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EFEITOS DA RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA NA PERCEPÇÃO DO
CONSUMIDOR SOBRE PREÇO E VALOR: UM ESTUDO EXPERIMENTAL
Daniela Abrantes Ferreira Serpa
Instituto COPPEAD de Administração / UFRJ
Doutorado
Prof. Marcos Gonçalves Avila, Ph.D
Rio de Janeiro, 2006
ii
EFEITOS DA RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA NA PERCEPÇÃO DO
CONSUMIDOR SOBRE PREÇO E VALOR: UM ESTUDO EXPERIMENTAL
Tese submetida ao corpo docente do Instituto COPPEAD de Administração, da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor.
Aprovada por:
____________________________________________ - Orientador
Prof. Marcos Gonçalves Avila, Ph.D. – COPPEAD/UFRJ
____________________________________________
Prof. André Luiz Carvalhal da Silva, D.Sc. – COPPEAD/UFRJ
____________________________________________
Profa. Letícia Casotti, D.Sc. – COPPEAD/UFRJ
____________________________________________
Prof. Jorge Ferreira da Silva, D.Sc. – PUC-RJ
____________________________________________
Prof. José Afonso Mazzon, D.Sc. – USP
Rio de Janeiro
2006
iii
FICHA CATALOGRÁFICA
Serpa, Daniela Abrantes Ferreira. Efeitos da Responsabilidade Social Corporativa na Percepção do Consumidor Sobre Preço e Valor: Um Estudo Experimental / Daniela Abrantes Ferreira Serpa. Rio de Janeiro, 2006. xv, 176 p.; il. Tese (Doutorado em Administração) – Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, Instituto COPPEAD de Administração, 2004. Orientador: Marcos Gonçalves Avila 1. Comportamento do Consumidor. 2. Responsabilidade Social. 3. Percepção de Justiça do Preço – Teses. I. Avila, Marcos Gonçalves (Orient.). II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto COPPEAD de Administração. III. Título.
v
AGRADECIMENTOS Meus agradecimentos: Ao Professor Marcos Avila, pela valiosa orientação e por ter proporcionado os desafios que me fizeram aprender tanto, fazendo valer todo o tempo investido no desenvolvimento desta tese. À minha amiga querida Verônica Mayer, por tudo. Sem a sua ajuda eu certamente não teria chegado ao final. Ao Professor Kent Monroe, pela inestimável ajuda que me deu, nos momentos mais importantes. À Professora Letícia Casotti, pelas reflexões proporcionadas pelas nossas conversas, que ampliaram meu conhecimento sobre o comportamento do consumidor. E também, sobretudo, pelo carinho e apoio. Aos Professores Luiz Affonso Mazzon, Jorge Ferreira da Silva e André Carvalhal, pelo cuidado com que trataram o meu trabalho, e por todas as críticas e recomendações durante todo o processo de elaboração da tese, as quais me proporcionaram uma grande oportunidade de aprendizado. Ao Professor Hugo Azevedo, pelas valiosas contribuições para a análise e interpretação dos dados. A todos os meus colegas professores que gentilmente permitiram a aplicação dos questionários da pesquisa em suas turmas. Um agradecimento especial ao Professor Roberto Montezzano e ao Professor Luiz Flavio Autran, por todo apoio que me concederam. Por fim, mas não menos importante: Ao meu marido Sergio, que me ajudou de todas as formas possíveis durante os últimos quatro anos; ao meu filho Pedro, por inundar de alegria o meu dia-a-dia; e ao pequeno Dudu que, sempre tão calminho e bem humorado, dividiu a mãe com a tese durante todo o seu primeiro ano e meio de vida.
vi
RESUMO
SERPA, Daniela Abrantes Ferreira. Efeitos da Responsabilidade Social Corporativa na
Percepção do Consumidor Sobre Preço e Valor: Um Estudo Experimental. Orientador:
Marcos Gonçalves Avila. Rio de Janeiro: UFRJ/COPPEAD, 2006. Tese (Doutorado em
Ciência da Administração).
Os consumidores vêm demonstrando uma preocupação crescente com os impactos sociais e ambientais das ações empresariais. Neste contexto, a responsabilidade social corporativa (RSC) vem ganhando importância e gerando um debate significativo nos meios acadêmico e empresarial. Esta tese examinou a influência da RSC na decisão de compra dos consumidores. Especificamente, buscou-se investigar se a RSC influenciaria positivamente o benefício e o valor percebidos pelo consumidor na oferta da empresa, o julgamento da justiça do diferencial de preço cobrado por esta, e sua intenção de compra, em um contexto onde a empresa socialmente responsável pratica um preço mais alto do que a concorrência. Investigou-se também se uma ação social, apoiada pela empresa, com impacto direto na vida do consumidor teria um efeito maior em suas reações do que uma ação social de impacto indireto. A fundamentação teórica sobre o tema foi desenvolvida a partir da análise dos estudos sobre RSC e comportamento do consumidor feitos da última década e do modelo teórico do valor percebido. Esta fundamentação gerou algumas propostas conceituais, traduzidas em um conjunto de hipóteses, que foram testadas através de metodologia experimental, com uso de cenários de pesquisa. Como parte do estudo, foi elaborada e testada uma escala de medida para a variável benefício percebido, inexistente na literatura. Os resultados obtidos indicaram que os consumidores pesquisados perceberam um benefício e um valor maiores na oferta da empresa socialmente responsável, e mostraram-se dispostos a pagar 10% a mais pelo seu produto, julgando este diferencial de preço como justo, em um contexto onde havia outras opções de produtos semelhantes. Além disso, a ação social geradora de um impacto direto na vida do consumidor influenciou mais positivamente suas reações do que a ação social geradora de um impacto indireto.
vii
ABSTRACT
SERPA, Daniela Abrantes Ferreira. Effects of Corporate Social Responsibility on
Consumer´s Perception of Price and Value: An Experimental Study. Chairman: Marcos
Gonçalves Avila. Rio de Janeiro: UFRJ/COPPEAD, 2006. Dissertation.
Consumers have been showing a growing concern about the social and ambiental impacts of corporate actions. In this scenario, corporate social responsibility (CSR) is gaining importance and generating a significant debate in academic and managerial fields. This study investigated the impact of CSR in consumers´ buying decision. Specifically, it has investigated if CSR would have a positive influence on the perceived bene fit and on the perceived value in a firm’s offer, the fairness judgment about the price difference charged by this firm, and the buying intention, in a scenario where the socially responsible firm charges a higher price than its competitors´. This study has also investigated if a social action supported by a firm, with a direct impact on consumers’ life would have a greater effect in their reactions than a social action that has an indirect impact. The literature review was developed based on the studies about CSR and consumer behavior accomplished on the last decade, and was based on the theoretical model of perceived value. Some conceptual propositions were formulated and translated into five hypotheses, which were tested by experimental methodology, using research scenarios. As a part of the study, a scale for perceived benefit, something that had not been done before, was developed. The results pointed that consumers perceived a greater benefit and a greater value in the socially responsible firm’s offer, and were willing to pay 10% more for its product, judging this price difference as fair, in a scenario where he or she had other options of similar products. Furthermore, the social action that had a direct impact on consumer’s life influenced with greater intensity his or her reactions than the social actions that had an indirect impact.
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Valor Percebido .............................................................................................. 28
Figura 2: Modelo Proposto ............................................................................................. 37
Figura 3: Manipulação das Variáveis Independentes nos Grupos de Pesquisa .............. 45
Figura 4: Definição Conceitual da Escala de Benefício Percebido .................................. 54
Figura 5: Comparação dos Grupos de Pesquisa ............................................................. 63
ix
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Valor Percebido vs. Benefício Percebido ....................................................... 105
Gráfico 2: Valor Percebido vs. Justiça Percebida do Preço ............................................. 106
Gráfico 3: Intenção de Compra vs. Valor Percebido ....................................................... 106
x
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Atitudes Empresariais Mais Valorizadas pelos Consumidores Brasileiros ..... 11
Tabela 2: Quadro-Resumo de Pesquisas sobre Responsabilidade Social Corporativa e Comportamento do Consumidor ...................................................................................... 18
Tabela 3: Principais Procedimentos Estatísticos por Hipótese de Pesquisa .................... 66
Tabela 4: Estatísticas Descritivas para Responsabilidade Social Corporativa, Realismo e Compreensão do Cenário e Impacto da Ação Social (Pré-Teste) ................................. 72
Tabela 5: Teste de Kruskal-Wallis para Responsabilidade Social Corporativa (Pré-Teste) ................................................................................................................................ 72
Tabela 6: Teste de Mann-Whitney U para Impacto da Ação Social (Pré-Teste) ............. 73
Tabela 7: Teste Kruskal-Wallis para Realismo e Compreensão do Cenário (Pré-Teste) 74
Tabela 8: Quantidade de Questionário por Cenários ....................................................... 75
Tabela 9: Dados Demográficos da Amostra .................................................................... 76
Tabela 10: Análise Fatorial Exploratória – Escala de Benefício Percebido (Pré-Teste) 78
Tabela 11: Matriz de Correlação – Itens da Escala de Benefício Percebido (Pré-Teste) 79
Tabela 12: Análise Fatorial Exploratória – Escala de Benefício Percebido (Experimento) .................................................................................................................. 80
Tabela 13: Matriz de Correlação – Itens da Escala de Benefício Percebido (Experimento) .................................................................................................................. 81
Tabela 14: Análise Fatorial Exploratória – Escala de RSC ............................................. 82
Tabela 15: Análise Fatorial Exploratória: Escala de Realismo e Compreensão do Cenário............................................................................................................................... 83
Tabela 16: Análise Fatorial Exploratória – Escala de Justiça Percebida do Preço ........... 83
Tabela 17: Análise Fatorial Exploratória – Escala de Valor Percebido ........................... 84
Tabela 18: Análise Fatorial Exploratória – Escala de Intenção de Compra ..................... 85
Tabela 19: Análise Fatorial Exploratória – Escala de Comportamento Socialmente Responsável ...................................................................................................................... 85
Tabela 20: Índice KMO (Kaiser-Meyer-Olkin) e Teste de Esfericidade de Bartlett ........ 86
xi
Tabela 21: Alfa de Cronbach …………………………………………………………… 87
Tabela 22: Correlações entre Itens da Escala de Responsabilidade Social Corporativa .. 87
Tabela 23: Correlações entre Itens da Escala de Realismo e Compreensão do Cenário .. 88
Tabela 24: Correlações entre Itens da Escala de Justiça Percebida do Preço ................... 88
Tabela 25: Correlações entre Itens da Escala de Valor Percebido ................................... 89
Tabela 26: Correlações entre Itens da Escala de Intenção de Compra ............................. 89
Tabela 27: Correlações entre Itens da Escala de Comportamento Socia lmente Responsável ...................................................................................................................... 90
Tabela 28: Teste de Kolmogorov-Smirnov ...................................................................... 92
Tabela 29: Estatísticas Descritivas para Responsabilidade Social Corporativa, Realismo e Compreensão do Cenário e Impacto da Ação Social (Experimento) ............ 93
Tabela 30: Teste de Kruskal-Wallis para Realismo e Compreensão do Cenário (Experimento) ..................................................................................................... 94
Tabela 31: Teste de Kruskal-Wallis para Responsabilidade Social Corporativa (Experimento) ................................................................................................................... 95
Tabela 32: Teste de Mann-Whitney U para Impacto da Ação Social (Experimento) ...... 96
Tabela 33: Estatísticas de Assimetria e Curtose – Cenários 1 e 2 .................................... 97
Tabela 34: Estatísticas de Assimetria e Curtose – Cenários 3 e 4 .................................... 97
Tabela 35: Estatísticas de Assimetria e Curtose – Todos os Cenários ............................. 97
Tabela 36: Teste de Kolmogorov-Smirnov – Cenários 1 e 2 ........................................... 98
Tabela 37: Teste de Kolmogorov-Smirnov – Cenários 3 e 4 ........................................... 99
Tabela 38: Teste de Kolmogorov-Smirnov – Grupo Total ............................................... 99
Tabela 39: Estatísticas Descritivas das Variáveis por Cenário ......................................... 100
Tabela 40: Teste M de Box ............................................................................................... 101
Tabela 41: Teste de Levene .............................................................................................. 101
Tabela 42: MANOVA – Cenário 1 versus Cenário 2 ....................................................... 102
Tabela 43: Correlações entre as Variáveis Benefício Percebido e Valor Percebido ........ 107
Tabela 44: Correlações entre as Variáveis Justiça Percebida do Preço e Valor Percebido .......................................................................................................................... 107
xii
Tabela 45: Correlações entre as Variáveis Valor Percebido e Intenção de Compra ........ 108
Tabela 46: Estatísticas Descritivas das Variáveis por Cenário ......................................... 110
Tabela 47: Teste de Mann-Whitney U – Cenário 3 versus Cenário 4 .............................. 111
Tabela 48: Teste M de Box ............................................................................................... 113
Tabela 49: Teste de Levene .............................................................................................. 113
Tabela 50: MANOVA – Cenário 3 versus Cenário 4 ....................................................... 114
Tabela 51: Teste de Mann-Whitney U para Sexo – Grupo Exposto ao Cenário 1 ........... 116
Tabela 52: Teste de Mann-Whitney U para Sexo – Grupo Exposto ao Cenário 2 .......... 117
Tabela 53: Teste de Mann-Whitney U para Sexo – Grupo Exposto ao Cenário 3 ........... 118
Tabela 54: Teste de Mann-Whitney U para Sexo – Grupo Exposto ao Cenário 4 ........... 119
Tabela 55: Teste de Kruskal-Wallis para Idade – Grupo Exposto ao Cenário 1 .............. 120
Tabela 56: Teste de Kruskal-Wallis para Idade – Grupo Exposto ao Cenário 2 .............. 121
Tabela 57: Teste de Kruskal-Wallis para Idade – Grupo Exposto ao Cenário 3 .............. 122
Tabela 58: Teste de Kruskal-Wallis para Idade – Grupo Exposto ao Cenário 4 .............. 123
Tabela 59: Teste de Mann-Whitney U para Comportamento Socialmente Responsável – Grupo Exposto ao Cenário 2 ......................................................................................... 125
Tabela 60: Teste de Mann-Whitney U para Comportamento Socialmente Responsável – Grupo Exposto ao Cenário 3 ......................................................................................... 126
Tabela 61: Teste de Mann-Whitney U para Comportamento Socialmente Responsável – Grupo Exposto ao Cenário 4 ......................................................................................... 127
Tabela 62: Médias e Medianas para as Variáveis Dependentes por Categoria de Comportamento Socialmente Responsável – Grupo Exposto ao Cenário 2 .................... 128
Tabela 63: Médias e Medianas para as Variáveis Dependentes por Categoria de Comportamento Socialmente Responsável – Grupo Exposto ao Cenário 3 .................... 128
Tabela 64: Médias e Medianas para as Variáveis Dependentes por Categoria de Comportamento Socialmente Responsável – Grupo Exposto ao Cenário 4 .................... 129
Tabela 65: Teste de Kruskal-Wallis para Comportamento Socialmente Responsável .... 130
xiii
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1
1.1 Objetivo e Perguntas de Pesquisa ..................................................................... 3
1.2 Organização do Restante da Tese ..................................................................... 4
2 REVISÃO DE LITERATURA E REFERENCIAL TEÓRICO ................................ 6
2.1 Conceito de Responsabilidade Social Corporativa ........................................... 6
2.2 O Desenvolvimento da Pesquisa sobre Responsabilidade Social Corporativa e Comportamento do Consumidor .................................................................... 8
2.2.1 Principais Resultados de Estudos: Efeitos da Responsabilidade Social Corporativa na Atitude e Comportamento do Consumidor .................. 9
2.2.2 Principais Resultados de Estudos: Efeitos da Responsabilidade Social Corporativa nas Reações do Consumidor ao Preço ....................................... 12
2.3 Valor Percebido: Benefícios vs. Sacrifícios ..................................................... 28
2.3.1 O Papel da Responsabilidade Social Corporativa no Valor Percebido . 30
2.3.2 O Papel da Percepção de Justiça em Preços no Valor Percebido ......... 31
3 PROPOSTAS CONCEITUAIS E HIPÓTESES DE PESQUISA ............................. 36
3.1 Hipóteses de Pesquisa ....................................................................................... 38
3.1.1 Efeito da RSC no Benefício Percebido, na Justiça Percebida do Preço, no Valor Percebido e na Intenção de Compra ....................................... 38
3.1.2 Relação entre as Variáveis Benefício Percebido, Justiça Percebida do Preço, Valor Percebido e Intenção de Compra ..................................... 40
3.1.3 Efeito do Impacto da Ação Social no Benefício Percebido, no Valor Percebido, na Percepção de Justiça do Preço e na Intenção de Compra 42
4 METODOLOGIA DE PESQUISA E PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS ..... 44
4.1 Escolha da Metodologia .................................................................................... 44
4.2 Método .............................................................................................................. 44
4.3 Verificações ...................................................................................................... 51
4.4 Medição das Variáveis Dependentes ................................................................ 52
4.4.1 Benefício Percebido .............................................................................. 53
xiv
4.4.2 Justiça Percebida do Preço .................................................................... 56
4.4.3 Valor Percebido ..................................................................................... 57
4.4.4 Intenção de Compra .............................................................................. 57
4.5 Medidas de Possíveis Covariantes .................................................................... 58
4.6 Amostragem, Instrumento e Coleta de Dados .................................................. 59
4.7 Tratamento dos Dados ...................................................................................... 60
4.7.1 Avaliação das Escalas ........................................................................... 60
4.7.2 Teste das Hipóteses ............................................................................... 62
4.7.3 Outras Análises ..................................................................................... 66
4.8 Limitações da Pesquisa ..................................................................................... 67
5 RESULTADOS E ANÁLISES .................................................................................. 69
5.1 Pré-Testes .......................................................................................................... 69
5.2 Caracterização da Amostra de Pesquisa ............................................................ 75
5.3 Avaliação das Escalas ....................................................................................... 77
5.3.1 Escala de Benefício Percebido .............................................................. 77
5.3.2 Demais Escalas ..................................................................................... 81
5.4 Validação da Definição Operacional das Variáveis Independentes e Verificação do Realismo e Compreensão do Cenário ....................................... 90
5.5 Teste das Hipóteses ........................................................................................... 96
5.5.1 Preparação dos Dados ........................................................................... 96
5.5.2 Teste da Hipótese H1 ............................................................................ 100
5.5.3 Teste das Hipóteses H2, H3 e H4 ......................................................... 105
5.5.4 Teste da Hipótese H5 ............................................................................ 109
5.6 Análise das Possíveis Covariantes de Pesquisa ................................................ 115
6 CONCLUSÃO .................................................................................................. 132
6.1 Contribuições Substantivas e Teóricas ............................................................. 132
6.2 Contribuições Metodológicas ........................................................................... 136
xv
6.3 Implicações Gerenciais ..................................................................................... 137
6.4 Considerações Finais ......................................................................................... 140
6.5 Sugestões de Pesquisas Futuras ........................................................................ 141
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 143
ANEXO 1: Questionários Completos de Pesquisa ....................................................... 151
ANEXO 2 – Histogramas das Variáveis Responsabilidade Social Corporativa, Impacto da Ação Social e Realismo e Compreensão dos Cenários ............................. 167
ANEXO 3 – Normal Q-Q Plots das Variáveis Responsabilidade Social Corporativa, Impacto da Ação Social e Realismo e Compreensão dos Cenários ............................. 168
ANEXO 4 – Box-Plots das Variáveis Dependentes ..................................................... 169
ANEXO 5 – Histogramas das Variáveis Dependentes ................................................. 170
ANEXO 6 – Normal Q-Q Plots das Variáveis Dependentes ........................................ 174
1 INTRODUÇÃO
O ambiente de negócios atual apresenta importantes desafios para as empresas. Além
da busca pela conquista de níveis maiores de competitividade e produtividade, há uma
preocupação crescente com os impactos sociais e ambientais de suas ações. Neste contexto, a
responsabilidade social corporativa (RSC) vem ganhando importância e gerando um debate
significativo nos meios acadêmico e empresarial (Bhattacharya e Sen, 2004; Borger, 2001).
Mais recentemente, observa-se uma transformação no próprio conceito: de uma concepção
antes baseada na caridade e no altruísmo, para uma associação entre responsabilidade social e
estratégia empresarial. Em outras palavras, atuar como organização transformadora da
sociedade passou a ser considerado por muitas empresas como uma importante fonte de
vantagem competitiva. No ambiente internacional, a pressão para que as empresas exerçam
uma maior responsabilidade social tem sido crescente (Mohr e Webb, 2005; Bhattacharya e
Sen, 2004). No contexto brasileiro, uma variedade de publicações, seminários e prêmios sobre
RSC mostram a importância que este tema vem adquirindo1. O Instituto Ethos, entidade
privada brasileira, sem fins lucrativos, que reúne empresas em busca da adoção da RSC, foi
fundado em 1998 com 11 empresas associadas. Sete anos após sua fundação, este número
passou para mais de mil associados, o que denota um expressivo interesse das empresas no
tema. Aparentemente, os consumidores vêm cada vez mais conferindo às empresas uma
responsabilidade de geração de mudanças na sociedade, que vai além de gerar lucros,
empregos e pagar impostos (Serpa e Fourneau, 2004; Instituto Ethos, 2004).
1 Por ex.: Prêmio Ethos de Responsabilidade Social, promovido pelo Instituto Ethos; Guia da Cidadania Corporativa, editado pela Revista Exame/Ed. Abril; Gestão Social e Ambiental como uma subdivisão do Enanpad.
2
Uma questão delicada ligada à adoção de uma postura de RSC refere-se ao impacto na
lucratividade que esta postura pode acarretar. A RSC pode envolver uma estrutura de custos
diferenciada (Mohr e Webb, 2005) e, no ambiente competitivo atual, custos mais altos podem
significar ameaças à própria capacidade da empresa de se manter no mercado. Em
conseqüência, uma questão relevante se refere à possibilidade de repassar ao consumidor
custos incrementais devido ao estabelecimento de uma plataforma de RSC. Até que ponto isto
pode ser feito através de uma política de preço diferenciada? Os consumidores estão dispostos
a pagar mais por produtos de empresas socialmente responsáveis?
A literatura de RSC propõe que o consumidor percebe um benefício adicional na
compra de produtos que estejam associados à RSC (Strahilevitz, 1999; Smith, 1996). Este
trabalho alinha-se com esta corrente de pensamento, e sugere alguns desdobramentos, dentro
de um modelo mais amplo de entendimento da tomada de decisão do consumidor. Neste
modelo serão introduzidas quatro variáveis para explicar a relação entre a RSC e o
comportamento do consumidor: o benefício percebido na oferta da empresa socialmente
responsável, a percepção de justiça sobre o diferencial de preço cobrado por esta empresa, o
valor percebido nesta oferta e o impacto da ação social, apoiada pela empresa, na vida do
consumidor. No que se refere à percepção de justiça do preço, estudos anteriores têm
mostrado que o consumidor tende a aceitar preços mais altos que sejam acompanhados por
benefícios adicionais ou por aumento de custos da empresa, quando estes custos são derivados
de motivos considerados justos, razoáveis (Campbell, 1999b; Khaneman et al, 1986). A
proposta conceitual desta tese é que, em função do benefício adicional e da percepção de que
a RSC representa um motivo justificável para a prática de um preço mais alto do que a
concorrência, o consumidor perceberá um valor diferenciado na oferta da empresa
socialmente responsável e manifestará preferência por comprar o produto desta empresa,
mesmo pagando por ele um preço mais alto do que o da concorrência.
3
Esta proposta conceitual está organizada em um conjunto de hipóteses, tendo como
base o modelo teórico articulado por Monroe (2003) e Zeithaml (1988) – modelo do valor
percebido. As hipóteses foram testadas através de metodologia experimental, com uso de
cenários e questionários de pesquisa. Em relação à questão do benefício percebido, embora
exista na literatura a proposição de que o consumidor extrai benefícios adicionais ao comprar
de uma empresa que investe em RSC, não existem testes empíricos sobre essa relação. Como
parte do processo de desenvolvimento desta tese, será construída uma escala para medição do
benefício percebido, visando estabelecer empiricamente a relação entre a RSC e esta variável.
1.1 Objetivo e Perguntas de Pesquisa
Esta pesquisa tem como objetivo investigar a relação entre RSC e intenção de compra
do consumidor, num contexto onde a empresa pratica um preço maior do que o da
concorrência. A questão principal que norteia esta pesquisa é: Os consumidores estão
dispostos a pagar um preço mais alto pelos produtos de uma empresa que investe em RSC?
Mais especificamente, a pesquisa buscará responder às seguintes perguntas:
§ O consumidor percebe um benefício adicional na compra do produto de uma
empresa que investe em RSC?
§ O consumidor considera justo que este produto custe mais caro do que o da a
concorrência?
§ O consumidor percebe valor na oferta de uma empresa que investe em RSC,
mas cobra um preço mais alto por seu produto? Estaria disposto a comprar este
produto?
4
§ O tipo de ação social que a empresa apóia interfere nas reações dos
consumidores? Se, além de ter uma postura de RSC, a empresa investir em
uma ação social que tenha um impacto direto na vida do consumidor, isto se
reverte num benefício percebido, justiça percebida do preço, valor percebido e
intenção de compra ainda maiores?
A resposta a estas questões contribuirá para uma maior compreensão acerca da RSC e
de seus impactos no comportamento do consumidor. Apesar da relevância deste assunto ser
crescente, existe um hiato significativo em relação ao estudo desses impactos (Sen e
Bhattacharya, 2001; Litz, 1996). Considerando-se que o Brasil é um país com enorme
desigualdade de distribuição de renda, onde mais de um terço da população vive abaixo da
linha da pobreza, este assunto torna-se ainda mais relevante. O Governo brasileiro investe
quantias significativas na área social, mas estes investimentos não têm se mostrado eficazes
na solução dos problemas (Peixoto, 2004). Neste sentido, a iniciativa privada aparece como
uma alternativa no empreendimento de ações sistemáticas e eficazes para reduzir a situação de
desigualdade social no cenário brasileiro. Como as empresas dependem de seus consumidores
para se manter no mercado, é fundamental que se investigue qual a reação destes a uma
postura de RSC. Além disto, a compreensão da relação entre o comportamento socialmente
responsável das empresas e a decisão de compra dos consumidores tende a se tornar cada vez
mais relevante, na medida em que estes vêm buscando mais informações sobre seus direitos e
sobre a responsabilidade das empresas perante a sociedade (Titus e Bradford, 1996).
1.2 Organização do Restante da Tese
O capítulo 2 apresenta a revisão da literatura referente à área de RSC e comportamento
do consumidor, com ênfase em estudos que tenham tratado da disposição do consumidor em
5
pagar mais pela RSC. Em seguida este capítulo traz como referencial teórico da pesquisa o
modelo do valor percebido, seus componentes principais e suas implicações.
O capítulo 3 deixa claro quais são as propostas conceituais e principais contribuições
da pesquisa. Estas propostas conceituais geraram um conjunto de hipóteses, que são a seguir
apresentadas neste capítulo.
O capítulo 4 apresenta a metodologia de pesquisa e os procedimentos experimentais.
Neste capítulo são detalhados o método de pesquisa empregado, as variáveis de pesquisa, o
instrumento de coleta de dados, os procedimentos usados para a análise dos dados e as
limitações da pesquisa.
O capítulo 5 descreve e analisa os resultados obtidos a partir dos dados da pesquisa.
Neste capítulo são analisados os resultados dos pré-testes, da avaliação e validação das
escalas, dos testes das hipóteses e das possíveis covariantes da pesquisa.
O capítulo 6 traz as conclusões da pesquisa, incluindo contribuições substantivas,
teóricas e metodológicas, implicações gerenciais e sugestões para futuras pesquisas.
6
2 REVISÃO DE LITERATURA E REFERENCIAL TEÓRICO
Neste capítulo será apresentada uma revisão da literatura referente à RSC e
comportamento do consumidor, incluindo as principais contribuições dos estudos nesta área
na última década. A seguir será apresentado o modelo de valor percebido como referencial
teórico deste trabalho, a partir do qual as propostas conceituais da pesquisa foram
desenvolvidas.
2.1 Conceito de Responsabilidade Social Corporativa
Embora a discussão sobre o papel das empresas privadas no bem-estar da sociedade já
exista há muito tempo, considera-se que a era moderna da RSC teve início com a publicação
do livro Social Responsibility of the Businessman por Bowen, em 1953 (Carroll, 1999). Este
autor definiu RSC como as obrigações dos administradores de empresas de adotar modelos de
gestão que sejam compatíveis com os fins e valores de uma sociedade (apud Ashley et al,
2003). Entretanto, que fins e valores seriam estes?
Ao longo do desenvolvimento do conceito de RSC, duas visões se destacam. A visão
econômica clássica, defendida pelo Prêmio Nobel de Economia Milton Friedman (apud
Ferrell et al, 2001), define a empresa socialmente responsável como aquela que atende
primordialmente aos interesses de seus acionistas, maximizando sua geração de lucros e
cumprindo com suas obrigações legais. Segundo este autor, o Governo seria o único veículo
legítimo para tratar de questões sociais.
A visão sócio-econômica amplia o conceito de RSC para incluir a promoção do bem-
estar social como um objetivo relevante para as organizações (Ferrell et al, 2001; Murray e
7
Montanary, 1986). Esta visão reconhece que as decisões empresariais e seus resultados
alcançam um universo de agentes sociais muito mais amplo do que aquele composto por seus
sócios e acionistas (Borger, 2001). A favor desta visão, Davis (apud Carroll, 1999) argumenta
que a responsabilidade social da empresa deriva justamente de seu grande poder social,
considerando que as decisões empresariais têm amplas conseqüências para a sociedade e que,
portanto, não podem ser tomadas unicamente motivadas por fatores econômicos.
Alinhados à idéia de Davis, Mohr et al (2001) definem a RSC como um compromisso
da organização de minimizar ou eliminar os efeitos negativos de suas ações e maximizar os
benefícios de longo prazo para sociedade. Para Carroll (1991), a empresa deve fazer isto
levando em conta quatro dimensões da responsabilidade social: legal, econômica, filantrópica
e ética. A dimensão legal diz respeito ao cumprimento das leis e regulamentos estabelecidos
pelo governo para garantir padrões mínimos de conduta responsável por parte das empresas.
Para atender à dimensão ética, as empresas devem perseguir um comportamento considerado
íntegro, certo e justo pela sociedade, além do que é exigido por lei. Assim, a esfera ética inclui
a adoção de princípios e valores que não podem ser postos em risco, nem mesmo em nome do
cumprimento de metas de lucratividade. A dimensão econômica refere-se à busca de lucro e
retorno aos investidores por parte das empresas, levando também à geração de empregos para
sustentar o crescimento da organização. Ao destinar recursos humanos e financeiros para
melhorar a qualidade de vida da sociedade em geral e, mais especificamente, das
comunidades onde opera, a empresa cumpre com sua responsabilidade filantrópica.
Preservação do meio ambiente, investimentos em educação e donativos para obras de caridade
são algumas demandas sociais que a empresa pode atender (Ferrell et al, 2001).
Ao se observar tanto a literatura quanto o debate público sobre o tema, percebe-se que
a visão sócio-econômica tem prevalecido sobre a visão econômica clássica da RSC (Ashley et
8
al 2003; McWilliams e Siegel, 2001; Sen e Bhattacharya, 2001; Ferrell et al, 2001; Ellen et al,
2000; Brown e Dacin, 1997). Esta pesquisa alinha-se à visão da RSC como a responsabilidade
da empresa de ir além da geração de lucros e pagamento de impostos, conforme definição
proposta por Ashley et al (2003):
“Responsabilidade social pode ser definida como o compromisso que uma organização deve ter para com a sociedade, expresso por meio de atos e atitudes que a afetem positivamente, de modo amplo, ou a alguma comunidade, de modo específico, agindo de forma pró-ativa e coerentemente no que tange a seu papel específico na sociedade e a sua prestação de contas para com ela (p. 6-7)”.
2.2 O Desenvolvimento da Pesquisa sobre Responsabilidade Social Corporativa e
Comportamento do Consumidor
A produção acadêmica sobre RSC tem uma história de cerca de 50 anos, sendo as
primeiras décadas dedicadas a construir uma definição para o tema (Carroll, 1999). Foi
somente em meados da década de 90 que estudos focados nos efeitos da RSC no
comportamento do consumidor se intensificaram. Para se obter uma visão geral das
contribuições destes estudos na última década, foi construída uma tabela, organizada em
ordem cronológica (tabela 2, ao final desta seção). A tabela resume os estudos que buscaram
relacionar a RSC às reações dos consumidores, apresentando autores, ano da pub licação, tipo
de pesquisa, variáveis testadas (quando aplicável) e principais resultados. Artigos cujo foco
são discussões teóricas não foram considerados nesta tabela, mas serão mencionados ao longo
do trabalho quando pertinentes.
Cabe ressaltar que os artigos analisados usam enfoques diferentes para RSC – alguns
têm foco na dimensão ética da RSC, outros em contribuições que a empresa faz para causas
sociais, outros ainda na RSC como postura geral da empresa. Entretanto, como todos eles
buscaram observar quais os efeitos que ao menos alguma dimensão da RSC teria sobre a
atitude ou o comportamento do consumidor, estão agrupados na tabela 2.
9
Para efeito da análise das pesquisas, seus resultados estão divididos em dois blocos:
um primeiro bloco de contribuições mais gerais referentes à relação entre a RSC e a atitude e
comportamento do consumidor; e um segundo bloco com contribuições mais específicas
relativas aos impactos da RSC nas reações dos consumidores a preço.
