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INFILTRAÇÃO BACTERIANA CORONÁRIA APÓS TRATAMENTO ENDODÔNTICO. INFLUÊNCIA DA TÉCNICA OBTURADORA. ESTUDO IN VIVO, EM DENTES DE CÃES Eloi Dezan Junior Tese apresentada à Faculdade de Odontologia do Câmpus de Araçatuba UNESP, para obtenção do Título de “Professor Livre-Docente” da Disciplina de Endodontia, do Departamento de Odontologia Restauradora. ARAÇATUBA 2008

Eloi Dezan Junior - dentsply.com.br · verdadeiro conjunto, uma corrente, onde a ruptura de um de seus elos pode influenciar decisivamente no resultado final do tratamento, contribuindo

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INFILTRAÇÃO BACTERIANA CORONÁRIA APÓS

TRATAMENTO ENDODÔNTICO. INFLUÊNCIA DA

TÉCNICA OBTURADORA. ESTUDO IN VIVO, EM

DENTES DE CÃES

Eloi Dezan Junior

Tese apresentada à Faculdade de

Odontologia do Câmpus de Araçatuba

UNESP, para obtenção do Título de

“Professor Livre-Docente” da Disciplina

de Endodontia, do Departamento de

Odontologia Restauradora.

ARAÇATUBA 2008

Catalogação-na-Publicação (CIP)

Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação – FOA / UNESP Dezan Junior, Eloi D532i Infiltração bacteriana coronária após tratamento endodôntico. Influência da técnica obturadora. Estudo in vivo, em dentes de cães / Eloi Dezan Júnior. - Araçatuba: [s.n.], 2008 63 f.: il. Tese (Livre-Docência) – Universidade Estadual Paulista, Facul- dade de Odontologia, Araçatuba, 2008 1. Tratamento do canal radicular 2. Obturação do canal radicular 3. Bactérias 4. Infiltração dentária Black D2 CDD 617.67

Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta tese, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos.

ELOI DEZAN JUNIOR

22 de abril de 1969

Birigüi SP

Nascimento

1987 – 1990 Curso de Odontologia – Faculdade de

Odontologia do câmpus de Araçatuba

UNESP

1991 – 1994 Curso de Pós Graduação em Odontologia.

Mestrado em Endodontia pela Faculdade de

Odontologia da Universidade Federal do Rio

de Janeiro – UFRJ

1994 ESPECIALISTA EM ENDODONTIA, título

registrado no CFO sob o nº SR-E 1047/94,

no livro ED 8 fls. 72v em 19 de outubro de

1.994, e no CRO-SP sob processo nº 247/94,

inscrito no Livro 20 fls. 130v em 18 de

novembro de 1.994.

1994-2001 Professor Assistente da Disciplina de

Endodontia da Faculdade de Odontologia do

câmpus de Araçatuba UNESP

1997 – 2001 Curso de Pós Graduação em Odontologia

nível Doutorado área Endodontia. Faculdade

de Odontologia de Bauru da Universidade de

São Paulo – USP

2001 – 2008 Professor Assistente Doutor da Disciplina de

Endodontia da Faculdade de Odontologia do

câmpus de Araçatuba UNESP

DEDICATÓRIADEDICATÓRIADEDICATÓRIADEDICATÓRIA

Deus, o grande arquiteto do Universo,

meu eterno companheiro de todos os

momentos, vencemos mais uma batalha

amparado por nossos companheiros

espirituais.

Vanessa, Matheus e Beatriz, minha

família, sem o amor, a compreensão e a

paciência de vocês, não teria conseguido

alcançar mais esta etapa.

Aos meus pais, Eloi e Ines, grande

incentivadores, nunca medindo

esforços para me formar. Obrigado

por mais uma jornada.

a vocês devo este trabalho

AGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOS

Nenhum só homem é capaz de fazer algo sozinho. Neste

momento agradeço a todas as pessoas e instituições que me auxiliaram na

execução deste trabalho:

Alexandrina Maria Pereira

Alunos de Graduação da Faculdade de Odontologia de Araçatuba

Alunos de pós graduação em Odontopediatria, minhas orientadas

André Fraga Briso

Bibliotecários e funcionários da biblioteca da Faculdade de Odontologia

de Araçatuba

Denise Belúcio Ruviére

Família Braga (Birigüi – SP)

Família Dezan (Birigüi – SP)

Funcionários do setor de Biotério da FOA – UNESP

Hermelinda de Jesus Brefore

Magda Requena Caciatore

Maria e Nilda Trecco, minhas tias

Mauro Machado Vieira

Nelci Vieira Ferreira

Neuza Angélica dos Santos

Renata Zoccal Novais

Renato Nicolás Ropp

Sueli Satomi Murata

Valéria de Queiroz Marcondes Zagatto

Valdir de Souza

Wilson Galhego Garcia

AGRADECIMENTOS INSTITUCIONAIS:AGRADECIMENTOS INSTITUCIONAIS:AGRADECIMENTOS INSTITUCIONAIS:AGRADECIMENTOS INSTITUCIONAIS:

UNESP - Faculdade de Odontologia de Araçatuba – “minha casa”

UFRJ – Faculdade de Odontologia pelo meu mestrado

USP - Faculdade de Odontologia de Bauru pelo meu Doutorado

Biblioteca da Faculdade de Odontologia de Araçatuba

Disciplina de Endodontia da Faculdade de Odontologia de Araçatuba

Disciplina de Microbiologia da Faculdade de Odontologia de Araçatuba

Departamento de Odontologia Restauradora da Faculdade de

Odontologia de Araçatuba

AGRADECIMENTOS ESPECIAISAGRADECIMENTOS ESPECIAISAGRADECIMENTOS ESPECIAISAGRADECIMENTOS ESPECIAIS

Prof. Dr. Pedro Felício Estrada Bernabé – Diretor da Faculdade de

Odontologia de Araçatuba

Professores da Disciplina de Endodontia da FOA, pelo apoio e respaldo para

a realização deste trabalho

Roberto Holland, Valdir de Souza, Mauro Juvenal Nery, Pedro Felício

Estrada Bernabé, José Arlindo Otoboni Filho e João Eduardo Gomes Filho

Prof. Dr. Élerson Gaetti Jardim Junior, companheiro de longa jornada

Prof. Dr. Roberto Holland, eterno mestre, meu reconhecimento especial

O brigado Senhor!O brigado Senhor!O brigado Senhor!O brigado Senhor!

Obrigado Senhor pelos meus braços perfeitos... Quando há tantos mutilados.

Pelos meus olhos perfeitos... Quando há tantos cegos.

Pela minha voz que canta... Quando tantas emudecem.

Pelas minhas mãos que trabalham...

Quando tantas mendigam.

É maravilhoso Senhor! Ter um lar para voltar...

Quando há tantos que não tem aonde ir.

Sorrir...quando há tantos que choram.

Amar...quando há tantos que odeiam.

Sonhar...quando há tantos que se

revolvem em pesadelos.

Viver... quando há tantos que morrem antes de nascer.

É maravilhoso Senhor, ter tão pouco a pedir e tanto para agradecer...

Obrigado Senhor!!

SUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIO

RESUMO 1

ABSTRACT

2

INTRODUÇÃO

3

REVISÃO DA LITERATURA

6

PROPOSIÇÃO

20

MATERIAL E MÉTODOS

21

RESULTADOS

26

DISCUSSÃO

35

CONCLUSÃO

46

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

47

ANEXOS 54

Resumo

Eloi Dezan Junior – Livre docência 1

RESUMORESUMORESUMORESUMO

Com o objetivo de avaliar, in vivo, a ocorrência da infiltração

bacteriana em dentes tratados endodonticamente, 52 canais radiculares de

incisivos e pré-molares de cães foram instrumentados e obturados com o cimento

Endofill. Duas técnicas de obturação foram empregadas, dando origem a três

grupos experimentais: condensação lateral; híbrida de Tagger e condensação

lateral com plug do cimento Endofill endurecido. As cavidades de acesso não foram

seladas e as obturações permaneceram expostas ao meio oral por 90 dias. Após

este período, os animais foram mortos, as peças processadas e os cortes corados

pela técnica de Brown e Brenn para avaliação microscópica. Infiltração bacteriana

foi identificada junto à parede do canal em seis dos 15 canais obturados pela

técnica da condensação lateral, em dois dos 13 canais obturados pela técnica de

Tagger, inclusive com povoamento de túbulos dentinários da região apical, e em

quatro dos 22 canais obturados pela técnica da condensação lateral com plug do

cimento Endofill endurecido, dos quais em um caso houve presença de bactérias no

interior dos túbulos dentinários Reparo com ausência de células inflamatórias foi

observado em sete dos 15 periápices do grupo condensação lateral, em oito dos 13

casos da técnica de Tagger e em apenas três dos 22 periápices do grupo

condensação lateral com plug coronário. Concluiu-se que: os três procedimentos

não foram capazes de impedir a infiltração bacteriana coronária; o plug de cimento

Endofill endurecido sobre a obturação do canal não impediu a infiltração bacteriana.

Palavras chave: Tratamento do canal radicular; Obturação do canal

radicular. Bactérias; Infiltração dentária

Abstract

Eloi Dezan Junior – Livre docência 2

ABSTRACTABSTRACTABSTRACTABSTRACT

Aiming to in vivo evaluate the bacterial infiltration in endodontically treated

teeth, 52 root canals of dogs' incisors and premolars were instrumented and filled with

Endofill. Two root filling techniques were employed resulting in three experimental groups:

Lateral condensation, Tagger and Lateral condensation with a coronary plug of set

Endofill. The access openings were not sealed and the root fillings remained exposed to

the oral environment for 90 days. After this period, the animals were killed and the

specimens were histologically processed and stained with Brown and Brenn for

microscopic analysis. Bacterial infiltration was identified on the canal wall in six out 15 root

canals filled with the lateral condensation technique, two out 13 root canals filled with the

Tagger technique including the colonization of dentinal tubules on the apical region and in

4 out 22 canals filled with Lateral condensation with a plug of set Endofill, of which, in one

case was observed the presence of bacteria inside the dentinal tubules. The healing

without the presence of inflammatory cells was observed in 7 out 15 periapex of the lateral

condensation group, 8 out 13 on the Tagger group and only 3 out 22 on the coronary

Endofill plug group. It was concluded that: any procedures were able to avoid the coronary

bacterial infiltration; the set Endofill plug coronary to the filling did not avoid the bacterial

infiltration.

Key word: Root canal treatment; Root canal obturation; Bacteria; Dental leakage.

Revisão da Literatura

Eloi Dezan Junior – Livre docência 3

INTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃO

É consenso geral na endodontia que um tratamento endodôntico deve ser

considerado como um conjunto de procedimentos operatórios interdependentes, e a

tendência atual é de se atribuir a todos eles a mesma importância. Assim, as etapas da

terapia endodôntica, hoje sedimentadas em bases biológicas, são consideradas como um

verdadeiro conjunto, uma corrente, onde a ruptura de um de seus elos pode influenciar

decisivamente no resultado final do tratamento, contribuindo para o fracasso de toda

técnica empregada.

A partir de 1955, quando DOW; INGLE afirmaram que cerca de 70%

dos insucessos em endodontia são conseqüência de obturações de canais falhas, esta

etapa do tratamento passou a merecer atenção especial. Com a confirmação desses

dados por outros autores, não restou a menor dúvida de que este ato operatório constitui

a consolidação do sucesso obtido nas fases anteriores, ou ainda, representa o lacre de

segurança de um tratamento bem orientado e bem conduzido.

Assim sendo, alguns requisitos passaram a ser recomendados para um

bom material obturador, alguns inclusive exigidos pela especificação 57 da American

Dental Association. Ressaltamos alguns requisitos físicos mais corriqueiros que estes

materiais devem apresentar: boa radiopacidade, bom escoamento, tempo de trabalho

suficiente, bom selamento marginal, solubilidade em solventes comerciais e não sofrer

desintegração. Mais recentemente, a escola biológica, muito bem representada no Brasil,

passou a preconizar mais alguns requisitos que, juntamente com os físicos, definem um

material obturador ideal: impedir que as bactérias lesem os tecidos periapicais, ter poder

bactericida ou bacteriostático, fornecer condições para que ocorra o reparo e estimular a

ocorrência da obturação biológica.

Desta forma, fica claro que o êxito de um tratamento endodôntico,

dentre vários outros fatores, depende também de um perfeito selamento do canal

radicular. Um selamento imperfeito permitiria o trânsito de bactérias nos dois sentidos,

isto é, dos tecidos periapicais para o interior do canal radicular e do canal radicular para

os tecidos periapicais. A importância deste fato fez com que a literatura ficasse repleta de

trabalhos que analisam a infiltração marginal apical nas mais variadas condições

experimentais.

