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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO FABIANA DA SILVA PAULA Efeitos do extrato da polpa do fruto de Tamarindus indica L. sobre funções efetoras de neutrófilos humanos ativados Ribeirão Preto 2007

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO

FABIANA DA SILVA PAULA

Efeitos do extrato da polpa do fruto de Tamarindus indica L.

sobre funções efetoras de neutrófilos humanos ativados

Ribeirão Preto 2007

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FABIANA DA SILVA PAULA

Efeitos do extrato da polpa do fruto de Tamarindus indica L. sobre funções

efetoras de neutrófilos humanos ativados

Dissertação apresentada ao programa de pós-graduação em Imunologia Básica e Aplicada da Faculdade de Medicina de Ribeirão preto, Universidade de São Paulo, para a obtenção do título de Mestre em Imunologia.

Área de concentração: Imunologia Básica e Aplicada Orientadora: Profa. Dra. Yara Maria Lucisano Valim

Ribeirão Preto 2007

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

FICHA CATALOGRÁFICA

Paula, Fabiana Silva Efeitos do extrato da polpa do fruto de Tamarindus indica L. sobre funções efetoras de neutrófilos humanos ativados – Ribeirão Preto, 2007. 128 f.: il.; 30cm

Dissertação de mestrado apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto / USP – Área: Imunologia Básica e Aplicada. Orientadora: Lucisano-Valim, Yara Maria

1. Neutrófilos. 2. Tamarindus indica L. 3. Espécies reativas de oxigênio. 4. elastase

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FOLHA DE APROVAÇÃO

Autora: Fabiana da Silva Paula Título: Efeitos do extrato da polpa do fruto de Tamarindus indica L. sobre funções efetoras de neutrófilos humanos ativados Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto

Área de concentração: Imunologia

Banca Examinadora Prof(a). Dr(a)______________________________________________________________

Instituição:____________________________Assinatura:___________________________

Prof(a). Dr(a)______________________________________________________________

Instituição:____________________________Assinatura:___________________________

Prof(a). Dr(a)______________________________________________________________

Instituição:____________________________Assinatura:___________________________

Aprovado pela Comissão Julgadora em: ____/____/____.

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Dedico

Diante das dificuldades financeiras nacionais, do desequilíbrio de classes e do acesso restrito à educação superior, não podemos esquecer que trabalhos como este são realizados com o dinheiro

público. Este trabalho é dedicado à população deste país.

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Agradecimentos

Certo dia uma pessoa me disse: “Algumas pessoas passam por nossas vidas, outras ficam...”

Aos meus pais Ildefonso e Algenira pela formação social e moral, além do imenso amor e do carinho oferecidos. Tão cedo tiveram que abrir mão de minha presença, em função de minha formação. Mesmo de longe, sempre estiveram muito presentes! À Profa. Dra. Yara Maria Lucisano Valim, pelos ensinamentos e pela imensa paz transmitida. Obrigada por me fazer acreditar que é possível fazer ciência em um ambiente de paz, tranqüilidade e respeito mútuo. Aos voluntários, doadores de sangue, sem os quais este trabalho não seria realizado. À querida Ana Elisa Caleiro Seixas Azzolini, que é um grande exemplo de competência, dedicação, e paixão pelo que faz. À querida Prof. Dra. Cleni Mara Marzocchi Machado, pelos grandes ensinamentos, pela atenção oferecida e pelos vários momentos de descontração. Ao meu grupo de pesquisa Adriana, Alexandre, Andréa, Carolina, Daiani, Everton, Gustavo, Joel, Livia e Luciana, pela convivência agradável e pelas discussões produtivas, transmitindo e gerando conhecimento. À secretária do laboratório de bioquímica, Maria Regina de Pila Raphaloski, pela extrema competência e dedicação ao seu trabalho, além do companheirismo sincero. Aos pós-graduandos e estagiários do Laboratório de Bioquímica, pela convivência agradável e pelos momentos de descontração. Aos funcionários do laboratório de bioquímica Alcides Silva Pereira, Ana Cristina Morseli Pollizelo, Ieda Maria Razaboni Prado e Nadir Mazzucato. Pessoas fundamentais para o Laboratório de Bioquímica.

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Aos professores do laboratório de bioquímica Prfa. Dra. Ana Isabel de Assis Pandochi, Prof. Dr. Augusto César Cropanese Sapadoro, Profa. Dra. Carem Gledes Vargas Recchia e Prof. Dr. Carlos Curti, pelo grande exemplo de professores e pesquisadores. Aos professores Dr. Carlos Alberto Oliveira e Dr. Marcelo Dias Baruffi, pelas contribuições oferecidas durante a discussão deste trabalho. Ao Prof. Dr. Sérgio Akira Uyemura e ao grupo que estuda o tamarindo, pelo fornecimento de material de trabalho, e pelas discussões produtivas. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pelo auxílio financiamento concedido para a realização deste trabalho. À Universidade de São Paulo, pelo oferecimento de um ensino “público”, gratuito e de qualidade. À Pós-graduação em Imunologia Básica e Aplicada da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto pela qualidade do ensino oferecido. Aos meus irmãos Frederico e Fernando pelo companheirismo e pelos cuidados. À minha linda sobrinha e afilhada Clara, que trouxe à nossa família ainda mais alegria, com sua doçura interminável. Ao meu amado e amigo Jomar, pelo companheirismo, pelo incentivo e pela compreensão em meus momentos de ausência. Além de tudo, tenho grande admiração por você e o tenho como um exemplo de cientista e entusiasta. Aos meus amigos de Ribeirão Preto Adriana, Andréa, Clarissa, João, Marcela, Marcos, Marília, Patrícia, Reinaldo, Rose e Tânia. Vocês me ensinaram que a vida é bem mais simples e divertida que eu imaginava. Às minhas amigas de Campina Verde, Christiane, Eliane, Francini, Karin, Kênia, Liliane e Paula, e de Uberlândia, Luciana e Renata que me fazem ter a certeza de que, independente de onde eu estiver, sempre terei um porto seguro. A todos que, mesmo não citados aqui, contribuíram de alguma forma para a realização deste trabalho.

Obrigada!

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Sumário

Lista de siglas e abreviaturas................................................................................................11

Resumo.................................................................................................................................15

Abstract.................................................................................................................................18

1. Introdução.........................................................................................................................21

1.1. O neutrófilo.....................................................................................................................22

1.1.1. Aspectos gerais............................................................................................................22

1.1.2. Ativação do neutrófilo e seu papel na resposta imune................................................23

1.1.3. Fagocitose...................................................................................................................28

1.1.4. Produção de espécies reativas de oxigênio (EROs)....................................................33

1.1.4.1. Quimioluminescência...............................................................................................36

1.1.5. Os grânulos e o processo de desgranulação................................................................38

1.1.5.1. Enzima elastase neutrofílica.....................................................................................39

1.1.6. Participação dos neutrófilos em doenças....................................................................41

1.2. Produtos naturais............................................................................................................42

1.3. Tamarindus indica L. ....................................................................................................44

2. Objetivos..........................................................................................................................48

3. Material e Métodos.........................................................................................................50

3.1. Soluções e reagentes empregados..................................................................................51

3.2. Preparo do extrato bruto hidroalcoólico da polpa do fruto de T. indica........................52

3.3. Preparo das frações do extrato.......................................................................................52

3.4. Padronização do extrato bruto e das frações..................................................................53

3.5. Material biológico..........................................................................................................55

3.6. Isolamento de neutrófilos (PMNs).................................................................................55

3.7. Obtenção do soro humano normal.................................................................................56

3.8. Preparo dos estímulos utilizados para ativar os neutrófilos..........................................57

3.8.1. Zimosan opsonizado (ZIops)......................................................................................57

3.8.2. Phorbol-12-myristate-13-acetate (PMA) e

Formyl-methionyl-leucyl-phenylalanin (fMLP)…………..………………………………57

3.9. Padronização das condições dos ensaios de quimioluminescência (QL)......................57

3.9.1. Padronização da concentração de fMLP....................................................................58

3.9.2. Padronização da concentração de PMA.....................................................................59

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3.10. Avaliação dos efeitos do extrato bruto e das frações de T. indica sobre

o metabolismo oxidativo de neutrófilos estimulados............................................................59

3.10.1. Amostras de extrato bruto e frações de T. indica......................................................60

3.10.2. Ensaio de quimioluminescência................................................................................60

3.11. Ensaios de desgranulação.............................................................................................63

3.11.1. Avaliação do efeito do extrato bruto de T. indica sobre a desgranulação

de neutrófilos ativados...........................................................................................................64

3.11.2. Efeito do extrato bruto de T. indica sobre a atividade da enzima elastase................65

3.11.3. Análise dos dados......................................................................................................66

3.12. Avaliação da citotoxicidade das amostras sobre os neutrófilos...................................67

3.13. Análise estatística.........................................................................................................68

4. Resultados........................................................................................................................69

4.1. Padronização da concentração de fMLP........................................................................70

4.2. Padronização da concentração de PMA.........................................................................71

4.3. Avaliação dos perfis de quimioluminescência obtidos por neutrófilos

ativados pelos diferentes estímulos.......................................................................................73

4.4. Efeitos do extrato bruto de T. indica sobre o metabolismo oxidativo

de neutrófilos ativados..........................................................................................................74

4.4.1. ZIops...........................................................................................................................75

4.4.2. PMA............................................................................................................................79

4.4.3. fMLP...........................................................................................................................81

4.5. Efeitos das frações do extrato T. indica sobre o metabolismo oxidativo

de neutrófilos ativados..........................................................................................................82

4.5.1. ZIops...........................................................................................................................82

4.5.2. PMA............................................................................................................................84

4.5.3. fMLP...........................................................................................................................85

4.6. Efeito do extrato bruto de T. indica sobre a desgranulação de neutrófilos

estimulados por fMLP ..........................................................................................................88

4.7. Efeito do extrato bruto de T. indica sobre a atividade catalítica da enzima

elastase..................................................................................................................................89

4.8. Avaliação da toxicidade do extrato bruto e das frações de T. indica

sobre os neutrófilos...............................................................................................................90

5. Discussão..........................................................................................................................93

5.1. Obtenção do extrato do fruto de T. indica L. e frações..................................................94

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5.2. Avaliação dos perfis de quimioluminescência produzidos por neutrófilos

na presença dos diferentes estímulos....................................................................................94

5.3. Efeito do extrato bruto hidroalcoólico da polpa do fruto de T. indica e de

suas frações sobre o metabolismo oxidativo de neutrófilos ativados.................................100

5.4. Efeito do extrato bruto de T. indica sobre a desgranulação..........................................104

5.5. O fruto de T. indica como fonte natural com atividade

antioxidante..........................................................................................................................106

6. Conclusões......................................................................................................................108

7. Referências bibliográficas.............................................................................................111

8. Anexos.............................................................................................................................123

8.1. Anexo A - Metodologias Utilizadas para a caracterização do extrato..........................124

8.2. Anexo B - Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa ....................................................126

8.2. ANEXO B – Termo de consentimento livre e esclarecido............................................127

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Lista de siglas e abreviaturas

AA ácido araquidônico

Abs absorvância

�Abs variação na absorvância

AC área integrada do controle

AS área integrada da substância estudada

A1 Absorvância inicial

A2 Absorvância final

ANOVA análise da variância

Aq fração aquosa do extrato de Tamarindus indica L.

BPI proteínas que aumentam a permeabilidade bacteriana

But fração butanólica do extrato de Tamarindus indica L.

C3b, C3bi, C5a fragmentos de ativação do sistema complemento

CB citocalasina B

CD grupo de diferenciação

CFD diluente para fixação do complamento

CGD doença granulomatosa crônica

CI50 concentração da amostra que inibe 50% da atividade estudada

(quimioluminescência)

cpm fótons contados por minuto

CR1, CR3 receptores de complemento tipo 1 e 3

DAG diacilglicerol

DCM fração diclorometano do extrato de Tamarindus indica L.

DMSO dimetilsulfóxido

DP desvio padrão

EB extrato bruto hidroalcoólico da polpa do fruto de Tamarindus indica L.

EN elastase neutrofílica

EPM erro padrão da média

EROs espécies reativas de oxigênio

Fc fragmento cristalizável da molécula de imunoglobulina

FcγR receptor para a porção Fc de IgG

fMLP N-formil-metionil-leucil-fenilalanina

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FPR receptor de formilpeptídeo

GDP difosfato de guanosina

GM-CSF fator de estimulação de colônia de granulócitos/ macrófagos

Gp91phox glicoproteína de 91 kDa componente do complexo NADPH oxidase

GPI âncora de glicosil fosfatidil inositol

G-6-PD glicose-6-fosfato desidrogenase

GSH glutationa reduzida

GSH-PO glutationa peroxidase

GSH-RED glutationa redutase

GSSG glutationa oxidada

GTP trifosfato de guanosina

H fração hexano do extrato de Tamarindus indica L.

%I porcentagem de inibição da quimioluminescência

ICAM-1 molécula de adesão intracelular - 1

IFN-γ interferon gamma

Ig imunoglobulina

IgG imunoglobulina G

IL interleucina

IP3 inositol-1,4,5-trifosfato

ITAM motivo de ativação de imuno-receptor baseado em tirosina

LDH lactato desidrogenase

LPS lipopolissacarídeo

MPO mieloperoxidase

NADP+ nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato oxidada

NADPH nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato reduzida

P47phox, p67phox, comopnentes do complexo da NADPH oxidase p22phox (p= proteína; phox= “phagocyte oxidase”)

PA ácido fosfatídico

PAF fator de agregação plaquetária

PECAM-1 molécula de adesão endotélio-plaquetário tipo 1

pH potencial hidrogeniônico

PIP2 fosfatidilinositol 4,5-bifosfato

PKC proteína quinase C

PLA2 Fosfolipase A2

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PLC fosfolipase C

PLD fosfolipase D

PMA Forbol-12-miristato-13-acetato

pNA P-nitroanilina

PMN leucócito polimorfonuclear (neutrófilo)

PMP via da pentose monofosfato

p/v peso/volume

T. indica Tamarindus indica L.

QL quimioluminescência

QLlum quimioluminescência dependente de luminol

QLluc quimioluminescência dependente de lucigenina

%R porcentagem de resposta da QL em relação ao controle

RNA ácido ribonucléico

SAAVNA N-succinil-Ala-Ala-Val-p-nitroanilida

SLPI inibidor de protease secretória de leucócitos

SOD superóxido dismutase

TGF-β fator � de transformação e crescimento

TNF-� fator de necrose tumoral tipo �

v/v volume/volume

ZI zimosan A

ZIops zimosan opsonizado

Espécies reativas e íons inorgânicos

Cl- íon cloreto

Fe2+ íon ferroso

Fe3+ íon férrico

H+ íon hidrogênio

H2O água

H2O2 peróxido de hidrogênio

HO. Radical hidroxil

HOCl ácido hipocloroso

NO óxido nítrico

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O2 oxigênio molecular

O2.- ânion superóxido

1O2 oxigênio singlete

OCl- íon hipoclorito

OH- íon hidróxido

ONOO- peroxinitrito

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Resumo

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PAULA, F.S. Efeitos do extrato da polpa do fruto de Tamarindus indica L. sobre funções

efetoras de neutrófilos humanos ativados. 2007. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de

Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão preto, 2007.

Os neutrófilos são componentes do sistema imune inato responsáveis pela primeira linha de

defesa contra patógenos invasores. Ao entrarem em contato com os microrganismos, estes são

fagocitados e degradados por mecanismos dependentes e independentes de oxigênio, os quais

correspondem aos processos denominados “burst” respiratório e desgranulação,

respectivamente. Durante “burst” respiratório ocorre a produção de Espécies Reativa de

Oxigênio (EROS) e na desgranulação são liberadas moléculas antimicrobianas, dentre as

quais estão proteases como a elastase. Embora os mecanismos efetores realizados pelos

neutrófilos tenham importância fundamental para a defesa do hospedeiro, em situações de

intensa ativação celular, grandes quantidades de moléculas citotóxicas podem ser produzidas

e liberadas no espaço extracelular, causando danos ao tecido. O acúmulo de EROs e enzimas

proteolíticas no tecido hospedeiro está relacionado com a etiologia de várias doenças

inflamatórias não infecciosas. Este fato tem levado a uma busca pelo entendimento dos

mecanismos de ativação do neutrófilo, bem como substâncias que modulem as funções

citotóxicas desta célula. Resultados promissores já foram obtidos em pesquisas com produtos

naturais, principalmente provenientes de plantas. Trabalhos recentes demonstraram que o

extrato da polpa do fruto de Tamarindus indica L. possui atividade antioxidante em sistemas

não celulares e diante disso, neste estudo foram analisados os efeitos do extrato bruto da polpa

do fruto de T. indica, bem como de suas frações, sobre a produção de EROs bem como sobre

a desgranulação e a atividade da enzima elastase. Para analisar os efeitos do T. indica sobre a

produção de EROs, foram realizados ensaios de quimioluminescência dependentes de luminol

(QLlum) e lucigenina (QLluc), utilizando como estímulos o zimosan opsonizado (ZIops), o

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N-formil-metionil-leucil-fenilalanina (fMLP) e o Forbol-12-miristato-13-acetato (PMA). O

extrato bruto inibiu de forma dose dependente a produção de EROs por neutrófilos ativados

pelos três estímulos, sendo este efeito mais pronunciado ao utilizar o PMA como estímulo. As

frações hexano e diclorometano também inibiram, de forma dose dependente, a produção de

EROs induzida pelos três estímulos, sendo a hexano mais eficaz. Entretanto, as frações

aquosa e butanólica causaram fraca inibição, sem relação com a dose. O efeito do extrato

bruto de T. indica sobre um mecanismo efetor independente de oxigênio foi verificado

avaliando sua atividade sobre a liberação e a atividade da enzima elastase neutrofílica. Foi

constatado que o extrato inibiu significativamente, de forma dose dependente, tanto a

liberação quanto a atividade catalítica da enzima elastase. Utilizando os ensaios de exclusão

ao corante azul de Tripan e de determinação da atividade da enzima lactato desidrogenase,

verificou-se que o extrato bruto, bem como as frações aquosa, butanólica e dicloromentano

não possuem efeito citotóxico sobre os neutrófilos. Em concentrações elevadas, a fração

hexano foi citotóxica, entretanto, nas concentrações que causaram os CI50, este efeito não foi

verificado. Este trabalho mostra que o extrato da polpa do fruto de T. indica é capaz de

modular mecanismos efetores dos neutrófilos dependentes e independentes de oxigênio. Estes

resultados dão suporte para que sejam realizados estudos de purificação de principio ativo e

ensaios in vivo e clínicos para produção de fármacos a partir do fruto de T. indica.

Palavras-chave: neutrófilos, Tamarindus indica L., espécies reativas de oxigênio, elastase

neutrofílica.

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Abstract

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PAULA, F.S. The effect of Tamarindus indica L. pulp fruit extract on the effector

functions of activated human neutrophils. 2007. Master’s degree – Faculdade de Medicina

de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão preto, 2007.

The neutrophils are key components of the inflammatory responses. On encountering

pathogens, neutrophils engulf these microbes into a phagossome and kill them by oxygen-

dependent and oxygen-independent mechanisms. These mechanisms are, respectively, the

reactive oxygen species (ROS) production by the respiratory burst and the degranulation,

which release antimicrobial molecules such as the neutrophil elastase. Despite their

importance under pathological circumstances, when the proinflammatory stimulus is

excessive, cytotoxic compounds may be released into the extracellular environment, where

they may be responsible for tissue injury during unregulated inflammation and involved in the

etiology of diverse human diseases. Studies have been done in order to find new substances

which may modulate the neutrophils functions and many results were obtained in researches

with natural products, mainly from plants. A recent study demonstrated that hidroalcoholic

fruit pulp extract of Tamarindus indica L. showed antioxidant activity in free-cell assay.

Therefore, in this work we analyzed the effect of hidroalcoholic fruit pulp extract of T. indica

on the ROS production and on elastase release from human neutrophil. The effect of T. indica

on the ROS production was analyzed using luminol- and lucigenin-enhanced

chemiluminescence and the cells were activated by three stimulus: opsonized zymosan (OZ),

N-Formyl-Methionyl-Leucyl-Phenylalanine (fMLP) and phorbol-12-myristate-13-acetate

(PMA). The crude extract and the hexane and diclorometane fractions inhibited in a dose-

dependent way the ROS production by neutrophils activated by the three stimulus. However,

the aqueous and butanolic fractions showed low effects on this function, independently of the

used stimuli. The effect of T. indica crude extract on an oxygen-independent effector

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mechanism of neutrophil was also verified by analyzing its activity on the release and activity

of neutrophil elastase. The T. indica extract significantly inhibited, in a dose-dependent way,

the release and the catalytic activity of elastase enzyme. The studied crude extract and

aqueous, butanolic and diclorometane fractions of T. indica had no toxic effect on neutrophils,

as evaluated by lactate dehydrogenase release and Trypan blue exclusion assays, under the

assessed conditions. Hexane fraction was cytotoxic to neutrophils in high concentrations,

however, this effect was not observed at IC50 concentrations. This work shows that the T.

indica pulp fruit extract has substances capable to module oxygen-dependent and -

independent effector mechanisms of the neutrophils. These results give support to start studies

on purification of the active compounds and in vivo clinical assays which could be applied in

the production of new medicaments from T. indica fruit.

Key words: neutrophils, Tamarindus indica L., reactive oxygen species, neutrophil elastase.

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1. Introdução

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1.1. O neutrófilo

1.1.1. Aspectos gerais

O papel dos fagócitos na defesa do hospedeiro foi primeiramente relatado no século

XIX por Elie Metchnikoff o qual, ao inserir espinhos de roseira em larvas de estrela do mar,

observou que células se acumulavam no sítio da punção. Ele demonstrou que essas células

eram fagocíticas e descreveu as maiores como macrofagócitos ou macrófagos e as menores

como microfagócitos, conhecidas hoje como neutrófilos ou leucócitos polimorfonucleares

(PMNs) (BABIOR, 2000; SEGAL, 2005). Posteriormente, Paul Erlich, utilizando técnicas de

fixação e coloração, analisou as características morfológicas dos neutrófilos, diferenciando-os

dos demais tipos de células sanguíneas (ERLICH; LAZARUS, 1900 apud BORREGAARD;

COWLAND, 1997). O nome neutrófilo foi atribuído a este tipo celular por apresentar

tonalidade neutra nas colorações de Romanowsky, diferenciando-o dos eosinófilos, que

possuem grande avidez pela eosina e dos basófilos, que apresentam grandes grânulos em seu

citoplasma e coloração escura (BORREGAARD; COWLAND, 1997).

