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EDUCAÇÃO INFANTIL E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS: DESAFIOS E PERSPECTIVAS Autora: Maria Thaís de Oliveira Batista Graduanda do Curso de Pedagogia e Integrante do Grupo de Estudos e Pesquisas em Afetividade na Prática Docente/UAE/CFP/UFCG Email: [email protected] Co-autora: Cicera Alteniza Duarte de Castro Graduanda do Curso de Pedagogia e Integrante do Grupo de Estudos e Pesquisas em Afetividade na Prática Docente/UAE/CFP/UFCG Email: [email protected] Co-autora: Zildene Francisca Pereira Profª do Curso de Pedagogia/UAE/CFP/UFCG Coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Afetividade na Prática Docente/UAE/CFP/UFCG Email: [email protected] GT: 13- Formação de Professores e Práticas Pedagógicas Resumo O presente texto tem como objetivo refletir o processo de evolução da educação infantil no Brasil, considerando os seguintes aspectos: entrada da mulher no mercado de trabalho, mudança na constituição das famílias, mudanças nas concepções do ser criança, bem como as mudanças sociais, políticas e econômicas. Refletiremos, ainda, a importância das atividades práticas no processo de formação de professores para o trabalho na Educação Infantil sob a perspectiva de promover a integração teoria-prática no contexto escolar. Nessa visão relataremos o processo de elaboração de uma Oficina Pedagógica, enfatizando que esta é uma prática de grande importância para a compreensão do futuro educador, enquanto mediador da aprendizagem, frisando a importância dos jogos e brincadeiras para o

Educação Infantil e Práticas Pedagógicas Desafios e Perspectivas

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O presente texto tem como objetivo refletir o processo de evolução da educação infantil no Brasil, considerando os seguintes aspectos: entrada da mulher no mercado de trabalho, mudança na constituição das famílias, mudanças nas concepções do ser criança, bem como as mudanças sociais, políticas e econômicas. Refletiremos, ainda, a importância das atividades práticas no processo de formação de professores para o trabalho na Educação Infantil sob a perspectiva de promover a integração teoria-prática no contexto escolar. Nessa visão relataremos o processo de elaboração de uma Oficina Pedagógica, enfatizando que esta é uma prática de grande importância para a compreensão do futuro educador, enquanto mediador da aprendizagem, frisando a importância dos jogos e brincadeiras para o desenvolvimento da aprendizagem infantil, destacando a indissociabilidade do cuidar e educar. Ao final pontuaremos a relevância do Programa de Monitoria na contribuição da construção de saberes na formação da identidade docente.

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EDUCAO INFANTIL E PRTICAS PEDAGGICAS: DESAFIOS E PERSPECTIVAS

Autora: Maria Thas de Oliveira BatistaGraduanda do Curso de Pedagogia e Integrante do Grupo de Estudos e Pesquisas em Afetividade na Prtica Docente/UAE/CFP/UFCGEmail: [email protected] Co-autora: Cicera Alteniza Duarte de CastroGraduanda do Curso de Pedagogia e Integrante do Grupo de Estudos e Pesquisas em Afetividade na Prtica Docente/UAE/CFP/UFCGEmail: [email protected]

Co-autora: Zildene Francisca PereiraProf do Curso de Pedagogia/UAE/CFP/UFCG Coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Afetividade na Prtica Docente/UAE/CFP/UFCGEmail: [email protected]

GT: 13- Formao de Professores e Prticas Pedaggicas

ResumoO presente texto tem como objetivo refletir o processo de evoluo da educao infantil no Brasil, considerando os seguintes aspectos: entrada da mulher no mercado de trabalho, mudana na constituio das famlias, mudanas nas concepes do ser criana, bem como as mudanas sociais, polticas e econmicas. Refletiremos, ainda, a importncia das atividades prticas no processo de formao de professores para o trabalho na Educao Infantil sob a perspectiva de promover a integrao teoria-prtica no contexto escolar. Nessa viso relataremos o processo de elaborao de uma Oficina Pedaggica, enfatizando que esta uma prtica de grande importncia para a compreenso do futuro educador, enquanto mediador da aprendizagem, frisando a importncia dos jogos e brincadeiras para o desenvolvimento da aprendizagem infantil, destacando a indissociabilidade do cuidar e educar. Ao final pontuaremos a relevncia do Programa de Monitoria na contribuio da construo de saberes na formao da identidade docente.

