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8/6/2019 EGO E O EU http://slidepdf.com/reader/full/ego-e-o-eu 1/12 EGO – A PRESERVAÇÃO DA INDIVIDUALIDADE " Tudo quanto há só realmente existe no UM " No silêncio é possível ver mais claramente No desenvolvimento dos seres há uma etapa que é a da individuação seguida de personalização quando então o ser assume o auto-conceito. É exatamente na personalização que se faz sentir o ego . Um animal não tem ego , muitos dizem que sim porque ele já tem um sentido de auto- preservação. Acreditamos que sim, mesmo num ser dos mais elementares na escala biológica já se notam reflexos de auto- defesa e isso é, em tese, é uma forma de auto-preservação, portanto um esboço do ego ; algo que representa uma forma de defesa contra a extinção do estado de ser [1] . Um ser só pode ser se conservar com tal – e não como Ser – se preservar a individualidade. O sentido de preservação só se define plenamente ao nível da personalização, aquele em que o ser toma ciência de si, e posso dizer “eu sou” . Estabelecida a individualidade o ser a partir daí tem que defender a todo custo esse sentimento, o sentimento do “eu sou” , consequentemente do “é meu” . Para isso ele lança mão de incontáveis mecanismos de defesa que são chamados de ego ”. Assim nascem os mecanismos de defesa da individualidade, o ego . C omo fruto da ignorância da natureza uma , ocorre o sentimento de separação, do que resulta a idéia de “isso é meu” e “isso é teu” . Todos os chamados males humanos têm como origem essa a idéia de que existe uma separação – seres – e consequentemente a necessidade da preservação. Portanto essa separação é que dá origem a tudo àquilo que chamam de natureza satânica. Todos os atos humanos considerados pecaminosos – satânicos – indubitavelmente são frutos do ego , são mecanismos de proteção do ego . Assim são consideradas obras do demônio muitas qualidades negativas, sendo as principais: ciúme, o orgulho, a inveja; além do apego com todas as suas conseqüências. P ara que a separação seja mantida tem que haver fortes meio de proteção, de isolamento. Assim, indubitavelmente o ego tem que ser forte e para isso surgem o desejo de conquista, as lutas pelo poder, consequentemente as guerras, e tudo o mais que compõe a natureza considerada negativa dos seres. O que é o ciúme , por exemplo? – O desejo de não perder aquilo que possui, de reter para si, de manter para o eu e não deixar que o tu se aposse. Sem essa separação ele não pode existir porque tudo é do eu.

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EGO – A PRESERVAÇÃO DA INDIVIDUALIDADE

" Tudo quanto há só realmente existe no UM "

No silêncio é possível ver maisclaramente

No desenvolvimento dos seres há umaetapa que é a da individuação seguida de

personalização quando então o ser assumeo auto-conceito. É exatamente na

personalização que se faz sentir o ego . Umanimal não tem ego , muitos dizem que simporque ele já tem um sentido de auto-preservação. Acreditamos que sim, mesmonum ser dos mais elementares na escalabiológica já se notam reflexos de auto-defesa e isso é, em tese, é uma forma deauto-preservação, portanto um esboço doego ; algo que representa uma forma dedefesa contra a extinção do estado deser [1] . Um ser só pode ser se conservarcom tal – e não como Ser – se preservar aindividualidade.

O sentido de preservação só se define plenamente ao nível dapersonalização, aquele em que o ser toma ciência de si, e possodizer “eu sou” . Estabelecida a individualidade o ser a partir daí tem que defender a todo custo esse sentimento, o sentimento do“eu sou” , consequentemente do “é meu” . Para isso ele lança mãode incontáveis mecanismos de defesa que são chamados de

“ego ”. Assim nascem os mecanismos de defesa daindividualidade, o ego .

Como fruto da ignorância da natureza uma , ocorre o sentimentode separação, do que resulta a idéia de “isso é meu” e “isso éteu” . Todos os chamados males humanos têm como origem essaa idéia de que existe uma separação – seres – econsequentemente a necessidade da preservação. Portanto essaseparação é que dá origem a tudo àquilo que chamam denatureza satânica. Todos os atos humanos consideradospecaminosos – satânicos – indubitavelmente são frutos do ego ,são mecanismos de proteção do ego . Assim são consideradasobras do demônio muitas qualidades negativas, sendo asprincipais: ciúme, o orgulho, a inveja; além do apego com todasas suas conseqüências.

