104
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM PROCESSOS DE BOMBEAMENTO D’ÁGUA. RAMON LAGO REGIS 2010

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM PROCESSOS DE … · PROCESSOS DE BOMBEAMENTO D’ÁGUA. RAMON LAGO REGIS 2010 . ii UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA CURSO DE GRADUAÇÃO

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM

PROCESSOS DE BOMBEAMENTO D’ÁGUA.

RAMON LAGO REGIS

2010

ii

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

RAMON LAGO REGIS

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM

PROCESSOS DE BOMBEAMENTO D’ÁGUA.

Trabalho apresentado ao Curso de Graduação em Engenharia Elétrica da Universidade Federal da Bahia como parte dos requisitos para a obtenção do título de Engenheiro Eletricista. Orientador: Prof. Dr. Caiuby Alves da Costa.

SALVADOR – 2010

iii

RAMON LAGO REGIS

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM

PROCESSOS DE BOMBEAMENTO D’ÁGUA.

Este Trabalho de Graduação foi julgado adequado para a obtenção do grau de Engenheiro Eletricista e aprovado em sua forma final pela Comissão Examinadora e pelo Colegiado do Curso de Graduação em Engenharia Elétrica da Universidade Federal da Bahia.

_____________________________

Cristiane Corrêa Paim Coordenadora do Colegiado do

Curso de Engenharia Elétrica

Comissão Examinadora

______________________________________ Prof. Orientador: Caiuby Alves da Costa.

______________________________________ Prof. Bernardo Gustavo Paez Ortega.

______________________________________ Prof. Francisco Ribeiro Lisboa.

iv

Dedicatória

Aos meus pais.

v

Agradecimentos

Ao professor Caiuby Alves da Costa pela orientação e ensinamentos.

Aos colaboradores do Laboratório de Eficiência Energética e

Ambiental da UFBA pelo apoio fornecido.

Aos companheiros de jornada Lázaro Mendes e Washington Rocha

pelo auxílio nas medições e levantamentos de dados.

Aos professores da Escola Politécnica da UFBA que me forneceram

fundamentações teóricas ao longo do curso de Engenharia Elétrica.

Aos amigos que diretamente ou indiretamente contribuíram para a

realização deste trabalho.

vi

“Every day I remind myself

that my inner and outer life are

based on the labors of other men,

living and dead, and that I must

exert myself in order to give in the

same measure as I have received

and am still receiving”.

Albert Einstein

vii

RESUMO

As bombas hidráulicas são equipamentos responsáveis por grande

parte do consumo de energia elétrica na grande maioria das indústrias. Estas

são acionadas geralmente por motores de indução trifásicos que são

máquinas robustas e de elevado rendimento. No entanto, existem formas de

aumentar o rendimento global do sistema através de modificações

executadas no processo. Uma alteração comum em sistemas de

bombeamento visando a eficiência energética é a utilização de conversores

de freqüência no acionamento dos motores elétricos. No entanto, essa

medida muitas vezes não é viável devido ao alto custo do conversor. Os

catálogos de fabricantes fornecem informações que para alguns casos são

suficientes para a realização de um estudo energético no sistema. Em outros

casos, este estudo necessita de realizações de ensaios na planta para

completar as informações. Este trabalho apresenta ensaios realizados em

uma elevatória dentro do Laboratório de Eficiência Energética da UFBA.

Além disso, o trabalho define uma metodologia de operação de elevatórias

com baixas perdas energéticas. Este método foi aplicado em uma elevatória

real através de simulações em software. A viabilidade dessa metodologia

pode ser alcançada em algumas estações elevatórias devido ao baixo

custo inicial da solução proposta.

Palavras-chave: Bombas, eficiência energética, motores de indução

trifásicos, elevatória.

viii

LISTA SÍMBOLOS E SIGLAS

LABEFEA – Laboratório de Eficiência Energética e Ambiental – UFBA.

Vs – Tensão no estator do motor de indução trifásico.

Rs – Resistência dos enrolamentos do estator por fase.

Xs – Reatância de dispersão dos enrolamentos do estator por fase.

Rm – Resistência que representa as perdas por excitação ou no

núcleo.

Xm – Reatância de magnetização.

Rr – Resistência rotórica referida ao circuito do estator por fase.

Xr – Reatância de dispersão rotórica referida ao circuito do estator por

fase.

s - Escorregamento do motor.

ws – Velocidade síncrona.

Vmax – Valor máximo entre as tensões trifásicas.

Vmed - Valor médio entre as tensões trifásicas.

Td – Torque desenvolvido.

Eg – Energia Potencial gravitacinal.

Ep – Energia perdida por atrito na tubulação.

He – Head Estático (Altura geométrica).

Pe – Potência Elétrica.

Ph – Potência hidráulica.

hsu – Perdas de carga na tubulação de sucção.

Pm - Potência no eixo do motor.

HMT – Altura manométrica Total.

HG - Altura geométrica.

hs – Perda de carga localizada.

Ks – Constante específica para cada singularidade.

V – Velocidade do fluido.

g – Aceleração da gravidade.

Re - Número de Reynolds.

V - Velocidade do fluido.

ix

Q – Vazão.

H – Head (Altura manométrica).

N – Potência mecânica absorvida pela bomba.

n – Rotação da bomba.

CMH – Metro cúbico por hora.

EVTE – Estudo de Viabilidade Técnica-Economica.

NPSH - Valor mínimo de pressão a ser garantido na entrada do

impelidor visando evitar o fenômeno de cavitação.

ρρρρ - Densidade do fluido.

µµµµ -Viscosidade absoluta do fluido.

hf - Perda de carga.

∆∆∆∆t - Intervalo de tempo.

γγγγ - Peso específico do fluído.

ηηηη - Rendimento.

x

LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 – Distribuição no consumo de energia elétrica no Brasil. Fonte: Procel. ............................................................................................................................ 3

Figura 2.1 – Comparação entre rendimentos de motores convencionais e de alto rendimento. Fonte: Procel. ................................................................................. 8

Figura 2.2 – Curva típica de rendimento de um motor de indução. Fonte: Procel. .......................................................................................................................... 15

Figura 2.3 – Curva típica de fator de potência de um motor de indução. Fonte: Procel. .............................................................................................................. 16

Figura 2.4 - Curvas características de motores de indução segundo norma NBR 17094-1. Fonte: Procel. ...................................................................................... 17

Figura 2.5 - Modelo de circuito por fase de uma máquina de indução.......... 24

Figura 2.6 – Curva característica de um motor de indução trifásico. Fonte: Pomilio.......................................................................................................................... 25

Figura 2.7 – Variação da curva de torque do motor de indução com a tensão. Fonte: Pomilio. .............................................................................................. 26

Figura 2.8 – Curvas de torque de motor de indução trifásico para fluxo constante. Fonte: Pomilio. ........................................................................................ 27

Figura 2.9 - Arranjo típico de circuito para conversores de frequência........... 28

Figura 3.1 – Tubulação. ............................................................................................. 30

Figura 3.2 – Conduto ecoando fluido em regime laminar.................................. 31

Figura 3.3 – Equação do número de Reynolds ..................................................... 31

Figura 3.4 – Curva de sistema. Fonte: Tamaki. ...................................................... 36

Figura 3.5 – Componentes de uma bomba centrífuga. Fonte: Schineider Moto-bombas. ............................................................................................................ 39

Figura 3.6 – Ponto de operação de um sistema. Fonte: Monachesi................. 40

Figura 3.7 - Curva: rendimento x vazão. Fonte: Monachesi. .............................. 41

Figura 3.8 – Curva: Rendimento x vazão. Fonte: Monachesi.............................. 42

Figura 3.9 – Pontos de operação para variação de rotação da bomba e para utilização de válvula de controle. Fonte: Procel. ....................................... 44

Figura 3.10 – Comparação do controle de vazão com válvula de by-pass e com conversor de freqüência. Fonte: Haddad (adaptado)............................. 45

Figura 3.11 – Balanço típico de energia. ............................................................... 46

Figura 3.12 - Chave de nível bóia pera. Fonte: Nivetec...................................... 48

Figura 3.13 – Sistema Elevatório. Fonte: Takami .................................................... 50

Figura 4.1 -Layout da Planta-LABEFEA. .................................................................. 53

Figura 4.2 –Diagrama de comando das bombas. ............................................... 54

Figura 4.3 - Curvas das bombas do LABEFEA. Fonte: Fabricante. ..................... 55

Figura 4.4 – Curva do sistema para a Planta LABEFEA. ....................................... 59

Figura 4.5 – Curva altura manométrica x vazão da bomba. ............................. 60

Figura 5.1- Elevatória Padrão ................................................................................... 63

Figura 5.2 - Elevatória proposta ............................................................................... 64

Figura 5.3 – Diagrama de comando utilizando chaves bóia lateral................. 66

Figura 5.4 – Acionamento dos motores elétricos.................................................. 67

Figura 5.5 – Diagrama de comando para utilização de chaves de nível bóia pera. ............................................................................................................................. 68

xi

Figura 5.6 – Curvas das bombas da Planta-Politécnia. Fonte: Catálogo de Fabricante (adaptado) ............................................................................................ 69

Figura 5.7 – Consumo de água da Escola Politécnica no período de 07/10/09 até 10/11/09. Fonte: Projeto Água Pura (adaptado). ......................................... 72

Figura 5.8 – Curvas da bomba de menor porte do sistema proposto na Planta-Politécnica. Fonte: Catálogo de fabricante (adaptado)...................... 74

Figura 5.9 – Sistema atual simulado em EPANET ................................................... 75

Figura 5.10 – (a) Perfil de vazão nos dias de semana (b) Perfil de vazão nos finais de semana. ....................................................................................................... 75

Figura 5.11 - Sistema proposto simulado em EPANET ........................................... 77

Figura 5.12 - Vazão fornecida pelas bombas no sistema proposto. ................. 79

Figura 5.13 – Variação do volume do tanque superior. ...................................... 80

Figura 5.14 – Perfis de demanda de vazão considerando um crescimento vegetativo. (a) Dia de Semana. (b) Final de Semana. ....................................... 81

Figura A.1 - Vazão fornecida pelas bombas no sistema proposto, considerando crescimento vegetativo.................................................................86 Figura A.2 – Variação do volume do tanque superior, considerando crescimento vegetativo..........................................................................................87 Figura B.1 – (a) Elevatória do LABEFEA. (b) Instrumentos de medição e controle da Planta LABEFEA...................................................................................88 Figura B.2 – Planta-LABEFEA. (a) Moto- bombas. (b) – Medição de grandezas elétrica. (c) Painel Elétrico. ....................................................................................89 Figura B.3 – Planta-Politécnica. (a) Moto-bomba. (b) Casa de máquinas. (c) Medição de diâmetro de tubulação de recalque... ........................................ 90

xii

LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 - Valores de ‘Ks’. Fonte: Takami. .......................................................... 33

Tabela 3.2 – Comprimentos equivalentes em diâmetros de tubulação retilínea. Fonte: Takami ............................................................................................. 34

Tabela 3.3 – Valores do coeficiente C. Fonte: Tamaki. ....................................... 35

Tabela 4.1 – Dados dos motores de alto rendimento da Planta-LABEFEA....... 56

Tabela 4.2 - Dados dos motores convencionais da Planta-LABEFEA................ 56

Tabela 4.3 – Dados para levantamento de curva altura manométrica x vazão. .......................................................................................................................... 58

Tabela 4.4 – Dados para levantamento da curva da bomba. ......................... 60

Tabela 4.5 – Controle com válvula de restrição e com conversor de freqüência................................................................................................................... 61

Tabela 4.6 - Controle com válvula de restrição e com válvula de by-pass. ... 61

Tabela 5.1 – Tabela indicativa das posições das chaves de nível bóia lateral........................................................................................................................................ 66

Tabela 5.2 - Características das bombas da Planta-Politécnia........................ 69

Tabela 5.3 - Medições nos motores da Planta-Politécnica ................................ 70

Tabela 5.4 – Resumo da Simulação do sistema atual ......................................... 76

Tabela 5.5 – Energia hidráulica fornecida pela bomba. .................................... 77

Tabela 5.6 - Resultados da simulação do sistema proposto. ............................. 78

Tabela 5.7 - Energia hidráulica fornecida pela bomba. ..................................... 78

Tabela 5.8 – Resultados da simulação do sistema atual considerando crescimento vegetativo............................................................................................ 81

Tabela 5.9 - Resultados da simulação do sistema proposto considerando crescimento vegetativo............................................................................................ 82

xiii

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.............................................................................................. 1

1.1 OBJETIVOS ....................................................................................................1 1.1.1 Objetivos Específicos...................................................................... 1

1.2 A IMPORTÂNCIA DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA. .................................................3 1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO..............................................................................5

2 MOTOR DE INDUÇÃO TRIFÁSICO .............................................................. 6

2.1 PERDAS EM UM MOTOR DE INDUÇÃO TRIFÁSICO..............................................8 2.1.1 Perdas nos Núcleos. ....................................................................... 8 2.1.2 Perdas Mecânicas.......................................................................... 9 2.1.3 Perdas por Efeito Joule no Estator ................................................ 9 2.1.4 Perdas por Efeito Joule no Rotor ................................................ 10 2.1.5 Perdas Suplementares ................................................................. 11

2.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE MOTORES CONVENCIONAIS E DE ALTO RENDIMENTO.12 2.2.1 Benefícios Econômicos do Motor de Alto Rendimento........... 12 2.2.2 Especificação ............................................................................... 12 2.2.3 Dimensionamento do Motor....................................................... 13 2.2.4 Rendimento................................................................................... 14 2.2.5 Fator de Potência......................................................................... 15 2.2.6 Fator de Serviço............................................................................ 16 2.2.7 Características de Aceleração .................................................. 17 2.2.8 Características da Rede de Alimentação................................ 18 2.2.9 Características Construtivas........................................................ 19 2.2.10 Vida Útil do Motor......................................................................... 19 2.2.11 Os Cuidados na Limpeza do Motor ........................................... 20 2.2.12 A Lubrificação do Rolamento e do Mancal............................. 20 2.2.13 Vibração........................................................................................ 21 2.2.14 Efeitos da variação da amplitude da tensão. ......................... 21 2.2.15 Efeitos do desequilíbrio da rede elétrica................................... 22 2.2.16 Efeitos dos harmônicos. ............................................................... 22 2.2.17 Reparo de motores. ..................................................................... 23

2.3 PRINCÍPIOS DE UM CONVERSOR DE FREQUÊNCIA...........................................23

3 PROCESSO DE BOMBEAMENTO D'ÁGUA................................................ 29

3.1 ESTUDO DE PERDA DE CARGA ......................................................................29 3.1.1 Estudo da Perda de Carga Distribuída...................................... 29 3.1.2 Estudo da Perda de Carga Localizada ou Singular ................ 32 3.1.3 Fórmulas Práticas para Cálculo de Perda de Carga em Tubulações. .............................................................................................. 34

3.2 ALTURA MANOMÉTRICA...............................................................................35 3.3 CURVAS DE SISTEMA....................................................................................36 3.4 BOMBAS HIDRÁULICAS. ...............................................................................37

xiv

3.4.1 Componentes principais ............................................................. 38 3.4.2 Curvas de desempenho das bombas centrífugas .................. 39 3.4.3 Alteração das curvas características de bombas................... 42