2.2.1 Principais Resultados de Estudos: Efeitos da Responsabilidade Social
Corporativa na Atitude e Comportamento do Consumidor
Alguns estudos buscaram investigar qual a atitude do consumidor frente a empresas
que investem em RSC. De uma forma geral, os resultados destes estudos indicam que a RSC
tem um efeito positivo na forma como as pessoas avaliam as empresas e seus produtos.
Brown e Dacin (1997), num artigo que é referência na maioria dos trabalhos sobre RSC e
comportamento do consumidor, apontam que a RSC influencia as crenças e atitudes das
pessoas, não apenas a respeito da empresa, mas também perante seus produtos. Outros
estudos corroboraram a idéia de que a RSC gera um goodwill para a empresa, que se estende
para seus produtos (Mrtvi, 2003; Murray e Vogel, 1997). Entretanto, estes estudos não
abordaram a intenção de compra do consumidor: esta avaliação positiva de empresas e
produtos associados à RSC se traduz numa preferência por comprar estes produtos?
Resultados de pesquisas indicaram que o consumidor manifesta uma preferência por
comprar produtos de empresas que investem em RSC (Bhattacharya e Sen, 2004; Serpa e
Fourneau, 2004; Sen e Bhattacharya, 2001; Barone et al, 2000). Algumas destas pesquisas
contribuíram para um maior entendimento da relação entre RSC e intenção de compra,
apontando para um fator que interfere nesta relação: o interesse do consumidor nas ações
sociais apoiadas pela empresa. O apoio a ações sociais faz parte da dimensão filantrópica da
RSC, que parece ser a que mais desperta atenção dos consumidores, por ser a mais vis ível
10
(Serpa e Fourneau, 2004; Carrol, 1999). Segundo Sen e Bhattacharya (2001), o impacto da
RSC na intenção de compra é mais forte quanto maior for o apoio do consumidor às causas
sociais nas quais ela investe. Estes autores argumentam que, como as empresas não têm
recursos ilimitados para investir em ações sociais, a escolha sobre quais ações apoiar deve
levar em conta aquelas que são mais valorizadas pelos consumidores. Estudos posteriores
corroboraram esta afirmação, apontando para a importância da avaliação dos consumidores
acerca das ações sociais apoiadas pelas empresas (Mohr e Webb, 2005; Auger et al, 2003).
Especificamente no contexto brasileiro, o estudo conduzido por Serpa e Fourneau (2004)
apontou que a RSC é mais valorizada quando as ações socia is estão vinculadas à resolução de
problemas básicos do país, como educação e saúde.
Ainda no ambiente brasileiro, a pesquisa sobre RSC de maior abrangência é a que foi
realizada pelo Instituto Ethos (2004). A partir de uma survey, foram analisadas as percepções
do consumidor acerca da atuação social das empresas e a influência desta visão nas suas
intenções de comportamento, incluindo aí a decisão de compra. A pesquisa foi realizada em
11 cidades e a amostra contou com mil pessoas, divididas em cotas de classe social, idade,
escolaridade e ocupação, visando obter uma representatividade da população adulta brasileira.
Os resultados indicaram que o consumidor brasileiro vem valorizando cada vez mais a
atuação socialmente responsável das empresas, em uma comparação com os percentuais
encontrados nas pesquisas dos anos de 2000 e 2002, como mostra a tabela 1 a seguir:
11
Tabela 1: Atitudes Empresariais Mais Valorizadas pelos Consumidores Brasileiros
As empresas deveriam: 2000 2002 2004
Concentrar-se em gerar lucro, pagando impostos e gerando emprego, cumprindo todas as leis.
41% 34% 35%
Fazer tudo isto de forma a estabelecer padrões éticos mais elevados, indo além do que é determinado pela lei, ajudando ativamente a construir uma sociedade melhor para todos.
35% 39% 44%
Ter um padrão de comportamento entre estes dois diferentes pontos de vista.
19% 22% 20%
Outros 5% 5% 1%
Fonte: Ethos, 2004
Como resposta à questão sobre o papel das empresas, a opção que descreve a atitude
empresarial de contribuição para a melhoria da sociedade, indo além do simples
cumprimentos das leis, foi ganhando importância e teve sua escolha aumentada em nove
pontos percentuais do ano de 2000 até 2004. Os consumidores se posicionaram de forma
clara sobre que tipos de contribuições empresariais valorizam mais, tendo a grande maioria
(70%) indicado que as empresas deveriam estar diretamente envolvidas na resolução dos
problemas sociais do país, resultado similar ao encontrado por Serpa e Fourneau (2004). As
prioridades apontadas pelos consumidores pesquisados foram saúde (25%), educação (23%) e
combate à pobreza (19%).
A falta de informações dos consumidores sobre RSC foi identificada nesta pesquisa. A
grande maioria dos entrevistados (72%) gostaria de ter mais informações sobre os meios que
as empresa estão usando para serem socialmente responsáveis. No entanto, entre os que têm
informações sobre RSC, os efeitos são bastante positivos: 73% disseram que estas
12
informações fizeram com que mudassem a opinião sobre a empresa para melhor, 72%
passaram a falar bem da empresa para outras pessoas e 65% decidiram comprar seus produtos
ou serviços. Os resultados apontam para a importância do acesso à informação sobre RSC
para que esta exerça algum impacto no comportamento do consumidor. Entretanto, os
consumidores brasileiros parecem estar atentos ao seu poder de influência, já que 76% dos
entrevistados acreditam na importância de seu poder de decisão, como consumidor, para
influenciar as empresas a agirem de forma socialmente responsável. Esta pesquisa, entretanto,
apresenta algumas limitações importantes, sobretudo por se tratar de uma pesquisa de
mercado e não de um estudo acadêmico. As escalas utilizadas não foram pré-testadas ou
validadadas. Porém, em que pesem suas limitações, os resultados encontrados contribuem
para um maior entendimento das reações à RSC no contexo brasileiro.
Como visto, a literatura aponta para um efeito positivo da RSC na intenção de compra,
tanto no contexto norte-americano quanto no contexto brasileiro. Mas estas pesquisas não
consideraram a variável preço em suas investigações. A RSC pode envolver uma estrutura de
custos diferenciada (Mohr e Webb, 2005), que pode demandar uma prática de preços mais
elevados. Neste sentido, cabe perguntar se este efeito positivo da RSC na intenção de compra
do consumidor se mantém num contexto de preços mais altos do que a concorrência.
2.2.2 Principais Resultados de Estudos: Efeitos da Responsabilidade Social
Corporativa nas Reações do Consumidor ao Preço
A reação dos consumidores ao preço é claramente uma variável de interesse nos
estudos sobre RSC. Dos 23 artigos de pesquisa analisados (tabela 2), mais da metade traz
contribuições a esse respeito, e há uma predominância de resultados indicando que o
consumidor estaria disposto a pagar um preço a mais por produtos de empresa que investem
13
em RSC. Estes resultados indicam um caminho, mas apresentam-se fragmentados, na medida
em que cada pesquisa está focada em apenas uma dimensão da RSC.
Em um dos estudos pioneiros sobre o tema, e que recebeu inúmeras citações em
artigos posteriores, Creyer e Ross (1997) enfatizaram a importância de se investigar a relação
entre RSC e preço, afirmando que “o preço que os consumidores estão dispostos a pagar pelos
produtos de uma empresa é uma forma deles sinalizarem sua aprovação ou desaprovação com
relação às ações desta (p. 424)”. A partir dos resultados de uma survey com 280 participantes,
eles concluíram que os consumidores se mostraram dispostos a recompensar as empresas
extremante éticas e socialmente responsáveis pagando um preço mais alto por seus produtos.
Estes autores fundamentaram sua pesquisa na teoria dos prospectos (Kahneman e
Tversky, 1979), aplicada para o campo de estudo de tomada de decisão do consumidor.
Segundo esta teoria, os resultados associados a uma decisão são percebidos como ganhos ou
perdas em relação a um ponto de referência que é adotado pelo tomador de decisão. Para
situações mais abstratas e envolventes, é esperado que o consumidor use um ponto de
referência baseado em suas aspirações. Creyer e Ross (1997) classificam a situação de
avaliação do comportamento das empresas como abstrata e envolvente, e postulam que os
consumidores teriam como ponto de referência o comportamento corporativo ético e
socialmente responsável (aspiracional), a partir do qual julgariam as empresas. Neste sentido,
empresas extremante éticas e socialmente responsáveis seriam vistas como estando acima do
ponto de referência, e empresas antiéticas e socialmente irresponsáveis seriam vistas como
estando abaixo. O questionário da pesquisa trazia um conjunto de perguntas visando mensurar
quatro constructos: a importância do comportamento ético das empresas; a intenção de
recompensar empresas éticas via comportamento de compra; a intenção de punir empresas
antiéticas via comportamento de compra e as expectativas sobre o comportamento ético das
14
empresas na sociedade atual. Em síntese, os resultados apontaram para a valorização do
comportamento ético empresarial e para a expectativa de que este ocorra; além de indicar que
os consumidores pesquisados pagariam um preço maior pelos produtos das empresas
extremante éticas e estariam dispostos a comprar de empresas antiéticas, desde que pagando
um preço menor por seus produtos.
O estudo de Creyer e Ross (1997) apresenta algumas limitações. Em primeiro lugar,
apenas a dimensão ética da RSC é enfatizada nos questionários, e não há uma definição do
que seria uma empresa extremante ética. No que se refere ao preço, os autores também não
deixam claro no questionário qual o aumento de preço envolvido na situação de compra,
perguntando apenas se as pessoas pagariam “uma quantia considerável a mais”. Mas o estudo
desses autores abriu possibilidades de se estudar a relação entre RSC e preço, indicando que a
valorização de aspectos da RSC, apontada por outras pesquisas, pode resultar não somente em
uma avaliação mais favorável da empresa e de seus produtos, mas também em uma disposição
do consumidor em pagar um preço mais alto por eles.
Enquanto alguns estudos se limitaram a estudar a influência da dimensão ética da RSC
na disposição do consumidor em pagar mais (Auger et al, 2003; Creyer e Ross 1997 e 1996),
outros focaram exclusivamente na dimensão filantrópica, isto é, no apoio da empresa a uma
causa social. Os resultados são semelhantes, indicando que o consumidor aceita pagar mais
pelo produto de uma empresa que investe em uma causa social (Peixoto, 2004; Barone et al,
2000; Strahilevitz, 1999).
O estudo de Strahilevitz (1999) merece destaque por ter definido com maior precisão o
quanto o consumidor estaria disposto a pagar a mais por um produto vinculado à RSC, e se o
tipo de produto a ser comprado faria alguma diferença nesta decisão. Tendo como base seu
estudo anterior, que indicou a importância do tipo de produto na decisão de compra
15
envolvendo doação para causas sociais (Strahilevitz e Myers, 1998), Strahilevitz (1999)
realizou três experimentos. Estes buscaram investigar se os consumidores prefeririam comprar
um produto cujo preço é mais alto do que o da concorrência, mas sabendo que esta diferença
seria doada a uma causa social, ou comprar este mesmo produto por um preço mais barato.
Foram usados vários percentuais de diferença de preço, além de produtos do tipo hedonista ou
utilitário. Os consumidores pesquisados se mostraram dispostos a pagar mais pelo produto
cuja empresa faz doações para causas socais quando o percentual de diferença de preço era
baixo (1 e 5%). Entretanto, quando este percentual era alto (25% e 50%), os consumidores
aceitaram pagar um preço maior somente na compra de produtos hedonistas. Strahilevitz
(1999) adota a premissa teórica, baseada em revisão de literatura, de que os consumidores
percebem um benefício adicional ao comprar produtos ligados a causas sociais, pois se
sentem bem contribuindo para o bem estar de outras pessoas. Segundo o autor, a compra de
produtos hedonistas potencializa este efeito, na medida em que gera uma culpa no consumidor
por estar comprando produtos que não são de utilidade básica. O benefício de estar fazendo
bem aos outros atenuaria esta culpa, fazendo com que o consumidor se mostre disposto a
pagar um valor ainda maior pelos produtos que oferecem este tipo de benefício.
A pesquisas desenvolvidas por Strahilevitz (1999) oferecem indícios de que o
consumidor estaria disposto a pagar um pouco mais por produtos de empresas que investem
em ações sociais, pois perceberia um benefício adicional na compra deste produto. Entretanto,
o autor não faz uma mensuração deste benefício, esta é apenas uma premissa teórica adotada.
Além disso, a forma como o autor apresenta seus cenários faz com que o consumidor deva
decidir entre pagar um preço cheio por um produto ou obter um desconto na concorrência. A
situação de deixar de obter um desconto não é exatamente a mesma que a situação de pagar
um preço mais caro por um produto. No primeiro caso, o consumidor deixa de ter um ganho
monetário, e no segundo caso, incorre em uma perda monetária. A literatura indica que, na
16
percepção do consumidor, as perdas têm mais efeitos do que os ganhos (Thaler, 1985). Logo,
incorrer numa perda monetária maior, isto é, pagar mais por um produto, seria mais grave do
que deixar de obter um desconto. Não se pode, então, considerar que o estudo de Strahilevitz
(1999) apresente resultados conclusivos sobre a disposição do consumidor em pagar mais por
produtos de empresas socialmente responsáveis, não só porque o autor foca apenas em uma
das dimensões da RSC, mas também porque não aborda exatamente a situação de um preço
maior do que o da concorrência. Estudos posteriores também usaram o investimento em ações
sociais como uma definição reducionista para RSC e corroboraram os resultados de
Strahilevitz (1999), indicando que há uma disposição de se pagar mais pelos produtos das
empresas que investem nestas ações (Mohr e Webb, 2005; Peixoto, 2004; Barone et al, 2000).
Estes estudos também apresentam limitações. Mohr e Webb (2205), por exemplo,
pesquisaram como diferentes níveis de RSC atuariam nas reações dos consumidores a preço.
Mas a operacionalização deste constructo nos cenários de pesquisa traz alguns problemas: há
apenas a descrição de uma causa social apoiada pela empresa, e um dos níveis de RSC
considerados traz, na verdade, a descrição de uma empresa que age com irresponsabilidade
social. A pesquisa de Peixoto (2004), realizada no contexto brasileiro, também retratou a RSC
apenas como um investimento da empresa em uma ação social. Além disso, os participantes
do estudo deveriam hierarquizar os atributos que levam em conta para decisão de compra de
um refrigerante, incluindo preço. Os resultados indicaram que o atributo investimento em
causa social é mais importante do que o atributo preço. Não se trata, portanto, de uma
investigação direta sobre a disposição do consumidor em pagar mais pelo produto de uma
empresa socialmente responsável.
A literatura sobre RSC e comportamento do consumidor traz algumas conclusões
relevantes para esta pesquisa. Em primeiro lugar, o consumidor demonstra valorizar a RSC e
17
derivar benefícios ao comprar produtos de empresas que investem em RSC. Entretanto, não
há estudos que mensuraram estes benefícios, e que relacionaram empiricamente a RSC com a
percepção destes. Em segundo lugar, os consumidores aparentemente estão dispostos a pagar
mais por um produto relacionado a algum aspecto da RSC. Não há, entretanto, a proposição
de um modelo que explique os resultados fragmentados encontrados na literatura – em geral
focados em uma dimensão específica da RSC, ou cuja questão se limitava à hierarquização de
atributos de produtos. Diante da oferta de produtos semelhantes, os consumidores estariam
efetivamente dispostos a pagar mais pelo produto de uma empresa socialmente responsável?
Este trabalho propõe que esta decisão de compra pode ser compreendida dentro do modelo
teórico de valor percebido, englobando o conceito de percepção de justiça em preços, cujo
papel dentro deste modelo já foi apontado por pesquisas anteriores (Xia e Monroe, 2005;
Martins, 1995; Martins e Monroe, 1994). Na próxima seção será apresentado o referencial
teórico para as hipóteses de pesquisa.
18
Tabela 2: Quadro-Resumo de Pesquisas sobre Responsabilidade Social Corporativa e Comportamento do Consumidor
Autores / Ano
Estudo Variáveis Testadas
Principais Resultados
Creyer e Ross (1996)
Experimento que visou testar, com uso de cenários (tendo cereal como produto), se o comportamento ético ou antiético das empresas influencia a disposição do consumidor em pagar mais ou menos pelos seus produtos. Visou testar também se comportamentos positivos das empresas, tais como investir em causas sociais, podem contribuir para anular o impacto negativo de atividades antiéticas.
Diferença entre preço que pagaria pelo produto da empresa ética e preço que pagaria pelo mesmo produto da concorrência; importância relativa do atributo marca; preferência pelo produto da empresa ética.
Consumidores não estão dispostos a pagar mais por produtos de empresas com comportamento ético, mas estão dispostos a comprar produtos de empresas com comportamento antiético, desde que pagando menos. Ações de estímulo ao voluntariado dos funcionários e apoio a ações sociais se mostraram eficazes para recuperar a imagem da empresa após um comportamento antiético, mas cause-related marketing não obteve este efeito. Respondentes se mostraram dispostos a pagar mais pelos produtos da empresa que apóia causas sociais.
Creyer e Ross (1997)
Survey, com uso de questionário, que buscou examinar a atitude e intenção de compra dos consumidores perante a postura ética e antiética das empresas. Examinou também se a importância conferida pelo consumidor ao comportamento ético empresarial e suas expectativas com relação a este comportamento influenciam sua intenção de recompensar ou punir a empresa.
Intenção de recompensar o comportamento ético empresarial; intenção de punir o comportamento antiético empresarial.
Consumidores se mostraram dispostos a pagar mais pelos produtos de empresas éticas e socialmente responsáveis e dispostos a comprar de empresa antiéticas, desde que pagando um preço mais baixo. A disposição em recompensar o comportamento ético ou punir o comportamento antiético empresarial é influenciada pela importância percebida deste comportamento empresarial e pela expectativa sobre ele.
Brown e Dacin (1997)
Experimento com uso de cenários (produtos da área médica) que visou investigar se a RSC exerce efeito na avaliação da empresa e de seus produtos.
Avaliação da empresa, avaliação do produto, sofisticação do produto e RS do produto.
A RSC cria um contexto favorável que influencia positivamente a avaliação dos produtos da empresa.
Murray e Vogel (1997)
Experimento, com uso de cenários, visando investigar se informações sobre programas de RSC de uma empresa (serviço de fornecimento de eletricidade) empresa têm impacto nas atitudes e comportamentos do consumidor.
Atitudes perante a empresa e intenção de comportamento dos consumidores, tais como comprar ações da empresa e pensar duas vezes antes de acreditar em uma notícia negativa sobre ela. Não testou intenção de compra.
Programas de RSC influenciam positivamente as atitudes e comportamentos dos consumidores. Os consumidores pesquisados mostraram uma boa vontade ao avaliar a empresa que investe em RSC, e suas intenções de comportamento refletiram esta boa vontade.
Strahilevitz e Myers (1998)
Experimento, com uso de cenários, onde o consumidor deveria escolher entre comprar um produto obtendo um desconto, ou pagar o preço cheio sabendo que parte deste valor iria para uma ação de caridade. Os cenários manipulavam o tipo de produto (hedonista e utilitário).
Escolha de fornecedor.
Um maior percentual de consumidores preferiu a doação ao desconto na situação de compra dos produtos hedonistas do que na situação de compra dos produtos utilitários.
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Strahilevitz (1999)
Experimento, com uso de cenários, onde o consumidor deveria escolher entre comprar um produto obtendo um desconto, ou pagar o preço cheio sabendo que parte deste valor iria para uma ação de caridade. Os cenários manipulavam o tipo de produto (hedonista e utilitário) e a magnitude da doação ou desconto.
Escolha de fornecedor.
O efeito do tipo de produto na preferência pelo fornecedor que contribui para causa social é mais pronunciado nas situações em que altas doações são comparadas a altos descontos. O tipo de produto não importa tanto quando a magnitude da doação/desconto é baixa. Consumidores estão dispostos a pagar mais pelo produto cujo fornecedor faz doação para causa social quando o percentual de diferença de preços é baixo. Na situação de compra de produto hedonista, mais consumidores escolheram pagar uma maior magnitude de preço por um produto cujo fornecedor investe em causa social.
Ellen, Mohr e Webb (2000)
Experimento, com uso de cenários (varejo), manipulando o tipo de causa social apoiada pela empresa, a congruência desta causa social com o core business da empresa, o esforço e o comprometimento da empresa.
Avaliação do consumidor sobre o apoio da empresa a uma causa social.
Foram mais bem avaliadas contribuições para causas ligadas a situações de desastre, envolvendo mais esforço da empresa. As outras variáveis não afetaram significativamente a avaliação do consumidor.
Boulstridge e Carrigan (2000)
Focus group que visou fazer uma avaliação exploratória do impacto da RSC nas atitudes e comportamentos do consumidor, investigando se haveria um gap entre a valorização da RSC e o comportamento do consumidor.
N. A. De forma geral, os consumidores pesquisados mostraram valorizar a RSC. Entretanto, o nível de interesse demonstrado pelos consumidores nas ações corporativas é determinado pelo impacto que estas têm em suas vidas. Consumidores preferem comprar de empresas éticas, mas somente se não tiverem que incorrer em custos mais altos.
21
Barone, Miyazaki e Taylor (2000)
Experimento, com uso de cenários (televisão e computador), visando investigar se a motivação da empresa para investir em causas sociais afeta o julgamento e intenção de compra do consumidor, inclusive em situações de preço mais alto do que a concorrência.
Preferência pela marca
Mantendo-se outras variáveis constantes, o produto cuja empresa tem motivação positiva para apoiar causas sociais foi preferido pelo consumidor. O fato de a empresa ter uma motivação positiva para apoiar causas sociais faz com que o consumidor se disponha a comprar o produto mesmo por um preço mais alto.
Carrigan e Attalla (2001)
Focus groups que buscou investigar as expectativas e reações dos consumidores perante o comportamento ético das empresas.
N. A. Consumidores apontaram que falta informação sobre o comportamento ético e socialmente responsável das empresas. Fatores que mais influenciam a decisão de compra dos entrevistados são: preço, valor, imagem de marca e tendências da moda. Consumidores não acreditam que seu comportamento possa fazer diferença para mudar a atitude das empresas.
22
Sen e Bhattacharya (2001)
Experimento, com uso de cenários, que manipulou a reputação da empresa em RSC, a qualidade do produto e o tipo de ação social apoiada pela empresa.
Congruência de interesses entre consumidor e empresa, avaliação da empresa, intenção de compra.
O efeito positivo da RSC na avaliação do consumidor sobre a empresa é mediado pela sua percepção sobre a congruência entre seus interesses e os da empresa e moderado pelo apoio que dá às causas socais apoiadas por ela. A avaliação que os consumidores fazem das empresas é mais sensível a informações negativas sobre RSC do que a informações positivas. A RSC pode afetar a intenção de compra dos consumidores diretamente e indiretamente, via incremento na percepção da qualidade do produto. Se os consumidores consideram que os esforços de RSC da empresa são feitos em detrimento de sua habilidade de produzir com qualidade, isto pode ter um impacto negativo em suas reações.
Mohr, Webb e Harris (2001)
Entrevistas semi-estruturadas com objetivo de investigar, de forma exploratória, o que os consumidores pensam a respeito da RSC.
N. A. A RSC é vista de forma positiva e a maioria dos entrevistados acredita que a empresa pratica RSC por motivos altruístas e também em benefício próprio. A maioria não usa a RSC como critério para decisão de compra, principalmente por falta de informação sobre como as empresas agem nesse sentido.
23
Urdan e Zuñiga (2001)
Survey que replica, no contexto brasileiro, parte do estudo anterior feito por Creyer e Ross (1997).
Propensão do consumidor a recompensar o comportamento ético empresarial.
A importância atribuída pelo consumidor ao comportamento ético empresarial não causa a propensão a recompensar este comportamento.
Mrtvi (2003) Survey onde os respondentes deveriam hierarquizar, por ordem de importância, diversos atributos de produtos, dentre eles associação com causas sociais e ambientais.
N. A. Os atributos relacionados a causas sociais e ambientais se mostraram relevantes para diferenciação das marcas pesquisadas.
Dean (2003) Experimento, com uso de cenários (tênis), onde se manipulou a reputação da empresa em RSC e o tipo de doação da empresa a causas sociais (se era condicionada ou não à venda de produtos).
Consideração geral sobre a empresa; avaliação sobre a intenção da empresa ao investir em causas sociais; avaliação da gestão da empresa.
Doações condicionadas à venda influenciaram negativamente a consideração sobre a empresa. Há uma interação entre reputação e tipo de doação na consideração geral sobre a empresa. Ambos os tipos de doação influenciaram positivamente a consideração sobre empresas sem reputação em RSC, só a doação incondicional influenciou positivamente a consideração sobre empresas com reputação média em RSC e nenhum dos dois tipos influenciou a consideração sobre empresas com reputação forte em RSC.
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Auger, Burke, Devinney e Louviere (2003)
Experimento, com uso de cenários, onde foram manipuladas informações sobre atributos de produto (tênis e sabonete), incluindo associação do produto a comportamentos éticos da empresa.
Intenção de compra; disposição em pagar por cada atributo.
Consumidores valorizam e estão dispostos a pagar mais por produtos com atributo ético (associados a comportamentos éticos da empresa). Atributos éticos mais valorizados: não utilizar trabalho infantil e não realizar testes em animais.
Oliveira, Gouvêa e Guagliardi (2004)
Survey onde os respondentes deveriam hierarquizar, por ordem de importância, diversos atributos de produtos de consumo: preço, qualidade, opinião de terceiros sobre o produto, marca, investimento em RSC e sabor.
N. A. Os consumidores pesquisados atribuíram importância menor aos investimentos em RSC do que aos outros atributos.
Volpon e Cruz (2004)
Entrevistas individuais, com uso de questionários de perguntas abertas e fechadas, objetivando investigar se a RSC exerce impacto na fidelização de clientes de serviço bancário.
Fidelização de clientes.
A RSC não contribui para fidelização dos clientes.
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Bhattacharya e Sen (2004)
Revisão de diversos estudos realizados pelos autores (focus groups, entrevistas, surveys e experimentos). Não há um detalhamento da metodologia e das variáveis pesquisadas.
Não detalhados no artigo.
A discussão dos resultados no artigo não aponta em que tipo de pesquisa foram obtidos. De forma geral, os resultados indicaram que os consumidores demonstraram uma atitude favorável à RSC. Mas o valor da RSC depende do motivo que estes inferem como sendo o que levou à empresa a investir em RSC. A identificação dos consumidores com as causas sociais é um fator importante. Os que se mostraram dispostos a pagar mais foram os que apoiavam mais fortemente a causa social apoiada pela empresa.
Instituto Ethos (2004)
Survey envolvendo uma amostra significativa, objetivando traçar um perfil do consumidor brasileiro frente à RSC.
N. A. Os consumidores brasileiros vêm valorizando cada vez mais a RSC. As causas sociais mais importantes para as empresas apoiarem são as vinculadas a problemas básicos do país: saúde, educação e combate à pobreza. Os consumidores demonstraram uma falta de confiança em relação às empresas, mas acreditam que podem exercer um papel importante na mudança de postura destas. Aqueles que têm informação sobre os investimentos de empresas em RSC demonstram preferência por comprar os produtos destas empresas.
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Peixoto (2004)
Survey onde os respondentes deveriam hierarquizar, por ordem de importância na hora da decisão de compra, os seguintes atributos de produto (refrigerante): marca; preço; valor calórico; investimento em uma causa social. Os respondentes foram divididos em segmentos: homens/mulheres, mais altruístas/menos altruístas.
Interesse do consumidor em cada atributo; importância de cada atributo; utilidade de cada atributo.
Segundo análise híbrida, considerada a mais completa pela autora, todos os segmentos pesquisados mostraram valorizar mais a RSC do que o preço do produto.
Serpa e Fourneau (2004)
Entrevistas semi-estruturadas visando uma investigação exploratória sobre a percepção dos consumidores acerca da RSC, no contexto brasileiro.
N. A. Consumidores pesquisados: - Valorizam a RSC mas afirmam ter pouca informação a respeito da RSC praticada no Brasil. - Consideram a RSC um tema recente, e tiveram dificuldades em defini- lo. - Consideraram que as empresas devem atuar nas soluções dos problemas mais básicos do país, sobretudo educação e saúde. - Consideram que a RSC deve ser encarada pelas empresas como um projeto de longo prazo. - Informações negativas sobre RSC têm efeitos mais fortes em seus comportamentos do que informações positivas. - A dimensão filantrópica da RSC é a mais lembrada.
27
Mohr e Webb (2005)
Experimento, com uso de cenários (tênis e meias), que manipulou o nível de RSC (alto, médio, baixo), o preço (mais alto / mais baixo do que a concorrência) e o tipo de ação social (filantropia e meio-ambiente) para verificar os efeitos na atitude e comportamento do consumidor. O estudo visava também verificar se o apoio do consumidor à causa social e se o nível de responsabilidade social do próprio consumidor tinham influência nas variáveis testadas.
Avaliação geral sobre a empresa; intenção de compra.
O investimento em causas sociais, em ambos os domínios (filantropia e meio-ambiente), tem um efeito positivo na avaliação da empresa e na intenção de compra. Informações negativas sobre RSC têm efeito mais forte do que informações positivas. O impacto da RSC na avaliação que os consumidores fazem da empresa e na intenção de compra é mais forte quanto maior o apoio que estes dão às causas sociais nas quais a empresa investe. RSC tem maior efeito na intenção de compra do que o preço.
28
2.3 Valor Percebido: Benefícios vs. Sacrifícios
O termo valor aparece com diversas definições na literatura de marketing. Torna-se
necessário fazer uma distinção entre os conceitos de valores do cliente e valor para o cliente.
Os valores do cliente referem-se a seus valores pessoais, suas crenças que orientam o seu
comportamento (Flint et al, 2002). Já o valor para o cliente, foco de interesse desta pesquisa, é
o valor percebido sob a ótica do consumidor, ou seja, o valor que ele percebe na oferta da
empresa (Zeithaml, 1988).
O valor percebido de uma oferta resulta da comparação entre os benefícios que o
consumidor percebe que está ganhando na troca com a empresa e os sacrifícios, monetários e
não-monetários, que percebe como necessários para realização desta troca (Kotler, 2000;
Ravald e Grönroos, 1996; Zeithaml, 1988). A figura 1 ilustra o modelo teórico do valor
percebido.
Figura 1: Valor Percebido
Fonte: Adaptado de Dodds et al, 1991; Zeithmal, 1988.
SacrifícioPercebido
BenefícioPercebido
ValorPercebidoPreço
QualidadePercebida
Outros Benefícios Percebidos
Intenção de Compra
SacrifícioMonetárioPercebido
OutrosSacrifíciosPercebidos
SacrifícioPercebido
BenefícioPercebido
ValorPercebidoPreço
QualidadePercebida
Outros Benefícios Percebidos
Intenção de Compra
SacrifícioMonetárioPercebido
OutrosSacrifíciosPercebidos
29
Embora alguns autores ressaltem que os clientes não calculam precisamente todos os
benefícios e sacrifícios envolvidos na compra, esta equação é de alguma forma considerada
em suas decisões de compra (Churchill, 2000). Os benefícios representam os ganhos obtidos
na troca com a empresa. A qualidade do produto ou serviço é vista como um benefício
importante nesta troca. Entretanto, embora muitas definições de valor tenham usado a
qualidade como o único componente do benefício percebido, o consumidor considera também
outros fatores relevantes, que podem ser mais subjetivos e abstratos, como os benefícios
emocionais que a compra pode trazer (Sirdeshmukh et al, 2002; Churchill, 2000; Zeithaml,
1988).
O conceito de sacrifício percebido engloba todos os custos incorridos pelo consumidor
na troca de valor com a empresa. Estes custos podem incluir tempo e custo psicológico para
busca do produto, risco deste não ter bom desempenho, e o custo monetário em si, retratado
pelo preço do produto (Kotler, 2000; Dodd et al, 1991).
O papel do preço no valor percebido é duplo. Representa um sacrifício monetário, isto
é, um desembolso para o consumidor. Mas o papel do preço vai além da questão monetária, e
o impacto que exerce na percepção de sacrifício e benefício é influenciado por avaliações
mais subjetivas dos consumidores (Monroe, 2003). O preço pode ser visto como um
sinalizador da qualidade do produto, por exemplo, aumentando o benefício percebido numa
oferta (Zeithaml, 1988). Ou pode aumentar o sacrifício percebido, se a prática de preço
adotada pela empresa for percebida como injusta pelo consumidor (Xia e Monroe, 2005;
Martins, 1995; Martins e Monroe, 1994).
Numa situação em que haja diferença de preços entre dois produtos, mas esteja
explícito que ambos os produtos têm qualidade equivalente, um preço mais alto aumentaria o
30
sacrifício percebido pelo consumidor, sem contribuir para o aumento do benefício percebido.
Para que o consumidor se disponha a realizar esta troca, ele precisa perceber que está
ganhando um benefício adicional (Churchil, 2000; Dodds et al 1991; Zeithaml, 1988). Uma
questão que surge é: o fato de uma empresa investir em RSC é considerado pelo consumidor
como um benefício a mais, adicionando valor ao produto que está sendo comprado?
2.3.1 O Papel da Responsabilidade Social Corporativa no Valor Percebido
O consumidor busca por benefícios no processo de tomada de decisão de compra, os
quais devem, no mínimo, compensar os sacrifícios percebidos. Para ser capaz de entregar
estes benefícios, a oferta da empresa deve: 1. desempenhar certas tarefas ou funções, 2.
solucionar problemas identificados, e 3. proporcionar prazeres específicos (Monroe, 2003).
