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Tese apresentada à Divisão de Pós-Graduação do Instituto Tecnológico de Aeronáutica como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciência no Curso de Fisíca e Química de Materiais Aeroespaciais na Área de Engenharia Aeronáutica e Mecânica Antonio Abreu Júnior Efeitos da Uréia na Síntese de Cerâmica PZT pelo Processo Sol-Gel Prof. Gilmar Patrocínio Thim Profª Maria Auxiliadora Silva Oliveira Orientador Co-orientadora Prof. Homero Santiago Maciel Chefe da Divisão de Pós-Graduação Campo Montenegro São José dos Campos, SP – Brasil 2002

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Tese apresentada à Divisão de Pós-Graduação do Instituto Tecnológico de Aeronáutica como

parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciência no Curso de Fisíca e Química

de Materiais Aeroespaciais na Área de Engenharia Aeronáutica e Mecânica

Antonio Abreu Júnior

Efeitos da Uréia na Síntese de Cerâmica PZT pelo

Processo Sol-Gel

Prof. Gilmar Patrocínio Thim Profª Maria Auxiliadora Silva Oliveira

Orientador Co-orientadora

Prof. Homero Santiago Maciel

Chefe da Divisão de Pós-Graduação

Campo Montenegro

São José dos Campos, SP – Brasil

2002

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EFEITOS DA URÉIA NA SÍNTESE DE CERÂMICA

PZT PELO PROCESSO SOL-GEL

ANTONIO ABREU JÚNIOR

Composição da Banca Examinadora

Carlos de Moura Neto, Prof.

Gilmar Patrocínio Thim, Prof.

Maria Auxiliadora Silva Oliveira, Prof.

Koshun Iha, Prof.

Francisco Cristóvão Lourenço de Melo, Prof.

Nilso Barelli, Prof.

Presidente (ITA/CTA)

Orientador (ITA/CTA)

Co-orientadora (ITA/CTA)

ITA/CTA

IAE/CTA

IQ/UNESP

ITA

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ÍNDICE GERAL

Índice de Figuras

Índice de Tabelas

Simbologia

Agradecimentos

Dedicatória

Resumo

Abstract

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO

I.1 – Considerações Gerais Sobre Cerâmicas PZT....................................................................01

I.2 – Objetivo.............................................................................................................................09

CAPÍTULO II – MATERIAIS E MÉTODOS

II.1 – Primeiro procedimento – Método Citrato........................................................................10

II.1.1 – Reagentes Utilizados...........................................................................................10

II.1.2 – Solução de Oxicloreto de Zircônio......................................................................11

II.1.3 – Solução de Nitrato de Chumbo............................................................................11

II.1.4 – Solução de Tetracloreto de Titânio......................................................................11

II.1.5 – Solução de Ácido Cítrico.....................................................................................12

II.1.6 – Preparação do Pó.................................................................................................12

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II.2 – Segundo procedimento – Métodos Pechini Convencional e Modificado........................15

II.2.1 – Reagentes Utilizados...........................................................................................15

II.2.2 – Solução de Citrato de Titânio..............................................................................16

II.2.3 – Solução de Citrato de Zircônio............................................................................17

II.2.4 – Solução de Acetato de Chumbo...........................................................................17

II.2.5 – Síntese de PZT pelo Método Pechini Convencional...........................................17

II.2.6 – Síntese de PZT pelo Método Pechini Modificado...............................................20

II.3 – Métodos de Caracterização..............................................................................................22

II.3.1 – Termogravimetria (TG).......................................................................................22

II.3.2 – Difratometria de Raios X (DRX)........................................................................22

II.3.3 – Determinação da Área Superficial e do Tamanho Médio de Partículas.............23

II.3.4 – Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR)………………................23

II.3.5 – Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)....................................................24

CAPÍTULO III – RESULTADOS E DISCUSSÕES

III.1 – Resultados Referentes ao Método Citrato.......................................................................25

III.1.1 – Caracterização do Gel-Citrato por TG...............................................................25

III.1.2 – Caracterização da Fase Cristalina.......................................................................27

III.1.3 – Caracterização Morfológica do Pó.....................................................................29

III.1.4 – Características Superficiais................................................................................31

III.2 – Resultados referentes aos Métodos Pechini Convencional e Modificado......................32

III.2.1 – Padronização dos Citratos de Titânio e Zircônio...............................................32

III.2.2 – Comportamento Térmico dos Géis.....................................................................34

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III.2.3 – Caracterização das Amostras por FTIR..............................................................36

III.2.4 – Caracterização de Fase Cristalina.......................................................................41

III.2.5 – Caracterização Morfológica do Pó.....................................................................43

III.2.6 – Características Superficiais................................................................................46

CAPÍTULO IV – CONCLUSÕES........................................................................................47

CAPÍTULO V – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................49

CAPÍTULO VI – PRODUÇÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................51

CAPÍTULO VII – PROPOSTAS PARA TRABALHOS FUTUROS.................................52

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iv

Índice de Figuras

Figura I.1 – Esquema de uma cela unitária cúbica com estrutura

tipo perovskita do PZT.......................................................................................................02

Figura I.2 – Diagrama de equilíbrio de fases do sistema PbZrO3 – PbTiO3

em função da composição...................................................................................................03

Figura I.3 – Permissividade dielétrica do PZT em função

de sua composição estequiométrica a 1200 °C...................................................................03

Figura I.4 – Isotermas de solubilidade para o sistema Pb-Citrato-H2O..........................................05

Figura I.5 – Isotermas de solubilidade para o sistema Zr-Citrato-H2O..........................................06

Figura I.6 – Isotermas de solubilidade para o sistema Ti-Citrato-H2O..........................................06

Figura I.7 – Sequência de reações envolvidas no Método Pechini Convencional.........................08

Figura II.1 – Diagrama esquemático para síntese de PZT através do

Método Citrato.................................................................................................................. 14

Figura II.2 – Diagrama esquemático para síntese de PZT através do

Método Pechini Convencional...........................................................................................19

Figura II.3 – Diagrama esquemático para síntese de PZT através do

Método Pechini Modificado...............................................................................................21

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Figura III.1 – Curva termogravimétrica para os géis preparados pelo Método Citrato

com diferentes concentrações de uréia, em atmosfera de ar sintético e velocidade de

aquecimento de 10 °C min-1...............................................................................................26

Figura III.2 – DRX para as amostras de PZT obtidas pelo Método Citrato e calcinadas

à temperatura de 800 °C: (a) 2 horas (b) 3 horas...............................................................27

Figura III.3 – Evolução de fase para a amostra de PZT-U3 calcinada durante 3 horas

em várias temperaturas.......................................................................................................28

Figura III.4 – Micrografia para o pó cerâmico de PZT-U3 calcinado a 800 °C por 3 horas;

(a) formação de partículas com diâmetro médio em torno de 0,2 µm e morfologia

próxima à esférica; (b) regiões de aglomerados, com tamanhos entre 1-2 µm..................30

Figura III.5 – Difratograma de raios X do resíduo da padronização do citrato

de titânio.............................................................................................................................32

Figura III.6 – Difratograma de raios X do resíduo da padronização do citrato

de zircônio.........................................................................................................................33

Figura III.7 – Curva termogravimétrica dos géis de PZT-NH4OH e PZT-Uréia

em atmosfera de ar sintético a razão de aquecimento de 10 °C min-1................................34

Figura III.8 – Espectro de FTIR para as amostras de acetato de chumbo,

solução de citrato de zircônio (Zr-CA/EG), solução de citrato de titânio

(Ti-CA/EG), uréia, PZT-Uréia e PZT-NH4OH..................................................................36

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Figura III.9 – Esquema de ligações monodentadas e ligações em pontes formadas

entre o ácido cítrico e o cátion metálico.............................................................................39

Figura III.10 – Espectro de FTIR para as amostras de PZT-NH4OH calcinada a 400 °C;

PZT-Uréia calcinada a 400 °C; PZT-NH4OH calcinada a 800 °C e

PZT-Uréia calcinada a 800 °C............................................................................................40

Figura III.11 – Difratograma de raios X para as amostras de PZT-NH4OH

calcinadas em diferentes temperaturas por 2 horas............................................................41

Figura III.12 – Difratograma de raios X para as amostras de PZT-Uréia calcinadas

em diferentes temperaturas por 2 horas..............................................................................42

Figura III.13 – Micrografia das amostras de PZT: (a) PZT-NH4OH 600 °C, 2 horas;

(b) PZT-NH4OH 800 ° C, 2 horas (c) PZT-Uréia 600 °C, 2 horas;

(d) PZT-Uréia 800 °C, 2 horas...........................................................................................44

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Índice de Tabelas

Tabela II.1 – Reagentes utilizados na síntese de PZT pelo Método Citrato..................................10

Tabela II.2 – Reagentes utilizados na síntese do PZT pelos Métodos Pechini Convencional

e Modificado.......................................................................................................................15

Tabela III.1 – Característica gerais do pó PZT-U3 calcinado a 800 °C por 3 horas......................31

Tabela III.2 – Principais bandas referentes aos espectros de FTIR para a uréia,

PZT-NH4OH e PZT-Uréia..................................................................................................38

Tabela III.3 – Características gerais dos pós de PZT-NH4OH e PZT-Uréia

calcinados a 600 °C por 2 horas.........................................................................................46

Tabela IV.1 – Caracteríosticas morfológicas dos pós de PZT obtidos pelos

diferente métodos...............................................................................................................48

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Simbologia

b – (“broad”), largo

BET – Brunauer-Emmett-Teller

BT – BaTiO3

CA – Ácido Cítrico

d – Massa Específica Teórica

DBET – Tamanho Médio de Partículas

DRX – Difratometria de Raios X

EG - Etilenoglicol

FR – Fase Ferroelétrica Romboédrica

FT – Fase Ferroelétrica Tetragonal

FTIR – Infravermelho com Transformada de Fourier

Kmáx – Constante Dielétrica Máxima

LMF – Limite Morfotrópico de Fase

m – (“middle”), médio

MEV – Microscopia Eletrônica de Varredura

PC – Paraelétrica Cúbica

PT – PbTiO3

PZ – PbZrO3

PZT – Pb(Zr1-xTix)O3

s – (“strong”), forte

SBET – Superfície Específica

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ix

sh – (“shoulder”), ombro

TC – Temperatura de Curie

TG – Análise Termogravimétrica

vs – (“very strong”), muito forte

vw – (“very weak”), muito fraco

w – (“weak”), fraco

δ, – deformação

δs, – deformação simétrica

λ – Comprimento de Onda

ν, – estiramento

νas, – estiramento assimétrico

νs, – estiramento simétrico

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x

Agradecimentos

Agradeço, em primeiro lugar, a Deus pela proteção e por estar sempre presente em minha

vida.