3.5 UTILIZAÇÃO DE VARIADORES DE VELOCIDADE EM BOMBAS CENTRÍFUGAS........43 3.6 TEMPO DE VIDA ÚTIL DA BOMBA. ..................................................................45 3.7 BALANÇO DE ENERGIA ................................................................................46 3.8 PRINCIPAIS INSTRUMENTOS UTILIZADOS EM UMA ELEVATÓRIA. .........................47 3.9 SOFTWARES PARA SIMULAÇÃO DE SISTEMAS HIDRÁULICOS..............................48 3.10 SISTEMA ELEVATÓRIO ..................................................................................49

4 PLANTA DE BOMBEAMENTO D’ÁGUA DO LABEFEA. .............................. 52

4.1 DESCRIÇÃO DA PLANTA. .............................................................................52 4.2 LENVANTAMENTO DE CURVA DO SISTEMA DA PLANTA-LABEFEA: ALTURA

MANOMÉTRICA X VAZÃO. ....................................................................................57 4.3 LEVANTAMENTO DE CURVAS DAS BOMBAS DA PLANTA-LABEFEA: ALTURA

MANOMÉTRICA X VAZÃO. ....................................................................................59 4.4 COMPARAÇÃO ENTRE DIFERENTES FORMAS DE CONTROLE DE VAZÃO. ...........60

5 PROPOSTA DE ESTAÇÃO ELEVATÓRIA EFICIENTE................................... 62

5.1 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DA ESTAÇÃO. .............................................63 5.2 SISTEMA DE COMANDO DAS BOMBAS ...........................................................65 5.2.1 Diagrama de comando para sistema com chaves de nível bóia lateral. .............................................................................................. 65 5.2.2 Diagrama de comando para sistema com chaves de nível bóia pera.................................................................................................. 67

5.3 APLICAÇÃO DA PROPOSTA NA PLANTA-POLITÉCNICA. .................................68 5.3.1 Características do Sistema.......................................................... 68 5.3.2 Perfil de demanda de vazão da Escola Politécnica. .............. 71 5.3.3 Seleção das bombas para aplicação da solução. ................ 72 5.3.4 Simulação do Sistema em EPANET............................................. 74

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 83

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................... 84

APÊNDICE A – GRÁFICOS DO SOFTWARE EPANET. ..................................... 86

APÊNDICE B - FOTOS...................................................................................... 88

1

1 INTRODUÇÃO

1.1 OBJETIVOS

O trabalho tem a finalidade de analisar o consumo energético de

processos de bombeamento d’água sob diferentes formas de controle. Seja

o processo baseado em controle de vazão, de pressão ou de nível. Esta

análise será realizada através de ensaios e simulações em uma planta que

consiste em um sistema elevatório de água utilizando bombas centrífugas

acionadas por motores de indução trifásicos.

Os sistemas elevatórios consistem em uma das principais aplicações de

sistemas de bombeamento. Uma elevatória objetiva suprir um reservatório

elevado que alimenta uma quantidade de consumidores. Em grande parte

dos sistemas de bombeamento, a água flui das bombas diretamente para os

consumidores, sem uso de reservatórios elevados. Neste caso, o sistema visa

atender a demanda de vazão de consumidores sendo a rotação da bomba

mantida constante, variando-se o ponto de operação em função da

demanda de vazão.

Após analisar os dados dos ensaios e simulações, será proposta uma

solução para operação de sistemas elevatórios de água.

1.1.1 Objetivos Específicos

Os trabalhos experimentais foram realizados em duas plantas de

bombeamento d’água:

Planta-LABEFEA: Protótipo de sistema de bombeamento acrescido de

instrumentos de medição e controle que permitem a realização de diversos

ensaios.

Planta-Politécnica: Sistema Elevatório da Escola Politécnica da

Universidade Federal da Bahia que atende a totalidade da demanda de

água da escola.

A seguir são citados os objetivos específicos do presente trabalho:

2

• Realização de levantamento de curvas experimentais dos

componentes da Planta-LABEFEA, pois alguns dados fundamentais

para análise deste sistema não se encontram em catálogos e mesmo

os contidos em catálogos podem sofrer variação com o tempo.

O motivo para esses levantamentos é que o conhecimento das

características das bombas, da planta, dos motores e das

peculiaridades inerentes a cada tipo de máquina fornece uma base

de informações confiável para o desenvolvimento de metodologias

de operação de sistemas de bombeamento. E, este trabalho visa,

também, propor uma metodologia de operação.

• Avaliação de configurações de sistemas de bombeamento

d‘água de forma experimental, e através de análise teórica dos

parâmetros característicos de bombas centrífugas, motores de

indução, sistema de acionamento dos motores, sensores e planta com

a proposição de otimização de suas características funcionais.

• Após o conhecimento detalhado do sistema, efetuar simulações

de operação da Planta-LABEFEA em diferentes configurações

registrando para cada uma delas o consumo de energia elétrica e

verificando suas vantagens e desvantagens.

• Propor uma solução eficiente e economicamente viável para

operação de sistemas elevatórios de água, justificando suas

vantagens analiticamente e por dados obtidos através de ensaios.

Mostrar como se configura os dispositivos utilizados na solução.

• Simular em software a aplicação da solução proposta na Planta-

Politécnica e quantificar os ganhos energéticos da solução.

3

1.2 A IMPORTÂNCIA DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA.

Utilizar as fontes de energia com responsabilidade constitui um novo

parâmetro a ser considerado no exercício da Cidadania.

O consumo de Energia Elétrica, no Brasil, foi de 306 TWh em 2000 e em

2008 de 393 TWh. Um aumento de 28% em 8 anos [10].

O Brasil é o 10º maior consumidor mundial de energia elétrica, mas o

seu consumo deve dobrar até 2030 [4].

O aumento do consumo de energia elétrica pode gerar uma

necessidade de expansão do sistema elétrico, ou ainda ocasionar um

possível racionamento de energia elétrica como ocorrido no Brasil em 2001 e

2002. Influenciado por este crescimento no consumo torna-se cada vez mais

necessário criação de projetos visando à eficiência energética. Além dos

fatores sociais e econômicos a Eficiência Energética é uma medida

ambiental; pois, ao diminuir o consumo de energia, se reduz os impactos

ambientais.

A Figura 1.1 apresenta a distribuição do consumo de energia elétrica

no Brasil, destacando os setores mais significativos.

Figura 1.1 – Distribuição no consumo de energia elétrica no Brasil. Fonte: Procel.

Logo, verifica-se que ações de eficiência no consumo de energias no

setor industrial representam uma redução relevante no consumo energético

nacional.

Para muitas empresas o custo de energia elétrica representa pouco no

orçamento das despesas. No entanto, tendo em vista que, as tarifas de

4

energia elétrica têm aumentado acima dos índices Inflacionários, o consumo

de energia elétrica está tornando-se significativo na economia das

organizações.

Os processos que trabalham com bombas centrífugas possuem, em

geral, uma demanda de vazão variável. O controle da vazão pode ser feito

de várias maneiras, sendo uma das mais usuais aquela em que se utiliza uma

válvula de restrição para manipular a perda de carga do sistema. Desta

maneira, a diminuição da vazão é acompanhada por um aumento da

perda de carga. Uma alternativa a este método seria utilizar um conversor

de freqüência que, reduzindo a rotação de trabalho do motor, alteraria a

curva da bomba. Desta maneira, a diminuição da vazão conduz também a

um menor valor da perda de carga, gerando uma economia de energia,

quando comparada ao método que utiliza válvula de restrição.

Uma grande aplicação de sistemas elevatórios de água ocorre nas

unidades de tratamento de água. Para empresas do setor de

abastecimento de água, em geral empresas públicas, um dos principais

insumos é a energia elétrica que representa grande parte do seu custo de

produção.

Para a SABESP (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São

Paulo), em 1977, o custo de energia elétrica representava 4% do orçamento

de despesas. Embora a utilização de energia elétrica para o fornecimento

de 1 m3 de água tenha se mantido na ordem de 0,6 kWh, as despesas em

1995, aumentaram para 8%, transformando o custo de energia elétrica no

terceiro item mais importante do orçamento. As instalações administrativas

da SABESP representam 2% do custo total de energia elétrica e as instalações

operacionais de água e esgoto 98%. Estima-se que, atualmente 93% do custo

são devidos às estações elevatórias de água. [1].

Em geral, todos os prédios de uma cidade possuem um sistema

elevatório de água que operam através de uma ou mais bombas

centrífugas acionadas por motores de indução; logo, o desenvolvimento de

modificações no processo que aumentem a eficiência demandando um

investimento inicial razoável teria uma abrangência grande.

5

Embora os motores de indução sejam máquinas intrinsecamente

eficientes, esses se constituem um grande potencial de conservação de

energia. Tal fenômeno é explicado devido à grande quantidade de motores

instalados e aplicação ineficiente dos mesmos.

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO. O trabalho é estruturado em 7 capítulos.

O capítulo 1 apresenta uma introdução, descrevendo os objetivos do

trabalho e também as justificativas para a realização do mesmo.

Os capítulos 2 e 3 fornecem uma fundamentação teórica necessária

para a compreensão dos processos de bombeamento d’água. Nestes

capítulos, disserta-se sobre os principais equipamentos e instrumentos

relacionados a sistemas de bombeamento, comentando, em alguns casos,

formas de melhoria de rendimentos destes. Além disso, é descrito alguns

processos usuais na área de bombeamento e quais as possíveis melhorias do

ponto de vista energético.

O capítulo 4 descreve o sistema de bombeamento d’água do

Laboratório de Eficiência Energética da UFBA. Também é apresentado

alguns dos ensaios realizados.

O capítulo 5 descreve uma metodologia proposta para operação de

elevatórias de forma eficiente. Esta metodologia foi aplicada em uma

estação de bombeamento real e calculou-se o ganho energético da

solução proposta.

O capítulo 6 correspondente às considerações finais, argumenta

acerca dos principais conceitos e resultados apresentados no trabalho.

O capítulo 7 apresenta as referências bibliográficas.

6

2 MOTOR DE INDUÇÃO TRIFÁSICO

O motor elétrico de indução do tipo gaiola de esquilo é o mais

importante uso final de energia elétrica no País. No Brasil, a quantidade de

energia por ele processada é superior a 30% da energia elétrica total gerada

[5]. Diante disto, qualquer iniciativa que se desenvolva para aumentar o

rendimento destes equipamentos trará grande economia ao País.

Existem no mercado motores classificados como "standard" (motores

da linha padrão ou convencional), também uma linha de produtos

denominada Motor de Alto Rendimento.

No Motor de Alto Rendimento, a redução das perdas, com o

conseqüente aumento da eficiência, foi obtida com o aumento dos custos

de fabricação. Assim, motores de alto rendimento são mais caros do que os

motores da linha padrão. No entanto, por serem mais eficientes, gastam

menos energia que os motores da linha padrão para a mesma aplicação.

Em conseqüência, este custo adicional de aquisição é compensado pelo

menor custo operacional.

Os tempos de retorno do capital investido geralmente são baixos e os

seus beneficias econômicos se evidenciam nas economias estáveis, já que,

em condições normais de operação, o motor pode durar mais de 12 anos

[5].

Em resumo, o uso de motores de alto rendimento deve ser

considerado, analisando-se também os custos de operação e não apenas o

custo inicial.

As principais vantagens, quando comparados com os motores da linha

padrão, são:

· Reduzem o consumo de energia elétrica;

· A maioria deles apresenta um fator de potência mais alto;

· Menores temperaturas de operação;

· O rendimento decai menos para baixas cargas. Essa característica

minimiza o superdimensionamento nas situações em que não se possam

corrigir a potência do motor.

7

Mediante os benefícios citados, o uso do Motor de Alto Rendimento

torna-se bastante econômico nos seguintes casos:

· Para as novas plantas industriais e comerciais;

· Para a maioria das expansões ou alterações das plantas industriais e

comerciais existentes;

· Para a compra de novos equipamentos que contêm motores

elétricos, como as bombas hidráulicas em estações elevatórias.

· Quando trocar o motor usado;

· Quando comprar motor para estoque;

· Para trocar motores superdimensionados que operam com baixo

rendimento;

· Como parte do programa de gerência de energia;

· Para obter vantagens em descontos especiais, quando incentivados

pelo Governo Federal.

O Motor de Alto Rendimento difere do Convencional com melhor

rendimento devido a modificações no projeto, além de materiais e

processos de fabricação melhores.

A Equação 2.1 apresenta como se calcula o rendimento de um motor.

Equação 2.1 – Equação do Rendimento do Motor.

Pm – Potência Mecânica no eixo do motor. Pe - Potência Elétrica consumida pelo motor.

- Rendimento no motor.

O Motor de Alto Rendimento apresenta menor consumo de energia

elétrica que o Motor Convencional para uma mesma potência mecânica

fornecida. Desta, maneira o Motor de Alto Rendimento possui um custo de

operação menor.

8

A Figura 2.1 apresenta uma comparação entre o rendimento de

motores de Alto Rendimento e Convencionais. Este gráfico foi baseado em

motores de 4 pólos categoria N de um fabricante nacional.

Figura 2.1 – Comparação entre rendimentos de motores convencionais e de alto rendimento. Fonte: Procel.

2.1 PERDAS EM UM MOTOR DE INDUÇÃO TRIFÁSICO.

Os vários tipos de perdas podem ser classificados de diversas formas,

sendo as mais usuais:

Perdas Fixas - praticamente independem da carga;

Perdas Variáveis - variam com o carregamento do motor.

As perdas fixas são perdas nos núcleos e mecânicas. As perdas

variáveis com a carga são as perdas nos enrolamentos do estator e do rotor

e as perdas suplementares.

2.1.1 Perdas nos Núcleos.

As perdas nos núcleos de um motor de indução representam de 15 a

30% das perdas totais do motor [5].

9

Essas são as perdas que ocorrem nas chapas magnéticas do estator e

do rotor. Estas perdas se devem aos fenômenos de histerese e correntes

parasitas e dependem da frequência e da densidade máxima de fluxo. No

caso particular da perda por correntes parasitas, ela depende também da

espessura das lâminas que formam o núcelo.

As perdas por histerese e correntes parasitas podem ser reduzidas pela

diminuição da densidade de fluxo. Isto pode ser conseguido aumentando-se

o comprimento do pacote magnético1 ou através de um melhor projeto do

circuito magnético [5].

Outro procedimento adotado para redução destas perdas é a

utilização de material magnético que apresente menos perdas.

2.1.2 Perdas Mecânicas

As perdas mecânicas de um motor de indução representam de 2 a

15% das perdas totais do motor [5].

Essas são as perdas devidas ao atrito nos mancais ou nos rolamentos e

a ventilação. Em geral, quando o motor está operando em carga nominal,

elas são as menores parcelas das perdas totais [5].

As perdas por atrito são diminuídas utilizando-se rolamentos de baixas

perdas e com uma melhor lubrificação (como, por exemplo, lubrificantes

sintéticos) [5].

A otimização do projeto do ventilador reduz as perdas por ventilação.

Um motor de alto rendimento produz menores perdas nos enrolamentos e no

núcleo. Assim, torna-se menor a necessidade de ventilação. Uma

consequência positiva da menor ventilação é a redução do nível de ruído

produzido pelo motor.

2.1.3 Perdas por Efeito Joule no Estator

As perdas por Efeito Joule no estator de um motor de indução

representam de 25 a 50% das perdas totais do motor [5].

1 - Nome técnico dado as estrututuras ferromagnéticas do motor.

10

Essas são as perdas por dissipação de calor devido à circulação de

corrente nos condutores do enrolamento do estator. Elas podem ser

calculadas conforme Equação 2.2.

