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Trabalho de Conclusão de Curso EDUCAÇÃO E POBREZA: UM ESTUDO SOBRE A EVASÃO ESCOLAR DOS ALUNOS DO 7º ANO EM UMA ESCOLA DO INTERIOR DO MATO GROSSO DO SUL Jacqueline Cícera Fernanda da Silva Graça 1 Cláudia Elizabete da Costa Moraes Mondini 2 RESUMO Este artigo teve o objetivo examinar a evasão escolar dos alunos de uma escola municipal, analisando também os impactos das condicionalidades do Programa Bolsa Família através do acompanhamento do Centro de Referência de Assistência Social-CRAS do interior. O estudo é parte de uma investigação, coordenada pelo Curso de Especialização Educação, Pobreza e Desigualdade Social da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul-Campus Pantanal, com base numa amostra qualitativa com 06 famílias, que participaram através de entrevistas semiestruturadas. As conclusões confirmam dados apontados por outras pesquisas sobre os impactos do PBF na escolaridade de crianças e adolescentes, paralelamente à expansão da rede escolar de Ensino Fundamental. Abordando através de uma reflexão crítica sobre o posicionamento dos pais e desenvolvimento de estratégias para prevenir estas evasões. Palavras-chave: Ensino Fundamental, Evasão Escolar, Condicionalidade. 1. INTRODUÇÃO O presente trabalho Educação e Pobreza: um estudo sobre a evasão escolar dos alunos do 7º ano em uma escola do interior do Mato Grosso do Sul, põe em relevo a relação entre o Programa Bolsa Família e a evasão escolar dos alunos beneficiários, assim, como a reflexão sobre a relação entre educação e o monitoramento das condicionalidades pertencentes ao Programa. A necessidade de investigar o tema a evasão escolar, surgiu devido à realidade vivenciada dentro do Centro de Referência de Assistência Social-CRAS. Pois, há cinco anos atuando como Assistente social levantou-se diversas questões, sobre os reais motivos que levariam os adolescentes a se evadirem antes de concluir o Ensino Fundamental. Em contra partida ouvia-se as mães reclamando do bloqueio de seus benefícios. Porém foi no Módulo 1 Graduada em Pedagogia pela FIFASUL em 2003 e Serviço Social pela UNIDERP em 2010. Atuando como Assistente Social na Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania de Corumbá-MS. E-mail: jacque- [email protected] 2 Professora do curso de Psicologia da UFMS/CPAN, formada em Psicologia e mestra em Educação pela mesma instituição; especialista em Educação Especial (UCDB), Psicopedagogia (UNIGRAN), Neuropsicologia (UNIARA) e Psicologia Escolar e Educacional (CFP).

EDUCAÇÃO E POBREZA: UM ESTUDO SOBRE A EVASÃO … · 2017-08-03 · de ensino que não conseguem atender às diversidades de necessidades presentes ... cultural, social e político

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Trabalho de Conclusão de Curso

EDUCAÇÃO E POBREZA: UM ESTUDO SOBRE A EVASÃO ESCOLAR DOS

ALUNOS DO 7º ANO EM UMA ESCOLA DO INTERIOR DO MATO GROSSO DO

SUL

Jacqueline Cícera Fernanda da Silva Graça1

Cláudia Elizabete da Costa Moraes Mondini2

RESUMO

Este artigo teve o objetivo examinar a evasão escolar dos alunos de uma escola municipal,

analisando também os impactos das condicionalidades do Programa Bolsa Família através do

acompanhamento do Centro de Referência de Assistência Social-CRAS do interior. O estudo

é parte de uma investigação, coordenada pelo Curso de Especialização Educação, Pobreza e

Desigualdade Social da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul-Campus Pantanal, com

base numa amostra qualitativa com 06 famílias, que participaram através de entrevistas

semiestruturadas. As conclusões confirmam dados apontados por outras pesquisas sobre os

impactos do PBF na escolaridade de crianças e adolescentes, paralelamente à expansão da

rede escolar de Ensino Fundamental. Abordando através de uma reflexão crítica sobre o

posicionamento dos pais e desenvolvimento de estratégias para prevenir estas evasões.

Palavras-chave: Ensino Fundamental, Evasão Escolar, Condicionalidade.

1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho Educação e Pobreza: um estudo sobre a evasão escolar dos alunos

do 7º ano em uma escola do interior do Mato Grosso do Sul, põe em relevo a relação entre o

Programa Bolsa Família e a evasão escolar dos alunos beneficiários, assim, como a reflexão

sobre a relação entre educação e o monitoramento das condicionalidades pertencentes ao

Programa.

