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Universidade de São Paulo Escola de Comunicações e Artes EDUCAÇÃO DE VÁRZEA O duro caminho de quem vê o futebol como única alternativa Bruna Garabito, 6805590 Eduardo Marcondes, 6806782 Felipe Watanabe, 6806163 Fernando Damaro, 6805673 Fernando Tabone, 6805440 Francesca Dell’Olio, 7219409 Gustavo Kume, 2374572 Taruman de Andrade, 5200937 Trabalho de graduação apresentado à disciplina Teoria e Método de Pesquisa em Comunicação (CCA0277) do Curso Superior de Comunicação Social com Habilitação em Publicidade e Propaganda na Escola de Comunicações e Artes da USP. Orientadora: Profa. Lucilene Cury São Paulo 2010

Educação de várzea: o duro caminho de quem vê o futebol como única alternativa

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Trabalho apresentando na disciplina de Teoria e Técnica da Publicidade I, ministrada pelo Profª Dra. Lucilene Cury, na Escola de Comunicações e Artes da USP, durante o primeiro semestre de 2010.

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Universidade de São Paulo

Escola de Comunicações e Artes

EDUCAÇÃO DE VÁRZEA O duro caminho de quem vê o futebol como

única alternativa

Bruna Garabito, 6805590

Eduardo Marcondes, 6806782

Felipe Watanabe, 6806163

Fernando Damaro, 6805673

Fernando Tabone, 6805440

Francesca Dell’Olio, 7219409

Gustavo Kume, 2374572

Taruman de Andrade, 5200937

Trabalho de graduação apresentado à

disciplina Teoria e Método de Pesquisa

em Comunicação (CCA0277) do Curso

Superior de Comunicação Social com

Habilitação em Publicidade e

Propaganda na Escola de Comunicações

e Artes da USP.

Orientadora: Profa. Lucilene Cury

São Paulo

2010

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Universidade de São Paulo

Escola de Comunicações e Artes

EDUCAÇÃO DE VÁRZEA O duro caminho de quem vê o futebol como

única alternativa

Bruna Garabito, 6805590

Eduardo Marcondes, 6806782

Felipe Watanabe, 6806163

Fernando Damaro, 6805673

Fernando Tabone, 6805440

Francesca Dell’Olio, 7219409

Gustavo Kume, 2374572

Taruman de Andrade, 5200937

Trabalho de graduação apresentado à

disciplina Teoria e Método de Pesquisa

em Comunicação (CCA0277) do Curso

Superior de Comunicação Social com

Habilitação em Publicidade e

Propaganda na Escola de Comunicações

e Artes da USP.

Orientadora: Profa. Lucilene Cury

São Paulo

2010

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"O difícil, o extraordinário, não é fazer mil gols como Pelé. É fazer um gol como o Pelé"

Carlos Drummond de Andrade

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1. TEMA

A interferência do futebol na educação dos jovens de periferia.

2. PROBLEMÁTICA

A relação entre o povo brasileiro e o futebol há muito extrapola o simples

entretenimento. Há uma verdadeira idolatria por clubes e jogadores, tendo por efeito

a violência nos estádios, o consumo de produtos editoriais tais como os álbuns de

figurinhas, entre outros tantos exemplos. Para as famílias da periferia, a idealização

do esporte como motor de ascensão social pode estar influenciando na relação dos

jovens e crianças com a educação, interferindo nos rendimentos escolares. A partir

do momento em que o esporte adquire esta dimensão na vida das pessoas, é

necessário refletir sobre os motivos que levam uma família a perseguir tais valores.

3. JUSTIFICATIVA

Não há como ignorar a força que o futebol tem no país, especialmente em anos

de Copa do Mundo. Este clima, festivo por um lado e quase religioso por outro,

chega a contagiar até os que não gostam do esporte, o que levou o grupo a pensar

nas consequências desta paixão na população brasileira.

Além disso, há no grupo diversos torcedores apaixonados por seus times, e

discussões sobre os últimos jogos da semana são frequentes. Estas discussões

muitas vezes levam a reflexões paralelas que giram em torno do futebol, como a

mania dos álbuns de figurinhas e as folgas no trabalho por conta dos jogos, por

exemplo.

Assim, nada mais natural do que a vontade de realizar um estudo aprofundado

sobre a influência do futebol na população brasileira, visto que há tantos exemplos

surgindo diariamente e despertando nossa curiosidade.

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4. OBJETIVOS

Investigar a imagem que o futebol transmite para as famílias de baixa renda

moradoras da periferia de São Paulo.

Investigar a imagem que a escola transmite para as famílias de baixa renda

moradoras da periferia de São Paulo.

Analisar a opinião das famílias de baixa renda moradoras da periferia de São

Paulo sobre a profissão "jogador de futebol".

Analisar quais são os sonhos para o futuro destes jovens: se um

reconhecimento por mérito ou por fama; se questões financeiras bem

resolvidas, com ou sem esforços, ou se pretensões alguma.