Revisão da Literatura

Eloi Dezan Junior – Livre docência 4

A grande maioria dos trabalhos que analisam a eficiência seladora das

obturações de canal, até a década de 90, o faz por via apical. Já nesta época houve

preocupação com a análise do selamento coronário dessas obturações. Questionou-se

que, se a infiltração apical poderia ser causa de fracasso no tratamento, que papel teria a

infiltração coronária no prognóstico de um tratamento endodôntico (SWANSON;

MADISON, 1987).

Da mesma forma como o ocorrido com as infiltrações apicais de

obturações de canal, passou a haver também grande preocupação em relação à

possibilidade da infiltração coronária permitir que bactérias atinjam os tecidos periapicais

em canais totalmente obturados.

Segundo KHAYAT et al., em 1993, a recontaminação por via coronária

de um canal obturado, permitindo o acesso de bactérias aos tecidos periapicais, pode

ocorrer em casos de exposição do material obturador ao meio bucal. Essas situações

ocorrem nos seguintes casos:

a- cárie recorrente;

b- perda, fratura ou falha da restauração;

c- demora em restauração do dente com infiltração pelo material

provisório;

d- durante os próprios procedimentos restauradores.

Diante destas considerações, alguns trabalhos sobre infiltração

coronária foram desenvolvidos com objetivo de melhor analisar o assunto. Alguns destes

trabalhos deixaram claro que a infiltração que ocorre por via coronária realmente pode

comprometer todo o tratamento de canal. TORABINEJAD et al., em 1990, demonstraram

que as bactérias ou seus produtos podem atravessar toda uma obturação de canal em

um prazo que varia de 20 a 30 dias, e isto em casos de canais bem obturados.

A qualidade da obturação de canal guarda relação com uma série de

fatores, tais como a técnica de obturação (HOLLAND et al, 1974; 1975), tipo de material

obturador (HOLLAND et al, 1991) e mesmo com alguns procedimentos clínicos que

antecedem a obturação do canal radicular (HOLLAND et al, 1991). Portanto, materiais e

técnicas usadas para obturar um canal deveriam produzir e manter um selamento

coronário intacto e permanente, prevenindo infiltração quando o canal fosse exposto à

cavidade oral.

Dos materiais obturadores disponíveis, guta-percha associada a um

cimento obturador é sem dúvida o mais freqüentemente utilizado quer seja pela sua boa

adaptação às paredes dos canais, pela boa tolerância dos tecidos ou mesmo pela sua

Revisão da Literatura

Eloi Dezan Junior – Livre docência 5

facilidade do seu emprego e por ser uma material permanente e inerte (LEONARDO,

1982; MANN, WALTER, 1987).

As técnicas modernas de obturação procuram lançar mão de uma maior

quantidade de guta-percha e de uma menor película de cimento, visto que hoje se tem a

consciência de que o cimento representa a porção frágil da obturação (SCHILDER, 1967;

SEN et al, 1996). Ainda assim, segundo DE DEUS (2002) os cimentos endodônticos

continuam representando um importante papel no controle da percolação apical,

escoando para as ramificações e melhorando a adaptação da obturação nas

irregularidades da interface dentina - material obturador.

É extremamente importante saber quais se os principais fatores que

influenciam na infiltração coronária, especialmente se técnicas diferentes de obturação

podem impedir a via de acesso aos microrganismos.

Diante destas possibilidades reais de contaminação do canal radicular e

conseqüente comprometimento do tratamento endodôntico existente, o certo é que o

sucesso do tratamento endodôntico só está garantido após realizada restauração

definitiva do dente em questão.

Revisão da Literatura

Eloi Dezan Junior – Livre docência 6

REVISÃO DA LITERATURAREVISÃO DA LITERATURAREVISÃO DA LITERATURAREVISÃO DA LITERATURA

SWANSON; MADISON, em 1987, realizaram um estudo in vitro visando

avaliar a infiltração coronária após a exposição do material obturador à saliva artificial por

períodos de tempo variados. Instrumentaram canais de 70 dentes unirradiculados a 1mm

do forame apical até a lima Kerr 40 com recuo escalonado realizado com as brocas

Gates-Glidden. As obturações dos canais foram realizadas pela técnica da condensação

lateral com cones de guta percha e cimento Roth. Os acessos coronários foram selados

com o cimento Cavit, permanecendo em câmara úmida a 37oC por 48 horas. O

selamento coronário foi removido e constituídos 6 grupos de acordo com o tempo de

exposição à saliva artificial: 0, 3, 7, 14, 28 ou 56 dias. Terminado o tempo de cada grupo,

os espécimes foram mergulhados em tinta Pelikan por 48 horas e em seguida

diafanizados, para permitir a mensuração das infiltrações lineares ocorridas a partir da

junção amelo-cementária na face proximal. Os resultados mostraram que todos os

grupos expostos à saliva artificial apresentaram considerável penetração do corante que

variava de 79 a 85% do comprimento da raiz, enquanto que o grupo não exposto à saliva

artificial (0 dia) não exibia nenhuma infiltração. Não houve diferenças estatísticas

significantes entre os grupos expostos à saliva artificial.

MADISON et al., em 1987, avaliaram comparativamente a infiltração

coronária em canais radiculares obturados com guta percha e os cimentos Roth, AH26 e

Sealapex, após exposição à saliva artificial. Os canais foram instrumentados pela técnica

do step-back e hipoclorito de sódio. Após a divisão dos espécimes em três grupos, os

canais foram obturados pela condensação lateral com os referidos cimentos e os acessos

coronários selados com Cavit, permanecendo, os espécimes, em câmara úmida à 37oC

por 48 horas. Decorrido este tempo, o selamento coronário foi removido e a superfície

radicular selada com cera pegajosa. A análise das infiltrações lineares ocorridas, após a

permanência dos espécimes em tinta Pelikan por 48 horas, mostrou médias de 4,73mm

para o Sealapex, 6,92mm para o Roth e 12,79mm para o AH26. Não foram observadas

diferenças estatísticas significantes entre os cimentos Sealapex e Roth, sendo, no

entanto, ambos superiores ao AH26. Os autores acreditam que a saliva artificial tenha

promovido a dissolução do cimento.

Também investigando a questão da infiltração marginal coronária,

MADISON; WILCOX, em 1988, realizaram um estudo in vivo, utilizando 64 dentes

posteriores de macacos. Os canais destes dentes foram biomecanizados até as limas K

Revisão da Literatura

Eloi Dezan Junior – Livre docência 7

30 a 40 com seqüente escalonamento e freqüentes irrigações com hipoclorito de sódio a

2,6%. Concluída a instrumentação, as obturações foram realizadas pela técnica da

condensação lateral com cones de guta percha e os cimentos AH26, Sealapex e Roth.

Todos os acessos coronários foram selados com cimento Cavit, removido após 72 horas,

deixando as obturações expostas ao meio oral por mais 7 dias. Decorrido este tempo, os

animais foram sacrificados, os dentes removidos e colocados em tinta Pelikan por 48

horas. Após a descalcificação, desidratação e clareamento dos espécimes, a

mensuração das infiltrações lineares ocorridas foi feita a partir da junção amelo-

cementária até a porção de maior profundidade de penetração do corante. Verificou-se

uma infiltração média de 1,0mm para o Sealapex, 1,7mm para o Roth e 2,0mm para o

AH26.

TORABINEJAD et al., 1990, utilizaram 45 incisivos e caninos com

canais retos, sendo empregadas 2 espécies bacterianas: Proteus vulgaris, que é

altamente móvel e a Staphylococcus epidermidis que não possui mobilidade. Foram

utilizadas as brocas Gates-Glidden na porção coronária e os canais alargados até a lima

40; irrigados com solução de NaOCl a 5,25% a cada troca de instrumento. Os dentes

foram divididos em grupo experimental (33 espécimes) que foram obturados com guta-

percha e cimento de Roth pela condensação lateral; a porção coronária dos canais

radiculares de 16 dentes (grupo 1) foram colocados em contato com 2ml de P. vulgaris e

0,7ml de saliva artificial estéril; no grupo 2 a porção coronária dos 17 dentes restantes foi

exposta a 2ml de S. epidermidis e 0,7ml de saliva artificial; no grupo 3 o canal radicular

de cada um dos 8 dentes que foram usados como controle positivo tiveram obturação

realizada apenas com cone de guta-percha sem cimento, sendo divididos em 2 grupos

para serem contaminados por cada tipo de bactéria; no grupo 4 para verificar que

nenhuma contaminação desenvolveria durante o experimento (controle negativo), 4

canais radiculares instrumentados foram obturados com guta-percha e cimento, tendo a

abertura coronária exposta a saliva artificial estéril. Observou-se que o tempo médio para

que a P. vulgaris alcance o ápice através de 10mm de material obturador foi 48,6 dias,

enquanto que para a S. epidermidis foi 24,1 dias. No grupo 3, em 7 das 8 amostras

observou-se alteração de cor no meio depois de 1 a 4 dias. No grupo 4 não ocorreu

alteração de cor do meio durante todo o experimento (90 dias).

MAGURA et al. (1991) utilizaram 160 raízes de dentes anteriores para

avaliar a infiltração coronária. O grupo controle foi composto de 50 dentes com canais

obturados e restaurados com IRM. No grupo experimental composto de 100 dentes,

todos obturados, contudo sem selamento coronário. O terceiro grupo de 10 dentes

instrumentados, porém não obturados, foram utilizados para demonstrar a penetração de

Revisão da Literatura

Eloi Dezan Junior – Livre docência 8

saliva. Uma cavidade de aproximadamente 8mm e 3mm de diâmetro foi realizada e o

canal preparado 1mm aquém do ápice até a lima 60, irrigados com hipoclorito de sódio

2,5%. Após a secagem os canais foram obturados pela condensação lateral de guta-

percha e cimento Roth e restaurados com IRM. A superfície radicular foi então coberta

com cera pegajosa e encubados por 7 dias a 37ºC com 100% de umidade. Foi coletada

saliva humana de uma mesma pessoa todos os dias às 7:00 horas da manhã, sempre 12

horas antes de qualquer tipo de higiene bucal. Cem dentes com canais obturados foram

escolhidos ao acaso e incluídos no grupo experimental. Estes e mais 10 que não tinham

sido obturados tiveram suas restaurações de IRM removidas. Todos os 160 dentes foram

colocados em um único frasco com 50ml de saliva. O frasco foi levado ao vibrador para a

eliminação de bolhas e incubado a 37ºC e 100% de umidade. Todos os dias a saliva foi

drenada e trocada por nova. 32 dentes foram removidos do frasco de acordo com os 5

períodos exposição: 2, 7, 14, 28 e 90 dias. Os dentes ficaram assim expostos:

A) 10 dentes controle que foram obturados e restaurados com IRM;

B) 20 dentes experimentais que foram obturados, mas não foram restaurados com

IRM;

C) 2 dentes que não foram obturados.

A cada período de estudo, 10 dentes controle e 10 do grupo

experimental foram preparados para o exame histológico. A penetração de saliva na

dentina do canal radicular foi mensurada pela extensão da profundidade do corante

basófilo. Os 10 dentes remanescentes do grupo de cada período foram colocados em um

frasco com 150ml de tinta Pelikan e vibrados por 10 segundos. Depois de 2 dias foram

removidos, lavados em água e colocados em 150ml de ácido nítrico a 5% e então

diafanizados. As mensurações foram feitas pela máxima extensão apical de penetração

de corante. Com relação à cultura Bacteriana, 2 dentes não obturados de cada período

de estudo foram preparados para cultura bacteriana. Resultados: o grupo experimental

de dentes sem IRM não apresentou resultados significativamente diferentes de infiltração

do grupo de dentes controle com restaurações de IRM intactas. A análise de penetração

de saliva pelo tempo indicou que as peças com 3 meses apresentaram infiltração

significativamente maior que aquelas dos quatro períodos anteriores. A penetração de

saliva nas peças coradas por H&E foi significativamente menor que a penetração de

corantes nas peças clareadas. Peças coradas por Brown e Hopps demonstraram

microrganismos Gram-positivos e Gram-negativos. Os dois dentes não obturados de

cada período de estudo que foram incubados com saliva mostraram culturas positivas no

terço apical do canal radicular. Concluíram da necessidade de retratamento de canais

obturados que tenham sido expostos a cavidade oral por um períodos de 3 meses.

Revisão da Literatura

Eloi Dezan Junior – Livre docência 9

SAUNDERS; SAUNDERS (1992) utilizaram 70 dentes unirradiculados

humanos, completamente desenvolvidos e retos. Após a limpeza cada dente foi

seccionado transversalmente na junção amelo-cementária. Os canais radiculares foram

preparados quimicomecanicamente, uma lima 20 foi ultrapassada através do ápice e o

comprimento de trabalho estabelecido 1mm aquém; a porção apical preparada até a lima

40. Toda a instrumentação foi acompanhada por irrigação de hipoclorito de sódio a 2 %.

Os dentes preparados foram divididos em 4 grupos de 15 dentes, sendo que em 2 grupos

o smear layer das paredes do canal radicular foi deixado intacto e nos 2 restantes o

smear layer foi removido. Oito mililitros de ácido cítrico a 40% foi lentamente injetado nos

canais radiculares por 2 minutos, depois finalmente irrigados com 3ml de hipoclorito de

sódio a 2% e os canais secos com cones de papel. Os canais radiculares dos grupos de

dentes com e sem smear layer foram obturados por condensação lateral de guta-percha

e cimento (Tubliseal). Os dois grupos restantes foram obturados com a mesma técnica,

mas o cimento usado foi uma resina contendo ionômero de vidro (Vitrebond).