Palavras-chave: Educao Infantil - Prtica - Formao docente - Brincar - Educar

Introduo Inicialmente, poderamos destacar que o processo de formao de professores para a Educao Infantil complexo por que aborda uma etapa de desenvolvimento do ser humano que tem muitas peculiaridades e o trabalho, nessa fase, implica um conjunto de saberes interdisciplinares que adquirimos durante toda a formao acadmica, mas no que se refere aos processos metodolgicos, citaremos, especificamente, as atividades vivenciadas na disciplina de Fundamentos e Metodologia da Educao Infantil II, que possibilitou a vivncia de vrios momentos de construo de saberes. Nessa perspectiva necessrio pontuarmos que as reflexes, contidas nesse escrito, constituem em um apanhado de conhecimentos indispensveis ao trabalho com crianas pequenas e podemos acrescentar que todas as discusses realizadas em sala contriburam significativamente para a formao da nossa identidade docente, propiciando, assim, a direo para uma prxis transformadora, consciente das particularidades da criana, enquanto ser em desenvolvimento. importante salientar que compreender a Educao Infantil como uma etapa singular que exige do educador uma viso global da criana, considerando todas as dimenses do processo educativo, bem como a interao entre o educar e o cuidar, alm de favorecer o trabalho do educador, possibilita a criao de estratgias para atender as especificidades do fazer pedaggico nessa fase e o/a professor/a dever estar atento a todas as especificidades que compem este ambiente formativo (KRAMER, 2009).Diante do exposto, faremos uma breve anlise sobre a vivncia de atividades prticas durante o processo de formao, frisando a importncia dos jogos e brincadeiras para o desenvolvimento da aprendizagem (KISHIMOTO, 1996), descrevendo as etapas de construo de uma oficina pedaggica, destacando o papel do monitor para realizao desse trabalho e para que seja possvel esta reflexo tomaremos por base o pensamento de OLIVEIRA, 2011, CRAYDY & KAERCHER, 2001 e outros tericos da formao de professores para a Educao Infantil.

Delineando uma anlise notria a crescente demanda diante da criao de creches e pr-escolas que surgem a todo tempo em nosso pas, para atender crianas de zero a seis anos de idade. Esta uma realidade que tende a se efetivar e est atrelada aos diversos acontecimentos histricos da sociedade em que vivemos. Podemos citar algumas mudanas significativas que fizeram com que a nossa sociedade fosse modificada ao longo dos tempos: alterao do papel da mulher, a partir da sua insero no mercado de trabalho como, tambm, as mudanas que surgiram na prpria estrutura familiar e na concepo do que ser criana na sociedade contempornea, dentre outras. A educao infantil que temos conhecimento nos dias atuais, a qual partilhada pela famlia, comunidade e escola, uma realidade bastante nova, pois,Por um bom perodo na histria da humanidade, no houve nenhuma instituio responsvel por compartilhar essa responsabilidade pela criana com seus pais e com a comunidade da qual estes faziam parte. Isso nos permite dizer que a educao infantil, como ns conhecemos hoje, realizada de forma complementar famlia, um fato muito recente. (CRAIDY y KAERCHER, 2001, p.13)

