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Lilian Fradique Guiotti
Educação Infantil: A importância da afetividade na relação professor-aluno.
Artigo apresentado ao curso de graduação
em Pedagogia da Universidade Católica de
Brasília, como requisito parcial para
obtenção do Título de Licenciatura em
Pedagogia.
Orientador: prof. Dtda Rosana Márcia
Rolando Aguiar
BRASÍLIA
2011
Pró-Reitoria de Graduação
Curso de Pedagogia
Trabalho de Conclusão de Curso
EDUCAÇÃO INFANTIL: a importância da afetividade na relação professor-
aluno na percepção de educadores
Autora: Lilian Fradique Guiotti
Orientadora: Profa. Dtda. Rosana Márcia Rolando Aguiar
Brasília - DF
2011
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Artigo de autoria de Lilian Fradique Guiotti “EDUCAÇÃO INFANTIL: a importância
da afetividade na relação professor-aluno na percepção de professores”. Apresentado
como requisito parcial para obtenção do grau de licenciatura em Pedagogia da
Universidade Católica de Brasília, defendido e aprovado em 18 de novembro de 2011,
pela banca examinadora abaixo assinada:
______________________________________________
Prof.(a) Dtda. Rosana Márcia Rolando de Aguiar
Orientadora
Pedagogia - UCB
______________________________________________
Profa. MSc. Adriana Lira
Avaliadora
Pedagogia - UCB
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus em primeiro lugar, por me guiar e me dar forças para concluir
esse trabalho em um período que pensei que não ia dar conta. Quantas vezes, diante das
barreiras e da ansiedade pensei, em desistir, mas Ele estava sempre ali ao meu lado me
dando forças para dar continuidade aos meus sonhos e os meus desejos. Mostrou que é
possível superar as barreiras,muitas vezes criadas por nós mesmos, e alcançar nossos
sonhos.
Também agradeço às minhas amigas Cleuba, por ser um ombro amigo, Aline
Miranda, Aline Craveiro, ThaiseTrajano,Junior, Rute Jovita, Samara Lopes, Ivone e
Lais Oliveira por sempre estarem ao meu lado, e as minhas irmãs Lais e Lorena que me
dão força para realizar o meu grande sonho. Agradeço principalmente, à minha mãe
Joana D´arc e ao meu pai que são minhas inspirações, meu referencial, meu porto
seguro e que sempre acreditram no meu potencial.
Meu eterno agradecimento à profª Rosana Márcia Rolando Aguiar que me
orientou, por ter estendido as mãos na hora que mais precisei dela, por ser essa
excelente educadora que me propiciou novos saberes, que me deu apoio incondicional,
carinho, que teve compreensão, paciência e dentre outras virtudes. Quantos desabafos
ela ouviu e sempre tinha uma palavra que me confortava, tornando os momentos difíceis
mais fáceis de serem superados. Agradeço à profª Adriana Lira por sua bondade em
sempre querer ajudar ao próximo. Fico muito agradecida por ter aceitado ler e avaliar
este trabalho.
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EDUCAÇÃO INFANTIL : a importância da afetividade na relação professor-
aluno na percepção de educadore.
Resumo
Este trabalho tem como principal objetivo discutir a importância da afetividade na
relação professor-aluno na educação infantil à luz de alguns pressupostos teóricos de
referência nesse assunto. Teve como escopo a abordagem qualitativa para identificar a
partir da escuta por meio de entrevista estruturada de uma escola da rede pública de
ensino do DF, o que as docentes, que gentilmente colaboraram com esta pesquisa,
pensam sobre o tema exposto e como a falta de afetividade pode trazer bloqueio no
processo de aprendizagem do aluno da educação infantil. Assim, as educadoras
entrevistadas apontaram que a afetividade é um elemento essencial no processo ensino-
aprendizagem e que a falta dela pode trazer consequências e traumas irreversíveis,
prejudicando, até mesmo, os sonhos e os desejos que o educando tem para um futuro
próximo. Vale ressaltar que no relato das entrevistadas alguns fatores podem contribuir
para a falta do vínculo afetivo na relação professor-aluno como o número excessivo de
alunos na sala de aula, pois as docentes questionam como dar atenção necessária a cada
educando. Por meio das falas das docentes, é possível concluir que a relação professor-
aluno pode ser reconstruída por meio da afetividade através do diálogo, respeito,
carinho e compreensão incentivados pelos professores.
Palavras-chave: Afetividade: Relação professor-aluno: Aprendizagem.
INTRODUÇÃO
A criança inicia a fase escolar trazendo uma mistura de emoções e expectativas,
como o medo, a desconfiança, a ansiedade, resistência, timidez, alegria e motivação.
Assim, cada estudante traz consigo sua vivência histórica, familiar, desde a mais tenra
idade. Como a escola para a criança é um contexto totalmente novo, é necessário que
ela se sinta amada, acolhida e segura nesse novo ambiente. Saltini(2008,p.101)
corrobora com esta idéia ao considerar que a criança deseja e necessita ser amada, aceita
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e acolhida e ouvida para que possa despertar para a vida da curiosidade e do
aprendizado.
Este estudo tem como principal objetivo discutir a importância da afetividade na
relação professor-aluno dentro do contexto escolar da Educação Infantil. De modo
geral, a aprendizagem se dá com a interação entre sujeitos e, na escola, isso ocorre com
mais facilidade uma vez que a criança convive com outras crianças, que embora sejam
da mesma faixa etária são pessoas diferentes, seres humanos complexos. É justamente
nessa interação que acontece tanto entre os estudantes, quanto entre estes e os adultos da
escola, o desenvolvimento integral, já que é aí que se aprende a importância do convívio
harmônico, da amizade e do respeito ao outro. Saltini (2008,p.16), desde este ponto de
vista afirma:
As escolas deveriam entender mais de seres humanos e de amor
do que de conteúdos e técnicas educativas. Elas têm contribuído
em demasia para a construção de neuróticos por não entenderem
de amor, de sonhos, de fantasias, de símbolos e de dores.