Para que a separação seja mantida tem que haver fortes meio deproteção, de isolamento. Assim, indubitavelmente o ego tem queser forte e para isso surgem o desejo de conquista, as lutas pelopoder, consequentemente as guerras, e tudo o mais que compõea natureza considerada negativa dos seres.

O que é o ciúme , por exemplo? – O desejo de não perder aquiloque possui, de reter para si, de manter para o eu e não deixarque o tu se aposse. Sem essa separação ele não pode existirporque tudo é do eu.

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O ciúme está diretamente ligado ao egoísmo, que reflete odesejo da não perda. Mas, se for bem analisada tal perda é umailusão, porque coisa alguma é real no Mundo Imanente. O egoístaé um almofariz de ilusão. Objectivo, a prevalência do eu sobre otu é uma fantasia da mente, mas que é efetivamente mantida noMundo Imanente. Mas manter a separação, e tudo o que mantéma separação, é mesmo que adquirir algo de um mercador deilusão, pois é alimentar a ilusão da separatividade.

Deus não pode ter ciúme, porque não existe de quem te-lo; pelacondição de Único Ele não tem rival. Não pode haver ciúme semque haja rival. Por esse raciocínio chegamos à conclusão de queciúme não é de Deus, não diz respeito à Unicidade e sim adiversidade. Pelo Princípio da Polaridade, se algo não pertence aum pólo inexoravelmente pertence ao outro, desde que nãoexiste um terceiro. Portanto se ciúme não é de Deus, logo eledeve ser do pólo oposto, de Satanás [2] .

Deus não tem ciúme porque Ele não tem medo de perder por nãoter como perder para alguém se este não existe. Ciúme temcomo objeto a algo que é considerado do outro, mas como isso épossível em nível de Deus se não existe outro além Dele?Indaga-se então: Perder para quem se verdadeiramente sóexiste o Ele.

Por meio dessas conjecturas, facilmente podemos ver que ciúmeé do lado da divisibilidade e não da unicidade – Deus –. Se elenão é do pólo de Deus tem que ser do seu oposto, de satanás. Omesmo pode ser dito do orgulho e da inveja.

Assim como acontece com referência ao ciúme , também a inveja ,reflete separatividade, reflete meios de atuação do ego , portantoaquilo que é do Ser de todos passe a ser de uma fração. Issoreflete a condição satânica. Deus sendo único não pode terinveja. Inveja de quem? – Logo a inveja tem que ser do seuoposto.

A inveja é, portanto, o oposto do ciúme; ciúme é o desejo dequerer aquilo que julga não ser seu, enquanto a inveja é osentimento de ter aquilo que considera não ser seu; ser de outro,ou seja, uma demonstração do empenho do eu vir a ter o que édo tu . Isso quer dizer: o teu vir a ser incorporado ao meu .

O mesmo pode ser dito do apego e de todas as suasconseqüências. O apego até pode ser considerado como a raiz daquase totalidade daquilo que chamam de males. Como Deuspode ter apego se tudo é Dele. Apego envolve a possibilidade deperder para algo ou para alguém. E se não existe algo ou alguémalém de Deus, então como pode existir apego? Se o apego não émanifestação direta de Deus, então tem que ser do oposto.

A vingança é um aspecto do egoísmo, quando alguma coisa étomada pelo tu, o eu [3] , em seu aspecto ego reage. Se o ser nada tivesse a perder jamais ele teria do que se vingar. O Ser(Eu Maior) que tudo tem não perde coisa alguma e, sendo assim,não tendo perdas não tem do que se vingar. Por isso temos dito

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muitas vezes que um Deus vingativo, punitivo, não existe. Parahaver punição tem que haver algum motivo que se prende a umaperda, quer ela seja material, quer sentimental, etc. Os seres porse julgarem separados têm ilusão de perda e é disso que podeocorrer a vingança, que não deixa de ser uma forma de punição.

Seguindo esse mesmo raciocínio se pode concluir que tudo aquiloque as religiões consideram pecado, coisas ou estados diabólicas,têm assentamento no ego . Sem o ego coisa alguma ligada àseparação que mantém o ser afastado a do Ser , ou seja, ohomem separado de Deus pode existir. Guerras, conquistas,lutas pela posse, traições, torturas, e miríades de frutos nefastosque delas resultam podem haver.

