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O MINISTÉRIO PÚBLICO DE PERNAMBUCO, por intermédio de seu representante, ao final assinado, no uso de suas atribuições legais e embasado no inquérito policial em anexo, vem perante Vossa Excelência apresentar DENÚNCIA em desfavor de: FLÁVIO LUÍS REIS DOS SANTOS, brasileiro, solteiro, estudante, natural de Recife-PE, nascido em 26/10/1990, portador da cédula de identidade n° 8.698.784 –SDS/PE, filho de José Artur Reis Silva e de Eulália Maria Reis dos Santos, residente na Av. Aníbal Benévolo, 1457, Alto do Pascoal, Casa Amarela, Recife/PE, atualmente custodiado no COTEL; EDSON MARCELO DA SILVA, brasileiro, convivente, sem profissão definida, natural de Jaboatão dos Guararapes-PE, nascido em 28/09/1991, portador da cédula de identidade

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O MINISTÉRIO PÚBLICO DE PERNAMBUCO, por intermédio de seu representante, ao final assinado, no uso de suas atribuições legais e embasado no inquérito policial em anexo, vem perante Vossa Excelência apresentar DENÚNCIA em desfavor de:

FLÁVIO LUÍS REIS DOS SANTOS, brasileiro, solteiro, estudante, natural de Recife-PE, nascido em 26/10/1990, portador da cédula de identidade n° 8.698.784 –SDS/PE, filho de José Artur Reis Silva e de Eulália Maria Reis dos Santos, residente na Av. Aníbal Benévolo, 1457, Alto do Pascoal, Casa Amarela, Recife/PE, atualmente custodiado no COTEL;

EDSON MARCELO DA SILVA, brasileiro, convivente, sem profissão definida, natural de Jaboatão dos Guararapes-PE, nascido em 28/09/1991, portador da cédula de identidade n° 8.698.587-SDS/PE, filho de Maria Irene da Silva Moraes e de pai não declarado, residente na Rua Sapiranga, 75, Coelhos, Recife-/PE, atualmente custodiado no COTEL;

pelo fato delituoso que a seguir passa a expor:

No dia 15 de março de 2014, por volta das 10h, na Av. Conde da Boa Vista, bairro da Boa Vista, nesta capital, os denunciados, agindo em comunhão de desígnios e mediante grave violência, subtraíram da pessoa de Roberto Álvares de Andrade o aparelho celular descrito no Auto de Apreensão e Apresentação de fls. 06, assim como,

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nessa ação, lhe causaram as lesões corporais descritas no Laudo de Exame Traumatológico de fls. 58.

Conforme se verifica nos documentos que compõe o Auto de Prisão em Flagrante de Delito, às fls. 04/09, a vítima transitava pela Avenida Conde da Boa Vista na manhã do dia 15 de março de 2014, quando, nas imediações do Edifício Módulo, foi surpreendia pelo denunciado FLÁVIO LUÍS, o qual, de forma violenta e com excessivo emprego de força, puxou-lhe do bolso da calça um aparelho celular, tendo, após isso, corrido em direção a uma das ruas transversais da referida avenida.

Assustada, a vítima saiu correndo em perseguição ao acusado, quando, no trajeto, foi interrompida pelo denunciado EDSON SILVA, comparsa de FLÁVIO, que, sorrateiramente, pôs o pé no caminho, fazendo com que a mesma se desequilibrasse e caísse ao solo.

Na queda, a vítima fraturou o braço e ossos da mão e do punho, tendo inclusive, em razão disso, perdido parte dos movimentos do membro superior direito, só recuperando-os após inúmeras sessões de fisioterapia.

Acionados por transeuntes, policiais do 16° BPM, que se encontravam num posto policial de uma rua próxima, foram até o local e conseguiram deter os acusados, com os quais foi encontrado o aparelho celular de propriedade da vítima.

