIDO QUE:

1. Deverão ser feitas propostas para emendas ao Regulamento do Conselho de Administração e da Conferência,

que deverão implantar disposições anteriores.

2. A Conferência deverá, no momento apropriado, revisar o funcionamento do presente seguimento

considerando a experiência adquirida, com a finalidade de assegurar que este mecanismo atenda adequadamente

o objetivo enunciado na Parte I.

· O texto precedente é a Declaração da OIT relativa aos Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho e seu

Seguimento devidamente adotada pela Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho durante a

Octogésima Sexta Reunião, realizada em Genebra, e cujo encerramento foi declarado em 18 de junho de 1998.

Em fé da qual foi assinado neste décimo nono dia de junho de 1998.

Presidente da Conferência

73

JEAN-JACQUES OECHSLIN

O Diretor Geral da Secretaria Internacional do Trabalho

ANEXO III – CONVENÇÃO COLETIVA DOS TRABALHADORES NAS

INDÚSTRIAS METALÚRGICAS, MECÂNICAS E DE MATERIAL ELÉTRICO DE

CAXIAS DO SUL – 2009/2010.

74

CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO 2009/2010

Entre as partes abaixo qualificadas, fica estabelecida a presente CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO,

na forma dos artigos 611 e seguintes da Consolidação das Leis do Trabalho e nos termos do art. 7º, inciso XXVI

da Constituição Federal, conforme aprovado nas respectivas Assembléias Gerais Extraordinárias das categorias

convenentes, mediante cláusulas que seguem:

I – CONVENENTES SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS INDÚSTRIAS METALÚRGICAS,

MECÂNICAS E DE MATERIAL ELÉTRICO DE CAXIAS DO SUL, CNPJ 88.662.267/0001-95, Registro

Sindical 658/43, entidade sindical legalmente constituída e sediada à Rua Bento Gonçalves nº. 1513, na cidade

de Caxias do Sul, Estado do Rio Grande do Sul, no ato representado por seu Presidente, devidamente autorizado

por Assembléia Geral Extraordinária, convocada e na forma da anexa documentação, assistida pelo advogado

Pedro Maurício Pita Machado, OAB RS nº. 24.372, CPF nº. 360.674.230-49, conforme anexo instrumento de

procuração, ambos no fim assinados.

O convenente aqui qualificado passará a ser designado simplesmente como "Sindicato Profissional" e

representará os adiante denominados “empregados”.

SINDICATO DAS INDÚSTRIAS METALÚRGICAS, MECÂNICAS E DE MATERIAL ELÉTRICO DE

CAXIAS DO SUL - SIMECS, CNPJ 87.815.460/0001-56, Registro Sindical 193.347, entidade sindical,

também legalmente constituída, com sede na Rua Ítalo Victor Bersani nº. 1134, na cidade de Caxias do Sul,

Estado do Rio Grande do Sul, aqui representada por seu Diretor, assistido pelo advogado Marco Antonio

Aparecido de Lima, OAB/RS nº. 11.820, CPF nº. 858.560.968-00, conforme anexo instrumento de procuração,

todos com assinatura no final.

SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DE MÁQUINAS – SINDIMAQ, CNPJ 62.646.617/0001-36,

Registro Sindical 25.542, entidade sindical legalmente constituída, com sede na Av. Assis Brasil, nº. 8787,

Bloco 10 – 2º andar, na cidade de Porto Alegre, Estado do Rio Grande do Sul, aqui representada por seu

procurador, Marco Antonio Aparecido de Lima, OAB/RS nº. 11.820, CPF nº. 858.560.968-00, qualificado no

anexo instrumento de procuração, com assinatura no final.

SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DE TRATORES, CAMINHÕES, AUTOMÓVEIS E

VEÍCULOS SIMILARES - SINFAVEA, CNPJ 60.560.869/0001-12, Registro Sindical 115.581, entidade

sindical legalmente constituída e sediada à Avenida Indianópolis, nº. 496, na cidade de São Paulo/SP, no ato

representado por seu procurador, Prazildo Macedo, OAB/RS nº. 8.842, CPF nº. 057.315.180-68, conforme

anexo instrumento de procuração, e que ao final assina;

SINDICATO INTERESTADUAL DAS INDÚSTRIAS DE MATERIAIS E EQUIPAMENTOS

FERROVIÁRIOS E RODOVIÁRIOS - SIMEFRE, CNPJ 62.520.960/0001-30, Registro

Sindical 26.332, entidade sindical legalmente constituída e sediada à Avenida Paulista, 1313/8º andar - conj. 801,

na cidade de São Paulo/SP, no ato representado por seu procurador, Osmar Antonio Piola, RG nº. 3017430517,

75

CPF nº. 376.508.230-91, e CRE nº. 5490-9, qualificado no anexo instrumento de procuração, com assinatura no

final;

SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DE COMPONENTES PARA VEÍCULOS

AUTOMOTORES - SINDIPEÇAS, CNPJ 62.648.555/0001-00, Registro Sindical 1-81-53, entidade sindical

legalmente constituída e sediada à Avenida Santo Amaro, nº. 1386, na cidade de São Paulo/SP, no ato

representado por seu procurador, Marco Antonio Aparecido de Lima, OAB/RS nº. 11.820, CPF nº. 858.560.968-

00, qualificado no anexo instrumento de procuração, com assinatura no final;

Estes convenentes, a seguir, serão denominados unicamente "Sindicatos Econômicos" ou “Sindicatos

Convenentes” e representarão as adiante denominadas “empresas”.

II - BASE TERRITORIAL

A base territorial que envolve a presente Convenção é compreendida pelos Municípios de Caxias do Sul,

Farroupilha, Flores da Cunha, Garibaldi e São Marcos, todos no Estado do Rio Grande de Sul.

III - CATEGORIAS SINDICAIS ABRANGIDAS

Serão aquelas representadas pelos Sindicatos Convenentes, Profissional e Econômico, nas bases territoriais

acima definidas.

IV - AUTORIZAÇÃO

Os Sindicatos Convenentes, Profissional e Econômico, a teor da anexa documentação (editais, atas e listas de

presença), foram autorizados, expressamente, a formalizar a presente convenção nos termos que se seguem.

V - VIGÊNCIA E DATA-BASE

A presente convenção coletiva terá vigência por 12 (doze) meses, a contar de sua data-base que é fixada no dia

1º de junho de 2009, para todos os efeitos, inclusive o de majorações e concessões por si determinadas.

VI - CONDIÇÕES

01. VARIAÇÃO SALARIAL EM 01 DE JUNHO DE 2009

Para efeitos da revisão da Convenção Coletiva de trabalho anterior, as empresas concederão em 1º de junho de

2009, a todos os seus empregados admitidos até 1º de junho de 2008 e com salário contratual de até R$ 4.026,27

(quatro mil e vinte e seis reais e vinte e sete centavos) mensais em 31 de maio de 2009, percentual de variação

salarial correspondente a 6% (seis por cento) a incidir sobre os salários resultantes da cláusula 01 (zero um) da

Convenção Coletiva de Trabalho firmada entre as mesmas partes em 25 de Julho de 2008. As eventuais

diferenças salariais oriundas da folha de pagamento de junho e julho de 2009 serão pagas juntamente com a

folha de pagamento relativa ao mês de agosto de 2009. 01.01. Para os empregados admitidos até 1º de junho de

2008 e com salário contratual superior a 4.026,27 (quatro mil e vinte e seis reais e vinte e sete centavos) mensais

em 31 de maio de 2009, a variação salarial será igual a uma parcela fixa de R$ 241,57 (duzentos e quarenta e um

reais e cinqüenta e sete centavos) a ser adicionada ao salário mensal resultante da cláusula 01 (zero um) da

Convenção Coletiva de Trabalho anterior, firmada em 25 de Julho de 2008 entre as mesmas partes.

02. VARIAÇÃO SALARIAL - PROPORCIONALIDADE

Para efeitos de aplicação da variação salarial estabelecida na cláusula anterior, os empregados admitidos entre 01

de junho de 2008 a 31 de maio de 2009 terão seus salários reajustados de forma proporcional, conforme tabela

de proporcionalidade abaixo estabelecida, observadas as datas anteriormente previstas para pagamento,

considerando-se como mês completo a fração igual ou superior a 15 (quinze) dias de efetividade, contados da

data de admissão, percentuais/valores incidentes/adicionados sobre o salário de admissão.

TABELA DE PROPORCIONALIDADE PARA A VARIAÇÃO SALARIAL DE 1º DE JUNHO DE 2009

Nº. de meses Data da Admissão Salários de até R$ 4.026,27 Percentual a ser aplicado em junho de 2009

Salários superiores a R$ 4.026,27 Valor fixo a ser adicionado em junho de 2009.

12 Junho/2008 6,00% R$ 241,57

11 Julho/2008 5,49% R$ 221,04

10 Agosto/2008 4,98% R$ 200,51

9 Setembro/2008 4,47% R$ 179,97

8 Outubro/2008 3,96% R$ 159,44

7 Novembro/2008 3,46% R$ 139,31

6 Dezembro/2008 2,96% R$ 119,18

5 Janeiro/2009 2,46% R$ 99,05

4 Fevereiro/2009 1,96% R$ 78,91

3 Março/2009 1,47% R$ 59,18

2 Abril/2009 0,98% R$ 39,46

1 Maio/2009 0,49% R$ 19,73

03. LIMITAÇÃO DO SALÁRIO DO EMPREGADO MAIS NOVO

A aplicação da variação proporcional prevista no item imediatamente anterior não poderá implicar em

pagamento ao empregado mais novo no emprego de salário maior que aquele a ser pago ao empregado mais

antigo na empresa, no exercício do mesmo cargo e/ou função. Da mesma forma, não poderá o empregado que na

76

data de sua admissão percebia salário igual ou inferior ao de outros, passar a perceber, por força do ora

estabelecido, salário superior ao daquele.

Os salários dos empregados vinculados às empresas pertencentes aos Sindicatos Econômicos são legalmente

considerados atualizados e compostos pela presente transação, até a data base da categoria (01/06/2009).

04. QUITAÇÃO DO PERÍODO REVISANDO

Com a concessão das variações mencionadas acima, fica cumprida pelas empresas integrantes dos Sindicatos

Econômicos a legislação salarial do período de 01 de junho de 2008 a 31 de maio de 2009, ficando estipulado

que o salário resultante da aplicação dos percentuais acima previstos (01 e subitens e 02) formará base, para

eventual procedimento coletivo futuro revisional.

05. PAGAMENTO E COMPENSAÇÃO DAS VARIAÇÕES NO PERÍODO REVISANDO

O pagamento de eventuais diferenças relativas aos meses de junho e julho de 2009 serão satisfeitas até e/ou

juntamente com a folha de pagamento do mês de Agosto de 2009, desde que registrada na SRTE-RS a presente

Convenção em tempo hábil para a confecção da referida folha, restando acordado que o salário resultante da

aplicação do percentual estabelecido na cláusula 01 (zero um) formará base para eventual procedimento coletivo

futuro de qualquer natureza. 05.01. Qualquer aumento concedido entre 1º de junho de 2008 e 31 de maio de

2009, poderá ser utilizado para compensação com as variações acima, até os percentuais previstos, de vez que os

mesmos incorporam todas as variações salariais, espontâneas, coercitivas, acordadas ou abonadas no período de

1º de junho de 2008 a 31 de maio de 2009, inclusive quitando as eventuais diferenças de índices inflacionários

no período revisando (01/06/2008 a 31/05/2009). 05.02. Serão compensados, igualmente, nos reajustes previstos

pela presente convenção, os aumentos já previstos e praticados em outras composições que tenham sido firmados

pelos Sindicatos Econômicos envolvidos neste procedimento coletivo e os que eventualmente venham aderir aos

presentes termos e que estabeleçam reajustes em qualquer dos meses situados no período de 01 de junho de 2008

até 01 de junho de 2009, inclusive.

06. COMPENSAÇÃO DOS AUMENTOS NO PERÍODO DE VIGÊNCIA

Os aumentos espontâneos ou coercitivos, com exceção dos concedidos na cláusula 01 e subitens e 02 da

presente, praticados a partir de 1º de junho de 2009 e na vigência da presente Convenção, poderão ser utilizados

como antecipações e para compensação em eventual procedimento coletivo futuro, de natureza legal ou não, de

feitio revisional ou ainda decorrentes de política salarial.

07. SALÁRIO NORMATIVO

Nas empresas com até 50 (cinqüenta) empregados, fica assegurado um salário normativo mínimo a ser praticado

a partir de 1º junho de 2009 no valor de R$ 580,80 mensais (quinhentos e oitenta reais e oitenta centavos),

equivalentes a R$ 2,64 (dois reais e sessenta e quatro centavos) por hora. 07.01. Nas empresas com mais de 50

(cinqüenta) empregados, fica assegurado um salário normativo mínimo a ser praticado a partir de 1º junho de

2009 no valor de R$ 657,80 mensais (seiscentos e cinqüenta e sete reais e oitenta centavos), equivalentes a R$

2,99 (dois reais e noventa e nove centavos) por hora.

08. SALÁRIOS NORMATIVOS - NÃO VINCULADOS COM O SALÁRIO MÍNIMO LEGAL

Fica estabelecido que os salários normativos não serão considerados salários mínimos profissionais ou

substitutivos do salário mínimo legal para qualquer fim.

09. QÜINQÜÊNIO

Fica assegurado o pagamento do adicional por tempo de serviço a ser praticado a partir de 1º de junho de 2009, o

valor de R$ 40,25 (quarenta reais e vinte e cinco centavos) mensais, a título de qüinqüênio, para os empregados

que contem com 05 (cinco) anos de tempo de serviço na mesma empresa. 09.01. Ao empregado readmitido no

emprego, e desde que não tenha sido anteriormente demitido por justa causa, será garantida, para efeitos do

pagamento do adicional previsto nesta cláusula (09), a soma do efetivo tempo de trabalho dos períodos

descontínuos, respeitado o previsto no último parágrafo da presente cláusula. Não serão contados, contudo, os

períodos descontínuos, caso o período entre a despedida e a readmissão seja superior a 18 (dezoito) meses.

09.02. Os empregados admitidos a partir de 01 de junho de 1992, para o cômputo dos períodos descontínuos,

deverão comunicar que já mantiveram vínculo de emprego anterior, respeitado o direito adquirido dos

empregados em atividade.

10. FLEXIBILIZAÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO

Conforme disposições já em composições anteriores, as empresas poderão em situação de dificuldades

flexibilizar a jornada de trabalho de seus empregados, nas seguintes condições:

10.01. Quando da decisão de flexibilização da jornada de trabalho as empresas comunicarão a mesma com uma

antecedência mínima de 10 (dez) dias ao Sindicato Profissional e Econômico;

10.02. A flexibilização da jornada de trabalho será adotada por votação secreta

acompanhada por 01 (um) membro do Sindicato Profissional, mediante aprovação de 62% (sessenta e dois por

cento) dos empregados em efetivo exercício de suas funções;

10.02.01. Se o Sindicato Profissional, convocado com 10 (dez) dias de antecedência, não comparecer em horário

de 1ª (primeira) convocação, a votação será procedida em 2ª (segunda), mesmo sem a sua presença.

10.03. As empresas poderão optar pela supressão dos dias não trabalhados ou

77

pela compensação em outra oportunidade, sem que as horas destinadas a esta compensação sejam consideradas

como extras, sempre limitado ao máximo de 05 (cinco) dias por mês;

10.04. Caso as empresas optem pela compensação, poderá a mesma ser feita no máximo durante 02 (duas) horas

diárias de segundas a sextas-feiras ou aos sábados, sempre assegurando-se um sábado livre por mês, de

preferência aquele após o pagamento mensal;

10.05. As empresas comprometem-se, caso adotem no regime de flexibilização a supressão de horas, a pagar

50% (cinqüenta por cento) das horas suprimidas;

10.06. No caso da empresa adotar o regime de supressão de dias de trabalho na jornada flexível, ocorrendo à

demissão do empregado em até 02 (dois) meses após o término do regime de tal jornada, a empresa pagará o

valor dos 50% (cinqüenta por cento) restantes das horas suprimidas;

10.07. No caso de pedido de demissão pelo empregado será descontado do mesmo os dias não trabalhados e

eventualmente pagos pela empresa;

10.08. O prazo de duração do referido regime será de até 90 (noventa) dias, podendo ser renovado, mediante

nova votação, por apenas uma oportunidade por período de até 90 (noventa) dias, com início na vigência da

presente Convenção;

10.09. O cancelamento desta jornada flexível poderá ser feito a qualquer momento mediante comunicação ao

Sindicato Profissional e aos empregados;

10.10. A jornada flexível poderá ser adotada em toda a empresa, em unidades fabris ou em linhas de atividades,

de conformidade com a conveniência das empresas;

10.11. A redução decorrente da jornada flexível não implicará em prejuízos aos empregados relativos a décimo

terceiro salário, férias e repousos semanais remunerados.

11. 13º SALÁRIO - ANTECIPAÇÃO DA 1ª PARCELA

Aos empregados que requeiram até 10 (dez) dias antes do início de suas férias, as empresas concederão junto

com o pagamento das mesmas férias o adiantamento da Gratificação de Natal para os trabalhadores, previsto na

Lei nº. 4.749, de 13 de agosto de 1965.

12. DISCRIMINATIVOS DOS SALÁRIOS

As empresas fornecerão aos seus empregados, quando efetuarem o pagamento da remuneração dos mesmos, os

correspondentes discriminativos onde constem as parcelas que estão sendo pagas, bem como o valor da

contribuição mensal feita ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço.

13. GESTANTE - GARANTIA DE EMPREGO

É assegurado às empregadas gestantes, nas empresas abrangidas pela representação dos Sindicatos Econômicos,

durante a vigência da presente Convenção, a garantia prevista no art. 10, inciso II, letra "b", do Ato das

Disposições Constitucionais Transitórias, da Constituição Federal, facultado à empregada renunciar ou

transacionar esta garantia de emprego.

13.01. Na hipótese de aborto será aplicável a cláusula 13 (treze) acima, com um prazo de garantia de 30 (trinta)

dias.

13.02. A empregada que, quando demitida, julgar estar em estado gravídico, deverá apresentar-se à empregadora

para ser readmitida, se for o caso, até o prazo máximo de 90 (noventa) dias, contados da data da concessão do

aviso prévio, sob pena de nada mais poder postular, entendendo-se a garantia inexistente se não efetivada a

apresentação no prazo máximo antes previsto.

14. ESTUDANTE - ABONO DE FALTAS

As empresas abonarão os períodos de ausência dos empregados estudantes, exclusivamente para a prestação de

exames, desde que estejam os empregados matriculados em estabelecimentos de ensino oficial ou reconhecidos,

inclusive os cursos supletivos, e os exames se realizem em horários total ou parcialmente conflitante com o seu

turno de trabalho.

