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GESTÃO ESCOLAR Uma lei para mudar a educação Pág. 18 CIPRIANO LUCKESI Diagnóstico, realidade e resultado Pág. 34 FOCO Uma semente plantada no Nordeste Pág. 54 PANORAMA Família, relação tão delicada Pág. 78 A revista que pensa a Educação. ANO 5 N o 8 2015 Pág. 24 D E S A F I O S D A E D U C A Ç Ã O D E R E S U L T A D O P A R A T O D O S

Educatrix 8 Simples Bx

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DESAFIOS DA EDUCAO DE RESULTADO PARA TODOS ANO 5 No 8 2015GESTOESCOLARUma lei para mudar a educaoPg. 18CIPRIANOLUCKESIDiagnstico, realidade e resultadoPg. 34FOCOUma semente plantada no NordestePg. 54PANORAMAFamlia, relao to delicadaPg. 78A revista que pensa a Educao.ANO 5 No 8 2015Pg. 24DESAFIOS DA EDUCAO DE RESULTADO PARA TODOSMKT MODERNAPara promover uma educao de resultado, oferecemos gratuitamente centenas de recursos para gesto educacional, formao continuada, planejamento pedaggico e avaliao diagnstica. Acesse www.moderna.com.br/pnldIk||(0 | ||kM QT \0C| |N|||PNLD2016Fundamental I S 1|||| |I|| C||||||\k ||C|I| 0|IJ|Ik |kM(k0 C0KI|KJk|kI|1||| || 1|6T|||| I| ||||||NkI|1|||| ||J|( MT||||N || J||I| | |I |M|M|I|1|N || J|||I | I|||(| ||0|N|MI||| MT|I|M||| I| ||||||NN| || 0J|I|| MNI| |1 | I|1|||||MJ|| |N|||I | |K||J|1|k1|k |||, Kk |1 k||1|M 0M 0| 1|M 0M 0| | ||J|(|| ||J|(||N0J|I| M||k|| ||J|I||N0J|I| M||k|| ||J|I|Anuncio_4a capa_servicos.indd 1 6/24/15 5:15 PMMKT MODERNAPara promover uma educao de resultado, oferecemos gratuitamente centenas de recursos para gesto educacional, formao continuada, planejamento pedaggico e avaliao diagnstica. Acesse www.moderna.com.br/pnldIk||(0 | ||k M QT \0C| |N|||PNLD2016Fundamental I S1|||| |I|| C||||||\k ||C|I| 0|IJ|Ik |kM(k0 C0KI|KJk|kI|1||| || 1|6T|||| I| ||||||NkI|1|||| ||J|( MT||||N || J||I| | |I |M|M|I|1|N || J|||I | I|||(| ||0|N|MI||| MT|I|M||| I| ||||||NN| || 0J|I|| MNI| |1 | I|1|||||MJ|| |N|||I | |K||J|1|k1|k |||, Kk |1 k||1|M 0 M 0|1|M 0 M 0|| ||J|(|| ||J|(||N0J|I| M||k|| ||J|I||N0J|I| M||k|| ||J|I|Anuncio_4a capa_servicos.indd 1 6/24/15 5:15 PMMKT MODERNAPara promover uma educao de resultado, oferecemos gratuitamente centenas de recursos para gesto educacional, formao continuada, planejamento pedaggico e avaliao diagnstica. Acesse www.moderna.com.br/pnldIk||(0 | ||k M QT \0C| |N|||PNLD2016Fundamental I S1|||| |I|| C||||||\k ||C|I| 0|IJ|Ik |kM(k0 C0KI|KJk|kI|1||| || 1|6T|||| I| ||||||NkI|1|||| ||J|( MT||||N || J||I| | |I |M|M|I|1|N || J|||I | I|||(| ||0|N|MI||| MT|I|M||| I| ||||||NN| || 0J|I|| MNI| |1 | I|1|||||MJ|| |N|||I | |K||J|1|k1|k |||, Kk |1 k||1|M 0 M 0|1|M 0 M 0|| ||J|(|| ||J|(||N0J|I| M||k|| ||J|I||N0J|I| M||k|| ||J|I|Anuncio_4a capa_servicos.indd 1 6/24/15 5:15 PMEducatrix8_pag01_Capas.indd 1 25/06/15 13:42Para promover uma educao de resultado, oferecemos gratuitamente centenas de recursos para gesto educacional, formao continuada, planejamento pedaggico e avaliao diagnstica. Acesse www.moderna.com.br/pnldIk||(0 | ||kM QT \0C| |N|||PNLD2016Fundamental I S 1|||| |I|| C||||||\k ||C|I| 0|IJ|Ik |kM(k0 C0KI|KJk|kI|1||| || 1|6T|||| I| ||||||NkI|1|||| ||J|( MT||||N || J||I| | |I |M|M|I|1|N || J|||I | I|||(| ||0|N|MI||| MT|I|M||| I| ||||||NN| || 0J|I|| MNI| |1 | I|1|||||MJ|| |N|||I | |K||J|1|k1|k |||, Kk |1 k||1|M 0M 0| 1|M 0M 0| | ||J|(|| ||J|(||N0J|I| M||k|| ||J|I||N0J|I| M||k|| ||J|I|MKT MODERNAAnuncio_4a capa_servicos_205x275.indd 1 6/26/15 10:59 AM#educaoDersultadoVem cm a genVem cm a genpara a educao!para a educao!conquistar melhores resultadosconquistar melhores resultadosDiariamente, as histrias de vida,as angstias, os sonhos e as pequenas conquistas de cada aluno vo construindoa trajetria de cada professor e de cada gestor.E quando tudo isso combinado com solues eficientes, com foco de ao nas reais necessidades da rede pblica, podemos transformar a histria de nossos alunos. Venha fazer parte deste movimento por grandes resultados para as escolas pblicas.PNLD2016Fundamental I Agora assim que voc reconhece a educao de resultado!MKT MODERNAPNLD2016Nossa trajetria reconhecida pelo trabalho e dedicao de uma equipe pedaggica especializada, que combina teoria e prtica de forma criativa e eficiente. O resultado so obras consagradas em todo o pas, que fazem histria ao lado de professores e alunos.Conra nas pginas 32 e 33 as nossas obras aprovadas e faa a melhor escolha!Vem cm a genVem cm a genpara a educao!para a educao!conquistar melhores resultadosconquistar melhores resultadosMKT MODERNAConhea nossos focos de ao baseados nas reais necessidades da escola pblicaALFABETIZAOCIENTFICA E ESPACIALIDENTIDADE,CIDADANIA E CULTURACOMPETNCIALEITORARESOLUO DEPROBLEMASProfessor e gestoralNOFAmlia e cOMuNiDaDEProfessor e gestoralNOFAmlia e cOMuNiDaDEtrdiO e pioNEirsmo QUE VOC coNHEce trdiO e pioNEirsmo QUE VOC coNHEceParticipe de concursos e descubra muitas surpresas nas redes sociais! Curta: facebook.com/editoramodernawww.moderna.com.br/pnldwww.moderna.com.br/pnldAcesse o site e confira como essa metodologia trabalhada em nossos livros:todavezqueeuiavisitarmeutionumvelho leprosrio, um lugar triste para onde eram envia-dasaspessoascontaminadascomhansenase, ele me fazia a mesma pergunta: Cipriano, meu lho, voc tem viajado?Euachavaqueeleeralouco;conhecendoas condiesnanceirasdafamlia,comoeu,com osmeus 12 anos, poderia viajar? At que um dia espereiqueelemezesseafamosaperguntae trouxetonatudooquevi-nhaminhacabea.Entre-tanto,arespostademeutio, que estava ali isolado da civi-lizao,foicomoumtirona escurido: Aproveite que voc pode viajarparaoutrobairro,meu lho.L,aspessoaspodem ter outros hbitos, outras for-masdepensar.Issofunda-mental para voc crescer e ter outrapercepodomundo. Quantomaisconhecercoisas diferentes, mais recursos voc ter para viver plenamente!Foicomessahistriaque oprofessorCiprianoLucke-si,sumidadenareadeavaliaoeducacional, introduziu uma de suas palestras, realizadas du-ranteoSeminrio AprovaBrasil,agendadefor-maes que organizamos este ano em 12 capitais para um pblico total de 5500 educadores.Esserelatoduminciosignicativoparaa edioquevocleragora.Fomosbuscarpelo Brasil trajetrias de gestores de ensino a favor de uma educao que d resultado. E por que gesto-res?Porqueacreditamosnopotencialdetrans-formaoapartirdaformaodemultiplicado-res dentro das escolas. Parapossibilitaressatransformao,aborda-mosaimportnciadoPNE(PlanoNacionalde Educao) e o fundamental acompanhamento de suas20metasportodaasociedade.Fomosco-nhecerpessoalmenteaexperinciadeSobral,no interiordoCear,paradescobrircomoumpro-jetodegestobemestruturadovemmudandoa realidadedosalunosereper-cutindonaformaodepro-fessores, como visto no Pacto NacionalpelaAlfabetizao naIdadeCertaPnaic.Des-tacamos tambm o avano da educaointegralcomofor-mao plena de nossas crian-asejovenseaimportncia dainclusoparapromover uma sociedade mais justa.Enm,queremosmostrar que vale a pena, sim, acreditar na educao e que, juntos, po-demos viajar a partir de livros deformaocontinuada,pa-lestrasemateriaisdidticos dequalidade,apartirdarea-lidade de sua escola, de seu bairro e de sua cidade.Foi isso que procuramos trazer nesta edio da Educatrix: um pouquinho de inspirao de outros mundos,notodistantesdoseu,edepessoas que, sem muitos recursos, criaram uma rede de co-nexesentreprofessores,gestoresecomunidade por um bem comum: a educao de resultado. VOC TEMCarta ao LeitorIVAN AGUIRRA IZARGerente de Comunicao e MarketingVIAJADO?DESAFIOS DA EDUCAO DE RESULTADO PARA TODOS ANO 5 No8 2015GESTOESCOLARUma lei para mudar a educaoPg. 18CIPRIANOLUCKESIDiagnstico, realidade e resultadoPg. 34FOCOUma semente plantada no NordestePg. 54PANORAMAFamlia, relao to delicadaPg. 78A revista que pensa a Educao.ANO 5 No 8 2015Pg. 24DESAFIOS DA EDUCAO DE RESULTADO PARA TODOSMKT MODERNAPara promover uma educao de resultado, oferecemos gratuitamente centenasde recursos para gesto educacional, formao continuada, planejamento pedaggico e avaliao diagnstica. Acesse www.moderna.com.br/pnldIk||(0 | ||kM Q1 \0C| |N|||PNLD2016Fundamental IS\|||| |I|| C||||||\k ||C|I| 0|IJ|Ik |kM(k CKI|KJk|1kI|\||| || \|61|||| I| ||||||NkI|\|||| ||J|( M1||||N || J||I| | |I |M|M|I|\|N || J|||I | I|||(| ||0|N|MI||| M1|I|M||| I| ||||||NN| || 0J|I|| MNI| |\ | I|\|||||MJ|| |N|||I | |K||J|\|k\|k |1||,1Kk |\1 k||1|M 0M 0|1|M 0M 0| | ||J|(| | ||J|(||N0J|I| M||k|| ||J|I| |N0J|I| M||k|| ||J|I|Anuncio_4a capa_servicos.indd 1 6/24/15 5:15 PMMKT MODERNAPara promover uma educao de resultado, oferecemos gratuitamente centenas de recursos para gesto educacional, formao continuada, planejamento pedaggico e avaliao diagnstica. Acesse www.moderna.com.br/pnldIk||(0 | ||k M Q1 \0C| |N|||PNLD2016Fundamental I S\|||| |I|| C||||||\k ||C|I| 0|IJ|Ik |kM(k CKI|KJk|1kI|\||| || \|61|||| I| ||||||NkI|\|||| ||J|( M1||||N || J||I| | |I |M|M|I|\|N || J|||I | I|||(| ||0|N|MI||| M1|I|M||| I| ||||||NN| || 0J|I|| MNI| |\ | I|\|||||MJ|| |N|||I | |K||J|\|k\|k |1||, 1Kk |\1 k||1|M 0 M 0| 1|M 0 M 0|| ||J|(| | ||J|(||N0J|I| M||k|| ||J|I| |N0J|I| M||k|| ||J|I|Anuncio_4a capa_servicos.indd 1 6/24/15 5:15 PMMKT MODERNAPara promover uma educao de resultado, oferecemos gratuitamente centenas de recursos para gesto educacional, formao continuada, planejamento pedaggico e avaliao diagnstica. Acesse www.moderna.com.br/pnldIk||(0 | ||k M Q1 \0C| |N|||PNLD2016Fundamental I S\|||| |I|| C||||||\k ||C|I| 0|IJ|Ik |kM(k CKI|KJk|1kI|\||| || \|61|||| I| ||||||NkI|\|||| ||J|( M1||||N || J||I| | |I |M|M|I|\|N || J|||I | I|||(| ||0|N|MI||| M1|I|M||| I| ||||||NN| || 0J|I|| MNI| |\ | I|\|||||MJ|| |N|||I | |K||J|\|k\|k |1||, 1Kk |\1 k||1|M 0 M 0| 1|M 0 M 0|| ||J|(| | ||J|(||N0J|I| M||k|| ||J|I| |N0J|I| M||k|| ||J|I|Anuncio_4a capa_servicos.indd 1 6/24/15 5:15 PMEducatrix8_pag01_Capas.indd 1 25/06/15 13:42 6SumrioA revista que pensa a Educao.SAIBA +P de cultura, pede professorPg. 8GESTO ESCOLARUma lei para mudar a educaoLINHA DE RACIOCNIOOs novos caminhos da MatemticaPLENOS SABERESAvaliar para crescerTENDNCIASMais contedo para a educao integralESPECIALEducao de resultado para todosCONEXOCincias humanas e da naturezaPOR DENTROEducao do campo em perspectivaPERSPECTIVASEspecial a educao que incluiPENSAMENTO ACADMICODiagnstico, realidade e resultadoFOCOUma semente plantada no NordestePANORAMAFamlia, relao to delicadaCIDADANIAA educao para a pazFAVORITOSLivros e links selecionadosPg. 108FIO DA MEADAAvaliandovaloresPg. 10RETRATOEu quero, eu posso,eu consigo. Sim, voc merece, professor! Pg. 12TRAJETRIAEmlia Ferreiro e o poder da escritaPg. 114CARTASDa edio sobre competncias socioemocionaisPg. 