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Educação Ambiental e Cidadania Autores Nathieli K. Takemori Silva Sandro Menezes Silva 2009 Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br

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Educação Ambiental e Cidadania

Autores Nathieli K. Takemori Silva Sandro Menezes Silva

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© 2005 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.

S586 Silva, Nathieli K. Takemori; Silva, Sandro Menezes. Educação Ambiental e Cidadania / Nathieli K. Takemori Silva; Sandro

Menezes Silva. — Curitiba: IESDE, 2009.

176 p.

ISBN: 85-7638-358-6

1. Educação Ambiental. 2. Cidadania. 3. Meio Ambiente. I. Tí-tulo.

CDD 574.507

Todos os direitos reservados.IESDE Brasil S.A.

Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482 • Batel 80730-200 • Curitiba • PR

www.iesde.com.br

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Sumário

A questão ambiental no planeta Terra .................................................................................... 7

Recursos hídricos e cidadania I ............................................................................................15Quantidade de água no planeta ................................................................................................................16Usos múltiplos da água ............................................................................................................................18As principais causas da contaminação da água .......................................................................................22A eutrofização ..........................................................................................................................................22As bacias hidrográficas ............................................................................................................................23Conclusão ................................................................................................................................................24

Recursos hídricos e cidadania II ..........................................................................................27Lei de Recursos Hídricos .........................................................................................................................27Princípio do poluidor-pagador .................................................................................................................29Tecnologias para o uso da água ...............................................................................................................30Importância da educação ambiental no uso dos recursos hídricos ..........................................................31Conclusão.................................................................................................................................................31

Resíduos sólidos e cidadania................................................................................................35Tipos de resíduos sólidos .........................................................................................................................36Formas de disposição final dos resíduos sólidos .....................................................................................37O lixo que machuca .................................................................................................................................41

Resíduos sólidos e cidadania II ............................................................................................47A coleta seletiva .......................................................................................................................................48Reciclagem...............................................................................................................................................51Perspectivas futuras .................................................................................................................................54Conclusão.................................................................................................................................................56

O uso do solo .............................................................................................................................59Tipos de solos ..........................................................................................................................................60Os ciclos biogeoquímicos ........................................................................................................................62A degradação do solo e a qualidade de vida ............................................................................................63A conservação dos solos e a produção de alimentos ...................................................................................65O uso sustentável do solo.........................................................................................................................68

Efeito estufa....................................................................................................................................77A atmosfera ..............................................................................................................................................77Causas do efeito estufa ..................................................................................................................................79Conseqüências ...............................................................................................................................................82Medidas mitigadoras ................................................................................................................................83

A camada de ozônio ..................................................................................................................89Radiação solar ..........................................................................................................................................89O ozônio e sua função escudo de radiação ultravioleta ...........................................................................90

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A destruição da camada de ozônio ...........................................................................................................90A causa da destruição ...............................................................................................................................91As conseqüências da destruição da camada de ozônio ............................................................................92Medidas mitigadoras e Educação Ambiental ...........................................................................................94

A hipótese Gaia ....................................................................................................................97A origem da hipótese Gaia .......................................................................................................................97As evidências da hipótese ........................................................................................................................98Ações humanas e a hipótese Gaia ............................................................................................................100Perspectivas futuras .................................................................................................................................100

Matrizes energéticas .............................................................................................................103Petróleo ....................................................................................................................................................104Usinas hidrelétricas ..................................................................................................................................105Biomassa ..................................................................................................................................................106Energia solar fotovoltaica ........................................................................................................................107Energia eólica ..........................................................................................................................................108Energia nuclear ........................................................................................................................................108Uso racional das matrizes energéticas.............................................................................................................. 110Perspectivas futuras .................................................................................................................................111

Avaliação de impactos ambientais .......................................................................................117Impactos ambientais e licenciamento ambiental .....................................................................................119Características do estudo de impacto ambiental (EIA) ............................................................................121O relatório de impacto ambiental – Rima ................................................................................................123

A Carta da Terra ...................................................................................................................141Princípios .................................................................................................................................................142

Uma nova ética ambiental através da Ecopedagogia ...........................................................149Ecopedagogia ...........................................................................................................................................149Ecopedagogia e a sociedade ....................................................................................................................149Ecopedagia: uma nova proposta ..............................................................................................................150Desafios para a Ecopedagogia .................................................................................................................153

