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EFEITOS DA TIMULINA ULTRA-DILUÍDA NA RESPOSTA LINFÓIDE E EVOLUÇÃO GRANULOMATOSA INDUZIDA POR BCG RUGGERO ZALLA NETO

EFEITOS DA TIMULINA ULTRA -DILUÍDA NA RESPOSTA LINFÓIDE …livros01.livrosgratis.com.br/cp033396.pdf · 2 universidade paulista – unip programa de mestrado em medicina veterinÁria

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EFEITOS DA TIMULINA ULTRA-DILUÍDA NA RESPOSTA LINFÓIDE E EVOLUÇÃO

GRANULOMATOSA INDUZIDA POR BCG

RUGGERO ZALLA NETO

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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP

PROGRAMA DE MESTRADO EM MEDICINA VETERINÁRIA EFEITOS DA TIMULINA ULTRA-DILUÍDA NA RESPOSTA LINFÓIDE

E EVOLUÇÃO GRANULOMATOSA INDUZIDA POR BCG

Dissertação Apresentada ao Programa de Mestrado em Medicina Veterinária da Universidade Paulista – UNIP para obtenção do Título de Mestre. Área de concentração: Imunopatologia Veterinária.

RUGGERO ZALLA NETO

São Paulo

2007

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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP

PROGRAMA DE MESTRADO EM MEDICINA VETERINÁRIA EFEITOS DA TIMULINA ULTRA-DILUÍDA NA RESPOSTA LINFÓIDE

E EVOLUÇÃO GRANULOMATOSA INDUZIDA POR BCG

Dissertação Apresentada ao Programa de Mestrado em Medicina Veterinária da Universidade Paulista – UNIP para obtenção do Título de Mestre. Área de concentração: Imunopatologia Veterinária, sob orientação da Profa. Dra. Leoni Bonamin

RUGGERO ZALLA NETO

São Paulo

2007

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Zalla Neto, Ruggero Efeitos da Timulina Ultra-diluída na Resposta Linfóide e Evolução granulomatosa

Induzida por BCG Ruggero ZallaNeto. 37p. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação

em Medicina Veterinária. Instituto de Ciências da Saúde (ICS) Universidade Paulista, São Paulo 2007.

Área de concentração: Imunopatologia Veterinária Orientadora: Leoni Bonamin 1. Homeopatia 2. Timulina 3. Granuloma 4. BCG

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A minha orientadora: Prof. Dra. Leoni Bonamin:

“O sentido da vida consiste em que não tem nenhum sentido dizer que a vida não tem sentido” (Niels Bohr)

Sua confiança em mim tornou possível a realização do maior sonho de minha vida, meu mestrado! Conviver lado a lado com uma mente tão brilhante, uma inteligência tão privilegiada e ao mesmo tempo um ser humano com tamanha grandeza e humildade me fizeram acreditar novamente nas pessoas e nas coisas boas que podemos construir.

Obrigado por sua amizade, sua confiança, sua dedicação e acima de tudo por seu exemplo!

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Aos meus pais Ruggero Zalla Filho e Vera Regina Vilela Zalla, agradeço pelo apoio, pelo suporte, pela compreensão e todo amor a mim dedicados. Aos meus sogros John Murphy e Maria José Simões Murphy por toda força e confiança depositadas em mim durante esta jornada.

Mas acima de tudo meu agradecimento pelos exemplos de vida, de caráter, de conduta e de valores que vocês me passaram.

A vocês o meu amor e admiração eternos.

Aos meus irmãos, Lucas e Tati por sua contribuição e amizade sempre.

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A minha linda esposa Julie Murphy, mulher linda, inteligente, companheira, batalhadora, forte e dona dos olhos verdes mais lindos que existem, o meu agradecimento pela ajuda e paciência, muita paciência em todos os momentos, obrigado por me dar os melhores presentes que um homem poderia receber que são meus 2 filhos lindos e saudáveis: Pietro e Lino Zalla.

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Mario Mariano, pelo apoio, amizade e ensinamentos o meu reconhecimento e agradecimento.

Agradeço a todos os professores da Pós-graduação, pelos ensinamentos e lições durante esses anos.

Agradeço aos funcionários da Pós-graduação da UNIP pela amizade e convivência nesse período e um obrigado muito especial para a querida “Dadá” do Biotério UNIP Bacelar, para o Prof. Ênio Bovino do HVET UNIP Cantareira, para o Prof. José Barbosa e para os funcionários do laboratório de Patologia UNIP Paulo e Jocely.

Agradeço a Maria Isabel de Almeida Prado do Laboratório Boiron e ao Instituto Butantan pelo apoio financeiro e intelectual para realização deste mestrado.

Agradeço aos meus colegas de Pós-graduação, Veranice, Heloisa, Maria Carolina, Adriano e Renato, por tantos momentos juntos e por tantos auxílios recebidos. Hoje além de colegas sei que tenho em vocês grandes amigos.

Agradeço a todos do Laboratório de Imunologia da UNIFESP-EPM, em especial a Ricardo Russo, co-autor deste trabalho, pelo seu acompanhamento, por sua dedicação, pela sua disponibilidade, pelo compartilhamento dos seus conhecimentos. Deixo aqui um agradecimento muito especial.

Agradeço a Graziela Morante, Bruna dos Anjos e César Sato, pela amizade e presença nos momentos difíceis e que, sem suas colaborações, essa tese jamais teria acabado.

As meus familiares que direta ou indiretamente contribuíram para esta conquista, em especial meu padrinho e madrinha Tio Marco e Tia Tata o meu “muito obrigado” por todo o apoio e confiança em mim creditados.

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RESUMO

ZALLA NETO, R. EFEITOS DA TIMULINA ULTRA-DILUÍDA NA RESPOSTA LINFÓIDE E EVOLUÇÃO GRANULOMATOSA INDUZIDA POR BCG Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária, área de concentração Imunopatologia Veterinária) – Instituto de Ciências e Saúde, Universidade Paulista 2007.

Este estudo tem como objetivo verificar os efeitos da Timulina - um hormônio

tímico - em preparações ultra-diluídas na resposta linfóide e granulomatosa de

camundongos inoculados com BCG, dadas as evidências já descritas na literatura

sobre o papel imunomodulador da mesma. Em um primeiro experimento, o BCG foi

inoculado no coxim plantar de camundongos Balb/c machos e adultos (30 µL

contendo 106 bactérias) e o desenvolvimento do granuloma foi observado macro e

microscopicamente após 8 dias. Em um segundo experimento, 30 µL de BCG (8 x

104 bactérias) foram inoculados no coxim plantar dos camundongos e após 14 e 21

dias os linfonodos regionais (poplíteos) foram retirados e a reatividade dos centros

germinativos foi analisada por histometria. No terceiro experimento, 50 µL de BCG

(1,3 x 105 bactérias) foram inoculados por via intra-traqueal para a avaliação do

desenvolvimento de granulomas pulmonares e da resposta linfóide local (linfonodo

mediastínico), também avaliada por histometria. Todo o procedimento experimental

foi realizado em cego. Os animais foram tratados com Timulina 5CH – grupo

experimental - ou com solução hidro-alcóolica (0,3 ppm) – grupo controle, por livre

acesso na água de bebida. Os resultados mostram que o tratamento com Timulina

5CH aumentou a celularidade do granuloma subcutâneo, mas não dos granulomas

peri-bronquiolares. Quanto à resposta linfóide medida por histometria, observou-se

expansão dos centros germinativos em camundongos tratados com Timulina 5CH

após 28 dias de inoculação de BCG no coxim plantar. Os resultados sugerem haver

atividade imunomoduladora da Timulina em preparações ultra-diluídas, considerando

o modelo experimental em questão.