PMNs são células brancas do sangue terminalmente diferenciadas, incapazes de se

dividirem e sintetizam baixos níveis de RNA e proteínas. São gerados a partir de células-

tronco hematopoiéticas pluripotentes da medula óssea (MAYER-SCHOLL et al., 2004) e seus

estágios morfológicos de maturação incluem mieloblasto, promielócito, mielócito,

metamielócito, bastonetes e finalmente neutrófilos segmentados (ELGHETANY, 2002). Estão

presentes em abundância no sangue (em um adulto saudável são gerados, em média, 1011

neutrófilos por dia) (MOLLINEDO et al., 1999), onde possuem uma meia vida curta, de seis a

sete horas, caso não sejam recrutados para sítios de inflamação por quimiocinas e fatores

quimiotáticos específicos (ZYCHLINSKY et al., 2003).

Caracterizam-se por serem células altamente especializadas, cujas funções primárias

são a ingestão e a destruição de microrganismos invasores. Morfologicamente, são

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distinguidos das outras células sanguíneas por possuírem um núcleo multi-lobulado e grânulos

em abundância no citoplasma (Figura 1), os quais contêm diferentes grupos de moléculas

citotóxicas, como proteases, responsáveis pela degradação do patógeno para a defesa do

hospedeiro (MAYER-SCHOLL et al., 2004; ZYCHLINSKY, 2003).

Figura 1. População de neutrófilos obtida a partir do método de gradiente de gelatina. Lâmina preparada por citocentrifugação. Coloração de Leishman (microscopia de luz com aumento de 100x). Fonte: arquivo pessoal.

1.1.2. Ativação do neutrófilo e seu papel na resposta imune.

Os neutrófilos são considerados a primeira linha de defesa do organismo, pois são os

primeiros componentes celulares do sistema imune inato que chegam aos sítios de inflamação,

onde se encontram os microrganismos invasores (FAURSCHOU; BORREGAARD, 2003;

BURG; PILLINGER, 2001). Estas células são essenciais para a resistência contra bactérias e

fungos, sendo que, neutropenia severa leva a infecção por uma diversidade de organismos

(SEGAL, 2005).

Os neutrófilos são recrutados para os sítios de infecção por sinais quimiotáticos de

quimiocinas, citocinas, metaloproteinases da matriz extracelular e produtos dos

microrganismos invasores (KOBAYASHI et al., 2003). Já foram identificados na superfície

dos PMNs mais de 50 tipos de receptores de quimiocinas e mais de 14 de citocinas

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(MOLLINEDO et al., 1999). Proteases liberadas por células lesadas pelo patógeno invasor,

bem como por fagócitos ativados atuam sobre o componente 5 do complemento, liberando o

fragmento C5a, uma potente molécula quimiotática. Existem outros fatores quimiotáticos

liberados pelos fagócitos, como leucotrienos B4 e fator de agregação plaquetária (PAF). Nos

estágios mais tardios da resposta, quando linfócitos e mastócitos são recrutados, estas células

também passam a secretar fatores quimiotáticos. Finalmente, os próprios invasores se tornam

origem de atividade quimiotática ativando o complemento e, conseqüentemente, gerando mais

fragmentos C5a e liberando os lipídeos e peptídeos presentes em suas paredes celulares. A

migração do neutrófilo ocorre obedecendo a um gradiente quimioatraente em direção ao sítio

de invasão do patógeno. Ao receber o sinal, o neutrófilo deixa de circular ao acaso e segue na

direção deste gradiente (KLEIN, 1990).

O recrutamento dos neutrófilos é caracterizado por ser um processo composto por

diferentes estágios, que envolve a intervenção coordenada de várias moléculas de adesão

celular presentes nos neutrófilos e nas células endoteliais. Após receber os primeiros sinais

quimiotáticos, ocorrem interações transitórias entre moléculas de adesão das famílias das

selectinas, presentes no endotélio e no neutrófilo, que promovem o seu rolamento pela parede

do vaso sanguíneo adjacente ao sítio de inflamação. Em seguida, os PMNs se aderem

firmemente ao endotélio devido às fortes interações entre as integrinas (CD11b/CD18),

presentes nas membranas destas células e as moléculas de adesão intracelular - 1 (ICAM-1),

presentes nas células endoteliais. Após a firme adesão, o neutrófilo realiza um processo

denominado diapedese, no qual ele migra entre as células endoteliais para alcançar o sítio de

infecção extravascular. Esta transmigração é mediada por moléculas de adesão endotélio-

plaquetário do tipo 1 (PECAM-1), as quais pertencem à família das imunoglobulinas e são

encontradas nas membranas tanto dos neutrófilos, quanto das células endoteliais

(DALLEGRI; OTTONELLO, 1997; BURG; PILLINGER, 2001; LIU et al., 2004).

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Ao encontrar o patógeno, o neutrófilo o engloba em um fagossoma, por meio de um

processo denominado fagocitose. Em seguida, ocorre a fusão do fagossoma com grânulos

citoplasmáticos, seguida pela desgranulação, formando o fagolisossoma. Dentro deste, o

microrganismo é degradado por peptídeos antimicrobianos e espécies reativas de oxigênio

(EROs) que compõem o arsenal microbicida independente e dependente de oxigênio,

respectivamente (MAYER-SCHOLL et al., 2004).

A exposição dos neutrófilos a estímulos, tais como agente promotor de tumores

Forbol-12-miristato-13-acetato (PMA), peptídeo quimiotático N-formil-metionil-leucil-

fenilalanina (fMLP), ácido araquidônico (AA), concanavalina A, ionóforos, complexos

imunes solúveis, e partículas antigênicas opsonizadas com anticorpos e componentes do

sistema complemento, faz com que suas funções efetoras sejam desencadeadas (BROWN,

1995). A estimulação celular ocorre via diferentes receptores de membrana, e a ativação de

cada tipo de receptor desencadeia uma via de sinalização intracelular distinta, ativando os

diferentes mecanismos efetores. Estas vias de sinalização são potenciais alvos terapêuticos

para a regulação da produção de moléculas citotóxicas liberadas pelos neutrófilos

(CATHCART, 2003).

O fMLP é um fator quimiotático, produzido por bactérias, que é capaz de ativar quase

todas as funções fisiológicas do neutrófilo (MARASCO et al., 1984). Seus efeitos são

desencadeados por meio da ligação aos receptores de formilpeptídeos (FPRs), que são

receptores clássicos acoplados a proteína G, caracterizados por possuírem sete segmentos

transmembrânicos hidrofóbicos (LIU et al., 2004). Dentre os efeitos promovidos pelo fMLP,

estão a indução do aumento de cálcio intracelular e da atividade da proteína quinase C (PKC)

(Figura 2), que estão diretamente relacionados com os mecanismos de desgranulação e de

produção de EROs (ANDERSSON et al., 1987). Estudos mostram o requerimento da ativação

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de PKC, bem como de sua translocação do citoplasma para a membrana para iniciar a

produção de EROs pelo complexo NADPH oxidase (CATHCART, 2003).

Figura 2. Esquema simplificado de algumas vias de sinalização ativadas em neutrófilos estimulados por PMA, fMLP e ZIops, que culminam na produção de EROs. Adaptado de Caldefie-Chézet e colaboradores (2004) e Regier e colaboradores (2000). Abreviaturas: AA: ácido araquidônico; CR: receptor de complemento; DAG: diacilglicerol; EROs: espécies reativas de oxigênio; FcγR: receptor de imunoglobulina G; fMLP: N-formil-metionil-leucil-fenilalanina; FPR: receptor de formilpeptídeo; G: proteína G; IP3: inositol-1,4,5-trifosfato; PA: ácido fosfatídico; PAPK: proteína quinase ativada por ácido fosfatídico; PKC: proteína quinase C; PLA2: fosfolipase A2; PLC: fosfolipase C; PLD: fosfolipase D; PIP2: fosfatidilinositol 4,5-bifosfato; PMA: Forbol-12-miristato-13-acetato; ZIops: zimosan opsonizado.

O estímulo sintético PMA, ativa transdução de sinal nos neutrófilos sem a necessidade

de um receptor de membrana (THELEN et al., 1993). Por se tratar de um análogo do

diacilglicerol (DAG), ele ativa diretamente a proteína quinase C (Figura 2) (EDWARDS,

1996).

Alguns receptores presentes na membrana do neutrófilo, quando estimulados induzem,

além de outras funções efetoras, o desencadeamento da fagocitose. Estes incluem lectinas, que

reconhecem manose na parede celular de microrganismos e receptores para componentes

humorais, como imunoglobulinas e moléculas do sistema complemento, que são encontrados

PLC

PLA2

PKC(membrana) NADPH oxidase

FPR CR/ FcγγγγR

PIP2

IP3

� Ca2+

PMAfMLP

ZIops

DAG

PKC(citosol)

AA

Fosforilação de componentes

reunião doscomponentes

EROs

G

PLD

PA

PAPK

PLC

PLA2

PKC(membrana) NADPH oxidase

FPR CR/ FcγγγγR

PIP2

IP3

� Ca2+

PMAfMLP

ZIops

DAGDAG

PKC(citosol)

AA

Fosforilação de componentes

reunião doscomponentes

EROs

GG

PLD

PA

PAPK

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nas membranas dos patógenos, recobrindo-os (opsonizando-os), aumentando a resposta dos

fagócitos contra estes (STAHL et al., 1998).

As imunoglobulinas da classe G (IgG) promovem uma ligação entre imunidade inata e

adaptativa, pois reconhecem seus ligantes em agentes infecciosos com especificidade

refinada, e são reconhecidos através de sua porção Fc (fragmento cristalizável) pela família de

receptores Fc (FcγR), presentes nas membranas dos neutrófilos (UNKELESS et al., 1995;

RAVETHC; CLYNES, 1998). Em neutrófilos humanos maduros existem dois tipos de

receptores Fcγ: FcγRIIa (CD32) e FcγRIIIb (CD16). O FcγRIIa apresenta domínios

extracelulares, transmembrana e citoplasmático, este último com uma seqüência de

aminoácidos responsável pela transdução de sinal intracelular, denominada motivo de

ativação de imuno-receptor baseado em tirosina (ITAM: “Immunoreceptor Tyrosine-based

Activation Motif”) (LOFGREN et al., 1999). Este motivo possui resíduos de tirosina, que são

fosforilados por tirosinas quinase, iniciando uma cascata de eventos bioquímicos no

citoplasma envolvendo, principalmente, a fosforilação de proteínas quinase, como a PKC,

além da ativação de fosfolipases, que culminam na ativação de respostas biológicas da célula

(Figura 2) (GESSNER et al., 1998). O receptor FcγRIIIb, não apresenta domínios

transmembrana e citoplasmático, e sua expressão na membrana do neutrófilo é mediada por

uma molécula âncora de glicosil fosfatidil inositol (GPI). Embora este receptor não possua

seqüência de sinalização no citoplasma, sua co-expressão com outros receptores, como

FcγRIIa e receptor para complemento tipo 3 (CR3), tem papel importante na ativação dos

mecanismos efetores do neutrófilo, como fagocitose, desgranulação e “burst” respiratório

(produção de EROs) (HUNDT; SCHIMIDT, 1992; LOFGREN et al., 1999).

Os receptores CR reconhecem moléculas do sistema complemento e estão amplamente

presentes nas membranas dos neutrófilos. O receptor CR3 se associa à molécula C3bi e,

quando ativado, induz atividade da fosfolipase D (PLD), polimerização de actina e “burst”

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respiratório (LOFGREN et al., 1999). A molécula C3b se liga ao receptor CR1, e não induz

sinalização isoladamente. Entretanto, a ativação simultânea de CR1 e receptores Fcγ induz

uma exacerbação dos efeitos promovidos por estes (SENGELOV, 1995).

1.1.3. Fagocitose

Alguns tipos celulares tais como neutrófilos, eosinófilos, monócitos e macrófagos são

considerados fagócitos profissionais, por terem como principal função a defesa do hospedeiro

através da ingestão e destruição de partículas ou patógenos invasores (KLEIN, 1990). A

principal diferença, quanto à capacidade fagocítica e eficiência, entre fagócitos profissionais e

não profissionais pode ser atribuída à presença de receptores fagocíticos, que facilitam o

alcance à partícula e aumentam a velocidade da fagocitose (INDIK, et al., 1995).

A fagocitose pode ser dividida em quatro etapas sucessivas: adesão entre o fagócito e

o microrganismo, ingestão, desgranulação e destruição do microrganismo ingerido.

Durante o recrutamento de neutrófilos para os sítios de inflamação, há também a

mobilização de proteínas antimicrobianas solúveis no fluido inflamatório (WEINRAUCH et

al., 1995). Estas proteínas incluem opsoninas, que podem aumentar a eficiência e a velocidade

da fagocitose, modificando a superfície microbiana ao depositarem ligantes complementares

aos receptores de superfície dos neutrófilos, promovendo o aumento da adesão das células ao

patógeno (KLEIN, 1990; LEY, 2002; ZYCHLINSKY, 2003). As principais opsoninas

conhecidas são moléculas de IgG, fragmento C3 do sistema complemento e carboidratos ou

lectinas ligantes de carboidratos (LEE et al., 2003). Os receptores de opsoninas interagem

independentemente com seus respectivos ligantes, porém a ativação é mais acentuada quando

eles agem de forma sinérgica.

Os fagócitos podem também ingerir microrganismos e partículas como zimosan,

asbestos, partículas de poliestireno ou látex na ausência de opsoninas, porém com menor

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indução dos mecanismos efetores (KLEIN, 1990). O zimosan é um polissacarídeo isolado da

parede celular do fungo Saccharomyces cerevisiae que, após a opsonização com componentes

do sistema complemento e anticorpos naturais presentes no soro, mimetiza um microrganismo

opsonizado e desencadeia a fagocitose envolvendo receptores CR e FCγR de membrana

(KANASHIRO, 2004). A ativação promovida por este estímulo envolve a ativação de

fosfolipase A2 (PLA2), e conseqüente produção de ácido aracdônico e ativação de PLC e de

PLD (Figura 2) (CABANIS et al, 1996; CATHCART, 2003).

Após a adesão do neutrófilo ao microrganismo ou à partícula ocorre a fase de ingestão,

onde o neutrófilo projeta pseudópodos para englobá-los em um vacúolo fagocítico

denominado fagossoma (KORN; WEISMAN, 1967). Existem dois mecanismos propostos

para descrever o englobamento de partículas pelos fagócitos, o modelo do “zíper” e o modelo

do “gatilho”. De acordo com o modelo do “zíper”, o contato entre o fagócito e a partícula

promove projeções na membrana da célula (pseudópode), para formar um fagossomo

justaposto à partícula. O avanço deste pseudópode ao redor da partícula requer a

polimerização de receptores na superfície celular, como o fechamento de um zíper, para que a

membrana plasmática, gradualmente, envolva e englobe a partícula. Neste processo existem

interações receptor-receptor e receptor-opsoninas presentes na superfície da partícula

(GRIFFIN; SILVERSTEIN, 1975 apud SWANSON; BAER, 1995). Entretanto, de acordo

com o modelo do “gatilho”, o qual foi criado como um modelo alternativo para explicar

alguns tipos de fagocitose não explicados pelo modelo anterior, a ligação inicial de uma

partícula à superfície celular é suficiente para a ingestão completa da partícula (GALÁN et

al., 1992; FRANCIS et al., 1993).

Após a internalização da partícula, os grânulos citoplasmáticos se fundem com o

fagossoma e liberam seus produtos dentro deste, formando o fagolisossoma, em um processo

denominado desgranulação (KLEIN, 1990). Finalmente o microrganismo fagocitado é

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degradado por meio de diferentes mecanismos microbicidas os quais podem ser dependentes

ou independentes de oxigênio (Figura 3) (FAURSCHOU; BORREGAARD, 2003). A

acidificação do fagossomo, devido ao acúmulo de ácido lático e íons hidrogênio (H+)

produzidos por glicólise durante o “burst” respiratório, facilita a destruição do antígeno,

criando um pH ideal para a ação das enzimas dos grânulos.

Figura 3. Mecanismos efetores realizados pelos neutrófilos para eliminar patógenos invasores: fagocitose, “burst oxidativo” (produção de espécies reativas de oxigênio) e desgranulação. Adaptado de Ross e colaboradores (2003). Abreviaturas: O2•

�: radical ânion superóxido; NADPH: nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato reduzida; NADP+: nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato oxidada.

1.1.4. Produção de Espécies Reativas de Oxigênio (EROs)

Após sofrerem estímulos ambientais ou durante o processo de fagocitose, os PMNs

realizam o “burst” respiratório. Este processo desencadeia a produção de espécies reativas de

oxigênio (EROs), as quais são moléculas altamente reativas por possuírem um par de elétrons

não pareado na última camada, o que as confere a capacidade de degradar o microrganismo

fagocitado (ZYCHLINSKY et al., 2003).

O “burst” oxidativo dos fagócitos foi descoberto em 1933 por Baldridge e Gerard que

observaram que havia uma rápida “explosão” do consumo de oxigênio durante a fagocitose de

bactérias. Inicialmente, este aumento no consumo de O2 foi atribuído a um aumento na

fosforilação oxidativa pela mitocôndria, para suprir a energia adicional requerida para a

O2.-

O2

NADPHNADP+ + H+

Desgranulação

Formação do

fagossoma(Ingestão)

Adesão

O2.-

Fagolisossoma

Fagossoma

O2.-

O2.-

NADPHoxidaseGrânulos citoplasmáticos

“Burst” oxidativo

O2.-

O2

NADPHNADP+ + H+

Desgranulação

Formação do

fagossoma(Ingestão)

Adesão

O2.-

Fagolisossoma

Fagossoma

O2.-

O2.-

NADPHoxidaseGrânulos citoplasmáticos

“Burst” oxidativo

O2.-

O2

NADPHNADP+ + H+

Desgranulação

Formação do

fagossoma(Ingestão)

Adesão

O2.-

Fagolisossoma

Fagossoma

O2.-

O2.-

NADPHoxidaseGrânulos citoplasmáticos

O2.-

O2

NADPHNADP+ + H+

O2.-

O2

NADPHNADP+ + H+

Desgranulação

Formação do

fagossoma(Ingestão)

Adesão

O2.-O2.-

Fagolisossoma

Fagossoma

O2.-O2.-

O2.-O2.-

NADPHoxidaseGrânulos citoplasmáticos

“Burst” oxidativo

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ingestão do microrganismo (BALDRIDGE; GERARD, 1933 apud BABIOR, 2000). Somente

em 1959, foi verificado que não se tratava de produção de energia, pois não era afetado por

inibidores da respiração mitocondrial. Observaram que havia um aumento no “shunt” das

pentoses e conseqüente produção de NADPH, e em 1960 descobriu-se que o H2O2 era um

produto deste processo (BABIOR, 2000; SEGAL, 2005). Estudos com pacientes com doença

granulomatosa crônica (CGD) ajudaram a descobrir a existência de uma relação entre o

“burst” respiratório e a morte de patógenos. Holmes e colaboradores (1967) verificaram que

pacientes com CGD, os quais tinham alta susceptibilidade a infecções causadas por certos

tipos de bactérias e fungos, possuíam neutrófilos capazes de fagocitar, porém não de matar os

microrganismos, e que esses neutrófilos não geravam “burst” respiratório durante a

fagocitose. Em 1973, Babior e colaboradores descobriram que o produto primário do burst

oxidativo era o radical ânion supreóxido (O2•�). Pelo fato da oxidase responsável pela

formação deste radical utilizar preferencialmente NADPH como fonte de elétrons para

redução do O2, ela foi denominada NADPH-oxidase (EDWARDS, 1996). Atualmente, sabe-

se que pacientes com CGD não são capazes de realizar o “burst” respiratório devido a defeitos

no complexo NADPH-oxidase. A susceptibilidade a alguns tipos de infecções sofrida por

esses pacientes é, dentre várias outras, uma validação da importância da produção de EROs

para a eliminação de patógenos pelos neutrófilos (MAYER-SCHOLL et al., 2004).

O burst respiratório é iniciado pelo sistema NADPH oxidase, que é um complexo

enzimático presente tanto na membrana plasmática quanto na membrana dos grânulos e é

composto por duas proteínas de membrana, gp91phox e p22phox, que coexistem em um

heterodímero denominado flavocitocromo b558 e pelas proteínas citosólicas p67phox, p47phox e

p40phox que parecem estar parcialmente pré-reunidas, além da molécula rac. Em fagócitos em

repouso, este complexo enzimático encontra-se desativado e os componentes de membrana e

citosólicos permanecem dissociados. Seguindo a uma perturbação da membrana plasmática

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durante a fagocitose ou a interação entre a superfície celular e uma variedade de agentes,

ocorre o deslocamento dos componentes citosólicos para a membrana, e a enzima NADPH-

oxidase adquire sua forma ativa, iniciando a produção de EROs (Figura 4) (KITAGAWA et

al., 2003; DE COURSEY; LIGETI, 2005).

Figura 4. Reunião e ativação do complexo NADPH oxidase após a estimulação do neutrófilo. Fonte: BURG e PILLINGER, 2001.

O papel do complexo NADPH oxidase é transportar elétrons do NADPH no sítio

citoplasmático para o oxigênio no fluido extracelular ou no espaço intrafagossômico, para

formar o radical ânion superóxido (O2•�) (reação 1).

(1) 2O2 + NADPH � 2 O2•� + NADP+ + H+

Posteriormente, o radical O2•� sofre uma reação de dismutação, catalisada pela enzima

superóxido dismutase (SOD), na presença de cobre e zinco, que leva à produção de peróxido

de hidrogênio (H2O2) (reação 2).

(2) 2 O2•�+ 2 H+ � O2 + H2O2

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A formação de peróxido de hidrogênio a partir do radical ânion superóxido ocorre

espontaneamente, isto é, na ausência da enzima SOD, quando o O2•� está presente em altas

concentrações (BABIOR, 2000).

O peróxido de hidrogênio formado pode ser convertido em água e oxigênio, por ação

da enzima catalase presente no citoplasma (reação 3).

