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1 II SEAT Simpósio de Educação Ambiental e Transdisciplinaridade UFG / IESA / NUPEAT - Goiânia, maio de 2011. EDUCAÇAO AMBIENTAL E A GESTÃO DO LIXO INORGÂNICO NA FACULDADE DE TECNOLOGIA SENAC GOIÁS: UMA PROPOSTA ECOLÓGICA MENEZES, Tania Tavares de Araújo 1 RESIO, Wanessa Maria Ambrosina 2 Resumo Muito tem se discutido sobre como resolver a problemática do resíduo tanto orgânico quanto inorgânico. Os resíduos orgânicos, geralmente têm como destino final aterros controlados ou mesmo lixões. O lixo inorgânico por sua vez, gera um impacto maior: quando disposto no meio ambiente, dependendo da sua composição, demora muito tempo para se degradar. O plástico, por exemplo, é formado por milhares de átomos, o que torna difícil a decomposição no meio ambiente. Uma maneira de minimizar a problemática do lixo inorgânico é a fabricação de produtos inorgânicos biodegradáveis. O presente trabalho visa orientar a comunidade da Faculdade Senac através de programas de Educação Ambiental contínuos para incentivar e promover a coleta seletiva do lixo dentro da instituição, dando ênfase ao lixo inorgânico. Juntamente com essa orientação, será proposta uma implantação de um Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) que busca minimizar a geração de resíduos na fonte, adequar à segregação na origem e dar uma destinação final a estes. Palavras-chave: Coleta seletiva. Lixo inorgânico. PGRS. Introdução O grande problema do lixo começa na própria residência de cada um. A falta de cuidado e a desinformação sobre os danos que podem causar se mal armazenado ou mal disposto geram vários malefícios tanto na saúde quanto para o meio ambiente. Segundo Pereira Neto (apud DIAS, 2004) a segregação do lixo urbano no país, na maioria dos casos restringe-se apenas à coleta, seguida da destinação final à céu aberto “gerando as lixeiras, lixões ou monturos de lixo” que propiciam a existência de vetores biológicos (moscas, mosquitos, baratas, roedores etc.) responsáveis por transmissão de doenças infecciosas como febre tifóide, salmoneloses, amebíase, malária, dengue, cólera, leptospirose, dentre outras, além de contribuir com poluição do solo, ar e água. Este projeto faz parte de um estudo mais amplo de Educação Ambiental com atividades educativas ofertadas à comunidade acadêmica da Faculdade Senac a partir de uma vivência no pátio Faculdade, visando à sensibilização quanto ao reaproveitamento, 1 Graduanda de Gestão Ambiental da Faculdade de Tecnologia Senac Goiás. E-mail: [email protected]. Telefone: (62)9637-6871 2 Graduanda de Gestão Ambiental da Faculdade de Tecnologia Senac Goiás. E-mail: [email protected]. Telefone: (62) 9302-9224

EDUCAÇAO AMBIENTAL E A GESTÃO DO LIXO INORGÂNICO NA ... · problemática ambiental atual levando-os a perceber os problemas ambientais que afetam o bem estar coletivo e estimular

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II SEAT – Simpósio de Educação Ambiental e Transdisciplinaridade UFG / IESA / NUPEAT - Goiânia, maio de 2011.

EDUCAÇAO AMBIENTAL E A GESTÃO DO LIXO INORGÂNICO NA FACULDADE DE TECNOLOGIA SENAC GOIÁS: UMA PROPOSTA ECOLÓGICA

MENEZES, Tania Tavares de Araújo1 RESIO, Wanessa Maria Ambrosina2

Resumo

Muito tem se discutido sobre como resolver a problemática do resíduo tanto orgânico quanto

inorgânico. Os resíduos orgânicos, geralmente têm como destino final aterros controlados

ou mesmo lixões. O lixo inorgânico por sua vez, gera um impacto maior: quando disposto no

meio ambiente, dependendo da sua composição, demora muito tempo para se degradar. O

plástico, por exemplo, é formado por milhares de átomos, o que torna difícil a decomposição

no meio ambiente. Uma maneira de minimizar a problemática do lixo inorgânico é a

fabricação de produtos inorgânicos biodegradáveis. O presente trabalho visa orientar a

comunidade da Faculdade Senac através de programas de Educação Ambiental contínuos

para incentivar e promover a coleta seletiva do lixo dentro da instituição, dando ênfase ao

lixo inorgânico. Juntamente com essa orientação, será proposta uma implantação de um

Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) que busca minimizar a geração

de resíduos na fonte, adequar à segregação na origem e dar uma destinação final a estes.