Para que as crianças sejam bem atendidas no ambiente escolar os conhecimentos a
respeito de suas necessidades afetivas nesta fase do desenvolvimento são fundamentais,
pois a criança pequena está em um momento significativo de sua constituição subjetiva
e, na escola, tais conhecimentos precisam fazer parte da formação docente, já que não
são somente os aspectos cognitivos que devem ser privilegiados para o bom andamento
da aprendizagem do aluno na Educação infantil. Assim, o desenvolvimento infantil, de
acordo com (Cf. Aguiar, Almeida, 2011) embora aconteça por meio de heranças
genéticas, estas não são suficientes para a construção de um ser, o que somente é
possível quando um adulto atua nos cuidados desse pequeno humano, estabelecendo
uma relação entre eles, formando assim uma rede de laços sociais que o constitui o
pequeno humano psiquicamente.
Neste sentido, a função do docente na vida da criança, principalmente na
Educação infantil, é, justamente, a de cooperar com os cuidados em seu
desenvolvimento integral, já que na vida escolar infantil, o professor, faz semblant (está
simbolicamente representando os pais na vida psíquica da criança) do papel parental,
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encarnando, em si mesmo, o papel ético de sua prática como educador. Assim sendo, os
significantes pai e mãe, podem ser simbolicamente, substituídos pelo significante
professor, cuja função carrega em si uma enorme importância, uma vez que, conforme
nos chamam a atenção Aguiar e Almeida(2011), ao longo do desenvolvimento humano
é possível que outros significantes e pessoas assumam, simbolicamente, a função
paterna, como por exemplo, a figura do professor ou de alguém próximo.
Com o objetivo de abordar os conceitos e a importância da afetividade na
relação professor- aluno no ambiente escolar, buscou-se apresentar um breve histórico
da educação infantil e das teorias da psicologia, baseadas nas idéias de Almeida (1993),
Galvão (2008), Saltini (2008), Cunha (2010), dentre outros teóricos e comentadores de
suas obras. Assim, foram averiguados os possíveis traumas e bloqueios consequentes da
falta de afetividade no processo de ensino e aprendizagem, bem como no
desenvolvimento do aluno, visto que por muito tempo, o afeto deixou de ser
privilegiado pela escola. Isso se deve ao fato de o estudante ser visto como um mero
receptor de conhecimento.
Um outro aspecto aqui abordado foi o despreparo do educador em face do atual
cenário e como a relação professor e aluno pode ser reconstruída de maneira gratificante
e proveitosa para ambos os atores da educação.
Desta forma, o tema aqui exposto torna-se relevante, uma vez que, é preciso que
os educadores revejam suas práticas em sala de aula. Faz-se notório também, a reflexão
e a compreensão acerca da importância da afetividade para o processo da aprendizagem
e da relação professor-aluno na escola de Educação infantil.
Para alcançar os objetivos a que se propôs esta pesquisa, cujo o utilizou-se o
instrumento de coleta dos dados foi a entrevista estruturada.
Um breve histórico sobre a Educação infantil
Por volta do século XIV, a criança era vista como um ser indefinido o
qual representava para a família a perpetuação de seus usos e costumes, ou seja, tinha a
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missão de repassar os conhecimentos aprendidos com seus ancestrais. Sua educação era
feita de modo coletivo e não se estabelecia nenhum vínculo afetivo entre ela e os pais.
Com a Revolução Industrial, as mulheres passaram a deixar seus lares
por um período para entrarem no mercado de trabalho, porém ainda eram cumpridoras
de seus afazeres de criação dos filhos e dos deveres domésticos, como cuidar do marido
e da família. Concomitante a isso, sob pressão dos trabalhadores urbanos, ocorreram
várias mudanças sociais e econômicas causadas pelas revoluções industriais no mundo
todo a favor de melhores condições de vida. Até então a educação e os estudos das
crianças ficavam sob a responsabilidade e a critério da família.
Na década de 70 e 80, ocorreram o processo de urbanização no Brasil e a entrada
da mulher no mercado de trabalho. Com isso ocorreu a expansão do atendimento
educacional, com ênfase ao atendimento das crianças de 4 a 6 anos, e em 1980 a
expansão do atendimento de crianças na faixa etária de 0 a 3 anos.
Hoje, a educação infantil ainda é tida para exercer ``função predominante
assistencialista, ora um caráter compensatório e ora um caráter educacional nas ações
desenvolvidas``.(p.8). No documento Política Nacional de Educação Infantil é citado
que a visão da sociedade foi modificando com o tempo, pois atualmente a criança é
vista como um ser sócio-histórico indivíduo com direitos e capaz de estabelecer
relações.
Na década de 1970, foi promulgada a lei nº 5.692, de 1971, a qual faz referência
à educação infantil, apontando-a como conveniente à educação em escolas maternais,
jardins de infância e instituições equivalentes. Esta lei recebeu várias críticas, pois não
havia um programa específico para estimular as empresas à criação de pré-escolas.
De acordo com os (Parâmetros Básicos de infra-estrutura para instituições de
educação infantil,BRASIL,2006), as entidades que atendiam crianças de 0 a 6 anos
eram contempladas como guardiãs das crianças. As creches atendiam especificamente
as crianças carentes que eram mantidas por entidades filantrópicas ou religiosas e era
visto como uma doação para as pessoas mais carentes. No mesmo documento é
enfatizado que as pessoas de classe baixa decidiram criar locais para acolher e cuidar
das crianças chamando de creches e pré-escolas comunitárias. É contemplado que o
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Estado não ajudou com recursos financeiros, o que só aconteceu a partir da constituição
de 1988 que estabeleceu que o dever do Estado era garantir o direito à educação para
crianças de 0 a 6 anos.