A necessidade de investigar o tema a evasão escolar, surgiu devido à realidade

vivenciada dentro do Centro de Referência de Assistência Social-CRAS. Pois, há cinco anos

atuando como Assistente social levantou-se diversas questões, sobre os reais motivos que

levariam os adolescentes a se evadirem antes de concluir o Ensino Fundamental. Em contra

partida ouvia-se as mães reclamando do bloqueio de seus benefícios. Porém foi no Módulo

1 Graduada em Pedagogia pela FIFASUL em 2003 e Serviço Social pela UNIDERP em 2010. Atuando como

Assistente Social na Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania de Corumbá-MS. E-mail: jacque-

[email protected] 2 Professora do curso de Psicologia da UFMS/CPAN, formada em Psicologia e mestra em Educação pela mesma

instituição; especialista em Educação Especial (UCDB), Psicopedagogia (UNIGRAN), Neuropsicologia

(UNIARA) e Psicologia Escolar e Educacional (CFP).

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III - Escola: espaços e tempos de reprodução e resistências da pobreza, que se fez uma junção

entre a teoria e o fenômeno da presente pesquisa.

No primeiro momento observamos que durante o atendimento com as famílias em

situação de descumprimento das condicionalidades, o índice da frequência era baixíssimo ou

apresentava evasão. Já a condicionalidade da saúde raramente é descumprida, pois é realizado

o acompanhamento in loco com os agentes do ESF, que avisam o dia da pesagem e lançam

no sistema do Programa Bolsa Família. Partindo deste contexto após saber que uma familia

havia sido excluída devido à evasão da filha adolescente houve-se a necessidade de pesquisar

sobre o fenômeno.

As famílias que descumprem as condicionalidades do Programa Bolsa Familia,

sofrem penalidades que se iniciam com a advertência, depois o bloqueio, a suspensão e o

cancelamento do benefício, ou seja, problemas que contribuirão para a exclusão social da

família.

Em face destes contextos o estudo assumiu como objetivo geral analisar sobre os

principais motivos que levam os adolescentes ao descumprimento da condicionalidade: a

evasão escolar. Como suporte ao alcance do objetivo supracitado, bem como da questão

levantada, a pesquisa buscou conhecer o perfil educacional das famílias, identificar as formas

de acompanhamento dos beneficiários pelos órgãos competentes e investigar o

posicionamento dos pais quanto a evasão e suas consequências.

Nesta sequência, as análises foram importantes para interpretação dos dados e no

processo de apreensão dos efeitos do Programa na vida de seus beneficiários.

A reflexão aqui proposta será feita em três partes, além desta introdução,

apresentaremos algumas reflexões que, de maneira direta ou indireta, problematizado a

evasão, juntamente com o monitoramento das condicionalidades em educação do Programa

Bolsa Família (PBF). No Desenvolvimento utilizaremos a teoria do materialismo histórico e

faremos uma tabulação com os dados obtidos com as entrevistas e encerraremos com as

conclusões finais com propostas preventivas para extinguir este fenômeno.

1.1 O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA E AS CONDICIONALIDADES

A medida provisória nº 132, de 20 de Outubro 2003 criou o Programa Bolsa Família, foi

transformada na Lei no 10.836, de 09 de janeiro de 2004, e regulamentada pelo Decreto no

5.209, de 17 de setembro de 2004. O mesmo tem como objetivo contribuir para diminuição

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da transmissão da pobreza no País. Mas as condicionalidades são situadas como

contrapartidas dos beneficiários tanto para a inclusão quanto para a permanência no

Programa, vinculando-se do acesso ao benefício a uma pauta de obrigações em relação a

direitos sociais básicos nas áreas de educação, saúde e assistência social.

Para Valente (2002), os programas de distribuição de renda visam suprir a questão da

dignidade humana, ou seja, a nutrição é primordial que aluno busque a alfabetização e o

conhecimento. Partindo deste contexto levantamos alguns dados qualitativos sobre o

fenômeno da evasão escolar, pois o não cumprimento das condicionalidades inseridas neste

contexto privará estas famílias ao direito do benefício do PBF, acarretando nos períodos de

advertência, bloqueio, suspensão e exclusão do mesmo.

Segundo o portal da transparência o índice de acompanhamento da frequência escolar dos

alunos beneficiários do Bolsa Família registrou um aumento de 6 pontos percentuais nos

meses de agosto e setembro deste ano, comparado ao bimestre anterior. O número passou de

85,57% para 91,8%. Do total de 14,89 milhões de crianças e jovens de 6 a 17 anos

acompanhadas, 95,2% cumpriram a frequência exigida pelo programa de transferência de

renda.

