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DEIZE SIBELE DE SOUZA RENÓ EM BUSCA DE NARRATIVAS QUE FORTALEÇAM VALORES: Análise de cenário da Helbor Empreendimentos S.A. SÃO PAULO 2015

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DEIZE SIBELE DE SOUZA RENÓ

EM BUSCA DE NARRATIVAS QUE FORTALEÇAM VALORES:

Análise de cenário da Helbor Empreendimentos S.A.

SÃO PAULO

2015

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DEIZE SIBELE DE SOUZA RENÓ

EM BUSCA DE NARRATIVAS QUE FORTALEÇAM VALORES:

Análise de cenário da Helbor Empreendimentos S.A.

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao MBA Aberje e ESEG em Gestão da Comunicação Empresarial, como exigência parcial para obtenção do título de Especialista. Orientadora: Profa. Ma. Gisele Souza.

SÃO PAULO

2015

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DEDICATÓRIA

Ao meu esposo Danilo Augusto Faria, sempre

incentivador. À minha filha, Maria Luiza, que vem

ao mundo junto com esta pesquisa para iluminar

nossas vidas e a nossa história.

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AGRADECIMENTO

Agradeço ao Prof. Dr. Paulo Nassar por ter me

apresentado à Aberje e ao Prof. James Heffernan

(in memoriam), pelo exemplo, pela dedicação e

pela convivência nos primeiros meses do MBA.

Também a todo o corpo docente da entidade e

demais funcionários pelo compromisso com meu

aprendizado. Aos alunos das turmas de 2014 e

2015, excelentes profissionais que compartilharam

experiências e enriqueceram o conteúdo das

aulas. Por fim, agradeço à Helbor

Empreendimentos S.A., em especial, às equipes

de Comunicação e Recursos Humanos, pela

oportunidade de estudar os seus processos e

contribuir com sua trajetória no meio empresarial.

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Aquilo que se viu e se conheceu bem, aquilo que custou anos de aprendizado e que, afinal,

sustentou uma existência, passa (ou deveria passar) a outra geração como um valor.

Ecléa Bosi

em Memória e Sociedade

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RESUMO

RENÓ, Deize Sibele de Souza. Em busca de narrativas que fortaleçam valores:

análise de cenário da Helbor Empreendimentos S.A.. Aberje e ESEG. 2015. 52 páginas. Trabalho de conclusão do curso de MBA em Gestão da Comunicação Empresarial. Esta pesquisa tem como objetivo refletir sobre o cenário contemporâneo do trabalho e da comunicação na era digital e propor alternativas viáveis que contribuam com a aproximação do público interno aos valores da organização. Para isso, é realizada uma análise de cenário da comunicação interna da incorporadora imobiliária Helbor Empreendimentos S.A., juntamente com um diagnóstico e a apresentação de uma proposta de intervenção. O modelo transacional de comunicação e o fortalecimento da memória organizacional, por meio de coleta de depoimentos e da construção de narrativas humanizadas, são algumas das alternativas propostas, que visam ampliar o engajamento espontâneo do público interno nas ações da empresa, além de melhorar o clima interno e gerar mais produtividade.

Palavras-chave: valores organizacionais; memória; modelos de comunicação

interna; narrativas humanizadas; storytelling.

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ABSTRACT

This research aims to reflect the contemporary scenario of work and communication in the digital age and propose viable alternatives that contribute with the approximation of the internal public to the company's values. For this, a scenario analysis of internal communication of real estate developer Helbor Empreendimentos S.A. is held, along with a diagnosis and to submit a proposal for intervention. The transactional model of communication and the strengthening of organizational memory, through collection of testimonies and the construction of humanized narrative, are some of the alternatives proposed, which aim to broaden the spontaneous engagement of the internal public in the company's stock, in addition to improving the internal climate and generate more productivity.

Keywords: organizational values; memory; internal communication models; humanized narrative; storytelling.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 8

2 CENÁRIO CONTEMPORÂNEO DO TRABALHO E DA COMUNICAÇÃO ........... 10

2.1 TRABALHO ........................................................................................................ 10

2.2 COMUNICAÇÃO DIGITAL ................................................................................ 12

2.3 MODELOS DE COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL ...................................... 15

2.4 DESAFIOS DAS ORGANIZAÇÕES ................................................................... 17

3 MEMÓRIA E VALORES ORGANIZACIONAIS ..................................................... 19

3.1 PAPEL SOCIAL E ESTRATÉGICO DA MEMÓRIA ............................................ 19

3.2 CONSTRUÇÃO DA NARRATIVA........................................................................ 21

3.3 IDENTIDADE E VALORES ................................................................................ 24

4 ANÁLISE DE CENÁRIO: HELBOR EMPREENDIMENTOS S.A. ........................ 28

4.1 BREVE HISTÓRICO DA EMPRESA ................................................................. 28

4.2 PROCESSO COMUNICACIONAL ..................................................................... 30

4.3 PERCEPÇÕES INICIAIS ................................................................................... 31

4.4 ANÁLISE SWOT ................................................................................................ 32

4.4.1 SWOT aplicada à comunicação interna da Helbor ......................................... 34

4.5 DIAGNÓSTICO .................................................................................................. 35

4.6 PROPOSTA ....................................................................................................... 37

4.7 CRONOGRAMA FÍSICO-FINANCEIRO DE IMPLANTAÇÃO (1º ANO) ............ 40

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 43

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 45

APÊNDICE A – Cronograma físico-financeiro de implantação (1º ano) ........... 48

ANEXO A – Texto institucional da Helbor Empreendimentos S.A. ................... 50

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1 INTRODUÇÃO

A Era Digital e todas as suas particularidades impõem desafios à comunicação

nas organizações. Um desses desafios é obter – em meio à superficialidade das

relações, a não distinção entre público interno e externo, e à rapidez com que todas

as informações circulam – atrair e mobilizar os funcionários para que se identifiquem

com os valores da empresa, sintam-se parte de um processo maior, tornem-se

proativos e possam buscar resultados alternativos e criativos para situações comuns

do cotidiano. Especialistas apontam que a geração digital, que está hoje no mercado

de trabalho, além de todo o domínio da informática, da internet e das redes sociais,

constroem relacionamentos com pessoas e organizações de forma bem menos

intimista do que no passado. Essa geração está adaptada à fragmentação da

informação e tem dificuldades em criar vínculos sociais mais profundos. Por outro

lado, é uma geração crítica, que exige transparência, que usa as redes sociais para

fazer valer seus direitos, que não busca apenas um bom salário ou estabilidade,

mas, acima de tudo, busca prazer naquilo que faz e só se envolve com aquilo que se

identifica.

Considerando que essa é a nova geração de profissionais que está entrando

no mercado de trabalho e atuando nas organizações, acredita-se que a

comunicação interna e institucional precisa encontrar novas formas de atuar, de

dialogar, de ouvir e de construir relacionamentos que realmente tragam resultados

para a empresa.

O objetivo deste estudo parte do questionamento: Em uma organização, como

fazer com que o público interno, em sua maioria jovens de 20 a 30 anos,

influenciado pelo contexto digital, identifique-se com os valores e se engaje nas

ações de uma empresa que prioriza o modelo informativo de comunicação?

Dessa forma, o objetivo central é refletir sobre o cenário atual do trabalho e da

comunicação e propor alternativas viáveis que aproximem o público interno aos

valores da organização. Acredita-se que a mudança para o modelo transacional de

comunicação, bem como o fortalecimento da memória organizacional, por meio de

coleta de depoimentos e construção de narrativas humanizadas, possa ampliar o

engajamento espontâneo do público interno nas ações da empresa, além de

melhorar o clima interno e gerar mais produtividade.

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Os objetivos específicos se resumem em: demonstrar que a memória oral das

pessoas que fazem parte da empresa e sua narrativa pode contribuir com o clima

interno da organização; propor que fortalecer a memória organizacional e a narrativa

jornalística humanizada e subjetiva no ambiente interno pode ampliar o sentimento

de pertencimento dos funcionários; levantar uma bibliografia multidisciplinar, que

contribua com novos olhares sobre o problema comunicacional.

A metodologia utilizada parte do levantamento bibliográfico, é seguida por

análise de cenário, diagnóstico e apresentação de uma proposta de intervenção.

Justifica-se a escolha do tema por ser esse um desafio que parece atingir

grande parte das empresas e que pode ser utilizado como base em outros planos de

comunicação. Além disso, comunicar-se com a geração digital e gerar resultados,

aproximando-se das pessoas, de suas histórias e memórias, sem se esquecer dos

valores construídos por uma organização ao longo de sua trajetória, é um desafio

que motiva esta profissional e um tema que, realmente, reflete um anseio pessoal de

encontrar alternativas viáveis para um cenário tão desafiador como esse. No mais,

espera-se contribuir com o debate acadêmico sobre memória organizacional e suas

aplicações na comunicação interna, considerando todo o cenário da comunicação

contemporânea, influenciada pela geração digital.

Inicialmente, analisa-se o cenário contemporâneo do trabalho e da

comunicação, passando pelas redes digitais e as alterações provocadas no

processo de comunicação. Também são estudados alguns modelos de comunicação

existentes, entre eles, o informacional e o transacional, e suas respectivas

aplicações. Há ainda algumas reflexões sobre os desafios da comunicação interna

nesse contexto.

Em seguida, apresentam-se algumas teorias referentes à memória, a

psicologia social, além de refletir sobre o papel do jornalismo no cenário

contemporâneo da comunicação organizacional. Por último, é feito o estudo de

cenário da comunicação interna na incorporadora Helbor Empreendimentos S.A.,

por meio da análise SWOT. Em seguida, é apresentado um diagnóstico e uma

proposta de intervenção.

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2 CENÁRIO CONTEMPORÂNEO DO TRABALHO E DA COMUNICAÇÃO

O emprego parece um acampamento que se visita por alguns dias e que se pode abandonar a

qualquer momento se as vantagens oferecidas não se verificarem ou se forem consideradas

insatisfatórias – e não com um domicílio compartilhado onde nos inclinamos a ter trabalho

e construir pacientemente regras aceitáveis de convivência.

