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EDUCAÇÃO NA CRISE DO CAPITAL Evandro Ribeiro Lomba Graduando em Administração - Universidade Veiga de Almeida [email protected] Introdução: Neste presente ensaio, buscarei apresentar elementos que caracterizam as contradições do sistema sociometabólico do capital e suas tendências para educação, assim como seus impactos sobre o mundo do trabalho, tendo em vista um cenário de crise aguda e profunda da economia capitalista e do Estado, que agora utiliza de um ferramental político/ideológico para salvaguardar os interesses na obtenção do lucro. Assim, encontra-se na educação um mecanismo para geração de valor via privatizações desse setor estratégico, como também oferecer uma formação parcelar e fragmentada e baseada no avanço tecnológico para então mercado de trabalho. Não é de hoje que vivenciamos alterações no mundo do trabalho e da educação, tendo em vista as características de cada momento histórico derivadas da construção humana e do desenvolvimento dos modos de produção. Com a estruturação do sistema capitalista industrial no século XVIII/XIX, observa-se uma maior divisão do trabalho e, consequentemente, uma maior submissão da classe trabalhadora aos imperativos dessa forma estranhada de relação produtiva. Mas o que notamos hodiernamente é que vivemos uma fase nefasta de alterações e limitações do sistema do capital, que busca a qualquer custo, manter sua hegemonia em um momento crucial de sua crise estrutural, que a rigor transpassava uma acumulação de capital (na verdade, acumulação fracassada) no campo produtivo da atividade econômica.” (MÉSZÁROS, 2011) Entretanto, para tentar “amenizar” os impactos desse processo inerente ao sistema, busca-se uma remodelagem da esfera produtiva, introduzindo novosmétodos de gestão do trabalho (que na verdade ainda permeiam com as bases do binômio taylorista-fordista) e um avanço nas chamadas tecnologias da informação que moldaram o esqueleto da empresa de caráter enxuta, flexível e de alta tecnologia. E com fluxo migratório dos capitais e o processo de globalizaçãoda economia, mudam muitos dos parques

EDUCAÇÃO NA CRISE DO CAPITAL Introdução€¦ · educação, assim como seus impactos sobre o mundo do trabalho, tendo em vista um cenário de crise aguda e profunda da economia

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Page 1: EDUCAÇÃO NA CRISE DO CAPITAL Introdução€¦ · educação, assim como seus impactos sobre o mundo do trabalho, tendo em vista um cenário de crise aguda e profunda da economia

EDUCAÇÃO NA CRISE DO CAPITAL

Evandro Ribeiro Lomba

Graduando em Administração - Universidade Veiga de Almeida

[email protected]

Introdução: Neste presente ensaio, buscarei apresentar elementos que

caracterizam as contradições do sistema sociometabólico do capital e suas tendências para

educação, assim como seus impactos sobre o mundo do trabalho, tendo em vista um

cenário de crise aguda e profunda da economia capitalista e do Estado, que agora utiliza

de um ferramental político/ideológico para salvaguardar os interesses na obtenção do

lucro. Assim, encontra-se na educação um mecanismo para geração de valor via

privatizações desse setor estratégico, como também oferecer uma formação parcelar e

fragmentada e baseada no avanço tecnológico para então mercado de trabalho.

Não é de hoje que vivenciamos alterações no mundo do trabalho e da educação,

tendo em vista as características de cada momento histórico derivadas da construção

humana e do desenvolvimento dos modos de produção. Com a estruturação do sistema

capitalista industrial no século XVIII/XIX, observa-se uma maior divisão do trabalho e,

consequentemente, uma maior submissão da classe trabalhadora aos imperativos dessa

forma estranhada de relação produtiva. Mas o que notamos hodiernamente é que vivemos

uma fase nefasta de alterações e limitações do sistema do capital, que busca a qualquer

custo, manter sua hegemonia em um momento crucial de sua crise estrutural, que a rigor

transpassava uma “acumulação de capital (na verdade, acumulação fracassada) no campo

produtivo da atividade econômica.” (MÉSZÁROS, 2011)

Entretanto, para tentar “amenizar” os impactos desse processo inerente ao sistema,

busca-se uma remodelagem da esfera produtiva, introduzindo “novos” métodos de gestão

do trabalho (que na verdade ainda permeiam com as bases do binômio taylorista-fordista)

e um avanço nas chamadas tecnologias da informação que moldaram o esqueleto da

empresa de caráter enxuta, flexível e de alta tecnologia. E com fluxo migratório dos

capitais e o processo de “globalização” da economia, mudam muitos dos parques

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produtivos dos países do “Centro” para as “Periferias” do capitalismo, buscando reduzir

os custos de produção.