Na natureza dos seres existe uma dupla polaridade, a demoníacae a divina. A força demoníaca é a força de separação. Ela nãoexiste “fora” da pessoa, é um aspecto dela mesma; enquanto aForça Divina é a de união que também reside nela. A deseparação é quem gera os mecanismos do ego , é a que alimentaa sua preservação dando origem a um estado de ilusão. É ilusãoporque realmente a separação não existe, apenas existe asensação de que existe gerado pela Mente. Mas podemoscompreender que, mesmo em se tratando de uma ilusão, a forçade separação é tremendamente poderosa; basta que se sinta quemesmo ela não sendo capaz de causar verdadeiramente umaruptura na Unicidade, ainda assim é suficiente para substituí-lapor uma ilusão.Todas as chamadas manifestações satânicas são basicamente mecanismos doego , isso quer dizer que “satanás interior” na verdade existe apenas como ego .

O maior terror que os seres têm é de perder a sua aparente individualidade,mas isso acontece porque eles ignoram a sua verdadeira natureza, a naturezade Ser Uno. Como é o ego quem fornece os meios de manter a separatividade,então ele é cultivado com tremendo empenho pelos seres. Eles defendem oego a qualquer preço por ver nele o elemento de manutenção daindividualidade. Mesmo que jamais alguém haja pensado sobre isso, aindaassim ele normalmente age de conformidade. O ser faz com que o ego tenhacada vez mais força, alimenta-o através do orgulho, ciúme, inveja e outros. Porum lado tudo isso é um mecanismo do ego que visa proteger a individualidade.

O ego é o reflexo satânico da existência imanente, e não pode haver libertaçãosem que haja a sua eliminação, comente assim é que os seres só poderãovoltar a integrar o Ser . Isso só ocorre com a cientificação. Jesus disse:“Conhece a verdade e ela te libertará” . Conhecendo a verdade sobre os meiosde atuação da força diabólica se torna mais fácil a libertação. Sabendo quetudo se manifesta sob a forma de ego , é imperioso que a pessoa se liberte deleeliminando os seus ardis.

A individualidade, de certo modo, é uma cria do ego , algo terrivelmentedominador, e o que é curioso, ele é alimentado pela própria vítima, pelo ser .Mas, a resistência contra a perda da individualidade pela eliminação do ego étremenda. Assim se pode entender como é terrivelmente poderosa a força

satânica. A condição de ser é mera ilusão, ou seja, é produto da limitação dapercepção. Tudo nele é limitado, deformado e imperfeito, mas mesmo assim apessoa persiste em querer continuar, a fazer de tudo para continuar sendo ser ,

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resistindo a sua verdadeira natureza de Ser , perfeita, ilimitada e indeformada.

A mais autêntica face de satanás no nível de ser é, sem dúvidas, o ego . Mesmopara os que admitem que ele exista a par da pessoa, ainda assim o seumecanismo é exatamente o ego .

Uma das formas de luta contra o ego, por certo, é o mantra: Om Sai Ham (SouDeus), sou o Ser e não um ser .

A Evolução do Ego

" Mais vale uma hora de sábioque a vida inteira de tolo ".Adágio Popular

Mundo Imanente

O ser em nível psico-emocional estáconstantemente sendo alvejado porinúmeros fatores externos no sentidodualístico, conforme a ilustração 3 eestabelecendo defesas-ego".

Existem muitos fatores que ameaçam oser em seu nível psíquico e que não olesionam fisicamente, mas que violam aintegridade do "eu" defendido pelamuralha do "ego". O "ego" funcionacomo um escudo que procura reter asinjúrias psíquicas que possam ameaçaro "eu". Este pode perceber que estásendo alvejado, mas muitas vezes istose passa de forma que a pessoa nãopercebe, mas mesmo assim ocorremconseqüências sobre a sua integridade.Visando proteger o "eu" a menteconstrói um sistema de mecanismosdefensivos, desde simples modos deagir até outros altamente destrutivos,como estudaremos oportunamente.

O ser humano vive numa perene luta contra códigos, contraparadigmas, estabelecidos pelas religiões, pelo estado, pelafamília, e por ele próprio. Trata-se de um sistema de conceitosde errado e de certo; de pecado e de virtude, de mal e de bem.Tudo isto são apenas conceitos desde que na unicidade não hálugar tais coisas. Embora sejam convenções ainda assim, estassão a causa básica de todo o sentimento de culpa existente nosseres.