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ABSTRACT ZALLA NETO, R. EFFECTS OF ULTRA-DILUTED THYMULIN IN THE BCG INDUCED LYMPHOID RESPONSE AND GRANULOMA DEVELOPMENT

The aim of this study is to know some aspects of lymphoid response and

granuloma development in mice inoculated with BCG and treated with Thymulin – a

thymus hormone – in high dilution preparations. In a first experiment, the BCG was

inoculated into the footpad of male and adult Balb/c mice (30 µl with 106 bacteria)

and the development of granuloma was observed macro and microscopically after 8

days. In a second experiment, 30 µL of a BCG suspension (7.8 x 104 bacteria) were

inoculated into the footpad and, after 14 and 28 days, the local lymph node was

harvested to analyze the reactivity of their germinative center, by histometry. In the

third experiment, 50 µL of BCG (1.3 x 105 bacteria) were inoculated by intra tracheal

way to evaluate both the development of pulmonary granuloma and the local lymph

node response. All experimental procedures were made in blind. Animals were

treated with Thymulin 5CH – experimental group – or with hydro-alcoholic solution

(0.3 ppm) – control group – by free access into the drink water. The results show that

the treatment with Thymulin 5CH increased the cellular turn-over of subcutaneous

granuloma, but not in lungs. Significant expansion of germinative centers of lymph

nodes was seen after 28 days from BCG footpad inoculation. The strongly suggest

an immunomodulatory effect of Thymulin 5CH, considering the experimental model

used.

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Lista de Figuras e Quadros

Figura 1. Linfonodo poplíteo (grupo experimental, 21 dias de inoculação) de

camundongo em que se observam os folículos linfóides, cujo eixo maior é

representado por B e seus respectivos centros germinativos, cujo eixo maior é

representado por A. HE, objetiva de 200X.

Figura 2. Variação da espessura da pata (mm) – durante oito dias – de

camundongos tratados com Timulina 5CH (tratado) ou veículo diluído na água

de bebida (controle). O tecido subcutâneo dos coxins plantares foi inoculado

com 30 µL de BCG contendo 106 bactérias. Teste “t” de Student, p=0,05.

Figura 3. Fotomicrografias de tecido subcutâneo plantar inoculado com 30 µL

de BCG contendo 106 bactérias, após oito dias de inoculação. A = tratado com

Timulina 5CH por via oral, em livre acesso na água de bebida; B= tratado com

o veículo nas mesmas condições. V = vênula, M = monócito, D = células

degeneradas, E = célula epitelióide. Coloração por Hematoxilina-eosina. HE,

objetiva de 10 X.

Figura 4. Variação da espessura da pata (mm) – durante vinte e um dias – de

camundongos tratados com Timulina 5CH (tratado) ou veículo diluído na água

de bebida (controle). O tecido subcutâneo dos coxins plantares foi inoculado

com 30 µL de BCG contendo 8 x 104 bactérias. * Mann Whitney, p=0,03.

Figura 5 – Tecido subcutâneo plantar de camundongos controle inoculados

com BCG (30 µL contendo 8 x 104 bactérias) há 21 dias. Notar ausência de

granuloma. HE, objetiva de 20x.

Figura 6 – Linfonodos políteos de camundongos tratados com Timulina 5CH

ou controle e inoculados ou não com BCG (30 µL contendo 8 x 104 bactérias)

há 21 dias no coxim plantar correspondente. A) animal tratado com Timulina

5CH e inoculado com BCG; B) animal tratado com Timulina 5CH– linfonodo

contralateral; C) animal controle e inoculado com BCG; D) animal controle –

linfonodo contralateral. HE, objetiva de 10 X.

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Figura 7. Proporção (valores em porcentagem) entre os diâmetros do centro

germinativo e do folículo correspondente, obtida por análise histométrica. Os

linfonodos foram colhidos em dois tempos – 14 e 21 dias - após a inoculação

de 30 µL de BCG contendo 8 x 104 bactérias nos coxins plantares respectivos.

Os camundongos foram tratados com Timulina 5CH (tratado) ou veículo

diluído na água de bebida (controle). * Teste “t” de Student, p= 0,02.

Figura 8 - Centro germinativo de linfonodos popíteos de camundongos

controle (A) ou tratados com Timulina 5CH (B). Notar a presença de células em

apoptose em B. HE, objetiva de 20X.

Figura 9. Escores de intensidade de lesão granulomatosa peri-bronquiolar e

peri-vascular obtidos de método semi-quantitativo a partir de cortes histo-

patológicos corados com Hematoxilina-eosina. Os pulmões foram colhidos

após 40 dias da inoculação intra-traqueal de 50 µL de BCG contendo 1,3 x 105

bactérias. Os camundongos foram tratados com Timulina 5CH (tratado) ou

veículo diluído na água de bebida (controle). Os dados entre parênteses

representam os valores mínimo e máximo. Mann-Whitney.

Figura 10. Proporção (valores em porcentagem) entre os diâmetros do centro

germinativo e do folículo correspondente, obtida por análise histométrica. Os

linfonodos foram colhidos após 40 dias da inoculação intra-traqueal de 50 µL

de BCG contendo 1,3 x 105 bactérias. Os camundongos foram tratados com

Timulina 5CH (tratado) ou veículo diluído na água de bebida (controle). Teste

“t” de Student.

Quadro 1. Parâmetros visuais de granulomas peri-bronquiolares e peri-

vasculares utilizados para a atribuição de escores. HE, objetiva de 20X.

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Lista de Abreviações

BCG Bacilo de Calmette-Guérin

CH Centesimal hahnemaneana

NaCl Cloreto de Sódio

ACTH Hormônio adenocorticotrófico

% Porcentagem

et al Colaboradores

Ltda Limitada

TNF-a Fator de Necrose Tumoral a

NGF Fator de crescimento neural

PGE 2 Prostaglandina E2

IL-1 Interleucina 1

IL-6 Interleucina 6

mg Miligrama

g Grama

ppm Partes por milhão

µL Microlitros

AAF Acetil-amino-fluoreno

DNA Ácido Dexoxiribonucleico

L6J1 Linhagem de células mieloblastos permanentes de rato

LLC-PK1 Células epiteliais renais

HgCl2 Cloreto de Prata

CO2 Dióxido de carbono

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Sumário (índice)

1. Introdução......................................15

2. Revisão de Literatura....................18

3. Objetivos.........................................25

4. Materiais e Métodos.......................26

5. Resultados......................................32

6. Discussão........................................41

7. Conclusão........................................44

8. Referências Bibliográficas.............45

9. Anexo...............................................53

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1. INTRODUÇÃO

A utilização de medicamentos na forma homeopática vem se difundindo cada

vez mais ao redor do mundo devido a sua eficácia curativa, tendo em vista a

simplicidade de sua farmacotécnica e o custo irrelevante de suas matérias-primas e

insumos. Contudo, a abordagem científica da homeopatia permaneceu latente - ou

até mesmo negligenciada – durante muitos anos, talvez pelo fato de ser considerada

como método “não-científico”. O principal motivo para a não cientificidade do tema

diz respeito às diluições ultramoleculares utilizadas como “potências superiores a

12CH” (ou décima-segunda diluição centesimal Hahnemaneana), as quais

apresentam, de acordo com a lei de Avogadro, probabilidade infinitamente pequena

de conservar alguma molécula do soluto original (BONAMIN, 2001).