Zygmunt Bauman

em Modernidade Líquida

2.1 Trabalho

Antes de refletir sobre o trabalho e a comunicação, é preciso situar esta

pesquisa no tempo e considera-la a partir da contemporaneidade e distanciar-se do

cenário atual para refletir sobre ele. Sem pretensão alguma de se aprofundar em

todos os significados contemporaneidade, esta pesquisa resgata uma definição

utilizada por Agamben (2009, p.59), ao analisar uma anotação de Nietzsche datada

de 1874.

A contemporaneidade (...) é uma singular relação com o próprio tempo, que adere a este e, ao mesmo tempo, dele toma distâncias (...). Aqueles que coincidem muito plenamente com a época, que todos os aspectos a esta aderem perfeitamente, não são contemporâneos porque, exatamente por isso, não conseguem vê-la, não podem manter fixo o olhar sobre ela. (AGAMBEN, 2009, p.59)

Voltando aos objetivos desta pesquisa e às reflexões iniciais a que se dispõe,

pode-se afirmar que o cenário contemporâneo da comunicação, influenciado

fortemente pelo avanço das redes sociais digitais, impõe vários desafios nas

relações do homem com o trabalho e, em consequência, na maneira como as

organizações se comunicam.

Para Bauman (2001, p.160), vive-se hoje a “modernidade líquida”, ou seja, a

sociedade está inserida num contexto onde nada é feito para durar, da mesma forma

que o trabalho passa a ser considerado um ato de “remendar” o projeto de futuro da

humanidade. Ao contrário do passado, quando o trabalho era parte de um projeto

maior de vida, que estava interligado com outros fatores e sempre alinhado com o

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futuro, na modernidade, ele é líquido e não mais encarado como um projeto para

toda a vida ou um “eixo ético da vida individual”.

Segundo ele, a flexibilidade dos tempos modernos substituiu a velha ordem do

capitalismo pesado, porém encheu de incertezas a nova vida de trabalho. E essa

incerteza, gerou mais individualidade e o “interesse comum” praticamente perdeu,

para Bauman, seu valor. Como foi citado no início deste capítulo, o emprego parece

um acampamento e pode ser deixado a qualquer momento; não é mais um domicílio

compartilhado com regras de convivência aceitáveis (BAUMAN, 2001, p.171).

O autor acredita que a nova sociedade do consumo individualizou as relações

e as tornou menos duráveis. As relações do trabalhador com o trabalho tornaram-se

superficiais. Cada vez mais, ele sabe que poderá ser substituído, por isso, não

estabelece grandes laços, vínculos ou comprometimento maior com o seu trabalho.

Por outro lado, o vínculo é sim estabelecido com relação ao consumo. Já não é mais

o trabalho que enobrece, mas o que se pode comprar por meio dele.

Por outro lado, essa desconfiança do trabalhador em relação ao trabalho e às

empresas é também consequência de organizações que estão sendo, segundo

Nigel Thrift1, citado por Bauman (2001, p.190), “desmontadas, reduzidas e

reengenheirizadas”. Nesse contexto, as pessoas não fazem mais projeções para o

futuro, porque não têm mais os pés firmes no presente.

Essa nova concepção de vida altera também as relações humanas, que

passam a ser vistas como atos de consumo. Nessa concepção, as relações e as

pessoas existem para serem consumidas apenas e depois descartadas, o que se

reflete no trabalho, na família, no casamento, na sociedade e na vida em geral

(BAUMAN, 2001, p.187).

O individualismo e a insegurança estimulam a força da inimizade e impedem a

coexistência pacífica das comunidades. Surge, então, a figura do “cloakroom”, a

comunidade do carnaval, que se veste de acordo com a ocasião do espetáculo e

vivencia as regras do momento (BAUMAN, 2001, p.229). No âmbito dessa

comunidade provisória, o trabalho sedentário – na opinião do autor – parece dar

lugar ao trabalho nômade, com seus ideais de flexibilidade, aventura, liberdade e

autoafirmação, quebrando vínculos com o meio onde está inserido, tornando-se

líquido e passageiro (BAUMAN, 2001, p.226).

1 THRIFT, Nigel. The Rise of Soft Capitalism. Cultural Values, Londres, volume 1, número 1, p. 29–

57, março, 1997.

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2.2 Comunicação digital

A expansão e a popularização das redes sociais digitais, ao mesmo tempo em

que trouxe à tona ferramentas de comunicação até então inimagináveis,

aproximando pessoas, organizando grupos, facilitando o cotidiano das grandes

cidades, também trouxe grandes desafios para as organizações, especialmente com

relação à comunicação interna. A definição de meio de comunicação, por exemplo,

que – ao longo dos anos – deixou de se resumir em apenas canal, ou seja, um local

por onde a mensagem é veiculada, e que passou a ser considerado também como

extensão do homem, assume uma nova abordagem com a proliferação das redes

digitais.

Impulsionada pelo conhecimento, a era digital está mudando os cenários laborais, os valores da sociedade e o relacionamento humano de forma mais profunda, trazendo uma série de implicações. (KANAN; ARRUDA; 2013, p. 584)

A internet e as redes sociais digitais demonstram que, longe de serem apenas

ferramentas de comunicação, os meios passam a atuar também como ambientes,

numa abordagem diferenciada, com interferências diretas nos aspectos sociais,

psicológicos, culturais e até físicos das comunidades.

Partindo do princípio de que a internet e as novas tecnologias contribuíram com

a ampliação das reflexões sobre o papel dos meios de comunicação, é quase

impossível ignorar a presença e a interferência delas na vida cotidiana das pessoas.

Martino (2014) selecionou alguns pensadores que discutem essa questão sob o

ponto de vista de como os meios de comunicação podem alterar o comportamento

das pessoas em diversos níveis. No meio organizacional, algumas dessas reflexões

podem fazer todo o sentido.

Para Sherry Turkle2, citada por Martino (2014, p.125), por exemplo, “as mídias

(...) estão ‘redesenhando as noções de intimidade e solidão’”. De forma que quanto

mais as pessoas se conectam, mais solitárias elas ficam; quanto mais próximas as

pessoas parecem estar, menos íntimas elas estão; quanto mais as relações

pessoais aumentam em quantidade, aumentam também em superficialidade; além

2 TURKLE, Sherry. Alone Together: Why We Expect More from Technology and Less from Each

Other. Estados Unidos da América: Perseus Books, 2012.

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disso, segundo ela, a arquitetura da rede contribui com a fragmentação da

informação.

O próprio Bauman, em entrevista ao programa Café Filosófico CPFL, veiculado

pela TV Cultura em 2011 e disponibilizado no Youtube, relata um pouco dessa

interferência das redes sociais (usando como exemplo o Facebook) e da internet na

vida das pessoas, e – em consequência – na mudança dos conceitos de laços

humanos, amizade e comunidade:

Qual é a diferença entre comunidade e rede? A comunidade precede você. Você nasce numa comunidade. (...) O que é uma rede? Ao contrário da comunidade, a rede é feita e mantida viva por duas atividades diferentes. Uma é conectar e a outra é desconectar. E eu acho que a atratividade do novo tipo de amizade, o tipo de amizade do Facebook, como eu a chamo, está exatamente aí. É fácil conectar, fazer amigos, mas o maior atrativo é a facilidade de se desconectar. (...) Na internet é tão fácil, você só pressiona delete e pronto. (BAUMAN, 2011)

Dessa forma, apesar de todos os avanços comunicacionais proporcionados

pelas novas tecnologias, parece haver um vazio quando o assunto é relacionamento

humano. Considerar a superficialidade como um dos impactos disso pode significar

– dentro das organizações – a perda de engajamento, além da extinção das ligações

afetivas entre os funcionários e a própria história da organização.

Na prática, sob o pretexto de maior rapidez e praticidade, um contato entre

funcionários, que era feito antes de forma presencial, passa a ser feito por e-mail,

por Whatsapp ou pelas redes internas da empresa. Quando as pessoas envolvidas

no diálogo estão distantes fisicamente, as tecnologias podem ajudar muito nesse

processo, mas quando o que as separa são apenas alguns passos de distância,

esse relacionamento “digital” pode se tornar um problema.

O sociólogo Barry Wellman3, citado por Martino (2014, p.137-142), acredita

que, nos dias atuais, o que existe é um “individualismo conectado”. Ou seja, estão

todos conectados a diversos indivíduos, conhecidos fora do ambiente digital ou

dentro dele, por meio de amigos em comum e grupos de interesses semelhantes,

porém sem nenhum laço forte entre eles. As relações mantidas através do ambiente

digital podem parecer sólidas devido ao grande fluxo de comunicação, mas

mensagens de texto e chamadas via celular carecem de intimidade.

3 WELLMAN, Barry. Digitizing Ozymandias. Toronto: Universidade de Toronto, 2012.

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Por outro lado, a nova era digital também traz um novo significado para o

trabalho e o trabalhador. Segundo Karan e Arruda, nesse novo sistema, o

conhecimento tornou-se um diferencial catalisador, em que o trabalhador tem cada

vez mais autonomia e consciência sobre o seu fazer:

O fato é que os valores e os padrões vêm mudando já há algum tempo. Não se trata apenas de uma resposta à exigência da nova organização de trabalho, mas de uma necessidade pessoal de cada profissional resultante da compreensão crítica de um mundo cada vez mais complexo e globalizado. A nova relação que se estabelece com o trabalho se exterioriza visivelmente por meio de mudanças em seus comportamentos: maior interesse pela escolarização (mais anos de estudo), maior senso crítico, posicionamento contra tratamento injusto ou arbitrário, exigência de respeito e espaço para a iniciativa e criatividade, entre outras características que podem ser atribuídas ao seu novo perfil. (KANAN; ARRUDA; 2013, p. 587)

Sob esse ponto de vista, as pessoas deixam de ser vistas como “vítimas” do

processo tecnológico e passam a assumir o papel de protagonistas de um cenário

por vezes ainda confuso, instável, impessoal, mas do qual são intimamente

responsáveis. Para isso, elas se capacitam cada vez mais, opinam, criticam,

conhecem e exigem seus direitos. Afinal, como concluem Kanan e Arruda, “a

tecnologia não é autônoma nem separada da sociedade. Não é externa ao meio e

nem age por conta própria.” (KANAN; ARRUDA; 2013, p. 587).