Equação 2.2 – Equação das perdas por Efeito Joule no Estator.

PJ – Perdas por Efeito Joule nos enrolamentos do estator. Re - Resistência do enrolamento. Ie - Corrente no enrolamento.

Nos motores de alto rendimento, utiliza-se condutores de cobre de

maior bitola, ou seja, condutores mais grossos na confecção dos

enrolamentos do estator. Desta forma, a resistência destes enrolamentos é

diminuída. Os fabricantes nacionais têm alcançado estes resultados

mantendo a mesma carcaça do motor padrão.

2.1.4 Perdas por Efeito Joule no Rotor

As perdas por Efeito Joule no rotor de um motor de indução

representam de 15 a 25% das perdas totais do motor [5].

Essas são perdas por dissipação de calor que ocorrem na gaiola do

rotor e dependem da carga, do material do condutor da gaiola, da área da

ranhura e do comprimento das barras. Estas perdas são proporcionais ao

escorregamento de operação.

Assim como no estator, a diminuição destas perdas é feita pelo

aumento da quantidade de material condutor da gaiola. Naturalmente, isto

pode contribuir também para o aumento das dimensões da carcaça [5].

No entanto, o desempenho do motor sofre significativa influência da

resistência do rotor. Sendo assim, a redução destas perdas fica limitada às

imposições aos valores mínimos de conjugado de partida e da máxima

corrente de partida admissível para a máquina.

11

2.1.5 Perdas Suplementares

As perdas suplementares de um motor de indução representam de 15

a 20% das perdas totais do motor [5].

Essas são todas as perdas que não estão incluídas nos outros tipos de

perdas. São definidas como a diferença entre a perda total do motor e os

outros quatro tipos de perdas.

Elas levam em conta vários fenômenos, tais como a distribuição não

uniforme da corrente nos enrolamentos, o efeito de saturação e as

imperfeições na densidade de campo magnético (devido às ranhuras do

estator e do rotor). Estas imperfeições provocam perdas nos dentes das

laminas do estator e do rotor e ocasionam perdas ôhmicas nas barras das

gaiolas, associadas aos harmônicos de corrente [5].

As perdas que ocorrem nas partes metálicas próximas ao campo

magnético de dispersão produzidas pelas cabeças das bobinas são também

computadas nas perdas suplementares.

Os elementos que mais afetam estas perdas são o projeto do

enrolamento do estator, a razão entre a largura do entreferro e a abertura

das ranhuras, a razão entre o número de ranhuras do estator e do rotor e as

superfícies dos pacotes magnéticos do estator e do rotor [5].

As perdas suplementares variam, aproximadamente, com o quadrado

da corrente de carga. As perdas suplementares são as mais difíceis de serem

reduzidas. No entanto, podem apresentar uma grande contribuição para o

aumento da eficiência do motor. Elas podem ser reduzidas pela adoção de

um projeto otimizado e com cuidados de qualidade na fabricação. Estas

perdas são um importante componente das perdas totais do motor [5].

Os vários tipos de perdas dos motores não são independentes. Por

exemplo, aumentar o comprimento do pacote de laminas para redução das

perdas magnéticas provoca aumento no comprimento dos condutores, o

que, por sua vez, aumenta suas perdas por efeito Joule. O projeto final destes

motores deve ser fruto de um balanço dos vários tipos de perdas, de modo a

se alcançar um alto rendimento, mas mantendo-se os níveis de conjugado

12

de partida, capacidade de sobrecarga, corrente de partida e fator de

potência.

2.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE MOTORES CONVENCIONAIS E DE ALTO RENDIMENTO.

2.2.1 Benefícios Econômicos do Motor de Alto Rendimento

O custo de um motor envolve não só o seu preço inicial, mas também

o seu custo operacional.

O preço inicial do motor de alto rendimento é superior ao motor da

linha padrão.

A economia no consumo de energia e o tempo de retorno do

investimento, ao se optar por um motor de alto rendimento ao invés de outro

da linha padrão são funções dos seus rendimentos, do tempo de operação,

da potência solicitada pela carga, da tarifa de energia elétrica e dos seus

preços iniciais [5].

2.2.2 Especificação

o desempenho de motores elétricos, de uma forma global, está

associado aos seguintes parâmetros:

· Rendimento;

· Fator de potência;

· Conjugado de partida;

· Conjugado máximo;

· Velocidade de operação;

· Capacidade de aceleração;

· Classe de isolamento;

· Corrente de partida

· Fator de serviço;

· Ruído;

· Temperatura de operação;

13

· Tipo de carcaça.

Numa especificação técnica de um motor, descreve-se as condições

em que o motor deverá operar e define-se o desempenho requerido do

motor.

2.2.3 Dimensionamento do Motor

No Brasil, o superdimensionamento de motores é uma das causas mais

comuns dá operação ineficiente, e as razões mais frequentes para esta

ocorrência são [5]:

· Desconhecimento das características da própria carga [5];

·Desconhecimento de métodos para um dimensionamento adequado

[5];

· Aplicação de sucessivos fatores de segurança nas várias etapas de

um projeto indústria [5];

· Expectativa de aumento futuro de carga [5];

· A não especificação de fator de serviço maior que 1,0 para motores

que esporadicamente apresentam picos de carga [5].

O uso de motores superdimensionados aumenta os custos com [5]:

· A compra do motor de potência maior [5];

· A compra de equipamentos da fonte de alimentação por solicitar

maiores potência aparente (kVA) e reativa (kVAr) [5];

· A energia elétrica consumido, por apresentar rendimento menor [5];

· A penalidade, devido ao baixo fator de potência [5].

Em condição normal de funcionamento, o motor deve ser adequado

à carga, ou seja, deve operar entre 75% e 100% da potência nominal [5]. Por

exemplo, se o dimensionamento mostra que a carga é de 35 cv, um motor

de 40 cv deverá ser usado operando com 88% da potência nominal.

14

Quando um motor é usado para atender a uma carga constante como uma

bomba hidráulica em uma estação elevatória, o motor deve ser

dimensionado o mais próximo possível de 100% da potência nominal.

O motor de alto rendimento bem dimensionado proporcionará uma

máxima economia de energia, permitindo obter elevados rendimento e fator

de potência.

Quando se necessita operar um motor de indução acionado por um

conversor de frequência, deve-se especificar um motor adequado para este

tipo de acionamento. O isolamento do motor deve suportar maiores

temperaturas e maiores picos de tensão e as estruturas ferromagnéticas

devem apresentar menores perdas por histerese e correntes de Foucault,

visto que o motor operará com frequências harmônicas. Os motores de alto

rendimento são mais adequados para acionamento com conversores de

frequência.

2.2.4 Rendimento

Um motor de alto rendimento é especificado da mesma forma que

outro da linha padrão. Ambos, geralmente, possuem a mesma carcaça

padronizada, assim, nenhuma modificação especial é necessária para

trocar um motor padrão por um motor de alto rendimento [5].

Uma vez que os outros parâmetros especificados tenham sido

satisfeitos, o rendimento deve ser um fator determinante na seleção do

motor.

A Figura 2.2 apresenta uma curva típica de rendimento de um motor

de indução. A curva mostra que para cargas pequenas, em relação a sua

potência nominal, o rendimento é baixo, já que as perdas fixas tornam-se

grandes comparadas com a potência fornecida. Quando o carregamento

do motor cresce, o rendimento se eleva e, quando o motor opera com mais

de 50% de sua potência nominal, o rendimento é muito próximo dos valores

de rendimento nominal e máximo, que para alguns motores ocorre a 75% da

potência nominal.

15

Figura 2.2 – Curva típica de rendimento de um motor de indução. Fonte: Procel.

No Brasil, o rendimento é determinado através da norma NBR 5383,

que está sendo revisada para se basear no método de segregação das

perdas com dinamômetro da norma canadense CSA C390-M1985 [5].

2.2.5 Fator de Potência

A Figura 2.3 apresenta curva típica de fator de potência de um motor

de indução. A curva mostra que em vazio o fator de potência é muito

baixo, já que a potência ativa entregue ao motor é a necessária para suprir

somente as perdas. Efeito análogo ao que ocorre em vazio ou com pouca

carga ocorre quando o motor está superdimensionado. Observa-se que o

fator de potência cresce proporcionalmente ao carregamento do motor,

atingindo valores razoáveis quando o motor está operando a partir de 75%

de sua potência nominal.

16

Figura 2.3 – Curva típica de fator de potência de um motor de indução. Fonte: Procel.

A legislação atual exige que as indústrias do grupo tarifário A operem

com fator de potência mínimo de 0,92. Abaixo deste valor, existem

penalizações financeiras aos consumidores [9].

2.2.6 Fator de Serviço

O fator de serviço é um multiplicador que aplicado à potência

nominal, indica a carga permissível que pode ser aplicada continuamente

ao motor, sob tensão e freqüência nominais e com limite de elevação de

temperatura do enrolamento estabelecido. A utilização do fator de serviço

implica vida útil inferior àquela do motor com carga nominal. Entretanto, sua

utilização permite atender a esporádicos picos de carga sem que seja

necessário superdimensionar o motor.

Os valores declarados, por exemplo, rendimento e fator de potência,

não são garantidos pelo fabricante quando o motor estiver operando acima

da potência nominal. A norma NBR 7094 prevê que, para motores de 1,5 a

200 cv, o fator de serviço, quando especificado, deve ser igual a 1,15; caso

não seja especificado, ele é subtendido unitário.

17

2.2.7 Características de Aceleração

Os motores de indução trifásicos com rotor de gaiola são classificados

em categorias, segundo a norma NBR 17094-1, conforme suas características

de conjugado em relação à velocidade e corrente de partida. A Figura 2.4

apresenta as curvas características de cada categoria.

Figura 2.4 - Curvas características de motores de indução segundo norma NBR 17094-1. Fonte: Procel.

Da Figura 2.4, destacamos e definimos alguns pontos importantes:

· Conjugado nominal é o conjugado desenvolvido pelo motor à

potência nominal sob tensão e frequência nominais;

· Conjugado de partida ou com rotor bloqueado é o conjugado

mínimo desenvolvido pelo motor quando o seu eixo está bloqueado;

· Conjugado mínimo é o menor conjugado desenvolvido pelo motor

ao acelerar desde a velocidade zero até a velocidade correspondente ao

conjugado máximo;

· Conjugado máximo é o maior conjugado desenvolvido pelo motor,

sob tensão e frequência nominais. Por exemplo, considera-se o motor

18

operando neste ponto, alimentando uma bomba hidráulica com uma

válvula na descarga parcialmente aberta. Se a válvula sofrer abertura total,

haverá queda brusca de velocidade, devido ao aumento de torque da

carga. Esse efeito pode ser verificado nas curvas de motores de categorias H

e N na Figura 2.4

Se um motor em operação tiver o conjugado da carga elevado

acima do conjugado máximo do motor, haverá desaceleração do eixo,

gerando altas correntes que podem danificar a máquina.

· Escorregamento nominal refere-se à diferença entre a velocidade do

motor a plena carga e a velocidade síncrona.

Cada categoria é adequada a um tipo de carga e se caracteriza

como:

· Categoria N - Possui conjugado de partida normal, corrente de

partida normal e baixo escorregamento. Constitui a maioria dos motores

encontrados no mercado que se prestam ao acionamento de vários tipos de

cargas, como bombas hidráulicas e ventiladores.

· Categoria H - Possui conjugado de partida alto, corrente de partida

normal e baixo escorregamento. Usado para cargas que exigem maior

conjugado de partida, como peneiras, transportadores, carregadores,

cargas de alta inércia, britadores, etc;

· Categoria D - Possui o mais alto conjugado de partida, corrente de

partida normal e alto escorregamento (+ de 5%). Usado em prensas

excêntricas, onde a carga apresenta picos periódicos. Usado também em

elevadores e cargas que necessitam de conjugados de partida muito altos e

corrente de partida limitada [5].

2.2.8 Características da Rede de Alimentação

A operação eficiente dos motores de indução trifásicos depende,

entre outras coisas, da qualidade da rede elétrica de alimentação. As

principais distorções que ocorrem nas redes trifásicas são:

19

· Variação da tensão e/ou freqüência;

· Desequilíbrio da rede trifásica, com as tensões apresentando

diferentes amplitudes e/ou defasagens;

· Conteúdo de harmônicos.

2.2.9 Características Construtivas

Os invólucros dos motores elétricos, conforme as características do

local em que serão instalados e de sua acessibilidade, devem oferecer um

determinado grau de proteção padronizado. Assim, por exemplo, um motor

a ser instalado num local sujeito a jatos d'água deve possuir um invólucro

capaz de suportar tais jatos, sob determinados valores de pressão e ângulo

de incidência, sem que haja penetração de água.

2.2.10 Vida Útil do Motor

O motor de indução trifásico é uma máquina robusta que, quando

utilizado apropriadamente, irá operar por vários anos com o mínimo de

manutenção. Entretanto, uma manutenção preventiva e uma inspeção do

motor e do sistema elétrico de alimentação irão aumentar a sua vida útil.

A vida de um motor praticamente termina quando o isolamento dos

seus enrolamentos se deteriora, tornando-se ressecado e quebradiço.

A melhor maneira de prevenir defeitos é seguir as instruções de

manutenção do fabricante e observar o desempenho normal do motor. A

interpretação adequada destas observações pode ajudar a evitar sérios

defeitos ou falhas do motor. Algumas observações simples podem ser feitas

para verificar se o motor sofreu alguma avaria, conforme indicado a seguir:

· Observar se o motor está mais ruidoso que o normal.

· Observar se a temperatura na carcaça do motor está acima do

normal.

· Observar se o tempo de aceleração do motor para atingir a

velocidade de operação está acima do normal.

20

· Observar se há aumento da vibração.

2.2.11 Os Cuidados na Limpeza do Motor

A limpeza do motor é um ponto primordial da sua manutenção. A

presença de poeira, umidade, partículas em suspensão, óleo, etc. é a

principal causa de falhas dos motores. Falhas do sistema isolante são

frequentemente causadas pela ação da umidade.

A limpeza da superfície externa é extremamente importante, pois é

através dela que o calor gerado pelas perdas do motor é liberado para o

exterior. Uma camada de sujeira dificulta a liberação deste calor, o que

provoca a elevação de temperatura, principalmente nos motores em

regime contínuo. Isto pode reduzir consideravelmente a vida útil da isolação

do enrolamento. Esta limpeza pode ser feita utilizando um pano embebido

em solvente.

A presença de sujeiras e/ou resíduos estranhos no óleo de lubrificação

do mancal ou na graxa do rolamento provoca alterações nas suas

propriedades lubrificantes, aumentando as perdas por atrito e,

conseqüentemente, a temperatura.

A grade de proteção do ventilador nunca deve acumular detritos,

para se obter uma boa renovação do ar de refrigeração.

2.2.12 A Lubrificação do Rolamento e do Mancal

Os mancais devem ser periodicamente inspecionados, de modo a

garantir uma lubrificação correta. Uma consulta ao fabricante ou ao seu

representante local, aliada à própria experiência prática do usuário, pode

definir a periodicidade desta inspeção.

O fabricante do motor sempre apresenta recomendações sobre

procedimentos e uso das graxas ou óleos lubrificantes adequados ao seu

produto. Não se devem misturar diferentes graxas, pois elas podem se

deteriorar mutuamente e, conseqüentemente, privar o rolamento da

lubrificação adequada [5].