(3) 2H2O2 � 2H2O + O2

O H2O2 pode também oxidar a glutationa (GSH), formando água, por ação da enzima

glutationa oxidase (reação 4).

(4) H2O2 + 2GSH � 2H2O + GSSG

A forma reduzida da glutationa (GSH) é regenerada de sua forma oxidada (GSSG) por

ação da enzima glutationa redutase (reação 5).

(5) GSSG + 2NADPH � 2GSH + 2NADP+

Os NADP+ aqui gerados, juntamente com os formados durante a produção do O2•�

entram na via das pentoses monofosfato para regenerar NADPH.

Entretanto, na presença de moléculas específicas, o peróxido de hidrogênio pode dar

origem a outras moléculas altamente reativas (KLEBANOFF et al., 2005). Um importante

composto é o ácido hipocloroso (HOCl), que é formado pela ação da enzima mieloperoxidase

(MPO), na presença de íons Cl� (reação 6).

(6) H2O2 + Cl� + H+ � H2O + HOCl

A reação do peróxido de hidrogênio com íon Fe2+ forma outro composto altamente

reativo, o radical hidroxil (OH•) (reação 7).

(7) H2O2 + Fe2+ � OH• + OH� + Fe3+

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O oxigênio singlet (1O2) é formado nos neutrófilos pela reação entre o peróxido de

hidrogênio e um halogênio oxidado (reação 8) e é um dos principais responsáveis pela morte

de microrganismos fagocitados (KANOFSKY et al., 1984).

(8) H2O2 + OCl� � 1O2 + Cl

A seqüência de reações do “burst” respiratório, bem como as enzimas envolvidas neste

processo, estão mostrados na Figura 4.

Figura 5. Representação simplificada das reações que ocorrem durante o metabolismo oxidativo dos neutrófilos. Esquema adaptado de Klein (1990). Abreviaturas: CO2: dióxido de carbono; GSSG : glutationa oxidada; GSH-PO : glutationa peroxidase; GSH-RED: glutationa redutase; GSH: glutationa (reduzida); G-6-PD: glicose-6-fosfato desidrogenase; G-6-P: glicose-6-fosfato; HOCl : ácido hipocloroso; MPO: mieloperoxidase; NO: óxido nítrico; 1O2: oxigênio singlete; O2

•�: ânion

superóxido; ONOO-: peroxinitrito; OH•: radical hidroxil; PMP: via da pentose monofosfato; SOD: superóxido dismutase.

Os radicais livres, ao reagirem com moléculas que não possuem elétrons não pareados,

podem formar outros radicais secundários, que também podem ser reativos, formando outros

radicais, e assim por diante, gerando uma cadeia de reação de radicais livres. Isso gera uma

grande variedade de compostos reativos e, assim como as espécies primárias, esses são

MPOColagenase

Lisozimaetc.

SOD

H2O2Catalase

H2O + O2

GSSG-RED

NADPHNADPG-6-PD

PMPG-6-P Pentose + CO2

GSH-PO2GSH GSSG

H2O

FAGOSSOMO

O2.-

Rec.memb.

PMP

NADP+

NADPHOxidase

NADPHO2

MPOCl -

HOCl

Fe3+

H2O2SOD

OH.

ONOO-NO

Fe3+HO2

H+

OCl�

1O2MPO

ColagenaseLisozima

etc.

SOD

H2O2Catalase

H2O + O2

Catalase

H2O + O2

GSSG-RED

NADPHNADP

GSSG-RED

NADPHNADPG-6-PD

PMPG-6-P Pentose + CO2

G-6-PD

PMPG-6-P Pentose + CO2

PMPG-6-P Pentose + CO2

GSH-PO2GSH GSSG

H2O

FAGOSSOMO

O2.-

Rec.memb.

PMP

NADP+

NADPHOxidase

NADPHO2

O2.-

Rec.memb.

PMP

NADP+

NADPHOxidase

NADPHO2

PMP

NADP+

NADPHOxidase

NADPHO2

NADP+

NADPHOxidase

NADPHO2

MPOCl -

HOCl

Fe3+

H2O2SOD H2O2SOD

OH.

ONOO-NO ONOO-NO

Fe3+HO2

H+

OCl�

1O2

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importantes para degradar o patógeno fagocitado, mas também podem reagir com moléculas

do hospedeiro (BABIOR, 2000), como será discutido em seguida.

Embora, teoricamente, as EROs possam aparecer acidentalmente em todos os tipos

celulares como conseqüência de radiação, lesão por reperfusão, metabolismo de agentes

farmacológicos, ou em quantidades substanciais, devido à liberação durante o transporte de

elétrons na mitocôndria, apenas fagócitos possuem uma maquinaria complexa para produzir

ativamente e excretar grande quantidade de compostos tóxicos (BABIOR, 1999; CLARK,

1990).

In vivo, a geração de EROs ocorre intracelularmente na membrana do fagossomo após

a ingestão do patógeno. EROs extracelulares são gerados em resposta a agonistas solúveis,

tais como peptídeos bacterianos formilados (por exemplo, fMLP) ou partículas do sistema

complemento (C5a) (CONDLIFFE et al., 2006).

A presença de EROs no espaço extracelular é controlada por moléculas antioxidantes

naturais, como forma de impedir que estes compostos reativos causem dano ao tecido

hospedeiro. Essas moléculas previnem a formação ou seqüestram os radicais livres,

interrompendo a cadeia de reações de propagação. Dentre os antioxidantes endógenos estão:

glutationa, nicotinamida adenina dinuceotídio fosfato (NADPH), coenzima Q (ubiquinona),

ácido úrico e certas enzimas como SOD, catalase e glutationa peroxidase. Proteínas ligantes

de metais como albumina, metalotineína, ceruloplasmina e transferrina também são

considerados antioxidantes. Entre os antioxidantes dietéticos estão tocoferol, ácido ascórbico,

carotenóides, compostos fenólicos e flavonóides (HALLIWELL et al., 1992; MEYDANI et

al., 1994).

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1.1.4.1. Quimioluminescência

Em 1972, Allen e colaboradores demonstraram que os neutrófilos possuem a

capacidade de produzir quimioluminescência durante a fagocitose, o que posteriormente foi

associado ao “burst oxidativo”. Marcadores luminescentes (sondas) são utilizados para

aumentar a quantidade de luz emitida durante a produção de EROs. Estas sondas são

substâncias orgânicas que servem de substrato para reações redox, que geram intermediários

eletronicamente excitados que, retornando a um estágio basal emitem fótons, os quais podem

ser quantificados como quimioluminescência (HALLIWELL; GUTTERIDGE, 1986;

ALLEN; LOOSE, 1976; LI et al., 1999).

A quimioluminescência (QL) é amplamente utilizada como um método para

quantificar a capacidade dos neutrófilos de produzir EROs (KUDOH et al., 1999). Com o

auxílio de sondas é possível quantificá-las e diferenciá-las. A Lucigenina (QLluc) é uma

sonda que detecta principalmente o radical ânion superóxido, O2•�, liberado no meio

extracelular (ANIANSSON et al., 1984), e o Luminol (QLlum) detecta a somatória de

diversos metabólitos intracelulares produzidos da ação da mieloperoxidase (DAHLGREN;

STENDAHL, 1983) (Figura 6).

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Figura 6. Representação simplificada do mecanismo proposto para descrever a origem e a regulação da quimioluminescência (QL), produzida por neutrófilos estimulados e das reações químicas envolvidas na produção de quimioluminescência dependente de luminol (QLlum) e lucigenina (QLluc). Adaptação dos mecanismos descritos por Cheung e colaboradores (1983).

Formação de O2-.,

H2O2, HOCl, 1O2

Ativação da NADPH Oxidase

HH22

C N N C

O

H H

O NH Luminol

Anion Aminoftalato ( eletronicamente excitado )

Foton

QLlum Anion Aminoftalato ( estado basal )

C

C

O

O

O-

*

N

O -

N2

N- metilacridona (eletronicamente excitado)

Foton

N C 3

O

* N

C

O

N- metilacridona (estado basal)

C 3

C 3

N

N

O O

Lucigenina dioxietano

O 2 .

Lucigenina

N CH3

N

+

+

CH3

QLluc

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1.1.5. Os grânulos e o processo de desgranulação

Além dos mecanismos microbicidas dependentes de oxigênio, ou seja, o “burst”

oxidativo (ou ainda, metabolismo oxidativo), os neutrófilos são dotados de mecanismos

independentes de oxigênio, os quais são realizados pelos constituintes dos diferentes subtipos

de grânulos. A existência de diferentes mecanismos efetores confere aos neutrófilos uma

maior eficácia na eliminação de patógenos, permitindo que falhas em algum mecanismo

sejam recompensadas, pelo menos em parte, por outro. Isso pode ser comprovado pelo fato de

alguns pacientes com CGD permanecerem livres de infecções por vários anos (SEGAL,

2005).

O englobamento de microrganismos induz a formação do fagossomo, com

conseqüente fusão de grânulos, seguida pela liberação de substâncias microbicidas dentro do

mesmo, causando a morte do patógeno (Figura 3) (PHAM, 2006). Estas substâncias

microbicidas são, principalmente, proteínas antimicrobianas como a defensina e a lisozima,

que funcionam rompendo a superfície aniônica bacteriana e proteases, que degradam

proteínas bacterianas, inclusive fatores de virulência (MAYER-SCHOLL et al., 2004).

Os grânulos são gerados durante a maturação dos neutrófilos (MOLLINEDO et al.,

1999) e possuem várias fases de desenvolvimento, sendo que cada fase se caracteriza pela

produção de diferentes componentes microbicidas (BURG; PILLINGER, 2001). Os grânulos

dos neutrófilos podem ser classificados em: azurofílicos ou primários; específicos ou

secundários; terciários ou de gelatinase; e vesículas secretoras. A segregação dos constituintes

dos diferentes grânulos reflete quando eles são produzidos durante a maturação dos

neutrófilos e proteínas sintetizadas durante o mesmo período são co-localizadas. Esta divisão

é importante para evitar o risco de degradação dos constituintes do grânulo devido à mistura

de diferentes proteases ativas (PHAM, 2006).

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Os grânulos azurófilos são produzidos primeiramente e contêm proteínas e peptídeos

responsáveis pela morte e digestão microbiana. Seus principais componentes são:

mieloperoxidase (MPO); proteinases como elastase neutofílica (EN), catepsina G e proteinase

3; proteínas que aumentam a permeabilidade bacteriana (BPI); defensina; e lisozima (GANZ,

2003; WEISS et al., 1975; GARWICZ et al., 2005). Os grânulos secundários possuem:

lactoferrina, que liga e seqüestra ferro e cobre; grandes quantidades de lisozima; e proteínas

presentes na membrana plasmática, incluindo flavocitocromo b558 do complexo NADPH-

oxidase (BULLEN; ARMSTRONG, 1979; SEGAL; JONES, 1979). Os grânulos terciários

armazenam grandes quantidades de gelatinase, e se diferenciam dos grânulos específicos por

não possuírem lactoferrina (HIBBS; BAINTON, 1989). Finalmente, as vesículas secretórias

são reservatórios de componentes de membrana como receptores de complemento

(SENGELOV et al., 1994), flavocitocromo b558, CD11b, CD14, CD16 e receptor de

formilpeptídeo (ZAGO et al., 2001; SEGAL, 2005).

1.1.5.1. Enzima elastase neutrofílica

A elastase neutrofílica (EN) é uma serino-protease, expressa por monócitos e

mastócitos, mas principalmente por neutrófilos, onde ela é armazenada nos grânulos

azurófilos. A sua síntese ocorre durante o estágio promielocítico de diferenciação do

neutrófilo na medula. A enzima ativa é estocada nos grânulos até ser exocitada dentro do

fagolisossomo ou para fora da célula, por secreção regulada em resposta a vários estímulos

(GARWICZ et al., 2005; CHUA; LAURENT, 2006; PHAM, 2006).

Fisiologicamente, a elastase está envolvida na degradação de materiais estranhos,

ingeridos durante a fagocitose e é considerada uma molécula efetora chave no sistema imune

inato, com potente atividade contra bactérias (BELAAOUAJ et al., 1998) e fungos

(TKALCEVIC et al., 2000). Porém, sob intensa ativação celular, esta enzima é rapidamente

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liberada no espaço extracelular, onde pode também matar patógenos ali presentes

(BRINKMANN et al., 2004). A elastase secretada pode também degradar proteínas da matriz

extracelular local, remodelar tecido danificado, além de facilitar a migração do neutrófilo

através do tecido, durante a diapedese, em direção aos sítios de inflamação (DALLEGRI;

OTTONELLO, 1997).

Dentre os componentes da matriz extracelular que podem ser alvos de sua atividade

enzimática estão uma variedade de ligantes de superfície celular, proteínas solúveis e um

grande número de importantes moléculas de adesão. A EN é capaz de digerir praticamente

todos os tipos de proteínas da matriz, incluindo alguns tipos de colágeno, fibronectina,

proteoglicanas e fibras de elastina (CHUA; LAURENT, 2006; SCHORR et al., 2005). A

secreção de elastase também modula a expressão de citocinas na superfície endotelial e

epitelial, induzindo a produção de citocinas como interleucina-6 e -8 (IL-6 e IL-8), fator � de

transformação e crescimento (TGF-β) e fator de estimulação de colônia de

granulócitos/macrófagos (GM-CSF), enquanto promove a degradação de citocinas como

interleucina-1 e -2 (IL-1 e IL-2) e fator de necrose tumoral � (TNF�) (WIEDOW; MEYER-

HOFFERT, 2005; FITCH et al., 2006).

Neutrófilos de animais deficientes em enzima elastase demonstraram um maior

número de bactérias intactas dentro de seus fagossomas, quando comparados com neutrófilos

de animais selvagens. Além disso, Weinrauch e colaboradores (2002) demonstraram

recentemente, que esta enzima é capaz de clivar fatores de virulência de enterobactérias como

Salmonella enterica, Shigella flexneri e Yersinia enterocolitica.

A liberação da elastase pode ser desencadeada pela presença de diferentes estímulos

como citocinas, endotoxinas, fator de agregação plaquetária (PAF) e fMLP (SCHORR et al.,

2005). Entretanto, em condições fisiológicas, a presença de elastase no espaço extracelular é

controlada por inibidores endógenos, como �1-antiprotease, inibidor de protease secretória de

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leucócitos (SLPI), �2-macroglobulina, e “eglin” (LEE; DOWNEY, 2001; SCHORR et al.,

2005).

1.1.6. Participação dos neutrófilos em doenças

A inflamação neutrofílica é uma resposta caracterizada pela infiltração de neutrófilos

no tecido inflamado (MALECH; GALLIN, 1987). A infecção do tecido por bactérias

extracelulares representa o protótipo dessa resposta inflamatória (BABIOR, 1984), porém,

várias doenças não infecciosas são caracterizadas pelo recrutamento extravascular de

neutrófilos (MALECH; GALLIN, 1987).

Embora a produção de EROs e a liberação da elastase sejam importantes para a

resposta imune inata, quando grandes quantidades são liberadas ocasiona a destruição de

tecidos saudáveis e contribui para o desenvolvimento de doenças como as inflamatórias

crônicas (artrite reumatóide, vasculite, glomérulo-nefrite, outras doenças auto-imunes),

cardiovasculares (aterosclerose, isquemia miocárdica, lesão induzida por reperfusão, alguns

tipos de alveolíte por complexo imune), neurodegenerativas (esclerose múltipla, mal de

Parkinson, Alzheimer), lesão hepática, doença pulmonária obstrutiva crônica e o câncer

(PAYÁ, 1993; HALLIWELL, 1994; FITCH et al., 2006; DALLEGRI; OTTONELLO, 1997).

Durante a fagocitose, processos citotóxicos são ativados e seus produtos liberados nos

fagolisossomos intracelulares, para eliminar o patógeno e, geralmente, há pouca ou nenhuma

liberação extracelular desses agentes. Entretanto, em contraste com esta produção intracelular

e moderada das moléculas tóxicas, em algumas condições, principalmente em situações de

intensa ativação celular, os neutrófilos podem liberar ativamente grandes quantidades de

EROs e os conteúdos dos grânulos no espaço extracelular (FOSSATI et al., 2007). Os

mecanismos efetores realizados pelos neutrófilos são caracterizados pela sua inespecificidade.

Por este motivo, não há uma distinção entre o que é próprio ou não próprio, e as moléculas

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citotóxicas produzidas podem também reagir com componentes do tecido hospedeiro,

danificando-o (KOBAYASHI et al., 2003). As moléculas antioxidantes e inibidoras de

proteases endógenas têm a função de neutralizar as EROs e as proteases presentes no espaço

extracelular. Porém, em situação de intensa ativação, a liberação de grandes quantidades de

oxidantes e proteases pelos neutrófilos nos sítios de inflamação pode sobrepor a quantidade de

inibidores presentes, bem como inativar os mesmos (CABANIS et al., 1996; FUJIE et al.,

1999; SPLETTSTOESSER; SCHUFF-WERNER, 2002; SCHORR et al., 2005). Além disso,

existem alguns mecanismos que impedem a ação de inibidores de proteases, como por

exemplo, o neutrófilo cria um “espaço de proteção” entre ele e a superfície a qual ele está

aderido, impedindo que antiproteinases presentes no tecido tenham acesso à protease liberada

(CHUA; LAURENT, 2006; LEE; DOWNEY, 2001; PHAM, 2006).

Diante dos problemas causados pela produção e liberação excessiva de moléculas

citotóxicas pelos neutrófilos, existe uma busca contínua por reguladores das funções efetoras

desta célula, para que novos fármacos com atividades antinflamatória e antioxidante sejam

produzidos (CABANIS et al., 1996; BERGENDI et al., 1999; FOOK et al., 2005). Estudos

com produtos naturais têm demonstrado resultados satisfatórios, e muitas substâncias com

efeitos sobre o metabolismo oxidativo e sobre a liberação de elastase já foram identificadas.

Os efeitos dessas substâncias podem estar relacionados com vários mecanismos, como

seqüestro (“scavenger”) de radicais livres, inibição de proteases, além de modulação direta

sobre os neutrófilos, como por exemplo, de receptores para agonistas ou de vias de

sinalização intracelular.

1.2. Produtos naturais

Produtos naturais, especialmente provenientes de plantas, são tradicionalmente

utilizados para o tratamento de uma grande variedade de doenças, e possuem papel chave no

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cuidado da saúde em todo o mundo. Apesar do grande desenvolvimento ocorrido nos

tratamentos da medicina moderna, o interesse público por terapias naturais aumentou

drasticamente nas últimas décadas em países industrializados e em desenvolvimento (DE

SMET, 1997; GRÜNWALD, 1995). Este interesse se deve ao baixo custo dessas terapias e,

principalmente, à menor freqüência de ocorrências de efeitos colaterais em decorrência do seu

uso, quando comparada com a utilização de drogas sintéticas. Outro fator que contribui para a

grande procura por produtos naturais é a atual mudança de hábito da população, a qual, cada

vez mais, tem procurado por medicina preventiva no lugar de curativa (CALIXTO, 2000).

Estudos epidemiológicos mostram que o aumento do consumo de frutas e hortaliças

está fortemente associado com redução do risco de desenvolvimento de doenças crônicas

como câncer e doenças cardiovasculares (STEINMETZ; POTTER, 1996). O efeito protetor

atribuído a essas plantas deve-se a uma variedade de produtos do metabolismo secundário

incluindo compostos fenólicos (polifenóis) e carotenóides (LIU, 2004; MANTLEY; BUSLIG,

1998; HAVSTEEN, 2002).

Os polifenóis constituem um grupo de compostos amplamente distribuído nas plantas,

que estão presentes em frutas, legumes, sementes, flores e folhas e fazem parte integral da

dieta humana. Os principais subgrupos de polifenóis são flavonóides, taninos, ácidos

fenólicos, cumarinas, entre outros (ROSS; KASUM, 2002). Uma variedade de propriedades

farmacológicas é atribuída aos flavonóides, como anti-inflamatória, antiviral,

antiespasmódica, antitumoral e antialérgica, que são associadas às suas atividades

antioxidante “scavenger” de EROs e ação inibitória de enzimas (MIDDLETON Jr. et al.,

2000).

Antioxidantes podem proteger lipoproteínas de baixa densidade da oxidação por

radicais livres e reduzir a formação de placa de aterosclerose. Outros mecanismos pelos quais

estes compostos podem proteger contra doenças cardiovasculares, são a redução da agregação

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plaquetária (especialmente flavonóides e vitamina E) e a redução da pressão sanguínea

(especialmente vitamina C) (HIRVONEN et al., 2000).

1.3. Tamarindus indica LINN.

Tamarindus indica L. é uma espécie de dicotiledônea arbórea, pertencente à família

das leguminosas, originária das áreas secas e quentes da África (sul do Saara) e introduzida na

Ásia. Desta última região, foi trazida há séculos para o Brasil, onde se aclimatou muito bem,

podendo ser encontrada em vários estados brasileiros. Hoje é cultivada em todas as regiões

quentes do mundo. Em regiões propícias, de clima tropical ou subtropical, esta planta se

desenvolve bem, tornando-se uma árvore de grandes proporções. Possui folhas pinadas,

alternas, com vários pares de folíolos elípticos, oblongos e glabros. Apresenta inflorescência

em racemos no ápice dos ramos, com flores de coloração amarelo-esverdeada ou mais ou

menos branca, com dois veios avermelhados. Fornece frutos tipo vagem recurvada levemente

chata, com 9 a 15 centímetros de comprimento, contendo polpa pegajosa, mais ou menos

acídula, de cor avermelhada, que envolve várias sementes (ALZUGARAY; ALZUGARAY,

1984).

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Figura 7: Fotografias de Tamarindus indica L. A – tamarindeiro, árvore de grande porte, com detalhe do fruto em vagem; B – Frutos de tamarindo descascados, com polpa carnosa característica; C – inflorescência em racemos; D – frutos. Fonte: www.antiguamuseums.org; mapage.noos.fr.

