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Rio de Janeiro, novembro de 2005 Ano XII – Nº 90 E ancora: perché l’Italia intende di caffè... e il Brasile pure! www.comunitaitaliana.com.br A MAIOR MÍDIA DA COMUNIDADE ÍTALO-BRASILEIRA ISSN 1676-3220 R$ 7,50 Quase lá de novo? Em Roma e reeleição: Claudia Cardinale: ‘Cinema do Brasil precisa de co-produções internacionais’ Exclusivo:

Em Roma e reeleição: Quase lá de novo? - Comunità Italiana · E ancora: perché l’Italia ... bridades da sétima-arte, a atriz também comentou sobre a política italiana

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Page 1: Em Roma e reeleição: Quase lá de novo? - Comunità Italiana · E ancora: perché l’Italia ... bridades da sétima-arte, a atriz também comentou sobre a política italiana

Rio de Janeiro, novembro de 2005 Ano XII – Nº 90

E ancora: perché l’Italia intende di caffè... e il Brasile pure!

www.comunitaitaliana.com.br

A M A I O R M Í D I A D A C O M U N I D A D E Í T A L O - B R A S I L E I R AIS

SN

167

6-32

20R

$ 7,

50

Quase lá de novo?

Em Roma e reeleição:

Claudia Cardinale: ‘Cinema do Brasil precisa de co-produções internacionais’

Exclusivo:

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4 EditorialDialética da barbárie

Novembro de 2005

6 Cose Nostre6 milhões de analfabetos na Itália

8 Marco LucchesiLe mie scale

6Economia

7Parliamone

16Comunidade

18Notizie

20Saúde

34Feira da Providência

38Sapori d’Italia

CaffèAnima italiana, corpo brasilianoTutti gli aspetti e le tendenze della 2ª bibita più consumata al mondo

CAPALula pela 1ª vez na ItáliaPresidente do Brasil revê amigos da L’Unione, a centro-esquerda italiana. Reeleição em 2006 não é mais utopia

12

OrkutFebre na Internet

Comunidades online atraem milhares de amantes da Itália

EntrevistaClaudia CardinaleAos 66 anos, a atriz é reverenciada em festival de cinema no Amazonas

10

32 RaízesNa pauta, antepassadosGovernadora do Rio, Rosinha Garotinho, irá à Itália para conhecer origens italianas

24

30

HistóriaCinema e manipulação

Como o Fascismo deixou raízes na comunicação política brasileira

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EDITORIAL

DIRETOR-PRESIDENTE / EDITOR:Pietro Domenico Petraglia

(RJ23820JP)

DIRETOR:Julio Cezar Vanni

VICE-DIRETOR EXECUTIVO:Adroaldo Garani

PUBLICAÇÃO MENSAL E PRODUÇÃO:Editora Comunità Ltda.

TIRAGEM:30.000 exemplares

ESTA EDIÇÃO FOI CONCLUÍDA EM:16/11/2005 às 16:30h

DISTRIBUIÇÃO:Brasil e Itália

REDAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO:Rua Marquês de Caxias, 31

Centro – Niterói – RJ – BrasilCEP: 24030-050

Tel/Fax: (21) 2722-0181 /(21) 2719-1468

E-MAIL:[email protected]

SUBEDIÇÃOLuciana Bezerra dos Santos

[email protected]

REDAÇÃO:Giordano Iapalucci (repórter especial),

e Nayra Garofl e

REVISÃO / TRADUÇÃOCristiana Cocco

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO:Alberto Carvalho

FOTO DE CAPAArquivo

COLABORADORES:André Felipe Lima – Franco

Vicenzotti – Braz Maiolino – Lan – Giuseppe D’Angelo (in memoriam) – Pietro Polizzo – Venceslao Soligo – Marco Lucchesi – Domenico De Masi – Franco Urani – Giovanni Meo Zilio

– Fernanda Maranesi – Giuseppe Fusco – Beatriz Rassele

CORRESPONDENTE:Guilherme Aquino (Milão)

Comunità Italiana está aberto às contribuições e pesquisas de estudiosos

brasileiros, italianos e estrangeiros. Os artigos assinados são de inteira

responsabilidade de seus autores, sendo assim, não refl etem, necessariamente, as opiniões e conceitos da Revista.

La rivista Comunità Italiana è aperta ai contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori esprimono, nella massima

libertà, personali opinioni che non rifl ettono necessariamente il pensiero

della direzione.

ISSN 1676-3220

Filiato all’Associazione

Stampa Italiana in Brasile

FUNDADO EM MARÇO DE 1994

Entretenimento com cultura e informação

A França não é aqui. Há quem diga que o “Ano do Bra-sil” foi estendido para a periferia francesa. Se analisar-mos a explosão de violência dos “banlieues” nos de-

paramos com um problema social tão grave quanto o de nos-sas favelas. Alguns estudiosos observam o fato como a falên-cia do modelo francês de integração, já para fi lósofos como André Glucksmann a ira dos jovens é a prova de uma perfeita integração em “um país violento com 20 anos de ódio e dominado pela lógica da relação de força”.

Tratando-se de uma potência mundial que dita a moda e infl uencia o pensamento moderno, os nú-meros, que só agora vêm à tona, chocam. Somente no ano passado, 28 mil automóveis foram incendia-dos na França. Os últimos 20 dias já contabilizam mais de seis mil ocorrências.

Pensemos no caos criado por uma guerra entre trafi cantes e polícia nos morros do Rio de Janeiro. Ali, onde o poder público está ausente, quem dita as ordens nós sabemos e com que métodos também.

Pois nas periferias francesas, jovens identifi cados como “fi lhos de imigrantes”, estão se utilizando da lógica da destruição e autodestruição para se impor. Em seus próprios bairros atacam carros de vizinhos e parentes, ateiam fogo em escolas, parques, fábricas, centros comercias e tudo o mais que encontram pela frente durante as noites. Pioram vidas já complicadas e não se dão conta de que agem contra si próprios. Essa é a forma que encontraram para contarem como alguma coisa, mesmo que seja negati-va. A demonstração de força é o princípio. Esses garotos aprenderam que quanto mais destrutivos mais respeitados serão. Em uma visão global (no campo da economia, da indústria bélica, da diplomacia...) pode-se enxergar exemplos em estratégias de algumas nações. Quando um jovem se associa ao tráfi co de drogas ou a um movimento de contestação violenta recebe um “status” e pouco lhe importa ser mais um artífi ce do suicídio social e existencial.

E fi nalmente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou a Itália. Em-bora somente após quase três anos da posse, a ida de Lula à Roma foi

providencial. Tanto para investidores italianos, quanto para o próprio Lula, literalmente mimado pelos seus pares de esquerda, como Romano Prodi, que, por sinal, é o candidato da L’Unione nas eleições italianas de 2006. Até medalha e diploma Lula trouxe da Itália. Se deu ao luxo, inclusive, de esnobar um convite de Silvio Berlusconi para visitar a paradisíaca ilha do premier na Sardenha. Por falar em eleição, Lula também declarou, mesmo que de forma ainda evasiva, sua intenção em manter-se no Planalto. A tur-ma da L’Unione e alguns executivos de peso, como Luca di Montezemolo, da Fiat, foram unânimes: em 2006, é Prodi eleito na Itália e Lula reeleito no Brasil. Se depender da torcida por Lula (com trocadilho) lá, tudo bem. Já a daqui...

Mas se o presidente esteve na Itália para tranqüilizar investidores da pe-nínsula, o grande artífi ce dessa jornada foi o ministro Luiz Fernando Furlan, que após a crise envolvendo o ministro da fazenda, Antonio Palocci, parece ser o único “intocável” do alto-escalão dos ministérios. Furlan é a ponte do atual governo com o mercado, sobretudo, com os in-vestidores. Um verdadeiro peregrino a divulgar a “marca” Brasil e a defender com discursos seguros que investir no país não é nenhum desatino. Afi nal, como disseram os executivos e empresários italianos em Roma: o Brasil é a grande referência em globalização da atualidade. “Símbolo de tolerância”, como destaca o vice-ministro da Atividade Produtiva da Itália, Adolfo Urso, em reportagem desta edição.

Além de Lula, quem também se encantou pela Itália foi a governadora do Rio, Rosinha Garotinho, que esteve em Roma há pouco mais de um ano e deverá repetir a dose em 2006. O cônsul da Itá-

lia no Rio, Massimo Bellelli, fez o convite à governadora, que pretende conhecer um pouco mais sobre suas origens italianas e, de quebra, atrair investimentos para o Rio.Já no Brasil, quem esteve recentemente foi a diva do cinema mundial, Claudia Cardinale. Em entrevista exclusiva à Comunità, Claudia faz um alerta ao cinema brasileiro: investir em co-produções internacio-nais para ter melhor desenvoltura no mercado para além de sua geografi a. Simpática como poucas cele-bridades da sétima-arte, a atriz também comentou sobre a política italiana. Para ela, Berlusconi chegou ao poder por ser competente: “Chegou porque não é estúpido e sabe o que quer”.

Esta edição também apresenta um ensaio sobre o café, produto que reforça os laços com a Itália. Aponta dados curiosos sobre a história desse fruto, que foi fator decisivo para a economia brasileira

durante muitos anos.

Boa Leitura!

Dialética da barbárie

Pietro Petraglia Editor

PAPA MÓVEL

O automóvel Ford Escort modelo 1975, com 96.560 quilô-metros rodados, que pertenceu ao Papa João Paulo II,

foi comprado pela bagatela de US$ 690 mil. Quem pagou? Um colecionador excêntrico de Houston, no Texas, o advo-gado John O’ Quinn. O mesmo veículo, em uma revendedora americana, não passa de US$ 1.200. Esta é a segunda vez que o carro foi vendido. Em 1996, a pedido do próprio Papa, o Escort foi leiloado pela Kruse Internacional e o valor arre-cadado na época foi destinado para obras sociais.

Julio Vanni

COSE NOSTRE

SEM LER, NEM ESCREVER

Pode parecer surreal, mas a Itália tem cerca de seis milhões de analfabetos que não cursaram nenhum nível escolar, como aponta um estudo foi divul-

gado este mês pela Universidade de Castel Sant´Angelo. De cada 100 italianos, 12 não sabem ler ou escrever. Segundo a pesquisa, 36% (cerca de 20 milhões de pessoas) dos italianos não têm nenhum diploma escolar ou freqüentaram ape-nas a escola elementar (equivalente ao primário ou fundamental). Trabalhador com diploma universitário também não é o forte da Itália: há quatro milhões, apenas 7,5% da população. Com ensino secundário completo, 28,85%, e com apenas o fundamental, 30,12%.

CAIU DO SALTO

A grife Prada terá que inde-nizar em 17 mil euros uma

mulher de 42 anos, moradora de Vezzano Ligure, na Itália, que, li-teralmente, caiu quando um dos saltos de sua sandália, da mar-ca italiana, se rompeu. A queda, que aconteceu em 1998, causou sérios transtornos à vítima. Con-vencida de que o tombo tinha sido provocado pelo sapato, a mulher retornou à loja. Na oca-sião, a grife lhe ofereceu 500 mil liras (cerca de 250 euros) para “esquecer” o processo judicial. Indignada com o fato a mulher abriu um processo na Justiça. Após perícia, que demonstrou que a consumidora estava certa, a Justiça condenou a Prada a pa-gar a indenização.

SE A MODA PEGA...

A cidade de Roma decidiu cobrar multas de donos de cães e gatos

que não levarem seus bichinhos para caminhada regular. A lei proposta pe-la vereadora Mônica Cirinna, segundo o jornal italiano II Messaggero, inclui ainda multa mínima equivalente a R$ 1,37 mil para quem cortar rabo e ore-lhas de cães. Segundo a vereadora, será ilegal ainda deixar animais de estimação trancados dentro de veícu-los no verão, colocá-los em vitrines de lojas, o uso de coleiras elétricas e com pontas em cães e a oferta de animais como prêmio em festivais e feiras. Aquários redondos que, acredita-se, cegam os peixes, também serão proi-bidos sob a nova legislação.

PAPA MÓVEL II

Aliás, o veículo, fabricado em Colônia, de cor azul, sem ca-

lotas e sem rádio, não atingiu o valor estimado pelos leiloei-ros: US$ 2 milhões a US$ 5 mi-lhões. Seu novo proprietário dis-se que ele nunca será usado. Mas espera que, “em vida”, possa “voltar”, tocar o carro e “sentir” o espírito do Papa João Paulo II, o único pontífi ce a ter um auto-móvel na história do Vaticano.

CINEMA GRÁTIS

O Instituto Italiano de Cultura do Rio de Janeiro exibe to-

dos os meses diversos fi lmes aos amantes do cinema da Bota. Este mês os fi lmes programados são: “Teorema” (22); “Começou em Nápolis” (24) e “Desejo de liber-dade” (29).

Sem vergonha. Quatro moças ativistas de um centro social de Reggio Emilia resolveram manifestar assim, de forma inusita-

da, na Piazza della Vittoria, no dia das Forças Armadas, contra a presença das tropas italianas no Iraque. Se a intenção também era a de mostrar as nádegas para o mundo, conseguiram.

POLÊMICA CRISTÃ

A revista católica Famiglia Cristiana, um dos ve-ículos mais conhecidos entre os católicos ita-

lianos, causou polêmica no início de novembro ao publicar um anúncio de um sistema de ventilação para banheiros, onde trazia uma mulher nua. O fato teve tanta repercussão que virou manchete em ou-tros veículos de imprensa e recebeu críticas do Va-ticano. Durante entrevista ao Corriere della Sera, o diretor da publicação, Antonio Sciortino, enfatizou que a imagem “parecia passar um pouco do limite, mas não o sufi ciente” para provocar consternação em seus leitores, já que a foto retratava apenas um perfi l feminino por trás de uma janela embaçada e suja. Essa não é a primeira vez que a revista causa protesto. Em 1996 publicou um anúncio de roupas íntimas e, posteriormente, a publicidade de uma água mineral na qual aparecia uma criança nua.

ENCONTRO ITALIANO

No dia 21 de novembro acontece o IV Encon-tro da Comunidade Italiana e Ítalo-Brasileira,

no Rio de Janeiro. Entre os temas debatidos estão, o centenário da Avenida Rio Branco e os 130 anos da imigração italiana no Brasil. O evento será re-alizado no 4º andar do Consulado Geral da Itália, Centro, do Rio.

AFP

AMBULATÓRIO NOTURNO

A Itália abriu um ambulatório noturno, com médicos orientados para a prevenção de do-

enças sexualmente transmissíveis. O centro, pri-meiro do tipo na Itália, tem o objetivo de levar os programas de saúde às prostitutas, normal-mente marginalizadas. A idéia do ambulatório, que funciona somente das 13h às 3h, partiu do grupo de proteção aos direitos das mulheres - Ie-da Donna - que busca diminuir a exclusão social da classe. Filmes em DVD e VHS, com explicações de médicos sobre o uso correto do preservati-vo, teste de HIV e acesso aos serviços sanitários também estão incluídos no projeto.

ÁGUA SABOR CARNE?!

O empresário australiano Andrew Larkey in-ventou mais um acessório para cachorros de

madame: água engarrafada nos sabores galinha, fígado, bacon ou carne com vitaminas B1, B3, B5 e C. Uma garrafi nha plástica de 600 ml de água purifi cada Dog Plus K-9 custa, nas pet stores da Austrália, US$ 2,10. Andrew planeja lançar em 2006 uma linha similar de bebidas para gatos, com os sabores galinha frita e porco. Realmente não há mais nada o que inventar.

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Participe da ComunitàCaros leitores: aguardamos suas sugestões, comentários e críticas sobre os textos publicados.

Parla! O imigrante italiano do segundo pós-guerra e seus relatos, de Luciana Facchinetti. Os próprios personagens contam suas histó-rias: a saga dos imigrantes italianos que vieram para São Paulo após a Segunda Guerra Mundial. Os protagonistas relatam suas experiências práticas, técnicas profi ssionais, estratégias de sobrevivência e senti-mentos. Editora Angellara, 220 págs., R$ 36

Por um longo instante, esqueci o meu nome, de Roberto Controneo, descreve a trajetória de Luís, que abandonou a cidade natal para estudar em Milão, e assim ini-ciou a uma jornada em busca de si mesmo. Editora Rocco, 296 Pág., R$ 44,50

Comunicação Social e Ética – Organizado por Maria Immacolatta Vassallo de Lopes e Milly Buonanno, a obra reúne artigos de professores universitários de diversas áreas acadêmicas nacionais e internacionais. Edi-tora Rocco, 375 págs., R$ 20.

O manuscrito de Sônia, de Mariana Brasil, aponta expectativas e as sensações vividas por prostitutas brasileiras que partem para a Euro-pa em busca de rápida ascensão econômica, especialmente no eixo Itália-Suíça. Editora Italianova, 272 págs., R$ 32

La Legge 5 febbraio 1992 n.91 stabilisce che la cittadinanza ita-liana si basa sul principio “jus sanguinis” in virtù del quale il fi -

glio nato da padre italiano o da madre italiana è italiano, ovvero, è cittadino italiano il fi glio nato da genitori italiani.

Tuttavia, la madre italiana trasmette la cittadinanza solamente ai fi gli nati a partire dal 01/01/1948, anno in cui entrò in vigore la nuova Costituzione della Repubblica.

Prima, come è noto, solo per via paterna.Ciò detto, la legge non prevede limiti di generazioni (è, questo,

un problema político, culturale, storico, sociale e giuridico molto serio che suscita accese discussioni fra chi lo accetta e chi lo con-testa e lo rifi uta), però non consente salti generazionali, nel senso che il recupero degli ascendenti è in linea retta.

Infi ne la Legge non prevede altri requisiti, oggetto, invece, di un dibattito interessante in corso, come per esempio, sul limite gene-razionale, sulla previa conoscenza della língua, della cultura, della soria italiana e dell´organizzazione política, giuridica e costituzio-nale dello Stato.

Senza nascondere anche il fatto che alcuni Paesi (leggi USA), vista l`abbondanza del riconoscimento della cittadinanza italiana, hanno deciso di richiedere anche agli italiani il visto di entrata negli Stati Uniti.(Non mi risulta che sia già in vigore...)

[email protected] con l’Avvocato Giuseppe Fusco

Sono andato un poco fuori tema, forse anche per suscitare un bel dibattito.

Torniamo, quindi, alla questione della linea materna, perché in qualche famiglia ci sono fi gli non italiani, nati prima del 1/1/1948 e italiani nati dopo quella data, pur essendo entrambi fi gli della stessa madre e dello stesso padre.

Questo è assurdo e inaccettabile, proprio alla luce del principio “jus sanguinis”.

Infatti, anche il fi glio nato prima dell`entrata in vigore della nuova Costituzione, riceveva dalla madre, per via sanguigna e cir-colazione materno fetale, l`alimentazione necessaria durante i 9 mesi di gravidanza.

Questa verità medica sta alla base della nuova interpretazio-ne del diritto di sangue, cosi come hanno già stabilito diverse Sentenze della Magistratura italiana: Cassazione Civile di Ro-ma, Prima Sezione, Sentenza 10/07/1996, n.6297 che riconob-be la cittadinanza italiana a un uomo figlio di madre italiana, nato prima del 1948; Tribunale di Torino, Sentenza 12/04/1999” Deve essere considerato cittadino italiano colui che è nato da madre italiana anteriormente al 1/01/1948; Sentenza Corte Co-stituzionale n.30 del 28 gennaio 1983, a cui hanno già aderito molti Tribunali.

Cittadinanza italiana ‘jus sanguinis’ e la linea materna

na estante

Tasso d’interesse e valore del real

Il topino è stato partorito. Il 14 settembre 2005 sarà ricordato negli annali della sto-ria perché il Banco Centrale ha ridotto dal 19.75% al 19.50% il tasso uffi ciale di inte-

resse dopo un lungo periodo di continui aumenti. In ottobre, un passo ancora più temerario: altra ri-duzione dello 0.5%. Possiamo ora festeggiare con giubilo; il tasso di interesse reale (cioè il tasso nominale dedotta l’infl azione) è sceso al 13,50%. È sempre, e di gran lunga, il record mondiale. I capitalisti internazionali si fregano le mani; do-ve, di grazia, si può guadagnare tanto applicando il proprio danaro? Parlo, naturalmente, di coloro che ce l’hanno. I giovani economisti beceri che ogni tanto la Rete Globo intervista spiegheran-no come “grilli parlanti” che, certo, ci potevamo aspettare una riduzione più coraggiosa, tipo 1 %, ma l’aumento del prezzo del petrolio, oppure, a turno, l’uragano Giuseppa nel golfo del Messico, l’epidemia delle galline vietnamite, la secca nel deserto cileno o i malumori mal celati del presi-dente Bush, ha indotto il Banco Centrale ad una giusta cautela. Cosí, nella improbabile eventualità che nessuna nube turbi i nostri orizzonti, fra cau-

tele, timori, dubbi e incertezze, fra circa 3 anni il tasso di interesse uffi ciale sarà planato su livelli sempre alti ma accettabili.

Non voglio fare anch’io il “grillo parlante” at-teggiandomi a esperto economista ma forse, chie-dendo aiuto ai ricordi che mi restano di Ricardo, di Pareto e degli altri economisti classici studiati tanti anni fa, varrebbe la pena di indagare sulle conseguenze di tale politica. Risultato positivo è il controllo dell’infl azione. Il Banco Centrale ha raggiunto il suo obbiettivo. Il costo: un espressivo rallentamento della economia e una forte emorra-gia fi nanziaria per pagare gli interessi del debito pubblico. Il bilancio è positivo? Sembra che la maggioranza pensi il contrario.

Ci interessa, in questa sede, considerare il ri-fl esso del tasso di interesse sulla parità di cambio real/dollaro. Il danaro è una merce come un’altra, e il suo valore soggiace alla legge della domanda e dell’offerta. Se nel paese entra molta valuta stra-niera per comprare titoli del debito pubblico, il real si apprezza. Se riteniamo che un tasso di inte-resse reale del 13.5% sia abnorme, e lo è, dobbia-mo concludere che l’attuale cambio real/dollaro è

sostenuto artifi cialmente. In un recente incontro sociale della nostra comunità, una nostra autorità ha defi nito “salubre” l’attuale parità real/dollaro. Non posso essere d’accordo; in economia non è mai salubre una situazione che si sostiene artifi -cialmente. Prima o poi gli equilibri naturali pre-varranno e questo capitale se ne andrà, alla caccia di altre opportunità più redditizie. O si pensa che questa generosità duri per sempre? Il paese è ve-ramente costretto a pagare interessi cosí elevati per fi nanziare il rinnovo del suo debito pubblico? Agire sul tasso di interesse e mantenerlo su livelli altissimi è veramente l’unico strumento per con-trollare il tasso d’infl azione?

