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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE SAÚDE PÚBLICA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO MULTIPROFISSIONAL NA ATENÇÃO BÁSICA 2015 Yudnia Arteaga Gonzalez Elaboração de um plano de ações para prevenção da gravidez na adolescência em um distrito de Guarapuava - PR Florianópolis, Março de 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINACENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE SAÚDE PÚBLICACURSO DE ESPECIALIZAÇÃO MULTIPROFISSIONAL NA ATENÇÃO BÁSICA 2015

Yudnia Arteaga Gonzalez

Elaboração de um plano de ações para prevenção dagravidez na adolescência em um distrito de Guarapuava

- PR

Florianópolis, Março de 2016

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Yudnia Arteaga Gonzalez

Elaboração de um plano de ações para prevenção da gravidez naadolescência em um distrito de Guarapuava - PR

Monografia apresentada ao Curso de Especi-alização Multiprofissional na Atenção Básicada Universidade Federal de Santa Catarina,como requisito para obtenção do título de Es-pecialista na Atenção Básica.

Orientador: Veridiana Tavares CostaCoordenador do Curso: Prof. Dr. Antonio Fernando Boing

Florianópolis, Março de 2016

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Yudnia Arteaga Gonzalez

Elaboração de um plano de ações para prevenção da gravidez naadolescência em um distrito de Guarapuava - PR

Essa monografia foi julgada adequada paraobtenção do título de “Especialista na aten-ção básica”, e aprovada em sua forma finalpelo Departamento de Saúde Pública da Uni-versidade Federal de Santa Catarina.

Prof. Dr. Antonio Fernando BoingCoordenador do Curso

Veridiana Tavares CostaOrientador do trabalho

Florianópolis, Março de 2016

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ResumoNo Brasil a gravidez na adolescência é considerada um problema de saúde pública e vemsendo apontada como causa frequente de complicações clínicas na gestação. Objetiva-secom este estudo elaborar um plano de ações para prevenção da gravidez indesejada emadolescentes pertencentes a comunidade do distrito Guairaca no município de Guara-puava. Após definição do problema a ser trabalhado nesse estudo a equipe considerounecessário pensar as soluções e estratégias para o enfrentamento do problema, iniciandoa elaboração do plano de ação propriamente dito, elaborando um desenho de operaciona-lização. Nesta direção, será realizada a descrição do perfil das adolescentes pertencentesa comunidade com base nas informações registradas na unidade de saúde bem como ob-servações realizadas durante visitas domiciliares e consultas médicas e de enfermagem.Posteriormente, haverá uma discussão junto a equipe de saúde do plano de ações a serimplementado com as adolescentes sendo que neste momento serão elencadas as açõesprioritárias e possíveis de serem implementadas na nossa realidade. Além disso, serãoplanejados os encontros presenciais com as adolescentes. Espera-se que a partir do estudopossamos compreender um pouco mais sobre a complexidade do tema e consideramos aabordagem da gravidez na adolescência um desafio, refletindo sobre ações e estratégiasque possa minimizar esse problema para uma melhor qualidade de vida das adolescentes.

Palavras-chave: Gravidez, Adolescência, Atenção Primária em Saúde, Educação emSaúde

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Sumário

1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

2 OBJETIVOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132.1 Objetivo Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132.2 Objetivos Específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

3 REVISÃO DA LITERATURA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153.1 A gravidez não planejada e a adolescência . . . . . . . . . . . . . . . 153.2 Métodos contraceptivos e a prevenção da gravidez na adolescência 16

4 METODOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

5 RESULTADOS ESPERADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

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1 Introdução

O própósito desta etapa do presente projeto de intervenção será a apresentação brevedos aspectos históricos, epidemiológicos e sociais do Distrito de Guairaca pertencente aomunicipio de Guarapuava no Estado do Paraná.

A comunidade pertencente a esta região apresenta traços de uma cultura Ucraina umavez que a maioria dos moradores são descendentes diretos de Ucrainos. Eles imigrarampara o Brasil e se estabeleceram no distrito por volta de 1940. Assim, originaram-se suasfamilias em que sua cultura, seus costumes e culinária, são típicas das tradições Ucranias.Vale destacar que a grande maioria das pessoas falam a lingua ucraina e , por isso,observa-se que ao falarem em português o sutaque se destaca de forma diferente ao seremcomparados com o restante da população de Guarapuava.

