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EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS Profa. Esp. Lucilene Aparecida Soares

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EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS

Profa. Esp. Lucilene Aparecida Soares

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Estrutura Social

CAPITALISTACLASSE

MACHISTAGÊNERO/DIVERSIDADE SEXUAL

RACISTARAÇA/ETNIA

Patrão Homem Branco

Trabalhador Homem Branco

Trabalhador Homem Negro

Trabalhadora Mulher Branca

Trabalhadora Mulher Negra

Tratamento Destinado

+ + +

++-

+ --

- - +

---

Fonte: SOARES, Lucilene Aparecida. Construir a diversidade brincando: como os jogos podem contribuir no debate étnico-racial no espaço escolar. Monografia. Curitiba: Universidade Tuiuti do Paraná, 2009.

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Construção de Representações• Para Chartier, a representação do mundo está ligada à

posição social dos indivíduos, sendo portanto histórica, posto que construídas ao longo do tempo. Ademais, a representação funciona na prática como uma estratégia de classe, que media as relações entre ela e as demais classes sociais. O resultado é que temos, num mesmo período, uma verdadeira arena de representações sociais: cada classe elabora o real a seu modo.

• Neste contexto, a construção das identidades sociais seria o resultado de uma relação de força entre as representações impostas por aqueles que têm poder de classificar e de nomear e a definição, submetida ou resistente, que cada comunidade produz de si mesma.

• Fonte:CHARTIER, Roger. O Mundo Como Representação

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CONCEITOSCONCEITOSRacismo – "a ideologia que postula a existência de hierarquia entre grupos humanos";Preconceito - um julgamento prévio negativo que se faz de pessoas estigmatizadas por estereótipos";Estereótipo - "atributos dirigidos a pessoas e grupos, formando um julgamento a priori, um carimbo. Uma vez ‘carimbados’ os membros de determinado grupo como possuidores deste ou daquele ‘atributo’, as pessoas deixaram de avaliar os membros desses grupos pelas suas reais qualidades e passam a julgá-las pelo carimbo";Discriminação – "é o nome que se dá para a conduta (ação ou omissão) que viola direitos das pessoas com base em critérios injustificados e injustos, tais como: a raça, o sexo, a idade, a opção religiosa e outros".

SOARES, Lucilene Aparecida. Construir a diversidade brincando: como os jogos podem contribuir no debate étnico-racial no espaço escolar. Monografia. Curitiba: Universidade Tuiuti do Paraná, 2009.

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CONCEITOSCONCEITOS

• Desigualdade: Quando falamos em desigualdade, estamos tratando de um fenômeno social que produz uma hierarquização entre indivíduos e/ou grupos não permitindo um tratamento igualitário (em termos de oportunidades, acesso a bens e recursos

• etc.) a todos/as.

Fonte: Gênero e Diversidade na EscolaFormação de Professores em Gênero, Diversidade Sexual e Relações Étnico-Raciais

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Por que entender a desigualdade

• Toda discriminação tem por conseqüência a negativa ampla e também formal dos direitos civis e políticos.

• Na maioria das vezes a discriminação não se enquadra num estatuto legal ou formal, do tipo apartheid. Neste caso é mais difícil enquadrá-las como abuso de direitos humanos. Por isso, é importante compreender como se articulam e operam os mecanismos de desigualdade racial e de gênero.

Fonte: Gênero e Diversidade na EscolaFormação de Professores em Gênero, Diversidade Sexual e Relações Étnico-Raciais

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Por que entender a desigualdade

• O sociólogo David Grusky trata da importância das variáveis sexo e raça. Segundo ele, essas variáveis influenciam na posição social dos indivíduos, uma vez que o sistema de estratificação repousa em processos adscritos que, em geral, são indesejáveis e discriminatórios na sociedade moderna.

• Características como cor da pele ou raça, sexualidade e sexo funcionam como mecanismos de segregação e estratificação social, deixando de lado todas as características “objetivas” que deveriam informar uma sociedade de princípios igualitários.