O que as religiões fazem no campo espiritual é idêntico ao que aPsicologia faz em nível de "ego". As religiões estabelecemcódigos morais que visam convencer as pessoas a aceitá-loscomo "princípios divinos", como "desígnios", "desejos" ou"determinações de Deus", depois as induzem a se sentiremculpadas se não os obedecem, se cumprem ou não asdeterminações. Se a pessoa cumpre, ela não se sente emconflito, não haverá culpas e assim se sente espiritualmente em

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paz, portanto em um estado de "céu". Do contrário ela se senteem pecado, portanto num estado de "inferno". Assim vivem aspessoas, imersas em conceitos que geram culpa e culpa gerasofrimentos. A inobservância das normas morais gera o remorso,gera uma angústia por desobedecer àquilo que ela incorporoucomo certo. Mas, isto gera um tipo de angústia que pode serchamada de "angústia secundária", diferente da "angústiaexistencial" que pode ser chamada de "angústia primária". Estarepresenta um estado muito mais profundo que não se baseia nadesobediência a paradigmas constituídos, mas sim à ameaçainduzida pela competição com os pretensos múltiplos "eus".Superar a angústia secundária é bem mais simples que superar aprimária, pois para tanto basta obedecer aos códigos que a culpacessa e com ela todas as conseqüências, mas o mesmo nãoacontece em se tratando da angústia existencial. A angústiasecundária é estabelecida pelo sentimento de violação doscódigos vivenciais, portanto basta cumpri-los para que ela cesseassim também todas as suas conseqüências. Mas o mesmo nãose pode dizer da angústia existencial , pois esta não se baseia emcódigos violados, mas sim no arraigado conceito da dualidade.Assim sendo, somente com a libertação do conceito de dualismoexistencial é que ela poderá ser aniquilada. Nisto consiste alibertação do ser, mas não basta aceitar teoricamente que adualidade é uma ilusão, mas sim se sentir uno e isto correspondeaquele estado que as doutrinas orientais chamam de Nirvana.

A principal característica da ilusão da dualidade é o surgimentodo "ego". Este, em grande parte, é construído basicamente porcódigos aceitos, e isso é o que faz uma pessoa se sentir diferentedas demais. O Eu é eterno, é único, está isento de sofrimentos,

enquanto que o "ego" é efêmero, algo criado pela própria pessoadesde a sua primeira manifestação no mundo imanente. Grandeparte da vida neste mundo imanente consiste numa perene lutade criar condições egóicas, de criar regras de conduta pessoais -códigos - e também de aceitar muitos que lhes são sugeridos ouimpostos, ou de afastá-las e modificá-las. Isto constitui umprocesso muito difícil de se sair dele, o qual é chamado de "Rodada Vida" ou "Sansâra" . Podemos dizer que o "ego" é parteessencial do Sansâra . Sem o "ego" não haveria individualidadealguma.

A psicologia clássica age da mesma forma que as religiões, elafaz a pessoa reconhecer os paradigmas ensinando-lhe métodosde convivência sem conflitos com eles. Conduz a pessoa a viversem conflitos, reforçando a auto-imagem, mas sem visar osemelhante. Ensina o viver bem consigo mesmo estabelecendométodos para a pessoa só ver a si mesmo, e não ter conflitos portudo aquilo que possa infringir aos demais. Reforça o "ego"transformando-o em um rochedo; centraliza tudo na própriapessoa, o que representa um tremendo reforço daindividualidade. Gera um "ego" tão sólido que a pessoa convivecom o mundo sem conflitos, mas não diminui de forma algumaangústia existencial.

Com uma sólida estrutura egóica a pessoa deixa de sofrer porquecristaliza o problema em nível de "ego", assim os conflitosdeixam de ser problemas, e como conseqüência a pessoa pode

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viver em paz, viver bem, mas não plenamente curado porquepersiste em toda sua intensidade a angústia existencial, a PsoraLatente . Tanto as religiões comuns quanto a psicologia, nãolevam a um estado de libertação daquilo que a Homeopatiachama de Psora Latente , pois na verdade elas acorrentam o seruma condição irreal que é o "ego". Se alguém sofre por umaculpa a psicologia reforça o "ego" no sentido dela passar aaceitar aquilo como algo não conflitivo fazendo-a não se sentirculpada, portanto conseguindo viver relativamente bem, masmesmo assim muito distante da libertação do estado de"angústia existencial".