Palavras-chave: Coleta seletiva. Lixo inorgânico. PGRS.

Introdução

O grande problema do lixo começa na própria residência de cada um. A falta de

cuidado e a desinformação sobre os danos que podem causar se mal armazenado ou mal

disposto geram vários malefícios tanto na saúde quanto para o meio ambiente.

Segundo Pereira Neto (apud DIAS, 2004) a segregação do lixo urbano no país, na

maioria dos casos restringe-se apenas à coleta, seguida da destinação final à céu aberto

“gerando as lixeiras, lixões ou monturos de lixo” que propiciam a existência de vetores

biológicos (moscas, mosquitos, baratas, roedores etc.) responsáveis por transmissão de

doenças infecciosas como febre tifóide, salmoneloses, amebíase, malária, dengue, cólera,

leptospirose, dentre outras, além de contribuir com poluição do solo, ar e água.

Este projeto faz parte de um estudo mais amplo de Educação Ambiental com

atividades educativas ofertadas à comunidade acadêmica da Faculdade Senac a partir de

uma vivência no pátio Faculdade, visando à sensibilização quanto ao reaproveitamento,

1 Graduanda de Gestão Ambiental da Faculdade de Tecnologia Senac Goiás. E-mail:

[email protected]. Telefone: (62)9637-6871 2 Graduanda de Gestão Ambiental da Faculdade de Tecnologia Senac Goiás. E-mail:

[email protected]. Telefone: (62) 9302-9224

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reciclagem e destino final de resíduos inorgânicos gerados na instituição que afetam direta e

indiretamente o córrego do Onça3.

Especificamente este trabalho teve o objetivo de sensibilizar o público-alvo sobre a

problemática ambiental atual levando-os a perceber os problemas ambientais que afetam o

bem estar coletivo e estimular a procura pelas causas e efeitos. Desta forma, o tema lixo

inorgânico foi trabalhado de forma interdisciplinar com o intuito de verificar a possibilidade

de implantar um programa de coleta seletiva para auxiliar o PGRS.

Este tema foi escolhido pelo fato das proponentes presenciarem, todos os dias, as

atitudes da comunidade da Faculdade Senac com relação aos resíduos gerados. Esses

resíduos apenas são dispostos em lixeiras sem nenhum tipo de segregação, apesar de

possuir coletores na entrada da faculdade e próximo aos banheiros do subsolo.

Os papéis oriundos da biblioteca, atendimento e copiadora são também

acondicionados juntamente com o material orgânico, onde é recolhido pela empresa

responsável pela coleta de lixo.

Diante disso, se faz necessário colocar em prática as questões estudadas em sala

no que se referem aos resíduos, pois propostas educativas como as de Educação

Ambiental, pretendem transformar atitudes e valores, não só dos alunos que as colocam em

prática, mas também a comunidade em que a instituição está inserida bem como a

sociedade em geral. Não é possível alcançar resultados esperados quando não aliam teoria

à prática.

Segundo Telles et al (2002), a Educação Ambiental possibilita adquirir

conhecimentos e habilidades que induzem o ser humano a mudanças de atitude, construção

de uma nova visão da relação homem e natureza e adoção de novas posturas individuais e

coletivas em relação ao meio ambiente. Deve atuar diretamente na realidade de cada

comunidade, sem perder de vista a sua dimensão planetária e participativa por atuar na

sensibilização e conscientização do cidadão, abrangente, pois vai além do ensino formal,

envolvendo a família e a coletividade, alcançando o ambiente local, regional e global.

A Educação Ambiental deve ser permanente, pois é com a evolução do senso crítico,

o despertar da consciência consegue-se melhoria das condições de vida do planeta.

