Elder Quentin l Cook

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    lder QuentinL. CookDo Qurum dos Doze Apstolos

    que devemos rejeitar o mal e escolhero bem.4

    Creio que de particular importn-cia em nossos dias, nos quais Satans

    est se apoderando do corao doshomens de tantas maneiras novas esutis, que nossas escolhas e decisessejam feitas com muito cuidado, demodo condizente com as metas e osobjetivos pelos quais professamosviver. Precisamos de um comprome-timento inequvoco com os manda-mentos e de estrita aderncia aosconvnios sagrados. Quando permiti-mos que as racionalizaes nos impe-am de receber as investiduras dotemplo, de servir misso dignamente

    e de casar-nos no templo, elas soparticularmente prejudiciais. muitotriste quando professamos crer nessasmetas, mas negligenciamos a condutadiria exigida para alcan-las.5

    Alguns jovens professam sua metade casar no templo, mas no namo-ram pessoas dignas de entrar no tem-plo. Para dizer a verdade, alguns nemmesmo namoram! Vocs, homenssolteiros, quanto mais tempo camsolteiros aps chegarem devidaidade e maturidade, mais confortveis

    Meus amados irmos, meudesejo esta noite deixaralguns conselhos sobre

    decises e escolhas.

    Quando eu era um jovem advo-gado na regio da Baa de San Fran-cisco, nosso escritrio fez um trabalhojurdico para a empresa que produziaos programas especiais de televi-so da Turma do Charlie Brown.1Tornei-me f de Charles Shulz e desuas criaes:Peanuts, com CharlieBrown, Lucy, Snoopy e outros perso-nagens maravilhosos.

    Uma de minhas tiras de histriaem quadrinhos favorita envolvia aLucy. Pelo que me lembro, o time

    de beisebol do Charlie Brown estavaem um jogo importante; Lucy estavana defesa e uma bola foi rebatidabem alto na direo dela. As basesestavam todas ocupadas, e aqueleera o ltimo tempo da nona rodada.Se Lucy apanhasse a bola, seu timevenceria. Se ela derrubasse a bola,o outro time ganharia.

    Como podia acontecer s numahistria em quadrinhos, todo o timerodeou Lucy quando a bola desceu.Lucy estava pensando: Se eu apanhar

    a bola, serei a herona; se no, serei afrangueira.

    A bola desceu, e sob os olharesansiosos de seus companheiros de

    time, Lucy derrubou a bola. CharlieBrown jogou a luva no cho, frus-trado. Lucy, ento, olhou para seuscompanheiros de time, ps as mosna cintura e disse: Como vocs espe-ram que eu apanhe a bola se estoupreocupada com a poltica externade nosso pas?

    Essa foi uma das muitas bolasrebatidas que Lucy derrubou aolongo dos anos, e ela sempre tinhauma nova desculpa a cada vez.2Embora divertidas, as desculpas da

    Lucy eram racionalizaes. No eramrazes justicveis para ela derrubara bola.

    Durante o ministrio do PresidenteThomasS. Monson, com frequnciaele tem ensinado que as decisesdeterminam o destino.3Nesse esp-rito, meu conselho desta noite o deque nos ergamos acima de quaisquerracionalizaes que nos impeam detomar as decises corretas, especial-mente quando estamos servindo aJesus Cristo. Em Isaas, aprendemos

    S E S S O D O S A C E R D C I O | 4 de ou tubro de 2014

    Escolher com

    SabedoriaRejeitar o mal e escolher o bem (Isaas 7:15).

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    podem se tornar. Porm mais descon-fortveisvocs deveriamse sentir!Por favor, [ocupem-se] zelosamente6em atividades espirituais e sociais

    compatveis com sua meta do casa-mento no templo.Alguns adiam o casamento at

    terminarem os estudos e conseguiremum emprego. Embora isso seja ampla-mente aceito no mundo, esse racioc-nio no demonstra f, no cumpre osconselhos dos profetas modernos eno compatvel com a s doutrina.