Ao meu pai Antonio Abreu, pelo carinho, dedicação, amizade, companheirismo e por ter

me ensinado muito sobre a vida.

As minhas irmãs Lúcia e Valéria, pelo carinho, amizade, atenção e todos os momentos de

alegria.

A minha namorada Sandra, pelo carinho, amizade, companheirismo e todos os momentos

de alegria.

Ao Instituto Tecnológico de Aeronáutica – CTA-ITA, pela oportunidade para o

desenvolvimento do Curso de Mestrado.

Ao Prof. Gilmar Patrocínio Thim, pela orientação, e à Profª Maria Auxiliadora Silva

Oliveira pela co-orientação.

Ao Prof. Francisco Cristovão Lourenço de Melo (AMR) e aos professores do

Departamento de Química do ITA, Prof. Koshun Iha, Profª. Deborah Dibbern Brunelli e Profª

Elizabete Y. Kawachi, pela orientação profissional e pala amizade.

À Profª Suely Galhardo Santana, pelo apoio.

Aos técnicos do Departamento de Química do ITA, Wander Carlos Antunes e Sílvio

Alvarenga, pelo apoio técnico.

Aos técnicos da Divisão de Materiais (AMR), Ronaldo R. da Cunha, Elizabeth Godoy. C.

Salgado, Sgt. Rogério Duque, João Bernardes e Roberta Márcia Marson pelas análises e suporte

técnico.

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Ao Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), em especial à Profª Vera Lúcia Lourenço,

Profª Marta Ferreira Koyama Takahashi e Profª Rita Dutra.

Ao Prof. Nilso Barelli (IQ-UNESP) pela amizade e orientação profissional.

À Prof. Maria Lúcia Brison, pelas análises realizadas no Laboratório Associado de

Sensores e Materiais (LAS).

Aos grandes amigos André Luis Campos e Márcio Florian, que me acompanharam ao

longo de mais esta jornada, pelos momentos felizes e companheirismo nas horas difíceis.

Às amigas Bruna Carolina Ferreira, Andressa Boschetti e Mayra Rúbia Silva Castro.

Ao Prof. Irahy Martins, pela amizade e atenção a mim prestadas.

À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), pelo apoio

financeiro.

A todos que contribuíram direta ou indiretamente para a realização deste trabalho.

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Dedicatória

Este trabalho é dedicado à minha mãe Amélia Paiva Abreu, que

me dedicou muito amor, carinho, amizade, atenção e tenho certeza que

sempre estará comigo, mostrando-me os caminhos e comemorando a

cada vitória minha.

Mãe, hoje entendo o verdadeiro significado da palavra “saudades”.

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Resumo

Neste trabalho, é estudado o efeito da uréia na síntese de PZT pelo processo sol-gel utilizando

três diferentes métodos. No primeiro método, chamado Método Citrato, é estudado o efeito da

uréia adicionada durante o passo de gelificação de uma solução contendo TiCl4, Pb(NO3)2,

ZrOCl2.8H2O e ácido cítrico como agente quelante. A quantidade de uréia adicionada na solução

precursora é aumentada e o gel obtido é caracterizado por Análise Termogravimétrica (TG). Os

xerogéis são calcinados a 800 ºC por 2 e 3 horas. Emprega-se a técnica de difração de raios X

(DRX) para caracterizar as fases cristalinas das amostras calcinadas. Independente da

concentração de uréia, todas as amostras calcinadas a 800 ºC por 2 horas apresentam mais de uma

fase. No entanto, amostras contendo uma maior quantidade de uréia (razão molar de PZT:Uréia

igual a 1:3 (PZT-U3)), calcinada a 800 ºC por 3 horas apresenta somente a fase PZT. A área

superficial do pó PZT-U3 calcinado é determinada pelo método BET e a morfologia da partícula

por Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV). A área superficial deste pó é de 3,8 m2 g-1,

forma esférica e diâmetro das partículas são de 0,20 µm. No segundo e terceiro métodos,

isopropóxido de titânio, complexo isopropóxido-isopropanol de zircônio, acetato de chumbo,

ácido cítrico e etilenoglicol são utilizados como precursores. No entanto, o segundo método,

chamado Método Pechini Convencional, na solução precursora (identificada por PZT-NH4OH) o

pH é ajustado para 6,5 pela adição de hidróxido de amônio, enquanto no terceiro método,

chamado Método Pechini Modificado, a solução precursora (identificada por PZT-Uréia) o pH é

ajustado pela decomposição homogênea da uréia. Os géis originados das soluções precursoras de

PZT-NH4OH e PZT-Urea são caracterizados por TG, Espectroscopia de Infravermelho com

Transformada de Fourier (FTIR). Os resultados do FTIR mostram que o gel PZT-NH4OH contém

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complexos monodentados e pontes formadas a partir da quelação do ácido cítrico com

titânio/zircônio e chumbo, enquanto o gel de PZT-Urea contém somente complexo unidentado de

ácido cítrico com o metal. Os xerogéis resultantes a partir dos géis PZT-NH4OH e PZT-Uréia são

calcinados a 400, 500, 600 700 e 800 ºC e o pó calcinado é caracterizado por DRX. Os resultados

do DRX mostram que somente a fase PZT está presente nos pós obtidos a paetir da calcinação de

ambos os xerogéis, PZT-NH4OH e PZT-Uréia, à temperatura igual/ou superior a 600 ºC por 2

horas. A área superficial e a morfologia das partículas destes pós são também determinados pelo

método BET e MEV. A área superficial específica, forma e tamanho das partículas do pó de

PZT-NH4OH calcinado são 2,8 m2 g-1, esférica e 0,25 µm, respectivamente, enquanto os mesmos

parâmetros para o pó de PZT-Uréia calcinado são 7,4 m2 g-1, esférico, 0,10 µm, respectivamente.

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xv

Abstract

In this work it was studied the effect of urea upon PZT synthesis by sol-gel process using three

different methods. In the first method, called Citrate Method, it was studied the effect of urea

addition during the gelation step of an aqueous solution containing TiCl4, Pb(NO3)2,

ZrOCl2.8H2O and citric acid, as a chelation agent. The amount of urea added into the precursor

solutions was increased and the obtained gel was characterized by Thermal Gravimetric Analysis

(TG). The resulting xerogels were calcinated at 800 °C for 2 and 3 hour. X-Ray Diffraction

(XRD) was utilized to characterize the crystalline phases of the calcinated samples. Independent

on the urea concentration, all samples calcinated at 800 °C for 2 hour presented more than one

phase. However, samples containing a bigger amount of urea (PZT:Urea molar ratio equal to 1:3

(PZT-U3)), which were calcinated at 800 °C for 3 hour, presented just the PZT phase. The

superficial area of the calcinated PZT-U3 powder was determined by means of the BET method

and the morphology of its particles by Scanning Electron Microscopy (SEM). The specific

superficial area of this powder was 3.8 m2 g-1 and the shape and size of its particles were

spherical and 0.20 µm, respectively. In the second and third methods, titanium isopropoxide,

zirconium isopropoxide-isopropanol, lead acetate, citric acid, and ethylene glycol were utilized as

precursors. However, in the second method, called Pechini’s Conventional Method, the precursor

solution (identified by PZT-NH4OH), pH was adjusted to 6.5 by addition of ammonium

hydroxide, while in the second method, called Pechini’s Modified Method, the precursor solution

(identified by PZT-Urea) pH was adjusted by homogeneous decomposition of urea. The gels

originated from the PZT-NH4OH and PZT-Urea precursor solutions were characterized by TG,

and fourier transform infrared spectroscopy (FTIR). FTIR results showed that the PZT-NH4OH

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gel contains unidentade and bridging complex formed from chelation of citric acid with

titanium/zirconium and lead, while the PZT-Urea gel contains only unidentade complex of citric

acid with the metals. The resulting xerogels from the PZT-NH4OH and PZT-Urea gels were

calcinated at 400, 500, 600, 700 and 800 °C and the calcinated powders were characterized by

XRD. The XRD results showed that only the PZT phase was present in the powders obtained

from the calcination of both xerogels, PZT-NH4OH and PZT-Urea, at temperatures equal and/or

superior to 600 °C for 2 hour. The superficial area and particles morphology of these powders

were also determined by means of the BET method and SEM. The specific superficial area, shape

and size of the particles of the PZT-NH4OH calcinated powder were 2.8 m2 g-1, spherical and

0.25 µm, respectively, while the same parameters for the PZT-Urea calcinated powder were

7.4 m2 g-1, spherical and 0.10 µm, respectively.

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1

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO

I.1 – Considerações Gerais Sobre Cerâmicas PZT

Desde a descoberta da ferroeletricidade em cristais do sal de Rochelle ([NaK(C4H4O6)].4H2O),

em 1921, e a subseqüente descoberta desta propriedade em cerâmicas policristalinas (titanato de

bário, BaTiO3), durante meados de 1940, novos materiais têm surgido e desenvolvimentos

tecnológicos têm levado a um significante número de aplicações comerciais e industriais destes

materiais. Entre essas aplicações podem-se considerar capacitores de alta constante dielétrica,

sensores piezoelétricos, transdutores ultra-sônicos, rádios e filtros de comunicação entre outras

aplicações elétricas [1,2].

O PZT é um material ferroelétrico composto de células estruturais que apresentam momento

dipolo elétrico permanente. Estas células formam estruturas cristalinas do tipo perovskita,

A(B'XB''Y)O3 onde x + y = 1 (Figura I.1).