Para Zuffo (2005, p. 63), a época em que vivemos concentra características

muito peculiares e próprias, entre elas, a horizontalidade das relações entre as

pessoas, inclusive nas organizações:

A infoera é a era da informação que está mudando os valores da sociedade e o relacionamento humano. Eu diria que é a mudança mais profunda ocorrida na história da humanidade. [...]. Na era da informação, a qual denomino de infoera, devido à propagação muito rápida de informações, a hierarquia vai desaparecer totalmente e ficará um esquema mais ou menos horizontal de associação. As pessoas serão valorizadas pela sua capacidade, e não pela posição que ocupam. (ZUFFO, 2005, p. 63)

Esse cenário exige da comunicação organizacional novas habilidades e

estratégias, de maneira que motivar o profissional para o trabalho não se baseia

mais apenas nas recompensas salariais ou nas promoções para os altos cargos

executivos, e sequer nas relações mecanicistas de informação.

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Do ponto de vista da organização, a mudança do conceito vertical de

informação, denominado por Castells (2005, p. 221) como “burocracias verticais”,

para o modelo de “empresa horizontal” torna-se imprescindível na nova era.

A empresa horizontal parece apresentar sete tendências principais: organização em torno do processo, não da tarefa; hierarquia horizontal; gerenciamento em equipe; medida do desempenho pela satisfação do cliente; recompensa com base no desempenho da equipe; maximização dos contatos com fornecedores e clientes; informação, treinamento e retreinamento de funcionários em todos os níveis. (CASTELLS, 2005, p. 221)

Para o autor, as empresas devem se adaptar ao cenário de imprevisibilidade

introduzido pela rápida transformação econômica e tecnológica. A organização em

redes é o próximo passo desse processo, que – segundo ele – “surge após a crise

de um modelo [de produção] antigo e poderoso, porém excessivamente rígido

associado à grande empresa vertical e ao controle oligopolista dos mercados”.

(CASTELLS, 2005, p. 224).

2.3 Modelos de comunicação organizacional

Os principais de modelos de comunicação, de acordo com Marchiori (2008),

são o mecanicista ou informativo (centrado basicamente no modelo linear de

comunicação); o interativo; e o transacional. No modelo mecanicista ou linear de

comunicação, segundo Diana Barros4 citada por Marchiori (2008, p.1), o foco está no

“papel da mensagem”, “que privilegia fonte, transmissor, sinal, receptor, destinatário,

mensagens e ruídos”. Trata-se de uma abordagem simplista e que, por vezes,

centraliza as atenções na estrutura da mensagem e ignora o contexto.

No modelo interativo, o emissor e o receptor trocam de papeis no processo de

comunicação. Para Marchiori (2008, p.2), nesse caso, a comunicação é tida como

um processo circular, em que há uma alternância nos papéis de emissor e receptor.

Por fim, o modelo transacional – de acordo com Morreale, Spitzberg e Barge5,

citados por Marchiori (2008, p. 2) – considera que todas as pessoas são ao mesmo

4 BARROS, Diana Luz Pessoa de. A comunicação humana. In: FIORIN, J.L. Introdução à

lingüística. 4.ed. São Paulo: Contexto, 2005. p. 25 – 53. 5 MORREALE, S. P.; SPITZBERG, B. H.; BARGE, K. J. 2.ed. Human communication:

motivation, knowledge, and skills. United States, Thomson Wadsworth, 2007.

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tempo emissores e receptores de mensagens, além disso, todo o contexto em que a

mensagem está inserida, bem como todo o seu campo de significados, são

considerados. A consequência disso é a construção de significado compartilhado.

Este modelo [transacional] leva em consideração o campo dos significados – os valores, atitudes, crenças e ideias que a pessoa adquiriu ao longo da vida. Os campos pessoais dos interlocutores podem sobrepor-se um ao outro, criando um campo de sentido compartilhado. (MARCHIORI, 2014)

6

Ao aplicar esse modelo de comunicação, as organizações evoluem para um

novo patamar de desenvolvimento organizacional, em que a comunicação deixa de

ser apenas tática, para se tornar estratégica, geradora de fatos e criadora de

contextos. Dessa forma, passa a ser reconhecida como processo e não apenas

como ferramenta (MARCHIORI, 2014)7.

A internet e as redes digitais contribuíram com uma profunda alteração nos

processos comunicacionais das organizações, especialmente com relação ao

público interno. Em alguns casos, essa mudança já estava ocorrendo, mas foi

acelerada pelo avanço e pela difusão dos smartphones e das redes sociais digitais.

Na prática, o modelo informativo e mecanicista, que se apoia na comunicação como

ferramenta, aos poucos, vai perdendo seu espaço para os modelos interativo e

transacional – que atendem parte das demandas da nova realidade em que a

sociedade está inserida.

“A revolução digital é hoje a última revolução comunicativa que alterou, pela primeira vez na história da humanidade, a própria arquitetura do processo informativo, realizando a substituição da forma frontal de repasse das informações (...), por aquela reticular, interativa e colaborativa. Surge, portanto, uma nova forma de interação, consequência de uma inovação tecnológica que altera o modo de comunicar e seus significados, estimulando, ao mesmo tempo, inéditas práticas interativas entre nós e as tecnologias da informação”. (FELICE, 2011)

Segundo Felice (2011), é preciso considerar que a inovação por trás das redes

sociais e dos smartphones ultrapassa o âmbito tecnológico; há fortes impactos deles

também no âmbito social, sensorial, político, econômico e cultural. “Se continuarmos

6 Explicações presentes nos materiais utilizados em sala de aula, durante o módulo 1 da disciplina

“Comunicação Interna” do MBA em Gestão da Comunicação Empresarial da Aberje, 2014. 7 Idem ao anterior.

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a concentrar nossa atenção apenas nos efeitos dos ‘meios’ e na dimensão política

de suas mensagens, não conseguiremos mais entender as transformações sociais

em ato e suas dimensões tecnossociais” (FELICE, 2011).

O ambiente empresarial não está imune a todas essas mudanças que estão

acontecendo na sociedade, seja no âmbito prático do cotidiano, como também no

âmbito acadêmico e das reflexões acerca da comunicação. A transparência, a

interatividade e a agilidade das redes sociais digitais, aos poucos, estão exigindo

das empresas uma postura ao menos semelhante.

2.4 Desafios das organizações

Vários elementos estão influenciando a relação das pessoas entre si, com

relação ao trabalho e as organizações. Há a questão do trabalho sendo considerado

uma estratégia para o consumo (BAUMAN, 2001, p.187). Há os avanços da internet

e das redes sociais e a superficialidade das relações (MARTINO, 2014, p.125). Às

empresas, cabe reconhecer o cenário e identificar o modelo de comunicação que

melhor atende à sua realidade e a realidade daqueles que fazem parte da sua

história.

O rápido avanço das tecnologias e o uso desenfreado da internet pode fazer

com que as empresas invistam em equipamentos ultramodernos e mudem seus

canais de comunicação, como se isso fosse o suficiente para interagir com seus

funcionários de maneira mais simples e conversar com a chamada geração digital.

No entanto, fortalecer as relações pode estar justamente em não substituir o contato

humano pela aplicação pura e simples das novas ferramentas.

Por outro lado, a internet e as redes sociais trazem conceitos novos de

comunicação que podem aprimorar e elevar os diálogos e relacionamentos. Entre

esses conceitos, é possível citar a interatividade, a produção compartilhada de

conteúdo, o processo colaborativo, a capacidade de mobilização, a capacidade de

encantamento, a praticidade, entre outros. Resta lembrar que investir da

comunicação interna é investir também no poder da marca e em como ela passa a

ser vista externamente.

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(...) as pessoas acreditam na marca quando as relações internas são fortalecidas e comunicam naturalmente a mensagem. Este é o foco principal e por si só justifica falarmos da dimensão que a comunicação interna assume em uma empresa. (MARCHIORI, 2014, p. 108).

Dessa forma, migrar para o modelo transacional de comunicação pode ser uma

alternativa. Antes disso, porém, as organizações precisam estar preparadas e

fortalecidas internamente.

As organizações, mais do que nunca, não poderão prescindir de uma comunicação viva e permanente, sob a ótica de uma política de relações públicas. Uma filosofia empresarial restrita ao marketing certamente não dará conta do enfrentamento dos grandes desafios da atualidade. Elas terão que se valer de serviços integrados nessa área, pautando-se por políticas que privilegiem o estabelecimento de canais efetivos de diálogos com os segmentos a elas vinculados e, principalmente, a abertura das fontes e à transparência de suas ações. (KUNSCH, 2007, p. 42)

Nesse cenário, a comunicação organizacional assume uma postura muito mais

estratégica do que no passado: mais focada no planejamento da comunicação e em

seus objetivos, do que simplesmente nas mídias que são utilizadas para atrair ou

dialogar com seus públicos. Além disso, a transparência perante seus diferentes

stakeholders8 tornou-se requisito fundamental, especialmente na Era Digital – onde

a informação, numa velocidade inimaginável, atinge a todos ao mesmo tempo.

8 Stakeholders, segundo KUNSCH (2007, p. 45), são os públicos estratégicos da organização.

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19

3 MEMÓRIA E VALORES ORGANIZACIONAIS

A história de uma empresa não deve ser pensada apenas como resgate do passado, mas como marco referencial a partir do qual as pessoas

redescobrem valores e experiências, reforçam vínculos presentes, criam empatia com a trajetória

da organização e podem refletir sobre as expectativas dos planos futuros.

Karen Worcman

no artigo Memória do Futuro: um desafio

3.1 Papel social e estratégico da memória

Vários pesquisadores já se debruçaram sobre a questão da memória,

especialmente a memória oral, analisando-a sobre diferentes aspectos e sob

distintas áreas do conhecimento, entre elas, história, psicologia, antropologia,

sociologia e comunicação.