    Recentemente conheci um exce-lente rapaz adolescente. Suas metaseram: ir para a misso, terminaros estudos, casar no templo e ter

    uma famlia

    el e feliz. Fiquei muitocontente com suas metas. Mas,ao continuarmos nossa conversa,cou evidente que sua conduta eas escolhas que estava fazendo nocondiziam com suas metas. Senti queele sinceramente queria ir para umamisso e estava evitando transgressesgraves que o impediriam de servir,mas sua conduta no dia a dia no oestava preparando para os desaosfsicos, emocionais, sociais, intelec-tuais e espirituais que enfrentaria.7

    Ele no estava inclinado a trabalhararduamente. No levava a escolanem o seminrio a srio. Frequentavaa Igreja, mas no tinha lido o Livrode Mrmon. Passava muito tempojogando videogames e na mdia social.Parecia achar que seria sucienteapresentar-se para sua misso. Rapa-zes, renovem seu compromisso de ter

    uma conduta digna e uma preparaosria para se tornarem emissrios denosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

    Minha preocupao no apenascom as grandes decises importantes,mas tambm com as mais simples: omundo cotidiano e as decises apa-rentemente comuns nas quais passa-mos a maior parte do tempo. Nessasreas, precisamos enfatizar a mode-rao, o equilbrio e, principalmente,a sabedoria. importante erguer-nosacima das racionalizaes e fazer as

    melhores escolhas.Um exemplo maravilhoso danecessidade de moderao, equilbrioe sabedoria no uso da Internet. Elapode ser usada para contatos mission-rios, para auxiliar nas responsabilidadesdo sacerdcio, para encontrar preciososantepassados para as sagradas ordenan-as do templo e muito mais. O poten-cial para o bem enorme. Tambmsabemos que ela pode transmitir muitascoisas que so malignas, inclusive apornograa, a crueldade8e a tagarelice

    digital. Ela tambm pode perpetuar ainsensatez. Como o irmo RandallL.Ridd ensinou de modo contundentena ltima conferncia geral, falandoda Internet: [Vocs] podem se enredarnum interminvel crculo vicioso de tri-vialidades que desperdiam seu tempoe degradam seu potencial.9

    A distrao e a oposio retidono esto apenas na Internet, mas emtoda parte. Elas afetam no apenas osjovens, mas todos ns. Vivemos emum mundo literalmente tumultuado.10

    Estamos cercados por retrataesobsessivas de diverso e brincadei-ras e por pessoas que tm uma vidaimoral e disfuncional. Essas coisas somostradas como conduta normal emgrande parte da mdia.

    O lder DavidA. Bednar recente-mente acautelou os membros a seremautnticos no uso das mdias sociais.11

    Um preeminente pensador, ArthurC.Brooks, salientou esse ponto. Eleobservou que, quando usamos asmdias sociais, temos a tendncia dedivulgar detalhes positivos de nossavida, mas no os momentos difceisque passamos na escola ou no traba-lho. Retratamos uma vida incompleta,s vezes de modo a promover-nosou a transmitir uma imagem falsa.Compartilhamos essa vida e depoisconsumimos a vida quase exclusiva-mente () falsa de [nossos] amigos

    das redes sociais. Brooks declara:Como possvel no nos sentirmospiores quando passamos parte denosso tempo ngindo ser mais felizesdo que somos, e a outra parte dotempo vendo como os outros parecemser mais felizes do que ns?12

    s vezes, parece que estamos nosafogando em frvola insensatez, emtrivialidades sem sentido e em cont-nuas contendas. Quando abaixamoso volume e examinamos o contedo,h muito pouco que vai nos ajudar

    em nossa jornada eterna rumo a metasjustas. Um pai sabiamente respondeuaos inmeros pedidos dos lhos paraparticipar dessas distraes. Ele sim-plesmente perguntou a eles: Isso vaitorn-los pessoas melhores?

    Quando racionalizamos as escolhaserradas, grandes ou pequenas, queno so condizentes com o evangelhorestaurado, perdemos as bnos e aproteo de que necessitamos e mui-tas vezes camos presos ao pecado ousimplesmente perdemos o rumo.

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    Sinto-me particularmente preo-cupado com a insensatez13e com aobsesso por todas as novidades.Na Igreja, incentivamos e comemo-ramos a verdade e o conhecimentode todo tipo. Mas, quando a cultura,o conhecimento e os hbitos sociaisesto afastados do plano de felicidadede Deus e do papel essencial de JesusCristo, h uma inevitvel desintegra-

    o da sociedade.14

    Em nossos dias,a despeito de progressos sem pre-cedentes em muitas reas, especial-mente na cincia e nas comunicaes,os valores bsicos essenciais foramcorrodos e a felicidade e o bem-estargerais diminuram.