Tradicionalmente, as preparações homeopáticas baseiam-se na diluição

seriada centesimal, seguida de cem sucussões. Este método farmacotécnico foi

desenvolvido por Samuel Hahnemann no final do século XVIII e hoje é considerado

o método clássico preconizado pela Farmacopéia Homeopática Brasileira. Assim

sendo, a primeira diluição é chamada de 1 CH (CH = centesimal Hahnemaneana), a

segunda é chamada de 2 CH e assim por diante. Tais diluições recebem também o

nome de “potências homeopáticas”. A aplicação de tais preparações tem como base

o “princípio de similitude”, em que substâncias diluídas desta forma são utilizadas

para tratar doenças que produzam sintomas semelhantes àqueles provocados pela

própria substância (BRUNINI, 1993).

Da mesma forma, aplica-se o “princípio de isopatia”, ou igualdade, em que o

próprio agente causador de sintomas (em casos de intoxicação) é utilizado em

potências homeopáticas para inibir seus efeitos. Assim, os bioterápicos, ou

isoterápicos, representam um aspecto particular no contexto da medicina

homeopática. São preparações medicamentosas obtidas a partir do tratamento

farmacotécnico homeopático de produtos biológicos, quer sejam quimicamente

definidos ou não, por exemplo: secreções, excreções, tecidos e órgãos - patológicos

ou não - produtos de origem microbiana e alérgenos (DAY, 1987; SAXTON, 1991).

O bioterápico Timulina e seu papel na evolução da inflamação granulomatosa

consistem o objeto do presente estudo.

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A Timulina é um hormônio tímico nonapeptídico produzido pelas células

epiteliais do timo e que se une ao zinco, o qual confere atividade biológica a esta

molécula. É bem estabelecido que o sistema imune é unido funcionalmente aos

sistemas nervoso e endócrino, e que todos constituem uma cadeia homeostática

integrada (GOYA et al., 2004). HADDEN (1998) e GOYA et al. (2004) mostram que

sua secreção pode ser regulada pela IL -1, prolactina, hidrocortisona, esteróides

sexuais e hormônios da tireóide e do crescimento (GH). Os hormônios da tireóide

estimulam secreção de Timulina por uma ação direta no tecido epitelial do timo.

Um dos primeiros estudos publicados sobre possíveis aplicações terapêuticas

da Timulina foi desenvolvido por KALLEN (1986), em que ratos tratados com

ciclofosfamida tiveram a função linfocitária T restabelecida após tratamento com

Timulina. Este trabalho, portanto, serve de base para o presente estudo,

considerando-se o uso de Timulina homeopática, conforme escrito por BASTIDE e

colaboradores (1987).

A escolha da inflamação granulomatosa como patologia a ser desafiada no

presente trabalho se deu pelo aumento significativo principalmente da tuberculose

nos últimos anos decorrentes de doenças que agem na depreciação do sistema

imune celular, como a AIDS.

A co-infecção tuberculose-HIV é um problema emergente em todos os

continentes. Em 1995 estimou-se que aproximadamente seis milhões de pessoas

estavam co-infectadas por tuberculose e pelo vírus HIV. Destes, 8% (450.000)

estavam na América Latina. No ano 2000 estima-se que 14% dos casos de

tuberculose no mundo foram atribuídos ao vírus HIV.

O impacto do aumento do número de casos de tuberculose devidos à infecção

pelo HIV foi primeiramente notado na década de 80, nos países africanos abaixo do

Saara. Também, após 1985 houve alteração da curva de declínio da tuberculose nos

EUA, com aumento dos casos de tuberculose, tendo como causa não só a

associação com infecção pelo HIV como também o aumento da imigração para os

EUA de habitantes de países com alta prevalência de tuberculose, assim como falta

de moradia e inadequação dos programas de controle clínico da tuberculose.

Estudos da prevalência da infecção pelo HIV nos EUA em pacientes com

tuberculose em 1991 mostraram média de 9,5% (0-46%), existindo tendência para

17

aumento da taxa de co-infecção que, em 1993-1994, foi de 14%. Na África abaixo do

Saara, em 1992, a prevalência variou de 20 a 67% (GARCIA, 2000).

No Brasil, a taxa de co-infecção tuberculose/HIV é estimada em 3 a 4%, com

amplas diferenças regionais, variando entre pacientes ambulatoriais e internados.

Em revisão de 1995, avaliando-se dados de 1987 a 1992, a taxa de pacientes com

tuberculose e infecção pelo HIV em regime ambulatorial variou de 0,5 a 12% e, em

regime hospitalar, de 1,9 a 20,7%, sendo a maior prevalência encontrada no Rio de

Janeiro. Em outra publicação de 1996, no Rio de Janeiro, a prevalência de infecção

pelo HIV em pacientes internados com tuberculose chegou a 42% (GARCIA, 2000).

A relevância em se estudar os efeitos da Timulina em preparações ultra-

diluídas nas respostas teciduais - inflamatória e linfóide local - frente à estimulação

por BCG (Bacilo Calmette-Guérin) está em delinear diferentes padrões de

comportamento tissular associados a seus efeitos terapêuticos.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

Pesquisa em homeopatia

Com mais de 200 anos, a medicina homeopática é indubitavelmente uma

terapêutica de sucesso. Criada no século XVIII por Samuel Hahnemann, na

Alemanha, a homeopatia é um sistema terapêutico baseado na “Lei dos

Semelhantes”, cujos medicamentos são preparados em doses infinitesimais. Este

sistema teria como hipótese mecanística a deflagração pelo próprio organismo de

uma reação secundária aos estímulos da enfermidade e do medicamento, o que

geraria a cura da enfermidade (DANTAS,1987).

A homeopatia, além de ser uma especialidade metodológica no ramo da

terapêutica médica, também propõe uma concepção médica peculiar, abordando de

forma integrada os binômios saúde-doença e doença-doente. Ela é uma terapêutica

médica da pessoa doente dentro do seu mundo, com enfoque para o aspecto

pessoal de suas reações mórbidas diante das agressões que sofre (COSTA, 1945).

A homeopatia está cada vez mais difundida no mundo, mesmo sendo sua

eficácia controversa. No Brasil, tal abordagem terapêutica é utilizada oficialmente

pelo sistema público de saúde e também tem sido utilizada de maneira crescente em

criações animais extensivas, cujos produtos alimentícios de origem animal têm

importância particular para a pecuária orgânica. Estes fatos mostram a necessidade

premente de se estabelecer métodos adequados de pesquisa nesta área.

Em 1988 surgiu na comunidade científica a maior polêmica sobre pesquisa

com substâncias infinitesimais (ultra-diluídas). Davenas e colaboradores publicaram

na revista Nature dados sobre a degranulação de basófilos in vitro induzida por

preparações UHD de anti-IgE. Mas este estudo, primeiramente desenvolvido pelo

grupo de Jacques Benveniste (DAVENAS et al., 1988), não pôde ser reproduzido

por outros grupos, em outros laboratórios (HIRST et al., 1994; WIEGANT, 1994).

Contudo, em trabalho anterior publicado no European Journal of Pharmacology,

Davenas e colaboradores (1987) mostraram que a “potência” 9CH de Silicea era

capaz de reduzir, de maneira estatisticamente significante (28 a 61%), a atividade de

macrófagos peritoneais de camundongos, o que não acontecia com os controles

9CH de NaCl e 9C de lactose.

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Alguns anos mais tarde, BELON et al. (2004) e LORENZ et al. (2003)

demonstraram de forma indubitável os efeitos inibidores da histamina ultra-diluída

sobre a degranulação de basófilos in vitro. Observou-se, então, a necessidade de se

estabelecer modelos experimentais adequados para que o fenômeno pudesse ser

demonstrado de maneira reprodutível. Então, pergunta-se, por que o anti-IgE ultra-

diluído não produz efeitos consistentes tal como a histamina ultra-diluída o faz? A

análise destas particularidades experimentais tem sido objeto de estudo para a

construção de bases racionais sólidas nesta área do conhecimento (BASTIDE;

LAGACHE, 1997; BASTIDE, 2005; BONAMIN, 2005). Embora este sistema

terapêutico seja bastante antigo, ao longo dos últimos 200 anos todo o

embasamento teórico da homeopatia esteve ancorado em uma doutrina. A mudança

para uma racionalidade científica, portanto, é um fator crítico.

