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EDUCAÇÃO INCLUSIVA: O USO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO DIÁLOGO ENTRE A INCLUSÃO E A INTEGRAÇÃO PARA QUEBRA DE PARADIGMAS INCLUSIVE EDUCATION: THE USE OF PHYSICAL EDUCATION IN THE DIALOGUE BETWEEN INCLUSION AND INTEGRATION TO BREAK PARADIGMS BATALHAS, Raquel das Neves 1 FERREIRA, Elen Costa 2 SILVA, Franciele Alves da 3 POLETO, Fábia Maria Boreli 4 RESUMO Com o presente artigo pretendemos levantar questionamentos ao conhecimento e discussão sobre os desafios da inclusão social, que é incluir os alunos com necessidades especiais na escola, mas em um contexto que pouco é analisado, pois quando se fala em inclusão no ambiente escolar muitos entendem como uma mera mudança na acessibilidade do aluno na escola, além da inclusão, o dialogo aborda a integração como sendo parte integrante da ação inclusiva, sendo assim considerados indissociáveis no processo de ensino/aprendizagem. Nesse sentindo, analisa-se a educação inclusiva também como sendo a necessidade dos professores de repensar suas práticas desenvolvidas na sala de aula, levando o aluno deficiente a ser beneficiado na aprendizagem e expansão de conhecimento como os demais alunos desde as aulas de educação física, como nas outras disciplinas escolares. Portanto, devemos ter uma quebra de paradigmas norteando a inclusão, que é a mudança nesse atual paradigma escolar com ação transformadora, para que seja traçado novas conquistas nas grades curriculares. Palavras-chave: Inclusão e Integração; Educação Física; professor mediador; crise de paradigma. 1 Graduanda do Curso de Pedagogia do Centro Universitário São Camilo-ES, [email protected] 2 Graduanda do Curso de Pedagogia do Centro Universitário São Camilo-ES, [email protected] 3 Graduanda do Curso de Pedagogia do Centro Universitário São Camilo-ES, [email protected] 4 Professora do Curso de Educação Física do Centro Universitário São Camilo-ES. Pós graduada em Educação Inclusiva Cachoeiro de Itapemirim ES, agosto de 2017.

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EDUCAÇÃO INCLUSIVA: O USO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO DIÁLOGO ENTRE A INCLUSÃO E A INTEGRAÇÃO PARA QUEBRA

DE PARADIGMAS

INCLUSIVE EDUCATION: THE USE OF PHYSICAL EDUCATION IN THE DIALOGUE BETWEEN INCLUSION AND INTEGRATION TO

BREAK PARADIGMS

BATALHAS, Raquel das Neves1

FERREIRA, Elen Costa2 SILVA, Franciele Alves da3

POLETO, Fábia Maria Boreli4

RESUMO Com o presente artigo pretendemos levantar questionamentos ao conhecimento e discussão sobre os desafios da inclusão social, que é incluir os alunos com necessidades especiais na escola, mas em um contexto que pouco é analisado, pois quando se fala em inclusão no ambiente escolar muitos entendem como uma mera mudança na acessibilidade do aluno na escola, além da inclusão, o dialogo aborda a integração como sendo parte integrante da ação inclusiva, sendo assim considerados indissociáveis no processo de ensino/aprendizagem. Nesse sentindo, analisa-se a educação inclusiva também como sendo a necessidade dos professores de repensar suas práticas desenvolvidas na sala de aula, levando o aluno deficiente a ser beneficiado na aprendizagem e expansão de conhecimento como os demais alunos desde as aulas de educação física, como nas outras disciplinas escolares. Portanto, devemos ter uma quebra de paradigmas norteando a inclusão, que é a mudança nesse atual paradigma escolar com ação transformadora, para que seja traçado novas conquistas nas grades curriculares.

Palavras-chave: Inclusão e Integração; Educação Física; professor mediador;

crise de paradigma.