5. HIPÓTESE

As famílias brasileiras de baixa renda veem o futebol como uma forma de

ascensão social mais viável do que a educação.

Esta cultura pode ter como motivo:

Exposição de jogadores - e suas histórias de vida humildes - na grande mídia;

Incentivo familiar tendo já em vista um futuro auxílio financeiro;

Impressão de "vida fácil" transmitida quando defronte à tradicional rotina de

trabalho;

Educação precária que pouco gera interesse e oportunidade para jovens e

crianças das periferias.

6. PLANO DE PROJETO

6.1. METODOLOGIA

A metodologia consistirá incialmente em uma pesquisa primária com o intuito

de melhor observar o panorama atual das crianças que participam de escolas de

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futebol. Para tanto, elaboraremos um questionário para tentar responder aos

seguintes pontos:

As crianças dão mais valor às aulas de futebol ou aos estudos?

E suas famílias? Dão mais valor à escola de futebol ou à escola tradicional?

Há diferenças em função da classe social da criança e sua família?

É possível notar uma influência da mídia nos desejos dessas crianças?

A pesquisa será feita em 4 escolas de futebol de São Paulo, uma em cada

região da cidade, e selecionaremos crianças das mais diferentes faixas etárias e

condições sociais, totalizando 400 questionários para crianças. Os mesmos critérios

serão utilizados para selecionar as famílias (pai ou mãe) que serão entrevistadas,

somando mais 400 entrevistas. Com isso, pretendemos obter uma ampla gama de

respostas capaz de cobrir os mais diferentes aspectos da questão proposta e que

possibilite um tratamento estatístico satisfatório dos resultados.

Em uma segunda etapa do trabalho, faremos uma pesquisa secundária com o

intuito de se tentar verificar a real influência da mídia nos desejos das crianças e

suas famílias. Para isso, coletaremos 3 reportagens publicadas em cada uma das

revistas "Veja", "Isto É", "Caras" e "Contigo" sobre jogadores de futebol para

analisarmos do ponto de vista da linguagem utilizada, tentando entender como se

constrói essa imagem idealizada da profissão de jogador de futebol.

6.2. REFERENCIAL TEÓRICO

Todo o referencial teórico escolhido tem como característica comum o

entendimento e a eventual crítica das relações sociais resultantes dos temas

abordados. Indo da psicanálise, passando pela comunicação, antropologia e

economia, até chegar à sociologia, as referências podem ser divididas em duas

áreas: para entender o papel da mídia e a sociedade do espetáculo, usam-se por

base os teóricos da Escola de Frankfurt (1985), o filósofo Guy Debord, autor da

conhecida obra A Sociedade do Espetáculo (1997), e o livro Videologias (2004), do

jornalista Eugênio Bucci e da psicanalista Maria Rita Kehl, o qual trata das questões

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ideológicas na sociedade do espetáculo hoje no Brasil; falando do futebol e do

contexto social que o cerca, são relevantes o livro O país da bola (1998), da

psicanalista Betty Milan, e textos dos antropólogos Roberto Damatta (2006) e

Gilberto Freyre (2001), além de artigos científicos sobre o assunto, em sua grande

maioria feitos com base em teorias sociológicas. O cruzamento dessas referências

traz à luz a base teórica que sustenta as hipóteses defendidas neste trabalho e que,

portanto, será confrontada com os resultados da pesquisa de campo a ser efetuada,

o que levará a novos questionamentos, à confirmação de nossas hipóteses ou a

ambos.

REFERÊNCIAS

ADORNO, Theodor e HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento. Rio de

Janeiro: Zahar, 1985.

BUCCI, Eugêncio e KEHL, Maria Rita. Videologias. São Paulo: Boitempo, 2004.

DAMATTA, Roberto. A bola corre mais que os homens. Rio de Janeiro: Editora

Rocco, 2006.

DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto

Editora, 1997.

FREYRE, Gilberto. Interpretação do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras,

2001.

MARANHÃO, Tiago. «Apolíneos e dionisíacos»: o papel do futebol no

pensamento de Gilberto Freyre a respeito do «povo brasileiro». Anál. Social.

[online]. 2006, no.179, p.435-450. Disponível em:

<http://www.scielo.oces.mctes.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0003-

25732006000200006&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 2 junho 2010.

MILAN, Betty. O país da bola. Rio de Janeiro: Record, 1998.

MORAES, Luiz Carlos; RABELO, André Scotti e SALMELA, John Henry. Papel

dos pais no desenvolvimento de jovens futebolistas. Psicol. Reflex. Crit. [online].

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2004, vol.17, n.2, pp. 211-222. Disponível em:

<http://www.scielo.br/pdf/prc/v17n2/22473.pdf>. Acesso em: 2 junho 2010.

RODRIGUES, Franciso Xavier Freire. Modernidade, disciplina e futebol: uma

análise sociológica da produção social do jogador de futebol no Brasil.

Sociologias [online], Jun 2004, no.11, p.260-299. Disponível em:

<http://www.scielo.br/pdf/soc/n11/n11a12.pdf>. Disponível em: 2 junho 2010.