1618 24 344064864870965478102 7 8Saiba +Estimular a reexo sobre as diferentes representaes culturais favorece a incluso dos alunos na sociedade. POR Ivan AguirraPROFESSORP de cultura, pedeaculturapodeserdenidadediferentesformas,massua importncia jamais contestada. Ela pode ser vista como um sistema simblico dentro do qual ns atribumos signicados einterpretamossentidosconcedidosporoutros.Podedizer respeito,porexemplo,aregrasevalores,criaesartsticas, omododesevestireatmesmodefalar.Oserhumanose forma dentro de uma cultura. Mas isso no quer dizer que ele seja formado por ela simplesmente, mas sim formado com ela, j que parte fundamental e ativa no processo. Em outras pa-lavras,aculturanosinuenciaensainuenciamos.Quan-donascemos,jfazemospartedela.Masparaqueestejamos realmenteinseridos,compreendendoomundoanossavolta e intervindo nele, preciso que sejamos educados. O homem nonasceprontocomooanimal,poisprecisaseapropriar da cultura na qual est inserido. Para isso, precisamos de edu-cao, e nesse processo a escola tem um papel fundamental.Quandodizemosqueaescolatempapelfundamental, noquerdizerquesejaonicomododeacessocultura dequedispomos.Atodomomentoestamosexpostosaos smbolos culturais, na rua, em casa, nos meios de comunica-o... mas como podemos compreender bem esses smbolos anossavolta? Acriana,aolongodeseudesenvolvimento, vai tomando conscincia do mundo e, tambm, entrando em contatocomdiferentesmaneirasdeinterpretaracultura.E todos sabemos que convivemos durante toda a vida com di-versas interpretaes culturais. Por isso, precisamos de uma mediao,deumintermedirioquenosajudeacompreen-der, em nosso processo de formao, os diferentes signica-dos da cultura. 9CONSELHOEDITORIAL ngeloXavierIgorMauroIvanAguirraIzarSolangePetrosinoSniaCunhadeSouzaDanelliCOORDENAOEDITORIALIvanAguirraIzarPRODUODETEXTOSCauCardosoPollaLaraSilbigerPaulodeCamargoARTICULISTACiprianoLuckesiPROJETOGRFICO,EDIO DEARTEEDIAGRAMAORicardoDavinoPESQUISAICONOGRFICAIvanAguirraIzarRicardoDavinoILUSTRAODECAPAPedroHenriqueCorreaREDESSOCIAISKtiaDutraCOLABORADORESEduardoSantanaLeianossoacervodigitalem:www.moderna.com.br/educatrixANO5No82015RuaPadreAdelino,758SoPaulo/SPCEP03303-000Educatrixumapublicaoespecialcomapropostadecolaborarcomaformaocontinuadanasescolas.DistribuiogratuitanainternetenasinstituieseducacionaispormeiodarededeConsultoresModerna.Tiragem:[email protected] Direitosreservados. proibida a reproduo totalou parcial de textos e imagenssem prvia autorizao.Com isso, entra em jogo uma gura fundamental: o professor. O que faz o professor? O professor est l para transmitir conhecimento, muitos dizem. Mas essaimagemprecisaserpoucoapoucodesfeita.O professor no algum que detm o conhecimento a ser passado aos alunos, como se fosse uma biblio-teca e a aula fosse uma simples consulta aos livros.Hoje, temos mais conscincia de que a educao sedemumduplomovimento:porumlado,mo-bilizaumrepertriohistrico,isto,aculturaque j foi feita pelos homens, e por outro, precisa cons-cientizar os alunos de que eles podem tomar parte na construo da cultura. Por isso, o professor no podeserapenasalgumquebuscaumconheci-mento acabado para transmitir. Todos constroem e transmitem cultura e conhecimento.Oprofessorummediadorqueorientaosalu-noseasalunasemrelaoaoscaminhosqueeles e elas podem percorrer. isso a educao, um con-duzir constante. Mas isso no quer dizer que o pro-fessorindiqueosnicoscaminhosquedevemser trilhados. Como algum que j tem uma certa expe-rincia e conhecimentos, ele aproxima seus alunos decaminhospossveis,deixandosempreabertaa oportunidade de trilharem seus prprios rumos.Nessetrabalho,umadassuasferramentas,e talvez a principal, a fala. A capacidade de se co-municar, de se expressar, falar para e com os alu-nos,fundamental.Narraroconhecimento,con-tar a histria da cultura, chamando os alunos para narrareescreverjuntosessahistria,oque pode transformar um professor em um mediador. Nisso, muito se parece com os gris, aquelas gu-rasfundamentaisdealgumasculturasafricanas. Os gris so pessoas encarregadas de tornar aces-sveleperpetuaratradioculturaldeumpovo, pormeiodemsicasenarraodehistrias.Em culturas baseadas na oralidade, a fala fundamen-tal.Dentrodassalasdeaula,nossosprofessores so como gris modernos: pontes que transmitem cultura e se fazem junto com ela.ilustrao ricardo davinoAvaliandoVALORESilustrao renata miwa 10Fio da MeadaEntender objetivos e estabelecer critrios corretos de avaliao resulta em melhor proveito dos resultados e impactos imediatos na escola pblica.da avaliao continuada, que analisa de forma mais extensa o desenvolvimentodosalunos.Emqualquerdoscasos,velhas questes atormentam os professores: o que realmente importa avaliar? Como avaliar? Que tipo de avaliao devo fazer? So-mente os objetivos conceituais devem ser atingidos? E quanto aos atitudinais? Essas e tantas outras questes so recorrentes quando se fala em avaliao. Seexistemasprovasqueanalisam,medem,estimame fornecemumparmetrodediagnstico,existemtambmas que avaliam a qualidade e o desenvolvimento da educao em nossopas. AProvaBrasileoEnembuscamfornecerndices paraseavaliaremapearqualasituaoemqueseencontra aeducaobrasileira,escolaporescola.Contudo,preciso lembrar que essas avaliaes tm como meta levantar ndices objetivosparaqueagestopblicapossamelhoraraquali-dadedaeducaooferecida.importantelembrarqueessas avaliaes nacionais ignoram, por exemplo, os conhecimentos regionais que os estudantes aprendem em sua localidade, que so essenciais para a compreenso da sua prpria identidade e uma ponte para o entendimento da realidade nacional. Alm disso,asquestessocioemocionaistambmsorelegadasa um segundo plano.COMO COMPREENDER UMA AVALIAO?Emborapossamteresseladoobjetivoepadronizador,pre-ciso cuidado para lidar com avaliaes para no cair em sim-plicaes. Por isso, fundamental entender alguns elementos queconstituemasavaliaesparaquesepossalerecom-preender corretamente os resultados que elas apresentam. De-nirosobjetivosdaavaliao,asmatrizeseasmetodologias empregadas no processo so os principais pontos de partida. Caberessaltarquedivergnciasmetodolgicaspodemacar-retarresultadosdiscrepanteseforadarealidade.Porm, precisosaberrelacionarosdadosapartirdoscontextosdos quais eles foram obtidos, e sua aplicao possvel ou no a outroscasos.Todacrticaprecisadeembasamentoecomas avaliaes no se pode agir de forma diferente.Avaliar nunca simples. Muitos discutem se precisamos ter provas nas escolas, se as avaliaes nacionais so necessrias, seavaliamrealmenteaquiloquepretendemavaliar,seuma prova como o Enem pode ser um ndice convel da situao brasileira, entre tantas outras questes. Seja como for, avaliar, estimar,encontrarvaloreselidarcomestesresultadosexige muita cautela e exerccio do esprito crtico. preciso sempre, em primeiro lugar, entender muito bem como, por que e para que so feitas. Somente em posse de uma boa compreenso que poderemos, anal, avaliar as avaliaes. einsteinteriaditoquenemtudooquepodeser contadoemnmerosnecessariamenteimporta;e nem tudo o que realmente importa pode ser conta-do em nmeros. Esse o grande dilema quando se trata de avaliar. Desde seus primeiros passos na Ter-ra, os seres humanos se preocupam com o que est ao seu redor. A anlise do meio ambiente e a avalia-o de nossos pares fazem parte do nosso cotidiano. Poderamos at dizer que a histria da humanidade uma histria de avaliaes. Mas, anal de contas, comosabemosqueestamosavaliandooquereal-mente importa? Como possvel garantir que os re-sultados de nossas avaliaes sejam corretos?Em sua raiz, a palavra avaliar tem o verbo latino valere,dediversossignicados:serforte,vigoroso, valente, estar em bom estado, ter fora, ter inuncia, ser ecaz, contribuir para, valer um preo... e muitos outros!Sepesquisarmosemumdicionriodaln-guaportuguesa,encontramosaseguintedenio: estabelecerovaloroupreodealgo,determinara quantidade,apreciaromrito,estimar.Oqueesses signicados tm em comum? A ideia de valores. Quando avaliamos algo, pensamos no valor da-quilo.Pensamostambmnoqueessevalorpara ns, dizemos se muito ou pouco, correto ou incor-reto,bomouruim.Quandoavaliamosumaao, podemos dizer se foi justa ou injusta, se as pessoas envolvidasagiramcorretamenteouno,seforam honestasouno.Semprequeavaliamoscoloca-mosvaloresemquesto.Istonoquerdizerque sejamoscrticosemrelaoaosvaloresnosquais acreditamos, mas, por vezes, agimos sem pensar se nossos valores so consistentes ou no.AVALIAR A EDUCAONocontextoescolar,utilizamosotermoavaliao principalmente como referncia s temidas provas. Oprprionomeprovanobemvisto:comose os estudantes precisassem provar que sabem algo, oumelhor,sesocapazes,noespaodetempode uma prova, de reproduzir aquilo que aprenderam. O queseconsiderapropriamentecomestesmodelos tradicionaisdeavaliao?Htambmaconheci-POR Cau Cardoso Pollacaue cardoso polla Doutor em Filosoa, com nfase em Filosoa da Educao e Histria da Filosoa pela USP. 11Eu quero, eu posso,eu consigo. SIM, VOC MERECE, PROFESSOR!Nesta entrevista exclusiva, Antonio Fernando Santos Silva conta o caminho que percorreu desde sua infncia humilde na pequenina Tacaimb, no interior de Pernambuco, at chegar a Secretrio Municipal da Educao de Caruaru, em 2014, e Consultor em Educao, atendendo Secretarias e escolas particulares de todo o estado, em 2015. Inspire-se com a trajetria de Toinho, como conhecido, e compartilhe seu ideal: transformar a histria das pessoas e fortalecer sua dignidade.uma: eu mereo. Enquanto estudante j tinha minha paixo pela educao; brincavadeescolinhaedavaaulas para meus colegas de classe, repetin-do o que fazia o professor em sala de aula. Na minha fase de estudante, no contavacomosinstrumentosfacili-tadoresdeaprendizagemquetemos hoje. O meu caderno eram pedaos de papel de embrulho colados com lqui-do do avelz (vegetal que possui uma espcie de leite viscoso) ou algum ca-dernousadoemanosanterioresque eumesmoapagavaosescritospara serreutilizado.Euestudavaemum turno e ia para a roa em outro.Fuiaprovadoemdoisvestibula-resdelicenciaturanomesmopero-dosemcondiesdepagarnenhum, sparamostrarminhacapacidade. Masosonhonoparou.Muitagente deboavontadecontribuiuparaque eupudessedarcontinuidadeaoses-tudos,atque,aindacomoestudante universitrio,conseguiumtrabalho como professor. Quando aprovado no vestibular,comemoreicomotodosos outrosjovens,inclusiveraspandoa cabea.Umasenhora,daclassedita ricadacidade,olhouparamimna ruaedialogandocomsuaemprega-dadomstica,surpreendeu-seemme verdecabearaspadae,apstomar conhecimentoqueeraporcontado vestibular, exclamou: Mas quem diria at lho de Marciana passar em vesti-bular! (Marciana, minha me). Foram muitashumilhaes,porserpobre, lhodeagricultor,decarvoeiroela-vadeira de roupa, mas no me tiraram do foco. Por isso, hoje estou aqui con-tando minha histria.COMO O SENHOR ENTROUPARA O MUNDO DA EDUCAO?QUANDO PASSOU A SE DEDICAR REA PBLICA? Entreinomundodaeducaoinspi-radopelodesejodecontribuircoma libertaodaspessoas,principalmente dosmenosfavorecidos.Desdeminha adolescncia j tinha tendncia para os trabalhoscomunitriosepercebia-me como um dos instrumentos de contri-buioparavalorizaravidadaspes-entreinaescolapblica,nomuni-cpiodeTacaimb,comoestudante, aos7anosdeidade.Comolhode pais analfabetos, um agricultor e uma lavadeiraderoupa,fuimotivadoa estudar ouvindo o conselho de muita gente, de que somente estudando me-lhoraria minha vida. Minha me, mes-monosabendolereescrever,tinha aleituradavidaediziaqueanica poupanaquepodiadeixarparaos lhoseraoestudo.Eassim,conse-guiu colocar na escola 4 dos 13 lhos, osmaisnovos,porqueosoutroses-tavamexclusivamentevoltadospara os trabalhos da roa. Minha me com todasuasabedoria,smepermitia brincar depois que cumprisse com os trabalhosdaroajdeterminadose lheapresentasseatarefaescolarfei-ta. Como ela no sabia ler identicava o cumprimento do dever pelas linhas docadernopreenchidas.Crescimo-tivadoportrspalavrasqueconsi-deromgicas:euquero,euposso, euconsigo.Hoje,acrescentomais 12RetratoEntrei no mundo da educao inspirado pelo desejo de contribuir com a libertao das pessoas, principalmente dos menos favorecidos.ANTONIO FERNANDO SANTOS SILVASecretrio Municipal de Educao de Caruarusoas.Serprofessoretercontatocom