O lado social da memória, a chamada “memória coletiva”, objeto de estudo do

sociólogo francês Maurice Halbwachs9, citado por Bosi (1994, p.55) é uma das mais

importantes questões levantadas. Ao estuda-lo, a pesquisadora afirma que “na maior

parte das vezes, lembrar não é reviver, mas refazer, reconstruir, repensar, com

imagens e ideias de hoje as experiências do passado”. E esse movimento da

memória sofre interferências diretas de determinado grupo; ou seja, a interpretação

das outras pessoas também interfere na maneira como se lembra, a ponto de uma

lembrança dificilmente conseguir ser revivida; já que é preciso o olhar do outro para

que as lembranças pessoais ganhem consistência (BOSI, 1994, p. 414). Além disso,

cada vez que é lembrada, a memória é fortalecida.

No ambiente organizacional, a memória “é parte indissociável da comunicação

nas organizações – sistemas abertos cada vez mais complexos” (NASSAR, 2012, p.

120). Para o autor, com a memória fortalecida, as interações informativas e

relacionais da organização são cada vez mais valorizadas e potencializadas “com

base em um sentido histórico lastreador” (NASSAR, 2012, p.120).

9 HALBWACHS, Maurice. La mémorie collective. Paris: PUF, 1956.

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(...) a cultura, os comportamentos, os símbolos, a identidade e a comunicação, o conjunto de elementos que formam a personalidade e a imagem de uma empresa ou instituição, são os grandes pilares da memória, a qual é seletiva: escolhem-se as experiências (boas e negativas) que os inúmeros públicos têm com a organização, seus gestores, empregados, produtos e serviços. (NASSAR, 2012, p.121)

Worcman (2004, p.23-24) faz uma ressalva importante. Para ela, “trabalhar a

Memória Empresarial não é simplesmente referir-se ao passado de uma empresa”. É

preciso utilizá-la de forma estratégica, “no apoio a negócios, como fator essencial de

coesão no grupo e como elemento de responsabilidade social e histórica”, com foco

no futuro.

A história de uma empresa não deve ser pensada apenas como resgate do passado, mas como marco referencial a partir do qual as pessoas redescobrem valores e experiências, reforçam vínculos presentes, criam empatia com a trajetória da organização e podem refletir sobre as expectativas dos planos futuros. A sistematização da memória de uma empresa é um dos melhores instrumentos à disposição da comunicação empresarial e corporativa. (WORCMAN, 2004, p.23)

A autora destaca ainda o papel das pessoas que participam da trajetória de

determinada empresa. Segundo ela, nesse ponto, a memória oral, aquela baseada

na lembrança pessoal dos indivíduos, assume um significado primordial, com “a

preservação do conhecimento intangível, isto é, daquele conhecimento que está na

cabeça e na experiência das pessoas” (WORCMAN, 2004, p.26). Mais do que

coletar depoimentos e reproduzi-los, a ação de ouvir e incentivar as pessoas a

lembrar também impacta na comunicação da empresa e na vida de cada pessoa

que participa desse momento.

A memória do trabalho é o sentido, é a justificação de toda uma biografia. (BOSI, 1994, p.481)

Ouvir as pessoas implica estar disposto a admitir que “uma empresa não é

apenas resultado da ação de um grande líder” (WORCMAN, 2004, p.26), mas da

ação de inúmeras outras pessoas vinculadas a distintos grupos sociais. Dessa

forma, para trazer resultados satisfatórios e realmente profundos, “é necessário que

o processo envolva e valorize o depoente” (WORCMAN, 2004, p.26). Com o resgate

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e o reviver da memória e da história da empresa, fortalecem-se os vínculos sociais

entre a organização e seus diferentes públicos.

A sua história traduz a identidade da organização, para dentro e para fora dos muros que a cercam. É ela que constrói, a cada dia, a percepção que o consumidor e seus funcionários têm das marcas, dos produtos, dos serviços. (...) A imagem é determinante para o cidadão na hora da decisão de compra, e para o empregado na hora de se aliar à causa da empresa. Por isso, todo cuidado é pouco. Toda atenção é devida. (NASSAR, 2004, p.21)

Dessa forma, a chave para motivar e envolver os funcionários pode começar

com o simples ato de ouvir e coletar histórias, com respeito às pessoas e às

experiências vividas dentro da organização ou tendo-a como pano de fundo. Aos

poucos, as memórias ajudarão a criar uma nova história, aquela à qual se somam

muito mais olhares e impressões do que se imaginava.

Veja-se, a propósito, o que diz o engenheiro João Batista Coura, em depoimento ao Centro de Memória CTBC, sobre Alexandrino Garcia (1907-1993), fundador da companhia: “O Sr. Alexandrino para mim foi um evangelizador porque com ele eu aprendi a servir. Nesse decorrer de tempo, eu posso enumerar uma lista de umas 40 cidades que não tinham sistema telefônico nenhum e eu o coloquei, junto com o capital e a vontade do Sr. Alexandrino. E a gente sentia: toda vez que você implanta um sistema telefônico numa cidade, ela começa a ter progresso porque a comunicação é a base de tudo. E a cidade cresce”. (WORCMAN, 2004, p.28)

Além disso, reconhecer o papel do funcionário na história da empresa e

valorizá-lo significa muito mais do que ganhar um aliado importante, pode contribuir

com o redirecionamento de estratégias, com a reestruturação da comunicação

interna e até com o fortalecimento dos valores organizacionais no contexto “líquido”

da modernidade.

3.2- Construção da narrativa

A memória dos mais velhos é – como diz Bosi (1994, p.82) – “uma experiência

profunda”, ou seja, é realmente refazer as experiências do passado com o olhar do

hoje. Por isso, acredita-se que a mesma definição deva ser considerada para todos

os entrevistados e todos aqueles que se colocam na posição de lembrar e de ser o

narrador de sua própria história ou das histórias que viveu. As técnicas de entrevista

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não devem ser esquecidas, mas o principal é ouvir e buscar absorver todo o

contexto da entrevista, dos objetos no entorno, às escolhas feitas, às palavras

selecionadas, ao silêncio, à alegria e à dor.

O narrador é um mestre do ofício que conhece seu mister: ele tem o dom do conselho. A ele foi dado abranger uma vida inteira. Seu talento de narrar lhe vem da experiência; sua lição, ele extraiu da própria dor; sua dignidade é a de contá-la até o fim, sem medo. (BOSI, 1994, p.91)

Por muitos anos, o jornalismo se baseou na mera objetividade e concentrou

suas técnicas no uso desenfreado do lead e da pirâmide invertida10. Considerar a

complexidade da narrativa oral, por vezes, tornou-se raridade. Ao se dispor a colher

depoimentos para rememorar a história de uma organização, desapegar-se dessas

regras “engessadas” parece fundamental.

Fórmulas mecanicistas não respondem à demanda criativa da comunicação social. (...) Nenhum projeto de comunicação que se pretenda inovador, digno das expectativas da transformação social, pode se eximir da condição de uma oficina experimental. O eixo de tal prática consiste na linguagem dialógica e na criação de narrativas democráticas a serviço da cidadania. (MEDINA, 2003, p.98).

No contexto do jornalismo, Medina (2003, p.48) defende a construção de

narrativas que não se prendam às “fórmulas mágicas” e que evoluam para um grau

diferenciado de intersubjetividade, que se aproxima da arte.

“Há na narrativa do cotidiano e no resgate que dele faz a arte e outras linguagens não-científicas, cheiros, gostos e gestos que ampliam a palavra conceitual e bem governada de um discurso científico. Esse fabular intersubjetivo não se contém nos limites positivos da objetivação, desejada pelo esforço dogmático da cognição”. (MEDINA, 2003, p. 59)

Toma-se a liberdade de, aqui, fazer uma ponte entre essas reflexões e o

jornalismo empresarial, realizado pelas áreas de comunicação de muitas

organizações brasileiras, por vezes focado apenas nas regras básicas das técnicas

jornalísticas aprendidas nos bancos formais da universidade.

10

Refere-se ao primeiro parágrafo de uma notícia, formado pela resposta a seis perguntas básicas: "O quê" e/ou "Quem?", "Quando?", "Onde?", "Como?", e "Por quê?". É um resumo de toda a notícia. Assim, se o leitor não tiver tempo de ler o texto até o fim, pode se concentrar apenas no primeiro parágrafo, ou seja, no topo da pirâmide invertida.

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Em sua dissertação de mestrado, Cogo (2012, p.135) utiliza o conceito de

“storytelling organizacional” para descrever um trabalho de coleta e construção de

narrativas muito próximo do que Medina (2003) considera no jornalismo como

“narrativas da contemporaneidade”.

‘Storytelling organizacional’ seria, então, uma lógica de estruturação de pensamento e um formato de organização e difusão de narrativa, por suportes impresso, audiovisual ou presencial, baseados nas experiências de vida próprias ou absorvidas de um interagente, derivando relatos envolventes e memoráveis. (COGO, 2012, p.135)

De acordo com o autor, porém, há o storytelling baseado em histórias reais e

também há o storytelling ficcional. Seguindo um dos princípios básicos do

jornalismo, o foco desta pesquisa são relatos reais narrados e vivenciados pelos

personagens junto à organização – ou tidos como reais por seus narradores,

conforme definição anterior realizada por Bosi (1994, p.55). Além disso, é necessário

garantir a isenção dos profissionais que realizarão o storytelling.

storytelling é um processo narrativo que dá visibilidade e relevância a diferentes vozes, trajetórias, experiências, sem as prevalências típicas do universo empresarial, como por exemplo escolher alguém pra falar por conta de seu cargo. Storytelling traz à tona outras tonalidades, que demonstram que todos os públicos são imprescindíveis para que aquela célula social (a empresa, o governo, a ONG) se desenvolva e atinja seus objetivos. (COGO, 2014)

Outra questão proposta pelo autor é o papel das histórias como conteúdos

estratégicos nos estudos sobre políticas, culturas e mudanças da organização:

os contos tradicionais e as histórias criadas com a finalidade de atender às necessidades da organização são hoje uma ferramenta imprescindível na gestão do conhecimento, na construção da memória organizacional e na humanização do ambiente de trabalho. (MATOS

11 Apud COGO, 2012,

p.133)

Segundo Dreyer (2015, p. 138), o storytelling é considerado um dos elementos

“fundantes de uma comunicação na sociedade digitalizada”, juntamente com o

11

MATOS, Gislayne Avelar. Storytelling: líderes narradores de histórias. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2010.