Suas propriedades piezoelétricas máximas podem ser encontradas próximas ao Limite

Morfotrópico de Fase (LMF), região em que ocorre a transição da fase cristalina romboédrica

para a tetragonal. No LMF coexistem as estruturas romboédrica ferroelétrica, FR, (rica em

PbZrO3, PZ) e a estrutura tetragonal ferroelétrica, FT, (rica em PbTiO3, PT) [1,3]. O diagrama de

equilíbrio de fases do sistema PT-PZ foi estabelecido por diversos autores nas décadas de 50 e 60

[4,5] e é mostrado na Figura I.2. Pode-se observar que para a concentração da fase PZ próxima a

0,48 % mol/mol, há uma linha limite que representa a coexistência em equilíbrio das fases FT e

FR. Este limite é independente da temperatura até o ponto de Curie. O ponto de Curie é definido

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como a temperatura de transição das fases ferroelétricas para a fase paraelétrica cúbica (PC). A

Figura I.3 mostra como a permissividade dielétrica do PZT varia em função da composição

estequiométrica, apresentando seus maiores valores para composições próximas ao LMF, sendo

esta a justificativa para as concentrações utilizadas neste trabalho.

Figura I.1 – Esquema de uma célula unitária cúbica com estrutura tipo perovskita do PZT.

(a) Célula cúbica, (b) Octaedros formados pelos átomos de oxigênio.

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3

Figura I.2 – Diagrama de equilíbrio de fases do sistema PbZrO3 – PbTiO3 em função da

composição.

Figura I.3 – Permissividade dielétrica do PZT em função de sua composição estequiométrica a

1200 °C.

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4

Em geral, pós de PZT têm sido preparados por técnicas de reação no estado sólido. Entretanto,

estas técnicas não permitem o controle da composição estequiométrica dos cátions durante o

longo tempo de reação que ocorre em altas temperaturas [6,7]. O PZT também tem sido

preparado por diversas rotas químicas que utilizam diferentes precursores. A utilização de

diferentes precursores tem sido estudada com o objetivo de conseguir uma mistura homogênea

dos cátions constituintes, diminuir o tamanho de partículas (conseqüentemente aumentar a área

superficial reativa do pó cerâmico), reduzir a temperatura de processamento e limitar a

composição do PZT em valores próximos ao LMF. Algumas rotas químicas são bem conhecidas

tais como sol-gel [8-10] e coprecipitação [11,12].

A utilização de sais higroscópicos como reagente de partida para a síntese por coprecipitação

dificulta a obtenção de soluções dos cátions com solubilidade similar e o controle preciso das

condições de hidrólise [13].

Algumas rotas sol-gel tentam sobrepor estas limitações através da adição de um ácido

policarboxílico como agente complexante dos cátions métálicos, como é o caso do Método

Citrato e do Método Pechini.

A Figura I.4 apresenta as isotermas de solubilidade para o Pb+2 em solução aquosa na presença

de ácido cítrico. A espécie sólida precipitada na hidrólise é o Pb(OH)2 (S), que começa a precipitar

em pH=8,4 para uma solução com concentração igual a 0,1 mol L-1 de Pb+2 isenta de

complexante. Em presença de ácido cítrico, a precipitação não ocorre até pH=10.

As isotermas de solubilidade para o Zr+4 estão representadas na Figura I.5. A precipitação do

Zr(OH)4 (s) ocorre em pH=3 na ausência do ácido cítrico, porém, na presença do agente

complexante, esta precipitação só ocorre em valores de pH mais elevados. Neste caso, a

precipitação do hidróxido ocorre em pH=7 para a solução 0,1 mol L-1 de Zr+4.

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5

Na Figura I.6 estão representadas as isotermas de solubilidade para o Ti+4. Em solução aquosa

o Ti+4 é facilmente hidrolisado e precipitado como Ti(OH)4 (s) ou TiO(OH)2 (s) em pH=1. Ao

adicionar H2O2 ao sistema, ocorre a formação da espécie solúvel TiO(H2O2)+2 e a precipitação só

ocorre em valores de pH=3 para uma solução 0,1 mol L-1 de Ti+4. Na presença de ácido cítrico, a

precipitação do TiO(OH)2 só ocorre para valores de pH=7.

Figura I.4 – Isotermas de solubilidade para o sistema Pb-Citrato-H2O.

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6

Figura I.5 – Isotermas de solubilidade para o sistema Zr-Citrato-H2O.

Figura I.6 – Isotermas de solubilidade para os sistemas Ti-Citrato-H2O.

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7

Baseado nas curvas de solubilidade dos sistemas metal-citrato-H2O, pode-se estimar um valor

de pH ótimo para a preparação do gel precursor PZT-Citrato. Assim, como a formação do

complexo estável ocorre em pH∠10 para o sistema Pb-Citrato, pH∠7 para os sistemas Zr-Citrato

e Ti-Citrato, e a dissociação máxima do ácido cítrico ocorre em pH=6,4, conclui-se que para a

obtenção de um gel homogêneo PZT-Citrato, o pH da solução contendo a mistura de cátions mais

o citrato deve ter valores próximos a 6,5.

O método Pechini, denominado Método Pechini Convencional neste trabalho, além da

capacidade quelante do ácido cítrico, utiliza-se da posterior esterificação do complexo através da

adição de etilenoglicol formando uma resina polimérica que contém os cátions uniformemente

distribuídos [14-17]. A Figura I.7 apresenta a seqüência de reações envolvidas durante a

formação do quelato e sua posterior esterificação com etilenoglicol.

A capacidade quelante do ácido cítrico depende do pH, tipo e concentração das espécies

químicas em solução [18-20]. No Método Pechini Convencional, o pH é ajustado através da

adição da solução concentrada de hidróxido de amônio à mistura reagente. Um dos problemas na

síntese de PZT pelo Método Pechini Convencional está relacionado à natureza descontínua do

método da adição da solução de hidróxido de amônio à mistura reagente, onde é possível ocorrer

a precipitação localizada de partículas (hidróxidos metálicos), que diminui o controle sobre o

tamanho das mesmas. Um melhor controle desta situação seria alcançado se a amônia fosse

introduzida de forma uniforme na solução. A decomposição homogênea da uréia tem sido

utilizada com esse objetivo na síntese de partículas submicrométricas de materiais cerâmicos

[21,22]. Cerâmicas PZT e PZ também têm sido preparadas por precipitação homogênea com

tamanho de partículas uniformes [23,24].

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8

Neste trabalho propõe-se a utilização de uréia ao invés da adição de hidróxido de amônio para

promover o aumento de pH da mistura reagente no Método Pechini. Os resultados referentes a

esta modificação no Método Pechini Convencional serão, daqui por diante, tratados como

Método Pechini Modificado.

O

C

C

OH

OH

CH2

CO OH

O

O

C

C

O

O

CH2

C

O

O

MO

HOCCH2

++ M+n90 ºC

HOCCH2

H

Ácido Cítrico Metal Quelato

O

C

C

O

O

CH2

C

O

O

MO

CH2 CH2

OH OH

O

C

C

O

O

CH2

C

O

O

MO

HOCCH2

H

Quelato

+

Etilenoglicol

120 ºC CH2CH2OCCH2

H

+ H2O

Éster Água

Figura I.7 – Seqüência de reações envolvidas no Método Pechini Convencional.

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I.2 – Objetivo

Este trabalho tem como objetivo geral estudar o efeito da uréia na morfologia da cerâmica

PZT, com composição próxima ao LMF (Pb(Zr0,52Ti0,48)O3), sintetizadas através de processos

sol-gel.

Para atingir o objetivo geral, o PZT será preparado pelos três métodos seguintes:

1. Método Citrato – PZT será preparado através de soluções aquosas de TiCl4, Pb(NO3)2

e ZrOCl2.8H2O. Ácido cítrico será utilizado como agente quelante e uréia, em

diferentes quantidades, será utilizada como aditivo.

2. Método Pechini Convencional – PZT será preparado através da mistura de alcóxidos

de zircônio e titânio, acetato de chumbo, ácido cítrico (agente quelante) e etilenoglicol

(agente de esterificação). A mistura final terá seu pH ajustado a 6,5 pelo acréscimo da

solução aquosa de hidróxido de amônio.

3. Método Pechini Modificado – PZT será preparado pelos mesmos reagentes precursores

de cátions metálicos, agente quelante e agente de esterificação do Método Pechini

Convencional. A modificação realizada neste método será no ajuste de pH, que será

feito através da decomposição homogênea de uréia.

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CAPÍTULO II – MATERIAIS E MÉTODOS

II.1 – Primeiro procedimento – Método Citrato

II.1.1 – Reagentes Utilizados

Na tabela II.1 estão resumidas as características químicas dos reagentes utilizados na síntese

do material pelo Método Citrato.

Tabela II.1 – Reagentes utilizados na síntese de PZT pelo Método Citrato

Reagente Grau de Pureza

(%)

Fornecedor Fórmula

Tetracloreto de

Titânio

97% Merck TiCl4

Oxicloreto de

Zircônio

P.A. Merck ZrOCl2.8H2O

Nitrato de Chumbo 99% J. T. Baker Pb(NO3)2

Ácido Cítrico P.A. Synth C6H8O7

Hidróxido de Amônio - Merck NH4OH

Uréia 98% Sigma CH4N2O

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II.1.2 – Solução de Oxicloreto de Zircônio

A solução de ZrOCl2.8H2O é preparada dissolvendo-se 32,2260 g do reagente em água

destilada e completando o volume para 1 L de solução, obtendo assim uma solução com

concentração igual a 0,1 mol L-1.

II.1.3 – Solução de Nitrato de Chumbo

A solução de Pb(NO3)2 é preparada dissolvendo-se 33,1200 g do reagente em água destilada e

completando o volume para 1 L de solução, obtendo assim uma solução com concentração igual

a 0,1 mol L-1.

Esta solução é utilizada como padrão na titulação da solução de tetracloreto de titânio.

II.1.4 – Solução de Tetracloreto de Titânio

A solução é preparada em atmosfera inerte, dissolvendo 11,0 mL de TiCl4 em 1 L de solução

aquosa 30% H2O2, para prevenir a precipitação hidrolítica do titânio na forma de oxihidróxido. A

concentração do titânio na solução é determinada volumetricamente através da técnica de

titulometria reversa utilizando a solução padrão de nitrato de chumbo 0,1 mol L-1 [25].