A despeito da polêmica deflagrada nos anos 80, vários estudos científicos

conduzidos com profundo rigor metodológico têm sido conduzidos por diversos

grupos científicos, em vários países, nos últimos 20 anos. Neste período, organizou-

se a primeira - e única - sociedade científica internacional sobre o tema: o GIRI –

Groupe International de Recherche sur l´Infinitésimal (www.giriweb.com).

Recentemente, o estudo das diluições acima do número de Avogadro em modelos

físicos e biológicos tem crescido drasticamente em diversas universidades pelo

mundo, com resultados surpreendentes (BONAMIN et al., 2001; BELON et al., 2004;

LORENZ et al., 2003; SAINTE-LAUDY; BELON, 2006).

Alguns estudos laboratoriais clássicos mostram dados que apontam para

possíveis modificações nas propriedades físico-químicas do solvente, de certa forma

determinadas pelo soluto altamente diluído (DEMANGEAT, 1994; ENDLER et al.,

1994; 1997; DEL GIUDICE, 1994; LOBYSHEV et al., 1999). Os grupos de Endler, na

Áustria, e de Del Giudice, na Itália, têm desenvolvido estudos que reforçam a idéia

da existência de um carreador eletromagnético como transdutor de informações

soluto-água-organismo (ENDLER et al.,1995; DEL GIUDICE & PREPARATA, 1998).

Vários estudos experimentais realizados in vitro sobre altas diluições e que

apresentam boa reprodutibilidade são, em geral, elaborados segundo o princípio de

isopatia, em que uma substância ultra-diluída modifica a resposta biológica

deflagrada pela mesma substância em doses ponderais (SAINTE LAUDY et al.,

1986; CHIRUMBOLO et al., 1993; DELBANCUT et al., 1997).

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REBER et al. (1996) observaram que doses infinitamente pequenas (10-13 M)

de picrotoxina eram capazes de antagonizar os efeitos provocados por doses

maiores (10-3 M) do mesmo princípio ativo sobre o reflexo vestibulo-ocular em ratos.

A atividade bloqueadora dos efeitos citotóxicos e anti-inflamatórios da

dexametasona por preparações isoterápicas obtidas a partir da própria

dexametasona foi demonstrada por BONAMIN et al., 2001. YOUBICIER-SIMO et al.

(1993, 1996, 1997) observaram que o tratamento de embriões de galinha com altas

diluições de bursina – um peptídeo produzido pela bursa de Fabricius, fundamental

para a maturação dos linfócitos B nas aves - preparadas na concentração de 10-27

M, restaurava a resposta linfocitária B de frangos bursectomizados in ovo, bem como

os níveis plasmáticos de corticosterona e ACTH.

REILLY et al. (1994) desenvolveram um estudo com 24 pacientes humanos

apresentando processos alérgicos do trato respiratório, onde 12 receberam nosódios

(isoterápicos) na potência 30CH (Centesimal Hahnemaniana), preparados a partir da

substância alergena e 12 receberam placebo, constituído de glóbulos impregnados

pelo solvente submetido ao mesmo método de diluição utilizado para o alergeno. Os

pacientes submetidos ao tratamento com nosódio apresentaram melhora nos testes

de função respiratória, reatividade brônquica à histamina e estado clínico geral

(p=0,003).

Timulina

ABBAS, 2003 descreve que o timo é o principal sítio de amadurecimento das

células T. Esta hipótese foi originariamente sugerida em razão das deficiências

imunológicas que resultam da falta do timo. Se o timo de um camundongo neonatal

for removido, esse animal permanece deficiente em células T maduras por toda sua

vida.

O timo involui com o progredir da idade e é virtualmente indetectável no

homem pós-púbere, porém, algum amadurecimento das células T prossegue

durante toda a vida adulta, conforme é detectado pela reconstituição bem-sucedida

dos sistemas imune em adultos receptores de transplante de medula óssea. Pelo

fato de que as células T de memória têm uma vida longa (talvez superior a 20 anos

no homem) e se acumulam com a idade, a necessidade de gerar novas células T

decresce com a idade do indivíduo (ABBAS, 2003).

21

A Timulina foi descoberta em 1970, caracterizada por ser um nonapeptídeo

zinco-dependente produzido pelas células epiteliais do timo e de fundamental

importância para a maturação dos linfócitos T (BROWN, 2000; GOYA et al, 2004).

Sabe-se que as concentrações séricas de Timulina variam de acordo com a idade do

indivíduo, acompanhando a atrofia fisiológica do órgão. Assim, em seres humanos, a

Timulina já é detectável desde o nascimento, tem seu pico entre 05 e 10 anos de

idade, começa a decrescer na adolescência até a terceira década de vida e então,

se estabiliza até a senilidade (CONSOLINI et al., 2000).

Sabe-se, hoje, que o papel fisiológico da Timulina é muito mais abrangente,

envolvendo mecanismos endócrinos, além dos parácrinos já estabelecidos. A

maturação dos linfócitos T, por exemplo, pode ser feita tanto intra quanto extra-

tímica (INAGAKI-OHARA, 1996). A atividade de células NK, PMN e monócitos, bem

como a produção de citocinas, tais como: IL 1, NGF, IL 6, TNF e PGE2 são

moduladas pela Timulina (SAFIEH-GARABEDIAN, 2000; 2002; KANAAN, 2002;

MERLINO E MARSH, 2001; 2002; KOSAKA, 1996). O aumento da Timulina sérica

determina desvio da resposta imune para o padrão celular (via Th1), em detrimento

ao padrão humoral (via Th2). A falta de zinco, dessa forma, determina desvio para a

resposta humoral (SPRIETSMA, 1997).

SAFIEH-GARABEDIAN et al (2003) relatam que, além de seu papel

imunomodulador, a Timulina mostrou ser capaz de interagir direta e indiretamente

com o sistema nervoso. Considerando-se o eixo neuro-imuno-endócrino, a Timulina

exerce também um importante papel no início da puberdade, em várias espécies

animais, estimulando a secreção de gonadotrofinas (GARCIA et al., 2005; GARCIA

et al., 2000; BROWN, 2000; HINOJOSA et al., 1999). Outros hormônios hipofisários

são também modulados pela Timulina, como a prolactina, o ACTH e o LH (HADLEY

et al., 1997). Vários modelos de hiper-algesia foram estudados, mostrando que a

Timulina induz aumento de sensibilidade dolorosa (DARDENNE et al., 2006;

KANAAN, 2002; SAFIEH-GARABEDIAN, 1999; 2000).

O controle da secreção e a atividade da Timulina envolvem a participação de

fatores imunitários e extra-imunitários, tais como hormônios tiroideanos, hormônio do

crescimento, prolactina, melatonina, endorfina, hormônios sexuais, gonadotrofinas e

zinco (BARBOUR, 2001; MOLINERO, 2000; MOCCHEGIANI, 1999; BROWN, 1998;

1999; HEAD, 1999; FABRIS et al., 1997; FOLCH et al., 1991; SAVINO et al., 1990).

22

Do ponto de vista patológico, várias são as situações conhecidas como sendo

capazes de interferir na fisiologia deste hormônio. Por exemplo, indivíduos aidéticos

apresentam redução na concentração de Timulina circulante, independente da

população de linfócitos CD4+ presente no sangue (CONSOLINI et al., 2000b).