Em 1996, foi cria a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB
9394/96), a qual versa sobre a Educação Infantil juntamente com o Ensino Fundamental
e o Ensino Médio. De acordo com a LDB em seu artigo 29:“A educação infantil,
primeira etapa da educação básica tem como finalidade o desenvolvimento integral da
criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social,
complementando a ação da família e da comunidade.”
A educação infantil, diferentemente dos demais níveis da educação, não tem
currículo formal, seguindo,pois desde 1998 o Referencial Curricular Nacional
(Cf.Brasil, Referencial Curricular Nacional), documento que equivale aos Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN), os quais embasam os demais segmentos da Educação
Básica.
Segundo o Referencial Curricular Nacional, o papel da educação infantil é o de
cuidar da criança em um espaço formal, contemplando a alimentação, a limpeza e o
lazer (brincadeiras), bem como educar respeitando sempre o caráter lúdico das
atividades, primando pelo desenvolvimento integral da criança, além de trabalhar os
seguintes eixos: movimento, música, artes visuais, linguagem oral e escrita, matemática,
natureza e sociedade.
Com base na trajetória da educação infantil, é possível perceber como a infância
demorou a ser reconhecida pelos adultos, uma vez que não se dava importância ao fato
de as crianças necessitarem de locais específicos para poderem se desenvolver em todos
os aspectos.
Pode-se dizer que a educação infantil surgiu em caráter de assistência à saúde e
preservação da vida, não se relacionando com o fator educacional, ou seja, não surgiu
com fins educativos, mas no intuito de prestar assistência às crianças.
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a educação
infantil deve ser oferecida em creches para as crianças de 0 a 3 anos de idade, e em pré-
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escolas para as crianças de 4 e 5 anos, porém ela não é obrigatória. Assim, a
implantação de Centros de Educação Infantil é facultativa, e de responsabilidade de
cada estado e município.
A educação infantil, na verdade, consiste na educação das crianças antes da sua
entrada no ensino obrigatório e compreende o período entre zero e seis anos de idade de
uma criança, onde estas são estimuladas por meio de atividades lúdicas e jogos com o
intuito de exercitar as suas capacidades motoras e cognitivas, fazer descobertas e iniciar
o processo de alfabetização.
Neste seguimento infantil a avaliação é feita mediante acompanhamento e
registro do desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promoção, mesmo para o
acesso ao ensino fundamental.
Contextualizando as leis e diretrizes que embasam a Educação Infantil
Embora este seguimento da educação não seja o foco desta pesquisa vale
ressaltar que a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei Federal n.
9.394), aprovada em 20 de dezembro de 1996, consolida e amplia o dever do poder
público para com a educação em geral e em particular para com o ensino fundamental.
Assim, vê-se no art. 22 dessa lei que a educação básica, da qual o ensino fundamental é
parte integrante, deve assegurar a todos “a formação comum indispensável para o
exercício da cidadania e fornecer meios para progredir no trabalho e em estudos
posteriores”, fato que confere ao ensino fundamental, ao mesmo tempo, um caráter de
término e de continuidade.
O ensino proposto pela LDB está em função do objetivo maior do ensino
fundamental, que é o de propiciar a todos formação básica para a cidadania, a partir da
criação na escola de condições de aprendizagem para:
“I - o desenvolvimento da capacidade de aprender,
tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;
II - a compreensão do ambiente natural e social, do
sistema político, da tecnologia, das artes edos valores em que se fundamenta
a sociedade;
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III - o desenvolvimento da capacidade de
aprendizagem, tendo em vista a aquisição deconhecimentos e habilidades e a
formação de atitudes e valores;
IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos
laços de solidariedade humana, e de tolerância recíproca em que se assenta a
vida social” (art. 32).
Somente em abril de 1999, O Conselho Nacional de Educação fixou a lei que
exigiu que as instituições acatassem as diversas identidades das crianças e suas famílias,
sem exclusão, de gênero, etnia, religião e outras peculiaridades. A lei estabelece que o
cuidado e o aprendizado devem estar integrados desde o início e que o trabalho
educativo deve ser articulado em três eixos: a brincadeira, o movimento e as relações
afetivas que as crianças desenvolvem.
Em 1998, foi criado o Referencial Curricular Nacional para Educação
Infantil, (RCNEI,Cf.Brasil,1998), seguimento da educação escolar cujo enfoque da
pesquisa faz referência, que contempla as creches, entidades equivalentes, e pré-escolas
que integram uma série de documentos dos parâmetros curriculares nacionais. O RCNEI
consiste em um guia de reflexão para os educadores que atuam com crianças de 0 a 6
anos. De acordo com o RCNEI, é necessário que haja uma mudança quanto à concepção
sobre a educação infantil, pois esta não pode ser vista com um caráter somente
assistencialista. A modalidade da Educação Infantil deve instigar os aspectos físicos,
emocionais, afetivos, cognitivos e sociais da criança. É citado que muitas instituições só
privilegiam os cuidados físicos da criança que é tida como ``carente, frágil, dependente
e passiva``, sem ser contemplada a individualidade da criança.
A preocupação das instituições educacionais resultou em novas propostas, uma
delas é a de que os profissionais da educação deveriam atuar com substítutos
maternos. Ainda existem muitas lacunas quando se fala em cuidar e educar e onde a
afetividade se encaixa nessa prática pedagógica.
De acordo com o RCNEI(Cf,Brasil,1998) as instituições devem criar um ambiente
propício à segurança e confiança das crianças de 0 a 3 anos, a fim de garantir
oportunidades para que sejam capazes de:
• Experimentar e utilizar os recursos de que dispõem para a
satisfação de suas necessidades essenciais, expressando seus desejos,
sentimentos, vontades e desagrados, e agindo com progressiva autonomia;
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• Familiarizar-se com a imagem do próprio corpo, conhecendo
progressivamente seus limites, sua unidade e as sensações que ele produz;
• Interessar-se progressivamente pelo cuidado com o próprio
corpo, executando ações simples relacionadas à saúde e higiene;
• Brincar;
• Relacionar-se progressivamente com mais crianças, com seus
professores e com demais profissionais da instituição, demonstrando suas
necessidades e interesses.