Antropocentrismo e uso dos recursos naturais .....................................................................159A evolução do homem .............................................................................................................................160A mudança de pensamento ......................................................................................................................161

Referências ...........................................................................................................................165

Anotações .............................................................................................................................171

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Apresentação

D esde que o homem surgiu no planeta, utiliza recursos da natureza para suprir suas neces-sidades básicas relacionadas principalmente à alimentação, abrigo e obtenção de energia. Certamente vem daí essa postura consumista em relação aos recursos naturais, que durante

vários anos foram vistos como “infinitos”. O desenvolvimento social e cultural da espécie humana, até chegarmos nas características atuais, foi bastante rápido. Se a idade do planeta fosse condensada em apenas um ano, a espécie humana teria surgido aproximadamente às 23 horas e 45 minutos, do dia 31 de dezembro, ou seja, nossa existência é muita curta quando comparada a outras espécies com as quais dividimos a Terra atualmente.

O antropocentrismo coloca o homem no centro do universo, postulando que tudo o que existe foi concebido e desenvolvido para a satisfação humana. Essa idéia de que tudo nos pertence tem sido a principal justificativa para essa “dominação” dos recursos pelo homem, prática usual há muito tempo. Ainda hoje esta corrente filosófica tem forte influência nas decisões do homem em relação ao uso dos recursos naturais. Porém, várias pessoas já passaram a considerar com maior atenção o pensamento biocêntrico, valorizando a natureza pelas suas características intrínsecas e não somente pela sua uti-lidade prática, partindo do pressuposto que todas as espécies têm direito à vida, independentemente do seu grau de complexidade.

A inclusão da Educação Ambiental nos programas formais de ensino-aprendizagem é funda-mental, mas não pode ser a única iniciativa para mudar esta mentalidade. Ações diretas de mobili-zação e conscientização, além da difusão do pensamento biocêntrico, desde a educação infantil até à idade adulta, assim como a atualização de pais e professores sobre este tema também devem ser consideradas quando se planeja um programa de educação ambiental.

Este livro traz várias informações pertinentes sobre esse assunto, com a intenção de servir como um apoio para os educadores que irão atuar na área. Inicia-se o curso apresentando a postura do homem em relação à natureza desde os tempos remotos até os dias de hoje, mostrando que tais rela-ções vêm sendo cada vez mais pautadas na idéia de recursos infinitos, postura que fica mais evidente quando se explora o tema recursos hídricos. Neste tema são enfocadas as principais características da água, os problemas referentes ao mau uso deste patrimônio e o que está sendo feito para minimizar os impactos decorrentes da ação humana sobre esse recurso.

A questão dos resíduos sólidos, um dos maiores problemas na maioria das cidades brasileiras, é abordada neste livro de maneira a trazer informações sobre ações e posturas que os cidadãos podem ter para colaborar na minimização dos seus impactos sobre a natureza. Outro tema abordado é o solo, sua origem e principais características, a maneira como é utilizado e as implicações deste na manu-tenção da qualidade ambiental.

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Passa-se então ao tema atmosfera, enfocando o aquecimento global provocado pelo efeito estufa e a diminuição da camada de ozônio. Esses temas estão relacionados não só nas suas respectivas cau-sas como também nas ações que devem ser tomadas para minimizar, e quem sabe, frear os processos que ocasionam os efeitos nocivos.

O tema matrizes energéticas é apresentado a fim de mostrar as várias formas de geração de energia, com ênfase principalmente nos efeitos positivos e negativos de cada forma, enfatizando a principal fonte de energia da atualidade, o petróleo, em contraposição aos efeitos benéficos das fontes energéticas renováveis, principalmente as menos poluentes.

Também é apresentada a hipótese Gaia, que considera o planeta um superorganismo capaz de se auto-regular. A hipótese é mostrada e explicada para que o leitor saiba que apesar de amplamente conhecida, existem outras formas de pensamento em relação a esta questão, algumas inclusive con-frontantes com esta. A hipótese Gaia relaciona-se com o que se chamou de Carta da Terra, que por sua vez constitui o fundamento básico da Ecopedagogia, todas estas com forte influência do pensa-mento antropocêntrico, tema que encerra o conteúdo do livro.

O objetivo principal do curso é fazer com que o próprio leitor reflita e avalie sua postura como cidadão frente aos principais temas ambientais contemporâneos, para que depois atue como um edu-cador mais consciente do seu papel transformador; afinal de contas, como podemos ensinar alguma coisa na qual não acreditamos? Como ensinar crianças e adultos a serem responsáveis pelo ambiente se nós, que temos esta responsabilidade, não nos sentimos assim e não agimos assim?