Pacientes com câncer também apresentam redução na concentração sérica de

Timulina (CONSOLINI, 1986; MOCCHEGIANI, 1990). A exposição crônica a baixas

concentrações de mercúrio induz aumento na produção de Timulina in vitro

(VALENTINO et al., 2001).

Um dos primeiros estudos publicados sobre possíveis aplicações terapêuticas

da Timulina foi desenvolvido por KALLEN (1986), em que ratos tratados com

ciclofosfamida tiveram a função linfocitária T restabelecida, após tratamento com

Timulina.

AONO et al. (1997) observaram que ratos portadores de artrite experimental e

tratados com Timulina apresentavam redução do edema e do tecido de granulação,

com facilitação da ossificação. HIRAI et al. (1995) produziram a recuperação da

resposta imune humoral e da resposta macrofágica em bovinos e leporídeos

submetidos a imuno-depressão viral. KOBAYASHI et al. (1992) obtiveram a proteção

da hemopoiese esplênica e medular de camundongos irradiados. OLIVER e MARSH

(2003), em estudos conduzidos em aves, mostraram que o tratamento com Timulina

in vivo aumenta a citotoxidade das células NK.

GUENNOUM et al. (1997) demonstraram que a administração de Timulina

ultra-diluída em camundongos hígidos induziu uma diminuição na sua performance

imunológica (o que foi denominado como mimese passiva), ao contrário do que

acontecia em camundongos imuno-deprimidos, os quais apresentavam um re-

equilíbrio da resposta imune (mimese ativa) (BASTIDE et al., 1987; DAURAT et al.,

1988).

O modelo experimental: granuloma

Segundo GUIDUGLI-NETO (1997), Granuloma pode ser definido

como: "Hiperplasia focal, avascular, do sistema mononuclear macrofágico, como

resposta a agentes agressores de baixa virulência". São compostos

fundamentalmente por macrófagos ou pela fusão destas células - as chamadas

células gigantes ou multinucleadas. Essas células estão com quantidade aumentada

(daí o conceito "hiperplasia", embora a rigor trata-se de infiltrado inflamatório) e

23

restritas a um mesmo local (“padrão focal"). Não existem vasos na estrutura do

granuloma, somente em sua periferia (daí o termo "avascular"). Linfócitos em grande

quantidade e granulócitos escassos também podem fazer parte de sua constituição.

Por fim, os agentes causadores de lesão granulomatosa são de baixa virulência, isto

é, possuem poucas propriedades de agressão ao tecido (por exemplo, produção de

toxinas), mas são de alta patogenicidade, ou seja, provocam ampla resposta no

tecido.

Na formação dos granulomas, inicialmente, há a migração de macrófagos na

tentativa de fagocitar o agente; essas células maturam e podem adquirir um padrão

semelhante a célula epitelial, passando a se chamar célula epitelóide; podem ainda

se fusionar, originando as células gigantes multinucleadas. Essas células ocupam,

inicialmente, a porção central do granuloma. Na periferia, são observados linfócitos

do tipo T, os quais caracterizam uma resposta de hipersensibilidade tardia; acredita-

se que modulem a resposta dos macrófagos. Também na periferia proliferam

fibroblastos e vasos sangüíneos, os primeiros para dar suporte à estrutura

granulomatosa e os segundos, para nutri-la. Com o passar do tempo sua porção

central pode sofrer necrose caseosa, devido à carência nutricional. Forma-se, então,

um centro necrótico (GUIDUGLI-NETO, 1997).

Existem classificações para os granulomas utilizando critérios anatômicos e

morfológicos, de etiologia (envolvendo a causa do processo) ou de patogenia

(envolvendo os mecanismos de origem). Podem ser difusos e focais, conforme se

distribuam pelos limites agredidos; simples e compostos, quando apresentam

apenas macrófagos ou macrófagos associados a células gigantes, respectivamente;

complexos (ou tuberculóides), quando se considera um padrão de granuloma

composto associado aos fenômenos de defesa imunitária do paciente; imunitários e

não-imunitários, em que se mede principalmente o padrão de manutenção da

estrutura granulomatosa a partir de elementos de defesa imune, como linfócitos;

supurativos ou não-supurativos, quando exibem pus associado (ou

piogranulomas), causado principalmente por bactérias piogênicas de baixa virulência

(GUIDUGLI-NETO, 1997). O padrão imunitário caracteriza as lesões locais induzidas

pela vacinação por BCG.

A vacina BCG tem por finalidade substituir a infecção natural, potencialmente

patogênica, por uma primo-infecção artificial e inofensiva, ocasionada por bacilo não

24

virulento, na esperança de que isto contribua para aumentar a resistência do

indivíduo em face de uma infecção ulterior pelo bacilo virulento.

No início do século XX, na tentativa de obter suspensões homogêneas (e não

grumosas) nas culturas de um bacilo tuberculoso bovino, muito virulento, isolado por

Nocard, no Instituto Pasteur de Paris, Albert Calmette obteve casualmente um

fenômeno de mutação, repicando as culturas em batata impregnada em bile de boi.

Guérin, que era seu auxiliar e fazia as repicagens, observou que após 231

passagens, as culturas ainda se mantinham grumosas, com o mesmo aspecto

morfológico e as mesmas propriedades físicas, apresentando, porém, atenuação

progressiva da virulência para os roedores de laboratório. Essa amostra de bacilos

foi batizada com o nome de BCG (bacilo de Calmette-Guérin) e utilizada com

sucesso na imunização ativa de bovinos, provocando ausência de virulência

(LETONTURIER, 1981).

Em 1921, a pedido de um médico francês que desejava proteger um recém-

nascido de mãe tuberculosa e que teria que conviver com a avó tuberculosa,

Calmette administrou por via oral a sua vacina BCG em três doses de 2 mg. Depois

deste, outros recém-nascidos receberam a mesma vacina durante três anos, mas só

em julho de 1942 Calmette se considerou autorizado a proferir, diante da Academia

Nacional de Medicina de Paris, a primeira comunicação oficial sobre o emprego da

BCG oral em recém-nascidos, como tentativa de imunização ativa contra a

tuberculose. A partir daí, o Instituto Pasteur passou a distribuir para os laboratórios

estrangeiros as culturas do BCG (RUFINO-NETTO; VILLA, 2000).

25

3. OBJETIVOS

Objetivo geral

O presente trabalho visa estudar os efeitos da Timulina em preparações ultra-

diluídas nas respostas granulomatosa e linfóide local induzidas por BCG (Bacilo

Calmette-Guérin).

Objetivos específicos

a) Estudar os efeitos da Timulina em preparações ultra-diluídas no

desenvolvimento de granulomas subcutâneo e pulmonar induzidos

por BCG

b) Estudar os efeitos da Timulina em preparações ultra-diluídas na

resposta linfóide local através de análise morfométrica dos linfonodos

regionais.

26

4. MATERIAL E MÉTODOS

Animais

Foram utilizados camundongos machos e adultos (25 a 35 g de peso) da

linhagem Balb/c, provenientes do biotério da UNIFESP e alojados no biotério da

UNIP em gaiolas convencionais (5 animais por gaiola) e submetidos a regime de

ciclo de luz controlado (12 h escuro / 12h claro, luz às 6:30h), com temperatura

fixada em 22 ± 3oC e alimentação ad libitum.

Timulina e procedimento “em cego”

A Timulina homeopática (matriz) foi obtida dos laboratórios Boiron (França),

na potência 4CH, preparada em solução hidro-alcoólica 30% a partir de fator tímico

sérico sintético, com grau de pureza de 98,66% (Anexo 1).