Podemos afirmar, mediante esta fala, que durante muito tempo a educao das crianas era responsabilidade, apenas, da famlia a qual estava inserida, no havia, ainda, nenhuma instituio que participasse dessa responsabilidade, cabia a me subsidiar a educao das crianas e ao pai cabia o dever de prover os recursos necessrios ao sustento da famlia, a partir do seu trabalho. Porm, com o passar do tempo a mulher ganhou espao na sociedade, saindo de sua at ento posio passiva diante da dinmica social, para outro posicionamento mais ativo, nos dias atuais. A mulher passa a se inserir no mercado de trabalho, a liderar espaos que antes eram, apenas, liderados por homens. As mulheres desde cedo saem procura de bons empregos, que possam subsidiar a renda familiar. Esse foi um dos fatores que influenciou de maneira significativa o surgimento das creches e pr-escolas, contando que [...] seu aparecimento tem sido muito associado com o trabalho materno fora do lar, a partir da revoluo industrial. Devemos lembrar, no entanto, que isso tambm esteve relacionado a uma nova estrutura familiar, a conjugal, na qual pai/me/seus filhos passaram a constituir uma nova norma, diferente daquelas famlias que se organizavam de forma ampliada, com vrios adultos convivendo num mesmo espao, possibilitando um cuidado que nem sempre estava centrado na figura materna. (CRAIDY y KAERCHER, 2001, p.14)

As novas configuraes familiares acarretaram mudanas diante da criao de creches e pr-escolas, crianas que at ento faziam parte de um tipo de estrutura familiar formada pelo pai, me, irmos, tios, avs entre outros, passam com o decorrer do tempo a se depararem com novas formas de composio das demais famlias: famlias monoparentais, na qual a criana se encontra sob a responsabilidade de uma s pessoa; as unies homossexuais, formada por duas mes, ou por dois pais, nas quais os sujeitos partilham o cuidado da criana, enfim, mudanas essas que fizeram, fazem ou deveriam fazer a diferena na prtica docente, pois alguns professores tendem a estereotipar os seus alunos tratando-os como sujeitos homogneos, sem levar em conta as diferenas existentes entre si.A concepo de criana e sua importncia na sociedade algo que foi se modificando com o passar dos tempos e de acordo com diferentes acontecimentos histricos. A criana antes era vista como um adulto em miniatura, no qual no tinha a oportunidade nem o direito de desfrutar desta fase, momento esse to importante para a sua formao, porm com a criao das creches e pr-escolas a criana passa a ser considerada como[...] o centro do interesse educativo dos adultos: comeou a ser vista como sujeito de necessidades e objeto de expectativas e cuidados, situada em um perodo de preparao para o ingresso no mundo dos adultos [...] (OLIVEIRA, 2002, p.62).

Foi a partir desses e de outros acontecimentos econmicos, polticos e sociais que surgiram as creches e pr-escolas na nossa sociedade, sendo efetivada, em parte, a importncia que antes no era dada ao momento especfico da infncia. As creches e pr-escolas passaram a ser vistas como alternativa de grande relevncia para o desenvolvimento infantil, saindo da posio de lugar que, apenas, abrigava crianas enquanto seus pais trabalhavam. Com a disponibilidade de creches e pr-escolas para a comunidade em geral, embora saibamos, ainda, ser pouco o nmero de instituies, os pais passaram a dispor de uma maior segurana para os seus filhos, enquanto seguem em sua jornada profissional diria no mercado de trabalho. As crianas passam a ter uma maior ateno por parte dessas instituies, a responsabilidade que at ento se dava, apenas, pela famlia, passa a ser compartilhada com outros indivduos capacitados para trabalhar com esse momento especfico da vida do ser humano, considerando a existncia de dois processos indissociveis: cuidar e educar como momentos imprescindveis de acompanhamento do desenvolvimento infantil. Podemos destacar que a criana necessita [...] de ateno, carinho, segurana, sem as quais elas dificilmente poderiam sobreviver. Simultaneamente, nesta etapa, as crianas tomam contanto com o mundo que as cerca, atravs das experincias diretas com as pessoas e com as coisas deste mundo e com as formas de expresso que nele ocorrem. (CRAIDY y KAERCHER, 2001 p.16)

importante que as instituies e os profissionais que nela esto presentes procurem desmistificar a ideia da existncia de um trabalho assistencialista por parte das creches e pr-escolas, mas imprescindvel que seja levado em considerao a existncia de um trabalho voltado para o cuidar, ou seja, que sejam supridos os cuidados bsicos que a criana necessita, como: o sono, a alimentao, a higiene e o lazer, pois nem sempre dada a real importncia para a existncia de uma educao de qualidade que estimule uma aprendizagem individualizada. Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educao Infantil asPolmicas sobre cuidar e educar, sobre o papel do afeto na relao pedaggica e sobre educar para o desenvolvimento ou para o conhecimento tm constitudo, portanto, o panorama de fundo sobre o qual se constroem as propostas em educao infantil. (BRASIL, 1998, p.18)

