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Embrapa Informação TecnológicaBrasília, DF

2006

ISSN 1677-5473

Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuáriaSecretaria de Gestão e Estratégia

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Educação, Tecnologia e Desenvolvimento Rural

Relato de um Caso em Construção

Elisa Guedes DuarteVicente G. F. Guedes

Texto para Discussão 24

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Exemplares desta publicação podem ser solicitados na:

Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuáriaSecretaria de Gestão e Estratégia (SGE)Edifício-Sede da EmbrapaParque Estação Biológica (PqEB), Av. W3 Norte (final)Caixa Postal 040315CEP 70770-901 Brasília, DFFone: (61) 3448-4468Fax: (61) 3347-4480

Editor da sérieIvan Sergio Freire de Sousa

Coordenador EditorialVicente G. F. Guedes

Corpo editorialAntonio Flavio Dias AvilaAntonio Jorge de OliveiraAntonio Raphael Teixeira FilhoIvan Sergio Freire de SousaLevon Yeganiantz

Revisão de textoWesley José da Rocha

Normalização bibliográficaCelina Tomaz de Carvalho

Editoração eletrônicaWamir Soares Ribeiro Júnior

Projeto gráficoTenisson Waldow de Souza

1ª edição1ª impressão (2006): 500 exemplares

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)Embrapa Informação Tecnológica

Todos os direitos reservados.A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte,

constitui violação dos direitos autorais (Lei no 9.610).

Duarte, Elisa Guedes.Educação, tecnologia e desenvolvimento rural: relato de um caso em

construção / Elisa Guedes Duarte, Vicente G. F. Guedes. – Brasília, DF :Embrapa Informação Tecnológica, 2006.

84 p. ; 21 cm. – (Texto para Discussão, ISSN 1677-5473 ; 24).

1. Agricultura familiar. 2. Desenvolvimento sócio-econômico. 3.Desenvolvimento sustentável. 4. Extensão rural. I. Guedes, Vicente G. F. II.Título. III. Série. IV. Embrapa. Secretaria de Gestão e Estratégia.

© Embrapa 2006CDD 354

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Apresentação

Texto para Discussão é uma série demonografias concebida pela Empresa Brasileira dePesquisa Agropecuária (Embrapa) e editada em suaSecretaria de Gestão e Estratégia (SGE). Tal série foicriada para encorajar e dinamizar a circulação deidéias novas e a prática de reflexão e debate sobreaspectos relacionados à ciência, à tecnologia, àinovação, ao desenvolvimento rural e ao agronegócio.

O objetivo da série é atrair uma amplacomunidade de gestores públicos e privados e deprofissionais de diferentes áreas técnicas e científicaspara o debate dos textos veiculados, o que contribuirápara seu aperfeiçoamento e sua aplicação.

Todas as contribuições recebidas passam,necessariamente, pelo corpo editorial. Os autores sãoacolhidos independentemente de sua área deconhecimento, de seu vínculo institucional ou de suaperspectiva metodológica.

Os trabalhos publicados podem, em seguida, sersubmetidos por seus autores à edição em periódico oulivro. A série não se reserva o direito de exclusividadesobre artigo posto em discussão.

Leitores interessados poderão apresentarcomentários e sugestões alusivos aos títulos dados aopúblico, bem como debater diretamente com osautores, em seminários especialmente programados ouutilizando quaisquer dos endereços fornecidos:eletrônico, fax ou postal.

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Endereço para submissão de originais àcoleção: Texto para Discussão. Embrapa, Secretariade Gestão e Estratégia, Parque Estação Biológica– PqEB, Av. W3 Norte (final), CEP 70770-901Brasília, DF. Fax: (61) 3347-4480. Endereçoeletrônico: [email protected]

Os usuários da internet podem acessar, naíntegra, os números já lançados. Os arquivos estão noendereço http://www21.sede.embrapa.br/a_embrapa/unidades_centrais/sge/publicacoes/tecnico/folderTextoDiscussao/index_htm

O Editor

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Sumário

Introdução ............................................................................... 9

A Agricultura em Patos de Minas .......................................... 14

Educação Rural em Patos de Minas ....................................... 37

O Projeto de Educação Rural de Patos de Minas ................... 55

À Guisa de Considerações Finais ........................................... 71

Referências ............................................................................ 75

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Educação, Tecnologia eDesenvolvimento Rural

Relato de um Caso em Construção1, 2, 3

Elisa Guedes Duarte 4

Vicente G. F. Guedes5

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1 As informações e opiniões trabalhadas neste texto nãosignificam, necessariamente, posições oficiais dasorganizações às quais os autores são vinculados nemdaquelas nele mencionadas.

2 Primeiro recebimento do texto: novembro de 2004.3 Este texto recebeu importantes contribuições e críticas deAndré Roberto Spitz, Antônio D. Guedes Neto, EgidioLessinger, Emilson F. Queiroz, Carlos Henrique de Carva-lho, Iara G. Altafin, Luís André Nepomuceno e Marcelo F.Rodrigues. Os autores agradecem essa colaboração, ao tem-po em que registram que imperfeições remanescentes noescrito são de sua exclusiva responsabilidade.

4 Mestre em Educação. Professora do Centro Universitário dePatos de Minas (Unipam), vinculado à Universidade doEstado de Minas Gerais (UEMG). [email protected]

5 Zootecnista. Mestre pelo Propaga/Universidade de Brasília(UnB). [email protected]

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este texto, pretende-se organizar e analisar um conjuntode informações colhidas em diferentes fontes e fazer umcerto grau de análise delas, discutindo-as e relatando-asà guisa de um estudo de caso sobre a experiência doMunicípio de Patos de Minas com o programa dedesenvolvimento rural sustentável, mais especificamenteo Projeto de Educação Familiar Rural (EdufaRural), emconstrução e realização dentro do referido programa, noperíodo de 2001 a 2004.

O programa e o projeto EdufaRural que o integraprevêem vários objetivos, dentre eles a criação eimplementação de soluções para entraves históricos aofortalecimento e ao desenvolvimento do mundo rural.Outro é a geração de um ordenamento de conhecimentossobre desenvolvimento local e rural que possibilite políticasde intervenção noutros territórios com circunstâncias

.N

IntroduçãoEu nasci num recanto feliz, bem distante da povoação.

Foi ali que eu vivi muitos anos, com papai e mamãe e os irmãos.Nossa casa era uma casa grande, na encosta de um espigão.

Um cercado para apartar bezerro e ao lado um grande mangueirão.No quintal tinha um forno de lenha e o pomar onde as aves cantavam,

Um coberto para guardar o pilão e as tralhas que o papai usava.De manhã eu ia no paiol, uma espiga de milho eu pegava,

Debulhava e jogava no chão, num instante as galinhas juntavam.Nosso carro de boi conservado, quatro juntas de bois de primeira.

Quatro cangas, dezesseis canzis, encostados no pé da figueira.Todo sábado eu ia na vila, fazer compra pra semana inteira.

O papai ia gritando com os bois e eu na frente ia abrindo as porteiras.Nosso sítio que era pequeno, pelas grandes fazendas cercado,

Precisamos vender a propriedade, para um grande criador de gado.E partimos pra cidade grande e a saudade partiu ao meu lado.A lavoura virou colonião e acabou-se o meu reino encantado.

Hoje ali só existem três coisas, que o tempo ainda não deu fim,A tapera velha desabada e a figueira acenando pra mim,

E por último marcou saudade de um tempo bom que já se foi,Esquecido em baixo da figueira, nosso velho carro de boi.

(Meu Reino Encantado, de Valdemar Reis e Vicente P. Machado)

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similares (PATOS DE MINAS, 2003a). O EdufaRural éum empreendimento público dirigido a trabalhadores eagricultores familiares.

O relato e as reflexões que se ensaiam, pela própriacaracterística sistêmica que envolve o desenvolvimentorural no Brasil, podem, acredita-se, com leves adaptações,ser considerados para a maioria dos municípios brasileiros,mormente aqueles no Brasil Central, que têm na agriculturae seus setores correlacionados parte importante de suasvidas social e econômica.

Tanto Patos de Minas em especial quanto os outrosmunicípios referidos experimentaram, nas décadas de 70e de 80, um processo de grandes transformações sociaise econômicas. Isso incluiu intensa urbanização dapopulação e um importante movimento de tecnificaçãoda atividade rural e de profissionalização das relações nocampo. A região refletia, assim, não de modo isolado, oprocesso da Revolução Verde e das políticas públicas deexpansão agrícola nos cerrados centro-brasileiros. Esseesforço expansionista, quando prenunciado no planoglobal, chegou a ser visto como uma das importantesmudanças nos sistemas social e econômico, capazes deproporcionar maior fôlego ao gênero humano frente aoslimites do crescimento (MEADOWS, 1997, p. 198).

Um dos conceitos utilizados neste trabalho é o desustentabilidade, cuja noção é caracterizada pelareprodutibilidade. Isso significa que a universalização e oaprofundamento do bem-estar no presente, ainda quedemandem certo padrão de crescimento econômico, nãodevem esgotar os recursos e as possibilidades do bem-estar das gerações futuras. A condição de sustentávelprecisa ser alcançada em, no mínimo, cinco dimensões:ambiental, cultural, econômica, política e social. Como

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elemento adicional nesse complexo composto, está apreocupação (e o compromisso) das gerações presentescom as futuras, numa condição que Bursztiyn (2003) chamade “a ética da sustentabilidade”.

O estudo atende ao foco da agricultura praticada emregime de economia familiar. Nessa categoria, as unidadesde produção são operadas e gerenciadas com base naforça de trabalho das famílias. Quase cinco sextos douniverso de propriedades rurais do município possuematé 50 ha; vale notar que o módulo fiscal é de 40 ha namesma base territorial.

No tocante à agricultura familiar, toma-se talsegmento social como é apresentado nos documentospublicados pelo Incra e pela FAO6 (INCRA, 1996,p. 4), definida com base em três características centrais:

a. A gestão da unidade produtiva e os investimentosnela realizados são feitos por indivíduos que mantêm entresi laços de sangue ou de casamento.

b. A maior parte do trabalho é igualmente fornecidapelos membros da família.

c. A propriedade dos meios de produção (emboranem sempre a terra) pertence à família e é em seu interiorque se realiza a sua transmissão em caso de falecimentoou de aposentadoria dos responsáveis pela unidadeprodutiva. Abramovay (2004), por exemplo, diz entenderque a agricultura familiar não é um setor e sim um valor,“uma forma de ocupação do espaço rural” – parteimportante do tecido social diversificado e objeto relevantepara a formulação de políticas públicas.

6 Incra _ Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária; FAO _Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação. Convêniode cooperação técnica (Projeto UTF/BRA/036/BRA) entre o Incra e aFAO. Documento publicado em agosto de 1996 (INCRA, 1996).

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Por multifuncionalidade, toma-se a mesma noção coma qual trabalha Carneiro (2004) e que pode ser sintetizadacomo tudo aquilo que a agricultura faz para a sociedade,em termos de serviços e bens tangíveis e intangíveis, alémda produção agrícola no sentido estrito. Diferentes estudossobre desenvolvimento sustentável do mundo rural,sobrevivência econômica e reprodução social da agriculturatêm, de modo dominante, concordado que, numa épocamarcada pela globalização e pelo desemprego urbano erural (no mundo e no País), é fundamental a criação e aadoção de medidas que resultem na geração de rendadesconcentrada e na abertura de atividades econômicase postos de trabalho, especialmente no meio rural e emcidades pequenas e médias. O reconhecimento desse fatoe o conhecimento acerca das pesquisas que o analisamsão especialmente importantes para aqueles que propõeme implementam políticas públicas, objeto deste artigo.

Por território, caminha-se na linha trabalhada porRafestin (1993), quando explicou que espaço precede oterritório. Este último é fruto da construção promovidapor um ator, por intermédio do trabalho e doestabelecimento de relações marcadas pelo poder.Operando com seus próprios achados e com os conceitosmobilizados em suas fontes, o autor fala em sistematerritorial, integrado por elementos como tessitura (nós eredes) com malhas, nem sempre diretamente observáveis,mas certamente existentes. “Tessitura, nós e redes podemser muito diferentes de uma sociedade para outra”, maspresentes em todas as práticas espaciais (op. cit. p. 150).

Nesse ponto, parece apropriado buscar no trabalhode Ortiz (1996) as discussões sobre espaço, lugar eaglutinação dos membros de uma coletividade, feitas àluz da idéia de local como um “espaço restrito, bem

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delimitado, no interior do qual se desenvolve a vida deum grupo ou de um conjunto de pessoas” (op. cit. p. 58).

Por parceria interinstitucional, toma-se a noçãoconstruída por Sousa e Silva (1993, p. 13), quandotrabalharam-na visando ao desenvolvimento de ciência etecnologia agropecuária:

A parceria é uma ação entre iguais. A igualdadereferida não se liga ao tamanho da organização oua sua posição financeira. É uma igualdadeassociada à convergência de interesses e aorespeito mútuo. A parceria não só requer ocomprometimento institucional com objetivoscomuns, como também supõe flexibilidade paraadequar-se aos diferentes desafios apresentadospelos parceiros.

Do ponto de vista da afiliação disciplinar, o textoprocura ser multi e transetorial. Esse esforço é necessáriona medida em que a própria compreensão do processode desenvolvimento social requer a multidisciplinaridade.Nesse sentido, busca referenciais teóricos e noções nasciências administrativas, mormente em gestão de ciênciae tecnologia e em administração pública (políticaspúblicas); em sociologia, particularmente em sociedade edesenvolvimento, e em ciência da educação. Subsidi-ariamente, há incursões por ciências da natureza, tudo deacordo com o enfoque necessário e com o cuidado de nãoperder o veio principal nem o objetivo essencial e, muitomais, para não se enveredar pelo ecletismo metodológico.

Compreende-se que, num trabalho dessa natureza,certo nível de análise histórica seja necessário,perscrutando a correlação de forças vigente em diferentes“momentos” da trajetória da agricultura (tecnologia eeducação) no município. Afinal, as dinâmicas social eeconômica são determinantes das opções que são feitas

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em termos de políticas públicas e dos movimentos dosatores sociais.

Este trabalho está estruturado de forma a expor, emprimeiro lugar, uma brevíssima nota sobre história,geografia e sobre a situação da agricultura no município,principalmente a partir da década de 60. Com base noreferencial teórico, relata e discute o caso de educação,tecnologia e desenvolvimento rural em Patos de Minas.