Uma alíquota de 20 mL desta matriz foi transferida para um frasco âmbar

previamente etiquetado (“Timulina”). Da mesma forma, uma alíquota de 20 mL de

solução hidro-alcoólica 30% foi transferida para um frasco âmbar similar, também

etiquetado previamente (“Controle”).

Em seguida, em sala fechada, um técnico do laboratório que NÃO participou

do projeto substituiu as etiquetas - uma a uma, para evitar trocas – por A e B. As

etiquetas originais foram coladas num formulário com os respectivos códigos (A e B),

o qual foi lacrado em envelope pardo que permaneceu em poder do técnico até o fim

dos experimentos. A revelação dos códigos só foi feita após a execução da análise

estatística.

A partir dos frascos A e B preparava-se a potência 5CH, sempre no momento

da administração aos animais. Esta última diluição seguia as normas estabelecidas

pela Farmacopéia Homeopática Brasileira – 2a Edição, sendo água destilada o

solvente utilizado.

Os tratamentos (A ou B) foram feitos via água de bebida, com livre acesso

dos animais durante todo o período experimental. Assim, 0,1 mL de cada preparação

5CH (A ou B) foi adicionada para cada litro de água de bebida. Desta forma, a

concentração final de álcool oferecida nunca foi maior que 0,3 ppm, para ambos os

27

grupos. A reposição da água (com a medicação adicionada) foi feita a cada sete

dias.

Grupos e etapas experimentais

Em todos os experimentos, os animais foram divididos em dois grupos:

Grupo Tratado – tratados com Timulina 5CH (frasco A, N= 5 a 10).

Grupo Controle – tratados com veículo (frasco B, N = 4 a 8).

Os ensaios foram divididos em três etapas:

EXPERIMENTO 1 – Avaliação do desenvolvimento do granuloma subcutâneo

induzido por BCG.

EXPERIMENTO 2 – Avaliação do edema inflamatório e da resposta linfóide

local induzidos por BCG inoculado no tecido subcutâneo.

EXPERIMENTO 3 – Avaliação do desenvolvimento de granulomas

pulmonares e da resposta linfóide local induzidos por BCG inoculado por via intra-

traqueal.

Inoculação de BCG e avaliação das respostas teciduais

O onco-BCG liofilizado fornecido pelo Instituto Butantan contém 2 x 106

bactérias viáveis (CFU) por mg de pó. Assim, cada frasco (40 mg) de onco-BCG

contém 8 x 107 bactérias viáveis. As diluições, portanto, foram feitas

proporcionalmente à quantidade de inoculo desejada para cada experimento,

sempre utilizando solução salina (NaCl 0,9%) estéril.

O BCG (bacilo Calmette-Guérin) foi inoculado nos camundongos por

diferentes vias, em diferentes concentrações, a fim de induzir diferentes padrões de

resposta. Este protocolo foi baseado na capacidade ou não de diferentes escalas de

CFUs em formar colônias bacterianas in vitro (Tomita et al., 2004).

No EXPERIMENTO 1, o BCG foi inoculado por via subcutânea no coxim

plantar esquerdo (30 µL contendo 106 bactérias viáveis), para a indução de

granuloma. Os animais foram sacrificados 8 dias após para colheita e

processamento histopatológico da lesão. Este tempo é suficiente para o

28

desenvolvimento satisfatório da lesão granulomatosa com todos os seus

componentes.

Antes da inoculação do BCG, a espessura inicial da pata a ser inoculada foi

medida com um micrômetro (Mitutoyo®) e, em seguida, medida diariamente para

avaliação do aumento da espessura da mesma, o que reflete o crescimento do

granuloma.

No EXPERIMENTO 2, o BCG foi inoculado por via subcutânea (30 µL

contendo 8 x 104 bactérias viáveis) no coxim plantar esquerdo, para a indução de

resposta linfóide local, observada pela reatividade do linfonodo poplíteo. Neste

experimento, o aumento de volume plantar foi medido diariamente nos primeiros 9

dias e em dias alternados até o dia do sacrifício. Os animais foram sacrificados após

14 ou 28 dias, tempos necessários para o desenvolvimento de resposta linfóide

adequada. Amostras das lesões foram encaminhadas para processamento

histopatológico.

No EXPERIMENTO 3, o BCG foi inoculado por via intra-traqueal (50 µL

contendo 1,3 x 105 bactérias viáveis), para a indução de granulomas pulmonares e

resposta linfóide local. Neste caso, o BCG foi inoculado no lúmen traqueal após

abertura da pele para exposição dos anéis cartilaginosos, na altura do no segundo

terço da traquéia. A injeção do conteúdo foi feita através de agulha e seringa

hipodérmica inserida entre dois anéis. Para este procedimento, os animais foram

anestesiados com uma associação Xilasina (Xilazin®), 15 mg/kg e Ketamina

(Vetaset ®), 150 mg/kg. O pulmão e o linfonodo mediastínico foram colhidos após 40

dias, quando os animais foram sacrificados. Este conjunto de órgãos foi, então,

encaminhado para processamento histopatológico.

Avaliação histopatológica

Todo o material colhido foi fixado em formol 10% e processado para posterior

exame histopatológico. Foram utilizados métodos convencionais de inclusão e

coloração por hematoxilina-eosina.

Nos dois primeiros experimentos as amostras de coxim plantar foram

avaliadas por método qualitativo-descritivo.

No experimento 3 a evolução granulomatosa foi analisada através de método

semi-quantitativo. Cortes histopatológicos de todos os lobos pulmonares foram

29

observados e a extensão das lesões granulomatosas peri-bronquiolares e peri-

vasculares foi avaliada através de um sistema de escores, variando de zero a

quatro. Face ao caráter subjetivo da avaliação, a mesma foi executada por dois

observadores independentes. O escore registrado para cada animal correspondeu,

então, ao escore médio. O quadro 1 mostra os parâmetros visuais utilizados para a

atribuição dos escores.

30

Quadro 1. Parâmetros visuais de granulomas peri-bronquiolares e peri-

vasculares utilizados para a atribuição de escores. HE, objetiva de 20X.

Ausência de granulomas Escore zero

Raros focos isolados Escore um

Vários focos isolados Escore dois

Focos evidentes e densos Escore três

Focos densos e

interligados

Escore quatro

31

Avaliação da resposta linfóide local (linfonodos poplíteo e

mediastínicos)

A análise microscópica dos linfonodos consistiu na mensuração da proporção

entre os diâmetros do centro-germinativo (A) e dos folículos linfóides (B), tomados

pelo eixo maior de ambas as estruturas (Figura 1). As medidas foram feitas com o

auxílio de uma ocular com retículo graduado de 1 a 100, com aumento de 10X. A

objetiva utilizada foi de 4 X (aumento to tal: 40 X). Os valores finais obtidos foram

expressos em porcentagem (P), de acordo com a fórmula:

P = A x 100 / B

Figura 1. Linfonodo poplíteo (grupo experimental, 21 dias de inoculação) de

camundongo em que se observam os folículos linfóides, cujo eixo maior é

representado por B e seus respectivos centros germinativos, cujo eixo maior é

representado por A. HE, objetiva de 200X.

A

B

32

Análise estatística:

Foram utilizados: Teste “t” de Student ou Mann-Whitney, de acordo com a

distribuição Gaussiana ou não das variáveis estudadas. O valor de p≤0,05 foi

considerado como sendo estatisticamente significativo.

Critérios de bioética

Os experimentos foram conduzidos de acordo com a Lei 6.638, de 08 de maio

de 1979, sobre “Normas para prática Didático-Científica da vivissecção de animais” e

com a Lei Estadual no 11.977/05 que institui o Código de Proteção aos Animais do

Estado de São Paulo.