elas como formador de opinio j seria um caminho. No dia 21 de julho de 1981, quando ministrei minha primeira aula de Matemtica, ainda como estudante universitrio, em uma turma do 2o ano doEnsinoMdio,sentia-meumadas pessoasmaisimportantesdomundo. Nofoifcil,apesardetodaminha vontadeeperseverana.Imagineum jovempobredeumapequeninacida-de do interior de Pernambuco, que vi-viamargemdasociedade,tornar-se professor e ser companheiro de traba-lhonaescolaemqueestudou,como desao de substituir um professor re-nomado,respeitadodacidadedeCa-ruaru...Emumdosmomentosdemi-nhaslamentaesdenoterrecurso nanceiroparaestudar,oprefeitoda pocaprometeu-mequeseaprovado novestibular,seriacontratadocomo professor, e assim aconteceu. Foi mui-tapersistnciaededicaoparafazer aminhamarcaprossionalnomuni-cpio. Eu preparava as aulas, prevenia-me com possveis argumentos que po-deriam surgir em sala de aula e, muitas vezes,deparava-mecomestudantes quelevavamdecasaperguntasde bolsoparamedesaar.Euconseguia darcontadealgumasdasperguntas, outraseupediaparalevararesposta naaulaseguinte.Hojetenhominha histriaconstrudanomunicpiode Tacaimb e reconhecida por muitos.QUAIS SO SUAS INSPIRAES PARA TRABALHAR?Minhasinspiraesparatrabalhar educaoestoassociadasminha trajetria de vidacom o olhar atento vida dos estudantes, lhos de traba-lhadoresquesoclientelasdaescola pblica.Tambmfuibuscarmotiva-esnosescritosdePauloFreiree Leonardo Boff que j utilizava nas ati-vidades voluntrias das Comunidades EclesiaisdeBasedoAgresteCEBs. Deestudanteaprofessordeescola pblica na cidade de Tacaimb, fui in-dicado para ser diretor das duas esco-lasdomunicpio:FranciscodeAssis Barros e Jos Leite Barros. A segunda sei. Fui para So Paulo e quei por l durante trs meses de frias e licena--prmio, quando comuniquei que no voltaria mais para a escola, na funo dediretor.Comaminhaausncia,a escolatomourumosbempiorese, ao saberem que eu no voltaria mais, recebiumacomissodeprofessores emminharesidnciasolicitandoo meu retorno. Este foi o momento que minhas foras se revigoraram e esta-beleciquesseriapossvelmudara realidadedenossomunicpiosetra-balhssemoscomespritodecole-tividadeeparceriacomestudantes, paisecomunidade.Iniciamoscom umgrandemutirodelimpezaeca-pinao nos espaos da escola em um domingo. No nal da tarde, o trabalho foiconcludo,realizamosumacele-braoparafestejaraescolalimpa ecomumahortaescolarquedepois veioservirdecomplementoparaa merenda.Asaesdanovaescola foram iniciadas a partir da implemen-tao do Projeto Poltico-Pedaggico comaparticipaodeprofessores, demaisfuncionrios,paisdosestu-dantes,OGseONGs.Redenimosas aesdoConselhoEscolareimplan-tamosoGrmioEstudantil.Averba recebidapelaescolaerasocializada com todos e a sua utilizao denida a partir de prioridades. Assim, estudan-tesefuncionriosdecidiramatravs deeleiesegincanasapinturada escola com cores mais alegres, os no-mes do auditrio e do parque infantil, amudanadabandeiraedoescudo da escola e a criao do hino da escola contando sua nova histria.Nessaperspectivadevalorizao dosespaospblicos,osestudantes foram motivados pelos professores a zelarem pelos bens mveis e imveis efoicriadooprojetoMinhasala de aula, minha casa; a escola, minha comunidade.Apartirdesteproje-to,osvndalosforameliminados.O muro foi retirado e foram colocadas grades, foi plantado um jardim e ins-taladooescudo,agoracolorido,na entrada.Aescolapassouainteragir com a comunidade de forma impres-foiomaiordesaoporser,napoca, umaescoladeperiferia,considerada a escola do pobre. Pretendia desen-volver na escola os princpios da Ges-toParticipativa,masnoencontrei parceirosparaotrabalhodentroda escola.Vndaloseramconstantes.A escolaerapintadanacorcinzacom umabarragrateeosuniformes dosestudantestambmmantinham osmesmostonsdecores.Passeitrs anosnestaescola,sofrendoparaim-plantar princpios de cidadania e can- 13Retratosionante,inclusivecomprojetosde intervenonacomunidade,como oProjetoAtuandonaPeriferiada Cidade,surgidonasaulasdeCin-cias,emquetivemosaarborizao deumbairroperifricodacidade eumacomunidademaisconscien-tecomrelaoimportnciade sejogarolixonoseudevidolugar. Foiatravsdestaedetantasoutras aesqueaescolapassouareceber prmiosregionaisenacionais. Aes-colaparticipoudeumintercmbio internacionalparaaInglaterraefui surpreendido por uma produtora in-glesa que veio a Tacaimb para pro-duzirumvdeocontandoahistria de sua evoluo. Inclusive por conta desseintercmbioedessevdeo,fui agraciadopeloConselhoBritnico eConselhoNacionaldeSecretrios de Educao (Consed) como prmio internacional em gesto escolar.Deestudantedeescolapblica, passeiaserprofessor,diretorindi-cado,diretoreleitopelacomunida-de,gerenteregionaldeeducaodo agresteCentro-Norte,selecionado porumcomitdebuscaeSecretrio Municipal de Educao do Municpio de Caruaru. EM SUA CONCEPO, QUAIS FORAM OS FATORES QUE O LEVARAM A TER ESTE RECONHECIMENTO?Fuidiretordeumaescolaemqueo processodemocrticoeparticipa-tivofoiamarcaprincipalparaasua transformao,tornando-seumare-ferncianoestadoenopas.Ela, hoje,umaescoladetempointegral quevemcrescendoemseusresulta-dosenaarticulaocomacomuni-dade.Pelocritriodameritocracia, fuinomeadopelosaudosogover-nadorEduardoCamposparaassu-miragernciaregionaldeeducao noperodode2007aabrilde2014, apsserselecionadoporumcomit de busca. Quando assumi, no ranking das 17 gerncias, estvamos no 12o lu-garenoanode2013,camosno4o lugar. Acreditoqueoreconhecimen-to,peloprefeitoJosQueirz,para os signicativos, porm muito ainda precisaserfeitoparagarantiroque estabeleceaConstituiode1988. Por esta razo, proponho colocar na pautadasdiscussesdaeducao, entre outros temas importantes: mo-delodegestodaescola;meritocra-ciaemtodososnveisdaeducao; implantaodeumcurrculonacio-nal; uso das tecnologias na educao (softwares);ampliaodaeducao tcnicaeprossional;repetnciae evaso escolar; escolas de tempo in-tegral para os ensinos Fundamental e Mdio;valorizaodosprossionais daeducao:salrioeformao;in-vestimentonanceironaeducao bsica;gestoescolarfocadaemre-sultados;relaoescolaefamlia; avaliaes externas.QUAL O SEU ENTENDIMENTO SOBRE A IMPORTNCIA DA TECNOLOGIA EDUCACIONAL?Em um mundo cada vez mais globali-zado e que muda muito rapidamente, utilizar as novas tecnologias e as dife-rentes linguagens digitais, de forma in-tegrada ao Projeto Poltico-Pedaggi-co da escola, um modo de promover aprendizagem com ecincia. Hoje, os estudantescammaistempointera-gindo com a tecnologia fora da sala de aula do que passam dentro da escola. Ainteratividadedoestudantecom esse meio facilitador da aprendizagem muito maior do que a dos professo-res. Isso signica que devemos inserir rapidamenteessaferramentanasua prticapedaggica.Enobastaisso, precisamos disponibilizar a formao continuadadosnossosprofessores paraquesegarantaaoestudantese-guranaeconananasorientaes. O importante que o professor tenha oportunidadedereconheceraspo-tencialidadespedaggicasdasTICs e,assim,incorpor-lassuaprtica. Os softwares de aprendizagem devem sertrabalhadospeloprofessorcomo parte integrante do seu planejamento dirio.precisointegrarocontedo, asestratgiasdeaprendizagemede ensino s tecnologias.euassumiraSecretariaMunicipal deEducaodeCaruaru,tenhasido pelalideranaquetenhodesenvol-vidodurantetodaminhatrajetria, marcada pela responsabilidade redo-brada, pela valorizao dos colabora-dores, dos seus espaos de trabalho e no atendimento aos usurios.QUAIS OS TEMAS ESSENCIAIS PARA SE DISCUTIR EDUCAO HOJE NO BRASIL?Aeducaobrasileira,queemou-troscontextoshistricoseramuito maisprecria,hojeapresentaavan-O gestor escolar, antes de tudo, deve ser um lder com capacidade prossional sucientepara criar e manter um grupo unido, inspirado e trabalhando motivado. 14EM SUA VISO, QUAIS ATITUDES ESSENCIAIS UM GESTOR DEVER TER PARA SUPERAR OS DESAFIOS ENFRENTADOS?Ogestorescolar,antesdetudo,deve serumldercomcapacidadepros-sionalsucienteparacriaremanter umgrupounido,inspiradoetraba-lhandomotivado.Portanto,eledeve construir coletivamente um plano de trabalhoquepossibiliteaautonomia decadaumdosprossionais;esta-belecer metas e monitoramento para conseguirmelhorarosresultadosde aprendizagemdosestudantes;pro-moveraaproximaoarticuladados paiscomaescolae,almdeoutras atitudes,motivaraprticadagesto participativa em todos os aspectos.O QUE O SENHOR PENSA SOBRE AS AVALIAES EXTERNAS E OS DESAFIOS DA REDE PBLICA?Soimportantesinstrumentospara queosgestorespensempolticas pblicasecriemasmetasdases-colas,fortalecendoodireitoauma educaodequalidadeatodosos estudantes.Ofocoodesempenho escolar.Oresultadoumamedida deprocinciaqueajudaosgesto-resnaimplementaodoProjeto Poltico-Pedaggicodaescola.O maisimportantedessasavaliaes aanlisedosdadosporparteda escola, a tomada de deciso coletiva, envolvendoinclusiveacomunida-deeadivulgaodosresultados.O desaoqualicarosresultadosde forma que, sendo positivos ou nega-tivos,osalvosnosejamexclusiva-menteosprofessoresdePortugus eMatemtica.Oresultadodaescola no deve ser comparado com outras escolas, e sim com ela mesma duran-te a sua trajetria. A avaliao exter-naumindicadormomentneode resultadoquetemcomoreferncia apenas um determinado ano e reali-dade, portanto, todos os indicadores deresultadosdevemsermuitobem discutidos. Pela importncia da ava-liao,pensoqueanvelnacional deveramostercontedosbsicos deparamo-noscomasquestesda gesto, da rede fsica, da qualicao dosprofessores,dodistanciamento dasfamliascomaescola,asques-tes salariais, entre outros.CONTE-NOS UMA EXPERINCIA TRANSFORMADORA EM SUA HISTRIA DE VIDA.A escolha pela prosso de professor foisendoconstrudadurantetoda minhavidaeestoumuitorealizado. Emaisrealizadoaindaportercon-tribudoprossionalmentecoma educao da escola pblica na pers-pectivadevalorizaodosestudan-tespobres,comofui,despertando nelesosseustalentosepossibilida-des de melhoria de suas condies de vida.Lembro-medequeminhame trabalhandoemroasdeterceiros conseguiucompraracalaecamisa da farda, mas no deu para comprar o sapato, por isso, fui proibido de en-trarnaescola.Umasemanadepois, jcomofardamentocompletofui recebidocomafrase:Eunodisse quevoctinhasapato.Malsabiam queminhairmmaisvelhaeeudi-vidamos uma sandlia para irmos escola. Ela tinha que estudar em um turno e eu em outro. Fiquei irritado, mas isso e tantas outras humilhaes forammotivosparaqueeuseguisse minhacaminhadacommaisfora. Fuipreparadoparaentenderqueo respeitospessoasfundamental eteraclarezadequearodagirae que, de repente, no sabemos onde e como estaremos. Trinta anos depois do fato ocorri-domeaconteceualgosurpreenden-te: no ano de 2009, recebi em minha linda sala, j como Gerente Regional de Educao do Agreste Centro-Nor-te,jbemvestidoebemcalado,a pessoaquenomepermitiuentrar na escola para assistir aula por no usarsapato,pararesoluodeum problemaparticulardela.assima vida... Hoje luto para que a escola seja um lugar de fortalecimento da digni-dadedaspessoasenopermitoque nenhum direito seja violado. paraseremvivenciadosobrigato-riamenteparacadaanoenvelde ensinoeavaliaesexternas,tam-bm,implantadaspelosestadose municpios.Odesaodaredep-blica no nem implantar o sistema deavaliaoexterna,masassegurar ademandaquequalicapositiva-menteosresultadosapresentados. Asescolasidenticadascomoboas devemacadaavaliaosesuperar sem retroagir e as ditas no boas de-verosuperarassuasdecincias. Assimsendo,apartirdasreexes, A escolha pela prosso de professor foi sendo construda durante toda a minha vida. Eu me sinto ainda mais realizado por ter contribudo com a educao da escola pblica. 