A B

C D

A B

C D

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É uma planta muito utilizada tanto na alimentação, quanto na medicina popular,

havendo aproveitamento de quase todas as suas partes. A polpa do fruto contém açúcares,

ácidos orgânicos como cítrico, acético, tartárico e ascórbico (vitamina C), pectinas, vitaminas

e minerais. Folhas, flores e sementes são usadas extensivamente na culinária no sul da Índia e

é uma das fontes de alimento mais importante na Nigéria. Na medicina popular o fruto de

tamarindo é utilizado como digestivo, laxante, expectorante, tônico sanguíneo, para facilitar o

trabalho de parto e para aumentar a produção de leite materno. As sementes são utilizadas

como anti-helmíntica e antidiarréica (KOMUTARIN et al., 2004; LOCKETT et al., 2000). As

flores são indicadas para a assepsia da pele, bem como para inseticida (AL-FATIMI et al.,

2007). Há relatos de que T. indica é um bom antibacteriano, anti-inflamatório e antipirético,

além de possuir atividade anti-Burkholderia pseudomallei atribuída às folhas, a qual já foi

comprovada in vitro (MUTHU et al., 2005). A planta é também tradicionalmente usada para

tratamento de diabetes mellitus, e o extrato aquoso da semente atenuou a hiperglicemia e

hiperlipidemia em ratos diabéticos (MAITI et al., 2005).

O extrato da casca da semente, o qual é rico em flavonóides, demonstrou forte

atividade antioxidante, sendo esta comprovada por ensaios que demonstraram efeitos

protetores tanto em relação à peroxidação de lipídios in vitro, quanto em relação a outros

danos oxidativos promovidos por radicais livres, in vivo (TSUDA et al., 1994). Foi também

observada a inibição da produção de óxido nítrico por macrófagos estimulados por IFN-� e

LPS, na presença do extrato da semente de tamarindo (KOMUTARIN et al., 2004). Um

polissacarídeo proveniente da semente aumentou a fagocitose de fungos por neutrófilos de

indivíduos saudáveis, e por outro lado, inibiu a migração leucocitária e a divisão celular de

leucócitos de indivíduos portadores de leucemia linfoblástica aguda (SREELEKHA et al.,

1993). Outro trabalho verificou a presença de inibidores da elastase neutrofílica na semente

(FOOK et al., 2005).

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Os extratos do fruto e da semente possuem também atividades antibacteriana e

antifúngica (LANHERS et al., 1996), e o extrato da semente apresenta ação estimulante sobre

linfócitos (EI TAHIR et al., 1998).

Ramos e colaboradores (2003), demonstraram que o extrato hidroalcoólico da casca do

caule possui atividade “scavenger” de radical hidroxil, bem como efeito inibitório sobre a

peroxidação de lipídeos.

As flores apresentaram atividade antimicrobiana sobre Staphylococcus aureus,

Bacillus subtilis, Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa e Micrococcus flavus, bem como

ação scavenger de radicais livres (AL-FATIMI et al., 2007).

Recentemente verificou-se que o extrato da polpa do fruto tamarindo possui ação

hipolipêmica em hamsters hipercolesterolêmicos, além de inibir a instalação de aterosclerose

nestes animais. Neste mesmo trabalho verificou-se ação antioxidante do tamarindo em

sistemas de enzimas (MARTINELLO et al., 2005). Librandi (2006) demonstrou que este

mesmo extrato é capaz de modular a atividade do sistema complemento em animais

hipercolesterolêmicos.

Assim como descrito acima, estudos comprovam a existência de várias atividades

biológicas promovidas por extratos provenientes de diferentes partes desta planta. Dentre

estes efeitos podemos destacar atividade antioxidante e inibidora de protease. Entretanto, não

existem pesquisas sobre os efeitos da polpa do fruto sobre o neutrófilo. Outros estudos

mostram que o extrato da polpa do fruto do tamarindo inibe a formação de ateroma, sendo

esta uma doença de caráter auto-imune e existem indícios de que os neutrófilos estão

envolvidos em sua instalação (CHANG et al., 1997). Considerando os efeitos de extratos de

T. indica sobre mecanismos efetores genuínos dos neutrófilo, os quais são causadores de

vários tipos de doenças, bem como sobre a aterogênese, este trabalho investigou os efeitos do

extrato da polpa do fruto desta espécie sobre funções efetoras de neutrófilos ativados.

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2.Objetivos

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No contexto bibliográfico anteriormente citado, o objetivo deste trabalho foi avaliar os

efeitos do extrato bruto da polpa do fruto de T. indica, bem como das frações deste extrato,

sobre dois mecanismos efetores realizados por neutrófilos ativados, o metabolismo oxidativo

e a desgranulação. Com o intuito de atingir este objetivo, foram utilizadas as seguintes

estratégias experimentais:

1. Avaliação do efeito do extrato bruto hidroalcoólico da polpa do fruto de T. indica

sobre o metabolismo oxidativo de neutrófilos ativados por fMLP, PMA e zimosan

opsonizado, utilizando-se os ensaios de quimioluminescência dependentes de luminol

(QLlum) e lucigenina (QLluc);

2. Análise dos efeitos de frações do extrato de T. indica sobre o metabolismo oxidativo

de neutrófilos ativados por fMLP, PMA e zimosan opsonizado, empregando-se a

técnica de QLlum;

3. Avaliação do efeito do extrato bruto de T. indica sobre a desgranulação de neutrófilos

ativados por fMLP, quantificando-se a liberação da enzima elastase neutrofílica, por

meio de análise espectrofotométrica;

4. Análise do efeito do extrato bruto de T. indica sobre a atividade catalítica da enzima

elastase neutrofílica, avaliado por análise espectrofotométrica;

5. Análise da toxicidade do extrato de tamarindo e de suas frações sobre neutrófilos

isolados, utilizando-se os ensaios de exclusão ao corante azul de Tripan e de

determinação da atividade da enzima lactato desidrogenase.

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3. Material e Métodos

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3.1. Soluções e reagentes empregados

a) Azul de Tripan – Carlo Elba Reagenti, cód: CI 23850.

b) Butanol - Merk, Schuchardt, Hohenbrunn, Germany, cod: 0344.

c) Citocalasina B (CB) – Sigma Chemical Co., St. Louis, MO., USA, cód: C 6762.

d) Diclorometano – Quimex, F. Maia Ind. e Com. Ltda, Brasil, cód: QX 330 1000.

e) Dimetilsulfóxido (DMSO) – Merk, Schuchardt, Hohenbrunn, Germany, cód: 802912.

f) Forbol-12-miristato-13-acetato (PMA) – Sigma Chemical Co., St. Louis, MO., USA, cód:

P8139.

g) Hexano - Merk, Schuchardt, Hohenbrunn, Germany, cód: 15832.

h) “Kit” para determinação da enzima lactato desidrogenase (LDH) Liquiform – Labtest

diagnostica, Lagoa Santa, MG, Brasil, cód: 86-2/30.

i) Líquido de Turk (violeta de genciana 1% em solução de ácido acético 1%).

j) Lucigenina (10,10`-dinitrato de dimetil-bis-acrinidina) – Sigma Chemical Co., St. Louis,

MO., USA, cód: M-8010.

k) Luminol (5-amino-2,3-diidro-1,4-ftalazinodiona) – Sigma Chemical Co., St. Louis, MO.,

USA, cód: A-8511.

l) Metanol - Sigma Chemical Co., St. Louis, MO., USA, cód: 67-56-1.

m) N-formil-metionil-leucil-fenilalanina (fMLP) – Calbiochem, Merk, Schuchardt,

Hohenbrunn, Germany, cód: 05.22-2500.

n) N-succinil-Ala-Ala-Val-p-nitroanilida (SAAVNA) – Substrato para a enzima elastase –

Calbiochem, Merck-DGaA, Darmstadt, Germany, cód: 454454.

o) Solução de Alséver (Tampão citrato com azida sódica) pH 6,1.

p) Solução de cloreto de amônio (NH4Cl) 0,83%, pH 7,2.

q) Solução de gelatina (Difco, Becton, Dickinson and company sparks, France, cód: 214340)

2,5% em NaCl 0,15M.

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52

r) Solução de Hanks, pH 7,2 (PAUL, 1970).

s) Solução salina (NaCl 0,15M).

t) Tampão CFD (Diluente para fixação de Complemento, contendo 0,1% de gelatina) pH7,2.

u) Triton X-100 - sigma Chemical Co., St. Louis, MO., USA, cód: T 9284

v) Zimosan A (Saccharomyces cerevisiae) – sigma Chemical Co., St. Louis, MO., USA, cód:

Z4250-1G.

3.2. Preparo do extrato bruto hidroalcoólico da polpa do fruto de T. indica

Os frutos foram obtidos no CEASA de Ribeirão Preto, descascados e submetidos à

maceração em álcool 70% (v/v), na proporção de 1:3 (p/v) e mantidos à temperatura

ambiente, recebendo agitação diária, por cinco dias. O macerado obtido foi filtrado em funil

de Büchner e em seguida, submetido à evaporação rotatória a 40oC por 4 horas para extração

do solvente. Partindo de 8kg de fruto, obteve-se 2,5kg de extrato, equivalendo a um

rendimento de 31,25%. Após a obtenção do extrato bruto (EB), este foi armazenado a -4°C e

solubilizado em solução de dimetilsulfóxido (DMSO) 25% (v/v) em água, para análise de

seus efeitos sobre algumas funções do neutrófilo.

3.3. Preparo das frações do extrato

As diferentes frações do extrato hidroalcoólico do fruto de T. indica foram obtidas

utilizando-se um processo de partição sucessiva líquido-líquido, com os solventes hexano,

diclorometano e butanol. O fracionamento foi procedido da seguinte forma: 125g do extrato

bruto concentrado foram solubilizados em uma solução metanol:água (7:3), v/v, e em seguida

filtrado em funil com papel filtro. A partição foi realizada com 400mL de hexano. Separou-se

a fração orgânica em hexano (H) e eliminou-se o solvente completamente em evaporador

rotatório a vácuo. Foram adicionados ao extrato metanólico restante 400mL de diclorometano.

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53

A fração orgânica em diclorometano (DCM) foi separada e o solvente completamente

eliminado em evaporador rotatório a vácuo. O metanol do extrato metanólico restante foi

eliminado por rotaevaporação a vácuo. O extrato aquoso restante foi particionado com 400mL

de butanol por três vezes. A fração orgânica em butanol (But) foi separada e o solvente

eliminado em evaporador rotatório a vácuo. A fração aquosa (Aq) restante também foi

concentrada por rotaevaporação. Os rendimentos obtidos foram de 0,1g da fração hexano

(0,08%), 0,5g da fração diclorometano (0,4%), 20g da fração butanólica (16%) e 80g da

fração aquosa (64%). As frações obtidas foram estocadas a -20°C e solubilizadas em DMSO

25% (exceto fração hexano, a qual foi solubilizada em DMSO puro), para serem analisadas

quanto às suas atividades antioxidante e scavenger de radicais livres em ensaios de

quimioluminescência.

O processo de preparo e fracionamento do extrato encontra-se resumindo na Figura 8.

3.4. Padronização do extrato bruto e das frações

As análises das concentrações de açúcares totais, polifenóis e flavonóides presentes no

extrato bruto (EB) e nas frações hexano (H), diclorometano (DCM), butanólica (But) e aquosa

(Aq) foram realizadas por Martinello (2006), e os resultados estão mostrados na tabela 3.1. As

metodologias utilizadas para estas quantificações estão no Anexo A.

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54

Figura 8. Procedimento de obtenção do extrato bruto de tamarindo (EB) e das frações hexano (H), diclorometano (DCM), butanólica (But) e aquosa (Aq).

Fruto descascado

Extrato bruto hidroalcoólico concentrado

H Extratometanólico

DCM Extrato metanólico

Extrato aquoso

But Aq

Maceração com álcool 70%Rotaevaporação

Suspensão em metanol: água

Extrato metanólico

Partição com hexano

Partição com diclorometano

Evaporação do metanol

Partição com butanol

Fruto descascado

Extrato bruto hidroalcoólico concentrado

H Extratometanólico

DCM Extrato metanólico

Extrato aquoso

But Aq

Maceração com álcool 70%Rotaevaporação

Suspensão em metanol: água

Extrato metanólico

Partição com hexano

Partição com diclorometano

Evaporação do metanol

Partição com butanol

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55

Tabela 3.1. Composições do extrato bruto hidroalcoólico e das frações de T. indica.

Amostra Açúcares Totais(1)

(mg/mL)

Polifenóis(2)

(mg/mL)

Flavonóides(3)

(�g/mL)

EB 1.121,27 ± 24,28 24,90 ± 1,51 122,65 ± 6,69

H 63,18 ± 13,38 9,51 ± 1,57 35,89 ± 3,00

DCM 335,26 ± 18,39 11,45 ± 0,28 30,84 ± 4,64

But 963,38 ± 18,39 3,70 ± 0,12 43,38 ± 0,12

Aq 484,87 ± 13,80 2,61 ± 0,23 29,36 ± 1,24

p<0,05 But>Aq>DCM>H DCM=H>But=Aq But>H=DCM=Aq

Métodos utilizados: (1) DUBOIS et al., 1956; (2) FOLIN-CIOCALTEU, 1927 apud SINGLENTON; ROSSI, 1965; (3) DOWD, 1959. Abreviaturas: Aq: fração aquosa; But: fração butanólica; DCM: fração diclorometano; EB: extrato bruto de tamarindo; H: fração hexano. Os resultados são expressos como média ± desvio padrão de duas determinações realizadas em triplicata. Dados obtidos por Martinello (2006).

3.5. Material biológico

Neste estudo foi utilizado sangue humano colhido de voluntários saudáveis, seguindo

os procedimentos éticos, de acordo com a resolução 196/96 e aprovado pelo Comitê de Ética

em pesquisa com humanos da FCFRP-USP (Anexo B). Os voluntários foram conscientizados

dos objetivos do trabalho e assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido (Anexo

C). O sangue humano foi utilizado para a obtenção dos neutrófilos e do soro humano normal.

3.6. Isolamento de neutrófilos (PMNs)

Os neutrófilos foram obtidos a partir de sangue humano total de voluntários sadios e

isolados de acordo com o método descrito por Henson (1971) e modificado por Lucisano &

Mantovani (1984). O sangue foi colhido por punção venosa, utilizando-se sistema a vácuo e

solução de Alséver pH 6,1 (v/v) como anticoagulante, e centrifugado a 755 x g por 10

minutos a 4°C. O plasma foi desprezado juntamente com a camada superior de células do

sedimento que é constituída principalmente de leucócitos mononucleares, e ao sedimento foi

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adicionada uma solução de gelatina 2,5% (p/v) em solução salina (NaCl 0,15M), em

quantidade equivalente a duas vezes o volume de sedimento. Esta mistura foi então

homogeneizada e incubada por 30 minutos a 37°C. O sobrenadante, rico em PMNs, foi

transferido para outro tubo, diluído em solução de NaCl 0,15M, e centrifugado a 270 x g por

10 minutos a 4°C. Ao sedimento, adicionou-se solução de Cloreto de Amônio (NH4Cl)

(0,83%; pH 7,2), previamente aquecido a 37°C, para a lise das hemácias ainda presentes.

Após repouso de 5 minutos a 37°C, centrifugou-se novamente a 480 x g por 10 minutos a 4°C

e, em seguida, o sedimento foi suspenso em solução de NaCl 0,15M e novamente

centrifugado a 270 x g por 8 minutos a 4°C.

As células foram suspensas em 1,0 mL de solução de Hanks (pH 7,2) contendo 0,1%

de gelatina, e uma alíquota foi diluída 1:100 em líquido de Turk para contagem do número de

células em câmara de Neubauer. A viabilidade celular foi determinada pelo ensaio de

exclusão ao corante Azul de Tripan, obtendo-se preparações de células com viabilidade de

aproximadamente 98% , contendo cerca de 95% de neutrófilos.

3.7. Obtenção do soro humano normal

O sangue foi colhido por punção venosa e sem anticoagulante de voluntários sadios.

Deixou-se em repouso à temperatura ambiente por uma hora, para retração do coágulo

formado e, posteriormente centrifugou-se a 480 x g por 10 minutos a 4°C. O soro obtido foi

reunido em um “pool”, fracionado e estocado a -70°C para ser utilizado na opsonização do

zimosan.

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57

3.8. Preparo dos estímulos utilizados para ativar os neutrófilos

3.8.1. Zimosan opsonizado (ZIops)

O preparo do zimosan foi feito de acordo como o método descrito por Cheung e

colaboradores (1983). Uma suspensão de zimosan A (ZI), a 2mg/mL em solução NaCl 0,15M,

foi mantida em banho fervente por 30 minutos e, em seguida, centrifugada a 270 x g por 5

minutos a 4°C. O precipitado foi suspenso em solução de NaCl 0,15M e centrifugado sob as

mesmas condições anteriores. Em seguida, adicionou-se 0,1mL de soro humano normal

diluído 1:2 em diluente para fixação do complemento (tampão CFD) e incubou-se a 37°C por

30 minutos. A suspensão de zimosan opsonizado (ZIops) foi centrifugada a 480 x g por 5

minutos a 4°C e, em seguida, o sedimento foi lavado duas vezes com NaCl 0,15M,

centrifugando-o sob as mesmas condições anteriores. Por fim, a concentração da suspensão de

ZIops foi ajustada para 2mg/mL em solução de Hanks (pH 7,2) contendo 0,1% de gelatina.

3.8.2. Forbol-12-miristato-13-acetato (PMA) e N-formil-metionil-leucil-fenilalanina

(fMLP)

O PMA e o fMLP foram solubilizados em DMSO, na concentração 10-2M, estocados a

-70°C, e para o uso, estes foram diluídos em solução de Hanks pH 7,2, como descrito por

Pavelkova & Kubala (2004).

3.9. Padronização das condições dos ensaios de quimioluminescência (QL)

Neste estudo foram utilizadas as sondas luminol (5-amino-2,3-diidro-1,4-

ftalazinodiona) e lucigenina (10,10`-dinitrato de dimetil-bis-acrinidina), as quais geram,

respectivamente, quimioluminescência dependente de luminol (QLlum) e

quimioluminescência dependente de lucigenina (QLluc). Em todos os experimentos de QL, as

sondas foram dissolvidas em dimetilsulfóxido (DMSO).

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58

As condições experimentais dos ensaios de quimioluminescência deste estudo foram

realizadas de acordo com metodologias previamente padronizadas em nosso laboratório, com

algumas modificações. Os parâmetros previamente estabelecidos foram: quantidade de

neutrófilos (1 x 106 células por tubo de reação); concentração de zimosan opsonizado

(1mg/mL); concentrações das sondas de QL [280�M (luminol) e 150�M (lucigenina)].

Neste estudo, foram realizadas as padronizações das concentrações dos estímulos

fMLP e PMA.

3.9.1. Padronização da concentração de fMLP

Para estabelecer a concentração de fMLP a ser utilizada nos ensaios de QL, obteve-se

uma curva da concentração de fMLP x QL produzida. Neutrófilos (1×106 células) foram

incubados com a sonda quimioluminescente [luminol (280�M) ou lucigenina (150�M)] em

banho-maria a 37°C, por 2 minutos. Posteriormente, adicionou-se fMLP em diferentes

concentrações (10-8, 10�7, 10-6 ou 10-5M), em um volume final de 1mL. Imediatamente,

acompanhou-se a produção de QL, expressa em contagem de fótons por minuto (cpm), em

luminômetro Auto Lumat LB 973, EG&G Berthold, durante 15 minutos a 37°C. Os valores

de QL foram expressos como área integrada de QL (área sob a curva do perfil registrado) de 0

a 15 minutos que representa a quantidade total de EROs produzida pelos PMNs durante este

intervalo de tempo (Figura 9). A partir dos valores de QL obtidos, fez-se a curva da

concentração de fMLP x QL. Como controle mediu-se a QL produzida espontaneamente por

1×106 neutrófilos apenas na presença de sonda quimioluminescente e solução de Hanks. A

concentração ideal de fMLP foi avaliada em três experimentos independentes realizados em

duplicata.

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59

0 5 10 15 200.0×10 -00

2.5×10 06

5.0×10 06

7.5×10 06

Área integradade QL de 0 a 15 min

curva de QL produzida

tempo (min)

QL

(cpm

)

Figura 9. Representação da produção de QL por 1 x 106 neutrófilos ativados, durante 15 minutos, registrada em cpm. O valor da área integrada (área sob a curva) representa a quantidade total de EROs produzida durante este intervalo de tempo. Abreviaturas: QL: quimioluminescência; cpm: contagem de fótons por minuto.

3.9.2. Padronização da concentração de PMA

A concentração de PMA utilizada nos ensaios de QL também foi determinada a partir

da obtenção de uma curva concentração de PMA x QL produzida. Para isso, os PMNs (1×106

células) na presença da sonda quimioluminescente [luminol (280�M) ou lucigenina (150�M)]

foram incubados em banho-maria a 37°C, por 2 minutos. Em seguida, acrescentou-se PMA

em diferentes concentrações (10-8, 10-7, 10-6M) em um volume final de 1mL e, imediatamente,

a QLlum ou a QLluc foram medidas por 15 minutos em luminômetro. As demais condições

experimentais empregadas para este ensaio foram semelhantes às descritas no item 3.9.1. A

concentração ideal de PMA foi avaliada em dois experimentos independentes realizados em

duplicata.

3.10. Avaliação dos efeitos do extrato bruto e das frações de T. indica sobre o

metabolismo oxidativo de neutrófilos estimulados

Após padronizar as condições dos ensaios, foram avaliados os efeitos do extrato bruto

e das frações sobre a produção de QL por neutrófilos estimulados com ZIops, fMLP e PMA.

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3.10.1. Amostras de extrato bruto e frações de T. indica

As amostras do extrato e das frações de T. indica avaliadas nos experimentos de

quimioluminescência, bem como as concentrações empregadas, estão descritas a seguir.

- Extrato bruto (EB) hidroalcoólico da polpa do fruto de T. indica em concentrações

finais que variaram entre 50 – 800�g/mL, quando o estímulo utilizado foi o ZIops e

entre 25 – 400�g/mL, quando o estímulo utilizado foi fMLP ou PMA;

- Fração hexano (H) do extrato hidroalcoólico de T. indica em concentrações finais que

variaram entre 5 – 200�g/mL, em ensaios que utilizaram os estímulos ZIops e PMA e

entre 1,25 e 50�g/mL, em ensaios que utilizaram o estímulos fMLP;

- Fração diclorometano (DCM) do extrato hidroalcoólico de T. indica em concentrações

finais que variaram entre 5 – 200�g/mL;

- Fração butanólica (But) do extrato hidroalcoólico de T. indica em concentrações finais

que variaram entre 5 – 200�g/mL;

- Fração aquosa (Aq) do extrato hidroalcoólico de T. indica em concentrações finais que

variaram entre 5 – 200�g/mL.

