Karl Marx

3 grandes tradições intelectuais inspiraram Marx:

1. Economia Política Clássica (Séc XVII até XIX) Britânica. Locke, Hobbes, Hume e Adam Smith; Ricardo e Malthus.

(Marx desconstruía os argumentos deles, por isso Uma crítica da economia política)

1. Filosofia Hegel e Kant (Método dialético)2. Socialismo utópico (francês) - seu objetivo era transformar o projeto político

radical do socialismo utópico “raso” num Comunismo Científico.

Para tanto desconstruir os pensadores anteriores e recriar a sua própria metodologia.

Por meio de uma crítica à economia política clássica, entender como o capitalismo funciona.

Por tanto, precisava desenvolver um aparato conceitual. (o fez por meio do método do descenso e ascenso)

ver a aparência das coisas

Dialética 1. todos os objetos possuem contradições internas2. todos os objetos devem ser entendidos em relação aos demais objetos3. Todos objetos devem ser entendidos em movimento

Capital é relação

Capitalismo precisa de circulação

Lembrando de Durkheim:

Em lugar da coesão social e da ordem, Marx enfatiza o conflito social, adominação e a exploração do trabalho.

A partir da análise das relações de produção na esfera econômica, Marx fazconsiderações sobre a história, a filosofia, a cultura, a religião, o direito e oEstado (superestrutura simbólica).

Mesmo contexto histórico que Durkheim. Preocupações diferentes, métodosdiferentes

Manifesto Comunista21 de fevereiro de 1848,

expôs pela primeira vez as ideias do materialismo histórico, que enfatiza a luta de classes como a força dinâmica da história da humanidade

.Texto teórico-político

•Destinado a ser lido por operários (20 págs)

•Manifesto não acadêmico, originalmente publicado sem o nome dos autores

•Capta grandes tendências materialistas históricas de longa duração

•Texto sobre o capitalismo, não sobre o comunismo

•Diálogo com outras correntes políticas da época, mais moderadas

•Marx tinha 29 anos. Engels tinha 27 anos.

Marx e Engels

Concepção materialista da história– Oposição ao idealismo filosófico segundo o qual o desenvolvimento histórico é motivado por ideias ou ideais abstratos, como liberdade e democracia. (o movimento histórico se dá pela contradição existente.)

–Materialismo histórico: a história de todas as sociedades que existiram até nossos dias tem sido a história das lutas de classes.

(as ideias dominantes de uma era são reflexos das ideias das classes dominantes e, especificamente, do modo de produção de uma sociedade)

•Ideal da monarquia absoluta: direito divino de governar, são escolhidos por Deus

Capitalismo moderno: indivíduos são soberanos sobre si e fazem escolhas livres

Ideia de alienação

Economicamente: capitalismo alienou , separou o trabalhador de seus meios de produção. Ele perdeu o controle do produto de seu trabalho. Trabalhador separado do s meios de produção e dos frutos de seu trabalho.

Politicamente: princípio da representatividade, base do liberalismo, criou a ideia do Estado como um órgão político imparcial, capaz de representar toda a sociedade. Para Marx, o Estado representa apenas a classe burguesa.

“alienado, separado, mutilado, o homem só pode recuperar sua condição humana através da crítica radical ao sistema econômico, à política e à filosofia que o excluíram da participação efetiva. Essa crítica só pode se efetivar por meio da práxis, isto é, da ação política consciente e transformadora

Alguns conceitos chaves que já aparecem no Manifesto:•Modo de produção como conceito chave – modo de produzir relações sociais e de reproduzir a vidahumana em sociedade

•Capitalismo: modo específico de produção da vida. Sistema social inerentemente classista; novascondições de opressão; novas formas de luta

•As classes são definidas por um tipo específico de relação social que articula vários aspectos dasociedade: a relação de propriedade: o direito legal, garantido pelo Estado, sobre algum bem material ouimaterial.

•Capital: qualquer recurso, incluindo o dinheiro, máquinas ou até fábricas que possa ser usado ouinvestido na produção de recursos futuros. Os que possuem esses recursos são capitalistas

•Acumulação do capital vai de par com um segundo elemento, a mão de obra assalariada, que nãopossui os meios para sua sobrevivência, apenas pode vender a sua força de trabalho

Grandes massas de camponeses que antes viviam do cultivo da terra migram para as cidadesindustriais em expansão. Essa massa de trabalhadores assalariados dependentes do regime deprodução capitalista para sobreviver, é o proletariado (prole)

•Relação de exploração: os trabalhadores não tem controle sobre o seu trabalho (alienação), ao passoque os empregadores (burguesia) obtém lucro com o produto do trabalho dos outros, pois são donos dosmeios de produção.

•Tese do Manifesto: a sociedade se divide cada vez mais em duas grandes classes opostas: aburguesia e o proletariado (se confirma hoje?)

Lumpemproletariado: indigentes, ladrões, trabalhadores itinerantes, artistas de rua, apostadores, libertinos, prostitutas e todos aqueles que faziam parte da boemia.