Fonte: Gênero e Diversidade na EscolaFormação de Professores em Gênero, Diversidade Sexual e Relações Étnico-Raciais

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Por que entender a desigualdade

• As desigualdades não são conjunturais, mas estruturais, da mesma forma que a discriminação não é somente individual, mas institucional.

Fonte: Gênero e Diversidade na EscolaFormação de Professores em Gênero, Diversidade Sexual e Relações Étnico-Raciais

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Racismo: individual X institucionalRacismo: individual X institucional

Diferenciação: racismo individual e o racismo institucional (Pettigrew, 1982).

O racismo individualracismo individual inclui atitudes preconceituosas e comportamentos discriminatórios, ou seja é o racismo ordinário presente nas relações interpessoais.

O racismoracismo institucionalinstitucional engendra um conjunto de arranjos institucionais que restringem a participação de um determinado grupo racial, como por exemplo, o grupo de negros no Brasil. Esse tipo de racismo está ligado à estrutura da sociedade e não aos seus indivíduos.

Apud SOARES, Lucilene Aparecida. Construir a diversidade brincando: como os jogos podem contribuir no debate étnico-racial no espaço escolar. Monografia. Curitiba: Universidade Tuiuti do Paraná, 2009.

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Indígenas

Europeus

Africanos

Mito da Democracia

Racial

Fonte: SOARES, Lucilene Aparecida. Construir a diversidade brincando: como os jogos podem contribuir no debate étnico-racial no espaço escolar. Monografia. Curitiba: Universidade Tuiuti do Paraná, 2009.

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Mito das Três Raças• Foi o antropólogo Roberto DaMatta que o registrou pela

primeira vez, ao identificar que haveria um racismo à brasileira, isto é, um sistema de pensamento que postula a existência de três raças formadoras do Brasil.

• Nesse sistema, o brasileiro seria o produto moral e biológico da mistura do índio, com a sua preguiça, do negro, com a sua melancolia, e do branco português, com a sua cobiça e o seu instinto miscigenador. Estas seriam as razões tanto de nossa originalidade quanto de nosso atraso socioeconômico e, até pouco tempo atrás, de nossa necessidade de autoritarismo.

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Mito das Três Raças

• Mito que permite naturalizar as desigualdades, remetendo-as às diferenças raciais e produzindo uma imagem da sociedade brasileira que é mestiça mas, justamente por isso, fortemente hierarquizada, em que cada coisa tem um lugar natural.

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Ao contrário do que a própria denominação sugere, a democracia racial pode ser compreendida como uma modalidade de racismo, que envolta na ilusória aura de liberal e democrática, alcança sucesso justamente pela dissimulação do fenômeno racista. Historicamente quem inaugura esta classificação é Baptisde, já que Freyre referia-se a “democracia étnica”, somente em 1961 Freyre, por pressão do Movimento Social Negro, trata de democracia racial. Tanto Freyre quanto Bapstide se fundamentam na obra Casa Grande e Senzala, na qual Freyre defende um escravismo ameno, em que senhores e escravos convivem harmoniosamente. Nesta perspectiva a essência do conceito de democracia racial está na idéia da harmonia gerada pela miscigenação, um processo que igualaria a população. Para Florestan: nossa realidade étnica, ao contrário do que se diz, não iguala pela miscigenação, mas, pelo contrário, diferencia, hierarquiza e inferioriza socialmente de tal maneira que esses não-brancos procuram criar uma realidade simbólica onde se refugiam, tentando escapar da inferiorização que a sua cor expressa nesse tipo de sociedade.

DEMOCRACIA RACIALDEMOCRACIA RACIAL

Apud SOARES, Lucilene Aparecida. Construir a diversidade brincando: como os jogos podem contribuir no debate étnico-racial no espaço escolar. Monografia. Curitiba: Universidade Tuiuti do Paraná, 2009.