O trabalho é terminado com um conjunto deconsiderações finais, algumas das quais à semelhança deconclusões. Tais considerações podem servir também dealertas para a formulação e gestão de políticas públicas,quer no âmbito do próprio projeto relatado, quer parainiciativas noutros territórios.

transformação do perfil da agricultura brasileira, e domundo rural em que ela é praticada, é determinada poruma larga ordem de fatores, destacando-se:

• A mudança demográfica da população (depreponderantemente rural na década de 60 paramajoritariamente urbana da década de 90 em diante).

• As novas formas de organização da sociedade e de seusmodos de pressão em busca da formulação e daimplementação de políticas públicas (fenômenoexponencialmente fortalecido após a promulgação daConstituição Federal de 1988) (BRASIL, 1988).

.A

A Agricultura em Patos de MinasA agricultura brasileira no final do século 20 : breves tópicos históricos

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• A mudança no perfil da demanda e da oferta degêneros alimentícios e de matérias-primas industriaisde origem animal e vegetal e do próprio mercado ondeocorrem as relações de troca desses produtos.

• A internacionalização da economia e a formação deblocos subcontinentais, mais especificamente doMercosul.

• A própria trajetória tecnológica da agricultura, incluindoo domínio e/ou difusão de meios e métodos deprodução.No prefácio de seu livro, assinado em junho do ano

de publicação, Santiago (1970) alertava para os fatos deque a população brasileira total estava alcançando os 100milhões e de que o desenvolvimento agropecuário nãoapresentava mudanças apreciáveis – o crescimento dovolume de produção “foi em grande parte anulado peloincremento populacional”. O mesmo autor assinalava aimportância da “intensificação dos trabalhos de pesquisae experimentação zootécnica”, além da “reformulação dossistemas de mercados, transportes e comunicações, emcurto prazo, na previsão de uma revolução tecnológicaque se esboça”.

Referindo-se a uma realidade avaliada em São Paulo,o mesmo autor, baseado em trabalhos do Instituto deEconomia Rural da Secretaria da Agricultura, afirma quea pecuária, principalmente a de corte, pouco progrediudo ponto de vista técnico. O rebanho de criação vemaumentando em ritmo menor que o da população doEstado, que é da ordem de 6% ao ano, um dos índicesmais altos que se conhece.

Na mudança do perfil do rural, cabe destaque para atransformação imposta pela tecnologia. Foi um processo

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technology push que conduziu, a partir da década de 80, àconstituição de um novo paradigma técnico-econômico,no âmbito do qual a própria tecnologia, não raro, operacomo “vetor de exclusão social” (MEDEIROS et al.2002, p. 23).

Tal processo de macrotransformação (seria umarevolução?) está em parte relatado na apresentaçãodo relatório final do VII Simpósio sobre o Cerradorealizado em Brasília, em 1989. Ali se registra que oecossistema do cerrado brasileiro ocupava 204 milhõesde hectares, que foi considerado área marginal para aprodução agrícola até meados do século 20 e queexperimentou, na década de 70, impactos que o levarama responder, na época do evento, por um terço daprodução nacional de alimentos (SIMPÓSIO SOBREO CERRADO, 1997, p. 13).

No avanço do processo de transformações, algunsautores têm registrado mudanças no padrão decoordenação entre os diferentes atores e agentes quecompõem as cadeias agroprodutivas brasileiras, comimplicações para a competitividade (MALUF, 1992;MEDEIROS, 2003; ZYLBERSZTAJN, 1995). Essasmudanças refletem, particularmente no Brasil Centralagropecuário de quase uma década e meia a partir dade 70, um quadro estudado por Williamson (1989, p.18) como tendo vigorado no mundo industrial da décadade 40 até a de 70, em que a organização econômica sebaseou em aspectos tecnológicos e do mercado comodeterminantes.

O já mencionado processo de urbanização dapopulação brasileira não obedeceu a um modelo único

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nas cinco Regiões Geográficas7, sendo mais intenso noSudeste e no Centro-Oeste (IBGE, 2000). Nacontagem da população realizada em 1996, o Paíscontabilizava 78% de seus habitantes no meio urbano,sendo que na Região Sul o percentual era similar aonacional, ambos abaixo dos índices apresentados noSudeste e no Centro-Oeste, estes dois com valoresacima de 80%8.

A respeito dessa dinâmica populacional, valeobservar o que escreveu Carvalho (1992, p. 12) sobredemografia e economia agrícolas nos 40 anos queantecederam seu trabalho:

[...] à medida que a economia brasileira começou aindustrializar-se e a desenvolver um sistema deserviços, com a conseqüente urbanização degrande parte da população, ocorreu umatransformação bastante complexa na estruturaprodutiva do País. Assim, o número de pessoas aserem alimentadas por agricultores aumentou. Ouseja, a urbanização levou à crescente demanda porprodutos agrícolas.

Uma população urbana, em 1950, de 30%da população total passou, em 1984, a 70%.

Além das mudanças de ordem espacial-geográfica,há que se considerar que o conjunto de razões que definemos papéis da agricultura no cenário maior, da sociedade eda economia, muda profundamente a sua composição e aintensidade com que cada razão atua na produção dos

8 Neste texto, concentra-se a atenção nas fontes de dados e nas formas deconceituar o rural e o urbano oficialmente geradas e/ou adotadas peloIBGE. Contudo, reconhece-se a relevância dos estudos e discussõesfeitas e propostas por Veiga (2002) acerca dessas definições e suasconseqüências, inclusive em termos de políticas públicas.

7 Centro-Oeste, Nordeste, Norte, Sudeste e Sul.

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resultados ao longo do tempo. Logo, o que era verdade emtermos de economia agrícola e de sociologia rural em meadosda década de 60 transfigurou-se profundamente até meadosda década de 80 e, agora, nos primeiros anos do século 21,não pode ser tomado em consideração, com exclusividade,nem para a formulação de políticas públicasmacroeconômicas, nem para a tomada de decisões no âmbitode organizações de agricultores ou da unidade de produção.

Adicionalmente, e revelando um fenômeno emergentepara além de um mundo rural preso à economia agrícola nosentido estrito, alguns estudos têm apontado o crescimentoem importância das atividades econômicas não-agrícolas,compondo um perfil pluriativo da família rural (SILVA, 1996;VILELA, 1998). Em vários lugares do mundo e no Brasil, opeso das fontes na composição da renda familiar no campotem sofrido alterações, incluindo (mas não se restringindo) agradativa redução da relevância das atividades estritamenteagrícolas. Embora não tenham sido encontrados resultadosde pesquisa dessa natureza circunscrita ao Alto Paranaíbaou a Patos de Minas, o acompanhamento quotidiano que aadministração municipal da educação faz da vida dascomunidades e da escola rural permite observar que arealidade local assemelha-se, mutatis mutantis, com aquelacaracterizada pelo Projeto Rurbano, da Unicamp9.

Num sinal explícito de que a cultura importa, Freyre(1982) trata por rurbanização a interpenetração culturaldos mundos rural e urbano, quer em aspectos culináriosou hábitos quotidianos, quer em assuntos para as prosase as festas. Reforçando em tintas a já comentada idéia daexclusão social, Russo (2003)10, em um texto de corte

9 Instituto de Economia – IE, Universidade Estadual de Campinas –Unicamp (http://www.eco.unicamp.br/nea/rurbano/rurbanw.html).

10 RUSSO, O. Paz no campo. Texto integrante do “Movimento pelaSegunda Abolição”. Distribuído por correio eletrônico a partir desegundaaboliçã[email protected] em: 09 jul. 2003.

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socioeconômico, escrito dentro do Movimento pela SegundaAbolição, tratou do modelo de desenvolvimento no Brasil,numa ótica da política que induz transformaçõessocioeconômicas e demográficas.

Agricultura familiar no Brasil

Depois da primeira publicação do já aludido estudodo Incra e da FAO (INCRA, 1996), muitos autores têmse dedicado a caracterizar ou a estabelecer tipologias paraa agricultura praticada em regime de economia familiar.Em todas elas, verifica-se haver elevado grau de consensoquanto a algumas condições que, de modo básico, marcameste segmento social e econômico, dentre as quais, as trêsapontadas na introdução deste trabalho estão, em regra,presentes.

Nesse quadro de macrodeterminantes e tendênciasglobais e locais, o papel tradicional da agricultura é o deprover abastecimento a baixo custo, fornecer mão-de-obraaos demais setores da economia, gerar divisas para o País,fornecer mercado para a indústria de insumos, máquinase equipamentos agrícolas e financiar o desenvolvimentode outros setores (ver FLORES; SILVA, 1994).

É certo que da discussão das funções da agriculturafrente ao conjunto da economia ainda podem surgir e seralinhados inúmeros outros componentes, como, porexemplo, prover matéria-prima para os setores secundárioe terciário. Como lembra Maluf (2002, p. 311), a lite-ratura a respeito é vasta e controversa. Com base emobservações e em sinalizações constantes da bibliografiaconsultada para planejar o EdufaRural, e em autoresreferidos neste texto, parece pertinente inferir que oconjunto de papéis desempenhados pela agricultura podevariar segundo especificidades de diferentes territórios.

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Na linha de pensamento sobre as macrodeter-minantes, Escudero e Pensado (1998, p. 23) alertam quea pobreza rural na América Latina tem suas raízes naescassez de ativos humanos e físicos, cuja produtividadeé baixa, conseqüência de múltiplas razões históricas, entreelas a existência de um desenvolvimento desigual, acombinação de falhas de governo e de mercado e aexistência de mercados incompletos. Dentro desse quadroda pobreza rural, da forte e continuada transferência derenda da agricultura para a indústria e para os serviços edas limitações existentes para o desenvolvimentosustentável da agricultura familiar, identificam-se asquestões de gênero e da juventude rural. A este últimosegmento estão ligadas condicionantes como a educação,as oportunidades de trabalho e/ou de desempenho deatividades economicamente produtivas, o acesso aosmeios de produção e a violência no campo. São questõesidentificadas e apontadas também nos debates sobresegurança alimentar que tiveram lugar no Brasil naprimeira metade da década de 90 (CONFERÊNCIANACIONAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR, 1995).

Permeiam o quadro as observações de caráterdemográfico e macroeconômico. Uma delas é a de queos limites entre o rural e o urbano estão cada vez menosprecisos e tendem a desaparecer, sendo substituídos poruma crescente inter-relação, conforme já observado nopresente trabalho.

Se é certo que o contexto contemporâneo define paraa agricultura uma demanda reconfigurada, é certo tambémque as diversas dimensões do papel da agricultura sãomais objetivamente cumpridas se essa atividade for tomadasob o enfoque de cadeia econômica. O Ministério daAgricultura (BRASIL, 1998, p. 33) vê o agronegócio

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envolvendo as atividades de produção agrícolapropriamente dita (lavouras, pecuária, extração vegetal),aquelas ligadas ao fornecimento de insumos em ligaçõespara trás (backward linkages), as relacionadas com oprocesso agroindustrial e as que dão suporte ao fluxo deprodutos até a mesa do consumidor final, nas ligaçõespara a frente (forward linkages).

A preocupação nacional com a agricultura familiarno estabelecimento de políticas públicas justifica-se, vistoque quantitativamente a agricultura familiar no Brasil éamplamente majoritária. Segundo dados do CensoAgropecuário de 1995/96, existem no País cerca de 4,14milhões de estabelecimentos familiares, representandomais de 85% do total nacional. Pelos mesmos estudos,dirigidos a aferir o perfil da agricultura familiar brasileira,verifica-se que aquele universo quantitativamentemajoritário ocupa apenas 30% da área total, respondepor quase 38% do valor total da produção agropecuáriado País e absorve, nesse espaço físico, 76,9% do pessoalocupado pela agricultura.

Do ponto de vista da produção e do produtoofertado, os fundamentos técnicos que levaram oGoverno Federal a conceber e a implementar o ProgramaNacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar(Pronaf), em 1996, incluíam evidências de que a maioriaabsoluta dos gêneros que abastecem as mesas brasileirase a indústria de produtos de origem animal ou vegetal temsua origem em estabelecimentos rurais regidos pelo sistemada economia familiar (BRASIL, 1996).

Apesar da expressão quantitativa, tem-se emprestadoao ator familiar uma importância secundária. O papeldesempenhado pelo agricultor no processo dedesenvolvimento e os estrangulamentos experimentados

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por esse segmento social são bem caracterizados porNeves (1998, p. 13), quando trata da interseção entre oeconômico e o familiar. Participando de uma mesa redondaem dezembro de 1998, a autora assinalou estarconcentrando sua análise nos “casos em que porta-vozesdos órgãos do Estado tiveram um papel importante ouestiveram ausentes no reconhecimento ou no irre-conhecimento dos agricultores” como atores relevantesna reordenação da atividade econômica (op. cit.: 17).

Agricultura familiar, organização,inserção comercial, meio ambiente e desenvolvimento

Entre as evidências apontadas pelo seminário“Agricultura Familiar: desafios para a sustentabilidade”,está a inserção comercial como condição estrategicamentenecessária (embora não suficiente) para a consolidação ea sustentabilidade desse segmento social e econômico.Nesse particular, Baiardi (1998, p. 56) acredita possívelesperar que a unidade de produção familiar combine aprodução para autoconsumo com aquela destinada a finscomerciais, e que esta última pode vir a ser competitivaem todos os níveis, derivando esta competitividade daabsorção de inovações tecnológicas não convencionaisde produto e de processo e da adoção também deinovações gerenciais não convencionais. Segundo omesmo autor, “algo deve ser feito com vistas a generalizarum padrão de acumulação baseado progressivamente emuma agricultura e uma indústria modernas, na prestaçãode serviços tecnologicamente avançados e em cadeiasagroindustriais competitivas”.

Tavares et al. (1998, p. 111), estudando a inserçãocomercial e a adoção de tecnologias por citricultores,apontam que “a mudança do atual quadro de dificuldades

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por que passam os citricultores, somente será possívelatravés da adoção de medidas que permitam mudançasde caráter organizacional dos produtores, sobretudo noque se refere à atual forma de organização da comer-cialização da produção”.