( volume II.p.27)
Para a fase de 4 a 6 anos de idade os objetivos estabelecidos devem
ser ampliados e aprofundados para que as crianças sejam capazes de:
• Ter uma imagem positiva de si, ampliando sua autoconfiança,
identificando cada vez mais suas limitações e possibilidades, e agindo de
acordo com elas;
• Identificar e enfrentar situações de conflitos, utilizando seus
recursos pessoais, respeitando as outras crianças e adultos e exigindo
reciprocidade;
• Valorizar ações de cooperação e solidariedade,
desenvolvendo atitudes de ajuda e colaboração e compartilhando suas
vivências;
• Brincar;
• Adotar hábitos de autocuidado, valorizando as atitudes
relacionadas com a higiene, alimentação, conforto, segurança, proteção do
corpo e cuidados com a aparência;
• Identificar e compreender a sua pertinência aos diversos
grupos dos quais participam, respeitando suas regras básicas de convívio
social e a diversidade que os compõe.
Um olhar sobre a afetividade
Notadamente a afetividade deve ter importância central na formação escolar e
integral da criança, desde o ponto de vista de que a criança é um ser complexo que não é
dotado somente de razão, mas antes de afeto, componente fundamental para que a
aprendizagem ocorra, já que está justamente na base da inteligência humana.
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Wallon (1987) citado por Galvão (2008) ressalta que a emoção é o primeiro e
mais forte vínculo entre os seres humanos. Para ele, as emoções podem ser causa de
progresso no desenvolvimento, podem ser fonte de conhecimento, pois enquanto
expressões do sujeito, as emoções precedem, acompanham e orientam as atividades de
relação, sem as quais elas não teriam como capturar o mundo exterior.
Segundo Galvão (2008), a afetividade é um conceito amplo que abrange várias
manifestações de emoções e sentimentos que podem ser tanto negativos quanto
positivos como o carinho, amor, atenção, raiva, confiança, dentre outros.
A criança começa a criar vínculos afetivos, desde recém-nascida quando é
acolhida pelas pessoas mais próximas que interpretam seus movimentos como estados
afetivos. O pequeno humano inicia a manifestação com vários tipos de emoções que
visam a expressão e a comunicação de algo ao outro, que pode ser o desconforto ou a
alegria, a dor por meio do choro etc.
Nos dizeres de Galvão (2008), é através da afetividade que irá surgir várias
manifestações como a emoção e o sentimento. ´´As emoções, assim como os
sentimentos são manifestações da vida afetiva. ”(p.61).
No intuito de compreender o psiquismo humano, Wallon (1987) citado por
Galvão (2008) volta sua atenção para a criança, destacando que por meio dela é possível
ter acesso à gênese dos processos psíquicos. Para isso busca investigar a criança nos
vários campos de sua atividade e nos vários momentos de sua evolução psíquica. Para
tal compreensão enfoca o desenvolvimento em seus domínios afetivo, cognitivo e
motor.
Nos dizeres de Piaget (1964) citado por Almeida (1993), é por meio da interação
familiar que a criança adquire seus primeiros valores e estímulos positivos ou negativos,
que formam os primeiros afetos.
Wallon (1987) citado por Galvão (2008) mostra as diferentes etapas e vínculos,
bem como suas implicações com o “todo” representado pela personalidade,
considerando que o sujeito se constrói na sua interação com o meio.
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Jean Piaget (1964) citado por Almeida (1993) outro grande estudioso da
psicologia do desenvolvimento e da inteligência infantil, dedicou-se exclusivamente ao
estudo do desenvolvimento cognitivo. Em sua Teoria Construtivista da Inteligência,
Piaget (1964) afirma que o conhecimento é construído com o tempo e por meio da
interação entre os indivíduos e o meio social.
Para este teórico as relações afetivas pressupõem sentimentos bons ou ruins de
acordo com o momento vivido. Nesse sentido, Piaget (1964) citado por Almeida (1993)
ressalta que a afetividade intervém na organização da atividade intelectual, o saber, a
inteligência, o que pode estimular ou não o desenvolvimento intelectual. No entanto o
afeto não é neutro, significa um sentimento e emoção de agrado ou desagrado, prazer ou
dor, amor ou ódio.
No pensamento de Wallon (1987) citado por Galvão (2008) a afetividade e a cognição
têm o mesmo nível de importância no processo de desenvolvimento da criança. Para
este teórico, a afetividade é um termo abrangente que incluem sentimentos, já a emoção
é mais orgânica, são manifestações corporais e tônicas que o recém-nascido, por
exemplo, dispõe para se comunicar com o meio social.
Wallon (1987) citado por Galvão (2008) apropriadamente aponta que o nascimento da
afetividade é anterior da inteligência, no inicio da vida são expressões motoras que ao
longo do desenvolvimento e com a entrada no mundo das representações simbólicas e
da fala cedem cada vez mais lugar à inteligência embora tenha um lugar privilegiado na
vida psíquica do ser humano.
A afetividade na educação escolar e na relação professor
De acordo com Galvão (2008), a relação professor-aluno tem como principal fator a
emoção, muitas vezes o educador usa o autoritarismo despertando no aluno o
sentimento de oposição. A autora questiona o método tradicional da escola e a prática
pedagógica utilizada. Questiona também que a sala de aula deveria ser um lugar
acolhedor e agradável propiciando a aprendizagem. Nesta linha de pensamento, o papel
da escola é contribuir para que a criança se desenvolva no aspecto cognitivo, mas
também no afetivo e psicomotor, considerando o aspecto afetivo como um dos
elementos essenciais à formação do ser humano. Saltini (2008) enfatiza que a
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afetividade é essencial no desenvolvimento da inteligência. A motivação e o interesse
nascem da afetividade.