O Distrito de Guairaca tem sua própria igreja ucraina, mas além disso existem nacomunidade aproximadamente 20 igrejas sendo 14 pertencentes a religião católica e 6 areligião evagélica. Ainda tomando por base as instituições sociais pertencentes a nossacomunidade, destacam-se uma pastoral da criança, uma associação de moradores e umaassociação rural. Soma-se a isso a disponibilidade de três escolas, sendo duas municipais euma estadual, onde as municipais oferecem ensino primário e a estadual ensino fundamen-tal e médio. Como espaço de lazer temos o Complexo do Salto de San Francisco e comolideres comunitários aponta-se os padres e pastores das igrejas, bem como os membros daassociçao e os diretores das escolas.

O Distrito de Guairaca possui uma sede com este mesmo nome, onde está localizadaa Unidade Básica de Saúde (UBS), porém existem mais de 12 assentamentos nos quaisé realizado atendimento volante o que totaliza uma cobertura de 100% da população.Assim, a comunidade dispõe de uma unidade de saúde que atende a população rural dodistrito, de segunda a sexta das 8:00 horas até ás 19 horas, com horário de deslocamento,também, para as localidades mais afastadas. Na unidade há alguns grupos de educaçãoem saúde dentre eles gestantes, idosos e grupo de mães.

Dentre as informações epidemiológicas da comunidade, aponta-se que: 1603 usuáriossão da área rural, sendo 786 do sexo masculino e 817 do sexo feminino. Desse total, 525tem menos de 20 anos, 743 estão na faixa etária entre 20 e 59 anos e 340 estão com maisde 60 anos.

Os fatores de risco existentes na comunidade estão relacionados a existência de indús-trias de madeira que poluem o meio ambiente de fumaça e pó. Além disso, é importantemencionar as condições precárias das estradas do distrito e a falta de saneamento básicouma vez que a comunidade não dispõe de rede de esgoto o que torna este último fator umdos mais agravantes para a saúde desta comunidade.

Em relação ao destino do lixo menciona-se que 33% é coleta pública, 61% queimado

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10 Capítulo 1. Introdução

ou enterrado e 6% céu aberto. No que diz respeito ao abastecimento de água 100% dapopulação utiliza poços ou nascente. As casas são 61% de madeira, 21% de alvenaria,2% de material aproveitado e 20% de outros materiais, das quais 96% possuem energiaelétrica.

A renda familiar da maioria da população é em torno de um salário minimo, algunsapresentam uma renda entre 3 e 5 salários mínimos. Grande parte da população estáinclusa em programas sociais. O número exato de analfabetos não foi possível mencionrneste estudo, mas observa-se que boa parte da população se encontra nesse grupo.

A Diabetes Mellitus (DM) e A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) são as patologiasmais frequentes na comunidade e são elas responsáveis pelo maior número de consultasmédicas na UBS. Soma-se a isso uma alta incidencia de usuários com infecções respirató-rias as quais podem ser justificadas pelo clima muito frio da região e o pó que resulta dasindústrias madereiras e as estradas de chão.

A procura dessas pessoas por atendimento médico são justificadas por monitoramentoclínico atrelados ao controle de sinais e sintomas bem como descompensações clínicas emanutenção do tratamento.

Diante desse contexto justifica-se a necessidade da equipe de saúde traçar estratégiaspara prevenção e contorle de tais patologias, principalmente, controlar os fatores de riscono que concerne a prevenção dessas patologias bem como o impedimento ou amenizaçãodos sinais clínicos de descompensação. Tais estratégias poderão proporcionar uma melhorqualidade de vida para a comunidade.

Outro problema de saúde bastante frequente na comunidade é o número alto de ado-lescentes grávidas. Com base nos dados do Sistema de Atenção Básica (SIAB), disponíveisna UBS existem atualmente cadastrados na UBS 573 mulheres em idade fértil, destas 18são gestantes sendo 6 são adolescentes.

Ao pensar no desenvolvimento de um projeto de intervenção na UBS, primeiramenterealizou-se uma reunião com a equipe de saúde para discutir os principais problemas quecada um dos membros da equipe de saúde vinham percebendo para assim elerger-se umdeles como prioritário. Ainda, conversou-se com os líderes comunitários e algumas pessoasda comunidade.