O protocolo experimental foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

UNIP (protocolo 07/05) em 06 de Dezembro de 2005 (anexo 2).

33

5. RESULTADOS

Experimento 1

Os animais tratados com Timulina 5CH apresentaram aumento significativo

(p=0,05) da espessura da pata inoculada com BCG (106 bactérias), do quinto ao

oitavo dias de avaliação (Figura 2).

A análise histopatológica descritiva revelou maior celularidade nos

granulomas de animais tratados com Timulina, sobretudo no que se refere aos

monócitos recém migrados, adensados por toda a área da lesão. As células

epitelióides presentes apresentavam distribuição esparsa (Figura 3A). Este aspecto

sugere um alto turn-over (renovação) celular no foco granulomatoso. Já os animais

controle apresentaram menor celularidade, com predomínio de células epitelióides,

estas mais adensadas. Ainda se observou maior incidência de focos de

degeneração celular. Estes aspectos, portanto, sugerem menor turn-over celular em

relação ao grupo tratado (Figura 3B).

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

0 2 4 6 8 10

tempo / dias

vari

ação

da

espe

ssur

a da

pat

a /

mm

controle

tratado

**

*

* * teste "t" de Student, p=0,01 * teste "t" de Student, p=0,05

** ** *

Figura 2. Variação da espessura da pata (mm) – durante 8 dias – de

camundongos tratados com Timulina 5CH (tratado) ou veículo diluído na água

de bebida (controle). O tecido subcutâneo dos coxins plantares foi inoculado

com 30 µL de BCG contendo 106 bactérias.

34

A

B

Figura 3. Fotomicrografias de tecido subcutâneo plantar inoculado com 30 µL

de BCG contendo 106 bactérias, após 8 dias de inoculação. A = tratado com

Timulina 5CH por via oral, em livre acesso na água de bebida; B= tratado com

o veículo nas mesmas condições. M = monócito, D = células degeneradas, E =

célula epitelióide. Coloração por Hematoxilina-eosina. HE, objetiva de 10 X.

E

D

M

E

M

35

Experimento 2

Os animais tratados com Timulina 5CH apresentaram redução no aumento de

volume da pata em relação ao controle após a inoculação de BCG (104 bactérias

viáveis) no tecido subcutâneo. Esta redução foi mais evidente após 14 dias de

inoculação (p=0,03) (Figura 4). Clinicamente, durante este período, os animais do

grupo controle apresentaram maior sensibilidade dolorosa na pata inoculada –

facilmente perceptível durante a medição, a qual também apresentava hiperemia

evidente. Desta forma, a inoculação do BCG nesta concentração induziu processo

inflamatório agudo, que também foi modulado pelo tratamento com Timulina 5CH.

Aos 14 e 28 dias, fragmentos de tecido subcutâneo das patas inoculadas e

dos linfonodos poplíteos correspondentes foram colhidos para serem processados

histopatologicamente. O exame microscópico do tecido subcutâneo plantar revelou

ausência completa de lesão granulomatosa em todos os animais em ambos os

tempos (Figura 5), contudo, o aspecto microscópico dos linfonodos das patas

inoculadas diferiram significativamente dos linfonodos das patas contra-laterais não

inoculadas, em ambos os grupos e em ambos os tempos analisados. Assim, os

linfonodos correspondentes às patas inoculadas apresentaram-se reativos, com

evidências de maior atividade proliferativa dos centros germinativos, como a

presença de grande número de linfócitos blásticos (maior proporção núcleo-

citoplasma, cromatina frouxa, citoplasma amplo e claro, nucléolo evidente) e

expansão de seu diâmetro em relação ao diâmetro folicular (Figura 6). Quanto a este

último parâmetro, a análise histométrica revelou aumento estatisticamente

significante do centro germinativo nos animais tratados com Timulina 5CH, aos 28

dias de inoculação (p= 0,02) (Figura 7).

Alguns linfócitos presentes nos centros germinativos apresentaram morfologia

compatível com apoptose (redução do volume celular, fragmentação nuclear

homogênea e maior acidofilia citoplasmática), com maior evidência nos animais

tratados com Timulina 5CH, sobretudo aos 14 dias (Figura 8).

36

-0,6

-0,4

-0,2

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1 2 3 4 7 8 9 14 15 16 17 18 21

tempo / dias

vari

ação

da

espe

ssur

a da

pat

a /

mm

tratado

controle*

* Mann Whitney, p=0,03

*

* * * * * *

Figura 4. Variação da espessura da pata (mm) – durante 21 – de camundongos

tratados com Timulina 5CH (tratado) ou veículo diluído na água de bebida

(controle). O tecido subcutâneo dos coxins plantares foi inoculado com 30 µL

de BCG contendo 8 x 104 bactérias.

Figura 5 – Tecido subcutâneo plantar de camundongos controle inoculados

com BCG (30 µL contendo 8 x 104 bactérias) há 21 dias. Notar ausência de

granuloma e discreto edema subcutâneo. HE, objetiva de 20x.

37

A B

C D

Figura 6 – Linfonodos políteos de camundongos tratados com Timulina 5CH

ou controle e inoculados ou não com BCG (30 µL contendo 8 x 104 bactérias)

há 21 dias no coxim plantar correspondente. A) animal tratado com Timulina

5CH e inoculado com BCG; B) animal tratado com Timulina 5CH – linfonodo

contralateral; C) animal controle e inoculado com BCG; D) animal controle –

linfonodo contralateral. HE, objetiva de 10 X.

38

05

10

152025

30

3540

45

50

pro

po

rção

cen

tro

ger

min

ativ

o /

folíc

ulo

(%

)

14 dias 21 dias

tratado

controle

*

* p = 0,02, teste "t" de Student

Figura 7. Proporção (valores em porcentagem) entre os diâmetros do centro

germinativo e do folículo correspondente, obtida por análise histométrica. Os

linfonodos foram colhidos em dois tempos - 14 e 21 dias - após a inoculação

de 30 µL de BCG contendo 8 x 104 bactérias nos coxins plantares respectivos.

Os camundongos foram tratados com Timulina 5CH (tratado) ou veículo

diluído na água de bebida (controle). * Teste “t” de Student, p= 0,02.

39

A

B

Figura 8 - Centro germinativo de linfonodos popíteos de camundongos

controle (A) ou tratados com Timulina 5CH (B). Notar a presença de células em

apoptose em B. HE, objetiva de 20X.

40

Experimento 3

Os animais tratados com Timulina 5CH e inoculados com BCG (1,3 x 105

bactérias) por via intra-traqueal há 40 dias não apresentaram aumento

estatisticamente significativo dos escores de evolução granulomatosa peri-bronquilar

e peri-vascular em relação ao controle (Figura 9). Da mesma forma, a histometria do

linfonodo mediastínico não mostrou diferenças estatisticamente significativas entre

os grupos (Figura 10).

0

0,5

1

1,5

2

2,5

esco

res

par

a le

sões

g

ran

ulo

mat

osa

s (m

edia

na)

tratado controle

(1,5 - 3,0)

(0,5 - 4,0)

Figura 9. Escores de intensidade de lesão granulomatosa peri-bronquiolar e

peri-vascular obtidos de método semi-quantitativo a partir de cortes histo-

patológicos corados com Hematoxilina-eosina. Os pulmões foram colhidos

após 40 dias da inoculação intra-traqueal de 50 µL de BCG contendo 1,3 x 105

bactérias. Os camundongos foram tratados com Timulina 5CH (tratado) ou

veículo diluído na água de bebida (controle). Os dados entre parênteses

representam os valores mínimo e máximo. Mann-Whitney.