Por sua vez Cunha (2010) ressalta que o amor e o carinho são os grandes
diferenciais no ato de educar porque quem ama não expõe somente, mas estimula o
educando a vivenciar suas experiências afetivas. Cunha (2010, p.41) acrescenta ainda
que a escola é um lugar privilegiado para a socialização, onde as relações afetivas
possuem substancial valor. O aluno possui a necessidade de conviver, estabelecer
relações, adquirir conhecimento.
Ainda segundo Cunha(2010, p.12),muitas crianças e adolescentes não aprendem
e recebem conceito de menos inteligentes, quando,na verdade, estão afetivamente
carentes, afinal, nossa inteligência não só agrega aspectos cognitivos, mas também,
emocionais.(CUNHA, 2010, p.22). Logo conclui-se, que a ausência de afetividade na
relação professor- aluno pode trazer sérias consequências ao educando, como o
desinteresse, baixa auto estima ,raiva e alunos introspectivos.
Assim, a relação ensinar-aprender é vista como um desafio a ser enfrentado,
tanto no nível teórico como no nível das práticas pedagógicas, as quais traduzem de
forma concreta essa relação. Almeida (1993) critica que algumas práticas pedagógicas
ainda hoje não sabem sobre a importância da afetividade e do desejo no processo de
aprendizagem, pois baseiam-se no racionalismo e na visão dualista do homem,
considerando a aprendizagem como um processo exclusivamente consciente, produto da
inteligência.
Dessa forma, a pesquisadora propõe uma análise a respeito da relação ensino-
aprendizagem a partir de uma visão integradora do ser humano, considerando que a
afetividade expressa-se entre aquele que ensina e aquele que aprende.
De acordo Almeida (1993,p.32) cita Pain (1991) que afirma que “o
conhecimento não pode ser transmitido de uma só vez e sua transmissão não se dá no
vácuo, ou seja, na ausência do outro”,é através da relação ensino-aprendizagem que o
aprendiz se apropria do conteúdo ensinado, transformando-o e reproduzindo-o enquanto
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conhecimento elaborado. Neste caso Almeida( 1993) quer dizer que é impossível que se
aprenda no vazio.
Nos dizeres de Pain (1991) citada em Almeida (1993,p.32), “a aprendizagem é
um processo de transmissão de conhecimento e transferência do saber”. Assim, a
relação entre o ensinar e o aprender é sempre vincular, ocorre de início na família, e,
progressivamente, estende-se ao meio social.
Almeida(1993) em seus estudos, verificou que segundo o sentido Piagetiano, o
termo inteligência refere-se a uma estrutura lógica e genética o que significa dizer que a
inteligência não é inata e nem adquirida, mas sim o resultado de uma construção
progressiva, tendo como ponto de partida o desenvolvimento cognitivo que, para Piaget,
aparece como uma adaptação mais precisa e objetiva à realidade. A mesma autora
enfoca ainda outra dimensão presente na relação ensino-aprendizagem de fundamental
papel, que se refere à afetividade. Destacando Freud (1974). Este conceitua a
afetividade como “estímulos que se originam dentro do organismo e alcançam a mente.”
E o afeto diz Freud “é a expressão qualitativa da quantidade de “energia
pulsional”.(p.32).
Com relação ao desejo, na Teoria Freudiana, este tem por modelo a primeira
experiência de satisfação, o que constitui a essência do desejo. Já para Lacan o desejo é
sempre o desejo do outro e está intrinsecamente ligado a uma falta que não pode ser
preenchida por nenhum objeto real. Desse modo, a pesquisadora concorda com estes
autores concluindo que não existe, em última análise, satisfação do desejo na realidade e
que sua dimensão não tem outra realidade senão a realidade psíquica.
Almeida (1993) ressalta a importância da afetividade e do desejo na relação
professor-aluno, destacando a posição contrária de vários autores em relação à Piaget
que defende que não há estrutura cognitiva sem afetividade.
Na teoria de Wallon citado por Almeida (1993) as emoções são a fonte do
conhecimento ocasionando progresso no desenvolvimento uma vez que estas
acompanham e orientam as atividades sensório-motoras e intelectuais tornando possível
a representação levando à ‘linguagem imaginada’ repleta de afetividade.
16
Ainda de acordo com seus estudos realizados por Almeida(1993),em Piaget,
Wallon e Freud citados por Almeida (1993) a afetividade pode vista sob diferentes
perspectivas, ocupa lugar privilegiado no desenvolvimento psíquico e intelectual da
criança e do adolescente, sendo a raiz afetiva a base de toda a atividade psíquica e
intelectual. Ainda nesse contexto, o professor atua como peça fundamental nesse
processo, transferindo seu conhecimento ao aluno, pois, é no campo pedagógico, das
relações professor-aluno, que a inteligência, a afetividade e o desejo se articulam,
confrontando-se com faltas e carências a fim de contribuir para a construção de novas e
infinitas possibilidades de aprendizagem.
Materiais e métodos
A presente pesquisa foi realizada na Escola Classe. Esta atende às modalidades
de educação infantil e Ensino Fundamental I.
A metodologia utilizada na pesquisa foi qualitativa e o instrumento para a coleta
dos dados foi à entrevista estruturada.
A amostra reúne quatro professoras da Educação Infantil com faixa etária entre 39
a 49 anos que atuam na educação infantil foram entrevistadas. O tempo de experiência
das docentes é de 12 a 17 anos de serviço. Contempla-se que a identidade das
entrevistadas será preservada e que serão utilizados nomes fictícios para identificá-las.