Assim, para que todo esse processo seja concretizado, é necessário subordinar

ainda mais a classe trabalhadora e seus filhos às novas “empreitadas” do capital.

“Dessa forma, para além do horizonte da “obsolescência artificial”, somos

subitamente exposto a “teorias” que defendem o planejamento de cortes

artificiais no fornecimento de energia, a produção de escassez material

artificial também como antídoto ao excesso de “tempo livre” que envolve o

perigo de um desenvolvimento de consciência social; da solidariedade espacial

e do suspense artificial manipulado etc.” (MÉSZÁROS, 2011, p.61)

Se um dos pilares para a subordinação da classe trabalhadora aos novos métodos

de extração da mais-valia, ou seja, para as remodelagens da gestão do labor, cujo

significado real é um trabalho cada vez mais intensificado e reificado as tecnologias

informacionais, a educação aos moldes do Estado neoliberal obtém, portanto, um papel

central em formar jovens e adultos para os objetivos da realidade estabelecidas nas

relações de mercado. Entretanto, neste processo, vemos uma real tendência para

precarização da educação de caráter publico, assim como as práticas pedagógicas sendo

cada vez mais ameaçadas pela “neutralidade”, que aos olhos dos gestores públicos e dos

“homens de negócios” deve ser estabelecida com finalidade de anular toda a formação de

pensamento crítico.

Nota-se que as inclinações dos interesses da burguesia sobre a esfera educacional

é a busca de uma maior mercantilização, gerando assim, valor e mais-valia derivada da

exploração de trabalhadores e trabalhadoras desse ramo, ou seja, professores e de mais

profissionais que estão submetidos à relação trabalho assalariado e capital. Para

solidificar esses argumentos, é indispensável citar a teoria marxiana e buscar os

compassos da empreitada burguesa e estatal (que andam de mãos dadas) sobre a educação

nos tempos atuais.

Segundo Marx:

“A produção capitalista não é apenas a produção de mercadorias, ela é

essencialmente produção de mais-valia. O operário não produz pra si, mas para

o capital. [...] Ele tem de produzir mais-valia. Só é produtivo o operário que

produz mais-valia para o capitalista ou que serve para a autovalorização do

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capital. Se é lícito colher um exemplo fora da esfera da produção material,

um mestre-escola é operário produtivo quando não só cultiva as cabeças

das crianças, mas se esfalfa para enriquecimento do empresário. O fato de

o ultimo ter investido o seu capital numa fábrica de ensino, em vez de numa

de salsichas, não altera nada na relação. O conceito de operário produtivo não

inclui, por isso, de modo algum, meramente uma relação entre atividade e

efeito útil, entre operário e produto de trabalho, mas também uma relação de

produção especificamente social, surgida historicamente, que cunha o operário

em meio imediato de valorização do capital. (ANTUNES, R. (org), 2013,

p.158) (Grifo Meu)

Portanto, o movimento das privatizações no Brasil e na América Latina (pois é

caso que temos um contato maior) é um movimento que é inerente à lógica do capital,

pois a busca pela mais-valia e realização da mesma em lucros (cada vez maiores) é o

sentido que norteia esta economia capitalista.

Com as privatizações e a ofensiva do Estado neoliberal e da extrema-direita, a

educação torna-se um ferramental de mistificação dos reais acontecimentos na política,

economia e outros setores estratégicos, pois o aluno deve estar sendo formado para o

mercado e não para construção de seus próprios valores de cidadania, autonomia e

pensamento crítico. Aos olhos dos gestores do capital (Estado) no caso brasileiro, é visto

como “balburdia” toda forma de educação calcada na construção de conhecimentos que

possam beneficiar a população e/ou ir de encontro as ideologias disseminadas por esses

governantes. Programar uma educação de caráter empresarial para classe trabalhadora é

objetivo das reformas que o setor público vem colocando em pauta, pois, até o século XX,

a educação especializada fordista tinha por finalidade: “[...] um novo tipo de

trabalhador/a, adaptado a nova configuração da produção.” (ANTUNES, R., 2017), que,

além disso, possui mais uma característica essencial neste processo:

“Visou subsequentemente, formar uma nova classe trabalhadora e um

ideal de “novo cidadão”, numa nova ordem burguesa. Em particular, a

experiência fordista delineia, assim, uma trajetória que se estende desde

a reformulação da organização industrial e produtiva como um todo,

para desencadear “num novo projeto societário dentro dos limites da

reprodução do capital”. (Idem)