Anteriormente ao teste de infiltração cada dente passou por um ciclo térmico de 4ºC,

37ºC, 35ºC e 37ºC por 8 horas, mantendo por 10 segundos em cada temperatura. Feito

isto os dentes foram secos e seus ápices selados com cimento de cianocrilato. As

superfícies radiculares cobertas com 2 camadas de esmalte de unha excetuando a

superfície coronária cortada. Os dentes foram colocados em tinta da índia e

armazenados numa temperatura de 24+/-2ºC por 90 horas. Após isto diafanizados. A

quantidade de penetração de corante foi mensurada usando um microscópio

estereoscópio. Observou-se que a profundidade de penetração nos grupos em que o

smear layer foi deixado intacto foi 4,26+/-1,53mm e 6,83+/-1,65mm para o Vitrebond e

Tubliseal respectivamente, já nos grupos em que foi removida smear layer, a

profundidade de penetração foi de 1,13+/-0,29mm para o grupo de Vitrebond e 3,72+/-

1,23mm para o grupo do Tubliseal, sendo a diferença significante entre os grupos

(P=0,001). Aqueles dentes em que a smear layer foi removido apresentaram menor

infiltração que os espécimes em que este foi deixado intacto (P<0,001). Os canais com

Vitrebond infiltraram menos que os canais com Tubliseal (P<0,0001).

RAVANSHAD; TORABINEJAD (1992) utilizaram 40 canais palatinos

sendo que canais calcificados ou múltiplos foram excluídos. Foi utilizada a técnica step-

back (escalonada) no preparo dos canais para a limpeza e modelagem. Na obturação

dos canais foram utilizadas as técnicas de condensação lateral, vertical e thermafil

divididas em grupos de 10 raízes. Cinco canais foram obturados somente com guta-

percha, pela técnica de condensação lateral, sem o uso de cimento, servindo de controle

positivo. Outros cinco canais foram obturados, onde o cimento Roth foi usado com a

Revisão da Literatura

Eloi Dezan Junior – Livre docência 10

guta-percha, sendo que a porção coronária remanescente de cada canal foi selada com

cera pegajosa e estes serviram de controle negativo. Os cinco ou seis milímetros apicais

de material obturador foram expostos à tinta da índia por 48 horas. Feito isto, os dentes

foram limpos. A profundidade de penetração coronária do corante foi mensurada com o

uso de microscópio de dissecção, sendo observada em todos os grupos e

estatisticamente analisadas. Houve diferença significante na infiltração coronária de

corante entre as técnicas de condensação lateral, vertical e thermafil. No tampão apical

do grupo thermafil foi observado elevado nível de infiltração coronária. Conclui-se que os

materiais obturadores apicais utilizados pelas técnicas de condensação lateral ou vertical

possuem menor infiltração coronária que a obtida através da técnica thermafil.

GISH et al. em 1994, utilizaram 30 dentes com canais retos divididos

em 3 grupos: -20 dentes do grupo experimental; dentes do grupo controle negativo; 5

dentes do grupo controle positivo. Ficou estabelecido o comprimento de trabalho 1mm

aquém do ápice, sendo utilizada a técnica escalonada (step-back) no preparo com

abundante irrigação de hipoclorito de sódio a 2,5%, depois foram secos. No grupo

experimental e controle negativo a obturação total foi realizada pela condensação lateral

e no controle positivo foi utilizado cone sem cimento obturador para simular uma

obturação deficiente, feito isto os preparos para pino foram imediatamente realizados

sendo deixados os 5mm apicais e restaurados temporariamente com bolinha de algodão

e Cavit. Após 1 semana a entrada coronária foi reaberta. Tubos plásticos foram ligados à

junção amelo-cementária dos dentes envolvendo as coroas e passando esmalte na

superfície das raízes deixando apenas o forame apical aberto, sendo então os tubos

esterilizados. Culturas de bactérias combinadas com saliva artificial estéril preencheram

os sistemas de tubos contatando a superfície superior de guta-percha, sendo incubados

em 5% de gás carbônico a 37ºC por 90 dias, foram também realizadas avaliações da

viabilidade das bactérias no PBS. Foi conhecida a quantidade de tempo em dias para as

bactérias serem recobertas por PBS, indicando assim a velocidade de penetração

bacteriana no material obturador, sendo demonstrado em todas as avaliações penetração

bacteriana depois de 90 dias. Foi observado que todos os dentes do controle positivo

exibiram infiltração bacteriana em 6 dias, no grupo experimental variou entre 66 e 84

dias, sendo que 85% demonstraram penetração apical de bactérias em 90 dias e através

da coloração Gram foi confirmada a presença de colônias de S. anginosus. Em suma, o

tempo médio de penetração bacteriana foi 71,6 dias, os cinco dentes do controle negativo

totalmente selados com esmalte não exibiram infiltração.

MOSHONOV et al., em 1995, usaram o Staphylococcus epidermis em

conjunto com bactérias Gram negativas para detectar a infiltração coronária em canais

Revisão da Literatura

Eloi Dezan Junior – Livre docência 11

radiculares obturados com os cimentos AH26, Roth 801 e Ketac-Endo. Analisaram a

turbidez ou a mudança de coloração do meio de cultura diariamente durante os 30 dias

de incubação a 37oC. Observaram, pela turbidez, que o grupo obturado com o Roth 801

mostrou infiltração bacteriana significantemente menor que os outros dois cimentos,

apesar de ter mostrado mudança de coloração do meio de cultura em um menor prazo de

tempo (p<0,05) quando comparado aos demais grupos. Os autores concluíram que os

produtos metabólicos das bactérias podem induzir alteração no meio de cultura através

da obturação de canal antes da penetração, ou mesmo na ausência de penetração de

bactérias e que os cimentos obturadores podem afetar de modo diferente a penetração

bacteriana ou de seus produtos.

SAUNDERS; SAUNDERS em 1995, utilizaram 90 dentes

unirradiculados com ápice completamente formados e curvatura menor ou igual 5º.

Foram preparados pela técnica de dupla protrusão modificada com força balanceada e

irrigação com hipoclorito de sódio a 2%. O comprimento de trabalho foi estabelecido a

1mm aquém do ápice e os canais instrumentados até a lima 45. Os dentes foram

distribuídos aleatoriamente em 4 grupos experimentais de 20 dentes cada e 1 grupo

controle de 10 dentes. Em 2 dos grupos experimentais a obturação foi realizada por

condensação lateral com Sealapex ou Apexit. Os outros 2 grupos experimentais foram

obturados com JS Quickfill, usando em cada um deles Sealapex ou Apexit. Os canais

radiculares dos cinco dentes do grupo controle foram obturados com JS Quickfill e

Sealapex e os outros cinco dentes não foram obturados. Depois de obturados, os dentes

foram seccionados próximo a junção cemento-esmalte e armazenados em solução salina

37ºC por 1 ano. A infiltração coronária foi determinada com tinta da Índia preta (utilizando

um modelo redutor de pressão de 50mmHg por 2 horas). A infiltração máxima foi

mensurada para cada espécie usando um microscópio de 6x ampliação. A análise

mostrou não haver maior infiltração com a técnica de guta-percha termoplastificada e a

condensação lateral (p>0,05), ou seja, as técnicas empregadas apresentaram resultados

semelhantes. Observou-se também que não houve nenhuma diferença significante na

infiltração entre o grupo com a condensação lateral (p>0,05), mas com a técnica

termoplastificada ocorreu uma maior infiltração com o cimento Sealapex (p<0,05).

CHAILERTVANITKUL et al., em 1996, investigaram a infiltração

coronária de microrganismos anaeróbios obrigatórios em obturações de canais

radiculares de dentes humanos extraídos. Para isto, 70 canais foram preparados

biomecanicamente e obturados pela técnica da condensação lateral com os cimentos

AH26 e Tubliseal EWT. Após a devida impermeabilização e a adequada esterilização das

raízes, seus ápices foram colocados em meio de cultura apropriado e em sua porção

Revisão da Literatura

Eloi Dezan Junior – Livre docência 12

coronária foi colocado o Fusobacterium nucleatum. A infiltração bacteriana foi observada

no período de 1 a 12 semanas. O tempo médio para ocorrer completa infiltração foi de

8,4 semanas para o AH26 e 8,2 para o Tubliseal EWT, não sendo observada diferença

estatística significante entre os dois cimentos. Os autores não souberam precisar se

somente os produtos bacterianos ou também as bactérias atingiram o ápice radicular.

Novamente CHAILERTVANITKUL et al., em 1996, avaliaram in vitro o

efeito da remoção da smear layer na infiltração coronária de canais radiculares

obturados. Após a devida instrumentação dos canais de dentes humanos unirradiculados,

metade dos espécimes teve a smear layer removida por irrigações de ácido cítrico a 40%

por 2 minutos, seguiu-se irrigações com hipoclorito de sódio a 2% e a outra metade foi

irrigada somente com hipoclorito de sódio a 2%. Na seqüência, metade de cada grupo foi

obturada pela técnica da condensação lateral e metade pela técnica Trifecta, ambas

utilizando o cimento Apexit. O ápice dos dentes foi mergulhado em meio de cultura e na

porção coronária foi colocado Streptococcus sanguis. Nos 90 dias de análise foi notado

que a infiltração bacteriana ocorreu nos períodos de 7 a 86 dias e que não houve

diferença estatística significante dentre as técnicas de obturação utilizadas e quanto a

remoção ou não da smear layer.

Em 1996, BAUMGARTNER et al., realizaram um estudo in vitro para

verificar a capacidade seladora coronária de três diferentes técnicas de obturação.

Canais radiculares de 64 dentes humanos unirradiculados foram instrumentados e

obturados com o cimento Roth pela condensação lateral, condensação lateral com

compactação vertical e Thermafil. Todos os espécimes receberam um selamento

coronário de 3mm do cimento temporário Cavit e permaneceram em câmara úmida a

40oC por 48 horas. Em seguida, este selamento foi removido e os espécimes submersos

em saliva artificial por 5 dias, quando foram colocados em tinta Pelikan por mais 48

horas. Para a mensuração das infiltrações lineares e volumétricas os espécimes foram

descalcificados, desidratados e clareados. Em ambas técnicas de análise das infiltrações,

a condensação lateral/vertical mostrou ser superior à condensação lateral e ao Thermafil,

apresentando diferença estatisticamente significante em relação a esta última técnica.

Também preocupados com a problemática da infiltração coronária,

MENEZES; LIN, em 1997, realizaram um estudo in vitro onde analisaram o efeito de uma

base coronária sobre as obturações de canais radiculares. Após a instrumentação dos

canais de 60 dentes humanos unirradiculados, metade dos espécimes foi obturada pela

técnica da condensação lateral e metade com o Thermafil, ambos com cimento

obturador. Concluídas as obturações, os 3mm mais coronários das obturações foram

removidas e este espaço preenchido com o cimento de Óxido de zinco e eugenol, All

Revisão da Literatura

Eloi Dezan Junior – Livre docência 13

Bond 2 ou permaneceram sem preenchimento algum. Na seqüência, endotoxina

preparada da bactéria E. coli foi colocada em contato com a porção coronária dos

espécimes e sua penetração através das obturações avaliadas por 30 dias. Os resultados

mostraram não haver diferença estatística significante entre o grupo com a base de Óxido

de zinco e eugenol e o grupo sem base alguma. No entanto, o grupo com a base de All

Bond 2 mostrou infiltração de endotoxina significantemente menor que os outros dois

grupos.

WU et al. (1997) utilizaram 104 raízes. No grupo do AH26 silver-free, os

canais foram irrigados com NaOCl 5,25% e EDTA 17% para remover o smear layer, e

para o grupo Ketac-Endo, ácido cítrico 40% foi usado para substituir o EDTA; os canais

foram secos com cones absorventes antes da obturação. Dez canais radiculares serviram

como controle positivo, sendo obturados com guta-percha sem uso de cimento. Outros

dez canais serviram de controle negativo, sendo obturados com guta-percha e cimento

AH26. Oitenta raízes foram divididas em 4 grupos iguais, sendo 20 untados com cada

cimento e obturados com guta-percha termoplastificada pelo sistema Ultrafil (Hygienic).