3.10.2. Ensaio de quimioluminescência

Neutrófilos (1 x 106 células) foram pré-incubados em banho-maria a 37°C, por 2

minutos, na presença das amostras de extrato bruto ou frações de T. indica em diferentes

concentrações, e das sondas quimioluminescentes luminol (280�M) ou lucigenina (150�M)*.

Em seguida, os tubos foram transportados para o luminômetro e a eles adicionados os

estímulos [ZIops (1mg/mL), ou fMLP (10-6M), ou PMA (10-7M)] e, imediatamente,

acompanhou-se a produção de QL, em cpm, durante 10 minutos (para o extrato bruto) ou 15

minutos (para as frações), a 37°C em luminômetro. Como controle positivo utilizou-se o

DMSO nas concentrações finais 0,25 ou 1,0%.

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* As frações foram avaliadas somente em ensaios de QLlum.

Em todos os ensaios realizados mediu-se a produção espontânea de QLlum e QLluc

dos neutrófilos (1 x 106 células) na ausência de estímulo.

A partir das curvas de QL em função do tempo (Figura 10A) foram calculados os

valores de área integrada (área sob a curva) (10B). A atividade de cada amostra foi avaliada

em cinco diferentes concentrações. Os valores da área integrada foram utilizados para

determinar a porcentagem de inibição promovida pelas diferentes concentrações das amostras

analisadas, em relação aos respectivos controles (figura 10C), de acordo com a fórmula:

% I = 100 - [(AS/AC) × 100]

onde,

%I: porcentagem de inibição da QL promovida por cada concentração avaliada em relação ao

controle (DMSO);

AS: área integrada de QL de 0 a 10 minutos, de cada amostra estudada em cada concentração

avaliada;

AC: área integrada de QL de 0 a 10 minutos, do controle.

Após a obtenção dos valores de % de inibição foi possível calcular os valores de

concentração de inibição 50 (CI50), que corresponde à concentração da amostra capaz de

inibir 50 % da atividade biológica estudada (QL), por efeito de regressão não linear (Figura

10d). A partir das análises dos valores de %I e CI50 foi possível fazer comparações entre os

resultados obtidos pelas amostras em experimentos utilizando os diferentes estímulos.

O efeito de cada amostra (EB, H, DCM, But e Aq) sobre a produção de QL foi

avaliado em no mínimo três experimentos independentes realizados em duplicatas, para cada

estímulo utilizado.

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Figura 10. Representação da forma de obtenção dos dados dos ensaios de quimioluminescência (QL) realizados para verificar o efeito das amostras de extrato bruto ou frações de T. indica sobre a produção de EROs por neutrófilos ativados. A- perfis de QL em função do tempo produzidos por neutrófilos ativados na presença da amostra nas diferentes concentrações ou DMSO (controle); B- área integrada de QL produzida pelos neutrófilos na presença das diferentes concentrações da amostra ou DMSO; C- porcentagem de inibição da produção de QL promovida pelas diferentes concentrações da amostra em relação ao controle, calculada a partir dos valores de área integrada; D- cálculo do valor de CI50 de cada amostra por meio de regressão não-linear. Abreviaturas: QL: quimioluminescência; DMSO: dimetilsulfóxido; CI50: concentração da amostra que inibe 50% da QL.

0 250 500 750 10000

50

100

concentração (µµµµg/mL)

porc

enta

gem

de

inib

ição

-5.0 -4.5 -4.0 -3.5 -3.0 -2.50

50

100

log [concentração (g/mL)]po

rcen

tage

m d

e in

ibiç

ão

CI50

A B

C D

0 150.0×10 -00

1.5×10 08

DMSO50100200400800

µµµµg/mL

tempo (min)

QL

(cpm

)

DMSO 50 100 200 400 8000.0×10 -00

1.5×10 09

concentrações (µµµµg/mL)

área

inte

grad

a de

QL

de0

a 15

min

utos

0 250 500 750 10000

50

100

concentração (µµµµg/mL)

porc

enta

gem

de

inib

ição

-5.0 -4.5 -4.0 -3.5 -3.0 -2.50

50

100

log [concentração (g/mL)]po

rcen

tage

m d

e in

ibiç

ão

CI50

A B

C D

0 150.0×10 -00

1.5×10 08

DMSO50100200400800

µµµµg/mL

tempo (min)

QL

(cpm

)

DMSO 50 100 200 400 8000.0×10 -00

1.5×10 09

concentrações (µµµµg/mL)

área

inte

grad

a de

QL

de0

a 15

min

utos

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3.11. Ensaios de desgranulação

O ensaio utilizado para avaliar a desgranulação de neutrófilos foi descrito por

Johansson e colaboradores (2002) e modificado por Kanashiro e colaboradores (2007). Tal

metodologia consiste na verificação da presença da enzima elastase neutrofílica (EN) no

meio. Esta enzima está presente nos grânulos azurófilos e é liberada durante o processo de

desgranulação após a estimulação celular. Para avaliar a quantidade de elastase liberada

utilizou-se o substrato incolor succinil-Ala-Ala-Val-p-nitroanilida (SAAVNA) o qual, na

presença desta enzima, é degradado no produto de cor amarela, P-nitroanilina (p-NA), que é

quantificado espectrofotometricamente a 405 nm. Utilizando este substrato foi possível

avaliar o efeito do EB sobre o processo de desgranulação.

O esquema apresentado na Figura 11 mostra os possíveis mecanismos que alguma

substância pode realizar para inibir a desgranulação de neutrófilos. Neste estudo, o extrato de

tamarindo foi inicialmente avaliado em um ensaio com células, para verificar se este possui

algum efeito sobre a desgranulação (item 3.11.1). A fim de verificar se o extrato age

diretamente sobre a enzima liberada, inibindo sua atividade catalítica, realizou-se o ensaio

descrito no item 3.11.2.

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Figura 11. Esquema ilustrando as diferentes formas de atuação de substâncias sobre a desgranulação neutrofílica. Linhas tracejadas: locais de possíveis atuações do extrato. Esquema adaptado de Johansson e colaboradores (2002). Abreviatura: fMLP: N-formil-metionil-leucil-fenilalanina ; CB: citocalasina B; SAAVNA: N-succinil-Ala-Ala-Val-p-nitroanilida, pNA: P-nitroanilina

3.11.1. Avaliação do efeito do EB de T. indica sobre a desgranulação de neutrófilos

ativados

Em microplaca de 96 poços, 180µL de neutrófilos (2 x 105 células/ poço) foram

incubados com 10µL de citocalasina B (CB) (1µM) e 2µL de amostra [EB de T. indica (100;

200 ou 400µg/mL), solução de Hanks (controle positivo) ou DMSO 0,25% (controle do

solvente)], por 10 minutos, a 37°C. Após adicionar 10µL de fMLP (1µM) aos poços, a

microplaca foi deixada em repouso durante 30 minutos a 37°C, para que ocorresse o processo

de desgranulação. Os valores entre parênteses correspondem às concentrações finais, em um

volume de reação de 200µL. Finalmente, adicionou-se o substrato SAAVNA (1mM), e fez-se

a leitura imediatamente (tempo zero) em leitor de ELISA (Sigma Diagnostics), em

comprimento de onda de 405nm. O sistema foi mantido a 37°C durante 20 minutos e, em

seguida, foi realizada outra leitura a 405nm para verificar a formação de p-NA durante este

fMLP + CB

Neutrófilo

Elastase

SAAVNA pNA

inibição daelastase

sinalizaçãointracelular

receptor de fMLP

outrosreceptores

efeitos citotóxicos

fMLP + CB

Neutrófilo

Elastase

SAAVNA pNA

inibição daelastase

sinalizaçãointracelular

receptor de fMLP

outrosreceptores

efeitos citotóxicos

fMLP + CB

Neutrófilo

Elastase

SAAVNA pNA

inibição daelastase

sinalizaçãointracelular

receptor de fMLP

outrosreceptores

efeitos citotóxicos

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65

período. Como controle negativo mediu-se a liberação espontânea da enzima, quantificando a

degradação do substrato por 2 x 105 células apenas na presença de meio.

Para verificar se o extrato de tamarindo interfere na leitura a 405nm, foram feitos

controles contendo células (2 x 105 células) e EB nas concentrações analisadas. A partir da

absorvância (Abs) obtida nestes poços subtraiu-se a Abs do “branco” (2 x 105 células na

presença de meio), obtendo-se a interferência promovida pelo EB.

O efeito do EB de T. indica sobre a liberação da enzima elastase foi verificado em

quatro experimentos independentes realizados em triplicata.

3.11.2. Efeito do extrato bruto de T. indica sobre a atividade da enzima elastase

Na tentativa de esclarecer o mecanismo de ação do extrato (Figura 11), foi avaliado o

efeito do mesmo sobre a atividade catalítica da enzima elastase, utilizando a técnica descrita

por Johansson e colaboradores (2002) e modificada por Kanashiro e colaboradores (2007).

Para o isolamento da enzima elastase, em um tubo, incubaram-se 4,5mL de neutrófilos (1,1 x

106 células/mL) com 250µL de CB (1µM) a 37°C, por 10 minutos. Em seguida, a

desgranulação foi ativada pela adição de 250µL de fMLP (1µM). Simultaneamente, fez-se o

tubo controle negativo (branco), contendo apenas neutrófilos e solução de Hanks. Os valores

entre parênteses correspondem às concentrações finais, em um volume de reação de 5mL.

Após a incubação por 30 minutos a 37°C, os tubos de reação foram centrifugados a 755 x g,

por 10 minutos. O sedimento, contendo as células, foi desprezado e o sobrenadante, rico em

elastase, foi utilizado no ensaio para determinar a atividade desta enzima.

Em microplaca, 200µL de sobrenadante foram colocados na presença de 2µL de

extrato bruto de tamarindo (100; 200 ou 400µg/mL), DMSO (25%) (controle do solvente) ou

Hanks (controle positivo). Como controle negativo utilizou-se o sobrenadante do tubo

contendo neutrófilos não estimulados. Finalmente o substrato SAAVNA (1mM) foi

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66

adicionado e, imediatamente, realizada a leitura da Abs (tempo zero) em leitor de ELISA

(Sigma Diagnostics), em comprimento de onda de 405nm. A placa foi mantida a 37°C por 20

minutos e, em seguida, realizada outra leitura a 405nm para quantificar a produção de p-NA

durante este período. Os valores entre parênteses correspondem às concentrações finais, em

um volume de reação de 250µL. Verificou-se a interferência do EB na Abs a 405nm

realizando-se controles contendo solução de Hanks e extrato nas concentrações analisadas. A

partir dos valores de Abs obtidos nestes poços-controle, subtraiu-se o valor de Abs do branco

(Hanks).

O efeito do EB de T. indica sobre a atividade catalítica da enzima elastase foi

verificado em três experimentos independentes realizados em triplicata.

3.11.3. Análise dos dados

Os valores de absorvância obtidos nos dois ensaios realizados para avaliar os efeitos

do EB de T. indica sobre a liberação e a atividade da enzima elastase foram tratados da

seguinte forma:

� Abs = Abs(20) – Abs(0), sendo

� Abs – variação na absorvância durante 20 minutos;

Abs(20) – absorvância em 405 nm no tempo 20;

Abs(0) - absorvância em 405 nm no tempo 0 (esta leitura é feita imediatamente após a adição

do substrato.

Os valores de � Abs obtidos nos poços-teste de cada experimento foram comparados

com os valores dos controles (DMSO) para verificar se o extrato possui atividade modulatória

sobre a liberação e/ou atividade da enzima elastase.

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67

3.12. Avaliação da toxicidade das amostras sobre os neutrófilos

A avaliação da toxicidade do extrato e das frações de tamarindo foi realizada com o

intuito de verificar se as atividades modulatórias provocadas pelas amostras sobre os PMNs se

devem a efeitos tóxicos das mesmas sobre estas células. Foram utilizados dois ensaios:

exclusão ao corante Azul de Tripan e determinação da atividade da enzima lactato

desidrogenase (LDH) liberada pelos neutrófilos humanos, seguindo-se as condições

experimentais padronizadas por Kabeya (2002), descritas a seguir.

Neutrófilos (1× 106 células /mL) foram incubados por 15 minutos a 37°C na presença

de 10�L de solução Hanks (controle negativo); ou de Triton X-100 (0.2%) (controle positivo);

ou de DMSO (controle do solvente - 0,25 ou 1%); ou das amostras estudadas (extrato bruto de

tamarindo nas concentrações 400 e 800�g/mL; ou frações hexano, diclorometano, butanólica

ou aquosa a 200 �g/mL cada), em um volume final de reação de 1 mL.

Os tubos de reação foram centrifugados a 755 x g, por 10 minutos, a 4°C. Os

sobrenadantes foram transferidos para outros tubos e mantidos em banho de gelo para

determinação da atividade da LDH. Os sedimentos de células foram suspensos em 200�L de

solução de Hanks contendo 0.1% de gelatina. Uma alíquota dessa suspensão foi misturada

com igual volume de Azul de Tripan, preparado a 0.1% em NaCl 0,15M e transferida para

câmara de Neubauer. Este corante é incorporado apenas por células não viáveis, devido a

lesões na membrana plasmática. A proporção de células viáveis foi estimada pela contagem

de 200 células em microscópio óptico.

O sobrenadante foi utilizado para quantificar a atividade da LDH, uma enzima

localizada no citoplasma das células, liberada quando estas são lesadas ou necrosadas. Esta

enzima é responsável pela conversão do piruvato a lactato na presença de NADH. O ensaio é

realizado utilizando-se o Kit LDH (Liquiform), e baseia-se na medida do decréscimo da

absorvância em 340nm devido à oxidação do NADH, a qual é proporcional à atividade da

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LDH na amostra. Alíquotas de 1mL de substrato foram pré-incubadas por 3 minutos a 37°C.

Adicionou-se 100�L da amostra de sobrenadante, homogeneizou-se a mistura e realizou-se a

leitura da absorvância em 340 nm nos tempos 1 e 3 minutos, a 37° C, em espectrofotômetro

DU – 70 (Beckman, Fullerton, CA, USA). Calculou-se a atividade da LDH nas amostras

seguindo-se a fórmula descrita pelo fabricante do kit:

A = [(A1 – A2) / 2] × 1,746

Onde:

A = atividade da LDH na amostra, em U/mL;

A1 = absorvância inicial (1minuto) em 340nm;

A2 = absorvância final (3 minutos) em 340nm;

1,746 = fator de cálculo estipulado pelo fabricante do “kit”, para volume de amostra de

100�L.

A toxicidade do extrato e das frações foi avaliada em três experimentos independentes,

com medidas em duplicata.

3.13. Análise estatística

Os resultados obtidos foram processados por meio do programa GraphPad Prism 3.00

(GraphPad Software, Inc.) (GRAPH Pad Prism, 1999) e analisados estatisticamente por meio

de análise de variância (ANOVA) seguida pelo teste de Tukey, sendo os valores de p<0,05

considerados significantes.

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4. Resultados

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70

4.1. Padronização da concentração de N-formil-metionil-leucil-fenilalanina (fMLP)

A concentração de fMLP a ser utilizada nos experimentos de QL foi estabelecida

avaliando-se o estímulo nas concentrações 10-8, 10-7, 10-6 e 10-5M. A QL obtida das células

para cada concentração de fMLP avaliada foi expressa como área integrada de QL de 0 a 15

minutos e os resultados estão mostrados na Figura 12.

0.0 0.5 1.0 1.50.0

5.0×10 08

1.0×10 09

1.5×10 09

6 10

A

fMLP (×××× 10-6M)

área

inte

grad

a de

QLl

um

de 0

a 1

5 m

in

0.0 0.5 1.0 1.50

10000000

20000000

30000000

40000000

6 10

B

fMLP (×××× 10-6M)

área

inte

grad

a d

e Q

Lluc

de

0 a

15 m

in

Figura 12. Respostas de quimioluminescência (QL) dependente de luminol (A) e lucigenina (B) de neutrófilos humanos estimulados com diferentes concentrações de fMLP. Os resultados estão expressos como área integrada de QLlum e QLluc de 0 a 15 minutos. Resultados de um experimento representativo. Valores expressos em média ± DP. n=3 (n: número de experimentos independentes realizados em duplicata). Abreviaturas: DP: desvio padrão; fMLP: N-formil-metionil-leucil-fenilalanina; QLluc: quimioluminescência dependente de lucigenina; QLlum: quimioluminescência dependente de luminol.

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71

Observou-se que a produção de QLlum ou QLluc aumentou com o aumento da

concentração de fMLP, até 10-6M. Poucas alterações na resposta de QL ocorreram acima

dessa concentração, indicando que 10-6M de fMLP é suficiente para estimular 1 x 106

neutrófilos. Portanto, esta concentração foi utilizada nos experimentos de QL com este

estímulo.

4.2. Padronização da concentração de Forbol-12-miristato-13-acetato (PMA)

Para estabelecer a concentração de PMA para os experimentos de QL, este estímulo

foi avaliado nas concentrações 10-8, 10-7e 10-6M. A QL obtida das células para cada

concentração de PMA avaliada foi expressa como área integrada de QL de 0 a 15 minutos.

Observando os resultados, mostrados na Figura 13, é possível verificar que as respostas de

QLlum e QLluc produzidas pelos neutrófilos atingiram valores máximos quando estes foram

estimulados com PMA na concentração 10-7M, sofrendo poucas alterações ao empregar

concentração superior. Isso indica que 10-7M de PMA é suficiente para estimular 1 x 106

neutrófilos e, portanto, foi utilizada nos estudos de QL com este estímulo.

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72

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.20.0

5.0×10 08

1.0×10 09

1.5×10 09

A

PMA (×××× 10-6 M)

área

inte

grad

a d

e Q

Llu

mde

0 a

15

min

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.20

50000000

100000000

150000000B

PMA (×××× 10-6 M)

área

inte

grad

a d

e Q

Lluc

de

0 a

15 m

in

Figura 13. Respostas de quimioluminescência (QL) dependente de luminol (A) e lucigenina (B) de neutrófilos humanos estimulados com diferentes concentrações de PMA. Os resultados estão expressos como área integrada de QLlum e QLluc de 0 a 15 minutos. Resultados de um experimento representativo. Valores expressos em média ± DP. n=2 (n: número de experimentos independentes realizados em duplicata). Abreviaturas: DP: desvio padrão; PMA: Forbol-12-miristato-13-acetato; QLluc: quimioluminescência dependente de lucigenina; QLlum: quimioluminescência dependente de luminol.

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4.3. Avaliação dos perfis de quimioluminescência produzidos por neutrófilos ativados

pelos diferentes estímulos

Ao estimular os neutrófilos com os estímulos zimosan opsonizado (ZIops), PMA ou

fMLP, diferentes perfis de quimioluminescência foram observados (Figura 14A e 14B). Para

todos os estímulos empregados, os valores de QLlum foram maiores que os valores de QLluc.

Figura 14. Perfis representativos de QLlum (A e C) e QLluc (B e D) produzidos durante 10 minutos por neutrófilos ativados por ZIops, PMA e fMLP (A e B). C e D – detalhes das diferenças entre os perfis de QLlum e QLluc produzidos por neutrófilos ativados por fMLP. Abreviaturas: fMLP: N-formil-metionil-leucil-fenilalanina; PMA: Forbol-12-miristato-13-acetato. QLluc: quimioluminescência dependente de lucigenina; QLlum: quimioluminescência dependente de luminol; ZIops: zimosan opsonizado.

O ZIops foi o estímulo que induziu a maior produção de quimioluminescência. Os

perfis produzidos são caracterizados por apresentarem intensa e prolongada produção de QL,

a qual se inicia em torno de dois minutos após a adição do estímulo. O PMA também

promoveu uma forte e prolongada produção de QL, porém mais imediata e menos intensa que

a promovida pelo ZIops. A QL induzida pelo fMLP caracterizou-se por atingir menores

0.0 2.5 5.0 7.5 10.0 12.50.0×10 -00

1.0×10 08

2.0×10 08

3.0×10 08

4.0×10 08

5.0×10 08

ZIopsPMAfMLP

tempo (min)

QLl

um (

cpm

)

0.0 2.5 5.0 7.5 10.0 12.50.0×10 -00

2.0×10 07

4.0×10 07

6.0×10 07

8.0×10 07

fMLP

tempo (min)

QLl

um (

cpm

)

0.0 2.5 5.0 7.5 10.0 12.50.0×10 -00

2.5×10 06

5.0×10 06

7.5×10 06

fMLP

tempo (min)

QLl

uc (

cpm

)

A

D C

B

0.0 2.5 5.0 7.5 10.0 12.50.0×10 -00

1.0×10 07

2.0×10 07

3.0×10 07

4.0×10 07

fMLPPMAZIops

tempo (min)

QLl

uc (

cpm

)

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74

valores de cpm dentre os estímulos avaliados. Uma característica importante observada ao

estimular neutrófilos com fMLP é a notável diferença entre os perfis de QLlum e QLluc. O

perfil de QLlum é composto por dois picos, o primeiro ocorrendo no período de um a dois

minutos e o segundo é observado de 5 a 8 minutos após a adição do estímulo. Em contraste, o

perfil de QLluc verificado após a ativação por fMLP é composto por apenas um pico em torno

de dois minutos após a adição do estímulo (Figura 14C e 14D).

4.4. Efeitos do extrato bruto de T. indica sobre o metabolismo oxidativo de neutrófilos

ativados

Em todos os ensaios, o EB foi solubilizado em DMSO 25%, sendo que a concentração

final do solvente no tubo de reação foi de 0,25%. Em estudos de padronização realizados no

laboratório, verificou-se que o DMSO nesta concentração não interfere na produção de

QLlum ou QLluc (dados não mostrados).

Para verificar se o extrato reage diretamente com as sondas, promovendo alterações na

QL produzida, realizou-se um ensaio sem células, contendo meio, sonda e extrato. Observou-

se que o extrato de tamarindo não causou nenhuma alteração na QL, quando comparado com

o controle (dados não mostrados).