14.01. O empregado, para gozar do benefício nesta cláusula previsto, deverá avisar ao empregador com uma

antecedência mínima de 72 (setenta e duas) horas da jornada em causa, obrigando-se, ainda, a comprovar

posteriormente o fato.

15. PLANO EDUCACIONAL PARA EMPREGADOS

Fica instituído o seguinte Plano Educacional para os empregados que percebam na época da realização da

matrícula até R$ 779,68 (setecentos e setenta e nove reais e sessenta e oito centavos) mensais e em atividade nas

empresas na data de concessão do benefício, inclusive e expressamente para a previsão do disposto na legislação

em vigor, e dentro do permissivo do art. 7º, da Constituição Federal.

DO PLANO

a) os empregados deverão comprovar, perante as empresas, a sua matrícula e a realização dos exames de

aproveitamento, em estabelecimentos de ensino oficial ou reconhecido, em curso regular, inclusive os cursos

supletivos, relativamente ao ano ou semestre a que se refere à ajuda educacional prevista nesta cláusula;

b) poderá ser substituída a comprovação da realização dos exames de aproveitamento logo acima referido pelo

certificado de, no mínimo, 75% (setenta e cinco por cento) de freqüência no ano ou semestre a que se refere à

ajuda educacional aqui prevista;

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DAS CONDIÇÕES

15.01. Para os empregados das empresas representadas pelos Sindicatos Econômicos que percebam na época da

realização da matrícula até R$ 779,68 (setecentos e setenta e nove reais e sessenta e oito centavos) mensais,

atendidas as condições acima estabelecidas, as empresas concederão uma ajuda de custo anual correspondente a

25% (vinte e cinco por cento) do valor do seu respectivo salário contratual, como ajuda de custo própria não

integrada no salário do trabalhador e paga ao final do ano letivo.

16. DISPENSA POR JUSTA CAUSA - COMUNICAÇÃO

As empresas obrigam-se a comunicar, por escrito, a falta cometida pelo empregado dispensado por justa causa.

17. COMPENSAÇÃO DE HORÁRIO - SEMANA DE CINCO DIAS

As empresas, respeitado o número de horas de trabalho contratual e semanal, poderão ultrapassar a duração

diária normal de 08 (oito) horas diárias, até o máximo legal permitido, visando à compensação das horas não

trabalhadas em algum dia da semana, inclusive aos sábados, sem que este acréscimo seja considerado como

horas extras, garantindo o repouso semanal remunerado de 01 (um) dia independentemente de feriados.

17.01. O regime de compensação acima autorizado é estabelecido para atender os interesses dos empregados,

mormente visando o não trabalho habitual aos sábados, não havendo que se falar em descaracterização da

compensação de horários semanal nesta cláusula prevista na hipótese de realização de horas extras, habituais ou

não, restando, desde já, autorizada a prorrogação de horas, nos termos do art. 59, § 1º, da CLT.

17.02. A faculdade outorgada às empresas nesta cláusula restringe-se ao direito de estabelecer ou não o regime

de compensação, sendo que uma vez estabelecido este regime, não poderão as empresas suprimi-lo sem prévia

concordância do empregado.

18. FERIADO QUE RECAIR EM DIA COMPENSADO

Se um feriado recair em dia compensado, nos termos desta cláusula, o pagamento correspondente será feito em

dobro.

19. RELAÇÃO DOS SALÁRIOS DE CONTRIBUIÇÃO

Por ocasião da rescisão de contratos de trabalho que vinculem empregados representados pelo Sindicato

Profissional, as empresas fornecerão aos mesmos, contra-recibo, a relação dos Salários de Contribuição ao INSS

(Instituto Nacional de Seguridade Social), quando solicitado.

20. AVISO PRÉVIO - DISPENSA DO CUMPRIMENTO

Aos empregados abrangidos pela presente ocorrerá a dispensa de cumprimento do aviso prévio, no todo ou em

parte, quando e após o empregado houver comprovado já ter obtido novo emprego ou outra atividade

expressamente declarada, fazendo o empregado jus ao salário dos dias trabalhados.

21. RESCISÕES - ASSISTÊNCIA

Aos empregados que contarem com 12 (doze) ou mais meses de efetividade funcional haverá aplicabilidade do

disposto nos parágrafos 1º (primeiro) e 2º (segundo), do art. 477 (quatrocentos e setenta e sete), da Consolidação

das Leis do Trabalho, obrigando-se o Sindicato Profissional a dar assistência ao ato, ressalvada, porém, a

aplicabilidade do parágrafo 3º (terceiro) do mesmo dispositivo legal nas localidades em que o Sindicato

Profissional não mantiver este serviço.

22. EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA E UNIFORMES - FORNECIMENTO

As empresas fornecerão gratuitamente aos seus empregados, os equipamentos de proteção e segurança

obrigatórios, nos termos da legislação específica sobre higiene e segurança do trabalho, sendo que também

fornecerão gratuitamente uniformes e seus acessórios quando obrigatório seu uso em serviço.

23. EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA E UNIFORMES. - USO, MANUTENÇÃO E LIMPEZA -

Os empregados obrigam-se ao uso, manutenção e limpeza dos equipamentos e uniformes que receberam e a

indenizar as empresas por extravio ou dano.

23.01. Os empregados poderão ser impedidos de trabalhar, com perda do respectivo salário e da freqüência,

quando não se apresentarem ao serviço com os respectivos uniformes e/ou equipamentos, ou se apresentarem

com estes em condições de higiene ou de uso inadequado.

23.02. Extinto ou rescindido o contrato de trabalho, deverá o empregado devolver os equipamentos e/ou

uniformes de seu uso e que continuarão de propriedade das empresas.

24. DESCONTO AO SINDICATO DOS TRABALHADORES

As empresas obrigam-se, em nome do Sindicato Profissional e por conta e responsabilidade dele, em única

função e por motivo da presente Convenção, a promoverem o desconto aprovado pela Assembléia Geral da

importância equivalente a 6,00% (seis por cento) do salário contratual dos empregados constantes na folha de

pagamento do mês de junho de 2009, devendo os descontos serem recolhidos aos cofres do Sindicato

Profissional até o dia 10 de setembro de 2009, mediante crédito em conta bancária efetivado pelas mesmas

empresas, excluídos os empregados em dia com a contribuição voluntária que habilita aos sorteios instituída pelo

mesmo Sindicato Profissional, assegurado o direito de oposição no Sindicato.

24.01. Na hipótese de não ser efetuado o desconto acima previsto (6,00%) na folha de pagamento do mês de

Agosto de 2009, poderão as empresas fazê-lo juntamente com a folha de pagamento do mês de Setembro de

2009 sem qualquer cominação ou encargo.

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24.02. O desconto previsto nesta cláusula (24) ficará limitado ao valor máximo que o empregado perceber por

força da variação salarial decorrente da aplicação dos percentuais/valores previsto na cláusula 01 (zero um) e

subitens.

25. ENCARGOS RECOLHIMENTOS EM ATRASO

Em hipótese de serem processados os descontos nos salários dos empregados e não efetuados os recolhimentos

correspondentes ao Sindicato Profissional, o empregador que assim proceder, deverá pagar ao mesmo sindicato

uma multa de 20% (vinte por cento) sobre o valor descontado e não recolhido, bem como

juros legais e correção monetária sobre o valor em causa, contados a partir da data do vencimento.

26. CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE DESPESAS DO SINDICATO ECONÔMICO

As empresas abrangidas pela presente convenção representadas pelos Sindicatos Econômicos convenentes

recolherão aos cofres do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do

Sul uma contribuição para custeio de suas despesas dentro das seguintes bases:

26.01. As empresas que tenham um efetivo de até 1000 empregados na folha de junho de 2009, contribuirão com

a importância de R$ 46,00 (quarenta e seis reais), por empregado.

26.02. Aquelas empresas que tiverem acima de 1000 empregados na folha de junho de 2009 recolherão em

relação aos primeiros 1000 a quantia de R$ 46,00 (quarenta e seis reais), por empregado, e com relação aos

excedentes a quantia de R$ 23,00 (vinte e três reais) por empregado.

26.03. Os recolhimentos serão processados em 02 (duas) parcelas iguais, sendo a primeira até 30 de setembro de

2009, e a segunda até 30 de outubro do mesmo ano.

27. ENCARGOS - RECOLHIMENTOS EM ATRASO

Em hipótese de não serem processados os recolhimentos, o empregador que assim proceder, deverá pagar ao

Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul a contribuição

acrescida de atualização monetária aplicada pelo INPC/IBGE do período de atraso, acrescido ao valor atualizado

os juros de mora pela taxa SELIC, aplicado, por fim, uma multa de 2% (dois por cento) sobre o montante já

atualizado.

28. HORAS EXTRAS - ADICIONAL

As empresas remunerarão as horas extras efetivamente trabalhadas por seus empregados com o adicional de 50%

(cinqüenta por cento) naquelas até o número de 22 (vinte e duas) mensais, com adicional de 100% (cem por

cento) naquelas de número de 23 (vinte e três) a 70 (setenta) horas-extras mensais, e com adicional de 130%

(cento e trinta por cento) nas excedentes a 70 (setenta) horas-extras mensais, sempre ressalvados os horários

especiais.

28.01. O Sindicato Econômico expedira às empresas da categoria recomendação para que as mesmas reduzam as

horas extras realizadas por seus empregados.

29. FERIADÕES - COMPENSAÇÃO DE HORÁRIO

As empresas poderão conceder compensações de horários de trabalho especiais quando da ocorrência de

feriadões próximos a repousos semanais remunerados, desde que esta compensação seja aprovada por um

mínimo de 50% (cinqüenta por cento) mais um dos empregados em efetiva atividade, em votação secreta que

deverá ser assistida por 01 (um) membro da diretoria do Sindicato Profissional.

29.01. O processo de votação obedecerá às mesmas regras válidas para a decisão sobre flexibilização da jornada.

30. FERIADÕES - NÃO COMPENSAÇÃO DE HORÁRIO

Caso os empregados optem por não trabalhar em algum dia entre feriados, ou entre feriado e repouso semanal,

com perda do respectivo salário do dia e, por conseqüência, sem compensação do horário de trabalho suprimido,

a votação, com características iguais à já descrita, deverá ser aprovada por um mínimo de 60% (sessenta por

cento) dos empregados em efetiva atividade.

30.01. O processo de votação obedecerá as mesmas regras válidas para a decisão sobre flexibilização da jornada.

31. DESCONTOS EM FOLHA - AUTORIZAÇÃO

As empresas, mediante autorização escrita dos empregados, poderão lançar em folha de pagamento, além dos

expressamente previstos em lei, os descontos provenientes de fornecimentos com alimentação, transporte,

moradia, medicamentos, convênios médicos, relativos à fundação ou associação de empregados, prêmios de

seguros e outros que forem de interesse pessoal ou familiar, bem assim os que vierem a ser colocados à

disposição dos empregados, a teor do art. 462, da Consolidação das Leis do Trabalho.

31.01. Será facultado aos empregados revogarem a autorização concedida, fazendo-o por escrito e, ocorrente a

hipótese, a revogação terá eficácia tão somente para o futuro, respeitados os compromissos já assumidos e/ou

cumpridos pelos empregados.

32. RESCISÕES - PRAZO PARA PAGAMENTO

As empresas, quando concederem aviso prévio a seus empregados, deverão pagar-lhes as parcelas decorrentes da

rescisão do contrato de trabalho no prazo previsto em lei, sob pena de pagarem uma multa equivalente ao valor

dos salários que seriam do prazo excedente, limitado o valor da eventual multa ao do próprio salário mensal.

32.01. Não caberá esta multa:

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a. Se a demissão do empregado for efetivada sob a acusação de falta grave, ainda que a mesma venha a ser

julgada improcedente ou não comprovada em reclamatória judicial;

b. Se o empregado não comparecer no local, dia e hora designados para o pagamento, ou comparecendo, negar-

se a receber as importâncias que lhe forem oferecidas;

c. Mesmo que em reclamação judicial a empresa seja condenada a pagar diferenças ou importâncias maiores do

que as que forem oferecidas;

d. Se a empresa promover ação de consignação em pagamento ou depósito.

33. FÉRIAS - DESCONTO PREVIDENCIÁRIO

As empresas obrigam-se a, quando do pagamento das férias a seus empregados, procederem ao desconto da

contribuição previdenciária correspondente.

34. TRANSPORTE - PERÍODO DE TRAJETO E DESCONTO MÁXIMO

Na hipótese das empresas fornecerem ou subsidiarem, total ou parcialmente, condução aos seus empregados para

e do local de trabalho, onde exista transporte coletivo, em qualquer horário, o tempo gasto nos períodos de

trajeto não será considerado de disponibilidade.

34.01. A participação do empregado no custeio do transporte, em qualquer modalidade, inclusive vales-

transporte, ficará limitada a 5% (cinco por cento) do salário contratual, respeitadas as situações mais vantajosas

eventualmente praticadas em cada empresa.

35. AUXÍLIO FUNERAL

As empresas cujos empregados não estiverem abrangidos por seguro de vida em grupo ou outros benefícios

equivalentes, no caso de falecimento de um seu empregado pagarão aos dependentes legais do mesmo, que dela

disporão como se lhes aprouver, uma quantia de R$ 654,76 (seiscentos e cinqüenta e quatro reais e setenta e seis

centavos).

36. MENSALIDADES - PRAZO PARA RECOLHIMENTO

As empresas deverão recolher ao Sindicato Profissional, até o dia 10 (dez) de cada mês, o valor das

mensalidades que tiverem por ordem e responsabilidade do Sindicato Profissional descontado de seus

empregados e devidos a este.

36.01. Junto com os recolhimentos previstos nesta cláusula, as mesmas empresas encaminharão ao Sindicato

Profissional relação dos nomes dos associados contribuintes.

36.02. Caso ocorra atraso no desconto e respectivo recolhimento, a empresa pagará ao Sindicato Profissional

uma multa equivalente a 30% (trinta por cento) sobre o valor do recolhimento não efetuado.

37. PERÍODO PRÉ-APOSENTADORIA - GARANTIA DE EMPREGO

O empregado que estiver a 12 (doze) meses de sua possível aposentadoria, excluída a aposentadoria por

invalidez, terá durante este período, garantia de emprego, condicionada a:

37.01. Tenha uma efetividade na empresa de no mínimo 07 (sete) anos;

37.02. Comunique o início do período de 12 (doze) meses e comprovando o tempo de serviço em forma de ofício

assinado por si, assistido pelo Sindicato Profissional, em duas vias de igual teor, numa das quais deverá, para

validade, constar o obrigatório ciente datado da empresa;

37.03. A garantia estabelecida na presente cláusula cessará na hipótese do empregado não se aposentar na data

prevista para tal e mencionada no ofício ou não lhe ser concedida a aposentadoria, não sendo em nenhuma

hipótese prorrogável a garantia do emprego em causa;

37.04. A garantia de emprego só poderá ser solicitada em uma única oportunidade, não sendo viável renová-la;

37.05. O empregado que receber aviso prévio, a partir desta data não poderá usar do presente dispositivo.

38. ABONO NA APOSENTADORIA

As empresas pagarão a seus empregados quando do efetivo desligamento para aposentadoria por tempo de

serviço ou por idade, e desde que nela trabalhem a pelo menos 05 (cinco) anos, um abono especial em valor

correspondente a 01 (um) salário base mensal vigente à época da aposentadoria.

38.01. O benefício estabelecido acima será estendido para aqueles que se aposentem e continuem trabalhando,

desde que trabalhem na empresa a pelo menos 05 (cinco) anos e comuniquem a mesma, por escrito, o fato de

terem se aposentado em até 30 (trinta) dias após o recebimento da carta do INSS.

39. FÉRIAS INDIVIDUAIS

As férias, salvo manifestação em contrário do empregado, terão seu início no primeiro dia útil da semana.

39.01. As férias individuais, em qualquer caso, poderão ser gozadas em dois períodos anuais, desde que nenhum

deles seja inferior a 10 (dez) dias corridos. No caso de gozo de férias individuais em dois períodos, na forma

deste subitem, um deles deverá coincidir com o período de férias escolares.

40. ACIDENTADO - INDENIZAÇÃO

Aos herdeiros do empregado que venha a falecer no local de trabalho, vítima de acidente também do trabalho,

será devida uma indenização equivalente a R$ 3.612,52 (três mil e seiscentos e doze reais e cinqüenta e dois

centavos), paga pelo empregador.

40.01. O valor acima estipulado poderá ser objeto de compensação em eventual reivindicação de qualquer

natureza.

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41. QUADRO DE AVISOS

As empresas possibilitarão ao Sindicato Profissional afixar, em quadro de avisos, com as dimensões de 0,50 x

0,50m, material de divulgação de suas promoções.

41.01. As publicações a serem afixadas deverão ter prévia aprovação da direção das empresas.

41.02. Nas empresas em que o Sindicato Profissional não tenha contato direto na portaria com os empregados,

após pedido prévio e determinação de local pela direção da empresa, poderá a mesma autorizar em local e

horário pré-determinado a entrega de material de divulgação não ofensivo a qualquer pessoa.

41.03. Qualquer infração desta cláusula e seus subitens autorizará a empresa à imediata retirada dos avisos.

41.04. A determinação do local de afixação do quadro de aviso e sua confecção incumbirão exclusivamente à

empresa.

42. GESTANTE - LIBERAÇÃO ANTECIPADA

As empresas liberarão suas empregadas gestantes, a partir do 6º (sexto) mês de gravidez, 10 (dez) minutos antes

do término de cada turno de trabalho, sem perda de remuneração.

42.01. A época a partir da qual ocorrerá a liberação deverá ser determinada por médico da empresa e, na sua

falta, por médico de órgão oficial, e nesta qualidade.

43. REFEIÇÕES - PERÍODO DE INTERVALO

Às empresas que mantiverem refeitório ou local destinado a refeições de seus empregados será permitido adotar

intervalos para repouso e alimentação com períodos a partir de 45 (quarenta e cinco) minutos, procedimento este

que deverá ser aprovado por um mínimo de 50% (cinqüenta por cento) mais um dos empregados em efetiva

atividade, em votação secreta que deverá ser assistida por um membro da diretoria do Sindicato Profissional.

43.01. Este procedimento, caso aceito, deverá ser comunicado ao Sindicato Profissional.

43.02. Se o Sindicato Profissional, convocado com 48 (quarenta e oito) horas de antecedência, não comparecer

em horário de 1ª (primeira) convocação, a Assembléia será procedida em 2ª (segunda) mesmo sem a sua

presença.

44. GARANTIA DE EMPREGO - RENUNCIÁVEIS/TRANSACIONÁVEIS

As garantias de emprego nesta Convenção estabelecidas e nos seus termos (cláusulas 13 e 37) são renunciáveis

e/ou transacionáveis pelo empregado detentor.

