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    Educao

    Rev. PEC, Curitiba, v.3, n.1, p.85-93, jul. 2002-jul. 2003

    A Educao Fsica e sua Relao com a Psicomotricidade

    ngela Maria da Paz M olinari1

    Solange Mari Sens2

    Resumo

    A edu cao fsica, como ao psicomotora e por m eio da educao psicomotora, incentiva a p rtica do

    movimen to em todo o tran scur so de existncia do ser hu man o. Tal concepo fundamen ta-se nos

    conceitos da educao permanente, como u ma n ova forma de evento educativo que atualmente tende

    a revolucionar os sistemas edu cacionais de todo o m un do. Ela d iversifica-se em fun o das r elaes

    sociais, das idias mora is, das capacidades e da man eira de ser de cada u m, alm de seus valores;

    edu ca o movimento, ao mesmo tempo em que p e em jogo as funes da inteligncia. A partir dessa

    posio, pod e-se ver a relao intrnseca das funes motoras cognitivas e que, tambm p ela afetividade,

    encaminha o movimento.

    Palavras-chave: psicomotricidade; edu cao fsica; educao psicomotora; afetividade; funo motora.

    1 Graduada em Educao Fsica pela FURB e ps-graduada em Cincia do Movimento Humano pelo InstitutoBrasileiro de Extenso e Ps-Graduao (IBPEX). Professora de Educao Fsica do Colgio Bom Jesus e tcnica,professora e rbitra de ginstica rtmica.E-mail: a ngelam [email protected]

    2 Graduada em Educao Fsica pela FURB e ps-graduada em Treinamento Desportivo pela FURB. Professora deEducao Fsica do Colgio Bom Jesus e tcnica e professora de voleibol e atletismo.E-ma il: [email protected]

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    Introduo

    Historicamente, a educao fsica tem priorizado e enfatizado a dimenso biofisiolgica.

    Entretanto, a par tir da metad e do sculo entra em cena a psicomotricidad e, de forma m uito atuante e

    com um a viso de cincia e tcnica. Novas questes, advindas d a percepo da comp lexidad e das

    aes humanas, tm sido trazidas p or esse outro camp o cientfico. Passa-se a observar a ed ucao

    fsica a par tir de u ma viso mais ampla, em que o hom em, cada vez m ais, deixa d e ser percebido como

    um ser essencialmen te biolgico para ser concebido segund o um a viso mais abrangente, na qual se

    considera o processo social, histrico e cultu ral.

    Os temas sobre a psicomotricidad e eram abordados excepcionalmente em p esquisas tericas

    fixadas no d esenvolvimen to motor d a criana. Com o temp o, as pesqu isas passaram a abranger a

    relao entre o atraso no desenvolvimento motor e o intelecto da criana. Seguiram-se outros estud ossobre o desenvolvimento d a habilidade m anual e d a aptido m otora em funo da idad e. Nos dias

    atuais, os estud os ultrapassam os p roblemas motores. Pesquisam-se as ligaes com estru turao

    espacial, orientao temporal, lateralidade, dificuldades escolares enfrentadas por crianas com

    inteligncia normal.

    O ser hum ano um complexo de emoes e aes, propiciadas por meio do contato corporal nas

    atividades p sicomotoras, que tam bm favorecem o desenvolvimento afetivo entre as p essoas, o contato

    fsico, as emoes e aes. A p sicomotricidad e contribui de maneira expressiva p ara a formao e

    estrutu rao do esquema corporal, o que facilitar a orientao espacial. A educao fsica e sua

    relao com a psicomotricidade esto baseadas nas necessidades das crianas. Com a educao

    psicomotora, a ed ucao fsica p assa a ter como objetivo principal incentivar a p rtica d o movimento

    em todas as etapas da vida de u ma criana.

    O que Psicomotricidade

    A psicomotricidade, nos seus primrdios, compreendia o corpo nos seus aspectos

    neurofisiolgicos, anatmicos e locomotores, coordenand o-se e sincronizand o-se no espao e no tempo,para emitir e receber significados. Hoje, a psicomotricidade o relacionar-se atravs d a ao, como u m

    meio de tom ada de conscincia que un e o ser corpo, o ser mente, o ser esprito, o ser natu reza e o ser

    sociedade. A psicomotricidad e est associada afetividad e e personalidad e, porqu e o indivduo

    utiliza seu corpo para demonstrar o que sente, e uma pessoa com problemas motores passa a apresentar

    problemas de expresso. A psicomotricidade conquistou, assim, uma expresso significativa, j que se

    tradu z em solidar iedade p rofunda e original entre o pensamento e a atividade motora. Vitor da Fonseca

    (1988) comenta que a psicomotricidade atualmente concebida como a integrao superior da

    motricidad e, produ to de uma relao inteligvel entre a criana e o meio. um instrumento privilegiado

    atravs d o qu al a conscincia se forma e se ma terializa.