Os outros 40 canais foram obturados da mesma forma, contudo sem a aplicação de

condensação vertical de 10N. Após a manutenção das raízes a 37ºC e 100% de umidade

por 1 semana, a superfície lateral das mesmas foi coberta com 2 camadas de esmalte de

unha. Os quatro canais restantes também foram obturados com guta-percha

termoplastificada seguida de condensação vertical. Observou-se que a distância entre a

guta-percha condensada às paredes do canal radicular e a espessura do filme dos dois

cimentos utilizados foi equilibrada. Depois da condensação a distância entre a guta-

percha e a parede do canal radicular foi quase sempre menor que 25µm. O AH26 com

um filme de espessura de 39µm infiltrou mais que o Ketac-Endo (p<0,05) com um filme

de espessura de 22µm. Isso mostra que a espessura do filme de cimento é um fator que

influencia na capacidade de selamento dos canais radiculares obturados quando a

condensação da guta-percha termoplastificada foi utilizada.

McROBERT; LUMLEY, em 1997, avaliaram comparativamente o

selamento coronário proporcionado por quatro diferentes técnicas de obturação: o

System B, o Obtura II, o Alphaseal e a condensação lateral. Utilizaram pré-molares

inferiores cujos canais foram instrumentados com limas profile 29% e brocas Gates-

Glidden, proporcionando canais ovais no terço coronário. ¼ dos canais foram obturados

pela técnica da condensação lateral e os ¾ restantes obturados em seu terço apical com

emprego do System B e no terço coronário com : o System B, o Obtura II ou o Alphaseal,

utilizando o cimento obturador Top Seal. Somente nos grupos obturados com o System B

e o Obtura II foi feita a condensação vertical. Após a permanência em água para a presa

Revisão da Literatura

Eloi Dezan Junior – Livre docência 14

dos cimentos e a realização das radiografias para a análise da qualidade das obturações,

todas as raízes foram impermeabilizadas externamente, com exceção do acesso

coronário. Os espécimes foram submersos em tinta da Índia por 65 horas,

descalcificados, desidratados e clareados para possibilitar a mensuração linear das

infiltrações marginais ocorridas. A análise das radiografias não mostrou diferenças

significantes entre os 4 grupos estudados. Já na análise do selamento marginal, o

Alphaseal e a condensação lateral mostraram-se piores que o System B e o Obtura II,

com diferenças estatísticas significantes. Os autores ressaltaram que os achados

radiográficos não refletem necessariamente a qualidade do selamento marginal.

CHAILERTVANITKUL et al., em 1997, avaliaram a infiltração marginal

coronária de duas espécies bacterianas em canais radiculares obturados com dois

diferentes tipos de cimentos obturadores após longo tempo de armazenagem em saliva

artificial. Para isto, instrumentaram 70 canais de dentes humanos unirradiculados, e

obturaram pela técnica da condensação lateral seguida de condensação vertical a frio,

com os cimentos Apexit e Tubliseal EWT. Após a permanência em câmara úmida a 37oC

por 48 horas, todos os espécimes foram mantidos em saliva artificial nesta mesma

temperatura por seis meses. Em seguida, as raízes tiveram seus comprimentos

padronizados em 12mm, o ápice mergulhado em meio de cultura e sua porção coronária

permaneceu em contato com um infiltrado de Streptococcus sanguis e Prevotella

intermedia. O modelo anaeróbico assim montado foi mantido a 37oC e as mudanças na

turbidez do meio de cultura verificada diariamente por 90 dias. Os resultados mostraram

infiltração bacteriana aos 90 dias em 50% e 70% para os cimentos Apexit e Tubliseal

EWT, respectivamente, sem diferenças estatísticas significantes.

CHAILERTVANITKUL et al. (1997) utilizaram 60 dentes humanos

unirradiculados, retos e totalmente desenvolvidos apicalmente. Uma lima K-flexofile n.15

foi ultrapassada através do ápice e estabelecido comprimento de trabalho 1mm aquém

deste. A instrumentação foi acompanhada por irrigações com hipoclorito de sódio a 2%

até a lima 40. Os dentes preparados foram aleatoriamente divididos em grupo

experimental (40 dentes) e grupo controle (20 dentes), sendo que os canais radiculares

dos 40 dentes do grupo experimental foram obturados com condensação lateral de guta-

percha e vinte deles com cimento Apexit e os outros vinte com cimento Tubliseal EWT.

No grupo controle, os canais radiculares de 10 dentes foram obturados com condensação

lateral de guta-percha e nenhum cimento, servindo de controle negativo, os outros 10

dentes não obturados compõem o controle positivo. Todos os dentes foram mantidos em

100% de umidade a 37ºC por 48 horas para permitir a presa do cimento. Cada grupo de

espécimes foi colocado em um vidro com 60ml de saliva artificial e mantidos a 37ºC por 6

Revisão da Literatura

Eloi Dezan Junior – Livre docência 15

meses, sendo a saliva trocada mensalmente. Após o contato com as bactérias Anaerobic

streptococci e Prevotella intermedia e análise estatística dos resultados observou-se que

todos os dentes do controle positivo exibiram infiltração bacteriana dentro de 48 horas,

enquanto que os dentes do controle negativo permaneceram descontaminados através

do período de teste. No grupo experimental as infiltrações começaram em períodos de

tempo variando de 10 a 71 dias, sendo que 30% e 75% dos espécimes selados

respectivamente com Apexit e Tubliseal EWT mostraram infiltração em 90 dias. O grupo

do Tubliseal EWT mostrou infiltração significativamente maior que o grupo do Apexit.

BARBOSA; HOLLAND, em 1999, realizaram uma tese com o propósito

de analisar in vitro e in vivo a efetividade de um plug de cimento temporário na proteção

do remanescente obturador de canal, após preparo para pino. Na primeira etapa, a

infiltração marginal coronária foi avaliada. Para isso, os canais de 100 dentes humanos

unirradiculares foram instrumentados e obturados pela técnica de condensação lateral

com um cimento experimental à base de hidróxido de cálcio derivado do Sealer 26, o

Sealer 26 Modificado, e um cimento do tipo Grossman, o Roth 801. Imediatamente após

foi realizado o preparo para pino com brocas Gates-Glidden e condensadores

endodônticos aquecidos, sendo remanescente obturador, de cerca de 5 mm, protegido ou

não com um plug de 1mm de espessura, constituídos pelos cimentos temporários

Lumicon, Coltosol ou Cavitec. Os espécimes permaneceram em câmara úmida à 37ºC

por 24 horas, sendo então submersos em saliva artificial por 15 dias e, em seguida, em

solução de azul de metileno 2%, sob vácuo durante 15 minutos e de forma passiva por 24

horas. Os resultados, analisados após secção longitudinal dos espécimes, mostraram

que houve uma menor infiltração para o Sealer 26 Modificado em comparação ao Roth

(p<0,01) e que os plugs de cimento temporário melhoram o selamento coronário, sendo o

Lumicon o melhor, seguido pelo coltosol e pelo Cavitec (p<0,01).

Na segunda etapa do trabalho, publicada em 2003 por BARBOSA, et

al., a resposta dos tecidos apicais e periapicais de dentes de cães foi analisada após a

instrumentação e obturação dos canais com as mesmas técnicas e materiais obturadores

de canal empregados no estudo in vitro. O preparo para pino deixou remanescentes de 5

ou 4 mm, sendo este último protegido com um plug de 1mm de cimento temporário

Lumicon. Todos os dentes permaneceram com os canais expostos ao meio bucal por 90

dias, quando então os animais foram sacrificados e os maxilares fixados, descalcificados,

cortados em cortes seriados de 6 micrometros de espessura e corados pela Hematoxilina

Eosina e pela técnica de Brown & Brenn. Os resultados demonstraram que o plug de

Lumicon foi eficiente na proteção dos tecidos periapicais à infiltração coronária de

Revisão da Literatura

Eloi Dezan Junior – Livre docência 16

microrganismos e o Sealer 26 Modificado mostrou ser mais biocompatível que cimento

Roth.

HOLLAND et al. em 2000 realizaram experimento com o objetivo de

avaliar o efeito aos tecidos periapicais da exposição ao meio oral de obturações de

canais realizadas com dois cimentos (OZE ou Sealapex). Decorridos 15 dias do

tratamento endodôntico, em metade das obturações foram removidos o selamento

coronário e estas permaneceram expostas. A análise microscópica foi efetuada com 70

dias pós operatório. Os resultados mostraram que na maioria dos casos obturados com

OZE e expostos foi observada inflamação crônica de intensidade variável nos tecidos

periapicais relacionada com a contaminação do canal. Nos outros três grupos, (OZE

selado, e Sealapex, selado ou exposto) os tecidos se mostravam saudáveis. Concluíram

que a exposição das obturações podem contaminar o sistema de canais radiculares

influenciado pelo tipo de cimento endodôntico empregado.

DEZAN JR., et al. 2002 avaliaram a infiltração coronária in vitro em

canais radiculares de 60 raízes humanas preparados até a lima tipo K 40 e obturados

com cimento Endofill pelas técnicas da condensação lateral ativa; condensação lateral

ativa com plug coronário do cimento Endofill; técnica híbrida de Tagger modificada; assim

realizadas: Uma vez adaptado o cone principal um espaçador palmo-digital penetrou no

canal até 1mm aquém do limite de trabalho abrindo espaço para colocação do cone

acessório B7. Este procedimento foi repetido por mais 3 vezes. Com o espaçador palmo-

digital A40, teve seguimento a condensação lateral com a colocação de cones acessórios

B8. A técnica híbrida de Tagger modificada foi realizada com os mesmos passos da

condensação lateral, e em seguida utilizado o compactador de guta percha no 55, o

excesso cortado e condensado verticalmente. Para o grupo com plug coronário, após o

corte da obturação este foi aplicado, endurecido com o acréscimo de pó. Após a

obturação as raízes foram colocadas em câmara úmida a 37ºC. 24 horas após, 30 raízes,

10 para cada grupo experimental, foram impermeabilizados com araldite. Em seguida

mergulhados em de azul de metileno a 2% (pH 7,0) em ambiente com vácuo mantido por

15 minutos, permanecendo mergulhados na solução evidenciadora por mais 24 horas. As

demais permaneceram na câmara úmida por 30 dias após o que foram colocadas no

corante da mesma forma. As raízes foram retiradas do corante, lavadas e secas e

seccionadas. As infiltrações analisadas com o software Sigma Scan a partir do ponto

mais coronário da obturação até o limite mais apical atingido pelo corante. As obturações

realizadas pela Condensação lateral e com plug de cimento apresentaram menor

infiltração; a infiltração no período de 30 dias foi maior.

Revisão da Literatura

Eloi Dezan Junior – Livre docência 17

SIMIONATO e SOUZA, 2003, avaliaram a reação dos tecidos

periapicais de dentes de cães após a obturação de canais radiculares com diferentes

cimentos e preparo para pino, realizando-se ou não a proteção dos remanescentes das

obturações com um plug de cimento temporário. Após pulpectomia e preparo

biomecânico, 20 canais foram obturados com o cimento AH Plus e outros 20 com o Pulp

Canal Sealer EWT, seguindo-se a remoção de parte do material obturador, mantendo-se

remanescentes com 4 ou 5 mm de extensão. Sobre os primeiros foi adaptado um plug de

1mm do cimento temporário Cavit W, delineando-se, assim, 4 grupos experimentais, com

10 espécimes cada um. Noventa dias após a exposição dos remanescentes ao meio oral

os animais foram sacrificados e os eventos histológicos presentes foram quantificados

para que pudessem ser submetidos à análise estatística. A análise histomorfológica

apontou melhores resultados no grupo AH Plus com plug, seguido pelo AH Plus sem

plug, Pulp Canal Sealer EWT com plug e Pulp Canal Sealer EWT sem plug.

Histomicrobiologicamente identificou-se presença de bactérias nos grupos AH Plus sem

plug (50%) e Pulp Canal Sealer EWT com plug (40%) e sem plug (70%) e ausência no

grupo AH Plus com plug. Concluiu-se que os resultados foram significativamente

melhores com a aplicação do plug sobre os remanescentes da obturação e que o AH

Plus foi superior ao Pulp Canal Sealer EWT.

OGATA, HOLLAND 2003, realizaram trabalho com objetivo de efetuar

tratamento endodôntico em 40 canais de dentes de cães, realizando obturações pela

técnica de condensação lateral com cones de guta-percha e os cimentos Sealapex e

Endofill. Seguiu-se preparo para pino imediato, deixando remanescentes de 4 e 5 mm.

Os remanescentes de 4mm foram protegidos com um plug de 1mm do adesivo Super

Bonder. Os canais permaneceram expostos ao meio oral por 90 dias, quando então os

animais foram sacrificados e as peças preparadas para exame histomorfológico e

histobacteriológico. A análise estatística dos resultados mostrou que os dados obtidos

com o Sealapex foram significativamente melhores que o Endofill (p=0,01). Não houve no

entanto, diferenças significantes entre os grupos com ou sem plug protetor.