1Graduanda do Curso de Pedagogia do Centro Universitário São Camilo-ES, [email protected] 2 Graduanda do Curso de Pedagogia do Centro Universitário São Camilo-ES, [email protected] 3 Graduanda do Curso de Pedagogia do Centro Universitário São Camilo-ES, [email protected] 4 Professora do Curso de Educação Física do Centro Universitário São Camilo-ES. Pós graduada em

Educação Inclusiva

Cachoeiro de Itapemirim – ES, agosto de 2017.

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ABSTRACT With the present article, we intend to raise questions about the knowledge and discussion about the challenges of social inclusion, which is to include students with special needs in school, but in a context that is little analyzed, because when speaking about inclusion in the school environment many understand how A mere change in the student's accessibility in school, besides inclusion, dialogue approaches integration as an integral part of inclusive action, and thus are considered inseparable in the teaching / learning process. In this sense, inclusive education is also analyzed as being the need of teachers to rethink their practices developed in the classroom, leading the disabled student to be benefited in learning and expanding knowledge as the other students since physical education classes, As in other school subjects. Therefore, we must have a breakdown of paradigms guiding inclusion, which is the change in this current school paradigm with transformative action, so that new achievements can be traced in the curriculum.

Keywords: Inclusion and Integration; Physical education; Mediator teacher; Paradigm crisis.

INTRODUÇÃO

A inclusão no espaço escolar vem sendo muito questionada na atualidade,

pois a questão “inclusão”, está sendo entendida apenas com o intuito de beneficiar

alunos com deficiências através das mudanças na estrutura física da escola e não

se está buscando incluir e integrar o aluno com deficiência em suas aulas e/ou

ambiente escolar.

A proposta deste artigo é impulsionar a importância do papel do professor,

como mediador no processo de inclusão, possibilitando aos alunos a integração,

aprendizado e socialização com a diversidade humana presente na escola e em

todo meio social. A disciplina educação física é considerada no processo de

inclusão ampla por atender todos os alunos ao mesmo tempo, ela tem meios

menos complexos de se estudar que as outras disciplinas, para a área

propriamente dita, como para atividade física, e cria nos outros alunos uma visão

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solidaria com o próximo. Neste sentido, é fundamental o processo de inclusão

dentro e fora do âmbito escolar, é necessário ter um novo olhar frente a esse

grande desafio. Muitos profissionais atualmente quando se deparam com o aluno

deficiente tem tido grandes dificuldades de ensino, pois suas estratégias são todas

voltadas para o aluno que consegue plenamente desenvolver. Atender as

diferentes necessidades dos alunos matriculados na escola é de fato desafiador,

mas o processo de inclusão deve acontecer de forma natural e significativa

mostrando que todos têm os mesmos direitos e deveres. O respeito a diversidade

deve ser trabalhado desde as series iniciais para assim obter uma maior

compreensão de todos, além da escola oferecer o espaço acessível deve também

oferecer ensino de qualidade e garantia de equidade escolar.

METODOLOGIA

O estudo do tema vem problematizar a inserção de uma educação inclusiva

no ambiente escolar. Estaremos estudando Através da disciplina de educação

física, porém, com uma abrangência para ser aplicada em qualquer área, pois a

inclusão é para todo corpo escolar e social.

A exploração do tema será feita através de pesquisa bibliográfica, de forma

qualitativa, a mais apropriada ao nosso objetivo. Dá-se a pesquisa através de

artigos científicos publicados, livros e páginas de web sites. Na realização desta

proposta percebemos que há uma grande preocupação de ainda termos a

dificuldade em incluir os alunos com deficiência em nossas escolas. Segundo

Mantoan (2003, p. 13) “Os sistemas escolares [...] permite dividir os alunos em

normais e deficientes, as modalidades de ensino em regular e especial, os

professores em especialistas nesta e naquela manifestação das diferenças”. O

que se torna extremamente inadequado diante das necessidades desses alunos a

aprendizagem, pois o maior objetivo é poder compreender a inclusão como um

todo, bem como a integração, com objetivo de inserir o alunos deficientes em

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salas regulares, não porque são deficientes, mas porque são humanos, alunos,

crianças , sujeitos de direitos, sendo assim obtido o direito a educação.