Entretanto, essa sociedade encontra-se em adversos entraves (em suas

particularidades regionais, pois, no caso brasileiro, a industrialização e a formação técnica

estava em alta nesse período, devido ao golpe militar e os interesses imperialistas norte-

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americano no país), gerados a partir dos anos 70, com a limitação estrutural de

acumulação de capital pelo padrão taylorista-fordista de produção e o esgotamento do

Estado Keynesiano e suas políticas de Bem Estar Social1, produzindo como contrapartida

a vanguarda Neoliberal para a “superação” desta problemática.

É neste contexto que iremos levantar alguns questionamentos para o avanço do

texto. Como a máquina estatal administra as condições escolares em um processo de

avanço das privatizações? Qual é a participação da gestão do Estado nisso?

A Escola em Crise? O Fracasso da Reforma na Educação Popular

Como antes apresentado, vemos o imperativo do capital sobre a educação,

buscando através das privatizações uma maior participação nesse setor estratégico tanto

para “sobrevivência” das taxas de lucro, como também na atuação política/ideológico

para reprodução das relações de mercado.

Mas para realização efetiva desse movimento, os homens de negócios necessitam

de uma peça chave para dar o xeque mate nesse jogo. Nota-se que o Estado possui um

papel de gestor desse sistema e dos interesses da classe dominante, assim sendo

fundamental para sobrevivência do capitalismo em hegemonia. Este é o ponto de partida

para que se modifique o sentido das políticas públicas de educação para dar um lugar

maior ao ensino empresarial, baseado no discurso de melhor “qualificação” da força de

trabalho (principalmente) dos jovens, e com isto, maiores possibilidades de ingressar no

mercado de trabalho.

Assim, István Mészáros vai apontar o movimento de defesa da ordem do capital

por parte do Estado e qual é o papel da reforma nesse sentido:

“Pois caso não se valorize um determinado modo de reprodução da sociedade

como o necessário quadro de intercâmbio social, serão admitidos, em nome da

reforma, apenas alguns ajustes menores em todos os âmbitos, incluindo o da

educação. As mudanças sob tais limitações, apriorísticas e prejulgadas, são

admissíveis apenas com o único e legítimo objetivo de corrigir algum detalhe

defeituoso da ordem estabelecida, de forma que sejam mantidas intactas as

determinações estruturais fundamentais da sociedade como um todo, em

1 Que no caso brasileiro não chegamos a vivenciar de fato como nos países do centro capitalista, mas que

teve sua maior semelhança com a ascensão e consolidação dos governos do Partido dos Trabalhadores

(PT).

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conformidade com as exigências inalteráveis da lógica global de um

determinado sistema de reprodução. (MÉSZÁROS, 2009, p.25)

É nessa sequência que a reforma vai buscar dentro do quadro então vigente do

sistema sociometabólico baseado no tripé capital, trabalhado assalariado e Estado, ajustes

no campo da economia e da formação da classe trabalhadora e de seus filhos para as novas

feições de acumulação de lucros que são as tentativas (que estão a ver navios) para

superação dos problemas do sistema atual.

E como é feito essas modificações, sem uma manifestação popular dando

contrapartida?

Notamos que o primeiro passo estratégico por parte da classe dominante é criar

um discurso de “crise da escola”, pois assim poderá ganhar espaço nesse cenário que até

então não era de interesse por parte dessa elite e que estava na posse do Estado.

“Simultaneamente às formulações críticas sobre a desqualificação da escola e

o fracasso escolar, a questão da ineficiência seria retomada e atualizada por

formulações que persistiriam na discussão da produtividade direta da escola

para o sistema (qualificação adequada às necessidades da produção) ou se

encaminhariam para uma discussão mais “conformista”, limitada à

necessidade de organização do setor, educacional, da escola e do ensino que

garantisse a efetivação da escolarização nos aspectos mais elementares: a

aprendizagem de conhecimentos e habilidades básicos (ler, escrever, contar) e

a expansão da certificação escolar.” (ALGEBAILE, 2009, p.68)

Foi criada a premissa de que a escola pública é ineficaz para formação de “mão

de obra” ao então mercado de trabalho da “Era da informação” ou da “Era do

Conhecimento”2 como alguns dos apologistas do “livre mercado” vem chamando nos

últimos anos, alinhada a uma política estatal neoliberal e neoconservadora principalmente

na América Latina e, especialmente no caso brasileiro, notamos um movimento de

privatizações e reduções de gastos no setor educacional publico3. Além de uma redução