Non possiamo non porci queste e altre do-mande, e le possibili risposte corrispondono a scelte di natura politica più che di natura ac-cademica, quindi sono comunque discutibili. Limitiamoci quindi a cogliere alcuni aspetti, di natura sociologica piuttosto che politica, che lasciano perplessi coloro che guardano le cose “dal di fuori”. La sensazione è che queste “gran-di” manovre di politica monetaria si manifesta-no in un contesto kafkiano, di “faz de conta”. Ad ogni microvariazione si scrivono pagine di giornali, i commentatori economici commenta-no, i futuristi prevedono, ecc. ecc. Ma è chiaro che una variazione dello 0.25% sul 19.75% non è nulla e non cambia nulla, nella sostanza. Si vuole però dare un messaggio di monito o di incoraggiamento, agire sulla psicologia degli operatori economici e della società. Fa parte del gioco; in economia come in politica gli strumen-ti del marketing sono essenziali per infl uenzare le masse e vincere le battaglie.

È indubbio che l’elemento “fi ducia”, che spinge l’investitore ad investire e il consumatore a con-sumare, ha un ruolo determinante nell’andamento dell’economia. Vorremmo però si pensasse anche a strategie alternative: la riduzione della spesa pub-blica e della dimensione dello stato, una riforma tributaria coraggiosa, la riduzione del “costo Bra-sil”, il miglioramento delle infrastrutture, interven-ti per migliorare la distribuzione del reddito, per migliorare l’istruzione, ecc. Cose diffi cili, se non impossibili, da realizzare nell’attuale contesto so-cio-politico. Chi potrebbe essere lo statista illumi-nato che vorrà iniziare questo lungo cammino? È un percorso di scelte dolorose, di sacrifi ci da im-porre oggi per avere un Brasile migliore domani, ma è un cammino che non dà voti. Churchill promi-se e diede agli inglesi “lacrime e sangue” ma avrà per sempre un posto glorioso nella storia.

Ezio Maranesi

‘Fa parte del gioco; in economia come in politica gli strumenti

del marketing sono essenziali per

influenzare le masse e vincere le battaglie’ CIDADANIA DIFÍCIL

Sou assinante e gostaria de ver publicada uma reportagem sobre a real situação dos proces-sos de reconhecimento de cidadania italiana para brasileiros. Vejam a minha situação: na lista disponível na Internet pelo consulado de BH, sou o n° 4.771 de uma lista de qua-se 11.000 nomes inscritos, onde somente 350 processos foram analisados em mais de dois anos. Sendo assim, para chegarem no meu processo, levaria aproximadamente 67 anos. Assim nem os meus bisnetos conseguiriam ser benefi ciados pela Lei Italiana.

FRANCISCO BORELA,Goiânia, GO (por e-mail)

MANCINI

Voglio farvi i miei complimenti per l’intervista a Pietro Mancini pubblicata nell’edizione n. 88. Abito in Brasile da 15 anni e ritengo molto importanti servizi di questo genere. Mostrano attenzione e grande capacità critica, storica e politica a certi fatti avvenuti in un passato non troppo lontano in Italia. Bravi!

GIUSEPPE GALLI(per e-mail)

Economia

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Marco Lucchesi - Articolo

Penso alle fi amme che devono aver consumato la Torre di Babele, meraviglia delle meraviglie, che ho sempre immaginato distrutta dal fuoco delle cose plurali, e da cui ha avuto origine la no-stalgia dell’Uno, per sempre desiderato e perduto, sulle spiagge del tempo.

Fin da piccolo ho sentito dentro di me una potente scintilla, che mi causava inquietudine, una necessità ostinata, un forte e permanente desiderio di raccogliere le pietre della torre, l’eredità di Babele, di cui sono fi glio e prigioniero.

Tutto cominciò di notte, mentre sintonizzavo le onde corte di una radio piena di chiavi e bot-toni, attraverso la quale potevo distinguere chiaramente emittenti che praticavano altre lingue, ma non portoghese o italiano, e che arrivavano da lunghe ed impensate distanze, risvegliando una forte inclinazione per la geografi a. Era la prefazione di Giulio Verne e del capitano Gancio, di cui sono diventato assiduo lettore, visto che mi sentivo un corsaro che tutto poteva, che navigava sulla banda 25, 31 e 49 metri, cercando, oltre alla tempesta di rumori, idiomi e tesori: Hier ist die Deutsche Welle. Qui, Radio Mosca. Ici Radio France internationale. This is the Voice of America. Esta es Rádio Havana, Cuba.

Tutte vivevano armoniose nella mia radio, malgrado fossero i tempi della Guerra Fredda.La radio si trovava vicino alle macchinette di ferro e agli aerei a pila, e ora non ho

bisogno di dire nient’altro sul mio profondo nomadismo.Da allora ho deciso, con l’ingenuità dei miei dieci anni, di studiare tutte le lingue

che potessi, di abbracciare il mondo, visto che non dubitavo delle sue promesse, che mi facevano cenni insistenti.

L’esperanto faceva per me, visto che credevo al suo messaggio di unità e senti-vo in Zamenhof, creatore della lingua universale, la stessa fi amma post-babelica che mi divorava, a me e ad altri signori, con cui chiacchieravo in esperanto, e qui evoco il dott. Roberto, che possedeva la verda stello en la koro.

Qualche professore mi ha segnato in questo ambizioso progetto: prima fra tutti, Frau Zoe Steoanov, questa ammirevole umanista, dalla cultura ampia e profonda, che mi ha insegnato il russo e il tedesco, aprendomi la strada a Goethe e Dostoievski dopo innumerevoli esercizi per assorbirne le declina-zioni. Frei Hugo Baggio, che mi aiutò ad approfondire il greco e il latino, mi consigliò la lettura di fonti esemplari. O come Madame Rosa, con cui studiavo Racine e Molière – quanto ridevamo con le Preziose ridicole! – lei, tutta orgogliosa della tradizione francese, così come la cara dram-maturga Maria Jacyntha, di cui sento nostalgia. Per quanto riguarda i professori d’inglese, sono stati quadrati, taccagni, mediocri, sono tutti passati senza lasciar segno. Lo spagnolo e l’esperanto so-no venuti attraverso i libri. Continuo a studiare arabo, turco, persiano, rumeno e avanzo attraverso l’ebraico.

Tuttavia, non vedo nessun vantaggio, nessun attribu-to, nessun motivo di orgoglio nel sapere questa o quella lingua, e mi irrita, veramente tanto, quando mi doman-dano quante lingue conosco: parlo d’altro, o rispondo, con un malcelato malumore, di aver perso il conto giac-ché, in fondo, lo studio delle lingue è una delle cose più banali di cui io abbia notizia. Il segre-to di studiare lingue dipende appena da una forte disciplina e da una ragione determinata. La metafi sica e la melanconia sono posteriori.

Amo prima di tutto la lingua brasiliana, le forme rette e sinuose, la sonorità dell’ ão, il passato remoto, l’eccesso, il fausto e l’ele-ganza, e rimango perturbato con la forza di Antonio Vieira, l’incomparabile e superbo Machado, la lamina di Gra-ciliano, le onde di Clarice Lispector e la vertigine di Guimarães Rosa.

Amo anche la lingua dei miei genitori, quella che governa i miei pen-sieri – odi, amori, segreti, affl izioni – e mi permette di spezzare le parole, pronunciare consonanti doppie, proiettare le vocali, alte e delicate, come il sublime Petrarca e il sordido Aretino, il grande Ungaretti e Giacomo Leo-pardi, mio fratello.

All’inizio, oltre all’ansia comunicativa, mi divertivo a lanciare i verbi tede-schi alla fi ne della frase, a declinare il latino, a decifrare il greco, mal camuf-fato in portoghese, a interrogare o esclamare a testa in giù, in spagnolo, a disegnare i caratteri cirillici o arabici o, allora, a parlare strano esperanto, dal quale ho desistito a quindici anni, perché lo consideravo artifi ciale.

Mi dava piacere – come al pianoforte – il virtuosismo, il dominio della struttura, degli ingranaggi, del motore della lingua. Ma questa prova d’immaturità, fortunatamente, non è durata molto. Oggi provo orrore di fronte al virtuoso.

L’aspetto fondamentale è che ho sempre amato la letteratura, e, di conseguenza, la possibilità di arrivare ai testi originali era più

emozionante che scoprire emittenti in un oceano di rumori. So-no stato catturato in una ben pensata trappola, la più pericolo-sa di tutte, la trappola del testo, dalla quale non sono riuscito a liberarmi fi no ad oggi, quando leggo l’ultima lettera-poema di lessiênin, le notti di Novalis, le vocali di Rimbaud, il mari-naio di Coleridge, il sorriso di Beatrice, o l’addio di Ettore e Andromaca, nell’Iliade.

La traduzione ha rappresentato per me quell’ansia post-babelica. Tuttavia, non bastava conoscere le lingue originali. Dalla lettura alla traduzione fu un passo. Ma dovevo rispet-tare rime, accenti, allitterazioni, tutti gli aspetti da cui di-

pendeva il poema, senza dimenticare il sentimento-idea dell’originale, il centro di gravità, intorno al quale tutto deve continuare a gravitare nella traduzione.

Di quelle che ho realizzato, L’isola del giorno pri-ma, romanzo di Umberto Eco, è stata quella che mi ha dato più lavoro e la più divertente, la più diffi cile e la più affascinante.

La storia entra in due frasi. Quasi un fi lm avventuroso. Il resto, belle e attraen-ti variazioni sullo stesso tema. Qualcosa di Ravel.

Tuttavia, al viaggio di Roberto – così pieno di rischi e naufragi – ha corrisposto il lavoro – non meno peri-

coloso – di traduttore. Questo perché il romanzo è scritto in due lingue:

italiano barocco e italiano mo-

derno. Si trattava di fare lo stesso in portoghese. Affi nché non si perdesse quel contrasto. E inoltre: la passione enciclopedica di Eco ha abbracciato la medicina e l’alchimia, la botanica e la teologia. Tutto questo in detta-glio e secondo le espressioni (dimenticate o quasi) del XVII secolo. Parole che vestono gli abiti del tempo di Marino. Neologismi che sono nati con la stessa velocità in cui sono spariti. Inversioni frasali. Alliterazioni. Gio-chi di parole.

Bene: il lavoro durò sei mesi. Tutto questo tempo sull’isola. Guardan-dola con amore e disperazione. Innamorato. Incantato. Imprigionato. Più di sessanta dizionari. Il mondo che diveniva una nave. Le biblioteche di Rio erano la stiva. Dopo – le vele gonfi e – Washington, Roma e Lisbona. I venti di internet portavano a mari mai prima navigati, elettronici, ciber-spaziali (che hanno reso obsoleta la radio ad onde corte). E per qualche parola ci volevano settimane. Per altre, mesi. Bisognava controllare le fon-ti del romanzo. Riesaminare le soluzioni. Trasportare verso il portoghese. Quando arrivava la parola perfetta, mancava solo dire: terra! terra!

Dopo, la Storia tragico-marittima. Le Lettere portoghesi. I sermoni, di Vieira. Manuel Bernardes. La Poliantéia medicinal, di Semedo. I poemi di Camões. Tutto questo per riscrivere la nostra lingua barocca. Il dizionario di Bluteau. Quello di Morais.

L’isola del giorno prima mi ha portato alla tanto amata letteratura lu-so-brasiliana. La mia patria è lingua portoghese.

Quale sarà stata l’Isola di Roberto, protagonista della storia? Non c’è mistero. Si chiama Qamea. Vicino a Fidji. Per la letteratura, tuttavia, nien-te di ciò è importante. Roberto non l’ha mai raggiunta. Forse il suo nome è utopia – nell’accezione positiva della parola. Quella che muove e protegge. Pasárgada di Baneira. Innesfree di Yeats. La traduzione, Ilha do Amanhã.

Soltanto quando ho deciso che il compito era fi nito, ho mandato un fax ad Umberto Eco, facendogli i complimenti per la profonda ingegneria con cui ha plasmato L’isola del giorno prima, frutto di profonda erudizione, scriveva a Lilia.

E così sono riuscito a liberarmi dall’Isola, dalle trappole del suo autore, con cui ho scambiato nuovi messaggi che segnalavano gesti di amicizia e ammirazione.

Tuttavia, dentro di me rimane quella stessa scintilla potente, che mi causava inquietudine, quello stesso bisogno ostinato che mi ha portato a conoscere altre lingue, malgrado toccate dall’ombra dell’ir-raggiungibile, visto che la traduzione è un campo di forze fl uttuanti, il cui limite – se ce n’è qualcuno –, sembra abitare l’ancora-no, il fuoco di Prometeo, il frutto proibito, o il tentativo impossibile, ma sempre desi-derato, di ricostruire, con timore e tremore, le scale della Torre.

Le mie scale

(testo originale in portoghese di Marco Lucchesi tradotto da Cristiana Cocco Carvalho)

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Jony Clay Borges(Especial para Comunità)

Comunita Italiana — A senhora disse certa vez que “Um rosto conta uma história” e com isso ganhou muito res-peito no meio artístico por não se incomodar com a ida-de. Ainda assim, existe um tabu na indústria cinema-tográfi ca em contratar atrizes que já passaram dos 50 para papéis principais. O que acha deste preconceito? Já viveu um problema desse tipo?Claudia Cardinale — Não, pois ainda trabalho em todos estes anos. Desde quando eu era jovem, aos 18 anos, até agora, que não sou mais jovem, ainda estou trabalhando. Acabei de terminar um fi lme na França, e estive atuando em uma peça de teatro de Tennessee Williams. Ainda não estou longe dos fi lmes.CI — Idade não é problema, então?Cardinale — Não, acredito que não. Creio que pode até depen-der de atriz para atriz, mas nunca passei por esse problema.CI — “Oito e meio”, de Fellini, ou “O leopardo”, de Vis-conti? Qual fi lme foi o mais decisivo em sua carreira?Cardinale — Para mim, o mais decisivo foi o momento, pois eu fi z os dois fi lmes ao mesmo tempo. Trabalhei um

mês com Luchino [Visconti]. Então, viajei para Roma, para trabalhar com Fellini. Eles eram os mestres da Itália, você sabe, os “nonos”.CI — Com qual diretor foi mais fácil de tra-balhar?Cardinale — Sempre tive uma relação maravi-lhosa com todos os diretores. Tive a oportunida-de de trabalhar com os mais importantes direto-res do mundo na Itália, na França, na Inglaterra, na Rússia, nos Estados Unidos, e na América do Sul, na Austrália... de todos os lugares. Minha relação com eles era maravilhosa porque nunca os convido, eles é que me convidam. [Risos]CI — A que a senhora credita essa reverência dos diretores por seu trabalho?Cardinale — Eu realmente nunca convidei. Desde que era jovem, sempre trabalhei muito, fi z quase 115 fi lmes. Fui escolhida, representei quase toda a literatura italiana no cinema. Realmente tive o privilégio de trabalhar com os cineastas mais im-portantes. E eles se tornaram todos meus amigos.CI — Que personagem mais a encantou, e por quê?Cardinale — O fato é que gosto de mudar minha personalidade. Fiz a prostituta, a princesa, a nati-va do Sul, do Norte, do campo, das montanhas. A beleza disto é que você pode viver uma vida — e, eventualmente, ter uma nova vida. [Risos]CI — A senhora não tem um personagem pre-ferido, então?Cardinale — Não, gosto de desafi os. Não gos-to de ser eu mesma nos fi lmes, gosto de ser outra pessoa.CI — Quem a inspirou a seguir na carreira ci-nematográfi ca?Cardinale — Nunca tive algo do tipo o cinema para mim foi um acidente. Nasci em Túnis, na Tu-nísia a partir de muitas gerações de sicilianos na minha família. Minha cultura é francesa, minha naturalidade é italiana e nasci na África. Assim, tenho três nacionalidades. O fato é que sempre me chamaram para fazer fi lmes, e eu sempre dis-se: “Não, não, não!”. E porque eu sempre dizia “Não”, estou aqui esta noite! [Risos]CI — Se o cinema foi um “acidente” na sua vida, poderia dizer que espécie de “acidente” foi esse?Cardinale — Recusei muitas vezes e eles [dire-tores e produtores] fi cavam muito surpresos. Fi-cavam insistindo bastante. Pensavam: “Por que esta garota diz ‘não’??”. [Risos] E eles insistiam. Enfi m, disse: “Tudo bem, faço!”. Assim, fi z fi lmes com Marcello Mastroianni, Vittorio Gassman, To-tó, os atores mais importantes, e com o maior diretor italiano da época, Mario Monicelli.CI — A senhora foi indicada, cinco anos atrás, como Embaixadora da Unesco por seu traba-lho social pelo desenvolvimento e educação da mulher. Poderia falar um pouco sobre essa ação social que desenvolve?Cardinale — É difícil. Pois você sabe que, quan-do se luta pelos direitos de uma mulher, a po-lítica está sempre ali. É difícil, às vezes, seguir em frente. Tento ser a voz daquelas mulheres a quem não é permitido falar. Agora, por exemplo, daqui a cerca de duas semanas, estarei em Ro-ma, com [Mikhail] Gorbachev. Será a noite das personalidades mais idosas do prêmio Nobel. To-dos estarão lá e vamos viajar para Luanda. As-sim, uma mulher que escreveu um livro, que é

uma das poucas ainda vivas, vai ler um discurso no palco para os outros “Nobel”.CI — A senhora foi vítima de abuso sexual na juventude. Essa experiência a compeliu a exer-cer essa atividade social em prol da mulher?Cardinale — Talvez. Não tenho essa visão, mas talvez sim.CI — As celebridades e pessoas famosas po-deriam fazer mais para diminuir as distâncias sócio-culturais hoje existentes no mundo?Cardinale — É muito importante se comunicar com as outras pessoas. Porque algumas pessoas têm sorte, e outras não. Se o mundo puder se abrir mais, é possível ajudar muito mais pessoas. Sinto isso de forma muito intensa.CI — Quais são seus próximos projetos, no cinema ou na área social?Cardinale — Há pouco terminei um fi lme na França, “Tous frais payés”, uma comédia real-mente maluca. E no último inverno, como men-cionei, estive fazendo uma peça de Tennessee

Williams no teatro. Atualmente, tenho outros projetos, mas nada ainda confi rmado.CI — Gostaria de saber o que conhece da ci-nematografi a brasileira. Esta cinematografi a está evoluindo? Ou ainda existe muita coisa a fazer pelo cinema no lado de baixo da Linha do Equador?Cardinale — Fiz dois fi lmes no Brasil. Fiz uma sambista, nos anos 60, no fi lme “Uma rosa pa-ra todos”, com um diretor italiano, e em 1982 fi z “Fitzcarraldo” [dirigido por Werner Herzog], com Klaus Kinski, na Amazônia e no Teatro Ama-zonas, que é o mesmo teatro de 20 anos atrás e onde estarei esta noite [no encerramento do Amazonas Film Festival]. [O festival] é muito im-portante, pois é um meio de se comunicar com o mundo. O importante é fazer co-produções, pois assim o cinema se movimenta e sai daquele ni-cho. Se um fi lme é produzido somente no Brasil, não tem como sair. É preciso investir em co-pro-duções com outros países.CI — Enfocando o cinema italiano atual, a se-nhora acredita que a indústria cinematográfi -ca italiana está evoluindo?Cardinale — O momento que vivi foi o melhor, com os melhores diretores. Depois disso, o ci-nema teve seus altos e baixos. Acredito que é normal, pois o cinema francês e o americano também têm seus altos e baixos.CI — Existe alguma personalidade de quem gosta na cena italiana atual, entre diretores ou atores?Cardinale — Bem, gosto de Monica Belucci, ela é muito bonita. E há alguns bons diretores jovens saindo agora. Mas não é fácil, porque não há im-

provisação para ser um diretor, é uma profi ssão. Você precisa saber fazer. Por exemplo, quando chego a um set e o diretor imediatamente posicio-na a câmera na cena, podemos fi lmar! [Risos]CI — Em sua biografi a [“Eu, Claudia, Você, Claudia”, escrita com a ajuda da jornalista Anna Maria Mori] a senhora conta que sofreu durante a Segunda Guerra. O que guarda na memória daquele período?Cardinale — Algumas coisas fi cam na mente. Eu era quase um bebê, com minha irmã Blanche. Meu verdadeiro nome, aliás, é Claude. Lembro de uma vez em que estava com ela, meu pai e minha mãe, e próximo de nossa casa caiu uma bomba. Lembro disso desde então.CI — Onde vive atualmente?Cardinale — Em Paris.CI — Sobre a atual administração italiana, o que acha de o governo estar nas mãos de um homem que controla praticamente todo o sis-tema de comunicação?Cardinale — Não é exatamente assim, preciso di-zer. Berlusconi começou como um cantor. Ele não tinha nada. Para chegar onde chegou, ele não é estúpido. Sabe o que quer. Acho que não é verda-de tudo o que dizem contra ele, porque na políti-ca, entre a esquerda e a direita, existem sempre brigas e brigas. Há liberdade na televisão, não é “programado”. As pessoas falam muitas coisas.CI — A senhora mora em Paris, mas vai regu-larmente à Itália?Cardinale — Vou freqüentemente à Itália, por-que lá está minha família, minha mãe, meu ir-mão, minha fi lha, meu companheiro... e meu fi lho, que mora há muitos anos em Nova York. E volta para me encontrar lá. Vou várias vezes à Itália, gosto muito de viajar. Tenho de falar to-dos os dias com minha mãe, que mora em Roma. Do contrário, fi co doente! [Risos] E ainda há mi-nha irmã, que mora na Polinésia, aonde devo ir daqui a uns dez dias.CI — E seu recado para os fãs?Cardinale — Recebo montes e montes de car-tas de todas as partes do mundo. Entre elas, vez ou outra, há cartas de jovens. Acredito que eles descobriram estes fi lmes [o clássico “O leopar-do”, por exemplo], e realmente senti isso em suas cartas.