Em depoimento policial, os denunciados assumiram a autoria do delito, bem como afirmaram que o telefone roubado seria vendido para que o dinheiro obtido com a venda fosse empregado na aquisição de drogas, que seriam consumidas por eles.

Dessa forma, encontram-se os acusados incursos nas penas do art. 157, § 1°, §2°, II, §3°, do CP, pelo que requer o Ministério Público, depois de recebida e autuada a presente denúncia, a citação dos mesmos para que, instaurada a ação penal e finda a instrução processual, sejam condenados nos exatos termos dos dispositivos legais acima mencionados.

Nestes termos,

Pede deferimento

Recife, 17 de março de 2015

André Múcio Rabelo de Vasconcelos

Promotor de Justiça

Em sede de defesa preliminar, às fls. 97/100, o réu Flávio Luís Reis aponta a existência de “inépcias indissolúveis na inicial [sic]”, contudo, limita-se apenas a

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mencioná-las de modo vago e genérico, não levantando pontos de interesse processual e tampouco esclarecendo quais seriam essas inaptidões presentes na peça acusatória.

A análise detida da peça ministerial revela a total inconsistência do pleito defensório, pois, a rigor, a exordinal preenche todos os requisitos contidos no art. 288 do Código de Processo Penal.

Efetivamente, a denúncia nomeia e qualifica os réus, tipifica suas condutas e - de modo inteligível, conciso, sem omissões e generalidades - descreve os fatos delituosos a eles atribuídos, estando, assim, na mais perfeita sintonia com aquilo que lhe é exigido constitucionalmente.

Dessa forma, forçoso é concluir que, nos presentes autos, a denúncia, da forma como se apresenta, oportuniza aos acusados o inteiro conhecimento das acusações, de modo que lhes assegura o pleno exercício do direito à defesa. Inconsistente é, portanto, a alegação de que a exordinal conteria vícios insanáveis.

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Antes de adentrarmos mais profundamente no mérito da causa, é necessário discernimos se estamos diante de fato antijurídico doloso, sancionável com aplicação de pena, ou se a conduta atribuída ao réu se trata apenas de fato atípico, não reconhecido como crime e, portanto, não sujeito à reprimenda penal.

Em recente julgado, o TSE decidiu que a ocorrência do delito de propaganda eleitoral antecipada pressupõe a existência conjunta e simultânea de três elementos, quais sejam,

É com base nesse entendimento que, no caso em espécie, entendo que a conduta arrogada ao réu melhor se amolda à promoção pessoal, e não ao crime de propaganda antecipada, como pretende o parquet.

Ademais, in causum, aplica-se o entendimento previsto na súmula 21, do Superior Tribunal de Justiça, que estabelece que, pronunciado o réu, fica superada a alegação do constrangimento ilegal da prisão por excesso de prazo na instrução.

De modo igual, é importante lembrar que os acusados encontram-se custodiados há pouco mais de nove meses, estando a ação em adiantada fase de preparação plenária, o que torna imperioso reconhecer a rapidez insólita com que o processo tramitou nesse breve espaço de tempo.

Ressalte-se, ainda, que os atrasos na tramitação do feito foram causados exclusivamente pelo acusado; tal fato fica cabalmente demonstrado quando analisamos as constantes trocas de defensor, a demora nas manifestações processuais dos causídicos constituídos, além, é claro, na dificuldade dos Oficiais de Justiça em localizar as testemunhas arroladas pelo réu nos endereços por ele fornecidos.

Ao contrário do que pretende a defesa, a simples presença de circunstâncias pessoais favoráveis, tais como emprego e residência fixa, não tem o condão de, por si só, infirmar o decreto preventivo.

Na hipótese dos autos, conforme se infere na decisão de fls. 65, a prisão preventiva foi concedida para assegurar a aplicação da lei penal, ao argumento de que, em liberdade, o acusado obstaria a aferição de provas na fase judicial; tal entedimento encontrou respaldo

Em seu novo petitório, o réu insiste nos mesmos argumentos já demasiadamente analisados no pedido anterior,