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II.1.5 – Solução de Ácido Cítrico

A solução de ácido cítrico é preparada dissolvendo-se 192,13 g do reagente água destilada e

completando o volume para 1 L de solução, obtendo-se assim uma solução com concentração

igual de 1,0 mol L-1.

II.1.6 – Preparação do pó

O PZT é preparado a partir das soluções aquosas de Pb(NO3)2 , ZrOCl2.8H2O e TiCl4. Assim,

para o preparo de 10 g de PZT, um volume de 159,7 mL da solução de oxicloreto de zircônio

0,1 mol L-1 é adicionado em um béquer e aquecido a 80 °C sob agitação constante. Em seguida

são adicionados 147,4 mL da solução de tetracloreto de titânio 0,1 mol L-1 e 307,1 mL da solução

de nitrato de chumbo 0,1 mol L-1, respectivamente. Após a mistura das soluções de partida

contendo os cátions metálicos, é adicionado 30,7 mL da solução de ácido cítrico 1,0 mol L-1 e o

pH da solução é elevado a 6,5 através da adição de NH4OH 30% (v/v). A solução obtida é

dividida em quatro porções iguais, sendo a primeira considerada padrão (PZT-U0). Adiciona-se

uréia nas demais soluções em proporções molares PZT:uréia de 1:1 (PZT-U1), 1:2 (PZT-U2) e

1:3 (PZT-U3). Estas amostras são secas em estufa a 50 °C formando géis, que são caracterizados

por análise termogravimétrica (TG). Em seguida, as amostras são tratadas termicamente

utilizando um programa de aquecimento a partir de temperatura ambiente, com dois patamares de

temperatura, sendo: 250 °C por 1 hora e 400 °C por 1 hora. A velocidade de aquecimento é de

5 °C min-1. Os resíduos resultantes do aquecimento dos géis de PZT-U0, PZT-U1 e PZT U2 são

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divididos em duas amostras, sendo a primeira calcinada a 800 °C por 2 horas e a segunda

calcinada a 800 °C por 3 horas.

A amostra PZT-U3 é dividida em cinco porções iguais. A primeira porção é calcinada a

800 °C por duas horas e as demais são calcinadas a 500, 600, 700 e 800 °C por 3 horas.

As fases cristalinas dos pós calcinados são identificadas por difratometria de raios X (DRX).

A área superficial da amostra PZT-U3 calcinada a 800 °C é determinada pelo método Brunauer-

Emmett-Teller (BET) convencional e o seu tamanho médio de partículas (DBET) é calculado a

partir da área superficial. A morfologia do pó é caracterizada por microscopia eletrônica de

varredura (MEV).

A Figura II.1 representa o diagrama esquemático para a síntese de PZT pelo Método Citrato.

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14

Sol. Zr+4 0,1 mol L-1

Solução Homogênea (Metal-Citrato)

Tratamento térmico (250 °C, 1h; 400 °C, 1h)

Pós de PZT

Calcinação (800 °C, 2h)

Sol. Ti+4 0,1 mol L-1

Sol. Pb+2 0,1 mol L-1

Aquecimento 80 °C Agitação constante

Sol. Ác. Cítrico 1,0 mol L-1

Ajuste de pH=6,5 NH4OH 30 % (v/v)

Padrão PZT-U0

PZT:Uréia = 1:3PZT-U3

PZT:Uréia = 1:2PZT-U2

PZT:Uréia = 1:1PZT-U1

Evaporação de H2O (50 °C)Gel

Tratamento térmico (250 °C, 1h; 400 °C, 1h)

Calcinação (500-700 °C, 3h)

Evaporação de H2O (50 °C) Gel

Calcinação (800 °C, 3h)

Figura II.1 – Diagrama esquemático para síntese de PZT através do Método Citrato.

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II.2 – Segundo procedimento – Métodos Pechini Convencional e Modificado

II.2.1 – Reagentes Utilizados

Na Tabela II.2 estão listados as características dos reagentes utilizados para o preparo do

material cerâmico através da síntese pelos Métodos Pechini Convencional e Pechini Modificado.

Tabela II.2 – Reagentes utilizados na síntese do PZT pelos Métodos Pechini Convencional e

Modificado.

Reagente Grau de

Pureza

Fornecedor Fórmula

Isopropóxido de Titânio 97% Aldrich Ti[OCH(CH3)2]4

Complexo Isopropanol-

Isopropóxido de Zircônio

99,9%

Aldrich

Zr[OCH(CH3)2]4.(CH3)2CHOH

Acetato de Chumbo P.A. Reagen Pb(CH3COO)2.3H2O

Ácido Cítrico P.A. Synth C6H8O7

Etilenoglicol P.A. Synth HOCH2CH2OH

Hidróxido de Amônio - Merck NH4OH

Uréia 98% Sigma NH2CONH2

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II.2.2 – Solução de Citrato de Titânio

A solução de citrato de titânio é preparada através da adição de 54,3 ml de isopropóxido de

titânio em uma solução aquosa contendo 102,00 g de ácido cítrico dissolvidos em 300,0 mL de

água destilada, sob agitação constante e aquecimento a 90 °C, em atmosfera de nitrogênio, até

total dissolução do isopropóxido. Em seguida, ainda sob agitação, adiciona-se 61,1 mL de

etilenoglicol e eleva-se a temperatura para 120 °C, onde a solução é mantida durante 3 horas e

depois resfriada a temperatura ambiente. Uma amostra da solução de citrato de titânio é então

padronizada gravimetricamente através da medição da massa residual obtida a partir do

tratamento térmico da solução de citrato de titânio utilizando um programa de aquecimento de

dois patamares: aquecimento da amostra desde a temperatura ambiente até 250 °C, com

velocidade de aquecimento de 5 °C min-1, mantendo-se nesta temperatura por 1 hora,

aquecimento posterior da mesma amostra a 400 °C com uma velocidade de aquecimento de

5 °C min-1, mantida nesta temperatura por 1 hora e, finalmente, aquecimento até 800 °C a uma

velocidade de aquecimento de 10 °C min-1, mantendo nesta temperatura por 2 horas. O resíduo da

decomposição térmica do citrato é caracterizado por DRX para constatar a formação do óxido de

titânio.

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II.2.3 – Solução de Citrato de Zircônio

A solução de citrato de zircônio é preparada através da adição de 74,16 g do complexo

isopropóxido-isopropanol de zircônio em uma solução aquosa contendo 110,28 g de ácido cítrico

dissolvidos em 300,0 mL de água destilada, sob agitação constante e aquecimento a 90 °C, em

atmosfera de nitrogênio, até total dissolução do isopropóxido. Em seguida, ainda sob agitação,

adiciona-se 66,0 mL de etilenoglicol e eleva-se a temperatura para 120 °C, onde a solução é

mantida durante 3 horas e depois resfriada a temperatura ambiente. Uma amostra da solução de

citrato de zircônio foi padronizada seguindo o mesmo procedimento utilizado para a solução de

citrato de titânio. O resíduo da decomposição térmica do citrato foi caracterizado por DRX para

constatar a formação do óxido de zircônio.

II.2.4 – Solução de Acetato de Chumbo

A solução de acetato de chumbo é preparada dissolvendo-se a massa do acetato de chumbo

calculada para a síntese do PZT (com composição estequiométrica igual a Pb1(Zr0,52Ti0,48)O3), em

água destilada, para obter uma solução próxima à saturação.

II.2.5 – Síntese de PZT pelo Método Pechini Convencional

Para o preparo de 10 de PZT, 40,3028 g da solução de citrato de zircônio são aquecidos a

90 °C sob agitação constante sendo em seguida adicionados de forma gradativa 17,0172 g da

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solução de citrato de titânio. Após completa mistura dos citratos, são adicionados 11,6384 g de

acetato de chumbo dissolvidos em água destilada. A seguir, ainda sob agitação, o pH da solução

obtida é elevado a 6,5 através da adição de solução aquosa de NH4OH 30% (v/v). Depois de

estabilizado o pH, a solução é aquecida a 120 °C até a formação do gel. Uma amostra do gel

contendo os cátions metálicos é caracterizada por TG e FTIR. O gel é em seguida tratado em

forno tipo mufla segundo um programa de dois patamares de temperatura: 250 °C por 1 hora e

400 °C por 1 hora. A velocidade de aquecimento foi de 5 °C min-1. O resíduo obtido da queima

da matéria orgânica é desagregado em almofariz, analisado através de técnica de FTIR e amostras

diferentes deste resíduo são calcinadas a 400, 500, 600, 700 e 800 °C por 2 horas. Todas as

amostras calcinadas são caracterizadas por DRX. As amostras calcinadas a 400 e 800 °C são

caracterizadas por Infravermelho com transformada de Fourier (FTIR). As amostras calcinadas a

600 e 800 °C foram caracterizadas por BET e MEV.

O diagrama esquemático para o Método Pechini Convencional está representado na Figura

II.2.

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Sol. Citrato de Zircônio + Etilenoglicol

Solução Homogênea (Metal-Citrato-Etilenoglicol)

Tratamento térmico (250 °C, 1h; 400 °C, 1h)

Pós de PZT PZT-NH4OH

Calcinação (400-800 °C, 2 h)

Aquecimento 90 °C Agitação constante

Ajuste de pH=6,5 NH4OH 30 % (v/v)

Evaporação de H2O (50 °C) Gel

Sol. Citrato de Zircônio + Etilenoglicol

Acetato de Chumbo

Aquecimento 120 °C

Figura II.2 – Diagrama esquemático para síntese de PZT através do Método Pechini

Convencional.

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II.2.6 – Síntese de PZT pelo Método Pechini Modificado

Para o preparo de 10 de PZT, 40,3028 g da solução de citrato de zircônio são aquecidos a

90 °C sob agitação constante sendo em seguida adicionados de forma gradativa 17,0172 g da

solução de citrato de titânio. Após completa mistura dos citratos, são adicionados 11,6384 g de

acetato de chumbo dissolvidos em água destilada. A seguir, o pH da solução obtida é elevado a

6,5 através da adição e decomposição homogênea de uréia na solução. Depois de estabilizado o

pH, a solução é aquecida a 120 °C até a formação do gel. Uma amostra do gel contendo os

cátions metálicos é caracterizada por TG e FTIR. O gel é em seguida tratado em forno tipo mufla

segundo um programa de dois patamares de temperatura: 250 °C por 1 hora e 400 °C por 1 hora.