SOUZA e SOUZA, 2003 analisaram a influência de dois tipos de

cimentos endodôanticos, protegendo-se ou não o remanescente da obturação do canal

radicular após o preparo para pino intra-radicular, na resposta dos tecidos periapicais de

dentes de cães. Inicialmente os dentes foram pulpectomizados, os canais instrumentados

e obturados com os cimentos Apexit ou N-Rickert. A seguir, os materiais obturadores

foram parcialmente removidos, preservando-se remanescentes da obturação com quatro

ou cinco milímetros de extensão para cada cimento, sendo os primeiros protegidos com

um plug de um milímetro do cimento MTA-Angelus. Desta maneira, ficaram

Revisão da Literatura

Eloi Dezan Junior – Livre docência 18

caracterizados quatro grupos experimentais com dez espécimes cada um, cujos

remanescentes da obturação ficaram expostos ao meio oral por um período de 90 dias.

Após este período, os animais foram sacrificados e as peças obtidas, preparadas para

análise histológica. Os eventos presentes foram, então, quantificados e submetidos à

análise estatística. Concluiu-se que, independentemente do cimento empregado, a

análise histomorfológica demonstrou que a utilização do plug proporcionou melhores

resultados (p=0,01) e que, no geral, não houve diferenças entre os cimentos estudados

(p>0,05). Por outro lado, a análise histomicrobiológica detectou presença de bactérias

nos grupos Apexit com plug (40%) e sem plug (90%); e N-Rickert com plug (50%) e sem

plug (80%).

YAMAUCHI et al. em 2006, avaliaram in vivo o efeito ,sobre a infiltração

coronária, do uso de plugs coronários de adesivo dentinário/resina composta (C) ou IRM,

sobre a obturação de canais em 61 canais de pré-molares de cães obturados com Guta e

AH 26 (S) ou apenas Guta percha (G). Após oito meses das obturações expostas foi

realizado exame microscópico. Inflamação periapical foi observada em 89% dos casos

sem plug; mas nos grupos com plug a ocorrência foi menor: 39% C+G+S, 38% IRM+G+S

e 58% C+G. Os autores recomendam o uso de barreira adicional após obturação dos

canais.

HOLLAND, et al. 2007, efetuaram tratamento endodôntico em 40 canais

de dentes de cães instrumentando e obturando os canais radiculares pela técnica da

condensação lateral ativa com um cimento à base de hidróxido de cálcio CRCS e um

cimento à base de óxido de zinco e eugenol, Endomethasone e cones de guta-percha.

Seguiu-se o preparo para pino imediato com brocas Gates Glidden e condensadores

endodônticos aquecidos, deixando um remanescente obturador de 5 ou 4 milímetros. Os

remanescentes de 4 milímetros foram protegidos com um plug de 1 milímetro do cimento

temporário Coltosol. Concluído o tratamento, as obturações ficaram expostas ao meio

oral por 90 dias. Os animais foram então eutanasiados e as peças obtidas fixadas,

descalcificadas, cortadas em cortes seriados de 6 micrometros de espessura e os cortes

corados pela hematoxilina-eosina e pela técnica de Brown e Brenn para exame

histomorfológico e histobacteriológico. Foi observado 35% de casos de infiltração

bacteriana nos grupos sem plug e 15% nos grupos com plug. A análise estatística

demonstrou que, no geral, o emprego de um plug protetor favoreceu a obtenção de

melhores resultados histomorfológicos (p=0,05).

BROSCO, et al. 2008 realizaram experimento com objetivo de avaliar a

infiltração coronária bacteriana e o nível de penetração das bactérias nos canais

radiculares e nos túbulos dentinários em canais obturados por diferentes técnicas. 160

Revisão da Literatura

Eloi Dezan Junior – Livre docência 19

raízes palatinas de molares superiores tiveram seus canais instrumentados e foram

divididas em grupos, (condensação lateral, sistema Microseal, Touch'n heat + sistema

Ultrafil e técnica híbrida de Tagger) e com a extensão do material obturador

remanescente (5mm e 10mm). As raízes foram impermeabilizadas, esterilizadas em

óxido de etileno e montadas em um dispositivo para avaliação da infiltração bacteriana.

Para isso, o meio de cultura BHI inoculado com o microorganismo Enterococcus faecalis

foi introduzido em contato com a porção coronária das raízes e o mesmo meio de cultura

estéril inserido em contato com a porção apical das mesmas. A infiltração foi avaliada

diariamente, durante 120 dias, sendo constatada quando o meio de cultura da porção

apical tornava-se turvo. Após o teste de infiltração, as raízes foram analisadas

microscopicamente para avaliação da penetração bacteriana nos canais radiculares e

nos túbulos dentinários. No teste de infiltração, os grupos da condensação lateral,

Touch'n heat + Ultrafil e Microseal apresentaram capacidade de selamento semelhante,

sendo melhores que a técnica híbrida de Tagger, a qual apresentou a pior capacidade de

selamento e os canais com 10mm de material obturador remanescente apresentaram

melhor selamento que os canais com 5mm. Na avaliação microscópica, a técnica da

condensação lateral permitiu menor penetração das bactérias tanto nos canais

radiculares quanto nos túbulos dentinários, seguida pelos grupos do Touch'n heat +

Ultrafil, Microseal e pela técnica híbrida de Tagger, a qual possibilitou a maior penetração

bacteriana e os canais com 10mm de material obturador remanescente apresentaram

penetração bacteriana semelhante aos canais com 5mm.

Proposição

Eloi Dezan Junior – Livre docência 20

PROPOSIÇÃOPROPOSIÇÃOPROPOSIÇÃOPROPOSIÇÃO

Frente ao reduzido número de trabalhos in vivo sobre infiltração marginal

coronária, é propósito deste trabalho avaliar em obturação de canal expostas ao meio

bucal por 90 dias:

• a ocorrência e influência biológica da infiltração bacteriana coronária;

• a qualidade de duas diferentes técnicas de obturação de canal;

• a proteção proporcionada pelo plug de Endofill endurecido sobre a obturação do

canal.

Material e Métodos

Eloi Dezan Junior – Livre docência 21

MATERIAL E MÉTODOSMATERIAL E MÉTODOSMATERIAL E MÉTODOSMATERIAL E MÉTODOS

Todos os procedimentos estão de acordo com os Princípios Éticos na

Experimentação Animal adotado pelo Colégio Brasileiro de Experimentação animal

(COBEA) e aprovados pela Comissão de Ética em Experimentação Animal (CEEA-FOA)

em reunião de 11 de junho de 2002 (anexo 1).

Trabalho experimental

Foram utilizadas para este experimento cinqüenta e duas raízes de

incisivos (12) e pré-molares (40) de dois cães machos, de raça indefinida, com idade

variando de 1 a 2 anos, criados no Biotério da Universidade Estadual Paulista “Júlio de

Mesquita Filho” – Câmpus de Araçatuba. Os animais receberam no período indicado as

vacinas e medicamentos de praxe.

Os animais foram pré-anestesiados com Acepran (Bayer S/A – Produtos

Veterinários – Ind. Bras., RS) (0,11mg/Kg) e, 5 minutos após, Ketamina 50 (Parke –

Davis – Achê Laboratórios Farmacêuticos S/A Ind. Bras., SP) (15mg/Kg), injetados

intramuscularmente 15 minutos antes do ato operatório, para tornar os animais dóceis e

receptivos às manobras de anestesia.

A anestesia geral foi obtida pela injeção endovenosa de Nembutal Sódio

à 3% (Hypnol – Cristália Produtos Químicos Farmacêuticos Ltda.), na dosagem de 1ml

por quilograma de massa corpórea. Quando necessário, essa dosagem foi suplementada

para manter o efeito anestésico. Em seguida, os animais foram entubados, com auxílio

de um Laringoscópio Ref. 400 com fibra óptica (Kole Equimed) para colocação de uma

sonda endotraqueal n.º 28, modelo Rusch com Cuff (Rep. Fed. Alemanha) A entubação

teve o objetivo de evitar problemas respiratórios e permitir a realização de ventilação

artificial em caso de uma parada respiratória. Durante todo o período operatório, e

aproximadamente 30 minutos após a sua conclusão, os animais receberam, também por

via endovenosa, solução de glicose à 5% (Laboratório J.P. – Indústria Farmacêutica

S.A.). O acesso venoso foi mantido por meio de um scalp no21.

Previamente às intervenções, realizadas no Laboratório de Pesquisa da

Disciplina de Endodontia da Faculdade de Odontologia do câmpus de Araçatuba da

UNESP, foram realizadas radiografias de diagnóstico dos dentes citados, com a

Material e Métodos

Eloi Dezan Junior – Livre docência 22

finalidade de observar as condições de normalidade radicular, bem como do suporte

ósseo.

Os dentes receberam polimento coronário, foram isolados com lençol de

borracha e realizada anti-sepsia do campo operatório com solução alcoólica iodetada a

0,3%.

Inicialmente procedeu-se abertura coronária com pontas diamantadas

esféricas, movimentadas em alta rotação com refrigeração, sendo substituídas ao atingir

a câmara pulpar, por outras, cônicas sem ponta ativa. Todo o instrumental e material

utilizados nos procedimentos foram previamente esterilizados em autoclave a 134ºC, por

15 minutos.

Com o auxílio de extirpa nervos foram efetuadas as pulpectomias até o

platô apical, limite CDC, que foi utilizado como comprimento de trabalho apical.

A seguir foi procedido o preparo biomecânico com o emprego de

ampliadores de orifício, brocas Gates-Glidden, limas tipo Kerr e tipo Hedstrom (Maillefer –

Suíça), segundo a técnica de preparo biomecânico da Disciplina de Endodontia de

Araçatuba - UNESP (Mista Invertida - HOLLAND et al 1991). Durante todo o preparo

biomecânico, foram realizadas irrigações, 3ml de solução fisiológica, a cada troca de

instrumento.

Concluído o preparo biomecânico (lima tipo Kerr n.º 40, diâmetro apical,

e tipo Hedstrom, com recuo natural e progressivo até o instrumento de n.º 60), os canais

radiculares foram irrigados, aspirados e secos com cones de papel absorvente estéreis e

selecionados os cones principais de guta-percha também no limite CDC.

Os canais foram obturados com cimento Endofill (Denstsply/Herpo)

manipulado numa consistência tal que formasse um fio de aproximadamente 2cm

elevando a espátula da placa de vidro, e levado para o interior do canal radicular com o

cone principal, pelas técnicas da Condensação Lateral Ativa e Híbrida de Tagger

Modificada, obtendo-se os grupos experimentais:

• condensação lateral ativa;

• condensação lateral ativa com plug coronário do cimento Endofill endurecido;

• técnica híbrida de Tagger modificada, assim realizadas:

Condensação Lateral: uma vez adaptado o cone de guta-percha principal,

seguiu-se a condensação lateral. Um espaçador palmo-digital A30 (Maillefer) penetrou no

canal até atingir a profundidade de 1mm aquém do limite de trabalho abrindo espaço para

Material e Métodos

Eloi Dezan Junior – Livre docência 23

colocação do cone acessório B7. Este procedimento foi repetido por mais 3 vezes. Com o

espaçador palmo-digital A40, teve seguimento a condensação lateral com a colocação de

cones acessórios B8 até o completo preenchimento do canal.

A técnica híbrida de Tagger modificada foi realizada com os mesmos

passos da condensação lateral apical com o espaçador A30 e cones B7 até se conseguir

a obturação do terço apical, e em seguida criado espaço com espaçador A40 e utilizado o

compactador de guta percha no 55 (Maillefer).

Após a compactação da guta-percha o excesso foi cortado com o

emprego de um hollemback pré-aquecido. Então, realizada a condensação vertical com o

emprego de condensadores endodônticos números 1 e 4.

Para o grupo da condensação lateral ativa com plug coronário do

próprio cimento, o corte da obturação foi realizado numa profundidade 1mm maior que

para a condensação lateral e neste espaço criado foi aplicado o plug do próprio cimento,

numa consistência de massa de vidraceiro, endurecido com o acréscimo de pó.

Concluída a obturação e a limpeza da câmara pulpar as aberturas

coronárias não foram seladas. Os dentes foram radiografados para a confirmação da

qualidade das obturações e todos os procedimentos anotados em fichas (Figura 1).

TRABALHO: infiltração coronária

PESQUISADOR: Eloi Dezan Junior CÃO No superior direito superior esquerdo

*

P3

*

P2

*

P1

* I3

* I2

* I1

* I1

* I2

* I3

*

P1

*

P2

*

P3

P3 *

P2 *

P1 *

I3 *

I2 I1 I1 I2 I3 *

P1 *

P2 *

P3 *

Inferior direito

inferior esquerdo

Figura 1 - Modelo de ficha para trabalho em cão utilizado para anotar detalhes no trans-operatório dos dentes a serem tratados ( * ). (I) incisivo, ( P ) pré-molar

Durante todo o tempo experimental os animais ficaram mantidos em

selas especiais bem limpas e arejadas, recebendo alimentação balanceada e água

potável à vontade, sendo, inspecionados semanalmente.