3 Situa-se próximo às margens da Faculdade Senac.

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Materiais e Métodos

O presente estudo não deve ser visto apenas como uma pesquisa de caráter

científico, mas sim como a montagem de uma experiência pedagógica e uma análise dos

resultados obtidos.

Trata-se de uma pesquisa qualitativa, exploratória e diagnóstica.

Para a elaboração da proposta foi realizado um diagnóstico, a partir de uma pesquisa

experimental com aplicação de um questionário composto por questões de fechadas.

A Faculdade de Tecnologia Senac Goiás localiza-se na Av. Independência, 1002 -

St. Leste Vila Nova - Goiânia - Goiás – Brasil. Possui as seguintes coordenadas: Universal

Transversa de Mercator – UTM: 688.244S, 8.156.243W e altitude de 786m. Abaixo o mapa

de localização da instituição. (Figura 1)

Figura 1 – Faculdade Senac (Fonte:Google Earth, 2010).

De acordo com o Projeto Pedagógico Institucional (PPI), a Faculdade iniciou com

Cursos de Graduação: Tecnologia em Gestão de Turismo, Tecnologia em Design Gráfico e

Tecnologia em Segurança da Informação.

Além das graduações, a Faculdade oferece, também, programas e projetos

desenvolvidos de acordo com as necessidades regionais com respaldo em convênios e

acordos com instituições governamentais, não governamentais e privadas, voltados para o

crescimento e o desenvolvimento sustentável do Estado de Goiás.

O quadro docente é constituído por doutores, mestres, especialistas e profissionais

de notória especialização e experiência comprovada na área dos cursos, observando-se as

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disposições regulamentares da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e demais

normas pertinentes.

A amostra calculada de 87 pessoas considerando uma população de cerca de 1.200

pessoas, incluindo alunos, funcionários e visitantes da Faculdade de Tecnologia Senac

Goiás.

O perfil das pessoas escolhidas foi aleatório e sem nenhum tipo de interferência para

que a amostragem não fosse direcionada a um tipo só de população.

Para colocar em prática o projeto, inicialmente foi feito questionário incluindo três

temas interligados: lixo inorgânico, compostagem e fundo de vale. A importância desses

temas em conjunto é a preservação do Córrego do Onça que margeia a Faculdade e

recebe, diariamente, resíduos que comprometem a qualidade da água e do solo.

Especificamente para este trabalho foram elaboradas perguntas para que fosse feito

um questionário, abordando questões relativas ao conhecimento do assunto, interesse pelo

tema e vontade/disponibilidade de participar de um projeto-piloto.

O problema ambiental: resíduo inorgânico, não envolve somente escolas,

faculdades, comunidades e empresas, mas toda uma comunidade, pois se disposto de

forma inadequada pode ocasionar vários problemas ao meio ambiente.

O objetivo dessa temática foi de transformar os observadores em participantes

ativos, chamando a atenção para as várias formas de se reutilizar e reciclar estes resíduos

dando o destino correto para eles e ainda reduzindo e minimizando o volume nos aterros

controlados.

A respeito da temática do projeto foram elaboradas perguntas referente a

interpretação do entrevistado sobre o que é lixo (Gráfico 1). Era importante também saber

se sabiam diferenciar lixo inorgânico dos demais resíduos (Gráfico 2).

Gráfico 1 – Interpretação sobre o lixo Gráfico 2 – Exemplos de lixo inorgânico

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De acordo com os resultados, pode-se perceber que os entrevistados sabem o

significado da palavra lixo, e a diferença entre eles.

Conforme pesquisa realizada em site do Diário do Grande ABC - considerando a

média de produção diária de 1 quilo - durante aproximadamente 2,5 anos - média de

permanência do aluno na Faculdade - pode-se imaginar quanto um aluno irá gerar de

resíduos dentro da Faculdade Senac. Multiplicando isso pelos alunos que são admitidos

todo ano é possível imaginar a probabilidade de lixo gerada.

A Faculdade produz resíduos próprios, como grande quantidade de papel, dentre

outros resíduos, como garrafas pet, alumínio e plástico, podendo ser a instituição um ponto

de convergência da comunidade do SENAC e locais próximos de afluxo cotidiano de alunos

e professores que podem trazer os materiais recicláveis coletados nos domicílios.