[...] a vinculação da educação como condicionalidade do Programa Bolsa Família

insere-se no contexto das políticas neoliberais que ganham corpo em nosso país na

década de 90 do século passado, tendo por influências marcantes na área

educacional a vinculação da educação como preparação para o trabalho e

qualificação de mão de obra como meio de ativação para o mercado de

trabalho.(Grifo nosso).

Em Brasil (2014) as visões moralistas sobre a pobreza difunde-se amplamente pelos

meios de comunicação, uma compreensão moralista sobre a pobreza que a simplifica e a

reduz a hipotéticas ausências de valores e atitudes inadequadas dos pobres. E ainda ressalta

que:

[...] Mesmo as políticas públicas e os programas socioeducativos podem, muitas

vezes, carregar uma intenção corretiva e moralizadora, que apela para a educação

moral em valores nas escolas. A pobreza, assim, acaba sendo vista somente pelo

viés educacional, ficando mascarada toda a sua complexidade como questão social,

política e econômica (Brasil, 2014).

1.2 O FRACASSO ESCOLAR

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O Fracasso Escolar, (PATTO, M.H.S,1990) pode ser compreendido como a consequência

para um aluno da não-apropriação do aprendizado. Os conceitos, habilidades, valores,

conhecimento e a questão da cidadania não foi internalizada no aluno, culminando muitas

vezes, em baixas notas, reprovação e, por fim, no abandono da escola pelo mesmo.

Ao falar de fracasso escolar, é importante observar quando as dificuldades de

aprendizagem vêm encobrir a fragilidade da escola, centrando no aluno todo insucesso de sua

não aprendizagem. A falta de conhecimento didático do corpo docente está na raiz do

fracasso escolar. O fracasso muitas das vezes dá-se devido a educação infantil que o

individuo em causa teve. A importância de uma sadia educação infantil é muito importante, e

deve ser acompanhada diretamente dos pais (Pai e Mãe), para que este tenha uma base bem

acentuada.

As principais causas do fracasso escolar são oriundas, em sua maior parte, dos sistemas

de ensino que não conseguem atender às diversidades de necessidades presentes nas escolas,

deixando de identificar onde se localizam as inadaptações à aprendizagem, e levar o aluno a

descobrir sua própria modalidade de aprendizagem, considerando como ponto crucial seu

modo particular de se relacionar com o conhecimento, ou seja, a aprendizagem escolar.

O fracasso escolar também pode ocorrer dependendo do contexto familiar, cultural, social

e político que o indivíduo possa estar inserido.

2. PERCURSO METODOLÓGICO

O levantamento de dados deu-se em uma escola municipal do interior do Mato Grosso

do Sul, e sua atuação destina-se a Educação Infantil e Ensino Fundamental. Já o

monitoramento das famílias beneficiárias do PBF, cujo os filhos evadiram-se, foi realizado

pelo Centro de Referência de Assistência Social-CRAS. Tratando-se por um órgão da

Secretária Municipal de Assistência Social e Cidadania da Prefeitura Municipal de Corumbá-

MS. Ele atende as famílias referenciadas do território, ou seja, os bairros Arthur Marinho,

Dom Bosco, Cervejaria, Generoso, Beira Rio e Borroski.

A análise dos dados foi feita com embasamento na abordagem qualitativa que, de

acordo com Neto (1994) apud (MINAYO, 2000), nos proporciona uma visão da realidade, ou

seja, nos proporciona a resposta de questões peculiares. Porém retomaremos questões

individuais para que ocorra a compreensão dos fatores que desencadeiam estes alunos a

abandonar a educação básica. A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares.

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Ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser

quantificado, ou seja, trabalha com o universo de significados; aspirações, crenças, valores e

atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos

fenômenos que não podem ser reduzidos à operacional.

Foram entrevistas 06 responsáveis familiares (Responsável Familiar), que se

encaixavam nos critérios da pesquisa, a saber, pois as mesmas, descumpriram a

condicionalidade do programa, através da evasão escolar de seus filhos, que curiosamente

frequentavam o 7º ano do Ensino Fundamental.

Inicialmente após o levantamento destas famílias, nos encaminhamos aos endereços

das famílias selecionadas. O primeiro contato pessoal com as 05 mães e 01 pai; exigiu um

cuidado especial explicar o objetivo da pesquisa. Ressaltou-se que a atividade tratava-se de

uma pesquisa de especialização, não tendo nenhum vínculo com o Ministério do

Desenvolvimento Social. Após a assinatura do Termo Livre Esclarecido ficou acordado que

cada uma teria sua identidade preservada e que os depoimentos poderiam ser revisados e/ou

excluídos parcial ou integralmente, caso este fosse o desejo da entrevistada quando da

apresentação das transcrições. As entrevistas foram realizadas nos dias 20, 23, 25 e 26 de

Novembro de 2016, cuja, compreensão do objeto de estudo foi realizada através de

instrumentos de coleta de dados, ou seja, utilizamos questionário e entrevistas

semiestruturadas. Estes instrumentos nos auxiliaram a identificar quais os motivos da evasão

escolar destes adolescentes, assim como, o posicionamento dos pais quanto esta decisão e a

consequências sofridas nas condicionalidades do Programa Bolsa Família.