21

Uma quantidade reduzida ou um volume excessivo de lubrificante nos

mancais é prejudicial ao motor. O excesso de graxa é uma das causas mais

comuns de falhas do rolamento, pois aumenta o atrito e,

conseqüentemente, a temperatura [5].

2.2.13 Vibração

Um notável aumento na vibração do motor é um indicativo de

defeitos. Algumas das possíveis causas são citadas a seguir:

Os parafusos da montagem folgados;

O eixo inapropriadamente alinhado com a carga;

Rolamentos defeituosos necessitando serem trocados.

2.2.14 Efeitos da variação da amplitude da tensão.

O rendimento e o fator de potência dos motores de indução trifásicos

variam em função da tensão de alimentação. Geralmente, esses motores

são projetados para suportar tensões 10% acima da nominal [5].

As principais causas para alterações da amplitude da tensão são

transformadores e cabos subdimensionados.

Um motor alimentado com tensão reduzida gera redução do torque

de partida e de regime. Em alguns casos pode gerar aumento da corrente

elétrica e da temperatura da máquina.

Geralmente, o motivo da tensão abaixo da nominal é a alta queda de

tensão no alimentador no motor. Neste caso deve ser feito um

redimensionamento dos condutores de alimentação.

Tensões acima da nominal aumentam a corrente de partida e

reduzem o fator de potência. Um provável motivo para tensões elevadas é

uma ligação errada no tap do transformador.

Se possui-se um motor superdimensionado, em alguns casos é possível

aumentar seu rendimento e seu fator de potência alimentando-o com

tensão reduzida.

22

Os motores de alto rendimento possuem a vantagem de serem menos

sensíveis a elevações na amplitude das tensões. Este fato é decorrente de

melhores projetos e materiais de construção.

2.2.15 Efeitos do desequilíbrio da rede elétrica.

Entre as principais causas de desequilíbrio em um sistema trifásico é a

ligação exacerbada de cargas monofásicas no sistema, como iluminação e

motores monofásicos.

O desequilíbrio gera redução do rendimento do motor, redução do

torque e aumento da temperatura de operação.

Para quantificar o desequilíbrio de tensão deve-se considerar as

diferenças de amplitude e de fase, no entanto a norma NBR7094 permite

que o cálculo do desequilíbrio seja aproximado pela Equação 2.3.

Equação 2.3 – Equação do desequilíbrio de tensão.

D – Desequilíbrio de tensão. Vmax – Valor máximo entre as tensões trifásicas. Vmed - Valor médio entre as tensões trifásicas.

Pequenos desequilíbrios de tensão podem gerar grandes desequilíbrios

de corrente. Por exemplo, desequilíbrios de tensão da ordem de 2.4 % geram

desequilíbrios de corrente na faixa de 16 a 20% em motores de indução

trifásicos [5].

Estudos têm demonstrado que um desequilíbrio de 3.5% na tensão

pode aumentar as perdas do motor em 20%. Um desequilíbrio de 5% ou mais

pode destruí-lo rapidamente [5].

2.2.16 Efeitos dos harmônicos.

O emprego de conversores de freqüência no acionamento de

máquinas elétricas está tornando-se cada vez mais freqüente. As tensões e

23

correntes na saída dos conversores não são senoidais, estas contêm

componentes harmônicas. O efeito da distorção harmônica tem maior

magnitude em conversores de baixa tensão.

Os harmônicos aumentam as perdas do motor, reduzem o torque

entregue a carga e geram conjugados pulsantes. Consequentemente, o

motor apresenta vibração, aquecimento e redução do rendimento. Os

harmônicos também podem causar redução da vida útil devido a

danificação dos enrolamentos, fadiga no eixo e deterioração do sistema de

isolação.

Os motores de alto rendimento apresentam menores perdas na

presença de harmônicos.

2.2.17 Reparo de motores.

O reparo de motores, geralmente apresenta um menor custo inicial em

relação à aquisição de um motor novo. No entanto, o motor reparado pode

apresentar um rendimento menor. Isso se deve ao fato que no reparo de um

motor, suas características elétricas, magnéticas e mecânicas de projeto são

muitas vezes alteradas, aumentando as perdas da máquina.

Se o reparo for a opção adotada, deve-se procurar uma empresa

especializada que altere minimamente as características originais do motor.

2.3 PRINCÍPIOS DE UM CONVERSOR DE FREQUÊNCIA.

Em muitas aplicações, as máquinas de indução são utilizadas em

acionamento de velocidade variável. Nestas aplicações, geralmente, utiliza-

se um conversor de frequência para acionamento dos motores. Nas

máquinas de indução, os enrolamentos do estator são alimentados por

tensões CA trifásicas equilibradas que produzem tensões induzidas nos

enrolamentos do rotor. No caso de motores com rotor em gaiola, a tensão é

induzida nas barras da gaiola.

O modelo de circuito por fase de uma máquina de indução é

mostrado na Figura 2.5.

24

Figura 2.5 - Modelo de circuito por fase de uma máquina de indução.

Rs – Resistência dos enrolamentos do estator por fase; Xs – Reatância de dispersão dos enrolamentos do estator por fase; Rm – Resistência que representa as perdas por excitação ou no núcleo; Xm – Reatância de magnetização; Rr – Resistência rotórica referida ao circuito do estator por fase; Xr – Reatância de dispersão rotórica referida ao circuito do estator por fase; s- Escorregamento do motor.

A equação do Torque desenvolvido pelo motor em função do

escorregamento é apresentada na Equação 2.4.

Equação 2.4 - Equação do Torque desenvolvido. Fonte: Rashid.

ws – Velocidade síncrona do motor.

Se a máquina for alimentada a partir de uma tensão fixa com

freqüência constante, o torque desenvolvido é uma função do

escorregamento. A Figura 2.6 apresenta a curva característica torque x

escorregamento de um motor de indução trifásico baseada na Equação 2.4

A reversão é a ação de inverter a seqüência de fase das tensões que

alimentam o motor. Este procedimento pode ser usado para frenagem de

máquinas, no entanto gera elevadas correntes durante o processo de

frenagem.

25

A regeneração ocorre quando a velocidade do eixo da máquina é

maior que a síncrona. Quando a máquina opera como gerador, esta opera

na região do gráfico indica por regeneração.

Figura 2.6 – Curva característica de um motor de indução trifásico. Fonte: Pomilio.

A Equação 2.4 indica que o torque desenvolvido é proporcional ao

quadrado da tensão de alimentação do estator. Caso varie-se a tensão do

estator para ‘bVs’, a curva de torque do motor sofre alterações conforme

apresentado na Figura 2.7. O aspecto da curva torque x velocidade de uma

bomba centrífuga é mostrado na figura, sendo que o ponto de operação do

motor é a intersecção das curvas de torque. Logo, verifica-se a possibilidade

de alterar a velocidade de rotação da bomba dentro de uma faixa pela

variação da tensão.

Em qualquer circuito magnético, a tensão induzida é proporcional ao

fluxo e à freqüência. Aplicando esse fenômeno ao motor de indução

trifásico, tem-se de forma aproximada a Equação 2.5.

Equação 2.5 – Equação do fluxo do entreferro.

Va – Tensão dos terminais do motor de indução; - Fluxo no entreferro;

26

Km – Constante que depende do número de espiras do enrolamento do estator; w – Freqüência da tensão.

Pela Equação 2.5, nota-se que à medida que a tensão é reduzida, o

fluxo no entreferro é reduzido, diminuindo consequentemente o torque do

motor.

Figura 2.7 – Variação da curva de torque do motor de indução com a tensão. Fonte: Pomilio.

wm – Rotação do eixo do motor ws – Rotação síncrona.

O torque e a velocidade de máquinas de indução podem ser

controlados variando-se a freqüência de alimentação. Nota-se na Equação

2.5 que para uma tensão e freqüência nominal, o fluxo terá seu valor

nominal. Se a tensão for mantida fixa e a freqüência reduzida, o fluxo

aumentará. Isso acarretaria na saturação do fluxo no entreferro. Em baixas

freqüências, as reatâncias da máquina diminuem e as correntes da máquina

se elevam. Este tipo de controle não é geralmente utilizado.

Se a freqüência síncrona correspondente à freqüência nominal for

chamada de velocidade base, a velocidade síncrona em qualquer outra

freqüência é dada pela Equação 2.6.

Equação 2.6 – Equação da velocidade síncrona em função da velocidade base.

ws – Velocidade síncrona wb – Velocidade base.

27

Se a relação entre a tensão e a freqüência for mantida constante, o

fluxo permanecerá constante, conforme indicado na Equação 2.5. Esse tipo

de controle é conhecido como controle tensão/ freqüência e é

amplamente utilizado nos conversores de freqüência comerciais.

No entanto, em baixas freqüências o fluxo no entreferro é reduzido

devido a queda de tensão na impedância do estator tornar-se significativa.

Os conversores comerciais aumentam a tensão em baixas freqüências para

manter o nível de torque.

O aspecto das curvas torque x velocidade de motores operando sob

controle tensão/ freqüência é apresentado na Figura 2.8. As curvas de

maiores espessuras indicam as curvas do motor operando sob maiores

tensão e freqüência.

Figura 2.8 – Curvas de torque de motor de indução trifásico para fluxo constante. Fonte: Pomilio.

Na Figura 2.9 é mostrado um arranjo típico de circuito para

conversores de freqüência. Neste circuito a tensão CC permanece

constante no inversor onde a técnica PWM é aplicada para variar tanto a

freqüência como a tensão nos terminais do motor de indução trifásico.

28

Figura 2.9 - Arranjo típico de circuito para conversores de frequência.

29

3 PROCESSO DE BOMBEAMENTO D'ÁGUA

3.1 ESTUDO DE PERDA DE CARGA

Ao longo de uma instalação hidráulica, o fluido transportado sofre

perda de energia decorrente do atrito entre a água e as paredes do tubo e

entre as moléculas de água entre si. Essa energia perdida denomina-se

perda de carga.

As perdas de carga podem ser divididas em:

a)Perda de Carga Distribuída (hf): São as perdas que ocorrem ao

longo das tubulações.

b)Perdas de Carga Localizadas ou singulares (hs)- São as perdas

causadas por presença de válvulas, mudanças de direção, variações da

Seção de escoamento e outras singularidades.

A soma das perdas distribuídas e localizadas equivale à perda de

carga total conforme Equação 3.1.

Equação 3.1 – Equação da perda de carga.

Hp -Perda de carga total. hf – Perda de carga distribuída hs – Perda de carga localizada.

3.1.1 Estudo da Perda de Carga Distribuída

O estudo de perda de carga distribuída será realizado considerando-

se o processo em regime permanente e o fluido incompressível. Dado uma

tubulação conforme indicada na Figura 3.1, tem-se que a vazão na seção

(1) é igual à vazão na seção (2). Essa igualdade recebe o nome de Equação

da Continuidade.

svgo
Highlight
svgo
Highlight

30

Figura 3.1 – Tubulação.

Ao longo do circuito percorrido pelo fluido em um conduto forçado é

válida a Equação de Bernoulli. A Equação 3.2 apresenta a Equação de

Bernoulli aplicada em uma linha de fluido.

Equação 3.2 - Equação de Bernoulli.

P1 - Pressão da seção (1) da linha de fluido. P2 - Pressão da seção (2) da linha de fluido. V1 – Velocidade do fluido na seção (1). V2 - Velocidade do fluido na seção (2). Z1 – Altura estática da seção (1) Z2 – Altura estática da seção (2). hf – Perda de carga total ao longo da linha.

- Peso especifico do fluído. 3.1.1.1 Equação de Hagen-Poiseuille (válida para regime Laminar)

A Figura 3.2 mostra um trecho de um conduto por onde escoa um

fluido em regime laminar. No regime laminar o fluido escoa em camadas ou

lâminas de forma ordenada e de forma que as trajetórias das partículas não

se cruzam. O perfil de velocidades que se forma num escoamento em

regime laminar é parabólico e para condutos cilíndricos a expressão da

velocidade é dada pela Equação 3.3.

31

Figura 3.2 – Conduto ecoando fluido em regime laminar.

Equação 3.3 – Equação da velocidade do fluido em regime laminar.

V - Velocidade genérica quando o raio for r. r – Distância do centro do conduto até o ponto onde a velocidade é V. Vmáx - Velocidade máxima do escoamento que ocorre no centro do conduto. R - Raio do conduto.

A perda de carga que ocorre entre duas seções de um conduto

cilíndrico é apresentada na Equação 3.4.

Equação 3.4 – Equação da perda de carga em regime laminar.

hf – Perda de carga . D – diâmetro do conduto. L – Comprimento do conduto. Q - Vazão. ν - Viscosidade cinemática do fluido.

Considera-se que um fluido está em regime laminar se o Número de

Reynolds for menor que 2000. A equação mostra como se calcula o Número

de Reynolds.

Figura 3.3 – Equação do número de Reynolds

Re- Número de Reynolds. V- Velocidade do fluido.

32

D – Diâmetro da tubulação. - Massa específica do fluido. -Viscosidade absoluta do fluido.

3.1.2 Estudo da Perda de Carga Localizada ou Singular

As perdas de carga localizadas são aquelas causadas por uma

perturbação brusca do escoamento: presença de válvula ,variação de

seção, mudança de direção entre outras singularidades.

A perda de carga localizada é função da velocidade, densidade e

viscosidade do fluido, da rugosidade e das características geométricas da

singularidade.

Um método simples para o cálculo da perda de carga localizada é

apresentado pela Equação 3.5

Equação 3.5 – Equação da perda de carga localizada.

hs – Perda de carga localizada. Ks – Constante específica para cada singularidade. V – Velocidade do fluido g – Aceleração da gravidade.

Os valores típicos de ‘Ks’ podem se encontram na Tabela 3.1.

33

Tabela 3.1 - Valores de ‘Ks’. Fonte: Takami.

Peça Ks Peça Ks Ampliação gradual 0,30* Junção 0,40 Bocais 2,75 Medidor Venturi 2,50** Comporta aberta 1,00 Redução gradual 0,15* Registro de gaveta aberto 0,20 Registro de angulo

aberto 5,00

Cotovelo 90° 0,90 Válvula de pé 1,75 Cotovelo 45° 0,40 Registro globo aberto 10,00 Crivo 0,75 Saída de canalização 1,00 Curva de 90° 0,40 Te passagem direta 0,60 Curva 45° 0,20 Te passagem de lado 1,30 Curva 22° 30’ 0,10 Te passagem bilateral 1,80 Entrada normal de canalização

0,50 Controlador de vazão

2,50

Entrada de borda 1,00 Válvula de retenção 2,50 Existência de pequena derivação

0,03

Obs.: * Com base na velocidade maior (seção menor) **Relativa à velocidade na canalização.

Geralmente, a perda de carga localizada ou singular é calculada pelo

método dos comprimentos equivalentes [6]. Neste método, cada peça

representa um comprimento fictício de canalização retilínea de seção

constante, que produz a mesma perda de carga da peça. Este método

simplifica os cálculos da perda de carga total da instalação. A Tabela 3.2

apresenta valores de comprimentos equivalentes aproximados para cada

singularidade.