Manaus (AM) - Ela protagonizou, com Burt Lancaster, uma das cenas de dança mais famosas da história do cinema, em “O leopardo”, de Luchino Visconti. É uma das mais belas atri-zes de todos os tempos. E o que a engrandece ainda mais: é também, indiscutivelmente, uma das mais talentosas. Hoje, com 66 anos, Claudia Cardinale, que diz ter iniciado no ci-

nema por um “acidente”, não abandonou o set, mas trilha outros caminhos. Ela, que já participou

de mais de 115 filmes, escreveu uma auto-biografia, tornou-se embaixadora da Unes-co na defesa da mulher e, volta e meia, é homenageada em festivais de cinema pelo mundo a fora, como aconteceu na primei-ra semana deste mês, no Amazonas Fest Film. Em uma bem-humorada entrevista à Comunità, a atriz se diz amante do cinema brasileiro, mas alerta: “É preciso investir em co-produções com outros países.”

Entrevista

O mais belo

‘Para chegar onde chegou, ele não é estúpido. Ele sabe o quer’

SOBRE SILVIO BERLUSCONI,PREMIER ITALIANO

‘acidente’da história

do cinema

Linda, Cardinale encantou na década de 1960

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10 11N O V E M B R O 2 0 0 5 / C O M U N I T À I T A L I A N AC O M U N I T À I T A L I A N A / N O V E M B R O 2 0 0 5

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Capa

to de todos. Era a certeza de que havia pisado o solo italiano com o pé direito. Um refresco ne-cessário a ele, cuja imagem está se desgastando a cada pesquisa de opinião pós-mensalão.

A manhã e a tarde de domingo estavam li-vres, pois — como já mencionamos — Lula re-cusou convite para visitar a vila de Berlusconi, na ilha da Sardenha. Mas a promessa feita no dia anterior aos jornalistas foi esquecida depois de uma boa noite de sono. Naquele domingo ensolarado, enquanto os seus assessores Marco Aurélio Garcia e Andre Singer voltavam de uma caminhada, vestidos de short e camiseta e calça-dos com par de tênis, Lula, como de costume no Brasil, despistava a imprensa e saía pelos fundos da embaixada dentro de um Mercedes azul, sem a bandeira brasileira.

Os jornalistas foram atrás, mas o perderam de vista no confuso trânsito de Roma. Mais tar-de soube-se que o roteiro turístico do presidente Lula e da primeira dama, dona Marisa, incluiu uma passagem pela basílica de São Pedro, no Va-ticano, visita à colina Gianicolo, passeios pelas ruínas do foro imperial e pelo Coliseu e, como ninguém é de ferro, uma parada para um cafezi-nho no tradicional Sant’Eustachio, bem ao lado do Pantheon, monumento imperdível. O afago naquelas dezenas de curiosos logo que desem-barcou em Roma foi pouco para consolidar a ima-gem de Lula e dona Marisa junto aos romanos. Por onde passou não deixou pista alguma, como um anônimo casal de turistas, se misturando às centenas de estrangeiros que circulam pelos car-tões postais de Roma a qualquer hora do dia.

Mas tinha muita coisa a ser feita e o des-canso cessou. Na segunda, 17, Lula participou das festividades dos 60 anos da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FOA), em Roma, sede da entidade. No Dia do Alimento do Mundo, o tema escolhido foi a Agri-cultura e o Diálogo Intercultura. Lula recebeu um mimo da ONU, a medalha do Mérito Agrícola, a mais alta condecoração da entidade. No mes-mo dia, encontrou-se com Ciampi para falarem de política econômica.

A prosa foi longa. E nem seria diferente. A Itália é, afi nal, o sexto país que mais comercia-liza com o Brasil e o décimo que mais investe em solo brasileiro. As relações bilaterais entre os dois países movimentaram cerca de US$ 5 bi-lhões nos últimos cinco anos. Fiat e Telecom Ita-lia, por exemplo, consolidaram-se como players em seus segmentos no mercado brasileiro. Tanto as grandes empresas italianas no país, quanto às pequenas e médias aumentaram em 20 pon-tos percentuais os seus investimentos no Brasil. Não é a toa que Ciampi chamou Lula num canto para conversar e deve ter lembrado a ele que no Brasil, de norte a sul, há cerca de 25 milhões de descendentes de italianos. Só no estado de São Paulo há mais de 15 milhões. Não se pode desprezar dado tão contundente quando se fala em investimentos. Mas Lula sabe disso. Ou, pe-lo menos, acreditamos que sim. Afi nal, ele disse ter uma oriundi dentro de casa:

— Lá em casa temos sangue nordestino, o meu, e sangue italiano, o da minha mulher — dis-se Lula no discurso aos empresários italianos.

— Ela, aliás, antes da viagem, conquistou a cidadania italiana.

A Itália recebe do Brasil peças e equipamentos dos setores metalúr-gico e aeronáutico, couro, borracha e produtos alimentícios. Na mão in-versa, os italianos exportam produtos químicos, medicamentos e equipa-mentos dos setores eletro-eletrônicos, metal-mecânico e automobilístico. A balança comercial pende hoje para o lado brasileiro, mas durante muitos anos prevaleceu no topo a bandeira tricolor. Mas o fato de o Brasil hoje ter superávit nas relações econômicas com a Itália não é sinônimo de que tudo está às mil maravilhas. Enquanto a maciça maioria do que exportamos é commoditie — logo, com preços mais reduzidos —, recebemos da Itália produtos manufaturados.

Durante as conversas de Lula com Ciampi e empresários italianos, as cartas foram distribu-ídas: os setores brasileiros que deverão receber investimentos da península em 2006 são os de telecomunicações, metal-mecânico, bancário-fi -nanceiro, agroindústria e turismo.

Lula foi bem orientado por Furlan, que visitou várias vezes a Itália este ano. Como disse o minis-tro em entrevista exclusiva à Comunità em abril, os números entre Brasil e Itália são encorajadores. As importações da Itália, por exemplo, cresceram 14,2%, passando de US$ 1,62 bilhão, em 2003, para US$ 1,85 bilhão, em 2004. Disse Furlan, na ocasião: “Nossas vendas para este país, de 34,5%, superaram a média geral das exportações, de 30%. A participação da Itália na nossa pauta este ano aumentou para 3,1%, revertendo a tendência de queda que vinha sendo observada desde 2000 (...) os produtos italianos representam 3,26% de tudo o que compramos, o que mostra que não há dis-crepância no comércio bilateral.”

O saldo comercial entre os dois países, no ano passado, foi em torno dos US$ 5 bilhões. “Muito abaixo das reais potencialidades”, se-gundo Lula.

Mas são os arranjos produtivos locais (APL’s), também conhecidos como clusters, o que mais empolga Furlan quando a pauta sobre Itália e Brasil é despachada com Lula, que, por sua vez, conversou com Ciampi sobre esse ce-nário empreendedor que começa a ser difundido com mais desenvoltura no mercado brasileiro.

‘SÍMBOLO DE GLOBALIZAÇÃO’O discurso de Lula deu certo. Logo ele, que ouve mais críticas que elogios dos empresários brasi-leiros por conta de sua política econômica calca-da na maior taxa de juros do mundo, foi aclama-do em Roma pelos investidores italianos, entre os quais o presidente da Confederação Geral da Indústria Italiana (Confi ndustria), Luca di Mon-tezemolo, também presidente da Fiat, para quem o Brasil é — ainda mais agora após a criação das PPP’s (Parcerias Público-Privadas) — uma economia “em expansão” (5% ao ano) graças a uma política fi scal “severa”, uma infl ação “sob controle” e exportações “dinâmicas”. Em face disso, o presidente da Fiat anunciou uma missão empresarial de grande porte, para o primeiro se-mestre de 2006, ao Brasil e convidou os empre-sários a aderirem ao projeto.

— O mercado prioritário para nós em 2006 é o Brasil. Ao lado de Estados Unidos e Europa, o Brasil é o terceiro [mercado] do Ocidente. Não po-demos perder essa oportunidade de investimento (...) apesar do grande investimento que fi zemos no Brasil nos últimos dois anos, não há nenhum motivo para fi carmos satisfeitos. Vamos investir muito mais — discursava Montezemolo para Lula, que era sorriso de orelha a orelha. Os elogios eram eloqüentes: Montezemolo enfatizava que a econo-mia brasileira cresce 5% ao ano, superando a evo-lução do PIB de 2004, que foi de 4,9%.

Mas quem fez Lula lavar a alma mesmo foi o vi-ce-ministro da Atividade Produtiva, Adolfo Urso:

— O Brasil é o símbolo da globalização. É um país global, que consegue viver em clima de tolerância.

Depois de infl amados e emblemáticos discur-sos, os cerca de 350 empresários italianos silencia-ram para ouvir o comandante da “exemplar” nau da globalização. Lula, então, disse que não temes-sem os juros para investirem no Brasil porque o País entrou num “processo de redução da taxa de juros”. Garantiu que a economia não mudará em função da corrida eleitoral de 2006. “Não have-rá surpresas”, discursava. O comandante foi mais incisivo quando referia-se diretamente ao povo brasileiro. Disse que enfrentará, sem populismo, “quem tiver que enfrentar” para proteger o Brasil e “manter os avanços sociais e a conquista da cida-dania”. O tom das palavras de Lula era esse mesmo: tudo pelo social, de olho em 2006.

O palanque do evento foi mais uma oportuni-dade para defender o fi el escudeiro, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, a quem Lula confi a o su-cesso de seu mandato a despeito da crise política. Mas ele também se referia a todo o seu ministério,

Milão e Rio de Janeiro — Não falta-ram exercício diplomático e muitas idas e vindas à Itália do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Co-

mércio Exterior, Luis Fernando Furlan, para que, após três anos à frente do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva resolvesse, enfi m, dar o ar da graça em Roma. É verdade, Lula não beijou a mão do papa, mas a visita rendeu um saldo po-sitivo junto aos investidores italianos. Lula tam-bém não viu Silvio Berlusconi, por motivos que beiram às raias ideológicas. Deu uma sutil es-nobada no premier italiano, mas não abriu mão do convite do presidente Carlo Azeglio Ciampi e nem de um caloroso encontro com políticos da “esquerda” italiana, tradicionais aliados do Lula ainda sindicalista. Estavam lá, entre outros, para apertar-lhe a mão, os “companheiros” Massimo d’Alema, Fausto Bertinotti e Francesco Rutelli.

Lula desembarcou no dia 15 de outubro pa-ra dois dias de uma longa conversa com Ciam-pi. Mas o objetivo da visita era mesmo apagar a imagem desgastada no exterior, um incômodo efeito colateral do escândalo “mensalão” denun-ciado em julho.

Para o encontro com Ciampi, no Palazzo Qui-rinale, uma farta lista de pedidos por mais inves-timentos italianos. Encabeçavam-na os setores da infra-estrutura e de energia e a cooperação nos campos da ciência e da tecnologia. A visita de Lula não foi meramente um passeio, embora houvesse um tempinho para tal. E até o fez.

Ele chegou à Embaixada brasileira, na Piazza Navona, em Roma, a noite, mas disposto a le-vantar cedo para falar de política e de negócios. Mesmo com os ainda mal cicatrizados arranhões políticos, o presidente foi saudado por deze-nas de pessoas, entre brasileiros e estrangeiros curiosos. Utilizando o jargão teatral: era a deixa necessária. Quebrou o protocolo. Saltou do carro em frente à porta do Palazzo Pamphili e abraçou, literalmente, o povo, fazendo pose para fotogra-fi as e batendo um papo com alguns fãs. Sobrou generosidade até para a imprensa — o que não acontece nas paragens verde-amarelas. Lula, que até hoje só concedeu uma entrevista coletiva no Brasil e uma recente gravação no Rodaviva da TV Educativa, fez questão de comentar com os jor-nalistas sobre a agenda do dia seguinte. E teve mais: prometeu avisar à imprensa caso resolves-se sair para dar um passeio. Pronto. Caiu no gos-

encantada

Como chefe de estado, Lula esteve pela primeira vez na Itália e convenceu seus pares esquerdistas e empresários de que — a despeito da crise política em Brasília — estará firme nas eleições de 2006 porque a “economia estável” lhe garantiria isso. Foi aplaudido de pé em seus discursos. Mesmo assim, a cartada para a reeleição foi dita nas entrelinhas. “Não há pressa”, assinalou o presidente do Brasil. A estrela do PT, pelo visto, ainda brilha... lá fora

Romapela

‘estrela’

André Felipe Lima e Guilherme Aquino

O presidente da Fiat, Luca di

Montezemolo [NA FOTO], anuncia

missão empresarial de grande porte ao

Brasil em 2006

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Ciampi mostra a Lula as belezas de Roma. Investimentos bilaterais no horizonte

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que deveria manter um “só discurso e uma só ca-ra”. Lula sabe que, se pretende vislumbrar um retorno ao Planalto em 2007, isso dependerá de uma sinergia incomum em qualquer governo brasi-leiro ao longo da história. Talvez Getúlio Vargas e a ditadura militar, entre 1964 e 84, tenham che-gado próximos a isso (e sabemos como). Utopia ou não, o ex-metalúrgico espera acabar com esse mito e manter-se forte para 2006. Palocci é o fi el da balança e seu principal cabo eleitoral.

— Certamente, a gente poderia ter cresci-do um pouco mais, os juros poderiam ter caído mais rapidamente, mas isso já aconteceu antes. Conseguimos esse equilíbrio. O grande plano que queríamos ter era o plano da credibilidade — as-sinalava Lula, com palavras e indicadores econô-micos [geração de empregos, poupança interna crescente, etc.] especialmente desenhados para um acordo que ele espera fechar ainda este ano entre Mercosul e União Européia.

ESQUERDAS UNIDASLula sentiu-se em casa durante sua passagem por Roma. Se Berlusconi não o viu, os anta-gonistas do premier italiano saudaram efusiva-mente o presidente brasileiro. O almoço foi na Embaixada do Brasil. E, no fi nal da tarde, houve uma romaria de políticos da esquerda italiana, tradicionais aliados de Lula desde os tempos do sindicalismo em São Bernardo. Estiveram com Lula Massimo d’Alema, Fausto Bertinotti, Fran-cesco Rutelli, entre outros.

Os dirigentes de nove partidos não faltaram ao encontro, que teve um peso maior por ter si-do no dia das eleições prévias da L’Unione, co-alizão de centro-esquerda para o grande pleito do próximo ano. O presidente Lula esteve com Romano Prodi, vencedor da L’Unione para 2006, que elogiou a política econômica do Brasil. O prestígio de Lula entre os esquerdistas italianos é alto. Prodi priorizou a vista ao presidente do Brasil a apuração das inéditas prévias internas da L’Unione — realizadas na véspera do encon-tro com Lula em todo o país.

Mas a crise do “mensalão” preocupa os ita-lianos aliados de Lula. Prodi, líder do grupo po-lítico, está do lado de Lula, mas reconhece que a situação do presidente do Brasil é “difícil”. O que lhe salva, porém, é a “estabilidade econômica”.

O grupo de esquerda conversou sobre dife-rentes assuntos com Lula, mas, principalmente, sobre uma estratégia comum e de mútua co-

laboração para a vitória de ambos no próximo ano. A declaração mais aberta sobre o espinho-so tema da provável candidatura — ainda não anunciada ofi cialmente por Luiz Inácio — foi de Francesco Rutelli:

— Nós vamos vencer aqui, na Itália, e o pre-sidente Lula será reeleito nas eleições de outubro do ano que vem — prevê o político italiano.

Lula não se fez de rogado. Endossou as pala-vras dos políticos italianos e disse que vai traba-lhar pela “união de centro-esquerda” no Brasil.

Durante a conversa com os “camaradas” italia-nos, que não foi aberta à imprensa, Lula também recebeu, segundo interlocutores que presenciaram o encontro, representantes de entidades civis. Foi mais uma oportunidade para enfatizar que a crise política serviu para mostrar ao Brasil “quem está a favor e quem está contra o governo”.

Responsável pela operação “Mãos Limpas”, que combateu a corrupção na Itália em 1990, Antonio Di Pietro alertou para a corrupção no Brasil, mas com ressalvas. Para ele, trata-se de um problema “mais endêmico” no Brasil que o que aconteceu na Itália. Di Pietro disse que ao Brasil só resta apoiar a reeleição de Lula. E que a esquerda do Brasil faça o mesmo pela L’Unione, que lançou Romano Prodi como candidato em 2006 para o cargo de primeiro-ministro.

O ‘CHARME’ DE LULAApesar do apelo dos italianos de que Lula é o “candidato” ideal para as eleições de 2006 no Brasil, o presidente optou por um discurso eva-sivo. Disse que ainda não se decidiu se tentará ou não a reeleição e que somente em maio de-verá anunciar se vai ou não lutar pela cadeira principal do Planalto.

— Não estou candidato. É uma decisão que não tenho interesse algum de tomar agora.

Tenho tempo. Posso esperar abril, maio, para decidir. Estou tranqüilo. Todo mundo sabe o que penso da reeleição. O meu problema ago-ra é fazer com que o Brasil faça [sic] cada vez mais porque precisamos aproveitar esse bom momento — assim, Lula fechava o discurso aos empresários, na Confi ndustria. Foi aplau-dido de pé.

Ele também participou de um “festival” inu-sitado de discursos não menos inusitados, na FAO, que teve o presidente da Venezuela, Hugo Chavez, como protagonista.

Luíz Inácio chegou ao auditório acompanha-do de Chavez. Foi um dia de palavras duras con-tra os países ricos. O presidente Robert Mugabe, do Zimbábue, criticou o governo americano pela pobreza no mundo. Chavez, com ironia sobre o Fundo Monetário Internacional (FMI), afi rmou que “eles — os países ricos — criaram o Fundo Marciano [sic] Internacional para acabar com a vida na terra”. Este mesmo fundo de investimen-tos teria sido, segundo o presidente venezuelano, o “responsável pelo extermínio da vida no plane-ta vermelho [sic]”. Muito provavelmente Chavez se referiu ao que ele defi ne como perseguição do neo-liberalismo a países, como Cuba, que sofrem embargo econômico liderado pelos Estados Uni-dos há vários anos.

Nosense e metáforas a parte, em sua vez de discursar, Lula alertou os interlocutores para a fome e as armas de destruição em massa. Dis-se que a questão é um “problema político” e que deve ser “discutida em todas as reuniões ofi ciais”. Num auto-exame de consciência públi-ca, defendeu maior severidade e ética dos paí-ses pobres para continuarem a receber doações dos ricos.

O presidente brasileiro foi o homenageado do dia. Recebeu a medalha do mérito agrícola e um certifi cado pelo “Fome Zero”. Ele também anunciou o programa “América Latina Sem Fo-me” e a cidade de Porto Alegre como sede para o encontro da FAO, em 2006. Sobrou, contudo, tempo para uma ironia:

— Finalmente tenho um diploma — disse, referindo-se ao certifi cado que recebeu da FAO.

No evento, em nenhum momento falou da atual crise do governo. Essa batata-quente caiu nas mãos do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.

— Os problemas dos brasileiros se resol-vem no Brasil — disse o ministro, curto e se-co. Quanto ao embargo russo à compra de car-ne brasileira, o ministro garantiu que o gover-no está agindo para coibir o avanço da febre aftosa, que já matou milhares de cabeças de gado no centro-oeste do País e vem motivando uma brusca queda de consumo interno da car-ne e, sobretudo, embargos internacionais ao produto brasileiro.

Mas saldo na Itália foi bom para um chefe de estado que até então não havia visitado um dos principais parceiros históricos na cultura e na economia. Antes de deixar Roma, já no ae-roporto rumo à Moscou, onde foi costurar com outros antigos “camaradas”, Lula ressaltou aos jornalistas, que se engalfi nhavam, que não há pressa para subir nos palanques eleitorais. De-pois do tom dos discursos em Roma, imagine se tivesse pressa.

Milão — Enquanto Lula fazia um pom-poso discurso político em Roma, o presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social

(BNDES), Guido Mantega, reforçava o tom da se-gurança econômica do Brasil em mesa-redonda de negócios em Milão, com vários representan-tes internacionais. O Brasil, pelo seu tamanho e peso político, é um dos países com a maior pos-sibilidade de ganhar novos investimentos italia-nos. Foi aí que Mantega entrou em cena em uma das mesas-redondas e saiu dela para assinar um importante acordo de cooperação para alavancar o conceito italiano de Arranjos Produtivos Lo-cais (APL’s) no Brasil:

— Estamos criando um fundo de investi-mento com a participação de bancos italianos para fi nanciar a instalação de pequenas e médias empresas de ponta no Brasil. Este fundo terá, a princípio, cerca de US$ 80 milhões. Uma vez que estas empresas estejam no país elas irão criar novos empregos e transferir tecnologia — disse Mantega à Comunità.

Criar uma legislação específi ca, que permita aos arranjos produtivos locais a transformação em pessoa jurídica, é o próximo passo de Mantega. Na Itália, o processo legislativo já está adiantado. Uma lei para os APL’s é imprescindível para o aces-so das empresas ao crédito. Um APL pode reunir, por exemplo, 20 empresas. Seria muito mais fácil para o BNDES conceder empréstimo a um APL, que pode concentrar várias empresas, do que para ca-da uma das empresas.

— A crise política pela qual o Brasil está terminando de passar não atrapalha o interesse do investidor estrangeiro, que tem uma visão a longo prazo, principalmente com os projetos das Parcerias Público-Privadas. Estamos terminando de preparar os modelos de licitações, que deve-rão estar prontos até o fi m do ano — adiantou o presidente do BNDES à reportagem.

EXEMPLO LOMBARDOOs setores da infra-estrutura são aqueles que mais necessitam de investimentos pesados. A ferrovia norte-sul e um anel rodoviário no es-tado do Rio de Janeiro, são dois dos primeiros cinco projetos a serem oferecidos.

— O governo entra como sócio no começo, mas aos poucos, depois de tudo concluído, inicia a retirada — explicou o ministro Mantega. Mas não são apenas as grandes obras que podem ser-vir de chamariz para o capital externo. A região

da Lombardia, área de excelência do sistema produtivo italiano, baseada na rede de pequenas e médias empresas, já viabilizou investimentos no Brasil da ordem de 3,6 milhões de euros nos últimos cinco anos. Os 36 projetos estão espa-lhados pelos estados do Acre, Amazônia, Bahia, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Pa-ra, Maranhão, Ceará e Rio Grande do Sul.