45. AVISO PRÉVIO PROPORCIONAL

Aos empregados que tenham uma efetividade mínima de 10 (dez) anos na mesma empresa e com idade superior

a 45 (quarenta e cinco) anos, será concedido um aviso prévio de 45 (quarenta e cinco) dias.

45.01. Para o cômputo do período de 10 (dez) anos nesta cláusula previsto, serão considerados os períodos

descontínuos desde que não ultrapassem a 06 (seis) meses entre um contrato e outro.

45.02. Para o caso de dispensa do cumprimento do aviso prévio, será observada a indenização de 45 (quarenta e

cinco) dias de aviso prévio. Em caso de cumprimento do aviso prévio, será observado o período legal e

indenizado o saldo de 15 (quinze) dias.

46. CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE DESPESAS DOS SINDICATOS ECONÔMICOS

SUSCITADOS

As empresas integrantes da categoria econômica representadas pelo Sindicato das Indústrias de Máquinas

Agrícolas do Estado do Rio Grande do Sul; Sindicato Nacional das Indústrias de Máquinas; Sindicato Nacional

da Indústria de Tratores, Caminhões, Automóveis e Veículos Similares; Sindicato Interestadual das

Indústrias de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários; Sindicato Nacional da Indústria de

Componentes para Veículos Automotores e que venham a aderir a presente Convenção, recolherão os valores

previstos na cláusula 26 (vinte e seis) supra, em favor do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de

Material Elétrico de Caxias do Sul.

47. CORREÇÃO DOS VALORES NAS CLÁUSULAS SOCIAIS

Os valores constantes das cláusulas 15ª (décima quinta), 35ª (trigésima quinta) e 40ª (quadragésima) serão

reajustados em iguais épocas e nas mesmas condições em que a categoria profissional for coletivamente

reajustada.

48. AUXÍLIO - CURSOS PROFISSIONALIZANTES/ESPECIALIZAÇÃO

Aos empregados indicados pelas Empresas para realização de cursos de aperfeiçoamento, treinamento,

desenvolvimento ou formação profissional e desde que tenham uma efetividade mínima de 75% (setenta e cinco

por cento) de freqüência comprovada, o pagamento de no mínimo 50% (cinqüenta por cento) das mensalidades

dos referidos cursos será custeado pelas respectivas empresas.

49. CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO - EXCLUSÃO DE HORÁRIO EXTRA

Não será considerado como tempo extra à disposição da empresa, o tempo despendido pelos empregados que

participarem de cursos de aperfeiçoamento, treinamento, desenvolvimento ou formação profissional, nos termos

desta cláusula, ou mesmo da anterior (48).

50. GESTANTE - AMAMENTAÇÃO

Será facultado às empregadas acumularem em um só turno de trabalho os dois períodos de amamentação, nos

termos do art. 396 da Consolidação das Leis do Trabalho.

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51. ABONO - REPOUSO REMUNERADO HOSPITALIZAÇÃO DE FILHO MENOR

As empresas abonarão o repouso remunerado na hipótese de falta do empregado por 01 (um) dia durante a

vigência da presente convenção para fins de hospitalização de filho menor de até 14 (quatorze) anos de idade,

mediante comprovação no prazo de 48 (quarenta e oito) horas após o fato.

52. CIPA - ENVIO DE DOCUMENTAÇÃO

As empresas enviarão ao Sindicato Profissional, em até 20 (vinte) dias após a eleição, a relação de eleitos para a

CIPA.

53. LIMPEZA E ORGANIZAÇÃO NOS SETORES DE TRABALHO

Os empregados zelarão pela limpeza e organização dos seus respectivos setores de trabalho.

54. CARTÃO PONTO - TOLERÂNCIA

Não será considerado trabalho extra os registros feitos quinze (15) minutos antes e após os limites inicial e final

da jornada de trabalho, salvo quando o empregado for convocado para serviço extraordinário.

55. PAGAMENTO DOS SALÁRIOS - DEPÓSITOS BANCÁRIOS

Será reconhecido o direito às empresas de pagarem os salários de seus empregados mediante depósito em conta

corrente bancária, caso optem por tal sistema, valendo a movimentação como quitação.

56. 13º SALÁRIO - AUXÍLIO DOENÇA/ACIDENTADO

A gratificação de natal proporcional ao período de afastamento do empregado em gozo de benefício

previdenciário, inclusive o acidentário, por período superior a 30 (trinta) dias e inferior a 180 (cento e oitenta)

dias, será paga pelo empregador, condicionado o pagamento a:

56.01. O empregado afastado deverá ter no mínimo 05 (cinco) anos ininterruptos de tempo de serviço na mesma

empresa;

56.02. O empregado afastado deverá ter uma remuneração máxima de até 03 (três) salários normativos mínimos

da categoria;

56.03. A gratificação se limitará a 70% (setenta por cento) do salário normativo mínimo da categoria, calculado

proporcionalmente aos meses de afastamento e pagamento no mês de dezembro, compensando-se eventualmente

benefícios concedidos com o mesmo título pelo INSS.

57. CONTRATO DE EXPERIÊNCIA NA READMISSÃO

Não será permitida a celebração de contrato de experiência de empregado readmitido na mesma função por uma

mesma empresa, salvo se transcorridos mais de 06 (seis) meses entre um e outro contrato de trabalho.

58. REFEIÇÕES - DISPENSA DO REGISTRO NOS INTERVALOS

Faculta-se às empresas a dispensa do registro de horários destinados a intervalos para repouso e alimentação no

próprio recinto da empresa.

58.01. Eventuais realizações de horas extras em tais períodos deverão ter registro pelos empregados em cartão-

ponto para serem reconhecidas.

59. PAGAMENTO DOS SALÁRIOS - SEXTAS-FEIRAS/ VÉSPERAS DE FERIADOS

O pagamento de salários em sextas-feiras e em véspera de feriados que coincidirem com o 5º (quinto) dia útil do

mês, deverá ser realizado em moeda corrente, ressalvadas as hipóteses de depósito em conta bancária, de opção

pessoal e expressa do empregado pelo recebimento em cheque, ou de concessão, pelo empregador, de horário

bastante para comparecimento do empregado ao banco durante a jornada de trabalho.

60. PIS - ABONO DE FALTA PARA RECEBIMENTO

As empresas abonarão meia jornada dos empregados durante o expediente bancário, para o fim de retirada do

PIS, uma vez por ano, exceção feita às empresas que façam o pagamento por convênio diretamente na folha de

pagamento.

61. AVISO PRÉVIO - REDUÇÃO DE HORÁRIO

Às duas horas de redução no horário normal de trabalho no curso do aviso prévio, concedido pelo empregador,

poderão ser usufruídas no início ou fim da jornada, por opção do empregado quando da comunicação do aviso

prévio.

62. AUXÍLIO CRECHE

As empresas que não possuírem creches; aquelas que possuírem e não atenderem na totalidade as suas

empregadas; ou ainda, aquelas que não mantenham convênios particulares, pagarão, a título de ajuda de custo,

diretamente à creche que preencher os requisitos previstos em lei, mediante apresentação do respectivo

comprovante, valor correspondente a 50% (cinqüenta por cento) do custo com despesas da creche, por filho de

empregada com até 36 (trinta e seis) meses de idade.

62.01. O pagamento previsto nesta cláusula, realizado mediante apresentação do comprovante do referido custo,

estará limitado ao valor de R$ 150,73 (cento e cinqüenta reais e setenta e três centavos) mensais, mantidas,

porém, situações mais benéficas eventualmente em vigor em cada empresa.

62.02. A partir da vigência deste instrumento normativo, o benefício previsto na presente cláusula será extensível

ao pai empregado, que, por decisão judicial devidamente comprovada, detenha a guarda de filho nas condições

previstas do “caput” desta cláusula. Estende-se o mesmo benefício, nas mesmas condições e requisitos, ao

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empregado que, comprovadamente, detém a guarda do filho por falecimento da esposa, bem como nos casos de

o empregado solteiro ter adotado a criança, na condição expressa no “caput” da cláusula.

VII - EFICÁCIA DA CONVENÇÃO

A eficácia da presente Convenção fica condicionada ao prévio depósito de uma via no órgão Regional do

Ministério do Trabalho e Emprego, o que as partes, conjuntamente, comprometem-se a fazê-lo.

VIII - DIVERGÊNCIAS

Eventuais divergências em decorrência da aplicação das cláusulas desta Convenção serão dirimidas,

exclusivamente, pela Justiça do Trabalho.

IX - COMINAÇÕES

Na vigência da presente Convenção Coletiva de Trabalho as cominações para eventuais infrações serão as aqui

estipuladas e/ou que tenham previsão legal.

X - FORMA

A presente Convenção Coletiva de Trabalho, instruída com os documentos necessários, é formalizada em 07

(sete) vias de igual teor e forma e uma só finalidade.

Em Caxias do Sul, 25 de Agosto de 2009.

SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS INDÚSTRIAS METALÚRGICAS, MECÂNICAS E DE

MATERIAL ELÉTRICO DE CAXIAS DO SUL SINDICATO DAS INDÚSTRIAS METALÚRGICAS,

MECÂNICAS E DE MATERIAL ELÉTRICO DE CAXIAS DO SUL - SIMECS

Assis Flávio da Silva Melo

CPF – 344.563.500-59

Carlos Zignani

CPF – 029.554.070-20

P.p. Adv. Pedro Maurício Pita Machado

OAB RS nº. 24.372

CPF – 360.674.230-49

P.p Marco Antonio Aparecido de Lima

OAB/RS nº. 11820

CPF – 858.560.968-00

SINDICATO NACIONAL DAS INDÚSTRIAS DE MÁQUINAS – SINDIMAQ

P.p. Marco Antonio Aparecido de Lima

OAB/RS nº. 11820

CPF – 858.560.968-00

SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DE COMPONENTES PARA VEÍCULOS

AUTOMOTORES - SINDIPEÇAS

P.p. Marco Antonio Aparecido de Lima

OAB/RS nº. 11820

CPF – 858.560.968-00

SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DE TRATORES, CAMINHÕES, AUTOMÓVEIS E

VEÍCULOS SIMILARES - SINFAVEA

P.p Prazildo Macedo

OAB/RS nº. 8842

CPF – 057.315.180-68

SINDICATO INTERESTADUAL DAS INDÚSTRIAS DE MATERIAIS E EQUIPAMENTOS

FERROVIÁRIOS E RODOVIÁRIOS - SIMEFRE

P.p. Odacir Conte

RG nº. 2002311906

CPF nº. 003.516.520-00

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ANEXO IV – ACÓRDÃO DO PROCESSO Nº 01079-2009-031-03-00-4 RECURSO

ORDINÁRIO

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Processo : 01079-2009-031-03-00-4 RO

Data de Publicação : 21/09/2010

Órgão Julgador : Quarta Turma

Juiz Relator : Juiz Convocado Fernando Luiz G.Rios Neto

Juiz Revisor : Des. Antonio Alvares da Silva

Recorrente(s): Silas Campos Moreira e outra (1)Sky Brasil Servicos Ltda. (2)Mundo Digital

Telecomunicacoes e Servicos Ltda. (3)

Recorrido(s): os mesmos

EMENTA: ACIDENTE DE TRABALHO. DANOS MORAIS. VÍTIMA FATAL. CULPA

COMPROVADA. A simples comprovação de que o empregado não utilizava cinto de proteção ou qualquer

outro equipamento de proteção quando sofreu acidente, ao cair no fosso do elevador, na execução de suas

atividades laborais, já seria suficiente para responsabilizar o empregador pela satisfação dos danos vindicados,

uma vez que a este cabia tomar todas as medidas para que houvesse o seu efetivo uso. Trata-se de culpa in

vigilando, pelo não fornecimento de EPI ao obreiro. Contudo, no caso dos autos, tendo restado provada a total

indiferença da empresa com a segurança do empregado, sua culpa afigura-se ainda mais latente. Logo, presentes

os elementos necessários à exigibilidade da indenização, quais sejam, o dano sofrido, o nexo de causalidade e a

culpa do empregador pelo evento danoso, mantém-se a condenação ao pagamento da indenização compensatória

dos danos morais.

Vistos os autos.

RELATÓRIO

O juízo da 3ª Vara do Trabalho de Contagem, por meio da decisão proferida a f. 307/316,

complementada pela sentença de embargos de declaração (f. 338/339), proferida pela MMª juíza Karla Santuchi,

julgou parcialmente procedente a pretensão deduzida, condenando as reclamadas, a segunda de forma

subsidiária, ao pagamento de indenização por danos morais e pensão mensal a cada um dos reclamantes, viúva e

filho do obreiro Widson Lindomar Moreira.

Os reclamantes interpõem o recurso ordinário de f. 340/344, insurgindo-se quanto ao valor da

indenização por danos materiais, pretendendo, ainda, reversão do valor da pensão deferida ao filho do de cujus,

em favor da viúva, quando este completar 25 anos de idade.

A 2ª reclamada apresenta o recurso ordinário de f. 345/381, arguindo, em preliminar, nulidade

processual por julgamento extra petita, cerceamento de defesa e ofensa ao contraditório e também carência de

ação por ilegitimidade passiva ad causam. No mérito, insiste na reforma do julgado que a condenou

86

subsidiariamente ao pagamento das verbas deferidas e, na eventualidade de subsistir a decisão de origem, aduz

que a condenação não pode abranger a indenização por danos morais e materiais. Alega ausência de culpa das

reclamadas no acidente que vitimou o empregado e, na eventualidade de assim não se reconhecer, requer a

declaração da culpa concorrente, sustentando indevida a indenização por danos morais ou mesmo requerendo

que "seja dividido o valor da condenação entre as partes". Em face da culpa exclusiva do autor, afirma também

indevida a indenização por danos materiais, insurgindo-se contra o valor arbitrado e pugnando pelo pagamento

de pensão ao filho do de cujus até que este complete 16 ou 18 anos de idade.

A 1ª reclamada também interpõe recurso ordinário (f. 396/413), arguindo, preliminarmente, nulidade do

julgado por cerceio de defesa, alegando que teve indeferido o requerimento para apresentação de certidão de

dependentes junto ao INSS, sustentando que o de cujus e a reclamante "viviam separados de fato". Alega que

não incorreu em litigância de má-fé, pugnando pela exclusão da multa que lhe foi aplicada. Insurge-se contra a

condenação em danos morais e materiais e afirma excessivos os valores arbitrados, que devem ser reduzidos, e,

por fim, requerendo que seja admitido o pagamento da pensão através da folha de pagamento mensal e não de

uma única vez.

Depósito recursal e recolhimento de custas comprovados às f. 383/384, pela 2ª reclamada e às f.

414/415, pela 1ª ré.

Contra razões apresentadas às f. 421/427, 432/444 e 445/448 pela 2ª reclamada, reclamantes e 1ª

reclamada, respectivamente.

O Ministério Público do Trabalhou apresentou parecer circunstanciado às f. 455/458-v. opinando pelo

conhecimento e desprovimento dos recursos das reclamadas e pelo provimento ao apelo dos reclamantes,

requerendo, ainda, aplicação do art. 1º do parágrafo 1º da Lei 6.858/80.

É o relatório.

VOTO

JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE

Presentes todos os pressupostos de admissibilidade, conheço dos recursos ordinários interpostos.

JUÍZO DE MÉRITO RECURSAL

RECURSO DA PRIMEIRA RECLAMADA

Carência de ação - Ilegitimidade ativa

Afirma a recorrente ser imprescindível a apresentação de certidão que comprove a condição dos

reclamantes de dependentes do falecido junto ao INSS.

Não lhe assiste razão, porque a indenização por danos morais e materiais pleiteada pelos reclamantes,

filho menor e esposa do de cujus respectivamente, constitui pretensão de caráter personalíssimo.

Além do mais, foram juntados aos autos a certidão de casamento (f. 68) e de nascimento do filho (f.

71), fazendo-se presumir que a viúva continuava casada até o momento do óbito de seu cônjuge, presunção esta

que não foi elidida por qualquer prova em contrário. Por tal razão, a dependência dela e do filho também é

presumida, conforme parágrafo 4º, do inciso I, do art. 16 da Lei 8.213/91.

Como bem assinalado pela d. Procuradoria do Trabalho, o trabalhador não possuía sequer o vínculo

formal de trabalho, que somente foi reconhecido após sua morte por esta Especializada, não havendo que se

falar, pois, em cerceamento de defesa, já que, repita-se, cabia à recorrente fazer prova da alegada separação, ônus

do qual não se desincumbiu.

Portanto, a viúva e o filho menor da vítima são parte legítima para figurar no pólo ativo da presente

ação.

87

Rejeito.

Litigância de má-fé

A primeira reclamada sustenta a ilegalidade da multa que lhe foi cominada por litigância de má-fé, no

importe de 1% sobre o valor da causa, em favor dos reclamantes, argumentando não ter faltado com a verdade,

mas tão somente exercido seu direito às garantias processuais previstas na Constituição Federal.

A condenação não merece qualquer reparo.

Em sua contestação (f. 101), a recorrente afirmou que o "de cujus" jamais prestou serviços para a

segunda reclamada".

Todavia, há elementos probatórios nos autos em sentido diametralmente oposto, sobretudo o

depoimento do sócio da ora recorrente, Vicente de Freitas Brito Cunha, perante a auditoria fiscal do Ministério

do Trabalho, asseverando, em 10.08.2007, que sua empresa "presta serviços única e exclusivamente para a

empresa Sky Brasil Serviços Ltda desde novembro/2006", valendo ressaltar que o acidente que vitimou seu

empregado ocorreu no dia 18.06.2007 (f. 28).

Por esta razão, a sanção aplicada por litigância de má-fé é medida que se impõe, uma vez que, a par do

direito à ampla defesa, às partes incumbe o dever da lealdade processual.

Desprovejo.

MATÉRIA COMUM AOS RECURSOS DAS RECLAMADAS

Acidente do trabalho - Indenização por danos morais e materiais - Quantum indenizatório

Asseveram as rés, em apertada síntese, que o acidente que vitimou o empregado, pai e cônjuge dos

reclamantes, decorreu de uma fatalidade lamentável e imprevisível. Asseveram que os pressupostos

configuradores da responsabilidade civil patronal não se encontram presentes no caso dos autos, mormente a

conduta ilícita culposa e o nexo causal. Entendem que, se houve culpa, esta só pode ser atribuída à inadequada

conduta da vítima.

Em caso de manutenção da condenação, pretendem a redução do valor da indenização a título de danos

morais arbitrada no importe de R$160.000,00 (R$80.000,00 para cada reclamante).

Não lhes assiste razão.