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    Conceitos de Psicomotricidade

    Diversos autores ap resentaram conceitos relacionad os p sicomotricidad e. Para Pierre Vayer

    (1986), a educao psicomotora uma ao ped aggica e psicolgica qu e utiliza os meios da edu cao

    fsica com o fim d e normalizar ou melhorar o comp ortamen to da criana.

    Segundo Jean Claud e Coste (1978), a cincia encruzilhada, onde se cruzam e se encontram

    m ltiplos pontos de vista biolgicos, psicolgicos, psicanalticos, sociolgicos e lingsticos.

    Para Jean de Ajuriagu erra (1970), a cincia do pensam ento atravs do corpo preciso, econmico

    e harm onioso.

    E Sidirley de Jesus Barreto (2000) afirma qu e a integrao do indivduo, utilizando, pa ra isso,

    o movimento e levando em considerao os aspectos relacionais ou afetivos, cognitivos e motrizes. a

    edu cao p elo movimento consciente, visando melhorar a eficincia e d iminuir o gasto energtico.

    Educao do Movimento

    Mesmo em meio a tan tos conceitos, pode-se d izer que existe um a coerncia na cincia. No

    mom ento em qu e a psicomotricidad e educa o movimento, ela ao mesmo tem po coloca em jogo as

    funes da inteligncia. A partir dessa posio, observa-se a relao p rofund a d as funes motoras

    cognitivas e qu e, tambm p ela afetividad e, encaminha o movimento.

    Fonseca (1988) comen ta que O movimento hum ano constru do em fun o de um objetivo. A

    partir de um a inteno como expressividade ntima, o movimento tran sforma-se em comportamento

    significante. O movimento hu man o a parte m ais ampla e significativa do comp ortamen to do ser

    human o. obtido atravs de trs fatores bsicos: os msculos, a emoo e os nervos, formados p or um

    sistema de sinalizaes que lhes permitem atu ar d e forma coordenada . O crebro e a m edu la espinhal

    enviam aos msculos pelos seus mecanismos cerebrais ordens para o controle da contnu a atividade

    de m ovimento com especfica finalidad e e den tro das condies ambientais. Essas ordens sofrem as

    influncias do m eio e do estado emocional do ser hu mano (BARROS; NEDIALCOVA , 1999).

    A un idad e bsica do movimento, que abrange a capacidade d e equilbrio e assegura as posiesestticas, so as estruturas psicomotoras. As estruturas psicomotoras definidas como bsicas so:

    locomoo, manipulao e tnus corporal, que interagem com a organizao espao-temporal, as

    coordenaes finas e amp las, coordenao culo-segmentar, o equ ilbrio, a lateralidad e, o ritmo e o

    relaxamento. Elas so traduzidas pelos esquemas posturais e de movimentos, como: andar, correr, saltar,

    lanar, rolar, rastejar, engatinhar , trepar e outras consideradas superiores, como estender, elevar, abaixar,

    flexionar, rolar, oscilar, suspend er, inclinar, e outros movimentos que se relacionam com os movimentos

    da cabea, pescoo, mos e ps. Esses movimentos so conhecidos na educao fsica como movimentos

    natu rais e espontneos da criana. Baseiam-se nos diversos estgios do desenvolvimento psicomotor,

    assumindo caractersticas qualitativas e quantitativas diversas (BARROS, 1972).

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    O movimen to refere-se, geralmente, ao deslocamen to do corpo como um tod o ou dos membros,

    prod uzido como um a conseqncia do padro espacial e temporal da contrao mu scular. Movimento

    o deslocamento d e qualquer objeto e na p sicomotricidad e o importante no o movimento d o corpo

    como o de qu alquer ou tro objeto, mas a ao corporal em si, a un idade biopsicomotora em ao.

    Os movimentos podem ser involun trios ou voluntrios. Movimentos involuntrios so atos

    reflexos, comandados p ela substncia cinzenta d a med ula, antes de os impu lsos nervosos chegarem

    ao crebro. Os movimentos involuntrios so os elementares inatos e adqu iridos. Os inatos so aqu eles

    com os qua is nascemos e so rep resentados pelos reflexos, que so respostas caracterizadas p ela

    invariabilidad e qualitativa de sua produ o e execuo.