A velocidade de aquecimento é de 5 °C min-1. O sólido resultante da queima da matéria orgânica

é desagregado em almofariz, analisado através de técnica de FTIR e amostras diferentes deste

sólido são calcinadas a 400, 500, 600, 700 e 800 °C por 2 horas. Todas as amostras calcinadas

são caracterizadas por DRX. As amostras calcinadas a 400 e 800 °C são caracterizadas por FTIR.

As amostras calcinadas a 600 e 800 °C são caracterizadas por BET e MEV.

A Figura II.3 mostra o diagrama esquemático para a síntese do PZT pelo Método Pechini

Modificado.

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Sol. Citrato de Zircônio + Etilenoglicol

Solução Homogênea (Metal-Citrato-Etilenoglicol)

Tratamento térmico (250 °C, 1h; 400 °C, 1h)

Pós de PZT PZT-Uréia

Calcinação (400-800 °C, 2 h)

Aquecimento 90 °C Agitação constante

Ajuste de pH=6,5 URÉIA

Evaporação de H2O (50 °C) Gel

Sol. Citrato de Zircônio + Etilenoglicol

Acetato de Chumbo

Aquecimento 120 °C

Figura II.3 – Diagrama esquemático para síntese de PZT através do Método Pechini Modificado.

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22

II.3 – Métodos de Caracterização

II.3.1 – Termogravimetria (TG)

Esta técnica é utilizada para determinar as principais temperaturas de degradação dos géis

precursores de PZT e a temperatura na qual ocorre a eliminação completa da matéria orgânica.

As análises são realizadas na Divisão de Química do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE),

em aparelho “Dupont 2100 Thermal Analysis” - em atmosfera de ar sintético, partindo da

temperatura ambiente chegando a 800 °C, a uma razão de 10 °C min-1 em cadinhos de alumina.

II.3.2 – Difratometria de Raios X (DRX)

A DRX é utilizada para se determinar as fases cristalinas formadas durante o processo de

calcinação do gel precursor do PZT em diferentes temperaturas.

As análises são realizadas no Departamento de Materiais do Instituto de Aeronáutica e Espaço

(IAE/ AMR) em “Difratômetro SIEMENS D5000”, com radiação KαCu de comprimento de

onda (λ) igual a 0,154060 nm, com ângulo de varredura (2θ) variando de 05 a 80° e passo de

0,05°.

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II.3.3 – Determinação da Área Superficial e do Tamanho Médio de Partículas

As amostras são caracterizadas quanto à área superficial em aparelho “Micromeritcs Flow

Sorb II 2300”, na Divisão de Química do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE).

A superfície específica (SBET) do sistema preparado é determinada a partir de experimentos de

adsorção - dessorção de N2 usando o método de BET. Considerando amostras isotrópicas, um

tamanho médio de partículas (DBET) pode ser calculado, com uma aproximação esférica para a

forma de grãos, através da equação seguinte [13]:

BETD = BETSd .

6 ,

onde:

DBET é o tamanho médio das partículas;

SBET é a superfície específica; e

e d é a massa específica teórica do PZT (8,147 g cm-3).

II.3.4 – Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR)

O objetivo desta análise é evidenciar a presença de uréia através de diferenças nas principais

bandas de absorção dos géis precursores do PZT. Para as amostras calcinadas a 400 e 800 °C, o

objetivo é verificar a presença de carbonatos no material cerâmico.

Os géis de PZT e as amostras de citrato de titânio e citrato de zircônio são analisadas

empregando-se as técnicas de filme líquido com auxílio de lamínula sobre o cristal Irtran

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24

(IR/FL/L/Irtran). As amostras de acetato de chumbo, uréia e os pós de PZT calcinados a 400 e

800 °C são analisados empregando-se a técnica de pastilhamento com brometo de potássio

(IR/P/KBr).

As amostras são submetidas à análise de absorção de radiação na região do infravermelho por

FTIR na Divisão de Química do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), utilizando-se de um

espectrofotômetro “Perkin Elmer FTIR Spectrum 2000”, na faixa de número de onda 4000-

400 cm-1 com sensibilidade de 4 cm-1.

II.3.5 – Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)

A microscopia eletrônica de varredura é utilizada com objetivo de observar as características

morfológicas, tamanho e distribuição das partículas para os pós calcinados a 600 e 800 °C. As

amostras analisadas são preparadas a partir da dispersão dos pós cerâmicos em uma mistura com

composição 60 % cânfora: 40% naftaleno (m/m) fundida a temperatura de 80 °C. Em seguida, as

soluções são colocadas em porta-amostras de cobre e mantidas em dessecador até a completa

sublimação da mistura de cânfora/naftaleno, com conseqüente deposição dos pós. Os pós

depositados são então recobertos com filme de ouro e analisados em microscópio eletrônico.

As análises de MEV são realizadas no Departamento de Materiais do Instituto de Aeronáutica

e Espaço (IAE/ AMR) no microscópio “LEO 435 VPi”.

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25

CAPÍTULO III – RESULTADOS E DISCUSSÕES

III.1 – Resultados Referentes ao Método Citrato

III.1.1 – Caracterização do Gel-Citrato por TG

As análises termogravimétricas dos géis precursores são mostrada na Figura III.1. É utilizada

velocidade de aquecimento constante de 10 °C min-1, partindo da temperatura ambiente e

chegando a 800 °C, sob atmosfera de ar sintético.

Todos os géis apresentam comportamento térmico semelhante. Até temperaturas próximas a

100 °C não é notada significativa perda de massa, pois toda água livre proveniente das soluções

aquosas é previamente eliminada durante a etapa de secagem. A 150 °C inicia-se uma grande

perda de massa para todas as amostras. Esta perda pode ser atribuída ao processo de

decomposição do ácido cítrico livre e uréia (não complexadas) e de sais formados durante a etapa

de síntese [13] Estes processos de decomposição ocorrem até temperaturas próximas de 220 °C,

para as amostras PZT-U1 e PZT-U3 e, até 250 °C, para as amostras PZT-U0 e PZT-U2. A

segunda etapa de decomposição ocorre acima de 220 °C para as amostras PZT-U1 e PZT-U3, e

250 °C, para as amostras PZT-U0 e PZT-U2, sendo observada a formação de um ombro em cada

termograma. Este comportamento é normalmente atribuído à decomposição de formas

complexadas dos cátions precursores de PZT, neste caso à decomposição de ácido cítrico ligado

quimicamente aos cátions precursores de PZT. Uma terceira etapa de perda de massa ocorre, para

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26

todos os casos, até temperaturas próximas a 600 °C. Esta perda de massa está relacionada à

degradação final dos complexos metálicos e à eliminação de ânions carbonato formados durante

as etapas de decomposição citadas anteriores. Em geral, o final da decomposição dos géis ocorre

em temperaturas próximas de 600 °C para todas as amostras.

A amostra PZT-U0, tomada como referência , apresenta uma perda de massa total em torno de

37 % (m/m). A porcentagem de perda de massa total aumenta da amostra PZT-U0 para a PZT-U3

em função das diferentes quantidades de uréia adicionada em cada gel precursor do material

cerâmico.

0 200 400 600 800 100040

60

80

100

Mas

sa (%

)

Temperatura (°C)

PZT-U0

PZT-U1

PZT-U2

PZT-U3

150 °C

220 °C

250 °C

300 °C600 °C

0 200 400 600 800 100040

60

80

100

Mas

sa (%

)

Temperatura (°C)

PZT-U0

PZT-U1

PZT-U2

PZT-U3

150 °C

220 °C

250 °C

300 °C600 °C

Figura III.1 – Curva termogravimétrica para os géis preparados pelo Método Citrato com

diferentes concentrações de uréia, em atmosfera de ar sintético e velocidade de aquecimento de

10 °C min-1.

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27

III.1.2 – Caracterização da Fase Cristalina

A Figura III.2 mostra os difratogramas para os pós de PZT obtidos a partir da calcinação dos

diferentes xerogéis na temperatura de 800 °C por 2 e 3 horas.

10 20 30 40 50 60 70

*

φ

φ

****

*

*

2θ°

(b)

Inte

nsid

ade

Rel

ativ

a (u

. a.)

PZT (8000C / 3h)

* PZTφ PZ

PZT-U1

PZT-U2

PZT-U3

PZT-U0

10 20 30 40 50 60 70

2θ °

(a)

PZT (8000C / 2h)

* PZTφ PZ

Inte

nsid

ade

Rel

ativ

a (u

. a.) φ **·

φ

PZT-U1

PZT-U2

PZT-U3

PZT-U0

*

* * **

Figura III.2 – DRX para as amostras de PZT obtidas pelo Método Citrato e calcinadas à

temperatura de 800 °C: (a) 2 horas (b) 3 horas.

A Figura III.2a mostra que, em geral, além da cristalização da fase PZT (JCPDS 73-2022),

ocorre a cristalização de uma fase secundária PZ (JCPDS 20-0608 e 35-0739) independente ou

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28

não da adição de uréia no gel. A Figura III.2b apresenta os difratogramas dos pós obtidos dos

xerogéis precursores de PZT calcinados a 800 °C por 3 horas. Pode-se observar no DRX da

amostra PZT-U0 que além da cristalização da fase PZT ocorre também a cristalização da fase

indesejável PZ. Entretanto, a adição de uréia contribuiu para a diminuição da fase PZ cristalizada

nas amostras PZT-U1, PZT-U2 e PZT-U3. A amostra PZT-U3 apresenta a fase PZT praticamente

pura, com picos bem definidos, indicando alta cristalinidade do PZT obtido.

A Figura III.3 apresenta a evolução de fase cristalina para a amostra PZT-U3 calcinada

durante 3 horas em várias temperaturas.

10 20 30 40 50 60 70

* (2

20)

(220

)

* (0

20)*

(110

) (1

10)

* (1

11)

* (1

20)

(120

)

* (1

21)

(211

)

* (0

10)

Inte

nsid

ade

Rel

ativ

a (u

. a.)

600 0C

700 0C

800 0C

500 0C

2θ°

* PZTφ PZo PbO

φφo

oo

PZT-U3

Figura III.3 – Evolução de fase para a amostra de PZT-U3 calcinada durante 3 horas em várias

temperaturas.