A seguir estão os resultados das análises do efeito do EB sobre a produção de

quimioluminescência dependente de luminol e lucigenina. Os dados são mostrados

separadamente para cada estímulo utilizado.

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75

4.4.1. ZIops

Na Figura 15 estão representados os perfis de QLlum e QLluc produzidos por

neutrófilos ativados por ZIops na presença de EB de T. indica nas concentrações 50, 100, 200,

400 e 800µg/mL.

0.0 2.5 5.0 7.5 10.0 12.50.0×10 -00

1.0×10 08

2.0×10 08

3.0×10 08

4.0×10 08

5.0×10 08

espontâneocontrole50100200400800

EB T. indica (µµµµg/mL)

tempo (min)

QLl

um (c

pm)

A

0.0 2.5 5.0 7.5 10.0 12.50

10000000

20000000

30000000

40000000espontâneocontrole50100200400800

EB T. indica (µµµµg/mL)

B

tempo (min)

QLl

uc (c

pm)

Figura 15. Perfis de quimioluminescência em função do tempo produzidos por neutrófilos estimulados por ZIops. Cada curva representa o efeito do EB de tamarindo, em diferentes concentrações, sobre a produção de QLlum (A) ou QLluc (B). Perfis produzidos em um experimento representativo de 6 (QLlum) e 5 (QLluc) outros independentes com perfis semelhantes, realizados em duplicata. controle: DMSO. Abreviaturas: cpm: contagem de fótons por minuto; DMSO: dimetilsulfóxido; EB: extrato bruto; QLluc: quimioluminescência dependente de lucigenina; QLlum: quimioluminescência dependente de luminol; ZIops: zimosan opsonizado.

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76

Para cada curva de QL, determinou-se o valor de área sob a curva de 0 a 10 minutos.

Utilizando estes valores, calculou-se a porcentagem de inibição da QL promovida por cada

concentração analisada em relação ao tubo controle (DMSO) de cada experimento. Os valores

de porcentagem de inibição da produção de QLlum e QLluc obtidos para cada concentração

de EB estão mostrados nas Tabelas 4.1 e 4.2, respectivamente, e representados na Figura 16.

Pode-se observar que o extrato promoveu a modulação tanto da produção de QLlum, quanto

de QLluc de forma dose dependente.

A fim de comparar os efeitos do EB sobre a produção de QL por neutrófilos

estimulados com ZIops com os seus efeitos verificados na presença dos demais estímulos

avaliados neste estudo, foram calculados os valores de CI50 para QLlum e QLluc e estes

foram, em �g/mL ± EPM, 248,50 ± 23,05 e 324,1 ± 34,58, respectivamente (Tabelas 4.1 e

4.2).

Tabela 4.1. Efeito inibitório do extrato bruto de T. indica sobre a produção de QLlum por neutrófilos estimulados

Concentração final

(µg/mL)a Porcentagem de inibição (%)b

ZIops fMLP PMA 25 ---- 8,41 ± 3,28 14,68 ± 3,17 50 13,27 ± 3,88 12,23 ± 3,28 28,66 ± 2,21

100 26,17 ± 4,17 28,28 ± 2,70 47,55 ± 4,59 200 43,64 ± 2,58 55,59 ± 3,17 67,99 ± 3,20 400 65,83 ± 2,93 80,51 ± 2,29 85,57 ± 2,71 800 89,84 ± 2,37 ---- ---- CI50 248,50 ± 23,05 178,5 ± 12,20 115,70 ± 9,68

n 6 5 7

a: concentração final de extrato bruto (EB) de T. indica; b: porcentagem de inibição da QLlum produzida pelos neutrófilos estimulados. Os valores são expressos como média ± EPM (erro padrão da média). Abreviaturas: CI50: concentração da amostra que promove inibição de 50% da quimioluminescência; fMLP: N-formil-metionil-leucil-fenilalanina; n: número de experimentos independentes realizados em duplicata; PMA: Forbol-12-miristato-13-acetato; ZIops: Zimosan opsonizado.

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77

Tabela 4.2. Efeito inibitório do extrato bruto de T. indica sobre a produção de QLluc por neutrófilos estimulados

Concentração final (µg/mL)a

Porcentagem de inibição (%)b

ZIops PMA 25 ---- 14,89 ± 6,93 50 14,62 ± 4,48 19,66 ± 5,60

100 24,69 ± 3,61 38,67 ± 5,94 200 41,02 ± 4,16 56,92 ± 7,23 400 57,13 ± 4,01 79,16 ± 6,94 800 72,94 ± 3,84 ---- CI50 324,1 ± 34,58 174,5 ± 25,86

n 5 5 a: concentração final de extrato bruto (EB) de T. indica; b: porcentagem de inibição da QLluc produzida pelos neutrófilos estimulados. Os valores são expressos com média ± EPM (erro padrão da média). Abreviaturas: CI50: concentração da amostra que promove inibição de 50% da quimioluminescência; n: número de experimentos independentes realizados em duplicata; PMA: Forbol-12-miristato-13-acetato; ZIops: Zimosan opsonizado.

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78

0 200 400 600 800 10000

25

50

75

100fMLPPMAZIops

EB T. indica (µµµµg/mL)

porc

enta

gem

de

inib

ição A

0 200 400 600 800 10000

25

50

75

100PMAZIops

EB T. inidica (µµµµg/mL)

porc

enta

gem

de

inib

ição B

Figura 16. Curvas de porcentagem de inibição de QLlum (A) e QLluc (B) em função da concentração de EB de tamarindo. A QL foi produzida por neutrófilos humanos estimulados por fMLP, PMA ou ZIops. Valores expressos como média ± EPM de n experimentos realizados em duplicata (n: estes dados se encontram nas tabelas 4.1 e 4.2). Abreviaturas: EB: extrato bruto; EPM: erro padrão da média; fMLP: N-formil-metionil-leucil-fenilalanina; PMA: Forbol-12-miristato-13-acetato; QLluc: quimioluminescência dependente de lucigenina; QLlum: quimioluminescência dependente de luminol; ZIops: zimosan opsonizado.

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79

4.4.2. PMA

Avaliou-se também os efeitos do EB sobre o metabolismo oxidativo de PMNs

ativados pelo estímulo PMA, verificando a produção de QLlum e QLluc. Durante ensaios-

teste, utilizando o PMA como estímulo, observou-se que o EB na faixa de concentração 50-

800�g/mL (utilizada nos ensaios com ZIops), causou uma inibição muito grande da QL, não

sendo possível a determinação do CI50 (dados não mostrados). Portanto, para uma melhor

visualização do efeito dose-resposta, neste ensaio avaliou-se o EB nas concentrações finais

25, 50, 100, 200 e 400µg/mL.

Os perfis de quimioluminescência produzidos durante 20 minutos por neutrófilos

ativados por PMA na presença de EB estão apresentados na Figura 17. Para cada curva,

determinou-se o valor de área integrada de QL, a qual foi calculada para o intervalo de 0 a 10

minutos com o propósito de permitir a comparação dos resultados obtidos nos ensaios com os

três estímulos. A partir dos valores de área integrada, calculou-se a porcentagem de inibição

promovida pelo extrato (Figura 16 e Tabelas 4.1 e 4.2). Verificou-se que o EB de T. indica

demonstrou atividade moduladora da produção de QLlum e QLluc por neutrófilos ativados

com PMA, e que este efeito foi relacionado com a dose. Os valores de CI50 obtidos foram, em

µg/mL ± EPM: 115,70 ± 9,68 (QLluc) e 174,5 ± 25,86 (QLlum) (Tabelas 4.1 e 4.2).

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80

0 5 10 15 20 250.0×10 -00

1.0×10 08

2.0×10 08

3.0×10 08

4.0×10 08

5.0×10 08

espontâneocontrole2550100200400

EB T. inidica (µµµµg/mL)

tempo (min)

QLl

um (c

pm)

A

0 5 10 15 20 250

5000000

10000000

15000000espontâneocontrole

50100200400

EB T. indica (µµµµg/mL)

25

B

tempo (min)

QLl

uc (c

pm)

Figura 17. Perfis de quimioluminescência em função do tempo produzidos por neutrófilos estimulados por PMA. Cada curva representa o efeito do EB de tamarindo em diferentes concentrações sobre a produção de QLlum (A) ou QLluc (B). Perfis produzidos em um experimento representativo de 7 (QLlum) e 5 (QLluc) outros independentes com perfis semelhantes. controle: DMSO. Abreviaturas: cpm: contagem de fótons por minuto; DMSO: dimetilsulfóxido; EB: extrato bruto; PMA: Forbol-12-miristato-13-acetato; QLluc: quimioluminescência dependente de lucigenina; QLlum: quimioluminescência dependente de luminol.

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81

4.4.3. fMLP

O terceiro estímulo utilizado para ativar os neutrófilos nos ensaios de QL foi o fMLP.

Assim como foi procedido nos ensaios com PMA, as concentrações de EB avaliadas foram

25, 50, 100, 200 e 400µg/mL. O ensaio de quimioluminescência dependente de lucigenina, foi

pouco sensível para quantificar a produção de EROs por neutrófilos estimulados por fMLP,

não permitindo a avaliação do extrato e, portanto, seus dados foram descartados. Na Figura 18

está representado o perfil de QLlum produzido no período de 15 minutos por PMNs ativados

por fMLP na presença do EB de T. indica. Para cada curva, determinou-se o valor de área

integrada de 0 a 10 minutos e em seguida calculou-se a porcentagem de inibição causada pelo

o extrato (Figura 16 e Tabela 4.1). O EB de T. indica também causou inibição dose-

dependente da produção de QLlum por PMNs estimulados com fMLP e o valor de CI50 foi de

178,5 ± 12,20µg/mL

0 5 10 15 200.0

1.0×10 08

2.0×10 08

3.0×10 08

4.0×10 08 espontâneo

EB T. inidica (µµµµg/mL)

controle

50100200400

25

tempo (min)

QLl

um (c

pm)

Figura 18. Perfil de quimioluminescência dependente de luminol (QLlum) em função do tempo produzido por neutrófilos estimulados por fMLP. Cada curva representa o efeito do EB de tamarindo em diferentes concentrações sobre a produção de QLlum. Perfil produzidos em um experimento representativo de 5 outros independentes com perfis semelhantes. controle: DMSO. Abreviaturas: cpm: contagem de fótons por minuto; EB: extrato bruto; DMSO: dimetilsulfóxido; QLlum: quimioluminescência dependente de luminol; fMLP: N-formil-metionil-leucil-fenilalanina.

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82

4.5. Efeitos das frações do extrato T. indica sobre o metabolismo oxidativo de neutrófilos

ativados

Após verificar a atividade antioxidante do EB de T. indica, foram avaliadas quatro

frações provenientes deste extrato quanto a essa mesma atividade. As frações analisadas

foram: aquosa (Aq), butanólica (But), diclorometano (DCM) e hexano (H).

O efeito antioxidante das frações foi verificado através do ensaio de QLlum e os

estímulos utilizados foram ZIops, PMA e fMLP. As frações (exceto H) foram solubilizadas

em DMSO 25% (concentração final do DMSO nos tubos de reação: 0,25%). Para solubilizar a

fração H foi utilizado DMSO puro e a concentração final do solvente no tubo de reação foi de

1%. Em estudos de padronização realizados no laboratório, verificou-se que o DMSO nestas

concentrações não interfere na produção de QLlum (dados não mostrados).

Os resultados serão mostrados separadamente para cada estímulo utilizado.

4.5.1. ZIops

As frações foram avaliadas quanto aos seus efeitos sobre o metabolismo oxidativo de

neutrófilos ativados por ZIops nas concentrações: 5, 10, 50, 100 e 200µg/mL. Para cada

curva, determinou-se o valor de área sob a curva de 0 a 15 minutos e, a partir desses valores,

calculou-se a porcentagem de inibição da QL promovida por cada concentração analisada, em

relação ao tubo controle (DMSO) de cada experimento. Como pode ser observado na Figura

19 e na Tabela 4.3, as frações hexano e diclorometano causaram maior inibição da QLlum e

esta inibição foi dependente da concentração. Verificou-se também que, em todas as

concentrações avaliadas, a modulação da QLlum promovida pela fração H foi ainda maior

que pela fração DCM. Entretanto, as frações aquosa e butanólica tiveram pouco efeito sobre a

produção de QLlum, mesmo nas maiores concentrações analisadas, não causando uma

resposta dose-dependente. Os valores de CI50 obtidos pelas frações DCM e H foram,

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83

respectivamente, 60,32 ± 7,49 (�g/mL) e 34,82 ± 4,47 (�g/mL). Não foi possível calcular CI50

para as frações Aq e But devido à pequena inibição causada

0 50 100 150 200 2500

25

50

75

100AqButDCMH

concentração (µµµµg/mL)

porc

enta

gem

de

inib

ição

Figura 19. Curvas de porcentagem de inibição de QLlum em função das concentrações das frações de tamarindo. A QLlum foi produzida por neutrófilos humanos estimulados por ZIops. Valores expressos como média ± EPM de 3 experimentos realizados em duplicata. Abreviaturas: Aq: fração aquosa; But: fração butanólica; DCM: fração diclorometano; H: fração hexano; EPM: erro padrão da média; QLlum: quimioluminescência dependente de luminol; ZIops: zimosan opsonizado.

Tabela 4.3. Efeitos das frações de T. indica sobre a produção de QLlum por neutrófilos ativados por ZIops

Porcentagem de inibição (%)b Concentração

(µg/mL)a Aq But DCM H

5 5,80 ± 4,83 0,25 ± 0.25 4,64 ± 1,02 16,81 ± 5,14

10 5,75 ± 4,35 5,50 ± 5.50 24,19 ± 4,81 37,74 ± 9,30

50 5,41 ± 3,95 12,67 ± 1.15 52,13 ± 3,49 67,02 ± 7,81

100 9,57 ± 0,04 17,75 ± 5.02 63,03 ± 3,60 81,61 ± 3,15

200 26,17 ± 4,06 22,17 ± 10.61 73,33 ± 1,07 88,06 ± 2,92

CI50 60,32 ± 7,49 34,82 ± 4,47

n 3 3 3 3

a: concentração final diferentes frações do extrato hidroalcoólico de T. indica; b: porcentagem de inibição da QLlum produzida pelos neutrófilos estimulados por ZIops. Os valores são expressos com média ± EPM. Abreviaturas: Aq: fração aquosa; But: fração butanólica; DCM: fração diclorometano; H: fração hexano; EPM: erro padrão da média; ZIops: Zimosan opsonizado.

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84

4.5.2. PMA

Os efeitos das frações sobre o metabolismo oxidativo de neutrófilos ativados por PMA

também foram verificados, avaliando-as nas concentrações 5, 10, 50, 100 e 200µg/mL. As

frações aquosa e butanólica causaram pouca inibição da produção de QLlum pelos PMNs

ativados por PMA, diferentemente das frações hexano e diclorometano que provocaram uma

grande inibição da QLlum de forma dose-dependente. O CI50 obtido pela fração DCM foi

56,34 ± 1,20 (µg/mL) e pela fração H foi 13,61 ± 2,99 (µg/mL) (Figura 20 e Tabela 4.4).

Observando-se os valores de porcentagem de inibição obtidos por cada concentração avaliada,

bem como de CI50 (Tabela 4.4), verificou-se que a fração H promoveu uma maior inibição

desde as menores concentrações avaliadas e a fração DCM apresentou um aumento gradual de

seu efeito, à medida que aumentou-se a dose, e que somente nas concentrações maiores os

efeitos das duas frações se equipararam.

0 50 100 150 200 2500

25

50

75

100AqButDCMH

concentração (µµµµg/mL)

porc

enta

gem

de

inib

ição

Figura 20. Curvas de porcentagem de inibição de QLlum em função das concentrações das frações de tamarindo. A QLlum foi produzida por neutrófilos humanos estimulados por PMA. Valores expressos como média ± EPM de n experimentos realizados em duplicata (n: dados encontrados na tabela 4.4). Abreviaturas: Aq: fração aquosa; But: fração butanólica; DCM: fração diclorometano; H: fração hexano; EPM: erro padrão da média; PMA: Forbol-12-miristato-13-acetato; QLlum: quimioluminescência dependente de luminol.

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85

Tabela 4.4. Efeitos das frações de T. indica sobre a produção de QLlum por neutrófilos ativados por PMA

Porcentagem de inibição (%) Concentração

(µg/mL)a Aq But DCM H

5 6,16 ± 2,46 12,59 ± 3.15 13,14 ± 1,72 42,74 ± 4,78

10 1,91 ± 0,89 11,73 ± 4.62 23,26 ± 6,04 49,93 ± 3,22

50 16,05 ± 4,17 25,57 ± 5.99 54,80 ± 5,04 63,74 ± 4,07

100 14,35 ± 6,02 21,45 ± 5.81 69,82 ± 2,43 73,18 ± 3,16

200 25,95 ± 5,16 43,10 ± 0.52 84,58 ± 1,50 86,67 ± 1,43

CI50 56,34 ± 1,20 13,61 ± 2,99

n 3 3 4 4

a: concentração final das diferentes frações do extrato hidroalcoólico de T. indica; b: porcentagem de inibição da QLlum produzida pelos neutrófilos estimulados por PMA. Os valores são expressos com média ± EPM. Abreviaturas: Aq: fração aquosa; But: fração butanólica; DCM: fração diclorometano; H: fração hexano; EPM: erro padrão da média; PMA: Forbol-12-miristato-13-acetato.

4.5.3. fMLP

Para avaliar os efeitos das frações sobre a produção de QLlum induzida pelo fMLP,

foram utilizadas as mesmas concentrações anteriores (5, 10, 50, 100 e 200µg/mL) para as

frações Aq, But e DCM. Porém, a fração H foi analisada nas concentrações 1,25; 2,5; 5; 25 e

50µg/mL. Assim como ocorreu nos ensaios com os demais estímulos, as frações Aq e But

demonstraram pouco efeito sobre a produção de QLlum por neutrófilos ativados por fMLP,

enquanto que as frações H e DCM modularam a produção de QLlum, de uma maneira dose

dependente, com CI50 de 42,01 ± 2,70µg/mL (DCM) e 5,40 ± 0,97µg/mL (H) (Figura 21 e

Tabela 4.5). Como pode ser observado nos valores de CI50 e de porcentagem de inibição, a

modulação promovida pela fração H foi expressivamente maior que pela fração DCM.

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0 50 100 150 200 2500

25

50

75

100AqButDCMH

concentração (µµµµg/mL)

porc

enta

gem

de

inib

ição

Figura 21. Curvas de porcentagem de inibição de QLlum em função das concentrações das frações de tamarindo. A QLlum foi produzida por neutrófilos humanos estimulados por fMLP. Valores expressos como média ± EPM de n experimentos realizados em duplicata (n: estes dados se encontram na tabela 4.5). Abreviaturas: Aq: fração aquosa; But: fração butanólica; DCM: fração diclorometano; H: fração hexano; EPM: erro padrão da média; fMLP: N-formil-metionil-leucil-fenilalanina; QLlum: quimioluminescência dependente de luminol.

Tabela 4.5. Efeitos das frações de T. indica sobre a produção de QLlum por neutrófilos ativados por fMLP

Porcentagem de inibição (%) Concentração

(µg/mL)a Aq But DCM H

1,25 25,27 ± 2,59

2,5 38,49 ± 4,28

5 0,59 ± 0,59 1,97 ± 1,97 7,99 ± 2,13 44,76 ± 4,52

10 0,69 ± 0,69 0,00 ± 0,00 18,69 ± 5,74

25 69,27 ± 3,83

50 6,81 ± 0,20 4,64 ± 2,68 57,44 ± 2,79 76,03 ± 3,17

100 11,91 ± 2,18 18,05 ± 7,66 80,68 ± 1,81

200 30,98 ± 6,83 35,70 ± 6.34 94,15 ± 0,87

CI50 42,01 ± 2,70 5,40 ± 0,97

N 3 3 4 5

a: concentração final das diferentes frações do extrato hidroalcoólico de T. indica; b: porcentagem de inibição da QLlum produzida pelos neutrófilos estimulados por fMLP. Os valores são expressos com média ± EPM. Abreviaturas: Aq: fração aquosa; But: fração butanólica; DCM: fração diclorometano; H: fração hexano; EPM: erro padrão da média; fMLP: N-formil-metionil-leucil-fenilalanina.

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87

Na figura 22, estão mostradas separadamente as curvas de porcentagem de inibição da

QLlum, obtidas pelas frações DCM (A) e H (B), para os diferentes estímulos utilizados.

Como pode ser observado, as frações inibiram mais fortemente a QLlum produzida por

neutrófilos estimulados por fMLP, sendo isto significativo (p<0,05) para a fração DCM.

0 50 100 150 200 2500

25

50

75

100fMLPPMAZIops

A

concentração (µµµµg/mL)

porc

enta

gem

de

inib

ição

0 50 100 150 200 2500

25

50

75

100fMLPPMAZIops

B

concentração (µµµµg/mL)

porc

enta

gem

de

inib

ição

Figura 22. Curvas de porcentagem de inibição de QLlum em função das concentrações das frações DCM (A) e H (B) do extrato de tamarindo. A QLlum foi produzida por neutrófilos humanos estimulados por ZIops, PMA ou fMLP. Valores expressos como média ± EPM. Abreviaturas: DCM: fração diclorometano; H: fração hexano; EPM: erro padrão da média; fMLP: N-formil-metionil-leucil-fenilalanina; PMA: Forbol-12-miristato-13-acetato; QLlum: quimioluminescência dependente de luminol; ZIops: zimosan opsonizado.

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4.6. Efeito do extrato bruto de T. indica sobre a desgranulação de neutrófilos

estimulados por fMLP

O efeito do EB sobre a desgranulação foi verificado avaliando a liberação de elastase

por neutrófilos estimulados por fMLP, por meio da quantificação da degradação do substrato

SAAVNA. Na Figura 23 está demonstrada a inibição da liberação da enzima elastase, causada

pelo EB de T. indica. Este efeito foi dependente da dose e estatisticamente significativo em

concentrações acima de 200µg/mL (p<0.001).

Observou-se que o EB causou pouca ou nenhuma interferência na leitura a 405nm. Os

valores de Abs obtidos nestes controles foram subtraídos dos valores dos poços-teste para não

interferirem na visualização da atividade enzimática real (dados não mostrados).