O levantamento qualitativo foi realizado sob uma concepção crítica das perspectivas

exploradas sobre os contextos que acercam o fenômeno da evasão escolar e suas

contradições. Porém os dados qualitativos e quantitativos foram levantados após uma

pesquisa prévia do quantitativo de evasões da referida escola. Em seguida nos dirigimos ao

CRAS, e realizamos as análises dos dados do SICON-Sistema de Condicionalidade do

Programa Bolsa Família, que resultou no bloqueio destas famílias, devido a evasão dos

adolescentes.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

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Visando a redução consistente da desigualdade social no Brasil, este programa vem

sofrendo diversas críticas, pois há quem acredite que, embora tenha efeitos positivos para a

melhoria da vida de famílias mais pobres.

As políticas sociais são voltadas para um público em situação de vulnerabilidade

social, ou seja, extrema pobreza, consequentemente o foco é abranger os direitos sociais.

Porém devemos assumir que, os recursos não são suficientes para atender a todos. Assim faz-

se necessário levantar o perfil das famílias para que as mesmas sejam beneficiadas.

Tabela1. Perfil Socioeconômico dos Entrevistados

Família Nº filhos Faixa

Etária

Estado

Civil

Renda

Alessandra 04 38 Anos Viúva R$ 640,00

Rosaline 02 18 Anos Solteira R$ 300,00

Maria Antônia 04 40 Anos Casada R$ 700,00

Luciana 03 26 Anos Amasiada R$ 640,00

Tatiane

Jucineia

05

06

39 Anos

43 Anos

Amasiada

Separada

R$ 580,00

R$ 750,00

Quadro elaborado pela autora apartir dos dados coletados por meio das entrevistas.

De ARROYO (2014) citado no material do curso de especialização em Educação,

Pobreza e Desigualdade Social da UFMS (BRASIL, 2014), a empreitada catequético-

educativa colonizadora e até republicana se orienta nessa visão de inferioridade moral,

cultural, civilizatória dos Outros e no tratamento destes como inferiores, por serem diferentes.

Persistem empreitadas antipedagógicas sempre que os pobres (crianças, adolescentes), são

pensados como inferiores em valores e cultura. Partindo desta premissa, observou-se através

de suas falas, que existe certo conformismo de sua realidade, vejamos a fala da Responsável

da “Família Tatiane”: (“A gente luta, luta, mas é difícil criar cinco

filhos, meu marido ainda está adoentado (suspiro). Fazer o quê se é da vontade de Deus? O

que importa, é viver um dia de cada vez”) (23/11/2016).

Através do perfil socioeconômico das famílias entrevistadas pode-se avaliar que a

renda per capita mínima variou de R$ 100,00 a R$128,00, confirmando a situação de extrema

pobreza.

Ainda em Brasil (2014), ressalta-se que:

[...] Devemos lembrar, mais uma vez, que as pessoas em estado de extrema pobreza

são as mais vulneráveis, as mais expostas a não possuir nenhuma possibilidade de

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se autonomizar, mesmo nos sentidos mais primários, como o de fazer escolhas

mínimas relativas ao tipo de vida que gostariam de levar; por exemplo: escolher o

companheiro de vida, decidir o número de filho que se quer ter, desenvolver uma

vontade própria em relação à família e à vida em geral (Brasil,

2014).

Tabela 2. Grau de Escolaridade e Profissão da RF

Família Escolaridade Profissão

Alessandra 5º Ano E. F Pescadora

Rosaline 4º Ano E. F Diarista

Maria Antônia 5º Ano E. F Do lar

Luciana 6º Ano E. F Do lar

Tatiane

Jucineia

5º Ano E. F

7º Ano E. F

Doméstica

Vendedora

Quadro elaborado pela autora apartir dos dados coletados.

O nível máximo de escolaridade alcançado pelas responsáveis entrevistadas foi de 7º

ano do Ensino Fundamental, vemos claramente o círculo vicioso e exclusão no contexto das

famílias analisadas.

Segundo Marx (1996), ressalta que a pobreza, desde suas origens, continua a assolar

os grupos populacionais aos quais tem e vem sendo historicamente negligenciado o direito

aos frutos do próprio trabalho.