Referencial Teórico

Para construção deste projeto, foi realizado um levantamento bibliográfico sobre as

temáticas: Educação Ambiental, resíduo inorgânico e coleta seletiva.

Educação Ambiental na Gestão de Resíduos

A Constituição Federal de 1988 (2004, p.55) estabeleceu no inciso VI do Artigo 225,

a necessidade de “promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a

conscientização pública para a preservação do meio ambiente”. Na prática da educação

voltada para a gestão ambiental, é necessário se ter maior atenção aos problemas

ambientais locais, em detrimento dos globais, não menos importantes, mas sim prioritários.

A Lei Federal nº 9.795 define a Educação Ambiental como “o processo por meio dos

quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades,

atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso

comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade” (art.1º, Lei

Federal nº 9.795, de 27/4/99)

Segundo Loureiro (2004, p.30-31) a Educação Ambiental deve ajudar a desenvolver

uma consciência ética sobre todas as formas de vida com as quais compartilhamos este

planeta, respeitar seus ciclos vitais e impor limites à exploração destas formas de vida.

Telles et al (2002, p.42), enfatizam que a experiência adquirida no exercício da

Educação Ambiental nos leva a construir uma metodologia que nasce da nossa realidade de

trabalho e é adequada aos interesses e demandas que podem fortalecer o exercício da

cidadania.

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Segundo Dias (2004) a aprendizagem será mais significativa se a atividade estiver

adaptada concretamente às situações da vida real da cidade, ou do meio, do aluno e do

professor.

De acordo com a Norma Brasileira de Regulamentação, da Associação Brasileira de

Normas Técnicas – ABNT, sobre resíduos define-se,

Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d'água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis, em face à melhor tecnologia disponível ( NBR nº 10.004).

Para que se tenha uma mudança cultural na sociedade é necessário que haja

mudanças na forma de ver a realidade de maneira holística.

O ProNEA age sobre a concepção do meio em sua totalidade, não considera apenas

o meio natural mas também o construído, socioeconômico e o cultural, físico e o espiritual

sobre o enfoque da sustentabilidade.

A questão dos resíduos sólidos permite introduzir a educação ambiental como

instrumento para se trabalhar a participação social como mecanismo de minimização dos

resíduos e, em última análise, de prevenção e controle da poluição ambiental.

A disposição dos resíduos sólidos é um problema da atualidade, que gera desafios

para os governos municipais que são responsáveis por essa área.

Isso acontece por causa da dificuldade que as instituições públicas possuem de

prestar serviços que atendam de maneira satisfatória à população, onde há carência de

profissionais capacitados para que instruam a sociedade na segregação dos resíduos

considerados domésticos.

Segundo Junior e Pelicioni (2005, p.206), a falta de gerenciamento dos resíduos

sólidos, principalmente seu destino final, contribui significativamente para a poluição

ambiental e para o adensamento de diversos agravos que possam acontecer à população

que fica exposta a esses tipos de resíduos.

Sobre questões sociais, Junior e Pelicioni (2005, p.210) acrescentam ainda que essa

disposição descontrolada dos resíduos traz o aparecimento de catadores de lixo, pessoas

que, em busca do valor econômico de certos resíduos, fazem a reciclagem de maneira

informal do lixo, ficando expostos a riscos de doenças e acidentes com materiais

perfurocortantes ou a materiais infectados. Além de tudo, aliados a esse tipo de trabalho,

costumam fazer moradias próximo aos lixões, aproveitando até mesmo de restos de

alimentos que são retirados.

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O Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) é um documento

integrante do sistema de gestão ambiental, que se baseia nos princípios da não geração e

da minimização da geração de resíduos, onde aponta e descreve as ações relativas ao seu

manejo, considerando os aspectos referentes à minimização na geração, segregação,

acondicionamento, identificação, coleta e transporte interno, armazenamento temporário,

tratamento interno, armazenamento externo, coleta e transporte externo, tratamento externo

e disposição final.