O desenvolvimento de distritos e pólos indus-triais, através da cooperação com o Sebrae (Ser-viço de Apoio as Pequenas e Medias Empresas) e com o BID (Banco Interamericano de Desenvolvi-mento), são alguns dos frutos das duas missões da região da Lombardia ao Brasil, nos anos de

2000 e 2002. Não por acaso, o norte da Itália responde por mais da metade das importações do país (68,9%) provenientes da aquisição de pro-dutos brasileiros, chilenos e argentinos, nesta or-dem. Já as exportações lombardas respondem por 25% do total italiano. A Itália compra metais e commodities (carne, couro, rações para animais, café, etc.) e vende máquinas industriais, mecâni-cas e elétricas, além de meios de transporte.

A Itália pode se transformar, junto com Por-tugal, na principal cabeça de ponte do Mercosul com a União Européia. O acordo para a criação de um canal de comércio entre os dois blocos poderá ser assinado ainda no primeiro semestre de 2006.

— A vontade política é grande para que este acordo saia logo, mas ainda existem algumas di-fi culdades a serem contornadas como o subsidio agrícola, algumas barreiras alfandegárias. Esta-mos certos de que, com a assinatura do acordo, vamos incrementar as nossas exportações para a União Européia — disse à Comunità o secretá-

rio-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comercio Exterior, Ivan Raposo.

Quase a metade das importações realizadas pela UE passa pelo Brasil. Maior exportador de frangos do mundo, o país está atento aos pro-blemas da gripe aviária.

— Esperamos exportar cerca de US$ 8 bilhões em carne. Temos o problema da febre aftosa no país e da aviária, aqui na Europa. Já estamos so-frendo as conseqüências dessa questão com o em-bargo da nossa carne por países como a Rússia. Mas essas são medidas apenas de precaução e que não deverão durar muito tempo, e ainda restritas a alguns estados brasileiros. Nossos técnicos es-tão solucionando o problema — afi rma Raposo.

O comércio da América Latina tem na Holan-da, na Alemanha e na Itália - nesta ordem - os principais destinos das mercadorias. Mas as faci-lidades da língua e a mesma origem latina fazem do Brasil e da Itália dois países com grandes perspectivas de aumento na troca de experiên-cias nos mais diferentes mercados.

— A nossa abertura rumo ao estrangeiro nos transforma em uma importante ponte econômica e cultural entre a Europa e as Américas do Sul e Central. Queremos dividir os instrumentos de desenvolvimento capazes de promover, estimu-lar e valorizar um mercado de enorme potencial — afi rmou o presidente da Câmara de Comércio de Milão, Carlo Sangalli.

Esses instrumentos passam pela Promos, braço especial da Câmara de Comércio, para identifi car áreas de interesses afi ns e servir de elo entre as duas pontas do processo.

— Estamos sempre trabalhando para encon-trar novos instrumentos de fi nanciamento para futuros investimentos — ressaltou o presidente da Promos, Bruno Ermolli.

Além do Brasil, um time de empresários acompanhou de perto os debates de autoridades dos setores econômicos dos países como Argen-tina, Peru, Colômbia e Venezuela. A competição com o já emergente mercado chinês e as opor-tunidades de investimentos na Europa do Leste estão desfocando os interesses italianos sobre a América Latina. Para recuperar o terreno perdido e criar novas fronteiras de comércio, a Segunda Conferencia sobre a América Latina abriu as por-tas deste enorme continente em pleno centro de Milão. As reuniões foram realizadas no prédio da Bolsa de Valores e no Palazzo Mercanti e promo-vidas pela Câmara de Comércio de Milão. O Bra-sil, pelo visto, saiu-se bem.

Prodi: visita ao Lula foi mais importante

que acompanhar prévias internas

da L’Unione

Ciampi e Lula passam a Guarda: não faltou mimo ao presidente brasileiro em Roma

Fundo milionário

Guilherme AquinoCorrespondente • MILÃO

Capa

‘Elas [as APL’s] irão criar novos

empregos e transferir tecnologia’

GUIDO MANTEGA, [FOTO ACIMA] PRESIDENTE DO BNDES, SOBRE A PARCERIA

COM BANCOS ITALIANOS

Acordo entre bancos italianos e BNDES prevê US$ 80 milhões para criação de arranjos produtivos no Brasil

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A mistura de cinema e política sempre foi explosiva. Nas telas, porém, os cineas-tas — principalmente os neo-realistas — conseguiram imprimir algum lirismo.

Dali nasceram obras-primas. Propósito que não fazia parte dos planos da propaganda fascista. Foi ela quem primeiro percebeu que a “sétima arte” seria a ferramenta principal para manter as massas sob o guarda-chuva totalitário. Moldar as novas gerações era o desafi o, preparar jovens para aceitarem o futuro fascista era o intuito. Formaram-se os chamados balilla, adolescentes fardados miniaturas dos camisas negras, fi éis militantes iludidos pela idéia de uma “Grande Itália”. Assim, sob a tutela do estado, surgiu o cinema educativo, cujo protagonista era Benito Mussolini. O roteiro, inabalável: ode ao fascis-mo. Hoje, porém, todo o conceito não foi en-terrado com o fi m da Segunda Guerra. Deixou

herdeiros — não tão enfáticos como a comuni-cação fascista — mas com nuances indeléveis. O discurso do Estado Novo de Getúlio Vargas é um deles.

A historiadora gaúcha Cristina de Souza Ro-sa, 30 anos, está debruçada em um complexo estudo sobre essa conexão entre os discursos de Getúlio Vargas e de Mussolini estampados no ci-nema educativo, que — segundo ela — buscava formar um novo cidadão “honesto” e que “ame” seu país sobre todas as coisas.

— Comecei a pesquisa na minha tese de mestrado, onde estudei somente o cinema edu-cativo do Estado Novo de 30 a 45. Foi quando percebi que nas revistas e nos jornais os repór-teres, intelectuais e educadores falavam sobre a importância do cinema educativo, mas sem-pre se referindo à Itália, dizendo que Mussolini estava dando importância ao cinema educativo

— assinala Cristina, que agora esboça em seu doutorado a comparação entre os cinemas edu-cativos fascista e do Estado Novo.

As constantes viagens de intelectuais e po-líticos brasileiros ao exterior desencadearam a importação do modelo italiano. Em 1936 foi criado o Instituto Nacional de Cinema Educa-tivo (Ince), dirigido por Roquette Pinto, que teve o cineasta Humberto Mauro como dire-tor cinematográfi co. O desafi o da historiadora, que embarca para a Itália no próximo ano, é desvendar como o Ince foi infl uenciado pelo Istituto Luce, órgão responsável pela comuni-cação fascista. Mas há no Brasil documentos conclusivos, como uma carta do arquivo Gus-tavo Capanema de Lourival Fontes, principal nome do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) do Estado Novo.

No documento ele conta o que aprendeu na Europa com os regimes fascista e nazista.

— Vargas pediu a ele [Lourival Fontes] que observasse as organizações fascistas e nazistas. Lourival voltou cheio de informações sobre o mi-nistério de propaganda nazista, falando como a imagem do Hitler era construída na Alemanha,

com um departamento de propaganda que con-trolava jornais, cinema etc. Ele sugeriu a criação de algo parecido. E isso tem a ver com o DIP — destaca a historiadora.

Mas se o cinema educativo funcionou na Itá-lia, aqui, no Estado Novo, foi praticamente um fi asco. Como estuda Cristina Rosa, os brasileiros “detestavam” os complementos nacionais, como eram conhecidos os fi lmes do Ince de propagan-da nacionalista que, geralmente, eram rodados — junto com o jornal do DIP — antes ou depois das sessões cinematográfi cas.

— As pessoas chegavam mais tarde ao cine-ma, ou não prestavam atenção nos fi lmes. Essa idéia da construção da imagem do Vargas não se deu tão forte pelo cinema quanto no fascismo.

Além desse fator, há um outro que difi cul-tou a performance do cinema educativo var-guista: a geografi a do Brasil. Nas décadas de 30 e 40 foi impossível para o Estado Novo es-tender sua propaganda com efi ciência para áre-as mais remotas.

A importação do fascismo para o Estado No-vo teve no ex-ministro Francisco Campos (da Justiça e da Educação) um grande articulador.

— Ele era o mais fascista de todos — des-taca Cristina. Campos, que tinha entre seus planos a criação de uma juventude brasileira nos moldes da juventude fascista-nazista, foi o criador da Constituição de 37, inspirada na constituição polonesa fascista, batizada pela esquerda brasileira como a “polaca”.

Vargas, contudo, não era como Mussolini. Como descreve Cristina, era “mais eclético”, uma espécie de Macunaíma político.

— Acho que ele jogava de vários lados. Não tinha uma identidade. Ele foi bebendo um pou-quinho de cada um [dos modelos totalitários da primeira metade do século].

DE ‘VOLTA’ PARA O ‘FUTURO’Há muitos elementos fascistas na história da po-lítica brasileira. Inclusive nos dias atuais, mas não — frisa a historiadora — com a exacerba-ção apresentada pelo Estado Novo. Projetos com características intervencionistas nos modelos de comunicação e imprensa, como o Conselho Federal de Jornalismo e a Agência Nacional de Cinema e Audiovisual (Ancinav) propostos pelo governo Lula, são uma das principais artimanhas de regimes totalitários.

— O que acontece é que governos como o fascismo e o Estado Novo necessitam de o tem-po todo ter apoio das massas. No sentido de as-sociar a imprensa e, ao mesmo tempo, tentar controlar essa imprensa. O próprio Lula, em um tempo atrás, tentou cercear aquele jornalista americano [Larry Rother, do The New York Times, que fez uma reportagem em que apontava um suposto “gosto exagerado” de Lula pelo álcool]. Não é tanto, mas, sim, sutil — pondera a histo-riadora. Ela confi rma, todavia, que os resquícios do fascismo, mesmo que sutis, podem ser perce-bidos em discursos e projetos propostos pelos governos que precederam a gestão de Vargas.

Segundo Cristina Rosa, apesar de o momen-to político brasileiro não ser favorável à ges-tão Lula, haveria uma forte tendência de o dis-curso de apoio às massas se intensifi car ainda mais no Planalto.

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A historiadora gaúcha Cristina Rosa desenvolve pesquisa sobre a influência do cinema educativo fascista no Estado Novo de Getúlio Vargas e esboça uma aproximação da propaganda política do passado com o que se discursa atualmente em Brasília

Política

e ‘viva’

— Essa idéia de construir uma imagem mui-to popular do Lula, de mantê-lo no altar, en-quanto muitos fazem suas maracutais por bai-xo, é uma tendência do atual governo. Até o fato de fi car o tempo todo afi rmando que Lula não sabia de nada sobre “mensalão” ou “men-salinho”. Há essa tendência do atual governo de manter o presidente nessa idolatria, à parte das coisas. Uma imagem também muito forte no fascismo. Há todo um órgão de comunica-

ção, cinema, distribuição de fotografi as, que vai construindo essa imagem de grandes líderes — avalia a historiadora.

Criar uma imagem coletiva, calcada por exemplo em heróis do esporte, onde todos os cidadãos se encaixam no tal referencial único de “brasilidade”, tendo como identifi cação a marca de um ícone político, uma “liderança incontes-tável”. Daiane dos Santos, Ronaldinho (o “Gaú-cho” e o “Fenômeno”), Gustavo Kuerten, todos marcados pelo espírito da “superação”, ajudam, mesmo que involuntariamente, para a consolida-ção desse discursso. Suas imagens são utilizadas em campanhas publicitárias para que — chova ou faça sol no Planalto — o povo, pobre e mal-tratado, esteja lá, apoiando o seu “líder”.

— Isso favorece para que o povo se una em prol daquele líder e daquela idéia nacionalista. Hoje, isso está muito forte: “Sou brasileiro e não desisto nunca” — diz Cristina, referindo-se ao principal slogan das campanhas políticas do governo Lula. Ela complementa: — Essa é uma característica muito forte do fascismo. É aque-la coisa do populismo, também muito forte no Brasil, que foi de Vargas ao Jango. E o Lula tem muito disso. A posse dele mostrou muito isso. Ele é o tipo do cara que pára o carro, vai lá, e aperta a mão de todo o mundo. Só não fala com jornalista, mas aperta mão de criancinha.

Todos os governos têm uma necessidade de construir uma imagem de si e associá-la ao país. O cinema educativo e todos os mecanismos de propaganda política foram decisivos para isso. Seja no Estado Novo, no fascismo, ou até mesmo nas gestões democraticamente eleitas pelo povo brasileiro entre 1989 e 2002. O tempo todo essa propaganda constrói uma “vitória nacional”. So-mos orgulhosos “vencedores” no futebol, na gi-nástica, no tênis, em busca de uma “harmonio-sa” identidade nacional para sublimar um dia-a-dia que, na verdade, queremos esquecer.

Para a historiadora Cristina Rosa, Lula bus-ca tudo que possa promover essa valorização de identidade. “Ele é eclético”, conclui ela, como o Macunaíma criado pelo escritor modernista Mário de Andrade no início do século XX e interpretado no cinema por Grande Otelo e Paulo José. Macuna-íma parece “incorporar” sempre em quem senta na principal cadeira do Brasil. Seja lá quem for.

André Felipe Lima

e ‘viva’informação

Macunaíma‘Há essa tendência

de manter o presidente [Luiz

Inácio Lula da Silva] nessa idolatria, à parte das coisas’

CRISTINA ROSA, HISTORIADORA

Ao lado, Getúlio Vargas cercado pelo povo. Corpo-a-corpo com os cidadãos era seu forte. Acima, a importância do cinema para Mussolini

Após a Segunda Guerra mundial, povo italiano sempre mostrou-se contrário a qualquer viés fascistaFo

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Notizie

“UN PONTE TRA CULTURE”

Si è concluso l’11 novembre scorso, a Belo Horizonte il Festival “Un Ponte

tra Culture”. Il festival, realizzato con l’ap-poggio della regione Emilia Romagna e dell’ Università Federale di Minas Gerais, giunge in un momento in cui si assiste al risve-glio dell’interesse per le non lontane origini italiane di molti abitanti di questo Stato: secondo fonti consolari, risiedono in Minas Gerais circa 1,5 milioni di oriundi.

Secondo Giusi Zamana, organizzatrice del Festival qui in Brasile, l’evento è parte integrante di un programma di interscam-bio, un ponte permanente fra ricercatori, agenti culturali e artisti, italiani, brasiliani e latino-americani con interessi rivolti al-l’antropologia, alla ricerca sul linguaggio e alla discussione su identità e memoria, emi-grazione e incontro fra culture.

CREDITO ITALIANO

Il direttore di Norme e Organizzazione del Sistema della Banca Centrale brasiliana, Sergio Darcy, ha messo in evidenza, durante il Forum Naziona-

le di Sistemi di Garanzie di Credito, che il Brasile ha bisogno di stabilire una struttura giuridica che dia sostegno al sistema nazionale. Secondo Darcy il Brasile dovrebbe segure il modello italiano, considerato più evoluto sull’ar-gomento. In Brasile la città di Caxias do Sul (RS) si è messa in evidenza per aver impiantato sistemi locali di credito rivolti alle piccole e medie impre-se. Rappresentanti della Banca Centrale, della Federazione Brasiliana delle Banche (Febraban) e del Servizio Brasiliano di Appoggio alle Micro e Piccole Imprese (Sebrae) stanno analizzando il sistema italiano.

DIALOGO ITALIA/BRASILE

Educatori brasiliani e italiani hanno discusso, il 25 ottobre passato a San Paolo, sull’importanza e sul raggiungimento del progetto di dopo-

scuola realizzato dal comune paulista. Il progetto, battezzato “San Paolo è una scuola”, e iniziato in maggio dalla Segreteria municipale di Educazione, è servito come base affi nché gli italiani descrivessero la propria esperienza in questo campo, che cominciò nel dopo-guerra con il lavoro di preti sa-lesiani e che in Italia è chiamato di Doposcuola. Grazie alla Ong. Progetto SUD-UIL, gli italiani hanno lanciato un messaggio chiaro ai loro colleghi: il doposcuola aiuta a minimizzare le differenze sociali e toglie i giovani dagli ambienti dove la cultura latita.

Tra gli educatori italiani, hanno partecipato il salesiano Massimo Ange-letti, che ha parlato dell’origine del doposcuola in Italia, il professore Sal-vatore Pirozzi, che ha discusso sull’esperienza napoletana dei “professori di strada” e la preside dell’ l’Istituto di Formazione dei docenti della Uilscuola (IRASE), Rosa Venuti che ha analizzato la messa in pratica dell’attività del doposcuola attraverso il progetto pedagogico.

L’Italia, nel dopoguerra, creò una maniera di accogliere i bambini e i giovani che si trovavano in situazioni vulnerabili e di rischio. Questa espe-rienza, iniziata dalla chiesa e dai salesiani, si è consolidata nel sistema dell’ insegnamento italiano. Nelle loro relazioni, gli educatori italiani hanno mostrato ai colleghi brasiliani il processo di creazione delle attività del do-poscuola come anche la partecipazione della Chiesa Cattolica nelle attività sportive, culturali e di accompagnamento durante gli studi.

IMMIGRANTI REGOLARI

Esistono oggi circa 2,8 milioni di immigranti regolari in Italia. Lo studio pubblicato nel dossier annuale della Caritas/Migrantes,

presentato questo mese a Roma, informa ancora che dal 2004 al 2005 il numero di immigranti nel paese è cresciuto di circa 200 mila per-sone. Secondo alcuni esperti, si stima che nei prossimi dieci anni la popolazione straniera in Italia arriverà a 5,5 milioni. La Germania è leader nella classifi ca con 7,3 milioni, seguita dalla Francia con 3,8. Secondo il dossier, dei 23 milioni di immigranti presenti in Europa, più di un decimo vive in terra italiana.

POLO CERAMICO

La segreteria di Scienza e Tecnologia di Rio Grande do Sul ha fi r-mato una convenzione con i comuni di Santo Stefano e Corleone,

ambedue in Sicilia, per l’impianto di un polo di ceramica nello stato del sud del Brasile. L’iniziativa è stata integrata al programma dei Poli d’Innovazione Tecnololgica della suddetta segreteria e conta con la partecipazione dell’Università Federale di Caxias do Sul (UCS). L’accor-do ha l’obiettivo di potenziare le attività collegate alla ceramica delle regiorni di Serra e Vale do Caí. Tutte e due le regioni contano su più di 200 fornaci di piccola e media portata. I comuni italiani hanno in-vestito fi nora più di 150 mila euro nel progetto.

MAFIOSI ARRESTATI

La polizia italiana ha arrestato due mafi osi che pianifi cavano l’omicidio di un giudice di Caltanissetta, in Sicilia. Trattasi di Paolo Plameri, 38

anni e Salvatores Azzarelli, 29 anni appartenenti al gruppo mafi oso Rinzi-villo di Gela. L’obiettivo dell’attentato era Ottavio Sferlazza, giudice che ha presieduto diversi processi contro dei mafi osi tra cui quello riguardante l’assassinio, nel 1992, del giudice antimafi a Giovanni Falcone, ritenuto il nemico numero uno di Cosa Nostra (la mafi a siciliana).

PIAUÌ E TOSCANA STRINGONO LA MANO

“Nel futuro del Piauì, uno fra gli Stati più poveri del Brasile, può esserci intelligente spazio anche per una attenta valo-

rizzazione turistica delle enormi risorse culturali, ambientali, archeo-logiche di un territorio che sta lottando per una crescita equilibrata, capace di rispettare le ragioni della persona e della comunità”. Mas-simo Toschi, assessore alla cooperazione internazionale della Regione Toscana, si è incontrato il 17 ottobre scorso, con il governatore del Piauì, nell’ambito dell’accordo di cooperazione che lega quattro Re-gioni italiane (Toscana, Umbria, Marche, Emilia Romagna) con il Go-verno centrale del Brasile guidato dal Presidente Lula.

ORMONE FEMMINILE

Uno studio realizzato da scenziati ingle-si ha concluso che l’ormone femminile

dell’estrogeno è uno dei motivi secondo il quale le donne fanno meno incidenti stradali rispetto agli uomini. L’estrogeno dà maggior fl essibilità mentale nel percepire i cambia-menti di traffi co. Durante l’analisi, i volonta-ri sono passati per situazioni che misuravano la memoria, l’attenzione e il controllo moto-rio. Le donne sono riuscite a sviare l’atten-zione in maniera più rapida non solo nell’atto del guidare, ma anche in quello del leggere. Sono state intervistate 43 persone tra uomi-ni e donne, con un’età tra i 18 e 35 anni.

PRIMARIE UNIONE

Alle primarie dell’Unione, svoltesi il 16 otto-bre scorso, hanno partecipato in tutto 29

Nazioni. Da quanto emerge dai dati diffusi dal Co-ordinamento nazionale per gli Italiani nel Mondo, gli elettori sono stati pari a 20.896. Nel comples-so, Bertinotti ha ottenuto il 10,7% per cento del-le preferenze; Di Pietro il 7%; Scalfarotto l’1,4%; Panzino lo 0,8%; PecoraroScanio il 2,1%; Prodi il 75,3%; Mastella il 2,7%. Le schede valide sono state pari a 20.790. In particolare, analizzando le percentuali del Brasile emergono le seguenti percentuali: Bertinotti il 3,1%; Di Pietro il 3,6%; Scalfarotto 0,1%; Panzino 0,6; Pecoraro Scanio l’1,8; Prodi 90,7; Mastella 0,1%

VACANZE DI SOGNO

In gennaio, la colonia di ferie Milan Ju-nior Camp ritorna in Brasile, stavolta in

due stati: a Rio de Janeiro e a San Paolo. Il programma vuole internazionalizzare il mar-chio e non ingaggiare giocatori per la squa-dra di Milano. Nel luglio scorso, il Milan Ju-nior Camp ha riunito circa 240 ragazzini per due settimane di attività a Vargem Peque-na, a Rio de Janeiro. Orientati da allenatori italiani, i giovani hanno avuto un contatto ludico con il calcio, la cultura italiana e la storia del club. Le iscrizioni possono essere effettuate sul sito: www.milanjuniorcamp.com.br oppure al telefono (21) 22247060.