As religiões, ao menos, induzem a pessoa viver sem conflitos esem causar culpa nos demais, enquanto a psicologia isto não élevado em conta. Isto acontece porque a psicologia vê o mundopessoal como "eu" e os "outros". Tenta eliminar o sofrimento do"eu" em detrimento dos "outros". Este é um lema da psicologia,mesmo que os psicólogos neguem-no: Viva bem consigo mesmoprocurando resolver o seu próprio problema, não interessando osdemais. Cada um é cada um. Viva bem consigo mesmo, eesqueça os outros, isto é o que a psicologia tradicional incentiva.Para ela cada um é cada um, o que vale é viver sem culpa, maspara isto faz uso do reforço do "ego", sem saber que isto éapenas uma ilusão. Isto acontece porque os próprios psicólogos,em sua grande maioria, vivem na ilusão da realidade do "ego,não percebendo que a pessoa é um fragmento de umaConsciência Maior. Sem esse conhecimento faz a pessoacontinuar perdida no mundo fragmentário, estreito e limitado daImanência, em vez de auxiliá-la a compreender que o "ego"individual não vai além de uma auto-imagem artificial.

Não toda a Psicologia, mas algumas linhas acreditam que o viversem conflito é um estado de liberdade, não se dando contaporém de que este mundo dialético funciona num nível restrito,que a liberdade na imanência é semelhante a um prisioneiro quede adaptou à própria cela, onde por um determinado tempo nãopercebe que está vivendo num nível restrito, sendo por istoincapaz de assimilar a riqueza total de outras experiênciasexistenciais "interiores" e "exteriores". São incontáveis osmecanismos sociais, morais, familiares, econômicos,institucionais, etc, que têm como objetivo fazer a pessoa viverbem através de uma cristalização do "ego".

O "ego" é algo que a pessoa acredita ser a sua própria naturezapessoal, esquecendo que se trata de um amontoado de conceitosindividualizantes. A individualidade é o que há de mais marcantenas pessoas a nível se mundo imanente. É o "ego" que separa,que diferencia, que fragmenta, portanto que afasta o individuoda sua natureza essencial "una" que na verdade estárepresentada pela expressão: "Os altos fins da existência" . Omais elevado fim da existência é aniquilação da dualidade, opleno retorno à origem, o que indica o "passar da posição deegoísta para o de altruísta" conforme se expressava o MestreThomas Pablo Paschero, eminente homeopata argentino. Vemosque é exatamente o "ego" quem mantém "samsara" citado pelasreligiões védicas.

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Para conseguir se sentir mais seguro como individualidadedistinta a pessoa lança mão de uma série de mecanismosegóicos, de fórmulas através dos quais ela amplia aautoconfiança, mas cuja conseqüência direta é a ampliação dadescontinuidade, o aumento da separação, e tudo isto é relegar averdadeira natureza do ser "uno" a um plano de inexistência, nãose importando com a problemática dos demais. Ao "eu"divisionário o que importa é ele se sentir bem a despeito dasdemais, a "parte" - pessoa - continuar acreditando ser umaentidade separada da Natureza Única.

Na verdade as religiões tendem configurar um estado altamenteegóico, pois que agem protegendo a integridade do "eu" atravésdo "ego" de uma forma bem peculiar. Mas, de um modo diferentedaquele instituído pela psicologia. A esta só interessa o "eu" adespeito do "outro" enquanto que as religiões embora tambémconsidere o "eu" e o "outro" acrescentam um componente quechamam de altruísmo. Como disse Jesus "Amai ao teu próximo"

essa expressão tem uma conotação plenamente dualista,diferindo da segunda parte quando complementa: "como a ti mesmo" cuja conotação é unista. Mesmo considerando oaltruísmo, as religiões pregam o dualismo, pregam a separaçãoafastando a pessoa da Realidade Única, tirando-a do caminho dalibertação e orientando-a para o alvo da acomodação dualística.

É o estabelecimento do Princípio da Descontinuidade a origem dosofrimento oriundo da insegurança existencial como dualidade.Nesta condição o ser se sente desprotegido, vulnerável por todosdos lados levando-o a tentar inúmeras formas de preservação,modos para proteger a pseudo-idéia do "eu" individual,

fortificando cada vez mais as qualidades que caracterizam o"ego" ao preço da ampliação da angústia primaria - angústiaexistencial - e da angústia secundária oriunda dos apegos.