dever do professor, levar em considerao esses dois processos cuidar e educar de forma complementar, dispondo de momentos de brincadeiras, de troca de experincias, de interao, de cuidados, de ateno, de carinho, que provoque e estimule a aprendizagem das crianas e subsidie na sua formao individual, na busca da sua identidade, contribuindo, assim, para o seu desenvolvimento integral, considerando as dimenses afetiva, cognitiva e motora. Faz-se necessrio compreendermos que Cuidar (BRASIL, 1998) subsidiar o desenvolvimento das capacidades individuais das crianas em fase de crescimento e que Educar Propiciar situaes de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relao interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude bsica de aceitao, respeito e confiana, e o acesso, pelas crianas, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. (BRASIL, 1998, p.23)

Sendo assim, caber as instituies dispor de profissionais capacitados, aptos a trabalhar da melhor forma possvel, com responsabilidade e dedicao. O tempo e o espao no cotidiano da instituio tambm um aspecto que merece ateno, pois se faz necessrio que haja uma adaptao do trabalho desempenhado pelos docentes para favorecer um melhor desenvolvimento da criana e ela possa se sentir segura, acolhida e respeitada para fazer parte da comunidade a qual est inserida.Podemos pontuar que a organizao do tempo e do espao na educao infantil requer um olhar aguado e analtico de todo o processo que vivenciado no ambiente escolar, especialmente levando em considerao que a criana necessita de uma rotina necessria ao seu desenvolvimento pessoal e coletivo, por queOrganizar o cotidiano das crianas na Escola Infantil pressupe pensar que o estabelecimento de uma sequencia bsica de atividades dirias , antes de mais nada, o resultado da leitura que fazemos do nosso grupo de crianas, a partir, principalmente, de suas necessidades. importante que o educador observe do que as crianas brincam, como estas brincadeiras se desenvolvem, o que mais gostam de fazer, em que espaos preferem ficar, o que lhe chama mais ateno, em que momento do dia esto mais tranquilos ou mais agitados. (CRAIDY y KAERCHER, 2001, p.67)

De acordo com as autoras mencionadas vimos que necessrio que haja uma reflexo acerca da organizao do tempo e do espao na educao infantil, pois, antes de tudo, os professores devem analisar que esto lidando com diferentes crianas, com opinies, personalidades e comportamentos distintos umas das outras e, acima de tudo, devem adaptar e organizar da melhor forma a rotina dos alunos atendendo as suas particularidades de socializao, conhecimentos diversificados e criatividade, pois uma boa organizao Considerada como um instrumento de dinamizao da aprendizagem, facilitador das percepes infantis sobre o tempo e o espao, uma rotina clara e compreensvel para as crianas fator de segurana. A rotina pode orientar as aes das crianas, assim como dos professores, possibilitando a antecipao das situaes que iro acontecer. (BRASIL, 1998, p.73)