A literatura indica que a oferta de uma empresa que investe em RSC proporcionaria
aos consumidores o terceiro tipo de benefício, isto é, um prazer especial associado à compra
desta oferta. Smith (1996) propõe que um dos benefícios que o consumidor pode obter nos
processos de troca com as empresas é o benefício de sentir-se bem contribuindo para ações
altruístas. Ampliando uma concepção que liga o altruísmo somente a fazer o bem aos outros,
o autor considera que este benefício contempla também uma satisfação pessoal, um “sentir-se
bem”. Bhattacharya e Sen (2004), a partir de uma série de estudos qualitativos, concluíram
que as iniciativas de RSC beneficiam não só a empresa e as causas sociais por ela apoiadas,
mas também os próprios consumidores. Outros autores corroboram estas afirmações, e
argumentam que o sentimento de estar ajudando outras pessoas através de uma ação de
compra traz benefícios emocionais para os consumidores, e que, se não houvesse um valor
para o consumidor associado ao altruísmo, este não existiria nas relações de consumo (Mohr e
Webb, 2005; Strahlilevitz, 1999 e Strahlilevitz e Myers, 1998).
31
Algumas explicações têm sido dadas para o comportamento altruísta do consumidor,
tais como a aspiração de fazer o que é certo (Dawes e Thaler apud Strahilevitz, 1999), a busca
por uma satisfação moral (Kahneman e Knetsch, 1992) e o desejo de vivenciar um warm
glow2 (Andreoni, 1990). Em resumo, uma forma de pensar sobre a disposição em pagar mais
para contribuir com a RSC no contexto das relações de consumo é ver estes atos como a busca
dos consumidores pelo prazer derivado da ação de estar fazendo bem aos outros
(Bhattacharya e Sen, 2004; Strahlilevitz, 1999). Segundo Strahlilevitz (1999), “se dar
significa se sentir bem, o quanto uma doação para caridade irá agregar valor a um produto
deve ser um reflexo direto do quanto este incentivo é bem sucedido em fazer com que os
consumidores se sintam bem com suas compras (p. 217)”.
A proposta deste estudo é que a RSC pode influenciar o valor percebido pelo
consumidor através da obtenção de um benefício adiciona l, mensurável, que compensaria uma
diferença de preço. Uma questão relevante é: como um preço mais alto do que o cobrado pela
concorrência influencia a formação da percepção de valor?
2.3.2 O Papel da Percepção de Justiça em Preços no Valor Percebido
O preço é percebido pelo consumidor como um sacrifício monetário, mas este
sacrifício pode ser maior ou menor em função da percepção de justiça. Um preço considerado
injusto aumenta o sacrifício percebido, reforçando o impacto negativo deste na percepção de
valor (Xia e Monroe, 2005; Martins, 1995; Martins e Monroe, 1994).
A percepção de justiça tem sido identificada como um fator fundamental para o
entendimento da reação dos consumidores ao preço (Xia et al, 2004; Campbell, 1999b;
2 Por não haver uma tradução exata para o português, o termo foi mantido em inglês. Sua tradução literal seria
32
Kahneman et al, 1986). Esta percepção refere-se ao julgamento sobre o preço estabelecido e
sobre o processo para se estabelecê- lo – se estes são aceitáveis, justificáveis, ou não (Bolton et
al, 2003). É consenso na literatura que os julgamentos sobre preços são sempre comparativos,
isto é, os consumidores adotam um preço de referência a partir do qual fazem sua avaliação
(Thaler, 1985; Kahneman e Tversky, 1984). O preço de referência pode ser o preço pago ao
mesmo fornecedor anteriormente, o preço cobrado pela concorrência ou o preço pago por
outros consumidores (Xia et al, 2004). Neste sentido, um preço injusto seria aquele superior
ao preço de referência. Que razões levariam um preço superior ao da concorrência, objeto de
interesse deste estudo, a ser considerado como justo?
Há duas explicações presentes na literatura de percepção de justiça para esta questão.
A primeira delas se refere ao conceito de similaridade de transação. Quando os consumidores
percebem duas transações comerciais como similares, mas em uma o preço é maior do que na
outra, haverá uma percepção de que este é injusto. Neste sentido, quanto maior a similaridade
entre as transações, maior a probabilidade de haver percepção de injustiça quando os preços
cobrados forem diferentes (Xia e Monroe, 2005). Mas benefícios adicionais oferecidos em
uma das transações farão com que ambas deixem de ser percebidas como similares, e,
portanto, os preços deixam de ser comparáveis (Xia et al, 2004). Este estudo propõe que a
RSC desempenha o papel deste benefício adicional.
A outra explicação baseia-se no estudo de Kahneman, Knescth e Thaler (1986),
considerado o mais influente na área de percepção de justiça em preços. Estes autores
mostraram que percepções individuais de justiça em preços são baseadas em padrões
comunitários de justiça, refletidos no Princípio do Direito Dual. Segundo este princípio, os
consumidores consideram que as empresas têm o direito de proteger seu lucro, aumentando
seus preços quando há aumento em seus custos. Nesta situação, haveria uma percepção de
“brilho intenso e quente”, cujo significado está associado a uma sensação de prazer, agradável.
33
eqüidade, pois a empresa estaria reequilibrando sua razão investimento/retorno. Em outras
palavras, os consumidores julgariam como justificável esta mudança de preço. Estes autores
afirmam que as empresas precisam considerar a percepção de justiça dos consumidores para
definir suas estratégias de preço. Do contrário, sofrerão conseqüências negativas advindas da
percepção de injustiça do preço. Nagle e Holden (2003) concordam, afirmando que:
“(...) o conceito de um ‘preço justo’ tem atormentado os profissionais de marketing por séculos. (...) Mesmo nas modernas economias de mercado, os ‘aproveitadores de preços’ são muitas vezes criticados pela imprensa, incomodados pelos reguladores e boicotados pelo público (p. 96)”.
Pesquisas posteriores ao estudo de Kahneman et al (1986) indicaram que nem todos os
custos são percebidos como legitimadores de um aumento justo de preços. Alguns custos,
como os de promoção, por exemplo, podem levar à percepção de que o preço mais alto
cobrado é injusto (Bolton et al, 2003). Campbell (1999a e 1999b) identificou um fator-chave
que afeta diretamente a percepção de justiça de um preço: o tipo de motivo que a empresa tem
para praticar este preço. Quando o consumidor infere que o motivo é positivo, os
consumidores tendem a julgar o diferencial de preço como justo. Esta contribuição seminal de
Campbell (1999b) foi corroborada em estudos posteriores (Xia et al, 2004; Vaidyanathan e
Aggarwal, 2003; Bolton et al, 2003).
Campbell (1999b) investigou, usando metodologia experimental, o papel da reputação
das empresas em RSC na percepção de justiça em uma situação de aumento de preço. Os
cenários utilizados pela autora descreviam uma situação em que a empresa aumentava seu
preço devido à alta de demanda por um produto escasso, e os respondentes deveriam avaliar
se este aumento era ou não justificável, em dois casos: em um a empresa ficava com o lucro
adicional obtido com a venda do produto, e no outro a empresa doava este lucro. Segundo
estudos anteriores, em ambos os casos o aumento de preço deveria ser julgado como injusto
34
pelos consumidores, pois a empresa estaria se aproveitando de uma situação de escassez de
produto para praticar preços mais altos – um motivo negativo. Mas na situação onde a
empresa doava o lucro obtido, a introdução da informação sobre RSC fez com que os
consumidores julgassem que ela teve um motivo justificável para aumentar o preço do
produto e, portanto, este aumento de preço foi considerado aceitável, justo. Entretanto, na
situação em que a empresa estava obtendo lucro adicional, o aumento de preço foi julgado
como injusto, mesmo com a informação sobre RSC. A conclusão do estudo é que a RSC
contribui para que os consumidores julguem os motivos para um aumento de preço como
justo, mas somente se a empresa não estiver obtendo lucro adicional com este aumento. Os
resultados do estudo de Campbell (1999b) são restritos, pois os cenários usados pela autora
estão especificamente relacionados a uma situação de aumento de preço devido à alta de
demanda por um produto escasso – não há menção à concorrência, isto é, o consumidor não
tem outras opções de compra. Mas estes resultados apontam na direção de um efeito positivo
da RSC na percepção de justiça de um diferencial de preço.
As conclusões do estudo de Campbell (1999b) podem ser compreendidas dentro do
contexto da Teoria de Atribuição, segundo a qual as pessoas tendem a buscar uma causa que
explique a ocorrência de um evento surpreendente e/ou negativo, para poder julgá- lo (Weiner,
2000). Analogamente, um preço considerado maior, seja na comparação com preços passados
ou com preços da concorrência, pode ser considerado um evento deste tipo (Campbell,
1999b). Para a Teoria da Atribuição, uma ação é percebida como negativa quando se infere
que seu autor teve um motivo negativo para fazê-la (Weiner, 2000). Estendendo esta teoria
para área de preços, temos que o motivo inferido pelos consumidores para o estabelecimento
do preço influencia a percepção de justiça sobre este último. De fato, esta teoria tem sido
usada para se compreender a relação entre os motivos da empresa e a percepção de justiça em
35
preços (Vaidyanathan e Aggarwal, 2003; Bolton et al, 2003; Maxwell, 1999; Campbell,
1999b).
Os investimentos de uma empresa em RSC seriam considerados pelos consumidores
como uma razão justificável para que esta estabeleça preços mais altos do que a concorrência?
Segundo Mohr e Webb (2005), muitas iniciativas de RSC requerem aumento de custos, e por
isso uma grande preocupação dos gestores das empresas é se estes custos podem ser
repassados para os preços. Se a empresa tem o direito de proteger seus lucros através da
prática de preços (Kahneman et al, 1986), especialmente quando o motivo para o
estabelecimento deste preço é positivo (Vaidyanathan e Aggarwal, 2003; Bolton et al, 2003;
Maxwell, 1999; Campbell, 1999b), então cabe investigar se a RSC contribui para que o
consumidor perceba uma prática de preço mais alto do que a concorrência como justificável.
Em síntese, temos que a literatura de RSC aponta para a percepção de um benefício
adicional na compra de produtos de empresas socialmente responsáveis, e a literatura de
percepção de justiça em preços indica que 1. a existência deste benefício adicional leva à
percepção de que a transação com essa empresa é diferente e, portanto, é razoável que ela
pratique um preço diferenciado e 2. quando o consumidor infere que a empresa tem um
motivo positivo para o estabelecimento de um diferencial de preço ele tende a julgar este
diferencial como justo. Estas contribuições constituem o embasamento para as propostas
conceituais expostas no capítulo a seguir.
36
3 PROPOSTAS CONCEITUAIS E HIPÓTESES DE PESQUISA
Tendo como base o desenvolvimento das pesquisas sobre RSC e o modelo teórico do
valor percebido, este estudo propõe como questão central que a RSC tem um impacto positivo
na intenção de compra do consumidor, numa situação em que a empresa socialmente
responsável cobra um preço mais alto do que a concorrência pelo seu produto. A proposta é
que a RSC aumenta o benefício percebido pelo consumidor, ao mesmo tempo em que faz com
que ele considere justa a prática de um diferencial de preço. Há então um impacto positivo no
valor percebido e na intenção de compra.
Este estudo também introduz a noção de que, dependendo do impacto gerado pela
ação social, apoiada pela empresa, na vida do consumidor, este irá perceber um benefício e
um valor maior ou menor na oferta desta empresa. Estudos anteriores indicaram que os
consumidores valorizam mais ou menos a RSC dependendo da ação social apoiada pela
empresa (Mohr e Webb, 2005; Auger et al, 2003; Sen e Bhattacharya, 2001). Sugerimos aqui
que uma ação social que tenha um impacto maior na vida do consumidor irá agregar ao
benefício de estar fazendo bem aos outros a percepção de um benefício que influencia sua
própria vida, de forma mais direta. Neste caso a percepção de justiça, o valor percebido e a
intenção de compra serão também maiores. O modelo a seguir sumariza as propostas
conceituais do trabalho (figura 2).
37
Figura 2: Modelo Proposto
Esta pesquisa pretende expandir os estudos existentes na área de RSC e
comportamento do consumidor das seguintes formas:
i. Introduzindo quatro novas variáveis na relação entre RSC e intenção de compra, em
um contexto de preços mais altos do que a concorrência – percepção de justiça em
preços; benefício percebido; valor percebido e impacto da ação social, apoiada pela
empresa, na vida do consumidor – mostrando empiricamente as correlações existentes
entre elas;
ii. Propondo uma escala para medição do benefício percebido pelos consumidores na
compra de um produto cuja empresa fabricante é socialmente responsável;
iii. Considerando como ponto de referência para o consumidor julgar a justiça em preços
o preço praticado pela concorrência (preço da empresa socialmente responsável vs.
RSCRSC
JustiçaPercebida do preço
JustiçaPercebida do preço
ValorPercebido
ValorPercebido
Intençãode Compra
Intençãode Compra
Benefício Percebido
Benefício Percebido
Impacto daAçãoSocial
Impacto daAçãoSocial
RSCRSC
JustiçaPercebida do preço
JustiçaPercebida do preço
ValorPercebido
ValorPercebido
Intençãode Compra
Intençãode Compra
Benefício Percebido
Benefício Percebido
Impacto daAçãoSocial
Impacto daAçãoSocial
38
preço da concorrência), quando a abordagem das pesquisas na área de justiça em
preços tem sido focada em situações de aumento de preços (preço atual vs. preço
passado cobrado pela mesma empresa no passado).
3.1 Hipóteses de Pesquisa
As hipóteses propostas nesta pesquisa estão baseadas nas contribuições vistas na
revisão de literatura e na construção do referencial teórico, e buscam contribuir para suprir
algumas lacunas identificadas no corpo de conhecimento que une reações dos consumidores à
RSC e percepção de justiça em preços. Em resumo, as hipóteses propõem que o consumidor
aceitará pagar mais pelo produto de uma empresa que investe em RSC, e considerará que este
preço é justo e que existe um benefício e um valor adicional envolvido na oferta dessa
empresa.
3.1.1 Efeito da RSC no Benefício Percebido, na Justiça Percebida do Preço, no
Valor Percebido e na Intenção de Compra
A literatura de RSC indica que o consumidor percebe um benefício adicional na oferta
de produtos cuja empresa investe em RSC (Bhattacharya e Sen, 2004; Strahilevitz, 1999;
Smith, 1996). Este benefício está relacionado à idéia de que, através do ato de compra, o
consumidor sente-se bem por estar contribuindo para a melhoria das condições de vida da
sociedade (Smith, 1996). Desta forma, propomos que a oferta de uma empresa socialmente
responsável traz para o consumidor um benefício adicional mensurável, como mostra a
hipótese H1.1.
39
No que se refere à percepção de justiça em preços, há duas linhas de pensamento
presentes na literatura que embasam a hipótese H1.2. Uma dessas linhas propõe que os
consumidores, numa situação de preço mais alto, avaliam os motivos que levaram à empresa a
estabelecê- lo (Campbell, 1999a e 1999b). Determinados motivos para o estabelecimento do
preço farão com que este pareça justificável. Propomos aqui que a informação de que a
empresa investe em RSC levará o consumidor a considerar justo o estabelecimento de um
preço mais alto do que o da concorrência, pelo fato destes investimentos serem vistos de
forma positiva pelos consumidores (Peixoto, 2004; Serpa e Fourneau, 2004; Murray e Vogel,
1997; Brown e Dacin, 1997).
A outra linha de pensamento refere-se à questão da similaridade nas transações.
Quanto maior a percepção do consumidor de que as transações comerciais são similares,
maior a probabilidade de haver percepção de injustiça quando os preços cobrados forem
diferentes (Xia e Monroe, 2005). Entretanto, benefícios adicionais oferecidos em uma das
transações farão com que estas deixem de ser percebidas como similares, e, portanto, os
preços deixam de ser comparáveis (Xia et al, 2004). Se a RSC desempenha o papel deste
benefício adicional, então o consumidor perceberia a transação com a empresa socialmente
responsável como diferente das demais – logo, haveria uma razão que justificaria o diferencial
de preço cobrado. Ambas as linhas de pensamento, presentes na literatura de percepção de
justiça em preços, levam à proposta de que a RSC exerce um efeito positivo na percepção de
justiça do diferencial de preço cobrado por uma empresa socialmente responsável, como
mostra a hipótese H1.2.
O modelo teórico do valor percebido sugere que o consumidor se dispõe a pagar mais
por um produto quando esta diferença de preço (relativa a uma referência, que neste caso é o
preço da concorrência) for acompanhada de um benefício adicional. Se este benefício
40
adicional compensar o preço mais alto, então o valor percebido resultante levará à decisão de
compra (Grewal et al, 1998; Zeithaml, 1988). Tendo proposto que haverá um benefício
adicional percebido e que o diferencial de preço cobrado pela empresa socialmente
responsável será percebido como justo, propomos também que a RSC aumenta o valor
percebido da oferta desta empresa, aumentando também as intenções de compra do
consumidor, como mostra as hipóteses H1.3 e H1.4.
H1: Considerando uma situação de compra onde a qualidade dos produtos seja equivalente,
e uma das empresas estabelece um preço mais alto do que a concorrência, a
informação de que a empresa com preço mais alto é socialmente responsável (vs. a
ausência desta informação) fará com que o consumidor:
1. perceba um maior benefício na oferta desta empresa;
2. perceba o diferencial de preço em relação à concorrência como mais justo;
3. perceba um maior valor na oferta desta empresa;
4. manifeste maior intenção de compra.
3.1.2 Relações entre as Variáveis Benefício Percebido, Justiça Percebida do
Preço, Valor Percebido e Intenção de Compra
Segundo o modelo de valor percebido, a percepção de benefícios na oferta da empresa
tem uma relação positiva com a percepção de valor (Dodds et al, 1991; Zeithaml, 1988),
proposição retratada na hipótese H2.
41
H2: Existe uma correlação positiva entre benefício percebido e valor percebido.
A literatura sobre percepção de justiça indica que um preço considerado injusto
diminui o valor percebido pelo consumidor (Xia e Monroe, 2005; Martins, 1995; Martins e
Monroe, 1994). Propusemos aqui que a RSC fará com que o diferencial de preço praticado
pela empresa seja considerado justo, portanto pode-se supor que a percepção de justiça estará
positivamente relacionada com o valor percebido, como mostra a H3.
H3: Existe uma correlação positiva entre justiça percebida do preço e valor percebido.
Considerando que a percepção de valor leva à intenção de compra (Grewal et al, 1998;
Zeithaml, 1988), sugere-se que o valor percebido pelo consumidor na oferta de uma empresa
socialmente responsável estará positivamente relacionada à intenção de comprar o produto
desta empresa, como mostra a hipótese H4.
H4: Existe uma correlação positiva entre valor percebido e intenção de compra.
42
3.1.3 Efeito do Impacto da Ação Social no Benefício Percebido, no Valor
Percebido, na Percepção de Justiça do Preço e na Intenção de Compra
As ações sociais apoiadas pelas empresas são geralmente a parte mais visível da RSC
para o consumidor (Serpa e Fourneau, 2004; Carroll, 1999). Por esta razão, tomando como
base a proposta deste trabalho de que a RSC exerce uma influência positiva sobre as reações
dos consumidores, sugerimos que o impacto gerado pela ação social apoiada pela empresa
terá papel fundamental nesta influência. Considerando o escopo desta ação, ela pode ter um
impacto mais direto ou mais indireto na vida dos consumidores. Consumidores brasileiros
tendem a valorizar mais ações sociais que estejam voltadas para resolver problemas básicos
do país, que afetam suas vidas mais diretamente (Serpa e Fourneau, 2004; Instituto Ethos,
2004).
Propõe-se aqui que, se a ação social tiver um impacto direto na vida do consumidor, na
comunidade onde vive, ela irá contribuir para aumentar o benefício percebido. Conforme já
visto, o conceito de benefício engloba tudo aquilo que o consumidor obtém ao realizar a troca
de valor com a empresa (Monroe, 2003; Zeithaml, 1988). Se, além do benefício de “sentir-se
bem” por fazer bem aos outros, o consumidor também perceber que a ação social apoiada pela
empresa beneficia sua vida mais diretamente, então o efeito desta ação no benefício
percebido, no valor percebido e na intenção de compra será maior, conforme retratado nas
hipóteses H5.1, H5.2 e H5.4.
Com relação à percepção de justiça no preço, há dois ângulos a serem analisados.
Conforme visto, aumentos de custos derivados de investimentos em RSC justificariam o
diferencial de preço cobrado pela empresa socialmente responsável, e isto independeria do
impacto da ação social na vida do consumidor. Portanto, sob este ângulo, o tipo de ação social
não deveria influenciar a percepção de justiça do diferencial de preço. Mas há ainda a questão
43
do benefício adicional gerado pela RSC, que faz com que a transação com a empresa
socialmente responsável seja percebida como diferente das demais, justificando o diferencial
de preço cobrado por esta empresa. Sob este ângulo, uma ação social com impacto direto na
vida do consumidor geraria um benefício percebido ainda maior, aumentando a percepção de
que é justo que a empresa cobre mais por isto.
O design experimental da pesquisa não permite prever qual desses dois ângulos
prevaleceria para explicar o efeito do impacto da ação social na percepção de justiça do preço.
Em síntese, o que a literatura permite propor é que, quando a ação social representar um
benefício ainda maior para o consumidor, ao menos não haverá uma diminuição na percepção
de justiça do diferencial de preço cobrado pela empresa socialmente responsável, como retrata
a hipótese H5.2.
H5: Considerando uma situação de compra onde a qualidade dos produtos seja equivalente,
e uma das empresas estabelece um preço mais alto do que a concorrência, a
informação de que a empresa com preço mais alto é socialmente responsável e apóia
uma ação social com impacto direto (vs. impacto indireto) na vida do consumidor
gera:
1. um benefício percebido maior;
2. uma percepção de justiça em relação ao diferencial de preço igual ou maior;
3. um valor percebido maior;
4. uma intenção de compra maior.
44
4 METODOLOGIA DE PESQUISA E PROCEDIMENTOS
EXPERIMENTAIS
4.1 Escolha da Metodologia
A metodologia de pesquisa utilizada neste estudo é a experimental, e sua escolha
justifica-se pelos objetivos aqui propostos. Para se atingir os objetivos desta pesquisa foi
necessário investigar existência de relações entre variáveis. O sucesso desta investigação
depende do controle de fatores que possam interferir nos resultados e mascarar a influência
das variáveis independentes nas dependentes. A metodologia experimental aumenta as
possibilidades do pesquisador obter esse controle, uma vez que simula uma situação real que
permite o ajuste dos fatores experimentais conforme as hipóteses de pesquisa (Cooper e
Schindler, 2003).
Esta metodologia tem sido amplamente usada nas ciências sociais e, mais
especificamente, em estudos sobre o a RSC e o comportamento do consumidor (ver Tabela 2).
Também no campo de estudo sobre percepção de justiça em preços, a metodologia
experimental tem prevalecido (por ex.: Xia e Monroe, 2005; Vaidyanathan e Agrarwal, 2003;
Campbell, 1999b, Martins, 1995).
4.2 Método
As hipóteses de pesquisa foram testadas a partir da realização de um experimento. As
variáveis independentes utilizadas são RSC e impacto da ação social apoiada pela empresa e
as variáveis dependentes são benefício percebido, justiça percebida do preço, valor percebido
45
e intenção de compra. A amostra total está divida em um grupo controle e três grupos
experimentais, e as variáveis independentes foram manipuladas da seguinte forma:
Figura 3: Manipulação das Variáveis Independentes nos Grupos de Pesquisa
Nos cenários dos grupos experimentais há a informação sobre RSC, que estará ausente
no cenário do grupo controle. Um dos grupos experimentais foi exposto apenas à informação
sobre RSC e os outros dois foram expostos também a informações sobre o impacto da ação
social, apoiada pela empresa, na vida do consumidor (impacto direto versus impacto indireto).
Este design experimental visa permitir a análise dos efeitos das variáveis RSC e impacto da
ação social separadamente.
GrupoControle
GruposExperimentais
RSC e AçãoSocial de
Impacto Direto
RSC
RSC e AçãoSocial de
Impacto Indireto
GrupoControle
GruposExperimentais
GruposExperimentais
RSC e AçãoSocial de
Impacto Direto
RSCRSC
RSC e AçãoSocial de
Impacto Indireto
46
O experimento baseia-se no uso de cenários de pesquisa. A técnica de cenários é
amplamente utilizada na pesquisa experimental e tem sido aplicada nos estudos sobre RSC e
comportamento do consumidor (ver Tabela 2) e nos estudos de percepção de justiça em
preços (por ex., Homburg et al, 2005; Vaidyanathan e Agrarwal, 2003; Campbell, 1999b).
Para a construção dos cenários de pesquisa, alguns aspectos merecem consideração.
Primeiramente, a descrição de um constructo tão complexo quanto RSC requer mais
informações do que apenas um comportamento isolado da empresa (Mohr e Webb, 2005). As
informações utilizada nos cenários foram baseadas nas definições do constructo presentes na
literatura (Ashley et al, 2003; Borger, 2001; Mohr et al, 2001; Ferrell et al, 2001). A descrição
da ação social baseia-se numa das ações destacadas no Guia Exame Boa Cidadania
Corporativa 2004 (Almeida, 2004), e está relacionada à educação, por este ter sido
considerado um dos mais importantes domínios para causas sociais a serem apoiadas pelas
empresas atuantes no Brasil (Serpa e Fourneau, 2004; Instituto Ethos, 2004).
No que se refere à diferença de preço praticada pela empresa socialmente responsável,
foi utilizado o padrão de 10%, que está dentro do patamar sugerido na literatura como
razoável para que o consumidor perceba os preços como diferentes (Homburg et al, 2005;
Strahilevitz, 1999). Por fim, como a pesquisa focaliza dois aspectos da oferta da empresa – a
RSC e o preço – os cenários experimentais, descritos a seguir, deixavam claro que a qualidade
dos produtos era equivalente.
47
Cenário 1: Grupo Controle
Situação de compra
(constante)
Imagine que você deseja comprar uma calça jeans, e vai até um shopping em busca de opções. Durante seu passeio pelo shopping, você entra em algumas lojas e experimenta diversas calças jeans. Ao final, você conclui que nas três lojas do primeiro piso do shopping – loja X, loja Y e loja Z – estão as calças que você mais gostou. As três calças são de ótima qualidade, têm um design bonito e confortável, e você gostou igualmente das três. Entretanto, existe uma diferença de preço entre elas. A calça da marca X custa $110 enquanto as outras custam cerca de $100.
48
Cenário 2: Grupo Experimental – RSC
Situação de compra
(constante)
Imagine que você deseja comprar uma calça jeans, e vai até um shopping em busca de opções. Durante seu passeio pelo shopping, você entra em algumas lojas e experimenta diversas calças jeans. Ao final, você conclui que nas três lojas do primeiro piso do shopping – loja X, loja Y e loja Z – estão as calças que você mais gostou. As três calças são de ótima qualidade, têm um design bonito e confortável, e você gostou igualmente das três. Entretanto, exis te uma diferença de preço entre elas. A calça da marca X custa $110 enquanto as outras custam cerca de $100.
Informação
sobre RSC
Em relação à empresa X, você soube recentemente que se trata de uma empresa que vem, há algum tempo, investindo na melhoria das condições de vida da sociedade como um todo, o que significa implementar ações que vão além de pagar impostos e gerar empregos. Suas roupas são produzidas em fábricas com equipamentos especiais para proteção do meio ambiente. Além disso, a empresa vem implementando programas de melhoria da qualidade de vida de seus funcionários e fazendo investimentos sistemáticos em diversos programas sociais. A empresa possui uma política de transparência de informações junto a seus acionistas, fornecedores e clientes. Por estes motivos, a empresa X ocupa uma das primeiras posições do ranking de empresas brasileiras socialmente responsáveis, elaborado todos os anos por um respeitado instituto independente.
49
Cenário 3: Grupo Experimental – RSC e Ação social com impacto direto
Situação de compra
(constante)
Imagine que você deseja comprar uma calça jeans, e vai até um shopping em busca de opções. Durante seu passeio pelo shopping, você entra em algumas lojas e experimenta diversas calças jeans. Ao final, você conclui que nas três lojas do primeiro piso do shopping – loja X, loja Y e loja Z – estão as calças que você mais gostou. As três calças são de ótima qualidade, têm um design bonito e confortável, e você gostou igualmente das três. Entretanto, existe uma diferença de preço entre elas. A calça da marca X custa $110 enquanto as outras custam cerca de $100.
Informação sobre RSC
Em relação à empresa X, você soube recentemente que se trata de uma empresa que vem, há algum tempo, investindo na melhoria das condições de vida da sociedade como um todo, o que significa implementar ações que vão além de pagar impostos e gerar empregos. Suas roupas são produzidas em fábricas com equipamentos especiais para proteção do meio ambiente. Além disso, a empresa vem implementando programas de melhoria da qualidade de vida de seus funcionários e fazendo investimentos sistemáticos em diversos programas sociais. A empresa possui uma política de transparência de informações junto a seus acionistas, fornecedores e clientes. Por estes motivos, a empresa X ocupa uma das primeiras posições do ranking de empresas brasileiras socialmente responsáveis, elaborado todos os anos por um respeitado instituto independente.
Ação social com impacto direto
Mais recentemente, a empresa X resolveu colaborar financeiramente com um projeto de educação que vem sendo implementado no bairro onde você mora, proporcionando formação técnica para jovens de classe baixa. O projeto tem tirado estes jovens das ruas, melhorando as condições de vida deles e do bairro onde você mora.
50
Cenário 4: Grupo Experimental – RSC e Ação social com impacto indireto
Situação de compra
(constante)
Imagine que você deseja comprar uma calça jeans, e vai até um shopping em busca de opções. Durante seu passeio pelo shopping, você entra em algumas lojas e experimenta diversas calças jeans. Ao final, você conclui que nas três lojas do primeiro piso do shopping – loja X, loja Y e loja Z – estão as calças que você mais gostou. As três calças são de ótima qualidade, têm um design bonito e confortável, e você gostou igualmente das três. Entretanto, existe uma diferença de preço entre elas. A calça da marca X custa $110 enquanto as outras custam cerca de $100.
Informação sobre RSC
Em relação à empresa X, você soube recentemente que se trata de uma empresa que vem, há algum tempo, investindo na melhoria das condições de vida da sociedade como um todo, o que significa implementar ações que vão além de pagar impostos e gerar empregos. Suas roupas são produzidas em fábricas com equipamentos especiais para proteção do meio ambiente. Além disso, a empresa vem implementando programas de melhoria da qualidade de vida de seus funcionários e fazendo investimentos sistemáticos em diversos programas sociais. A empresa possui uma política de transparência de informações junto a seus acionistas, fornecedores e clientes. Por estes motivos, a empresa X ocupa uma das primeiras posições do ranking de empresas brasileiras socialmente responsáveis, elaborado todos os anos por um respeitado instituto independente.
Ação social com impacto indireto
Mais recentemente, a empresa X resolveu colaborar financeiramente com um projeto de educação que vem sendo implementado na periferia de São Paulo, proporcionando formação técnica para jovens de classe baixa. O projeto tem tirado estes jovens das ruas, melhorando as condições de vida deles e do bairro onde vivem.
51
4.3 Verificações
A verificação da manipulação das variáveis independentes é importante para se
assegurar que as condições experimentais foram corretamente delineadas (Hair et al, 1998).
Basicamente, o interesse estava em verificar se as informações fornecidas sobre RSC para os
grupos experimentais levaram à percepção de que a empresa investe em RSC, e se a ação
social apoiada pela empresa foi percebida como exercendo um impacto direto ou indireto na
vida do consumidor.
Para a verificação da variável RSC foi utilizada uma escala desenvolvida por Brown e
Dacin (1997), que a utilizaram para verificação semelhante. Esta escala contém 3 itens, que
foram traduzidos com praticamente nehuma mudança de conteúdo, e as respostas foram
obtidas em uma Likert de 7 pontos (1 = desfavorável; 7 = favorável):
Faça uma avaliação da empresa X nos seguintes aspectos:
§ A empresa X demonstra preocupação com o meio-ambiente.
§ A empresa X demonstra envolvimento com a comunidade.
§ A empresa X realiza investimentos em causas que valem à pena.
Para a medição do impacto da ação social na vida do consumidor não foi utilizada uma
escala com múltiplos ítens, mas uma pergunta direta. Netemeyer et al (2003) sugerem este
tipo de medição quando não se trata de constructos que necessitem de múltiplos itens para
mensurá- los. A medição foi feita através da seguinte questão:
52
Dada a situação descrita no texto, avalie o impacto que o projeto de educação apoiado pela
empresa X tem na sua vida, circulando um número de 1 a 7:
Indireto Direto 1 2 3 4 5 6 7
Foi também verificado o realismo e a compreensão dos cenários utilizados. Em um
experimento envolvendo o uso de cenários, para maximizar a veracidade das respostas dos
consumidores aos questionários é fundamental que estes percebam que os cenários descritos
são realistas. Neste sentido, é importante que os respondentes compreendam as informações
usadas nos cenários e que possam facilmente se imaginar vivendo a situação proposta. Esta
verificação foi baseada na escala usada por Homburg et al (2005) e Martins (1995), que
apresentou alto grau de confiabilidade e validade. Os três itens da escala foram traduzidos
com praticamente nenhuma alteração significativa de conteúdo, e as respostas foram obtidas
em uma Likert de 7 pontos (1 = discordo fortemente; 7 = concordo fortemente):
§ Posso facilmente me imaginar vivendo esta situação de compra.
§ A descrição desta história é de fácil compreensão para mim.
§ A história contada é realista.