Boa leitura e uma ótima auto-avaliação!

Nathieli Keila Takemori-Silva

Sandro Menezes Silva

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Bacharel e Licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade Fe-deral do Paraná (UFPR), com Mestrado em Botâ-nica pela mesma univer-s idade.

A questão ambiental no planeta Terra

Nathieli K. Takemori Silva* Sandro Menezes Silva**

O homem, desde as espécies ancestrais relacionadas, sempre dependeu de recursos naturais1 para sua sobrevivência, buscando na natureza, como todas as demais espécies animais, seus meios de alimentação, abrigo,

proteção contra o frio, entre outras necessidades básicas. Conseqüentemente, sempre provocou um impacto sobre a natureza e, para ilustrar esses impactos, existem vários exemplos na história dos povos antigos, os quais foram responsá-veis pela exploração excessiva de algum recurso natural, visto pela abordagem antropocentrista de questão ambiental.

Os anasazi, que viviam no deserto do Novo México, construíram os pue-blos, edificações que abrigavam as pessoas e que chegavam a quase 1 hectare de extensão, ocupando milhares de troncos de árvores retiradas da própria região da construção. Mas não era um deserto? Existem registros de que na ocasião em que os pueblos foram construídos – eram cercados não por um deserto nu, mas por uma floresta de árvores decícuas e pinheiros.

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Um outro exemplo são os maori, que chegaram à Nova Zelândia há quase 1.000 anos e, num período relativamente curto, foram os principais responsáveis pela extinção do Moa, uma espécie de ave não voadora que chegava a atingir 3 metros de altura e pesar mais de 200 quilos. Registros arqueológicos mostram restos de verdadeiros banquetes de churrascos de Moa realizados pelos maoris. O

Licenciado em Ci-ências Biológicas pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com Mestrado e Doutora-do em Biologia Vegetal pela Universidade Esta-dual de Campinas.

1 Recursos naturais. a) De-nominação que se dá à

totalidade das riquezas mate-riais que se encontram em es-tado natural, como florestas e reservas minerais. b) São os mais variados meios de subsistência que as pessoas obtêm diretamente na nature-za. c) O patrimônio nacional nas suas várias partes, tanto os recursos não-renováveis, como jazidas minerais, e os renováveis, como florestas e meio de produção. d) Fontes de riquezas materiais que existem em estado natural; tais como florestas, reservas minerais etc.; a exploração ilimitada dos recursos natu-rais pode levá-la à exaustão ou à extinção. e) Recursos ambientais obtidos direta-mente da natureza, podendo classificar-se em renováveis e inexauríveis ou não-reno-váveis; renováveis quando, uma vez aproveitados em um determinado lugar e por um dado período, são suscetí-veis de continuar a ser apro-veitados neste mesmo lugar, ao cabo de um período de tempo relativamente curto; exauríveis quando qualquer exploração traz consigo, ine-vitavelmente, sua irreversível diminuição.

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principal predador da Moa era a águia-gigante, espécie maior do que a maior ave relacionada atualmente vivente – a águia-real ou harpia – foi extinto na mesma época, muito provavelmente porque ficou sem seu principal item alimentar com a extinção do Moa.

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A economia e a Terra(BROWN, 2003)

Nos últimos séculos da civilização maia, uma nova sociedade evoluiu na Ilha de Páscoa, uma área com cerca de 166 quilômetros quadrados no Pacífico Sul, aproximadamente 3.200 quilômetros a oeste da América do Sul e 2.200 quilômetros da Ilha Pitcairn, a região habitada mais próxima. Assentada em torno de 400 d.C., essa civilização prosperou numa ilha vulcânica com solos ricos e vegetação viçosa, com árvores de 25 metros de altura e troncos de 2 metros de diâmetro. Registros arqueológicos dão conta que os ilhéus se ali-mentavam principalmente de frutos do mar, particularmente golfinhos – um mamífero que só podia ser capturado com arpões lançados de grandes canoas oceânicas, uma vez que não apareciam localmente em grande número.