DESENVOLVIMENTO

Pode-se perceber que a inclusão social é algo que vem sendo falado nos

últimos tempos, pois visa fazer com que todas as pessoas se tornem mais

solidários em todos os âmbitos da sociedade, fazendo com que os direitos se

tornem iguais para todos, pois a palavra incluir significa “estar incluído ou

compreendido, fazer parte” (HOLANDA, 1993, p.175), é nesse contexto que a

inclusão vem ser abordada inclusive quando vem tratar de pessoas que são

excluídas por serem deficientes. E quando se fala em inclusão social o foco vem

sendo gerado principalmente dentro da escola, que é aonde há dificuldade para se

incluir o aluno deficiente. A dificuldade não aparece somente no acesso

possibilitado dentro da escola, mais também na realização de atividades

desenvolvidas pelos docentes.

Quando a inclusão social é trazida para dentro do espaço escolar, deve-se

ter a consciência de que ela não deve acontecer somente na estrutura física da

escola, mas no professor e todos envolvidos no corpo escolar, buscando a melhor

forma para incluir o aluno nas aulas, nos momentos de lazer e de recreação, pois

se apenas buscarem mudança na escola como na questão de piso tátil, rampa e

etc. não haverá socialização e interação. A estrutura física da escola é

extremamente importante e faz parte do processo de inclusão na aprendizagem

do aluno, mas não deve ser usada como um pensamento engessado voltado

apenas para a segurança física do aluno, a inclusão e permanência na escola

desses alunos com deficiência, além de estrutura física, deve acontecer segundo

a Constituição Federal de 1988, que diz:

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu

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preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Com isso, pode-se analisar que, para que a inclusão ocorra de fato é

necessário o respeito à diversidade humana e social ao mesmo tempo em que é

necessário garantir a permanência e o desenvolvimento da pessoa na escola.

A educação física, tem um grande significado, pois o esporte é muito

inclusivo, a partir do método trabalhado pelo professor os alunos aprendem a

respeitar e socializar, e ao trabalhar a inclusão em todas as atividades os alunos

ditos “normais” que não possuem deficiência podem se tornar pessoas com olhar

mais solidário, pois eles vão perceber que a pessoa que possui algum tipo de

necessidade especial também pode realizar as mesmas atividades que eles, cada

um com sua particularidade. Dessa maneira, é importante ressaltar também que

antes de se iniciar um trabalho com alunos com necessidades especiais é

necessário que o professor faça um preparo dos demais alunos, no sentido de

conscientização da importância da convivência com diversidade e no respeito às

diferenças. Para Mantoan (2003, p. 12) as diferenças culturais, sociais, étnicas,

religiosas, de gênero, enfim, a diversidade humana [...] é [...] para se entender

como aprendemos e como compreendemos o mundo e a nós mesmos. A escola é

continuamente atuante no processo de inclusão, os alunos precisam de uma

estrutura, uma base de qualidade para se portar frente as problemáticas do

cotidiano com base na aprendizagem educacional, e cabe isso a escola garantir

como responsável por essa aprendizagem.

[...] a escola não pode continuar ignorando o que acontece ao seu redor nem anulando e marginalizando as diferenças nos processos pelos quais forma e instrui os alunos. E muito menos desconhecer que aprender implica ser capaz de expressar, dos mais variados modos, o que sabemos, implica representar o mundo a partir de nossas origens, de nossos valores e sentimentos.

Quando a inclusão é trabalhada na educação física e que, em uma

determinada turma na escola tem um aluno deficiente é preciso que o professor

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(a), antes de dar início a atividade a ser desenvolvida com a turma, conheça

melhor a deficiência do aluno, para que ele tenha resultados positivos referente ao

método trabalhado. Para uma aula de sucesso é necessário que no planejamento

da aula o professor pense em todos os alunos e em suas práticas contemple as

necessidades de cada um, para serem trabalhadas ao mesmo tempo. Nesta

perspectiva, a educação física, pressupõe o convívio e a participação de todos os

estudantes nas mesmas atividades.