Vino italianoLa produzione italiana di vino nel 2005 sarà intorno ai 4,9 miliar-

di di litri, 4 milioni in meno rispetto all’anno passato. La stima è dell’Unione Italiana del Vino. Secondo alcuni specialisti, le forti piogge di settembre e ottobre hanno danneggiato la raccolta dell’uva. Dal 1970 al 2000, la produzione di vino non era mai stata inferiore ai 5 miliardi di litri. La diminuzione era già cominciata da quattro anni. In Veneto, una delle regioni più colpite, si stima che la produzione sarà inferiore, in media, del 20%. La situazione è simile in Abruzzo e nel Piemonte, dove le perdite in relazione all’anno passato sono stimate intorno al 10%.

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Existe mais de 100 tipos de vírus HPV (papilomavírus humano). Este tipo de vírus é o mais encontrado entre as doenças sexualmente transmissíveis

(DST´s). Talvez porque o diagnóstico hoje é mais preciso e devido ao crescimento do nú-mero de infectados. De 10 a 20% da população sexualmente ativa têm a doença. Além das re-lações sexuais, o HPV pode ser transmitido du-

Desvendando o HPVrante a gestação, de mãe para fi lho. Mas neste caso, o risco de transmissão é de menos de um por cento.

— Podemos até dizer que o HPV é uma epi-demia, porque de 10 a 20% da população sexu-almente ativa carrega o vírus e 1% dessa popu-lação tem a doença clinicamente manifestada, ou seja, contém câncer de colo do útero, que é a terceira maior causa de morte entre mulheres, depois do câncer da mama e o de pele — alerta o médico ginecologista-obstetra Benito Petra-glia [na foto ao lado].

Os tipos 16 e 18 do HPV entram na célula e modifi cam o DNA. São os que mais provocam câncer de colo do útero. O período de incubação do vírus pode ser de três semanas a oito meses.

— Esse vírus não escolhe raça, cor, idade, religião, mas sim, quem não toma os cuidados de prevenção necessários. Por isso, é impor-tante o uso do preservativo e de não ter múlti-plos parceiros no seu relacionamento. A pessoa não precisa exteriorizar a doença porque ela se apresenta em forma de verruga [conhecida no Brasil como “crista de galo”] no pênis, na

vulva, no colo do útero ou dentro da vagina. Por isso, é importante o exame preventivo. A doença pode se desenvolver até mesmo fora da área genital, como no globo ocular e na boca — explica Petraglia.

Recentemente o laboratório Merck testou uma vacina contra HPV em 25 mil mulheres de 33 países, entre elas, três mil brasileiras. Obte-ve-se 97% de efi cácia. Há perspectiva de que em 2006 a vacina esteja no mercado. O lançamento desse produto será mundial.

— Vale ressaltar que a vacina só terá efi cá-cia para as pessoas que não possuam o vírus, quem já tiver a doença deve seguir o tratamen-to clássico de controle. Mesmo assim o melhor remédio é a prevenção. Diria que de 100% das mulheres que procuram os ginecologistas ho-je, de 10 a 20% apresentam a doença. E 1% já tem o câncer de colo do útero. Esse número é gigantesco. É um problema grave de saúde pú-blica. O que me impressiona é o alto índice de HPV em crianças, neste caso, são decorrentes de estupros. E vou te falar: não é pouco, não — conclui Petraglia. (L.B.S.)

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Vírus é mais comum do que se imagina. Doença evolui entre crianças

RIR, O MELHOR REMÉDIO

Levar tudo na esportiva, achando graça da vida (e até de si mesmo!), é o ca-

minho para viver bem. E tem mais: ainda funciona como um antídoto poderoso contra o envelhecimento da pele. O ato de sorrir carrega propriedades terapêuticas. Rir, no entanto, ganhou o aval científi co na pre-venção e no combate de doenças. No século IV a.c. Hipócrates já usava, na Grécia anti-ga, a risoterapia na cura de seus pacientes, por meio de jogos e brincadeiras. Os pensa-mentos bem-humorados operam maravilhas no organismo: regulam os níveis hormonais, aumentam a atividade imunológica e esti-mulam a produção de endorfi na, substância responsável pelo bem-estar e que também protege o aparelho cardiovascular e tem ação contra o envelhecimento.

CONTRA COQUELUCHE

Uma nova vacina contra a coqueluche se mostrou efi caz em testes realiza-

dos por cientistas americanos. O estudo, divulgado na revista The New England Journal of Medicine, envolveu quase três mil voluntários e apontou que a vacina protege adultos, adolescentes e crianças do risco de contrair coqueluche. Segundo os especialistas, a vacina obteve 95% de sucesso e os participantes foram acompa-nhados durante cerca de 2,5 anos depois de receberem a dose da vacina.

AVC I

Pacientes que acabam de sofrer um acidente vascular cerebral he-

morrágico (AVC) podem ser benefi cia-dos pela administração rápida do me-dicamento sinvastatina, normalmente usado na redução do colesterol. A afi rmação foi concluída por médicos do Johns Hopkins Hospital, em Bal-timore, nos Estados Unidos. Segundo os especialistas, a sinvastatina seria capaz de reduzir a progressão da is-quemia cerebral que se segue à he-morragia subaracnóidea decorrente da ruptura de aneurismas.

OSTEOPOROSE MASCULINA

Um alerta aos que acham que osteoporose só atinge as mulheres: a doença também ataca os homens. Um estudo avaliou 712 brasileiros que buscaram tratamento no Instituto Nacional de Traumato-Orto-pedia (Into), do Ministério da Saúde. No Rio, 19,5% dos maiores de 50 anos e 36,4% acima dos 80 apresentavam osteoporose. Em geral, a enfermidade ocorre nos homens cerca de dez anos após as mulhe-res (por volta dos 75 anos, em média) e o índice de mortalidade em decorrência de fratura do fêmur é duas vezes maior. Entre as mulhe-res, 19% morrem um ano após a fratura contra 39% dos homens. A prevenção requer a prática de exercícios físicos regulares e uma die-ta com laticínios e outras boas fontes de cálcio e vitamina D.

AVC II

Aliás, um derrame requer atendimento de emergên-cia, assim como o infarto. Médicos da Associação

Americana do Derrame criaram um teste que ajuda o leigo a suspeitar do quadro: 1) Peça para a pessoa sorrir a fi m de notar a perda de simetria entre os lados do rosto;2) Diga para erguer os dois braços e mantê-los elevados e note se há fraqueza em um deles, comum em derrames;3) Peça para falar uma sentença simples. A linguagem costuma ser afetada. O doente balbucia (apresenta fa-la enrolada) ou não consegue mais falar;4) Na presença desses sinais, vá o quanto antes a um hospital bem aparelhado. Não deixe para depois.

SEM DOR

A acupuntura é utilizada no controle de do-res crônicas e agudas. Melhora sono, hu-

mor e o desempenho durante a prática de ativi-dades físicas. Agulhas, ventosas ou instrumen-tos de eletroestimulação são aplicados em áre-as do corpo com grande concentração de termi-nações nervosas. A fi nalidade é ativar o sistema nervoso, provocando efeito analgésico, antiin-fl amatório, antidepressivo, ansiolítico (ameni-za a ansiedade) e de relaxante muscular.

COMPUTADOR E JOVIALIDADE

Quem usa o computador regularmente manifesta menos sintomas depressi-

vos, aparenta ser mais jovem e demonstra melhor saúde mental. Essas foram as con-clusões de um estudo apresentado durante a convenção anual da Associação Americana de Psicologia, que incluiu 206 adultos acima de 65 anos, a maioria em torno dos 80 anos. “Os computadores dão aos idosos uma co-nexão maior com o mundo”, disse a autora, Kathleen Triche, que dirige um dos centros de informática para terceira idade da Village Care de Nova York, nos Estados Unidos.

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APNÉIA DO SONO

Segundo estudo publicado pelo New England Journal of Medicine, a apnéia do sono duplica

os riscos de falecimento ou de crise cardíaca. O estudo concluiu ainda que o risco é triplo para os que têm a forma mais extrema de apnéia (a inter-rupção da respiração). A pesquisa foi realizada du-rante seis anos com 1.022 pessoas, das quais 697 tinham apnéia. A apnéia do sono pode ser obser-vada em qualquer idade, mas afeta mais os homens com menos de 60 anos.

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Notizie Notizie

MAGNETI MARELLI FORNISCE LE SCUDERIE CAMPIONI DI FORMULA 1, MOTO GP E WRC RALLY

San Paolo - SP — La tecnologia della Magneti Marelli Motorsport ancora una volta ha aiutato le scuderie della Renault, Yamaha e Citroën a conquistare il primo posto sul podio, rispetti-

vamente, nelle competizioni della Formula 1, Moto GP e WRC Rally.Lo spagnolo Fernando Alonso ha consagrato la Renault come nuovo campione della Formu-

la 1, come anche vincitore del titolo mondiale costruttori vincendo il Gran Premio della Cina, a Shangai, questo mese. La tecnologia che pulsa sotto la Renault F25 è Magneti Marelli. Il marchio italiano ha sviluppato sofi sticati sistemi elettronici di controllo e aquisizione da-ti. Ha inoltre fornito il sostegno tecnico sulle piste di tutto il mondo con un team di ingegneri altamente specializzati.

La Magneti Marelli Motorsport ha an-che aiutato la Yamaha a conquistare il ti-tolo di bicampione mon-diale di Moto GP con il pi-lota Valentino Rossi. Dal 2004 la Magneti Marelli è stata scelta dalla marca giapponese, che ha vinto anche il titolo costruttori, come partner tecnologico di tutta la parte elettroni-ca di controllo e sistema di iniezione.

Anche nel WRC Rally la Magneti Marelli ha timbrato il car-tellino nella conquista del titolo della Citroën con Sebastian Loeb. Il pilota ha vinto per la prima volta il titolo di campio-ne mondiale di rally, contribuendo anche al titolo costruttori della casa francese.

IL GRUPPO MAGNETI MARELLI IN BRASILEIl gruppo Magneti Marelli, impresa con capitale italiano, è una delle maggiori fabbriche di autoricambi del Mercosul ed è presente in Brasile dal 1978. Oggi, con circa 5.400 dipendenti, è leader di mercato in sistemi di iniezione elettronica, marmitte, so-spensioni, ammortizzatori e sistemi elettronici, producendo pannelli di strumenti e telematica.

Nel segmento dei veicoli “fl ex”, la Magneti Marelli è leader con circa il 70,5% del mercato, inclusa la fornitura di sitemi di iniezione elettronica per vieicoli di bassa cilindrata – la quasi to-talità dei veicoli fl ex 1.0 in Brasile sono equipaggiati con tecnologia Magneti Marelli. Ha chiuso l’anno 2004 con un fatturamento di 1 miliardo e 243 milioni di reais e prevede una crescita del 14% nel 2005, con un fatturamento intorno al miliardo e 412 milioni di reais. (V.S.)

EMBRAER CONSEGNA JET ALLA AIR CANADA

São José dos Campos (SP) — Il 21 otto-bre il 100o Jet E-175 è stato consegnato,

in una cerimonia avvenuta negli stabilimenti della Embraer in San José dos Campos, nello Stato di San Paolo, alla Air Canada. La com-pagnia già opera con 9 aerei di questo tipo in operazioni regolari per passeggeri. La con-segna del 100o aereo della famaglia 170/190 avviene appena 19 mesi dopo la prima con-segna di un E-Jet della Embraer.

— La consegna del nostro 100o E-Jet è una grande operazione per la nuova fa-miglia di aeronavi e ci sentiamo onorati che la Air Canada, il nostro primo ope-ratore dell’Embraer 175 nel mondo, lo ri-ceva oggi con successo — dice Frederico F. Curado, vice-presidente esecutivo del mercato di aerei commerciali della Emba-rer. L’impresa obbedisce ai principi delle 4 ”E” Economia, Ergonomia, Ingegneria (Engenharia), Effi cienza,

Con 70 ordini sicuri di E-Jet, 15 E-175 e 45 E-190, la compagnia della foglia di platano, si conferma in una posizione strategica per avere i migliori vantaggi operativi fi nanziari con questo tipo di famiglia aereonavale progettato per 70 a 110 posti.

Le consegne dei primi 15 Jet E-175 so-no previste per il gennaio 2006. Offriranno il maggior conforto possibile ai 73 passeg-geri delle due classi. I nuovi aerei hanno 9 poltrone nella classe Esecutiva e 64 nella Hospitality, che offrono un sistema di sva-go a bordo con visori individuali per tutti i passeggeri. Gli aerei E-190 ordinati dalla Air Canada hanno 93 poltrone.

Il 30 settembre 2005, la famiglia E-170/190 aveva 427 ordini confermati e 383 optativi. La versatilità ed effi cienza operativa e la grande cabina di questi jet, permettono di operare nei più diversi mer-cati mondiali.

Gli E-Jet della Embarer volano oggi con i colori dell’Alitalia, LOT, US Airways, Uni-ted, Delta, Cirrus, Air Canada, Paramount Airways, Hong Kong Express e Finair.

Nel mese di novembre, la Jet-Blue degli USA renderà operativi i primi viaggi commer-ciali degli E-190, con 100 posti, e la Copa Airlines del Panamá riceverà il primo E-190 con 90 poltrone (Venceslao Soligo).

Il sindaco di Barra da Piraí, nell’entroterra dello stato di Rio de Janeiro, Luiz Anchi-

te ha ricevuto il 29 ottobre scorso la visita del console generale d’Italia a Rio, Massimo Bellelli. Nell’occasione è stata fi rmata una convenzione che include la lingua italiana nel programma scolastico della regione a partire dal 2006. Oltre a questo accordo è stato fi rmato un progetto di gemellaggio con la città di Paola in Italia.

È già stato fi ssato il giorno d’inizio della 27ª edizione della Festa dell’Uva 2006,

a Caxias do Sul. L’evento, uno dei più im-portanti nel sud del Brasile, avverrà tra il 17 febbraio e il 5 marzo. Nel 2006, saranno commemorati i 75 anni dell’evento. Caxias do Sul, culla della colonizzazione italiana nello Stato, è localizzata nel cuore della Serra Gaúcha a 130 chilometri da Porto Ale-gre. È la seconda città più importante del RS, con 400 mila abitanti ed offre un’ampia rete gastronomica, di alberghi e turistica.

Il parrucchiere più richiesto tra gli ar-tisti brasiliani, Wanderley Nunes, ha

partecipato, il 30 ottobre, al AD Mila-no (Architects of Design Milano) – pro-mosso dall’impresa italiana di cosmetici ALFAPARF – al Club Monte Líbano, a Rio de Janeiro. All’evento, Wanderley ha presentato i tagli e le colorazioni che saranno i look della prossima estate. Presente in più di 80 paesi, la ALFAPARF Milano è uno dei leader internazionali in prodotti professionali per parrucchie-ri con rivendite nei migliori saloni di bellezza del mondo.

ELEZIONI 2006: CONSOLATO INFORMA

Sono iniziate le prime procedure volte a permettere agli italiani residenti all’estero di votare in occasione delle prossime elezioni politiche nel 2006. In particolare è già operativa la pri-

ma fase, fi nalizzata all’esercizio del diritto di opzione. Si ricorda infatti che i cittadini residenti all’estero possono esercitare il diritto di opzione al voto in Italia entro il 31 dicembre 2005 dan-do comunicazione scritta all’uffi cio consolare responsabile. Per tale scopo è disponibile un mo-dulo da compilare presso il Consolato Generale per chi intendesse votare in Italia anziché nella circoscrizione di residenza. Gli elettori sono inoltre invitati a tenere informato l´uffi cio consola-re a riguardo della propria situazione anagrafi ca e di ogni eventuale cambiamento di indirizzo, al fi ne di garantire il diritto-dovere del voto alle prossime elezioni politiche.

Il Console Generale Massimo Bellelli

Durante il mese di ottobre quasi 600 discendenti trentini hanno

presentato la domanda di cittadinan-za italiana, presso il vice-consolato italiano di Vitória. Il governo italiano in una recente legge ha dato tempo fi no al 31 dicembre 2005 a chi avesse origini austriache di una particolare regione trentina. Inevitabile la corsa.

Il nove novembre, rappresentanti del Consolato di Rio de Janeiro tor-neranno alla regione per concludere il processo di cittadinanza. In questo frangente, il console generale d’Italia di Rio, Massimo Bellelli fi rmerà com il governatore di Vitória, Paulo Har-tung, un convegno per l’inclusione della língua italiana nel curriculum scolastico delle scuole pubbliche, nel 2006.

Circa 350 persone hanno parteci-pato all’evento “Ainda vale a pe-

na sonhar”, tributo all’italiano Pietro Mancini, arrestato dalla Polizia Federal in settembre. La manifestazione è stata realizzata il 25 ottobre, al Circo Voador, alla Lapa, Rio. Secondo Paola Vellucci, la moglie di Mancini, lo show è servito per raccogliere fondi al fi ne di pagare le spese processuali. Presenti all’even-to nomi come Beth Carvalho, Ivo Lan-cellotti e Ricardo Petraglia. Mancini, che sta ancora nel centro di custodia, aspetta la sentenza del STJ, che dovrà uscire alla fi ne di questo mese.

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Giordano Iapalucci

Il caffè: una pianta, un chicco, una bevanda, un piacere da gustare da soli o in compagnia; la mattina con gli occhi ancora mezzi chiusi o la sera per gli instancabili visitatori della notte.

L’ambrosiaCultura

CAFFÈ E CURIOSITÀ

1511 - Kair Bey, governatore della Mecca per conto del sultano d’Egitto, proibisce la vendita di caffè, chiude le case del

caffè e impone che tutto il caffè venga bruciato. Segue una settimana di

terrore, ma in realtà nessuno rispetta l’editto e alla fi ne

il sultano del Cairo - egli stesso grande bevitore di

caffè - denuncia l’eccesso di zelo del suo sottoposto e fa

revocare l’editto.

TENDENZE NEL CONSUMO DEL CAFFÈIl caffè è la bevanda più consumata al mondo dopo l’acqua: 2,5 miliardi di tazze al giorno

Nell’arco di una giornata, mediamente il 49% della popolazione italiana beve caffè

Gli uomini bevono più caffè delle donne (1,7 tazze al giorno contro 1,5)

I più grandi bevitori di caffè consumano una media di 3,3 tazze di caffè al giorno

Il 37% beve caffè “solo”, mentre il 63% aggiunge qualche tipo di edulcorante e latte o panna

Il caffè normale costituisce 87% del totale, mentre il solubile solamente il 13%

Il 57% del caffè è consumato a colazione, il 34% tra i pasti ed il 13% fuori pasto

Di qual paese è originario, prima di arri-vare in quello che sarà poi il più grande produttore del mondo, il Brasile; come nasce l’espresso, icona italianissima,

sinonimo di rapidità, ma sopratutto di qualità nella degustazione? Attualmente il vecchio con-tinente è il maggior consumatore pro—capite di caffè all’anno. Può sembrare strano, ma chi gui-da la classifi ca sono gli scandinavi con 10 kg al-l’anno (la sola Finlandia arriva a 13kg). L’Italia, insieme a Olanda e Germania seguono con 7 kg, mentre il Brasile ne consuma “solo” 5 kg.

UN PO’ DI STORIAPoter raccontare con precisione dove, quando e come nasce il caffè non è cosa semplice. Le sue radici si perdono nella notte dei tempi. Gli stu-diosi concordano però sul fatto che la pianta sia originaria dell’altopiano etiopico, la regio-ne del Kaffa, dove si incontra ancora allo stato spontaneo sopra i 1000 metri e dove si coltiva da oltre 10 secoli. Anticamente, però si man-giava solo il frutto e non il seme. Nonostante l’assonanza, il nome della pianta e della bevan-da non derivano da questa località, ma dalla parola araba qahawa, che signifi ca “bevanda a base vegetale”.

I manoscritti più antichi che menzionano il consumo dei frutti di caffè al naturale sono yemeniti e sono datati 575. Anticamente però si mangiava solo il frutto e non il seme. L’uso di bevanda aromatiche con i semi tostati e ma-cinati è infatti da addurre agli arabi.

— La leggenda narra di un pastore abissino del secolo VIII, di nome Kaldi, le cui capre rima-nevano agitate giorno e notte. Il saggio del paese, interpellato dal capraio, capì che la causa di tanto eccitamento erano le ciliege (cosi si chiamano i frutti del caffè) di un certo arbusto di cui gli ani-mali si cibavano. Nacque così la rudimentale be-vanda nera preparata all’inizio per infusione delle stesse bacche in acqua fredda. Solo successiva-mente i chicchi vennero fatti bollire per ricavarne una bevanda più aromatica — racconta Jair Coser, il presidente della Unicafè, la più grande impresa di esportazione di caffè del mondo. L’essicazione e la tostatura dei frutti, prima di essere macinati, passarono a far parte della cultura del caffè solo nel XV sec. Le piante di caffè incominciano a viag-giare per il mondo: inizialmente verso la Turchia, la Siria, e di qui verso Baghdad e la Persia.

IN BRASILELa pianta dalle bacche rosse, in Europa, era già conosciuta da circa un secolo quando nel 1727 il colonnello Francisco de Mello Palheta riuscì a portarne qualche seme in Brasile. L’uffi cile fu mandato nel 1727 nella Guinea Francese per avere dei semi del pregiato frutto. Si trattava di una operazione piuttosto ardua sapendo che i francesi, come chiunque altro, non ci avrebbe-ro certo rinunciato per farsi sottrarre i preziosi chicchi. La leggenda narra che Palheta affascinò la moglie del governatore francese, la quale na-scose alcuni semi in un mazzo di fi ori. Sottratti e portati in Brasile, i chicchi hanno dato vita all’importante coltivazione che andò a sostituire l’estrazione dell’oro e lo sfruttamento della can-na da zucchero nell’era post-coloniale.

Fu cosi che, appena iniziò la coltivazione, le piantagioni di caffè portarono al disboscamento della Mata Atlântica. Non sarebbe rimasto mol-to della maggior foresta del mondo, quella del-la Tijuca, a Rio de Janeiro, se non fosse per il processo di rimboschimento che la recuperò dal-l’avanzamento delle piantagioni nel sec. XIX.

— La corte imperiale era qui a Rio e quindi inizialmente venne piantato nella Valle del Rio Paraíba, nelle città di Vassouras, Valença, Con-servatoria. Vi sono ancora delle bellissime fazen-

arabicadas che ricordano il periodo dei baroni del caffè in un circuito turistico di straordinaria bellezza — spiega Jair Coser.

