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EDUCAÇÃO NUTRICIONAL NA ESCOLA DO PRIMEIRO GRAU EM PERNAMBUCO (BRASIL): DIAGNÓSTICO* Eronides da Silva Lima** Emilia Aureliano de Alencar Monteiro*** Astrogilda Paes de Andrade**** LIMA, E. da S. et al. Educação nutricional na escola do primeiro grau em Pernambuco (Brasil): diagnóstico. Rev. Saúde públ., S. Paulo, 19:508-20, 1985. RESUMO: Objetivou-se estudar a situação da educação nutricional na escola do primeiro grau em Pernambuco, Brasil. Um total de 761 crianças (391 de escolas públicas e 370 de escolas privadas) foram observadas em várias escolas da área metropolitana de Recife. Para avaliar o conhecimento de nutrição das crianças, foi utilizado um questionário. As crianças das escolas primárias privadas mostra- ram maior conhecimento de nutrição que aquelas das escolas públicas. Entretanto, todas as crianças mostraram interesse em aprender mais sobre nutrição e a sele- ção de tópicos foi a mesma para ambos os tipos de escolas. As opiniões dos 111 professores consultados sobre a matéria coincidiram com aquelas dos estudantes, fato que confirma a inexistência de um conteúdo sistematizado de ensino em nutri- ção na escola do primeiro grau em Pernambuco. UNITERMOS: Criança, nutrição. Educação em saúde. Escolares. * Parte da dissertação intitulada "Educação Nutricional na Escola do Primeiro Grau: Uma Pro- posição para Pernambuco", apresentada ao Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Pernambuco, para obtenção do grau de mestre em Nutrição e Saúde Pública, em 1984. Trabalho apresentado no VII Congresso Latinoamericano de Nutrición, Brasília, DF, em novem- bro de 1984. ** Do Departamento de Nutrição e Saúde da Universidade Federal de Viçosa — Av. P.H. Rolfs, s/n.° 36.570 Viçosa, MG — Brasil. *** Do Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Pernambuco — Av. Prof. Moraes Re- go, s/n. o 50.000 Recife, PE — Brasil. **** Do Departamento de Métodos e Técnicas de Ensino da Universidade Federal de Pernambuco Av. Prof. Moraes Rego, s/n. o _ 50.000 Recife, PE — Brasil. INTRODUÇÃO Na atualidade, a educação é dirigida fundamentalmente à formação de indiví- duos que se adaptem cada vez mais às condições de trabalho e sejam capazes de mudar seu comportamento frente às mutações sociais 8 . Como outras práticas sociais, a educação atua sobre a socieda- de em dois sentidos: no desenvolvimento das forças produtivas e dos valores cultu- rais 2,3 . Por outro lado, o ambiente social, seu desenvolvimento e transformações, de- termina os tipos de educação e, conse- qüentemente, sua evolução. A forma co- mo os homens organizam a produção dos bens com os quais mantêm a vida deli- mita "como" e "para que" um ou outro tipo de educação é criado e posto a fun- cionar 3 . Da compreensão dos processos sociais dessa estrutura de relações tem se in- fluenciado a concepção das práticas edu- cativas institucionalizadas. A escola se configura como seletiva e classificadora dos indivíduos. Os bens culturais são pro- duzidos e manipulados pelos grupos do- minantes e impostos aos indivíduos de modo a serem reconhecidos como corre- tos, legítimos. Quanto à reprodução das categorias sociais de produção, a escola

EDUCAÇÃO NUTRICIONAL NA ESCOLA DO PRIMEIRO GRAU … · mente estranhas à classe trabalhadora. Evidentemente, isto acarreta uma "mar- ... as comidas típicas da Região, quando

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EDUCAÇÃO NUTRICIONAL NA ESCOLA DO PRIMEIRO GRAUEM PERNAMBUCO (BRASIL): DIAGNÓSTICO*

Eronides da Silva Lima**Emilia Aureliano de Alencar Monteiro***Astrogilda Paes de Andrade****

LIMA, E. da S. et al. Educação nutricional na escola do primeiro grau em Pernambuco(Brasil): diagnóstico. Rev. Saúde públ., S. Paulo, 19:508-20, 1985.