4.4 Medição das Variáveis Dependentes
Das cinco escalas usadas para medição das variáveis dependentes da pesquisa, quatro
são adaptações / traduções de escalas já desenvolvidas anteriormente para medir os mesmos
constructos, seguindo recomendação de Netemeyer et al (2003). Estes autores consideram
que, se existem boas medidas de um construto na literatura de referência, o valor de uma nova
53
medida provavelmente será pequeno relativamente aos custos envolvidos no seu
desenvolvimento. Entretanto, para a medição da variável dependente benefício percebido foi
desenvolvida uma escala própria, por não ter sido encontrada na literatura uma escala de
medida para esta variável que fosse adequada aos objetivos da pesquisa.
4.4.1 Benefício Percebido
O interesse específico desta pesquisa está na percepção que o consumidor tem do
benefício relacionado à oferta total da empresa, e não a características do produto em si.
Muitas pesquisas utilizaram escalas para medição do benefício focadas na qualidade
percebida do produto (por ex. Grewal et al, 1998), mas Zeithaml (1988) chama a atenção para
o fato de existirem outros benefícios que o consumidor percebe na oferta das empresas, mais
intangíveis. Embora muitos autores tenham argumentado que o consumidor percebe um
benefício adicional na compra de produtos de empresas que investem em RSC (Bhattacharya
e Sen, 2004; Strahlilevitz, 1999; Smith, 1996), a medição deste benefício nunca foi realizada
empiricamente.
Como não foi encontrada, na literatura, uma proposta de medição destes benefícios, a
escala de benefício percebido foi desenvolvida, testada e validada como parte desta pesquisa.
As etapas para o desenvolvimento da escala seguiram as orientações de Netemeyer et al
(2003) e de Hair et al (1998).
A definição conceitual é a etapa inicial do desenvolvimento de uma escala, onde se
deve deixar claro qual a base teórica a ser utilizada, através da definição precisa do conceito
que se quer aplicar ao contexto da pesquisa. No processo de decisão de compra, o consumidor
avalia os benefícios que percebe como fazendo parte da oferta da empresa ao mercado. Estes
54
benefícios estão relacionados aos produtos oferecidos pela empresa, mas não se restringem a
eles – há benefícios mais abstratos e intangíveis associados à oferta da empresa como um todo
(Smith, 1996; Lefkoff-Hagius e Mason, 1993; Zeithaml, 1988). Neste sentido, o conceito de
benefício percebido engloba a capacidade do produto de desempenhar certas tarefas ou
funções, de solucionar problemas identificados e a capacidade da oferta total da empresa de
proporcionar prazeres específicos para os consumidores (Monroe, 2003). É de especial
interesse para este estudo a terceira forma de benefício percebido na oferta da empresa, na
medida em que aspectos funcionais do produto serão mantidos constantes nos cenários da
pesquisa. Com base nas principais contribuições da literatura, chegou-se a uma série itens
que buscam retratar a percepção deste benefício, expostos na figura 4.
Figura 4: Definição Conceitual da Escala de Benefício Percebido
Literatura Itens Propostos
O conceito de benefício está relacionado ao que consumidor percebe que está ganhando na troca com a empresa. O consumidor compara este ganho com os custos envolvidos na compra do produto. Basicamente, pode-se identificar como benefícios envolvidos na troca com a empresa os aspectos funcionais do produto, ligados à sua qualidade, e aspectos mais simbólicos, envolvidos com os benefícios presentes na oferta total e não do produto em si (Zeithaml, 1988). As principais contribuições da literatura para definição destes benefícios são:
1. Se eu comprar o (produto) da marca X vou me sentir bem comigo mesmo.
2. Comprar o (produto) da marca X me faria sentir que estou fazendo a coisa certa.
3. Comprar o (produto) da marca X me traria um bem estar.
4. Se eu comprar o (produto) da marca X estarei me beneficiando.
5. Se eu comprar o (produto) da marca X me sentirei satisfeito.
6. A compra do produto da marca X me traria prazer.
7. Comprar o (produto) da marca X me proporcionaria uma satisfação pessoal.
• Monroe (2003) – proporcionar prazeres específicos.
• Lefkoff-Hagius e Mason (1993) – contribuir para construção de uma auto-imagem positiva.
• Smith (1996) – sentir-se bem com a compra; satisfação pessoal.
• Dawes e Thaler apud Strahilevitz (1999) –atender à aspiração de fazer o que é certo.
• Strahlilevitz (1999) – sentir-se bem, obter um prazer com a compra.
Literatura Itens Propostos
O conceito de benefício está relacionado ao que consumidor percebe que está ganhando na troca com a empresa. O consumidor compara este ganho com os custos envolvidos na compra do produto. Basicamente, pode-se identificar como benefícios envolvidos na troca com a empresa os aspectos funcionais do produto, ligados à sua qualidade, e aspectos mais simbólicos, envolvidos com os benefícios presentes na oferta total e não do produto em si (Zeithaml, 1988). As principais contribuições da literatura para definição destes benefícios são:
1. Se eu comprar o (produto) da marca X vou me sentir bem comigo mesmo.
2. Comprar o (produto) da marca X me faria sentir que estou fazendo a coisa certa.
3. Comprar o (produto) da marca X me traria um bem estar.
4. Se eu comprar o (produto) da marca X estarei me beneficiando.
5. Se eu comprar o (produto) da marca X me sentirei satisfeito.
6. A compra do produto da marca X me traria prazer.
7. Comprar o (produto) da marca X me proporcionaria uma satisfação pessoal.
• Monroe (2003) – proporcionar prazeres específicos.
• Lefkoff-Hagius e Mason (1993) – contribuir para construção de uma auto-imagem positiva.
• Smith (1996) – sentir-se bem com a compra; satisfação pessoal.
• Dawes e Thaler apud Strahilevitz (1999) –atender à aspiração de fazer o que é certo.
• Strahlilevitz (1999) – sentir-se bem, obter um prazer com a compra.
55
Esta lista de itens foi submetida a um painel de especialistas, que contou com três
professores doutores – da COPPEAD/UFRJ, do Ibmec/RJ e da University of Illinois at
Urbana Champaign, e dois alunos de doutorado da COPPEAD/UFRJ. O papel dos
especialistas nesta fase de desenvolvimento da escala é avaliar a validade de tradução
(translation validy) da escala. A validade de tradução representa o quanto um constructo está
efetivamente sendo traduzindo na medida operacional que está sendo proposta, e envolve duas
formas iniciais de validade da escala: validade de conteúdo (content validity) e validade de
face (face validity). O objetivo básico da validade de conteúdo é garantir que os itens da
escala reflitam efetivamente o conteúdo do constructo-alvo. Nesta avaliação, alguns itens da
escala podem ser eliminados ou modificados por estarem em desacordo com a conceituação
do constructo. Já a avaliação da validade de face visa aumentar a possibilidade de cooperação
dos futuros respondentes da pesquisa. Os especialistas julgam a facilidade de compreensão e
de uso da escala, se os itens estão redigidos de forma clara. Esta etapa inicial de validação
pelo painel de especialistas resultou num refinamento da escala, permanecendo os itens
considerados relevantes e essenciais para medição do constructo:
§ Se eu comprar a calça jeans da marca X vou me sentir bem comigo mesmo.
§ Comprar a calça jeans da marca X me faria sentir que estou fazendo a coisa certa.
§ Se eu comprar a calça jeans da marca X estarei me beneficiando.
§ Comprar a calça jeans da marca X me proporcionaria uma satisfação pessoal.
As etapas finais do desenvolvimento de uma escala referem-se à definição de
dimensionalidade e à avaliação de sua confiabilidade e validade de convergência (Netemeyer
56
et al, 2003; Hair et al, 1998). Estas etapas foram realizadas utilizandose dados reais, do pré-
teste e do experimento, e estão descritas na seção 5.3.1 desta tese.
4.4.2 Justiça Percebida do Preço
A maior parte dos experimentos conduzidos na área de percepção de justiça em preços
utilizaram escalas com múltiplos itens, e não escolhas pontuais entre “justo” ou “injusto”. De
fato, muitos autores defendem o uso de escala com múltiplos itens por estas terem uma
sensibilidade maior em captar a percepção do respondente sobre a totalidade do constructo
(por ex., Netemeyer et al, 2003; Malhotra, 2001; Hair et al, 1998). O interesse desta pesquisa
está em medir a percepção do consumidor tanto no campo da justiça quanto da injustiça,
portanto foi utilizada uma escala equilibrada entre justiça e injustiça, com 3 possibilidades de
marcação para cada campo e com um campo neutro, segundo recomendação de Mota (1999).
A escala foi adaptada de estudos anteriores (Kukar-Kinney et al, 2005; Campbell, 1999b),
onde apresentou alto grau de confiabilidade e validade:
Dada a situação descrita no texto, avalie o diferencial de preço cobrado pela marca X,
circulando um número de 1 a 7:
Injusto Justo 1 2 3 4 5 6 7
Inaceitável Aceitável 1 2 3 4 5 6 7
Insatisfatório Satisfatório 1 2 3 4 5 6 7
Muito alto Muito baixo 1 2 3 4 5 6 7
57
4.4.3 Valor Percebido
Para esta pesquisa, a escala de valor percebido precisava contemplar a questão dos
benefícios percebidos na oferta da empresa versus o custo para adquiri- la. Desta forma,
escalas para medição de valor percebido focadas em barganha de preço (por ex., Grewal et al,
1998; Dodds et al, 1991) não foram consideradas. Foi então utilizada uma escala contendo 3
itens baseados em escalas usadas anteriormente para medir este constructo, as quais
apresentaram alto grau de confiabilidade e validade (Kukar-Kinney et al, 2005; Suri et al,
2003). Foram retirados os itens especificamente relacionados à qualidade do produto, pois
esta não terá variações nos cenários da pesquisa. As respostas foram dadas em uma Likert de
7 pontos (1 = discordo fortemente; 7 = concordo fortemente). A seguir, os itens da escala:
§ Se eu comprar a calça jeans da marca X, estarei recebendo o que meu dinheiro vale.
§ Se eu comprar a calça jeans da marca X eu acho que estarei recebendo um bom valor
pelo dinheiro gasto.
§ A calça jeans da marca X é uma compra que vale à pena, pois acho que seu preço é
razoável.
4.4.4 Intenção de Compra
A medição de intenção de compra é bastante usual em experimentos sobre o
comportamento do consumidor (Homburg et al, 2005). Foi utilizada nesta pesquisa uma
escala Likert de 7 pontos (1 = discordo fortemente; 7 = concordo fortemente), baseada em
estudos anteriores (Homburg et al, 2005; Kukar-Kinney et al, 2005; Xia e Monroe, 2005), e
58
que apresentou alto grau de confiabilidade e validade. A escala é composta pelos seguintes
itens:
§ Eu estou disposto a comprar a calça jeans da marca X.
§ A probabilidade de eu comprar a calça jeans da marca X é alta.
§ Eu provavelmente vou comprar a calça jeans da marca X.
4.5 Medidas de Possíveis Covariantes
Como forma de contribuir para a interpretação dos resultados da pesquisa, o
questionário contou com algumas medidas de possíveis covariantes da pesquisa. A aná lise
destas medidas visa avaliar se há variações não desejáveis nas variáveis dependentes devido a
variáveis que não foram tomadas como independentes na pesquisa (Hair et al, 1998). A
análise de covariância desta pesquisa foi feita inicialmente com as variáveis sexo e idade dos
respondentes.
Como forma de enriquecer a interpretação dos resultados da pesquisa, uma medida
adicional foi incluída no questionário – comportamento socialmente responsável. Pesquisas
anteriores indicaram que há consumidores que podem ser considerados mais socialmente
responsáveis do que outros (Mohr e Webb, 2005; Peixoto, 2004; Bhattacharya e Sen, 2004).
Foi então utilizada uma escala para medir esta característica, visando analisar se ela estaria
influenciando os resultados da pesquisa. Os itens da escala foram baseados em uma escala
similar desenvolvida por Moh e Webb (1995), cujas respostas são dadas em uma Likert de 7
pontos (1 = discordo fortemente; 7 = concordo fortemente):
59
§ Eu preferiria comprar de empresas que oferecessem boas condições para seus
funcionários, se eu tivesse esta informação.
§ Eu me preocupo com o descarte de pilhas e baterias.
§ Eu me preocupo em desligar a luz e aparelhos elétricos, na minha casa e no meu
trabalho, quando ninguém está usando.
§ Eu tentaria comprar de empresas que ajudam os mais necessitados de alguma forma,
se eu tivesse esta informação.
§ Eu preferiria comprar de empresas que empregam deficientes físicos, se eu tivesse esta
informação.
§ Eu evito usar produtos e serviços que possam causar danos ao meio ambiente.
§ Eu costumo utilizar também o verso das folhas de papel ao escrever em cadernos, ao
imprimir textos na impressora, etc.
4.6 Amostragem, Instrumento e Coleta de Dados
A amostra desta pesquisa contou com 264 pessoas. Trata-se de uma amostra não-
probabilística de conveniência, formada por estudantes de MBA, de mestrado em
administração de empresas e de graduação em administração de empresas, economia, letras e
medicina de uma faculdade privada, uma universidade privada e uma universidade pública do
Rio de Janeiro. Os participantes foram distribuídos aleatoriamente pelas condições
experimentais, num processo de blind experiment, isto é, não tinham conhecimento sobre em
que grupo foram alocados. O tamanho da amostra respeitou o sugerido por Hair et al (1998),
60
isto é, não menos que 30 sujeitos por célula de pesquisa, garantindo que todas as células da
pesquisa tenham quantidade similar de observações.
Os dados foram coletados através de questionários estruturados, por ser um
instrumento desenhado para se obter informações sobre as percepções e opiniões dos
respondentes (Moura et al, 1998). Pode-se considerar este um instrumento adequado para o
objetivo deste estudo, na medida em que fornece dados passíveis de uma análise estatística,
visando o estabelecimento de relações entre as variáveis em questão. Os questionários
completos, utilizados nos grupos controle e experimentais, encontram-se no Anexo 1.
4.7 Tratamento dos Dados
4.7.1 Avaliação das Escalas
Primeiramente as escalas da pesquisa foram avaliadas quanto à sua dimensionalidade.
Uma escala de medida é considerada unidimensional quando se pode demonstrar
estatisticamente que seus itens estão fortemente associados uns aos outros, formando um
único constructo ou fator. Netemeyer et al (2003) sugerem que devem ser usados
preferencialmente itens unidimensionais que, no contexto específico da pesquisa, sejam
formadores de apenas um fator. Esta preferência pelo uso de constructos unidimensionais
baseia-se na prática comum de se combinar as pontuações dos itens da escala – isto é, fazer
uma soma ou média destes – para se realizar os procedimentos estatísticos. Hair et al (1998) e
Netemeyer et al (2003) recomendam a análise fatorial para medir a dimensionalidade da
escala. Foi então realizada a análise fatorial exploratória, usando como método de extração
dos fatores o de componentes principais. Este método foi escolhido por ser o procedimento
mais comum nas pesquisas de comportamento do consumidor, e é considerado o método ideal
61
de condensar as variáveis na primeira etapa da análise fatorial (Kim e Mueller, 1982). Para
extração de fatores foi adotado o critério, conservador, de se considerar apenas os fatores com
raízes latentes (autovalores) acima de 1,0. A rotação dos fatores não pôde ser realizada, visto
que todas as escalas da pesquisa apresentaram-se unidimensionais.
Para cada análise fatorial foi calculado o índice de KMO (Kaiser-Meyer-Olkin), que
mede a adequação da análise fatorial à amostra. Este índice quantifica globalmente (a partir da
totalidade dos dados) em que medida as variáveis mantém relação com as demais,
justificando, portanto, uma análise fatorial. Segundo Hair et al (1998), valores para o índice
de KMO acima de 0,70 são desejáveis e valores abaixo de 0,5 são inaceitáveis. Foi também
realizado o teste de esfericidade de Bartlett, para testar hipótese nula de que os itens na matriz
de correlação não estão correlacionados. O resultado deste teste é um dos indicadores de que a
análise fatorial da escala é apropriada, e seu nível de significância deve ser baixo o suficiente
para rejeitar a hipótese nula e indicar que há uma correlação forte entre os itens (Hair et al,
1998).
Tendo sido estabelecida a unidimensionalidade das escalas, foi então avaliada a
confiabilidade destas, relacionada ao grau de consistência entre as múltiplas medidas da
variável (Hair et al, 1998). Itens que compõem uma escala devem mostrar altos níveis de
consistência interna, isto é, devem estar inter-relacionados para que faça sentido o fato de
estarem juntos em uma só escala, medindo um mesmo constructo. O coeficiente de alfa de
Cronbach é o mais utilizado para avaliar a confiabilidade das escalas (Netemeyer et al, 2003;
Hair et al, 1998). Este coeficiente é um indicador da qualidade da consistência interna da
escala, e deve ser usado depois que a unidimensionalidade tiver sido estabelecida através da
análise fatorial. Hair et al (1998) defendem um nível de alfa de Cronbach mínimo de 0,60.
Por fim foi avaliada a validade de convergência, onde se verifica se os itens que
medem o constructo apresentam uma correlação razoavelmente alta entre si, isto é, se eles
62
convergem num mesmo fator (Netemeyer et al, 2003). Para o cálculo desta tabela foi utilizado
o coeficiente de Spearman, não-paramétrico, pois a condição de normalidade não foi
observada nas distribuições de todos os itens das escalas.
4.7.2 Teste das Hipóteses
Primeiramente foi realizada uma preparação dos dados, incluindo uma análise gráfica
com a construção de histogramas e box-plots, avaliação de outliers e avaliação da
normalidade das variáveis dependentes através do teste de Kolmogorov-Smirnov (Cooper e
Schindler, 2001; Siegel, 1994).
Todas estas avaliações levaram em conta a o agrupamento dos dados de acordo com as
hipóteses da pesquisa. As hipóteses H1.1, H1.2, H1.3, H1.4 e H5.1, H5.2, H5.3 e H5.4 fazem uma
comparação entre grupos, conforme ilustra a figura 5. Já as hipóteses de correlações entre as
variáveis – H2, H3 e H4 – pressupõem a utilização da amostra total da pesquisa.
63
Figura 5: Comparação dos Grupos de Pesquisa
A hipótese H1 sugere que a presença da RSC tem um efeito positivo no benefício
percebido (H1.1), na justiça percebida do preço (H1.2), no valor percebido (H1.3), e na intenção
de compra (H1.4). Para o teste desta hipótese foi utilizado o procedimento estatístico
MANOVA (Análise de Variância Multivariada), por se tratar de um procedimento que serve
para detectar diferenças nos grupos entre duas ou mais variáveis dependentes
simultaneamente (Hair et al, 1998), como é o caso. Vale ressaltar que o uso de diversas
Análises de Variância (ANOVAs) para testar as hipóteses H1.1, H1.2, H1.3 e H1.4 seria
desaconselhável, na medida em que poderia criar problemas para o controle do erro tipo I, isto
é, da possibilidade de se rejeitar a hipótese nula quando esta deveria ter sido aceita (Cooper e
Schindler, 2001; Hair et al, 1998). O ANOVA, embora ofereça resultados sobre a relação
entre cada variável independente e cada variável dependente, “ignora as correlações entre as
variáveis dependentes e, portanto, usa menos do que a informação total disponível para
GrupoControle
CENÁRIO 1
GruposExperimentais
GrupoExperimental:CENÁRIO 3
GrupoExperimental:CENÁRIO 2
GrupoExperimental:CENÁRIO 4
H1.1H1.2H1.3H1.4
H5.1H5.2H5.3H5.4
GrupoControle
CENÁRIO 1
GrupoControle
CENÁRIO 1
GruposExperimentais
GruposExperimentais
GrupoExperimental:CENÁRIO 3
GrupoExperimental:CENÁRIO 3
GrupoExperimental:CENÁRIO 2
GrupoExperimental:CENÁRIO 2
GrupoExperimental:CENÁRIO 4
GrupoExperimental:CENÁRIO 4
H1.1H1.2H1.3H1.4
H5.1H5.2H5.3H5.4
64
acessar as diferenças no grupo total (Hair et al., 1998, p.339)”. O uso do MANOVA na
hipótese H1 visou testar o efeito principal da variável RSC nas variáveis dependentes
benefício percebido, justiça percebida do preço, valor percebido e intenção de compra.
A hipótese H2 sugere a existência de uma correlação positiva entre benefício percebido
e valor percebido. Para testar esta hipótese foi calculado o coeficiente de Spearman e o nível
de significância deste. Analogamente, para o teste da hipótese H3 e H4 foram calculados o
coeficiente de Spearman e o nível de significância deste, para testar a correlação entre justiça
percebida do preço e valor percebido, e entre valor percebido e intenção de compra. Optou-se
pelo cálculo do coeficiente de Spaerman, não-paramétrico, por este não exigir normalidade
das distribuições. As variáveis não apresentaram distribuição normal quando consideradas no
grupo total, contra indicando o uso de um coeficiente de correlação paramétrico (Siegel,
1994).
A hipótese H5 sugere que a variável impacto da ação social tem um efeito diferente nas
variáveis dependentes, em função deste impacto ser direto ou indireto na vida do consumidor.
Esta hipótese sugere que a ação social com impacto direto gera um maior benefício percebido
(H5,1), uma maior ou igual justiça percebida do preço (H5,2), um maior valor percebido (H5,3),
e uma maior intenção de compra (H5,4) do que a ação social de impacto indireto. Como a
condição de normalidade das variáveis dependentes não foi plenamente atendida nas
distribuições consideradas para hipótese H5, inicialmente foi utilizado o teste não-paramétrico
de Mann-Whitney para verificação de diferenças significativas entre duas amostras.
Entretanto, foi também aplicado o MANOVA visando observar se os resultados encontrados
com a aplicação do teste não-paramétrico seriam replicados. Hair et al (1998) argumentam
que o teste MANOVA pode ser considerado robusto mesmo quando a condição de
normalidade não é plenamente atendida. Segundo estes autores, “em tamanhos moderados de
65
amostras, pequenas violações podem ser acomodadas quando as diferenças forem devido à
assimetria e não a outliers (p. 349)”. No caso específico das distribuições consideradas para
hipótese H5, apenas uma variável não atendeu à condição de normalidade, devido a uma
assimetria um pouco acima do recomendável e não à presença de outliers. Desta forma,
analogamente ao que foi feito para a hipótese H1, também para hipótese H5 foi utilizado o
procedimento estatís tico MANOVA, visando verificar o efeito principal da variável impacto
da ação social nas variáveis dependentes.
Para a hipótese H1 e H5 foram consideradas as condições para aplicação do
MANOVA. Segundo Hair et al (1998), a condição mais importante para o uso do MANOVA
é a independência das observações. Isto significa que o pesquisador deve garantir que haja
total independência entre os grupos de tratamento da pesquisa, não existindo nenhuma
influência de um participante de uma célula da pesquisa em outro, pertencente à outra célula.
Esta condição foi plenamente respeitada durante a aplicação dos questionários da pesquisa.
Tendo garantido que esta condição não foi violada, os outros dois pré-requisitos para
aplicação do MANOVA são a normalidade da distribuição das variáveis dependentes e a
homoscedasticidade, isto é, variâncias iguais para todos os grupos de tratamento (Hair et al,
1998; Siegel, 1994). A condição de normalidade das distribuições das variáveis dependentes
foi avaliada graficamente e através do teste de Kolmogorov-Smirnov, e a igualdade de
variância entre os grupos de tratamento foi verificada através do teste de Levene e do teste M
de Box (Cooper e Schindler, 2001; Hair et al, 1998; Siegel, 1994). A tabela 3 resume os
principais procedimentos estatísticos utilizados por hipótese de pesquisa.
66
Tabela 3: Principais Procedimentos Estatísticos por Hipótese de Pesquisa
Hipóteses Procedimentos Estatísticos
H1,1, H1,2, H1,3, H1,4 Teste de Kolmogorov-Smirnov
Teste de Levene e Teste M de Box
Manova (Análise de Variância Multivariada)
H2 Teste de Kolmogorov-Smirnov
Índice de Correlação de Spearman
H3 Teste de Kolmogorov-Smirnov
Índice de Correlação de Spearman
H4 Teste de Kolmogorov-Smirnov
Índice de Correlação de Spearman
H5,1, H5,2, H5,3, H5,4 Teste de Kolmogorov-Smirnov
Teste de Levene e Teste M de Box
Teste de Mann-Whitney U
Manova (Análise de Variância Multivariada)
4.7.3 Outras Análises
Para as análises dos dados do pré-teste, para validação da definição operacional das
variáveis independentes e para verificação do realismo e compreensão dos cenários de
pesquisa foram utilizados os testes não-paramétricos de Mann-Whitney U para duas amostras
independentes e de Kruskal-Wallis para k amostras independentes. As análises das possíveis
covariantes de pesquisa também foram realizadas com a utilização de testes não-paramétricos.
A opção pelo uso de testes não-paramétricos nestes casos se deveu ao não cumprimento
da condição de normalidade das distribuições consideradas. Os testes não-paramétricos são
67
procedimentos estatísticos que não requerem normalidade das variáveis porque são baseados
na contagem de ranks ou postos, e não nos valores reais dos dados. Segundo Siegel (1994),
estes testes são mais eficientes que os paramétricos quando as distribuições se desviam da
normal.
4.8 Limitações da Pesquisa
O método experimental permite um maior controle sobre as variáveis e, portanto, uma
definição mais precisa das relações entre elas. Entretanto, isto leva também a uma certa
artificialidade das situações estudadas, já que os participantes da pesquisa têm que reagir a
cenários escritos e não a situações da vida real. Segundo Kerlinger (1980), as variáveis
independentes dos experimentos raramente têm muita força se comparadas à força das
variáveis naturais, do mundo real.
Neste sentido, a principal limitação desta pesquisa é inerente a um experimento
baseado em cenários, onde os respondentes precisam se imaginar vivenciando uma situação
de compra hipotética. É provável que prestem mais atenção às informações sobre RSC do que
o fariam numa situação real, onde estas informações são esparsas. Os respondentes leram as
informações sobre a postura de RSC da empresa imediatamente antes de tomar a decisão de
compra, o que dificilmente aconteceria na realidade (Dean, 2003). Além disso, por se tratar de
uma simulação, as decisões tomadas pelos participantes não têm efetivamente um impacto em
suas vidas, o que pode reduzir o realismo de suas respostas.
O instrumento de pesquisa abre também a possibilidade das pessoas buscarem dar
respostas que estejam de acordo com normas e convenções sociais estabelecidas, eximindo-se
de dar verdadeiramente suas opiniões. Desta forma, a veracidade dos resultados depende da
68
sinceridade dos participantes da pesquisa em expressar suas opiniões. Um dos mais relevantes
vieses que atingem o assunto pesquisado é o viés da desejabilidade social (Marlowe e
Crowne, apud Erffmeyer et al., 1999). Este viés já foi apontado em outros estudos na área de
RSC (Auger et al, 2003), inclusive no contexto brasileiro (Urdan e Zuñiga, 2001), e ocorre
quando os sujeitos pesquisados baseiam suas respostas no que percebem como sendo uma
resposta socialmente valorizada. Uma forma de minimizar este impacto consiste no discurso a
ser usado para aplicação dos questionários, onde se enfatizou a impossibilidade de
identificação dos respondentes e a importância da sinceridade nas respostas, ressaltando que
tal postura era fundamental para a legitimidade da pesquisa e que o estudo não tinha a
intenção de julgamento de valor das opiniões dos sujeitos pesquisados.
Por fim, uma limitação importante desta pesquisa se refere à amostra utilizada. Em
virtude da dificuldade prática de se utilizar amostragem probabilística, foi empregada uma
amostra não-probabilística, de conveniência. A pesquisa está, portanto, restrita a uma parcela
de estudantes de graduação, mestrado e MBA de uma faculdade particular, uma universidade
privada e uma universidade pública da cidade do Rio de Janeiro. É sabido que pesquisas
conduzidas com amostragem probabilística possuem uma superioridade em termos de
generalização e confiabilidade dos resultados (Cooper e Schindler, 2001). Segundo Aaker et
al (1995), “em amostragem não probabilística, eliminam-se os custos e o trabalho de
desenvolver uma amostragem estruturada aleatoriamente, porém também se elimina a
precisão com que as informações resultantes serão apresentadas (p. 375)”. Vale ressaltar, no
entanto, que a amostra de pesquisa é composta por pessoas com nível educacional elevado e
formadoras de opinião. Para um tema relativamente novo como RSC, é relevante
compreender as reações de formadores de opinião, visto que suas atitudes e comportamentos
poderão futuramente exercer alguma influência na sociedade como um todo.
69
5 RESULTADOS E ANÁLISES
Neste capítulo, primeiramente serão apresentados os resultados dos pré-testes. A
seguir será apresentada a caracterização da amostra de pesquisa, a partir dos dados
demográficos coletados, e depois os resultados da validação das escalas de pesquisa. Por fim,
serão apresentados os resultados dos testes das hipóteses e das análises das possíveis
covariantes da pesquisa.
Todos os procedimentos estatísticos foram realizados utilizando-se o software SPSS
versão 10.0, com nível de significância de 0,05.
5.1 Pré-Testes
O objetivo do primeiro pré-teste foi avaliar os cenários de pesquisa de forma
qualitativa, incluindo o produto a ser utilizado. Foram aplicados 44 questionários em duas
turmas de mestrado em administração de empresas de uma universidade pública e de uma
faculdade privada do Rio de Janeiro. Após a aplicação dos questionários, os respondentes
foram estimulados a falar sobre as informações ali contidas. A partir dos comentários
colhidos, os cenários sofreram alguns ajustes no que se refere à forma de expor as
informações e ao produto escolhido.
Foram testados dois produtos nos cenários – tênis e calça jeans – por serem de uso
comum para ambos os sexos e para diversas faixas etárias, conforme recomendado por
estudos experimentais anteriores nesta área (Mohr e Webb, 2005; Auger et al, 2003; Dean,
2003). Os comentários feitos pelos participantes do pré-teste demonstraram que estes tinham
familiaridade com a compra de ambos os produtos. Entretanto, o produto tênis mostrou-se
bastante vinculado a empresas com imagens negativas do ponto de vista da responsabilidade
70
social, remetendo especialmente a uma marca específica, Nike. Alguns comentários dos
participantes reforçaram esta idéia:
“Tênis me lembra a Nike, que explora o trabalho infantil e escravo na Ásia e depois gasta um dinheirão em propaganda”. “A maioria das empresas de tênis são estrangeiras, duvido que queiram investir em responsabilidade social no Brasil”. “Os fabricantes de tênis só querem fazer propaganda, não conheço nenhum que faça responsabilidade social”. “Quando vi que era para me imaginar comprando um tênis lembrei logo que essas empresas só querem produzir seus produtos na Ásia para terem menor custo, pagando uma miséria e depois cobrando caro dos consumidores”.
Já o produto calça jeans mostrou-se neutro sob este aspecto, não aparentando estar
vinculado a nenhuma informação específica, negativa ou positiva, sobre responsabilidade
social. Além disso, os participantes do pré-teste relacionaram este produto a uma diversidade
de marcas, não havendo nenhuma predominância sob este aspecto. Optou-se, então, pelo uso
do produto calça jeans nos cenários de pesquisa, que se mostrou mais adequado no pré-teste.
A escolha de apenas um produto justifica-se pelo fato de tornar mais viável a obtenção de um
número extenso de participantes para o teste das hipóteses.
Depois de realizados os ajustes nos cenários, um segundo pré-teste foi realizado, com
a aplicação de 126 questionários em alunos de MBA e de graduação em administração de
empresas de uma universidade pública e de uma faculdade privada do Rio de Janeiro. Este
segundo pré-teste teve três objetivos: 1. Validar a definição operacional das variáveis
independentes RSC e impacto da ação social; 2. Verificar se os cenários foram percebidos
pelos respondentes como realistas e de fácil compreensão; 3. Validar a escala de benefício
percebido, que foi desenvolvida como parte desta pesquisa. Cabe ressaltar que as demais
escalas foram validadas a posteriori, utilizando os dados coletados no experimento, por se
tratarem de adaptações de escalas já existentes, segundo recomendação de Netemeyer et al
71
(2003). A seguir serão apresentados os resultados referentes aos dois primeiros objetivos do
pré-teste. Os resultados da validação da escala de benefício percebido serão apresentados mais
à frente, na seção 5.3 que trata da validação das escalas de pesquisa.
Para validação da definição operacional das variáveis independentes RSC e impacto da
ação social, e verificação do realismo e compreensão dos cenários de pesquisa, primeiramente
foi avaliada a normalidade das distribuições dessas variáveis. O teste de Kolmogorov-
Smirnov, recomendado por Hair et al (1998) para este fim, gerou resultados que apontaram
para a não-normalidade das distribuições. Os níveis de significância obtidos (Sig. < 0,05 para
cada variável) não permitem aceitar a hipótese nula de que as variáveis teriam distribuições
normais. Além disso, a quantidade de observações por célula de pesquisa no pré-teste não é
grande, indicando o uso de testes não-paramétricos (Hair et al, 1998; Siegel, 1994). Desta
forma, os procedimentos estatísticos utilizados foram o teste não-paramétrico de Mann-
Whitney U, para comparação de duas amostras, e o teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis,
para comparação de mais de duas amostras.
A definição operacional das variáveis independentes se mostrou adequada. A tabela 4
mostra as estatísticas descritivas relativas à RSC. O escore médio para RSC foi de 6,20,
bastante próximo do ponto máximo da escala de 7 pontos, indicando que os participantes do
pré-teste realmente perceberam que a empresa investe em RSC. Foi então realizado o teste de
Kruskal-Wallis para verificar a existência ou não de diferenças significativas na percepção de
RSC entre os grupos expostos aos cenários 2, 3 e 4 (o cenário 1, ao qual foi exposto o grupo
controle, não continha informações sobre RSC). O resultado deste teste (tabela 5) permite que
se aceite a hipótese nula de que a RSC foi percebida de forma semelhante entre os cenários de
pesquisa (Sig. = 0,362).