    Movimentos e expresses involuntrias, muitas vezes, esto p resentes em d eterminadas aes

    sem que o executante os perceba. Esses movimentos so desencadead os e manifestados pelo corpo no

    momento em que realiza determinados atos voluntrios.Os automatismos adquiridos so os reflexos condicionados, que ocorrem devido aprend izagem

    e que formam os hbitos, os quais, quand o bons, pou pam temp o e esforo, porm , se exagerad os,

    eliminam a criatividad e. Os hbitos podem ser passivos (adap tao biolgica ao seu ecossistema) ou

    ativos (comer, and ar, tocar instrum entos). Os reflexos condicionados so produzidos desde as primeiras

    semanas d e vida. Esses reflexos condicionad os geralmente comeam como atividad e voluntr ia e,

    dep ois de apr end idos, so mecanizados.

    Para a execuo do ato voluntr io exige-se um certo grau d e conscincia e de r eflexo sobre

    finalidad es, entretanto, a maior par te dos atos executad os na vida d iria relativamente au tomtica.

    Para a a tividade v oluntria cotidiana, faz p arte uma srie de reflexos automticos e instintivos os

    quais, na prtica, no podem ser bem diferenciados. A freqente repetio de atitudes volun trias

    acaba por transformar-se em atos au tomticos.

    Psicomotricidade e Afetividade

    Associada psicomotricidad e, est a afetividade. A criana utiliza seu corpo para d emonstrar

    o que sente. Desde o nascimento, a criana passa p or d iferentes fases nas qu ais adqu ire conhecimentos

    e passa por d iversas experincias at ento chegar a sua vida ad ulta.As p rimeiras reaes afetivas d a

    criana envolvem a satisfao de suas necessidad es e o equ ilbrio fisiolgico.

    Segundo Lapierre e Aucouturier (1984), Durante o seu desenvolvimento, aparecem os fantasmas

    corporais que limitam su as expresses devido falta d e contato corporal dos p ais com os filhos. A

    afetividad e indispensvel para o d esenvolvimento da criana e ao equilbrio psicossomtico. Como

    esse contato corporal tende a diminu ir com o passar d o tempo, cria-se um grand e problema para o

    desenvolvimento da criana.

    recomendad o aos pais que mantenham o contato corporal atravs do toque d urante toda a

    vida d a criana (CHICON, 1999), pois isso certamen te levar a u ma evoluo psicomotora e cognitiva

    da criana. necessrio que toda criana passe por todas as etap as em seu d esenvolvimento.

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    Hen ri Wallon (1971) diz que o movimento hum ano sur ge das emoes, que a criana pura

    emoo duran te uma longa fase de sua vida. A afetividade compreende o estado de n imo ou humor,

    os sentimentos, as emoes, as paixes, e reflete sempre a capacidad e d e experimentar sentimentos e

    emoes. ela quem d etermina a atitud e geral da p essoa diante de qu alquer experincia vivencial,

    percebe os fatos de maneira agradvel ou sofrvel, confere uma d isposio ind iferente ou entusiasmada

    e determina sentimentos que oscilam entre d ois plos, a depresso e a euforia. O modo d e relao do

    indivdu o com a vida se d atravs da tonalidade d e nimo em qu e a pessoa perceber o mun do e a

    realidade. Direta ou indiretamen te, a afetividad e exerce profund a influncia sobre o pensam ento e

    sobre toda a condu ta do indivduo.

    A Educao Fsica atravs da Educao Psicomotora na Formaoda Criana em Idade Escolar

    O trabalho da educao psicomotora com as crianas deve prever a formao de base

    indispensvel em seu desenvolvimen to motor, afetivo e psicolgico, dand o oportunidad e para qu e,

    por meio d e jogos, de atividad es ld icas, se conscientize sobre seu corpo. Atravs d a ed ucao fsica,

    a criana desenvolve suas aptides perceptivas como meio de ajustamento do comportamento

    psicomotor. Para qu e a criana desenvolva o controle menta l de sua expr esso motora, a educao

    fsica d ever r ealizar atividad es consideran do seus n veis d e m aturao biolgica. A ed ucao fsica,na sua parte recreativa, proporciona a aprend izagem das crianas em vrias atividad es esportivas

    que ajud am na conservao da sad e fsica, mental e no equ ilbrio socioafetivo.