O acidente que vitimou o ex-empregado da ré encontra-se detalhado no laudo técnico de análise de

acidente de trabalho elaborado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (f. 51):

"O trabalhador vítima do acidente de trabalho, Sr. Widson Lindomar Moreira e seu companheiro de

trabalho, Sr. Gilson Lourenço Dias foram ao residencial Safira, enviados pela empresa Mundo Digital

Telecomunicações Ltda (CNPJ nº...). A citada empresa era um 'agente autorizado' da empresa Sky Brasil

Serviços Ltda, (...), realizando instalação e prestando serviços de assistência técnica de televisão por assinatura

em caráter exclusivo para esta. Assim, o morador do apartamento 402 do bloco 03 solicitou à empresa Sky a

reinstalação de sua antena de televisão em seu novo endereço, no Residencial Safira. Essa por sua vez designou

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o atendimento da demanda do seu cliente à empresa Mundo Digital, a qual enviou ao local os trabalhadores

mencionados. Ao chegarem ao local os trabalhadores (...) iniciaram a análise da instalação da antena de TV por

assinatura, inclusive dos locais para passagem dos cabos. Para tal subiram até a laje do prédio, usando o muro do

terraço do apartamento e uma escada de uso doméstico, emprestada aos mesmos pela moradora. A inviabilidade

da passagem dos cabos através da laje até o apartamento 402, fez com que os trabalhadores buscassem uma

possível alternativa pra tal no local denominado 'casa de máquinas', área localizada superiormente ao piso do

vestíbulo do último andar (4º), distando em torno de 2 e ½ a 3 metros de altura do piso. Em tal espaço deveria

haver maquinário do elevador, que, no entanto, não foi instalado, conforme previsto em projeto. (...). O acesso à

casa de máquina era também livre, através de um alçapão, que permanecia com a tampa apenas encostada, sem

cadeado. O local não dispunha de qualquer iluminação, natural ou artificial, ficando o mesmo em absoluta

escuridão, mesmo olhando-se a partir do alçapão. Assim, o trabalhador acidentado utilizando a escada doméstica

emprestada pela moradora, que era 'fixada' no piso do vestíbulo do 4º andar pelas mãos de seu companheiro de

trabalho, adentrou no espaço descrito, sofrendo queda no vão da caixa de elevador poucos minutos depois, de

uma altura aproximada de 15 metros, até o piso do 1º andar".

E concluiu:

"A empresa não tinha disponibilizado aos trabalhadores escada adequada para acesso e trabalho em

altura, lanterna para iluminação de espaços semi ou confinados, assim como equipamentos de proteção

individual, especialmente cinto de segurança tipo pára-quedista."

Pois bem.

A responsabilidade civil do empregador pelo acidente de trabalho está prevista no artigo 7º, inciso

XXVIII, da Constituição da República, que assegura ao empregado o direito ao seguro contra acidente do

trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou

culpa.

Por sua vez, o artigo 186 do Código Civil de 2002 estabelece a obrigação de indenizar quando

presentes o dano, a culpa do agente e o nexo causal entre a conduta do agente e a lesão gerada.

Na indenização por dano resultante do contrato do trabalho é preciso avaliar se o empregador poderia

ter adotado medidas preventivas de modo a evitar a lesão, ainda que se considere imprevisível o fato, mas desde

que as suas conseqüências sejam evitáveis, lembrando que o artigo 501 da CLT pontua que considerar-se-á força

maior "todo acontecimento inevitável, em relação à vontade do empregador, e para a realização do qual este não

concorreu, direta ou indiretamente".

Na espécie, não há controvérsia a respeito da dinâmica do acidente, fato cuja descrição não é discutida,

mas apenas a questão da existência ou não de culpa e conseqüente obrigação de reparar do empregador, no que

se concentraram os argumentos e razões das defesas.

As rés tentam atribuir a culpa pelo infortúnio ao próprio autor, ao argumento de que o empregado

praticou atos por sua própria iniciativa, sem consentimento da empregadora.

Todavia, ao exame do acervo probatório exsurge induvidosa a culpa das rés pelo acidente do trabalho,

já que no momento do acidente o empregado não estava usando cinto de segurança, equipamento indispensável

para o trabalho em altura, não portava sequer uma lanterna, ou mesmo luvas de segurança, botas, porque

nenhum, absolutamente nenhum EPI fora jamais fornecido a qualquer um dos técnicos, instaladores de TV a

cabo, empregados da prestadora de serviços, 1ª reclamada.

De se notar que o uso do cinto de segurança visa resguardar o trabalhador dos riscos inerentes a este

tipo de trabalho, valendo lembrar que a NR-18, aprovada pela Portaria 3.214/78, do Ministério do Trabalho

dispõe que:

"18.23. Equipamento de Proteção Individual - EPI

18.23.1. A empresa é obrigada a fornecer aos trabalhadores, gratuitamente, EPI adequado ao risco e em

perfeito estado de conservação e funcionamento, consoante as disposições contidas na NR 6 - Equipamento de

Proteção Individual - EPI. (118.502-0 / I2)

18.23.2. O cinto de segurança tipo abdominal somente deve ser utilizado em serviços de eletricidade e

em situações em que funcione como limitador de movimentação. (118.503-9 / I4)

89

18.23.3. O cinto de segurança tipo pára-quedista deve ser utilizado em atividades a mais de 2,00m (dois

metros) de altura do piso, nas quais haja risco de queda do trabalhador. (118.504-7 / I4)

18.23.3.1 O cinto de segurança deve ser dotado de dispositivo trava-quedas e estar ligado a cabo de

segurança independente da estrutura do andaime. (118.669-8 / I4)

18.23.4. Os cintos de segurança tipo abdominal e tipo pára-quedista devem possuir argolas e

mosquetões de aço forjado, ilhoses de material não-ferroso e fivela de aço forjado ou material de resistência e

durabilidade equivalentes. (118.505-5/I3)" (destaquei).

É óbvio que no momento do acidente o obreiro deveria estar usado o cinto de segurança, atendendo aos

comandos insertos na norma em destaque. Afinal, cumpre à empresa fazer cumprir as normas de segurança e

instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às precauções a tomar no sentido de evitar acidentes

do trabalho (CLT, art. 157).

Indubitavelmente, a empresa não seguiu tais determinações legais, tendo o sócio da primeira reclamada,

Vicente de Freitas Brito Cunha, confessado "que no dia do acidente os trabalhadores apenas portavam as

ferramentas de trabalho (...), por exemplo, alicate crimpador, satélite finder, chave 13; que a empresa não tinha

fornecido escada e lanterna para o Sr. Widson e para o Sr. Gilson. Que não sabe informar se os trabalhadores

citados portavam no dia do acidente algum tipo de equipamento de proteção individual. Que a empresa, até a

data do acidente, orientava os trabalhadores a adquirir os equipamentos de proteção individual por conta

própria..." (f. 28/29).

É de se ter em mente que o empregador, por força do que dispõe o citado artigo 157 da CLT, tem o

dever de fiscalizar a correta execução das atividades laborais, de manter o ambiente de trabalho em condições de

higiene e segurança adequadas, além de zelar pelo fornecimento e utilização dos equipamentos de proteção e,

ainda, pela obediência às normas atinentes à segurança do trabalho.

O que se observa é que a culpa das empresas pelo infortúnio está devidamente provada, além do nexo

de causalidade. Mais que conduta omissiva, os fatos demonstram total descaso com a segurança dos empregados,

sendo inadmissível a indiferença da empregadora quanto às normas trabalhistas e aos princípios constitucionais,

como o da dignidade da pessoa humana.

Com efeito, pesa contra elas o fato de ter permitido a seu empregado a execução daquele serviço sem

os equipamentos necessários, além de não tê-lo submetido a qualquer treinamento ou advertências quanto ao

risco de se tomar iniciativas próprias quando o ambiente de trabalho se apresentar fora dos padrões habituais de

segurança.

O dano efetivo aos reclamantes resta patente, tendo em vista que a morte de um pai de família é

impactante e fator desencadeador de abalo não só psíquico, mas também, é inegável, patrimonial.

O nexo causal existente entre o sinistro e o trabalho executado para as rés também se mostra evidente,

pois o empregado veio a falecer em decorrência do acidente ocorrido durante a jornada de trabalho, no

cumprimento de ordens emanadas pelas rés, a segunda, de forma indireta.

Assim, nestas circunstâncias, em que o acidente ocorreu durante a execução do trabalho, não se pode

isentar de culpa o empregador e atribuir a causa do acidente a ato inseguro do trabalhador, pois a culpa da

reclamada está consubstanciada em sua omissão, ao descumprir normas básicas de segurança, como

fornecimento de equipamentos de proteção individual, os quais, se efetivamente usados, poderiam ter evitado a

morte prematura de seu empregado.

Sendo assim, conclui-se que a conduta omissiva da reclamada, se não teve a manifesta intenção de lesar

o seu empregado, teve, por outro lado, a intolerável indiferença e descaso em face dos previsíveis riscos da

atividade laborativa prestada em condições inadequadas. Isto é, se a ré conhecia (pelo menos deveria conhecer)

os riscos que poderiam advir da instalação de antenas de TV a cabo, já que o ambiente de trabalho, como é de

conhecimento comum, exige acesso a áreas de risco, como telhados e laterais de edifícios, e mesmo assim não

lhe proporcionou medidas preventivas de acidentes, praticou ato ilícito, estando aí demonstrada a sua culpa que

vai ensejar a reparação pretendida pelos autores.

Ademais, considero também que somente a empregadora deve suportar os riscos da atividade

econômica, devendo inserir-se nestes os acidentes do trabalho porque, assim ocorrendo, estar-se-á obrigando-a a

proporcionar a seus empregados a máxima segurança, além de fiscalizar intensivamente a utilização dos

90

equipamentos de proteção individual e incentivá-los a obedecer as normas de segurança, de modo a diminuir o

número de mortos e mutilados vítimas das precárias condições de trabalho. Ainda, porque nas mais das vezes o

empregado não consegue reunir provas da culpa ou dolo do empregador, considerando que as testemunhas do

acidente são geralmente seus colegas de trabalho que se sentem econômica e moralmente ameaçados em perder

o emprego se depuserem em juízo a favor do acidentado.

Também neste sentido MARIA HELENA DINIZ observa um processo de humanização e objetivação

da teoria da responsabilidade civil, sob a

"idéia de que todo risco deve ser garantido, visando a proteção jurídica à pessoa humana, em particular

aos trabalhadores e às vítimas de acidentes, contra a insegurança material, e todo dano deve ter um responsável.

A noção de risco prescinde da prova da culpa do lesante, contentando-se com a simples causação externa,

bastando a prova de que o evento decorreu do exercício da atividade, para que o prejuízo por ela criado seja

indenizado. Baseia-se no princípio do ubi emolumentu, ibi us (ou ibi ônus), isto é, a pessoa que se aproveitar dos

riscos ocasionados deverá arcar com suas conseqüências" ("Curso de Direito Civil Brasileiro", 1994, v. 7, p. 10.).

Oportuno destacar, a propósito, a lição do Desembargador deste Eg. Regional, SEBASTIÃO

GERALDO DE OLIVEIRA:

"No caso de acidente do trabalho, haverá culpa do empregador quando não foram observadas as normas

legais, convencionais, contratuais ou técnicas de segurança, higiene e saúde do trabalho. É obrigação legal da

empresa cumprir e fazer cumprir tais normas, instruindo os empregados quanto às precauções a tomar, no

sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais, prestando informações pormenorizadas sobre os

riscos da operação a executar e do produto a manipular. (...) A ausência de fiscalização das condições de trabalho

e da implementação das medidas para neutralizar ou eliminar os agentes perigosos ou nocivos caracteriza culpa

in vigilando, ou seja, o descuido do dever de velar pelo cumprimento da norma, ou mesmo culpa in omittendo,

diante da omissão ou indiferença patronal" ("obra citada, 3ª ed., São Paulo: LTr, 2001, p. 236).

Pelo exposto, não há falar em culpa exclusiva ou mesmo concorrente da vítima. A propósito destaca o i.

Desembargador:

"Fica caracterizada a culpa exclusiva da vítima quando a causa única do acidente do trabalho tiver sido

a sua conduta, sem qualquer ligação com o descumprimento de normas legais, contratuais, convencionais,

regulamentares, técnicas ou do dever geral de cautela por parte do empregador." (Indenizações por acidente do

trabalho ou doença ocupacional. SP: LTr, 2008, p. 145).

E continua:

"há uma cultura arraigada no Brasil de atribuir a culpa dos acidentes às 'falhas humanas' ou aos 'atos

inseguros da própria vítima' (culpabilização da vítima), desprezando todo o contexto em que o trabalho estava

sendo prestado" (ob. cit., p. 184), o que não se pode admitir, mormente em face dos avanços havidos no que

tange à responsabilidade civil na questão do acidente do trabalho.

A culpa da empresa foi fato determinante para a ocorrência do acidente, causando o maior dos danos, a

perda da vida, que tem por consequência a atração do disposto no art. 186 do novo Código Civil, devendo

indenizar os danos sofridos pelos autores por conta do acidente, uma vez que a perda do cônjuge e do pai é, sem

dúvida, motivo de profunda tristeza, pois ficaram privados de um importante ente da família.

Neste sentido é a jurisprudência, verbis:

"ACIDENTE DO TRABALHO. NEXO DE CAUSALIDADE. INEXISTÊNCIA DE CASO

FORTUITO. Não comprovou a reclamada a ocorrência de caso fortuito, demonstrando cabalmente nos autos que

a morte do empregado decorreu de um mal súbito e não pela queda de uma altura de mais de doze metros, o que

causou traumatismo craniano. Lado outro, o fato poderia ser imprevisível, mas a conseqüência poderia ser

evitada se o de cujus estivesse portando equipamento de proteção individual, como o cinto de segurança e corda

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ou, ainda, minimizado, se estivesse usando capacete. Nesse caso, podendo ser evitável, restam configurados o

nexo causal e a culpa da reclamada, nos termos do parágrafo único do art. 393 do Código Civil (art. 1058 do

CC/1916). Ainda que o falecido tenha sofrido uma parada-cardiorespiratória, poderia a reclamada evitar ou

impedir a consumação do acidente, estando, dessa forma, patenteada a responsabilidade". (TRT 03ª R.; RO

753/2004-058-03-00.8; Relª Desª Maria Laura Franco Lima de Faria; DJEMG 20/03/2009).

"ACIDENTE DO TRABALHO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR. QUEDA DE

ANDAIME. Consoante o artigo 157, I e II, da CLT compete ao empregador "cumprir a fazer cumprir as normas

de segurança e medicina do trabalho", instruindo seus empregados sobre as precauções a tomar para evitar

acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais. O empregador que simplesmente entregou EPI aos seus

empregados, sem lhes propiciar o adequado treinamento em segurança, não cumpriu integralmente essa

determinação e concorreu com sua negligência para o acidente fatal, consubstanciado na queda de andaime de

empregado que não utilizava cinto de segurança. A recusa do trabalhador em utilizar o equipamento de proteção,

no caso, apenas revela a ignorância sobre os riscos existentes no local de trabalho. Em conseqüência, não cabe

atribuir à vítima culpa concorrente pelo sinistro, hipótese que somente ocorre quando a participação da vítima

para ocorrência do evento não se confunde com a conduta do ofensor, nem seja conseqüência do ilícito praticado

por este último". (TRT 03ª R.; RO 642/2008-021-03-00.9; Relª Desª Alice Monteiro de Barros; DJEMG

05/03/2009).

"ACIDENTE DE TRABALHO. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA. CULPA IN VIGILANDO. Em

conformidade com o disposto no art. 157 da CLT, a simples entrega do EPI. Equipamento pessoal de segurança

não é suficiente para afastar a responsabilidade da empresa por eventual acidente de trabalho. É dever do

empregador exigir a sua utilização, sobretudo nas atividades consideradas de risco. A culpa in vigilando do

empregador exsurge da demonstração, pela prova oral, de que não havia a exigência, por parte da reclamada,

para a utilização dos epis, bem assim da comprovação de que o empregado que se acidentou ao cair em um

buraco no canteiro de obras, de aproximadamente treze metros de profundidade, não utilizava cinto de segurança

e não possuía instrução quanto às normas de segurança no trabalho. Recurso ordinário do reclamante ao qual se

dá provimento para condenar a reclamada ao pagamento de indenização por danos materiais e morais, em

conformidade com o inciso XXVIII, do art. 7º, da Constituição Federal c/c com o art. 159 do CC/1916." (TRT

23ª R.; RO 01252.2005.066.23.00-5; Rel. Des. Luiz Alcântara; Julg. 16/05/2007; DJEMT 18/05/2007).

A tentativa de culpar a vítima pelo acidente deve ser repudiada por carecer de lastro probatório nos

autos, não havendo como dar guarida aos argumentos das recorrentes, acerca de sua propalada irresponsabilidade

pelo acidente ou pela sua ocorrência por culpa exclusiva do acidentado. Como frisado, entende-se ter agido

culposamente o empregador.

Uma vez constatado o dano e estando presentes os demais pressupostos da responsabilidade civil, cabe

analisar se o valor fixado para a indenização a título de danos morais.

A reparação do prejuízo subjetivo tem o objetivo de amenizar o sofrimento causado pela perda do ente

familiar, bem como o caráter pedagógico/punitivo ao agente causador do dano.

Contudo, não existindo parâmetro objetivo insculpido na lei, o valor da reparação há de ser arbitrado

por um juízo de equidade, levando-se em consideração alguns critérios, tais como: a gravidade do ato danoso, a

intensidade de sua repercussão na comunidade, o desgaste provocado no ofendido, a posição sócio econômica do

ofensor, o porte da empresa etc.

Quanto ao valor da indenização, JOÃO DE LIMA TEIXEIRA FILHO (in Revista LTr, Vol. 60, nº 09,

de setembro de 1.996, p. 1171) estabelece parâmetros que devem ser observados pelo magistrado, quais sejam: a

extensão do fato inquinado (número de pessoas atingidas, de assistentes ou de conhecedoras para efeito de

repercussão); permanência temporal (o sofrimento é efêmero, pode ser atenuado ou tende a se prolongar no

tempo por razão plausível); intensidade (o ato ilícito foi venial ou grave, doloso ou culposo); antecedentes do

agente (a reincidência do infrator deve agravar a reparação a ser prestada ao ofendido); situação econômica do

ofensor e razoabilidade do valor.

Tudo isso considerado, entendo que a indenização fixada na origem, R$80.000,00 (oitenta mil reais)

para cada reclamante, filho e viúva do de cujus, observou os princípios da razoabilidade, não merecendo o reparo

pretendido pelas rés.

Quanto ao raciocínio sugerido em recurso, de que, nem que o falecido tivesse laborado até os 100 anos,

poderia ele proporcionar o 'prêmio de R$80.000,00 para cada um dos recorridos, afino-me com o parecer da d.