Material e Métodos

Eloi Dezan Junior – Livre docência 24

Processamento Laboratorial

Remoção das peças teciduais

Decorrido o tempo pós-operatório de 90 dias das obturações e

exposição do material obturador ao meio bucal, os animais foram mortos por injeção

endovenosa de uma dose excessiva de nembutal sódico a 3%. Procedeu-se, então, a

remoção das peças teciduais contendo os dentes tratados (maxilas e mandíbulas).

Preparo para análise microscópica

Fixação

As peças foram colocadas em frascos contendo solução de formalina a

10%, tamponada em pH neutro, permanecendo por um período mínimo de 72 horas.

Desmineralização

Após a fixação, as peças foram transferidas para recipientes de plástico

para a desmineralização em solução de ácido etilenodiaminotetracético a 20%

tamponado em pH 7,0, mantida a uma temperatura de 40oC renovada duas vezes por

semana. Foi considerado finalizado o processo de desmineralização quando as peças

apresentaram-se com consistência borrachóide, sem resistência à penetração de uma

agulha fina e radiotransparentes a ondas de raios X.

Inclusão e Microtomia

As peças foram lavadas em água corrente por 24h, desidratadas em

álcool, diafanizadas em xilol e incluídas em parafina.

Cortes seriados com 6µm de espessura foram obtidos de cada

espécime, iniciados após a obtenção de um corte que evidenciasse a luz do canal no seu

longo eixo.

Coloração

Os cortes obtidos foram corados pela técnica de Brown e Brenn (Dezan

Jr, 2001) para avaliação microscópica.

Material e Métodos

Eloi Dezan Junior – Livre docência 25

Alguns cortes de cada bloco foram corados pela técnica Hematoxilina e

Eosina.

Análise Microscópica

Durante a leitura das lâminas foi realizada análise subjetiva do reparo

proporcionado aos tecidos periodontais apicais pelos três grupos experimentais e,

principalmente, uma varredura detalhada de toda extensão do canal radicular, no sentido

apical, a procura de microrganismos infiltrados.

Resultados

Eloi Dezan Junior – Livre docência 26

RESULTADOSRESULTADOSRESULTADOSRESULTADOS

Todos os espécimes observados apresentavam detritos na região das

aberturas coronárias e junto às entradas dos canais, resíduos alimentares e grande

quantidade de bactérias Gram positivas e negativas formando grandes colônias ou não.

Foi comum se observar nesta região coronária vários túbulos dentinários povoados por

bactérias. As paredes dos canais também exibiam quantidade considerável de

microrganismos até a região de corte da obturação (figura 2).

Na varredura efetuada nos canais radiculares, de coronário para apical,

em todas as lâminas coradas por Brown e Brenn foram observadas, em todos os casos,

partículas de cimento obturador, próximos à parede, em toda extensão do canal. Algumas

vezes presentes também na sua luz. Estas partículas apresentavam diversos tamanhos

chegando, inclusive bastante reduzidos a ponto de serem confundidas com bactérias

Gram positivas. A diferença é que estas são pretas por não permitirem a passagem de

luz e as bactérias coram-se em azul (figura 3). A possibilidade de analisar alguns cortes

corados por HE também facilitou esta diferenciação, visto que os resíduos também são

observados nesta coloração e as bactérias não.

CONDENSAÇÃO LATERAL

Os nove espécimes analisados constaram de três incisivos e seis pré-

molares totalizando 15 canais. Sete periápices apresentaram-se com sinais de reparo e

isentos de células inflamatórias.

Foi observada infiltração bacteriana no interior de seis canais até

próximo ao início das ramificações. Bactérias Gram positivas e negativas estavam

presentes nas paredes do canal (figura 4), em resíduos ou detritos (figura 5). Algumas

vezes foi verificada sua presença até próximo ao terço apical quando estas se

misturavam com grande quantidade de partículas de cimento dificultando a identificação.

No geral o periodonto apical apresentou pequena alteração próxima à

saída das ramificações com presença de poucas células mononucleares, em alguns

casos pequeno espeçamento.

Um pré-molar apresentou inflamação mais exuberante no periápice,

sendo que em uma das raízes foi de pequena intensidade. Na outra se caracterizou pelo

espeçamento do ligamento periodontal apical e presença de um infiltrado celular

Resultados

Eloi Dezan Junior – Livre docência 27

predominantemente mononuclear embora alguns polimorfonucleares também pudessem

ser observados, originando um pequeno granuloma entre as raízes (figura 6). Neste

espécime foi observado presença de partículas de cimento até próximo às ramificações

apicais, mas não no interior das mesmas. Várias das ramificações apresentavam-se com

ausência de células caracterizando necrose.

CONDENSAÇÃO LATERAL COM PLUG DE CIMENTO

Os 13 espécimes analisados constaram de quatro incisivos e nove pré-

molares totalizando 22 canais. Destes, apenas três periápices, pertencentes a um pré-

molar e um unirradiculado não apresentaram inflamação apical.

Ocorreu um caso de sobre obturação. Em seis periápices foram

observadas partículas de cimento extravasado por ramificação do delta atingindo o

ligamento periodontal, podendo ser percebidas fagocitadas por macrófagos.

Três espécimes apresentaram infiltração de bactérias Gram positivas e

negativas na parede interna do canal até bem próximo à saída das ramificações apicais,

não sendo comuns no interior dos túbulos. Os periápices apresentavam-se espessados e

infiltrados por células inflamatórias com predominância de mononucleares.

Foi verificada a presença de bactérias Gram positivas e negativas em

estrutura aderida à parede externa de canal com pequeno infiltrado inflamatório próximo

à região, onde também foi possível se observar partículas de cimento fagocitadas (figura

7).

Em um incisivo pode ser observada a infiltração bacteriana por toda

extensão do canal e povoamento dos túbulos dentinários próximo às ramificações apicais

(figuras 8 e 9), o periodonto apresentou-se espessado por infiltrado com predominância

de mononucleares.

TAGGER

Neste grupo foram analisados três pré molares e sete incisivos,

totalizando 13 canais. Destes oito periápices estavam isentos de inflamação.

Dois espécimes apresentaram nítida infiltração bacteriana por todo o

canal podendo ser observadas no interior dos túbulos dentinários vindos da região

coronária do canal se estendendo para apical, nesta região apresentando maior

Resultados

Eloi Dezan Junior – Livre docência 28

densidade de túbulos povoados por bactérias Gram positivas e negativas. Inflamação

presente junto à saída de um forame (figuras 10 e 11).

Em um deles, com pequeno extravasamento de material obturador,

microrganismos povoavam os túbulos dentinários apicais (figuras 12 e 13), delta e foram

observados também no ligamento periodontal apical junto ao material obturador

extravasado. Noutro, com inflamação e espeçamento do ligamento apical foram

observadas bactérias Gram positivas e negativas na parede interna do canal até bem

próximo à saída das ramificações apicais, não sendo comuns no interior dos túbulos.

Não pode ser observadas bactérias em um periápice que apresentava

ligeiro espessamento do ligamento periodontal junto à saída de uma ramificação.

Resultados

Eloi Dezan Junior – Livre docência 29

Figura 2 Pré molar com abertura coronária exposta ao meio oral por 90 dias onde se observa presença de resíduos alimentares, detritos e bactérias. (aumento original: 20X; Brown e Brenn)

Figura 3 Terço apical de canal onde podem ser vistas partículas de cimento obturador (p) de diversos tamanhos, resíduos de obturação (r) e bactérias Gram positivas e negativas (b) no interior dos túbulos dentinários. (aumento original: 400X; Brown e Brenn)

p

r b

Resultados

Eloi Dezan Junior – Livre docência 30

Figura 4 Terço apical de canal obturado pela condensação lateral, onde podem ser vistas bactérias Gram positivas (seta) infiltradas. (aumento original: 400X; Brown e Brenn)

Figura 5 Terço apical de canal obturado pela condensação lateral, onde podem ser observadas bactérias (seta) infiltradas aderidas a detritos ou resíduos. (aumento original: 400X; Brown e Brenn)

Resultados

Eloi Dezan Junior – Livre docência 31

Figura 6 Região periapical de pré-molar obturado pela condensação lateral, onde ocorreu espessamento do ligamento periodontal pela presença de infiltrado celular predominantemente mononuclear originando pequeno granuloma. Nota-se uma ramificação com coto pulpar necrótico (r). (aumento original: 100X; Brown e Brenn)

Figura 7 Periodonto lateral de canal obturado pela condensação lateral com plug de

cimento Endofill. Nota-se presença de bactérias Gram positivas e negativas (b) em estrutura aderida à parede externa de canal. Pequeno infiltrado celular inflamatório presente próximo (i). Também se observa partículas de cimento fagocitadas ou não (seta ). (aumento original: 400X; Brown e Brenn)

r

b

i

Resultados

Eloi Dezan Junior – Livre docência 32

Figura 8 Terço apical de canal obturado pela condensação lateral com plug de cimento Endofill. Nota-se presença de bactérias Gram positivas e negativas (b) infiltradas no interior de túbulos dentinários próximas a ramificação. Pequeno infiltrado celular inflamatório presente próximo à saída do forame (i). (aumento original: 100X; Brown e Brenn)

Figura 9 Maior aumento da figura anterior onde se percebe bactérias (seta) no

interior de túbulos dentinários na parede interna do canal e no forame (f). (aumento original: 400X; Brown e Brenn)

i

b

f

Resultados

Eloi Dezan Junior – Livre docência 33

Figura 10 Terço apical de canal obturado pela técnica de Tagger. Nota-se presença de bactérias Gram positivas e negativas (b) infiltradas no interior de túbulos dentinários próximas a ramificação. Infiltrado celular inflamatório presente próximo à saída do forame (i). (aumento original: 100X; Brown e Brenn)

Figura 11 Maior aumento da figura anterior onde se percebe maior densidade de

bactérias no interior de túbulos dentinários. Também presentes na parede interna do canal. (aumento original: 400X; Brown e Brenn)

b

i

Resultados

Eloi Dezan Junior – Livre docência 34

Figura 12 Terço apical de canal obturado pela técnica de Tagger com sobreobturação e periodonto apical desorganizado (lp ). Nota-se presença de bactérias Gram positivas e negativas (b) infiltradas no interior de túbulos dentinários e resíduos de material obturador (r). (aumento original: 100X; Brown e Brenn)

Figura 13 Maior aumento da figura anterior onde se percebe bactérias no interior de

túbulos dentinários e parede interna do canal confundindo-se com resíduos de material obturador. (aumento original: 400X; Brown e Brenn)

lp

b

b

r

Discussão

Eloi Dezan Junior – Livre docência 35

DISCUSSÃODISCUSSÃODISCUSSÃODISCUSSÃO

DA METODOLOGIA EMPREGADA

O assunto infiltração coronária de microrganismos através de todo o

canal obturado foi tema de vários trabalhos in vitro que atestaram a veracidade do

problema (SWANSON e MADISON, 1987, GUERRA et al., 1994; ALVES et al., 1998).

Contudo, embora úteis, esses trabalhos in vitro não simulam exatamente o que ocorre na

cavidade oral, o que sugere a necessidade de confirmação através de trabalhos in vivo

do que foi observado através de experimentações in vitro.

O primeiro trabalho in vivo sobre o tema foi realizado por MADISON e

WILCOX (1988) em dentes de macacos. Contudo, esses autores deixaram obturações de

canais expostas ao meio oral por sete dias, após extraíram os dentes e não realizaram

análise microscópica da presença de microrganismos. Os dentes foram mergulhados em

tinta Pelikan e a infiltração marginal do corante avaliada após serem clareados. Portanto,

não foi avaliada a penetração de microrganismos. HOLLAND et al. (2000) realizaram

experimentos in vivo em dentes de cães, deixando as obturações expostas ou não ao

meio oral por 75 dias, fazendo a seguir análise histomorfológica e histomicrobiológica. Os

canais foram obturados com OZE ou Sealapex. Evidenciaram presença de

microrganismos na região apical apenas nos canais obturados com OZE e apenas em

dois casos. Experimentação in vivo após preparo para pino foi realizada por BARBOSA et

al. (2003), SIMIONATO; SOUZA (2003), SOUZA; SOUZA (2003), OGATA; HOLLAND

(2003) HOLLAND et al. (2007) em dentes de cães.

Além disso, pode acontecer variação do comportamento desses

materiais obturadores diante da sua exposição ao ambiente oral. O ideal seria que a

experimentação fosse desenvolvida in vivo no ser humano, no entanto, isso é

impraticável, restando a realização em dentes de animais.