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multiculturalismo, a cooperação, o digital integrado à comunicação tradicional e ao

negócio, a adaptabilidade, a fluidez, a não-intermediação, a circulação e o

hibridismo.

Após analisar os modelos de comunicação contemporâneos “the media

cloverleaf”12 e “híbrido de circulação pervasiva”13, Dreyer propõe indícios para um

novo modelo de gestão da comunicação em tempos de mídias sociais digitais. De

acordo com ela, o storytelling aparece como uma das formas de relacionamento

interno que podem ser trabalhados na terceira etapa do modelo proposto, que deve

ser pensada “totalmente em sintonia com a missão, a visão e, principalmente, os

valores da organização.” (Dreyer, 2015, p. 140).

Dessa forma, acredita-se que nas organizações, a coleta de depoimentos por

meio das entrevistas orais pode instaurar um clima interno de pertencimento,

fornecer conteúdos ricos em diversidade e construir uma narrativa contemporânea

que traga resultados efetivos para a empresa, mas – ao mesmo tempo – que

ultrapasse os muros da objetividade e alcance a subjetividade dos sujeitos –

daqueles que relataram suas memórias ou daqueles que, ao ver, ouvir ou ler se

sentirão parte de um projeto maior de organização.

Também é necessário fazer uma ressalva, o que é feito por Cogo (2014), em

artigo publicado no site da Aberje14: “Se não houver um contexto propício na

organização, não raro os projetos de storytelling dão errado, não surtem efeito, não

conseguem captar histórias em seus públicos de relacionamento”. Em razão disso, o

modelo de comunicação (informativo, interativo ou transacional) praticado na

organização pode interferir diretamente nesse cenário.

3.3- Identidade e valores

Para Marchiori (2014, p.107), “as organizações são, em sua essência,

comunicação”, afinal, a partir do momento em que as pessoas se relacionam e

estabelecem interações, seja entre si, com o meio ambiente, a arquitetura, a

12 BRAIN, David. Transmedia storytelling and the media cloverleaf. Disponível em: <http://www.edelman.com/post/ trans-media-storytelling-and-the-media-cloverleaf-3/>. Acesso em: 28 de out. 2015. 13

JENKINS, Henry; FORD, Sam; GREEN, Joshua. Spreadable media: creating value and meaning in a networked culture. New York: New York University Press, 2013. 14

Aberje – Associação Brasileira de Comunicação Empresarial, http://www.aberje.com.br

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tecnologia ou com vários outros fatores presentes na organização, estão fazendo

comunicação. Dessa forma, na trajetória das organizações, comportamentos vão

sendo criados e incorporados, de maneira a constituírem a cultura organizacional e

fortalecerem a identidade da empresa. Por exemplo, nem sempre um

comportamento instituído pela organização como correto é interpretado pelos

funcionários como tal, já que o que a empresa faz e fala – por meio de seus

gestores, seus canais e processos – deve estar em constante alinhamento.

Schein (2009, p.24) apresenta a cultura organizacional como constituída por

artefatos, valores casados e pressupostos básicos. Os artefatos, segundo ele, são

processos e estruturas visíveis que criam padrões de comportamento. Os valores

casados são as estratégias, os objetivos e as filosofias da organização que devem

justificar os artefatos. Por fim, os pressupostos básicos são as crenças

estabelecidas, as percepções, os sentimentos e todos os outros elementos

presentes no íntimo das pessoas ligadas à organização; é aquilo que as pessoas

sentem no dia a dia e que contribui com as interpretações pessoais delas sobre a

empresa.

Dentro desse contexto, a área de Comunicação pode auxiliar na sistematização

das relações, tendo função organizante e constitutiva15, desempenhando um papel

estratégico na empresa – inclusive na gestão de mudanças –, muito mais do que

administrar ferramentas ou veículos de comunicação.

Uma pesquisa da Internal Association of Business Comunication (IABC, 2005)

apontou que os funcionários formam suas percepções sobre uma organização

baseando-se 55% na liderança, ou seja, naquilo que os líderes falam e fazem; 30%

naquilo que experimentam dentro das organizações (processos); e apenas 15% na

mídia formal existente dentro da empresa16.

Os dados apontam que a valorização do funcionário e o alinhamento entre

discursos e práticas são primordiais, não só porque refletirão na imagem interna da

empresa, mas também na imagem externa, na relação que estabelecem com

clientes, fornecedores, investidores e até familiares. “Assim, quanto maior for o

envolvimento do funcionário com a organização, maior será seu comprometimento”

(MARCHIORI, 2014, p.108).

15

Material apresentado pela Profa. Ma. Ágatha Paraventi, durante o módulo II da disciplina “Comunicação Interna” do MBA em Gestão da Comunicação Empresarial da Aberje, 2014. 16

Idem ao anterior.

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26

Por fim, não basta trabalhar a comunicação visando o público externo ou a

imagem que a sociedade terá da organização. É necessário criar condições que

favoreçam um clima interno adequado, que valorize o bem-estar, traga satisfação e

seja sinônimo de respeito ao ser humano, o que exige o envolvimento da alta

liderança, dos líderes imediatos, da área de Comunicação e de todos os

funcionários. Os veículos de comunicação podem ajudar no processo, mas não

agem sozinhos. As lideranças são peças-chave, na valorização do diálogo, no

compromisso com o feedback, no alinhamento das informações e na transparência.

A comunicação face a face é ágil, permite interação e tem credibilidade, devem ser valorizada nos ambientes organizacionais. Os veículos de comunicação podem completar e apoiar o processo. Parece que nos direcionamos nos ambientes organizacionais para a criação de relacionamentos cada vez mais próximos e intensos, que em decorrência de diferentes expressões e conteúdos que são negociados e compreendidos, conquistam o status da credibilidade. (MARCHIORI, 2014, p.117)

Erroneamente confundida com endomarketing, a comunicação interna muitas

vezes é vista pelas lideranças apenas como uma maneira de engajar os funcionários

em torno das estratégias da empresa. “O endomarketing limita-se a ver os

funcionários como ‘clientes internos’”, enquanto o relacionamento com o público

interno exige “uma política de relações públicas numa perspectiva muito mais

ampla”. (KUNSCH17 Apud LEMOS, 2011, p.152).

Avançar no reconhecimento do papel e da importância estratégica da

comunicação interna torna-se primordial dentro das organizações. Ao mesmo tempo,

é necessário considerar que, no mundo em que vivemos, há cada vez menos

barreiras para a comunicação.

Os indivíduos que estão nas organizações são cidadãos e, de maneira cada vez mais intensa e frequente, têm outras preocupações além das ligadas a seu ofício. São consumidores, chefes de família, indivíduos com aspirações, desejos e interesses próprios. Enfim, podem formar opinião, tomar decisões e potencializar os resultados (bons e ruins) da comunicação. (LEMOS, 2011, p.158, grifo do autor)

Da mesma forma, é importante reconhecer que cada organização, no seu

conjunto, tem suas particularidades, seu cenário, sua trajetória profissional, suas

prioridades, seu público, seus ambientes, sua cultura, sua identidade. “[Elas] trazem

17

KUNSCH, Margarida. Planejamento de relações públicas na comunicação integrada. 4. ed. São Paulo: Sumus, 2003, v.1, p. 155.

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consigo um conjunto de histórias, características, ritos e símbolos que, juntos,

apresentam-se como elementos de identificação intramuros, e elementos de

diferenciação extramuros, fazendo-as distintas de todas as demais” (LEMOS, 2011,

p.158).

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4 ANÁLISE DE CENÁRIO: HELBOR EMPREENDIMENTOS S.A.

Identificar os elementos-chave para a gestão da comunicação implica estabelecer prioridades de

atuação e preparar opções estratégicas que visem minimizar riscos e resolver problemas.

Abracom, no livro Por que investir em

Comunicação Interna?

4.1- Breve histórico da empresa

A Helbor Empreendimentos S.A. é uma das principais incorporadoras

imobiliárias do Brasil, segundo o ranking desenvolvido pela Empresa Brasileira de

Estudos de Patrimônio (Embraesp)18; um de seus diferenciais é ser uma

incorporadora pura, focada na gestão do processo imobiliário. Na prática, isso quer

dizer que, além de efetivar a comercialização das unidades, a companhia gerencia

todo o desenvolvimento do empreendimento desde a compra do terreno até a

conclusão da obra. Também é responsável pelo controle financeiro de contratos e

pela assistência técnica posterior à obra. A construção dos empreendimentos fica a

cargo de construtoras parceiras.

No dia 17 de outubro de 2015 completou 38 anos. Atualmente, conta com mais

de 20 mil unidades entregues, entre apartamentos, casas, conjuntos comerciais,

unidades hoteleiras e lotes urbanizados, em 30 cidades de todo o País, incluindo 10

capitais e o Distrito Federal. No total, 225 empreendimentos imobiliários foram

lançados e mais de 5,8 milhões de m² foram construídos. Conta com mais de 300

funcionários diretos e cerca de 20 mil profissionais indiretos, que atuam nas áreas

de construção e vendas por meio de empresas parceiras, seja nos canteiros de

obras ou nos estandes de venda montados pelo País.

Seu foco de atuação são empreendimentos de médio, médio-alto e alto padrão.

Atende às exigências da legislação brasileira (regras econômicas, fiscais, sociais,

ambientais e trabalhistas); no mercado imobiliário, respeita a legislação vigente nas

cidades onde atua e busca compatibilizar seus interesses com os interesses da

18

O ranking tem como base uma pesquisa de lançamentos imobiliários na região Metropolitana de São Paulo, que concentra o principal mercado imobiliário do País. Cinco quesitos são avaliados: números de lançamentos, de blocos, de unidades, área total construída e o Valor Geral de Vendas (VGV) lançado. Em 2015, na categoria incorporadora, a Helbor ficou em 5º lugar.

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cidade e seus moradores; busca entregar o que promete, respeitando a qualidade e

o prazo estabelecidos com o cliente no contrato de compra e venda.

Sua atuação é compatível com o que a maioria de seus clientes espera;

também desenvolve projetos sociais, iniciou recentemente a busca por certificação

ambiental em seus projetos e atua com respeito às comunidades onde está inserida.