I primi sacchi di caffè furono caricati sulle navi nel 1779 con un’insignifi cante quantità di 79 arrobas (1 arroba=14,689 kg), per arrivare nel 1806 a 80.000 arrobas.

— Le piantagioni sono state trasferite ne-gli anni successivi nel Planalto Paulista e nello stato di Minas Gerais. La regione di Rio non era proprio la più adatta visto che era montagnosa, accidentata e con molti declini. San Paolo è un altipiano e con un clima eccellente — ha com-mentato Coser.

Città come Campinas e Ouro Preto, solo per citarne alcune, sono fi orite sulle ali del commercio del caffè, intorno alla strada fer-rata che le collegava ai porti della costa. Nel corso del XIX secolo il caffè andò a sostitui-re la canna da zucchero quale voce principale delle esporta-zioni del Brasile, ma a cau-sa della gelata del 18 luglio 1975, che decimò e pregiudicò tutta la caffecultura, concen-trata sopratutto nel Paranà e in San Paolo, le coltivazioni sono stata trapiantate più a nord come nello Stato di Mi-nas Gerais (che attualmente detiene il 50% della produzio-ne brasiliana), Espirito San-to (25%), Bahia e Rondonia (5%). Una coltura di cui il Brasile detiene ancora la mag-gior produzione mondiale.

L’IMPORTANZA DEL CAFFÈ NEL PAESE SUDAMERICANOIl caffè per più di un secolo è stato il grande motore dell’economia brasiliana. Questo fi no a quando la monocultura del caffè ha lasciato il passo ad altre coltivazioni come quella della soia e dell’arancia o allo stesso allevamento di bestia-me nel sec. XX. Nonostante rappresenti solo il 3% delle esportazioni brasiliane attuali e quindi, da un punto di vista economico e fi nanziario, abbia perso una certa importanza, socialmente parlan-do il caffè è sempre stato ed è tuttora fonda-mentale: è il settore agricolo che più applica ma-nodopera permanente in un’unita d’occupazione che raggiunge gli 8 milioni di lavoratori.

Il caffè in Brasile compie quasi 280 anni e in tutto questo tempo il paese sudamericano è sempre stato il maggior produttore e esportatore di caffè nel mondo. Nella classifi ca del consumo mondiale i brasiliani perdono solo dagli statuni-tensi, che bevono 20 milioni di sacchi contro i 16 milioni del Brasile. Ma, come analizza il di-rettore della Unicafé, — se la tendenza rimane quella degli ultimi 7 anni credo che da qui a qualche anno diventeremo noi il maggior con-sumatore di caffè. Il consumo mondiale aumen-ta del 2% all’anno. Questa maggior domanda di caffè probabilmente solo il Brasile sarà capace di coprirla visto che è l’único paese che coltiva tutte le varietà di caffè che esistono al mondo.

— Oltre a questo abbiamo la migliore tecno-logia, i più alti livelli di produttività, manodo-

pera economica ed una topografi a molto buona per la coltivazione — conclude Coser.

TRA IMMIGRAZIONE E INTEGRAZIONE“Il preannuncio dell’abolizione della schiavitù co-me conseguenza delle leggi abolizioniste e la pos-sibile evasione degli schiavi dalle fazendas, già consigliava, nel 1880, l’immigrazione di lavoratori europei per la coltivazione di caffè, previlegiando gli italiani”. Così lo storico Julio Cesar Vanni, parla dell’inizio dell’immigrazione italiana nelle pianta-gioni di caffè in Brasile. E cosi è stato. Dal 1870 al 1913, furono circa 1.291.000. Chi arrivava dal-l’Italia aveva generalmente il viaggio già pagato dal governo dello stato brasiliano e un contratto

fi rmato per l’acquisto e la lavo-razione della terra.

Spesso il pezzo di terra era promessa vana e l’immigrante italiano si trovò spesso a fare i conti con una mentalità anco-ra di stampo schiavista. I sa-crifi ci e i risparmi di molti ita-liani dettero la possibilità che il sogno di un pezzo di terra diventasse realtà e li faces-se uscire dalla condizione di proletario. Gli italiani, esperti agricoltori, non sapevano però coltivare il caffè. Fu in questo che ricevettero un importante sostegno dagli ormai ex-schia-vi che rimasero nelle fazendas. Allo stesso tempo gli italiani non riservavano critiche alla monocultura del caffè a cui i fazendeiros dedicavano tutta la loro attenzione, in quanto la più redditizia. — Il solo caffè

non sosteneva nessuno a livello nutrizionale e fu così che gli italiani incominciarono a pianta-re tra i fi lari del caffè altre piante come fagioli, patate e altri legumi. Tra i grandi personaggi ita-liani che hanno fatto la storia dell’economia, con particolare accento alla coltura del caffè, risalta Francesco Matarazzo con le sue fazendas nello stato di San Paolo — racconta Vanni.

IL CAFFÈ: COS’È La pianta del caffè, chiamata Coffea, deriva dal turco kahvè, trasformazione, a sua volta, del ter-mine arabo qahwa. Si tratta di un arbusto sem-preverde della famiglia delle Rubiacee caratteriz-zata da piccole bacche verdi a forma di ciliegia che, dopo 6-7 mesi, maturano e diventano di colore rosso acceso. In un anno si può arrivare a raccogliere anche fi no a 6 kg di bacche, che dan-no approssimatamente circa 2kg di chicchi. Que-sti, due per ogni ciliegia, sono circondati dalla polpa e protetti da una membrana pergamenacea detta “pergamino”.

Per diventare la polvere scura che utilizzia-mo comunemente per preparare il nostro caffè, i chicchi devono essere estratti dal frutto, selezio-nati accuratamente, miscelati ed infi ne tostati e macinati. Il processo di estrazione dei grani passa attraverso l’immersione dei frutti in acqua per facilitare la separazione dalla polpa. I semi sono poi seccati al sole ed infi ne passati in una decorticatrice per eliminare la pellicola argentea

“Bevo quaranta caffè

al giorno, per essere ben sveglio e pensare,

pensare come combattere i tiranni e gli

imbecilli”VOLTAIRE

Secolo XVII - Quando il caffè arrivò in Italia, fu boicottato da alcuni cristiani fanatici, che credevano che la bevanda

fosse una “invenzione di satana”. Quando papa Clemente VIII lo provò ne rimase così affascianato dal gusto che

decise di benedirlo, facendolo diventare una bibita cristiana.

1674 - La nera e amara bevanda causò una buffa

diatriba quando un gruppo di donne

inglesi fi rmarono una petizione secondo

la quale il caffè rendeva i loro uomini poco interessati al gentil sesso. Pronta fu la

risposta degli uomini con la pubblicazione della storia di Maometto, secondo la quale,

ricevute in dono delle bustine di caffè dall’arcangelo Gabriele, in una sola notte rese

felici ben quaranta donne.

1683 - La grande diffusione in Europa si fa risalire a

dopo la sconfi tta delle truppe turche in assedio

a Vienna. I Turchi, ritirandosi, lasciarono

grandi quantità di caffè agli Austriaci, che

cominciarono così ad apprezzare, aggiungendovi latte o panna, il

gusto di questa bevanda.

1715 - A Londra, ce ne sono già più di 2000. Anche in Europa si solleva

una vivace opposizione: le “case del caffè” diventano centri di raduno e di incontro guardati dai governi con

estremo sospetto, e non del tutto senza ragione, se si pensa che il Café

Procope di Parigi, aperto nel 1686, potrebbe quasi essere considerato la

culla della Rivoluzione francese.

1683 -in Europa si fa risalire a

truppe turche in assedio

grandi quantità di caffè

felici ben quaranta donne.

1683 -in Europa si fa risalire a

truppe turche in assedio

grandi quantità di caffè

Nel 1732 J. S. Bach scrive la famosa “Cantata

del Caffè”, ispirata alle proteste popolari per gli

alti prezzi e le restrizioni.

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del pergamino. Si ottiene così quello che comu-nemente viene chiamato “caffè verde” di cui il Brasile è il grande esportatore. L’Italia ha una grande tradizione nei processi successivi che so-no quelli della miscelazione e di torrefazione.

La creazione di blend, ovvero di miscele, è un passaggio molto importante per il risultato di un buon caffè. Esistono infatti due grandi famiglie di Coffea: la Coffea Arabica, considerata l’aristocrazia del caffè, preziosa per la deli-catezza dell’aroma, piantata dappertutto, e la Coffea Ca-nephora, comunemente det-ta Robusta, più economica e meno pregiata con un tenore di caffeina anche quattro vol-te superiore alla prima. Co-me spiega Rodolfo Teichner, proprietario dell’omonimo caffè – il robusta è prodotto intorno ai 5-6 milioni di sac-chi ed è, proprio come dice il nome, più robusto, si amma-la meno e dà meno problemi, però non ha tanto profumo o sapore, ma dà il colore nero e la cremosità. Si può dire che è come un imbastar-dimento del caffè e il blend varia da 10% a 50% di robusta. Quando è superiore, il caffè è amaro e cattivo. L’arabica presenta un chicco tondarello e convesso rispetto all’altro che è più schiacciato e piatto ed è l’anima del caffè buono — sottolinea l’imprenditore italiano.

Le miscele vengono composte prima del-la tostatura con chicchi di queste due qualità di Coffea, ma differiscono da paese a paese a seconda dei gusti che un popolo ha, ma anche e soprattutto dal potenziale di acquisto. Come spiega Jair Coser, nel Nord-Europa, dove c’è più ricchezza, i blend sono composti da una percen-tuale di arabica maggiore rispetto per esempio al sud d’Italia. La miscela dipende molto dal prezzo di mercato. Prima dell’entrata sul mer-cato mondiale di quello che poi è diventato il 1º produttore mondiale di robusta con 14 mi-lioni di sacchi, ovvero il Vietnam, il consumo di arabica era dell’80%. Con l’entrata sul mercato di questa gran-de quantità di robusta ad un prezzo molto basso siamo passati, in questi ultimi anni, ad un 64% di arabica e 36% di robusta.

— Il gusto del caffè è cambiato poco poiché il robusta ha un gusto neutro ma in qualche modo il caffè non è così buono come prima — con-clude Coser.

Il caffè, eccellente tonico, contie-ne sostanze grasse, glucosio, un acido libero (acido caffetannico), proteine, composti minerali e un alcaloide di costituzione chimica complessa simile a quello del tè e del cacao: la caffeina. Si tratta di uno stimolante psichico, cardiaco e respiratorio che facilita il lavoro intellettuale e rende attiva la memoria. Altre qualità riscontrate in molte persone, il caffè combatte la stanchezza muscolare, come quella di

IL CAFFÈ ESPRESSO IN ITALIA56% dei bevitori di caffè sono uomini

81,1%dei bevitori di caffè bevono fi no a tre caffè al giorno

57,3% la percentuale degli italiani che beve il caffè in compagnia

22,2% degli italiani consuma almeno una tazzina quotidiana al bar

45,2% è la fetta maggiore di consumatori da bar che curiosamente abita al Nord

75,2% dei caffè vengono bevuti prevalentemente nella fascia mattutina

74% dei bevitori di caffè preferiscono l’espresso

1.65 il numero di tazzine mediamente consumato ogni giorno da un adulto al bar

70Milioni le tazzine consumate ogni giorno in Italia

20.000 miliardi il giro d’affari annuale dell’espresso nella nostra penisola

agire contro l’emicrania e stimolare le funzioni re-nali. Ma attenzione, l’uso eccessivo può provocare insonnia, irrequietezza e respiro affannoso.

IN EUROPANel vecchio continente, il caffè fa la sua com-parsa nel XVI sec. grazie ad alcuni commercianti olandesi che avevano trafugato dall’Arabia dei

semi di “ambrosia arabica” — così, all’inizio, si chia-mò il caffè, come anche “vino d’Arabia”. I sacchi di caffè partivano da Gedda e, attraverso Suez e Alessan-dria, raggiungevano le coste italiane e francesi. I vene-ziani, già intorno al 1615, incominciarono ad importa-re i preziosi carichi dall’Ara-bia per i nobili lagunari e la prima “Casa del Caffè” nasce proprio nella città delle gon-dole nel 1645. In Italia di-ventano famosi e importan-ti centri culturali, punti di incontro di artisti, politici, uomini d’affari ma anche di

incontri e scambi, riservati all’ozio, al piacere e a quattro chiacchere, come le Botteghe del caffè di Venezia. Questi locali troveranno la loro mas-sima diffusione nel XVIII sec. con i famosi Caffè di Vienna, Parigi.

Proprio quest’anno si festeggiano i 150 an-ni dall’invenzione della 1ª caffettiera di origini francesi. Aveva la struttura di una locomotiva dove c’era una caldaia con il fuoco sotto che utilizzava il sistema della gravità per far uscire la preziosa bevanda. La pianta dai frutti rossi già dal XVI sec. è incominciata ad essere apprezzata anche per le sue qualità terapeutiche, descritte in una importante opera di Prospero Alpino: De Plantis Aegypti (1592). Il crescente mercato di consumo europeo ha portato all’espansione del-le piantagioni in paesi africani, sudamericani e generalmente dove i climi e i terreni delle colo-nie europee ne valorizzavano le qualità.

Perché quando si parla di caffè espresso si pensa immediatamente all’Italia? La risposta sta nel fatto che chi inventò la macchina per il caffè espresso (chiamato

in Brasile fi no a non tanto tempo fa café cremo-so) è stato proprio un italiano: Luigi Bezzera, che nel 1901, a Milano, costruì la Tipo Gigante. Il nome dice tutto sulle dimensioni della mac-china. Si trattava di una caldaia con un dop-pio rubinetto dotata di una valvola di sucurezza ed un manometro posti alla sua sommità. Ogni tazza veniva preparata individualmente. Il pro-blema da superare era che quando il vapore rag-giungeva una temperatura superiore ai 100 gradi il caffè prendeva sempre un gusto di bruciato.

— Questo signore aveva capito che l’acqua non doveva arrivare a 100 gradi ma a 92º. Ha quindi creato un sistema dotato di termostato in maniera tale che l’acqua rimanesse a 92º. Tutta la parte in cui il caffè circola è calda, per cui l’acqua che arriva non cambia di tempera-tura dalla caldaia fi no al momento dell’uscita.

...espresso: icona italiana

“Il caffè buono è quello

all’inizio. Per questo più basso è, più

buono risulta al palato”

RODOLFO TEICHNER

Non diventa né 89 né 95, ma rimane a 92º — conclude Rodolfo Teichner.

Come intuibile, la parola espresso viene dalla necessità di consumare la nera bevanda in tem-pi ristretti, ma senza che questa vada a decre-mento della qualità. In questo senso la penisola italica ha delle radici molto antiche nella pratica del consumo rapido di cibi e bevande fuori di ca-sa. Chissà se questa necessità è rimasta nel dna degli italiani, visto che già nell’antica Pompei esistevano quelli che potremmo defi nire i primi bar: i thermopolium, ovvero dei veri e propri balconi con dei buchi dove i pompeiani serviva-no pasti e bevande calde da consumarsi in pie-di. E allora si può vedere una certa analogia sul fatto di veder nascere proprio in Italia la prima macchina da caffè espresso.

Il segreto, poi, del caffè espresso sta proprio nella crema che trattiene le sostanze volatili, evitando che esse si disperdano immediatamen-te dopo la preparazione della bevanda. — Una tazza ottimale di caffè espresso deve quindi possedere un corpo elevato, un retrogusto per-sistente, un gusto e un aroma intensi e una cre-ma compatta — afferma Teichner.

LE QUATTRO “M”Chissà quanti italiani all’estero si sono chiesti il perché sia così diffi cile tro-vare un posto dove gustare un caffè espresso uguale a quello del bar sotto casa. Eppure le macchine sono italia-ne! Come spiegano gli “scienziati del caffè” in Italia, per ottenere un caffè espresso con la “C” maiuscola sono ne-cessarie le 4 “M”. Ovvero: la miscela, il macinino, la mano e la macchina.

— La miscela in Italia, rispetto per esempio al Brasile, cambia in grammatura e granulometria. In pratica viene macinato più fi ne, spiega Teichner; per far passare più lenta-

mente l’acqua attraverso la polvere. Questa non è formata altro che da palline che si gonfi ano e da cui vengono estratte delle sostanze nobili. Una volta terminato questo processo non rima-ne che “legno”. Il caffè buono, quindi, è quello all’inizio. Per questo più corto è, più buono ri-sulta al palato — spiega Teichner.

Il macinino manuale, ormai sostituito da mo-derni macchinare, è diventato un elemento in via di estinzione. Non se ne trovano praticamente più indiro e chi ce l’ha lo tiene strettono come un ele-mento da museo. L’importanza che questo aveva era proprio nel dare la freschezza della polvere appena macinata e subito consumata.

La “mano”, poi, non è di poco conto. Fino a pochi anni fa esisteva nei bar il “banchista”, una persona il cui compito era solo ed esclu-sivamente quello di fare caffè, quindi un lavo-ratore altamente specializzato. Generazioni di famiglie, nonni, padri e fi gli andavano al bar dove il banchista era sempre lo stesso.

Ma la soluzione a tanta insoddisfazione degli appassionati che viaggiano nel mondo alla ricerca del caffè corto del bar sotto casa sembra essere arrivata con la scomparsa, incredibile ma vero, della fi gura dell’operatore. La rivoluzione, in que-sto senso, è data dall’avvento delle macchinette a capsule con le quali il caffè è uguale per qualsia-si persona che prema il pulsante. — La maggior fabbrica di tutte le Americhe nella produzione di capsule per caffè espresso, con sede a Rio de Janeiro, ne ha prodotte dal 1998 circa 85 milio-ni. Ogni capsula ha bisogno di meno caffè (7gr) rispetto al “cafezinho” normale (10gr) con una qualità di altissimo livello. La capsula, è rivestita da una pellicola di polietilene e alluminio. Il tut-to viene pressurizzato con azoto e nitrogenio per non ossidare il caffè. — spiega Teichner

Un buon caffè non si rifiuta mai, se poi non vi è tempo, ad un espresso non si può certo dire di no

CAFFÈ E CURIOSITÀ

2ª metà del secolo XVIII - Senza volerlo fu re Gustavo III di Svezia che provò al mondo “l’innocenza“ di questa bevanda e che se ne poteva bere in gran quantità, senza star male. Il re infatti fi rmò una condanna a morte da eseguirsi mediante somministrazione di caffè. Si racconta che, nonostante le cospicue dosi, i due colpevoli vissero fi no a più di 80 anni. E così la bevanda fu assolta.

XVII sec. Luigi XIV e il suo successore ne fanno un monopolio suscitando proteste popolari per i prezzi troppo alti, e i consumi crollano. Le cortigiane di Luigi XIV iniziano a correggere l’ambrosia arabica con zucchero, miele, panna, distillati, latte montato a vapore (da cui derivò il cappuccino).

1848 - Nelle cinque giornate di Milano il consumo di caffè aumento notevolmente, al punto di sostituire il consumo dei sigari di monopolio austriaco.

Nel 1861 l’architetto Jean Baptiste Toselli, francese d’origini italiane e con residenza a Parigi, brevettò la propria cafetière locomotive. Qualche tempo dopo nasce

la ‘napoletana’ e, successivamente, la Moka, utilizzata fi no ad oggi.

1901 - Luigi Bezzera brevetta la prima macchina del caffè espresso: la Tipo Gigante, precursora delle moderne macchine da bar. Qualche anno dopo Desiderio Pavoni ne acquista il brevetto ed inizia la produzione in serie delle macchine di caffè espresso nell’omonima fabbrica.

Nel 1970 nacque la rivista illuminista “Il caffè”, ideata da Pietro Verri, elogiando la bevanda come ispiratrice dell’evoluzione del costume e della cultura.

1991 - Illycaffè promuove il Premio Brasile per la Qualità del Caffè Espresso, creato per sensibilizzare e incentivare i produttori ad accrescere la qualità del proprio prodotto,

garantendo così l’approvvigionamento della materia prima di altissimo livello.

E così la bevanda fu assolta.

Luigi XIV e il suo successore ne fanno un

cortigiane di Luigi XIV iniziano

Luigi XIV e il suo

brevetta la prima macchina Tipo

, precursora delle moderne macchine da bar.

Rodolfo Teichner, proprietario dell’omonimo caffè

Jair Coser, presidente della Unicafé

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Cultura

zer até mesmo que a unifi cação da Itália, foi tra-mada entre um gole e outro de café.

O velho Cova, fora os períodos das guerras, era (e continua sendo) pólo de atração cultural e política. Parlamentares, escritores, editores, artistas e músicos, anônimos ou famosos batiam ponto no balcão do caffe para conhecer as no-vidades, os últimos lançamentos. Hoje, o local ainda é ponto de badalação mundana, de lan-çamentos de livros, e as distintas senhoras da “Milano Bene” não abrem mão do chá das cinco no salão chic do Cova.

— Venho aqui sempre que posso. Este é um local charmoso, bonito, tranqüilo e que freqüen-to desde menina — afi rma uma cliente que pre-feriu não se identifi car.

A família Cova o administrou durante três ge-rações consecutivas. E sempre manteve a mesma qualidade da prestação de serviços e no preparo dos bolos e das tortas. Sim, além de caffe, o Cova é uma paticceria e confetteria. As receitas anti-gas foram mantidas depois da passagem do Caffe

para a família Faccioli, em

1988. E outras, abando-nadas no meio do cami-nho, foram recuperadas pelos novos proprietários criando uma histórica ponte, construída por aro-mas e sabores, ligando os séculos XIX e XX.

Uma das principais atrações do Cova é a torta Sacher [receita aus-tríaca] de incomparável sabor e com os segre-dos da sua culinária trancados a sete chaves e apenas de conhecimento de quem a prepara. A única informação divulgada é que do cacau da América do Sul é que se faz o chocolate. Os fru-tos são super-selecionados e depois preparados nos laboratórios do Cova, em Milão. O “panet-tone” é outro famoso “prato de resistência” do Caffe Cova. Com tantos docinhos e biscoitos seria até natural que o café fi casse em segun-do plano. Mas isso não acontece. A tradição do local é grande e as portas estão sempre aber-tas para o mais “mortal” dos clientes, disposto a desembolsar ate dois euros por uma simples tacinha de café. a desembolsar ate dois euros por uma simples

Sofisticação semelhante a da Confeitaria Colombo, no Rio de Janeiro

Milão — Uma pequena parte da história de Milão está no meio de vestidos, ter-nos, bolsas e sapatos das mais impor-tantes grifes italianas e estrangeiras.