Nos territórios típicos de agricultura familiar, têm sedesenvolvido práticas de agricultura orgânica e formasalternativas de uso do solo agrícola, como o caso dasatividades agroflorestais (MEDAETS, 2003; OLIVEIRA,200311; WEID12, 2004). Nas Regiões Nordeste, Sudestee Sul, onde está presente a maioria absoluta dosagricultores familiares brasileiros, ocorrem em maioresconcentrações essas formas de agricultura, sempre ligadasa comunidades de famílias agricultoras e suas organizaçõessociais. Medaets (2004)13, pesquisando a dinâmica decomunidades de agricultores familiares praticantes daagroecologia no Sul do País, identificou o funcionamentode sistemas de certificação de origem resultantes deprocessos de construção social, importantes para ainserção e sobrevivência de seus autores no mercado.

Além do mais, a diversificação e a integração deatividades são características que, há muito tempo,estão identificadas como correlacionadas com asustentabilidade da agricultura familiar, estudada

11 OLIVEIRA, R. Manejo florestal comunitário em assentamentona bacia do Madeira. Palestra apresentada no seminário de mesmotítulo em 17/09/03, dentro do programa de Seminários Interdisciplinares“Quartas Sustentáveis”. Brasília: CDS/UnB, 2003. Registros feitos emanotações pessoais por GUEDES, V. G. F.

12 WEID, J. M. V. Os caminhos para o fortalecimento da agricultura familiarno Brasil. Apresentação feita no I Seminário “Agricultura Familiare Desenvolvimento Territorial”. Brasília: NEAGRI/UnB e SAF/MDA,Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária/UnB. 15/06/04. 2004.Registros feitos em anotações pessoais por GUEDES, V. G. F.

13 MEDAETS, J. P. P. Território: discussão da experiência francesa. Aula de25/05/04 em Desenvolvimento Territorial - Territorialidade no Agrone-gócio. Programa de Pós-Graduação em Agronegócios. Brasília: FAV-UnB,2004. Registros feitos em anotações pessoais por GUEDES, V. G. F.

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com a denominação atual ou sob outras formas decaracterização (SILVA, 1979).

O fenômeno da organização social para a atividadeeconômica tem sido um dos mais freqüentemente citadoscomo responsável pelo sucesso de projetos de fortaleci-mento da agricultura familiar e de desenvolvimento local.Projetos bem sucedidos no desenvolvimento sustentávelda economia popular como um todo passam pela organiza-ção das pessoas, pela descoberta de oportunidades e pelaincorporação de tecnologia para a sustentabilidade, emsuas diversas dimensões (GUEDES, 1998, p. 82).

Muitas são as experiências que mostram que oassociativismo tem sido uma estratégia pela qual oempreendimento regido pela economia familiar alcançasucesso, assegura escala e constrói soluções para entravesà reprodução e ao desenvolvimento de sua atividade. Entreas formas pelas quais a agricultura se organiza socialmente,destacam-se as associações, as cooperativas e asorganizações sindicais. Por meio delas, comunidades deagricultores têm acessado linhas de crédito, implantadoorganizações de finanças solidárias (como cooperativasde crédito), articulado a formulação de políticas públicasfavoráveis ao segmento, desenvolvido sistemas de gestãoda qualidade para a produção, adquirido insumos,processado e comercializado seu produto, recebidoassistência técnica e até operado com sucesso (em casosmais isolados) em mercados internacionais.

As cooperativas do setor rural no Brasil, em suamaioria, integram sistemas cuja base é a organizaçãosingular (aquela cujo associado é o agricultor, pessoafísica). A evolução histórica do cooperativismoproporcionou ainda uma certa sistematização comfundamentos em classes de renda ou em sistemas deexploração, razão pela qual as organizações que

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congregam agricultores exclusivamente familiares(a exemplo do que relata COUTO, 1998) tendem aoperar sistemas distintos daqueles em que se associampor interesse econômico agricultores de base patronal(a exemplo do relatado no ANUÁRIO do cooperativismobrasileiro, 1997).

Na medida em que organizações de agricultores,entidades públicas, agentes financeiros e outros atorestomam como referência para o processo de desen-volvimento a complexidade do rural, do urbano, dafamília, da comunidade e da economia, estãoincorporando bases para o desenvolvimento local (verFLORES et al., 1998, p. 71).

Permeando a complexidade necessária ao desenvol-vimento local, mais particularmente no tocante à organi-zação familiar, alguns autores têm apontado para a “negli-gência” que as políticas públicas e mesmo as entidadesrepresentativas da sociedade devotam, em regra, às ques-tões de gênero e de gerações. Esse é, verdadeiramente,um dos pontos fundamentais no quadro do desenvolvi-mento rural (em termos gerais) e da agricultura familiar(de modo particular). Se, por um lado, o fortalecimentoda agricultura familiar só se tornou objeto de política pú-blica brasileira faltando seis anos para o final do século20, por outro a mulher e o jovem rurais ainda não con-quistaram essa prerrogativa no mesmo grau de magnitudeou consistência. É ponto fundamental devido ao fatode ser impossível a concepção do desenvolvimentolocal com a exclusão de segmentos sociais, mormentedaqueles que podem (ou não) construir conhecimento,formar gerações futuras e concorrer para o avanço douniverso ao qual pertencem.

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Os eventos organizados para apresentação e discussãode experiências e a literatura técnica com relatos de casoscontêm exemplos variados assinalando para a relaçãorecíproca entre o fortalecimento da agricultura familiar e odesenvolvimento local (MOTA et al., 1998; OLIVEIRA,1998; GUEDES; TAVARES, 2001; MEDAETS14, 2004).Num plano mais amplo, vários autores têm apontado queprovidências dirigidas à participação popular e àorganização social, quer no mundo rural, quer numaperspectiva ampliada, são importantes para odesenvolvimento local (BUSS, 2000), e conhecer taiscasos é relevante para a concepção e a implantação denovos modelos e novas experiências (KRUTMAN;BARTHOLO JR., 2000).

O município: um pouco de sua geografia e de sua história

Patos de Minas é um dos 31 municípios integrantesda macrorregião mineira do Alto Paranaíba. Forma, comoutros nove municípios, uma de suas microrregiões:Arapuá, Carmo do Paranaíba, Guimarânia, LagoaFormosa, Matutina, Rio Paranaíba, Santa Rosa da Serra,São Gotardo e Tiros (MINAS GERAIS, 2004). Os outrosdois pólos de microrregiões são Araxá e Patrocínio. OAlto Paranaíba está localizado na porção oés-noroestede Minas Gerais.

Nos aspectos quantitativos de população, deextensão territorial e de economia, é o maior dentre osmunicípios daquela macrorregião. Nos dias atuais, omunicípio tem algo acima dos 123.881 habitantesrevelados pelo Censo 2000 (IBGE, 2004).14 MEDAETS, op. cit., p. 23, nota 13.

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Ainda nos séculos 17 e 18, foram eliminados doterreno quilombos e tribos indígenas aborígines para ainstalação dos brancos. Mello (1978; p. 16) registrou que,até meados do século 17, as terras entre os Rios Grandee Paranaíba, se estendendo até os Rios da Prata e Paracatu(tributários da margem esquerda do São Francisco), eramdomínios dos índios cataguases. A primeira bandeira acortar o território foi a de Lourenço Castanho Taques, em1670, em busca da escravização de índios.

De modo em parte diverso, Fonseca (1974; p. 19)historia que as terras do Rio Paracatu (hoje Noroeste deMinas) foram destino de entradas pernambucanas, subindopelo São Francisco com vista ao “preamento do bugre”.Na região dos Rios Paranaíba e das Velhas (atual Araguari),domínio dos caiapós, os índios foram insistentementecombatidos e finalmente eliminados por expediçõesoriginadas em São Paulo e em Mato Grosso, por volta de1742. O mesmo autor (FONSECA, 1974, p. 22) resgatao relato de Lourenço Castanho Taques, fazendo referênciaaos índios araxás, entre o Vale do Rio Bambohy e a Serrado Salitre.

No tocante ao negro, Fonseca (1974; p. 23) revela aexistência de quilombos no Vale do Paranaíba e na margemdo caminho para Paracatu. Nos achados de sua revisãobibliográfica, o autor historia a expedição de Urbano doCouto combatendo quilombos ao longo da estrada deGoiás, particularmente em algumas localidades que hojeestão no Alto Paranaíba ou na própria Patos de Minas:Babilônia, Aragoens, Serra da Onça e Andrequicé.Faltando trinta anos para terminar o século 18, foi operadaforte ação de combate ao quilombo de Paranaíba, sobfinanciamento do Conselho de Paracatu e, em 1800, jáhavia um povoado de brancos denominado Os Patos, àbeira de uma picada de Minas para Goiás. Já em 1826, a

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comunidade contava com cerca de 700 pessoas(FONSECA, 1974; p. 33).

O município nunca foi destino de grandes ondas demigrações, quer de outras regiões do País, quer doexterior. Excepcionalmente, no final da década de 50 einício da de 60 do século 20 alguns grupos de migrantescom origem na Região Nordeste chegaram à região dePatos de Minas, conduzidos por “caminhões paus-de-arara”. Das pessoas integrantes desse processo, grandeparte rumou para a agricultura, incorporadas como mão-de-obra em fazendas da região.

Geograficamente, Patos de Minas está na faixa de18,25° a 19,00° de latitude Sul e 45,82° a 46,99° delongitude Oeste. O centro da cidade está instalado,aproximadamente, na cota 870 m. No território domunicípio, encontram-se áreas cujas altitudes estãoentre 800 e 950 m (BRASIL: 1972a; b; c). É cortadopelo Rio Paranaíba na primeira quarta parte de seucurso. O vale desse rio, nos trechos posteriores a Patosde Minas, incluindo a fronteira entre Minas Gerais eGoiás, é enquadrado na Zona 91 do DelineamentoMacro-agroecológico do Brasil – Floresta TropicalSubcaducifólia (BRASIL, 1993). Observando o mapaclimático de Minas Gerais (IBGE, 2004b), é possívelverificar que na região onde está o Alto Paranaíbapredominam áreas de clima semi-úmido quanto à classede umidade; com 4 a 5 meses secos, quanto à classede seca; e subquente ou mesotérmico brando, quantoà classe de temperatura. A estação meteorológica dePatos de Minas, integrante da Rede de EstaçõesMeteorológicas do Inmet, está a 940,28 m de altitude15.

15 Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). 5º Distrito de Meteorologia.Estação Meteorológica de Patos de Minas. Código OMM: 83531. 18º36’Se 46º31’W.

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Patos de Minas do ponto de vista agro-sócio-econômico

Segundo o mesmo Delineamento (BRASIL, 1993),o município está na Zona 61 – Cerrado Subcaducifólio eCampo Cerrado – predominantemente caracterizado porrelevo suave ondulado, com solos bem drenados, detextura média a muito argilosa. Sua aptidão tanto podeser a lavoura quanto a pecuária. Cruz et al. (1996, p. 14)apresentam essa Zona 61 como correspondente aoscerrados do Brasil Central, ecologicamente caracterizadopor solos ácidos, com alta saturação de alumínio, de baixafertilidade, e clima estacional – uma estação seca bemdefinida, entre o final do outono e o do inverno.

No território municipal, coexistem cursos e corposd’água pertencentes a duas grandes bacias brasileiras: opróprio Paranaíba, que, posteriormente, junta-se aoGrande, formando o Paraná, que finalmente alimenta aBacia do Rio da Prata; a segunda é a Bacia do SãoFrancisco, da qual são integrantes os Rios da Prata16,Areado e Abaeté, no centro e no leste do município(BRASIL, 1972 a e b). Destes, o último é afluentedo “Velho Chico”, no qual derrama abaixo da represade Três Marias e acima de Pirapora (LOBO et al.,2001, p. 183).

Geologicamente, Araújo (2000), estudando aProvíncia Ígnea do Alto Paranaíba, no vale do rio demesmo nome na fronteira mineiro-goiana, assinala que aregião estudada “é cortada por diversos pipes e derramesvulcânicos de caráter kamafugítico”, estes últimoscorrespondendo às rochas da Formação Mata da Corda.

16 Neste parágrafo, o primeiro Rio da Prata referido é o internacional, quefaz a divisão entre o Uruguai e a Argentina; o segundo é de naturezalocal, tributário do São Francisco.

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Obrando com seus próprios achados e com aquelescolhidos na revisão bibliográfica, a mesma autora (op. cit.:23) revelou, mais especificamente no tocante ao municípiopatense, referências a pipes de caráter kimberlítico juntoà cidade de Patos de Minas. Revela, ainda, que as lavas etufos estão representados na província pela FormaçãoMata da Corda e correspondem à maior manifestaçãosuperficial, em volume, do magmatismo ultramórficopotássico da Província Alcalina do Alto Paranaíba.Afloramentos de lavas e tufos atravessam toda a província,de Presidente Olegário, ao norte, até São Gotardo eOliveira, ao sul. Os kimberlitos, brechas eruptivasultrabásicas, estão associados à rocha matriz e ao cascalhodela derivado, com presença de diamantes em leitos derios e em encostas (grupiara) (PETRI; FÚLFARO, 1983,p. 573).

Em 1974 foram identificadas grandes jazidas defosfato no município (PATOS DE MINAS, 199-?),evento que contribuiu para o fortalecimento e a expansãoda atividade agrícola sobre solos de cerrado, fortementedependentes de corretivos para a acidez e fontes defósforo. Petri e Fúlfaro (1983, p. 567) associam o fosfatobrasileiro, passível de uso na indústria de fertilizantes, àapatita. Essa rocha ocorre em Minas Gerais relacionadacom ígneas alcalinas.

Em seus achados e nas fontes bibliográficas queconsultaram, Oliveira e Leonardos (1978, p. 518) fazemreferências ao afloramento de tufos em Patos de Minas eao norte de Carmo do Paranaíba, depósitos denominadosde Formação Uberaba. No âmbito dessa formação, osautores citam a presença de espessas camadas de rochasvulcânicas cobrindo os chapadões, com espessura quepode atingir 40 metros, ricas em potássio e em fósforo,passíveis de exploração econômica como fertilizante.

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Os mesmos autores (op. cit., p. 598) fazem referênciaà Formação Urucuia, presente na parte ocidental do RioSão Francisco e se estendendo até as divisas de MinasGerais com Goiás e com a Bahia:

Na região de S. Lamberto, Município de Patos,ponto onde a Serra da Mata da Corda muda dadireção norte-sul para a leste-oeste, já com o nomede Serra dos Pilões, o arenito Urucuia apresenta-se, por toda a parte onde ocorre, horizontal, branco,amarelo ou avermelhado, com leitos de arenitoargiloso micáceo e cortado pelo Rio São Lambertoem paredões de 100 m de altura.