15ESCREVA PARA A EDUCATRIXPELO E-MAIL:[email protected] CORREIO:Rua Padre Adelino, 758, 2o andar, Belenzinho, So Paulo, SP,CEP 03303-904.CartasCompetncias socioemocionaisAchei o tema dos hahitos da mente muito interessante e pertinente, pois ho|e temos nos deparado com situaes diversas e precisamos resoIve-Ias de lorma a vaIorizar, aIem dos conhecimentos previos, as emoes, pensamentos e aes reveIadas dentro e lora da saIa de auIa.tEIsA iOEs, Rio de Janeiro, RJ.Recehi um exempIar da revista Lducatrix nmero 7 e quei apaixonada peIa revista. AIem de ser Iinda, eIa tem reportagens maraviIhosas e reIevantes ao mundo da educaao.BEA!uIX iuEI!As, Itabuna, BA,via www.cirandacontada.com.brSempre utiIizo a revista Lducatrix como lonte e relerencia para a minha lormaao prossionaI e para o meu pIane|amento Ietivo. Gostei muito da reportagem sohre as competencias socioemocionais e iniciou uma serie de pesquisas sohre o tema para apIicar nas minhas auIas. Sem dvida, pode ser um caminho para conseguir prender a atenao do aIuno e reIacionar a auIa com o dia a dia.teiIA sOtzA, Ubatuba, SP.Filosoa e Cincias Sociais: desaos fundamentaisAquiIo que e novo demora para ser assimiIado, ou se|a, nao e trahaIho laciI para um prolessor de !iIosoa ou SocioIogia inserir o |ovem aIuno do Lnsino Medio nas questes Ioscas e simiIares. Perguntas lrequentes como para que estudar !iIosoa e/ou SocioIogia? sempre surgem dos aIunos que, para nossa tristeza, nunca aceitam nossas respostas academicas. Mas como diria AristteIes, e do espanto que nasce a !iIosoa, espanto do mundo. Ja Kant diria que nao e possveI ensinar !iIosoa, no maximo, ensina-se a Iosolar. Acahei de Ier um artigo sugerido peIa minha Diretora de escoIa e quei hastante leIiz peIa tematica ahordada peIa Lducatrix. As reexes ahordadas sao tamhem minhas convices de vida, incIusive, o exempIo de ahordagem utiIizada peIo prolessor para grupos de aIunos, como um prohIema etico quaIquer, e parte do metodo que utiIizo em saIas de auIa.sAMIu iAuOtn, Itapeva, SPAutonomia e colaborao em um mundo digitalMuito hom o texto de Jose Moran, com novos conceitos e ideias para coIocar em pratica na educaao!!OsIAI MAutOnEs, Mandirituba, PR, via http://moran10.blogspot.com.brEducao polticaMuito interessante a reportagem sohre educaao poItica. UtiIizei o materiaI para orientar os aIunos sohre o processo eIeitoraI no BrasiI em 20I4 e para expIicar como o voto e uma lerramenta para a cidadania e para a democracia. RessaIto tamhem a contrihuiao da autora Maria Lucia de Arruda Aranha que sanou dvidas sohre a ahordagem do tema dentro da saIa de auIa sem que houvesse a interlerencia de opinies pessoais. Reportagem muito didatica e conceitos sempre pertinentes ao dia a dia escoIar. Parahens a equipe da revista! MautIA iOEs, Belo Horizonte, MG.ACESSEAEDIOANTERIOREM www.moderna.com.br/educatrix 16www.avaliaeducacional.com.br0800 77 33990Consulte-nos!Um avano na qualidade da educao e na principal ferramenta de verifcao do aprendizado.Testes digitais e adaptativos Questionrios contextuais online Resultados em ambiente digital e interativo Jornada de Avaliao 2015Avaliao educacional dos alunos do 5 e 9 anos do Ensino Fundamentale3anodoEnsinoMdioparaumslido diagnsticodaaprendizagememLeitura,Matemtica, Produo Textual, Cincias da Natureza e Cincias Humanas, e questionriosdepercepoparacontextualizaodos resultados. /avaliaeducacional/avalia-educacional@avalia_eduAvalia EducacionalCMYCMMYCYCMYKeducatrix_ARTE.pdf 1 23/03/15 14:35 18Gesto EscolarO novo Plano Nacional da Educaoestabelece 20 metas para a educao brasileira na prxima dcada. Unio, Estados e Municpios devem ampliar o acesso escola, aprimorar a qualidade e diminuir as desigualdades.e verdade: o Brasil um pas onde al-gumasleis,pormelhorquesejam,no funcionam.Muitasvezes,projetam-se metasepoucoseplanejaparacumpri--las. Tudo isso real. Mas, em que pese o ceticismo quanto s legislaes, o fato que o pas est beira de grandes mu-danasnaeducao,quecertamente voafetaravidadoseducadoresedas escolas. O nome desta mudana Plano Nacional da Educao (PNE).OPNEestconcretizadonaLeino 13.005,aprovadaemjunhode2014,e estabelece20metasparaaeducao brasileiranaprximadcada.Leia-se: estabelece20objetivos(detalhadosa seguir)quedevemseratingidospelo esforocoordenadodeUnio,Estados e Municpios.So metas ligadas ao acesso (direito a vagasnaredepblica);qualidade(di-reitoefetivaaprendizagem);edimi-nuiodadesigualdade,quetalvezseja amarcamaiscrueldoatrasobrasileiro na educao.Pormaisindiferentequeparteda sociedadesejaemrelaoaplanosre-cheados de boas intenes, h sucien-tesrazesparaacreditarquedestavez serdiferente.Apalavra-chavepara issoparticipao.Nuncaumprojeto deleinareadaeducaofoifrutode umamobilizaotointensadasocie-dade civil, com contribuio de todos os setores,comouniversidades,entidades sindicaisdosprofessores,movimentos pela educao infantil, municpios, igre-jas, organizaes empresariais, governo, enm,umademocrticarepresentao do pensamento da sociedade, comenta oeducadorFranciscoAparecidoCor-do,membrodoConselhoNacionalda Educao(CNE)eespecialistaemHis-tria da Educao Brasileira.Aelaboraodoplanodeleifoien-riquecidapordebateseminmerosf-runs,queculminaramnarealizaoda Conferncia Nacional de Educao (Co-nae),em2010.Apsisso,forammais3 anosdeembatesdentrodoCongresso Nacional, em torno de temas polmicos, como o nanciamento da educao, em uma queda de brao vencida pela socie-dadecivil,comapromessadeelevao dos gastos com educao a 10% do PIB, quase o dobro do que investido hoje.OBrasiljteveoutrasleisanlogas aoPNE,cujoinsucessofoicreditado faltademetasobjetivaseinexis-tnciaderecursosatrelados.Foioque aconteceuentre2001e2010,quandoo dispositivolegalqueelevavaosgastos governamentais com educao a 7% do PIB foi vetado pelo governo.Agora, ao invs das 295 metas do PNE anterior,oPlanotemapenas20,deta-lhadas em 143 estratgias. Alm disso, o PNE no se limita ao mbito federal, mas estabelecequeEstadoseMunicpios tambmdevemconstruirseusprprios planos,deformaadequadaenocon-traditrialeinacional.Sobmuitosas-pectos, os planos municipais e estaduais tmmuitaimportncia,especialmente em um pas gigantesco como o Brasil. Levadasaopdaletra,asmetase estratgiastrazemimpactosimediatos para a escola pblica e para os gestores da educao, em todos os nveis federa-tivos. Veja as metas e o que deve mudar embreve,seasociedadenodeixaro processo parar.POR Paulo de Camargoilustrao vanessa kinoshita 19Jovens de 15 a 17 anos na escolaREALIDADE 2013 83,3% META 2016 100%Jovens de 15 a 17 anos matriculados no Ensino MdioREALIDADE 2013 59,5% META 2024 85%Jovens de 6 a 14 anos no Ensino FundamentalREALIDADE 2013 97,1% META 2024 100%Jovens de 16 anos que concluramo Ensino FundamentalREALIDADE 2013 71,7% META 2024 95%REALIDADE 2013 27,9% META 2024 50%Crianas de 0 a 3 anos na Educao Infantil 1. EDUCAO INFANTILUniversalizar, at 2016, a Educao Infantil napr-escola para as crianas de 4 a 5 anos de idade e ampliar a oferta do segmento em creches de forma a atender, no mnimo, 50% das crianas de at 3 anos at o nal da vigncia deste PNE (2024).Quase dobra o atendimento de 0 a 3 anos.Determina a avaliao da Educao Infantil,a partir de 2015.2. ENSINO FUNDAMENTALUniversalizar o Ensino Fundamental de 9 anos para toda a populao de 6 a 14 anos e garantir que pelo menos 95% dos alunos concluam essa etapa na idade recomendada, at o ltimo ano de vigncia deste PNE.Diminui drasticamente a reprovao pela melhoria da aprendizagem. Hoje, 67,4% concluem o Ensino Fundamental na idade correta.Determina a elaborao das expectativas de aprendizagem para cada srie e o acompanhamento individual dos alunos.3. ENSINO MDIOUniversalizar, at 2016, o atendimento escolar para toda a populao de 15 a 17 anos e elevar, at o nal do perodo de vigncia deste PNE, a taxa lquida de matrculas no Ensino Mdio para 85%.Aumenta em quase 30% a porcentagem dos alunos de 15 a 17 anos no Ensino Mdio.Estabelece a diversidade curricular no curso.REALIDADE 2013 87,9% META 2016 100%Crianas de 4 e 5 anos na Educao InfantilAS 20METAS e o que est por virFonte:IBGE/Pnad.Fonte:IBGE/Pnad.Fonte:IBGE/Pnad.Fonte:IBGE/Pnad.Fonte:IBGE/Pnad.Fonte:IBGE/Pnad. 20Gesto Escolar4. EDUCAO ESPECIAL/INCLUSIVAUniversalizar, para a populao de 4 a 17 anos com decincia, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotao, o acesso educao bsica e ao atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou servios especializados, pblicos ou conveniados.Aumenta o repasse de recursos do Fundeb.Amplia a difuso de equipamentos,como salas multifuncionais.5. ALFABETIZAOAlfabetizar todas as crianas, no mximo, at o nal do 3o ano do Ensino Fundamental.Determina a criao da Avaliao Nacional da Alfabetizao (ANA).Triplica o nmero de crianas que se alfabetizam at o nal do primeiro ciclo.6. EDUCAO INTEGRAL Oferecer educao em tempo integral em, no mnimo, 50% das escolas pblicas, de forma a atender, pelo menos, 25% dos alunos da educao bsica. Estimula programas de reestruturao das escolas pblicas, com a construo de quadras, cozinhas e laboratrios.7. APRENDIZADO ADEQUADO NA IDADE CERTAFomentar a qualidade da educao bsica em todas as etapas e modalidades, com melhoria do uxo escolar e da aprendizagem de modo a atingir as mdias nacionais para o Ideb, registradas no grco ao lado: Estabelece diretrizes pedaggicas para a educao bsica e parmetros curriculares nacionais comuns.Visa assegurar, a todas as escolas pblicas de educao bsica, gua tratada e saneamento bsico, energia eltrica e banda larga.8. ESCOLARIDADE MDIAElevar a escolaridade mdia da populao de 18 a 29 anos, de modo a alcanar no mnimo 12 anos de estudo no ltimo ano, para as populaes do campo, da regio de menor escolaridade no pas e dos 25% mais pobres, e igualar a escolaridade mdia entre negros e no negros declarados ao Instituto Brasileiro de Geograa e Estatstica (IBGE). REALIDADE 2012 44,5% META 2024 100%Crianas do 3o ano do Ensino Fundamentalcom aprendizagem adequada em leituraREALIDADE 2012 30,1% META 2024 100%Crianas do 3o ano do Ensino Fundamentalcom aprendizagem adequada em escritaREALIDADE 2012 33,3% META 2024 100%Crianas do 3o ano do Ensino Fundamentalcom aprendizagem adequada em MatemticaMdia IdebAnos Iniciais do Ensino FundamentalMdia IdebAnos Finais do Ensino FundamentalREALIDADE 2011 5REALIDADE 2011 4,1PARCIAL 2011 4,6PARCIAL 2011 3,9META 2021 6META 2021 5,5Evoluo e expectativas das metas para o Ideb4,43,92013 2015 2017 2019 2021ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTALANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTALENSINO MDIO5,24,74,35,55,04,75,75,25,06,05,55,24,9Fonte:IBGE/Pnad.Fonte:IBGE/Pnad.Fonte:ProvaABC2012.Fonte:ProvaABC2012.Fonte:ProvaABC2012. 