A sociedade da Ilha de Páscoa prosperou durante vários séculos, atingin-do uma população estimada em 20 mil. À medida que seus números cresciam, a derrubada de árvores superava a recuperação sustentada das florestas. Final-mente, desapareceram as grandes árvores necessárias para a construção das grandes e resistentes canoas oceânicas, privando os ilhéus do acesso aos gol-finhos e reduzindo, dessa forma, o suprimento alimentar da ilha. Os registros arqueológicos mostram que, a certa altura, ossadas humanas se misturaram às ossadas dos golfinhos, sugerindo uma sociedade desesperada que recorreu ao canibalismo. Hoje, a ilha é habitada por cerca de 2.000 pessoas.

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Existem várias pesquisas e trabalhos mostrando que o impacto que a espé-cie humana provoca sobre os recursos naturais é proporcional ao seu grau de apro-priação tecnológica e às necessidades geradas pelos padrões sociais constituídos em centenas de anos de história.

Um marco importante nesta tendência foi a Revolução Industrial, ocorrida no final do século XVIII, a partir da qual houve um grande aumento na utilização dos re-cursos. Na medida em que os núcleos populacionais adensaram-se e se concentraram nas regiões que passaram a dominar as tecnologias disponíveis, a crescente necessida-de de matéria-prima para abastecer estes núcleos em crescimento foi um importante fator de degradação ambiental. As colônias dos países europeus situadas na Ásia, África e Américas serviram em grande parte para suprir estas necessidades, assim como para firmar a supremacia daqueles que detinham a tecnologia em detrimento de outros que ainda dependiam de recursos naturais de forma mais direta.

Este modelo de crescimento foi chamado de modelo linear de desenvolvi-mento, do qual fazem parte o lucro imediato, o uso excessivo de matéria-prima, a produção de grande quantidade de descartes e resíduos do processo produtivo.

As principais conseqüências do aumento da demanda por recursos naturais decorrente do modelo de desenvolvimento linear são:

redução da biodiversidade;

aumento de doenças tropicais;

urbanização de cidades, principalmente na Ásia, África e América do Sul;

grande uso de recursos naturais, com conseqüente escassez localizada de muitos destes;

alta produção de resíduos com baixo nível de reciclagem.

Com o desenvolvimento das tecnologias, o homem também adquiriu conhe-cimentos sobre os acontecimentos naturais no planeta, podendo hoje prever mu-danças climáticas, terremotos, maremotos e outros fenômenos naturais. Foi dessa maneira também que se descobriu os efeitos do modelo linear de desenvolvimen-to, por exemplo, o aquecimento global e a destruição da camada de ozônio.

“Esta é a nossa diferença crucial em relação aos maoris: eles não sabiam ler e escrever. Nós sabemos, e entendemos as conseqüências do que se passou, e fazemos cálculos e projeções para o futuro. Nós, como espécie, não temos a desculpa da ignorância para repetir os mesmos erros.”

Fernando Fernandez

A realidade é que não estamos começando a perder a natureza agora que descobrimos o efeito estufa, já perdemos boa parte dela antes mesmo de conhecê-la, sendo que a situação de nossos ecossistemas naturais é bastante trágica e não é mostrada de forma verdadeira por dados estatísticos. Uma coisa é certa! Cres-cimento populacional desenfreado e desenvolvimento econômico contínuo são situações incompatíveis com a qualidade de vida humana e a conservação da natureza. O crescimento populacional é um grande multiplicador de problemas

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ambientais, pois gera desmatamento para os vários usos do solo, aumenta a pres-são de caça, o tráfico de animais e o extrativismo, aumenta a poluição, provoca mudanças climáticas, estimula atividades ambientalmente depredatórias e gera a degradação da qualidade de vida em geral.

Pensando nisso, muitos de nós já começamos a pensar no futuro e em for-mas alternativas para diminuir os impactos que estamos causando no ambiente. As atitudes que foram tomadas até agora continuam sendo necessárias, porém são insuficientes. Ainda é preciso mais!

A conservação deve ser ensinada em todos os lugares – escola, casa, tra-balho. As pessoas aprendem quando observam outros fazendo, assim como as crianças. Reeducar uma sociedade que cresceu depredando o ambiente onde vive é uma tarefa difícil, mas não impossível. É importante lembrar que, com uma população cada vez mais numerosa, mudar o mundo sozinho fica cada vez mais difícil. Obviamente ninguém está pensando nisso, mas se cada um fizer sua parte na construção de um mundo mais justo, ficará bem mais fácil.

“Não há ato ecologicamente neutro; todos nós tornamos o mundo cada dia um pouquinho melhor ou um pouquinho pior com nossas ações.”