Dentre os animais à disposição pode-se citar o macaco e o cão. O

animal mais viável em nosso meio é o macaco Cebus appela, popularmente conhecido

como macaco prego. Esse animal possui resistência orgânica superior à do homem

(TORNECK et al., 1973). Esse fato constitui inconveniente quando se pensa em

extrapolar os dados obtidos nesses animais para o homem. Por outro lado, o inverso

ocorreria com os cães que são mais sensíveis que o homem a determinadas injúrias. Uns

dos primeiros a chamar a atenção para esse fato foram DIXON e RICKERT (1938), ao

Discussão

Eloi Dezan Junior – Livre docência 36

afirmarem que essa maior sensibilidade era bem vinda porque um problema controlado

no cão, com mais facilidade o seria no homem. Acrescentaram, ainda, que pelos dados

por eles obtidos em cães concordavam com alguns europeus quanto à preferência por

esse animal como modelo experimental.

O cão tem muitos dentes passíveis de tratamento, seus canais

radiculares são retos e facilmente acessíveis e, de um modo geral, uma íntima

semelhança tem sido observada no processo de reparo após pulpectomia e obturação de

canal entre dentes humanos e de cães Além disso, na seleção do animal a ser

empregado, levou-se em alta conta os numerosos trabalhos de investigação em dentes

de cães desenvolvidos pela equipe de endodontia da Faculdade de Odontologia de

Araçatuba (UNESP) há mais de 40 anos. Essas experimentações demonstraram haver

uma estreita relação entre os resultados obtidos no tratamento conservador da polpa

quanto tecidos periapicais de dentes de cães com os resultados obtidos em dentes

humanos. Também experimentações em dentes de cães com rizogênese incompleta.

Os dentes empregados, neste experimento, possuem dimensões

aproximadamente semelhantes entre si, são retos e com canais de fácil acesso. Essas

características permitiram maior padronização. Os dentes de cão possuem um canal que

termina na região apical em um delta composto por várias ramificações. Alguns criticam

esse aspecto morfológico que diferenciaria esses dentes dos humanos.

HESS e KELLER (1988) demonstraram que o dente humano também

possui ramificações apicais, a ponto de SELTZER (1971) afirmar que essa ocorrência é

uma regra e não uma exceção. Os dentes humanos com ramificações apicais podem

exibir um forame correspondente ao canal principal e outros, menores, correspondentes

às ramificações. Os dentes de cães usualmente não exibem um forame principal, mas um

platô cementário de onde partem várias ramificações. Com a finalidade de tornar o

aspecto anatômico apical mais próximo ao do dente do homem, é usual o arrombamento

do platô apical. Com esse arrombamento do platô cementário apical obtém-se um forame

principal e também maior área de contato do material obturador com os tecidos vivos

periapicais.

No presente estudo, não foi efetuado o arrombamento da barreira

cementária, porque ele provocaria trauma físico causando reação inflamatória inicial.

Para atenuá-la, normalmente se aplica um curativo de demora com propriedade

antiflogística, passando o tratamento a ser concluído em duas sessões. Para se evitar a

interferência de dois fatores, trauma mecânico e curativo de demora, a barreira

cementária foi preservada e o tratamento endodôntico concluído em uma única sessão.

Discussão

Eloi Dezan Junior – Livre docência 37

Com a manutenção da barreira cementária, os limites da instrumentação e da obturação

ficaram estabelecidos ao nível do limite CDC (canal-dentina-cemento). Em cães, com

idade aproximada de um ano, este limite situa-se aproximadamente a um milímetro

aquém do ápice radicular.

HOLLAND et al. 2000 também sem a realização do arrombamento

apical, utilizaram período pós operatório de 75 dias e observaram infiltração bacteriana

em canais obturados com cimento OZE

O período pós-operatório escolhido foi de noventa dias, durante o qual

as obturações ficaram expostas ao meio oral. Esta condição, na realidade, não

corresponde às condições rotineiramente presentes na clínica, onde é indicada a

restauração do dente imediatamente após a obturação do canal. Embora seja comum o

paciente não executá-la. Com rotina recebemos pacientes na clínica de Endodontia desta

Faculdade, com canais obturados expostos ao meio oral, não restaurados ou com perda

da restauração.

Por isso, um período pós-operatório mais dilatado, com exposição da

obturação ao meio oral, permitiu avaliar com grande rigor a efetividade do selamento

marginal proporcionado pela técnica de obturação empregada e o papel significante ou

não do plug com o cimento Endofill sobre a obturação quando da condensação lateral.

Convém salientar que a infiltração coronária bacteriana e de seus

metabólitos, toxinas e proteínas podem atravessar toda a extensão da obturação

endodôntica em períodos inferiores há noventa dias.Tendo sido demonstrada a partir do

quarto dia (KHAYAT et al., 1993), do sexto dia (TROPE et al., 1995), do décimo dia

(CHAILERTVANITKUL et al., 1997), com dezessete ou dezenove dias (TORABINEJAD et

al., 1990). No entanto, destaca-se que o tempo médio das infiltrações coronárias

normalmente avaliadas, in vitro, varia devido às diferentes metodologias e materiais

utilizados nas pesquisas. Estudos in vivo, podem sofrer influência da dieta do animal, da

anatomia dental, dos materiais e técnicas empregados durante a instrumentação e a

obturação do canal radicular, da experiência do profissional, dentre outras variáveis.

Portanto, há quem indique o retratamento endodôntico quando a

obturação do canal permanecer exposta ao meio oral geralmente por um período maior

que trinta dias. Demonstra-se, também, que a penetração de endotoxinas é mais rápida

do que a bacteriana (CHOW et al., 1993; TROPE et al., 1995).

Ainda em relação ao período pós-operatório escolhido, decorridos

noventa dias, a inflamação inicial pós-tratamento endodôntico devido ao trauma

mecânico e reação inicial ao cimento obturador já estaria superada. Com isso, a

Discussão

Eloi Dezan Junior – Livre docência 38

inflamação inicial aguda normalmente passa a ser predominantemente crônica. A

persistência da primeira, em maior intensidade e extensão, indicaria a presença de um

fator com atuação contínua, que poderia ser as bactérias ou seus produtos. Os

resultados reforçam essa hipótese, uma vez que, nos espécimes onde as bactérias não

foram detectadas, o infiltrado inflamatório agudo estava ausente ou com número

inexpressível de neutrófilos.

No caso deste experimento o objetivo principal não foi estudar a

resposta dos tecidos periapicais frente ao cimento obturador, mas sim, verificar in vivo, a

ocorrência de infiltração bacteriana. É evidente que, paralelamente a este objetivo,

observou-se também o comportamento biológico do cimento estudado em contato com

os cotos pulpares, bem como as alterações desse comportamento diante da presença de

microrganismos.

Um fator não estudado, no modelo animal empregado, foi a influência

de alterações de temperatura. Em experimentações in vitro, com a finalidade de verificar

a eficiência seladora de determinados materiais, costuma-se submeter os espécimes à

ciclagem térmica. Isto porque, usualmente, os dentes humanos são submetidos à

alteração de temperatura uma vez que o homem ingere líquidos e alimentos com

variadas temperaturas. Sabe-se que essas ciclagens térmicas, no geral, determinam

piora na qualidade seladora de muitos materiais (MOROSKY et al., 1977). Simular essas

alterações de temperatura na boca dos cães não é viável.

Considerando que o objetivo principal deste experimento foi analisar a

infiltração coronária de microrganismos, tomou-se todos os cuidados de antissepsia e

assepsia no sentido de evitar contaminação dos canais radiculares, notadamente suas

porções mais apicais.

O emprego de uma solução irrigadora com propriedades bactericidas

como, por exemplo, o hipoclorito de sódio, seria interessante. Contudo, resíduos, dessa

ou outra substância similar, poderiam atuar por algum tempo sobre os microrganismos

que viessem atingir aquele local. Por esse motivo optamos por irrigar os canais com soro

fisiológico, levando em consideração todos os cuidados necessários para evitar a

contaminação indesejável do canal radicular a mesma solução foi empregada por

HOLLAND et al. em 2000.

Além das variáveis já consideradas devemos lembrar também a técnica

de obturação dos canais radiculares. Optamos por empregar a técnica da condensação

lateral e Híbrida de Tagger por pertenceram ao protocolo da disciplina de Endodontia de

Araçatuba.

Discussão

Eloi Dezan Junior – Livre docência 39

Várias são as técnicas passíveis de serem empregadas, sendo, no

entanto, poucos os trabalhos que apontam diferenças no selamento das obturações em

função da técnica de obturação. RAVANSHAD, TORABINEJAD (1992) observaram

melhores resultados com a técnica da condensação lateral e vertical do que com a

técnica do Thermafil. SAUNDERS, SAUNDERS (1995) verificaram que a condensação

lateral promove melhor selamento do que a técnica de JS Quickfill. No entanto, vários são

os relatos de experimentações que não detectaram diferenças apreciáveis em função da

técnica de obturação (CAMP, TOLD, 1983; SUCHINA, LUDINGTON, 1985; DE NYS et

al., 1989; EWART e SAUNDERS, 1990; KHAYAT et al. 1993).

Visando aprimorar a técnica de McSPADDEN (1980), TAGGER (1984)

propôs uma técnica híbrida de obturação, associando a condensação lateral ativa do

terço apical à compactação termomecânica de McSpadden nos terços cervical e médio.

Técnica original segundo TAGGER (1984):

1) seleção e assentamento do cone principal (o cimento selador é indispensável).

2) condensação lateral ativa do terço apical, com objetivo de comprimir cone

principal apicalmente, criando espaço para cones acessórios.

3) Aplicação do compactador, evitando atingir porção mais apical.

Modificações segundo TAGGER (1994):

1) após compactador, realizar novo espaçamento (condensação lateral) para

comprimir apical e lateralmente a guta-percha plastificada contra as

irregularidades das paredes do canal radicular.

1) Evitando atingir 2 a 3 mm mais apicais, utilizar mais um ou dois cones acessórios.

2) Reutilizar o compactador (geralmente um instrumento mais calibroso que o

anterior).

3) Enquanto a guta-percha estiver plastificada, realizar condensação vertical,

utilizando-se os condensadores.

4) A qualidade da obturação é conferida por meio de uma radiografia.

5) Caso haja necessidade as manobras podem ser repetidas.

Segundo MONTEIRO (2001), a técnica híbrida modificada apresenta

em relação à original, a vantagem de permitir a utilização de uma maior quantidade de

guta-percha o que em muitos casos é extremamente importante, possibilitando uma

obturação mais hermética e homogênea, minimizando a possibilidade de falhas e

espaços vazios. Com certeza isso melhoraria em muito a adaptação do material

Discussão

Eloi Dezan Junior – Livre docência 40

obturador às paredes dentinárias preenchendo as irregularidades do sistema de canais

radiculares. A única desvantagem observada seria o maior tempo despedido para sua

realização, em relação à técnica original.

BRAMANTE et al. (1989) comparando várias técnicas de

instrumentação verificaram que as técnicas de condensação lateral e a técnica híbrida de

Tagger apresentaram menor infiltração e que a característica da obturação foi melhor no

terço apical na condensação lateral e nos terços cervical e médio na técnica híbrida.

Não foi observada diferença quanto à infiltração bacteriana entre as

técnicas utilizadas, pois ambas apresentaram casos aonde as bactérias vindas pelo canal

atingiram o terço apical colonizando túbulos dentinários.

PROCESSAMENTO LABORATORIAL DAS PEÇAS PARA MICROSCOP IA

O efeito cumulativo sobre os tecidos, pelos agentes químicos

empregados na desinfecção, fixação, desmineralização e inclusão em parafina, faz com

que parte das bactérias sejam eliminadas ou percam a capacidade tintorial pela técnica

de Brown e Brenn podendo levar a falsas interpretações dos cortes em tecidos e

influenciar no resultado de uma pesquisa.

Os resultados obtidos pelo emprego do EDTA, no presente

experimento, foram considerados satisfatórios preservando o arcabouço estrutural dos

tecidos na grande maioria dos cortes analisados, onde puderam ser evidenciadas

bactérias.

Embora esta metodologia não seja a ideal, pois de acordo com trabalho

de WIJNBERGEN; VAN MULLEM (1987), substâncias químicas utilizadas na

desmineralização de tecidos, testadas e empregadas em seu experimento, contribuíram

para a perda da afinidade tintorial de bactérias Gram positivas. As alterações mais

significativas foram observadas com ácido fórmico a 5%, empregado por uma semana. A

cada 15 bactérias, somente uma corou de azul, porém com EDTA a redução foi menor,

corou 1 a cada 3. Portanto, em áreas com limitado número de bactérias, como é o caso

do presente trabalho, o risco de resultados falsos negativos torna-se bastante

significativo. Isto nos leva a concluir que grande parte das bactérias contidas nos

espécimes por nós estudados, possivelmente não tenha sido detectada.

Contudo, para STANLEY (1977), esta proporção é muito maior, sendo

uma identificação a cada 25 mil bactérias existentes.