72
Tabela 4: Estatísticas Descritivas para Responsabilidade Social Corporativa, Realismo e
Compreensão do Cenário e Impacto da Ação Social (Pré-Teste)
326,19791,08057,0000
36 366,3519 5,7407,8124 1,1605
6,6667 6,000026 26 26
6,3077 5,7692 6,0000,6662 ,8152 ,7364
6,5000 6,0000 6,000032 32 32
5,9687 2,9062 5,79171,1773 1,4670 ,9532
6,1667 3,0000 5,8333
94 58 1266,2092 4,1897 5,9233,9275 1,8774 1,0173
6,3333 4,5000 6,0000
NMédiaDesvio-padrãoMedianaNMédiaDesvio-padrãoMedianaNMédiaDesvio-padrãoMedianaNMédiaDesvio-padrãoMediana
NMédiaDesvio-padrãoMediana
CenárioControle
Experimental
Experimental com AçãoSocial de Impacto Direto
Experimental com AçãoSocial de Impacto Indireto
Total
ResponsabilidadeSocial Corporativa
Impacto da AçãoSocial
Realismo eCompreensão do
Cenário
Tabela 5: Teste de Kruskal-Wallis para Responsabilidade Social Corporativa (Pré-Teste)
Postos
36 51,82
26 47,52
32 42,63
94
CenárioExperimentalExperimental com Açãode Impacto DiretoExperimental com Açãode Impacto IndiretoTotal
ResponsabilidadeSocial Corporativa
NPostoMédio
73
Estatísticas do Teste
2,0302
,362
Qui-QuadradoglSig.
ResponsabilidadeSocial Corporativa
A tabela 4 mostra também as estatísticas descritivas para a variável impacto da ação
social. Os escores médios indicam que a ação social de impacto direto foi percebida como tal
(média = 5,77, em uma escala de 7 pontos), e a ação social de impacto indireto também foi
percebida como tal (média = 2,91, em uma escala de 7 pontos). Para verificar se este impacto
foi realmente percebido de forma diferente nos cenários experimentais que continham esta
informação (impacto direto vs. indireto), foi realizado o teste de Mann-Whitney U. Os
resultados (tabela 6) indicam que os grupos perceberam o impacto da ação social de forma
significativamente diferente, conforme o esperado (Sig. = 0,000).
Tabela 6: Teste de Mann-Whitney U para Impacto da Ação Social (Pré-Teste)
Postos
26 44,12 1147,00
32 17,63 564,00
58
CenárioExperimental com Açãode Impacto DiretoExperimental com Açãode Impacto IndiretoTotal
Impacto da Ação SocialN
PostoMédio
Soma dosPostos
74
Estatísticas do Teste
36,000564,000
-6,030,000
Mann-Whitney UWilcoxon WZSig. (2-caudas)
Impacto daAção Social
Pode-se considerar que os cenários foram percebidos como realistas e de fácil
compreensão (média = 5,92, em uma escala de 7 pontos), como mostram os resultados da
tabela 4. Para verificar se os grupos controle e experimentais diferem significativamente
quanto à avaliação do realismo e compreensão dos cenários foi realizado o teste de Kruskal-
Wallis. Os resultados (tabela 7) apontaram para a ausência de diferenças significativas entre
os grupos (Sig.=0,143). Pode-se considerar, portanto, que há uma certa homogeneidade na
avaliação dos cenários quanto ao realismo da situação descrita e quanto à facilidade de
compreendê- la.
75
Tabela 7: Teste Kruskal-Wallis para Realismo e Compreensão do Cenário (Pré-Teste)
Postos
32 75,7336 58,92
26 62,92
32 56,89
126
CenárioControleExperimentalExperimental com Açãode Impacto DiretoExperimental com Açãode Impacto IndiretoTotal
Realismo eCompreensãodo Cenário
NPostoMédio
Estatísticas do Teste
5,4253
,143
Qui-QuadradoglSig.
Realismo eCompreensão
do Cenário
5.2 Caracterização da Amostra de Pesquisa
Para realização do experimento foram aplicados 267 questionários no total. Destes,
apenas três foram descartados por não estarem preenchidos corretamente. Restaram, portanto,
264 questionários válidos, distribuídos entre os cenários de pesquisa como mostra a tabela 8.
Tabela 8: Quant idade de Questionário por Cenários
Cenário No de Questionários
1. Controle 66
2. Experimental 70
3. Experimental com Ação Social de Impacto Direto 63
4. Experimental com ação Social de Impacto Indireto 65
76
A grande maioria dos respondentes tem até 30 anos (68,6%) e a amostra total
apresenta uma pequena predominância do sexo masculino (52,7%). No que se refere à
escolaridade, a amostra é composta por estudantes de MBA (48,1%) e de Mestrado em
Administração de Empresas (5,3%) e de diferentes cursos de graduação (Administração –
11,4%; Economia – 8,0%; Letras – 10,6%; Medicina – 16,7%), de uma faculdade privada,
uma universidade privada e uma universidade pública do Rio de Janeiro. A tabela 9 apresenta
um resumo da descrição da amostra.
Tabela 9: Dados Demográficos da Amostra
Total Cenário1 Cenário 2 Cenário 3 Cenário 4
Sexo Homem 52,7% 48,5% 50,0% 33,3% 56,9%
Mulher 47,3% 51,5% 50,0% 66,7% 43,1%
Escolaridade Mestrado 5,3% 3,0% 5,7% 4,8% 7,7%
MBA 48,1% 39,4% 42,9% 82,5% 29,2%
Graduação 46,7% 57,6% 51,4% 12,7% 63,1%
Idade Até 20 anos 14,0% 21,2% 18,6% 6,3% 9,2%
21 a 25 anos 27,3% 33,3% 25,7% 6,3% 50,8%
26 a 30 anos 25,4% 28,8% 18,6% 36,5% 18,5%
31 a 35 anos 16,3% 6,1% 18,6% 22,2% 10,8%
Mais de 36 anos 17,0% 10,6% 18,6% 28,6% 10,8%
77
5.3 Avaliação das Escalas
5.3.1 Escala de Benefício Percebido
A avaliação inicial da escala de benefício percebido foi realizada no pré-teste, descrito
na seção 5.1 deste documento, por se tratar de uma escala desenvolvida como parte desta
pesquisa. Para aumentar a segurança em utilizá- la no experimento, todo o processo de
avaliação dessa escala foi realizado no pré-teste, e depois repetido com os dados obtidos no
experimento.
Primeiramente foi avaliada a dimensionalidade da escala, através da análise fatorial,
seguindo recomendação de Netemeyer et al (2003) e Hair et al (1998). Foi realizada uma
análise fatorial exploratória, usando como método de extração dos fatores o de componentes
principais (Kim e Mueller, 1982).
O resultado da análise fatorial apontou para a unidimensionalidade da escala de
benefício percebido, como mostra a tabela 10. A análise de correlação dos itens com o fator
(fator loading) mostram que o fator gerado pela análise fatorial corresponde ao benefício
percebido, conforme esperado. O índ ice KMO (Kaiser-Meyer-Olkin) apresentou resultado de
0,786, indicando que a análise fatorial realizada é satisfatória. Este valor para o índice de
KMO está acima de 0,5, dentro do recomendado Hair et al (1998).
Foi então realizado o teste de esfericidade de Bartlett, para testar a significância geral
das correlações da matriz de correlação dos itens da escala. Os resultados do teste (Qui-
quadrado aprox. = 291,116; gl = 6; Sig. = 0,000), sugerem a existência de relações
significativas entre os itens da escala. O tamanho da amostra atendeu ao requisito mínimo de
100 observações, visando minimizar a possibilidade de derivar fatores específicos daquela
amostra, com baixa capacidade de generalização (Hair et al, 1998).
78
Tabela 10: Análise Fatorial Exploratória – Escala de Benefício Percebido (Pré-Teste)
Variância Total Explicada
2,992 74,802 74,802 2,992 74,802 74,802,492 12,306 87,108,313 7,817 94,925,203 5,075 100,000
Componente1234
Total% VariânciaExplicada
% VariânciaAcumulada Total
% VariânciaExplicada
% VariânciaAcumulada
AutoValores Iniciais Extração
Método de Extração: Análise de Componentes Principais
,874,894,807,882
Item 1Item 2Item 3Item 4
1Fator
A seguir foi avaliada a confiabilidade da escala, relacionada ao grau de consistência
entre as múltiplas medidas da variável. O alfa de Cronbach calculado no pré-teste para a
escala de benefício percebido foi de 0,887, o que indica um alto nível de confiabilidade (Hair
et al, 1998).
Por fim foi avaliada a validade de convergência, onde se verifica se os itens que
medem o constructo apresentam uma correlação razoavelmente alta entre si, isto é, se eles
convergem num mesmo fator (Netemeyer et al, 2003). A análise fatorial já havia apontado
para a existência de um só fator na escala, e a tabela de correlações entre os itens da escala
mostra índices de correlações positivos e significativos (tabela 11). Para o cálculo desta tabela
foi utilizado o coeficiente de Spearman, não-paramétrico, que não exige normalidade das
distribuições. O teste de Kolmogorov-Smirnov apontou a não-normalidade das distribuições
dos itens da escala (Sig. < 0,05 para distribuição de cada item).
79
Tabela 11: Matriz de Correlação – Itens da Escala de Benefício Percebido (Pré-Teste)
1,000 ,814** ,538** ,705**, ,000 ,000 ,000
126 126 126 126,814** 1,000 ,628** ,669**,000 , ,000 ,000126 126 126 126,538** ,628** 1,000 ,676**,000 ,000 , ,000126 126 126 126,705** ,669** ,676** 1,000,000 ,000 ,000 ,126 126 126 126
Coef. de CorrelaçãoSig. (2 caudas)NCoef. de CorrelaçãoSig. (2 caudas)NCoef. de CorrelaçãoSig. (2 caudas)NCoef. de CorrelaçãoSig. (2 caudas)N
Item 1
Item 2
Item 3
Item 4
Coeficiente deSpearman
Item 1 Item 2 Item 3 Item 4
Correlações significativas ao nível de significância de 0,01 (2 caudas).**.
Tendo a escala de benefício percebido atendido aos requisitos de validade congruente,
unidimensionalidade e confiabilidade, esta foi então utilizada no experimento propriamente
dito. Todo o processo de avaliação da escala realizado com os dados do pré-teste foi
novamente realizado com os dados gerados a partir do experimento. Os resultados
corroboraram aqueles encontrados no pré-teste. A análise fatorial indicou a
unidimensionalidade da escala (tabela 12), a análise de correlação dos itens com o fator (fator
loading) mostram que o fator gerado pela análise fatorial corresponde ao benefício percebido,
conforme esperado. O índice KMO calculado foi de 0,817, indicando a adequação desta
análise fatorial. O teste de esfericidade de Bartlett apresentou resultado significativo (Qui-
quadrado aprox. = 734,340; gl = 6; Sig. = 0,000), sugerindo a existência de relações
significativas entre os itens da escala. A tabela de correlações com o índice de Spearman
também evidenciou que os itens da escala convergem num mesmo fator. Como mostra a
80
tabela 13, as correlações entre os itens mostram-se positivas e significativas. O alfa de
Cronbach calculado foi de 0,909, indicando um alto índice de confiabilidade da escala.
Tabela 12: Análise Fatorial Exploratória – Escala de Benefício Percebido (Experimento)
Variância Total Explicada
3,141 78,520 78,520 3,141 78,520 78,520,407 10,169 88,689,271 6,774 95,462,182 4,538 100,000
Componente1234
Total% VariânciaExplicada
% VariânciaAcumulada Total
% VariânciaExplicada
% VariânciaAcumulada
Autovalores Iniciais Extração
Método de Extração: Análise de Componentes Principais
Matriz de Componentes
,874,894,807,882
Item 1Item 2Item 3Item 4
1Componente
Método de Extração: Análise de Componentes Principais
81
Tabela 13: Matriz de Correlação – Itens da Escala de Benefício Percebido (Experimento)
1,000 ,832** ,619** ,730**, ,000 ,000 ,000
264 264 264 264,832** 1,000 ,697** ,729**,000 , ,000 ,000264 264 264 264,619** ,697** 1,000 ,711**,000 ,000 , ,000264 264 264 264,730** ,729** ,711** 1,000,000 ,000 ,000 ,264 264 264 264
Coef. de CorrelaçãoSig. (2 caudas)NCoef. de CorrelaçãoSig. (2 caudas)NCoef. de CorrelaçãoSig. (2 caudas)NCoef. de CorrelaçãoSig. (2 caudas)N
Item 1
Item 2
Item 3
Item 4
Coeficiente deSpearman
Item 1 Item 2 Item 3 Item 4
Correlações significativas ao nível de significância de 0,01 (2 caudas).**.
5.3.2 Demais Escalas
Excetuando-se a escala de benefício percebido, as escalas utilizadas na pesquisa –
RSC, realismo e compreensão do cenário, valor percebido, justiça percebida do preço,
intenção de compra e comportamento socialmente responsável – são de origem norte-
americana, e já foram adotadas em diversos estudos anteriores, conforme apontado no
capítulo 4 desta tese. Em conseqüência, não foram validadas com dados do pré-teste, mas sim
com dados do experimento.
As escalas foram avaliadas quanto à sua dimensionalidade, confiabilidade e validade,
através da análise fatorial exploratória, cálculo do alfa de Cronbach e cálculo das correlações
de Spearman entre os itens, seguindo o mesmo processo realizado para escala de benefício
percebido.
Para cada escala foi conduzida uma análise fatorial exploratória, usando como método
de extração dos fatores o de componentes principais, recomendado por Hair et al (1998) e
Kim e Mueller (1982). O tamanho da amostra atendeu ao requisito mínimo de 100
82
observações, visando minimizar a possibilidade de derivar fatores específicos daquela
amostra, com baixa capacidade de generalização (Hair et al, 1998).
As análises fatoriais realizadas indicaram que todas as escalas são unidimensionais,
isto é, seus itens convergem em um único fator (tabelas 14, 15, 16, 17, 18 e 19). As análises
de correlação dos itens com o fator (fator loading) mostram que, para cada escala analisada, o
fator gerado pela análise fatorial corresponde ao constructo esperado. O índice de KMO
(Kaiser-Meyer-Olkin) apresentou-se alto para todas as escalas (tabela 20), indicando uma boa
adequação de cada uma das análises fatoriais à amostra. O teste de esfericidade de Bartlett
apresentou resultado significativo para todas as escalas, sugerindo a existência de relações
significativas entre os itens de cada uma (tabela 20).
Tabela 14: Análise Fatorial Exploratória – Escala de RSC
Variância Total Explicada
2,111 70,367 70,367 2,111 70,367 70,367,498 16,608 86,975,391 13,025 100,000
Componente123
Total% VariânciaExplicada
% VariânciaExplicada Total
% VariânciaExplicada
% VariânciaExplicada
Autovalores Iniciais Extração
Método de Extração: Análise de Componentes Principais
Matriz de Componentes
,835,863,818
Item 1Item 2Item 3
1Componente
Método de Extração: Análise de ComponentesPrincipais - 1 componente extraído
83
Tabela 15: Análise Fatorial Exploratória: Escala de Realismo e Compreensão do Cenário
Variância Total Explicada
1,578 52,615 52,615 1,578 52,615 52,615,776 25,874 78,490,645 21,510 100,000
Componente123
Total% VariânciaExplicada
% VariânciaAcumulada Total
% VariânciaExplicada
% VariânciaAcumulada
Autovalores Iniciais Extração
Método de Extração: Análise de Componentes Principais
Matriz de Componentes
,706,694,774
Item 1Item 2Item 3
1Componente
Método de Extração: Análise de ComponentesPrincipais - 1 componente extraído.
Tabela 16: Análise Fatorial Exploratória – Escala de Justiça Percebida do Preço
Variância Total Explicada
2,883 72,087 72,087 2,883 72,087 72,087,667 16,667 88,754,262 6,549 95,303,188 4,697 100,000
Componente1234
Total% VariânciaExplicada
% VariânciaAcumulada Total
% VariânciaExplicada
% VariânciaAcumulada
Autovalores Iniciais Extração
Método de Extração: Análise de Componentes Principais
84
Matriz de Componentes
,889,916,906,659
Item 1Item 2Item 3Item 4
1Componente
Método de Extração: Análise de ComponentesPrincipais - 1 componente extraído.
Tabela 17: Análise Fatorial Exploratória – Escala de Valor Percebido
Variância Total Explicada
2,385 79,516 79,516 2,385 79,516 79,516,409 13,642 93,159,205 6,841 100,000
Componente123
Total% VariânciaExplicada
% VariânciaAcumulada Total
% VariânciaExplicada
% VariânciaAcumulada
Autovalores Iniciais Extração
Método de Extração: Análise de Componentes Principais
Matriz de Componentes
,903,923,847
Item 1Item 2Item 3
1Componente
Método de Extração: Análise de ComponentesPrincipais - 1 componente extraído.
85
Tabela 18: Análise Fatorial Exploratória – Escala de Intenção de Compra
Variância Total Explicada
2,676 89,192 89,192 2,676 89,192 89,192,212 7,073 96,265,112 3,735 100,000
Componente123
Total% VariânciaExplicada
% VariânciaAcumulada Total
% VariânciaExplicada
% VariânciaAcumulada
Autovalores Iniciais Extraction Sums of Squared Loadings
Método de Extração: Análise de Componentes Principais
Matriz de Componentes
,926,959,948
Item 1Item 2Item 3
1Componente
Método de Extração: Análise de ComponentesPrincipais - 1 componente extraído.
Tabela 19: Análise Fatorial Exploratória – Escala de Comportamento Socialmente
Responsável
Variância Total Explicada
3,211 45,868 45,868 3,211 45,868 45,868,976 13,940 59,808,775 11,072 70,880,746 10,661 81,541,652 9,318 90,859,415 5,930 96,789,225 3,211 100,000
Componente1234567
Total% VariânciaExplicada
% VariânciaAcumulada Total
% VariânciaExplicada
% VariânciaAcumulada
Autovalores Iniciais Extração
Método de Extração: Análise de Componentes Principais
86
Matriz de Componentes
,647,596,507,846,869,537,648
Item 1Item 2Item 3Item 4Item 5Item 6Item 7
1Componente
Método de Extração: Análise de ComponentesPrincipais - 1 componente extraído
Tabela 20: Índice KMO (Kaiser-Meyer-Olkin) e Teste de Esfericidade de Bartlett
Escala KMO Teste de Esfericidade de Bartlett
Responsabilidade Social Corporativa 0,699 Sig. = 0,000
Realismo e Compreensão do Cenário 0,608 Sig. = 0,000
Justiça Percebida do Preço 0,807 Sig. = 0,000
Valor Percebido 0,709 Sig. = 0,000
Intenção de Compra 0,753 Sig. = 0,000
Comportamento Socialmente Responsável 0,818 Sig. = 0,000
A confiabilidade das escalas foi avaliada calculando-se o alfa de Cronbach,
recomendado por Netemeyer et al (2003), Hair et al (1998), e Siegel (1994) para este fim. A
tabela 21 mostra o alfa de Cronbach calculado para cada escala, indicando a confiabilidade de
cada uma. As tabelas 22, 23, 24, 25, 26 e 27 mostram as correlações entre os itens de cada
escala, apontando para validade de convergência destas. Todas as correlações intra- itens das
escalas mostram-se positivas e significativas. Foi utilizado o coeficiente de correlação de
Spearman, por este ser não-paramétrico e não exigir normalidade das distribuições.
87
Tabela 21: Alfa de Cronbach
Escala No. de itens da escala
Alfa Alfa padronizado
RSC 3 0,787 0,789
Realismo e Compreensão do Cenário 3 0,539 0,549
Justiça Percebida do Preço 4 0,868 0,865
Valor Percebido 3 0,870 0,870
Intenção de Compra 3 0,939 0,939
Comportamento Socialmente Responsável 7 0,787 0,792
Tabela 22: Correlações entre Itens da Escala de Responsabilidade Social Corporativa
1,000 ,650** ,523**, ,000 ,000
198 198 198,650** 1,000 ,615**,000 , ,000198 198 198,523** ,615** 1,000,000 ,000 ,198 198 198
Coef. de CorrelaçãoSig. (2-caudas)NCoef. de CorrelaçãoSig. (2-caudas)NCoef. de CorrelaçãoSig. (2-caudas)N
Item 1
Item 2
Item 3
Coeficiente deSpearman
Item 1 Item 2 Item 3
Correlações significativas ao nível de significância de 0,01 (2 caudas).**.
88
Tabela 23: Correlações entre Itens da Escala de Realismo e Compreensão do Cenário
1,000 ,247** ,370**, ,000 ,000
264 264 264,247** 1,000 ,328**,000 , ,000264 264 264,370** ,328** 1,000,000 ,000 ,264 264 264
Coef. de CorrelaçãoSig. (2-caudas)NCoef. de CorrelaçãoSig. (2-caudas)NCoef. de CorrelaçãoSig. (2-caudas)N
Item 1
Item 2
Item 3
Coeficiente deSpearman
Item 1 Item 2 Item 3
Correlações significativas ao nível de significância de 0,01 (2 caudas).**.
Tabela 24: Correlações entre Itens da Escala de Justiça Percebida do Preço
1,000 ,776** ,740** ,430**, ,000 ,000 ,000
264 264 264 264,776** 1,000 ,802** ,436**,000 , ,000 ,000264 264 264 264
,740** ,802** 1,000 ,428**,000 ,000 , ,000264 264 264 264,430** ,436** ,428** 1,000,000 ,000 ,000 ,264 264 264 264
Coef. de CorrelaçãoSig. (2-caudas)NCoef. de CorrelaçãoSig. (2-caudas)
NCoef. de CorrelaçãoSig. (2-caudas)NCoef. de CorrelaçãoSig. (2-caudas)N
Item 1
Item 2
Item 3
Item 4
Coeficiente deSpearman
Item 1 Item 2 Item 3 Item 4
Correlações significativas ao nível de significância de 0,01 (2 caudas).**.
89
Tabela 25: Correlações entre Itens da Escala de Valor Percebido
1,000 ,841** ,819**, ,000 ,000
264 264 264,841** 1,000 ,883**,000 , ,000264 264 264,819** ,883** 1,000,000 ,000 ,264 264 264
Coef. de CorrelaçãoSig. (2-caudas)NCoef. de CorrelaçãoSig. (2-caudas)NCoef. de CorrelaçãoSig. (2-caudas)N
Item 1
Item 2
Item 3
Coeficiente deSpearman
Item 1 Item 2 Item 3
Correlações significativas ao nível de significância de 0,01 (2 caudas).**.
Tabela 26: Correlações entre Itens da Escala de Intenção de Compra
1,000 ,841** ,819**, ,000 ,000
264 264 264,841** 1,000 ,883**,000 , ,000264 264 264,819** ,883** 1,000,000 ,000 ,264 264 264
Coef. de CorrelaçãoSig. (2-caudas)NCoef. de CorrelaçãoSig. (2-caudas)NCoef. de CorrelaçãoSig. (2-caudas)N
Item 1
Item 2
Item 3
Coeficiente deSpearman
Item 1 Item 2 Item 3
Correlações significativas ao nível de significância de 0,01 (2 caudas).**.
90
Tabela 27: Correlações entre Itens da Escala de Comportamento Socialmente Responsável
1,000 ,223** ,198** ,583** ,539** ,185** ,314**, ,001 ,002 ,000 ,000 ,004 ,000
238 238 238 238 238 238 238,223** 1,000 ,283** ,319** ,348** ,296** ,253**,001 , ,000 ,000 ,000 ,000 ,000238 238 238 238 238 238 238
,198** ,283** 1,000 ,310** ,348** ,295** ,273**,002 ,000 , ,000 ,000 ,000 ,000238 238 238 238 238 238 238
,583** ,319** ,310** 1,000 ,723** ,261** ,443**,000 ,000 ,000 , ,000 ,000 ,000238 238 238 238 238 238 238
,539** ,348** ,348** ,723** 1,000 ,301** ,528**,000 ,000 ,000 ,000 , ,000 ,000238 238 238 238 238 238 238
,185** ,296** ,295** ,261** ,301** 1,000 ,293**,004 ,000 ,000 ,000 ,000 , ,000238 238 238 238 238 238 238
,314** ,253** ,273** ,443** ,528** ,293** 1,000,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,238 238 238 238 238 238 238
Coef. de CorrelaçãoSig. (2-caudas)NCoef. de CorrelaçãoSig. (2-caudas)NCoef. de CorrelaçãoSig. (2-caudas)NCoef. de CorrelaçãoSig. (2-caudas)NCoef. de CorrelaçãoSig. (2-caudas)NCoef. de CorrelaçãoSig. (2-caudas)NCoef. de CorrelaçãoSig. (2-caudas)N
Item 1
Item 2
Item 3
Item 4
Item 5
Item 6
Item 7
Coeficiente deSpearman
Item 1 Item 2 Item 3 Item 4 Item 5 Item 6 Item 7
Correlações significativas ao nível de significância de 0,01 (2 caudas).**.
Após serem realizadas a análise fatorial e a avaliação do coeficiente alfa de Cronbach,
como as escalas apresentaram-se unidimensionais e com bons índices de confiabilidade, foi
calculada uma média para os itens de cada escala. Este procedimento é indicado por Hair et al
(1998), que recomenda que a média dos itens das escalas unidimensionais seja usada para as
análises estatísticas.
5.4 Validação da Definição Operacional das Variáveis Independentes e Verificação
do Realismo e Compreensão do Cenário
Conforme visto, os resultados do pré-teste validaram a definição operacional das
variáveis independentes RSC e impacto da ação social, e indicaram que os cenários estavam
sendo percebidos como realistas e de fácil compreensão. Toda esta verificação também foi
realizada com os dados do experimento.
91
Primeiramente foi avaliada a condição de normalidade dessas variáveis. A análise
gráfica destas variáveis (Anexos 2 e 3) já havia apontado que esta condição não estava sendo
atendida. Para corroborar esta verificação foi realizado o teste de Kolmogorov-Smirnov para
cada variável (tabela 28). O nível de significância encontrado para cada uma das variáveis
(Sig. < que 0,05), não permite aceitar a hipótese nula de que sua distribuição seria normal.
92
Tabela 28: Teste de Kolmogorov-Smirnov
198 128 2646,0926 4,4766 5,8068
1,0008 1,9561 ,9850
,182 ,168 ,146
,182 ,108 ,113-,175 -,168 -,1462,565 1,901 2,371,000 ,001 ,000
NMédia
Desvio-padrão
Parâmetros Normais
AbsolutaPositivaNegativa
Diferenças MaisExtremas
Kolmogorov-Smirnov Z
Sig. (2-caudas)
ResponsabilidadeSocial Corporativa
Impacto daAção Social
Realismo eCompreensão do
Cenário
A tabela 29 mostra as estatísticas descritivas para as variáveis RSC, realismo e
compreensão do cenário e impacto da ação social. No que se refere ao realismo e facilidade de
compreensão dos cenários de pesquisa, o escore médio geral de 5,81 (em uma escala de 7
pontos) para esta variável indica que o julgamento dos participantes da pesquisa quanto a este
aspecto foi positivo. Vale ressaltar que os valores das medianas nem sempre estão
representados por números inteiros, pelo fato de se estar trabalhando com a distribuição dos
escores médios dos itens de cada escala, conforme exposto no item 5.3.2.
Foi realizado o teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis para verificar se houve
diferença na avaliação do realismo e compreensão entre todos cenários. O resultado deste
teste (tabela 30) indica que não houve diferença significativa nesta avaliação (Sig. = 0,180),
isto é, pode-se considerar que os quatros cenários foram avaliados quanto ao realismo e à
facilidade de compreensão de forma semelhante.
93
Tabela 29: Estatísticas Descritivas para Responsabilidade Social Corporativa, Realismo e
Compreensão do Cenário e Impacto da Ação Social (Experimento)
665,94441,11186,0000
70 706,0286 5,74291,0148 1,16056,0000 6,0000
63 63 636,2487 5,6349 5,7302
,8381 1,1115 ,74266,3333 6,0000 5,6667
65 65 656,0103 3,3538 5,81031,1211 1,9480 ,8457
6,0000 3,0000 6,0000
198 128 2646,0926 4,4766 5,80681,0008 1,9561 ,98506,3333 5,0000 6,0000
NMédiaDesvio-padrãoMedianaNMédiaDesvio-padrãoMedianaNMédiaDesvio-padrãoMedianaNMédiaDesvio-padrãoMediana
NMédiaDesvio-padrãoMediana
CenárioControle
Experimental
Experimental com Açãode Impacto Direto
Experimental com Açãode Impacto Direto
Total
ResponsabilidadeSocial Corporativa
Impacto da AçãoSocial
Realismo eCompreensão do
Cenário
94
Tabela 30: Teste de Kruskal-Wallis para Realismo e Compreensão do
Cenário (Experimento)
Postos
66 147,8670 132,95
63 118,77
65 129,72
264
CenárioControleExperimentalExperimental com Açãode Impacto DiretoExperimental com Açãode Impacto DiretoTotal
Realismo eCompreensãodo Cenário
NPostoMédio
Estatísticas do Teste
4,8923
,180
Qui-QuadradoglSig.
Realismo eCompreensão
do Cenário
Da mesma forma que ocorreu no pré-teste, a manipulação das variáveis independentes
se mostrou adequada. Os escores médios obtidos para RSC (tabela 29) indicam que a empresa
foi percebida pelos respondentes da pesquisa como socialmente responsável nos cenários
experimentais 2, 3 e 4 – o cenário controle não continha informação sobre RSC.
Analogamente ao que foi feito em relação ao realismo e compreensão dos cenários, foi
conduzido o teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis para verificar se houve diferença na
avaliação da RSC entre os cenários 2, 3 e 4. O resultado deste teste (Sig. = 0,511) indicou que
a RSC foi percebida de forma semelhante nos três cenários experimentais (tabela 31).
95
Tabela 31: Teste de Kruskal-Wallis para Responsabilidade Social Corporativa (Experimento)
Postos
70 95,71
63 106,17
65 97,12
198
CenárioExperimentalExperimental com Açãode Impacto DiretoExperimental com Açãode Impacto DiretoTotal
ResponsabilidadeSocial Corporativa
NPostoMédio
Estatísticas do Teste
1,3422
,511
Qui-QuadradoglSig.
ResponsabilidadeSocial Corporativa
No que se refere ao impacto da ação social, os escores médios indicam que estes foram
percebidos conforme o previsto. A ação social de impacto direto foi percebida como tal
(média = 5,63), o mesmo acontecendo com a ação social de impacto indireto (média = 3,35),
como mostra a tabela 29. Para verificar se o impacto da ação social foi percebido de forma
diferente nos cenários 3 (impacto direto) e 4 (impacto indireto), foi realizado o teste não-
paramétrico de Mann-Whitney U. O resultado (tabela 32) apontou para existência de
diferença significativa entre os escores relativos ao impacto da ação social para os dois grupos
(Sig. = 0,000). Pode-se então supor que possíveis diferenças nas respostas entre o grupo
exposto ao cenário 3 e o grupo exposto ao cenário 4 se devem à manipulação da variável
impacto da ação social, e não a uma percepção de maior ou menor RSC em um dos cenários.
96
Tabela 32: Teste de Mann-Whitney U para Impacto da Ação Social (Experimento)
Postos
63 85,50 5386,50
65 44,15 2869,50
128
CenárioExperimental com Açãode Impacto DiretoExperimental com Açãode Impacto DiretoTotal
Impacto da Ação SocialN
PostoMédio
Soma dosPostos
Estatísticas do Teste
724,5002869,500
-6,392,000
Mann-Whitney UWilcoxon WZSig. (2-caudas)
Impacto daAção Social
5.5 Teste das Hipóteses
5.5.1 Preparação dos Dados
Primeiramente foi realizada uma análise gráfica das variáveis dependentes da
pesquisa. Como os testes das hipóteses H1 e H5 serão aplicados para uma comparação entre
os cenários 1 e 2 e entre os cenários 3 e 4, respectivamente, a construção dos gráficos levou
em conta cada par de distribuição que será comparada: a distribuição das respostas ao cenário
1 e ao cenário 2; e a distribuição das respostas ao cenário 3 e ao cenário 4. Já para o teste das
hipóteses H2, H3 e H4 será considerada a distribuição total dos dados, portanto a análise
gráfica foi feita levando-se em conta esta distribuição.
Os box-plots apontam para a não existência de outliers que pudessem interferir de
forma significativa nas análises estatísticas (Anexo 4).
97
Para avaliação da normalidade das distribuições, inicialmente foram construídos
histogramas (Anexo 5) e gráficos normal Q-Q plots (Anexo 6). O exame dos gráficos não
sugere desvios significativos da normalidade para as distribuições dos cenários 1e 2, e para as
distribuições dos cenários 3 e 4. Entretanto, para a distribuição total, alguns desvios podem
ser observados nas distribuições das variáveis benefício percebido e intenção de compra.
Os valores de assimetria e curtose para as variáveis também não sugerem desvios
significativos da normalidade, estando estes valores compreendidos entre -0,5 e 0,5
(assimetria) e -1,0 e 1,0 (curtose), segundo recomendação de Hair et al (1998). A única
exceção é a medida de assimetria da variável intenção de compra, na distribuição referente
aos cenários 3 e 4. As tabelas 33, 34 e 35 apresentam os valores obtidos.