Fernando Fernandez

Uma nova maneira de pensar precisa ser desenvolvida. Livrar-se da ilusão de que os recursos são infinitos e de que o planeta consegue curar-se sozinho é o primeiro passo para a mudança de pensamento.

O papel da Educação Ambiental precisa ser desempenhado desde a educa-ção infantil, sendo a postura ambientalmente correta dos educadores e da própria instituição de ensino imprescindível na educação das crianças.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação coloca a educação ambiental como tema transversal para que ela possa ser abordada em todas as disciplinas e não ape-nas em ciências. É importante ressaltar que Conservação da Natureza é diferente de Cuidados com a Natureza, pois nem tudo o que é feito em favor do ambiente contribui efetivamente para conservar a natureza. Um exemplo disso é promover a limpeza da sala de aula, fazendo com que os alunos ajudem a mantê-la limpa e organizada. Isso desenvolve a percepção dos bens comuns, ou seja, que cada um é responsável pelo ambiente onde vive. No entanto, a postura de não produzir resí-duos sólidos é mais efetiva na conservação da natureza. Outra percepção a ser de-senvolvida é a de que os seres vivos não devem ser conservados apenas porque eles são úteis aos seres humanos, e sim por terem direito à vida tanto quanto nós temos. As “aulas” de educação ambiental precisam ser claras e objetivas, com o foco na informação e no desenvolvimento crítico dos consumidores.

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“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as pre-sentes e futuras gerações.”

Constituição Federal, artigo 225

Hoje, o que está em voga é o chamado mercado verde, no qual os con-sumidores optam por produtos que degradem menos o ambiente. Papel reci-clado, geladeiras e sprays sem CFC (clorofluorcarbono), produtos orgânicos, madeira certificada e uso de energia solar são alguns dos exemplos dessa área em plena expansão, porém ainda pouco explorado no Brasil. Encontra-se no mercado também tecidos produzidos a partir de PET (politereftalato de etileno) reci-clado, plásticos biodegradáveis, tintas à base de silicatos de potássio, entre outros.

Um fato importante que marca a maneira como os governos vêm tratan-do o ambiente aconteceu no final do século XX, quando 179 países passaram a discutir as questões ambientais do planeta, dando origem à Agenda 21. (ver texto complementar)

“A Agenda 21 reúne o conjunto mais amplo de premissas e recomen-dações sobre como as nações devem agir para alterar seu vetor de desenvol-vimento em favor de modelos sustentáveis e a iniciarem seus programas de sustentabilidade.”

Marina Silva, Ministra do Meio Ambiente do Governo de Luís Inácio Lula da Silva

A situação ambiental pela qual passa atualmente o planeta não tem antece-dentes na história geológica mais recente. A degradação dos ambientes naturais, a fragmentação de hábitats, a sobrexploração de algumas espécies, a poluição e a contaminação biológica são as causas mais importantes da perda de biodiversida-de. As desigualdades sociais contribuem significativamente neste quadro, se con-siderarmos que grande parte da diversidade biológica do planeta encontra-se nos países mais pobres. Desta forma, é necessário primeiramente acabar com essas desigualdades, o que só será possível através de mudanças culturais, econômicas, políticas e sociais. A cultura do “ter e possuir” já levou os Estados Unidos ao topo da lista dos países que mais poluem o ambiente.

Como escreveu a jornalista Liana John, “o homem não precisa deixar a ci-dade, nem regredir para um tempo sem conforto ou tecnologia para voltar a fazer parte da natureza. Ele precisa repensar suas ações, considerar as conseqüências de cada uma delas sobre o ambiente e os outros seres vivos. E usar o conhecimento em benefício do bem comum” (JOHN, 2004).

A preservação é dever de todos

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O que é Agenda 21(BRASIL, 2004)

A Agenda 21 é um plano de ação para ser adotado global, nacional e localmente, por organi-zações do sistema das Nações Unidas, governos e pela sociedade civil, em todas as áreas em que a ação humana impacta o meio ambiente. Constitui-se na mais abrangente tentativa já realizada de orientar para um novo padrão de desenvolvimento para o século XXI, cujo alicerce é a sinergia da sustentabilidade ambiental, social e econômica, perpassando em todas as suas ações propostas.

Contendo 40 capítulos, a Agenda 21 Global foi construída de forma consensuada, com a con-tribuição de governos e instituições da sociedade civil de 179 países, em um processo que durou dois anos e culminou com a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Cnumad), no Rio de Janeiro, em 1992, também conhecida por Rio 92.