2 Podemos destacar como autores ou apologistas dessas teses autores da administração empresarial como

Peter Drucker e Chavienatto. 3 A desculpa apresentada pelos gestores públicos é de que o Estado está “quebrado” e não há orçamento para execução de investimentos nessa área. Entretanto o que é verdadeiro é grande dívida externa com as grandes organizações bancárias que comandam o sistema financeiro no capitalismo contemporâneo. Por isso é necessário uma série de cortes, privatizações e invocar o “Deus mercado”

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dos currículos a fatores técnicos, cujo objetivo central é a redução do pensamento crítico

e autônomo dos educandos.

“Na perspectiva da classe dominante, historicamente, a educação dos

diferentes grupos sociais de trabalhadores deve dar-se a fim de habilitá-los

técnica, social e ideologicamente para o trabalho. Trata-se de subordinar a

função social da educação de forma controlada para responder às demandas do

capital.” (FRIGOTTO, 2010, p. 28)

Portanto, começamos a desmitificar alguns possíveis pontos da finalidade do

projeto reformador da classe dominante (seja na modificação via privatizações ou

alterações de currículos). Vemos que a subordinação aos novos “paradigmas do século

XXI”, ou seja, as consequências criadas pela crise do capital e a conciliação com estas

adversidades crônicas são um dos seus objetivos centrais desse projeto

político/ideológico. Além de manter o “livre mercado” como fórmula salvadora de todas

as mazelas criadas e o avanço técnico-científico-informacional como um horizonte e/ou

trampolim para uma sociedade sem estranhamentos e alienações4. As instituições formais

de educação certamente são uma parte importante do sistema global de internalização

(MÉSZÁROS, 2008), pois dada as reformas (limitadoras) que engendram nos jovens

proletariados uma condição de imobilidade de descortinar a volumosa névoa que oculta

um horizonte “Para Além do Capital”. Assim, acorrentando-os a este sistema desigual,

cujo objetivo é o enriquecimento e poder para uma classe e para outra o pauperismo.

Com as complexidades das relações de mercados percebe-se que os

desdobramentos das reformas no âmbito educacional não possibilitam uma emancipação

real da classe trabalhadora, mesmo que governos ditos mais a esquerda estejam no poder,

pois com o diálogo e estreitamento das afinidades com o grande capital (os oligopólios

do setor financeiro e produtivo), limitam a vida ainda na ordem estabelecida, tendo em

vista que os currículos buscam atuar na formação de aspectos da subjetividade como

“polivalência”, “multifuncionalidade” e “um mínimo de cultura geral”.

para controlar uma catástrofe orçamentária causada pelo estreitamento dos laços com essas corporações. 4 Buscando como referência as teorias do fim do trabalho de Robert Kurz – ver a crítica em Os Sentidos

do Trabalho (ANTUNES, R, 2009) e Também em Gaudêncio Frigotto – Educação e a Crise do

Capitalismo Real (Cortez, 2010)

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Utilizando de um trecho longo de Mészáros, vamos tecer melhor nossa

argumentação:

“Quanto mais “avançada” a sociedade capitalista, mais unilateralmente

centrada na produção de riqueza reificada como um fim em si mesma e na

exploração das instituições educacionais em todos os níveis, desde as escola

preparatórias até as universidade – também na forma de “privatizações”

promovida com suposto zelo ideológico pelo Estado – para a perpetuação da

sociedade de mercadorias.

Não é surpreendente, pois, que o desenvolvimento tenha caminhado de mãos

dadas com a doutrinação da esmagadora maioria das pessoas com os valores

da ordem social do capital como a ordem natural inalterável, racionalizada e

justificada pelos ideólogos mais sofisticados do sistema em nome da

“objetividade científica” e da “neutralidade de valores”. As condições reais da

vida cotidiana foram plenamente dominadas pelo ethos capitalista, sujeitando

os indivíduos – como uma questão de determinação estruturalmente

assegurada – ao imperativo de ajustar suas aspirações de maneira conforme,

ainda que não pudessem fugir à áspera situação da escravidão assalariada.