Tabela 33: Estatísticas de Assimetria e Curtose – Cenários 1 e 2
-,170 -,179 -,130 -,220-,972 -,671 -,831 -1,030
AssimetriaCurtose
BenefícioPercebido
JustiçaPercebidado Preço
ValorPercebido
Intenção deCompra
Tabela 34: Estatísticas de Assimetria e Curtose – Cenários 3 e 4
-,532 -,360 -,204 -,739-,445 -,172 -,642 -,167
AssimetriaCurtose
BenefícioPercebido
JustiçaPercebidado Preço
ValorPercebido
Intenção deCompra
Tabela 35: Estatísticas de Assimetria e Curtose – Todos os Cenários
-,398 -,338 -,186 -,475-,741 -,401 -,733 -,766
AssimetriaCurtose
BenefícioPercebido
JustiçaPercebidado Preço
ValorPercebido
Intenção deCompra
98
Por fim foi aplicado o teste de Kolmogorov-Smirnov para avaliação da normalidade
das distribuições (Hair et al, 1998; e Siegel, 1994). Considerando as respostas dos grupos
expostos aos cenários 1 e 2, os resultados do teste (tabela 36) permitem a aceitação da
hipótese nula de que as distribuições das variáveis dependentes são normais. Para as respostas
dos grupos expostos aos cenários 3 e 4, os resultados do teste (tabela 37) também permitem a
aceitação da hipótese nula de normalidade para as distribuições das variáveis benefício
percebido, justiça percebida do preço e valor percebido. Entretanto, para a variável intenção
de compra, o nível de significância obtido (Sig = 0,015) está abaixo de 0,05 (nível de
significância adotado), o que não nos permite aceitar a hipótese de que esta variável tenha
distribuição normal. Entretanto, como se viu, os valores de assimetria e curtose desta variável
sugerem que sua distribuição não se desvia de forma muito significativa da normal.
Tabela 36: Teste de Kolmogorov-Smirnov – Cenários 1 e 2
136 136 136 1364,1507 4,2702 4,0319 4,3113
1,7449 1,5025 1,6445 1,8335
,085 ,069 ,088 ,101,085 ,056 ,068 ,087
-,083 -,069 -,088 -,101,995 ,802 1,025 1,177,276 ,541 ,245 ,125
NMédiaDesvio-padrão
Parâmetros Normais
AbsolutaPositivaNegativa
Diferenças MaisExtremas
Kolmogorov-Smirnov ZSig. (2-caudas)
BenefícioPercebido
JustiçaPercebidado Preço
ValorPercebido
Intenção deCompra
99
Tabela 37: Teste de Kolmogorov-Smirnov – Cenários 3 e 4
128 128 128 1285,0625 4,7168 4,4245 5,0885
1,4648 1,1911 1,5156 1,5964
,114 ,088 ,087 ,138,093 ,052 ,057 ,116
-,114 -,088 -,087 -,1381,289 ,999 ,983 1,560
,072 ,271 ,288 ,015
NMédiaDesvio-padrão
Parâmetros Normais
AbsolutaPositivaNegativa
Diferenças MaisExtremas
Kolmogorov-Smirnov ZSig. (2-caudas)
BenefícioPercebido
JustiçaPercebidado Preço
ValorPercebido
Intenção deCompra
O teste de Kolmogorov-Smirnov foi também aplicado à distribuição total dos dados, já
que está será usada como base para o teste das hipóteses H2, H3 e H4 (tabela 38). Os
resultados obtidos não permitem aceitar a hipótese nula de normalidade para as distribuições
das variáveis benefício percebido (Sig. = 0,015) e intenção de compra (Sig. = 0,001). Para as
variáveis justiça percebida do preço e valor percebido a hipótese nula de normalidade pôde
ser aceita.
Tabela 38: Teste de Kolmogorov-Smirnov – Grupo Total
264 264 264 2644,5928 4,4867 4,2222 4,6881
1,6755 1,3762 1,5925 1,7629
,096 ,070 ,073 ,120,075 ,043 ,055 ,095
-,096 -,070 -,073 -,1201,561 1,132 1,190 1,951
,015 ,154 ,117 ,001
NMédiaDesvio-padrão
Parâmetros Normais
AbsolutaPositivaNegativa
Diferenças MaisExtremas
Kolmogorov-Smirnov ZSig. (2-caudas)
BenefícioPercebido
JustiçaPercebidado Preço
ValorPercebido
Intenção deCompra
100
5.5.2 Teste da Hipótese H1
A hipótese H1 propõe que a presença da informação sobre RSC influenciaria
positivamente o benefício percebido (H1.1), a justiça percebida do preço (H1.2), o valor
percebido (H1.3) e a intenção de compra (H1.4). Neste sentido, era esperado que o grupo
experimental, exposto ao cenário 2, apresentasse escores maiores do que o grupo controle,
exposto ao cenário 1, em suas respostas às varáveis dependentes. A tabela 39 apresenta as
estatísticas descritivas para as variáveis dependentes, por cenário. Os escores médios indicam
que as diferenças ocorreram na direção proposta nas hipóteses H1.1, H1.2, H1.3, H1.4, restando
investigar se estas diferenças são significativas.
Tabela 39: Estatísticas Descritivas das Variáveis por Cenário
66 66 66 663,0341 3,4508 3,0101 3,30301,3950 1,3582 1,3087 1,57302,8750 3,5000 3,0000 3,3333
70 70 70 705,2036 5,0429 4,9952 5,26191,3441 1,1963 1,3181 1,53535,3750 5,0000 5,0000 5,3333
136 136 136 1364,1507 4,2702 4,0319 4,31131,7449 1,5025 1,6445 1,83354,0000 4,2500 4,1667 4,3333
NMédiaDesvio-padrãoMedianaNMédiaDesvio-padrãoMedianaNMédiaDesvio-padrãoMediana
CenárioControle
Experimental RSC
Total
BenefícioPercebido
JustiçaPercebidado Preço
ValorPercebido
Intenção deCompra
Foi realizado o teste MANOVA (Análise de Variância Multivariada) tendo como
variável independente RSC e como variáveis dependentes benefício percebido, justiça
percebida do preço, valor percebido e intenção de compra. A premissa de homoscedasticidade
101
foi testada através de dois testes. Os resultados do teste M de Box (tabela 40) permitem que se
aceite a hipótese nula de que as matrizes de covariância das variáveis dependentes são iguais
entre os grupos. E os resultados do teste de Levene (tabela 41) permitem que se aceite a
hipótese nula de variâncias iguais entre os grupos, para cada variável dependente.
Tabela 40: Teste M de Box
6,497,629
1085158
,791
Box's MFgl1gl2Sig.
Tabela 41: Teste de Levene
,851 1 134 ,3581,414 1 134 ,236
,200 1 134 ,655,333 1 134 ,565
Benefício PercebidoJustiça Percebida do PreçoValor PercebidoIntenção de Compra
F gl1 gl2 Sig.
Os resultados do MANOVA indicam que há diferenças significativas entre as
respostas do grupo exposto ao cenário 1 (controle) e do grupo exposto ao cenário 2
(experimental), relativas ao efeito da RSC sobre as variáveis dependentes. Estes resultados
(tabela 42) permitem que se rejeite a hipótese nula de que a informação sobre RSC não faria
com que o consumidor percebesse um maior benefício na oferta da empresa, percebesse o
diferencial de preço em relação à concorrência como mais justo, percebesse um maior valor
na oferta da empresa e manifestasse uma maior intenção de compra. Os resultados sugerem
que a variável RSC exerceu o impacto previsto na hipótese H1 sobre as variáveis dependentes
da pesquisa.
102
Tabela 42: MANOVA – Cenário 1 versus Cenário 2
Testes Multivariados
,942 535,166 4,000 131,000 ,000,058 535,166 4,000 131,000 ,000
16,341 535,166 4,000 131,000 ,00016,341 535,166 4,000 131,000 ,000
,468 28,847 4,000 131,000 ,000,532 28,847 4,000 131,000 ,000,881 28,847 4,000 131,000 ,000,881 28,847 4,000 131,000 ,000
Pillai's TraceWilks' LambdaHotelling's TraceRoy's Largest RootPillai's TraceWilks' LambdaHotelling's TraceRoy's Largest Root
EfeitoIntercepto
CENÁRIO
Valor F gl da hipótese gl do erro Sig.
Testes dos Efeitos Entre-Sujeitos
159,888a 1 159,888 85,308 ,00086,108b 1 86,108 52,772 ,000
133,870c 1 133,870 77,584 ,000130,352d 1 130,352 53,999 ,000
2305,213 1 2305,213 1229,949 ,0002450,689 1 2450,689 1501,916 ,0002177,021 1 2177,021 1261,692 ,0002492,018 1 2492,018 1032,335 ,000
159,888 1 159,888 85,308 ,00086,108 1 86,108 52,772 ,000
133,870 1 133,870 77,584 ,000130,352 1 130,352 53,999 ,000251,147 134 1,874218,649 134 1,632231,214 134 1,725323,471 134 2,414
2754,125 1362784,688 1362575,889 1362981,667 136
411,035 135304,757 135365,084 135453,823 135
Variável DependenteBenefício PercebidoJustiça Percebida do PreçoValor PercebidoIntenção de CompraBenefício PercebidoJustiça Percebida do PreçoValor PercebidoIntenção de CompraBenefício PercebidoJustiça Percebida do PreçoValor PercebidoIntenção de CompraBenefício PercebidoJustiça Percebida do PreçoValor PercebidoIntenção de CompraBenefício PercebidoJustiça Percebida do PreçoValor PercebidoIntenção de CompraBenefício PercebidoJustiça Percebida do PreçoValor PercebidoIntenção de Compra
FonteModeloCorrigido
Intercepto
CENÁRIO
Erro
Total
Total Corrigido
Soma deQuadrados
Tipo III glQuadrado
Médio F Sig.
R2 = ,389 (R2 Ajustado = ,384)a.
R2 = ,283 (R2 Ajustado = ,277)b.
R2 = ,367 (R2 Ajustado = ,362)c.
R2 = ,287 (R2 Ajustado = ,282)d.
103
Foi também realizado um Teste-t para verificar se os escores médios obtidos no grupo
experimental para as variáveis benefício percebido, justiça percebida do preço, valor
percebido e intenção de compra poderiam ser considerados significativamente maiores do que
4, e se os escores médios obtidos no grupo controle para estas variáveis poderiam ser
considerados significativamente menores que 4. Sendo 4 o ponto médio da escala, este
procedimento estatís tico objetivou avaliar se houve um benefício adicional percebido, se o
diferencial de preço cobrado foi considerado como justo, se houve um valor adicional
percebido e se houve uma intenção de compra positiva no cenário em que a empresa era
descrita como socialmente responsável (cenário experimental), e se o contrário ocorreu no
grupo controle.
Os resultados deste teste indicam que no grupo experimental há de fato um benefício
adicional sendo percebido (t = 7,492; Sig. = 0,000), uma percepção de que o diferencial de
preço cobrado é justo (t = 7,294; Sig. = 0,000), um valor adicional percebido (t = 6,317; Sig. =
0,000) e uma intenção de compra positiva (t = 6,877; Sig. = 0,000). No grupo controle, ao
contrário, os escores médios para as variáveis benefício percebido (t = -5,625; Sig. = 0,000),
justiça percebida do preço (t = -3,285; Sig. = 0,002), valor percebido (t = -6,145; Sig. = 0,000)
e intenção de compra (t = -3,600; Sig. = 0,001) podem ser considerados significativamente
menores do que 4, indicando que não há uma percepção de benefício e valor adicionais na
oferta da empresa, há uma percepção de injustiça sobre diferencial de preço cobrado e há uma
improvável intenção de compra.
Os resultados dos testes realizados para a hipótese H1 sugerem, portanto, que a
informação sobre RSC fez diferença para os consumidores pesquisados na avaliação da oferta
das empresas. Estes resultados dão suporte à idéia de que há aspectos relacionados à empresa,
que vão além de seus produtos, capazes de influenciar a decisão de compra do consumidor
(Brown e Dacin, 1997). Esta pesquisa buscou definir como se dá esta influência. Em primeiro
104
lugar, a análise dos resultados indicou que os consumidores pesquisados perceberam um
benefício adicional na compra do produto da empresa socialmente responsável. Esta
constatação já havia sido adotada como premissa teórica por alguns autores (Strahilevitz,
1999; Smith, 1996), e os resultados da presente pesquisa contribuem para que esta premissa
tenha agora uma base experimental.
Os testes estatísticos indicaram também que os consumidores pesquisados julgaram o
diferencial de 10% no preço cobrado pela empresa socialmente responsável como justo. Este
resultado pode ser compreendido dentro da literatura sobre percepção de justiça em preços.
Estudos nesta área indicaram que, para o consumidor considerar justo um preço mais alto, é
preciso que ele perceba um diferencial na oferta da empresa (Xia e Monroe, 2005; Xia et al,
2004), ou que ele perceba que a empresa tem motivos positivos para praticar esse preço
(Bolton et al, 2003; Vaidyanathan e Aggarwal; Campbell, 1999b). Na presente pesquisa,
pode-se supor que a RSC estaria agindo como um diferencial na oferta da empresa e/ou como
um motivo positivo para que esta cobre um preço maior do que a concorrência, representando
assim um fator que justificaria este preço.
Por fim, os resultados dos testes para a hipótese H1 também indicaram que há um valor
adicional sendo percebido na oferta da empresa socialmente responsável, e que o consumidor
pesquisado mostrou-se disposto a comprar seu produto, mesmo este custando 10% a mais do
que os produtos similares concorrentes. Estes resultados estão coerentes com o modelo teórico
do valor percebido (Monroe, 2003; Zeithaml, 1988), e integram neste modelo a variável RSC
como algo que incrementa a percepção de valor dos consumidores e leva à intenção de
compra.
105
5.5.3 Teste das Hipóteses H2, H3 e H4
As hipóteses H2, H3 e H4 propõem uma série de correlações entre as variáveis:
correlação positiva e significativa entre benefício percebido e valor percebido (H2), entre
justiça percebida do preço e valor percebido (H3), e entre valor percebido e intenção de
compra (H4).
Primeiramente, foram elaborados gráficos scatterplots para cada uma das relações
descritas nas hipóteses. Os gráficos indicam que, aparentemente, as correlações propostas
estão acontecendo nas direções previstas (gráficos 1, 2 e 3).
Gráfico 1: Valor Percebido vs. Benefício Percebido
Benefício Percebido
876543210
Val
or P
erce
bido
8
7
6
5
4
3
2
1
0
106
Gráfico 2: Valor Percebido vs. Justiça Percebida do Preço
Justiça Percebida do Preço
876543210
Val
or P
erce
bido
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Gráfico 3: Intenção de Compra vs. Valor Percebido
Valor Percebido
876543210
Inte
nção
de
Com
pra
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Para avaliar estatisticamente a existências das correlações propostas nas hipóteses H2,
H3 e H4 foi então calculada uma tabela com o índice de correção entre as variáveis, utilizando-
se o coeficiente de Spearman, por este ser não-paramétrico e não exigir a normalidade das
107
distribuições. Conforme exposto na seção 5.5.1, não é possível supor normalidade para todas
as variáveis dependentes quando se considera a distribuição total de dados. Os resultados do
coeficiente de Spearman indicam que há uma correlação positiva e significativa entre
benefício percebido e valor percebido (tabela 43), há uma correlação positiva e significativa
entre justiça percebida do preço e valor percebido (tabela 44), e há uma correlação positiva e
significativa entre valor percebido e intenção de compra (tabela 45). Estas correlações estão
coerentes com o que foi proposto nas hipóteses H2, H3 e H4.
Tabela 43: Correlações entre as Variáveis Benefício Percebido e Valor Percebido
1,000 ,693**
, ,000264 264
,693** 1,000
,000 ,264 264
Coeficiente deCorrelaçãoSig. (2-caudas)NCoeficiente deCorrelaçãoSig. (2-caudas)N
Benefício Percebido
Valor Percebido
Coeficiente deSpearman
BenefícioPercebido
ValorPercebido
Correlação é significativa ao nível de 0,01(2-caudas).**.
Tabela 44: Correlações entre as Variáveis Justiça Percebida do Preço e Valor Percebido
1,000 ,535**
, ,000264 264
,535** 1,000
,000 ,264 264
Coeficiente deCorrelaçãoSig. (2-caudas)NCoeficiente deCorrelaçãoSig. (2-caudas)N
Justiça Percebidado Preço
Valor Percebido
Coeficiente deSpearman
JustiçaPercebidado Preço
ValorPercebido
Correlação é significativa ao nível de 0,01(2-caudas).**.
108
Tabela 45: Correlações entre as Variáveis Valor Percebido e Intenção de Compra
1,000 ,700**
, ,000264 264
,700** 1,000
,000 ,264 264
Coeficiente deCorrelaçãoSig. (2-caudas)NCoeficiente deCorrelaçãoSig. (2-caudas)N
Valor Percebido
Intenção de Compra
Coeficiente deSpearman
ValorPercebido
Intenção deCompra
Correlação é significativa ao nível de 0,01(2-caudas).**.
Em resumo, os resultados encontrados no cálculo das correlações para teste das
hipóteses H2, H3 e H4 permitem que se rejeite as hipóteses nulas de que não há uma correlação
positiva e significativa entre as variáveis benefício percebido e valor percebido, justiça
percebida do preço e valor percebido, valor percebido e intenção de compra. Aparentemente,
o benefício que os consumidores pesquisados perceberam na oferta da empresa socialmente
responsável e a percepção de que o diferencial de preço cobrado por esta empresa é justo têm
relação com a percepção de valor desses consumidores sobre a oferta da empresa. E o valor
percebido, por sua vez, está relacionado à intenção de compra dos consumidores. Embora os
resultados encontrados não permitam que se fale em relações de causalidade, eles são
coerentes com o modelo teórico do valor percebido, que destaca a relação do benefício
percebido com o valor percebido, e deste como a intenção de compra (Monroe, 2003; Grewal
et al, 1998; Zeithaml, 1988). Os resultados também são coerentes com o papel da justiça
percebida do preço no modelo do valor percebido, determinados em estudos anteriores (Xia e
Monroe, 2005; Martins, 1995; Martins e Monroe, 1994), segundo o qual a percepção de
109
justiça sobre o diferencial de preço cobrado por uma empresa tem relação com o valor que o
consumidor percebe na oferta desta empresa. Esta pesquisa amplia as conclusões desses
estudos, ao tratar das relações entre as variáveis justiça percebida do preço e valor percebido
no contexto da RSC.
5.5.4 Teste da Hipótese H5
A hipótese H5 propõe que uma ação social empresarial com impacto direto na vida do
consumidor geraria um benefício percebido maior (H5.1), uma justiça percebida do preço igual
ou maior (H5.2), um valor percebido maior (H5.3) e uma intenção de compra maior (H5.4) do
que uma ação social com impacto indireto na vida do consumidor.
Para o teste destas hipóteses, foram comparadas as respostas do grupo exposto ao
cenário 3 (experimental com ação social de impacto direto) com as respostas do grupo
exposto ao cenário 4 (experimental com ação social de impacto indireto). A tabela 46 mostra
as estatísticas descritivas para as variáveis dependentes, por cenário. Nesta tabela pode-se
observar que as médias e medianas das variáveis benefício percebido, justiça percebida do
preço, valor percebido e intenção de compra são maiores para o grupo exposto ao cenário 3 do
que para o grupo exposto ao cenário 4.
110
Tabela 46: Estatísticas Descritivas das Variáveis por Cenário
Report
63 63 63 635,5079 5,2302 4,8889 5,47091,1863 ,8733 1,3731 1,31935,7500 5,2500 5,0000 6,0000
65 65 65 654,6308 4,2192 3,9744 4,71791,5843 1,2512 1,5210 1,75724,7500 4,2500 4,0000 5,0000
128 128 128 1285,0625 4,7168 4,4245 5,08851,4648 1,1911 1,5156 1,59645,2500 4,7500 4,6667 5,3333
NMeanStd. DeviationMedianNMeanStd. DeviationMedianNMeanStd. DeviationMedian
CenárioExperimental com Açãode Impacto Direto
Experimental com Açãode Impacto Indireto
Total
BenefícioPercebido
JustiçaPercebidado Preço
ValorPercebido
Intenção deCompra
Para avaliar a existência ou não de diferenças significativas entre os grupos, optou-se
inicialmente pela realização do teste não-paramétrico de Mann-Whitney U, devido ao não
atendimento da condição de normalidade de todas as variáveis dependentes (seção 5.5.1). Os
resultados (tabela 47) indicam que há diferença significativa entre as respostas dos grupos
expostos aos 3 e 4 para as variáveis benefício percebido (Sig. = 0,001), justiça percebida do
preço (Sig. = 0,000), valor percebido (Sig. 0,001) e intenção de compra (Sig. = 0,016).
111
Tabela 47: Teste de Mann-Whitney U – Cenário 3 versus Cenário 4
Postos
63 75,22 4739,00
65 54,11 3517,00
128
63 80,52 5073,00
65 48,97 3183,00
128
63 75,71 4770,00
65 53,63 3486,00
128
63 72,49 4567,00
65 56,75 3689,00
128
CenárioExperimental com Açãode Impacto DiretoExperimental com Açãode Impacto IndiretoTotalExperimental com Açãode Impacto DiretoExperimental com Açãode Impacto IndiretoTotalExperimental com Açãode Impacto DiretoExperimental com Açãode Impacto IndiretoTotalExperimental com Açãode Impacto DiretoExperimental com Açãode Impacto IndiretoTotal
Benefício Percebido
Justiça Percebidado Preço
Valor Percebido
Intenção de Compra
NPostoMédio
Soma dosPostos
Estatísticas do Teste
1372,000 1038,000 1341,000 1544,0003517,000 3183,000 3486,000 3689,000
-3,233 -4,823 -3,376 -2,418,001 ,000 ,001 ,016
Mann-Whitney UWilcoxon WZSig. (2-caudas)
BenefícioPercebido
JustiçaPercebidado Preço
ValorPercebido
Intenção deCompra
Estes resultados permitem que se rejeite a hipótese nula de que o grupo exposto ao
cenário com ação social de impacto direto responderia às variáveis dependentes da pesquisa
de forma semelhante ao grupo exposto ao cenário com ação social de impacto indireto. Os
112
resultados do teste sugerem que a variável impacto da ação social exerceu o efeito previsto
nas hipóteses H5.1, H5.2, H5.3 e H5.4 sobre as variáveis dependentes da pesquisa.
Para teste da hipótese H5 foi também aplicado a Análise de Variância Multivariada
(MANOVA). Conforme exposto na seção 4.7.2., o teste MANOVA pode ser considerado
robusto mesmo quando a condição de normalidade não é plenamente atendida, se as
diferenças em relação à normalidade ocorrerem à assimetria da distribuição e não à presença
de outliers. No caso específico das variáveis dependentes aqui consideradas, apenas a variável
intenção de compra não atende à condição de normalidade (seção 5.5.1). Mas esta violação da
normalidade ocorre justamente devido a uma assimetria um pouco acima do recomendável
(ver tabela 34), e não à presença de outliers (ver anexo 4).
Foi então realizado o teste MANOVA tendo como variável independente o impacto
ação da ação social e como variáveis dependentes o benefício percebido, a justiça percebida
do preço, o valor percebido e a intenção de compra. A premissa de homoscedasticidade não
foi integralmente atendida. Os resultados do teste M de Box (tabela 48) não permitem que se
aceite a hipótese nula de que as matrizes de covariância das variáveis dependentes são iguais
entre os grupos. E os resultados do teste de Levene (tabela 49) não permitem que se aceite a
hipótese nula de variâncias iguais entre os grupos, para cada variável dependente. Entretanto,
Hair et al (1998) argumentam que a violação da homoscedasticidade não tem um impacto
significativo nos resultados do MANOVA se os grupos comparados forem aproximadamente
do mesmo tamanho (isto é, se a divisão entre o número de componentes do maior grupo e o
número de componentes do menor grupo der 1,5 ou menos). No caso específico deste estudo
o valor desta divisão é 1,03 (65/63), atendendo à recomendação de Hair et al (1998).
113
Tabela 48: Teste M de Box
56,1395,422
1075729
,000
Box's MFgl1gl2Sig.
Tabela 49: Teste de Levene
7,098 1 126 ,009
5,436 1 126 ,021
1,440 1 126 ,2323,558 1 126 ,062
Benefício PercebidoJustiça Percebidado PreçoValor PercebidoIntenção de Compra
F df1 df2 Sig.
Os resultados do MANOVA (tabela 50) indicam que há diferenças significativas entre
as respostas do grupo exposto ao cenário 3 (ação social de impacto direto) e do grupo exposto
ao cenário 4 (ação social de impacto indireto), relativas ao efeito do impacto da ação social
sobre as variáveis dependentes da pesquisa. Estes resultados corroboram aqueles encontrados
na aplicação do teste não-paramétrico de Mann-Whitney U, e permitem rejeitar a hipótese
nula relativa à hipótese H5. Mais uma vez, os resultados sugerem que a variável impacto da
ação social exerceu o efeito sobre as variáveis dependentes previsto nas hipóteses H5.1, H5.2,
H5.3 e H5.4 da pesquisa.
114
Tabela 50: MANOVA – Cenário 3 versus Cenário 4
Testes Multivariados
,962 771,954 4,000 123,000 ,000,038 771,954 4,000 123,000 ,000
25,104 771,954 4,000 123,000 ,00025,104 771,954 4,000 123,000 ,000
,213 8,336 4,000 123,000 ,000,787 8,336 4,000 123,000 ,000,271 8,336 4,000 123,000 ,000,271 8,336 4,000 123,000 ,000
Pillai's TraceWilks' LambdaHotelling's TraceRoy's Largest RootPillai's TraceWilks' LambdaHotelling's TraceRoy's Largest Root
EfeitoIntercepto
CENÁRIO
Valor F gl da hipótese gl do erro Sig.
Testes dos Efeitos Entre-Sujeitos
24,616a 1 24,616 12,512 ,001
32,695b
1 32,695 27,934 ,000
26,757c 1 26,757 12,724 ,00118,137d 1 18,137 7,480 ,007
3288,584 1 3288,584 1671,592 ,000
2856,613 1 2856,613 2440,620 ,000
2513,215 1 2513,215 1195,156 ,0003321,193 1 3321,193 1369,673 ,000
24,616 1 24,616 12,512 ,001
32,695 1 32,695 27,934 ,000
26,757 1 26,757 12,724 ,00118,137 1 18,137 7,480 ,007
247,884 126 1,967
147,476 126 1,170
264,957 126 2,103305,526 126 2,425
3553,000 128
3027,938 128
2797,444 1283638,000 128
272,500 127
180,171 127
291,714 127323,663 127
Dependent VariableBenefício PercebidoJustiça Percebidado PreçoValor PercebidoIntenção de CompraBenefício PercebidoJustiça Percebidado PreçoValor PercebidoIntenção de CompraBenefício PercebidoJustiça Percebidado PreçoValor PercebidoIntenção de CompraBenefício PercebidoJustiça Percebidado PreçoValor PercebidoIntenção de CompraBenefício PercebidoJustiça Percebidado PreçoValor PercebidoIntenção de CompraBenefício PercebidoJustiça Percebidado PreçoValor PercebidoIntenção de Compra
FonteModeloCorrigido
Intercepto
CENÁRIO
Erro
Total
Total Corrigido
Soma dosQuadrados
Tipo III glQuadrado
Médio F Sig.
R Squared = ,090 (Adjusted R Squared = ,083)a.
R Squared = ,181 (Adjusted R Squared = ,175)b.
R Squared = ,092 (Adjusted R Squared = ,085)c.
R Squared = ,056 (Adjusted R Squared = ,049)d.
115
Estes resultados representam uma contribuição para a proposição levantada por
pesquisas anteriores de que as ações sociais mais valorizadas pelos consumidores teriam um
efeito mais positivo em suas reações (Bhattacharya e Sen, 2004; Serpa e Fourneau, 2004;
Instuto Ethos, 2004). Esta pesquisa expande esta idéia, sugerindo que as ações sociais mais
valorizadas pelos consumidores são aquelas capazes de gerar um impacto direto em suas
vidas. Os consumidores as percebem como um benefício a mais na oferta da empresa, e isto
afeta positivamente sua intenção de compra. É importante ressaltar que, conforme visto na
validação da operacionalização das variáveis independentes da pesquisa (seção 5.4), os
consumidores pesquisados perceberam o investimento em um projeto de educação dentro de
seu próprio bairro como uma ação social empresarial geradora de um impacto direto em suas
vidas, e perceberam este impacto como indireto quando o mesmo projeto estava sendo
implementado em outro estado (São Paulo). Como as demais informações de ambos os
cenários testados na hipótese H5 foram mantidas constantes, pode-se supor que as diferenças
significativas encontradas nas respostas às variáveis dependentes devem-se ao impacto da
ação social.
5.6 Análise das Possíveis Covariantes de Pesquisa
Foram incluídas como possíveis covariantes da pesquisa as variáveis sexo, idade e
comportamento socialmente responsável. A análise da influência destas medidas foi feita
levando-se em conta cada célula da pesquisa: grupo exposto ao cenário 1, grupo exposto ao
cenário 2, grupo exposto ao cenário 3 e grupo exposto ao cenário 4. Como não foi possível
116
aceitar a condição de normalidade para todas as variáveis dependentes por célula de pesquisa,
optou-se pela realização de testes não-paramétricos para verificação da influência das
possíveis covariantes.
Para avaliar se a variável sexo estaria influenciando as respostas às variáveis
dependentes, foi realizado o teste de Mann-Whitney U, que permitiu verificar a existência de
diferenças entre as respostas de homens e mulheres, dentro de cada célula de pesquisa. Os
resultados (tabelas 51, 52, 53 e 54) permitem aceitar a hipótese nula de que não há diferença
significativa entre os sexos no que se refere às respostas às variáveis dependentes, em todas as
células da pesquisa. Em outras palavras, homens e mulheres deram respostas semelhantes
para as variáveis dependentes no grupo exposto ao cenário 1, no grupo exposto ao cenário 2,
no grupo exposto ao cenário 3 e no grupo exposto ao cenário 4.
Tabela 51: Teste de Mann-Whitney U para Sexo – Grupo Exposto ao Cenário 1
Postos
32 36,14 1156,5034 31,01 1054,506632 32,09 1027,0034 34,82 1184,006632 35,30 1129,5034 31,81 1081,506632 34,95 1118,5034 32,13 1092,5066
SEXOFemininoMasculinoTotalFemininoMasculinoTotalFemininoMasculinoTotalFemininoMasculinoTotal
Benefício Percebido
Justiça Percebidado Preço
Valor Percebido
Intenção de Compra
NPostoMédio
Soma dosPostos
117
Estatísticas do Teste
459,500 499,000 486,500 497,5001054,500 1027,000 1081,500 1092,500
-1,089 -,579 -,742 -,600,276 ,562 ,458 ,549
Mann-Whitney UWilcoxon WZSig. (2-caudas)
BenefícioPercebido
JustiçaPercebidado Preço
ValorPercebido
Intenção deCompra
Tabela 52: Teste de Mann-Whitney U para Sexo – Grupo Exposto ao Cenário 2
Postos
35 37,30 1305,5035 33,70 1179,507035 36,09 1263,0035 34,91 1222,007035 38,73 1355,5035 32,27 1129,507035 38,97 1364,0035 32,03 1121,0070
SEXOFemininoMasculinoTotalFemininoMasculinoTotalFemininoMasculinoTotalFemininoMasculinoTotal
Benefício Percebido
Justiça Percebidado Preço
Valor Percebido
Intenção de Compra
NPostoMédio
Soma dePostos
Estatísticas do Teste
549,500 592,000 499,500 491,0001179,500 1222,000 1129,500 1121,000
-,742 -,242 -1,332 -1,440,458 ,809 ,183 ,150
Mann-Whitney UWilcoxon WZSig. (2-caudas)
BenefícioPercebido
JustiçaPercebidado Preço
ValorPercebido
Intenção deCompra
118
Tabela 53: Teste de Mann-Whitney U para Sexo – Grupo Exposto ao Cenário 3
Postos
21 38,19 802,0042 28,90 1214,006321 30,93 649,5042 32,54 1366,506321 38,02 798,5042 28,99 1217,506321 35,26 740,5042 30,37 1275,5063
SEXOFemininoMasculinoTotalFemininoMasculinoTotalFemininoMasculinoTotalFemininoMasculinoTotal
Benefício Percebido
Justiça Percebidado Preço
Valor Percebido
Intenção de Compra
NPostoMédio
Soma dePostos
Estatísticas do teste
311,000 418,500 314,500 372,5001214,000 649,500 1217,500 1275,500
-1,914 -,330 -1,852 -1,013,056 ,741 ,064 ,311
Mann-Whitney UWilcoxon WZSig. (2-caudas)
BenefícioPercebido
JustiçaPercebidado Preço
ValorPercebido
Intenção deCompra
119
Tabela 54: Teste de Mann-Whitney U para Sexo – Grupo Exposto ao Cenário 4
Postos
37 34,68 1283,0028 30,79 862,006537 31,30 1158,0028 35,25 987,006537 33,74 1248,5028 32,02 896,506537 36,53 1351,5028 28,34 793,5065
SEXOFemininoMasculinoTotalFemininoMasculinoTotalFemininoMasculinoTotalFemininoMasculinoTotal
Benefício Percebido
Justiça Percebidado Preço
Valor Percebido
Intenção de Compra
NPostoMédio
Soma dePostos
Estatísticas do Teste
456,000 455,000 490,500 387,500862,000 1158,000 896,500 793,500
-,823 -,837 -,365 -1,739,410 ,403 ,715 ,082
Mann-Whitney UWilcoxon WZSig. (2-caudas)
BenefícioPercebido
JustiçaPercebidado Preço
ValorPercebido
Intenção deCompra
Para avaliar se a variável idade estaria influenciando as respostas às variáveis
dependentes, foi realizado o teste de Kruskal-Wallis para k amostras independentes,
objetivando verificar a existência ou não de diferenças entre as respostas dos participantes das
cinco faixas etárias, dentro de cada célula de pesquisa. Similarmente ao que aconteceu com a
variável sexo, de forma geral, os resultados do teste (tabelas 55, 56, 57 e 58) permitem aceitar
a hipótese nula de que não há diferença significativa entre as faixas etárias no que se refere às
respostas às variáveis dependentes, em cada célula de pesquisa. Em outras palavras,
respondentes de diferentes faixas etárias deram respostas semelhantes para as variáveis
120
dependentes no grupo exposto ao cenário 1, no grupo exposto ao cenário 2, no grupo exposto
ao cenário 3 e no grupo exposto ao cenário 4. Uma exceção foi a variáve l justiça percebida do
preço, que apresentou diferença significativa entre as respostas das faixas etárias no grupo
exposto ao cenário 1 (Sig. = 0,001). Porém, por se tratar de um resultado isolado, não se pode
afirmar que a variável idade esteja agindo como covariante da pesquisa.