Acerca dos solos da região de Patos de Minas,Santana (1984, p. 32) assinala serem tipicamentelatossolos vermelho-amarelos e vermelho-escuros. Usandoobservações próprias e colhidas em sua revisão, o autoraponta para uma polêmica na classificação: para acategoria vermelho-amarela, os solos têm uma quantidadede óxido de ferro atipicamente elevada; para a categoriavermelho-escura, a presença da cor amarela é atípica.Tais especificações são aplicadas, particularmente, aoschapadões da região.

Ao longo das encostas dos vales, os oxisolos sãomais comuns, distróficos em áreas mais niveladas eeutróficos nas mais íngremes; solos esses substancialmenterasos ao longo dos fundos dos vales, refletindo erosãomais intensa (op. cit.). Em decorrência dessa exposiçãopela erosão, o tufito aflora nas encostas como um dosmais importantes componentes do material geológico(idem: 31), o que nos remete aos achados de Araújo(2000) em termos de rochas vulcânicas.

Em relação à porção leste do município patense, épossível que se aplique a descrição feita por Lobo et al.

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(2001, p. 12), focalizando mais especificamente o Valedo Rio São Francisco. No trabalho, reportam serempredominantes os latossolos e os podzólicos no primeiroterço do vale. Particularmente nas áreas montanhosasmineiras, nesse trecho, a publicação aponta a existênciaexpressiva de cambissolos e de litossolos (op. cit., p. 12).

Sobre essa base geográfica, geológica e fisionômica,é possível localizar informações quanto à exploraçãoeconômica que indicam que, até o alvorecer da décadade 70, grandes porções do cerrado patense eramocupadas por uma pecuária bovina extensiva, com baseem animais nativos, ecotipos formados a partir de raças evariedades introduzidas no Alto Paranaíba nos séculos 18e 19. Com isso, a pecuária local tinha um perfil bastantesimilar àquele descrito por Santiago (1970, p. 37) ao relatara evolução da indústria animal no Brasil Central Pecuárioe por Resende (2002, p. 5) ao historiar 500 anos de usodo solo no Brasil. Marques et al. (1981, p. 28), tratandode traços históricos da criação de bovinos no País,assinalaram que, cinqüenta anos antes da publicação deseu livro, o gado “pé-duro”, o tipo produtivo maislargamente criado, era abatido com cinco ou seis anos erendia algo como dez arrobas, em termos médios.

Depoimentos de pessoas nascidas em Patos de Minase região nas três primeiras décadas do século 20 dão contade que a avicultura, no município, era uma atividade deterreiro e visava exclusivamente ao abastecimento familiarou local. Quanto à criação de suínos e de bovinos, haviaalgum componente comercial: já existiam pessoas que seocupavam, individualmente ou em comitivas, do transportede gado. Além disso, várias fazendas, ou pequenos gruposde criadores, despachavam cargas em carros de boi para

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embarque em transporte fluvial no Rio Abaeté ou no SãoFrancisco. Debaixo dos toldos, mantas de toucinhosalgado, carne charqueada e couro. No retorno, sal,ferramentas, tecidos e outros insumos. Cargas derapaduras, farinha e fubá faziam parte daquelas“exportações”.

Os dados de trabalho da administração municipal(PATOS DE MINAS, 2003b) assinalam que coexistemem Patos de Minas algo como 5,1 mil propriedadesrurais, permitindo calcular a seguinte distribuiçãopercentual por faixa de extensão em hectares: 0,1 a10,0 = 35,2%; 10,1 a 50,0 = 49,7%; 50,1 a 500,0 =13,8%; e 500,1 a 2.000,0 = 1,27%. O módulo fiscaldefinido para o município é de 40 hectares. Naclassificação feita pelo órgão federal de reforma agrária,o município está na zona de pecuária 3 e na zona típicade parcelamento código 2 (A2-2) (INCRA, 2004).

Aquele espaço permitiu a formação de uma agriculturaespecialmente diversificada no município quanto aprodutos, escalas e sistemas de produção. No rol deprodutos agrícolas colhidos em Patos de Minas, contamvários que fazem parte da pauta de exportações brasileirae outros tantos que integram a dieta alimentar médianacional. Marra (2003), trabalhando com dados do IBGE,informa que, na média de 1999 a 2001, a safra patensede café em coco foi de 14.160 toneladas, permitindo quePatos ocupasse a 62ª posição na lista nacional dosmunicípios produtores (em ordem decrescente); para ofeijão, os dados são, respectivamente, 1.569 toneladas e334º lugar; 47.800 e 139º, para o milho e 7.500 e 638º,para a soja.

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As informações do órgão municipal de planejamento(PATOS DE MINAS, 2003b) confirmam uma agriculturadiversificada, arrolando como principais produtos daregião: café, soja, feijão, milho, arroz e cana. Reporta orelatório: “O setor agropecuário é uma atividade deexpressiva importância econômica no município, sendo osetor responsável pela maior parte da geração deempregos e o segundo maior gerador de renda dapopulação”.

Dos cerca de 320 mil hectares que possui Patos deMinas, 82,0% em 2000 eram ocupados com pastagensnaturais e cultivadas; 5,3% por culturas anuais (milho, soja,arroz e feijão) e 2,0% pelo café. Sobre a rubiácea, a áreaplantada cresceu 42,2% entre 1996 e 2000, saltando de225 para 350 o número de cafeicultores no período(PATOS DE MINAS, 2003b; EMATER/MG, 2003a,com cálculos feitos para este texto).

Ainda com vista a comprovar o perfil diversificadoda agropecuária patense, identifica-se na base de dadosda realidade municipal (Emater/MG, 2003b) que, ao ladode uma área de 100 hectares cultivados com arroz desequeiro, existem, no município: 135 de cana-de-açúcar;100 de cenoura; 35 de guariroba; 1.000 de mandiocacom finalidade industrial; 363 de milho verde e 291 detomate industrial. Quanto à produção, a administraçãomunicipal, trabalhando com dados do IBGE, relata paraos produtos gerados em maiores volumes, em 2000: 48,0mil t de milho; 14,0 mil t de vegetais olerícolas; 8,6 mil tde café e 8,5 mil t de cana-de-açúcar (PATOS DEMINAS, 2003b).

Uma fruticultura em expansão já conta com 324 hade laranja e outros citros; 237 ha de banana; 178 ha de

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manga; 133 ha de maracujá e 27 ha de mamão (IBGE,2004a; PATOS DE MINAS, 2003b).

No ramo pecuário, as mesmas fontes assinalamcoexistirem no município 17 avicultores de corte, criandoalgo acima de 700 mil aves; 21 suinocultores de padrãotecnificado, criando 9,5 mil matrizes; uma área inundadade 8 ha sob criação de peixes e um rebanho de 36,5 milvacas em lactação, gerando anualmente algo como 69milhões de litros de leite (PATOS DE MINAS, 2003b;EMATER/MG, 2003b).

No tocante à agroindústria e ao agrocomérciooperando em Patos de Minas, as fontes consultadaspermitem calcular, com dados de 2000, uma capacidadeestática de 152 mil toneladas de estocagem em armazénse silos, 18% dos quais em estabelecimentos governa-mentais e 82% em estabelecimentos privados. Além disso,operavam no município 16 unidades de beneficiamentode arroz, 25 de café, 8 de feijão, 6 de milho e 55 unidadessecadoras. As mesmas fontes arrolam e nomeiam grandesfirmas agropecuárias presentes no município, atuando nasindústrias de sementes, de biotecnologia, de fertilizantes ecorretivos, de matrizes e reprodutores suínos; no comérciode máquinas e implementos, de insumos, de frutas everduras e de bovinos; e também no processamento degrãos, de vegetais olerícolas e de leite (PATOS DEMINAS, 2003b). Na condição de maior pólo econômicodo Alto Paranaíba, o município funciona como umcentralizador para processamento e comercialização deprodutos de outras localidades.

O surgimento, desenvolvimento e consolidação dessadiversificada infra-estrutura nos agronegócios sãocontabilizados quase que exclusivamente nas últimas três

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décadas, parte majoritária depois de iniciada a décadade 80. Curtumes, charqueada e mesmo um moinho detrigo, que operaram no município nos dois e meio primeirosquartéis do século 20, desapareceram. Esse conjunto deforças emergentes e de agentes econômicos que declinam,na impossibilidade de localização de estudos socio-econômicos locais, pode ser compreendido comoresultante do processo de modernização da agricultura ede desenvolvimento do capitalismo brasileiro, trabalhadopor Maluf (1992); em grande medida determinado pelasestratégias de políticas públicas adotadas, particularmenteno plano federal, na segunda metade da década de 60 ena década de 70 (CARVALHO, 2001, p. 126).

A história de ocupação do espaço e de constituiçãodo município e, dentro deste, a existência e a resistênciadas famílias trabalhadoras e agricultoras que permanecemno campo, perpassadas pela trajetória socioeconômicada agricultura, contêm relações entre pessoas, grupossociais e comunidades, informais ou formalizadas emorganizações sociais, culturais e econômicas. Há, nomunicípio, 51 conselhos de desenvolvimento comunitárioe 3 associações de pequenos produtores, uma centraldessas organizações; uma comissão de feirantes e umade sub-bacia hidrográfica; um sindicato de trabalhadorese um patronal rurais; uma cooperativa agropecuáriaregional e, vinculada a ela, uma de crédito (EMATER/MG, 2003b). A aproximação e as relações, ainda queinformais, dessas organizações com a política eleitoral ecom as agremiações partidárias é inegável. Todo essequadro revela semelhanças com o que descreve Piselli(2003) ao trabalhar com capital social como um recursodinâmico e ao descrever circunstâncias do Sul da Itália(op. cit.: 79).

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17 Fonte: Semec – Setor de Transportes/2004.

m 2001, Patos de Minas iniciou a concepção e aimplementação de ajustes na política pública para aeducação rural, como forma de aprimorar um modelo emque as questões físicas (prediais) das escolas do campojá se encontravam satisfatoriamente equacionadas. Hoje,são oito unidades de educação infantil/pré-escolar e deensino fundamental pertencentes ao município, nucleadasnas localidades rurais de maior densidade populacional.

Aquela nucleação iniciou-se em 1993, ocasião emque se registravam 69 estabelecimentos (PATOS DEMINAS, 1996). Esse processo foi acompanhado tambémda absorção de escolas estaduais pela prefeitura, comoparte da divisão de papéis entre Unidades da Federação,após a edição da Constituição de 1988 e da LDB (Lei nº9394/96). Assim, o ano de 2003 pôde contabilizar 1.934estudantes em escolas municipais rurais, mais cerca de450 do entorno da sede do município, transportadosdiariamente para duas escolas urbanas. Além disso, havia1.127 crianças do campo matriculadas em escolasestaduais rurais ou urbanas (PATOS DE MINAS, 2003c).

O processo de nucleação feito na última década geroua intensificação de demanda por transporte escolar, quepassou a ter 81 rotas, com um total de 7.761 Kmpercorridos por dia, atendendo a 2.617 estudantes e a176 professores e funcionários17. Decorreram daí três

Educação Rural em Patos de MinasOrganização da Rede Municipal de Ensino

.E

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problemas: um custo muito alto para os cofres públicos;uma permanência em trânsito que chega, em alguns casos,a duas horas, entre ida e volta, para aqueles alunos queresidem em áreas mais distantes da escola e, o terceiro emais grave problema, os estudantes residentes em pontosmais distantes praticamente não participam da “lida docampo” com suas famílias, o que gerou por parte dospais a percepção de que “a escola tomou” seus filhos(PATOS DE MINAS, 1998). Os números citados com-preendem alunos de toda a educação básica.

Entretanto, por ocasião da nucleação, o trabalho deconvencimento dos pais, feito pelo órgão municipal deeducação (Semec) baseara-se no argumento de que es-colas pequenas exigem classes multisseriadas, as quais,por sua vez, comprometem a qualidade do ensino (op.cit). Conseqüentemente, mesmo reconhecendo que a lon-ga permanência dos filhos fora de casa acarreta prejuízosà economia familiar e aos próprios filhos (crianças e ado-lescentes), que ficam impedidos de brincar, e até de com-plementar domiciliarmente seus estudos, os pais rejeitama idéia da reabertura de pequenos estabelecimentos es-colares nas proximidades de suas comunidades. A admi-nistração municipal, assim, decidiu não rediscutir anucleação, embora alguns setores da imprensa a denomi-nem de “ajuntamento” de escolares, considerando que oprocesso passou por forte mecanismo de persuasão, emdetrimento de uma construção dialogada com a comuni-dade atingida.

O setor de transportes da Semec conta com afiscalização de seus próprios membros, com o apoio depais, professores e equipes diretivas das escolas. Por suavez, os docentes, por força da Lei Orgânica do Município(1990), também são transportados diariamente, no

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percurso Distrito-sede/escola/Distrito-sede, com ônusexclusivo para o Poder Público.

Com relação às instalações e equipamentos escolaresrurais, registra-se que são construções semelhantes àsurbanas, quase todas recentes, edificadas durante oprocesso de nucleação. Mesmo os prédios das escolasestaduais municipalizadas, mais antigos, caracterizam-sepela aceitabilidade do estado de conservação. Todospossuem, além das salas de aulas, espaço para adminis-tração, biblioteca, cantina, despensa, galpão coberto pararecreio e alimentação de alunos, área de lazer, quadrapoliesportiva, parque infantil (quase todas), equipamentosde som e vídeo e computador para uso da administração.Há ainda jardins, hortas, estacionamento. A presença dainformática no próprio processo educacional (o contatoorientado e instrutivo do aluno com a máquina e seusrecursos) ainda é inexistente no município.

Os diretores são pré-selecionados por teste deverificação de conhecimentos, mediante o que se formauma lista tríplice, a partir da qual são eleitos pelacomunidade (pais, alunos, professores e funcionários) emvotação paritária (Decreto 2.668, 4/10/2004). Todas asescolas possuem secretário, auxiliares de serviços esupervisor educacional.

No quadro do magistério municipal, 80 professores(20,05%) de primeiro ciclo de ensino fundamental e deeducação infantil/pré-escolar ainda não têm curso deterceiro grau, mas apenas o Curso de Magistério – nívelmédio –, habilitação mínima exigida pela LDB paradocentes desse nível de ensino. Trinta e cinco deles estãocursando o Normal Superior às expensas do município,em convênio com o governo do Estado. Somente não

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são concursados e efetivos os docentes em substituição(Tabela 1).