Meditando Sobre o Vazio

" Nada se origina do Nada". Plutarco

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Não existe um Vazio, apenas umalimitação de formas

O Inefável é como um vazio , um “oco” . Afimde que isto venha a ser bem compreendidovamos usar uma analogia. Consideremosum recipiente, um vaso, por exemplo. Umvaso basicamente consiste de um “oco” , ouseja, um tanto de vazio , limitado por umaparede.

Na realidade o que possibilita um vasoconter as coisas é o “oco” masparadoxalmente este só pode atender aessa finalidade se houver uma paredelimitante – LIMITE. Na realidade o “oco” , acavidade do vaso, é uma não existênciapotencial, enquanto que a parede é umaexistência manifesta. O “oco” , o vazio , é oque cumpre a finalidade, mas sem a paredeo recipiente não cumpre as finalidades.

O mesmo acontece com relação à parede,sem o “oco” ela não cumpre a finalidade epode-se mesmo dizer que aquela estruturadeixa de ser um vaso. Em resumo, o “oco” sem a parede não é vaso e parede sem ocotambém não o é.

No sentido do cumprimento das finalidades de vaso podemosdizer que este sem uma parede não tem serventia, nem sequerpode ser considerado como tal e por outro lado à parede sem ovazio limitado por ela, pode ser considerado algo desde queexiste objetivamente, mas que não atende à finalidade para aqual é destinada, e sendo assim ela também para nada servecomo vaso.

Podemos então entender que coisa alguma – conteúdo – podeexistir sem o limite

Ainda usando a mesma analogia, podemos perceber que o vazioem si é infinito desde que não está circunscrita parede alguma,por elemento limitante algum. Se assim não for, indagamos:onde se situa, então, a parede do infinito? - Se tal existisse oinfinito vazio estaria limitado por uma parede e

conseqüentemente ele deixaria de ser infinito. Em lugar algumaexiste a “parede” limite do infinito logo podemos dizer tratar-sede um “oco” sem “parede”, algo em que tudo pode ser contido,mas que na realidade coisa alguma está contido. Somentequando surge um limite é que coisas podem ser nele contidas.Seria tal qual um vaso que pudesse conter N coisas, mas sem aparede ele não conteria coisa alguma.

Não é possível ser colocado algo dentro do vazio tal como não sepode colocar algo dentro de um vaso sem parede. A parede éalgo que mesmo sendo finita dá sentido ao vaso, é ela quepermite que o vazio , possa cumprir uma finalidade de continente.

Não se pode considerar algo como conteúdo sem que

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simultaneamente exista o algo no qual ele esteja contido - ocontinente.A Teoria Quântica atual afirma que o vazio , não é uma condição niilista – vazioabsoluto – e sim um “reservatório” de “informações”. Isto é o equivalente àafirmativa dos místicos quando dizem que onde nada existe, existe

consciência. Portanto aquilo que a Teoria Quântica chama de “informação” oHermetismo chama de “Consciência”. Consciência é, portanto, algo que podeanalogicamente ser citado como o “banco de dados cósmico” em que tudo estácontido independentemente de espaço ou de tempo.

Embora no Infinito todas as possibilidades existam ainda assim somentequando surge uma “parede limitante” é que elas podem sair do nada eexistirem.

No “Nada” as formas de existência são virtuais tornando-se reais somentequando surge a parede – limite – que na realidade trata-se da creação.

Vemos o porquê do Absoluto, do Infinito, ter apenas existência virtual e oporquê somente dentro da creação é que ele tem existência real.O maiselevado nível do Transcendente é um “vazio virtual” enquanto que os níveisimanentes são as paredes que o torna real. O Transcendente é o “oco” e oimanente a “parede”. O “oco” para existir precisa da parede e esta paracumprir com a sua finalidade precisa que o oco se torne limitado. Disto advémque o Absoluto, precisa do relativo, o Infinito precisa do finito, e eis mais umaresposta para aquela indagação que tanto tem sido feita; por quê Deus creou?- O sair do virtual e tornar-se real é a principal razão da existência da criação.A criação é a parede que possibilita o vazio , cumprir com sua finalidade doexistir.