Procuradoria do Trabalho a propósito:

92

"O recorrente parece confundir a natureza das indenizações, tratando tais parcelas como se decorrentes

de dano material. Trata-se de dano moral, de quantificação subjetiva, balizada pelas condições da vítima, do

infrator e de uma mensuração da perda extrapatrimonial feita pelo julgador, de acordo com a razoabilidade e

proporcionalidade" (f. 456).

Concluindo: a sentença é irretocável no aspecto, nada há a prover.

Danos materiais - Pensão

O juízo a quo deferiu o pensionamento mensal à viúva (até a data em que o falecido completaria 71,7

anos) e ao filho (até que este complete 25 anos), de R$200,00, valor correspondente a 1/3 da remuneração por

este auferida, num total de R$400,00 mensais, a ser paga de uma única vez.

A reclamada pretende que seja reduzido o período da pensão até que o filho chegue a maioridade, isto

é, aos 18 anos, e à viúva até que o falecido completasse 65 anos, quando supostamente interromperia sua

atividade laboral.

Nos termos do art. 948, II, do CC, em caso de morte da vítima, a indenização consistirá na prestação de

alimentos às pessoas a quem o falecido os devia, devida em conformidade com a "duração provável da vida da

vítima" e se dará sob a forma de pensão alimentar, para restaurar a situação financeira familiar anterior ao óbito.

Neste sentido, entendo que também aqui não têm razão as reclamadas, porquanto o valor da pensão foi

obtido tomando-se por base o último salário percebido pelo empregado, que foi dividido pelo número de pessoas

por ele sustentadas. Significa dizer que do total da remuneração do falecido, presume-se que 1/3 se destinava a

seus gastos pessoais. Portanto, a pensão dos reclamantes deve corresponder a 2/3 da última remuneração da

vítima, proporcionalidade devidamente observada na origem.

Quanto à redução do período da pensão da viúva, tenho que a decisão hostilizada observou a

expectativa de vida divulgada pelo IBGE, até porque, mesmo aposentado, o empregado continuaria a prover a

subsistência de seus dependentes por meio do benefício pago pelo INSS.

Não se pode cogitar também em redução do limite de 25 anos aplicado ao filho, já que somente com

essa idade supõe-se que ele tenha concluído sua formação universitária, estando apto a arcar com os custos de

sua própria sobrevivência.

No que se refere, finalmente, ao requerimento de reversão do pagamento da pensão de uma única vez

para parcelas mensais, nada há a prover, uma vez que o pagamento mensal se prolongaria por extenso lapso

temporal, e geraria insegurança aos autores quanto ao futuro da empresa, a seu patrimônio, enfim...

O pagamento em uma única parcela resolve-se antecipadamente, o que, de toda forma, conta com o

amparo, hoje economicamente viável, das reclamadas.

Nego provimento.

RECURSO DOS RECLAMANTES

Direito de acrescer

Os autores pugnam pelo reconhecimento do direito de acrescer à pensão da viúva, o valor destinado ao

filho quando este implementar a idade de 25 anos.

Assiste-lhes razão, data venia.

O direito de acréscimo é reconhecido na jurisprudência, dentre outros no o precedente do Superior

Tribunal de Justiça, no REsp 530.618/MG, 4a Turma, Rel. Min. Aldir Passarinho Júnior, DOU 07.03.05, p. 260,

cuja ementa, transcrevo em parte:

93

"III. O beneficiário da pensão decorrente de ilícito civil tem direito de acrescer à sua quota o montante

devido a esse título aos filhos da vítima do sinistro acidentário, que deixarem de perceber a verba a qualquer

título. Precedentes do STJ.

IV. O pensionamento em favor dos filhos menores do de cujus tem como limite a idade de 24 (vinte e

quatro) anos dos beneficiários, marco em que se considera estar concluída a sua formação universitária, que os

habilita ao pleno exercício da atividade profissional. Precedentes do STJ."

Frise-se que a jurisprudência majoritária não permite a compensação da pensão decorrente de

responsabilidade civil com a indenização de seguro de vida ou com benefício previdenciário, pois se trata de

direitos diversos, com diferentes fatos geradores e finalidades. Nesse sentido, cita-se o REsp 45.740-8, Rel. Min.

Costa Leite, RSTJ 60, p. 414.

Provejo o recurso dos autores para garantir à viúva o direito de acrescer à sua pensão o valor

anteriormente devido ao herdeiro quando este atingir a idade de 25 anos.

RECURSO DA 2ª RECLAMADA - SKY BRASIL SERVIÇOS LTDA.

Nulidade processual - Julgamento extra petita - Cerceamento de defesa - Ofensa ao contraditório

Não se conforma a recorrente com sua condenação subsidiária, arguindo que, na prefacial, o autor

postulou sua condenação solidária e não subsidiária, restando caracterizada, portanto, a figura do julgamento

extra petita.

Sem razão.

Prima facie, considerando que o processo do trabalho prima pelo princípio da informalidade, da

simplicidade, apesar de a peça inicial não conter pedido expresso de condenação subsidiária, os autores, além de

pleitearem a responsabilidade solidária da 2ª ré, deixaram claro que o de cujus foi contratado pela 1ª ré para

prestar serviços à 2ª, revelando tratar-se de típica terceirização, fato aliás, inconteste nos autos, não havendo, por

conta disso, falar-se em julgamento extra petita, como assevera a recorrente.

Ademais, a responsabilidade solidária é mais abrangente, sendo que os condenados respondem

igualmente pelo objeto da condenação, estando todos os devedores em posição de igualdade, ou seja, na

condição de devedor principal. Já a responsabilidade subsidiária mostra-se menos gravosa, porquanto o

condenado, nessa condição, só responde pelo inadimplemento por parte do devedor principal, estando o devedor

subsidiário na posição secundária da condenação.

Nesse mesmo sentido, os seguintes arestos emanados da SBDI-1 do C. TST:

"EMBARGOS. JULGAMENTO EXTRA PETITA - A responsabilidade solidária é de maior amplitude

que a responsabilidade subsidiária, já que a solidariedade liga diretamente a parte ao credor, que deverá

responder, diretamente, pela totalidade da dívida. Na subsidiariedade, a parte é colocada numa posição de

substituição, respondendo, apenas, na eventualidade da insolvência do devedor principal. Assim, se houve

pedido de responsabilidade da CEF de forma solidária, e a condenação foi pela responsabilidade subsidiária,

esta, por ser menos ampla que aquela, não caracteriza julgamento extra petita." (TST-E-RR-517.261/1998.6,

Relator: Ministro Carlos Alberto Reis de Paula, DJ 10/12/2004).

94

"RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. EMPRESA TOMADORA DE SERVIÇOS. PEDIDO DE

CONDENAÇÃO SOLIDÁRIA. RECONHECIMENTO DE RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.

JULGAMENTO EXTRA PETITA . NÃO-OCORRÊNCIA.

1. É pacífico nesta Corte o entendimento de que o inadimplemento das obrigações trabalhistas, por

parte do empregador, implica na responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços, quanto àquelas

obrigações, inclusive quanto aos órgãos da administração direta, das autarquias, das fundações públicas, das

empresas públicas e das sociedades de economia mista, desde que hajam participado da relação processual e

constem também do título executivo judicial (artigo 71 da Lei nº 8.666/93) (Súmula 331, item IV, do TST).

2. A questão da responsabilidade pelo não-cumprimento de obrigação estava tratada no Código Civil de

1916 (atual art. 264), que, no art. 896, parágrafo único, estabelece que há solidariedade, quando na mesma

obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado à dívida toda

(destacou-se). Infere-se, portanto, que o credor pode exigir o cumprimento da obrigação de qualquer dos

devedores, de forma isolada. Já em se tratando de responsabilidade subsidiária, somente após a cobrança do

devedor principal e na inadimplência deste é que o co-obrigado poderia ser demandado. Logo, a

responsabilização subsidiária é menos abrangente e apresenta menor gravame ao litisconsorte, de forma que não

se pode cogitar de julgamento extra petita , pois quem pode o mais, pode o menos." (TST-E-RR-454.650/1998-1,

Relator: Ministro João Batista Brito Pereira, DJ 20/02/2004).

Rejeito, pois, a preliminar eriçada.

Carência de ação - Ilegitimidade passiva

Pretende a recorrente a sua exclusão da lide, aduzindo que não há qualquer prova de que o obreiro

tenha-lhe prestado serviços, sendo certo que o depoimento do preposto da primeira reclamada jamais poderia

servir de prova a sustentar a condenação.

Entretanto, a legitimidade passiva ad causam, ou a pertinência subjetiva da ação, deve ser analisada

com abstração da relação jurídica material deduzida em Juízo. Em outras palavras, para que uma parte seja

considerada legítima para figurar no pólo passivo da relação processual é suficiente que seja titular, em abstrato,

dos direitos oponíveis à pretensão do autor.

No caso específico dos autos, a legitimidade da recorrente decorre o contrato de credenciamento

firmado entre as reclamadas, na condição de tomadora dos serviços do autor. De resto, apenas após a análise

detida dos autos é que se poderá concluir pela procedência ou improcedência do pedido.

Rejeito.

Responsabilidade subsidiária - Alcance

A segunda reclamada não se conforma com a condenação subsidiária ao pagamento das parcelas

deferidas aos autores. Afirma que os fatos que culminaram na morte do empregado estão vinculados diretamente

à real empregadora, primeira reclamada.

Razão não lhe assiste.

Indubitável a responsabilidade da recorrente, porquanto a prestação laboral estava sendo realizada

durante toda a contratualidade em seu benefício.

É de se registrar que toda a documentação existente nos autos confirma que o de cujus, então instalador

de TV a cabo, prestava serviços à Sky, por meio de terceirização, sua credenciada, a primeira reclamada, Mundo

Digital Telecomunicações e Serviços Ltda., como se infere do contrato celebrado pelas reclamadas às f. 57/58.

Aliás, a despeito de negar o fato em razões de recurso, a primeira reclamada, por seu sócio Vicente de

Freitas Brito Cunha, asseverou perante o Ministério do Trabalho (f. 28) que sua empresa "presta serviços única e

exclusivamente pra a empresa Sky Brasil Serviços Ltda" desde "novembro de 2006". Acrescentou ainda que "a

95

empresa Sky não tem empregados que fazem instalação e cadastro de clientes", afirmando que tais atividades

"são sempre desenvolvidas pelas empresas prestadoras de serviço".

E não é só. Renata Alves Garcia, cujo marido foi quem solicitou a instalação da TV a cabo da Sky, e a

pessoa que acompanhou o desenrolar dos fatos até poucos minutos antes do acidente, e, portanto, quem teve

contato direto com os dois empregados da primeira reclamada, afirmou enfaticamente perante o Ministério do

Trabalho que naquela ocasião "a vítima estava com uma camisa de malha vermelha, escrito SKY nas costas" (f.

45).

Ora, mais não é preciso para se concluir, sem receio de equívoco, que o de cujus trabalhou por toda a

contratualidade, em benefício da segunda reclamada, Sky, inclusive no momento do acidente que o vitimou.

Assim, nos termos do entendimento cristalizado na súmula n. 331, IV, do TST, o inadimplemento das

obrigações devidas por parte do efetivo empregador implica responsabilidade subsidiária do tomador dos

serviços quanto àquelas obrigações, inclusive pelos danos causados aos empregados da prestadora de serviços.

Na presente hipótese, restou demonstrada a culpa das reclamadas no acidente, exsurgindo daí a

responsabilidade subsidiária da segunda reclamada. Isto porque se a recorrente beneficiou-se da força de trabalho

do obreiro, o princípio da proteção ao trabalhador e a teoria da responsabilidade subjetiva permitem

responsabilizá-la, subsidiariamente, pelo pagamento das verbas objeto da condenação, atraindo a incidência da

Súmula n. 331 do TST.

Ademais, a justificativa da responsabilidade subsidiária na órbita trabalhista é a indiscutível índole

tutelar do Direito do Trabalho. Registre-se, ainda, que a súmula n. 331 do TST, ao estabelecer a responsabilidade

subsidiária da entidade tomadora de serviços, teve por escopo buscar alternativas para que o ilícito trabalhista

não favoreça aquele que já foi beneficiário do trabalho prestado (incidência dos artigos 2º e 9º da CLT).

Releva salientar que a responsabilidade subsidiária caracteriza-se mesmo se o contrato ajustado entre as

reclamadas obedecer aos critérios legais e não for portador de vícios.

Por fim, registre-se que a responsabilização do tomador de serviços decorre de uma reformulação da

teoria da responsabilidade civil de forma a adequá-la à maior complexidade da vida social e à necessidade de

satisfação do anseio de justiça. Nessa linha de ideias, a doutrina e a jurisprudência têm evoluído no sentido de

ampliar o campo da responsabilidade civil, não apenas procurando libertar-se da idéia de culpa, deslocando-se o

seu fundamento para o risco (responsabilidade objetiva), como também ampliando o número de pessoas

responsáveis pelos danos, admitindo-se a responsabilidade direta por fato próprio, e indireta por fato de terceiros,

fundada na idéia de culpa presumida (in eligendo e in vigilando). A jurisprudência trabalhista, sensível a esta

realidade, vem proclamando a responsabilidade subsidiária do tomador de serviços, na chamada terceirização,

pelo inadimplemento das obrigações sociais a cargo da real empregadora, empresa contratada para a prestação

dos serviços.

Assim, a súmula 331 do TST consistiu apenas numa tentativa de pacificação da jurisprudência

trabalhista acerca do tema, a qual, por sua vez, nunca deixou de ser a expressão da correta inteligência e da

adequada aplicação dos princípios e regras legais que, de forma sistemática, disciplinam a responsabilidade

patrimonial daqueles que se beneficiam, ainda que por interposta pessoa, do labor alheio.

Ressalto, finalmente, que a responsabilidade subsidiária que lhe foi imposta abrange integralmente as

verbas e parcelas devidas, integrantes da condenação, inclusive as penalidades impostas e/ou oponíveis ao

empregador e responsável principal.

Desprovejo.

Artigo 475-O do CPC

Considerando o entendimento desta Eg. Turma Julgadora, declaro, de ofício, que as disposições do

artigo 475-O do CPC são plenamente aplicáveis ao presente feito, ressaltando que a referida norma torna eficaz e

célere a tutela jurisdicional, permitindo a solução definitiva dos conflitos, independentemente do pleno exercício

do direito de ação ou de defesa pela parte adversa, coibindo, assim, o uso desse direito, em muitos casos, apenas

para postergar a satisfação da condenação, o que acarreta a negação da idéia de justiça e a descrença na função

pacificadora do Estado.

De outro lado, tratando-se de crédito de natureza alimentar decorrente da relação de emprego é

presumível o estado de necessidade dos Reclamantes, viúva e filho menor do de cujus, pelo que não há

impedimento para a aplicação do inciso I do parágrafo 2º. do artigo 475-O do CPC, podendo também ser

invocada, por analogia, a disposição da primeira parte do inciso II, do mesmo parágrafo e artigo retro

especificado.

96

Portanto, considerando a natureza alimentar do crédito trabalhista, faculto aos Reclamantes levantar do

depósito que existe nos autos, no limite de seu crédito, quantia de até 60 salários mínimos.

Hipoteca judicial

A hipoteca judiciária está expressamente prevista no art. 466 do CPC.

A respeito do tópico em apreço, adoto as razões de decidir constantes no processo nº 00142-2007-048-

03-00-5-RO, proferido pelo Exmo. Desembargador Antônio Álvares da Silva, verbis:

"havendo condenação em prestação de dinheiro ou coisa, automaticamente se constitui o título da

hipoteca judiciária, que incidirá sobre os bens do devedor, correspondentes ao valor da condenação, gerando o

direito real de seqüela, até seu pagamento. A hipoteca judiciária é de ordem pública, independe de requerimento

da parte e visa garantir o cumprimento das decisões judiciais, impedindo o desbaratamento dos bens do réu, em

prejuízo da futura execução. Ao juiz cabe envidar esforços para que as decisões sejam cumpridas, pois a

realização concreta dos comandos judiciais é uma das principais tarefas do Estado Democrático de Direito,

cabendo ao juiz de qualquer grau determiná-la, em nome do princípio da legalidade. Para o cumprimento da

determinação legal o juiz oficiará os cartórios de registros de imóveis. Onde se encontrarem imóveis registrados

em nome da reclamada, sobre eles incidirá, até o valor da execução, a hipoteca judiciária."

Ante o exposto, declaro, ex officio, a hipoteca judicial sobre os bens das Reclamadas na quantia

suficiente para garantia da execução.

REQUERIMENTO DO MPT

Considerando que o reclamante Silas Campos Moreira é menor, acolho o requerimento do MPT, para

que as indenizações a ele deferidas sejam depositadas em caderneta de poupança até que o menor complete

dezoito anos, por aplicação do que dispõe o parágrafo 1º, do art. 1º da Lei 6.858/80.

CONCLUSÃO

Conheço dos recursos interpostos e, no mérito, nego provimento àqueles interpostos pelas reclamadas e

dou provimento ao recurso dos reclamantes para garantir à viúva o direito de acrescer à sua pensão o valor

anteriormente devido ao herdeiro quando este atingir a idade de 25 anos.

Considerando que o reclamante Silas Campos Moreira é menor, acolho o requerimento do MPT, para

que as indenizações a ele deferidas sejam depositadas em caderneta de poupança, cujo valor lhe ficará

indisponível até que o menor complete dezoito anos, por aplicação do que dispõe o parágrafo 1º, do art. 1º da Lei

6.858/80.

Declaro, ex officio, a hipoteca judicial sobre os bens da Reclamada na quantia suficiente para garantia

da execução e faculto aos reclamantes o levantamento dos depósitos que existem nos autos, no limite de seu

crédito, quantia de até 60 salários mínimos.

Fundamentos pelos quais,

O Tribunal Regional do Trabalho da 3ª. Região, pela sua 4ª. Turma, à unanimidade, conheceu dos

recursos interpostos; no mérito, sem divergência, negou provimento àqueles interpostos pelas reclamadas,

unanimemente, deu provimento ao recurso dos reclamantes para garantir à viúva o direito de acrescer à sua

pensão o valor anteriormente devido ao herdeiro quando este atingir a idade de 25 anos. Considerando que o

reclamante Silas Campos Moreira é menor, acolheu o requerimento do MPT, para que as indenizações a ele

deferidas sejam depositadas em caderneta de poupança, cujo valor lhe ficará indisponível até que o menor

complete dezoito anos, por aplicação do que dispõe o parágrafo 1º, do art. 1º da Lei 6.858/80. A egrégia Turma

declarou ainda, ex officio, a hipoteca judicial sobre os bens da Reclamada na quantia suficiente para garantia da

97

execução e facultou também aos reclamantes o levantamento dos depósitos que existem nos autos, no limite de

seu crédito, quantia de até 60 salários mínimos.

Belo Horizonte, 15 de setembro de 2010.