34

Tabela 3.2 – Comprimentos equivalentes em diâmetros de tubulação retilínea. Fonte: Takami

Peça Comprimentos expressos em diâmetros Ampliação gradual 12D Cotovelo 90° 45D Cotovelo 45° 20D Curva 90° 30D Curva 45° 15D Entrada normal 17D Entrada de borda 35D Junção 30D Redução gradual 6D Registro de gaveta aberto 8D Registro de globo aberto 350D Registro de angulo aberto 170D Saída de canalização 35D Te passagem direta 20D Te saída de lado 50D Te saída bilateral 65D Válvula de pé com crivo 250D Válvula de retenção 100D

3.1.3 Fórmulas Práticas para Cálculo de Perda de Carga em Tubulações.

Entre as fórmulas empíricas para dimensionamento de instalações

hifráulicas, a fórmula de Hazen-Willians é a mais largamente utilizada. A

fórmula de Hazen-Willians é apresentada na Equação 3.6.

Equação 3.6 – Equação de Hazen-Willians

Q - Vazão em m3/s. D - Diâmetro em m. ∆h - Perda de carga no trecho em m. L - Comprimento do trecho em m. C - Coeficiente que depende da natureza (material e estado) das paredes dos tubos.

A Tabela 3.3 fornece os valores dos coeficientes C para os tubos de

diversos materiais.

svgo
Highlight

35

Tabela 3.3 – Valores do coeficiente C. Fonte: Tamaki.

Materiais Coeficiente C Aço corrugado (chapa ondulada) 60 Aço com junta lock-bar (tubos novos) 130 Aço com junta lock-bar (em serviço) 90 Aço galvanizado 125 Aço rebitado novo 110 Aço rebitado , em uso 85 Aço soldado, novo 130 Aço soldado , em uso 90 Aço soldado com revestimento especial 130 Chumbo 130 Cimento-amianto 140 Cobre 130 Concreto com bom acabamento 130 Concreto com acabamento comum 120 Ferro fundido novo 130 Ferro fundido (sem revestimento), após 15-20 anos 100 Ferro fundido (sem revestimento) usados 90 Ferro fundido com revestimento de cimento 130 Grês cerâmico vidrado(manilhas) 110 Latão 130 Madeira em aduelas 120 Tijolos, condutos bem executados 100 Vidro 140 Plástico 140

A Equação 3.6 pode também ser utilizada para cálculo da perda de

carga de uma tubulação em função da vazão.

O valor do coeficiente ‘C’ principalmente nas canalizações metálicas

não revestidas tende a diminuir com o correr do tempo, aumentando a

rugosidade interna dos tubos e diminuindo a sua capacidade de transporte

de fluidos. [2]. Um valor de ‘C’ comumente utilizado em dimensionamentos

de sistemas com canalizações, por exemplo, de aço galvanizado é 100,

prevendo o envelhecimento da tubulação.

3.2 ALTURA MANOMÉTRICA

Quando se considera um bombeamento, é preciso vencer tanto a

altura geométrica (estática) quanto às perdas de carga que ocorrerão na

tubulação. A energia que a bomba fornece é equivalente à energia que

36

forneceria a um sistema sem perdas com certa altura geométrica. Essa altura

denomina-se “altura manométrica”, ou “altura total” de elevação, ou

“altura manométrica total”. A altura manométrica que uma bomba fornece

também pode ser definida como a energia fornecida por unidade de peso

de fluido transportado.

A Equação 3.7 resume o cálculo da altura manométrica total de um

sistema.

Equação 3.7 – Equação da altura manométrica.

HMT – Altura manométrica Total. HG - Altura geométrica. Hp – Altura manométrica devido às perdas do sistema.

3.3 CURVAS DE SISTEMA

Quando se consideram um sistema formado por uma ou várias

tubulações e a vazão que flui por ele, é muito útil representar num gráfico a

variação da altura manométrica total em função da vazão. A curva assim

obtida tem o nome de “Curva do Sistema”.

As alturas manométricas totais requeridas pelo sistema em função da

vazão forem descritas pela Equação 3.7.

A Figura 3.4 ilustra uma curva de sistema de uma instalação hidráulica.

Figura 3.4 – Curva de sistema. Fonte: Tamaki.

Sérgio Vidal Garcia Oliveira
Sticky Note

37

Hm – Altura manométrica Total. HG - Altura geométrica. Hp – Altura manométrica devido as perdas do sistema. Q – vazão.

Nas fórmulas para a determinação da perda de carga em tubulação,

a vazão entra elevada ao quadrado (conforme apresentado na Seção 3.1 e

especificadamente na Equação 3.6). O mesmo ocorre na expressão para o

cálculo da perda localizada, conforme Equação 3.5.

Logo, o aspecto da curva de sistema é o de uma função do segundo

grau. Genericamente, ela pode ser escrita conforme Equação 3.8.

Equação 3.8 – Equação da altura manométrica aproximada.

HMT – Altura manométrica Total. HG - Altura geométrica. Q – Vazão no sistema.

- Constante específica do sistema.

3.4 BOMBAS HIDRÁULICAS.

O processo de bombeamento pode ser definido como o efeito de

adicionar energia a um fluido visando movê-lo de um ponto a outro. A

energia cedida permitirá que o fluido seja transportado através de uma

tubulação, atingindo um ponto com cota mais elevada em alguns casos.

Essa energia é cedida por equipamentos denominados bombas que são

máquinas operatrizes hidráulicas.

Basicamente, as bombas podem ser divididas em duas famílias:

• As bombas de deslocamento positivo ou volumógenas;

• As turbobombas, também conhecidas como “rotodinâmicas”,

“hidrodinâmicas” ou, simplesmente, “dinâmicas”.

Das primeiras, o exemplo mais comum são as bombas de concreto,

que equipam os caminhões betoneira das centrais de concreto. No

svgo
Highlight
Sérgio Vidal Garcia Oliveira
Sticky Note
Sérgio Vidal Garcia Oliveira
Sticky Note
Sérgio Vidal Garcia Oliveira
Sticky Note

38

abastecimento de água, são utilizadas as bombas centrífugas, mistas e

axiais, que são os tipos mais comuns das turbobombas.

3.4.1 Componentes principais

Simplificadamente, pode-se considerar que suas principais partes são:

• O rotor (solidário a um eixo - parte móvel);

• A carcaça;

• O difusor (partes fixas).

A finalidade do rotor, também chamado “impelidor”, é transmitir

energia cinética à massa líquida por meio da energia mecânica que recebe

de um motor, possibilitando a conversão dessa energia em energia de

pressão, por meio do difusor. Essas transformações se dão conforme o

teorema de Bernoulli e a Equação da Continuidade, pois, sendo o difusor,

em geral, de seção crescente, proporciona a redução de velocidade da

água que por ele escoa, com o conseqüente aumento da pressão na saída

da carcaça.

Quando se bombeia água limpa, opta-se, normalmente, por uma

bomba de rotor fechado. Há um disco protetor que ajuda no

direcionamento do fluxo. Quando, ao contrário, bombeia-se água com

partículas (areia ou outros sólidos em suspensão), é comum optar-se por

bombas com rotores abertos e semi-abertos, de modo que essas partículas

não obstruam o fluxo. São exemplos comuns as bombas de esgotamento de

valas utilizadas em obras que envolvem a escavação do terreno natural [3].

A Figura 3.5 apresenta os componentes principais de uma bomba

centrífuga.

Sérgio Vidal Garcia Oliveira
Sticky Note
Sérgio Vidal Garcia Oliveira
Sticky Note
Sérgio Vidal Garcia Oliveira
Sticky Note
Sérgio Vidal Garcia Oliveira
Sticky Note
Sérgio Vidal Garcia Oliveira
Sticky Note
Sérgio Vidal Garcia Oliveira
Sticky Note
Sérgio Vidal Garcia Oliveira
Sticky Note
Sérgio Vidal Garcia Oliveira
Sticky Note

39

Figura 3.5 – Componentes de uma bomba centrífuga. Fonte: Schineider Moto-bombas.

3.4.2 Curvas de desempenho das bombas centrífugas

As características de desempenho das bombas centrífugas são

representadas por curvas fornecidas pelos fabricantes. Elas traduzem o

desempenho esperado de cada bomba.

Essas características são estimadas quando da fase de projeto da

bomba. Em casos muito especiais de bombas de grandes dimensões,

fabricantes a confeccionam especialmente para um determinado projeto

[3].

São, basicamente, três as curvas características tradicionais:

• Curva de altura manométrica x vazão;

• Curva de potência absorvida x vazão;

• Curva de rendimento x vazão.

Sérgio Vidal Garcia Oliveira
Sticky Note

40

Há ainda outra curva que traduz o NPSH2 requerido pela bomba, o

qual deve ser comparado ao NPSH disponível do sistema.

3.4.2.1 Curva: Altura manométrica x vazão.

É obtida a partir dos ensaios de pressão e vazão da bomba. Embora

seja, teoricamente, uma parábola, devem-se descontar os efeitos do atrito,

que mudam a curva teórica. Nos modelos simuladores, costuma ser

interpolada por uma curva do segundo grau (parábola).

Desde que se considerem apenas os pontos próximos ao ponto de

funcionamento, essa aproximação não traz maiores problemas. Não deve,

contudo, ser utilizada para toda a faixa de funcionamento dada pelo

catálogo.

Esta curva representa a relação entre a vazão que a bomba é capaz

de recalcar e a altura manométrica total. O ponto de funcionamento dessa

bomba em um determinado sistema é dado pelo cruzamento da curva do

sistema, definida na Seção 3.3, com a curva da bomba.

A Figura 3.6 representa a determinação gráfica do ponto de

operação de um sistema.

Figura 3.6 – Ponto de operação de um sistema. Fonte: Monachesi. 2- Valor mínimo de pressão a ser garantido na entrada do impelidor visando evitar o

fenômeno de cavitação.

41

3.4.2.2 Curva: Potência absorvida x vazão.

Esta curva também é obtida dos ensaios no laboratório de hidráulica

do fabricante. Esta representa a relação entre a vazão bombeada e a

potência necessária para tal. Ela é denominada usualmente de BHP (Brake

Horse Power, do inglês) e representa a potência hidráulica absorvida pela

bomba. É a potência que o motor deve fornecer ao eixo da bomba. Não é

a potência que é demandada da concessionária de energia elétrica. A

potência elétrica é o resultado da divisão da potência dada pelo catálogo

do fabricante (BHP) pelo rendimento do motor. O aspecto da curva é

apresentado na Figura 3.7.

Figura 3.7 - Curva: rendimento x vazão. Fonte: Monachesi.

3.4.2.3 Curva: Rendimento x vazão.

Esta curva mostra a região onde se dá os melhores rendimentos da

bomba. O aspecto das curvas de rendimento x vazão é o mostrado na

Figura 3.8.

42

Figura 3.8 – Curva: Rendimento x vazão. Fonte: Monachesi.

A eficiência energética deve ser buscada escolhendo uma bomba

cujo ponto de funcionamento se dê o mais próximo possível do ponto de

melhor rendimento da bomba.

3.4.3 Alteração das curvas características de bombas

As curvas características apresentam mudanças sensíveis de

comportamento em função de alterações na estrutura da bomba ou na

rotação de operação desta. É importante saber quais os fatores que a

influenciam, e quais suas conseqüências.

Para alteração da rotação da bomba tem-se:

• A vazão varia diretamente proporcional a variação da rotação

conforme Equação 3.9.

Equação 3.9 - Variação da vazão para uma variação de rotação.

• A altura manométrica varia proporcional ao quadrado da

variação da rotação conforme Equação 3.10.

Sérgio Vidal Garcia Oliveira
Sticky Note

43

Equação 3.10 - Variação da altura manométrica para uma variação de rotação.

• A potência varia proporcional ao cubo da variação da rotação

conforme Equação 3.11.

Equação 3.11 - Variação da potência para uma variação de rotação.

Qo - Vazão inicial, em m3/h; Q1 = Vazão final, em m3/h; Ho - Pressão inicial, em mca; H1 = Pressão final, em mca; No - Potência inicial, em cv; N1 = Potência final, em cv; no - Rotação inicial, em rpm; n1 = Rotação final, em rpm.

3.5 UTILIZAÇÃO DE VARIADORES DE VELOCIDADE EM BOMBAS CENTRÍFUGAS.

Os processos que trabalham com bombas centrífugas possuem, em

geral, uma demanda variável. Conforme apresentado na Figura 3.9, o ponto

de operação é determinado pela interseção da curva da bomba, que é

uma função de sua rotação, com a curva do sistema (ponto 1). O controle

da vazão pode ser feito de várias maneiras, sendo uma das mais usuais

aquela onde se utiliza uma válvula de controle para alterar a curva do

sistema (ponto 2).

Desta maneira, a diminuição da vazão é acompanhada por um

aumento da altura manométrica de bombeamento. Uma alternativa a este

método seria utilizar um conversor de frequência que reduzindo a rotação

de trabalho, alteraria a curva da bomba (ponto 3). Desta maneira, a

diminuição da vazão conduz também a um menor valor da altura

manométrica de bombeamento, gerando uma economia de energia,

quando comparada ao método da válvula de controle. A economia de

energia atingida com a utilização do conversor de freqüência é

proporcional à área hachurada na Figura 3.9.

44

Figura 3.9 – Pontos de operação para variação de rotação da bomba e para utilização de válvula de controle. Fonte: Procel.

Na Figura 3.9 apresentou-se uma forma de realizar o controle de vazão

utilizando uma válvula de restrição na saída da bomba. No entanto, este

método gera pressões elevadas na descarga da bomba que acabam

danificando o sistema de selagem e gerando prejuízos com manutenção.

Para solucionar este problema existe um outro método de controle de

vazão muito utilizado em indústrias. Este método consiste em utilizar uma

válvula de by-pass na saída da bomba para o reservatório de sucção. A

Figura 3.10 ilustra uma instalação com by-pass, mostrando as curvas

características da instalação e da bomba operando com rotação constante

‘n’. Na figura, o sistema opera no ponto ‘F’. Deseja-se reduzir a vazão para

Q1 utilizando um by-pass. Para isso a válvula é aberta gradualmente,

consequentemente aumentando a vazão da bomba e seu consumo

energético, entretanto a vazão do sistema vai diminuindo devido a parcela

de vazão desviada pelo by-pass. O sistema atinge a vazão Q1 quando a

bomba encontra-se no ponto F2 (Q2, H), conforme ilustrado na elevatória da

Figura 3.10.

Caso utilizasse um conversor de freqüência para reduzir a vazão do

sistema, a rotação da bomba seria reduzida para ‘n1’ Desta forma o sistema

operaria no ponto F1(Q1, H) e a economia de energia atingida pela utilização

45

do conversor de frequencia é proporcional à área hachurada no gráfico da

Figura 3.10.

Figura 3.10 – Comparação do controle de vazão com válvula de by-pass e com conversor de freqüência. Fonte: Haddad (adaptado).

3.6 TEMPO DE VIDA ÚTIL DA BOMBA.

Com o decorrer do uso, mesmo que em condições normais, é natural

que ocorra um desgaste interno dos componentes da bomba,

principalmente quando não existe um programa de manutenção preventiva

para a mesma, ou este é deficiente. O desgaste de buchas, rotores, eixo e

alojamento de selos mecânicos ou gaxetas3 faz aumentar as fugas internas

do fluído, tornando o rendimento cada vez menor. Quanto menor a bomba,

menor será o seu rendimento após algum tempo de uso sem manutenção,

pois, a rugosidade, folgas e imperfeições que aparecem são relativamente

maiores e mais danosas que para bombas de maior porte. Portanto, não se

deve esperar o desempenho indicado nas curvas características do

fabricante, sem antes certificar-se do estado de conservação de uma

bomba que já possua um bom tempo de uso [8].