Para Brasil (apud Belluzzo, 2014), a formação educacional, entre nós, ou é relegada a

um segundo plano, ou, quando ocorre, é carente de princípios igualitários sustentadores da

cidadania democrática; ou seja, não prepara as pessoas para serem protagonistas da política.

Por tudo isso, não há como não observar, por exemplo, que o reconhecimento dos direitos de

cidadania das mulheres, sobretudo as que vivem na pobreza extrema e implica, ainda uma

vez, no reconhecimento das várias injustiças que as atingem. Tais injustiças lesaram,

fortemente, muitas dimensões de sua existência e de suas subjetividades:

Brasil apud Belluzzo (2014) descreve preconceito:

[...] O indivíduo é submetido a fortes preconceitos reproduzidos, tanto

historicamente, em grande escala na sociedade. Não é, com efeito, muito difícil

avaliar a profundidade destrutiva das subjetividades das pessoas alvejadas por eles.

Nessas coletividades, estão presentes atmosferas, e mecanismos de relacionamento

social e tipos de tratamento das pessoas pobres (muitas vezes, por parte das próprias

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instituições públicas), que redobram o sofrimento psíquico e cívico dos seus

membros.

Durante a entrevista duas mães ressaltaram que o estudo não era tão importante, pois

afirmaram que devido à crise que o Brasil está atravessando, diversos “Doutores”, estavam na

fila do desemprego.

Vejamos a fala da responsável da “família Jucineia”:

Com a crise que estamos no Brasil estudar é luxo. Acho que o importante é a

criança saber ler, escrever e saber contar dinheiro. Pois para por cerca no pasto e

tirar leite de vaca não é necessário o estudo. Pois a gente só pode arranja serviço em

sítio ou fazenda, meu guri já está lá com o pai dele. (20/11/2016).

A outra mãe ressaltou que o governo é o culpado pelos problemas enfrentados pelas

populações pobres, assim como a evasão dos filhos na escola.

Vejamos a fala da responsável da “Família Alessandra”: (“O menino estava indo bem na escola, mas começou a repetir a merenda e ele disse

que não iria mais, insisti ele continuou mais um pouquinho. Mas logo o pai doente.

faleceu por falta do remédio que o governo não deu. Depois o menino teve que

trabalhar para me ajudar em casa”) (20/11/2016).

De acordo com Brasil (2014), a indiferença diante do destino do sujeito semelhante

faz, em termos morais, do cinismo gelado uma forma de sociabilidade. Os cidadãos que são e

foram excluídos do acesso ao bem-estar, à cultura e à educação, tiveram seus direitos

prejudicados, na maioria das vezes, de forma irreparável. Sua liberdade, em sentido profundo,

que engloba capacidade de escolha e decisão sobre sua vida, foi gravemente ferida. Dessa

forma, instalam-se as injustiças sociais, econômicas, políticas e jurídicas; e se erigem modos

de intervenção das instituições e de seus agentes públicos, fundados na crueldade e na

indiferença em relação ao sofrimento dos pobres.

Tabela 3. Condições de Habitacionais

Família Situação Material Nº de

Cômodos

Valor *de

Aluguel

Alessandra Cedida Alvenaria 03 R$ 0,00

Rosaline Invadida Madeira 02 R$ 0,00

Maria Antônia Própria Alvenaria 02 R$ 0,00

Luciana Alugada Alvenaria 04 R$ 220,00

Tatiane

Jucineia

Alugada

Própria

Alvenaria

Alvenaria

03

04

R$ 180,00

R$ 0,00

Quadro elaborado pela autora apartir dos dados coletados.

Ao analisarmos a tabela acima vemos situação de moradia das famílias entrevistadas,

as maiorias das mães ressaltam utilizar parte do benefício para quitar o aluguel ou os serviços

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de energia e/ou saneamento. Exceto a responsável familiar da “Família Rosaline” que reside

com os filhos em situação insalubre de moradia, ou seja, trata-se de um imóvel abandonado

próximo a rede de esgoto. Em suas palavras: (“Casa é um lugar onde temos para descansar, se

a pessoa está precisando de um teto não se deve escolher, né?”) (25/11/2016).

Questionadas ainda se buscavam formas de sair da situação de extrema

vulnerabilidade, respondeu que devido a problemas de saúde e falta de escolaridade, tinha

dificuldades de se inserir no mercado formal de trabalho, e que esperava ser selecionada no

programa habitacional do município para mudar sua realidade. Direcionou-se a mesma

pergunta às demais mães, e algumas responderam que também aguardavam serem

selecionadas no mesmo programa.

Na fala da RF da “Família Tatiane”: (“O programa Bolsa Família é muito bom, com o

número do NIS a gente pode ir ao CRAS e fazer a inscrição das casinhas. É ruim morar de

favor, mas tenho fé que vou mudar de vida quando receber minha chave”) (26/11/2016).