RESUMO: Objetivou-se estudar a situação da educação nutricional na escola doprimeiro grau em Pernambuco, Brasil. Um total de 761 crianças (391 de escolaspúblicas e 370 de escolas privadas) foram observadas em várias escolas da áreametropolitana de Recife. Para avaliar o conhecimento de nutrição das crianças,foi utilizado um questionário. As crianças das escolas primárias privadas mostra-ram maior conhecimento de nutrição que aquelas das escolas públicas. Entretanto,todas as crianças mostraram interesse em aprender mais sobre nutrição e a sele-ção de tópicos foi a mesma para ambos os tipos de escolas. As opiniões dos 111professores consultados sobre a matéria coincidiram com aquelas dos estudantes,fato que confirma a inexistência de um conteúdo sistematizado de ensino em nutri-ção na escola do primeiro grau em Pernambuco.

UNITERMOS: Criança, nutrição. Educação em saúde. Escolares.

* Parte da dissertação intitulada "Educação Nutricional na Escola do Primeiro Grau: Uma Pro-posição para Pernambuco", apresentada ao Departamento de Nutrição da Universidade Federalde Pernambuco, para obtenção do grau de mestre em Nutrição e Saúde Pública, em 1984.Trabalho apresentado no VII Congresso Latinoamericano de Nutrición, Brasília, DF, em novem-bro de 1984.

** Do Departamento de Nutrição e Saúde da Universidade Federal de Viçosa — Av. P.H. Rolfs, s/n.°— 36.570 — Viçosa, MG — Brasil.

*** Do Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Pernambuco — Av. Prof. Moraes Re-go, s/n.o — 50.000 — Recife, PE — Brasil.

**** Do Departamento de Métodos e Técnicas de Ensino da Universidade Federal de Pernambuco —Av. Prof. Moraes Rego, s/n.o _ 50.000 — Recife, PE — Brasil.

INTRODUÇÃO

Na atualidade, a educação é dirigidafundamentalmente à formação de indiví-duos que se adaptem cada vez mais àscondições de trabalho e sejam capazesde mudar seu comportamento frente àsmutações sociais8. Como outras práticassociais, a educação atua sobre a socieda-de em dois sentidos: no desenvolvimentodas forças produtivas e dos valores cultu-rais2,3.

Por outro lado, o ambiente social, seudesenvolvimento e transformações, de-termina os tipos de educação e, conse-qüentemente, sua evolução. A forma co-mo os homens organizam a produção dos

bens com os quais mantêm a vida deli-mita "como" e "para que" um ou outrotipo de educação é criado e posto a fun-cionar3.

Da compreensão dos processos sociaisdessa estrutura de relações tem se in-fluenciado a concepção das práticas edu-cativas institucionalizadas. A escola seconfigura como seletiva e classificadorados indivíduos. Os bens culturais são pro-duzidos e manipulados pelos grupos do-minantes e impostos aos indivíduos demodo a serem reconhecidos como corre-tos, legítimos. Quanto à reprodução dascategorias sociais de produção, a escola

desempenha o papel de formadora dasforças de trabalho, contribui para a di-visão em classes e manter as condiçõesideológicas de dominação7,8. Tais aspec-tos têm levado alguns educadores a le-vantar críticas sobre se a atual estru-tura da educação é dirigida contra oua favor do homem2,3.

Cunha5 afirma que o acesso à escolajá não atinge a todas as crianças de 7anos na primeira série e conclui que ossetores de mais baixa renda da socieda-de brasileira tem menos chance de en-trar na escola e/ou entram tardiamenteem escolas de mais baixa qualidade.

Outros educadores têm admitido aexistência de grandes diferenças na qua-lidade do ensino, entre escolas públicase privadas. Ceccon e col.4 ressaltam quetanto o conteúdo quanto as disciplinas sãofamiliares às crianças da classe dominantee das camadas médias, porém absoluta-mente estranhas à classe trabalhadora.Evidentemente, isto acarreta uma "mar-ginalização cultural" cujos efeitos provo-cam nas crianças a convicção de quefracassaram porque são menos dotadose inteligentes que outras4,5. Reafirma-seentão a conclusão de que a escola nãoé igual para todos, como pretende ser.