Não bastava uma democracia radical, como ele pensava antes, mas era necessário acabar com a propriedade privada burguesa”. Marx e Engels mostraram como, no capitalismo, o conceito de mercadoria passou a perpassar todas as relações sociais, econômicas, políticas, culturais e até familiares.

“O burguês vê a sua esposa como mero instrumento de produção”.

“As ideias dominantes de cada época foram sempre as ideias de sua classe dominante”.

Não por acaso, as idéias são tratadas como mercadoria, e o controle de sua produção e distribuição é aindamaior nos dias de hoje.

O CAPITAL - LIVRO I

MERCADORIA E TROCA

O método positivista, apesar das limitações, expôs ao pensamento humano a ideia de que uma sociedade é mais do que a somatória dos indivíduos, que há normas, instituições, valores estabelecidos que constituem o social.

Marx: Dificuldade da ciência social: como não podemos isolar e conduzir experimentos em laboratórios, precisamos usar o poder de abstração para chegar a formas científicas similares de compreensão.

Marx inicia com a compreensão da mercadoria:

“A riqueza de toda sociedade aparece como um acúmulo de mercadorias.”

O que é mercadoria?

Valor uso

Valor de troca

Quando uma mercadoria troca de mãos, ela expressa com isso uma igualdade que não diz respeito a sua própria qualidade, mas a qualidade de todas as mercadorias, o fato de elas serem comensuráveis entre si. Esse algo comum entre elas não pode ser uma propriedade geométrica, ou material do qual é feito, ou utilidade. “ a comensurabilidade das mercadorias não é constituída por seus valores de uso.”

A única propriedade comum é a de serem fruto do trabalho humano.

Que tipo de trabalho humano é incorporado na mercadoria? Não pode ser o tempo efetivamente despendido na fabricação.

Todas as mercadorias são reduzidas a um trabalho humano igual. A um trabalho humano abstrato.

Valor, que é tempo de trabalho socialmente necessário. Essa ideia de valor é uma abstração

“O mistério sobre o que torna as mercadorias intercambiáveis é entendido como um mundo de aparições dessa objetividade fantasmagórica chamada VALOR. O valor de troca é uma representação necessária do trabalho humano incorporado nas mercadorias. É essa incorporação do trabalho humano que está presente fantasmagoricamente nas prateleiras.”

Em outras palavras: não vemos quem produziu. Em quais condições, a que salário, onde. Daí a ideia de FETICHE.

Como o valor não pode ser medido pelo tempo de fato despendido no trabalho, olha-se para a força de trabalho conjunta da sociedade. O valor não é determinado “no nosso quintal”. Já vivíamos num mercado mundial. (é próprio do capitalismo)

O valor deve ser definido como: tempo de trabalho socialmente necessário.

O valor vai ser sensível a mudanças na tecnologia, na produtividade. O valor não é uma grandeza fixa. É uma relação social. (se estabelece na relação)

DinheiroNa troca se revelam duas características do valor, a equivalência e a relatividade, por meio da mercadoria dinheiro.

(no escambo, a tua mercadoria é a medida do valor da minha mercadoria)

Dinheiro é mercadoria????

O dinheiro é uma mercadoria que funciona como equivalente de todas as outras coisas. Equivalente universal.

Vai permitir equiparar o fruto de trabalhos mais complexos com o frutos de trabalhos simples.

Está sujeito a problemas qualitativos e quantitativos inerentes à produção de qualquer valor de uso. A relação entre os valores de uso e troca e a sua representação na forma dinheiro é cheia de contradições.

O fato de que só Materializamos o valor por meio da forma-dinheiro é um problema.

Encontrar valor numa mercadoria é como querer ver a gravidade numa pedra. Só podemos ver o valor por meio dessa forma problemática que é o dinheiro.

Aqui vale voltar para a ideia de Fetichismo:

O que vocês tomaram de café da manhã?

. quem produziu cada ítem?

. em quais condições?

. recebendo quanto por isso?

. como esse ítem chegou na sua mesa?

Fetiche é portanto, o modo como características importantes do sistema político-econômico são escondidas ou confundidas.

Para Marx é um aspecto fundamental da vida político-econômica sob o capitalismo.

A relação social entre os homens assume a forma “fantasmagórica” de relação entre as coisas. Uma pessoa só vai saber o valor de seu trabalho quando for para o mercado.

“A alface é muda.” A mercadoria esconde as relações sociais.

Por que isso importa?compreender que existe uma variedade de interconexões socioambientais, condições laborais, impactos culturais em cada aspecto da vida cotidiana.

A economia política clássica naturalizava o valor. Via-o como algo universal e não fruto do capitalismo. (A economia política clássica entendeu que o valor era resultado do trabalho humano. Mas nunca explicou porque um par de sapatos equivale sempre em média, a quatro camisas)

Compreender isso para compreender o quanto estamos subjugados a ele.

“Liberdade de mercado não é liberdade de verdade”. É um fetichismo.

Desigualdades sociais são provocadas pelas relações de produção do sistema capitalista, as quais dividem os homens em proprietários, não proprietários dos meios de produção. É a base da formação das classes sociais.