3 - Peça utilizada para vedação da bomba.

46

3.7 BALANÇO DE ENERGIA

O conhecimento do balanço energético característico de um sistema

de bombeamento contribui para a identificação das perdas que reduzem a

eficiência do sistema. Também, fornece um ponto de partida para

reconhecer as oportunidades e selecionar e implementar ações de

melhorias da eficiência. A Figura 3.11 apresenta um balanço típico de

energia simplificado para uma moto-bomba de potência na faixa de 1cv

até 10cv que são os valores usuais em elevatórias comerciais e residenciais.

Figura 3.11 – Balanço típico de energia.

A seguir é descrito algumas oportunidades e descrições para

economia de energia em sistemas de bombeamento d’água.

Melhorar o rendimento da bomba:

Seleção adequada da bomba.

Verificação do ponto de funcionamento e ajuste para a faixa de

maior rendimento.

Melhorar o rendimento do motor :

Adequação do motor à carga da bomba.

Uso de motores de alto rendimento.

47

Reduzir consumo pela variação da velocidade:

Uso de variadores de velocidade para acionamento de bombas que

trabalham com variação de carga ao longo do dia.

Fazer a associação adequada de bombas:

Associação em série, paralela ou individual, procurando otimizar o

ponto de funcionamento do sistema.

Eliminar os problemas de cavitação:

O NPSH disponível calculado deve ser suficientemente superior ao

NPSH requerido pela bomba em todos os pontos de operação.

Evitar a recirculação:

Uso de anéis de desgaste ou outros dispositivos de vedação com as

folgas corretas.

Promover a automação:

Uso de controladores programáveis, pressostatos, timers, chaves-boia,

programas de gerenciamento da rede.

Fazer a adequação do contrato de energia:

Contratação de energia com base no sistema tarifário mais adequado

ao regime de funcionamento e porte da empresa.

Reduzir o consumo próprio de água:

Uso racional da água.

3.8 PRINCIPAIS INSTRUMENTOS UTILIZADOS EM UMA ELEVATÓRIA.

Válvula de pé ou de fundo de poço - Válvula de retenção colocada

na extremidade inferior da tubulação de sucção para impedir que a água

succionada retorne à fonte quando da parada do funcionamento da

bomba, evitando que esta trabalhe a seco, perdendo a escorva.

Crivo - Grade ou filtro de sucção, normalmente acoplado a válvula de

pé, que impede a entrada de partículas de diâmetro superior ao seu

espaçamento.

Válvula de Retenção - Válvula de sentido único colocada na

tubulação de recalque para evitar o golpe de aríete e evitar o fluxo no

sentido inverso.

48

Registro - Dispositivo para controle da vazão de um sistema hidráulico.

Manômetro - Instrumento que mede a pressão relativa à pressão

atmosférica.

Chave de Nível Bóia Pêra - A Chave de nível tipo bóia pera é utilizada

para medição de nível nos mais diversos tipos de líquidos. Sua principal

aplicação se faz em caixas d’água de grande porte ou poços, no controle

de nível, acionando e desligando comandos de bombas. Existe mudança do

contato elétrico da chave (comutação) no momento em que a bóia inclina-

se de um ângulo igual ou maior que 45º geralmente, comutando novamente

quando o ângulo alcança -45º. A Figura 3.12 apresenta uma chave de nível

bóia pera.

Figura 3.12 - Chave de nível bóia pera. Fonte: Nivetec.

Chave de Nível Bóia Lateral - Este instrumento foi desenvolvido para

aplicações que necessitam detectar e controlar o nível de tanques ou

reservatórios onde são armazenados materiais líquidos como água. Instalada

na lateral do tanque, a chave tem seu funcionamento baseado em uma

bóia cujo movimento é transmitido a uma haste. Esta haste comuta um

contato elétrico toda vez que há variação da posição do nível: Variação de

nível acima da bóia para nível abaixo ou vice-versa.

3.9 SOFTWARES PARA SIMULAÇÃO DE SISTEMAS HIDRÁULICOS.

As análises hidráulicas em software podem ser úteis, dentre outras

finalidades, para a identificação de problemas de abastecimento (pressão

49

insuficiente ou exagerada e/ou qualidade de água distribuída); a otimização

energética de sistemas de bombeamento e reservação (estudo de

paralisação de elevatórias em horários críticos); a detecção de perdas; o

treinamento de operadores (encarregados de operação e de

manutenção); o simples entendimento do funcionamento do sistema que se

opera; e o controle em tempo real.[3]

Também se prestam a tarefas mais simples como a escolha da bomba

ótima para determinada estação elevatória; a verificação do ponto de

funcionamento de uma determinada bomba em uma determinada estação

elevatória; e o estudo para a otimização de adutoras em sistemas

produtores, além de outras situações semelhantes, nas quais os cálculos

podem ser feitos pelo processo tradicional sem grande problema, mas cujos

modelos ajudam a reduzir substancialmente o tempo de cálculo. [3].

Se deseja-se dimensionar uma bomba com vazão e altura

manométrica total praticamente constantes para uma dada aplicação,

vários fabricantes fornecem gratuitamente softwares com essa finalidade. No

entanto, esses softwares geralmente não atendem dimensionamentos mais

complexos.

No site www.epa.gov, da agência de proteção ambiental do governo

norte-americano, pode ser “baixado” um software de código fonte livre

(open-source), chamado “EPANET”, que é o simulador hidráulico no qual se

baseia a maioria dos softwares comerciais para essa finalidade, como, por

exemplo, o WaterCad ( www.haestad.com ) e o MikeNet

(www.boosintl.com).

3.10 SISTEMA ELEVATÓRIO

Para transportar fluidos até cotas mais elevadas, utiliza-se um ou mais

conjuntos elevatórios que são constituídos de bombas hidráulicas e motores

elétricos. Ao conjunto formado pelas bombas, motores elétricos, as

tubulações de sucção e de recalque, e mais os reservatórios denomina-se

sistema de elevatório. A Figura 3.13 mostra um exemplo de sistema elevatório

e os elementos que normalmente os compõe.

50

Figura 3.13 – Sistema Elevatório. Fonte: Takami

1 – Válvula de pé com crivo 2- Bomba hidráulica 3 – Motor elétrico 4 – Válvula de retenção 5 – Registro de gaveta φs - Diâmetro da tubulação de sucção φr - Diâmetro da tubulação de recalque Hg - Altura geométrica.

Ao conjunto de tubos e peças instaladas entre o reservatório inferior e

a bomba denomina-se tubulação de sucção. E os tubos e peças instaladas

entre a bomba e o reservatório superior denominam-se tubulação de

recalque.

Conforme apresentado na Seção 3.2 a energia fornecida pela bomba

deve ser suficiente para elevar a massa de fluido até a cota do reservatório

superior na vazão desejada, mesmo tendo que suprir as perdas das

tubulações de sucção e recalque.

51

Para um simples dimensionamento de um motor elétrico para

acionamento de uma bomba centrífuga utiliza-se a Equação 3.12.

Equação 3.12 – Equação para dimensionamento de moto-bomba.

Pm - Potência no eixo do motor em CV; γ - Peso específico do fluido em kgf/m3

H - altura manométrica total em m; Q – vazão em m3/s ηB - Rendimento da bomba.

Recomenda-se que a potência instalada seja a potência do motor

comercial imediatamente superior a potência necessária ao acionamento

da bomba. Desta forma, evita-se a operação de motores

superdimensionados, consequentemente com baixos rendimentos. Numa

elevatória não são prováveis riscos de sobrecarga do motor, logo não é

necessário a utilização de grandes margens de segurança. Exceto para o

caso em que o dimensionamento está sujeito a erros significativos.

52

4 PLANTA DE BOMBEAMENTO D’ÁGUA DO LABEFEA.

4.1 DESCRIÇÃO DA PLANTA.

O sistema elevatório compõe-se dos seguintes elementos:

• Dois reservatórios de água com volumes de 1000 l cada, sendo 1

na cota do piso e outro a uma altura de 6 m.

• Tubulações de aspiração ou de sucção.

• Conjunto moto-bomba (4 bombas centrífugas acionadas por 2

motores convencionais e 2 motores de alto rendimento). O

sistema permite combinações de duas bombas em série ou

paralelo.

• Tubulação de recalque ou de elevação.

• Sensor e transmissor de nível no tanque inferior.

• Sensor e transmissor de vazão na descarga do conjunto moto-

bomba.

• Sensor e transmissor de pressão na descarga do conjunto moto-

bomba.

• Duas válvulas de controle pneumáticas. Uma para controle de

vazão de recalque e outra para controle do nível do tanque

inferior.

• Duas válvulas com acionamento manual para alterar a

descarga das bombas em alturas distintas com indicação de

posição via chave fim de curso.

• Um conjunto de válvulas manuais para permitir a seleção da

bomba a ser utilizada e configurar bombas em paralelo ou em

série.

• Um PLC onde está configurado o controle PID de pressão da

descarga das bombas manipulando a rotação dos motores. O

PLC possui também a lógica de controle PID da vazão das moto-

bombas manipulando uma válvula peneumática.

• Dois conversores de freqüência.

• Duas soft-starters.

53

A Figura 4.1 apresenta o layout da Planta-LABEFEA.

Figura 4.1 -Layout da Planta-LABEFEA.

As moto-bombas podem ser acionadas por conversores de

freqüência, por soft-starters ou por partida direta conforme apresentado no

diagrama de comando da Figura 4.2.

54

Figura 4.2 –Diagrama de comando das bombas.

DJ – Disjuntor. C – Contator. TD – Transdutores de grandezas elétricas. MB – Moto-bomba.

A Figura 4.3 apresenta as curvas das bombas centrífugas da palnta de

acordo com catálogo do fabricante. As bombas são de 1/3 cv e possuem

rotação nominal de 3500 rpm.

55

Figura 4.3 - Curvas das bombas do LABEFEA. Fonte: Fabricante.

Segue na Tabela 4.1 e Tabela 4.2 os dados dos motores de indução

trifásicos da planta.

56

Tabela 4.1 – Dados dos motores de alto rendimento da Planta-LABEFEA.

Motores de alto rendimento Frequência nominal 60 Hz Potência nominal 1/3 cv Rotação nominal 3390 rpm Fator de Serviço 1.15 Ip/ In 5 Tensão nominal 220/ 380 V Corrente nominal 1.30/ 0.75 Rendimento nominal 68.5 % FP nominal 0.65

Tabela 4.2 - Dados dos motores convencionais da Planta-LABEFEA.

Motores convencionais Freqüência nominal 60 Hz Potência nominal 1/3 cv Rotação nominal 3390 rpm Fator de Serviço 1.15 Ip/ In 5 Tensão nominal 220/ 380 V Corrente nominal 1.34/ 0.77 Rendimento nominal 68.5 % FP nominal 0.65

Verifica-se que as diferenças entre os motores convencionais e de alto

rendimento da planta são ínfimas. De acordo com catálogo de fabricantes,

motores convencionais deste porte apresentam rendimento em torno de 63

%. Portanto, mesmo os motores da planta nomeados como convencionais

possuem característica de motores de alto rendimento. Em geral, motores de

alto rendimento de pequeno porte apresentam características nominais

significativamente melhores que os convencionais. Por outro lado, para

máquinas de grande porte, os motores de alto rendimento possuem

desempenho muito semelhantes que os convencionais. Este fato foi indicado

na Figura 2.1.

Durante a operação dos motores, a potência elétrica máxima atingida

foi 450 W na situação de uma moto-bomba operando na máxima vazão

atingida de 3.5 m3/h.

Para o sistema operando com duas moto-bombas atingiu-se a vazão

máxima de 4.8 m3/h com cada motor consumindo aproximadamente 400W.

57

A Planta-LABEFEA permite a realização de uma série de ensaios como

simulação de controle de pressão na descarga das bombas; controle de

vazão; operação de bombas série e em paralelo.

Uma função da planta é simulação de elevatórias reais em modelo

reduzido, no entanto atualmente existem diversos softwares para simulação

de sistemas hidráulicos, conforme comentado na Seção 3.9, que permitem a

simulação de sistemas reais sem muito trabalho.

4.2 LENVANTAMENTO DE CURVA DO SISTEMA DA PLANTA-LABEFEA: ALTURA MANOMÉTRICA X VAZÃO.

Com a válvula de controle da tubulação de recalque completamente

aberta, levantou-se a curva altura manométrica x vazão da Planta-LABEFEA.

A Tabela 4.3 apresenta os dados obtidos. A vazão e pressão na

descarga das bombas foram obtidos através de medições na planta. A

perda de carga na tubulação de recalque é obtida aplicando a Equação

de Bernoulli entre o início e o final da tubulação de recalque conforme foi

apresentado na Equação 3.2.

Para quantificar a perda de carga na tubulação de sucção é

necessária a medição da pressão da sucção da bomba. No entanto, esta

medição não existe na planta. Logo, as perdas na sucção foram estimadas.

Considerou-se sua variação diretamente proporcional ao quadrado da

vazão, conforme Equação 4.1.

Equação 4.1 – Equação das perdas de carga na tubulação de sucção.

hsu – Perdas de carga na tubulação de sucção. Q – Vazão.

-Constante de proporcionalidade.

A constante de proporcionalidade pode ser obtida possuindo um

ponto da equação. A constante foi obtida calculando-se as perdas teóricas

na vazão de 3.2 m3/ h pela Equação 3.6 – Equação de Hazen-Willians

utilizando o coeficiente C para tubulação de aço galvanizado igual a 125. A

58

perda de carga encontrada é aproximadamente 3 m. Logo, tem-se a

constante de proporcionalidade igual aproximadamente a 0.28.

A altura estática do sistema é 5.4 metros. A altura manométrica total

fornecida ao sistema para certa vazão é o somatório da altura estática do

sistema, da perda de carga na sucção e da perda de carga no recalque. A

Tabela 4.3 exibe os dados necessários para levantamento da curva e a

Figura 4.4 exibe a curva obtida.

Tabela 4.3 – Dados para levantamento de curva altura manométrica x vazão.

Vazão (m3/h)

Pressão na descarga das bombas (kgf/

cm2)

Perdas no recalque

(m)

Perdas na

sucção (m)

Altura manométrica total (m)

0 0,54 0,0 0,0 5,4 1 0,55 0,1 0,3 5,8

1,5 0,57 0,3 0,6 6,3 2 0,61 0,7 1,1 7,2

2,5 0,69 1,5 1,8 8,6 3 0,79 2,5 2,5 10,4

3,5 0,9 3,5 3,4 12,4 4 1,03 4,8 4,5 14,7

4,5 1,21 6,6 5,7 17,6

59

Curva do sistema

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

0 1 2 3 4 5

Vazão (m3/h)

Alt

ura

ma

no

tric

a(m

)

Figura 4.4 – Curva do sistema para a Planta LABEFEA.

4.3 LEVANTAMENTO DE CURVAS DAS BOMBAS DA PLANTA-LABEFEA: ALTURA MANOMÉTRICA X VAZÃO.

Levantou-se as curvas das bombas na Planta LBEFEA. Verificou-se que

cada bomba sofreu alterações em seu desempenho devido ao tempo.

Como exemplo, será descrito a seguir o levenatamenta da curva de uma

das bombas.

A Tabela 4.4 foi eleborada utilizando metodologia semelhante a

utilizada para levantamento da curva do sistema. Na Figura 4.5, observa-se a

curva altura manométrica x vazão da bomba. Comparando a curva com a

fornecida pelo fabricante, mostrada na Figura 4.3, avalia-se a depreciação

sofrida pelo equipamento.