Tabela 55: Teste de Kruskal-Wallis para Idade – Grupo Exposto ao Cenário 1
Postos
14 40,3622 26,7519 35,21
4 49,887 27,00
6614 22,2122 27,2519 44,39
4 54,757 34,00
6614 36,3222 29,6619 36,47
4 52,007 21,29
6614 40,5422 28,1419 34,05
4 48,757 26,07
66
IDADEaté 20 anos21 a 25 anos26 a 30 anos31 a 35 anosMais de 36 anosTotalaté 20 anos21 a 25 anos26 a 30 anos31 a 35 anosMais de 36 anosTotalaté 20 anos21 a 25 anos26 a 30 anos31 a 35 anosMais de 36 anosTotalaté 20 anos21 a 25 anos26 a 30 anos31 a 35 anosMais de 36 anosTotal
Benefício Percebido
Justiça Percebidado Preço
Valor Percebido
Intenção de Compra
NPostoMédio
121
Estatísticas do Teste
8,449 18,325 8,274 7,2584 4 4 4
,076 ,001 ,082 ,123
Qui-QuadradoglSig.
BenefícioPercebido
JustiçaPercebidado Preço
ValorPercebido
Intenção deCompra
Tabela 56: Teste de Kruskal-Wallis para Idade – Grupo Exposto ao Cenário 2
Postos
13 26,5818 32,6113 37,5813 38,1213 43,737013 32,9618 25,8313 42,4213 37,3813 42,627013 31,2318 33,5013 34,8513 35,1913 43,507013 32,0818 31,0013 38,8813 32,3513 44,9270
IDADEaté 20 anos21 a 25 anos26 a 30 anos31 a 35 anosMais de 36 anosTotalaté 20 anos21 a 25 anos26 a 30 anos31 a 35 anosMais de 36 anosTotalaté 20 anos21 a 25 anos26 a 30 anos31 a 35 anosMais de 36 anosTotalaté 20 anos21 a 25 anos26 a 30 anos31 a 35 anosMais de 36 anosTotal
Benefício Percebido
Justiça Percebidado Preço
Valor Percebido
Intenção de Compra
NPostoMédio
122
Estatísticas do Teste
5,372 7,517 2,792 4,790
4 4 4 4,251 ,111 ,593 ,310
Qui-Quadrado
glSig.
BenefícioPercebido
JustiçaPercebidado Preço
ValorPercebido
Intenção deCompra
Tabela 57: Teste de Kruskal-Wallis para Idade – Grupo Exposto ao Cenário 3
Postos
4 20,634 35,13
23 31,6514 31,9318 34,3363
4 31,004 27,00
23 30,4614 35,3918 32,6763
4 28,254 23,63
23 31,0714 36,0418 32,7563
4 20,884 22,38
23 36,8314 33,9618 28,9263
IDADEaté 20 anos21 a 25 anos26 a 30 anos31 a 35 anosMais de 36 anosTotalaté 20 anos21 a 25 anos26 a 30 anos31 a 35 anosMais de 36 anosTotalaté 20 anos21 a 25 anos26 a 30 anos31 a 35 anosMais de 36 anosTotalaté 20 anos21 a 25 anos26 a 30 anos31 a 35 anosMais de 36 anosTotal
Benefício Percebido
Justiça Percebidado Preço
Valor Percebido
Intenção de Compra
NPostoMédio
123
Estatísticas do Teste
1,996 ,990 1,785 4,9804 4 4 4
,736 ,911 ,775 ,289
Qui-QuadradoglSig.
BenefícioPercebido
JustiçaPercebidado Preço
ValorPercebido
Intenção deCompra
Tabela 58: Teste de Kruskal-Wallis para Idade – Grupo Exposto ao Cenário 4
Postos
6 35,7533 34,8212 24,46
7 32,797 36,93
656 49,75
33 33,2112 31,50
7 25,217 28,00
656 36,42
33 34,6812 23,38
7 28,077 43,57
656 48,58
33 34,0912 23,00
7 26,367 38,29
65
IDADEaté 20 anos21 a 25 anos26 a 30 anos31 a 35 anosMais de 36 anosTotalaté 20 anos21 a 25 anos26 a 30 anos31 a 35 anosMais de 36 anosTotalaté 20 anos21 a 25 anos26 a 30 anos31 a 35 anosMais de 36 anosTotalaté 20 anos21 a 25 anos26 a 30 anos31 a 35 anosMais de 36 anosTotal
Benefício Percebido
Justiça Percebidado Preço
Valor Percebido
Intenção de Compra
NPostoMédio
124
Estatísticas do Teste
3,200 6,501 6,262 9,0584 4 4 4
,525 ,165 ,180 ,060
Qui-QuadradoglSig.
BenefícioPercebido
JustiçaPercebidado Preço
ValorPercebido
Intenção deCompra
Por fim avaliou-se a influência da variável comportamento socialmente responsável
nas respostas às variáveis dependentes da pesquisa. O grupo controle, exposto ao cenário 1
(sem a informação sobre RSC), ficou fora desta verificação por não ter respondido à escala de
comportamento socialmente responsável.
A verificação foi então conduzida para as outras três células da pesquisa: grupo
exposto ao cenário 2, grupo exposto ao cenário 3 e grupo exposto ao cenário 4.
Primeiramente, a variável comportamento socialmente responsável foi dicotomizada, isto é,
dividida em duas categorias, dentro de cada célula de pesquisa. Isto significa que, tendo sido
auferida em uma escala de 1 a 7, a variável passou a ter dois valores apenas. A amostra total
de cada grupo foi dividida em dois subgrupos, utilizando-se como ponto de divisão a mediana
calculada para a distribuição da variável. Valores menores ou iguais à mediana foram
categorizados como “1” e valores acima da mediana foram categorizados como “2”. Este
procedimento foi realizado por Mohr e Webb (2005) para uma análise semelhante.
Depois, foi conduzido o teste de Mann-Whitney U em cada uma das células de
pesquisa, tendo a variável comportamento socialmente responsável (dicotomizada) como
variável independente e as variáveis benefício percebido, justiça percebida do preço, valor
percebido e intenção de compra como variáveis dependentes. De forma geral, os resultados
dos testes (tabelas 59, 60 e 61) indicaram que a variável comportamento socialmente
responsável exerceu alguma influência nas variáveis dependentes da pesquisa.
125
Tabela 59: Teste de Mann-Whitney U para Comportamento Socialmente Responsável –
Grupo Exposto ao Cenário 2
Postos
38 27,07 1028,5032 45,52 1456,507038 31,24 1187,0032 40,56 1298,007038 26,26 998,0032 46,47 1487,007038 27,83 1057,5032 44,61 1427,5070
Categoria CSR12Total12Total12Total12Total
Benefício Percebido
Justiça Percebidado Preço
Valor Percebido
Intenção de Compra
NPostoMédio
Soma dosPostos
Estatística do Teste
287,500 446,000 257,000 316,5001028,500 1187,000 998,000 1057,500
-3,790 -1,916 -4,153 -3,467,000 ,055 ,000 ,001
Mann-Whitney UWilcoxon WZSig. (2-caudas)
BenefícioPercebido
JustiçaPercebidado Preço
ValorPercebido
Intenção deCompra
126
Tabela 60: Teste de Mann-Whitney U para Comportamento Socialmente Responsável –
Grupo Exposto ao Cenário 3
Postos
32 24,77 792,5030 38,68 1160,506232 23,67 757,5030 39,85 1195,506232 24,22 775,0030 39,27 1178,006232 24,91 797,0030 38,53 1156,0062
Categoria CSR12Total12Total12Total12Total
Benefício Percebido
Justiça Percebidado Preço
Valor Percebido
Intenção de Compra
NPostoMédio
Soma dosPostos
Estatísticas do Teste
264,500 229,500 247,000 269,000792,500 757,500 775,000 797,000
-3,067 -3,553 -3,295 -3,014,002 ,000 ,001 ,003
Mann-Whitney UWilcoxon WZSig. (2-caudas)
BenefícioPercebido
JustiçaPercebidado Preço
ValorPercebido
Intenção deCompra
127
Tabela 61: Teste de Mann-Whitney U para Comportamento Socialmente Responsável –
Grupo Exposto ao Cenário 4
Postos
34 28,78 978,5029 35,78 1037,506334 29,57 1005,5029 34,84 1010,506334 28,19 958,5029 36,47 1057,506334 29,43 1000,5029 35,02 1015,5063
Categoria CSR12Total12Total12Total12Total
Benefício Percebido
Justiça Percebidado Preço
Valor Percebido
Intenção de Compra
NPostoMédio
Soma dePostos
Estatísticas do Teste
383,500 410,500 363,500 405,500978,500 1005,500 958,500 1000,500
-1,514 -1,141 -1,790 -1,214,130 ,254 ,073 ,225
Mann-Whitney UWilcoxon WZSig. (2-caudas)
BenefícioPercebido
JustiçaPercebidado Preço
ValorPercebido
Intenção deCompra
As tabelas 62, 63 e 64 apresentam as médias e medianas para cada variável
dependente, dividida pelas categorias 1 e 2 de comportamento socialmente responsável (1 =
escores iguais ou menores do que a mediana; 2 = escores maiores do que a mediana). Pode-se
observar que, de forma geral, as médias das variáveis dependentes são maiores nos grupos da
categoria 2 de comportamento socialmente responsável do que nos grupos da categoria 1. Isto
significa que os consumidores participantes da pesquisa cujos comportamentos foram
classificados como mais socialmente responsáveis perceberam um benefício e um valor
128
maiores na oferta da empresa, julgaram como mais justo o diferencial de preço cobrado por
ela e demonstraram maior intenção de comprar o produto da empresa vinculada à RSC.
Tabela 62: Médias e Medianas para as Variáveis Dependentes por Categoria de
Comportamento Socialmente Responsável – Grupo Exposto ao Cenário 2
4,7697 4,8026 4,4035 4,78075,0000 4,8750 4,6667 5,00005,7188 5,3281 5,6979 5,83336,0000 5,3750 6,0000 6,50005,2036 5,0429 4,9952 5,26195,3750 5,0000 5,0000 5,3333
MédiaMedianaMédiaMedianaMédiaMediana
CategoriaCSR1
2
Total
BenefícioPercebido
JustiçaPercebidado Preço
ValorPercebido
Intenção deCompra
Tabela 63: Médias e Medianas para as Variáveis Dependentes por Categoria de
Comportamento Socialmente Responsável – Grupo Exposto ao Cenário 3
5,0859 4,8594 4,3229 4,97925,2500 5,0000 4,6667 5,00006,0000 5,6083 5,5000 6,01116,0000 5,6250 5,6667 6,00005,5282 5,2218 4,8925 5,47855,7500 5,2500 5,0000 6,0000
MédiaMedianaMédiaMedianaMédiaMediana
CategoriaCSR1
2
Total
BenefícioPercebido
JustiçaPercebidado Preço
ValorPercebido
Intenção deCompra
129
Tabela 64: Médias e Medianas para as Variáveis Dependentes por Categoria de
Comportamento Socialmente Responsável – Grupo Exposto ao Cenário 4
4,3088 4,0882 3,6078 4,47064,3750 3,8750 3,5000 4,83334,9310 4,3793 4,2644 4,95405,5000 4,5000 4,3333 5,33334,5952 4,2222 3,9101 4,69314,5000 4,2500 4,0000 5,0000
MeanMedianMeanMedianMeanMedian
CategoriaCSR1
2
Total
BenefícioPercebido
JustiçaPercebidado Preço
ValorPercebido
Intenção deCompra
Estes resultados corroboram aqueles encontrados por Mohr e Webb (2005), que
sugeriram que informações sobre a responsabilidade social das empresas afetariam mais as
reações daqueles consumidores que vêem a si mesmos como pessoas que tentam melhorar o
mundo através de seus atos. Entretanto, estes autores basearam esta afirmação em resultados
encontrados no campo da responsabilidade ambiental, e esta pesquisa expande esta análise
para o campo da RSC como um todo, conforme definição de Ashley et al (2003).
Tendo visto que a variável comportamento socialmente responsável influenciou as
respostas às variáveis dependentes da pesquisa, tornou-se necessário verificar se havia uma
certa homogeneidade desta característica entre os respondentes da pesquisa. Como a variável
não apresenta distribuição normal por célula de pesquisa, Primeiramente a variável foi
analisada quanto à normalidade de sua distribuição. Os resultados do teste de Kolmogorov-
Smirnov (Sig. = 0,005) não permitem aceitar a hipótese nula de sua distribuição seja normal.
Foi então realizado o teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis para verificar a ocorrência ou
não de diferenças significativas nas respostas a esta escala entre as células de pesquisa. A
célula relativa ao grupo controle (exposto ao cenário 1) não foi considerada nesta análise, pois
este grupo não respondeu a essa escala.
130
O teste de Kruskal-Wallis objetivou avaliar possíveis vieses que pudessem ser gerados
pelo comportamento socialmente responsável, isto é, se em alguma célula havia escores
relativos a esta escala que fossem significativamente mais elevados do que nas demais
células. Por exemplo, se no grupo exposto ao cenário 3 (ação social de impacto direto) fosse
detectado escores significativamente maiores para a escala de comportamento socialmente
responsável, isto poderia afetar o resultado do teste da hipótese H5. Entretanto, os resultados
do teste de Kruskal-Wallis (tabela 65) apontaram para aceitação da hipótese nula de que não
há diferença significativa entre as células de pesquisa no que se refere às respostas à escala de
comportamento socialmente responsável (Sig. = 0,200).
Desta forma, pode-se supor que há homogeneidade dos grupos em relação ao
comportamento socialmente responsável, e que, portanto, esta característica não gerou vieses
nos resultados da pesquisa.
Tabela 65: Teste de Kruskal-Wallis para Comportamento Socialmente Responsável
Postos
70 107,14
62 95,87
63 89,94
195
CenárioExperimentalExperimental com Açãode Impacto DiretoExperimental com Açãode Impacto DiretoTotal
ComportamentoSocialmenteResponsável
NPostoMédio
Estatísticas do Teste
3,2182
,200
Qui-QuadradoglSig.
ComportamentoSocialmenteResponsável
131
Os resultados das análises de covariância indicam que, de forma geral, as variáveis
sexo e idade não afetaram significativamente o comportamento das variáveis dependentes da
pesquisa. A variável comportamento socialmente responsável afetou as respostas às variáveis
dependentes, mas, como os grupos de pesquisa não apresentaram diferenças significativas nos
escores relativos a esta variável, pode-se considerar que ela não exerceu uma influência
significativa nos resultados da pesquisa. Isto significa uma confiança maior na força das
variáveis independentes RSC e impacto da ação social como fatores que explicam a variação
das respostas dos participantes da pesquisa às variáveis dependentes.
132
6 CONCLUSÃO
Esta tese examinou a influência da RSC na decisão de compra dos consumidores.
Especificamente, buscou-se investigar se a RSC influenciaria positivamente o benefício
percebido, a percepção de justiça do diferencial de preço cobrado, o valor percebido e a
intenção de compra, em um contexto onde a empresa socialmente responsável pratica um
preço mais alto do que a concorrência. Buscou-se também inbestigar se uma ação social
empresarial que exercesse um impacto direto na vida do consumidor teria um efeito maior nas
variáveis dependentes da pesquisa do que uma ação social cujo impacto fosse indireto. A
fundamentação teórica sobre o tema foi desenvolvida a partir da análise dos estudos sobre
RSC e comportamento do consumidor feitos da última década e do modelo teórico do valor
percebido. Esta fundamentação gerou algumas propostas conceituais, traduzidas em um
conjunto de hipóteses, que foram testadas através de metodologia experimental, com uso de
cenários de pesquisa. Os resultados encontrados sugerem que os efeitos da RSC na decisão de
compra do consumidor são mensuráveis e demonstráveis empiricamente.
Neste capítulo serão apresentadas as principais contribuições – substantivas, teóricas e
metodológicas – desta tese. Serão também exploradas as implicações gerenciais derivadas dos
resultados da pesquisa. Ao final, serão sugeridos caminhos para pesquisas futuras.
6.1 Contribuições Substantivas e Teóricas
Esta tese procurou responder a quatro perguntas de pesquisa, e as contribuições
apresentadas a seguir estão organizadas por pergunta.
133
O consumidor percebe um benefício adicional na compra do produto de uma empresa que
investe em RSC?
Os resultados obtidos indicam que os consumidores pesquisados perceberam um
benefício maior compra do produto da empresa que investe em RSC. Como os cenários de
pesquisa deixavam claro que a qualidade dos produtos era equivalente, e que o consumidor
deveria assumir que havia gostado de todos os produtos igualmente, pode-se considerar que a
RSC foi o fator responsável por aumentar o benefício percebido na oferta da empresa descrita
como socialmente responsável. Estes resultados corroboram os de pesquisas anteriores ao
indicarem que a RSC é um fator relevante na decisão de compra dos consumidores,
influenciando-os de forma positiva (Sen e Bhattacharya, 2001; Brown e Dacin, 1997; Murray
e Vogel, 1997). Mas esta pesquisa coloca um degrau a mais na construção de conhecimento
sobre RSC, ao mensurar o benefício percebido pelo consumidor, fornecendo uma base
empírica às suposições teóricas levantadas na literatura de que a RSC seria considerada pelos
consumidores como um benefício a mais na oferta das empresas. Em que pesem as limitações
de generalização devido à forma de amostragem da pesquisa, trata-se de um primeiro passo na
direção de se entender a percepção da RSC pelos consumidores como um benefício relevante
que é levado em conta em sua decisão de compra.
O consumidor considera justo que este produto custe mais caro do que o da a
concorrência?
A percepção de justiça do preço, tendo como referência o preço cobrado pela
concorrência, não havia sido estudada anteriormente no contexto da RSC. Esta tese integra a
variável percepção de justiça à explicação para a intenção de se pagar mais pelo produto de
134
uma empresa socialmente responsável. Os consumidores pesquisados julgaram como justo o
diferencial de preço cobrado pela empresa que investe em RSC. Este resultado é coerente com
a teoria da percepção de justiça em preços, segundo a qual o consumidor tende a julgar um
diferencial de preço como justo quando a empresa tem um motivo positivo para praticá- lo
e/ou quando este diferencial vem acompanhado de um benefício adicional na oferta desta
empresa (Kukar-Kinney et al, 2005; Martins e Monroe, 1994; Campbell, 1999a e 1999b;
Kahneman et al, 1986). Aparentemente, a RSC funcionou como esse motivo positivo e/ou
benefício adicional, fazendo com que o diferencial de preço cobrado fosse percebido como
justo. Os estudos na área de percepção de justiça em preços vêm buscando investigar quais as
variáveis que podem influenciar o consumidor no seu julgamento quanto à justiça do preço
cobrado pelas empresas, sobretudo quando há um diferencial de preço envolvido (situação de
aumento de preço ou de prática de um preço maior do que a concorrência). Esta pesquisa
insere a variável RSC neste corpo de conhecimento, fornecendo indícios – ainda que
limitados em termos de generalização empírica – para se acreditar que esta variável exerce
uma influência importante no julgamento sobre justiça em preços.
O consumidor percebe valor na oferta de uma empresa que investe em RSC, mas cobra um
preço mais alto por seu produto? Estaria disposto a comprar este produto?
Os consumidores pesquisados perceberam um valor maior na oferta da empresa
socialmente responsável, e mostraram-se dispostos a pagar 10% a mais por seu produto,
mesmo tendo outras opções de produtos semelhantes para comprar. Analogamente ao que
aconteceu com o benefício percebido, como os cenários de pesquisa deixavam claro que a
qualidade dos produtos era equivalente, e que o consumidor deveria assumir que havia
gostado de todos os produtos igualmente, pode-se considerar que a RSC foi o fator
135
responsável por aumentar o valor percebido e a intenção de compra. Aparentemente, a
percepção de um valor adicional na oferta da empresa socialmente responsável está
relacionada ao benefício percebido nessa oferta e ao julgamento de que é justo que a empresa
socialmente responsável cobre um preço maior do que a concorrência. Estes resultados
integram a variável RSC ao modelo do valor percebido, posicionando-a como variável que
influencia positivamente o benefício percebido e a justiça percebida do preço, aumentando o
valor percebido.
Os resultados de pesquisas anteriores, embora fragmentados por estarem focados em
algum aspecto da RSC, apontavam para a existência de uma relação positiva entre RSC e
intenção de compra (por ex., Grewal et al, 1998; Dodds et al, 1992). Os resultados desta
pesquisa ampliam a compreensão sobre esta relação, indicando que os consumidores
pesquisados mostraram-se dispostos a pagar 10% a mais pelo produto de uma empresa
descrita como empresa socialmente responsável (na concepção ampla do termo), ao mesmo
tempo em que perceberam um benefício e um valor maiores na oferta dessa empresa e
julgaram o diferencial de preço cobrado por ela como justo.
O tipo de ação social que a empresa apóia interfere nas reações dos consumidores? Se,
além de ter uma postura de RSC, a empresa investir em uma ação social que tenha um
impacto direto na vida do consumidor, isto se reverte num benefício percebido, justiça
percebida do preço, valor percebido e intenção de compra ainda maiores?
Pesquisas anteriores na área de RSC já haviam apontado que determinadas ações sociais
são mais valorizadas pelos consumidores, e que estas podem ter um efeito maior em suas
reações. Os resultados desta pesquisa contribuem para explicar de que forma uma ação social,
apoiada por uma empresa socialmente responsável, pode gerar um efeito diferenciado na
136
decisão de compra do consumidor. Quando a ação social foi caracterizada como tendo um
impacto direto na vida do consumidor, isto é, trazendo conseqüências positivas para o seu
próprio bairro, ela gerou nesse consumidor um benefício percebido, um valor percebido, uma
percepção de justiça do preço e uma intenção de compra maiores do que quando a ação social
tinha um impacto indireto na sua vida, beneficiando um bairro de outro estado. Pode-se
concluir que esta diferença nas reações dos consumidores pesquisados se deram
exclusivamente ao impacto da ação social descrito nos cenários de pesquisa, visto que a
característica de RSC da empresa foi percebida de forma semelhante em ambos os cenários, e
os impactos foram percebidos como diferentes. Isto significa que a empresa que apoiava uma
ação social de impacto direto não foi percebida como mais socialmente responsável do que a
que apoiava uma ação social de impacto indireto, e mesmo assim a informação sobre a ação
social de impacto direto gerou um efeito maior na decisão de compra dos consumidores
pesquisados. Aparentemente, uma compra que contribui para a sensação do consumidor de se
sentir bem contribuindo com a RSC, fazendo bem aos outros, se torna ainda mais atraente se
incluir também um benefício ligado ao interesse próprio deste consumidor.
6.2 Contribuições Metodológicas
A principal contribuição metodológica desta pesquisa diz respeito à construção e
validação de uma escala para mensuração da variável benefício percebido. Alguns estudos
anteriores que utilizaram o modelo do valor percebido mediram a qualidade percebida como
único componente do benefício percebido pelo consumidor em uma situação de compra (por
ex., Teas e Agarwal, 2000; Grewal et al, 1998). Mesmo os autores que mencionaram a
existência de outros componentes mais subjetivos e abstratos, como os benefícios emocionais
que a compra pode trazer, não propuseram uma escala de medida para este fim (por ex.,
137
Strahilevitz, 1999; Zeithaml, 1988). Como parte desta pesquisa foi desenvolvida uma escala
para benefício percebido, com quatro itens, que passou por um proceso de desenvolvimento e
validação. Esta escala foi avaliada através de um pré-teste e depois com os dados do
experimento, e apresentou-se unidimensional e com alto índice de confiabiliadde. Foi
construída levando em conta uma situação de equivalência de qualidade dos produtos
disponíveis para compra, justamente para enfocar os componentes até então negligenciados da
mensuração da variável benefício percebido.
6.3 Implicações Gerenciais
Os resultados desta pesquisa acrescentam novos insights ao debate sobre o retorno que
a RSC pode gerar para as empresas. Em que pesem as limitações do estudo realizado, os
resultados indicam que pode haver um motivador decisivo para que as empresas adotem uma
postura socialmente responsável: o comportamento de seus consumidores. Para os
participantes da pesquisa, a RSC parece ser um fator importante no processo de decisão de
compra.
As conclusões deste estudo trazem algumas implicações para as empresas. A mais
relevante é que, aparentemente, a valorização da RSC pelo consumidor, apontada em
pesquisas anteriores, traduziu-se nesta pesquisa na disposição em pagar 10% a mais pelo
produto de uma empresa socialmente responsável. Desta forma, na busca por satisfazer o
mercado, as empresas têm a oportunidade de atender aos desejos que seus consumidores têm
de fazer o bem aos outros (incentivando a RSC), enquanto atingem seus objetivos de negócios
e, simultaneamente, dão elas própria sua contribuição à sociedade. Isto envolveria satisfazer
as necessidades dos consumidores relativas às características do produto em si, e ao mesmo
138
tempo oferecer a eles o benefício de investir, ainda que indiretamente, na construção de uma
sociedade melhor para todos.
Entretanto, se a informação sobre RSC afeta positivamente a decisão de compra dos
consumidores, mesmo em um contexto de preço mais alto do que a concorrência, é necessário
que estes sejam capazes de avaliar a postura de RSC das empresas, para que possam levar isto
em consideração em sua decisão. Estudos anteriores já indicaram que o acesso a estas
informações ainda é difícil e demorado (Carrigan e Attalla, 2001; Mohr et al, 2001),
sobretudo no contexto brasileiro (Serpa e Fourneau, 2004; Ethos, 2004). Neste sentido, as
empresas precisam enfatizar a transparência na relação com seus consumidores, incluindo aí o
fornecimento de informações genuínas sobre RSC. Para isto, precisam descobrir quais as
fontes mais apropriadas e mais confiáveis para os consumidores terem acesso a estas
informações.
Vale ressaltar que os cenários desta pesquisa não consideraram apenas uma dimensão
da RSC, mas sim uma descrição mais ampla do conceito. Isto deve ser levando em conta ao se
pensar nas implicações gerenciais, na medida em que os resultados não permitem afirmar que
o consumidor estaria disposto a pagar mais pelo produto de uma empresa que faz um
investimento isolado em uma causa social, ou que se posiciona como ética, para citar apenas
duas dimensões da RSC. Os resultados deste estudo estão baseados em uma descrição de uma
empresa socialmente responsável, em uma concepção mais ampla do termo. A RSC foi
tratada na pesquisa como uma postura geral da empresa, e não pode ser reduzida, para efeito
das implicações gerenciais, a um investimento isolado. Para efetivamente criar valor, a
empresa precisa pensar em uma perspectiva de longo prazo. A fidelização do consumidor, tão
relevante para a lucratividade das empresas, pressupõe uma certa consistência de
posicionamento ao longo do tempo. Neste sentido, a empresa não pode encarar a RSC como
139
um incentivo à compra a ser usado em um momento isolado, tal como uma nova embalagem
ou uma nova ação promocional. Para construir valor, a empresa deverá entregar o benefício
associado à compra de seus produtos de forma sietmática e consistente, e isto só será possível
se a RSC for encarada como um compromisso duradouro. Segundo Day (1999), a geração de
um valor superior é que irá gerar a fidelização dos clientes. E, além de terem um papel
importante na lucratividade das empresas, os clientes fiéis podem se tornar defensores destas,
e divulgadores de seu posicionamento socialmente responsável.
Conforme definição presente na literatura, a empresa socialmente responsável é aquela
que, na busca por maximizar os efeitos positivos sobre a sociedade e minimizar os negativos,
considera dimensões legais, econômicas, filantrópicas e éticas (Ferrell et al, 2001; Carroll,
1999). Em geral, a dimensão filantrópica da RSC é a mais notada pelos consumidores (Serpa
e Fourneau, 2004; Carroll, 1999) e, portanto, a escolha de em quais ações sociais investir
constitui uma questão crítica. Os resultados desta pesquisa indicam que o tipo de ação
escolhida pode fazer diferença nas reações de seus consumidores. Na definição de em qual
projeto social investir, as empresas devem buscar conhecer quais as ações socais mais
valorizadas pelos seus consumidores, quais aquelas que eles julgam que os beneficiaria mais
diretamente. Neste sentido, na definição de uma estratégia de marketing de abrangência
nacional, cujo conteúdo esteja vinculado a ações sociais apoiadas pela empresa, deve-se
considerar o desafio de encontrar algo que remeta a ações locais, que possam ser percebidas
como tendo um impacto direto na vida dos consumidores-alvo. Desta forma, a empresa
poderia ter um retorno maior em termos de impacto positivo na decisão de compra de seu
público-alvo.
140
6.4 Considerações Finais
As conclusões aqui levantadas têm um impacto relevante do ponto de vista social. Abre-
se espaço para um debate – fora do escopo deste trabalho – sobre se as empresas deveriam
buscar investir em RSC para gerar reações positivas em seus stakeholders (incluindo aí seus
consumidores) ou se deveriam fazê- lo por um ideal de retribuir à sociedade o que dela
recebem. Entretanto, qualquer que seja a postura das empresas, se os consumidores estiverem
dispostos a recompensar as que investem em RSC pagando um pouco mais por seus produtos,
isto significa que eles podem exercer um importante papel regulador no comportamento
empresarial, o que a longo prazo traria benefícios para a sociedade como um todo. E ainda,
considerando que a composição da amostra da pesquisa – estudantes de graduação e pós-
graduação de faculdades de um grande centro urbano – remete a um segmento de pessoas com
alto nível educacional e formadores de opinião, torna-se relevante apontar a possibilidade
deste segmento agir como impulsionador da valorização da RSC no processo de decisão de
compra em outros segmentos da sociedade.
Para que isto aconteça é necessário que as informações sobre RSC estejam disponíveis,
de forma inteligível e confiável, e que possam ser acessadas por uma parcela cada vez maior
da sociedade. Por outro lado, é necessário que os consumidores atinjam um nível de educação
em relação ao tema que lhes permita discernir uma empresa comprometida com a RSC de
outras que atuam isoladamente em projetos sem continuidade. A RSC como postura da
empresa pode conviver com a demanda empresarial pela sobrevivência no mercado e pela
lucratividade, demanda esta que passa necessariamente pelo atendimento das necessidades e
desejos dos consumidores. Compreender a dinâmica destas necessidades e desejos, e o papel
que desempenha a RSC, é fundamental para as empresas que se proponham alinhadas ao
mercado no ambiente atual.
141
6.5 Sugestões de Pesquisas Futuras
Os resultados deste estudo abrem um campo para temas de pesquisas futuras, dentre os
quais destacamos:
§ Aplicação de procedimentos estatísticos, como equações de modelagens estruturais,
que possibilitem a verificação de relações causais entre as variáveis estudadas,
permitindo a ampliação das conclusões aqui levantadas;
§ Avaliação da sensibilidade a preço no contexto da RSC, testando-se outros patamares
de diferenças de preço, visando saber até que ponto o consumidor estaria disposto a
pagar mais pela RSC;
§ Avaliação da relação entre RSC e rentabilidade da empresa, buscando investigar se a
diferença de preço que os consumidores estariam dispostos a pagar cobriria possíveis
aumentos de custos gerados pela RSC;
§ Replicação do estudo no contexto de serviços, visando ampliar a compreensão do
efeito da RSC sobre a decisão de compra do consumidor;
§ Comparação da influência da RSC no benefício percebido, no valor percebido, na
justiça percebida do preço e na intenção de compra com a influência de outros fatores
(como por exemplo, a qualidade diferenciada de um produto), visando identificar se a
RSC é um fator de influência importante quando comparado a outros;
§ Avaliação mais ampla de possíveis covariantes, isto é, de variáveis que possam
exercer influência no impacto da RSC sobre a disposição do consumidor em pagar
mais pelos produtos de uma empresa socialmente responsável, tais como nível de
142
renda, nacionalidade, entre outras, visando ampliar a compreensão do perfil do
consumidor que valoriza a RSC como fator de decisão de compra.
§ Avaliação da influência das fontes de informação sobre RSC na decisão de compra do
consumidor, objetivando entender quais seriam as fontes mais confiáveis e mais
acessíveis para estes e que, portanto, exerceriam maior poder de influência.
§ Avaliação da valorização da RSC junto a outros stakeholders, tais como acionistas e
fornecedores.
143
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THALER, Richard (1985) Mental Accounting and Consumer Choice. Marketing
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Sophistication and Its Impact on Ethical Business Practice. Journal of Consumer Affairs, Vol. 30, Issue 1, pp. 170-195.