O PGRS busca eliminar o resíduo na fonte, adequar a segregação na origem,

controlar e reduzir riscos ao meio ambiente e assegurar o correto manuseio e disposição

final, por isso a importância de se implantar este tipo de programa na Faculdade, onde esta

poderá ser a primeira instituição com responsabilidade socioambiental do estado de Goiás

no que se refere a este tema.

De acordo com Barbieri (2007, p. 127),

Os programas de resíduos devem ter por objetivo conscientizar, educar e informar os grupos interessados e o público em geral. Os países devem incorporar aos currículos das escolas, quando apropriado, princípios e práticas para a prevenção e redução de resíduos, bem como material sobre os seus impactos sobre o meio ambiente.

Levando em consideração que os resíduos sólidos geram um grande impacto tanto

ambientalmente quanto economicamente, se faz necessário implantar práticas de Educação

Ambiental visando à sensibilização para que este resíduo seja de alguma forma minimizado,

tanto em volume quanto em periculosidade.

Para que haja uma redução ao máximo na produção desses resíduos inorgânicos,

conforme Barbieri (2007, p. 126) é exigida uma abordagem preventiva centrada na

transformação dos padrões de produção e consumo, onde os governos devem iniciar

programas para atingir a minimização sustentável da geração de resíduos.

Costa (2007, p.30) expõe que onde há coleta seletiva, uma quantidade significativa

de resíduos sólidos pode ser encaminhada para a reciclagem, reduzindo o volume levado

para os aterros.

O Programa Goiânia Coleta Seletiva – PGCS foi instituído no dia 28 de março de

2008 pelo Decreto Municipal nº754, assinado pelo ex-prefeito Iris Resende Machado.

Este programa foi aprovado pelo Plano Diretor Goiânia e é integrante do Plano de

Gerenciamento de Resíduos Sólidos – PGRS da cidade, que organiza todos os segmentos

da sociedade em uma nova forma de reduzir o impacto ambiental e social provocados pelo

lixo. Com o Decreto assinado, tornaram-se obrigatórias a segregação e coleta seletiva de

lixo em todos os órgãos públicos municipais.

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Para esse programa foram doados quase 200 pontos de Pontos de Entrega

Voluntária (PEV) espalhados estrategicamente por Goiânia com o intuito de incentivar a

população a participação voluntária na segregação do lixo. O papel, que é o maior gerador

de resíduo inorgânico, é destinado para as cooperativas de catadores de papel.

De acordo com site da Companhia Municipal de Urbanização de Goiânia –

COMURG (2002), a composição física dos resíduos que chegam ao Aterro Sanitário do

município é obtida pela determinação do percentual de seus componentes mais comuns

principalmente materiais orgânicos, plásticos, madeira e papel.

A reciclagem é uma saída para amenizar a quantidade de lixo produzida por cada

pessoa, portanto, é fundamental para a conservação do planeta. Diariamente

produzimos toneladas de lixo que muitas vezes acabam por poluir nossos rios, solos e o ar.

Para evitar desperdício de recursos naturais, devemos praticar o consumo responsável,

reaproveitar ao máximo os materiais utilizados e encaminhá-los para os postos de coleta

De acordo com a Prefeitura de Goiânia, publicada em site, são coletadas em média

980 toneladas de resíduos domésticos por dia em Goiânia por empresa terceirizada.

Contudo, a coleta seletiva apresenta-se ainda pouco difundida e uma boa parte da

população ainda não se organizou de forma quando os caminhões de coleta fizerem seu

percurso, haja a colaboração para que estes resíduos sejam encaminhados para triagem e

uma posterior reciclagem.

Percebe-se, no entanto, a evidência dada às ações efetivas de educação ambiental

para a promoção da mudança cultural capaz de incitar atitudes sustentáveis em prol do meio

ambiente e, sobretudo, para ao sucesso do Programa Goiânia Coleta Seletiva, como

preconizado pelo Programa Nacional de Educação Ambiental - ProNEA que afirma a

“educação não é suficiente, mas necessária” na articulação e mobilização dos grupos

sociais em busca de mudanças ambientais.

Desta forma, a coleta seletiva de materiais recicláveis nas escolas é um caminho

para educar e mudar comportamentos. Caminho oportuno, considerando a situação crítica

de limpeza urbana e de disposição final do lixo, comum a cidades de pequeno, médio e

grande porte.