Uma pergunta em comum feita às professoras Laís, Lorena, Joana e Aline foi
quanto à importância da afetividade na relação professor-aluno? As educadoras
ofereceram respostas semelhantes. “A profª Laís respondeu que a afetividade é essencial
para que a criança possa adquirir confiança e sentir-se protegida no ambiente
escolar”. Assim também considera a profª Lorena respondeu que é importante. Já
“profªJoana respondeu que é sempre bom trabalhar num ambiente afetuoso com
respeito mútuo e também que o rendimento e satisfação para ambos, professor e aluno,
será muito melhor”. “A profª Aline respondeu que o aluno sente mais segurança e
consequentemente sua aprendizagem flui melhor, resultando em um bom trabalho para
17
ambas as partes. Sendo assim as docentes concordam que a afetividade de alguma
forma move tal relação”.
O segundo questionamento feito às docentes foi a respeito do conceito que estas
têm sobre afetividade. “A profª Laís respondeu que com conversa, carinho, acolher e
orientar”. “A profª Lorena respondeu pensaque é criar um vínculo com o aluno
baseado no respeito e carinho”. A profª Joana respondeu que é tratar os outros com
respeito, carinho, atenção que são conceitos básicos para uma boa convivência. Já a
professora Aline respondeu que é construída dia a dia com respeito e tolerância. Cada
um respeitando sua individualidade e seu tempo em todas as áreas. As outras questões
direcionadas às professoras foram: Você acha que a falta de afetividade pode trazer
bloqueio no processo de aprendizagem?A profª Laís respondeu que sim, e que pode
deixar traumas para o resto da vida da criança. A profª Lorena respondeu que a criança
deve se sentir protegida e acolhida para obter um bom rendimento. A prof°Joana
respondeu que o processo é importante, pois faz parte do ensino aprendizagem. A profª
Aline respondeu que a falta de afeto prejudica muito a todos e em uma sala de aula, essa
falta dificulta muito o trabalho.
Em relação à indagação anterior, Você se sente preparada como educadora para lidar
com a diversidade encontrada em sala de aula? É notória a preocupação de algumas
entrevistadas. A profª Laís respondeu que diante da realidade em que enfrenta no mundo
atual é encontrada muitas dificuldades, mas com amor tudo supera. A profª Lorena
respondeu que desde que existe o aluno, essa diversidade também existe, e como
enfrentar uma sala de aula lotada de alunos? A profª Joana respondeu que está cada dia
mais difícil, mas ela tenta se adaptar à realidade para não prejudicar os seus alunos e
nem a ela. A profª Aline respondeu que ainda precisa aprender muito, mas que consegue
através de muita pesquisa e quando necessário procura ajuda profissional.
Para pesquisar junto às professoras o que elas pensam sobre a importância da
construção do vínculo afetivo na relação professor-aluno foi utilizado o seguinte
questionamento: Como a relação professor-aluno pode ser reconstruída de maneira
proveitosa para as ambas as partes?A profª Laís respondeu que através do respeito,
atenção, diálogo e compreensão tornam-se essa relação bem construtiva. A profª Lorena
respondeu que a relação baseada no respeito e na compreensão dos pais, alunos e
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direção é possível atender a todos os objetivos propostos. A profª Joana respondeu que o
diálogo e alguns acordos de convivência são primordiais e que não pode deixar a
situação se agravar porque é difícil remediar. A profª Aline respondeu que trabalhando
individualmente cada aluno, com ajuda profissional, com trabalhos em grupo e
reconhecer que a mudança é necessária para acontecer a reconstrução de forma positiva.
Cunha( 2010,p.75) contempla que o que o aluno deseja realmente é a felicidade. Busca-
a em todas as suas atividades e ações, além disso, procura construir e reconstruir os
elementos que o farão feliz e que são mais bem compreendidos em suas emoções. Mas
as barreiras que encontra para o seu aprendizado, se não forem desfeitas, poderão
representar a renuncia dos seus projetos pessoais, ou algo crônico que jamais será
resolvido plenamente.
Resultados
A partir do contato com as professoras pôde- se perceber claramente que estas
consideram a afetividade na relação professor-aluno um elemento essencial no processo
de ensino aprendizagem. Este pensamento se justifica pelo fato de que uma das questões
levantadas pelas professoras é a preocupação com a diversidade encontrada em sala de
aula. De acordo com as educadoras, existem muitas dificuldades para se adequar à
diversidade na sala de aula, mas nada que os sentimentos como o amor, carinho não
sejam capazes de superar as barreiras.
No que diz respeito às respostas das professoras, verificou-se no relato da profª
Lorena a preocupação com a qualidade da relação professor aluno e consequentemente
da afetividade entre ambos, uma vez que a docente levantou o questionamento de como
enfrentar uma sala de aula lotada de alunos? Porque muitas vezes no relato das docentes
estas encontram salas de aula com mais de 30 alunos e se questionam diante de tal
cenário como dar a atenção necessária a cada educando.
É importante destacar o relato da profª Lais, que na sua percepção a afetividade é
essencial na relação professor-aluno para que a criança possa adquirir confiança e
sentir-se protegida no ambiente escolar. Cunha (2010) enfatiza que na relação professor-
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aluno, o educando tem que se sentir amado e acolhido e o afeto deverá ser a primeira
matéria a ser ministrada em sala de aula.
Ainda segundo Cunha (2010,p.82) afirma que quando amamos, podemos fazer
da escola de paredes descascadas, pintura velha, carteiras quebradas, pessoal mal
remunerado até sem água, luz e material didático um ambiente fomentador de
conhecimentos e vida, contra todas as probabilidades.