O trabalho desenvolvido nas creches e pr-escolas dever acontecer de forma que atenda as necessidades das crianas presentes. Para que o cotidiano no se torne algo montono e desestimulante necessrio que o professor procure inovar sua prtica pedaggica, tendo um contato com um maior nmero de experincias, que o auxilie na busca de novos conhecimentos e de novas metodologias para se trabalhar diferentes temas de forma ldica e reflexiva na sala de aula. Para que esse trabalho seja vivel, caber aos cursos de formao de professores, formar profissionais reflexivos e crticos, capazes de criar situaes que estimulem de forma harmnica, a aprendizagem, a criatividade e melhore o desempenho educacional dos estudantes para que esta maneira de pensar e agir diante das especificidades da pr-escola e/ou da creche seja revertido em uma educao de boa qualidade para as crianas que sero acompanhadas por ns educadores. A partir desta reflexo, inicial, acerca das especificidades da Educao Infantil, podemos destacar o foco principal desse trabalho que um relato da importncia da realizao de Oficinas Pedaggicas em escolas pblicas, sua organizao, execuo e avaliao, por alunas do Curso de Pedagogia, com o intuito de fornecer suporte terico-metodolgico aos professores participantes das oficinas e que j atuam na rea de educao infantil h um bom tempo. Podemos dizer que oTrabalho direto com crianas pequenas exige que o professor tenha uma competncia polivalente. Ser polivalente significa que ao professor cabe trabalhar com contedos de naturezas diversas que abrangem desde cuidados bsicos essenciais at conhecimentos especficos provenientes das diversas reas do conhecimento. Este carter polivalente demanda, por sua vez, uma formao bastante ampla do profissional que deve tornar-se, ele tambm, um aprendiz, refletindo constantemente sobre sua prtica, debatendo com seus pares, dialogando com as famlias e a comunidade e buscando informaes necessrias para o trabalho que desenvolve. (BRASIL, 1998, p. 41)

Podemos dizer que professores de educao infantil necessitam de boas orientaes para desempenharem o seu trabalho junto s crianas, especialmente considerando as mudanas existentes no prprio contexto educacional e nada melhor do que unir essas duas esferas Escola e Universidade em busca dos mesmos objetivos, no qual alunos de cursos de Licenciaturas possam fornecer suporte terico-metodolgico aos professores participantes da oficina, com novas formas de pensar e desenvolver a aprendizagem dos alunos diante de diferentes assuntos e, ao mesmo tempo, fazer com que os professores subsidiem, a formao de alunos do Curso de Pedagogia, a partir do contato com o espao educacional, interao com os mais diferentes sujeitos e experincias, advindas da troca de conhecimentos disponibilizados pela realizao das Oficinas. notrio que muitos alunos que frequentam o Curso de Pedagogia, ainda, no possuem experincia em sala de aula que no seja apenas como aluno/a e esse um bom momento para reafirmar as escolhas que fizeram, pois o primeiro contato com o cotidiano da sala de aula e da instituio em si, acaba sendo uma situao diferente do que vivenciado apenas nas aulas na Universidade. nessa hora que a formao ressignificada por cada um dos sujeitos envolvidos na prtica educativa.

Metodologia

Para uma melhor compreenso dessa experincia com Oficinas Pedaggicas, necessrio compreender e analisar desde o incio, desde o Pensar, o Estudar, at a Execuo e Avaliao das Oficinas. Dispomos a seguir de modo sintetizado, as principais informaes necessrias para a construo desse trabalho de interveno metodolgica na rea de educao infantil, junto aos professores de escolas pblicas municipais da cidade de Cajazeiras/PB.A oficina pedaggica era requisito da disciplina de Fundamentos e Metodologia da Educao Infantil II, sob a coordenao da Professora Dra. Zildene Pereira. Esta disciplina tem uma carga horria de 90h/a distribudas da seguinte forma: 60h/a tericas e 30h/a prticas. Neste momento que vivenciamos a experincia do encontro direto com a escola bsica.Pensar na realizao de um projeto de oficina pedaggica deve ser analisado, planejado e elaborado, pois, um projeto como esse, pode acarretar mudanas significativas no trabalho de muitos profissionais da rea da educao, como, tambm, para os alunos que esto frente da sua execuo. O desenrolar desse trabalho com oficinas pedaggicas vai desde o pensar em possveis temas que sejam relevantes para um estudo mais aprofundando, temas atuais, que instigue os sujeitos elaboradores do projeto, ao hbito de contnuas leituras, para que, assim, favorea uma melhor qualidade em torno da construo e execuo dos projetos. Um trabalho como esse envolve a participao de diversos sujeitos, que vo desde os alunos participantes ativos na elaborao e execuo das oficinas pedaggicas o professor ministrante da disciplina, os professores de educao infantil participantes das oficinas, at o prprio corpo administrativo dos dois mbitos, ou seja, a Universidade e a Escola. Lembrando que todo o trabalho a ser desenvolvido em torno da elaborao do projeto e da execuo das oficinas, deve acontecer de forma interdisciplinar, visando, assim, uma maior participao de todos os sujeitos e das diferentes reas do conhecimento, proporcionando, com isso, um aprendizado mais significativo e eficaz, sabendo que Para que as crianas possam compreender a realidade na sua complexidade e enriquecer sua percepo sobre ela, os contedos devem ser trabalhados de forma integrada, relacionados entre si. Essa integrao possibilita que a realidade seja analisada por diferentes aspectos, sem fragment-la. (BRASIL, 1998, p.53, 54)