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29

A 500 °C observa-se além da cristalização da fase PZT, a cristalização das fases secundárias

de PZ e PbO (JCPDS 05-0561). A 600 °C, a fase PbO desaparece, porém a fase PZ ainda está

presente, podendo ser observada até 700 °C. A 800 °C tem-se o PZT puro e cristalino.

III.1.3 – Caracterização Morfológica do Pó

A Figura III.4 mostra as micrografias para a amostra de PZT obtido pela calcinação de PZT-

U3 a 800 °C por 3 horas. Através da análise da Figura III.4a, pode-se observar a formação de

partículas com diâmetro médio em torno de 0,2 µm e com morfologia próxima à esférica. Para

estas condições de temperatura e tempo de tratamento térmico, as partículas começam a unir-se

formando aglomerados. A Figura III.4b mostra algumas regiões de aglomerados e estes têm

tamanhos entre 1-2 µm. Através dessas micrografias pode-se observar que o pó de PZT-U3

calcinado a 800 °C por 3 horas apresenta grande variação no tamanho de partículas.

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30

(a)

(b)

Figura III.4 – Micrografia para o pó cerâmico de PZT-U3 calcinado a 800 °C por 3 horas; (a)

formação de partículas com diâmetro médio em torno de 0,2 µm e morfologia próxima à esférica;

(b) regiões de aglomerados, com tamanhos entre 1-2 µm.

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31

III.1.4 – Características Superficiais

A análise BET revela um pó com área superficial reativa de 3,8 m2.g-1. O tamanho médio de

partícula (DBET) calculado a partir da área é 0,19 µm.

A Tabela III.1 mostra as características gerais do pó de PZT calcinado a 800 °C por 2 horas.

Tabela III.1 – Características gerais do pó PZT-U3 calcinado a 800 °C por 3 horas.

PZT-U3

Morfologia da Partícula Próxima à Esférica

Tamanho de Partícula (MEV)/µm 0,20 (Aglomerados 1 – 2 µm)

Área Superficial Específica (BET)/m2 g-1 3,8

Diâmetro Esférico Equivalente/µm 0,19

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32

III.2 – Resultados referentes aos Métodos Pechini Convencional e Modificado

III.2.1 – Padronização dos Citratos de Titânio e Zircônio

As Figuras III.5 e III.6 mostram respectivamente os difratogramas de raios X dos resíduos em

pó obtidos durante a padronização do titânio e do zircônio nas soluções precursoras.

20 30 40 50 60 70 80

Inte

nsid

ade

Rel

ativ

a (u

. a.)

TiO2

2θ°

Figura III.5 – Difratograma de raios X do resíduo da padronização do citrato de titânio.

A Figura III.5 mostra que o resíduo da decomposição térmica da solução de citrato de titânio é

constituído de dióxido de titânio (JCPDS 21-1276). A concentração de titânio determinada para a

solução precursora é igual a 0,0414 g Ti/g solução.

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33

20 30 40 50 60 70

φ Tetragonal# Cúbico

#

#

#

φφ

φ

ZrO2

Inte

nsid

ade

Rel

ativ

a (u

. a.)

2θ°

Figura III.6 – Difratograma de raios X do resíduo da padronização do citrato de zircônio.

A Figura III.6 mostra que resíduo da decomposição térmica da solução de citrato de zircônio é

constituído por dióxido de zircônio cristalizado em duas fases diferentes, tetragonal (JCPDS 24-

1165) e cúbica (JCPDS 27-0997). A concentração de zircônio determinada para a solução

precursora é igual a 0,0361 g Zr/ g solução.

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34

III.2.2 – Comportamento Térmico dos Géis

A Figura III.7 mostra as análises termogravimétricas de géis precursores do PZT, obtidos

pelos Métodos Pechini Convencional e Modificado. Para a obtenção destas análises, a amostra é

aquecida da temperatura ambiente até 600 °C, numa velocidade de 10 °C min-1, utilizando

atmosfera de ar sintético e cadinho de alumina.

0 100 200 300 400 500 600 7000

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

PZT-NH4OH

Mas

sa (%

)

Temperatura (°C)

PZT-Uréia120 °C

300 °C

460 °C480 °C

400 °C

0 100 200 300 400 500 600 7000

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

PZT-NH4OH

Mas

sa (%

)

Temperatura (°C)

PZT-Uréia120 °C

300 °C

460 °C480 °C

400 °C

Figura III.7 – Curva termogravimétrica dos géis de PZT-NH4OH e PZT-Uréia em atmosfera de

ar sintético a razão de aquecimento de 10 °C min-1.

Pode-se observar que a decomposição térmica envolvendo em cada um dos géis passam por

diferentes mecanismos. De uma forma geral, até 100 °C, a perda de massa pode ser atribuída à

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35

perda de água livre. A velocidade de perda de água para a amostra PZT-NH4OH até 100 °C é

maior que a velocidade de perda para a amostra PZT-Uréia. A partir de 120 °C, pode-se

considerar que toda água livre tenha sido eliminada, e a reações químicas envolvidas no evento

térmico que ocorre na faixa de temperaturas entre 120 a 300 °C, seja resultante da eliminação da

água liberada pela reação de esterificação entre o ácido cítrico e o etileno glicol, decomposições

de uréia, acetato e citrato livres. Comparando os termogramas resultantes da decomposição

térmica dos dois géis, pode-se observar que a velocidade dos eventos térmicos que ocorrem nesta

faixa de temperaturas tem praticamente a mesma velocidade. Os eventos térmicos, que ocorrem

entre 300 até 400 °C, são resultantes da decomposição de citratos quimicamente ligados aos

cátions metálicos. Acima de 400 °C ocorre a decomposição térmicados carbonatos formados

durante a degradação do gel precursor. Para a amostra PZT-Uréia este evento termina por volta

de 480 °C e, enquanto que, para a amostra PZT-NH4OH termina por volta de 460 °C. A presença

da uréia no gel modificou o arranjo do complexo formado entre o ácido cítrico e os cátions

metálicos, alterando o comportamento térmico do gel. Esta também resultou em diferentes

velocidades nas reações de decomposição. A velocidade de decomposição da amostra PZT-

NH4OH é ligeiramente maior do que a da amostra PZT-Uréia. Esta provável mudança no arranjo

deve resultar em mudanças na cinética de cristalização do PZT, alterando a temperatura de

cristalização e/ou a morfologia do material.

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36

III.2.3 – Caracterização das Amostras por FTIR

A Figura III.8 mostra os espectros de absorção na região do infravermelho dos agentes

precursores do gel em separado e dos géis PZT-NH4OH e PZT-Uréia.

2000 1500 1000 500

Tra

nsm

itânc

ia R

elat

iva

(u. a

.)

Número de Onda (cm-1)1570

1630

1666 1450

1162

10851725

PZT-NH4OH

PZT-Uréia

Uréia

Ti-CA/EG

Zr-CA/EG

Pb(CH3COO)2

Figura III.8 – Espectro de FTIR para as amostras de acetato de chumbo, solução de citrato de

zircônio (Zr-CA/EG), solução de citrato de titânio (Ti-CA/EG), uréia, PZT-Uréia e PZT-NH4OH.

Nesta figura, Ti-CA/EG representa a solução inicial com os íons de titânio, preparada

conforme descrito em II.2.2, Zr-CA/EG representa a solução inicial com os íons de zircônio,

preparada conforme descrito em II.2.3 e Pb(CH3COO)2 é o acetato de chumbo sólido.

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37

A banda correspondente a 1725 cm-1 é observada tanto nos espectros do Ti-CA/EG e Zr-

CA/EG isolados como nos espectros dos géis precursores PZT-NH4OH e PZT-Uréia. Esta banda

é atribuída ao estiramento C=O do éster (ν (CO)éster) formado pela polimerização entre ácido

cítrico (CA) e etilenoglicol (EG) [16, 26].

A banda correspondente à região ao redor de 1630 cm-1 aparece nos espectros isolados do

Ti-CA/EG (1648 cm-1) e Zr-CA/EG (1639 cm-1), PZT-NH4OH (1630 cm-1) e PZT-Uréia

(1623 cm-1) Esta banda é atribuída ao estiramento do carboxilato em complexos metálicos

monodentados formados entre o ácido cítrico e os íons titânio e zircônio [16]. Por outro lado, a

banda correspondente a 1570 cm-1 não aparece no espectro de absorção individual dos

precursores (Ti-CA/EG, Zr-CA/EG e Pb(CH3COO)2), também não aparece no espectro do gel

PZT-Uréia, mas aparece no espectro do gel PZT-NH4OH. Esta banda é atribuída ao estiramento

assimétrico do COO- (νas (COO-)ponte) em ligações, em forma de ponte, formadas entre os cátions

titânio/zircônio e chumbo e o ácido cítrico, ligação essa envolvendo os dois grupos carboxilas

terminais e o grupo alcóxido do ácido cítrico [27]. São estas observações finais que permitem

sugerir que o gel PZT-NH4OH é formado por uma mistura de complexos monodentados e em

forma de ponte [26], enquanto que o gel PZT-Uréia é formado essencialmente por complexos

monodentados dos cátions com ácido cítrico. Neste último caso, a presença de uréia desfavorece

a formação de ligações por pontes com o ácido cítrico e isto se reflete nas características

morfologias do PZT formado por esses dois métodos, como será mostrado adiante nas

micrografias dos PZT obtidos.

A Tabela III.2 apresenta as principais bandas referentes aos espectros de FTIR de uréia, PZT-

NH4OH e PZT-Uréia.

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38

Tabela III.2 – Principais bandas referentes aos espectros de FTIR para a uréia, PZT-NH4OH e

PZT-Uréia.