Além da Agenda 21, resultaram desse mesmo processo quatro outros acordos: a Declaração do Rio, a Declaração de Princípios sobre o Uso das Florestas, a Convenção sobre a Diversidade Biológica e a Convenção sobre Mudanças Climáticas.

O programa de implementação da Agenda 21 e os compromissos para com a carta de princípios do Rio foram fortemente reafirmados durante a Cúpula de Joanesburgo, ou Rio + 10, em 2002.

A Agenda 21 traduz em ações o conceito de desenvolvimento sustentável.A comunidade internacional concebeu e aprovou a Agenda 21 durante a Rio 92, assumindo,

assim, compromissos com a mudança da matriz de desenvolvimento no século XXI. O termo Agenda foi concebido no sentido de intenções, desígnio, desejo de mudanças para um modelo de civilização em que predominasse o equilíbrio ambiental e a justiça social entre as nações.

Além do documento em si, a Agenda 21 é um processo de planejamento participativo que resulta na análise da situação atual de um país, estado, município, região, setor e planeja o futuro de forma sustentável. E esse processo deve envolver toda a sociedade na discussão dos principais problemas e na formação de parcerias e compromissos para a sua solução a curto, médio e longo prazos. A análise do cenário atual e o encaminhamento das propostas para o futuro devem ser realizados dentro de uma abordagem integrada e sistêmica das dimensões econômica, social, am-biental e político-institucional da localidade. Em outras palavras, o esforço de planejar o futuro, com base nos princípios da Agenda 21, gera inserção social e oportunidades para que as socieda-des e os governos possam definir prioridades nas políticas públicas.

É importante destacar que a Rio 92 foi orientada para o desenvolvimento, e que a Agenda 21 é uma Agenda de Desenvolvimento Sustentável, onde, evidentemente, o meio ambiente é uma consideração de primeira ordem. O enfoque desse processo de planejamento apresentado com o nome de Agenda 21 não é restrito às questões ligadas à preservação e conservação da natureza, mas sim a uma proposta que rompe com o desenvolvimento dominante, onde predomina o eco-nômico, dando lugar a sustentabilidade ampliada, que une a Agenda ambiental e a Agenda social, ao enunciar a indissociabilidade entre os fatores sociais e ambientais e a necessidade de que a degradação do meio ambiente seja enfrentada juntamente com o problema mundial da pobreza. Enfim, a Agenda 21 considera, dentre outras, questões estratégicas ligadas à geração de emprego

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e renda; à diminuição das disparidades regionais e interpessoais de renda; às mudanças nos pa-drões de produção e consumo; à construção de cidades sustentáveis e à adoção de novos modelos e instrumentos de gestão.

Em termos das iniciativas, a Agenda 21 não deixa dúvida. Os Governos têm o compromisso e a responsabilidade de deslanchar e facilitar o processo de implementação em todas as escalas. Além dos Governos, a convocação da Agenda 21 visa mobilizar todos os segmentos da sociedade, chamando-os de “atores relevantes” e “parceiros do desenvolvimento sustentável”.

Essa concepção processual e gradativa da validação do conceito implica assumir que os prin-cípios e as premissas que devem orientar a implementação da Agenda 21 não constituem um rol completo e acabado: torná-la realidade é antes de tudo um processo social no qual todos os envol-vidos vão pactuando paulatinamente novos consensos e montando uma Agenda possível rumo ao futuro que se deseja sustentável.

1. Forme um grupo de três pessoas e descreva o papel do homem na natureza durante a Pré-His-tória. Discorra sobre a forma com que os povos primitivos tratavam o ambiente onde viviam.

2. Qual a diferença na relação homem-natureza do período pré-histórico para os dias de hoje?

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FERNANDEZ, Fernando. O Poema Imperfeito. 2. ed. Curitiba: UFPR, 2004.

Este livro é composto de crônicas sobre biologia, conservação da natureza e seus heróis. A abor-dagem é bem humorada, porém comprometida com a conservação, levando o leitor a uma reflexão profunda sobre o verdadeiro papel do homem na conservação da natureza.

CAPRA, Fritjof. A teia da vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. 6. ed. São Paulo: Cultrix, 2001.

Este livro trata de assuntos relacionados aos sistemas vivos, trazendo uma nova linguagem para a sua compreensão.

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3. Por que não podemos mais agir como antigamente? Qual a diferença entre o ambiente pré-histórico e o atual?

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