Assim o “capitalismo avançado” pôde seguramente ordenar seus negócios de

modo a limitar o período e educação institucionalizada em uns poucos anos

economicamente convenientes da vida dos indivíduos e mesmo fazê-lo de

maneira discriminadora/elitista.” (MÉSZÁROS, 2008, p.80-81)

Vemos, portanto, que a vida só pode ser reproduzida dentro do ethos capitalista,

(segundo seus apologistas e gestores) e assim o processo educacional cada vez mais

mercantilizado deve obter um caráter parcelado, unilateral e centralizado nas relações de

mercado. Individualizando, fragmentando e subordinando populações de varias regiões

do globo e gerando por consequência um processo de concorrência entre os mesmos. O

discurso de “crise da escola” é vendido como forma de engendrar no pensamento de uma

parcela carente da população, mas que ainda sobrevive de alguma renta salarial na compra

de “serviços educacionais” propostos por grupos que agora buscam dominar o mercado,

tendo em vista que isto proporcionaria uma “melhor qualificação” sobre os demais que

ainda insistem na formação pública e gratuita. O diferencial propagado pelo marketing e

pela publicidade é ter um currículo mais flexível e de acordo com as necessidades do

novo molde do mercado de trabalho baseado no caráter alterado do sistema produtivo e

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da esfera dos serviços, em que a empresa enxuta, flexível e da “alta tecnologia”, com o

formado toyotista, é a feição mais estruturada dessa ação.

Esta característica é vangloriada como “Modernização”, ou seja, um processo

brusco de redução dos custos (salários e demissões) e do engendramento do maquinário

técnico-informacional no processo produtivo (desemprego estrutural) e também da

produção educacional como forma de melhor atender as demandas do mercado (este que

por sinal vivência uma crise aguda e profunda). Assim, é necessário criar uma imagem

suja e degradante das instituições formais de ensino de caráter público, consequentemente

do Estado que tenham em sua “filosofia” políticas que proporcionaram uma garantia

maior de direitos aos assalariados.

Somente o Estado neoliberal e neoconservador (que no caso brasileiro acaba de

ser renovado) em conformidade com os interesses da classe dominante pode promover

reformas “adequadas” às necessidades do mercado de trabalho e promovendo maiores

“chances de empregabilidade” aos que só tem a venda da força de trabalho com forma de

sobrevivência. Notamos que essa estrutura de discurso é de interesse exclusivo da classe

dominante para manter em hegemonia o sistema capitalista e a centralização e

acumulação do lucro para essa classe. Pois, na realidade, vemos uma emergência do

desemprego crônico.

“Isso porque nas décadas recentes o desemprego, nos países capitalistas

altamente desenvolvidos, limitava-se em grande parte “aos bolsões de

subdesenvolvimento”; e as milhões de pessoas afetadas por ele costumavam

ser otimisticamente ignoradas, no grande estilo de autocomplacência

neocapitalista, como representando os “custos inevitáveis da modernização”

sem que houvesse muita preocupação – se é que havia – pelas repercussões

socioeconômicas da própria tendência.” (MÉSZÁROS, 2011, p.69)

Além disso, uma série de precarizações que estão em emergência no mundo do

trabalho tanto primordialmente nos países subdesenvolvidos, assim como o desemprego

formado pelo advento mais agudo das tecnologias informacionais no processo produtivo

necessário para o “avanço” da “Sociedade do Conhecimento”. “Em tais circustâncias, a

miséria necessária associada a todos os tipos de desemprego – inclusive aquele produzido

no interesse da “modernização” – podia ser capitalisticamente justificada em nome de um

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brilhante futuro de consumo a todos” (MÉSZÁROS, 2011). Logo, a visão míope e

contraditória daqueles que gerenciam o sistema do capital que dentro de uma esfera de

crises que são inerentes a sua própria reprodução, busca-se na tentativa de manutenção

das suas problemáticas acusar trabalhadores (as) de não serem “qualificados” para atuar

no atual cenário de metamorfoses.

Em consequência desses fenômenos e da gestão do Estado neoliberal, observamos

que o discurso de “crise da escola” apresenta-se apenas como feitio da mercantilização e

geração de riquezas para classe dominante e para utilização desse instrumento como

forma de alienação ideológica da classe trabalhadora e seus filhos no momento atual de

crise do sistema sociometabólico do capital. Pelo lado da formação efetiva, temos a

redução do processo pedagógico formativo do ser social à fatores meramente técnicos

que submete os jovens e adultos (em diversos estágios do processo de desenvolvimento

escolar) a uma quantidade parcelar e fragmentada do conhecimento, em que as operações

básicas de leitura, escrita e matemática são necessários para habilitar e modelar para o

então mercado de trabalho. Dentro desse arcabouço curricular construindo pelas grandes

corporações capitalistas, enaltece-se aspectos da objetividade do mundo material apenas

reificado a manutenção e reprodução da sociedade baseada no fetichismo da mercadoria.