Na concepção do materialismo histórico Marx (1996) afirmava não existir relação nos

termos do quadro da pobreza visto que o aumento na acumulação de capital implica em maior

exploração da força de trabalho e extração da mais valia.

Ainda em Marx (1996, p.286) podemos ressaltar que:

[...] o lar há de ser onde o teto for mais barato; em áreas onde a polícia sanitária dá

menos fruto, é mais lamentável o sistema de esgoto, menor o tráfego, máxima as

imundícies pública, mais miserável ou pior os suprimentos de água, em cidades,

com maior a falta de luz e ar.

Tabela 4. Condições de Saúde

Família Doença Membros

Alessandra Anemia

Falciforme

Filho

Rosaline Doença

Cardíaca

Filha

Maria Antônia Hipertensão RF

Luciana Diabetes Filha

Tatiane

Jucineia

Nenhuma

Lúpus

__________

RF

Quadro elaborado pela autora a partir dos dados coletados.

Ao observarmos a tabela acima, podemos verificar que quatro famílias apresentaram

um membro com problemas de saúde (exceto a família Tatiane), mas todas ressaltaram

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realizar acompanhamento junto a rede de saúde, pois esta é uma das condicionalidades do

Programa Bolsa Família.

Vejamos a fala da responsável da família Alessandra: (“Meu esposo faleceu da mesma

doença de meu filho de 06 anos. O médico disse não ter cura, tenho medo de perdê-lo

também. Porém ele faz acompanhamento e consegue sua medicação de graça na rede de

saúde”) (26/11/2016).

Vemos aqui o efeito do Programa Bolsa Família sobre a sobrevivência da criança está

associada às condicionalidades na saúde. Pois incluem visitas pré-natais, cuidados pós-natais

e atividades educacionais de saúde e nutrição para as mães, bem como o respeito ao

calendário de vacinação regular e de rotinas de check-up para crescimento e desenvolvimento

de crianças menores de 7 anos de idade. Já a fala da responsável da família Jucineia ressalta

a importância do benefício em sua vida: (“Tenho Lúpus, o médico falou que tem controle,

temo morrer e deixar meus filhos, mas me disseram que, na minha falta eles não perdem o

beneficio até ficarem de maior”) (23/11/2016).

O conhecimento e educação materna são alguns dos mais fortes determinantes da

saúde infantil. Porém é explícita a dependência dos entrevistados quanto a continuidade do

deferimento do benefício. Pois ao ser questionada sobre a possibilidade de pagamento de uma

previdência social não obteve-se resposta, ressaltando somente que realiza os

acompanhamentos da saúde.

Segundo Brasil (2009):

[...] Quando os beneficiários do PBF estão em uma área de cobertura do PSF, a

equipe do PSF tem que atuar formalmente, tendo a responsabilidade de oferecer

todos os serviços que estão relacionados às condicionalidade, enquanto a demanda

dos agentes comunitários de saúde devem, realizar visitas in loco domiciliares e

acompanhá-los ativamente nos cumprimentos das condicionalidades.

Após as análises das entrevistas verificou-se, que, todas as mães participantes

cumpriam a condicionalidade da saúde. Porém observou-se que o acompanhamento da

educação não possui o mesmo peso, ou seja, os cuidados com a saúde prolongam a vida,

assim, como o acesso ao beneficio, que lhes proporciona uma “significativa” segurança

financeira.

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Tabela 5. Valor do Benefício do PBF

Apesar de o conjunto de evidências até aqui apresentados, vemos que, as diferença de

valores dos benefícios são classificadas de acordo com as variáveis dos membros familiares.

De acordo com o Decreto nº 8.232, de 30 de abril de 2014, constituiu-se no reajuste de 10%

que em 1º junho de 2014, teve o aumento dos valores dos benefícios do Programa Bolsa

Família (PBF), além das linhas que se definem as situações de extrema pobreza e de pobreza.

Já o segundo aumento deu-se apartir 1º de Julho de 2016, onde o aumento médio de 9% nos

pagamentos do Bolsa Família, ou seja, a nova tabela vale para todos os tipos de benefícios,

como: Variável de 0 a 15 anos, Variável à Gestante, Variável Nutriz, Variável Jovem e

Superação da Pobreza. A fala da responsável da família Alessandra, nos remete a sensação de

estigma: (“Sou viúva e recebo somente R$116,00. Tenho conhecidas que tem marido e pega

mais dinheiro. É muito chato isso, tinha que ser só para quem realmente precisa”)

(26/11/2016). Observamos que a responsável da Família Maria Antônia está satisfeita com o

valor de seu benefício e acredita que o Programa Bolsa Família traz mais capabilidades para

sua família.