Discussão

Eloi Dezan Junior – Livre docência 41

O método de desmineralização e coloração empregados foram os

mesmos utilizados por DEZAN JR. (2001) quando foi possível verificar a presença de

bactérias no periápice de dentes de cães originadas por via anacorética, sendo

considerado satisfatório.

DOS RESULTADOS OBTIDOS

Em relação ao cimento empregado deve-se levar em consideração os

fatores a eles relacionados que poderiam influir nos resultados. Assim, seria interessante

considerar o comportamento biológico, capacidade seladora e propriedade

antibacteriana. A compatibilidade biológica influiria na resposta dos cotos pulpares e

tecidos periapicais ao contato com os cimentos em questão. A propriedade seladora

facilitaria ou impediria a infiltração de microrganismos. A atividade antibacteriana poderia

destruir os microrganismos que entrassem em contato com o cimento obturador. É assim

importante analisar essas propriedades do cimento obturador, procurando relacioná-las

com os dados microscópicos observados.

O Endofill é um tipo de cimento de Grossman fabricado pela Dentsply.

Esse cimento possui na formulação do pó: protóxido de zinco, resina hidrogenada,

subcarbonato de bismuto, sulfato de bário e borato de sódio; o líquido, por sua vez, é

composto de eugenol e óleo de amêndoa doce. Esse cimento, ou seja, o cimento de

Grossman, talvez, seja ou tenha sido um dos cimentos mais empregados em endodontia.

As propriedades seladoras desse cimento foram amplamente

estudadas. De um modo geral, nota-se que a infiltração marginal apical obtida com os

cimentos de Grossman deixam a desejar em relação à alguns outros cimentos. Assim, o

Diaket mostrou-se mais eficiente que o New Grossman (STEWART, 1958), o Alfacanal

selou melhor que o Fill Canal, o N-Ricket mostrou-se melhor selador que o Fill Canal

(ROMEIRO et al., 1985), o Fill Canal foi menos eficiente que o Sealapex, AH26 e outros

(HOLLAND et al., 1992), o Roth 811 selou pior que o AH26 (TAYLOR et al., 1997).

O cimento de Grossman foi objeto de vários estudos quanto à suas

propriedades seladoras coronárias, tema do presente trabalho. SWANSON, MADISON

(1987) observaram, em tempo de 3 a 56 dias, infiltração coronária de 10mm com o

cimento Roth. Foi observado que a infiltração coronária de endotoxina, através de

obturações com o cimento Roth, alcançava a região apical mais rapidamente (CHOW et

al., 1993; TROPE et al., 1995; ALVES et al.,1998) que os microrganismos (KHAYAT et

al., 1993; ALVES et al., 1998).

Discussão

Eloi Dezan Junior – Livre docência 42

OGATA; HOLLAND (2003) em trabalho in vivo onde as obturações de

canais após preparo para pino ficaram expostas ao meio oral por 90 obtiveram resultados

superiores ao Endofill quando utilizaram o Sealapex.

Analisando os dados sobre a qualidade seladora do cimento de

Grossman observa-se que ele exibe qualidade questionada pela maioria dos

experimentos. No presente estudo observamos uma penetração dos microrganismos pela

obturação. Talvez houvesse melhor selamento se as paredes do canal tivessem sido

tratadas com EDTA para remoção da camada da smear layer antes da obturação dos

canais. Alguns experimentos relatam que removendo a smear layer ocorre menor

infiltração de bactérias ou de corantes, diante de obturações com cimento Roth

(BEHREND et al., 1996; VASSILIADIS et al., 1996; TAYLOR et al., 1997). Embora

CHAILERTVANITKUL et al. (1996) não tenha encontrado diferença estatística significante

quanto a remoção ou não da smear layer.

Teoricamente, se o cimento obturador possuir propriedade bactericida,

essa atividade poderia concorrer para limitar a penetração de microrganismos.

STEWART (1958) observou que o New Grossman Sealer exibia maior poder bactericida

que o Diaket A. PUPO et al. (1983) notaram que o Fill Canal e o Diaket A possuíam boa

atividade antibacteriana, todavia com queda dessa ação com o passar do tempo.

SIQUEIRA JR; GONÇALVES (1996) notaram que o Fill Canal exibia ação antibacteriana

mais efetiva contra alguns microrganismos, quando comparado a outros cimentos

obturadores. Por outro lado, GÖRDUYSUS (1999) notou que o Endofill era ineficiente

contra vários microrganismos.

Observa-se, portanto, que a qualidade seladora não muito boa do

Endofill, aliada a uma propriedade antibacteriana contraditória, exibindo queda com o

passar do tempo seriam fatores que teriam contribuído para o expressivo número de

casos com infiltração bacteriana. Deve-se, no entanto, salientar a rigidez do teste

executado, uma vez que as obturações ficaram expostas ao meio oral por 90 dias.

A despeito da ação antibacteriana observada por vários autores ocorreu

infiltração de microrganismos em 20% dos casos. Esse fato sugere que a ação

antibacteriana deva ter se esvaído com o passar do tempo ou que os microrganismos

tenham sido levados ao canal durante o preparo biomecânico. Na segunda condição,

devemos considerar todos os cuidados de antissepsia e assepsia levados em

consideração durante a execução da parte clínica do trabalho, aliando-se a esse fato o

contato do cimento obturador com a porção mais apical do canal radicular, exercendo ali

sua ação antibacteriana já comprovada e certamente existente em períodos curtos.

Discussão

Eloi Dezan Junior – Livre docência 43

CORTEZ; ZAIA (2005) não obtiveram infiltração coronária, in vivo, em

canais preparados para pino obturados com Sealapex onde os remanescentes da

obturação estavam protegidos ou não por plug protetor ficando expostos por até 180 dias.

HOLLAND et al. (2000) observaram infiltração bacteriana em canais obturados com OZE

expostas ao meio oral por 60 dias e não observaram quando o Sealapex foi empregado.

DEZAN JR et al. (2002) obtiveram infiltração total em canais obturados

com Endofill pelas técnicas da Condensação Lateral e Híbrida de Tagger após 30 dias in

vitro.

O plug coronário do cimento Endofill endurecido sobre os canais

obturados pela condensação lateral, não proporcionou melhora do vedamento e proteção

efetiva da obturação, visto que foram observados neste grupo 23% dos casos com

microrganismos infiltrados à região apical e apenas 14% dos casos considerados como

reparo, estando 45% dos periápices inflamado, resultados inclusive piores que quando

este não foi empregado.

MENEZES; LIN (1997) verificaram que um plug protetor de Óxido de

zinco e eugenol permitiu a mesma infiltração que o não uso do plug, no entanto, plug de

All Bond 2 mostrou infiltração de endotoxina significantemente menor.

OGATA; HOLLAND (2003) também não observaram proteção eficiente

frente à infiltração coronária in vivo do plug coronário realizado com Super Bonder em

remanescentes de obturação preparados para pino tanto com uso do Sealapex quanto

Endofill.

BARBOSA et al. 2003 observaram que os plugs com Lumicon e

Coltosol proporcionaram proteção eficiente do remanescente da obturação exposta por

90 dias.

SIMIONATO e SOUZA (2003) verificaram que o plug protetor com Cavit

W em canais preparados para pino e mantidos expostos ao meio oral por 90 dias

melhorou o vedamento e proporcionou menor infiltração de bactérias. Resultados

semelhantes também foram observados por SOUZA; SOUZA (2003) com plug de MTA

sobre os cimentos N-Rickert ou Apexit, em condições semelhantes. O mesmo foi

observado pro HOLLAND et al. (2007) usando plug de Coltosol sobre os cimentos

Endomethasone ou CRCS.

YAMAUCHI et al. (2006) verificaram in vivo que o uso de plugs

coronários de adesivo dentinário/resina composta ou IRM, sobre a obturação de canais

obturados com Guta e AH 26 ou apenas Guta percha diminui a ocorrência de inflamação

periapical.

Discussão

Eloi Dezan Junior – Livre docência 44

Quanto ao aspecto biocompatibilidade, em poucos dos casos

analisados o material obturador atingiu o ligamento periodontal, estando na maioria

restrito ao canal. HOLLAND et al. (1973) observaram, em subcutâneo de ratos, que os

cimentos Trim Canal, Fill Canal e OZE eram mais irritantes quando preparados com mais

líquido. No presente experimento procuramos preparar o Endofill seguindo as orientações

do fabricante.

Fazendo sobre-obturações intencionais em dentes de cães, HOLLAND

et al. (1981) verificaram melhores resultados com as pastas de Ca(OH)2 + água, Ca(OH)2

+ iodofórmio e pasta Maisto do que com OZE e o cimento de Grossman. PITT FORD et

al. (1989) observaram, em dentes de macacos, piores resultados com o cimento

Grossman do que com um cimento experimental à base de hidróxido de cálcio. Já

LEONARDO et al. (1999), em dentes de cães, notaram com o AH Plus, resultados bem

melhores do que os obtidos com o cimento Fill Canal.

Observa-se, assim, que os resultados obtidos pelos diferentes autores

com o cimento Grossman são, de um modo geral, piores do que os outros cimentos.

Esses dados confirmam os resultados observados neste trabalho quando o Endofill

entrou em contato com as porções coronárias dos cotos pulpares. Observaram-se cotos

pulpares necrosados ou com presença de processo inflamatório, na maioria dos casos,

quando o cimento estava presente no ligamento periodontal, suas partículas foram

observadas no citoplasma de macrófagos, em alguns casos um infiltrado celular

predominantemente mononuclear fez-se presente chegando a formar um pequeno

granuloma.

Quanto às técnicas de obturação empregadas, ambas demonstraram

não ser eficientes para impedir a infiltração bacteriana. Inicialmente poderia se supor uma

possível interferência da linha de cimento entre a parede do canal e os cones de guta

percha que ocorre com a condensação lateral, que no caso da técnica de Tagger não

ocorre, tornando-se a obturação uma massa única.

DEZAN JR. et al. (2002) observaram infiltrações coronárias com azul de

metileno menores para a condensação lateral (1,83mm) que para técnica de Tagger

(8,63mm) após 24h da obturação, mas decorridos 30 dias ambas técnicas permitiram

infiltração total do corante, não observando diferença entre as técnicas

RAVANSHAD; TORABINEJAD (1992) verificaram que as técnicas de

condensação lateral ou vertical possuem menor infiltração coronária que a técnica

thermafil. Fato também observado por BAUMGARTNER et al. (1996), com o cimento

Roth verificou que a condensação lateral/vertical mostrou ser superior à condensação

Discussão

Eloi Dezan Junior – Livre docência 45

lateral e ao Thermafil, apresentando diferença estatisticamente significante em relação a

esta última técnica.

BROSCO, et al. (2008), no teste de infiltração após 120 dias

observaram que os grupos da condensação lateral, Touch'n heat + Ultrafil e Microseal

apresentaram capacidade de selamento semelhante, sendo melhores que a técnica

híbrida de Tagger, que apresentou a pior capacidade de selamento Na avaliação

microscópica, a técnica da condensação lateral permitiu menor penetração das bactérias

tanto nos canais radiculares quanto nos túbulos dentinários, seguida pelos grupos do

Touch'n heat + Ultrafil, Microseal e pela técnica híbrida de Tagger, com a maior

penetração bacteriana

HOLLAND et al. (2000) obtiveram, na maioria dos casos obturados pela

condensação lateral com OZE e expostos, inflamação crônica de intensidade variável nos

tecidos periapicais relacionada com a contaminação do canal. Concluíram que a

exposição das obturações podem contaminar o sistema de canais radiculares

influenciado pelo tipo de cimento endodôntico empregado.

Pelos resultados obtidos neste experimento associado à literatura

pertinente pudemos verificar que não existe técnica de obturação ideal ou perfeita, mas

sim que o tratamento endodôntico não pode ser considerado concluído apenas com a

obturação do canal, sendo necessária a restauração definitiva do dente para maior

segurança.

Conclusão

Eloi Dezan Junior – Livre docência 46

CONCLUSCONCLUSCONCLUSCONCLUSÃOÃOÃOÃO

Fundamentados na literatura pregressa e em base dos resultados

obtidos, mas considerando as limitações inerentes à metodologia, pudemos concluir que:

1. A infiltração bacteriana coronária ocorreu em canais obturados pelas

técnicas da condensação lateral e híbrida de Tagger, de forma

semelhante, quando expostas ao meio oral por 90 dias;

2. Quando presente, bactérias no interior dos canais e túbulos dentinários

apicais podem interferir negativamente no processo de reparo apical;

3. O plug coronário de cimento Endofill endurecido não promoveu proteção

da obturação;

4. O tratamento endodôntico só deveria ser considerado concluído quando da

restauração definitiva do dente.

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Anexo

Eloi Dezan Junior – Livre docência 54

Anexo 1Anexo 1Anexo 1Anexo 1