Admite-se, por outro lado, que o se-tor educação está estreitamente vincula-do à saúde e que a educação em saúdedeve ser considerada parte integrante doprocesso educacional global10. A educa-ção também tem sido incluída no estudodos fatores que interferem no estado nu-tricional das populações6,9,11,12. Confor-me Angove1, a UNESCO sugere que aeducação em nutrição serve à sociedadeem dois aspectos: como uma força con-servadora que mantém a viabilidade dacultura, e como uma força inovadoraque contribui para o ajustamento aosproblemas atuais. Propõe a implementa-ção da educação nutricional nas institui-ções educativas formais.

Dispõe-se de definições e recomenda-ções pouco claras a respeito do papel daeducação nutricional na melhoria da ali-mentação e, consequentemente, do esta-do nutricional. Todavia, é possível pres-supor que da constante adaptação doshomens às circunstâncias que criaram,no caso, as condições de acesso aos ali-mentos surgem situações contraditórias,que são facilmente perceptíveis nas doen-ças decorrentes do excesso de consumoe naquelas ocasionadas pela carência ali-mentar. Trata-se de questionar que tiposde valores orientam e servem essa socie-dade para que tal contradição seja umfato. Questões como alimentação e saú-de são pouco definidas e os próprios ter-mos sociais, econômicos e políticos nãose separam nitidamente.

É dentro desse contexto que a socie-dade brasileira precisa de permanente ati-tude crítica a fim de se integrar supe-rando a simples atitude de acomodação.Segundo Freire7 "a integração resulta dacapacidade de ajustar-se à realidade,acrescida de transformá-la".

O presente trabalho teve como obje-tivo estudar a situação da educação nu-tricional no conteúdo de "Programas deSaúde" vigente na Escola do Primeirograu em Pernambuco.

METODOLOGIA

Estudou-se o material referente aocurso de primeiro grau e realizou-se ava-liação do nível de conhecimento dos alu-nos da oitava série, bem como a sua te-mática em função de objetivos de ensinoem nutrição previamente definidos notrabalho, como segue:

— Relacionar os conceitos básicos danutrição e saúde.

— Identificar os nutrientes e sua fun-ção no organismo.

— Empregar medidas higiênicas adequa-das à boa preservação dos alimentos.

— Caracterizar e selecionar uma dietaadequada.

— Valorizar os hábitos alimentares daregião compatíveis com os fundamen-tos da nutrição.

— Selecionar técnicas de preparo e coc-ção adequadas para os alimentos re-lacionados ao hábito alimentar regio-nal.

— Reconhecer as doenças nutricionaiscomo problema de saúde pública.

— Identificar os Programas Nacionaisde Alimentação e Nutrição.

— Reconhecer a importância da partici-pação comunitária como meio de ga-rantir o acesso a uma dieta adequada.

Sondagem de opiniões foi realizadacom docentes, sobre aspectos gerais denutrição e saúde em conexão com "Pro-gramas de Saúde" vigente na escola.

Dimensão, seleção da amostrae operacionalização

A pesquisa envolveu 391 alunos dasescolas públicas e 370 alunos das esco-las privadas da área metropolitana deRecife, na faixa etária média de 14 anos.A amostra foi dimensionada dentro dolimite de precisão de 5% e nível de con-fiança de 95%.

Já no caso dos docentes estimou-seuma amostra de 370 professores abran-gendo apenas os das escolas públicas,obedecendo o mesmo critério adotado pa-ra os alunos. Por motivos circunstanciaisapenas 111 foram abordados.

Aplicou-se questionário composto de37 questões, sendo 35 referentes às áreasdo conhecimento em função dos obje-tivos fixados, e 2 envolvendo o conteú-do de nutrição que a escola ensina, bemcomo as expectativas sobre o que maisgostaria de aprender.

Foram sorteadas seis escolas públicasdos DERE Norte e Sul (DepartamentosRegionais de Educação), obtendo-se umaturma de alunos por escola. As escolasprivadas foram selecionadas de modo arepresentar o mais elevado nível sócio-econômico-cultural e de ensino.

A sondagem dos docentes ocorreu si-multaneamente à dos alunos, e o ques-tionário foi composto de 4 questões.

Tratamento dos dados

Após coleta dos dados, apurou-se umtotal de 761 questionários e empregou-se o teste do qui-quadrado para análiseestatística tomando como referência onível de significância de 1%.