Um outro ponto que merece certa nível de atenção é aquele que diz respeito àorigem das “paredes” limitantes do “Vazio Absoluto” . Naturalmente temos queadmitir que a origem é o próprio Nada, só existe uma origem, pois só existeum infinito. O Absoluto é o próprio Infinito, algo ter outra origem seria afirmara existência de um outro infinito, e neste caso nem um nem outro deles seriarealmente infinito. Se só existe uma origem, ou a parede do vaso está contidano “oco” , no vazio ,, ou seja, no vazio , está contido o “não vazio” . Sabemos queé assim, mesmo que ainda não possamos entender como é o processo em si.

Nesta palestra vimos que do vazio ,, ou seja, do conteúdo embora pareça umparadoxo, mesmo assim dele gera-se o “continente” . Em outras palavras do“nada” surge tudo quanto há, até mesmo os fatores limitantes que tornampossível o virtual se apresentar como real, o manifesto tornar-se manifesto.

Para que o “nada” torne-se coisa é preciso haver o fator limitante, aquilo queestabelece uma fronteira dentro do infinito. Não poderia existir o universoimanente, aquilo que chamamos de mundo, tal como percebemos, sem osPrincípios Herméticos e estes sem o limite . Para que exista o “oco” é precisoque exista a “parede”, assim sendo para que exista espaço efetivo é precisouma outra condição, o limite . Mas podemos dizer que jamais existiu ou existe,ou existirá uma pessoa que tenha a possibilidade de entender precisamente oque é em si o limite . Vale salientar que tal condição só existe na imanência,dentro do infinito quando surge um limite surge uma imanência.

Perceber a Parte como o TODO

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"O tempo e a mente são inseparáveis" Eckhart Tolle

Quando se diz é preciso o ser se libertar daMente, na verdade o que se pretende dizeré que ele tem que se libertar daslimitações que são a mente.

A consciência contém o todo e a parte.Mesmo que se considerem as partes comosendo ilusões ainda assim elas, de certa,forma existem, mesmo como ilusões elasexistem, e se existem devem constar no

“É”. Seja qual for a coisa, ou condição, realou ilusória deve fazer parte do “É”, sendoassim mesmo as ilusões são partesintegrantes da Consciência.

Na verdade não é mente quem contém asilusões, mas sim estas que contêm amente, ou melhor, constituem a mente. AConsciência deve de dar conta dasmanifestações da mente para que ela – oser – não seja dominado.

Por ser um tanto difícil a compreensão do que estamos dizendopor se tratar de algo muito abstrato, então vamos usar comoanalogia o conto: “O Elefante e o Marajá”. Ele já nos foi muito útilpara o entendimento de diversos pontos abordados nesta série depalestras e certamente o será para mostrar a relação entre mentee consciência:

“Visando divertir um Marajá visitante, foi mandado apresentar um elefante a vários cegos, mas de forma que a cada um fossemostrado apenas uma parte distinta e não o animal como umtodo. Depôs, na presença do Marajá foi mandado que cada umdos cegos descrevesse o que era um elefante. A confusão foi tremenda e terminou em luta corporal quando cada um descreveuo animal. Aquele a quem haviam mostrado apenas a pata comosendo o elefante o descreveu de uma forma; ao que haviammostrado a tromba, de outra; ao que havia haviam mostradoapenas a orelha, de uma outra”.

A luta aconteceu porque não pôde haver concordância entre oscegos a respeito do que era um elefante, a respeito do qual cadaum tinha uma idéia diferente conforme o que havia percebido econsequentemente entendido. Neste conto vale a indagação: quala realidade e qual a ilusão? - É fácil notar que a realidade era oelefante como um todo, enquanto que cada parte era uma ilusãode ser o elefante. Mesmo assim vale salientar que as partesmesmo sendo ilusões, mesmo sendo ilusões concernentes àtotalidade, ainda assim não deixavam de serem partes doelefante.

Neste exemplo o elefante pode ser comparado com a consciência

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e as partes como as ilusões pertencentes a um contexto quechamamos de mente.

Para eliminar a luta dos cegos não seria preciso destruir as partes,mas apenas fazer cada um entender que estava sob a ação dailusão da existência da parte como sendo todo. Evidentemente nãoseria fácil um cego perceber o todo, mas naturalmente bastariaque lhes fossem apresentadas as demais patês. Para libertá-los dailusão seria preciso admitir que idéia que tinha do elefante nãopassava de uma ilusão de totalidade, [1] que percebera apenaspartes e conseqüentemente aquilo que perceberam era Maya.