(-) (+) DMSO 100 200 4000.0

0.5

1.0

1.5

**

controles EB T. inidica (µµµµg/mL)

∆∆ ∆∆ a

bs (2

0 m

in)

Figura 23. Efeito inibitório do extrato bruto de T. indica sobre a liberação da enzima elastase por neutrófilos ativados por fMLP. A liberação da enzima foi avaliada a 405nm pela formação do produto p-NA a partir do substrato SAAVNA. Os dados são expressos como média ± EPM de quatro experimentos realizados em triplicata (* p<0,001, em relação ao DMSO). Controles: (-): liberação espontânea de elastase por células não estimuladas; (+): células estimuladas na ausência do extrato; DMSO: células estimuladas na presença do solvente. Abreviaturas: � Abs: variação na absorvância; DMSO: dimetilsulfóxido; EB: extrato bruto; EPM: erro padrão da média; fMLP: N-formil-metionil-leucil-fenilalanina; p-NA: P-nitroanilina; SAAVNA: succinil-Ala-Ala-Val-p-nitroanilida.

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89

4.7. Efeito do extrato bruto de T. indica sobre a atividade catalítica da enzima elastase

Com o intuito de verificar se os resultados obtidos no item 4.6 se devem a uma ação

do extrato sobre o processo de desgranulação ou diretamente sobre a atividade catalítica da

enzima elastase, foi realizado um ensaio no qual utiliza-se apenas o sobrenadante rico em

enzima elastase liberada pelos neutrófilos. Neste ensaio, avaliou-se o efeito do EB sobre a

degradação do substrato SAAVNA pela enzima elastase previamente separada das células. O

EB de T. indica, nas concentrações 200 e 400µg/mL inibiu significativamente a atividade da

enzima elastase (Figura 24).

(-) (+) DMSO 100 200 4000.0

0.5

1.0

1.5

2.0

controles EB T. indica (µµµµg/mL)

***

∆∆ ∆∆ a

bs (4

05nm

)

Figura 24. Efeito inibitório do extrato bruto de T. indica sobre a atividade catalítica da enzima elastase. A atividade da enzima proveniente do sobrenadante de neutrófilos estimulados por fMLP foi avaliada a 405nm pela formação do produto p-NA a partir do substrato SAAVNA. Os dados são expressos como média ± EPM de três experimentos realizados em triplicata (* p< 0,05; ** p<0,001 em relação ao DMSO). Controle: (-): utilizou-se o sobrenadante de células não estimuladas; (+): sobrenadante de células estimuladas, na ausência do extrato; DMSO: sobrenadante de células estimuladas, na presença do solvente. Abreviaturas: � Abs: variação na absorvância; DMSO: dimetilsulfóxido; EB: extrato bruto; EPM: erro padrão da média; fMLP: N-formil-metionil-leucil-fenilalanina; p-NA: P-nitroanilina; SAAVNA: succinil-Ala-Ala-Val-p-nitroanilida.

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90

4.8. Avaliação da toxicidade do extrato bruto e das frações de T. indica sobre os

neutrófilos

A toxicidade das amostras foi verificada através dos ensaios de exclusão ao corante

Azul de Tripan e da determinação da atividade da enzima lactato desidrogenase (LDH).

O extrato bruto não apresentou atividade citotóxica sobre os neutrófilos nos dois

ensaios, como pode ser observado na Tabela 4.6. No ensaio de exclusão ao corante Azul de

Tripan as células, na presença do extrato, obtiveram viabilidades superiores a 94% e no ensaio

de determinação da atividade da enzima LDH a porcentagem de liberação da enzima em

relação ao controle positivo (Triton X-100) foi baixa, quando comparadas com os valores do

controle negativo.

Tabela 4.6. Análise da citotoxicidade do extrato bruto de T. indica sobre os neutrófilos

Amostra Células viáveis

(%) (c)

Atividade da LDH (d) LDH liberada

(% controle positivo) (e)

Controle positivo (a) --- 0,146 ± 0,009 100

Controle negativo (b) 97,33 ± 0,79 0,013 ± 0,002 9,05 ± 1,80

DMSO (0,25%) 96,19 ± 1,27 0,013 ± 0,003 9,86 ± 2,06

EB T. indica

(400�g/mL)

96,13 ± 0,84 0,009 ± 0,002 6,24 ± 1,54

EB T. indica

(800�g/mL)

94,19 ± 0,92 0,015 ± 0,002 10,39 ± 1,52

Os valores estão representados como média ± erro padrão. (a) 1 × 106 neutrófilos / mL lisados com Triton X-100 0,2%; (b) 1 × 106 neutrófilos / mL incubados com Hanks; (c) % de células viáveis, determinada por meio do ensaio de exclusão ao corante Azul de Tripan, baseado na contagem de 200 células; (d) Atividade da enzima LDH, avaliada utilizando-se o kit LDH Liquiform (Labest Diagnostica); (e) Valores de porcentagem de LDH liberada, calculadas em relação ao controle positivo. Abreviaturas: LDH: lactato desidrogenase; DMSO: dimetilsulfóxido; EB: extrato bruto.

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Ao avaliar as frações aquosa, butanólica e dicloromentano na concentração 200�g/mL

(maior concentração empregada nos ensaios de QL), verificou-se que, nas condições

experimentais empregadas, elas também não causaram efeitos citotóxicos sobre os neutrófilos

(Tabela 4.7).

Tabela 4.7. Análise da citotoxicidade das frações do extrato de T. indica sobre os neutrófilos.

Amostra Células viáveis (%) (c)

Atividade da LDH (d) LDH liberada (% controle positivo) (e)

Controle positivo (a) --- 0,118 ± 0,004 100

Controle negativo (b) 97,33 ± 0,79 0,009 ± 0,003 6,77 ± 1,63

DMSO (0,25%) 97,25 ± 0,80 0,004 ± 0,001 4,47 ± 0,63

Aquosa 98,17 ± 0,32 0,008 ± 0,002 6,73 ± 2,34

Butanólica 97,33 ± 0,61 0,007 ± 0,002 5,53 ± 1,74

Diclorometano 96,33 ± 1,24 0,008 ± 0,001 6,81 ± 1,22

Os valores estão representados como média ± erro padrão. (a) 1 × 106 neutrófilos / mL lisados com Triton X-100 0,2%; (b) 1 × 106 neutrófilos / mL incubados com Hanks; (c) % de células viáveis, determinada por meio do ensaio de exclusão ao corante Azul de Tripan, baseado na contagem de 200 células; (d) Atividade da enzima LDH, avaliada utilizando-se o kit LDH Liquiform (Labest Diagnostica); (e) Valores de porcentagem de LDH liberada, calculadas em relação ao controle positivo. As frações foram testadas na concentração 200�g/mL. Abreviaturas: LDH: lactato desidrogenase; DMSO: dimetilsulfóxido.

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Entretanto, como pode ser observado nos resultados apresentados na Tabela 4.8, a

fração hexano apresentou efeitos tóxicos para os neutrófilos tanto no ensaio de exclusão ao

corante Azul de Tripan, quanto de determinação da atividade da enzima LDH. Este efeito foi

significativo nas concentrações 100 e 200�g/mL (p<0,05) (Tabela 4.8).

Tabela 4.8. Análise da citotoxicidade da fração hexano do extrato de T. indica sobre os neutrófilos.

Amostra Células viáveis

(%) (c)

Atividade da LDH (d) LDH liberada

(% controle positivo) (e)

Controle positivo (a) ------- 0,195 ± 0,050 100

Controle negativo (b) 98,50 ± 1,00 0,009 ± 0,003 4,62 ± 1,52

DMSO (1%) 97,50 ± 1,50 0,006 ± 0,002 3,01 ± 0,82

Fração Hexano

5,0�g/mL

96,75 ± 0,75 0,009 ± 0,001 4,44 ± 0,66

10 �g/mL 99,25 ± 0,25 0,011 ± 0,002 5,45 ± 0,83

50 �g/mL 97,75 ± 0,75 0,021 ± 0,006 10,77 ± 3,21

100 �g/mL 83,50 ± 0,50 * 0,053 ± 0,006 26,86 ± 2,85 *

200 �g/mL 19,05 ± 2,45 * 0,102 ± 0,004 * 52,30 ± 2,21 *

Os valores estão representados como média ± erro padrão. (a) 1 × 106 neutrófilos / mL lisados com Triton X-100 0,2%; (b) 1 × 106 neutrófilos / mL incubados com Hanks; (c) % de células viáveis, determinada por meio do ensaio de exclusão ao corante Azul de Tripan, baseado na contagem de 200 células; (d) Atividade da enzima LDH, avaliada utilizando-se o kit LDH Liquiform (Labest Diagnostica); (e) Valores de porcentagem de LDH liberada, calculadas em relação ao controle positivo. Abreviaturas: LDH: lactato desidrogenase; DMSO: dimetilsulfóxido. *p< 0,001, em relação ao controle negativo

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5. Discussão

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5.1. Obtenção do extrato do fruto de Tamarindus indica L. e frações

Dentre os métodos utilizados para produzir extratos vegetais descritos na literatura,

optou-se pelo preparo do extrato hidroalcoólico por se tratar da forma mais próxima das

tinturas empregadas na medicina popular, além de ser uma forma de extrair um maior número

de compostos diferentes. Como a frutificação da espécie ocorre somente no período de

setembro a novembro, o extrato de tamarindo foi obtido a partir de lotes preparados

anualmente.

O fracionamento do extrato permitiu a separação de grupos de substâncias através de

suas polaridades e o estudo das atividades biológicas, promovidas pelas diferentes frações,

possibilitou um direcionamento para isolamento de substâncias em estudos posteriores.

Os lotes de extrato produzidos, bem como as frações provenientes deles, foram

avaliados quanto às suas composições de açúcares totais, polifenóis e flavonóides. Esses

dados auxiliaram na padronização do preparo anual de extratos, além de permitirem que os

resultados obtidos nos ensaios biológicos sejam posteriormente relacionados com os possíveis

componentes das amostras.

5.2. Avaliação dos perfis de quimioluminescência produzidos por neutrófilos na

presença dos diferentes estímulos

O “burst” respiratório é desencadeado pelo sistema NADPH oxidase, que é ativado

seguindo a uma perturbação da membrana plasmática, durante a fagocitose, ou à interação

entre a superfície celular e uma variedade de agentes (KITAGAWA et al., 2003).

Para que o complexo NADPH-oxidase seja ativado, deve haver a reunião de seus

componentes na membrana plasmática ou na membrana dos grânulos. A migração dos

componentes citosólicos para a membrana está diretamente relacionada com a ativação dos

mesmos, através da fosforilação de resíduos por proteínas quinases. O envolvimento da

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família das proteínas quinase C (PKC) na ativação e regulação do complexo NADPH oxidase

é sugerido por diversos estudos, que demonstram que o componente citosólico p47phox é

substrato para esta proteína. Uma vez ativado este complexo, ocorre a formação do radical

ânion superóxido por meio da transferência de elétron do NADPH para o oxigênio molecular.

Conseqüentemente, outras espécies reativas de oxigênio são formadas na presença de outras

enzimas, as quais fazem parte dos mecanismos microbicidas dependentes de oxigênio dos

neutrófilos (SELVATICI et al., 2006).

A quimioluminescência é um importante método para estudar a produção de EROs,

em tempo real, por fagócitos ativados. Para amplificar a quimioluminescência produzida por

fagócitos durante o “burst” respiratório são utilizadas sondas quimioluminescentes, as quais

diferem com respeito a sua sensibilidade resultante de diferentes mecanismos moleculares que

levam à emissão de luz (KOPPRASCH et al., 2003).

Neste estudo, foram utilizadas as sondas quimioluminescentes luminol e lucigenina. O

luminol é capaz de reagir com uma variedade de agentes oxidantes, em uma reação onde ele é

oxidado a um íon aminoftalato eletronicamente excitado, que retorna a um estado basal

emitindo fóton (ALLEN; LOOSE, 1976). Devido ao seu tamanho reduzido (177,2 daltons) e à

sua estrutura química lipofílica, a molécula de luminol é capaz de difundir através de

membranas biológicas detectando EROs produzidas intra e extracelularmente (KOPPRASCH

et al., 2003; BRIHEIM et al., 1984). Ainda não existe um consenso a respeito de quais

espécies reativas de oxigênio reagem com o luminol, mas sabe-se que ele detecta diversos

tipos de EROs, embora haja uma maior sensibilidade para aquelas envolvidas no sistema

MPO-H2O2 (DAHLGREN; STENDAHL, 1983; ANIANSSON et al., 1984; CALDEFIE-

CHÉZET et al., 2002; O’DOWD et al., 2004). A dependência da mieloperoxidase (MPO)

para a produção de quimioluminescência dependente de luminol (QLlum) foi inicialmente

constatada por meio de experimentos utilizando neutrófilos deficientes nessa enzima, os quais

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após serem ativados não produziam QLlum (DAHLGREN; STENDAHL; 1983;

ANIANSSON et al., 1984). Entretanto, nesses mesmos trabalhos, ensaios realizados com a

lucigenina demonstraram que a deficiência na enzima MPO não influenciava na produção de

QLluc. Estes e outros estudos de padronização da técnica de QL apontam a lucigenina como

um detector específico do radical ânion superóxido (O2•�). Antes de reagir com o O2

•�, a

lucigenina deve ser reduzida por um elétron para produzir o radical cátion lucigenina. O

sistema biológico que reduz a lucigenina pode ser o mesmo que produz o O2•�. O radical

cátion lucigenina então reage com o O2•� para produzir um intermediário instável, lucigenina

dioxietano. Este se decompõe para produzir duas moléculas de N-metilacridona, uma das

quais está em um estágio eletronicamente excitado, que retorna ao estagio basal emitindo

fóton (Figura 6) (LI et al., 1999). Por se tratar de uma molécula grande (510,5 daltons), a

lucigenina não é capaz de atravessar membranas e, portanto, detecta apenas ânion superóxido

produzido extracelularmente (ANIANSSON et al., 1948; CALDEFIE-CHÉZET et al., 2002;

DAHLGREN et al., 1985). Porém, este conceito pode ser contestável ao se utilizar estímulos

particulados como o zimosan. Estes são fagocitados pelas células e, neste processo, a

lucigenina pode ser englobada juntamente com o estímulo, passando a quantificar ânion

superóxido intracelularmente. Isso reflete nos perfis de QLlum e QLluc produzidos por

neutrófilos ativados por zimosan opsonizado, os quais, embora em diferente escalas, são

muito semelhantes.

Neste trabalho, os estímulos utilizados para ativar os neutrófilos foram o zimosan

opsonizado (ZIops), o N-formil-metionil-leucil-fenilalanina (fMLP) e o Forbol-12-miristato-

13-acetato (PMA). O “burst” respiratório produzido por estes estímulos difere em

características do tempo de curso, ou seja, sua cinética, que compreende o tempo levado para

iniciar a produção de EROs após a adição do estímulo, a intensidade máxima (pico) atingida e

a duração da produção de EROs (DECOURSEY; LIGETY, 2005). As respostas de

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quimioluminescência das células variaram consideravelmente dependendo da sonda

quimioluminescente e dos estímulos empregados.

De maneira geral, observou-se que, independente do estímulo utilizado, a QLlum

produzida foi maior que a QLluc. Outros autores, tais como Pavelkova e Kubala (2004) e

Kopprasch e colaboradores (2003) obtiveram resultados semelhantes ao analisar as duas

sondas, e provavelmente esta diferença nas intensidades se devem ao fato de o luminol

quantificar uma maior diversidade de EROs.

O fMLP é um estímulo solúvel proveniente de parede bacteriana. A ativação celular

pelo fMLP gerou menor produção de QL (menores valores de área integrada), quando

comparada à ativação por PMA ou ZIops. O perfil de QLluc apresentou um pico em torno de

2 minutos, cessando completamente a produção de QL 5 minutos após a adição do estímulo às

células, quando comparado ao controle. Assim como foi descrito por Dahlgren e Stendahl

(1983), neste estudo também se verificou um perfil de QLlum, produzido por neutrófilos

ativados por fMLP, composto por dois picos, sendo que o primeiro se iniciou imediatamente

após a adição do estímulo, e teve seu ápice em torno de 2 minutos, com rápido declínio, e o

segundo, o qual foi um pouco mais duradouro, iniciou logo em seguida e teve seu ápice em

torno de 5 a 8 minutos, após a adição do estímulo. Estes picos correspondem,

respectivamente, à produção de EROs extra e intracelularmente.

O fMLP ativa a produção de EROs imediata ligando-se ao receptor de formilpeptídeo

(FPR), que é um receptor clássico acoplado a proteína G. Após a ligação do fMLP, o receptor

sofre mudança conformacional, que o possibilita a interagir com a proteína G, trocando GDP

por GTP no sítio de ligação da subunidade � e causando a dissociação das subunidades βγ. A

ativação da proteína G desencadeia diversos sistemas de sinalização nos neutrófilos,

envolvendo quinases e fosfolipases. Uma das vias deste processo inicia-se pela ativação de

fosfolipase C (PLC), resultando na hidrólise de fosfatidilinositol 4,5-bifosfato (PIP2), gerando

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de um lado diacilglicerol (DAG) que ativa PKC e de outro inositol-1,4,5-trifosfato (IP3) que

promove a liberação de íons cálcio dos estoques intracelulares (Figura 2) (SELVATICI et al.,

2006).

O zimosan opsonizado é um estímulo particulado que induz a fagocitose e ativa o

“burst” oxidativo nos neutrófilos através de receptores de complemento (CR), de

imunoglobulina (FcγR) e de manose (lectinas) (PAVELKOVA; KUBALA 2004; KIM, et al.

2004). A estimulação pelo ZIops leva à ativação de fosfolipase A2 (PLA2), que produz ácidos

graxos insaturados como o ácido aracdônico (AA) e também de fosfolipase C (PLC), que leva

a ativação de PKC (MARIDONNEAU-PARINI et al., 1986; ROSSI, 1986; MUKHERJEE et

al., 1994). De acordo com Cabanis e colaboradores (1996), tanto a produção de AA, quanto a

ativação de PKC estão envolvidas na ativação de NADPH oxidase pelo ZIops, sendo que o

AA está relacionado com a reunião dos componentes do complexo e PKC com a fosforilação

dos mesmo. Alguns autores comprovaram a participação de fosfolipase D (PLD) na ativação

via ZIops. Uma vez ativada, PLD catalisa a hidrólise de fosfatidilcolina para produzir ácido

fosfatídico (PA). PA ativa proteínas quinase que também são capazes de fosforilar

componentes de NADPH oxidase. (Figura 2) (REGIER et al., 2000).

Ao estimular os neutrófilos com zimosan opsonizado, foram visualizados perfis de

quimioluminescência dependentes de luminol e lucigenina característicos, sendo que, para as

duas sonda utilizadas, a produção de QL iniciou-se de um a dois minutos após a adição do

estímulo e persistiu por mais de 30 minutos. Além de prolongada, esta produção de QL pelas

células ocorreu de forma intensa, atingindo os maiores picos observados, quando comparados

àqueles obtidos com os outros estímulos.

Pavelkova e Kubala (2004) observaram perfis de QL semelhantes, e de acordo com

estes autores, ZIops induz uma produção de EROs prolongada, pois ela é iniciada com a

ligação do zimosan aos receptores na membrana do fagócito e finalizada somente após a

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formação do fagolisossomo. Kopprasch e colaboradores (2003) também verificaram uma

intensa produção de EROs por neutrófilos ativados por ZIops.

O PMA é um estímulo solúvel sintético, conhecido pela sua ação promotora de

tumores. Neutrófilos ativados por ele produziram perfis de quimioluminescência dependente

de luminol e lucigenina, que se iniciaram imediatamente após a adição do estímulo e se

mantiveram persistentes por mais de 20 minutos. A QL produzida por neutrófilos ativados por

PMA atingiu picos elevados, embora consideravelmente menores que aqueles obtidos quando

se utilizou o ZIops, principalmente nos ensaios com luminol. Em seus estudos, Pavelkova e

Kubala (2004), também constataram que o PMA induz uma resposta de QL imediata e

duradoura e que esta, quando amplificada pela lucigenina, não apresenta diferença nos valores

de área integrada de QLluc obtidos de neutrófilos ativados por PMA ou ZIops. Entretanto, nos

ensaios de QLlum, os valores de área integrada, produzidos pela células ativadas por ZIops,

foram aproximadamente 4,5 vezes maiores que aqueles obtidos ao utilizar o PMA como

estímulo.

O PMA ativa o “burst” respiratório nos neutrófilos sem se ligar a um receptor de

membrana, mimetizando o diacilglicerol (DAG), um ativador fisiológico de PKC

(PAVELKOVA; KUBALA, 2004; EDWARDS, 1996), e a ativação forte e contínua desta

molécula de sinalização pelo PMA, promove a intensa e prolongada produção de EROs

observada neste e em outros trabalhos (DE COURSEY; LIGETY, 2005).

Como demonstrado, a ativação do neutrófilo pelos três estímulos culmina na ativação

de PKC. Esta molécula tem participação importante no desencadeamento do “burst”

respiratório por fosforilar resíduos de serina de p47phox do complexo NADPH oxidase e

desencadear o deslocamento de seus componentes citosólicos para a membrana, o que

promove a ativação do mesmo (KIM et al., 2004).

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5.3. Efeitos do extrato bruto (EB) hidroalcoólico da polpa do fruto de T. indica e de suas

frações sobre o metabolismo oxidativo de neutrófilos ativados

A produção de espécies reativas de oxigênio pelos neutrófilos é de grande importância

para a defesa imunológica do organismo. Em condições fisiológicas normais, diversos

antioxidantes naturais como glutationa peroxidase, catalase, SOD, ácido ascórbico e β-

caroteno controlam a atividade das EROs, impedindo que causem danos ao tecido próprio.

Porém, a intensa ativação neutrofílica promove a liberação de grandes quantidades de EROs,

causando um desequilíbrio entre a quantidade de compostos citotóxicos liberados e de seus

respectivos neutralizantes. O acúmulo de EROs no espaço extracelular pode causar sérios

danos ao tecido próprio e está envolvido na etiologia de diversas doenças humanas, como

esclerose múltipla, derrame cerebral, artrite reumatoide, doenças cardiovasculares e câncer

(FIALKOW et al., 2006). Diante disso, muitas pesquisas têm sido realizadas em busca de

moduladores do “burst” respiratório de neutrófilos ativados, como uma alternativa para

reduzir a inflamação causada por estas células.