Da tabela, depreende-se que 79,95% doseducadores das escolas municipais são pelo menosgraduados.

O plano de carreira (PATOS DE MINAS, 2000)estabelece como responsabilidades pedagógicas do cargode professor municipal, dentro de uma carga horária totalde 20 horas semanais, 16 horas-aula e 4 horas de ativi-dades na escola, destinadas a planejamento, estudos,trabalho coletivo e colaboração com a equipe diretiva.Para que isso seja possível, já que o aluno tem 20 horassemanais de aula, a rede possui três professores para cadaduas turmas de primeiro ciclo. O terceiro docente temcomo atribuições: ministrar aulas de educação física, derecreação, de artes e de aprendizagens com uso de jogos,no período de horas-atividades dos regentes; trabalhar comaprendizagens significativas e com reforço escolar, no turnoe no extraturno, com aqueles alunos de primeiro e de segundociclos que apresentam grau maior de desafio na relação ensino/aprendizagem18. Por força do Decreto 2.642, que dispõesobre a operacionalização do regime de progressãocontinuada na rede, as escolas oferecem, em horáriointegral, atendimento diferenciado a 20% de seus discentes.

Fonte: Semec/ Seção de Documentação e Escrituração Escolar (Patos deMinas, 2004).

18 Fonte: Semec – Seção de Supervisão Escolar/2003.

Habilitação Magistério Graduação Mestrado TotalEspecializacãoNúmero deeducadores 80

20,05157

39,3516040,1

20,5

399100%

Tabela 1. Levantamento de professores por nível deescolarização – 2003.

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O número de professores das escolas rurais de Patosde Minas gira em torno de 140 pessoas, atuando no ensinofundamental e na educação infantil pré-escolar. Esseseducadores, juntamente com o pessoal urbano, osdiretores, os vice-diretores e os supervisores, passam porum programa de formação continuada próprio do SistemaMunicipal de Ensino.

Tal sistema foi criado em 1997 e teve seu respectivocorpo de leis elaborado e sancionado entre 1997 e 2004.Faz parte desse ordenamento legal o referido Plano deCarreira do Magistério, que prevê promoções trienais combase na busca de aperfeiçoamento profissional e noresultado de avaliação anual de desempenho. Para atendera esse direito docente, a Secretaria Municipal deEducação, Cultura, Esporte e Lazer (Semec) criou oCentro de Estudos Continuados Prof.ª Marluce Martinsde Oliveira Scher (CEC), composto por profissionais daprópria rede. Durante os anos de 2001 a 2003, o CECrealizou encontros, seminários, oficinas, cursos, momentosde trocas de experiências e cursos de longa duração emparceria com a Secretaria de Estado da Educação e como MEC. Ao todo, houve uma média de 970 horas anuaisde formação docente oferecidas desde 2001 (PATOS DEMINAS, 2002a).

Claro está que os desafios que se apresentam para aeducação municipal permitem aferir que o esforço paraos avanços deve ser maior que aquele adredemente in-vestido. A própria literatura é fonte de indicadores nessesentido. Sobre o novo modo de produção do conheci-mento, por exemplo, (GIBBONS et al. , 1996), Santos(2001) conduziu pesquisa doutoral visando aferir o quan-to a formação científica proporcionada pelas escolas bra-sileiras está compatível com ele, chegando, entre outras,

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à conclusão de que existem lacunas importantes na for-mação de pedagogos no País, no tocante à compreensãodos avanços teórico-conceituais sobre a produção de co-nhecimento (SANTOS, 2001, p. 147).

Financiamento da educação municipal

Enquanto o custo anual médio por aluno das escolasurbanas é da ordem de R$ 974,00 (PATOS DE MINAS,2002a), as especificidades da educação rural elevampara R$ 1.852,00 o custo anual de cada um de seusdiscentes em Patos de Minas19. Recebendo do FundefR$ 418,00 por aluno de primeiro ciclo e R$ 438,00por um de segundo ciclo em 2002, sejam eles da cidadeou do campo, é fácil demonstrar que o município é,praticamente, o solitário mantenedor dessa modalidadede ensino, embora a Resolução CEB/CNE nº 1, de 3de abril de 2002 (BRASIL, 2002a), que instituidiretrizes operacionais para a educação básica nasescolas do campo, afirme que:

Art. 15 - No cumprimento do disposto no§ 2º, da Lei 9.424, de 1996, que determina adiferenciação do custo-aluno com vistas aofinanciamento da educação escolar nas escolasdo campo, o Poder Público levará em conside-ração:

I - as responsabilidades próprias da União,dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-

19 Nestes custos, estão incluídos itens como: manutenção e recuperação deprédios e instalações; despesas correntes como água, energia etelecomunicações; aquisição de material de consumo em geral; pagamentode serviços de terceiros como vigilância, segurança e limpeza e folha depagamento dos próprios servidores da educação (docentes eadministrativos).

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cípios com o atendimento escolar em todas asetapas e modalidades da Educação Básica,contemplada a variação na densidadedemográfica e na relação professor/aluno;

II- as especificidades do campo, obser-vadas no atendimento das exigências demateriais didáticos, equipamentos, laboratóriose condições de deslocamento dos alunos eprofessores apenas quando o atendimentoescolar não puder ser assegurado diretamentenas comunidades rurais.

Mais acentuada torna-se ainda a desigualdade nadistribuição das atribuições na medida em que o Municípiode Patos de Minas assume também o transporte dos alunose a merenda escolar do ensino médio nas escolas estaduaisrurais.

Um diagnóstico – Um direcionamento

Não obstante terem sido superados os entravesbásicos, segundo revela diagnóstico realizado comprofessores e pais, no ano de 2001, em relação às escolasrurais e seu ambiente circunvizinho, foram observados:fluxo decrescente de alunos; habitações rurais desocu-padas; alunos desinteressados, com desempenho escolarinsatisfatório; reduzida auto-estima dos alunos (vergonhade serem “caipiras”); grande quantidade de jovensdesempregados; insatisfação dos pais com sua realidade,além da desesperança e do pessimismo em relação àpossibilidade de melhoria de suas condições desobrevivência e do desejo de que seus filhos se formeme se mudem para a cidade em busca de “coisa melhor”;professores caracteristicamente urbanos, sem maior

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ligação com o meio rural; material didático e propostapedagógica voltados para temas e cultura urbanos(PATOS DE MINAS, 2003e).

Diante de tal situação, decidiu-se buscar umaalternativa que procurasse mudar o quadro diagnosticado,percepção essa que desencadeou, durante todo o referidoano, pesquisas, estudos, reflexões e discussões no âmbitoda Prefeitura, em particular na Semec, e ainda cominterlocutores de entidades ligadas ao ensino ourelacionadas com o campo e com o agronegócio:dirigentes, pesquisadores, professores e técnicos dasfaculdades de agronomia e de administração do Unipam,Escola Agrotécnica, Instituto de Economia daUniversidade Federal de Uberlândia (UFU), Embrapa,Emater, Senar, IEF, Sebrae, Sindicato Rural, Banco doBrasil. Houve também o estudo dos resultados publicadospelo Instituto de Economia da Unicamp - Projeto Rurbano(PATOS DE MINAS, 2003e).

O ponto de partida foi a caracterização do Municípiode Patos de Minas. A seguir, a partir de questionáriosaplicados nas escolas, no início e no final do mesmo ano,estabeleceu-se o perfil do alunado rural. Buscaram-se,então, bases teóricas para um projeto de educaçãovoltado para o campo, inserido em uma política municipalmais ampla, de desenvolvimento rural sustentável.Estabeleceram-se estratégias, lançou-se o projeto, cujaimplantação está em curso desde fevereiro de 2002, comavanços, recuos, desafios, conquistas e redirecionamentos,conforme se pode notar nos relatórios redigidos no âmbitoda Semec pela coordenação do projeto.

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Perfil do aluno da escola rural de Patos de Minas e sua família

O aluno típico da escola rural no município mora emcasa própria (70%), é membro de uma família com rendaentre 1 e 2 salários mínimos (67%), é filho de trabalhadorrural ou de pequeno produtor, sendo que parte dos paisexerce atividades econômicas ligadas ao comércio, comoprofissionais (artífices) autônomos, e ao serviço público.É de 61% o percentual das mães que não trabalham fora,e 73% das famílias têm de 1 a 3 filhos20.

Considerando que os documentos escolares mostramum índice de absenteísmo na escola bastante baixo, infere-se a existência de poucos problemas de saúde, ao que seadiciona que casos de desnutrição detectados pelasequipes de saúde da família21 são raros; que a maior partedas habitações são próprias, deduzindo-se que, emboraa renda familiar seja pequena, as necessidades básicas dealimentação, moradia e higiene no meio rural sãorazoavelmente atendidas. Isso o difere das comunidadesdas escolas municipais da periferia da sede do município.As ações da administração pública incluem, dentro dasescolas, acompanhamento da saúde bucal por profissionaisda área. Quanto à saúde geral e à prevenção, os estudantessão atendidos nas unidades e programas de saúde,enquanto membros das famílias e das comunidades.

Em relação ao formato familiar, pesquisa feita comtodos os alunos de 4º ano do segundo ciclo (224adolescentes ao todo, na faixa etária de 13 a 17 anos)

20 Patos de Minas _ Semec. Perfil sócio-econômico e cultural das famíliasdos alunos das escolas rurais pertencentes ao sistema de ensino de Patosde Minas, fev./2001; Questionário do aluno da escola rural, dez./2001.

21 Todas as localidades rurais em Patos de Minas já estão cobertas peloPrograma de Saúde da Família (PATOS DE MINAS, 2003d).

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permite verificar que no campo predomina a famíliatradicional: além de a maior parte das famílias sercomposta de pai e mãe (89%), os alunos afirmam queo relacionamento é bom ou ótimo com os pais (90%) ecom os irmãos (86%), e que os pais, ao corrigirem-nos, o fazem por meio do diálogo (76%).

Esse aluno padrão também gosta da escola: 88%dizem que seu relacionamento com os professores é bomou ótimo; 69% dizem que as aulas são boas, 18% quesão ótimas, e apenas um aluno (0,4%) afirmou que elassão ruins. Também têm bom conceito quanto aodesempenho como alunos: 78% se consideram bons, eapenas 2% se acham difíceis; 46% afirmam sentir-sesatisfeitos durante o período em que estão na escola,enquanto 4% se dizem insatisfeitos, e apenas um alunoestá muito insatisfeito.

Mas é importante notar que a escola é espaço demuita satisfação apenas para 27% dos alunos, e que 58%gastam menos de uma hora para fazer seus deveresescolares, o que pode sinalizar seu desinteresse,reclamação freqüentemente apontada pelos professores.Parte da explicação pode estar em outra pergunta doquestionário: quando interrogados sobre a importância dosestudos em suas vidas, eles (51%) afirmam que isso lhesdará um futuro melhor. Visto que a palavra “futuro” é muitogenérica, convém atentar para o reduzido número dealunos (13%) que marcou a alternativa “a escola ofereceensinamentos muito interessantes”. Em uma questão emque se poderia marcar mais de uma alternativa, elesapontam para um longínquo “futuro”. Porém, se osensinamentos não são interessantes, para a grande maioriafica expressa sua incerteza a respeito de como a escolapoderá permitir um porvir mais promissor.

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Quanto ao trabalho, na mesma pesquisa 51%afirmaram cooperar com as tarefas domésticas (intra-residenciais), e 30% dizem trabalhar nos processos deprodução econômica rural da família, o que, possivelmente,aponta para sua condição de filhos de agricultoresfamiliares. Todavia, em uma questão em que se poderiamarcar mais de uma alternativa, há alunos que fazem“bicos” (10%), enquanto outros têm emprego assalariado(6%). Eles capinam, batem pasto, são vaqueiros, plantam,colhem, fabricam queijos, operam tratores, fazem serviçosgerais e “outros serviços”. Apenas seis alunos (3%)afirmaram não trabalhar de forma alguma.

Destarte, esse “contingente de trabalhadores” afirmaque a escola auxilia apenas às vezes no trabalho (54%)ou que não auxilia (13%). Somente 32% vêemcontribuição dos estudos em suas atividades profissionais.Sendo assim, de quem vêm os ensinamentos? Do pai, damãe, dos irmãos, dos parentes, dos vizinhos e dos amigos.Cumpre notar a presença da assistência técnica nessaeducação informal em 10% dos casos. A formação parao trabalho pouco passa pela escola, mas vem de geraçãopara geração, de forma doméstica ou comunitária. Ondeestá a escola em sua vida? Para esse público existe umaextensão rural?

Também os programas rurais do rádio e da televisãofazem parte dessa rede informal de educação: 12% dosalunos seguem com regularidade esses programas, 60%assistem a eles de forma esporádica, e 27% não assistema essa programação. Entretanto, somente 15% afirmamaplicar os ensinamentos, contra 55% que aplicam apenasàs vezes e 28% que não aplicam. As dificuldades paraaplicação das lições da mídia ficam diluídas entre osmotivos: não entenderam, são de difícil aplicação, exigem

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recursos de que as famílias não dispõem, exigem pessoaltécnico para implantação ou acompanhamento, nãoatendem às necessidades do agricultor. Vê-se que o sujeitobusca o programa de orientação rural, que, porém, nãolhe é acessível pela dificuldade de fundo financeiro outecnológico, os dois grandes dificultadores da famíliatrabalhadora e/ou agricultora. Entretanto, ele quer aprender,demanda por orientações relativas a seu trabalho no campoem todos os setores da lida, e espera isso da escola, conformese pode notar pelo número de alunos que marcaram asalternativas abaixo, sabendo-se que o universo é de 223pessoas e que a pesquisa atingiu o censo.

Com relação às orientações que gostariam de receberna escola (respostas induzidas), os entrevistados respon-deram: 16% saúde; 15% cuidado com animais; 12%preservação do meio ambiente; 11% medicina rural; de4% a 7% formação de horta/pomar comunitário,alimentação alternativa, agroindústria, lavoura, jardinagem,horta particular, pomar particular, formação de gruposcomunitários22.