Para Bareiro (2005):

As etapas de qualquer gravidez, seja ela planejada ou não, exigem cui-dados importantíssimos à saúde da mãe e do bebê. Os riscos são bemmais incidentes em gestantes adolescentes, por isso, necessitam de umaassistência médica o mais rápido possível. Esta condição de saúde é pas-sível de intervenções, sendo possível a realização de ações de promoção,prevenção, buscando a redução dos riscos e complicações nos casos pre-sentes.

Dessa maneira, definiu-se trabalhar com a problemática referente a gravidez na ado-lescência uma vez que a equipe após análise da situação levantada considerou que o nível

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local apresenta recursos humanos e materiais para realização do presente projeto de in-tervenção. Ademais foi considerado que trata-se de um projeto viável para a comunidadeuma vez que o número de adolescentes grávidas vem aumentando nos últimos anos nestarealidade.

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2 Objetivos

2.1 Objetivo GeralElaborar um plano de ações para prevenção da gravidez indesejada em adolescentes

pertencentes a comunidade Distrito Guairaca no Paraná.

2.2 Objetivos Específicos- Descrever o perfil das adolescentes pertencentes a comunidade do Distrito Guairaca

que realizam atendimento na Unidade Básica de Saúde.- Discutir junto a equipe de saúde o plano de ações a ser implementado com as ado-

lescentes pertencentes a comunidade do Distrito Guairaca que realizam atendimento naUnidade Básica de Saúde.

- Apresentar as ações de prevenção que serão realizadas com as adolescentes perten-centes a comunidade do Distrito Guairaca que realizam atendimento na Unidade Básicade Saúde.

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3 Revisão da Literatura

3.1 A gravidez não planejada e a adolescênciaO processo de adolescer é caracterizado como sendo uma identidade de crise. Isto

significa que adolescer é um período marcado por muitas tranformações, tanto físicasquanto emocionais, e, tal momento faz dessa etapa da vida algo peculiar (GIULIANI,2013).

A InformeBRBsaúde (2016):

adolescência, fase de transformação física e psicológica, compreende abusca por uma identidade única, o que faz o adolescente – via de regra –desafiar autoridades e regras como um caminho para se estabelecer comoindivíduo. Este período, que para muitos pais é visto como problemático,pode se transformar em anos de convívio harmônico e de muita interação.

Dessa forma,Manfré, Queiróz e Matthes (2010, p. 49) aponta que:

Existe uma grande preocupação com as conseqüências que a materni-dade precoce pode acarretar à saúde, à educação e ao desenvolvimentoeconômico e social. Isso se deve ao fato de esta dificultar o desenvolvi-mento educacional e social da adolescente, assim como a sua capacidadede utilizar todo o seu potencial individual.

A Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde, conduzida em 2006, mostrou uma re-lação inversa entre o nível de escolaridade e a ocorrência de gravidez na adolescência(MEDENSINA, 2010).

Apesar de a gravidez na adolescência ocorrer com maior freqüência nos grupos menosfavorecido economicamente, não podemos negar que esta problemática ocorre em todosos estratos populacionais, porém as conseqüências são mais negativas nas adolescentes(MEDENSINA, 2010).

De acordo com Souza, Nóbrega e Coutinho (2012):

a gravidez na adolescência se constitui como tema atual, cuja existên-cia não pode ser ignorada, por possuir fortes implicações morais, físicas,emocionais e psicossocial. Devido às suas conseqüências, pode ser consi-derada como um problema social e de saúde pública.

Desta forma, a gestação na adolescência não se constitui como um problema em si, masé danosa por se associar, com freqüência, a um contexto de vulnerabilidade social e ser,muitas vezes, indesejada e de forma desestruturada (SOUZA; NÓBREGA; COUTINHO,2012).

A gravidez precoce e não planejada pode resultar em sobrecarga psíquica, emocional esocial para o desenvolvimento da adolescente, contribuindo para alterações no seu projeto

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16 Capítulo 3. Revisão da Literatura

de vida futura, assim como na perpetuação do ciclo de pobreza, educação precária, falta deperspectiva de vida, lazer e emprego e, conseqüentemente, na busca de melhores condiçõesde vida (SOUZA; NÓBREGA; COUTINHO, 2012).