O trabalho de integrao dos contedos de forma interdisciplinar de grande importncia para o processo de aprendizagem dos sujeitos, pois estes podero em diversas situaes, analisar e refletir a temtica em discusso por vrios ngulos, sob diferentes olhares. Podero aprender o mesmo assunto sob a perspectiva de diferentes reas do conhecimento e com isso cada uma dessas reas poder contribuir de alguma forma no desenvolvimento da aprendizagem dos alunos.Depois de pensada a oficina e suas especificidades, surgiram possveis temas e determinamos o pblico alvo. A segunda parte desse trabalho foi escrita do projeto em que os grupos de alunos reunidos entre si de acordo com cada tema sentam-se para discutir e desenvolver todo o corpo do projeto, fazendo um levantamento bibliogrfico acerca do tema escolhido, trabalhando na construo de uma justificativa para a realizao de tal oficina, deixando claro quais so os objetivos propostos pela mesma, como, tambm, a metodologia a ser utilizada e, por fim, a escrita do referencial terico e consideraes finais.A terceira parte do trabalho em torno da realizao de oficinas pedaggicas foi a sua execuo com um determinado pblico professores de Educao Infantil. A partir desse momento no h, apenas, o envolvimento dos alunos participantes da construo do projeto e da professora ministrante da disciplina, mas, tambm, dos reais interessados nesse trabalho, que so professores que j atuam na rea da educao na escola pblica. nesse momento que os alunos participantes da construo e execuo dos projetos tm o primeiro contato com os professores inscritos nas oficinas para participar da explanao do contedo e da construo do que foi previamente planejado pelos ministrantes. Essa uma hora de grande interao entre os alunos e professores participantes, pois o momento em que podero se conhecer, e em seguida trocarem diversas experincias sobre o dia-a-dia na sala de aula como, tambm, sobre a experincia em torno da descoberta de novas metodologias para se trabalhar com crianas. Supomos ser este um momento de grande importncia em torno de todo esse processo, pois ambas as partes ganham a partir da troca de experincias.Vale salientar que um dos focos principais desse trabalho foi desenvolver todas as atividades propostas nas oficinas de forma ldica, a partir da construo de jogos e brinquedos educativos. Por defendermos que o ldico importante no trabalho a ser desenvolvido pelos professores de Educao Infantil, junto s crianas, nas creches e pr-escolas, pois Para que as crianas possam exercer sua capacidade de criar imprescindvel que haja riqueza e diversidade nas experincias que lhes so oferecidas nas instituies, sejam elas mais voltadas s brincadeiras ou s aprendizagens que ocorrem por meio de uma interveno direta. (BRASIL, 1998, p. 27)

a partir da experincia com jogos e brincadeiras que as crianas expressam e efetivam as suas habilidades e capacidades individuais, e consequentemente, subsidiam o trabalho desenvolvido pelo professor, dando a oportunidade de uma maior abertura para que o mesmo conhea-os. Para isso o professor deve entender a criana, do que ela gosta de brincar, como ela brinca, o quo importante para ela o contato com diferentes tipos de jogos e brincadeiras, e o mais importante, oportunizar o direito de brincar.Podemos dizer, mediante as leituras realizadas durante todo o semestre, que o projeto curricular das creches e pr-escolas deve visar integrao da educao, do cuidado como, tambm, do brincar no cotidiano dos alunos, pois ambos so de extrema importncia para o desenvolvimento infantil e o professor deve ser aquele que auxilia essa experincia das crianas juntos aos jogos e brincadeiras, dando liberdade para que haja uma maior expresso de sentimentos e vivncias. necessrio que o professor, enquanto mediador das atividades realizadas em sala de aula, analise que no[...] ato de brincar, os sinais, os gestos, os objetos e os espaos valem e significam outra coisa daquilo que aparentam ser. Ao brincar as crianas recriam e repensam os acontecimentos que lhes deram origem, sabendo que esto brincando. (BRASIL, 1998, p.27).