URDAN, André T.; ZUÑIGA, Melby K. H. (2001) O Consumidor Recompensa o
Comportamento Ético Empresarial? Anais do XV Enanpad, Campinas, São Paulo, Brasil. VAIDYANATHAN, Rajiv; AGGARWAL, Praveen (2003) Who is the Fairest of
Them All? An Attributional Approach to Price Fairness Perceptions. Journal of Business Research, Vol. 56, pp. 453-463.
VARADARAJAN, P. Rajan; MENON, Anil (1988) Cause-Related Marketing: A
Coalignment of Marketing Strategy and Corporate Philanthropy. Journal of Marketing, Vol. 52, July, pp. 58-74.
150
WEBB, Deborah J.; MOHR, Lois A. (1998) A Typology of Consumer Responses to
Cause-Related Marketing: From Skeptics to Socially Concerned. Journal of Public Policy & Marketing, Vol. 17, Issue 2, Fall, pp. 226-238.
WEINER, Bernard (2000) Attributional Thoughts about Consumer Behavior. Journal
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Means-End Model and Synthesis of Evidence. Journal of Marketing, Vol. 52, Issue 3, July, pp. 2-22.
152
Grupo Controle
Esta é uma pesquisa sobre atitude e comportamento do consumidor. Por favor, leia o
texto e responda às perguntas que se seguem, uma página por vez, e não deixe nenhuma em
branco. Sua participação é muito importante para este estudo, e todas as respostas serão
tratadas de forma confidencial.
A pesquisa deverá tomar apenas 10 minutos do seu tempo.
Obrigado!
Imagine que você deseja comprar uma calça jeans, e vai até um shopping em busca de
opções. Durante seu passeio pelo shopping, você entra em algumas lojas e experimenta
diversas calças jeans. Ao final, você conclui que nas três lojas do primeiro piso do shopping –
loja X, loja Y e loja Z – estão as calças que você mais gostou. As três calças são de ótima
qualidade, têm um design bonito e confortável, e você gostou igualmente das três. Entretanto,
existe uma diferença de preço entre elas. A calça da marca X custa $110 enquanto as outras
custam cerca de $100.
153
1) Dada a situação descrita no texto, indique o quanto você concorda ou discorda com cada
afirmação abaixo, circulando um número de 1 a 7 (não deixe nenhum item em branco):
Discordo Nem concordo Concordo Fortemente Nem discordo Fortemente
Posso facilmente me imaginar vivendo esta situação de
compra.
1 2 3 4 5 6 7
A descrição desta história é de fácil compreensão para mim.
1 2 3 4 5 6 7
A história contada é realista.
1 2 3 4 5 6 7
Se eu comprar a calça jeans da marca X vou me sentir bem
comigo mesmo.
1 2 3 4 5 6 7
Comprar a calça jeans da marca X me faria sentir que estou
fazendo a coisa certa.
1 2 3 4 5 6 7
Se eu comprar a calça jeans da marca X estarei me
beneficiando.
1 2 3 4 5 6 7
Comprar a calça jeans da marca X me proporcionaria uma
satisfação pessoal.
1 2 3 4 5 6 7
Se eu comprar a calça jeans da marca X, estarei recebendo
o que meu dinheiro vale.
1 2 3 4 5 6 7
Se eu comprar a calça jeans da marca X eu acho que estarei
recebendo um bom valor pelo dinheiro gasto.
1 2 3 4 5 6 7
A calça jeans da marca X é uma compra que vale à pena,
pois acho que seu preço é razoável.
1 2 3 4 5 6 7
Eu estou disposto a comprar a calça jeans da marca X.
1 2 3 4 5 6 7
A probabilidade de eu comprar a calça jeans da marca X é
alta.
1 2 3 4 5 6 7
Eu provavelmente vou comprar a calça jeans da marca X.
1 2 3 4 5 6 7
154
2) Dada a situação descrita no texto, avalie o diferencial de preço cobrado pela marca X,
circulando um número de 1 a 7 (não deixe nenhum item em branco):
Injusto Justo 1 2 3 4 5 6 7
Inaceitável Aceitável 1 2 3 4 5 6 7
Insatisfatório Satisfatório 1 2 3 4 5 6 7
Muito alto Muito baixo 1 2 3 4 5 6 7
3) Por favor, forneça algumas informações sobre você: Escolaridade: ( ) Aluno(a) de Graduação - Curso: __________________ ( ) Aluno(a) de Mestrado ( ) Aluno(a) de MBA Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino Idade:
Até 20 anos 21 – 25 26 - 30 31 - 35 36 - 40 41 - 45 46 - 50 Mais de 50
? ? ? ? ? ? ? ?
155
Grupo Experimental - RSC
Esta é uma pesquisa sobre atitude e comportamento do consumidor. Por favor, leia o
texto e responda às perguntas que se seguem, uma página por vez, e não deixe nenhuma em
branco. Sua participação é muito importante para este estudo, e todas as respostas serão
tratadas de forma confidencial.
A pesquisa deverá tomar apenas 10 minutos do seu tempo.
Obrigado!
Imagine que você deseja comprar uma calça jeans, e vai até um shopping em busca de
opções. Durante seu passeio pelo shopping, você entra em algumas lojas e experimenta
diversas calças jeans. Ao final, você conclui que nas três lojas do primeiro piso do shopping –
loja X, loja Y e loja Z – estão as calças que você mais gostou. As três calças são de ótima
qualidade, têm um design bonito e confortável, e você gostou igualmente das três. Entretanto,
existe uma diferença de preço entre elas. A calça da marca X custa $110 enquanto as outras
custam cerca de $100.
Em relação à empresa X, você soube recentemente que se trata de uma empresa que
vem, há algum tempo, investindo na melhoria das condições de vida da sociedade como um
todo, o que significa implementar ações que vão além de pagar impostos e gerar empregos.
Suas roupas são produzidas em fábricas com equipamentos especiais para proteção do meio
ambiente. Além disso, a empresa vem implementando programas de melhoria da qualidade
de vida de seus funcionários e fazendo investimentos sistemáticos em diversos programas
sociais. A empresa possui uma política de transparência de informações junto a seus
acionistas, fornecedores e clientes. Por estes motivos, a empresa X ocupa uma das primeiras
posições do ranking de empresas brasileiras socialmente responsáveis, elaborado todos os
anos por um respeitado instituto independente.
156
1) Dada a situação descrita no texto, indique o quanto você concorda ou discorda com cada
afirmação abaixo, circulando um número de 1 a 7 (não deixe nenhum item em branco):
Discordo Nem concordo Concordo Fortemente Nem discordo Fortemente
A empresa X demonstra preocupação com o meio-
ambiente.
1
2 3 4 5 6 7
A empresa X demonstra envolvimento com a comunidade.
1 2 3 4 5 6 7
A empresa X realiza investimentos em causas que valem à
pena.
1 2 3 4 5 6 7
Posso facilmente me imaginar vivendo esta situação de
compra.
1 2 3 4 5 6 7
A descrição desta história é de fácil compreensão para mim.
1 2 3 4 5 6 7
A história contada é realista.
1 2 3 4 5 6 7
Se eu comprar a calça jeans da marca X vou me sentir bem
comigo mesmo.
1 2 3 4 5 6 7
Comprar a calça jeans da marca X me faria sentir que estou
fazendo a coisa certa.
1 2 3 4 5 6 7
Se eu comprar a calça jeans da marca X estarei me
beneficiando.
1 2 3 4 5 6 7
Comprar a calça jeans da marca X me proporcionaria uma
satisfação pessoal.
1 2 3 4 5 6 7
Se eu comprar a calça jeans da marca X, estarei recebendo
o que meu dinheiro vale.
1 2 3 4 5 6 7
Se eu comprar a calça jeans da marca X eu acho que estarei
recebendo um bom valor pelo dinheiro gasto.
1 2 3 4 5 6 7
A calça jeans da marca X é uma compra que vale à pena,
pois acho que seu preço é razoável.
1 2 3 4 5 6 7
Eu estou disposto a comprar a calça jeans da marca X.
1 2 3 4 5 6 7
A probabilidade de eu comprar a calça jeans da marca X é
alta.
1 2 3 4 5 6 7
Eu provavelmente vou comprar a calça jeans da marca X.
1 2 3 4 5 6 7
157
2) Dada a situação descrita no texto, avalie o diferencial de preço cobrado pela marca X,
circulando um número de 1 a 7 (não deixe nenhum item em branco):
Injusto Justo 1 2 3 4 5 6 7
Inaceitável Aceitável 1 2 3 4 5 6 7
Insatisfatório Satisfatório 1 2 3 4 5 6 7
Muito alto Muito baixo 1 2 3 4 5 6 7
3) Faça uma avaliação de seu comportamento em relação aos itens abaixo, circulando um
número de 1 a 7 (não deixe nenhum item em branco):
Discordo Nem concordo Concordo Fortemente Nem discordo Fortemente
Eu preferiria comprar de empresas que oferecessem
boas condições para seus funcionários, se eu tivesse
esta informação.
1 2 3 4 5 6 7
Eu me preocupo com o descarte de pilhas e baterias.
1 2 3 4 5 6 7
Eu me preocupo em desligar a luz e aparelhos
elétricos, na minha casa e no meu trabalho, quando
ninguém está usando.
1 2 3 4 5 6 7
Eu tentaria comprar de empresas que ajudam os mais
necessitados de alguma forma, se eu tivesse esta
informação.
1 2 3 4 5 6 7
Eu preferiria comprar de empresas que empregam
deficientes físicos, se eu tivesse esta informação.
1 2 3 4 5 6 7
158
Eu evito usar produtos e serviços que possam causar
danos ao meio ambiente.
1 2 3 4 5 6 7
Eu costumo utilizar também o verso das folhas de
papel ao escrever em cadernos, ao imprimir textos na
impressora, etc.
1
2 3 4 5 6 7
4) Por favor, forneça algumas informações sobre você: Escolaridade: ( ) Aluno(a) de Graduação - Curso: __________________ ( ) Aluno(a) de Mestrado ( ) Aluno(a) de MBA Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino Idade:
Até 20 anos 21 – 25 26 - 30 31 - 35 36 - 40 41 - 45 46 - 50 Mais de 50
? ? ? ? ? ? ? ?
159
Grupo Experimental – RSC e Ação Social de Impacto Direto
Esta é uma pesquisa sobre atitude e comportamento do consumidor. Por favor, leia o
texto e responda às perguntas que se seguem, uma página por vez, e não deixe nenhuma em
branco. Sua participação é muito importante para este estudo, e todas as respostas serão
tratadas de forma confidencial.
A pesquisa deverá tomar apenas 10 minutos do seu tempo.
Obrigado!
Imagine que você deseja comprar uma calça jeans, e vai até um shopping em busca de
opções. Durante seu passeio pelo shopping, você entra em algumas lojas e experimenta
diversas calças jeans. Ao final, você conclui que nas três lojas do primeiro piso do shopping –
loja X, loja Y e loja Z – estão as calças que você mais gostou. As três calças são de ótima
qualidade, têm um design bonito e confortável, e você gostou igualmente das três. Entretanto,
existe uma diferença de preço entre elas. A calça da marca X custa $110 enquanto as outras
custam cerca de $100.
Em relação à empresa X, você soube recentemente que se trata de uma empresa que
vem, há algum tempo, investindo na melhoria das condições de vida da sociedade como um
todo, o que significa implementar ações que vão além de pagar impostos e gerar empregos.
Suas roupas são produzidas em fábricas com equipamentos especiais para proteção do meio
ambiente. Além disso, a empresa vem implementando programas de melhoria da qualidade
de vida de seus funcionários e fazendo investimentos sistemáticos em diversos programas
sociais. A empresa possui uma política de transparência de informações junto a seus
acionistas, fornecedores e clientes. Por estes motivos, a empresa X ocupa uma das primeiras
posições do ranking de empresas brasileiras socialmente responsáveis, elaborado todos os
anos por um respeitado instituto independente.
Mais recentemente, a empresa X resolveu colaborar financeiramente com um projeto
de educação que vem sendo implementado no bairro onde você mora, proporcionando
formação técnica para jovens de classe baixa. O projeto tem tirado estes jovens das ruas,
melhorando as condições de vida deles e do bairro onde você mora.
160
1) Dada a situação descrita no texto, indique o quanto você concorda ou discorda com cada
afirmação abaixo, circulando um número de 1 a 7 (não deixe nenhum item em branco):
Discordo Nem concordo Concordo Fortemente Nem discordo Fortemente
A empresa X demonstra preocupação com o meio-
ambiente.
1
2 3 4 5 6 7
A empresa X demonstra envolvimento com a comunidade.
1 2 3 4 5 6 7
A empresa X realiza investimentos em causas que valem à
pena.
1 2 3 4 5 6 7
Posso facilmente me imaginar vivendo esta situação de
compra.
1 2 3 4 5 6 7
A descrição desta história é de fácil compreensão para mim.
1 2 3 4 5 6 7
A história contada é realista.
1 2 3 4 5 6 7
Se eu comprar a calça jeans da marca X vou me sentir bem
comigo mesmo.
1 2 3 4 5 6 7
Comprar a calça jeans da marca X me faria sentir que estou
fazendo a coisa certa.
1 2 3 4 5 6 7
Se eu comprar a calça jeans da marca X estarei me
beneficiando.
1 2 3 4 5 6 7
Comprar a calça jeans da marca X me proporcionaria uma
satisfação pessoal.
1 2 3 4 5 6 7
Se eu comprar a calça jeans da marca X, estarei recebendo
o que meu dinheiro vale.
1 2 3 4 5 6 7
Se eu comprar a calça jeans da marca X eu acho que estarei
recebendo um bom valor pelo dinheiro gasto.
1 2 3 4 5 6 7
A calça jeans da marca X é uma compra que vale à pena,
pois acho que seu preço é razoável.
1 2 3 4 5 6 7
Eu estou disposto a comprar a calça jeans da marca X.
1 2 3 4 5 6 7
A probabilidade de eu comprar a calça jeans da marca X é
alta.
1 2 3 4 5 6 7
Eu provavelmente vou comprar a calça jeans da marca X.
1 2 3 4 5 6 7
161
2) Dada a situação descrita no texto, avalie o diferencial de preço cobrado pela marca X,
circulando um número de 1 a 7 (não deixe nenhum item em branco):
Injusto Justo 1 2 3 4 5 6 7
Inaceitável Aceitável 1 2 3 4 5 6 7
Insatisfatório Satisfatório 1 2 3 4 5 6 7
Muito alto Muito baixo 1 2 3 4 5 6 7
3) Dada a situação descrita no texto, avalie o impacto que o projeto de educação apoiado pela
empresa X tem na sua vida, circulando um número de 1 a 7:
Indireto Direto 1 2 3 4 5 6 7
4) Faça uma avaliação de seu comportamento em relação aos itens abaixo, circulando um
número de 1 a 7 (não deixe nenhum item em branco):
Discordo Nem concordo Concordo Fortemente Nem discordo Fortemente
Eu preferiria comprar de empresas que oferecessem
boas condições para seus funcionários, se eu tivesse
esta informação.
1 2 3 4 5 6 7
Eu me preocupo com o descarte de pilhas e baterias.
1 2 3 4 5 6 7
Eu me preocupo em desligar a luz e aparelhos
elétricos, na minha casa e no meu trabalho, quando
ninguém está usando.
1 2 3 4 5 6 7
Eu preferiria comprar de empresas que empregam
deficientes físicos, se eu tivesse esta informação.
1 2 3 4 5 6 7
162
Eu evito usar produtos e serviços que possam causar
danos ao meio ambiente.
1 2 3 4 5 6 7
Eu costumo utilizar também o verso das folhas de
papel ao escrever em cadernos, ao imprimir textos na
impressora, etc.
1
2 3 4 5 6 7
5) Por favor, forneça algumas informações sobre você: Escolaridade: ( ) Aluno(a) de Graduação - Curso: __________________ ( ) Aluno(a) de Mestrado ( ) Aluno(a) de MBA Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino Idade:
Até 20 anos 21 – 25 26 - 30 31 - 35 36 - 40 41 - 45 46 - 50 Mais de 50
? ? ? ? ? ? ? ?
163
Grupo Experimental – RSC e Ação Social de Impacto Indireto
Esta é uma pesquisa sobre atitude e comportamento do consumidor. Por favor, leia o
texto e responda às perguntas que se seguem, uma página por vez, e não deixe nenhuma em
branco. Sua participação é muito importante para este estudo, e todas as respostas serão
tratadas de forma confidencial.
A pesquisa deverá tomar apenas 10 minutos do seu tempo.
Obrigado!
Imagine que você deseja comprar uma calça jeans, e vai até um shopping em busca de
opções. Durante seu passeio pelo shopping, você entra em algumas lojas e experimenta
diversas calças jeans. Ao final, você conclui que nas três lojas do primeiro piso do shopping –
loja X, loja Y e loja Z – estão as calças que você mais gostou. As três calças são de ótima
qualidade, têm um design bonito e confortável, e você gostou igualmente das três. Entretanto,
existe uma diferença de preço entre elas. A calça da marca X custa $110 enquanto as outras
custam cerca de $100.
Em relação à empresa X, você soube recentemente que se trata de uma empresa que
vem, há algum tempo, investindo na melhoria das condições de vida da sociedade como um
todo, o que significa implementar ações que vão além de pagar impostos e gerar empregos.
Suas roupas são produzidas em fábricas com equipamentos especiais para proteção do meio
ambiente. Além disso, a empresa vem implementando programas de melhoria da qualidade
de vida de seus funcionários e fazendo investimentos sistemáticos em diversos programas
sociais. A empresa possui uma política de transparência de informações junto a seus
acionistas, fornecedores e clientes. Por estes motivos, a empresa X ocupa uma das primeiras
posições do ranking de empresas brasileiras socialmente responsáveis, elaborado todos os
anos por um respeitado instituto independente.
Mais recentemente, a empresa X resolveu colaborar financeiramente com um projeto
de educação que vem sendo implementado na periferia de São Paulo, proporcionando
formação técnica para jovens de classe baixa. O projeto tem tirado estes jovens das ruas,
melhorando as condições de vida deles e do bairro onde vivem.
164
1) Dada a situação descrita no texto, indique o quanto você concorda ou discorda com cada
afirmação abaixo, circulando um número de 1 a 7 (não deixe nenhum item em branco):
Discordo Nem concordo Concordo Fortemente Nem discordo Fortemente
A empresa X demonstra preocupação com o meio-
ambiente.
1
2 3 4 5 6 7
A empresa X demonstra envolvimento com a comunidade.
1 2 3 4 5 6 7
A empresa X realiza investimentos em causas que valem à
pena.
1 2 3 4 5 6 7
Posso facilmente me imaginar vivendo esta situação de
compra.
1 2 3 4 5 6 7
A descrição desta história é de fácil compreensão para mim.
1 2 3 4 5 6 7
A história contada é realista.
1 2 3 4 5 6 7
Se eu comprar a calça jeans da marca X vou me sentir bem
comigo mesmo.
1 2 3 4 5 6 7
Comprar a calça jeans da marca X me faria sentir que estou
fazendo a coisa certa.
1 2 3 4 5 6 7
Se eu comprar a calça jeans da marca X estarei me
beneficiando.
1 2 3 4 5 6 7
Comprar a calça jeans da marca X me proporcionaria uma
satisfação pessoal.
1 2 3 4 5 6 7
Se eu comprar a calça jeans da marca X, estarei recebendo
o que meu dinheiro vale.
1 2 3 4 5 6 7
Se eu comprar a calça jeans da marca X eu acho que estarei
recebendo um bom valor pelo dinheiro gasto.
1 2 3 4 5 6 7
A calça jeans da marca X é uma compra que vale à pena,
pois acho que seu preço é razoável.
1 2 3 4 5 6 7
Eu estou disposto a comprar a calça jeans da marca X.
1 2 3 4 5 6 7
A probabilidade de eu comprar a calça jeans da marca X é
alta.
1 2 3 4 5 6 7
Eu provavelmente vou comprar a calça jeans da marca X.
1 2 3 4 5 6 7
165
2) Dada a situação descrita no texto, avalie o diferencial de preço cobrado pela marca X,
circulando um número de 1 a 7 (não deixe nenhum item em branco):
Injusto Justo 1 2 3 4 5 6 7
Inaceitável Aceitável 1 2 3 4 5 6 7
Insatisfatório Satisfatório 1 2 3 4 5 6 7
Muito alto Muito baixo 1 2 3 4 5 6 7
3) Dada a situação descrita no texto, avalie o impacto que o projeto de educação apoiado pela
empresa X tem na sua vida, circulando um número de 1 a 7:
Indireto Direto 1 2 3 4 5 6 7
4) Faça uma avaliação de seu comportamento em relação aos itens abaixo, circulando um
número de 1 a 7 (não deixe nenhum item em branco):
Discordo Nem concordo Concordo Fortemente Nem discordo Fortemente
Eu preferiria comprar de empresas que oferecessem
boas condições para seus funcionários, se eu tivesse
esta informação.
1 2 3 4 5 6 7
Eu me preocupo com o descarte de pilhas e baterias.
1 2 3 4 5 6 7
Eu me preocupo em desligar a luz e aparelhos
elétricos, na minha casa e no meu trabalho, quando
ninguém está usando.
1 2 3 4 5 6 7
Eu tentaria comprar de empresas que ajudam os mais
necessitados de alguma forma, se eu tivesse esta
informação.
1 2 3 4 5 6 7
166
Eu preferiria comprar de empresas que empregam
deficientes físicos, se eu tivesse esta informação.
1 2 3 4 5 6 7
Eu evito usar produtos e serviços que possam causar
danos ao meio ambiente.
1 2 3 4 5 6 7
Eu costumo utilizar também o verso das folhas de
papel ao escrever em cadernos, ao imprimir textos na
impressora, etc.
1
2 3 4 5 6 7
5) Por favor, forneça algumas informações sobre você: Escolaridade: ( ) Aluno(a) de Graduação - Curso: __________________ ( ) Aluno(a) de Mestrado ( ) Aluno(a) de MBA Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino Idade:
Até 20 anos 21 – 25 26 - 30 31 - 35 36 - 40 41 - 45 46 - 50 Mais de 50
? ? ? ? ? ? ? ?
167
ANEXO 2 – Histogramas das Variáveis Responsabilidade Social
Corporativa, Impacto da Ação Social e Realismo e
Compreensão do Cenário
Responsabilidade Social Corporativa
7,00
6,50
6,00
5,50
5,00
4,50
4,00
3,50
3,00
2,50
2,00
80
60
40
20
0
Std. Dev = 1,00
Mean = 6,09
N = 198,00
Realismo e Compreensão do Cenário
7,006,50
6,005,50
5,004,50
4,003,50
3,002,50
2,001,50
1,00
60
50
40
30
20
10
0
Std. Dev = ,98
Mean = 5,81
N = 264,00
Impacto da Ação Social
7,06,05,04,03,02,01,0
30
20
10
0
Std. Dev = 1,96
Mean = 4,5
N = 128,00
Responsabilidade Social Corporativa
7,00
6,50
6,00
5,50
5,00
4,50
4,00
3,50
3,00
2,50
2,00
80
60
40
20
0
Std. Dev = 1,00
Mean = 6,09
N = 198,00
Realismo e Compreensão do Cenário
7,006,50
6,005,50
5,004,50
4,003,50
3,002,50
2,001,50
1,00
60
50
40
30
20
10
0
Std. Dev = ,98
Mean = 5,81
N = 264,00
Impacto da Ação Social
7,06,05,04,03,02,01,0
30
20
10
0
Std. Dev = 1,96
Mean = 4,5
N = 128,00
168
ANEXO 3 – Normal Q-Q Plots das Variáveis Responsabilidade Social
Corporativa, Impacto da Ação Social e Realismo e
Compreensão do Cenário
Normal Q-Q Plot para RSC
Valor Observado
8765432
Nor
mal
Esp
erad
a
1,0
,5
0,0
-,5
-1,0
-1,5
-2,0
-2,5
Normal Q-Q Plot para Imp. da Ação Social
Valor Observado
876543210
Nor
mal
Esp
erad
a
1,5
1,0
,5
0,0
-,5
-1,0
-1,5
-2,0
Normal Q-Q Plot para Real. e Comp. do Cen.
Valor Esperado
7,57,06,56,05,55,04,54,03,5
Nor
mal
Esp
erad
a
2
1
0
-1
-2
-3
169
ANEXO 4 – Box-Plots das Variáveis Dependentes
Cenários 1 e 2
Cenários 3 e 4
128128128128N =
Intenção de Compra
Valor Percebido
Justiça Percebida do
Benefício Percebido
8
7
6
5
4
3
2
1
0
128
Preço
128128128128N =
Intenção de Compra
Valor Percebido
Justiça Percebida do
Benefício Percebido
8
7
6
5
4
3
2
1
0
128
Preço
136136136136N =
Intenção de Compra
Valor Percebido
Justiça Percebida do
Benefício Percebido
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Preço
136136136136N =
Intenção de Compra
Valor Percebido
Justiça Percebida do
Benefício Percebido
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Preço
170
Todos os Cenários
264264264264N =
Intenção de Compra
Valor Percebido
Justiça Percebida do
Benefício Percebido
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Preço
264264264264N =
Intenção de Compra
Valor Percebido
Justiça Percebida do
Benefício Percebido
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Preço
171
ANEXO 5 – Histogramas das Variáveis Dependentes
Cenários 1 e 2
Benefício Percebido
7,00
6,50
6,00
5,50
5,00
4,50
4,00
3,50
3,00
2,50
2,00
1,50
1,00
30
20
10
0
Std. Dev = 1,74
Mean = 4,15
N = 136,00
Justiça Percebida do Preço
7,00
6,50
6,00
5,50
5,00
4,50
4,00
3,50
3,00
2,50
2,00
1,50
1,00
30
20
10
0
Std. Dev = 1,50
Mean = 4,27
N = 136,00
Valor Percebido
7,00
6,50
6,00
5,50
5,00
4,50
4,00
3,50
3,00
2,50
2,00
1,50
1,00
30
20
10
0
Std. Dev = 1,64
Mean = 4,03
N = 136,00
Intenção de Compra
7,00
6,50
6,00
5,50
5,00
4,50
4,00
3,50
3,00
2,50
2,00
1,50
1,00
20
10
0
Std. Dev = 1,83
Mean = 4,31
N = 136,00
Benefício Percebido
7,00
6,50
6,00
5,50
5,00
4,50
4,00
3,50
3,00
2,50
2,00
1,50
1,00
30
20
10
0
Std. Dev = 1,74
Mean = 4,15
N = 136,00
Justiça Percebida do Preço
7,00
6,50
6,00
5,50
5,00
4,50
4,00
3,50
3,00
2,50
2,00
1,50
1,00
30
20
10
0
Std. Dev = 1,50
Mean = 4,27
N = 136,00
Valor Percebido
7,00
6,50
6,00
5,50
5,00
4,50
4,00
3,50
3,00
2,50
2,00
1,50
1,00
30
20
10
0
Std. Dev = 1,64
Mean = 4,03
N = 136,00
Intenção de Compra
7,00
6,50
6,00
5,50
5,00
4,50
4,00
3,50
3,00
2,50
2,00
1,50
1,00
20
10
0
Std. Dev = 1,83
Mean = 4,31
N = 136,00
172
Cenários 3 e 4
Valor Percebido
7,006,50
6,005,50
5,004,50
4,003,50
3,002,50
2,001,50
1,00
30
20
10
0
Std. Dev = 1,52
Mean = 4,42
N = 128,00
Intenção de Compra
7,006,50
6,005,50
5,004,50
4,003,50
3,002,50
2,001,50
1,00
30
20
10
0
Std. Dev = 1,60
Mean = 5,09
N = 128,00
Benefício Percebido
7,00
6,50
6,00
5,50
5,00
4,50
4,00
3,50
3,00
2,50
2,00
1,50
30
20
10
0
Std. Dev = 1,46
Mean = 5,06
N = 128,00
Justiça Percebida do Preço
7,00
6,50
6,00
5,50
5,00
4,50
4,00
3,50
3,00
2,50
2,00
1,50
1,00
30
20
10
0
Std. Dev = 1,19
Mean = 4,72
N = 128,00
Valor Percebido
7,006,50
6,005,50
5,004,50
4,003,50
3,002,50
2,001,50
1,00
30
20
10
0
Std. Dev = 1,52
Mean = 4,42
N = 128,00
Intenção de Compra
7,006,50
6,005,50
5,004,50
4,003,50
3,002,50
2,001,50
1,00
30
20
10
0
Std. Dev = 1,60
Mean = 5,09
N = 128,00
Benefício Percebido
7,00
6,50
6,00
5,50
5,00
4,50
4,00
3,50
3,00
2,50
2,00
1,50
30
20
10
0
Std. Dev = 1,46
Mean = 5,06
N = 128,00
Justiça Percebida do Preço
7,00
6,50
6,00
5,50
5,00
4,50
4,00
3,50
3,00
2,50
2,00
1,50
1,00
30
20
10
0
Std. Dev = 1,19
Mean = 4,72
N = 128,00
Intenção de Compra
7,006,50
6,005,50
5,004,50
4,003,50
3,002,50
2,001,50
1,00
30
20
10
0
Std. Dev = 1,60
Mean = 5,09
N = 128,00
Benefício Percebido
7,00
6,50
6,00
5,50
5,00
4,50
4,00
3,50
3,00
2,50
2,00
1,50
30
20
10
0
Std. Dev = 1,46
Mean = 5,06
N = 128,00
Justiça Percebida do Preço
7,00
6,50
6,00
5,50
5,00
4,50
4,00
3,50
3,00
2,50
2,00
1,50
1,00
30
20
10
0
Std. Dev = 1,19
Mean = 4,72
N = 128,00
Benefício Percebido
7,00
6,50
6,00
5,50
5,00
4,50
4,00
3,50
3,00
2,50
2,00
1,50
30
20
10
0
Std. Dev = 1,46
Mean = 5,06
N = 128,00
Justiça Percebida do Preço
7,00
6,50
6,00
5,50
5,00
4,50
4,00
3,50
3,00
2,50
2,00
1,50
1,00
30
20
10
0
Std. Dev = 1,19
Mean = 4,72
N = 128,00
173
Todos os Cenários
1.
Benefício Percebido
7,00
6,50
6,00
5,50
5,00
4,50
4,00
3,50
3,00
2,50
2,00
1,50
1,00
40
30
20
10
0
Std. Dev = 1,68
Mean = 4,59
N = 264,00
Justiça Percebida do Preço
7,006,50
6,005,50
5,004,50
4,003,50
3,002,50
2,001,50
1,00
50
40
30
20
10
0
Std. Dev = 1,38
Mean = 4,49
N = 264,00
Valor Percebido
7,006,50
6,005,50
5,004,50
4,003,50
3,002,50
2,001,50
1,00
30
20
10
0
Std. Dev = 1,59
Mean = 4,22
N = 264,00
Intenção de Compra
7,006,50
6,005,50
5,004,50
4,003,50
3,002,50
2,001,50
1,00
50
40
30
20
10
0
Std. Dev = 1,76
Mean = 4,69
N = 264,00
Benefício Percebido
7,00
6,50
6,00
5,50
5,00
4,50
4,00
3,50
3,00
2,50
2,00
1,50
1,00
40
30
20
10
0
Std. Dev = 1,68
Mean = 4,59
N = 264,00
Justiça Percebida do Preço
7,006,50
6,005,50
5,004,50
4,003,50
3,002,50
2,001,50
1,00
50
40
30
20
10
0
Std. Dev = 1,38
Mean = 4,49
N = 264,00
Valor Percebido
7,006,50
6,005,50
5,004,50
4,003,50
3,002,50
2,001,50
1,00
30
20
10
0
Std. Dev = 1,59
Mean = 4,22
N = 264,00
Intenção de Compra
7,006,50
6,005,50
5,004,50
4,003,50
3,002,50
2,001,50
1,00
50
40
30
20
10
0
Std. Dev = 1,76
Mean = 4,69
N = 264,00
174
ANEXO 6 – Normal Q-Q Plots das Variáveis Dependentes
Cenários 1 e 2
Normal Q-Q Plot para Benefício Percebido
Valor Observado
876543210
Val
or N
orm
al E
sper
ado
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Normal Q-Q Plot para Just. Perc. do Preço
Valor Observado
876543210
Val
or N
orm
al E
sper
ado
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Normal Q-Q Plot para Valor Percebido
Valor Observado
876543210
Val
or N
orm
al E
sper
ado
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Normal Q-Q Plot para Intenção de Compra
Valor Observado
876543210
Val
or N
orm
al E
sper
ado
8
7
6
5
4
3
2
1
0
175
Cenários 3 e 4
Normal Q-Q Plot para Benefício Percebido
Valor Observado
87654321
Val
or N
orm
al E
sper
ado
8
7
6
5
4
3
2
1
Normal Q-Q Plot para Just. Perc. do Preço
Valor Observado
876543210
Val
or N
orm
al E
sper
ado
8
7
6
5
4
3
2
1
Normal Q-Q Plot para Valor Percebido
Valor Observado
876543210
Val
or N
orm
al E
sper
ado
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Normal Q-Q Plot para Intenção de Compra
Valor Observado
876543210
Val
or N
orm
al E
sper
ado
8
7
6
5
4
3
2
1
176
Todos os Cenários
Normal Q-Q Plot para Benefício Percebido
Valor Observado
876543210
Val
or N
orm
al E
sper
ado
8
7
6
5
4
3
2
1
Normal Q-Q Plot para Just. Perc. do Preço
Valor Observado
876543210V
alor
Nor
mal
Esp
erad
o
8
7
6
5
4
3
2
1
Normal Q-Q Plot para Valor Percebido
Valor Observado
876543210
Val
or N
orm
al E
sper
ado
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Normal Q-Q Plot para Intenção de Compra
Valor Observado
876543210
Val
or N
orm
al E
sper
ado
8
7
6
5
4
3
2
1