A educação física é um meio de fazer com que as crianças se relacionem

uma com outra, independentemente de sua opção sexual e/ou de possuir

deficiência ou não. Para Nahas (2001 apud CALDAS, 2003) a atividade física

representa não apenas uma questão do aprender uma modalidade de atividades

esportivas ou jogos, mas sim como um agente transformador biológico e cultural

do comportamento humano, importante para a saúde e o bem-estar psicossocial,

onde estão inseridos todos os alunos, sem discriminação.

As aulas de educação física podem proporcionar um desenvolvimento muito

significativo, o professor pode trabalhar de forma lúdica seus conteúdos,

oportunizando aos alunos com deficiência a ser o foco principal e atuante na

construção do seu próprio conhecimento, motivando o aluno a expandir seus

saberes e a romper barreiras criadas muita das vezes pela falta de estimulo. A

interação e o diálogo de todos têm uma forte influência no desenvolvimento

desses alunos, o trabalho em equipe é indispensável nesse processo de ensino-

aprendizagem, todos precisam estar conscientes da importância do seu papel.

A inclusão na educação física possibilita um ambiente acessível, que

oferece iguais oportunidades de uso, proporciona a inclusão social e a valorização

das diferenças, estimula o desenvolvimento de habilidades e valoriza as

competências individuais. Mas, vale ressaltar que a inclusão não deve acontecer

somente na educação física, mais em toda a área escolar e em todas as

disciplinas. “As escolas inclusivas propõem um modo de organização do sistema

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educacional que considera as necessidades de todos os alunos e que é

estruturado em função dessas necessidades”. ( MANTOAN, 2003, p.16)

Quando falamos em inclusão podemos agregar mais uma palavra para

esse time que é a integração. Segundo Mantoan (2003, p. 16) “A integração

escolar pode ser entendida como [...] a justaposição do ensino especial ao regular

[...] pelo deslocamento de profissionais, recursos, métodos e técnicas da

educação especial às escolas regulares. ” O aluno ou a criança com deficiência

deve integrar e incluir, ele vai para escola para socializar mais também para

aprender, sabemos que cada um tem suas particularidades e limitações e não

terão o mesmo desempenho que os outros alunos, o importante é que a cada dia

por mínimo que seja haja um avanço, haja um desenvolvimento. É muito

importante saber discernir inclusão de integração para que no âmbito escolar cada

um exerça sua finalidade com excelência, não sendo só inclusão ou só integração,

mas ambos trabalhando juntos para o desenvolvimento dos alunos. Para Mantoan

(2003) o papel da escola na perspectiva inclusiva atender as diferenças sem

discriminação, sem trabalhar pensando apenas em alguns, e sem estabelecer

regras especificas para planejar, aprender, participar e para avaliar. Eles têm

direito como qualquer outro aluno. Afirma a Constituição da República Federativa

do Brasil de 1988:

Art. 206º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: Inciso I: Igualdade de condições de acesso e permanência na escola, como um dos princípios para o ensino; Art. 208º O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: Inciso III: atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino.

Para garantir a inclusão é necessário fortalecer a formação dos

professores, muitos chegam despreparados e ficam sem saber lidar com as

situações, o que é frustrante, pois para o aluno com necessidades especiais se

desenvolver, ele precisa de um professor pesquisador, que seja mediador, que

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planeja e que tenha um olhar sensível as suas necessidades e a dos outros

alunos, para que a aula favoreça a todos. Segundo Leal (2005) O professor que

consegue identificar as necessidades do aluno e escolher as melhores opções

didáticas para cada um deles e ainda trabalhar com eles ao mesmo tempo, terá

chegado ao sucesso profissional. Morais; Albuquerque; Leal (2005, p. 91)

descreve que “dentre as habilidades que precisam ser desenvolvidas pelos (as)

professores (as), podemos destacar como uma das mais relevantes e difíceis, a

de identificar as necessidades de cada aluno e atuar com todos ao mesmo

tempo.”.