Tendo em vista essa compreenso, os conhecimentos prvios trazidos pelos alunos, ganham relevncia em todo esse processo, pois ao longo do seu contato junto aos diferentes tipos de jogos e brincadeiras, a criana expressar aspectos de sua cultura, do grupo social o qual est inserido e caber ao professor estar atento a diversidade de interaes e conhecimentos vividos na sala de aula, em torno das diversas situaes. Interaes dos mais diversos tipos, que vo desde a interao com o prprio professor, com os demais colegas como, tambm, com os brinquedos e materiais que so disponibilizados em sala de aula, fazendo com que se preserve cada vez mais a cultura ldica no espao educacional.Ao final desse trabalho de Oficinas Pedaggicas para profissionais de escolas pblicas, fizemos uma avaliao acerca da vivncia disponibilizada por esse momento de convvio entre professores da rede pblica municipal e alunos do Curso de Pedagogia. Fizemos uma anlise em torno do que foi objetivado e planejado previamente, observando se o trabalho obteve xito e se acarretou, de alguma forma, em uma significativa mudana na nossa jornada enquanto alunos do Curso de Pedagogia como, tambm, no trabalho desenvolvido pelos professores de Educao Infantil.

Consideraes Finais

Considerando todos os aspectos apresentados at aqui, durante o processo de construo e execuo de uma oficina pedaggica, necessrio acrescentar a importncia do monitor da disciplina para a realizao de um trabalho dessa natureza, trabalho que envolve elementos diversos do fazer pedaggico. O monitor representa o elo de ligao, entre o professor ministrante da disciplina e os discentes, promovendo a interao entre os contedos trabalhados e as atividades exigidas, sendo um articulador e mediador entre os discentes, considerando que j vivenciou o aprendizado da disciplina num momento anterior. Com isso, favorece o desenvolvimento da aprendizagem na disciplina, bem como a contextualizao dos assuntos na composio de atividades prticas no contexto escolar. Assim, podemos concluir que todas as discusses realizadas durante a vivncia em sala e nos demais espaos da academia possibilitam o crescimento intelectual e a formao da identidade docente no decorrer do processo educativo.A experincia da realizao de oficinas pedaggicas em escolas pblicas durante o perodo de formao docente de extrema importncia tanto para ns enquanto alunos do Curso de Pedagogia, quanto para os prprios professores participantes das atividades disponibilizadas na elaborao e execuo das oficinas. Esperamos que todo e qualquer tipo de interao, auxilie educadores e futuros educadores na busca de novas formas, novos mtodos e na compreenso de teorias que nos faam pensar determinadas situaes vivenciadas no ambiente escolar, especialmente considerando essa gama de mudanas existentes no modelo de sociedade que temos hoje. Almejamos que estas atividades nos subsidiem no comprometimento e entendimento do desenvolvimento integral das crianas e que estas sejam consideradas verdadeiramente sujeitos importantes do processo educativo.

Referncias Bibliogrficas

BRASIL. Secretaria da Educao Fundamental. Referencial curricular nacional para a educao infantil/ Ministrio da Educao e do Desporto. Braslia: MEC/SEF, 1998.

CRAIDY, C. M. e KAERCHER, G. E. P. da S. (Orgs.). Educao Infantil: pra que te quero? Porto Alegre: Artmed, 2001.KRAMER, S. (Org.). Retratos de um desafio. Crianas e adultos na educao infantil. So Paulo: tica, 2009.

KISHIMOTO, T. M. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educao. So Paulo. Cortez, 1996.

OLIVEIRA, Z. R. de. Educao infantil: fundamentos e mtodos. So Paulo: Cortez, 2002. (Coleo Docncia em Formao).