A Helbor foi fundada em 1977, inspirada no exemplo de coragem e

determinação do imigrante Hélio Borenstein, pai do fundador e atual presidente do

conselho administrativo da empresa Henrique Borenstein. É uma companhia de

capital aberto comprometida em atingir e manter altos padrões de governança

corporativa. Desde outubro de 2007, quando realizou sua Oferta Pública Inicial

(IPO), integra o novo mercado da BMF&Bovespa, em que suas ações são

negociadas diariamente. Seus papéis se destacam pela excelente valorização,

fazendo da empresa uma das mais rentáveis do mercado imobiliário brasileiro.

O desempenho da Helbor rendeu-lhe vários reconhecimentos, entre eles, 8

prêmios Top Imobiliário (O Estado de S. Paulo/Embraesp) e 5 prêmios Master

Imobiliário (Secovi-SP e Fiabci/Brasil). A Helbor também conquistou o Prêmio

Abrasca de Criação de Valor, na categoria Destaque Setorial/Mercado Imobiliário,

em 2013, sendo reconhecida pelo excelente desempenho da companhia no

mercado de capitais.

Além disso, recebeu: o Prêmio PINI Incorporadora do Ano (2010), promovido

pela editora PINI, na categoria "Comportamento da Empresa com seus clientes"; o

Prêmio Casa Hope de Responsabilidade Social (2010 e 2012); o Prêmio Mogi

News/Chevrolet de Responsabilidade Social do Alto Tietê (2010 e 2011); e o Prêmio

Top of Mind Mogi News/Ibope Inteligência (2002, 2011, 2012, 2013 e 2014).

Seus valores fundamentais se resumem no pilar: honestidade, confiança e

tradição. Além disso, em 2013, após um estudo de branding e seu reposicionamento

de marca, definiu sua nova visão, missão e compromissos, conforme divulgado no

site da empresa:

Visão: Entender as pessoas para desenvolver projetos únicos e do tamanho da necessidade de nossos clientes. Missão: Desenvolver empreendimentos que sejam motivo de orgulho para nossos clientes, funcionários e todos os nossos parceiros. Compromissos: Entregar o que prometemos. Foco no cliente. Ser financeiramente saudável. Cultivar o espírito familiar. Inovar sob medida

19.

19

http://www.helbor.com.br/empresa

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4.2 - Processo comunicacional

Na comunicação interna da Helbor prevalece o modelo de comunicação

informativo ou linear, marcado por um fluxo de informações descendente e lateral.

Atualmente, os meios de comunicação internos são: a TV Corporativa (implantada

em 2013); o e-mail (informações da presidência da empresa e da área de Recursos

Humanos para os funcionários); e a comunicação face a face com o gestor da área e

sua equipe.

Em geral, trata-se de uma empresa tradicionalmente familiar marcada pela

hierarquia organizacional. A narrativa interna da empresa é focada no esforço, na

dedicação, no trabalho e em ser financeiramente saudável (redução de custos).

A área de Comunicação, que abrange a comunicação interna e externa da

empresa, bem como as ações de Responsabilidade Social, foi instituída na empresa

em julho de 2010, fazendo parte da gerência de Assuntos Corporativos, que também

era responsável pela área de Atendimento ao Cliente. Até então, as ações internas

de comunicação eram desenvolvidas pela área de Recursos Humanos e as ações

externas por uma agência de comunicação contratada.

Em 2015, foi criada a Diretoria de Assuntos Corporativos, que manteve sobre

sua gestão as áreas de Atendimento ao Cliente, Responsabilidade Social e

Comunicação, que engloba basicamente:

- as ações internas de comunicação (produção de conteúdo para os veículos

internos e suporte à gerência de Recursos Humanos no desenvolvimento de líderes

e na melhoria do clima interno da companhia);

- as ações externas (atendimento à imprensa, produção de conteúdo,

gerenciamento de crises e definição de estratégias comunicação e posicionamento);

- suporte à Diretoria de Marketing na gestão institucional da marca e das redes

sociais;

- e gestão dos projetos de Responsabilidade Social.

Em 2014, foi realizada pela Gerência de Recursos Humanos a 1ª Pesquisa de

Clima da empresa, com adesão de 86% dos funcionários. O objetivo era medir o

grau de satisfação do público interno em relação à empresa e apontar caminhos

para ampliá-lo. Apesar de algumas medidas terem sido tomadas para melhorar o

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clima interno, como a alteração do plano de saúde, um ano depois, os dados oficiais

da pesquisa não foram divulgados aos funcionários.

A companhia, assim como várias empresas do setor, enfrenta um grande

desafio. Ao contrário do passado, quando seus funcionários buscavam estabilidade

e desejavam construir uma carreira dentro da organização, o turnover20 cresce

anualmente em especial entre os profissionais mais jovens – na faixa dos 20 e 30

anos, que ocupam a maior parte dos cargos e que são mais atingidos pela

comunicação interna da empresa. Consequência da nova realidade contemporânea,

o fato tem despertado uma atenção especial por parte do RH e da alta gestão.

4.3- Percepções iniciais

A empresa mantém quatro prédios (3 em Mogi das Cruzes, onde está sua

sede; e 1 em São Paulo, na Av. Paulista). Nesses locais, atuam os funcionários

diretos que são impactos pela comunicação interna da organização.

Sua sede, em Mogi das Cruzes, está localizada na antiga casa do fundador e

atual presidente do Conselho de Administração da empresa. O imóvel, que ocupa

um quarteirão numa das principais avenidas da cidade, foi adaptado para receber

funcionários e ser a sede da empresa. Até dezembro de 2015, todas as unidades

localizadas em Mogi serão transferidas para um único prédio, com a desativação

dos demais, inclusive do local onde está a atual sede da empresa.

Mesmo com ações na BM&FBovespa, a empresa mantém a família Borenstein

como principal acionista. Seu fundador, Henrique Borenstein participa ativamente do

dia a dia e das decisões da Helbor e seu filho, Henry Borenstein, é o atual

presidente da companhia.

A estrutura interna da organização atende às metas da companhia e atinge os

resultados esperados. Afinal, é hoje uma das principais do setor. Porém, diante das

mudanças trazidas pela Era Digital e diante de um público interno altamente inserido

nesse cenário, algumas ações e processos de comunicação podem ser

aperfeiçoados e até revistos. Uma das medidas pode ser uma abertura maior aos

funcionários e a valorização deles.

20

Termo utilizado em Recursos Humanos (RH) para determinar a taxa média entre admissões e desligamentos em relação ao efetivo médio em uma empresa.

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32

Observa-se que a história da organização e de seus funcionários não é

valorizada o bastante, de maneira que grande parte dos funcionários a desconhece

e/ou não se identifica com o que ouve pelos corredores. A situação deve se agravar

quando a atual sede da empresa for desativada (possível perda de referências

históricas).

No âmbito do clima interno, apesar de esse não ser o foco principal deste

estudo, a não divulgação da Pesquisa de Clima realizada em 2014 pode instaurar

um cenário interno de desconfiança, indo de forma contrária ao cenário de

transparência, tão recomendado por especialistas e uma das exigências da Era

Digital.

A empresa tem uma relação muito próxima com a cidade de Mogi das Cruzes.

Além de manter na cidade a sua sede e nela gerar a maior parte dos empregos

diretos e indiretos, a organização – por meio de seu fundador – participa de vários

projetos sociais e está totalmente envolvida com o desenvolvimento do município.

4.4- Análise SWOT

A análise SWOT, muito difundida no meio empresarial, especialmente como

base para gestão e planejamento estratégico de empresas, é a abreviação das

palavras Forças (Strenghts), Fraquezas (Weaknesses), Oportunidades

(Opportunities) e Ameaças (Threats). A metodologia é creditada aos professores da

Harvard Business School: Kenneth Andrews e Roland Christensen21. No âmbito da

comunicação interna, serão utilizadas nesta pesquisa a linha de trabalho proposta

pela ABRACOM (2012), que considera:

21

Não foi encontrada literatura acadêmica que aborde diretamente essa metodologia. As referências teóricas utilizadas foram extraídas de https://pt.wikipedia.org/wiki/An%C3%A1lise_SWOT e dos materiais utilizados em sala de aula pelos professores do MBA em Gestão da Comunicação Empresarial da Aberje, no período de 2014 a 2015.

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• Ambiente interno ao processo de comunicação (Forças e Fraquezas) - principais aspectos, que diferenciam a organização, pelas características de sua cultura organizacional. Esses aspectos observados devem fazer parte da estratégia de Comunicação Interna; • Ambiente externo ao processo de comunicação (Oportunidades e Ameaças) - corresponde aqui, para o nosso modelo, à gestão da empresa e aos movimentos das outras áreas que a compõem, como decisões da diretoria e circunstâncias externas ao poder de decisão da organização.” (ABRACOM, 2012, p.19)

Dessa forma, as Forças e Fraquezas são determinadas pela posição atual da

Comunicação Interna e se relacionam, quase sempre, a fatores sobre os quais a

área pode agir. As Oportunidades e Ameaças são cenários e estão relacionadas a

fatores da gestão, sob a responsabilidade de outras áreas dentro da organização.

Durante a análise, “identificar os elementos-chave para a gestão da comunicação

implica estabelecer prioridades de atuação e preparar opções estratégicas que

visem minimizar riscos e resolver problemas” (ABRACOM, 2012, p.19).

Com base na referida metodologia, foi realizada uma análise na comunicação

interna da Helbor Empreendimentos S.A. com o objetivo de identificar as forças e

oportunidades, assim como fraquezas e ameaças, de forma a contribuir com a uma

análise crítica da comunicação interna e propor alternativas viáveis para enfrentar os

desafios contemporâneos.

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4.4.1 – SWOT aplicada à comunicação interna da Helbor

Inte

rno

Forças Fraquezas

- Respeito dos funcionários mais jovens (de

idade e de tempo de trabalho) aos de mais

idade e com mais tempo de empresa.

- Ainda mantêm entre seus funcionários,

profissionais que vivenciaram importantes

momentos da empresa ao longo dos anos

(importante campo de lembranças).

- A organização tem uma boa história para

contar e seus personagens principais ainda

fazem parte do dia a dia da empresa.