Educação inclusiva, portanto, significa educar todos os alunos, ou crianças

em um mesmo contexto escolar. “Quanto à inclusão, esta questiona não somente

as políticas e a organização da educação especial e da regular [...] Todos os

alunos, sem exceção, devem freqüentar as salas de aula do ensino regular.”

(MANTOAN, 2003 p. 16)

Com a inclusão as dificuldades não desaparecem, mas também não são

vistas como problemas, pelo contrário, são vistas como diversidades, e a partir da

realidade social que pode-se ampliar a visão de mundo e desenvolver

oportunidades de convivências, de troca de experiências, de aprendizados, de

comunicação, socialização e integração entre os alunos. Isso é incluir.

(CARVALHO apud ARAÚJO; FERNANDES; MOTA, 2013), ao refletir sobre a

abrangência do sentido e do significado do processo de Educação inclusiva,

estamos considerando a diversidade de aprendizes e seu direito à equidade.

Trata-se de equiparar oportunidades, garantindo-se a todos, inclusive às pessoas

em situação de deficiência e aos de altas habilidades/superdotados, o direito de

aprender a aprender, aprender a fazer, aprender a ser e aprender a conviver.

Independente da disciplina e da atividade a ser trabalha na quadra, no pátio

da escola ou em sala de aula o professor não deve excluir aluno de sua atividade

e sim buscar a melhor forma de fazer com todos desenvolvam aquilo que ele quer

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alcançar em seu objetivo de aula, principalmente se tratando de alunos que possui

alguma deficiência ou aqueles que possuem altas habilidades, pois esses alunos

precisam sentir que o professor está o encorajando, está incentivando-o nas

atividades e que além de tudo está o integrando. Para Chicon, Mendes e Sá

(2011) a Educação Física pode promover a humanização das relações sociais,

porém, para isso acontecer, o professor deve ter zelo para que todos os alunos se

beneficiem do processo ensino-aprendizagem, independentemente de serem

meninos ou meninas ou de terem deficiência ou não.

Assim, no momento que o professor inclui o deficiente passa para as

demais crianças que ambos possuem os mesmos direitos e que apesar de sua

deficiência ele é capaz de aprender e desenvolver as atividades de crianças

normais. Nessa perspectiva de trabalho o professor irá fazer com que as outras

crianças venham respeitar e valorizar a diversidade humana não somente na

escola, mais nos diferentes espaços, e segundo Carvalho (2006, p.58), “[...] as

barreiras a aprendizagem (temporárias ou permanentes) fazem parte do cotidiano

escolar dos alunos e se manifestam em qualquer etapa do fluxo de escolarização.

Barreiras existem para todos, mas alguns requerem ajuda e apoio para seu

enfretamento e superação.”. Nesse contexto observa-se a importância do

professor, pois ele deve ajudar o aluno na superação de suas dificuldades e

limitações no momento da realização das atividades. Com isso, é levado a

acreditar que aí é que está a função do professor mediador, pois o seu grande

papel é incluir e integrar alunos com deficiência na escola, oferecendo dessa

forma aos necessitados condições de um aprendizado maior em todos os

sentidos, para que possam se reiterar. Segundo Mantoan (2003) os educadores

devem saber onde querem chegar, quais são seus objetivos quanto professor em

sua carreira, e para isso é importante saber que não existe um caminho a ser

seguido, mas sim, escolhas a fazer e decisões a tomar. A apropriação das

escolhas inclui correr riscos que ora dão certo, ora não dão. Isso não deve ser

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fator desmotivador. Quando pensamos em um professor mediador pensamos em

pessoas transformadoras, que procuram sempre ser transformado para

transformar, que sejam pesquisadores, que priorizem atingir as necessidades dos

alunos, que propõe práticas inovadoras, que aguce a imaginação, a criatividade, o

prazer em ir à escola, como diz, Mantoan (2003, p. 7):