    A edu cao fsica escolar no deve ser totalmente d issociada do esporte, j que um de seu s

    objetivos consiste em promover a socializao e a interao entre seus alunos, proporcionadas

    reconhecidam ente pelo esporte. O grand e questionamento qu e se faz a respeito do esporte na escola

    que ele mu itas vezes transfere para o aluno um a carga de responsabilidade alta em relao obteno

    de r esultados, o que afeta a criana psicologicamen te de u ma forma negativa. Por isso, as atividades

    recreativas e rtmicas poderiam ser consideradas como meios mais eficazes para promover essa

    socializao dos alunos qu e a edu cao fsica escolar tan to apregoa, uma vez que norm almente so

    realizadas em grupos, os quais obedecem ao princpio da cooperao entre seus componentes,

    estimulando assim a criana em sua apreciao do comportamento social, domnio de si mesmo,

    autocontrole e respeito ao prximo.

    Segun do Barreto (2000), O desenvolvimento psicomotor de sum a importncia na preveno

    de problemas da aprendizagem e na reeducao do tnus, da postura, da direcional idade, da

    lateralidad e e do ritmo. A edu cao da criana deve evidenciar a relao atravs do m ovimento de

    seu p rpr io corpo, levando em considerao sua idad e, a cultura corporal e os seus interesses. Essa

    abordagem constitui o interesse da educao psicomotora. A edu cao psicomotora p ara ser trabalhadanecessita que sejam u tilizad as as funes motoras, cognitivas, perceptivas, afetivas e sociomotoras.

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    A educao fsica pod e ser definida como ao psicomotora exercida pela cultura sobre a natu reza

    e o comportamento do ser hu man o. Ela diversifica-se em funo d as relaes sociais, das idias morais,

    das capacidad es e da m aneira de ser de cada u m, alm de seus valores. um fenmeno cultura l que

    consiste em aes psicomotoras exercidas sobre o ser hu man o de m aneira a favorecer determinad oscomportam entos, perm itind o, assim, as transformaes. A d iversificao d as cond ies sociais em

    cada nvel escolar e o respeito individu alidade d as crianas em cada processo de apren dizagem d e

    gestos e mov imentos esto sujeitos ao ritmo de ap rend izagem e s peculiaridades das relaes sociais

    que existem en tre os integrantes de cad a gru po ou classe escolar.

    As bases das formas de aprendizagem das atividad es fsicas de forma consciente, intencional e

    sensvel so estabelecidas e solidificadas na edu cao fsica. Essas atividades acompanham o ser

    human o de maneira contnua, atuando, sobretudo, nos nveis psicomotor, afetivo e no aprimoram ento

    do rendimento nos estgios de desenvolvimen to subseqentes. A edu cao fsica escolar est baseada

    nas necessidades da criana. Tem como objetivo principal, por meio da educao psicomotora,

    incentivar a prtica do movimento em tod as as etapas de sua vida. Falar da imp ortncia da edu cao

    fsica para a criana o m esmo qu e falar d a imp ortncia de ela se alimentar, dormir, brincar, ou seja,

    suprir todas as suas necessidades bsicas. O desenvolvimento global da criana se d atravs do

    movimen to, da ao, da experincia e da criatividad e, levand o-a a conseguir plena conscincia de si

    mesma; da sua realidad e corporal que sente, pensa, movimenta-se no espao, encontra-se com os

    objetos e gradativamen te distingue suas formas; e que se conscientiza das relaes de si mesma com o

    espao e o temp o, interiorizando, assim, a realidade.

    A educao psicomotora na pr-escola e sries iniciais do ensino fundamental atua como

    preveno. Com ela podem ser evitados vrios problemas como a m concentrao, confuso no

    reconhecimento de palavras, confuso com letras e slabas e outras dificuldades relacionadas

    alfabetizao. Uma criana cujo esquem a corporal m al formad o no coordena bem os movimentos.

