2
Omar Augusto Leite Melo Advogado e Consultor Tribut�rio. P�s-Graduado em Direito Tribut�rio pelo Centro de Extens�o Universit�ria - CEU de S�o Paulo. Professor. Conselheiro no Conselho Municipal de Contribuintes de Bauru-SP. Autor dos livros "Supersimples - Anotado e Comparado", "ITBI", "ISS sobre cart�rios" e "ISS na constru��o civil" Artigo - Federal - 2012/3154 EIRELI constitu�da por titular pessoa jur�dica Omar Augusto Leite Melo* Avalie este artigo Elaborado em 02/2012 Na reda��o original do Projeto de Lei n� 4.605/2009, de autoria do Deputado Federal Marcos Montes (PSD/MG), que culminou na Lei n� 12.441/2011 (norma que alterou o C�digo Civil, prevendo a EIRELI como nova modalidade de pessoa jur�dica), constava expressamente que a empresa individual de responsabilidade limitada (cuja sigla original era "EIRL") seria constitu�da "por um �nico s�cio, pessoa natural, que � o titular da totalidade do capital social e que somente poder� figurar numa �nica empresa dessa modalidade". Enfim, al�m de tratar o titular da EIRELI como um "s�cio", o texto original permitia que apenas uma pessoa natural (f�sica) institu�sse essa pessoa jur�dica. Ocorre que o projeto sofreu algumas altera��es em sua reda��o, valendo destacar, neste trabalho, que foi permitida a constitui��o de EIRELI por pessoa jur�dica. Ou, se preferir, que esse direito n�o foi proibido. Como se sabe, na esfera particular, aquilo que n�o � proibido, � permitido. Trata-se de decorr�ncia dos princ�pios da liberdade e da legalidade: "ningu�m � obrigado a fazer, ou deixar de fazer, sen�o em virtude de lei". No entanto, o Departamento Nacional de Registro do Com�rcio, extravasando sua compet�ncia regulamentar, por meio de sua Instru��o Normativa n� 117/2011 vedou a constitui��o de EIRELI por uma pessoa jur�dica, numa flagrante ilegalidade que pode ser combatida judicialmente pelos interessados. Agora, vale ressaltar que esse impedimento (ilegal) somente vai ser seguido pelas Juntas Comerciais, ou seja, somente valer� para os registros empresariais. Essa observa��o � importante, na medida em que os Cart�rios de Registro de T�tulos e Documentos de Pessoas Jur�dicas (civis) tamb�m

EIRELI Simples

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: EIRELI Simples

Omar Augusto Leite Melo Advogado e Consultor Tribut�rio. P�s-Graduado em Direito Tribut�rio pelo Centro de Extens�o Universit�ria - CEU de S�o Paulo. Professor. Conselheiro no Conselho Municipal de Contribuintes de Bauru-SP. Autor dos livros "Supersimples - Anotado e Comparado", "ITBI", "ISS sobre cart�rios" e "ISS na constru��o civil"

Artigo - Federal - 2012/3154

EIRELI constitu da por titular pessoa jur dica� �Omar Augusto Leite Melo* 

  Avalie este artigo

Elaborado em 02/2012

Na reda o original do Projeto de Lei n 4.605/2009, de autoria do Deputado Federal Marcos �� �Montes (PSD/MG), que culminou na Lei n 12.441/2011�  (norma que alterou o C digo Civil� , prevendo a EIRELI como nova modalidade de pessoa jur dica), constava expressamente que a �empresa individual de responsabilidade limitada (cuja sigla original era "EIRL") seria constitu da �"por um nico s cio, pessoa natural, que o titular da totalidade do capital social e que � � �somente poder figurar numa nica empresa dessa modalidade".� �

Enfim, al m de tratar o titular da EIRELI como um "s cio", o texto original permitia que apenas � �uma pessoa natural (f sica) institu sse essa pessoa jur dica.� � �

Ocorre que o projeto sofreu algumas altera es em sua reda o, valendo destacar, neste �� ��trabalho, que foi permitida a constitui o de EIRELI por pessoa jur dica. Ou, se preferir, que �� �esse direito n o foi proibido.�

Como se sabe, na esfera particular, aquilo que n o proibido, permitido. Trata-se de � � �decorr ncia dos princ pios da liberdade e da legalidade:� �

"ningu m obrigado a fazer, ou deixar de fazer, sen o em virtude de lei".� � �

No entanto, o Departamento Nacional de Registro do Com rcio, extravasando sua compet ncia� � regulamentar, por meio de sua Instru o Normativa n 117/2011�� �  vedou a constitui o de ��EIRELI por uma pessoa jur dica, numa flagrante ilegalidade que pode ser combatida �judicialmente pelos interessados. Agora, vale ressaltar que esse impedimento (ilegal) somente vai ser seguido pelas Juntas Comerciais, ou seja, somente valer para os registros empresariais.�

Essa observa o importante, na medida em que os Cart rios de Registro de T tulos e �� � � �Documentos de Pessoas Jur dicas (civis) tamb m est o oferecendo a abertura de EIRELI, j � � � �oficialmente chamadas de EIRELI/Simples pela Receita Federal do Brasil. Com efeito, a pr pria �RFB j se preparou para receber amigavelmente esse novo tipo de pessoas jur dica, prevendo � �um c digo pr prio no CONCLA para a EIRELI dessa natureza (n o empresarial, civil ou � � �simples).

Como os cart rios n o se submetem s normas do DNRC, nada impede (muito pelo � � �contr rio, ficar plenamente aberta essa possibilidade) a constitui o amig vel de uma � � �� �EIRELI/Simples por titular pessoa jur dica. Ali s, nada impede que uma EIRELI/Simples seja � �titular de uma outra EIRELI/Simples!

Portanto, as pessoas jur dicas com atividade n o empresarial ter o essa possibilidade de � � �constituir EIRELI perante os cart rios. Al m das atividades profissionais em geral, aquelas � �pessoas jur dicas que atuam na participa o e administra o de outras pessoas jur dicas � �� �� �(conhecidas como holdings) poder o adotar essa nova modalidade de pessoa jur dica.� �

Page 2: EIRELI Simples

Sobre esse assunto, fica a d vida de como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) vai �proceder com rela o poss vel ado o de EIRELI/Simples por parte dos advogados. �� � � �� �que a Lei n 8.906/1994�  (Estatuto da OAB) somente fala em sociedade de advogados; mas, a princ pio, tamb m n o vemos nenhum impedimento legal para que os advogados adotem tal � � �modalidade (EIRELI/Simples) para exercerem suas atividades profissionais.

Logo, pelo menos no que diz respeito EIRELI/Simples (registro em cart rio, sem natureza � �empresarial), as pessoas jur dicas est o autorizadas a constituir uma EIRELI; j para a � � �EIRELI/empresarial (registro na Junta Comercial, com natureza empresarial), a pessoa jur dica �interessada dever buscar a via judicial para fazer valer seu direito, ilegalmente castrado �pela IN/DNRC n 117/2011� .

Por fim, vale dizer que esse assunto tem impacto relevante nos campos da limita��o da responsabilidade do titular, da blindagem do patrim�nio da pessoa jur�dica e dos seus s�cios ou titulares, bem como em planejamentos societ�rios, sucess�rios e, especialmente, tribut�rios, pois a tributa��o da pessoa jur�dica acaba sendo inferior ao de uma pessoa f�sica (aut�nomo). Da� a pertin�ncia de se utilizar uma EIRELI para tais fins.

 

Omar Augusto Leite Melo*

  Leia o curriculum do(a) autor(a): Omar Augusto Leite Melo.

- Publicado pela FISCOSoft em 13/03/2012