Entre uma compra e outra, os freqüentadores do quadrilátero da moda, no centro da cidade, fazem uma pausa para entrar no Caffe Cova e beber uma tacinha do ouro negro em pó. E, em meio a toda a modernidade que o rodeia, o tradicional bar re-siste ao futuro mantendo-se fi el ao passado.

Os lustres de cristais, os candelabros nas mesas, as corti-nas de veludo, a decoração pas-tel, os quadros renascentistas e afrescos nas paredes, os gar-çons vestidos com uniformes de um branco ima-culado com gravatas borboleta — num enorme contraste com as roupas dos clientes fashions — parecem ter saído do túnel do tempo. O que não deixa de ser verdade. O Caffe Cova foi funda-do em 1817 por Antonio Cova, um ex-soldado de Napoleão — e está localizado na esquina da Via Montenapoleone e Sant’Andrea. Mas no começo se

chamava Caffe del Giardino e era bem perto do te-atro La Scala. A mudança de endereço e de nome ocorreu apenas em 1950, durante a reconstrução do Caffe, parcialmente destruído pelo bombardeio inglês sobre a cidade na Segunda Guerra mundial.

O Cova, como é chamado na intimidade pelos freqüentadores mais antigos, está a poucos me-tros da catedral do Duomo e do teatro La Scala. A presença entre os dois símbolos da cidade, a

importante igreja gótica e o palco mais famoso da opera lírica, o transformou naturalmente num ponto de encontro de celebridades. Pelas mesas do Cova passaram o maes-tro Arturo Toscani-ni, os compositores Giuseppe Verdi e Puccini, mas antes deles sentaram-se por lá os revolu-cionários Garibaldi, Cairoli e Mazzini. E

não por acaso o Cova serviu de centro de resistência na Guerra contra os austríacos, em 1848. No Cova teria sido arquitetado o plano para ex-pulsar os invasores e que da-ria origem aos míticos Cinque Giornate. Ou seja, se pode di-

‘unificou’ a ItáliaGuilherme Aquino

Correspondente • MILÃO

Com mais de 150 anos, o Caffe Cova é um arquivo da história cultural de Milão

Um café que

Cultura

Impossível ir à Milão sem apreciar um café no Cova

Sentaram-se por lá os

revolucionários Garibaldi, Cairoli

e Mazzini

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spiegava il modo per comprenderlo. Il nostro è da intendere come un teatro d’innovazione, di speri-mentazione e di ricerca — spiega Di Buduo.

A Casa d’Italia, il direttore dell’IIC-RJ, Fran-co Vincenzotti ha messo in risalto come l’ap-puntamento fosse un momento sia di difesa del-l’identità della lingua italiana nel momento in cui in Europa si tende a privilegiare altre lingue, come anche di rilancio delle identità regionali.

— La lingua gode tuttosommato di un mo-mento felice. Nel senso che gli italoparlanti non sono in declino. Ne sappiamo qualcosa noi del-l’IIC che vediamo gli iscritti aumentare ai cor-si di italiano italiana — ha commentato il direttore. Al-lo stesso tempo il console Ernesto Bellelli ha manife-stato il suo compiacimento, che poi è quello di tutta la comunità italiana di Rio, nella concessione da parte

del presidente della repubblica Carlo Azeglio Ciampi, della Stella della Solidarietà per ricono-scimenti nella lingua e cultura italiana a Marco Lucchesi, Lanfranco Vatelli, Marina Colasanti e Amelia Lopresti.

— Molti dei premiati di questa onorefi cienza sono stati dello stato di Rio. Questo a conferma che Rio de Janeiro rappresenta, in tal senso, la capitale anche della cultura italiana — ha mes-so in risalto Bellelli.

Durante i 6 giorni di programmazione sono in-tervenuti Mauro Porru (UFBA) il quale ha parlato su “La lingua italiana tra narrativa e cinema dagli anni settanta ad oggi”, con particolare accento su Luchino Visconti; Paolo Spedicato (UFSE) nel dialogo tra arte e letteratura con la proiezione del fi lmato sul Pontormo e Cristiana Cocco (UFF) in una analisi del cinema come strumento dell’inse-gnamento della lingua e della cultura italiana.

Si è parlato poi anche del dialogo tra linguag-gio e musica con la ex-cantante Paola Contavalli, la quale ha poi dato un saggio delle sue doti ca-nore nello spettacolo “Le parole cantate” sempre alla Sala d’Italia.

— Il mio spettacolo è una evoluzione della musica italiana dalla fi ne del 1800, con un lin-guaggio molto accademico e aulico, passando at-traverso le canzoni degli anni ‘20 e ‘30 e quella di Sanremo, un pò banale e superfi ciale. Tutto questo per arrivare al rinnovamento della musica italiana degli anni ‘60 sia nella forma come nei contenuti con il gruppo dei cantautori come De Gregori, Guccini, Dalla e De André. Si è trattato di una operazione colta perché ha portato al gran-de pubblico quella cultura umanistica che fi no ad allora era rimasta nelle mani di pochi — ha spie-gato la Contavalli.

Importante appuntamento con la Vª Setti-mana della Lingua e Letteratura Italiana nel Mondo. L’evento, promosso dal ministro Tremaglia 5 anni fa, coinvolge 89 Istituti di

Cultura in oltre 70 paesi del mondo. Protagonista principale è stato il cinema. Dal 21 al 28 ottobre si sono alternati professori e studiosi nell’analisi di come le opere della letteratura italiana si so-no trasformate in pellicole. In questo senso so-no state proiettate, lungo la settimana, fi lm che hanno preso spunto da testi letterari: “L’Innocen-te” di Visconti dall’omonimo romanzo di D’Annun-zio; “Buongiorno Notte” di Bellocchio, dal libro “Il Prigioniero” e “Io non ho paura” dal libro di Niccolò Ammanniti, sono solo alcuni esempi tra-smessi all’Ilha do Fundão presso l’Auditorio del Dipartimento di Lingue Neolatine.

L’apertura della Settimana è avvenuta con-temporaneamente al Teatro Planetario di Gávea e al 4º piano dell’Istituto Italiano di Cultura di Rio de Janeiro. Al teatro, la compagnia italiana Potlach ha proposto lo spettacolo “Planetario Brecht — La vita di Galileo Galilei” in cui, come ha spiegato il direttore teatrale Pino Di Buduo sono state analizzate le fi gure di Galilei e Brecht. — Come il primo osservava il fi rmamento e stu-diava le leggi che ne regolano i movimenti, così il secondo osservava il mondo nella sua epoca e ne

Giordano Iapalucci

Attori della Compagnia Teatrale Potlach al Teatro Clara Machado (Planetario di Gávea)

Quinta Settimana della Lingua Italiana

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Comportamento

Nayra Garofle

Inúmeros brasileiros oriundi ou apaixonados pela Itália estão fazendo do Orkut um palco de idolatria à Bota. Os cadastrados online do Brasil correspondem a 72% desta rede criada há quase dois anos por um jovem turco que queria simplesmente ter muitos amigos

Um ‘ti voglio bene’ virtualtória, de conhecer suas raízes. Eu mes-mo sou descendente e depois que en-trei no Orkut descobri uma comunida-de com o sobrenome de minha família. Até então, não tinha nenhum contato com outros Bassoli no Brasil – diz.

Muitos brasileiros também criam comunidades para tirar algumas dú-vidas sobre cidadania italiana. Como é o caso do webde-signer Ronny Saran, de 26 anos, neto de italiano. Há um ano ele resolveu passear na Itália. Conheceu Milão e Veneza e, apesar de fi car ape-nas quatro dias, aproveitou o ensejo para obter a certidão de nascimento do avô, impor-tante passo para dar entrada no registro de cidadania italiana. A tentativa foi frustrada. Regres-sou ao Brasil, sem esperanças. Até que um amigo, que mora na Inglaterra, foi à Itália para também adquirir sua cidadania. O cidadão teve sorte. Encontrou a “bendita” certidão do avô de Saran, que não estava em nenhum cartório, mas em uma igreja. Empolgado com a novidade, o web-designer criou a comunidade “Eu vou para Itália”, que tem — até o fechamento desta reportagem — 2780 pessoas cadastradas.

— A quantidade de pessoas em busca de infor-mações sobre cidadania e o fato de o Brasil possuir

um número muito grande de des-cendentes contribui para o sur-gimento de tantas comunidades no Orkut. Você pode notar que há muitas comunidades criadas para atender a demanda de dú-vidas dos brasileiros — afi rma Saran que espera — já com a certidão do vovô em mão - re-tornar à Península em 2006 para obter a tão desejada ci-dadania italiana.

QUERO ENTRAR NO ORKUT

• Para fazer parte do Orkut é necessário receber por e-mail um convite de alguém que já esteja cadastrado na rede. O sistema funciona mais ou menos assim: • Depois de receber o convite é a sua vez de efetuar o cadastro;• Com o cadastro concluído é possível criar um álbum de fotos;• Quando uma pessoa adiciona outra à lista de amigos, uma terceira pessoa pode também adicioná-la;• Declarar-se “fã” de um amigo, deixar mensagens, escrever um testemunho sobre ele também é válido; • Os usuários também podem criar as comunidades e, dentro delas, organizar fóruns de de-bates; • Para os curiosos, vale a pena fazer uma pesquisa entre os amigos. Com certeza um deles está cadastrado no Orkut. • Para ingressar no Orkut é necessário um endereço eletrônico no gmail e, então, é só pedir para enviar o convite para o seu e-mail. Quem sabe não surja com esse novo usuário mais uma comunidade relacionada à Itália?

‘Quero morar na Itália, mas por

enquanto é no Orkut que mato a saudade do país e da família’

BRUNO MICHELE PAPA, ESTUDANTE, 17 ANOS

Se o conceito de “viagem” mudou completamente com a chegada da Internet há 10 anos, o que dizer agora com o Orkut? Criada em 22 de janeiro de 2004 pelo engenheiro turco do site de busca Google, Orkut Büyokkokten, a comunidade virtual é mais que uma

sala de bate-papo ou uma home page. Com essa rede cresce também a oportunidade de divulgar preferências, gostos, opiniões e, sobretudo, fazer amizades. Há gente, por exemplo, com mais de mil amigos, como é o caso do compositor Léo Jaime. E simpatia parece ser coisa, defi ni-tivamente, de brasileiro. Sobre percentuais, não há como desconside-rá-los. Só as comunidades brasileiras representam impressionantes 72% dos cadastrados nessa rede, a febre online da vez. Se somos os mais simpáticos, herdamos isso de al-guém. Os primeiros imigrantes italianos deixaram esse legado para os seus 25 milhões de oriundi que vivem em solo brasileiro. Resultado: uma ode ao amor pela Itália invadiu o Orkut. São centenas de comunidades que idolatram a terra da pizza, do calcio e da tarantella.

O sistema funciona através de um convite de quem já faz parte, criando possibilidades para as

pessoas se conhecerem melhor e dividirem gostos em fóruns de debates publicados nas comunidades.

Essa paixão e a vontade de dividir experiências vividas do outro lado do oceano só têm feito o número de comunidades crescer. Até o fechamento desta edição, constatamos cerca de 300 comunidades relacionadas somente à palavra Itália. Sem contar as que utilizam termos alusivos como a Comu-nidade Italiana no Brasil, com mais de 29 mil membros. É uma relação de amor, saudade e interesse por este fantástico “mundo novo”. O número pa-rece pouco, mas não é. Pois essas comunidades são criadas por brasileiros e não por italianos. Segundo o site da Wikipédia, uma gigantesca enciclopédia

livre, o Orkut tem cerca de oito milhões de usuários, dos quais 5,6 milhões (72% dos cadastrados) são bra-sileiros. Apesar de o Orkut ser uma invenção turca, em abril deste ano os brasileiros ganharam uma ver-são em português, a primeira tradução do site. Em ju-lho foi disponibilizada uma versão para os italianos.

Para o psicólogo Arnaldo Bassoli, o Orkut abre no-vas portas para quem quer conhecer “outros mundos”:

— A imigração no Brasil é forte e o imigrante tem uma necessidade enorme de recompor sua traje-

idade: 17 anos

estado: São Paulo

comunidade: Sono innamorato dell’Italia

membros: 840 pessoas

idade: 18 anosestado: Rio de Janeirocomunidade: Fui pra Itália e quero voltarmembros: 320 pessoas

A estudante Marina Valverde Pagani, de 18 anos, cujo nome não nega sua ascendência, é criadora da comunidade “Fui pra Itália e quero voltar” e diz que a idéia surgiu depois de verifi car no Orkut que não existia uma comunida-de deste tipo.

— Acho uma boa idéia para que as pessoas possam compartilhar suas histórias, conhecer outras que já te-nham estado neste país tão fascinante! — contou a entusiasmada oriundi.

Filho de italiano, o estudante Bru-no Michele Papa, de 17 anos, pretende um dia mo-rar na Itália. Em sua comunidade, “Sono Innamorato dell’Italia”, há 840 pessoas.

— Toda a família do meu pai mora lá. Tento ir, pelo menos, uma vez por ano para visitar os parentes. Que-ro morar lá, mas por enquanto criei a comunidade para poder matar um pouco a saudade da Itália.

Esse é o propósito do Orkut: possibilitar a quem esti-ver na rede diminuir a saudade que sente de seus entes queri-dos; conhecer um outro país e um pouco sobre as histórias de tantas outras pessoas que já foram ou querem ir à Itália. Na rede, dividir experiências, expressar o amor pelo país e tirar algumas dúvidas são os temas mais abordados.

‘Resolvi criar uma comunidade dedicada a todas as pessoas que

estão indo para a Itália. Quem sabe

não formamos um grande

grupo?’RONNY SARAN,

WEBDESIGNER, 26 ANOS

OS AMANTES DA ITÁLIA

São diversas as comunidades relacionadas à Itália. Segue uma pequena lista com 9 delas:

• Italia Ti Amo• Brasileiros na Itália• Sono innamorato dell’Italia• Eu amo a Itália• Quero conhecer a Itália• Fui pra Itália e quero voltar• Eu vou para Itália• Busca de documentos na Itália• Comunidade Italiana no Brasil

idade: 26 anos

estado: São Paulo

comunidade: Eu vou para Itália

membros: 2780 mil pessoas

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toria

de

arte

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Buscar as raízes que nos desenham como cidadãos é, também, uma confi rmação de autonomia cultural, de, sobretudo, entendimento claro de que uma socie-

dade se faz com união entre povos. Todos têm, em alguns momentos de suas vidas, uma inexpli-cável vontade de resgatar um elo perdido com seus antepassados. Entrando no último ano de seu mandato à frente do estado do Rio de Janei-ro, a governadora Rosinha Garotinho resgatará, no primeiro semestre de 2006, suas origens da Sicília e de Roma, onde nasceram seus bisavós, com direito a uma esticada à Lombardia. O con-vite foi feito pessoalmente pelo cônsul geral da Itália no Rio, Massimo Bellelli.

Rosinha Garotinho não nega as origens, mas também reconhece a importância de um inter-câmbio do estado com a Itália sob aspectos em-preendedores e políticos:

— O povo italiano tem um espírito alegre, como os brasileiros. Identifi co-me com ele. Co-

nheço pouco a Itália. Só fui à Roma uma vez, mas de

tanto a minha bisavó

contar suas histórias guardei na memória um ca-rinho imenso pela Itália. Meu interesse é pesso-al, mas também pelo intercâmbio de turismo e de negócios que existe entre o Brasil e a Itália, em especial, com o Rio de Janeiro — antecipa a governadora.

Se depender do entusiasmo de Rosinha, o convite do Consulado será aceito:

— Na minha viagem à Roma, participei de um almoço ofi cial e parecia que estávamos no Brasil. Todos falavam ao mesmo tempo e, mes-mo assim, conseguiam se entender. Os italianos são um dos povos que têm mais semelhança com os brasileiros.

TOMA-LÁ-DÁ-CÁ TURÍSTICOSe no Brasil há exemplos como o da governa-dora oriundi, não é diferente o interesse que italianos têm pelas belezas naturais brasileiras. Entre 2004 e este ano, houve um crescimento de 25% da vinda de turistas italianos ao Brasil. O cônsul Bellelli assinala que, aproximadamen-te, 90 mil italianos estiveram por aqui no ano passado. Esse resultado motivou os operadores de turismo italianos a trazerem novos agentes ao país para participarem do congresso e feira da Associação Brasileira das Agências de Via-gens (Abav), que aconteceram em outubro, no Riocentro. Além de representantes da Sicília, que participaram dos eventos do ano passado, vieram em 2005 agentes da Lombardia, Sardenha, Piemonte e Veneto.

A própria governado-ra Rosinha, frisa Bellelli, fez questão de prestigiar o estande dos italianos na feira da Abav.

— É a primeira visi-ta que ela [a governa-dora] fez num estande estrangeiro. Nossa idéia é levar alguns agentes brasileiros para a Itália durante os jogos Olím-picos de inverno, que

italiano ao Brasil receba mais atenção tanto da iniciativa privada quanto do governo brasileiro. Ele aponta que as difi culdades enfrentadas pe-las empresas aéreas Alitalia e Varig são uma das barreiras que impedem um avanço mais signifi -cativo do turismo bilateral entre os dois países.

— Estamos negociando com a Alitalia para implantar uma conexão direta entre Rio e Itália. A Varig, de um lado, não tem mais aviões para colo-car [na linha direta com a Itália] e a Alitalia tem uma frota concentrada em outras áreas. As com-panhias tendem a se concentrar onde há um tu-rismo de negócios, e o Rio é um destino de lazer, mas isso não signifi ca que esse plano não possa ser revertido — adianta o diplomata.

ACORDO COM O GOVERNOAções estão em andamento para atrair mais ita-lianos ao país. No caso, o esforço vem sendo concentrado pela Secretaria estadual de Turismo do Rio de Janeiro, que assinou no dia 10 deste mês um acordo público-privado com um grupo italiano de consultores, o ISI, que já abriu um escritório na cidade do Rio para facilitar o con-vênio, cuja meta é formar gerentes do setor do turismo em instituições públicas no Brasil. Outro objetivo é o de formar um elo turístico e de ne-gócios entre o Rio e a Sicília.

Serão criadas gerências de turismo nas enti-dades públicas do estado do Rio para melhorar o sistema de aproveitamento do setor no Brasil.

— O resultado fi nal poderá gerar negócios a longo prazo — assevera Bellelli.

Para o estreante no evento da Abav, o italiano Corrado Spalazzi, presidente da agência Clementson Travel Offi ce, a feira proporcionou muitos negócios para todos que se concentra-ram no estande do Ente Nacional Italiano para o Turismo (Enit), organização responsável pela di-vulgação internacional de material promocional do turismo da Itália.

— Já conversei com diversos operadores de turismo brasileiros oferecendo os roteiros ve-nezianos. Sei que isso [o resultado] é a longo prazo. Depois da feira eu e minha mulher vamos conhecer algumas regiões do Brasil, entre elas o Nordeste — assinala Spalazzi.

Giuseppe Indelicato, da Azienda Promozione Turistica (APT) de Agrigento, na Sicília, enfati-zou que agentes italianos estão comercializan-do com turistas brasileiros pacotes com roteiros menos conhecidos da região siciliana.

‘Meu interesse [pela viagem à Roma] é

pessoal, mas também pelo intercâmbio de turismo e de

negócios que há entre Brasil e a Itália’ROSINHA GAROTINHO

ITÁLIA NA ABAV

• Agência Promocional Turística — da Pro-víncia de Agrigento (Sicília) • Rusconi Viaggi — especializada em rotei-ros de peregrinação (Lecco - Milano) • King Holidays — opera roteiros em toda a Itália (Roma)• Costabile Bus (Calábria) e Pandora Tours (Roma) — especializadas em turismo recep-tivo no sul da Itália • Clementson Travel Offi ce Viagens — especia-lizado nas regiões do Veneto e da Sardenha• Consórcio Turístico Hoteleiros da região de Piemonte — representante de hotéis na Sicília • Pool Operadores do Comitê de Turismo da Câ-mara Ítalo-brasileira de Comércio e Indústria

Comportamento

— A APT está in-vestindo pesado para atrair os brasileiros — concluiu Indelicato.

No mês de junho deste ano, os gastos dos viajantes estran-geiros na Itália soma-ram 3 bilhões de euros, uma queda de 8,3% em relação a igual período do ano anterior. Os tu-ristas italianos gasta-ram menos no exterior (1,6 bilhão de euros), mas foram mais ousa-dos: aumentaram os gastos com viagens em 26,7% superior aos gastos do mesmo perí-odo em 2004. A queda do percentual turístico interno de junho não fugiu à regra durante o se-mestre, quando o balanço também apontou um volume de 4,8 bilhões de euros inferior em rela-ção aos 6 bilhões de 2004. Já os italianos esti-veram bastante dispostos a gastar com visitas a outros países nos seis primeiros meses do ano: 7,9 bilhões de euros.

TURISMO SEXUAL, A ‘PEDRA NO SAPATO’Mas há uma preocupação do governo italiano para coibir o avanço do turismo sexual, um gra-ve problema que afeta os negócios dos setores turísticos de Brasil e Itália.

— O turismo sexual existe, não podemos esconder, mas acredito que esse número não seja tão expressivo assim [no Brasil, em rela-ção a outros países]. Até porque as pessoas que pensam em conhecer o Brasil pensam no pa-ís como um destino turístico e não sexual. Há destinos mais próximos da Itália, com o mesmo apelo. Na Ásia, por exemplo. Sem dúvida, Natal [Rio Grande do Norte] e Fortaleza [Ceará] são portas de entrada para esse tipo de turismo e atrai italianos porque os dois destinos fi cam apenas a sete horas de distância da Itália. Não podemos controlar esse tipo de turista, até porque ele pode vir e fi car na casa de um ami-go e não em um hotel, onde fi caria cadastrado — explica o cônsul Bellelli.

Apesar da incômoda situação, realmente há um esforço concentrado das polícias dos dois

países. No dia dois des-te mês, a Polícia Federal brasileira prendeu, em Natal, 15 pessoas acusa-das de participar de uma quadrilha de tráfi co de mulheres. Seis dos acu-sados são italianos sus-peitos de envolvimen-to com a máfi a italiana e com narcotrafi cantes colombianos. O bando atuava há um ano geren-ciando boates da cidade, principalmente em Ponta Negra, um dos principais pontos turísticos da ca-pital potiguar.