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Fonte: Eliane Cavalleiro, 2005

Elementos estruturais na organização da escolaElementos estruturais na organização da escola

I – Currículo Escolar

II – Formação docente

III – Material didático/pedagógico

IV – Minimização do problema racial

V – Universo semântico

VI – Distribuição desigual de afeto e estímulo

VII – Negação da diversidade racial na composição da equipe de profissionais da escola

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Adaptado de Eliane Cavalleiro, 2005

Totalidade das relações estabelecidas na escolaTotalidade das relações estabelecidas na escola

O m issã o d a h is tó ria d o /a n eg ro /a F o lc lo rizaçã o d a cu ltu ra a fro -b ras ile ira

R efo rça p recon ce itos e id eo log ias P rovoca re je içã o d a id en tificaçã ocom o g ru p o rac ia l n eg ro

Cultura eurocêntrica

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R acial; in telec tual;beleza es tética;valores m orais

éticos e cu ltu rais

Sentim ento deinferioridade

Inadequaçãosoc ial; vergonha, m edo

e raiva ser negro;au to-conceito negativo

Inadequaçãosocia l

Potencia lcom prom etido

Fracassoescolar

Negros /as

C onseqüênc ias da d isc r im inação na escola

Adaptado de Eliane Cavalleiro, 2005

Totalidade das relações estabelecidas na escolaTotalidade das relações estabelecidas na escola

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Adaptado de Eliane Cavalleiro, 2005

R ac ia l, in te lec tu a lb e leza es té tica ,va lo res m ora is ,

é ticos e cu ltu ra is

S en tim en to d esu p erio rid ad e

D ificu ld ad e d e sere lac ion ar com

a lu n os /as n eg ros /as

Torn a-se rac is ta

Não-Negros/as

Conseqüências da discrim inação na escola

Totalidade das relações estabelecidas na escolaTotalidade das relações estabelecidas na escola

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Adaptado de Eliane Cavalleiro, 2005

Perpetuação de ideologias racistas Form ação de ind ivíduos racistas

Perm anência das desigualdades racia is Potencia is sub-aproveitados

V io lência

Conseqüências da discrim inação para a sociedade

Totalidade das relações estabelecidas na escolaTotalidade das relações estabelecidas na escola

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IDH de Brancos e Negros• O economista brasileiro Marcelo Paixão produziu um estudo

em que separou a população• brasileira segundo a cor para avaliar suas diferenças acerca do

desenvolvimento humano. A• evolução do IDH de brancos/s e negros/as aferida entre os

anos de 1991 e 2000 revela que, apesar das melhorias verificadas em ambos os grupos raciais, ocorreu o distanciamento das posições ocupadas entre o “Brasil negro” e o “Brasil branco” no ranking mundial da qualidade de vida.

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IDH de Brancos e Negros• Em 1991, o “Brasil branco” ocupava a 65ª ou 66ª posição entre as nações mais desenvolvidas• quanto ao aspecto social; em 2000, chegou à 44ª posição. Já o “Brasil negro”, que em 1991

estava• na 101ª ou na 102ª posição, caiu em 2000 para a 104ª ou 105ª. A diferença entre os dois• “países” passou de 36 para 60 posições no ranking do IDH em apenas 10 anos.• Vejam as diferenças entre brancos/as, pretos/as e pardos/as em termos de apropriação da

renda• nacional, segundo os dados da Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar do ano de 2001:• • Entre os 10% mais pobres do país, 59,5% são pardos/as, 7,8% são pretos/as e 32,7% são• brancos/as.• • Entre o 1% mais ricos, 11,0% são pardos/as, 1,8% são pretos/as e 87,2% são brancos/as.• Se levarmos em conta que a composição racial da população brasileira é de 53,4% de

brancos/s,• 5,6% de pretos/as e 40,4% de pardos/as, as desigualdades são muito significativas, ou seja, a• pobreza é mais democrática que a riqueza.