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Resultados e Discussão

Para dar mais ênfase ao trabalho, foi feita essa proposta de reunir outros temas

relacionados com o meio ambiente: Lixo inorgânico, compostagem com folhas oriundas da

área do fundo de vale da Faculdade do material orgânico e o próprio Fundo de Vale.

O tema do trabalho realizado em grupo foi: “Viver Ambiental – Uma Questão de

Atitude.”.

Depois de realizado o diagnóstico foi selecionado as pessoas que demonstraram

interesse em participar da vivência proposta para o dia 17 de abril, sábado, a partir das

09h00min, no pátio do estacionamento do Senac. Compareceram ao evento 37 pessoas

desde alunos, funcionários e visitantes.

Após uma semana da realização do evento, foi elaborado novo questionário para que

pudesse ser avaliada alguma mudança de comportamento. A escolha foi novamente

aleatória. Foram selecionadas 10 pessoas e aplicado o questionário.

De acordo com os resultados obtidos, observou-se que a população no geral não

compreende bem o que é resíduo inorgânico, se faz coleta seletiva, faz de forma errônea e

separa apenas as latas de alumínio (motivo pelo qual, no entender gera lucro).

Este fato está relacionado a dois fatores: a falta de informação sobre o assunto e da

Faculdade em não divulgar a problemática do lixo em suas dependências.

É de responsabilidade da Faculdade e dos alunos de Gestão Ambiental em

promover, esclarecer as formas adequadas de manejo, segregação, acondicionamento,

armazenamento, transporte, tratamento e disposição final destes resíduos, para que os

freqüentadores da faculdade compreendam que as ações humanas como simples destaque

de forma imprópria destes resíduos, geram consequências graves para o meio ambiente.

É necessário elaborar programas de Educação Ambiental que incentive a

implantação e participação de todos da entidade na coleta seletiva, pois cidadãos integrados

à educação ambiental sabem reconhecer o valor das ações de responsabilidades sócio-

ambientais.

Considerações Finais

A questão do lixo gera muitos problemas para a sociedade. A forma que este é

recolhido traz consigo a proliferação de insetos transmissores de doenças. O material

inorgânico de certa forma é biodegradável, mas apresenta diferentes velocidades de

degradação, sendo alguns, considerados não biodegradáveis.

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Uma forma de controlar todos os tipos de resíduos comuns é a coleta seletiva, que

se inicia desde a separação do orgânico e o inorgânico até a segregação da composição do

material inorgânico em plástico, papel, metal e vidro para posterior reciclagem.

Os projetos educativos nas instituições de ensino contribuem para mobilizar a

comunidade, para sua efetiva e ativa na implantação da coleta seletiva de resíduos sólidos,

separando os materiais recicláveis e/ou reutilizáveis diretamente na fonte de geração.

A Educação Ambiental constitui um importante instrumento de mobilização da

comunidade para mudança de hábitos e comportamentos, especialmente em projetos

relacionados à coleta seletiva.

Pensando no aspecto de que a EA deve ser trabalhada de forma contínua, o projeto

teve o cuidado de preparar novo questionário pós-evento para avaliar se houve alguma

contribuição nas mudanças de atitude e comportamento dos participantes.

Os resultados foram, de fato, satisfatórios. O conteúdo apresentado foi bem

assimilado por todos e uma boa parte aderiu à segregação do lixo e que alguns ainda

informaram que passaram a contribuir com o Programa Goiânia Coleta Seletiva (PGCS) do

município.

Acredita-se que a Faculdade deva tomar como exemplo este tipo de vivência e

programar outras temáticas para que envolva a comunidade em questões ambientais,

usando linguagens simples e com imagens como foi feito no evento. Isto fará com que a

comunidade sinta vontade de contribuir para a melhoria das condições do meio ambiente e

da qualidade de vida.

Trabalhar a Educação Ambiental em instituições de ensino para que promova uma

mudança de atitude é muito satisfatória para o Educador Ambiental, onde fica bem claro que

as pessoas são capazes de assimilar e de aplicar quando o aprendizado vem através ações

práticas.

Referências

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