Fernando Luiz G. Rios Neto

JUIZ RELATOR

ANEXO V - ACÓRDÃO DO PROCESSO TRT/SP nº 01407.2007.402.02.00-3 -

RECURSO ORDINÁRIO

98

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO PROCESSO TRT/SP

nº 01407.2007.402.02.00-3 (20090079773) RECURSO ORDINÁRIO E ADESIVO - 2ª VARA DO

TRABALHO DE PRAIA GRANDE

1º RECORRENTE : ATACADÃO DISTRIBUIÇÃO, COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA

2º RECORRENTE : VERA LUCIA RODRIGUES TRINDADE

EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MATERIAL E MORAL

DECORRENTE DE ACIDENTE DO TRABALHO. NEXO CAUSAL ENTRE O TRABALHO E A

DOENÇA. CONCAUSA. CLASSIFICAÇÃO DA DOENÇA NA CATEGORIA III DA CLASSIFICAÇÃO

DE SCHILLING.

A classificação proposta por Schilling é adotada no manual de procedimentos para as doenças

relacionadas ao trabalho, elaborado pelo Ministério da Saúde. Na categoria III da referida classificação o

trabalho aparece como provocador de um distúrbio latente, ou agravador de doença já estabelecida. O

trabalho é uma concausa de certas moléstias. Isso significa que o trabalho em conjunto com outros fatores

– concausas – contribuiu diretamente para produzir certas lesões. A legislação brasileira não exige que o

trabalho seja causa única para a caracterização do acidente ou doença do trabalho. Nosso ordenamento

apenas exige que o trabalho haja contribuído diretamente para a morte do segurado, redução ou perda da

sua capacidade para caracterizar a doença ou acidente de trabalho, conforme inciso I do art. 21 da Lei nº

8.213/1991.

Da r. sentença de fls. 124/133 cujo relatório adoto e que concluiu pela procedência parcial dos pedidos

formulados na inicial, recorrem a reclamada a fls. 135/142 e a reclamante a fls. 150/155 postulando a sua

reforma. Recurso ordinário interposto pela reclamada no qual alega que o laudo pericial teria afastado o nexo

causal entre a patologia alegada e o labor exercido pela reclamante ao longo do contrato de trabalho mantido

entre as partes. afirma que não haveria inaptidão para o desempenho da função de caixa. Acrescenta que o Sr.

Perito teria concluído que não haveria incapacidade, mas tão somente uma redução parcial. Pondera que a r.

sentença contrariaria o laudo pericial. Entende que não estaria comprovado o dano. Salienta que o valor fixado

para a indenização por dano moral seria excessivo. Requer que seja provido o recurso. Recurso ordinário

interposto de forma adesiva pela reclamante no qual alega que teria demonstrado irregularidade no cálculo das

horas extraordinárias. Pleiteia a aplicação do entendimento descrito no item IV da Súmula nº 85 do C.TST.

Afirma que a reclamada não teria cumprido as disposições da cláusula 27ª da Convenção Coletiva de Trabalho o

que invalidaria o regime de compensação de jornada. Impugna a validade dos cartões de ponto sem a sua

assinatura. Entende que seria ônus do empregador conferir validade aos mesmos. Por fim, aponta o desrespeito

ao intervalo interjornada. Pleiteia o pagamento das horas extraordinárias decorrentes desse intervalo

desrespeitado. Requer que seja provido o recurso. Contrarrazões apresentada pela reclamante a fls. 145/149 e

pela reclamada a fls. 157/160.

99

É o relatório.

V O T O

Por estarem presentes os pressupostos de admissibilidade conhece-se dos recursos.

1. RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO PELA RECLAMADA

Conforme relatado, a reclamada sustenta que o laudo pericial teria afastado o nexo causal entre a patologia da

reclamante e o labor desempenhado ao longo da relação de emprego mantido entre as partes. Afirma que a

reclamante não estaria incapacitada para o trabalho. Entende que não teria sido comprovado o dano, razão pela

qual pondera que não seria devida a indenização por dano moral.

1.1 Do nexo causal:

A indenização por doença ocupacional garantida ao trabalhador no inciso XXVIII do art. 7º da CF só é devida

pelo empregador no caso de haver concomitantemente nexo causal entre a atividade profissional do trabalhador e

a doença, a incapacidade para o trabalho decorrente da doença ou do acidente, além de culpa ou dolo do

empregador. O exame clínico procedido pelo Sr. Perito constatou que a reclamante é portadora da seguinte

doença: doença de Quervain à direita (fl. 85). Há, portanto, dano. A doença gerou ainda uma redução parcial e

permanente da capacidade da reclamante (fl. 85), o que reforça a conclusão acerca da existência de dano. Porém,

destacou o Sr. Perito que não havia elementos que pudessem comprovar o nexo causal entre a referida patologia

e o labor exercido pela reclamante na reclamada (fl. 85). Um primeiro exame açodado conduziria à conclusão de

que de fato não haveria nexo causal entre a doença e o labor. Contudo, o MM. Juízo de origem bem observou

algumas incongruências no laudo pericial. Ressaltou o MM. Juízo a quo que o próprio vistor a fls. 70 ponderou

que o desenvolvimento das sinovites e tenossinovites é multicausal. Por isso, determinou que o Sr. Perito

esclarecesse se o trabalho seria concausa da doença. Acrescentou que seria necessária uma vistoria no local de

trabalho, já que esta não havia sido realizada (fls. 112/113).

Pois bem. Com a preocupação de estabelecer critérios técnicos para aferição do nexo causal entre a doença

apresentada pelo trabalhador e a atividade profissional desenvolvida pelo mesmo, o Conselho Federal de

Medicina baixou a Resolução CFM nº 1.488, de 11/02/1998, a qual no inciso II do art. 2º estabelece

textualmente que para o estabelecimento de nexo causal entre os transtornos de saúde e as atividades do

trabalhador, além do exame clínico, deve o médico considerar o estudo do local de trabalho.Na vistoria realizada

no ambiente de trabalho da reclamante pelo Perito do Juízo foi constatado que a sua atividade implicava risco

ergonômico. Destacou que as condições ergonômicas oferecidas pelo reclamada não eram adequadas.

Acrescentou, finalmente, que a posição anti-ergonômica a qual permanecia a autora ao longo da jornada de

trabalho agravou a doença de Quervain (fl. 120). Conclui-se que a moléstia da reclamante

enquadra-se na categoria III de Schilling. A classificação proposta por Schilling é adotada no manual de

procedimentos para as doenças relacionadas ao trabalho, elaborado pelo Ministério da Saúde. Na categoria III da

referida classificação, na qual está enquadrada a moléstia da reclamante, consta o trabalho como provocador de

um distúrbio latente, ou agravador de doença já

estabelecida. Como se observa, o trabalho é uma concausa da moléstia apresentada pelo reclamante. Isso

significa que o trabalho em conjunto com outros fatores – concausas – contribuiu diretamente para produzir a

lesão ora constatada. A legislação brasileira não exige que o trabalho seja causa única para a caracterização do

acidente ou doença do trabalho. Nosso ordenamento apenas exige que o trabalho haja contribuído diretamente

100

para a morte do segurado, redução ou perda da sua capacidade, conforme inciso I do art. 21 da Lei nº

8.213/1991.

Nesse sentido merece transcrição a preciosa lição de Sebastião Geraldo de Oliveira:

“Como se vê, a presença de condições diversas que agravam ou contribuem para os malefícios da causa laboral

não impede a caracterização do acidente do trabalho. (...) O nexo concausal aparece com freqüência no exame

das doenças ocupacionais. (...) Não há necessidade de se precisar qual das causas foi aquela que efetivamente

gerou a doença, como ocorre na aplicação da teoria da causalidade adequada, pois todas as condições ou causas

têm valoração equivalente. É necessário apenas que a causa laboral contribua diretamente para doença, mas não

que contribua decisivamente.”

Ainda de acordo com o laudo pericial os movimentos desenvolvidos pela reclamante acarretavam posturas

antiergonômicas, as quais desencadearam ou contribuíram diretamente para o surgimento da doença. Assim, não

resta dúvida de que há nexo concausal entre o trabalho e a doença da reclamante.

1.2 Da culpa:

Uma vez constatado o nexo causal entre a doença e a atividade profissional, passa-se ao exame da culpa do

empregador. Nesse ponto faz-se necessário alguns esclarecimentos. É necessário distinguir as ações movidas por

trabalhadores em face do Estado pleiteando o enquadramento do infortúnio como acidente do trabalho e

conseqüentemente o pagamento de seguro específico com base na Lei nº 8.213/1991 das ações de indenização

por dano material e/ou moral ajuizadas por trabalhadores em face de seus empregadores reivindicando a

indenização pelo infortúnio laboral, com base no inciso XXVIII do art. 7º da CF. Nas primeiras ações acima

citadas a competência para apreciá-las é da Justiça Comum e estão calcadas na teoria do risco social

(responsabilidade objetiva). Já as últimas estão sob a competência da Justiça do Trabalho que as analisa com

base na responsabilidade

subjetiva do empregador. Em que pese alguns entendimentos doutrinários de que a responsabilidade do

empregador seria objetiva, ousamos discordar. O inciso XXVIII do art. 7º da CF é expresso e

específico ao se referir à responsabilidade subjetiva do empregador nas ações de indenização. Nem se alegue que

seria aplicável ao caso a regra inscrita no parágrafo único do art. 927 do Código Civil que consagra a

responsabilidade objetiva, pois, como já foi dito, a Constituição Federal tem norma expressa estabelecendo a

responsabilidade subjetiva do empregador como pressuposto para a indenização. Este é o posicionamento do

C.TST:

“RECURSO DE REVISTA. INDENIZAÇÃO POR DANOS PROVENIENTES DE INFORTÚNIOS DO

TRABALHO. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA DO EMPREGADOR DE QUE TRATA O ARTIGO 7º,

INCISO XXVII DA CONSTITUIÇÃO EM DETRIMENTO DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA

CONSAGRADA NO § ÚNICO DO ARTIGO 927 DO CÓDIGO CIVIL DE 2002. SUPREMACIA DA

NORMA CONSTITUCIONAL. INAPLICABILIDADE DA REGRA DE DIREITO INTERTEMPORAL DO §

1º DO ARTIGO 2º DA LICC. I – É sabido que o acidente de trabalho e a moléstia profissional são infortúnios

intimamente relacionados ao contrato de emprego, e por isso só os empregados é que têm direito aos benefícios

acidentários, daí ser impondo a conclusão de a indenização prevista no artigo 7º, inciso XXVIII da Constituição

se caracterizar como direito genuinamente trabalhista. II – Essa conclusão não é infirmável pela versão de a

indenização prevista na norma Constitucional achar-se vinculada à responsabilidade civil do empregador. Isso

nem tanto pela evidência de ela reportar-se, na realidade, ao artigo 7º, inciso XXVIII, da Constituição, mas

sobretudo pela constatação de a pretensão indenizatória provir não da culpa aquiliana, mas da culpa contratual do

empregador, extraída da não-observância dos deveres contidos no artigo 157 da CLT. III – Sendo assim,

havendo previsão na Constituição da República sobre o direito à indenização por danos material e moral

provenientes de infortúnios do trabalho, na qual se adotou a teoria da responsabilidade subjetiva do empregador,

não cabe trazer à colação a responsabilidade objetiva de que trata o § único do artigo 927 do Código Civil de

2002. IV – Isso em razão da supremacia da norma constitucional, ainda que oriunda do Poder Constituinte

101

Derivado, sobre a norma infraconstitucional, segundo se constata do artigo 59 da Constituição, pelo que não se

pode absolutamente cogitar da revogação do artigo 7º, inciso XXVIII, da Constituição, a partir da superveniência

da norma do § único do artigo 927 do Código Civil de 2002, não se aplicando, evidentemente, a regra de Direito

Intertemporal do § 1º do artigo 2º da LICC. Recurso não conhecido. (Ac. 4ª Turma do C.TST. RR 831/2005-

003-20- 00.4. Rel. Min. Barros Levenhagen. DJ 28.09.2007)”

“RECURSO DE REVISTA. TRABALHADOR RURAL. ACIDENTE DE TRABALHO. AMPUTAÇÃO DE

QUATRO DEDOS. RESPONSABILIDADE DO EMPREGADOR.

Tem-se que reconhecer a responsabilidade do reclamado pelo pagamento da indenização pleiteada decorrente da

prova da participação culposa do empregador no evento danoso, ou seja, a existência de nexo causal entre a

conduta do reclamado e o dano ocorrido, já que este decorreu da execução de atividade do reclamante pertinente

às funções exercidas na relação de emprego, tendo havido, ainda, por parte do empregador, a falta, ou

inobservância da diligência que lhe é devida, por expressa determinação legal, agindo com culpa ao não fornecer

material de proteção ao trabalhador, visando a prevenção do acidente. Recurso de revista conhecido e provido.

(grifamos. Ac. 6ª Turma do C.TST. RR 215/2001- 036-24-00.9. Rel. Min. Aloysio Corrêa da Veiga.DJ

06.09.2007)”

Com efeito, a culpa do empregador fica caracterizada pela conduta desidiosa na prevenção que normalmente se

manifesta pela imposição ao empregado de uma jornada de trabalho exaustiva e no descumprimento das regras

de higiene, saúde e segurança no trabalho (art. 157 da CLT). Além disso, é dever do empregador zelar pela

adoção e emprego de medidas coletivas e individuais de proteção e segurança da saúde do trabalhador (§ 1º do

art. 19 da Lei nº 8.213/1991).

Desse modo, ao concorrer com culpa ou dolo para o acidente de trabalho, seja por ação no descumprimento de

regras de segurança ou omissão em adotar medidas direcionadas à prevenção de acidentes, o empregador comete

ato ilícito, o qual gera à vítima do infortúnio o direito à indenização (art. 186 do Código Civil). No caso em

debate o exame pericial revelou a culpa do empregador. Foi constatado durante a vistoria que a reclamante

exercia atividade em pé o que acarretava em postura antiergonômica, além de que a reclamada não fornecia EPI

aos funcionários do setor de caixa (fl. 119). Acrescente-se, ainda, que nos termos do art. 168 da CLT e NR 7 da

Portaria nº 3214/1978 as empresas devem manter Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional –

PCMSO com o objetivo de promover a preservação da saúde de seus trabalhadores.

Com isso, a empresa ao constatar que determinada atividade profissional provoca ou agrava determinada doença

deve adotar medidas preventivas e atenuadoras dos efeitos danosos à saúde dos trabalhadores. Também deve

afastar o trabalhador daquela função prejudicial à sua saúde. No caso em tela a reclamada ao longo da relação de

emprego mantida com a reclamada já apresentava sinais de evolução da doença e mesmo assim a reclamada não

providenciou o afastamento da reclamante daquela função nem qualquer outra medida preventiva para evitar

futuros casos de doença do trabalho (docs. 55/83 do 1º volume de documentos).

Como se observa, a reclamada agiu com culpa ao não propiciar à reclamante adequadas condições de trabalho, o

que por certo gerou desarmonia no meio ambiente de trabalho.

Assim, há nexo causal entre a doença e a atividade ocupacional, além de prova da culpa da reclamada e

conseqüentemente da existência de ato ilícito patronal, o que enseja reparação.

1.3 Do dano moral:

Quanto ao dano moral, não merece acolhimento o inconformismo da reclamada.

102

O dano moral corresponde à lesão ao patrimônio psíquico ou ideal da pessoa, conforme ensinamento de Sílvio de

Salvo Venosa4. Nesse sentido o dano moral atinge os direitos da personalidade da pessoa, ou seja, resulta da

violação à intimidade, honra e imagem.

Esse dano é de tal ordem capaz de provocar uma profunda dor física ou psicológica no lesado. Por ser uma lesão

que normalmente tem repercussão na intimidade da pessoa, não se cogita de prova desse dano para que haja

responsabilização do agente causador.

Alice Monteiro de Barros explica que a responsabilização surge no momento em que se verifica a lesão, não se

cogitando de prova do dano, uma vez que não se poderia exigir do lesado a prova do seu sofrimento. Dessa

forma, o pedido de condenação da reclamada por danos morais deve ser analisado sob o prisma da existência ou

não da violação (ato ilícito) e se esta é capaz de gerar seqüelas psicológicas.

Este é o posicionamento do C.TST:

“PRELIMINAR DE NÃO-CONHECIMENTO DO RECURSO DE REVISTA ARG6UIDA EM

CONTRA-RAZÕES. I – O fato de o recurso não atender aos requisitos da Instrução Normativa nº 23 do TST

não constitui óbice para a sua análise, uma vez que a referida instrução apenas cuida de recomendações técnicas

para a formação do recurso de revista. II – A revista obedeceu aos requisitos extrínsecos, tendo em vista que se

encontra tempestiva, com o preparo e representação regulares. III Rejeito. DOENÇA PROFISSIONAL. LER OU

DORT. DANO MORAL. CONFIGURAÇÃO. RESPONSABILIDADE. I É sabido que o dano moral prescinde

de prova da sua ocorrência, em virtude de ele consistir em ofensa a valores humanos, bastando a demonstração

do ato em função do qual a parte diz tê-lo sofrido. II – Por isso mesmo é que em se tratando de infortúnio do

trabalho há de se provar que ele, o infortúnio, tenha ocorrido por dolo ou culpa do empregador, cabendo ao

Judiciário se posicionar se o dano dele decorrente se enquadra ou não no conceito de dano moral. III – É certo,

de outro lado, que o inciso X do artigo 5º da Constituição elege como bens invioláveis, sujeitos à indenização

reparatória, a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas. Encontra-se aí subentendida no

entanto a preservação da dignidade da pessoa humana, em razão de ela ter sido erigida em um dos fundamentos

da República Federativa do Brasil, a teor do artigo 1º, inciso III da Constituição. IV – Significa dizer que a

norma do inciso X do artigo 5º da Carta Magna deve merecer interpretação mais elástica a fim de se incluir entre

os bens ali protegidos não só a honra e a imagem no seu sentido mais estrito, mas também seqüelas psicológicas

oriundas de ato ilícito, em razão de elas, ao fim e ao cabo, terem repercussões negativas no ambiente social e

profissional. V – Constatado ter a recorrente adquirido LER em conseqüência das condições adversas de trabalho

executado, capazes de causar o afastamento da reclamante do trabalho pelo INSS, em função da qual se extrai

notório abalo psicológico e acabrunhamento emocional, tanto quanto irrefutável depressão por conta do

confinamento das possibilidades de inserção no mercado de trabalho, impõe-se a conclusão de achar-se

constitucionalmente caracterizado o dano moral. Conclusão que não se altera pelo fato de tais condições terem

sido minimizadas, bem como de ter sido indicada a reabilitação profissional pelo INSS. VALOR DA

CONDENAÇÃO. I O recorrido reitera nas contra-razões do recurso de revista a impugnação veiculada, no

recurso ordinário, ao valor arbitrado pelo Juízo de primeiro grau. Cabe o pronunciamento do TST. II – Ainda que

inusual em sede de cognição extraordinária, verifica-se que a sentença arbitrou o valor de 20 vezes a última

remuneração da autora. III – Em relação ao arbitramento do valor da indenização por dano moral, é sabido que

se deve observar o critério estimativo, levando em conta a gravidade da ofensa e a capacidade econômica do

ofensor, tanto quanto o objetivo dissuasório de práticas assim malsãs. IV – Adotando tais parâmetros e

considerando que houve reabilitação indicada pelo INSS, conforme se deduz da fundamentação regional, o que

indica a temporariedade da lesão, é razoável a redução do valor arbitrado para o equivalente a 10 vezes a última

remuneração da autora. V Recurso conhecido e provido parcialmente. DIFERENÇA DE MULTA DE 40% DO

FGTS. EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. RESPONSABILIDADE. I – Prescreve a Orientação Jurisprudencial

nº 341 da SBDI-1/TST que [...] é de responsabilidade do empregador o pagamento da diferença da multa de 40%

sobre os depósitos do FGTS, decorrente da atualização monetária em face dos expurgos inflacionários. II

– Recurso de revista conhecido e provido. (grifamos. Ac. 4ª Turma do C.TST. RR 703/2003- 441-02-00. Rel.