Embora a televisão e o rádio exerçam pequeno papelno aspecto da educação para a tecnologia rural, esse tipode mídia traz a cultura de massas para o mundo rural,constituindo-se como a maior atividade de lazer para amaioria dos jovens: eles gastam seu tempo livre,preponderantemente, ouvindo música ou assistindo àtelevisão. Em sua preferência, primeiramente vem a músicaromântica (o pop romântico); em segundo lugar, o forró;e apenas em terceiro é que se coloca a música sertanejaque, atualmente, se movimenta entre aquela realmenteligada ao meio rural (dita “de raiz”) e a sertaneja romântica,

22 Patos de Minas. Semec. Questionário do aluno, aplicado nas escolasmunicipais rurais em dez./2001 (PATOS DE MINAS, 2001b).

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tipicamente urbana, promovida e patrocinada pela grandemídia. Nota-se ainda que as notícias sobre a própriatelevisão e sua aldeia interna só perdem para namoro/sexo na ordem de seus assuntos preferidos. Contudo,observa-se mais um sinal da dicotomia campo/cidade daconservadora família rural: suas atividades recreativaspreferidas ainda são, em ordem decrescente de prioridade,encontros religiosos, visitas domiciliares, bailes e festasde barraquinhas.

Em síntese, a pesquisa sobre o corpo discenterealizada nas escolas rurais de Patos de Minas, porintermédio do questionário já referido, permite as seguintesconclusões:

a. O público da educação municipal é de agricultoresou trabalhadores rurais.

b. A renda familiar é baixa (média entre 1 e 2 saláriosmínimos mensais).

c. A família é estruturada de acordo com os moldestradicionais e o relacionamento pais/filhos/irmãos é de bompara ótimo.

d. O aluno é trabalhador rural.e. Existe uma concorrência ou convivência da cultura

tradicional (local) com a cultura de massas, midiática.f. A escola não está ligada ao mundo do trabalho

nem à cultura da comunidade.

Essas conclusões vêm ratificar pesquisas feitasrecentemente por professores preocupados com acrescente urbanização da educação rural, como Leite(1999) ou como Ribeiro (2001). É um modelo perigosode educação, cujas conseqüências sofre a sociedadebrasileira ao ver trabalhadores rurais e famílias agricultoras

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migrarem para as cidades e engrossarem o contingentedos desempregados ou subempregados: todos, vítimasde um quadro injusto e violento. Em Patos de Minas, apopulação rural é de 12.548 pessoas (10,1% do total),segundo o censo IBGE/2000. É um número respeitávelde famílias que ainda não abandonaram seu espaço,sinalizando para um certo desejo de permanência, um certoreceio da vida urbana, uma certa fé ou esperança de quea situação melhore. Diante disso, o Poder Público podepermanecer na omissão ou prestar atenção a palavrascomo as de Fernandes Filho e Francis (1997, p. 237):

[...] a insustentabilidade das unidades traz sériosproblemas sociais e ambientais. O baixo nível derenda leva a que as condições de vida das famíliassejam muito ruins. A necessidade de obter rendacom trabalho assalariado prejudica os estudos dosfilhos, leva a que parte das famílias mudem para ascidades, aumentando os problemas urbanos. Oprocesso de empobrecimento destas famílias podelevá-las a vender parcelas de suas terras, as quaisjá eram pequenas, e a um processo que pode tercomo final a perda da pequena propriedade e umnovo barraco nas periferias da cidade.

Aliás, a esse respeito, Leite (1996) apontou o queentendia como grande nó na educação rural, suaurbanização e ao mesmo tempo sua precariedade e osdesafios técnicos dessa modalidade de ensino em relaçãoa um perfil próprio: currículo inadequado; estruturaçãodidático-metodológica deficiente; inadequação de materialdidático; desvalorização da cultura rural; formaçãoessencialmente urbana do professor; condição do alunocomo trabalhador rural; distanciamento dos pais emrelação à escola, embora as famílias a tenham como valorsocial e moral; calendário escolar em dissonância com aatividade produtiva.

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Entretanto, um modelo de educação que se queirademocrático deve considerar valores e especificidadesurbanos e rurais para não desvincular o sujeito de seuespaço rural tampouco segregá-lo do campo sem ossubsídios necessários à sobrevivência na cidade, caso sejaessa sua opção. Parece ser isso a solução mais prudente,pois oferecer uma educação essencialmente agrícola àscrianças e aos adolescentes do campo, limitada aosconhecimentos técnicos do plantar e do criar, seriaestabelecer a ditadura do “fique-aí-que-é-melhor-para-todos”. Além disso, a própria estrutura do ensinofundamental não prevê a formação profissionalizante, masa formação para o trabalho e para a cidadania, conformeprevê a Constituição Brasileira de 1988 (BRASIL, 1988).

Buscar a síntese pode evitar o ensino urbano praticadono campo, o qual pode gerar o que Leite (1999, p. 90),aplicando a visão da sociologia funcionalista, chama deanomia, isto é, a total desvinculação e dissociação docomportamento humano, tanto individual como coletivo,de suas raízes socioculturais básicas.

A relação do humano com o trabalho, de conflito ouprazer, o trabalho como condição de formação do sersocial, faz parte dos objetivos da educação na“Constituição Cidadã”, conforme seu Art. 205: “Aeducação, direito de todos e dever do Estado e da família,será promovida e incentivada com a colaboração dasociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa,seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificaçãopara o trabalho” (BRASIL, 1988).

De fato, na medida em que o trabalho se confundecom a própria formação do ser humano (LUKÁCS,1997), é no meio rural que essa idéia alcança sua gênese,pois ali é ponto de união da família, motivo de celebraçõesreligiosas, de reunião dos vários grupos familiares em torno

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de auxílios mútuos, de troca de favores, de mutirões, tãocomuns na região de Patos de Minas. Assim, ele seconfunde com a cultura, a ponto de não se poderdeterminar o que é a produção como fim em si mesma, equal o limite entre ela, a religiosidade, o lazer, as relaçõesprofissionais, de amizade e familiares. Dessa forma, apreparação para o trabalho é muito mais que a simplesprofissionalização ou a transmissão de informação técnico-produtiva. É desenvolver valores intelectuais, éticos,estéticos e morais.

Educar para o trabalho é proporcionar à criança eao adolescente a oportunidade de se formarem comoseres humanos integrais: solidários, justos, transcendentais,psiquicamente fortalecidos, fisicamente saudáveis,emocionalmente equilibrados, amantes do belo e do saber,respeitadores da natureza e generosos. É desenvolvervalores intelectuais, éticos e morais.

No caso da escola rural, essa função é reafirmadapelo fato de que seu aluno e sua aluna são elementos deum grupo familiar em que todos têm sua tarefa, seutrabalho. Ao acercar-se da escola, o estudante, por maisnovo que seja, tem contato íntimo com o mundo dotrabalho, e desconhecer ou desprezar essa realidade édesprezar o próprio saber empírico do aluno e de suafamília, sinalizando para uma desimportância de seumundo.

No caso da agricultura familiar inserida nasociedade capitalista, é difícil verificar o limite entreum micro-sistema de produção específico, peculiar, ea relação de exploradores e explorados típica do modode produção lato sensu. Em Patos de Minas não édiferente: não localizando resultados de pesquisas quetratem dos aspectos socioeconômicos e críticos no caso

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patense, lança-se mão da idéia de trabalhador “livre”,camufladamente expropriado nas relações capitalistas(MARTINS, 1990), e a ela associamos uma noção deagricultor “proletarizado” nas relações com o capitalagroindustrial, que pode ser observada no acompanha-mento quotidiano da vida das comunidades nomunicípio, para compreender as duras circunstânciasde reprodução das famílias.

Pressupostos do projeto de educação rural

Partindo das observações e diagnóstico realizados,a Semec coordenou os estudos, reflexões e discussões,no ano de 2001, já referidos neste texto. Uma descobertada equipe envolvida foi a de que o município deveria terum plano de desenvolvimento rural que considerasse ogrupo familiar e a comunidade que ele compõe, poisentendeu que, sendo essa a característica das relações detrabalho e produção, planejar apenas para os estudantesseria abordar a problemática de forma fragmentada. Aequipe discutiu também acerca da realização de açõesque promovessem a família rural e suas condições de vida,pois, do contrário, acreditava que o discurso da escolanão encontraria eco na comunidade (PATOS DE MINAS,2003e). A criança e o adolescente precisariam receberuma formação na perspectiva da valorização da vida rural.Porém, isso seria contraditório se, na prática, elescontinuassem percebendo o estrangulamento de suaunidade de produção.

Assim, a proposta do grupo de discussão foiestabelecer um projeto de educação rural que buscassealternativas para a situação atual do campo, com base emuma idéia que almejasse a credibilidade por seu lastro narealidade. Decidiu-se, pois, que o projeto de educação

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rural seria uma parte de um programa municipal que visasseao desenvolvimento e melhoria das condições de vida dasfamílias e de suas comunidades, com abertura deoportunidades de trabalho e de renda no campo.

Justifica-se a decisão da equipe com base nosestudos acadêmicos das últimas décadas, os quaisverificam que, muitas vezes, os sistemas educacionais,quando concebem e implementam políticas e/ou açõesinovativas, estão experimentando “mais do mesmo” – umcírculo vicioso que, além de não construir soluçõessustentáveis para os problemas existentes, concorre paraaumentá-los quantitativamente e agravá-los qualita-tivamente.

As discussões preparatórias para a elaboração doprojeto envolveram também a questão levantada edefendida por muitos estudiosos da educação rural: asazonalidade da produção agrícola. Acordou-se,entretanto, que não seria conveniente propor mudançasno calendário escolar em relação às escolas urbanas, pois:

a. A produção agrícola no Município de Patos deMinas caracteriza-se pela diversidade de produtos,prevendo trabalho o ano inteiro.

b. A variação no calendário causaria transtornostrabalhistas, visto que grande parte dos educadores temaulas na cidade e no campo.

c. O custo com transporte escolar, já exorbitante,seria multiplicado, pois as escolas estaduais rurais e asescolas urbanas que também atendem alunos do campocontinuariam operando pelo calendário tradicional e nãohaveria, então, o compartilhamento de várias rotas.

Por último, estabeleceu-se que deveria ser geradomaterial paradidático referente aos assuntos do campo –

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ntecedeu a elaboração do projeto de educação ruralpropriamente dito um outro relacionado à capacitação dosmembros dos conselhos de desenvolvimento comunitáriodo município. Este último visava a: despertar nascomunidades a percepção de que seu desenvolvimentopassa por alguma forma de organização social e de quehá potencialidades ainda não exploradas em todas aslocalidades; tornar as comunidades aptas a proporem oPlano Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentávele, a partir disso, buscar, em conjunto, a solução de seuspróprios problemas nas ações que dependem apenas delase naquelas que forem concernentes às três esferas doPoder Público, como diz o próprio projeto (PATOS DEMINAS, 2001a, p. 5):

[...] ao falar de alternativas para a agricultura familiar,é preciso pensar em sua capacidade deorganização. Em sendo assim, pensar nessedesenvolvimento da agricultura familiar é pensarna sua organização e na sua capacidade deestabelecer estratégias para alcançar seu própriodesenvolvimento, mas também, por esta via,alcançar o próprio desenvolvimento local. Assim,a premissa básica dessa proposição se move em

O Projeto de Educação Rural de Patos de Minas

.A

trabalho, produção, ecologia e recursos naturais, cultura –, oque iria exigir a cooperação com outros agentes, além doenvolvimento dos próprios educadores da Rede no quefosse concernente a questões culturais típicas do povo eda região.

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torno da idéia de que o “salto” qualitativo de cadaregião ou localidade, quando ocorre, é, via deregra, capitaneado por forças sociais locais. Essasforças precisam possuir confiança, organização,estabelecerem normas de cooperação e departicipação da comunidade na busca de umresultado social de somatório diferente de zero,ainda que numa intermediação sempre conflituosa.

O projeto de capacitação comunitária foi elaboradono âmbito do Instituto de Economia da UniversidadeFederal de Uberlândia, onde há pesquisadores eprofessores ligados ao Rurbano-Unicamp.

Preliminarmente à redação do plano de educaçãorural, houve também a primeira reunião com a Empre-sa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Oobjetivo era estabelecer as bases de uma cooperaçãoque visasse à troca de saberes produzidos em tecnologiapara o desenvolvimento rural, por parte da Embrapa,e fundamentação filosófica da educação, estratégias deensino/aprendizagem e orientações pedagógicas, porparte da Semec. As primeiras ações concretas acor-dadas seriam a produção do material paradidático e aformação dos professores nos assuntos concernentesà agricultura familiar, à ecologia e aos recursos natu-rais, à organização social, ao desenvolvimento ruralsustentável e à agroindústria.

No esforço de mobilizar e refletir bases conceituaispara a formulação das políticas e das estratégias de gestãopública, os dirigentes municipais, máxime na Semec, têmbuscado dialogar com distintas organizações, áreastécnicas e operadores de diferentes perspectivasmetodológicas (PATOS DE MINAS, 2003a). Nessabusca, a administração municipal coletou documentosgerados e/ou trabalhados por ocasião da elaboração do

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Pronaf (BRASIL, 1996), bem como derivados de mesasredondas e discussões nos Seminários “Agricultura familiarcomo base do desenvolvimento rural sustentável”(Jaguariúna-SP, 15 a 18/12/97) e “Agricultura familiar:desafios para a sustentabilidade” (Aracaju, SE, 08 a11/12/98) (MOTA et al. , 1998; GUEDES; TAVARES,2001; SILVEIRA, 2001).

Na mesma área, foram objeto de reflexão asexperiências de outras organizações, como a OficinaSocial, desta destacando-se os princípios básicos quenorteiam suas ações: desenvolvimento humano;sustentabilidade; superação da exclusão social; eqüidade;impacto; inovação e envolvimento institucional, de usuáriose de público-alvo (O DESENVOLVIMENTO..., 2000).

Em outubro de 2001, foi redigido o texto do Projetode Educação Familiar Rural de Patos de Minas –EdufaRural – com os seguintes objetivos:

a. Conscientizar o rurícola e sua família, por meio deplanos pedagógicos voltados para o campo, sobre aimportância do “rural” na cultura e na economia nacionais(valorização do homem, da cultura, do trabalho/produçãoe do espaço físico-geográfico rural).

b. Promover a aprendizagem escolar a níveis deviabilidade, de interesses e de aplicabilidade locais, semperder de vista as pesquisas, a tecnologia e os empreen-dimentos urbanos.

c. Fomentar novos valores, atitudes e compor-tamentos por meio de conteúdos escolares específicos,de modo a possibilitar outras modalidades de trabalhoe/ou criação de bens materiais a partir de tecnologiascompatíveis com o espaço físico-geográfico e a realidadeeconômico-produtiva rural.