Para as questões objetivas de múltiplaescolha nas quais a resposta correta se-ria uma única das alternativas propos-tas, considerou-se respectivamente o to-tal de acertos e o total de erros (incluin-do-se neste, também a alternativa nãosabe e as omissões). Nas questões obje-tivas de resposta curta (o aluno escreveua resposta) adotou-se o mesmo critério(questões 2, 3, 19, 27 e 34).

Entretanto, nas questões de respostalivre (22, 23, 24, 25, 33, 36 e 37) nãose adotou o critério acima, excluindo doteste estatístico os alunos que não decla-raram suas opiniões.

RESULTADOS E CONCLUSÕES

Os resultados são apresentados e dis-cutidos, bem como interpretados, confor-me os grupos pesquisados: alunos dasescolas públicas e privadas e docentes.É importante ressaltar que o questionárioconstituiu um bom recurso incentivador,vez que levantou problemas de nutriçãoinerentes à realidade dos alunos, desper-tando seu interesse.

Como se observa na Tabela l, os alu-nos das escolas públicas estão em situa-ção desvantajosa quanto ao conhecimen-to dos conceitos básicos de nutrição.

Percebe-se na Tabela 2 que ambos osgrupos apresentam relativamente a mes-ma dificuldade em identificar o valor nu-tritivo e a função dos alimentos, fatoque pode interferir no processo de sele-ção dos mesmos.

Na Tabela 3 nota-se que ambos têmnoções sobre as necessidades nutricio-nais, porém o grupo das escolas públi-

cas mostra maior dificuldade em sele-cionar os nutrientes que compõem umadieta adequada, bem como os alimentosmais nutritivos.

É evidente na Tabela 4 que os alunosdas escolas públicas não conhecem bemas comidas típicas da Região, quandocomparados à vantagem apresentada pe-lo grupo das escolas privadas.

Há uma tendência dos grupos (Ta-bela 5) à valorização dos hábitos alimen-tares da região, pela exclusão dos ali-mentos industrializados que constituiamuma das opções; entretanto, o grupo dasescolas privadas tende a uma maior va-riabilidade nas preferências alimentares.

A Tabela 6 apresenta um componen-te da lista dos tabus alimentares que jáfoi "apreendido" pelos adolescentes detal modo que já pode ser consideradoparte integrante de seu contexto sócio-cultural. Tal evidência foi mais acentua-da nos alunos das escolas públicas.

Os grupos mostraram grande resistên-cia à mudança de hábitos (Tabela 7), pa-recendo importante o conhecimento dovalor nutritivo do alimento substituto pa-ra os alunos das escolas públicas.

Conforme as Tabelas 8 e 9, os alunosselecionam corretamente as medidas hi-

giênicas e de conservação dos alimentos,sendo que o grupo das escolas públicasevidencia melhor o modo mais adequadode conservar o leite, perdendo pontos pa-ra o outro grupo quanto à forma maisadequada de ingerir as frutas.

A Tabela 10 permite observar que osrespectivos grupos identificam bem a des-nutrição como problema de Saúde Públi-ca, entretanto, o grupo das escolas pú-

blicas não conhece tão bem as causasda desnutrição, estando o outro grupomelhor informado.

Os grupos expressam de forma seme-lhante suas opiniões (Tabela 11) quanto àpreocupação governamental com o pro-blema da alimentação e nutrição, sendoque 80% e 76% dos respectivos gruposque acreditam haver "preocupação gover-namental", acham que o governo "querajudar"; 58% dos dois grupos que acredi-tam não haver "preocupação governa-mental" acham que os governantes "sópensam neles".

A Tabela 12 indica resultados seme-lhantes em ambos os grupos de alunos,e sugere que eles não conhecem os Pro-gramas Nacionais de Alimentação e Nu-trição existentes, fato que adquire maiorrepercussão nos alunos das escolas pú-blicas que constituem o grupo vulnerá-vel beneficiado pelo Programa da Me-renda Escolar.

Conforme a Tabela 13 os alunos ado-

tam a mesma posição quanto a medida

mais correta para enfrentar o problema

da desnutrição (proporcionar condições

para que o homem adquira e utilize os

alimentos de forma adequada).

O conteúdo de nutrição que a escola

ensina atualmente foi classificado pelos

alunos (Tabela 14) como "insuficiente"

e "regular", dado confirmado na questão

sobre o que mais gostaria de aprenderna área de nutrição (Tabelas 15 e 16).