Min. Barros Levenhagen. DJ 11.10.2007)”

103

É evidente que a lesão sofrida pela autora tem dificultado a sua recolocação no mercado de trabalho. A condição

de desempregada, por sua vez, gera abalo emocional e intranqüilidade no ambiente familiar da autora, o que por

certo caracteriza o dano moral. Além disso, a doença desenvolvida pela reclamante tem lhe causado fundas

aflições e angústias, haja vista os sucessivos exames e tratamentos. Insta observar que não existe no nosso

ordenamento jurídico dispositivo legal fixando parâmetros ou mesmo valores para a indenização por dano moral.

Com o advento da Constituição Federal de 1988 não mais subsiste qualquer regra de tarifação da indenização por

dano moral. Este é o entendimento do C.STJ manifestado na Súmula nº 281:

281 - A indenização por dano moral não está sujeita à tarifação prevista na Lei de Imprensa. (DJ 13.05.2004) A

jurisprudência já sedimentou o entendimento de que a fixação do valor de indenização por dano moral deve ser

feita por arbitramento (interpretação analógica do art. 953 do Código Civil), sendo que o órgão julgador deverá

valorar aspectos como a gravidade do ilícito civil praticado, a repercussão do fato, a extensão do dano (art. 944

do Código Civil), a capacidade econômica das partes envolvidas e a duração do contrato de trabalho. Além

desses parâmetros, a doutrina e jurisprudência também apontam uma dupla finalidade para o quantum

indenizatório: o valor deve proporcionar à vítima alguma compensação e ao mesmo tempo inibir o transgressor

da prática de novos atos ilícitos. Acrescente-se, ainda, que na fixação desse valor indenizatório o órgão julgador

deve pautar-se pelo princípio da razoabilidade, a fim de encontrar um valor que não seja ínfimo, nem excessivo

para que não se converta e meio de enriquecimento sem causa (parágrafo único do art. 953 do Código Civil de

2002). Também se deve levar em conta o tempo de casa do trabalhador (pouco mais de 4 anos e 6 meses).

Embora, o trabalho seja concausa deve-se considerar a omissão da reclamada em adotar providências para

atenuar ou mesmo inibir os males gerados pela postura antiergonômica na função de caixa.

Em casos como este a condenação deve ser também exemplar para desestimular a conduta desidiosa. A r.

sentença arbitrou a condenação em 30 vezes o salário da reclamante à época da dispensa (30 x R$ 717,00), o que

totaliza a quantia de R$ 21.510,00. Tal quantia revela-se condizente com o grau de culpa da reclamada, seu porte

financeiro e com o caráter dúplice da

medida. Mantém-se, pois, a r. sentença.

2. RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO DE FORMA ADESIVA PELA RECLAMANTE

2.1 Das horas extraordinárias:

Alega a reclamante que teria demonstrado irregularidade no cálculo das horas extraordinárias. Pleiteia a

aplicação do entendimento descrito no item IV da Súmula nº 85 do C.TST. Afirma que a reclamada não teria

cumprido as disposições da cláusula 27ª da Convenção Coletiva de Trabalho o que invalidaria o regime de

compensação de jornada. Impugna a validade dos cartões de ponto sem a sua assinatura. Entende que seria ônus

do empregador conferir validade aos mesmos. Por fim, aponta o desrespeito ao intervalo interjornada. Pleiteia o

pagamento das horas extraordinárias decorrentes desse intervalo desrespeitado. Primeiramente cumpre observar

que é admitida a validade dos cartões de ponto juntados pela reclamada. Mesmo daqueles que não contém a

assinatura da reclamante pois esta não produziu qualquer prova que evidenciasse a falsidade dos mesmos. A

própria reclamante em depoimento nos autos do processo nº 00218200740102007 admitiu que os espelhos de

ponto refletiam corretamente a sua jornada de trabalho (doc. nº 85 do 1º volume de documentos da reclamada).

Não tendo a autora se desincumbido do seu ônus, admite-se a veracidade dos cartões de ponto (art. 818 da CLT

c/c inciso I do art. 333 do CPC).

O artigo 59 da CLT e seus parágrafos dispõem sobre a prorrogação e compensação de horas e é expresso no

sentido de que o acordo deve ser escrito. Com efeito, a legislação prevê a possibilidade de compensação de

jornadas além do módulo semanal, através do denominado "banco de horas". Porém, imprescindível sua

formalização através de convenção ou acordo coletivo de trabalho (art. 59, § 2º da CLT).

Nesse sentido merece transcrição o seguinte julgado:

Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. COMPENSAÇÃO DE JORNADA.

BANCO DE HORAS (REGIME COMPENSATÓRIO ANUAL) TÍTULO JURÍDICO AUTORIZADOR. Nos

104

termos da Súmula 85, I/TST, a compensação de jornada de trabalho dentro do mês deve ser ajustada por acordo

individual escrito, acordo coletivo ou convenção coletiva. Tratando-se, porém, do chamado -banco de horas-

(regime compensatório anual)- este, sim, desfavorável e penoso, só pode ser fixado por negociação coletiva.

Contudo, in casu, em que pese a existência de acordos coletivos permitindo a sua implantação, o Regional

deixou assentado que não restou caracterizada a efetivação do banco de horas, razão pela qual não há como ser

reexaminado o conjunto probatório, haja vista o óbice da Súmula 126/TST. Agravo de instrumento desprovido.

(Ac. 6ª Turma do C.TST. AIRR - 1993/2004-003- 23-40.7. Rel. Min. Mauricio Godinho Delgado. DJ

13/06/2008)

Como se observa, o acordo individual é admitido para compensação de jornada dentro do mês, mas para o

regime compensatório anual o acordo deve ser coletivo.

No caso em tela há convenção coletiva de trabalho permitindo o regime de compensação anual. Todavia, os

reclamados não cumpriram os requisitos exigidos na cláusula 27ª da norma coletiva (doc. 95/96 do volume de

documentos da reclamante). Impende observar que a referida cláusula estipula parâmetros para o sistema de

compensação anual de horas (banco de horas), incluindo o limite máximo de 35 horas mensais destinadas à

compensação, desde que não excedida a soma das jornadas semanais de trabalho e o limite de 10 horas diárias.

Ocorre que a reclamada compensou mais de 35 horas. Como exemplo tem-se o período de 28/03/2005 até

01/04/2005 em que em cada um desses dias foram compensadas 07h20, conforme a rubrica “Saldo Horas (-)

Compensar “IN” (doc. 115 do 1º volume de documentos da reclamada). Acrescente-se que o acordo de

compensação de horas firmado entre as partes permitia a prorrogação diária de no máximo 2 horas (doc. 01 do 1º

volume de documentos da reclamada). Essas 2 horas integrariam o banco de horas. A autora estava sujeita a uma

jornada diária de 07h20 na escala 6X1. Ocorre que a reclamada descumpriu essa disposição e o limite fixado na

convenção coletiva. Observa-se que em diversas ocasiões a reclamante excedia as 2 horas de prorrogação do

acordo de compensação, como nos dias 17 e 18/01/2003, 21, 23 e 31/12/2003 (docs. 90/100 do 1º volume de

documentos da reclamada).

Consta, ainda, labor em dias destinados à folgas. Cumpre esclarecer que a reclamada fez com que a reclamante

usufruísse de duas folgas em uma semana e na outra não usufruía de folga. Basta examinar os registros de ponto

do período de 16/11/2005 a 15/12/2005 (doc. 123 do 1º volume de documentos da reclamada). Como se observa,

a prestação de horas extraordinárias habituais descaracteriza o acordo individual de compensação de horas. O

descumprimento da norma coletiva afasta qualquer pretensão de compensar as horas excedentes à jornada

semanal por eventuais folgas concedidas. Saliente-se por oportuno que as diretrizes traçadas na Súmula nº 85 do

C.TST não se aplicam à hipótese de banco de horas pois este sistema de compensação extrapola o módulo

semanal tratado na orientação sumulada.

Nesse sentido merece transcrição o seguinte julgado:

Ementa: BANCO DE HORAS. PACTUAÇÃO MEDIANTE ACORDO INDIVIDUAL. INVALIDADE.

SÚMULA Nº 85 DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO. 1. A adoção do sistema de compensação de

jornada mediante banco de horas só é válida se prevista em norma coletiva. 2. De outro lado, inaplicável a

orientação consagrada na Súmula nº 85 desta Corte superior nos conflitos relacionados a compensação de

jornada por meio de banco de horas, porquanto tal sistema extrapola o parâmetro semanal de que trata o referido

verbete. 3. Recurso de revista de que não se conhece. (Ac. 1ª Turma do C.TST. RR - 1324/2005-002-04- 00.9.

Rel. Min. Lelio Bentes Corrêa. DJ 16/05/2008)

Assim, o excesso de jornada na hipótese de banco de horas irregular enseja o pagamento das horas

suplementares acrescidas do adicional.

Cita-se a preciosa lição do Ministro Mauricio Godinho Delgado:

“Tratando-se, porém, de irregularidade referente à pactuação do novo regime compensatório criado pela Lei nº

9.601/98 (isto é, regime que não esteja autorizado por negociação coletiva), qualquer excesso na jornada

laborativa diária importará em efetivas horas extras. Esta é a conduta que decorre não apenas do § 3º do art. 59

105

da CLT (acrescentado pela mesma Lei n. 9.601), como também do fato de que o próprio tipo legal do banco de

horas somente passar a vigorar na relação empregatícia caso expressamente previsto por título jurídico coletivo

negociado. Ora, se não há sequer o tipo legal – em virtude da irregularidade percebida – não se pode considerar

produzido, ainda que em parte, qualquer de seus efeitos.” (itálicos no original)

Assim, merece reparo a r. sentença para que seja considerada como extraordinárias as horas trabalhadas além das

07h20 diárias e 44 semanais, admitida a compensação das verbas pagas sob o mesmo título. Com relação ao

intervalo interjornada, também merece reparo a r. sentença. O reclamante logrou êxito em demonstrar o

desrespeito ao intervalo interjornada. No dias 30 e 31/12/2002 a autora encerrou o labor às 02h55 e retornou às

07h26 (doc. nº 89 do 1º volume de documentos da reclamada). De fato foi desrespeitado o intervalo interjornada

de 11 horas.

A Seção III, Capítulo II da CLT, ao tratar da Duração do Trabalho, prioriza os períodos de descanso, e inicia-se

exatamente com o art. 66, tratando do intervalo interjornada e do trabalho noturno. Vê-se que além de fixar

parâmetros, a intenção do legislador foi a de proteger o empregado do desgaste decorrente de jornadas extensas e

preservar suas condições bio-fisio-psicológicas destinando todo um capítulo a este fim.

Ex vi do artigo 66 da CLT, entre duas jornadas, impõe-se um intervalo mínimo de 11 horas.

Assim, do término de um dia de trabalho, até que se inicie o próximo dia, deve haver intervalo mínimo de onze

horas. O descanso prolongado entre uma jornada e outra se faz necessário para que o organismo se refaça das

energias despendidas e conserve a sua higidez. Sob a nossa ótica não se trata de infração meramente

administrativa, vez que o empregado trabalhou em horário destinado ao seu repouso, tido como necessário à

reposição de suas forças pelo legislador. A situação se equipara em tudo com o intervalo para refeição, cuja

ausência de gozo implica no pagamento de horas extras.

Desse modo, é obrigatória a observância do descanso semanal remunerado e do intervalo mínimo de 11 horas

entre jornadas, arts. 66 e 67 da CLT. A não observância dessas normas legais acarreta o pagamento das horas

excedentes como extraordinárias, com o respectivo adicional. Neste sentido a Súmula 110 do C. TST, abaixo

transcrita:

110 - Jornada de trabalho. Intervalo (RA 101/1980, DJ 25.09.1980)

No regime de revezamento, as horas trabalhadas em seguida ao repouso semanal de 24 horas, com prejuízo do

intervalo mínimo de 11 horas consecutivas para descanso entre jornadas, devem ser remuneradas como

extraordinárias, inclusive com o respectivo adicional.

Dessa forma, merece reparo a r. sentença para condenar a reclamada ao pagamento de horas extraordinárias em

decorrência da não observância do intervalo de 11 horas entre uma

jornada e outra. Ante o exposto, acordam os Magistrados da 12ª Turma do E. Tribunal Regional do Trabalho da

2ª Região em: conhecer dos recursos e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO ao recurso ordinário interposto

pela reclamada e DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso ordinário interposto de forma adesiva pela

reclamante para condenar a reclamada a pagar as horas extraordinárias assim consideradas aquelas trabalhadas

além das 07h20 diárias e 44 semanais, admitida a compensação das verbas pagas sob o mesmo título, e aquelas

decorrentes da não observância do intervalo de 11 horas entre uma jornada e outra, tudo conforme

fundamentação do voto.

Custas pela reclamada em R$ 1.000,00, calculadas sobre o valor rearbitrado da condenação em R$ 50.000,00.

MARCELO FREIRE GONÇALVES

Desembargador Relator

106

Documento elaborado e assinado em meio digital. Validade legal nos termos da Lei n. 11.419/2006.

Disponibilização e verificação de autenticidade no site www.trtsp.jus.br informando: código do documento =

23640

PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO

PROCESSO TRT/SP nº 01407.2007.402.02.00-3

Documento elaborado e assinado em meio digital. Validade legal nos termos da Lei n. 11.419/2006.

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23640

107

ANEXO VI – NORMA REGULAMENTADORA 06

108

NR 6 – EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (206.000-0/I0)

6.1 Para os fins de aplicação desta Norma Regulamentadora – NR, considera-se Equipamento de Proteção

Individual – EPI, todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção

de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho.

6.1.1 Entende-se como Equipamento Conjugado de Proteção Individual, todo aquele composto por vários

dispositivos, que o fabricante tenha associado contra um ou mais riscos que possam ocorrer simultaneamente e

que sejam suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho.

6.2 O equipamento de proteção individual, de fabricação nacional ou importado, só poderá ser posto à venda ou

utilizado com a indicação do Certificado de Aprovação – CA, expedido pelo órgão nacional competente em

matéria de segurança e saúde no trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego. (206.001-9 /I3)

6.3 A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI adequado ao risco, em perfeito estado

de conservação e funcionamento, nas seguintes circunstâncias:

a) sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes do

trabalho ou de doenças profissionais e do trabalho; (206.002-7/I4)

b) enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas; e, (206.003-5 /I4)

c) para atender a situações de emergência. (206.004-3 /I4)

6.4 Atendidas as peculiaridades de cada atividade profissional, e observado o disposto no item 6.3, o empregador

deve fornecer aos trabalhadores os EPI adequados, de acordo com o disposto no ANEXO I desta NR.

6.4.1 As solicitações para que os produtos que não estejam relacionados no ANEXO I, desta NR, sejam

considerados como EPI, bem como as propostas para reexame daqueles ora elencados, deverão ser avaliadas por

comissão tripartite a ser constituída pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no

trabalho, após ouvida a CTPP, sendo as conclusões submetidas àquele órgão do Ministério do Trabalho e

Emprego para aprovação.

6.5 Compete ao Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho – SESMT, ou a

Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA, nas empresas desobrigadas de manter o SESMT,

recomendar ao empregador o EPI adequado ao risco existente em determinada atividade.

6.5.1 Nas empresas desobrigadas de constituir CIPA, cabe ao designado, mediante orientação de profissional

tecnicamente habilitado, recomendar o EPI adequado à proteção do trabalhador.

6.6 Cabe ao empregador

6.6.1 Cabe ao empregador quanto ao EPI :

a) adquirir o adequado ao risco de cada atividade; (206.005-1 /I3)

b) exigir seu uso; (206.006-0 /I3)

c) fornecer ao trabalhador somente o aprovado pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde

no trabalho; (206.007-8/I3)

d) orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e conservação; (206.008-6 /I3)

e) substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado; (206.009-4 /I3)

f) responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica; e, (206.010-8 /I1)

g) comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada. (206.011-6 /I1)

6.7 Cabe ao empregado

6.7.1 Cabe ao empregado quanto ao EPI:

a) usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina;

b) responsabilizar-se pela guarda e conservação;

c) comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para uso; e,

d) cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado.