Família Valor R$ Tempo

Alessandra R$116,00 05 Anos

Rosaline R$163,00 01 Ano

Maria Antônia R$242,00 04 Anos

Luciana R$76,00 02 Anos

Tatiane

Jucineia

R$238,00

R$354,00

06 Anos

08 Anos

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Tabela 6. Motivos da Evasão Escolar

Quadro elaborado pela autora a partir dos dados coletados.

Podemos observar que diversos foram os motivos da evasão escolar das famílias

entrevistadas. Porém este fenômeno deu-se de forma mínima na instituição escolar, ou seja,

06 estudantes; porém não deixa de ser preocupante, uma vez que, o não cumprimento das

condicionalidades afeta, tanto o acesso ao conhecimento, quanto a transferência de renda.

Partindo deste contexto veremos a justificativa dada pela responsável quanto a evasão

escolar do filho de 16 anos.

Fala da família Alessandra:

“O meu filho estava bem na escola, mas começou o ajuntamento, e logo me

disseram que estava usando maconha. Ele passou a usar mais após a morte

do pai; não quis mais saber de escola e nem da família. Oro todo dia para ele

sair desta revolta” (23/11/2016).

A responsável da família Rosaline justificou a evasão escolar da filha de 15 anos:

Família

Motivo 1 Motivo 2

Alessandra Dependência

Química

Óbito na família

Rosaline Gravidez Infanto-

Juvenil

Dependência Química

Maria Antônia Exploração Sexual Dependência Química

Luciana Doença na

Família

Falta de interesse nos

Estudos

Tatiane

Jucineia

Fim de namoro

Separação dos

Pais

Dependência Química

Cumprimento de

medidas

socioeducativas

Trabalho de Conclusão de Curso

“Parece castigo, minha começou a ficar com um malandro e começou a

matar aula. Disseram-me que estava cheirando cola. Um dia veio me contar

que estava grávida e largou os estudos”) (25/11/2016).

Enquanto a responsável da família Maria Antônia relatou que a filha de 16 anos estava:

“Era um tal, mãe vou na casa da minha amiga, até que um dia á vi descendo

de um carrão, logo vieram as roupas; dei parte na delegacia e lá descobri

que ela também usava drogas. Quase morri de desgosto. O estudo já sabe...)

(26/11/2016).

Já a responsável da família Luciana ressaltou que:

“Minha filha tem 14 anos, e descobriu a diabetes início do ano, aí ela comia doce

direto e vivia internada, até que desistiu de estudar; ano que vem vou ficar em

cima” (23/11/2016).

Para a responsável da família Tatiane, seu filho de 16 anos evadiu da escola por:

“Você sabe como é, primeiro amor, deixei namorar, que arrependimento!

Quando a fulana terminou ficou triste, começou a usar maconha. Acho que

foi para esquecer namorada e também os estudos” (25/11/2016).

E finalizamos com a justificativa da responsável da familia Jucineia que relatou ter:

“Era muita briga e separamos. Um menino de 15 anos sem o pai presente.

Se revoltou e foi roubar um casal, e a PM prendeu ele. Ficou internado na

UNEI e não quis mais estudar”. (25/11/2016).

Vimos através das falas acima descritas que estes pais negligenciaram os direitos dos

filhos, e consequentemente tiveram seu benefício bloqueado, por descumprimento da

condicionalidade da Educação.

Conforme o Art. 27. As condicionalidades do Programa Bolsa Família previstas no

art. 3º da Lei no 10.836, de 2004, representam as contrapartidas que devem ser cumpridas

pelas famílias para a manutenção dos benefícios e se destinam a: I - estimular as famílias

beneficiárias a exercer seu direito de acesso às políticas públicas de saúde, educação e

assistência social, promovendo a melhoria das condições de vida da população;

De acordo BRASIL (2014), à falta de instrução, faz crianças e adolescentes serem obrigadas

a deixar a escola para trabalhar e ajudar a família, enquanto a falta de instrução perpetua a

pobreza, pois, sem instrução e qualificação, não há como entrar no mundo do trabalho e sair

dessa condição. A exclusão econômica resulta, por sua vez, em exclusão social e política.

Partindo deste contexto ressalta-se que:

[...] Os adolescentes evadem-se das instituições escolares, pelos mais variados

motivos, pois atualmente muitos trabalham no mercado informal, ou seja,

Trabalho de Conclusão de Curso

realizando bicos esporádicos como os serviços gerais, diaristas, entre outros para

ajudar na renda da familiar, foram reproduzindo o círculo vicioso e exclusão (Grifo

nosso).