As professoras concordam que a falta de afetividade pode trazer consequências
traumáticas no processo de aprendizagem. É salientado pela educadora Joana que a falta
do vínculo afetivo pode prejudicar muito o processo de aprendizagem do aluno. Desde o
ponto de vista dos teóricos revisados neste trabalho e comprovado nas falas das
professoras entrevistadas, a falta de afetividade no contexto escolar e em sala de aula
pode acarretar vários traumas na vida acadêmica quanto pessoal do educando. Cunha
(2010) registra como se pode ler no trecho a seguir que o aprendente perde o interesse
pelas aulas, começa a ficar irritadiço, intratável, e, às vezes, até agressivo. Ainda que o
afeto não seja considerado em muitas práticas pedagógicas, ele é inevitavelmente
lembrado nas dificuldades de aprendizagem, porque, em sua grande parte, elas estão
relacionadas a ausência dele.
As entrevistadas revelaram em suas respostas que a relação professor-aluno pode
ser reconstruída na base do diálogo, do respeito, da atenção e compreensão. No relato da
profª Aline percebe-se que através de trabalhos individuais e em grupos que a
reconstrução dos laços afetivos pode acontecer de forma positiva.
Neste sentido, corrobora com o pensamento da professora acima citada no
sentido de que a sala de aula pode ser um espaço de encontro e de resgate dos laços
afetivos perdidos entre os professores e seus alunos,quando, por exemplo, o docente se
preocupa em desenvolver atividades prazerosas em sala de aula com os estudantes. As
educadoras revelaram em suas respostas que o conceito que tem a respeito de
afetividade é de que esta se manifesta em forma de sentimentos e emoções como
respeito, carinho, orientação. No relato da profª Aline fica claro que o afeto é construído
com o cotidiano e com a rotina, respeitando sempre a individualidade do educando.
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Nunes e Silveira (2009) enfatizam que a emoção é resultado da vida afetiva e que a
afetividade engloba vários processos como o pensar, falar o desejo e a emoção.Já
Cunha(2010,p.09)) aponta que o amor ajuda a nossa cognição. Certamente aprendemos
melhor quando amamos. A sua ação revela a humanidade indivisível do nosso ser que é
mesmo tempo emocional e racional. Na educação, podemos chamar este amor de afeto.
Mediante as falas das docentes nas entrevistas realizadas, ficou claro que a
afetividade é um elemento essencial no processo de ensino-aprendizagem e que a falta
dela pode trazer consequências e traumas irreversíveis, prejudicando, até mesmo os
sonhos e os desejos que o educando tem para o futuro.
A opinião desta pesquisadora é a de que esse tema é instigante, pois se até os
estudantes universitários muitas vezes precisam ouvir uma palavra ou um gesto de
carinho e de sentir confiança de um educador que se torna um referencial, para uma
criança que ainda está em desenvolvimento este sentimento é ainda mais forte. Nesta
perspectiva pode-se apontar o quanto a afetividade está desde sempre no processo de
desenvolvimento ao longo de toda a vida do ser humano, notadamente não só a vida
escolar é permeada pelos aspectos afetivos e pela emoção, mas para além da cognição
toda a vida humana.Todavia,verificou-se nos dias atuais que a instituição escolar esta
cada vez mais desvalorizando a importância do vínculo afetivo na relação professor-
aluno. Nunes e Silveira (2009) enfatizam que o processo de aprendizagem acontece
através do desejo de aprender e que A relação afetiva com o outro é de grande
importância.
Torna-se imprescindível destacar que na Educação infantil o vínculo afetivo precisa
ser mais valorizado porque nessa faixa etária a criança passa a maior parte do tempo na
escola e que através do afeto do educador com o aluno vai ser despertado o
conhecimento. O educador é considerado um porto seguro para o educando, onde a
criança deposita a sua confiança. Saltini (2008) destaca que essa inter-relação é um fio
condutor para o suporte afetivo do conhecimento.
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Um fato que aumenta mais a dificuldade de estabelecer o vínculo afetivo nessa
inter-relação que é identificado mediante as falas das docentes é o aumento excessivo
do número de alunos em sala de aula.
Cabe aqui registrar o pensamento de Cunha (2010,p.102),o amor na educação
demanda esforço, pesquisa, busca, criatividade, estudo e prática pedagógica” .
A reflexão acima salienta que o educador sempre tem que estar em busca de
novos saberes, buscando novas ferramentas para poder alcançar um processo de
aprendizagem com êxito contemplando o aluno e que não seja um ensino tradicional.
Um aspecto importante no relato da profª Aline é a respeito da sua percepção como
educadora que a partir da falta de afetividade pode trazer no bloqueio no processo de
aprendizagem, pois no entendimento da docente a afetividade é importante para o
processo de ensino e aprendizagem. É importante ressaltar o pensamento de cunha
(2008, p.82) que salienta a importância da relação professor-aluno a ponto de afirmar
que : as dificuldades de aprendizagem estarão sempre sendo superadas pela relação
professor e aluno. Este autor corrobora com a idéia central de que nesta relação há um
quantun de importância fundamental, que se bem entendida e manejada pelo
docente,existirão muitas possibilidades para o sucesso do fazer docente e da relação
professor-aluno e a reconstrução dos laços afetivos.
É importante destacar que na pergunta feita para as docentes sobre a importância
da afetividade na relação professor-aluno, nas respostas delas fica claro que
entendem que o vínculo afetivo é importante no desenvolvimento da criança para que a
criança se sinta segura. O professor deve buscar conhecer seu aluno, ser paciente e tirar
os anseios das crianças. Saltini (2008) destaca que a paciência e a serenidade do
educador podem ser essenciais em situações difíceis.
Seria ótimo manter um diálogo com acriança, em
que se possa perceber o que está
acontecendo,usando tanto o silencio quanto o
corpo, abrançando-a quando ela assim o permitir.
(p.102).
De acordo com Vygostky (1994) citado por Tassoni (2011) a interação social é de
fundamental importância como sendo o principal requisito para a aprendizagem.
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Vygostky (1994) defende que a partir da inserção da criança na cultura e com a
interação social com as pessoas mais próximas ela vai se desenvolver de forma integral.
