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Educação como direito de todos (as) Medidas Socioeducativas e Educação Prisional Profª Míriam Pereira Lemos

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Educação como direito de todos (as)

Medidas Socioeducativas e Educação Prisional

Profª Míriam Pereira Lemos

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Expansão do direito à educação:

O processo de expansão da Escola e a “expansão degrada” (Peregrino, 2005):

Não se pode compreender esse processo a partir da idéia da perda de qualidade, porque essa expressão - perda de qualidade - supõe que a escola foi boa um dia para todos, incluindo os mais pobres. Para a população que recentemente conseguiu o acesso à escola, não há termos de comparação em relação a um passado em que esse direito não existia. Como poderia ter sido melhor uma instituição inexistente? Não é possível comparar períodos históricos que marcam públicos usuários diversos do sistema público de ensino.

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Novos sujeitos da educação escolar “A perda de qualidade se refere àqueles segmentos

que já tinham acesso à escola pública (Beisiegel, 2006). Para os novos públicos trata-se de uma expansão importante, mas que se dá em condições de degradadas.” (Sposito, 2006)

Além de não saber lidar com estes sujeitos que antes estavam fora da escola e/ou não tem construída uma “cultura escolar”, a violência estrutural sobrecarrega a escola de novas atribuições se esta não buscar parcerias.

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Juventude(s) e Violência “Um estudo publicado no Boletim de Políticas

Sociais do IPEA, de 2008, diz que "a vitimização fatal de jovens é alarmante" e vem crescendo, ao contrário do que acontece com a taxa de mortalidade do restante da população. As causas são externas e a principal delas é a de assassinatos por armas de fogo, com 37.8% do total de mortes nesta faixa etária, sendo que a concentração maior está no grupo de 18 a 24 anos de idade. Segundo o IPEA: ‘As vítimas, em geral, são jovens do sexo masculino, pobres e não-brancos, com poucos anos de escolaridade, que vivem nas áreas mais carentes das grandes cidades brasileiras’(IPEA, 2008).

Em nível mundial, o Brasil é o terceiro, num ranking de 84 países, em que mais jovens entre 15 a 24 anos morrem por homicídios.” (Lemos, 2008)

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93% são homens;Mortes de jovens negros: 68, 4 mortes por 100 mil

habitantes; de jovens brancos, de 39,3 por 100 mil;

O índice de vitimização entre a população negra é 73,1% superior com relação à população branca;

(in: Lemos, 2008)

O perfil das vítimas do genocídio brasileiro:O perfil das vítimas do genocídio brasileiro:

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Brasil-Pnad 2006

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Evolução das internações no sistema socioeducativo no Brasil

4245

85799555

13489 14074

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

Brasil

1996 1999 2002 2004 2006

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O surgimento do SINASE: final dos anos 90

a falência do “Sistema FEBEM”:

- rebeliões e motins

- violações de direitos dos internos

- superlotação

- baixa qualidade/custos elevados

- a lentidão no reordenamento das instituições

as pressões sociais e demandas punitivas

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No. adolescentes em privação de liberdade no Brasil

Região/Anos 1996 1999 2002 2006%

Crescimento

Norte 207 351 469 670 323%

Nordeste 413 920 1696 2089 506%

Centro-Oeste

494 645 626 1040 210%

Sudeste 2403 5665 5460 8629 359%

Sul 728 998 1304 1646 226%

Total 4245 8579 9555 14074 325%

(SINASE, 2006)

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Modalidade de atendimento

Capacidade No. adolescentes Déficit de vagas

Internação provisória

1.319 2.807 -1.488

Internação 8.092 9.591 -1.499

Semiliberdade 1.788 1.091 697

(SINASE, 2006)

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Tipos de delitos praticados pelos adolescentes cumprindo medidas em meio fechado no Brasil

57

19

4

49

19

9

0

10

20

30

40

50

60

Delitos contrapatrimônio

Homicídio Tráfico

1996 2002

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Marco situacional

• Foco nas medidas de meio fechado, mas sem reverter a tendência à crescente

prisionalização, acompanhada da criminalização da adolescência pobre

• a privação de liberdade nem sempre tem sido usada em situação de excepcionalidade

e por breve duração

• a privação de liberdade tem se constituído em privação de direitos dos adolescentes

• a nomeação de “estabelecimento educacional” se torna, muitas vezes, um eufemismo

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Principais enfoques do SINASE

Marco legal em normativas internacionais de direitos humanos

O adolescente como sujeito de direitos, em condição peculiar de desenvolvimento

Respeito à diversidade étnico-racial, gênero e orientação sexual

Garantia de atendimento especializado para adolescentes com deficiência e em sofrimento psíquico

Reordenamento das unidades mediante parâmetros pedagógicos e arquitetônicos

Afirmação da natureza pedagógica e sancionatória da medida socioeducativa

Primazia das medidas socioeducativas em meio aberto

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MEDIDA DE PROTEÇÃO

eMEDIDA SÓCIO-EDUCATIVA

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DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO

Art. 98. As medidas de proteção à criança são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados:

I – por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;

II – por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;

III – em razão de sua conduta.

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MEDIDAS SÓCIO-EDUCATIVAS ART. 112. Verificada a prática de ato

infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas:

I- advertência; II - obrigação de reparar o dano; III - prestação de serviço à comunidade; IV - liberdade assistida; V - inserção em regime de semiliberdade; VI- internação em estabelecimento educacional; Qualquer uma das medidas prevista no art.101

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Vulnerabilidade e Infração(PP Penal

Educação escolar e ato infracional

ESTUDA

54%

37%33%

20%

37%

56%59%

73%

8% 6% 8% 7%

Nº TOTAL PSC (771) FASE (216) PRESÍDIO (133) ÓBITOS (15)

SIM NÃO NÃO INFORMADO

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DADOS CRIMINAIS

No plano nacional não chegam a 10% do total de crimes os que são cometidos por adolescentes. Se considerarmos os crimes graves o número é muito menor. (CONANDA)

Em 2006 os dados do Rio Grande do Sul são: 0,46% dos registros de ocorrência são praticados por crianças e adolescentes. (CEDICA)

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Violência sofrida e violência exercida

Determinismo histórico x “distinção”

Determinismo psicológico x resiliência

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Educação e a faculdade de pensar em Hannah ArendtO Julgamento de Eichmann em Jerusalém: “Por mais monstruosos que fossem seus atos,

o agente não era nem monstruoso, nem demoníaco; a única característica específica que se podia detectar em seu passado, bem como de seu comportamento durante o julgamento e o inquérito policial que o precedeu, afigurava-se como algo totalmente negativo: não se tratava de estupidez, mas de uma curiosa e bastante autêntica incapacidade de pensar.” (Arendt, 1993)

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Referências Bibliográficas ARENDT, Hannah. A dignidade da política: ensaios e conferências.

RJ: Relumé-Dumará, 1993. LEME, José A. Gonçalves. A cela de aula: tirando a pena com letras.

In: ONOFRE, Elenice. Educação escolar entre as grades. SP: EdUFSCar, 2007.

LEMOS, Míriam P. Da responsabilidade pelo mundo: a escola como mediadora dos sentidos do saber. Tese (Doutorado em Educação). RS: PPGEDU/UFRGS, 2008.

PPSC/NUPEEEVS/UFRGS. Relatório 2006. SINASE/ Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo. Brasília:

Relatório 2006. SPOSITO, Marília. Juventude e educação: as interfaces entre a

educação escolar e a educação não formal. Palestra proferida no II Simpósio sobre Juventude, Violência, Educação e Justiça. FACED/UFRGS, 2006.