- Alta Gestão reconhece que melhorar a

comunicação interna é um dos desafios da

organização.

- Falta de conhecimento e identificação do

público interno, com relação à missão, visão,

compromissos e valores da empresa.

- Modelo informativo e linear de comunicação,

com fluxo de informação descendente e lateral.

- Apesar de contar com vários canais de

comunicação interna, há pouco diálogo (via de

mão dupla) com os funcionários (não divulgação

interna da Pesquisa de Clima).

Exte

rno

Oportunidades Ameaças

- Fundador atuante no dia a dia da empresa.

- A casa do fundador ainda funcionando

como sede da empresa (espaço favorável de

lembranças).

- Poucas empresas do setor da construção

civil desenvolvem projetos de comunicação

interna voltados ao fortalecimento da

memória organizacional.

- Forte ligação da empresa com a cidade de

Mogi das Cruzes, onde está a sua sede.

- Empresa é reconhecida de forma positiva,

especialmente pela solidez, entre seus

stakeholders.

- Turnover alto.

- Perda de registros históricos (caso haja a

mudança para o novo prédio da empresa, sem

antes registrar as histórias da Sede).

- Como não há histórico de ações para estimular

o diálogo e a valorização do público interno,

pode haver baixa adesão das lideranças e dos

funcionários, caso haja a implantação de um

eventual programa de memória organizacional.

- Diante do atual cenário econômico brasileiro e

de outras prioridades administrativas e

operacionais, a Alta Gestão pode deixar de

reconhecer a comunicação interna como uma

das prioridades da organização.

- Percepções insuficientes quanto ao clima

interno.

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4.5- Diagnóstico

Uma das principais forças internas é a alta carga de lembranças entre os

funcionários da organização, especialmente os mais antigos que ainda fazem parte

do quadro da companhia. Muitos vivenciaram os primeiros passos da empresa no

mercado imobiliário e acompanharam o seu crescimento exponencial nos últimos

anos. O fato é motivo de orgulho para esses funcionários e suas famílias. As

histórias de vida de cada um deles se confundem com a história da empresa.

Grande parte deles iniciou na companhia desempenhando várias funções ao mesmo

tempo, atuando lado a lado com o fundador, sem ter conhecimento especializado na

área e, hoje, contam com vasta experiência profissional e fazem parte do quadro de

líderes da empresa. Essas pessoas são respeitadas internamente e, de alguma

forma, tornam-se motivo de orgulho para o restante da companhia. Entre os mais

jovens, o fato de fazer parte da história de uma organização que valoriza e respeita

seu público interno pode ser um diferencial no mercado de trabalho. Outra força

interna importante é o reconhecimento da comunicação interna como uma das

prioridades da Alta Gestão, manifestado na própria instituição da Diretoria de

Assuntos Corporativos e nos investimentos com a TV Corporativa.

As principais fraquezas identificadas são a falta de conhecimento e

identificação do público interno, com relação à missão, visão, compromissos e

valores da empresa, especialmente os mais jovens e aqueles mais inseridos no

ambiente digital – que não privilegiam o contato pessoal e o relacionamento face a

face. Outra fraqueza é o modelo informativo e linear de comunicação, que prevalece

na companhia junto com o fluxo de informação descendente e lateral. Por outro lado,

apesar de haver vários canais de comunicação interna, são poucas as ações que

efetivamente geram um diálogo maior com os funcionários.

Como oportunidade no ambiente externo à área de comunicação, e com forte

impacto sobre ela é a presença marcante do fundador no dia a dia da companhia.

Outra oportunidade é a conservação da casa do fundador como sede da empresa e

sede também das principais lembranças internas. Identificou-se ainda como

oportunidade a riqueza de conteúdo que pode ser obtida diante de todos esses

elementos, o que pode resultar num grande diferencial entre a concorrência e

demais stakeholders. A forte ligação da empresa com a cidade de Mogi das Cruzes

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também foi apontada como oportunidade, já que as ações realizadas internamente

na empresa também podem ter impacto positivo na comunidade.

Reduzir a rotatividade de funcionários é atualmente um dos principais desafios

da companhia e é considerado uma das principais ameaças externas do SWOT.

Estima-se que um alto valor financeiro seja gasto atualmente com os processos de

recrutamento e seleção, treinamentos e com a própria contratação, para em pouco

tempo, depois de treinado e capacitado, o funcionário optar pelo desligamento da

empresa, e a companhia tenha que iniciar um novo processo de seleção. Além

disso, alguns funcionários acabam reduzindo seu rendimento, por não avistar

perspectivas de crescimento ou por não se identificar com os ideais da companhia.

Entre as ameaças identificadas, há ainda a perda de referências histórias e

espaciais da empresa, com o deslocamento de todos os funcionários de Mogi das

Cruzes para o novo prédio da empresa, com a desativação da atual Sede, sem

antes colher os depoimentos e memórias dos funcionários.

Outro ponto é que, como não há histórico de ações para estimular o diálogo e a

valorização do público interno, pode haver baixa adesão das lideranças e dos

funcionários, caso haja a implantação de um eventual programa de memória

organizacional. Por último, diante de tantas prioridades e diante de um cenário

econômico pouco favorável, a alta gestão pode deixar de reconhecer a comunicação

interna como uma das prioridades do momento, o que pode levar ao fracasso

qualquer novo projeto na área.

A não divulgação interna da Pesquisa de Clima é um fator pontual e externo

(consequência de como o fluxo de informação está estruturado), que também pode

representar uma fraqueza, afinal, sua não divulgação pode gerar percepções

insuficientes e errôneas quanto ao clima interno.

Acredita-se que é preciso: reduzir a rotatividade de funcionários na empresa;

criar novos mecanismos para atrair, capacitar e manter profissionais; além de

difundir a cultura e a história da organização para o público interno; capacitar melhor

as lideranças e ampliar as perspectivas de crescimento dos jovens. O diagnóstico

também aponta que é importante não só valorizar a história da companhia, de forma

imparcial e distante, mas inserir a história de cada funcionário dentro desse

contexto, para humanizar o discurso e aproximá-lo de cada pessoa.

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4.6- Proposta

Para aproveitar as forças e oportunidades presentes no ambiente interno e

externo à área de comunicação, minimizando as fraquezas e contribuindo com a

redução das ameaças, esta pesquisa propõe a criação de um programa interno de

memória organizacional, marcado especialmente pelo registro oral de depoimentos

dos funcionários da Helbor Empreendimentos S.A., com extensão aos conselheiros

que participaram no processo de fundação da companhia.

Os registros podem ser feitos em meios impressos ou eletrônicos a partir de

uma seleção inicial dos principais personagens que fizeram e fazem parte da história

da companhia. Essa seleção não deve passar pelo crivo da alta direção e não deve

receber nenhum tipo de direcionamento ou hierarquização. Mesmo os funcionários

mais jovens poderão participar, narrando suas trajetórias profissionais e suas

aspirações dentro da empresa.

O conteúdo colhido pode ser divulgado mês a mês na TV Corporativa ou por e-

mail. Todas as ações realizadas irão culminar com a criação de um Centro de

Memória Empresarial, inicialmente voltado aos funcionários e, posteriormente, à

comunidade.

A divulgação do resultado da pesquisa de clima realizada em 2014 deve ser

uma das prioridades da organização, especialmente para ampliar a confiança dos

funcionários na empresa e melhorar o clima interno. Na ocasião, também devem ser

divulgadas as ações internas realizadas após a análise crítica dos dados.

No primeiro ano de execução do programa interno de memória organizacional,

algumas ações paralelas devem ser implantadas, entre elas:

1. A criação de um comitê interno de comunicação formado por membros

de cada departamento da empresa, para estimular a participação dos

funcionários, levantar pautas e também para medir os resultados

alcançados durante a implantação do programa.

2. O fortalecimento da história da companhia nos canais internos de

comunicação.

3. A reformulação do modelo de comunicação interno existente com a

possibilidade de avançar para o modelo transacional de comunicação,

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tornando o clima interno um ambiente propício para a geração de

significado compartilhado.

4. A adesão e a participação direta da Alta Gestão na reformulação do

modelo de comunicação existente.

5. O estabelecimento de um calendário anual para a realização e a

divulgação da pesquisa de clima, comparando-a com a de anos

anteriores.

6. O envolvimento efetivo e direto do CEO e do fundador no programa

interno de memória organizacional, assim como dos profissionais em

cargo de liderança.

Acredita-se que, ao aplicar essas ações, haverá no longo prazo um impacto

direto na perspectiva de aprendizagem e crescimento interno, com possibilidade de

atrair, capacitar e manter bons profissionais e bons líderes, que se identifiquem com

a narrativa da empresa, contribuam com seu crescimento e sejam motivados.

Porém, para medir o sucesso das ações implantadas, sugere-se a criação dos

seguintes indicadores:

a. Indicadores de processo: grau de interesse dos funcionários em

participar do programa de memória organizacional; grau de importância do

programa para a imagem interna da empresa; grau de motivação dos

funcionários participar do programa; grau de identificação dos funcionários

com a história da companhia; grau de satisfação interna após a implantação

do programa; grau de conhecimento dos funcionários sobre a história da

companhia; grau de participação dos funcionários no comitê interno de

comunicação; indicador de satisfação interna.

b. Indicadores de resultado: grau de adesão dos funcionários ao programa;

grau de redução do turnover; grau de permanência dos funcionários no

comitê interno de comunicação; grau de audiência do canal corporativo de TV

(número de pessoas assistindo e comentando nas copas).

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Para melhorar o indicador de satisfação interna, também é importante divulgar

os dados da Pesquisa de Clima Organizacional já realizada, identificar os principais

anseios dos funcionários e poder medi-los novamente durante todo o processo de

implantação desse programa. A pesquisa poderá medir se as ações realizadas estão

dando o resultado esperado, se será possível alcançar a meta proposta dentro do

prazo estimulado ou se será necessário reformulá-la.