Segundo Tassoni(2011) o ato de ensinar e aprender ocorre através do vínculo afetivo
e tem início no âmbito familiar. O vínculo afetivo entre o adulto e a criança É que
sustenta a primeira etapa do processo de aprendizagem.
Nos dizeres de Fernández (1991) citado por Tassoni (2011) para aprender,
necessitam-se dois personagens o ensinante e o aprendente e um vínculo que se
estabelece entre ambos (...) Não aprendemos de qualquer um, aprendemos daquele a
quem outorgamos confiança e direito de ensinar. Logo conclui-se que a afetividade e a
confiança têm um papel fundamental no processo de aprendizagem e também na relação
professor-aluno, já que a afetividade é um elemento essencial na relação professor-aluno
e com isso traz resultados significativos na aquisição da aprendizagem. Para a mesma
autora o comportamento do professor, em sala de aula, influencia significativamente no
processo de aprendizagem do estudante.
Considerações finais
Segundo Nunes e Silveira (2009), a psicanálise traz importantes contribuições
para a área educacional, consequentemente traz uma reflexão em torno da prática
pedagógica.
Nos dizeres de Nunes e Silveira (2009,p.60) “mesmo com os avanços na
compreensão da situação ensino e aprendizagem em toda a sua complexidade, ainda há
quem negligencie os aspectos afetivos nela implicados.’’,ou seja, o vínculo afetivo
professor-aluno está sendo deixado de lado, pois na escola onde os dois têm o único
papel de transmissor de conhecimento e o outro de receptor esta perspectiva da
afetividade não é lamentavelmente contemplada.
De acordo com Morgado (2002) citado por Nunes e Silveira (2009) a instituição
escolar atual tem perdido de vista a relação professor-aluno como principal fator de
efetiva aprendizagem. Para Morgado (2002), a afetividade na escola torna-se elemento
de preocupação somente quando algum objetivo não é alcançado ou quando a
aprendizagem não ocorre, o que pode estar vinculado a problemas de ordem familiar, ou
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seja, problemas emocionais do aluno ou algo similar. Este autor defende a ideia de que
não é correto avaliar todas as dificuldades do aluno apenas de ordem psicossocial.
Neste sentido para Nunes e Silveira (2009), na relação professor-aluno podem
surgir sentimentos inconscientes que favoreçam ou não o processo de aprendizagem,
aqui denominada “situação transferencial”, o que, de acordo com Freud (1974), refere-
se à experiências afetivas ocorridas na vida do educando, constituindo de figuras
representativas da infância como o pai, a mãe ou os irmãos.
De acordo com Nunes e Silveira(2009)concordam com Freud (1974) quando
afirmam que, nessa situação, o aluno revive inconscientemente, na relação professor-
aluno, sentimentos significativos como amor, ódio, alegria, ansiedade e medo entre
outros experimentados no passado. Embora possam surgir diferentes sentidos nos
modos de agir e conviver acredita-se que permanecem as características centrais da
relação construída desde a infância.
Os sentimentos demonstrados ao professor pelo aluno podem ser amigáveis ou
não, devendo, contudo, desvirtuar seu papel de docente. O professor precisa estar atento
a fim de não aprisionar o aluno à sua imagem, mas sim permitir que o conhecimento
influencie a aprendizagem desse aluno.
Aguiar e Almeida (2011) enfatizam a emergência da reconstrução dos laços na
relação professor-aluno. Para elas o professor abdicou de ser o referencial do aluno e
com isso gerou uma crise social de papéis na escola, trazendo prejuízos para o
desenvolvimento escolar da criança. Apropriadamente as autoras apontam que alguns
mestres não sabem mais ou perderam de vista a importância de seus lugares na vida
psíquica de seus alunos, pois sabe-se que a relação professor aluno não se sustenta
somente baseada nos aspectos cognitivos, mas antes porém na importância dos aspectos
afetivos que funcionam como sustentáculos deste vínculo.
Para Wallon (1975) citado por Borba e Spazziani (2005) a afetividade e a
inteligência são duas funções que constituem a personalidade. A afetividade está ligada
às sensibilidades internas e também ao mundo social. A inteligência está vinculada às
sensibilidades externas e o mundo físico para a construção do objeto.
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Wallon (1975) citado por Borba e Spazziani (2005), ressalta que a relação professor-
aluno é carregada de afetividade e que pode influenciar no processo de aprendizagem de
maneira negativa ou positiva. Para que a criança obtenha uma aprendizagem
significativa, rica e proveitosa é necessário que haja um vínculo afetivo nessa inter-
relação.
Borba e Spazziani (2005) corroboram que é necessário que haja uma
conscientização dos docentes quanto à importância da afetividade na relação professor-
aluno, pois o professor é visto como o principal mediador em sala de aula, que deve
utilizar de boas estratégias para favorecer ao educando um ambiente propício à
aprendizagem
Desse modo conclui-se que sobre a importância do vinculo afetivo na relação
professor-aluno no processo de aprendizagem da criança, onde o educador deve
propiciar um ambiente agradável, seguro e amoroso para favorecer o processo de
aprendizagem. Na educação infantil, o educador é considerado um referencial para os
alunos. A criança passa boa parte do tempo com ele e com isso o educador tem que
avaliar e (re) avaliar a sua prática pedagógica para não influenciar o aluno de modo
negativo na sua trajetória acadêmica e pessoal acarretando bloqueios e traumas que
podem acabar com os sonhos, desejos e realizações que o estudante vai ter no presente e
no futuro. O professor deve estimular o aluno para ter confiança e autoestima e valorizar
os conhecimentos e as pequenas atitudes que o educando possa ter. O docente da
educação infantil não deve contemplar só a transmissão de conteúdo, mas os aspectos
afetivos propiciando a um melhor aprendizado para as crianças com mais prazer e sem
sofrimento.
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construção da autoridade e a violência na escola:dispositivos de construção dos laços
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