A instabilidade econômica contribui para uma reação em cadeia, isto é:

Primeiro a adolescente abandona os estudos para desempenhar outrasresponsabilidades decorrentes do novo papel que assume, o de mãe. Emseguida, a baixa escolaridade e grau de instrução precário levam à difi-culdade de inserção no mercado de trabalho, bem como causam compro-metimento da estabilidade conjugal e do estado de saúde da adolescentee de seu filho, principalmente na ausência do suporte da família (MAN-FRÉ; QUEIRÓZ; MATTHES, 2010).

Assim sendo, a barreira psicossocial é a que mais dificulta a relação dos adolescen-tes com o sistema de saúde sendo que a dificuldade dos adolescentes em dialogar sobresexualidade com profissionais do sexo oposto também pode constitui uma barreira. Isto,por consequência, pode ocasionar em preferência das adolescentes grávidas para serematendidas por profissionais do mesmo sexo. Todas essas questões devem ser consideradaspela equipe de saúde (MANFRÉ; QUEIRÓZ; MATTHES, 2010).

A singularidade desse grupo precisa ser conhecida para possibilitar o desenvolvimentode ações específicas. Isto implica dizer que os profissionais precisam estabelecer uma re-lação entre as necessidades das adolescentes grávidas, seu contexto social e familiar para,assim, ocorrer uma prestação de cuidados integral (HOGA; BORGES; REBERTE, 2010).

3.2 Métodos contraceptivos e a prevenção da gravidez na adoles-cência

De acordo com Junior e Neto (2004):

A utilização inadequada de métodos contraceptivos, o início precoce daatividade sexual, juntamente com a orientação errada ou muitas vezesausente sobre sexualidade tem levado ao crescimento da gravidez na se-gunda metade da adolescência. É importante que as pessoas que lidamcom adolescentes tenham sensibilidade para perceber o adolescente emsua totalidade física e psicológica, respeitando suas origens, seus precon-ceitos e tabus.

A contracepção na adolescência é um trabalho complexo que exige abordagem con-junta: orientação e assistência; interligação dos setores da sociedade (educação, saúde,família). A orientação deve-se iniciar em idades cada vez mais precoces, tendo como ob-jetivo atuar no comportamento sexual dos adolescentes (JUNIOR; NETO, 2004).

Vale destcar que é de extrema importância que todos os médicos que assistem adoles-centes grávidas devem estar sensibilizados para a prevenção da gravidez na adolescência.

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3.2. Métodos contraceptivos e a prevenção da gravidez na adolescência 17

Por isso, os profissionais que assistem adolescentes grávidas e não grávidas devem estar ca-pacitados para abordar temas relacionados com sexualidade e aos métodos contraceptivos(BOUZAS; PACHECO; EISENSTEIN, 2004).

Ainda é importante:

conversar, perguntar, compreender a própria sexualidade e a do parceirosexual; investir em comunicar corretamente e educar para o desenvolvi-mento de responsabilidade e respeito entre os parceiros e entre os ado-lescentes e os profissionais do sistema de saúde (BOUZAS; PACHECO;EISENSTEIN, 2004).

Ao ter uma relação que envolva sentimentos como amor, afeto, tesão ou sexo faz comque decisões sejam tomadas e, com isso, divide-se responsabilidades. Dentre essas escolhase decisões está o método contraceptivo mais adequado para a proteção da adolescente ede seu parceiro, e assim, podem estabelcer relações saudáveis e evitar uma gravidez nãoplanejada(BOUZAS; PACHECO; EISENSTEIN, 2004).

De acordo com Brasil (2016):

A ampliação do acesso de mulheres e homens à informação e aos méto-dos contraceptivos é uma das ações imprescindíveis para que possamosgarantir o exercício dos direitos reprodutivos no país. Para que isto seefetive, é preciso manter a oferta de métodos anticoncepcionais na redepública de saúde e contar com profissionais capacitados para auxiliar amulher a fazer sua opção contraceptiva em cada momento da vida.