219. ALFABETIZAO E ALFABETISMO FUNCIONAL DE JOVENS E ADULTOSElevar a taxa de alfabetizao da populao com 15 anos ou mais para 93,5% at 2015 e, at o nal da vigncia deste PNE, erradicar o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional.10. EJA INTEGRADA EDUCAO PROFISSIONALOferecer, no mnimo, 25% das matrculas de Educao de Jovens e Adultos, nos ensinos Fundamental e Mdio, na forma integrada educao prossional.11. EDUCAO PROFISSIONALTriplicar as matrculas da Educao Prossional Tcnica de nvel mdio, assegurando a qualidade da oferta e pelo menos 50% da expanso no segmento pblico.12. EDUCAO SUPERIORElevar a taxa bruta de matrcula na Educao Superior para 50% e a taxa lquida para 33% da populao de 18 a 24 anos, garantindo a qualidade da oferta e expanso para, pelo menos, 40% das novas matrculas, no segmento pblico.13. TITULAO DE PROFESSORES DA EDUCAO SUPERIORElevar a qualidade da Educao Superior pela ampliao da proporo de mestres e doutores do corpo docente em efetivo exerccio para 75%, sendo, do total, no mnimo, 35% doutores.14. PS-GRADUAOElevar gradualmente o nmero de matrculas na ps-graduao stricto sensu, de modo a atingir a titulao anual de 60 mil mestres e 25 mil doutores.15. FORMAO DE PROFESSORESGarantir, em regime de colaborao entre a Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios, no prazo de 1 ano de vigncia deste PNE, poltica nacional de formao dos prossionais da educao de que tratam os incisos I, II e III do caput do art. 61 da Lei n 9.394, de 20 de Fontes:IBGE/Pnad.Fonte:MEC/Inep/DEED/CensoEscolarFonte:MEC/Inep/DEED/CensoEscolarFonte:MEC/Inep/DEED/CensoEscolarFonte:MEC/Inep/DEED/CensoEscolarFonte:MEC/Inep/DEED/CensoEscolarFonte:MEC/Inep/DEED/CensoEscolarREALIDADE 2013 0,8% META 2024 25%Matrculas de EJA no Ensino Fundamental, integradas educao prossionalREALIDADE 2013 3,1% META 2024 25%Matrculas de EJA no Ensino Mdio,integradas educao prossionalREALIDADE 2013 74,8% META 2024 100%Professores da Educao Bsicacom curso superiorREALIDADE 2013 30% META 2024 50%Professores da Educao Bsica com ps-graduaoREALIDADE 2013 32,8% META 2024 100%Professores dos anos nais do Ensino Fundamental que tm licenciatura na rea em que atuamREALIDADE 2013 48,3% META 2024 100%Professores do Ensino Mdio que tm licenciatura na rea em que atuamREALIDADE 2013 57,3% META 2024 100%Renda mdia dos professores da Educao Bsica em relao renda mdia dos demais prossionais com mesma escolaridade 22Gesto Escolaro sucesso do Plano Nacional da Educao est bastante ligado ao sucesso de duas ala-vancas, inseridas no texto da lei. Aprimeirabastanteconhecida:aele-vaodosinvestimentosparaat10%do PIBemumadcada.Hbastantecontro-vrsiasobreesseitemporquemuitosde-fendem que mais importante gastar bem do que gastar muito. Ocorre que se trata de um investimento de proporo muito elevada, sem paralelo na histria brasileira e com poucos corre-latosnomundo.Deondevirodinheiro? Apenasaapostanopr-salnobasta,at porque ningum capaz de prever o com-portamentodopreointernacionaldo barril, bem como as incertezas polticas em torno da Petrobras.Oesforoscalnecessriosermuito alto.Mas,mesmoquenosechegueaos 10%,realistadizerqueoBrasiltendea continuar paulatinamente a elevar seus in-vestimentos e hoje no faz feio, nas compa-raes internacionais embora o tamanho dos nossos desaos exijam mais recursos. Almdisso,hnoPNEaproposiode um indicador que inverte a noo de custo por aluno, saindo da relao aritmtica en-treonmerodematrculaseadivisodo boloparaadeniodeumvalormnimo aserinvestidoporalunosparagarantira ofertadeumensinodequalidade.Esse ndicechama-seCustoAlunoQualidade (CAQ), que est em vias de regulamentao pelo Conselho Nacional de Educao.Trata-se de uma questo fundamental. O custo por aluno um parmetro mais obje-tivo do que o volume total de gastos, porque j embute a noo de condies mnimas de funcionamentodasescolas.Nesseponto,o Brasil toma de goleada. Enquanto o pas gas-ta em mdia US$ 3 mil por aluno, do Ensino Fundamental ao Ensino Superior, a Espanha gastaU$9,4mil,a Alemanha,US$10,9mil, e os Estados Unidos, US$ 15,3 mil. A polmica do gasto por alunodezembro de 1996, assegurando que todos os professores e as professoras da educao bsica possuam formao especca de nvel superior, obtida em curso de licenciatura na rea de conhecimento em que atuam.16. FORMAO CONTINUADA E PS-GRADUAO DE PROFESSORESFormar, em nvel de ps-graduao, 50% dos professores da educao bsica, at o ltimo ano de vigncia deste PNE, e garantir a todos os prossionais da Educao Bsica formao continuada em sua rea de atuao, considerando as necessidades, demandas e contextualizaes dos sistemas de ensino.17. VALORIZAO DO PROFESSORValorizar os prossionais do magistrio das redes pblicas da Educao Bsica, a m de equiparar o rendimento mdio dos demais prossionais com escolaridade equivalente, at o nal do 6o ano da vigncia deste PNE.18. PLANO DE CARREIRA DOCENTEAssegurar, no prazo de 2 anos, a existncia de planos de carreira para os prossionais da Educao Bsica e Superior pblica de todos os sistemas de ensino e, para o plano de carreira dos prossionais da Educao Bsica pblica, tomar como referncia o piso salarial nacional prossional, denido em lei federal, nos termos do inciso VIII do art. 206 da Constituio Federal.19. GESTO DEMOCRTICAAssegurar condies, no prazo de 2 anos, para a efetivao da gesto democrtica da educao, associada a critrios tcnicos de mrito e desempenho e consulta pblica comunidade escolar, no mbito das escolas pblicas, prevendo recursos e apoio tcnico da Unio para tanto.20. FINANCIAMENTO DA EDUCAOAmpliar o investimento pblico em educao pblica de forma a atingir, no mnimo, o patamar de 7% do Produto Interno Bruto (PIB) do pas no 5o ano de vigncia desta lei e, no mnimo, o equivalente a 10% do PIB ao nal do decnio. 23DESAFIOSda Educaode resultado para todosOsamaisrecentepesquisadomovimen-toTodosPelaEducaorevelaque 93,6%dascrianasentre4e17anos frequentavamaEducaoBsicaem 2013.Apesardeataxadeatendimento teravanado0,4%emrelaoaoano anterior,2.863.850meninosemeninas aindaestavamforadaescola,e,destes, aproximadamente1,5milhopertencia scamadasmaispobresdapopulao. At 2022, a expectativa de que 98% das crianasejovensestejammatriculados em uma instituio de ensino. Universalizaraeducaopblica num pas com as desigualdades e as di-mensesdoBrasilfazdessametauma das mais complexas da nossa sociedade. bem verdade que precisamos ampliar o acesso ao ensino, mas isso no tudo. Temos que, simultaneamente, qualic--lo,armaHelosaLuck,diretoraedu-cacionaldoCedhap(CentrodeDesen-volvimento Humano Aplicado). Tamanhoodesaoqueelerene emsiquestescomoaconquistadaci-dadania,aconsolidaodademocracia edaparticipaosocial,agarantiados direitos da infncia e adolescncia, bem comoacapacitaoparainovarepro-duzir conhecimento. Nessecontexto,urgediscutiraqua-lidadedoensino,oaperfeioamentoda Gestores de diferentes regies do pas relatam suas vivncias, compartilham boas prticas e discutem o futuro do ensino pblico brasileiro.POR Lara Silbigergesto escolar, a formao do professor, suascondiesdetrabalho,oenvolvi-mentodasfamliasnodiaadiadains-tituio,entreoutrosassuntostrazidos tonaementrevistasqueaEducatrix fezcomseisgestoresaoredordoBra-sil.Seuspontosdevistanonecessa-riamenterepresentamodapublicao, mas relatam experincias que, em gran-de parte, reetem a realidade do pas. Oqueasescolasderesultadotm em comum o reconhecimento de que o trabalho deve se assentar na aprendi-zagemdoalunoedequeaarticulao detodososprocessossedpormeio da gesto democrtica e participativa, avalia Helosa. A seguir, inspire-se nas boas prticas degestoquenossosentrevistadosim-plementaram em suas respectivas insti-tuies de ensino e saiba o que eles con-sideram como desao e tendncia para o futuro da educao.EspecialDESAFIOS 24da Educaode resultado para todosilustrao pedro correaFonte:TodosPelaEducao.256,4% 2.863.850 crianas ainda fora da escola.93,6%das crianas entre 4 e 17 anos frequentavam a educao bsica em 2013.[equivalente a]hseisanos na direo da EMEF Es-tudanteLeonardoVitorinoGuimares, situada num bairro de alto risco social de CampinaGrande/PB,HeraldoPereira, 45, faz da proximidade com os alunos e suas respectivas famlias uma ferramen-tadegesto.Conhecemosohistrico das 165 crianas matriculadas do 1o ao 5o ano do Ensino Fundamental. Se uma fal-ta, vamos casa dela saber por que, diz, destacandocomoresultadoaausncia de evaso escolar. Outradesuasestratgiasagesto descentralizada.Todososcolaborado-resdevemteroolhardeeducador,do professor ao vigilante, arma o diretor, para quem o aprendizado no se resume saladeaula.Apropostapedaggica compartilhada com a equipe para que cadaumpossaaplic-lanaespecici-gestor Heraldo Pereiraonde EMEF Estudante Leonardo Vitorino Guimares, Campina Grande/PBalunoEspecialF OCONOdade de sua funo e ser corresponsvel pela gesto, explica ele. Odesaoconsisteemgarantiroali-nhamento e a coerncia da misso entre osenvolvidos.Osegredoestnopla-nejamentodetalhado,noacompanha-mentopermanenteenoengajamento dotime.Nesteltimoquesito,Heraldo destaca alguns entraves. Ainda h pro-ssionaisquelevamacarreiranarede pblica de ensino com descaso, enquan-to na particular do o sangue, arma.Para o gestor, o rigor na atuao pro-ssional e o olhar atento ao aluno so de extrema importncia para o resultado da educao.Oestudanteprecisadens, sobretudo,numambientehostilcomo este onde ele vive, destaca Pereira. A EMEF Estudante Leonardo Vitorino Guimares trabalha com a Pedagogia de Projetos e d preferncia a temas prxi-mos realidade de suas crianas. Nosso intuito mostrar aos alunos que eles so cidadoscapazesdeassumirsuares-ponsabilidade sobre o meio, a escola e a comunidade, conta o diretor. Quandoquestionadosobreosva-loresdainstituio,Pereiranohesita emelencarozelopeloserhumano,a aprendizagemdascrianaseaperse-verana. Jamais desistiremos de apre-sentar-lhesumfuturoquevaialmdo trco e da prostituio. Nossa misso mostrarque,pormeiodaeducao, existem outros horizontes, enfatiza.Mas a realidade ainda contrasta com oidealsonhadopelodiretor.Infeliz-mente, j perdi quatro estudantes para o trco depois que saram da nossa ins-tituio.Issosemfalarnamaternidade precoce,muitofrequentenoentorno, relata Heraldo. 26desdequandoseformouemBiologia, em1985,GetlioFagundes,55,nun-casaiudedentrodeumaescola.Como professor,trabalhouemtodososnveis de ensino, em instituies privadas e p-blicas, do estado e do municpio. Oconviteparaassumiracarreirade diretor veio em 2008. Sempre tive uma visocrticadaeducao,decomome-lhoraroatendimentocomunidadee oferecermaisrecursosparaoprofes-sor, conta Getlio. No seu primeiro mandato como dire-tor da EMEF Dcio Martins Costa, na ca-pital gacha, no rompeu com o passado da escola. Optei por ouvir para s depois tomar novos nortes, diz.Jsuasegundagestofoimarcada peloprocessodeprossionalizao. Durante dois anos, ele participou de ses-sesindividuaisdecoachingnaEscola deGestoPblicadaPrefeituraMuni-cipaldePortoAlegre.Acadareunio, discutiacomumespecialistaumdesa-o da minha escola e recebia orientao decomogerenci-lodopontodevista empresarial,recordaGetlio.Oleque de temas abordados foi amplo: de como motivar a equipe para atender popula-o a como desburocratizar a educao, passandopelospersideaisparaocu-par cada cargo da escola. O diretor tambm considera relevan-teteradquiridoconhecimentosnarea derecursoshumanos.Segundoele,15% dotimeeraformadopelosautomotiva-dos ou visionrios; outros 15% so resis-tentes, no gostam do que fazem e; 70% tm possibilidade de atuar melhor se ti-verem o trabalho valorizado pelo gestor. gestor Getlio Fagundesonde EMEF Dcio Martins Costa, Porto Alegre/RSgesto prossionalizadaF OCONAParaGetlio,anovavisodogeren-ciamento de pessoas na empresa pblica lhe permitiu otimizar esforos. O gestor no pode gastar energia com quem no quer trabalhar. A soluo nesses casos a transferncia, sentencia.Para os visio-nrios, ele destaca a importncia de dar feedbackspositivos,bemcomoopor-tunidadesparaquedesenvolvamsuas iniciativas.Minhafunoapoi-los eprover-lhesdosrecursosparaexecu-tar suas