Os custos iniciais dessas ações se resumirão na Pesquisa de Clima

Organizacional (de responsabilidade da área de Recursos Humanos e já prevista no

orçamento dessa área) e na contratação de uma produtora de vídeo. Todas as

demais ações poderão ser executadas, neste primeiro momento, pela própria equipe

de Comunicação da companhia, considerando que há necessidade de que, pelo

menos, um dos profissionais de comunicação da Helbor possa se dedicar

exclusivamente ao projeto. Se os resultados forem satisfatórios no período de um

ano e outras necessidades surgirem, a empresa pode avaliar a contratação de

agências de comunicação e de pesquisa, para dedicação exclusiva, aprimoramento

das ações e implantação do Centro de Memória.

Com relação ao Centro de Memória, quando houver uma quantidade

satisfatória de conteúdo reunido sobre a empresa e os funcionários, poderá ser

analisada a possibilidade de criar um local adequado para armazenar e expor esses

materiais. Uma sugestão é utilizar a atual sede da companhia (que é também a

antiga casa do fundador), em Mogi das Cruzes, para montar esse Centro de

Memória, tendo em vista que os departamentos locados nessa unidade serão

transferidos para outro prédio da empresa. Depois dessa fase de implantação, o

local pode ser aberto para visitação e pesquisa da comunidade em geral, bem como

de estudantes, pesquisadores, jornalistas, funcionários e demais stakeholders.

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4.7- Cronograma físico-financeiro de implantação (1º ano)

Com base no que foi detalhado no capítulo anterior, segue abaixo um resumo

do cronograma físico-financeiro de implantação (1º ano) do Programa interno de

memória organizacional. É importante destacar que essas serão as ações iniciais do

programa, que terá seus resultados mensurados ao final de cada trimestre. Se o

balanço final do ano for considerado satisfatório, as ações poderão ser aprimoradas,

com a contratação de agências de comunicação e de pesquisa, especialmente

visando à efetiva reformulação do modelo de comunicação interno existente e a

criação de um Centro de Memória. A íntegra do cronograma está disponível também

no Apêndice A.

CRONOGRAMA FÍSICO-FINANCEIRO DE IMPLANTAÇÃO (1º ano)

Projeto: Programa interno de memória organizacional – Helbor Emprendimentos S.A.

Item Descrição das ações Período em meses

Custos estimados 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

1

Reunião inicial entre

a alta direção e as áreas de Comunicação e

Recursos Humanos para apresentação detalhada do

Programa e alinhamento de ações.

0

2

Coleta inicial de depoimentos do

fundador da Helbor e levantamento de informações sobre

outros possíveis narradores do passado.

A

3 Criação de um comitê interno de

comunicação

0

4 Reuniões do comitê interno de comunicação

0

5

Coleta de depoimentos na

empresa (com gravação em vídeo ou não)

A

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41

6

Divulgação dos

primeiros depoimentos na TV Corporativa ou por e-

mail.

B

7

Aplicação de Pesquisa de Clima,

seguida de divulgação dos resultados aos funcionários.

C

8

Implantação e

atualização de vinhetas para fortalecimento da

memória organizacional na TV interna.

B

9

Reuniões com a alta direção para balanço

das ações desenvolvidas e apresentação da

mensuração de resultados.

0

10

Reuniões com as lideranças para

balanço das ações e apresentação da mensuração de resultados.

0

11

Medição dos resultados obtidos com o programa por

meio da aplicação de formulário para todos os funcionários.

D

12

Medição dos resultados obtidos

com o programa por meio da aplicação de formulário para os

funcionários-narradores.

D

13

Medição dos resultados obtidos

com o programa por meio de entrevistas face-a-face.

D

14

Medição dos resultados obtidos com o programa e

refletidos na redução do turnover (RH) e na participação no

comitê interno de comunicação.

C

15

Arquivo de todos os dados coletados para

utilização no Centro de Memória.

0

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42

Área responsável pela implantação e execução do

programa:

Comunicação, com dedicação exclusiva de um profissional (que pode se revezar fora do

horário de expediente) e apoio de toda a equipe.

Áreas diretamente envolvidas na execução e acompanhamento do

programa:

Comunicação, Recursos Humanos e Alta Direção.

LEGENDA - COLUNA CUSTOS:

A Custo da produtora de vídeo será considerado conforme orçamentos solicitados no ano-base de implantação.

B Custo negociado posteriormente ou já previsto na contratação da empresa gestora da TV Corporativa (contrato em andamento na diretoria de Assuntos Corporativos/Comunicação).

C Custo previsto no orçamento da área de Recursos Humanos.

D

A forma de execução das pesquisas será definida em comum acordo pela empresa e áreas envolvidas (podem ser

realizadas por meio de aplicativos gratuitos disponíveis na internet; pelo software já contratado pelo RH; por meio de formulário manual; ou por meio da contratação de uma empresa de pesquisa).

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5- CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante dos objetivos propostos no início desta pesquisa, constatou-se que,

antes de buscar a identificação entre o público interno e os valores de uma

organização ou até antes buscar engajar os funcionários nas ações da empresa, é

preciso ouvir e trazer as histórias dessas pessoas para dentro da organização. Para

isso, o modelo informativo de comunicação e o fluxo descendente de informações

devem ser alterados. É claro que o cenário do trabalho na modernidade e o próprio

cenário da comunicação digital, com suas várias características e impactos,

influencia diretamente a postura das empresas atuais. Apesar disso, quando a

organização se abre e reconhece no seu público interno parte importante de sua

história, o caminho para o fortalecimento dos valores e o engajamento dos seus

funcionários pode ser facilitado.

A iniciativa de avançar para o modelo transacional de comunicação pode ser

um primeiro passo. Em seguida, a coleta de depoimentos e a construção de

narrativas humanizadas que traduzam a memória da organização podem contribuir

muito com o clima interno, além de ampliar o engajamento espontâneo do público

interno nas ações da empresa e gerar mais produtividade. O próximo passo seria a

construção de um Centro de Memória oral e humanizado, formado pelas narrativas

internas das mais diferentes pessoas, em suas mais diversas fases da vida, que

possa ser consultado, visitado e que seja motivo de orgulho de todos e de seus

familiares. A história oficial da empresa, bem como do fundador e da presidência

precisam estar integradas a esse cenário, mas todas as outras memórias e histórias

não podem ser esquecidas.

Entretanto, a comunicação interna não se resume apenas nas ações diretas

dos comunicadores. O papel dos líderes nesse processo de evolução é fundamental.

Apesar de esse não ser o foco desta pesquisa, é preciso que haja envolvimento

direto da Alta Gestão, além de treinamentos específicos para as lideranças, com

apoio da área de Comunicação e de Recursos Humanos, bem como a instituição de

canais diretos entre líderes e equipes, assim como entre fundador e líderes,

fundador e funcionários, presidente e funcionários.

Nesse contexto, os resultados das pesquisas de clima realizadas precisam ser

sistematicamente divulgados, para ampliar a credibilidade e fortalecer o

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relacionamento com os funcionários. As pessoas precisam sentir confiança na

organização e sentir-se parte de todo esse processo.

Esse fenômeno é parte do novo cenário social que se vive nesse momento,

sob a influência da comunicação digital e do novo perfil de trabalhador que está se

formando e sendo inserido no mercado de trabalho, como funcionário ou

empresário. Criar vínculos com essas pessoas pode ser mais difícil do que no

passado, quando os anseios eram outros. Porem, criar raízes e se sentir parte de

um contexto que “valha a pena” continua fazendo todo o sentido.

No decorrer desta pesquisa, optou-se por usar o termo “narrativas

contemporâneas” e não “storytelling organizacional” para identificar o processo de

coleta de memórias e construção de narrativas dentro da organização. Acredita-se

que o primeiro termo se aproxime mais do conceito jornalístico de produção de

conteúdo, marcado pela veracidade das informações ou por considerar a versão

memorável de um narrador (aquilo e a forma com que se lembrou em determinado

momento). A preocupação aqui é não considerar o relato ficcional do storytelling,

pontuado por alguns autores e reconhecido por outros.

Ao analisar o cenário da comunicação interna na Helbor Empreendimentos

S.A., optou-se por considerar apenas as informações oficiais divulgadas aos

funcionários. Ou seja, os resultados da Pesquisa de Clima 2014 – embora sejam de

conhecimento estratégico da área de Comunicação e de Recursos Humanos – não

foram transmitidos a todos os setores da empresa. Dessa forma, apesar de algumas

impressões serem pontuadas nesta pesquisa, como o perfil etário dos funcionários,

respeitou-se a decisão da empresa de ainda não tornar pública as informações

obtidas com a pesquisa – mesmo considerando que isso seria essencial para uma

evolução nos processos internos de comunicação.

Com as reflexões propostas aqui, espera-se contribuir com o debate

acadêmico e empresarial com relação à comunicação interna, às narrativas

contemporâneas e aos valores que as pessoas constroem dentro de uma

organização. Novos passos precisam ser dados nesse sentido. Afinal, para garantir

a produtividade e se diferenciar perante a concorrência e demais stakeholders, é

necessário ter um clima interno positivo, assim como é fundamental ter um público

interno envolvido e comprometido com as ações da empresa.

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das organizações. São Paulo: Aberje, 2004, p. 15-22.

________. Conceitos e processos de comunicação organizacional. In: KUNSCH, M. (Org.). Gestão estratégica em comunicação organizacional e relações públicas.

São Caetano do Sul: Difusão, 2008, v.1. ________. Relações Públicas: a construção da responsabilidade histórica e o resgate da memória institucional das organizações. São Caetano do Sul, SP: Difusão Editora; Rio de Janeiro, RJ: Editora Senac Rio, 2012. SCHEIN, Edgard. Cultura Organizacional e Liderança. São Paulo: Atlas, 2009. WORCMAN, Karen. Memória do futuro: um desafio. In: NASSAR, P. (org.). Memória de Empresa: História e Comunicação de mãos dadas, a construir o futuro das

organizações. São Paulo: Aberje, 2004, p. 23-30.

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ZUFFO, João Antonio. A infoera transformando as relações sociais. Comunicação & Educação, p. 61-70, Ano X, n. 1, jan./abr., 2005. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/comueduc/article/view/37510. Acesso em: 28 de outubro de 2015.

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APÊNDICE A – Cronograma físico-financeiro de implantação (1º ano)

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APÊNDICE A – Cronograma físico-financeiro de implantação (1º ano)

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ANEXO A – Texto institucional da Helbor Empreendimentos S.A.

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