Esse conto pode ser a aplicado aos seres humanos; as pessoascorrespondem aos cegos que, mesmo não percebendo o Todo daConsciência ainda assim acreditavam ser as frações percebidas arealidade. Dizer que a tromba seja a realidade de um elefante émera ilusão, assim também dizer que as percepções que se temsão verdadeiras no tocante à realidade plena.

Os seres não percebem o todo – Consciência – mas somente aspartes – mente. Para chegar a perceber a realidade – o Todo – épreciso entender que aquilo que é percebido, tanto objetivaquanto subjetivamente, é apenas parte da consciência filtrada pelamente.

Aqueles cegos estavam presos à ilusão da parte ser o todo erealmente para eles não era fácil admitir que o outro tivesserazão. A razão dele não comporta a do outro e muito menos a detodos eles compondo a realidade plena. Somente cientificando-seda verdade, o que implicaria no sentir que sua concepção era

apenas uma parte de algo distinto, seria a forma de se libertar deter a certeza de viver na ilusão e de ser ela a verdade. Baseadonisto, podemos dizer que o ser a fim de se libertar necessitarecordar sua real natureza, ou seja, se tornar um recordado eentão perceber como consciência e não como mente.

As ilusões que integram a mente são partes da consciência, assimpodemos dizer que a mente só se manifesta dinamicamente,quando em atividade. As partes do elefante só se manifestouativamente como algo independente quando ativadas pelos cegos.Fora disto ela apenas existem no elefante [2] . Há correspondênciaentre isto e a mente. Para existir como algo independente daConsciência ela procura sempre negá-la para substituí-la. Por estarazão é que há tanto empenho para manter a ilusão comoverdade, para conservar a qualquer custo as ilusões que lhes dãosustentação. Acontece como se as partes do elefante paracontinuarem a ocupar o lugar dele como um todo procurasse detodas as formas preservar tudo aquilo que lhe servisse desustentação, até mesmo os próprios cegos. Fizesse tudo para queestes não passassem a enxergar. Pois a partir do momentos queeles viessem a enxergar a partes desmoronaria como todo, cadauma continuaria existindo no elefante, mas não mais tidas comosendo este em sua plenitude.

Assim, para um dos cegos sentir que a parte não era o todo doelefante não seria preciso destruir a parte e sim, de alguma forma,cientificá-lo disto, de forma a não deixar dúvidas. Veja-se que

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8/6/2019 EGO E O EU

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destruir as partes acabaria por destruir o próprio elefante. Umaparte apenas que fosse destruída já não se poderia que o restanteera o elefante completo. O mesmo se pode dizer quanto à mente.Não é destruindo a mente que se liberta o ser, mas fazendo-oentender a verdade que as ilusões são ilusões e não a totalidade.Destruir as ilusões, destruir a mente é o mesmo que destruir aprópria Consciência. Consciência é infinito e a infinito nada podeser adicionado e nem tirado.

O objetivo mais elevado da Senda Mística, e o propósito essencialda V.O.H., é ensinar meios da pessoa se libertar da mente, nãotentando destruí-la, por ser isto impossível, mas compreendendoos modos como ela se impõe e não deixando que este oaprisionem. Não vale tentar destruir o dominador, mas sim os elosque mantém o ser prisioneiro. Em outras palavras, conviver com amente sem se identificar com ela, pois a destruição seria o mesmoque a eliminação da Consciência. Logicamente uma condiçãoimpossível para qualquer ser. Se viesse acontecer ocorreria a voltaà Inefabilidade. Não dizemos que mente e consciência sejampolaridades, mas para o nosso entendimento pode ser assimaceito. Não é possível se destruir um pólo sem que se destrua ooutro, desde que ambos são aspectos de uma mesma coisa. Jávimos em temas sobre polaridade que ao se unirem as polaridadeschega-se ao Infinito, e então aquilo que antes existia comoimanência passa a existir apenas como transcendência.

Baseado no que dissemos sobre a impossibilidade da mente serdestruída, vamos transmitir ensinamentos que visam a entenderos laços que mantém o ser distanciados da Consciência Clara, eassim poder fazer com que o domínio sobre os distintos laços

sejam sucessivamente desfeitos até quando estes já não sirvamde corrente aprisionante. Desfeito todas os elos o ser estará livresendo então apenas Consciência.

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