ideias. Nunca deixe algum que estmotivadosemfazeraquiloemque acredita, sugere o diretor.Osresultadosdatrajetriasoco-memoradospelodiretor,quehojecon-tabiliza40%daequipedaEMEFDcio MartinsCostanacategoriadeautomo-tivados/visionrios.Taisnmerosga-nhamaindamaisrelevnciaquandose tem em conta o contexto da instituio. Aescola,queatende1.100alunosda EducaoInfantilao9oanodoEnsino Fundamental,estsituadanumaregio dealtoriscosocialdevidoocupao irregular de terras e ao trco de drogas. Asituaoafetaaperformanceescolar dealgumascrianas,quechegamaso-frerviolncia,abusoeneglignciapor partedasfamlias.Comisso,acabamos gerenciandotambmquestesdoms-ticasenosenvolvendocomaRedede ProteoCrianaeaoAdolescente, relata o diretor. Eleaindarevelaque,semascombi-naes que fez com a comunidade esco-lardesdequeassumiuaadministrao da escola, jamais teria alcanado o nvel dedilogoquemantmcomosalunos. Damosafetoeimpomoslimite,sem nunca perder o vnculo, garante. Comodemandaparaoaprimora-mentodaqualidadedoensinopblico, Getlioapontaanecessidadedeopro-ssionaldaeducaodesenvolverum olhar diferenciado para as classes popu-lares. Ele precisa se desprender de pre-conceitosparaentenderqueosvalores de uma comunidade de periferia so di-ferentes dos dele, diz. 27Especialdesde quando cursava a graduao em Pedagogia,comnfaseemSuperviso Escolar,ChirleyMartins,43,desejava colocaremprticasuavisodeeduca-o compartilhada. Achava que, um dia, tornariaagestoescolarmaishumana com a contribuio de todos, sem deixar a democracia virar baguna, arma ela.O sonho virou realidade e hoje Chir-ley, que est no segundo mandato como diretora eleita da EMEF Professor Pau-loFreire,emJooPessoa,contabiliza os benefcios da chamada gesto parti-cipativa. No fcil unir a comunidade escolaremtornodeummesmoobjeti-vo. Mas, quando cada um se sente per-tencente a ela e reconhecido como tal, torna-se corresponsvel pela tica, pelo cuidado, pela incluso e pela democra-cia, explica. A receita, que a diretora segue risca, comea com a formao do Conselho De-liberativodaescola.Elecompostopor dois membros indicados pelas categorias de gestores da EMEF, professores, alunos, funcionrios de apoio e especialistas. As reunies do Conselho, que aconte-cem a cada dois meses, tratam questes de ordem nanceira, administrativa e pe-daggica.Temosautonomiaparadeci-dirsobrequalquerassunto,tendocomo parmetroasnormasdaSecretariada Educao,explicaChirley.Elaainda destaca o fato de que, na gesto compar-tilhada, o diretor no delibera sozinho. ApautaapresentadaaoConselho elaboradapelaAssembleia,umains-tnciarepresentativaqueseencontra bimestralmenteparalistarosproble-mas da escola e do entorno. Quando os desaosfogemaladadaEMEF,en-caminhamosotemaparaaPrefeitura, comenta a diretora. Oenvolvimentodosalunostambm incentivado por meio da nomeao de conselheiros que levantam as demandas de suas respectivas classes e da prpria comunidadeondevivemcomvistasao usoracionaldoOramentoParticipa-tivodaCrianaedoAdolescente.Este gestora Chirley Martinsonde EMEF Professor Paulo Freire, Joo Pessoa/ PBgesto compartilhadaF OCONAltimo uma ao da Prefeitura de Joo PessoaemparceriacomasSecretarias do Oramento Participativo e da Educa-o e Cultura. Como tendncia para o futuro do en-sinopblico,Chirleyapostanacultura de paz como forma positiva de enfrentar a violncia do entorno de muitas escolas. AprpriaEMEFProfessorPauloFreire, queatende250alunosemtempointe-gral e 85 estudantes de EJA noite, est situada numa zona onde os conitos so-ciais so crescentes. A maioria dos pais est desempregada, alguns esto presos e o apelo do trco grande aqui na pe-riferia de Joo Pessoa, relata a gestora. Aausnciadevaloresnafamliaea permissividade em casa tm reexos ne-gativosnombitopedaggicoetornam a gesto compartilhada mais difcil. Mas no impossvel, como j estamos com-provandonumprocessolento,mascom frutospositivos,declaraagestora,que comemoraavanosnoIDEBdamdia 3,7, no ano de 2007, para 4,2 em 2013.Outro motivo de celebrao o con-vite que a instituio recebeu para fazer parte do PEA/Unesco (Programa de Es-colas Associadas Organizao das Na-es Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura) pelo fato de ter desenvolvi-do o projeto Educao e Sade: direitos humanos,promovendoobemviver. Este teve o objetivo de sensibilizar a co-munidade local quanto preveno e ao controlededoenas,gravidezprecoce, desnutrio, uso de drogas, entre outros fatores de risco. Desde2012,quandooprojetoteve incio,areduodecriechegoua95% entreascrianas.Observamosumim-pactodiretonorendimentoescolarde-las, bem como uma melhora na qualida-de de vida e na autoestima, diz Chirley. 28em 1998, quando se licenciou em Filoso-a,MarcosJosKrindges,37,ingressou na carreira de educao por vocao. Foi ogostopelagestoqueolevouafazer aps-graduaoemCompetnciasdo Professor, formao esta que lhe permi-tiu ampliar a viso de como administrar umaescoladopontodevistadasrela-es humanas.A primeira oportunidade de colocar o conhecimento em prtica veio em 2006, ao tornar-sevice-diretor. Seis anos mais tarde,assumiuadireodaEMEFPro-fessora Nancy Ferreira Pansera, posio que ocupa at hoje. SituadanaperiferiadeCanoas/RS, numa zona de ocupao, a escola atende 1.468 alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental.Deles,280frequentam ocursodeEJA(EducaodeJovense Adultos) noite. gestor Marcos Jos Krindgesonde EMEF Professora Nancy Ferreira Pansera, Canoas/RSrelaes humanasAcarnciasocioeconmicamarcaa comunidadeescolar,cujametadedas famlias recebe o benefcio do programa BolsaFamlia.Masasdiculdadesno parampora.Htambmacarncia afetiva.Nossomaiordesaoenvolver os pais na educao dos lhos. Eles no entendemseupapelnainstituionem na prpria casa. Com isso, muitas crian-as acabam tendo a escola e o professor como nicas referncias, arma Marcos.Sob o ponto de vista da gesto, o di-retorsepreocupaemproporcionaraos agenteseducacionaiscondiespara quedesenvolvamsuashabilidadesde convivncia,intelectuaiseculturais.A escoladeveseroepicentrodeespaos coletivosdeparticipao,articulados pelo diretor, destaca. Para exemplicar o resultado desse tipo de ao, ele recor-daummutirodejardinagemfeitono ptio da EMEF Professora Nancy Ferrei-ra Pansera. Foram momentos de escu-ta,valorizaodooutro,proximidadee reciprocidade entre todos os envolvidos no ensino-aprendizado, conta o diretor. Comotendnciaparaofuturodo ensinoenortedosatospedaggicos, Marcosapostanaeducaoemocional. No possvel separar a afetividade da vida intelectual ou da construo de co-nhecimento, diz ele. No entanto, o ges-torreconhecequelevartalproposta prtica no ser uma tarefa fcil. Como professores, chegamos s escolas com o sonho de transmitir conhecimento, mas noestamosabertosaouviroalunoe suas vivncias, ressalta. NaEMEFProfessoraNancyFerreira Pansera,osprimeirospassosjforam dadosparaimplementaraeducao emocionalnocotidianoescolar.Os educadoresparticiparamdeduasfor-maes,quederamorigemaoprojeto Recreio da Paz. A iniciativa promoveu aintegraodosalunosdo1oao5oano doEnsinoFundamentalpormeiode brincadeiras de roda e corda, pintura de rosto, entre outras. Assim, abrimos um espaoprivilegiadoparatrabalhar,por exemplo,adiversidadeeaincluso, conta Marcos.F OCONAS 29Especialnascido em uma famlia de professo-res, Marcio Vieira, 44, dedicou a vida educao.Com17anos,aindanoMa-gistrio,assumiusuaprimeirasalade aula.Hoje,licenciadoemPedagogiae EducaoFsica,comespecializao emPsicopedagogia,ocoordenador-geraldaSecretariadaEducaodo municpio de Patos, na Paraba. A cidade tem 105.531 habitantes, que dispem de 92 escolas de Ensino Fun-damental,13deEnsinoMdioe80de EducaoInfantil(Dados:IBGE/2014). Nossoprincipaldesaoimplemen-tarasmetasdoPNE(PlanoNacional de Educao), em consonncia com os planosestadualemunicipal,arma Marcio, que enfatiza o acesso universal educao e a garantia de permann-cia da criana na escola.Outropontodedestaqueainclu-so de alunos com necessidades espe-ciais. Para acompanh-los na escola, a Secretaria da Educao de Patos conta com cuidadores contratados e efetivos. O rgo tambm oferece formao em Libras(LnguaBrasileiradeSinais), bem como o curso de Atendimento Es-pecializado,comduraodeumano, paraqueosprofessoresaprendama lidar com as decincias admitidas nas instituies de ensino. gestor Marcio Vieiraonde Secretaria da Educao de Patos/PBF OCONASMarcioexplicaque,comauniver-salizao do ensino, a escola deixou de lidar apenas com o contedo para lidar comquestesqueantesnoeramda suaalada.Elecontaqueparatanto, nos apropriamos dos quatro pilares da Unescoeseguimosemfrentecoma nossa misso. So eles: aprender a ser, aprender a conviver, aprender a fazer e aprender a aprender. Como falava Pau-lo Freire, a escola apaixonante diz sim para a vida, relembra o coordenador.Paradarcontadorecado,ocoor-denador-geralcobradoseutimede educadoresecinciaedinamizao nasaulas.Poroutrolado,armaestar ciente das expectativas de seus profes-soresquantomelhorremunerao eestruturaparalecionar.Outroen-traveadefasagementreaformao bsica deles e a demanda da sociedade quanto qualidade do ensino-aprendi-zagem. A equao exige formao con-tinuada,especialmenteparalidarcom temastransversais,comosexualidade, inclusodigital,meioambienteesa-de, declara Marcio.Paraele,umadassoluespassa pela valorizao do magistrio na rede pblica por meio da equiparao sala-rialcomprossionaisdeescolaridade equivalente,conformeprevoPNE. Eletambmapoiaosmecanismosde incentivonanceiroeprogressona carreiraparaaquelesqueinvestirem em formao. Quanto aos desaos para a evoluo daeducaoemPatos,Marcioapon-taanecessidadedeseinvestiremin-fraestrutura.Nossosalunoscarecem deumambienteagradvelparaoes-tudo,comentaele,fazendoreferncia ao fato de que apenas 30% das salas de aulasoclimatizadas,nummunicpio onde o calor e o sol so intensos o ano todo. Da mesma forma, a Secretaria da Educaotambmdemandaacons-truo de um local adequado e prprio para a formao de seus professores.metas do PNE 30filho de pai operrio e me nascida no campo, Orlando Dantas, 54, conheceu o que era trabalho desde cedo. Aos 14 anos, o menino da periferia virou ofce boy da indstria e passou a desbravar os ares da So Paulo moderna. Ajudava a sustentar afamliadedezirmosduranteodiae estudava noite. Apassagemprossionalparaaedu-caosedeunonaldosanos1970, quandofezumtestevocacionalquein-dicousuavocaoparaasArtes,com destaque para a msica e a poesia. A su-gesto soou to alto aos ouvidos de Or-lando que ele decidiu cursar Letras e de-dicar-se exclusivamente ao Magistrio.A paixo no parou por a. Graduou--se em Pedagogia para seguir a carreira dediretor.Emplenomdaditadura, nomeconformavacomarigidez.Era libertrio,queriarepensaraescolae propor aulas diferentes, recorda.gestorOrlando DantasondeEE Alberto Conte, So Paulo/SPaproximao F OCONAentre o administrativo e o pedaggicoEm2001,Orlandoprestouconcurso naredeestadualpaulistaparagestor. Noanoseguinte,assumiuseuprimeiro desao na funo. Pretendia fazer uma administraovoltadaparaointeresse real do aluno, sem me ater tanto pape-lada, revela. Masarealidadesemostroudiferen-teporqueaburocraciainevitvele toma muito tempo, com contas a pagar, preenchimentodeformulriosecon-itosaresolver.Issosemfalarnadi-culdadedeemplacarinovaesentre osprofessores.Masestequivocado quemaindapensaemvocsdadire-o x ns da docncia. Chutando para o mesmo gol, unimos esforos em prol do aluno, arma o gestor. Afrustraoolevouaestabelecer umdesao:aproximaragestoadmi-nistrativadapedaggicaporondequer quepassasse.Oadministrativoprecisa seenvolvernasquestesdeensino.Eo pedaggico, por sua vez, deve promover projetosdiferenciados.Cabeaodire-tororquestrartodosessesmovimentos, comoumfacilitador,paraqueaescola funcione em sua plenitude, diz Orlando.Desde dezembro de 2013, o diretor est frente do EE Alberto Conte, que atende alunos do Ensino Mdio na regio paulis-tana de Santo Amaro. Tradicional colgio dazonasul,conhecidopeloensinode vanguarda,Orlandoseorgulhadospro-jetosloferecidos:desarausliterrios, showdetalentoseaulasdeMatemtica nacozinhaaoCineConte,queincluia produo de curtas-metragens pelos alu-nos, com direito exibio e premiao. Apesardessaconquista,osdesaos paraodesenvolvimentodoensinop-blico de resultado continuam. Entre eles, o gestor aponta a necessidade de investir emmelhoressalriosparaoprofessor. Vejo que h boa vontade, mas as jorna-dasextenuantesparacomplementaros rendimentos so limitadores, avalia. Quantoatendncias,odiretorno hesita em armar que o futuro da edu-caoestnotrabalhocomprojetos quevoalmdasaulastradicionaise que diversicam as estratgias de ensi-no-aprendizado. No h receitas pron-tas para explorar o prazer de aprender, mas ele deve ser uma meta conjunta de professores e equipe gestora. 