    Quando o Apstolo Paulo foiconvidado a falar no Arepago, emAtenas, encontrou parte dessa mesmapretenso intelectual e dessa ausnciada verdadeira sabedoria que vemosnos dias atuais.15Em Atos lemos o

    seguinte: Pois todos os atenienses eestrangeiros residentes, de nenhumaoutra coisa se ocupavam, seno dedizer e ouvir alguma novidade.16Anfase de Paulo era a Ressurreiode Jesus Cristo. Quando a multidose deu conta da natureza religiosade sua mensagem, alguns zombaramdele. Outros essencialmente o des-cartaram, dizendo: Acerca disso teouviremos outra vez.17Paulo deixouAtenassem ter nenhum sucesso.DeanFrederic Farrar escreveu o seguinte

    sobre essa visita: Em Atenas, ele nofundou nenhuma igreja, para Atenasno escreveu nenhuma epstola, el, embora frequentemente passassepelas vizinhanas, nunca mais voltoua pr os ps.18

    Creio que a mensagem inspiradado lder DallinH. Oaks que diferen-ciava bom, muito bom, excelente19fornece um meio ecaz de avaliar

    as escolhas e prioridades. Muitasescolhas no so inerentemente ms,porm, se absorverem todo o nossotempo e nos impedirem de fazer asmelhores escolhas, ento se tornaminsidiosas.

    At os empreendimentos dignosprecisam de avaliao para determi-narmos se passaram a se tornar coisasque nos distraem das melhores metas.Tive uma conversa memorvel commeu pai quando eu era adolescente.Ele no acreditava que um nmero

    su

    ciente de jovens se concentrassena preparao para importantes metasa longo prazo tais como empregoe sustento da famlia.

    Os estudos e a experincia detrabalho signicativos e preparatriossempre estavam no topo das priori-dades recomendadas por meu pai.Ele achava que algumas atividadesextracurriculares, como debate e lide-rana estudantil, tinham uma relaodireta com algumas de minhas impor-tantes metas. Estava menos seguro

    em relao ao longo tempo que eupassava participando de atividadescomo o futebol americano, basquete,beisebol e atletismo. Reconhecia queos esportes podiam desenvolver fora,resistncia e trabalho de equipe, masdizia que talvez fosse melhor concen-trar-me em um nico esporte por umperodo menor de tempo. Na viso

    dele, os esportes eram algo bom,mas no o melhorpara mim.Estavapreocupado com o fato de que algunsesportes tinham mais a ver com aconquista de fama ou celebridadelocal em detrimento de metas a longoprazo mais importantes.

    Em vista disso, um dos motivos porque gosto de contar a histria de Lucyjogando beisebol que, na viso domeu pai, eu deveria estar estudandopoltica externa e no me preocupandose conseguiria apanhar a bola ou no.

    Devo deixar claro que minha me ado-rava esportes. Ela s perderia um demeus jogos se estivesse hospitalizada.

    Decidi seguir o conselho de meupai e no disputar os jogos univer-sitrios na faculdade. Ento, nossotcnico do Ensino Mdio me infor-mou que o tcnico do time de futebolamericano da Universidade Stanfordqueria almoar comigo e com MerlinOlsen. Vocs que so mais jovenstalvez no conheam o Merlin. Ele foium dos melhores jogadores do pas e

    jogava no time de futebol americanoda Logan High School, no qual eutambm joguei em vrias posies.No Ensino Mdio, Merlin foi recrutadopelas maiores potncias do futebolamericano do pas. Na faculdade, eleconquistou o trofu Outland, comoo melhor jogador em sua posio dopas. Merlin foi o terceiro convocadode seu time da Liga Nacional de Fute-bol Americano e disputou uma srieincrvel de 14 campeonatos nacionaisconsecutivos. Entrou para o Hall da

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    Fama do futebol americano prossio-nal em 1982.20

    O almoo com o tcnico da Uni-versidade Stanford foi no restauranteBluebird, em Logan, Utah. Depois deapertarmos as mos, ele nem sequerolhou para mim uma nica vez. Con-versou diretamente com o Merlin eme ignorou. No nal do almoo, pela

    primeira vez, virou-se para mim, masno conseguia lembrar meu nome.Ento informou ao Merlin: Se decidirir para a Stanford e levar seu amigocom voc, as notas dele so sucien-temente boas, e talvez isso possaser arranjado. Aquela experincia

    conrmou para mim que eu deviaseguir o sbio conselho do meu pai.

    Meu intento no desencorajar a

    participao nos esportes ou o uso daInternet ou outras atividades dignasde que os jovens gostam. Elas so otipo de atividade que exige modera-o, equilbrio e sabedoria. Quandousadas com sabedoria, elas enrique-cem nossa vida.

    Contudo, incentivo a todos, jovense adultos, a reverem suas metas e seusobjetivos e a se esforarem para exer-cer mais disciplina. Nossa conduta enossas escolhas dirias devem ser con-dizentes com nossas metas. Precisamos

    nos elevar acima da racionalizao edas distraes. especialmente impor-tante que faamos escolhas condizen-tes com nossos convnios de servir aJesus Cristo em retido.21No pode-mos desviar os olhos nem derrubaressa bola por motivo algum.