[...] existe a possibilidade de as pessoas se transformarem, mudarem suas práticas de vida, enxergarem de outros ângulos o mesmo objeto/situação, conseguirem ultrapassar obstáculos que julgam intransponíveis, sentirem-se capazes de realizar o que tanto temiam, serem movidas por novas paixões... Essa transformação move o mundo, modifica-o, torna-o diferente, porque passamos a enxergá-lo e a vivê-lo de um outro modo, que vai atingi-lo concretamente e mudá-lo, ainda que aos poucos e parcialmente.

No ambiente escolar muitas vezes não é pensado que a dificuldade no

ensino/aprendizagem do aluno não é só porque ele tem deficiência, ou por que é

desinteressado. A maioria das vezes se dá devido ao ensino dos professores que

não atendem a melhor forma de como esse aluno vai aprender. Nesse sentido, os

professores devem ter um olhar sensível para o ensino/aprendizagem que se

encontram nessas circunstancias. A forma de avaliação desse professor, ou

melhor, a forma como se é usada a avaliação desse professor é uma ótima aliada

nesse processo, pois a partir dela o professor pode rever seus métodos, observar

quais as dificuldades dos alunos, para saber de que vertente partir para dar suas

aulas e conseguir atingir o objetivo das mesmas. Portanto na inclusão os

obstáculos para ensino dos deficientes não se dão apenas pelas dificuldades

deles mesmos. Afirma (mantoan, 2003, p.32)

A inclusão é uma inovação que implica um esforço das condições atuais da maioria de nossas escolas – especialmente as de nível básico -, ao assumirem que as dificuldades de alguns alunos não são apenas deles, mas resultam em parte do modo como o ensino é ministrado e de como a aprendizagem é concebida e avaliada.”

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A nossa sociedade ainda está tradicional quanto a inclusão, devemos tentar

dentro das limitações de cada deficiente integra-lo, há uma facilidade na disciplina

de educação física, mas nas outras áreas também devem adotar o incluir e

integrar. Ao integrar e incluir um aluno com deficiência você acaba construindo

conceitos na mente de outros alunos, pois a inclusão não é só ali dentro da escola

é para vida em sociedade, é numa festa, no emprego que esse deficiente vai

possuir, e as pessoas ditas “normais” vão estar ali o tempo todo socializando com

eles. Segundo Mantoan (2003) se for trabalhado na escola desde já, não teremos

com o que nos preocupar, devemos ter um olhar diferenciado para inclusão, pois

todos têm os mesmos direitos, inclusive a educação. Os alunos infelizmente ainda

sofrem por não serem compreendidos em suas deficiências com respeito e

direitos. “A escola se entupiu do formalismo da racionalidade e cindiu-se em

modalidades de ensino, tipos de serviço, grades curriculares, burocracia. Uma

ruptura de base em sua estrutura organizacional [...]” (MANTOAN 2003, p. 12) a

inclusão trabalha uma vertente que propõe um novo olhar, trazer uma nova

perspectiva espalhando ações formadoras para os que dela participam.

Para um verdadeiro engajamento escolar deve haver uma quebra de

paradigmas “ [...] definidos como modelos, exemplos abstratos que se

materializam de modo imperfeito no mundo concreto. ” (MANTOAN, 2003, p. 11),

principalmente quando tratamos da educação inclusiva, pois o corpo escolar tem

de estar sensível as mudanças quando o “de sempre” já não está dando certo, já

não cabe mais no contexto atual, sendo assim, é necessário fazer uma

intervenção para melhor atender as necessidades de cada um. Afirma, Mantoan

(2003, p.11):

[...] os paradigmas [...] podem também ser entendidos, segundo uma concepção morderna, como conjunto de regras, normas, crenças, valores, princípios que são partilhados por um grupo em um dado momento histórico e que norteiam o nosso comportamento, até entrarem em crise, porque não nos satisfazem mais, não dá mais conta dos problemas que temos de solucionar.