31ConHea aS noSsas soles Par os grnes DesaFios das escls pblcasConHea aS noSsas soles Par os grnes DesaFios das escls pblcasPNLD2016Fundamental I Projeto Buriti Portugus Coleo Aprender e Saber Portugus1 ao 3 ano 1 ao 3 ano 4 e 5 anos 4 e 5 anos27888COL31 27889COL01Projeto Buriti MatemticaProjeto Buriti GeografiaProjeto Navegar MatemticaProjeto Buriti Histria1 ao 3 ano2 e 3 anos1 ao 3 ano2 e 3 anos4 e 5 anos4 e 5 anos4 e 5 anos4 e 5 anos27922COL32 27923COL02 27892COL02 27893COL3227885COL59 27884COL60 27886COL57 27887COL5827782COL3127801COL01MKT MODERNAtrdiO e pioNEirsmo QUE VOC coNHEce trdiO e pioNEirsmo QUE VOC conHEceProfessor, localize nossa caixa de livros didticos em sua escola e analise todos os diferenciais das nossas obras para promover uma educao de resultado! Conhea todos os recursos no site www.moderna.com.br/pnldVolume nicoProjeto Navegar Portugus Projeto Presente Arte4 e 5 anos27921COL01Projeto Buriti Cincias Humanas e da NaturezaColeo Aprender e Saber Histria Livros Regionais 4 ou 5 anos1 ao 3 ano2 e 3 anos2 e 3 anos 4 e 5 anos4 e 5 anos4 e 5 anosXCOLX4 e 5 anos48719L132927891COL55 27890COL54Projeto Buriti Cincias27883COL61 27882COL62So Paulo Pernambuco Rio de Janeiro48698L5629 48700L5629 48699L5629 27764COL57 27765COL58 34Pensamento Acadmicoilustrao jonatan sarmentoUm panorama das avaliaes nacionais do Ensino BsicoARTIGOCipriano LuckesiMais que avaliar a aprendizagem dos alunos, as avaliaes externas precisam ser vistas por toda a rede pblica como instrumentos de diagnstico da qualidade da realidade da escola nobrasil,apartirdosanos1980,assimcomonomundo, passou-se a compreender que o fracasso escolar no de res-ponsabilidade exclusiva do educando, como vem sendo assu-midoaolongodotempo,masdoprpriosistemadeensino. Essa compreenso conduziu a prticas avaliativas denomina-das de larga escala.Importa, de incio, compreender que a avaliao no um ato regulatrio, em si mesma. Ela oferece bases para atos regu-latrios, que so de responsabilidade de quem decide e age (ou determina a ao), usando, para tanto, os resultados obtidos na investigao avaliativa.DIAGNSTICO,REALIDADE RESULTADO 35Assim compreendendo, a avaliao de larga es-cala soma-se avaliao da aprendizagem, tendo em vista garantir o sucesso do ensino.Ento,parasecompreenderesseprocesso,im-porta um entendimento do ato de avaliar, seus ob-jetos e, a seguir, compreender a avaliao do Ensino BsiconoBrasilemlargaescala,incluindoanova Avaliao Nacional da Alfabetizao ANA.O ATO DE AVALIAR EM EDUCAO E SEUS OBJETOS DE ESTUDOOatodeavaliartemporobjetivoinvestigara qualidadedarealidade,oquesignicaquees-tabeleceumdiagnstico.Paratanto,deveseguir passos metodolgicos, que so: 1Descrever a realidade que est sendo investigada; 2Qualicar essa realidade com base na sua descritiva.Quantoaoprimeiropasso,nohinvestiga-osemdescriodarealidade.Paradescrever a realidade, h necessidade de coletar dados ob-jetivosquecaracterizemoobjetodeinvestiga-olevando-seemconsideraoumconjunto devariveis,quesistematicamentecubratodas assuasfacetas,detalformaqueopesquisador tenha uma viso precisa dos contornos reais da-quilo que est investigando. Paraprocederaessadescritiva,importaqueo pesquisador tenha um plano prvio da investigao, assim como de efetivamente realiz-la, o que implica: 1Ter clareza sobre o que pretende investigar (ob-jeto da investigao); 2Denirasvariveisquelevaremconsiderao, tendoemvistaobterumadescritivasistemtica (cobrir todas as nuances da realidade); 3Estabelecer e elaborar instrumentos, metodolo-gicamente adequados, para a coleta de dados;4Coletar cuidadosamente os dados que subsidia-ro a descrio da realidade investigada.O segundo passo do ato de avaliar qualicao da realidade investigada signica proceder a uma atribuio da qualidade realidade, que ocorre pela comparao entre a realidade descrita e um critrio (padro) de qualidade assumido como satisfatrio. Casoosdadosdarealidadedescritapreenchama conguraodocritrio,arealidadeserconside-rada com qualidade satisfatria; caso no preencha, ser considerada insatisfatria.Osexemplosdocotidianosomuitos:Qualo critrio para se armar que o modo como um mo-toristadirigeseuautomvelsatisfatrio?Qualo critrio para se armar que os desenhos de plantas deumarquitetososatisfatrios?Qualocritrio parasearmarqueaaprendizagemdeumestu-danteemrelaoaocontedodaadioemma-temtica satisfatria? O critrio (padro) de qualidade deve preexistir descrio da realidade, pois servir de parmetro para indicar a sua qualidade.Ospadresdequalidadepodemvariarparamaisoupara menosemconformidadecomnecessidadeseexignciasre-lativasaoobjetoemavaliao.Podemsermais,oumenos, exigentes. Essa variao tem a ver tanto com as necessidades paraasquaissedestinamosobjetoseminvestigao,como tambmemfunodoscontextossocioculturaisemquese do. Em determinadas circunstncias, uma soluo aceitvel ser satisfatria, mas, em outras, uma determinada soluo s ser satisfatria caso seja uma soluo plena.Ento, a avaliao produz um diagnstico e, nele propria-menteencerra-seoprocessodoatodeavaliar.Opassoa mais, que a tomada de deciso, no pertence avaliao, mas gesto. O diagnstico revela a qualidade da realidade. Cabe ao gestor decidir se aceita a realidade com a qualidade diagnosticada ou no. A regulao da realidade cabe ao ges-tor, como sinalizamos no incio deste texto. Assentado sobre o diagnstico, ele toma decises, isto , escolhe o que fazer. Aceitaarealidadecomoestoudecideinvestirmaispara que atinja qualidade mais satisfatria?Na prtica educativa, as decises de interveno tero a ver comabuscadamelhoriadosresultados,nocaso,expressos pela aprendizagem dos estudantes, medida que ela revela o investimento, ou no, do sistema para obt-la. O sistema est congurado pela sala de aula e por tudo o mais que a sustenta, desde a Presidncia da Repblica ao professor.Emsntese,aavaliaosubsidiadecises.Elanoresolve problemas;quemtemessaresponsabilidadeogestor,que devetomardecisesdeintervir,senecessrio,combaseno diagnstico estabelecido.Quantoaosobjetosdainvestigaoavaliativa,importa observarqueoseuconceito,osseuspassosmetodolgicos, assimcomooseuusonatomadadedeciso,souniversais, isto , valem para qualquer prtica de avaliao. O que efetiva-mente se modica objeto de estudo da avaliao.Emordemcrescente,sotrsosobjetosfundamentais dasinvestigaesavaliativas:odesempenhodosestudan-tes em suas aprendizagens, a instituio escolar onde ocor-reoensino-aprendizagemeosistemadeensino(munici-pal, estadual e federal).Nessa escala crescente de complexidade, o primeiro objeto dainvestigaoavaliativanaeducaoformalodesempe-nhodosestudantesemsuaaprendizagem.Oobjetivobsico daeducaoinstitucionalizadadequeosestudantesque compemosistemaaprendenteaprendamonecessrio doscontedossocioculturaisacumuladospelahumanidade. Emltimainstncia,aqualidadedoseudesempenhoque revela a qualidade do sistema. Pelos frutos, conhecereis a r-vore,dizopreceito.Paratanto,nocontrapontodosistema aprendente,hnecessidadedequeosistemaensinante escola,sistemamunicipal,estadualefederaldeensinoga-ranta polticas pblicas de ensino adequadas s necessidades 36Pensamento Acadmicopresentes como condies para que o ensino efetivamente se viabilize nas unidades escolares.O desempenho dos estudantes na escola ser objeto da in-vestigao avaliativa denominada de avaliao da aprendiza-gem dos estudantes. Do lado do sistema ensinante, o primeiro objetodaavaliaodelargaescaladeveserodesempenho do educador em sala de aula. Ele o primeiro elo do sistema ensinante na relao direta e imediata com os alunos. Seu de-sempenhopodeseravaliadoporcurvasestatsticassimples ou complexas que revelem o quanto e com que qualidade os estudantes aprenderam o que deveriam ter aprendido. A com-petnciaeecinciadoeducador,nocaso,expressapela qualidade da aprendizagem dos seus estudantes.Acima do professor, em termos de complexidade, deve ser objeto de investigao avaliativa a instituio escolar. den-tro dela que ocorre o ensino-aprendizagem, da a necessida-de de saber a qualidade de seu desempenho como instituio queoferecesuporteparaqueeducadoresemsaladeaula possam realizar o seu desempenho a contento.Seguindo a linha de complexidade, no contexto do ensino pblico, as escolas compem um conjunto de instituies es-colares, organizadas e administradas pelo municpio. Ento, importa assumir o sistema municipal de ensino como objeto de avaliao, j que este deve ser suporte para as escolas sob suajurisdio.Osistemamunicipaldeensinoefetivamente cumpre e atende essa funo? Como?Maiscomplexoqueomunicpiooestado,queenglo-baemseuespaojurdicotodasasinstituiesdestinadas educaoformal,sejamelasassuasprpriasinstituies, sejamasdaadministraomunicipal,sejamasdeadminis-trao particular.E,porltimo,nonvelmaisabrangentedopas,vema avaliaodosistemanacionaldeensino,emsuasdiversas facetas:EducaoInfantil,EnsinoFundamental,Mdio,Su-perior, Ps-graduao.A Avaliao Nacional da Alfabetizao (ANA), objeto fo-cal deste texto e da qual passaremos a tratar a seguir, situa-se no mbito da avaliao do sistema nacional de ensino.AVALIAO DE LARGA ESCALA E A ANAAavaliaodelargaescalacompreendequeosre-sultadossatisfatriosouinsatisfatriosdoensino comprometemtodoosistemadeensinoenoex-clusivamenteosestudantes,comoseexpressano senso comum, quando se diz que os estudantes no estudam mais como antigamente. A partir dos anos 1980,nomundoenoBrasil,passou-seaentender que os resultados, bem ou malsucedidos no mbito da educao formal, tm a ver tanto com o sistema aprendentequantocomosistemadeensinante. Primordialmente, tem a ver com a qualidade do sis-temadeensino,desdequeosalunospassempela ao de ensinar, de responsabilidade do sistema de ensino. Para que ele possa garantir que ensina, im-porta que os estudantes revelem que aprenderam.Naperspectivadetercinciadaqualidadedo sistemadeensino,apartirdosanos1990,surgem as prticas avaliativas do ensino em escala interna-cional,sendooPisa(ProgrammeforInternational Student Assessment), a investigao avaliativa mais conhecida, nesse nvel de abrangncia. Sob a coor-denaodaOCDEOrganizaoparaaCoopera-oeDesenvolvimentoEconmico,oPisareali-zado a cada trs anos e expressa um ranqueamento dospasesvinculadosnoqueserefereaprendi-zagem em Lngua Nacional, Matemtica e Cincias.Tambm desse perodo o incio, propriamente dito, da prtica de avaliao em larga escala da edu-caonoBrasil.Em1989,ocorreaprimeiraava-liaodelargaescalanopas,aplicadaaoEnsino Fundamental,coordenadapelaSenebSecretaria Nacional de Educao Bsica. Em 1991, estabelece-seoSaeb(SistemadeAvaliaodaEducaoB-sica),comooresponsvelpelaavaliaoemlarga escala desses nveis de ensino. No ano de 2005, as prticas avaliativas do Saeb sofreram modicaes, passando a existir a Avalia-oNacionaldoEnsinoBsico(Aneb),executada poramostra,comoobjetivodeproduzirinforma-es sobre as condies de realizao da educao brasileira,eaAvaliaoNacionaldoRendimento Escolar(Anresc),comabrangnciauniversalini-cialmente sobre as escolas pblicas e vagarosamen-te cobrindo todas as escolas brasileiras, inclusive as particulares,comoobjetivodeproduzirinforma-es sobre o rendimento escolar dos estudantes dos ensinosFundamentaleMdionopas.Duasper-guntas em busca de respostas: Qual a qualidade da aprendizagemdosestudantesdosensinosFunda-mental e Mdio no Brasil? As condies oferecidas paraoensinososucientesparaqueseobtenha o desempenho satisfatrio esperado e desejado dos estudantes em suas aprendizagens? 