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d. Implantar, a partir da realidade sócio-econômicalocal, política de geração de renda e de fomento a outrasocupações (pluriatividades rurais) e de requalificaçãoprofissional do rurícola, de modo a garantir a sustenta-bilidade da unidade rural familiar.

e. Incrementar planos de produção associativa/comunitária de modo a fortalecer, política e econo-micamente, grupos produtivos rurais (Patos de Minas:2001b, p. 5).

Assim, a educação rural proposta no projetoEdufarural, segundo se pode depreender do texto, buscavincular o sujeito economicamente produtivo e o ser quese realiza como tal quando está em harmonia com seumeio – meio entendido como o contexto social somadoao contexto natural. Nesse caso, lembra que a economiado campo se desdobra para a cidade e que, dessa forma,o homem e a mulher do campo, para manter sua economiafamiliar, devem se movimentar pelos espaços urbano erural com a mesma desenvoltura. Por isso – diz odocumento – “temos como linha metodológica epedagógica a educação baseada no ‘saber social’,

[...] especificamente na prática rural, no elementovivencial do homem do campo, de modo apromover um processo de não restrição cultural,econômica e/ou política, mas sim de aproximaçãoentre o urbano e o rural, da técnica dos pesqui-sadores à prática do rurícola, do moderno urba-nizante ao tradicional campesino. (op. cit., p. 6).

E desse “moderno urbanizante” faz parte a cultura demassas que lhes chega através da mídia, de acordo com oque se percebeu no questionário ao aluno, anteriormenteexposto. Fato que parece irreversível, apesar de todas as

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críticas que possam ser feitas. Destarte, a redação doprojeto Edufarural expressa o objetivo de promover umacoexistência dessa referida cultura com o “tradicionalcampesino”. Propõe que a escola tenha participaçãoefetiva na transmissão dessa cultura rural. Se a televisão eo rádio não se abrem para ela, e isso faz com que, pelapreponderância que quer ter, a mídia venda suaprogramação como única verdade possível, quer a escolacontrapor-se a esse cerceamento ideológico, praticandoe valorizando o que é tradição, raiz e força.

O projeto EdufaRural busca em Paulo Freire as basesconceituais e estratégias pedagógicas para o resgate daidentidade do homem e da mulher do campo. O ponto departida é o contexto natural, social e econômico do aluno,sua vivência cotidiana, sua cultura. Como acredita o autorcitado no texto (PATOS DE MINAS, 2001b), se afinalidade última da educação é a transformação do serem sujeito de sua história e a influência transformadoradesse ser sobre seu meio, o ponto de mutação é aproblematização do contexto em que se vive. A açãoseguinte é teorizar esse contexto e retornar à prática, paramodificá-la. A relação dialética entre teoria e prática éque aponta para a melhor práxis educacional.

No esforço de resgate da identidade e construçãoda cidadania, norteando a ação pública com lastro nocotidiano das comunidades, com os elementos teóricosde que lança mão, a proposta de educação rural de Patosde Minas mostra que espera-se poder contribuir paradesvelar o valor do elemento humano no território, na formasinalizada por Valente (2003).

A partir do mundo do educando, pretende-se queprofessores e professoras empreguem palavras,

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expressões e temas geradores que nortearão o ensino edesencadearão o processo de aprendizagem com lastrono cotidiano do alunado. Pretende-se, assim, oestabelecimento da experiência do aluno como ponto departida do processo educacional:

Em nossa concepção filosófico-pedagógica,acreditamos que algumas linhas pragmáticas comoo sistema Decroly ou Montessoriano são eficazesno que diz respeito ao “aprender fazendo”.Entendemos que a Pedagogia da Ação, queenvolve diretamente o aluno na pesquisa e noaprofundamento dos assuntos prescritos é, por suanatureza, investigativa, indagadora e abreperspectivas novas ao aluno, com base em seuesforço e interesse pessoal (...). E isso é muito bom.Exige participação, criatividade e iniciativa. Insereo aluno em processos de reconstrução dosdiferentes meios de conhecimento. Desperta formasquestionativas sobre o que se aprende. (PATOSDE MINAS, 2001b, p. 11).

Todo o processo envolverá os Parâmetros Curri-culares Nacionais (BRASIL, 1998b), visto que a própriaLei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB/96 – prescreve que a base universal não pode serprescindida na escola brasileira. Assim, aliando a basecomum com as possibilidades de diversificação, objetivatambém a formação de cidadãos capazes de se organizarem cooperativas e transitar por agências de crédito e outrosagentes do mercado. A adaptação curricular é uma dasbases da estratégia do EdufaRural, de modo a abranger ouniversal e o contexto mais restrito, através de proce-dimentos como:

a. Material paradidático especificamente produzidoem conjunto com outras organizações.

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b. Dias de campo.c. Palestras e relatos de experiências e técnicas

inovadoras.d. Projetos de pesquisa e demonstração.e. Trabalhos comunitários.f. Presença dos pais como parceiros das atividades.g. Interdisciplinaridade.h. Conexão com o programa de desenvolvimento rural

do município (PATOS DE MINAS, 2001b).

Ao longo do processo de construção do projeto,buscou-se a participação de dirigentes e de professoresdas escolas e, depois de elaborado, o resultado foidiscutido nas escolas rurais, tendo obtido parecerfavorável.

Implantação do Projeto EdufaRural

Em fevereiro de 2002, o projeto foi implantado comum encontro de educadores, programado na forma deoficinas, de cujo programa constavam:

a. Apresentação do histórico do projeto.b. Apresentação dos parceiros.c. Apresentação do acordo de cooperação com a

Embrapa.d. Palestra sobre agricultura familiar.e. Palestra sobre educação rural.f. Oficinas interativas, por áreas de conhecimento,

para estabelecer ações comuns nas escolas.g. Oficinas interativas, por escola, para propor os

trabalhos para o primeiro semestre daquele ano (PATOSDE MINAS, 2002e).

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Nas oficinas, havia a presença de técnicos da extensãorural para a orientação dos temas de ordem agronômicaou de economia agrícola.

No decorrer do primeiro semestre daquele ano,mostram relatórios mensais, os diretores das escolas ruraisse reuniram na Semec com os técnicos próprios pararelatos e planejamento de atividades. Nessas reuniões,eram distribuídos textos elaborados no âmbito daSecretaria, com os temas propostos no projeto, para osprimeiros trabalhos:

a.Valorização da cultura, da vida e do homem e damulher do campo.

b. Empreendedorismo.c. Associativismo e cooperativismo.d. Meio ambiente.

Outros temas, também previstos para constarem domaterial paradidático, foram:

a. Agricultura familiar.b. Modalidades produtivas de pequeno porte.c. Mercado agrícola e processamento em pequenas

produções.d. Desenvolvimento e sustentabilidade.

Uma conquista para o projeto foi a parceria da EscolaAgrícola,23 de modo que os alunos do terceiro ano doEnsino Médio fazem estágio nas escolas rurais, dois porestabelecimento, uma vez por semana. Esses estudantes

23 Escola Agrotécnica “Afonso Queiroz”, mantida em parceria pelo Cen-tro Universitário de Patos de Minas (Unipam) e governo do Estado deMinas Gerais.

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têm como atribuições auxiliar a escola e os agricultoreslocais oferecendo saberes técnicos ligados ao campo.

No final do primeiro semestre de 2002, a Semecpromoveu um encontro de avaliação do andamento dostrabalhos, contando com a participação de técnico daEmbrapa. Foram apontados como pontos positivos atéali contabilizados:

a. Maior interação escola/família.b. Maior dinamismo da escola.c. Atividades mais diversificadas.d. Reestruturação do espaço físico escolar,

tornando o ambiente mais agradável.e. Crescimento profissional e surgimento de novas

lideranças entre os professores.f. Planejamento e execução de atividades interdis-

ciplinares.g. Surgimento e/ou consolidação de trabalho coletivo

nas escolas.h. Troca de conhecimentos entre alunos e professores.

Os pontos identificados como oportunidades demelhoria pelos diretores em suas escolas foram:

a. Recursos financeiros insuficientes para a execuçãode alguns projetos locais.

b. Reduzido envolvimento de alguns profissionais,principalmente educadores de postura tradicional.

c. Reduzido envolvimento das escolas com osconselhos de desenvolvimento comunitário.

d. Baixa disponibilidade de material de apoiopedagógico.

Além disso, notou-se que:

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a. Seria preciso capacitar os alunos estagiários daEscola Agrícola em questões referentes ao processopedagógico como um todo, à visão sistêmica da educaçãorural, à postura didática.

b. Era recomendável estimular cada educador, devárias formas, a se envolver com o projeto naquilo quemais o desafie.

c. O pessoal de escola precisava ser mais trabalhadono sentido de que os resultados concretos, como hortas epomares nas escolas não são os maiores objetivos;tornava-se necessária a conscientização de que o Projetoé um processo de construção permanente, uma metodo-logia nova que se pretende tornar perene, a exigirinvestimentos em longo prazo (PATOS DE MINAS,2002c).

De acordo com os relatórios, este é o maior desafiodo EdufaRural: está baseado na demanda por umamudança de mentalidade, uma nova cultura por parte doseducadores, uma tomada de consciência para a formaçãode cidadãos capazes de solucionar problemas e crescerem cooperação.

Encerrado o primeiro ano de implantação, pode-senotar no documento da reunião final que a primeira fasefoi mais complexa, pela inexperiência dos envolvidos.Porém, foram contabilizadas algumas ações significativaspor parte das escolas e a demonstração dos alunos,percebida pelos professores, de maior valorização de seumodo de vida. Houve a percepção de que o EdufaRural,embora já tendo completado um ano na época, deveriacontinuar com acompanhamento próximo e dinâmico paraapoiar as comunidades na sua consolidação.

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Na busca de superar desafios e contradições, algumasações foram propostas e implantadas desde a primeirareunião de avaliação, como:

a. Realização de eventos de formação para oseducadores das escolas rurais, envolvendo, além de temastécnicos de agricultura, pecuária, meio ambiente e culturarural, o estímulo aos professores para maior envolvimentocom o projeto e aquisição de atitude empreendedora porparte deles.

b. Maior proximidade da equipe responsável peloprojeto, lotada na Semec, em relação às escolas e a seusprofessores, apoiando na reestruturação do currículo ena busca de conhecimentos técnicos específicos e tambémmobilizando parceiros e comunidades rurais.

c. Criação do Conselho de Acompanhamento doEdufaRural24 para o fortalecimento do coletivo, parapropor diretrizes do projeto e para seu acompanhamento(PATOS DE MINAS, 2002c, p. 6).

d. O material, atualmente já em poder das escolas,seria peça-chave em um contexto, principalmente nosegundo ciclo, marcado pela dependência do professorem relação ao livro didático.

e. O estabelecimento de currículos mínimos paratodas as disciplinas, em conjunto Semec/docentes,essencial para que os assuntos ligados ao campo setransformem em rotina escolar e assumam seu papel noconteúdo programático das escolas ao lado dos temasuniversais.

24 O decreto de criação está em discussão com vista a ser assinado peloPrefeito no segundo semestre de 2004. Por enquanto, o Conselhofunciona extra-oficialmente.

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f. Inserção de uma disciplina intitulada EdufaRural naparte diversificada da grade curricular de todas as escolasrurais, com programa voltado para os temas propostosno projeto e com professor que também se encarregaráde promover os projetos coletivos e a interdisciplinaridade.

No início de 2003, terminaram os cursos deformação para os membros de 53 centros dedesenvolvimento comunitário rural, ministrados pelostécnicos da UFU, e foi lançado pelo Poder Públicomunicipal, em conjunto com parceiros, o Programa deGeração de Renda, Emprego e DesenvolvimentoIntegrado de Patos de Minas (Progredir), com ações emdez áreas, a maior parte delas já implantada: educaçãorural, associativismo, infra-estrutura, assistência técnica,acesso ao crédito, apoio à produção, comercialização,gestão do meio ambiente, apoio ao turismo e saúde(PATOS DE MINAS, 2003f).

Como exemplo de uma ação de facilitação de acessoao crédito, pode ser citada a unidade do Banco do Brasilpara apoio ao produtor rural, com recursos do Pronaf,implantada dentro do prédio da Ceasa, local de trânsitosemanal de agricultores. Na unidade, além de funcionáriosdo Banco, foram mobilizados alunos-estagiários doCentro Universitário de Patos de Minas (Unipam) paraauxiliar na elaboração de projetos. O resultado apareceuem poucos meses: os financiamentos na região subiramde 400 mil reais para 3 milhões de reais.

Em conversa pessoal, o gerente do referido Bancocomentou que os pequenos produtores não se sentemconfortáveis na agência central e que “O pequeno vemaqui pedir empréstimo, enquanto o grande vem exercersua cidadania”.

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Parcerias como um desafio

No diálogo interinstitucional, os gestores e técnicosda administração pública municipal, vinculados aoEdufaRural, têm procurado erigir e desenvolver umarelação de parceria com outros agentes, quer entidadespúblicas, quer organizações sociais, ou ainda firmasprivadas. Como ideal de trabalho, essa ação foi pautadapela noção de parceria contida em Souza e Silva (1993).

Nesse afã, foi tentada a interlocução com instituiçõesde ensino médio e superior, de pesquisa agropecuária, deextensão rural, de formação profissional, de desenvol-vimento florestal, de fomento empresarial, de ação sindicale de crédito. Várias dessas organizações, que aderiramao grupo no momento das discussões preliminares, em2001, atualmente fazem parte do Conselho deAcompanhamento do EdufaRural. Ainda funcionando demaneira informal, o referido conselho tem as atribuições eos objetivos de

[...] considerar, valorizar e mobilizar talentoshumanos com atitudes empreendedoras ecooperativas, representantes de vários segmentosdas escolas e instituições ligadas à pesquisa emagronegócios e à cultura do campo, buscando,assim, o compartilhar de múltiplas visões e ofortalecimento do coletivo na formação de uma equipede estudo que terá como atribuições propor diretrizesnorteadoras do projeto EdufaRural e de seuacompanhamento (PATOS DE MINAS, 2002c, p. 6).