41

0

10

20

30

40

50

pro

po

rção

cen

tro

ger

min

ativ

o /

folíc

ulo

(%)

tratado controle

Figura 10. Proporção (valores em porcentagem) entre os diâmetros do centro

germinativo e do folículo correspondente, obtida por análise histométrica. Os

linfonodos foram colhidos após 40 dias da inoculação intra-traqueal de 50 µL

de BCG contendo 1,3 x 105 bactérias. Os camundongos foram tratados com

Timulina 5CH (tratado) ou veículo diluído na água de bebida (controle). Teste

“t” de Student.

42

6. DISCUSSÃO

Lesões granulomatosas caracterizam-se pela não digestibilidade do agente

causal – resistência à fagocitose – e pela particular dinâmica de migração e

diferenciação celular, a qual organiza o tecido lesado no sentido de isolar o agente

agressor. Dentre os tipos celulares presentes num granuloma – sendo este o caso

do granuloma induzido por BCG – destacam-se as células epitelióides. Tais células,

embora de origem histiocitária, não mais apresentam atividade fagocítica; ao

contrário, apresentam marcada atividade secretora. Essas mudanças morfo-

funcionais estão condicionadas a uma combinação de estímulos químicos (sabe-se

que o TNFalfa tem especial importância no desenvolvimento das células epitelióides)

e também ao tempo de permanência dos histiócitos na lesão. Por este motivo, as

células epite lióides são consideradas “células velhas” (BRASILEIRO FILHO, 2004).

O influxo de monócitos para o sítio do granuloma, bem como sua atividade,

estão intimamente vinculados às interações destas células com os linfócitos

presentes. Assim, a atividade linfocitária local é fator crítico para a dinâmica celular

nas lesões granulomatosas, otimizando a migração e a atividade dos monócitos. Em

contra-partida, macrófagos e células dendríticas perpetuam o ciclo através da

apresentação de antígenos aos linfócitos T presentes (TSUCHIYA et al., 2002).

Sabe-se que inúmeros mediadores participam deste processo, em particular o INF

gama, o TNF alfa, a IL -12 e IL -18, os quais desempenham papel estimulador da

migração monocitária, bem como a IL-4, a IL -10 e o TGF beta, que participam de

maneira a inibir a inflamação (BRASILEIRO-FILHO, 2004; BOPST, et al., 2001;

SHARMA, S.; BOSE, M., 2001; SUGAWARA, 2000).

No presente estudo, a inoculação de BCG em concentrações ideais (106

bactérias) produziu um granuloma subcutâneo típico. Após 8 dias da inoculação, os

animais tratados com Timulina 5CH (aproximadamente 10-11 M) apresentaram

resposta granulomatosa exuberante, em que se observou grande concentração de

células jovens e células epitelióides (células “velhas”) menos adensadas, em

comparação ao grupo controle. Tal achado sugere fortemente um possível efeito

estimulante da Timulina 5CH sobre os linfócitos presentes na lesão, os quais seriam

os responsáveis por orquestrar o maior turn-over (renovação) celular observado.

Os efeitos estimulantes da Timulina sobre linfócitos circulantes são bem

conhecidos (SAVINO et al., 2003). Da mesma forma, a ação moduladora linfóide da

43

Timulina ultra-diluída foi descrita há duas décadas (BASTIDE, DOUCET-JABOEUF,

1983; DAURAT et al., 1988b). Assim, as alterações observadas neste modelo são

compatíveis com os dados obtidos da literatura.

No segundo experimento, com a inoculação de uma quantidade menor de

BCG no tecido subcutâneo da pata, nenhuma inflamação granulomatosa foi vista

após 14 e 21 dias. Contudo, sinais típicos de inflamação aguda foram observados no

coxim inoculado e sinais locais de resposta linfóide foram observados nos linfonodos

poplíteos das patas inoculadas. Assim, os linfonodos correspondentes às patas

inoculadas apresentaram-se reativos, com evidências de maior atividade proliferativa

dos centros germinativos, como a presença de grande número de linfócitos blásticos

(maior proporção núcleo-citoplasma, cromatina frouxa, citoplasma amplo e claro,

nucléolo evidente) e expansão do centro-germinativo em relação ao diâmetro

folicular (PARODI, 1989).

Estima-se que a menor densidade celular nesta preparação de BCG tenha

gerado maior quantidade de antígenos solúveis no inóculo, o que acarretaria a não

evolução do granuloma local bem como a deflagração da resposta linfo-proliferativa

no linfonodo regional. Este processo de estimulação linfóide regional também foi

potencializado pelo tratamento dos animais com Timulina 5CH, sobretudo após 21

dias. A expansão de centros germinativos corrobora a hipótese de estimulação

linfocitária, mas estudos futuros utilizando técnicas imuno-histo-químicas devem ser

feitos para melhor elucidação deste achado, em que será possível discriminar o tipo

celular predominante nos linfonodos estimulados. A ação da Timulina ultra-diluída

sobre a resposta imune humoral já havia sido descrita por Bastide e Doucet-Jaboeuf,

desde 1983.

Um achado curioso neste experimento foi a facilidade de visualização de

células em processo degenerativo no centro germinativo dos linfonodos

provenientes de animais tratados com Timulina 5CH por 14 dias. Tais células

apresentaram morfologia típica de apoptose, embora o diagnóstico definitivo também

dependa de ensaios imuno-histo-químicos. Nota-se que o período em que se

observa mais claramente tal degeneração coincide com a redução do volume da

pata, ou seja: com o término da fase aguda do processo inflamatório local. Uma

possível hipótese para explicar este achado seria a interação entre produtos

liberados pelos próprios bacilos e os linfócitos presentes nos linfonodos locais.

NORIMATSU et al. (1995) observaram que a exposição de linfócitos ao LPS induz

44

apoptose por mediação de TNF-alfa e hormônios corticosteróides. A possível

estimulação da produção destes ou outros mediadores sob a influência da Timulina

ultra-diluída, portanto, seria um mecanismo plausível.

Outra possibilidade explicativa para este achado seria o “efeito-rebote”

induzido pela hiper-estimulação linfocitária no centro germinativo de animais tratados

com Timulina 5CH. Sabe-se que o processo de apoptose pode ser considerado

como ocorrência normal durante várias fases do desenvolvimento e diferenciação

linfocitária (HESS et al., 1997; LEEMANS, 2005; MUSTAFA, 2006). Também se

deve considerar a provável apoptose linfocitária como sendo um processo local, uma

vez que no terceiro experimento, em que se fez a inoculação do BCG por via intra-

traqueal (105 bactérias), não foram observadas alterações quantitativas ou

qualitativas no perfil histopatológico do linfonodo mediastínico. Ainda neste último

caso, observou-se não mais que certa tendência de aumento na celularidade das

lesões granulomatosas peri-bronquiolares nos animais tratados com Timulina 5CH, à

semelhança do que fora observado no linfonodo poplíteo, mas sem significância

estatística.

Os resultados sugerem fortemente que a Timulina em preparações ultra-

diluídas exerce efeito imuno-modulatório, considerando o modelo experimental em

questão. Por este motivo, representa potencial recurso terapêutico de baixo custo

para processos patológicos associados a condições de imuno-deficiência.

45

7. CONCLUSÃO

Os dados tomados em conjunto permitem concluir que o tratamento de

camundongos com Timulina 5CH por livre acesso na água de bebida potencializa as

respostas linfóide e granulomatosa locais induzidas pela inoculação de BCG.

O modelo de granuloma subcutâneo permitiu melhor evidenciar tais efeitos,

contudo, os mecanismos e os mediadores envolvidos neste processo merecem

estudos futuros.

46

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXO 1

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ANEXO 2

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