Currículo, Sociedade e Ciberespaço: A Formação Parcelar Para o Mundo Virtual.

Notamos a necessidade vir a levantar questões sobre o processo formativo que nos

tempos atuais está se tornando regra. O decurso da formação baseado nas chamadas

“tecnologias informacionais” torna-se um viés analítico muitíssimo importante para

compreender os moldes da relação Trabalho e Educação.

“A evolução tecnológica e as lutas sociais têm modificado as relações no

mundo do trabalho. Devido a essas tensões, atualmente, não se admite mais a

existência de trabalhadores que desempenhem apenas tarefas mecânicas. O

uso das tecnologias de comunicação e da informação tem transformado o

trabalho em algo menos sólido. Já convivemos com trabalhos feitos em rede

ou trabalhos feitos em casa, bem como com trabalho sem carteira assinada e

trabalho no mundo virtual. Convivemos, também, com a valorização de

profissões que não geram produtos industriais, tais como artes, saúde,

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comunicação, educação e lazer.” (BRASIL. Ministério da Educação 2013, p.

207-208) (GRIFO MEU)

O trabalho vem tornando-se algo mais heterogêneo no mundo atual, visto uma

modificação que alterou os métodos de gestão do trabalho e da própria feição do capital,

em que a financeirização bancária ganhou mais espaço nas relações de mercado, além da

formação gradual dos oligopólios como uma tendência de centralização, acumulação e

reprodução da ordem vigente.

Assim, percebe-se no conjunto das metamorfoses estruturais do modo produtivo

o engendramento de um maquinário técnico-informacional cada vez mais complexo e

autônomo que reduz os custos de produção e reproduz um modo de vida cada vez

virtualizado. Aliado a introdução de uma série de aparelhos como Smartphones, Tablet’s

e tantos outros no cardápio do consumismo exacerbado das relações sociais baseadas no

fetichismo da mercadoria. Pois, se antes o automóvel tinha um papel central na relação

capitalista de produção, hoje esses aparelhos tecnológicos são a “bola da vez”.

No decurso dessa sociedade mais virtualizada, em que o cyberespaço agora é uma

nova tendência, é preciso delinear que tipo de sociedade é essa, que está em constante

formação através das reformas em setores estratégicos, suas composições estruturais e os

enfrentamentos entre Capital, Trabalho e Educação.

Vemos que:

“O “cyber” é também o resultado da convergência, cada vez mais, intrínseca

entre cultura e técnica, um espaço, como um lugar “animado”, de práticas e

movimento, um cruzamento de sujeitos, informações em movimento, em

trânsito, em lugar de fluxos e encontros, um fenômeno marcante nas

transformações socioeconômicas desde o final do século passado.” (LINHAS,

Ronaldo N.; CHAGAS, Alexandre M. Título, 2017, P.21-22)

Nota-se, portanto, que a criação de um “espaço virtual” é fruto das modificações

da ordem do capital que necessita de uma maior segurança de dados, e que também busca

criar um locus de informações, em que “culturas e técnicas” são transmitidas para todos

os sujeitos (que podem pagar) numa espécie de “democratização do conhecimento”. Este

é um fator que vai levar alguns autores que são favoráveis às relações baseadas no

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“investimento em sí mesmo”, ou seja, a geração de um capital humano e assim, modelar

uma possível “Sociedade do Conhecimento”, onde todos podem obter uma mesma

educação e não sofrer com as então atrocidades do chamado “capitalismo selvagem”, suas

desigualdades e limitações (que na cabeça de alguns autores, não existe mais ou é apenas

uma aguda miopia de nossa então realidade material).

Pois bem, é necessário a reformulação dos currículos educacionais, tendo como

base “a tecnologia digital como infraestrutura do ciberespaço cria, por meio da internet,

além de novos processos de comunicação, sociabilidade, organização e de transação surge

um novo mercado de informação e do conhecimento.” (LINHAS, Ronaldo N.; CHAGAS,

Alexandre M. 2017 aput LÉVY,1999). Este mercado é visto com bons olhos por parte de

uma classe que domina os meios de produção de uma mercadoria não material (software)

que são cada vez mais vendidos para múltiplos segmentos, cujo educacional não fica de

fora, pois com a incorporação desses software nas plataformas digitais curriculares, temos

a infraestrutura necessárias para essa falsa sociabilidade e inclusive baixando os custos

relacionados a produção educacional.