A diferença encontrada em 12 ques-tões (40% das questões cognitivas), afavor dos alunos das escolas privadas,permite inferir que esse grupo tem maiorconhecimento dos temas apresentados.Tal diferença tem maior relação com adessemelhança nos níveis sócio-econômi-co-culturais dos grupos, embora seja evi-dente a diferenciação na qualidade deensino dos dois tipos de instituições edu-cativas.

No caso dos docentes pode-se concluirque estão atentos aos problemas nutri-cionais (Tabelas 17 e 18) e elevado per-centual acredita que o conteúdo de "Pro-gramas de Saúde" vigente na escola temcontribuído para a saúde do escolar (Ta-bela 19). Os docentes optaram pela nu-trição como a segunda área de estudoque deve receber melhor enfoque na es-cola (Tabela 20) principal ponto de coe-rência com os resultados obtidos dosalunos.

Com base nesses achados e no estudoda Proposta Curricular de Ciências quecontém "Programas de Saúde"13, con-clui-se que é preciso redefinir os ob-jetivos e conteúdos dessa área, de mo-do a representar fatos concretos da re-gião, em suas relações de causa-efeito

dentro do contexto social geral. Dessemodo, a educação em saúde abrangeriatemas como: parasitoses, desidratação,desnutrição, saneamento básico, entreoutros. Seria uma contradição ensinarque a proteína promove o crescimento,sem refletir com os alunos sobre os meiosque garantem o acesso aos alimentos pro-teicos, ou ainda, sobre os fatores que li-mitam atualmente o seu consumo.

Apesar do fato inconteste de que adesnutrição constitui um grave problemade saúde pública no Brasil e principal-mente em Pernambuco, inexiste um con-teúdo sistematizado de ensino em Nutri-

ção dentro de "Programas de Saúde" daescola de primeiro grau do Estado. Osobjetivos e temas de nutrição contidosna proposta curricular não estabelecemuma ordenação seqüencial carecendo delogicidade, gradualidade e continuidade.Conseqüentemente não há integraçãocom os temas de saúde, de modo acriar uma unidade de conhecimento.

Como indicam os resultados da pes-quisa, todas as crianças mostraram inte-resse em estudar nutrição, e a seleção detópicos foi a mesma para ambos os tiposde escola, o que legitima a proposiçãode um modelo de ensino nessa área.

LIMA, E. da S. et al. [Nutritional education in primary schools of Pernambuco, Brazil.A diagnosis]. Rev. Saúde públ., S. Paulo, b508-20, 1985.

ABSTRACT: The state of nutritional education in elementary schools in Pernam-buco, Brazil, was studied. The "Proposta Curricular de Ciências" (Proposal for sciencecurriculum) — a publication of the Pernambuco Office of Education — which containsthe "Programas de Saúde" (Health programs), was analyzed and the actual behavior ofstudents in the alst (8th) grade in relation to previously defined objectives was surveyed.The suvey covered 391 students from state schools and 370 from private schools inthe metropolitan area of Recife (the State capital). A 37-item questionnaire was usedto determine what the students had been aught and how much they had learnedconcerning Nutrition, as well as to identify the subjects they would be most interestedin learning. The opinion of elementary school teachers was surveyed by means ofa questionnaire consisting of four questions having to do with general aspects ofNutrition and Health and the contents of the current "Programas de Saúde". Signi-ficant differences as concerns private schol students were found with regard to 12questions (40% of the cognitive test items). Such results are evidence of the factthat such students have greater knowledge of the themes presented. However, 33%of the state school students rated the content they had been taught as insufficient,and 44% as acceptable. Private school students choosing the same ratings comprised28% and 44% respectively. The opinion of elementary school teachers coincidedwith that of the students, rating Nutrition as the second priority area in teaching.On the basis of such results it has been found that there is no systematized programfor the teaching of Nutrition in elementary schools in Pernambuco. A redefinitionof objectives and contents in that area is thus necessary.

UNITERMS: Child nutrition. Health education. Child, school.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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13. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO ECULTURA. Proposta curricular. Ensi-no de 1o grau: Ciências. 2a ed. Recife,1978.

Recebido para publicação em 28/03/1985

Reapresentado em 30/07/1985

Aprovado para publicação em 05/08/1985