6.8 Cabe ao fabricante e ao importador

6.8.1 O fabricante nacional ou o importador deverá:

a) cadastrar-se, segundo o ANEXO II, junto ao órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no

trabalho; (206.012-4 /I1)

b) solicitar a emissão do CA, conforme o ANEXO II; (206.013-2 /I1)

c) solicitar a renovação do CA, conforme o ANEXO II, quando vencido o prazo de validade estipulado pelo

órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde do trabalho; (206.014-0 /I1)

d) requerer novo CA, de acordo com o ANEXO II, quando houver alteração das especificações do equipamento

aprovado; (206.015-9 /I1)

109

e) responsabilizar-se pela manutenção da qualidade do EPI que deu origem ao Certificado de Aprovação - CA;

(206.016-7 /I2)

f) comercializar ou colocar à venda somente o EPI, portador de CA; (206.017-5 /I3)

g) comunicar ao órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho quaisquer alterações

dos dados cadastrais fornecidos; (206.0118-3 /I1)

h) comercializar o EPI com instruções técnicas no idioma nacional, orientando sua utilização, manutenção,

restrição e demais referências ao seu uso; (206.019-1 /I1)

i) fazer constar do EPI o número do lote de fabricação; e, (206.020-5 /I1)

j) providenciar a avaliação da conformidade do EPI no âmbito do SINMETRO, quando for o caso. (206.021-3

/I1)

6.9 Certificado de Aprovação – CA

6.9.1 Para fins de comercialização o CA concedido aos EPI terá validade:

a) de 5 (cinco) anos, para aqueles equipamentos com laudos de ensaio que não tenham sua conformidade

avaliada no âmbito do SINMETRO;

b) do prazo vinculado à avaliação da conformidade no âmbito do SINMETRO, quando for o caso;

c) de 2 (dois) anos, para os EPI desenvolvidos até a data da publicação desta Norma, quando não existirem

normas técnicas nacionais ou internacionais, oficialmente reconhecidas, ou laboratório capacitado para

realização dos ensaios, sendo que nesses casos os EPI terão sua aprovação pelo órgão nacional competente em

matéria de segurança e saúde no trabalho, mediante apresentação e análise do Termo de Responsabilidade

Técnica e da especificação técnica de fabricação, podendo ser renovado até 2006, quando se expirarão os prazos

concedidos; e,

d) de 2 (dois) anos, renováveis por igual período, para os EPI desenvolvidos após a data da publicação desta NR,

quando não existirem normas técnicas nacionais ou internacionais, oficialmente reconhecidas, ou laboratório

capacitado para realização dos ensaios, caso em que os EPI serão aprovados pelo órgão nacional competente em

matéria de segurança e saúde no trabalho, mediante apresentação e análise do Termo de Responsabilidade

Técnica e da especificação técnica de fabricação.

6.9.2 O órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho, quando necessário e mediante

justificativa, poderá estabelecer prazos diversos daqueles dispostos no subitem 6.9.1.

6.9.3 Todo EPI deverá apresentar em caracteres indel éveis e bem visíveis, o nome comercial da empresa

fabricante, o lote de fabricação e o número do CA, ou, no caso de EPI importado, o nome do importador, o lote

de fabricação e o número do CA. (206.022-1/I1)

6.9.3.1 Na impossibilidade de cumprir o determinado no item 6.9.3, o órgão nacional competente em matéria de

segurança e saúde no trabalho poderá autorizar forma alternativa de gravação, a ser proposta pelo fabricante ou

importador, devendo esta constar do CA.

6.10 Restauração, lavagem e higienização de EPI

6.10.1 Os EPI passíveis de restauração, lavagem e higienização, serão definidos pela comissão tripartite

constituída, na forma do disposto no item 6.4.1, desta NR, devendo manter as características de proteção

original.

6.11 Da competência do Ministério do Trabalho e Emprego / MTE

6.11.1 Cabe ao órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho:

a) cadastrar o fabricante ou importador de EPI;

b) receber e examinar a documentação para emitir ou renovar o CA de EPI;

c) estabelecer, quando necessário, os regulamentos técnicos para ensaios de EPI;

d) emitir ou renovar o CA e o cadastro de fabricante ou importador;

e) fiscalizar a qualidade do EPI;

f) suspender o cadastramento da empresa fabricante ou importadora; e,

g) cancelar o CA.

6.11.1.1 Sempre que julgar necessário o órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no

trabalho, poderá requisitar amostras de EPI, identificadas com o nome do fabricante e o número de referência,

além de outros requisitos.

6.11.2 Cabe ao órgão regional do MTE:

a) fiscalizar e orientar quanto ao uso adequado e a qualidade do EPI;

b) recolher amostras de EPI; e,

c) aplicar, na sua esfera de competência, as penalidades cabíveis pelo descumprimento desta NR.

6.12 Fiscalização para verificação do cumprimento das exigências legais relativas ao EPI.

6.12.1 Por ocasião da fiscalização poderão ser recolhidas amostras de EPI, no fabricante ou importador e seus

distribuidores ou revendedores, ou ainda, junto à empresa utilizadora, em número mínimo a ser estabelecido nas

normas técnicas de ensaio, as quais serão encaminhadas, mediante ofício da autoridade regional competente em

matéria de segurança e saúde no trabalho, a um laboratório credenciado junto ao MTE ou ao SINMETRO, capaz

de realizar os respectivos laudos de ensaios, ensejando comunicação posterior ao órgão nacional competente.

110

6.12.2 O laboratório credenciado junto ao MTE ou ao SINMETRO, deverá elaborar laudo técnico, no prazo de

30 (trinta) dias a contar do recebimento das amostras, ressalvados os casos em que o laboratório justificar a

necessidade de dilatação deste prazo, e encaminhá-lo ao órgão nacional competente em matéria de segurança e

saúde no trabalho, ficando reservado a parte interessada acompanhar a realização dos ensaios.

6.12.2.1 Se o laudo de ensaio concluir que o EPI analisado não atende aos requisitos mínimos especificados em

normas técnicas, o órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho expedirá ato

suspendendo a comercialização e a utilização do lote do equipamento referenciado,

publicando a decisão no Diário Oficial da União – DOU.

6.12.2.2 A Secretaria de Inspeção do Trabalho – SIT, quando julgar necessário, poderá requisitar para analisar,

outros lotes do EPI, antes de proferir a decisão final.

6.12.2.3 Após a suspensão de que trata o subitem 6.12.2.1, a empresa terá o prazo de 10 (dez) dias para

apresentar defesa escrita ao órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho.

6.12.2.4 Esgotado o prazo de apresentação de defesa escrita, a autoridade competente do Departamento de

Segurança e Saúde no Trabalho – DSST, analisará o processo e proferirá sua decisão, publicando-a no DOU.

6.12.2.5 Da decisão da autoridade responsável pelo DSST, caberá recurso, em última instância, ao Secretário de

Inspeção do Trabalho, no prazo de 10 (dez) dias a contar da data da publicação da decisão recorrida.

6.12.2.6 Mantida a decisão recorrida, o Secretário de Inspeção do Trabalho poderá determinar o recolhimento

do(s) lote(s), com a conseqüente proibição de sua comercialização ou ainda o cancelamento do CA.

6.12.3 Nos casos de reincidência de cancelamento do CA, ficará a critério da autoridade competente em matéria

de segurança e saúde no trabalho a decisão pela concessão, ou não, de um novo CA

6.12.4 As demais situações em que ocorra suspeição de irregularidade, ensejarão comunicação imediata às

empresas fabricantes ou importadoras, podendo a autoridade competente em matéria de segurança e saúde no

trabalho suspender a validade dos Certificados de Aprovação de EPI emitidos em favor das mesmas, adotando as

providências cabíveis.

ANEXO I

LISTA DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL

A - EPI PARA PROTEÇÃO DA CABEÇA

A.1 – Capacete

a) capacete de segurança para proteção contra impactos de objetos sobre o crânio;

b) capacete de segurança para proteção contra choques elétricos;

c) capacete de segurança para proteção do crânio e face contra riscos provenientes de fontes geradoras de calor

nos trabalhos de combate a incêndio.

A.2 – Capuz

a) capuz de segurança para proteção do crânio e pescoço contra riscos de origem térmica;

b) capuz de segurança para proteção do crânio e pescoço contra respingos de produtos químicos;

c) capuz de segurança para proteção do crânio em trabalhos onde haja risco de contato com partes giratórias ou

móveis de máquinas.

B – EPI PARA PROTEÇÃO DOS OLHOS E FACE

B.1 - Óculos

a) óculos de segurança para proteção dos olhos contra impactos de partículas volantes;

b) óculos de segurança para proteção dos olhos contra luminosidade intensa;

c) óculos de segurança para proteção dos olhos contra radiação ultra-violeta;

d) óculos de segurança para proteção dos olhos contra radiação infra-vermelha;

e) óculos de segurança para proteção dos olhos contra respingos de produtos químicos.

B.2 – Protetor facial

a) protetor facial de segurança para proteção da face contra impactos de partículas volantes;

b) protetor facial de segurança para proteção da face contra respingos de produtos químicos;

c) protetor facial de segurança para proteção da face contra radiação infra-vermelha;

d) protetor facial de segurança para proteção dos olhos contra luminosidade intensa.

B.3 – Máscara de Solda

a) máscara de solda de segurança para proteção dos olhos e face contra impactos de partículas volantes;

b) máscara de solda de segurança para proteção dos olhos e face contra radiação ultra-violeta;

c) máscara de solda de segurança para proteção dos olhos e face contra radiação infra-vermelha;

d) máscara de solda de segurança para proteção dos olhos e face contra luminosidade intensa.

C – EPI PARA PROTEÇÃO AUDITIVA

C.1 – Protetor auditivo

a) protetor auditivo circum-auricular para proteção do sistema auditivo contra níveis de pressão sonora

superiores ao estabelecido na NR – 15, Anexos I e II;

b) protetor auditivo de inserção para proteção do sistema auditivo contra níveis de pressão sonora superiores ao

estabelecido na NR – 15, Anexos I e II;

111

c) protetor auditivo semi-auricular para proteção do sistema auditivo contra níveis de pressão sonora superiores

ao estabelecido na NR – 15, Anexos I e II.

D – EPI PARA PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA

D.1 – Respirador purificador de ar

a) respirador purificador de ar para proteção das vias respiratórias contra poeiras e névoas;

b) respirador purificador de ar para proteção das vias respiratórias contra poeiras, névoas e fumos;

c) respirador purificador de ar para proteção das vias respiratórias contra poeiras, névoas, fumos e

radionuclídeos;

d) respirador purificador de ar para proteção das vias respiratórias contra vapores orgânicos ou gases ácidos em

ambientes com concentração inferior a 50 ppm (parte por milhão);

e) respirador purificador de ar para proteção das vias respiratórias contra gases emanados de produtos químicos;

f) respirador purificador de ar para proteção das vias respiratórias contra partículas e gases emanados de

produtos químicos;

g) respirador purificador de ar motorizado para proteção das vias respiratórias contra poeiras, névoas, fumos e

radionuclídeos.

D.2 – Respirador de adução de ar

a) respirador de adução de ar tipo linha de ar comprimido para proteção das vias respiratórias em atmosferas com

concentração Imediatamente Perigosa à Vida e à Saúde e em ambientes confinados;

b) máscara autônoma de circuito aberto ou fechado para proteção das vias respiratórias em atmosferas com

concentração Imediatamente Perigosa à Vida e à Saúde e em ambientes confinados;

D.3 – Respirador de fuga

a) respirador de fuga para proteção das vias respiratórias contra agentes químicos em condições de escape de

atmosferas Imediatamente Perigosa à Vida e à Saúde ou com concentração de oxigênio menor que 18 % em

volume.

E – EPI PARA PROTEÇÃO DO TRONCO

E.1 – Vestimentas de segurança que ofereçam proteção ao tronco contra riscos de origem térmica, mecânica,

química, radioativa e meteorológica e umidade proveniente de operações com uso de água.

F – EPI PARA PROTEÇÃO DOS MEMBROS SUPERIORES

F.1 – Luva

a) luva de segurança para proteção das mãos contra agentes abrasivos e escoriantes;

b) luva de segurança para proteção das mãos contra agentes cortantes e perfurantes;

c) luva de segurança para proteção das mãos contra choques elétricos;

d) luva de segurança para proteção das mãos contra agentes térmicos;

e) luva de segurança para proteção das mãos contra agentes biológicos;

f) luva de segurança para proteção das mãos contra agentes químicos;

g) luva de segurança para proteção das mãos contra vibrações;

h) luva de segurança para proteção das mãos contra radiações ionizantes.

F.2 – Creme protetor

a) creme protetor de segurança para proteção dos membros superiores contra agentes químicos, de acordo com a

Portaria SSST nº 26, de 29/12/1994.

F.3 – Manga

a) manga de segurança para proteção do braço e do antebraço contra choques elétricos;

b) manga de segurança para proteção do braço e do antebraço contra agentes abrasivos e escoriantes;

c) manga de segurança para proteção do braço e do antebraço contra agentes cortantes e perfurantes;

d) manga de segurança para proteção do braço e do antebraço contra umidade proveniente de operações com uso

de água;

e) manga de segurança para proteção do braço e do antebraço contra agentes térmicos.

F.4 – Braçadeira

a) braçadeira de segurança para proteção do antebraço contra agentes cortantes.

F.5 – Dedeira

a) dedeira de segurança para proteção dos dedos contra agentes abrasivos e escoriantes.

G – EPI PARA PROTEÇÃO DOS MEMBROS INFERIORES

G.1 – Calçado

a) calçado de segurança para proteção contra impactos de quedas de objetos sobre os artelhos;

b) calçado de segurança para proteção dos pés contra choques elétricos;

c) calçado de segurança para proteção dos pés contra agentes térmicos;

d) calçado de segurança para proteção dos pés contra agentes cortantes e escoriantes;

e) calçado de segurança para proteção dos pés e pernas contra umidade proveniente de operações com uso de

água;

f) calçado de segurança para proteção dos pés e pernas contra respingos de produtos químicos.

112

G.2 – Meia

a) meia de segurança para proteção dos pés contra baixas temperaturas.

G.3 – Perneira

a) perneira de segurança para proteção da perna contra agentes abrasivos e escoriantes;

b) perneira de segurança para proteção da perna contra agentes t érmicos;

c) perneira de segurança para proteção da perna contra respingos de produtos químicos;

d) perneira de segurança para proteção da perna contra agentes cortantes e perfurantes;

e) perneira de segurança para proteção da perna contra umidade proveniente de operações com uso de água.

G.4 – Calça

a) calça de segurança para proteção das pernas contra agentes abrasivos e escoriantes;

b) calça de segurança para proteção das pernas contra respingos de produtos químicos;

c) calça de segurança para proteção das pernas contra agentes térmicos;

d) calça de segurança para proteção das pernas contra umidade proveniente de operações com uso de água.

H – EPI PARA PROTEÇÃO DO CORPO INTEIRO

H.1 – Macacão

a) macacão de segurança para proteção do tronco e membros superiores e inferiores contra chamas;

b) macacão de segurança para proteção do tronco e membros superiores e inferiores contra agentes térmicos;

c) macacão de segurança para proteção do tronco e membros superiores e inferiores contra respingos de produtos

químicos;

d) macacão de segurança para proteção do tronco e membros superiores e inferiores contra umidade proveniente

de operações com uso de água.

H.2 – Conjunto

a) conjunto de segurança, formado por calça e blusão ou jaqueta ou paletó, para proteção do tronco e membros

superiores e inferiores contra agentes térmicos;

b) conjunto de segurança, formado por calça e blusão ou jaqueta ou paletó, para proteção do tronco e membros

superiores e inferiores contra respingos de produtos químicos;

c) conjunto de segurança, formado por calça e blusão ou jaqueta ou paletó, para proteção do tronco e membros

superiores e inferiores contra umidade proveniente de operações com uso de água;

d) conjunto de segurança, formado por calça e blusão ou jaqueta ou paletó, para proteção do tronco e membros

superiores e inferiores contra chamas.

H.3 – Vestimenta de corpo inteiro

a) vestimenta de segurança para proteção de todo o corpo contra respingos de produtos químicos;

b) vestimenta de segurança para proteção de todo o corpo contra umidade proveniente de operações com água.

I – EPI PARA PROTEÇÃO CONTRA QUEDAS COM DIFERENÇA DE NÍVEL

I.1 – Dispositivo trava-queda

a) dispositivo trava-queda de segurança para proteção do usuário contra quedas em operações com

movimentação vertical ou horizontal, quando utilizado com cinturão de segurança para proteção contra quedas.

I.2 – Cinturão

a) cinturão de segurança para proteção do usuário contra riscos de queda em trabalhos em altura;

b) cinturão de segurança para proteção do usuário contra riscos de queda no posicionamento em trabalhos em

altura.

Nota: O presente Anexo poderá ser alterado por portaria específica a ser expedida pelo órgão nacional

competente em matéria de segurança e saúde no trabalho, após observado o disposto no subitem 6.4.1.

ANEXO II

1.1 – O cadastramento das empresas fabricantes ou importadoras, será feito mediante a apresentação de

formulário único, conforme o modelo disposto no ANEXO III, desta NR, devidamente preenchido e

acompanhado de requerimento dirigido ao órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no

trabalho.

1.2 – Para obter o CA, o fabricante nacional ou o importador, deverá requerer junto ao órgão nacional

competente em matéria de segurança e saúde no trabalho a aprovação do EPI.

1.3 – O requerimento para aprovação do EPI de fabricação nacional ou importado deverá ser formulado,

solicitando a emissão ou renovação do CA e instruído com os seguintes documentos:

a) memorial descritivo do EPI, incluindo o correspondente enquadramento no ANEXO I desta NR, suas

características técnicas, materiais empregados na sua fabricação, uso a que se destina e suas restrições;

b) cópia autenticada do relatório de ensaio, emitido por laboratório credenciado pelo órgão competente em

matéria de segurança e saúde no trabalho ou do documento que comprove que o produto teve sua conformidade

avaliada no âmbito do SINMETRO, ou, ainda, no caso de não haver laboratório credenciado capaz de elaborar o

relatório de ensaio, do Termo de Responsabilidade Técnica, assinado pelo fabricante ou importador, e por um

técnico registrado em Conselho Regional da Categoria;

c) cópia autenticada e atualizada do comprovante de localização do estabelecimento, e,

113

d) cópia autenticada do certificado de origem e declaração do fabricante estrangeiro autorizando o importador ou

o fabricante nacional a comercializar o produto no Brasil, quando se tratar de EPI importado.

ANEXO III

MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO SECRETARIA DE INSPEÇÃO DO TRABALHO

DEPARTAMENTO DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO FORMULÁRIO ÚNICO PARA

CADASTRAMENTO DE EMPRESA FABRICANTE OU IMPORTADORA DE EQUIPAMENTO DE

PROTEÇÃO INDIVIDUAL

1 - Identificação do fabricante ou importador de EPI:

Fabricante: Importador: Fabricante e Importador:

Razão Social:

Nome Fantasia: CNPJ/MF:

Inscrição Estadual – IE: Inscrição Municipal – IM:

Endereço: Bairro: CEP:

Cidade: Estado:

Telefone: Fax:

E-Mail: Ramo de Atividade:

CNAE (Fabricante): CCI da SRF/MF (Importador):

2 – Responsável perante o DSST / SIT:

a) Diretores:

Nome N.º da Identidade Cargo na Empresa

b) Departamento Técnico:

Nome N.º do Registro Prof. Conselho Prof./Estado

1

2

3 – Lista de EPI fabricados:

4 – Observações:

a) Este formulário único deverá ser preenchido e atualizado, sempre que houver alteração, acompanhado de

requerimento ao DSST / SIT / MTE;

b) Cópia autenticada do Contrato Social onde conste dentre os objetivos sociais da empresa, a fabricação e/ou

importação de EPI.

Nota: As declarações anteriormente prestadas são de inteira responsabilidade do fabricante ou

importador, passíveis de verificação e eventuais penalidades, facultadas em Lei.

_________________,_____ de ____________ de ______

_______________________________________________