“Além disso, o deslocamento do lugar da informação e do conhecimento na

sociedade capitalista como produto e mercadoria da economia informacional,

atravessa o espaço escolar, como instituição cultural e espaço relações

comunicacionais e modifica o olhar sobre as mídias e por conseguinte as

práticas e experiências de aprender e ensinar na cibercultura” (idem)

Nota-se que a tendência é a negação das relações educacionais informais (não

estruturadas em uma instituição de ensino) como forma de aprendizagem e de troca do

mesmo, nas formulações técnicas para/e com o trabalho e dos aprendizados da vida

cotidiana. Fundamenta-se absolutamente um tipo de aprendizado baseado dentro desses

padrões virtuais que vão “capacitar” para o então mundo do trabalho vigente. Um

currículo estruturado para ser seguido e não questionado, além de uma falsa

“flexibilidade”, pois o aluno possui uma série de cronogramas já pré-estabelecidos.

Busca-se no horizonte da ingenuidade uma maneira de “democratizar o

conhecimento” ainda baseado no ethos capitalista, mascarando os reais interesses sobre

a formação de oligopólios especializados na comercialização educacional e a na geração

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de mais-valia derivada da espoliação do labor de professores de mais profissionais do

ramo, cujo currículo é fundamentado no receituário neoliberal dos grandes bancos e

entidades financeiras como FMI. É o cerne dessa questão, em que se nota uma divisão

brutal entre uma educação para elite e outra para aqueles que vivem da venda da força de

trabalho. É notório que a clivagem está naqueles que podem pagar ou também obter uma

base formativa direcionada para aquilo que já almeja (gerenciar os negócios da família

ou criar novos softwares mais complexos e eficientes para empresas). A forma de ingresso

nas universidades (tanto públicas como privadas) torna-se um elevador moderno e

confortável, quanto para aquele que vivem do trabalho assalariado é uma escadaria sem

fim.

Estes que vivem de uma renda muitíssimo baixa, em que a finalidade somente

satisfaz as duras e cruas necessidades para reprodução da vida, contentam-se com uma

educação parcial, fragmentada e sem pensamento crítico. Porém, com muito esforço e

algum privilégio (seja por via de recursos próprios ou de organizações autônomas como

Pré-Vestibulares sociais), visam galgar patamares mais elevados do nível formativo e já

não se limitam a empregabilidade do trabalho manual. Mas que entram agora, mais do

que nunca, numa outra parte da divisão internacional do trabalho, cujo labor virtual ligado

à esfera dos serviços torna-se uma rota construída por conta da remodelagem dos

currículos educacionais (onde o papel do Estado é fundamental para efetivação desse fato)

para formar uma “mão de obra especializada” na operação dessas novas tecnologias da

informação.

Vemos que, por mais que esse discurso do trabalho mais virtualizado seja

apresentado como um salto qualitativo dentro do mundo laborativo, no campo da

realidade nota-se uma subordinação ainda maior do homem ao maquinário digital, em

que o processo educacional nada se perde com a lógica fundante do sistema do capital,

pois essa tecnologia está calcada sobre o ethos capitalista.

“O conceito da evolução histórica como um resultado das lutas de classe nos

mostrou, com efeito, que a educação é o processo mediante o qual as classes

dominantes preparam na mentalidade e na conduta das crianças as condições

fundamentais da sua própria existência.” (PONCE, 1998, P.169)

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A existência agora é baseada na produção e operação de informações e tecnologias

digitais pelos oligopólios do mundo empresarial. A formação precisa ainda ser parcial e

fragmentada, mas com noções básicas de computação e/ou operações de aparelhos

tecnológicos e aplicativos (como exemplo: Smartphones e Tablet’s), em que a geração de

valor acontece de forma contínua, transformando-se em lucros cada vez maiores. “A

classe que domina materialmente é também a que domina com a sua moral, a sua

educação e as suas ideias.” (PONCE, 1998).

Alterar o real sentido do trabalho e da educação para a estruturação de um campo

mercantilizado, cujo lucro está à frente dos reais anseios da sociedade como um todo,

mostra o quanto a esfera educacional está precarizada e em crise nos tempos da crise

estrutural do capital e do Estado. Pois este “cyberespaço” demonstra o quanto está

ameaçado a figura do professor, como aquele que possui na essência da sua formação,

não apenas a mera transmissão de conteúdos, mas também um papel em comunhão aos

educandos de conscientizar sobre o mundo e não formar para a reprodução e

gerenciamento de um sistema brutal e desumano, pois falar de neutralidade da educação

é expressar uma vontade de mistificação (FREIRE, 1980).