Além disso, devemos levar em consideração que o HIV/aida vem se tornando uma dasprincipais causas de morte entre mulheres jovens. Assim, é fundamental que as adolescen-tes utilizem a dupla proteção, ou seja, a prevenção da gravidez indesejada e, também, dasdoenças sexualmente transmissíveis (DST), inclusive a infecção pelo HIV/Aids (BRASIL,2016).

Por fim, apontamos que as atividades clínicas devem ser realizadas com foco na promo-ção, proteção e recuperação da sua saúde das adolescentes, em especial, aquelas expostasa riscos de gravidez precoce (BRASIL, 2016).

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4 Metodologia

Este trabalho refere-se a um projeto de intervenção o qual destina-se as adolescentespertencentes a comunidade do distrito Guairaca no em Guarapuava, Paraná.

Para o desenvolvimento do Plano de Intervenção, primeiramente, tomamos por base oMétodo do Planejamento Estratégico Situacional - PES, discutido e apresentado em umdos eixos desta especialização. Assim, o Plano de Intervenção levou em conta a análise dedeterminados critérios, dentre eles, a identificação do aumento dos casos de gravidez naadolescência. Esta problemática foi selecionada como prioridade e uma vez definidos osproblemas e as prioridades partimos para a descrição do problema.

Para descrição do problema, nossa equipe utilizou alguns dados fornecidos pelo SIABe outros que foram produzidos pela própria equipe por meio das diferentes fontes deobtenção dos dados. Cabe aqui ressaltar as fragilidades existentes nos nossos sistemasde informação no que se refere aos registros dos indicadores de saúde, o que culminana necessidade da equipe produzir informações adicionais para auxiliar no processo doplanejamento.

Para conseguir a melhor explicação do problema a equipe considerou importante en-tender a gênese do problema que estamos enfrentando a partir da identificação das suascausas. A partir da explicação do problema, foi elaborado um plano de ação, entendidocomo uma forma de sistematizar propostas de solução para enfrentar os problemas queestão causando o problema principal. A equipe identificou mediante uma análise entre asvárias causas, aquelas consideradas mais importantes na origem do problema, ou seja, asque precisam ser enfrentadas.

Com o problema bem explicado, e identificado às causas consideradas as mais im-portantes, a equipe considerou necessário pensar as soluções e estratégias para o en-frentamento do problema, iniciando a elaboração do plano de ação propriamente dito,elaborando um desenho de operacionalização. Assim destacamos que:

Será realizado a descrição do perfil das adolescentes pertencentes a comunidade combase nas informações registradas na UBS bem como observações realizadas durante visitasdomiciliares e consultas médicas e de enfermagem. Posteriormente, haverá uma discussãojunto a equipe de saúde do plano de ações a ser implementado com as adolescentes sendoque neste momento serão elencadas as ações prioritárias e possíveis de serem implemen-tadas na nossa realidade. Além disso, serão planejados os encontros presenciais com asadolescentes.

As ações mencionadas acima começaram a ser discutidas no segundo semestre de 2015,porém terão continuidade no primeiro semestre de 2016.

Para concretização desse projeto faz-se necessário a colaboração de todos os membrosda equipe de saúde envolvidos no cuidados aos adolescentes, dentre eles, médicos, equipe

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20 Capítulo 4. Metodologia

de enfermagem, Agentes Comunitários de Saúde, dentre outros.A identificação dos recursos críticos a serem consumidos para execução das operações

constitui uma atividade fundamental para analisar a viabilidade de um plano. São consi-derados recursos críticos aqueles indispensáveis para a execução de uma operação e quenão estão disponíveis e, por isso, é importante que a equipe tenha clareza de quais sãoesses recursos, para criar estratégias para que se possa viabilizá-los.

Em relação aos aspectos éticos é importante mencionar que por tratar-se de um projetode intervenção, o estudo não foi encaminahdo ao Comitê de Ética e Pesquisa da UFSC,porém todos os participantes foram esclarecidos acerca dos objetivos do estudo.

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5 Resultados Esperados

Esse trabalho foi realizado com o objetivo de elaborar um plano de ações para preven-ção da gravidez indesejada em adolescentes e, assim, contribuir para uma reflexão sobrecomo desenvolver ações que possam atuar diretamente em um plano de intervenção, vi-sando reduzir ou minimizar a incidência de gravidez não planejada na adolescência.