60

Tabela 4.4 – Dados para levantamento da curva da bomba.

Vazão (m3/h)

Pressão na descarga (kgf/ cm2)

Perdas no recalque

(m)

Perdas na sucção (m)

Altura manométrica total (m)

0 1,87 13,0* 0,0 18,4 1 1,62 10,6 0,3 16,3

1,6 1,46 9,0 0,7 15,1 2,4 1,16 6,1 1,6 13,1 3,2 0,83 2,8 2,9 11,1

Obs.: *Considera-se as perdas para uma vazão infinitesimal.

Curva da bomba

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5

Vazão (m3/h)

Alt

ura

man

om

étr

ica (

m)

Figura 4.5 – Curva altura manométrica x vazão da bomba.

4.4 COMPARAÇÃO ENTRE DIFERENTES FORMAS DE CONTROLE DE VAZÃO.

Para efeito de análise, comparou-se o consumo energético da planta

para a operação de controle de vazão em diferentes métodos. A Tabela 4.5

mostra a potência elétrica demandada no controle de vazão por válvula de

restrição e por rotação variável com conversor de freqüência. Verifica-se

que quanto menor as vazões, maior é a economia de energia elétrica

apresentado pelo uso do conversor. Na vazão de 3 m3, a solução com

conversor apresenta maior consumo do que a operação com válvula. O

motivo deste fato é que em vazões elevadas, a válvula de restrição faria o

controle com grande abertuta, ou seja, baixa perda de carga. No entanto, o

conversor gera harmônicos de tensão que reduzem o rendimento do motor,

61

conforme comentado na Seção 2.2.16. A distorção harmônica total é maior

para conversores de pequeno porte, como no caso em estudo.

Tabela 4.5 – Controle com válvula de restrição e com conversor de freqüência.

Válvula de restrição Conversor de frequência

Vazão (m3/h)

Potência elétrica (W)

Pressão na descarga da bomba (kgf/cm2)

Potência elétrica (W)

Frequência (Hz)

1 294 1,6 125 40 2 364 1,38 255 50 3 425 1,08 480 60

3,5 450 0,89 - -

Utilizando outra moto-bomba da planta, a Tabela 4.6 apresenta a

comparação entre controle de vazão com válvula de restrição e com

válvula de by-pass. Nota-se que o controle com by-pass apresenta um maior

consumo energético. No entanto, gera menores pressões na descarga da

bomba, diminuindo o desgaste do sistema de selagem, consequentemente

acarretando ganhos econômicos devido a redução dos custos com

manutenção. O princípio de funcionameto do controle com válvula de by-

pass foi descrito na Seção 3.5.

No controle com conversores de frequência, quanto menor a rotação

da bomba, menores são as pressões em sua descarga, reduzindo o desgaste

do sistema de selagem.

Tabela 4.6 - Controle com válvula de restrição e com válvula de by-pass.

Válvula de restrição Válvula de by-pass

Vazão (m3/h)

Potência Elétrica (W)

Pressão na descarga da bomba (kgf/cm2)

Potência Elétrica (W)

Pressão na descarga da bomba (kgf/cm2)

1 278 1,6 488 0,53 2 345 1,31 470 0,63 3 405 0,9 430 0,79

3,2 420 0,83 420 0,83

62

5 PROPOSTA DE ESTAÇÃO ELEVATÓRIA EFICIENTE

Conforme apresentado na Equação 3.6, tem-se que a perda de carga

numa instalação hidráulica é aproximadamente proporcional ao quadrado

da vazão.

A perda de carga consiste na energia por unidade de peso que é

perdida por atrito nas tubulações e singularidades de uma instalação. Logo,

pode-se inferir que a energia perdida por quilograma de água transportada

é proporcional ao quadrado da vazão de transporte da água, conforme

indicado na Equação 5.1.

Equação 5.1 - Equação de energia perdida por atrito na instalação.

E – Energia perdida por quilograma de água transportada na instalação.

K – constante de proporcionalidade.

Q – Vazão de água na instalação hidráulica.

Portanto, verifica-se que a operação de sistemas hidráulicos com

vazões menores corresponde a menores perdas. Se deseja-se transportar

uma quantidade de massa de água, tem-se que quanto menor for a vazão

de transporte, maior será o tempo necessário para transportar toda a massa,

no entanto a energia demanda será menor.

Por exemplo, se deseja-se operar o sistema com uma vazão

corresponde a metade da vazão atual, as perdas por atrito na instalação

irão ser reduzido em 75 % conforme Equação 5.1

Enfim, a solução proposta visa exatamente operar elevatórias com

vazões menores do que as geralmente utilizadas. Para tal será explicitado os

equipamentos necessários para esta solução juntamente com a lógica de

operação.

63

5.1 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DA ESTAÇÃO.

Um sistema padrão de elevatória utilizado em instalações comerciais e

industriais é ilustrado na Figura 5.1

Figura 5.1- Elevatória Padrão

Neste sistema a Bomba B1 opera de forma intermitente. Quando o

nível do tanque superior ficar inferior a posição de “Nível Baixo” a bomba é

acionada e somente será desligada quando o nível do tanque superior for

maior que a posição “Nível Alto”. Após desligada, a bomba permanecerá

neste estado até que o nível do tanque superior desça novamente até

“Nível Baixo”.

Conforme discutido anteriormente, a solução proposta visa modificar

esse sistema de forma que a bomba atenda a demanda de vazão dos

consumidores, ou seja, transporte a mesma quantidade de fluido do sistema

atual, no entanto trabalhando com vazões menores e consequentemente

por intervalos de tempo maiores para atender a demanda de volume de

água.

Considerando que a bomba é acionada por um motor elétrico, o

sistema proposto apresentará um menor consumo de energia elétrica,

devido as menores perdas no sistema.

64

O sistema proposto é apresentado na Figura 5.2.

Figura 5.2 - Elevatória proposta

Nesta solução, a estação de bombeamento é formada por duas

bombas. A bomba B1 de maior porte e a bomba B2 de menor porte. A

lógica de operação do sistema é descrita a seguir.

Para análise, considera-se que o nível está entre as posições “Nível

Intermediário” e Nível Alto” e a bomba B2 está acionada enquanto a

bomba B1 está desligada. Se o nível do tanque superior ultrapassar a

posição “Nível Alto”, a bomba B2 é desligada e somente será reacionada

quanto o nível descer até “Nível intermediário”. Se durante a operação do

sistema o nível do tanque abaixar até “Nível baixo” a bomba B1 será

acionada e apenas será desligada quando o nível alcançar a posição “Nível

intermediário”. Enquanto a bomba B1 está acionada a bomba B2 fica

desligada.

Dado um sistema conforme ilustrado na Figura 5.1 em que se deseja

aplicar a solução proposta, a bomba B1 existente no sistema permanecerá

no sistema proposto, executando a função da bomba de maior porte. No

sistema proposto, o dimensionamento das posições de controle do tanque

superior como o dimensionamento da bomba de menor porte devem ser

feitos de forma que a bomba B1 (bomba de maior porte no sistema

65

proposto) necessite atuar durante o menor intervalo de tempo possível. O

dimensionamento da bomba de menor porte também deve ser feito de

forma que a posição “Nível alto” seja atingida o mínimo possível. Desta

forma, maximiza-se a economia de energia proporcionada pela solução,

como será exemplificado na Seção 5.3.

5.2 SISTEMA DE COMANDO DAS BOMBAS

Para o correto funcionamento da estação proposta é necessário o

desenvolvimento de um sistema de intertravamento para o acionamento

das bombas conforme a lógica proposta.

O sistema de comando das bombas pode ser implementado em um

sistema digital como um PLC ou SDCD ou através de contatores. Em um

ambiente industrial se trabalha com sistemas digitais e existe mão de obra

especializada para operação e manutenção destes equipamentos. Logo,

em uma indústria recomenda-se que a lógica de comando seja

implementada em um sistema digital devido, por exemplo, a possibilidade

de monitoramento do sistema de bombeamento através de um sistema

supervisório.

No entanto, devido a simplicidade da lógica de comando, sua

implementação pode ser efetuada utilizando contatores de forma confiável

e com um pequeno número de componentes no sistema. Assim, a solução

proposta é facilmente aplicável a estabelecimentos comerciais e

residenciais. A seguir será proposto dois diagramas de comando utilizando

contatores: o primeiro baseia-se na utilização de chaves de nível bóia lateral

e a segunda proposição baseia-se na utilização de chaves de nível bóia

pera.

5.2.1 Diagrama de comando para sistema com chaves de nível bóia lateral.

Devido as características explicitadas na Seção 3.8, as chaves de nível

bóia lateral são usadas de forma preferencial em alguns estabelecimentos.

A Figura 5.3 apresenta o diagrama de comando proposto. Sendo que

o contator “k3” aciona a moto-bomba de menor potência e o contator “k2”

66

aciona a moto-bomba de maior potência conforme apresentado na Figura

5.4.

Na Figura 5.3, as chaves de nível bóia lateral são indicadas por “CH1”,

“CH2” e “CH3”. A localização das chaves são mostradas no tanque superior

apresentado. As chaves são indicadas no diagrama de comando em que as

posição mostradas das chaves (aberta ou fechada) são válidas para a

posição do nível de água indicado no tanque superior. Se a posição do nível

de água mudar em relação a uma chave, esta comuta de posição

conforme apresentado na Tabela 5.1.

Tabela 5.1 – Tabela indicativa das posições das chaves de nível bóia lateral.

Posição das chaves ( Aberta ou Fechada) Nível de água

Chave CH1 Chave CH2 Chave CH3

Acima da chave Aberta Fechada Aberta

Abaixo da chave Fechada Aberta Fechada

Figura 5.3 – Diagrama de comando utilizando chaves bóia lateral

67

Figura 5.4 – Acionamento dos motores elétricos

5.2.2 Diagrama de comando para sistema com chaves de nível bóia pera.

Conforme descrito na Seção 3.8, a chave de nível bóia pera é

bastante utilizada devido a sua simplicidade. Logo, o diagrama de

comando proposto com a utilização deste instrumento apresenta uma

simplicidade maior . O diagrama é apresentado na Figura 5.5.

Na Figura, as chaves de nível bóia pera são indicadas por “P1” e “P2”.

A localização das chaves é mostrada no tanque superior apresentado.

Cada uma das bóias é apresentada no desenho em duas localizações

distintas: Bóia alta e bóia baixa.

Em uma chave de nível bóia pera, a localização em que as chaves

mudam de aberto para fechado pode ser em bóia alta ou bóia baixa.

Ambas as chaves representadas na Figura 5.5 mudam da posição

aberto para fechado na localização bóia baixa e somente retornam para

posição aberto na localização bóia alta.

68

Figura 5.5 – Diagrama de comando para utilização de chaves de nível bóia pera.

5.3 APLICAÇÃO DA PROPOSTA NA PLANTA-POLITÉCNICA.

Como forma de avaliação da solução proposta, foi selecionado uma

planta de bombeamento d’água para estudo. Esta consiste em uma

elevatória responsável pelo abastecimento de água da Escola Politécnica

da Universidade Federal da Bahia.

Para quantificar a economia que a solução forneceria foi analisado o

consumo energético do sistema atual e do sistema proposto através do

software EPANET 2.0.

Como primeira etapa do estudo, foram levantados os dados

necessários para simulação do sistema atual. A seguir é descrito as

condições do sistema.

5.3.1 Características do Sistema

O sistema é constituído por duas bombas idênticas em que somente

uma opera enquanto a outra permanece em Stand by. As curvas de

operação e características das bombas são apresentados na Figura 5.6 e

na Tabela 5.2.

69

Figura 5.6 – Curvas das bombas da Planta-Politécnia. Fonte: Catálogo de Fabricante (adaptado)

Tabela 5.2 - Características das bombas da Planta-Politécnia

Grandeza Valor Potência nominal 5 cv Rotação nominal 3450 rpm Diâmetro do rotor 158 mm

Fonte: Catálogo de Fabricante

Para efetuar a análise de consumo de energia elétrica do sistema

atual é necessário o conhecimento da curva HxQ das bombas, rendimento

dos conjuntos moto-bombas, curva do sistema, perfil de vazão demandada

70

do tanque superior e as dimensões do tanque superior. Logo, necessitou-se

realizar algumas medições no sistema a fim de colher tais informações.

A vazão fornecida por uma bomba da planta é igual a 11 m3/h. A

medição foi realizada mensurando-se o volume de água transportado em

um intervalo de tempo e calculando-se a razão entre o volume e o intervalo

de tempo.

As dimensões do tanque superior são aproximadamente 11.3 metros

de largura 7.4 metros de comprimento e 0.55 metros de profundidade.

Conforme descrito na Seção 3.3, Equação 3.8, para levantamento

aproximado da curva do sistema, basta possuir a altura estática da

instalação e um ponto de operação do sistema.

A altura estática da instalação foi mensurada em 22 metros. A partir da

vazão medida e da curva HxQ da bomba tem-se o ponto de operação (11

m3/h x 48 m).

Na casa de máquinas da Planta-Politécnica, foi medido através de um

analisador de energia algumas grandezas elétricas dos motores das moto-

bombas. Os dois motores da planta apresentaram comportamento

semelhante. A Tabela 5.3 apresenta as grandezas elétricas das máquinas em

operação.

Tabela 5.3 - Medições nos motores da Planta-Politécnica

Grandeza Valor Potência Elétrica 4,4 kW Tensão de linha 223 V Corrente de linha 13,4 A Fator de potência 0,85

A potência hidráulica fornecida por uma bomba pode ser calculada a

partir da Equação 5.2.

Equação 5.2 – Equação da Potência Hidráulica

Ph – Potência Hidráulica. Q – Vazão. H – Head (Altura Manométrica).

- Peso específico do fluído.

71

A partir da vazão fornecida pela bomba da Planta-Politécnica

encontra-se o Head através da curva HxQ da bomba. Considerando o peso

específico da água igual a 10.000 N/m3, determina-se a potência hidráulica.

O rendimento dos conjuntos moto-bombas pode ser calculado através

da Equação 5.3

Equação 5.3 – Equação do rendimento das moto-bombas

- Rendimento das moto-bombas.

Pe – Potência Elétrica. Ph – Potência hidráulica.

Para as moto-bombas em estudo, tem-se um rendimento calculado

igual aproximadamente a 33%.

5.3.2 Perfil de demanda de vazão da Escola Politécnica.

Para análise do consumo energético do sistema atual e do sistema

proposto é necessário o conhecimento do perfil de vazão do tanque

superior da Planta-Politécnica. Através de dados do Projeto Água Pura4

estimou-se o perfil de vazão.

O projeto disponibiliza dados de consumo diário da Escola Politécnica

como pode ser visualizado na Figura 5.7.

4 - Projeto realizado pelo Departamento de Engenharia Ambiental da Universidade Federal

da Bahia que visa o consumo racional de água.

72

Figura 5.7 – Consumo de água da Escola Politécnica no período de 07/10/09 até 10/11/09. Fonte: Projeto Água Pura (adaptado).

Na Figura 5.7 as barras em cinza-escuro indicam dias de semana e as

barras em cinza-claro indicam fins de semana.

Analisando os dados dos meses de Setembro, Outubro e Novembro de

2009 observa-se que o consumo médio é aproximadamente 20 m3/dia. A

média de consumo de outros meses do ano de 2009 é próxima a este valor.