Cabe, portanto, nas lutas de classes hoje uma responsabilidade tamanha, pois é no

posicionamento político/ideológico de professores, estudantes e demais profissionais do

ramo (ou não), acreditando que o trabalho é categoria central nas relações sociais. E partir

disso, buscar a práxis, a superação efetiva de uma educação que nega a libertação e a

conscientização do ser social. Negar a forma social capital que gera o estranhamento e o

pauperismo de toda a classe trabalhadora.

Portanto, para fecharmos esse ensaio, mas nunca de forma definitiva, tendo em

vista que os estudos sobre essa temáticas estão ainda em pleno andamento e

sistematização de antigas e novas literaturas, buscamos nas palavras de Gaudêncio

Frigotto a expressão mais coerente do nosso atual tempo histórico nesta tentativa de

entender as relações entre Currículo, Sociedade e Cyberespaço:

“No plano cultural, instaura-se uma profunda dominação com hegemonia do

poder do império norte-americano. As grandes redes privadas de televisão e de

informação, monopólios de poucos grupos, imputam os valores de consumo

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das economias centrais e do seu estilo de vida. Uma cultura mediada pelo

dinheiro, pela pedagogia do medo e da violência, que é exposta online em

tempo real. Mas, sobretudo, uma mídia que manipula a opinião pública com a

produção sistemática das versões da realidade, versões que interessam a quem

essa mídia representa e da qual é parte: o capital.” (FRIGOTTO, 2017, P.19-

20)

Conclusão:

Aqui jamais seremos a favor das teorias que pregam o “fim da história”, do “livre

mercado” e do “Escola sem Partido”, e que o sistema capitalista seja único e eterno.

Acreditamos que o papel da educação, assim como o do trabalho, possuem uma

centralidade vital na vida de qualquer ser social e que não podemos cair em

“reformismos” vulgares que buscam a manutenção da ordem vigente através de um

avanço tecnológico sobre a luz da mercantilização, mas sim buscar uma reflexão e uma

práxis para que possamos chegar a outro estágio da vida social, rompendo de forma

definitiva com as relações de mercado e propor uma nova forma de relação educacional.

“Portanto, desde o início o papel da educação é de importância vital para

romper com a internalização predominante nas escolhas políticas circunscritas

à “legitimação constitucional democrática” do Estado capitalista que defende

seus próprios interesses. Pois também essa “contrainternalização” (ou

contraconsciência) exige a antecipação de uma visão geral, concreta e

abrangente, de uma forma radicalmente diferente de gerir as funções globais

de decisão da sociedade, que vai muito além da expropriação, há muito

estabelecida, do poder de tomar todas as decisões fundamentais, assim como

das suas imposições sem cerimônia aos indivíduos, por meio de políticas como

uma forma de alienação por excelência na ordem existente” (MÉSZÁROS,

2008, P.61).

Pois o que notamos através dessa pesquisa é que o sistema do capital passa por

uma crise aguda e profunda. Assim, busca a mercantilização de novos segmentos, como

o educacional, confirmando o seu caráter expansivo para uma maior concentração,

centralização e acumulação dos lucros.

Busca no interior da esfera produtiva uma remodelagem de sua estrutura,

buscando reduzir os custos de produção investindo em maquinários mais autônomos e

robotizados, numa gestão do trabalho que mescla ainda os ritmos intensos sobre as bases

do taylorismo/fordismo, mas que agora visa novos elementos que o toyotismo

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proporciona para subordinação e aceitação de uma exploração do trabalho cada vez maior.

A educação tem um papel politico e ideológico fundamental para efetivação

desses novos métodos, pois através dos currículos pode introduzir uma formação

“flexível”, ou seja, destinada as necessidades que o então mercado de trabalho requer, e

que crucialmente busca a limitação do pensamento crítico e autônomo frente às variadas

contradições do sistema capitalista. Tem a escola um papel fundante na produção de força

de trabalho, ora especializada para alguns seguimentos que usam alta tecnologia, como

também para serviços braçais e precários.

Portanto, o Estado possui um papel de efetivar os interesses da classe dominante,

modificando os currículos, privatizando o ensino e retirando os direitos da população para

salvar o capitalismo de alguma forma de seu estado crônico da crise.

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