Utilizando a técnica de quimioluminescência, é possível avaliar a atividade

antioxidante de compostos sobre neutrófilos ativados. No presente estudo foram empregados

os ensaios de quimioluminescência dependentes de luminol e lucigenina para avaliar a

atividade antioxidante do extrato de tamarindo e das frações provenientes dele. Os neutrófilos

tratados com as diferentes amostras foram submetidos à ativação pelos estímulos ZIops, PMA

ou fMLP e os perfis de QL foram acompanhados.

Como foi abordado anteriormente, por quantificar apenas a produção do radical ânion

superóxido, a lucigenina produz uma quantidade de quimioluminescência significativamente

menor que o luminol, e por outro lado, o fMLP induz uma produção de EROs relativamente

pequena. Portanto, ensaios de QLluc para verificar os efeitos do tamarindo sobre produção de

EROs, por neutrófilos ativados pelo fMLP, foram inviabilizados devido à pequena quantidade

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de QL produzida, o que tornou o sistema pouco sensível. Desta forma, utilizou-se apenas o

luminol nos experimentos que empregaram como estímulo o fMLP. De acordo com

Kopprasch e colaboradores (2003), a lucigenina não é uma sonda eficiente na quantificação

de EROs produzidas por neutrófilos ativados por fMLP, pois amplifica fracamente este

processo. A avaliação do EB sobre neutrófilos ativados pelos demais estímulos foi realizada

utilizando as duas sondas e no estudo das frações deste extrato, utilizou-se apenas o luminol.

Os resultados dos ensaios de quimioluminescência dependente de luminol e lucigenina

mostraram que o EB de T. indica é hábil em modular, de uma maneira dose dependente, o

“burst” respiratório dos neutrófilos induzido pelos três estímulos avaliados.

Nos ensaios de QLlum, observou-se que o EB possui atividade modulatória da

produção de EROs por neutrófilos estimulados por fMLP, PMA e ZIops de forma dose

dependente. Porém, em baixas concentrações, ele foi mais efetivo na inibição do “burst”

respiratório induzido por PMA e somente em concentrações maiores (acima de 400µg/mL) é

observado um efeito inibitório semelhante para todos os estímulos. Os valores de CI50

comprovam esta diferença na intensidade de inibição promovida pelo extrato ao avaliar os três

estímulos (CI50 PMA< CI50 fMLP < CI50 ZIops) (p<0,05).

Ao avaliar a produção de EROs por neutrófilos na presença de EB utilizando como

sonda a lucigenina, verificou-se novamente um maior efeito modulador do extrato sobre

células ativadas por PMA, onde os valores de CI50 também foram significativamente menores.

Nuñes e colaboradores (2003), utilizando o ensaio de redução do citocromo c,

estudaram uma lactona sesquiterpênica isolada de wunderlichia crulsiana e verificaram efeito

inibitório sobre a produção de radical ânion superóxido por neutrófilos ativados por PMA, OZ

e fMLP. Semelhantemente ao constatado em nosso trabalho, estes autores também

observaram que, o composto foi mais eficaz quando se utilizava o PMA como estímulo. De

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acordo os autores, o mecanismo de ação da substância para inibir a produção de O2•- por

neutrófilos ativados por PMA pode ser diferente do mecanismo utilizado quando as células

são ativadas via receptores de membrana.

Com o intuito de avaliar se o efeito modulador do extrato bruto de T. indica sobre os

neutrófilos está relacionado com a morte destas células, foram realizados dois ensaios de

citotoxicidade: exclusão ao corante azul de Tripan e de determinação da atividade da enzima

lactato desidrogenase. Nas condições experimentais empregadas, verificou-se que o extrato

bruto, nas maiores concentrações utilizadas nos ensaios de QL, não possui efeito tóxico sobre

os neutrófilos, quando comparado com os controles.

Após verificar o potencial antioxidante do extrato bruto de tamarindo, as frações

aquosa, butanólica, hexano e diclorometano também foram analisadas quanto aos seus efeitos

sobre a produção de QLlum por neutrófilos ativados por ZIops, PMA e fMLP. Para todos os

estímulos utilizados, as frações Aq e But apresentaram pouca inibição da produção de EROs,

sem promover efeito dose-resposta. Não foi possível calcular os valores de CI50 para estas

amostras, devido à pequena inibição. Por outro lado, as frações DCM e H modularam a

produção de QLlum induzida pelos três estímulos e os efeitos foram dependentes da dose.

Diante dos valores de CI50 e de porcentagem de inibição, verificou-se que o maior efeito

modulador é atribuído à fração H.

Ao avaliar a citotoxicidade das frações sobre os neutrófilos, observou-se que as

frações aquosa, butanólica e diclorometano não foram citotóxicas, nas maiores concentrações

empregadas nos ensaios de QL. Analisando a fração hexano, verificou-se que , nas

concentrações 100 e 200�g/mL, esta foi significativamente tóxica para os neutrófilos, em

comparação ao controle negativo (p<0,05). Entretanto, quando empregada em concentrações

inferiores a 50�g/mL, H não causou a morte celular. Como foi demonstrado, os valores de

CI50 obtidos por esta fração nos ensaios de QL foram, em �g/mL, 34,82 ± 4,47 (ZIops), 13,61

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± 2,99 (PMA) e 5,40 ± 0,97 (fMLP). Estas concentrações são bem inferiores àquelas que

demonstraram citotoxicidade, o que sugere que a fração hexano, em baixas concentrações, é

efetiva para modular a QL produzida por neutrófilos ativados, por algum mecanismo que não

envolva a morte celular.

Os resultados dos ensaios de QL, obtidos neste trabalho, complementam o estudo

realizado por Martinello (2006) que, em ensaios não celulares, verificou que o EB

hidroalcoólico do fruto de T. indica, bem como suas frações, apresentaram capacidade

“scavenger” de radical ânion superóxido e radical hidroxil e atividade antioxidante na inibição

da lipoperoxidação, sendo que nesta última atividade, a fração com maior efeito foi a

butanólica. Além da polpa do fruto, outras partes da planta como semente (TSUDA et al.,

1994), folhas (JOYEUX et al., 1995), flores (AL-FATIMI et al., 2007) e casca do caule

(RAMOS et al., 2003), também tiveram atividade antioxidante comprovada.

Como os três estímulos usados ativam a produção de EROs via diferentes mecanismos

de transdução de sinal, os resultados obtidos neste trabalho sugerem que o extrato e as frações

de T. indica podem modular pontos nas diferentes vias de sinalização ou inibir um alvo

bioquímico comum como o complexo NADPH oxidase. Outras formas de ação do extrato

podem ser: como bloqueadores de receptores ou como “scavenger” de espécies reativas de

oxigênio. Porém, como as amostras não se tratam de substâncias isoladas e sim de misturas

complexas de diferentes compostos, pode haver várias substâncias atuando de diferentes

formas sobre o metabolismo oxidativo dos neutrófilos. Embora a atividade “scavenger” do

extrato já tenha sido comprovada, é provável que este também possua ação sobre a produção

de EROs pelo neutrófilo, visto que houve diferenças entre os valores de CI50 e de

porcentagem de inibição obtidos ao utilizar os diferentes estímulos.

O extrato bruto e as frações avaliadas neste estudo possuem em sua composição

concentrações variáveis de flavonóides e outros polifenóis. Estes metabólitos secundários,

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presentes em uma grande variedade de espécies vegetais, são conhecidos por possuírem, entre

outros efeitos biológicos, atividade antioxidante (PRIOR, 2003; KANASHIRO et al., 2004).

Entretanto, até o momento, não foi possível correlacionar os resultados deste trabalho com a

composição química do extrato, avaliada nos ensaios colorimétricos realizados. A fração But,

que apresentou a maior concentração de flavonóides dentre as analisadas, demonstrou baixo

efeito inibitório sobre o metabolismo oxidativo dos neutrófilos, com atividade semelhante ao

promovido pela fração Aq, que possui a menor quantidade de flavonóides. As atividades

observadas podem estar relacionadas com outros compostos fenólicos, que estão presentes em

altas concentrações nas frações DCM e H ou ainda com outros tipos de substâncias.

5.4. Efeito do extrato bruto de T. indica sobre a desgranulação

Além da produção de espécies reativas de oxigênio, os neutrófilos utilizam um arsenal

de mecanismos microbicidas não oxidativos para a eliminação de patógenos invasores. Um

desses mecanismos consiste na produção de serino-proteases como a elastase, que são

liberadas no fagossomo e são responsáveis pela degradação do microrganismo englobado

(MAYER-SCHOLL et al., 2004; PHAM, 2006). A elastase, principal protease presente nos

grânulos azurófilos, pode alcançar o espaço extracelular, onde sua atividade é controlada por

inibidores endógenos como α-1-antitripsina, inibidor de leucoprotease secretória (SLPI) e

“elafin” (JOHANSON et al. 2002; FITCH et al., 2006). A ação desses inibidores é

fundamental, pois a elastase não é específica para moléculas dos patógenos, podendo degradar

macromoléculas do tecido hospedeiro como elastina, fibronectina, proteoglicanas e proteínas

do plasma. Entretanto, o aumento da liberação de elastase resulta em um desequilíbrio entre a

quantidade de enzima ativa no espaço extracelular e seus inibidores endógenos. O acúmulo

anormal de elastase causa um número de doenças inflamatórias agudas e crônicas como artrite

reumatóide, enfisema pulmonar e fibrose cística. Portanto, existe um grande número de

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estudos em busca de inibidores de proteases, para controlar a ação destas enzimas (FOOK et

al., 2005; LEE; DOWNEY, 2001).

Estímulos solúveis como citocinas, endotoxinas, fator de agregação plaquetária (PAF)

e fMLP também induzem a liberação da elastase pelos neutrófilos e são utilizados por

diversos autores em estudos de caracterização desta enzima, bem como de busca por novos

inibidores (SCHORR et al., 2005).

Com o intuito de verificar o efeito do extrato bruto de T. indica sobre uma função

efetora do neutrófilo independente de oxigênio, foi avaliada sua ação sobre a desgranulação

de neutrófilos ativados, utilizando como parâmetro a liberação da enzima elastase. Neste

estudo, utilizou-se o substrato succinil-Ala-Ala-Val-p-nitroanilida (SAAVNA), o qual na

presença da enzima elastase, é degradado formando o produto P-nitroanilina (p-NA), que

pode ser quantificado espectrofotometricamente.

Os neutrófilos foram previamente tratados com citocalasina B (CB), uma substância

que age sobre o citoesqueleto, fazendo com que a célula deixe de ser fagocítica e se torne

secretora na presença de um estímulo (FOOK et al., 2005). O estímulo utilizado para induzir a

desgranulação foi o fMLP. Fosfolipase C e fosfolipase D são ativadas durante a

desgranulação induzida por fMLP (KÁLDI et al., 2002). De acordo com Cabanis e

colaboradores (1996), a indução de liberação de elastase dos grânulos azurófilos pelo fMLP

está relacionada principalmente com a mobilização de Ca2+ intracelular , além de possuir uma

relação com a ativação de PKC .

No presente estudo foi observado que, na presença do extrato bruto de T. indica, a

desgranulação dos neutrófilos ativados por fMLP foi inibida de forma dose dependente, sendo

este efeito significativo em concentrações superiores a 200�g/mL.

Após a verificação deste efeito do extrato, foi realizado um ensaio para avaliar sua

atividade diretamente sobre a enzima elastase, com o intuito de esclarecer o mecanismo de

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ação do mesmo, isto é, se o extrato age sobre o neutrófilo ou sobre a atividade catalítica da

enzima elastase liberada.

Inibidores de proteases são amplamente distribuídos entre bactérias, animais e plantas,

sendo que, na maioria das famílias de plantas estão presentes em seus órgãos reprodutivos e

de reserva (RYAN, 1990). Muitos inibidores de proteases já foram isolados de sementes de

leguminosas, como por exemplo, das espécies Glycine max, Phaseolus limensis, Phaseolus

vulgaris, Phaseolus angularis e Lens sculenta (HOJIMA et al., 1983).

Para avaliar o efeito do extrato de tamarindo sobre a atividade da elastase, foi utilizado

o sobrenadante dos neutrófilos rico nesta enzima, previamente separado das células

estimuladas. Observou-se que o extrato inibiu a atividade catalítica da enzima, reduzindo

significativamente a formação de p-NA em concentrações superiores a 200�g/mL.

Com esses resultados, é sugerido que o extrato de T. indica influencie no processo de

desgranulação, e que este efeito é parcialmente devido a sua ação sobre a atividade catalítica

da enzima elastase. Fook e colaboradores (2005) isolaram um inibidor de protease da semente

de T. indica que inibiu a liberação de elastase por neutrófilos estimulados por PAF e fMLP,

sendo mais efetivo quando utilizava o estímulo PAF, além de promover forte inibição sobre a

atividade da enzima.

5.5. O fruto de Tamarindus indica L. como fonte natural com atividade antioxidante

O presente trabalho demonstrou que o extrato do fruto de T. indica possui efeito

modulador sobre funções efetoras dependentes e independentes de oxigênio dos neutrófilos. A

comprovação destas propriedades corrobora com outros trabalhos realizados com a mesma

espécie (FOOK et al., 2005; TSUDA et al., 1994; JOYEUX et al., 1995; MARTINELLO,

2006), que comprovaram suas atividades antioxidante e sobre a desgranulação.

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Como este estudo é realizado com extrato bruto e frações, sem análises de substâncias

isoladas, não é sabido quais metabólitos presentes na polpa do fruto de T. indica são

responsáveis pelos efeitos observados. Para melhor entendimento dos mecanismos de ação,

são necessários estudos com compostos ativos isolados, sendo que a purificação dos mesmos

já está em andamento. Todavia, estudos com extratos brutos são importantes, pois em muitos

casos as atividades biológicas de um produto natural não se devem à ação de um único

componente e sim devido ao efeito sinérgico gerado entre diferentes substâncias

(VERPOORT et al., 2005), além de comprovar que o fruto de tamarindo pode ser utilizado

como uma fonte natural com atividades antioxidante e antiinflamatória.

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6. Conclusões

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Diante dos dados apresentados, podemos concluir:

• As condições para o estudo dos efeitos do extrato de T. indica sobre o metabolismo

oxidativo de neutrófilos ativados por fMLP e PMA foram otimizadas e as

concentrações destes estímulos suficientes para estimular 1 x 106 neutrófilos foram,

respectivamente, 10-6M e 10-7M.

• O metabolismo oxidativo produzido pelos diferentes estímulos mostrou perfis de

quimioluminescência (QL) com características cinéticas próprias como: tempo para

iniciar a produção de EROs após a adição do estímulo, a intensidade máxima (pico)

atingida e a duração da produção destas espécies reativas.

• O extrato bruto hidroalcoólico da polpa do fruto de Tamarindus indica L. possui

atividade inibitória sobre o metabolismo oxidativo de neutrófilos estimulados por

ZIops, PMA e fMLP de maneira dose dependente, e este efeito é mais pronunciado

quando utiliza-se o PMA como estímulo.

• As frações hexano e diclorometano do extrato de T. indica são capazes de modular

negativamente o metabolismo oxidativo de neutrófilos ativados por ZIops, PMA e

fMLP, de maneira dose dependente. No entanto, as frações aquosa e butanólica

apresentaram um efeito inibitório, deste processo celular, pouco significativo e sem

relação com a dose.

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• O extrato bruto de T. indica demonstrou efeito inibitório sobre a liberação da enzima

elastase por neutrófilos ativados por fMLP, e este efeito parece ser, parcialmente,

devido à ação do extrato na atividade catalítica da mesma.

• O extrato bruto e as frações aquosa, butanólica e diclorometano não demonstraram

efeitos citotóxicos sobre neutrófilos, avaliados através de experimentos de exclusão ao

corante Azul de Tripan e determinação da enzima LDH.

• A fração hexano apresentou efeitos tóxicos sobre os neutrófilos apenas nas

concentrações 100 e 200µg/mL. Em concentrações inferiores, incluindo aquelas

referentes aos valores de CI50 obtidos, não causou a morte celular.

• Os resultados obtidos neste trabalho dão suporte para que sejam realizados estudos de

purificação do principio ou dos princípios ativos presentes na polpa do fruto de T.

indica, bem como para o planejamento de ensaios que verifiquem seus efeitos in vivo.

Contudo, estes dados já são suficientes para apontar o fruto do tamarindo como fonte

natural com atividades antioxidante e antiinflamatória.

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7. Referências Bibliográficas

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8. Anexos

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ANEXO A – Metodologias Utilizadas para determinar as quantidades de açúcares totais, compostos fenólicos e flavonóides no extrato bruto de tamarindo e nas frações. Ensaios realizados por Martinello (2006).

1. Determinação de açúcares totais

Utilizou-se a reação do fenol-sulfúrico, descrita por Dubois e colaboradores (1956),

para fazer as dosagens de açúcares totais do extrato bruto e das frações. Nesta reação,

açúcares simples, polissacarídeos e seus derivados são hidrolisados pelo ácido sulfúrico e os

produtos formados sofrem complexação com o fenol, mudando a cor da solução.

Resumidamente, em um tubo de reação contendo 500�L de amostra, branco ou padrão de

glicose, adicionou-se solução de fenol 0,71% (p/v) e ácido sulfúrico fumegante 71% (v/v).

Fez-se a determinação das hexoses em espectrofotômetro Beckaman DU-70 em comprimento

de onda de 490nm.

2. Dosagem dos compostos fenólicos totais

Para quantificar os compostos fenólicos totais presentes nas amostras, utilizou-se o

método descrito por Folin-Ciocalteau (SINGLENTON; ROSSI, 1965). Utilizou-se o reagente

de Folin, que sofre redução na presença de compostos fenólicos, formando um composto com

absorção máxima em 725nm. Em um tubo de reação contendo 50�L de amostra, branco ou

padrão de ácido gálico, adicionou-se ácido acético 0,35% (v/v), reagente de Folin-Ciocalteau

5% (v/v), carbonato de sódio saturado 1,75% (v/v) e água destilada q.s.p.. Incubou-se por 90

minutos na ausência de luz e, em seguida, fez-se a determinação da absorvância em

espectrofotômetro Beckaman DU-70 em comprimento de onda de 725nm.

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3. Determinação dos flavonóides totais

As determinações de flavonóides totais das amostras foram realizadas de acordo com o

método descrito por Dowd (1959), que tem como princípio a formação de complexos estáveis

entre cátions alumínio e os flavonóides. Ao meio de reação contendo 200�L de amostra,

branco ou padrão de quercetina (flavonóide), adicionou-se 60�L de ácido acético glacial, 1mL

de solução de piridina:H2O:AlCl3 12% (17:80:3) e 1,24mL de DMSO:H2O (1:1). O produto

da reação foi determinado em espectrofotômetro Beckaman DU-70 em comprimento de onda

de 420nm.

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ANEXO B – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto

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ANEXO C – Termo de consentimento livre e esclarecido assinado pelos doadores de sangue voluntários.

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu________________________________________________________________, abaixo assinado, tenho sido devidamente esclarecido sobre todas as condições que constam do documento “ESCLARECIMENTOS AO SUJEITO DA PESQUISA”, de que trata o projeto de pesquisa intitulado “ ESTUDO DO EFEITO DE EXTRATOS E FRAÇÕES DE Tamarindus indica L. SOBRE O METABOLISMO OXIDATIVO DE NEUTRÓFILOS ESTIMULADOS” que tem como pesquisadores responsáveis Profa. Dra. Yara Maria Lucisano Valim e Fabiana da Silva Paula especialmente no que diz respeito ao objetivo da pesquisa, aos procedimentos que serei submetido, aos riscos e aos benefícios, bem como forma de ressarcimento no caso de eventuais despesas, declaro que tenho pleno conhecimento dos direitos e das condições que me foram assegurados, a seguir relacionados:

1. A garantia de receber a resposta a qualquer pergunta ou esclarecimento de qualquer dúvida a respeito dos procedimentos, riscos benefícios e de outras situações relacionadas com a pesquisa. As dúvidas poderão ser esclarecidas com os responsáveis pela pesquisa no Laboratório de Bioquímica do Departamento de Física e Química da FCFRP – USP (Av. Café, S/N) ou pelos telefones: 3602-4212 / 3602-4434.

2. A liberdade de retirar o meu consentimento e deixar de participar do estudo, a qualquer momento, sem que isso me traga prejuízo.

3. A segurança de que não serei identificado e que será mantido o caráter confidencial da informação relacionada a minha privacidade.

4. O ressarcimento de eventuais despesas decorrentes da minha participação no projeto.

Declaro, ainda, que concordo inteiramente com as condições que foram apresentadas e que, livremente, manifesto a minha vontade em participar do referido projeto.

Ribeirão Preto,_______de________________ de _______.

______________________________ Assinatura do voluntário

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ESCLARECIMENTO AO SUJEITO DA PESQUISA

Título do Projeto: ESTUDO DO EFEITO DE EXTRATOS E FRAÇÕES DE Tamarindus indica L. SOBRE O METABOLISMO OXIDATIVO DE NEUTRÓFILOS ESTIMULADOS

Pesquisadores responsáveis: Profa. Dra. Yara Maria Lucisano Valim Fabiana da Silva Paula Ao voluntário:

Nosso grupo de trabalho está realizando um estudo sobre a atividade antioxidante do tamarindo. O neutrófilo é uma célula do sistema imune responsável pelo início da inflamação e libera radicais livres para combater os microrganismos patogênicos, os quais quando produzidos de forma desordenada são prejudiciais à nossa saúde. Nosso estudo analisará se o tamarindo é capaz de reduzir a liberação desses radicais livres. Isso é de grande importância, pois, se comprovada a eficácia do tamarindo como antioxidante, futuramente, este poderá ser empregado em tratamentos de doenças inflamatórias. Assim, solicitamos a sua permissão para colher sangue para estudar melhor o neutrófilo. O desconforto que o paciente poderá apresentar está relacionado apenas com a picada da agulha durante a coleta do sangue. As dúvidas poderão ser esclarecidas com os responsáveis pela pesquisa no Laboratório de Bioquímica do Departamento de Física e Química da FCFRP – USP (Av. Café, S/N) ou pelos telefones: 3602-4212 / 3602-4434.

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