A contribuição do planejamento familiar da ESF na prevenção da gravidez indesejadaé de extrema importância para as práticas de saúde na atenção básica uma vez que agravidez não planejada tem como conseqüências, diversos fatores que colocam em risco,tanto a mulher como o bebê, destacando-se os grandes problemas econômicos, as doen-ças sexualmente transmissíveis, o nascimento prematuro do bebê, mortalidade neonatalaborto, depressão pós-parto, desestruturação do vínculo mãe-bebê, dentre outros.

Consideramos positiva a vontade de uma equipe de saúde em trabalhar para reduziro número de adolescentes grávidas na comunidade de Guairaca. Acreditamos que temosmuito a colaborar com as ações educativas que visam a prevenção e promoção de saúdedessas adolescentes.

Dessa forma, almejamos: promover uso dos métodos anticoncepcionais com incrementodo labor educativo na população adolescente; melhorar identidade familiar; diminuir oabandono escolar; fortalecer o conhecimento sobre a gravidez na adolescência bem como aprevenção de outras doenças sexulmente transmissíveis e, assim, oportunizar o bem-estarfísico, psíquico e social dessas adolescentes.

Acreditamos que a gravidez na adolescência representa um problema importante a sertrabalhado em nossa realidade. Tal problemática pode afetar diversos contextos, dentreeles, escolar, familiar, social. Assim, é fundamental que os profissionais da equipe desaúde de Guairaca adotem ações que venham a contribuir com a prevenção da gravidezna adolescência.

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Referências

BAREIRO, A. O. G. Gravidez na adolescência: seus entornos,suas peculiaridades e oponto de vista da adolescente. Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade,v. 3, n. 1, p. 60–71, 2005. Citado na página 10.

BOUZAS, I.; PACHECO, A.; EISENSTEIN, E. Orientação dos principais contraceptivosdurante a adolescência. AdolescênciaSaúde, v. 1, n. 2, p. 27–33, 2004. Citado 2 vezesnas páginas 16 e 17.

BRASIL. Assistência em Planejamento Familiar. 2016. Documento publicado em 2002.Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/0102assistencia1.pdf>.Acesso em: 25 Jan. 2016. Citado na página 17.

GIULIANI, C. D. A construção do conceito de adolescer e o problema relacioando à gra-videz na adolescência. 2013. Disponível em: <http://www.snh2013.anpuh.org/resources/anais/27/1361370156_ARQUIVO_ampunhartigorelacaoemadoleceregarvidez2013.pdf>.Acesso em: 25 Jan. 2016. Citado na página 15.

HOGA, L. A. K.; BORGES, A. L. V.; REBERTE, L. M. Razões e reflexos da gravidezna adolescência: narrativas dos membros da família. Esc. Anna Nery, v. 14, n. 1, p.151–157, 2010. Citado na página 16.

INFORMEBRBSAÚDE. Adolescer com saúde: uma opção consciente. 2016. Documentopublicado em 2007. Disponível em: <http://www.brbsaude.com.br>. Acesso em: 25 Jan.2016. Citado na página 15.

JUNIOR, G. M. P.; NETO, F. R. G. X. Gravidez na adolescência no município desantana do acaraú – ceará – brasil: uma análise das causas e riscos. Revista Eletrônicade Enfermagem, v. 6, n. 1, p. 25–37, 2004. Citado na página 16.

MANFRÉ, C. C.; QUEIRÓZ, S. G. de; MATTHES Ângelo do C. S. Considerações atuaissobre gravidez na adolescência. R. bras. Med. Fam. e Comun., v. 5, n. 17, p. 48–54, 2010.Citado 2 vezes nas páginas 15 e 16.

MEDENSINA. Gravidez na adolescência. 2010. Disponível em: <http://medensina-edu.blogspot.com.br/2010/09/coisa-mais-injusta-sobre-vida-e-maneira.html>. Acesso em: 25Jan. 2016. Citado na página 15.

SOUZA, A. X. A.; NÓBREGA, S. M.; COUTINHO, M. da P. L. RepresentaÇÕes sociaisde adolescentes grÁvidas sobre a gravidez na adolescÊncia. Psicologia Sociedade, v. 24,n. 3, p. 588–596, 2012. Citado na página 15.