— O Brasil está investindo muito para evitar o crescimento desse tipo de roteiro. Acho que a imagem do Brasil deve ser trabalhada mais no exterior do que aqui. Deveria ser uma prioridade das representações brasileiras no exterior. Evitar essa imagem. Na verdade, o trabalho dos agen-tes italianos é vender a Itália e não o Brasil — explica o cônsul Bellelli, que criticou o proje-to de lei em trâmite no Congresso Nacional que prevê a proibição da venda de cartões postais que mostrem mulheres com as nádegas expostas — Não faz muito sentido. Isso é uma forma de censura e não uma solução.

Turismo, business e políticaVinda de turistas italianos ao Brasil cresceu 25%. Governadora do Rio irá à Roma e Sicília para resgate histórico de ancestrais

Luciana Bezerra dos Santos

‘Nossa idéia é trazer de volta

ao Rio a Alitalia. O problema é a conexão de vôos diretos. A maioria são vôos chartes’MASSIMO BELLELLI,

CÔNSUL GERAL DA ITÁLIA

acontecem entre janeiro e fevereiro de 2006, em Turim, e vender pacotes dos variados setores, como o do turismo tradicional às cidades histó-ricas Veneza, Roma e Florença. A perspectiva é de que em 2006 o espaço da Itália na feira [da Abav] seja ainda maior — conta, com empolga-ção, o cônsul.

Segundo o diplomata, o turismo da Itália “está nas mãos” das entidades locais e dos ope-radores, e acrescenta que, sem a centralização de dados sobre a chegada dos italianos ao Bra-sil, não há como contabilizar todos os turistas na cidade “porque viajam por várias compa-nhias aéreas”.

— Nossa idéia é trazer de volta ao Rio a Ali-talia. O problema é a conexão de vôos diretos. A maioria são vôos charter — comenta Bellelli.

‘LA DOLCE VITA’ NA PENÍNSULAA Itália é tradicionalmente uma das principais rotas turísticas mundiais. Só a cidade de Vene-za recebe todos os anos 60 milhões de turis-tas, enquanto que 4 milhões visitam o Brasil anualmente.

Não foi à toa a presença maciça de agen-tes italianos no evento da Abav para despertar o deslumbramento e emoção pelas riquezas tu-rística e histórica da península, como aconteceu com a governadora Rosinha Garotinho. Segundo

Bellelli, é fundamental para o es-treitamento turístico entre Brasil e Itália que agentes dos dois pa-íses promovam acordos bilaterais mais constantes para, assim, “medirem melhor os resultados”.

— Os empresários que parti-ciparam da feira em 2004 apon-taram resultados positivos com os contatos estabelecidos du-rante o evento da Abav. Ficaram entusiasmados pelos números de contatos que tiveram. Os resul-tados concretos deste ano vere-mos em 2006. Entre 2004 e 2005 já foram obtidas algumas respos-tas positivas pelos operadores italianos que participaram do evento — ressalta o cônsul.

Massimo Bellelli sugere, con-tudo, que a atração do turista

No estande italiano na Abav, folclore e negócios

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Um edifício na Praça da República, Centro do Rio, poderá abrigar no pró-ximo ano um inédito centro cultural e social de grande porte sobre a cultura

italiana no estado. Um esforço concentrado entre Governo do estado do Rio e Consulado Geral da Itália poderá reativar o prédio, onde em décadas passadas funcionaram algumas instituições de serviços aos italianos na cida-de. Um acordo de intenção será assinado ainda neste mês de novembro entre representantes do Governo e consulado.

— A previsão do empréstimo do prédio é de 25 anos, sem ônus, podendo ser renovados por mais 25 — confi rma o deputado estadual, Adroaldo Garani.

As relações entre o Governo do Rio e o consu-lado vêm se intensifi cando desde o ano passado, quando especialistas da Polícia romana estiveram no estado para treinar profi ssionais da Polícia Ci-vil. Outra negociação em trâmite é a inclusão da língua italiana no currículo das escolas estaduais. Um processo que vem sendo articulado entre a Câmara dos Deputados, por meio do deputado Ga-

rani, a Secretaria estadual de Educa-ção, o consulado e as Universidades Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e Federal Fluminense (UFF), estas fi -carão responsáveis pela capacitação dos professores para ensinarem o italiano nas escolas públicas.

— O projeto está sendo ana-lisado pela governadora [Rosinha Garotinho], mas ela já sinalizou que isso possa acontecer. Caso seja

aprovado, a disciplina entrará no currículo no próximo ano letivo — sinaliza Garani.

TRABALHO NO EXTERIORCom a escassez de mão-de-obra no território ita-liano, a Casa D´Itália no Rio de Janeiro assinou em novembro, um convênio com a empresa de recursos humanos Obiettivo Lavoro, vinculada ao Ministério do Trabalho Italiano, e a Secretária de Trabalho do estado. O projeto prevê 60 vagas na área de enfermagem para profi ssionais recém-for-mados que tenham interesse em trabalhar no exte-rior. Segundo Bellelli, os candidatos não precisam falar o idioma e terão suas despesas incluídas no contrato de trabalho. A oportunidade está aberta a brasileiros e oriundi. Os selecionados serão treina-dos pelo hospital italiano durante seis meses.

— A cada período do curso, eles serão avalia-dos com provas oral e escrita para medir os níveis de difi culdades. O contrato oferece salário europeu, passagens aéreas e estadia — garante Bellelli.

DOAÇÃO AO HOSPITAL ITALIANOO Governo do estado, junto com a Obra Vida So-cial, presidida por Maria Cecília Lamim, também doou ao Centro Filantrópico do Hospital Italiano, no Grajaú, zona norte do Rio, um carro zero qui-lômetro completo. A unidade hospitalar atende mensalmente cerca de 3,5 mil pessoas carentes do bairro e adjacências, nas especialidades da medicina básica, como pediatria, ginecologia, odontologia, clinica médica e psicologia.

— O veículo será transformado em ambulância para atendimento básico dos pacientes que diaria-mente procuram o Centro Filantrópico — assinala o presidente da Sociedade Italiana de Benefi cên-cia e Mutuo Socorro (Sibms), Aldo Chianello. O carro, segundo o deputado Garani, foi comprado com fundos da Loterj, que destina parte do que arrecada para obras sociais.

O cônsul Bellelli informa que outros projetos no âmbito da saúde estão a caminho. Uma nova unidade hospitalar será construída ao lado do hospital para auxiliar no atendimento. Segundo ele, uma delegação Italiana virá ao Rio de Janeiro ainda este ano para realizar um estudo de viabili-dade que permitirá a implantação de equipamen-tos de alta tecnologia. A previsão — confi rma o diplomata - é de que o projeto seja implementado no segundo semestre de 2006.

Comunidade

Falando a mesma línguaAcordo entre Governo do Rio e Consulado da Itália possibilitará criação de inédito centro cultural

Luciana Bezerra dos Santos

Ambulância de presente para o Hospital Italiano, no Grajaú (Rio)

ComunidadeComunidade

á imaginou um lugar aonde o visitante pos-sa se sentir na Itália, comprar perfumes e acessórios das mais badaladas grifes italia-nas por preços convidativos sem ao menos sair do Brasil? Essa é a oportunidade que os

organizadores do espaço italiano, na 45ª edição da Feira da Providência, que acontecerá de 01 a 11 de dezembro, no Riocentro, zona oeste do Rio de Janeiro, prometem aos visitantes. Este ano, a área reservada à Itália é três vezes maior do que a dos anos anteriores. Como principal novidade, uma cafeteria com 13 metros de extensão, idênti-ca às existentes nas ruas de Roma, com um painel da famosa fonte Fontana Di Trevi ao fundo.

Além da cafeteria, um espaço gastronômi-co com diversos tipos de pastas e massas, tudo regado a prosecco, vinhos, é claro, e café ex-presso. Para os amantes da moda, o estande de cosméticos, perfumaria e acessórios terá marcas como Roberto Cavalli, Dolce&Gabbana, Gucci, dentre outras. Outro estande com temática ita-liana é o de cristais de Murano, da região sul do Brasil, que já participa do evento há dez anos.

Segundo a coordenadora do Setor Internacio-nal da Feira da Providência, Adelma do Amaral Linhares Terra, em virtude do recorde de público em 2004, o evento deste ano terá mais sete dias, além dos quatro das edições anteriores. Adelma Linhares afi rmou que a expectativa em relação à arrecadação do setor internacional chegue a R$ 6 milhões. Ano passado, o setor internacional da Feira, incluindo a Itália, arrecadou R$ 3 milhões só com a venda de produtos.

O Banco da Providência, destaca a coordena-dora da Feira, tem a sua própria frente de traba-lho na área social:

— A Feira da Providência não tem nenhum subsídio do governo, 80% das nossas frentes de trabalhos são mantidos pela feira e os 20% res-tantes, muitas vezes são doações vindas de em-

presas. A Feira é única e exclusivamente para manter nossos projetos.

A consulesa Matilde Bellelli, responsável pela coordenação do espaço italiano no evento, ressal-ta que essa é a primeira participação do Con-sulado com a direção de seu marido, o côn-sul Massimo Bellelli, que assumiu a Casa D’ Itália no Rio dois meses antes da feira do ano passado. A consulesa, que já trabalhou em eventos como este em outros países, foi convidada pelo Banco da Providência para conhe-cer as obras sociais mantidas pela instituição.

— A iniciativa é importante porque tudo que for arrecadado será destinado às famílias carentes. Minha experiência em feiras benefi centes é antiga. Estive a frente de eventos assim, em Bruxelas, na Bélgica e, sobretudo, em Nova Déli, na Índia, onde a Itália era o primeiro país em termos de arrecada-ção para este fundo — assegura a consulesa.

A expectativa de Matilde é de que o valor arrecadado este ano seja 50% superior ao de 2004, que obteve, entre a venda de produtos e dos estandes, R$ 239 mil.

— No ano ano passado o evento aconteceu durante quatro dias, e este ano serão 11 dias, o que terá refl exo positivo na arrecadação do espaço italiano na Feira.

Cinqüenta voluntários do Consu-lado, Coasit e Comites vão trabalhar no evento. Segundo Massimo Bellelli, o investimento no espaço italiano é de US$ 130 mil. Os estandes serão criados por Eder Meneghine, um dos mais disputados decoradores do Rio de Janeiro.

Para Rodolfo Teichner, responsável pela cafeteria, a idéia original era criar uma réplica da Fontana Di Trevi no es-paço, mas a verba foi insufi ciente.

— Segundo a lenda, quem joga uma moeda na fonte [Fontana Di Trevi] sem olhar, retorna em breve à Itália. Como a verba é curta para construir tal monumento, vamos colocar uma bacia com água e a pessoa que acertar uma mo-eda de R$ 0,25 ganhará um café expresso de graça — assinala Teichner.

Para ele, o café vendido na feira será o mes-mo produto disponível em lojas chiques da cida-de, como Caffeina, Garcia Rodrigues, Ataulfo’s, entre outras. Sua expectativa é de que cerca de 20 mil copos de café sejam consumidos durante a Feira.

A Itália logo ali... no Riocentro

45ª Feira da Providência, na primeira semana de dezembro, terá estandes

coordenados pela consulesa Matilde Bellelli Luciana Bezerra dos Santos

Expectativa é de que 20 mil copos de café sejam consumidos no estande italiano

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Affari

Bigiotteria del Piauí colora con buon umore la mostra Brazil Fashion Acessories, a Milano

Luciana Bezerra dos Santos

Amuleti fighissimi!

Giovana Andrade: collezione speciale per l’evento collane che hanno reso 20 mila reais alla stilista

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La prossima estate ha già un ordine del “dio sole”: abusare dei colori e molto rilassamento, unendo gli accessori e le bigiotterie in un look proprio di buon

umore. Le collane possono essere sovrapposte o con pendenti, dicono gli stilisti. La moda nel paese è così diversifi cata che gli accessori stan-no imponendo stile e aprendo spazio nel mondo fashion per i nuovi prodotti. In ottobre, desi-gner brasiliani hanno partecipato per la prima volta alla Mostra Brazil Fashion Acessories, rea-lizzata a Milano. Ma l’elemento di spicco è stato lo stile “porreta” nordestino, specialmente quel-lo del Piauí.

Uno degli espositori, la designer Giovana Andrade, ha causato un frisson tra gli italiani con i suoi pezzi fatti con fi bra di buriti, all’un-cinetto e con pietre brasiliane, come il citrino, l’agata, il quarzo rosa, l’acquamarina e l’ameti-sta. Secondo l’imprenditrice, che lavora da otto anni in questo settore, la collezione esposta alla fi era è stata esclusiva.

— Ho preparato una collezione speciale per questo evento. Composta da collane ed orecchi-ni, con varie creazioni e tendenze della moda. Sono riuscita a concludere affari per un totale di circa R$ 20mila – spiega Giovana, che da due anni ha messo su un atelier e produce mensil-mente circa cinque pezzi per fornirli ai negozi alla moda di Teresina e di altre regioni brasilia-ne, oltre a paesi come il Venezuela e il Canadà.

La designer di gioielli ha anche garanti-to che, con i contatti che ha fatto nella fi era, l’aspettativa è di che fi no alla fi ne dell’anno riu-scirà a concludere circa altri R$ 40mila in affari. Giovana pensa anche di aprire una cooperativa con le artigiane della regione per far fronte alla richiesta di ordini.

Secondo la menager del Projetos Têxtil e Confecções del Sebrae in Piauí, Mirna Rocha, l’evento itinerante ha come obiettivo quello di offi re al mercato internazionale prodotti di qua-lità, creatività e buon prezzo.

— E’ un evento itinerante che, oltre a Mila-no, percorrerà New York, Parigi, Madrid, Santiago e Buenos Aires, trasformandosi nel primo show room internazionale dell’accessorio brasiliano. Là, le imprese di accessori di moda divulgheran-no non soltanto la nostra brasilianità, ma faran-no anche vedere pezzi unici che verranno messi in commercio – spiega Mirna.

Moda

Da nove anni il Gourmet Show, montato nella Equipar/Riopan, al Riocentro, vie-ne considerato uno dei migliori eventi del business per i segmenti dell’area ga-

stronomica di Rio de Janeiro. Nell’edizione di que-st’anno il cibo italiano ha contato sul ‘condimen-to’ speciale degli chef Massimiliano Bellavista e Renè Ietti. I due hanno tenuto un’affollata lezione sul “risotto alla piemontese”, seguita da degusta-zione. La gara tra chi apprezzava – e non sarebbe potuto essere differente – è stata accesa. Il suc-cesso dei loro piatti sta rendendo frutti. La coppia di chef Bellavista e Ietti – grazie al Consorzio Tu-rismo e Promozione – ha fi rmato recentemente un accordo con l’Università Estácio de Sá per offrire un corso sulle nuove tecniche gastronomiche.

Il Gourmet Show è una partnership della Ri-storatori Italiani Associati (RIA), Escala Even-tos e Associação Internacional de Comércio e Cultura (AICC), che si sono uniti per organiz-zare lo spazio gastronomico, con esposizione di prodotti e servizi, concorsi, conferenze, lezioni e degustazioni. Durante l’evento, il pubblico ac-compagnava la preparazione, parlava con i pro-fessionisti e conferiva i risultati. Il tutto con-dito da molta allegria e svago, in un ambiente abbastanza rilassato.

Dall’Italia sono venute le imprese Canavese Export, Di Leonardo, Wine & Co., Alleva e Pesca-radolc. La Di Volpi, la Prática Fornos e la Baselog hanno ceduto i forni da pizza, il forno combinato e strumenti e materiali di pulizia. L’Italat di Va-

lença, la Só Peixes, la Sorvete Itália, la Bunge e la Piraquê hanno offerto prodotti per degustazioni. Il La Mole, come tutti gli anni, ha partecipato con lo chef Amauri Rodrigues e l’equipe formata dal cuoco Orlando e dal cameriere Angelo.

La Bunge ha sponsorizzato il Concorso Bun-ge di Pizzaiolos Novos Talentos, realizzato il 26 ottobre, dalle 16.00 alle 18.00, con il coordina-mento tecnico di Mario Tacconi, che ha scelto il tema Margherita. La giuria era composta dalla chef Beth Ferraccini, dagli chef Gianni Carboni e Thyrso Mattos e da Fabrizio Marconi e Massimo Cerritelli. Tra i sette concorrenti – di cui uno, Antonio Lo Presti, risiede in Itaipava, provincia di Petrópolis – Bonaventura di Giammarco è ar-rivato al primo posto.

La Piraquê, che ha compiuto 55 anni di fon-dazione nel settembre scorso, ha fatto il pre-lancio del suo più nuovo prodotto, gli Espaguete Sport Grandur, di sera nel suo stand nel Gour-met, durante i festeggiamenti per il giorno mon-diale della pasta (il 25 ottobre). Il 27, questa pasta è stata messa di nuovo in rilievo, come sponsor del Concurso Novos Talentos Espague-te Sport Grandur Piraquê, con il coordinamento tecnico della RIA. La giuria è stata presieduta dal console generale d’Italia a Rio de Janeiro, Massimo Bellelli, ed ha contato sui seguenti membri: Antonio Chianello, Mônica Pessoa e

Piero Ruzzenenti, e lo chef Thyrso Mattos. De-gli otto concorrenti, il primo posto è stato ag-giudicato a Leandro Boaventura, del ristorante Da Carmine di Niteroi. Il concorso di paste ha contato anche sulla presenza di un concorrente di Itaipava – Sormany de Avellar Justen, che è arrivato al 2o posto.

La Canavese Export era presente, il 26, con la promozione “Risponda sul Piemonte e vinca un gadget”. Abbastanza partecipativo, il pubblico consultava la rivista piemontese e compilava il foglio di risposte. Alla fi ne, premiati e non hanno degustato risotti e vini offerti dall’impresa.

Il Gourmet Show ha inoltre presentato una le-zione di cioccolata e cioccolatini, con la speciali-sta in cioccolato e pasticciera Neiva Cardona; una lezione di decorazioni da tavola con candele arti-gianali, con l’artigiana Silene Festosa, della Criar-te, e lo show-degustazione Café con Arte, con il barista Emílio Rodrigues. (L.B.S.)

Evento Gourmet Show, a Rio, ha la cucina italiana come stella di quest’anno

Ed è finito tutto in pizza

Cuochi italiani durante la lezione sul risotto alla piemontese

I giurati degustano le ricete dei concorrenti ed eleggono Bonaventura di Gianmarco al 1º posto

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Porto Alegre - Transformar um bar onde era vendido prato-fei-to, no restaurante típico italiano mais tradicional da cidade de Porto Alegre. Foi o que fez Biagio Sanzi, ao lado de José Antonio Vitola, proprietários do Copacabana, reduto de jor-

nalistas, artistas e políticos gaúchos. A receita de sucesso? Culiná-ria verdadeiramente italiana, uma excelente carta de vinhos, rótulos com nacionais e importados e atenção especial aos clientes.

Natural de Morano Calabro, Biagio Sanzi, ou Biaginho, como é chamado pelos amigos, veio para o Brasil em 1936, aos 13 anos de idade, acompanhado do avô, da mãe e de quatro irmãs, a bor-do do navio Netúnia. Trazia na bagagem o desejo de vencer, de superar desafi os. E foi o que ele fez.

Em 1953, Biaginho e o irmão, Luiz, proprietários de um café no centro da cidade, entraram de sócios no restaurante Copacaba-na, que existia desde 1939. É atribuído a ele o grande impulso da-do à casa. Hoje, com 82 anos, continua sendo o grande entusiasta das reformas e inovações do Copa. Passando de mesa em mesa, transborda simpatia e simplicidade, fazendo com que os clientes se sintam realmente em casa.

Biaginho foi por quatro anos presidente da Irmandade dos Ita-lianos Proprietários de Churrascarias e Restaurantes, presidente do Centro Calabrês, Cidadão Honorário de Porto Alegre, entre tantos outros títulos que guarda com orgulho, em diplomas exibidos nas paredes do Copa.

Vitela assada

Modo de preparo:Para cada Kg de vitela, colocar:- 1 copo de vinho branco (280ml)- 20g de alho moído- 1 copo de água - 2 colheres de sopa de orégano- 1/2 colher de chá de pimenta do reino- sal a gosto

Deixar descansar por 24 horas no molho. Colocar a vitela para assar, juntamente com o molho e adicionar óleo de soja a gosto.

‘Tchê’, este prato é calabrês!

SERVIÇO: COPACABANA

PRAÇA GARIBALDI, 02 – PORTO ALEGRE - RSTEL:(51) 3221-4616

Francesco Rosito (ESPECIAL PARA COMUNITÀ)

Sapori d’Italia

Biagio Sanzi chegou à Porto Alegre em 1936, a bordo do Netúnia. Na capital gaúcha, criou o Copacabana, onde há a melhor vitela assada à italiana dos pampas

O carro-chefe do Copacabana, o seu prato mais famoso, é a Vitela assada com batatas, acompanhada de Rascatelli ao Suco. A receita foi desenvolvida no próprio restaurante.

O prato é constituído por um pedaço de pernil com guarnição de batatas e cebolas assadas inteiras. Segundo Biagio Sanzi, a vinha d’alho, por 24 horas, produz um sabor e aroma especiais à carne, dei-xando-a saborosa e muito macia. Um verdadeiro manjar dos deuses, devendo ser acompanhado por um vinho tinto de boa qualidade.

RITUAL DOMINICALJá o Rascatelli segue um ritual de preparo, preservado pelos cala-breses, italianos do sul da Itália, que imigraram para Porto Alegre. Eles são preparados um a um, artesanalmente, com a ajuda de um fi lete de alumínio. Após o preparo da massa, deve-se fazer peque-nos rolinhos, depois colocar o fi lete em cada rolinho de massa e deslizar as mãos suavemente sobre a mesa, até se tornar um fi o de massa. Por fi m, é só puxar uma das pontas do fi lete e está pronto o “fi lo di rascatelli”. Este ritual se repete com freqüência nas casas dos calabreses, que costumam saborear os Rascatelli al Sugo (com molho de tomate) especialmente aos domingos.

Embora especializado em pratos típicos da cozinha italiana, o Copacabana, com capacidade para 250 pessoas, oferece também a seus clientes variado cardápio de comidas da região sul.

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