CO(NH2)2 (Uréia) PZT-NH4OH PZT-Uréia

cm-1 Atribuições cm-1 Atribuições cm-1 Atribuições

3470 b ν1 H2O 1724 w ν (CO)ester 1725 sh ν (CO)ester

1667 s ν (CO) 1630 sh ν (COO-)monod 1666 s ν (CO)uréia ,

1625 s δs (NH2) 1570 s νas (COO-)ponte 1623 s δs (NH2)uréia

νs (COO-)monod

1457s νas (CN) 1408 s νs (COO-)acetato 1400 s νs (COO-)acetato

1162 m ν (NH) 1207 vw 1448 w νas (CN)uréia

1085 m EG 1269 vw

1047 m EG 1162 w ν (NH)uréia

884 w EG 1083 w EG

860 w EG 1051 w EG

640 vw 881 w EG

859 w EG

783 vw

584 vw

528 vw

w (“weak”), fraco; vw (“very weak”), muito fraco; s (“strong”), forte; vs (“very strong”), muito

forte; m (“middle”), médio; ν, estiramento; νs, estiramento simétrico; νas, estiramento

assimétrico; δ, deformação, δs, deformação simétrica; b (“broad”), largo; sh (“shoulder”), ombro.

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39

A Figura III.9 representa o esquema de ligações monodentadas e ligações em pontes formadas

entre o ácido cítrico e os cátions metálicos.

Figura III.9 – Esquema de ligações monodentadas e ligações em pontes formadas entre o ácido

cítrico e o cátion metálico.

A Figura III.10 mostra os espectros de absorção na região do infravermelho dos xerogéis PZT-

NH4OH e PZT-Uréia calcinados nas temperaturas de 400 °C por 2 hora e 800 °C por 2 horas.

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40

2500 2000 1500 1000 500

1633

1633

760

737

M-O Carbonatos

14661595

14581560

Tra

nsm

itânc

ia R

elat

iva

(u. a

)

PZT-Uréia 800 °C

PZT-NH4OH 800 °C

PZT-Uréia 400 °C

PZT-NH4OH 400 °C

Número de Onda (cm-1)

615

603

529

577

Figura III.10 – Espectro de FTIR para as amostras de PZT-NH4OH calcinada a 400 °C; PZT-

Uréia calcinada a 400 °C; PZT-NH4OH calcinada a 800 °C e PZT-Uréia calcinada a 800 °C.

Para os géis calcinados por 2 horas na temperatura de 400 °C são observados picos bastante

intensos nas regiões de 1560 e 1458 cm-1 no espectro do PZT-NH4OH, e 1595 e 1466 cm-1 no

espectro do PZT-Uréia, que são atribuídas a íons carbonato [28,29]. As bandas largas e

relativamente intensas que aparecem em 760 e 529 cm-1 no espectro do PZT-NH4OH e aquelas

que aparecem em 737 e 577 cm-1 no espectro do PZT-Uréia poderiam ser atribuídas à ligações

M-O (M = metal).

Os espectros de absorção na região do infravermelho para os géis calcinados na temperatura

de 800 °C por 2 horas, mostram que as bandas referentes ao carbonatos praticamente

desaparecem e que as bandas que poderiam ser atribuídas à ligações M-O (603 cm-1 PZT-NH4OH

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41

e 615 cm-1 para o PZT-Uréia) deslocam-se para regiões de números de onda mais baixos

aumentando de intensidade.

III.2.4 – Caracterização de Fase Cristalina

A Figura III.11 mostra a evolução de fase em função da temperatura de calcinação para as

amostras de PZT-NH4OH.

10 20 30 40 50 60 70

500 °C

600 °C

700 °C

800 °C

400 °Cφ

° °

*

* **

**

*

* PZTφ PZ° PbO

PZT-NH4OH

Inte

nsid

ade

Rel

ativ

a (u

. a.)

2θ°

Figura III.11 – Difratograma de raios X para as amostras de PZT-NH4OH calcinadas em

diferentes temperaturas por 2 horas.

Esta figura mostra a presença de picos referentes à fase PZT (JCPDS 73-2022) já a 400 °C.

Porém, nesta temperatura também observa-se a presença de fases secundárias tais como PZ

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42

(JCPDS 20-0608 e 35-0739) e PbO (JCPDS 05-0561). A 600 °C, o difratograma apresenta picos

bem resolvidos referentes ao PZT e não apresenta fases secundárias, indicando que, a partir desta

temperatura, tem-se a fase PZT praticamente pura. Acima de 600 °C (700 e 800 °C), os

difratogramas mostram o mesmo perfil do apresentado para esta temperatura, indicando que a

obtenção de PZT puro ocorre na faixa de temperatura entre 500-600 °C.

A Figura III.12 mostra a evolução de fases para amostras de PZT-Uréia calcinadas em

diferentes temperaturas.

10 20 30 40 50 60 70

400 °C

500 °C

600 °C

700 °C

800 °C

* PZTφ PZ° PbO

PZT-Uréia

°°

*

*

*

*

***

φ

Inte

nsid

ade

Rel

ativ

a (u

. a.)

2θ°

Figura III.12 – Difratograma de raios X para as amostras de PZT-Uréia calcinadas em diferentes

temperaturas por 2 horas.

Pode-se observar que a evolução do processo de cristalização das amostras PZT-Uréia é

semelhante ao apresentado para as amostras PZT-NH4OH. As fases secundárias de PZ e PbO são

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43

formadas durante a etapa de calcinação na temperatura de 400 °C. A 600 °C observa-se o

desaparecimento destas fases, obtendo PZT praticamente puro.

Estes resultados mostram que PZT pode ser preparado em temperaturas relativamente baixas

(500-600 °C) tanto pelo Método Pechini Convencional como pelo Método Pechini Modificado.

Isto implica em uma significativa redução de temperatura quando comparado ao Método Citrato,

onde a cristalização de PZT pura é obtida a 800 °C. No entanto, todos os métodos estudados:

Método Citrato, Métodos Pechini Convencional ou Modificado, cristalizam PZT puro em

temperaturas mais baixas ou em tempos mais curtos do que as necessárias para a cristalização de

PZT por métodos como Mistura de Óxidos, no qual a cristalização da fase PZT ocorre em

temperaturas próximas de 1000-1300 °C [30,31] e Métodos de Coprecipitação (homogênea ou

não), através dos quais se tem obtido PZT em temperaturas relativamente baixas, porém em

tempos maiores de calcinação, aproximadamente 700 °C por 6 horas [8].

III.2.5 – Caracterização Morfológica do Pó

A Figura III.13 apresenta as micrografias para as amostras de PZT-NH4OH e PZT-Uréia

calcinadas a 600 ou 800 °C por 2 horas.

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(a) (b)

(c) (d)

Figura III.13 – Micrografia das amostras de PZT: (a) PZT-NH4OH 600 °C, 2 horas; (b) PZT-

NH4OH 800 ° C, 2 horas (c) PZT-Uréia 600 °C, 2 horas; (d) PZT-Uréia 800 °C, 2 horas.

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A Figura III.13a mostra que o tamanho médio das partículas em amostras de PZT-NH4OH

calcinada a 600 °C por 2 horas é igual a 0,25 µm e apresentam morfologia próxima à esférica. A

Figura III.13b mostra que, aumentando a temperatura de calcinação do PZT-NH4OH para 800 °C

por 2 horas, começa a ocorrer o crescimento de grãos e estes chegam a apresentar um diâmetro

médio de 0,5 µm. Na Figura III.13b é possível notar a coalescência de grãos através da formação

de pescoços, evidenciando estágios iniciais do processo de sinterização.

A Figura III.13c mostra que o tamanho das partículas na amostra de PZT-Uréia calcinada a

600 °C por 2 horas são praticamente iguais, possuem uma distribuição uniforme, um bom fator

de empacotamento e sem formação de aglomerados. As partículas têm tamanho médio próximo

de 0,1 µm e morfologia esférica.

A Figura III.13d apresenta a micrografia da amostra PZT-Uréia calcinada a 800 °C por 2

horas. Nesta micrografia, nota-se o crescimento de grãos, apresentando diâmetro médio de

0,2 µm. De forma semelhante à micrografia do pó obtido pelo Método Pechini Convencional,

pode ser observado que, nestas condições de temperatura e tempo, o material apresenta estágios

iniciais do processo de sinterização.

O pó obtido pela calcinação do PZT-Uréia a 600 °C por 2 horas (Figura III.13c) apresenta

partículas praticamente uniformes quando comparado ao pó obtido pela calcinação do PZT-

NH4OH a 600 °C por 2 horas (Figura III.13a), que apresenta uma grande dispersão no tamanho

de partículas. A maior uniformidade na distribuição do tamanho de partículas apresentado pelo

PZT obtido pelo Método Pechini Modificado é atribuída não somente à introdução uniforme de

amônia durante a elevação do pH da solução precursora, garantida pela decomposição

homogênea, mas também à natureza das espécies complexas presentes no gel precursor. Os

complexos formados entre o ácido cítrico e os cátions metálicos, quando a uréia está presente, é

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do tipo monodentado, enquanto que, na ausência de uréia, observa-se também a formação de

complexos por pontes.

III.2.6 – Características Superficiais

A análise de BET para a amostra de PZT- NH4OH calcinado a 600 °C por 2 horas revelou um

pó com área superficial reativa de 2,8 m2 g-1. O tamanho médio de partícula (DBET) calculado a

partir desta área é igual 0,25 µm.

A amostra PZT-Uréia apresenta maior área superficial (7,4 m2 g-1). O tamanho médio de

partícula (DBET) calculado a partir da área é 0,1 µm.

A Tabela III.3 apresenta as características gerais dos pós de PZT obtidos pelo Método Pechini

Convencional e Método Pechini Modificado.

Tabela III.3 – Características gerais dos pós de PZT-NH4OH e PZT-Uréia calcinados a 600 °C

por 2 horas.

PZT-NH4OH 600°C / 2h PZT-Uréia- 600°C / 2h

Morfologia da Partícula Próxima a Esférica Esférica

Tamanho de Partícula (MEV)/µm 0,25 0,10

Área Superficial Específica (BET)/m2 g-1 2,8 7,4

Diâmetro Esférico Equivalente/µm 0,26 0,10

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CAPÍTULO IV – CONCLUSÕES

Com base nos resultados apresentados sobre os efeitos da uréia na síntese de PZT pelos

diferentes Métodos Sol-Gel, conclui-se que:

• O aumento da concentração de uréia no gel precursor do PZT preparado pelo Método

Citrato promove o desaparecimento gradativo da fase indesejável PZ nas amostras

calcinadas a 800 °C por 3 horas.