    Suas habilidad es man uais tornam-se limitadas, o ato d e vestir-se e d espir-se torna -se d ifcil, a leitura

    perd e a harmon ia, o gesto vem aps a palavra e o ritmo de leitura no man tido ou, ento, paralisado

    no meio de u ma p alavra. As noes de esquema corporal tempo, espao, ritmo devem p artir de

    situaes concretas, nas quais a criana possa formar um esquema m ental que anteceda aprend izagem

    de leitura, do r itmo, dos clculos. Se sua lateralidad e no est bem definida, ela encontra problemas deordem espacial, no p ercebe diferena entre seu lado dom inante e o outro lado, no capaz de seguir

    um a d ireo grfica, ou seja, iniciar a leitura pela esquerda. Mu itos fracassos em matemtica, por

    exemplo, so p roduzidos pela m organizao espacial ou temp oral. Para efetuar clculos, a criana

    necessita ter pon tos de referncia, colocar n m eros corretamente, possuir n oo de coluna e fileira,

    combinar formas p ara fazer construes geomtricas.

    Segund o Staes e De Meu r (1984), o intelecto se constri a partir d a ativid ade fsica. As funes

    motoras (movimento) no pod em ser separad as do desenvolvimento intelectual (memria, ateno,

    raciocnio) nem d a afetividade (emoes e sentimentos). Para que o ato de ler e escrever se processe

    adequ adam ente, ind ispensvel o domnio de habilidades a ele relacionado, considerand o que essas

    habilidades so fund amen tais manifestaes psicomotoras.

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    Educao psicomotora a educao da criana atravs de seu prp rio corpo e d e seu movimento.

    A criana vista em sua totalidad e e nas p ossibilidades qu e apresenta em relao ao seu meio-ambiente.

    Assim, a edu cao fsica e a p sicomotricidade completam-se, pois a criana ao p raticar qualqu er

    atividade usa o seu todo; mesmo sendo regida, predominantemente, pelo intelecto. A educao

    psicomotora atinge a criana na su a totalidade.

    Staes e De Meu r (1984) comen tam que

    no incio da escolaridade aparecem as dificuldades escolares de muitas crianas. O problema no est no nvel de

    classe em que elas se encontram, mas no nvel da base. A estrutura da educao psicomotora centra-se no nvel

    da base, onde esto os elementos bsicos ou pr-requisitos que so as condies mnimas para uma boa

    aprendizagem.

    Atravs da edu cao psicomotora, a criana explora o ambiente, passa por experincias concretas,indispensveis ao seu d esenvolvimento intelectual, e capaz d e tomar conscincia de si mesma e do

    mun do qu e a cerca.

    A importncia da educao fsica para alunos de pr-escola at a quarta srie do ensino fundamental

    levou Le Boulch (1982) a justificar a introdu o da edu cao psicomotora no ensino fund amen tal.

    Nos casos em que as perturbaes do relacionamento fundamental entre o eu e o mundo so evidentes, a

    reeducao psicomotora s vezes permite obter resultados espetaculares. O que bem-sucedido com os

    deficientes poderia se impor tambm s pessoas normais durante o perodo de estruturao do seu esquema

    corporal: a psicocintica, que toma o aspecto de uma educao psicomotora, quando se aplica a crianasmenores de doze anos pode ser considerada como uma forma eletiva de educao fsica nesta idade.

    Relacionar-se com o outro na escola, atravs do ensino, fundamental. Esse relacionamento deve

    ser bem p roporcionado para que haja uma relao entre professor-aluno, aluno-aluno e aluno-professor.

    Nesse aspecto as atividades psicomotoras propiciam para a criana uma v ivncia com espontaneidade

    das experincias corporais, criand o um a simbiose afetiva entre professor-aluno, aluno-aluno e aluno-

    professor, afastand o os tabus e preconceitos que influenciam negativamente as relaes interpessoais.

    O d esenvolvimento psicomotor caracteriza-se por um a maturao que integra o movimento, o

    ritmo, a construo espacial; e, tambm, o reconhecimento dos objetos, das posies, da imagem e d o

    esquema corporal. As atividad es propostas na educao fsica atravs da edu cao psicomotora devem

    ocorrer com espontaneidade, pois quan do se d esenvolvem essas atividades com as crianas nota-se

    uma grand e receptividad e por parte delas, visto que ainda no adquiriram tonalidad es preconceituosas.

    As atividades que envolvem o toque de um a criana com a outra devem ser elaboradas e p ensadas,

    pois no to simp les execut-las, at porqu e muitos edu cadores tm d ificuldades de tocar algum ou

    deixar-se tocar.

    Bons exemplos de atividades fsicas so aquelas de carter recreativo, que favorecem a

    consolidao de hbitos higinicos, o desenvolvimento corporal e mental, a melhoria da aptidofsica, a sociabilizao, a criatividad e; tudo isso visando formao da sua personalidad e.

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