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Contudo, analisa-se que a escola para ser inclusiva não comporta em

apenas atender alunos com deficiência, mas toda diversidade educativa existente

no ambiente escolar, fazendo mediação entre todos. Uma crise de paradigma é

uma crise de concepção, de visão de mundo[...] (MANTOAN, 2003, p.11). É

relevante ressaltar que o aluno deficiente não pode estar excluído das atividades

em sala, por não possuir a mesma facilidade de aprendizagem que os demais

alunos, cada um tem sua singularidade e deve ser respeitado e valorizado.

Devemos ter um novo olhar diante das problemáticas do cotidiano para assim

fazer do nosso paradigma, uma concepção aceita por todos por atender a todas

as necessidades.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em vista da discussão apresentada, conclui-se que para que a educação

inclusa aconteça de fato, não deve haver conscientização somente da parte do

professor de educação física ou de qualquer outra área curricular, mas sim, deve

haver uma crise de paradigmas em que ocorra questionamentos de o que está

sendo proposto a educação no contexto atual para que de fato a escola saia do

modo tradicional possibilitando a inclusão e integração dos alunos com deficiência

na escola, pois não cabe mais a educação enquanto organização excluir os

alunos, tendo em vista de que a constituição federal norteia educação igualitária

para todos. Apesar da escola ter estrutura acessível, ela deve proporcionar para

os alunos ao todo uma educação de qualidade, garantindo a aprendizagem

através de práticas permanentes que de fato leva o aluno a ser o foco principal e

atuante na construção do seu próprio conhecimento, o professor deve motivar o

aluno a expandir o seu próprio conhecimento e a romper barreiras criada muita

das vezes pelo próprio, pela falta de motivação e estimulo, a interação e o diálogo

são fatores indispensável nesse processo de desenvolvimento, pois é através do

diálogo que o aluno pode se expressar e expor seu ponto de vista referentes as

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polemicas trabalhadas em sala de aula . Estamos conscientes de que os desafios

colocados aos professores são grandes e que uma parte significativa se encontra

despreparada para desenvolver estratégias de ensino diversificado, mas o aluno

com deficiência está na escola e cabe a cada um de nós encarar esse desafio

para que no espaço escolar aconteça avanços e transformações, ainda que

pequenas, mas que possam propiciar o início de uma inclusão escolar possível.

Portanto, é possível criar adaptações que são possíveis e ver resultados

que são muito significativos na questão corporal dos alunos, e isso se reflete no

cognitivo. No entanto, a educação física também está evoluindo para uma visão

inclusiva, que pressupõe o convívio e participação de todos os alunos nas

mesmas atividades, a educação física inclusiva tem como objetivo o

desenvolvimento do afetivo, cognitivo e psicomotor, não só dos alunos com

deficiência, mas de todos, o convívio é um fator fundamental para que esse

objetivo seja atingido.

Para ser possível ter uma visão mais ampla e profunda, seria de extrema

importância que os professores trabalhassem de forma interdisciplinar, tornando o

ensino prazeroso e, ao mesmo tempo aprofundando questões importantes.

Quando se fala de um projeto interdisciplinar, é necessário que os educadores

tenham a ousadia de ir além de sua própria área, buscando pontos de contato

entre as diferentes disciplinas.

Contudo, não basta apenas ser discutido esses assuntos na escola ou em

sala de aula, precisamos de mais que teoria, precisamos de prática, precisamos

de educadores que dão a verdadeira importância a educação inclusiva,

profissionais que estão sujeitos a mudanças e transformações que são sempre

necessárias para obtermos maiores conhecimentos e quebrar paradigmas

impostos pela sociedade e também por nós mesmos. São muitos os caminhos,

mas não impossíveis para que a educação inclusiva seja valorizada cada vez

mais.

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REFERÊNCIAS

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