• PZT praticamente livre de fases secundárias é obtido em temperaturas e tempos de

calcinação iguais a:

(a) 800 °C por 3 horas pelo Método Citrato;

(b) 600 °C por 2 horas pelo Método Pechini Convencional e Pechini Modificado.

• O gel precursor do PZT no Método Pechini Convencional é formado por uma mistura de

complexos monodentados e em forma de ponte, formadas entre os cátions metálicos

presentes neste gel com o ácido cítrico, enquanto que o gel do Método Pechini

Modificado, é formado essencialmente por complexos monodentados dos cátions com

ácido cítrico, uma vez que a presença de uréia desfavorece a formação de ligações por

pontes com o ácido cítrico, isto se refletindo nas características morfológicas do PZT

formado.

• As características morfológicas dos PZTs obtidos pelos diferentes métodos, apresentadas

na Tabela IV.1, mostram que, dentre os métodos estudados, o Método Pechini Modificado

é o que permite obter partículas submicrométricas com distribuição mais homogênea de

tamanho.

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Tabela IV.1 – Características morfológicas dos pós de PZT obtidos pelos diferente métodos.

Propriedade Método Citrato Método Pechini

Convencional

Método Pechini

Modificado

Morfologia da Partícula Próxima a Esférica Próxima a Esférica Esférica

Tamanho de Partícula (µm) 0,19 0,26 0,10

Área Superficial Específica (m2 g-1) 3,8 2,8 7,4

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CAPÍTULO V – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. B. Jaffe, W. R. Cook and H. Jaffe, Piezoeletrics Ceramics, Academic Press, New York,

1971 in J. H. Choy and Y. S. Han, J. Mater. Chem., 7 (9) 1815 (1977).

2. K. Okasazaki, Ferroelectrics, 41 77 (1982).

3. F. Jona, G. Shirane, Ferroelectric crystal. New York: Pergamon Press, 1962. cap.4-5.

4. G. Shirane, K. Suzuki, Takeda, J. Phys. Soc. Jpn., 7 (1), 12 (1952).

5. E. Sawaguchi, J. Phys. Soc. Jpn., 8 (5) 615 (1953).

6. D. L. Hankey and J. V. Biggers, J. Am. Ceram. Soc., 64 172 (1981).

7. R. R. Krishnan and P. Ramakrishnan, Br. Ceram. Trans. J., 87 99 (1988).

8. E. C. Paris, E. R. Leite, E. Longo, J. A. Varela, Mater. Lett., 37 1 (1998).

9. C. D. Chendler, C. Roger and M. J. Hampden-Smith, Chem. Rev., 96 L25 (1993).

10. T. Fukui, C. Sakurai, M. Okuyama, J. Mater. Res., 7 791 (1992).

11. J. H. Choy, Y. S. Han, J. T. Kim, J. Mater. Chem., 5 (1) 65 (1995).

12. K. R. M. Rao, A. V. Prasada Rao, S. Komarneni, Mater. Lett., , 28 463 (1996).

13. J. H. Choy, Y. S. Han, J. T. Kim, J. Mater. Chem., 7 (9) 1807 (1997).

14. M. P. Pechini, US Pat., 3 330 697, July 11, 1967.

15. V. R. Palkar and M. S. Multani, Mater. Res. Bull., 19 1479 (1984).

16. M. A. Zaguete, C. O. P. Santos, J. A. Varela, E. Longo,Y. P. Mascarenhas, J. Am. Ceram.

Soc., 75 (8) 2088 (1992).

17. T. R. N. Kutty and R. Balachandran, Mater. Res. Bull., 19 1479 (1984).

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18. J. H. Choy, Y. S. Han, S. W. Song and S. W. Chang, J. Mater. Chem., 4 1271 (1994).

19. J. H. Choy, Y. S. Han, Y. H. Kim, Mater. Lett., 16 226 (1993).

20. J. H. Choy, Y. S. Han, Y. H. Kim, S. W. Song, Mater. Lett., 19 257 (1994).

21. H. H. Willard, N. K. Tang, J. Am. Chem. Soc., 59 1190 (1937).

22. K. C. Song, J. H. Kim, J. Colloid Interface Sci., 212 193 (1999).

23. A. C. Tas, J. Am. Ceram. Soc., 82 (6) 1582 (1999).

24. E. E. Oren, E. Taspinar, A. C. Tas, J. Am. Ceram. Soc., 80 (10) 2714 (1997).

25. Miss M. M. Perik, P. J. D. Oranje, Analytic Chim. Acta, 73 402 (1974).

26. M. Kakihana, M. Arima, Chem. Mater., 11 438 (1999).

27. J. D. Tsay, T. T. Fang, J. Mater. Science, 33 3721 (1998).

28. E. R. Leite, C. M. G. Souza, E. Longo, J. A. Varela, Ceram. Int., 21 143 (1995).

29. S. Kumar, G. L. Messing, W. B. White, J. Am. Ceram. Soc., 96 617 (1993).

30. Y. Matsuo, H. Sasaki, J. Am. Ceram. Soc., 48 (6) 289 (1965).

31. T. R. Shrout, P. Papet, S. Kim, G. S. Lee, J. Am. Ceram. Soc., 73 (7) 1862 (1990).

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CAPÍTULO VI – PRODUÇÃO BIBLIOGRÁFICA

Participação em Eventos e Congressos

1. Abreu, A. J., Thim, G. P., Oliveira, M. S. A., Melo, F. C. L., “Morphologic Evolution of

PZT Obtained by a Sol-Gel Process”, apresentado no “First International Symposium on

Non-Crystalline Solids and Fifth Brazilian Symposium on Glasses and Related Materials”

– 19 a 22 de agosto de 2001 – Foz do Iguaçu – Brasil.

2. Abreu, A. J., Thim, G. P., Oliveira, M. S. A., Melo, F. C. L., “Crystallization of PZT by

Modified Pechini Method” apresentado no “I Encontro da Sociedade Brasileira de

Pesquisa em Materiais – SBPMat” – 7 a 10 de julho de 2002, Rio de Janeiro, Brasil.

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CAPÍTULO VII – PROPOSTA PARA TRABALHOS FUTUROS

Considerando a eficiência da uréia na síntese de cerâmicas PZT, sugere-se fazer um estudo

sistemático sobre o mecanismo de formação do complexo em presença uréia no gel, bem como a

caracterização elétrica do PZT obtido nestas condições.

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FOLHA DE REGISTRO DO DOCUMENTO

1. CLASSIFICAÇÃO/TIPO

TM

2. DATA

18 Outubro 2002

3. DOCUMENTO N°

CTA/ITA-IEF/TM-015/2002

4. N° DE PÁGINAS

5. TÍTULO E SUBTÍTULO:Efeito da Uréia na Síntese de Cerâmica PZT pelo Processo Sol-Gel6. AUTOR(ES):

Antonio Abreu Júnior

7. INSTITUIÇÃO(ÕES)/ÓRGÃO(S) INTERNO(S)/DIVISÃO(ÕES):Instituto Tecnológico de Aeronáutica. Divisão de Ensino Fundamental – ITA/IEF8. PALAVRAS-CHAVE SUGERIDAS PELO AUTOR:

PZT, Sol-Gel, Uréia, Decomposição Homogênea9.PALAVRAS-CHAVE RESULTANTES DE INDEXAÇÃO:

Síntese (química); Cerâmica PZT; Chumbo; Zircônio; Titânio; Uréia; Processos sol-gel; Precursores cerâmicos;Homegeneidade; Engenharia química; Engenharia de materiais.10. APRESENTAÇÃO: X Nacional Internacional

ITA, São José dos Campos, 2002.11. RESUMO:O presente trabalho visa estudar o efeito da uréia na síntese de cerâmica PZT através de métodos sol-gel utilizandodois métodos diferentes: o Método Citrato e o Método Pechini. No primeiro método, denominado Método Citrato,foi estudado o efeito da adição do excesso de uréia durante a formação do gel precursor, que teve como reagentes departida o TiCl4, Pb(NO3)2 e ZrOCl2.8H2O, ácido cítrico como agente quelante. Assim, diferentes concentrações deuréia foram adicionadas às soluções aquosas contendo os reagentes precursores, sendo o gel obtido caracterizado porAnálise Termogravimétrica (TG). Os xerogéis foram calcinados em diferentes condições de tempo e temperaturassendo caracterizados por Difratometria de Raio-X (DRX). A amostra com maior concentração de uréia foicaracterizada quanto a área superficial, pelo método de Brunauer-Emmett-Teller (BET), morfologia de partículas, porMicroscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e composição estequiométrica, por Espectrocopia de Energia Dispersiva(EDS). Em geral, o aumento da concentração de uréia no gel diminuiu a formação de fases secundárias, levando acristalização de PZT puro a 800 °C com tamanho de partícula igual a 0,2 µm. No segundo método, denominadoMétodo Pechini, os reagentes de partida para a síntese foram o isoprpóxido de titânio, complexo isopropóxido-isopropanol de zircônio e acetato de chumbo, ácido cítrico como agente quelante e etilenoglicol como agente deesterificação. O PZT foi então preparado por dois procedimentos diferentes para fins comparativos. O primeiroprocedimento teve o pH da solução elevado através da adição de solução aquosa de hidróxido de amônio sendodenominado Método Pechini Convencional e o segundo procedimento teve o pH da solução precursora elevadoatravés da decomposição homôgenea de uréia na solução, denominado Método Pechini Modificado. Os géis foramcaracterizados por TG e Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR). As amostras dos xerogéis foramcalcinadas em diferentes temperaturas e caracterizados por DRX, MEV, BET e EDS. Os pós preparados peloMétodo Pechini Convencional apresentaram tamanho médio de partículas igual a 0,25 µm com algumas regiões deaglomerados. No Método Pechini Modificado ocorreu a redução no tamanho de partículas para 0,1 µm, garantindouma grande homogeneidade para o pó calcinado em baixas temperaturas (600 °C). Estes resultados evidenciam ainfluência da uréia sobre o tamanho e a morfologia da partícula. O Método Pechini Modificado apresentou osmelhores resultados para a síntese do PZT com partículas submicrométricas e homogêneas. 12. GRAU DE SIGILO:

(X ) OSTENSIVO ( ) RESERVADO ( ) CONFIDENCIAL ( ) SECRETO