Para Brasil (2014), pessoas negras, indígenas, pobres, mulheres etc. são grupos

socialmente considerados “minorias”. Assim como são discriminados e excluídos na escola,

isso também ocorre a tais grupos em outros âmbitos da vida social, principalmente com

relação à garantia de direitos e ao acesso a estes.

Tabela 7. Expectativas Futuras

Família RF (Responsável Familiar)

Alessandra TER ACESSO A CASA PRÓPRIA E

SOBREVIVER

Rosaline QUE OS FILHOS ESTUDEM PARA

TER SUCESSO

Maria Antônia ARRANJAR UM EMPREGO FORMAL

Luciana ENCAMINHAR OS FILHOS NA VIDA

Tatiane

Jucineia

PEGAR A CHAVE DA CASA

PRÓPRIA

REESTABELECER A SAÚDE PARA

CRIAR OS FILHOS

Quadro elaborado pela autora a partir dos dados coletados.

Ao observarmos a tabela acima, vemos que as expectativas futuras estão relacionadas

à moradia, emprego e saúde. Pois somente duas mães ressaltaram a importância de dar

continuidade nos estudos.

Brasil apud LEITE (2013, p. 139)

[...] traz outra possibilidade: a de voltarmos a ocupar nossas cidades, com nossas

crianças nas praças, nossos jovens nos parques, como os nossos bairros voltando a

ter a dimensão comunitária que os constituiu. Assim a circulação de crianças e

adolescentes pelas ruas do bairro, pelas praças, parques, museus faz com que

também os adultos comecem a olhar para estes espaços de outra forma, procurando

preservá-los, melhorá-los, para acolher esses novos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho obteve-se um conjunto de informações que nos permitiu maior

conhecimento a respeito do fenômeno da evasão escolar. Cada responsável familiar justificou

sua negligência por variados motivos, porém evidenciou-se a situação de violação de direitos

para com estes adolescentes.

Trabalho de Conclusão de Curso

Destacou-se em primeiro lugar a falta de escolaridade das mães entrevistadas, que não

possuem um posicionamento sobre a não continuidade do estudo no presente ano letivo. Em

segundo, foram destacadas as rendas derivadas do Programa Bolsa Família, pois ao mesmo

tempo em que as inclui, também as exclui, ou seja, transforma no comodismo de sua

realidade social, dando continuidade ao círculo de vicioso e exclusão de seus filhos. Por fim,

foram obtidas estimativas de expectativas onde duas famílias (Maria Antônio e Jucineia),

destacaram querer formar os filhos.

Acredita-se que os objetivos da pesquisa foram alcançados. Pode-se perceber que os

entrevistados possuem histórias de vida distintas; porém o que os diferencia são as

influências e os aspectos inseridos no contexto familiar. Pois, uma vez que a trajetória escolar

dos beneficiários é interrompida por aspectos de ordem econômica, social ou cultural, este

afeta a vida das pessoas simultaneamente de forma individual ou coletiva. Para que o

fenômeno da evasão escolar seja extinto é necessário desenvolver uma reflexão coletiva de

seus responsáveis através da inserção dos mesmos em grupos específicos, trabalhando sua

realidade, no intuito de criar capabilidades para mudá-la.

REFERÊNCIAS

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Diversidade e Inclusão (SECADI). Módulo Introdutório - Pobreza, desigualdades

e educação. Brasília, 2014. 37p.

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Diversidade e Inclusão (SECADI). Módulo I - Pobreza e Cidadania. Brasília, 2014. 94p.

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Diversidade e Inclusão (SECADI). Módulo II - Pobreza, Direitos Humanos,

Justiça e Educação. Brasília, 2014. 70p.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização,

Diversidade e Inclusão (SECADI). Módulo III - Escola: espaços e tempos de reprodução e

resistências da pobreza. Brasília, 2014. 13p.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização,

Diversidade e Inclusão (SECADI). Módulo IV - Pobreza e Currículo: uma complexa

articulação. Brasília, 2014. 60p.

Trabalho de Conclusão de Curso

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educação nacional.

BRASIL. Medida provisória n. 132 de 20 de outubro de 2003. Cria o Bolsa Família, 2003.

______; Presidência da República. Lei 10.836 de 9 de janeiro de 2004.

______; Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Matriz de

Informação Social. MDS de 2009.

______; Decreto nº 8.232, de 30 de abril de 2014.

MARX, Karl. O Capital. Crítica da Economia Política. Livro Primeiro. Tomo 2. Editora

Nova Cultural. São Paulo, 1996.

NETO, O. C. O trabalho de campo como descoberta e criação. In: MINAYO, M.C.S (Org) –

Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. Petrópolis, Vozes, 1994.

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Paulo: T.A Queiroz,1990.

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