O conselho, em suas reuniões, parte da discussãosobre a prática, refletindo e propondo ações de redirecio-namento e de dinamização do processo. Em cada reunião,

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nasce uma ata (ou uma memória), documento esse que éanalisado e discutido no âmbito das equipes técnicas daSemec e das escolas onde o EdufaRural é executado.

Vale lembrar que esse colegiado não possui açãodeliberativa. Admite-se que essa seja uma das razões pelasquais o interesse de participação de algumas das organi-zações sociais convidadas seja tão reduzido. Outra razãoé o pouco hábito de participação e de democracia aindaexistente na sociedade brasileira. Isso ajuda também aentender posturas reduzidamente comprometidas por partede interlocutores que ali tomam assento. Todavia, háentidades que têm participado de forma efetiva naformação de professores e na oferta de cursos técnicos afamílias agricultoras, diretamente no meio rural.

A rigor, a própria denominação de Conselho de“Acompanhamento” merece ser objeto de reflexão. Naausência de indicadores de desempenho tecnicamenteestabelecidos e de dados colhidos de modo continuado,o “acompanhamento” é feito por meio de relatóriosdescritivos, produzidos pela equipe técnica da Semec epelos professores representantes de cada escola. Importaconsiderar que os conselheiros extra Poder Público muni-cipal não fazem inspeções in loco nas escolas onde o projetoé realizado, nem visitas às comunidades para tratar dele.

Embora não faça parte do conselho, a Embrapa éparceira do projeto, mediante convênio assinado com amunicipalidade, com vistas à criação de materialparadidático e oferecimento de curso de formação docenteem temas ligados ao campo, dentro das pesquisasproduzidas no âmbito da empresa. O material, oito livrosde contos infantis e juvenis, acompanhados de seuscadernos de exercícios, todos versando sobre os temas

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definidos para o projeto, foi lançado e entregue às escolasno início do segundo semestre de 2004.

Um resultado, desde o princípio altamente desejável,é o de conseguir a participação do sindicato represen-tativo das forças trabalhadoras rurais no colegiado doEdufaRural. Até o ano de 2004, já em seu terceiro ano dedesenvolvimento, o projeto não logrou esse intento. Ashipóteses que se levantam para o insucesso parcial sãomuitas, destacando-se a diferença de orientação políticaou de tendência ideológica. De par com essa possibilidade,surge o fato de que, historicamente, no Poder Público,sem motivações para a aproximação e a interlocução commovimentos sociais ou sindicatos de trabalhadores, osdirigentes e técnicos não formaram princípios de gestão,métodos de trabalho ou habilidades de negociação parainiciar, com eficácia, o tão necessário processo.

A mesma tendência majoritária se pode observar emrelação aos sindicatos, especialmente de trabalhadores:em grande medida, não são instados a participar daformulação e/ou acompanhamento e avaliação de políticaspúblicas (gestão social). Assim, os sindicatos trabalhistasnão se estruturaram para tal participação, quer no tocanteaos instrumentos e métodos de gestão de seus dirigentes,quer no âmbito de sua própria burocracia interna. Nessescasos, a participação exige mudança comportamental deambas as partes: governo e organizações sociais.

Finalmente, mas não menos importante, destaca-setambém a natural existência de desconfiança nas relaçõesentre o Poder Público e organizações sindicais trabalhistas,fruto das tradicionais posições de oposição e, possi-velmente, de tentativas que o Poder Público volta e meiapõe em prática, visando buscar a simples adesão dedirigentes sindicais para a validação de projetos

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governamentais que não foram, necessariamente,formulados no modelo participativo. A legislação e agestão por decretos são vistas com restrição pelas forçassociais organizadas.

Registra-se que, desde a primeira reunião paraestudos e discussões sobre o EdufaRural, o patronatoaderiu, talvez mais um sinal da histórica vinculação entreo Poder Público e as forças capitalistas, ainda que o temaem pauta seja um projeto voltado para trabalhadoresrurais e agricultores de poucas posses.

Conquanto os interlocutores do Progredir e doEdufaRural estejam conscientes de que o municípioencontra-se inserido em um contexto nacional carente depolíticas públicas eficientes e eficazes para a agriculturafamiliar e em um contexto globalizado que busca neutralizaro Estado-nação, acreditam também que as iniciativaslocais têm possibilidade de algum avanço. Mesmo porqueé no âmbito do município que vive o cidadão, que asdemandas surgem, que as necessidades se revelam.

Em seus estudos sobre a produção de Agenda 21local, Mendonça (2000) descreveu a rica trajetóriapercorrida pelo Município de Prado, BA, com suascontradições e conflitos, inclusive internas ao PoderPúblico. Guardadas as devidas proporções e circuns-tâncias, em Patos de Minas há um quadro que se poderiadizer similar: uma iniciativa da administração municipalvoltada para a formulação e a implementação de políticapública em torno da qual ainda há resistência por partede alguns envolvidos.

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À Guisa de Considerações Finais

iante do exposto, pode-se arriscar uma conclusão parcial:os desafios que o percurso histórico dos últimos anoscoloca para a agricultura familiar, no sentido,principalmente, de sua sustentabilidade, contêm asnecessidades de organização social, de inclusão de novastecnologias e de construção de caminhos para acesso acrédito, além da questão premente da convivênciaharmoniosa com os recursos da natureza. O enfrentamentode tais desafios, por sua grandeza, exige uma mudançacultural, incluindo padrão organizativo e procedimentosde produção diferentes dos tradicionais, fato que pareceapontar para a demanda por políticas públicas focalizadasno segmento. Dentre essas, as do campo educacional emseu sentido mais amplo: educação profissional continuadapara as famílias agricultoras e ensino formal queconsiderem também o contexto rural e o mundo dotrabalho.

Em se tomando em conta a diversidade dentro daagricultura, as múltiplas formas de agriculturas e apluralidade de territórios, parece especialmente imprópriofalar de uma lista única de papéis sociais e econômicosda agricultura para todo e qualquer território. No casopatense, além dos papéis associados à produção dealimentos e fibras no sentido estrito, a agricultura é pródigaempregadora de população economicamente ativa,geradora de renda e de riqueza no município, e locus depreservação e de manifestação culturais. Esta última facetaainda merecedora de maior consideração.

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Mediante os estudos e as discussões feitos, entende-se viável admitir que, há pelo menos dois séculos, está emcurso a dinâmica territorial patense, com o estabele-cimento, o desdobramento e o aprofundamento de tessituraem tramas e nós. No espaço rural, esse território contémdiversificados locais.

A trajetória de formação e consolidação de umterritório, como o Município de Patos de Minas, comportaem si vários importantes conflitos e inclui certascontradições. Se o território é produto social, dependeportanto da ocupação humana e de seu trabalho. A históriamostra que para erigi-lo pode ocorrer a desconstruçãode outros espaços humanos, como foi o caso daeliminação dos quilombos no Vale do Paranaíba – século18 (FONSECA, 1974) e, antes desses, do combate àstribos indígenas – século 17 (MELLO, 1978).

Uma reflexão técnica e política que os gestores doEdufaRural estão a planejar, a ser conduzida no âmbitodo conselho do projeto, é aquela voltada para o fato de oempreendimento continuar sendo tomado e tratado comouma iniciativa e uma ação “da Semec”. As organizaçõespúblicas e outros agentes representados no conselho,várias das escolas da rede municipal, inúmeros profes-sores, lideranças e conselhos comunitários e mesmo outrosórgãos da administração pública municipal sentem-sepouco responsáveis pela concepção, andamento e destinosdo EdufaRural. Esse fato coloca o projeto diante de umaquestão essencial: conseguiu-se construir parcerias?

Uma grande preocupação expressa peloscoordenadores é a continuidade do projeto após o fim daadministração municipal que o implantou, dada a históricadescontinuidade das políticas públicas no Brasil e no

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município, embora neste último âmbito a formulação deprogramas educacionais de desenvolvimento para omundo rural não seja tradição, não havendo sequer casosde descontinuidade. Embora não haja dúvidas quanto àconfiguração do território rural patense e à existência decapital social cheio de possibilidades, há sérias dúvidassobre se o processo seja guiado por um esforço deconstrução social, a exemplo do que foi relatado porMedaets (2003) para o Sul do Brasil. Nesse particular, ogrande desafio é a formulação de mecanismos de gestãosocial, mediante os quais a sociedade possa exercer opapel de guardiã.

A face humana oculta no meio do agronegóciopatense: a busca de dados e informações que se fez paraplanejar o EdufaRural e para a preparação deste textorevelou uma grande carência de registros sobre o traba-lho humano no agronegócio. À exceção de produtos comoo café, a avicultura e a suinocultura tecnificadas – em quese mobilizaram fontes com o contingente de produtores –,em majoritária medida foi viável captar dados sobre apopulação de dada espécie animal ou sobre a área plan-tada com certa cultura. Porém, mostrou-se impossívelcaptá-los sobre o número de agricultores que se dedicamàquela atividade. Caso pretenda formular políticas públi-cas mais coerentes, a administração municipal deverá aten-tar para essa lacuna e “desvelar” a contribuição humanana riqueza existente.

A interpenetração rurbana exacerba-se. Os limitesentre o rural e o urbano tornam-se menos precisos – ostransportes, a comunicação e a modernização técnico-produtiva têm papel relevante nesse processo. A obser-

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vação não nasce, enquanto tese, neste trabalho. Contu-do, é aplicável ao universo socieconômico estudado.

Embora experiências de outros países e de outrasregiões não se apliquem, na totalidade, a territórios dis-tintos daqueles em que têm origem, é interessante conhecê-los em detalhe, dentre inúmeras e importantes razões, pelanecessidade de melhor compreender a valorizar as dife-renças.

O comprometimento do Poder Público na construçãode um projeto de desenvolvimento social como oEdufaRural é condição especialmente necessária para osucesso mas, certamente, por si só, não suficiente. A expe-riência de Patos de Minas mostra que a administração mu-nicipal ainda tem muito o que aprender e a se aprimorar emtermos de mobilização social e vinculação das políticaspúblicas com os interesses e as especificações que partemdo tecido social.

Para a continuidade do projeto (no tempo) e seuavanço qualitativo, a administração municipal, inclusive osdirigentes escolares, terão que atentar para competências,habilidades e atitudes do quadro de docentes, estagiáriose outros atores envolvidos. Na falta de pesquisas patensessobre a matéria, os achados de Santos (2001) soam comouma pertinentemente séria advertência a gestores (locais)e a comunidades que aspiram algo distinto de “mais domesmo”.

Está sinalizada a utopia: o bem-estar do homem eda mulher do campo, no campo. Não é fácil, pois o camposomente se tornará atraente quando oferecer a seu povoas benesses com as quais a cidade acena. Só que a cidadenão oferece suas benesses a todos, para a maioria elaapenas acena...

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ZYLBERSZTAJN, D. Estruturas de governança e coordenaçãodo agribusiness: uma aplicação da nova economia dasinstituições. São Paulo: FEA/USP, 1995. 238 p. Tese de LivreDocência.

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No 1 – A pesquisa e o problema de pesquisa: quem os determina?Ivan Sergio Freire de Sousa

No 2 – Projeção da demanda regional de grãos no Brasil: 1996 a 2005Yoshihiko Sugai, Antonio Raphael Teixeira Filho, Rita de CássiaMilagres Teixeira Vieira e Antonio Jorge de Oliveira

No 3 – Impacto das cultivares de soja da Embrapa e rentabilidade dosinvestimentos em melhoramentoFábio Afonso de Almeida, Clóvis Terra Wetzel e Antonio Flávio DiasÁvila

No 4 – Análise e gestão de sistemas de inovação em organizaçõespúblicas de P&D no agronegócioMaria Lúcia D’Apice Paez

No 5 – Política nacional de C&T e o programa de biotecnologia doMCTRonaldo Mota Sardenberg

No 6 – Populações indígenas e resgate de tradições agrícolasJosé Pereira da Silva

No 7 – Seleção de áreas adaptativas ao desenvolvimento agrícola,usando-se algoritmos genéticosJaime Hidehiko Tsuruta, Takashi Hoshi e Yoshihiko Sugai

No 8 – O papel da soja com referência à oferta de alimento e demandaglobalHideki Ozeki, Yoshihiko Sugai e Antonio Raphael Teixeira Filho

No 9 – Agricultura familiar: prioridade da EmbrapaEliseu Alves

No 10 – Classificação e padronização de produtos, com ênfase naagropecuária: uma análise histórico-conceitualIvan Sergio Freire de Sousa

No 11 – A Embrapa e a aqüicultura: demandas e prioridades depesquisaJúlio Ferraz de Queiroz, José Nestor de Paula Lourençoe Paulo Choji Kitamura (eds.)

Títulos Lançados

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No 12 – Adição de derivados da mandioca à farinha de trigo: algumasreflexõesCarlos Estevão Leite Cardoso e Augusto Hauber Gameiro

No 13 – Avaliação de impacto social de pesquisa agropecuária: a buscade uma metodologia baseada em indicadoresLevon Yeganiantz e Manoel Moacir Costa Macêdo

No 14 – Qualidade e certificação de produtos agropecuáriosMaria Conceição Peres Young Pessoa, Aderaldo de Souza Silva eCilas Pacheco Camargo

No 15 – Considerações estatísticas sobre a lei dos julgamentoscategóricosGeraldo da Silva e Souza

No 16 – Comércio internacional, Brasil e agronegócioLuiz Jésus d’Ávila Magalhães

No 17 – Funções de produção – uma abordagem estatística com o usode modelos de encapsulamento de dadosGeraldo da Silva e Souza

No 18 – Benefícios e estratégias de utilização sustentável da AmazôniaAfonso Celso Candeira Valois

No 19 – Possibilidades de uso de genótipos modificados e seusbenefíciosAfonso Celso Candeira Valois

No 20 – Impacto de exportação do café na economia do Brasil – análiseda matriz de insumo-produtoYoshihiko Sugai, Antônio R. Teixeira Filho e Elisio Contini

No 21 – Breve história da estatísticaJosé Maria Pompeu Memória

No 22 – A liberalização econômica da China e sua importância paraas exportações do agronegócio brasileiroAntônio Luiz Machado de Moraes

No 23 – Projetos de implantação do desenvolvimento sustentável noplano plurianual 2000 a 2003 – análise de gestão e política públicaem C&TMarlene de Araújo

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