A classe social sempre existiu, desde o surgimento da propriedade privada.

O trabalho não é uma mercadoria qualquer pois:ela cria valor.

Adam Smith já dizia que o trabalho é a verdadeira fonte de riqueza das sociedades.

Marx: Tudo que é criado pelo homem possui trabalhado passado, trabalho morto.

•Marx tenta analisar o capital a partir do trabalho, do salário, e do dinheiro...

•Mas finalmente decide começar pela Mercadoria

–é uma criação social específica do modo de produção capitalista

–é a forma elementar da riqueza: a própria força de trabalho é uma mercadoria

–mercadoria como a forma elementar das relações sociais no capitalismo

–forma genérica, geral

–tudo pode ser mercadoria

•Conceitos interdependentes que formam uma totalidade e se articulam de diversas formas

–os valores não podem existir sem os valores de troca. Sem o preço, não sei quanto algo vale, mas sei que tem valor

–a troca não pode existir sem os valores de uso, sem uma demanda pelo consumo daquela mercadoria

Valor de troca

- só se revela na hora do intercâmbio de mercadorias (impossível encontrar a gravidade olhando uma pedra)

- o modo de expressão objetiva do valor socialmente necessário- possibilita a comensurabilidade de todas as mercadorias; relações somente de quantidade;

grandeza

O dinheiro

– a complexidade e ampliação das trocas leva ao surgimento da mercadoria-dinheiro

– é a forma equivalente universal em que o valor de todas as mercadorias se apresenta como preço

– notas; cheques; passe de ônibus; selos; cartão de débito; cartão de crédito; internet... Nem todo dinheiro é capital

•São as mercadorias que dão valor ao dinheiro, não o contrário, como geralmente pensamos

•O dinheiro oculta o caráter social dos trabalhos e as relações sociais entre trabalhadores e capitalistas

–Supermercados/lojas como coleções de trabalho morto

Capítulo 4 - transformação do dinheiro em capital

A propriedade privada burguesa

•Cercamentos– Inglaterra, séc. XVII-XVIII

–Feudalismo: terra como bem comum para a produção dos camponeses

–Revolução Industrial: terra como um bem de produção

–Gentry (nobreza rural aburguesada) e Yeomen(peq. e médios prop.) passam a cercar suas terras e expulsar os camponeses, com o consentimento de Elizabeth I

–Terras passam a ser arrendadas para o pastoreio de ovelhas, o que demandava pouca mão de obra

Lã das ovelhas abastecia as indústrias têxteis nas cidades

•Ao mesmo tempo e devido a isso, camponeses migravam em massa para as cidades em busca detrabalho nas fábricas

•Com um grande contingente de mão de obra disponível, os salários permaneciam baixos

•Classe operária aglomerada em cortiços nos novos subúrbios

•A situação da classe operária inglesa (Engels)

•Capitalismo industrial nascente

•O capital não é uma coisa, é um processo social que coloca o valor em movimento. (nem todo dinheiro é capital. É uma escolha humana de lançar o dinheiro nesse modo de circulação)

•Diferença com relação à economia política clássica de David Ricardo: capital como estoque de recursos (máquinas, dinheiro, etc)

Capital a juros e comercial

(Colonização)

Capital Industrial

(revolução industrial)

Capital financeiro

(1970 neoliberalismo)

•Capital industrial e capital comercial

–Mesma fórmula geral: D-M-D + ΔD (tese)

–No fundo se resume a: D-ΔD

•Capital a juros:

–D-M-D`

–No fundo se resume a: D-D`

De onde vem o incremento?

Mudança fundamental do registro analítico

–Da esfera da circulação de mercadorias (“esfera rumorosa, onde tudo se passa à luz do dia, ante os olhos de todos”)

. Trocadores de mercadorias (igualdade)

–Para a esfera da produção de mercadorias

. Capitalistas e proletários (desigualdade)

Se o valor é trabalho socialmente necessário, Mais Valor é trabalho socialmente necessário não pago.

Ele só vai aparecer na realização da mercadoria (na venda dela)

•Apesar de ser uma mercadoria especial que cria valor, a força de trabalho está sempre presa ao circuito de troca da mercadoria: M-D-M (quem consegue economizar no final do mês?)

•O capitalista, ao contrário, está sempre ligado ao circuito de valorização do dinheiro:D-M-D`

O que vai definir o capitalismo não é a circulação e consumo de mercadorias. É a relação de trabalho assalariado pois este vai permitir a extração do mais valor.

E qual é o valor da força de trabalho?

“Assim, o tempo de trabalho necessário à produção da força de trabalho corresponde ao tempo de trabalho necessário à produção desses meios de subsistência, ou, dito de outro modo, o valor da força de trabalho é o valor dos meios de subsistência necessários à manutenção de seu possuidor.”

Preço da cesta básica! Salário mínimo.

“Diferentemente das outras mercadorias,a determinação do valor da força de trabalho contém um elemento histórico moral.”

(Ex. Como aqui houve escravidão, aceita-se pagar pouco pelo trabalho de domésticas.)