A exceção é para os meses de Janeiro e Fevereiro em que a média é

aproximadamente 13 m3/dia.

Para os dados do ano de 2009 tem-se um consumo médio em dias de

semana de 24 m3/dia e em fins de semana de 9 m3/dia.

Assim, para simulação do sistema elaborou-se perfis de vazão de

forma que o consumo total por dia correspondesse aos valores verificados

nos dados do Projeto Água pura.

5.3.3 Seleção das bombas para aplicação da solução.

Conforme foi ilustrado na Figura 5.2, a solução proposta utiliza duas

bombas: Uma de menor porte e uma de maior porte. Na simulação da

solução na Planta-Politécnica, utilizou-se como bomba de maior porte a

73

bomba existente na estação de bombeamento atual. Os dados deste

equipamento foram mostrados na Figura 5.6 e na Tabela 5.2. A bomba de

menor porte deve ser selecionada de forma que a vazão fornecida por esta

seja próxima da vazão média demandada pelos consumidores do sistema.

Considera-se um sistema ideal aquele em que o tanque superior

recebe uma vazão de entrada constante e igual a demanda média de

vazão dos consumidores, sendo que a posição do nível nunca alcança os

limites inferior e superior do tanque. Sendo assim, quanto maior o volume do

tanque superior, mais próximo este sistema é de um sistema ideal, permitindo

maiores oscilações do nível de água. Para o sistema ideal, se seleciona-se

uma bomba de menor porte que fornecesse vazão igual a média da vazão

dos consumidores, ter-se-ia o menor consumo energético possível para esse

sistema, visto que estar-se-ia trabalhando com a menor vazão de

bombeamento possível.

Na seleção da bomba de menor porte para a Planta-Politécnica

buscou-se em catálogos de fabricantes uma bomba que fornecesse uma

vazão próxima a demanda média de vazão dos consumidores. A Figura 5.8

apresenta as curvas de três bombas distintas de um fabricante. A bomba

número “3” foi a bomba seleciona para esta aplicação.

74

Figura 5.8 – Curvas da bomba de menor porte do sistema proposto na Planta-Politécnica. Fonte: Catálogo de fabricante (adaptado).

5.3.4 Simulação do Sistema em EPANET

Para quantificar o ganho energético da solução foi simulado no

software EPANET 2.0 a operação do sistema atual e do sistema proposto.

Para simulação do sistema atual foram introduzidas ao software todas as

75

características do sistema conforme apresentado na Seção 5.3.1. A Figura

5.9 apresenta um esquema da planta simulada.

Conforme dados do Projeto Água Pura apresentados na Seção 5.3.2,

estimou-se os perfis de demanda de vazão da Escola Politécnica nos dias de

semana e nos finais de semana. A Figura 5.10 apresenta os perfis de vazão.

Figura 5.9 – Sistema atual simulado em EPANET

Figura 5.10 – (a) Perfil de vazão nos dias de semana (b) Perfil de vazão nos finais de semana.

76

No reservatório superior do sistema foi utilizada a posição “Nível Baixo”

quando o volume do tanque é 10m3 e posição “Nível Alto” para o volume

de 40m3.

Os principais resultados da simulação são apresentados na Tabela 5.4,

mostrando em seguida o significado dos termos indicados na tabela. Os

resultados mostrados são referentes à moto-bomba da planta.

Tabela 5.4 – Resumo da Simulação do sistema atual.

Percentagem de utilização da bomba

Consumo energético

Potência elétrica

Consumo mensal

7.52 % 0.39 kWh/ m3 4.35 kW 238 kWh

Percentagem de utilização – Indica a percentagem de tempo que a bomba permaneceu ligada em relação ao tempo total do mês. Consumo energético – Indica o consumo de energia elétrica por volume de água bombeado. Potência elétrica – Potência elétrica fornecida a moto-bomba durante sua operação. Consumo mensal – Consumo de energia elétrica no período de um mês.

A energia hidráulica fornecida pela bomba é dividida, basicamente,

em duas parcelas: A primeira é a energia fornecida para água na forma de

energia potencial gravitacional, a segunda parcela é a energia perdida por

atrito ao longo da tubulação. Existe também a energia cinética perdida na

saída da tubulação de recalque, porém de valor desprezível. Os cálculos

destas energias são realizados através da Equação 5.4 e da Equação 5.5. A

Tabela 5.5 apresenta a energia hidráulica fornecida pela bomba no período

de um mês.

Equação 5.4 – Equação da energia potencial gravitacional

Equação 5.5 – Equação da energia perdida por atrito na tubulação

Eg – Energia Potencial gravitacinal. Ep – Energia perdida por atrito na tubulação. He – Head Estático (Altura do sistema). Q – vazão de operação.

77

-Energia perdida na tubulação por unidade de peso de água transportado.

-Tempo total em que o sistema funcinou na vazão de operação. - Peso específico do fluído.

Tabela 5.5 – Energia hidráulica fornecida pela bomba.

Energia Hidráulica Total Energia Potencial Gravitacional

Energia perdida nas tubulações.

79 kWh 36.5 kWh 42.5 kWh

Na Equação 5.4, a vazão multiplicada pelo tempo é igual ao volume

de água transportado. Sendo o Head estático de uma estação elevatória

constante, não se pode reduzir a energia potencial gravitacional fornecida

ao sistema. No entanto, verifica-se que 54% da energia fornecida pela

bomba é perdida ao longo da tubulação. Portanto, observa-se uma grande

oportunidade de redução do consumo energético da Planta-Politécnica

através da implantação da solução proposta.

A Figura 5.11 apresenta o esquema da simulação do sistema proposto

na Planta-Politécnica.

Figura 5.11 - Sistema proposto simulado em EPANET

O sistema proposto foi simulado utilizando os mesmos perfis de

demanda de vazão do sistema atual.

78

No reservatório superior do sistema foi utilizada a posição “Nível Baixo”

quando o volume do tanque é 10m3, posição “Nível Intermediário” quando o

volume do tanque é 20 m3 e posição “Nível Alto” para o volume de 40m3.

Os principais resultados da simulação do sistema proposto podem ser

vistos na Tabela 5.6.

A Tabela 5.7 apresenta a energia hidráulica fornecida pela bomba no

período de um mês.

Tabela 5.6 - Resultados da simulação do sistema proposto.

Bomba Percentagem de utilização

Consumo energético

Potência elétrica

Consumo mensal

Maior Porte 0 % 0 kWh/ m3 0 kW 0 kWh Menor Porte 70,09% 0.17 kWh/ m3 0.21 kW 107 kWh

Tabela 5.7 - Energia hidráulica fornecida pela bomba.

Energia Hidráulica Total Energia Potencial Gravitacional

Energia perdida nas tubulações

37.5 kWh 36.5 kWh 1 kWh

Verifica-se que na simulação do sistema proposto a bomba de maior

porte não necessitou atuar. No entanto, tem-se que a simulação foi

realizada utilizando perfis de demanda de vazão iguais para todos os dias de

semana e outros perfis iguais para todos os finais de semana. Sendo, estes

perfis baseados em médias de consumo. Conduto, verificou-se através de

simulações em EPANET que se em um determinado dia o consumo aumentar

em 45% acima da média, há a necessidade de atuação da bomba de

maior porte. De acordo com dados do Projeto Água Pura este fato ocorre

com frequência tão baixa que o aumento no consumo energético total do

sistema é irrelevante, conforme pôde ser verificado na Figura 5.7.

A Figura 5.13 e a Figura 5.14 apresentam a vazão fornecida pela

bomba e a variação de volume do tanque superior respectivamente. Nota-

se que o volume do tanque superior não cai até 10 m3 em momento algum,

não necessitando a atuação da bomba de maior porte. Observa-se,

também que a vazão de trabalho da bomba de menor porte é 1.2 m3/h

conforme ilustrado na Figura 5.13.

79

Figura 5.12 - Vazão fornecida pelas bombas no sistema proposto.

80

Figura 5.13 – Variação do volume do tanque superior.

81

Enfim, o sistema proposto apresentou um consumo energético de 107

kWh, enquanto o sistema atual apresentou um consumo de 238 kWh. Logo se

verifica um ganho energético de 131 kWh, equivalente a 55% do consumo

do sistema atual.

Analisou-se também o ganho energético da solução proposta, caso

esta fosse implementada em um momento em que houvesse um

crescimento vegetativo no consumo da Escola Politécnica de 50%. Os perfis

de demanda de vazão para este caso são mostrados na Figura 5.14.

Figura 5.14 – Perfis de demanda de vazão considerando um crescimento vegetativo. (a) Dia de Semana. (b) Final de Semana.

Os principais resultados da simulação são apresentados na Tabela 5.8

para o sistema atual e na Tabela 5.9 para o sistema proposto.

Tabela 5.8 – Resultados da simulação do sistema atual considerando crescimento vegetativo.

Percentagem de utilização da bomba

Consumo energético

Potência elétrica

Consumo mensal

11.47 % 0.39 kWh/ m3 4.35 kW 364 kWh

82

Tabela 5.9 - Resultados da simulação do sistema proposto considerando crescimento vegetativo.

Bomba Percentagem de utilização

Consumo energético

Potência elétrica

Consumo mensal

Maior Porte 2.46 % 0.39 kWh/ m3 4.35 kW 78 kWh Menor Porte 80.46% 0.17 kWh/ m3 0.21 kW 123 kWh

A Figura A.1 e a Figura A.2 em Apêndice A apresentam a vazão

fornecida pela bomba e a variação de volume do tanque superior

respectivamente.

Portanto, considerando um futuro crescimento vegetativo de 50% o

sistema proposto apresentou um consumo energético de 201 kWh, enquanto

o sistema atual apresentou um consumo de 364 kWh. Logo, verifica-se um

ganho energético de 163kWh, equivalente a 45% do consumo do sistema

atual.

Neste trabalho foi analisado apenas o ganho energético

proporcionado pela solução. No entanto, para a elaboração de um EVTE

(Estudo de Viabilidade Técnica –Econômica) é necessário quantificar quais

são os ganhos com manutenção da solução. Pois, a utilização de menores

vazões acarreta menores pressões na linha e consequentemente menores

danos a instalação. Além disso, a operação com moto-bombas de menor

porte diminui os custos de reparo ou substituição de algum componente do

sistema.

83

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A cultura difundida no meio acadêmico e nas indústrias em geral é

que os arranjos com bombas trabalhando em rotação constante penalizam

energeticamente o sistema. Esse pensamento se deve ao fato que sistemas

que controlam vazão com válvulas apresentam maiores consumos

energéticos que sistemas que operam com rotação da bomba variável. No

entanto, a utilização de bombas com velocidade variável nem sempre é

adotada por projetistas devido ao alto custo dos conversores de freqüência.

Trata-se de um custo inicial que é admissível em muitos casos devido à

redução dos custos operacionais e com manutenção dos equipamentos.

Muitas vezes, o principal ganho econômico é devido ao menor desgaste da

bomba.

Contudo, em alguns casos é possível obter ganhos econômicos com

manutenção e operação, mesmo operando elevatórias com bombas de

rotação constante. Como exemplo, tem-se a metodologia proposta neste

trabalho para operação de elevatórias. O arranjo proposto apresentou

ganho energético elevado com a aplicação da solução em uma elevatória

predial.

Entretanto, a viabilidade da solução proposta em elevatórias somente

é verificada caso as perdas de carga em metros do sistema existente sejam

grandes comparadas à altura estática.

A análise global de processos de bombeamento consiste em uma

tarefa multidisciplinar, exigindo conhecimento nas áreas de Elétrica,

Processo, Mecânica e Instrumentação. Portanto, o profissional especialista

em uma área deve buscar conhecimentos em todas as outras ou então

trabalhar junto a uma equipe consolidada.

Em trabalhos futuros pode-se realizar a implantação da metodologia

proposta em estações elevatórias a fim de observar os ganhos energéticos e

econômicos atingidos e as possíveis dificuldades encontradas na montagem,

operação e manutenção do sistema.

84

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] Tsutiya, Milton Tomoyuki. Redução do custo de Energia Elétrica em

estações Elevatórias de Água e Esgoto, 19o Congresso Brasileiro de

Engenharia Sanitária e Ambiental, Foz do Iguaçu. 1997.

[2] TAKAMI RENATO, Fundamento de modelagem matemática e

técnicas de simulação aplicados a sistemas ambientais, 2005

[3] MONACHESI, MARCELO GAIO, Eficiência Energética em sistemas

de bombeamento d’água. . Ed.: Eletrobrás, Rio de Janeiro 2005.

[4] ELETROBRÁS; http://www.eletrobras.com acessado em 20 de maio

de 2009.

[5] SHINDO REINALDO, Manual Técnico - Procel – Motor de Alto

Rendimento. Ed.: Cepel e Eletrobrás, 2002

[6] LOCATELLI, EGOMAR RODOLFO. Motor Elétrico. Guia Avançado.

Ed.: Gráfica da Eletrobrás. Rio de janeiro, 2004.

[7]AMERICO, MARCIO. Acionamento Eletrônico. Guia Avançado. Ed.:

Gráfica da Eletrobrás. Rio de janeiro, 2004.

[8] SCHINEIDER-MOTO-BOMBAS, Manual Técnico.

[9] Resolução da Agência Nacional de Energia Elétnca - ANEEL nº 456,

de 29/11/2000, publicada em 30/11/2000.

[10] EPE, Revista ‘Resenha Mensal do Mercado de Energia’. Ano II, Nº

16, Janeiro de 2009.

[11] HADDAD, JAMIL; MARTINS, ANDRÉ RAMON. Conservação de

Energia: Eficiência Energética de Instalações e Equipamentos. Ed. EFEI,

Itajubá 2001.

[12] MACINTYRE, A. J. Bombas e Instalações de Bombeamento. Ed.:

Guanabara. Rio de Janeiro, 1987.

[13] DE SOUZA, FRANSCICO CARLOS NETO. Bombas Guia Avançado.

Ed.: Gráfica da Eletrobrás. Rio de janeiro, 2004.

[14] COTRIM, ADEMARO A. M. B., Instalações Elétricas. Ed.: Mc Graw Hill.

São Paulo, 1993.

[15] NIVETECT, Manual de Instruções – Chave de nível bóia pera – série

140.

85

[16] RASHID, M. H.: “Power Electronics: Circuits, Devices and

Applications”, Prentice Hall International, Inc., Englewood Cliffs, 1993.

[17] NBR 7094. “Máquinas elétricas girantes – Motores de Indução -

Especificações”, v.3, 2003.

[18] POMILIO J. A. Conversores para acionamento de máquinas de

indução trifásicas.

86

APÊNDICE A – GRÁFICOS DO SOFTWARE EPANET.

Figura A.1 - Vazão fornecida pelas bombas no sistema proposto, considerando crescimento vegetativo.

87

Figura A.2 – Variação do volume do tanque superior, considerando crescimento vegetativo.

88

APÊNDICE B - FOTOS

(a)

(b) Figura B.1 – (a) Elevatória do LABEFEA. (b) Instrumentos de medição e controle da Planta-LABEFEA.

89

(a)

(b)

(c) Figura B.2 – Planta-LABEFEA. (a) Moto-bombas. (b) – Medição de grandezas elétrica. (c) Painel Elétrico.

90

(a)

(b)

(c) Figura B.3 – Planta-Politécnica. (a) Moto-bomba. (b) Casa de máquinas. (c) Medição de diâmetro.de tubulação de recalque.