    Esta vida o tempo para nos prepa-rarmos para encontrar Deus.22Somos

    um povo alegre e feliz. Apreciamos umbom senso de humor e valorizamosmuito os momentos de descontra-o com os amigos e familiares. Masprecisamos reconhecer que h umaseriedade de propsito que deve sera base de como vivemos e de todasas nossas escolhas. As distraes e asracionalizaes que limitam o pro-gresso so bastante prejudiciais, mas,quando diminuem a f em Jesus Cristoe em Sua Igreja, passam a ser trgicas.

    Minha orao que, como porta-

    dores do sacerdcio, tornemos nossaconduta condizente com os nobrespropsitos exigidos daqueles queesto a servio do Mestre. Em todasas coisas, devemos lembrar que servalentes no testemunho de Jesus o grande teste divisrio entre o ReinoCelestial e o Terrestre.23Queremosestar no lado celestial dessa linhadivisria. Como um de Seus apsto-los, presto fervoroso testemunho darealidade da Expiao e da divindadede Jesus Cristo, nosso Salvador. Em

    nome de Jesus Cristo. Amm.

    NOTAS

    1. Lee Mendelson-Bill Melendez ProductionTV Specials.

    2. Desde as luas de Saturno que a distraamat a preocupao com as possveis subs-tncias txicas de sua luva, Lucy sempreracionalizava quando derrubava a bola.

    3. Ver Decisions Determine Destiny,captulo 8 dePathways to Perfection: Dis-courses of ThomasS. Monson, 1973, p. 57.

    4. Isaas 7:15. 5. Se fazer fosse to fcil como saber o que

    se deve fazer bem, as capelas teriam sidoigrejas e as choupanas dos pobres, palcios

    principescos (William Shakespeare,O Mercador de Veneza, ato 1, cena 2,linhas 1214).

    6. Doutrina e Convnios 58:27. 7. VerAjustar-se Vida Missionria, livreto,

    2013, pp. 2349. 8. Ver Stephanie Rosenbloom, Dealing with

    Digital Cruelty,New York Times,24 deagosto de 2014, p. 1.

    9. RandallL. Ridd, A Gerao das Escolhas,A Liahona, maio de 2014, p. 56.

    10. Ver Doutrina e Convnios 45:26.11. Ver DavidA. Bednar, To Sweep the

    Earth as with a Flood, discurso profe-rido na Semana Educacional do Campusda BYU,19 de agosto de 2014; LDS.org/prophets-and-apostles/unto-all-the-world/to-sweep-the-earth-as-with-a-ood.

    12. ArthurC. Brooks, Love People, NotPleasure, New York Times,20 de julhode 2014, p. 1.

    13. Infelizmente, uma distrao que aumen-tou muito em nossos dias a prpriainsensatez. Quando o Salvador enumeroualgumas das coisas que podem corrompero homem, ele incluiu a loucura, ou insensa-tez (ver Marcos 7:22).

    14. Isso aconteceu nas antigas Grcia e Roma,bem como nas civilizaes do Livro de

    Mrmon.15. Ver Frederic W. Farrar, The Life and Work

    of St. Paul, 1898, p. 302. Havia lsofosde todos os tipos, incluindo os epicuristase os estoicos, grupos rivais que algunsdescreveram como os fariseus e saduceusdo mundo pago. Ver tambm QuentinL.Cook, Olhar para Alm do Marco,A Liahona, maro de 2003, p. 21.

    16. Atos 17:21.17. Atos 17:32.18. Farrar, The Life and Work of St. Paul,

    p. 312.19. Ver DallinH. Oaks, Bom, Muito Bom,

    Excelente, A Liahona, novembro de 2007,p. 104.

    20. Merlin Olsen foi um famoso jogador de

    futebol americano, ator e comentarista daLiga Nacional de Futebol Americano daNBC. Ele ganhou o Outland Trophy [TrofuOutland] jogando futebol americano pelaUtah State University. Jogou futebol ameri-cano prossional no Los Angeles Rams. Nateleviso, ele interpretou Jonathan Garveyao lado de Michael Landon no seriadoLittle House on the Prairie(Os Pioneiros,no Brasil) e teve seu prprio programade TV,Father Murphy. Merlin faleceuem 11de maro de 2010 e temos muitasaudade dele.

    21. Ver Doutrina e Convnios 76:5.22. Ver Alma 34:32.23. Doutrina e Convnios 76:79.