37Porltimo,comainstitucionalizaodoPnaic (Pacto Nacional pela Alfabetizao na Idade Certa) tambm se estabelece a Avaliao Nacional da Alfa-betizao ANA.Dessaforma,oSaebpassouatertrsfocosde avaliao da larga escala: Aneb (Avaliao Nacional doEnsinoBsico),Anresc(AvaliaoNacionaldo RendimentoEscolar),conhecidacomoProvaBra-sil, e ANA (Avaliao Nacional da Alfabetizao).O Pacto compromete o sistema nacional de en-sino,assimcomooseducadoresqueocompem, aefetivamentealfabetizaremLnguaNacionale Matemtica as crianas do pas at os oito anos de idade, o que corresponde ao nal do 3o ano do Ensi-no Fundamental de nove anos. Tendo em vista a im-plantao bem-sucedida do Pnaic, a Portaria MEC 867 dene uma prtica de avaliao em larga esca-la, tendo em vista subsidiar a busca da qualidade do pactoeducacionalproposto.DizotextodaPorta-ria que ocorrer a realizao de avaliaes anuais universais,peloInstitutoNacionaldeEstudose Pesquisas Educacionais Ansio Teixeira Inep, para os concluintes do 3o ano do Ensino Fundamental, que corresponde ao Ciclo de Alfabetizao no siste-ma Nacional de Ensino.CONFIGURAO DA AVALIAO NACIONAL DA ALFABETIZAO (ANA)A Diretoria de Avaliao da Educao Bsica (Daeb), do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Edu-cacionais AnsioTeixeira(Inep),produziuumDo-cumentobsicoparadardireoAvaliaoNa-cional da Alfabetizao. Ele pode ser consultado em http://portal.inep.gov.br/web/saeb/ana.O documento dene o Inep como o responsvel pela avaliao da alfabetizao no Brasil, que, com caractersticasuniversais,temcomoobjetodein-vestigao tanto o desempenho dos estudantes em sua aprendizagem ao nal do 3o ano do Ensino Fun-damental quanto as condies das unidades escola-res para atender a essa determinao. Para praticar a ANA, o Documento bsico prev, de um lado, tes-tarodesempenhodosestudantesemsuaaprendi-zageme,deoutro,atravsdousodequestionrio, obter dados para avaliar as condies de ensino nas instituies escolares que atuam com alfabetizao.A meta de alfabetizar as crianas at o nal do ci-clo de alfabetizao expressa um propsito impor-tante e nada fcil de ser cumprido diante do quadro deanalfabetismopresentenopas,sejaentreos estudantesquepermanecemnaescola,sejaentre aqueles que desistiram dela.ODocumentobsicodemonstraatenopara comcrianasportadorasdenecessidadesespe-ciais, ao armar que o Inep prev na ANA o desenvolvimen-to de aes com vistas ao atendimento especco para alunos comnecessidadeseducativasespeciais.Nessesentido,vem discutindoodesenvolvimentodeestratgiasdistintas,tais como construo de matrizes especcas e elaborao de ins-trumentos adaptados. Do ponto de vista poltico, a ANA dever concorrer para a melhoria da qualidade do ensino e reduo das desigualdades, em consonncia com as metas e polticas estabelecidas pelas diretrizes da educao nacional.Finalmente,evitandoconfusesconceituais,oInepdene quea ANAnopoderserreduzidaauminstrumentopara medireclassicaralunos,escolaseprofessores,masdever possibilitaravericaodascondiesdeaprendizagemda leitura, escrita e matemtica no mbito do ciclo de alfabetiza-o do Ensino Fundamental.CONFIGURAO DA ALFABETIZAO NO OLHAR DO INEPComo marco terico, o Documento bsico dene que, mes-mo com as divergncias existentes a respeito dos conceitos relativos aos processos de alfabetizao e letramento, pos-svel armar que um indivduo alfabetizado no ser aquele quedominaapenasrudimentosdaleituraedaescritae/ou algunssignicadosnumricos,masaquelequecapazde fazer uso da lngua escrita e dos conceitos matemticos em diferentes contextos.Quanto alfabetizao em lngua nacional, em stricto sen-su,armaqueelapodeserdenidacomoaapropriaodo sistema de escrita, que pressupe a compreenso do princpio alfabtico, indispensvel ao domnio da leitura e da escrita. O letramento, por sua vez, denido como as prticas e os usos sociais da leitura e da escrita em diferentes contextos.Todavia, para se considerar o indivduo como alfabetiza-do,importaampliaracompreensodaalfabetizaostricto sensu para a compreenso da mesma em sentido lato, a qual supenosomenteaaprendizagemdosistemadeescrita, mas tambm os conhecimentos sobre as prticas, usos e fun-esdaleituraedaescrita,oqueimplicaotrabalhocom todas as reas curriculares e em todo o processo do ciclo de alfabetizao.Dessaforma,aalfabetizaoemsentidolato se relaciona ao processo de letramento envolvendo as vivn-cias culturais mais amplas.Quanto Matemtica, o Documento diz que a alfabetizao em Matemtica pode ser conceituada como: o processo de or-ganizao dos saberes que a criana traz de suas vivncias an-teriores ao ingresso no ciclo de alfabetizao, de forma a lev-la a construir um corpo de conhecimentos matemticos articula-dos, que potencializem sua atuao na vida como cidado.INSTRUMENTOS PARA A COLETA DE DADOS PARA A ANAComopontodepartida,oDocumentobsicoesclareceque aavaliaoemlargaescalaapresentalimites,reconhecendo queelanoconsegueabordartodasasnuancesdoprocesso dealfabetizao,mas,poroutrolado,armaariquezadessa 38Pensamento Acadmicomodalidade de avaliao medida que contribui para um me-lhorentendimentosobreosprocessosdeaprendizagem,as-sim como a formulao ou reformulao de polticas voltadas para essa etapa de ensino.Quantoconguraodostestesparacoletardadosso-breodesempenhodosestudantesalfabetizados,oDocu-mentodizqueelestero20questes.NocasodeLngua Portuguesa,otestesercompostode17itensobjetivosde mltiplaescolhae3itensdeproduoescrita;e,nocaso de Matemtica, sero aplicados aos estudantes 20 itens obje-tivos de mltipla escolha.Quantoaousodequestesabertasnotestedelnguana-cional,oDocumentoexplicitaasrazeseosparmetrosque sero levados em considerao, tanto para elabor-las quanto para a leitura dos seus resultados, o que permite aos respons-veis pela alfabetizao educadores em sala de aula e estafe da administrao das unidades escolares terem cincia de suas metas de trabalho, o que implica em conscincia do qu e de como ensinar na alfabetizao.ODocumentodiz:ositensabertosaplicadosnotestede Lngua Portuguesa tm como intuito aferir o desenvolvimen-todashabilidadesdeescritadascrianasmatriculadasno3o ano do Ensino Fundamental. Mais especicamente, o objetivo desses itens ser vericar o desenvolvimento da habilidade de escrever palavras de forma convencional e de produzir textos.Contudo,osprossionaisdoIneptmclarezasobreos limites da avaliao de larga escala, quando registra no Do-cumento que precisamos estar atentos para o fato de que h aspectosdaavaliaoemlargaescalaquenoabarcam(...) a dimenso discursiva, sobretudo porque se trata de aplicar ummesmoinstrumento,emtodooterritrionacional,no contexto (inevitavelmente pouco natural) de uma avaliao formal. Por isso, a matriz (do teste) foi produzida a partir de conhecimentoslingusticospassveisdeseremexaminados com uma prova de avaliao em larga escala. E acrescentam que, de forma alguma, [ela] pode servir de parmetro para substituiraspropostascurriculares.Eacrescentamque este um dos tipos de avaliao e que as escolas dispem de outrosinstrumentosecontextosdeobservao diferentes e complementares aos da ANA. E ainda expressamumdesejoclarodeseesperarqueas crianasbrasileiraspossamvivenciaraprendiza-gensmuitomaisamplasdoqueamatrizda ANA considera.Reconhecem tambm a diculdade de se ava-liar crianas nesta faixa etria, o que demanda um cuidadoespecialeestratgiasmaisadequadas tantonaelaboraodositensdotestequantona aplicao da prova.Finalmente, rearmando a necessidade de cui-dadosnaaplicaodostestes,relembramaim-portnciadequeprofessores,escolasesistemas deensinoseapropriemdosprocessosdeavalia-o em sentido amplo , para que esses proces-sospossamcumprirseupapel.Considerandoas especicidades da ANA, acima apontadas, sem-pre desejvel que o professor de cada turma esteja presente na aplicao do teste, no sentido de man-terumambienteconfortvelparaacrianaque estar sendo avaliada.CONCLUINDOE,porm,oDocumentoconcluiqueaotrazera avaliao e seus resultados para a unidade escolar, pretende-seoferecersubsdiosparaaorientao dasprticaspedaggicas,paraoprojetopoltico--pedaggico,paraosprocessosdegestoepara oacompanhamentodotrabalhodealfabetizao. Busca-se,comisso,qualicaraapresentaodos dados,respeitandooprocessodecadainstituio escolar,acomunidadeemqueestinseridaeos diversos indicadores que podem contribuir para a melhoria da qualidade da educao bsica, em ge-ral, e do processo de alfabetizao, em particular.Importa estarmos conscientes de que os pros-sionais do Inep tm clareza sobre as possibilidades e limites da avaliao de larga escala, o que convida a ns, educadores, a colaborarmos com esses pro-cessos, como avaliadores, aplicando os instrumen-tos, e como gestores, servindo-nos dos seus resul-tados para uma melhoria efetiva dos resultados de nossa ao pedaggica individual e coletiva. cipriano carlos luckesi Doutor em Educao, Filosoae Histria da Educao, pela PontifciaUniversidade Catlica de So Paulo(PUC/SP), e autor de livros que soreferncia em Avaliao Educacional. 39POR Editora ModernaLinha de RaciocnioOs novos caminhos da Matemtica 40Ns, da Editora Moderna, temos o compromisso de valorizar a educao de qualidade na fase da alfabetizao matemtica, com real signicado para as novas geraes. Por isso, elaboramos algumas dicas e orientaes para potencializar o trabalho de formao proposto pelo Pacto Nacional pela Alfabetizao na Idade Certa (Pnaic).a matematica surgiu em razo das necessidades prticas da humanidade decorrentes do contar e medir , bem como da satisfao pessoal diante do belo e do esttico na observao e/ou na transformao do meio em que se vivia. Esses saberes advindosdaexperinciaforamseacumulandoesetransfor-mando em uma produo cientca que reconhecemos como Matemtica. A questo que se coloca : ser que podemos falar queexisteumarelaodiretaentreamatemticaescolarea matemtica cientca? Acreditamos que a natureza do conhe-cimentomatemticopresentenaescolamuitodiferenteda presente no mundo cientco. necessrio considerar que as aproximaes so possveis em termos da forma e dos processos envolvidos e no do con-tedo propriamente dito, como destacam os Parmetros Cur-riculares Nacionais: esse processo de transformao do saber cientcoemsaberescolarnopassaapenaspormudanas de natureza epistemolgica, mas marcado signicativamente por condies de ordem social e cult